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COMISSÃO ORGANIZADORA

Irene Carniatto (Coordenação geral) Maria Arlete Rosa (Coordenação geral)

Adriana Massaê Kataoka Angela Bárbara Tischner Bárbara Grace Tobaldini

Celso Aparecido Polinarski Edilaine da Silva Dutra

Elizandra Aparecida de Andrade Leila de Fátima Alberton Liliam Faria Porto Borges Lucilei Bonadeze Rossasi Marino Eligio Gonçalves

Mauri José Schneider Mauri Pereira

Maurício Camargo dos Santos Paulo Roberto Castella

Rodrio Cupelli Valéria Crivelaro Casale

Wilson João Zonin

COMISSÃO DE APOIO

Cintya Fonseca Luiz Elio Jacob Hennrich Junior

Heloisa Azevedo Brasil Jéssica Ricci de Lima Kelly Mayara Poersch

Luiza Elena Slongo Margaret Seghetto Nardelli

Neimar Afonso Sornemberger Raissa Gallego

MARKETING

Alexandre Mendes dos Reis

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ORGANIZADORES DOS ANAIS:

Irene Carniatto

Bárbara Grace Tobaldini Celso Aparecido Polinarski

COMITÊ CIENTÍFICO:

Anelize Queiroz do Amaral Antônio Fernando Silveira Guerra

Bárbara Grace Tobaldini Celso Aparecido Polinarski

Irene Carniatto Mara Lúcia Figueiredo

Maria Arlete Rosa

PARECERISTAS:

Bárbara Grace Tobaldini Irene Carniatto

Adriana Massaê Kataoka André Luis de Oliveira

Anelize Queiroz Amaral Angélica Goes Morales

Antonio Fernando Silveira Guerra Barbara Grace Tobaldini

Celso Polinarski Daniela Macedo de Lima Denise Lemke Carletto

Franciele Aní Caovilla Follador Irene Carniatto

Mara Lucia Figueiredo Maria Arlete Rosa Mariele Mucciatto

Marino Elicio Gonçalves Mauricio Camargo Filho Mauricio Cruz Mantoani

Nardel Silva Raquel Fabiane Mafra Orsi Rodrigo Launikas Cupelli

Thaisa Pegoraro Valéria Casale

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FICHA CATALOGRÁFICA

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SUMÁRIO GERAL

SEÇÃO I - EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL: Marcos Teóricos e Experiências das

Escolas em Educação Ambiental (Pág. 1 a 312)

Eixo Temático: Educação Ambiental formal

SEÇÃO II – UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL (Pág. 1

a 209)

Eixo Temático : Educação Ambiental informal

Eixo Temático : Educação Ambiental em estruturas educadoras

SEÇÃO III- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E

POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL – A Teoria e a Prática em

Projetos e Programas (Pág. 1 a 194)

Eixo Temático : Apontamentos Educação Ambiental e políticas públicas

Eixo Temático : Fundamentos históricos, teóricos e metodológicos em Educação Ambiental

SEÇÃO IV– EDUCAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL: a Contribuição das Redes de

Educação Ambiental e a Formação de Educadores Ambientais (Pág. 1 a 198)

Eixo Temático : Educação Ambiental e Gestão Ambiental

Eixo Temático : Redes de Educação Ambiental

Eixo Temático : Formação de Educadores Ambientais

SEÇÃO V –EDUCOMUNICAÇÃO, MÍDIAS E RECURSOS DIDÁTICOS EM

EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Pág. 1 a 199)

Eixo Temático : Recursos Didáticos em Educação Ambiental

Eixo Temático : Educação Ambiental, mídias e Educomunicação

SEÇÃO VI – CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CAMPO E

EM BACIAS HIDROGRÁFICAS (Pág. 1 a 270)

Eixo Temático : Educação Ambiental por Bacias Hidrográficas

Eixo Temático : Educação Ambiental no Campo

OBSERVAÇÃO: Os trabalhos publicados, bem como a escolha dos eixos temáticos são de responsabilidade de

seus autores e não representam a opinião da Comissão Organizadora.

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O Encontro Paranaense de Educação Ambiental - EPEA é um dos eventos mais

significativos para o fortalecimento da Educação Ambiental no Paraná realizado pela Rede

Paranaense de Educação Ambiental - REA-PR, e seus resultados tem refletido de forma

positiva tanto no Estado como no País.

Sob a responsabilidade de instituições locais, os EPEAs começaram a ser realizados

a partir de 1998, com função explícita de se tornarem um fórum de discussão sobre o

desenvolvimento da Educação Ambiental no Paraná, e desde então, contribuem

significativamente para discussões e trocas de experiências sobre essa temática. Esse

Encontro envolve educadores e estudantes de todos os níveis de ensino, técnicos de

organizações não governamentais, de órgãos públicos e do setor privado, lideranças

comunitárias, além da comunidade em geral interessada em refletir e dialogar sobre os

rumos e perspectivas para a melhoria das inter-relações entre os seres humanos e o

ambiente.

