concepções de jovens adultos acerca do uso de castigos como

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Psicologia ANAIZA BRASIL COSTA CONCEPÇÕES DE JOVENS ADULTOS ACERCA DO USO DE CASTIGOS COMO UMA FORMA DE ESTRATÉGIA DE EDUCAR OS FILHOS São Paulo 2013

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Page 1: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Psicologia

ANAIZA BRASIL COSTA

CONCEPÇÕES DE JOVENS ADULTOS ACERCA DO USO DE CASTIGOS

COMO UMA FORMA DE ESTRATÉGIA DE EDUCAR OS FILHOS

São Paulo

2013

Page 2: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

ANAIZA BRASIL COSTA

CONCEPÇÕES DE JOVENS ADULTOS ACERCA DO USO DE CASTIGOS

COMO UMA FORMA DE ESTRATÉGIA DE EDUCAR OS FILHOS

Projeto de pesquisa apresentado como critério

de aprovação na disciplina de TCC do curso de

Psicologia da Universidade Presbiteriana

Mackenzie.

Orientadora: Profª. Ms. Tânia Aldrighi

São Paulo

2013

Page 3: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

Resumo

Ao longo da história a parentalidade vem sendo reconstruída e transformada, e

consequentemente os estilos parentais aprendidos podem ser herdados ou construído no

decorrer da vida do jovem adulto, proporcionando a idealização e a busca de modelos

familiares.

Essa pesquisa oferecerá conhecer as concepções mais frequentes que jovens adultos

adquiriram sobre a utilização de castigos como um meio de educar os filhos e como os jovens

adultos pretendem aplicar castigos em seus filhos.

O principal objetivo é identificar concepções de jovens adultos acerca do uso de

castigos como forma de estratégia de educar os filhos (conforme avaliado pelo inventário

“Dimensions of Discipline Inventory - DDI”, aqui denominado de “Inventário das Dimensões

da Disciplina – IDD); explorar e identificar sistema de crenças de jovens adultos a cerca da

diversidade de formas das estratégias de educar os filhos; Identificar experiências de castigos

físicos em jovens adultos na infância e as concepções desses jovens sobre o uso de castigo e

estratégia de educação nos dias atuais.

Os participantes convidados para a pesquisa serão jovens adultos do estado de São

Paulo, maiores de 18 anos e estudante universitários dos diversos cursos de graduação. Serão

estudantes dos seguintes cursos de graduação: administração, arquitetura, ciências biológicas,

economia, direito, engenharia, farmácia, nutrição, psicologia. Para o presente estudo propõe-

se um recorte que responde à “Parte E” do inventário “Dimensions of Discipline Inventory -

DDI”, aqui denominado de “Inventário das Dimensões da Disciplina” – IDD

Palavra chave: castigos físicos, maustratos, disciplina, adulto jovem.

Page 4: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................6

2. Parentalidade ........................................................................................................9

2.1 Definição de parentalidade ...............................................................................9

2.2 Concepção teórica de parentalidade ..................................................................10

2.3 Parentalidade no Brasil ...................................................................................14

2.4 Da conjugalidade à parentalidade ....................................................................17

2.5 Parentalidade e filhos .....................................................................................21

3. Maus Tratos ...................................................................................................... 27

3.1 Definição ..................................................................................................... 27

3.2 Histórico ...................................................................................................... 27

3.3 Maus-tratos no Brasil .................................................................................... 30

3.4 Reconhecimento dos maus-tratos no mundo .......................................................... 32

4. Objetivos ........................................................................................................... 35

4.1 Gerais .......................................................................................................... 35

4.2 Específicos ................................................................................................... 35

5. Justificativas ...................................................................................................... 36

5.1 Justificativa Social ........................................................................................ 36

5.2 Justificativa Científica ................................................................................... 36

6. Método ............................................................................................................. 37

6.1 Tipo de pesquisa ........................................................................................... 37

6.2 Participantes ................................................................................................. 38

6.3 Instrumentos ................................................................................................. 39

6.4 Procedimentos .............................................................................................. 43

6.5 Cuidados Éticos ............................................................................................ 45

7. Análise de Dados .............................................................................................. 47

8. Resultados......................................................................................................... 49

9. Análise e Discussão .......................................................................................... 59

10. Considerações Finais ........................................................................................ 66

11. Referenciais Bibliográficos ............................................................................... 69

12. Anexos ........................................................................................................... 72

Anexo 1 ......................................................................................................... 72

Anexo 2 .......................................................................................................... 93

Page 5: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

Anexo 3 .................................................................................................... 95

Anexo 4 …........................................................................................................... 97

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6

1. INTRODUÇÃO

Uma das experiências mais difíceis do ser humano é vivenciar e exercer a parentalidade,

pois envolve desejos inconscientes, demanda de maturidade, envolvimento, disponibilidade,

desperta sentimentos e angústias, e pode ser considerada uma tarefa complexa por exigir

imensa expectativa social. Enquanto alguns casais não conseguem gerar filhos

biologicamente, mas conseguem se tornar pais e mães emocionalmente, outros que têm essa

capacidade de conceber não conseguem obter esse lado emocional. Sabe-se que, apesar de

ainda existir muitos conflitos entre antigos e novos papéis, nesse final de século surgiu e ainda

irão surgir inúmeras mudanças e transições no mundo que resulta na contínua transformação

de papéis desempenhados por homens e mulheres. Deste modo, muitos papéis foram

abandonados e novos padrões vêm sendo construídos (BERTHOUD, 2000).

A figura parental, no decorrer da história da sociedade moderna, passou por muitas

transformações, principalmente relacionada à diferenciação entre os papéis de pai e mãe. Por

muitos anos foi atribuído ao pai o papel de provedor e fiscalizador das atividades maternas e

familiares, fazendo com que se mantivesse o funcionamento esperado da estrutura familiar. À

mãe, além de papéis de esposa e mulher já socialmente construídos, foram atribuídos também

papéis relacionados à submissão e abnegação. Na cultura ocidental, durante a maior parte

deste século, os modelos de “pai autoritário e provedor” e “mãe submissa e abnegada” se

relacionaram e foram introjetados e valorizados pela sociedade (BERTHOUD, 2000).

Não é um trabalho fácil, porém é essencial, compreender a parentalidade em gerações

que se contrapõem e se questionam, se completam e se afrontam, se buscam e se

desconhecem. Tanto a vivência parental como a filial precisam ser compreendidas como

vivências relacionais. Para adquirir essa compreensão é necessário entender como é exercida a

função parental, qual o significado emocional e o papel que é atribuído a esta experiência. A

sociedade e a cultura têm forte influência em como os homens e as mulheres vivem a

parentalidade, ou seja, em como esses indivíduos definem a família, diferenciam e atribuem

papéis. Portanto, para a parentalidade ser compreendida é necessário reconhecer as complexas

inter-relações entre a história, as instituições, ideologias e experiências, o que a torna muito

mais uma tarefa individual moldada por características pessoais ou dinâmicas psicológicas

(BERTHOUD, 2000). Procura-se compreender a construção das relações parentais ao longo

da história, numa perspectiva que envolva a cultura e o contexto social. Desta maneira, deve-

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se pensar o fenômeno da parentalidade nas relações que compõem o macro e o micro-sistema

e não uma atividade individual e moldada por características pessoais. Hoje, o exercício da

parentalidade é resultado da história e da cultura em que a família está inserida e está ligada

ao contexto social, no qual se criam papéis e comportamentos de homens e mulheres

(CHAVES, 2006).

Nas últimas décadas as relações intrafamiliar vêm sofrendo mudanças. Há um tempo, a

força física utilizada como pretexto de educar era culturalmente esperadas e aceitável, hoje

são criticadas e coibidas pelos órgãos de garantia de direitos da criança e do adolescente.

Entretanto, é lento o processo a conscientização sobre aos danos causados pelo castigo físico.

Deste modo, ainda é vista a justificativa de castigos como uma prática educativa no contexto

família (CECCONELLO et al., 2003)

Muitas pesquisas na área da Psicologia falam sobre a importância das práticas

educativas e da interação parental utilizadas pelos pais sobre o desenvolvimento de crianças e

adolescentes (Baumrind, 1966, 1997; Darling & Steinberg, 1993; Maccoby & Martin, 1983;

apud CECCONELLO et al., 2003). Esses estudos permitem relacionar as práticas educativas e

os estilos parentais.

Consideram-se práticas educativas as estratégias utilizadas pelos pais para alcançar

determinados objetivos em diversos domínios (acadêmico, social, afetivo) sob determinadas

circunstâncias (HART, NELSON, ROBINSON, OLSEN & McNEILLY-CHOQUE, 1998;

apud CECCONELLO et al., 2003). Essas práticas podem ter o uso de explicações, de

punições ou de recompensas.

Já o estilo parental está ligado ao padrão global de características da interação dos pais

com os filhos em diferentes situações, que provocam um clima emocional (Darling &

Steinberg, 1993; apud CECCONELLO et al., 2003). A expressão do comportamento parental

pode mostrar afetividade, responsividade e autoridade.

Desta forma, as estratégias educativas, estão intimamente relacionadas à parentalidade,

as formas que estas se apresentam, irão influenciar no desenvolvimento de crianças e

adolescentes, gerando assim, características próprias na prole. Este processo é moldado em

conjunto com a sociedade, ocasionando assim uma constante mudança nas estratégias. É

verdade que as estratégias educativas ainda estão vinculadas ao bater, já que culturalmente

este comportamento foi o legitimado na sociedade, porém, é importante salientar que o

processo de mudança já começou, as famílias vivem em um período de crise nos papéis,

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antigas funções já definidas, não cabem mais na nossa sociedade moderna, por exemplo, hoje

em dia existe em algumas famílias, a divisão de papéis, tanto no mercado de trabalho quanto

no contexto doméstico, dividindo então responsabilidades e obrigações de um modo, mais

harmônico do que o encontrado em décadas passadas, sendo assim, esta desigualdade entre os

sexos, está paulatinamente sendo equilibrada, combatendo assim, pré-conceitos sociais

seculares. As novas gerações possuem direitos garantidos pela lei, falta só esta realidade ser

empregada no convívio intrafamiliar.

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2. PARENTALIDADE

2.1 DEFINIÇÃO DE PARENTALIDADE

O psicanalista Paul-Claud Racamier (1961; apud KRUEL 2012) propôs pela primeira

vez o termo parentalidade, na tentativa de conferir um significado mais dinâmico deste

conceito, definindo como um conjunto de processos psicoafetivos que se desenvolvem e

integram na mulher por conta da maternidade. De acordo com a tradução, que em inglês o

termo significa motherhood (maternidade), o psicanalista acrescentou os neologismos de

paternalidade e parentalidade.

O Dicionário Aurélio (1998) mostra que o termo parentalidade origina-se do substantivo

“parente”, conhecido em nossa cultura como pessoa que pertence à mesma família, quer pelo

sangue, quer por casamento; relativo a pai e mãe; semelhante ou parecido.

Berthoud (2003; apud CHAVES 2006) define parentalidade como uma experiência

relacional, de intenso significado psicológico, vivenciada nas relações familiares, que se

modificam no decorrer da vida, sendo re-significada nos ciclos normais do desenvolvimento

familiar e, ocasionalmente, por contingências inesperadas a esse desenvolvimento. A mesma

autora desenvolve uma teoria chamada “re-significando a parentalidade: desafio para toda

uma vida” que aborda o ciclo e o desenvolvimento geral da parentalidade e explica que

existem estágios e fases da vivência da parentalidade ao longo da vida, tendo como

fundamentação teórica a visão sistêmica construcionista-social.

Solis-Ponton (2004; apud TEPERMAN, 2012) define a parentalidade como estudo dos

vínculos de parentesco e processos psicológicos que se desenvolvem a partir deles, a

parentalidade necessita de preparação e aprendizagem. Baseada na expressão de Lebovici de

que o “bebê faz seus pais” e de que pais nascem junto com a criança, a autora propõe que o

bebê paternaliza os pais.

Já o termo parentesco, segundo Lévi-Strauss (1966; apud TEPERMAN, 2012), é

originário da antropologia e designa relações familiares como um agrupamento que é surgido

pela união matrimonial, filhos derivados dessa união, embora seja válido conceber que outros

parentes possam encontrar o seu lugar próximo do núcleo do grupo familiar. Os integrantes da

família estão unidos entre si não só por laços legais, mas também por direitos, obrigações,

religião e uma quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos, tais como o

amor, afeto, medo e respeito.

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Segundo Houzel (2004; apud KRUEL 2012) ser genitor ou denominado como pai ou

mãe não é o suficiente para exercer a parentalidade, é preciso “tornar-se pai” ou “tornar-se

mãe”, ou seja, exige um processo que envolve aspectos conscientes e inconscientes. Deste

modo, a parentalidade remaneja aspectos psíquicos e afetivos que permitem ao adulto tornar-

se pai ou mãe, respondendo as necessidades da sua criança em três níveis: do corpo, da vida

afetiva e da vida psíquica.

A parentalidade é entendida como um fruto da construção cultural novo na história da

humanidade. A definição coletiva subjacente a cada grupo social é determinado pelas

ideologias, tradições e construções de significados sociais.

A parentalidade é marcadamente atingida pelo sexo, acompanhando a estruturação do

mercado matrimonial realizado por normas de gênero que implicam em uma assimetria no

casal. Idade, capacidade de provimento e altura são diferenças que designam um casal

socialmente adequado (BOZON; HÉRAN, 2006; apud CABRAL, 2006).

2.2 CONCEPÇÃO TEÓRICA DE PARENTALIDADE

A parentalidade que conhecemos hoje é uma construção social recente na história da

humanidade. Os valores e padrões sociais de uma época são refletidos pelos valores, padrões

de comportamento, significado da família e da parentalidade. Desta forma, as mudanças

culturais no decorrer da evolução da sociedade humana vêm sendo acompanhado pela função

parental. (BERTHOUD, 2000).

No cenário geral, é possível perceber um sentimento de família ausente até o século

XIV, nos séculos XIV e XV são encontrados os fragmentos da concepção de família

organizadas em função da educação das crianças, e no século XVIII são vistos o surgimento

da família moderna.

Segundo Ariès (1987; apud BERTHOUD, 2000) durante os séculos V e XV, na Idade

Média, a sociedade francesa era vista como uma sociedade organizada com valores muito

diferentes daqueles que atualmente possuímos. Essa mudança vem, provavelmente, da

necessidade de proteção e sobrevivência, já que a vida social se constituía em torno da

prevenção da linhagem e da comunidade. As “idades da vida” eram definidas por nascimento,

vida e morte, não havendo consciência do desenvolvimento humano, o que significa que não

havia estágios como momentos de diferenciação do individuo, como a infância e a

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adolescência. A sociedade compartilhava e desempenhava diversas tarefas, havia produção o

bastante para garantir o mínimo de alimentação e proteção, assim, tanto as crianças quanto os

adultos de todas as idades tinham obrigações necessárias para o funcionamento da

comunidade. Deste modo, apesar do grupo ser encarregado de cuidar das crianças, essa tarefa

era mais focalizada na mulher. Nesta época a família era uma realidade moral e social, mais

do que emocional.

Não havia o “sentimento de família”, mas sim o “sentimento de sociabilidade”, que se

refere a um sentimento mais forte que dominava qualquer outro “sentimento de

sociabilidade”, assim, os sentimentos eram vividos e compartilhados em diferentes momentos

da vida. Não existia lugar para a privacidade, intimidade e o isolamento, tudo era

compartilhado e girava em torno do “domínio público”. As uniões matrimoniais eram

realizadas por interesses de posses, propriedades e continuação de linhagem. As amas-de-leite

ou instituições eram quem se responsabilizavam pela criação da criança, e não a mãe

biológica, com isso, os vínculos a serem mantidos durante a vida eram estabelecidos por

proximidade física e interesses comuns do que por laços de parentesco.

A vida social vai se transformando a partir dos séculos XV e XVI. Segundo Ariès

(1987; apud BERTHOUD, 2000) os fatores que geraram mudanças foram: reconhecer que a

criança é um ser com características peculiares e não mais um “adulto em miniatura”, e o

surgimento de um desejo de educação formal das crianças e dos jovens. Foi neste século

também que a prática de entregar os filhos de ambos os sexos, após o tardio desmame, ao

redor dos 7 anos de idade, para serem “educados” por outras famílias, por longos períodos de

cinco a oito anos foi substituída pela prática de colocar as crianças em instituições

educacionais.

A Escola surge para afastar as crianças da forte convivência com o mundo dos adultos,

deixam de ser “aprendizes” do trabalho pesado e servil nas casas, comércios e campos, e as

põem na situação de aluno, em convivência com mestres. Essa mudança de realidades e

sentimentos familiares foi chamada por Ariès de “revolução lenta e profunda”. Famílias de

diversas classes sociais passaram a valorizar cada vez mais a participação da criança no

contexto escolar. A escola ofereceu a educação formal, no início se caracterizava por rigidez

autoritária e cruel, foi se fundamentando até se transformar na pedagogia moderna

(BERTHOUD, 2000).

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Sendo assim, esse foi um período que, aos poucos, permitiu aos pais a se apropriar e se

responsabilizar pelos seus filhos, desejando maior proximidade e não aceitando mais que seus

filhos fossem para casas de estranhos ou frequentassem escolas distantes de seus lares. Vale

ressaltar que por muitos anos a escolarização foi fundamental para a construção da civilização

moderna, porém foram fortificados somente nas camadas sociais mais abastadas e só se

entenderam às meninas no final do século XVIII e início do século XIX (BERTHOUD,

2000).

Com a chegada do século XVII e, principalmente, com o século XVIII, a vida familiar

passou a se organizar em função da prole, tendo como força propulsora o desejo pela

escolarização.

O novo significado do papel materno foi explicitado a partir das idéias de Rousseau, no

qual o pensamento central é que a amamentação é um dos movimentos mais importantes para

a criança e que a mãe ama naturalmente e instintivamente seu filho (BERTHOUD, 2000).

A maior aproximação entre pais e filhos permitiu que os laços afetivos entre eles fossem

construídos e estreitados. No decorrer dos séculos XVII e XVIII, ocorrem transformações nos

padrões de relacionamento entre homens e mulheres, marido e esposa, pais e filhos,

corroborando com uma aproximação maior entre os membros da família e um distanciamento

do grupo social mais amplo (BERTHOUD, 2000).

Diferente do período anterior, aqueles valores que não eram constituídos, tais como

intimidade, privacidade e relações sentimentais entre os membros, passaram a ser, surgindo

ainda valores modernos, a casa moderna, a família moderna, os pais modernos e um novo

exercício para a família desempenhar, que é se responsabilizar pela criação e educação da

prole (BERTHOUD, 2000).

No início do século XIX, a civilização ocidental vive uma reorganização no padrão da

vida social, tal como a autoridade masculina, ou seja, a vida familiar é organizada em função

da autoridade do pai e marido (BERTHOUD, 2000).

Cria-se a definição de funções e papéis de cada integrante do sistema familiar. Ao

marido fica a tarefa de educador, provedor, direcionador da casa, dos negócios e da família,

sendo responsável pelos padrões de comportamento da mulher e dos filhos; à mulher passa a

ter a competência de satisfazer os desejos do marido, obedecer às suas ordens, organizar e

cuidar da casa, cuidar dos filhos e ajudar a família a prestar total obediência ao pai. Os pais

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tornam-se cuidadores por excelência, cabendo os cuidados, proteção, saúde e educação dos

filhos por períodos mais longos (BERTHOUD, 2000).

O casamento caracteriza-se pela procriação, tanto pela continuidade do nome de família

como pela satisfação das expectativas pessoais e sociais depositadas na maternidade e

paternidade (BERTHOUD, 2000).

Passa a ser desejada a idéia de ter um filho, não sendo mais previsível ou esperado

como causa natural da união. Essa ideia passa a ser valorizada também no contexto rural,

onde as famílias desejam uma prole numerosa para auxiliá-los na manutenção da terra, e nas

comunidades urbanas pré-industriais e industriais, cujos filhos trabalham no comércio ou na

fábrica e formam mão-de-obra indispensável (BERTHOUD, 2000).

Os casamentos, instituição celebrada como a responsável pelo nascimento de novas

famílias passam a ser associadas ao amor, realização e felicidade. O sentimento de infância

passa a ficar mais intenso entre as famílias e a criança começa a receber maior atenção dos

membros familiares. A adolescência também passa a ser reconhecida, na medida em que os

filhos passam um grande período de tempo nas instituições educacionais, atrasando ainda

mais sua independência e a constituição de famílias (BERTHOUD, 2000).

Devido à modernização das cidades e o estilo de vida, a família nuclear no contexto

urbano, se isola cada vez mais do convívio da família extensa e da comunidade social. Deste

modo, a família se concentra mais para a sua realidade e para o seu cotidiano do domínio

privado, com a intenção de atingir expectativas individuais e sociais a ela impostas

(BERTHOUD, 2000).

O século XX foi marcado pelas mudanças sociais e tecnológicas, transformando a

organização e o núcleo familiar. Ao longo dos séculos, valores e padrões de comportamentos

foram criticados, desconstruídos e revisitados pelo individuo e pela família, os sentimentos de

família, relações e valores estão sendo revistos e recriados, e a organização familiar vem

sofrendo mudanças como em outros momentos da história. A chegada desse novo século foi

definida pela instabilidade, incerteza e novidade (BERTHOUD, 2000).

