centro de artes cÊnicas - ceacen · 5 do estado na promoção do equilíbrio entre o legítimo...

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DiretorAntonio GilberAntonio GilberAntonio GilberAntonio GilberAntonio Gilbertototototo

Coordenação de CircoAntonio GilberAntonio GilberAntonio GilberAntonio GilberAntonio Gilberto (interino)to (interino)to (interino)to (interino)to (interino)

Diretor da Escola Nacional de CircoJosé Clementino de OJosé Clementino de OJosé Clementino de OJosé Clementino de OJosé Clementino de Olivlivlivlivliveireireireireira (Za (Za (Za (Za (Zezezezezezo Oo Oo Oo Oo Olivlivlivlivliveireireireireira)a)a)a)a)

Coordenação de TeatroMarilia Maria Milanez de LimaMarilia Maria Milanez de LimaMarilia Maria Milanez de LimaMarilia Maria Milanez de LimaMarilia Maria Milanez de Lima

Coordenação de DançaMarMarMarMarMarcos Lima de Morcos Lima de Morcos Lima de Morcos Lima de Morcos Lima de Moraesaesaesaesaes

Centro Técnico de Artes CênicasAbílio da SilvAbílio da SilvAbílio da SilvAbílio da SilvAbílio da Silva Henriquesa Henriquesa Henriquesa Henriquesa Henriques

CECECECECENTRNTRNTRNTRNTRO DE AO DE AO DE AO DE AO DE ARRRRRTTTTTEEEEES S S S S VIVIVIVIVISSSSSUUUUUAIAIAIAIAIS - CeavS - CeavS - CeavS - CeavS - Ceav

DiretorFFFFFrrrrrancisco de Assis Chavancisco de Assis Chavancisco de Assis Chavancisco de Assis Chavancisco de Assis Chaves Bastos (Xico Chaves Bastos (Xico Chaves Bastos (Xico Chaves Bastos (Xico Chaves Bastos (Xico Chaves)es)es)es)es)

Coordenador de Artes VisuaisIvIvIvIvIvan Pan Pan Pan Pan Pascarascarascarascarascarelliellielliellielli

Coordenador da Rede Nacional Artes VisuaisNelson RicarNelson RicarNelson RicarNelson RicarNelson Ricardo Mardo Mardo Mardo Mardo Martinstinstinstinstins

Coordenadora de ProduçãoEliane LEliane LEliane LEliane LEliane Longoongoongoongoongo

Coordenadora do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica - CCPFSandrSandrSandrSandrSandra Barukia Barukia Barukia Barukia Baruki

CECECECECENTRNTRNTRNTRNTRO DO DO DO DO DA MÚSA MÚSA MÚSA MÚSA MÚSICICICICICAAAAA

DiretoraAna de HollandaAna de HollandaAna de HollandaAna de HollandaAna de Hollanda

Coordenador de Música EruditaFlávio SilvFlávio SilvFlávio SilvFlávio SilvFlávio Silvaaaaa

Coordenador de Música PopularPPPPPedredredredredro Po Po Po Po Paulo Maltaaulo Maltaaulo Maltaaulo Maltaaulo Malta

Coordenadora - Projeto BandasRRRRRosana Losana Losana Losana Losana Lemosemosemosemosemos

CECECECECENTRNTRNTRNTRNTRO DE PRO DE PRO DE PRO DE PRO DE PROOOOOGGGGGRARARARARAMMMMMAAAAAS IS IS IS IS INTNTNTNTNTEEEEEGGGGGRADOS - CepinRADOS - CepinRADOS - CepinRADOS - CepinRADOS - Cepin

DiretorVVVVVitor Oritor Oritor Oritor Oritor Ortiztiztiztiztiz

Coordenadora OperacionalAnagilsa Barbosa da NóbrAnagilsa Barbosa da NóbrAnagilsa Barbosa da NóbrAnagilsa Barbosa da NóbrAnagilsa Barbosa da Nóbrega Fega Fega Fega Fega Frrrrrancoancoancoancoanco

Coordenadora de EdiçõesMaristela RMaristela RMaristela RMaristela RMaristela Rangelangelangelangelangel

Coordenador do Canal VirtualPPPPPaulo César Soaraulo César Soaraulo César Soaraulo César Soaraulo César Soareseseseses

Coordenadora do Centro de Documentação - CedocHelena Dodd FHelena Dodd FHelena Dodd FHelena Dodd FHelena Dodd Ferrerrerrerrerrezezezezez

Presidente da República

LULULULULUIZ INÁCIO LUIZ INÁCIO LUIZ INÁCIO LUIZ INÁCIO LUIZ INÁCIO LULLLLLA DA DA DA DA DA SIA SIA SIA SIA SILLLLLVVVVVAAAAA

Ministro de Estado da Cultura

GIGIGIGIGILLLLLBBBBBEEEEERRRRRTTTTTO GIO GIO GIO GIO GILLLLL

FUFUFUFUFUNNNNNDDDDDAÇÃO NAAÇÃO NAAÇÃO NAAÇÃO NAAÇÃO NACIONCIONCIONCIONCIONAAAAALLLLL DE AR DE AR DE AR DE AR DE ARTTTTTEEEEE

Presidente

ANTANTANTANTANTONONONONONIO GRAIO GRAIO GRAIO GRAIO GRASSSSSSSSSSIIIII

Diretora Executiva

MYMYMYMYMYRRRRRIAIAIAIAIAM LEWM LEWM LEWM LEWM LEWIIIIINNNNN

PRPRPRPRPREEEEESSSSSIIIIIDÊNCIADÊNCIADÊNCIADÊNCIADÊNCIA

Procuradoria JurídicaMiguel LMiguel LMiguel LMiguel LMiguel Lobatoobatoobatoobatoobato

Auditoria InternaRRRRReinaldo einaldo einaldo einaldo einaldo VVVVVeríssimoeríssimoeríssimoeríssimoeríssimo

Coordenação de ComunicaçãoMarlene Niches CustódioMarlene Niches CustódioMarlene Niches CustódioMarlene Niches CustódioMarlene Niches Custódio

Coordenação de Difusão Cultural - BrasíliaMMMMMyriam Lyriam Lyriam Lyriam Lyriam Lewin ewin ewin ewin ewin (interina)

Representante em São PauloHelvio Helvio Helvio Helvio Helvio TTTTTamoamoamoamoamoyyyyyooooo

Representante em Minas GeraisMirian LMirian LMirian LMirian LMirian Lottottottottott

Assessoria Especial da PresidênciaBia GrBia GrBia GrBia GrBia GrossossossossossClaudia AmorimClaudia AmorimClaudia AmorimClaudia AmorimClaudia AmorimJúlio MourãoJúlio MourãoJúlio MourãoJúlio MourãoJúlio MourãoMorMorMorMorMorgana Eneilegana Eneilegana Eneilegana Eneilegana Eneile

Programa Arte sem BarreirasRita Maria AguiarRita Maria AguiarRita Maria AguiarRita Maria AguiarRita Maria Aguiar

Programa Nacional de Apoio à Cultura - PronacAndréa PAndréa PAndréa PAndréa PAndréa Paesaesaesaesaes

CoorCoorCoorCoorCoordenação Gerdenação Gerdenação Gerdenação Gerdenação Geral de Planejamento eal de Planejamento eal de Planejamento eal de Planejamento eal de Planejamento eAdministrAdministrAdministrAdministrAdministraçãoaçãoaçãoaçãoação

Coordenador-GeralPPPPPaulo Grijó Gualberaulo Grijó Gualberaulo Grijó Gualberaulo Grijó Gualberaulo Grijó Gualbertototototo

Coordenador FinanceiroAbimael CorrêaAbimael CorrêaAbimael CorrêaAbimael CorrêaAbimael Corrêa

Coordenador AdministrativoCid GonçalvCid GonçalvCid GonçalvCid GonçalvCid Gonçalves Fes Fes Fes Fes Ferrerrerrerrerreireireireireiraaaaa

Coordenadora de Recursos HumanosCélia André FCélia André FCélia André FCélia André FCélia André Feitaleitaleitaleitaleital

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4

Entre 2003 e 2006, a Funarte recuperou progressivamente a sua importância como instituição chave

da vida cultural brasileira - um dos braços (e ouvidos) fundamentais do corpo do Ministério da Cultura

na formulação de políticas culturais, cada vez mais amplas e democráticas. Hoje a Funarte é uma casa

responsável pelo estímulo à produção, à circulação e à formação renovada das diversas linguagens

que constituem e traduzem nossa contemporaneidade artística. Poderia nesta apresentação discorrer

sobre as várias ações realizadas ao longo desses quatro anos pela Funarte, fazer um balanço com foco

no que até agora realizamos. Mas como as próximas páginas fazem este balanço muito bem, faço

desta uma oportunidade de olhar para o futuro, de focar o daqui para frente.

Nossa produção contemporânea oxigena os mais variados modos de ver e interpretar o Brasil, assim

como as novas formas de desordenar a tradição e refazer nossa atualidade. Temos uma produção alta-

mente diversa e criativa que a cada dia faz e refaz a fotossíntese de imagens do que hoje chamamos

Brasil, deste Brasil que nos forma e constitui, não como platéia, mas como atores e autores potenciais

de nossa própria história. Nesses quatro anos em que estive à frente do MinC e no início de mais uma

gestão, temos nos esforçado para dar contemporaneidade às ações e à estrutura da Funarte, temos

procurado inspirar e respirar do oxigênio da produção cultural brasileira para nos renovarmos e oxige-

narmos as nossas ações para todo o país e para todos aqueles que hoje produzem e procuram cultura.

E é justamente este o Brasil que queremos e buscamos alcançar em nossas políticas: um Brasil que é

de todos e, portanto, de cada um – não aquele Brasil de poucos, de apenas alguns. Nossa diversidade

e nossa necessidade de produzir e acessar cultura, de respirar esse oxigênio cultural, hoje vital para o

desenvolvimento humano, é o que nos guia para a constituição dessa nova Funarte, que começou a

brotar nessa primeira gestão com a promessa frondosa de oxigenar o Estado e o país e, aos poucos,

tornar-se uma árvore de grandes galhos, profundas raízes e muitos frutos.

É justamente este Brasil o nosso maior horizonte e a nossa maior fonte. Esta ampla produção cultural

brasileira – da qual temos tanto orgulho e apreço – que ganhou o Brasil e o mundo e vem estabelecen-

do novas formas tecnológicas de inserção social, alterando maneiras clássicas da relação entre autoria

e obra, entre técnica e corpo, entre a sociedade brasileira e o acesso a toda essa produção cultural.

Nesses quatro anos, a Funarte revitalizou seu fomento a bandas em pequenos e grandes municípios e

retomou o Pixinguinha, interrompido por sete anos, um programa que faz circular a música brasileira,

que reconhece e projeta novos talentos de todas as regiões do Brasil. Olhando para o futuro, percebe-

mos que, além do Pixinguinha, outros programas que deram certo no passado – e que preservam sua

atualidade – podem e devem conviver com novos programas, novas linhas e diretrizes, como a relação

com a TV Pública, agora incorporada nas políticas do Ministério.

