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#06 MAIO/JUNHO 2013 CONCEITUAL (im)perfeitos

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CAPA A dualidade perfeição/imperfeição é o tema da sexta edição da revista ABD Conceitual. Arte da capa: André Poli.

*

Publishers André Poli e Roberta Queiroz

Consultoria Editorial Eduardo Logullo | Marcos Guinoza

Conselho Editorial Renata Amaral, Carolina Szabó, Jéthero Cardoso,

Roberto Negrete e Alex Lipszyc

Diretora Executiva ABD Maria Cecília Giacaglia

Colaboradores Jéthero Cardoso, Luciana Diniz, Marcella Aquila,

Roberto Negrete e Vitor Penha

Diretor de Arte Eduardo Lima

Editor de Fotografia Renato Elkis

Jornalista Responsável Marcos Guinoza MTB 31683

Revisão Luciana Sanches

Pesquisa de Imagens Ricardo Braga

Publicidade

Para anunciar [email protected]

VELVET EDITORA LTDA 11 3082 4275

www.velveteditora.com.br

ABD Associação Brasileira de Designers de Interiores

www.abd.org.br

TRIÊNIO 2013/2015

Presidência: Renata Duarte Amaral

Vice-presidência: Marcia Regina de Souza Kalil, Ricardo Caminada,

Bianka Mugnatto, Jéthero Cardoso Miranda e Renata Duarte

Conselho Deliberativo - Membros Efetivos: Carolina Szabó (SP), Carlos

Alexandre Dumont (MG), Paula Neder de Lima (RJ), Francesca Alzati (SP),

Silvana Carminati (SP), Mauricio Peres Queiroz dos Santos (SP), Luiz Saldanha

Marinho Filho (RJ), Alexander Jonathan Lipszyc (SP), Renata Maria Florenzano (SP),

Jaqueline Miranda Frauches (MG), Rosangela Larcipretti (SP), Jocelen Aparecida

Bergamo (SP), Flavia Nogueira da Gama Chueire (RJ), Lucy Amicón (SP) e

Elisa Gontijo (SP). Conselho Deliberativo - Suplentes: Nicolau da Silva

Nasser (SP) e Paula Almeida (SP). Conselho Fiscal - Membros Efetivos:

Fabianne Nodari Brandalise (PR), Catia Maria Bacellar (BA), Maria Fernanda Pitti

(SP), Delma Morais Macedo (BA) e Maria Luiza Junqueira da Cunha (SP).

Conselho Fiscal - Suplente: Daniela Marim (SP). Consultor: William Bennett

Sugestões

[email protected]

MAIO/JUNHO 2013

CONCEITUAL#06

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade

dos autores e não refletem a opinião da revista. Selo

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Amigos,

O ano começou frenético. O trabalho segue intenso com a oitava edição do Conad (Congresso Nacional de Design de Interiores), que acontecerá na primeira semana de julho e será imperdível! Recorde de inscrições no Prêmio Novos Talentos 2013, o maior concurso em âmbito nacional voltado para os jovens designers de interiores.

Um contínuo e entusiasmado trabalho para estar cada vez mais perto de nosso associado tem a inovação do campo de atuação por meio da nova sede regional no Rio Grande do Sul e Distrito Federal, além da estruturação da sub-regional de Campinas.

A revista ABD Conceitual, que chega a sua sexta edição, tem como tema a dualidade perfeição/imperfeição.

Essa ideia surgiu depois que visitamos a surpreendente Istanbul Design Biennial, evento que propôs a imprecisão, a transitoriedade, a contradição, a impermanência, o imper-feito como assunto principal das centenas de mostras que movimentaram a maior cidade da Turquia durante nove semanas. Os detalhes desse evento impressionante estão na reportagem que abre a revista, assinada por Eduardo Logullo.

A imperfeição também é tendência no design de interiores. Nada de decoração perfeita. As pessoas querem ambientes que reflitam sua personalidade, que tenham sua cara. Vamos encontrar essa imperfeição no trabalho de quatro artistas convidados – não deixe de ler!

