conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

68
SENAC VIVIANNE LUCAS DO AMARAL CONECTIVISMO: CONTRIBUIÇÕES PARA O E-LEARNING NA SOCIEDADE EM REDE

Upload: vivianne-amaral

Post on 05-Jan-2016

18 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Trabalho de conclusão do curso de especiallização tecnologias na Aprendizagem, SENAC.

TRANSCRIPT

Page 1: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

SENAC

VIVIANNE LUCAS DO AMARAL

CONECTIVISMO: CONTRIBUIÇÕES PARA O E-LEARNING

NA SOCIEDADE EM REDE

Campinas - SP

2015

Page 2: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

VIVIANNE LUCAS DO AMARAL

Conectivismo: contribuições para o e-learning na sociedade em rede

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Especialista em Tecnologias na Aprendizagem.Este trabalho foi desenvolvido nas disciplinas Trabalho de Conclusão de Curso I e II e mediado pela Prof.ª MSc. Fernanda Guinoza Matuda.

São Paulo

2015

Page 3: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

iii

Vivianne Lucas do Amaral

Conectivismo: contribuições para o e-learning na sociedade em rede

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário SENAC – Santo Amaro, Polo Campinas, como exigência parcial para obtenção do grau de Especialização em Tecnologias para Aprendizagem.

Este trabalho foi desenvolvido nas disciplinas Trabalho de Conclusão do Curso I e II e mediado pela Prof.ª MSc. Fernanda Guinoza Matuda

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em sessão pública realizada em _____/______/_____, considerou a candidata:

1) Examinador (a)

2) Examinador (a)

3) Presidente

Page 4: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

iv

Dedico este trabalho ao Edson Ribeiro, pela

vida como cocriação.

Aos amigos da Baia Hacker, onde hackeamos

teorias, afetos e traquitanas.

A485c

Amaral, Vivianne Lucas do Conectivismo: contribuições para o e-learning na sociedade em rede / Vivianne Lucas do Amaral - Santo Amaro, 2015.

47 f. : il.; color.

Mediador (a): Fernanda Guinoza Matuda Trabalho de conclusão de curso (Tecnologia na Aprendizagem) Campus Santo Amaro, 2015

1. Conectivismo 2. E-learning 3. Desenho instrucional 4. Desenho de interface 5. Ava I. Matuda, Fernanda Guinoza (mediad.) II. Título.

CDD 370.11

Page 5: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

v

“Aprender é um fluxo contínuo, ao invés de um reservatório represado.”

George Siemens

Page 6: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

vi

RESUMO

O presente trabalho buscou, mediante a revisão bibliográfica, identificar na teoria

conectivista, princípios e diretrizes para inspirar e orientar mudanças no e-learning,

almejando sua atualização com os desafios da sociedade informacional. A

perspectiva é que o desenho instrucional e de interface para e-learning integrem, a

partir da aquisição dos conceitos e estratégias do Conectivismo, de forma criativa, a

potência do ecossistema cibernético atual.

Palavras-chave: 1. E-learning. 2. Conectivismo 3. Desenho instrucional. 4.

Aprendizagem. 5. EaD.

Page 7: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

vii

ABSTRACT

This work intended, through a bibliographic review, identify in the connectivist theory,

principles and guidelines in order to inspire and orientate changes in the e-learning,

aiming for its updating with the challenges of the informational society. The

perspective is that the instructional and interface design for e-learning integrate,

through the acquisition of concepts and strategies of Connectivism, in a creative way,

the actual cybernetic ecosystem potential.

Key-words: 1. E-learning. 2.Connectivism. 3. Instructional Design. 4. Learning. 5.

EaD.

Page 8: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Componentes de uma ecologia de aprendizagem, um dos elementos da proposta do Conectivismo......................................................... 13

Figura 2 - Plataformas analisadas conforme classificação de Clarenc (2013a) ........................................................................................................... 25

Quadro 1 - Teorias pedagógica do século XX: Behaviorismo, Cognitivismo, Construtivismo................................................................................................. 29

Quadro 2 – Características de uma ecologia de aprendizagem...................... 34

Figura 3 - Gatilho para Realidade Aumentada................................................. 47

Page 9: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CD-ROM Compact Disc Read-Only Memory

DVDs Digital Versatile Disc

EaD Educação a Distância

LCMS Learning Content Management System

LMS Learning Management System

MOOC Massive Open Online Course

PLN Personal Learning Network

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

WWW World Wide Web

Page 10: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 12

2 E-LEARNING NA SOCIEDADE CONECTADA................................................

16

2.1 Da auto aprendizagem à aprendizagem social.......................................... 18 2.2 As plataformas digitais .............................................................................. 22 2.3 Os softwares sociais e o MOOC................................................................ 26

3 CONECTIVISMO: A APRENDIZAGEM NUM MUNDO EM REDE.................. 28 3.1 Princípios do Conectivismo e habilidades para a era digital...................... 35 3.2 Contribuições do Conectivismo para o e-learning......................................

37

4 CONSIDERAÇÕES......................................................................................... 41

REFERÊNCIAS................................................................................................... 43

ANEXO................................................................................................................ 47

Page 11: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

11

INTRODUÇÃO

Sociedade em rede e sociedade do conhecimento são expressões que dizem

respeito ao mundo contemporâneo e às experiências culturais mediadas por

tecnologias, em especial às Tecnologias da Informação de Comunicação (TIC). A

expressão refere-se

... a conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem na Internet e mais particularmente na World Wide Web (WWW) a sua mais forte expressão (MIRANDA, 2007, p.43).

Computadores, internet, softwares, jogos eletrônicos e dispositivos cada vez

mais inteligentes e interativos constituem o ambiente cotidiano de um número

crescente de pessoas. Mesmo a cultura de sociedades e regiões cujas populações

têm acesso limitado às tecnologias e à internet, estão em processo acelerado de

digitalização. Sua história, paisagens, cultura, imagens de natureza regional, idioma

e dialetos, certamente poderão ser encontrados digitalizados nos acervos da

internet.

Ao mesmo tempo, o capitalismo cognitivo e global cobre todas atividades

humanas com uma capa de informação e conhecimento, alterando o valor, a

produção e a distribuição dos produtos materiais e imateriais, que circulam em fluxos

de consumo desterritorializados.

De alguma forma, todas a áreas da vida estão impactadas pelo

desenvolvimento das TIC. Também o campo da Educação vive uma grande

transformação. As teorias pedagógicas criadas antes do advento da computação

informatizada e da existência da internet não são capazes de dar suporte ao rico

universo de possibilidades de ensino e aprendizagem que as tecnologias de

informação e comunicação configuram atualmente. Novos tipos de alunos, cada vez

mais ciborgues1, que vivem imersos e enredados em ecossistemas comunicativos

1 Haraway (2009, p. 36 - 37): “Um ciborgue é um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e também uma criatura de ficção. [...] No final do século XX, neste nosso tempo, um tempo mítico, somos todos quimeras, híbridos – teóricos e fabricados –

Page 12: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

12

pessoais e coletivos configurados pelas redes distribuídas, pela digitalização dos

dados, pelo potencial acesso e virtualização crescente da vida social, desafiam os

professores e modelos tradicionais de ensino-aprendizagem.

Por isso, novas abordagens têm surgido, inspiradas pelas transformações

culturais em curso e interessadas em atualizar a Educação e escola com as

demandas surgidas. Procuram conhecer os ambientes culturais pós-TIC e

consideram o hibridismo homem-máquina, o caos, as redes, a complexidade e a

auto-organização como constituintes dos fenômenos da aprendizagem. Entre elas,

destaco o Conectivismo, teoria em desenvolvimento por George Siemens, que

busca incorporar diversos elementos e dispositivos característicos da sociedade

informacional, como pode se observar na figura 1.

Figura 1 – Componentes de uma ecologia de aprendizagem, um dos elementos da proposta do Conectivismo.

Fonte: produção da autora a partir de dados de SIEMENS (2004, 2010).

Este trabalho de conclusão do curso de especialização em “Tecnologias na

Aprendizagem” buscou, por meio de revisão e pesquisa bibliográfica sobre o

Conectivismo e de sua contextualização no campo das teorias pedagógicas,

identificar princípios que possam orientar e inspirar mudanças no e-learning. A

de máquina e organismo; somos, em suma, ciborgues”. André Lemos, apud Oliveira; Pizzi; Gonçalves. (2004), distingue dois tipos de ciborgue, o protético e o interpretativo. O primeiro refere-se aos indivíduos cujo funcionamento fisiológico depende de aparelhos eletrônicos ou mecânicos; ‘o cyborg interpretativo se constitui pela influência dos mass media coagido que é pelo poder da televisão ou do cinema. Assim, a cultura de massa e do espetáculo nos fez cyborgs interpretativos’ (LEMOS, 2002, p. 187)”.

Page 13: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

13

perspectiva é contribuir para que a modalidade explore de forma criativa a potência

do ecossistema cibernético em que está inserida e faz parte.

O trabalho teve como objetivo geral a identificação dos princípios do

Conectivismo e, como específicos, identificar contribuições da teoria para o desenho

instrucional e de interface para e-learning.

Como metodologia, optou-se pela realização de uma revisão bibliográfica

baseada em pesquisa em meio digital. Os temas pesquisados foram EaD, e-

learning, teorias da aprendizagem, Conectivismo, desenho instrucional e de

plataformas para o e-learning.

A pesquisa bibliográfica foi realizada buscando-se a fundamentação crítica e

a compreensão conceitual dos campos de interesse. Deu-se preferência à pesquisa

de artigos, publicados em periódicos acadêmicos de acesso aberto e ao conteúdo

dos endereços digitais de George Siemens. Foram investigados textos produzidos

no período de 2001 até 2012, com particular atenção ao artigo “Conectivismo: uma

teoria de aprendizagem para a idade digital”, publicado em 2004 e o livro

“Conhecendo o conhecimento”, publicado em 2006. Além destes, foram analisados

textos que abordavam diretamente a questão do desenho instrucional e das

plataformas para e-learning. Muito do material pesquisado não tem tradução em

português do Brasil, em particular a produção científica de Siemens, que foi

acessada via textos em inglês, traduzidos com o Google tradutor e consulta a

dicionários; produção acadêmica de pesquisadores portugueses, em geral teses e

artigos em periódicos; textos em espanhol, com destaque para o livro de Siemens,

“Knowing Knowled” traduzido pelo grupo espanhol Nodos Ele.