Hoje temos um Ministério da Cultura que é reconhecido em todo o país. A partir de 2007, queremos

conectar ainda mais o Pixinguinha com meios de acesso e cooperação federativa que o tornem a cada

dia um programa mais brasileiro, com maior escala e impacto em todas regiões do país. A música

brasileira atravessa hoje uma transformação profunda – não apenas em seu talento vibrante – mas na

tecnologia disponível para gravações baratas e eficientes, no acesso à música pela internet, na possi-

bilidade de difusão de acervos que reúnam nosso patrimônio musical (como o que a Funarte começa a

tornar disponível em seu site), na emergência de novos modelos negociais que solicitam uma presença

Uma Funarte contemporânea

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do Estado na promoção do equilíbrio entre o legítimo direito de autor e o legítimo direito de acesso de

cada brasileiro. São os circuitos de festivais de música que se modernizam e merecem se tornar foco

de uma política de apoio, são as feiras que surgem aqui – e lá fora – que se tornam enclaves e portos

de transmissão e retransmissão de nossa moderna sonoridade.

Com a ajuda das câmaras setoriais – agora finalmente instituídas e em plena atuação – são desafios

que começamos a perseguir e que agora se aprofundam com o reconhecimento da contemporânea

relação entre nossa produção estética e nossa circulação de valor econômico dela decorrente com a

circulação de valor social e a consolidação de um amplo debate em nossa sociedade. A população

brasileira quer mais acesso à cultura, o direito a uma cidadania plena e, nesse sentido, nossos progra-

mas têm que se integrar às escolas brasileiras (o que iniciamos a fazer com a circulação de concertos

em escolas) a partir de um programa claro e contundente que combine presença das artes com presen-

ça da arte-educação.

Buscando esta simbiose entre produção e circulação social, a Funarte desenvolveu linhas de atuação

nas artes visuais (redes que articularam pelo Brasil um universo de atitudes estéticas) e artes cênicas

(particularizando a atuação em teatro e dança – o que é uma novidade decisiva). Graças a uma parceria

do Ministério da Cultura, Secom e o fundamental patrocínio cultural da Petrobras, a Funarte oferece ao

Brasil hoje grandes editais anuais para o teatro e a dança. Já chegamos à segunda edição do Myriam

Muniz e do Klauss Vianna, que vieram para ficar e crescer a cada ano. Em 2007, lançaremos um grande

edital para projetos contemporâneos de artes visuais e sua circulação nacional. Também estão previs-

tos novos editais para a área de circo, todos em parceria com a Petrobras. O lento processo de

autonomização do campo cultural – e dentro dele em muitos segmentos - merece também ser foco da

atenção de políticas que valorizem singularidades de cada setor (como viemos fazendo), de políticas

que não percam de vista as interconexões vivas entre imagens, artes dramáticas, texto, palavra, proje-

ção e som, entre circo, dança e as formas novas de produção visual, por exemplo.

A Funarte que nos aguarda agora deverá aprofundar essas linhas e inovar em muitas outras. Retomar a

sua ação de pensamento, de reflexão crítica, e articular-se com os muitos acervos e memórias disponí-

veis para a contínua interação das expressões artísticas com seu meio cultural mais amplo, que é a

própria sociedade brasileira.

Gilberto Gil

Ministro da Cultura

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A recente liberação da emenda que destina R$ 15 milhões para os prêmios de fomento Myriam Muniz, de teatro,e Klauss Vianna, de dança, marca o início de uma nova fase no relacionamento entre o Governo Federal e aprodução artística no país. De um lado, está o governo, compreendendo a importância econômica – para além dovalor simbólico – de contar com estes setores no novo ciclo de desenvolvimento do Brasil. E, de outro, os artistase produtores, que vêem ressurgir a oportunidade de exercer sua criatividade num cenário de maior liberdade e demenor dependência do mercado. Para gerir esta relação, o governo conta com a Fundação Nacional de Arte,Funarte, criada em 1975 e reestruturada na atual gestão.

Funarte: de espectadora a protagonista

Por um longo período, a Funarte foi a instituição responsável, no Governo Federal, pelas políticas e

investimentos no campo das artes. Sua história, após a criação do Ministério da Cultura, em 1985,

contudo, acabou marcada por inúmeros reveses. Em 1990, Collor a extinguiu, num primeiro sinal de

que os governos neoliberais não tinham nos seus planos manter a atuação estatal no setor.

Três anos depois, a Fundação foi recriada, mas acabou subsumida entre os parâmetros da política

liberal dos anos 90 – caracterizada principalmente pela redução da participação do Estado – e a contra-

ditória existência de suas mesmas prerrogativas e funções no âmbito das secretarias que estruturavam

o Ministério da Cultura, em Brasília.

A retomada efetiva teve início com o Governo Lula, a partir da reestruturação administrativa do MinC,

promovida em 2003, que devolveu à Fundação a condição de órgão promotor das políticas, das ações

e dos investimentos nas artes visuais, circo, dança, música e teatro, definindo com clareza o seu cam-

po de atuação.

No final destes primeiros quatro anos, a Funarte assumiu um papel insubstituível na promoção da econo-

mia, na organização dos setores e no fomento às atividades de sua competência. Papel este que se tem

baseado numa relação direta de diálogo e formulação com os segmentos, representados oficialmente

através das Câmaras Setoriais. Cada área possui sua Câmara, na forma de órgão consultivo, que se reúne

com freqüência, e que é constituído por representantes dos diversos segmentos das cadeias produtivas

– artistas, produtores, empresários, associações – das diferentes regiões do país.

Entre dezenas de projetos que realiza hoje, a Funarte não só resgatou importantes símbolos da cultura

brasileira, como o Projeto Pixinguinha, que estava paralisado desde 1997, como vem promovendo uma

abertura inédita a segmentos até então excluídos das políticas governamentais ou não incluídos pelo

mercado. Nesse universo estão centenas de músicos de todo o país que ganham uma nova oportunida-

de de projeção em suas carreiras com programas como o Pauta Funarte/Petrobras e com as ações em

favor da música de concerto.

Oportunidades semelhantes estão tendo os artistas com deficiência que sofrem também restrições

no mercado de trabalho. O problema vem sendo diminuído com o projeto Arte Além dos Limites –

parte do Programa Arte Sem Barreiras – que neste ano lançou um edital inédito de fomento para

novas produções artísticas de grupos, companhias e criadores de vários estados. O sucesso do pro-

jeto motivou a Caixa Econômica Federal, principal parceira, a anunciar a ampliação dos recursos de

patrocínio para 2007.

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O mesmo acontece com o Circo, um setor que emprega cerca de dez mil profissionais, especialmente

no interior brasileiro. Neste caso, a luz vermelha havia sido acesa pelos balanços dos recursos capta-

dos com os projetos culturais que buscam amparo na Lei Federal de Incentivo, onde se constatou que

a atividade é a menos beneficiada. Essa percepção levou a Funarte a se decidir pela ampliação dos

recursos destinados ao Prêmio de Estímulo ao Circo, que saltaram de R$ 100 mil para R$ 3 milhões nos

últimos dois anos.

De volta ao teatro e à dança, cabe salientar que estes setores enfrentam uma crise de desequilíbrio entre a

capacidade produtiva dos artistas brasileiros – a oferta de mão-de-obra, companhias organizadas e talen-

tos, com o natural crescimento do número de profissionais no mercado – e a ausência de canais estáveis de

financiamento. Além disso, embora estes sejam os setores que mais se beneficiam com as verbas de patro-

cínio, através da Lei Rouanet, os resultados não apresentam o necessário alcance nacional.

Um dos méritos mais importantes do governo, através do Ministério da Cultura e da Funarte, foi exata-

mente atuar sobre estas distorções, buscando uma alternativa por meio do diálogo aberto. Desse diálo-

go surgiram os formatos de execução dos prêmios Myriam Muniz e Klauss Vianna, cuja principal caracte-

rística foi uma distribuição mais justa do investimento entre as várias regiões do país.

Os prêmios foram entregues, em 2005, com patrocínio da Petrobras, e, agora, em 2006, com recursos do

Tesouro, de forma direta, através de editais públicos, marcados pela transparência e pela superação defini-

tiva das políticas de balcão. A soma dos montantes chega a R$ 28 milhões, representando o maior investi-

mento já realizado nos setores de teatro e dança. Investimento cujo resultado já está sendo colhido numa

profusão de espetáculos e oportunidades de trabalho em todo o território nacional e conseqüente amplia-

ção do mercado internacional para a cultura brasileira, tendo em vista a qualidade da oferta.

O mesmo ímpeto, a Funarte tem aplicado também na política das Artes Visuais, cujo projeto Rede

Nacional tem promovido uma articulação inédita e um intercâmbio efetivo entre artistas dos mais dife-

rentes matizes de todo o Brasil. E, da mesma forma, em diversos outros campos de sua atuação, como

na retomada do Programa de Edições e na criação do Canal Funarte (www.funarte.gov.br/canalfunarte),

que já registra mais de vinte mil acessos via internet em pouco mais de dois meses de funcionamento.

Por fim, a Funarte vem demonstrando um reencontro com os melhores momentos de sua história no desem-

penho de um papel estratégico. Sua consolidação como órgão moderno e atuante, com metas atualizadas

de amplo alcance nacional, fortalece a sociedade, superando um longo período em que esteve na condição

de espectadora para se tornar protagonista na cena do desenvolvimento cultural brasileiro.

Antonio Grassi

Presidente da Funarte

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Centro de Artes Cênicas

Democracia em palcos e picadeiros

A transformação na prática da política de estímulo às artes cênicas da

Funarte, na gestão 2003-2006, trouxe mais do que realização de progra-

mas. Atendendo às necessidades dos artistas de teatro, dança e circo, a

Funarte inovou na democratização. O investimento em artes cênicas nesse

período, com apoio da Petrobras, foi o maior na recente história do Ministé-

rio da Cultura: R$ 58,28 milhões.

Mais de 30 grandes ações, em quatro anos, estimularam a produção de es-

petáculos, a formação profissional e a pesquisa. Houve mudanças nos dois

eixos de atuação: circulação e fomento. Todos os programas foram realiza-

dos por editais públicos, para as cinco regiões do Brasil, com transparência

e publicidade. As comissões que escolhem os vencedores são compostas

por membros da classe artística, de notório saber, a maioria indicada por

entidades representativas.

A ocupação dos espaços culturais baseou-se em critérios previamente defi-

nidos em edital, que privilegiaram a qualidade artística. "Tivemos uma di-

versidade muito grande no que se refere aos estilos dos espetáculos, e a

presença de grupos, muitos estreando no teatro profissional", afirma Anto-

nio Gilberto, diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen).

Ceac

en

Intrépida Trupeno Teatro Plínio Marcos,

em Brasília

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Na área da comunicação, a Funarte obteve o apoio da TV Globo para

veiculação de chamadas gratuitas, com divulgação de espetáculos de tea-

tro, dança e circo.

