concentração e cooperação

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Concentração e coopertação entre empresas

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  • INTRODUO

    Vrios pases passaram por transformaes econmicas por ocasio da

    mudana de uma produo artesanal para uma produo industrial em escala,

    no contexto da Revoluo Industrial nos sculos XVIII e XIX. Isso originou as

    chamadas sociedades de massas, nas quais se percebeu e ainda se percebe

    grande estmulo cultura do consumo. Em decorrncia disso, a produtividade

    tende a aumentar, o que viabilizado por novas tecnologias que demandam

    grandes investimentos de capital.

    Ocorre que, muitas vezes, uma nica empresa no dispe de todo o capital

    necessrio para implementar a sua produo, de modo que uma das alternativas

    a aglutinao do seu capital com o de outra empresa. Assim se coloca uma

    das causas motivadoras da concentrao econmica, fenmeno que ganhou

    novo impulso com a globalizao e a crescente necessidade de as empresas

    nacionais fazerem frente concorrncia internacional.

    E justamente a concorrncia o fundamento da capacidade do sistema

    capitalista em propiciar excepcional produtividade, de forma que os agentes

    econmicos menos eficientes seriam eliminados por aqueles eficientes.

    Diante disso, e diante do fato de que o objetivo primordial do capitalista a busca

    por lucros, a necessidade de uma poltica de defesa da concorrncia fez-se

    evidente. E isso se deu no s com o objetivo de evitar formaes de poder

    econmico prejudiciais ao mercado e aos consumidores, mas principalmente

    para promover a prpria sustentao do sistema capitalista.

    A organizao industrial do mundo moderno estruturada, sobretudo, na forma

    de oligoplios. Os oligopolistas podem competir fortemente uns com os outros,

    de modo que possvel haver grande inovao tecnolgica e a criao de

    economias de escala, cujos benefcios so em parte transmitidos ao consumidor

    com a diminuio do custo de produo que ter reflexos no preo final do

    produto.

    Todavia, essas estruturas oligopolizadas podem trazer prejuzos ao ambiente

    concorrencial, como a facilidade para formao de conluio entre os grandes

    agentes econmicos de um dado mercado. As estruturas de mercado formadas

  • pelas concentrao econmica trazem, pois, uma dualidade de efeitos, de modo

    que o seu estudo essencial para a tutela da concorrncia.

    CONCEITO

    Uma operao de concentrao de empresas geralmente definida como um

    ato ou contrato cujas partes envolvidas deixam de ser centros decisrios

    autnomos, passando a atuar no mercado como um nico agente em suas

    atividades econmicas de forma permanente.

    Isso significa dizer que tanto o comportamento do agente no mercado quanto a

    forma interna de produo devem sujeitar-se a um nico centro decisrio ou

    seja, uma unidade de comando ou controle -, de modo que seja possvel

    consider-las um nico agente em todas as operaes econmicas por elas

    realizadas. Tal situao demanda uma alterao na estrutura dessas empresas

    que seja duradoura e que permita verificar uma verdadeira uniformidade

    econmica.

    O fato de a unificao dos centros decisrios nas concentraes empresariais

    referir-se a todas as atividades econmicas desempenhadas pelas empresas

    constitui o elemento central na distino das situaes de concentrao

    daquelas de cooperao empresarial. Como pondera Ana Maria de Oliveira

    NUSDEO, a cooperao empresarial promove tambm a formao de uma

    unidade de comando, mas relativamente a apenas algumas das atividades por

    elas realizadas no mercado, e no pela sua totalidade.

    Em razo disso, a redao conferida a esse dispositivo d ensejo a crticas pela

    doutrina, pois pode aparentar uma restrio s situaes nas quais o controle

    deve incidir, sendo incompleta e at mesmo aleatria 10. Como se ver adiante,

    enumerar as situaes que caracterizam concentrao ilgico, pois vai de

    encontro ao escopo central da lei de defesa da concorrncia de promover a

    defesa da livre concorrncia e do consumidor.

    O elemento essencial para a caracterizao de uma concentrao econmica

    consiste na existncia de uma alterao estrutural e duradoura das empresas

    envolvidas na operao. Na fuso e na incorporao de empresas essa

  • alterao estrutural bastante evidente, pois, mais do que econmica fsica e

    jurdica.

