comunicação empresarial apostíla (parte 1)

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COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL PARTE I 2014 Profª Michele Rufatto Vaz [email protected]

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Page 1: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

PARTE I

2014

Profª Michele Rufatto Vaz

[email protected]

Page 2: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

Ementa

A Comunicação Empresarial traz discussões e conceitos inerentes ao processo comunicativo,

relacionado ao mundo empresarial, considerando as peculiaridades da Língua Portuguesa no

que tange a construção e análise de textos e o desenvolvimento da habilidade comunicativa

dos indivíduos nas organizações.

Objetivos

• Ampliar a capacidade do estudante à leitura e interpretação de textos técnicos e teóricos.

• Consolidar a capacidade de julgamento e crítica para elaborar textos técnicos e acadêmicos.

• Ampliar sua capacidade de comunicação verbal e não verbal.

• Capacitar os estudantes quanto ao saber ouvir, para compreender e interpretar com

exatidão o conteúdo da mensagem transmitida e a intenção do seu emissor, favorecendo,

assim, o retorno da informação, que marca o início do diálogo, que, por sua vez, poderá

garantir a qualidade do relacionamento humano.

• Contribuir com a melhoria dos processos de comunicação nos relacionamentos humanos e

empresariais.

• Colaborar com o pensamento e a concepção de interpretação crítica da realidade.

• Dar base de sustentação na vida acadêmica e profissional, no que tange a redação de

trabalhos e suas respectivas apresentações orais.

Conteúdo programático

1. A Comunicação Empresarial no século XXI: desafios e tendências (Qual o panorama da

Comunicação Empresarial hoje? Para onde ela vai?)

2. Estrutura interna:

• Tópico frasal

• Ideias secundárias

• Sequência de ideias

• Coerência

• Concisão

• Coesão

3. Componentes de um texto

• Plano de trabalho

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• Organização

• Montagem de parágrafos

4. Tipos de parágrafos e tipos de textos:

• Narrativo

• Elementos da narrativa

• Posição do narrador

• Técnica do diálogo

• Tipos de discurso

• Descritivo

• Descrição objetiva

• Descrição subjetiva

• Descrição de objeto, processo e ambiente.

• Dissertativo

• Técnica de argumentação

• Objetividade e subjetividade

• A dissertação: introdução, desenvolvimento e conclusão.

5. Técnicas de resumo

6. Resumo

• Parágrafo descritivo

• Parágrafo dissertativo

• Texto descritivo composto de vários parágrafos

• Texto dissertativo composto de vários parágrafos

7. Relatório

• Estrutura

• Tipos de relatório (relatório de estudo ou de pesquisa, relatório de ocorrência, relatório de

atividade etc.).

8. Elementos constitutivos da comunicação e as funções da linguagem, aplicadas à

comunicação empresarial.

9. Signo linguístico e ruído na comunicação.

Page 4: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

10. Os níveis da fala e a comunicação empresarial.

11. Vantagens e desvantagens da comunicação verbal e não verbal nas empresas.

12. Comunicação oral: apresentação em ambientes de trabalho, acadêmicos e em debates.

13. Oratória, exercícios de dicção, relaxamento e sugestões para organizar apresentações.

14. Tipos e modelos de redação:

• Ata.

• Carta comercial.

• Carta de apresentação.

• Curriculum vitae: elaboração e sua adequação ao mercado de trabalho.

• Memorando.

• Correspondência com órgãos oficiais: Ofício e Edital.

• Requerimento.

15. A importância da comunicação interna e a importância da comunicação externa, no mundo

corporativo:

• A função estratégica da comunicação interna (PICE: Plano Integrado de Comunicação

Interna) e do endomarketing.

• Os objetivos dos sistemas de comunicação abrangendo todas as partes interessadas por

diversos meios (boletins informativos internos; cartazes; vídeos; palestras; jornal interno,

jornal externo, jornal mural; reuniões; ombudsman ou ouvidor; atendimento ao consumidor,

internet/intranet, campanha de comunicação, boletim externo, multimídia; balanço social,

assessoria de imprensa e outros).

• A comunicação nos sistemas de trabalho, no que concerne a ouvir e aprender com o cliente,

seja o cliente interno ou o externo, visando à imagem corporativa: patrimônio empresarial.

• Política de boas maneiras no uso da correspondência eletrônica: internet, intranet e

extranet.

Estratégia de ensino

O curso contará com equilíbrio teórico – prático por meio de exposições e discussão de casos

práticos, utilizando:

Page 5: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

Aulas expositivas

Aulas reflexivas com análise de casos

Dinâmica de grupos

Seminários

Vídeos

Debates

Avaliação

Duas provas teóricas / práticas bimestrais e trabalhos individuais ou em grupo, mais o projeto

PIM, sempre envolvendo os assuntos voltados à gestão das organizações, sendo que a média

do semestre será constituída por 40% da nota da P1, 40% da nota da P2 e 20 % da nota do

PIM.

Bibliografia Básica

FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: para estudantes universitários. 22.

ed. Petrópolis: Vozes, 2013. 300 p.

ILARI, R; BASSO, R. O Português da Gente: A língua que estudamos a língua que falamos. 2. São

Paulo: Contexto, 2012. 272.

MATOS, Gustavo Gomes. Comunicação empresarial sem complicação: como facilitar a

comunicação na empresa, pela via da cultura e do diálogo. 2. ed. Barueri: Manole, 2010.

Bibliografia Complementar

BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 22. Ed. São Paulo: Ática, 2006.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial: políticas estratégicas. São Paulo: Saraiva,

2009.

GOLD, M. Redação empresarial. 4. Ed. São Paulo: Pearson, 2010.

LUIZARI, K. R. Comunicação Empresarial Eficaz: como falar e escrever bem. São Paulo: Pearson,

2010.

