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Prova dos nove Consegue fazer-se hoje, um diseurso positivo em Portugal? Portujíal vale a pena. Como vale a jxMia ter um discurso positivo, som. no entanto, esquecer os problemas e as suas causas. São, afinal, lições para o futuro. Os gestores, políticos. economistas, empresários contactados pelo Negócios aceitaram o desafio e explicam porque se |XKÍC, ainda hoje. em Portugal ter uni discurso posit i\ o. ()s portugueses. ;ls empresas.;»história sâo a força dos seus argumentos. E de um país eom quase ( XK) anos de história que falamos. Por isso, esta crise, mais uma nessa longa história, será, daqui a uns tempos, não mais do que uma nota de nxlnpé. Fernando Pinto Presidente da TAP Em momentos difíceis e de retrac- ção económica, como aquele que hoje a t ravessamos à escala global e. particularmente, em Portugal, a so- lução passa, em grande parte, por encarar e avaliar a situação com ri- gor e realismo, aproveitando opor- tunidades. mas. acima de tudo. mantendo uma atitude positiva e de mudança, não baixando nunca os braços e somandoo trabalhoe os es- forço« de todos, seja qual for a orga- nizaçáo ou empresa, independen- temente da sua dimensão ou natu reza de negócio. A aviação é. por excelência, um sectorfortementecompctitivoedi- nárruco. cuja importância vai mui- to além do fornecimento de servi- ços de transporte aéreo, c que con- tribui em larga medida para o pro- gresso económico e social. Cria e multiplica emprego, directo e indi- recto, e impulsiona o desenvolvi- mento de actividades tão importan- tes como o Turismo, por exemplo. Mas é também um sector muito sensível e exposto aos efeitos de inú- meros factores, alguns deles exóge- nos ao próprio negócio, e que, em- bora fora do seu controlo, acabam porrepercutir-seseriamente sobre a sua actividade. Prova disso sâo os últimos anos. ao longo dos quais a aviação te m so- frido o impacto negativo de tantas e variadas circunstâncias, dando mostras de grande capacidade de resposta e resiliéneia. ATAP, como as suas congéneres, não é excepção nem ficou imune às consequências. Por isso mesmo, mudou, adaptou-se e reinventou- se. E, apesar das dificuldades, con- seguiureposicionar-seestrategica- mente. expandir a suarede,crescer, tornar-se mais eficiente e renovar- se. Viveu profundas mudanças, mais do que duplicou asua activida- de, ereafirma-sehoje na cena inter- nacional com novo fôlego, designa- damente em mercados tão impor- tantes como sejam o Brasil ou Afri- ca. onde viureconhecidae premia- da a sua liderança. Tal resulta, naturalmente, de V frase "A solução passa por manter uma atitude positiva e de mudança, não baixando nunca os braços e somando o trabalho e os esforços de todos." u ma aposta da TAP que deu certo, e que tem exigido ao longo dos últi- mos anos um trabalhoárduoecon- tínuo, que é suportado no esforço e no empenho de todos na empresa. Eum trabalho persistente.de equi- pas. que fazem todos os dias a dife- rença. ao entregarem-se, com von- tade e espirito positivo, acolhendo os nossos Clientes numa verdadei- ra atitude de braços abertos. António Bernardo Presidente da Roland Berger para Portugal e Espanha A minha opmiào é que é possível ler um discurso positivo em Portugal. Estamos a implementar um conjunto de medidas que acordámos com a troika, que sâo indispensáveis para o equilíbrio da nossa economia, nomeadamente ao nível de reduçáo do défice e da reduçáo do endividamento. Esta necessidade de medidas drásticas acontece numa altura em que a grande maioria das economias dos países europeus está em recessão, estagnada ou com reduzido crescimento, o que torna a implementação das medidas mais doíorosas. 0 desenvolvimento das exportações mostra que muitos dos nossos empresário estão a "meter máos-à-obra* e a procurar novos mercados para colocar os seus produtos e serviços. Devemos também estar atentos à necessidade de implementar medidas que favoreçam o crescimento. Por outro lado é uma boa altura para: - reestruturar empresas e focar no "core business" - consolidar indústrias através de fusões e aquisições - comprar activos que estão em bom preço para quem tem liquidez. Em síntese, discurso positivo, porque estamos a passar um período de grande sacrifício, para preparar o país para um futuro sustentável.