    Nos casos do exerccio de controle de empresas, v-se que a unidade de

    comando tambm se faz presente, envolvendo no apenas as empresas

    controlada e controladora, mas tambm aquelas empresas que eventualmente

    estejam controlando ou sendo controladas pela primeira.

    Por fim, com relao s formas de agrupamento societrio, nota-se relativa

    dificuldade de interpretao, originada pela inadequao terminolgica pela qual

    optou o legislador.

    O termo agrupamento reveste-se de grande subjetividade, dele podendo

    pressupor tanto uma situao de concentrao (controle entre empresas) como

    uma de cooperao econmica (coligao entre empresas).

    2.1 CONCENTRAO VERSUS COOPERAO ECONMICA

    Paula FORGIONI observa que h casos nos quais a concentrao econmica

    pode se concretizar mesmo sem gerar a perda de autonomia de cada uma das

    empresas envolvidas. A jurista refere-se aos acordos entre empresas como uma

    forma de concentrao de poder econmico, e argumenta que a unio de duas

    empresas (ainda que estas mantenham sua autonomia estrutural) poder gerar

    uma vantagem competitiva sobre os demais agentes do mercado. 15

    Quando se fala em cooperao entre empresas, pode-se entender a mera troca

    informal e eventual de informaes, como tambm as relaes contratuais

    institucionalizadas e de longa durao. Esses contratos podem visar tanto o

    processo produtivo (com transferncia de tecnologia), como a fase de

    distribuio (as franquias), ou qualquer fase do processo (como a joint venture

    16).

    A concentrao econmica pode se manifestar sob inmeras formas jurdicas

    societrias ou contratuais -, cujas espcies no precisam (nem devem) ser

    necessariamente enumeradas pelo legislador. O controle dos atos de

    concentrao demanda a utilizao de conceitos amplos, com nfase no carter

  • econmico da operao, e no no vis societrio 17, dada a diversidade de

    formas pelas quais as empresas podem concentrar suas atividades.

    Essa necessidade de conceitos amplos na disciplina das concentraes

    econmicas levou a doutrina antitruste alem e a Comisso Europia a adotar

    os conceitos de influncia dominante e de influncia relevante do ponto de vista

    concorrencial.

    Ana Maria de Oliveira NUSDEO define a influncia dominante como o poder

    de influenciar na conduo e planejamento das atividades econmicas de outra

    empresa. A autora frisa a importncia da adoo desse conceito para o controle

    dos atos de concentrao, pois permite o controle de atos nos quais o exerccio

    de influncia dominante nos negcios da empresa feita por aquele que detm

    posio minoritria em relao ao capital. 19 Os meios pelos quais a influncia

    dominante se faz presente podem ter carter societrio ou contratual.

    Os meios de carter societrio so aqueles que geram influncia dominante por

    meio da participao majoritria ou minoritria na empresa, observados os

    requisitos legais que fazem presumir a permanncia do poder. o que ocorre,

    por exemplo, quando h acordo de acionistas que atribui ao minoritrio o direito

    de deliberar sobre questes essenciais da administrao da empresa. 20

    J os meios de carter contratual conferem ao titular do contrato ainda que no

    acionista da empresa - o poder de gerenciamento ou de eleger membros da

    administrao -, como ocorre nos contratos de franquia, nos quais o franqueador

    cria para si o direito de controlar a qualidade ou as especificaes dos produtos

    ou servios.

    A importncia dessas situaes para as normas de controle dos atos de

    concentrao refere-se ao fato de que se aproximam do controle de fato da

    empresa, podendo resultar na possibilidade de gesto da empresa de forma

    concentradora aos demais negcios de titularidade daquele que detm a

    capacidade de influncia.

    H, ainda, casos em que a influncia dominante no muito evidente, no

    configurando uma concentrao propriamente dita, mas antes uma relao de

    cooperao. Para essas situaes, utiliza-se do conceito de influncia relevante

    do ponto de vista concorrencial como a capacidade detida por aquele que, a

  • despeito de no deter controle e/ou direitos de veto, pode interferir de forma

    relevante nas atividades econmicas da empresa e em sua poltica empresarial.

