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Inovações metodológicas para o ensino e aprendizagem na Cultura Digital Gilberto OLIANI 1 Lucas Rodrigues CORRÊA 2 Lucia Satiko NOMISO 3 Maria Rita Lopes CAPOBIANCO 4 Ricardo Augusto da SILVA 5 Faculdade de Educação Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP RESUMO A cultura digital influencia todos os segmentos da sociedade, inclusive a educação. O modelo tradicional de ensino não tem considerado os interesses e necessidades do aluno, uma vez que nesta perspectiva ele é apontado como mero receptor de um conteúdo formatado e fechado, e o professor o detentor exclusivo do conhecimento. O advento e as constantes transformações propiciadas pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC) possibilitaram o surgimento de abordagens e modalidades de ensino e aprendizagem inovadoras e transformadoras da realidade educacional, colocando o aluno como ator principal neste processo. Mais do que oferecer ferramentas pedagógicas, as TICs são capazes de ampliar o acesso à educação, tornála flexível e adptável. A educação semipresencial, ou blended learning, é um exemplo desta amplitude de acesso permitido a partir das TIC, e consiste na oferta de cursos com carga horária dividida entre presencial e a distância. Possibilitar que o aluno tenha autonomia para decidir não apenas quando estudar, mas como aprender, apresenta 1 Doutorando em Educação. email: [email protected] 2 Pósgraduado em MBA Marketing, email: [email protected] 3 Mestre em Design, email: [email protected] 4 Pósgraduada em Psicossomática Junguiana, email: [email protected] 5 Pósgraduando em Metodologia em EaD pela Faculdade Anhaguera, email: [email protected]

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Page 1: Inovações metodológicas para o ensino e aprendizagem na ... · educacionais a partir de concepções mais ‘construtivistas’ do processo de aprendizagem de sujeitos adultos

Inovações metodológicas para o ensino e aprendizagem na Cultura Digital

Gilberto OLIANI 1

Lucas Rodrigues CORRÊA 2

Lucia Satiko NOMISO 3

Maria Rita Lopes CAPOBIANCO 4

Ricardo Augusto da SILVA 5

Faculdade de Educação ­ Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP

RESUMO

A cultura digital influencia todos os segmentos da sociedade, inclusive a educação. O modelo

tradicional de ensino não tem considerado os interesses e necessidades do aluno, uma vez que nesta

perspectiva ele é apontado como mero receptor de um conteúdo formatado e fechado, e o professor o

detentor exclusivo do conhecimento. O advento e as constantes transformações propiciadas pelas

tecnologias de informação e comunicação (TIC) possibilitaram o surgimento de abordagens e

modalidades de ensino e aprendizagem inovadoras e transformadoras da realidade educacional,

colocando o aluno como ator principal neste processo. Mais do que oferecer ferramentas pedagógicas,

as TICs são capazes de ampliar o acesso à educação, torná­la flexível e adptável. A educação

semipresencial, ou blended learning, é um exemplo desta amplitude de acesso permitido a partir das

TIC, e consiste na oferta de cursos com carga horária dividida entre presencial e a distância. Possibilitar

que o aluno tenha autonomia para decidir não apenas quando estudar, mas como aprender, apresenta

1 Doutorando em Educação. e­mail: [email protected] 2 Pós­graduado em MBA Marketing, e­mail: [email protected] 3 Mestre em Design, e­mail: [email protected] 4 Pós­graduada em Psicossomática Junguiana, e­mail: [email protected] 5 Pós­graduando em Metodologia em EaD pela Faculdade Anhaguera, e­mail: [email protected]

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para este outra realidade de ensino e o coloca como autor do próprio conhecimento. Neste novo

cenário o aluno é o principal responsável pela construção do seu conhecimento, e estudos sugerem que

a aprendizagem se torna concreta e significativa quando são consideradas a sua motivação, o seu

interesse e a sua iniciativa. Dessa forma, visando convergir a modalidade de ensino blended learning e

os pressupostos da aprendizagem ativa (active learning), a proposta da metodologia Flipped