Neste ano de 2013, o XIV EPEA foi realizado concomitantemente com o I Colóquio

Internacional de Rede de Pesquisa em Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica -

CIRPPEA. A proposta do I CIRPEA foi dar continuidade a articulação estadual da área de

Educação Ambiental e organizar uma Rede De Pesquisadores em Educação Ambiental no

Paraná, tendo como eixo estruturante o conceito e território das bacias hidrográficas, que

também podem ser paralelamente definidas com os territórios de atuação das IES –

Instituições de Ensino Superiores do Paraná, principalmente as Universidades Estaduais.

Os eventos foram sediados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE nos dias 01 à 04 de outubro de 2013.

Agradecemos nessa ocasião, a todos os colaboradores e apoiadores.

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SEÇÃO II – UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL

Eixo Temático : Educação Ambiental informal

Eixo Temático : Educação Ambiental em estruturas educadoras

SUMÁRIO

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA REMEA - REVISTA

ELETRÔNICA DO MESTRADO DE EA/PPGEA/FURG ........................................................... 10

SABERES ETNOECOLÓGICOS DOS PESCADORES ARTESANAIS E ALUNOS DA

PLANÍCIE ALAGÁVEL DO ALTO RIO PARANÁ ....................................................................... 25

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA TRILHA ECOLÓGICA GIRAU ALTO:

REFLETINDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

SOBRE MEIO AMBIENTE .............................................................................................................. 35

A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS NA MICRO

BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO OURO VERDE EM PARANAVAÍ-PR .................. 44

HORTA ESCOLAR NO ÂMBITO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AÇÃO PROMOTORA DE

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS .......................................................................................................... 53

WALL-E: METODOLOGIA PARA ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL .......................... 62

SAÚDE AMBIENTAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: INTERLOCUÇÃO ROMPENDO

PARADIGMAS .................................................................................................................................. 71

TECENDO SONHOS NA PERSPECTIVA DO EMPODERAMENTO LOCAL: SEMEANDO A

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

.............................................................................................................................................................. 81

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE MEIO AMBIENTE DE ALUNOS NA TRILHA

ECOLÓGICA DA UTFPR-DV .......................................................................................................... 91

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESTRUTURAS EDUCADORAS DE ITAIPU: ECOMUSEU E

REFÚGIO BIOLÓGICO BELA VISTA. ........................................................................................ 100

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA: A EXPERIÊNCIA DA ITAIPU BINACIONAL.

............................................................................................................................................................ 102

BENEFÍCIOS GERADOS A EMPRESAS E COMUNIDADE POR MEIO DA AÇÃO RESÍDUO

TOUR ................................................................................................................................................ 104

O USO DA TÉCNICA DE OBSERVAÇÃO DE AVES EM TRILHAS ECOLÓGICAS: UMA

NOVA FERRAMENTA EDUCATIVA .......................................................................................... 107

ATIVIDADES LÚDICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADAS A

ECTOPARASITOS DE CÃES. ....................................................................................................... 112

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS COLABORADORES DE UMA EMPRESA PRIVADA QUE

DESENVOLVE PROJETOS SOCIOAMBIENTAIS EM GUARAPUAVA/PR E REGIÃO. ... 117

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA SENSIBILIZAÇÃO DOS PROBLEMAS CAUSADOS PELA

INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA -

PR ...................................................................................................................................................... 121

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO DE

EFLUENTES EM UM LATICÍNIO DO MUNICÍPIO DE MISSAL/PR ................................... 126

SABOR AMBIENTE: UMA INTERVENÇÃO ARTÍSTICA-AMBIENTAL ............................. 131

EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA AO ESPAÇO DOMÉSTICO ATRAVÉS DE

PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA SUSTENTÁVEIS ....................................................... 134

APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A

EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DA COMUNIDADE ESCOLAR ................................... 143

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO

ENSINO/APRENDIZAGEM PARA OS CURSOS TÉCNICOS PROFISSIONALIZANTES..

............................................................................................................................................................ 153

A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇAO AMBIENTAL E A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL NA

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE SEDE NOVA/RS ....................... 161

AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: DIFICULDADES ENCONTRADAS

PELOS PROFESSORES PARA REALIZAR AS MESMAS EM SALA DE AULA. .................. 172

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL RUMO A SUSTENTABILIDADE ................................................. 181

DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BLOCO G DA UNIOESTE,

CAMPUS DE TOLEDO/PR ........................................................................................................... 191

TRILHA INTERPRETATIVA EM ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............... 198

O CONCEITO DE AMBIENTE CILIAR E SUA IMPORTÂNCIA NA VISÃO DE ALUNOS DE

ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................................................ 202

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

INFORMAL

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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em

Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica

XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental

10 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA

REMEA - REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO DE

EA/PPGEA/FURG

Jacqueline Carrilho Eichenberger (PG)1,

Jusélia Paula da Silva (IC)2,

Vilmar Alves Pereira (PQ)3.