SILVA, L. A. de. Redação: qualidade na comunicação escrita. Curitiba: IBPEX, 2008.

Page 6: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

Regras e Acordos

1. As aulas terão início às 19h25 e término às 22h15. O horário de intervalo será das

20h40 às 21h.

2. A chamada será realizada às 19h50 e 21h20.

3. O controle de faltas é de responsabilidade do aluno.

4. Celulares devem ficar no modo silencioso. Notebooks e Tablets só poderão ser

utilizados durante a aula se solicitados para realização de alguma atividade.

5. Os trabalhos deverão ser realizados utilizando-se as normas para elaboração de

trabalhos acadêmicos. As normas podem ser encontradas no link

http:/www2.unip.br/servicos/biblioteca/download/manual_de_normalizacao.pdf

6. Não será admitido plágio nos trabalhos, incorrendo em nota ZERO se tal

situação for identificada.

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Sumário 1. Introdução à Comunicação ................................................................................................ 7

2. Funções da Linguagem .................................................................................................... 10

2.1 Função Referencial ou Denotativa ........................................................................... 10

2.2 Função Conativa ou Apelativa .................................................................................. 11

2.3 Função Emotiva ou Expressiva ................................................................................. 11

2.4 Função Metalinguística ............................................................................................ 11

2.5 Função Fática........................................................................................................... 12

2.6 Função Poética ........................................................................................................ 12

3. Barreiras da Comunicação ............................................................................................... 13

3.1 Cuidados ao comunicar ................................................................................................. 14

3.2 Escuta ativa ................................................................................................................... 15

4. Tipos de Comunicação......................................................................................................... 18

4.1 Comunicação Oral ......................................................................................................... 18

4.2 Comunicações Escrita .................................................................................................... 19

4.2.1 Comunicação Escrita Eficaz ......................................................................................... 19

4.3 Comunicação Não Verbal .............................................................................................. 20

5. Técnicas de Apresentação e Oratória .............................................................................. 22

6. Níveis de Linguagem........................................................................................................ 26

7. Considerações sobre a noção de texto e sua estrutura .................................................... 27

7.1 Coerência ................................................................................................................ 27

7.2 Concisão .................................................................................................................. 27

7.3 Coesão..................................................................................................................... 28

8. Tipos de Textos ............................................................................................................... 34

8.1 Descrição ................................................................................................................. 34

8.2 Narração.................................................................................................................. 34

8.3 Dissertação .............................................................................................................. 35

Bibliografia ............................................................................................................................. 36

Page 8: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

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1. Introdução à Comunicação

De acordo com Pimenta (2010:15), “a comunicação, para os agrupamentos humanos, é

tão importante quanto o sistema nervoso para o corpo”. É por meio desse sistema que

perpassam todos os outros (circulatório, digestivo, reprodutor, etc). Ou seja, sem o sistema

nervoso, um corpo não se locomove, não se alimenta, dentre outras atividades.

De maneira similar, podemos afirmar que sem a comunicação não seria possível

estabelecermos relações entre pessoas e os diversos grupos humanos, sejam essas relações

comerciais, de trabalho ou afetivas.

Mas o que seria Comunicação?

A palavra Comunicação origina-se do latim communicatione, que significa tornar

comum. No dicionário Michaelis, Comunicação é a ação, efeito ou meio de comunicar. É o

processo pelo qual idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando

possível uma interação.

Mas não é tão simples quanto parece...

Em sua forma mais simples, podemos dizer que o processo de comunicação é

composto por Emissor, Receptor e Mensagem. Entretanto, esses elementos não são

suficientes para que tal processo esteja completo. Assim, o processo de comunicação pode ser

explicado segundo o fluxo abaixo:

Temos, portanto:

Emissor: que emite, codifica a mensagem;

Fonte: Kotler, Philip. Princípios de Marketing /Gary Armstrong.

Page 9: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

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Codificação: processo de transformar, num código conhecido, o pensamento em forma

simbólica

Receptor: que recebe, decodifica a mensagem;

Decodificação: processo pelo qual o receptor confere significado aos símbolos transmitidos

pelo emissor;

Mensagem: conteúdo transmitido pelo emissor;

Canal: Meio pelo qual circula a mensagem;

Código: Conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem (Ex.: Língua

Portuguesa, Sinais de trânsito, etc).

Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua

mensagem foi captada pelo receptor.

Ruído: Qualquer barreira que dificulte a comunicação. Pode ter várias origens:

No emissor ou no receptor, nesse caso, pode ser de ordem:

psicológica: quando envolve o estado mental e emocional:

preocupação, stress, descontentamento, etc.;

perceptual: quando diz respeito a concepção de mundo e de pessoa, a

formação cultural e religiosa, preconceitos e esteriótipos;

fisiológica: dor de cabeça (e outras), dificuldade visual ou auditiva.

No ambiente: excesso de barulho, pouca luz, movimentação de pessoas, etc.;

Na mensagem: tipo de linguagem e de vocabulário utilizados, sequência lógica,

velocidade de emissão, etc.

Didaticamente, dividimos e ilustramos o processo a seguir, para que se possa visualizar

como isso ocorre.

1º O emissor recebe um estímulo, que pode ser interno ou externo. Estímulo interno é um

pensamento, imaginação. Estímulo externo é algo que ele vê, lê ou ouve. Esse estímulo

causa-lhe uma reação que lhe dá uma ideia.

2º A ideia é transformada em palavras pelo emissor. Ele as organiza em uma mensagem.

3º O emissor escolhe o meio mais adequado e envia a mensagem rumo ao receptor. Esse

processo é chamado de codificação da mensagem.

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4º O receptor recebe a mensagem e faz a sua decodificação, ou seja, ele decifra e

interpreta a mensagem de acordo com sua capacidade de compreensão.

