compendio gep meio ambiente
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Compêndio das produções do grupo de estudos e pesquisa Mineração e Meio Ambiente - Centro Universitário São Camilo-ESTRANSCRIPT
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 2
COMPNDIO DE PRODUO CIENTFICA DO
GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM
MINERAO E MEIO AMBIENTE
BINIO: 2012-2014
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 3
Andr Arajo Alves da Silva
Elissandra da Silva Mendona
Jos Eduardo Silvrio Ramos
Tau Lima Verdan Rangel
(Organizadores)
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 4
COMPNDIO DE PRODUO CIENTFICA DO GRUPO DE ESTUDO E
PESQUISA EM MINERAO E MEIO AMBIENTE
Comisso Cientfica
Andr Arajo Alves da Silva Jos Eduardo Silvrio Ramos
Elissandra da Silva Mendona Tau Lima Verdan Rangel
Editorao, padronizao e formatao de texto
Tau Lima Verdan Rangel
Tatiana Mareto da Silva
Contedo, citaes e referncias bibliogrficas
Os autores
de inteira responsabilidade dos autores os conceitos aqui apresentados.
Reproduo dos textos autorizada mediante citao da fonte.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 5
N D I C E
RESUMO EXPANDIDO p. 06 A TUTELA JURDICA DO PATRIMNIO CULTURAL NA ORDEM DO DIA:
BREVE ENSAIO ACERCA DA IMPRESCINDIBILIDADE DA SALVAGUARDA
DA AMBINCIA URBANA TRADICIONAL DA COMUNIDADE DA IGREJA DE
NOSSO SENHOR DOS PASSOS
A IMPORTNCIA DO TOMBAMENTO AMBIENTAL PARA A PRESERVAO
DA HERANA CULTURAL
A MANIFESTAO CULTURAL DO BOI PINTADINHO: UM CENRIO DE
TRADIES DO MUNICPIO DE MUQUI
A TUTELA JURDICA DO PATRIMNIO CULTURAL NA ORDEM DO DIA: A
SALVAGUARDA DA AMBINCIA URBANA TRADICIONAL DA COMUNIDADE
DA IGREJA DE NOSSO SENHOR DOS PASSOS
AS PANELEIRAS DE GOIABEIRAS: O OFCIO, RELEVNCIAS CULTURAIS E
A TUTELA ESTATAL COMO FERRAMENTA DE PRESERVAO
ARTIGO CIENTFICO p. 32 A PROEMINNCIA DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE PARA O ALCANCE DE
INDICADORES PRPRIOS SUSTENTABILIDADE
A VALORAO DO PRECEITO DA BUSCA PELA FELICIDADE ENQUANTO
AXIOMA DE INSPIRAO DO DIREITO DAS FAMLIAS
O PRECEITO CONSTITUCIONAL DA SUPREMACIA DO INTERESSE
PBLICO ENQUANTO VETOR DE CONFORMAO DA ADMINISTRAO
PBLICA
NOTAS AO MEIO AMBIENTE CULTURAL: O IMPACTO DO
EMPREENDIMENTO HUGO AMORIM RESIDENCIAL NA AMBINCIA DA
IGREJA NOSSO SENHOR DOS PASSOS
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 6
O DIREITO MINERRIO COMO POTENCIALIZAO DA DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA
O MEIO AMBIENTE CONSOANTE A TICA JURDICA: A CONCREO DOS
DIREITOS DE TERCEIRA DIMENSO
O PRINCPIO DA PROTEO DO CONSUMIDOR NO ORDENAMENTO
BRASILEIRO: A CONSOLIDAO DOS VALORES DE VULNERABILIDADE
O PSEUDODESENVOLVIMENTO ECONMICO ADVINDO DA INSTALAO
DAS INDSTRIAS PETROLFERAS: UMA ABORDAGEM DOS CONFLITOS
SOCIOAMBIENTAIS EM COMUNIDADES PESQUEIRAS TRADICIONAIS DO
LITORAL SUL-CAPIXABA
A DIGNIDADE DA PESSOA DO APENADO EM RESGATE: A IMPORTANTE
CONTRIBUIO DO PROJETO DA ASSOCIAO AMBIENTAL MONTE
LBANO (AAMOL) NO MUNICPIO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
A EFETIVAO DA DOUTRINA DA PROTEO INTEGRAL NO MUNICPIO
DE CONCEIO DO CASTELO - ES: ROCHAS ORNAMENTAIS E A
RECUPERAO DA DIGNIDADE DE ADOLESCENTES CARENTES
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 7
RESUMOS EXPANDIDOS
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 8
A TUTELA JURDICA DO PATRIMNIO CULTURAL NA ORDEM DO DIA:
BREVE ENSAIO ACERCA DA IMPRESCINDIBILIDADE DA SALVAGUARDA DA
AMBINCIA URBANA TRADICIONAL DA COMUNIDADE DA IGREJA DE NOSSO
SENHOR DOS PASSOS1
AMARAL, Carolina de Oliveira Souza Gandine2 LOMAR, Pamella3
RANGEL, Tau Lima Verdan4
INTRODUO
O meio ambiente cultural constitudo por bens materiais, que so as
construes culturais, e imateriais, sendo estes as manifestaes de cultura diversas
transmitidas por geraes, que agregam caractersticas a uma determinada sociedade.
Dessa forma, intrnseco sociedade, no somente em decorrncia material e esttica,
mas por inserir peculiaridades prprias a esta, a sua identidade, abarcada pela poca
histrica e natural deste bem.
Por essa razo, considerado como fator crucial cultura brasileira e de
suma importncia sua preservao, garantida essencialmente pelo Estado, com a
colaborao da populao. Ademais, o presente, visa proteo do nico cone religioso
arquitetado no sculo XIX, traado por elementos portugueses e de fulcral relevncia
histrica A Igreja Nosso Senhor dos Passos. E para conserv-la, foi utilizado o
mecanismo denominado, tombamento. Em contrapartida, em decurso do capitalismo e
do expansionismo empreendedor, o meio ambiente cultural foi colocado em segundo
1 Resumo Expandido apresentado durante a realizao da I Mostra Interdisciplinar de Banner do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES, em 2014. 2 Graduanda do 5 Perodo do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente, sublinha Meio Ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito. 3 Graduanda do 5 Perodo do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente, sublinha Meio Ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito. 4 Professor Orientador. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente e Coordenador sublinha Meio Ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 9
plano e o monumento sofreu repentina mudana de cenrio, provocada pela construo
do empreendimento Hugo Amorim Residencial, que impossibilita a visibilidade devida
do patrimnio.
Fonte: Jornal Aqui Notcias, 2014.
METODOLOGIA
O presente estudo foi estruturado a partir de reviso bibliogrfica, lanando
mo dos posicionamentos doutrinrios e jurisprudenciais acerca da temtica debatida.
De igual, foi empregado elementos dotados de cunho tcnico, sobretudo pareceres
avaliativos apresentados pela Secretaria Estadual de Cultura.
DESENVOLVIMENTO
Para preservao do patrimnio histrico e cultural, utiliza-se como
instrumento o tombamento, que, segundo o IPHAN (Instituto do Patrimnio Artstico e
Nacional), um ato administrativo realizado pelo poder pblico, podendo ser aplicado
aos bens mveis e imveis, de interesse cultural ou ambiental. Cumpre ressaltar que o
tombamento possui carter de guardio do patrimnio, preservando seu aspecto fsico,
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 10
e, principalmente, a memria e cultura que ali reside. Nesse sentido, o particular que
proprietrio do bem tombado, no pode usufruir deste livremente, devido ao carter
social que apresenta. A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, abarcou
em seu art. 216 o patrimnio cultural, tendo este respaldo estatal para sua proteo no
dispositivo legal. Alm disto, o Decreto-Lei N 25, de 30 de novembro de 1937 dispe
sobre a organizao do patrimnio histrico e artstico nacional, reforando o interesse
do Estado em guardar o bem cultural.
A partir do entendimento sobre o tombamento, passa-se a questionar sobre
sua natureza jurdica. Grande parte da doutrina entende ser esta uma forma do Estado
intervir na propriedade privada, tornando seu uso restrito. A Igreja Nosso Senhor dos
Passos foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura por meio da Resoluo N 04,
publicada em 30 de agosto de 1985, estando inscrito no Livro de Belas Artes e no Livro
Histrico, que constituem o Livro do Tombo do Patrimnio Cultural. Conforme dispe o
prprio stio eletrnico da parquia, em 1854, o Baro de Itapemirim, Incio de Loiola e
Silva e Pedro Dias do Prado fizeram a doao do terreno para que nele fosse erguida a
capela. Assim, em 1882 a edificao foi construda, passando a funcionar como matriz
de Cachoeiro de Itapemirim em 1884. Cumpre dizer que tal edificao apresenta-se
como a nica arquitetura religiosa do sculo XIX erguida no municpio em comento.
A construo apresenta-se como grande marco da cultura local cachoeirense,
pondo em memria o legado deixado pela arte colonial religiosa. Mais do que o aspecto
fsico, tal edificao religiosa exprime o sentimento da comunidade que ali reside e se
formou, devendo seu carter social ser preservado. Como dito, o tombamento limita o
direito de propriedade, no podendo a vizinhana do bem tombado fazer construo
que impea sua visibilidade ou qualquer tipo de ao que traga a deteriorao do bem.
Nesse sentido, cita-se o Empreendimento Residencial Hugo Amorim Residencial, que
est localizado no entorno da Igreja Nosso Senhor dos Passos, afetando diretamente ao
bem tombado. O avano do capitalismo e a constante busca pela modernizao
invadem um ambiente histrico e cultural, pondo em desfoque importante bem a ser
preservado.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 11
OBJETIVOS
Demonstrar que a busca desenfreada pelo desenvolvimento e crescimento
faz com que o antigo seja esquecido, renegado ao patamar secundrio e inferior. Isto
quer dizer, que a contemporaneidade, com sua dinamizao caracterstica, apresenta-se
de forma avassaladora, trazendo, imperiosamente, para os debates no meio acadmico
acerca da proteo da cultura local existente. Neste sentido, o trabalho prisma a
imprescindibilidade da preservao do patrimnio cultural com enfoque a Igreja Nosso
Senhor dos Passos, sob a crtica de preserv-los do mercado contemporneo e das
instalaes de empreendimentos imobilirios que afetam de forma direta os
monumentos protegidos, visto que, est inteiramente interligado com o ser humano e
sua trajetria.