Resumo: O presente trabalho apresenta as concepções de educação ambiental no contexto da Revista

Eletrônica do mestrado de Educação Ambiental/REMEA/PPGEA/FURG. A REMEA constitui-se em um espaço

tradicional para a divulgação da produção científica nacional e internacional na área da Educação Ambiental -

EAno país. Os estudos partiram da correlação dos dados gerados pela circulação do periódico, a partir de sua

migração para a Plataforma Open Journal Systems (OJS/SEER), para onde já foi disponibilizado grande parte

dos volumes anteriores, desde sua criação. O artigo destaca a cartografia da EA, por meio de artigos publicados

por universidades do Brasil e América Latina, apresentando diferentes tempos e espaços da Educação

Ambiental, sejam formais, informais, políticos, de fundamentos, de formação, nos diferentes territórios.

Registros de visitantes indicam que cerca de 13.000 usuários originados do Brasil e de outros 50 países de

diferentes continentes, acessaram o periódico nos últimos três meses. Com base nos dados apresentados, o artigo

propõe uma reflexão sobre o desafio, tanto da universidade, como do próprio Programa de EA em dar conta dos

limites e possibilidades dessa dinâmica e, continuamente afirmar a EA como campo do conhecimento humano.

Palavras Chave: Educação Ambiental; Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental-REMEA/FURG.

Abstract: This paper presents the concepts of environmental education in the context of the Electronic Journal

of Environmental Education Masters / REMEA / PPGEA / FURG. The REMEA is in a traditional space for the

dissemination of national and international scientific production in the area of environmental education in the

country. The studies started from the correlation of the data generated by the circulation of the journal, from their

migration to Platform Open Journal Systems (OJS / SEER), which has been made available for most of the

previous volumes, since its inception. The article highlights the mapping from EA through articles published by

universities in Brazil and Latin America, with different times and spaces of environmental education, whether

formal, informal, politicians, fundamentals, education in different territories. Records indicate that visitors about

13,000 users originated from Brazil and 50 other countries from different continents, accessed the journal in the

last three months. Based on the data presented, the article proposes a reflection on the challenge, both from the

university, as the Environmental Education Program in realize the limits and possibilities of this dynamic and

affirm environmental education as a field of human knowledge.

Keywords: Environmental Education, Electronic Journal of Master of Education Ambiental-

REMEA/PPGEA/FURG

1 Mestranda em Educação Ambiental. Graduada em Filosofia /Universidade Federal do Rio Grande-FURG, Rio

Grande- RS. [email protected] 2 Acadêmica de Biblioteconomia. Bolsista da REMEA/Universidade Federal do Rio Grande-FURG, Rio Grande-

RS. [email protected] 3Doutor em Educação. Mestre em Educação. Graduado em Filosofia/Universidade Federal do Rio Grande-

FURG, Rio Grande- RS. [email protected]

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Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica

XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental

11 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

INTRODUÇÃO

Contextualizando a REMEA

A Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental

apresenta artigos em língua portuguesa e espanhola e constitui-se em um espaço tradicional

para a divulgação da produção nacional e internacional na área da Educação Ambiental (EA).

São questões fundamentais do periódico as preocupações com as múltiplas abordagens de

experiências de EA nos espaços formais de educação e seus impactos na comunidade escolar

e na aprendizagem. Conscientes dos desafios apresentados pela questão da sustentabilidade, o

periódico apresenta, assim como o programa de Pós-graduação em EA – PPGEA/FURG, em

meio aos Tempos e Espaços da EA, uma forma de proporcionar a reflexão sobre os

fundamentos históricos, antropológicos, sociológicos, filosóficos, éticos e epistemológicos da

EA.

Com a responsabilidade de contribuir para a produção de conhecimentos e sua

transformação no campo da EA, o periódico busca aprofundar por meio da publicação de

artigos e resenha de livros, a compreensão crítica da atual crise socioambiental no Brasil e no

mundo; fundamentar as discussões sobre propostas pedagógicas; propor o enfoque na situação

sócio, ecológica regional, nacional, internacional e o papel que cabe à escola em face de esta;

difundir pesquisas na área da EA, possibilitando o leitor identificar problemas e soluções,

dentro de sua área de conhecimento e atuação.

A Revista envolve leitores e pesquisadores oriundos das comunidades cientificas, das

comunidades pesqueiras, das Unidades de Conservação, Indústrias, Produtores primários,

Escolas, Universidades, Hospitais, Professores, Alunos, Profissionais liberais e Populações

diversas. O periódico tem buscado reunir abordagens que tratam da manutenção dos recursos

naturais, melhoria da qualidade ambiental, educação, planejamento, manejo ambiental,

conscientização em comunidades, tomadas de decisão, gerenciamento, mudanças de atitudes e

valores.

A Revista Eletrônica do Mestrado em EA (REMEA) possui circulação nacional e

internacional (on-line) com periodicidade semestral, de conteúdo científico, tendo como

objetivo principal a veiculação de resultados de pesquisa relacionados à EA como uma área

de pesquisa no Brasil e América Latina. Em 2003 passou a integrar o Qualis da CAPES, o que

garante a qualidade dos artigos publicados para fins de avaliação de programas de pós-

graduação. Possui conceito Qualis B2 pelos parâmetros atuais de avaliação de periódicos.

Pela ANPED foi considerado um periódico que atende as exigências de uma revista de

alcance nacional pela qualificada produção na área já que vinculado ao Programa de Pós

Graduação em EA. Este programa conforme dados apresentados é responsável por mais de

50% da produção científica nacional na área.

