conflitos no campo 2013 miolo

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CONFLITOS NO CAMPO BRASIL 2013 ISSN 1676-661X

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  • CONFLITOS NO

    CAMPOBRASIL2013

    ISSN 1676-661X

  • Expediente

    Conflitos no Campo Brasil 2013 [Coordenao: Antnio Canuto, Cssia Regina da Silva Luz , Flvio Lazzarin[Goinia]: CPT Nacional Brasil, 2013. 198 pginas: fotos, tabelasVrios autores.Indexado na Geodados http://www.geodados.uem.brISSN 1676-661X

    1. Violncia no Campo. 2. Conflitos no Campo. 3. Reforma Agrria. 4. Direitos Humanos e Legislao Ambiental. I. Canuto, Antnio; coord. II. Luz, Cssia Regina da Silva, coord. III. Flvio Lazzarin, coord. IV. Comisso Pastoral da Terra V. Ttulo

    CDD 303.6 307.7

    Conflitos no Campo Brasil 2013 uma responsabilidade do Centro de Documentao Dom Toms Balduino

    Rua 19, no 35, 1andar Centro - 74030-090Caixa Postal 749 - 74001-970 Goinia-GOFone: (062) 4008-6466 Fax: (062) 4008-6405 Endereo eletrnico: [email protected]: www.cptnacional.org.br Comisso Pastoral da Terra um organismo ligado Comisso para o Servio da Caridade, da Justia e da Paz, da CNBB.

    A CPT membro da Pax Christi Internacional

    Goinia, abril de 2014

    Diretoria da CPTD. Enemsio ngelo Lazzaris PresidenteD. Jos Moreira Bastos Neto Vice-presidente

    Coordenao Executiva NacionalEdmundo Rodrigues CostaFlvio LazzarinIsolete WichinieskiLuciano Bernardi

    Conselheiro Permanente da CPTD. Toms Balduino

    Centro de Documentao Dom Toms Balduino Equipe Secretaria NacionalAntnio CanutoCssia Regina da Silva LuzLeonardo Vincius Pires da Silva Mria Carrijo VianaPaula Pereira Thays Pereira Oliveira

    Equipes nos RegionaisFbio Jos da Silva/Lucimone Maria de Oliveira GoisAnna Maria Rizzante Gallazzi AmapClio Lima Silva AcreEdmundo Rodrigues Costa Araguaia/TocantinsInaldo da Conceio V. Serejo MaranhoJos Batista Gonalves Afonso ParJos Iborra Plans/Maria Petronila Neto RondniaJoseumar Miranda da Silva - Esprito Santo/Rio de JaneiroJos Valmeci de Souza Santa CatarinaJuvenal Jos da Rocha/Dirceu Fumagalli ParanIlza Franca e Thiago Valentin CearMaria Clara Ferreira Motta - AmazonasLetcia Aparecida Rocha Minas GeraisPaulo Csar Moreira Santos Mato GrossoMarluce Melo/Renata Costa Czar de Albuquerque/Renata rica de Figueiredo Atade Nordeste (AL, PB, PE e RN)Gregrio F. Borges PiauRoseilda Cruz da Conceio BahiaRoberto Carlos de Oliveira Mato Grosso do SulEvanir Jos Albarello Rio Grande do Sul

    AssessoriaProf. Dr. Carlos Walter Porto-GonalvesGegrafo - UFFProf. Dr. Bernardo Manano FernandesGegrafo Unesp

    Assessoria AdministrativaTnia Maria Rocha de OliveiraEldia Morais Aguirre

    RevisoSecretaria Nacional

    Diagramao:Vivaldo da Silva Souza

    Seleo de fotosCristiane Passos

    Foto CapaRuy Sposati

    Organizao e seleo de documentosJean Ann BelliniSoledade Sousa de Almeida

    Apoio:EED Evangelischer EntwicklunqsdienstCCFD Comit Catholique contre la Faim et pour le DveloppementD&P Development and PeaceMinistrio Pblico do Trabalho da 23 RegioTRT Tribunal Regional do Trabalho 23 RegioMisereor

  • Irm Lucinda Moretti

    Falar em Irm Lucinda como falar da prpria histria da CPT em Mato Grosso do Sul.

    Era membro da coordenao regional da CPT, quando em 16 de agosto, faleceu em um acidente de trnsito, em Juti, MS.

    Sempre disposta a distribuir esperana, a incentivar a caminhada, dedicou sua vida em favor do homem e da mulher do campo, de forma alegre e prazerosa.

    Padre Victor Asselin

    Padre e advogado. Canadense de nascimento, maranhense por opo.

    Descobriu uma verdadeira rede de grilagem de terras no Maranho, que denunciou no livro Grilagem: corrupo e violncia em terras do Carajs.

    Primeiro vice-presidente da CPT, participou do encontro em que a Comisso Pastoral da Terra foi criada.

    No Maranho articulou as dioceses do estado para formar a CPT regional.Faleceu em 23 de agosto, vtima de cncer, em Quebec (Canad).

  • SUMRIO

    Apresentao ..............................................................................................................................................................7

    Metodologia .............................................................................................................................................................9

    Tabela 1 Comparao dos conflitos no Campo 2004 - 2013 ..........................................................................15

    CONFLITOS NO CAMPO Geografia dos Conflitos por Terra no Brasil (2013) Expropriao, violncia e r-existncia ...........................18

    Carlos Walter Porto-Gonalves, Danilo Pereira Cuin

    Tabela 2 Conflitos no Campo Brasil...................... .............................................................................................27

    Conflitos, violncia: um olhar pastoral ..................................................................................................................63

    Anna Maria Rizzante Gallazzi

    TERRATerra, ocupao e posse: novos desafios aos movimentos sociais frente ao do capital agrrio ..............70

    Jos Paulo Pietrafesa

    Tabela 3 Violncia contra Ocupao e a Posse (sntese) ..................................................................................77

    Vida e morte no campo: o permetro irrigado de Santa Cruz do Apodi-RN ...................................................78

    Joo Paulo do Vale de Medeiros

    Tabela 4 Conflitos por Terra (sntese) ............................................................................................. .....................84

    Conflitos e violncia na Amaznia Legal ..............................................................................................................85

    Darlene Braga, Inaldo Vieira dos Santos e Josep Iborra Plans

    GUAA gua e a sede do Capital .......................................................................................................................................92

    Alexandre Gonalves

    Tabela 5 - gua (sntese) ..........................................................................................................................................96

    Conflitos pela gua: privatizao dos bens comuns, ameaa a vida ................................................................97

    Maria jos Honorato Pacheco

    TRABALHOTabela 6 Conflitos trabalhistas (sntese) ............................................................................................................104

    A migrao de camponeses e escravido na construo civil ..........................................................................105

    Daniel Santini

  • VIOLNCIA CONTRA A PESSOA Tabela 7 - Violncia contra a Pessoa (Sntese) ..................................................................................................... 112

    A difcil luta para punir os responsveis pelos Crimes no Campo.................................................................. 113

    Jos Batista Gonalves Afonso

    Tabela 8 Assassinatos .......................................................................................................................................... 118

    Os direitos indgenas frente aos conflitos no campo em 2013 ..........................................................................120

    Erika Macedo Moreira

    Tabela 9- Tentativas de Assassinato ................................................................................................ ......................127

    Quando a bala manda recado................................................................................................................................128

    Natalia Viana e Ismael Machado

    Tabela 10 - Ameaados de morte ........................................................................................................ ..................133

    Maria de Nazareth ..................................................................................................................................................140

    Marluce Melo

    MANIFESTAES

    Cartas da Resistncia Indgena .............................................................................................................................144

    Tabela 11 Manifestaes (sntese) ......................................................................................................................148

    NOTAS EMITIDAS PELA CPT E OUTROS DOCUMENTOSNotas .........................................................................................................................................................................150

    Siglas dos movimentos sociais, organizaes e entidades ................................................................................178

    Fontes de Pesquisa ..................................................................................................................................................187

    CPT no Brasil ...........................................................................................................................................................195

  • Apresentao

    O ano de 2013 vai passar para a histria como o ano das grandes mobilizaes populares, que momen-taneamente colocaram a nao em suspenso e alte-raram as agendas de debates.

    Mas to ou mais importantes que aquelas manifes-taes, podem se considerar as aes dos indgenas, que roubaram a cena em vrias oportunidades.

    Em torno a 500 ndios de diferentes etnias, corpos pintados, ornamentos na cabea, maracs nas mos, em 16 de abril, ocuparam o Plenrio da Cmara dos Deputados. Enquanto os atnitos deputados, mui-tos deles correndo, no entendiam o que acontecia, os ndios danavam e cantavam no plenrio. Um espetculo para marcar a histria de um Congresso, onde as demandas dos ruralistas encontram resso-nncia e amplificao atravs da conhecida ban-cada ruralista, e onde projetos que tentam limitar os direitos dos povos indgenas crescem e se avo-lumam como uma avalanche. Os ndios exigiam a suspenso da Proposta de Emenda Constituio (PEC) 215/00, que quer transferir a competncia pela demarcao das terras indgenas da Presidn-cia da Repblica para o Congresso, e de outros pro-jetos de lei, portarias e decretos. Estas que, segundo Anastcio Peralva, lder indgena Kaiow-Guarani, so as novas armas do extermnio.

    As aes indgenas se multiplicaram de Norte a Sul do Pas. Foram 156 manifestaes, envolvendo 35.208 indgenas. Foram tambm 61 retomadas de antigos territrios. Por diversas vezes, no Par, o canteiro de obras da Hidreltrica de Belo Monte, foi ocupado e os Munduruku, da regio do Tapa-js, queimaram o documento que lhes foi enviado, porque os representantes do governo federal se ne-garam a encontrar-se com eles numa aldeia.

    Por dias consecutivos, no Paran e no Rio Grande do Sul, os ndios protestaram contra a suspenso dos processos de reconhecimento e demarcao de suas terras.

    No Mato Grosso do Sul, a luta dos Terena e dos Guarani Kaiow pela reconquista das terras das quais foram esbulhados, ganhou dimenses dra-mticas, com mortes, ferimentos e prises de ind-genas. O mesmo aconteceu na Bahia, com os Tupi-namb. Os dados de 2013 so de estontear: 15 dos 34 assassinatos registrados so de indgenas. So tambm indgenas 10 das 15 vtimas de tentativas de assassinato, e 33 das 241 pessoas ameaadas de morte. Em nenhum outro perodo desta publicao se tem registro semelhante.

    Enquanto o Brasil acompanha a grande cheia do Rio Madeira, em Rondnia, afetando dezenas de milhares de famlias, suas lavouras e perten-ces, e deixando isoladas regies inteiras, inclu-sive o Acre; e a grande So Paulo vive situao mais que crtica de abastecimento de gua com o sistema Cantareira em nvel baixo, nunca an-tes registrado, os dados da CPT incomodam. Em 2013 registrou-se um crescimento exponencial de 32% nos Conflitos pela gua. Como acentua Maria Jos Pacheco, os conflitos pela gua esto relacionados s disputas pelo territrio, onde o capital sempre quer tornar privados os espaos comuns do povo, principalmente os das comu-nidades tradicionais... Os conflitos se intensi-ficam entre a viso diversa do capital viabilizado pelos governos e a viso cosmolgica dos povos e comunidades tradicionais.

    O maior nmero de conflitos pela gua est relacio-nado com a construo de hidreltricas, 44 ocorrn-cias, e cresce em reas de minerao, 31 ocorrncias. So mais frequentes no Nordeste, 43%, seguido do Norte com 25%, e Sudeste, 18%.

    Como em anos anteriores, os conflitos ganham em intensidade nas reas para onde o capital avana, sobretudo a Amaznia. Diferentemente do restante do Brasil, onde o nmero de expul-ses e despejos diminuiu em relao a 2012, na Amaznia ocorreu o inverso: o nmero de fam-

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  • lias expulsas cresceu em 11%, e o de famlias des-pejadas em 76% (passaram de 1.795 para 3.167). Tambm teve crescimento acentuado de 126%, o nmero de famlias com casas destrudas, e as com bens destrudos 19%. O Acre destacou-se pelo aumento de 1.038% em relao ao nmero de casas destrudas. Passou de 26 para 296. Tam-bm no Acre, a atuao de pistoleiros ou de mi-lcias armadas mais que quadruplicou: de 90 fa-mlias afetadas por aes de pistoleiros em 2012, este nmero saltou para 380.

