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9| Auxílios de Estado 9| Princípio da proporcionalidade 9| Regulamento sobre a itinerância 9| Segredo profissional dos Advogados UNIÃO EUROPEIA CONCORRÊNCIA 2| Acordos verticais: novas regras 4| Auxílios de Estado e SIEG 4| Novos tribunais para Concorrência, Regulação e Propriedade Intelectual 4| AdC condena a OTOC REGULAÇÃO 5| Agenda digital para a Europa 6| Comunicações electrónicas: relatórios anuais 2009 7| Audiovisual: directiva e nova lei 8| Política fiscal em Portugal Concorrência | Regulação | União Europeia EDITORIAL Bem-vindos à segunda Aware de 2010 da Área de Prática de Concorrência, Regulação e União Europeia. Nesta edição merece destaque a adopção a nível europeu do novo Regulamento de isenção por Categoria relativo a Acor - dos de Distribuição, um normativo com enorme impacto sobre todas as empresas que assentem o seu negócio em circuitos de distribuição, seja no mundo offline, seja no mundo online. A nível nacional destacamos a criação de Tribunais especia- lizados em Santarém para assuntos de Concorrência, Regula- ção e Supervisão, por um lado, e Propriedade Intelectual, por outro. Tendo a respectiva localização geográfica provocado já comentários de vária ordem, aguardam-se com curiosidade da parte do Governo os detalhes acerca novidade. Sublinhamos igualmente a transposição da Directiva “Ser - viços de Comunicação Social Audiovisual” e a consequente revisão em curso da Lei da Televisão e do Código da Publici - dade. Trata-se de alterações com impacto estrutural na activi - dade de media & telecom. Last but not least ”, assinale-se a Primeira Conferência Luso- Espanhola de Direito da Concorrência, organizada em Lisboa nos dias 1 e 2 de Julho pelo Círculo de Advogados Portugue- ses de Direito da Concorrência e pela associação congénere espanhola. É de saudar a primeira iniciativa pública do Cír - culo que decorreu com grande sucesso! O Círculo demonstra assim toda a sua potencialidade como fórum independente de discussão de assuntos de concorrência. Boa leitura! Miguel Mendes Pereira [email protected] Newsletter 35 Abril - Junho | 2010 aware

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9| Auxílios de Estado

9| Princípio da proporcionalidade

9| Regulamento sobre a itinerância

9| Segredo profissional dos Advogados

UNIÃO EUROPEIACONCORRÊNCIA

2| Acordos verticais: novas regras

4| Auxílios de Estado e SIEG

4| Novos tribunais para Concorrência, Regulação e Propriedade Intelectual

4| AdC condena a OTOC

REGULAÇÃO

5| Agenda digital para a Europa

6| Comunicações electrónicas:

relatórios anuais 2009

7| Audiovisual: directiva e nova lei

8| Política fiscal em Portugal

Concorrência | Regulação | União Europeia

EDITORIAL

Bem-vindos à segunda Aware de 2010 da Área de Prática de Concorrência, Regulação e União Europeia.

Nesta edição merece destaque a adopção a nível europeu do novo Regulamento de isenção por Categoria relativo a Acor-dos de Distribuição, um normativo com enorme impacto sobre todas as empresas que assentem o seu negócio em circuitos de distribuição, seja no mundo offline, seja no mundo online.

A nível nacional destacamos a criação de Tribunais especia-lizados em Santarém para assuntos de Concorrência, Regula-ção e Supervisão, por um lado, e Propriedade Intelectual, por outro. Tendo a respectiva localização geográfica provocado já comentários de vária ordem, aguardam-se com curiosidade da parte do Governo os detalhes acerca novidade.

Sublinhamos igualmente a transposição da Directiva “Ser-viços de Comunicação Social Audiovisual” e a consequente revisão em curso da Lei da Televisão e do Código da Publici-dade. Trata-se de alterações com impacto estrutural na activi-dade de media & telecom.