Classroom (sala de aula invertida) parte de encontro e oferece espaço para o exercício desta

abordagem pedagógica inovadora. Na Flipped Classroom ocorre a inversão do espaço de

aprendizagem, ou seja, o aluno pratica os conceitos e as teorias antes dos encontros presenciais e após,

presencialmente, nas salas de aulas, ocorre a prática e discussão dos conteúdos. As atividades práticas

e as discussões tornam possível o desenvolvimento de habilidades superiores de pensamento e

colaboram para a formação de um aluno crítico, que não apenas memoriza e repete conteúdo, mas que

é capaz de produzir, alavancar e ser proativo em relação ao seu próprio desenvolvimento. São

necessárias por fim mais pesquisas em relação ao tema para verificar a eficácia, aplicabilidade e

desempenho dos alunos e professores que optarem por utilizar este método inovador e promissor.

PALAVRAS­CHAVE: Inovação metodológica; Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação;

Blended Learning; Active Learning; Flipped Classroom.

ABSTRACT

Digital culture affects all sections of society as it affects Education. Student interests and needs have not

been considered by the traditional learning methods once the student is taken as mere receiver of a

standard content and model. The Information and Communication Technologies (ICT) have provided

Education with a vast array of innovative learning methods that allow the student to be the main

character in the educational process. Furthermore the ICT have also increased the access to education

making it more flexible and adaptable. Blended Learning is an example of this enhancement provided by

the ICTs and it is an educational program in which students learn both through online delivery of content

and in the classrooms. In this way, the interests, initiative and motivation of the student are relevant and

he/se can be autonomous and decide not only when to study, but also how to study. Therefore, in order

to bring together blended learning and active learning, flipped classroom emerges as an innovative and

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effective pedagogical practice. In a Flipped Classroom the student learns the new contents previously at

home, and in the classroom happens a space to guidance, interaction and discussions. The time is

devoted to more active, project­based learning for the student to gain a deeper understanding of the

subject and to develop high order thinking processes. As a result the student may learn on an

authentically way and become more responsible and proactive towards its own knowledge. Finally,

more research is needed to evaluate the efficiency, applicability and performance for those who choose

to use this innovative and encouraging method.

KEYWORDS: Innovative approaches; The Information and Communication Technologies;

Blended Learning; Active Learning; Flipped Classroom.

INTRODUÇÃO

Em uma sociedade em constantes transformações sociais, econômicas, políticas e culturais onde as

tecnologias digitais são incorporadas na maioria dos segmentos da sociedade, propiciando às pessoas a

vivência com e no mundo da cultura digital, nos deparamos com um modelo de ensino na sala de aula

que em expressiva maioria não utiliza recursos tecnológicos digitais e que não atende integralmente as

demandas e as expectativas dos alunos.

Quando exploradas as potencialidades das tecnologias digitais de forma eficiente e eficaz, essas

oferecem expectativas de inovação no processo de ensino e de aprendizagem. No entanto, podem

gerar conflitos e divergências nesse conceito de educação, pois os recursos tecnológicos podem ser

utilizados apenas como ferramentas para transferir o modelo de ensino tradicional para um modelo

supostamente inovador, digitalizado, sem a significação dos conteúdos de forma apropriada.

Frequentemente o que ocorre é o uso dessas tecnologias somente como uma novidade, conservando velhas formas de desenvolver as atividades, não dando lugar a novas significações que poderiam decorrer no uso exploratório e da reflexão sobre as potencialidades que oferece. Dessa forma, não há uma transformação qualitativa, mas transposições para un novo meio, o que representa uma novidade e não uma inovação (SACOOL, 2011, p. 104).

Pode­se considerar que existe carência de inovações metodológicas na forma de ensino tradicional, e

muitos alunos não conseguem o seu desenvolvimento cognitivo. Consequentemente, esses alunos não se

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consideram preparados para a construção do seu conhecimento, nem tampouco se consideram aptos a

atender as reais demandas do mundo do trabalho que os cercam.

