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COMPÊNDIO MODULAR DE IMPLEMENTAÇÃO DO CONTROLO DE ARMAS LIGEIRAS MOSAIC 06.20 Versão 1.0 2018-04-25 Crianças, adolescentes, juventude e armas ligeiras e de pequeno calibre Número de referência MOSAIC 06.20:2018(P)V1.0 © Nações Unidas 2018

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COMPÊNDIO MODULAR DE IMPLEMENTAÇÃO DO CONTROLO DE ARMAS LIGEIRAS

MOSAIC 06.20

Versão 1.0

2018-04-25

Crianças, adolescentes, juventude e armas ligeiras e de pequeno calibre

Número de referência MOSAIC 06.20:2018(P)V1.0

© Nações Unidas 2018

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MOSAIC 06.20:2018(P)V1.0

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Este documento pode não estar atualizado. As mais recentes versões de todos os módulos MOSAIC encontram-se disponíveis em

www.un.org/disarmament/salw

AGRADECIMENTOS

Este documento — um de uma série, que constitui o Compêndio Modular de Implementação do Controlo de Armas Ligeiras (MOSAIC) — foi produzido pelas Nações Unidas em colaboração com um grupo amplo e diverso de peritos provenientes do governo, organizações internacionais e regionais, sociedade civil e setor privado. Uma lista completa de contribuidores para o projeto MOSAIC encontra-se disponível no nosso Website.

A produção do MOSAIC foi tornada possível pelo apoio financeiro dos governos da Austrália, Canadá, Alemanha, Irlanda, Noruega e Suíça bem como pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos de Desarmamento (GNUAD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Direção Executiva do Comité contra o Terrorismo das Nações Unidas (CTED).

© Nações Unidas 2018

Todos os direitos reservados. Esta publicação pode ser reproduzida para fins educacionais e de formação sem fins lucrativos sem autorização especial dos detentores dos direitos de autor, desde que a fonte seja reconhecida. As Nações Unidas gostariam de receber uma cópia eletrónica de qualquer publicação que utiliza este documento como uma fonte ([email protected]).

Este documento não se destina a ser vendido.

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Índice Página

Introdução ............................................................................................................................................. vi

1 Âmbito .......................................................................................................................................... 1

2 Referências normativas .............................................................................................................. 1

3 Termos e definições ................................................................................................................... 2 3.1 Geral .............................................................................................................................................. 2 3.2 Crianças, adolescentes e juventude ............................................................................................. 2

4 Quadro das Nações Unidas ....................................................................................................... 3 4.1 Geral .............................................................................................................................................. 3 4.2 Programa de Ação da ONU .......................................................................................................... 3 4.3 Tratado sobre o Comércio de Armas ............................................................................................ 3

5 Violência relacionada com armas ligeiras na infância ............................................................ 3 5.1 Geral .............................................................................................................................................. 3 5.2 Período pré-natal e nascimento .................................................................................................... 4 5.3 Primeira e segunda infâncias ........................................................................................................ 4 5.4 Adolescência ................................................................................................................................. 4 5.5 Crianças associadas a forças armadas ou grupos armados ........................................................ 5 5.6 Estratégias para prevenir a violência contra as crianças.............................................................. 6

6 Impactos da violência armada ................................................................................................... 6 6.1 Geral .............................................................................................................................................. 6 6.2 Impactos diretos ............................................................................................................................ 7 6.3 Impactos indiretos ......................................................................................................................... 8 6.4 Contexto da exposição a armas ligeiras e de pequeno calibre .................................................. 10

7 Princípios gerais ....................................................................................................................... 11 7.1 Respeito pelos direitos das crianças ........................................................................................... 11 7.2 Proteção contra todas as formas de violência ............................................................................ 11 7.3 Segurança e proteção ................................................................................................................. 11 7.4 Participação e consulta ............................................................................................................... 12 7.5 Colaboração e sinergias ............................................................................................................. 12 7.6 Género, idade, cultura e contexto ............................................................................................... 13

8 Política de proteção da criança ............................................................................................... 13 8.1 Geral ............................................................................................................................................ 13 8.2 Conteúdo ..................................................................................................................................... 13 8.3 Questões a considerar ................................................................................................................ 13 8.4 Redação ...................................................................................................................................... 14 8.5 Estrutura ...................................................................................................................................... 14

9 Programação para crianças, adolescentes e juventude ....................................................... 15 9.1 Geral ............................................................................................................................................ 15 9.2 Considerações relativas ao género e idade ................................................................................ 15 9.3 Voz e representação ................................................................................................................... 16 9.4 Dados repartidos por idade ......................................................................................................... 20 9.5 Ligações a iniciativas relacionadas ............................................................................................. 22 9.6 Educação para a paz e desarmamento ...................................................................................... 24

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Anexo A (informativo) Estratégias, abordagens e setores para prevenir e responder à violência contra crianças .............................................................................. 29

Anexo B (informativo) Exemplo de uma Política de Proteção da Criança ..................................... 30

Anexo C (informativo) Plano de ação de 5 pontos para terminar o recrutamento e uso de crianças em conflitos armados .................................................................... 32

Anexo D (informativo) Lista de verificação de 10 pontos: Impedir o uso pelo Estado de crianças soldados .................................................................................... 33

Anexo E (informativo) Recursos para ajudar a desenvolver um currículo de educação para a paz ....................................................................................................... 34

Anexo F (informativo) Diretrizes para a proteção de escolas e universidades contra o uso militar durante conflitos armados ................................................................ 35

Bibliografia ........................................................................................................................................... 38

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Prefácio

O que é o MOSAIC?

O MOSAIC traduz em prática os objetivos dos acordos globais chave destinados a impedir o comércio ilícito, destabilizar a acumulação e uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, incluindo:

• o Programa de Ação sobre o comércio ilícito de armas ligeiras e de pequeno calibre;

• o Instrumento Internacional de Rastreio;

• o Protocolo sobre Armas de Fogo adicional à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional;

• o Tratado sobre o Comércio de Armas.

Os módulos do MOSAIC baseiam-se em boas práticas, códigos de conduta e procedimentos operacionais padrão desenvolvidos aos níveis (sub)regionais. Foram desenvolvidos pela ONU, beneficiando do melhor aconselhamento técnico de peritos de todo o mundo.

O MOSAIC é um kit de ferramentas completamente voluntário.

O MOSAIC apoia o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o Objetivo 16 para promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas e a sua meta 16.4 que inclui uma redução significativa dos fluxos ilegais de armas.

Quem desenvolveu o MOSAIC?

Os governos frequentemente apelam a todo o sistema da ONU para fornecer aconselhamento e apoio sobre questões relacionadas com o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre — incluindo sobre questões legislativas, programáticas e operacionais. As agências da ONU decidiram que a melhor maneira de assegurar que as Nações Unidas no seu conjunto pudessem fornecer de maneira consistente aconselhamento e apoio de alta qualidade em resposta a tais pedidos, era desenvolver orientações internacionais sobre o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre, de maneira semelhante às normas desenvolvidas pela ONU nas áreas da luta contra as minas (Padrões Internacionais para Ações Antiminas – IMAS); desarmamento, desmobilização e reintegração (Normas Integradas de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) – IDDRS); e munição (Diretrizes Técnicas Internacionais sobre Munições – IATG).

O compêndio é o resultado de uma década de trabalho coordenado no âmbito do sistema da ONU, envolvendo 24 entidades parceiras com experiência desde o desenvolvimento e gestão de armamento a questões relacionadas com o género e saúde pública. Um grupo de referência de peritos externos com mais de 300 especialistas, de organizações não-governamentais (ONGs) à indústria, completou o robusto processo de estabelecer cada módulo.

Quem pode usar o MOSAIC?

O MOSAIC pode ser utilizado por qualquer governo ou organização. Basear adequadamente os esforços de controlo de armas ligeiras em módulos do MOSAIC reduz o risco de as armas caírem nas mãos de criminosos, grupos armados, terroristas e outros que iriam abusar delas.

MOSAIC. Boas práticas para sociedades mais seguras.

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Introdução

A violência armada perpetrada com armas ligeiras e de pequeno calibre coloca em risco crianças, adolescentes e juventude em risco ao ameaçar a sua segurança, saúde, educação, bem-estar e desenvolvimento, tanto durante como após o conflito, bem como em tempos de paz. Como grupo, as crianças, adolescentes e juventude são as vítimas, as testemunhas e os agentes primários de violência armada. São também — tal como reconhecido na Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 2250 sobre Juventude, Paz e Segurança — poderosos agentes de mudança.

Os impactos negativos da violência armada nas crianças, adolescentes e juventude são variados e abrangentes. Incluem morte, lesões físicas, desconforto psicossocial e trauma, perturbações no acesso a nutrição, educação e cuidados de saúde, deslocação, perda de oportunidades, violência baseada no género (incluindo violência sexual), intimidação, exploração e abuso.

Tais impactos são evitáveis. A morte, lesão e maus tratos de crianças, adolescentes e juventude podem ser evitados ou, pelo menos, significativamente reduzidos através de ações responsáveis por parte de adultos para os proteger e também através de ações por parte das próprias crianças, adolescentes e juventude, como agentes de mudança. Um dos meios para o fazer é assegurar que as crianças, adolescentes e juventude estejam protegidos dos riscos associados à proliferação descontrolada e o uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre.

O uso de armas ligeiras por crianças, adolescentes e juventude não está sempre associado à violência interpessoal ou intergrupo. Em muitos países, os jovens utilizam armas ligeiras para fins recreativos (por ex., caça e tiro desportivo) em ambientes seguros, regulados e organizados. Em alguns países, os jovens usam armas ligeiras para se engajarem em caça para suplementar os meios de subsistência das suas famílias ou assinalar a sua maioridade em rituais de passagem societais.

Até em contextos bem regulamentados e até em sociedades habitualmente pacíficas, porém, as armas ligeiras podem ser utilizadas indevidamente, intencional ou involuntariamente, com consequências devastadoras para as crianças, adolescentes e juventude. Embora reconhecendo a diversidade de contextos onde os jovens possam interagir com armas ligeiras, importa ter em atenção a minimização dos riscos que tais armas representam para esta faixa etária.

As crianças, adolescentes e juventude são o futuro e poderosos agentes de mudança. A sua participação ativa e significativa nos esforços de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre pode promover a sustentabilidade e pode engendrar criatividade e energia necessárias [à realização desses esforços].

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COMPÊNDIO MODULAR DE IMPLEMENTAÇÃO DO CONTROLO DE ARMAS LIGEIRAS

MOSAIC 06.20:2018(P)V1.0

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Crianças, adolescentes, juventude e armas ligeiras e de pequeno calibre

1 Âmbito

Aspetos do comércio ilícito, proliferação descontrolada e uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre na medida em que estejam relacionados com crianças (0-17 anos de idade), adolescentes (10-19 anos de idade) e juventude (15-24 anos de idade) foram incorporados, quando apropriado, em todos os módulos das Normas Internacionais de Controlo das Armas Ligeiras (ISACS) (MOSAIC).

Este documento reúne os tópicos dos demais módulos MOSAIC relacionados com crianças, adolescentes e juventude e fornece orientações práticas sobre a conceção, implementação, monitorização e avaliação de iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre — quer seja ao nível da legislação, política, programação ou projetos — que sejam sensíveis e respondam a direitos, necessidades e capacidades específicos de crianças, adolescentes e juventude.

Questões relacionadas com crianças e juventude no contexto do desarmamento, desmobilização e reintegração de ex-combatentes são abrangidas nas normas Integradas de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) — IDDRS 5.20, Juventude e DDR e IDDRS 5.30, Crianças e DDR — e não são abordadas em detalhe neste módulo.

Questões relacionadas com o controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre no que se refere ao género são abrangidas principalmente no MOSAIC 06.10, Mulheres, homens e perspetiva de género das armas ligeiras e de pequeno calibre..

2 Referências normativas

Os seguintes documentos de referência são indispensáveis à aplicação deste documento. No caso de referências datadas, só se aplica a edição citada. No caso de referências não datadas, aplica-se a mais recente edição do documento de referência (incluindo quaisquer emendas).

Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC)

Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo à Participação de Crianças em Conflitos Armados

Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional

Convenção relativa à Interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças, Convenção relativa à Interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças).

Princípios de Paris: Princípios e Diretrizes sobre as crianças associadas a forças armadas ou grupos armados

Crianças a participar em pesquisa, monitorização e avaliação (MeE): Ética e as suas responsabilidades como gestor, UNICEF.

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2 © Nações Unidas 2018 – Todos os direitos reservados

Educação para a Paz: Planear a Reforma Curricular — Diretrizes para a integração de um currículo no domínio da Educação para a Paz em planos e políticas do setor da educação, UNESCO

Política das Nações Unidas para a criação de empregos em situações de pós-conflito, geração de rendimentos e reintegração

MOSAIC 04.10, Conceção e implementação de um Plano de Ação Nacional

MOSAIC 04.20, Conceção e implementação de programação de segurança comunitária

MOSAIC 04.30, Sensibilização

MOSAIC 05.10, Realização de inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre

IDDRS 5.20, Juventude e Desarmamento

IDDRS 5.30, Crianças e Desarmamento

3 Termos e definições

3.1 Geral

Para os objetivos deste documento, aplicam-se os termos e definições fornecidos em MOSAIC 01.20, Glossário de termos, definições e abreviaturas, e o seguinte.

