conceitos de comunidade populações de espécies que ocorrem juntas no espaço e no tempo begon et...
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CONCEITOS DE “COMUNIDADE”
“Populações de espécies que ocorrem juntas no espaço e no tempo” Begon et al (2007)
“Grupos de espécies que interagem, ou têm potencial de interagir, com outras” (Strong et al 1984)
“Grupos de populações de plantas e animais vivendo em um determinado lugar; unidade ecológica utilizada em um sentido amplo a fim de incluir grupos de vários tamanhos e vários graus de interação” (Krebs 1985)
Destaque para interações!
Define grupos taxonômicos!
Destaque para local e período
O CONCEITO DE COMUNIDADES DEVERIA SE LIMITAR ÀS ESPÉCIES QUE INTERAGEM DE ALGUMA FORMA, OU
DEVERIA REPRESENTAR QUAISQUER CO-OCORRÊNCIAS (“ASSEMBLÉIA”)?
DEBATE 1
“COMUNIDADES” “ASSEMBLÉIAS”(“ASSEMBLAGE”)
X
Interações
Molles et al. 2005
Listas de espécies
Martini 2002
QUESTÕES ENVOLVIDAS NO DEBATE:
- IMPOSSÍVEL CONHECER TODAS AS INTERAÇÕES...
- EXISTE “NEUTRALISMO”?
- O QUE SIGNIFICAM LISTAS DE ESPÉCIES?
ANIMAIS – Mais fácil quantificar interações (exemplo: análises de conteúdo estomacal)
PLANTAS – Difícil quantificar interações (exceção: p. ex. análises de epífitas e forófitos - Talita)
DIFERENÇA EM ESTUDOS DE COMUNIDADES ANIMAIS E VEGETAIS
Fatores estocásticos importantes na sobrevivência ao invés de adaptações
ÚNICO CONSENSO: “Espécies ocorrendo em uma mesma área”
MAS QUAL O LIMITE DESSA “ÁREA” ?????Exemplo clássico são os lagos, mas...
DEBATE 2
COMUNIDADE FECHADA X COMUNIDADE ABERTA
Visão “ORGANÍSMICA”
Frederick Clements
Visão “INDIVIDUALÍSTICA”
Henry Gleason
De acordo com CLEMENTS (1916) – Visão Organísmica:
- Comunidade totalmente integrada, como um “organismo”
- Interdependência entre espécies
- Limites coincidentes das distribuições das espécies
- Limites nítidos da comunidade
- Filosofia holística
De acordo com GLEASON (1935) – Visão Individualística:
- Espécies ocorrem juntas “ao acaso”
- Independência dos limites de distribuição das espécies
- Difícil estabelecer limites para uma comunidade
- Filosofia reducionista
COMUNIDADES FECHADAS
COMUNIDADES ABERTAS
Gradiente ambiental
Ab
un
dân
cia
A
bu
nd
ân
cia
Ricklefs (2003)
COMUNIDADES FECHADAS
COMUNIDADES ABERTAS
Gradiente ambiental
Ab
un
dân
cia
A
bu
nd
ân
cia
CURVAS TEÓRICAS
Cada curva representa a abundância de uma espécie ao longo do gradiente
Ricklefs (2003)
DADOS REAIS – Whittaker (1960, 1965)
“Comunidades Abertas” são
observadas mais freqüentemente
Conceito de “CONTINUUM”
Ricklefs (2003)
ESPÉCIES SE DISTRIBUEM INDEPENDENTEMENTE
NO ESPAÇO ...
Distribuição geográfica de 12 espécies de árvores que ocorrem em associação no leste do Kentucky (USA)
Ricklefs (2003)
Distribuição geográfica de três espécies de árvores ao longo do Pleistoceno. Em cinza: geleiras. (Jacobson et al. 1987, adaptado por Ricklefs, 2003)
Espruce
Pinheiro
Carvalho
MILHARES DE ANOS ATRÁS
... E PODEM MUDAR AO LONGO DO TEMPO
ENTÃO, SE AS ESPÉCIES OCORREM DE FORMA TÃO INDEPENDENTE...
PORQUÊ ESTUDAR COMUNIDADES??
EXISTEM PROPRIEDADES CARACTERÍSTICAS DE COMUNIDADES??
COMO DEFINIR SEU OBJETO DE ESTUDO ??
ALGUMAS VISÕES RADICAIS:
“Comunidades não têm validade temporal, portanto, não têm validade ecológica” citado por Magurran (2004)
Não há evidência para um nível especial em um continuum espacial que nós possamos
denominar “comunidade” (Wilson e Chiarucci, 2000)
Mas não é bem assim.....