    Na Amaznia, se concentram 20 dos 34 assassina-tos, 174 das 241 pessoas ameaadas de morte, 63 dos 143 presos, e 129 dos 243 agredidos. Das Po-pulaes Tradicionais que, em 2013, foram vtimas de algum tipo de violncia, 55% se localizavam na Amaznia.

    Um olhar acurado dos jornalistas Natlia Viana e Ismael Machado nos ajuda a ver a presena das mulheres nos Conflitos no Campo. 40 mulheres es-to computadas entre as 241 pessoas ameaadas de morte, em 2013. Nos ltimos 10 anos, 20 mulheres foram assassinadas, 55 sofreram tentativa de assas-sinato. So mes, filhas, irms, esposas cujas vidas foram marcadas em algum momento pela cortan-te sanha da injustia de terras no Brasil. Hoje elas no dormem durante a noite, espera do assassino. Fogem dos filhos e netos para no derramar sobre eles o risco que correm. E desfila diante de ns um cortejo de mulheres ameaadas.

    O fantasma da impunidade continua rondando as comunidades camponesas, nos diz Jos Batista

    Afonso. E mesmo a condenao no certeza de punio, pois a maioria dos mandantes condena-dos no cumprir a pena atrs das grades.

    Como assinalam Carlos Walter Porto-Gonalves e Danilo Cuin est em curso uma geopoltica da despossesso, sendo as maiores vtimas as popula-es que tradicionalmente ocupam o territrio. O colonialismo no somente um perodo do nosso passado histrico, mas uma caracterstica necess-ria do capitalismo em sua dinmica de acumulao incessante de capital que implica, inclusive, expan-so geogrfica para regies tradicionalmente ocu-padas por outros grupos/classes sociais/etnias/povos/nacionalidades. Os nmeros o atestam. Em 2013, do total de vtimas fatais, 61,3% pertencem a grupos/classes sociais/etnias caracterizados como Populaes Tradicionais. Estas correspondem a 58,8% do total das categorias sociais que sofreram aes violentas.

    O que este relatrio registra apenas uma parte da realidade, os conflitos e a violncia que de alguma forma chegam ao nosso conhecimento. Muitssi-mos mais casos acontecem nesta imensido do Bra-sil e que s so conhecidos por quem sofre a violn-cia, ou pelas famlias e comunidades envolvidas em algum conflito.

    Anna Maria Gallazzi nos lembra: nmeros no so somente nmeros. Eles trazem o estampido das balas, o cheiro do sangue que se espalha no cho encharcando a poeira, com sua cor escura... N-meros no mostram as longas noites de insnia e de medo, cheias de preocupao.

    A Coordenao Nacional da CPT

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • MetodologiaA CPT desde a sua criao se defrontou com os conflitos no campo e o grave problema da violn-cia contra os trabalhadores e trabalhadoras da ter-ra. Esta violncia que saltava aos olhos comeou a ser registrada sistematicamente j no final dos anos 1970. A partir de 1985 os dados comearam a ser publicados anualmente em forma de Cadernos. Durante este tempo, o Centro de Documentao Dom Toms Balduino1 trabalhou intensamente no levantamento de dados na luta e pela resistncia na terra, pela defesa e conquista dos direitos. Em 2002 comeou a registrar os conflitos pela gua. A CPT tornou-se a nica entidade a realizar to ampla pesquisa sobre a questo agrria em mbito nacional. Com este trabalho, a CPT formou uma das mais importantes bibliotecas com livros, ca-dernos, revistas, jornais e arquivos que tratam das lutas camponesas.

    Por que documentar?

    A CPT uma ao pastoral da Igreja, tem sua raiz e fonte no Evangelho e como destinatrios de sua ao os trabalhadores e trabalhadoras da terra e das guas. Por fidelidade ao Deus dos pobres, terra de Deus e aos pobres da terra, como est explcito na definio de sua Misso, que a CPT assumiu a tarefa de registrar e denunciar os conflitos de terra, gua e a violncia contra os trabalhadores e seus direitos, criando o setor de Documentao.

    A tarefa de documentar tem uma dimenso teolgi-ca, porque, de acordo com a tradio bblica, Deus ouve o clamor do seu povo e est presente na luta dos trabalhadores e trabalhadoras (Ex 3, 7-10). Esta luta em si mesma um ritual celebrativo desta pre-sena e da esperana que anima o povo.

    Alm deste aspecto, a CPT fundamenta seus regis-tros em outras dimenses, que so: tica, poltica, pedaggica, histrica e cientfica.

    tica porque a luta pela terra uma questo de justia e deve ser pensada no mbito de uma ordem social justa.

    Poltica porque o registro da luta feito para que o trabalhador, conhecendo melhor sua realidade, possa com segurana assumir sua prpria caminha-da, tornando-se sujeito e protagonista da histria.

    Pedaggica porque o conhecimento da realidade ajuda a reforar a resistncia dos trabalhadores e a forjar a transformao necessria da sociedade.

    Histrica porque todo esforo e toda luta dos trabalhadores de hoje no podem cair no esqueci-mento e devem impulsionar e alimentar a luta das geraes futuras.

    Cientfica porque o rigor, os procedimentos metodo-lgicos e o referencial terico permitem sistematizar os dados de forma coerente e explcita. A preocupao de dar um carter cientfico publicao existe no em si mesma, ela existe para que o acesso a estes da-dos possa alimentar e reforar a luta dos prprios tra-balhadores, contra o latifndio. No se trata simples-mente de produzir meros dados estatsticos. Trata-se de registrar a histria da luta de uma classe que secu-larmente foi explorada, excluda e violentada.

    Procedimentos

    Os dados so obtidos por meio de fontes de pesquisa primria e secundria. As primrias so feitas pelos agentes dos Regionais da CPT e enviadas Secreta-ria Nacional, em Goinia. Alm dos agentes da CPT, declaraes, cartas assinadas, boletins de ocorrncia, relatos repassados pelos movimentos sociais, igrejas, sindicatos e outras organizaes e entidades direta-mente ligadas luta dos trabalhadores e trabalhado-ras. As secundrias so realizadas por meio de le-vantamentos feitos em revistas, jornais de circulao local, estadual e nacional, boletins e publicaes de diversas instituies, partidos e rgos governamen-tais, entre outros.

    1 A partir de 2013 o Setor de Documentao da CPT passou a se denominar Centro de Documentao Dom Toms Balduino.

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  • Quando os nmeros fornecidos pelas fontes secun-drias no coincidem com os apurados pelos Regio-nais da CPT, considera-se a pesquisa primria reali-zada pelos Regionais. Ainda importante destacar que com a ocorrncia de vrios conflitos em um mesmo imvel, para evitar duplicaes de dados, registra-se na ltima ao daquele conflito o maior nmero de famlias. Para registro de datas, quando no tem informao do dia do fato, registra-se no l-timo dia daquele ms e ano, caso no tenha informa-o do ms, registra-se no ltimo dia daquele ano. Quando possvel, utilizamos a data do documento.

    No registro das manifestaes que so prolongadas (marchas, jornadas etc.), para a contagem dos parti-cipantes, considera-se o maior nmero de pessoas na ltima data e registra-se os atos realizados em cada lugar, durante o trajeto ou o perodo da manifestao.

    Somente se registram os conflitos que envolvem trabalhadores e trabalhadoras. O principal objeto de registro e denncia a violncia sofrida. Con-flitos agrrios, muitas vezes graves, entre latifundi-rios ou outros agentes no so registrados. Regis-tram-se os conflitos que ocorreram durante o ano em destaque. Conflitos antigos e no resolvidos s figuram no relatrio se tiverem algum desdobra-mento durante o ano trabalhado.

    As informaes e os dados so organizados por meio de formulrios temticos do Datacpt Ban-co de Dados dos Conflitos no Campo Comisso Pastoral da Terra - e so digitados e sistematizados em tabelas, grficos e mapas dos conflitos. De cada conflito elaborado um histrico que rene todas as informaes que lhe so caractersticas. A partir de 2008, este acervo comeou a ser digitali-zado e atualmente est disponvel via Google Drive .

    importante destacar que o processo de insero e correo dos conflitos no campo contnuo. En-tre outras dimenses, isso quer dizer que aps cada publicao anual comum ocorrer registros de anos anteriores, dos quais o Centro de Documentao da CPT no tinha conhecimento na poca do fato.

    Conceitos

    O objeto de documentao e anlise so conflitos e a violncia sofrida.

    Conflitos so as aes de resistncia e enfrentamen-to que acontecem em diferentes contextos sociais no mbito rural, envolvendo a luta pela terra, gua, direitos e pelos meios de trabalho ou produo. Es-tes conflitos acontecem entre classes sociais, entre os trabalhadores ou por causa da ausncia ou m gesto de polticas pblicas.

    Os conflitos so catalogados em conflitos por terra, conflitos pela gua, conflitos trabalhistas, conflitos em tempos de seca, conflitos em reas de garimpo, e em anos anteriores foram registrados conflitos sindicais.

    Conflitos por terra so aes de resistncia e en-frentamento pela posse, uso e propriedade da terra e pelo acesso a seringais, babauais ou castanhais, quando envolvem posseiros, assentados, quilombo-las, geraizeiros, indgenas, pequenos arrendatrios, pequenos proprietrios, ocupantes, sem terra, serin-gueiros, camponeses de fundo de pasto, quebradei-ras de coco babau, castanheiros, faxinalenses, etc.

    As ocupaes e os acampamentos so tambm clas-sificados na categoria de conflitos por terra.

    Ocupaes e ou retomadas so aes coletivas das famlias sem terra, que por meio da entrada em im-veis rurais, reivindicam terras que no cumprem a funo social, ou aes coletivas de indgenas e qui-lombolas que reconquistam seus territrios, diante da demora do Estado no processo de demarcao das reas que lhe so asseguradas por direito.

    Acampamentos so espaos de luta e formao, fruto de aes coletivas, localizados no campo ou na cidade, onde as famlias sem terra organizadas, reivindicam assentamentos. Em nossa pesquisa re-gistra-se somente o ato de acampar. Conflitos Trabalhistas compreendem os casos de tra-balho escravo, superexplorao e aes de resistncia.

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Na compreenso do que Trabalho Escravo, a CPT segue o definido pelo artigo 149 do Cdigo Penal Bra-sileiro, atualizado pela Lei n 10.803, de 11.12.2003, que o caracteriza por submeter algum a trabalhos forados ou a jornada exaustiva, ou por sujeit-lo a condies degradantes de trabalho, ou quando se restringe, por qualquer meio, sua locomoo em ra-zo de dvida contrada com o empregador ou pre-posto, ou quando se cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de ret-lo no local de trabalho ou quando se mantm vi-gilncia ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de ret-lo no local de trabalho.

    As situaes de Superexplorao acontecem na esfera salarial e dizem respeito s ocorrncias em que as ho-ras de trabalho no pagas excedem a taxa normal de explorao do trabalho. Geralmente estes casos esto ligados a precrias condies de trabalho e moradia.

    As Aes de Resistncia so protestos de trabalha-dores assalariados que reivindicam aumento de sa-lrio e manuteno dos direitos.

    Conflitos pela gua so aes de resistncia, em ge-ral coletivas, para garantir o uso e a preservao das guas e de luta contra a construo de barragens e audes, contra a apropriao particular dos recur-sos hdricos e contra a cobrana do uso da gua no campo, quando envolvem ribeirinhos, atingidos por barragens, pescadores, etc.

    Conflitos em Tempos de Seca so aes coletivas que acontecem em reas de estiagem prolongada e reivindicam condies bsicas de sobrevivncia e ou polticas de convivncia com o semirido.

    Conflitos em reas de Garimpo so aes de en-frentamento entre garimpeiros, empresas, grupos indgenas e o Estado.

    Conflitos Sindicais so aes de enfrentamento que buscam garantir o acompanhamento e a solidarie-dade do sindicato aos trabalhadores, contra as in-tervenes, as presses de grupos externos, amea-as e perseguies aos dirigentes e filiados.

    Estes trs ltimos s so publicados quando ex-pressiva sua ocorrncia, ou quando o contexto em que se desenrolaram indicar a pertinncia de uma anlise a respeito.