Em todos os módulos MOSAIC, as palavras 'deve', 'deveria', 'pode' e 'poderia' são utilizadas para exprimir disposições de acordo com a sua utilização nas normas da Organização Internacional para Padronização (ISO):

a) “deve” indica um requisito: É utilizado para indicar requisitos que devem ser rigorosamente seguidos para estar em conformidade com o documento e dos quais não é permitido nenhum desvio.

b) “deveria” indica uma recomendação: É utilizado para indicar que, entre várias possibilidades, uma é recomendada como sendo particularmente adequada, sem mencionar ou excluir outras, ou que uma determinada linha de ação é preferida mas não é necessariamente exigida, ou que (na forma negativa, 'não deveria') uma determinada possibilidade ou linha de ação é depreciada mas não proibida.

c) “pode” indica permissão: É utilizado para indicar uma linha de ação admissível no âmbito dos limites do documento.

d) “poderia” indica possibilidade e capacidade: É utilizado para declarações de possibilidade e capacidade, quer materiais, físicas ou casuais.

3.2 Crianças, adolescentes e juventude

A ONU define crianças como tendo 0-17 anos de idade, adolescentes como tendo 10-19 anos de idade e juventude como tendo 15-24 anos de idade (todos os números são inclusivos).

Como a categoria “juventude” abrange crianças, adolescente e jovens adultos (consultar Tabela 1), é importante lembrar que a maioria dos adolescentes, como as crianças, têm um conjunto único de direitos e medidas de proteção consagrados na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança que não aplicáveis a jovens adultos.

É, também, importante considerar que, embora as definições da ONU sejam aplicáveis universalmente, podem existir diferenças consideráveis entre contextos diferentes. Os sistemas social, económico e cultural definem frequentemente os limites de idade para papéis e responsabilidades específicos das crianças, adolescentes, juventude e adultos.

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Tabela 1 — Utilização de termos específicos relativamente à idade

4 Quadro das Nações Unidas

4.1 Geral

Este documento fornece orientações práticas sobre a implementação de compromissos relativamente às crianças, adolescentes e juventude contidos em instrumentos multilaterais das Nações Unidas relacionados com o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre.

4.2 Programa de Ação da ONU

No Programa de Ação para Prevenir, Combater e Erradicar o Comércio Ilícito de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre em todos os seus Aspetos das Nações Unidades (Programa de Ação da ONU), todos os Estados-Membros da ONU declaram-se:

a) “Seriamente preocupados com as suas consequências devastadoras nas crianças, muitas das quais são vítimas do conflito armado ou são forçadas a tornarem-se crianças soldados […] e, neste contexto, tendo em conta a sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre crianças” (secção 1, parágrafo 6); e concordam em

b) “Abordar as necessidades especiais das crianças afetadas por conflito armado, em particular a reunificação com a sua família, a sua reintegração na sociedade civil e a sua reabilitação apropriada” (secção 2, parágrafo 2); e

c) Promover diálogo e uma cultura de paz encorajando, conforme apropriado, programas de educação e sensibilização do público sobre os problemas do comércio ilícito de armas ligeiras e de pequeno calibre em todos os seus aspetos, envolvendo todos os setores da sociedade (secção 2, parágrafo 41).

4.3 Tratado sobre o Comércio de Armas

Os Estados que são partes do Tratado sobre o Comércio de Armas acordaram com o compromisso juridicamente vinculativo que:

a) “O Estado Parte exportador, ao fazer esta avaliação [avaliação da exportação], deve ter em conta o risco das armas convencionais abrangidas no âmbito do Artigo 2 (1) ou dos itens abrangidos no âmbito do Artigo 3 ou Artigo 4 serem utilizados para cometer ou facilitar […] atos de violência graves contra […] crianças” (Artigo 7.4).

5 Violência relacionada com armas ligeiras na infância

5.1 Geral

As crianças podem ser expostas a violência, incluindo violência armada, em cada etapa do seu crescimento, até mesmo dentro do ventre. Porém, tanto a natureza da violência e os seus potenciais

Jovens

Adolescentes

Adolescentes menores

Juventude

Jovens adultos

Crianças

Crianças de tenra idade

Crianças pré-adolescentes

Adultos

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impactos podem diferir de acordo com os níveis de desenvolvimento emocional, cognitivo e físico das crianças, bem como o contexto familiar e a comunidade onde crescem. A violência está presente em cada etapa da infância, desde o período pré-natal até aos 17 anos de idade, e é vivido de maneira diferente por rapazes e raparigas.

5.2 Período pré-natal e nascimento

Durante o período pré-natal e no nascimento, a saúde e bem-estar do feto e do recém-nascido estão ligados inextricavelmente à saúde e bem-estar da mãe que, durante a gravidez, se podem deparar com violência física, sexual ou emocional por parte do seu parceiro íntimo, membros da família ou outros. Quando uma arma ligeira é mantida no lar, a probabilidade de que a violência doméstica irá resultar em morte ou lesões graves — para a mãe e a criança in utero —aumenta significativamente.

5.3 Primeira e segunda infâncias

Durante a primeira e segunda infâncias (0-9 anos de idade), as crianças que vivem em lares onde uma arma ligeira é guardada de maneira insegura — ou nas comunidades onde armas ligeiras estão amplamente disponíveis — estão em risco de sofrer ferimentos ou serem mortos na sequência da descarga acidental de tais armas, quer causada por eles ou pelos seus irmãos ou amigos.

NOTA Consulte MOSAIC 03.30,para obter orientações sobre como manter as armas ligeiras fora do alcance das crianças, Regulamento nacional do acesso a armas ligeiras e de pequeno calibre por parte de civis , Cláusula 8.2.4.6 sobre o “armazenamento seguro”.

5.4 Adolescência

Durante a adolescência, as crianças tornam-se mais independentes e interagem grupos mais amplos de pessoas. Os adolescentes podem ser particularmente vulneráveis à violência de uma gama de fontes. Além da violência perpetrada por adultos, os adolescentes têm maior probabilidade de se depararem com violência [perpretada pelos] seus pares do que em qualquer outra fase da vida.

Os rapazes adolescentes têm uma maior probabilidade do que as raparigas de serem atacados fisicamente ou sofrer lesões intencionais e involuntárias. Existe também um aumento das lutas entre crianças adolescentes, por vezes com facas ou armas ligeiras. Os rapazes adolescentes correm um maior risco de morrer por homicídio, incluindo homicídio perpetrado com armas ligeiras.

Os adolescentes, especialmente rapazes, utilizam por vezes armas ligeiras para conquistar o respeito dos seus pares, alcançar um novo estatuto social ou garantir a sua independência, sendo a maioria da violência associada dirigida a outros adolescentes e juventude. Tal comportamento pode ser validado por alguns rapazes jovens, reforçando assim o estereótipo da masculinidade violenta.

As raparigas adolescentes tornam-se vulneráveis ao tipo de agressões direcionadas às mulheres mais velhas em geral, incluindo agressão de natureza sexual.

Os papéis em função do género, definidos culturalmente, e as normas sociais que ligam a masculinidade ao poder, força física e armas contribuem para níveis mais elevados de comportamento violento entre os rapazes adolescentes do que entre as raparigas adolescentes.

NOTA Consulte MOSAIC 06.10, para obter orientações sobre considerações em função do género. Mulheres, homens e perspetiva de género das armas ligeiras e de pequeno calibre.

Durante a adolescência, os rapazes e as raparigas podem também começar a utilizar armas ligeiras para fins recreativos e desportivos, como caça e tiro desportivo. Para ajudar a evitar a ocorrência de lesões acidentais no decurso de tais atividades, serão aplicadas as orientações fornecidas pelo MOSAIC 03.30 (Regulamento nacional do acesso a armas ligeiras e de pequeno calibre por parte de civis) — em particular no que diz respeito ao licenciamento, restrições etárias, utilização e armazenamento seguros.

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5.5 Crianças associadas a forças armadas ou grupos armados

À medida que o conflito armado prolifera em todo o mundo, um número cada vez maior de crianças é exposto às atrocidades da guerra. Existe uma clara correlação entre a facilidade de acesso a armas ligeiras e de pequeno calibre, por um lado, e o envolvimento de crianças no conflito armado, por outro lado. Em vários países, rapazes e raparigas são recrutados por forças armadas e grupos armados, forçada ou voluntariamente

As crianças são suscetíveis ao recrutamento por manipulação ou podem ser conduzidos a juntarem-se às forças armadas ou grupos armados por causa de pobreza ou discriminação. Frequentemente, são raptados na escola, nas ruas ou em casa. Uma vez recrutados ou forçados ao serviço, são utilizados para diversos fins. Enquanto muitas crianças participam em combate, outras são utilizadas para fins de exploração sexual, como espiões, mensageiros, porteiros/carregadores, criados, para colocar ou remover minas terrestres, etc. Muitas crianças desempenham múltiplos papéis.

As crianças podem ser recrutadas por vários motivos. Nos países que já são pobres, o conflito armado tende a deteriorar ainda mais as condições económicas e sociais, forçando assim as famílias a sofrer maiores privações económicas. Como resultado, as crianças podem-se juntar a forças armadas ou grupos armados para garantir a comida diária e a sobrevivência.

É igualmente provável que o conflito interrompa a educação das crianças. Quando as escolas são fechadas, as crianças ficam com escassas alternativas e podem tornar-se mais vulneráveis a recrutamento pelas forças armadas ou grupos armados.

Quando um conflito é prolongado, as forças armadas ou grupos armados têm uma maior probabilidade de utilizar crianças para reconstituir as suas fileiras. Esta tendência é facilitada pela disponibilidade de armas ligeiras e de pequeno calibre que podem ser facilmente manuseadas por crianças com 10 anos de idade ou menos.

As crianças que são utilizadas como soldados são roubadas da sua infância e são frequentemente sujeitos a brutalidade extrema. Frequentemente, elas são drogadas antes de serem enviadas para combater e são forçadas a cometer atrocidades contra as suas próprias famílias, como uma maneira de destruir os laços familiares e comunitários. As raparigas são frequentemente utilizadas para fins de exploração sexual, comummente atribuídas a um comandante e, por vezes, são vítimas de violação em grupo.

Nota 1 O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo à Participação de Crianças em Conflitos Armados aumenta a idade mínima para participação direta em hostilidades para 18 anos em relação à idade mínima anterior de 15 anos especificada na Convenção sobre os Direitos da Criança e outros instrumentos jurídicos. O tratado proíbe também o recrutamento obrigatório por forças governamentais de qualquer pessoa com menos de 18 anos de idade, e apela aos Estados Partes para aumentar a idade mínima acima dos 15 anos de idade para o recrutamento voluntário e implementar mecanismos de salvaguarda rigorosos quando o recrutamento voluntário de crianças com menos de 18 anos de idade é permitido. No caso de grupos armadas não estatais, o tratado proíbe todo o recrutamento – voluntário e obrigatório – de pessoas com menos de 18 anos de idade.

NOTA 2 O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional define os seguintes atos como crimes de guerra:

• “Recrutar ou alistar menores de quinze anos nas forças armadas nacionais, ou utilizá-los para participarem ativamente nas hostilidades” num conflito armado internacional; (Artigo 8(2)(b)(xxvi)); e

• “Recrutar ou alistar menores de quinze anos nas forças armadas nacionais ou em grupos, ou utilizá-los para participarem ativamente nas hostilidades” num conflito armado não internacional. Artigo 8(2)(e)(vii).

NOTA 3 O Artigo 3 da Convenção relativa à Interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças e à Ação Imediata com vista à sua Eliminação (Convenção ILO N.º 182) declara que o recrutamento forçado ou obrigatório de crianças para uso em conflito armado está entre “piores formas de trabalho infantil”.

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5.6 Estratégias para prevenir a violência contra as crianças

A Organização Mundial da Saúde (OMS), UNICEF, o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e a Criminalidade, o Banco Mundial e outros parceiros identificaram de forma conjunta sete estratégias para prevenir a violência contra as crianças. Designadamente:

a) a implementação e cumprimento das leis;

b) normas e valores;

c) ambientes seguros;

d) apoio aos progenitores e educadores;

e) rendimento e reforço económico;

f) resposta e serviços de apoio; e

g) educação e competências quotidianas.

NOTA Orientações sobre a implementação destas estratégias, que incluem a limitação do acesso dos jovens a armas ligeiras e outras armas, encontram-se no relatório, “INSPIRE: Seven Strategies for Ending Violence Against Children” (Geneva: World Health Organisation, 2016).

6 Impactos da violência armada

6.1 Geral

Os impactos do conflito armado e da violência nas crianças, adolescentes e juventude são diversos, complexos e multifacetados e podem resultar em graves lesões físicas, de desenvolvimento, emocionais e mentais.

Mais diretamente, eles sofrem morte e lesões, ambos intencionalmente, ao serem alvos da violência armada, e involuntariamente, através de acidentes que ocorrem na sequência da interação com armas ligeiras e de pequeno calibre. Sofrem de desconforto psicossocial e trauma em resultado de terem sido vítimas, testemunhas ou perpetradores de violência armada, o que pode ter repercussões negativas graves no seu desenvolvimento subsequente.

As crianças, adolescentes e juventude sofrem também efeitos indiretos graves relacionados com a disponibilidade e o uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, incluindo a morte e lesão dos progenitores, outros familiares e colegas, deslocação relacionada com o conflito e acesso reduzido a, ou qualidade reduzida de, educação e serviços de cuidados de saúde.