CONSIDERAES FINAIS
O tema apresentado de extrema relevncia atual, por consistir numa
problemtica que pe em questo a modernidade x preservao cultural. Tal aspecto
vai alm do disposto no escopo jurdico, tendo consequncias sociais mais relevantes do
que o prprio desrespeito ao aspecto legal. Ainda que o desenvolvimento e crescimento
econmico e imobilirio tenha grande valor, o que realmente deve ser reconhecido, o
Empreendimento Hugo Amorim Residencial apresenta-se como elemento que interfere
de forma significativa no ambiente tombado, qual seja, a Igreja de Nosso Senhor dos
Passos. Nesse sentido, o aspecto a ser observado de forma primordial o equilbrio
entre o desenvolvimento e a preservao da cultura e movimentos sociais local.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 12
Fonte: Parquia Nosso Senhor dos Passos, 2014.
REFERNCIAS BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: . Acesso em 15 abr. 2014. _______________. Decreto-Lei N 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteo do patrimnio histrico e artstico nacional. Disponvel em: . Acesso em: 15 abr. 2014. _______________. BRASIL. Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Disponvel em: . Acesso em: 15 abr. 2014. ESPRITO SANTO (ESTADO). Secretaria Estadual de Cultura do Estado do Esprito Santo. Disponvel em: . Acesso em 15 abr. 2014.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 13
A IMPORTNCIA DO TOMBAMENTO AMBIENTAL PARA A PRESERVAO DA
HERANA CULTURAL5
SOUZA, Pmella Lomar de6 RANGEL, Tau Lima Verdan7
SILVA, Andr Arajo Alves da8
INTRODUO
Cuida salientar que o meio ambiente cultural constitudo por bens
culturais, cuja acepo compreende aqueles que possuem valor histrico, artstico,
paisagstico, arqueolgico, espeleolgico, fossilfero, turstico, cientfico, refletindo as
caractersticas de uma determinada sociedade. Quadra anotar que a cultura identifica as
sociedades humanas, sendo formada pela histria e maciamente influenciada pela
natureza, como localizao geogrfica e clima. O meio ambiente cultural decorre de
uma intensa interao entre homem e natureza, porquanto aquele constri o seu meio,
e toda sua atividade e percepo so conformadas pela sua cultural. Por essa razo,
considerado como fator crucial cultura brasileira e de substancial importncia sua
preservao, garantida essencialmente pelo Estado em colaborao populacional. Em
conseguinte se fez necessrio a oferta de instrumentos para concretizar os direitos
inerentes ao patrimnio cultural e ao derredor deste, com a ajuda primordial do
mecanismo denominado, tombamento.
5 Resumo Expandido submetido VI EXPOCINCIA do Centro Universitrio So Camilo-ES, em 2014. 6Graduanda do 5 perodo B do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente, sublinha Meio ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural do Grupo de Estudo de Pesquisa Constitucionalizao do Direito, [email protected]; 7 Professor Orientador. Bolsista CAPES. Mestrando vinculado ao Programa de Ps-Graduao em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente e Coordenador da sublinha Meio ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito do Centro Universitrio So Camilo, [email protected]; [email protected] 8 Professor Coorientador. Coordenador da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente do Grupo de Pesquisa e Estudos A Constitucionalizao dos Direitos do Centro Universitrio So Camilo-ES, [email protected];
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 14
MATERIAL E MTODOS
O presente estudo teve como embasamento a doutrina e jurisprudncia
cuja anlise foi realizada mediante reviso bibliogrfica, em livros, peridicos e na
legislao vigente.
DESENVOLVIMENTO
Em uma primeira plana, cuida salientar que o tombamento se apresenta
como um dos instrumentos utilizveis, pelo Poder Pblico, com o escopo de se tutelar e
proteger o patrimnio cultural brasileiro. Fiorillo (2012, p. 428-429) anuncia, com
bastante propriedade, que dizemos tombamento ambiental, porquanto este instituto
tem a finalidade de tutelar um bem de natureza difusa, que o bem cultural. Desta
sorte, a utilizao do tombamento como mecanismo de preservao e proteo do
patrimnio cultural brasileiro permite o acesso de todos cultura, substancializando
verdadeiro instrumento de tutela do meio ambiente. O instituto em comento se revela,
em sede de direito administrativo, como um dos instrumentos criados pelo legislador
para combater a deteriorao do patrimnio cultural de um povo, apresentando, em
razo disso, macia relevncia no cenrio atual, notadamente em decorrncia dos bens
tombados encerrarem perodos da histria nacional ou, mesmo, refletir os aspectos
caractersticos e identificadores de uma comunidade. observvel que a interveno do
Ente Estatal tem o escopo de proteger o patrimnio cultural, busca preservar a memria
nacional. Ao lado disso, o tombamento permite que o aspecto histrico seja
salvaguardado, eis que constitui parte da prpria cultura do povo e representa a fonte
sociolgica de identificao de vrios fenmenos sociais, polticos e econmicos
existentes na atualidade.
Desta feita, o proprietrio no pode, em nome de interesses particulares, usar
ou fruir de maneira livre seus bens, se estes se traduzem em interesse pblico por
atrelados a fatores de ordem histrica, artstica, cultural, cientfica, turstica e
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 15
paisagstica. So esses bens que, embora permanecendo na propriedade do particular,
passam a ser protegidos pelo Poder Pblico, que, para esse fim, impe algumas
restries quanto a seu uso pelo proprietrio, consoante o magistrio de Carvalho
Filho (2011, p. 734). Os exemplos de bens a serem tombados so extremamente
variados, sendo os mais comuns os imveis que retratam a arquitetura de pocas
passadas na histria ptria, dos quais podem os estudiosos e pesquisadores extrair
diversos meios de conhecimento do passado e desenvolver outros estudos com vistas a
proliferar a cultura do pas. Alm disso, possvel evidenciar que corriqueiro o
tombamento de bairros ou at mesmo cidades, quando retratam aspectos culturais do
passado.
verificvel que a proteo dos bens de interesse cultural encontra respaldo
na Constituio de 1988, que impe ao Estado o dever de garantir a todos o exerccio
de direitos culturais e o acesso s fontes da cultura nacional. Por outro lado, nela se
define o patrimnio cultural brasileiro, composto de bens materiais e imateriais
necessrios exata compreenso dos vrios aspectos ligados os grupos formadores da
sociedade brasileira (CARVALHO FILHO, 2011, p. 735). A redao do 1 do artigo 216
da Carta de Outubro estabelece que o Poder Pblico, com a colaborao da comunidade,
promover e proteger o patrimnio cultural brasileiro, por meio de inventrios,
registros, vigilncia, tombamento e desapropriao, e de outras formas de
acautelamento e preservao.
Resta patentemente demonstrado que o tombamento uma das mltiplas
formas utilizadas na proteo do patrimnio cultural brasileiro. Como bem anota
Meirelles (2012, p. 635), tombamento a declarao do Poder Pblico do valor
histrico, artsticos, paisagstico, turstico, cultural ou cientfico de coisas ou locais que,
por essa razo, devam ser preservados, de acordo com a inscrio em livro prprio. O
tombamento um dos institutos que tm por objeto a tutela do patrimnio histrico e
artstico nacional, que implica na restrio parcial do imvel, conforme se verifica pela
legislao que o disciplina. Cuida salientar que o tombamento ambiental configura clara
materializao do corolrio da herana cultural, o qual, conforme construo de Michael
Decleris (2014, p. 113-115), coloca em especial ateno a imperiosa necessidade de se
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 16
ofertar, por meio de institutos robustos, preservar os mais importantes conjuntos feitos
pelo homem, alcanando, pois, os singulares monumentos, conjuntos arquitetnicos e
stios arqueolgicos. Com efeito, em sede de desenvolvimento, em nvel cultural da
humanidade, uma vez que por meio daquele que o homem adquire a sua adaptao ao
meio ambiente natural. Cuida anotar que o princpio da herana cultural visa assegurar
a estabilidade e a continuidade histrica da espcie humana, logo, admitir situaes
diversas coloca em risco a identidade cultural dos povos. Assim, o corolrio da herana
cultural e do patrimnio natural so as condies para a estabilidade dinmica
(equilbrio) e interdependncia dos ecossistemas e sistemas em seu desenvolvimento
perene ao longo do tempo pelo homem.
A conscincia da relao entre os dois princpios relativamente recente,
enquanto o interesse do homem na preservao da memria do seu passado histrico
recebeu maior proeminncia na contemporaneidade, tanto em esfera nacional, como na
rbita internacional. A proteo do patrimnio cultural, compreendendo os
monumentos, conjuntos arquitetnicos e stios, deve ser completa e deve apresentar um
objetivo importante no ordenamento do territrio da cidade. O regime jurdico de
proteo deve ser eficaz, ou seja, incorpora os controles e equilbrios adequados para
assegurar que o monumento protegido, no permitindo que seja alterado, demolido ou
destrudo. O meio ambiente cultural reclama proteo contra grande perigo ambiental e
danos pela poluio, assim como imprescindvel um ambiente de alta qualidade tem
de ser mantido na rea em torno de monumentos e conjuntos arquitetnicos e dentro
dos stios arqueolgicos
CONSIDERAES FINAIS
A herana cultural brasileira, proveniente do multifacetado patrimnio existente
do territrio nacional, vem ganhando, gradativamente, destaque no mbito jurdico e
populacional, em face da sua historicidade, refletindo, corriqueiramente, a identificao
da populao local. Com efeito, verifica-se que o instituto do tombamento no somente
proporciona a salvaguarda de um bem dotado de aspectos culturais proeminentes,
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 17
colocando em destaque a proteo daquele bem e toda a macia identidade nele
contida para as presentes e futuras geraes. De igual modo, verifica-se que o
tombamento proporciona a defesa do bem quando se refere ao mutilamento deste, ao
que se denota com maior significncia, como abrigar indivduos que no possuem
moradia, bem como dilapidao. Dessa sorte, possvel salientar que o instituto do
tombamento, na condio de instrumento de salvaguarda do patrimnio cultural,
apresenta-se como mecanismo imprescindvel para a tutela da memria nacional.