    Alm disso, so registradas as manifestaes de luta e as diversas formas de violncia praticadas contra os trabalhadores e trabalhadoras: assassi-natos, tentativas de assassinato, ameaas de morte, prises e outras.

    Por Violncia entende-se o constrangimento e ou a destruio fsica ou moral exercidos sobre os traba-lhadores e seus aliados. Esta violncia est relacio-nada aos diferentes tipos de conflitos registrados e s manifestaes dos movimentos sociais do campo.

    As Manifestaes so aes coletivas dos trabalha-dores e trabalhadoras que reivindicam diferentes polticas pblicas e ou repudiam polticas gover-namentais ou exigem o cumprimento de acordos e promessas.

    Estrutura do Banco de Dados DATA CPT Do Banco de Dados retiram-se tabelas especficas para a pgina eletrnica da CPT, bem como para a publicao anual impressa.

    Tabelas disponibilizadas na pgina eletrnica:

    1. reas em conflito, entendidas como situaes ou lugares dos litgios. Nesta tabela constam o nome do imvel, o nmero de famlias envolvidas e rea em hectares.

    2. Ocorrncias de conflitos, constam detalhes do n-mero de vezes que aconteceram aes de violncia contra as famlias. Numa mesma rea podem ter acontecido diversos fatos, em datas diferentes. Cada acontecimento registrado como um conflito. Aqui, registra-se o tipo de propriedade e sua respectiva situao jurdica, o nmero de famlias vtimas de despejo e expulso despejo acontece quando h re-tirada das famlias, via mandado judicial; expulso

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  • quando a retirada das famlias se d por ao priva-da; as vezes que as famlias tiveram bens destrudos durante as violncias sofridas ou foram vtimas de ausncia e ou falhas de polticas pblicas. Por ausn-cia e ou falhas de polticas pblicas entende-se a falta de infraestrutura, de servios bsicos de educao, sade, assistncia tcnica e crdito, a m gesto da poltica de assentamentos, como desvios de recur-sos, assentamentos em reas inadequadas, reduo de reas de posseiros para implantao de assenta-mentos, no implementao dos procedimentos exi-gidos para se ter acesso a determinados benefcios.

    3. Uma terceira tabela com as Ocupaes/Retoma-das de terra.

    4. Uma quarta tabela com os Acampamentos. im-portante dizer que se registra apenas o ato de acam-par do respectivo ano. No se faz o acompanha-mento do nmero de famlias acampadas no Pas.

    Os dados das trs ltimas tabelas so somados na tabela sntese fechando o eixo Terra, denominado Violncia contra Ocupao e a Posse.

    Os Conflitos pela gua so reunidos numa tabela em que constam os seguintes registros: diminuio ou impedimento de acesso gua, (quando um ma-nancial ou parte dele apropriado para usos diver-sos, em benefcio particular, impedindo o acesso das comunidades); desconstruo do histrico-cultural dos atingidos; ameaa de expropriao; falta de pro-jeto de reassentamento ou reassentamento inade-quado ou no reassentamento; no cumprimento de procedimentos legais (ex: EIA-Rima, audincias, li-cenas), divergncias na comunidade por problemas como a forma de evitar a pesca predatria ou quanto aos mtodos de preservar rios e lagos etc; destruio e ou poluio (quando a destruio das matas cilia-res, ou o uso de agrotxicos e outros poluentes que diminuem o acesso gua ou a tornam imprpria para o consumo), cobrana pelo uso da gua.

    Os Conflitos Trabalhistas compreendem os casos de trabalho escravo e superexplorao. Na tabela referente ao trabalho escravo uma coluna

    mostra o nmero de ocorrncias e quantas denn-cias foram recebidas; outra coluna indica o nmero de trabalhadores na denncia; uma terceira infor-ma o nmero de trabalhadores libertados pela ao do Estado e uma ltima coluna apresenta o nmero de crianas e adolescentes envolvidos. As situaes de Superexplorao, dizem respeito aos casos em que o desrespeito aos direitos dos tra-balhadores so muito graves, mas no se encaixam nas caractersticas do trabalho escravo. Acompa-nham os Conflitos Trabalhistas as Aes de Resis-tncia que representam a luta dos trabalhadores por conquista de direitos trabalhistas e referem-se s greves, ou outras formas de protesto.

    Alm das tabelas que registram os conflitos, uma outra srie de tabelas e de informaes descrevem a violncia sofrida pelos trabalhadores.

    Os tipos de violncia esto assim registrados: tabelas de assassinatos, tentativas de assassinato, ameaas de morte e uma tabela sntese denominada Violncia contra a Pessoa, em que alm dos dados das tabelas anteriores constam as mortes em consequncia do conflito (aborto, omisso de socorro, acidente, inani-o), torturas, agresses fsicas, ferimentos, prises e ou detenes. Outra tabela apresenta o detalhamento da violncia contra a pessoa, na qual alm das infor-maes acima constam ainda sequestros, ameaas de priso, crcere privado, humilhaes, intimidaes.

    E por ltimo, uma tabela em que esto registradas as Manifestaes de Luta feitas pelos diferentes movi-mentos sociais ou outras organizaes durante o ano.

    Estrutura do Relatrio Impresso

    Os dados coletados e organizados pela CPT so pu-blicados anualmente, desde 1985, em um relatrio impresso que tem por ttulo Conflitos no Campo Brasil. A partir de 2008, ele sofreu algumas altera-es e ficou com a seguinte estruturao:

    Quatro tabelas detalhadas e organizadas por Estado em ordem alfabtica e seis tabelas snteses agrupadas nas cinco regies geogrficas definidas pelo IBGE.

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • TABELA 1 - Comparao dos Conflitos no Campo

    uma sntese do ltimo decnio. Dispe os da-dos de cada tema: terra, gua, trabalho e outros (quando tm casos de conflitos em tempos de seca, garimpo, etc) e o total dos conflitos no campo bra-sileiro.

    TABELA 2 - Conflitos no Campo Brasil

    Esta tabela registra detalhadamente os conflitos por terra, trabalhistas, gua e outros se houver, com as seguintes informaes: municpio, nome do confli-to, data, nmero de famlias ou de pessoas envolvi-das e um campo com informaes especficas con-forme o tema.

    TABELA 3 - Violncia contra a Ocupao e a Posse

    a sntese da soma das ocorrncias dos Conflitos por Terra, Ocupaes e Acampamentos por Estado, o nmero de famlias envolvidas, a rea, o nmero de famlias expulsas, despejadas, ameaadas de despe-jo, ou que sofreram tentativa ou ameaa de expulso, o nmero de casas, roas e bens destrudos, alm do nmero de famlias sob ameaa de pistoleiros. TABELA 4 - Terra

    Sistematiza o eixo terra organizado em trs blocos: Conflitos por Terra, Ocupaes e Acampamentos. Contm as seguintes informaes: nmero de ocor-rncias de conflitos por terra, ocupaes, acampa-mentos, seguidas do nmero de famlias.

    TABELA 5 - gua

    Retrata a sntese dos conflitos pela gua por Estado, com as seguintes informaes: nmero de ocorrncias de conflitos e quantidade de famlias envolvidas.

    TABELA 6 - Trabalho

    Sintetiza os conflitos trabalhistas por Estado, com dois blocos de informaes: 1. Trabalho Escravo:

    consta o nmero de ocorrncias, quantidade de tra-balhadores envolvidos na denncia e ou libertados, nmero de crianas e adolescentes. 2. Superexplo-rao: nmero de ocorrncias, quantidade de traba-lhadores envolvidos na denncia e ou resgatados, nmero de crianas e adolescentes.

    TABELA 7 - Violncia contra a Pessoa

    Sintetiza o nmero das ocorrncias registradas em Terra, gua, Trabalho, o nmero de pessoas envol-vidas e as violncias sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras: os assassinatos, as tentativas de as-sassinato, os mortos em consequncia de conflitos, os ameaados de morte, bem como os torturados, presos e agredidos.

    TABELAS 8, 9 e 10 - Assassinatos, Tentativas de Assassinato, Ameaados de Morte

    Contm as seguintes informaes: municpio, nome do conflito, data, nome, quantidade, idade e cate-goria da vtima da violncia. TABELA 11 Manifestaes

    Relatrio sntese por Estado. Possui as seguintes in-formaes: nmero de ocorrncias e quantidade de manifestantes.

    As tabelas vm acompanhadas de textos de anli-se produzidos por professores de diferentes uni-versidades e pelos agentes de pastoral da prpria CPT, religiosos ou algum outro especialista na te-mtica.

    A ltima parte do Conflitos no Campo Brasil repro-duz notas emitidas pela CPT, s ou em parceria, ou outros documentos, sobre as diferentes situaes de conflito e de violao dos direitos humanos.

    Organograma dos temas do DATA CPT

    O organograma a seguir apresenta os temas docu-mentados, os nomes dos formulrios utilizados na sistematizao e as respectivas tabelas derivadas dos registros.

    13

  • Tabelas

    Conitos no Campo, reas em Conito, Ocorrncias dos

    Conitos, Ocupaes/Retomadas , Acampamentos, Violncia contra

    Ocupao e a Posse(sntese) e Conitos por Terra(sntese)

    Formulrio

    Conitos por Terra

    Ocupaes/Retomadas

    Acampamentos

    Temticas

    Terra

    Tabela

    Conitos pela gua / Conitos pela

    gua (sntese)

    Formulrio

    Conitos pela gua

    Tabelas

    Trabalho Escravo, Superexplorao, Aes de Resistncia

    e Conitos Trabalhistas(sntese)

    Formulrio

    Conitos Trabalhistas

    Trabalho

    gua

    Violncia

    Formulrio

    Violncia contra a pessoa

    Tabelas

    Violncia contra a pessoa (sntese), Assassinatos,

    Tentativas de Assassinato, Ameaados de Morte.

    Manifestaes

    Formulrio

    Manifestaes de Luta

    Tabelas

    Manifestaes de Luta , Manifestaes de Luta (sntese)

    Histrico

    Organograma

    O organograma a seguir apresenta os temas documentados, os nomes dos formulrios utilizados na sis-tematizao e as respectivas tabelas derivadas dos registros.

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Comparao dos Conflitos noCampo (2004-2013)

    2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013Conflitos de Terra*Ocorrncias de Conflito 752 777 761 615 459 528 638 805 816 763Ocupaes/Retomadas 496 437 384 364 252 290 180 200 238 230Acampamentos 150 90 67 48 40 36 35 30 13 14Total Conf. Terra 1.398 1.304 1.212 1.027 751 854 853 1.035 1.067 1.007Assassinatos 37 38 35 25 27 *25 30 29 34 29Pessoas Envolvidas 965.710 803.850 703.250 612.000 354.225 415.290 351.935 458.675 460.565 435.075Hectares 5.069.399 11.487.072 5.051.348 8.420.083 6.568.755 15.116.590 13.312.343 14.410.626 13.181.570 6.228.667

    Conflitos TrabalhistasTrabalho Escravo 236 276 262 265 280 240 204 230 168 141Assassinatos 2 3 1 1 1 1Pessoas Envolvidas 6.075 7.707 6.930 8.653 6.997 6.231 4.163 3.929 2.952 1.716Superexplorao 107 178 136 151 93 45 38 30 14 13Assassinatos 1 1 2Pessoas Envolvidas 4.202 3.958 8.010 7.293 5.388 4.813 1.643 466 73 142Total Conf. Trabalhista 343 454 398 416 373 285 242 260 182 154

    Conflitos pela guaN de Conflitos 60 71 45 87 46 45 87 68 79 93Assassinatos 2 1 2 2 2Pessoas Envolvidas 107.245 162.315 13.072 163.735 135.780 201.675 197.210 137.855 158.920 134.835Outros ***N de Conflitos 52 2 8 4 36 12AssassinatosPessoas Envolvidas 43.525 250 3.660 4.450 26.005 1.350

    TotalN de Conflitos 1.801 1.881 1.657 1.538 1.170 1.184 1.186 1.363 1.364 1.266Assassinatos 39 38 39 28 28 26 34 29 36 34Pessoas Envolvidas 975.987 1.021.355 783.801 795.341 502.390 628.009 559.401 600.925 648.515 573.118Hectares 5.069.399 11.487.072 5.051.348 8.420.083 6.568.755 15.116.590 13.312.343 14.410.626 13.181.570 6.228.667

    *** Outros: Conflitos em Tempos de Seca, Poltica Agrcola e Garimpo. Em 2013 foram registrados 12 Conflitos em Tempos de Seca.