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2.3 PARENTALIDADE NO BRASIL

Devido à típica organização social brasileira, a evolução dos conceitos de família e os

papéis atribuídos aos pais, mães e filhos, foram guiados por um curso diferente de alguns

países europeus.

Enquanto no século XVIII, sob influência dos iluministas, a Europa ampliava a idéia

de família nuclear, no Brasil ocorria uma realidade diferente, pois a família patriarcal

brasileira foi modelada pelas concepções da família da antiguidade.

Sabe-se que nesse tempo, os portugueses tinham idéias sucedidas do período

inquisitivo, no qual prevalecia a moral cristã e as concepções de que o sexo e trabalho manual

degradavam o Homem. A sociedade familiar, na maioria ruralista, constitui-se em torno do

trabalho escravo e da dupla moral, que possibilitaram ao homem o uso sexual de meretrizes e

escravas e uma relação de propriedade com as esposas.

Um dos atributos valorizados socialmente pelo colonizador era sua virilidade na

intimidade com suas escravas. A função social das mulheres da época era de ser guardiã do

nome da família e se tornar esposa apenas para reprodução da descendência do marido, ou

seja, não era esperado dela a função de objeto sexual e nem a função materna conhecida no

período atual. Diferente das esposas, as escravas eram quem obtinham a intimidade sexual

com os colonizadores e ficavam responsabilizadas pelos cuidados das crianças, inclusive na

amamentação que passaram a ser conhecidas como “mães-de-leite”.

A partir do século XIX, a chegada da família Real ao Brasil traz o ideal de família

nuclear burguesa. Dentre esses ideais estão: intimidade familiar e sua consequente separação

do processo de produção, o liberalismo e o processo tecnológico da revolução industrial.

Novos costumes foram trazidos pela Corte, diminuindo o poder das famílias nativas e

acarretando mudanças na organização da família brasileira, mudanças que ocorreram também

por conta do objetivo do Império, tais como urbanizar as cidades, valorizar o Estado e

produzir cidadãos que a ele se submetessem. O Movimento Higienista surge no início do

século XX e tinha como missão fortalecer a unidade familiar por meio da higienização, já que

quanto mais a família valorizasse a saúde e a prosperidade, mais ela dependeria do Estado.

Durante o século XX, na sociedade brasileira criou-se uma nova mentalidade social,

pautada na necessidade dos pais de cuidarem de sua prole, fortalecendo a unidade familiar. A

mulher passa a ganhar novos papéis, sendo como principais, a mediação entre o Estado e seus

filhos, adquirindo novo status social.

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Depois de estabelecida no Brasil, a família nuclear dependeu da adoção dos novos

papéis emocionais, sociais e sexuais, e a vida familiar se organizou envolta da educação

amorosa, cuidadosa e responsável dos filhos por seus pais. O Brasil se iguala ao ideal de

família burguesa, no momento em que passa a existir no país o novo modelo de família, a

família nuclear amorosa.

No Brasil, o movimento feminista surge no século XX, em 1922 e possibilitou à

mulher sua inserção no mercado de trabalho, mudando aspectos da sua vida financeira,

relação conjugal e sua função materna. Essa nova mudança tornou-se uma realidade

irreversível no Brasil. Assim, os sistemas familiar e social tiveram conflitos com questões que

pedem soluções iminentes, no sentido de quem passará a cuidar e educar as crianças, ou o se o

domínio privado irá alterar o papel do homem.

Apesar da inserção da mulher no mercado de trabalho trazer inúmeros ganhos à mulher

como pessoa, esta veio acompanhada de perdas significativas, como por exemplo, a obrigação

de cumprir dupla jornada de trabalho e a função de cuidadoras e provedoras nas famílias que

chefiam.

No Brasil, a década de 1960 teve bastante destaque em virtude de “revoluções

culturais”, como o movimento feminista e o hippie.

Hoje em dia, tem sido muito estudado a família e o exercício da parentalidade,

remetendo na maioria das vezes a pergunta se a família do século XXI será capaz de

desempenhar suas funções básicas: a de garantir a continuidade da espécie com a procriação e

a criação de filhos, e a de prover afeto e companhia aos seus membros (Popenoe, 1993; apud

BERTHOUD, 2000).

“Assim, a parentalidade contemporânea deve ser compreendida

tendo-se como referência um contexto social ocidental, que contempla

uma taxa crescente de divórcios, recasamentos e famílias

monoparentais, e, especialmente, um contexto social em

transformação, no qual diferentes possibilidades de exercício parental

são continuamente construídas e experimentadas” (BERTHOUD,

2000, p.36)

Atualmente ainda são muito discutidos os papéis e padrões emergentes de

comportamento do homem ou do pai dentro de diversas mudanças, que consequentemente,

irão afetar a vida conjugal.

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Para Gerson (1997; apud BERTHOUD, 2000, p.40) existem três cenários distintos do

cenário da sociedade atual, no qual as atitudes masculinas são diferenciadas, sendo

identificadas como:

“...(1) um contigente de homens que compartilham a tarefa de “ganhar o pão de

cada dia” com suas mulheres, que assim como eles trabalham e ganham, mas que se

recusam a assumir justa parcela de trabalho doméstico. Além disso, os homens deste

cenário ainda desempenham o papel de provedores; (2) os homens assumem

nenhuma ou mínima responsabilidade pelos filhos, e aqui se encontram, ao meio do

crescente número de divórcios, casamentos postergados e filhos fora do casamento,

o grane contingente de mulheres obrigadas a sustentar e criar os filhos sozinhas; (3)

o homem que se vê libertado dos padrões sociais e familiares nos quais foi criado e

que pode desenvolver um padrão de comportamento mais flexível, no qual o modelo

de “pai cuidador” pode harmoniosamente se manifestar, respondendo às demandas

do casamento e da família pós moderna”.

Decorrente das transições sociais pode-se pensar que tanto os homens quanto as

mulheres vem seguindo um novo modelo e uma nova função da família, ou seja, os dois sexos

passam a ser trabalhadores, provedores e cuidadores (BERTHOUD, 2000).

Na Inglaterra e nos Estados Unidos, está crescendo o número de uniões homossexuais e

de homens e mulheres que se tornam ”pais e mães independentes”. Como na maioria do

Ocidente, o Brasil apresenta uma crescente taxa de divórcios, recasamentos e de famílias

monoparentais. Desta forma, contemos padrões de parentalidade emergente e não típicos.

Ao contrário dos séculos anteriores, no qual o casamento era realizado por interesses

econômicos e sociais, na modernidade o casamento passou a ser construído e celebrado por

razões afetivas, e ainda na pós-modernidade houve a desconstrução da idéia de que o

casamento une duas pessoas “para sempre”, abrindo caminho para outras maneiras possíveis

de união entre pessoas. Sendo assim, deixa de ser uma consequência factual da vida adulta e

passa a ser uma das opções de estilo de vida (BERTHOUD, 2000).

A opção pelo casamento passa a ser uma questão difícil que deve ser pensada com

extrema cautela. Isso ocorre pela busca da realização pessoa, satisfação pessoal, felicidade

pessoal, da construção de uma vida profissional, dentre outros elementos (BERTHOUD,

2000).

Page 17: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

17

Além do casamento, o processo de separação também é considerado uma questão de

difícil solução, pois a separação conjugal altera as relações econômicas, legais e,

principalmente, as parentais que compartilhavam até então. Com o divórcio novos parâmetros

serão renegociados e restabelecidos, porém o vínculo entre o homem e a mulher que geraram

um filho em comum não será desfeito enquanto houver aquele filho, portanto questões como

pensões alimentícias, guardas e custódias dos filhos são os grandes dilemas com os quais

casais divorciados mais se preocupam (BERTHOUD, 2000).

Grande parte das famílias monoparentais com filhos é constituída por mulheres que

criam sozinhas seus filhos ou que partilham essa situação com pais que cuidam parcialmente

de seus filhos (ARENDELL, 1997; GERSON, 1997; WHITE, 1992, SHAW et.al., 1993; apud

BERTHOUD, 2000).

Nas duas ultimas décadas, em outros estudos o divórcio traz consequências negativas ao

desenvolvimento da criança, porém a separação pode se tornar algo que os filhos se adaptam

positivamente quando as crianças receba suporte e mantêm laços (BERTHOUD, 2000).

Outros papéis estudados são dos padrastos e madrastas, segundo Roberts (1994; apud

BERTHOUD, 2000) pesquisas indicam que é difícil tanto o papel de padrasto quanto o de

madrasta porque há pouca aceitação social e indefinição de papéis.

2.4 DA CONJUGALIDADE À PARENTALIDADE

A partir da libertação das limitações biológicas o casal se desvinculou da rigidez dos

papéis parentais anteriores, ou seja, as funções parentais, definições de papéis e estatutos

sexuais tem assumido um valor diferente das anteriores. Essas mudanças corroboram na

reflexão em expectativas e experiências múltiplas e diversificadas sobre o que é ser homem e

mulher, e o eu é família.

Segundo Brasileiro e colegas (2002; apud HERNANDEZ, 2005) ao invés da

substituição de modelos tradicionais, o que houve foi o acréscimo de valores de forma que os

padrões tradicionais e modernos passaram a coexistir tanto na cultura quanto dentro de um

mesmo sujeito. Junto a isso, existe a ideia de que frente às expectativas de homens e mulheres

por relacionamentos cada vez mais igualitários (cônjuges buscam participação equilibrada

tanto no trabalho doméstico e familiar quanto na contribuição econômica para a subsistência

Page 18: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

18

familiar), fica evidente a dificuldade de assunção dos velhos papéis prescritos para a chegada

do novo filho.

A transição para a parentalidade vem sendo determinada como uma fase do ciclo

familiar em que o investimento orientado para a organização da relação marido-mulher é

direcionada para as relações pais-filhos.

Em 1957, Le Masters afirmou em sua pesquisa que 83% dos novos casais passavam por

uma severa crise na passagem de condição de casal para a de pais. Depois da realização de

dezenas de pesquisas sobre o assunto, aumentou a aceitação de que a transição para a

parentalidade é um período de grande estresse para o casal e, também um momento

potencialmente ameaçador para o desenvolvimento do bebê, devido à possibilidade de

diminuição de qualidade conjugal e de interação pais-criança. (Cowan e Cowan, 1995 apud

HERNANDEZ, 2005).

O conflito conjugal cresce devido aos seguintes fatores: as pessoas ficam vulneráveis a

depressão, há uma queda precipitada na qualidade do relacionamento no período de um ano

após o nascimento do primeiro filho; as pessoas retornam aos papéis estereotipados de gênero;

as pessoas ficam subjugadas pela quantidade de trabalho doméstico e cuidados com a criança;

os pais (homens) se refugiam no trabalho; há diminuição na comunicação e no sexo. Por outro

lado, pode haver aumento em alegria e prazer com o bebê, mas que implica necessariamente

em reorganização surgindo, desta forma, uma oportunidade para o desenvolvimento e

mudanças individuais (HERNANDEZ, 2005).

Depois do nascimento do primogênito, surge no casal a hierarquia geracional, tornando-

os prestador de cuidados e protetor da geração mais nova. Com essa nova estrutura familiar,

surge também novos papéis e novas funções. O casal assume a função parental, maternal e

paternal, que é um conjunto de elementos biológicos, psicológicos, jurídicos, éticos,

econômicos e culturais, a partir de seus modelos parentais (HERNANDEZ, 2005). O

elemento sociocultural tem forte influência sobre como são exercidas as funções maternas e

paternas.

Os atuais papéis sexuais estão se diferenciando não mais pelo que fazem fora de casa,

mas sim pela quantidade de trabalho que realizam. Autores concluíram que os melhores

casamentos do novo milênio serão aqueles nos quais ambos os esposos alocam a mesma

quantia de tempo em seus empregos e nenhum dos dois trabalha muitas horas, porém a

maioria dos casais cria uma variante da tradicional divisão sexual do provedor e dona-de-casa.

Page 19: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

19

Os casais com maior dificuldade econômica tendem a seguir esse modelo (HERNANDEZ,

2005).

O conhecimento crítico, gerado da pesquisa científica em transição para a parentalidade

tem, geralmente, colocado os seguintes fatores como determinantes importantes das mudanças

no Ajustamento Conjugal dos novos pais:

- Quanto mais mães e pais são capazes de controlar seus impulsos e quanto mais

afiliativos e brincalhões (divertidos) são com seus filhos, mais satisfeitos estão com seu

casamento (LEVY-SHIFF, 1994; apud HERNANDEZ, 2005, p. 49);

- Quanto mais os pais são envolvidos nos cuidados com os filhos, mais Ajustamento

Conjugal as mulheres experimentam (BELSKY & ROVINE, 1990; apud HERNANDEZ,

2005, p. 49);

- Os pais que estão insatisfeitos com seus casamentos são menos prováveis de se

envolverem no cuidado com suas filhas do que com seus filhos (DICKIE,1987; apud

HERNANDEZ, 2005, p. 49);

- Maior Satisfação Conjugal pré-natal tem sido associada a maior Satisfação Conjugal

pós-parto (COWAN & COWAN, 1995; KNAUTH,2000; apud HERNANDEZ, 2005, p. 49);

- A maioria dos casais mostrou mais companheirismo e menos romantismo após o

nascimento do primeiro filho, gerando manos Satisfação no casamento (BELSKY &

PENSKY, 1988; apud HERNANDEZ, 2005, p. 49);

- A maneira como os novos pais foram tratados por seus pais e como seus pais

interagiram um com o outro prediz como serão os novos pais com os seus próprios filhos

(BELSKY & ISABELLA, 1985; apud HERNANDEZ, 2005, p. 50);

- Desequilíbrios na divisão de trabalho, incluindo cuidados com a criança e tarefas

domésticas, são fontes significativas de conflito conjugal para os novos pais (Belsky, LANG

& ROVINE, 1985; COWAN & COWAN, 1995; apud HERNANDEZ, 2005, p. 50);

- As mudanças conjugais mal adaptadas podem estar associadas com o desenvolvimento

negativo da criança (LEVY-SHIFF, 1994; apud HERNANDEZ, 2005, p. 50)

- Quando pais não dirigem seus conflitos para dentro do seu próprio relacionamento,

com frequência, projetam suas ansiedades na criança, o que pode interderir no seu

desenvolvimento (KNAUTH, 2001; apud HERNANDEZ, 2005, p. 50);

Page 20: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

20

- Quando os pais, num ambiente calmo e respeitoso, são atenciosos com o seu

relacionamento conjugal e conectados com a crinaça, provavelmente construirão filhos mais

responsáveis (KNAUTH, 2001; apud HERNANDEZ, 2005, p. 50).

Apesar das mudanças ocorridas na família, as diferenças de papéis entre homens e

mulheres ainda é uma realidade. Pesquisas apontam que pais, por serem mais ausentes que as

mães e por passarem menos tempo com os filhos, tendem a perder qualidade em suas

informações quando solicitados a se reportarem sobre seus/suas filhos/as (BORSA, 2008).

Na cultura ocidental, ainda não houve tanta mudança no papel da mulher, tendo como

característica principal o trabalho doméstico e o cuidado da prole (BORSA, 2008).

O papel do pai, nas pesquisas, tem sido pouco discutido, sendo assim, teorias da

psicologia dão maior ênfase para a mãe como sendo uma figura determinante no

desenvolvimento da criança, esquecendo muitas vezes o pai, temos como exemplos a teoria de

Winnicott (mãe continente - preocupação materna primária), a teoria de Spitz (“clima

emocional favorável”) e a teoria de Bowlby (apego seguro da mãe com o filho) (BORSA,

2008).

Porém, para psicanalistas como Badinter e Chodorow (1985, 1990; apud BORSA,

2008) existe um mito em relação ao amor materno, ou seja, nem sempre a maternidade teve

significado que possui nos dias atuais.

Para Chodorow (1990; apud BORSA, 2008), a idéia da maternidade se dá através de

processos psicológicos induzidos e reproduzidos socialmente. A autora sugere uma nova

dinâmica na família, na qual as crianças poderiam estabelecer, desde o início, uma relação de

igual dependência tanto com o pai como com a mãe.

Embora exista a valorização do papel materno, em detrimento do papel paterno, o que

se sabe, contudo, é que a criança parece necessitar do par conjugal para construir dentro de si

a imagem positiva das trocas afetivas e da convivência (Gomes e Resende 2004, apud

BORSA, 2008).

Inúmeras mudanças ocorridas no século XX, decorrentes de movimentos sociais como o

movimento feminista, alteraram a identidade e o lugar da mulher na família que, por sua vez,

vêm sofrendo constantes mudanças nas suas configurações (Badinter, 1985; Rocha-Coutinho,

2003; De Marque, 2006 apud BORSA, 2008).

Page 21: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

21

Pode-se notar que, hoje em dia, tanto homens quanto mulheres estão aceitando mais e

contribuindo para o estabelecimento de novas formas de relações no contexto sócio-familiar

contemporâneo. Essas mudanças acarretam na divisão de tarefas, na qual os pais participam

juntos de aspectos referentes à organização cotidiana da família e a tarefas educativas dos

filhos. Tais modificações levam também ao homem exercer funções de cuidado com a casa e

dos filhos, o que tem gerado um aumento de interesse sobre a paternidade em nível mundial e

apontam para importância do pai para a família e, especificamente, para o desenvolvimento da

criança. Entretanto, apesar das alterações de papéis e família, ainda é atribuída à mãe a tarefa

de acompanhar o cotidiano das crianças. Nos tempos atuais, o lugar de homens e mulheres no

âmbito familiar ainda parece definido pelos moldes arcaicos. Em muitas culturas ainda se tem

a ideia de que o trabalho financeiro deve ser realizado pelo homem, quanto o trabalho na prole

é um dever da mulher (BORSA, 2008).

A satisfação conjugal é identificada como variável fundamental na qualidade da

conjugalidade (Erel & Burman, 1995; Shek, 2000; Webster-Stratton & Hammond, 1999; apud

MOSMANN, 2007) se expressando na maneira como o casal irá se relacionar e na forma

como irão educar seus filhos (Kaczynski, Lindahl, Malik & Laurenceau, 2006; apud

MOSMANN, 2007).

Este entendimento está baseado no conceito teórico “Spillover¹” (Erel & Burman, 1995;

apud MOSMANN, 2007) no qual se centra na ideia de que um relacionamento conjugal com

altos níveis de conflito e baixos índices de satisfação conjugal levariam os pais a assumirem

uma postura mais agressiva com os filhos, adotando práticas educativas mais punitivas e

menos proximidade afetiva. Nesta perspectiva, as dificuldades no relacionamento conjugal se

originam devido à falta de habilidade interpessoal, o que consequentemente, também gera

progenitores com pouca capacidade de adaptabilidade para lidar com as necessidades diárias

dos filhos.

2.5 PARENTALIDADE E FILHOS

A educação dos filhos, dentre as tarefas que compõem a função parental, é considerada

a mais complexa. Normalmente, o processo educativo se fundamenta em determinados

valores que os pais transmitem e buscam internalizar e assumir em seus filhos. Essa

transmissão é feita de geração a geração. Segundo Rockeach (1973; apud BEM e WAGNER,

2006) essa transmissão é essencial pois os valores orientam e determinam o comportamento

Page 22: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

22

do individuo, sendo fundamentais para compreender o modo como as pessoas posicionam-se

perante si mesmas e perante aos outros. Deste modo, as relações interpessoais que o indivíduo

estabelece ao decorrer de vida também são decorrentes desse processo. A partir disso, pode-se

notar que pais e mães procuram atuar para que seus filhos internalizem os valores familiares,

ainda que não o façam conscientemente.

Há uma ligação entre metas familiares e valores, que muitas vezes têm seus significados

parecidos (BEM & WAGNER, 2006).

Autores como Ceballos e Rodrigo (1998, apud BEM & WAGNER, 2006) esclarecem

que os valores fundam-se em verdadeiras metas que os pais estabelecem para seus filhos e, os

mesmos autores, identificaram quatro metas de socialização: sociabilidade, autogestão,

evitação de riscos/fracassos e conformidade.

Os pais e as mães carregam determinados valores e desejam que seus filhos os

desenvolvam. Esses valores fundam suas metas educativas. Para que seus filhos realizem

estas metas, eles se utilizam de estratégias ou práticas de socialização, as quais estão inseridas

em seu estilo educativo. Deste modo, pode-se pensar que muitas vezes não há improviso no

modo como os pais e mãe agem com os filhos. Pesquisas comprovam essa premissa,

afirmando que a seleção das estratégias educativas vem sendo guiada pelas metas, cujos

valores parentais estão embasados nesta (WAGNER, 2006)

Há uma divergência entre os autores sobre o que é estratégia educativa. Neste estudo

estratégia educativa será definida como estratégias e técnicas utilizadas pelos pais e mães para

orientar o comportamento de seus filhos, tentando atingir determinados objetivos em uma

determinada situação. Pode também ser chamada por outros autores de estratégias de

socialização, quando tem como função transmitir à criança o desejo do pai e da mãe que ela

altere o comportamento (ALVARENGA & PICCININI, 2001; DARLING & STEINBERG,

1993; HARTE, NELSON, ROBINSON, OLSEN & McNEILLY-CHOQUE, 1998;

RODRIGO, JANSSENS, & CEBALLOS, 1999; apud BEM E WAGNER, 2006).