As armas ligeiras apresentam um risco específico para as crianças. A sua pequena dimensão e seu peso leve possibilitam a sua recolha e manuseamento por parte de quaisquer crianças que se deparem com elas, o que pode originar morte ou lesões devido a descarga acidental. O seu design simples implica que a sua utilização e manutenção podem rapidamente ser ensinadas a crianças associadas a forças armadas ou grupos armados.

Não obstante estes graves impactos, as crianças, adolescentes e juventude podem ser dotados de mecanismos internos de resistência e superação que os ajudem a lidar com o trauma e sofrimento que sentem na sequência do uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre.

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6.2 Impactos diretos

6.2.1 Morte e lesões

As crianças, adolescentes e juventude podem ser expostos ao risco de morte e lesões infligidas utilizando armas ligeiras e de pequeno calibre mesmo dentro do ventre até alcançarem a idade adulta.

A presença de uma arma ligeira no lar aumenta significativamente o risco de a violência perpetrada pelo parceiro íntimo, a relacionada com a família e a doméstica, bem como as tentativas de suicídio, serem fatais ou causarem lesões graves, incluindo para mulheres grávidas.

As crianças que vivem em lares onde as armas ligeiras são mantidas em condições inseguras correm um risco elevado de matarem acidentalmente ou lesionarem a si mesmos ou a outros através da descarga acidental das armas ligeiras que encontrarem.

Porém, o maior risco de morte e lesão na sequência de um tiro é, de longe, suportado por adolescentes, juventude e jovens adultos, em particular os homens jovens com 15-29 anos de idade. A maioria das vítimas e agentes de violência armada ilegal em quase todas as regiões do mundo provêm deste coorte. Adicionalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, por cada homicídio de jovens, existem aproximadamente 20-40 vítimas de violência não fatal entre jovens que recebem tratamento hospitalar.

Não obstante o facto de rapazes adolescentes e homens jovens estarem sujeitos a um maior risco de se envolverem em, e de se tornarem, vítimas de violência armada, as raparigas adolescentes e mulheres jovens estão sujeitas a um maior risco de se tornarem vítimas de violência baseada no género, incluindo violência sexual. Os múltiplos abusos cometidos sob ameaça de uma arma refletem o poder coercivo e efeito multiplicador da disponibilidade e do uso indevido de armas ligeiras.

Dezenas de milhares de crianças estão associadas a, e utilizadas por, forças armadas ou grupos armados em zonas de conflito em todo o mundo. Muitos milhares delas são exploradas através da violência armada organizada, ou nela participam, em cenários urbanos em todas as partes do mundo. As crianças em grupos armados perpetram, testemunham e tornam-se vítimas de violência.

Sendo tais crianças frequentemente retratadas como agentes, ofusca-se o facto de que elas são vítimas de exploração às mãos de adultos e que a sua experiência em grupos armadas terão efeitos negativos graves na sua saúde física e mental, bem-estar e desenvolvimento.

As raparigas e mulheres jovens encontram-se particularmente em risco de se tornarem vítimas de violência baseada no género, incluindo violação, prostituição forçada, humilhação sexual e assédio sexual, tráfico e violência doméstica tanto nas zonas de conflito como nas zonas limítrofes do mesmo. O uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre em tais situações atua como um multiplicador de tal violência.

6.2.2 Desconforto psicossocial e trauma

Além dos impactos visíveis, como a morte e as lesões físicas, a disponibilidade e o uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre têm também impactos invisíveis nas crianças, adolescentes e juventude, o que pode afetar negativamente o seu comportamento psicológico e social (ou seja, psicossocial) e o seu desenvolvimento.

As crianças afetadas podem exibir sintomas de depressão, ansiedade ou perturbação de stress pós-traumático, o que pode resultar em situações de agressão, medo, incontinência urinária, pesadelos e isolamento social. Isto pode ter um efeito negativo no desempenho escolar das crianças e nas suas relações com a família e amigos. Tanto as vítimas como os agentes de violência armada podem sentir desconforto psicossocial e trauma.

O desconforto psicossocial que as crianças sofrem como vítimas, testemunhas ou agentes de violência armada pode ser grave e duradouro. O desconforto psicossocial pode desenvolver-se e transformar-se em trauma e originar problemas de saúde mental a longo prazo, particularmente se acumulado através de experiências angustiantes repetidas.

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Dado a [grande] probabilidade de que o bem-estar e desenvolvimento de tais crianças, adolescentes e juventude seja afetado negativamente, eles necessitam de apoio para os ajudar a fortalecer a sua capacidade natural de resistência e superação. Porém, quando o apoio psicossocial apropriado e adequado é fornecido às crianças, adolescentes e juventude afetados por violência armada, estes podem exibir uma enorme resistência e superação bem como uma impressionante capacidade de se recuperarem de tais experiências.

Além dos fatores internos de resistência e superação, os fatores externos de resistência e superação desempenham também um papel em ajudar as crianças a gerir [os efeitos traumáticos]. Um ambiente que proporcie apoio em casa, na escola e na comunidade pode promover e fortalecer as estratégias naturais das crianças, adolescentes e juventude para enfrentar esse tipo de situações.

Elementos importantes dos ambientes que proporciam apoio incluem apoio comunitário, coesão familiar, uma ligação saudável aos educadores, a saúde psicológica dos educadores e a capacidade das crianças para enfrentar esse tipo de situações, [acesso a] serviços de saúde e educação adequados e infraestrutura social. Tais ambientes podem reforçar a resistência e superação pessoais e reduzir a gravidade e duração dos impactos psicossociais resultantes da violência armada.

6.3 Impactos indiretos

6.3.1 Geral

Embora os homens jovens estejam em maior risco de morte devido a conflito direto, as mortes indiretas afetam todas as faixas etárias, incluindo crianças com menos de cinco anos de idade.

6.3.2 Morte e lesões de familiares e colegas

A desestabilização resultante da morte ou lesão dos progenitores, outros familiares ou colegas como resultado da violência armada, pode afetar crianças, adolescentes e juventude psicológica, social e emocionalmente.

Os efeitos dessa desestabilização podem engendrar novas realidades práticas. A morte ou lesões do principal provedor do rendimento, educador ou outro adulto que forneça apoio pode ter um impacto profundo na situação socioeconómica de uma família. Isso pode forçar as crianças, adolescentes e juventude a assumir novas responsabilidades no agregado familiar ou forçá-las a trabalhar para sustentar as suas famílias, frequentemente em detrimento da sua própria educação.

A perda do rendimento do agregado familiar como resultado de morte ou lesão do principal provedor do rendimento pode colocar crianças e adolescentes em risco de trabalho em condições de exploração e separação das suas famílias. As crianças cujos pais tenham sido mortos podem também juntar-se a grupos armados ou gangues, em busca da proteção que esses grupos lhes prometem.

6.3.3 Deslocação

A guerra e conflito são importantes causas de deslocação forçada da população e cerca de metade de todos os refugiados e deslocados são crianças, adolescentes e juventude.

As crianças separadas das suas famílias devido a violência ou deslocação são igualmente separadas da fonte primária da sua segurança emocional e proteção. As crianças separadas podem ser particularmente vulneráveis a violência, abuso e exploração, incluindo violência sexual, rapto e recrutamento por grupos armados. A deslocação afeta também o acesso das crianças a necessidades básicas, como nutrição, cuidados de saúde e educação.

As mulheres e raparigas deslocadas são particularmente vulneráveis à violência baseada no género, incluindo violência sexual, devido às insuficiências de segurança e dos serviços responsáveis pela aplicação da lei nos campos e outros locais de deslocação, à exposição a pessoas desconhecidas, à sobreocupação, à perda de meios de subsistência e aos resultantes sentimentos de fragilização.

Estes riscos são exacerbados em situações onde as armas ligeiras e de pequeno calibre se encontram amplamente disponíveis. Quando os campos de refugiados se tornam militarizados, os

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grupos armados podem ter como alvo comunidades de refugiados para recrutar crianças, adolescentes e juventude e perpetrar abusos como violação, prostituição forçada e escravatura.

O uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre continua frequentemente a afetar refugiados e crianças, adolescentes e juventude deslocados — em campos de refugiados e locais de deslocação, bem como dentro das comunidades em geral — mesmo após o fim do conflito.

6.3.4 Acesso reduzido a necessidades e serviços essenciais

6.3.4.1 Nutrição

Embora um número significativo de crianças, adolescentes e juventude seja morto e ferido anualmente como resultado direto do conflito armado, muitos mais dos que são expostos ao conflito armado morrem como resultado de efeitos indiretos, particularmente subnutrição e doenças. Os lactentes e crianças são especialmente propensos à subnutrição por causa das suas necessidades nutricionais proporcionalmente elevadas.

Muitos dos conflitos armados atuais ocorrem em alguns dos países mais pobres do mundo. O conflito armado pode exacerbar níveis já elevados de subnutrição e doenças ao causar a rutura da produção e distribuição de alimentos e ao comprometer o fornecimento de ajuda humanitária. As crianças com menos de cinco anos de idade são particularmente vulneráveis a subnutrição e infeções.

6.3.4.2 Cuidados de saúde

O conflito limita o acesso aos cuidados de saúde e isso pode ter um efeito desproporcional nas crianças. Em situações de conflito, as instalações de saúde são frequentes alvos dos grupos armados, os quais roubam medicamentos e equipamento médico e raptam pessoal médico para tratar dos seus próprios feridos. Nestas circunstâncias, as instalações de saúde são frequentemente forçadas a fechar. As que permanecem abertas são muitas vezes difíceis de alcançar devido a restrições de movimentos ou insegurança.

Em situações de conflito onde os serviços de cuidados de saúde tenham sido prejudicados ou suspensos,as crianças têm maiores probabilidades de não receber vacinas essenciais e outros tratamentos preventivos e são mais vulneráveis a doenças evitáveis, como malária, sarampo, diarreia, pneumonia, tuberculose e infeção respiratória aguda.

O conflito pode também originar a danificaçã, a poluição ou destruição dos sistemas de água e saneamento, o que pode aumentar a vulnerabilidade a doenças transportadas pela água como cólera, disenteria e febre tifóide.

Os serviços de saúde reprodutiva são essenciais para a saúde de raparigas adolescentes e mulheres que estejam grávidas, bem como para a saúde dos seus filhos. As raparigas que dão à luz antes dos 15 anos de idade são muito mais suscetíveis a morrer no parto do que as mulheres na faixa dos vinte anos. Quando há uma redução dos serviços de cuidados de saúde durante conflito armado ou violência armada, a situação para as jovens mães gestantes deteriora-se. A educação para a saúde, cuidados de saúde e aconselhamento sobre saúde são particularmente importantes para as mulheres e raparigas que tenham sido violadas.

Da mesma forma, em cenários não violentos, nos quais, todavia, existem níveis elevados de violência armada interpessoal, a pressão exercida no sistema de cuidados de saúde pela necessidade de dirigir os escassos recursos ao tratamento de ferimentos a bala pode reduzir a qualidade dos cuidados disponíveis para tratamentos mais básicos, incluindo para crianças.

6.3.4.3 Educação

O acesso reduzido à educação é um dos impactos generalizados da violência armada nas crianças, adolescentes e juventude. As escolas podem ser forçadas a fechar-se devido à instabilidade generalizada, particularmente nas situações onde grupos armados e forças combatentes consideram que as escolas e os educadores são alvos estratégicos para ataque ou utilizam as escolas como quartéis, onde se escondem e protegem a si mesmos e ao seu armamento. A qualidade da educação

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pode ser afetada se, por causa de deslocação ou medo, não estiverem disponíveis professores qualificados..

Como locais onde estão concentradas crianças e adolescentes, as escolas podem-se tornar alvos para o recrutamento de crianças por gangues ou outros grupos armados, a venda de drogas, o rapto com pedido de resgate ou ataques contra crianças no seu caminho de ida ou volta para a escola. As escolas para raparigas e alunas podem ser particularmente vulneráveis a tais ataques, especialmente em áreas onde exista oposição à educação das raparigas. A violência relacionada com gangues pode propagar-se às escolas, especialmente quando os alunos são também membros dos gangues que levam armas ligeiras para a escola.

As escolas que são utilizadas como mesas de voto em áreas afetadas por conflito e politicamente contestadas podem tornar-se alvos de grupos da oposição que pretendam sabotar as eleições.

Os impactos psicossociais de testemunhar, sobreviver ou perpetrar a violência armada podem afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo das crianças e a sua capacidade de participar efetivamente nas aulas e de aprender enquanto estão na escola.

NOTA Consulte a secção “Diretrizes para proteger as escolas e universidades contra o uso militar durante conflitos armados” contido no Anexo F para obter orientações adicionais.

Fora do contexto do conflito armado e violência de gangues, a presença de armas ligeiras nas escolas pode também perturbar o processo educacional das crianças, adolescentes e juventude e pode-os colocar em risco de danos físicos e psicológicos. As crianças podem ser movidas por uma gama de motivações para trazerem uma arma ligeira para a escola, quer seja para executar um ataque premeditado, ameaçar professores ou colegas, impressionar colegas ou protegerem-se contra agressão ou intimidação (bullying).