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Prova dos nove

Consegue fazer-se hoje, um diseurso positivo em Portugal?

Portujíal vale a pena. Como vale a jxMia ter um discurso positivo, som. no entanto, esquecer os problemas e as suas causas. São, afinal, lições para o futuro. Os gestores, políticos. economistas, empresários contactados pelo Negócios aceitaram o desafio e explicam porque se |XKÍC, ainda hoje. em Portugal ter uni discurso posit i\ o. ()s portugueses. ;ls empresas.;»história sâo a força dos seus argumentos. E de um país eom quase (XK) anos de história que falamos. Por isso, esta crise, mais uma nessa longa história, será, daqui a uns tempos, não mais do que uma nota de nxlnpé.

Fernando Pinto Presidente da TAP

Em momentos difíceis e de retrac-ção económica, como aquele que hoje a t ravessamos à escala global e. particularmente, em Portugal, a so-lução passa, em grande parte, por encarar e avaliar a situação com ri-gor e realismo, aproveitando opor-tunidades. mas. acima de tudo. mantendo uma atitude positiva e de mudança, não baixando nunca os braços e somandoo trabalhoe os es-forço« de todos, seja qual for a orga-nizaçáo ou empresa, independen-temente da sua dimensão ou na tu reza de negócio.

A aviação é. por excelência, um sectorfortementecompctitivoedi-nárruco. cuja importância vai mui-to além do fornecimento de servi-ços de transporte aéreo, c que con-tribui em larga medida para o pro-gresso económico e social. Cria e multiplica emprego, directo e indi-recto, e impulsiona o desenvolvi-mento de actividades tão importan-tes como o Turismo, por exemplo.

Mas é também um sector muito sensível e exposto aos efeitos de inú-

meros factores, alguns deles exóge-nos ao próprio negócio, e que, em-bora fora do seu controlo, acabam por repercutir-se seriamente sobre a sua actividade.

Prova disso sâo os últimos anos. ao longo dos quais a aviação te m so-frido o impacto negativo de tantas e variadas circunstâncias, dando mostras de grande capacidade de resposta e resiliéneia.

ATAP, como as suas congéneres, não é excepção nem ficou imune às consequências. Por isso mesmo, mudou, adaptou-se e reinventou-se. E, apesar das dificuldades, con-seguiu reposicionar-se estrategica-mente. expandir a sua rede, crescer, tornar-se mais eficiente e renovar-se. Viveu profundas mudanças, mais do que duplicou asua activida-de, e reafirma-se hoje na cena inter-nacional com novo fôlego, designa-damente em mercados tão impor-tantes como sejam o Brasil ou Afri-ca. onde viu reconhecida e premia-da a sua liderança.

Tal resulta, naturalmente, de

V frase

"A solução passa por manter uma atitude positiva e de mudança, não baixando nunca os braços e somando o trabalho e os esforços de todos."

u ma aposta da TAP que deu certo, e que tem exigido ao longo dos últi-mos anos um trabalhoárduoecon-tínuo, que é suportado no esforço e no empenho de todos na empresa. Eum trabalho persistente.de equi-pas. que fazem todos os dias a dife-rença. ao entregarem-se, com von-tade e espirito positivo, acolhendo os nossos Clientes numa verdadei-ra atitude de braços abertos.

António Bernardo Presidente da Roland Berger para Portugal e Espanha

A minha opmiào é que é possível ler um discurso positivo em Portugal. Estamos a implementar um conjunto de medidas que acordámos com a troika, que sâo indispensáveis para o equilíbrio da nossa economia, nomeadamente ao nível de reduçáo do défice e da reduçáo do endividamento.

Esta necessidade de medidas drásticas acontece numa altura em que a grande maioria das economias dos países europeus está em recessão, estagnada ou com reduzido crescimento, o que torna a implementação das medidas mais doíorosas.

0 desenvolvimento das exportações mostra que muitos dos nossos empresário estão a "meter máos-à-obra* e a procurar novos mercados para colocar os seus produtos e serviços.

Devemos também estar atentos à necessidade de implementar medidas que favoreçam o crescimento.

