compilação provérbios portuguese

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JANEIRO - Trovão em Janeiro, nem bom prado nem bom palheiro. 2-Quando não chove em Janeiro nem bom prado nem bom celeiro. Significa que se não chover em Janeiro as colheitas não serão muito boas. Janeiro salto de carneiro – Os dias em relação às noites crescem bastante. 3 – Camisa de seda em Janeiro é sinal de pouco dinheiro. Uma camisa de seda é muito fina por isso quem a veste em Janeiro é sinal que não tem dinheiro para comprar uma mais grossa. 5-Camisa de seda em Janeiro é sinal de pouco dinheiro. Uma camisa de seda é muito fina por isso quem veste em Janeiro é sinal que tem pouco dinheiro. FEVEREIRO Fevereiro mata a mulher no soalheiro – Nessa altura em que o sol está a descoberto e a temperatura é baixa as pessoas procuram aquecer-se, expondo-se ao sol, o que pode provocar doenças. - O tempo de fevereiro, enganou a mãe ao soalheiro. MARÇO - Quando florir o maracotão, os dias e as noites iguais são. Março, tanto durmo como faço – Porque o dia é tão grande como a noite. ABRIL - Em tempo de cuco - pela manhã molhado e à noite enxuto.

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Uma compilação dos provérbios nacionais mais conhecidos

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Page 1: Compilação provérbios portuguese

JANEIRO

- Trovão em Janeiro, nem bom prado nem bom palheiro.

2-Quando não chove em Janeiro nem bom prado nem bom celeiro.

Significa que se não chover em Janeiro as colheitas não serão muito boas.

Janeiro salto de carneiro

– Os dias em relação às noites crescem bastante.

3 – Camisa de seda em Janeiro é sinal de pouco dinheiro.

Uma camisa de seda é muito fina por isso quem a veste em Janeiro é sinal que não tem dinheiro para comprar uma mais grossa.

5-Camisa de seda em Janeiro é sinal de pouco dinheiro.

Uma camisa de seda é muito fina por isso quem veste em Janeiro é sinal que tem pouco dinheiro.

FEVEREIRO

Fevereiro mata a mulher no soalheiro

– Nessa altura em que o sol está a descoberto e a temperatura é baixa as pessoas procuram aquecer-se, expondo-se ao sol, o que pode provocar doenças.

- O tempo de fevereiro, enganou a mãe ao soalheiro.

MARÇO

- Quando florir o maracotão, os dias e as noites iguais são.

Março, tanto durmo como faço

– Porque o dia é tão grande como a noite.

ABRIL

- Em tempo de cuco - pela manhã molhado e à noite enxuto.

Abril, águas mil. – Porque em Abril chove muito e é a época da chuva.

MAIO

- Maio claro e ventoso, faz o ano rendoso.

Page 2: Compilação provérbios portuguese

JUNHO

- Sol de junho madruga muito.

JULHO

- Em julho abafadiço, fica a abelha no cortiço.

AGOSTO

- Trovoadas em Agosto, abundância de uva e mosto.

Agosto, frio no rosto

– Porque em Agosto já começam as noites a ficar frias.

1 – Água de Agosto, açafrão, mel e mosto.

Significa que se chover em Agosto é muito bom para as terras.

SETEMBRO

Setembro ardem os montes, secam as fontes

– É o pico do verão onde as temperaturas são muito elevadas e já escasseia a água.

OUTUBRO

Outubro pega tudo

– Começa a época da chuva, a temperatura amena, o que faz com que cresça tudo.

NOVEMBRO

Em Novembro, S. Martinho vai à adega e prova o vinho.

Novembro à porta, geada na horta.

DEZEMBRO

“Quem colhe azeitona antes do Natal, deixa metade no olival.”

“Os dias de Natal são saltos de pardal.”

Page 3: Compilação provérbios portuguese

2º_Sem eira nem beira

Significa que quando uma eira não tem beira o vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada.

3º_Névoa baixa sol racha

Significa que o fenómeno da névoa ocorre geralmente no final do inverno e no começo do verão.

4º_Tapar o sol com a peneira

Significa que qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira (instrumento circular da madeira com o fundo de metal) o sol com a peneira é inglória uma vez que, o objeto é permeável á luz.

5º_Tempestade no mar gaivotas na terra

Significa que as gaivotas não voam, se estiver tempestade.