5º O receptor envia uma nova mensagem em resposta ao emissor, que ao recebê-la, vai

avaliar se sua mensagem foi entendida corretamente. Essa resposta é chamada de

feedback1.

6º Coincidindo os dois significados, completa-se o processo da comunicação.

A comunicação, um fenômeno humano, acontece entre as pessoas, por isso existe

grande chance de ocorrer distorções da mensagem, daí a importância do feedback. Toda

vez que elaboramos uma comunicação, devemos verificar se a outra pessoa realmente

compreendeu a nossa mensagem.

1Feedback é uma palavra inglesa que significa realimentação, isto é, o retorno da comunicação. Esta é a ferramenta utilizada pelo emissor para saber se sua mensagem foi recebida e entendida corretamente. Sempre que se envia uma mensagem a outra pessoa, seja falada ou escrita, é importante fazer uso do feedback para certificar-se de que conseguiu se comunicar com clareza.

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2. Funções da Linguagem

O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo,

demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, entre outros;

consequentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:

Função Referencial

Função Conativa ou Apelativa

Função Emotiva ou Expressiva

Função Metalinguística

Função Fática

Função Poética

2.1 Função Referencial ou Denotativa

Volta-se diretamente para a informação, para o próprio conteúdo, para o referente, ou

seja, para o CONTEXTO. Usa-se essa função com a intenção de transmitir dados reais, com o

emprego de palavras utilizadas em sentido estritamente denotativo. Deve ser usada em

discursos científicos, no texto jornalístico e nas correspondências oficiais e comerciais. É

conhecida também pelos nomes de Cognitiva, Informativa ou Denotativa.

Características:

• Impessoalidade – o autor sempre se posiciona em terceira pessoa, não se

envolvendo emocionalmente com a mensagem.

• Capacidade de argumentação – o autor precisa argumentar com clareza, concisão,

objetividade e, sobretudo, aprofundamento.

• Objetividade – não cabem recursos subjetivos.

Leia o texto (extraído do jornal Folha de São Paulo):

“CHUVA ÁCIDA AFETA REGIÕES DO MUNDO”

“Parte dos 120 mil km cúbicos de chuvas que, em média, a cada ano caem sobre os

continentes, já não trazem mais a vida, mas a morte lenta e penosa para lagos, florestas,

animais e pessoas numa escala sem precedentes, desde que a Segunda Revolução Industrial

criou o motor a explosão e com ele libera a cada ano milhares de toneladas de resíduos

combustíveis fósseis na atmosfera da Terra.”

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2.2 Função Conativa ou Apelativa

É centrada no RECEPTOR da mensagem. Na propaganda é utilizada paraconvencer o

possível cliente a consumir um determinado produto; nouniverso jurídico é usada como forma

de persuasão com o fim precípuode estimular mudanças de comportamentos ou de ideias por

parte dodestinatário-alvo.

Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª

pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é

muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridade.

2.3 Função Emotiva ou Expressiva

Pode-se afirmar que é o oposto da função referencial, pois nesse tipode texto o

emissor se preocupa em expressar seus sentimentos, suasangústias e suas emoções. Também

denominadaExpressiva, é centradano EMISSOR e usada emBiografias, Memórias, Poesias

Líricas e Cartas de Amor.

Características:

•Parcialidade– o texto é escrito em primeira pessoa, a fim decomover o receptor ou o

interlocutor em relação a seussentimentos.

•Signos de pontuação– usam-se referências e pontos deexclamação.

•Subjetividade– prevalecem os recursos subjetivos.

Leia a seguir um trecho do texto intitulado Natal na barca de autoria de Lygia

Fagundes Telles:

“Não quero nem devo lembrar aqui porque me encontrava naquela barca. Só sei que

em redor tudo era silêncio e treva. E me sentia bem naquela solidão. Na embarcação

desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz

vacilante: um velho, uma mulher, uma criança e eu.”

2.4 Função Metalinguística

Ocorre quando o CÓDIGO é posto em destaque, ou seja, usa-se o código

linguísticopara transmitir aos receptores reflexões sobre o próprio código linguístico. Bons

exemplos da função metalinguística são as aulas de línguas, gramáticas e odicionário.

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Leia este texto do linguista Ferdinand de Saussure:

“A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à

escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais

militares etc. Ela é apenas o principal desses sistemas”.

2.5 Função Fática

Ocorre quando o CANAL é posto em destaque. Seu objetivo é estabelecer a

comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor ou cortar a comunicação.

Tipo de linguagem presente nas falas telefônicas, saudações e similares.

2.6 Função Poética

É a função cujo destaque está centrado na própria MENSAGEM, ou seja, chama-se a

atenção para o modo como foi organizada a mensagem. A prioridade é o ritmo, a sonoridade,

o belo. A forma é mais importante do que o conteúdo.

Presente em textos literários, publicitários e em letras de música.

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3. Barreiras da Comunicação

Estima-se que 70 a 80% dos problemas nas empresas são causados por falhas na

comunicação. E a comunicação é fator primordial para que pessoas e equipes estejam

motivadas.

Uma comunicação eficaz depende de:

Transmitir a mensagem adequada

Através do meio certo

Em momento oportuno

Aos receptores desejados

Porém, nas empresas algumas barreiras podem surgir, bloqueando a eficácia dessa

comunicação. Abaixo apresentamos algumas das barreiras citadas por PIMENTA (2010, p. 29):

Níveis organizacionais – Quanto mais complexa for a estrutura de cargos e

departamentos, mais distorção haverá entre a mensagem original e a que chega no

destino final. Cada nível funciona como um filtro, modificando, acrescentando ou

retirando parte do conteúdo da mensagem.

Autoridade da administração – necessária e inerente à organização, ela dificulta uma

comunicação livre e aberta. Quem possui autoridade, em geral, tenta mostrar controle

sobre a situação, esquivando-se de qualquer comunicação que coloque em uma

situação vulnerável. Por outro lado, os subordinados tendem a manter uma aparência

favorável, evitando expressar problemas, desacordos, frustrações, etc.