Por outro lado é uma boa altura para: - reestruturar empresas e focar no "core business" - consolidar indústrias através de fusões e aquisições - comprar activos que estão em bom preço para quem tem liquidez. Em síntese, discurso positivo, porque estamos a passar um período de

grande sacrifício, para preparar o país para um futuro sustentável.

Prova dos nove

Consegue fazer-se, hoje, uni discurso positivo em Portugal?

António de Melo Pires Director-geral da Volkswagen Autoeuropa

Focar na solução em vez do problema pode ser a via para adop-tar um discurso positivo no meio desta crise em que Portugal está mergulhado.

O discurso negativista e o derrotismo não são solução. Atirar di-nheiro ao problema, como muitos advogam, tão pouco, vai resolver a crise definitivamente.

É necessário náo cometer os mesmos erros que nos trouxeram para esta situação e lembrar que os fluxos monetários que inunda-ram Portugal, nos primein w anos da adesão da UE [União Kuropeia ] e que criaram uma bisa sensação de prosperidade, foram, em par-te, responsáveis por esta si tuação em que nos encontramos.

A crise apenas pode ser resolvida com maior produção e produ-tividade. Portugal tem a capacidade para sair deste problema, uma vez que todas as crises podem ser transformadas cm oportunidades, aproveitando-as para mudar.

Se a Europa está cm crise c não nos compra os produtos, temos de os ir vender a outras paragens. Quanto mais depressa resolvermos esta situação, mais fácil será retomar o caminho do crescimento.

A frase

"A crise apenas pode ser resolvida com maior produção e produtividade. Portugal tem a capacidade para sair deste problema."

wmÊÊÊÊmmmam•••••• • • • WÊÊÊKM

Luís Laginha de Sousa Presidente da NYSE Euronext Lisbon

Luís Salvado CEO Novabase

Mais do que o discurso, é funda-mental actuar com uma perspec-tiva positiva.

A realidade é sempre compos-ta de aspectos positivos e negati-vos e, em momentos difíceis como osque vivemos, há que fazer um es-forço adicional para identificar e valorizar os pontos positivos (que felizmente continuam a ser mui-tos) embora com cuidados adicio-nais na forma de os comunicar.

Os mercados ensinam-nos que por muito duradouras e abundan-t es que sejam as más noticias (ciclos de baixa), estas também acabam por dar lugar às boas noticias (eidos de alta). A conjugação das convicções próprias, com o contacto regular com vários intervenientes no nos-so ecossistema, levam-me a con-cluir que a maioria dos problemas que enfrentamos é ultrapassável, c lOandepartedas soluções depende, essencialmente, da nossa vontade individual c colectiva.

\ frase

"Grande parte das soluções depende essencialmente da nossa vontade individual e colectiva."

Sim, só depende de nós. Podemos olhar para o pais de duas formas. Numa, vemos um país periférico, pequeno à escala global, com um

baixo nivel de qualificações e mergulhado numa crise económica e fi-nanceira.

Noutra, contemplamos um território com excelentes infra-estru-turas, não só as mais tradicionais mas também terciárias (plataformas de pagamento, comunicações avançadas, etc). Um pais onde a quali-dade dtM quadros superiores e dos investigadores é reconhecida em todo o lado. Uma nação bafejada por um clima ameno e solarengo, com uma fantástica gastronomia E nós - portugueses - temos ainda uma vantagem enquanto povo: a nossa enorme adaptabilidade e capacida-de de lidaroom a adversidade. Este Portugal Atlântico, resistente, cons-trutor de "pontes" entre o velho e o novíssimo mundo, tem o essencial para tnunfar num planeta cada vez mais diverso, coom >|» >li ta e mutan-te. Só depende de nós.

A frase

"Este Portugal. Atlântico, resistente, construtor de 'pontes* entre o velho e o novíssimo mundo, tem o essencial para triunfar."