2 – Ande o frio por onde andar, pelo Natal há – de chegar.

Significa que o Natal é sempre frio, mesmo que tenha estado calor até à véspera.

5 – Quem semeia ventos colhe tempestades.

Significa que as pessoas que semearem os alimentos ou qualquer outra coisa antes do tempo terão prejuízo com as tempestades.

7 – Quando florir o maracotão, os dias iguais são.

Significa que quando o pessegueiro florir os dias iguais serão.

8 – Lua Nova trovejada é molhada.

Significa que se troveja na noite de Lua Nova a partir daí nas noites de Lua Nova irá chover sempre.

Sol nascente desfigurado, No Inverno, frio, no Verão, molhado.

Significa que se o sol nasce disfigurado, no Inverno será frio e o Verão terá muita chuva.

Page 4: Compilação provérbios portuguese

Entre os Santos e o Natal É Inverno Natural.

Significa que entre o dia dos Santos e o Natal é Inverno.

Lua nova trovejada, trinta dias é molhada.

Significa que se trovejar na lua nova choverá durante um mês.

Se um trovão seco no céu reboa, temporal violento nos apregoa.

Significa que quando está bom tempo e aparece um relâmpago, haverá mau tempo.

Céu limpo e lua no horizonte, de lá te virá o vento.

Significa que se à noite houver céu limpo e lua no horizonte, o vento virá do horizonte.

Março marçagão, de manhã inverno, à tarde Verão.

Significa que em março os dias de manhã são frios e à tarde quentes.

Se o Inverno não erra caminho, têmo-lo no São Martinho.

Significa que o Inverno começa normalmente no São Martinho

Provérbios Meteorológicos e o seu significado

Janeiro gieiro.

(Geadas em Janeiro)

Fevereiro mata a mãe no soalheiro

Page 5: Compilação provérbios portuguese

(Ao estar à varanda as pessoas ficam doentes)

Abril águas mil

(Chove muito em Abril)

Maio trovoso

(Muitas trovoadas em Maio)

Agosto vento no rosto

(Está frio)

Setembro ardem os montes e secas as fontes

(Está muito calor)

Querer, querer sempre, com todas as forças. ( Alfiéri )

Provérbios causais

Alguns provérbios pretendem encontrar uma causa, a fim de justificar uma realidade, como estes:

«Filho de peixe sabe nadar».

«Língua comprida, mentira maior».

«Por causa de alguém não se fia a ninguém».

«Quem cochicha rabo espicha».

«Quem não tem cão caça com um gato».

«Quem nasce p’ra pobre nunca chega a rico».

«Quem sai aos seus não degenera».

«Se bebes para esquecer paga antes de beber».

Em todos estes provérbios se encontra alguma causa que pretende justificar o seu efeito. E a causalidade é um tema profundo da prática filosófica.

Provérbios que exprimem desespero e pessimismo

Page 6: Compilação provérbios portuguese

Examinemos estes provérbios que evidenciam um certo desespero e mesmo pessimismo perante a vida:

«Grande nau, grande tormenta».

«Quando o mal é de morte, o remédio é morrer».

«Uma desgraça nunca vem só».

Estes provérbios exprimem uma disposição natural que a maioria das pessoas têm para ver o lado mau das coisas, os riscos de malogro. É a doutrina segundo a qual (defende Schopenhauer), no Universo, o mal prevalece sobre o bem.

Provérbios que exprimem solidariedade

Há provérbios que fazem apelo à solidariedade humana, como estes:

«A união faz a força».

«Fazer bem sem olhar a quem».

«Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti».

«Nas necessidades é que se conhecem os amigos».

Estes provérbios enquadram-se numa reflexão de valor ético-moral.

Provérbios que indicam conhecimento ou ignorância

É interessante verificar o conteúdo dos provérbios que indicam sabedoria, conhecimento e bom senso. É bom que nos atenhamos um pouco neles, como estes:

«A experiência é o espelho da inteligência» (Provérbio árabe).

«Dá Deus nozes a quem não tem dentes».

«De livro fechado não sai letrado».

«O sábio sabe que sabe, o ignorante pensa que sabe» (Provérbio espanhol, que faz lembrar Sócrates).

É interessante atermo-nos, frequentemente, nestas sábias sentenças.

