conflitos ruim com eles melhor sem eles
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conflitos no relacionamento cristãoTRANSCRIPT
CONFLITOS: RUIM COM ELES. MELHOR SEM ELES? Nathalia Lima.
Conflitos. Quem não os vive? Quem nunca os teve? No relacionamento eles são
motivos para caras feias, resmungos, pensamentos errados, lágrimas e, claro, palavras muitas
vezes destruidoras. A verdade é que não há como escapar de momentos de entraves, pois
quando dois pecadores convivem a discordância é inevitável. Talvez pela simples desarmonia
de ideias, mas principalmente pelos tais pecados inerentes a nós, seres humanos.
Os conflitos não são iguais em cada casal, mas há um modo correto de resolvê-los: à
luz da Palavra de Deus. Contudo, a questão em muitos relacionamentos é que casais ao invés
de brigar contra o problema, eles brigam entre si. O conflito acaba se tornando uma
oportunidade para defender direitos, controlar o outro, ou até tirar vantagens da situação. Tal
fato fica claro quando o foco da discussão é quem tem razão bem como quando o assunto não
é a desavença em si, mas o orgulho por trás de obter uma auto afirmação de que o outro errou
e não você.
Isso acontece no namoro. Ela gosta de ter razão. Ele também. Os problemas de uma
forma geral se resumem a isso: orgulho. No final das contas, quem gosta de estar errado?
Qualquer simples fato é motivo para que o que está sendo um problema vire afrontas pessoais
e apontamentos sobre o erro do outro (inclusive aqueles antigos que, tecnicamente, já haviam
sido resolvidos).
Talvez nós, mulheres, esperemos que nossos companheiros entendam nossas
necessidades e as executem prontamente. Acredito que há uma enorme disposição deles em
fazê-lo (isso quando o homem realmente ama), mas será que muitas de nós não cobramos
algo que eles, por serem homens, simplesmente não sabem? Será que eles não esperam que
nós façamos o que eles querem, na hora que eles querem? Vejo muitos casos onde é nítida a
vontade de ambos de acertar, cuidar, proteger, edificar, ser benção na vida um do outro, mas
nem sempre permitimos que nosso (a) companheiro(a) faça isso. E o motivo – além dos
inúmeros pecados na nossa vida - é por que não nos comunicamos! Somos egoístas com o
outro e conosco, o que muitas vezes nos faz ficarmos chateados sem sequer dizer o motivo.
Meu namorado é alguém cortês e educado, do tipo que abre a porta do carro para
mulheres, que dá prioridade, que se importa, que dá bom dia/boa tarde/boa noite em todos
os lugares que chega, seja qual for a posição social que as pessoas ocupam. Por esse jeito
agradável, muitas garotas acham que podem deliberadamente se apaixonar por ele. Nesse
caso o também ciúme entra em questão. Qual menina quer ver outra querendo o seu
namorado? Eu não sou uma delas. E o que eu fazia quando ficava com ciúmes: calava-me e
mostrava uma cara horrível, fechada para qualquer diálogo, tratava todas as pessoas bem,
menos ele. O que isso gerou? Conflito. Eu o punia sobre algo que ele não tinha total culpa. Na
verdade, eu acreditava que algumas coisas poderiam mudar, mas não que ele precisava mudar
quem ele é por isso. Alguns limites precisavam ser colocados, mas não havia como ele mudar
alguma atitude se eu não falasse. Queria que ele adivinhasse que seu modo de agir e a reação
das mulheres era o motivo da minha cara feia para ele. Houve um dia em que conversamos,
colocamos os pontos da questão e a simplicidade mostrou-se reluzente. Ele continua sendo
exatamente quem ele é, alguns limites foram postos e eu aprendi que não preciso sair do lado
dele quando esse tipo de situação acontece. Afinal, ele me escolheu para que estivesse do lado
dele, é comigo que ele quer ficar, pela graça e misericórdia de Deus na minha vida. Então
podemos caminhar juntos mesmo quando as circunstancias parecem nos afastar. E a solução
primeira foi a comunicação. Se não tivesse havido comunicação, nenhuma mudança teria
propensão para acontecer, pois não há como adivinhar aquilo que o outro deseja.
Esse é apenas um exemplo de que os conflitos acontecem quando os desejos do nosso
coração de algum modo não são satisfeitos (Tg 4.1-3). Muitos de nós resolvemos reagir a
conflitos de maneiras não bíblicas e destrutivas. Eu desejei (Tg 1.14) que ele se comportasse de
uma maneira que não tinha mostrado para ele como nem quanto me incomodava. Eu julguei
que ele deveria saber quais as minhas necessidades e o condenei por não adivinhá-las. Não
obstante, minha resposta poderia ter sido focada na restauração e fortalecimento do
relacionamento. Ter em vista o que é do outro, considerá-lo antes de mim mesma é um ótimo
caminho. (Hb 10.24, Fp 2.4)
Um pastor amigo nosso, numa noite de aconselhamento, usou o texto de Mateus 7.3-5
como exemplo para um relacionamento outrocêntrico – e consequente redução de conflitos. A
ideia é que vejamos aquilo que está em nós mesmos, nossa parte do problema. Queiramos nós
admitir ou não, num problema, há sempre uma parcela de erro das duas partes, mesmo que
distribuídas de forma desigual. Quando ele erra comigo e não respondo, seja em fala, ação ou
pensamento, da forma que a bíblia mostra como regra para que aconteça (Pv 15.1, 23, 26; Fp
4.8; Cl 3.17; 1 Co 10.31), já tenho uma parcela de culpa na história, por menor que pareça. O
nosso coração pecaminoso tantas vezes nos impede de glorificar a Deus nas nossas atitudes.