“Last but not least”, assinale-se a Primeira Conferência Luso-Espanhola de Direito da Concorrência, organizada em Lisboa nos dias 1 e 2 de Julho pelo Círculo de Advogados Portugue-ses de Direito da Concorrência e pela associação congénere espanhola. É de saudar a primeira iniciativa pública do Cír-culo que decorreu com grande sucesso! O Círculo demonstra assim toda a sua potencialidade como fórum independente de discussão de assuntos de concorrência.

Boa leitura!

Miguel Mendes [email protected]

Newsletter 35

Abril - Junho | 2010

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CONCORRÊNCIA

EUROPA

Contratos de Distribuição - Novo Regulamento de Isenção por Categoria

Foi adoptado no passado dia 20 de Abril o – muito aguardado – novo Regulamento de Isenção por categoria relativo aos acordos de distribuição de bens e serviços (disponível no Link: >>>), acom-panhado das respectivas Orientações (disponíveis no Link: >>>). As novas regras entrarão em vi-gor em Junho deste ano e serão válidas até 2022, sendo definido um período de transição de um ano.

As regras de Isenção por Categoria são particu-larmente importantes para as PME, pois permitem desonerar as empresas dos custos para assegu-rar a conformidade dos seus contratos de distri-buição com as regras de direito da concorrência.

O novo Regulamento mantém como princípio a possibilidade dos produtores e distribuidores contratarem livremente, desde que os seus acordos de distribuição não contenham graves restrições da concorrência, tais como a fixação do preço de revenda ou a restrição de importações paralelas.

Por outro lado, o facto de o produtor/fornece-dor ter uma quota de mercado não superior a 30% já não é um critério suficiente para benefi-ciar duma isenção por categoria: o novo Regu-lamento estabelece que também a quota do distribuidor/comprador não deverá ultrapassar o patamar dos 30%. Esta alteração pretende adequar as regras de Isenção à realidade dos mercados, onde os distribuidores gozam também eles de poder de mercado, protegendo-se assim as PME que são as principais prejudicadas pelas restrições verticais impostas pelos distribuidores.

Os limiares estabelecidos no Regulamento servem apenas para identificar os acordos que beneficiam de uma isenção automática, não havendo qualquer presunção de ilegalidade dos acordos entre empre-sas com quota de mercado acima de tais limiares.

As vendas online foram igualmente objecto de importantes inovações. A Comissão pretende promover este tipo de comércio, uma vez que o mesmo garante aos consumidores uma

escolha mais diversificada e preços mais com-petitivos. Nesta perspectiva, o novo Regulamen-to de Isenção impede que os fabricantes impo-nham aos seus distribuidores regras desiguais consoante a venda seja realizada na Internet ou num estabelecimento físico. Mas não se exclui em absoluto a possibilidade do produtor cobrar ao distribuidor um valor mais elevado pelas vendas feitas online, desde que destas derivem efectivamente custos adicionais para o produtor.

A questão do comércio em linha assume também particular relevância no que toca à questão da dis-tinção entre vendas “activas” e “passivas”, dado que no espaço virtual a diferença entre os dois tipos de vendas é naturalmente mais ténue. Man-teve-se o princípio geral de que o simples facto dos produtos/serviços serem apresentados através de um site na Internet não constitui uma forma de venda activa, pois trata-se, efectivamente, de um modo tão legítimo como qualquer outro de permitir aos clientes terem acesso à gama dos produtos e contactarem o distribuidor. O facto de os produtos/serviços serem acessíveis a um maior número de clientes resulta unicamente de a Inter-net permitir o acesso aos produtos/serviços ofe-recidos online, a partir de qualquer local geográfico. O novo texto analisa ainda as implicações das vendas online relativamente a cada uma das restrições graves da concorrência e as possíveis justificações para tais restrições (como por exemplo a imposição de padrões de qualidade no âmbito da distribuição selectiva). Embora não tenham de ser idênticas às impostas a outros tipos de venda, as restrições às vendas online devem prosseguir os mesmos objectivos.