    Como exemplo de influncia relevante do ponto de vista concorrencial cita-se o

    caso de uma empresa que detm a prerrogativa de coordenar a outra,

    estabelecendo uma relao de interdependncia (os grupos de coordenao).

    Em suma, a diferena entre influncia dominante e influncia relevante do ponto

    de vista concorrencial reside no fato de que, enquanto da primeira possvel

    presumir a concentrao, da ltima a consequncia a existncia de cooperao

    econmica.

    A anlise das operaes de concentrao sob essas perspectivas permite a

    ampliao das situaes nas quais o controle admitido, garantindo maior

    eficcia Lei Antitruste que no se limitar aos casos bvios de concentrao,

    como as fuses e aquisies.

    A precauo da autoridade antitruste quanto a essa limitao que o texto legal

    pode aparentar com a pretensa enumerao demonstrada por meio da

    exigncia de que, quando da submisso de um ato de concentrao para

    anlise, as empresas forneam detalhes das participaes societrias das partes

    envolvidas, bem como dos poderes conferidos aos scios e administradores,

    com vistas a identificar essas situaes de influncia dominante no evidente.

    EFEITOS DAS CONCENTRAES DE EMPRESAS

    Para o direito antitruste importam os efeitos (potenciais) que a concentrao

    econmica pode gerar no mercado, e no necessariamente as causas pessoais

    ou institucionais dos envolvidos. Note-se, todavia, que quando uma

    concentrao motivada por intenes anticoncorrenciais com o objetivo de

    eliminar um concorrente do mercado, por exemplo -, o efeito correlato ser

    nocivo concorrncia.

  • So vrios os motivos que levam as empresas a realizar atos de concentrao

    econmica, as quais podem trazer efeitos positivos ou negativos ao ambiente

    concorrencial.

    Um dos objetivos da concentrao econmica pode ser a possibilidade de

    entrada ou expanso de atividades. Por isso a opo pela entrada ou expanso

    independentes de uma empresa no mercado constitui o meio de crescimento

    prefervel pelo legislador em relao compra e eliminao de um concorrente.

    (ii) A concentrao econmica pode objetivar, ainda, a neutralizao de

    concorrentes, colocando-se como uma forma de criao ou de reforo de uma

    posio monopolstica. Por essas razes, costumam ser desaprovadas pela

    autoridade antitruste. Como se ver adiante no tpico pertinente, as

    concentraes verticais podem ter como efeito a neutralizao da concorrncia

    em outro mercado relevante que no aquele relativo atividade principal do

    agente, como ocorre quando h controle do fornecedor. 44

    (iii) A operao de concentrao pode tambm viabilizar economias de escala e

    o melhor aproveitamento de recursos. As economias de escala representam a

    mola propulsora de todo o processo de tecnificao da produo, e consistem

    em processos por meio dos quais reduzido o custo unitrio de produo de um

    bem, ao passo em que se aumenta o volume produzido (produo em escala).

    (iv) Outra finalidade da concentrao apontada por AREEDA, KAPLOW e ADLIN

    a compra de pessoal especializado, de instalaes ou de propriedade

    intelectual, como patentes e no necessariamente a compra do agente.

    indubitavelmente mais rpido e mais barato para o agente comprar um negcio

    j em andamento do que construir um desde o incio, principalmente quando

    envolve uma empresa cuja atividade no guarda correlao direta com aquela

    desempenhada pela empresa compradora. 47 Isso comum nos casos de

    formao de conglomerados, facilitando o ingresso do agente em mercado

    relevante desconhecido.

    (v) A venda de uma empresa pode visar funes defensivas, representando o

    meio mais seguro e eficiente de preservar a continuidade das atividades, sendo

  • menos impactante para os administradores, trabalhadores, fornecedores, dentre

    outros. 48 O mesmo objetivo se faz presente em momentos de crise econmica,

    quando a unio de empresas pode representar a nica forma de manter a

    estrutura do agente econmico, evitando um efeito domin de propores

    negativas sociedade.

    (vi) Em pases considerados em desenvolvimento econmico, a concentrao

    pode consistir no nico meio eficaz para o fortalecimento da empresa nacional,

    a fim de que esta faa frente concorrncia internacional, ou ainda para salvar

    empresas em crise ou setores em depresso. 49 O produto estrangeiro, quando

    produzido por mega-empresas (produo em escala), possui, por isso mesmo,

    o preo bastante reduzido, muitas vezes menor do que preo dos produtos

    nacionais.