Em 2012 foram demarcados a migração do periódico para a Plataforma Open Journal

Systems (OJS/SEER), para onde já foram disponibilizados quase todos os volumes anteriores,

desde sua criação em 1999. Também Foram atualizados os indexadores. Os arquivos a serem

migrados estavam hospedados em sítio HTML, não oferecendo um sistema para recuperação

e gerenciamento dos processos editoriais bem como padronização na disposição das

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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em

Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica

XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental

12 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

informações. Esses foram alguns dos motivos pela decisão, por parte do conselho

editorial/REMEA, pela migração, esta foi finalizada em junho de 2013. Paralelamente a

migração seguiram-se os processos de editoração com as novas submissões e subsequentes

publicações.

Um dos primeiros passos dados em relação a migração do periódico foi o de dar início

ao treinamento sobre as funcionalidades do software, afim de se conhecer as possibilidades de

funcionalidade oferecidas, identificar os volumes a serem migrados, dos quais 19 volumes

num total de 437 artigos em formato pdf. Delineou-se que a migração deveria conservar as

características de apresentação originais, mantidas pelo periódico. Para desenvolver a

migração, além de treinamento no software OJS/SEER, mantido pela Universidade Federal do

Rio Grande para fins de aprendizagem, buscou- se na literatura especializada, a fim de

relacionar recursos que mais se adequassem a referida migração, referentes ao processo de

editoração. A síntese do processo se caracterizou pelo treinamento no software OJS/SEER;

Planejamento das atividades de migração; Seleção e downloads de pdfs; Cadastro de autores;

Submissão dos artigos; Publicação dos volumes; Caracterização final da Revista.

O processo de migração das rotinas dos processos editoriais dinamizou a REMEA e

proporcionou uma busca por bancos de dados e indexadores para sua inserção. Tal fato trouxe

uma nova demanda para revista que foi a busca constante da implementação de critérios de

qualidade. “Como ocorre em toda transição de um sistema a outro, de uma realidade a outra,

há necessidade de constante mutação, de descobertas, de aperfeiçoamentos [...]” (FACHIN;

HILLESHEIM, 2006, p. 40). O planejamento de ações futuras referentes aos critérios de

qualidade da publicação cientifica da Revista consta a atribuição de DOI (Digital object

identifier) para publicações digitais em rede além da sua busca pela melhoria dos critérios

Qualis, A partir do uso do SEER observou-se maior divulgação na rede mundial de

computadores, o que também trouxe visibilidade, além de transparência das suas rotinas.

Frequentemente leitores, autores e avaliadores buscam por informações sobre a revista.

Compreende-se que a busca pela melhoria dos critérios de qualidade é um processo constante

que permite ao editor, assistentes e toda a equipe envolvida busque por aprendizado sobre o

tema.

A educação Ambiental no contexto da REMEA/PPGEA/FURG

Ao instituir, em 2004, um Grupo de Trabalho (GT) em Educação Ambiental na

ANPED - Associação Nacional de Pós Graduação em Educação, o Programa de Pós

Graduação e EA – PPGEA, contribuiu definitivamente para o fortalecimento de um corpus

teórico capaz de dialogar com os diferentes saberes oriundos de produções científicas e ao

mesmo tempo, possibilitar processos de reflexão para efetivas mudanças culturais: “(...)

propiciar os processos de mudanças culturais em direção à instauração de uma ética ecológica

e de mudanças sociais em direção ao empoderamento dos indivíduos, grupos e sociedades que

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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em

Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica

XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental

13 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

se encontram em condições de vulnerabilidade em face dos desafios da contemporaneidade.”

(ProNEA, 2005, p. 18).

Considerando ser um campo de conhecimento relativamente novo, a pesquisa em EA

vem se constituindo como um posicionamento político, um esforço de “gerar novos vínculos

com o ambiente imediato, seja ele natural, construído, espacial ou temporal, através de uma

ética particular” (SANTOS & SATO, 2006, apud NABAES, 2013, p. 32-33). Ainda, sendo a

produção de pesquisa um fator de sua legitimação como área de investigação, a necessidade

do reconhecimento da EA como uma prática sustentada por conhecimento rigoroso.

Observa-se que a EA se desenvolve no contexto da REMEA por meio de quatro

grandes linhas de pesquisa que se limitam apenas no contexto pedagógico ou na necessidade

de pensar sobre elas mesmas. Na linha de pesquisa intitulada: Fundamentos da EA há uma

ênfase em abordagens voltadas para a compreensão das questões colocadas sobre a natureza e

a sociedade. Essa linha de pesquisa sugere a EA como ciência. Trata da discussão sobre ser o

conhecimento produzido e/ou em processo de produção, um puro registro pelo sujeito, de

dados já anteriormente organizados independente dele com o mundo exterior, ou, o sujeito

poderá intervir ativamente no conhecimento dos diferentes objetos de investigação da EA?