Em entrevista exclusiva para ABD Conceitual, o arquiteto israelense Nir Sivan explica a Onda Carioca, projeto que desenvolve para um shopping de decoração no Rio de Janeiro. Em outra reportagem, Marcella Aquila analisa os impactos que as impressoras 3D podem causar na arquitetura e no design.

A sempre transformadora tecnologia não podia ficar de fora. É o caso das routers – incríveis máquinas que realizam cortes a laser com precisão matemática e já provocam transformações sem precedentes na história do design.

Com esta edição, iniciamos mais um ciclo de temas com a proposta de levar a você – associado e parceiro da ABD – uma publicação que possa contribuir com o trabalho, e só aqui, trazer a “perfeição” para você.

Renata Amaral

Novo Ciclo

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008 IMPERFEIÇÃO: METASem móveis, objetos ou ambientes, a primeira Istanbul Design Biennialpropôs ideias para se compreender melhor o futuro

014 OLHAR AO REDORPara que o seu cérebro não se torne como uma casa com ares ultrapassados, acompanhe as mudanças que ocorrem no mundo

018 MARÉ ALTAO arquiteto israelense Nir Sivan fala sobre a Onda Carioca, projeto que desenvolve no Rio de Janeiro

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024 IMPRESSÕES TRIDIMENSIONAISA revolução das impressoras 3D no design e na arquitetura. Em Amsterdã, uma casa é construída com essa tecnologia

028 PRECISÃO MATEMÁTICANovas e surpreendentes máquinas de cortes a laser transformam ahistória do design

030 (IM)PERFEITOS4 artistas / 4 obras / 4 ideias de (im)perfeição

044 A SEGUNDA PELEUma reflexão sobre as novas formas tecnológicas de produção. Por Luciana Diniz

046 MACHINE HEADPaul Frankl, o defensor do industrialismo no design de interiores. Por Roberto Negrete

048 AGORA É PRA VALERProjeto de regulamentação do designer de interiores tramita no Congresso Nacional. Por Jéthero Cardoso

050 UM MÓVEL VELHO A vida não é perfeita. E a aceitação dessa verdade é o primeiro passo para a liberdade. Por Vitor Penha

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 201306

Trabalho da arquiteta turca Ebru Salah. Em Urban Costume ela discute impactos na estrutura histórica de Istambul e estabelece analogias entre intervenções urbanas e costura tradicional. A política trata as cidades como “vestes que permitem emendas” e a a proposta de Unfold (à dir.) imagina um futuro digital tão abrangente que recursos tecnológicos seriam utilizados até por vendedores de ruas: poderemos comprar sorvete enquanto um objeto é escaneado, modificado e reproduzido na escala desejada

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METAO vanguardismo da primeira Istanbul Design Biennial

TEXTO EDUARDO LOGULLO

IMPER-FEIÇÃO:

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 201308

O QUE SE PODERIA esperar de uma bienal de design? Móveis, objetos, ambientes, projetos? A audácia conceitual da primeira Istanbul Design Biennial foi exatamente não apresentar nada do esperado, nada do senso comum, nada da obviedade que norteia eventos desse porte. Não havia sequer uma cadeira ou xícara.

Tudo resvalava em certa estranheza, a começar pela escolha do tema: Imperfeição. Os curadores da mostra, por acreditar que a natureza humana prefere manter distância do “novo” e da criação de invenções, optaram por oferecer densidade conceitual a partir de perspectivas que integrassem urbanidade e cultura.

Havia ainda fatores relevantes na atual sociedade turca: dos 76 milhões de habitantes do país, 19 milhões vivem em Istambul e nos arredores dessa cidade com três mil anos de história. Outros dados apontam que, hoje, a Turquia registra por ano cerca de 2 mil patentes de novas invenções; 100 mil pessoas trabalham em profissões de criação, em câmaras de comércio, associações, publicidade

Eventos paralelos de moda (a Turquia é o terceiro produtor mundial de roupas) questionaram práticas poluentes e excesso de “estilismos”

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e institutos do governo. Estima-se que 10 mil empresários invistam em produtos de design industrial, design gráfico e arquitetura de interiores, enquanto são registrados pela Union of Chambers quase 45 mil arquitetos, 3.419 designers industriais e 935 designers gráficos.