REFERNCIAS
BRASIL. Constituio (1988). Constituio (da) Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado Federal, 1988. Disponvel em: . Acesso em 16 jun. 2014.
CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 24 ed, rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011.
DECLERIS, Michael. The Law of sustainable development: general principles. Disponvel em: . Acesso em 01 mar. 2014
FIORILLO, Celso Antnio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13 ed., rev., atual e ampl. So Paulo: Editora Saraiva, 2012.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38 ed. So Paulo: Editora Malheiros, 2012.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 18
A MANIFESTAO CULTURAL DO BOI PINTADINHO: UM CENRIO DE
TRADIES DO MUNICPIO DE MUQUI9
PRUCOLI, Anglica Porcari Dutra10 RANGEL, Tau Lima Verdan11
SILVA, Andr Arajo Alves da12
INTRODUO
O meio ambiente cultural constitudo por bens materiais, que so as
construes culturais, e imateriais, sendo estes as manifestaes de cultura diversas
transmitidas por geraes, que agregam caractersticas a uma determinada sociedade.
Dessa forma, intrnseco sociedade, no somente em decorrncia material e esttica,
mas por inserir peculiaridades prprias a esta, a sua identidade, abarcada pela poca
histrica e natural deste bem. Por essa razo, considerado como fator crucial cultura
brasileira e de suma importncia sua preservao, garantida essencialmente pelo
Estado, com a colaborao da populao. H muito tempo que o homem tem uma
relao social e cultural com os animais, seja para fins de trabalho ou com cunho
cultural. Dessa forma, comum ver animais protagonizando manifestaes culturais
presentes em todo o mundo. Neste contexto, encontra-se o Boi Pintadinho, popular em
diversas partes do Brasil. Em Muqui esta manifestao cultural est presente na
formao cultural da populao. O Boi foi tombado como Patrimnio Estadual junto ao
Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN).
9 Resumo Expandido submetido VI EXPOCINCIA do Centro Universitrio So Camilo-ES, em 2014. 10 Graduanda do 5 perodo A do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente, sublinha Meio Ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito, [email protected]; 11 Professor Orientador. Bolsista CAPES. Mestrando vinculado ao Programa de Ps-Graduao em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante da Linha de Pesquisa Direito Processual e Acesso Justia e Coordenador da sublinha Direito Fraterno e Mediao, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito do Centro Universitrio So Camilo, [email protected] 12 Professor Coorientador. Coordenador da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente do Grupo de Pesquisa e Estudos A Constitucionalizao dos Direitos do Centro Universitrio So Camilo-ES, [email protected];
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 19
MATERIAL E MTODOS
O presente estudo foi estruturado a partir de reviso bibliogrfica, lanando mo
dos posicionamentos doutrinrios e jurisprudenciais acerca da temtica debatida. De
igual, foi empregado elementos dotados de cunho tcnico, sobretudo pareceres
avaliativos apresentados pela Secretaria Estadual de Cultura.
DESENVOLVIMENTO
Desde os primrdios da civilizao que os animais fazem parte da viva
humana. Eles auxiliam no trabalho, despertam a curiosidade, fazem companhia, saciam
a fome. No por acaso, que eles protagonizam algumas lendas e manifestaes
culturais. Um dos grandes exemplos desta apropriao da figura animal em
manifestaes culturais o Boi Pintadinho, popular em diversas partes do Brasil,
comeando pela Amaznia com o famoso e rico Boi Bumb da ilha de Parintins; no
Maranho o Bumba meu Boi ; no Piau, o Boi Pirilampo; no Sul, em Santa Catarina, o
Boi de Melo; no norte do Esprito Santo, o Reis de Boi, e no sul do mesmo estado,
no municpio de Muqui,o Boi Pintadinho.
Tendo sua origem no Cristianismo, a cultura do Boi Pintadinho surgiu na
Europa e veio para o Brasil com os portugueses. A brincadeira, geralmente, est
associada devoo a um santo, So Sebastio (no ms de janeiro) e So Joo Batista
(em junho). Em Muqui no foi diferente, o mais provvel que o Boi Pintadinho tenha
surgido no ms de junho (data no definida), por se tratar do ms de So Joo Batista,
padroeiro da cidade. Segundo o povo local, o primeiro boi de Muqui surgiu na dcada de
1940, na Rua do Sovaco, no Bairro Boa Esperana pelas mos do mestre Cafuno que o
batizou de Boi do Cafuno. O movimento que levou o boi para o carnaval s veio na
dcada de 1970, com o Boi do Bijoca, rompendo com o aspecto religioso da
manifestao.
Em Muqui, os quatro dias de folia so regidos pela alegria dos bois
pintadinhos. As comunidades mais pobres da cidade formam a maioria dos blocos que
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 20
desfilam sua alegria com a leveza de quem no se d conta da responsabilidade de
manter viva uma parte da identidade do seu povo. Os bois so mantidos, em sua
maioria, por comunidades pouco abastadas que retiram dos prprios recursos, pedem
ajuda aos amigos, e se organizam dividindo tarefas: uns ensaiam a bateria, outros
trabalham na confeco dos bois, h aqueles que do conta das camisas do grupo;
outros viabilizam as reformas ou compras de instrumentos. E tudo, no fim das contas,
passa pelos mestres dos bois, que se destacam pela via do folclore e se tornam
lideranas comunitrias que afirmam a sua identidade cultural desfilando nos quatro
dias da folia.
Todo este esforo tem reconhecimento quando a bateria comea a tocar e os
fogos de artifcio queimam: exploso! Todos pulam e gritam no s da alegria do
carnaval, mas tambm, pela indescritvel sensao de ser possuidor da prpria histria,
de se reconhecer e de se afirmar enquanto cidado cultural. Dessa forma, pode-se dizer
que o carnaval de Muqui democrtico. No festa de corda que se separa dois
universos (um que veste abad e outro, no) nem espetculo de passarela com
carssimas entradas que do direito a ver o jbilo passar. O carnaval de Muqui um
convite que pode ser aceito ou no. Os que aceitam vo pulando atrs do boi. Os que
no aceitam podem sentar na beira da praa e ver o boi passar.
Partindo da premissa que para no morrer preciso se reinventar, pode-se
dizer que as tradies folclricas permanecem vivas e integradas a vida das pessoas,
apesar das mudanas sofridas com o decurso do tempo. um processo de adaptao
contnuo e cuidadoso, a fim de que no se perca a essncia da manifestao cultural.
Neste contexto, pode-se dizer que o Boi Pintadinho de Muqui constitudo da mesma
natureza de outras manifestaes semelhantes que envolvem o boi por todo o territrio
nacional. No entanto, o que se preserva, em Muqui, a forma com que se brinca o
carnaval. No h relao religiosa ou lendria. A verdade dos donos e integrantes de boi
, quase sempre, uma s: brincar porque gosta. E se gostar o principal motivo talvez
seja difcil preservar a essncia folclrica, porm o que se pode notar exatamente o
contrrio, a festa, a cada ano que passa, cresce e agrega mais grupos culturais e mais
visitantes cidade. Isso se explica pela vocao cultural do povo muquiense, por
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 21
constituir o maior Stio Histrico do Estado e por estar em processo de tornar-se
patrimnio nacional com processo em andamento junto ao Instituto do Patrimnio
Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) e por ser um povo que est em constante
reinveno.
O momento histrico do Boi pintadinho decisivo para a sua manuteno, a
cada ano novos grupos surgem, e os tradicionais se reinventam e renovam suas culturas.
Atualmente, o Boi Gaspar (tradio desde 1978) fez o cominho inverso ao do
descobrimento, desembarcou em Lisboa para uma srie de atividades de intercmbio
cultural entre Brasil e Portugal. O objetivo deste intercmbio mostrar que 514 anos
aps a colonizao portuguesa a histria no se perdeu.
CONSIDERAES FINAIS
A relao do homem com os animais est presente desde os tempos mais
remotos. E esta relao tambm est presente na cultura e o Boi pintadinho um
exemplo disto. Tal manifestao cultural surgiu na Europa enraizada nas crenas dos
santos cristos e desembarca no Brasil junto com os portugueses na poca do
descobrimento. Desde ento, se espalhou por todo o pas em diferentes formatos.
A brincadeira de boi, popular em diversas partes do Brasil, est presente na
cultura do povo de Muqui, cidade do sul do estado do Esprito Santo. No somente nos
quatro dias de carnaval, mas durante todo o ano os grupos se organizam e preparam a
apresentao dos bois. Todos so envolvidos, com a ornamentao, com o levantamento
de recursos financeiros. Mas, todo este esforo recompensado com o prazer de desfilar
toda a alegria de um povo que tem o privilgio de possuir sua prpria histria e mant-
la viva de gerao em gerao.
REFERNCIAS
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: . Acesso em 16 jun. 2014.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 22
____________. Decreto-Lei N 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteo do patrimnio histrico e artstico nacional. Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2014.
____________. Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2014.
CAPAI, Humberto. Muqui: Terra de Reis. Vitria: Ed. Usina de Imagem, 2012.