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CONCORRÊNCIA

EUROPA (continuação)

Revisão das regras sobre acordos horizontais

A Comissão Europeia tornou públicas no dia 4 de Maio as suas propostas de revisão das regras sobre os acordos de cooperação horizontal, consagradas em dois Regulamentos de Isenção por Categoria da Comissão (o Regulamento n.º 2659/2000 relativo aos acordos de investigação e de desenvolvimento (I&D) e o Regulamento n.º 2658/2000 relativo aos acordos de especialização) acompanhados pelas chamadas “Orientações hori-zontais” e que caducam em 31 de Dezembro de 2010. Foi lançada a este propósito uma consulta pública (finda a 25 de Junho) sobre os projectos de Regulamentos e de Orientações da Comissão.

Nos dois projectos de Regulamentos, é de su-blinhar a autonomização e clarificação da noção de “concorrente potencial”, nomeadamente pela introdução na respectiva definição do limite tem-poral de 3 anos como período máximo para que uma empresa que entre no mercado possa ser considerada como “concorrente potencial”.

Na proposta de Orientações, destacam-se a re-visão do capítulo sobre os acordos de normalização e a inclusão de um capítulo relativo à apreciação das trocas de informações entre empresas.

Os projectos de Regulamentos e Orientações po-dem ser consultados no Link: >>>

Primeiro procedimento de transacção num cartel

Em 19 de Maio, a Comissão Europeia aplicou uma coima no valor total de € 331 milhões a 10 fabricantes de chips de memória e de DRAM (Dynamic Random Access Memory) participantes num cartel, por terem, nomeadamente, partilhado informações confidenciais e coordenado preços.

A Comissão accionou pela primeira vez o novo procedimento de transacção, implementado em 2008, que permite às empresas, uma vez constatadas as práticas restritivas da concorrência, reconhecer a sua participação no car-tel e apresentar à Comissão, depois duma fase de negociações, uma proposta de transacção oficial.

Automóveis: novo Regulamento de Isenção por Categoria

A Comissão Europeia adoptou no passado 27 de Maio um novo Regulamento de Isen-ção por Categoria (disponível no Link: >>>), acompanhado de Orientações (disponíveis no Link: >>>), relativo aos acordos entre constru-tores automóveis e concessionários, repara-dores e distribuidores de peças sobresselentes autorizados, com vista a reforçar a concorrência nos mercados da reparação e da manutenção. As novas regras introduzem o limiar de 30% de quota de mercado acima do qual os acordos entre construtores e reparadores autorizados deixam de beneficiar da isenção por categoria, alinhando-se assim com o Regulamento geral de Isenção por Categoria relativo aos acordos verticais.

O Novo Regulamento tem como principal objectivo melhorar o acesso às informações técnicas necessárias para a reparação dos veículos, facilitar o uso de peças sobresselentes de outras marcas, combater as práticas abusivas dos construtores em matéria de garantia e simplificar as regras aplicáveis à distribuição de veículos novos.

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CONCORRÊNCIA

EUROPA (continuação)

Relatório 2009 sobre a Política da Concorrência

A Comissão Europeia publicou a 3 de Junho o seu Relatório anual sobre a Política da Concorrência relativo ao ano de 2009. O documento relata as prin-cipais mudanças na política europeia da concorrên-cia e suas maiores concretizações, com particular ênfase no combate à crise financeira e económica.O Relatório pode ser consultado no Link: >>>.

Auxílios de Estado aos Serviços de Interesse Económico Geral (SIEG)

A Comissão Europeia lançou uma consulta pública (que terminará em 10 de Setembro de 2010) com o objectivo de avaliar a aplicação nos Estados-membros do “Pacote SIEG”, adoptado em 2005, que estabelece as condições em que o finan-ciamento estatal dos SIEG é compatível com as regras europeias em matéria de auxílios estatais. A consulta pública, dirigida principalmente aos prestadores e utilizadores de serviços públi-cos, foi lançada na sequência da publicação dos relatórios enviados pelos Estados-membros à Comissão sobre a aplicação do Pacote SIEG.A consulta pública está disponível no Link: >>>.