I

I - • .--"'-"^C-* *

Prova dos nove

• • • • • • •

Miguel Cadilhe Ex-ministro das Finanças

Se me pede para ver uma luz. dir-lhe-ei queé cedo Vejo bons sinais, só que \ém das lições dos erros d<) passado Desde logo, lição I: temos de manter duras politicas de qjustamen-

to e realizar reformas estruturais que aliás tardam. (braças a isso. e a outras coisas, lição 2. temos de puxar pelos fac-

tores permanentes da a >11 i|*'t i t i vidade externa. E. para evitar recair no erro, lição 3: precisamos de Instituições

furtes, independentes e temíveis. Veja o caso das finanças públicas. Durante anos. elas foram empurradas até à insustentabilidade que é vizinha da desonra. E muitas vexes serviram os não "t ransaeek >na -veis"

Alguns de nós anteviram a rota de colisão, mas debalde. Restam perguntas que são lições: Por que teimaram os politico* cm errar" Pior. porque não foram eles. a tempo, travados pelas instituições de vigilância da República? Não tèm elas missões, meios e chefias à al-tura?

A frase

"Se me pede para ver uma luz, dir-lhe-ei que c cedo. Vejo bons sinais, só que vêm das lições dos erros do passado".

mmmmmÊÊÊÊÊm

Se todos os dias partilharmos a história de alguém, individual ou empiwsa, <|iu\ apesar do ambiente adverso, esteja a ser bem sucedido, vamos perceber que afinal não e impossível, vamos perceber que outros eomo nós estão a atingir os seus objectivos e a contribuir para que Poitugal vença esta etapa.

José Basílio Simões Presidente da ISA .

Sim. consegue-se e deve-se ter um discurso positivo hoje em Portugal. Para isso é necessário de ixar de focar o discurso nas di-ficuldades. que inegavelmente vi-vemos mas que são um dado ad-quirido. para o centrar nos objec-tivos que pretendemos alcançar como nação e na forma como cada um de nõs pode c deve con-tribuir para os alcançar.

Para isso. todos devemos subs-tituir a lamentação pel«»s insuces-sos e pela exaltação dos bons exemplos. Se todos os dias parti-

lharmos a história de alguém, in-dividual ou empresa, que, apesar do ambiente adverso, esteja a ser bem sucedido, vamos perceber que afinal não é impossível, va-mos perceber que outros como nós estão a atingir os seus objec-tivos e a contribuir para que Por-tugal vença esta etapa que. afinal de contas, não é mais árdua que várias outras que já percorremos ao longo dn nossa história.

E esse caminho percorre-se simplesmente com uma atitude empreendedora, fazendo sempre

m3is do que nos é exigido, colo-cando metas elevadas para nós próprios, nào tendo receio de ar-riscar e de ousar dar mais um pas-so. seja por conta própria, soja por conta de outrem.

E isso que na ISA procuramos fazer todos os dias e incentivamos todos aqueles que connosco inte-ragem a fazer também. Quer aju-dando os nossosdientesa fazerem mais com menos, gerindo melhor os seus recursos energéticos, hídri-cos ou outros, através de políticas de sustentabilidade, quer ajudan-

do os nossos colaboradores ou ou-tros empreendedores que nos pn>-curem a desenvolverem os seus próprios projectos que. através da ISA Academy. validamos, melho-ramos e apoiamos até que se pos-sam emancipar e enfrentar o mer-cado de uma forma rr>busta. Acre-ditamos que. por esta ria. reforça-mos o ecossistema de Inovação e F.mpreendedorismo e que este é o caminho para Portugal sair desta crise mais forte c preparado para alcançarosucessoqueosportugiM' ses empreendedores merecem

l u : 4^U4;jt>UU I OU-UO-^U I ü

Prova dos nove

Manuel Santos Vítor Advogado, sócio e administrador da PIMJ

Acredito com convicção num fu-turo positivo.

Penso assim, desde logo. por causa da qualidade das pessoas com quem lido. a começar pelos profissionais no meu escritório, e que todos os dias dão provas de serem iguais ou melhores do que os profissionais de qualquer ou-tro pais nos mesmos ramos de actividade.

Todos os dias vejo provas irre-futáveis de enorme profissiona-lismo. de elevada produtividade e de excelência de resultados.

Falo com jovens que traha-lham arduamente nas escolas e faculdades, estimulados por pro-fissionais do ensino de elevado ga-barito. e que delas saem bem pre-parados e em condições de entrar no mundo do trabalho, aqui ou em qualquer lugar.