MUQUI (MUNICPIO). Cmara Municipal de Muqui. Disponvel em: . Acesso em 17 jun. 2014.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 23
A TUTELA JURDICA DO PATRIMNIO CULTURAL NA ORDEM DO DIA: A
SALVAGUARDA DA AMBINCIA URBANA TRADICIONAL DA COMUNIDADE
DA IGREJA DE NOSSO SENHOR DOS PASSOS13
GANDINE, Carolina de Oliveira Souza14 RANGEL, Tau Lima Verdan15
SILVA, Andr Arajo Alves da16
INTRODUO
O meio ambiente cultural constitudo por bens materiais, que so as
construes culturais, e imateriais, sendo estes as manifestaes de cultura diversas
transmitidas por geraes, que agregam caractersticas a uma determinada sociedade.
Dessa forma, intrnseco sociedade, no somente em decorrncia material e esttica,
mas por inserir peculiaridades prprias a esta, a sua identidade, abarcada pela poca
histrica e natural deste bem. Por essa razo, considerado como fator crucial cultura
brasileira e de suma importncia sua preservao, garantida essencialmente pelo
Estado, com a colaborao da populao. Ademais, o presente, visa proteo do nico
cone religioso arquitetado no sculo XIX, traado por elementos portugueses e de
fulcral relevncia histrica A Igreja Nosso Senhor dos Passos. E, para conserv-la, foi
utilizado o instrumento administrativo denominado tombamento. Em contrapartida, em
decurso do capitalismo e do expansionismo empreendedor, o meio ambiente cultural foi
colocado em segundo plano e o monumento sofreu repentina mudana de cenrio,
13 Resumo Expandido submetido VI EXPOCINCIA do Centro Universitrio So Camilo-ES, em 2014. 14 Graduanda do 5 perodo A do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente, sublinha Meio Ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito, [email protected]; 15 Professor Orientador. Bolsista CAPES. Mestrando vinculado ao Programa de Ps-Graduao em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante da Linha de Pesquisa Direito Processual e Acesso Justia e Coordenador da sublinha Direito Fraterno e Mediao, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito do Centro Universitrio So Camilo, [email protected] 16 Professor Coorientador. Coordenador da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente do Grupo de Pesquisa e Estudos A Constitucionalizao dos Direitos do Centro Universitrio So Camilo-ES, [email protected];
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 24
provocada pela construo do empreendimento Hugo Amorim Residencial, que
impossibilita a visibilidade devida do patrimnio.
MATERIAL E MTODOS
O presente estudo foi estruturado a partir de reviso bibliogrfica, lanando mo
dos posicionamentos doutrinrios e jurisprudenciais acerca da temtica debatida. De
igual, foi empregado elementos dotados de cunho tcnico, sobretudo pareceres
avaliativos apresentados pela Secretaria Estadual de Cultura.
DESENVOLVIMENTO
Para preservao do patrimnio histrico e cultural, utiliza-se como instrumento
o tombamento, que, segundo o IPHAN (Instituto do Patrimnio Artstico e Nacional),
um ato administrativo realizado pelo poder pblico, podendo ser aplicado aos bens
mveis e imveis, de interesse cultural ou ambiental. Cumpre ressaltar que o
tombamento possui carter de guardio do patrimnio, preservando seu aspecto fsico,
e, principalmente, a memria e cultura que ali reside. Nesse sentido, o particular que
proprietrio do bem tombado, no pode usufruir deste livremente, devido ao carter
social que apresenta. A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, abarcou
em seu art. 216 o patrimnio cultural, tendo este respaldo estatal para sua proteo no
dispositivo legal. Alm disto, o Decreto-Lei N 25, de 30 de novembro de 1937 dispe
sobre a organizao do patrimnio histrico e artstico nacional, reforando o interesse
do Estado em guardar o bem cultural. A partir do entendimento sobre o tombamento,
passa-se a questionar sobre sua natureza jurdica. Grande parte da doutrina entende ser
esta uma forma do Estado intervir na propriedade privada, tornando seu uso restrito.
A Igreja Nosso Senhor dos Passos foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura
por meio da Resoluo N 04, publicada em 30 de agosto de 1985, estando inscrito no
Livro de Belas Artes e no Livro Histrico, que constituem o Livro do Tombo do
Patrimnio Cultural. Conforme dispe o prprio stio eletrnico da parquia, em 1854, o
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 25
Baro de Itapemirim, Incio de Loiola e Silva e Pedro Dias do Prado fizeram a doao do
terreno para que nele fosse erguida a capela. Assim, em 1882 a edificao foi
construda, passando a funcionar como matriz de Cachoeiro de Itapemirim em 1884.
Cumpre dizer que tal edificao apresenta-se como a nica arquitetura religiosa do
sculo XIX erguida no municpio em comento.
A construo apresenta-se como grande marco da cultura local cachoeirense,
pondo em memria o legado deixado pela arte colonial religiosa. Mais do que o aspecto
fsico, tal edificao religiosa exprime o sentimento da comunidade que ali reside e se
formou, devendo seu carter social ser preservado. Como dito, o tombamento limita o
direito de propriedade, no podendo a vizinhana do bem tombado fazer construo
que impea sua visibilidade ou qualquer tipo de ao que traga a deteriorao do bem.
Nesse sentido, cita-se o Empreendimento Residencial Hugo Amorim Residencial, que
est localizado no entorno da Igreja Nosso Senhor dos Passos, afetando diretamente ao
bem tombado. O avano do capitalismo e a constante busca pela modernizao
invadem um ambiente histrico e cultural, pondo em desfoque importante bem a ser
preservado.
A arquitetura religiosa, durante o perodo colonial do Brasil, representou
importante elemento edificado caracterizador da paisagem, sobressaindo-se em escala
e forma em relao s tmidas vilas que se formavam em seu entorno. A influncia do
urbanismo portugus era preponderante para as elevaes dos templos religiosos,
encontrando como argumento justificador no apenas a possibilidade defesa contra
invasores e pela observao privilegiada, mas tambm por materializar a importncia da
Igreja na vida social colonial, fortalecendo, desta maneira, a influncia da religio,
enquanto elemento integrante da vida colonial. Ao ambientar o patrimnio cultural em
comento, construdo ao final do sculo XIX, no perodo imperial, possvel destacar o
trao caracterizador do urbanismo portugus praticado no Brasil colnia. Durante muito
tempo a Igreja constituiu a nica opo de prtica do culto catlico em Terras do Itabira.
Nela foi oficiado o Bispo D. Pedro Maria de Lacerda, em 02 de maro de 1886, conforme
informaes apresentadas pela Secretaria Estadual de Cultura do Esprito Santo (2014).
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 26
de se reconhecer que o edifcio encerra o que mais marcante existe na
arquitetura e arte religiosas locais, configurando verdadeiro cone que resgata e
preserva a memria local, sobretudo da comunidade que floresceu no entorno da
edificao. A igreja localiza-se ao final de uma ladeira com sua fachada frontal volvida
para o Largo Senhor do Passos, espao residual do traado virio e que, de alguma
maneira, resiste minimamente s presses exercidas pelo adensamento e modernizao
que incorrem nos ambientes urbanos. Em que pese o Largo Senhor dos Passos no
assumir, em razo das alteraes sofridas ao longo do transcurso do tempo, tal como
pela suplantao da referncia do conjunto do entorno, de modo efetivo, a importncia,
enquanto espao que nutre a identidade da populao local, tal como ambiente o
observador com os aspectos caractersticos refletidos na construo, o templo religioso
goza de destaque em razo dos caractersticos simblicos que ostenta, consoante
informaes ejetadas do Relatrio Tcnico CHI N 001/2012, confeccionado pela
Secretaria de Estado da Cultura do Esprito Santo (2014). Trata-se, oportunamente, de
edificao que materializa verdadeiro cone da identidade local, apresenta-se como
edificao que desdobra aspecto cultural preponderante, notadamente em decorrncia
de alcanar bem imaterial.
CONSIDERAES FINAIS
O tema apresentado de extrema relevncia atual, por consistir numa
problemtica que pe em questo a modernidade x preservao cultural. Tal aspecto
vai alm do disposto no escopo jurdico, tendo consequncias sociais mais relevantes do
que o prprio desrespeito ao aspecto legal. Ainda que o desenvolvimento e crescimento
econmico e imobilirio tenha grande valor, o que realmente deve ser reconhecido, o
Empreendimento Hugo Amorim Residencial apresenta-se como elemento que interfere
de forma significativa no ambiente tombado, qual seja, a Igreja de Nosso Senhor dos
Passos. Nesse sentido, o aspecto a ser observado de forma primordial o equilbrio
entre o desenvolvimento e a preservao da cultura e movimentos sociais local.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 27
REFERNCIAS
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: . Acesso em 16 jun. 2014.
____________. Decreto-Lei N 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteo do patrimnio histrico e artstico nacional. Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2014.
____________. Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2014.
ESPRITO SANTO (ESTADO). Secretaria Estadual de Cultura do Estado do Esprito Santo. Disponvel em: . Acesso em 16 jun. 2014.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 28
AS PANELEIRAS DE GOIABEIRAS: O OFCIO, RELEVNCIAS CULTURAIS E A
TUTELA ESTATAL COMO FERRAMENTA DE PRESERVAO17
GANDINE, Carolina de Oliveira Souza18 AMARAL, Patrick Costa do19
RANGEL, Tau Lima Verdan20 SILVA, Andr Arajo Alves da21
INTRODUO
Os temas ambientais vm ganhando amplo espao nas discusses nacionais e
internacionais, destacando a importncia da preservao do meio ambiente cultural.
Este constitudo por caractersticas materiais e imateriais que representam a
singularidade de um determinado povo. Sendo assim, inerente sociedade, no
somente pelos quesitos visveis e materiais, mas por incluir especificidades prprias a
esta, a sua identidade, transmitidas por geraes. Importante, ainda, dizer que o
patrimnio imaterial possui valor especial pelo aspecto cultural que apresenta,
produzindo um sentimento de identificao ao indivduo com o grupo social em que
este est inserido. Nesse sentido, a Carta Magna brasileira buscou garantir o respeito
diversidade e proteo ao meio ambiente.
