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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO Área de Concentração: Saúde da Família LUCIANA DE CASSIA NUNES NASCIMENTO COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM HOSPITAL PEDIÁTRICO: Análise sob o olhar do Sistema Único de Saúde ITAJAÍ (SC) 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

Área de Concentração: Saúde da Família

LUCIANA DE CASSIA NUNES NASCIMENTO

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM HOSPITAL

PEDIÁTRICO: Análise sob o olhar do Sistema Único de Saúde

ITAJAÍ (SC)

2007

LUCIANA DE CASSIA NUNES NASCIMENTO

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM HOSPITAL

PEDIÁTRICO: Análise sob o olhar do Sistema Único de Saúde

Dissertação apresentada no Curso de Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho, da Universidade do Vale do Itajaí, para obtenção do título de Mestre - Área de concentração em Saúde da Família.

Orientadora: Profa. Dra. Gladys Amélia Vélez Benito.

ITAJAÍ (SC)

2007

LUCIANA DE CASSIA NUNES NASCIMENTO

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM HOSPITAL

PEDIÁTRICO: Análise sob o olhar do Sistema Único de Saúde

Esta dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para a obtenção do Título de Mestre, e aprovada pelo Curso de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, área de concentração Saúde da Família, da Universidade do Vale do Itajaí em 19 de dezembro de 2006.

_____________________________________ Águeda Lenita Pereira Wendhausen

-Coordenadora do Curso-

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________ Gladys Amélia Vélez Benito

UNIVALI – Orientadora

_____________________________________ Rosita Saupe

UNIVALI – Membro da Banca

_______________________________________ Antônio Wosny de Miranda UFSC – Membro da Banca

Nós, os novos, os sem nome, os difíceis de entender, nós, os nascidos cedo de um futuro ainda indemonstrado, nós precisamos, para um novo fim, também de um novo meio, ou seja, de uma nova saúde, de uma saúde mais forte, mais engenhosa, mais tenaz, (...) mais alegre do que todas as saúdes que houve até agora (...) Da Grande Saúde; de uma saúde tal, que não somente se tem, mas que também constantemente se conquista ainda, e se tem de conquistar; por que se abre mão dela outra vez, e se tem de abrir mão! Nietzsche, 1999.

A vocês, razão da minha luta: pai, mãe, Hilário e Henrique.

AGRADECIMENTOS À Deus, criador supremo, por permitir o alcance de mais esta conquista.

À minha orientadora e amiga Gladys Amélia Vélez Benito, que com sua

competência esteve ao meu lado durante esta longa caminhada e sempre me

estimulou nos momentos mais difíceis, dando-me o apoio necessário e enriquecendo

este trabalho com sugestões sempre pertinentes. Você me ensinou que o caminho

da sabedoria é não ter medo de errar.

Aos professores Antônio de Miranda Wosny e Rosita Saupe por aceitarem

fazer parte da banca avaliadora e pelas contribuições que enriqueceram este

estudo. Mestres que serão sempre lembrados com carinho e muito respeito.

Aos meus pais, Itajuby e Maria, por tantos ensinamentos repassados ao longo

de nossas vidas. Vocês foram meus primeiros mestres e sempre me ensinaram que

o conhecimento é um bem que ninguém pode nos tirar. Continuo aprendendo com

vocês (sempre).

Ao meu marido Hilário, pela compreensão nos momentos de ausência e por

dividir comigo as angústias e responsabilidades. Você é testemunha dos obstáculos

que venci. Amo você.

Ao meu Henrique, minha vidinha, filho querido que sempre sonhei. Na sua

pequena existência, a ausência nem sempre foi compreendida, porém a distância

entre nós nunca existiu. Amo muito você, filho.

À amiga e diretora do hospital pediátrico, Michele Thiesen pela autorização e

apoio necessário para o desenvolvimento deste estudo.

Aos colegas enfermeiros desta instituição, por disponibilizarem parte do seu

tempo para a realização deste estudo.

7

Aos amigos e professores que tive o privilégio de conhecer, parceiros nos

momentos de aprendizagem e conquistas. Em especial à professora Àgueda Lenita

Pereira Wendhausen, coordenadora deste curso.

Aos colaboradores do Curso de Mestrado, que estiveram sempre

disponíveis quando solicitados.

À Universidade do Vale do Itajaí, instituição que faz parte da minha formação

desde a graduação até a conclusão do Curso de Mestrado e que me acolhe no seu

quadro de colaboradores.

NASCIMENTO, Luciana de Cássia Nunes. Competências gerenciais do enfermeiro em hospital pediátrico: análise sob o olhar do sistema único de saúde. 2006. 140 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho) – Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2006. Orientadora: Profª.Dra. Gladys Amélia Vélez Benito

RESUMO

O resgate histórico dos Sistemas de Saúde no Brasil mostra o caminho percorrido até a proposta do Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema em construção, com vários princípios organizativos e doutrinários. Neste contexto o enfermeiro desenvolve competências que visam contribuir com a consolidação deste sistema. O estudo objetiva investigar as competências gerenciais dos enfermeiros de um hospital pediátrico de Santa Catarina sob o olhar do SUS. Trata-se de um estudo de natureza exploratória, com abordagem quantitativa e qualitativa. A instituição tem como característica o atendimento de clientes na faixa etária de 0 a 14 anos. A coleta de dados se deu em dois momentos: no primeiro momento utilizou-se um questionário contendo dados de identificação, classificação das competências gerenciais quanto ao grau de importância e desenvolvimento das mesmas, pelos 15 enfermeiros objeto desta pesquisa. Esses dados foram tabulados, analisados e discutidos a partir das variáveis do estudo: organização, liderança, recursos para a assistência de enfermagem, avaliação, gerenciamento de serviço, comunicação e supervisão. Percebeu-se que, além de algumas contradições e incoerências entre o que eles pensam e o que afirmam fazer, as competências não desenvolvidas são menos valorizadas por eles. No segundo momento, na entrevista de profundidade com 04 enfermeiros considerados “sujeitos-chave” na gestão da instituição, surgiram duas categorias: integralidade e competência gerencial; estes carecem de conhecimento ampliado da política do SUS e das competências gerenciais a serem desenvolvidas pelo enfermeiro. Da mesma forma desconhecem as diretrizes do SUS e seus princípios. A integralidade é focalizada como ação que visa um atendimento direcionado a doença ou motivo de internação, evidenciando desta forma a visão biologicista deles. As competências gerenciais são percebidas como tarefas imediatistas e resolutivas para dar continuidade ao atendimento. Existe uma tendência em prestar uma assistência moldada a uma lógica reducionista, não valorizando as ações intersetoriais, nem percebendo a integração existente entre os níveis de atenção, comprometendo a reestruturação, articulação e integração dos serviços, podando e impedindo avanços no fortalecimento do sistema de saúde da região. Palavras-chave: Administração hospitalar; Sistema Único de Saúde; Enfermagem; Gerência.��

NASCIMENTO, Luciana de Cássia Nunes. Managerial competencies of nurses in a pediatric hospital: analysis under the look of the SUS. 2006. 140f. Dissertation (Master’s Degree in Health and Management of Work) - Master’s Degree Program in Health and Management of Work University of Itajaí Valley, Itajaí, 2006.

Supervisor: Dr Gladys Amélia Vélez Benito

ABSTRACT

The historical revival of the Health Systems in Brazil shows its development up until the proposal for a Sistema Único de Saúde (SUS) (Brazilian national health system), which is currently being built, with its various organizational and doctrinal principles. In this context, the nurse develops competencies aimed at contributing to the consolidation of this system. The study seeks to investigate the perceptions of nurses at a pediatric hospital in Santa Catarina, under the look of the SUS. It is an exploratory study, which takes a quantitative and qualitative approach. The institution provides health services to clients aged between 0 and 14 years. The data collection occurred in two separate moments: In the first, a questionnaire was used containing identification data, classification of managerial skills, and the level of importance and development of these skills, by the 15 nurses that are the object of this study. These data were drawn up in the form of tables and discussed in light of the study variables. Organization, leadership, resources for nursing care, assessment, management of the service, communication and supervision. It is observed that, despite some contradictions and inconsistencies between what they think and what they say they do, the competencies that not are developed are attributed lesser value by the nurses. In the second moment of data collection, in the in-depth interview with 04 nurses considered "key subjects" in the management of the institution, two categories emerged: Integrality and managerial competence; the nurses lacked wider knowledge of the SUS policy and the managerial competences to be developed by nurses. Likewise, they were unaware of the guidelines of the SUS and its principles. Integrality is focused on action aimed at a service focused on the sickness or reason for admittance, demonstrating the nurses’ biologicist view. The managerial competences are perceived as tasks for carrying out the service and as such, they are immediate and focused on resolving the problem There is a tendency to provide a service that is molded by a reductionist logic, i.e. it fails to valorize intersectorial actions, or perceive the integration that exists between the different levels of care, compromising the restructuring, articulation and integration of the services, which may present an obstacle to advancement in the strengthening of the region’s healthcare system. Key words: Hospital administration; SUS; Nursing; Management.

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 - Representação gráfica do referencial teórico.........................................389

Figura 2 - Representação do trajeto metodológico.................................................401

Figura 3 - Organograma do serviço de enfermagem..............................................412

Gráfico 1 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Sistema Organizacional de Saúde. ..........................................612

Gráfico 2 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Sistema Organizacional de Saúde. ..........................................667

Gráfico 3 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Recursos para a Assistência de Enfermagem..........................701

Gráfico 4 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Avaliação..................................................................................778

Gráfico 5 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Gerenciamento de Serviço de Saúde.......................................812

Gráfico 6 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Comunicação. ..........................................................................867

Gráfico 7 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo a variável Supervisão. ..............................................................................889

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006, segundo sexo e idade. ..................................................................................512

Quadro 2 - Distribuição dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006, segundo tempo de graduação, formação e experiência nos níveis de atenção. ..................................................................................................................534

Quadro 3 - Distribuição dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006, segundo tempo e área de atuação na instituição, função desenvolvida e segundo vínculo empregatício.................................................................................556

Quadro 4 – Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável SISTEMA ORGANIZACIONAL DE SAÚDE com o grau de importância....623

Quadro 5 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável LIDERANÇA com o grau de importância. ..................................................678

Quadro 6 – Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável RECURSOS PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM com o grau de importância..............................................................................................................701

Quadro 7 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável AVALIAÇÃO com o grau de importância......................................................79 Quadro 8 – Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável GERENCIAMENTO DE SERVIÇO DE SAÚDE com o grau de importância..............................................................................................................812

Quadro 9 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável COMUNICAÇÃO com o grau de importância..............................................87 Quadro 10 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável SUPERVISÃO com o grau de importância. ...............................................889

Quadro 11: Categoria: O princípio da integralidade. Subcategoria: Atendimento integral. ...................................................................................................................912

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................8 ABSTRACT.................................................................................................................9 LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS..........................................................................10 LISTA DE QUADROS...............................................................................................11 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO..................................................................................14 CAPÍTULO 2 - CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA................................................20 2.1 O Sistema Único de Saúde...............................................................................20 2.2 O Sistema Hospitalar ........................................................................................24 2.3 Assistência de enfermagem à criança/família ................................................27 2.4 Competências gerais e gerenciais...................................................................27 CAPÍTULO 3 - CONCEITOS NUCLEARES .............................................................30 3.1 SUS / Integralidade............................................................................................30 3.2 Competências Gerenciais do Enfermeiro .......................................................34 CAPÍTULO 4 - TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ....................................................40 CAPÍTULO 5 - ANÁLISE E DISCUSSÃO RESULTADOS.......................................51 5.1 Identificando os sujeitos ..................................................................................51 5.2 Percepção do desenvolvimento e grau de importância das competências gerenciais do enfermeiro........................................................................................58 5.2.1 Sistema organizacional de saúde.....................................................................59 5.2.2 Liderança..........................................................................................................64 5.2.3 Recursos para a assistência de enfermagem ..................................................69 5.2.4 Avaliação..........................................................................................................77 5.2.5 Gerenciamento de serviço de saúde ................................................................80 5.2.6 Comunicação ...................................................................................................85 5.2.7 Supervisão .......................................................................................................87 5.3 Competências gerenciais sob o olhar dos gestores......................................89 5.3.1 Integralidade.....................................................................................................91 5.3.2 Atendimento integral ........................................................................................92 5.3.3 Competência gerencial.....................................................................................96 5.3.3.1 Competência gerencial como atribuição........................................................97 5.3.3.2 Percepção da prática das competências gerenciais .....................................99 CAPÍTULO 6 - SÍNTESE..........................................................................................104 CAPITULO 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................109 REFERÊNCIAS.......................................................................................................113 APÊNDICES ...........................................................................................................119 APÊNDICE A - Consentimento livre e esclarecido .............................................120 APÊNDICE B - Instrumento de coleta de dados .................................................121

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APÊNDICE C - Distribuição das competências gerenciais dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006, segundo grau de importância e desenvolvimento das competências gerenciais. ...............................................125 APÊNDICE D - Roteiro de entrevista semi-estruturada .....................................128 ANEXOS .................................................................................................................129 ANEXO A - Organograma da instituição .............................................................130 ANEXO B - Atribuições do profissional graduado em enfermagem.................132 ANEXO C - Termo de aceite de orientação .........................................................135 ANEXO D - Termo de compromisso de utilização dos dados...........................136 ANEXO E - Descritores - Bireme..........................................................................137

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

O interesse em estudar mais profundamente este tema surgiu a partir da

própria experiência profissional da pesquisadora. Como enfermeira de atuando

exclusivamente na área hospitalar, sentia necessidade de ampliar os conhecimentos

sobre o sistema de saúde atual, pois, diante das muitas atribuições e atividades

exigidas no âmbito hospitalar, não tinha muitas oportunidades de discutir as políticas

de saúde, nem tampouco os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde

(SUS), não podendo, portanto, colaborar efetivamente para a sua construção.

Após concluir o curso de graduação passou a exercer as atividades como

enfermeira supervisora da unidade pediátrica de uma instituição privada. Foram

cinco anos de atuação na área da saúde da criança, até a transferência para

supervisionar a sala de parto, alojamentos conjunto e unidade de cuidados especiais

para bebês, por mais dois anos.

A segunda experiência enquanto profissional foi como docente no curso de

graduação de uma escola de enfermagem, atividade atualmente desenvolvida.

Ao ingressar no corpo docente desta instituição, teve a oportunidade de

desenvolver, em um hospital universitário pediátrico, atividades assistenciais com

acadêmicos do curso de graduação em enfermagem e algumas atividades de

extensão.

A partir destas oportunidades surgiram muitas inquietações que justificam a

escolha do tema em estudo. Pôde-se perceber que nesta instituição, os profissionais

enfermeiros também continuavam a se envolver numa rotina repleta de atribuições e

pouco tempo tinham para se envolver com as questões relacionadas às políticas

públicas de saúde.

Desta forma, acredita-se que pouco se pode colaborar com a consolidação do

sistema de saúde atual quando não se discute profundamente seus princípios e

diretrizes (norteadores das ações de saúde).

Assim, pela necessidade sentida na atuação profissional até o momento,

decidiu-se neste estudo buscar conhecer de que forma os enfermeiros desenvolvem

e utilizam suas competências gerenciais como ferramenta para o alcance da

15

integralidade.

Inicialmente buscou-se resgatar um pouco da história dos sistemas de saúde

do início do século passado até chegarmos ao sistema de saúde que temos hoje.

A história dos Sistemas de Saúde no Brasil teve início do século XX, quando

a economia brasileira era dominada pela exploração de café e cana-de-açúcar e

estava ameaçada pelo aparecimento de grandes epidemias causadas por doenças

infecto-contagiosas. Para evitar prejuízos no setor agroexportador, foram criados

modelo de saúde com ações verticais para o controle das doenças e fiscalização de

alimentos: o sanitarismo campanhista. Com a industrialização ocorre o predomínio

da medicina previdenciária sobre a saúde pública, gerando intensa mudança nos

padrões de assistência à saúde. O sanitarismo campanhista já não era mais

compatível com este tipo de economia, o que contribuiu para a criação de um novo

modelo de saúde: o modelo médico-assistencial privativista, tornando o acesso à

assistência à saúde cada vez mais excludente (BRASIL, 1990).

Na década de 70, teve inicio o movimento da reforma sanitária que toma força

e vem com a proposta de priorizar a atenção primária. Na Conferência de Alma-Ata,

em 1978, fica reconhecido que a atenção primaria e a participação comunitária são

estratégias para se alcançar a meta de saúde para todos no ano 2000. A VIII

Conferência Nacional de Saúde (CNS), em meados da década de 80, trouxe o

conceito ampliado de saúde e instituiu a saúde como um direito de todos e um dever

do Estado (BRASIL,1990).

Para Almeida, Chioro e Zioni (2001), a VIII Conferencia Nacional de Saúde

influenciou significativamente na elaboração da nova constituição brasileira que,

entre outras coisas, defendeu a criação de um sistema descentralizado, com

comando único em cada esfera de governo, atendimento integral e com participação

popular.

São vários os princípios organizativos e doutrinários que norteiam a

construção do SUS e que estão descritos no Art. 7º da Lei nº 8080/90. O SUS é um

novo sistema de saúde em processo de construção, com o objetivo de dar

assistência à população baseada no modelo da promoção, proteção e recuperação

da saúde (ALMEIDA; CHIORO; ZIONI, 2001).

A integralidade se constitui num dos princípios doutrinários deste sistema em

16

construção e se define como garantia de acesso às ações de promoção, proteção e

recuperação da saúde que forma um todo indivisível e são prestadas nos diferentes

graus de complexidade. Configura-se desta forma um sistema capaz de prestar

assistência integral (ALMEIDA; CHIORO; ZIONI, 2001).

Quando se fala de integralidade pensa-se na particularidade de cada nível de

atenção à saúde. O nível primário de atenção, o principal acesso da população à

rede tem o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde e deve ter grande

poder de resolubilidade. O que não pode ser resolvido nesse nível deve ser

referenciado para os demais níveis.

O nível secundário e terciário se caracteriza pela realização de ações mais

complexas de promoção, proteção e recuperação da saúde em policlínicas,

instituições hospitalares gerais e instituições hospitalares especializadas. É nesse

último nível que se estabelece o foco principal de interesse do presente estudo.

A forma mais tradicional de se pensar o hospital no sistema de saúde é como

referência em determinadas situações de maior complexidade ou gravidade. O

cuidado hospitalar caracteriza-se pela decomposição do ato médico global em

inúmeros outros atos diagnósticos e terapêuticos, realizados por vários profissionais

diferentes (CECÍLIO; MERHY, 2003).

O cuidado é o somatório de um grande número de intervenções, que vão se

complementando entre os vários cuidadores que circulam e produzem a vida dentro

do hospital. Assim, uma complexa rede de atos, procedimentos, fluxos, rotinas e

saberes compõem o cuidado em saúde. A maior ou menor integralidade da atenção

recebida resulta da forma como se articulam as práticas dos trabalhadores do

hospital (MATTOS, 2001).

O serviço especializado deve estar apto a atender integralmente a criança e

sua família quando a unidade básica de saúde não tem estrutura para tal, como em

situações de maiores agravos à saúde, por exemplo, o que exige sua referência

para um serviço de maior complexidade: o hospital pediátrico.

A situação de doença e, conseqüentemente a hospitalização, representam

para qualquer pessoa uma realidade desconhecida, que acaba por provocar

sentimentos de medo e preocupação. Na criança, os efeitos da hospitalização

podem apresentar-se de forma mais intensa e variar em função de uma série de

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fatores, tais como: idade, experiências prévias de doença e/ou hospitalização, além

das habilidades individuais de enfrentamento.

Mais do que assistir à criança nas suas necessidades físicas, o enfermeiro e

sua equipe deve percebê-la como um ser individual, respeitando suas

características e promovendo o seu conforto e o de sua família, enxergando além do

ambiente hospitalar, visando promover, proteger e recuperar sua saúde de forma

integral. Para tanto, toda a equipe deve mostrar-se conhecedora dos princípios do

SUS e estar preparada para trabalhar dentro de suas propostas, com a finalidade de

consolidá-lo.

Diante disso, acredita-se na necessidade de uma mudança de paradigma por

parte dos profissionais, principalmente do enfermeiro que gerencia um serviço que

assiste à criança e sua família em unidades de atendimento no segundo e terceiro

nível de atenção. A prestação de serviços na área da saúde deve ser

cuidadosamente coordenada e adequada à clientela que se pretende atender,

diminuindo os riscos de prejuízos decorrentes de uma assistência inadequada e

ainda garantindo a integralidade da assistência.

Para Cecílio e Merhy (2003), uma das dificuldades do processo gerencial do

hospital contemporâneo é coordenar adequadamente esse conjunto diversificado,

especializado, fragmentado de atos individuais que resulte em uma dada

coordenação do cuidado.

O trabalho de um profissional, qualquer que seja sua atividade, depende tanto

da qualidade técnica como da qualidade interacional. A preocupação com a

qualidade faz com que se desenvolva a capacidade técnica. Para a capacitação

interacional do profissional, torna-se necessário o desenvolvimento de atitudes

(MARTINS, 2003).

De qualquer forma, o enfermeiro precisa ser competente, ou seja, deve

desenvolver conhecimento, habilidade e atitude para coordenar uma equipe que

atende à criança e seus familiares, prestando-lhes uma assistência integral e de

qualidade em todos os aspectos. Para Boog (2004) competência é a qualidade de

quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa,

significa capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade.

Para ser considerado competente, o enfermeiro precisa desenvolver bem

18

suas funções. As competências formam conjuntos estruturados cujos elementos se

combinam, se arranjam, se ordenam segundo as hierarquias, a fim de responder às

exigências das atividades que devem ser realizadas (REY, 2002).

Diante do exposto, se faz necessário elencar alguns pressupostos que

guiaram à condução do estudo:

1. Existe déficit de conhecimento sobre os princípios do SUS por parte dos

profissionais.

2. O fato de ser um hospital universitário contribui para que os profissionais

desenvolvam suas competências gerenciais de forma diferenciada de

modo a caracterizar seu serviço docente-assistencial inserido em

processo educativo.

3. Os profissionais da área hospitalar têm uma visão limitada das Políticas

de Saúde Nacionais.

4. Uma vez que se trata de instituição hospitalar que presta atendimento

reabilitador e curativo, o desenvolvimento da competência gerencial do

enfermeiro está focado na atenção curativa.

Nesta pesquisa objetivou-se investigar as competências gerenciais dos

enfermeiros de um hospital pediátrico de Santa Catarina sob o olhar do SUS,

levando-o a repensar a sua prática da integralidade para a consolidação do sistema.

Inicialmente, no primeiro capítulo, buscou-se resgatar um pouco da história do

sistema de saúde atual, enfatizando a importância da assistência à saúde adequada

a esta população específica, bem como a necessidade do enfermeiro adquirir

conhecimento, desenvolver habilidades e atitudes.

No segundo capítulo será apresentado o aprofundamento os conceitos

existentes sobre integralidade e competências gerenciais. Este capítulo sustenta a

fundamentação do estudo.

O terceiro capítulo apresenta o percurso metodológico, o qual se constitui em

quatro momentos: caracterização do enfermeiro da instituição hospitalar pediátrica

no seu contexto sócio-econômico, educativo e de trabalho; verificação das

competências gerenciais desenvolvidas por ele; e grau de importância atribuído às

mesmas. Posteriormente, para preencher algumas lacunas que foram deixadas

acerca da percepção dos sujeitos sobre a integralidade e competências gerenciais,

19

realizou-se a entrevista de profundidade com os sujeitos responsáveis pelo serviço

de apoio, gerência de enfermagem, coordenação de unidade de internação e

direção geral da instituição. Procedeu-se, então, a análise dos dados segundo os

passos propostos por Minayo (2005).

No quarto capítulo apresentam-se os resultados do estudo desenvolvidos a

partir de duas fases: fase exploratória, na qual se procurou expor os dados de

identificação dos sujeitos e o alcance das competências gerenciais e a fase de

análise dos dados obtidos através da entrevista à luz dos conceitos nucleares

propostos.

No quinto capítulo estão expostas as considerações finais que partem dos

resultados da pesquisa.

Acredita-se que este estudo ampliará os conhecimentos acerca da atuação

do enfermeiro em instituição pediátrica, considerando o quanto as competências

gerenciais podem contribuir com a formulação de novas estratégias que auxiliem no

alcance da integralidade. Além disso, espera-se colaborar com a literatura já

existente, trazendo benefícios para o ensino, pesquisa e atenção centrada na

criança e sua família neste sistema em construção.

20

CAPÍTULO 2 - CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA

Neste capítulo serão abordados alguns referenciais teóricos que forneceram

subsídios para as reflexões sobre o tema explorado no presente estudo.

Inicialmente, será feita a descrição do Sistema Único de Saúde e seus

municípios doutrinários e organizativos, posteriormente, sobre a assistência

centrada na criança e família e, finalmente, as competências gerenciais do

enfermeiro.

2.1 O Sistema Único de Saúde

Desde o início do sistema previdenciário e de assistência médica, as políticas

sociais vêm se estruturando de forma fragmentada, apesar de ter ocorrido vários

movimentos setoriais de racionalização integradora dessas políticas

(VASCONCELOS, 1999).

Na área de saúde, a constituição de 1988 representou um avanço

considerável, visto que é reconhecida internacionalmente como referência em

termos de política de saúde. No período seguinte foi elaborada a lei 8080, que

expressa as conquistas da constituição de 1988, a chamada Lei Orgânica da Saúde,

que dispõe sobre as condições de promoção, proteção e recuperação da saúde, a

organização e funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) (ALMEIDA;

CHIORO; ZIONI, 2001).

Para Mattos (2001), a Constituição de 1988 tem como uma de suas marcas o

reconhecimento de muitos direitos. A saúde é reconhecida como direito de todos e

dever do estado. De acordo com a Constituição, cabe ao Estado a tarefa de garantir

a saúde para todos, através de políticas sociais e econômicas voltadas tanto para a

redução de riscos de doença e outros agravos, quanto ao acesso universal e

igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. É

nesta segunda perspectiva que a constituição reconhece a relevância pública das

21

ações e serviços de saúde, e delineia um sistema único, integrado pelas ações e

serviços públicos de saúde, mas do qual também podem participar, em caráter

complementar, instituições privadas.

As ações dos serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados

ou conveniados que integram o SUS. Estes são desenvolvidos de acordo com

diretrizes previstas na Constituição federal, sendo classificados em princípios

doutrinários e organizativos que estabelecem um parâmetro de conduta e

desempenho, contemplando a referência de gestão (ALMEIDA; CHIORO; ZIONI,

2001).

O SUS é hoje uma realidade. O acesso aos serviços e ações de saúde

ampliou-se muito quando comparados com a década de setenta. Construiu-se um

arcabouço institucional para alcançar a participação popular, com a criação de

conselhos e conferências de saúde, e a descentralização também tem avançado

gradualmente. Mais recentemente, têm sido implementadas propostas que visam

diretamente modificar o modo de organização dos serviços e práticas assistenciais

(MATTOS, 2001).

O ressurgimento, nos anos 90, do tema família no debate político brasileiro,

ajudou a reorientar as políticas de saúde, com implementação de ações de

promoção à saúde mais integrada ao cotidiano da população.