Para Hoffman (1975, 1994; apud BEM E WAGNER, 2006) existem duas categorias de

estratégias educativas: as indutivas e as coercitivas. As estratégias indutivas são técnicas que

indicam à criança as consequências do seu comportamento para outras pessoas, fazendo-a

refletir sobre os aspectos lógicos da situação. A indução oferece um controle mais indireto,

que realça as consequências negativas do prejuízo causado a outros, incentivando a empatia

com estes. Essa técnica favorece a internalização de padrões morais, já que propiciam à

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23

criança a compreensão dos motivos que justificam a necessidade da mudança de

comportamento. Diferente da estratégia indutiva, as estratégias coercitivas, são técnicas

disciplinares que há a aplicação de força e poder dos pais, contendo privação de afetos e

privilégios, punição física e ameaças. É um controle mais direto, que não proporciona a

motivação intrínseca da criança para agir de determinada maneira, a não ser para evitar o

castigo, ou seja, a criança é controlada por ameaça de sansões externas, não compreendendo

as implicações de suas ações.

Outro termo encontrado na literatura para definir tais conceitos é estilo parental.

Segundo Ceballos & Rodrigo (1998; apud BEM E WAGNER, 2006) os estilos parentais estão

relacionados a uma tendência global de comportamentos, pois as mães e pais não atuam do

mesmo jeito com todos os filhos em todas as ocasiões.

Defini-se, então, estilos educativos como tendências relativamente estáveis

através das quais os indivíduos reagem em uma situação pedagógica com uma

determinada conduta (ou prática) específica dirigida à criança. Assim, entendemos

que o estilo implica em mais do que uma conduta: é o conjunto de determinadas

condutas. Desta forma, o estilo e a prática educativa estão normalmente associados,

uma vez que o conjunto das práticas vai formar o estilo parental (Tornaría & cols.,

2001; apud BEM E WAGNER, 2006, p. 65).

Já o autor Baumrind (1965, 1971 apud BEM E WAGNER, 2006) estabeleceu três

estilos educativos: autoritário, democrático e permissivo.

O estilo educativo autoritário consiste em pais e mães que tendem a enfatizar a

obediência através do respeito à autoridade e à ordem, não valorizando o diálogo e a

autonomia. Esses pais e mães, geralmente, mantém um controle restritivo e impositivo sobre a

conduta dos filhos. É possível notar que no estilo autoritário há níveis altos de controle

utilizando castigos físicos, ameaças e proibições, e há muita exigência dos pais para os filhos,

não levando em consideração as necessidade e opiniões da criança e mantendo pouco

envolvimento afetivo (BEM E WAGNER, 2006).

No estilo democrático existe um equilíbrio entre o controle e afeto, a disciplina é

aplicada de forma indutiva, a comunicação é clara e baseada no respeito mútuo. É

caracterizado pelo controle-guia, ou seja, os pais tendem a reconhecer e respeitar a

individualidade dos filhos, e promovem os comportamentos positivos do filho mais do que

Page 24: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

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restringir os não desejados, deixando explicito os limites e as normas (BEM E WAGNER,

2006).

É encontrado no estilo permissivo pouco controle parental. Os pais e as mães

manifestam mais tolerância e utilizam poucos castigos, aceitando positivamente os impulsos

da criança e deixando-a regular suas atividades; no entanto, geralmente são afetivos,

comunicativos e receptivos com seus filhos. É possível notar que neste estilo promove

aspectos positivos do desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes quando

comparados aos demais estilos, como maturidade psicossocial, competência psicossocial,

desempenho escolar, autoconfiança e menores níveis de problemas de comportamento

(DORNBUSCH, RITTER, LEIDERMAN, ROBERTS, & FRALEIGH, 1987; LAMBORN,

MOUNTS, STEINBERG, & DORNBUSCH, 1991; SLICKER, 1998; STEINBERG,

ELMEN, & MOUNTS, 1989; STEINBERG, LAMBORN, DARLING, MOUNTS, &

DORNBUSCH, 1991; apud BEM &WAGNER, 2006).

MacCoby e Martin (1993; apud BEM E WAGNER, 2006) na década de 1980

reformularam o modelo de Baumrind (1965,1971) e dividiram ainda o estilo permissivo. Este

estilo foi dividido em outros dois estilos: o indulgente e o negligente. O indulgente é bastante

afetivo e estabelece pouco controle, já o negligente são indiferentes e permissivos, com baixo

grau de afeto e controle para com os filhos, o que pode estar coligado a algum tipo de mau-

trato.

Salles- Costa, Heilborn, Werneck, Faerstein e Lopes (2003; apud BEM E WAGNER,

2006) acreditam que existam também outros fatores que influenciam a utilização dessas

práticas em determinada situação educativa, tais como, aspectos relacionados ao

temperamento da criança, idade, a situação, o local, o contexto do evento e o gênero. Deve-se

considerar que o gênero é compreendido como a construção social do papel de homens e

mulheres, considerando os aspectos relacionais e culturais como referência a qualquer

construção social que tenha a ver com a distinção masculino/feminino. Outro fator importante

a ser considerado é que se o pai estiver estressado por problemas no trabalho, provavelmente,

ele não agirá desta forma como agiria se estivesse sossegado. Deste modo, as estratégias

educativas também são afetadas por contextos situacionais, familiares e culturais. (Person e

Rao, 2003; apud BEM E WAGNER, 2006).

Autores como Rodrigo, Janssens e Ceballos (1999; apud BEM E WAGNER, 2006)

falam que as estratégias de coerção são emitidas a partir de um comportamento agressivo da

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25

criança, enquanto a estratégias indutivas são eliciadas a partir de uma violação de norma

social. Isso infere que a escolha de uma estratégia pode variar, também, de acordo com o

comportamento da criança.

Hernández e cols.. (1998; apud BEM E WAGNER, 2006) explicam que a interiorização

e adoção de valores pelos filhos não derivam apenas da imitação dos valores de seus pais, e

sim, são resultantes de um processo construtivo, no qual, a criança, na interação com outros

indivíduos, produz sentido à realidade da sociedade que está inserida.

A priori, não existe, um procedimento com maior eficácia para a transmissão de valores

e para atingir as metas educativas. Na educação, é essencial ser flexível, variando as

estratégias de acordo com o contexto, situação, idade da criança e o estilo do seu

comportamento. Esse pensamento mostra que a tarefa parental de educar os filhos é complexa

e exige esforço constante, principalmente quando se entende que o desenvolvimento infantil

recebe diferentes influências dos diversos contextos dos quais a criança está envolvida.

(Ceballos e Rodrigo 1998; apud BEM E WAGNER, 2006).

Konh (1976,1977; apud BEM E WAGNER, 2006) afirma que o nível socioeconômico é

uma variável que influencia muito no comportamento do indivíduo, pois abarca condições de

vida diferentes, que comprometem a visão do homem sobre sua realidade social. Além disso,

o autor explica que as condições ocupacionais dos pais e mães respondem por grande parte do

choque do nível socioeconômico nos valores e orientações transmitidos aos filhos. Seus

estudos comprovaram que há maior probabilidade de pais e mães que pertencem a níveis

sócioeconômico mais altos, com maior poder aquisitivo, maior escolaridade, a priorizar

valores de autodireção nos filhos (autocontrole, responsabilidade, curiosidade, etc.), enquanto

famílias de nível socioeconômico mais baixo, com menor escolaridade e poder econômico,

tem uma probabilidade maior em se preocupar com valores de conformidade (limpeza, bons

modos, obediência, etc.).

Segundo Ceballos e Rodrigo (1998, apud BEM E WAGNER, 2006) os pais e mães de

nível socioeconômico alto e médio utilizam com maior frequência as estratégias indutivas,

enquanto os pais e mães de nível socioeconômico baixo utilizam mais estratégias baseadas na

afirmação do poder, que empregam as técnicas coercitivas, castigos físicos e ameaças.

Wagner (1995; apud BEM E WAGNER, 2006) constatou, em sua pesquisa, que pais e

mães de nível socioeconômico médio tendem a camuflar mais o uso de estratégias coercitivas

com seus filhos. Por terem adquirido maiores informações e melhores níveis de escolaridade,

Page 26: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

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esses pais e mães obtiveram consciência de como devem interagir na relação pais-filhos,

porém, esse conhecimento não assegura que constituam uma relação menos coercitiva no

exercício da parentalidade. Porém, é preciso ter cautela com esta declaração, porque pode

existir o preconceito de que apenas as famílias de níveis sociais mais populares violentam ou

agridem fisicamente seus filhos.

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3. MAUSTRATOS

3.1 DEFINIÇÃO

Segundo Pires e Miyazaki (2005) a violência contra crianças e adolescentes é

considerada um grave problema mundial, que atinge e prejudica durante um longo período de

tempo o desenvolvimento destes.

Ocorrem maus-tratos ou abuso quando “um sujeito em condições de superioridade

(idade, força, posição social ou econômica, inteligência, autoridade) comete um ato ou

omissão capaz de causar dano físico, psicológico ou sexual, contrariamente à vontade da

vítima, ou por consentimento obtido a partir de indução ou sedução enganosa”. O tipo mais

frequente de maus-tratos contra a criança ou adolescente é a violência doméstica, que ocorre

na maioria das vezes dentro dos lares ou no convívio familiar (PIRES E MIYAZAKI, 2005).

Para o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa maus-tratos é o conjunto de ações ou

comportamentos infligidos a outrem e que colocam em perigo a sua saúde ou integridade

física e que constitui delito (pode incluir trabalho impróprio ou excessivo, castigos físicos ou

outras punições, alimentação insuficiente, negligência nos cuidados de saúde, etc.). Ou seja, é

todo crime que consiste em prejudicar a saúde física ou mental de pessoa que se tem sob

autoridade, guarda ou vigilância.

Em 1941, no Simpósio da Academia Americana de Pediatria, os maus-tratos foram

definidos em quatro categorias tais como violência física: realizada de forma direta (pontapés,

bofetadas, beliscões, etc.), ou indireta (com instrumentos de castigo); abandono físico ou

moral: não provimento de cuidados básicos como alimentação e higiene (físico) e não

provimento de um lar (moral), deixando a criança na rua, exposta a sérios perigos como vícios

e más companhias; exploração sexual: agressão sexual por um adulto; maltrato psicológico:

agressão verbal, intimidação, insultos, que produzem sérios traumas psicológicos na criança

(ZAPATA-VILLA, 1987; apud SCHERER & SCHERER, 2000).

Deste modo, os castigos físicos seriam uma modalidade dos maus-tratos, já que este

engloba outros tipos de castigos, como violência psicológica, violência sexual, etc.

3.2 HISTÓRICO

A violência contra crianças e adolescentes é um fenômeno que vem de vários anos.

Desde a antiguidade já existiam a prática de maus-tratos em crianças e adolescentes e por

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muito tempo da história da humanidade a violência foi aceita e justificada pelas diferentes

sociedades. Tal fato pode ser observado a partir de 1728 a 1686 a.C., no qual havia no oriente

antigo o Código de Hamurábi. Neste código existiam alguns artigos que foram comprovados

atos violentos com os filhos da época. Dentre estes artigos, estavam: Artigo 192, dizia que se

o filho ousasse em dizer aos pais adotivos que eles não eram seus pais, sua língua seria

cortada; Artigo 193 ocorreria a extração dos olhos do filho adotivo que aspirasse voltar a casa

dos pais biológicos, afastando-se dos pais adotantes; e Artigo 195, o filho que batesse no pai

teria sua mão decepada, já que segundo o Código de Hamurábi, a mão do filho era

considerada um órgão agressor (DAY V.P. et. al., 2003).

No século XIII a. C, existia uma lei que orientava os pais a castigarem seus filhos

desobedientes e rebeldes, e quando aumentava a dificuldade de lidar com o filho, este era

punido com apedrejamento até a morte (PIRES & MIYAZAKI, 2005).

A severidade e disciplina eram consideradas pelo Império Greco-Romanos algo

indispensável no trato aos filhos. O infanticídio era considerado uma prática comum, cabendo

ao pai decidir se recusava ou não o recém-nascido, que quando rejeitado ou abandonado,

dificilmente era acolhido por outra pessoa e acabava morrendo. Outra prática comum deste

período era a de condenar à morte crianças portadora de alguma deficiência ou malformações,

pois se acreditava que estas seriam inúteis à sociedade. A falta de alimento e a miséria

estimulavam ainda mais o infanticídio (PIRES & MIYAZAKI, 2005).

Na literatura também são encontradas crenças que justificam o sacrifício de

crianças, tais como os dos índios mexicanos. Esses índios associavam o sucesso da

colheita de milho com sacrifícios: por ocasião da semeadura era sacrificado um

recém-nascido; quando o milho germinava, uma criança maior; crianças ainda

maiores quando a planta crescia e, por ocasião da colheita, eram sacrificados

homens mais velhos (PIRES & MIYAZAKI, 2005, p. 43).

Outro relato encontrado na literatura é o do Herodes, rei dos judeus. Quando

este soube que Jesus se tornaria o rei dos judeus, Herodes decidiu matá-lo. Como

não sabia onde encontrá-lo, decretou a morte de todos os meninos com menos de

dois anos de idade em Belém, levando José e Maria a fugirem com Jesus para o

Egito (PIRES & MIYAZAKI, 2005, p. 43).

Entre os séculos I e V d.C., os costumes e comportamentos tiveram maior influencia

pela Igreja Cristã, que ressaltou a importância da mãe na criação dos filhos e desestimulou a

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prática de graves castigos corporais. Neste período iniciou o reconhecimento do potencial de

desenvolvimento das crianças, que passaram a fazer parte da vida familiar (PIRES &

MIYAZAKI, 2005).

Entre os anos 303 e 304, em Roma, existia a Lei das XII Tábuas que permitia ao pai

matar o filho que nascesse disforme, mediante o julgamento de cinco vizinhos (Tábua Quarta)

(DAY V.P. et. al., 2003).

Assim como na Grécia e na Roma Antiga, na idade média, as crianças viviam na

obscuridade, não havendo preocupação social para com elas como ocorre hoje (SOUSA,

2005). As civilizações greco-romana e hebreia já relatavam a presença de violência contra

crianças e adolescentes. Tem-se como exemplo disso a criança hebreia em que a disciplina era

primordial na sua vida. A criança tornava-se “adulto em miniatura” ao se misturar com

adultos, e estes não se importavam quando ela viesse a falecer. O infanticídio e os maus-tratos

eram comum. As civilizações greco-romana e hebreia já relatavam a presença de violência

contra crianças e adolescentes. Tem-se como exemplo disso a criança hebreia em que a

disciplina era primordial na sua vida (PIRES & MIYAZAKI, 2005).

Com a chegada dos Jesuítas ao Brasil, no século XVI, ocorreram os primeiros relatos

sobre a criança brasileira. Nas tribos indígenas não ocorria a prática dos castigos, mas sim a

proteção dos filhos, porém, eram estes índios eram cruéis com os filhos dos oponentes, que

engordavam, matavam e comiam. Portanto, os Jesuítas, no Brasil Colonial, introduziram a

prática de ameaças e castigos, sendo atribuída ao padre Luis da Grã, em 1553, com a frase:

“sem castigo não se fará vida” (PIRES & MIYAZAKI, 2005).

Começa a surgir, no final do século XVII, uma mudança social na infância. Após a

transição do feudalismo para o capitalismo, a infância passa a ser considerada uma fase do

desenvolvimento (SOUSA, 2005).

A idéia de que a criança tem direito a uma educação especial, surge com a Burguesia,

com o objetivo de se preparar para a fase adulta.

“Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (‘de

adulto’) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade

burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolaridade para uma

atuação futura”. (Áries, 1978:19; apud SOUSA, 2005, p. 52).

Page 30: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

30

A partir desse pensamento, o ambiente familiar oferece mais afeto a essas crianças,

porém, a criança perde a liberdade que possuía e começam a surgir problemas referentes ao

processo de educação, tais como se tornar vítima de métodos coercitivos, punitivos e

violentos, proliferando a idéia do castigo físico (SOUSA, 2005). Portanto, no período que

antecedeu ao século XVIII, surge a utilização dos castigos, da punição física, dos

espancamentos através dos chicotes, ferros e paus às crianças. A justificativa dada era de que

os pais deveriam cuidar para que seus filhos não recebessem más influencias (DAY V.P. et.

al., 2003).

Com a chegada de novas concepções de John Locke, Rousseau, Freud. John Locke

também recomendou que os pais devessem dar atenção rigorosa ao desenvolvimento

intelectual e à capacidade de autocontrole da criança (DAY V.P. et. al., 2003).

A partir do século XVIII, ocorreram registros do tratamento dado a crianças

abandonadas na cidade de São Paulo, os chamados “expostos”, que eram filhos de mães

solteiras, viúvas ou extremamente pobres (PIRES & MIYAZAKI, 2005).

No século XVIII, esses castigos corporais contra as crianças ficaram cada vez mais

desumanos (Guerra, 1998; apud RIBEIRO, 2012). Rosseau entendia que a criança é

importante em si mesma e não meramente como um meio para um fim, afirmava também que

a infância é o estágio da vida em que os homens mais se aproximam do estado da natureza

(DAY V.P. et. al., 2003).

Nessa época a vontade do adulto era sempre prevalecida, eram eles que determinavam o

que a criança iria fazer, quando e por quanto tempo, buscavam-se a autoridade com práticas

cruéis contra crianças, desde o uso de métodos autoritários de modo de ser, pensar e agir, até

os castigos físicos, a escravidão, a mutilação de membros, a opressão moral, inclusive o

direito sobre a vida do filho era negado à criança o direito de ter “vontades”, opinar e falar,

porque achavam que ela era um ser quem não tinha conhecimento e experiência. As crianças

eram tidas como objetos para os adultos (DAY V.P. et. al., 2003).

3.3 MAUS-TRATOS NO BRASIL

Segundo Ribeiro (2006), no Brasil, a saúde mental infantil enquanto campo de

intervenção, cuidados e estudos sobre a infância, não teve nada estruturado ou sistematizado

Page 31: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

31

até o século XIX. Gilberto Freyre (1978; apud RIBEIRO, 2006) cita em seu livro Casa

Grande e Senzala, autores que se referem à criança do período colonial e do Império.

Este período é caracterizado pelo sistema patriarcal, no qual o senhor de engenho

praticava a “autoridade sem limites”, ditava as normas e regras a serem seguidas e empregava

como prática na educação das crianças o castigo físico. A palmatória e a vara de marmelo

eram utilizadas como castigo físico para se obter um bom comportamento das crianças.

Quanto mais brutal era a família com a criança, mais violenta era a criança com os escravos

companheiros das suas brincadeiras e com os animais, ou quanto mais sofrimentos impostos

as crianças, maior seria a probabilidade de desenvolver problemas emocionais (RIBEIRO,

2006).

Freyre (1978; apud RIBEIRO, 2006) afirma que, decorrente a essa brutalidade, muitos

alunos de padre e muitos meninos sofriam de gagueira, e que tanto a educação do colégio

religioso quanto a da casa-grande se dedicavam em romper a individualidade da criança,

formando adultos passivos e subservientes.

A partir do século XIX começou a mudar a maneira de se entender a criança e suas

necessidades, ou seja, o filho passa a ser objeto de investimento afetivo, econômico, educativo

e existencial, ocupando a posição central, ou seja, passa a ocupara o “lugar de afetividade”,

onde se estabelecem relações de sentimentos entre o casal e os filhos, lugar de atenção (bom

ou mau). A partir daí surge o interesse de filantropos, médicos e estadistas em auxiliar as

crianças provenientes de famílias pobres (RIBEIRO, 2006; DAY V.P. et. al., 2003).

Em 1824, inspirado em Portugal, a cidade recebeu a instalação da Roda da Santa Casa,

um cilindro oco de madeira que girava em torno do próprio eixo e tinha uma abertura, onde

eram colocadas as crianças. Essa Roda da Santa Casa tinha como objetivo evitar que as

crianças fossem comidas pelos cães, quando abandonadas. A mãe que estivesse disposta a

abandonar seu filho batia na madeira e girava, avisando ao porteiro da Santa Casa que, do

lado de dentro, recolhia o abandonado. O funcionamento da Roda durou até 1948.

Apesar de existir vários relatos sobre a violência contra crianças e adolescentes, seu

reconhecimento, como sendo um problema, é recente (PIRES & MIYAZAKI, 2005).

Em 1841, é editada uma das primeiras leis sobre a limitação do tempo de trabalho nas

fábricas, voltada à proteção da criança (DAY V.P. et. al., 2003).

Page 32: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

32

Em 1846, com o debate da Academia Brasileira de Medicina, houve maior preocupação

em relação a saúde da criança e foram levantadas várias causas para mortalidade infantil que

estava sendo relacionada a falta de cuidados para com esta, tais como:

alimentação imprópria (uso e abuso de comidas fortes); o vestuário impróprio;

as moléstias contagiosas das amas africanas, muitas delas portadoras de sífilis e

principalmente de boubas e escrófulas; a falta de tratamento médico na invasão das

moléstias; a amamentação mercenária e o perigo na falta de cuidado na escolha das

amas-de-leite escravas (FREYRE, 1978, p. 366; apud RIBEIRO, 2006, p. 30).

A criança necessitava de proteção, cuidado, amparo, educação, visto isso, propagou-se

os ideais higienistas, que salvariam dos males e a protegeriam da morte prematura (RIBEIRO,

2006).