As leituras realizadas procuraram estabelecer uma interlocução crítica com o

material pesquisado, buscando uma visão ampla do campo e das relações

existentes entre as teorias pedagógicas e as práticas do e-learning. As fases do

trabalho foram: levantamento de bibliografia em meio digital; seleção do material

para a pesquisa, leitura e análise dos dados e elaboração deste relatório

O texto está organizado da seguinte forma: no capitulo 2, “E-learning na

sociedade conectada”, buscou-se identificar como a modalidade, com origem

anterior à Web 2.0 e aos softwares sociais, se atualiza com o contexto de

aprendizagem da sociedade em rede, tendo as premissas do Conectivismo como

referência para a análise.

Page 14: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

14

No capítulo 3, “Conectivismo: a aprendizagem em um mundo conectado”, foi

exposta a teoria e sua contextualização entre as teorias pedagógicas existentes,

seus princípios e as contribuições para o e-learning. Em “Considerações”

apresentou-se uma síntese das contribuições que podem atualizar o e-learning com

as possiblidades e demandas da sociedade em rede.

Page 15: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

15

2 E-LEARNING NA SOCIEDADE CONECTADA

O objetivo deste capítulo é explorar o e-learning como uma modalidade de

ensino-aprendizagem relacionada ao campo da educação a distância, mas não

restrito a ela. Busca identificar como a aprendizagem eletrônica, com origem anterior

à Web 2.02 e ao uso intensivo de softwares sociais, pode se atualizar com o

contexto de aprendizagem da sociedade em rede, tendo as premissas do

Conectivismo como referência.

Sociedade em rede é um conceito proposto por Castells, em 1996, para

caracterizar a estrutura social que emergia em substituição à sociedade industrial. O

texto que explica o conceito é longo, mas vale transcrevê-lo, pois caracteriza o

contexto do desafio que a educação concebida para a era industrial enfrenta e ao

qual Siemens procura responder com o Conectivismo:

Uma nova economia surgiu em escala global no último quartel do século XX. Chamo-a de informacional, global e em rede para identificar suas características fundamentais e diferenciadas e enfatizar sua interligação. É informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades e ou agentes nessa economia (sejam empresas, regiões e nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimento. É global porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos. É rede porque, nas novas condições, históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interações entre redes empresariais. Essa nova economia surgiu no último quartel do século XX porque a revolução da tecnologia da informação forneceu a base material indispensável para sua criação. É a conexão histórica entre a base das informações/conhecimentos da economia, seu alcance global, sua forma de organização em rede e a revolução da tecnologia da informação que cria um novo sistema econômico... (CASTELLS, [s.d.], p.119).

2 A WEB 2.0 pode ser entendida como uma experiência de utilização da internet enquanto plataforma de distribuição de serviços, orientados para o usuário, em permanente transformação, e que inclui: maior controle por parte do usuário; participação; a inteligência coletiva como recurso; fragmentação/ atomização / modularidade da informação, ligada de modo fluído e recombinável (MOTA, 2009).

Page 16: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

16

O contexto de aprendizagem da sociedade em rede, como explica Siemens

(2004), é formado por ambientes e processos em que o conhecimento não é mais

adquirido de forma linear e sequencial. O conhecimento e a informação atualmente

são recursos ubíquos. As mudanças tecnológicas que aconteceram e continuam

acontecendo na produção, armazenamento e distribuição da informação,

impactaram e impactam profundamente as formas de aprender e ensinar.

Manuel Castells, em apresentação no projeto Fronteiras do Pensamento,

explica, de uma forma bem direta, como a abundância de informação provoca uma

crise no sistema formal de educação, ao afetar uma das suas principais estratégias

instrucionais, a transmissão de informação:

A aprendizagem na maior parte das escolas e universidades é totalmente obsoleta, porque insistem em produzir uma pedagogia baseada na transmissão de informação. Bom, não precisamos de transmissão de informação, porque a informação está toda na internet (CASTELLS, 2014 apud Fronteiras do Pensamento, 2014).

Por sua vez, Siemens (2004, 2010) destaca, entre aquelas características da

sociedade atual que impactam criticamente os campos da aprendizagem e da

educação: a complexidade do conhecimento; o volume de informação disponível e a

velocidade de sua atualização; a conectividade distribuída e consequentemente o

estímulo permanente à interação e a vida em rede.

Como exemplo de habilidades humanas consideradas necessárias para viver

na sociedade informacional estão o reconhecimento de padrões em sistemas

complexos; saber fazer conexões, atuar e operar em rede; reconhecer e se ajustar

às mudanças nos padrões. “Para aprender, em nossa economia do conhecimento, é

necessário ter a capacidade de formar conexões entre fontes de informação e daí

criar padrões de informação úteis.” (SIEMENS, 2004, p.5).

Já a EaD, tem seu início em 1843, no Reino Unido, com o lançamento da

rede Correspondence Colleges, oferecendo os primeiros cursos de correspondência

no mundo. O público era masculino e com interesse em cursos técnicos para

funções administrativas em escritórios. Nos anos subsequentes, o modelo foi

replicado com facilidade em outros países (CORREIA; PINHEIRO, 2012).

Page 17: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

17

O ensino a distância evoluiu juntamente com as tecnologias de comunicação

e informação. Gomes (2005, p.231) esclarece sobre a vinculação constitutiva entre

as tecnologias usadas e os modelos pedagógicos e comunicacionais:

O papel de relevo que as tecnologias desempenham no domínio da educação a distância é facilmente compreensível se atendermos a que, neste domínio particular, os diferentes medias e tecnologias são elementos determinantes não só na mediatização dos conteúdos, mas também na mediatização da comunicação entre professores e alunos (e destes entre si).

Na abordagem histórica das mudanças tecnológicas da educação a

distância, alguns autores (como Garrinso (1985), Nipper (1998), Gomez (2003),

(2004), apud Gomes, 2005) fazem referência ao conceito de gerações tecnológicas

no ensino a distância. Este conceito considera, no campo da educação a distância, a

coexistência de diferentes gerações e consequentemente das tecnologias e modelos

pedagógicos e comunicacionais subjacentes. Gomez (2005) faz referência a uma

quarta geração, para a qual a comunicação e a interação podem ser valorizadas de

forma que era impossível antes do atual estágio de desenvolvimento das tecnologias

de comunicação e informação.

Nos itens a seguir, apresenta-se breve histórico do e-learning, conceito e

status atual em relação a modelos, plataformas, ferramentas e processos educativos

e como a modalidade educacional se movimenta em referência ao quadro de

mudanças contemporâneas.

2.1 Da autoaprendizagem à aprendizagem social

E-learning é um termo inglês resultante da contração de electronic learning

(aprendizagem eletrônica). Refere-se a experiências de ensino-aprendizagem

baseadas em tecnologias eletrônicas, em computadores e internet. No glossário da

Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação

(APDSI), o termo apresenta quatro referências: aprendizagem eletrônica,

aprendizagem em linha, aprendizagem adaptativa e aprendizagem mista.

Aprendizagem eletrônica e aprendizagem em linha têm a mesma definição:

Page 18: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

18

Acesso a uma formação em linha, interativa e por vezes personalizada, difundida através da Internet, de uma intranet ou de outro meio de comunicação eletrónico, tornando o processo de aprendizagem independente da hora e do local. (APDSI, 2005).

A aprendizagem adaptativa é um tipo de e-learning, porém com o foco em

oferecer personalização na relação com cada aluno, enquanto que a aprendizagem

mista (blended learning, b-learning) combina os elementos da aprendizagem

presencial com os recursos e métodos da aprendizagem eletrônica.

A utilização da internet e da World Wide Web (WWW) na educação e na

aprendizagem apresenta variação e diversificadas denominações, que por sua vez

estão relacionadas à diversidade de formas de uso das TIC em diferentes contextos

do ensino-aprendizagem, alguns mencionados a seguir.

Um uso comum é a utilização das tecnologias de comunicação e informação

como suporte às atividades, no contexto da sala de aula. Com a expansão da

internet e da WWW, com o aumento do acesso e facilitação da produção e

disseminação de produtos digitais, a internet tem sido usada também como geradora

de um continuum virtual da sala de aula presencial. Outro contexto de utilização

destas tecnologias é a autoaprendizagem, inicialmente com o acesso a documentos

em suportes digitais como os DVDs e CD-ROMs e atualmente, com a navegação na

internet e com a Web 2.0, com vídeos, textos, infográficos, listas de discussão,

grupos temáticos em redes sociais, participação em comunidades. Gomes (2005)

exclui estes usos de aprendizagem mediada por computador e internet da definição

de e-learning que adota. Ela defende uma abordagem do termo que abrange:

... elementos de inovação e distinção em relação a outras modalidades de utilização das tecnologias na educação e apresenta um potencial acrescido em relação a essas mesmas modalidades. Nesta perspectiva, do ponto de vista da tecnologia, o e-learning está intrinsecamente associado à Internet e ao serviço WWW, pelo potencial daí decorrente em termos de facilidade de acesso à informação independentemente do momento temporal e do espaço físico, pela facilidade de rápida publicação, distribuição e actualização de conteúdos, pela diversidade de ferramentas e serviços de comunicação e colaboração entre todos os intervenientes no processo de ensino-aprendizagem e pela possibilidade de desenvolvimento de “hipermédia colaborativos” de suporte à aprendizagem (p. 232).

Page 19: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

19

A autoaprendizagem é prática e conceito constitutivo do ensino a distância.

Apesar das abordagens pedagógicas e métodos conducionistas, desde o início, no

ensino à distância, a autonomia do aprendiz é elemento importante no desenho

instrucional. No entanto, é importante esclarecer que a autonomia em cursos de EaD

usualmente se expressa em maior liberdade para horários de estudo e no tempo

dedicado. Os objetivos pedagógicos, o planejamento do curso e a avaliação

diagnóstica e somativa, inspirados em grande parte no comportamentalismo e no

cognitivismo, conduzem, na grande maioria das vezes, o ensino-aprendizagem.