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Provérbios que indicam possibilidades individuais

Diferentes no seu sentido, mas de valor prático similar, estas sentenças mostram uma certa persistência na acção, tranquilidade existencial, e dizem respeito à experiência concreta da existência vivida e, ainda, à intelecção das possibilidades individuais:

«Água mole em pedra dura tanto dá (bate) até que fura».

«Cada qual puxa a brasa à sua sardinha».

«Desmanchar e fazer, tudo é aprender».

«Grão a grão enche a galinha o papo».

«O dinheiro não cai do Céu».

«Quem tudo quer, tudo perde».

«Vale mais um pássaro na mão do que dois a voar».

Que acha destes provérbios?

Provérbios que indicam prudência

Provérbios ricos em ensinamentos retirados da experiência do saber fazer e do saber viver.

«Antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube».

«As paredes têm ouvidos».

«Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és».

«Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu».

«Se queres bom conselho, pede-o ao velho».

Pois é... Mas há uma certa juventude que acha que os velhos nada têm para ensinar! Será mesmo assim?

Provérbios relativos ao tempo

Muito ricos de significado são os provérbios de simbologia meteorológica ou temporal:

«Água de Agosto, açafrão, mel e mosto».

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«Ande o frio por onde andar, pelo Natal há-de chegar».

«Camisa de seda em Janeiro é sinal de pouco dinheiro».

«Em Abril, águas mil».

«Lua nova trovejada 30 dias é (será) molhada».

«No dia de S. Lourenço vai à vinha e enche o lenço».

«Pelo S. Martinho vai à adega e prova o vinho».

«Quando florir o maracotão, os dias iguais são».

«Quando não chove em Janeiro, nem bom prado nem bom celeiro».

Não seria mau de todo dar alguma atenção a este tipo de sabedoria popular.

Estes provérbios populares como, aliás, todos os outros, revelam um tipo de conhecimento denominado «senso comum», apanágio da maioria das pessoas para quem, apenas, o espírito prático conta.

Como não é difícil verificar, os provérbios, considerados sabedoria popular, estão longe de enunciar princípios universais. Expressam, não um conjunto indiscutível de conhecimentos criticamente elaborados, que se manifesta universalmente, mas um conjunto incompleto de «actos de conhecimento» que se aplicam em cada instante concreto e que, na grande maioria dos casos, apenas são utilizados como analogias (de forma intelectual) ou como exemplo moral ou de previsão (conforme a tradição popular).

Outros Provérbios

Ao menino e ao borracho põem-lhe Deus a mão por baixo.

Apanha com o cajado quem se mete onde não é chamado.

Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.

Cada um sabe de si e Deus sabe de todos.

Guarda que comer, não guardes que fazer.

Junta-te aos bons, serás como eles. Junta-te aos maus, serás pior que eles.

Mais vale tarde do que nunca.

Não é com vinagre que se apanham moscas.

Não há fome que não dê em fartura.

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No poupar é que vai o ganho.

Os homens não se medem aos palmos.

Para bom entendedor meia palavra basta.

Para grandes males, grandes remédios.

Quem canta seu mal espanta, quem chora seu mal adora.

Quem conta com panela alheia fica quase sempre sem ceia.

Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto.

Quem diz o que quer ouve o que não gosta.

Quem meu filho beija minha boca adoça.

Quem o feio ama bonito lhe parece.

Quem muito dorme pouco aprende.

Quem quer vai, quem não quer manda.

Quem semeia ventos colhe tempestades.

SENSO COMUM E CIÊNCIA

O homem sempre procurou compreender o mundo em que vive durante muito tempo os seres humanos viveram com costumes e crenças passados pelos seus antepassados, e que até hoje em muitas partes do mundo se faz presente no dia a dia das pessoas.

Este tipo de conhecimento leigo, muitas vezes era julgado com acabados como se não houvesse mais opções e leva vão a não investigação critica e aprofundada dos assuntos, levando assim a muitos comportamentos errados. Mesmo assim este tipo conhecimento informal e simples chamado de senso comum, servirão de base para pesquisas mais elaboradas sobre os assuntos que se faziam cada vez mais necessário na vida do homem.

Com o passar dos anos o homem começou a questionar estas crenças e assim começou a desenvolver pesquisas para poder entender o mundo e o ambiente em que vive. Por que somente o senso comum os as “crenças, costumes e hábitos passados pelos seus ancestrais já não era mais suficiente para seus questionamentos dos problemas da vida diária, e as explicações sobre as coisas sobrenaturais ou Divinas começaram a ficar vazia.