6.4 Contexto da exposição a armas ligeiras e de pequeno calibre

As armas ligeiras e de pequeno calibre podem ser utilizadas indevidamente de inúmeras maneiras e em muitos contextos diferentes. As iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre direcionadas às crianças, adolescentes e juventude irão ter em consideração as circunstâncias específicas nas quais a iniciativa deve ocorrer. Os contextos incluem, entre outros: cenários de conflito e pós-conflito, sociedades em tempo de paz, contextos transitórios, ambientes urbanos e rurais, etc. Em cada contexto podem haver pontos de entrada específicos para iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre e questões específicas a considerar.

EXAMPLO Embora as crianças associadas a forças armadas ou grupos armados sejam geralmente ligadas a forças armadas militares ou estruturas de grupos armados em zonas de conflito, o crime organizado, incluindo violência de gangues de crime organizado, pode tocar a todos os contextos. Em alguns contextos, a ligação aos esforços de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) pode ser essencial, ao passo que noutros contextos o fortalecimento da legislação nacional e o combate à imagem das armas ligeiras como símbolos de poder e estatuto podem ser identificados como prioridades programáticas.

Os diferentes tipos e intensidade de exposição às armas ligeiras e de pequeno calibre, bem como as condições e ambientes nos quais as crianças, adolescentes e juventude vivem, devem informar a conceção, implementação, monitorização e avaliação das iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre.

NOTA Consulte MOSAIC 04.20, Conceção e implementação de programação de segurança comunitária; MOSAIC 04.30, Sensibilização; e MOSAIC 05.10, Realização de inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre, para obter informação adicional.

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7 Princípios gerais

7.1 Respeito pelos direitos das crianças

Todas as iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre que envolvam ou que das quais se espera advir um impacto nas crianças, incluindo adolescentes menores, devem ser executadas de acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança. Em particular:

a) as crianças devem ser protegidas e cuidadas, em linha com o direito inerente das crianças à vida, sobrevivência e desenvolvimento; e

b) os melhores interesses das crianças devem ser considerados em todas as atividades relacionadas com elas, acolhendo simultaneamente os princípios de participação, de não-discriminação, capacitação e de responsabilização.

7.2 Proteção contra todas as formas de violência

Todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais apropriadas devem ser tomadas para proteger as crianças, adolescentes e juventude de todas as formas de violência física e mental e de lesões.

Os programas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre que envolvam crianças, adolescentes e juventude devem ser desenvolvidos por pessoas com um conhecimento sólido de desenvolvimento da criança, direitos das crianças e proteção à criança.

As discussões e desenvolvimento de programas relacionados com as crianças, adolescentes e juventude e armas ligeiras e de pequeno calibre devem incluir representantes e contributos da UNICEF.

Os responsáveis pelo planeamento dos programas devem ter em consideração as 7 estratégias, as abordagens e os setores para prevenir a violência contra crianças que têm sido conjuntamente desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), UNICEF, o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e a Criminalidade e outros (consultar Cláusula 5.6 e o Anexo A).

O trabalho participativo com crianças, incluindo adolescentes menores, deve basear-se numa Política de Proteção da Criança (consultar Cláusula 8).

As organizações têm o dever de proteger as crianças, os adolescentes e a juventude com quem trabalham e devem atenuar os riscos de abuso e exploração.

7.3 Segurança e proteção

As iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre devem incluir todas as precauções necessárias para minimizar os riscos a que são expostas as crianças, os adolescentes e a juventude.

As iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre que envolvam ou afetem as crianças, os adolescentes e a juventude devem assegurar que os indivíduos afetados são expostos repetidamente à educação sobre o risco resultante da natureza perigosa das armas ligeiras, armas de pequeno calibre e as suas munições, de acordo com MOSAIC 04.30, Sensibilização..

As crianças — especialmente as crianças de tenra idade e as crianças pré-adolescentes — devem ser sempre mantidas fisicamente afastadas de armas ligeiras, armas de pequeno calibre e das suas munições.

Embora não seja sempre possível manter os adolescentes e juventude fisicamente separados de armas ligeiras, armas de pequeno calibre e das suas munições no contexto de uma iniciativa de controlo, (por ex., quando os adolescentes e juventude estão a entregar armas ligeiras durante uma iniciativa de recolha), uma tal separação física deve ser imposta, na medida do possível, para minimizar os riscos.

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Em qualquer ambiente onde estejam presentes armas ligeiras e de pequeno calibre, as crianças, adolescentes e juventude — em particular, os rapazes e homens jovens — sentir-se-ão tentados a interagir com as armas, mesmo que tenham sido sensibilizados para os riscos envolvidos. Isto é particularmente verdadeiro nos contextos onde as normas sociais prevalecentes aceitam ou encorajam a posse e uso de armas ligeiras e de pequeno calibre.

As crianças, adolescentes e juventude podem também ser vulneráveis a serem alvo de agentes que procuram desencorajar ou prejudicar as iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre. Deve ser prestada uma atenção especial à necessidade de assegurar a sua proteção e segurança.

7.4 Participação e consulta

As prioridades e contributos das crianças, adolescentes e juventude devem ser tidos em conta, conforme seja pertinente, ao longo do ciclo do programa de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre.

A participação de crianças, adolescentes e juventude na conceção, implementação, monitorização e avaliação do programa pode originar maiores níveis de apropriação, aceitação e sustentabilidade do programa em questão. Porém, por causa do risco de se tornar simbólica, devem tomar-se as devidas precauções para assegurar que uma tal participação não seja meramente simbólica — devendo implicar representação igual e partilha de poder.

A participação de crianças na conceção, implementação, monitorização e avaliação das iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre deve ser gerida de acordo com as diretrizes relevantes sobre as melhores práticas, como as propostas pela UNICEF em https://www.unicef.org/adolescence/cypguide/resourceguide_ethics.html. Tais diretrizes fornecem orientações práticas sobre como assegurar que:

a) as organizações de adultos e trabalhadores estejam empenhadas na prática participativa ética e na primazia dos melhores interesses das crianças;

b) as crianças participem nos processos e abordem questões que as afetam – quer direta ou indiretamente – e tenham a escolha de participar or não participar;

c) as crianças experienciem um ambiente seguro, acolhedor e encorajador para a sua participação;

d) o trabalho de participação das crianças conteste e não reforçe padrões existentes de discriminação e exclusão, e encoraje os grupos de crianças que normalmente sofrem de discriminação e são frequentemente excluídos de atividades a envolverem-se nos processos participativos;

e) o pessoal adulto e os gestores que apoiam ou facilitam a participação [das crianças] sejam treinados e apoiados para desenpenharem um alt nível de trabalho.

f) as políticas e procedimentos de proteção de crianças formem uma parte essencial do trabalho participativo com crianças (consultar Cláusula 8); e

g) o respeito pelo envolvimento das crianças seja indicado por um compromisso em fornecer feedback e/ou acompanhamento e avaliar a qualidade e impacto da participação das crianças.

7.5 Colaboração e sinergias

As iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre devem ligar-se, quando possível, a outros programas relacionados com crianças, adolescentes e juventude; por exemplo:

a) desarmamento, desmobilização e reintegração de ex-combatentes;

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b) reintegração de crianças associadas a forças armadas ou grupos armados;

c) assistência a sobreviventes e vítimas;

d) justiça para crianças;

e) iniciativas de emprego para adolescentes e juventude;

f) reforma do setor de segurança;

g) esforços para transformar práticas e normas sociais nocivas; e

h) proteção e policiamento com base na comunidade.

7.6 Género, idade, cultura e contexto

Há tanta diversidade entre as crianças, adolescentes e juventude como, ou se não mais do que, entre os adultos. As necessidades e experiências dos adolescentes e juventude são geralmente diferentes das necessidades e experiências dos jovens e crianças pré-adolescentes. Os indivíduos da mesma idade podem não ter a mesma compreensão e experiência ou os mesmos interesses, competências, e capacidades vis-à-vis armas ligeiras e de pequeno calibre.

Os marcadores da identidade como idade, género, classe, raça e nível de rendimento — bem como a cultura e o contexto no qual cada indivíduo se encontra — devem ser considerados ao desenvolver programas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre envolvendo crianças, adolescentes ou juventude.

8 Política de proteção da criança

8.1 Geral

Todas as organizações que trabalham direta ou indiretamente com crianças irão desenvolver e implementar uma política de proteção da criança. Uma política de proteção da criança é uma declaração que torna claro o que uma organização ou grupo irá fazer para manter as crianças seguras.

8.2 Conteúdo

Uma política de proteção da criança deve incluir:

a) uma declaração a estabelecer o compromisso da organização em proteger todas as crianças;

b) detalhes daquilo que a organização irá fazer para manter as crianças seguras e responder a preocupações; e

c) uma lista dos procedimentos de apoio que acompanham a política.

8.3 Questões a considerar

Ao elaborar uma política de proteção da criança, devem ser consideradas as seguintes questões:

a) Quais são os potenciais riscos para as crianças? Quem pode constituir um risco? Que situações podem aumentar o risco? Quais são os riscos específicos do género?

b) Como é que as pessoas que trabalham ou são voluntários para as organizações foramavaliadas e como é que a avaliação será feita com respeito a futuras contratações/voluntários?

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c) Quais são as diferentes maneiras através das quais uma pessoa pode levantar uma questão?

d) Como é que a organização deve responder às preocupações ou alegações de lesões?

e) Como é que a política de proteção da criança se liga a outras políticas e procedimentos relevantes?

f) Deve a organização fornecer formação para o pessoal e voluntários?

g) Como será promovida a sensibilização sobre a importância da proteção da criança para todos os envolvidos com a organização?

8.4 Redação

Ao elaborar uma política de proteção da criança, uma organização deve:

a) adaptar a política e procedimentos para se adequarem às necessidades da organização;

b) usar palavras e frases com mais significado para o grupo ou comunidade;

c) envolver pessoas de diferentes partes da organização para assegurar que a política seja relevante para todos;

d) ponderar sobre como pode envolver crianças e incorporar as suas perspetivas; e

e) pedir a diferentes pessoais, em diferentes papéis, que leiam a política e forneçam feedback para assegurar a sua relevancia para todos na organização.

8.5 Estrutura

Uma política de proteção da criança deve ser concisa (de preferência menos de 2 páginas) e incluir o seguinte:

8.5.1 Objetivo da política

Identificar a organização, o seu objetivo e a sua função. Estabelecer o compromisso da organização em manter as crianças seguras e, em termos mais amplos, como a organização vai cumprir este compromisso.

8.5.2 Ligações a orientações relevantes

Citar brevemente as principais leis, normas e outras orientações que suportam a política, incluindo a Convenção sobre os Direitos da Criança. Explicar o modo como a política se relaciona com outras políticas e procedimentos organizacionais, como tirar fotografias e fazer vídeos, como utilizar a Internet, como recrutar, etc.

8.5.3 Declaração relativa à igualdade

Incluir uma declaração atestando que todas as crianças e jovens têm a mesma proteção independentemente de qualquer característica como idade, deficiência, género, património racial, crença religiosa, orientação sexual ou identidade sexual, etc.

A política deve indicar o compromisso da organização com práticas antidiscriminatórias e deve reconhecer explicitamente as necessidades adicionais das crianças de grupos étnicos minoritários e crianças deficientes e os obstáculos com que se podem deparar, especialmente em relação à comunicação.

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8.5.4 Âmbito da política

A política deve abranger todas as crianças e deve aplicar-se a todos os adultos na organização (pessoal e voluntários, a tempo inteiro e parcial) e não apenas àqueles que trabalham diretamente com crianças.

8.5.5 Datas

A política deve incluir:

a) a data na qual a política entra em vigor; e

b) a periodicidade da sua revisão (por ex., anualmente)

9 Programação para crianças, adolescentes e juventude

9.1 Geral

O envolvimento de crianças, adolescentes e juventude com armas ligeiras e de pequeno calibre depende, em grande medida, do contexto em que vivem. Para conceber um programa de controlo eficaz direcionado às crianças, aos adolescentes e à juventude, é essencial compreender os fatores que contribuem para a proliferação e o uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre.

A pobreza, a guerra, o abuso, a ilegalidade, a impunidade, o desemprego, a desigualdade, o subdesenvolvimento, a urbanização, a necessidade de proteção e de um sentimento de pertença, a raiva, a vingança e as normas sociais e culturais podem estar entre os motivos pelos quais algumas crianças, adolescentes e juventude se tornam vítimas, testemunhas e agentes de violência armada.

As crianças, adolescentes e juventude podem desempenhar um papel positivo na programação de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre. Quando lhes é dada a possibilidade de se envolverem em segurança e ativamente na conceção e implementação do programa, eles podem-se tornar inestimáveis agentes de mudança.

Devem ser disponibilizadas oportunidades às crianças, adolescentes e juventude para participarem em segurança e eficazmente na conceção, monitorização e avaliação de programas dos quais sejam o alvo. Quando for seguro e apropriado, devem ter o direito de decidir o âmbito e termos da sua participação.

Embora haja uma tendência de considerar as ciranças e os jovens, particularmente os rapazes, como atores primários no contexto da violência armada, é importante lembrar que frequentemente os mais graves agentes entre as crianças e juventude tornaram-se assim devido a circunstâncias de vida particularmente difíceis e como resultado de abuso, exploração e manipulação perpetrado por adultos.