“PROPRIEDADES EMERGENTES” DAS COMUNIDADES
1 - RIQUEZA DE ESPÉCIES
(QUANTAS ESPÉCIES?)
Distribuicão do número de espécies de aves em diferentes regiões da América do Norte e América Central
Obs. O lado de cada quadrado equivale a 350 milhas (~805km)
Terborgh (1986)
“PROPRIEDADES EMERGENTES” DAS COMUNIDADES
3 - DOMINÂNCIA/ABUNDÂNCIAS RELATIVAS
(ALGUMA ESPÉCIE PREDOMINA?)
ÁREA QUEIMADA
1
10
100
1000
10000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Espécies
Lo
g N
º d
e s
em
en
tes
CpMm
So1
LcHs
Espécies dominantes na chuva de sementes em uma área queimada no sul da Bahia (Martini, 2002)
Cp = Cecropia pachystachya Mm = Miconia mirabilisSo1 = Solanaceae sp 1Hs = Henriettea succosaLc = Lepidaploa cotoneaster
P1=5P2=5
S1=12S2=12S3=12S4=12
M1=10M2=10M3=10M4=10
PIONEIRAS : 2 spp x 5 inds. = 10SECUNDÁRIAS : 4 spp x 12 inds. = 48MADURAS : 4 spp x 10 inds. = 40
FLORESTA NATURAL Sem perturbação
N = 98 indivíduosS = 10 espécies
P1=7
S1=15
M1=13
P2=7P3=7P4=7P5=7P6=7
S2=15
M2=13
PIONEIRAS : 6 spp x 7 inds. = 42SECUNDÁRIAS : 2 spp x 15 inds. = 30MADURAS : 2 spp x 13 inds. = 26
FLORESTA PERTURBADAEfeito sobre a
Composição florísticaN = 98 indivíduosS = 10 espécies
P2=5
S1=10
M1=8
N = 98 indivíduosS = 10 espécies
P1=5
S2=10S3=10
S4=26
M2=8M3=8M4=8
FLORESTA PERTURBADAEfeito sobre a
Abundância Relativa
PIONEIRAS : 2 spp x 5 inds. = 10SECUNDÁRIAS : 3 spp x 10 inds. = 30 1 spp x 26 inds. = 26MADURAS : 4 spp x 8 inds. = 32
“PROPRIEDADES EMERGENTES” DAS COMUNIDADES
4 - ARRANJO ESPACIAL DE ESPÉCIES
(COMO AS ESPÉCIES SE DISTRIBUEM NO ESPAÇO?)
Distribuição espacial de duas espécies dominantes em uma parcela de 10,24 ha de Cerradão no estado de São Paulo (Capretz, 2005)
“PROPRIEDADES EMERGENTES” DAS COMUNIDADES
5 - ORGANIZAÇÃO DE TEIAS TRÓFICAS
(COMO AS INTERAÇÕES ESTÃO ESTRUTURADAS?)
Paine (1966)
ECOLOGIA DE COMUNIDADES:
“Estudo de padrões na estrutura e no comportamento de assembléias de espécies” Begon et al (2007)
“Procura entender a maneira como agrupamentos de espécies são distribuídos na natureza e as formas pelas quais tais agrupamentos podem ser influenciados pelo ambiente abiótico e pelas interações entre as populações” (Begon et al. 2007)
“Visa entender os padrões e processos envolvendo grupos de espécies que coexistem em um dado local” (Lawton 2000)
“Estudo de padrões na estrutura e no comportamento de assembléias de espécies” Begon et al (2007)
“Procura entender a maneira como agrupamentos de espécies são distribuídos na natureza e as formas pelas quais tais agrupamentos podem ser influenciados pelo ambiente abiótico e pelas interações entre as populações” (Begon et al. 2007)
“Visa entender os padrões e processos envolvendo grupos de espécies que coexistem em um dado local” (Lawton 2000)
ECOLOGIA DE COMUNIDADES:
COMO SE FAZ NA PRÁTICA...
Seria possível estudar TODOS os organismos existentes e TODAS as interações entre eles???
Exemplo: Espécies encontradas sobre e dentro dos corpos de ratos da madeira (Apodemus sylvaticus), na Inglaterra (Elton, 1940)
SOBRE O CORPO DENTRO DO CORPO 12 espécies de ácaros 3 platelmintos 11 espécies de pulgas 3 nematelmintos 1 besouro 2 tênias 1 carrapato 2 flagelados 1 piolho 2 coccídeos 2 ácaros 2 ciliados 1 ameba 1 tripanossomo 1 espiroqueta
É virtualmente impossível estudar a comunidade toda!