Equilibrando bilheteria e acesso do público

A política do Ceacen tem sido a de tentar atender às demandas do público e

dos produtores de arte. O que caracterizou a ação da Funarte nas artes cêni-

cas foi o eixo fomento-circulação, com a meta de alcançar um equilíbrio en-

tre as necessidades do produtor e as condições do público. O artista ga-

nhou meios de desenvolver o trabalho, o que facilitou o comparecimento do

público graças ao baixo preço dos ingressos. Outra inovação trazida pelos

editais foi o apoio à pesquisa e a realização de oficinas gratuitas ou projetos

que beneficiem a comunidade.

O Ceacen apostou na diversidade, na riqueza da arte regional, valorizando o

caráter nacional e o intercâmbio geográfico, no método de custeio e difusão.

Um dos critérios adotados pelas comissões que avaliaram os projetos foi a

relevância cultural para a região. Para isso, houve cuidado na determinação

de quantias específicas para cada região e na proporção do número de inscri-

tos, conforme determina a política da democratização cultural do MinC.

Em 2003, os investimentos em artes cênicas tiveram um valor aproximado

de R$ 2 milhões. Em 2004, chegou-se, porém, a quase R$ 9 milhões e, em

2005 aproximadamente R$ 13 milhões, atingindo em 2006 o recorde de

cerca de R$ 35 milhões. O total corresponde 58% do orçamento da Funarte,

aproximadamente.

Os programas de maior abrangência nacional foram os prêmios Myriam

Muniz, de teatro, e Klauss Vianna, de dança, ambos criados em 2004, como

resposta à demanda dos produtores. A primeira edição dos prêmios, reali-

zada em 2006, distribuiu inicialmente R$ 13 milhões, a 232 grupos. O total

chegou a R$ 26,32 milhões, com a concessão de mais R$ 13,32 milhões

para os candidatos em segunda chamada.

Teatros recuperados

No início da gestão, seis espaços para espetáculos da Funarte encontra-

vam-se em estado precário: os teatros Duse, Glauce Rocha e Cacilda Becker,

no Rio de Janeiro; o teatro Plínio Marcos e a Sala Cássia Eller, em Brasília; e

a Sala Guiomar Novaes, em São Paulo. A primeira providência foi executar

obras emergenciais, terminadas até o fim de 2006. O montante investido

em reforma e compra de equipamentos chegou a cerca de R$ 1 milhão.

A Casa Paschoal Carlos Magno, um centro cultural localizado no bairro de

Santa Tereza no Rio de Janeiro, que possui uma hospedaria com 29 leitos

para grupos artísticos em temporada nesta cidade e um teatro de câmara

(Teatro Duse) para 60 pessoas, foi reinaugurado em dezembro de 2005, abrin-

do as comemorações do centenário de nascimento do seu fundador, em 2006.

Outra importante obra realizou-se na Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alfe-

res, RJ, antiga fazenda transformada em centro cultural por Paschoal Carlos

Magno, com o objetivo de abrigar a realização de festivais, congressos, e

seminários de artes cênicas.

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Qualificação em arte e técnica

No aperfeiçoamento de artistas e técnicos, destacou-se o programa nacio-

nal Laboratório do Ator, criado pela Coordenação de Teatro em 2004, para

reciclar atores profissionais em atividade, ou não, através de oficinas práti-

cas gratuitas. Foram selecionados professores de todas as regiões para in-

tercâmbio de conhecimento. O Laboratório emitiu, de 2004 a 2006, cerca de

1.800 certificados.

Também foram realizadas oficinas de Circo, na Escola Nacional de Circo (RJ),

e de dança, com oito edições em sete estados, em 2005 e 2006, capacitan-

do cerca de 250 alunos.

A Funarte apoiou, ainda, grandes festivais de artes cênicas, que contribuem

para a formação de platéias e a troca de técnicas e conhecimento entre os

profissionais da área. A prioridade foi atender aos festivais internacionais,

com várias edições realizadas, garantindo a circulação de espetáculos naci-

onais dentro desses Festivais.

As caravanas de circulação de teatro e dança, em 2004, movimentaram o

Brasil, apoiando temporadas de grupos em suas próprias regiões de ori-

gem. Premiaram-se grupos de várias categorias e tamanhos, em quatro

modalidades: Adulto, Infância e Juventude, Bonecos e Teatro de Rua. A op-

ção foi regional, porque havia mais comunicação dos estados com o eixo RJ-

SP do que com estados vizinhos.

Em 2006, investiu-se na circulação nacional, com as Caravanas Funarte

Petrobras de Circulação Nacional de Teatro e Dança. A de teatro distribuiu

um prêmio de R$ 3,08 milhões, por 42 grupos, de 677 inscritos; a de dança

Mana, tão perto tão longeCia Eu com Ela

Propritetários à moda antigaEstação do Teatro Russo

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apoiou 30 companhias, de 193 inscri-

tas, com um total de R$ 1,6 milhão.

"O teatro tem esse poder: quando um

município, recebe espetáculos ou artis-

tas para uma Oficina, pela primeira vez,

formam-se logo grupos, e o interesse do

público é é despertado", diz Antonio Gil-

berto. "Isso acontece principalmente

nas regiões mais distantes, no interior

do nosso país, onde há carência de qua-

lificação", completa o diretor do Ceacen.

Espetáculos e festivais:valor comunitário

Em 2005, no Ano do Brasil na França, o

teatro e da dança brasileiros marcaram

presença no Espaço Brasil, em Paris. No

mesmo ano, celebrou-se a parceria teatral Brasil-Rússia, pela qual cada país

apresenta cinco das melhores peças contemporâneas, numa troca de turnês.

Em convênio com o 6º Festival Internacional de Teatro Tchekhov, a Estação

Brasileira na Rússia durou dez dias, com enorme repercussão na mídia rus-

sa. "O Brasil é respeitado no exterior pelo talento de nossos artistas. O en-

tusiasmo com que os russos nos receberam mostrou isso", afirma, Antonio

Gilberto. Foram apresentados em Moscou, após uma seleção feita pela equi-

pe da Rússia, os espetáculos: Lunário perpétuo (Antônio Nóbrega), Boca de

ouro (Direção José Celso Martinez Correa), Fausto Zero (direção de Gabriel

Vilela), Ensaio. Hamlet (direção de Enrique Diaz), e Caixa de imagens (teatro

de bonecos).

A Estação de Teatro Russo no Brasil 2006, com apoio do Sesc, MinC e Agên-

cia Federal de Cultura e Cinematografia da Rússia, fez parte dos mais impor-

tantes festivais nacionais de teatro des-

te ano. Cinco montagens russas foram

encenadas: a "quintessência do teatro

russo contemporâneo", segundo Valéri

Chadrin, coordenador do Festival

Tchekhov. Foram escolhidos pela

curadoria brasileira os espetáculos: Noi-

te de Reis e Boris Godonov (ambos com

a direção de Declan Donellan com ato-

res de diversas companhias da Rússia);

Proprietários à moda antiga (direção

Mindáugas Kàrbauskis); O capote (dire-

ção Valéri Fókin), e K.I. do crime e casti-

go (direção Kamas Ginkas).

Sob MedidaCia. de Arte Contemporânea da UFRJ

no Teatro Cacilda Becker

Apresentação do grupo de teatrorusso no Teatro Cacilda Becker

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Estímulo aos novos dramaturgos

Após quase dois anos de suspensão, o Prêmio Funarte

de Dramaturgia foi retomado em 2003. Com premiações

que valorizam os autores de todas as regiões e a nova

categoria Infância e Juventude, foram realizadas três edi-

ções do programa, com um total de 84 premiados e R$

980 mil em prêmios, para os três melhores trabalhos nas

duas categorias. Em 2005, 732 autores inscreveram-se

no concurso. Os vencedores, além de prêmio em dinhei-

ro, tiveram a obra publicada pela Funarte.

O Instituto Camões, o Instituto das Artes e o Teatro Naci-

onal Dona Maria II, de Portugal, assinaram com a Funarte,

em 2006, o convênio que criou o Prêmio Luso-Brasileiro

de Dramaturgia António José da Silva. O concurso seleci-

ona, anualmente, dois autores: um brasileiro e outro português. Cada um

recebe 15 mil euros e tem garantidas a edição dos textos e a montagem dos

espetáculos nos dois países. Cada país propõe quatro finalistas, apreciados

por um júri binacional, designado pelo Instituto Camões e pela Funarte. Em

2006, os brasileiros foram escolhidos entre os primeiros colocados do Prê-

mio Funarte de Dramaturgia, realizado de 2003 a 2005.

Nas edições, a história do teatro

Nestes quatro anos, também foi reformulada a produção editorial sobre te-

atro. Como exemplos, o Programa de Arquitetura Cênica e os Cadernos de

técnica teatral, do CTAC. O programa Resgate e Desenvolvimento de Técni-

cas Cênicas republicou os cinco livros da coleção, sobre administração tea-

tral, cenotécnica, arquitetura cênica e iluminação, reeditados em 2005.

Teve destaque, ainda, o lançamento da coleção de obras críticas. Em 2004,

Reflexões do teatro brasileiro século XX, de Yan Michalski, organizado por

Fernando Peixoto e, em 2006, Paschoal Carlos Magno - Crítica teatral e

outras histórias, organizado por Martinho de Carvalho e Norma Dumar. O

lançamento comemorou o centenário de Paschoal Carlos Magno, numa ho-

menagem do Festival de Teatro do Rio, da Universidade Veiga de Almeida

e da Funarte.

Destacam-se também o relançamento de Ator e Método, de Eugenio Küsnet

e a reimpressão de Bailarino - pesquisador - intérprete - processo de forma-

ção, de Graziela Rodrigues, além das coletâneas anuais dos vencedores do

Prêmio Funarte de Dramaturgia.

Assinatura do convênio para criaçãodo Prêmio Luso-Brasileiro de

Dramaturgia Antônio José da Silva

Títulos lançadospela coleção

de obras críticas

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Valorização da dança

Com a recriação da Coordenação de dança, em 2004, pela primeira vez a

dança conquistou programas exclusivos e orçamento próprio, em atendi-

mento a pedidos da categoria. "A dança atingiu esta conquista a partir da

valorização de sua especificidade, com espaço para cada área cultural, e da

escolha de um especialista, Marcos Moraes como coordenador", afirma

Antonio Gilberto.

A atual gestão da Funarte fez o maior investimento público em dança na

história do país: quase R$ 12 milhões. O Prêmio Funarte Klauss Vianna de

Fomento à Dança, 2006, foi o maior do gênero já oferecido no Brasil: cerca

de R$ 7,85 milhões, para 210 grupos. No ano anterior, o Prêmio Funarte

Petrobras de Fomento à Dança já havia contemplado 31 montagens, com R$

1,25 milhão.

As Caravanas Funarte de Circulação Regional de Dança, em 2004, atingiram

comunidades que nunca haviam tido contato com esta forma de arte. Foram

31 espetáculos em quase 90 cidades de todas as regiões, nas capitais e no

interior.

A exemplo do que aconteceu no teatro, a Caravana Funarte Petrobras de

Circulação Nacional de Dança, de 2006, também estimulou a formação de

platéias e a comunicação da dança com a sociedade, especialmente na cir-

culação das produções independentes ou regionais.