Tomamos conhecimento de iniciativas de investigação e de-senvolvimento e de investigação cientifica do mais alto nivel in-ternacional. Vemos intelectuais, escritores, poetas, artistas, cien-tistas, advogados, gestores, em-

presários, atletas conhecidos e respeitados internacionalmen-te. designadamente pelos seus pare*

Scjcomo este pais evolu iu nos últimos 30 anos. Lembro-me das crises e do FM I nos anos 70 e 80 do século passado e como cada crise parecia gravíssima e infin-dável Lembro-me de como era difícil acreditar que viriam dias melhores. E vieram! Os que dizem que estamos à beira do abismo ou não se lembram desse passado ou eram demasiado novos.

António dT Orey Capucho Ex-presidente da Câmara de Cascais e Presidente da Fundação 0. Luís l

Abel Sequeira Ferreira Presidente da Associação de Empresas Emitentes de valores Cotados em Mercado

Não é fácil, mas não só se conse-gue ter um discurso positivo hoje cm Portugal, como me pa-rece imperativo que essa tónica seja acentuada especialmente por todos os responsáveis nas diversas áreas que influenciam a sociedade, designadamente na politica, no mundo empresarial e na comunicação social.

A recessão económica, o de-semprego. a austeridade não po-dem ser consideradas uma fata-lidade. Poderá não passar de uma profissão de fé, mas é essencial que, para ultrapassarmos as difi-culdades do presente,exista uma expectativa generalizada de que poderemos e saberemos vencer a crise.

Para tanto é essencial definir claramente os desígnios eaestra-tégia. Quem não acredita na vitó-ria entra em campo derrotado. Quem não convence a equipa de que é possível ganhar não é líder.

A frase

"É essencial que, para ultrapassarmos as dificuldades do presente, exista unia expectativa generalizada de que poderemos e saberemos vencer a crise".

Portugal tem uma 1 iistória de feitos únicos e inspiradoras vitórias so-bre a adversidade.

Portugal tem uma profunda afinidade com o mundo do futuro, onde o Pacifico e o Atlântico se cruzam.

E, para lá da bruma sebastianista edo pessimismo mediático, Por-tugal tem incontáveis histórias de sucessoem empresas que criam ri-queza e empregoe que, em condições extremamente difíceis, conti-nuam a atrair investimento m<»strando uma capacidade de reslstèn -cia inigualável.

A prova está. por exemplo, no aumento continuado das exporta-ções ou na recente colocação total do aumento de capital do BES e dos empréstimos obrigacionistas da EDP e da Semapa.

E, se soubermos chegar a acordo sobre o que queremos para o nos-so pais. mais do que positivo, o discurso sobre Portugal poderá ser realista e optimista

A frase

"Para lá da bruma sebastianista edo pessimismo mediático, Portugal tem incontáveis histórias de sucesso em empresas que criam riqueza e emprego".

I D : 4 2 0 4 3 6 0 0 I 3U-UD-ZU I z

Prova dos nove

Consegue fazer-se, hoje, um discurso positivo em Portugal?

L J

Rui Amendoeira Sócio Executivo da Miranda Correia Amendoeira & Associados

V

Hoje em dia. temos tendência cm tomar a espuma pela onda Acha-mos, arrogantemente, que o mundo começa e acaba no nosso tem-po, o efémero parece-nos perene, temos dificuldade em recordar o passado, porque esquecemos a H istória. e o futuro acaha no curto prazo.

Porem, antes do nosso tempo de crise, houve muitas crises pas-sadase Portugal conseguiu superar todas. Portugal é umaespéciede veterano de guerra. Já lutámos pela independência contra potên-cias estrangeiras, já fomos invadidos, já sobrevivemos a um terra-moto bíblico, enfrentámos várias revoluções, perdemos o ouro e as especiarias, e ainda estamos de pé. A crise que agora nos apoquenta vai ser ultrapassada como todas as outras o foram. Por mais omni-presente que a crise nos pareça hoje. no futuro será apenas uma nota de rodapé na História de um pais com quase 90() anos.

A frase

"Por mais omnipresente que a crise nos pareça hoje, no futuro será apenas uma nota de rodapé na história de um país com quase 9(X) anos".