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Assim o homem passou por uma mudança, domado pela sua sede de respostas, saiu a busca de conhecimento, adquirindo assim novos valores para o seu cotidiano. A partir dai o homem passou a organizar princípios explicativos, especialmente para o lado cientifico, o qual lhe dava respostas mais concretas.

Hoje a humanidade busca através da ciência explicações, estamos vivendo em uma era que o conhecimento cientifico busca níveis intelectuais cada vez mais elevados, restringindo estas informações a alguns grupos mais privilegiados de pessoas.

Diminuir estas barreias esta se fazendo cada vez mais necessário, pois a evolução tecnológica avança em uma velocidade cada vez maior.

SENSO COMUM E CIÊNCIA

A pesquisa cientifica é elaborada em uma sequência lógica de procedimentos cuidadosamente organizados, com o avanço da ciência estão se fazendo novos conceitos, onde o homem tem uma visão muito mais clara, ampla e objetiva de seus questionamentos, para aplicar em seu dia a dia.

CONCLUSÃO

Senso Comum é um conhecimento adquirido pelo percurso que temos em nossas vidas, o que aprendemos de pai para filho, crenças que vem a milhares de anos com os seres humanos, soluções que achamos para facilitar a vida do dia a dia, que muitas vezes não tem nenhum fundamento científico. A ciência já tem conceitos e estudos objetivos com fundamentos coerentes e traz respostas mais concretas e objetivas para os questionamentos da vida.

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAzNEAG/senso-comum-ciencia

Algumas diferenças entre o senso comum e a ciência

mulher-cozinhando-velasquez Do senso comum fazem parte conhecimentos vulgares mas muito úteis na vida quotidiana (saber cozinhar, conhecer a cidade onde se vive, saber que no Verão há mais calor que na Primavera, etc.).

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Pode também incluir superstições, isto é, crenças falsas ou injustificadas (acreditar que o número 13 dá azar, acreditar que uma mulher durante o período menstrual não deve fazer bolos pois estes não ficarão bons, etc.).

Vejamos algumas das características distintivas entre senso comum e ciência.

As crenças que fazem parte do senso comum adquirem-se com base na experiência quotidiana das pessoas, na chamada experiência de vida (que se distingue da experiência científica por ser feita sem um planeamento rigoroso, sem método). Nalguns casos trata-se de experiências pessoais, noutros casos são experiências partilhadas pelos membros da comunidade – no decurso do processo de socialização. Em suma, é um conhecimento que se adquire sem estudos, sem investigações.

Por exemplo: para aprender onde fica a padaria mais próxima de casa ou para aprender a atar os sapatos não é preciso efectuar uma investigação metódica, basta a experiência de vida.

cientista-mulher-microscópio Pelo contrário, a ciência implica investigações, estudos efectuados metodicamente.

Por exemplo: De outra forma, como se poderia descobrir a temperatura média de um planeta tão distante como Mercúrio? Como é que a simples experiência de vida podia permitir a descoberta de que a luz do Sol leva 8,33 minutos a chegar à Terra?

O senso comum é assistemático, na medida em que constitui um conjunto disperso e desorganizado de crenças (algumas constituem conhecimentos e outras não), não implicando por parte dos seus detentores um esforço de organização. Por isso, algumas das crenças podem ser contraditórias.

Por exemplo: as mesmas pessoas podem acreditar que “Quem espera desespera” e “Quem espera sempre alcança”.

Ciência é um saber sistemático na medida em constitui um conjunto organizado de conhecimentos, havendo da parte dos cientistas um esforço para que as diversas teorias se articulem entre si e sejam coerentes.

Por exemplo: Os historiadores ficariam preocupados se descobrissem que, nas suas análises de um fenómeno do passado como a batalha de Aljubarrota, havia afirmações sobre o relevo da zona incompatíveis com as informações fornecidas pela Geografia.

O senso comum é impreciso, na medida em que normalmente não se exprime de modo rigoroso e quantificado.

A ciência é um saber mais preciso que o senso comum. As diversas ciências, naturais ou sociais, recorrem sempre que possível à Matemática, na tentativa de apresentar resultados rigorosos. Mesmo nas investigações em que não é possível quantificar (a observação psicológica de uma certa pessoa, por exemplo) existe essa procura do rigor.

