Anais da X Semana de Estudos Florestais e I Seminário de Atualização Florestal

CONHECIMENTO POPULAR A CERCA DE ALGUNS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO

MADEIREIROS DA REGIÃO AMAZONICA

Sarah Lobato de Almeida*, Gisele de Fátima Prates, Francieli Vogel, Everton Hillig, Waldir Nagel Schirmer, Gilmara de Oliveira Machado

*Departamento de Engenharia Florestal – Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO),PR 153 – Km 07, Riozinho, 84500-000, Irati/Paraná, mailsarahmail@gmail.com

RESUMO

Produtos florestais não madeireiros (PFNMs) como o próprio nome indica são todos os produtos provenientes da floresta que não seja madeira ou constituinte fundamental da mesma, tais como, celulose, polioses e ligninas. Geralmente são produtos de origem biológica mais precisamente do reino vegetal. Exemplos de PFNMs são plantas medicinais, látex, mel, tanino, gomas, corantes, ceras, óleos essenciais, resinas entre outros. Neste estudo divulgaremos conhecimentos tradicionais e populares a cerca de alguns PFNMs provenientes das espécies: urucum (Bixa orellana) , bacaba (Oenocarpus bacaba), açaí (Euterpe oleracea), andiroba (Carapa guianensis), cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e murumuru (Astrocaryum murumuru). Todos os produtos que serão apresentados são originários da região amazônica sendo de uso freqüente da população local e de grande importância histórico-sociocultural e econômica. O principal objetivo deste estudo é divulgar o grande conhecimento empírico da população amazônica a cerca destes produtos visando principalmente valorizar o conhecimento popular, que amplia o aproveitamento de produtos de florestas.Introdução

Os Produtos Florestais Não Madeireiros sempre estiveram fortemente atrelados às populações rurais e/ou mercados das comunidades locais sendo de importância maior para a exploração sustentável. Muitos PFNMs são utilizados como fonte de alimentação, medicamentos, artesanatos e hidratantes de pele e cabelo, hoje destinados a formulação de produtos cosméticos.

O Urucunzeiro, é uma árvore encontrada na floresta pluvial da região amazônica, usada amplamente na indústria alimentícia como corante de diversos produtos. Popularmente é utilizado no tratamento de doenças do coração e pulmão, dietas de emagrecimento, cicatrizante, repelente e protetor natural da pele. A Bacaba, palmeira distribuída por toda a bacia amazônica, possui um fruto muito apreciado, do qual é produzido o "vinho de bacaba". Suas amêndoas e macerados da polpa servem de alimento para animais. Algumas comunidades utilizam a palmeira na construção de suas moradias, as folhas como cobertura, e o tronco como elementos estruturais. O Açaí também é uma palmeira produtora de frutos e palmito comestíveis e comercializáveis, e constitui uma das espécies mais representativas da floresta de várzea. Andiroba, árvore de grande porte freqüente nas várzeas ribeirinhas, com frutos oleaginosos têm largo aproveitamento na região. O cupuaçuzeiro é uma árvore de porte médio. A polpa do fruto, de sabor e aroma forte, é expressivamente utilizada na culinária. Murumuru, palmeira frutífera altamente oleaginosa e pouco aproveitada na região. Dentre várias outras espécies com alto potencial de obtenção de PFNMs, estas foram selecionadas por haver maior disponibilidade de informações sobre as mesmas, expressividade no uso popular, comercialização local, e interesses na formulação de produtos cosméticos.

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado na região amazônica, na floresta de várzea do estado do Amapá que constitui

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o segundo maior ambiente florestado da região. A acadêmica Sarah Lobato de Almeida cursando o 2º ano de Engenharia Florestal na Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). Através de vivencia direta com a população e flora amazônica adquiriu alguns conhecimentos populares da região. No ano de 2005 foi realizada uma viagem técnica de três dias com uma equipe de três especialistas, duas da área farmacêutica e um mateiro, à “região de inexpressiva intervenção na cobertura vegetal”, que representa 74,58% do território amapaense. Após a coleta de matéria-prima, folhas, cascas, raízes, e frutos das espécies citadas, o objetivo principal era estudar as propriedades físico-químicas, visando futura aplicação em medicamentos e produtos cosméticos. Os PFNMs exemplificados tem propriedades de longa data conhecida pela população local, e vem despertando o interesse da comunidade cientifica e de grandes indústrias já presentes na região, que operam na obtenção de matéria prima, para industrialização especializada.