A internet e, posteriormente, de forma mais radical, a Web 2.0 com os

softwares sociais, trouxeram para o ensino a distância, com o surgimento da

aprendizagem mediada pelas TIC, o fim do isolamento do aprendiz, situação

característica da modalidade durante muito tempo. Downes (2005) explica

claramente a diferença que a WEB 2.0 trouxe:

Em poucas palavras, o que estava acontecendo era que a Web estava deixando de ser um meio em que a informação era transmitida e consumida, para ser uma plataforma, em que o conteúdo é criado, compartilhado, remixado, reaproveitado, e repassado. As pessoas não estavam apenas lendo livros, ouvindo rádio ou assistindo TV, mas estavam na WEB tendo uma conversa, não apenas de palavras, mas de imagens, vídeo, multimídia e tudo o que podiam ter em suas mãos. E isto tornou-se, e parecia, e comportou-se como uma rede. [...] é importante reconhecer que o surgimento da Web 2.0 não é uma revolução tecnológica, é uma revolução social. [...] Web 2.0 é uma atitude, não é uma tecnologia. É sobre como habilitar e incentivar a participação por meio de aplicativos e serviços abertos, por aberta eu quero dizer tecnicamente aberto com APIs apropriados, mas também, mais importante, socialmente aberto, com os direitos concedidos a usar o conteúdo em contextos novos e emocionantes (DOWNES, 2005. Tradução nossa).3

3 In a nutshell, what was happening was that the Web was shifting from being a medium, in which information was transmitted and consumed, into being a platform, in which content was created, shared, remixed, repurposed, and passed along. And what people were doing with the Web was not merely reading books, listening to the radio or watching TV, but having a conversation, with a vocabulary consisting not just of words but of images, video, multimedia and whatever they could get their hands on. And this became, and looked like, and behaved like, a network.[...] what is important to recognize is that the emergence of the Web 2.0 is not a technological revolution, it is a social revolution [...] Web 2.0 is an attitude not a technology. It's about enabling and encouraging participation through open applications and services. By open I mean technically open with appropriate APIs but also, more importantly, socially open, with rights granted to use the content in new and exciting contexts.

Page 20: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

20

Com a possibilidade de criação de grupos e, posteriormente, das

comunidades de aprendizagem, os aspectos sociais, interativos e colaborativos da

aprendizagem foram ganhando espaço. “A irrupção das tecnologias de informação e

comunicação (TIC), apoiadas por redes (inter ou intranet) de comunicação,

representa, no quadro da evolução histórica do ensino a distância, um salto

qualitativo ...” (CORREIA; PINHEIRO, 2012, p.202).

Por sua vez, Mota (2009, p.70) destaca a importância que a possibilidade de

criar grupos teve na qualificação da EaD como uma modalidade confiável para a

formação:

O factor fundamental que manteve o ensino a distância, durante décadas, numa situação de relativa menoridade face ao ensino presencial passava, precisamente, pela percepção de que a ausência de um grupo e a consequente inexistência de um contexto de aprendizagem levariam, inevitavelmente, a uma aprendizagem de qualidade inferior. [...] Ora, o facto de o ensino online poder contar com um grupo de aprendizagem, suportado pelas capacidades de comunicação oferecidas pelas tecnologias actuais, permitiu-lhe, finalmente, constituir-se como alternativa credível face ao ensino presencial, oferecendo as suas próprias vantagens e benefícios no quadro de uma formação cuja diferença não é percepcionada já em termos de constrangimentos ou grau de qualidade mas sim de oportunidades e preferências pessoais.

Até então, na EaD, a interação desenvolvia-se entre o estudante e os

conteúdos, organizados segundo princípios definidos pelo desenho instrucional,

procurando oferecer dispositivos didáticos para suporte necessário ao estudo e à

aprendizagem independentes. Havia alguma interação entre o estudante e o tutor,

que fornecia apoio e orientação. (MOTA, 2009). Este tipo de relação foi muito

característico do período em que a educação a distância usava o rádio e a televisão

como suporte. Além disso, nas instituições educacionais houve o aproveitamento de

materiais, professores e da infraestrutura administrativa da educação presencial

para a EaD e, posteriormente, para e-learning. Com isto, a cultura e rotinas da

educação formal presencial também foram transferidas para a nova modalidade

Ao surgirem a internet e o e-learning um novo contexto é configurado e nele

tem especial destaque uma inovação tecnológica: as plataformas digitais

especialmente concebidas para o ensino-aprendizagem.

Page 21: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

21

2.2 As plataformas digitais

Aspecto importante a considerar na história do e-learning é sua vinculação

direta com o desenvolvimento de plataformas digitais, que concentram os

conteúdos, os alunos e professores, os recursos do curso em geral e apoiam o

ensino-aprendizagem com ferramentas tecnológicas. Da mesma forma que o

desenho instrucional do e-learning foi influenciado pela escola presencial tradicional,

o desenho de interface das plataformas planeja ambientes de aprendizagem no

ciberespaço como réplicas da sala de aula. Inclusive a expressão “sala de aula

virtual” é usada correntemente para descrever as plataformas de e-learning.

A estrutura mínima de uma plataforma envolvia, até o surgimento dos

softwares sociais, do Massive Open Online Course (MOOC)4 e das plataformas na

nuvem, um computador servidor onde a mesma ficava hospedada, os conteúdos dos

cursos, assim como as bases de dados de gestão e registro das atividades.

Dependendo das características, nela estavam integrados os seguintes módulos de

gestão: backoffice, o sistema de gestão para controlar aspectos de gestão como

pagamentos, inscrições, acesso aos cursos, etc.; LMS (Learning Management

System): sistema de gestão de aprendizagem para gerenciar a administração,

acompanhamento, elaboração de relatórios e entrega de cursos, aulas e testes;

LCMS (Learning Content Management System) sistema gerenciador de conteúdos

utilizado para criar, aprovar, publicar e gerenciar conteúdos instrucionais

(geralmente chamados de objetos de aprendizagem). No Brasil, utiliza-se a

expressão Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) genericamente ao tratar-se das

plataformas telemáticas de ensino-aprendizagem.

A maior parte dos AVAs tradicionais e mais utilizados foram criados antes da

WEB 2.0 e dos softwares sociais. A virtualização da sala de aula aconteceu tendo

como base a tradição da EaD (treinamentos e formação profissional), e as

4 Curso Online Aberto e Massivo, do inglês Massive Open Online Course (MOOC), é um tipo de curso aberto ofertado por meio de ambientes virtuais de aprendizagem, ferramentas da Web 2.0 ou redes sociais que visam oferecer para um grande número de alunos a oportunidade de ampliar seus conhecimentos num processo de coprodução. (WIKIPEDIA)

Page 22: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

22

pedagogias em vigor: processo centrado no professor e na transmissão de

conteúdo, pouca interação entre aluno e professor, relações verticalizadas. Outro

fator com influência no design instrucional e de interface dos AVAs é que, no período

inicial da modalidade online, nos anos 90:

...era muito difícil construir um software que cadastrasse usuários, gerenciasse senhas, acessos, páginas visitadas, enviasse notificações manuais e automáticas, tivesse agenda/calendário e "disparasse" serviços pré-agendados, organizasse e aplicasse exercícios, gerasse relatórios gerais e individuais etc. (BALBINO, 2011).

Assim, o foco das plataformas já consolidadas no mercado está dirigido para

a administração do processo de ensino-aprendizagem: controle do acesso, gestão

dos conteúdos, testes, avaliações, monitoramento e produção de relatórios sobre a

atividade dos alunos na plataforma. Mesmo o Moodle, com inspiração no

Construcionismo Social (Moodle, 2015) é um sistema com foco em gestão de

conteúdo (objetos de aprendizagem) e não na interação e aprendizagem emergente.

Com a ascendência das teorias de aprendizagem experiencial5, em rede e com a

quantidade e variedade de ferramentas existentes na Web, facilitando o

comportamento colaborativo e autoral, os AVAs, muitas vezes trazem frustação aos

aprendizes, aos professores e tutores, pois não são configurados para a valorização

da aprendizagem mais interativa e autoral.

Serrão et al. (2011, p. 925) fazem referência às limitações impostas pelos

AVAs ao desenvolvimento das habilidades sociais nos processos de ensino

aprendizagem:

Percebe-se, no entanto, que muitas vezes os modelos computacionais propostos para fins educacionais apenas transpõem para o meio virtual um modelo tecnicista de ensino-aprendizagem, muito similar ao que os alunos vivenciam em sala de aula. Esses modelos acabam impedindo o aluno de desenvolver suas habilidades sociais, pois colocam a ênfase educativa na transmissão de conhecimento de forma hierarquizada e passiva, onde o aluno é visto como mero depósito para o conhecimento que será provido pelo professor ou pela máquina.

5 Definamos, com pouco mais de precisão, os elementos envolvidos em tal aprendizagem significativa ou experiencial. Tem ela a qualidade de um envolvimento pessoal – a pessoa como um todo, tanto sob o aspecto sensível quanto sob o aspecto cognitivo, inclui-se no fato da aprendizagem. Ela é auto iniciada. (ROGERS, 1978, p. 21)

Page 23: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

23

É íntima a relação entre o desenho da interface e o desenho instrucional na

aprendizagem eletrônica. A configuração “física” do ambiente virtual de ensino-

aprendizagem (a interface e arquitetura de informação) define os comportamentos sociais

possíveis. No entanto, também é comum que o desenho instrucional conservador e o estágio

da competência digital dos professores e tutores restrinjam a exploração de ferramentas e

possiblidades existentes na plataforma em uso. Projetar e-learning é uma atividade que

combina desenho instrucional, usabilidade, arquitetura da informação e a criação de

materiais de aprendizagem centrada no aprendiz. (SIEMENS, 2001)

Com o fortalecimento da ideia que aprender numa sociedade conectada, com

informação e conhecimento ubíquos, é construir redes internas e externas (SIEMENS, 2004,

2010), a função dos sistemas educacionais, dos professores e dos designers de plataformas

educativas será cada vez mais a de configurar ambientes para a aprendizagem e dar suporte

para a aprendizagem autônoma em redes e comunidades de aprendizagem, e não para a

transmissão de conteúdo. “La tarea de cualquier formador es crear y fomentar una ecología

de aprendizaje que permita que los aprendices mejoren con rapidez y eficacia con respecto

al aprendizaje que tienen.” (GONZÁLEZ, 2010, p. XIX)

Em 2012, paralelamente ao Congresso Virtual Mundial de E-learning,

aconteceu o primeiro MOOC (Massive Open Online Course) na Argentina e, como

uma das atividades do curso, foi realizada uma investigação colaborativa sobre

LMS, com a análise comparativa de 19 plataformas. O resultado foi publicado em

2013 e apresenta uma visão panorâmica do segmento de AVAS existentes no

mercado global (CLARENC, 2013b).