Especialização – tende a fragmentar a organização em vários grupos com interesses,

atitudes, maneiras de ver os fatos e vocabulários próprios, o que dificulta o

intercâmbio de ideias.

Sobrecarga de informações – acontece quando se privilegia a quantidade de

informações em detrimento da qualidade, que é obtida com a seleção e a análise. Essa

sobrecarga pode confundir e até paralisar as pessoas envolvidas.

Além dessas barreiras, ROBBINS (2010, p. 342) também apresenta:

Filtragem – Se refere à manipulação da informação pelo emissor para que o

receptor a veja de maneira mais favorável. Quando um gestor diz a seu

superior exatamente aquilo que acredita que o chefe quer ouvir, ele está

filtrando a informação.

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Percepção seletiva – O receptor, no processo de comunicação, vê e escuta

seletivamente, com base nas próprias necessidades, motivações, experiências,

histórico e outras características pessoais. Os receptores também projetam

seus interesses e expectativas quando decodificam a mensagem.

Emoções – Uma mesma mensagem pode ser interpretada de maneiras

diferentes, dependendo do estado emocional do receptor.

3.1 Cuidados ao comunicar

Quando nos comunicamos, precisamos tomar certos cuidados para possibilitar que a

comunicação seja eficiente e eficaz. Alguns cuidados são apresentados seguir:

1. A mensagem deve ser clara, organizada e conter todas as informações importantes

relacionadas ao assunto sobre o qual estamos falando.

2. A mensagem precisa ainda ser transmitida no código linguístico do receptor, para

não gerar barreiras entre eles.

3. O meio ou canal escolhido para a transmissão da mensagem deve ser dominado

pelo emissor e receptor.

4. O emissor deve elaborar a mensagem pensando em quem vai recebê-la, qual é a sua

capacidade de entender o que ele disse, escolher o canal certo para enviá-la e ainda, pedir

feedback, ou seja, procurar saber se o que o receptor entendeu foi o que ele quis dizer.

A eficácia na comunicação está diretamente relacionada à percepção do receptor. O

emissor deve considerar as indagações:

1. O receptor tem capacidade de perceber o que estou dizendo?

2. Será que ele pode realmente me entender?

A mesma situação presenciada por duas pessoas pode gerar interpretações diferentes,

porque cada uma delas interpreta essa situação de acordo com sua maneira de ver o mundo.

A nossa percepção é seletiva, pois só vemos o que nos interessa. Ela atua como um

filtro: seleciona o que é importante para nós, e elimina o que não faz parte do nosso mundo.

Vemos uma situação qualquer, interpretamos e julgamos de acordo com nosso estado

emocional, nossas experiências passadas, nosso tipo de cultura, nossos preconceitos, etc.

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Formamos uma impressão de outra pessoa observando suas ações, atitudes, sua voz,

seus gestos, comportamentos, etc. Para isso, precisamos ter duas pessoas, uma situação

comum e a experiência entre elas, para nos comunicar.

3.2 Escuta ativa

Mais importante do que saber falar é SABER OUVIR.

Algumas regras simples para desenvolvermos uma escuta ativa:

• Mantenha uma postura relaxada, porém atenta;

• Participe ativamente da conversa, esteja receptivo e disponível a escutar ;

• Evite escutar e digitar ou escrever ao mesmo tempo;

• Reduza ao máximo os gestos que possam distrair o interlocutor, tais como: brincar

com uma caneta, estralar os dedos, etc;

• Mantenha um contato visual eficiente, procure não desviar o olhar a toda hora;

• Balance a cabeça ou sorria;

• Fuja a tentação de interromper a pessoa no meio do discurso;

• Faça perguntas para checar o que foi dito;

• Use a empatia e seja compreensivo.

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Texto de apoio

Escutatório* Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.

Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um

curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego

para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um

monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre

os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é

colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão

fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores

entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas

palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras

coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça

esteja vazia.

Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres

conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga,

nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas

com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher

e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos.

Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a

psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido

hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira

nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato

chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de

acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o

seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos

incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito.É

preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta

ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo

que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada

consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito

Page 18: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

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melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg -

citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa

incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade:

no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado

pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“),foi trabalhar num programa

educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência

com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um

longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam

assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não

ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para

se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do

pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala,

novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus

pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são

meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo

para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira:

“Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você

falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo

como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou

como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso

pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é

pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo

aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.

*Fonte: http://www.rubemalves.com.br/escutatorio.htm

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18

4. Tipos de Comunicação

Até agora vimos os elementos do processo de comunicação e as funções da linguagem.

Mas como as pessoas trocam mensagens entre si? Essencialmente, as pessoas se comunicam

através da comunicação verbal - que subdivide-se entre comunicação oral e comunicação

escrita – e a comunicação não verbal.

Independente da forma como esta comunicação aconteça, é fundamental que o

emissor tenha em mente que o processo lógico de comunicação envolve três etapas: Pensar,

Planejar e Transmitir.

Algumas perguntas podem auxiliar esse planejamento:

Por que comunicar?

O que comunicar?

Como comunicar?

Quando comunicar?

A quem comunicar?

Quem irá comunicar?

Onde comunicar?

4.1 Comunicação Oral

O principal meio de transmitir mensagens é a comunicação oral. As palestras, os

debates formais entre duas pessoas ou em grupo e a rede informal de rumores são algumas

formas comuns de comunicação oral.

No cotidiano, são várias as situações profissionais em que é necessária uma boa

comunicação por meio da fala:

Conversas com clientes, superiores e subordinados;

Entrevista para emprego;

Reuniões, palestras, debates;

Seminários, conferências, convenções, cursos;

Ao telefone;

Reuniões sociais.