    Comparao dos Conflitos no Campo (2004- 2013)

    15

  • Conflitos no Campo

    Foto: Ruy Sposati

  • Carlos Walter Porto-Gonalves1

    Danilo Pereira Cuin2

    A velha/atual questo (da reforma) agrria

    O latifndio tem sido um dos principais pilares de afirmao e reproduo do padro de poder que vem comandando o processo de acumulao de capital, desde os primrdios de nossa formao ter-ritorial. Desde os anos 1970, com a ditadura, uma nova fase de desenvolvimento nas relaes de po-der se abriu por meio da tecnologia ratificando o padro de poder moderno-colonial do latifndio, suas monoculturas de exportao e a violncia de classe/tnico-racial, traos caractersticos desse pa-dro de poder que nos governa h 500 anos! Com essas novas relaes sociais e de poder, conhecida como Revoluo Verde, por uns, ou Moderni-zao Conservadora3, por outros, os avanos no campo tecnolgico consagravam a profunda in-justia social e a violncia que acompanham esse padro. Para isso contam com poderosos e sofisti-cados meios, conformado por um bloco de poder tecnolgico-financeiro-latifundirio-miditico4.

    Geografia dos Conflitos por Terra no Brasil (2013)

    Expropriao, violncia e r-existncia

    1 Professor do Programa de Ps-Graduao em Geografia da UFF e Coordenador do Lemto Laboratrio de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades.

    2 Graduando em Geografia da Universidade Federal Fluminense e Bolsista de Iniciao Cientfica do CNPq no Lemto Laboratrio de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades.

    3 No esqueamos que a designao de Revoluo Verde traz em si mesma o carter de Modernizao Conservadora. Afinal, Revoluo Verde uma expresso forjada contra a ideia de Revoluo Vermelha, procurando deslocar o debate da fome/mis-ria/opresso/explorao para o plano tcnico-cientfico. J a ideia de Revoluo Social (Vermelha) indicava que se tratava de uma transformao nas relaes sociais e de poder, e no somente tcnica, ainda que devesse ser traduzida nesse campo para superar o debate da fome/misria/opresso/explorao.

    4 Esse bloco de poder pode ser identificado na pgina da ABAG Associao Brasileira de Agribusiness onde, entre seus parceiros, constam os dois principais grupos empresariais de comunicao do pas: a Rede Globo e o Grupo O Estado de So Paulo. Tudo indi-ca que a luta pela Reforma Agrria haver de enfrentar o debate sobre a Reforma das Ondas Magnticas de Comunicao (Reforma Agrria do Ar?).

    5 No caso especfico desse artigo analisaremos os conflitos por terra em 2013 e, para isso, contamos com o rico acervo de informaes que a CPT vem sistematizando desde 1985, acompanhando os grupos/classes/sujeitos sociais em luta por justia social atravs da luta pelo direito a ter direitos, sobretudo no que concerne luta pela terra, cada vez mais por Territrio, e pela Reforma Agrria.

    6 Vrios autores, como Luiz de Castro Farias, Roberto Cardoso de Oliveira, Pierre Bourdieu e Edward Thompson, assinalam que os grupos sociais se constituem a si mesmos, sobretudo atravs dos conflitos, conformando suas identidades de modo contrastivo.

    As afirmaes acima se fundamentam em anlises da academia, e so amparadas em farta documen-tao dos conflitos no campo brasileiro. A anlise que segue, com base nos conflitos pela terra/gua em 2013, confirma essa tese5.

    Nossa referncia de anlise o conflito. O conflito um conceito importante, pois aponta para uma dimenso imanente s relaes sociais e de poder. Indica que sobre um mesmo tema, um mesmo obje-to, diferentes indivduos/grupos/classes/sujeitos sociais tm vises/prticas distintas6. O conflito a contradio social em estado prtico. Tom-lo como conceito central para anlise dos processos scio--geogrficos fundamental, ainda mais quando se trata de conflitos pela terra/gua, necessrios para a produo/reproduo da vida. A luta pela terra/gua mais que uma questo de economia, funda-mental para a democracia, pois diz respeito a rela-es de poder atravs do controle da terra/gua.

    2013: ratificando a violncia do contraditrio padro de poder moderno-colonial, 2013 ratifica a tendncia que vem se afirmando desde os anos 1970, que consa-

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • gra a hegemonia do latifndio moderno-colonial. No Brasil, as oligarquias tradicionalmente instrumentali-zam as polticas governamentais para seus interesses. Desde os anos 1970, uma nova configurao dessas oligarquias constitui um bloco de poder tecnolgico--financeiro-latifundirio-miditico, alicerado na tec-nologia com aumento da produtividade e expanso da rea cultivada. Ao mesmo tempo promoveu um processo do despojo de populaes, ensejando o fe-nmeno de trabalhadores rurais sem-terra.

    Nessa nova configurao h a imbricao dos inte-resses das oligarquias latifundirias tradicionais, com instituies estatais financeiras, como o BNDES, e cientficas, como a Embrapa, com as grandes corpora-es industriais-financeiras como Monsanto, Cargill, Bunge & Born, Syngenta entre outras. Esse bloco de poder vem operando tambm no Paraguai, na Argen-tina e na Bolvia. No Paraguai teve papel destacado na derrubada do governo Fernando Lugo. Na Bol-via protagonizou um movimento separatista entre os anos 2009-10. Chega desfaatez de se autoproclamar Repblica Unida da Soja7, como se pode ver na publi-cidade veiculada em dois jornais de maior circulao da Argentina (La Nacin e El Clarn), em 2003.

    Conflitos em 2013

    Em 2013 registraram-se 847 reas em conflito no Brasil. Nessas reas 99.798 famlias estiveram envol-vidas. Este nmero ligeiramente menor que o de 2012 (110.130). Mesmo assim o nmero de conflitos, em 2013, atingiu uma cifra que amplamente supe-rior mdia anual do perodo 1985-2006, que foi de 671 (Vide Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro).Ao longo dos 20 anos analisados no Atlas de Confli-tos no Campo Brasileiro - 1985-2006 (CPT-LEMTO--GeoAgrria,2013), o perodo entre 2003 e 2006, no

    7 Ver http://www.grain.org/es/article/entries/4739-la-republica-unida-de-la-soja-recargada. Consulta realizada em 18-02-2014.8 Tomamos para nossa anlise ndices que nos permitem estabelecer comparaes da intensidade com que os conflitos se mostram atravs

    de seus diferentes atributos (variveis) por unidade da federao, a saber: Nmero de reas/Localidades em conflitos por UF; Nmero de Famlias envolvidas em conflitos por UF; Nmero de Pessoas Assassinadas por UF; Nmero de Famlias Expulsas por UF; Nmero de Pessoas Presas por UF e Nmero de Famlias Despejadas por UF. Esses ndices para serem comparados foram calculados com base na % de cada UF sob o total do Brasil para cada varivel considerada dividido pela % da Populao Rural de cada UF sob o total do pas. Para facilitar a anlise e a descrio, sobretudo para quem no est habituado linguagem estatstica, o resultado foi distribudo por faixas que so as seguintes: Alto quando uma unidade da federao obteve ndice entre 1.1 a 2.0; Muito Alto quando a UF obteve ndice entre 2.1 e 4.0; Altssimo quando a UF obteve ndice entre 4.1 e 8.0; Excecionalmente Alto quando a UF obteve ndice acima de 8.1.

    primeiro mandato de Lula, foi o que registrou o maior nmero de conflitos, de famlias envolvidas e de outros indicadores de violncia. Nos ltimos trs anos, governo Dilma, a mdia anual supera as mdias anuais de todos os perodos analisados no Atlas, exceto o perodo 2003-2006. Os nmeros elevados deste perodo se devem, por um lado, iniciativa dos grupos dominantes que temiam que Lula fizesse a Reforma Agrria, e por outro, pela presso dos movimentos sociais com aes em prol da Reforma Agrria (Ver Porto-Gonalves, Confli-tos no Campo Brasil 2004). J no segundo mandato de Lula (2007-2010) estabeleceuse uma espcie de Pax Agrria, com priorizao da poltica de expor-tao de commodities, por um lado e, por outro, com polticas de transferncia de renda (Fome Zero, Bolsa Famlia e outras). Com o que os movimen-tos sociais perderam grande parte do seu poder de convocao, que se expressa na queda do nmero de Ocupaes e Acampamentos.

    Em 2013 os movimentos sociais foram responsveis por 244 conflitos (230 Ocupaes e 14 Acampamen-tos), 18,9% do total. Isso diz que 81,1% dos conflitos so provocados pela ao de fazendeiros, grileiros, madeireiros, empresrios ou mineradores - Poder Privado - atravs de assassinatos ou expulses, ou pela ao do Poder Pblico, atravs das aes do Poder Executivo e do Judicirio por meio de pri-ses e aes de despejo. A violncia no campo bra-sileiro, os dados o confirmam, no vem de baixo.

    Distribuio Geogrfica dos Conflitos e da Vio-lncia no Brasil 2013

    Os conflitos e a violncia por terra, objeto sob an-lise nesse artigo, se mostram desigualmente distri-budos pelo territrio brasileiro8.

    19

  • reas em Conflito e Famlias envolvidas em Conflitos

    O mapa a seguir com os ndices de intensidade dos conflitos medido pelo nmero de reas/Lo-calidades em conflito, nos mostra que a Amaznia teve oito dos seus nove estados com ndices Alto e acima de Alto em 2013, a saber: AP (Excepcional-mente Alto), AC (Altssimo), RO e TO (Muito Alto) e MA, MT, PA e RR (Alto). Isso evidencia que a ex-panso do capital sobre a Amaznia traz enormes consequncias sociais e ambientais. No Nordeste dois estados se destacaram - PE e PB - com ndice Alto e na regio Centro-Sul, Mato Grosso do Sul apresentou ndice Altssimo de reas em conflitos.

    A Ao do Poder Privado

    Do total de 692 localidades em que foi possvel registrar as categorias sociais que provocaram os conflitos, temos o Poder Privado com 604 aes e o Poder Pblico com cerca de 81. O grfico abaixo nos d conta que a violncia marcadamente prota-

    gonizada pelo Poder Privado agindo ao arrepio da lei, com 86,7% do total dos conflitos praticados pela ao direta de empresrios, fazendeiros, grileiros, madeireiros e mineradoras.

    Entre os agentes que protagonizam violncia no campo brasileiro, cresce a participao das Minera-doras. Provocando 7% do total brasileiro de confli-tos, foram responsveis por, pelo menos, 46 reas em conflito. Destes, 65% na regio Nordeste e 22% na regio Norte.

    Violncia do Poder Privado e PblicoCategorias Sociais envolvidas em Conflitos

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Assassinatos

    A violncia do Poder Privado se fez sentir tambm pelo nmero (31) de pessoas assassinadas por lutar por terra9. Os assassinados pertenciam principalmen-te a grupos sociais/etnias em luta para permanecer em suas terras: das 31 pessoas assassinadas, 15 so in-dgenas, dois pescadores e dois posseiros, 61,3%.

    Ainda que o nmero de pessoas assassinadas em con-flitos por terra tenha diminudo em 2013 em relao a 2012, caindo de 34 para 31, a mdia anual de pessoas assassinadas durante os trs anos do governo Dilma Rousseff foi de 31,3, maior que a mdia do segundo mandato do governo Lula da Silva, que foi de 27,3, voltando a superar a faixa de mais de 30 pessoas as-sassinadas por ano, mdia do perodo 1985-2006.

    O Mapa ao lado mostra a distribuio da intensida-de de assassinatos pelo territrio brasileiro: Famlias Expulsas

    Mesmo tendo sido inferior a 2012 (1.388 famlias expulsas) em 2013, 1.144 famlias expulsas significa que aproximadamente 100 famlias (94,5) so men-salmente expulsas de suas terras, pelo poder de fac-to, ou seja, sem nenhuma mediao jurdica.