O Teatro Cacilda Becker, no Rio de Janeiro, ficou marcado pela programação

diversificada, trazendo companhias de vários estados, e eventos que utili-

zam a dança para a construção da cidadania e da estética, como o

14

Cacildadania. Com duas edições em 2005, a mostra trouxe projetos de dan-

ça criados pelas comunidades de diversos bairros do Rio e arredores, ampli-

ando o acesso ao bem cultural. No programa Arte sem Barreiras, que pro-

move a inclusão no panorama artístico-cultural de pessoas com deficiência,

o Cacilda Becker acolhe três companhias residentes, que participaram do

Festival Arte sem Limites, em 2006.

Vários outros Fóruns e festivais de dança aconteceram no Teatro neste ano,

como o Fórum Nacional de Dança de Salão e o Festival Panorama de Dan-

ça. Este evento integra, juntamente com o Festival de Dança do Recife PE,

e o Fórum Internacional de Dança (FID), em Minas Gerais, o Circuito Brasi-

leiro de Festivais Internacionais de Dança, apoiado pela Funarte. A insti-

tuição colaborou também com diversos festivais de artes cênicas que abran-

gem a dança.

Mais circo do que nunca

Os quatro anos da atual gestão foram marcados pela cri-

ação do Prêmio Funarte de Estímulo ao Circo, que distri-

buiu recursos a 239 trupes, com o recorde de R$ 2 mi-

lhões em 2005. O concurso é aberto a grupos de qual-

quer tamanho ou tipo, atendendo à demanda de diversi-

ficação. Batizado de Carequinha em sua versão 2006, o

Prêmio concedeu pouco mais de R$ 1,53 milhão, em seis

módulos diferentes. No total, o investimento da Coorde-

nação de Circo foi de R$ 6 milhões, aproximadamente.

A Funarte também investiu na formação do Cadastro de

Profissionais e Grupos Circenses, que tenta mapear a dis-

tribuição da classe no Brasil, apesar das dificuldades de-

correntes da natureza da atividade.

O Ceacen criou duas ações para orientar os municípios

sobre o circo. A primeira é a informação às prefeituras

sobre como acolher o circo. Com uma cartilha de infor-

mações técnicas, a campanha Receba o Circo de Braços Abertos divulga in-

formações para simplificar a burocracia nos diferentes municípios. Ela veio

ajudar a acabar com a insegurança dos circenses, em sua vida nômade, de-

vido às variações de exigências. "Pedimos às prefeituras que destinem um

terreno exclusivo para os circos, com água e corrente elétrica", informa o

diretor do Ceacen.

Já a campanha institucional publicitária Receba o Circo de Braços Abertos,

que contou com o apoio da Rede Globo de Televisão e do jornal O Globo, é

uma forma de preparar e motivar a comunidade para a presença do circo.

A Escola Nacional de Circo, que preserva suas especialidades, em cursos

técnicos e artísticos, tem capacitado profissionais para a qualidade tanto

da montagem de equipamentos quanto da organização do espaço cênico.

Muitos ex-alunos da Escola estão empregados em circos famosos, nacio-

nais e estrangeiros, a exemplo do Cirque du Soleil, Ringling Bros e Circo

Arcaos, assim como em grupos cênicos renomados. A ENC tem 132 alunos

Receba o Circo deBraços Abertos

Campanha Nacional deValorização do Circo

em parceria com a RedeGlobo

Edital do PrêmioFunarte Carequinha de

Estímulo ao Circo

15

matriculados - 112 no curso regular e 20 profissionais em reciclagem - e,

nestes quatro anos, formou 38 novos artistas. O Ceacen conseguiu, ainda,

iniciar o necessário processo de reconhecimento da Escola pelo Ministério

da Educação.

Formação e informação técnica

O Centro Técnico de Artes Cênicas (CTAC), voltado para a área de infra-estru-

tura teatral, também recebeu mais investimentos da Funarte. O Programa

de Serviços de Consultoria Técnica em Construção ou Restauração de Espa-

ços Teatrais oferece consultoria a espaços cênicos em vários estados. No

Programa de Equipamento de Teatros, em 2005-2006, do CTAC, foram ad-

quiridos e doados a 40 teatros kits de iluminação cênica completos.

Entre 2003 e 2006, o Programa Formação de Recursos Humanos promoveu

cursos de todos os serviços teatrais para nível médio e de especialização

para nível superior, certificando 692 pessoas de diversos pontos do Brasil.

Como parte do Programa de Documentação e Informação, o Centro criou,

em 2003, em cooperação com a Unesco e o Instituto Brasileiro de Educação,

Ciência e Cultura (IBECC), o site Teatros do Centro Histórico do Rio de Janei-

ro - séculos XVIII a XXI, disponível em http://www.ctac.gov.br/

centrohistorico/index.asp. Já a home page Teatros do Brasil inclui uma base

de dados sobre casas de espetáculo do país, com todas as especificações

técnicas (http://www.funarte.gov.br/ctac/Funarte/index.php).

Teatro Cacilda Becker

16

Ceav

As artes visuais, desde meados do século 20, vêm ampliando seu campo de

atuação graças ao desenvolvimento natural das vanguardas artísticas que

tomaram a cena desde o fim do século 19, e a avanços tecnológicos que

possibilitaram o surgimento de uma série de outras formas de expressão.

As linguagens que costumavam se enquadrar sob o conceito artes plásticas

– gravura, pintura, escultura, desenho e objeto – se desdobraram em diver-

sas outras, e tudo passou a ser suporte para o fazer artístico.

O conceito artes visuais, mais apropriado à produção contemporânea, abran-

ge instalações, videoinstalações, performances, intervenções urbanas e uma

série de outras linguagens fronteiriças.

“Por conta dessa ampliação, talvez as artes visuais sejam o setor que abriga

hoje o maior número de artistas no planeta. As artes visuais estão no rótulo do

pacote do café, no design do computador, nos outdoors, nos cenários das pe-

ças teatrais, nas galerias, em toda parte”, explica o diretor do Centro de Artes

Visuais da Funarte (Ceav), Francisco de Assis Chaves Bastos (Xico Chaves).

Para compreender essas transformações, a Funarte convidou todos os seg-

mentos do setor, de todo o território nacional, para um intenso debate. Numa

iniciativa inédita, a sociedade foi estimulada a refletir sobre artes visuais e

sugerir políticas públicas que dessem conta de sua complexidade. A partir

desse diálogo, a Funarte elaborou projetos de difusão da produção nacio-

nal, ocupação de espaços públicos e revitalização de centros operacionais

sob sua direção ou subordinados a governos estaduais e municipais, par-

ceiros, pouco utilizados. Nesse período de 2003 a 2006, os investimentos

da Funarte para o setor somaram R$ 3,813 milhões.

Rede Nacional Artes Visuais

A primeira iniciativa da gestão 2003-2006 da

Funarte, no que concerne às artes visuais, foi o se-

minário Arte e estado, uma radiografia informal do

setor que teve seus debates publicados em livro. O

Arte e estado foi um dos suportes da Rede Nacio-

nal Artes Visuais, que percorreu o Brasil com ofici-

nas, palestras, exposições, documentação digital e

mapeamento informal da produção artística contem-

porânea, com objetivo de promover o intercâmbio

de conhecimentos e informações. A Rede visitou

cerca de 500 cidades de todo o país, atuando em

convênio com secretarias de Cultura de estados e

municípios, museus, universidades e fundações cul-

turais, com participação de aproximadamente 200

artistas (visitantes e locais), críticos de arte,

Rede NacionalJoão Pessoa, PB

Alice Vinagre

Centro de Artes Visuais

17

documentaristas e produtores culturais. Eles circularam pelo país apresen-

tando projetos, debatendo idéias, conceitos e ensinando técnicas artísticas.

O CD-ROM Cronologia da arte brasileira – século XX foi lançado em 2004, e

reeditado em 2005, para ser distribuído gratuitamente a órgãos públicos,

estudantes e outros participantes da Rede, como suporte ao debate e à for-

mação de conhecimento. Em 2005, o projeto Conexão Contemporânea am-

pliou as atividades da Rede, valorizando também trabalhos autorais. Atra-

vés do Conexão, artistas levavam uma proposta estética determinada às co-

munidades visitadas, que contavam com o apoio técnico de uma equipe es-

pecializada.

As ações da Rede foram documentadas por fotógrafos profissionais, regis-

tro disponível na internet. Além disso, foram produzidos dez documentários

audiovisuais, com depoimentos de alunos e professores, que serão distri-

buídos aos participantes da Rede, instituições parceiras, emissoras de tele-

visão e outras mídias.

Projéteis de Arte Contemporânea

Com base em propostas apresentadas por representantes da classe, a

Funarte ampliou seu campo de ação para além da política institucional, com

a abertura de oportunidades para artistas experimentarem linguagens e

apresentarem trabalhos em espaços específicos. Assim, o Projéteis de Arte

Contemporânea ocupou as galerias do Palácio Capanema com obras

selecionadas a partir de editais nacionais. Para que os espaços fossem ocu-

pados de maneira democrática, optou-se por contratar uma comissão

julgadora dos trabalhos, em substituição a um único curador.Abaixo,Tapumes,

de Henrique Oliveira

Vazio transitórioJosé Tannuri

Prêmio Projéteisde Arte Contemporânea

18

Na primeira edição do Projéteis, a comissão foi formada por Franz Manata,

artista plástico e mestre em artes visuais da UFRJ; Guilherme Bueno, mestre

em crítica e história da arte da UFRJ e curador do Museu de Arte Contempo-

rânea de Niterói; e Lula Wanderley, artista multimídia e pesquisador. A co-

missão julgadora da segunda edição foi formada por Cristiana Santiago Tejo,

curadora do Instituto de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco; Eduardo

Augusto Kalif de Souza, coordenador de Audiovisual da Fundação Curro Velho,

Belém, PA; Jailton Marenco Moreira, artista plástico, crítico de arte, coordena-

dor do Espaço Torreão, Porto Alegre, RS e curador do Projeto Rumos Visuais Itaú

Cultural (2001/2003); Marisa Flórido Cesar, mestre em História e Crítica de Arte

da UFRJ; e Wagner Pacheco Barja, mestre em Arte Tecnologia da Unb, artista

plástico, curador independente e coordenador das galerias do Conjunto Cultu-

ral da Caixa-Brasília.

Em toda a gestão, cerca de 100 artistas participaram de 4 exposições coletivas

que foram documentadas em 3 catálogos com registro das obras. Em 2005,

uma comissão julgadora selecionou, entre os participantes de todos os Projé-

teis, obras para exposição na França, por ocasião do Ano do Brasil na França.

Em 2006, graças ao sucesso das edições anteriores do Projéteis, o Ceav con-

seguiu ampliar os investimentos. Os artistas e grupos selecionados passa-

ram então a receber o Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea, no valor de

R$ 6 mil. A comissão foi formada por Afonso Henrique Martins Luz, Marcus

de Lontra Costa e Ceça Guimaraens.

Exposição EAV 30 Anos

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage completou 30 anos em 2005. Cele-

brando a data, a Funarte convidou a Escola para reunir obras de mais de 40

professores de seu corpo docente, formado por artistas renomados, na ex-

posição coletiva EAV 30 Anos. Os trabalhos selecionados cobriram um uni-

verso múltiplo e bastante representativo da produção contemporânea: pin-

turas, desenhos, fotos, instalações, objetos e vídeos.