Embora a maioria dos pesquisadores idealizem a comunidade como uma mistura rica em espécies de variados táxons, frequentemente simplificamos o
problema
3 ABORDAGENS PRINCIPAIS:
TAXONÔMICA ou FISIONÔMICA
TEIAS DE INTERAÇÕES
GUILDAS
TAXONÔMICA ou FISIONÔMICA
Determina um grupo taxonômico (Aves, Mamíferos, Insetos, etc) ou um grupo fisionômico, por exemplo, no
caso de plantas (árvores, lianas, herbáceas)
Delimita uma ÁREA, e faz um censo ou amostras
Método difere muito a depender do grupo estudadoAlguns exemplos a seguir:
30 m
100 mN
O E
S
Árvore mais próxima ao ponto central (> 5 cm dap)
Ponto central do quadrante
Distância da árvore ao ponto central
Método de ponto-quadrante para plantas (exemplo)
Método de armadilhas para répteis e anfíbios
Martha C Lange
Martha C Lange
Fotos do Projeto São Luiz do Paraitinga/Biota/FAPESP
Método de “play back” para anfíbios
Foto retirada do CD Corredor Central da Mata Atlântica (Prado et al 2003)
“Play back” também é usado para Aves
Foto retirada do site:www.aultimaarcadenoe.com.br/observando3.jpg
“Idéia” no Livro do Lawton (2000) : As “comunidades” são tipicamente muitas ordens de magnitude menores que os limites de distribuição geográfica dos organismos considerados, mas não
tão pequenas que contenham apenas poucos indivíduos da espécie dominante.
Como definir o TAMANHO da área ou das amostras???
Uma das questões mais difíceis de responder!
Dificuldade ligada com o próprio problema da delimitação de
comunidades
TEIAS DE INTERAÇÕES
Delimita um local e tenta compreender as interações entre os organismos existentes
Predominantemente estudos envolvendo animais
Interações em uma floresta tropical em El Verde, Porto Rico
Conceito de “Módulo da comunidade”: o estudo de uma pequena parte da teia trófica de uma comunidade (Lawton & Holt 1997)
Nesse caso, um módulo com enfoque nos vertebrados da comunidade
GUILDAS
Delimita um RECURSO e analisa todas as espécies que utilizam aquele recurso no local
Exemplo clássico: Estudos de John Lawton com Pteridium aquilinum em diferentes locais do mundo
CONJUNTO DE ESPÉCIES RELACIONADAS
EXPLORANDO OS MESMOS RECURSOS
GUILDASCOMUNIDADE
TAXA
“ENSEMBLES”
“ASSEMBLAGE”
GUILDAS LOCAIS
A
B C
A = GRUPO TAXONÔMICOB = LOCAL E TEMPOC = RECURSOS
TENTATIVA DE “ORGANIZAR” A TERMINOLOGIA USADA EM ECOLOGIA DE COMUNIDADES (Fauth et al., 1996)
QUESTÕES AINDA IMPORTANTES
Como delimitar uma comunidade?
Qual o tamanho/número adequado de amostras no caso de impossibilidade de realizar um censo?
Quais fatores são mais importantes na definição das espécies que compõem uma comunidade?
As comunidades estão saturadas de espécies?
Porquê as comunidades diferem em número de espécies?
LEMBRAR QUE A COMUNIDADE MUDA AO LONGO DO TEMPO...
DINÂMICA DE COMUNIDADES
IACOMPANHAMENTO DE PARÂMETROS DA COMUNIDADE
(Mortalidade, Recrutamento, Biomassa, Riqueza de espécies, etc) AO LONGO DO TEMPO
Área Basal de árvores mortas a cada ano em parcelas de 4 ha. A seta
indica a data de passagem de um furacão
Recrutamento de indivíduos a cada ano em parcelas de 4 ha. A seta indica
a data de passagem de um furacão
Harcombe et al. (2002)
DINÂMICA DE COMUNIDADES
III
PROCESSOS BIOGEOGRÁFICOS
Modificação da comunidade de mamíferos ungulados na América do Norte e do Sul após a união dos continentes
Ricklefs (2003)
ALGUMAS QUESTÕES PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS (Lawton, 2000)
Como as comunidades responderão às mudanças climáticas globais?
A simplificação das comunidades locais, em função das extinções seletivas terão conseqüências para os processos dos ecossistemas (como armazenamento ou ciclagem de nutrientes)?
Como a fragmentação de hábitats e a extinção regional de espécies influenciam os padrões e processos de comunidades locais?