As crianças, adolescentes e juventude — incluindo aqueles que foram reabilitados com êxito na sequência da perpetração de violência e aqueles que evitaram e fugiram da violência — têm um importante papel a desempenhar como exemplos positivos para os seus colegas.

As subsecções da programação abaixo são informadas pelo e adaptadas do Quadro do Ambiente Protetor da UNICEF para assegurar que as iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre criem um ambiente seguro e acolhedor para as crianças, adolescentes e juventude.

9.2 Considerações relativas ao género e idade

As iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre devem ser planeadas e implementadas de uma maneira sensível ao género e idade para assegurar que as diferentes

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vulnerabilidades, riscos, interesses, necessidades e prioridades de rapazes, raparigas, homens jovens e mulheres jovens sejam adequadamente abordados.

Os rapazes adolescentes e homens jovens são os mais diretamente afetados pelo uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, tanto como vítimas e agentes. Os riscos para os adolescentes e homens jovens bem como o seu comportamento são frequentemente influenciados por normas sociais e norma de grupo relacionadas com masculinidade e virilidade. Os papéis definidos pela comunidade e cultura e normas sociais que ligam a masculinidade ao poder, força física e armas contribuem para níveis mais elevados de comportamento violento entre os homens jovens do que entre as mulheres jovens.

Embora a maioria das vítimas e agentes de violência armada seja rapazes adolescentes e homens jovens, a verdade é que as raparigas, os rapazes e mulheres jovens sofrem impactos específicos. Estes podem incluir a perda de um homem que seja o principal provedor do rendimento ou protetor, o encargo de cuidar de um familiar ferido, o colapso de serviços públicos, deslocação e violência sexual.

Além disso, a violação, violência doméstica, homicídio e abuso sexual são causas significativas de mortalidade feminina e são as causas primárias de lesões para as mulheres com 15-44 anos de idade. É igualmente importante lembrar que, não obstante o facto de as raparigas e mulheres se poderem deparar com vulnerabilidades específicas, elas podem também ser agentes de violência armada.

As crianças não constituem um grupo homogéneo. Os rapazes e raparigas de diferentes idades podem ser afetados pelas armas ligeiras e de pequeno calibre de diferentes modos. Para abordar dimensões específicas da idade, é útil aplicar uma abordagem com base no ciclo da vida para analisar e abordar os impactos nas crianças em diferentes etapas da vida. Dado que tanto os rapazes como as raparigas se deparam com os maiores riscos relacionados com armas ligeiras na adolescência, é particularmente relevante analisar e abordar os impactos nas várias etapas da adolescência, designadamente: primeira (10-13 aos de idade), média (14-16 anos de idade) e final (17-19 aos de idade).

Como os homens jovens constituem as vítimas e agentes primários do uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, eles devem desempenhar um papel central no desenvolvimento de iniciativas de controlo. Igualmente, as raparigas e mulheres jovens, como vítimas e agentes, podem oferecer uma perspetiva alternativa, não menos importante, sobre o uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre.

Podem ser necessárias intervenções específicas para assegurar que os rapazes adolescentes, incluindo os considerados primariamente como sendo agentes, tenham uma oportunidade de participar e contribuir em segurança. Cumpre providenciar no sentido de corrigir os desequilíbrios de género para assegurar que as vozes das raparigas e mulheres jovens, bem como as de rapazes e homens jovens, sejam ouvidas durante a fase de planeamento, e que as iniciativas que estejam a ser desenvolvidas beneficiem igualmente os rapazes, homens jovens, raparigas e mulheres jovens.

NOTA Consulte MOSAIC 06.10, para obter informação adicional sobre as abordagens à programação do controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre, Mulheres, homens e perspetiva de género das armas ligeiras e de pequeno calibre.

9.3 Voz e representação

9.3.1 Geral

As crianças, adolescentes e juventude devem ser incluídos nos processos que afetam a sua segurança. No contexto do controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre, eles têm o direito de ter uma voz e de serem representados. Deveria ser-lhes dada a oportunidade de influenciar e participar — de uma maneira significativa e segura — na conceção, implementação, monitorização e avaliação das iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre.

NOTA O Artigo 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas reconhece que as crianças têm um direito a serem ouvidas. A aplicação deste direito tem sido amplamente concetualizada como

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‘participação,’ o que é amplamente utilizada como uma espécie de estenografia para descrever o direito das crianças ao envolvimento nas decisões e ações que as afetam e ter essas perspetivas tidas em consideração.

Deve ser concedida especial atenção à inclusão dos grupos de difícil acesso, que são frequentemente os mais vulneráveis ao uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre e os maiores conhecdores desse uso, sem comprometer a sua segurança e o direito à confidencialidade.

NOTA Os grupos de difícil acesso incluem crianças da rua, crianças fora da escola, crianças associadas a grupos de crime organizado (por ex., gangues criminosos) ou grupos armados, crianças em conflito com a lei, sobreviventes de violência armada, deslocados e outras crianças marginalizadas.

9.3.2 Questões a considerar antes de pedir às crianças, adolescentes e juventude para participar

Existem implicações significativas em termos orçamentais e de recursos humanos relativamente à criação de espaços e oportunidades para crianças, adolescentes e juventude (especialmente os mais marginalizados) para participar na conceção, implementação, monitorização e avaliação das iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre. Antes de tomar decisões sobre a inclusão, a organização deve questionar-se sobre o seguinte:

a) Porque não fizemos isto antes?

b) O que esperamos alcançar?

c) O que irão as crianças, adolescentes e juventude obter disso?

d) Estamos preparados para lhe atribuir os recursos corretos?

e) Estamos preparados para envolver as crianças, adolescentes e juventude desde o início?

f) Estamos a ser honestos com as crianças, adolescentes e juventude?

g) Quais são as nossas expectativas?

h) Estamos preparados para abdicar de algum poder?

i) Estamos preparados para receber críticas?

j) Reconhecemos isto como um compromisso a longo prazo?

k) Estamos preparados a engendrar mudanças a longo prazo, em vez de um evento único?

9.3.3 Motivos para envolver crianças, adolescentes e juventude

As crianças, adolescentes e juventude devem ser envolvidos na programação do controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre porque:

a) eles são quem melhor conhece a sua situação e têm ideias sobre como efetuar mudanças;

b) têm um direito democrático de articular as suas opiniões e experiências e participar na tomada de decisões que afetem o seu futuro;

c) o seu envolvimento melhora a compreensão nas organizações e instituições das necessidades específicas das crianças, adolescentes e juventude, o que pode originar a elaboração de respostas apropriadas e relevantes; e

d) têm um papel importante a desempenhar como exemplos positivos para os seus colegas.

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9.3.4 Natureza da participação

A participação das crianças, adolescentes e juventude deve ser:

a) segura e apropriada para a idade e género;

b) significativa, em vez de simbólica, e

c) nos seus próprios termos e com a discrição para estabelecerem os seus próprios parâmetros sobre compromissos e tempo.

As experiências de adolescentes e juventude, na medida em que estejam relacionadas com as armas ligeiras e de pequeno calibre, são normalmente diferentes das experiências de crianças mais jovens. Dependendo das circunstâncias da sua vida, é provável que indivíduos da mesma idade tenham compreensões, experiências, competências, interesses e capacidades diferentes. As necessidades individuais e especiais das crianças, adolescentes e juventude devem ser tidas em consideração para assegurar o acesso igual à participação, especialmente pelos mais marginalizados.

9.3.5 Níveis de engajamento e partilha do poder

9.3.5.1 Participação consultiva

A este nível de engajamento, os adultos procuram as opiniões das crianças, adolescentes e juventude para adquirir conhecimento e compreensão das suas vidas e experiências. A participação consultiva é frequentemente iniciada, liderada ou gerida por adultos. Pode originar ou não a partilha ou transferência dos processos de tomada de decisões para as crianças propriamente ditas, mas o seu conceito central é que as crianças possuem experiência e perspetivas que precisam de informar a tomada de decisões adultas. A consulta é um meio apropriado de permitir às crianças, adolescentes e juventude exprimirem as suas opiniões para informar a pesquisa ou análise ou contribuir para o planeamento, conceção, monitorização ou avaliação de programas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre.

9.3.5.2 Participação colaborativa

Este nível de engajamento fornece um maior grau de parceria entre adultos, por um lado, e as crianças, adolescentes e juventude, por outro lado, com a oportunidade para o engajamento ativo destes últimos em qualquer etapa de uma decisão, iniciativa, projeto ou serviço. A participação colaborativa:

a) é iniciada por adultos, embora possa ser iniciada por crianças;

b) envolve uma parceria com crianças;

c) capacita as crianças para influenciarem ou contestarem ambos os processos e resultados;

d) permite uma ação mais auto-dirigida por parte das crianças ao longo de um dado período de tempo.

O estabelecimento de estruturas colaborativas, como os conselhos consultivos das crianças, pode fornecer um meio para uma partilha de informação mais sistemática e regular, diálogo e planeamento de ações colaborativas com as crianças, adolescentes e juventude.

9.3.5.3 Participação liderada por crianças

A este nível de engajamento, é garantido às crianças, adolescentes e juventude o espaço e oportunidade para iniciar as atividades e de se defender a si próprios. Isso geralmente significa que:

a) as crianças, adolescentes e juventude identificam eles próprios questões preocupantes;

b) os adultos atuam como facilitadores em vez de líderes; e

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c) as crianças, adolescentes e juventude controlam o processo.

O papel dos adultos na participação liderada pelas crianças é de atuar como facilitadores para permitir às crianças concretizar os seus próprios objetivos, através da provisão de informação, aconselhamento e suporte.

9.3.6 Requisitos básicos para a participação significativa e ética das crianças

A participação das crianças, adolescentes e juventude em iniciativas de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre deve ser:

a) Segura — as crianças não devem ser postas em perigo. As crianças devem sentir-se seguras quando participam e devem saber onde se dirigir para pedir ajuda caso se sintam inseguras no decurso da sua participação. Os riscos para as crianças devem ser identificados, bem como maneiras de atenuar tais riscos para manter as crianças seguras.

b) Transparente e informativa — as crianças devem ter informação suficiente acerca da iniciativa para tomar uma decisão informada sobre se e como podem participar; e a informação deve ser partilhada com crianças em formatos de fácil utilização e em idiomas que elas compreendam.

c) Voluntária — as crianças devem ter informação suficiente e tempo suficiente para tomar decisões sobre se querem ou não participar e devem poder interromper a sua participação a qualquer altura.

d) Respeitosa — Os próprios compromissos de tempo das crianças (por ex., para estudar, trabalhar, brincar, etc.) devem ser tidos em consideração e respeitados. As formas de colaboração com as crianças devem respeitar as práticas culturais locais. Deve ser obtido apoio de adultos-chave na vida das crianças (por ex., progenitores, cuidadores, professores, etc.) para assegurar o respeito pela participação das crianças.

e) Relevante — As questões discutidas e abordadas devem ser de relevância real para as vidas das crianças. As crianças não devem ser pressionadas de maneira nenhuma pelos adultos a participarem em atividades que não sejam relevantes para elas.

f) Amiga das crianças — Devem ser utilizadas abordagens e métodos amenos às crianças e que reforcem a autoconfiança entre as raparigas e rapazes de diferentes idades e com capacidades diferentes, incluindo espaços de reunião amigos que sejam acessíveis a crianças com deficiências.

g) Inclusiva — As raparigas e rapazes de diferentes idades, capacidades e origens, incluindo crianças mais jovens, crianças com deficiências e crianças de diferentes grupos étnicos, devem ter oportunidade para participar de uma forma inclusiva e não discriminatória. As crianças devem ser encorajadas a abordar a discriminação através da sua participação.

h) Responsável — As crianças devem ser apoiadas para participarem em processos de acompanhamento e avaliação. Os adultos devem levar as opiniões e sugestões das crianças a sério e atuar com base nelas. a) Deve ser fornecido feedback às crianças relativamente a quaisquer necessidades de apoio solicitadas e acompanhamento.

i) Apoiada por formação para adultos — Os adultos que facilitam a participação das crianças devem ter a devida formação para assegurar que a sua abordagem é amiga das crianças, que terão a confiança para facilitar a participação das crianças e que são capazes de apoiar de maneira eficaz a participação das crianças na comunidade.

9.3.7 Participação na tomada de decisões

As preocupações das crianças, adolescentes e juventude relacionadas com o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre devem ser introduzidas nos processos de elaboração de políticas e programação. [Eles] devem ter a possibilidade de fornecer contributos para os processos de tomada de decisões sobre questões que afetam a sua segurança, incluindo o desenvolvimento de:

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a) Planos Nacionais de Ação (consultar MOSAIC 04.10, Conceção e implementação de um Plano de Ação Nacional); e

b) Planos Comunitários de Segurança (consultar MOSAIC 04.30, Conceção e implementação de programação de segurança comunitária);

Para assegurar a sua participação formal nos processos de tomada de decisões relacionados com o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre (incluindo reuniões regionais e internacionais), governos e organizações não-governamentais podem incluir crianças, adolescentes e juventude nas suas delegações oficiais.

9.3.8 Diversidade na participação

Embora as crianças, adolescentes e juventude que sejam sobreviventes de, ou que estejam em risco de lesão através do uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, sejam partes interessadas essenciais, aqueles que não têm tais experiências diretas são também partes interessadas. Estes últimos podem conhecer colegas afetados pela violência armada e é provável que compreendam as necessidades do seu grupo de colegas e como as abordar. A participação de crianças, adolescentes e juventude nos processos de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre deve incluir também aqueles que são portadores de necessidades especiais, tais como crianças com deficiências e sobreviventes de violência relacionada com armas ligeiras.