Loureiro nos possibilita uma boa reflexão quando enfatiza que: “A questão ambiental é

constituída por formas variadas de se valorizar o ambiente, de perceber, classificar e expor os

problemas ambientais, e isso se reflete numa diversidade de propostas de superação, situadas

entre a perpetuação das ideologias hegemônicas até sua transformação radical.” (PP-PPGEA,

2009, p.94 in: Nabaes, 2013).

A Linha de pesquisas sobre Formação de Educadores possui abordagem focada nos

processos que constituem a docência, nas questões ambientais, nos contextos de educação

institucionalizados, relacionada à formação de professores e resgata os “aspectos identitários e

os saberes da docência, as redes de aprendizagem e a constituição de professores-educadores

ambientais. A constituição de educadores e educadoras ambientais buscou responder sobre

como se constituem os educadores e educadoras ambientais? Quais suas práticas e trajetórias?

Quais suas visões de mundo? Propõe uma reflexão sobre a formação inicial e continuada de

educadores e educadoras ambientais, abordando as questões políticas, éticas, históricas, entre

outras, implicadas no processo.

No que trata a EA não Formal, volta-se para questões ambientais em espaços de

educação não formais e informais considerando, que tais linhas delimitadoras se referem ao

espaço que transita a EA, do ponto de vista pedagógico, ou seja, principalmente no caso em

que precisamos pensar sobre essa ação pedagógica. Ênfase na compreensão do

desenvolvimento humano de forma sistêmica, estética, ética e política que entenda a

interligação de espaços ambientais. (PP-PPGEA, 2010, p. 2 in: Nabaes, 2013). Problemáticas

Emergentes em EA, na medida em que ocorrem processos que nos colocam em novas

instâncias teórico epistemológicas, propõe refletir acerca do contexto atual e da possibilidade

dos mais diversos diálogos entre a questão ambiental e as práticas educativas.

A recente proposta de uma linha de pesquisa sobre EA e Políticas Públicas trata-se de

um espaço de atuação da EA reservado a gestão ambiental no país. A temática propõe uma

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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em

Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica

XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental

14 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

reflexão do processo de gestão Ambiental, que estão seguramente para além dos processos de

licenciamento ambiental e, principalmente, do modelo de desenvolvimento pós-colonialista

adotado, de forma a refletir criticamente sobre os impactos ambientais e sociais gerados por

estas escolhas. Tal temática deve trazer a reflexão a dinâmica dos movimentos sociais e o

espaço da EA em seu núcleo. Propõe uma reflexão sobre as relações sociais e a reprodução da

sociedade onde, a própria percepção ou a compreensão destas relações e do que está no centro

dos conflitos fazem parte do debate social, político, teórico e acadêmico. A temática deve

tratar também da “participação” coletiva em processos de tomada de decisão em todos os

espaços que ainda pode haver de disputa entre territorialidades.

Figura 1 - Contextos de atuação dos educadores ambientais. in: (PP-PPGEA, 2010 apud NABAES; DIAS, 2013,

p. 132).

Podemos considerar o Meio Ambiente como tudo o que existe ao nosso redor, tudo

com o que interagimos direta ou indiretamente, ou seja, é o lugar onde vivemos em todas as

suas dimensões. Cientistas calcularam que a Terra começou a se formar há mais de 5 bilhões

de anos e passou por um longo período de formação até apresentar condições para o

surgimento das primeiras formas de vida. Seu conjunto de condições únicas e extraordinárias

favoreceu a existência e a estabilidade de muitas formas de vida. Tais condições ambientais

permitiram a formação e a evolução dos ecossistemas que abrigam uma grande

biodiversidade, formado por plantas e animais especialmente adaptados a condições

específicas, definidas principalmente pelo clima de cada região. Pesquisas científicas

encontraram recentemente registro de sítios arqueológicos de assentamentos humanos datados

por volta de 12.790 anos. Aproximadamente 10.000 anos após, a civilização ocidental

vivencia a Revolução Industrial. Durante os últimos 200 anos, puderam ser constatadas

tendências de mudanças antrópicas intensas nos ambientes naturais, decorrentes de um

contexto pós-colonialista e predatório de exploração dos recursos naturais, de forma a

satisfazer as necessidades do modelo de produção capitalista adotado.

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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em

Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica

XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental

15 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

Podemos pensar que a crise ambiental – que tem sua gênese no colapso das relações

que se firmaram até então entre sociedade e natureza, foi uma grande motivação para os

movimentos ambientalistas que se sucederam dentro do universo da contracultura,

especialmente a partir do século XX. No Brasil, conforme Nabaes (2013) a partir do período

colonial a exploração e comercialização do pau-brasil em larga escala, já carregava uma

preocupação com a necessidade de estabelecer normas para a sua extração expresso pela Carta

Régia de 1542, assim como, na modernidade, a preocupação de fundamentar a EA como

ciência (e urgência) para a promoção da vida na Modernidade.

Se pensarmos na EA como um movimento que emergiu das necessidades geradas por

uma ruptura no modo de pensar. Tal emergência surge no contexto da própria história da EA.