Ressaltamos que no modelo da pedagogia tradicional, o tempo dedicado para o aluno aprender é

limitado, enquanto que a compreensão do conceito é variável. O que deveria ser fixo era um amplo

nível de compreensão e o que deveria ser variável era o tempo que os alunos têm para compreender

determinado conceito. Desta forma seria considerado o principio básico no desenvolvimento

educacional onde cada indivíduo é único e suas experiências e necessidades determinam o seu tempo e

o modelo de aprendizagem.

A partir destas conjecturas o presente trabalho nos traz metodologias de ensino e de aprendizagem

suportadas pela utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) de forma

que, quando utilizadas apropriadamente de forma efetiva e eficiente, concomitantemente com o

desenvolvimento de atividades educacionais nas modalidades semipresenciais (Blended Learning) para

o aprendizado ativo (active learning) em um contexto de uma nova referência metodológica, que é a

sala de aula invertida (flipped classroom) podem estimular os alunos à construção do seu

conhecimento de forma mais dinâmica, quando adotarmos como referência o modelo de aula presencial

tradicional, onde não são utilizadas as tecnologias digitais.

O modelo utilizado no ensino tradicional apesar dos inúmeros estudos e esforços no âmbito educacional

ainda mantém o mesmo padrão de ensino herdado do século XIX (OLIVEIRA, 2006), ou seja, se

baseia no agrupamento dos alunos de acordo com suas faixas etárias, com currículos de tamanho único,

onde os conteúdos são apresentados por meio da exposição verbal do professor na expectativa de que

esses alunos, ao longo de todo o processo de ensino e de aprendizagem possam construir o seu

conhecimento.

O processo de aprendizagem tradicional é desenvolvido de forma predominantemente passiva, onde o

aluno atua como receptor de informações, o que o limita a decorar e a memorizar os conteúdos, ou

seja, o aluno não é instigado a participar de todo o processo e se torna incapaz de relacionar o

conteúdo memorizado com o que ele convive ou conhece. Essa situação torna o aluno incapaz de

questionar a lógica interna das informações que ele recebe, o torna acomodado, passivo durante o

processo de construção do seu conhecimento.

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Assim, as metodologias educacionais tradicionais são pouco eficazes quanto a colaboração para o

aprendizado do aluno para que o mesmo crie, pense, refletita e propicie soluções para os problemas

vividos. Oberva­se que há uma grande lacuna entre o modelo educacional tradicional de ensino e de

aprendizagem em relação as necessidades do aluno que vive no mundo da cultura digital. Portanto, é

necessário propiciar condições para que o aluno seja ativo no processo de ensino e de aprendizagem,

de forma esse se torne capaz de construir o seu próprio conhecimento.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

Com as mudanças de uma sociedade industrial para uma sociedade da era do conhecimento, seguida

da globalização da economia, onde ressalta­se a produção intelectual, torna­se necessária a mudança

de paradigmas de “uma prática pedagógica conservadora, repetitiva e acrítica” (BEHERNS, 2012, p.

69) na educação superior, para que a mesma se aproprie da utilização das tecnologias digitais para o

processo de ensino e aprendizagem.

Diante desse cenário, as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) podem ser

consideradas como ferramentas pedagógicas (DIEUZEIDE, 1994 apud BELLONI, 2008), que,

quando exploradas as suas potencialidades, possibilitam a sua utilização na educação para viabilizar a

construção do conhecimento a distintos locais geográficos.

Belloni (2008), nos traz que há dois principais componentes para o conceito de Tecnologias Digitais de

Informação e Comunicação, que são a comunicação e a informação. A autora considera a

comunicação como um processo. Esse pode dar­se por meio das redes multiserviços. Já a informação

é considerada como conteúdo. Esse pode ser de diversos formatos: vídeos; textos; imagens e outros, e

contemplam os temas de estudo em questão, com conhecimentos teóricos das disciplinas e outros.