Paulo Andrez Presidente da EBAN João Miranda

Presidente da Frulact

Sim. Existem três boas razões (po-sitivas) para investir, neste momen-to, em "startups" em Portugal, tor-nando-se "business angel":

1* Razão - Criar uma empresa, hoje, requer muito menos investi-mento.

Devido à crise, os fornecedores de equipamentos ou serviços apre-sentam preços muito mais compe-titivos. podendo nalguns casos atin-gir os 50% de redução, em compa-ração com o que se praticava há três anos. Muitos fornecedores inclusi-ve aceitam partilhar algum risco dos novos negocios.

2" Razão - Talento disponível e a preços competitivos.

Hoje é muito mais fácil encon-trar. no mercado, recursos huma-nos altamente qualificados dispo-níveis com preços mais competiti-vos do que há três anos.

3° Razão - Incentivos fiscais e furxk is» de co-investimento existen-tes

A frase

"Hoje é muito mais fácil encontrar recursos humanos altamente qualificados disponíveis".

Em Portugal, existem os Fundos de Co-Investimento do programa Compete, tanto ao nível de "busi-ness angels" como de capital de ris-co formal permitindo, desta forma, a um investidor participar cm pro-jectos ("startups") com maior volu-me financeiro.

Em Portugal, existe ainda uma dedução de 20% do investimento em novas empresas até lS%da co-lecta de 1RS, apesar de haver alguns tectos «informe os escalões.

É uma forte mensagem, que motiva e condiciona de forma positiva a nossa atitude, e que estimula e faz acreditar quem se vê confron -lado com dificuldades. Nunca deixando de sernu >s racionais c cons-cientes da situação actual que o pais e a Europa vivem, o discurso só pode ser positivo. Em termos sociais, os portugueses sempre mos-traram uma grande maturidade nos momentos maisdificcis, rejei-tando acções de violência, e privilegiando o esforço e a solidarieda-de para se superarem colectivamente.

Em termos empresariais, os gestores portugueses estão mais preparados que os seus congéneres europeus, poisa internaciona-lização é algo que sempre esteve na estratégia das nossas PME, pe-las dificuldades naturais da falta dc dimensão do mercado domés-tico. As nossasempn-saseos nossosprrxlutosestãoaoniveldos me-lhores. O aumento das exportações cm tempo de crise tem surpreen-dido os próprios políticos, mas não surpreende os empresárú >s. Haja estimuioeosresultados ainda serão melhores.

Eu acredito cm Portugal e no superar colectivo deste momento menos bom

A frase

"( ) aumento das exportações em tempo de crise tem surpreendido os próprios políticos, mas não surpreendem os empresários."

• M B • • • • •

I D : 4 2 0 4 3 6 0 0 I 3 0 - 0 5 - ^ U l ^

Prova dos nove

Eduardo Paz Ferreira Professor Catedrático da Faculdade de Direito de Lisboa (FDL) e Presidente do IDEFF

Saúdo vivamente a iniciativa do Jornal dc Negócios de pedir que em 8CX) caracteres se opine sobre os motivos para ser optimista ou pes-simista quanto a Portugal, aimidiUHkvnos a uma forma de austeri-dade já defendida pelo Padre António Vieira.

Os poucos motivos para ser optimista em Portugal vem da evi-dente tendência para quebrar o unanimismo oficial c para aban-donar um paralisantesentimentode pecado. Dito isso, parecr-me desnecessário dize r que negativas são todas as tentativas para evi-tar que isso aconteça e, como nada do que se passa ou decida em Portugal é relevante, aquilo que é verdadeiramente positivo é a ve-rificação de que a opinião pública e a politica europeias começam a mudar e que aquilo que. ontem, era < >usadia insensata de radicais, desligados da realidade tende a tornar-se ideia quase consensual. Assim se vá a tempo.

A frase

"(>s poucos motivos para ser optimista em Portugal vêm da evidente tendência para quebrar o unanimismo oficial o para abandonar um paralisante senti-mento de pecado".

Consegue fazer-se, hoje, um discurso positivo em Portugal?

Pedro Norton de Matos Partner da MyChange

José Ramos Presidente da Toyota Caetano Portugal

As crises sãi > também oportunida-des de mudança Nesse sentido, o discurso e práticas positivas têm um efeito multiplicador, conta-giando e inspirando os outros.

