comunidade açaizal do prata

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COMUNIDADE AÇAIZAL DO PRATA KM 72 APRESENTAÇÃO O presente texto tem como objetivo apresentar as principais observações obtidas através de pesquisa de campo realizada nas comunidades situadas no ramal do Km 72 da Rodovia Santarém-Cuiabá, BR 163, principalmente na Comunidade Açaizal, onde está situada a Escola Municipal Nossa Senhora das Graças (SEMED-Mojuí dos Campos). A visita às comunidades teve como principal objetivo sondar o cotidiano dos habitantes, nos âmbitos, econômicos, sociais, etc. A Escola Nossa Senhora das Graças é a única escola que contem turmas do 6º ao 9º e, por conseguinte, é a única escola dentro do ramal onde se tem o ensino de Inglês. Por ser a única escola que contempla o ensino fundamental I e II, é natural que os alunos que estudam nessa escola venham não só da comunidade do Açaizal, como também das outras comunidades que integram o ramal. Assim, fez-se necessário pesquisar os aspectos pesquisados não apenas na comunidade onde a escola está situada, e sim de todas as comunidades de onde os seus alunos se originam, sendo Fé Em Deus, São Raimundo, Açaizal (do Prata), Prata e Chaves. Notadamente, a maioria dos alunos que estudam na Escola Nossa Senhora das Graças moram nas comunidades do São Raimundo, Açaizal e Prata; sendo que não existem alunos oriundo da comunidade Fé Em Deus, nem da Comunidade Chaves. As comunidades Chaves e Fé em Deus, não representam grandes números no que se refere à habitantes atualmente como representou até o início dos anos 2000, quando muito de seus habitantes venderam suas terras para grandes produtores de soja e fazendeiros de gado. QUESTÕES GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS A maior parte dos habitantes das comunidades do ramal do 72 são oriundos de povos do Nordeste, especificamente dos estados do Ceará e do Maranhão. O ramal do 72 desemboca na BR 163 Rodovia Santarém Cuiabá, e ao sudoeste e ao nordeste na PA 433 Rodovia Santarém Jabuti.

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Relatório de Pesquisa

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Page 1: Comunidade Açaizal Do Prata

COMUNIDADE AÇAIZAL DO PRATA KM 72

APRESENTAÇÃO

O presente texto tem como objetivo apresentar as principais observações obtidas através de pesquisa de campo realizada nas comunidades situadas no ramal do Km 72 da Rodovia Santarém-Cuiabá, BR 163, principalmente na Comunidade Açaizal, onde está situada a Escola Municipal Nossa Senhora das Graças (SEMED-Mojuí dos Campos). A visita às comunidades teve como principal objetivo sondar o cotidiano dos habitantes, nos âmbitos, econômicos, sociais, etc. A Escola Nossa Senhora das Graças é a única escola que contem turmas do 6º ao 9º e, por conseguinte, é a única escola dentro do ramal onde se tem o ensino de Inglês. Por ser a única escola que contempla o ensino fundamental I e II, é natural que os alunos que estudam nessa escola venham não só da comunidade do Açaizal, como também das outras comunidades que integram o ramal. Assim, fez-se necessário pesquisar os aspectos pesquisados não apenas na comunidade onde a escola está situada, e sim de todas as comunidades de onde os seus alunos se originam, sendo Fé Em Deus, São Raimundo, Açaizal (do Prata), Prata e Chaves. Notadamente, a maioria dos alunos que estudam na Escola Nossa Senhora das Graças moram nas comunidades do São Raimundo, Açaizal e Prata; sendo que não existem alunos oriundo da comunidade Fé Em Deus, nem da Comunidade Chaves. As comunidades Chaves e Fé em Deus, não representam grandes números no que se refere à habitantes atualmente como representou até o início dos anos 2000, quando muito de seus habitantes venderam suas terras para grandes produtores de soja e fazendeiros de gado.

QUESTÕES GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS

A maior parte dos habitantes das comunidades do ramal do 72 são oriundos de povos do Nordeste, especificamente dos estados do Ceará e do Maranhão. O ramal do 72 desemboca na BR 163 Rodovia Santarém Cuiabá, e ao sudoeste e ao nordeste na PA 433 Rodovia Santarém Jabuti.

Imagem editada sobre screenshots do Google Maps.

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BREVE HISTÓRICO

De acordo com alguns habitantes das comunidades que se estabeleceram ao longo do ramal do KM 72, o ramal e as principais comunidades já existem desde pelo menos o início da década de 80. No início a dificuldade era enorme, mal podiam adquirir cavalo para ajudar no arar das terras para a plantação. A rotina de trabalho na roça envolvia a família inteira desde o madrugar até o cair da noite. O transporte não era diário para a cidade de Santarém e ainda eram feitos por caminhões pau-de-arara, como representados pelos desenhos abaixo.