9.3.9 Engajamento com a imprensa e outros responsáveis pela tomada de decisões

Quando as crianças, adolescentes e juventude participam nos processos de tomada de decisões relacionados com o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre, é provável que engajem (direta e indiretamente) a imprensa e os adultos responsáveis pela tomada de decisões, quer a nível nacional, regional ou internacional.

As reuniões de diálogo podem ser organizadas entre as crianças, adolescentes e juventude e os adultos responsáveis políticos para assegurar que os primeiros possam apresentar as suas mensagens-chave e pontos de ação propostos relativamente a questões de controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre.

Deve ser obtido o consentimento esclarecido e total da criança individual bem como dos seus progenitores ou guardiões antes da participação de uma criança em reuniões que exigem interação com a imprensa ou os adultos responsáveis pelas decisões.

O melhor interesse e segurança das crianças, adolescentes e juventude envolvidos devem ser a consideração primária em tal engajamento. A interação da imprensa com as crianças deve ser realizada em segurança e de acordo com os melhores interesses e necessidades das crianças envolvidas. As crianças mais novas podem precisar de um adulto ou um jovem para atuar como porta-voz.

9.4 Dados repartidos por idade

As iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre devem basear-se numa análise abrangente dos dados repartidos por idade e género. Na ausência de tais dados, devem ser envidados esforços para melhorar a recolha e análise de dados para possibilitar análises específicas relacionadas com a idade e género.

Os dados repartidos por idade dos inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre e mecanismos de vigilância de lesões devem atuar como um quadro de referência para todas as iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre direcionadas para as crianças, adolescentes e juventude. Tais dados devem ser utilizados para estabelecer bases de referência, metas e indicadores do desempenho.

Os dados e análises específicos das crianças, adolescentes e juventude devem informar o desenvolvimento dos Planos Nacionais de Ação relativos ao controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre, bem como o desenvolvimento dos planos locais de segurança comunitários, de

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acordo com MOSAIC04.10, Conceção e implementação de um Plano de Ação Nacional, e MOSAIC 04.20, Conceção e implementação de programação de segurança comunitária. Tais dados e análises também podem ser utilizados para informar outros processos relevantes como reformas legislativas, reforma do setor de segurança, ação relativa às minas, reintegração das crianças no contexto de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), etc.

9.4.1 Inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre

Devem ser realizados inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre de acordo com MOSAIC 05.10, Realização de inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre, para assegurar a recolha de dados repartidos por idade e género. Especificamente no que diz respeito às crianças, adolescentes e juventude, um inquérito sobre armas ligeiras e de pequeno calibre deve:

a) ajudar a esclarecer questões sobre a procura de armas ligeiras e de pequeno calibre entre as crianças, adolescentes e juventude, incluindo os fatores históricos, económicos e culturais que impulsionam a procura entre as crianças, os adolescentes e a juventude do sexo masculino e feminino;

b) mapear os padrões e focos de violência, bem como fatores de risco e fatores protetores em relação às crianças, adolescentes e juventude;

c) identificar mecanismos positivos existentes e emergentes para enfrentar esse tipo de situações e possíveis motores da mudança relevantes para as crianças, adolescentes e juventude, incluindo normas sociais e culturais, grupos de colegas construtivos e outros exemplos positivos; e

d) identificar pontos de entrada específicos das crianças, adolescentes e juventude para fins de programação.

NOTA Consulte MOSAIC 05.10, para obter orientações adicionais., Realização de inquéritos sobre armas ligeiras e de pequeno calibre.

9.4.2 Sistemas de monitorização da violência armada

Os mecanismos nacionais que monitorizam a violência armada, crime e/ou ferimentos — por ex., sistemas de pré-aviso de conflito, observatórios de crime ou violência e sistemas de saúde pública com vigilância de ferimentos — podem fornecer provas críticas contínuas sobre a magnitude, natureza e dinâmica do impacto do uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre nas crianças, adolescentes e juventude, incluindo alterações ao longo do tempo e padrões temporais que possam não ser capturados por inquéritos únicos. Quando presentes, os sistemas de monitorização da violência armada devem fornecer dados repartidos por idade e género sobre:

a) as localizações de incidentes de violência armada, para identificar as áreas mais perigosas para crianças, adolescentes e juventude, às quais deve ser atribuída prioridade relativamente às iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre;

b) os perfis das vítimas, para identificar as crianças, adolescentes e juventude mais vulneráveis que poderiam beneficiar mais de atividades de sensibilização e educação para o risco;

c) os perfis dos agentes, para ajudar na conceção das iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre, bem como a focalização para ações de sensibilização.

NOTA Em determinados contextos, o perfil dos agentes não deve ser documentado por causa dos riscos de segurança e sensibilidades. Tais dados só devem ser recolhidos quando for seguro fazê-lo.

d) as circunstâncias de incidentes de violência armada, para identificar os principais comportamentos de assunção de riscos entre as crianças, adolescentes e juventude para a conceção de mensagens apropriadas para a educação para o risco;

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e) os tipos de armas ligeiras e de pequeno calibre envolvidos, para informar as mensagens para a educação para o risco e a conceção de iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre apropriadas;

f) o número de mortes e ferimentos (e tipo de lesões), para informar a conceção do suporte para a assistência às vítimas e sobreviventes e facilitar a monitorização das atividades de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre nas crianças, adolescentes e juventude; e

g) a cronologia dos incidentes de violência armada, para informar análises da dinâmica temporal dos incidentes e ajudar à conceção das iniciativas de redução do risco direcionadas para as crianças, adolescentes e juventude.

9.5 Ligações a iniciativas relacionadas

9.5.1 Geral

As iniciativas relacionadas — por ex., nas áreas de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR), emprego dos jovens, assistência às vítimas e justiça juvenil — podem ser relevantes para as iniciativas destinadas a proteger as crianças, adolescentes e juventude de se tornarem vítimas ou agentes de violência armada. Quando exequível, devem ser estabelecidas ligações apropriadas com tais iniciativas.

9.5.2 Reintegração de crianças associadas a forças armadas ou grupos armados

O desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) de crianças, adolescentes e juventude associados a forças armadas ou grupos armados inclui aspetos relacionados com o controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre. Cada vez mais, a reintegração de tais crianças é realizada na ausência de acordos de paz de programas formais de DDR. Como tal, mesmo nos contextos onde não estejam presentes programas de DDR, podem haver programas de reintegração das crianças com os quais podem ser estabelecidas ligações. Devem também ser estabelecidas ligações com escolas para apoiar os esforços de reintegrar na comunidade as crianças associadas a forças armadas ou grupos armados.

NOTA Consulte IDDRS 05.20 (Juventude e Desarmamento, Desmobilização e Reintegração [DDR]) e IDDRS 05.30 (Crianças e Desarmamento, Desmobilização e Reintegração [DDR]) para obter orientações adicionais sobre esta questão.

9.5.3 Escolas

Em contextos onde a educação e segurança das crianças, adolescentes e juventude sejam ameaçadas ou perturbadas pela presença de armas ligeiras nas escolas, e em suporte do Objetivo 4.a dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para “proporcionar ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos”:

a) devem ser implementadas e executadas leis, regulamentos e procedimentos administrativos para abordar o problema, incluindo a designação de escolas como zonas livres de armas bem como medidas preventivas, disciplinares e de reabilitação direcionadas para aqueles que trazem armas para a escola;

b) devem ser implementados mecanismos para identificar sinais precoces nas crianças, adolescentes e juventude que possam indicar um risco de trazer uma arma ligeira para a escola;

c) devem ser estabelecidos sistemas de informação (por ex., registo de incidentes, inquéritos a estudantes, etc.) para melhor compreender o contexto da presença de armas ligeiras nas escolas, tendo em conta as diferentes motivações que as crianças possam ter para trazerem armas ligeiras para a escola (consultar Cláusula 6.3.4.3), os perfis dos agentes e vítimas de incidentes relacionados com armas ligeiras nas escolas e o acesso dos estudantes a armas ligeiras; e

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d) devem ser organizadas campanhas de comunicação e sensibilização nas comunidades escolares (pessoal escolar, pais e estudantes) e devem ser incorporados componentes específicos de armas ligeiras nos programas de prevenção de violência na escola.

Ao implementar as medidas acima, as autoridades escolares devem prestar especial atenção para respeitar os direitos humanos das crianças, adolescentes e juventude e evitar a sua estigmatização ou criminalização.

9.5.4 Emprego dos jovens

O emprego dos jovens, estágio e formação profissional podem ser relevantes para o trabalho de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre, especialmente se o foco estiver nos adolescentes e juventude mais velhos. O emprego e a integração económica dos adolescentes e jovens podem desempenhar um papel significativo em impedir que os adolescentes e jovens se envolvam , ou continuem envolvidos, com grupos armados ou grupos de crime organizado.

Quando implementado como parte de um programa de meios de subsistência direcionado a uma ampla faixa etária abrangendo crianças, adolescentes e juventude e adultos, devem ser exercidos os devidos cuidados para assegurar que as oportunidades de emprego e atividades nas quais as crianças podem participar são apropriadas para a idade e não contribuem para a exploração laboral de crianças.

Tais programas devem ser implementados de acordo com a Política das Nações Unidas para a criação de empregos em situações de pós-conflito, geração de rendimentos e reintegração .

9.5.5 Assistência a vítimas

A violência tem um efeito contaminante. Afeta não só a vítima e o agente mas também as famílias, amigos e colegas de ambos, bem como as testemunhas de atos violentos e a comunidade em geral. As iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre podem ser particularmente relevantes para, e podem apoiar programas de ajuda às vítimas jovens de violência perpetrada com armas ligeiras e de pequeno calibre.

9.5.6 Justiça juvenil

Em muitos países, em particular aqueles com níveis elevados de insegurança e violência armada, os atos criminais perpetrados por crianças e adolescentes são frequentemente processados através do sistema de justiça para adultos, especialmente em contextos com quadros jurídicos e institucionais inadequados e sistemas para justiça juvenil inadequados.

Embora os agentes que sejam crianças e adolescentes menores devam ser responsabilizados pelas suas ações, as medidas de responsabilização devem concentrar-se na reabilitação e reintegração social, ao invés de ações punitivas.

A falta de acesso a medidas de justiça apropriadas para a idade que promovam a reabilitação pode resultar na perpetuação do ciclo de violência, e viola os direitos das crianças a proteção especial, conforme consagrado na Convenção sobre os Direitos da Criança.

Existem ligações claras entre as iniciativas de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre e os esforços para fortalecer os sistemas de proteção da criança, visto que ambos se concentram no fortalecimento das leis, políticas e mecanismos institucionais para prevenir e responder à violência. Isto inclui o fortalecimento de leis, regulamentos e procedimentos administrativos que têm o objetivo de proteger as crianças que sejam vítimas, testemunhas e agentes de crimes, incluindo os cometidos com armas ligeiras e de pequeno calibre.

9.5.7 Sensibilização

Deve ser realizada a sensibilização sobre os riscos associados ao comércio ilícito, disponibilidade generalizada e uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre de acordo com MOSAIC 04.30, Sensibilização.

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Um fator importante para o êxito dos esforços de controlo das armas ligeiras e de pequeno calibre é sensibilizar plenamente as crianças, adolescentes e juventude, do sexo feminino e masculino, sobre os riscos associados ao comércio ilícito, disponibilidade generalizada e uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre.

As crianças, adolescentes e juventude podem ser o foco de iniciativas de sensibilização e, especificamente, a educação para o risco em relação às armas ligeiras e de pequeno calibre. Além disso, as crianças, adolescentes e juventude devem também estar envolvidos de uma maneira significativa na conceção, implementação, monitorização e avaliação das campanhas de sensibilização, incluindo no desenvolvimento e no teste de mensagens-chave, no tipo de média para a sua difusão, e a divulgação das mensagens-chave a gruposalvo identificados.

As campanhas de sensibilização devem envidar esforços especiais para alcançar os grupos marginalizados, que são frequentemente os mais vulneráveis e o mais conhecedor do uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, sem comprometer a segurança e o direito à confidencialidade de tais grupos. Tais grupos marginalizados incluem crianças da rua, crianças fora da escola, crianças associadas a grupos de crime organizado (por ex., gangues criminosos), crianças em conflito com a lei, crianças sobreviventes de violência armada e crianças deslocadas.

Nas áreas que se deparam com problemas generalizados e prolongados de proliferação e uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre, a educação para o risco deve ser integrada no currículo escolar. Em situações onde o nível de matrículas escolares é baixo, devem ser envidados esforços especiais para fornecer educação para o risco a crianças, adolescentes e juventude que não frequentam a escola.

Em situações onde a violência de gangues é uma preocupação, as iniciativas da educação para o risco devem abordar a questão sobre como desviar as crianças, adolescentes e juventude do envolvimento em gangues. Isto pode incluir trabalho de prevenção em escolas, por ex., o ensino de resolução de conflitos; pedir a antigos membros de gangues para comunicarem uma mensagem anti-gangue; e a sensibilização sobre os métodos disponíveis de proteção de testemunhas.