PORTUGAL

Tribunais para a Concorrência, Regulação e Propriedade Intelectual

O Conselho de Ministros aprovou no dia 22 de Abril uma proposta de lei que visa criar dois novos tribunais de competência especializada em San-tarém: o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão e o Tribunal da Propriedade Intelectual. Além das alterações necessárias à Lei de Orga-nização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais, deverão igualmente ser alterados a Lei da Concorrência e o Código da Propriedade Industrial, no sentido de substituir, respectivamente, o Tribunal competente para a apreciação dos recursos das de-cisões da Autoridade da Concorrência e das questões relativas à Propriedade Industrial, competência que cabe actualmente aos Tribunais de Comércio.

AdC condena a Ordem dos Técnicos Oficiais de Con-tas (OTOC) por práticas restritivas da concorrência

Na sua decisão datada de 18 de Maio, a Autori-dade da Concorrência (AdC) aplicou à OTOC uma coima de € 229,3 mil e uma sanção pecuniária compulsória de € 500 por dia por práticas restri-tivas da concorrência no mercado da formação obrigatória dos Técnicos Oficiais de Contas (TOC).Segundo a AdC, ao adoptar o Regulamento que rege a formação obrigatória dos TOC, a Ordem segmentou artificialmente o mercado, tendo reser-vado exclusivamente para si um terço da forma-ção obrigatória e determinado critérios próprios para a admissão de outras entidades formadoras e aprovação das acções de formação das mesmas.A prática foi qualificada como decisão de associação de empresas e como abuso de posição dominante.

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CONCORRÊNCIA

PORTUGAL (continuação)

Procedimento por infracção contra Portugal em matéria de contratos públicos

No dia 3 de Junho, a Comissão Europeia formu-lou um parecer fundamentado contra Portugal, por não cumprimento das regras europeias em matéria de contratos públicos no âmbito dos pro-gramas educativos «e-Escola», «e-Professores» e «e-Oportunidades» (fornecimento de computa-dores portáteis e serviços Internet para estu-dantes, professores e formandos). Os contratos em causa haviam sido adjudicados, por ajuste di-recto, aos operadores de telecomunicações TMN, Sonaecom e Vodafone, sem qualquer procedi-mento de concurso público e com a justificação de que os contratos constituíam parte do paga-mento das licenças de exploração de serviços de telecomunicações GSM de terceira geração devi-dos pelos operadores de telecomunicações.

Portugal tem 2 meses para se adaptar às regras europeias, sob pena de a Comissão recorrer ao Tribunal de Justiça.

Conferência Luso-Espanhola de Direito da Con-corrência

Decorreu com grande sucesso nos dias 1 e 2 de Julho, em Lisboa, a Primeira Conferência Luso-Espanhola de Direito da Concorrência, organiza-da pelo Círculo Português de Advogados de Di-reito da Concorrência.

A conferência contou com as intervenções de advogados e magistrados portugueses e espa-nhóis, representantes da Direcção-Geral de Con-corrência da Comissão Europeia (Nadia Calviño, Directora-Geral Adjunta - Mergers & Antitrust e Carles Esteva Mosso, Director - Policy & Strat-egy) e representantes das autoridades da con-corrência portuguesa e espanhola (os respectivos presidentes e ainda o Prof. António Gomes, direc-tor do Departamento de Concentrações).

No painel sobre “private enforcement” participou Miguel Mendes Pereira, sócio da Abreu Advoga-dos da Área de Prática de Concorrência, Regula-ção e União Europeia.

Tribunal de Comércio confirma condenação da Associação dos Industriais de Panificação de Lis-boa (AIPL)

Por decisão datada de 28 de Junho, o Tribunal de Comércio de Lisboa confirmou a coima de € 1.177.429,30 imposta pela AdC à AIPL por ter partilhado informações sobre os preços de ven-da ao público do pão, entre 2002 e 2005, práti-ca qualificada como decisão de associação de empresas.

REGULAÇÃO

EUROPA

COMUNICAÇÕES ELECTRÓNICAS

Agenda Digital para a Europa

A Comissão Europeia divulgou numa Comunica-ção datada de 19 de Maio os objectivos e respec-tivas propostas legislativas constantes da Agenda Digital para a Europa, a primeira das sete ini-ciativas emblemáticas da Estratégia EUROPA 2020. Com o objectivo central de maximizar os benefícios sociais e económicos das Tecnolo-gias da Informação e Comunicação (TIC), sete domínios prioritários de acção foram definidos, envolvendo cerca de 100 medidas de acompa-nhamento, 31 das quais de carácter legislativo.