    Diante disso, o governo pode estabelecer uma barreira entrada desses

    produtos estrangeiros no pas, principalmente por meio do estabelecimento de

    impostos de importao maiores, a fim de valorizar o produto nacional. VISCUSI,

    VERNON e HARRINGTON JR. sintetizam o assunto, apontando trs importantes

    razes para as concentraes econmicas: relativas ao monoplio, s

    economias possveis e reduo das ineficincias de gesto.

    6. FORMAS DE CONCENTRAO

    As concentraes econmicas so classificadas pela doutrina em trs

    categorias: concentrao horizontal (que se processa entre concorrentes),

    concentrao vertical (na qual as partes se relacionam dentro de uma cadeia de

    produo, em uma relao fornecedor-produtor-cliente) e formao de

    conglomerados (quando as empresas envolvidas no possuem, em princpio,

    qualquer relao entre si).

    6.1 CONCENTRAO VERTICAL

    A concentrao vertical consiste na operao envolvendo agentes econmicos

    de uma mesma cadeia produtiva e seus canais de comercializao. Ela pode ser

    realizada para trs, quando a empresa adquirida for uma fornecedora de

  • matrias-prima, ou pode ser para frente, quando a empresa adquirida utilizar

    na sua produo os bens gerados pela adquirente.

    Diante disso, possvel indicar trs tipos de conseqncias que podem advir

    dessa espcie de concentrao: (i) gerao de dificuldades aos concorrentes de

    uma das empresas envolvidas na operao; (ii) criao ou intensificao das

    barreiras entrada de novos concorrentes; (iii) facilidade para a formao de

    conluio entre as empresas envolvidas.

    Para os adeptos da Escola de Chicago, somente haver problemas na

    concentrao entre fornecedor e comprador quando um deles detiver poder de

    mercado horizontalmente considerado, e quando houver barreiras substanciais

    entrada de novos concorrentes justamente os requisitos utilizados para

    identificar as concentraes horizontais.

    Finalmente, a concentrao vertical pode resultar no incentivo conduta

    conlusiva, geralmente sob a forma de cartel 64, e isso se d sob dois aspectos.

    Em primeiro lugar, esse estmulo est associado maior facilidade de controle

    da conduta de cada participante do cartel pelos demais integrantes, sobretudo

    na fase de distribuio do produto. Em segundo lugar, a concentrao vertical

    pode promover a eliminao de um comprador com poder de mercado (um

    monopsnio) suficiente para fazer frente ao poder dos vendedores.

    6.2 CONCENTRAO HORIZONTAL

    A concentrao horizontal consiste na integrao entre empresas que atuam no

    mesmo mercado relevante, ou cujos produtos sejam substitutos e concorrentes

    entre si (ou seja, no caso de aumento do preo de um deles, o outro seria a

    opo dos consumidores). 72 Em outras palavras, ser considerada uma

    concentrao horizontal aquela que envolva empresas que fabriquem ou

    comercializem o mesmo produto, ou empresas cujos produtos sejam tidos como

    substitutos um dos outros.

  • Em se tratando de uma forma de concentrao que resulta na retirada de um

    concorrente do mercado, temos essa espcie como a que pode oferecer maiores

    prejuzos livre concorrncia 73, o que atrai a ateno da autoridade antitruste

    para o controle das concentraes horizontais.

    A preocupao com esse tipo de concentrao diz respeito, basicamente, a trs

    possveis efeitos prejudiciais concorrncia 74: (i) em mercados oligopolizados,

    pode haver um aumento da possibilidade de as empresas no envolvidas no ato

    de concentrao adotarem um comportamento colusivo; (ii) formao de um

    agente em posio dominante, desestimulando a formao independente dos

    preos; e por fim (iii) em mercados menos desenvolvidos, pode levar um agente

    econmico posio de monopolista.

    6.3 CONCENTRAO CONGLOMERADA

    As concentraes conglomeradas so aquelas operaes no abrangidas pelos

    tipos vertical e horizontal, de modo que as empresas adquirente e adquirida

    desenvolvem suas atividades em mercados relevantes diferentes e no

    relacionados verticalmente.