As vantagens da comunicação oral são a rapidez e o feedback. Podemos emitir uma

mensagem verbal e receber uma resposta em prazo curto. Se o receptor tiver dúvidas sobre a

mensagem, o feedback permitirá que o emissor corrija seus termos.

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A principal desvantagem da comunicação oral surge quando uma mensagem tem de

ser transmitida para várias pessoas. Quanto maior o número de receptores, maior a

probabilidade de distorções potenciais.

4.2 Comunicações Escrita

A comunicação escrita engloba memorandos, cartas, transmissões de fax, e-mails,

mensagens instantâneas, jornais internos, informativos em murais (inclusive os eletrônicos) e

qualquer outro meio que use a linguagem escrita ou simbólica.

Frequentemente, o emissor escolhe a comunicação escrita por ser uma forma tangível

e verificável de comunicação. Ou seja, é possível, tanto ao emissor quanto ao receptor, manter

registro das mensagens, podendo mantê-las armazenadas por tempo indeterminado. Uma

vantagem adicional da comunicação escrita está no próprio processo. Prestamos mais atenção

no que queremos transmitir em uma mensagem escrita do que em uma mensagem oral. Por

esse motivo, a comunicação escrita costuma ser bem mais elaborada, lógica e clara.

Como desvantagens da comunicação escrita podemos citar: consomem mais tempo de

elaboração, ausência de um mecanismo de feedback.

4.2.1 Comunicação Escrita Eficaz

De acordo com Blikstein (1997), citado por Pimenta (2010, p. 186), alguns fatores

contribuem para uma comunicação escrita eficaz.

Resumidamente, podemos destacar que escrever bem é:

Obedecer as regras gramaticais, evitando erros de sintaxe, de pontuação, de

ortografia, etc.;

Procurar a clareza, evitando palavras e frases obscuras ou de duplo sentido;

Agradar o leitor, empregando expressões elegantes e fugindo de um estilo

muito seco.

Ainda, para que a comunicação escrita seja eficaz, pressupõe-se:

Clareza e objetividade para que a mensagem implique uma resposta;

Precisão para que o outro compreenda o que se está pensando;

Persuasão para obter a colaboração e a resposta esperada.

Alguns cuidados necessários:

Page 21: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

20

Interferência física: dificuldade visual, má grafia das palavras, cansaço, falta de

iluminação, etc;

Interferência cultural: palavras ou frases complicadas ou ambíguas, diferenças

de nível social;

Interferência psicológica: mensagens que contenham agressividade, aspereza,

antipatia, etc.

4.3 Comunicação Não Verbal

Todas as vezes que transmitimos uma mensagem de maneira verbal (comunicação

oral), também enviamos uma mensagem não verbal. A comunicação não verbal inclui os

movimentos corporais, a entonação ou ênfase dada às palavras, a expressão facial e o

distanciamento físico entre o emissor e o receptor.

Um estudo de Albert Mehrabian aponta que o impacto de uma mensagem é composto

da seguinte maneira:

Alguns sinais não verbais que comunicam:

ORIENTAÇÃO E PROXIMIDADE: A orientação é a forma pela qual as pessoas se posicionam

fisicamente entre si. Dependendo de como o corpo é direcionado, pode revelar a

disponibilidade ou interesse em interagir com o interlocutor. Colocar-se frente a frente

demonstra uma abertura, porque facilita contato verbal, visual e até o toque. Já “dar as

costas” para alguém revela a falta de empenho para estabelecer contato.

Escrita 7%

Oral 38% Não verbal

55%

Page 22: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

21

POSTURA: Ombros muito encolhidos e caídos podem significar falta de motivação e energia ou

até baixa autoestima. O contrário disso: peito exageradamente estufado para fora, pode

denotar exibicionismo ou, ainda, arrogância. Sentar-se, para uma entrevista ou reunião, sem

uma postura adequada, “largado” na cadeira, pode ser entendido como desleixo, desinteresse,

falta de concentração ou, ainda, cansaço.

EXPRESSÕES FACIAIS: A expressão facial relaxada, sem sinais de tensão ou apreensão (testa

franzida, olhar aflito, lábios presos), com um leve sorriso, apenas esboçado, é um jeito de estar

receptivo ao outro.

GESTICULAÇÃO: Formas e movimentos com as mãos que, frequentemente, acompanham o

discurso para auxiliar a expressão de quem fala e a compreensão de quem ouve.

CONTATO VISUAL: Sua ausência é entendida como desonestidade, ansiedade ou desinteresse.

Em contrapartida, quando fazemos contato visual transmitimos interesse. Olhar os outros nos

olhos também nos permite saber do seu interesse em nós ou em algo que estão a observar.

ROUPAS E ACESSÓRIOS: A maneira como nos vestimos comunica algo aos outros, não só

através das cores (alegres, garridas ou escuras), mas através dos tecidos e do corte utilizado.

Page 23: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

22

5. Técnicas de Apresentação e Oratória

Vamos imaginar a seguinte situação: De repente seu chefe te liga e o mundo parece

desaparecer sob seus pés quando você ouve a frase: “Precisamos montar uma palestra

importante para clientes-chave, e você será o palestrante”. O que você faria?

Embora sejam várias situações profissionais pelas quais passamos em nosso cotidiano,

onde uma boa comunicação por meio da fala seja fundamental, diversas sensações se fazem

presentes no momento que temos que realizar uma apresentação em público.

Foi em Atenas que a arte da Oratória foi amplamente difundida. Os sofistas, filósofos

contemporâneos de Sócrates, foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra.

Falar em público é um processo humano, por isso envolve emoção, sentimentos e,

talvez, o maior deles seja o medo. Antes de falar, muitas pessoas sentem o coração disparar,

os joelhos tremerem e a transpiração aumentar.