De acordo com Sancho (2006), a integração de uma linguagem audiovisual dinâmica, propiciada pelos

conteúdos midiáticos em formato de vídeo, e por outros formatos, pode contribuir expressivamente

para otimizar a absorção das informações e consequentemente melhoria no aproveitamento do

conhecimento pelo aluno. Os avanços tecnológicos que possibilitam o acesso aos materiais de apoio

“vêm ao encontro dos objetivos de aprendizagem aberta e permitem o desenvolvimento de ações

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educacionais a partir de concepções mais ‘construtivistas’ do processo de aprendizagem de sujeitos

adultos e autônomos” (BELLONI, 2008, p. 76).

Entre as tecnologias síncronas, destacamos aquelas que utilizam a imagem e o áudio tais como a

videoconferência, a webconferência e outras que possibilitam a comunicação audiovisual síncrona em

tempo real. Como ferramentas assíncronas, destacamos os Ambientes Virtuais de Ensino e

Aprendizagem (AVEA) que dispõem de ferramentas, em sua maioria assíncronas, embora esses

Ambientes podem estar configurados com algumas ferramentas síncronas.

Ressaltamos que com os constantes avanços no desenvolvimento das tecnologias para utilização com

dispositivos móveis, encontramos diversos Ambientes Educacionais para utilização com mobilidade,

que são os Ambientes Virtuais de Aprendizagem Móvel (AVAM). Esses Ambientes viabilizam o

acesso aos conteúdos midiáticos da aula do professor a qualquer momento em qualquer lugar que

dispõe de redes multiserviços sem fio.

Essas redes, consideradas “meio de comunicação como complemento ou apoio à ação do professor

em sua interação pessoal e direta com os estudantes” (BELLONI, 2008, p. 54), também propiciam

condições para a interação síncrona e, ou assíncrona entre alunos de distintas regiões geográficas do

mundo. Isso viabiliza a formação de grupos de estudos de forma colaborativa, ágil, simultânea e global,

o que transcende as limitações da sala de aula presencial tradicional. Portanto, “o professor precisa

saber que pode romper barreiras dentro da sala de aula, criando possibilidades de encontros

presenciais e virtuais que levam o aluno a acessar as informações disponibilizadas no universo da

sociedade do conhecimento (BEHRENS, 2012, p. 74).

Para a exploração das potencialidades das TDIC e consequentemente condições que podem impactar

na melhoria no processo de ensino e de aprendizagem, torna­se necessária a integração das tecnologias

digitais na educação de forma que o professor crie novas formas e técnicas para a adoção de

metodologias didáticas.

Entre outras inovações de metodologias de ensino e de aprendizagem, as TDIC podem contribuir para

a integração de diversas inovações à educação, tais como a Aprendizagem Ativa, a Sala de Aula

Invertida e o Blended Learning, que são metodologias inovadoras que estão se despontando na

educação superior brasileira e que estão sendo consolidadas em algumas universidades americanas tais

como em Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

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Blended Learning

O Blended Learning, conhecido como “Abordagem Hibrida” de educação, ou educação

semipresencial, consiste no oferecimento de cursos com a utilização das modalidades educação a

distância e da modalidade presencial tradicional.

Considera­se a forma tradicional de educação, aquela em que é demandada a presença fisica do aluno

na sala de aula, com a participação do professor. Portanto, o Blended Learning é um conceito

metodológico de educação que é caracterizado pela adoção de modalidades educacionais que podem

ser implementadas simultaneamente, o que possibilita ao aluno a oportunidade de explorar as

potencialidades de ambas as metodologias para o seu processo de aprendizagem (OLIVEIRA, 2006).

Para Heinze e Procter (2004) existem dois fatores de fundamental importância na aplicação do modelo

educacional Blended Learning: o tempo utilizado para as atividades online e a quantidade de

tecnologia utilizada, o que pode ser observado na figura a seguir.

Figura 1 6

Conforme a Figura 1 a concepção Blended Learning se caracteriza quando dois ou mais ambientes

são utilizados no processo de ensino e de aprendizagem adotando­se ambientes presencias e ambientes

virtuais. A utilização simultânea desses ambientes visa explorar as potencialidades de cada modalidade

6 Concepção do modelo Blended Learning, adaptado de Heinze e Procter (2004).

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educacional, para isso utiliza a tecnologia como meio para o processo de construção do conhecimento,

no entanto não desconsidera o modelo tradicional de sala de aula presencial.