    A ao dos grileiros predomina amplamente na re-gio Norte (48%) ou na Amaznia, regio em des-taque pela intensidade de famlias expulsas. Veja o mapa:

    9 O ano de 2013 registrou 34 pessoas assassinadas no campo brasileiro, sendo que 3 delas, no Par, o foram em conflitos trabalhistas e no por conflito terra/gua.

    21

  • A Ao do Poder Pblico

    A ao do Poder Pblico aparece em 90 ocorrncias em que foi possvel identificar os protagonistas da ao, (10,1% dos casos). O Poder Pblico detm a prerrogativa do monoplio da violncia, mas deve respeitar valores, como a imparcialidade. No o que se observa: a ao do Poder Pblico ampla-mente usada na defesa da propriedade, dos pro-prietrios, sobretudo dos grandes (latifundirios). o que se depreende dos registros de conflitos pela terra no pas.

    A ao do Poder Pblico se d por Prises e Despe-jos. As ordens de despejo, via de regra, respondem reivindicao de proprietrios ou de pretensos proprietrios (grileiros). Em 2013, o nmero de Des-pejos diminuiu. Atingiu 6.358 famlias, uma queda de 15%, em relao a 2012 (7.459). Esse nmero acompanha a queda geral da ao dos movimentos sociais via Ocupaes e Acampamentos. Em outras palavras, a ao do Poder Pblico diminui quando tambm diminui a ao dos movimentos sociais, haja vista que sua ao responde s demandas dos proprietrios ou pretensos proprietrios de terra.

    O nmero de pessoas presas, em 2013, apresentou um aumento de 44,4% em relao a 2012 (passando de 99 para 143). 80% das prises ocorreram em ape-nas quatro unidades da federao RJ (46), PA (26), MS (24) e RO (28) e relacionadas, sobretudo, com conflitos com indgenas.

    Categorias Sociais Envolvidas nos Conflitos

    1- A Ao do Estado como Protagonista de Conflitos

    Prticas de gesto iniciadas ainda na dcada de 1990, como os Planos Plurianuais PPAs com seus Eixos de Integrao e Desenvolvimento (EIDs), concebidos pelo pai da logstica, o engenheiro Eliezer Batista, a Lei Kandir e a IIRSA Iniciativa de Integrao Regional Sul Americana , todas ela-boradas no governo FHC, ganham importncia nos governos Lula e Dilma, com o PAC Plano de Ace-lerao do Crescimento.

    O resultado dessas polticas era previsvel, confor-me vrios autores anteciparam. Conflitos no Campo Brasil, da CPT, o comprova com os dados. Em 2013, cerca de 45 conflitos por terra e gua foram registra-

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • dos em reas diretamente ligadas a obras do PAC, 20 no Nordeste, 14 na Amaznia e 11 na regio Centro--Sul. Desses, 19 se deram em obras de complexos industrial-porturios, Suape, em Pernambuco, Porto do Au e Comperj, no Rio de Janeiro; 18 foram resul-tados de barragens, com destaque para Belo Monte, Jirau e Santo Antnio, e represas nos rios Teles Pi-res e Tapajs. Mesmo projetos de irrigao do PAC, como o de Apodi, no Rio Grande do Norte, enseja-ram conflitos graves por terra e gua. Destacam-se entre as categorias sociais que mais foram vtimas de projetos ligados ao PAC, as Populaes Tradicio-nais: em 15 reas estavam envolvidos Posseiros, em 09 Pescadores/ribeirinhos, em 08 Indgenas, em 04 Atingidos por Barragens e em um, comunidade Qui-lombola. Em outras 06, outras categoriais sociais.

    As implicaes dessas grandes obras nos conflitos

    por terra e gua podem ser maiores! Se tivssemos condies, no momento, de geo-referenciar todos os conflitos e observssemos sua localizao em re-lao s estradas, vias e hidrovias, provavelmente encontraramos muitas relaes.

    2- As Populaes Tradicionais

    O Data-CPT permite identificar tanto as categorias sociais que sofrem violncias, como as categoriais sociais que as praticam.

    Entre as categorias que sofreram aes violentas, as Populaes Tradicionais, desde a segunda metade dos anos 2000, se destacam. Em 2013, do total de vtimas fatais (assassinatos), 61,3% pertencem a grupos/classes sociais/etnias caracterizados como Populaes Tradicionais. Es-tas correspondem a 58,8% do total das categorias sociais que sofreram aes violentas10. Em todas as macrorregies do pas, mais de 50% das categorias sociais envolvidas em conflitos so Populaes Tra-dicionais, exceto na regio Sudeste. Das Populaes Tradicionais que, em 2013, foram vtimas de algum tipo de violncia, 55% se localizavam na Amaz-nia11. A violncia sempre acompanhada de processos expropriatrios. Uma prtica que remonta aos pri-mrdios da formao territorial do pas, e que vol-tou a tomar grande impulso nos anos 1970 com o projeto de Brasil Grande da ditadura, com a cons-truo de megaprojetos de estradas e barragens. Desde ento, a populao rural do pas no s per-deu importncia relativa, como tambm diminuiu em termos absolutos, confirmando a tese de que estamos diante de um processo de acumulao no campo que se caracteriza por ser uma agricultura sem agricultores (Miguel Teubal).

    10 Informe-se que sob a caracterizao de Populaes Tradicionais inclumos um conjunto de populaes tnica e culturalmente bas-tante diversificado, onde se destacam os Posseiros, Indgenas, Quilombolas e Seringueiros entre outras. Via de regra, so grupos sociais que no dispem da titularidade formal das terras que ocupam, embora as leis vigentes no Pas lhes assegurem direitos formais pela ocupao tradicional e de boa f que fazem do territrio.

    11 Essa regio inclui todos os estados da regio Norte mais os estados do Mato Grosso e do Maranho.

    23

  • O colonialismo no somente um perodo do nosso passado histrico, mas uma caracterstica necess-ria do capitalismo em sua dinmica de acumulao incessante de capital, que implica, inclusive, expan-so geogrfica para regies tradicionalmente ocu-padas por outros grupos/classes sociais/etnias/povos/nacionalidades. Grupos que so inferioriza-dos por ideologias que os tratam como atrasados, subdesenvolvidos, pobres. Afinal, no se colo-niza quem igual, da a necessidade de justificar a expanso do capital inferiorizando previamente o outro, o diferente. Bem afirmou o socilogo perua-no Anbal Quijano: na Amrica Latina o fim do co-lonialismo no significou o fim da colonialidade. Em 2013, porm, as Populaes Tradicionais no

    foram simplesmente vtimas de aes violentas. Destacaram-se, sobretudo os povos indgenas, por protagonizarem aes de retomada de seus territ-rios, com 20 aes na Bahia e 30 no Mato Grosso do Sul. Fatos que desconstroem a noo de passivida-de dessas populaes.

    Um destaque para o grande nmero de pessoas presas no Rio de Janeiro, ligadas causa indgena, por assinalar um fenmeno novo que tende a se tornar cada vez mais relevante. Trata-se da reterri-torializao urbana das populaes indgenas onde hoje se encontram, segundo a FIBGE, 54% do total da populao brasileira autoidentificada como in-dgena. A tentativa de retomada do antigo Museu do ndio, nas imediaes do estdio do Maracan, foi duramente reprimida pelo governo estadual12, fazendo valer novamente os interesses dos grandes grupos empresariais em detrimento de grupos so-ciais subalternizados.

    Os Trabalhadores Rurais Sem-Terra

    Os Sem-Terra e os Assentados, em 2013, somaram 36% do total das categorias que sofreram violncia em luta pela terra. Aparecem em segundo lugar en-tre as categorias envolvidas em conflitos, logo atrs das Populaes Tradicionais. Na metade da dcada de 2000 deixaram de ser a principal categoria social envolvida em conflitos, quando passaram a se des-tacar as Populaes Tradicionais. H uma relao entre os Sem-Terra e as Populaes Tradicionais, haja vista que os Sem-Terra so o efeito das expro-priaes violentas dos ltimos 30/40 anos, quase sempre posseiros, indgenas, quilombolas. A distri-buio pelo territrio brasileiro dos Sem-Terra, en-volvidos em conflitos, relativamente equilibrada como se v no Grfico abaixo. Todavia, na regio Sudeste (FIBGE), centro dinmico do capitalismo brasileiro, os Sem-Terra se destacam com 64,5% do total das categorias envolvidas em conflitos na

    12 poca o governo Srgio Cabral estava conformado pelas mesmas foras polticas do governo federal.

    Categorias Sociais Envolvidas em ConflitosBrasil-2013

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • regio, predomnio que no ocorre em nenhuma outra regio do pas. Registre-se que, em 2013, os Trabalhadores Rurais, em mais de 50% dos casos em que se viram envolvidos em conflitos, no o foi na condio de vtima, mas sim de protagonistas de aes de ocupaes.

    Concluindo: a anlise de um processo que per-manece em aberto

    O ano 2013 ratifica o padro de poder que se de-senha no Brasil desde os anos 1970, com a dita-dura e seu projeto de Brasil Grande. Desde ento, o Estado criou as condies gerais de produo estradas, energia, portos e comunicao em ge-ral para a acumulao dos capitais privados. As classes dominantes que comandavam esse padro de poder, custaram a se recuperar no plano polti-co, depois da crise que levou ao fim da ditadura. Entretanto, no fim dos anos 1990 e incio dos anos

    2000, retomam seu poder de iniciativa. A Lei Kan-dir (Lei Complementar n 87, de 13 de setembro de 1996), criada no governo FHC, foi mantida nos governos subsequentes, isentando de impostos os que produzem para exportao. No mesmo sen-tido, o megaprojeto de Integrao Regional Sul--Americana IIRSA, criado no ano 2000 por FHC, ganhou corpo, sobretudo, a partir de 2003, no go-verno Lula, que liberou o BNDES para emprestar dinheiro para grandes corporaes brasileiras atu-arem no exterior, ampliando o poder desse bloco histrico tecnolgico-financeiro-latifundirio-mi-ditico. Essas mudanas no sistema de normas (Milton Santos), como a Lei Kandir, e no sistema de objetos (Milton Santos), com a IIRSA, os PPAs e os PACs, trazem as marcas da instrumentaliza-o das polticas governamentais pelos interesses corporativos, sobretudo no campo da logstica, sendo de destacar o papel de Eliezer Batista, que formulara a ideia dos EIDs, e todo o conjunto dos Planos Plurianuais do governo FHC, que ainda hoje informam terico-politicamente as obras do PAC e da IIRSA-COSIPLAN nos governos Lula e Dilma.

    Com isso, fazendeiros, empresrios, grileiros, ma-deireiros e mineradores, estimulados pelas aes do Poder Pblico (PAC e IIRSA-COSIPLAN), se expandiram ao longo dos EIDs. O xito de suas aes ensejaram, inclusive, que nossa pauta de ex-portaes, que vinha assinalando um significativo aumento das de bens industriais e de servios, con-forme dados da CEPAL, se reprimarizasse. Confli-tos por terra ao longo desses EIDs e no entorno das reas de barragens desses megaprojetos ligam, cla-ramente, a questo (da reforma) agrria questo regional-nacional, enfim, demonstram cabalmente que o modo como est se dando a insero do Brasil ordem global atravs da integrao subcontinen-tal (PAC e IIRSA-COSIPLAN), est promovendo um violento processo expropriatrio, do que os da-dos revelados pela geografia dos conflitos por terra so um registro eloquente.

    H uma geopoltica da despossesso em curso. As maiores vtimas so as populaes que tradi-

    25

  • cionalmente ocupam o territrio. No sem razo elas se destacam entre os grupos sociais envol-vidos em conflitos, e desse lugar de conflito e r-existncia, importantes questes terico-pol-ticas esto sendo formuladas, como a luta pela

    reapropriao da natureza e a afirmao da di-versidade social e cultural desses protagonistas, onde o territrio emana como questo central no novo desenho que vem assumindo a questo (da reforma) agrria.

    Referncias bibliogrficas:

    LEAL, Victor Nunes 1997. Coronelismo Enxada e Voto. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro.

    ZIBECHI, Raul 2012 Brasil Potencia. Editora Conseqncia, Rio de Janeiro.

    CONFLITOS NO CAMPO BRASIL 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013. Goinia.