A organização de uma apresentação compreende vários passos:

1- Planejamento Geral: definição do tema central e as metas que se quer atingir ao tratá-

lo.

Exemplo: Tema – Legislação Ambiental

Meta – Informar e/ou sensibilizar sobre a importância do tema para a

redefinição de práticas produtivas na empresa.

O tema é O QUE vai ser tratado na apresentação e as metas são O PORQUÊ e PARA

QUÊ.

2- Planejamento Detalhado:

a. Público ao qual se destina a apresentação (tamanho, idade, gênero,

características culturais, motivações para participar do evento etc.);

b. Tempo disponível para apresentação;

c. Recursos a serem utilizados (data-show, retroprojetor, flip-chart, vídeo etc.);

d. Logística para a chegada ao local da apresentação.

É importante lembrar que a linguagem oral é diferente da escrita, uma vez que

possibilita o uso de elementos da comunicação não verbal: entonação, gestualidade,

expressões faciais que facilitam a comunicação.

Polito (2006) apresenta uma série de dicas importantes para o seu aperfeiçoamento:

Respiração – tranquilize-se – O primeiro passo para uma boa apresentação é estar

tranquilo. Estar calmo perante a plateia faz com que o instrutor transmita segurança a quem

assiste a palestra.

Durante a apresentação é importante manter uma respiração pausada para que não se

atropelem as palavras e assim torne sua apresentação ininteligível.

Page 24: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

23

Posicionamento – o que fazer e o que não fazer. O instrutor deverá encontrar um

ponto central que servirá como local de referência.

Mobilidade: Se você se desloca de um lado para o outro da plateia para dar ênfase à

determinada informação, ou para recuperar a atenção das pessoas que começam a se

desconcentrar, estará agindo de maneira correta. Porém, se os movimentos ocorrerem apenas

porque não se sente confortável, e você se desloca apenas para tentar se sentir mais à

vontade, é quase certo que esteja se comportando de forma inadequada.

Não fique de costas para o público. Ao ficar de costas sua voz se perderá e seus

ouvintes não o entenderão.

Evite fazer a sua apresentação sentado, a menos que seja estritamente necessário.

Postura e expressão corporal. Cuidado com os excessos.

De acordo com Polito (2006) há dois erros comuns que precisam ser evitados na

gesticulação. O primeiro deles é a ausência de gestos, pois os movimentos do corpo são

importantes no processo de comunicação da mensagem. O outro, geralmente mais grave do

que o primeiro, é o exagero de gestos. Provavelmente o resultado da sua apresentação será

muito mais positivo se você for comedido nos gestos do que se você exagerar na gesticulação.

As pernas. Procure se posicionar com equilíbrio sobre as duas pernas, evitando ficar

apoiado ora sobre a perna esquerda, ora sobre a direita. Observe para que elas não fiquem

demasiadamente abertas, para que não tornem sua postura deselegante, ou, ao contrário, que

não permaneçam muito juntas, para que sua mobilidade não seja prejudicada.

Os braços e as mãos. Não carregue caneta, papel e outros objetos, pois eles podem

muito mais atrapalhar do que ajudar. Se você estiver visivelmente nervoso, tremerá a mão ao

segurar um papel ou o laser, e isso ficará claro para a plateia. Deixe suas anotações sobre a

mesa e verifique-as quando necessário.

Laser pointer. É um ótimo instrumento para apontar dados na apresentação. O seu

uso só deve ser feito pelo instrutor que possui a mão firme, porque do contrário, o laser estará

trêmulo e não servirá para o seu propósito que é indicar alguma informação, além de deixar

claro para os participantes que você está nervoso.

Gestos. Ao gesticular, é recomendável fazer os movimentos acima da linha da cintura e

alternar a posição de apoio dos braços, deixando-os às vezes ao longo do corpo, em outros

momentos gesticulando apenas com um deles, para em seguida atuar com os dois. Dessa

forma evitará a rigidez da postura e tornará os gestos mais elegantes e harmoniosos.

Evite cruzar os braços, posicioná-los nas costas ou colocar as mãos nos bolsos, procure

fazer os repousos de mãos a frente ou deixar os braços soltos. Se agir assim com frequência e

Page 25: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

24

por tempo prolongado, talvez demonstre desnecessariamente aos ouvintes que está inseguro

e intranquilo.

Evite também esfregar ou apertar nervosamente as mãos, principalmente no princípio,

quando essas atitudes são mais comuns. Tome cuidado ainda para não coçar a cabeça o tempo

todo, ou ficar segurando sucessivamente a gola da blusa ou do paletó. Quase sempre os

ouvintes têm a impressão de que, quando o orador domina o assunto de sua apresentação,

não fica nervoso diante da plateia. Portanto, mesmo que essa interpretação do público não

seja verdadeira, essas demonstrações de hesitação podem comprometer o resultado de sua

exposição.

Olhar para a plateia. Olhar na direção das pessoas fará com que elas se sintam

incluídas no ambiente, por isso não esquive o seu olhar. Caso tenha dificuldades em olhar para

seu público, você pode utilizar a Técnica da Triangulação. Escolha três pontos no auditório ou

sala de aula, três rostos familiares ou três pessoas que lhe deem feedback positivo durante sua

fala. Olhe para a primeira pessoa do lado esquerdo, vagarosamente olhe para a pessoa no

centro, e vá movendo seu olhar para a pessoa no lado direito. Dessa maneira você estará

percorrendo o auditório ou sala de aula com seu olhar e de maneira segura. Quando estiver se

sentindo mais a vontade, olhará para todos e verá muitos rostos interessados no seu assunto.

A voz. É importante diferenciar o tom da sua voz para lugares grandes e pequenos.

Você deverá falar mais alto ou mais baixo dependendo da acústica do local, da distância em

que se encontrar do último ouvinte da plateia, dos ruídos que possam interferir na

compreensão do público.