A oportunidade de repensar os pressupostos em que o mcxlelo de desenvolvimento assentou nasúl-limas décadas, provocam lo inúme-ros desequilíbrios sociais, econó-micos e ambientais. pode permi-tir a criação de uma nova ordem mais sustentável em que os com-portamentos de solidariedade, ci-vismo. minimização do desperdi-cioe dohiperconsumo conduzam as pessoas e a sociedade a um maior equilíbrio e níveis de felici-dade. Há inúmeros recursos mal utilizados (pessoas, terra, mar, energia, etc.) e o potencial de au-mento de eficiência e produtivida-de é enorme.

O fundamental é o desenvolvi-mento de uma mentalidade de em-preende«!« >rism«>. como atitude, sa-

bendo que o que «i Estado-provi-dèneia não mais será o garante do bem-estar. Implica proactividade c espírito de iniciativa, de cada um e da comunidade Essa é uma gran-de mudança na nossa cultura.

O empobrecimento relativo da classe média não me pareceu tema central, mas sim as famílias que nã< i chegam sequer a esse patamar, não tendo acesso a educaçàoc cui -dados de saúde.

No meu dm-a-dia.enwKidoem vários projectos, tenho o privilégio de ctmviver com o meio universi-tário. Em particular, no projecto C ireen Festival, a nossa equipa está instalada no I ADE, universidade da criatividade. T«xlos os dias sou confrontado com um discurso e práticas positivas, vendo jovens com brilho nos olhos e a acredita-rem no futuro (em Portugal ou no mundo global). Muito inspirador.

A construção de um mundo me-lhor e mais justo está nas nossas

A frase

"A construção de um mundo melhore mais justo está nas nossas mãos e passar cio diagnóstico à acção e o fundamentar.

mãos e passar do d iagn< is tico à ac -ção é o fundamental. Cada um pode ser agente de mudança e ter o p«xlcr transformador.

Sou optimista por natureza e acnxliti • no meu Palse sobretudo nos por-tugueses. pelo que sempre alimentei ca tntinuarei a alimentar um dis-curso jx «sitivo, sem dúvida, mas real ista e consistente. A capackladc de trabalho dos portugueses, em geral, o rasgo dc iniciativa dos empresa-ras c o sentido dc responsabilidade que todos têm demonstrado pc-rantcoactual clima de austeridade são emblematk«xi de um povo con-fiante m» futuro.

Porém, este sentimento de optimismo, e não de resignação, não pode ser manchado por demagogia* nem por acçiVs contraditórias, esperando-se de todos, mas em especial do Governo, um discurso de verdade.

I junentavelmente. no caso a mereto do secti ir autonxivel. e apesar do encerramento de empresas e consequente desemprego (devido a quebras d<» mercado superiores a 50%), afonna como o Governo tem líerkl« i a situação melindra o sentimento positivo e o discurso consis-tente de que tanto necessitamos.

As várias reunkVs da ACAP com o (kiverno, i >ndc ficaram pn nadas as consequências do aumentado ISV [imposto sohre veiculo« |, assim como a quebra abrupta nas receitas fiscais, foram totalmente ignora-das. c«>m a agravante dc terem sid< > ad< >ptadas medidas que acentuam ai mia mais a situação e contradizem o discurso político, cuja credihili-dadeétleterminante [vini manter a ordem e incutirem cada português um sentimentode esperança.

I D : 4 2 0 4 3 6 0 0 I JU-UO-ZU IZ

Prova dos nove

Consegue fazer-se, hoje, um discurso positivo em Portugal?

Mário Assis Ferreira Presidente da Esloril-Sol

Somos um povo cujo ADN está marcado pela bipolaridade com-portamental: facilmente resva-lamos da euforia inconsistente para a depressão desmobilizado-ra.

E, todavia, vivemos num pais que, como destino turístico, ofe-rece condições ímpares, as ofer-tas culturais são inúmeras - pese embora pouco se aposte na Cul-tura como factor de identidade nacional. - os índices de crimina-lidade são relativamente baixos

e. apesar dos actuais constrangi-mentos orçamentais, demons-tramos. sem excessivas manifes-tações de inconformismo, uma notável capacidade de adaptação a um inevitável clima de austeri-dade.