A educação para o risco e a sensibilização das crianças, adolescentes e juventude, quandoexistirem, devem apoiar e ser integradas nas:

a) iniciativas para reforçar a confiança e promover a interação construtiva com oficiais responsáveis pela aplicação da lei (por ex., no contexto de policiamento orientado para a comunidade); e

b) programas de educação para a paz e/ou o desarmamento.

Quando tais iniciativas e programas não existirem, a educação para o risco e a sensibilização sobre a posse, proliferação e uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre podem ser utilizadas como passos iniciais no estabelecimento desses programas mais amplos.

9.6 Educação para a paz e desarmamento

9.6.1 Geral

A educação para a paz e desarmamento é um processo de promoção de conhecimento, competências, atitudes e valores necessários para originar alterações comportamentais que permitam às crianças, adolescentes e juventude prevenir [a ocorrência] de conflito e violência, tanto ostensivas como estruturais; resolver conflitos pacificamente; e criar as condições propícias para a paz, quer a um nível intrapessoal, interpessoal, intergrupo, nacional ou internacional.

9.6.2 Objetivos

O objetivo abrangente da educação para a paz e desarmamento é transmitir conhecimento e competências às pessoas para as capacitar para fazerem uma contribuição para o estabelecimento de objetivos concretos de paz e desarmamento nas suas comunidades, os seus países e o mundo. Objetivos específicos incluem capacitar as pessoas para:

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a) aprenderem a pensar em vez lhes dizer o que pensar sobre problemas;

b) desenvolver competências de pensamento crítico numa sociedade informada;

c) aprofundar a compreensão dos múltiplos fatores aos níveis local, nacional, regional e global que fomentam ou comprometem a paz;

d) encorajar atitudes e ações que promovem a paz;

e) transmitir informação relevante para e fomentar uma atitude responsiva aos desafios de segurança atuais e futuros; e

f) transpor clivagens políticas, regionais e tecnológicas reunindo ideias, conceitos, pessoas, grupos e instituições para promover esforços internacionais concertados para o desarmamento, não-proliferação e um mundo pacífico e não violento.

As iniciativas de educação para a paz e desarmamento dirigidas às crianças, adolescentes e juventude deve ter por objectivo: criar um ambiente de confiança, construir respeito pela vida humana e fortalecer a capacidade de resolução de conflitos não violentos, a participação significativa e o pensamento democrático.

9.6.3 Elementos de programas eficazes

Os elementos dos programas eficazes de educação para a paz e desarmamento incluem:

a) realizar uma análise da situação antes de conceber o programa e planear a monitorização e avaliação antes de iniciar qualquer intervenção;

b) proporcionar tempo suficiente para formar o pessoal/os professores, para que possam ambos internalizar os conceitos e competências da educação para a paz e desarmamento propriamente ditos, e estejam adequadamente preparados para transmitir os conceitos e competências a terceiros;

c) utilizar métodos cooperativos e interativos que permitam a participação e prática ativas dos estudantes;

d) ensinar competências genéricas de resolução de problemas através do uso de situações reais da vida;

e) reforço consistente, em contextos não-escolares, das competências de resolução de conflitos aprendidas na escola, por ex., através da educação dos pais e de grupos comunitários em competências similares às ensinadas na escola;

f) assegurar a sensibilidade cultural e do género na conceção e implementação do programa, bem como a sua adequação para a faixa etária [relevante];

g) incorporar a análise dos conflitos na comunidade e/ou na sociedade, bem como [a análise] do conflito interpessoal, no programa;

h) fornecer aos jovens a oportunidade de se engajarem em atividades construtivas e promotoras da paz na sua escola e comunidade; e

i) associar, desde o início, um amplo apoioda comunidade ao programa por ex., entre políticos, educadores, líderes comunitários, profissionais de saúde pública, grupos religiosos e líderes comerciais.

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9.6.4 Integrar a educação para a paz

A educação para a paz e desarmamento pode ser integrada num currículo escolar existente ou pode ser desenvolvida em lições autónomas separadas ou atividades extracurriculares.

As orientações disponibilizadas pela UNESCO em “Educating for Peace: Planning for Curriculum Reform” (Educar para a paz: Planear a reforma curricular) devem ser seguidas ao integrar um currículo para a educação para a paz nos planos e políticas do setor da educação.

Ao integrar a educação para a paz num currículo escolar existente, devem ser exercidos os devidos cuidados para que não se aplique pressão adicional sobre instituiciões educacionais e professores que já se encontram subfinanciados ou no limite das suas capacidades. Em tais casos, pode ser mais apropriado a implementação da educação para a paz como um assunto autónomo ou através de atividades extracurriculares durante um período de tempo limitado.

As estruturas de educação formais, bem como as informais, podem ser envolvidas em projetos de educação para a paz, visto que existe uma potencial sobreposição entre escolas e organizações baseadas na comunidade.

9.6.5 Incorporar o controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre

As iniciativas de educação para a paz e desarmamento que incorporam a questão do controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre, devem:

a) Assentar-se em normas comunitárias existentes, valores e mecanismos positivos para enfrentar esse tipo de situações, particularmente os que contribuem para a redução da violência e desencorajam a posse e uso indevido de armas ligeiras ilegais; e

b) ser um veículo para o desenvolvimento de estratégias e atividades para as crianças, adolescentes e juventude praticarem a resolução não violenta de conflitos, a prevenção de conflitos, a comunicação, a cooperação e a colaboração.

9.6.6 Quadro do projeto

Os membros comunitários e representantes de programas e instituições relevantes, bem como as crianças, adolescentes e juventude, devem estar envolvidos no planeamento e conceção dos programas de educação para a paz e desarmamento. Uma tal abordagem inclusiva pode ajudar a identificar e assentar-se em mecanismos existentes ao nível comunitário para enfrentar esse tipo de situações, fomentar a apropriação local e revelar o modo como a comunidade se relaciona com a paz e como vê os desafios apresentados pela violência e o uso indevido de armas ligeiras e de pequeno calibre.

Um coordenador e um grupo de trabalho podem ser designados para auxiliar a conceção, implementação, monitorização e avaliação de projetos de educação para a paz e desarmamento. O coordenador deve ter uma formação em educação, bem como tempo, interesse e empenho suficientes. O grupo de trabalho deve incluir representantes comunitários do sexo feminino e masculino, incluindo as crianças, adolescentes e juventude, bem como professores e indivíduos com experiência em formação.

9.6.7 Quadro institucional

Pode ser implementada uma iniciativa de educação para a paz e desarmamento no quadro de uma organização nacional, regional ou internacional existente e/ou como parte de um esforço da sociedade civil. A instituição anfitriã do programa de educação para a paz e desarmamento deve:

a) estar empenhada na paz e no desarmamento;

b) ter acesso a uma rede estabelecida na comunidade, incluindo crianças, adolescente e juventude;

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c) ter uma boa relação de trabalho com sistemas formais existentes (por ex., ministérios governamentais responsáveis pelaEducação, Juventude, etc.); e

d) ter a capacidade de apoiar a iniciativa com recursos (pessoal, escritórios, equipamento, etc.).

9.6.8 Desenvolvimento do currículo

Deve ser desenvolvido um currículo de educação para a paz e desarmamento de maneira inclusiva com contributos de professores, crianças, adolescentes, juventude e representantes de organizações com base na comunidade, em particular grupos de juventude e mulheres. O currículo deve ser adaptado às considerações relacionadas com a idade e o género e deve apoiar e ser compatível com mecanismos positivos existentes para enfrentar esse tipo de situações, valores e normas.

O currículo pode também incluir outros tópicos afins, como, por ex., compreender as principais causas de conflitos, fatos sobre o comércio de armas, níveis de violência, o estado de direito, o problema da impunidade, despesas militares, o impacto da imprensa na glorificação das armas ligeiras, armas ligeiras como um símbolo de masculinidade e outras questões pertinentes para as crianças, adolescentes e juventude.

9.6.9 Materiais

Recursos relativos à educação para a paz e desarmamento podem ser obtidos através de várias fontes, incluindo Agências da ONU e ONGs. Tais recursos podem ser utilizados para auxiliar o desenvolvimento de iniciativas de educação para a paz e desarmamento. Consulte o Anexo E para uma lista de recursos sugeridos.

9.6.10 Monitorização e avaliação

O planeamento da monitorização e avaliação deve preceder a implementação de um programa de educação para a paz e desarmamento, ou seja, deve ser incluído no processo inicial de planeamento e conceção do programa. Uma estratégia eficaz de monitorização e avaliação deve:

a) desenvolver uma declaração clara dos objetivos do programa de educação para a paz e desarmamento;

b) para cada objetivo, decidir sobre os resultados pretendidos, e exprimilos em termos comportamentais;

c) para cada resultado, desenvolver vários indicadores, que devem também ser expressos em termos comportamentais;

d) para cada indicador, recolher dados da base de referência (antes da intervenção) sobre o grupo a estudar;

NOTA Os dados podem ser recolhidos através do uso de grupos-alvo, inquéritos, questionários, escalas de classificação, entrevistas, observações e análises de registos escolares. Os dados da base de referência devem ser repartidos por género e idade. Deve haver uma representação equilibrada de raparigas e rapazes nos grupos-alvo e nos inquéritos.

e) simultaneamente, recolher dados da base de referência num local do grupo de controlo (o programa pode planear a inclusão posterior deste grupo);

f) executar o programa ou intervenção;

g) após a implementação do programa (e durante o mesmo, se tal for apropriado), recolher dados relativos a cada indicador. Compare isto com os dados da base de referência

h) durante e/ou após a implementação do programa, recolher informação que pode ser utilizada para redigir estudos de caso sobre o projeto.

NOTA Os estudos de caso são uma maneira de dar vida aos dados e dar-lhe uma cara humana. Exemplos de material que pode constituir a base de um estudo de caso: uma explicação de um projeto de

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ação para criar uma maior compreensão entre grupos realizados pela juventude num programa de educação para a paz; uma descrição de um professor de uma sala de aulas do modo como o envolvimento num programa de educação para a paz alterou outros aspetos do seu estilo de ensino; uma história de uma alteração positiva na relação entre dois jovens de grupos étnicos diferentes que foram reunidos durante o programa. As discussões do grupo-alvo constituem uma maneira de recolher dados para estes estudos de caso.

i) recolher dados relativos aos indicadores um ano mais tarde, para ver se os resultados do programa foram constantes ao longo do tempo; e

j) quando for concluida a intervenção com o primeiro grupo, repita a recolha de dados da base de referência com o grupo de controlo.

NOTA Consulte MOSAIC 04.40, para obter orientações adicionais, Monitorização, avaliação e elaboração de relatórios.

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Anexo A (informativo)

Estratégias, abordagens e setores para prevenir e responder à

violência contra crianças

Estratégia Abordagem Setores Atividades transversais

Implementação e cumprimento das leis

• Leis que proíbem os castigos violentos de crianças pelos progenitores, professores ou outros educadores

• Leis que criminalizam o abuso e a exploração sexual de crianças

• Leis que impedem o abuso de álcool • Leis que limitam o acesso dos jovens a

armas de fogo e outras armas

Justiça

Ações multissetoriais e coordenação

Normas e valores

• Alterar o cumprimento de normas relativas a género e normas sociais restritivas e nocivas

• Programas de mobilização comunitária • Intervenções de observadores

Saúde, Educação, Assistência social

Ambientes seguros

• Reduzir a violência procurar resolver focos de violência

• Interromper o alastramento da violência • Melhorar o ambiente urbanizado

Interior, Planeamento

Progenitores e educadores apoio

• Fornecido através de visitas domiciliárias • Fornecido em grupos em cenários

comunitários • Fornecido através de programas

abrangentes

Assistência social, Saúde

Rendimento e reforço económico

• Transferências monetárias • Poupança e crédito de grupo aliados a

formação relativa à igualdade entre os sexos • Microfinanças aliadas a formação relativa à

norma relativa aos géneros

Finanças, Trabalho

Monitorização e avaliação

Resposta e serviços de apoio

• Aconselhamento e abordagens terapêuticas • Análise aliada a intervenções • Programas de tratamento para jovens

delinquentes no sistema de justiça penal • Intervenções de cuidados em famílias de

acolhimento envolvendo serviços de assistência social

Saúde, Justiça, Assistência social

Educação e competências quotidianas

• Aumentar o número de inscritos em estabelecimentos de ensino pré-escolar, primário e secundário

• Estabelecer um ambiente escolar seguro e capacitador

• Melhorar o conhecimento das crianças sobre abuso sexual e como se protegerem contra isso

• Formação relativa ao quotidiano e competências sociais

• Programas de prevenção da violência nas relações íntimas de adolescentes

Educação

Fonte: INSPIRE: Seven Strategies for Ending Violence Against Children. World Health Organzation, UNICEF, UNODC, World Bank et al., 2016.

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Anexo B (informativo)

Exemplo de uma Política de Proteção da Criança

Definições

Para os efeitos desta política, os termos “criança” e “crianças” abrange todas as pessoas com menos de dezoito (18) anos de idade.

Âmbito da aplicação

Esta política aplica-se a todo o pessoal que trabalha em nome [de [nome do grupo/organização].]. Isto inclui, entre outros, quadros superiores, membros do conselho de administradores, pessoal contratado e voluntários, quer trabalhem a tempo inteiro ou parcial.

Objetivo da política

• Para proteger crianças que recebem [os serviços de [nome do grupo/organização]. Isto inclui os filhos de adultos que utilizam os nossos serviços.

