III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008

III Mostra de Pesquisa

da Pós-Graduação PUCRS

Comunicação — O jornal O Povo e os Farrapos: um olhar hermenêutico

Camila Garcia Kieling (bolsista Capes), Maria Helena Steffens de Castro (orientadora)

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação Social, PUCRS,

Resumo

O ensaio a ser apresentado na III Mostra de Pesquisa de Pós-Graduação contempla um

recorte da análise pretendida na dissertação de mestrado, esta ainda em estado incipiente, pois

os trabalhos foram iniciados no primeiro semestre de 2008. A fim de apresentar na Mostra

alguma reflexão sobre o objeto de estudo, o jornal oficial da república rio-grandense O Povo,

realizamos, através de um exemplo de caso, uma análise de cunho metodológico

hermenêutico. Nossos objetivos serão analisar as categorias cultura e mídia, de John B.

Thompson, e estereótipo, ideosfera, poder e socioleto, de Roland Barthes, no texto

Prospecto, do primeiro número d’O Povo (1º de setembro de 1838), jornal que circulou de

1838 a 1840, primeiro na cidade de Piratini e depois em Caçapava (RS).

Introdução

De forma geral, os jornais do século XIX são fontes de pesquisa principalmente nas

áreas de Letras e História. Acreditamos que o campo da Comunicação também pode

contribuir para o levantamento, estudo e análise desse tipo de objeto. Chegamos

especificamente ao jornal O Povo através do interesse em estudar a figura do herói farroupilha

nos discursos jornalísticos e literários do século XIX, tarefa a ser desenvolvida na dissertação.

No recorte proposto para apresentação na Mostra, nosso objetivo será discutir, a partir da

interpretação das categorias cultura e mídia (Thompson, 2002) e estereótipo, ideosfera,

poder e socioleto (Barthes, 1987a, 2003, 1980, 1987b), o ponto de vista farroupilha expresso

no jornal. Alguns trabalhos de grande importância para a compreensão dos periódicos

farroupilhas e seu contexto são Flores, 1978 e 2004; Macedo, 1994; Alves, 2000, Pesavento,

1997 e Hohlfeldt, 1982. Destacamos aqui a importante edição fac-símile do jornal O Povo

editada pelo então Museu e Arquivo Histórico do RS (atual Museu Julio de Castilhos) em

III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008

1930, a qual tornou acessível aos pesquisadores a coleção completa do periódico que, em suas

versões originais, sofre com o desgaste do tempo e, em alguns casos, a má conservação nos

acervos públicos.

Metodologia

A metodologia escolhida para esta pesquisa é a Hermenêutica de Profundidade, de

John B. Thompson e usamos como técnica de análise a semiologia de Roland Barthes.

Destacamos que “este referencial coloca em evidência o fato de que o objeto de

análise é uma construção simbólica significativa, que exige uma interpretação” (Thompson,

2002, p. 355). A interpretação proposta pela metodologia escolhida sugere uma análise

tríplice: a análise sociohistórica, a análise formal ou discursiva (e aqui aplicaremos a técnica

da semiologia barthesiana) e um terceiro momento onde as duas primeiras se encontram e

interagem: a interperetação e reinterpretação.

“Um enfoque compreensivo do estudo da comunicação de massa exige a capacidade de relacionar entre si os resultados dessas diferentes análises, mostrando como os vários aspectos se alimentam e se iluminam mutuamente” (Thompson, 2002, p. 392).

Em relação à técnica, a semiologia Barthesia, sistematizada na obra Aula, de 1977,

expõe que a língua é trabalhada pelo poder. E assim como a língua, o discurso vive em

“liberdade condicional”, cercado por regras. Barthes apresenta dois tipos de semiologia, a

ativa e a negativa e, sobre esta última, afirma:

“Seus objetos de predileção são os textos do Imaginário: as narrativas, as imagens, os retratos, as expressões, os idioletos, as paixões, as estruturas que jogam ao mesmo tempo com uma aparência de verossimilhança e com uma incerteza de verdade.” (Barthes, 2007, p.37-39).

Resultados (ou Resultados e Discussão) / Conclusão

Como tratamos de um trabalho em andamento, até o momento desta inscrição não foi

possível apresentar resultados ou conclusões.

III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008

Referências

ALVES, Francisco das Neves. Imprensa gaúcha: história, historiografia & política. Rio

Grande: Funcação Universidade Federal de Rio Grande, 2000.

BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultix, 1980.

_________. O neutro. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

_________.O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 1987a.

_________. O rumor da língua. Lisboa: Edições 70, 1987b.

Flores, Moacyr. A revolução Farroupilha. 4. ed. Porto Alegre: Ed. da Universidade / UFRGS,

2004.

FLORES, Moacyr. O modelo político dos farrapos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1978.

MACEDO, Francisco Riopardense de. A imprensa farroupilha: antologia e índice. Porto

Alegre: EDIPUCRS, 1994.

Museu e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Documentos interessantes para o estudo

da grande revolução de 1835-1845. Porto Alegre : Dep. de História Nacional, 1930. 2 v.

PESAVENTO, Sandra. Farrapos, Liberalismo e Ideologia. In: DACANAL, José Hildebrando

(org.). A Revolução Farroupilha: História e Interpretação. 2. ed. Porto Alegre: Mercado

Aberto, 1997.

RAMOS, Roberto José. Reflexões sobre a categoria ideologia em Roand Barthes. Ecos

Revista, Pelotas, v. 7(2):171-185, Jul.-Dez./2003.

THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna. Petrópolis: Vozes, 2002.

VIANNA, Lourival. Imprensa gaúcha (1827-1852). Porto Alegre: Museu de Comunicação

Social Hipólito José da Costa, 1977.