De acordo com Moran (2007), “Aos poucos, a sala de aula irá se tornar um lugar de começo e de

finalização de atividades de ensino­aprendizagem, intercalado com outros tempos, em que

frequentaremos outros ambientes” (MORAN, 2007, p. 94).

Exemplo eficiente e eficaz da aplicação do Blended Learning ocorreu na Universidade de Stanford

durante o oferecimento de um Programa de enriquecimento próprio para jovens talentosos. Foi

constatado que 50% dos alunos não concluía o curso. O motivo dessa evasão foi a aussência da

interação entre professores e os alunos. Quando foi introduzida uma aprendizagem interativa, social e

mentorada, foi constatado que o número de alunos que concluíram o curso aumentou de 50% para

94%.

Na Universidade de Tennessee em um curso de MBA Executivo a adoção do conceito de

aprendizagem Blended possibilitou que os alunos concluíssem o curso em 50% do tempo demandado.

Ainda, superou em 10% o resultado final do curso, quando comparado com um curso tradicional, em

sala de aula (SINGH, 2003).

Conforme Sharpe et al. (2006), a experiência dos estudantes de cursos oferecidos com a utilização da

modalidade Blended Learning redesenhados para promover a interação e a comunicação foi

reconhecida em seus benefícios tecnológicos, porém os alunos ainda não substituíriam as aulas com a

utilização das tecnologias digitais pelas aulas tradicionais presenciais.

Boyle et al (2003, apud Sharpe et al., 2006), demonstraram que com o redesign dos tópicos

considerados mais complexos do conteúdo, com a inserção de objetos animados e textuais, resultou

em aumento de aprovação dos alunos de 12% para 23% quando comparado com o ano anterior.

Active Learning

A metodologia de aprendizagem ativa (Active Learning) possibilita que os alunos tenham autonomia

para o desenvolvimento de sua aprendizagem. É compreendida como a aprendizagem “centrada no

aluno”, na qual o aluno é o sujeito autônomo, responsável pela construção do seu próprio

conhecimento (BONWEL e EISON, 1991).

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Nesta perspectiva, os alunos são instigados a desenvolver habilidades que vão além da memorização e

da réplica de conteúdos. Tais habilidades são: a motivação para a solução de problemas; a análise

crítica de temas; a capacidade de síntese; a competência de informação e a maturidade para realizar a

avaliação do próprio desempenho (BONWEL e EISON, 1991). Ainda, a metodologia Active

Learning demanda maior envolvimento do aluno, uma vez que ele não é mais considerado apenas

receptor de conteúdos. Nessa metodologia o aluno tem que buscar e desenvolver habilidades e

competências por meio de atividades práticas e colaborativas, diferente do modelo de aula tradicional,

onde o aluno busca a memorização da maior quantidade possível de informações.

A figura 2 demonstra como os conteúdos e as informações são retidos pelo aluno.

Figura 2 7

Constata­se que as atividades que envolvem a prática, a reflexão e a crítica são lembradas com maior

frequência que as demais. Ainda, observa­se que a aprendizagem se torna duradoura e concreta,

quando consideradas a iniciativa, a motivação, e o interesse do aluno. A produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a sua aceitação. Portanto, na

7 The cone of learning (O cone da aprendizagem). Autor: Edgar Dale (1969).

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prática pedagógica o professor deve propor projetos que provoquem um estudo sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a visão de que o aluno é produto e objeto, e torná­lo sujeito e produtor do próprio conhecimento (BEHRENS, 2012, p. 86).

Dessa forma, o aluno precisa ser ativo, buscar o conhecimento, exercitar a crítica e a reflexão, ser

consciente de suas atribuições, ser organizado e desenvolver atividades em colaboração com os seus

pares. Por sua vez, o professor deve atuar como mediador e propiciar condições para que o aluno

participe e questione a sua prática, expondo suas dúvidas, debatendo e coletando informações com

seus pares para balizar o processo de ensino e de aprendizagem (MITE et. al, 2008).