Bico de Jato (acima) e Amarelão (abaixo). Os desenhos representam os últimos pau-de-araras reais utilizados no transporte de carga e passageiros para a cidade de Santarém, antes de sua substituição por ônibus.

As estradas não tinham qualidade fazendo com que durante o inverno muitas vezes os pau-de-araras ficassem atolados prejudicando o transporte dos produtos e passageiros para Santarém.

Como não havia energia, a iluminação era feita por lamparinas à querosene. A lavagem de roupas era realizada à mão nos igarapés que correm nos fundos dos terrenos de alguns comunitários. Dessa, maneira os igarapés constituam o grande lazer dos moradores nos finais de semana. Em relação à escola, a única escola que existia ficava situada no final da comunidade do Prata na estrada Santarém-Jabuti. Os estudantes iam ou de bicicleta ou de carroça para a escola. Ainda na década de 90 algumas famílias passaram a ter televisão que era alimentada por meio de baterias, assim como os rádios para ouvir a frequência AM.

No início dos anos 2000, as primeiras modificações iniciaram com a chegada de um motor a diesel que fornecia luz somente das 18 às 22 horas para algumas famílias residentes na comunidade São Raimundo. Em 2003 foi inaugurada uma barragem que fornecia luz para 50 famílias na comunidade São Raimundo e atualmente fornece para mais de 100 famílias aproximadamente, ao longo das comunidades do Ramal. Com a chegada da luz elétrica, os moradores puderam melhorar a qualidade de vida e de sua produção através de montagem de cooperativas, e ainda com o ingresso dos produtores

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em programas federais de incentivo à produção rural as coisas tem melhorados cada vez mais. Hoje motocicletas são objetos de desejo dos adolescentes, que em alguns casos desde 5 anos já pilotam motocicletas pequenas.

QUESTÕES SOCIAIS

Hoje em dia não há mais famílias habitando a comunidade de Fé Em Deus, restando apenas fazendas de soja e criação de gado. Com a chegada da energia em 2003, a qualidade de vida dos moradores melhorou consideravelmente. Os moradores em sua maioria possuem celulares, televisores nos últimos lançamentos. Com a melhoria na qualidade de vida e o aumento no potencial produtivo das comunidades, os moradores passaram a poder adquirir, além de eletrodomésticos, motocicletas e carros, sendo que a facilidade de pagamento oferecida aos moradores e a inexistência de fiscalização constante, contribui para que até mesmo os adolescentes possuam motocicletas.

QUESTÕES ADMINISTRATIVAS

Administrativamente o ramal do Km 72 se divide em cinco comunidades: Fé em Deus, São Raimundo, Açaizal, Prata e Chaves.

O ramal do Km 72 desemboca ao sul na BR 163 – Rodovia Santarém-Cuiabá, à altura do Km 72 e ao norte na PA 433 – Rodovia Santarém-Jabuti. Existe ainda alguns desvios no ramal. Um à altura da comunidade Fé em Deus que vai para uma outra comunidade Chamada Bom Sossego que atinge a BR 163 no Km 76 e outro no início da comunidade São Raimundo que tem vai para uma comunidade chamada São José (Comunidade onde os jovens gostam de ir para festas e beber) que atinge a BR 163 à altura do Km 60.

Ao longo do ramal do Km 72 as comunidades se distribuem da seguinte maneira, da BR 163 em direção à PA 433: Comunidade Fé em Deus, Comunidade São Raimundo, Comunidade Açaizal, Comunidade Prata e Comunidade Chaves. As comunidades do Fé em Deus e Chaves atualmente quase não se tem mais moradores devido às suas terras hoje em sua maioria serem pertencentes a produtores de soja e grandes fazendeiros vindo do Mato Grosso e mais ao sul.

Cada comunidade possuem um representante, porém só existem encontro para tratarem de questões que envolvem energia, quando a barragem construída pelos habitantes dá problema etc., para tratarem questões de saúde (quando as vezes eles conseguem fazer com que algum médico os atendam in loco, e ainda para tratarem de questões que envolvam as cooperativas criadas pelos habitantes das comunidades.

As comunidades do ramal do Km 72 hoje se estão subordinadas administrativamente da seguinte maneira:

Questões eleitorais: Desde a criação do município de Belterra todas as comunidades passaram a exercer suas obrigações eleitorais neste município.