Entre as primeiras medidas, destaca-se a Decisão da Comissão, datada de 6 de Maio, que estabelece regras técnicas harmonizadas em todos os Estados-Membros aquando da atri-buição das frequências libertadas no âmbito do chamado «dividendo digital» (resultantes da passagem da radiodifusão televisiva analógica para a digital), a favor das aplicações de banda lar-ga sem fios (wireless), com o objectivo de ter uma cobertura europeia de 100% de banda larga até 2013.

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(continuação na página seguinte)

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REGULAÇÃO

EUROPA

COMUNICAÇÕES ELECTRÓNICAS

Agenda Digital para a Europa (continuação)

Prevê-se igualmente a preparação e divulga-ção de um Código dos Direitos Digitais para as e.Comunicações e os serviços electrónicos, bem como o reforço da protecção de dados e da pri-vacidade dos utilizadores de serviços de redes sociais.O texto da Comunicação sobre a Agenda Digital pode ser consultado no Link: >>>

Criação do Organismo de Reguladores Europeus

das Comunicações Electrónicas (ORECE)

Por decisão da Comissão Europeia de 21 de Maio, foi criado o Organismo de Reguladores Euro-peus das Comunicações Electrónicas (ORECE) e respectivo Gabinete sedeado na Letónia (Riga) que entrou em vigor em 1 de Junho. O ORECE vem substituir o antigo ERG (“European Regu-lators Group”) nas suas funções de Regulador das Comunicações Electrónicas e fica encarregue de novas competências: a formulação de políti-cas legislativas e zelar, junto das Autoridades de Regulação Nacionais (ARNs), por uma aplicação uniforme e coerente das regras europeias de regulação das comunicações electrónicas a nível nacional.

Relatórios da Comissão sobre Mercados das Co-municações Electrónicas

Em 25 de Maio, a Comissão Europeia publicou o seu 15.º relatório sobre a implementação do Mer-cado Único Europeu das Comunicações Electróni-cas respeitante a 2009 (disponível no Link: >>> ), que revela principalmente a resistência do sector à crise económica e um aumento na utilização da Internet de elevado débito. Na situação particular de Portugal, destaca-se a promoção das Novas Redes de Acesso (NRA), necessárias ao desen-volvimento de serviços avançados de comunica-ções electrónicas (como a fibra óptica) e a segunda maior utilização de banda larga móvel na Europa. Contudo, o balanço positivo da implementação europeia das comunicações electrónicas reve-la um dado negativo: a aplicação nacional das regras europeias permanece incoerente, atrasan-do a efectiva existência de um mercado único.

A essa mesma conclusão chega a Comissão no seu 3.º Relatório sobre a regulação das teleco-municações a nível nacional (disponível no Link: >>>), publicado a 1 de Junho. Embora tenha existido um maior grau de competitividade nos mercados das telecomunicações, principalmente devido ao sucesso do mecanismo de consulta e análise prévia das medidas regulamentares das ARNs pela Comissão (o chamado “procedimen-to do artigo 7.º”), o Relatório aponta contudo a subsistência de incoerências na resolução dos problemas jusconcorrenciais por parte das ARNs.

A este propósito, recorda-se que na sequên-cia da revisão do “Pacote Telecoms” ocorrida no fim de 2009, a Comissão ficará encarregue, a partir de Maio de 2011, em estreita coopera-ção com o Organismo dos Reguladores Euro-peus das Comunicações Electrónicas (ORECE), de novas responsabilidades na imposição e na apli-cação de remédios pelos reguladores nacionais. Note-se ainda que a Comissão está a finali-zar uma Recomendação sobre o acesso regu-lamentado às redes de acesso da próxima geração (NGA), e que está a ponderar o envio de novas instruções aos reguladores das tele-comunicações sobre a aplicação coerente dos compromissos de separação e dos remédios.