Evite falar alto quando estiver próximo de poucas pessoas em uma pequena reunião, e

utilize o microfone diante de plateias numerosas.

Caso você tenha de usar o microfone, fique atento para a sensibilidade do mesmo. A

boca deve ficar distante do microfone aproximadamente dez centímetros. Faça o teste antes

da palestra para saber se precisa afastar ou aproximar o microfone para que a voz seja bem

captada.

O melhor momento para fazer a dosagem da voz é quando você realiza a sua

apresentação pessoal, que deve ser feita sempre no início da palestra.

Repetições. Cuidado com repetições de palavras como: né? Ok? Tá? E outras. Esses

recursos costumam ser utilizados quando o instrutor quer enfatizar o assunto ou buscar

aprovação da plateia. Evite-os, pois em excesso servem para deixar a fala caricata e

desagradável de ouvir. Preste atenção ao seu próprio discurso e perceba se existe um chavão

ou palavra que costuma repetir. Experimente construir suas frases sem eles e ouça como irá

soar de maneira mais agradável.

Page 26: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

25

Pessoas que falam devagar tendem a preencher os espaços de tempo com sons do

tipo: ãããããã ou éééééé. Fique atento para esse fato e prefira o silêncio entre as frases.

Ritmo. Depois de certo tempo de duração – entre 20 e 30 minutos de palestra ou aula

os ouvintes começam a ter sua atenção desviada. Se o palestrante utilizar uma fala monótona

e monocórdia se tornará impossível prender a atenção no assunto. Procure mudar sua

entonação quando se tratar de um tópico importante, frise com a sua voz aquilo que todos

precisam prestar atenção.

Vocabulário. O seu vocabulário deverá estar de acordo com o público alvo da aula ou

palestra. No caso do uso das siglas, utilize-as somente se você tiver certeza que seu público

está familiarizado com elas. Caso você esteja querendo ensinar conceitos ou utilizar as siglas

para abreviar nomes ou expressões muito longas, explique primeiro o que cada sigla significa

para depois começar a falar sobre elas.

O vocabulário técnico só deve ser utilizado também para o público que está

familiarizado com ele. As regras são as mesmas utilizadas para as siglas. Muitos palestrantes

gostam de demonstrar seu conhecimento com vocabulário rebuscado ou com o uso de

estrangeirismos. Se esse tipo de fala faz parte da cultura organizacional, sua fala estará

contextualizada. Caso não faça, sua fala não será compreendida e logo a plateia irá perder o

interesse no que você está dizendo.

Domínio do tema. De nada adiantará falar com naturalidade, envolvimento e

disposição se não dominar o assunto a ser apresentado

PREPARANDO OS SLIDES:

Ao preparar seus slides, observe algumas regras básicas:

1- Destacar um ponto por slide;

2- Evitar uso excessivo de cores;

3- Cuidado com o exagero de informações por slide;

4- Evite o uso excessivo de diferentes fontes;

5- Cuidado com o tamanho da fonte;

6- Menos texto e mais imagens;

7- Opte por fotos no lugar dos antigos cliparts;

8- Lembre-se que a leitura é mais rápida do que a fala.

Acima de tudo, preparar-se para a apresentação é fundamental.

Page 27: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

26

6. Níveis de Linguagem

Os níveis de linguagem compreendem o modo como o emissor se manifesta nas

diversas situações vividas. Dependendo do lugar onde estamos, com quem conversamos e do

que conversamos, o nível de linguagem muda. Nem sempre falamos da mesma forma quando

queremos transmitir a mesma mensagem.

Nível formal ou culto - obedece às regras da norma culta, da gramática normativa. É

frequente em ambientes que exigem tal posicionamento do falante: em discursos, em

sermões, apresentação de trabalhos científicos, em reuniões, etc. Logicamente, a

escrita também seguirá padrões quando se trata de textos acadêmicos ou de teor

científico.

Nível informal ou coloquial - é a manifestação espontânea da língua. Independe de

regras, apresenta gírias, restrição de vocabulário, formas subtraídas das palavras. Está

presente nas conversas com amigos, familiares, pessoas com quem temos intimidade.

É muito comum se ver o coloquialismo sendo utilizado em textos, principalmente da

internet, como no MSN, no Facebook, blogs, etc.

Nível técnico ou científico – Modalidade de linguagem que se aproxima do nível culto.

Consiste no uso de uma linguagem que se apoia também na gramaticidade para

transmitir a ideia de precisão, de rigor, de neutralidade. Vale-se de vocabulário

específico para designar instrumentos de um ofício ou ciência, ou para apresentar

conceitos científicos, transações comerciais, financeiras ou econômicas.

Nível regional - As pessoas falam de acordo com o lugar onde vivem, prova disso são

os diferentes sotaques distribuídos pelo Brasil a fora.

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7. Considerações sobre a noção de texto e sua estrutura

De acordo com Medeiros e Tomasi (2010, p.146), “Texto é um tecido verbal cujas

ideias devem estar entrelaçadas para formar um todo”.

Um texto não é um aglomerado de frases. Para que ele cumpra seu propósito de

permitir uma interação comunicativa, devemos observar os principais FATORES DE

TEXTUALIDADE:

Coerência

Concisão

Coesão

7.1 Coerência

A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o

texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo,

portanto, ser entendida com um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do

texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o

sentido desse texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global.

Para haver coerência é preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de

unidade ou relação entre seus elementos.

A coerência corresponde à macroestrutura do texto. É responsável pelo sentido do

texto, fazendo relação entre as partes de um texto e criando uma unidade de sentido.

É a coerência que dá textura e textualidade à sequência linguística, entendendo-se por

textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto. Assim sendo,

podemos dizer que a coerência dá início à textualidade.

7.2 Concisão

Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um

mínimo de palavras, sem prejudicar a clareza da frase. O texto conciso não se desvia dos

objetivos e tem informações na medida certa.