3.4 RECONHECIMENTO MAUS TRATOS NO MUNDO

Mundialmente, o conceito de infância começa a sofrer alterações no final do século

XVII, contudo, torna-se mais visível a partir do século XVIII e XIX.

Segundo Rizzini (1997; apud SOUSA, 2005), a criança abandona a posição secundária

não importante na sociedade e na família e passa a ser vista como um indivíduo importante

para a nação; compreendida como a “chave para o futuro”, que pode se tornar um “homem de

bem” ou um “degenerado”. A autoridade paterna, constituída pelo Direito Romano, também

sofre modificações, ao chocar-se com a autoridade do Estado, esta perde seu poder e passa a

ser regulada pelo poder público.

Aos poucos essas mudanças vão ocorrendo no Brasil, tendo maiores resultados no poder

republicano. Nesse período, a criança foi simbolizada pela esperança e a elite denunciava a

situação de abandono das crianças da época (SOUSA, 2005).

A criança passa a ser compreendida de duas formas: a primeira por ser mantida sob os

cuidados da família e a segunda por ser mantida sob a tutela do estado, objeto de leis, medidas

filantrópicas, educativas, repressivas e programas assistenciais, o que compromete a formação

de uma consciência ampla de cidadania da criança e do adolescente no país (SOUSA, 2005).

Segundo Sousa (2005) ao longo do século XX, criaram-se muitos projetos para defender

os direitos básicos das crianças e adolescentes, porém alguns não foram bem aceitos, dentre

eles temos:

Page 33: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

33

Em 1923, a União Internacional “save the children” redigiu e aprovou um documento

que ficou conhecido como Declaração de Genebra que continha os princípios básicos da

Proteção à infância (SOUSA, 2005).

Em 1924, foi aprovada a Declaração de Genebra pela quinta Assembleia da Sociedade

das Nações e esta propôs aos países membros que pautassem a sua conduta em relação à

infância pelos princípios nela contidos. Neste mesmo ano, após segunda Guerra, a ONU

aprova uma declaração que amplia ligeiramente os direitos constantes no texto deste ano

(SOUSA, 2005).

O órgão máximo da Organização das Nações Unidas, a Assembleia Geral em 1959,

aprova a Declaração Universal dos Direitos da Criança, que continha dez princípios (SOUSA,

2005).

Já em 1978, o Governo da Polônia apresenta à Comunidade Internacional uma proposta

de Convenção dos Direitos da Criança, que é um instrumento de direito mais forte que uma

declaração, estabelecendo normas, deveres e obrigações aos países que a ela formalizarem sua

adesão (SOUSA, 2005).

Em 1979, a comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, examina a proposta da

Polônia e cria um grupo de trabalho para, a partir dela, produzir um texto definitivo (SOUSA,

2005).

Dez anos depois o Grupo de trabalho apresenta a redação definitiva do Projeto de

Convenção à Comissão de Direitos da ONU. Além disso, a Assembleia Geral aprova o texto

da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Em 20 de novembro é comemorado 30

anos de declaração universal de 1959 (SOUSA, 2005).

Nos anos 80 há uma transformação no modelo de educação que os pais transmitiam aos

filhos. Passou-se do modelo autoritário para o democrático (Fize s.n., citado por Azevedo &

Menin, p.134. 1995; apud RIBEIRO, 2012). Atualmente, é esperado que as famílias

transmitam a herança biológica e cultural que contém os juízos de valor que concebem, com

naturalidade, a prática do castigo físico como forma de educar as crianças.

Em 02 de setembro de 1990, entra em vigor o Dia Internacional da Criança, após ter

sido aprovada em 20 países (SOUSA, 2005).

Pode-se perceber que ao longo do tempo a história da criança, desde o período

colonial no Brasil, foi marcada por muitos descasos, seja em virtude de questões culturais,

Page 34: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

34

como ocorria com alguns povos indígenas, seja em razão do cunho socioeconômico. A morte

e o abandono de crianças teve seu auge no período da escravidão. Os senhores de escravos

separavam pais e filhos como bem entendesse, fazendo com que os filhos de escravos

vivessem em condições ruins nas senzalas ou em áreas urbanas, afastando-os de suas mães e

crescendo sem nenhuma referencia paterna (SOUSA, 2005).

Apesar do século XX ter sido considerado o Século da Criança, hoje em dia ainda

ocorrem muitos casos de maus tratos contra criança e adolescentes. Estes atos violentos,

atualmente, vêm acompanhado de justificativas de ensinamento e de mitos que dizem que a

criança é espontaneamente má e a família é naturalmente boa ou de que a violência doméstica

é fruto da miséria (RIBEIRO, 2012).

Com a criação do ECA, houve a garantia de proteção integral à criança e ao

adolescente, transformando radicalmente a filosofia do antigo Código de Menores - baseada

na doutrina da situação irregular - passando a considerar a criança/adolescente como pessoa

de direito e em condições peculiares de desenvolvimento (SOUSA, 2005).

Page 35: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

35

4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Identificar concepções de jovens adultos acerca do uso de castigos como forma de

estratégia de educar os filhos conforme avaliado pelo inventário “Dimensions of Discipline

Inventory - DDI”, aqui denominado de “Inventário das Dimensões da Disciplina - IDD.

4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Explorar e identificar sistema de crenças de jovens adultos a cerca da diversidade de

formas das estratégias de educar os filhos;

Identificar experiências de castigos físicos em jovens adultos na infância e as

concepções desses jovens sobre o uso de castigo e estratégia de educação nos dias atuais.

Page 36: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

36

5. JUSTIFICATIVAS

5.1 JUSTIFICATIVA SOCIAL

Ao longo da história a parentalidade vem sendo reconstruída e transformada, e

consequentemente os estilos parentais aprendidos podem ser herdados ou construído no

decorrer da vida do jovem adulto, proporcionando a idealização e a busca de modelos

familiares.

Essa pesquisa oferecerá conhecer as concepções mais frequentes que jovens adultos

adquiriram sobre a utilização de castigos como um meio de educar os filhos e como os jovens

adultos pretendem aplicar castigos em seus filhos.

5.2 JUSTIFICATIVA CIENTÍFICA

Esta pesquisa é justificada por haver poucos estudos sobre o assunto na população

brasileira. Além disso, o estudo é justificado por se aprofundar mais no conhecimento de

concepções e crenças mais frequentes que a população brasileira apresenta para a educação

dos filhos e se as experiências que os jovens adultos tiveram irão influenciar na educação

futura de seus filhos.

Page 37: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

37

6. MÉTODO

6.1 TIPO DE PESQUISA

Pesquisa Exploratório-Descritiva.

Segundo Raupp e Beuren (2003) normalmente a pesquisa exploratória ocorre quando

se tem pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada, buscando obter maior

profundidade sobre o fenômeno, de modo a torná-lo com maior clareza ou construir questões

importantes para a condução da pesquisa. Além disso, a pesquisa exploratória consiste em

aprofundar conceitos preliminares sobre determinado tema não contemplado, anteriormente,

de modo satisfatório, contribuindo para o esclarecimento de questões superficialmente

abordadas sobre o assunto.

Para Gil (1999; apud RAUPP & BEUREN, 2003) a pesquisa exploratória propicia uma

visão geral acerca de determinado assunto. Portanto, seu uso é determinado quando o

fenômeno é pouco explorado e quando se encontra dificuldade em formular hipóteses precisas

e operacionalizáveis.

Na pesquisa exploratória existem algumas finalidades primordiais, como: proporcionar

maiores informações sobre o assunto que vai investigar; delimitar e facilitar a temática de

pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses; ou descobrir um novo

tipo de enfoque sobre o assunto. (Andrade, 2002; apud RAUPP & BEUREN, 2003).

Desta forma, a pesquisa exploratória visa reunir mais conhecimento e incorporar

características inéditas, assim como buscar novas dimensões até então não conhecidas,

possibilitando a realização de outros tipos de pesquisa acerca do mesmo assunto.

Já para Gil (1999; apud RAUPP & BEUREN, 2003), a pesquisa descritiva utiliza

técnicas padronizadas de coletas de dados e apresenta como objetivo principal a descrição de

características de determinada população, ou fenômeno, ou ainda o estabelecimento de

relações entre as variáveis. Além disso, a pesquisa descritiva seria um estudo intermediado

entre a pesquisa exploratória e a explicativa, não tão preliminar nem tanto aprofundada.

Deste modo, a pesquisa descritiva procura identificar, relatar, comparar, etc.

Para Andrade (2002, apud RAUPP & BEUREN, 2003) destaca que a pesquisa

descritiva visa observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los,

impedindo a manipulação dos fatos pelo pesquisador.

Page 38: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

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Os resultados obtidos com base em uma pesquisa exploratória podem contribuir na

identificação de relações existentes entre as variáveis estudadas de determinada população. A

partir disso, o pesquisador informa sobre situações, fatos, opiniões ou comportamentos

referentes à população estudada (RAUPP & BEUREN, 2003).

Já para Triviños (1987; apud RAUPP & BEUREN, 2003), a pesquisa descritiva

demanda do pesquisador uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias que

irão dirigir a coleta e interpretação dos dados, no qual o objetivo é conferir a validade

científica à pesquisa. A amostra e a população devem também ser delimitadas, assim como os

termos, objetivos, hipóteses, variáveis e as questões de pesquisa.

Portanto, como o objetivo do presente estudo é identificar concepções de jovens adultos

acerca do uso de castigos como forma de estratégia de educar os filhos, a justificativa está em

haver poucos estudos sobre o assunto na população brasileira.

Pesquisa Quantitativa

Segundo Günther (2006), a pesquisa quantitativa se caracteriza por ocorrer pouca escuta

do participante após a coleta de dados, tendo, geralmente, como instrumentos entrevistas com

questionários, por esse motivo, comumente, os participantes são vistos como passivos. Nela,

uma amostra representativa assegurara a possibilidade de uma generalização dos resultados,

porém este tipo de pesquisa deve seguir regras, que não são uniformes, mas específicas a cada

circunstância. Deste modo, deve-se ficar atento para que as regras sejam explicitadas para

permitir uma eventual generalização.

Tendo em vista a pesquisa estar vinculada ao instrumental do tipo inventário, cuja

abordagem é identificar a frequência dos eventos ocorridos e as formas de pensar, tendo como

base a concordância ou discordância com os enunciados, pautadas no conhecimento cientifico

acerca da parentalidade e formas de disciplina utilizadas no processo de educação dos filhos.

Consequentemente, trata-se de um estudo exploratório e descritivo no modelo quantitativo.

6.2 PARTICIPANTES

Os participantes convidados para a pesquisa serão jovens adultos do estado de São

Paulo, maiores de 18 anos e estudante universitários dos diversos cursos de graduação. Serão

Page 39: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

39

estudantes dos seguintes cursos de graduação: administração, arquitetura, ciências biológicas,

economia, direito, engenharia, farmácia, nutrição, psicologia.

6.3 INSTRUMENTOS

O questionário IDD (anexo 1), aqui usado, foi desenvolvido, pré-testado, revisado,

validado e utilizado em pesquisas em mais de 3.000 estudantes nos USA. O questionário está

elaborado a partir de três componentes principais: disciplina, consequências e fatores

relacionados. Como consequências destacam-se: as crenças sobre disciplina, violência,

impacto da disciplina, crenças sobre castigo corporal legalidade social e relacionamento com

os pais. Além disso, cada nação participante terá a opção de acrescentar questões de interesse

especifico ou relevantes ao seu contexto social.

No sentido de adaptação cultural, o questionário final foi traduzido do original para a

língua portuguesa, revisado e retrovertido por profissionais da psicologia com experiência na

temática e retrovertida para o inglês por um especialista fluente na língua inglesa. O teste de

compreensão e conteúdo semântico foi conduzido por uma pequena amostra de estudantes

universitários que dominavam ambos os idiomas. Posteriormente, grupo de pesquisadores e

alunos envolvidos no projeto discutiram as principais divergências e pontos críticos da

adaptação, sendo a versão final resultado de uma versão com equivalência semântica à versão

original, adaptada e acrescida de questões de interesse à realidade cultural brasileira.

No período de adaptação do instrumento os termos foram discutidos, revistos

cuidadosamente pelo pesquisador e compartilhado com todo o grupo de pesquisadores, no

sentido de facilitar uma medida padronizada para todos os locais e garantir os benefícios da

investigação das diferenças culturais.

Ressalta-se que o fato da pesquisadora coordenadora do presente projeto, ter sido

membro de um consortium de pesquisadores do International Dating Violence Study, liderado

por Murray Straus, desde 2001, um dos autores do instrumento Dimensions of Discipline

Inventory, foi disponibilizado o instrumento para adaptação e utilização para pesquisa da

realidade brasileira.

Existem três versões do DDI: uma destinada aos pais (Forma P); outra para adultos

jovens e as lembranças dos métodos utilizados pelos pais (Forma A) e um terceiro para

criança descrever as formas de disciplina utilizadas pelos pais (Forma C). No presente estudo

será utilizada a Forma A, por se tratar de jovens adultos universitários.

Page 40: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

40

A idade de 10 anos considerada como referência nas respostas dos adultos justifica-se

por ser ainda uma idade em que as crianças podem estar envolvidas em problemas de

comportamento e garantem atitudes disciplinares por parte dos pais. Além disso, a idade de 10

anos, a criança é ainda jovem suficiente para que os pais tenham que lidar com

comportamentos considerados inapropriados, tais como o uso de castigo físico, ainda que

estes tendam a ocorrer em crianças mais jovens. Também, por se tratar de lembranças do

jovem adulto é melhor esta etapa do que períodos mais jovens, pois lembranças para idades

muito antes dos 10 anos poderiam comprometer a eficácia das lembranças, e

consequentemente, a apuração dos eventos de forma fidedigna.

O instrumento fornece informações de 26 tipos de estratégias disciplinares utilizadas

pelos pais, divididas igualmente entre métodos positivos e negativos. Estas 26 estratégias

comporão a escala que mede a frequência de nove métodos de disciplina, discriminados na

sequência:

Estratégia punitiva Estratégia não punitiva

Castigo físico Retirada da situação

Retirada de privilégios Explicação

Agressão psicológica Ignorar o mau comportamento

Tarefas punitivas Recompensar pelo bom comportamento

Monitorar o comportamento

Para cada um das 26 ações utilizadas para disciplinar há uma questão sobre o grau de

concordância, que avalia:

Aprovação dos nove métodos de disciplina

Estratégias aprovadas, mas não utilizadas pelos pais, e estratégias desaprovadas, mas

utilizadas pelos pais.

Além disso, permite avaliar o contexto em que os métodos são utilizados, como por

exemplo: de confiança, de conflito entre os pais, de percepção da ineficácia e de estresse.

Também avalia seis aspectos na implementação da disciplina: consistência, concepção

cognitiva, impulsividade, afetivo, de alerta e receptividade.

Fatores de risco sociodemográficos

Estilo parental

O IDD está organizado em partes conforme apresentado na sequência.

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Parte A: informações sociodemográficas dos pais (14 questões) -

Parte B: informações da criança e os maus comportamentos (3questões e 2 para completar)

Parte C: estratégias de disciplina utilizadas com a criança ( 26 questões)

Parte D: modelo utilizado de implementação da disciplina (23 questões)

Parte E: Sistema de crenças (26 itens)

As questões são apresentadas em pares, sendo uma para cada um dos pais. As questões

referentes a cada conjunto de variáveis estão distribuídas de forma a evitar a tendenciosidade

de respostas. As variáveis estão distribuídas e apresentadas os quadros 1, 2, 3 e 4).

Porém, para o presente estudo propõe-se um recorte que responde à “Parte E” do

inventário “Dimensions of Discipline Inventory - DDI”, aqui denominado de “Inventário das

Dimensões da Disciplina” – IDD devido ao objetivo que é identificar concepções de jovens

adultos acerca do uso de castigos como forma de estratégia de educar os filhos. As respostas

Perguntas da “Parte E”:

Mesmo que você não tenha filhos, nós gostaríamos de saber sua opinião atual sobre

cada uma das atitudes listadas abaixo quando aplicadas a crianças de aproximadamente 10

anos de idade.

1. Explicar as regras para crianças dessa idade para tentar prevenir o mau comportamento.

2. Tirar mesada, brinquedos, ou outros privilégios por motivo de mau comportamento.

3. Colocar crianças dessa idade “para pensar” (ou mandá-las para o quarto).

4. Berrar ou gritar com crianças dessa idade.

5. Agarrar ou sacudir crianças dessa idade para conseguir sua atenção.

6. Dar a crianças dessa idade alguma atividade que gostem em substituição ao que está

fazendo de errado.

7. Tentar fazer a criança dessa idade se sentir envergonhada ou culpada.

8. Não prestar atenção, de propósito, ao mau comportamento.

9. Dar palmadas, tapas, tabefes ou pancadas em crianças dessa idade.

10. Usar objetos como raquete, cinto, escova de cabelo etc. em crianças nessa idade.

11. Elogiar crianças nessa idade por terem finalmente parado o mau comportamento ou por

terem se comportado bem.

12. Não mostrar afeto para as crianças nessa idade, agindo friamente ou não dando abraços

ou beijos.

Page 42: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

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13. Mandar as crianças nessa idade para a cama sem uma refeição.

14. Deixar as crianças nessa idade saber que você observa ou examina o que faz.

15. Dar para crianças nessa idade dinheiro, ou outras coisas, quando finalmente param com o

mau comportamento ou quando se comportam bem.

16. Mostrar ou demonstrar a coisa certa a ser feita.

17. Deixar que crianças nessa idade se comportem mal para que lidem com as consequências.

18. Dar as crianças nessa idade tarefas extras como consequência.

19. Fazer com que crianças nessa idade façam algo para compensar o mau comportamento,

como por exemplo, pagar por uma janela quebrada.

20. Quando crianças nessa idade se comportam mal, falar que são preguiçosas, descuidadas,

inconsequentes, ou algum outro nome do tipo.

21. Tirar mesada, brinquedos, ou outros privilégios, até que crianças nessa idade façam o que

você espera delas.

22. Observar crianças nessa idade para ver se estão se comportando mal.

23. Observar criança nessa idade para que possa dizer quando fazem um bom trabalho.

24. Fazer criança nessa idade se desculpar ou dizer que está arrependida pelo mau

comportamento.

25. Lavar a boca de criança nessa idade com sabão, colocar pimenta em sua língua, ou algo

semelhante.

26. Deixar criança nessa idade de castigo, ou limitar suas atividades fora de casa, pelo mau

comportamento.

A proposta deste instrumento é muito mais identificar as estratégias disciplinares

utilizadas, o quanto de castigo físico está presente, bem como a extensão destas estratégias no

desenvolvimento da criança e o sistema de crenças que sustenta tais práticas, do que

identificar quais são os estilos parentais.

Na literatura encontraremos algumas classificações como a de Baumrind (1971) que

propôs a seguinte a tipologia: Autoritário, Permissivo, Democrático (autoritativo). Já outro

modelo, de Maccoby e Martin propõe um quarto estilo, o negligente.

A versão destes estilos pode ser criada utilizando-se as escalas que medem no DDI o

uso do afeto, poder, punitivo e explicativo. Cada um dos pais pode ser identificado em três

dimensões: alta, média e baixa e classificados da seguinte forma:

Page 43: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

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Estilo parental Afetivo Punitivo Explicativo

Autoritário Baixo Alto Alto

Permissivo Alto Baixo Baixo

Competente Alto Médio Alto

Negligente Baixo Baixo Baixo

O autor do instrumento relata ser esta uma das possibilidades que o instrumento permite

para a identificação do estilo parental, mas que outras combinações a partir de outras medidas

fornecidas pelo instrumento, poderiam contribuir para a elaboração de outras tipologias.

6.4 PROCEDIMENTOS

A partir da aprovação do Comitê de Ética, será solicitada à instituição universitária a

autorização para a divulgação e coleta de dados nas dependências da universidade, mediante

apresentação da Carta de Informação e Termo de Compromisso à instituição (anexo 2). Após

a anuência do responsável, solicitar-se-á reserva de um espaço que tenha cadeiras, ventilação

e ambiente que permita certa privacidade e isolamento de outros sons que possam prejudicar a

atenção. Os alunos dos diversos cursos serão convidados a participar da pesquisa como

sujeitos de pesquisa através dos canais de comunicação disponibilizados pela universidade,

como por exemplo, cartazes ou convite oral em espaços das atividades de acadêmicas. O

convite será feito da seguinte maneira:

“Trata-se de uma pesquisa intercultural realizada com jovens universitários, de

diversas nacionalidades, maiores de 18 anos e que, o estado de São Paulo estará

representando o Brasil no estudo. Disciplina e Relações familiares é o tema da pesquisa.

Caso tenha interesse, você precisará de uma disponibilidade aproximada de 40 minutos para

responder ao questionário auto preenchido. Para tanto, deverá comparecer em um dos dias

informado, no respectivo local e horário. Ao responder o questionário, você receberá uma

declaração de participação como sujeito de pesquisa. A sua colaboração é bem vinda”.

Essa mesma informação constará de um cartaz que será afixado nos espaços da

universidade destinados à divulgação de pesquisa, conforme modelo anexo.

A coleta de dados iniciar-se-á com os sujeitos que se apresentarem no local destinado.