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Tabela 2 - Conflitos no CampoAcre

    TERRAConflitos por Terra

    Municpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaAcrelndia Fazenda Cana 13/08/2013 60 PosseirosAcrelndia Fazenda Jssica 10/01/2013 144 Sem TerraBoca do Acre/Rio Branco Seringal Bananeira 18/12/2013 26 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Bom Lugar/Com. Nova Vida 27/11/2013 50 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Entre Rios 10/08/2013 18 Sem TerraBoca do Acre/Rio Branco Seringal Igarap Grande 06/03/2013 26 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Macap 31/08/2013 114 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Nova Axioma 30/11/2013 73 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Perseverana 27/11/2013 21 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Pirapora 27/06/2013 350 SeringueirosBoca do Acre/Rio Branco Seringal Redeno 27/11/2013 59 SeringueirosBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 01/03/2013 Sem TerraBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 23/10/2013 Sem TerraBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 05/12/2013 Sem TerraBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 13/12/2013 218 Sem TerraCapixaba/Plcido de Castro Seringal Capatar 26/06/2013 600 SeringueirosCruzeiro do Sul Com. Estiro do Remanso/Petrobras 04/10/2013 50 RibeirinhosCruzeiro do Sul Seringal Russas 31/05/2013 80 SeringueirosCruzeiro do Sul Seringal Valparaso 31/05/2013 130 SeringueirosMncio Lima Comunidade Soc 31/03/2013 14 PosseirosManoel Urbano Seringal Liberdade 04/09/2013 400 SeringueirosManoel Urbano Seringal Novo Destino 19/11/2013 70 SeringueirosManoel Urbano Seringal Santarm 04/09/2013 150 SeringueirosMarechal Thaumaturgo T. I. Arara do Amnea/Apolima-Arara/P. A do Rio Amnea 15/01/2013 64 AssentadosPorto Acre PAE Barreiro 20/09/2013 80 Sem TerraPorto Acre Seringal Caquet 12/09/2013 30 SeringueirosRio Branco Arrombamento da Sede da CPT 21/01/2013 Agente pastoralRio Branco Arrombamento da Sede da CPT 22/01/2013 Agente pastoralRio Branco Arrombamento da Sede da CPT 29/01/2013 Agente pastoralRio Branco Ramal Piarreira 09/07/2013 50 PosseirosRio Branco Ramal Romo 16/04/2013 30 PosseirosRio Branco Ramal So Francisco 09/01/2013 70 OcupanteRio Branco Seringal Belo Horizonte/Laminados Triunfo 15/02/2013 100 SeringueirosRio Branco Seringal Cachoeira/Laminados Triunfo 15/02/2013 100 SeringueirosRio Branco Seringal Macap/Laminados Triunfo 15/02/2013 300 SeringueirosRio Branco Seringal Remanso/Laminados Triunfo 15/02/2013 30 SeringueirosRio Branco Seringal So Bernardo/Laminados Triunfo 15/02/2013 19 SeringueirosRio Branco Seringal So Francisco do Espalha/Laminados Triunfo 15/02/2013 350 Seringueiros

    3876Subtotal: 38

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoAcrelndia Faz. da Rondobrs/BR-364/Km 105/Seringal Porto Luiz 20/11/2013 60 OIAcrelndia Faz. do Dr. Roberto/Ramal do Carlo 16/09/2013 60 OIAcrelndia Faz. do Senhor Viana/Ramal da 7/Estrada AC-475 15/09/2013 25 OIAcrelndia Faz. do Z Capim/BR-364/Km105/Ramal do Carlo 17/09/2013 40 OIAcrelndia Faz. Grana/BR-364/Ramal do Carlo 18/09/2013 80 OIAcrelndia Fazenda Jssica 03/01/2013 144 CUTBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 05/03/2013 OIBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 30/11/2013 218 OIMarechal Thaumaturgo T. I. Arara do Amnea/Apolima-Arara/P. A do Rio Amnea 02/06/2013 95 ndiosPorto Acre PAE Barreiro 30/06/2013 80 OIRio Branco Ramal Mutum 18/10/2013 80 SI

    Tabela 2 - Conflitos no Campo

    27

  • 882Subtotal: 11

    AcampamentosMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoAcrelndia Fazenda Cana 13/08/2013 60 OIBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 01/03/2013 OIBujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 23/10/2013 218 OI

    278Subtotal: 3

    5036Total Conflitos por Terra - AC 52TRABALHO

    Trabalho EscravoMunicpio(s) Nome do Conflito Data

    Trab. nadenncia Libertos Tipo de TrabalhoMenores

    Rio Branco Agropecuria Sorriso 12/04/2013 13 13 Pecuria13 13Subtotal: 1

    13Total Conflitos Trabalhistas - AC 1Total dos Conflitos no Campo AC 53 Pessoas: 25193

    AlagoasTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaAtalaia/Joaquim Gomes Faz. So Sebastio/Acamp. So Jos/Us. Ouricuri 31/01/2013 Sem TerraAtalaia/Joaquim Gomes Faz. So Sebastio/Acamp. So Jos/Us. Ouricuri 04/06/2013 50 Sem TerraCapela Faz. Pitombeira/Us. Joo de Deus/Grupo Joo Lyra 15/01/2013 300 Sem TerraJoaquim Gomes Fazenda Feliz Deserto 17/09/2013 40 Sem TerraMaragogi Fazenda Martin Afonso 29/01/2013 Sem TerraMaragogi Fazenda Martin Afonso 08/03/2013 36 Sem TerraMurici Faz. Cachoeira/Usina Laginha 01/08/2013 Sem TerraMurici Faz. Cavaleiro II/Gulangi/Us. Sta. Clotilde 14/06/2013 25 Sem TerraMurici Fazenda Bota Velha 14/06/2013 100 Sem TerraMurici Fazenda Mumbuca 04/04/2013 40 Sem TerraMurici/Rio Largo Faz. Sede/So Simeo/Us.Santa Clotilde 14/06/2013 36 Sem TerraPalmeira dos ndios Quilombo Tabacaria 15/06/2013 89 QuilombolasPalmeira dos ndios T. I. Xucuru-Kariri/Faz. Canto 15/04/2013 95 IndgenasRio Largo rea do DER/AL-220 19/02/2013 195 Sem TerraTraipu Quilombo Mumbaa 15/06/2013 400 QuilombolasTraipu T. I. Acon 20/04/2013 10 IndgenasUnio dos Palmares Acamp. Sto. Antnio da Lavagem/Usina Laginha 29/06/2013 Sem TerraUnio dos Palmares Acamp. Sto. Antnio da Lavagem/Usina Laginha 06/07/2013 Sem TerraUnio dos Palmares Acamp. Sto. Antnio da Lavagem/Usina Laginha 15/07/2013 80 Sem Terra

    1496Subtotal: 19

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoAtalaia/Joaquim Gomes Faz. So Sebastio/Acamp. So Jos/Us. Ouricuri 08/03/2013 50 MSTBoca da Mata Fazenda Bebedouro 09/04/2013 80 MSTBranquinha Faz. Batateira/Us. Laginha 04/04/2013 50 MTL/VT*Branquinha Faz. Cape/Us. Laginha 28/03/2013 60 MLST/VT*Branquinha Faz. Sapucaia/Us. Laginha 28/03/2013 60 MLST/VT*Delmiro Gouveia Canal do Serto/Transp. Rio So Francisco 28/11/2013 300 MSTMacei Fazenda Mria 09/03/2013 70 VT*Maragogi Fazenda Martin Afonso 15/03/2013 36 CPTNovo Lino Fazenda Palmeirinha 26/03/2013 65 VT*Palmeira dos ndios T. I. Xucuru-Kariri/Faz. Canto 23/03/2013 6 ndiosUnio dos Palmares Faz. Aucena/Us. Laginha 01/04/2013 50 MTL/VT*Unio dos Palmares Faz. Cabor/Us. Laginha 01/04/2013 50 MLT/VT*Unio dos Palmares Faz. Gipirana/Us. Laginha 19/04/2013 6 VT*Unio dos Palmares Faz. Mangabeira/Us. Laginha 01/04/2013 50 MLT/VT*

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Unio dos Palmares Faz. Palmeiral/Us. Laginha 05/04/2013 MTL/VT*Unio dos Palmares Faz. Sto. Antnio da Boa Vista/Us. Laginha 05/04/2013 MTL/VT*Unio dos Palmares Faz. Timb/Us. Laginha 05/04/2013 MTL/VT*

    933Subtotal: 17

    AcampamentosMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoMessias Acampamento s margens da BR-101 12/03/2013 30 Terra Livr/VT*Unio dos Palmares Acamp. Sto. Antnio da Lavagem/Usina Laginha 11/06/2013 80 MLST

    110Subtotal: 2

    2539Total Conflitos por Terra - AL 38TRABALHO

    SuperexploraoMunicpio(s) Nome do Conflito Data

    Trab. nadenncia Libertos Tipo de TrabalhoMenores

    Atalaia Usina Uruba 30/12/2013 52 Cana-de-acarMessias/Murici/Rio Largo Usina Utinga Leo 30/12/2013 30 Agrotxico

    82Subtotal: 2

    82Total Conflitos Trabalhistas - AL 2

    Conflitos pela guaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias Tipo Conflito Situao

    GUA

    Macei Comunidade Pescadores do Jaragu 26/07/2013 66 Uso epreservao

    Ameaa deexpropriao

    Penedo Colnia de Pescadores Z-12/Transp. SoFrancisco

    04/10/2013 Uso epreservao

    Diminuio doacesso gua

    66Subtotal: 2

    Conflitos em Tempos de SecaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Pessoas Reivindicao

    Macei Protesto contra os Efeitos da Seca 10/06/2013 500 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Total Conflitos Seca 1 500

    Total dos Conflitos no Campo AL 43 Pessoas: 13607

    AmapTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaAmap Cruzeiro/Amcel 01/03/2013 2 PosseirosAmap Faz. Itapo/Amcel/Piqui 31/12/2013 20 PosseirosAmap Faz. Itapo/Santa Brbara/Amcel 31/12/2013 15 PosseirosAmap Fazenda Esprito Santo 31/12/2013 16 PosseirosCaloene Bela Vista 31/12/2013 8 PosseirosCaloene Cunani e 7 Ilhas 31/12/2013 30 PosseirosCaloene Juncal 31/12/2013 30 PosseirosCaloene Ramal Ilha Grande 01/07/2013 5 PosseirosCaloene/Oiapoque Parque Nac. do Cabo Orange/Vila Velha/Tapereb/Cunani 31/12/2013 80 PosseirosCutias do Araguari Amcel/Alta Floresta/Gurupora 31/12/2013 54 PosseirosCutias do Araguari Fazenda Parabrilho/Gurupora 31/12/2013 20 PosseirosCutias do Araguari Rebio Lago Novo 31/12/2013 15 PosseirosCutias do Araguari Retiro Santa Rosa 05/01/2013 2 PosseirosFerreira Gomes CFA/Grilagem 31/12/2013Ferreira Gomes Chcara Bonito da Pedreira 31/12/2013Ferreira Gomes Faz. Teimoso/Grilagem 31/12/2013Ferreira Gomes Igarap do Palha/Amcel 31/12/2013 16 PosseirosFerreira Gomes Retiro Bom Pastor 31/12/2013Ferreira Gomes Retiro Chcara do Cu 31/12/2013