Vasconcelos (1999) afirma que a visão sobre as unidades de atuação

“família” e ”comunidade” como pontos importantes da estratégia de integração das

diversas políticas sociais, cresceram internacionalmente. O Ministério da Saúde, em

1993, reuniu alguns coordenadores de experiências de atenção primária à saúde,

centradas nas dimensões comunidade e família, para discutir um projeto nacional de

reorientação dos serviços básicos de saúde, sendo então lançado o Programa de

Saúde da Família.

Almeida, Chioro e Zioni (2001) descrevem os princípios doutrinários do SUS, como:

Universalidade: um direito de todas as pessoas ao atendimento,

independentemente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego,

renda.

Equidade: sacramenta que todo cidadão é igual perante o Sistema Único de

Saúde e será atendido conforme suas necessidades. Os serviços de saúde devem

22

considerar que em cada população existem grupos que vivem de forma diferente, ou

seja, cada grupo ou classe social ou região tem seus problemas específicos, tem

diferentes modo de viver, de adoecer e de ter oportunidades de satisfazer suas

necessidades de vida. Assim, os serviços de saúde devem saber quais são as

diferenças dos grupos da população e trabalhar suas necessidade, oferecendo mais

a quem mais precisa, diminuindo as desigualdades existentes.

Integralidade: as ações de saúde devem ser combinadas e voltadas, ao

mesmo tempo, para a prevenção e a cura. Os serviços devem funcionar atendendo

o indivíduo como um ser humano integral, submetido às mais diferente situações de

vida e trabalho, que o levam a adoecer e a morrer. O indivíduo deve ser entendido

como um ser social, que biológica, psicológica e socialmente está sujeito aos riscos

da vida. Dessa forma, o atendimento deve ser feito para sua saúde e não somente

para suas doenças. Isso exige que o atendimento seja feito também para erradicar

as causas e diminuir os riscos, além de tratar os danos. Ou seja, é preciso garantir o

acesso às ações de promoção (que envolve ações também em outras áreas, como

habitação, meio ambiente, educação etc.), proteção (saneamento básico,

imunizações, ações coletivas e preventivas, vigilância à saúde e sanitária etc.) e

recuperação (atendimento médico, odontológico e outros tratamentos de reabilitação

para os doentes). Essas ações de promoção, proteção e recuperação devem formar

um todo indivisível. As unidades prestadoras de serviços, com seus diferentes graus

de complexidade, devem formar também um todo indivisível, configurando-se,

assim, um sistema capaz de prestar assistência integral.

Almeida, Chioro e Zioni (2001) apresentam também os princípios

organizativos do SUS, assim referenciados:

Descentralização: entendida como uma redistribuição das responsabilidades

pelas ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da idéia

de que, quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de

acerto. Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições dos vários níveis de

governo, com nítido reforço do poder municipal no tocante à saúde. Esse processo

recebe o nome de municipalização. Aos municípios cabe, portanto, a maior

responsabilidade na implementação das ações de saúde, diretamente voltada para

seus cidadãos. A lei nº. 8.080 e as Normas Operacionais Básicas do Ministério da

Saúde (NOB-MS) que se seguiram definem precisamente o que é obrigação de

23

cada esfera de governo.

Regionalização e hierarquização: a rede de serviços do SUS deve ser

organizada de forma regionalizada e hierarquizada, permitindo um conhecimento

maior dos problemas de saúde da população de uma área delimitada, favorecendo

ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em

saúde, além de ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de

complexidade. O acesso da população à rede deve dar-se por intermédio dos

serviços de nível primário de atenção, que devem ser e estar qualificados para

atender os principais problemas que demandam serviços de saúde. Os que não

podem ser resolvidos neste nível deverão ser referenciados para os serviços de

maior complexidade tecnológica.

Controle social: é a garantia de que a população, por meio de suas

entidades representativas, pode participar do processo de formulação de políticas de

saúde e do controle de sua execução em todos os níveis, desde o federal até o

local. Essa participação deve acontecer nos conselhos de saúde, com

representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores

de serviços com poder deliberativo. As Conferências de Saúde, nas três esferas de

governo, devem constituir as instâncias máximas de deliberação, devendo ocorrer

periodicamente e definir as prioridades e linhas de ação referentes à saúde. É dever

das instituições oferecer as informações e os conhecimentos necessários para que a

população se posicione em relação às questões que dizem respeito à saúde.

Desta forma, percebe-se a necessidade de mudança de atitude por parte dos

profissionais, com o intuito de ajustar as ações executadas nos serviços de saúde

ao que se entende como integralidade, criando estratégias de consolidação do SUS

através da adequação da maneira de atender.

Diante das necessidades de se repensar as políticas sociais, houve

preocupação com a formação e a educação do pessoal inserido no SUS, relacionando

educação e trabalho em saúde para o encontro das práticas formativas com as práticas

de atenção e gestão no setor: a educação permanente (BRASIL, 2003).

A partir da criação do Departamento de Gestão da Educação na Saúde, o

Ministério da Saúde assume o papel de gestor do SUS no que diz respeito à

educação em serviço, com a proposta de trabalhar as especificidades nos campos

24

de ações de estratégias e técnicas. O SUS tem assumido papel ativo na

reorientação das estratégias e modos de cuidar, tratar e acompanhar a saúde

individual e coletiva e tem sido capaz de provocar importantes repercussões nas

estratégias e modos de ensinar e aprender (BRASIL, 2003).

A educação permanente propõe que a transformação das práticas

profissionais deva estar baseada na reflexão crítica sobre as práticas reais, de

profissionais reais, em ação na rede de serviços.

É evidente a necessidade de transformação do modelo biologicista no

cuidado. O enfermeiro precisa acompanhar as transformações e tendências

mundiais, aperfeiçoando-se para melhor adequar sua atuação continuamente, bem

como a da equipe liderada por ele.

A capacitação do pessoal da saúde deve se estruturar a partir da

problematização do seu processo de trabalho e ter como objetivo a transformação

das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como

referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão

setorial e do controle social em saúde (BRASIL, 2003). A formação e

desenvolvimento englobam aspectos de produção de subjetividade, de habilidades

técnicas e de conhecimento do SUS.

2.2 O Sistema Hospitalar

O hospital é um sistema fechado que segue normas e rotinas próprias, além

de cumprir os preceitos gerais das políticas de saúde. Da visão e missão da

instituição depende o direcionamento das ações da sua equipe visando o alcance de

uma assistência completa. Isto pode ser conquistado através da discussão para o

alcance das ações de saúde adequadas, independente do nível de atenção. As

pessoas ligadas diretamente à gestão são importantes para definir as diretrizes da

mesma e corroboram de maneira efetiva neste processo.

O hospital é uma instituição com vida própria e difere das outras empresas

porque o seu produto é a manutenção ou restabelecimento da saúde do cliente. É

25

uma instituição voltada ao diagnóstico e tratamento de doentes, planejada e

construída com orientação técnica. Deve ser bem organizada e convenientemente

administrada conforme os padrões e normas estabelecidas com finalidades

diversas. Pode ser de grande, médio ou pequeno porte, atende os ricos, os menos

afortunados e necessitados, servindo, ao mesmo tempo, para prevenir a doença e

promover a saúde, a prática, a pesquisa e o ensino da medicina e da cirurgia, da

enfermagem, da dietética, e das demais especialidades afins (ALMEIDA, 1983).

Para os mesmos autores, ao se retomar a história das instituições

hospitalares, desde a Revolução Industrial, o rápido crescimento das cidades

agravou as condições de vida das classes mais pobres. Ao mesmo tempo, os

hospitais eram organizações beneficentes, administradas por entidades religiosas e

o modelo assistencialista, adotado até meados do século XIX, caracterizava-se

pelas ações de saúde financiadas por recursos fiscais e doações. Esse modelo foi

gradativamente sendo substituído pelo previdencialista, com o fortalecimento dos

processos de industrialização e o crescimento da classe assalariada, passando a

empregar recursos das contribuições sociais sobre a folha de pagamentos. Neste

momento, os hospitais passam a adquirir características de empresa.

Segundo Rocchi (1989), os hospitais modernos são estabelecimentos que se

destinam a cumprir cinco funções na área da saúde: preventiva, de reabilitação,

restauradora, de ensino e de pesquisa.

Na área preventiva deve fornecer à comunidade:

1 Serviços preventivos como educação sanitária, pré-natal e vigilância no

parto normal;

2 Prevenção da invalidez mental e física;

3 Auxílio nas campanhas de vacinação, organização de cursos e palestras e

também distribuição de informativos com a finalidade de incentivar a

prevenção de doenças.

Na área curativa:

1 Deve manter atividades de diagnóstico;

2 Propiciar tratamento curativo de enfermidade;

3 Oferecer um serviço de alto nível no desempenho tanto de recursos

26

humanos quanto de materiais;

4 Oferecer assistência aos pacientes em casos de urgência.

Na área educativa:

1 Adaptar cada centro do hospital para garantir um estágio de alta qualidade

aos profissionais de saúde;

2 Oferecer cursos, seminários e simpósios aos chefes e diretores de

unidades administrativas;

3 Promover cursos na área da saúde e ampliar o campo de literatura

específica aos servidores que trabalham na instituição;

4 Manter um número suficiente de convênios com entidades educacionais

para residência e estágios oficiais.

Na área de pesquisa:

1 Promover e incentivar pesquisas clínicas e na área administrativa;

2 Procurar manter dados atualizados de todas as áreas do hospital.

Portanto, o objetivo principal do hospital é, além de receber o corpo humano

doente ou ferido e cuidar dele de modo a restaurá-lo o mais próximo possível do

normal, prestar ações de prevenção da doença e promoção da saúde.

É uma instituição que possui valores e segue um código de ética garantindo,

por força da Constituição Brasileira, que todo cidadão tenha direito a uma

assistência médica e hospitalar adequada, podendo ou não pagar por ela. Assim, o

hospital tem a obrigação moral e legal de atender a todos os clientes, fato que não

costuma ocorrer com os demais prestadores de serviços.

Desta forma, através do cumprimento das diretrizes da instituição hospitalar,

evidencia-se o compromisso do sistema de saúde em garantir o atendimento integral

ao indivíduo nos três níveis de atenção através do gerenciamento dos serviços

prestados.

Para Silva (2006), o hospital ocupa um posto preferencial dentro do esquema

geral de atenção à saúde e se sobressai por reunir todos os requisitos necessários a

uma boa gerência que planeja, pesquisa, avalia, projeta, desenvolve e compete por

qualidade.

27

2.3 Assistência de enfermagem à criança/família

Para Rossato-Abéde e Ângelo (2002), assistir à família da criança

hospitalizada é um dos atributos da enfermeira.

A criança é extremamente sensível às situações que lhe tragam qualquer

desconforto, seja de ordem física ou emocional. Enquanto sujeito portador de

carências de saúde, a criança necessita de cuidados que respeitem sua

individualidade, suas necessidades de forma integral, sua história pregressa, seu

contexto familiar.

Segundo Capella e Leopardi (1999), o sujeito portador de carências de saúde

é um ser humano que, em seu percurso de vida, necessita da intervenção dos

profissionais de saúde. Este indivíduo pertence à espécie humana, portanto com

características naturais, históricas, sociais e se relaciona com outros homens, mas é

único, particular.

A internação é vista não apenas como um agravo psicológico à criança, mas

também como possível trauma para a família que necessita de apoio da equipe de

saúde (ELSEN; PATRÍCIO, 2000).

O enfermeiro, no uso de suas competências, deve perceber as reais

necessidades da criança e família assistidas por sua equipe, provendo os cuidados

necessários a uma assistência com qualidade técnica e interacional e sempre

lembrando que a criança e sua família são usuários deste sistema em construção,

para que não se perca o foco na consolidação do mesmo.

2.4 Competências gerais e gerenciais

O novo e principal fator de sucesso das instituições, da gerência e das

pessoas tem um nome: competência, ou complexo de competências. A competência

valoriza a orientação para melhorar resultados, como minimizar retrabalhos e

28

melhorar os índices de produtividade, diminuir reclamações e aumentar a satisfação

dos usuários. O que garante êxito em tempos de alta competitividade e exigência

dos clientes é a competência. Só se é competente com obtenção de resultados

finais concretos e positivos. No passado as empresas não precisavam se preocupar

tanto com a qualidade e produtividade, pois quase não havia competitividade.

Atualmente sabe-se que competência é cada vez mais fator primordial de sucesso

de organizações e pessoas. As ameaças não vêm somente da concorrência

externa, mas costumam vir também dos descuidos e negligências internas

(RESENDE, 2003).

Para ser considerado competente o enfermeiro precisa desenvolver bem suas

funções, seja no ensino, pesquisa, assistência ou gerência. Ao se falar em

competência, se deve falar também em conhecimento, habilidade e atitude.

O conhecimento é um indicador de competência que ajuda a lidar com o

paradoxo da fortaleza e da flexibilidade. Quanto mais conhecimento se adquire,

mais se é forte e permite que seja flexível para enfrentar as mudanças e rupturas

que surgem em micro intervalos nunca antes pensados. Usar o conhecimento de

forma adequada é o que se chama de “habilidade”. As habilidades precisam ser

demonstradas na prática. O gerente-líder, além de ser bom precisa demonstrar que

é bom através de ações. De nada adianta colecionar cursos, leituras e informações

em geral, se estas não são úteis e trazem algum benefício para a coletividade na

qual o profissional está inserido (GRAMIGNA, 2000).

As atitudes do gerente determinam o nível de confiança entre as pessoas, o

clima de trabalho, o grau de comprometimento com objetivos e metas

organizacionais e, conseqüentemente, resultados maximizados. (GRAMIGNA,

2000).

Ao longo da trajetória profissional foi possível observar que o enfermeiro tem

desempenhado nítido papel de controladora do trabalho dos demais elementos da

equipe de enfermagem, sendo visto apenas como o profissional que determina,

organiza e verifica se as atividades foram executadas. Ele tem centrado o seu

trabalho predominantemente em atividades administrativas burocráticas,

distanciando-se, dessa forma, de sua função precípua que é o gerenciamento do

cuidado a ser prestado ao paciente. A conduta do gerente deve ser modificada

perante as demandas contemporâneas. A enfermagem deverá também acompanhar

29

as transformações da sociedade contemporânea. Portanto, cabe aos enfermeiros,

que são responsáveis pela gerência do cuidado, buscarem cada vez mais inovações

na esfera gerencial, que permitam amenizar as conseqüências negativas do

tratamento no ambiente hospitalar. Para esse remodelamento da profissão, torna-se

necessária a integração de novos conhecimentos e habilidades, sintonizados a uma

prática administrativa mais aberta, mais flexível e participativa (FERNANDES;

SPAGNOL; TREVIZAN, 2003).

Boog (2001) acredita que as competências gerenciais são imprescindíveis,

pois direcionam o alcance dos resultados, já que possibilitam a estimulação de

pessoas para a inovação, encorajando-as ao experimento de idéias novas,

proporcionando-lhes um ambiente que permita a prática da criatividade.

O gerente do serviço de saúde deve apresentar habilidade no

desenvolvimento de estratégias, na avaliação dos planos, na análise imparcial de

dados e fatos significativos, o que influencia sobremaneira na qualidade de sua

tomada de decisão. Deve ainda respeitar ritmos (dos outros e próprios), perceber os

diversos tons das pessoas. Tornar o ambiente harmonioso e motivador são

elementos essenciais na função gerencial. Qualidade de vida no trabalho é uma

bandeira hasteada nos novos tempos (GRAMIGNA, 2000).

30

CAPÍTULO 3 - CONCEITOS NUCLEARES

Este capítulo apresenta os conceitos nucleares, que para Triviños (1987)

serve para familiarizar-se e aprofundar-se no assunto a ser estudado, além de

compreender, explicar e dar significado aos fatos. Batey (1977), diz que o marco

teórico orienta ao pesquisador e visa direcionar a pesquisa, da definição do

problema à análise dos resultados.

Neste sentido, este capítulo apresenta as concepções dos conceitos de

integralidade e competências gerenciais específicas do enfermeiro sob a ótica de

autores de referência como Mattos (2001); Cecílio e Merhy (2003); Benito (2006);

Saupe et al. (2004); Marx e Morita (2000) que fundamentarão a análise dos dados

coletados neste estudo.

3.1 SUS / Integralidade

Universalidade, integralidade e eqüidade da atenção constituem um conceito

tríplice, entrelaçado, com forte poder de expressar ou traduzir de forma viva o

ideário da Reforma Sanitária Brasileira. A luta pela eqüidade e integralidade implica,

necessariamente, repensar aspectos importantes da organização do processo de

trabalho, gestão, planejamento e construção de novos saberes e práticas de saúde

(CECÌLIO, 2001).

O termo integralidade, neste estudo, está relacionado ao princípio doutrinário

do SUS, porém, dependendo da abordagem, podem surgir diferentes nuances para

este mesmo termo quando utilizado dentro do sistema de saúde atual. Sendo assim,

faz-se necessário abordar o significado de integralidade aqui utilizado, sob a visão

de alguns estudiosos do tema.

Mattos (2001) acredita que não se deva buscar definição conclusiva para a

integralidade, pois deste modo se poderia abortar alguns dos sentidos do termo,

referindo-se à integralidade como palavra polissêmica.

A integralidade das ações de saúde foi definida como dispositivo jurídico-

31

institucional a partir do objetivo de assegurar atenção á saúde dos níveis mais

simples aos mais complexos, da atenção curativa à preventiva, bem como a

compreensão dos indivíduos/coletividades em suas singularidades. A integralidade

busca responder a necessidade de superação das históricas dicotomias entre

preventivo/curativo e individual/coletivo, que marcaram as políticas de saúde no

Brasil (SILVA; STELET; PINHEIRO; GUIZARDI, 2005).

Para Xavier e Guimarães (2005) a integralidade não se apresenta como meta

a ser atingida ao final de um caminho, mas sim como o próprio caminho, que jamais

acaba e indefinidamente desdobra-se em muitos outros. A integralidade é uma

condição necessária para uma prática superadora do reducionismo biologicista da

biomedicina.

Pinheiro (2001) afirma que a integralidade é assumida como sendo uma ação

social resultante da permanente interação dos atores na relação demanda oferta,

em planos distintos de atenção à saúde, nos quais os aspectos subjetivos e

objetivos sejam considerados.

A integralidade da atenção precisa ser trabalhada em várias dimensões para

que seja alcançada de forma mais completa possível. Deve ser fruto do esforço e

confluência dos vários saberes de uma equipe multiprofissional, no espaço concreto

e singular dos serviços de saúde (CECÌLIO, 2001).

Para Mattos e Pinheiro (2001), a integralidade é um valor a ser sustentado e

defendido nas práticas dos profissionais de saúde, ou seja, um valor que se

expressa na forma como os profissionais respondem aos pacientes que os procura.

Buscar compreender o conjunto de necessidades de ações e serviços de saúde que

um paciente apresenta seria a marca maior da integralidade. A integralidade é um

valor que merece ser defendido em relação a todas as práticas de saúde e não

apenas em relação às práticas de saúde do SUS.

Pode ser útil falar da integralidade como dimensão das práticas. Quando a

configuração dessas práticas assume a forma de um encontro entre o profissional e

o usuário, cabe quase que exclusivamente a este profissional a realização da

integralidade. O princípio da integralidade, em um dos seus sentidos, corresponde

exatamente a uma crítica da dissociação entre as práticas da saúde pública e

práticas assistenciais. A articulação dessas práticas significa diminuir as distinções

32

então cristalizadas entre serviços de saúde pública e serviços assistenciais. A

integralidade é uma marca no modo de organizar o processo de trabalho, feita para

otimizar o seu impacto epidemiológico. Não é aceitável que os serviços de saúde

estejam organizados exclusivamente para responder às doenças de uma população,

embora eles devam responder a tais doenças. Os serviços devem estar organizados

para realizar uma apreensão ampliada das necessidades da população a qual

atendem (MATTOS, 2002).

Uma das marcas das políticas de enfrentamento de certas doenças pautadas

pela integralidade é que elas contemplam tanto as dimensões assistenciais como

preventivas que se voltam tanto para garantir o direito dos portadores das doenças

às ações assistenciais de que necessita como o direito dos não-portadores a se

beneficiarem com as ações preventivas. Isso sem descuidar das possibilidades de

modificar o quadro da doença do país (MATTOS, 2005).

A integralidade emerge como um princípio de organização contínua do

processo de trabalho nos serviços de saúde, que se caracterizaria pela busca

também contínua de ampliar as possibilidades de apreensão das necessidades de

saúde de um grupo de populacional (MATTOS; PINHEIRO, 2001).

Desta forma, se pode entender a integralidade como princípio orientador das

práticas, quer como princípio orientador da organização do trabalho, quer da

organização das políticas. Integralidade implica na recusa do reducionismo, da

recusa à objetivação dos sujeitos e talvez da afirmação da abertura para o diálogo.

É possível reconhecer alguns traços de semelhança, analogias, ou fios de ligação

que articulam todos estes sentidos (MATTOS; PINHEIRO, 2001).

O profissional que busca orientar suas práticas pelo princípio da integralidade

busca sistematicamente escapar aos reducionismos. Parte do reducionismo, que

contrasta com muitos dos sentidos da integralidade que se defende, resulta de certa

incapacidade de estabelecer relação com o outro a não ser transformando-o em

objeto. A integralidade talvez só se realize quando se procura estabelecer a relação

sujeito-sujeito, quer nas práticas dos serviços de saúde, quer nos debates sobre a

organização dos serviços, quer nas discussões sobre as políticas (MATTOS;

PINHEIRO, 2001).

Ao citar a integralidade como princípio do SUS faz-se necessário discuti-la

33

nos três níveis de atenção à saúde.

Os usuários do sistema de saúde devem receber ações de promoção,

proteção e recuperação da saúde, seja no nível primário, secundário ou terciário de

atenção. Só assim se faz cumprir a determinação constitucional na qual o sistema

de saúde foi idealizado e continua a ser construído.

Segundo Cecílio e Merhy (2003), se poderia dizer que a atenção integral do

paciente no hospital seria o esforço da abordagem completa, holística, de cada

pessoa que, por certo período de sua vida, precisasse de cuidados hospitalares.

Mas esta definição somente não é suficiente. Os mesmos autores afirmam

que a integralidade da atenção pode ser problematizada no hospital e a partir do

hospital e a integralidade, tendo como referência, a inserção do hospital no sistema

de saúde.

No hospital, o cuidado recebido e vivido pelo paciente é somatório de grande

número de cuidados multidisciplinares, que vão se complementando. E a maior ou

menor integralidade resulta da forma como a equipe multiprofissional articula estes

cuidados no hospital. O grande desafio é coordenar esse conjunto diversificado de

cuidados individuais especializados e fragmentado (CECÍLIO; MERHY, 2003).

Antes de se falar do hospital dentro do sistema de saúde, é necessário ter

definido o que é um sistema. Para Cecílio e Merhy (2003), a noção de sistema traz

implícita a idéia de funcionamento harmonioso entre as partes, cada qual com sua

função, que contribua para o bom funcionamento do todo, idéia que não se sustenta

na prática. O sistema de saúde é, na verdade, um campo atravessado por várias

lógicas de funcionamento, por múltiplos fluxos de pacientes, mais ou menos

formalizados, nem sempre racionais, muitas vezes interrompidos e truncados, que

não podem ser subsumidos a uma única racionalidade institucional ordenadora.

Ainda, para os mesmos autores, mais do que um “sistema”, se deveria pensar

em uma rede móvel, assimétrica e incompleta de serviços que operam distintas

tecnologias de saúde e que são acessados de forma desigual pelas diferentes

pessoas ou agrupamentos que deles necessitam. A integralidade do cuidado de que

cada pessoa necessita, frequentemente, transversaliza todo o sistema. Não há

integralidade sem a possibilidade de transversalidade. A integralidade do cuidado só

pode ser obtida em rede.

34

Para Cecílio e Merhy (2003) a forma tradicional de se pensar o hospital no

sistema de saúde é como referência em determinadas situações de maior

complexidade ou gravidade. Por tal concepção, o hospital contribuiria para a

integralidade do cuidado, fazendo uma adequada contra-referência após realizar o

atendimento.

Para Mattos e Pinheiro (2001), outra nuança do sentido de integralidade seria

a capacidade de abarcar os diversos grupos atingidos por um problema, respeitando

suas especificidades. Para isso pode ser necessário transgredir os espaços das

políticas setoriais.

3.2 Competências Gerenciais do Enfermeiro

Competência implica a detenção tanto de conhecimento quanto da

capacidade comportamental de agir de maneira adequada. Para desenvolver

determinadas competências é preciso não só ser apresentado ao conhecimento

teórico como ter a oportunidade de praticá-las (QUINN, 2003).

A efetivação da competência requer ter e saber aplicar conhecimentos e

habilidades. As aptidões, quando desenvolvidas, se transformam em habilidades e é

isso que torna algumas pessoas diferenciadas em alguns aspectos (REZENDE,

2003).

Para Gramigna (2000) competência é o conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes que algumas pessoas, equipes ou organizações dominam

melhor do que outras, o que as faz se destacar em determinados contextos.

Os conhecimentos são entendidos como o conjunto de conteúdos,

predominantemente adquiridos através de exposição, leitura e re-elaboração crítica,

que conferem ao profissional o domínio cognitivo de saber e da capacidade de

tomar decisões e resolver problemas em sua área de atuação (SAUPE et al., 2004).

Habilidades são entendidas como o conjunto de práticas, predominantemente

adquiridas através de demonstração, repetição e re-elaboração crítica, que

conferem ao profissional o domínio psico-motor, a perícia de saber-fazer e a

capacidade de tomar decisões e resolver problemas em sua área de atuação

35

(SAUPE et al., 2004).

E, finalmente, atitudes são entendidas como o conjunto de comportamentos,

predominantemente adquiridos através de observação, introjeção, re-elaboração

crítica, que conferem ao profissional o domínio ético e afetivo de saber-ser, saber

conviver, e a capacidade de tomar decisões e resolver problemas em sua área de

atuação (SAUPE et al., 2004).

Rezende (2003) afirma que às competências gerenciais são as mais

requeridas e mais importantes porque todo governante, dirigente, diretor, gerente,

etc, precisa possuí-la. É a soma de competências pessoais do líder, competência

dos papéis que precisa exercer, e competências organizacionais que precisam ser

criadas para favorecer a atuação dos gestores.

Para o mesmo autor, as competências gerenciais possuem a característica

especial de poder impactar positivamente, de forma mais consciente e decidida, a

aplicação das outras categorias de competência (pessoais, estratégicas e

organizacionais). Trata-se de uma capacidade especial de reunir, integrar e

sinergizar várias competências potenciais disponíveis no contexto das organizações,

transformando tudo isso numa grande força de gerenciamento capaz de melhorar

muito os resultados. O sucesso maior ou menor de qualquer organização está

diretamente relacionado com a maior ou menor aplicação da competência de

gestão.

Ainda, para Rezende (2003), competências de gestão incluem funções e

papéis gerenciais, como diversos tipos de liderança, decisão, coordenação e têm

maior poder de potencializar os resultados para as empresas. O autor defende esta

categoria como a mais importante do grupo de competências.

Competência* refere-se ao conjunto de faculdades que envolvem três

dimensões; os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que permitem ao sujeito

desenvolver suas funções/tarefas/atribuições gerenciais com eficácia e eficiência e

que integradas às funções da equipe multidisciplinar de saúde potencializam a

qualidade da atenção em saúde oferecida à população (BENITO, 2006).