Neste cenrio busca-se salientar e compreender o importante ofcio das
Paneleiras de Goiabeiras, que foi registrado no Livro dos Saberes por apresentar uma
srie de fatores em excepcionalidade, revelados a partir de caractersticas enraizadas no
mais profundo grau de suas atividades. Apesar de situado no Esprito Santo e 17 Resumo Expandido submetido VI EXPOCINCIA do Centro Universitrio So Camilo-ES, em 2014. 18 Graduanda do 5 perodo A do Curso de Direito do Centro Universitrio So Camilo-ES. Integrante da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente, sublinha Meio Ambiente, Constituio e Tutela do Patrimnio Cultural, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito, [email protected]; 19 Graduando do 3 perodo do Curso de Histria do Centro Universitrio So Camilo-ES. [email protected]; 20 Professor Orientador. Bolsista CAPES. Mestrando vinculado ao Programa de Ps-Graduao em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante da Linha de Pesquisa Direito Processual e Acesso Justia e Coordenador da sublinha Direito Fraterno e Mediao, do Grupo de Estudo e Pesquisa Constitucionalizao de Direito do Centro Universitrio So Camilo, [email protected] 21 Professor Coorientador. Coordenador da Linha de Pesquisa Minerao e Meio Ambiente do Grupo de Pesquisa e Estudos A Constitucionalizao dos Direitos do Centro Universitrio So Camilo-ES, [email protected];
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 29
representar a ancestralidade de uma comunidade, o ofcio das Paneleiras de Goiabeiras
reflete em amplitude a identidade cultural brasileira.
MATERIAL E MTODOS
O presente estudo foi estruturado a partir de reviso bibliogrfica, lanando mo
dos posicionamentos doutrinrios e legais acerca da temtica debatida. De igual modo,
foi empregado elementos dotados de cunho tcnico, sobretudo especificaes do
Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, IPHAN.
DESENVOLVIMENTO
O Direito Ambiental figura como um dos elementos integrantes dos direitos
fundamentais, tendo como salvaguarda a Constituio Federal de 1988 que, ao inserir
claramente em seu artigo 225, buscou garantir que este fosse respeitado e devidamente
aplicado. Ao lado disso, cuida salientar que o meio ambiente cultural nasce da
constante e intensa interao entre o indivduo e seu povo, em que sua proteo revela-
se como importante mecanismo de sobrevivncia da prpria sociedade. constitudo
por bens materiais ou concretos, que so as construes culturais materializadas em
determinado objeto, e bens imateriais, sendo estes as manifestaes de culturas
diversas transmitidas por geraes, que agregam caractersticas a uma determinada
sociedade.
O meio ambiente cultural imaterial apresenta-se como a cultura de um povo e as
prticas que tornam aquele meio nico, tais como a linguagem, os costumes e o modo
como as pessoas vivem e se relacionam. Nesse sentido, o Decreto n. 3.551, de 04 de
Agosto de 2000, que institui o registro de bens culturais de natureza imaterial que
constituem patrimnio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimnio
Imaterial e d outras providncias, se estabeleceu como importante instrumento de
proteo aos bens imateriais que constituem o meio ambiente cultural. Tal decreto
ensejou, ainda, a valorizao e preservao desse patrimnio.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 30
A cultura apresenta como traos estruturantes elementos espirituais e materiais,
intelectuais e afetivos, os quais caracterizam uma sociedade ou, ainda, um grupo social
determinado, compreendendo, tambm, as artes e as letras, os modos de vida, as
maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradies e as crenas. Neste passo,
possvel evidenciar que, em sede de meio ambiente cultural, o conjunto de elementos
que d azo ao patrimnio imaterial se apresenta como um dos mais relevantes traos
caracterizadores da identidade de uma populao, no somente para a presente e as
futuras geraes, viabilizando a compreenso da humanidade e toda a sua evoluo
histrica.
A fabricao artesanal de panelas de barro o ofcio das Paneleiras de
Goiabeiras, que foi registrado no Livro dos Saberes por apresentar uma srie de fatores
que o tornam nico. Desde a produo nas aldeias indgenas at os dias atuais, essa
prtica, hoje em poder das Paneleiras, vem guardando suas caractersticas originais que
vo desde suas matrias-primas aos modos e etapas de produo, com o manuseio de
ferramentas rudimentares, sendo utilizados os mesmos meios quase que inalterados,
movimentando e sustentando vrias famlias de Goiabeiras Velha. Um ciclo eco-scio-
cultural, em que toda a matria-prima se encontra apenas naquele local, mantendo a
comunidade uma forte relao com o manguezal, de onde tiram o barro e as cascas e
extraem o tanino, corante natural para as panelas. Em virtude das transformaes
geradas pelos avanos da urbanizao e o propcio esgotamento das fontes, buscou-se e
incentivou-se a preservao de tal fonte, o manguezal do Vale do Mulemb.
Alm de se tratar de uma atividade de imensa tradio, esse ofcio e o seu
produto, a panela de barro, so reconhecidos pela populao capixaba como trao de
sua identidade cultural, uma marca que se estende ao setor culinrio, onde so
indispensveis ao preparo da moqueca e da torta capixaba, pratos igualmente tpicos e
representativos, contribuindo ento para a formao da identidade nacional. Apesar de
sua grande importncia no cenrio capixaba, e da fama de suas panelas, pouco se sabia
realmente sobre as Paneleiras, de onde surge ento a importncia de se especificar a
origem da verdadeira panela de barro, a fim de valorizar e preservar esse saber. Neste
cenrio, a fabricao artesanal de panelas de barro o ofcio das paneleiras de Goiabeiras,
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 31
bairro de Vitria, capital do Esprito Santo. A atividade, eminentemente feminina, constitui
um saber repassado de me para filha por geraes sucessivas, no mbito familiar e
comunitrio (BRASIL, 2014c, p. 13).
Ao lado disso, como manifesto patrimnio cultural imaterial do Estado Capixaba,
o processo caracterstico da produo das panelas de Goiabeiras conserva todos os
aspectos peculiares e indissociveis com as prticas dos grupos nativos das Amricas,
antes da chegada de europeus e africanos. No mais, as panelas continuam sendo
modeladas manualmente, com argila sempre da mesma procedncia e como auxlio de
ferramentas rudimentares, preservando, pois, o ofcio caracterizador de proeminente
patrimnio cultural imaterial, encontrando, assim, respaldo e proteo na Constituio
Federal de 1988. Todas essas razes fazem do ofcio das Paneleiras de Goiabeiras um
legtimo patrimnio nacional, uma prtica enraizada no mundo popular e na memria
do passado coletivo, como cita o Iphan em seu parecer: [...] tudo o que toca a dimenso
crucial da identidade nacional deve merecer particular reverncia de todos e cada um dos
cidados (BRASIL, 2014c, p. 13).. Nesse mbito histrico e social, atravs de pesquisas
realizadas pelos respectivos rgos responsveis, constata-se o relevante valor dessa
prtica, esse saber que perdurou atravs de inmeras geraes como item merecedor do
registro de Patrimnio Cultural Imaterial no Livro dos Saberes.
CONSIDERAES FINAIS
Verifica-se, diante das ponderaes apresentadas, que o ofcio das Paneleiras de
Goiabeiras, prtica local de uma comunidade que se propaga atravs de geraes e
reflete os costumes e modo de vida daquele povo. Mesmo em meio a urbanizao, se
manteve quase que inalterado. Nesse sentido, constitui patrimnio cultura imaterial,
sendo o primeiro a ser registrado pelo Iphan no Livro dos Saberes como forma de
preservao de tal prtica. Pensando-se na salvaguarda dos aspectos que caracterizam a
especificidade da panela de barro, pesquisas foram realizadas quanto s fontes de
matria-prima, o manguezal e o barreiro, sob a superviso dos tcnicos do Iphan, sendo
orientado sobre a necessidade de racionalizao das fontes. Assim, o ofcio das
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 32
Paneleiras de Goiabeiras deve ser valorizado e aes para incentivar e dar condies
para a prtica da atividade devem ser implantadas. Para isso, deve o Estado, como
legitimado protetor do meio ambiente cultural, cuidar da preservao dessa importante
atividade.
REFERNCIAS
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado Federal, 1988. Disponvel em: . Acesso em 16 jun. 2014a.
_____________. Decreto N 3.551, de 04 de Agosto de 2000. Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimnio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimnio Imaterial e d outras providncias. Disponvel em: . Acesso em 16 jun. 2014b.
_____________. Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Ofcio das Paneleiras de Goiabeiras. Disponvel em: . Acesso em 15 jun. 2014c.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 33
ARTIGOS COMPLETOS
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 34
A PROEMINNCIA DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE PARA O ALCANCE DE
INDICADORES PRPRIOS SUSTENTABILIDADE22
SILVA, Andr Arajo Alves da23 RANGEL, Tau Lima Verdan24
GARCIA, Cludia Moreira Hehr25
Resumo: Na contemporaneidade, principalmente a partir da dcada de 1980,
observvel a evoluo do pensamento no que concerne ao meio-ambiente,
notadamente a busca pela adoo de novos paradigmas e postulados que se
ambicionem conjugar o crescimento econmico com a imprescindvel preservao
ambiental. No Brasil tal preocupao no foi diferente, sendo consagrado, inclusive, na
Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, como direito fundamental de
seus indivduos, o direito a um meio-ambiente ecologicamente equilibrado, tanto para
as presentes como futuras geraes, valorando, de modo determinante, os iderios de
solidariedade. Verifica-se a preocupao do legislador constituinte de proporcionar ao
homem, da presente e futuras geraes, um ambiente com condies para o seu
desenvolvimento. No entanto, imposto coletividade a responsabilidade da
preservao e conservao. Nesse plano reservado ao indivduo o direito de usufruir
dos benefcios fornecidos pelo ambiente e ao mesmo tempo, lhe imposto o dever de
resguardar esse ambiente de qualquer dano. Essa obrigao de preservar o Meio
Ambiente, parte do pressuposto de que o prprio homem o responsvel direto pelas
transformaes que ocorrem no ambiente e que, consequentemente, podem levar a um
desequilbrio que influenciar todas as formas de vida. Essas mudanas no ambiente
podem ocorrer quando: se aplica, em tudo, novas tecnologias, so realizadas novas
22 Artigo completo apresentado no III Seminrio Interdisciplinar em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, no ano de 2013. 23 Mestrando do Programa de Sistema de Gesto da Universidade Federal Fluminense. E-mail: [email protected] 24 Bolsista CAPES. Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, vinculado linha de Pesquisa Conflitos Socioambientais, Rurais e Urbanos. E-mail: [email protected] 25 Bolsista CAPES. Doutoranda do Programa de Ps-Graduao em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, vinculada linha de Pesquisa Conflitos Socioambientais, Rurais e Urbanos. E-mail: [email protected]
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 35
experincias sem ter comprovao de consequncias futuras e na prtica de atividades
sem qualquer tipo de cautela. Observa-se que o conceito tcnico insere o homem
dentro de ambiente diferente da lei 6.938/81, que traz o conceito de Meio Ambiente.