O planejamento e a preparação da primeira Istanbul Design Biennial levaram três anos. Profissionais, público e administradores foram consultados com esta pergunta: “Por que preci-samos de uma bienal de design?”. Dez campos de ação foram avaliados (arquitetura, design urbano, moda, design industrial, design gráfico, mídia interativa etc.), mais uma centena de categorias menores. Descobriu-se que o design hoje está presente em quase todos os aspectos da vida, sendo um elemento que pode melhorar a qualidade de vida e criar soluções inovadoras na educação, saúde e em serviços sociais. Torna-se necessário apenas observar, buscar conhecimento e agregar valor.

A proposta do evento ofereceu temáticas livres aos participantes, que enviaram 236 pro-jetos da Turquia e 514 projetos de outros países.

Erros do consumismo foram os principais temas da divisão Adhocracy, proposta mais

radical que integrava a Istanbul Design Biennial. Abaixo, o cartaz da mostra

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 2013010

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Os curadores selecionaram 102 projetos, mais 300 mostras paralelas de designers locais. Os objetivos foram trazer novas ideias e sugestões, surpreender o público e ir além de acabamentos meramente estéticos. As mostras precisavam motivar as pessoas, inspirar curiosidade, trazer questionamentos, oferecendo realizações inco-muns, inéditas e com visões críticas.

A bienal se dividiu em duas imensas exibições: Adhocracy (neologismo que significaria algo como “divulgar ideias antagônicas e em permanente mudança” do design contemporâneo) e Musibet (visão crítica e, ao mesmo tempo, otimista dos movimentos contraditórios que mobilizam as grandes cidades). Durante as nove semanas do evento, centenas de mostras permitiram observar diversidades de ideias, protótipos e investimentos em design urbano, arquitetura, tecnologia, moda, design industrial, manufaturas, ao lado de palestras, filmes, seminários e performances.

E por que Imperfeição?O tema da bienal foi explicado como o termo que

melhor definiria Istambul, com suas contradições urbanas de cidade construída sobre cinco camadas arqueológicas de outras cidades, do desafio permanente de manter a vitalidade cultural e enfrentar desafios futuros. Imperfeição é o novo olhar sobre ideias antigas, a partir do conceito japonês wabi: impermanência e transitoriedade. Seria também um modo de acreditar nas utopias e buscar inspiração para trabalhar na confusão da vida cotidiana. Afinal, a geometria pura não deve ser a única linguagem formal, nem a simetria a única opção. Na imprecisão podem estar muitas possibilidades de repensar os métodos de produção em massa, trazendo a cada objeto o carisma de “único”, para, assim, abrandar o industrial.

Para saber mais: istanbuldesignbiennial.iksv.org

IMPERFEIÇÃO é o NOVO

OLHAR sobre ideias antigas

Uma das salas explicava São Paulo em relação

a outras metrópoles globalizadas (Mumbai,

Lagos, Roterdã), que também tiveram salas

especiais. Na página ao lado, trabalho do belga

Xavier Delory, que exibiu imagens surreais que

exploram a “paisagem mutante do homem

contemporâneo”

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ILUSTRAÇÃO ANDRÉ POLI

ABD CONCEITUAL MAI/JUN 2013012

O que era bacana ontem pode não ser hoje. O tempo passa e novas tendências surgem a todo momento.

A saída é não se acomodar jamais

Olhar ao redor

TEXTO MARCOS GUINOZA

EM UM DOS CAPÍTULOS do livro O Guia do Caçador de Tendências (Editora Gente, 2010), Magnus Lindkvist escreve sobre a casa da avó, que mora em um subúrbio de Estocolmo, para mostrar que, de vez em quando, de-vemos olhar ao redor para que nosso cérebro não congele e não se torne a casa de uma pessoa idosa.