Outro ponto importante nesse texto é que muitas vezes fazemos uma “tempestade em
copo d’água”. E isso não é um “privilégio” feminino. Falamos e interpretamos o outro da
maneira como nos convém e, infelizmente, somos incrivelmente bons nisso. São incontáveis os
conflitos gerados por uma interpretação equivocada de uma mensagem ou uma fala. A
comunicação é falha. Tal problema acontece quando ela ocorre de forma incompleta, indireta,
ofensiva, indiferente ou mesmo inexistente. Cada um desses casos abre margem para que seja
feita interpretação que rege o seu coração e não necessariamente do modo que o outro falou.
Durante algum tempo eu me perguntei: se os problemas devem ser resolvidos com
comunicação, quem tem problema de comunicação faz o quê? Minha resposta sempre foi,
“senta e chora!”. Até uma professora olhar no fundo dos meus olhos e dizer que a
comunicação precisa acontecer, e se ela está falha o problema não é em si a comunicação, mas
o coração pecaminoso. Nesses momentos se faz necessário descobrir a raiz do problema.
Egoísmos, orgulho, temor a homens e arrogância são alguns dos adjetivos nada agradáveis que
qualificavam muitas das reações, pensamentos e ações. Esses pecados norteiam o modo como
ajo e muitas vezes define o início ou o agravar de um conflito.
Uma comunicação eficaz precisa de um coração humilde (Fp 2.1-4). Poucas vezes nos
colocamos no lugar do outro antes de reagir a alguma coisa (Gl 5.26). Não somos melhores que
nossos companheiros, mas muitas vezes nos consideramos assim. Caminhamos ao lado de
pecadores e parece que esquecemos disso. A humildade também envolve a disposição de
ouvir o outro (Pv 15.1). Estamos muito dispostos a fornecer nossas opiniões sobre os assuntos
e uma simples questão acaba virando motivo de disputa por não sermos tardios no falar e
prontos para ouvir. É necessário também sabedoria para reconhecer o erro e pedir perdão (Lc
6.37; Ef 4.32; Cl 3.13). Deus não nos manda resolver nossos conflitos através da fuga ou da
agressão, pelo contrario, nos desafia a comunicação direta e pacifica que nos ajuda a lidarmos
da melhor forma com os conflitos que enfrentamos no dia a dia (Mt 18.15-17).
O texto de Efésios 4.1-6 traz consigo as ideias de humildade, mansidão, longanimidade
e suporte. Cada uma dessas características deve estar presente no relacionamento em que a
leveza se faz evidente. A humildade reconhece o valor do outro, dado por Cristo. Quando
dispomos de um coração humilde, caminhamos para a concordância e deixamos o orgulho de
lado quando chega a discórdia (Rm 12.16; Fp 2.3; Cl 3.12-13; 1 Pe 5.5; Pv 15.33, 16.5). A
mansidão nos faz sermos amáveis, gentis, corteses. Ela não é um sinônimo de fraqueza, mas
de brandura cuja força está controlada e se faz presente numa personalidade que domina a si
mesma e serve a outras pessoas. John Sttot, em seu livro A mensagem de Efésios, cita Findlay,
o qual afirma que com a mansidão “não há uma disposição para asseverar direitos pessoais”
(Gl 5.23; 2 Tm 2.25). A longanimidade e o suporte definem uma constância de ânimo, um
coração que suporta com solidez discordâncias em beneficio do outro (Pv 25.15; Cl 1.11). O
verdadeiro amor pensa no outro e não em si mesmo (1 Co 13.4-7).
A partir do momento que nós aprendemos a reagir a conflitos da forma como Deus
nos ensina, Ele nos ajuda a produzir em nós fruto para a glória de dEle. Paulo, na sua carta aos
romanos (5.3) afirma que a tribulação produz perseverança. A decisão de permanecer, visando
a glória de Deus. Essa palavra no original grego dá a ideia de constância, estabilidade que
acontece de forma leal; características tão necessárias no relacionamento. Quando, mesmo
em meio ao conflito, podemos desfrutar de algo protegido pela segurança que Cristo nos dá,
somos impelidos seguramente a prosseguir. Persistir traz consigo a experiência (Rm 5.4) de
uma caminhada segura que pode nos ajudar a trazer à memória aquilo que nos dá esperança
(Lm 3.21) quando novos conflitos surgirem.
Quando encarado da maneira certa, o conflito em si não é um problema. A questão é
que o nosso coração pecaminoso enxerga o conflito como uma afronta para nosso ego ferido.
Deus pode nos ensinar a ver Graça dentro do relacionamento. Quando nossos pecados se
tornam cada vez mais claros, e a instabilidade no relacionamento vem à tona, Deus nos
fornece oportunidades de crescer e amadurecer juntos. O conflito pode gerar uma construção
de paredes e telhado resistentes sobre de um alicerce profundo que mantém corações
protegidos e entregues. Quando se vê a graça de Deus dentro do conflito e os resolve com
base naquilo que Deus tem dado para nós como solução, prosseguir de mãos dadas não se
torna nunca um fardo, sendo sempre uma benção; e os conflitos, obstáculos para ultrapassar e
crescer juntos. Que nossos relacionamentos sejam mais cheios de Cristo e menos cheios de
nós mesmos.