    29

  • Ferreira Gomes Retiro dos Pinhais 31/12/2013Ferreira Gomes Retiro Pedreira 31/12/2013Itaubal do Piririm Amcel/Inaj/Corre gua 31/12/2013 30 PosseirosItaubal do Piririm reas em Itaubal /Agronegcio Sinal Verde/Boa Vista 01/08/2013 15 PosseirosItaubal do Piririm Quilombo da Conceio 01/11/2013 20 QuilombolasItaubal do Piririm Retiro So Francisco/Areia Branca 31/12/2013 1 PosseirosItaubal do Piririm Retiro So Joo/Areia Branca 31/12/2013 1 PosseirosLaranjal do Jari Resex/Cajari 31/12/2013 190 PosseirosMacap Abacate do Pedreira/Rio Fugido 31/12/2013 15 QuilombolasMacap Amcel/Corre gua 31/12/2013 14 PosseirosMacap APA da Fazendinha 31/12/2013Macap Ariri 01/01/2013 20 QuilombolasMacap Bonito da Pedreira 31/12/2013 QuilombolasMacap Jupati 01/10/2013 15 RibeirinhosMacap Pacu 01/01/2013 30 PosseirosMacap Quilombo Maruanum/Sta. Luzia/Bacaba 20/02/2013 2 QuilombolasMacap Ramal do Abacate/Km 34/EFA 31/12/2013Macap Ressaca Mirim 01/04/2013 27 PosseirosMacap Retiro Boa Vista 31/12/2013Macap Santa Luzia 01/01/2013 75 PosseirosMacap Stio Petry 31/12/2013Macap Torro do Matapi/Ramal dos Maranhenses 31/12/2013 35 QuilombolasMacap Vila dos Parics 01/04/2013 49 PosseirosMazago Assentamento Extrativista do Marac 31/12/2013 12 AssentadosMazago Retiro Barrau e Outros 31/12/2013 3 PosseirosMazago/Porto Grande Minerao Amapari/Santa Maria 31/12/2013 23 PosseirosPedra Branca do Amapari Igarap William/MPBA 31/12/2013 31 PosseirosPorto Grande Amcel/Copalma/Km 92 31/12/2013 29 PosseirosPorto Grande Assentamento Munguba 31/12/2013 20 AssentadosPorto Grande Assentamento Nova Colina 31/12/2013 70 AssentadosPorto Grande Colnia do Matapi/Linha C 31/12/2013 2 Pequenos proprietriosPorto Grande Km 117 da EFA 31/12/2013 30 PosseirosPorto Grande P. A. Nova Cana 31/12/2013 8 AssentadosPorto Grande/Santana Servido Estrada e Ferrovia/MMX/Anglo Ferrous 31/12/2013 500 PosseirosPracuba Cujubim 31/12/2013 1 PosseirosPracuba Retiro Santo Andr 31/12/2013Pracuba Retiro So Jorge 31/12/2013Pracuba Rio Flexal/Igarap Henrique 31/12/2013 10 PosseirosSantana P. A. Mato do Piaac 31/12/2013 14 AssentadosSantana Pau Furado/Matapi/MMX 01/01/2013 14 RibeirinhosSerra do Navio Assentamento Silvestre 31/12/2013 AssentadosSerra do Navio Cachao 01/03/2013 2 PosseirosTartarugalzinho Aporema/Livramento 31/12/2013 12 PosseirosTartarugalzinho Aporema/Ramal So Benedito/Amcel 31/12/2013 5 PosseirosTartarugalzinho Asa Branca/Amcel 31/12/2013Tartarugalzinho Assentamento Janary Nunes 31/12/2013 30 AssentadosTartarugalzinho Campo Belo 31/12/2013 1 PosseirosTartarugalzinho Champion/Chamflora 31/12/2013Tartarugalzinho Comunidade do Meraba 31/12/2013 5 PosseirosTartarugalzinho Duas Bocas/Cassimiro/S. Bento e Manoel/Agrop. Nova

    Cana31/12/2013 5 Posseiros

    Tartarugalzinho Faz. Santo Antnio/Grilagem 31/12/2013Tartarugalzinho Fazenda Santa Cruz 31/12/2013 20 PosseirosTartarugalzinho Ponta do Socorro e Vareiro 31/12/2013 50 PosseirosTartarugalzinho Ramal do Ariramba/Grilagem 31/12/2013 28 PosseirosTartarugalzinho Ramal Nova Cana/Colnia de Itaubal/Faz. Santa

    Isabel/Amcel/Pedreiro/Boca do Brao31/12/2013 50 Posseiros

    Tartarugalzinho Reflorex/Novo Horizonte/Amcel 31/12/2013 2 PosseirosTartarugalzinho Rocinha do Esprito Santo 31/12/2013 5 PosseirosTartarugalzinho Trs Marias 31/12/2013 30 PosseirosTartarugalzinho Uapezal 01/06/2013 10 PosseirosVitria do Jari Glebas Jari/Morro do Felipe/Jarcel 31/12/2013 57 Posseiros

    1931Subtotal: 79

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • 1931Total Conflitos por Terra - AP 79

    Conflitos pela guaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias Tipo Conflito Situao

    GUA

    Ferreira Gomes AHE Ferreira Gomes 31/12/2013 49 Barragens eAudes

    Ameaa deexpropriao

    Laranjal do Jari UHE Santo Antnio 31/12/2013 34 Barragens eAudes

    Desconstruo dohistrico-cultural

    Mazago Rio Preto/PAE Marac 31/12/2013 150 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Mazago/Porto Grande Rio Vilanova/Amapari 31/12/2013 58 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pedra Branca do Amapari Igarap William/So Domingos 31/12/2013 48 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    339Subtotal: 5

    Total dos Conflitos no Campo AP 84 Pessoas: 11350

    AmazonasTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaApu Rodovia BR-230/Km-135 01/11/2013 Pequenos proprietriosCanutama Acamp. Rio Azul/Com. Vila Aspecra 19/09/2013 68 PosseirosHumait/Manicor T. I. Tenharim 02/12/2013 IndgenasIranduba Gleba Igarap do Bode 25/09/2013 120 PosseirosItacoatiara Com. Rondon I e II/N. Sra. Aparecida do Jaman/Jesus

    Meu Rei01/11/2013 500 Posseiros

    Lbrea Comunidade Caina 01/11/2013 13 ExtrativistasLbrea Faz. Remansinho/Gl. Iquiri/Acamp. Nova Esperana/Ramal

    Mendes Jnior/BR-364/Km 150/PDS Gedeo12/02/2013 250 Assentados

    Lbrea PAF Curuquet/Linha 02/Km 09/Ramal do Jequitib 01/11/2013 10 AssentadosLbrea Resex Ituxi 23/08/2013 109 RibeirinhosLbrea Resex Mdio Purus 24/09/2013 30 ExtrativistasManaus Comunidade Pau Rosa 21/08/2013 160 PosseirosManaus Comunidades Ribeirinhas do Puraquequara 08/03/2013 800 RibeirinhosManaus Tarum-Au/Com. Novo Paraso/Frederico Veiga/Empresa

    Eletroferro22/08/2013 250 Posseiros

    Manaus Uber 01/11/2013 80 PosseirosManicor Comunidade Mata Azul 14/07/2013 5 PosseirosPresidente Figueiredo Com. Terra Santa/Km 152/BR-174 20/08/2013 200 PosseirosTapau Reserva Biolgica de Abufari 01/11/2013 389 Ribeirinhos

    2984Subtotal: 17

    2984Total Conflitos por Terra - AM 17

    Conflitos pela guaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias Tipo Conflito Situao

    GUA

    Barcelos/Santa Isabel doRio Negro

    Maraui/Padauiri/Demini e Arac/ndiosYanomami

    04/07/2013 Uso epreservao

    Pesca predatria

    Novo Airo Resex Baixo Rio Branco- Jauaperi/Com.Gaspar e Itaquera

    01/11/2013 118 Uso epreservao

    Pesca predatria

    118Subtotal: 2

    Total dos Conflitos no Campo AM 19 Pessoas: 15510

    BahiaTERRA

    31

  • Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaAntas Fazenda Boa Vista 18/08/2013 111 Sem TerraBarra Comunidade Quilombola Torrinha 31/10/2013 97 QuilombolasBarra/Muqum de SoFrancisco

    Com. Quilombola Boa Vista do Pixaim 17/10/2013 200 Quilombolas

    Brotas de Macabas Com. So Gonalo/Mato doMeio/Retiro/Descanso/Santana/SoDomingos/Barriguda/Gentio dos Chagas/Tiririca

    11/10/2013 165 Posseiros

    Buerarema/Ilhus/Una Serra do Padeiro/PovoTupinamb 14/08/2013 IndgenasBuerarema/Ilhus/Una Serra do Padeiro/PovoTupinamb 24/08/2013 IndgenasBuerarema/Ilhus/Una Serra do Padeiro/PovoTupinamb 03/09/2013 IndgenasBuerarema/Ilhus/Una Serra do Padeiro/PovoTupinamb 05/09/2013 IndgenasBuerarema/Ilhus/Una Serra do Padeiro/PovoTupinamb 08/11/2013 IndgenasBuerarema/Ilhus/Una Serra do Padeiro/PovoTupinamb 30/11/2013 130 IndgenasCamacan/Mascote Fazenda Guanabara 14/08/2013 33 Sem TerraCamamu Faz. Jequitib/Acamp. Antnio Conselheiro 18/01/2013 35 Sem TerraCansano P. A. Nova Esperana/Mineradora Yamana Gold 14/09/2013 100 AssentadosCasa Nova Com. de Areia Grande/Riacho Grande/Salina da

    Brinca/Jurema/Melancia17/01/2013 Camponeses de fundo de

    pastoCasa Nova Com. de Areia Grande/Riacho Grande/Salina da

    Brinca/Jurema/Melancia09/02/2013 336 Camponeses de fundo de

    pastoCasa Nova Lagoa da Catinga 31/03/2013 30 Camponeses de fundo de

    pastoCordeiros Com. Tapera do Rochedo 19/10/2013 35 Camponeses de fundo de

    pastoCorrentina Com. Arrojelndia/Planta 7 Empreendimentos Rurais Ltda 26/03/2013 226 PosseirosCura Com. Esfomeado e Vargem Comprida/Mineradoras

    Caraba e Surubim08/08/2013 Camponeses de fundo de

    pastoEunpolis Faz. So Caetano/Veracel 18/02/2013 85 Sem TerraGentio do Ouro Com. Descanso/Mato do Meio/Retiro/Sacatruz/So

    Gonalo/Energia Elica31/05/2013 Camponeses de fundo de

    pastoIbicoara Fazenda So Roque do Paraguassu 24/04/2013 25 Sem TerraIgua Faz. Lagedo/Trs Lagedos 02/04/2013 300 Sem TerraIlhus rea do Grupo Inaceres/Serra do Padeiro 01/09/2013 50 IndgenasIlhus Faz. Estrela do Mar/Povo Tupinamb 07/06/2013 30 IndgenasItaguau daBahia/Jussara/SentoS/Xique-Xique

    Projeto de Irrigao Baixio do Irec/24 ComunidadesAtingidas/PAC

    23/08/2013 600 Pequenos proprietrios

    Mascote Fazenda Pindorama 09/08/2013 55 Sem TerraMonte Santo Com. Algodes/Mineradora Ferbasa 19/09/2013 120 PosseirosPau Brasil Faz. Camacan/T. I. Caramuru Paraguau 07/02/2013 50 IndgenasPirip Com. Bonito/Mineradora Navigan 17/11/2013 30 PosseirosPrado Fazenda Santa Lcia 02/12/2013 50 IndgenasSanta Cruz Cabrlia Faz. Bom Retiro/T. I. Patax Coroa Vermelha 25/10/2013 100 IndgenasSento S Comunidade Brejo de Dentro 31/03/2013 160 Camponeses de fundo de

    pastoSento S Retiro de Baixo 30/10/2013 30 PosseirosSimes Filho Com. Quilombola Rio dos Macacos 03/01/2013 QuilombolasSimes Filho Com. Quilombola Rio dos Macacos 17/01/2013 43 QuilombolasUna rea entre Acupe de Baixo e Mamo/Faz. do Senhor

    Jorge04/09/2013 30 Indgenas

    3256Subtotal: 37

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoAntas Fazenda Boa Vista 02/08/2013 111 MSTBarra do Choa rea da EBDA 08/04/2013 14 MSTBarro Preto Fazenda So Joo 19/10/2013 30 FTLBuerarema Faz. Boa Sorte/Serra do Padeiro 03/08/2013 ndiosBuerarema Faz. Ouro Verde/Serra do Padeiro 03/08/2013 ndiosBuerarema Faz. Santa Rita/Serra do Padeiro 03/08/2013 ndiosBuerarema Faz. Sempre Viva/Serra do Padeiro 03/08/2013 50 ndiosBuerarema/Ilhus/Una Faz. Santa Rosa/T. I. Tupinamb Olivena 06/06/2013 100 ndiosBuerarema/Una Conjunto Trindade/Povo Tupinamb 06/06/2013 ndios