A pesquisa adota a classificação de Clarenc (2013a, p. 5) que agrupa os

LMS em três tipos: uso comercial (ou proprietário), de software livre ou gratuito

(alguns são open source) e os que ficam na nuvem. Ao incluir as plataformas que

ficam na nuvem, o estudo analisa também os ambientes de aprendizagem eletrônica

que já incorporam alguns dos recursos de redes sociais. Estes ambientes não são

considerados propriamente como LMS, sendo muito utilizados para apoiar as

classes presenciais formais e outros tipos de cursos baseados na Web. O estudo

conclui que apesar de existir uma infinidade de plataformas, nenhuma atende

plenamente a todos os requisitos definidos no instrumento de avaliação:

interatividade, flexibilidade, escalabilidade, padronização, usabilidade,

Page 24: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

24

funcionalidade, ubiquidade, persuadabilidade6. As plataformas que foram analisadas

estão detalhadas na figura 2.

Figura 2 – Plataformas analisadas conforme classificação de Clarenc (2013a).

Fonte: Produção da autora a partir de dados de CLARENC, 2013b.

Em relação às teorias pedagógicas e às plataformas para e-learning, Siemens

(2004, p.3) faz as seguintes observações:

Um dogma central da maioria das teorias de aprendizagem é que a aprendizagem ocorre dentro da pessoa. Mesmo a visão construtivista social, que defende que a aprendizagem é um processo realizado socialmente, promove a primazia da pessoa (e seu / sua presença física – i.e. baseado no cérebro) na aprendizagem. Estas teorias não abordam a aprendizagem que ocorre fora da pessoa (i.e. aprendizagem que é armazenada e manipulada através da tecnologia). Elas também falham em descrever como a aprendizagem acontece dentro das organizações.

E conclui:

6 Persuadabilidade é uma palavra composta por dois termos (Persuasão e usabilidade) e envolve a integração e coordenação de quatro características (funcionalidade, usabilidade e ubiquidade e interatividade (CLARENC et al., 2013b).

Page 25: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

25

Muitas questões importantes são levantadas quando as teorias da aprendizagem estabelecidas são vistas através da tecnologia. A tentativa natural dos teóricos é continuar a revisar e desenvolver as teorias na medida em que as condições mudam. Em algum ponto, no entanto, as condições subjacentes se alteraram tão significativamente, que as modificações posteriores não são mais perceptíveis. É necessária uma abordagem inteiramente nova. (p.3).

2.3 Os softwares sociais e o MOOC

Importantes pontos de inflexão na história do e-learning foram, primeiro, a

criação dos softwares sociais e, posteriormente, a criação dos cursos online

massivos e abertos, a modalidade MOOC (Massive Open Online Course). Estes dois

acontecimentos, juntamente com os avanços científicos sobre a cognição humana,

criaram outros contextos para compreensão e exploração da aprendizagem

eletrônica.

Podemos considerar que o surgimento dos softwares sociais potencializou o

acesso às informações, a produção e organização coletiva do conhecimento. E

definitivamente criou a condição para que o aprendiz em EaD saísse da

artificialidade da situação de isolamento na aprendizagem a distância, mesmo que

esta possibilidade não esteja ainda plenamente incorporada nas abordagens

institucionais.

O software social se constitui em um número de tecnologias empregadas para a comunicação entre pessoas e grupos por meio da Internet. Utilizados através de Websites ou aplicativos, o software social visa a comunicação e a organização de informações. O suporte dado à interação estimula que pessoas com interesses semelhantes compartilhem diferentes ideias. O software social pode contribuir também para o debate e negociação de diferenças. Além disso, as possibilidades de publicação na Internet, acessíveis a qualquer internauta, vêm a ser o diferencial mais visível do software social. (PRIMO e BRAMBILLA, 2005, p. 12).

São considerados softwares sociais os blogs, listas de discussão, instant

messengers, plataformas de redes sociais, sites de relacionamento, wikis,

programas de e-mail, e outros dispositivos de interação assíncrona e síncrona.

Segundo Mattar (2013)) uma tentativa de aplicar o modelo conectivista em

larga escala é o MOOC. A expressão se refere a Massive Open Online Course ou,

Page 26: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

26

em português, Curso Online Aberto e Massivo. Em 2008, com repetição nos anos de

2009 e 2011, George Siemens e Stephen Downes ofereceram o que teria sido o

primeiro MOOC – Connectivism and Connective Knowledge, com aproximadamente

2.400 inscritos. Um MOOC é, em princípio, um curso online (que pode utilizar

diferentes plataformas), aberto (gratuito, sem pré-requisitos para participação e que

utiliza recursos educacionais abertos) e massivo (oferecido para um grande número

de alunos).

O espírito do MOOC conectivista é caracterizado por interação e colaboração

entre os integrantes do curso e destes com os dispositivos e conteúdos existentes

na internet. Usa conteúdo disponível gratuitamente na Web e boa parte do conteúdo

é produzido, remixado e compartilhado por seus integrantes durante o próprio curso.

A ideia é que o próprio programa do curso seja emergente, ao invés de estar pré-

definido. Os objetivos de aprendizagem são dos alunos e não da instituição

promotora.

No entanto, a expressão MOOC é hoje utilizada em cursos que seguem

modelos pedagógicos diversificados, que não praticam os princípios conectivistas e

adotam desenhos instrucionais tradicionais (MATTAR, 2013). Siemens (2012), para

diferenciá-los, faz a seguinte classificação:

“Nosso modelo MOOC enfatiza criação, criatividade, autonomia e aprendizagem social em rede. [...] Dito de outra forma, cMOOCs concentram na criação e geração de conhecimento enquanto xMOOCs focam na duplicação do conhecimento.” (Tradução nossa).7

Neste capítulo procurou-se uma visão geral sobre estado da arte do e-

learning. Vimos como de uma atividade solitária, autônoma, a aprendizagem

eletrônica, com o desenvolvimento das tecnologias digitais, tornou-se fortemente

interativa e colaborativa, tendo seu caráter social fortalecido. Considerando o

objetivo da pesquisa, no próximo capítulo, vamos explorar as proposições do

Conectivismo e suas contribuições para atualizar a aprendizagem eletrônica com a

sociedade em rede.

7 Our MOOC model emphasizes creation, creativity, autonomy, and social networked learning. [...] cMOOCs focus on knowledge creation and generation whereas xMOOCs focus on knowledge duplication.

Page 27: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

27

Page 28: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

28

3. CONECTIVISMO: A APRENDIZAGEM EM UM MUNDO EM REDE

Em 2004, George Siemens apresentou, como resultado de uma série de

investigações e experimentações, no artigo “Conectivismo: uma Teoria de

Aprendizagem para a Idade Digital”, uma abordagem que se constituiu como

referência quando se pensa nas mudanças que a educação é desafiada a fazer para

se adequar às necessidades da sociedade conectada.

A teoria, chamada Conectivismo, aborda a aprendizagem como um processo

de criação de redes internas - rede neural - e externas - redes de aprendizagem

pessoal e ecologias de aprendizagem. Procura responder ao desafio da atualização

do conhecimento numa sociedade em que a produção do mesmo rompeu as

barreiras institucionais tradicionais, tem curta validade, é fluído e se encontra em

todo o lugar.

O pesquisador considera que o conhecimento é distribuído, ou seja, está nas

relações entre as pessoas que participam de uma atividade, está no ambiente em

que a experiência acontece e nas ferramentas e dispositivos utilizados. Trata da

aprendizagem como um processo que gira em torno do aprendiz e não do professor

e que é desordenado, caótico, informal e nebuloso.

Conectivismo é a integração de princípios explorados pelo caos, rede, e teorias da complexidade e auto-organização. A aprendizagem é um processo que ocorre dentro de ambientes nebulosos onde os elementos centrais estão em mudança – não inteiramente sob o controle das pessoas. A aprendizagem (definida como conhecimento acionável) pode residir fora de nós mesmos (dentro de uma organização ou base de dados), é focada em conectar conjuntos de informações especializados e as conexões que nos capacitam a aprender mais são mais importantes que nosso estado atual de conhecimento (SIEMENS, 2004, p.5-6).

Conforme González (2010) são variadas as áreas do conhecimento e teorias

que contribuem para a teoria conectivista, destacando entre elas as teorias de redes

(incluindo a análise de redes sociais) dos sistemas complexos e adaptativos e do

caos. O conectivismo se nutre também das descobertas da neurociência e da teoria

do ator-rede. Em relação às teorias de aprendizagem (de caráter psicológico)

Page 29: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

29

González considera que Siemens aproveitou aspectos do instrutivismo e do

construtivismo, mas se diferenciou destas abordagens posteriormente. O mapa

conceitual Learning Theory realizado por Milwood (2013) mostra o Conectivismo na

teia de derivações do Construtivismo, especificamente no Construtivismo Social.

O próprio Siemens (apud MOTA, 2009) reconhece como influências as

seguintes teorias e autores: Lave e Wenger (aprendizagem situada); um pouco de

Papert; Bandura, Bruner e Vygotsky (a aprendizagem social); Stephen Downes

(conhecimento conectivo); Dave Comier (conhecimento rizomático e comunidade

como currículo); McLuhan, com o impacto da tecnologia no que significa ser

humano.

As três grandes teorias pedagógicas criticadas por Siemens e que influenciam

a educação, a produção dos materiais didáticos e o desenho instrucional desde a

primeira metade do século 20 são o Behaviorismo, o Cognitivismo e o

Construtivismo. No quadro 1, podemos ver as principais características destas

teorias. Não obstante suas diferenças, elas estão presentes de forma híbrida, na

área educacional atual, no desenho instrucional, nos jogos eletrônicos e nos objetos

aprendizagem.

Quadro 1 – Teorias pedagógica do século XX: Behaviorismo, Cognitivismo, Construtivismo. Teorias Pedagógicas

Características Comportamentalismo Cognitivismo ConstrutivismoAprendizagem A aprendizagem deve

ser considerada por meio das mudanças observáveis no comportamento dos sujeitos após terem participado de alguma situação de ensino.Reforça estratégias que privilegiem a repetição das experiências e a formação de automatismos nos alunos. Ensinar consiste em transmitir o conhecimento que o aluno absorve, num processo estruturado: abordagem transmissionista.