20031ª exposição: Silvio Tavares Fernandes Júnior,Bruno Pacheco de Carvalho, Márcio Zardo, SandraSchechtman, Bernardo Pinheiro Mota, AmaliaGiacomini, Bernardo Damasceno e Gustavo Nasci-mento Junqueira Ferraz.

2ª exposição: Marcelo Lins de Magalhães, BrunoMonteiro, Adalgisa Maria Cavezzale de Campos,Diego Belda, Adriana Maciel, Gisele Camargo,Maria Elisa Mendez Miranda e Gustavo Prado.

3ª exposição: Ana Angélica Costa, Valéria Var,Valérie Dantas Mota, Rachel Korman, SolangeVenturi, Ana Lana Gastelois, David Cury e Edna

Lucia Gomes e Silva.

2004/20051ª exposição: Adriane Lacerda Vasquez, AndréMoura Bethlem, Carolina Lopes, Chico Fernandes,Denise Gadelha, Felipe Barbosa, Henrique Olivei-ra, Júlio Rodrigues, Leonardo Videla, Lucia Lagu-na, Pedro Engel e Ricardo Peixoto.

2ª exposição: Ana Holck, Andréa Lanna, BiancaTomaselli, Elisa Noronha, Juliana Kase, Lu Renata,Luana Veiga, Luiz Preza, Marcos Abreu, MarianaManhães, Maurício José, Roselane Pessoa, SuelyFarhi e Tatiana Blass.

3ª exposição: Alex Villar, Alexandre Monteiro, AnaTorres, Armando Mattos, Bruno Vieira, CarloSansolo, Christina Meirelles, Fábio Carvalho,Marcos Sari, Marilice Corona, Milena Travassos,

Simone Rebelo e William Toledo.

4ª exposição: Alberto Saraiva, Cassiano, CarlosMelo, Heleno Bernardi, Marcela Rangel, RodrigoBraga, Rosana Ricalde, Sérgio Torres, Vera Lago,Grupo de BH: Benjamin Abras, DenílsonRugsvann, Isabela Goulart, Marcos Palmeira eSebastião Miguel.

20061ª exposição: Diogo de Moraes, Gustavo Prado,Henrique Oliveira, José Tannuri e Marcos André.

2ª exposição: Bernardo Pinheiro, DáliaRosenthal, Domingos Guimaraens, Nadan Guer-ra, Gisele Camargo e Paulo Vivacqua.

3ª exposição: Amália Giacomini, Bruno Vieira,Fábio Okamoto e Tatiana Grinberg.

Estela Sokol, Guilherme Machado, HugoHouayek, Suzana Queiroga, Ana Holk Arjan,Chico Fernandes, Claudia Vieira, MilenaTravassos e Wagner Malta Tavares, tambémselecionados, têm mostras já agendadas para2007.

Artis

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Arte

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Oficinade Rubens Pileggi Sá,

em Antonina, PR

19

Premiados

Categoria Fomento/Pesquisa:Bené Fonteles (PA/DF), Frederico Câmara(MG), Mariana Manhães (RJ), MiltonMarques (DF), Ronald Duarte (RJ)

Categoria Monografia:Fernanda Cardoso Lopes (RJ)

Categoria Conjunto da Obra:

Nelson Felix (RJ)

Comissões julgadoras

Comissão de Pré-seleção:

Adolfo Montejo Navas, artista, curador; Alberto

Saraiva, artista, curador de artes visuais do Centro

Cultural Telemar, Rio de Janeiro, RJ; Maria do

Carmo de Siqueira Nino, Professora Adjunta da

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE.

Comissão de Seleção:

Jailton Moreira, artista e professor de arte e criador

do espaço Torreão, Porto Alegre, RS; Lídia de Souza,

curadora, produtora, Belém, PA; Wagner Barja,

artista visual, curador e coordenador Pedagógico da

Casa de Cultura da América Latina – CAL – DEx / UnB,

Brasília, DF.

Comissão de Monografia:

Glória Ferreira, crítica de arte, curadora

independente e professora da Escola de

Belas Artes/UFRJ; Marisa Flórido, crítica e

curadora, RJ; Paulo Sérgio Duarte,

professor de História da Arte (UCAM),

crítico e curador, RJ.

Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça

Ao receber do Ministério da Cultura a determinação de regulamentar e reali-

zar o prêmio anual de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, a Funarte se sen-

tiu prestigiada pelo reconhecimento de seu trabalho no campo das artes

visuais. Em sua primeira edição, a Funarte distribuiu R$ 220 mil em prêmi-

os, acrescentando aos programas de fomento e difusão cultural do governo

mais um estímulo à produção e à difusão de arte brasileira, considerada

estratégica para o desenvolvimento socioeconômico do país.

O Prêmio homenageia de forma permanente o galerista que mais se empe-

nhou em dar projeção nacional e internacional à arte contemporânea brasi-

leira, a partir dos anos 90, o recifense Marcantonio Vilaça, que morreu aos

37 anos no dia 1º de janeiro de 2000. Na primeira edição, os prêmios foram

distribuídos em cinco bolsas de estudo de fomento e pesquisa, no valor de

R$ 30 mil cada uma; um prêmio de R$ 35 mil pelo Conjunto da Obra; e um

prêmio de R$ 35 mil para publicação de monografia.

Convênio com o Museu Imperial de Petrópolis

Em 2003, a exposição coletiva Conexão Petrópolis inaugurou o convênio fir-

mado entre a Funarte e o Museu Imperial de Petrópolis para desenvolver o

Programa de Artes Visuais do museu. O objetivo é difundir e documentar a

arte contemporânea, por meio de exposições e ações educativas, visando

formar novas platéias. Grande parte das mostras era acompanhada por de-

bates com os artistas participantes.

Entre 2003 e 2004, o projeto Via BR 040 deu seqüência às atividades do

convênio com as mostras Longo trecho em aclive e SerraCerrado. Em 2005,

a mostra Expresso Abstrato contou com o talento de artistas de renome como

Anna Bella Geiger, Antonio Bandeira, Fayga Ostrower, Ivan Serpa, Lygia Clark

e Lygia Pape. Em suas criações, eles se inspiraram na Primeira Exposição Na-

cional de Arte Abstrata, realizada no Quitandinha, em Petrópolis, RJ, em 20 de

fevereiro de 1953, fato pioneiro na história da arte brasileira. Ainda em 2005,

o programa Arte no Ventilador promoveu uma série de ações educacionais e

Acima, Prêmio Marcantonio Vilaça | Bené FontelesProjeto S/ Título, 2003/2006

Foto: Isabella Matheus

Sele

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20

Coleção FernandaMontenegro

práticas com participações de Aline Castela, Sigrid Haack, Guilherme Bueno e

Fernando Gerheim. Em 2006, a exposição Sinais na Pista reuniu poesia e ar-

tes visuais com trabalhos de Aimberê Cesar, Eliane Prolik, Hermeto Pascoal,

Lula Wanderley, Paulo Bruscky, Waltércio Caldas e outros artistas.

Centro de Conservação e Preservação Fotográfica

O Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF), que funciona

em prédio histórico em Santa Teresa, foi criado em 1984 com o objetivo de

preservar a memória fotográfica brasileira. Seus trabalhos de conservação

e reprodução fotográfica estão sempre voltados à produção do conhecimento

técnico na área. Nesta gestão, o CCPF passou por ampla reforma de recupe-

ração da fachada, revisão das instalações e modernização dos equipamen-

tos. Em julho de 2004, a I Semana Funarte de Conservação Fotográfica mar-

cou o retorno das atividades, com visitas guiadas aos laboratórios do Cen-

tro, palestras e mesas-redondas.

A partir de 2004, o CCPF passou a atuar em parceria com diversas institui-

ções em projetos de preservação da memória fotográfica brasileira. Foram

restaurados negativos panorâmicos da coleção Augusto Malta, com 118 ima-

gens do início do século 20, pertencentes ao Museu da Imagem e do Som do

Rio de Janeiro; cerca de 800 imagens em 9 álbuns fotográficos do Centro de

Documentação da Nestlé; 2.000 imagens do Projeto Escola de Enfermagem

Anna Nery; e 260.000 imagens contemporâneas do Museu da Imagem e do

Som de São Paulo. O CCPF implantou também projeto de duplicação de ne-

gativos da Fiocruz. Também foram realizados projetos de tratamento de ima-

gens no Arquivo Histórico do Iphan, no Museu Casa de Benjamin Constant

(Iphan), no Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho, na empresa Norberto

Odebrecht, no Mosteiro de São Bento, no Museu da Imagem e no Som de

Goiânia e o do Paraná.

Foram instalados o projeto de conservação e acondicionamento das foto-

grafias da Coleção Walter Pinto e outros itens do

Acervo do Centro de Documentação da Funarte,

destacando-se as coleções Nossa Gente, Fernanda

Montenegro, e imagens de Sebastião Salgado; e o

projeto de conservação do acervo fotográfico do

Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arqui-

tetura e Preservação (LAP), da Faculdade de Arqui-

tetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São

Paulo (USP).

O CCPF prestou também consultoria técnica a diver-

sos projetos de conservação de imagens, contem-

plando, entre outros, os seguintes acervos: fotogra-

fias de Marc Ferrez, Projeto Portinari, Fundação DER-

RJ, Furnas Centrais Elétricas, Cruz Vermelha Brasi-

leira, Casa de Cora Coralina, Espaço Cultural do Ban-

co Santos, SP, Museu do Índio, Museu da Repúbli-

ca, Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Mu-

seu Antropológico Diretor Pestana, RS, Museu Im-

Tratamento de imagensdo Museu Nacional

21

perial de Petrópolis, Museu Histórico da Universidade de Viçosa, Escola de

Enfermagem da Uerj, e Correio Brasiliense e Prefeitura de Teresina, PI.

Os Cadernos Técnicos de Conservação Fotográfica, que divulgam textos pro-

duzidos pela equipe do CCPF e seus colaboradores, voltaram a ser editados,

com seis edições publicadas ao longo da atual gestão.

Em 2003, a Funarte participou do I FotoRio, evento bienal que ocupou 100

galerias na cidade com duas exposições importantes, Sebastião Salgado e

Nossa Gente, que fazem parte do acervo da instituição.

Artes Visuais em Brasília e São Paulo

O Prima Obra, projeto criado em 1995 para apresentar o panorama da pro-

dução artística contemporânea e divulgar novos talentos, apresentou, em

2003, mostras individuais de Lucia Gomes, Juliana Notari e Patrícia Gládis,

além de coletivas, na Galeria Fayga Ostrower.

No mesmo ano o Ceav restaurou a marquise de Oscar Niemeyer no Espaço

Cultural da Funarte de Brasília. Em 2004, o projeto Atos Visuais foi lançado

em substituição ao Prima Obra, com objetivo de estender os limites expositivos,

antes restritos à galeria Fayga Ostrower, para a marquise recém-restaurada e

para os jardins do entorno da sede da Funarte. Foi inaugurada então a galeria

Marquise. Naquele ano, mostras de Raquel Mascarenhas, Sandro Gomide,

Maria Beatriz de Medeiros e outros ocuparam as duas galerias.