O “romântico “Silent Spring” o (...) Clube de Roma em 1968; as conferências de Estocolmo

(1972), Belgrado (1975), Tbilisi (1977), Rio de Janeiro (1992) e Johannesburgo (2002)”

(Nabaes, 2013). No Brasil, a partir de 1997, foi feita a inclusão do Meio Ambiente como tema

transversal nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Em 1997, observa-se, em meio ao

movimento que a questão ambiental vinha se constituindo, a sistematização de um Programa

Nacional de EA (ProNEA), como tentativa de consolidar essa área da educação como capaz

de dialogar com a prática, ou seja, com os conflitos que já se faziam eminentes. Importante

mencionar, pós a conferencia do Rio de Janeiro, certo esforço na criação de redes regionais

para operacionalização de ações educativas em EA, entendendo, conforme orienta a Agenda

21.

(...) a atribuição de poder aos grupos comunitários por meio do princípio da

delegação de autoridade, assim como o estímulo à criação de organizações indígenas

com base na comunidade, de organizações privadas de voluntários e de outras

formas de entidades não-governamentais capazes de contribuir para a redução da

pobreza e melhoria da qualidade de vida das famílias de baixa renda. (ProNEA,

2005, p.23).

Tal contextualização histórica se faz importante para a reflexão sobre a “novidade”

que é a temática ambiental para a educação, para as ciências, para os sujeitos, enfim, a EA é

um campo de conhecimento extremamente novo, se comparado às outras áreas de

conhecimento. Sabe-se da importância do rigor científico e do diálogo, para que a própria

temática se supere e se firme como dialógica ao processo social, como almeja a Agenda 21.

Atualmente, o homem contemporâneo já se depara com inúmeros problemas em escala

global, tais como: o aquecimento global, o esgotamento dos recursos naturais não-renováveis,

a superpopulação, entre outros. A realidade que vivemos hoje nos leva a uma percepção sobre

a mudança de paradigma que já há tempos insiste em se manifestar. Compreender o meio

ambiente de forma integral está relacionado a uma nova maneira de compreender a realidade.

Esse pensamento se sobrepõe ao pensamento que tem norteado a cultura ocidental nos últimos

séculos: a visão fragmentada causadora da ruptura entre homem e natureza, mente e corpo,

fomentadora da dicotomia eu-mundo, que fez com que o homem definitivamente se separasse

da natureza.

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Reigota (1994) nos faz refletir sobre a EA que visa a formação de cidadãos críticos,

conscientes e atuantes, na promoção de uma educação política. Na busca de um entendimento

mais abrangente acerca das ações cotidianas, o autor enfatiza a EA como uma ação global,

onde o cidadão, ao ter conhecimento dessa realidade, produz um pensamento universal para

assim atuar conscientemente como modificador do meio onde está inserido. O autor trás uma

discussão acerca das diversas concepções sobre o termo meio ambiente, explicando que o

mesmo está inserido em inúmeros e diversos discursos políticos, sociais, ecológicos e

midiáticos. Para ele EA encontram-se relacionada às relações dinâmicas e que estão em

constante interação entre aspectos sociais e naturais.

A EA está inserida em todos os aspectos que educam o cidadão, dessa forma, é

possível percebê-la nos diversos espaços sociais, culturais, políticos e educacionais, dando,

cada um, ênfase às suas especificidades. Por perceber a EA em uma perspectiva global, o

autor salienta que a mesma não poderia ser considerada como disciplina dentro do processo

educativo, mas sim, como uma perspectiva que permeie todas as disciplinas. Assim, a EA

deve ser abordada nos diversos aspectos e espaços promovendo a percepção do educando

como cidadão brasileiro e planetário. O autor nos aponta seis objetivos definidos na Carta de

Belgrado, que se tornam imprescindíveis para um trabalho de EA quais sejam:

conscientização, conhecimento, comportamento, competência, capacidade de avaliação e

participação. Esses objetivos têm como princípio o esclarecimento e a atuação consciente dos

sujeitos frente ao problema ambiental, bem como, a busca um novo comportamento que visa

adquirir o sentido dos valores sociais, sensibilizando-os pelo interesse ao meio ambiente.

Atualmente vivemos um quadro de completa insustentabilidade social e ambiental,

paralelo a uma crise ética na percepção da vida, ou seja, o agir se sujeita à crítica da

subjetividade teórica de valores e esta, se confronta com a ação. Dessa forma, marcamos a

importância da práxis como reflexão e busca de soluções para os problemas do nosso tempo

que requerem mudanças radicais nas nossas percepções, pensamentos e valores. Os

paradigmas emergentes tratam esses problemas de forma integrada, longe da visão

antropocêntrica que o ser humano tem desenvolvido nos últimos séculos. A EA hoje tem

autonomia para considerar o objetivo e o subjetivo, o natural e o cultural, o político, o ético e

o estético, com vistas ao desenvolvimento ideal da humanidade, com ênfase na autonomia e

no pensamento crítico e na contextualização do homem no ambiente do qual é parte

integrante. Dessa forma, partindo de uma perspectiva pedagógica crítica, busca contribuir

para a compreensão da realidade e para a transformação, simultaneamente, da sociedade e da

educação, no processo de formação humana. Nesta concepção de educação, fundamenta-se

uma crítica que compreende que as relações sociais de dominação e de exploração capitalistas

são internalizadas, como ideologia dominante que informa uma leitura que deverá mediar o

agir e consequente postura (agir) diante do cotidiano, que se materializam nos problemas

sociais e ambientais.