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Buerarema/Una Faz. So Marcos 2/Povo Tupinamb 06/06/2013 ndiosCamamu Faz. Culturosa/Cultrosa 05/03/2013 80 MSTCanarana Fazenda Arax 19/11/2013 120 MSTEunpolis/Itabela Faz. gua Vermelha/Bom Jardim/Veracel Celulose/Patax 04/03/2013 240 Via CampesIlhus rea do Grupo Inaceres/Serra do Padeiro 01/09/2013 50 ndiosIlhus Faz. Estrela do Mar/Povo Tupinamb 07/06/2013 30 ndiosIlhus Faz. So Jos/Serra do Padeiro 10/08/2013 ndiosIlhus Faz. So Pedro/Serra do Padeiro 02/09/2013 ndiosItaju do Colnia/Pau Brasil T. I. Caramuru Paraguau/Faz. Boa Vista 06/06/2013 ndiosMascote Faz. Conjunto Sta. Helena/Veracel 17/11/2013 200 FLTDC*Mascote Fazenda Pindorama 12/05/2013 55 FTLPorto Seguro/Santa CruzCabrlia

    APA Coroa Vermelha 05/03/2013 180 ndios

    Prado Fazenda Santa Lcia 28/02/2013 50 ndiosPrado T. I. Cahy-Pequi/Comexatib 28/11/2013 40 ndiosSanta Cruz Cabrlia Faz. Bom Retiro/T. I. Patax Coroa Vermelha 17/10/2013 100 ndiosTeixeira de Freitas rea da Suzano Celulose (1) 04/03/2013 100 Via CampesTeixeira de Freitas rea da Suzano Celulose (2) 04/03/2013 100 Via CampesUna rea de um Hotel na Fazenda da Lagoa 07/04/2013 70 ndiosUna rea entre Acupe de Baixo e Mamo/Faz. do Senhor

    Alcides31/08/2013 30 ndios

    Una rea entre Acupe de Baixo e Mamo/Faz. do SenhorJorge

    31/08/2013 30 ndios

    Una T. I. Caramuru Paraguau/Faz. Unacau 06/06/2013 ndios1780Subtotal: 30

    5036Total Conflitos por Terra - BA 67TRABALHO

    Trabalho EscravoMunicpio(s) Nome do Conflito Data

    Trab. nadenncia Libertos Tipo de TrabalhoMenores

    Barreiras Fazenda MS1/Maurica Alimentos 30/04/2013 29 33 PecuriaCorrentina Fazenda Itaiquara 19/03/2013 46 Catao de raizIlhus Fazenda Nossa Senhora de Guadalupe 20/06/2013 6 6 BananaVitria da Conquista Fazenda Sandalus 11/06/2013 24 24 CafVitria da Conquista Fazenda Stio Novo 30/07/2013 26 26 Caf

    131 89Subtotal: 5

    SuperexploraoMunicpio(s) Nome do Conflito Data

    Trab. nadenncia Libertos Tipo de TrabalhoMenores

    So Desidrio Fazenda So Jos 01/03/2013 4 Servios geraisSo Desidrio Fazenda Zuttion IV 02/03/2013 20 Caf

    24Subtotal: 2

    155Total Conflitos Trabalhistas - BA 7

    Conflitos pela guaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias Tipo Conflito Situao

    GUA

    Baixa Grande Olhos d'gua/Regio da Lagoa Queimada 12/02/2013 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Caetit Com. Joo Barroca/Bamin/BML 17/09/2013 26 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Caetit Com. Casa da Roda/Projeto Pedro deFerro/Bamin

    16/10/2013 18 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Caetit Com. Rancho do Meio/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 9 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Caetit Com. Araticum/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 18 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Caetit Com. Olho d' gua dos Pires/ProjetoPedra de Ferro/Bamin

    16/10/2013 7 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Caetit Com. Flores/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 21 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Maragogipe Baixo do Gua 14/02/2013 ApropriaoParticular

    Destruio e oupoluio

    33

  • Pinda Com. Rega P/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 8 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Cachoeira de Cima/Projeto Pedrade Ferro/Bamin

    16/10/2013 17 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Cachoeira de Baixo/Projeto Pedrade Ferro/Bamin

    16/10/2013 30 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Pau Ferro/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 10 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Baixa Preto/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 19 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Poo Comprido/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 27 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Barriguda/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 33 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Tbuas/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 5 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Barra dos Crioulos/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 6 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Pinda Com. Piripiri/Projeto Pedra deFerro/Bamin

    16/10/2013 5 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Salvador Colnia de Pescadores Z-3 14/01/2013 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Salvador Territrio Quil. da Ilha de Mar/Porto deAratu/Petrobras/PAC

    22/10/2013 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    Santo Amaro Ilhota Coroa Branca/Passarinho/Nordeste 22/08/2013 Uso epreservao

    Impedimento deacesso gua

    259Subtotal: 21

    Conflitos em Tempos de SecaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Pessoas Reivindicao

    Barreiras Acampamento diante da Codevasf 16/10/2013 250 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Feira de Santana Caminhada e Protesto diante do Banco doNordeste

    15/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Queimadas Bloqueio da BA-120 16/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Total Conflitos Seca 3 250

    Total dos Conflitos no Campo BA 98 Pessoas: 26880

    CearTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaAmontada Com. Caetanos de Cima/Assent.

    Sabiaguaba/Imobilirias/Us. Elica Icara/PAC10/09/2013 300 Assentados

    Aracati Com. do Cumbe/Emp. de Carcinicultura 20/08/2013 27 PescadoresArarend Fazenda Lindia 26/10/2013 60 Sem TerraCarnaubal Com. Lagoa do Amrico 04/09/2013 120 PosseirosCrates Fazenda Catingueira 25/10/2013 40 Sem TerraIc Fazenda Bom Lugar 25/10/2013 80 Sem TerraMaracana/Pacatuba T. I. Pitaguary/Emp. Britaboa 21/02/2013 573 IndgenasMauriti Faz. Gravat/Acamp. Vida Nova 28/10/2013 30 Sem TerraQuixeramobim Fazenda Reunidas Jacare 27/10/2013 60 Sem TerraSenador Pompeu Fazenda Sobradinho 29/10/2013 25 Sem TerraSobral Comunidade de Boqueiro 13/07/2013 9 Posseiros

    1324Subtotal: 11

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoBeberibe Fazenda Pimenteira 02/02/2013 100 FetraeceCrates Fazenda Catingueira 01/05/2013 40 MSTSanta Quitria Faz. Jardim 24/03/2013 50 MST

    190Subtotal: 3

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • AcampamentosMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoAracati Com. do Cumbe/Emp. de Carcinicultura 10/03/2013 27 STR

    27Subtotal: 1

    1541Total Conflitos por Terra - CE 15TRABALHO

    Trabalho EscravoMunicpio(s) Nome do Conflito Data

    Trab. nadenncia Libertos Tipo de TrabalhoMenores

    Granja Faz. do Ivan Batista 03/12/2013 11 11 Extrativismo Granja Fazenda Lagoa Seca 03/12/2013 85 85 ExtrativismoIbaretama Fazenda So Jorge 08/10/2013 7 7 Desmatamento

    103 103Subtotal: 3

    103Total Conflitos Trabalhistas - CE 3

    Conflitos pela guaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias Tipo Conflito Situao

    GUA

    AltoSanto/Iracema/Potiretama

    Barragem do Figueiredo/PAC 22/10/2013 45 Barragens eAudes

    Reassentamentoinadequado

    Amontada Com. Caetanos de Cima/Assent.Sabiaguaba/Imobilirias/Us. ElicaIcara/PAC

    10/09/2013 300 ApropriaoParticular

    Ameaa deexpropriao

    Limoeiro do Norte/MoradaNova

    Projeto de Irrigao Tabuleiro doRussa/Dnocs

    25/09/2013 120 Barragens eAudes

    Falta de projeto dereassentamento

    Novo Oriente Barragem guas Flor do Campo 31/07/2013 Barragens eAudes

    Divergncia

    465Subtotal: 4

    Conflitos em Tempos de SecaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Pessoas Reivindicao

    Chorozinho Bloqueio BR-116/km 69 24/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Itapina Ocupao da Prefeitura 26/11/2013 100 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Milagres Bloqueio da BR-116/km 488 24/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Pedra Branca Bloqueio da BR-020 24/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Salitre Ato Pblico na Cmara Municipal 20/02/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    So Gonalo do Amarante Bloqueio da BR-222 24/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Sobral Bloqueio BR-222/km 221 24/04/2013 Cumprimento de acordo/Polticaspblicas

    Total Conflitos Seca 7 100

    Total dos Conflitos no Campo CE 29 Pessoas: 10233

    Distrito FederalTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaBrazlndia Ncleo Rural Alexandre Gusmo/Faz. Jatobazinho 30/10/2013 350 Sem Terra

    350Subtotal: 1

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoBrazlndia Ncleo Rural Alexandre Gusmo/Faz. Jatobazinho 07/04/2013 350 MSTPlanaltina Acamp. Roseli Nunes/Faz. Pipiripau 31/08/2013 250 MST

    35

  • Planaltina Fazenda Lagoa Bonita Congado 03/05/2013 450 CUT/FAF/Fetraf/MATR/MBST/MST/MTL

    Sobradinho Faz. Svia/Slvia 10/08/2013 MBST/MLT/MST1050Subtotal: 4

    1400Total Conflitos por Terra - DF 5

    Total dos Conflitos no Campo DF 5 Pessoas: 7000

    Esprito SantoTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaCachoeiro doItapemirim/Presidentekennedy

    Faz. Santa Maria/Acamp. Jos Marcos de Arajo dosSantos

    16/10/2013 105 Sem Terra

    Conceio da Barra Com. Quilombola S. Domingos/Sap do Norte/Aracruz 26/03/2013 70 QuilombolasGuau Fazenda Lambari 16/10/2013 26 Sem TerraLinhares Faz. Entre Rios/Emp. Unio Ferragens e Montagens 12/08/2013 25 PescadoresMontanha Faz. Floresta Reserva/Grupo Simo 22/10/2013 130 Sem Terra

    356Subtotal: 5

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoMontanha Faz. Floresta Reserva/Grupo Simo 14/10/2013 130 MST

    130Subtotal: 1

    486Total Conflitos por Terra - ES 6TRABALHO

    Trabalho EscravoMunicpio(s) Nome do Conflito Data

    Trab. nadenncia Libertos Tipo de TrabalhoMenores

    So Mateus Fazenda Crrego dos Cavalos 13/03/2013 13 13 Coco13 13Subtotal: 1

    13Total Conflitos Trabalhistas - ES 1

    Conflitos pela guaMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias Tipo Conflito Situao

    GUA

    Linhares/So Mateus Com. das Praias de Barra Seca eUrussuquara/Transpetro/Petrobras

    11/04/2013 70 Uso epreservao

    Destruio e oupoluio

    70Subtotal: 1

    Total dos Conflitos no Campo ES 8 Pessoas: 2793

    GoisTERRA

    Conflitos por TerraMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias CategoriaItauu Acamp. na GO-054/Prx. Fazenda do Estado/Crrego

    Rico22/05/2013 20 Sem Terra

    Rio Verde P. A. Fazenda Pontal dos Buritis 03/05/2013 AssentadosRio Verde P. A. Fazenda Pontal dos Buritis 19/09/2013 AssentadosSanta Cruz de Gois Faz. Vala do Rio do Peixe/Di' Roma 11/05/2013 20 Posseiros

    40Subtotal: 4

    Ocupaes/RetomadasMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoArenpolis Faz. das Pedras/Acamp. Renovar 17/10/2013 SIFazenda Nova Faz.Sta Ines/N.Sra de Ftima/Impertenente 05/12/2013 113 FetrafIsraelndia Fazenda Itaipava 18/09/2013 123 Fetraf

    ConflitosCampo Brasil 2 0 1 3no

  • Lagoa Santa Fazenda do Gacho 07/05/2013 120 Terra LivrLagoa Santa Fazenda Santa Maria 13/01/2013 70 Terra LivrSo Miguel do Araguaia Fazenda Rancho Alegre 11/08/2013 45 MVTCVila Propcio Fazenda Caieiras 11/08/2013 300 MST

    771Subtotal: 7

    AcampamentosMunicpio(s) Nome do Conflito Data Famlias OrganizaoAparecida deGoinia/Aragoinia

    Acamp. Santiago/GO-