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Questões de assistência médica: Os atendimentos de baixa complexidade são atendidos no munícipio de Belterra, enquanto os procedimentos de média e alta complexidade são atendidos pelo município de Santarém.

Questões educacionais: As series iniciais, ainda tem sido responsabilidade administrativa e financeira da SEMED-Santarém. O ensino fundamental tem sido de responsabilidade tanto administrativa e financeira do município de Mojui dos Campos. O ensino médio técnico tem responsabilidade administrativa de Belterra, porém os professores são responsabilidade administrativa e financeira de Mojuí dos Campos.

QUESTÕES ECONÔMICAS

Apesar de, administrativamente, as comunidades que compõem o ramal do 72 pertençam a cidade de Belterra, todas as relações econômicas são realizadas com o município de Santarém, pois antes de serem formados os municípios de Belterra e Mojuí dos Campos, todos estes territórios faziam parte da área rural do município de Santarém. Outra resposta para a manutenção das relações comercial serem tratadas em Santarém é o fato de que os municípios de Belterra e Mojuí dos Campos não tem força econômica suficiente para que seja vantajoso para os produtores do ramal do Km 72 passassem a se relacionar economicamente com estes municípios.

A principal produção dos produtores tem sido ao longo dos anos o plantio de mandioca para a produção de farinha. No entanto, alguns produtores também trabalhavam com a produção de pimenta, feijão, cana-de-açúcar (apenas uma família, mas já não produzem mais há mais de dez anos) frutas como laranja, tangerina, banana, limão etc.

Diariamente os produtores enviando seus produtos para o município de Santarém. Esta produção é enviando no ônibus que faz linha para a ramal que é de propriedade de um comunitário. Este ônibus sai em direção à Santarém por volta das 03:00 horas da manhã, chegando no Mercadão 2000 por volta das 06:00 onde é feito a descarga dos produtos que os produtores enviaram para a cidade. Em alguns casos os produtores também viajam para a cidade para além de acompanhar seus produtos, resolverem problemas, ou de saúde, ou bancário etc. Há outros casos que os produtores apenas enviam seus produtos devidamente identificados e sob a responsabilidade do proprietário do ônibus.

COOPRUMEBEL e PAA

Em 2011 os comunitários, por propostas dos grandes fazendeiros que se instalaram no ramal, montaram uma cooperativa, a Cooperativa dos Produtores das Comunidades, Chaves, Prata, Açaizal do Prata, São Raimundo, Fé em Deus e Sossego – COOPRUMOBEL. Mesmo com o surgimento das cooperativas, e as inscrições dos produtores em programas sociais, o principal produto comercializado ainda é a farinha de mandioca. A partir do surgimento das cooperativas e inscrição dos produtores em programas de incentivo à produção rural, houve um aumento e sistematização na

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produção de outros produtos como frutas (banana, laranja, mamão), hortaliças (couve, pimenta, alface, jerimum etc.)

Os comunitários anualmente se cadastram no Programa de Aquisição de Alimentos, onde eles fecham um contrato determinando uma quantidade de sua produção que é entregue em Santarém para ser distribuído à famílias de baixa renda por intermédio dos Centro Comunitários dos Bairros de Santarém.

Os produtores ainda possuem contrato através da cooperativa com a secretaria de educação de Santarém, onde entregam conforme solicitado pela Secretaria produtos variados (hortaliças, vegetais, frutas etc.) que são usados na merenda escolar municipal.

Barragem

Para obtenção de energia, os moradores se juntaram e conseguiram transformar um igarapé numa barragem. É dessa barragem inaugurada em 2003 que os moradores têm luz elétrica 24 horas por dia. No início os moradores da comunidade São Raimundo, cerca de 50 famílias se juntaram e arcaram com os custos para construção da barragem, compra e montagem da turbina.

Hoje a energia produzida na barragem é distribuída não apenas para os residentes na comunidade São Raimundo, mas para todos os residentes nas comunidades ao longo do ramal.

Com o aumento de quantidade de usuários que são beneficiados com a energia da barragem, é comum que a qualidade da energia oscile. Outro problema que as vezes acontece, é a quebra de alguma peça que faz com que as vezes os moradores ficarem de horas ou as vezes até dias sem energia.

Com isso, os comunitários pagam uma taxa mensal que atualmente é em média de R$ 50,00 reais. Este valor é usado apenas para a reposição de peças e para a manutenção das turbinas ou outras questões relacionadas à Barragem.