Para a mesma autora, conhecimentos* gerenciais são conteúdos integrados

adquiridos no seu processo histórico de vida, na sua formação educacional, nas

leituras, reflexões, sinapses e conjeturas, pelo profissional de saúde, incorporando a

36

este o domínio do saber gerencial, que se observa no seu comportamento efetivo ou

adequado, em um contexto assinalado de gestão em saúde.

Para Benito (2006), habilidades* gerenciais são práticas de gerência

integradas ao processo de trabalho em saúde que se apresentam ou

instrumentalizam em ações com domínios psico-motor, prático, de liderança,

negociação, tomada de decisão, empreendedorismo e motivação, a capacidade de

intervir/agir perante as situações de gerência.

Atitudes** gerenciais são condutas de gerência que atribuem ao profissional

de saúde seu caráter para a gestão, que é observada através de seus

comportamentos de domínio ético, afetivo, subjetivo, interno e próprio de cada ser

em situações de trabalho em saúde (BENITO, 2006).

Durante o���� 4º Encontro Nacional dos Docentes de Administração em

Enfermagem que aconteceu no 56º Congresso Brasileiro de Enfermagem em

Gramado/RS, no mês de outubro de 2004, foram definidas como competências

gerenciais do enfermeiro:

1. analisar as políticas públicas (nacional, estadual e local) e sua influência na organização da atenção à saúde;

2. distinguir as características dos modelos de atenção à saúde no Brasil e suas implicações políticas nas diversas áreas de assistência;

3. analisar as políticas e os programas de atenção à saúde e a participação da enfermagem;

4. discutir e utilizar os princípios éticos e legais na tomada de decisão e nas relações interpessoais nos Serviços de Saúde;

5. analisar e mobilizar mecanismos para o controle social em saúde;

6. analisar os elementos constitutivos do processo de trabalho em saúde e na Enfermagem nos diversos níveis de atenção à saúde;

7. planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas de saúde, nos diversos níveis de atenção, junto aos indivíduos, família e comunidade;

8. correlacionar as influências da evolução do pensamento administrativo na prática gerencial dos serviços de saúde e de enfermagem;

9. Identificar os elementos técno – políticos e ideológicos, compreendidos no processo administrativo;

10. reconhecer as políticas de recursos humanos e seus determinantes, definidos a partir da Reforma Sanitária;

11. reconhecer a Gestão de Pessoas como estratégia para a consolidação do Sistema Único de Saúde;

12. reconhecer a política de saúde do trabalhador, e suas implicações para enfermagem, assegurando infra-estrutura de modo a promover

37

a qualidade de vida no trabalho;

13. entender a Política Recursos Humanos na perspectiva de remuneração dos profissionais de saúde e do processo de desregulamentação do trabalho e seu reflexo no serviço de enfermagem;

14. compreender e aplicar a Política de RH no processo de dimensionamento de pessoal de enfermagem;

15. compreender a Política de RH, analisando e aplicando os instrumentos de avaliação de desempenho do pessoal de enfermagem;

16. compreender e aplicar a Política de RH, no Planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações de Educação Permanente dos trabalhadores de enfermagem;

17. trabalhar em equipe, promovendo a integração entre a enfermagem e gestores como co-participantes do processo de trabalho gerencial;

18. estabelecer relações de trabalho de caráter interdisciplinar e multiprofissional como estratégia de atenção à saúde, sob o enfoque da integralidade;

19. desenvolver e aplicar os princípios de liderança nos processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem;

20. analisar e utilizar a comunicação dialógica no processo de trabalho;

21. planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas gerenciais nos serviços de saúde e de enfermagem;

22. analisar e propor intervenções na estrutura físico-funcional e organizacional dos estabelecimentos assistenciais de saúde;

23. compreender, estabelecer e participar de negociações nos serviços de saúde para garantir o suprimento de recursos viabilizadores da assistência de enfermagem;

24. elaborar, executar e avaliar o plano de supervisão da equipe de enfermagem;

25. utilizar a informática e os sistemas de informação nos serviços de saúde e de enfermagem;

26. aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos materiais nos serviços de saúde;

27. implementar os sistemas de avaliação, elaborando indicadores de qualidade nos serviços de enfermagem;

28. conhecer o processo de Consultoria em Enfermagem;

29. aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos financeiros e de custos da assistência de enfermagem;

30. conhecer os modelos de acreditação hospitalar;

31. gerenciar a assistência de enfermagem;

32. reconhecer a cultura e o clima organizacional e as possibilidades de mudanças dos serviços de saúde e de enfermagem;

33. conhecer o processo de gerenciamento de conflitos e preparar a equipe para as mudanças.

Com a definição das competências gerenciais do enfermeiro pode-se delinear

melhor o papel deste profissional dentro do sistema de saúde atual, favorecendo a

38

qualidade da assistência prestada e proporcionando o alcance dos objetivos

propostos pelas instituições.

A figura a seguir representa uma concepção sobre o referencial teórico do

presente estudo.

Figura 1 - Representação gráfica do referencial teórico

Acredita-se no Sistema Único de Saúde / Integralidade como uma

complexa rede de serviços que deveria englobar as políticas sociais de modo geral

GARANTIA DE ACESSO ÀS AÇÕES DE

PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DA

SAÚDE NOS TRÊS NÍVEIS DE

ATENÇÃO

É UM SOMATÓRIO DE UM GRANDE NÚMERO DE

CUIDADOS MULTI-DISCIPLINARES QUE

VÃO SE COMPLEMENTANDO

ATENDIMENTO COMPLEXO NO NÍVEL

TERCIÁRIO E CONTRA-REFERÊNCIA PARA O

NÍVEL PRIMÁRIO

NECESSIDADE DE ELIMINAR A DICOTOMIA ENTRE O CUIDADO DE

CUNHO PREVENTIVO/CURATIVO

E O CUIDADO INDIVIDUAL/COLETIVO

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO

ENFERMEIRO

39

ultrapassando as políticas de saúde, principalmente, quando se entende que para

manter um indivíduo saudável são necessárias muitas outras ações sociais e não

somente ações de saúde. O SUS é um sistema que possui vários princípios

doutrinários e organizativos que norteiam sua consolidação e ainda hoje “luta” para

alcançar os propósitos para o quais foi criado.

Considera-se a integralidade um dos princípios de maior relevância no que se

refere aos propósitos do sistema idealizado há muito tempo e consagrado pela

Constituição Federal de 1988, e é por esta razão que se concentra o foco do estudo

neste princípio.

A integralidade, enquanto princípio do SUS, poder ser entendida ou vista sob

várias óticas. Entende-se a integralidade como um princípio fundamental para a

consolidação do sistema e tem vários significados que por si só, de forma isolada,

não dão conta dos seus sentidos, havendo a necessidade de complementaridade

entre eles. A integralidade é compreendida como a necessidade de eliminar a

dicotomia entre o cuidado de cunho preventivo/curativo e o cuidado

individual/coletivo. Além disso, é uma forma de atender de maneira holística as

necessidades de todo indivíduo que se encontra em qualquer nível de atenção do

sistema, independente de seu agravo de saúde, crença, valores, cultura, ou

nacionalidade, garantindo ao cidadão o acesso de ações de promoção, prevenção e

recuperação da sua saúde em todos os níveis de atenção.

O enfermeiro deve acompanhar as contínuas mudanças que ocorrem no

sistema, favorecendo que as suas competências gerenciais permeiem todo o seu

processo de trabalho, sem perder o foco no alcance da integralidade e na

consolidação do SUS. O conhecimento, a habilidade e a atitude do enfermeiro

gerente fortalecem as políticas de saúde e proporcionam bases sólidas para o

desenvolvimento do trabalho em equipe, estimulando para que todos participem

diretamente do processo de consolidação do sistema em todos os níveis de

atenção.

40

CAPÍTULO 4 - TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Trata-se de um estudo de natureza exploratória, que inclui abordagem

quantitativa e qualitativa com análise de dados transversal com o objetivo de

conhecer a percepção do enfermeiro quanto as suas competências gerenciais

desenvolvidas em um hospital pediátrico de Santa Catarina.

Segundo Gil (1995), um estudo do tipo exploratório, objetiva proporcionar

uma visão geral acerca de determinado fenômeno, constituindo a primeira etapa na

abordagem de temas pouco explorados.

Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência

em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma realidade

específica, buscando antecedentes, maiores conhecimentos para planejar uma

pesquisa descritiva. O pesquisador planeja um estudo exploratório para encontrar os

elementos necessários que lhe permitam, em contato com determinada população,

obter os resultados que deseja (TRIVIÑOS, 1987).

Figura 2 - Representação do trajeto metodológico

1º 3º 5º Momento 2º Momento 4º Momento Momento Momento Análise dos dados Análise dos dados

Aplicação do questionário com todos os enfermeiros

Entrevista com

sujeitos- chave

Síntese

(quantitativos) (qualitativos)

Este estudo foi realizado em um hospital universitário infantil. Trata-se de uma

instituição privada e filantrópica que exerce um significativo papel no atendimento

em saúde infantil aos pacientes de 0 a 14 anos em determinada região de Santa

Catarina, que abrange no total 11 municípios. Além desta região, que possui uma

população infantil de 118 mil crianças, a instituição atende ainda pacientes de várias

cidades próximas.

41

O hospital ocupa uma área de 3.313,60 m² e conta com os serviços de

nutrição e dietética, fisioterapia, psicologia, assistente social, radiodiagnóstico por

imagem, análises clínicas e farmácia hospitalar. Atende a todas as especialidades

médicas pelos convênios com o SUS, outros convênios e particulares. O corpo

clínico é formado por 48 médicos.

No hospital em estudo são realizadas atividades de ensino, pesquisa e

extensão dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Psicologia, Fisioterapia,

Odontologia, Fonoaudiologia, Gestão do Lazer e Eventos, Administração,

Arquitetura e Urbanismo, Pedagogia, Nutrição e Design, atendendo desta forma, as

necessidades do processo de ensino aprendizagem.

A instituição conta atualmente com 90 leitos hospitalares, distribuídos da

seguinte forma: 60 leitos para a Internação médico-cirúrgica de usuários do Sistema

Único de Saúde (unidade B); 17 leitos de Internação médico-cirúrgica para os

demais convênios e internações particulares (unidade A); 08 leitos para Tratamento

Intensivo (sendo 02 leitos neonatais e 06 leitos pediátricos); e 05 leitos na sala de

observação da Unidade de Pronto Socorro.

A instituição tem por missão promover, prevenir e recuperar a saúde infantil

através da assistência, ensino, pesquisa e extensão com excelente qualidade. Sua

visão é ser hospital de referência para a região.

Apresenta-se o organograma geral (ANEXO A) e organograma da equipe de

enfermagem para melhor contextualização hierárquica da mesma. Em relação à

equipe de enfermagem, este é o atual organograma:

Figura 3 - Organograma do serviço de enfermagem

GERÊNCIA DE ENFERMAGEM: 1 enfermeiro

UNIDADE B: 3 enfermeiros

U.T.I.: 5 enfermeiros

PRONTO SOCORRO:2 enfermeiros

CENTRO CIRÚRGICO / CME/ SRPA:1 enfermeiro

SUPERVISÃO NOTURNA 1:1 enfermeiro

SUPERVISÃO NOTURNA 2:1 enfermeiro

42

Nesta instituição os enfermeiros responsáveis pelas unidades não exercem

função, exclusivamente assistencial ou gerencial, com exceção da gerência de

enfermagem e direção geral, cargo também ocupado por enfermeiras. Os

enfermeiros gerenciam as unidades, ao mesmo tempo em que prestam assistência

direta ao cliente, quando necessário.

O grupo está distribuído em três turnos, matutino, vespertino e noturno (1 e

2). A distribuição dos enfermeiros por setor, é assim constituída:

Para Unidade de Internação Médico-cirúrgica para o SUS a instituição

conta com 1 enfermeiro assistencial no período matutino, 1 enfermeiro assistencial

no período vespertino, 1 enfermeiro supervisor nos períodos matutino e vespertino,

além da supervisão geral de 1 enfermeiro no período noturno. Neste período, o

enfermeiro não é exclusivo da unidade e atuando em todas as unidades do hospital.

A Unidade de Internação Médico-cirúrgica para os demais convênios e

internações particulares conta com 1 enfermeiro supervisor que atua no turno

matutino e parte do vespertino além da supervisão geral de 1 enfermeiro no período

noturno nos mesmos moldes da unidade citada anteriormente.

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) conta com 1

profissional enfermeiro que cumpre horas no período matutino e parte do vespertino.

No Pronto Socorro a instituição conta com 01 enfermeiro no período

matutino e 01 enfermeiro no período vespertino.

A Unidade de Terapia Intensiva conta com enfermeiros em todos os turnos,

com dedicação exclusiva ao setor, estando assim distribuídos: 1 enfermeiro

assistencial no período matutino, 01 enfermeiro assistencial no período vespertino,

01 enfermeiro supervisor no período matutino e parte do vespertino (que também

dedica 4 horas diárias à educação continuada e 01 enfermeiro supervisor em cada

plantão noturno).

Outro fator considerado relevante para este estudo é a existência de vínculo

empregatício dos enfermeiros com outras instituições. Atualmente 03 enfermeiros

mantêm outro vínculo empregatício, além do próprio vínculo com esta instituição.

De acordo com a gerência de enfermagem, as atribuições que os enfermeiros

desenvolvem na instituição seguem o preconizado pelo Conselho Regional de

43

Enfermagem (COREN) (ANEXO B).

Os sujeitos participantes do estudo foram todos os profissionais enfermeiros

da referida instituição, independente do cargo, função ou tempo de serviço, no total

de 15, respeitando o direito de participar ou não, e assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido preconizado de acordo com a resolução 196/96

(APÊNDICE A).

Os dados foram coletados somente após a aprovação do projeto pela

Comissão de Ética da UNIVALI e exame de qualificação junto ao Curso de Mestrado

em Saúde e Gestão do Trabalho. Para o alcance dos objetivos propostos, a coleta

de dados ocorreu em quatro momentos, conforme descritos a seguir:

Primeiro momento: para caracterizar o enfermeiro da instituição hospitalar

pediátrica no seu contexto sócio-econômico, educativo e de trabalho, foi feito a

elaboração e a avaliação do instrumento. Inicialmente, foi pré-teste aplicado-se o

instrumento com um dos sujeitos participantes do estudo. Somente depois de

validado, procedeu-se a coleta de dados propriamente dita. Por não ter sido

necessária qualquer alteração, incluiu-se no estudo o instrumento utilizado.

Neste instrumento, foram abordados dois tipos de temáticas. Uma enfocando

aspectos referentes aos dados de identificação dos sujeitos, como gênero, idade,

tempo de graduação, tempo de atuação nos níveis de atenção à saúde, tempo de

atuação e função desenvolvida na instituição, formação (especialização, mestrado),

área de atuação e outro vínculo empregatício. A sua outra parte a temática

pesquisada foi direcionada às competências gerenciais desenvolvidas e

classificadas quanto ao grau de importância na visão dos enfermeiros participantes

desta pesquisa.

O instrumento foi elaborado a partir das competências gerenciais do

enfermeiro definida durante o����4º Encontro Nacional dos Docentes de Administração

em Enfermagem que aconteceu no 56º Congresso Brasileiro de Enfermagem em

2004.

De acordo com as instruções fornecidas, cada uma das competências

recebeu do entrevistado um escore de 01 a 05, definido conforme a escala de

Lickert:

� (01) Sem importância

44

� (02) Pouca importância

� (03) Relativa importância

� (04) Muita importância

� (05) Extrema importância.

Na segunda parte do instrumento foi solicitado que os sujeitos escolhessem

apenas uma alternativa da escala para cada uma das competências gerenciais,

sendo analisados todos os atributos de acordo com a importância apontada.

Além disso, num espaço pré-definido antes de cada competência, os sujeitos

puderam assinalar as competências desenvolvidas por eles na instituição em

estudo.

Esta parte do questionário buscou compreender o significado das

competências gerenciais para os sujeitos e o grau de importância, atribuído por eles,

para cada atribuição que compõe as competências gerenciais do enfermeiro.

Para iniciar este momento, foi realizado contato com os sujeitos do estudo na

própria instituição e foram apresentados os objetivos da pesquisa e o instrumento de

coleta de dados. Neste encontro, todos receberam orientações individuais sobre o

preenchimento do instrumento e assim que todas as dúvidas foram sanadas, foram

deixados à vontade para que pudessem responder aos questionamentos ali

contidos. Teve-se o cuidado de permanecer na instituição por algum tempo após a

entrega do mesmo, pois algumas dúvidas ainda poderiam surgir, o que garantiu a

fidedignidade dos dados coletados nesta primeira fase. Porém, em virtude das

atividades exercidas pelos sujeitos na instituição, muitos deles, preferiram responder

o instrumento após o seu horário de trabalho, quando estariam mais

despreocupados e descansados.

Em função dessas várias atividades e do pouco tempo disponível por parte

dos sujeitos, optou-se por um instrumento mais objetivo com o intuito de diminuir o

tempo despendido para o seu preenchimento.

Segundo momento: este momento consistiu na análise dos dados obtidos

através do questionário. Após o recebimento dos questionários preenchidos, os

dados da primeira parte do instrumento foram organizados com a finalidade de

caracterizar os enfermeiros que trabalham na instituição em estudo.

Desta forma, elaborou-se três quadros contendo os dados sobre sexo e idade

45

dos sujeitos (Quadro 1), tempo de graduação, formação e experiência nos níveis de

atenção (Quadro 2) e tempo e área de atuação na instituição, função desenvolvida e

segundo vínculo empregatício (Quadro 3).

Posteriormente, elaborou-se outro quadro com os dados relativos às

competências gerenciais do enfermeiro (APÊNCIDE C). A partir daí, categorizou-se

os aspectos que se mostraram mais relevantes de acordo com as respostas obtidas.

Após longa reflexão, foram classificados e trabalhos os atributos que

sobressaíram das respostas dos sujeitos, e também os atributos cujas respostas se

mostraram confusas, incoerentes ou com contradições.

Para a análise dos dados, optou-se por elencar algumas das variáveis

administrativas definidas por Stoner e Freeman (1985), como sendo: planejar,

organizar, liderar e avaliar. Porém, nem todas essas funções originaram variáveis

deste estudo. Além destas, outras variáveis surgiram a partir das funções gerenciais

dos sujeitos e também fizeram parte do estudo, como: sistema organizacional de

saúde; liderança; recursos para assistência de enfermagem; gerenciamento de

serviço; comunicação; avaliação; supervisão.

Terceiro momento: após a análise dos dados obtidos através do

questionário percebeu-se que algumas lacunas foram deixadas acerca da

percepção dos sujeitos sobre a integralidade e a relação de suas competências com

o sistema de saúde. Para preencher os vazios deixados nesta coleta inicial utilizou-

se a entrevista de profundidade (APÊNDICE D).

Este terceiro momento foi realizado com 4 enfermeiros considerados

“sujeitos-chave” para o serviço:

� 1 enfermeira que atua na direção da instituição há 2 anos e exerce função

exclusivamente administrativa;

� 1 enfermeira responsável pelos serviços de apoio, nos serviço de

internação e recepção do cliente e família. Este tipo de serviço está

diretamente ligado à porta de entrada do cliente no sistema de saúde no

nível terciário;

� 1 enfermeira responsável pela gerência do serviço de enfermagem. Esta

profissional coordena o serviço há 1 ano;

� 1 enfermeiro responsável pela coordenação de uma unidade de

46

internação há 3 anos.

Trata da entrevista individual em profundidade, técnica qualitativa que explora

um assunto a partir da busca de informações, percepções e experiências de

informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada. Entre as

principais qualidades dessa abordagem está a flexibilidade de permitir ao informante

definir os termos da resposta e ao entrevistador ajustar livremente as perguntas.

Este tipo de entrevista procura intensidade nas respostas, não-quantificação ou

representação estatística.

As entrevistas foram realizadas com os sujeitos selecionados no período

compreendido entre março e maio de 2006. Os contatos foram realizados

pessoalmente e por telefone. Solicitou-se disponibilidade de, pelo menos, uma hora

para a realização desta atividade. O local da entrevista foi à própria instituição e as

mesmas foram realizadas no momento escolhido como o mais adequado pelos

próprios entrevistados.

Optou-se pela entrevista de profundidade como técnica de coleta de dados

pelo fato da pesquisadora conhecer bem a instituição e acreditar na sua boa relação

com os colaboradores da mesma. Além disso, a entrevista possibilita conhecer as

angústias dos entrevistados acerca do tema proposto.

Triviños (1987) entende por entrevista semi-estruturada aquela que parte

questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses que, em seguida,

oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo

à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante,

seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências

dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na

elaboração do conteúdo da pesquisa.

O roteiro para estas entrevistas foi elaborado com base em Minayo (1994)

que afirma que o roteiro de entrevista visa apreender o ponto de vista dos atores

sociais previstos nos objetivos da pesquisa e deve conter poucas questões. Deve

ser o facilitador de abertura, de ampliação e aprofundamento da comunicação.

Vale acrescentar que todas as entrevistas foram realizadas em local

apropriado, sendo garantido, desta forma, a privacidade necessária que o momento

exigia.

47

Durante as entrevistas surgiram algumas percepções a partir das falas de

cada um dos entrevistados. As pausas, as expressões faciais e os gestos tiveram

um significado que, acredita-se serem importantes, o que auxiliou a realização da

análise final dos resultados encontrados.

Por outro lado, era importante deixar os entrevistados confortáveis para

expressarem o que realmente sentiam. É sabido que o uso de gravador e a

sensação de ser avaliado podem, por vezes, inibir o sujeito de pesquisa. Procurou-

se, então, deixá-los o mais à vontade possível ao explicar que o objetivo da

entrevista era de captar a percepção de cada um deles sobre o tema, não

importando qualquer conceito pré-estabelecido acerca de tais questões.

Faz-se necessário registrar, ainda, a dificuldade em deixar que o outro se

expresse sem que haja interferência do próprio entrevistador, seja através de

gestos, expressões faciais ou complementação da resposta. Tudo isso se constituiu

em um imenso exercício que, certamente, exigiu muito empenho e acrescentou

maior experiência neste tipo de coleta. Exercitou-se infinitamente o “saber ouvir” e o

respeito ao que os entrevistados traziam como respostas aos questionamentos.

Quarto momento: neste momento deu-se início à fase de análise dos dados

coletados através das entrevistas, de acordo com os preceitos de Minayo (2005).

Após a realização das entrevistas, foi realizada a leitura exaustiva de todo o

conteúdo obtido e verificação da consistência dos dados encontrados. O conteúdo

das entrevistas foi retomado várias vezes e cuidadosamente analisado com a

finalidade de extrair o máximo de informações.

Posteriormente, confeccionou-se um grande painel onde foram colocadas de

maneira ordenada e sem a identificação dos sujeitos, cada uma das respostas

obtidas dos sujeitos durante a entrevista.

De acordo com Minayo (2005), a avaliação do material disponível já é

considerada uma pré-análise. O material obtido deve ser claro e para que isto

ocorra, é necessário que se garanta que nenhum dado importante falte e que todas

as situações registradas sejam esclarecidas.

Neste momento os objetivos do estudo foram retomados e pode-se constatar

que os dados obtidos eram suficientes para a discussão dos indicadores

previamente estabelecidos e conferiam base suficiente para sugerir conclusões.

48

Para Minayo (2005) deve-se considerar o material suficiente quando se percebe que

as idéias acerca das questões da pesquisa começam a se repetir.

Ao ler inúmeras vezes os conteúdos das respostas em conjunto começaram a

emergir contrastes e consonâncias entre as falas. Pôde-se, então, a partir disso, dar

início à categorização dos dados obtidos, conforme Minayo (2005):

A elaboração das estruturas de análise geralmente se faz por meio de

propostas de categorização. Pode-se considerar o conjunto de depoimentos ou

observação a partir dos atores, grupos ou tipo de instrumento de coleta de dados.

Há a possibilidade de se propor subcategorias dentro das categorias estabelecidas.

Desta forma, verificou-se que, no intuito de suprir as lacunas deixadas pelos

dados coletados inicialmente, alguns conceitos foram encontrados embutidos nas

falas, gerando subsídios para que as categorias e subcategorias fossem assim

descritas:

� Integralidade (a integralidade como atendimento integral)

� Competência gerencial (competência gerencial como atribuição,

percepção da práxis das competências gerencias).

Procurou-se identificar a percepção dos sujeitos acerca da integralidade e

competência gerencial, buscando sempre identificar os conceitos que encontravam-

se embutidos nas mesmas.

5º Momento: buscou-se, neste momento analisar os pontos importantes do

estudo, relacionando os dados obtidos através do questionário e das entrevistas

com o panorama atual do sistema de saúde vigente.

Na apresentação dos resultados obtidos no estudo, a representação dos

sujeitos deu-se através de nomes de flores. Entende-se que cada flor tem um

significado que mostra relação com as funções e atividades desenvolvidas pelos

sujeitos na instituição de estudo:

Coroa–imperial: seu significado é Majestade e poder. Este sujeito ocupa um

dos cargos mais altos dentro da hierarquia da instituição. Por esta razão, acredita-se

que está bem representado por esta flor.

Flox: significa harmonia. O sujeito assim chamado desenvolve suas

atividades dentro de uma unidade específica onde atende aos clientes em estado

49

grave e, em função disso, necessita desenvolver várias habilidades, não só no

atendimento à criança e família, como também no relacionamento entre funcionários

que constantemente vivem situações de “stress”. Saber manter a harmonia da

equipe sob o seu comando é fundamental.

Campainha: resistente, significa perseverança. No gerenciamento do serviço

de enfermagem é preciso perseverar sempre, não esmorecer. Esta flor representa

suas qualidades enquanto sujeito fundamental para o bom andamento do serviço.

Flor do Campo: equilíbrio, ponderação. Para o desenvolvimento adequado

de suas muitas funções, este sujeito necessita dessas qualidades. No

gerenciamento dos serviços de apoio, é necessário equilíbrio nas ações e

ponderação nas tomadas de decisão.

Com relação aos aspectos éticos, conforme Oliveira (1997) foram obedecidos

os critérios exigidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde:

� solicitou-se à direção do hospital permissão para realização da pesquisa;

� realizou-se o preenchimento do termo de compromisso de utilização de

dados;

� realizou-se o preenchimento do consentimento livre e esclarecido, pelos

sujeitos que concordaram em participar do estudo, sendo que estes foram

previamente consultados sobre o interesse em participar, esclarecidos de

que a não participação não acarretaria nenhum prejuízo. Além disso,

receberam informações sobre os objetivos, justificativa e metodologia do

estudo, bem como a importância de sua participação;

� durante todo o processo de pesquisa os dados foram manuseados

somente pelos envolvidos no projeto e mantidos em sigilo, garantindo o

anonimato. Não houve identificação dos instrumentos;

� os resultados da pesquisa foram apresentados à direção da instituição e

aos participantes, respeitando o código de ética de enfermagem, a fim de

evitar transtornos éticos;

� os dados originários do projeto são de responsabilidade da mestranda

fundamentaram sua dissertação de mestrado;

� dos artigos e trabalhos produzidos e publicados, usando esta parcela de

conhecimento, participaram a mestranda e a orientadora;

50

� toda a produtividade decorrente deste projeto citou a UNIVALI e o Curso

de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho.