• Para familiarizar o pessoal e voluntários com os princípios abrangentes que orientam a nossa abordagem à proteção da criança.

Declaração relativa a proteção da criança

[Nome do grupo/organização] acredita que uma criança nunca deve sofrer qualquer espécie de abuso. Temos uma responsabilidade de promover o bem-estar de todas as crianças e de as manter em segurança. Estamos empenhados em atuar de uma maneira que as proteja.

Reconhecemos que

• O bem-estar da criança é fundamental, conforme consagrado na Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas.

• Todas as crianças, independentemente de idade, deficiência, género, património racial, crença religiosa, orientação sexual ou identidade sexual têm direito à proteção igual contra todos os tipos de danos e abusos.

• Algumas crianças são também adicionalmente vulneráveis por causa do impacto das experiências anteriores, o seu nível de dependência, necessidades de comunicação ou outras questões.

• O trabalho em parceria com crianças, os seus pais, cuidadores e outras agências é essencial para a promoção do bem-estar dos jovens.

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Iremos continuar a tentar manter as crianças em segurança

• valorizando-as, ouvindo-as e respeitando-as;

• adotando práticas de proteção da criança através de procedimentos e um código de conduta para o pessoal e voluntários

• fornecer gestão eficaz para o pessoal e voluntários através de supervisão, apoio e formação;

• recrutar pessoal e voluntários em segurança, assegurando que são realizadas todas as verificações e inspeções necessárias;

• partilhar informação sobre proteção da criança e boas práticas com as crianças, os pais, o pessoal e os voluntários; e

• partilhar preocupações com agências com necessidade de saber e envolver os pais e crianças devidamente.

Quadro jurídico

Esta política foi elaborada com base em leis e orientações que procurem proteger as crianças, designadamente:

• A Convenção sobre os Direitos da Criança [CDC] das Nações Unidas (1991)

• [[Listar outras leis e orientações relevantes, por ex., leis nacionais relacionadas com crianças e ofensas sexuais bem como orientações governamentais relevantes sobre a proteção das crianças]]

Análise

Estamos empenhados em rever a nossa política de proteção da criança e boas práticas anualmente.

Esta política foi revista em: ....................................................................................(data)

Assinatura: ............................................................................................................................

[A ser assinado pelo responsável mais sénior da organização]

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Anexo C (informativo)

Plano de ação de 5 pontos para terminar o recrutamento e uso de crianças

em conflitos armados

MOSTRAR O SEU APOIO DIGA AO MUNDO QUE SÃO

PLANO DE AÇÃO COMO PÔR COBRO AO RECRUTAMENTO E UTILIZAÇÃO DE CRIANÇAS EM CONFLITOS ARMADOS:

UM Emitir ordens de comando militar a proibir o recrutamento e utilização de crianças

DOIS Libertar todas as crianças identificadas nas fileiras de forças de segurança

TRÊS Assegurar a reintegração das crianças para a vida civil

QUATRO Criminalizar o recrutamento e utilização de crianças

CINCO Integrar mecanismos de verificação da idade em procedimentos de recrutamento

Nações Unidas

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Anexo D (informativo)

Lista de verificação de 10 pontos: Impedir o uso pelo Estado

de crianças soldados

A organização Child Soldiers International desenvolveu a seguinte Lista de verificação de 10 pontos para auxiliar a avaliar onde e porquê as crianças estão em risco de uso em hostilidades nas forças armadas pelas quais os estados são responsáveis e identificar que medidas podem ser tomadas para reduzir estes riscos.

A Lista de verificação de 10 pontos baseia-se em torno de dez questões centrais que abrangem três áreas de responsabilidade abrangidas pelo relatório, da organização Child Soldiers International, Louder Than Words: An agenda for action to end state use of child soldiers (Mais alto do que as palavras: Uma agenda para ação para terminar o uso estatal de crianças soldados) .

Uso de crianças soldados por forças armadas estatais

1. As crianças estão proibidas por lei de participar em hostilidades?

2. A idade de 18 anos foi estabelecida na lei como a idade mínima para o recrutamento obrigatório e voluntário?

3. Cada criança tem uma prova de idade independentemente verificável?

4. Existem processos eficazes para verificar a idade de novos recrutas?

5. Existem processos de recrutamento militares sujeitos a monitorização e supervisão independentes?

6. O recrutamento e uso ilegais de crianças são criminalizados na lei nacional?

7. O sistema de justiça criminal tem a capacidade de investigar e processar eficazmente as alegações de recrutamento e uso ilegais?

Uso de crianças soldados por grupos armados aliados do Estado

8. Encontram-se implementados mecanismos de salvaguarda legais e práticas para impedir o recrutamento e uso de crianças por quaisquer grupos armados aliados do Estado?

Transferências de armas e assistência à reforma do setor de segurança

9. Encontram-se implementadas medidas para assegurar que as transferências de armas internacionais e outras formas de assistência militar não contribuem para ou facilitam o recrutamento e uso ilícitos de crianças como soldados nos estados beneficiários?

10. As medidas de salvaguarda estabelecidas nesta lista de verificação são refletidas nos programas de reforma do setor de segurança (RSS) nacional e nos programas de assistência ao SSR?

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Anexo E (informativo)

Recursos para ajudar a desenvolver um currículo de educação para a paz

E.1 Materiais sugeridos

a) Educação para a Paz: Educar para a paz: Planear a reforma curricular ((Diretrizes para integração de um currículo de Educação para a Paz nos planos e políticas do setor da educação) — UNESCO http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002336/233601e.pdf

b) Programa Interagencial de Educação para a Paz — GCPEA / UNESCO Manual de Formação do Professor: Nível 1 https://www.scribd.com/document/42729166/Inter-Agency-Peace-Education-Teacher-Training

c) “Dr. Joseph Hungwa Memorial Peace Education Program” — Teachers Without Borders https://www.scribd.com/document/40571872/COMPLETE-PROGRAM-Dr-Joseph-Hungwa-Memorial-Peace-Education-Program-Parts-1-6#download

d) “Rationale for and Approaches to Peace Education” — Hague Appeal for Peace http://www.peace-ed-campaign.org/learning-to-abolish-war-teaching-toward-a-culture-of-peace Livro 1: Learning to Abolish War: Teaching Toward a Culture of Peace http://www.peace-ed-campaign.org/wp-content/uploads/2015/10/LTAW-ENG-1.pdf

Livro 2: Sample Learning Units http://www.peace-ed-campaign.org/wp-content/uploads/2015/10/LTAW-ENG-2.pdf

Livro 3: Sustaining the Global Campaign for Peace Education: Tools for Participation http://www.peace-ed-campaign.org/wp-content/uploads/2015/10/LTAW-EGN-3.pdf

NOTA: Os livros 1-3 encontram-se disponíveis em albaniano, árabe, inglês, francês e russo

E.2 Websites sugeridos

a) Educação para o desarmamento — Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos de Desarmamento (GNUAD) https://www.un.org/disarmament/education/index.html NOTA Disponível em árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol.

b) Campanha global de Educação para a paz — Hague Appeal for Peace http://www.peace-ed-campaign.org

c) Iniciativas de Educação para a paz — Teachers Without Borders https://teacherswithoutborders.org/twb-peace

d) Parceria de Educação para o desarmamento e não-proliferação https://www.dnpeducation.org

e) Fundação da Educação para a Paz http://www.peace-ed.org

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Anexo F (informativo)

Diretrizes para a proteção de escolas e universidades contra o uso militar

durante conflitos armados

Diretrizes desenvolvidas pela Coligação Global de Proteção da Educação contra Ataques, (GCPEA), cujo Comité Diretor inclui UNICEF, UNESCO e Alto Comissariado das Nações Unidas para os

Refugiados (ACNUR) (www.protectingeducation.org)

Partes envolvidas em conflitos armados são instadas a não usar escolas ou universidades para nenhum fim vinculado às suas atividades militares. Embora seja reconhecido que certos usos não seriam contrários à lei dos conflitos armados, todas as partes devem se esforçar para evitar comprometer a segurança e a educação de estudantes, usando o documento a seguir como um guia para práticas responsáveis:

Diretriz 1: Escolas e universidades em funcionamento não devem ser usadas para qualquer forma de apoio a atividades militares pelas forças de combate das partes envolvidas em conflito armado.

(a) Esse princípio é estendido a escolas e universidades que estejam temporariamente fechadas fora do horário normal de aulas, durante finais de semana e feriados e durante períodos de férias.

(b) Partes envolvidas em conflitos armados também não devem usar a força nem oferecer incentivos a administradores de educação para que evacuem escolas e universidades a fim de que essas fiquem disponíveis para uso em apoio a atividades militares.

Diretriz 2: Escolas e universidades que foram abandonadas ou evacuadas devido aos perigos apresentados por conflitos armados não devem ser usadas pelas forças de combate das partes envolvidas no conflito armado para nenhum fim relacionado ao apoio de suas atividades militares, salvo em circunstâncias atenuantes nas quais não haja outra alternativa viável, e apenas enquanto outra escolha entre o uso da escola ou universidade e outro método praticável para obter uma vantagem militar semelhante não seja possível. Outras construções devem ser consideradas melhores opções e usadas de preferência a prédios escolares ou universitários, mesmo que essas construções não sejam tão convenientemente localizadas ou configuradas, exceto quando as construções em questão sejam especialmente protegidas pelo Direito Internacional Humanitário (hospitais, por exemplo), e atentando ao fato de que partes envolvidas em conflito armado devem sempre tomar todas as precauções possíveis para proteger todos os alvos civis de ataques.

(a) Qualquer uso sob essas condições de escolas e universidades abandonadas ou evacuadas deve ser feito pelo mínimo tempo possível.

(b) Escolas e universidades abandonadas ou evacuadas usadas para apoio a atividades militares pelas forças de combate das partes envolvidas no conflito armado devem permanecer disponíveis para que autoridades de educação possam reabri-las assim que viável, uma vez retiradas as forças de combate das instalações e garantido que não há riscos para a segurança de estudantes e funcionários.

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(c) Quaisquer traços ou indícios de militarização ou fortificação devem ser completamente removidos, seguidos da retirada das forças de combate, com todos os esforços destinados a reparar o mais cedo possível qualquer dano causado à infraestrutura da instituição. Em particular, todas as armas, munições, artilharias não detonadas ou remanescentes de guerra devem ser retirados do local.

Diretriz 3: Escolas e universidades jamais devem ser destruídas como medida tomada para privar a parte oposta envolvida no conflito armado da capacidade de usá-las no futuro. Escolas e universidades – sejam elas em funcionamento, fechadas para o dia ou para feriados, evacuadas ou abandonadas – são alvos ordinariamente civis.

Diretriz 4: Embora o uso de uma escola ou universidade pelas forças de combate das partes envolvidas em conflito armado para apoio de suas atividades militares possa, dependendo das circunstâncias, ter o efeito de convertê-las em alvos militares sujeitos a ataques, as partes envolvidas no conflito armado devem considerar todas as medidas alternativas viáveis antes de atacá-las, incluindo, exceto quando as condições não permitirem, avisar o inimigo com antecedência sobre a ocorrência de um ataque caso a instalação educacional siga sendo usada para fins militares.

(a) Antes de qualquer ataque a uma escola que tenha se transformado em um alvo militar, as partes envolvidas no conflito armado devem considerar o fato de que crianças são merecedoras de especial respeito e proteção. Uma consideração adicional importante é a do potencial efeito negativo de longo prazo ao acesso à educação em uma comunidade causado pelos danos ou pela destruição de uma escola.

(b) O uso de uma escola ou universidade para apoio a atividades militares pelas forças de combate de uma das partes envolvidas não deve servir como justificação para a parte oposta que a capture continue a usá-la para apoio a atividades militares. Assim que viável, qualquer evidência ou indício de militarização ou fortificação deve ser removido e a instalação devolvida às autoridades civis para fins voltados à sua função educacional.

Diretriz 5: As forças de combate das partes envolvidas no conflito armado não devem ser empregadas para fornecer segurança a escolas e universidades, exceto quando meios alternativos de se oferecer segurança essencial não estiverem disponíveis. Se possível, funcionários civis propriamente treinados devem ser usados para fornecer segurança para escolas e universidades. Se necessário, deve-se levar em consideração a evacuação decrianças, estudantes e funcionários a um local mais seguro.

(a) Se as forças combatentes estão engajadas em tarefas de segurança relacionadas a escolas e universidades, sua presença dentro dos terrenos ou prédios deve ser evitada de todas as formas para evitar comprometer a condição civil do estabelecimento e alterar o ambiente de aprendizado.

Diretriz 6: Todas as partes envolvidas no conflito armado devem, da forma mais apropriada e profunda possível, incorporar essas Diretrizes a, por exemplo, suas doutrinas, manuais militares, regras de engajamento, ordens operacionais e outros meios de difusão, de forma a encorajar práticas apropriadas pela cadeia de comando. Partes envolvidas em conflito armado devem determinar o método mais apropriado para essa incorporação.

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Recursos relevantes adicionais:

• Declaração sobre Escolas Seguras www.protectingeducation.org/safe-schools-declaration-guidelines

• Implementar as diretrizes: Um kit de ferramentas para orientar a compreensão e implementação das diretrizes para proteger escolas e universidades do uso militar durante conflito armado http://protectingeducation.org/sites/default/files/documents/toolkit.pdf

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