comunicar internamente com diferentes gerações

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Marketing Farmacêutico n.º 68 29 Marketing NSRM Internamente comunicamos com todos os colaboradores sem, na maioria das si- tuações, adaptarmos a nossa mensagem à realidade de cada elemento da empresa. Percorrendo os corredores dos escritórios deparamo-nos com pessoas de diferentes idades e experiências de vida. É relativa- mente fácil encontrar gente com mais de 30 anos de trabalho, e a poucos anos da reforma, a partilhar áreas em open space com jovens acabados de terminar a forma- ção académica e a iniciarem a sua longa carreira profissional. As organizações são como que uma mescla etária de experiên- cias que interage num ambiente de partilha de projetos e ideias. Nas alturas em que decidimos comunicar para dentro da organização, tendemos a escolher um de dois caminhos: o de comu- nicar como se fossemos nós o destinatário, ou seja, falamos como gostaríamos de ouvir; ou então massificamos o conteúdo, respeitando o teor da mensagem sem, no entanto, o adaptar ao destinatário. Por exemplo, uma comunicação interna usando o tratamento por tu nas empresas mais conservadoras onde impera o trata- mento por você, ou até mesmo por “Dou- tor”, pode ser demasiado arrojado. Mas, hoje as diferenças que encontramos nas pessoas que trabalham nas nossas empresas vão muito para além do sexo e da forma como preferem ser tratadas. Os espaços de trabalho por onde andamos são um aglomerado de gerações. Estas gerações estão a ser estudadas do ponto de vista comportamental há muito, sen- do hoje possível arrumá-las por padrões bem definidos. Até há alguns anos atrás a clássica segmentação geracional ficava‑se pelas crianças, jovens ou adolescentes, meia-idade e terceira-idade. Hoje existem novas formas de as “arrumarmos”. Das várias classificações existentes, a que emerge como sendo mais válida para o planeamento do nosso trabalho é a que as classifica como Gerações X e Y. Existem outras gerações, e até alguns subgrupos que tentam caracterizar a interseção de diferentes gerações, mas estas são defini- tivamente as que mais podem ditar a nossa eficácia. Partilho convosco algumas das caracte- rísticas que as diferenciam e que podem ser úteis na forma como comunicamos internamente. Geração X Esta geração é composta por aqueles que nasceram entre 1960 e 1980. São conheci- dos como os filhos dos baby boomers da 2.ª Guerra Mundial. Fizeram a maior parte do percurso sem os recursos tecnológicos disponíveis para as gerações seguintes. Habituados a informação estruturada e aprofundada, gostam de obter conhecimento com tem- po, são mais formais e tendencialmente racionais. São mais individualistas, e dão valor a toda a informação que possa trazer-lhes direitos, regalias ou progressão profissional ou social. Geração Y São a geração seguinte, nascidos entre 1980 e 2000. É a geração global, da in- formação abundante, muito familiarizados com a tecnologia e vivem naturalmente em todos os ambientes digitais. Tendem, por isso, a privilegiar a informação por via digi- tal, que seja de fácil e rápido acesso. Dão muita importância à coerência nas empresas, o que foi informado deve fazer sentido e estar na sequência da informação anterior. A verdade marca pontos junto des- te público que dá valor à transparência da informação passada. O tipo de linguagem para esta geração deve ser traduzido em mensagens claras e curtas. É uma geração para quem o essen- cial se deve cingir a 140 caracteres. São muito focados nos benefícios das ações, precisam visualizar os impactos re- ais e concretos daquilo que se comunica. Para acautelarmos os possíveis ruídos na nossa comunicação ou o nosso marketing interno, é bom termos sempre presente que a nossa empresa é feita de gerações. Estas gerações, fruto dos diferentes ambientes e épocas em que cresceram, têm preferência por diferentes formas e tipos de informação. No planeamento da nossa comunicação interna pode ser útil adaptarmos o canal e o formato às diferentes gerações, manten- do o essencial daquilo que pretendemos transmitir. Para os leitores da Geração Y, ou para os da Geração X que tentam acompanhar as novas soluções de comunicação, fica este QR Code que vos leva (utilizando um smartphone ou tablet) a um filme do YouTu- be com uma explicação interessante sobre as diferenças entre gerações. Comunicar internamente com diferentes gerações Nuno Nunes Gestor de Marketing www.nunonunes.pt

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Internamente comunicamos com todos os colaboradores sem, na maioria das situações, adaptarmos a nossa mensagem à realidade de cada elemento da empresa (...)