Na metodologia Active Learning, a sala de aula é utilizada para a prática de exercícios, para a

colaboração de atividades em grupo e para o desenvolvimento de projetos, cujos temas já foram

estudados pelo aluno fora dela. O professor atua nesses momentos de encontros presenciais para

elucidar as possíveis dúvidas do aluno, para compartilhar as idéias, para aprofundar o tema em estudo,

para estimular as discussões, para motivar a colaboração professor­aluno e aluno­aluno e para outras

atividades. Portanto, professores e alunos precisam aprender a aprender como acessar a informação,

onde buscá­la e o que fazer com ela (BEHRENS, 2012, p. 71).

A inovação no método pedagógico demanda a preparação do ambiente físico da sala de aula em

formato apropriado para essa metodologia de ensino e de aprendizagem. Deve­se prever a utilização de

tecnologias digitais aplicadas com foco educacional, onde pode­se explorar as potencialidades das

mesmas para a viabilização da construção do conhecimento.

Fisicamente, os modelos de sala de aula adotados pela universidade de Harvard e pelo Massachusetts

Institute of Technology – MIT são ambientes equipados com mesas de formato circular para os alunos.

Nesse espaço – nas mesas ­ os alunos debatem o tema da aula com o professor e desenvolvem

atividades práticas, num processo de colaboração entre aluno­professor e aluno­aluno. Essas mesas

são equipadas com microcomputadores conectados com as redes multisserviços para o acesso aos

arquivos midiáticos com o conteúdo em discussão na aula. Esse material pode ser: aquele fornecido

pelo professor anteriormente a aula; dados de experimentos; informações; conteúdos disponíveis em

sites e outros. O material pode ser também Objetos de Aprendizagem, tais como: imagens; áudio;

vídeos; textos e outros hospedados em repositórios digitais específicos do curso ou em sites disponíveis

ao público.

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Para o acesso aos conteúdos das aulas, os alunos podem também utilizar dispositivos móveis com

conexão sem fio, tais como notebooks, netbooks, tablets, smartphones, aparelhos celulares e outros.

Para isso, é iprescindível que a sala de aula seja provida de rede sem fio com capacidade para suportar

o tráfego das conexões dos dispositivos móveis de todos os alunos simultaneamente, e com largura de

banda para suportar o acesso a vídeos, inclusive com formato em alta definição, ainda que

esporadicamente aconteça essa demanda.

É necessário que a sala esteja provida de recursos tecnológicos compatíveis com as demandas dos

equipamentos, da quantidade de alunos, bem como do tipo de conteúdo que será acessado por meio

das redes multisserviços, ou seja: vídeos; textos; imagens; áudio e, ou outros, pois essas unidades de

matéria demandam diferentes larguras de bandas para os alunos acessarem­nas.

No centro da sala de aula, como apoio ao professor, há uma mesa de formato retangular, de tamanho

proporcionalmente inferior ao das mesas dos alunos para que o professor ministre a aula utilizando­se

de algum dispositivo móvel. É prática nesse tipo de ambiente o professor caminhar entre as mesas dos

alunos utilizando­se de seu dispositivo móvel enquanto debate o tema da aula. O movimento do

professor propicia condições que facilitam a visualização dos alunos no ambiente, bem como o

acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos alunos quando esses estão utilizando softwares

para experimentos virtuais, simulações, atividades com a prática da Realidade Aumentada e outros.

Apresentamos na Figura 3 a ilustração da infra estrutura física de uma sala de aula preparada para a

metodologia de ensino e de enprendizagem Active Learning.

Figura 3 8

8 Sala de aula da universidade de Harvard para para a metodologia de ensino e aprendizagem Active Learning.

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Nas paredes da sala instala­se no mínimo 04 telas para a projeção de imagens de alta resolução por

meio de projetores multimídias, ou instala­se 04 aparelhos de TV que, tanto um como o outro, estão

conectados em microcomputadores que por sua vez estão conectados com as redes multisserviços.