De acordo com os procedimentos previstos no estudo original, os participantes ficarão

Page 44: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

44

sentados em cadeiras alternadas, de forma a garantir maior privacidade. Será entregue aos

participantes o questionário a ser preenchido, em duas vias a Carta de Informação e o Termo

de Consentimento (anexo 3), que corresponde à capa do questionário. No documento é

explicitado que a participação no estudo é inteiramente voluntária e que são livres para decidir

a participação no estudo. Além disso, nesse mesmo documento contém a informação de que

ao concordar com a participação na pesquisa, deverá assinar as duas vias do termo de

compromisso. Uma via ficará com o sujeito e a outra deverá ser depositada junto com o

questionário numa caixa que fica que ficará próxima à saída da sala. Tais procedimentos

adotados refletem os cuidados para garantir a privacidade, a autonomia de participar ou não

da pesquisa sem a necessidade de identificação do participante que respondeu ou não ao

questionário.

Após a coleta de dados, cada questionário receberá aleatoriamente um número de

protocolo, que servirá para a identificação na inclusão das informações no banco de dados. Na

sequência, os dados serão digitalizados no programa SPSS 19.0, com base na matriz já

previamente construída. A digitalização será de responsabilidade dos pesquisadores

participantes e colaboradores no presente estudo, com conferência e supervisão dos

pesquisadores coordenadores da pesquisa. Na sequência o banco de dados será

disponibilizado aos pesquisadores para início das análises propostas.

Variáveis adotadas neste estudo

Definição de mau comportamento: para fins desse estudo é definido como

comportamento da criança que os pais percebem como indesejável e precisa ser modificado.

O comportamento indesejável podem ser atos que os pais querem que cessem ou atos que a

criança não está desempenhando e que os pais assim o desejam.

Devido ao aspecto de disciplina avaliado pelo DDI serem as ações que os pais tomam

para corrigir o mau comportamento, tal definição é influenciada pela frequência e a gravidade

que percebem do comportamento. Consequentemente, compreender a estratégia disciplinar de

um pai requer levar em conta a percepção dos pais a partir da frequência e da gravidade do

comportamento da criança. Ambos os aspectos são avaliados neste instrumento.

Page 45: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

45

6.5 CUIDADOS ÉTICOS

O presente estudo representa riscos mínimos, uma vez que o anonimato, procedimentos

e as instruções para os participantes, possibilitam maior confidencialidade. Este procedimento

tem sido utilizado em mais de 20000 estudantes em outro estudo intercultural (International

Dating Violence).

O potencial de risco está relacionado ao conteúdo explorado em questões que abordam

tópicos delicados incluindo relacionamento familiar, agressão entre membros familiares. Em

estudos similares previamente conduzidos pelos pesquisadores lideres e membros de

consortium, pouquíssimos participantes têm revelado algum desconforto por responder tais

questões, e todas as expressões de desconforto foram atendidas de forma especial com suporte

nos programas de saúde mental de cada país participante. Para respeitar a privacidade e a

participação de natureza voluntária, as instruções enfatizarão que os participantes são livres

para participar ou não da pesquisa, sendo que poderão devolver o questionário em branco no

mesmo lugar que os demais questionários, de forma a não ter possibilidade de identificação.

Também será informado que poderão omitir qualquer questão que não desejam responder.

Os procedimentos aqui propostos estão de acordo com os preceitos éticos de pesquisa

em seres humanos.

Para a aplicação os participantes serão distribuídos na sala de aula conforme orientação

do estudo maior, em cadeiras alternadas de forma a garantir a privacidade. Também será

disponibilizada uma caixa para a colocação do questionário respondido e da cópia assinada do

termo de compromisso, também outro procedimento com vistas a garantir a não identificação

do sujeito e a liberdade de participação ou não no estudo. Todos os estudantes na saída

receberão uma lista (anexo4) com informações de locais que oferecem atendimento à

comunidade, além da possibilidade de contato com o pesquisador responsável pela pesquisa,

alternativas que poderão ser contatadas caso ocorra algum tipo de desconforto com a pesquisa

ou que outros conteúdos possam ser eliciados no contato com a pesquisa,

O Termo de Consentimento consiste na primeira página que corresponde à capa do

questionário que explicita o objetivo do estudo que é investigar o tipo de educação recebido

aos 10 anos de idade. Será explicitado que o questionário inclui questões sobre a história

familiar, a educação recebida na infância, sistema de crenças entre outros.

O tipo de divulgação e seleção para coleta de dados, todos os cuidados éticos,

procedimentos para encaminhamento ao comitê de ética do país de origem do pesquisador

Page 46: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

46

líder e a aprovação do comitê (anexo 4) são os mesmos previstos e adotados para o estudo

brasileiro.

Benefícios

Os participantes contribuirão com o conhecimento da educação e das ciências sociais e

terão a oportunidade de ter acesso aos resultados e receberão todo o suporte necessário em

caso de desconforto ou ter acesso ao pesquisador para outras informações.

Page 47: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

47

7. ANÁLISE DE DADOS

Por se tratar de uma pesquisa multi-países, este estudo refere-se a um recorte do banco

de dados primário, tendo como categorias de análise: avaliar as possíveis diferenças nos

sistema de crença entre homens e mulheres a respeito da forma de educar os filhos; e

identificar experiências de castigos físicos em jovens adultos na infância e as concepções

desses jovens sobre o uso de castigo e estratégia de educação nos dias atuais. Ou seja, a partir

dos resultados poderá ser avaliado o quanto as questões dos castigos físicos impactam na

formar de pensar.

Para a análise serão utilizadas as questões 1 a 26 da “Parte E” correspondente do

questionário que avalia as opiniões do sujeito sobre a disciplina, cujas respostas variam desde

nunca é correto até sempre é correto.

Deste modo, irá relacionar as questões E5, E9, E10, e E25 aos Castigos Físicos; Estilo

Disciplinar Punitivo (soma das frequências dos itens): E2; E4; E5; E7; E9; E10; E12; E13;

E18; E20; E21; E25; E26; Estilo não punitivo (soma das frequências dos itens): E1; E6; E8;

E11; E14; E15; E16; E17; E22; E23; E24; e Estilo Indutivo (soma das frequências dos itens)

E1; E11; E14; E16; E23; E24.

Assim, serão avaliados se as concepções de como educar os filhos podem estar baseadas

nas experiências que o individuo recebeu da família de origem e se as experiências com

castigo físico na infância influenciam na estratégia de educação dos filhos de jovens adultos

no mundo atual.

Para o tratamento estatístico será utilizado o software SPSS 19 para estatística descritiva

e inferencial.

Serão realizadas as análises descritivas para a caracterização da amostra dos

universitários através do cálculo de medidas de tendência central - média aritmética – e de

dispersão – desvio padrão – para as variáveis contínuas e de frequência para as variáveis

categóricas. Para a estimativa das associações de variáveis serão calculados os Odds Ratio,

com os respectivos IC95% e realizados testes de qui-quadrado (X2) ou qui-quadrado de

tendência linear (no caso de variáveis ordenadas) para testar a significância estatística p≤ 0,05

e os testes serão conduzidos com poder de teste de 80%.

Os modelos de análise estatística serão do tipo multivariado, com ajustes para

características sócio demográficas, sexuais e de outras variáveis específicas, dadas pela

Page 48: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

48

literatura conforme o objeto de estudo em tela. Serão incluídas as variáveis independentes que

apresentarão associação com a ocorrência do desfecho com p<0,20, bem como aquelas com

relevância teórica para a análise. Permanecerão no modelo as variáveis independentes que se

mantiverem associadas ao desfecho após o ajuste por todas as variáveis incluídas (p<0,05 no

teste de Wald) e aquelas consideradas relevantes pela literatura. A contribuição de cada

variável para o modelo será testada com o uso do teste da razão de verossimilhança

(likelihood ratio test) e o ajuste do modelo será testado com o uso do teste de ajuste de

Hosmer-Lemeshow.

As categorias de análise propostas para este estudo correspondentes às variáveis e

fatores associados mencionados acima, serão identificadas pelo conjunto de perguntas do

questionário da DDI, já distribuídas em categorias de acordo com o instrumento original.

Os dados quantitativos serão analisados via os recursos de memorização e modelagem.

Cada questão poderá ser analisada no nível individual, grupal ou de um determinado contexto.

Os dados de cada universidade participante serão encaminhados à Universidade de New

Hampshire para digitalização. Os resultados serão disponibilizados na internet com acesso

exclusivo dos pesquisadores lideres. Os pesquisadores terão acesso aos seus respectivos dados

e os que fizerem parte de estudos intergrupais.

Page 49: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

49

8. RESULTADOS

Foi realizada a divulgação da pesquisa para os alunos dos diversos cursos via internet e

convite oral para o cumprimento da coleta de dados que foi concretizada nas dependências da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, mediante a apresentação da Carta de Informação e

Termo de Compromisso à Instituição. Os pesquisadores solicitaram reserva de salas de aulas

que tivessem um espaço, com cadeiras, ventilação e ambiente que permitisse privacidade e

isolamento de outros sons que pudessem prejudicar a atenção.

Os pesquisadores criaram grupos de participantes e estipularam um horário para a

realização da pesquisa. A coleta de dados se iniciou no horário estipulado, os sujeitos se

apresentaram no local, sentaram em cadeiras alternadas, para que se garantisse maior

privacidade. Foi entregue aos participantes o questionários para que fosse preenchido e as

duas vias da Carta de Informação e o Termo de Consentimento, que correspondia à capa do

questionário. Cada participante, após responder seu questionário, o depositou em uma caixa,

que posteriormente foi colocado um número de protocolo, que serviu para a identificação na

inclusão das informações no banco de dados. Os pesquisadores e colaboradores digitalizaram

os dados obtidos do presente estudo, com conferência e supervisão dos pesquisadores

coordenadores da pesquisa.

Após a coleta os dados foram tabulados no software estatístico SPSS 20.0 e foram feitas

as análises de frequências e proporções simples. Primeiramente apresentamos os dados

referentes à caracterização da amostra na Tabela 1, esta tabela contém as informações sobre

sexo, idade, nacionalidade, etnia/raça, tipo de relação (estado civil), renda familiar, se possui

filhos, situação conjugal dos pais, idade do participante quando os pais se separaram, quem

exercia papel de pais, escolaridade dos pais, tipo de trabalho dos pais (remunerado,

desempregado, aposentado, estudante), se possui irmãos, quantidade e idade de irmãos.

TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Váriavel Homens Mulheres Total

Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Sexo 17 14,50% 100 85,50% 117 100,00%

Total 17 14,50% 100 85,50% 117 100,00%

Não responderam 4

Idade Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

18 – 19 1 0,90% 24 20,50% 25 21,40%

Page 50: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

50

20 – 21 6 5,20% 49 41,90% 55 47,10%

22 – 24 9 7,70% 19 16,30% 28 24,00%

25 – 29 1 0,90% 6 5,10% 7 6,00%

30 – 39 0 0,00% 2 1,70% 2 1,70%

Total 17 14,70% 100 85,50% 121 100%

Não responderam 4

Brasileiro Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Sim 17 14,50% 99 84,60% 116 99,10%

Não 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

Total 17 14,50% 100 85,50% 121 100%

Não responderam 4

Etnia/raça Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Oriental 5 4,30% 4 3,40% 9 7,80%

Afrodescendente 1 0,90% 2 1,70% 3 2,60%

Pardo 2 1,70% 10 8,60% 12 10,30%

Branco 9 7,80% 82 70,70% 91 78,40%

mais de 1 etnia 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

Total 17 14,70% 99 85,30% 116 100,00%

Não responderam 5

Tipo de relação Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Solteiro 12 10,30% 66 56,40% 78 66,70%

namora, mas não mora junto 4 3,40% 30 25,60% 34 29,00%

namora e mora junto 1 0,90% 2 1,70% 3 2,60%

Casado 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

Outro 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

Total 17 14,50% 100 85,50% 117 100,00%

Não responderam 4

Renda familiar Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

R$ 690,00 a 1379,00 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

R$1380,00 a 3449,00 2 1,80% 14 12,60% 16 14,40%

R$ 3450,00 a 5519,00 5 4,50% 6 5,40% 11 9,90%

R$5520,00 a 6899,00 3 2,70% 14 12,60% 17 15,30%

R$6900,00 a 8279,00 1 0,90% 11 9,90% 12 10,80%

R$8280,00 a 10349,00 0 0,00% 8 7,20% 8 7,20%

de 10350,00 a 13799,00 1 0,90% 10 9,00% 11 9,90%

de 13800,00 a 17249,00 1 0,90% 8 7,20% 9 8,10%

17250,00 a 20699,00 2 1,80% 9 8,10% 11 9,90%

acima de R$20.700,00 2 1,80% 13 11,70% 15 13,50%

Total 17 15,30% 94 84,70% 111 100,00%

Não responderam 10

Tem filhos Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Sim 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

Não 17 14,80% 97 84,30% 114 99,10%

Page 51: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

51

Total 17 14,80% 98 85,20% 115 100,00%

Não responderam 6

situação conjugal dos pais Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

casados entre si 12 10,30% 70 59,80% 82 70,10%

separados ou divorciados 2 1,70% 24 20,50% 26 22,20%

nuncamoraram juntos 2 1,70% 0 0,00% 2 1,70%

um ou ambos já faleceram pai 1 0,00% 4 3,40% 5 4,30%

um ou outro já faleceram mãe 0 0,00% 2 1,70% 2 1,70%

Total 17 14,50% 100 85,50% 117 100,00%

Não responderam 4

sua idade quando seus pais se

separação Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

menos de 10 anos 3 2,60% 16 15,70% 19 18,60%

10 anos 0 0,00% 2 2,00% 2 2,00%

mais de 10 anos 3 2,00% 11 10,80% 13 12,70%

não se aplica 12 11,80% 56 54,90% 68 66,70%

Total 17 16,70% 85 83,30% 102 100,00%

Não responderam 19

Quem exercia o papel de pai Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

pai biologic 14 12,60% 87 78,40% 101 91,00%

Padrasto 1 0,90% 3 2,70% 4 3,60%

namorado do mãe 1 0,90% 0 0,00% 1 0,90%

outro parente homem 1 0,90% 2 1,80% 3 2,70%

outra pessoa 0 0,00% 2 1,80% 2 1,80%

Total 17 15,30% 94 84,70% 111 100,00%

Não responderam 10

Quem exercia o papel de mãe Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

mãe biológica 16 14,30% 92 82,10% 108 96,40%

Madrasta 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

namorada do pai 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

outra parente mulher 1 0,90% 3 2,70% 4 3,60%

outra pessoa 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

Total 17 95 112 100,00%

Não responderam 9

escolaridade da mãe Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

ensino fundamental 2 1,70% 3 2,60% 5 4,30%

ensino médio 4 3,50% 25 21,70% 29 25,20%

ensino superior incompleto 3 2,60% 8 7,00% 11 9,60%

ensino superior completo 8 7,00% 45 39,10% 53 46,10%

pos-graduação incompleta 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

pos-graduação completa 0 0,00% 16 13,90% 16 13,90%

Total 17 14,80% 98 85,20% 115 100,00%

Não responderam 6

Page 52: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

52

escolaridade do pai Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

ensino fundamental 2 1,80% 7 6,20% 9 8,00%

ensino médio 4 3,50% 17 15,00% 21 18,60%

ensino superior incompleto 1 0,90% 6 5,30% 7 6,20%

ensino superior completo 7 6,20% 45 39,80% 52 46,00%

pos-graduação incompleta 2 1,80% 3 2,70% 5 4,40%

pos-graduação completa 0 0,00% 19 16,80% 19 16,80%

Total 16 14,20% 97 85,80% 113 100,00%

Não responderam 8

trabalho da mãe Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

trabalho remunerado integral 10 8,60% 49 42,20% 59 50,90%

trabalho remunerado parcial 3 2,60% 20 17,20% 23 19,80%

não trabalhava for a 3 2,60% 25 21,60% 28 24,10%

desempregada e procurava

emprego 0 0,00% 3 2,60% 3 2,60%

Estudante 0 0,00% 1 0,90% 1 0,90%

Aposentado 1 0,90% 1 0,90% 2 1,70%

Total 17 14,70% 99 85,30% 116 100,00%

Não responderam 2

trabalho do pai Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

trabalho remunerado integral 12 10,30% 80 69,00% 92 79,30%

trabalho remunerado parcial 3 2,60% 12 10,30% 15 12,90%

não trabalhava for a 1 0,90% 3 2,60% 4 3,50%

desempregado e procurava

emprego 0 0,00% 2 1,70% 2 1,70%

Estudante 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

Aposentado 1 0,90% 1 1,70% 3 2,60%

Total 17 14,70% 99 85,30% 116 100,00%

Não responderam 5

irmãos mais velhos Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Nenhum 7 6,90% 52 51,00% 59 57,80%

Um 7 6,90% 27 26,50% 34 33,30%

Dois 1 1,00% 6 5,90% 7 6,90%

Três 0 0,00% 2 2,00% 2 2,00%

Total 15 14,70% 87 85,30% 102 100,00%

Não responderam 19

irmãos mais novos Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Nenhum 11 11,00% 60 60,00% 71 71,00%

Um 3 3,00% 20 20,00% 23 23,00%

Dois 1 1,00% 5 5,00% 6 6,00%

Três 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

Total 15 15,00% 85 85,00% 100 100,00%

Não responderam 21

irmãs mais velhas Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Page 53: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

53

Nenhum 7 7,40% 54 56,80% 61 64,20%

Um 5 5,30% 19 20,00% 24 25,30%

Dois 1 1,10% 6 6,20% 7 7,30%

Três 1 1,10% 2 2,10% 3 3,20%

Total 14 14,70% 81 85,30% 95 100,00%

Não responderam 26

irmãs mais novas Homens percent.% Mulheres percent.% Total % Total

Nenhum 11 11,30% 59 60,80% 70 72,20%

Um 3 3,10% 20 20,60% 23 23,70%

Dois 0 0,00% 3 3,10% 3 3,10%

Três 0 0,00% 1 1,00% 1 1,00%

Total 14 14,40% 83 85,60% 97 100,00%

Não responderam 24

Em seguida é apresentada a Tabela 2 que possui a “Parte E – Suas opiniões sobre

disciplina”. Nesta, são apresentados a quantidade e porcentagem de sujeitos que responderam

se acham correto ou incorreto determinada forma de educar crianças.

FREQ. = Frequência; P.V. = Porcentagem Válida

TABELA 2 - PARTE E: SUAS OPINIÕES SOBRE DISCIPLINA

HOMENS MULHERES

FRE

Q.

P.V.

(%)

FREQ

.

P.V.

(%)

CASTIGOS

FÍSICOS

Agarrar ou sacudir

crianças dessa

idade para

conseguir sua

atenção

Correto 1 5,9% 3 3%

Incorreto 16 91,4% 96 97%

Dar palmadas,

tapas, tabefes ou

pancadas em

crianças nessa

idade

Correto 1 5,9% 1 1%

Incorreto 16 94,1% 99 99%

Usar objetos como

raquete, cinto,

escova de cabelo

etc. em crianças

nessa idade.

Correto 2 11,8% 5 5%

Incorreto 15 88,3% 95 95%

Lavar a boca de

criança nessa idade Correto 0 0% 4 4,1%

Page 54: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

54

com sabão, colocar

pimenta em sua

língua, ou algo

semelhante.

Incorreto 17 100% 94 96%

Não

respondeu 0% 2 0%

CASTIGOS

PSICOLÓGICOS

Berrar ou gritar

com crianças dessa

idade

Correto 1 5,9% 2 2%

Incorreto 16 94,1% 98 98%

Tentar fazer a

criança dessa idade

se sentir

envergonhada ou

culpada

Correto 3 17,6% 11 11%

Incorreto 14 82,3% 89 89%

Não mostrar afeto

para as crianças

nessa idade, agindo

friamente ou não

dando abraços ou

beijos

Correto 1 5,9% 2 2%

Incorreto 16 94,2% 98 98%

Quando crianças

nessa idade se

comportam mal,

falar que são

preguiçosas,

descuidadas,

inconsequentes, ou

algum outro nome

do tipo.

Correto 0 0% 6 6%

Incorreto 17 100% 94 94%

DIÁLOGO

Explicar as regras

para crianças dessa

idade para tentar

prevenir o mau

comportamento

Correto 16 94,1% 98 98,9%

Incorreto 1 5,9% 1 1%

Não

Respondeu 0% 1 0%

Mostrar ou

demonstrar a coisa

certa a ser feita

Correto 16 94,1% 92 92%

Incorreto 1 5,9% 8 8%

IGNORAR MAU

COMPORTAMENTO

Não prestar

atenção, de

propósito, ao mau

comportamento

Correto 3 17,6% 5 5%

Incorreto 14 72,3% 95 95%

Deixar que as

crianças dessa

idade se comportem

mal para que lidem

com as

consequências

Correto 3 17,7% 17 17%

Incorreto 14 82,4% 83 83%

Deixar as crianças

dessa idade saber

que você observa

Correto 12 70,6% 55 55,6%

Incorreto 5 29,4% 44 44,4%

Page 55: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

55

MONITORAR

COMPORTAMENTO

ou examina o que

faz

Não

respondeu % 1 0%

Observar para ver

se estão se

comportando mau

Correto 12 68,

%5 75 75%

Incorreto 5 29,4% 25 25%

MUDANÇAS DE

SITUAÇÃO

Colocar crianças

nessa idade “para

pensar” (ou mandá-

las para o quarto)

Correto 8 47,1% 68 68%

Incorreto 9 53% 31 31%

Não

respondeu 0% 1 1%

Dar alguma

atividade que

gostem em

substituição ao que

está fazendo de

errado

Correto 9 52,9% 55 55,6%

Incorreto 8 47% 44 44,5%

Não

respondeu 0% 1 1%

RECOMPENSAS

Elogiar terem

finalmente parado o

mau

comportamento ou

por terem se

comportado bem

Correto 17 100% 92 92%

Incorreto 0 0% 8 8%

Dar dinheiro ou

outras coisas

quando finalmente

param com o mau

comportamento ou

quando se

comportam bem

Correto 4 23,6% 40 40%

Incorreto 13 76,4% 60 60%

Observar para que

possa dizer quando

fazem um bom

trabalho

Correto 16 94,1% 93 93%

Incorreto 1 5,9% 7 7%

RETIRADA DE

PRIVILÉGIOS

Não mostrar afeto,

agindo friamente ou

não dando abraços

e beijos

Correto 10 58,8% 70 70%

Incorreto 7 41,2% 30 30%

Mandar para a

cama sem uma

refeição

Correto 0 0% 4 4%

Incorreto 17 100% 96 96%

Tirar mesada,

brinquedos, ou

outros privilégios,

até que façam o que

você espera dela.