Leia trecho:

“Minha avó vive sozinha em um subúrbio de Estocolmo. Quando a visito – o que não ocorre tão frequentemente como deveria – costumo pensar como o estilo daquela casa é antigo, desde o design em cores escuras até o mobiliário. Isso, aliás, é algo que costu-mava temer quando era mais jovem. Quando o ‘gosto pelo mais antigo’ se estabelece? De algum modo eu imaginava em qual idade todos os equipamentos interessantes e os belos móveis que eu possuía seriam substituídos pelos itens obsoletos que ocupavam o apartamento de minha avó. Agora percebo que a casa de minha avó representa perfei-tamente o mundo real da mente humana. Quando crescemos nossa mente é fluida e aberta para novos aprendizados e impressões, contudo, lentamente, ao longo do tempo, ela se congela e nos acomodamos em nossos caminhos e perspectivas. Algumas visões e valores até mesmo se cristalizam em dogmas. Como a maioria das pessoas, minha avó desenvolveu seu gosto estético e comprou grande parte de seus móveis antes de com-pletar 50 anos. As coisas que lotam sua casa estavam na moda quando ela as comprou. Ela está tão in como sempre esteve, mas o tempo passou e a moda seguiu em frente. O mesmo provavelmente acontecerá comigo. Quando eu chegar aos meus 80 anos, meu mobiliário minimalista e de design escandinavo, o qual considero ‘eterno’, será visto como uma montanha de velharias obsoletas pertencentes a uma pessoa idosa. O mesmo ocor-rerá com meu gosto em termos de música e filmes, assim como em relação à maioria de meus pontos de vista e opiniões. Se você não parar e olhar ao redor de vez em quando, seu cérebro se tornará igual ao apartamento de uma pessoa idosa.”

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 2013014

As pessoas querem “PERFEIÇÃO imperfeita”, em que o ambiente REFLITA

a personalidade do morador

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É isso. Quem deseja estar atualizado, precisa acompanhar as mudanças. Afinal, o tempo passa, os comportamentos e as maneiras de pensar avançam, e o que era bacana ontem pode não ser mais hoje ou na semana que vem. E isso acontece em relação a tudo que nos envolve – inclusive no nosso jeito de morar.

A casa virou “refúgio”, espaço pessoal e inviolável onde podemos nos proteger das chatices do mundo. Mas qual casa queremos? Qual jeito de morar as pessoas buscam?

Existem empresas com profissionais treinados para perceber as transformações que estão ocorrendo em diferentes sociedades e prospectar novidades para o futuro próximo. Líder mundial nesse segmento, a WGSN criou até uma divisão exclusiva para o lar a fim de detectar tendências em design, mobiliário e decoração. E quais são essas tendências?

Vamos lá:

1 Nada de decoração perfeita. As pessoas querem “perfeição imperfeita”, em que

o ambiente reflita a personalidade do morador, que tenha a sua cara, e isso significa “tudo junto e misturado”: peças artesanais com industriais, vintage com contemporâneas e por aí vai.

2 A casa precisa ser confortável e convidativa, com objetos agradáveis ao toque.

3 Tecnologia acoplada às peças da decoração, como as geladeiras que informam quando

o leite vai acabar.

4 Valorização da cultura e do conteúdo locais.

5 Decoração futurista, inspirada na ciência e na ficção científica.

6 Estética industrial, em que o digital en-contra o analógico e materiais naturais são

combinados com ferro e metal.

São tendências. Podem ou não vingar. Mas se não forem essas, serão outras, porque o mundo é um lugar em constante movimento – e novos modos de se comportar, pensar, comer, vestir, morar surgem a todo momento. Somos nós que, muitas vezes, demoramos demais a perceber essas mudanças.

homebuildlife.wgsn.com

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 2013016

Autor de uma área de circulação de pedestres e carros que faz parte do projeto de expansão do

CasaShopping, no Rio de Janeiro, o arquiteto israelense Nir Sivan fala com exclusividade para a ABD

Conceitual sobre essa obra em construção e seu modo de conceber arquitetura

TEXTO MARCELLA AQUILA

Maré Alta

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ÀS VÉSPERAS de grandes eventos mundiais, o Rio recebe volumosos investimentos dos setores público e privado. Para suprir as novas demandas de consumo de uma cidade cuja vocação para o encontro e o turismo se intensifica e aprofunda, uma maré alta de aportes financeiros atinge, sobretudo, a área da Barra da Tijuca. Dentro desse processo, a arquitetura é cada vez mais solicitada como forma de diferenciar os espaços edificados e, logo, atrair público.