A aprendizagem está centrada na aquisição ou reorganização das estruturas cognitivas por meio das quais as pessoas processam e armazenam a informação. A aprendizagem é realizada na interação com outras pessoas, e é influenciada pelas emoções e pela afetividade, entre outros fatores. É um processo lógico e linear de interiorização e ressignificação do conhecimento. Os recursos e estratégias didáticas baseados no cognitivismo privilegiam os objetivos educacionais que levam os estudantes a refletir e resolver problemas. Procura estabelecer modelos de processamento das informações e construção do conhecimento. Os principais fatores do Cognitivismo são os fatos e os processos mentais e não as suas contingências.

A aprendizagem é uma construção mental e personalizada do sujeito que aprende. A mesma informação pode ser aprendida de formas distintas, de acordo com os conhecimentos e vivências anteriores de cada aprendiz. O aprendiz constrói uma representação interna do conhecimento, uma interpretação pessoal da experiência. Esta representação está sempre aberta para mudanças, e suas estruturas e associações formam a base para que novas estruturas de conhecimento sejam incorporadas. Princípios: construção ativa a partir de conhecimentos pré-existentes; adaptação; viabilidade (deve ter sentido para o aprendiz); construção social (influência do ambiente de aprendizagem). Não é conteudística, o foco é na aprendizagem e não no conteúdo. A maioria das estratégias devem ser selecionadas no momento da aprendizagem, em vez de serem

Page 30: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

30

predefinidas, como ocorre nos modelos tradicionais de Design Instrucional.

Relação professor-aprendiz

O aluno tem um papel cognitivo passivo, sendo encarado como um mero receptáculo de informações. O professor tem papel de autoridade e objetiva o cumprimento do programa pré-definido. O aluno é passivo, acrítico e mero reprodutor de informação e tarefas.

O professor deve propor problemas aos alunos sem ensinar-lhes a solução, fazendo desafios. Cabe a ele evitar rotina, fixação de respostas, hábitos. Ao aluno tem papel ativo, e deve: observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, justapor, compor, encaixar, levantar hipóteses, argumentar, etc.

O sujeito participante e ativo no processo de aprendizagem. Interação ativa com o conhecimento.

Avaliação

São valorizadas as condutas aprendidas observáveis e mensuráveis Os alunos são avaliados quantitativamente em termos de acertos e erros.

A avaliação é apoiada em múltiplos critérios considerando-se principalmente a assimilação e a aplicação em situações variadas. São muitos os modelos teóricos, com focos particulares e avalições específicas

Aprendizes interpretam diferentemente os mesmos conteúdos, portanto, a avaliação da aprendizagem deve ser flexível, nada rígida, para acomodar essas diferenças de percepção. Incluir a auto avaliação feita pelos alunos.

PrincipaisModelosTeóricos

Condicionamento Clássico (Pavlov e Watson) e o Condicionamento Instrumental ou Operante (Skinner).

Epistemologia Genética de Piaget; Aprendizagem por descoberta de Bruner; Aprendizagem baseada em problemas; Teoria da inclusão de Ausubel; Inteligências múltipla de Gardner; Teoria da elaboração de Reigeluth; Estratégias de Aprendizagem de Gagné; Uso de tecnologias na educação: West, Farmer e Wolf.

Construtivismo radical de Piaget; Socioconstrutivismo de Vigotsky; Construcionismo de Papert.

DesignInstrucional (DI)

O planejamento das situações de ensino está pautado nos resultados que se esperam, que seriam a base dos objetivos educacionais. A partir dos resultados esperados, elabora-se uma sequência linear e estruturada de atividades que garantam a aprendizagem dos conteúdos pré-estabelecidos. O modelo de condicionamento operante tem grande influência no DI através das seguintes estratégias: movimento de objetivos operacionais (com as taxonomias da aprendizagem); máquinas de ensinar e a instrução programada; a aprendizagem

Os objetivos educacionais não se expressam apenas por comportamentos observáveis diretamente. Prevalecem objetivos que exigem raciocínios e atividades mentais que se expressam em posicionamentos, opiniões e resolução de problemas. As estratégias de DI devem orientar os estudantes a refletir e saber analisar o que está sendo proposto. Propõem-se ambientes em que os aprendizes explorem diferenciadas possibilidades de manipulação das informações e que possa facilitar a construção de significados em múltiplas perspectivas. O uso de estratégias com muitas interações entre os participantes e atividades em equipes para a resolução de questões contextualizadas e significativas. Ao considerar a aquisição de conhecimentos como um processo mental, os cognitivistas preocupam-se com o perfil dos aprendizes, seus conhecimentos anteriores e as formas diferenciadas como melhor aprendem. A o professor cabe planejar situações de ensino onde os conteúdos e os métodos pedagógicos sejam

Ênfase na aprendizagem, em vez de no desempenho ou na resposta: os recursos e estratégias didáticas que empregam tecnologias digitais não devem prescrever estratégias instrucionais, mas guiar ou orientar os alunos, sem impor um caminho único para a aprendizagem. Os profissionais responsáveis pela construção e gestão desses recursos e estratégias didáticas, nessa abordagem, devem ter conhecimentos de como as pessoas pensam e aprendem, em vez de saber apenas aplicar modelos de Design predefinidos. Em vez de usar a tecnologia para ensinar conteúdos, os recursos e estratégias didáticas construtivistas devem empregá-la para promover aprendizagens. Os profissionais que atuam na construção e gestão dos recursos e estratégias didáticas precisam organizar pontos de sustentação em que os estudantes possam ser apoiados no processo de construção dos novos significados. A função de análise é o principal objetivo de aprendizagem em cada domínio. Construção de

Page 31: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

31

DesignInstrucional (DI)

assistida pelo computador.

coerentes com o desenvolvimento da inteligência e não com a idade cronológica dos indivíduos. West, Farmer e Wolf propuseram oito estratégias cognitivas visando o uso de tecnologias na educação: chunking; frames; uso de mapas conceituais; uso de organizadores avançados; uso de metáforas, analogias e comparações; rehearsal; imagery; memorização. Os diferentes modelos teóricos oferecem diretrizes específicas para o DI.

ambientes em que os aprendizes explorem as mais diferenciadas possibilidades de manipulação das informaçõese que possam facilitar a construção de significados em múltiplas perspectivas. Uso de estratégias com muitas interações entre os participantes e atividades em equipes para a resolução de questões contextualizadas e significativas para a aprendizagem de todos os participantes.

Representantes

Ivan Petrovich Pavlov, John B. Watson; Buhrrus Frederic Skinner, Benjamin Bloom

Jean Piaget; Jerome Bruner; David Ausubel; Howard Gardner; Charles Reigeluth; Robert Gagné; Charles K. West, James A. Farmer, Phillip M. Wolff.

Seymour Papert (Construcionismo), Leon Vygotsky (Socioconstrutivismo), Jean Piaget (Construtivismo)

Produção da autora com base em dados de KENSKI, 2015a, 2015b; 2015c.

Siemens (2004, 2010) explica que todas consideram o conhecimento como

um objeto ou estado a ser alcançado através do raciocínio ou da experiência. Ao

analisá-las, identifica que têm como dogma central que a aprendizagem ocorre

dentro da pessoa, que é uma experiência interna.

Contrapondo esta abordagem, procura mostrar o que é único na perspectiva

conectivista e destaca cinco ideias:

1. O conectivismo é a aplicação de princípios das redes para definir tanto o conhecimento como o processo de aprendizagem. O conhecimento é definido como um padrão particular de relações e a aprendizagem como a criação de novas conexões e padrões, por um lado, e a capacidade de manobrar através das redes e padrões existentes.2. O conectivismo lida com os princípios da aprendizagem a vários níveis – biológicos/neurais, conceptuais e sociais/externos.3. O conectivismo concentra-se na inclusão da tecnologia como parte da nossa distribuição de cognição e de conhecimento. O nosso conhecimento reside nas conexões que criamos, seja com outras pessoas, seja com fontes de informação, como bases de dados.4. Enquanto as outras teorias prestam uma atenção parcial ao contexto, o conectivismo reconhece a natureza fluida do conhecimento e das conexões com base no contexto.5. Compreensão, coerência, interpretação (sensemaking), significado (meaning): estes elementos são proeminentes no construtivismo, menos no cognitivismo, e estão ausentes no behaviorismo. Mas o conectivismo argumenta que o fluxo rápido e a abundância de informação elevam estes elementos a um patamar crítico de importância (SIEMENS (2008) apud MOTA, 2009, p.118)

Page 32: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

32

Para o pesquisador, o que provoca a obsolescência atual de alguns modelos

de educação é a rapidez com que o conhecimento muda na sociedade conectada.

Em “Conhecendo o Conhecimento”, lançado em 2006, aprofunda a abordagem

sobre as mudanças que estão acontecendo na natureza do conhecimento e nos

contextos onde existe, nas características fluídas do conhecimento no mundo

contemporâneo e nos impactos que tudo isso provoca nas formas de aprender.

Considera que estamos atualmente numa etapa intermediária de mudança nos

modelos organizacionais e que nossa compreensão da vida e dos fenômenos é

influenciada pelos domínios do conhecimento (físico, emocional, cognitivo,

espiritual), pelos tipos de conhecimento (saber fazer, saber onde, saber ser, saber

sobre, saber transformar) e pelos diferentes espaços onde existimos e

experimentamos o conhecimento (coletivo, individual, cultura, sociedade e

organizações).

Além disso, o conhecimento é afetado também por quem o cria (se

especialistas ou amadores); pela forma como é estruturado (conteúdos

preconfigurados ou em redes) e distribuído (em vias de mão única ou em fluxos

interativos); pelo sistema de validação e, por último, pelas formas de aquisição e

implementação: se acontece por meio do acesso ao conteúdo estruturado, pelo

diálogo ou pela reflexão (SIEMENS, 2010).

Com base nesta abordagem complexa, o pesquisador afirma:

Entramos en una nueva era de cognición activa y alerta. No podemos depender por más tiempo de la categorización para cubrir nuestras necesidades en un entorno de rápida evolución y conocimiento global. Debemos contar con una formación en red y desarrollar ecologías de conocimiento. Tenemos que transformarnos en personas diferentes, con hábitos diferentes (SIEMENS, 2010, p.23).