Para tornar o texto conciso, observe algumas regras:

1- Vá direto ao assunto;

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2- Não use duas ou mais palavras quando é possível transmitir a ideia com apenas

uma (Exemplo: Fizemos uma investigação – Investigamos);

3- Elimine a redundância.

7.3 Coesão

Assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem

conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de um texto devem se apresentar bem

“amarradas”, para que ele cumpra sua função primordial - veículo de articulação entre o autor

e seu leitor.

Podemos definir coesão como um conjunto de recursos linguísticos de que dispõe a

língua, de forma a estabelecer as ligações necessárias entre os constituintes de uma frase,

entre as orações de um período e entre os parágrafos de um texto. Trata-se de uma relação

harmoniosa, que permite ao leitor uma leitura agradável.

Coesão textual é um fator importante do texto que se refere à conexão de palavras,

expressões ou frases dentro de uma sequência. O texto coeso se constrói com elementos de

ligação que podem ser pronomes, verbos, advérbios ou conectores coesivos.

A função desses elementos é exatamente a de por em evidência as várias relações de

sentido que existem entre os enunciados.

Exemplos:

Então Assim

Portanto Daí

Já que Aí

Com efeito Dessa forma

Porque Isto é

Ora Embora

Mas Porém

Cada conectivo ou elemento de coesão assume um valor típico. Além de ligarem

partes de um discurso, estabelecem entre essas partes certo tipo de relação semântica: Causa,

Finalidade, Conclusão, Contradição, Condição.

Para melhor compreendermos o uso de tais elementos, vejamos o texto abaixo:

Page 30: Comunicação empresarial   apostíla (parte 1)

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São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião

Das Agências

Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes e uma mulher que viu o avião cair morreram.

Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.

Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.

O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído.

Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa Cecília.

Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza da matéria fosse comprometida.

E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns mecanismos:

a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmente por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos principais elementos de

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coesão do texto jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibulares, obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão.

b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que os sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem com mais propriedade.

c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as palavras piloto e co-piloto. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras.

d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os principais elementos de substituição:

Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a idéia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram ferimentos graves.

Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado.

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Exemplos:

a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O presidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);

b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do mundo, etc.

Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).

Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumento dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-exemplo)

Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisação -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações que se podem atribuir a eles).

Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.

Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que só é citada na linha seguinte.

Conexão:

Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos,

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agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa Moderna).

Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico).

Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje, frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.

Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.

Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.

Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).

Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.

Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.

Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.

Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.

Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.

Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.

Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo.

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Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.

Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que.

Idéias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/coesao

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8. Tipos de Textos

Desde bem pequeno, escrevemos vários textos: um bilhete, uma carta, as redações na

escola, alguns até escrevem poemas. Bem, o fato é que, em qualquer texto, utilizamos uma

modalidade redacional. E o que é modalidade redacional? É o tipo decomposição que é

escolhida, segundo o que se quer comunicar. Vamos reconhecer algumas delas:

8.1 Descrição

Tipo de texto em que se procura caracterizar, com palavras, a imagem de alguma

pessoa, objeto, cenário, situação, sentimento, enfim, aquilo que desejamos que outra pessoa

conheça.

O texto descritivo tem como característica essencial o fato de não haver uma

progressão lógico-temporal: supondo que você decidisse descrever como foi determinado

evento poderia começar por qualquer aspecto, pelas pessoas envolvidas, por acontecimentos

inusitados durante o evento descrito, expor vários elementos simultaneamente. E deve ser

assim mesmo: não existe a relação do antes e do depois na descrição.

A descrição poderá ser subjetiva (feita a partir das impressões de quem a fez, inclusive

com uso de linguagem figurada) ou objetiva (qualquer um que veja a mesma imagem pode

perceber os mesmos elementos).

8.2 Narração

Tipo de texto em que se contam fatos, envolvendo personagens, enredo, tempo,

espaço.

Características do texto narrativo:

Relato de um acontecimento;

Fatos vividos por personagens em determinado tempo e lugar;

Presença do narrador (personagem ou observador);

Fatos são apresentados em sequência;

Pode estar em 1a. ou 3a. pessoa, depende do papel que o narrador assuma em

relação à história.

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Podemos comparar a narração a um filme, enquanto que a descrição equivaleria a

uma fotografia. Na narração há uma sequência dos fatos de tal modo que um fato seja a causa

ou a consequência do outro.

8.3 Dissertação

Tipo de texto em que predomina a defesa de uma ideia.

Algumas características do texto dissertativo:

Caráter argumentativo;

Exposição de ideias e opiniões;

Adoção de ponto de vista;

Necessidade de conhecer o tema;

Convencimento do leitor.

A construção de um texto dissertativa pressupõe uma estrutura:

Introdução: Apresentação do assunto e posicionamento do autor. Formulação

da tese ou ideia principal do texto.

Desenvolvimento: Argumentação da ideia central e uma análise crítica, além

da exposição de raciocínios, provas, juízos de valor, testemunhos, exemplos,

justificativas e históricos.

Conclusão: Síntese das ideias gerais do texto ou proposta de soluções para o

problema discutido.

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Bibliografia

Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. (n.d.). Acessado em 13 de janeiro de

2013. Disponível em: http://www.ead.ftc.br/portal/upload/bacharelado/adm/02-

ComunicacaoEmpresarial.pdf

FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. – São Paulo: Ática, 2007.

MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação Empresarial sem Complicação. Editora Manole,

2008.

POLITO, Reinaldo. Técnicas de Apresentação e comunicação in BOOG,GustavoG. e Magdalena

T. Boog – coord. Manual de Treinamento e Desenvolvimento:processos e operações /– São

Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

TOMASI, Carolina. Comunicação Empresarial. Carolina Tomasi, João Bosco Medeiros – 3. ed. –

São Paulo: Atlas, 2010.