Nesse sentido, alguns arquitetos internacio-nais de renome têm sido convidados para desenvolver projetos na cidade, como Christian de Portzamparc e Santiago Calatrava. Na Barra da Tijuca, mais um nome internacional tem, literalmente, causado onda. Trata-se do arquiteto israelense Nir Sivan. Convidado pelo CasaShopping, ele irá construir uma cobertura designada como Onda Carioca.

A Onda Carioca faz parte do projeto de expansão do CasaShopping, que terá a área construída ampliada de 38 mil m² para 65 mil m². O programa do projeto inclui a cobertura de Nir Sivan, quatro blocos de lojas de decoração, conveniência, áreas corporativas, além do aproveitamento das coberturas com restaurantes panorâmicos e um heliponto. Mas a grande atração fica mesmo por conta da Onda Carioca, que cobrirá uma

área de circulação de pedestres e carros de aproximadamente 1.130 m². A forma marítima terá a estrutura toda executada em aço – projeto da Seele, comumente conhecida pela complexidade das estruturas que desenvolve, entre elas, o cubo de vidro da Apple em Nova York – e vidro com alto índice de transparência. Será uma malha triangular formada por nós usinados e vigas soldadas, em geral parafusadas, que utilizará em torno de 110 toneladas de aço-carbono pintado. Quanto às dimensões, são 52 m de comprimento, 24 m de largura e 14 m de altura, sendo apenas 11 pontos de apoio no solo e grande parte da estrutura em balanço para os dois lados.

Sobre a Onda Carioca, sua relação com a paisagem natural e construída do Rio de Janeiro, e também um pouco mais sobre a própria formação e o modo de conceber arquitetura, conversamos com Nir Sivan. Leia a entrevista.

ABD Conceitual – Por que a opção pelo desenho-arquitetura? Conte-nos um pouco da sua trajetória.

Nir Sivan – Arquitetura tem a ver com o que você faz dela, com o que você quer que ela se torne e o que você cria a partir disso. O pensamento, a composição e a invenção sempre me guiaram e, enquanto estive pintando,

Onda Carioca: obra faz parte do projeto

de expansão do CasaShopping, no Rio

de Janeiro, e cobre uma área de circulação

de pedestres e carros de 1.130 m². A forma

marítima tem estrutura executada em aço e

vidro com alto índice de transparência

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 2013018

esculpindo e desenhando, utilizei minha cabeça e minhas mãos. Esse processo é o que me interessa. Aos 15 anos, entrei em uma escola pública perto de Tel-Aviv que, por acaso, oferecia arquitetura como parte do programa. Foi aí que descobri os meios pelos quais poderia me expressar, demonstrar meu modo de ver a vida, minha individualidade e, ao mesmo tempo, adicionar algo ao meu entorno. Foi quando comecei a acreditar que criar é a essência de existir.

ABD Conceitual – Sendo de origem israelense e com escritório que opera a partir de Roma, de que maneira crescer e viver rodeado por signos em-blemáticos influencia (ou não) seus projetos? Esses signos influenciam seus projetos?

NS – Gosto da ideia de utilizar recur-sos naturais como matérias-primas para a construção. Por esse motivo, sinto-me atraído pelos aspectos arqueológicos dos monumentos históricos – a evolução e emancipação de suas criações – assim como pelas origens geológicas de seus componentes. De fato, esse foi um dos motivos primordiais que me fez vir a Roma. Olhar para uma face de pedra que foi esculpida à mão talvez há cinco mil anos, o local onde a pedra se formou há milhares de anos e continuar existindo

e seguir emocionando as pessoas, é fascinante. Observar um afresco de algumas centenas de anos e perceber a mão que moveu e distribuiu a cor na superfície é sensacional.

ABD Conceitual – Com relação à Onda Carioca, é comum, nos artigos publicados sobre essa obra, a caracterização daquela forma como “orgânica”, ou mesmo a aproximação da sua arquitetura com aquela de par-tido organicista – ideia formulada e desenvolvida por Frank Lloyd Wright. A arquitetura orgânica de Wright é uma referência para você?