Mantendo a mesma perspectiva de capturar e lidar com a complexidade, ao

se debruçar a sobre questão da aprendizagem, o Conectivismo considera-a:

- caótica: diversificada e desordenada, não sendo previamente definida;

- contínua: em processo de desenvolvimento e comunicação;

- cocriativa: em vez de consumo e aquisição passiva de conteúdos, aprendizes são

cocriadores de conhecimento;

Page 33: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

33

- complexa: a aprendizagem é um processo multifacetado e integrado, qualquer

alteração em um dos seus elementos pode alterar todo o sistema que é complexo e

flexível;

- campo de expertise conectada: a complexidade e a diversidade resultam em

nodos especializados;

- incerta: a certeza fica em suspenso. A tolerância é necessária diante da

ambiguidade e da incerteza (SIEMENS, 2010).

Importantes contribuições ao conceito de aprendizagem conectada e ao

Conectivismo foram feitas por Stephen Downes, com sua abordagem do E-learning

2.0. e dos nativos digitais:

Às vezes chamados de "nativos digitais" e, às vezes chamados de "n-gen", esses novos usuários abordam trabalho, aprendizagem e jogos de novas maneiras.Eles absorvem informações rapidamente, em imagens e vídeo, bem como texto, a partir de várias fontes simultaneamente. Eles operam em "velocidade de contração muscular", esperando respostas instantâneas e feedback. Eles preferem meios aleatórios de acesso "on-demand" para estar em constante comunicação com seus amigos (que podem estar ao lado ou ao redor do mundo), e eles são tão propensos a criar sua própria mídia (ou baixar de outra pessoa) como a comprar um livro ou um CD. (DOWNES, 2005, tradução nossa). 8

Todas as alterações tecnológicas e culturais que estão acontecendo criaram a

condição histórica, o “caldo” para a emergência de uma teoria de aprendizagem

como o Conectivismo, que é inviável se não existir algo como a World Wilde Web,

para mediar e suportar o processo (ANDERSON; DRON, 2012). Dois elementos ou

dispositivos centrais da abordagem conectivista, a rede pessoal de aprendizagem

ou de conhecimento (Personal Learning Network (PLN) e a ecologia de

aprendizagem ou de conhecimento são arranjos constituídos pelo

compartilhamento e na interação entre pessoas, em grande parte utilizando os

recursos da internet e da WEB 2.0.

8  Sometimes called "digital natives" and sometimes called "n-gen," these new users approach work, learning and play in new ways .They absorb information quickly, in images and video as well as text, from multiple sources simultaneously. They operate at "twitch speed," expecting instant responses and feedback. They prefer random "on-demand" access to media, expect to be in constant communication with their friends (who may be next door or around the world), and they are as likely to create their own media (or download someone else's) as to purchase a book or a CD.

Page 34: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

34

A ideia que o conhecimento é relação social e não conteúdo e está disponível

e distribuído nas redes e ecologias de aprendizagem é um dos fundamentos das

teorias conectivista e interacionista sobre aprendizagem:

O conhecimento presente em uma rede não é um objeto, um conteúdo que possa ser arquivado e gerenciado top down. [...]A ideia de capturar objetos para colocá-los na máquina, a ideia de salvar (arquivar) configurações do passado, constituiu o caminho para a construção de conhecimento nas sociedades estáticas. As teorias do conhecimento pressupostas por essa ideia podiam ser, na melhor das hipóteses, construtivistas, mas não podiam ser conectivistas e, muito menos, interativistas. Não é por acaso que construtivismo gerava escolas (burocracias do ensinamento) enquanto que interativismo vai gerando inevitavelmente não-escolas (redes de aprendizagem) (FRANCO, 2010, p.48).

A riqueza de uma ecologia está relacionada à presença de diversidade de

conhecimentos, dispositivos tecnológicos e de oportunidades de acesso livre e direto

aos nodos (pessoas, organizações, dispositivos). É um ambiente de conhecimento

compartilhado, cuja organização distribuída, fomenta as conexões e fontes de

conhecimento, dando lugar à circulação do mesmo, sem obstruções. São leves,

dinâmicas, adaptáveis, confusas e caóticas. No Conectivismo, elas são o ambiente

onde as redes pessoais de aprendizagem ancoram. Os ambientes, para se

constituírem numa ecologia conectivista, devem observar certas características, que

vão permitir o fluxo livre da aprendizagem e da criação do conhecimento, descritas

no quadro 2.

Quadro 2 - Características de uma ecologia de aprendizagem. CARACTERÍSTICAS DE UMA ECOLOGIA DE APRENDIZAGEM

INFORMAL, NÃO ESTRUTURADA

O sistema deve ter flexibilidade suficiente para que os aprendizes criem, aprendam e interajam de acordo com suas necessidades.

RICA EM FERRAMENTAS

Muitas oportunidades para o diálogo e para a aprendizagem

CONSTÂNCIA Deve haver atividades constantemente.

CONFIANÇASegurança no ambiente, comodidade e contato social, seja presencial ou pela internet.

SIMPLICIDADESão mais efetivas as abordagens simples e sociais, interativas. A seleção das ferramentas e a criação das plataformas deve considerar a simplicidade.

Page 35: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

35

DESCENTRALIZADA, FOMENTADA, CONECTADA

Deve permitir que os aprendizes possam definir suas interações e formar conexões, atuando como nodos autônomos em um todo agregado.

ALTA TOLERÂNCIA À EXPERIMENTAÇÃO E AO ERRO

A inovação é função da experimentação, da casualidade e do erro. A inovação e a partilha, e os processos organizativos devem apoiar-se na tolerância e no espírito investigativo.

Fonte: SIEMENS, 2010, p.89, tradução nossa.

A rede pessoal de aprendizagem é um conceito baseado na Web 2.0 e na

existência de softwares sociais e na ideia de que a aprendizagem acontece em

diferentes contextos, de diferentes formas e é impulsionada pelo interesse do

aprendiz. O conceito não está relacionado ao crowdsourcing9. A rede pessoal de

aprendizagem considera a inteligência individual e sua amplificação ao conectar com

outros, aumentando o valor do indivíduo.

Em sua revisão das críticas ao Conectivismo, Mota (2009) aponta o artigo

Connectivism: Learning theory of the future or vestige of the past?, de Rita Kop e

Adrian Hill (2008) que analisam as propostas de Siemens e Downes, incorporando

outras vozes mais críticas, como as de Pløn Verhagen (2006) e Bill Kerr (2007).

Entre as questões levantadas estão a falta de novidade em relação as outras teorias

e resistência (Verhagen) à ideia de que a aprendizagem possa estar em dispositivos

não humanos. “Contudo, estes autores não deixam de reconhecer que o

Conectivismo está a ter um papel importante no aparecimento e no desenvolvimento

de novas pedagogias ...” (MOTA, 2009, p.112).

3.1 Princípios do conectivismo e habilidades para a idade digital

Como foi dito, o Conectivismo está embasado em certos postulados, um

conjunto de princípios, apresentados por Siemens, em 2004, no artigo “Uma teoria

da aprendizagem para a idade digital”, que sustentam suas proposições. Uma

perspectiva modeladora da teoria é a de que:

9 Crowdsourcing é o processo de obtenção de serviços, ideias ou conteúdo necessários solicitando contribuições de um grupo variado de pessoas e, especialmente, a partir de uma comunidade on-line, ao invés de usar fornecedores tradicionais como uma equipe de funcionários contratados. É uma produção colaborativa e não individual.

Page 36: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

36

...as decisões são baseadas em fundamentos que mudam rapidamente. Novas informações estão sendo continuamente adquiridas. A habilidade de distinguir entre informações importantes e não importantes é vital. A habilidade de reconhecer quando novas informações alteram o panorama baseado em decisões tomadas ontem, também é crítica. (SIEMENS, 2004, p.6).

Como já vimos, o ponto de partida da abordagem conectivista é o aprendiz e

procura oferecer a ele condições de atualização do conhecimento, a partir das

conexões que faz. Isto acontece com a aplicação dos seguintes princípios:

- Aprendizagem e conhecimento apoiam-se na diversidade de opiniões.- Aprendizagem é um processo de conectar nós especializados ou fontes de informação.- Aprendizagem pode residir em dispositivos não humanos.- A capacidade de saber mais é mais crítica do que aquilo que é conhecido atualmente.- É necessário cultivar e manter conexões para facilitar a aprendizagem contínua.- A habilidade de enxergar conexões entre áreas, ideias e conceitos é uma habilidade fundamental.- Atualização (“currency” – conhecimento acurado e em dia) é a intenção de todas as atividades de aprendizagem conectivistas.- A tomada de decisão é, por si só, um processo de aprendizagem. - Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é enxergar através das lentes de uma realidade em mudança. Apesar de haver uma resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã devido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a decisão. (SIEMENS, 2004, p.6).

Estes princípios estão relacionados às seguintes tendências da sociedade

contemporânea:

- Alterações na aprendizagem, causadas pela diversidade de papeis,

tarefas e profissões que uma pessoa tem que desempenhar ao longo da vida;

relevância crescente da aprendizagem informal; integração da aprendizagem com o

trabalho; reestruturação de nossos cérebros e da forma como pensamos graças à

imersividade tecnológica; conexão entre a aprendizagem individual e a

organizacional; processamento cognitivo de informações suportado pela tecnologia;

“saber onde” encontrar o conhecimento e estar conectado com fontes de nova

informação suplanta a importância do “saber como” e “saber o quê”.

Page 37: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

37

- Uso de tecnologias e de redes gerando ubiquidade crescente do

conhecimento, da informação e da própria tecnologia.

- Diminuição do tempo de vida do conhecimento, com o crescimento

exponencial do conhecimento e sua rápida renovação. Numa situação dessas,

tornam-se críticas a rápida avaliação, a tomada de decisões e saber agir, mesmo

sem uma compreensão completa, o que pode ser feito com base na capacidade de

reconhecer e sintetizar padrões e conexões. (SIEMENS apud MONTEIRO, 2013).

Segundo a Association of College and Research Librarie, apud Siemens

(2010), as habilidades específicas relacionadas com a aquisição, avaliação e

utilização da informação, são as seguintes: focar, filtrar, conectar, ser empático, criar

e extrair significado, avaliar e autenticar, validar, ser crítico e criativo, reconhecer

padrões, navegar, aceitar a incerteza, contextualizar.