51

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE E DISCUSSÃO RESULTADOS

Neste capítulo serão discutidos, inicialmente, os dados obtidos através do

questionário com o objetivo de caracterizar o contexto sócio-econômico, educativo e

de trabalho em que os enfermeiros encontram-se inseridos. Além disso, serão

analisados o desenvolvimento das competências gerenciais do enfermeiro e o grau

de importância atribuído a cada uma delas. Em seguida, serão expostos e discutidos

os dados obtidos através das entrevistas e, ao final, será realizada uma síntese dos

resultados obtidos através destes instrumentos, comparando e refletindo sobre os

dois dados.

5.1 Identificando os sujeitos

Quadro 1 - Distribuição dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006,

segundo sexo e idade.

VARIÁVEIS DESCRIÇÃO QUANTIDADE SEXO Masculino

Feminino 03 12

IDADE

23 – 29 30 – 39 40 - 51

10 03 02

De acordo com o quadro 1, dos 15 enfermeiros estudados, apenas três são

do sexo masculino.

Diante dos resultados obtidos, pode-se afirmar que hoje, as mulheres não

estão mais confinadas a suas casas, elas se encontram em plena atividade em

várias profissões, incluindo a enfermagem.

Sabe-se que a enfermagem é uma profissão predominantemente feminina,

com várias categorias e que exige de seus profissionais uma formação específica. A

maior parte deles é mulher, mas apesar disso, no decorrer dos anos pode-se

presenciar um número cada vez maior de homens a procura desta área.

52

Há muito tempo o cuidado vem sendo desenvolvido pelas mulheres. A

proteção materna é uma das primeiras ações que se tem relato dentro da prática do

cuidar. Às mulheres cabiam as tarefas relacionadas à proteção da família e

produção de alimentos. No decorrer destas atividades, as mulheres desenvolviam

conhecimentos sobre a melhor utilização dos alimentos e plantas, procurando

manter a saúde de sua família. Aos homens cabiam tarefas consideradas mais

pesadas. Enquanto as mulheres ficavam em casa cuidando dos filhos e preparando

a alimentação da família, os homens saíam para caçar e prover o sustendo de todos

(OGUISO, 1998).

Apesar da divisão sexuada do trabalho, no que tange aos cuidados de saúde,

homens e mulheres se revezavam para garantir uma assistência adequada à saúde

de quem necessitasse. As mulheres tendiam a se envolver nas áreas da saúde da

criança, obstetrícia (parteiras) e alimentação dos doentes de forma geral. Os

homens se envolviam com as atividades ligadas à ortopedia, cirurgia e psiquiatria.

Com o advento das medicações na área da psiquiatria, as mulheres passaram a se

inserir gradativamente nesta área, a partir do momento que a força física destes

doentes era controlada pelas medicações específicas (OGUISO, 1998).

As mulheres começaram, então, a adquirir conhecimentos dos meios de cura

e participar mais maciçamente do processo de recuperação da saúde das pessoas.

A origem das práticas de cuidar explica a tendência de mulheres ingressarem na

profissão de enfermagem, se sobrepondo ao número de homens enfermeiros hoje

encontrados em todas as partes do mundo. Além disso, significou um grande

avanço das mulheres que lentamente conquistam o mercado de trabalho em busca

da igualdade de gênero (OGUISO, 1998).

Neste estudo, à idade dos sujeitos estudados variou de 23 a 51 anos,

prevalecendo a faixa etária de 23 a 29 anos. Há que se observar assim à presença

de pessoas jovens nas diversas atividades da instituição. Este dado chama a

atenção, pois ao mesmo tempo em que há uma grande incorporação dos recém

formados no mercado de trabalho, caracteriza uma gestão de jovens e uma maior

preocupação com relação ao pouco tempo de experiência destes gestores, o que

pode acarretar algumas dificuldades na maneira de conduzir o serviço.

53

Quadro 2 - Distribuição dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006,

segundo tempo de graduação, formação e experiência nos níveis de atenção.

VARIÁVEIS DESCRIÇÃO QUANTIDADE

TEMPO DE GRADUAÇÃO 7 meses - 01 ano

02 – 04 anos 05 – 10 anos 10 – 17 anos

04 06 02 03

FORMAÇÃO

Nenhuma Especialização

Especialização/Mestrado

06 07 02

ATUAÇÃO NÍVEL PRIMÁRIO

Zero 02 – 04 anos 05 – 10 anos

13 01 01

ATUAÇÃO NÍVEL

SECUNDÁRIO

Zero < de 01 ano 02 – 04 anos

13 01 01

ATUAÇÃO NÍVEL TERCIÁRIO

< de 01 ano 02 – 04 anos 05 – 10 anos > de 10 anos

06 05 02 02

O quadro 2 mostra que o tempo de formado dos sujeitos do estudo variou

entre 7 meses e 17 anos, tendo a grande maioria até 4 anos de formado.

Tem-se a crença de que os enfermeiros formados mais recentemente podem

ter tido maior oportunidade de se envolver e discutir as políticas de saúde que

regem o SUS pelo fato dos seus princípios terem sido instituídos relativamente há

pouco tempo, Uma formação mais recente pode acarretar maior possibilidade por

parte dos sujeitos de participar mais ativamente no alcance da integralidade.

Contudo, não é exatamente isso que se verifica na prática. Muitas escolas parecem

estar ainda formando enfermeiros dentro do modelo biomédico. Percebe-se ainda a

dicotomia entre a assistência curativa e preventiva, bem como o distanciamento

entre saúde coletiva e saúde hospitalar.

Por outro lado, os sujeitos com maior tempo de formação, podem ter

adquirido muitas habilidades ao longo da vida profissional e podem influenciar

também positivamente no desenvolvimento de ações de saúde, colaborando para o

alcance dos princípios do SUS. Mesmo que a formação tenha ocorrido muito antes

da lei 8080/90, o conhecimento e a experiência adquirida ao longo deste tempo

54

instrumentaliza o sujeito e facilita o seu desempenho frente às situações que exigem

maior capacidade para administrar e assistir.

Quanto à formação acadêmica, seis enfermeiros informaram não possuir

nenhuma pós-graduação. Sete deles tem especialização e dois têm especialização

e mestrado. Estes dados mostram a carência de profissionais capacitados para

estar atuando na área da saúde, pois grande parte deles não possui nenhuma

especialização. Este fato pode estar relacionado à alta rotatividade e ao pouco

tempo de formação do grupo.

Acredita-se que a constante busca pela melhoria da formação seja importante

fator de troca de informações e experiências. Isto, certamente, favorece o

desenvolvimento de ações adequadas para a atenção em saúde.

Geralmente, a maioria dos recém-formados precisa iniciar as atividades

profissionais para se estabelecer financeiramente e somente depois investir no seu

aperfeiçoamento profissional. O fato de terem concluído a graduação há pouco

tempo pode ser decisivo na continuidade da formação profissional.

Esses dados podem explicar a baixa participação desses profissionais em

cursos de pós-graduação, já que muitos desses cursos exigem um investimento

financeiro relativamente alto. Possivelmente os enfermeiros têm disponibilidade de

tempo, mas não têm os recursos financeiros necessários.

Outro dado também bastante significativo está relacionado à sua experiência

nos diversos níveis de atenção à saúde. Dos 15 sujeitos do estudo, 13 deles

informaram ter experiência somente no nível terciário de atenção. Apenas 2 sujeitos

informaram ter experiências nos níveis primário e secundário de atenção.

Os enfermeiros que atuam somente no nível secundário e terciário de

atenção, geralmente, têm poucas oportunidades de discutir as políticas de saúde

que regem o sistema de saúde atual, devido às inúmeras atribuições e diversas

funções que desenvolvem no âmbito hospitalar. Pode-se supor que existem maiores

dificuldades em relação ao desenvolvimento de ações de saúde na busca do

sistema idealizado por tantos.

55

Quadro 3 - Distribuição dos enfermeiros de um hospital pediátrico, no ano de 2006,

segundo tempo e área de atuação na instituição, função desenvolvida e segundo

vínculo empregatício.

VARIÁVEIS DESCRIÇÃO QUANTIDADE

TEMPO ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO

15 dias - 01 ano 02 – 04 anos

09 06

ÁREA DE ATUAÇÃO Administração CCIH CC

Clínica médica Clínica cirúrgica

Emergência/ambulatório Geral

Gerência UTI

Não informado

01 01 01 01 01 02 01 01 04 02

FUNÇÃO Administrativa / gerencial Assistencial Supervisão Educação

06 07 05 01

OUTRO VÍNCULO Sim Não

03 12

Com relação ao tempo de serviço na instituição houve variação de 15 dias a 4

anos. Vale ressaltar que esta instituição é administrada por uma Fundação

Universitária desde 2002 e por esta razão o tempo máximo de atuação na mesma é

de 4 anos para todos os colaboradores, o que pode interferir na solidificação das

relações de trabalho.

É importante ressaltar também que existe uma alta rotatividade de

colaboradores na área de enfermagem, inclusive entre profissionais enfermeiros.

Isto pode influenciar no desenvolvimento das ações de trabalho dos sujeitos e

contribuir para a precarização do trabalho. O comprometimento com a instituição

pode ficar prejudicado, pois o enfermeiro deve utilizar suas competências no

gerenciamento da equipe de forma a fortalecer a busca pelos objetivos propostos

pela instituição e quando há grande rotatividade de enfermeiros, a equipe tem

dificuldade em se solidificar.

O enfermeiro, no desenvolvimento do seu trabalho, é um profissional de

inúmeras atribuições e responsabilidades perante a equipe. Ele desempenha

importante papel de articulação dos processos de produção da assistência e é

responsável por aproximar a equipe dos objetivos propostos. O enfermeiro é a base

que sustenta e direciona as ações dos demais profissionais da equipe de

56

enfermagem. Para que isto aconteça, este profissional deve ter a oportunidade de

conhecer a empresa como um todo já no início do desenvolvimento de suas

atividades na nova instituição.

Ao ser admitido, o enfermeiro deve passar por um processo de integração,

conhecendo as pessoas que fazem parte da instituição e as políticas internas da

instituição. Esta etapa deve ser realizada de forma cautelosa para que o novo

colaborador preencha o perfil exigido pela instituição.

Para Mazon e Trevisan (2000), no recrutamento externo, como ocorre na

maioria das vezes na instituição estudada, a margem de erro é maior. Exige maior

tempo de adaptação, pode haver atitudes que não estão de acordo com a cultura da

organização, dificuldade de adequação entre empregado e organização (cultura,

hábitos), havendo a necessidade de maior período de ajustamento e menor

comprometimento dos empregados antigos.

Desta forma, acredita-se que o empenho na escolha do profissional

enfermeiro, mais adequado para a instituição, seja uma importante estratégia para

diminuir a rotatividade de profissionais existente, aumentando o tempo de serviço de

na instituição.

Diante disso, espera-se que, diante de uma permanência maior do enfermeiro

como colaborador da instituição, os objetivos da mesma sejam mais facilmente

alcançados, pois o enfermeiro como norteador do trabalho da equipe de

enfermagem poderá ter mais tempo para se empenhar no desenvolvimento de suas

competências gerenciais.

Mantendo os talentos e, conseqüentemente a competência dentro da

organização, as particularidades não se perdem, estimulando e reforçando cada vez

mais o aprimoramento dos talentos que conservam vivos os compromissos da

organização com a sociedade. Gerenciamento por competência é o mais eficaz,

menos elitista e um grande contemplador de talentos humanos tão procurados

dentro das empresas hospitalares. Estas competências precisam do outro lado para

trabalhar suas potencialidades, melhorando cada vez mais suas capacidades de

relacionamento, seu humor, facilitando o convívio interno das organizações, criando

ambientes sadios, competitivos, fomentando o crescimento e o comprometimento,

incentivando os ocupantes de cargos à descentralização do poder, ao uso da

parceria e à satisfação individual e da equipe. Só assim serão criados ambientes

57

dignos, competentes e condizíveis com a missão social do enfermeiro, oferecendo

ou devolvendo à sociedade tudo o que se deve e se promete ao assumir as

responsabilidades inerentes à função dentro deste macro sistema no qual se está

inserido (MARX; MORITA, 2000).

Quanto à função desenvolvida na instituição, houve certa homogeneidade nas

respostas. A grande maioria relatou desenvolver função administrativa/gerencial,

assistencial, de supervisão e apenas um sujeito afirmou desenvolver função de

educação. Apesar de apenas um dos sujeitos afirmar desenvolver função educativa,

acredita-se que esta função esteja presente no cotidiano profissional de todos os

sujeitos, uma vez que o enfermeiro desenvolve constantemente ações educativas,

quer com os membros de sua equipe, quer com os clientes e famílias sob seu

cuidado. Entende-se que não existe dicotomia entre as funções assistenciais,

educativas e administrativas, uma complementa a outra.

Porém, de acordo com Melo et al. (1996), nas unidades fechadas, por terem

maior número de enfermeiros, esses profissionais fazem diagnóstico de

enfermagem e prescrevem cuidados e nas unidades maiores, com um número

menor de enfermeiros, estes desempenham predominantemente funções

administrativas.

Quanto à área de atuação, houve bastante variação nas respostas obtidas.

Os enfermeiros relataram atuar nas áreas administrativa/gerencial e assistencial.

Alguns sujeitos afirmaram desenvolver dupla função. Isso, provavelmente deve-se

ao fato do enfermeiro ser um profissional com formação generalista. A grade

curricular das escolas de enfermagem, geralmente, desenvolve no egresso a

capacidade de atuar nas diversas áreas simultaneamente, pois entende que não há

dicotomia entre as mesmas. Uma área complementa a outra.

A grande maioria informou não ter outro vínculo empregatício, portanto,

declararam dedicação exclusiva à instituição pesquisada. Este dado pode ser

considerado positivo, pois a dedicação exclusiva tende a fazer com que o

profissional desenvolva suas ações de forma mais centrada, com menos elementos

estressores interferindo em seu cotidiano.

O fato de muitos dos entrevistados declararem não ter um segundo vínculo

empregatício aponta para a valorização do trabalho na instituição, já que nesta área é

bastante freqüente encontrar enfermeiros com dupla ou até tripla jornada de trabalho.

58

5.2 Percepção do desenvolvimento e grau de importância das competências

gerenciais do enfermeiro

Considera-se gerenciar uma arte. É a arte de pensar, diagnosticar, decidir,

planejar e agir. O gerente não só precisa desenvolver habilidades técnicas, como

adquirir o conhecimento necessário na área de atuação e ter atitude no momento

em que for exigido. Além disso, precisa saber ouvir e ser ouvido, ter sensibilidade,

ser flexível e, ao mesmo tempo, firme em suas decisões.

Conhecimento, habilidade e atitude devem servir de instrumento para que o

enfermeiro desenvolva suas funções gerenciais de forma eficiente, visando a

assistência integral nos diversos níveis de atenção à saúde, aproximando o cuidado

coletivo do cuidado individual e o cuidado preventivo do cuidado curativo.

Gerenciar é um processo administrativo que visa decidir e agir para direcionar

atividades de pessoas ou departamentos dentro de uma organização (MARX;

MORITA, 2000).

De modo geral, os dados coletados através do questionário (APÊNDICE B)

demonstraram que os sujeitos consideram as competências gerenciais importantes

no desenvolvimento do seu trabalho, o que reforça a valorização destas

competências na visão do grupo estudado, apesar de nem sempre conseguirem

desenvolvê-las no serviço.

O fato dos enfermeiros valorizarem as competências gerenciais demonstra

que eles acreditam serem elas o fio condutor no desenvolvimento do seu trabalho,

tanto no nível primário, quanto no secundário ou terciário.

Diante disso, surgiram algumas inquietações acerca das respostas sobre a

importância das competências, havendo a necessidade de serem melhores

exploradas.

Sendo assim, pode-se afirmar que a competência não desenvolvida tende a

ser menos valorizada, possivelmente por não ser alcançada, já que muitas das

competências citadas como não desenvolvidas foram classificadas como de relativa

importância por vários sujeitos.

Como exemplo, pode-se citar o atributo “correlacionar as influências da

evolução do pensamento administrativo na prática gerencial dos serviços de

59

saúde e de enfermagem”. Esta é uma competência gerencial não desenvolvida por

dez dos sujeitos estudados e classificada por cinco sujeitos como sendo de relativa

importância.

Todas as competências gerenciais do enfermeiro são consideradas

essenciais para o desenvolvimento do seu trabalho. Cabe aos gestores do serviço

de saúde utilizar as ferramentas administrativas para desenvolver tais competências.

Planejar, organizar, liderar, avaliar e controlar são funções administrativas que o

enfermeiro dispõe para alcançar a competência exigida.

Melo et al. (1996) complementam afirmando que as funções administrativas

realizadas pelo enfermeiro constituem num instrumento do seu trabalho e a

execução de cada uma dessas ocorre de uma forma mais freqüente ou menos

freqüente de acordo com as situações vivenciadas em momentos específicos de

cada processo de trabalho.

As funções administrativas do profissional enfermeiro definidas por Stoner e

Freeman (1985) são: planejar, organizar, liderar, controlar e avaliar. Porém, nem

todas essas funções originaram variáveis deste estudo e, além disso, outras

variáveis também surgiram a partir das funções gerenciais.

A seguir apresentam-se os atributos estudados de acordo com as variáveis

do estudo.

5.2.1 Sistema organizacional de saúde

Stoner e Freeman (1985) dão o nome de organizar ao processo de arrumar e

alocar o trabalho, a autoridade e os recursos entre os membros de uma

organização, de modo que eles possam alcançar eficientemente os objetivos da

mesma. Organizar consiste em dividir tarefas entre os indivíduos. É o processo de

dividir o que cada um irá fazer (MELO et al., 1996).

Há três décadas, aproximadamente, o Brasil vem sofrendo grandes

mudanças em relação às políticas. Percebe-se a busca por condições mínimas de

vida a todos os cidadãos brasileiros, o que inclui avaliação e implementação

constante das medidas sanitárias e das políticas públicas em geral, redefinindo a

60

organização do sistema de saúde.

Neste contexto, o processo de descentralização pode ser citado como uma

ação que coloca o gerenciamento como uma questão fundamental para a

implementação de um sistema de saúde hierarquizado, regionalizado e com efetiva

participação social (FRACOLLI; EGRY, 2001).

Entende-se a descentralização como o compartilhamento do poder em

relação às ações e serviços de saúde nos vários níveis de governo com o objetivo

de focar os problemas reais de cada localidade, pois, sendo o Brasil um país de

grande extensão, as problemáticas se apresentam bastante diferenciadas entre si e

quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto.

Sendo assim, deve haver uma potencialização do poder municipal sobre a

saúde. Aos municípios cabe, portanto, a maior responsabilidade na promoção das

ações de saúde diretamente voltadas aos seus cidadãos.

Para Fracolli e Egry (2003) a municipalização da saúde ocasiona um

fortalecimento da autonomia político-gerencial dos municípios e uma elevação da

sua capacidade técnico-operacional de planejamento, programação, controle

gerencial e operacionalização de ações, voltadas ao enfrentamento dos problemas

de saúde em territórios específicos. Este fato evidencia a importância das

tecnologias de gerenciamento em saúde para os municípios, pois, historicamente,

funcionaram na área da saúde como executores de ações planejadas no âmbito

federal e, portanto, não acumularam experiência em planejar, desenvolver e avaliar

políticas de saúde, ou seja, em gerenciar autonomamente a saúde no seu espaço

geopolítico.

A municipalização abre um leque de oportunidades para se chegar à

integralidade em saúde. Considerando que todo cidadão tem direito de acesso às

ações de saúde voltadas para as suas necessidades, a integralidade surgiu no

campo da saúde com a necessidade de superar o modelo biologicista e reducionista

que ainda predomina em muitas instituições de saúde, impedindo a evolução do

sistema para a forma idealizada. Além disso, exige maior conhecimento, habilidade

e atitude dos profissionais que, juntos constroem este sistema. É possível que estes

sejam os maiores entraves para a consolidação do SUS.

Outro entrave para a tão almejada consolidação passa ser a própria

61

organização do Sistema Único de Saúde em seus níveis de atenção, que em

determinados setores ainda fragmenta o cuidado, distanciando a integralidade na

prática.

Há ainda a relação deste contexto em todos os níveis de atenção com os

níveis de complexidade. Entende-se que tanto no nível primário, como no

secundário e terciário existem diferentes graus de complexidade a serem atendidos.

Desta forma, o nível primário pode ser tão complexo quanto os demais, dependendo

das necessidades apresentadas pela população.

Para entender e atender a essas necessidades, as competências gerenciais

são fundamentais para o desenvolvimento do papel do enfermeiro no sistema.

Muitos enfermeiros afirmam desenvolver alguns atributos relacionados no

questionário, contudo, nem sempre os consideraram extremamente importantes.

Além disso, um destes atributos não é alcançado pela maioria, conforme pode ser

observado a seguir.

Gráfico 1 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Sistema Organizacional de Saúde.

SISTEMA ORGANIZACIONAL DE SAÚDE

4

10

13

11

5

2

0

2

4

6

8

10

12

14

O1 O2 O3

ATRIBUTOS

SU

JEIT

OS

SIM

NÃO

62

Quadro 4 – Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável

SISTEMA ORGANIZACIONAL DE SAÚDE com o grau de importância.

Grau de Importância 3 4 5 NI

O1 Analisar as políticas e os programas de atenção à saúde e a participação da enfermagem.

1 5 9 0 15

O2 Reconhecer a cultura e o clima organizacional e as possibilidades de mudanças dos serviços de saúde e de enfermagem.

1 5 7 2 15

O3 Analisar as políticas públicas (nacional, estadual e local) e sua influência na organização da atenção à saúde.

2 6 7 0 15

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; NI- Não Informado

No gráfico 1 e quadro 4 pode ser observado que, o quesito “Analisar as

políticas e os programas de atenção à saúde e a participação da enfermagem”,

11 sujeitos afirmaram não desenvolvê-lo, porém a maioria deles (09 sujeitos) atribuiu

extrema importância ao mesmo.

O desenvolvimento deste atributo é indispensável para a consolidação do

sistema, apresentando-se incoerente afirmar que este é extremamente importante,

porém não desenvolvido, já que se entende esta competência como fundamental

para o direcionamento das ações de saúde e a manutenção dos programas de

atenção implantados. Devem ser o fio condutor de todas as ações dos enfermeiros.

Sendo assim, as políticas devem ser analisadas constantemente para que sejam

efetivamente desenvolvidas.

Deste modo, acredita-se que o atributo acima citado não seja alcançado,

provavelmente devido ao pouco envolvimento dos próprios sujeitos com as políticas

de saúde, incluindo as instituições hospitalares.

Acredita-se que essa falta de articulação com o campo político se deva, em

parte, a divisão da assistência à saúde nos níveis de atenção, que induz ao

pensamento de que cada profissional é responsável pelas ações somente no nível

em que atua. Além disso, a formação ainda extremamente biologicista, os impede

de pensar em saúde além do sistema hospitalar. É o que afirma Melo et al. (1996)

quando dizem que o enfermeiro aprende durante sua formação profissional a

valorizar o cuidado individualizado, no local onde atua.

O gráfico 1 e o quadro 4 evidenciam que “Reconhecer a cultura e o clima

63

organizacional e as possibilidades de mudanças dos serviços de saúde e de

enfermagem” foi outro quesito apontado como extremamente importante por 07

sujeitos e considerado desenvolvido por 10 deles. “Reconhecer a cultura e o

clima organizacional e as possibilidades de mudanças dos serviços de saúde

e de enfermagem” foi outro quesito apontado como extremamente importante por

07 sujeitos e considerado desenvolvido por 10 deles.

Menos da metade dos sujeitos atribui extrema importância a este atributo. Por

conseguinte, as respostas pouco expressivas em relação ao grau de importância

levam a refletir sobre as dificuldades existentes frente às constantes necessidades

de mudanças no gerenciamento do sistema.

A cultura e o clima organizacional norteiam as ações de saúde. Reconhecer

estes quesitos proporciona um melhor direcionamento na maneira de agir e pensar

saúde, de acordo com as necessidades locais. Diante de um sistema de saúde em

construção, a dificuldade de reconhecer as possibilidades de mudanças pode ser

um grande entrave para a consolidação do mesmo.

“Analisar as políticas públicas (nacional, estadual e local) e sua

influência na organização da atenção à saúde”, é apontada como desenvolvida

por 13 sujeitos, porém considerada extremamente importante por 07 deles,

conforme se identifica no gráfico 1 e quadro 4.

Surgiram, neste momento, novas contradições em relação às políticas de

saúde. Os sujeitos afirmaram que analisam as políticas públicas no âmbito nacional,

estadual e municipal, porém, não analisam os programas de atenção à saúde e

conferem pouca importância ao quesito.

Entende-se que a principal maneira de contribuir para a implementação

desses programas é conhecer e analisar as políticas, sugerindo as mudanças

necessárias para que os objetivos sejam atingidos. Os profissionais precisam se

sentir integrados neste contexto político para poder participar da reordenação do

sistema.

Acredita-se que o entendimento sobre as políticas públicas de saúde seja

fundamental para que a integralidade se concretize, aproximando as ações voltadas

para o cuidado individual e coletivo, diminuindo o distanciamento entre a prevenção

da doença, promoção e recuperação da saúde. Não existe integralidade quando o

64

profissional se identifica num sistema à parte, fragmentado, mostrando-se alheio ao

que acontece ao seu redor.

A experiência quase que exclusiva no nível terciário também contribui para

esta forma fragmentada de pensar dos sujeitos e produzir saúde. Salienta-se, neste

contexto, que a divisão da atenção em níveis deve ser entendida como uma forma

de organização, mas não de fragmentação das ações.

Diante disso, ressalta-se ainda a forma como se articulam os sujeitos

estudados com o sistema de saúde. Como muitos deles afirmaram não desenvolver

a maioria das competências gerenciais relacionadas diretamente às políticas

públicas de saúde, provavelmente a intersetorialidade não se apresenta como um

modo de enfrentamento dos problemas de saúde e, em conseqüência disso, espera-

se que a fragmentação do cuidado e dos conhecimentos persista.

Além disso, o acúmulo de múltiplas funções pode estar atribulando o

enfermeiro impedindo-o, muitas vezes, de participar de maneira mais ampla, das

questões políticas que regem o sistema de saúde atual.

Os enfermeiros responsáveis pelas unidades de internação, por exemplo,

tendem a não participar de discussões dentro das instituições em torno das políticas

de saúde. Existe a fragmentação de tudo o que está ligado ao sistema no seu

âmbito maior.

5.2.2 Liderança

A liderança é uma função bastante concreta e significa dirigir, influenciar e

motivar os colaboradores a realizar tarefas essenciais. É o processo de dirigir e

influenciar as atividades relativas às tarefas dos membros de um grupo (STONER;

FREEMAN, 1985).

Azevedo (2002) reconhece a liderança como fator fundamental para enfrentar

as dificuldades de implementação de processos de mudança nas organizações

públicas de saúde - incluindo aspectos relativos à organização da assistência, sua

humanização e a busca de maiores níveis de responsabilidade institucional para

65

com os seus resultados.

Segundo McGregor (apud ANDALO, 2001), há quatro componentes no

contexto da liderança: líder, liderados, tarefa ou missão e a conjuntura ou ambiente

social, econômico e político.