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Marketing Farmacêutico n.º 68 29

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Internamente comunicamos com todos os colaboradores sem, na maioria das si-tuações, adaptarmos a nossa mensagem à realidade de cada elemento da empresa. Percorrendo os corredores dos escritórios deparamo-nos com pessoas de diferentes idades e experiências de vida. É relativa-mente fácil encontrar gente com mais de 30 anos de trabalho, e a poucos anos da reforma, a partilhar áreas em open space com jovens acabados de terminar a forma-ção académica e a iniciarem a sua longa carreira profissional. As organizações são como que uma mescla etária de experiên-cias que interage num ambiente de partilha de projetos e ideias.

Nas alturas em que decidimos comunicar para dentro da organização, tendemos a escolher um de dois caminhos: o de comu-nicar como se fossemos nós o destinatário, ou seja, falamos como gostaríamos de ouvir; ou então massificamos o conteúdo, respeitando o teor da mensagem sem, no entanto, o adaptar ao destinatário.

Por exemplo, uma comunicação interna usando o tratamento por tu nas empresas mais conservadoras onde impera o trata-mento por você, ou até mesmo por “Dou-tor”, pode ser demasiado arrojado.

Mas, hoje as diferenças que encontramos nas pessoas que trabalham nas nossas empresas vão muito para além do sexo e da forma como preferem ser tratadas. Os espaços de trabalho por onde andamos são um aglomerado de gerações. Estas gerações estão a ser estudadas do ponto de vista comportamental há muito, sen-do hoje possível arrumá-las por padrões bem definidos. Até há alguns anos atrás a clássica segmentação geracional ficava‑se pelas crianças, jovens ou adolescentes,

meia-idade e terceira-idade. Hoje existem novas formas de as “arrumarmos”.

Das várias classificações existentes, a que emerge como sendo mais válida para o planeamento do nosso trabalho é a que as classifica como Gerações X e Y. Existem outras gerações, e até alguns subgrupos que tentam caracterizar a interseção de diferentes gerações, mas estas são defini-tivamente as que mais podem ditar a nossa eficácia.

Partilho convosco algumas das caracte-rísticas que as diferenciam e que podem ser úteis na forma como comunicamos internamente.

Geração X Esta geração é composta por aqueles que

nasceram entre 1960 e 1980. São conheci-dos como os filhos dos baby boomers da 2.ª Guerra Mundial.

Fizeram a maior parte do percurso sem os recursos tecnológicos disponíveis para as gerações seguintes. Habituados a informação estruturada e aprofundada, gostam de obter conhecimento com tem-po, são mais formais e tendencialmente racionais.

São mais individualistas, e dão valor a toda a informação que possa trazer-lhes direitos, regalias ou progressão profissional ou social.

Geração YSão a geração seguinte, nascidos entre

1980 e 2000. É a geração global, da in-formação abundante, muito familiarizados com a tecnologia e vivem naturalmente em todos os ambientes digitais. Tendem, por isso, a privilegiar a informação por via digi-tal, que seja de fácil e rápido acesso.

Dão muita importância à coerência nas empresas, o que foi informado deve fazer sentido e estar na sequência da informação anterior. A verdade marca pontos junto des-te público que dá valor à transparência da informação passada.

O tipo de linguagem para esta geração deve ser traduzido em mensagens claras e curtas. É uma geração para quem o essen-cial se deve cingir a 140 caracteres.

São muito focados nos benefícios das ações, precisam visualizar os impactos re-ais e concretos daquilo que se comunica.

Para acautelarmos os possíveis ruídos na nossa comunicação ou o nosso marketing interno, é bom termos sempre presente que a nossa empresa é feita de gerações. Estas gerações, fruto dos diferentes ambientes e épocas em que cresceram, têm preferência por diferentes formas e tipos de informação.

No planeamento da nossa comunicação interna pode ser útil adaptarmos o canal e o formato às diferentes gerações, manten-do o essencial daquilo que pretendemos transmitir.

Para os leitores da Geração Y, ou para os da Geração X que tentam acompanhar as novas soluções de comunicação, fica este QR Code que vos leva (utilizando um smartphone ou tablet) a um filme do YouTu-be com uma explicação interessante sobre as diferenças entre gerações.

Comunicar internamente com diferentes gerações

Nuno NunesGestor de Marketingwww.nunonunes.pt