Por exemplo: É de conhecimento geral que no Norte de Portugal chove mais do que no Sul. O conhecimento científico desse fenómeno é muito mais exacto: no mês de Janeiro de 2003 a

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precipitação em Faro situou-se entre os 20 e os 40 mm, enquanto no mesmo período no Porto situou-se entre os 350 e os 400 mm (de acordo com o Instituto de Meteorologia).

O senso comum é acrítico. Acrítico significa não reflectido, não examinado. É compreensível que assim seja, pois trata-se de crenças cuja aprendizagem é informal: aprende-se à medida que se vai vivendo e tendo experiências, aprende-se vendo, ouvindo e imitando os outros. Muitas vezes essa aprendizagem é inconsciente: as pessoas não têm noção de que estão a aprender, mas vão interiorizando tradições, costumes, saberes práticos, etc. Tanto podem aprender crenças verdadeiras como crenças falsas e injustificadas (superstições).

Por exemplo: Algumas crianças portuguesas, ao observarem muitas vezes os pais e outros adultos deitarem lixo para o chão, aprendem a fazer o mesmo e interiorizam a ideia de que esse comportamento é correcto. Outras crianças portuguesas – talvez em menor número – ao observarem muitas vezes os pais e outros adultos deitarem o lixo para o caixote aprendem a fazer o mesmo e interiorizam a ideia de que esse comportamento é correcto. Na maior parte dos casos, tanto umas como outras realizam essas aprendizagens sem reflectir, sem discutir: limitam-se a imitar. Ou seja: aprendem acriticamente.

A ciência não pode ser acrítica como o senso comum. Pelo contrário, implica uma atitude crítica por parte dos cientistas. Ou seja: para fazer ciência é preciso reflectir, pensar pela própria cabeça, e ter uma preocupação permanente com a fundamentação das ideias. Os cientistas devem ter essa atitude crítica relativamente às suas próprias ideias e relativamente às ideias dos outros.

Por exemplo: um cientista que queira publicar um artigo científico numa revista tem de submetê-lo a um processo de avaliação que costuma ser chamado “refereeing”: o artigo tem de ser lido primeiro por especialistas da área; o nome destes não é divulgado e estes também não sabem quem é o autor do artigo, para que a crítica possa ser mais livre e imparcial.

o senso comum é a capacidade de fazer viver a tradição dos mais velhos como nossos avós.

O presente artigo tem a finalidade de discutir o conceito de ciência, sua relação com o senso comum, e a crise da ciência dentro da racionalidade moderna. A partir destes conceitos, será analisada a relação entre racionalidade, conhecimento científico e senso comum na determinação do patrimônio cultural material, catalogado conforme conhecimentos científicos estabelecidos; e do patrimônio imaterial, definido de acordo com as crenças e saberes cotidianos, frutos do senso comum.

O patrimônio cultural é constituído por certos saberes, lugares, monumentos, objetos, modos de fazer, etc. Frente a este campo do conhecimento, temos a clareza de que a ciência tem influência direta na delimitação do patrimônio cultural material. No caso do patrimônio de natureza imaterial, sua delimitação é baseada de acordo com os saberes do senso comum. Entretanto, como conciliar conhecimentos tão antagônicos que não se imbricam, na compreensão do patrimônio cultural? Este é, portanto o objetivo do presente trabalho, que tem por finalidade discutir o conceito de ciência, e sua relação com o senso comum, a hegemonia da ciência moderna, a crise da ciência dentro da racionalidade moderna, e a

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importância da interpretação hermenêutica. De acordo com a perspectiva de Santos (1989), Denzin e Lincoln (2006), Carvalho (2000) e Luz (1988).

A partir da abordagem destes conceitos e destas perspectivas, analisaremos a relação entre o conhecimento científico e o senso comum na determinação do patrimônio cultural material, catalogado de acordo com os conhecimentos da arquitetura, história, arqueologia, antropologia, sociologia; e também do patrimônio imaterial, definido de acordo com as crenças e os saberes locais, representados pelos modos de fazer da culinária, das festividades, dos locais, instrumentos, rituais e das crendices populares. Este trabalho objetivará a conceituação, distinção e análise de ambos os termos. Para que assim, no desenvolvimento deste texto aconteça a identificação de qual é o papel e a função da ciência e do senso comum na definição e delimitação do patrimônio cultural de natureza material e material, a fim de se ter uma compreensão sobre o patrimônio cultural.