Correto 4 23,5% 33 33,4%

Incorreto 13 76,4% 66 66,

7%

Não

respondeu 0 0% 1 0%

Page 56: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

56

Deixar de castigo,

ou limitar suas

atividades fora de

casa, pelo mau

comportamento

Correto 8 47,1% 52 52%

Incorreto 9 52,9% 48 48%

TAREFA PUNITIVA

E RESTAURATIVA

Dar tarefas extras

como

consequências

Correto 4 23,5% 26 26%

Incorreto 13 76,4% 72 72%

Não

respondeu 0% 1 1%

Fazer com que

façam algo para

compensar o mau

comportamento,

como por exemplo,

pagar por uma

janela quebrada

Correto 5 29,4% 30 30%

Incorreto 12 60,5% 70 70%

Fazer se desculpar

ou dizer que está

arrependida pelo

mau

comportamento

Correto 11 64,7% 80 80%

Incorreto 6 35,3% 20 20%

Na tabela 3 é apresentado o resultado referente ao nível de de concordância, entre

homens e mulheres, sobre as estratégias punitivas/coercitivas e não punitivas/indutivas. Essa

tabela permite analisar também as diferentes formas de educar correspondentes aos tipos de

estratégias educativas, para que se possa inferir se os jovens adultos estudados possuem

tendências se serem mais punitivos ou menos punitivos.

TABELA 3 – CONCORDÂNCIA DE ESTRATÉGIAS

PUNITIVAS/COERCITIVAS E NÃO PUNITIVAS INDUTIVAS

ESTRATÉGIAS CONCORDAM HOMENS MULHERES HOMENS E

MULHERES

PUNITIVAS /

COERCITIVAS Homens: 21,2%

Mulheres:

23,42%

Homens e

Mulheres:

22,31%

CASTIGOS FÍSICOS 5,9% 3,27% 4,58%

CASTIGOS

PSICOLÓGICOS 7,35% 5,25% 6,3%

RETIRADAS DE

PRIVILÉGIOS 32,35% 39,85% 36,1%

TAREFA PUNITIVA

E RESTAURATIVA 39,2% 45,33% 42,26%

NÃO

PUNITIVAS /

DIÁLOGO 94,1% 95,45% 94,77%

IGNORAR MAU 17,65% 11% 14,32%

Page 57: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

57

INDUTIVAS Homens: 60,77%

Mulheres:

61,71%

Homens e

Mulheres:

61,24%

COMPORTAMENTO

MONITORAR

COMPORTAMENTO 69,55% 65,3% 67,42%

MUDANÇAS DE

SITUAÇÃO 50% 61,8% 55,9%

DAR

RECOMPENSAS 72,56% 75% 73,78%

A tabela 4 apresenta os resultados de homens e mulheres que discordam com as

estratégias punitivas/coercitivas e não punitivas/indutivas. Essa tabela permite analisar

também quais as diferentes formas de educar que compõem os diferentes tipos de estratégias

educativas, para que se possa inferir se os jovens adultos estudados possuem tendências se

serem mais punitivos ou menos punitivos.

TABELA 4 – DISCONCORDÂNCIA DE ESTRATÉGIAS

PUNITIVAS/COERCITIVAS E NÃO PUNITIVAS/INDUTIVAS

ESTRATÉGIAS DISCORDAM HOMENS MULHERES HOMENS E

MULHERES

PUNITIVAS /

COERCITIVAS Homens: 77,78%

Mulheres:

76,41%

Homens e

Mulheres:

77,09%

CASTIGOS FÍSICOS 93,45% 96,75% 95,1%

CASTIGOS

PSICOLÓGICOS 92,65% 94,75% 93,7%

RETIRADAS DE

PRIVILÉGIOS 67,62% 60,17% 63,89%

TAREFA PUNITIVA

E RESTAURATIVA 57,4% 54% 55,7%

NÃO

PUNITIVAS /

INDUTIVAS Homens:

38,01%

Mulheres:

38,33%

Homens e

mulheres 38,17%

DIÁLOGO 5,9% 5,2% 5,5%

IGNORAR MAU

COMPORTAMENTO 77,35% 89% 83,17%

MONITORAR

COMPORTAMENTO 29,4% 34,7% 32,05%

MUDANÇAS DE

SITUAÇÃO 50% 37,75% 43,87%

DAR

RECOMPENSAS 27,4% 25% 26,2%

Page 58: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

58

A tabela 5 apresenta a porcentagem de homens e mulheres que concordam com

determinado estilo educativo/ parental, ou seja, aqui é apresentado as maiores tendências dos

jovens adultos sobre o tipo de estilo educativo/parental.

TABELA 5 – CONCORDÂNCIA DE ESTILOS EDUCATIVOS/PARENTAL

ESTILO

EDUCATIVO/

PARENTAL

ESTRATÉGIAS CONCORDAM

HOMENS

CONCORDAM

MULHERES

AUTORITÁRIO

Homens: 21,2%

Mulheres: 23,42%

Homens e

Mulheres: 22,3%

CASTIGOS FÍSICOS 5,9% 3,27%

CASTIGOS

PSICOLÓGICOS 7,35% 5,25%

RETIRADA DE

PRIVILÉGIOS 32,35% 39,85%

TAREFA PUNITIVA

E RESTAURATIVA 39,2% 45,33%

DEMOCRÁTICO

Homens: 71,22%

Mulheres: 74,18%

Homens e

Mulheres: 72,7%

DIÁLOGO 94,1% 95,45%

MONITORAR

COMPORTAMENTO 69,55% 65,3%

MUDANÇA DE

SITUAÇÃO 50% 61,8%

PERMISSIVO

INDULGENTE Homens: 45,10%

Mulheres: 43%

Homens e

Mulheres: 44,05%

IGNORAR

COMPORTAMENTO 17,65 11%

DAR

RECOMPENSAS 72,56% 75%

PERMISSIVO

NEGLIGENTE

NÃO OFERECER

NENHUMA DESSAS

ESTRATÉGIAS

0% 0%

Page 59: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

59

9. ANÁLISE E DISCUSSÃO

Com base nos resultados obtidos pode-se afirmar que tanto os homens quanto as

mulheres que participaram da pesquisa, apresentaram, resultados similares sobre as formas de

educar a criança com 10 anos de idade. Os resultados que tiveram maiores aproximações de

resultados foram os referentes à concepção sobre a não concordância com o uso de castigo

físico (93,45% dos homens e 96,75 das mulheres), castigos psicológicos (92,65% dos homens

e 94,75% das mulheres), ignorar mau comportamento (77,35% dos homens e 89% das

mulheres) e retirada de privilégios (67,6% dos homens e 60,1% das mulheres), e os resultados

referentes à concordância com a utilização de diálogo (94,1% dos homens e 95,4% das

mulheres), dar recompensas quando realizar um bom comportamento ou parar mau

comportamento (72,5% dos homens e 75% das mulheres) e monitorar o comportamento

(69,5% dos homens e 65,3% das mulheres).

Já no que se refere a mudar a situação para que a criança tenha um bom comportamento,

os resultados apresentaram valores medianos, sendo que houve 50% de concordância dos

homens e 61,8% das mulheres. Também houve resultados com valores medianos referente a

não concordância de tarefas punitivas e restaurativa, sendo 57,4% dos homens e 54% das

mulheres.

Muitas pesquisas na área da Psicologia falam sobre a importância das práticas

educativas e da interação parental utilizadas pelos pais sobre o desenvolvimento de crianças e

adolescentes (Baumrind, 1966, 1997; Darling & Steinberg, 1993; Maccoby & Martin, 1983;

apud CECCONELLO et al., 2003). Esses estudos permitem relacionar as práticas educativas e

os estilos parentais.

Consideram-se práticas educativas as estratégias utilizadas pelos pais para alcançar

determinados objetivos em diversos domínios (acadêmico, social, afetivo) sob determinadas

circunstâncias (HART, NELSON, ROBINSON, OLSEN & McNEILLY-CHOQUE, 1998;

apud CECCONELLO et al., 2003). Essas práticas podem ter o uso de explicações, de

punições ou de recompensas.

No presente estudo, as práticas/estratégias educativas serão entendidas como: castigos

físicos, castigos psicológicos, utilização de diálogo, ignorar mau comportamento, monitorar o

comportamento da criança, dar recompensas quando realizar um bom comportamento ou

Page 60: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

60

quando parar o mau comportamento, impor à criança tarefas punitivas ou restaurativas, mudar

de situação para que a criança tenha um bom comportamento e retirada de privilégios quando

ocorrer um mau comportamento.

Já o estilo parental está ligado ao padrão global de características da interação dos pais

com os filhos em diferentes situações, que provocam um clima emocional (Darling &

Steinberg, 1993; apud CECCONELLO et al., 2003). A expressão do comportamento parental

pode mostrar afetividade, responsividade e autoridade. Desta forma, o estilo parental é

entendido como o conjunto de praticas/estratégias educativas que são exercidas pelos pais.

Os pais e as mães carregam determinados valores e desejam que seus filhos os

desenvolvam. Esses valores fundam suas metas educativas. Para que seus filhos realizem

estas metas, eles se utilizam de estratégias ou práticas de socialização, as quais estão inseridas

em seu estilo educativo. Deste modo, pode-se pensar que muitas vezes não há improviso no

modo como os pais e mães agem com os filhos (WAGNER, 2006).

Para Hoffman (1975, 1994; apud BEM E WAGNER, 2006) existem duas categorias de

estratégias educativas: as indutivas e as coercitivas. As estratégias indutivas são técnicas que

indicam à criança as consequências do seu comportamento para outras pessoas, fazendo-a

refletir sobre os aspectos lógicos da situação. A indução oferece um controle mais indireto,

que realça as consequências negativas do prejuízo causado a outros, incentivando a empatia

com estes. Essa técnica favorece a internalização de padrões morais, já que propiciam à

criança a compreensão dos motivos que justificam a necessidade da mudança de

comportamento. Diferente da estratégia indutiva, as estratégias coercitivas, são técnicas

disciplinares que há a aplicação de força e poder dos pais, contendo privação de afetos e

privilégios, punição física e ameaças. É um controle mais direto, que não proporciona a

motivação intrínseca da criança para agir de determinada maneira, a não ser para evitar o

castigo, ou seja, a criança é controlada por ameaça de sansões externas, não compreendendo

as implicações de suas ações.

Podemos considerar, na presente pesquisa, que a utilização de diálogo, mudança de

situação, ignorar mau comportamento, monitorar o comportamento da criança e dar

recompensas, seriam estratégias educativas indutivas. Já a utilização de castigos físicos,

castigos psicológicos, a retirada de privilégios e impor tarefa punitiva e restaurativa seriam

considerados estratégias educativas coercitivas.

Page 61: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

61

Com base na pesquisa realizada podemos também observar que houve uma não

concordância de 77,78% dos homens e 76,41% das mulheres em relação à utilização de

estratégias educativas coercitivas (utilização de castigos físicos, castigos psicológicos, a

retirada de privilégios e impor tarefa punitiva e restaurativa para a criança). Já a utilização de

estratégias educativas indutivas foram aceitas com valores elevados, 72,7% dos homens e

77,31% das mulheres, demonstrando uma aceitabilidade social muito explicita, exceto

“ignorar o mau comportamento” que foi vista pela população estudada como uma forma

incorreta de educar. Desta forma, pode-se hipotetizar que as estratégias indutivas são bem

aceitas pelos jovens adultos como uma forma de educar, desde que haja um aviso prévio para

as crianças sobre as consequências do mau comportamento, não as deixando descobrir por si

só sobre as consequências que poderão ocorrer e não agindo como negligentes para com seus

filhos.

Outro termo encontrado na literatura para definir tais conceitos é estilo parental.

Segundo Ceballos & Rodrigo (1998; apud BEM E WAGNER, 2006) os estilos parentais estão

relacionados a uma tendência global de comportamentos, pois as mães e pais não atuam do

mesmo jeito com todos os filhos em todas as ocasiões.

Defini-se, então, estilos educativos como tendências

relativamente estáveis através das quais os indivíduos

reagem em uma situação pedagógica com uma

determinada conduta (ou prática) específica dirigida à

criança. Assim, entendemos que o estilo implica em mais

do que uma conduta: é o conjunto de determinadas

condutas. Desta forma, o estilo e a prática educativa estão

normalmente associados, uma vez que o conjunto das

práticas vai formar o estilo parental (Tornaría & cols.,

2001; apud BEM E WAGNER, 2006, p. 65).

Baumrind (1965, 1971 apud BEM E WAGNER, 2006) estabeleceu três estilos

educativos: autoritário, democrático e permissivo.

O estilo educativo autoritário consiste em pais e mães que tendem a enfatizar a

obediência através do respeito à autoridade e à ordem, não valorizando o diálogo e a

autonomia. Esses pais e mães, geralmente, mantém um controle restritivo e impositivo sobre a

Page 62: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

62

conduta dos filhos. É possível notar que no estilo autoritário há níveis altos de controle

utilizando castigos físicos, ameaças e proibições, e há muita exigência dos pais para os filhos,

não levando em consideração as necessidade e opiniões da criança e mantendo pouco

envolvimento afetivo (BEM E WAGNER, 2006).

Desta forma, podemos considerar o castigo físico, castigo psicológico, a retirada de

privilégios e a imposição de tarefa punitiva e restaurativa como estratégias que compõem o

estilo parental/educativo autoritário, já que se utilizam de força física, ameaças, proibições e

pouco envolvimento afetivo.

No estilo democrático existe um equilíbrio entre o controle e afeto, a disciplina é

aplicada de forma indutiva, a comunicação é clara e baseada no respeito mútuo. É

caracterizado pelo controle-guia, ou seja, os pais tendem a reconhecer e respeitar a

individualidade dos filhos, e promovem os comportamentos positivos do filho mais do que

restringir os não desejados, deixando explicito os limites e as normas (BEM E WAGNER,

2006). Assim, pode-se considerar como estratégias que compõem o estilo parental/educativo

democrático a utilização de diálogo, mudança de situação, monitorar comportamento e dar

recompensas quando a criança emite um bom comportamento ou sane o mau comportamento.

É encontrado no estilo permissivo pouco controle parental. Os pais e as mães

manifestam mais tolerância e utilizam poucos castigos, aceitando positivamente os impulsos

da criança e deixando-a regular suas atividades; no entanto, geralmente são afetivos,

comunicativos e receptivos com seus filhos. É possível notar que neste estilo promove

aspectos positivos do desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes quando

comparados aos demais estilos, como maturidade psicossocial, competência psicossocial,

desempenho escolar, autoconfiança e menores níveis de problemas de comportamento

(DORNBUSCH, RITTER, LEIDERMAN, ROBERTS, & FRALEIGH, 1987; LAMBORN,

MOUNTS, STEINBERG, & DORNBUSCH, 1991; SLICKER, 1998; STEINBERG,

ELMEN, & MOUNTS, 1989; STEINBERG, LAMBORN, DARLING, MOUNTS, &

DORNBUSCH, 1991; apud BEM &WAGNER, 2006). MacCoby e Martin (1993; apud BEM

E WAGNER, 2006) na década de 1980 reformularam o modelo de Baumrind (1965,1971) e

dividiram ainda o estilo permissivo. Este estilo foi dividido em outros dois estilos: o

indulgente e o negligente. O indulgente é bastante afetivo e estabelece pouco controle, já o

Page 63: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

63

negligente são indiferentes e permissivos, com baixo grau de afeto e controle para com os

filhos, o que pode estar coligado a algum tipo de mau-trato.

Na presente pesquisa, foi possível notar que a maioria dos jovens adultos, tanto os

homens quanto as mulheres, emitiram respostas que tendem a seguir o estilo

parental/educativo democrático (ou competente), sendo 71,2% dos homens e 74% das

mulheres, já que houve maior concordância em estratégias que envolviam a utilização de

diálogo, monitorar comportamento e a mudança de situação. Os pais que tendem a seguir um

estilo parental/educativo democrático (competente), costumam ser mais afetivos, oferecer

mais explicações aos filhos e, em algumas vezes, utilizam punições. O estilo

parental/educativo autoritário foi pouco evidenciado na pesquisa, sendo que 21,2% dos

homens e 23,42% das mulheres concordam com essa concepção de estilo parental. Os pais

que tendem a seguir com o estilo parental/educativo autoritário, costumam ser poucos

afetivos, oferecer poucas explicações e à punir excessivamente seus filhos. Não houve

nenhum resultado significativo dos estilos parentais/educativos permissivo.

No início do século XIX, a civilização ocidental vive uma reorganização no padrão da

vida social, tal como a autoridade masculina, ou seja, a vida familiar é organizada em função

da autoridade do pai e marido (BERTHOUD, 2000).

Cria-se a definição de funções e papéis de cada integrante do sistema familiar. Ao

marido fica a tarefa de educador, provedor, direcionador da casa, dos negócios e da família,

sendo responsável pelos padrões de comportamento da mulher e dos filhos; à mulher passa a

ter a competência de satisfazer os desejos do marido, obedecer às suas ordens, organizar e

cuidar da casa, cuidar dos filhos e ajudar a família a prestar total obediência ao pai. Os pais

tornam-se cuidadores por excelência, cabendo os cuidados, proteção, saúde e educação dos

filhos por períodos mais longos (BERTHOUD, 2000).

Com a pesquisa, pode-se notar que houve uma discrepância de resultados no que se

refere às duas perguntas referentes à mudança de situação e à retiradas de privilégios, ou seja,

homens e mulheres tiveram opiniões diferentes em relação à “deixar a criança de castigo, ou

limitar suas atividades fora de casa pelo mau comportamento” e “colocar crianças para pensar

ou mandá-las para o quarto”. Nessas duas questões os homens expressaram 52,9% de

discordância na utilização dessas duas estratégias como meio de educar. Com isso, pode-se

inferir que as mulheres, já que houve 60% de concordância com relação a essas duas questões,

Page 64: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

64

empregam mais ações de disciplinas quando comparadas com os homens, ou seja, através dos

resultados obtidos as mulheres manifestaram maiores tendências a utilizar de práticas

punitivas do que os homens, mas mesmo assim o estilo democrático teve maior realce tantos

nos homens quanto nas mulheres.

Decorrente das transições sociais pode-se pensar que tanto os homens quanto as

mulheres percebem um novo modelo e uma nova função da família (BERTHOUD, 2000).

Salles- Costa, Heilborn, Werneck, Faerstein e Lopes (2003; apud BEM E WAGNER, 2006)

acreditam que existam outros fatores que influenciam na utilização de práticas em

determinada situação educativa, tais como, aspectos relacionados ao temperamento da

criança, idade, a situação, o local, o contexto do evento e o gênero.

De modo geral, essa nova geração de adultos jovens demonstraram que tanto os homens

quanto as mulheres carregam uma idealização dos relacionamentos e de modelo de família

diferente das gerações passadas. Essa nova geração, tem a concepção de que as melhores

formas para educar os filhos, são, em sua maioria, as que fazem parte das estratégias

indutivas, e o estilo parental/educativo que melhor corresponde a essa geração é o estilo

parental/educativo democrático (competente), sendo que as mulheres desempenhariam formas

disciplinares mais punitivas do que os homens. Entretanto não temos total certeza de que esse

padrão de respostas irá acontecer futuramente com essa população, pois as estratégias

educativas também são afetadas por contextos situacionais.

Um dos objetivos deste trabalho era identificar concepções de jovens adultos acerca do

uso de castigos como forma de estratégia de educar os filhos conforme avaliado pelo

inventário “Dimensions of Discipline Inventory - DDI”, aqui denominado de “Inventário das

Dimensões da Disciplina – IDD.

Do conjunto total da amostra pode-se afirmar que dentre as estratégias educativas

indutivas e coercitivas, a mais prevalente foi a estratégia indutiva, e dentre os estilos

parentais/educativos autoritário, democrático (competente), permissivo e negligente, o que

mais corresponde à amostra foi o estilo parental/educativo democrático.