Em Azevedo (2002) encontra-se o pensamento de autores como Bryman,

1996; Kotter, 1997; Goodwin, 2000, que apontam a distinção entre liderança e

gerência/administração, como elemento central a orientação para a mudança. A

gerência estaria centrada no presente, voltada para o bom funcionamento de um

sistema ou da organização existente, gerando estabilidade e não apresentando

questões sobre a identidade e propósitos organizacionais. Os líderes teriam carisma

enquanto a base de poder dos gerentes seria a hierarquia. Os líderes estariam mais

preocupados com o porquê, enquanto os gerentes com o como.

De qualquer forma, espera-se que, dentro da equipe, alguém assuma o papel

de líder para motivar e direcionar os liderados com o intuito de promover uma maior

interdisciplinaridade nas ações, para o alcance dos objetivos de acordo com as

necessidades.

Para Andalo (2001) é fundamental que o líder seja coerente, tenha senso de

ética, respeito pelas características do grupo, e ao mesmo tempo, tenha capacidade

de acolher e conter as angústias dos membros da equipe e as suas próprias. Outras

características importantes são: a paciência (não significa resignação ou

passividade) e a discriminação no sentido de diferenciar os objetivos particulares

dos objetivos da equipe. Além disso, a empatia, a comunicação verbal e não-verbal

e a capacidade de síntese são consideradas ferramentas importantes na liderança

do grupo e alcance dos objetivos propostos pela instituição.

O trabalho em equipe combina qualidades profissionais de vários sujeitos e,

em conseqüência disso, existe a tendência de se obter melhores resultados.

Quando se reúnem em prol de um objetivo comum, somam esforços. Com

organização e ajuda mútua, as metas estabelecidas pela equipe de saúde são

alcançadas de forma mais tranqüila e, provavelmente, em menor tempo.

Além disso, a supressão dos limites formais de cada profissional que ocupa

um lugar na equipe de saúde é necessária para que haja maior interação dos

conhecimentos e diminuição da fragmentação da assistência com de qualidade,

66

através da interdisciplinaridade.

O serviço de saúde é responsabilizado por atender uma série de

necessidades apresentadas tanto nos níveis secundário e terciário de atenção,

como na atenção básica. Neste sentido, a interdisciplinaridade surge como um

instrumento de compreensão e assistência direcionado para o complexo processo

saúde-doença, incluindo os determinantes sociais da doença. Neste sentido, o

trabalho em equipe deve ser norteado pela integração dos profissionais entre si e

deles com a comunidade.

Somente se chega à integralidade a partir do momento em que os

conhecimentos deixam de ser fragmentados por separação formal do limites de

atuação de cada profissional. É necessário somar esforços, e não dividi-los.

Os dados coletados através do questionário demonstram que sujeitos deste

estudo, de uma forma geral, desenvolvem a maioria dos quesitos relacionados

diretamente ao trabalho em equipe e, indiretamente à assistência prestada ao

cliente. Desta mesma forma, conferem grande importância às competências

gerenciais correlacionadas.

Gráfico 2 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Sistema Organizacional de Saúde.

LIDERANÇA

13

1112

13

2

43

2

0

2

4

6

8

10

12

14

L1 L2 L3 L4

ATRIBUTOS

SU

JEIT

OS

SIM

NÃO

67

Quadro 5 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável

LIDERANÇA com o grau de importância.

Grau de Importância

3 4 5 NI

L1 Trabalhar em equipe, promovendo a integração entre a enfermagem e gestores como co-participantes do processo de trabalho gerencial.

0 1 14 0 15

L2 Estabelecer relações de trabalho de caráter interdisciplinar e multiprofissional como estratégia de atenção à saúde, sob o enfoque da integralidade.

0 3 12 0 15

L3 Discutir e utilizar os princípios éticos e legais na tomada de decisão e nas relações interpessoais nos Serviços de Saúde.

0 4 11 0 15

L4 Desenvolver e aplicar os princípios de liderança nos processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem.

0 3 12 0 15

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; IN- Não

Informado

Em relação ao quesito “Trabalhar em equipe, promovendo a integração

entre a enfermagem e gestores como co-participantes do processo de trabalho

gerencial”, o gráfico 2 e quadro 5 evidenciam que 13 sujeitos o desenvolvem e a

grande maioria (14 sujeitos) confere extrema importância ao mesmo.

O mesmo ocorreu com o atributo “Estabelecer relações de trabalho de

caráter interdisciplinar e multiprofissional como estratégia de atenção à saúde,

sob o enfoque da integralidade” em que, 11 sujeitos conseguem desenvolvê-lo e

12 deles o consideram extremamente importante.

Pode-se observar que estes atributos são considerados indispensáveis para

fortalecer o relacionamento da equipe de saúde e proporcionar melhor qualidade da

assistência prestada. Os sujeitos valorizam o trabalho em equipe e apostam na

interdisciplinaridade como instrumento para a atenção à saúde.

Para Piancastelli, Faria e Silveira (2006), o trabalho em equipe pode ser uma

estratégia para melhorar a efetividade do trabalho e elevar o grau de satisfação do

trabalhador.

Acredita-se que este seja o caminho para que o cliente tenha acesso às

ações de saúde, sob o enfoque da integralidade. Isso pode não implicar

necessariamente em ter muita experiência profissional, mas é preciso maturidade,

empenho, dedicação e conhecimento da instituição, já que os sujeitos do estudo

demonstraram entender a importância do trabalho em equipe e desenvolver suas

68

ações nesse sentido. Além disso, o fato de a instituição servir de campo de ensino

para o desenvolvimento de atividades assistenciais de diversos cursos favorece o

trabalho multiprofissional e interdisciplinar.

Outros atributos desenvolvidos, segundo os sujeitos do estudo, é considerado

de extrema importância neste aspecto.

O gráfico 2 e quadro 5 mostra que “Discutir e utilizar os princípios éticos e

legais na tomada de decisão e nas relações interpessoais nos Serviços de

Saúde” foi apontado como alcançado por 12 sujeitos e extremamente importante

para 11 deles.

Os resultados obtidos neste atributo apontam para a valorização das

questões éticas e legais no momento do processo de decisão. Pode-se dizer que, de

acordo com os dados obtidos, a ética permeia as relações profissionais

O mesmo ocorreu com o atributo “Desenvolver e aplicar os princípios de

liderança nos processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem”

que foi considerado desenvolvido por 13 sujeitos e de extrema importância para 12.

As funções da liderança mudam de hora em hora, dependendo das

necessidades e das habilidades do grupo e devem ser conquistados todos os dias.

A relação entre pessoas é um exercício da tomada de decisões para o

estabelecimento e alcance dos objetivos propostos para a equipe de saúde. O líder

exerce forte influência sobre as ações de sua equipe e é seguido por ela. Neste

sentido, o fator idade e tempo de formado podem influenciar, positivamente ou não,

no desenvolvimento de ações de saúde.

A instituição em estudo possui gestores bastante jovens e com pouca

experiência, o que parece não prejudicar o desenvolvimento do trabalho em equipe.

Além disso, a instituição não possui enfermeiros desenvolvendo funções

exclusivamente assistenciais, mas, de qualquer forma, acredita-se que qualquer

enfermeiro, independentemente da função exercida, desenvolva funções de

liderança, mesmo que estas não estejam totalmente explícitas para ele. Para tanto

necessitam utilizar seu conhecimento, suas habilidades e atitudes para desenvolver

a arte de influenciar positivamente e motivar as pessoas com as quais trabalham.

Segundo Marx e Morita (2000), para que exerça bem suas funções em

relação à assistência prestada ao cliente, o gerente de enfermagem deve possuir

69

segurança e maturidade profissional para atuar como facilitador desse processo.

Para tanto, deverá compartilhar a liderança através da descentralização do poder,

com delegação de autoridade e, portanto, autonomia para o planejamento e

execução do cuidado por ele e por sua equipe.

Bennis (apud ANDALO, 2001), identifica algumas competências das pessoas

que exibem liderança efetiva de acordo com os seguintes parâmetros:

-Gerenciamento da atenção: capacidade do líder de fixar a intenção, a visão ou a

direção no senso dos objetivos e metas propostas pela instituição.

-Gerenciamento da confiança: um líder deve ser confiável. Os membros da equipe

seguirão um líder com quem sabem que podem contar, mesmo que estejam em

desacordo com seu ponto de vista;

-Gerenciamento de si mesmo: esse gerenciamento é crítico. Se a pessoa está

motivada e tem conhecimento e habilidade, haverá uma boa chance de empregá-los

de uma maneira efetiva.

5.2.3 Recursos para a assistência de enfermagem

A negociação é hoje uma das ferramentas utilizadas como recurso para a

assistência de enfermagem, possibilitando que os objetivos do sistema sejam

atingidos.

Segundo Marx e Morita (2000), negociação é um processo de tomada de

decisão constituído por vários elementos, tais como: comunicação, relacionamento,

acordo, legitimidade, compromisso, entre outros.

Os sujeitos estudados reconhecem que a negociação é um importante

componente da atividade de trabalho do enfermeiro, porém, percebeu-se algumas

incoerências nas respostas, pois, considerando que todos os enfermeiros

desenvolvem funções administrativas e gerenciais, poucos afirmaram que este

atributo faz parte de seu cotidiano na instituição.

70

Gráfico 3 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Recursos para a Assistência de Enfermagem.

RECURSOS PARA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

3

11

1

5

10

5

12

4

14

10

5

10

0

2

4

6

8

10

12

14

16

R1 R2 R3 R4 R5 R6

ATRIBUTOS

SU

JEIT

OS

SIMNÃO

Quadro 6 – Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável

RECURSOS PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM com o grau de

importância.

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; IN- Não Informado

De acordo com o gráfico 3 e quadro 6, “Compreender, estabelecer e participar

de negociações nos serviços de saúde para garantir o suprimento de recursos

Grau de Importância

RECURSOS PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

3 4 5 NI

Total

R1 Compreender, estabelecer e participar de negociações nos serviços de saúde para garantir o suprimento de recursos viabilizadores da assistência de enfermagem.

1 5 8 1 15

R2 Conhecer o processo de gerenciamento de conflito e preparar a equipe para as mudanças.

0 6 8 1 15

R3 Reconhecer as políticas de recursos humanos e seus determinantes, definidos a partir da Reforma Sanitária.

1 6 7 1 15

R4 Reconhecer a gestão de pessoas como estratégia para a consolidação do Sistema Único de Saúde.

1 6 7 1 15

R5 Reconhecer a política de saúde do trabalhador, e suas implicações para enfermagem, assegurando infra-estrutura de modo a promover da qualidade de vida no trabalho.

0 3 11 1 15

R6 Entender a Política de Recursos Humanos na perspectiva de remuneração dos profissionais de saúde e do processo de desregulamentação do trabalho e seu reflexo no serviço de enfermagem.

0 8 7 0 15

71

viabilizadores da assistência de enfermagem” foi considerado um atributo não

desenvolvido por 12 dos 15 sujeitos que participaram do estudo, e extremamente

importante por apenas 08 deles.

Apesar de ser um atributo considerado não desenvolvido pela maioria,

acredita-se que a negociação é um atributo desenvolvido diariamente tanto pelo

enfermeiro que supervisiona uma unidade de internação quanto pelo enfermeiro que

ocupa um cargo administrativo de gerência ou assistência. No desenvolvimento de

suas funções, este profissional participa ativamente nas negociações dos recursos

humanos e materiais, de forma a garantir a qualidade do cuidado prestado aos seus

clientes. É o enfermeiro quem faz a provisão de materiais, equipamentos e

profissionais necessários para o desenvolvimento da assistência. Para tanto, precisa

compreender a real necessidade dos mesmos, estabelecer prioridades e

constantemente participar das negociações necessárias para que a qualidade do

atendimento seja mantida.

Provavelmente os sujeitos que participaram do estudo não tenham clareza do

significado disso, e, certamente estas ações encontram-se embutidas no seu

cotidiano profissional. Isto ainda pode estar relacionado ao fato de muitos não

perceberem que o produto final de seu trabalho depende diretamente deste atributo.

E sem isto, prestar assistência se torna inviável.

Para Cristovam, Sanches e Silvino (2006), cada gerente pode decidir sua

estratégia, efetuar diagnósticos, dimensionar recursos, planejar sua aplicação e

resolver problemas. Não existe uma única forma certa de um gerente agir, existem

várias maneiras de coordenar suas atividades.

Dando um outro enfoque à negociação, pode-se afirmar que viver numa

sociedade altamente evoluída sob o ponto de vista tecnológico e social, mas

possivelmente, com várias necessidades sob o ponto de vista da habilidade para as

negociações de conflitos. A existência de conflitos na equipe de saúde influencia

negativamente no respeito aos princípios éticos-legais e de liderança, bem como no

processo de comunicação entre seus componentes.

Neste sentido, através dos dados obtidos e apresentados no gráfico 05 e

quadro 06, pode-se afirmar que 11 sujeitos do estudo acreditam desenvolver o

atributo “Conhecer o processo de gerenciamento de conflito e preparar a

72

equipe para as mudanças“ e 8 deles o consideram extremamente importante.

A negociação auxilia tanto na solução dos conflitos quanto no preparo da

equipe para as mudanças. No entanto, apesar de serem atributos desenvolvidos

pelos sujeitos da pesquisa, acredita-se que possa haver certa dificuldade em

efetivamente desenvolvê-los, já que grande parte deles tem pouco tempo de

atuação na instituição em estudo e, para o estabelecimento dessas ações o fator

tempo pode se tornar indispensável.

Além disso, apesar conhecer o processo de gerenciamento de conflito e

preparar a equipe para as mudanças, a pouca idade e o pouco tempo de formado

também podem se tornar complicadores no que se refere ao gerenciamento de

conflitos, relação interpessoal, comunicação, tomada de decisão e liderança.

Pode-se dizer que conflitos são discordâncias resultantes de diferenças de

idéias e valores entre duas ou mais pessoas. Para Marquis e Huston (2002), os

conflitos não devem ser evitados, nem encorajados e sim administrados.

Conforme afirma Marx e Morita (2000), a negociação é um processo científico

quando estabelecido o problema conjunto que deve ser resolvido e a maneira como

esse problema conjunto é resolvido mistura ciência e arte. De qualquer forma, as

pessoas podem melhorar substancialmente seu talento para negociar estudando e

praticando e, desse modo criar condições de administrar o processo com êxito.

Nestes momentos, devem ser levados em consideração as características da

equipe de enfermagem e os objetivos que se deseja alcançar. Os recursos

humanos disponíveis devem ter objetivos compatíveis com os objetivos da

instituição.

Em função das constantes transformações no sistema de saúde atual, existe

uma grande preocupação em torno destas questões relacionadas à manutenção dos

recursos humanos/gestão de serviços.

Os recursos humanos devem ser considerados componentes indispensáveis

à construção do SUS, uma vez que, ao reconhecer as necessidades da população

com a qual trabalham, utilizam os dispositivos adequados para o suprimento desta

necessidade, concretizando as propostas de mudanças do sistema.

Os sujeitos do estudo consideraram que alguns dos quesitos elencados em

73

relação aos recursos humanos são importantes, porém não são desenvolvidos por

eles.

Conforme o gráfico 05 e quadro 06, “Reconhecer as políticas de recursos

humanos e seus determinantes, definidos a partir da Reforma Sanitária” é atributo

considerado não alcançado pela grande maioria dos sujeitos (14). Além disso, 07

somente deles confere extrema importância ao mesmo.

Desta mesma forma, “Reconhecer a gestão de pessoas como estratégia

para a consolidação do Sistema Único de Saúde” foi considerado não

desenvolvido por 10 sujeitos e de extrema importância para 07 deles.

O que chama a atenção em relação a estes atributos é o fato dos sujeitos não

os desenvolverem e não acreditarem na sua importância. Em reflexo disso, podem

ocorrer dificuldades em relação à formação e manutenção das equipes de saúde

com as quais trabalham.

Por outro lado, “Reconhecer a política de saúde do trabalhador, e suas

implicações para enfermagem, assegurando infra-estrutura de modo a

promover da qualidade de vida no trabalho”, dos 15 sujeitos estudados, 10

reconheceram ser este um atributo desenvolvido e 11 deles lhe conferiram extrema

importância.

O desenvolvimento deste atributo pode melhorar as relações de trabalho,

inclusive diminuindo a rotatividade entre colaboradores e fazer a equipe atingir mais

rapidamente seus objetivos. A experiência adquirida após algum tempo

desenvolvendo atividades na instituição em estudo permitiu perceber que existe uma

grande rotatividade de colaboradores. Faz-se necessário um aprofundamento maior

em torno disso para entender o que influencia a permanência dos mesmos.

O quesito acima citado não parece favorecer a permanência dos

colaboradores, visto que esta instituição apresenta índices expressivos de

rotatividade. Provavelmente outros fatores não identificados no estudo estejam

influenciando para o aparecimento desta condição.

No que diz respeito aos recursos humanos, ainda pode ser considerado que

os trabalhadores, na sua maioria, passam no seu ambiente de trabalho boa parte de

sua vida. Isto leva a crer cada vez mais na importância da qualidade do ambiente no

trabalho para a manutenção da produtividade das pessoas.

74

Diante do exposto, as políticas de recursos humanos priorizam a satisfação e

qualidade de vida no trabalho como o caminho para se chegar a bons resultados.

Desta forma, espera-se que seja atingido um nível intelectual satisfatório para o

cumprimento de suas metas.

Por isso, a gestão integrada vem sendo discutida cada vez mais em qualquer

parte do mundo diante da dificuldade em se manter pessoas talentosas no seu

quadro de colaboradores.

O atributo seguinte mostra a fragilidade da equipe frente a processo de

remuneração e regulamentação do trabalho em enfermagem, quando poucos

sujeitos afirmaram desenvolvê-lo.

“Entender a Política de Recursos Humanos na perspectiva de

remuneração dos profissionais de saúde e do processo de desregulamentação

do trabalho e seu reflexo no serviço de enfermagem” foi considerado não

alcançado por 10 dos sujeitos e apenas 07 deles o consideraram como sendo de

extrema importância, de acordo como o gráfico 3 e quadro 6.

Acredita-se na importância da participação ativa do profissional enfermeiro

nas ações determinantes do quadro de colaboradores de uma instituição. O fato de

haver alguns enfermeiros responsáveis por unidades de internação e a pouca

experiência pode ter influenciado as respostas em relação às políticas de recursos

humanos.

Os dados obtidos levam a pensar que, possivelmente, muitos dos sujeitos

que participaram do estudo não realizam este tipo de atividade por falta de

oportunidade ou pelo pouco tempo de experiência que aparece novamente como

fator determinante para o não desenvolvimento destas competências. Além disso,

eles podem não ter clareza da sua participação nas ações relacionadas às políticas

de RH da instituição.

De acordo com Freitas, Fugulin e Fernandes (2006) o trabalho do enfermeiro

envolve atribuições gerenciais que exigem conhecimentos e competências que o

habilitam para participar dos processos decisórios e para assumir papel relevante no

direcionamento das políticas de recursos humanos dentro das instituições de saúde.

Pode-se afirmar, então, que compreender e aplicar a política de RH exige

maior vivência profissional em todos os sentidos.

75

Além disso, acredita-se que a alta rotatividade de enfermeiros pode

influenciar negativamente no desenvolvimento de suas competências gerenciais,

prejudicando não só o sistema hospitalar, mas o sistema de saúde como um todo.

Neste sentido, não se pode perder de vista o que a Secretaria de Gestão do

Trabalho e da Educação na Saúde (através do Decreto nº 4.726 de 09 de junho de

2003) propõe para melhorar as condições de trabalho, entre outros (BRASIL, 2006 b):

� promover a ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde;

� elaborar e propor políticas de formação e desenvolvimento profissional para a área da saúde e acompanhar a sua execução;

� planejar, coordenar e apoiar as atividades relacionadas ao trabalho e à educação na área da saúde, bem como a organização da gestão da educação e do trabalho em saúde, a formulação de critérios para as negociações e o estabelecimento de parcerias entre os gestores do SUS e o ordenamento de responsabilidades entre as três esferas de governo;

� planejar e coordenar ações, visando à integração e ao aperfeiçoamento da relação entre as gestões federal, estaduais e municipais do SUS, no que se refere a planos de formação, qualificação e distribuição das ofertas de educação e trabalho na área da saúde;

� planejar e coordenar ações, destinadas a promover a participação dos trabalhadores de saúde do SUS na gestão dos serviços e a regulação das profissões de saúde;

Toda essa discussão é indispensável para o alcance da qualidade de vida no

trabalho e estabilidade dos recursos humanos dentro do sistema de saúde,

possibilitando a concretização das mudanças propostas pela reforma.

Diante das rápidas mudanças tecnológicas na área da saúde e de uma

sociedade cada vez mais exigente, os profissionais têm buscado desenvolver

estratégias para acompanhar este desenvolvimento, seja investindo na sua

qualificação ou na melhoria das condições de trabalho. Porém, isto nem sempre

ocorre da maneira esperada e diante de tantas mudanças e exigências, corre-se o

risco de precarizar o trabalho.

Em função disto,

A precarização do trabalho e a falta de renovação de quadros técnicos, com defasagem de profissionais qualificados, com enorme contingente de pessoal na condição de prestadores de serviço, sem estabilidade de emprego, sem direitos trabalhistas e sem possibilidade de continuidade das atividades, traz a necessidade de tratamento adequado aos recursos humanos de toda a rede socioassistencial, inclusive a rede privada, como forma de garantir maior eficácia na assistência. Sabe-se que o

76

investimento na política de recursos humanos irá influenciar decisivamente na melhoria dos serviços socioassistenciais prestados à população. Assegurar que trabalhadores dessa área estejam incluídos com o seu processo de trabalho e com o resultado do mesmo é um caminho prático e certo para o avanço na implementação do sistema (BRASIL, 2006b)” .

Influenciadas pela flexibilização das relações de trabalho que surgiu há

alguns anos atrás em favor das mudanças tecnológicas, as condições de trabalho

foram gradativamente introduzindo prejuízos aos trabalhadores do SUS, acarretados

pela inexistência de vínculo empregatício que lhes assegurasse alguns direitos e

estabilidade.

Sabe-se que a inexistência do vínculo gera desmotivação e grande

rotatividade dos empregados, prejudicando o alcance dos objetivos da instituição.

Funcionário insatisfeito é funcionário que não desenvolve bem suas potencialidades

e não se sente motivado a desempenhar seu papel ao máximo. É preciso prezar

pela qualidade de vida no trabalho e por uma remuneração justa para extrair do

empregado à maior colaboração que ele pode dar, pois colaborador insatisfeito se

torna contraproducente.

Por outro lado, pode-se afirmar que a política de contratação de uma

instituição deve ser pautada nas características do candidato e nos resultados que a

empresa almeja alcançar diante do sistema de saúde.

A política de RH atual preza por seleção de pessoas com as competências

necessárias ao desenvolvimento das tarefas propostas. Além disso, leva em

consideração a capacidade e ambiente para o desenvolvimento pessoal e

profissional, incluindo a qualificação permanente, bem como a motivação das

pessoas através a firmação de vínculo que garanta os direitos trabalhistas e

estabilidade no emprego.

Para tanto, o profissional responsável pela contratação deve utilizar seu

conhecimento e suas habilidades na área para escolher a pessoa que melhor se

identifique com o cargo disponível, elemento importante para quem objetiva

contribuir com a política de RH da instituição.

Segundo Vanderlei (2005) o desempenho da gerencia não passa apenas pelo

planejamento e pelo controle, mas pelo modo que os trabalhadores de saúde

assumem o compromisso com os objetivos da organização.

77

5.2.4 Avaliação

A avaliação permeia qualquer discussão a respeito da qualidade de algo ou

alguém. Constitui-se na emissão de um juízo de valor e é uma das funções mais

importantes do gestor dos serviços de saúde e está concentrada no desempenho

real da instituição.

A avaliação deve ser um instrumento a ser utilizado pelos gestores para

identificar as falhas existentes nos serviços e corrigi-las com o intuito de concretizar

os objetivos propostos. Consiste na correlação entre as necessidades de saúde e as

práticas destinadas a contemplar as necessidades do processo saúde-doença.

Para Malik e Schiesari (2006) avaliação vai além da simples apresentação de

resultados, implica dizer o que está sob avaliação, com que critérios, por quem, a

pedido de quem e qual foi o resultado.

Neste momento serão abordados alguns aspectos relativos à percepção dos

sujeitos quanto à avaliação dos serviços, segundo dados obtidos através do

questionário aplicado.

Gráfico 4 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Avaliação.

AVALIAÇÃO

14

5

1

10

02468

10121416

A1 A2

ATRIBUTOS

SU

JEIT

OS

SIMNÃO

78

Quadro 7 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável

AVALIAÇÃO com o grau de importância.

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; IN- Não Informado

Em relação aos quesitos necessários para a realização da avaliação dos serviços

de saúde, o gráfico 4 e quadro 7 evidenciam que 14 sujeitos deste estudo referem que o

atributo “utilizar a informática e os sistemas de informação nos serviços de saúde e

de enfermagem” é alcançado, porém 05 deles acreditam que esta seja uma competência

extremamente importante e 03 acreditam na sua relativa importância.

Já com relação ao atributo “Implementar os sistemas de avaliação,

elaborando indicadores de qualidade nos serviços de enfermagem”, 10 sujeitos

afirmaram não desenvolver este atributo e apenas 07 o consideraram de extrema

importância.

O conhecimento do processo de trabalho na instituição em estudo permite

afirmar que a utilização da informática e dos sistemas de informação ainda encontra

algumas restrições.

A avaliação de um sistema de saúde implica na utilização de informações

como subsídios para a implementação das ações de reestruturação dos serviços.

Pode-se dizer que a informação está presente em toda atividade humana. É o

significado dos dados por meio de representação. E, conforme Carvalho e Eduardo

(2006) toda informação gera uma decisão, que, por sua vez, desencadeará uma

ação. No caso de instituições, empresas, organizações, conhecer seus problemas,

buscar alternativas para solucioná-los, atingir metas e cumprir objetivos, requer

conhecimento e, portanto, informação.

Verifica-se que os sistemas de informações utilizados na instituição permitem

o conhecimento da condição de saída dos usuários, fornecendo principalmente

subsídios para a análise da mortalidade infantil neste ambiente hospitalar.

Além disso, os sistemas de informações permitem a avaliação, apesar de

Grau de Importância

AVALIAÇÃO

3 4 5 NI

Total

A1 Utilizar a informática e os sistemas de informação nos serviços de saúde e de enfermagem.

3 7 5 0 15

A2 Implementar os sistemas de avaliação, elaborando indicadores de qualidade nos serviços de enfermagem.

2 6 7 0 15

79

pouco profunda, da resolutividade da atenção primária na região ao serem alimentados

com dados sobre as características das consultas realizadas no pronto socorro. Através

destes sistemas se conhece a incidência das consultas realmente urgentes e demais

consultas que deveriam ser realizadas no nível primário de atenção.

Tais sistemas oferecem, ainda, a proporção de atendimento dos demais

convênios em relação ao SUS, permitindo uma rápida avaliação da utilização do

sistema.