Em 2005, foi a vez da carioca Ana Angélica Costa,

com a exposição Brasília, capital da fotografia, e

do brasiliense Antonio Carlos Elias, entre outros.

Em 2006, a galeria Fayga Ostrower abrigou obras

individuais de Rodrigo Corrêa Rosa e Bruno Vieira

de Britto, além de outras coletivas. Na galeria

Marquise expuseram André Venzon e João Angelini

Mota Campos.

Capa de partituraresutaurada

Projeto Atos Visuais daFunarte Brasília 2006

Invasões,de Bruno Vieira

22

Croma, de Júlio Leite,Projeto Atos Visuais,

Brasília

As galerias da Funarte, em São Paulo, abrigaram, em 2003, 15 exposições de

pintura, escultura, objeto, instalação e fotografia instaladas no Espaço Almeida

Salles, Galeria Mário Schemberg, Espaço Darcy Ribeiro e sala Jorge Mautner.

Em 2004, cinco mostras ocuparam as salas. O projeto Espaços de Artes Visu-

ais, de 2004, selecionou artistas das regiões Sul e Sudeste, entre eles o paulista

Adams Teixeira de Carvalho, a carioca Ana Lana Gastelois, o catarinense Antô-

nio Vargas e o mineiro Luiz Flávio. Em 2005, a exposição Adolphe Appia 1862-

1928 foi apresentada no Teatro de Arena Eugênio Kusnet.

Em 2006, foram iniciadas as obras de reformulação da sala Jorge Mautner e

da Galeria Mário Schenberg.

Carbono-14,de Marina Camargo,

Projeto Atos Visuais,Brasília

23

Projeto Editorial

O Ceav retomou, em parceria com o Centro de Programas Integrados (Cepin)

da Funarte, a edição de livros, com projeto editorial coordenado pela pro-

fessora e crítica de arte Glória Ferreira. Os títulos editados foram seleciona-

dos por comissão editorial.

Duas coleções foram lançadas em 2004: Pensamento crítico, com os volumes

Paulo Sergio Duarte – A Trilha da Trama e Outros Textos, Sobre Arte e Frederico

Morais; e Coleção Fala do Artista, com os volumes Núcleo de Arte Contempo-

rânea da Paraíba, Espaço N.O. Nervo Óptico, e Ivan Serpa. Em 2005, foi

reeditado o livro Abstracionismo Geométrico e Informal – A Vanguarda Brasi-

leira nos Anos Cinqüenta, de Fernando Cocchiarale e Anna Bella Geiger.

O Ceav lançou, em 2006, o livro Crítica de Arte no Brasil: Temáticas Contem-

porâneas, organizado por Glória Ferreira, uma coletânea de críticas

publicadas na imprensa do país, que permite aos estudiosos do tema uma

visão mais ampla dos debates que permeiam a arte brasileira contemporâ-

nea das últimas décadas.

Câmaras Setoriais

Em parceria com o Centro de Programas Integra-

dos, as Câmaras Setoriais de Artes Visuais foram

criadas por determinação do Ministério da Cultu-

ra para reunir artistas, críticos de arte, produto-

res, setores da cadeia produtiva, representantes

de associações, cooperativas e sindicatos de 23

estados brasileiros. Se na Rede Nacional Artes Vi-

suais o debate girou em torno das questões es-

téticas e de linguagem, aqui a discussão e os

questionamentos focalizaram as políticas públi-

cas para o setor. Os temas discutidos no seminá-

rio compõem uma publicação documental em fase

de edição, que será distribuída a todos os parti-

cipantes, fóruns nacionais de artes visuais e en-

tidades correlacionadas.

Edições Funarte,parceria Ceav / Cepin

Câmara Setorial deArtes Plásticas efachada da Funartede São Paulo após asobras de restauração

24

Centro da Música

Cem

us

Retomada e popularização. Estas foram as duas principais tarefas do Centro

da Música (Cemus) de 2003 a 2006. E os resultados não foram poucos. O

destaque, sem dúvida, foi o retorno do Projeto Pixinguinha em 2004, depois

de sete anos, voltando a levar a música de artistas importantes a todos os

cantos do país. Mas diversas outras iniciativas, preexistentes ou idealiza-

das durante a gestão, garantiram o cumprimento da missão do Cemus de

apoiar, divulgar e preservar a produção musical brasileira. A música erudita,

por exemplo, viveu um momento especial com as XV e XVI Bienais da Músi-

ca Contemporânea e os projetos Circulação de Música de Concerto, Concer-

tos Didáticos na Escola e Programa de Apoio a Orquestras. As bandas tradi-

cionais também receberam apoio com a promoção de cursos e a distribui-

ção de instrumentos e partituras. Os investimentos no segmento de música

nestes quatro anos totalizaram R$ 23,23 milhões.

“Estes quatro anos foram basicamente de reorganização e reconstrução. En-

contramos quase todos os projetos parados. Mas, aos poucos, conseguimos

fazer nosso trabalho. Retomamos projetos tradicionais, como o Pixinguinha e

o Circulação de Música de Concerto, e realizamos alguns outros, sempre pre-

ocupados em permitir o acesso do público à melhor música e o intercâmbio

entre todas as regiões do país”, diz Ana de Hollanda, diretora do Cemus.

Para um plano de retomada, nada melhor do que o retorno de um dos proje-

tos musicais mais conhecidos da história do país. Criado em 1977 para di-

fundir e formar platéias através da circulação nacional de artistas consagra-

dos e novos talentos, o Pixinguinha realizou de 2004 a 2006 nada menos

que 344 apresentações num total de 73 cidades de todos os Estados do

País. A soma de música de qualidade, direção cuidadosa e preços reduzidos

– com entrada franca ou ingresso de, no máximo, R$ 5 – atraiu 185.800 es-

pectadores às apresentações.

A nova fase do Pixinguinha, patrocinado pela Petrobras desde 1983, levou ao

Brasil inteiro nomes como os compositores Francis Hime e Vitor Ramil, as canto-

ras Mônica Salmaso e Teresa Cristina, a cirandeira Lia de Itamaracá, a dupla

caipira Zé Mulato & Cassiano e o grupo Bangalafumenga. A seleção dos candi-

datos, inscritos por edital ou indicação de secretarias e fundações de Cultura,

ficou a cargo de um júri formado por críticos musicais que tiveram como único

critério a qualidade artística dos trabalhos. Do total de 1.557 inscrições de artis-

tas de todas as regiões do Brasil, foram selecionadas 131 atrações.

Um aspecto essencial da atuação do Cemus, presente no Pixinguinha, é a

parceria com secretarias e fundações locais. “Precisamos de uma logística

local, e é nisso que entra a parceria. É um exemplo muito claro de que o

Sistema Nacional de Cultura, uma meta do Ministério da Cultura, não é con-

25

to da carochinha”, diz o coordenador de música popular, Pedro Paulo Malta.

Segundo ele, a Funarte, uma fundação ligada ao Governo Federal, consegue

apoio de todos os partidos. Nenhuma secretaria municipal ou estadual quer

deixar seu povo sem o Pixinguinha.

Shows de qualidade com preços populares

A divulgação da música popular brasileira também foi reforçada com um

novo projeto em 2006, o Pauta Funarte de Música Brasileira, que visa à ocu-

pação dos tradicionais espaços de música da Funarte. No primeiro ano, a

Pauta Funarte aconteceu paralelamente nas salas Sidney Miller (Rio) e Cássia

Eller (Brasília), recebendo 228 apresentações de 114 artistas. A Sala Funarte

Guiomar Novaes, em São Paulo, deverá entrar no circuito em 2007, ao fim

da reforma que vem sofrendo.

Com patrocínio da Petrobras, as Salas Funarte passaram a ter preço fixo de

R$ 5 na bilheteria (R$ 2 com desconto), incentivando a presença do público.

Os artistas, selecionados entre 874 inscritos, também foram valorizados e

passaram a receber cachê, além da habitual participação na bilheteria. “O

público ainda está aquém do que queremos, mas melhorou em relação ao

passado”, admite Pedro Paulo. “Mas essa retomada da efervescência das

Salas Funarte é um trabalho de longo prazo”, explica.

O Cemus também atuou em diversas frentes no tocante à divulgação e apoio

à música erudita. Nestes quatro anos, foram duas Bienais de Música Brasi-

leira Contemporânea (2003 e 2005), a retomada do projeto de Circulação de

Música de Concerto (conhecido anteriormente como Rede Nacional da Mú-

sica) e uma novidade: os Concertos Didáticos nas Escolas.

Celso Fonseca,Martinália e Rogéria

Holtz no ProjetoPixinguinha

Monarco no ProjetoPauta Funarte deMúsica Brasileira

26

Considerado o mais conceituado programa dedicado à música clássica no

país, a Bienal da Música Brasileira Contemporânea selecionou para sua 15ª

edição (2003) 90 composições de autores de todo o País, que foram apre-

sentadas em concertos na Sala Cecília Meireles e na Sala Baden Powell.

Além dos espetáculos, foram realizadas exibições de documentários e um

curso especial de Introdução à Musicografia em Braille, ministrado pela flau-

tista Dolores Tomé.

Recorde de público na XVI Bienal

Em 2005, quando comemorou os 30 anos de sua primeira edição, o evento

alcançou sucesso maior ainda. Para a XVI Bienal, foram selecionadas 98

obras, novamente apresentadas em concertos na Sala Cecília Meireles e na

Sala Baden Powell, que atraíram uma média de 600 espectadores por espe-

táculo – um recorde de público. O evento homenageou o compositor alemão

Hans-Joachim Koellreuter, morto em novembro de 2005.

O Cemus também deu apoio à manutenção e circulação das orquestras brasi-

leiras. Em 2004, foi lançado o edital do Programa de Apoio a Orquestras, com

objetivo de apoiar orquestras sinfônicas de cordas e de câmara na aquisição

de instrumentos, estantes para partitura, peças de reposição e materiais de

consumo, além da reparação de instrumentos. Concorreram orquestras cons-

tituídas sob forma de instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos.

Depois de análise feita por uma comissão de músicos, foram selecionadas 12

das 43 propostas enviadas. O valor total dos prêmios foi de R$ 320 mil.

Em 2004, a Funarte também lançou o edital do projeto Circulação de Música

de Concerto, que sucedeu a antiga Rede Nacional da Música. O objetivo é

patrocinar excursões com recitais de música clássica por duos, trios e quar-

tetos vocais e/ou instrumentais de músicos brasileiros ou radicados no país.

Foram aprovados 10 dos 84 projetos inscritos, de acordo com critérios artís-

ticos, de diversidade das regiões atingidas, presença de música brasileira e

representatividade das procedências e repertório. O prêmio total foi de R$

1,32 milhão. As apresentações ocorreram em 2004 e 2005.