    Pode ocorrer, ainda, que os bens produzidos pelas empresas em concentrao

    conglomerada no possuam qualquer relao entre si, originando os

    denominados conglomerados puros, que, todavia, no constituem objeto de

    preocupao da autoridade antitruste.

    Com relao eficincia gerada numa concentrao conglomerada, apesar de

    essa no ser to evidente como nas concentraes vertical e horizontal, pode-

    se afirmar que, em alguns casos, a formao de conglomerados pode reduzir

    alguns custos, repercutindo no aumento da sua eficincia. A condio de

    empresa conglomerada pode, pois, permitir a compra de maior volume de

    matria-prima por um preo inferior, bem como o maior aproveitamento na

    realizao de pesquisa e desenvolvimento.

    Ana Maria de Oliveira NUSDEO destaca dois possveis problemas que as

    concentraes conglomeradas podem trazer ao ambiente concorrencial: (i)

  • eliminao de concorrentes potenciais; (ii) adoo de prticas de discriminao

    das empresas no participantes do grupo.

    Inicialmente, em regimes de monoplio ou oligoplio, a possibilidade de

    exerccio de poder de mercado minimizada em razo da existncia de

    concorrncia em potencial, ou seja, agentes econmicos que no atuam no

    mercado relevante em questo, mas que podem ser atrados para esse mercado

    diante da alta lucratividade. V-se, ento, que a aquisio de um desses

    concorrentes em potencial eliminaria a presso sobre os agentes do mercado,

    deixando-os livres para exercer seu poder de mercado.

    CONSIDERAES FINAIS

    A concentrao econmica fenmeno que sustenta as bases do sistema

    capitalista, promovendo a inovao tecnolgica na produo de bens,

    aumentando a produtividade, reduzindo os custos de produo, o que permite

    s empresas ganhar poder para enfrentar a concorrncia internacional.

    Conforme foi analisado no presente trabalho, a concentrao de empresas traz

    consigo inmeros efeitos positivos ao mercado, ao consumidor e aos prprios

    agentes econmicos envolvidos na operao. O aumento de lucros

    proporcionados pela concentrao abre espao possibilidade de incremento

    da produo industrial, gerando melhorias nos produtos, aumento de empregos,

    diversificao da produo, entre outros. Mas para que esse lucro a mais seja

    realmente direcionado promoo desses benefcios, indispensvel que a

    estrutura do mercado oferea esse incentivo ao capitalista.

    Como visto, um dos efeitos negativos gerados por um mercado oligopolizado

    a maior tendncia adoo de condutas coordenadas, o que se deve

    proximidade entre os poucos e poderosos membros dessa estrutura, permitindo

    a troca de informaes sobre o mercado. Com isso, a reduzida concorrncia

    pode levar aplicao desse sobrelucro de forma desvirtuada do funcionamento

    ideal do mercado, aplicando-o exclusivamente em meios que visam apenas ao

    fortalecimento de uma posio de poder sem haver qualquer espcie de

    benefcio revertido aos consumidores.

  • Se por um lado vemos a concentrao econmica como mecanismo essencial

    para a evoluo do capitalismo, por outro vemos a possibilidade de essa

    concentrao gerar efeitos indesejados s relaes de mercado, subvertendo a

    sua finalidade benfica em um instrumento de dominao de mercados e at

    mesmo do poder poltico. Ora, o poder dos agentes econmicos pode ser dotado

    de tal magnitude a ponto de influenciar na atuao do ente governamental no

    sentido de benefici-lo.

    justamente sobre essa diversidade de efeitos do fenmeno concentracionista

    que reside a grande complexidade da anlise desses atos pela autoridade

    antitruste.

    Direito ignorava qualquer possibilidade de ela poder promover efeitos positivos

    nas relaes de mercado. Com a expanso da globalizao e a consequente

    evoluo da legislao antitruste, adota-se uma concepo mais flexvel, de

    modo que o direito passa a admitir a possibilidade de a concentrao gerar

    benefcios. A concentrao, muitas das vezes, representa o nico meio

    disponvel ao agente econmico para implementar a sua produo, ou mesmo

    de manter o funcionamento da empresa diante de uma crise.

    Assim, autoridade antitruste cumpre analisar esses dois lados da concentrao

    econmica, e isso feito mediante elementos definidos em lei.