NS – “Arquitetura orgânica”, hoje, geralmente se remete mais às percep-ções da forma exterior final de um edifício ou sua relação com o contexto em que está inserido do que diz respeito àquela essência de seus princípios. A maneira como é entendida ou apreciada é limi-tada. Na Casa das Cascatas, de Wright, muitas pessoas tomam conhecimento e experimentam apenas esses aspectos exteriores, perdendo de vista a filosofia orgânica que fundamenta o edifício como um todo. É essencial para a minha filosofia, quando inicio uma nova criação, desenvolver e estabelecer desde o começo do processo um “conceito” preciso do que estou prestes a construir

– um princípio a partir do qual todos os desenvolvimentos posteriores irão nascer. Todos os elementos do edifício devem ser coerentes com esse conceito, para criar um sistema, uma harmonia, uma ideia, e para formar o que chamo de arquitetura “artisticamente correta”, em que todos os participantes e partes operantes tenham um sentido claro. Eles não são arbitrariamente colocados ou casualmente criados. Acredito que essa é a raiz de uma “abordagem orgânica”. Lembro de Niemeyer falando, durante uma entrevista, sobre o fato de que ele só sabia que um projeto realmente funcionava quando ele mesmo podia facilmente contar sua história. Percebo a mesma coisa quando maturo o conceito de uma nova cria-ção. Muitos projetos contemporâneos pretendem ser orgânicos. Entretanto, suas superfícies duplas e curvas são preponderantemente criadas por um algoritmo em algum software, com pouco controle pessoal. Olhando para essas obras com mais atenção, elas revelam que essa abordagem foi interrompida em algum momento do percurso, quando a superfície precisava se “unir” ou ser “sustentada” e nenhuma solução foi encontrada a não ser “fixar” ou “pousar” em algum elemento, como colunas de aço que não são nem

Casa projetada por Nir Sivan em Herzliya, Israel (2010)

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orgânicas nem naturais, ou até pior, simplesmente “grudá-las” ao resto do projeto de uma maneira que não tem nada a ver com a linguagem do projeto e resulta em uma completa falta de harmonia ou equilíbrio do todo. Eu tento criar, controlar e proporcionar um objeto que precisa refletir todos os aspectos que contribuíram para a composição da sua ideia. É por isso também que eu prefiro oferecer aos meus clientes um serviço de “design e construção”, em que não apenas desenho, mas também supervisiono a construção, a concepção da engenharia, selecionada por mim para o projeto específico, a fabricação, a montagem, e assim por diante, para assegurar que as minhas intenções de desenho estejam coesas e mantenham essa unidade ao longo de todo o processo.

ABD Conceitual – O uso do aço e da tecno-logia de ponta aplicada ao processamento desse material é também um destaque na Onda Carioca. Nós sabemos que a arquitetura mantém uma profunda relação com os materiais e com a tecnologia disponível em cada época. Hoje, a tecnologia abriu um campo bastante amplo e quase irrestrito no sentido formal. Essas possibilidades são um estímulo para o seu trabalho?

NS – Lembro da minha primeira aula na universidade. O professor entrou na sala e declarou: “Arquitetura é observar e repropor, tudo já foi inventado”. Fechei meu caderno, sabendo que não era assim que via a arquitetura e a vida. Felizmente, outros professores eram diferentes. O uso do aço como conhecemos hoje tem uma trajetória de muitos anos, ao mesmo tempo que se desenvolveram os estudos em dinâmica/estática, modelagem geométrica e outros avanços em tecnologia. Hoje, todos esses recursos guiam a minha criação de formas e, mais importante, me dão a possibilidade de dominar e controlar meus objetos na medida em que os crio. Para que se possa dominar é preciso mais do que

Projeto para o novo edifício do Arquivo

Nacional de Israel, em Jerusalém (2012)

instrumentos; precisamos entender e saber como operá-los. Apenas após longos estudos, em conjunto com meus engenheiros, atingi um ponto em que tiro proveito desses instrumentos no sentido de expandir a minha criatividade. Além do uso dos materiais, invisto na exploração e no desenvolvimento de métodos de trabalho. Combino as ferramentas da informática de várias disciplinas, como as da indústria automotiva, com outras do campo da escultura, para suprir minha necessidade de dirigir as geometrias. Tudo isso acima está manifesto na Onda Carioca, que é considerada a primeira arquitetura de forma livre da América do Sul. Também acredito na coerência entre a intenção desse desenho e a sua forma atual, que ultrapassa qualquer outra em termos do desempenho estático com a ausência de colunas ou qualquer fixação lateral, e é única mesmo fora da América do Sul.