Estufa da UFOPA e Casa de Farinha Mecanizada

Existe ainda, uma estufa que foi montada pela UFOPA, para o cultivo de hortaliças. Esta estufa é visitada de vez em quando pelos universitários. O objetivo da estufa era possibilitar aos comunitários melhorar e aumentar a produção da cooperativa, no entanto os moradores não abraçaram a ideia, com isso, a moradora que tem casa no terreno onde a estufa foi montada, acabou tomando de conta e plantando suas hortaliças para não deixar a estufa em desuso, pois assim a estufa não seria desmontada e levada embora pela UFOPA. As hortaliças produzidas nesta estufa são tanto enviadas para a feira e para a SEMED Santarém quanto vendidas na própria comunidade.

Em 2013 a prefeitura de Belterra instalou o que viria a ser a maior inovação tecnológica na produção de farinha de mandioca na comunidade. A Casa de farinha mecanizada. Com a casa de farinha mecanizada aumentou-se a produção de farinha de mandioca. Todo o processo de produção de farinha está mecanizado com exceção das fazes inicias, onde se tira a casca da mandioca ainda manualmente (o que gera renda para pessoas interessadas em descascar mandioca por uma diária de cerca de R$ 30,00) e a parte da lavagem da mandioca.

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Qualquer comunitário pode fazer uso da casa de farinha, desde que, pague pelo óleo do motor que da ignição para as outras maquinas. Como a procura é grande, os comunitários podem agendar o dia que irão utilizar para a produção de suas sacas de farinha.

Com a casa de farinha, os comunitários conseguem dobrar a quantidade de sacos de farinha produzidos em um dia e o trabalho que antes por ser manual era pesado e desgastante, acaba se resumindo apenas a supervisionar os processos de produção, ligar e desligar maquinas, tirar massa de mandioca de um local e pôr no outro ou no forno.

PROBLEMAS SOCIAIS

Alguns problemas que podem ser considerados sociais são:

Jovens buscam outras comunidades de outros ramais para festas e beber

Jovens andam de moto desde muitos novos (já houveram algumas mortes).

Criminalidades quase inexistente, contudo já houve caso de ladrões percorrerem o ramal e invadir e roubar casas.

QUESTÕES RELIGIOSAS

No que se refere a religiosidade existe uma grande maioria de protestantes e outra quantidade representativa de católicos e ainda um número de jovens que desertaram das igrejas e não expressam fé através de religião alguma.

Existem duas igrejas ao longo do ramal. A igreja católica fica localizada na comunidade do Açaizal ao lado da Escola Nossa Senhora das Graças. A igreja protestante fica na comunidade do São Raimundo. As igrejas embora estejam localizadas em comunidades distintas possuem participantes distribuídos ao longo do ramal inteiros, fazendo com que haja deslocamento dos morados para expressarem sua fé, porém, é bem verdade que a maior concentração de protestantes seja na comunidade São Raimundo e de católicos na comunidade Açaizal.

EDUCAÇÃO

O direito à educação é garantido aos habitantes das comunidades do ramal do Km 72 da seguinte maneira

Séries Iniciais

Para as crianças que vão iniciar sua educação escolar no ensino básico, as comunidades contam com a Escola Municipal Frei Rainério, que fica situada na Comunidade do São Raimundo. Nessa escola há aulas apenas pelo turno da manhã e todos os alunos estudam na única sala existente através do sistema Multi-seriado. A administração da escola em todas as suas esferas é de responsabilidade da SEMED

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Santarém. Como a Escola Frei Rainério é a única escola no ramal para as séries inicias, todos os alunos das outras comunidades do ramal se deslocam, sob sua própria responsabilidade, até a escola. Existem aproximadamente 12 estudantes na escola. A escola Frei Rainério possui apenas uma sala de aula com quadro magnético, uma cozinha com um fogão industrial com duas bocas. Uma sala para servir de secretaria, porém não há nem mesas ou material de secretaria, muito menos secretária ou diretor na escola. O diretor dessa escola mora em outra comunidade em outro ramal.