Da mesma forma, tudo que vem sendo dito e debatido sobre EA nos últimos trinta

anos, traz em suas especificidades algum aspecto que nos incita a refletir. Muitos autores

falam do local, do espaço geográfico e o do espaço da pesquisa como um “novo espaço

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social” de poder que permite orientar e consolidar as condições para o surgimento de relações

e ações que atualizam uma racionalidade ambiental. Observa-se que para sabermos escolher

as estratégias e instrumentos necessários para solucionar problemas ambientais, é preciso

conhecer um pouco dos alicerces, funcionamento e evolução da ciência no mundo real. Por

exemplo, em uma educação que não se afirma como emancipatória - transformação plena, que

engloba as múltiplas esferas da vida planetária e social, inclusive a individual, o processo

educativo não pode ser dito como transformador (Loureiro, 2004). A EA hoje tem autonomia

politica para considerar o objetivo e o subjetivo, o natural e o cultural, o político, o ético e o

estético.

Se a EA ocupa o lugar da educação que não era ambiental, hoje, em meio a uma ampla

variedade de vertentes tanto do pensamento ambientalista como das próprias correntes

pedagógicas, como identificar as intencionalidades que preenchem de sentido as ações de EA?

Apesar da complexidade ambiental envolve múltiplas dimensões, enfatizam a crise ecológica

da dimensão ambiental como se os problemas ambientais fossem originados

independentemente das praticas sociais (reducionismo). A EA esta para além de ser

compreendida apenas como um instrumento de mudança cultural ou comportamental, mas,

também como um instrumento de transformação social para se atingir a mudança ambiental.

Nessas redefinições conceituais e ideológicas de seu significado a abrangência conceitual da

EA. Quem se beneficia com o processo? Qual o enquadramento feito pela leitura do pano de

fundo. Loureiro (2004) aponta os limites da EA de caráter moralista que recai na concepção

desse “modo de fazer” como se os humanos fossem seres passivos e totalmente determinados

pela esfera ideal subdimensionando ou ignorando a ação humana no tecido social negando a

existência do sujeito histórico e da práxis.

É preciso coerência, pois, esta vertente pode estar esvaziando o terreno da ação

política por colocar na transformação do pensamento individual uma centralidade que não

corresponde ao seu papel na mudança social. Critica a posição unidimensional das posturas

idealistas, irredutibilidade dialética entre a mudança social e cultural para se alcançar o

propósito educativo. Nesse sentido afirma que não há mudança ética quando se ignora a

sociedade que se move porque os valores não são mero reflexo da estrutura econômica, mas

são definidos a partir de condições históricas específicas inseridas.

As bases ecológicas da sustentabilidade não se localizam apenas na esfera ideal, mas

também na esfera material, no modo de produção capitalista e nas relações sociais. A EA

possibilita o método dialético como forma de pensar e transformar o mundo. Relações de

alienação gerada pelas ações pedagógicas sobre o humano. Questionam os princípios da EA

como condição social, política, de cidadania, democracia, participação, autonomia,

emancipação. A reflexão a respeito do problema ambiental sem estar articulada com a

contextualização social, cultural, histórica, política, ideológica e econômica, resulta na

reprodução de uma visão de mundo dualista que dissocia as dimensões social, cultural,

histórica, política, ideológica e econômica resulta na reprodução de uma visão de mundo

dualista que dissocia as dimensões social e natural. Diferentes abordagens, diferentes

categorias.

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Para Loureiro (2004) a construção de teorias abstratas sobre bases idealizadas não

favorecem a intervenção qualificada dos agentes sociais, a releitura desejável da EA que se

faz necessário é educar (?) com a clareza do lugar ocupado pelo educador na sociedade. De

sua responsabilidade social em problematizar a EA. Mas “não uma educação genérica, uma

que se nutre das pedagogias progressistas histórica-crítica e libertaria, correntes orientadas

para a transformação social”. Carvalho (2013) analisa o modo pelo qual a EA tem sido agente

e, ao mesmo tempo, efeito de um processo de “ambientalização” das esferas sociais. Sugere

que as práticas de EA resultam do imbricamento desse idioma de amplitude global com a

produção local de significados. A EA nos trás a questão da ambientalização - processo de

internalização da questão ambiental nas esferas sociais bem como na formação moral dos

indivíduos. Carvalho (2013) sugere o quanto é “visível nas últimas décadas o fortalecimento

das dimensões institucionais do campo ambiental bem como a emergência de novos

movimentos na esfera social deste campo”. No Brasil a emergência dos movimentos de

justiça ambiental e a “ambientalização” dos conflitos sociais tem sido objeto de estudo de

diferentes pesquisadores.

Chamamos de Racismo Ambiental as injustiças sociais e ambientais que recaem de

forma desproporcional sobre etnias vulnerabilizadas. O Racismo Ambiental não se

configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas igualmente

através de ações que tenham impacto racial, não obstante a intenção que lhes tenha

dado origem (HERCULANO e PACHECO, 2006 apud CARVALHO, 2013, p. 30).