Em relação à utilização da informática, contatou-se que se encontra presente

no controle do carro de emergência, na solicitação de medicamentos e materiais, na

solicitação de manutenção de equipamentos e na confecção do instrumento de

passagem de plantão. Encontra-se em discussão a implantação do prontuário

eletrônico, que permitirá maior participação dos sujeitos na utilização da informática

e dos sistemas de informação. O prontuário eletrônico permitirá melhor avaliação do

serviço prestado pela instituição e, conseqüentemente, trará maiores subsídios para

implementação das ações em saúde de forma geral.

Ainda com relação à informatização, acredita-se que em breve a equipe de

enfermagem possa estar desenvolvendo a sistematização da assistência através

destes instrumentos, o que agilizará a atuação do enfermeiro. Porém, atualmente

esta competência, apesar de ter sido citada como alcançada pela maioria, se

resume a estas atividades bastante insipientes, ainda.

Neste contexto, pode-se dizer que há consenso de que não é possível

exercer gerência em algum setor se não houver um sistema de apoio à decisão que

se sustente na informação.

A informação, portanto, se constitui num instrumento da avaliação. Para

Soboll e Tanaka (2001), através dos sistemas de informação pode-se observar a

condição do doente, de sua vida, do meio ambiente e de outros fatores que

interferem no processo saúde-doença e que constituem os Sistemas de Informação

em Saúde (SIS).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (2006) o sistema

de informação é utilizado na avaliação dos serviços de saúde com o objetivo de

formular e monitorar os indicadores de saúde e, conseqüentemente, desempenho

de serviços.

Indicadores de saúde são parâmetros utilizados para avaliar as condições da

80

saúde humana, fornecendo subsídios ao planejamento e reestruturação do sistema.

Westphal e Almeida (2001) afirmam que ao proceder avaliações em saúde

são necessárias um número mínimo básico de indicadores que permitem conhecer

os principais aspectos da situação de saúde da população e das práticas de saúde.

Portanto, em função de algumas contradições encontradas, acredita-se que

alguns sujeitos não tenham clareza do significado dos atributos acima descritos uma

vez que afirmam utilizar a informática e os sistemas de informação, apesar de não

participarem da implementação dos sistemas de avaliação.

5.2.5 Gerenciamento de serviço de saúde

No Brasil, o movimento da reforma sanitária explicita a necessidade de

redefinição dos sistemas de saúde. Neste contexto, podem ser divididos em dois

momentos: a proposta de mudança através dos princípios e diretrizes do SUS e sua

implantação propriamente ditam.

Para Wesphal e Almeida (2001), nesta reforma, há três grandes eixos de

atuação: mudanças no modelo de atenção, no modelo de gestão e controle social,

conduzidos pelo processo de descentralização, com redefinição do papel e funções

dos três níveis de governo, colocando o município como a base do sistema.

Considerando que esta mudança no sistema de saúde e de enfermagem é

necessária para a sua implementação, a reordenação do modelo de gestão ou, mais

especificamente, do processo gerencial em saúde/enfermeiro torna-se o eixo

principal das ações que conduzem a essas transformações de toda a sua estrutura.

Os dados obtidos em relação ao grau de importância e desenvolvimento

destes atributos abaixo relacionados não permitem afirmar com segurança que os

sujeitos participam das mudanças propostas para a reorganização do sistema de

saúde, tendo como instrumento principal o gerenciamento.

81

Gráfico 5 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Gerenciamento de Serviço de Saúde.

GERENCIAMENTO DE SERVIÇO DE SAÚDE

5

10 10

13

10

5 5

2

0

2

4

6

8

10

12

14

G1 G2 G3 G4

ATRIBUTOS

SU

JEIT

OS

SIMNÃO

Quadro 8 – Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável

GERENCIAMENTO DE SERVIÇO DE SAÚDE com o grau de importância.

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; IN- Não Informado

“Analisar e mobilizar mecanismos para o controle social em saúde” foi

um quesito considerado não desenvolvido por 10 sujeitos e extremamente

importante para 04 deles, conforme pode ser observado no gráfico 07 e quadro 08.

Desta mesma forma, em relação ao quesito “Planejar, implementar e avaliar

ações e estratégias resolutivas dos problemas de saúde, nos diversos níveis de

atenção, junto aos indivíduos, família e comunidade”, 10 sujeitos afirmaram que

isto faz parte do seu cotidiano e 09 deles atribuíram extrema importância ao mesmo.

Grau de Importância

GERENCIAMENTO DE SERVIÇO DE SAÚDE

3 4 5 NI

Total

G1 Analisar e mobilizar mecanismos para o controle social em saúde.

1 10 4 0 15

G2 Planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas de saúde, nos diversos níveis de atenção, junto aos indivíduos, família e comunidade.

0 5 9 1 15

G3 Identificar os elementos técno – políticos e ideológicos, compreendidos no processo administrativo.

4 7 4 0 15

G4 Aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos financeiros e de custos da assistência de enfermagem.

0 5 10 0 15

82

O gráfico 5 e quadro 8 evidenciam ainda que 10 sujeitos afirmaram que

desenvolvem o quesito “Identificar os elementos técno-políticos e ideológicos,

compreendidos no processo administrativo”, porém 04 o consideraram

extremamente importante e para 04, este quesito tem relativa importância.

Dos 15 sujeitos que participaram do estudo, 13 consideraram “Aplicar as

funções administrativas no gerenciamento de recursos financeiros e de custos

da assistência de enfermagem” um quesito alcançado e 06 atribuíram extrema

importância ao mesmo.

Entende-se que as competências gerenciais do enfermeiro se desenvolvem a

partir das suas funções administrativas. Desse modo, assume extrema importância

no gerenciamento dos recursos financeiros e custos da instituição para a provisão

de recursos necessários à assistência de qualidade. Porém, não o encontrado nas

respostas dos entrevistados.

Em relação às competências do enfermeiro, Medeiros, Stédile e Claus (2001)

afirmam que significa rever os comportamentos profissionais que o levam a intervir

com variáveis componentes e determinantes dos fenômenos reunidos sob o nome

da saúde, de forma a colocar as pessoas, na sociedade, em situações confortáveis

e livres de risco.

Isto muitas vezes depende das habilidades que desenvolvem, das atitudes

que são capazes de ter e do conhecimento adquirido através das experiências de

vida, sejam estas do âmbito pessoal ou profissional do sujeito.

As competências gerenciais podem ser descritas como instrumentos

indispensáveis para o alcance desse objetivo comum: a saúde da população em geral.

Neste sentido, as respostas dos sujeitos em relação a alguns atributos

mostraram-se um pouco confusas, o que pode comprometer a reestruturação do

sistema como um todo.

Para Campos (apud VANDERLEI, 2005, p.18), “o tipo de gestão desenvolvido

em uma unidade de saúde é um meio para consolidar um determinado processo de

produção de ações ou pra transformá-lo”.

A atividade gerencial enquanto parte do processo de trabalho é considerada

uma ação interdisciplinar, na qual se fazem presentes determinações de ordem

técnica, mas, principalmente, política, sendo necessário dentro desta perspectiva,

uma compreensão dinâmica das relações político-econômico-sociais presentes na

83

organização dos serviços de saúde dentro de um dado processo de trabalho

(MISHIMA apud VANDERLEI, 2005).

Considerando o caráter inovador do sistema de saúde proposto, a gerência

do serviço de saúde deve desenvolver ações que modifiquem sua estrutura e

superem esse modelo hegemômico, biologicista do modelo atual, readequando-o

aos moldes de um sistema centrado no sujeito, implementando um outro modo de

agir em saúde.

Campos (apud VANDERLEI, 2005) afirma que não é possível efetivar

mudanças significativas no sistema de saúde, caso não haja uma participação

efetiva de todos os profissionais do setor saúde para reorganização dos serviços.

Neste sentido, é preciso acentuar a importância do papel a ser

desempenhado por cada um dos profissionais na concretização dessa proposta de

reformulação das políticas de saúde, uma vez que a mudança deve acontecer diante

de um esforço coletivo.

Cabe lembrar, os significados para o enfermeiro do que vem a ser o processo

saúde e doença para se entender o que influencia as respostas dadas pelos sujeitos

do estudo em relação às competências gerenciais.

A saúde é um bem comum e direito de todos. O profissional da área da saúde

tem o compromisso de desenvolver ações em beneficio deste direito, porém, a

percepção do processo de saúde e doença é determinada pela história individual de

cada enfermeiro, além das formas de como cada um deles se organiza na

sociedade. Seres humanos são únicos e parecem mais diferentes que semelhantes.

Ao mesmo tempo em que produz o cuidado o trabalhador é produzido como

sujeito. O enfermeiro é um ser humano formado por crenças, anseios e conceitos

próprios, que podem influenciar de forma positiva ou não, em sua maneira de cuidar

e pensar. É um ser singular, com experiências de vida bastante individuais e assiste

às pessoas de várias idades, etnias, escolaridade, crenças e hábitos.

Ao mesmo tempo em que o ser humano é produto de suas relações sociais,

constituindo a sua individualidade e singularidade, ele produz e transforma estas

mesmas relações. Sua existência é construída coletivamente, com outros homens.

Neste sentido, ele está sempre transitando entre a sua particularidade,

singularidade, individualidade e sua condição de ser social, cultural, genérico,

universal (CAPELLA; LEOPARDI, 1999).

84

O profissional enfermeiro precisa utilizar e desenvolver a sensibilidade para

conhecer a realidade do paciente, ouvir suas queixas e encontrar, junto com ele,

estratégias que facilitem a aceitação, compreensão da doença e a adaptação a

modificações que, porventura, tenha que fazer por conta de seu problema

(MARTINS, 2003).

Ao despir-se de todo e qualquer conceito pré-estabelecido e ao colocar-se no

lugar do outro, o enfermeiro entende como é estar necessitando de assistência

naquele momento e compreende a importância de uma assistência de qualidade

que atenda às necessidades físicas e emocionais do cliente e de sua família, sem

deixar de ser ele mesmo. Desta forma, ele carrega consigo o produto de suas

experiências, inclusive quando se transporta para o lugar de que ele atende.

É imprescindível manter respeito à individualidade do “ser” enfermeiro e, ao

mesmo tempo, ressaltar a importância de exercitar diariamente a forma de lidar com

seus próprios conflitos e suas angústias. Para o enfermeiro, o grande desafio em

assistir adequadamente pode estar em manter a qualidade do cuidado prestado ao

cliente, mesmo estando insatisfeito, triste ou preocupado.

O enfermeiro enquanto ser humano não é somente coragem, alegria e

esperança. Ele carrega consigo características e sentimentos de frustração e

sofrimento, como qualquer pessoa. Ao executar qualquer atividade junto de outra

pessoa, o enfermeiro carrega sua própria presença, não apenas como corpo

biológico, mas como totalidade repleta de experiências dele mesmo

(LEOPARDI,1999).

Diante disso, acredita-se na influência das experiências adquiridas ao longo

da vida de cada um dos sujeitos sobre as percepções em relação ao grau de

importância e a possibilidade de alcance das competências gerenciais listadas no

questionário, além das respostas obtidas através da entrevista. Porém, não se pode

deixar de ressaltar que as pessoas encontram-se num constante ciclo de

aprendizagem e que, apesar das influências anteriores, os enfermeiros precisam

estar sempre abertos para as novas necessidades de mudanças.

85

5.2.6 Comunicação

Segundo Cardoso (2006), a informação e os processos de comunicação

sempre estiveram presentes na evolução das estratégias das organizações. Por

isso, hoje, muito mais do que em épocas passadas, torna-se necessário entender a

complexidade que envolve a informação e os processos comunicacionais na gestão

pelo fato de se viver numa era de ritmo acelerado de transformações e contextos

cada vez mais complexos, onde as organizações precisam buscar novas lógicas de

gestão para alcançar seus objetivos. Neste sentido, a importância da informação e

comunicação como instrumentos e processos poderosos para a realização das

potencialidades estratégicas e para a ampliação e integração das estruturas

organizacionais, torna-se relevante. É por meio desses instrumentos que se

desenvolvem funções e tomam-se decisões.

Pensar na comunicação como elemento das estratégias de gestão é um

desafio que precisa ultrapassar as fórmulas superadas que estão comprometidas

com a racionalidade. É preciso colocar o ser humano em pauta, valorizando a

capacidade criadora do indivíduo, sem desprezar a subjetividade e a afetividade, e

vendo a organização como resultado de um processo dialógico com o meio

ambiente (CARDOSO, 2006).

Acredita-se que o diálogo participativo seja um instrumento imprescindível no

gerenciamento das equipes multiprofissionais dos diversos serviços de saúde.

A questão da comunicação implica, necessariamente, na compreensão das

discussões e construções acerca das ações desenvolvidas pelas equipes dentro do

sistema de saúde. Esse entendimento se torna necessário, pois as estratégias de

intervenção da equipe multiprofissional que atua na prevenção da doença,

promoção e recuperação da saúde são, evidentemente, marcadas pelo uso da

comunicação. Todo o processo de trabalho é marcado pela comunicação e é capaz

de trazer benefícios ao sistema quando utilizado eficientemente.

Para Marx e Morita (2000), quanto maior for a comunicação, mais as pessoas

se entusiasmam e se sentem co-responsáveis e co-idealizadoras. Isso traz

tranqüilidade para a organização, pois, os assuntos são discutidos com

transparência conduzindo para resultados concretos e passíveis de realização,

86

preparando o espírito cooperador para a fase de implementação.

Os dados obtidos neste estudo evidenciaram a comunicação como um

instrumento bastante utilizado pelos sujeitos.

Gráfico 6 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Comunicação.

COMUNICAÇÃO

12

3

SIM

NÃO

Quadro 9 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da variável

COMUNICAÇÃO com o grau de importância.

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; IN- Não Informado

O questionário utilizado permitiu apurar que o quesito “Analisar e utilizar a

comunicação dialógica no processo de trabalho” foi considerado desenvolvido

pela maioria dos sujeitos (12), apenas 08 deles considera ser extremamente

importante, conforme pode ser evidenciado no gráfico 6 e quadro 9.

Eles afirmam que este atributo faz parte de sua rotina profissional, porém

alguns deles o consideraram relativamente importante, apesar de desenvolvê-lo na

maioria das vezes.

Percebe-se contradição entre a resposta de um dos sujeitos do estudo em

relação ao grau de importância desta competência relacionada à comunicação

Grau de Importância

COMUNICAÇÃO

3 4 5 NI

Total

C1 Analisar e utilizar a comunicação dialógica no processo de trabalho.

1 6 8 0 15

87

dialógica. Considerando que estes sujeitos são gestores do serviço de saúde,

acredita-se que suas práticas tornam-se inconsistentes na ausência do

desenvolvimento da comunicação.

5.2.7 Supervisão

A manutenção da qualidade do serviço prestado à comunidade é de

responsabilidade do supervisor que planeja, organiza, direciona, controla e avalia

esse serviço.

De acordo com Baraldi (2005) na enfermagem, a supervisão é uma das

atividades desenvolvidas no cotidiano hospitalar, em geral pelo profissional

enfermeiro que responde pela organização técnico-administrativa do trabalho.

Para Servo e Correia (2005) a supervisão é um processo educativo e

contínuo baseado em normas, que consiste em motivar e orientar o pessoal de

enfermagem na execução de atividades.

Benito (2001, p.51) define supervisão como:

[...] um processo cíclico, dinâmico e democrático de integração/transgressão na gestão de pessoas e recurso materiais em uma estrutura organizada, visando integrar as metas a serem alcançadas no processo de trabalho, a partir de aplicação, manutenção, recompensa, crescimento, comprometimento e desenvolvimento do pessoal.

A supervisão deve ser um instrumento de orientação do serviço com o

objetivo de contribuir com o cumprimento de seu maior propósito: a assistência

integral para todos.

Servo (apud SERVO; CORREIA, 2005), diz que a supervisão surgiu desde a

institucionalização da enfermagem como profissão na Inglaterra, sendo que naquela

época já havia a divisão social do trabalho. As “ladies nurses” que faziam parte da

burguesia eram responsáveis pela supervisão dos serviçais, das nurses (classe

proletária) e da administração hospitalar.

Percebe-se que esta divisão social, há muito, insere a supervisão como

elemento norteador do trabalho em equipe, gerando uma necessidade de

acompanhar as mudanças no seu contexto social e político.

Nesse sentido, Servo e Correia (2005) afirmam que a supervisão torna-se

pertinente à medida que auxilia as pessoas a alcançar certas metas ou padrões de

88

atendimento tendo como referência a política institucional e adaptando-se às

realidades locais.

Gráfico 7 - Enunciado dos atributos de acordo com o seu desenvolvimento, segundo

a variável Supervisão.

SUPERVISÃO

11

4

SIMNÃO

Quadro 10 - Quadro do enunciado dos atributos de acordo com a relação da

variável SUPERVISÃO com o grau de importância.

LEGENDA: 3- Relativa Importância; 4- Muita Importância; 5- Extrema Importância; IN- Não

Informado

De acordo com o gráfico 7 e quadro 10, pode-se afirmar que os enfermeiros

que participaram do estudo percebem a supervisão como forma de condução do seu

trabalho, o que proporciona harmonia entre suas atividades e os objetivos propostos

pela instituição. Dos 15 sujeitos do estudo, 11 afirmaram que conseguem

desenvolver o quesito “Elaborar, executar e avaliar o plano de supervisão da

equipe de enfermagem”, e para 09 sujeitos, este quesito é extremamente

importante.

Acredita-se que a supervisão tenha um caráter altamente político, pois se

percebe que é fundamental para o enfermeiro exercê-la de maneira articulada às

políticas institucionais e sociais, conhecendo mais profundamente os problemas de

Grau de Importância

SUPERVISÃO

3 4 5 NI

Total

S1 Elaborar, executar e avaliar o plano de supervisão da equipe de enfermagem.

0 4 9 1 15

89

saúde e colaborando para a melhoria da assistência prestada.

Neste contexto, os resultados obtidos mostram que os enfermeiros da

instituição em estudo colaboram para o desenvolvimento do serviço a partir do

momento em que valorizam e alcançam este atributo.��

Além disso, diante das constantes reformulações nas políticas de saúde, o

enfermeiro que exerce a função de supervisão precisa acompanhar as

transformações de modo a suprir as necessidades na assistência e, ao mesmo

tempo, adequar e direcionar as ações de seus subordinados para a manutenção da

qualidade do serviço.

Encontra-se, assim, um ambiente favorável para o desenvolvimento do

trabalho na instituição. Porém, cabe salientar que o supervisor tem o papel de

identificar constantemente as carências da equipe, potencializando seu

conhecimento e promovendo o crescimento mútuo. Nesta relação, supervisor e

supervisionado devem se mostrar abertos às críticas e crescer juntos, aproveitando

melhor os conhecimentos adquiridos.

5.3 Competências gerenciais sob o olhar dos gestores

Neste capítulo serão tratados os dados encontrados através da entrevistas

realizadas com os sujeitos selecionados.

O fato de ter grande número de enfermeiros com experiência apenas nos

níveis secundário e terciário de atenção e por se acreditar na falta de oportunidade

dos enfermeiros que atuam na área hospitalar têm de discutir as políticas de saúde,

além de algumas contradições no que diz respeito ao grau de importância e a

participação nas mesmas, percebe-se a necessidade de explorar melhor a visão dos

sujeitos em relação aos princípios do SUS,

Algumas respostas obtidas na fase anterior relacionadas ao grau de

importância e alcance das competências gerenciais causaram diversas

inquietações. Pode-se citar como exemplo a competência relacionada à

comunicação dialógica ser classificada como de relativa importância, o que levou a

90

questionar sobre o que é integralidade, pois se acredita que o alcance da

integralidade não é possível sem diálogo, já que tudo depende das discussões da

equipe multiprofissional de cada sistema de forma intersetorial. Sem a comunicação

efetiva possivelmente não se consegue produzir integralidade em saúde.

Para Silva et al. (2005) a integralidade surge como a capacidade de

profissionais e serviços de saúde interagir com os usuários, produzindo um território

comum que possibilite o diálogo entre esses sujeitos. Uma interação deve ser capaz

de ocorrer no cotidiano das práticas, tanto na oferta do cuidado como na

organização da atenção à saúde, e que sejam considerados aspectos subjetivos e

objetivos, a fim de buscar respostas positivas às demandas /necessidades de saúde

da população.

Além disso, a integralidade é irremediavelmente política. É uma prática social

que, segundo os mesmos autores, implica reconhecimento de diferentes visões de

mundo, reforçando a compreensão do ser enfermeiro como gestor, um ser singular,

capaz de contribuir de diferentes maneiras, de acordo com as habilidades, atitudes e

conhecimentos adquiridos durante sua vida.

Sendo assim, deve-se pensar na interdependência entre competência

gerencial e integralidade. Pode-se dizer que não existe integralidade sem que haja

gestor competente.

Os gestores são as pessoas responsáveis pela implantação do SUS e

trabalham para que este sistema funcione de acordo com seus princípios

organizativos e doutrinários, através do desenvolvimento de ações do

gerenciamento integrado. A integralidade deve ser uma vertente da organização das

práticas em saúde, ou seja, todas as competências gerenciais devem ser

permeadas pela integralidade.

Para Marx e Morita (2000), competências são habilidades técnicas e

conhecimento científico que, aliados as características pessoais, distinguem os

profissionais pelo seu alto desempenho. Então, competência não é tudo aquilo que o

enfermeiro faz dentro de uma determinada função, mas sim aquilo que o faz se

diferenciar dos outros.

Competência gerencial significa desenvolvimento de ações que envolvem

habilidades, atitudes e conhecimentos de gestão e, representa um diferencial que

91

contribui para a adoção de políticas que valorizem e qualifiquem o trabalho (BRASIL,

2004).

Sendo assim, buscou-se explorar um pouco mais sobre o princípio da

integralidade e competências gerenciais dos sujeitos envolvidos neste estudo, o que

se constituiu na a fase de entrevistas aos gestores do serviço de enfermagem.

Para tanto, utilizou-se a entrevista de profundidade com a intenção de

preencher as lacunas criadas no primeiro momento de coleta dos dados. Como é

uma técnica de entrevista que não se utiliza de um questionário totalmente

estruturado, permite uma conversa de forma mais livre entre o entrevistador e o

entrevistado.

Pode-se perceber que duas grandes categorias começaram a emergir:

Integralidade e as Competências gerenciais, apresentadas mais adiante.

No quadro a seguir apresenta-se como modelo das categorias encontradas:

Quadro 11: Categoria: O princípio da integralidade. Subcategoria: Atendimento

integral.

CATEGORIAS SUB-CATEGORIAS UNIDADE DE REGISTRO O princípio da Integralidade

Atendimento integral “É ver o paciente como um todo, integralmente, né?” Flox “... a integralidade é você, sei lá, ver o sujeito de um todo, não só como um ser completo, mas que tem direito a todas as coisas integralmente e não só parcialmente, então ter uma assistência integral pra suas necessidades e não porque o sistema tem que ser desse jeito. Ele tem que ser tratado integralmente e integralmente para as suas necessidades e não de acordo com protocolos ou rotinas, sei lá.” Coroa Imperial “...é atendê-los de forma integral, sem discriminar a cor e atender do início ao fim, atendendo a todas as necessidades deles, sejam físicas, psicológicas, biopsicosociais...” Campainha “...é ver o cidadão brasileiro não como paciente, mas como cidadão. É ver o indivíduo como um todo, de forma integral, que ele está inserido num meio e como é que é este meio dele, o que é que eu posso fazer... e essa dificuldade eu vejo hoje nos acadêmicos, nos profissionais de saúde, etc, né? Flor do Campo

5.3.1 Integralidade

92

Por ser polissêmico, o termo integralidade possibilita várias interpretações,

gerando a necessidade de se definir qual o sentido da integralidade que melhor

norteia o presente estudo. Isto se fez necessário para que ficasse distinto entre os

vários significados do termo.

A definição mais adequada, encontrou-se em Pinheiro e Mattos (2005), como

sendo a “necessidade de eliminar a dicotomia entre preventivo/curativo e

individual/coletivo que marcaram as políticas de saúde no Brasil, através da

separação dos campos da saúde pública e da atenção médico-hospitalar” e não

apenas como assistência integral com garantia de acesso às ações de promoção,

proteção e recuperação da saúde nos três níveis de atenção ou a prestação de

cuidados que se complementam.

5.3.2 Atendimento integral

No capítulo anterior, percebeu-se que a maioria dos entrevistados possui uma

visão bastante biologicista. Mostraram-se bastante envolvidos com a área

assistencial

Gerenciar a assistência de enfermagem foi uma das competências gerenciais

mais desenvolvidas, segundo os sujeitos do estudo que parecem entender a

integralidade como atenção centrada no sujeito, que atende a todas as

necessidades do mesmo.

Acredita-se que isto se deva ao fato de atuarem principalmente no nível

terciário de atenção. Sendo assim, observou-se que existe uma tendência de prestar

uma assistência holística, porém nos limites do sistema hospitalar, como se cada

nível não fizesse parte de um sistema maior. Enfatiza-se ser fundamental o

desenvolvimento de todos os princípios, em todos os níveis de atenção à saúde e,

para Pinheiro, Silva e Machado (2006) o principal desafio para a consolidação do

SUS é a materialização desses princípios que nortearam a sua concepção.

93

Observou-se que os entrevistados percebem o princípio da integralidade

como sendo o atendimento ou assistência integral, de forma holística.

Além disso, verificou-se uma homogeneidade nas respostas obtidas:

“É ver o paciente como um todo, integralmente, né?” Flox

Outro enfermeiro diz:

“... a integralidade é você, sei lá, ver o sujeito de um todo, não só como um ser completo, mas que tem direito a todas as coisas integralmente e não só parcialmente, então ter uma assistência integral pra suas necessidades e não porque o sistema tem que ser desse jeito. Ele tem que ser tratado integralmente e integralmente para as suas necessidades e não de acordo com protocolos ou rotinas, sei lá.” Coroa Imperial

A integralidade focalizada é aquela que se dá nos diversos serviços de saúde,

fruto do esforço de equipes multiprofissionais. Nesse espaço, ela se dá pelo

compromisso dos profissionais de escutar atenta e cuidadosamente os usuários

para identificar suas necessidades de saúde. Uma segunda dimensão dessa idéia é

a integralidade ampliada, resultado da articulação de cada serviço com uma rede

complexa composta por outros serviços e instituições.

Contudo, apesar dos entrevistados demonstrarem perceber o princípio da

integralidade como garantia de acesso ao cuidado integral. Não detalharam de que

forma esse cuidado é prestado, ou seja, em nenhum momento foram explicitadas as

ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde, ou alguma forma de

integração do cuidado coletivo/individual, como caminhos a serem utilizados para o

alcance da mesma.

Apesar disso, conforme mostrado anteriormente, a grande maioria das

competências gerenciais consideradas alcançadas pelos sujeitos têm relação direta

com a assistência integral ao cliente e alcance da integralidade.

Para Pinheiro e Machado (2002) assistência Integral é entendida como um

conceito amplo que só se aplica ao sistema de saúde como um todo e que implica a

redefinição do universo de práticas relacionadas à saúde do indivíduo, do coletivo e

das relações entre eles. Por isso, é necessário conhecer as práticas de saúde no

contexto da reforma sanitária para compreender os limites e possibilidades da

94

operacionalização da Atenção Integral nos espaços dos serviços de saúde.

A última fala demonstra ainda a percepção do princípio da Equidade

permeando o princípio da Integralidade. Isso fica evidente quando diz que o

individuo deve ser tratado integralmente para as suas necessidades e não de acordo

com protocolos ou rotinas.