ABD Conceitual – A nossa época vive um processo de profundas transformações nas relações, sejam de trabalho ou no modo de habitar, e mesmo nas demandas de uso dos espaços públicos. Como você processa essas transformações na arquitetura?

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ABD CONCEITUAL MAI/JUN 2013020

NS – Algumas pessoas pensam que o fato de que sejamos tão apegados aos nossos dispositivos eletrônicos para nos comunicar, em vez de falar cara a cara uns com os outros, cria uma sociedade menos amistosa e sociável. Contudo, acredito que essa opinião seja equivocada, uma vez que não se atenta para a quantidade de informações que são trocadas. Um dos desenvolvimentos mais significativos nos últimos anos, em minha opinião, é o da possibilidade e do poder do compartilhamento. Compartilhar habilita a rápida formação de grupos e de opinião pública, além de os avanços nas tecnologias de informação transformarem os espaços públicos em extensões dos espaços privados. Os espaços públicos hoje experimentam um aumento no fluxo de pessoas, acessibilidade e interação. A transparência e a relação entre o interior e o exterior têm se tornado mais relevantes na medida em que nossa vida privada está continuamente sob olhos públicos. Hoje, as pessoas podem se encontrar e trocar informações mais facilmente e, por conta disso, estão se tornando mais conscientes e exigentes. Ao mesmo tempo, porém, é preciso pensar bem antes de seguir certas tendências. Por exemplo, na organização do espaço ou no uso de certos objetos, já que a tecnologia tem influenciado as pessoas a abrir mão de alguns de seus valores e conceitos prévios e estabelecer outros que tendem objetivar metas de curto e médio prazo e não serem válidos no futuro, levando-nos a operar de certa maneira ou criar elementos que logo se tornam obsoletos, têm baixa qualidade

ou têm um impacto negativo. Eu valorizo muito o que os arquitetos do Mayslits Kassif fizeram pelo porto de Tel-Aviv. Sua estratégia de design para os espaços públicos do porto proporcionaram uma nova plataforma de frente para o mar, convidando cada vez mais pessoas a circular em uma área antes abandonada, encorajando a interação sem interferir de maneira arbitrária na paisagem. Eles também usaram bons materiais, naturais e duráveis, perfeitamente compatíveis com a abordagem geral do projeto.

ABD Conceitual – Nos projetos apresenta-dos em seu site é notável a preocupação em relacionar os edifícios com o entorno – seja visualmente ou por meio de aberturas físicas ao exterior. Como você considera que o projeto da Onda Carioca dialoga com a paisagem construída do Rio de Janeiro?

NS – Conforme é apresentado em uma das páginas de abertura do site, nós nos “inspiramos no entorno” enquanto “pensamos sobre o futuro”. Os conceitos que desenvolvo nos primeiros momentos de uma criação, ao mesmo tempo que me encorajam, são guiados pelos estímulos. Eles são “inspirados por” e também inspiram. Por exemplo, a emoção que o Rio me causou com tanto amor instantaneamente me levou a criar. Pensar sobre o futuro envolve fundir o novo e o velho (imaginando a velha figura de uma montanha adormecida), mas também adicionando e criando valor para o ambiente circundante e a sociedade. A paisagem construída pode então ser considerada uma coisa só, em que os novos objetos refletem seu entorno, como parte de uma mesma linguagem ou uma linguagem similar, e se tornam parte integrante desse entorno. Ou permitem que a natureza penetre ou passe através deles, criando uma relação equilibrada. A Onda Carioca é uma escultura arquitetônica que considera esses dois aspectos, permitindo a fusão entre a ventilação natural sob ela e a luz natural através dela, de sua estrutura, enquanto segue e configura o movimento do mar. Esses aspectos refletem e transmitem essa ação poderosa, ainda com uma luz delicada, que é uma parte de sua peculiaridade, de sua personalidade. Outra característica importante do Rio e de sua paisagem construída é a calçada de pedra portuguesa. Esse piso tradicional, de estilo simples e comum, é