Somos, em suma. um país com as fronteiras mais antigas da Europa e soubemos enfren-tar. ao longo da nossa História, múltiplas crises que consegui-mos ultrapassar

Nesta crise - a pior das nos-

sas gerações - qual é o nosso problema?

É o de vivermos das más no-tícias, não sentindo a alegria de boaa novas, de quaisquer evi-dências de progresso.

Ou seja, não valorizamos Por-tugal dentro de uma Europa ve-lha e desnorteada.

Mas herdámos, felizmente, os genes da audácia e a experiên-cia de marear.

Por isso. somos o que quiser-mos se r!

Carlos Melo Ribeiro Administrador delegado da Siemens Portugal

Claro que sim. Não só se consegue como devia ser obrigatório para to-dos os responsáveis deste Pais.

Uma equipa vencedora só se cons-tmicomocontributodas qualidades edas vantagens com| >etit ivas de cada um. (Nunca se vence evidenciando os defeitos ou as desvantagens pró-prias).

Se há uma coisa que já devíamos ter aprendido com a História é que "todas ascrises são passageiras" e são sempre oportunidades para se real-çar um futuro mais próspero. Disse um grande filosofe* "*Se julgamos um peixe pela sua habilidade de subir às árvores ele vai sentir-se estúpido a vida toda".

Todos temos algo de bom pura con-tribuir para o nosso País e é nestas al-turas que precisamos de no« unir. I Iara, mais uma vez. sairmos bem des-ta crise, como sempre fizwreis na nos-sa Cirande 1 listóría. Vamos todos fa-zeroque temos de fazere o resultado será mais rápido do que se espera.

A frase

"Vamos todos fazer o que temos de fazer, eo resultado será mais rápido do que se espera".

Carlos Vasconcellos Cruz Presidente do Fyron Group

Perguntam-me se e possível ter hoje um discurso positivo em Portugal.

A minha resposta inequívoca é SIM.

Sópodesercssa!

Por vários mot ivos. que passo a explicar

a) Porque ser positivo é uma forma de estar e de viver, por opo-sição à visão derrotista e negativa de quem não dá valor ao que tem. aindaqoe pareça ou seja pouco.

h) Porque é nos momentos mais difíceis que ser positivo mais falta faz e mais benefícios propor-ciona.

c) Porque tudoé relativo, enós lendcmosafechar-nos nos nossos "pequenos mundos", esquecendo o"Grande Mundo"que nos nxieia.

d) Porque tudo tem soluções, mesmo nos casos em que as mes-

mas transcendem a compreensão humana.

e) Porque atras de cada dificul-dade há uma < iportunidade.

0 Porque o mundo .a história e a vida são feitos de ciclos |*«sitivr>s e nega th* >s - e há que aprendera ti-rar o máximo partido dos primei-msea minimizar os efeitos dos.se-gundos.

g) Porque o tempo não pára. e cada minuto que perdemos a con-centrar - nos cm sentimentos«-fac-tos negativos estamos a perder umao|xtrtunkladede tentar cons-truir alguma coisa que nos traga um melhor amanhã.

h) Porque Portugal tem um passado de que se deve orgulhar, atravessa um muitodificil presen-te mas tem de saber e acreditar que vai construir um fútum melhor.

i) Porque nos momentos mais duros descohrimos novas dimen-

sões de resistência, solidariedade e capacidade de dar.

j) Porqueo Pais está ávido deen-contrarum caminho que cortecom a (têssima administraçãi i de recur-sos materiais, financeiros e huma-nosa que tem estado sujeito nas úl-timas décadas.

k) Porque temos hoje uma gera-ção de jovens ci »m um nivel de edu-cação e preparação académica como Portugal nunca teve.

I) Porque só com um discurso positivo poderemos voltaraacredi-tar que é possível levar a sociedade portuguesa a reencontraroscuca-minho no mundo.

E, finalmente, porque não há al-ternativa.

Cabe- nos a cada um e a todos I*'K construir o mundo em que quere-mos viver.

Do medo. temos que gerar cora-gem.

Do desespero temos que fazer nascer es)»eninçn.

Do pouco tem«is que construir muito.

() futuro só se ganha de uma f< >r ma: CONSTHUINDO-O!

Consegue fazer-se, hoje, um discurso positivo em Portugal? Eles tentaram