Nas telas ou nos aparelhos de TV pode­se exibir imagens de vídeos e de diversos outros tipos de

arquivos midiáticos. Isso possibilita que todos os alunos veem o conteúdo estudado simultaneamente,

independente da posição física que o mesmo se encontra na sala de aula. Há ainda a opção de se

instalar 02 telas para projeção de imagens ou 02 aparelhos de TV e 02 lousas digitais.

A configuração da sala com a instalação de equipamentos para a visualização das imagens está

associada com: as dimensões da sala; o formato do ambiente (quadrado, retangular, outro); a

capacidade de acomodação de alunos nas mesas; a capacidade de acomodação de alunos na sala; as

dimensões das telas e ou dos aparelhos de TV; o conceito que se adota para o desenvolvimento das

atividades com os alunos no ambiente; o formato dos conteúdos midiáticos e outros. Para esse último,

deve­se preparar os conteúdos em de texto com fontes e cores apropriadas, de forma que os alunos

possam visualizar esses conteúdos nas telas ou nos aparelhos de TV de qualquer posição que se

encontram na sala de aula.

Como exemplos práticos da implantação de salas de aulas para adoção da metodologia Active

Learning para a educação superior no Brasil, citamos a Pontifícia Universidade Católica do Paraná

(PUC ­PR), que inaugurou uma sala em novembro de 2013, e a Universidade Estadual de São Paulo

(USP), campus da cidade de Lorena, estado de São Paulo, que se encontra na etapa final de

implantação dessa infra estrutura física.

Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)

A metodologia Flipped Classroom, conhecida como Sala de Aula Invertida, tem como abordagem

pedagógica a inversão da estrutura direta do espaço de aprendizagem em grupo para a aprendizagem

individual por meio da utilização de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Dessa forma,

o tempo de aula presencial é dedicado às atividades colaborativas.

Nesse contexto, a partir de Becker (1997, apud Saccol, 2011, p. 103), trata­se de um modelo

pedagógico relacional, onde “O professor oportuniza o acesso às informações, de forma que o aluno se

aproprie e experimente o processo de aprendizagem. Atua como mediador, problematizador,

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instigador, orientador, articulador do processo”. Essa atuação do professor dá­se com os alunos na

sala de aula, de forma presencial.

Esse modelo pedagógico de ensino propicia condições para que o aluno desenvolva a construção do

seu conhecimento em qualquer ambiente, seja ele delimitado pelo espaço físico, seja em algum outro

lugar, a qualquer momento, com acesso às redes multiserviços fixas, ou utilizando­se de dispositivos

móveis com conexão sem fio para o acesso aos conteúdos dos arquivos midiáticos disponibilizados ou

propostos pelo professor como material de apoio ao tema em estudo, pois “As tecnologias podem

trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor ­ o papel

principal ­ é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná­los, a contextualizá­los (MORAN,

2012, p. 30).

Diante dessa perspectiva pode­se definir a metodologia de sala de aula invertida como um modelo de

ensino e de aprendizagem onde os conteúdos teóricos da tradicional aula expositiva são ministrados e

disponibilizados com conteúdos em formatos digitais de: video aulas; jogos; podcasts; ebooks;

bibliotecas, links de sites, e outros materiais didáticos de apoio, considerados como recursos auxiliares

nesse processo de ensino e de aprendizagem. Para Belloni, a utilização de mídias bem como o acesso

aos conteúdos digitais por meio das redes “é sobretudo uma atividade de consulta, de busca de

conhecimentos em fontes diversas, e se assemelha à consulta bibliográfica a livros, enciclopédias,

documentos etc. (BELLONI, 2008, p. 72).

Nessa abordagem de educação, o aluno deve praticar os estudos dos conteúdos educacionais antes

dos encontros presenciais nas salas de aulas. Quando os alunos se encontram nas salas de aulas, esses

ambientes tornam­se locais para o desenvolvimento de atividades práticas, para discussões dos temas

que foram estudados. O professor atua nesses momentos de encontros presenciais com o objetivo de

elucidar as possíveis dúvidas do aluno; compartilhar as ideias; aprofundar o tema em estudo; estimular

as discussões; motivar a colaboração professor­aluno e aluno­aluno, e para outras atividades.