Os resultados apontam similaridades entre homens e mulheres na concepção sobre a não

concordância com o uso de castigo físico (93,45% e 96,75), de castigo psicológico (92,65% e

94,75%). No tocante ao uso de retirada de privilégios as mulheres foi de 60,17% enquanto

para os homens foi de 67,62%. Para as ações punitivas e restaurativas ambos não aceitam

Page 65: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

65

como forma educativa, com 57,4% e 54%, respectivamente para

homens e mulheres. Ressaltam-se os valores muito elevados para respostas com

aceitabilidade social muito explicita, com ressalvas para a juventude da amostra e da fase de

idealização dos relacionamentos e de modelo de família.

Tais dados demonstram que a essa geração estudada tem a concepção de que as

melhores estratégias de educar são através da utilização do diálogo, explicação de regras,

monitorar comportamento da criança, mudar de situação quando a criança está tendo um mau

comportamento e oferecer recompensas à criança quando sanar o mau comportamento e

realizar um bom comportamento. Demonstraram também que através do exercício do estilo

parental/educativo democrático, além dessas estratégias, esses futuros pais possuem o perfil

de ser mais afetivo, oferecer explicações e de punir a criança quando necessário e com limite,

não utilizando a força física, violência psicológica, ameaças e proibições excessivas.

Ainda é lento o processo de conscientização sobre os prejuízos causados pelos maus-

tratos. Deste modo, ainda é vista algumas pessoas a justificativa de castigos como uma prática

educativa no contexto familiar.

Page 66: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

66

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oportunidade de conhecer as concepções dos jovens adultos acerca do uso de castigos

físicos como uma forma de estratégia de educar os filhos, me instigou a fazer diversas

indagações de modelos de o que é ser pai, o que é ser mãe e o que é família no mundo atual.

Dentro destas expectativas e da oportunidade apresentada pude entender melhor o sistema de

crenças dos jovens adultos acerca dessa concepção.

No cenário geral, é possível perceber um sentimento de família ausente até o século XIV,

nos séculos XIV e XV são encontrados os fragmentos da concepção de família organizadas

em função da educação das crianças, e no século XVIII são vistos o surgimento da família

moderna. Hoje, exercer a parentalidade significa agir a partir do resultado que se obteve na

história e na cultura de cada individuo, em que a família está inserida e está conectada ao

contexto social, no qual surgem papéis e comportamentos de homens e mulheres.

Entende-se que nas últimas décadas as relações intrafamiliares vêm sofrendo mudanças.

Há muito tempo, utilizou-se a força física como pretexto de educar e era culturalmente

esperada e aceitável, hoje são criticadas e coibidas pelos órgãos de garantia de direitos da

criança e do adolescente. Contudo, ainda é vista, pelas outras gerações, a justificativa de

castigos como uma prática educativa no contexto familiar e é vagaroso o processo de

conscientização sobre os danos causados pelo castigo físico.

Sabe-se que a geração atual vive permeada de princípios e valores que as gerações

passadas transmitiram e que certas experiências podem influenciar futuramente no modo

como esses jovens podem agir na forma de educar com seus filhos.

O ponto a ser discutido é qual o modelo de estilo parental e de estratégias educativas os

jovens adultos da presente geração querem ou pretendem carregar consigo?

Pode-se concluir que os resultados de um sistema de crenças pautados na idealização dos

relacionamentos e de modelo de família diferente das gerações passadas, mostrando que

acreditam que as melhores formas para educar os filhos são as que fazem parte das estratégias

indutivas e do estilo parental/educativo democrático (ou competente), sendo que as mulheres

tendem a praticar mais punições que os homens.

Page 67: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

67

Infere-se o fato de estratégias indutivas ou restritivas não acompanharem a mesma

tendência, ou seja, os valores oscilam entre valores medianos diferentemente dos castigos

físicos e psicológicos.

Estes dados indicam um processo de mudança nas relações familiares. Atualmente, o

pretexto de que a força física é um meio efetivo de educar já não está sendo mais tão esperado

e aceitável. Além, de tais atos serem criticados e coibidos pelos órgãos de garantia de direitos

da criança e do adolescente, os jovens adultos que participaram da pesquisa manifestaram,

através dos resultados obtidos, que não pretendem utilizar a coerção, as punições e maus-

tratos como forma de educar os filhos. Isso não significa que estes jovens não irão utilizá-los,

pois existem outras variáveis que podem estar envolvidas, como, por exemplo, o

temperamento da criança, o contexto situacional, o nível de estresse do adulto, entre outros,

mas é o que possuem como concepções.

Entende-se, com base na análise das diferenças de gênero, se tais oscilações poderiam

refletir a mesma tendência encontrada na literatura quando se diferenciam as práticas

empregadas por mães e pais, em que as mães empregam mais ações disciplinares quando

comparadas com os pais. De modo geral, pode-se dizer que a disciplina parental sugere que os

estereótipos tradicionais ainda presentes, tanto no fato de que os meninos recebem mais atos

disciplinares quando comparados com as meninas, de forma a justificar um maior

aprofundamento na relação entre o gênero de progenitores e filhos.

Foi observado também que existe uma idealização de papel igualitário na educação

desempenhada por homens e mulheres, sendo este um discurso valorizado, porém existe uma

diferença de tendências entre homens e mulheres, ou seja, existe uma tendência da figura

feminina mais presente no processo de educação, porém também num estilo mais punitivo

quando comparado aos homens. Essas pessoas trazem suas vivências, concordam que os

castigos físicos, castigos psicológicos e o uso de punições e coerções não são aceitáveis como

uma forma de educar os filhos, mas trazem papéis diferentes do papel materno e paterno,

justamente pelas mulheres apresentarem uma tendência mais punitiva do que os homens.

Através dos resultados pode-se também apontar para de outras questões de pesquisa,

tais como: será que os homens educam de formas diferentes os meninos e as meninas? ou

ainda; duas pessoas que tiveram estilos parentais diferentes, se não tiver flexibilidade de

Page 68: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

68

exercer o estilo parental democrático, outros aspectos poderão ficar prejudicados devido ao

conflito existente pela diferença de educação que receberam?

Estas hipóteses poderiam, na medida em que se amplia o estudo, clarificar os objetivos

específicos.

Apesar de ter não sido o objetivo deste estudo, a amostra apresentou que os

participantes tiveram vivências diferentes sobre o tema. Foi possível perceber tanto respostas

decorrentes a resultados de idealização da própria vivencia enquanto filhos que tiveram estilo

parental desenvolvido pelos pais, quanto vivências negativas que permitiram ao sujeito de

pesquisa ter outra concepção de estilo parental que acham correto ou que desejam exercer.

Outro ponto importante a ser destacado é a amostra reduzida quando comparada com a

proposta inicial. Ressalta-se que os dados ainda são parciais, uma vez que a coleta ainda não

foi finalizada, uma vez que para a amostra final de estudo deverá haver uma maior

equivalência na proporção entre homens e mulheres. Fator este que limita as conclusões do

presente estudo, permitindo somente apontar tendências.

Como sugestão para continuação do estudo, seria interessante ampliar a análise dos

resultados, na correlação destes dados com o conjunto que explora as práticas educativas

recebidas, sua frequência e os contextos parentais informados por esses mesmos sujeitos.

Page 69: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

69

11. REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS

BERTHOUD, Cristiana Mercadante Esper. “Re-significando a parentalidade” Desafios para

toda uma vida. 2000. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade

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KRUEL, Cristina Saling; LOPES, Rita de Cássia Sobreira. Transição para a Parentalidade no

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TEPERMAN, Daniela Waldman. Família, parentalidade e época: um “nós” que não existe.

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HERNANDEZ, José Augusto Evangelho. Papéis sexuais e ajustamento conjugal e emocional

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Page 72: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

72

12. ANEXOS

ANEXO I

QUESTIONÁRIO: ESTUDO SOBRE DISCIPLINA E RELAÇÕES FAMILIARES

Agradecemos o tempo dedicado e a sua contribuição para este importante estudo!

O que fazemos

Somos um grupo de pesquisadores da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Estudamos a

história da família e os cuidados parentais recebidos durante a infância. O questionário aborda

estas e outras questões sobre relacionamentos em sua vida, sobre sua história de vida e suas

crenças. Queremos encontrar algumas novas e melhores formas para identificar pontos fracos

e fortes nos relacionamentos familiares e esperamos que esta informação venha a ser utilizada

para ajudar as famílias. Este questionário deve levar aproximadamente uma hora para ser

preenchido.

O questionário é confidencial e voluntário

TODAS as suas respostas serão completamente confidenciais e anônimas. NÃO

perguntaremos o seu nome, e as respostas a estas questões, nunca serão associadas a você em

hipótese alguma. FAVOR NÃO ESCREVER O SEU NOME EM NENHUM LUGAR DO

QUESTIONÁRIO.

A participação neste estudo é estritamente voluntária, e não é obrigado/a respondê-lo na

íntegra. Se decidir responder, após o término, pode depositar o questionário na caixa

localizada próxima à saída e sair. Se decidir não responder, pode depositá-lo em branco na

mesma caixa, sair e ninguém identificará quem respondeu ou não ao questionário.

Você pode omitir algumas questões e parar de responder a qualquer momento. Porém, nos

ajudará muito se responder ao maior número de questões que conseguir.

Você dever ser maior de 18 anos para participar neste estudo. Se não tiver pelo menos 18

anos, por favor, não responda. De qualquer maneira deposite o questionário em branco na

caixa próxima à saída.

Mais informação sobre o estudo

Forneceremos uma folha com orientações ao término do questionário. Você também poderá

contatar os pesquisadores xxXX, no fone XXXXXXX, email:

Page 73: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

73

Por favor, responda a todas as questões preenchendo desta forma: ● e não desta:

Se desejar alterar alguma resposta, não use corretivo. Por favor, coloque um X sobre a resposta errada,

desta forma

A. DADOS PESSOAIS

1. Sexo: Masculino Feminino

2. Qual sua idade atual?

18 19 20 21

22 23 24 25

26 27 28 29

30 a 39 40 ou mais

3. Você nasceu no Brasil? Sim Cidade: _________________Estado:______

Não → Se não, com qual idade mudou-se para o Brasil?___

Em qual país você nasceu? ____________________

4. Qual a sua situação conjugal?

Solteiro Namorando, mas não morando junto

Morando com namorado(a) Casado(a)

Outro ___________________________________________________________________

5. Você tem filhos? Sim Não

Se sim, por favor, liste suas idades:

Meninas: ________/________/_______/________/________

Meninos: ________/________/_______/________/________

6. Qual é o estado civil atual de seus pais?

casados um com o outro não são casados e moram juntos atualmente

separados ou divorciados eles nunca moraram juntos

um ou ambos os pais já faleceram → Mãe Pai

você não morou com seus pais biológicos porque foi adotado

Page 74: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

74

7. Se os seus pais não estão atualmente juntos, quantos anos você tinha quando eles se

divorciaram, separaram ou faleceram?

menos de 10 anos 10 anos mais de 10 anos

Se você foi criado somente por seus pais biológicos, você deve responder as próximas

questões sobre eles.

Se você foi criado por mais alguém além de seus pais biológicos, você deve responder

sobre a pessoa que desempenhou o maior papel de mãe e de pai quando você tinha 10

anos.

- Por exemplo, se o seu pai biológico dividiu a guarda com a sua mãe biológica e o seu

padrasto, você deve responder sobre quem teve o papel mais importante na sua educação.

Se você foi criado por pais do mesmo sexo, por favor, explique em “Outros” (por

exemplo, responda sobre o pai biológico em “Pai” e responda sobre o outro pai em “Mãe,

ou responda sobre a mãe biológica como “Mãe” e a avó como “Pai”

8. Qual “mãe” ou outra pessoa que desempenhou o papel de mãe você irá descrever (a pessoa

que teve o maior papel em sua disciplina aos 10 anos)?

mãe biológica mãe adotiva mãe substituta

madrasta namorada do pai

outra mulher adulta (especifique parentesco)

___________________________________________

outra pessoa (especifique relacionamento e gênero)

______________________________________

9. Qual “pai” ou outra pessoa que desempenhou o papel de pai você irá descrever (a pessoa

que teve o maior papel em sua disciplina aos 10 anos)?

pai biológico pai adotivo pai substituto

padrasto namorado da mãe

outro homem adulto (especifique parentesco)

___________________________________________

outra pessoa (especifique relacionamento e gênero)

______________________________________

As questões seguintes referem-se à pessoa indicada por você que teve o papel de “Mãe” e

de “Pai.”.

10. Por favor, assinale em cada coluna o grau de educação concluído pelos seus pais:

Page 75: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

75

MÃE PAI

Analfabeto

Ensino Fundamental (incompleto ou completo)

Ensino médio / Ensino técnico (completo ou incompleto)

Ensino superior incompleto

Ensino superior completo

Pós-graduação incompleta

Pós-graduação completa

11. Por favor, informe qual o rendimento mensal da sua família mensal que você iniciou a

universidade:

Menos de R$ 690,00

De R$ 690,00 até R$ 1.379,00

De R$ 1.380,00 até R$ 3.449,00

De R$ 3.450,00 até R$ 5.519,00

De R$ 5.520,00 até R$ 6.899,00

De R$ 6.900,00 até R$ 8.279,00

De R$ 8.280,00 até R$ 10.349,00

De R$ 10.350,00 até R$ 13.799,00

De R$ 13.800,00 até R$ 17.249,00

De R$ 17.250,00 até R$ 20.699,00

R$ acima de R$ 20.700,00

12. Quem era o proprietário da casa de seus pais no ano em que você ingressou na

universidade?

seus pais outro parente que morava com vocês

outro parente que não morava com vocês pessoa não parente que morava com

vocês

Page 76: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

76

o chefe de seus pais

pessoa que alugava o imóvel e não morava com vocês

outro ____________________________________________________________

13. Quantos irmãos você tem?

Irmãos mais velhos: 10 ou mais

Irmãos mais novos: 10 ou mais

Irmãs mais velhas: 10 ou mais

Irmãs mais novas: 10 ou mais

14. Além de seus pais e irmãos, outros parentes moraram com vocês quando você tinha 10

anos de idade?

Não Avós maternos

Sim → Se sim, quais parentes? Avós paternos

Suas tias, tios, primos

Esposa e filhos de seus irmãos mais velhos

Outro _____________________________

15. Quando você tinha 10 anos de idade, qual era a situação de trabalho de seus pais?

MÃE PAI

Trabalho remunerado em período integral

Trabalho remunerado em período parcial

Não trabalhava fora de casa

Desempregado e procurando trabalho

Estudante

Aposentado

16. Qual é a sua nota média levando-se em conta todas as disciplinas? (se este for o seu

primeiro semestre, por favor, estime sua nota média)

média menor do que 5,0 média entre 5,0 e 5,9

média entre 6,0 e 7,9 a maioria das notas foram 8,0, e 10,0

Page 77: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

77

a maioria ou todas foram notas 10,0

17. Raça/Etnia

Oriental Afrodescendente /negro

Pardo Branco

Indígena Mais de uma etnia/raça

Outro

__________________________________________________________________________________

Page 78: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

78

B. O SEU MAU COMPORTAMENTO AOS 10 ANOS DE IDADE 1. Crianças se comportam mal de formas diferentes em situações variadas (ex. hora de dormir, comer,

guardar as coisas, desobediência, brigas com irmãos, etc.). Por favor, liste dois exemplos de mau

comportamento, de pouca importância, quando tinha 10 anos de idade e dois exemplos de mau

comportamento grave quando você tinha 10 anos.

MAU COMPORTAMENTO 1. ___________________________________________

DE POUCA IMPORTÂNCIA 2. ___________________________________________

MAU COMPORTAMENTO 1. ___________________________________________

GRAVE 2. ___________________________________________

Nós gostaríamos de saber com que frequência você repetiu qualquer mau comportamento de pouca

importância ou grave após seus pais terem corrigido você. Por favor, use esses critérios de resposta:

:

COM QUE FREQÜÊNCIA AOS DEZ ANOS DE IDADE VOCÊ:

2. Repetiu um mau comportamento de pouca importância

depois de ser corrigido por isso?

3. E um mau comportamento grave?

4. Quem tinha mais responsabilidade em disciplinar você aos 10 anos de idade?

Minha mãe tinha muito mais responsabilidade em minha disciplina do que meu pai

Minha mãe tinha um pouco mais de responsabilidade em minha disciplina do que meu pai

Meus pais dividiam a responsabilidade igualmente

Meu pai tinha um pouco mais de responsabilidade do que minha mãe

Meu pai tinha muito mais responsabilidade do que minha mãe

5. Quando você tinha 10 anos de idade, seus pais disciplinavam de maneira justa?

MÃE PAI

N = Nunca

0 = Não nesta idade, mas anteriormente

1 = 1-2 vezes naquela idade

2 = 3-5 vezes naquela idade

3 = 6-9 vezes naquela idade

4 = Mensalmente (10 a 14 vezes naqula idade)

5 = Algumas vezes por mês (2-3 vezes por mês)

6 = Semanalmente (1-2 vezes por semana)

7 = Várias vezes por semana (3-4 vezes)

8 = Diariamente (5 ou mais vezes por semana)

9 = Duas ou mais vezes por dia

Page 79: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

79

A disciplina era frequentemente muito dura para o que eu fazia errado

A disciplina era, às vezes, muito dura para o que eu fazia errado

A disciplina era justa

A disciplina era, às vezes, muito fraca para o que fazia de errado

A disciplina era, frequentemente, muito fraca para o que fazia de errado

Page 80: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

80

C. O QUE SEUS PAIS FAZIAM PARA CORRIGIR SEU MAU COMPORTAMENTO?

:

1. Com que frequência seus pais lhe explicavam quais

eram as regras para tentar preveni-lo de repetir maus

comportamentos?

Mãe:

Pai:

2. Com que frequência seus pais tiravam sua mesada,

brinquedos ou outros privilégios por motivo de mau

comportamento?

Mãe:

Pai:

3. Com que frequência seus pais colocavam você “para

pensar” em algum lugar específico (ou mandavam

você para o seu quarto)?

Mãe:

Pai:

4. Com que frequência seus pais berravam ou gritavam

com você? Mãe:

Pai

5. Com que frequência seus pais sacudiam ou agarravam

você para conseguir sua atenção? Mãe:

Pai:

6. Com que frequência seus pais lhe davam algo que você

gostava em substituição ao que fazia de errado? Mãe:

Pai:

7. Com que frequência seus pais tentavam fazer você se

sentir envergonhado ou culpado? Mãe:

Pai:

8. Com que frequência seus pais intencionalmente não

prestavam atenção ao seu mau comportamento? Mãe:

Pai:

9. Com que frequência seus pais davam palmadas, tapas,

tabefes ou pancadas em você? Mãe:

Pai:

N = Nunca

0 = Não naquela idade, mas em noutra

1 = 1-2 vezes naquela idade

2 = 3-5 vezes naquela idadeo

3 = 6-9 vezes naquela idade

4 = Mensalmente (10 a 14 vezes naquela idade)

5 = Algumas vezes por mês (2-3 vezes por mês)

6 = Semanalmente (1-2 vezes por semana)

7 = Várias vezes por semana (3-4 vezes)

8 = Diariamente (5 ou mais vezes por semana)

9 = Duas ou mais vezes por dia

Page 81: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

81

10. Com que frequência seus pais batiam com uma

raquete, escova de cabelo, cinta, ou outro objeto em

você?

Mãe:

Pai:

11. Com que frequência seus pais o elogiava quando você

finalmente parava de se comportar mal ou para que

você se comportasse bem?

Mãe:

Pai:

12. Com que frequência seus pais não demostravam

afeto, agindo friamente ou não davam abraços ou

beijos?

Mãe:

Pai:

13. Com que frequência seus pais mandavam você para a

cama sem uma refeição? Mãe:

Pai:

14. Com que frequência seus pais diziam que estavam

observando ou conferindo o que você fazia? Mãe:

Pai:

15. Com que frequência seus pais davam dinheiro ou

outras coisas quando você parava de se comportar mal

ou por se comportar bem?

Mãe:

Pai:

16. Com que frequência seus pais mostravam ou

demonstravam a você a coisa certa a ser feita? Mãe:

Pai:

17. Com que frequência seus pais deixavam você se

comportar mal para que tivesse que lidar com as

consequências?

Mãe:

Pai:

18. Com que frequência seus pais davam a você tarefas

extras como uma consequência? Mãe:

Pai:

19. Com que frequência seus pais obrigavam você a fazer

algo para compensar algum mau comportamento,

por exemplo, pagar por uma janela quebrada?

Mãe:

Pai:

20. Quando você se comportava mal, com que frequência

seus pais diziam que você era preguiçoso,

descuidado, inconsequente ou outro nome do tipo?

Mãe:

Pai:

Page 82: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

82

21. Com que frequência seus pais tiravam sua mesada,

seus brinquedos, ou outros privilégios, até que você

fizesse o que eles queriam?

Mãe:

Pai:

22. Com que frequência seus pais verificavam se você

estava se comportando mal? Mãe :

Pai:

23. Com que frequência seus pais verificavam o que você

estava fazendo para elogiar seu comportamento? Mãe:

Pai:

24. Com que frequência seus pais faziam você se

desculpar ou dizer que estava arrependido pelo mau

comportamento?

Mãe:

Pai:

25. Com que frequência seus pais lavaram sua boca com

sabão, colocaram pimenta em sua língua, ou algo

parecido?

Mãe:

Pai:

26. Com que frequência seus pais colocavam você de

castigo ou limitavam suas atividades fora de casa pelo mau comportamento?