Com design de Massimiliano Fuksas, projeto para o Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Incheon, na Coreia do Sul (2011)

Page 21: CONCEITUAL - ABD · 2018. 5. 18. · Conselho Fiscal - Suplente: Daniela Marim (SP). Consultor: William Bennett Sugestões conteudo@abd.org.br MAIO/JUNHO 2013 CONCEITUAL #06 Os artigos

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simbólico da atmosfera e da vida cotidiana do carioca, como também é o padrão de onda das calçadas para a praia de Copacabana. A referência do meu projeto aqui se remete à composição das calçadas que começam na orla nordeste, formando uma cadeia de estilos diferentes por todo o caminho até a Barra da Tijuca. A Onda Carioca adiciona seu próprio desenho de calçada. As áreas adjacentes à cobertura são construídas com pedra natural, areia, concreto aparente e água para criar seu ambiente natural. Com relação ao entorno existente – o centro CasaShopping e a área de expansão na qual se situa – foi desenvolvido um estudo cuidadoso de organização/orientação de modo a criar a atmosfera mais adequada por meio do desenvolvimento e detalhamento do conceito comercial do conjunto.

ABD Conceitual – O tema desta edição da revista ABD Conceitual é a relação perfeito/imperfeito. Como você processa essa relação no seu trabalho?

NS – A inovação, que está presente em todos os meus trabalhos, nem sempre ocorre de maneira arbitrária. Pode começar como um ato empírico, mas só pode ser bem desenvolvida passando por um processo em várias etapas de análise para finalmente atingir o ponto de ser entendida. Este é o ponto em que o processo oferece uma ideia madura, um conceito, que poderá também originar uma teoria, ou mesmo uma ciência. Gosto de pensar o meu trabalho como forma de arte, principalmente como escultura e pintura, começando com um croqui todas as vezes que embarco em um novo projeto, o que me dá um melhor entendimento de um conceito prévio à sua

realização. Nessa fase inicial de estudos, deve-se ter menos limitações possíveis, para que se possa fluir para além e acima das restrições. Como consequência, alguns resultados podem ser considerados erros, uma vez que desafiam a realidade; contudo, tais “erros” devem ser revistos para que se possa estabelecer se eles poderão ou não levar a um novo entendimento e a um resultado inesperado – uma inovação – ou se será necessário voltar atrás, à mesa de desenhos. Outro aspecto do meu trabalho atual é o caminho bastante preciso e “artisticamente correto” sob o qual minhas formas se manifestam. Uma vez desenvolvida uma série de instrumentos que me permitam o maior controle das geometrias, e também a enorme inspiração que vem de outros campos da indústria, todas as minhas curvas e superfícies são geometricamente precisas, obtendo um resultado bastante significativo. Minhas superfícies são, como se referem no design automotivo, superfícies “classe A”. Não é incomum ouvir termos como “curvatura G3” e “tangência contínua” sendo ditos por mim e pela minha equipe – termos que, infelizmente, estão ausentes em muitos escritórios de arquitetura. A perfeição é apenas uma questão de opinião, mas gosto de poder dirigir todos os aspectos e, na maior parte das vezes, evitar aquelas semissombras acidentais que geralmente ocorrem em projetos cuja geometria não foi bem dirigida. Procuro ter esse controle por muitas razões, uma das quais é a minha preferência por uma sombra que esteticamente sublinhe e destaque minha obra, assim como acontece com o corpo de um carro novo ou, melhor ainda, com uma bela mulher.

nirsivan.com

Projeto para o Terminal 2

do Aeroporto Internacional

de Teerã Imam Khomeini, no Irã. Design de Massimiliano

Fuksas (2011)

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