Na edição de 2006, foram selecionadas 15 propostas, que receberam R$ 130

mil cada, para levar a música clássica às cinco regiões do país. O valor total,

proveniente de patrocínio da

Petrobras, foi de R$ 2,35 mi-

lhões. De abril a novembro, os

grupos realizaram 152 apresen-

tações, com média de público de

300 pessoas. Uma novidade na

área de música erudita foi o pro-

jeto Concertos Didáticos nas Es-

colas. Criado para romper com o

preconceito de que a música eru-

dita só pode ser apreciada por

classes privilegiadas, o projeto

levou duos, trios e grupos vocais

e/ou instrumentais a escolas pú-

Antonio Grassi entregainstrumentos às

bandas de música

Quarteto SP no projetoCirculação de Música de

Concerto, em Recife

27

blicas de suas regiões, para apresentações gratui-

tas. Os primeiros concertos – viabilizados por pa-

trocínio de R$ 650 mil da Petrobras – aconteceram

em 2006, com 15 grupos: no Rio de Janeiro (7), São

Paulo (3), Minas Gerais (1), Paraná (1), Pernambuco

(1), Piauí (1) e Rio Grande do Sul (1).

Os grupos fizeram 129 apresentações para um total

de 14.750 estudantes da rede pública. “Nos concer-

tos, os músicos mostram os instrumentos e falam dos

compositores. O próprio programa é mais voltado ao

público jovem. Queremos formar uma platéia de cri-

anças e adolescentes que não iriam ao teatro assistir

a um concerto de música erudita. Mas eles só não vão porque não conhecem,

não têm acesso”, explica Maria José Queiroz, subgerente de música erudita.

Preservação da tradição das bandas

Na gestão 2003-2006, também ganhou novo fôlego o Projeto Bandas, criado

em 1976 para preservar a tradição brasileira das bandas de música por meio

da distribuição de instrumentos de sopro, edição de partituras e realização de

cursos de reciclagem para músicos. Mais do que uma mera iniciativa de apoio,

no entanto, o projeto tornou-se uma verdadeira ação de inclusão social, con-

tribuindo para a retirada das ruas de crianças em situação de alto risco.

“O projeto passou a ser também uma ação de inclusão social. Uma das fun-

ções da banda de música é tirar das ruas as crianças ameaçadas pela prosti-

tuição, pelas drogas”, explica Rosana Lemos, coordenadora do Projeto Ban-

das. “Ela passou a ter uma ação social muito grande. Quando a Funarte faz a

distribuição dos instrumentos de sopro, dá uma chance de inclusão de mais

integrantes, e com isso beneficia as crianças”, conclui a coordenadora.

Depois de reassumir o programa de distribuição de instrumentos em 2003,

a Funarte sofreu com a falta de recursos até 2005, quando, graças ao apoio

do Fundo Nacional de Cultura (FNC), foram distribuídos 936 instrumentos

para 81 bandas de 68 municípios. Em 2006, o número de instrumentos doa-

dos cresceu, totalizando 1.477, destinados a 171 municípios.

A Funarte também realizou, em 2003 e 2004, os Painéis Funarte de Bandas de

Música, com cursos de técnica de instrumentos de sopro; percussão; reparo e

manutenção de instrumentos; técnicas de ensaio; percepção musical e harmo-

nia. Realizados em três cidades, em cada ano, os Painéis reuniram cerca de

1.700 participantes. Em 2004, também foram editadas partituras do Hino Naci-

onal Brasileiro e do Hino à Bandeira, com tiragem de 3.000 exemplares cada.

Em suas ações nestes quatro anos, o Cemus teve a preocupação de levar a

música brasileira a todas as classes sociais, bem como às diferentes regi-

ões do país. “A orientação é no sentido de sermos plurais e fazer os projetos

acontecerem no Brasil inteiro. Para a Funarte, Boa Vista tem o mesmo peso

do Rio de Janeiro e São Paulo; Rio Branco tem o mesmo peso de Salvador. É

uma nova postura e, para botar isso em prática, é preciso acreditar nesta

nova política cultural”, diz Pedro Paulo Malta.

Instrumentos doadospela Funarte

Cartaz do Painel FunarteBandas de Música 2004

28

Centro de Programas Integrados

Cepi

n

A necessidade de existência, na Funarte, de um centro que agisse de forma

transversal fez com que a nova gestão da Instituição criasse, em 2003, o

Centro de Programas Integrados, Cepin. Responsável pela integração das

áreas de atuação da Funarte, abrange o Centro de Documentação e Informa-

ção, Cedoc, a Gerência de Edições e o Canal Funarte. Até 2004, o Cepin era

responsável pelo Programa Arte sem Barreiras, hoje ligado à Assessoria Es-

pecial da Presidência da Funarte.

“O Cepin se responsabiliza por todos os programas e projetos que são transver-

sais aos demais centros da Funarte, como a música, artes cênicas – teatro, dan-

ça, circo – e artes visuais. Essa idéia surgiu da tentativa de se criar uma gestão

estratégica dentro da fundação. O Centro também ficou responsável pelo funci-

onamento das Câmaras Setoriais”, explica Vitor Ortiz, diretor do Cepin.

Sobre as ações do Cepin nesta gestão, Vitor Ortiz destaca a entrada do Cen-

tro em temas complexos e de profundidade como a elaboração de estratégi-

as, metas e políticas, para a circulação internacional de espetáculos; a en-

trada do Cepin no debate sobre a estruturação das cadeias produtivas das

áreas de atuação da Funarte (música, dança, teatro, circo e câmaras

setoriais); e a criação do Canal Funarte, como elemento de difusão do acer-

vo que a Instituição já possuía.

“A Funarte buscava a retomada do seu papel no ce-

nário nacional. De um modo geral, em todos os pro-

gramas que executa hoje, é mais aberta, tanto às

necessidades que são apontadas pelos nossos téc-

nicos, quanto pelos governantes, artistas e produ-

tores culturais. Prova disso é a política de editais

que a Funarte adota”, afirma.

Restauração de arquivo e digitalização deacervo

O Centro de Documentação e Informação da Funarte

(Cedoc) é um dos mais completos acervos de arte

do país e abriga o material de instituições que fo-

ram criadas desde a década de 1930. Tem como fi-

nalidade reunir, organizar e disseminar documen-

tos e informações que apóiem e incentivem a pro-

dução artística e cultural e as pesquisas em arte.

Além disso, também envolve todas as atividades

desenvolvidas pela Funarte, como a guarda e a or-

ganização da documentação administrativa produ-

zida pela instituição.

Coleção de postais antigosdo acervo do Cedoc

29

Helena Ferrez, coordenadora do Cedoc, afirma que, a partir de 2003, houve

um imenso salto qualitativo. “Temos um acervo de um milhão de itens so-

bre artes plásticas, música, fotografia, teatro, dança, ópera, circo, cinema e

vídeo. São documentos, partituras, fitas, desenhos originais de cenários e

figurinos, recortes de jornais, fitas de vídeo, CD-ROMs e CDs. Foi nesta ges-

tão que o acervo começou a ser digitalizado. Hoje, o internauta consegue

acessar em nossa base de dados 49.435 registros e são 600 atendimentos

mensais”, informa Helena.

Em 2003, o Cedoc recebeu R$ 106 mil do governo, o que possibilitou uma

pequena reforma na sala de consulta, aquisição de livros, estantes e outros

materiais especiais para a conservação. Neste mesmo ano, a Fundação Vitae

ofereceu um recurso de R$ 142 mil que possibilitou a migração da base de

dados e a renovação do equipamento de informática.

Em 2004, o Cedoc contou com recursos do governo federal, R$ 142 mil, e

mais uma vez investiu em equipamentos e materiais para o setor.

Em 2005, as verbas do governo foram aplicadas em: R$ 6 mil para a compra

de livros na Bienal do Livro, realizada em maio no Rio de Janeiro; e R$ 121

mil de custeio, liberados em outubro/novembro, dos quais R$ 30 mil foram

repassados para o Canal Virtual, setor da mesma diretoria que o Cedoc. O

saldo de R$ 91 mil foi investido na aquisição de materiais próprios para a

higienização, restauração e acondicionamento dos documentos do acervo,

na encadernação de obras, na compra de material fotográfico e manutenção

de equipamentos do Centro de Preservação e Conservação Fotográfica, na

compra de mais livros, na contratação de serviço de digitalização de recor-

tes de jornais e na reforma de arquivos e armários de aço.

Com os recursos da Fundação Vitae, instituição que apoiou projeto de pre-

servação do acervo do Cedoc num total de R$ 75 mil, investiu-se na

contratação de serviço de conservação e restauração de desenhos originais

e gravuras da coleção de cenários e figurinos, na compra de material para o

acondicionamento do acervo do Arquivo Família Oduvaldo Vianna, na enca-

dernação de obras raras e na ampliação do sistema de circuito interno de

segurança, implantado em 2004. O Cedoc pôde, ainda, com recursos de ou-

tros setores da Instituição, ter seu acervo sonoro gradativamente digitalizado.

Democratização da leitura

As edições Funarte têm o objetivo de promover e incentivar, em todo o terri-

tório nacional, a produção, o desenvolvimento e a difusão das manifesta-

ções artísticas e culturais brasileiras. Com as novas publicações, a Funarte

retoma um espaço nobre que sempre ocupou no campo das edições em arte,

em apoio aos projetos e políticas desenvolvidas por seus diversos Centros.

Em 2006, lançou o Programa de Doação das Edições Funarte, que em sua pri-

meira fase distribuiu cerca de 50.000 livros a 1.000 bibliotecas, em 800 municí-

pios de todas as regiões do País. O Programa fez parte das ações comemorati-

vas dos 30 anos da Fundação. O objetivo foi ampliar o acesso do público às

Edições Funarte, que reúnem em seu acervo milhares de obras editadas ao lon-

go de sua história. Com este programa, a Funarte realizou a maior doação de

livros da sua história a um custo muito baixo, cerca de R$ 80 mil.

Cartaz do Programa deDoação de Livros da Funarte

30

Vítor Ortiz, afirma: “É a democratização

da informação. Doamos material de qua-

lidade e vamos fazer isso de novo no pró-

ximo ano”.

Além das obras mencionadas nos relató-

rios dos Centros da Funarte, as Edições

também lançaram: Arte/Estado – pales-

tras e debates, transcrição editada de dez

palestras e debates que ocorreram entre

julho e setembro de 2003; Orquestra Sin-

fônica Brasileira, de Sérgio Nepomuceno

Alvin Corrêa; Orlando Silva, o cantor das

multidões, reedição ampliada e atualiza-

da; De Godard a Zé do Caixão, de Ivan

Cardoso – Livro de fotos do autor retra-

tando figuras do meio artístico num

enfoque original e bem-humorado; Fora

do Sério – um panorama do teatro de re-

vista no Brasil, de Delson Antunes; Fotografia no Brasil: um olhar das ori-

gens ao contemporâneo, de Ângela Magalhães e Nadja Figueiredo; Educa-

ção, arte, inclusão – Quarto número do Caderno de Textos, editado pelo Pro-

grama Arte sem Barreiras; Coleção Revista da Música Popular – Edição fac-

símile dos 14 números da revista editada por Lúcio Rangel; Crítica de Arte

no Brasil: Temáticas contemporâneas – Coletânea organizada por Glória

Ferreira; e Paschoal Carlos Magno: Crítica e outras histórias – Coletânea

de 300 textos do autor, diretor, poeta e diplomata, selecionados por

Martinho de Carvalho e Norma Dumar.