Mãe:

Pai:

Page 83: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

83

D. OUTRAS COISAS QUE ACONTECIAM QUANDO DA CORREÇÃO DO MAU

COMPORTAMENTO

Essas questões são sobre coisas que seus pais faziam quando você tinha 10 anos de idade,

para corrigir seu mau comportamento, e suas reações.

1. Conhecia quais comportamentos seus pais esperavam de você Mãe:

Pai: :

2. Seus pais conferiam para ter certeza como você se comportava após corrigir

um mau comportamento Mãe:

Pai:

3. Quando corrigiam um mau comportamento, seus pais faziam ou falavam coisas

para mostrar que eles o amavam e apoiavam. Mãe:

Pai:

4. Seus pais deixavam claro para você as consequências de um mau

comportamento Mãe:

Pai:

5. Quando seus pais faziam algo para corrigir seu mau comportamento, você os

ignorava. Mãe:

Pai:

6. Seus pais ficavam muito bravos quando você se comportava mal Mãe:

Pai:

7. Quando você se comportava mal, seus pais tendiam a agir no impulso. Mãe:

Pai:

8. Você acreditava que seus pais faziam a coisa certa quando corrigiam seu mau

comportamento Mãe:

Pai:

9. Sua mãe discordava da forma que seu pai corrigia seu mau comportamento

Seu pai discordava da forma que sua mãe corrigia seu mau comportamento

Mãe:

Pai:

10. Seus pais explicavam a razão do que faziam para corrigi-lo Mãe:

0. Nunca

1. Raramente

2. Às Vezes

3. Normalmente

4. Sempre ou Quase Sempre

Page 84: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

84

Pai:

11. Seus pais o corrigiam novamente se repetisse o mau comportamento Mãe:

Pai:

12. Quando seus pais corrigiam seu mau comportamento, sabia que eles ainda o

amavam. Mãe:

Pai:

13. Seus pais davam um aviso que tinha certo tempo (por exemplo, contar até

três) para você mudar seu comportamento antes que fizessem algo para

corrigi-lo.

Mãe:

Pai:

14. Seus pais tiveram problemas para lidar com seu mau comportamento Mãe:

Pai:

15. Seus pais pareciam estressados com seu mau comportamento Mãe:

Pai:

16. Seus pais pareciam “perder a cabeça” quando você se comportava mal Mãe:

Pai: :

17. Você desejaria que seus pais tivessem feito coisas diferentes ao corrigir seu

mau comportamento Mãe:

Pai:

18. Sua mãe discordava com as regras de comportamento impostas pelo seu pai

Seu pai discordava com as regras de comportamento impostas pela sua mãe

Mãe :

Pai :

19. Seus pais cumpriam com o que diziam que fariam. Mãe:

Pai:

20. Mesmo quando seus pais corrigiam seu mau comportamento, você ainda se

sentia encorajado e apoiado. Mãe:

Pai:

21. Seus pais mudavam o modo de disciplinar na medida em que você ficava

mais velho Mãe:

Pai:

Page 85: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

85

22. Não importava o que seus pais fizessem, eles não conseguiam fazer você se

comportar adequadamente. Mãe:

Pai:

23. Seus pais mudavam a forma de disciplinar quando algo não funcionava com

você Mãe:

Pai:

Page 86: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

86

E. SUAS OPINIÕES SOBRE DISCIPLINA

Mesmo que você não tenha filhos, nós gostaríamos de saber sua opinião atual sobre cada uma das

atitudes listadas abaixo quando aplicadas a crianças de aproximadamente 10 anos de idade.

EU PENSO QUE :

1. Nunca é correto

2. Raramente é correto

3. Normalmente é correto

4. Sempre ou quase sempre é correto

1. Explicar as regras para crianças dessa idade para tentar prevenir o mau comportamento

2. Tirar mesada, brinquedos, ou outros privilégios por motivo de mau comportamento.

3. Colocar crianças dessa idade “para pensar” (ou mandá-las para o quarto)

4. Berrar ou gritar com crianças dessa idade

5. Agarrar ou sacudir crianças dessa idade para conseguir sua atenção

6. Dar a crianças dessa idade alguma atividade que gostem em substituição ao que está fazendo de

errado

7. Tentar fazer a criança dessa idade se sentir envergonhada ou culpada

8. Não prestar atenção, de propósito, ao mau comportamento.

9. Dar palmadas, tapas, tabefes ou pancadas em crianças nessa idade.

10. Usar objetos como raquete, cinto, escova de cabelo etc. em crianças nessa idade.

11. Elogiar crianças nessa idade por terem finalmente parado o mau comportamento ou por terem

se comportado bem

12. Não mostrar afeto para as crianças nessa idade, agindo friamente ou não dando abraços ou

beijos.

13. Mandar as crianças nessa idade para a cama sem uma refeição

14. Deixar as crianças nessa idade saber que você observa ou examina o que faz

15. Dar para crianças nessa idade dinheiro, ou outras coisas, quando finalmente param com o mau

comportamento ou quando se comportam bem.

16. Mostrar ou demonstrar a coisa certa a ser feita

17. Deixar que crianças nessa idade se comportem mal para que lidem com as consequências

18. Dar as crianças nessa idade tarefas extras como consequência

19. Fazer com que crianças nessa idade façam algo para compensar o mau comportamento, como

por exemplo, pagar por uma janela quebrada.

20. Quando crianças nessa idade se comportam mal, falar que são preguiçosas, descuidadas,

inconsequentes, ou algum outro nome do tipo.

Page 87: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

87

21. Tirar mesada, brinquedos, ou outros privilégios, até que crianças nessa idade façam o que você

espera delas.

22. Observar crianças nessa idade para ver se estão se comportando mal

23. Observar criança nessa idade para que possa dizer quando fazem um bom trabalho

24. Fazer criança nessa idade se desculpar ou dizer que está arrependida pelo mau comportamento

25. Lavar a boca de criança nessa idade com sabão, colocar pimenta em sua língua, ou algo

semelhante.

26. Deixar criança nessa idade de castigo, ou limitar suas atividades fora de casa, pelo mau

comportamento.

As questões seguintes são sobre os resultados da disciplina que você recebeu quando tinha 10 anos de idade. Resultado

positivo

Algum

resultado

positivo

Nenhum

resultdo

Algum

resultado

negativo

Resultado

muito

negativo

Nenhuma

das

anteriores

1. Como o castigo físico utilizado pelos seus

pais afetou o relacionamento com eles?

Mãe

Pai

2. Como o castigo não físico utilizado pelos

seus pais afetou o relacionamento com eles?

Mãe

Pai

As questões seguintes são sobre coisas que seus pais podem ter feito quando você tinha 10 anos de idade.

Nunca raremente as vezes frequentemente sempre ou

quase sempre

1. Meus pais ensinavam a tomar minhas

próprias decisões

Mãe

Pai

2. Meus pais realmente sabiam quem eram

meus amigos

Mãe

Pai

3. Meus pais diziam coisas boas sobre mim Mãe

Pai

4. Meus pais ensinavam que eu era responsável

pelo meu próprio comportamento

Mãe

Pai

5. Meus pais perguntavam sobre meu dia na

escola

Mãe

Pai

6. Meus pais me viam como um grande

incômodo

Mãe

Pai

7. Meus pais brincavam ou faziam outras Mãe

Page 88: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

88

coisas divertidas comigo Pai

8. Meus pais eram tão ocupados que podiam

esquecer onde eu estava ou o que estava

fazendo

Mãe

Pai

9. Meus pais ensinavam a resolver meus

próprios problemas

Mãe

Pai

10. Meus pais davam a impressão que não

gostavam de mim

Mãe

Pai

11. Meus pais ajudavam com as atividades que

eu estava envolvido (esportes, artes, grupos de

jovens).

Mãe

Pai

12. Meus pais faziam com que eu me sentisse

amado e importante

Mãe

Pai

Por favor, classifique como as seguintes situações aplicavam-se a você quando tinha 10 anos de idade.

Discordo

plenamente Discordo Concordo Concordo

plenamente

1. Realizava muito bem minhas atividades como

esportes, dança, música etc.

2. Eu me dava bem com colegas da mesma idade

3. Tinha boas notas na escola

4. Não respeitava as regras da classe ou da escola

5. Eu conseguia me recuperar rapidamente quando

estava chateado ou triste

Quando você tinha 10 anos de idade, o quanto seu pai e sua mãe foram importantes nas seguintes situações?

Nada

importante

Um pouco

importante

Moderadamente

importante

Muito

importante

Extremamente

importante

1. 1. Realizava bem minhas atividades

como esportes, dança, música etc.

Mãe

Pai

2. 2. Eu me dava bem com colegas da

mesma idade

Mãe

Pai

3. 3.Eu tinha boas notas na escola Mãe

Pai

4. 4.Eu não quebrava regras da classe ou

da escola

Mãe

Pai

5. 5. Eu conseguia, rapidamente, me

recuperar quando eu estava chateado

ou triste.

Mãe

Pai

Page 89: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

89

Com que frequência sua mãe e seu pai praticavam cada uma das seguintes ações quando você tinha 10 anos

de idade?

N = Isto nunca aconteceu

0 = Não naquela idade, mas em anteriores

1 = Uma vez naquela idade

2 = Duas vezes naquela idade

3 = 3 a 5 vezes naquela idade

4 = 6 a 10 vezes naquela idade

5 = 11 a 20 vezes naquela idade

6 = Mais de 20 vezes naquela idade

MÃE PAI

1. Bateu em você com a mão ou

chutou fortemente

2. Agarrou você pelo pescoço e

sufocou

3. Bateu fortemente, ou seja, bateu

muitas vezes com a maior força

que podia.

4. Bateu em alguma outra parte do

corpo além do bumbum, com

algo como um cinto, escova de

cabelo, vara ou outro objeto

duro.

5. Jogou ou socou até você cair no

chão

Com que frequência você praticou alguma dos seguintes atos com sua mãe e seu pai quando você tinha 10

anos de idade?

MÃE PAI

1. Gritou com seus pais

2. Insultou ou xingou seus pais

3. Ameaçou bater em seus pais, mas

não o fez

Quando você tinha 10 anos de idade…

O pai,

muito

mais

O pai, um

pouco mais

Pai e mãe

igualmente

Mãe, um

pouco

mais

Mãe,

muito

mais

1. Quem tinha a palavra final quando seus pais discordavam?

2. Qual dos seus pais controlava o dinheiro na sua família?

3. Qual dos seus pais levava você para a escola, atividades

etc.?

4. Qual dos seus pais o ajudava quando estava doente?

5. Qual dos seus pais se certificava que você fazia as

refeições?

6. Qual dos seus pais o ajudava com as tarefas da escola?

7. 7.Qual dos seus pais se certificava que você tomava banho,

escovava os dentes etc.?

8. Qual dos seus pais se brincava e/ou jogava com você?

Page 90: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

90

4. Deu um tapa ou um soco em seus pais

5. Bateu em seus pais com algo que podia

machucar

6. Chutou ou bateu em seus pais

Com que frequência cada uma das seguintes ações aconteceu quando você tinha 10 anos de idade?

1. Minha mãe insultou, xingou ou gritou com meu pai.

2. Meu pai insultou, xingou ou gritou com minha mãe.

1. Minha mãe empurrou, puxou com força ou deu um tapa em

meu pai.

2. Meu pai empurrou, puxou com força ou deu um tapa em minha

mãe.

1. Minha mãe esmurrou, chutou ou bateu fortemente em meu pai.

2. Meu pai esmurrou, chutou ou bateu fortemente em minha mãe.

1. Minha mãe destruiu algo do meu pai ou ameaçou bater nele

2. Meu pai destruiu algo da minha mãe ou ameaçou bater nela

Quanto você foi capaz de lembrar e responder sobre questões que aconteceram quando você tinha 10 anos de

idade?

Lembrei bem claramente

Lembrei-me de forma clara

Lembrei-me de maneira geral

Lembrei-me de algumas coisas, mas esqueci de outras.

Tive dificuldade para lembrar o que aconteceu quando eu tinha 10 anos de idade

Page 91: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

91

F – INFORMAÇÕES GERAIS

1.Quando você tinha 10 anos de idade, indique o que mais seu aproxima das condições de seus pais:

MÃE PAI

Nunca ingeria álcool

Ingeria álcool ocasionalmente (não mais que 2 vezes por semana)

Ingeria álcool constantemente (mais que 3 vezes por semana)

Ingeria álcool diariamente

Nunca fez uso de qualquer tipo de droga ilícita

Provavelmente fazia uso de algum tipo de droga ilícita, mas raramente

Comprovadamente usava algum tipo de droga ilícita e com certa frequência

2.Quando você tinha 10 anos de idade, qual era a condição de saúde de seus pais?

MÃE PAI

Extremamente saudável

Embora saudável, fazia uso regular de medicamento (s)

______________ (tipo de medicamento)

Embora saudável, fazia uso regular de medicamento (s)

______________ (tipo de medicamento)

Embora saudável, fazia uso esporádico de algum medicamento(s)

Era portador de alguma doença ou distúrbio e fazia uso de medicamentos específicos

Era portador de alguma doença ou distúrbio, mas não realizava o tratamento prescrito

3. No tocante à legislação brasileira atual que versa sobre os direitos das crianças e dos adolescentes e

sobre a qualidade dos cuidados que a estes devem ser oferecidos você diria que:

não tem qualquer conhecimento já ouviu falar superficialmente conhece um pouco

conhece bem tem total conhecimento

4. O artigo 5° do ECA diz que: “Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer

forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da

lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.”.

Você considera que quando tinha 10 anos de idade, os seus pais conheciam esse conteúdo?

provavelmente não sabiam deveriam saber mas não levava isso em conta

Page 92: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

92

certamente sabiam, mas não fazia questão de cumprir tinham o conhecimento e o colocava em

prática

5. E você, aos 10 anos, também sabia que era detentor de direitos?

sim não

6. Pensando no tipo e nas formas de educação utilizadas pelos seus pais, hoje você definiria que:

MÃE PAI

Você sofreu algum tipo de violência física

Você sofreu algum tipo de violência psicológica

Você sofreu algum tipo de negligência

7. Se você respondeu sim a uma ou mais das alternativas da questão anterior, como você avalia o

impacto na sua vida.

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_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

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93

a. ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – INSTITUIÇÃO

Gostaríamos de convidar a sua Instituição a participar do projeto de pesquisa “Parentalidade e

as estratégias de disciplina vivenciadas na infância por jovens adultos universitários” que se

propõe a estudar a história da família, os cuidados parentais e formas de disciplinas recebidas

durante a infância. O estudo é dirigido a jovens universitários, maiores de 18 anos que se

voluntariam a participar da pesquisa. Os universitários serão convidados a participar da

pesquisa em dia, local e horário destinados para coleta de dados. Trata-se de um questionário

autopreenchido apresentado junto com o termo de compromisso ao sujeito de pesquisa em

duas vias. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador responsável e

demais pesquisadores da equipe, e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato

interpessoal oferecem riscos mínimos aos participantes. Os riscos previstos são os decorrentes

de conteúdos abordados relativos à história de vida e dos relacionamentos familiares, sendo

que no caso de qualquer desconforto o sujeito poderá interromper a participação

imediatamente, sendo fornecido todo o apoio necessário. Além disso, garante-se a não

identificação e a não associação das respostas ao sujeito em nenhum momento da pesquisa.

Para tanto, será disponibilizado o contato com o coordenador da pesquisa, bem como ao final

da participação na pesquisa será distribuído um documento com a indicação de serviços que

poderão ser acessados gratuitamente pelo usuário. Este é mais um cuidado no sentido de dar

suporte ao participante, além de garantir a privacidade no caso de não querer ser identificado.

Tanto os procedimentos de divulgação, de coleta de dados e informação no documento de

anuência de pesquisa garantem a privacidade, a autonomia do sujeito para escolher participar,

interromper e desistir da pesquisa a qualquer momento. Em qualquer etapa do estudo os

participantes e a Instituição terão acesso ao Pesquisador Responsável para esclarecimentos de

eventuais dúvidas, no endereço abaixo, e terão o direito de retirar-se do estudo a qualquer

momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. Todos os assuntos abordados serão utilizados

sem a identificação dos colaboradores e instituições envolvidas, sendo que as informações

coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e somente o pesquisador

terá acesso às informações.

Caso a Instituição tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa

poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana

Mackenzie – Rua da Consolação, 896 – Ed. João Calvino – 1º andar.

Assim, considerando-se o exposto, solicitamos o consentimento desta Instituição para o

contato com os Sujeitos de Pesquisa.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram

esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação da Instituição e

dos Sujeitos de Pesquisa é voluntária, e que, a qualquer momento ambos têm o direito de

obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar-me da mesma, sem qualquer

penalidade ou prejuízo.

Nome do Representante da Instituição: ______________________________________

Assinatura Representante da Instituição: _____________________________________

Page 94: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

94

Declaro que expliquei ao Responsável pela Instituição os procedimentos a serem realizados

neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem

qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo, _____ de _________________________ de ___________.

______________________________ ____________________________

Nome e assinatura do Pesquisador responsável nome e assinatura do Orientador

Nome da Instituição

Endereço

Telefone e e-mail para contato

Page 95: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

95

b. ANEXO 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

SUJEITO DE PESQUISA Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Parentalidade e as estratégias

de disciplina vivenciadas na infância por jovens adultos universitários” que se propõe a

estudar a história da família, os cuidados parentais e formas de disciplinas recebidas durante a

infância. O estudo é dirigido a jovens universitários, maiores de 18 anos que se voluntariam a

participar da pesquisa. Os universitários serão convidados a participar da pesquisa em dia,

local e horário destinados para coleta de dados. Trata-se de um questionário autopreenchido

apresentado junto com o termo de compromisso ao sujeito de pesquisa em duas vias. Os

instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador responsável e demais

pesquisadores da equipe, e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato

interpessoal oferecem riscos mínimos aos participantes. Os riscos previstos são os decorrentes

de conteúdos abordados relativos à história de vida e dos relacionamentos familiares, sendo

que no caso de qualquer desconforto o sujeito poderá interromper a participação

imediatamente, sendo fornecido todo o apoio necessário. Além disso, garante-se a não

identificação e a não associação das respostas ao sujeito em nenhum momento da pesquisa.

Para tanto, será disponibilizado o contato com o coordenador da pesquisa, bem como ao final

da participação na pesquisa será distribuído um documento com a indicação de serviços que

poderão ser acessados gratuitamente pelo usuário. Este é mais um cuidado no sentido de dar

suporte ao participante, além de garantir a privacidade no caso de não querer ser identificado.

Tanto os procedimentos de divulgação, de coleta de dados e informação no documento de

anuência de pesquisa garantem a privacidade, a autonomia do sujeito para escolher participar,

interromper e desistir da pesquisa a qualquer momento. Em qualquer etapa do estudo você

terá acesso ao Pesquisador Responsável para esclarecimentos de eventuais dúvidas, no

endereço abaixo, e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer

penalidade ou prejuízo. Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos

colaboradores e instituições envolvidas, sendo que as informações coletadas serão analisadas

em conjunto com a de outros participantes e somente o pesquisador terá acesso às

informações.

Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento você poderá entrar em contato

com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie – Rua da

Consolação, 896 – Ed. João Calvino – 1º andar.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram

esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e

que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e

de retirar-me da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo.

Nome do Sujeito de Pesquisa: ______________________________________________

Assinatura Sujeito de Pesquisa: ____________________________________________

Declaro que expliquei ao Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste

estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem

qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

Page 96: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

96

São Paulo, _____ de _________________________ de ___________.

______________________________ ____________________________

Nome e assinatura do Pesquisador responsável nome e assinatura do Orientador

Nome da Instituição

Endereço

Telefone e e-mail para contato

Page 97: Concepções de Jovens Adultos Acerca do Uso de Castigos como

97

c. ANEXO 4

ESTUDO SOBRE DISCIPLINA E RELAÇÕES FAMILIARES Caro Colaborador

A disciplina é uma das características mais importantes no exercício da parentalidade. A

disciplina, apropriada e bem aplicada, pode ter resultados benéficos para o comportamento

das crianças. Por outro lado, algumas formas de disciplina podem levar a problemas para as

crianças.

Este estudo destina-se a conhecer mais sobre a gama de práticas disciplinares utilizadas pelos

pais, e os efeitos destas nas crianças. Os dados de seu questionário será combinado com o de

outros participantes que no seu conjunto permitirá um conhecimento sobre o assunto.

O questionário que completou incluiu questões sobre experiências da disciplina na infância,

antecedentes familiares, o seu relacionamento com seus pais e familiares. Além disso, havia

perguntas sobre sua opinião relativa à disciplina, de como criar filhos entre outros.

Se você tiver quaisquer questões relativas à sua participação neste projeto de pesquisa, você

pode entrar em contato com os pesquisadores (número de telefone, endereço de e-mail) e ter a

oportunidade de discutí-las com confiança.

Além disso, às vezes, quando as pessoas pensam sobre suas vidas e experiências de suas

famílias, sentem que se beneficiariam de alguma ajuda. Há muitos lugares onde você pode

obter ajuda para possíveis problemas que você ou alguém que você conhece pode ter. Aqui

estão os nomes e números de telefone de alguns lugares próximos que podem ajudar:

[fornecer nomes de referências locais]

Obrigado por participar neste importante projeto de investigação!