Schneider et al. (2013), propõe uma metodologia onde a proposta dos encontros presenciais é a de

criar e avaliar quais são essas habilidades superiores de pensamento, que são tratadas com prioridade

para os momentos de encontros entre o professor e o aluno. Deixa­se as habilidades básicas para o

desenvolvimento de atividades orientadas aos estudos individuais, que deverão ser realizadas de forma

autônoma pelo aluno.

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A adoção desse conceito e forma de ensino e de aprendizagem – sala de aula invertida – demanda do

professor a mudança da metodologia de ensino tradicional para esse modelo considerado como

inovador, onde o aluno é ativo para com o desenvolvimento de atividades à construção do seu

conhecimento.

Para Bennet et. al (2012), o processo de implantação e adoção deste modelo pode ser complexo, uma

vez que não existem modelos definidos para tal. Porém, em sua experiência, a efetiva utilização do

modelo deve contemplar as seguintes características: as discussões são levadas pelos alunos à sala de

aula; os debates geralmente atingem ordens superiores de pensamento crítico; o trabalho colaborativo

ocorre entre os alunos; os estudantes desafiam uns aos outros durante a aula, em função do

conhecimento adquirido; os líderes e os estudantes de tutoria surgem espontaneamente, em função das

atividades colaborativas; os estudantes têm a posse do material; os estudantes trazem perguntas

exploratórias e tem a liberdade de ir além do currículo básico da disciplina; os estudantes estão

ativamente engajados na resolução de problemas e pensamento crítico que vai além do âmbito

tradicional do curso; os estudantes se transformam de ouvintes passivos para alunos ativos no processo

de ensino e de aprendizagem.

Este modelo de sala de aula e conceito de ensino e aprendizagem possibilitam que o aluno seja

pró­ativo, o que o prepara para ser diferente daquele aluno passivo que recebe o conteúdo das aulas

transmitidas pelo professor. Nessa forma de aprendizagem, o aluno se insere no contexto do

aprendizado, colabora com os colegas e interage com maior frequência com o professor e com os

demais alunos, quando compararmos a sua interação na sala de aula presencial tradicional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, constata­mos que o Flipped Classroom é uma metodologia que possibilita que o processo de

ensino e aprendizagem seja mais eficiente quanto a colaboração para o aprendizado do aluno para que

o mesmo crie, pense, refletita e propicie soluções para os problemas vividos, tornando­o ativo no

processo de ensino e aprendizagem para ele seja capaz de construir o seu próprio conhecimento.

Para isso o Flipped Classroom utiliza­se das TDICs como ferramentas pedagogicas. Belloni (2008),

considera dois principais componentes para o conceito de Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação, que são a comunicação e a informação. trabalhando a comunicação como um processo

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e a informação é considerada como conteúdo. Assim as TDICs possibilitam que as barreiras existem

no ensino presencial sejam rompidas, possibilidade a comunicação sincrona e assincrona tornando

assim o processo de ensino e aprendizagem mais agil, colaborativo e dinânico. As TDICs também

permitem a integração de uma linguagem audiovisual dinâmica, propiciada pelos conteúdos midiáticos

em formato de vídeo, e por outros formatos, que contribuem na otimização da absorção dos

conteudos.

Somado as TDICs o Flipped Classroom também faz uso concomitantemente de atividades

educacionais desenvolvidas nas modalidades semipresenciais (Blended Learning) para o aprendizado

ativo (active learning), somando assim suas potencialidades em uma única metodologia, assim como

demonstrado durante esse trabalho.

Portanto o Flipped Classroom se apresenta como uma metodologia eficiente nos usos das TDICs, e

que se aproveita de outras metodologias para melhor o processo de ensino e aprendizagem tornando o

aluno capaz e responsável pelo construção do seu próprio conhecimento, eliminando a distancia

existente no ensino presencial em relação as necessidades e demandas dos alunos de hoje.

REFERÊNCIAS

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