Resultados e Discussão.

As sementes do urucum possuem propriedades antibiótica, expectorante e diurética, mais utilizadas no tratamento de doenças. A raíz apresenta propriedades cicatrizante e bactericida, popularmente usada em ferimentos e inflamações, e as folhas como repelente. É utilizado na formulação de creme e óleo bronzeador, e protetor natural da pele.

Figura 1– Sementes (foto à esquerda) e uso como corante e protetor natural (foto à direita)

Os frutos da bacaba possuem polpa que contém um óleo doce (25% do seu conteúdo), utilizado em conjunto com a alimentação diária, principalmente na produção do “vinho de bacaba”, rico em açúcares e gorduras, o palmito é pouco extraído. Sementes e fibras são utilizadas no artesanato, e no revestimento de móveis como cadeiras e mesas.

Figura 2 – Frutos de bacaba, à esquerda, e exemplo de artesanato, à direita.

O “vinho de açaí” é diáriamente consumido, rico em gorduras, e principalmente em ferro, é indicado no tratamento de anemias e fortalecimento muscular. Possui alta concentração de fibras que melhoram as funções intestinais. O caroço é utilizado como adubo. Sementes e fibras, também são utilizadas no artesanato.

Figura 3 – Palmeira de açaí, e o suco do fruto em conjunto com a cesta produzida com as fibras da planta.

Do tronco da andiroba e das sementes extraí-se um óleo, utilizado como repelente, antisséptico, cicatrizante e antiinflamatório.

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Figura 4 – Arvore de andiroba, à esquerda, e de seu óleo extraído do caule, à direita.

As sementes do cupuaçu, contém proteínas que enriquecem outros alimentos. Também é feito o cupulate, chocolate que substituiu o de cacau. A gordura extraída é aplicada na indústria de cosméticos. Da polpa se faz sorvetes, vitaminas, diversos doces, e licores.

Figura 5 – Flores e frutos do cupuaçuzeiro.

O caroço do fruto do murumuru, encerra uma amêndoa dura envolta por uma polpa amarelada, comestível e levemente adocicada. A amêndoa do murumuru é bastante oleosa e também comestível. É processada, como matéria-prima na industrialização de margarinas, seu principal aproveitamento comercial.

Figura 6 – Frutos e manteiga de murumuru

Conclusões Neste estudo, colocamos alguns produtos florestais não madeireiros provenientes da região

amazônica. Com o principal objetivo de expor alguns dos conhecimentos da população local a cerca dos seguintes produtos: urucum, bacaba, açaí, andiroba, cupuaçu, e murumuru. Espera-se que expondo esses exemplos, sejam incentivadas mais pesquisas científicas em PFNMs, independente da região brasileira. Admitindo-se a necessidade de modelos simplificados que ampliem o aproveitamento da informação gerada. Visando o planejamento de seu manejo e múltiplas aplicações. Através da agregação de diferentes níveis do conhecimento, pretende-se aprimorar-los, bem como propiciar novas possibilidades de emprego e uso dos mesmos, esperando retorno econômico e social satisfatório para as populações envolvidas.

Referências

EQUIPE TÁCNICA DO ZEE-AP. Macrodiagnóstico do Estado do Amapá: Primeira aproximação do ZEE., Macapá: IEPA – ZEE, 2°Edição 2006.

Imagens, Homepage: ADRIANA MOREIRA. Urucum: Sementes. Disponínel em: <http://www.adrianamoreira.com.br/sementes/Imagens/Urucum03.jpg>.SHEABUTTERCOTTAGE. Mururu.Disponível em: <http://akuawood.co.uk/images/P/akuawoodbowl200-01.jpg>. Acesso em:14 setembro 2008.