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REGULAÇÃO

EUROPA

COMUNICAÇÕES ELECTRÓNICAS (continuação)

ECTA: ambiente regulatório no sector das comu-nicações electrónicas

A Associação Europeia para a Concorrência nas Telecomunicações (ECTA) publicou em 16 de Ju-nho o seu Estudo anual relativo a 2009 sobre a regulação no sector das comunicações electróni-cas em 22 países (europeus e não europeus) e a sua eficácia na promoção dos objectivos do quadro regulamentar comunitário. Sublinhe-se que Portugal fica em 9.º lugar no total de 22 países.O Estudo pode ser consultado no Link: >>>

PORTUGAL

COMUNICAÇÕES ELECTRÓNICAS

Transposição da Directiva “Serviços de Comuni-cação Social Audiovisual”

Foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia no dia 15 de Abril a Directiva 2010/13/UE adop-tada em Março que vem codificar o quadro legis-lativo europeu já existente sobre os Serviços de Comunicação Social Audiovisual (SCSA). A nova Directiva altera principalmente a numeração dos artigos e fornece um conjunto consolidado de considerandos. A Directiva pode ser consultada no Link: >>>

Em Portugal, o Conselho de Ministros aprovou em 8 de Junho a “Proposta de Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido” destina-da a transpor esta Directiva, e que procederá, em caso de voto favorável pela Assembleia da República, à primeira alteração da Lei da Tele-visão. São propostas soluções mais favoráveis ao exercício da actividade de televisão: regras mais permissivas em matéria de publicidade, exigên-cias de transparência desenvolvidas e harmoni-zadas sobre a propriedade dos operadores licen-ciados, critérios menos restritivos na constituição de televisões regionais e locais e clarificação do regime de responsabilidade pelos conteúdos in-formativos dos serviços de programas de tele-visão. A proposta de lei pode ser consultada no Link: >>>

De sublinhar que a Directiva SCSA devia ter sido transposta para os ordenamentos jurídicos na-cionais até ao final de 2009, razão pela qual a Comissão Europeia emitiu, em 24 de Junho, um parecer fundamento a Portugal (entre outros 11 Estados-Membros) por não transposição do texto dentro do prazo. Se o governo português não in-formar a Comissão das medidas de transposição integral da Directiva no prazo de dois meses, poderá ser apresentada uma acção junto do Tri-bunal de Justiça.

Divulgação do Plano para o Switch-Off da tele-visão analógica à Televisão Digital Terrestre (TDT)

Na sequência de uma audiência prévia e con-sulta pública, o ICP-ANACOM aprovou em 24 de Junho a decisão final sobre o plano detalhado de cessação das emissões analógicas terrestres (plano para o switch-off) associado à introdução da televisão digital terrestre (TDT) em Portugal. O switch-off iniciar-se-á em 12 de Janeiro de 2012 na faixa litoral da metrópole, para depois ser alargado aos Açores e Madeira, e finalmente ao restante do território continental.

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PORTUGAL (continuação)

SECTOR FINANCEIRO

Procedimento por infracção contra Portugal em matéria fiscal

No dia 3 de Junho, a Comissão Europeia apre-sentou no Tribunal de Justiça da União Europeia uma acção por incumprimento contra Portugal por não ter alterado disposições fiscais nacionais identificadas como discriminatórias. Já no seu parecer fundamentado emitido em Março deste ano, a Comissão havia qualificado a tributação portuguesa como sendo restritiva da liberdade de movimentos de capitais e de estabelecimento por impor às empresas estrangeiras uma tributação mais elevada dos dividendos pagos (dividendos saídos) do que às empresas nacionais (dividen-dos nacionais).

Medidas portuguesas face ao défice excessivo

Na passado 16 de Junho, a Comissão Europeia concluiu que as medidas adoptadas por Portugal, um dos 12 países envolvidos no procedimento de correcção dos seus défices orçamentais excessivos, estavam em conformidade com as recomendações do Conselho de 2 de Dezembro de 2009 e os objectivos recentemente anuncia-dos no ECOFIN de 9 de Maio de 2010. As auto-ridades portuguesas adoptaram medidas que re-presentam um esforço orçamental anual superior a 1¼ % do PIB para 2010 e 2011 e anunciaram, em 8 de Maio, objectivos mais ambiciosos para o saldo orçamental durante este período.