Ensino Fundamental

Após as crianças concluírem as séries iniciais elas podem continuar seu percurso estudantil afim de cursarem do 6º ao 9º ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora das Graças, que se situa na Comunidade do Açaizal. Novamente, por ser esta a única escola para as series mencionadas acima, os estudantes das outras comunidades do ramal também se deslocam para a mesma por sua própria conta. Dessa maneira, a escola Frei Rainério é distante dos alunos que moram na comunidade do Açaizal assim como a Escola Nossa Senhora das Graças fica distantes para os alunos que residem na comunidade do São Raimundo. Essa distância curiosamente é vencida pelos alunos que mesmo sendo menores de idade só vão para escola pilotando motocicletas, de modelos Honda Biz até mesmo modelos maiores como Honda Bros, ou Honda CG 150. Os alunos que não possuem motocicletas acabam indo de carona com os alunos que possuem moto. É comum ouvir de alguns pais que seus filhos so vão para a escola se forem de motocicletas. Administração da Escola Nossa Senhora das Graças é Feita pela SEMED do Mojuí dos Campos. A escola possui uma sala grande de aula, com quadro de giz, uma sala menor, que serviria como secretaria, porém nunca foi instalada, passando assim, a ser usada como sala de aula. Possui uma sala onde se tem uma mesa grande onde os professores utilizam como sala dos professores e ainda nessa sala existe um bebedouro que os alunos regularmente adentram para tomar água. A escola possui ainda no prédio original uma cozinha. A escola possui muitos materiais pedagógicos e ainda, como tem funcionando o programa “Mais Educação”, também acondiciona materiais como instrumentos musicais, entre outros, que acabam por ficarem espalhados pela cozinha e “sala dos professores”. A escola possui ainda uma outra sala que foi construída em parte alvenaria e parte madeira, para acontecer as atividades do projeto Mais Educação, porém também é usada como sala de aula convencional. Esta sala não possui nenhuma estrutura para ser utilizada como tal. Os banheiros são antigos e não possuem higiene adequada. Existe ainda uma terceira construção que serve como sala ora de aula, ora das atividades do Mais Educação. Existe também uma pequena casa de madeira velha que antigamente era a casa do professor e que hoje funciona como “biblioteca”. De acordo com relatos do professor já houve casos em que encontraram cobras dentro da casa.

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Escola Nossa Senhora das Graças – Comunidade Açaizal do Prata

Ensino Médio com Ensino Técnico

Ao entrar no ensino médio os alunos precisam fazer uma escolha. Ou decidem cursar ensino médio na Escola Técnica Agrícola que se situa na comunidade do Prata, ou cursam ensino médio comum.

Para o Ensino Médio Técnico, que funciona em intervalos de 15 dias com aulas em todos os turnos (e que os alunos geralmente moram na escola) e 15 dias que os alunos voltam para suas residências. Esta escola atende não só apenas os estudantes das comunidades, possuindo alunos que vem tanto do Mojui dos Campos e de Belterra. A proposta da escola é fazer que os alunos do campo estudem além do ensino médio matérias com conhecimentos relativos à agricultura, pecuária etc., para que estes acabem depois de formados ficar nas comunidades e é claro melhorar a qualidade de vida e trabalho no campo a partir da aquisição de conhecimentos científicos sobre os trabalhos que estes já desempenham tradicionalmente.

Ensino Médio Comum

Se os alunos optarem pelo ensino médio comum (e existe muitos alunos que realmente o preferem), eles passarão a frequentar escola na cidade de Belterra que fica a aproximadamente 40 KM de distância. Para vencer a distância a prefeitura de Belterra disponibiliza diariamente um ônibus escolar (na verdade é um ônibus comum que foi fretado de algum comunitário) que meio dia busca os alunos ao longo do ramal e geralmente retorna com os alunos por volta das 19 horas.

Um fato curioso relatado por alguns dos moradores e professores de ambas as escolas Frei Rainério e Nossa Senhora das Graças é que a cada ano vem diminuindo o número de estudantes. (Na ocasião de minha visita o professor Jackson saiu a noite de casa em casa afim de conseguir alunos para montar uma turma de PRÉ)

A Escola Frei Rainério funciona apenas pela manhã e conta apenas com uma professora com formação de magistério e uma servente. A Escola Nossa Senhora das Graças funciona de manhã e de tarde possuindo um pouco mais de professores. Quanto a questão de formação de professores, apenas a professora de português e de matemática possuem licenciatura e além disso ainda lecionam outras disciplinas sem qualquer formação adicional. Existem ainda os professores que ainda estão cursando suas graduações, como é o caso do professor que leciona inglês. Ele é habitante da própria comunidade do Açaizal e na verdade, ele está cursando ainda a graduação em pedagogia pela UNINTER na modalidade à distância e está lecionando inglês, religião e estudos amazônicos (ele também não fala inglês, nem realizou curso de idiomas. Todo o conhecimento que ele possuísse seria advindo de pesquisa para a aula e ainda do período em que ele estudou nesta escola). Para preparar as aulas os professores recorrem a pesquisas sobre os assuntos de acordo com o conteúdo programático das disciplinas, chegando a emprestar todo e qualquer livro que conseguirem sobre as disciplinas que lecionam.

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Todas as escolas parecem velhas, sendo que de acordo com conversar com o professor de Inglês, desde a inauguração destas escolas, nunca houveram reformas das mesmas.