Esta no inclui o homem como parte integrante do Meio Ambiente Natural, nesse caso,
a sociedade humana torna-se algo no pertencente ao ambiente em seus componentes
biticos e abiticos. Assim, necessrio se revela a anlise do meio-ambiente e o
desenvolvimento de indicadores que conjuguem o desenvolvimento com a
sustentabilidade.
Palavras-chave: Meio Ambiente. Sustentabilidade. Indicadores de Desenvolvimento.
Abstract: In the contemporary world, mainly from the 1980s, is observable evolution of
thought in regard to the environment, especially the search for the adoption of new
paradigms and assumptions that are ambitious for combine economic growth with
essential environmental preservation. In Brazil this concern was no different, being
consecrated, even in the Constitution of the Federative Republic of Brazil in 1988, as a
fundamental right of its people, the right to an ecologically balanced environment for
both present and future generations, valuing, in a decisive way, the ideals of solidarity.
There is the concern of the constitutional legislator to provide the man of the present
and future generations an environment conducive to their development. However, tax is
the collective responsibility of preservation and conservation. This plan is reserved to
the individual the right to enjoy the benefits provided by the environment and at the
same time, is imposed the duty to protect this environment from any damage. This
obligation to preserve the environment, assumes that man himself is directly
responsible for the changes that occur in the environment and, consequently, may lead
to an imbalance that will affect all forms of life. These changes in the environment can
occur when: applies in all, new technologies, new experiments are performed without
evidence of future consequences and practice activities without any caution. It is
observed that the concept technician enters the man in different environment law
6.938/81, which brings the concept of Environment. This does not include the man as
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 36
part of the Natural Environment, in this case, human society becomes something not
belonging to the environment in their biotic and abiotic components. Thus, necessary if
the analysis reveals the environment and the development of indicators that combine
development with sustainability.
Keywords: Environment. Sustainability. Development Indicators.
1 ABORDAGEM DO MEIO AMBIENTE EM UMA ACEPO INTRODUTRIA
Historicamente, a expresso meio ambiente foi utilizada, pela primeira vez,
em 1835, pelo naturalista francs Geoffroy de Saint-Hilarie, como bem aponta dis
Milar (2007, p. 109). Desde ento, busca-se um conceito para a expresso entre os
especialistas. Necessrio faz-se esquadrinhar a concesso jurdica apresentada pela Lei
N. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (2013), que dispe sobre a Poltica Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d outras providncias.
Aludido diploma, ancorado apenas em uma viso hermtica, concebe o meio ambiente
como um conjunto de condies, leis e influncias de ordem qumica, fsica e biolgica
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Nesse primeiro momento,
salta aos olhos que o tema dotado de complexidade e fragilidade, eis que dialoga uma
sucesso de fatores distintos, os quais so facilmente distorcidos e deteriorados devido
ao antrpica.
Jos Afonso da Silva (2009, p. 20), ao traar definio acerca de meio
ambiente, descreve-o como a interao do conjunto de elementos naturais, artificiais e
culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas
formas. Celso Antnio Pacheco Fiorillo (2012, p. 77), por sua vez, afirma que a
concepo definidora de meio ambiente est pautada em um iderio jurdico despido de
determinao, cabendo, diante da situao concreta, promover o preenchimento da
lacuna apresentada pelo dispositivo legal supramencionado. Trata-se, com efeito, de
tema revestido de macia fluidez, eis que o meio ambiente est diretamente associado
ao ser humano, sofrendo os influxos, modificaes e impactos por ele proporcionados.
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 37
No possvel, ingenuamente, conceber, na contemporaneidade, o meio ambiente
apenas como uma floresta densa ou ecossistemas com espcies animais e vegetais
prprios de uma determinada regio; ao reverso, imprescindvel alinhar o
entendimento da questo em debate com os anseios apresentados pela sociedade
contempornea. Nesta linha, o Ministro Luiz Fux, ao apreciar a Ao Direta de
Inconstitucionalidade N. 4.029/AM, j salientou que:
[...] o meio ambiente um conceito hoje geminado com o de sade pblica, sade de cada indivduo, sadia qualidade de vida, diz a Constituio, por isso que estou falando de sade, e hoje todos ns sabemos que ele imbricado, conceitualmente geminado com o prprio desenvolvimento. Se antes ns dizamos que o meio ambiente compatvel com o desenvolvimento, hoje ns dizemos, a partir da Constituio, tecnicamente, que no pode haver desenvolvimento seno com o meio ambiente ecologicamente equilibrado. A geminao do conceito me parece de rigor tcnico, porque salta da prpria Constituio Federal. (BRASIL, 2013d).
Pelo excerto transcrito, denota-se que a acepo ingnua do meio ambiente,
na condio estrita de apenas condensar recursos naturais, est superada, em
decorrncia da dinamicidade da vida contempornea, iado condio de tema dotado
de complexidade e integrante do rol de elementos do desenvolvimento do indivduo.
Tal fato decorre, sobremodo, do processo de constitucionalizao do meio ambiente no
Brasil, concedendo a elevao de normas e disposies legislativas que visam promover
a proteo ambiental. Ao lado disso, no possvel esquecer que os princpios e
corolrios que sustentam a juridicidade do meio ambiente foram alados a patamar de
destaque, passando a integrar ncleos sensveis, dentre os quais as liberdades pblicas
e os direitos fundamentais. Com o advento da Constituio da Repblica Federativa do
Brasil de 1988, as normas de proteo ambiental so aladas categoria de normas
constitucionais, com elaborao de captulo especialmente dedicado proteo do
meio ambiente (THOM, 2012, p. 116).
Nesta perspectiva, pode-se, ainda, salientar que dis Milar (2007, p. 110), ao
abordar o meio ambiente, conferindo-lhe uma interpretao conceitual baseada em um
aspecto essencialmente jurdico, distingue o tema em uma tica estrita e outra ampla,
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 38
sendo que na primeira o meio ambiente seria uma expressa do patrimnio natural e as
relaes travadas com e entre os seres vivos, ao passo que na segunda o meio ambiente
compreenderia toda a natureza original artificial, tal como os bens culturais correlatos.
Repousa, justamente, nesse contexto mais amplo a diviso do meio ambiente em
natural que abrange o solo, a gua, o ar, a energia, a fauna e a flora e artificial
que abrange as edificaes, equipamentos e alteraes produzidas pelo homem. A
Constituio Federal as Repblica Federativa do Brasil, promulgada em 1988, no
conceitua expressamente meio ambiente, mas insere indiretamente, o homem no
contexto, transmitindo uma viso antropocntrica quando expressa:
Artigo 225: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes (BRASIL, 2013a).
Verifica-se a preocupao do legislador constituinte de proporcionar ao
homem, da presente e futuras geraes, um ambiente com condies para o seu
desenvolvimento. No entanto, imposta coletividade a responsabilidade da
preservao e conservao. Nesse plano reservado ao indivduo o direito de usufruir
dos benefcios fornecidos pelo ambiente e ao mesmo tempo, lhe imposto o dever de
resguardar esse ambiente de qualquer dano. Trata-se, com efeito, de dispositivo
constitucional que encerra ncleo denso de direitos oriundos da terceira dimenso dos
direitos humanos, propagando os valores prprios da solidariedade e fraternidade,
passando a dispensar preocupao no apenas para a gerao presente, mas tambm
para geraes futuras. Essa obrigao de preservar o Meio Ambiente, parte do
pressuposto de que o prprio homem o responsvel direto pelas transformaes que
ocorrem no ambiente e que, consequentemente, podem levar a um desequilbrio que
influenciar todas as formas de vida. Essas mudanas no ambiente podem ocorrer
quando: se aplica, em tudo, novas tecnologias, so realizadas novas experincias sem
ter comprovao de consequncias futuras e na prtica de atividades sem qualquer tipo
de cautela. Nesse contexto, assim expressou Marcello Abelha:
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 39
Bem se v que o legislador teve preocupao especfica com o homem quando disse, ao definir a atividade poluente numa viso antropocntrica, como sendo aquele que afete o bem-estar, a segurana, as atividades sociais e econmicas da populao. Enfim, essa definio de poluio levou em considerao o aspecto finalstico do meio ambiente (proteo da vida) e, mais especificamente ainda, reservou-o para a proteo da vida humana (meio ambiente artificial), numa viso inegavelmente antropocntrica. No sendo assim entendido, no seria mais vago do que o referido enunciado (ABELHA, 2002, apud MILAR, 2007, p. 113).