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TRIBUNAIS EUROPEUS

AUXÍLIOS DE ESTADO

TG, proc. T-177/07, Mediaset / Comissão Eu-ropeia

Uma subvenção pública oferecida aos con-sumidores pela compra ou aluguer de um apa-relho de recepção da Televisão Digital Terrestre (TDT) constitui uma vantagem indirecta para os operadores de radiodifusão digital terrestre em detrimento dos operadores de satélite. Embora justificada pelo objectivo de interesse geral da passagem à TDT, o carácter discriminatório da medida conduziu a uma distorção injustificada da concorrência entre radiodifusores digitais terrestres e de satélite, e deve ser considerada um auxílio de Estado.

TG, proc. apensos T-425/04, T-444/04, T-450/04, T-456/04, France Télécom e.o. / Comissão Europeia

As declarações das autoridades francesas mani-festando o seu apoio à France Télécom (FT), num momento em que a operadora atravessava uma grande crise não podem ser qualificadas de auxí-lios estatais. Com efeito – embora seja verdade que as declarações em causa outorgaram de facto à FT uma vantagem financeira, resultante do comportamento dos actores dos mercados fi-nanceiros na sequência do anúncio – a natureza aberta, imprecisa e incondicional das declarações não permite associar tal favorecimento directa ou indirectamente a um auxílio de estado.

CONCORRÊNCIA

TJUE, proc. C-441/07 P, Comissão Europeia / Alrosa Company Ltd

O alcance e o conteúdo do princípio da pro-porcionalidade são diferentes consoante seja aplicado pela Comissão Europeia em sede de medidas correctivas após constatação de práti-cas restritivas de concorrência ou em sede de aceitação de compromissos propostos pelas empresas em causa. No segundo procedimen-to, a Comissão não viola o princípio de propor-cionalidade ao aceitar compromissos consci-entemente oferecidos por uma das empresas, e que ultrapassam as medidas que a própria

Comissão teria imposto numa decisão correctiva.Num procedimento de compromissos iniciado na base do art.º 102.º TFUE (ex-art.º 82.º TCE), uma empresa terceira, mesmo que afecta-da pelos compromissos oferecidos pela empresa presumidamente dominante, não beneficia do direito de ser ouvida sobre tais compromissos por ter apenas a qualidade de terceira parte interessada e não de “empresa afectada”.

ITINERÂNCIA

TJUE, proc. C-58/08, Vodafone e o. / Sec-retary of State for Business, Enterprise and Regulatory Reform

O Regulamento relativo à itinerância (Regu-lamento n.º 717/2007 de 27 de Junho de 2007) que fixa limites aos preços retalhistas e grossistas facturados pelos operadores de telefo-nia móvel pelas chamadas em itinerância (roam-ing), teve por objecto melhorar as condições de funcionamento do mercado interno, pelo que foi adoptado legitimamente com base no artigo 95.º TCE, e no respeito dos princípios comunitários da subsidiariedade e da proporcionalidade.

SEGREDO PROFISSIONAL

Conclusões da A.G. Juliane Kokott, proc. C-550/07 P, Akzo Nobel Chemicals Ltd. e.o. / Comissão Europeia

A protecção do segredo profissional dos advoga-dos, destinada a assegurar os direitos da defesa do Cliente, justifica-se igualmente pela necessária independência do Advogado na prestação dos seus serviços de assistência jurídica. Em contra-partida, os advogados internos de uma empresa (in-house lawyers), por serem dependentes e assalariados dessa empresa, não podem benefi-ciar da protecção do segredo profissional, nome-adamente em sede de investigação por práticas anticoncorrenciais pela Comissão Europeia.

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Esta Aware contém informação e opiniões de carácter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos. Para esclarecimentos adicionais contacte Armando Martins Ferreira ([email protected]) ou Miguel Mendes Pereira ([email protected]). Visite o nosso site www.abreuadvogados.com

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