Nesta resumida introdução à teoria do Conectivismo apresentamos os

conceitos fundamentais; a relação da teoria com outras, preexistentes e coetâneas;

as questões de contexto cultural que procura responder. Para complementar esta

apresentação, no Anexo, página 46, usando o recurso da Realidade Aumentada,

apresentamos um gatilho, que leva a um vídeo que mostra uma rotina de

aprendizagem conectivista. No próximo item iremos identificar as contribuições do

Conectivismo para o desenho instrucional e de interface para e-learning, objetivo

central deste trabalho.

3.2 Contribuições do Conectivismo para o desenho instrucional e de interfaces

Segundo Pierce ([s.d.]) a expressão pode ser entendida com a união de dois

campos do conhecimento: o design (resultado de um processo ou atividade, em

termos de forma e funcionalidade, com propósitos e intenções definidas) e a

instrução (atividade de ensino que utiliza a comunicação para facilitar a

aprendizagem). O autor define o conceito como:

Ação intencional e sistemática de ensino que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de: métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais; em situações didáticas específicas. Objetivando promover a aprendizagem humana.

Page 38: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

38

Conforme SIEMENS (2002) no e-learning, o desenho instrucional (DI) é a

ponte entre os mundos da educação e da tecnologia e é a forma como a

aprendizagem e não a tecnologia ocupa o centro do processo no ensino eletrônico.

Na perspectiva do autor, o desenho instrucional pode ser constantemente avaliado,

já que todas as atividades desenvolvidas nas plataformas deixam rastros, pois tudo

o que é feito está registrado, conferindo alto grau de transparência ao processo de

ensino-aprendizagem em curso, o que pode servir para seu aperfeiçoamento.

No entanto, o pesquisador, no artigo Learning Development Cycle: Bridging

Learning Design and Modern Knowledge Needs, em seu blog, em 2005, considera

que o DI abrange apenas parte da experiência de aprendizagem, já que cursos

(aprendizagem formal) não conseguem responder aos desafios do ritmo atual de

desenvolvimento da informação:

Apesar dos avanços na neurociência, a tecnologia colaborativa, e ambiente de negócios globalizado, a aprendizagem ainda é amplamente baseado em teorias de design criadas durante o início de 1900 para 1960. O ambiente em que estamos imersos mudou. Mídia e tecnologia mudaram. O ambiente social foi alterado. O mundo está em rede e conectado. Neste ambiente de mudança colossal, as metodologias de projeto utilizadas para promover a aprendizagem permanecem estranhamente desatualizadas - criadas para um tempo e necessidade, que já não existem. (SIEMENS, 2005. Tradução nossa.)10

Uma questão relevante em relação ao desenho instrucional, na visão do

Conectivismo, é a definição dos objetivos de aprendizagem, que na abordagem

tradicional é realizada pelos especialistas e não pelo aluno, tampouco com a

participação deste. Como consequência, a maioria dos aprendizes (adultos) prefere

perseguir objetivos auto definidos de aprendizagem.

A recomendação é que se abandone a perspectiva de desenho instrucional

pela de criação de projeto para a aprendizagem, com centralidade no aluno11. O

10 In spite of advances in neuroscience, collaborative technology, and globalized business climate, learning is still largely based on design theories created during the early 1900’s to 1960’s. The environment in which we are immersed has changed. Media and technology has changed. The social environment has been altered. The world has become networked and connected. In this environment of colossal change, the design methodologies used to foster learning remain strangely outdated – created for a time and need which no longer exist.11 Aluno-centrismo: “...os pressupostos que os alunos são adultos, auto motivados, responsáveis pela própria aprendizagem, devem ser respeitados, bem como exercer controle sobre seus resultados de aprendizagem...” (WINER, RUSHBY E VAZQUEZ-ABAD apud SIEMENS, 2005. Tradução nossa).

Page 39: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

39

ponto de partida é a escolha de uma concepção de aprendizagem, e então avaliar e

escolher teorias de aprendizagem e abordagens de desenho instrucional

adequadas.

O Conectivismo propõe a criação de ecologias de aprendizagem ao invés de

plataformas tipo LMS para gestão de cursos, pois as ecologias são estruturas que

estimulam a aprendizagem contínua, e recomenda que ofereçam entre suas

funcionalidades:

um espaço para educadores e aprendizes se conectarem; um espaço para a auto expressão e autoria (blog, revista); um espaço para debate e diálogo (listserv, fórum de discussão, reuniões abertas); um espaço para procurar conhecimento arquivado (portal, Website); um espaço para aprender de uma forma estruturada (cursos, tutoriais); um espaço para comunicar novas informações e conhecimentos que indiquem mudança dentro do campo de prática (notícias, pesquisas) (SIEMENS, 2005).

Enquanto as teorias instrucionais iniciam o planejamento com a definição dos

objetos de aprendizagem, ao desenhar-se uma ecologia de aprendizagem os

objetivos não se relacionam com o conteúdo programático, mas com a dimensão ou

tipo de aprendizagem para o qual se está projetando: transmissão, acreção,

emergência e aquisição. Para cada dimensão da aprendizagem há teorias e

metodologias adequadas. A visão tradicional da educação atende à aprendizagem

na dimensão da transmissão. Usualmente as outras dimensões não são exploradas

ou são pouco exploradas na educação formal.

Além da definição dos objetivos, mais dois aspectos são considerados

relevantes para o Conectivismo em relação aos requisitos do projeto de

aprendizagem e da ecologia da aprendizagem: a atualização do conteúdo, já que os

cursos são estáticos, enquanto o conhecimento é dinâmico, e a possibilidade de fácil

localização, pelo aprendiz, de conteúdo significativo para a ação ou necessidade

que o está motivando.

Los diseñadores de contenido necesitan compreender la naturaleza de la vida de la vida media del conocimento em su campo de estúdio y assegurarse de que seleciona las ferramentas adecuadas con

Page 40: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

40

objeto de mantener el contenido actualizado para los aprendices. [...] Sistemas de gestión de contenidos, agregadores, búsquedas inteligentes, y otras herramientas, forman parte de la estructura general para que el contenido esté al día. (SIEMENS, 2010, p.38)

Entre os fatores que influem na concepção e desenvolvimento do projeto e da

ecologia de aprendizagem, Siemens (2005) elenca: tempo para concepção e

desenvolvimento do projeto; a natureza das partes interessadas; capacidade da

organização em responder às demandas; as necessidades dos alunos; acesso à

tecnologia (a abordagem conectivista é intimamente relacionada à internet, Web 2.0

e softwares sociais), alinhamento estratégico (como o projeto funciona no contexto

da organização?); a existência de especialistas para suporte; a disponibilidade de

recursos (tempo, experiência, dinheiro).

Siemens (2005) considera que os especialistas em desenho instrucional,

apesar de todas as mudanças que estamos vivendo no campo da educação e da

aprendizagem, continuam desempenhando um papel importante, desde que

considerem os diferentes domínios da aprendizagem, do conhecimento e as

possibilidades da aprendizagem social que emergem no universo tecnológico

contemporâneo:

Em última análise, os designers continuam a desempenhar um papel crucial na experiência de aprendizagem. Contabilizar diferentes objetos de design (em vez de apenas instrução) cria uma integração mais estreita com as nuances únicas de aprendizagem hoje. O mundo monocromático de desenho de cursos é substituído por um ambiente vibrante, onde a aprendizagem ocorre em um ecossistema integrado. Aprender é um fluxo contínuo, ao invés de um reservatório represado.12

12 Ultimately, designers continue to play a crucial role in the learning experience. Accounting for varying objects of design (instead of only instruction) creates a tighter integration with the unique nuances of learning today. The monochromatic world of course design is replaced with a vibrant environment where learning occurs in an integrated ecosystem. Learning is a continuous stream, rather than a dammed up reservoir.

Page 41: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

41

CONSIDERAÇÕES

Um grande ganho para os sistemas educativos em geral, intrínseco à

abordagem conectivista, é a combinação da aprendizagem formal com a informal,

pois possibilita um processo híbrido que integra a educação formal à vida como ela

acontece atualmente, ganhando mais características de fluxo que de represa.

Generalizando, pode-se dizer que, no Brasil, vivemos uma situação estranha, em

que as salas de aula são dos únicos lugares (ditos de conhecimento) não

conectados. Muitas vezes, mesmo quando há o uso de TIC e internet, os projetos

pedagógicos ainda não se conectaram com as demandas educativas da sociedade

em rede.

Do ponto de vista do e-learning, a atualização do desenho instrucional seria

facilmente escalável, de forma a representar uma mudança significativa no campo,

se os cursos para formação de especialistas em DI integrassem os autores que

trabalham com a sociedade em rede, com a fenomenologia da interação, derivada

da ciência de redes e com a aprendizagem social, avançando além de Vygotsky e

Piaget, inegavelmente grandes pensadores, mas viveram num mundo pré-TIC.

Pesquisadores coetâneos como Humberto Maturana, Francisco Varela, George

Siemens, Howard Rheingold, Nicholas Cristakis, Manuel Castells, entre tantos

outros, precisam ser incluídos na bibliografia de cursos de formação de especialistas

em DI e de outras especialidades que trabalham com Educação. Identificamos

também a necessidade de realização de pesquisas acadêmicas que contribuam

para atualizar a formação dos professores de todos níveis da educação com as

transformações culturais que estão acontecendo. Só acessando conhecimento e

práticas atualizadas e inovadoras é que mudaremos as abordagens e práticas

educacionais baseadas no comportalismo e cognitivismo que dominam o campo da

Educação no Brasil, o que tem sido exaustivamente relatado em trabalhos de pós-

graduação.

Da mesma forma que as mudanças tecnológicas impactaram diversos

campos da vida social, a Educação também está sob enorme pressão. Com base na

pesquisa realizada, o Conectivismo, com sua abordagem complexa e aberta pode

Page 42: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

42

contribuir para a renovação do sistema educativo, em especial na área do e-

learning.

Como fazer para que o conhecimento que circula apenas no pico da pirâmide

do sistema educacional (pós-graduação) se distribua e transforme o sistema

educacional em uma ecologia viva de aprendizagem?

Page 43: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

43

REFERÊNCIAS

APDSI. Glossário. 2011. Disponível em: <http://www.apdsi.pt/index.php/portugues/menu-secundario/glossario.html>. Acesso em: 18 jul. 2015.