Observa-se que o conceito tcnico insere o homem dentro de ambiente
diferente da Lei N. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (2013), que dispe sobre a Poltica
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d
outras providncias, que traz o conceito de meio ambiente. Esta no inclui o homem
como parte integrante do meio ambiente natural, nesse caso, a sociedade humana torna-
se algo no pertencente ao ambiente em seus componentes biticos e abiticos. Milar
(2007, p. 111) traz, em sua obra, uma definio, que ele considera descritiva, de vila
Coimbra em que se considera meio ambiente a reunio de elementos biticos e
abiticos, organizados em ecossistemas diversos, sendo o homem inserido, de modo
individual ou social, num processo de interao que atenda o desenvolvimento das
atividades humanas e a preservao dos recursos naturais respeitando-se as leis da
natureza e os padres de qualidade definidos. O Meio Ambiente classifica-se em:
natural, cultural, artificial e do trabalho. Destaca-se que Trennepohl (2007, p. 27),
considera essa classificao meramente didtica.
2 SUSTENTABILIDADE: INDICADORES ECONMICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS
J tardiamente, no incio dos anos 1990, a humanidade assistiu a destruio e
esgotabilidade das mais diversas formas de vida e, no por conscientizao solidria,
mas por perceber que sem recursos naturais no renovveis a prpria vida humana
acabaria por ser extinta, pensou-se em aliar o crescimento econmico com a compatvel
preservao da base de recursos naturais. A esse objetivo global, deu-se o nome de
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 40
desenvolvimento sustentvel. Como bem assinala Miranda et all (2013), ao abordar a
temtica do desenvolvimento sustentvel, surgem os primeiros passos para o
desenvolvimento de uma conscincia ecolgica, concedendo especial enfoque para um
viso global, atenta com as imensurveis consequncias produzidas por uma possvel
esgotabilidade do meio ambiente de se autoequilibrar. Paulo Affonso Leme Machado
destaca, ao esquadrinhar o conceito de desenvolvimento sustentvel, que:
O antagonismo dos termos desenvolvimento e sustentabilidade aparece muitas vezes, e no pode ser escondido e nem objeto de silncio por parte dos especialistas que atuem no exame de programas, planos e projetos de empreendimentos. De longa data, os aspectos ambientais foram desatendidos nos processos de decises, dando-se um peso muito maior aos aspectos econmicos. A harmonizao dos interesses em jogo no pode ser feita so preo da desvalorizao do meio ambiente ou da desconsiderao de fatores que possibilitam o equilbrio ambiental. (MACHADO, 2013, p. 74).
Junto com o conceito de sustentabilidade surgiram os indicadores de
sustentabilidade com o escopo de auferir a relativa evoluo em relao prpria
sustentabilidade. Indicadores estes, que so ambientais, econmicos e sociais. Uma vez
conciliados tornam-se um instrumento que quantifica e analisa informaes tcnicas e
as transmite de maneira simples, para melhor compreenso. Neste diapaso, pode-se
destacar que os indicadores de sustentabilidade, segundo a viso apresentada por
Amaral (2003, p. 27), so parmetros ou valores de parmetros que fornecem
informao sobre um determinado fenmeno. [...]. Podem ser descritivos, quando
descrevem a situao real [...] ou normativos, indicando as distncias entre as condies
reais das condies de referncia. Desta feita, os indicadores so, portanto,
instrumentos essenciais para guiar a ao e subsidiar o acompanhamento e a avaliao
do progresso alcanado rumo sustentabilidade, como j apontaram Polaz e Teixeira
(2008, p. 03), em momento oportuno.
Nesta trilha, os denominados indicadores de sustentabilidade ambiental, em
razo da clareza que possuem, podem ser traduzidos como propostas que permitem
que cada pas escolha os mecanismos e instrumentos que considere ser o mais
importante para sanar problemas ambientais existentes, observando tantos os impactos
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 41
locais quanto os globais a seres produzidos. Desse modo, verificvel como um dos
aspectos inerentes a estes indicadores a avaliao da assimilao por parte do meio-
ambiente em processas e assimilar os poluentes. imprescindvel, tambm, que se
tenha em mente a eficincia dos recursos naturais explorados e o quanto estes podem
contribuir no prprio desenvolvimento de determinada atividade ou segmento da
sociedade. De outra banda, os indicadores sociais representam instrumentos de
operacionalizao para o monitoramento da realidade que orienta a formula e, quando
se revela necessrio,a reformulao de polticas pblicas. Trata-se, desta sorte, de uma
medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para
substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito abstrato, de interesse terico
(para pesquisa acadmica) ou programtico (para formulao de polticas) (AZEVEDO,
2006, p. 79).
J os indicadores econmicos analisam os desdobramentos das aes em um
sistema macro e micro, que demonstrem que os recursos financeiros empregados
alcanam mxima eficincia e que o projeto desenvolvido tem a capacidade de gerar
renda suficiente para manter o indivduo na atividade. Ainda neste caminho, deve-se
destacar que o indicador econmico quando implementado deve ponderar tambm a
respeito do valores de desenvolvimento sustentvel e se estes esto sendo
considerados na implementao da atividade, de modo tal que os danos causados ao
meio-ambiente com a explorao de determinada atividade possam ser compensados
em uma outra vertente. Corriqueiramente, decises polticas, que, usualmente, at
ento, eram influenciadas apenas por indicadores sociais e econmicos so aliadas a
indicadores ambientais. Uma vez que um indicador econmico desconsidera os efeitos
sociais e ambientais, de modo que se faz a recproca verdadeira. Destarte, faz-se
imprescindvel a anlise conjunta dos indicadores, uma vez que a sustentabilidade no
se estende apenas ao meio natural, mas tambm, e no menos importante, ao
desenvolvimento econmico e social, enfim concretizao da dignidade humana.
A proteo do meio ambiente indispensvel qualidade de vida das
presentes e futuras geraes, consubstanciando-se no princpio da dignidade da pessoa
humana, conforme j ponderaram Abreu e Sampaio (2007, p. 71-81). Ao se adotar uma
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 42
viso holstica do meio ambiente, o ser humano deixou de estar ao lado meio ambiente
para inserir-se neste, como parte integrada e, dele, no podendo ser dissociado.
A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justia, ao apreciar o Recurso
Especial N 1.094.873/SP, de relatoria do Ministro Humberto Martins, assentou
entendimento no qual caracterizou, com clareza ofuscante, que o interesse econmico
no deve prevalecer sobre a proteo ao meio ambiente; ao reverso, em decorrncia da
proeminncia assumida pelo meio ambiente, em especial aps a promulgao da
Constituio de 1988, verifica-se que o meio ambiente assume papel de destaque para a
concreo da pedra angular do ordenamento brasileiro, qual seja: a dignidade da pessoa
humana. O Direito ambiental contemporneo no possui uma viso estritamente
jurdica, mas essencialmente ecolgica. A nova abordagem aduz que a complexidade
ambiental tanta, que o Direito por si s insuficiente para sanar problemas advindos
de questes ambientais. Da a importncia de um carter interdisciplinar interpretao
das normas que tutelam o meio ambiente, uma vez que a preservao, por vezes,
transcende a capacidade dos estudos e prticas existentes.
Ao mesmo tempo em que os tribunais decidem que o interesse econmico
no deve prevalecer sobre a proteo ao meio ambiente, crescente e perigoso o
discurso ecolgico alienado. Na contemporaneidade os mais diversos setores da
sociedade se manifestam como defensores do meio ambiente e quase uma heresia
questionar um posicionamento dito ecolgico. Ocorre que, infelizmente e
previsivelmente, houve a mercantilizao da marca sustentvel, deturpando o conceito
ideolgico circunscrito em sua definio. O dito selo verde tem sido utilizado como
fator de incentivo ao consumo desenfreado por uma marca, por estar em evidncia. O
que sepulta o matiz axiolgico da real sustentabilidade. Agregou-se valor econmico e
no principiolgico causa ambiental. Compram-se produtos desnecessrios simples e
puramente por estarem, supostamente, ligados a movimentos ambientalistas, quando o
verdadeiro vis ecologicamente correto seria no consumir o desnecessrio.
Dotados de carter neoliberal, os discursos ambientalistas se olvidam do
modelo capitalista de consumismo desregrado que acabou por se enraizar na noo de
desenvolvimento sustentvel. Descaradamente empresas abarrotam o mercado com
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 43
produtos tecnolgicos ao mesmo passo que se aliam a causas ecolgicas. Ora, um
celular ou computador, pode em sua maioria ter uma vida til bem mais longa que a
que lhes atribuda. Simplesmente pelo fato do mercado oferecer uma demanda de
novos aparelhos, ditos superiores, a cada instante, cria-se a iluso de que o aparelho at
ento, perfeitamente, utilizado est defasado.
Sem embargo, h que se considerar que grande parte da responsabilidade
para tal comportamento atribudo aos radicalistas ecolgicos, que maculam a imagem
de ambientalistas verdadeiramente comprometidos com a causa. Recentemente os
cientistas do IPPC (painel internacional sobre o clima), adulteraram os dados de suas
pesquisas para tornar os relatrios mais dramticos e destarte causar maior desespero
na populao. Populao esta, alienada com um discurso emblemtico e vazio, critica de
todas as maneiras o efeito estufa, mas no imagina que a vida sem ele seria impossvel
no planeta Terra. Ou, ainda, desconhece todas as eras climticas j sofridas por este
planeta. incompreensvel pessoas se comoverem com a matana de baleias, risco de
extino eminente dos ursos-panda e o trfico de ovos da arara-canind, mas no se
escandalizarem com a quantidade de lixo produzida por elas mesmas, ou ainda com o
uso excessivo de sacolas plsticas.
A efetiva conscientizao ambiental s ter abrangncia eficaz quando a
postura do humano defensor da causa ambiental transcender o aspecto catastrfico e
panfletrio, focando assim em polticas de (re)educao ambiental associada ao matiz
axiolgico da cooperao. Uma vez que no h que se definir como atitude sustentvel
uma doao para uma entidade supostamente ecolgica e assim criar a iluso de
colaborao. H sim, que se empregar no ser humano a conscincia que a somatria de
esforos prximos e possveis dentro de cada realidade produzir um resultado dentro
de uma microesfera que agregado com as demais esferas transformar a macroesfera,
que o meio ambiente a nvel global que tanto se almeja equilibrar. Para tal
imperativo que o homem abandone sua postura egolatria e compreenda que a
sustentabilidade necessria independentemente dos estragos que sua falta pode
produzir para a vida prpria ou de seus descendentes.