Cecílio (2006) acredita que a integralidade pode absorver o princípio da

eqüidade, pois, se houver a máxima integralidade possível, com escuta eficiente, as

iniqüidades serão reconhecidas naturalmente como necessidades de saúde não

atendidas.�

Ao aprofundar-se nos princípios do Sistema Único de Saúde, pode-se

perceber que o princípio da Integralidade, na sua magnitude, abrange os demais

princípios em vários pontos. A amplitude da definição de Integralidade por si só não

permite que este princípio seja praticado sem que transcenda as fronteiras dos

demais. Pode-se afirmar que, ao se falar de integralidade, inevitavelmente os

demais princípios emergem naturalmente como parte de um todo indivisível.

Além disso, nota-se também a preocupação com o envolvimento do cuidador

na assistência, seja ele algum familiar ou não:

“É atender o usuário, e este usuário seria o paciente, a criança, o acompanhante, e este pode ser pai, mãe, vizinho... uma pessoa que seja responsável... atendê-los de forma integral, sem discriminar a cor e atender do início ao fim, atendendo a todas as necessidades deles, sejam físicas, psicológicas, biopsicosociais...” Campainha

A inclusão do familiar no cuidado é imprescindível para que as ações de

saúde cheguem até o usuário, pois, muitas vezes, esse cuidador se torna o elo entre

o usuário e o profissional da área da saúde. O cuidador também deve ser alvo da

educação em saúde, possibilitando em alguns momentos a continuidade do

tratamento, auxílio à recuperação do usuário e promoção da sua saúde.

Neste mesmo sentido, o enfermeiro deve buscar se instrumentalizar através

do desenvolvimento de competências de comunicação para fortalecer as ações a

serem desenvolvidas. A comunicação e o conhecimento são pontos fortes e dão

credibilidade a essas ações, fazendo com que as mesmas se solidifiquem.

95

Além da preocupação de que o cuidado seja realmente integral, que o usuário

receba o atendimento de acordo com suas necessidades, um dos enfermeiros relata

que este cuidado deva estar garantido, independentemente, da sua raça, estrato

social ou outros fatores. Pode-se perceber que a partir desta afirmação, este

entrevistado também percebe o princípio da integralidade permeado por outro

princípio do SUS, a universalidade. Neste caso, o entrevistado cita integralidade e

universalidade ao afirmar que, além do cuidado integral, o indivíduo deve ter acesso

à assistência sem discriminação de raça.

Em outro momento, um dos enfermeiros deixa implícito que atender de forma

integral implica em perceber o indivíduo no seu meio e interferir positivamente na

manutenção da sua saúde:

“...é ver o cidadão brasileiro não como paciente, mas como cidadão. É ver o indivíduo como um todo, de forma integral, que ele está inserido num meio e como é que é este meio dele, o que é que eu posso fazer... e essa dificuldade eu vejo hoje nos acadêmicos, nos profissionais de saúde, etc, né? Flor do Campo

Nota-se que o sujeito transcende os conceitos de cuidado integral citados até

então e começa a perceber o cliente além das fronteiras deste cuidado integral puro

e simples. Desta forma, deve-se atentar para a intersetorialidade no

desenvolvimento das ações do cuidar, pois disso depende a integralidade e não há

intersetorialidade sem o envolvimento dos sujeitos com as políticas públicas e

programas de atenção à saúde.

Para a Rede Unida (2006) a intersetorialidade é a articulação entre sujeitos

de setores sociais diversos e, portanto, de saberes, poderes e vontades diversas

para enfrentar problemas complexos. É uma nova forma de trabalhar, de governar e

de construir políticas públicas que pretende possibilitar a superação da

fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais para produzir efeitos mais

significativos na saúde da população.

Seguindo a mesma linha de pensamento, acredita-se no sistema de

referência e contra-referência bem implementada como instrumento para garantir a

atenção integral à saúde do indivíduo através da articulação intersetorial entre todos

os níveis de complexidade do SUS.

Para Araújo (1988) a questão da Referencia e Contra-Referencia se constitui

96

em aspecto essencial da proposta do modelo de atenção a saúde que incorpore os

princípios da regionalização, hierarquização e integralização do atendimento

prestado a população. Os níveis secundário e terciário são referências para o nível

primário e devem servir de contra-referência à população de forma adequada.

A formulação de uma política voltada para a organização de um sistema de

saúde equânime, integral e resolutivo requer para o atendimento efetivo dos

problemas de saúde da população a realização de um conjunto de ações articuladas

entre os diferentes níveis de complexidade da atenção à saúde (BRASIL, 1990). O

modelo atual de organização da atenção encontra-se estruturado em três níveis

hierárquicos complementares de atenção à saúde - atenção básica, de média e alta

complexidade. Torna-se importante entender os níveis de atenção à saúde como

complementares, numa forma de organização da atenção, não como níveis

fragmentados. A assistência deve estar integrada, num sistema único.

Neste sentido, deve-se atentar para a viabilidade do sistema de referência e

contra-referência como um instrumento para a integração desses diferentes níveis

de atenção do Sistema Único de Saúde.

5.3.3 Competência gerencial

Para o alcance e consolidação dos princípios do sistema de saúde atual é

necessária a participação de vários profissionais, principalmente, os que estão

ligados diretamente à área da saúde.

Para que isto aconteça é indiscutível a contribuição do profissional

enfermeiro, de forma efetiva nas ações exigidas. As competências gerenciais

desenvolvidas pelo enfermeiro somam-se aos esforços da luta por uma assistência

digna à saúde de todo cidadão brasileiro. É de relevante importância o

gerenciamento integral, ou seja, ações de gestão integradas voltadas para o objetivo

de unir as atividades de cunho curativo/preventivo, individual/coletivo.

O gerenciamento dos serviços de saúde, nas suas diversas vertentes, é

importante instrumento na busca da adequação entre as necessidades do usuário e

os objetivos da instituição de saúde.

97

Pierantoni, Varella e França (2006), afirmam que as formas verticalizadas da

gerência devem ser substituídas por gerência horizontal, com diminuição das

funções de chefia e a introdução de sistemas mais participativos e abertos de

decisão.

Pensar em gestão do trabalho, como eixo da estrutura organizacional dos

serviços de saúde, significa pensar estrategicamente, uma vez que a produtividade

e a qualidade do serviço oferecido à sociedade serão, em boa parte, reflexos da

forma e das condições com que são tratados os que atuam profissionalmente na

organização (ARIAS et al., 2006).

5.3.3.1 Competência gerencial como atribuição

Apesar da dificuldade em conceituar competência gerencial, percebe-se que

os enfermeiros relacionam as competências gerenciais à sua práxis no nível terciário

de atenção, explicando com suas próprias palavras e fornecendo exemplos que

facilitam a identificação das mesmas em suas falas. Porém, de modo geral, têm

dificuldade em relacionar as competências desenvolvidas com o sistema de saúde

como um todo. Parecem compreender as competências gerenciais nos níveis de

atenção isolados, como se cada um destes níveis fosse um sistema autônomo, auto-

suficiente. Não existe maior articulação entre os princípios do SUS e os diversos

níveis de atenção como um todo indivisível, parte de um sistema único.

Esta é uma condição que já poderia se poderia esperar, uma vez que a

maioria dos entrevistados afirmou não desenvolver as competências gerenciais

diretamente relacionadas às políticas de saúde em geral, conforme comentado

anteriormente.

Entende-se a gestão como uma questão política e percebe-se que isto está

ausente ou pouco consistente nas falas dos entrevistados. Acredita-se que a

contribuição do profissional em relação à integralidade possa ser insuficiente quando

ele se encontra alheio a toda política que rege o sistema em que atua.

Para Pinheiro e Luz (2001) os modelos aplicados à saúde visam à

organização formal do processo de trabalho de seus serviços, mediante a

administração de vários recursos, como por exemplo, os humanos. Tais modelos

98

geram uma cadeia de atos que resultam no funcionamento de uma instituição ou

organização. Entretanto, tais atos devem ser cumpridos por distintos atores, o que

acaba gerando um conjunto diferenciado de práticas.

Nota-se nas entrevistas a preocupação em relacionar as competências

gerenciais com os princípios do SUS. Fica clara a noção dos sujeitos sobre a

importância das competências gerenciais para a consolidação do sistema.

Existe uma concepção de competência gerencial vinculada aos princípios do

SUS, porém sua relação com todos os níveis de atenção não fica evidenciada:

“Bom, com relação às competências gerenciais, na realidade subentende-se que existe uma pessoa responsável pela parte organizacional, seja na questão intra-hospitalar, ou seja em uma unidade básica de saúde”.Flox

“... de uma maneira geral, é gerenciar da melhor maneira possível, em todos os aspectos, utilizando os princípios do SUS, né?” Campainha

“Gerenciar é utilizar os princípios do SUS, que são equidade, integralidade... aqueles princípios gerais do SUS e assegurar uma assistência ao paciente da melhor maneira possível.” Campainha

A próxima fala mostra a consciência do sujeito em torno da importância do

conjunto de competências gerenciais a serem desenvolvidas no seu contexto

profissional, através do desenvolvimento e aplicação dos princípios de liderança nos

processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem, uma competência

considerada alcançada pela maioria dos sujeitos na primeira fase de coleta de

dados (questionário).

“Olha, eu acho que, fora aquelas questões de organização, discernimento do que você tem que fazer, prioridade, gerenciamento, falando no que é maior dentro da instituição, isto é tudo [...] eu acho que uma das competências gerenciais que a gente usa mais no dia-a-dia, mais fortemente, com certeza é a questão da liderança, de ouvir as pessoas e saber o que fazer, em que hora fazer...” Coroa Imperial

Pode-se dizer que a liderança é uma competência fundamental a ser

desenvolvida pelos gestores dos serviços de saúde. Um líder pode influenciar

positivamente, ou não, a forma de pensar e de agir de sua equipe, gerando

comprometimento da mesma na obtenção dos resultados requeridos pela instituição.

Para Nantes (2006) o gerente cada vez mais é o maestro da equipe. E, em

breve, passará para seus clientes, internos ou externos, as competências individuais

99

e coletivas de sua equipe. No futebol, 11 jogadores entram em campo. O papel do

técnico é muito importante, mas fica fora de campo. Com as equipes de trabalho

também será o mesmo: os holofotes irão para os membros da equipe. O gerente

trabalhará “nos bastidores” para garantir o sucesso do time.

Porém, vale ressaltar a complexidade existente no desenvolvimento do papel

de um líder. Gerir pessoas não é uma tarefa das mais fáceis. A equipe deve ser

formada por pessoas que, mesmo com suas diferenças, lutam pela concretização de

um objetivo comum, integrando suas ações, refletindo a competência do seu líder.

Peres (2006) afirma que gerir pessoas é entender que o homem é dotado de

vida interior e experiências através de sua vida social, religiosa e psíquica, entre

outras, bem como, é o resultado de “marcas” singulares em sua formação, criando

crenças e valores compartilhados na dimensão cultural que vão construir a

experiência histórica coletiva dos grupos organizacionais. Além disso, gerir pessoas

é entender que o homem é um ser dotado de desejos, pulsão, expectativas, tem

alma e se comunica por meio de palavras e comportamentos.

Para Hitt (2005), são características do gerente, o compromisso com a

empresa e seus resultados estratégicos, além de habilidades para trabalhar com

diferentes pessoas e níveis de aspiração.

Os líderes eficientes influenciam de maneira significativa os comportamentos,

pensamentos e sentimentos daqueles com quem trabalham. A capacidade de

gerenciar os recursos humanos pode ser a mais crítica das habilidades do líder.

Líderes competentes também estabelecem o contexto, onde os interessados são

capazes de obter desempenho de máxima eficiência. O ponto crucial da liderança é

a capacidade de administrar as operações eficientemente e manter um desempenho

elevado ao longo do tempo (HITT, 2005).

5.3.3.2 Percepção da prática das competências gerenciais

Percebeu-se, através da falas, que as competências gerenciais permeiam a

práxis dos sujeitos que participaram do estudo. Eles demonstram a forte relação das

suas ações com o desenvolvimento de competências gerenciais:

100

“...e dentro do SUS, você determinar exatamente qual destas competências gerenciais você vai ter que usar, isto é a coisa mais complicada porque conceitualmente cada uma delas estão bem claras, mas operacionalmente é tudo junto, né?” Coroa Imperial

Para o mesmo sujeito ainda:

“Não acontece uma coisa separada da outra, tem que usar todos os dias. Então, das competências gerenciais, pra mim hoje, a principal, talvez a que comanda tudo é você conseguir discernir o que fazer, como fazer, o que é melhor pra instituição, o que é melhor para o SUS, mas essencialmente o que disso tudo é o melhor para o usuário. O mais difícil disso tudo é... até que ponto uma questão financeira exclusivamente do hospital tem que ser resolvida deste ou daquele jeito. E quando financeiramente pro hospital é pior, mas pro usuário é o mais justo, o mais correto? O mais complicado pra mim é isso.” Coroa Imperial

Esta fala reflete a visão do entrevistado sobre o objetivo da competência

gerencial que é instrumentalização do enfermeiro para aplicar as funções

administrativas no gerenciamento de recursos financeiros e de custos da assistência

de enfermagem, no desenvolvimento da sua função na instituição.

Apesar disso, durante a análise do desenvolvimento das competências

gerenciais no capítulo anterior, ficou evidente que a maioria dos sujeitos não

desenvolve este tipo de competência. Isto provavelmente deve-se ao fato de que a

maioria, encontra-se mais centrado ao que é relacionado diretamente à assistência,

fato já discutido anteriormente. Corroborando com este pensamento, faz-se

necessário lembrar que as entrevistas foram realizadas com os sujeitos

considerados como os maiores responsáveis pela gestão do serviço.

Trabalhar em equipe, promovendo a integração entre a enfermagem e

gestores como co-participantes do processo de trabalho gerencial, e analisar e

utilizar a comunicação dialógica no processo de trabalho foram outras competências

gerenciais consideradas alcançadas e encontraram-se implícitas:

“...eu digo pros enfermeiros: eu to mais na parte administrativa. Eles estão na parte assistencial. Então eles são, querendo ou não, os meus braços, as minhas pernas e a minha cabeça também, né? Por isso, assim, eu acabo dando até autonomia pra eles, dou bastante autonomia.” Campainha

Faz-se necessário lembrar, que anteriormente, alguns sujeitos classificaram a

101

comunicação dialógica como sendo de relativa importância. Porém, para este

gestor, isto parece significar importante instrumento no desenvolvimento do seu

trabalho junto à equipe. Além disso, entende-se que oportunizar a autonomia

necessária à equipe de saúde exige uma relação interpessoal pautada na confiança

mútua.

Veloso (2006) confirma esta afirmativa ao citar que, no trabalho da equipe,

três fatores devem ser abordados: capacitação profissional, a interface do trabalho

dos profissionais e a autonomia dos profissionais.

Autonomia, palavra polissêmica, pode ser entendida de diversas maneiras.

Nos serviços de saúde pode-se entendê-la como um caminho para a tomada de

decisão, como escolha individual ou até auto-determinação. O importante é não se

perder do senso de responsabilidade que envolve as atividades a serem

desenvolvidas.

Corroborando com esta afirmação, Veloso (2006) afirma que cada um dos

profissionais da equipe de saúde deve ter absoluta autonomia de trabalho naquilo

que é claramente de sua área de competência, não podendo um ser tutorado ou

comandado pelo outro.

Neste sentido, há necessidade de maiores discussões em torno das questões

relacionadas ao gerenciamento dos recursos humanos para fundamentar a resposta

obtida.

Para Santana (1993) há um amplo consenso sobre a necessidade de superar

entraves e limitações dos processos gerenciais de recursos humanos

tradicionalmente adotados pelas instituições de saúde. Para isso, torna-se

indispensável elaborar propostas e trabalhar sua viabilidade, buscando sempre a

inovação e o aperfeiçoamento das práticas de administração do trabalho nos

serviços de saúde.

De acordo com Hitt (2005) os gerentes são recursos importantes para as

empresas que procuram formular e implementar estratégias eficientemente. As

decisões estratégicas tomadas pelos gerentes influenciam a maneira pela qual a

empresa é desenhada e para que as metas sejam atingidas.

Realmente, são muitos os entraves enfrentados entre os gestores das

instituições de saúde em relação ao gerenciamento de recursos humanos.

102

Tradicionalmente, encontram-se colaboradores com interesses diversos e alheios

aos objetivos da própria instituição. Isto pode ser uma das maiores dificuldades

existentes em se alcançar os objetivos, pois as pessoas definitivamente precisam se

empenhar nas atividades que coloquem a sua empresa em ascensão.

Esta não é uma tarefa fácil. Muitas vezes os gestores enfrentam uma gama

de colaboradores descontentes, nas mais diversas situações que vão desde as

questões salariais aos incentivos e as condições de trabalho.

Além disso, o colaborador precisa estar capacitado para desenvolver suas

atividades de acordo com as necessidades da instituição, e, isto inclui, entre outras

coisas, investimento em sua formação profissional.

Cattani (apud DEMO, 2005), afirma que a capacitação do trabalhador aparece

como fator de aumento de produtividade, de sorte que a qualidade da mão-de-obra

obtida graças à formação escolar e profissional potencializaria a capacidade de

trabalho e de produção.

Para Veloso (2006) a capacitação profissional está também diretamente

relacionada com a formação acadêmica, com a qualidade das instituições de ensino,

com os projetos político-pedagógicos dos cursos e com o controle social que deve

ser exercido sobre os profissionais.

Por outro lado, o gerente de recursos humanos deve ser formado para

desenvolver também um olhar crítico no recrutamento de pessoas para o quadro de

colaboradores da empresa. Apesar disso, Arias et al. (2006) afirmam que menos de

10% dos gestores de recursos humanos detém qualificação formal por meio de

especializações relacionadas ao exercício de suas funções.

Além disso, o colaborador deve ser alocado na área em que desenvolve

melhor suas competências e, conseqüentemente alcança maior satisfação pelo seu

desempenho. Isto diminui sensivelmente os índices de rotatividade da empresa além

de diminuir também seus gastos com recrutamento de pessoal.

Demo (2005) afirma ainda que o desempenho individual e organizacional é

aumentado pela continuidade de colaboradores que conhecem suas funções, seus

colegas, sua organização com seus valores, cultura, produtos/serviços e seus

clientes. A perda de talentos importantes relaciona-se a dificuldade das

organizações para atingirem suas metas.

103

Sendo assim, acredita-se ser fundamental buscar a integração das políticas

de RH com os objetivos institucionais, desenvolvendo habilidades das pessoas para

que possam trazer maiores resultados à instituição, além de alcançarem satisfação

pessoal.

Uma equipe satisfeita relaciona-se melhor e, conseqüentemente, desenvolve

melhor suas atividades. Além disso, a rotatividade de colaboradores também

diminui.

Desta mesma forma, a busca por uma assistência que consiga suprir as

necessidades de saúde da população em geral permeia, necessariamente, o

trabalho interdisciplinar e multiprofissional.

Com a mesma importância, é necessário estabelecer relações de trabalho de

caráter interdisciplinar e multiprofissional como estratégia de atenção à saúde, sob o

enfoque da integralidade e da competência gerencial desenvolvida pela maioria.

Pode-se perceber na fala de outro entrevistado:

“Eu tenho que elaborar o protocolo de atendimento de enfermagem, direcionar a questão da assistência de enfermagem, o que compete à enfermagem e até onde é o limite de atendimento da parte de enfermagem. Hoje nós trabalhamos com uma equipe multidisciplinar cada profissional possui um papel importante frente ao atendimento do paciente, né? Só que cada profissional tem seu limite. Possui as suas competências, então, cada profissional tem que estabelecer realmente quais são as suas prioridades, o que tem que fazer...” Flox

Para Veloso (2006) o crescimento do conhecimento criou novas

necessidades no mundo do trabalho. Na Antigüidade, sábios eram, ao mesmo

tempo, filósofos, matemáticos, astrônomos, engenheiros, artistas, escritores etc. Na

área da saúde, até a primeira metade do século passado, poucos profissionais

formalmente habilitados dominavam todo o conhecimento e exerciam todas as

ações do setor. Nos tempos atuais, é totalmente impossível que apenas alguns

profissionais exerçam, com toda eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo

das ações de saúde.

Verifica-se, então, que o grande desafio da assistência à saúde da população

está em coordenar e associar saberes de uma equipe formada por profissionais de

formações distintas, porém com objetivo comum: saúde para todos.

104

6 SÍNTESE

O conteúdo trabalhado e discutido acerca deste tema, durante a realização

do estudo proporcionou melhor visão do sistema de saúde atual e da forma com que

os profissionais da atenção hospitalar se articulam neste contexto. A partir deste

estudo, percebe-se que, para os gestores do serviço de saúde hospitalar, não está

claro qual o seu papel nem a forma de organização do sistema, o que se considera

uma situação bastante preocupante.

De acordo com a lei 94.406 de 08 de junho de 1987 (COREN-SC, 2000) que

dispõe sobre o exercício da enfermagem, ao enfermeiro incumbe privativamente,

entre outros, a direção e organização dos serviços de enfermagem; o planejamento,

organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de

enfermagem; a participação na elaboração, execução e avaliação dos planos

assistenciais de saúde; a participação nos programas e nas atividades de

assistência integral à saúde individual e de grupos específicos; a participação nos

programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, bem como ações

voltadas diretamente à assistência dos clientes.

Neste sentido, acredita-se que as competências gerenciais do enfermeiro

encontram-se inseridas na lei do exercício profissional da enfermagem e parecem

ser, na sua maioria, ainda desconhecidas pelos sujeitos do estudo, o que dificulta a

relação concreta com os objetivos do sistema de saúde atual, emperrando sua

consolidação.

Este estudo evidenciou a falta de clareza sobre as competências gerenciais a

serem desenvolvidas pelos enfermeiros e gestores de serviços. Os resultados

apontaram que estes gestores, que atuam em instituições hospitalares, ainda

desconhecem suas atribuições e têm dificuldade de desenvolvê-las de forma

competente, no contexto do SUS, principalmente no que se refere à implementação

das políticas e estratégias que o Ministério da Saúde elenca como prioridades com o

propósito de readequar a articulação do sistema, tentando delinear alguns caminhos

de acordo com a realidade de cada município, a partir de seu diagnóstico e plano de

saúde.

Gerenciar ou ser competente na prática da gerência significa ser capaz de

conhecer (saber), atuar de forma adequada perante as situações de cunho gerencial

105

(saber fazer), ter atitudes gerenciais adequadas a cada situação/tomada de decisão

(saber ser) e ainda estabelecer relacionamentos adequados a cada situação (saber

articular processos e relações). Neste contexto os enfermeiros e gerentes do

hospital em estudo não apresentaram com clareza o posicionamento firme sobre

cada um destes atributos, uma vez que apresentaram alguns posicionamentos que

se contrapõem com algumas colocações apontadas, como os resultados

encontrados em relação à análise das políticas públicas e sua influência na

organização da atenção à saúde, desenvolvida pela maioria e considerada

relativamente importante por alguns deles. Porém, neste mesmo contexto afirmam

que a análise dos programas de atenção à saúde não é desenvolvida, apesar de

conferirem extrema importância à mesma.

Nestas contradições se percebe a incerteza e a pouca clareza do que

realmente seja desenvolvido ou do caminho a ser percorrido pelo gestor. Isto

significa que, perante a falta de firmeza sobre o que realmente se acredita e se faz,

pode-se supor que as ações e tomada de decisões sejam muito variadas, dando

uma margem a ações nem sempre adequadas no que se refere ao ato de gerenciar

em saúde.

Na atenção à saúde hospitalar, percebe-se que esta falta de clareza

influencia no desenvolvimento da intersetorialidade, entendida como instrumento a

ser utilizado pelos Municípios/Estado para o desenvolvimento e inclusão social com

o intuito de melhorar as condições de vida da população, superando a fragmentação

do conhecimento e da forma de assistir. Acredita-se que esta articulação deve existir

independentemente do nível de atenção no qual o enfermeiro atua, atendendo as

necessidades do cidadão de forma integrada através da relação de uma parte do

setor saúde com uma parte de outro setor, visando alcançar resultados melhores do

que se poderia alcançar agindo separadamente.

Neste mesmo sentido, cita-se a capacitação dos profissionais da área da

saúde hospitalar para atuarem de forma mais dinâmica na promoção e recuperação

da saúde e prevenção da doença, como uma forma de se alcançar a

intersetorialidade. Uma estratégia para isto deve ser a educação permanente em

saúde priorizando a formação de pessoal habilitado a trabalhar de acordo com as

políticas de saúde e em consonância com os princípios do SUS.

106

No entanto, para que o enfermeiro seja efetivamente um ator social nesta

mudança, e para que tudo isto aconteça de maneira satisfatória, é necessário o

desenvolvimento de competências gerenciais que potencializem suas ações para

que a qualidade da assistência seja alcançada.

Porém, neste estudo verificou-se que, no que se refere às competências

gerenciais, existem ainda algumas falhas importantes, pois os sujeitos do estudo

demonstraram não desenvolver integralmente suas funções/tarefas/atribuições

gerenciais com eficácia e eficiência para potencializar a qualidade da atenção à

saúde neste contexto hospitalar, conforme conceituado por Benito (2006).

A mesma autora conceitua ainda o conhecimento gerencial como sendo um

conteúdo integrado adquirido no processo histórico de vida de cada profissional, que

deve ser incorporado ao saber gerencial e observado no seu comportamento efetivo

ou adequado, em um contexto assinalado de gestão em saúde.

Neste estudo evidenciou-se a falta do conhecimento gerencial. Além disso, as

práticas de gerência integradas ao processo de trabalho no contexto do SUS se

mostram presentes quando relacionadas principalmente à liderança, porém, são

insuficientes no que se referem aos demais domínios. De modo geral, percebe-se

que as atitudes gerenciais dos sujeitos, demonstradas através deste estudo, não

contribuem totalmente para a formação de um gestor competente. Atitudes,

conforme definidas por Benito (2006), são condutas de gerência observadas através

de seus comportamentos de domínio ético, afetivo, subjetivo, interno e próprio de

cada ser em situações de trabalho em saúde.

Sendo assim, é possível relacionar alguns fatores que dificultam e interferem

nesta articulação dos enfermeiros com o sistema atual.

Uma das dificuldades pode estar relacionada com o fator idade e experiência.

Os dados de identificação dos sujeitos revelam um setor de saúde gerido, na sua

maioria, por enfermeiros jovens e com pouco tempo de experiência. Possivelmente

estes e outros fatores, como a experiência praticamente exclusiva no nível terciário

de atenção e o pouco tempo de atuação na instituição, colaboraram

substancialmente para os resultados ora apresentados.

Os dados coletados através do questionário mostram maior adesão do

enfermeiro no que diz respeito às competências gerenciais, porém, mais

107

diretamente relacionadas ao cuidado do indivíduo, em detrimento das competências

diretamente relacionadas às políticas de saúde no geral. Assim, existe a tendência

ao isolamento do gestor no nível terciário de atenção, gerando um distanciamento

do sistema de saúde como um todo. Desta mesma forma, através da entrevistas

pode-se perceber que apenas o cuidado individual e integral atrelado ao sistema

hospitalar permanece prioritariamente permeando o cotidiano destes gestores de

saúde, talvez, como reflexo de uma formação ainda biologicista.