ANDERSON, Terry; DRON, Jon. Três gerações de pedagogia de educação à distância. Ead em Foco, Rio de Janeiro, n. 2, p.119-134, nov. 2012. Disponível em: <http://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/viewFile/162/33>. Acesso em: 12 maio 2015.

BALBINO, Jaime. Re. AVA e LMS são sinônimos? [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: <http://www.listas.unicamp.br/mailman/listinfo/ead>. Em: 15 jul. 2015.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra. [20--]. v. 1. 286 p. Disponível em: < https://kamenezes.wordpress.com/2014/04/23/a-sociedade-em-rede-manuel-castells-mais-um-livro-bacana/>. Acesso em 12 ago. 2015.

CLARENC, Claudio A. (2013a). Instrumento de evaluación y selección de sistemas de gestión de aprendizaje y otros materiales digitales: Medición y ponderación de LMS y CLMS, recursos educativos digitales y herramientas o sítios de la WEB 3.0. Congreso Virtual Mundial de e-Learning, Grupo GEIPITE. Disponível em: <http://es.scribd.com/doc/175057118/Instrumento-evaluacion-LMSmateriales-digitales-recursos-web30>. Acesso em: 3 ago. 2015.

CLARENC, C. A. (Org.). Analizamos 19 plataformas de e-Learning: Investigación colaborativa sobre LMS. Grupo GEIPITE, Congreso Virtual Mundial de e-Learning. 2013b. Disponível em: <http://www.congresoelearning.org/page/19-plataformas--e-learning-primera-investigacion-colaborativa>. Acesso em: 3 ago. 2015.

CONECTIVISMO em linguagem simples. Direção de Wendy Drexler. Produção de Wendy Drexler. Estados Unidos: Wendy Drexler, 2008. (5 mine 9 seg.), son., color. Legendado. Tradução de Luiz Fernando Meirelles. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FilsIrm8OZU>. Acesso em: 10 jul. 2015.

CORREIA, Luís Grosso; PINHEIRO, Bruno. E-learning: perspectiva histórica de um processo em curso. Revista da Flup, Porto, v. 2, p.195-216, 2012. Disponível em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/11324.pdf>. Acesso em: 12 maio 2015.

Page 44: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

44

DOWNES, Stephen. E-Learning 2.0. 2005. Disponível em: <http://www.downes.ca/post/31741>. Acesso em: 12 jul. 2015.FRANCO, Augusto de. Fluzz: vida humana e convivência social nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio. 2011. Publicação do autor apenas na internet. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/augustodefranco/fluzz-srie-completa?related=1>. Acesso em: 18 maio 2015.

FRONTEIRAS DO PENSAMENTO. Manuel Castells explica a obsolescência da educação contemporânea. 2014. Disponível em: <http://www.fronteiras.com/noticias/manuel-castells-explica-a-obsolescencia-da-educacao-contemporanea-1427125019>. Acesso em: 7 jun. 2015.

GOMES, Maria João. E-learning: reflexões em torno do conceito. In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO, 4, 2005, Braga. Challenges'05: actas do Congresso Internacional sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação. Braga: Centro de Competência da Universidade do Minho, 2005. p. 229 - 236. Disponível em: <https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/2896/1/06MariaGomes.pdf>. Acesso em: 9 ago. 2015.

GONZÁLEZ, Fernando Santamaría. Introduccion: La era conectiva: por la desorden natural de los artefactos y nodos. In: SIEMENS, George. Conociendo el conocimiento. [S.l.]: Ediciones Nodo Ele, 2010. p. 1-14. Disponível em: <http://www.nodosele.com/conociendoelconocimiento/?page_id=2>. Acesso em: 5 maio 2015.

HARAWAY, Donna J. Manifesto ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: HARAWAY, Donna J.; KINZRU, Hari; TADEU, Tomaz. Antropologia do ciborgue: As vertigens do pós-humano. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. p. 35-118. Organização e tradução: Tomaz Tadeu. Disponível em: <https://mairakubik.files.wordpress.com/2012/06/86532011-haraway-donna-kunzru-hari-antropologia-do-ci>. Acesso em: 14 jul. 2015.

KENSKI, Vani. Teorias e Abordagens Pedagógica: fundamentos do Cognitivismo. Atualização de Janine Schultz. Apostila do curso Tecnologias na Aprendizagem: Senac. 2015a. 10 p.

______. Teorias e Abordagens Pedagógicas: fundamentos do Behaviorismo. Atualização de Janine Schultz. Apostila do curso Tecnologias na Aprendizagem. Senac: 2015b. 12 p.

______. Teorias e Abordagens Pedagógicas: fundamentos do Construtivismo. Atualização de Janine Schultz. Apostila do curso Tecnologias na Aprendizagem: Senac: 2015c. 12 p.

Page 45: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

45

MATTAR, João. Aprendizagem em ambientes virtuais. Teorias, Conectivismo e MOOCs: Teorias, Conectivismo e MOOCs. Teccogs: Revista digital de tecnologias cognitivas, São Paulo, v. 7, n. 0, p.21-40, jan./jun. 2013. Semestral. Disponível em: <http://www4.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/edicoes-passadas.html#ed7>. Acesso em: 04 ago. 2015.

MILLWOOD, Richard. Learning Theory. Disponível em: https://cmapscloud.ihmc.us/viewer/cmap/1NZGHPX01-1R6LN24-3LVT. Acesso em: 23 maio 2015.

MIRANDA, Guilhermina Lobato. Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo: Revista da Ciências da Educação, Lisboa, n. 3, p.41-50, 2007. Quadrimestral. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012617.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2015.

MONTEIRO, Vera Cristina Casas Novas Marques da Cunha. Recriar espaços e ambientes de aprendizagem: Uma nova perspectiva sobre comunidades virtuais de aprendizagem para jovens. 2013. 357 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação A Distância e E-learning, Universidade Aberta Portugal, Lisboa, 2013. Disponível em: <https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/2945>. Acesso em: 12 jun. 2015.

MOODLE. Pedagogy: Social Constructionism as a Referent. 2014. Disponível em: <https://docs.moodle.org/29/en/Pedagogy>. Acesso em: 23 jun. 2015.

MOTA, José Carlos. Da Web 2.0 ao e-learning 2.0: aprender na rede. 2009. 187 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pedagogia do E-learning, Ciências da Educação, Universidade Aberta Portugal, [s.l.], 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10400.2/138>. Acesso em: 2 maio 2015.

OLIVEIRA, Fátima Regis de; PIZZI, Fernando; GONÇALVES, Márcio Souza. Ciborgue: humano e comunicação. Ghrebh: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação e Cultura e de Teoria da Mídia, São Paulo, n. 6, p.0-0, nov. 2004. Quadrimestral. Disponível em: <http://revista.cisc.org.br/ghrebh6/artigos/06fatima.htm#>. Acesso em: 12 maio 2015.

PIERCE, Régio. Design Instrucional. Objeto de aprendizagem. Disponível em:<http://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/design-instrucional/index.html>. Acesso em 8 ago. 2015.

PRIMO, Alex; BRAMBILLA, Ana Maria. Social Software e construção do conhecimento. Redes Com, Espanha, n. 2, p. 389-404, 2005. Disponível em:

Page 46: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

46

<http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/softconhecimento.pd>. Acesso em 8 ago. 2015.

REDE DE BIBLIOTECAS DO SENAC SÃO PAULO (Org.). Guia de normalização de monografias, dissertações e teses. São Paulo. 2014. 85 p. Disponível em: <http://www3.sp.senac.br/hotsites/campus_santoamaro/cd/arquivos/biblioteca/guia_normatizacao.pdf>. Acesso em: 20 maio 2015.

ROGERS, Carl R. Liberdade para aprender. 4. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1978.

SERRÃO, Tássia et al. Construção Automática de Redes Sociais Online no Ambiente Moodle. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO, 22. 2011, Aracajú. Anais do XXII SBIE - XVII WIE. [s.l.]: Sbc, 2012. p. 924 - 933. Disponível em: <http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/sbie/2011/00117.pdf >. Acesso em: 22 jun. 2015.

SIEMENS, George. Conectivismo: Uma teoria de aprendizagem para a Idade Digital. 2004. Disponível em: <https://www.academia.edu/7573922/CONECTIVISMO_Uma_Teoria_de_Aprendizagem_para_a_Idade_Digital>. Acesso em: 10 maio 2015.

_______. Conociendo el conocimiento. [s.l.]: Nodos Ele, 2010. 180 p. Tradução por Lola Torres, David Vidal, Emilio Quintana, Victoria Castrillejo. Disponível em: < http://www.nodosele.com/editorial/>. Acesso em: 10 maio 2015.

_______. Designing Elearning. 2001. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/doing/designing.htm>. Acesso em: 01 ago. 2015.

_______. Instructional Design in Elearning. 2002. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/Articles/InstructionalDesign.htm>. Acesso em: 12 jul. 2015.

______. Learning Development Cycle: Bridging Learning Design and Modern Knowledge Needs. 2005. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/Articles/ldc.htm>. Acesso em: 10 ago. 2015.

_______. Moocs are really a platform. 2012. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/blog/2012/07/25/moocs-are-really-a-platform/>. Acesso em: 06 ago. 2015.

Page 47: Conectivismo: contribuições ao e-learning na sociedade em rede

47

ANEXO

Para compartilhar o vídeo “Conectivismo em linguagem simples estamos

usando a técnica Realidade Aumentada.

Para visualizá-lo você precisa de um dispositivo móvel conectado à Internet.

1 – Instale o aplicativo Aurasma no seu dispositivo (smartfone ou tablet).

2 – Imprima a página do Anexo com a imagem “O que é o Conectivismo”. É

possível acionar a Realidade Aumentada na tela do desktop, mas nem sempre

funciona.

2 - Abra o aplicativo e toque na seta no pé da tela. Vai abri uma tela com uma

caixa de pesquisa. Coloque nela o nome viviamaral e busque. Na nova tela vai

aparecer minha página de “auras”. Toque em qualquer das imagens e na nova tela

clique em Follow e Liked.

3 – Clique na função "câmera" no menu do AURASMA (entre o "+" e a "lupa")

e focalize a imagem “O que é o Conectivismo”. Quando as bolinhas pararem de

fazer o movimento fora e dentro, e ficarem pulsando aguarde. O aplicativo está

carregando o vídeo que logo deve aparecer na tela.

Figura 3 – Gatilho para Realidade Aumentada.

Fonte: Produzido pela autora.