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3 A PROEMINNCIA DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE EM TODOS OS SEUS ASPECTOS
COMO FORMA PARA SE ALCANAR OS INDICADORES PRPRIOS DA
SUSTENTABILIDADE
3.1 Breve Anlise Histrica: Da Conferncia de Estocolmo ao Protocolo de Quioto
Tendo por sedimento, robusto e macio, as ponderaes trazidas at o
presente momento, pode-se, ainda, salientar que a preocupao com o meio-ambiente,
em suas mltiplas acepes, aliado ao desenvolvimento sustentvel, ganhou
substancioso destaque nas ltimas dcadas do sculo XX, fruto da evoluo da
sociedade global, diante das sensveis modificaes verificveis, tanto no que tange s
alteraes climticas como comprometimento dos recursos naturais. Como sustentculo
de tal afirmao, Machado (2006, p. 03) j salientou que o marco para a construo do
conceito de desenvolvimento sustentvel teve incio na dcada de 70, mais
propriamente, a partir da Conferncia de Estocolmo (United Nations Conference on the
Human Environment), realizada em 1972. Na referida conferncia, a discusso orbitava
em torno de dois assuntos proeminentes, a saber: a poluio e a preservao, tendo
como balizas o contnuo e incontido crescimento das naes, aumento populacional e o
uso predatrio dos recursos energticos, hdricos e das fontes de matrias-primas
naturais que se contrapunham necessidade de preservao e desenvolvimento
sustentvel. A adoo do paradigma de defesa e preservao do meio-ambiente, neste
perodo, se revelava um empecilho para o desenvolvimento dos pases, sobretudo
aqueles tidos como integrantes do Terceiro Mundo.
[] na medida em que esse paradigma [preservao do meio-ambiente] se opunha a estratgias de desenvolvimento com uso intensivo de recursos, os pases do Terceiro Mundo temiam que preocupaes de cunho ambiental se tornassem obstculos ao desenvolvimento. (MACHADO, 2006, p. 03).
Todavia, com o passar dos anos, a questo ambiental se revelou eivada de
grande complexidade, sendo, comumente, atrelada necessidade de um
desenvolvimento pautado na sustentabilidade, trazendo tona, em contrapartida, um
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 45
sucedneo de dificuldades no estabelecimento de um dilogo entre os diversos sujeitos
envolvidos. Entrementes, a construo de um conceito de desenvolvimento sustentvel
passou a afigurar como um slido axioma sobre o qual se poderia edificar um dilogo
entre os mais diversos segmentos, como comunidades cientficas, empresrios, governos
de pases desenvolvidos e em desenvolvimento. Atualmente, o paradigma que se
encontra em destaque enfatiza o impacto negativo das atividades humanas no meio-
ambiente, em uma escala global. Pode-se perceber, com clareza, essa mudana de
paradigmas ao comparar a Declarao de Princpios de Estocolmo com a do Rio de
Janeiro, vinte anos mais tarde (MACHADO, 2006, p. 05). Tais exposies cingem-se ao
fato de que quase todos os princpios que se encontravam insertos no texto 1972 fazem
referncia ao consumo excessivo de recursos, ao passo que em 1992 sobressai o
problema de gerenciamento coletivo de sistemas naturais em escala global. Diante do
cenrio pintado, a elaborao de uma nova realidade conceitual que articule o
tratamento da questo ambiental, o desenvolvimento econmico e o progresso social,
arrimando-se em um desenvolvimento sustentvel medida carecida.
Como fruto de tais trabalhos, no ano de 1997 elaborado um acordo
internacional, o qual consagrava em suas linhas os pilares alicerantes do
desenvolvimento sustentvel, qual seja: o Protocolo de Quioto. O fito primrio do
documento mencionado era estabelecer metas pra fomentar a reduo de gases que
causam e aumentam o efeito estufa, para prevenir as consequncias que o aumento da
temperatura da Terra podem trazer, como degelo das calotas polares e a consequente
elevao dos nveis das massas de guas ocenicas. Denota-se, a partir do exame da
linha tracejada pelo documento internacional, a importncia sem precedentes no que
atina matria de cooperao internacional que se traduzem em esforos globais para a
defesa ambiental. Sua adoo resultado dos esforos dos governos ao assumir,
perante a comunidade internacional, o compromisso de agir dentro de suas fronteiras
em prol da questo climtica, a partir das determinaes tomadas multilateralmente
(MACHADO, 2006, p. 06).
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 46
3.2 O Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado como fomento ao
Desenvolvimento Sustentvel
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado foi entalhado nas
disposies da Declarao de Estocolmo de 1972 e reavivado, com fortes cores e grosso
traos, na Declarao do Rio de Janeiro de 1992, assim como elevado a patamar de
flmula norteadora no art. 225 da Carta de Outubro. O dogma em exame traz como
macio desdobramento de suas disposies que o meio-ambiente ecologicamente
equilibrado pilar constituinte do manancial de direitos difusos, j que pertencente a
todos os indivduos. Alis, de bom alvitre mencionar o caput do referido dispositivo da
Lei Maior, que assim aduz: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para
as presentes e futuras geraes (BRASIL, Constituio, 2013).
Observar-se- a existncia de duas espcies de solidariedade intergeracional,
tais sejam: uma pautada na atual gerao, denominada, em razo disso, de sincrnica; e,
outra voltada para as futuras geraes, chamada anacrnica. Com destaque, assinalar
faz-se imprescindvel, consoante entendimento explicitado por Andria Minussi Facin
(2002), que possvel enumerar trs formas distintas de acesso a bens materiais, quais
sejam: acesso visando o consumo do bem, tal como ocorre com a captao de gua e
instrumentos predatrios de caa e pesca; acesso causando poluio ao meio ambiente,
a exemplo do que se denota no acesso gua ou ao ar, lanando, para tanto, poluentes
ou emitindo poluio sonora; e, acesso ao meio ambiente para a contemplao de seus
elementos e paisagem.
Verifica-se, deste modo, a existncia do meio ecologicamente equilibrado
no se traduz somente na preservao para a gerao atual, mas, tambm, para as
geraes futuras. Logo, se o pavilho desfraldado tremula em direo ao
desenvolvimento sustentvel, patente faz-se que a concepo albergue o crescimento
econmico como garantia paralela e superiormente respeitada da sade da populao,
cujo acervo de direito devem ser observados, tendo-se em vista no apenas as
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 47
necessidades atuais, contudo, tambm, as que so passveis de preveno para as
geraes futuras. Neste sedimento cuida apontar, com nfase, que est diretamente
vinculado ao corolrio em comento o preceito da precauo, j que a necessidade de
afastamento de perigo, tal como a adoo de instrumentos que busquem a promoo da
segurana dos procedimentos adotado para a garantia das geraes futuras, efetivando-
se apenas por meio da sustentabilidade ambiental das aes humanas.
Denota-se, destarte, que o princpio em comento torna efetiva a busca
incansvel pela proteo da existncia humana, seja tanto pela proteo do meio
ambiente como pela estruturao de condies que salvaguardem a sade e a
integridade fsica, considerando-se o indivduo em sua inteireza. Gize-se que tal fato
decorre da nova viso reinante, na qual h que se adotar, como poltica pblica, o que
se faz imprescindvel para antecipar os riscos de danos que sejam passveis de
materializao em relao ao meio ambiente, tanto quanto o impacto que as aes ou
as omisses possam produzir. Ora, o artigo 225 da Constituio da Repblica Federativa
do Brasil de 1988, ao estabelecer o nus em relao coletividade e ao Poder Pblico,
na condio de dever, de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e
futuras geraes, inaugura um dever geral arrimado na preveno de riscos ambientais,
no patamar de um ordem normativa objetiva de antecipao de futuros danos
ambientais, os quais encontram como sustentculos os dogmas da preveno, quando
tratar de riscos concretos, e da precauo, quando estiver diante de riscos abstratos.
A preocupao hodierna da Lex Fundamentallis do Estado Brasileiro foi
preservar o meio-ambiente para as geraes futuras, preservando os nichos existentes e
recuperando as reas ambientais que j esto degradadas. Destarte, verifica-se que a
Constituio da Repblica imps a todos, coletividade como uma unidade e cada
indivduo que a constitui, uma obrigao de zelo e respeito com o meio-ambiente. Como
bem aponta Facin (2002), o direito ao ambiente como um dos direitos fundamentais da
pessoa humana um importante marco na construo de uma sociedade democrtica,
participativa e socialmente solidria. Desta sorte, a Constituio de 1988, visando
efetivar o exerccio do direito ao meio-ambiente sadio, fixou o tema em comento como
direitos pblicos subjetivos, os quais podem ser exercidos a qualquer momento, e que
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Grupo de estudos e pesquisas em Meio Ambiente e Direito Minerrio 48
se possa exigir do Estado e dos particulares a proteo devida ao ambiente. A proteo
ao meio ambiente assume especial relevncia, na proporo em que importante
preservar a natureza, como meio da prpria subsistncia e existncia da vida humana.
Ainda nesta linha re raciocnio, bem como fortalecendo todo o sucedneo
de informaes apresentados, pode-se destacar que os denominados direitos difusos
(direitos da fraternidade ou solidariedade), do qual o meio-ambiente ecologicamente
equilibrado se encontra abrangido, tm ntima relao com o humanismo e, por
extenso, ao iderio de uma sociedade caracterizada por ser mais justa e solidria,
consubstanciando, dessa monta, a continua busca na autodeterminao dos povos e na
consolidao da paz universal. Nesta senda, inclusive, possvel citar as ponderaes
trazidas a lume pelo festejado Bonavides:
A conscincia de um mundo partido entre naes desenvolvidas e subdesenvolvidas ou em fase de precrio desenvolvimento deu lugar em seguida a que se buscasse uma outra dimenso dos direitos fundamentais, at ento desconhecida. Trata-se daquela que se assenta sobre a fraterni