Sendo assim, ressalta-se a necessidade de ultrapassar as barreiras criadas

em torno do cuidado integral para um conceito mais amplo. Deve-se enxergar o

cliente como um ser completo, carente de atenção em vários sentidos, e que, ao

mesmo tempo, é um ser que faz parte de um sistema maior que exige ações

diversificadas não só no campo das políticas públicas de saúde, mas no campo das

políticas sociais como um todo.

O sistema de referência e contra-referência, por exemplo, ainda não

solidificado na instituição estudada pode também estar contribuindo para o

distanciamento encontrado entre os níveis de atenção. Sendo assim, acredita-se

que quando os profissionais não utilizam este tipo de estratégia para garantir que a

continuidade do cuidado ultrapasse as fronteiras do sistema hospitalar, tendem a se

perceber num sistema alheio ao SUS, contrariando a concepção de atenção básica.

Nesta forma de pensar, dos profissionais do nível secundário e terciário, consistem

as dificuldades de articulação com as políticas públicas, apesar de perceberem sua

importância.

A proposta do sistema de referência e contra-referência se constitui em

aspecto essencial no alcance dos princípios da regionalização, hierarquização e

integralização do atendimento prestado a população e tão discutido na construção

do sistema de saúde atual. Diante disso, Caleman, Moeira e Sanchez (2006)

definem a estratégia de referência como sendo a de encaminhar usuários para

serviços de maior complexidade, previamente acordados, visando complementar a

resolubilidade da unidade de saúde, e a estratégia de contra-referência como sendo

um ato formal de encaminhamento do usuário à unidade de saúde que o referiu,

após resolução da causa da referência. A contra-referência deve sempre ser

acompanhada das informações necessárias ao seguimento do usuário na unidade

de origem. Desta forma, acredita-se que os índices de reinternação hospitalar

108

podem ser sensivelmente controlados, já que o sistema de referência e contra-

referência permite maior controle das crianças que voltam para a casa com alta

melhorada após o atendimento no nível terciário de atenção.

Faz-se necessário comentar também outro aspecto importante: a integração

da equipe de saúde para garantir a continuidade do serviço. Neste sentido, líderes e

liderados parecem exercer efetivamente seu papel na instituição. Este fato fica

evidenciado nas falas coletadas através das entrevistas e nas competências

considerados desenvolvidas, evidenciando a consciência dos sujeitos em torno da

importância do conjunto de competências gerenciais a serem alcançadas no seu

contexto profissional, desenvolvendo e aplicando os princípios de liderança nos

processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem. Isto reforça a garantia

da assistência no âmbito hospitalar.

Neste sentido, acredita-se que a instituição em estudo conta com alguns

pontos positivos a favor da assistência adequada, porém existe a necessidade de

maior articulação dos enfermeiros com a política vigente.

Diante disso, cabe dizer que a solidificação de um sistema de saúde

equânime, universal e integral encontra-se pautada também na qualificação

sistemática e permanente dos seus profissionais, diante da complexidade existente

neste processo. Ressalta-se, desta forma, o papel de gestão como o principal

condutor na elaboração das mudanças necessárias para a consolidação dos

objetivos propostos para o SUS.

109

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste estudo, considera-se que os objetivos propostos foram

alcançados, uma vez que, o pensamento dos sujeitos em relação às competências

gerenciais do enfermeiro e a relação com o sistema de saúde foi conhecido. Os

dados coletados através de questionários e entrevistas ao longo deste estudo

forneceram subsídios para que os sujeitos deixassem vir à tona algumas das suas

percepções em relação à sua prática.

Para a pesquisadora esta experiência foi possível através do referencial

teórico que forneceu subsídios para que fossem analisados minuciosamente os

dados encontrados.

Pode-se perceber que, em relação à identificação dos sujeitos, as mulheres

compõem predominantemente o quadro de gestores do serviço. Além disso,

encontrou-se uma instituição com gestão jovem, e conseqüentemente, com pouco

tempo de experiência, predominantemente voltada para o nível terciário de atenção.

Segundo a percepção dos sujeitos, as competências gerenciais são

valorizadas e encontram-se presentes no cotidiano dos mesmos. Ainda assim, pode-

se afirmar que existe a tendência da não valorização das competências que não são

consideradas desenvolvidas.

Além disso, os sujeitos demonstraram competência no desenvolvimento de

ações relacionadas diretamente à assistência de enfermagem, o que, acredita-se,

contribui para a manutenção da qualidade do serviço prestado. Porém, no que se

refere às políticas de saúde, demonstraram pouco envolvimento.

As políticas de saúde servem de base para o sistema, de maneira que, para

que este se construa da forma idealizada, faz-se necessária a participação de todos

no sentido de acompanhar as necessidades de mudanças constantes.

Percebe-se que muitos caminhos ainda devem ser explorados para que se

consiga a concretização das mudanças já propostas há algum tempo, a partir do

movimento da Reforma Sanitária. Precisa-se buscar o constante conhecimento

sobre as políticas que regem o sistema de saúde atual para que os profissionais se

tornem efetivamente atores sociais nesta mudança.

110

As práticas de saúde parecem estar ainda atreladas ao modelo biologicista

da formação dos enfermeiros que, ao que parece, persistem em prestar uma

assistência moldada a uma lógica reducionista, pois não favorecem as ações

intersetoriais ou não percebem a integração existente entre os níveis de atenção.

Os níveis de atenção à saúde não são percebidos como forma de

organização do sistema de saúde atual. Os sujeitos percebem esses níveis como

uma fragmentação do Sistema Único de Saúde, e executam suas ações dentro de

cada um deles, sem extrapolar os limites delineados através desta organização.

Neste contexto, em muitos momentos, os sujeitos deixam transparecer a sua

percepção acerca do sistema no qual atuam, centrada predominantemente no nível

terciário de atenção, o que contraria a nova forma de perceber a atenção básica.

Sendo assim, percebe-se que esta relação com as políticas que regem o sistema de

saúde mostra-se insuficiente diante das necessidades de consolidação do sistema,

comprometendo a reestruturação dos serviços e, conseqüentemente, a qualidade da

assistência como um todo.

Porém, no que diz respeito ao trabalho em equipe, os sujeitos demonstram

desenvolver suas funções de liderança, promovendo a integração entre os diversos

profissionais e favorecendo, desta forma, a interdisciplinaridade e

multiprofissionalidade.

Apesar disso, acredita-se que existe falta de clareza por parte dos sujeitos

sobre os significados da negociação, já que esta habilidade está inserida

naturalmente no cotidiano de trabalho de todo enfermeiro e não percebida por eles.

No caso das políticas de RH adotadas pela instituição, não ocorre

participação efetiva dos sujeitos, demonstrando falha na estrutura organizacional do

serviço de enfermagem, acarretando alta rotatividade de funcionários.

Quanto à avaliação do serviço, percebe-se algumas contradições, de modo

geral, entre os sistemas de informação utilizados e a implementação dos sistemas

de avaliação. Entende-se que os sistemas de informação são instrumentos a serem

utilizados na avaliação do serviço. Ao implementar os sistemas de informação, o

enfermeiro está, indiretamente, implementando o sistema de avaliação.

Os enfermeiros utilizam os sistemas de informação da instituição que

fornecem importantes dados ao município, como a mortalidade infantil na instituição,

111

consultas emergenciais e internações pelo SUS, porém, o prontuário eletrônico, que

poderia trazer maior integração das informações fornecendo subsídios, direcionando

as ações de gerenciamento, está em fase de implantação. Diante disso,

pode-se dizer que o processo gerencial em saúde necessita ser complementado.

A comunicação é descrita como uma ferramenta de assistência de

enfermagem que os sujeitos demonstraram utilizar na sua prática. Acredita-se que

este quesito seja também uma estratégia a ser utilizada pelo supervisor de

enfermagem, pois, por ter função educativa e contínua, a comunicação deve

permear todo o seu processo de trabalho. O supervisor deve, através da

comunicação, trilhar os caminhos a serem seguidos, identificando as dificuldades da

equipe e investindo no seu aperfeiçoamento. Os colaboradores precisam também

sentir-se valorizados, o que somente acontece na relação horizontal.

A integralidade é entendida como cuidado integral e as competências

gerenciais estão presentes no cotidiano como atribuição.

Ao final, pode-se afirmar que os pressupostos elencados no início do estudo

se confirmaram:

-O Sistema Único de Saúde ainda não é conhecido totalmente pelos profissionais

que nele atuam.

-O fato de ser um hospital universitário realmente não influencia para que os

profissionais desenvolvam suas competências gerenciais de forma diferenciada.

-Os profissionais da área hospitalar demonstraram déficit de conhecimento das

Políticas de Saúde Nacionais, que ultrapassam as barreiras do nível terciário de

atenção.

-O desenvolvimento das competências gerenciais do enfermeiro está focada,

principalmente, no cuidado integral, no nível terciário.

É oportuno ressaltar, que este estudo evidenciou a importância da educação

permanente como setor multiprofissional que leve o colaborador a refletir sobre a

missão da instituição, que é promover, prevenir e recuperar a saúde infantil através

da assistência, ensino, pesquisa e extensão, com excelente qualidade, colaborando,

através de suas ações para que a instituição se torne referência para a região.

112

Acredita-se, neste sentido, que o estudo possa ter contribuído com um

discreto despertar motivador nos gestores enfermeiros que atuam nesta instituição,

no sentido de ter mostrado através dos questionamentos a política do SUS e a

importância das competências gerenciais que o enfermeiro deve desenvolver como

eixos fundamentais para se construir e redefinir as práticas e a organização das

ações em saúde tendo como foco a articulação de fazeres que não terminam na

recuperação da doença mas que sim fazem parte do ciclo vital do ser humano.

O diagnóstico sobre as competências gerenciais do enfermeiro que é

apresentado nesta pesquisa, após ser apresentado e entregue em relatório à gestão

da instituição em estudo, de alguma forma contribuirá com a sensibilização tanto de

gestores como dos próprios profissionais no sentido de ser um ponto de início para

as discussões e readequações sobre as ações que merecem atenção para a gestão

do trabalho de enfermagem.

Muitos caminhos ainda precisam ser percorridos para que as políticas que

regem o SUS sejam entendidas e postas em prática. Espera-se, que o estudo,

possa colocar em discussão todas estas questões para que os enfermeiros se

instrumentalizem e façam parte desta construção e busquem, através de suas

ações, a diminuição da injustiça social existente.

Algumas limitações fizeram parte deste estudo. O fato de conhecer os

sujeitos e desenvolver atividade docente na instituição trouxe algumas dificuldades à

pesquisadora. Foi preciso muito esforço para analisar o que foi dito nas entrevistas

sem permitir que a visão adquirida sobre as pessoas que colaboraram com o estudo

interferisse nos resultados. Descrever a percepção dessas pessoas sobre o tema

desvinculando-as de toda a visão formada há algum tempo sobre as mesmas, seja

como profissionais ou como amigos também exigiu bastante empenho. Pode-se

dizer que existe uma estreita relação de amizade com algumas delas, e separar isto,

foi outro desafio a ser vencido. Não foi simples ignorar toda a história construída ao

longo de vários anos, para que a análise representasse o que realmente estas

pessoas queriam dizer, sem a interferência da visão de pesquisadora, tornando-se

um exercício de aperfeiçoamento ao longo desta caminhada.

113

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118

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119

APÊNDICES

120

APÊNDICE A - Consentimento livre e esclarecido

CONVITE A PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO “INTEGRALIDADE: REPENSANDO A PRÁXIS DAS COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO”.

Através deste estamos convidando você para participar de um estudo sobre as competências gerenciais do enfermeiro na consolidação da integralidade. Nosso objetivo é avaliar as competências gerenciais dos enfermeiros que atuam nesta instituição, na perspectiva da consolidação de um dos princípios do SUS, a Integralidade. Sinta-se completamente livre para decidir participar ou não, mas ressaltamos a importância de sua contribuição. Outrossim, esclarecemos que: seu anonimato está garantido; as informações serão sigilosas; a não participação não acarretará nenhum prejuízo a sua pessoa; as informações e resultados obtidos ficarão a sua disposição; sua participação não acarretará qualquer desconforto, risco, dano ou ônus a sua pessoa; os benefícios esperados relacionam-se ao Sistema Único de Saúde como um todo buscando maior aproximação do nível terciário de atenção com a integralidade. Os dados coletados serão utilizados para fins acadêmicos de pesquisa e divulgação de conhecimento sobre o tema. Caso concorde com estes termos, solicitamos o preenchimento e assinatura neste documento, conforme segue.

Eu, ________________________________________________________________, documento de identidade no ______________________________ declaro que concordo, de forma livre e esclarecida, em participar do estudo “INTEGRALIDADE: REPENSANDO A PRÁXIS DAS COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO”, desenvolvido pela mestranda Luciana de Cássia Nunes Nascimento e sob a orientação da Professora Dra Gladys Amélia Vélez Benito, aprovado pela Comissão de Ética da UNIVALI, conforme Parecer noxxxxxxxxxxxx.

Itajaí,____/____/____

ASSINATURA________________________________________________________

121

APÊNDICE B - Instrumento de coleta de dados

(QUESTIONÁRIO)

Nº________

INTEGRALIDADE: REPENSANDO A PRÁXIS DAS COMPETÊNCIAS

GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO DA REGIÃO

DA FOZ DO RIO ITAJAÍ – SC.

Caro colega, estamos realizando um trabalho de investigação que pretende contribuir para identificar as competências gerenciais do enfermeiro que atua no nível terciário de atenção, na consolidação do SUS. Para concretizar este objetivo precisamos de sua colaboração. Solicitamos que você disponibilize um tempo para responder este instrumento.

Assinando o termo de consentimento livre esclarecido, em nenhum momento você será identificado, porque o termo não é grampeado na mesma folha do questionário.

Solicito sua colaboração no sentido de responder todas as questões deste instrumento, visto que o não preenchimento completo das questões dificultará atingir o objetivo desta pesquisa que é identificar as competências gerenciais requeridas e desenvolvidas pelo enfermeiro do nível terciário de atenção.

1 Dados de identificação 1.1 Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) 1.2 Idade: 1.3 Tempo de formado: anos 1.4 Tempo de atuação no nível terciário de atenção como enfermeiro: anos 1.5 Tempo de serviço nesta instituição: anos 1.6 Pós-Graduação: ( ) Especialização: _______________________________________________ ( ) Mestrado: ___________________________________________________ ( ) Doutorado: __________________________________________________ ( ) Nenhuma 1.7 Que funções desenvolve nesta instituição?

122

1.8 Qual sua área de atuação? 1.7 Possui outro vínculo empregatício? ( ) sim Local:__________________________________________________ ( ) não

Orientações

O preenchimento do questionário deverá ser realizado assinalando um “X” sobre uma única opção do grau de importância que o participante acha adequado. Desta forma, cada item receberá do participante um escore de 01 a 05, assim definido de acordo com a seqüência abaixo:

01-sem importância; 02-pouca importância; 03-relativa importância; 04-muita importância; 05-extrema importância;

Haverá ainda, no início de cada sentença, a um espaço para identificar cada

competência alcançada pelo enfermeiro no desenvolvimento de suas competências. ( ) analisar as políticas públicas (nacional, estadual e local) e sua influência na organização da atenção à saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) distinguir as características dos modelos de atenção à saúde no Brasil e suas implicações políticas nas diversas áreas de assistência; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) analisar as políticas e os programas de atenção à saúde e a participação da enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) discutir e utilizar os princípios éticos e legais na tomada de decisão e nas relações interpessoais nos Serviços de Saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) analisar e mobilizar mecanismos para o controle social em saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) analisar os elementos constitutivos do processo de trabalho em saúde e na Enfermagem nos diversos níveis de atenção à saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas de saúde, nos diversos níveis de atenção, junto aos indivíduos, família e comunidade; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) correlacionar as influências da evolução do pensamento administrativo na prática gerencial dos serviços de saúde e de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

123

( ) identificar os elementos técno – políticos e ideológicos, compreendidos no processo administrativo; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) reconhecer as políticas de recursos humanos e seus determinantes, definidos a partir da Reforma Sanitária; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) reconhecer a Gestão de Pessoas como estratégia para a consolidação do Sistema Único de Saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) reconhecer a política de saúde do trabalhador, e suas implicações para enfermagem, assegurando infra-estrutura de modo a promover a qualidade de vida no trabalho; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) entender a Política Recursos Humanos na perspectiva de remuneração dos profissionais de saúde e do processo de desregulamentação do trabalho e seu reflexo no serviço de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) compreender e aplicar a Política de RH no processo de dimensionamento de pessoal de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) compreender a Política de RH, analisando e aplicando os instrumentos de avaliação de desempenho do pessoal de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) compreender e aplicar a Política de RH, no Planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações de Educação Permanente dos trabalhadores de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) trabalhar em equipe, promovendo a integração entre a enfermagem e gestores como co-participantes do processo de trabalho gerencial; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) estabelecer relações de trabalho de caráter interdisciplinar e multiprofissional como estratégia de atenção à saúde, sob o enfoque da integralidade; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) desenvolver e aplicar os princípios de liderança nos processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) analisar e utilizar a comunicação dialógica no processo de trabalho; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas

124

gerenciais nos serviços de saúde e de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) analisar e propor intervenções na estrutura físico-funcional e organizacional dos estabelecimentos assistenciais de saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) compreender, estabelecer e participar de negociações nos serviços de saúde para garantir o suprimento de recursos viabilizadores da assistência de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) elaborar, executar e avaliar o plano de supervisão da equipe de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) utilizar a informática e os sistemas de informação nos serviços de saúde e de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos materiais nos serviços de saúde; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) implementar os sistemas de avaliação, elaborando indicadores de qualidade nos serviços de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) conhecer o processo de Consultoria em Enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos financeiros e de custos da assistência de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) conhecer os modelos de acreditação hospitalar; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) gerenciar a assistência de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5

( ) reconhecer a cultura e o clima organizacional e as possibilidades de mudanças dos serviços de saúde e de enfermagem; Grau de Importância 1 2 3 4 5 ( ) conhecer o processo de gerenciamento de conflitos e preparar a equipe para as mudanças. Grau de Importância 1 2 3 4 5

OBRIGADA!

125

APÊNDICE C - Distribuição das competências gerenciais dos enfermeiros de

um hospital pediátrico, no ano de 2006, segundo grau de importância e

desenvolvimento das competências gerenciais.

Distribuição das competências gerenciais dos enfermeiros de um hospital

pediátrico, no ano de 2006, segundo grau de importância e desenvolvimento

das competências gerenciais.

COMPETÊNCIA 3

4

5

NI

SIM

NÃO

1 Analisar as políticas públicas (nacional, estadual e local) e sua influência na organização da atenção à saúde;

2 6 7 0 13 02

2 Distinguir as características dos modelos de atenção à saúde no Brasil e suas implicações políticas nas diversas áreas de assistência;

2 9 4 10 05

3 Analisar as políticas e os programas de atenção à saúde e a participação da enfermagem;

1 5 9 0 04 11

4 Discutir e utilizar os princípios éticos e legais na tomada de decisão e nas relações interpessoais nos Serviços de Saúde;

0 4 11 0 12 03

5 Analisar e mobilizar mecanismos para o controle social em saúde;

1 10 4 0 05 10

6 Analisar os elementos constitutivos do processo de trabalho em saúde e na Enfermagem nos diversos níveis.

3 6 4 2 04 11

COMPETÊNCIA

3

4

5

NI

SIM

NÃO

7 Planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas de saúde, nos diversos níveis de atenção, junto aos indivíduos, família e comunidade;

0 5 9 1 10 05

8 Correlacionar as influências da evolução do pensamento administrativo na prática gerencial dos serviços de saúde e de enfermagem;

5 3 7 0 05 10

9 Identificar os elementos técno – políticos e ideológicos, compreendidos no processo administrativo;

4 7 4 0 05 10

10 Reconhecer as políticas de recursos humanos e seus determinantes, definidos a partir da Reforma Sanitária;

1 6 7 1 01 14

11 Reconhecer a Gestão de Pessoas como estratégia para a consolidação do Sistema Único de Saúde;

1 6 7 1 05 10

126

12 Reconhecer a política de saúde do trabalhador, e suas implicações para enfermagem, assegurando infra-estrutura de modo a promover a qualidade de vida no trabalho;

0 3 11 1 10 05

COMPETÊNCIA

3

4

5

NI

SIM

NÃO

13 Entender a Política Recursos Humanos na perspectiva de remuneração dos profissionais de saúde e do processo de desregulamentação do trabalho e seu reflexo no serviço de enfermagem;

0

8

7

0

05

10

14 Compreender e aplicar a Política de RH no processo de dimensionamento de pessoal de enfermagem;

0 4 11 0 04 11

15 Compreender a Política de RH, analisando e aplicando os instrumentos de avaliação de desempenho do pessoal de enfermagem;

1 3 11 0 08 07

16 Compreender e aplicar a Política de RH, no Planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações de Educação Permanente dos trabalhadores de enfermagem;

0 3 12 0 05 10

17 Trabalhar em equipe, promovendo a integração entre a enfermagem e gestores como co-participantes do processo de trabalho gerencial;

0 1 14 0 13 02

COMPETÊNCIA

3

4

5

NI

SIM

NÃO

18 Estabelecer relações de trabalho de caráter interdisciplinar e multiprofissional como estratégia de atenção à saúde, sob o enfoque da integralidade;

0

3

12

0

11

04

19 Desenvolver e aplicar os princípios de liderança nos processos de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem;

0 3 12 0 13 02

20 Analisar e utilizar a comunicação dialógica no processo de trabalho;

1 6 8 0 12 03

21 Planejar, implementar e avaliar ações e estratégias resolutivas dos problemas gerenciais nos serviços de saúde e de enfermagem;

0 6 8 1 11 04

22 Analisar e propor intervenções na estrutura físico-funcional e organizacional dos estabelecimentos assistenciais de saúde;

0 5 9 1 12 03

23 Compreender, estabelecer e participar de 1 5 8 1 03 12

127

negociações nos serviços de saúde para garantir o suprimento de recursos viabilizadores da assistência de enfermagem;

COMPETÊNCIA

3

4

5

NI

SIM

NÃO

24 Elaborar, executar e avaliar o plano de supervisão da equipe de enfermagem;

0 4 9 1 11 04

25 Utilizar a informática e os sistemas de informação nos serviços de saúde e de enfermagem;

3 7 5 0 14 01

26 Aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos materiais nos serviços de saúde;

0 5 10 0 13 02

27 Implementar os sistemas de avaliação, elaborando indicadores de qualidade nos serviços de enfermagem;

2 6 7 0 05 10

28 Conhecer o processo de Consultoria em Enfermagem;

2 4 7 2 02 13

29 Aplicar as funções administrativas no gerenciamento de recursos financeiros e de custos da assistência de enfermagem;

3 5 6 1 04 11

30 Conhecer os modelos de acreditação hospitalar;

2 7 5 1 07 08

31 Gerenciar a assistência de enfermagem; 0 2 12 1 11 04

COMPETÊNCIA

3

4

5

NI

SIM

NÃO 32 Reconhecer a cultura e o clima organizacional e as possibilidades de mudanças dos serviços de saúde e de enfermagem;

1 5 7 2 10 05

33 Conhecer o processo de gerenciamento de conflitos e preparar a equipe para as mudanças.

0 6 8 1 11 04

Legenda: 3 - relativa importância 4 – muita importância 5 – extrema importância NI – não informado Sim – desenvolve a competência Não – não desenvolve a competência.

128

APÊNDICE D - Roteiro de entrevista semi-estruturada

1. Na sua opinião, o que são competências gerenciais?

2. Como você relacionaria as competências gerenciais desenvolvidas por você com

o Sistema Único de Saúde?

3. Você conhece os princípios do SUS? Poderia citá-los?

4. O que é o princípio da Integralidade?

5. De que forma você acha que, com o seu trabalho como enfermeiro, pode

contribuir para a consolidação da integralidade?

129

ANEXOS

130

ANEXO A - Organograma da instituição

131

132

ANEXO B - Atribuições do profissional graduado em enfermagem

Formação Profissional

Enfermeiro - graduação em enfermagem (3° grau)

Pós-graduação:

1 especialização

2 mestrado

3 doutorado

4 pós-doutorado

O profissional graduado em enfermagem pode exercer as seguintes funções, segundo a Lei nº 7.498, decreto nº 94.406:

I - Privativamente:

1 Direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de serviços e de unidade de Enfermagem;

2 Organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços;

3 Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem;

4 Consultoria, auditoria, e emissão e parecer sobre matéria de Enfermagem;

5 Consulta de Enfermagem;

6 Prescrição da assistência de Enfermagem;

7 Cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;

8 Cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas.

II Como integrante de equipe de saúde:

1 Participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;

2 Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;

133

3 Prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde publica e em rotina aprovada pela instituição de saúde;

4 Participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;

5 Prevenção e controle sistemático de infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas comissões;

6 Participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem;

7 Participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica;

8 Prestação de assistência de Enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;

9 Participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;

10 Acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;

11 Execução e assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto se distocia;

12 Participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do individuo, da família e da população em geral;

13 Participação nos programas e atividades de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente nos programas de educação continuada;

14 Participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho;

15 Participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra-referência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;

16 Participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;

17 Participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar de Enfermagem.

Para os profissionais titulares de diploma ou certificados de obstetriz ou de Enfermeiro Obstétrica, além das atividades citadas à cima, ainda incumbe:

134

1. Prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;

2. Identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;

3. Realização de episiotomia e episiorrafia, com aplicação de anestesia local, quando necessária.

Fonte: COREN - SC

135

ANEXO C - Termo de aceite de orientação

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI – UNIVALI

CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO E GESTÃO DO TRABALHO

TERMO DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO

Eu, Gladys amélia Vélez Benito, Professora do Curso de Mestrado

Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho, concordo em orientar a

Dissertação da mestranda Luciana de Cássia Nunes Nascimento tendo como tema

“Integralidade: repensando a práxis das competências gerenciais do enfermeiro em

um hospital pediátrico”.

A orientanda está ciente das Normas para Elaboração deste trabalho, bem

como o Calendário de Atividades apresentado.

Itajaí, ___/___/___.

_______________________________________

Gladys Amélia Vélez Benito

Orientadora

__________________________________

Luciana de Cássia Nunes Nascimento

Orientanda

136

ANEXO D - Termo de compromisso de utilização dos dados

Os abaixo assinados, pelo presente “Termo de Compromisso de Utilização de Dados” em conformidade com a Instrução Normativa n0 004/CEP/UNIVALI/2002, autores do projeto de pesquisa intitulado: INTEGRALIDADE: REPENSANDO A PRÁXIS DAS COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO, comprometem-se em utilizar os dados coletados somente para fins deste projeto, destinado à elaboração da Dissertação do Curso de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho e possível divulgação científica, através de Resumo ou Artigo a ser publicado em periódico. Informamos também que a instituição foi previamente consultada, concordando e propiciando as condições necessárias para obtenção dos dados. Outrossim comprometemo-nos a retornar os resultados da pesquisa à instituição, apresentando-os aos seus representantes legais.

Itajaí (SC), em ____/____/____.

________________________ ___________________________ Luciana C. N. Nascimento Gladys Amélia Vélez benito Mestranda Orientadora

137

ANEXO E - Descritores - Bireme