Canal Funarte

O Canal Funarte, primeiro veículo da Fundação na web, possibilita o cumpri-

mento de uma das missões prioritárias da instituição: a difusão de mú-

sica, de artes cênicas e de artes visuais, por meio de programas à

base de som, texto e imagens, especialmente produzidos para a

rede mundial de computadores.

Na estréia, em 7 de agosto de 2006, foi lançada a galeria

de fotografias e biografias de 18 atores e atrizes que con-

tinuam em palcos e estúdios aos 80 anos de idade. Em

seguida, a coleção iconográfica, com criações originais

de figurinistas e cenógrafos. E, na área de entrevistas,

a série de depoimentos de criadores das áreas de artes

visuais, dança, circo, teatro e música.

Na Rádio Funarte, três estações divulgam programações

especialmente elaboradas para os repertórios popular, eru-

dito e folclórico. Estão disponíveis todos os 65 CDs produzi-

dos pela Funarte e a totalidade de espetáculos realizados nas

Salas do Rio e de Brasília, em 2006. É mais uma mostra da diver-

Conjunto de livrosdoados pela Funarte

31

sidade da cultura nacional, disponível para audiência de alcance

mundial em ação formadora de platéia para a arte brasileira. Neste

período inicial, 1.500 músicas estão no ar, com um potencial de

20.000 obras já digitalizadas e em fase de autorização.

O coordenador do Canal Funarte, Paulo César Soares, explica que

a multimídia do Canal Funarte, com a conjugação de vídeo, foto-

grafias, áudios e textos, mostra-se o meio ideal para homenagens

a grandes nomes como Oscarito, Dulcina, Carlos Gomes e Radamés

Gnattali. O centenário do maestro gaúcho inaugura, com o espe-

táculo Grande Gala – Radamés 80, gravado na Sala Funarte Sidney

Miller em 1985, a exibição dos documentos sonoros do projeto de

digitalização patrocinado pela Petrobras.

No ícone de Serviços, dedicado a instrumentalizar produtores de

todo o território nacional, destacam-se o acesso direto às Leis de

Incentivo à Cultura de todo o país, às Secretarias Municipais e Es-

taduais de Cultura e às Câmaras Setoriais. Até o momento, o canal recebeu

35 mil visitas, o que comprova o sucesso da iniciativa.

Câmaras Setoriais de Cultura

As Câmaras Setoriais de Cultura são órgãos consultivos vinculados ao Con-

selho Nacional de Política Cultural (CNPC) e sua principal finalidade é a con-

solidação de um canal organizado para o diálogo, a elaboração e a pactuação

permanentes entre os segmentos das artes e o Ministério da Cultura.

A experiência concreta do projeto tem acrescentado outras finalidades não

menos importantes, como a transformação das Câmaras Setoriais em ins-

trumentos de conquista para as metas econômicas dos setores em pauta.

O projeto vem sendo desenvolvido desde o final de 2003, com especial im-

pulso nos anos de 2004 e 2005. Seus principais objetivos são: dialogar, for-

mular e pactuar diretrizes políticas a superação dos entraves do desenvolvi-

mento cultural brasileiro.

Vitor Ortiz afirma: “Coube à Funarte, coordenar o processo de implantação,

coordenação e funcionamento das Câmaras Setoriais de teatro, dança, mú-

sica, artes visuais, edições, circo. Esse projeto foi feito no âmbito do Minis-

tério da Cultura por meio das Secretarias de Políticas Culturais”.

No primeiro ano, as Câmaras fizeram um levantamento dos problemas da

cadeia produtiva de cada setor. Na segunda etapa, trabalharam na elabora-

ção do Plano Nacional de Cultura e no aprofundamento do debate em torno

de temas específicos.

O primeiro grande resultado, ao final de 2005, foi a elaboração de um diag-

nóstico atualizado com os principais problemas dos setores. O mais impor-

tante das Câmaras Setoriais é o fato de que agora existe um canal de comu-

nicação entre o governo e os setores. Em 2006, foram criados grupos para

trabalharem cinco temas transversais: direito autoral, educação, memória e

preservação, economia da cultura e temas trabalhistas e tributários.

Home page doCanal Funarte

32

Quebra de barreiras e inclusão

O Programa Arte sem Barreiras atua na difusão das políticas públicas do Minis-

tério da Cultura para a inclusão através da arte e acessibilidade cultural. Uma

caminhada de mais de 15 anos, em parceria com os núcleos voluntários estabe-

lecidos em todo o país, permitiu o intercâmbio de informações entre pessoas e

instituições que trabalham na quebra de preconceitos.

Em 2005, com o patrocínio das Loterias da Caixa Econômica Federal, realizou o

Projeto Além dos Limites com mostras em diversos municípios brasileiros. Os

seminários, oficinas, espetáculos artísticos e exposições de artes plásticas re-

fletiram a evolução do comportamento do brasileiro frente às questões da defi-

ciência, reforçando o quanto é oportuno que ela se faça através da arte.

O programa ampliou, em 2006, o atendimento dire-

to aos artistas, no Projeto Além dos Limites e na

Rede de Mostras Regionais, onde é apresentado o

trabalho desses artistas. A proposta é incentivar a

produção e a circulação de conhecimentos nos cam-

po da arte e promover apresentações de experiên-

cias e processos estéticos para a valorização da per-

cepção e da expressão individual.

Por edital, foi realizada a seleção de projetos de

companhias e grupos que trabalharam pela inclu-

são através da arte. O resultado do trabalho foi

apresentado em Mostras Regionais e fechou com

o Festival Brasileiro Além dos Limites, no Rio de

Projeto TamtamFoto: Monique Cabral

Projeto CadeirantesFoto: Aquilino Bouzan

33

Janeiro e em Brasília. O programa investiu na ampla divulgação dos artistas e

na formação do público para esse segmento cultural em parceria com as se-

cretarias municipais e estaduais de Cultura e Educação.

Em 2006, com o patrocínio das Loterias da Caixa Econômica Federal, tradici-

onal parceira do Programa Arte sem Barreiras, realizou o Projeto Além dos

Limites, com apoio a companhias estáveis e artistas que atuam nas diver-

sas áreas de atuação da Fundação – dança, música, teatro e artes visuais–,

com subvenção para montagem de espetáculos e exposições. Os 20 proje-

tos escolhidos por edital tiveram a supervisão de um especialista para cada

área, durante os meses de sua duração. Esses espetáculos foram apresen-

tados ao longo de 2006 nas Mostras Regionais e no Festival Brasileiro. O

objetivo foi apoiar a pesquisa da linguagem dos vários campos das artes,

com orientação de curadores de reconhecida capacidade e atuação, a fim de

criar espetáculos com qualidade técnica que os credencie à ocupação de

qualquer espaço profissional de exibição.

As Mostras do Arte sem Barreiras, que aconteceram de julho a setembro de

2006, contaram com apresentações artísticas, exposição de artes plásticas,

grupos de dança, teatro, música, oficinas, palestras e debates sobre pesso-

as com deficiência e sua inclusão pela atividade artística nas várias lingua-

gens e políticas públicas inclusivas. O programa contou com a parceria das

secretarias do estado e do município nas áreas de educação, saúde, comu-

nicação, assistência social, fundações culturais, universidades e entidades

que tiveram esse perfil de trabalho com o deficiente.

O programa também realizou o Festival Brasileiro Além dos Limites, com

apresentações artísticas dos grupos selecionados no edital. Espetáculos de

dança, música, teatro e exposição de artes plásticas. O festival ocupou os

espaços da Funarte e da Caixa Econômica Federal, no Rio de Janeiro, de 9 a

11 de outubro, e em Brasília, de 6 a 10 de novembro.

Limites Cia. de DançaFoto: Aquilino Bouzan

Cia Ímpar de TeatroFoto: Aquilino Bouzan

Cia Ímpar de TeatroFoto: Aquilino Bouzan

34

O Programa Nacional de Apoio à Cultura - Pronac/Funarte, analisou no período

de 2003 a 2006, o total de 14.707 projetos nas suas diversas áreas de com-

petência. Todas as análises foram realizadas por técnicos especializados,

tanto nos mecanismos de apoio do mecenato e Fundo Nacional de Cultura/

FNC, ambos subordinados às normas da Lei 8.313/91 – Lei de Incentivo à

Cultura.

Programa Nacional de Apoio à Cultura - Pronac

PROJETOS ANALISADOS PELO PRONAC/FUNARTEde janeiro de 2003 a 5 de dezembro de 2006

ANO MÚSICA ARTES CÊNICAS ARTESVISUAIS AUDIOVISUAL HUMANIDADES RELATÓRIO FINAL DE PREST. DE CONTAS TOTAL ANUAL

2003 1.306 1.112 720 73 18 365 3.594

2004 605 1.042 548 396 - 470 3.061

2005 795 1.523 968 - - 194 3.480

2006 1.484 1.908 1.029 - - 151 4.57000000000000000000000000000

Total geral de projetos analisados no período 14.70714.70714.70714.70714.707

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Edição e Coordenação GeralMarlene Niches CustódioMarlene Niches CustódioMarlene Niches CustódioMarlene Niches CustódioMarlene Niches Custódio

TextoAna BárbarAna BárbarAna BárbarAna BárbarAna Bárbara Eliasa Eliasa Eliasa Eliasa EliasMarMarMarMarMarcelo Mavigniercelo Mavigniercelo Mavigniercelo Mavigniercelo MavignierOswaldo CarOswaldo CarOswaldo CarOswaldo CarOswaldo CarvvvvvalhoalhoalhoalhoalhoRRRRRodrigo Chiaodrigo Chiaodrigo Chiaodrigo Chiaodrigo Chia

RevisãoMárMárMárMárMárcia Cotrincia Cotrincia Cotrincia Cotrincia CotrinAAAAAlexandrlexandrlexandrlexandrlexandra Bera Bera Bera Bera Bertollatollatollatollatolla

ProduçãoSuzana CarSuzana CarSuzana CarSuzana CarSuzana CardosodosodosodosodosoGladys CoimbrGladys CoimbrGladys CoimbrGladys CoimbrGladys CoimbraaaaaAdriano FAdriano FAdriano FAdriano FAdriano Frrrrrança (estagiário)ança (estagiário)ança (estagiário)ança (estagiário)ança (estagiário)

FotosAcerAcerAcerAcerAcervvvvvo Fo Fo Fo Fo Funarunarunarunarunarte/Cedocte/Cedocte/Cedocte/Cedocte/CedocDivulgaçãoDivulgaçãoDivulgaçãoDivulgaçãoDivulgaçãoSebastião CastellanoSebastião CastellanoSebastião CastellanoSebastião CastellanoSebastião Castellano

Peças gráficasEliane MorEliane MorEliane MorEliane MorEliane MoreireireireireiraaaaaFFFFFernanda Lernanda Lernanda Lernanda Lernanda LemosemosemosemosemosGilvGilvGilvGilvGilvan Fan Fan Fan Fan FrrrrranciscoanciscoanciscoanciscoanciscoPPPPPaula Nogueiraula Nogueiraula Nogueiraula Nogueiraula Nogueiraaaaa

Projeto GráficoFFFFFernanda Lernanda Lernanda Lernanda Lernanda Lemosemosemosemosemos

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