A questão ambiental é então reformulada de diferentes maneiras pelas instituições e

movimentos que a incorporam, como um “idioma ambiental” que apresenta em diferentes

práticas sociais. Interessante fenômeno relacionado à internalização de uma “orientação

ecológica” ou ainda como um “habitus ecológico”, conforme sugere a autora. Observa-se que

a temática ambiental esta para além do âmbito dos conflitos, a questão ambiental parece

expandir-se como um argumento ou “idioma” válido para um horizonte ambiental moral,

ético e estético.

Importante ressaltar o papel do sociólogo (Santos 2005, apud Carvalho, 2010), ao

analisar os desafios de articulação entre as lutas contra hegemônicas para produção de

alternativas comuns à globalização neoliberal. Ele chamou de “tradução” o trabalho de

reconhecimento e compreensão das convergências possíveis entre as práticas diversas de onde

poderiam vir às alternativas como os movimentos ecológicos, pacifistas, indígenas, feministas

e de trabalhadores. A tradução e o mútuo reconhecimento entre estas práticas é para

Boaventura a condição para o diálogo e a imaginação de outro mundo possível. Conforme

Carvalho (2010) trata-se de uma tarefa que implica um vasto exercício de tradução para

expandir a inteligibilidade recíproca sem destruir a identidade dos parceiros da tradução. O

resultado social deste mútuo reconhecimento é denominado por Boaventura como o

estabelecimento de uma zona de contato e diálogo entre diferentes práticas e saberes sociais.

Ainda no enfoque da investigação sobre as possíveis concepções de EA, percebe-se,

com Carvalho (2010) que o processo de ambientalização das praticas sociais cuja

contrapartida é a politização da questão ambiental, pode ser observado, por exemplo, na

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trajetória de organização dos catadores, como diz a autora, que estiveram tradicionalmente

ligados a questões como geração de renda, associativismo e cooperativismo, ocupação

informal, exclusão do mundo do trabalho formal entre outras categorias sociológicas. Na

última década assistimos a um deslocamento desta identidade social para a categoria de

recicladores. Um bom exemplo de como incorporar a questão ambiental como parte de sua

ação, mostra que os catadores puderam se reapresentar a sociedade na forma de um

movimento de interesse ambiental, incluindo propostas de um movimento nacional de

trabalhadores da reciclagem. Carvalho complementa que:

(...) EA como efeito e agente da ambientalização das esferas sociais poderia ser

considerada ao mesmo tempo efeito e agente de ambientalização das práticas

sociais. A educação ambiental instaura distinções entre os sujeitos educados

ambientalmente e aqueles cujos comportamentos não ecológicos são geralmente

associados à barbárie. A caução da educação ambiental no argumento do

agravamento dos problemas ambientais e sua crescente visibilidade e legitimidade

pública cria condições para o que Leite Lopes (2004) chama de “inculcação” do

novo domínio do meio ambiente, sua nova linguagem e seus novos usos se tornando

um “habitus” (BOURDIEU ,1996 apud CARVALHO, 2010, p. 33).

Percebe-se que a EA trás em seu bojo uma tendência para o entendimento da educação

e do ensino como instrumento de transformação social, resgatando a importância dos

conteúdos culturais no processo educativo. Esses autores associam a questão ambiental como

movimento social intrinsecamente relacionado a uma profunda crise civilizatória,

epistemológica, filosófica, política e que sustenta a modernidade. Como vimos, há uma

pluralidade de concepções ambientais, entre elas, Guattari (1991) propõe as três ecologias, o

estudo das três dimensões da ecologia - natural, subjetiva e social. Morin (2001) pensou os

sete saberes necessários a educação do futuro na perspectiva da complexidade

contemporânea, abordando aspectos ignorados pela pedagogia atual, para servirem de eixos

norteadores à educação do próximo milênio. Esses saberes são respectivamente as Cegueiras

Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das

Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero

Humano. De qualquer forma, observa-se que esses saberes são indispensáveis frente à

racionalidade dos paradigmas dominantes que banalizam o real, ou seja, deixam de lado

questões importantes para uma visão abrangente da realidade.

Observa-se por meio da análise dos estudos disponíveis um movimento para

fundamentar a EA como ciência, a EA como emergência na promoção da vida na

Modernidade. Para além da história e do movimento da EA, a emergência de ser agora

pensada como ciência. Da mesma forma, o educador ambiental se reinventa, como produzir

conhecimento interdisciplinar? Onde esta a emancipação?

(...) atribuição de poder aos grupos comunitários assim como pode ser comprovada,

o estímulo à criação de organizações indígenas com base na comunidade, de

organizações privadas de voluntários e de outras formas de entidades não-

governamentais capazes de contribuir para a redução da pobreza e melhoria da

qualidade de vida das famílias de baixa renda (ProNEA, 2005, p. 23).

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Inclui-se no diálogo, a consciência de que a EA por meio das diferentes ciências

constrói sua própria especificidade, já que é contemporânea ao próprio pensamento científico

e precisa transitar entre diferentes abordagens. Inclui-se ainda considerar propostas como a

Agenda 21. É possível construir sociedades? Ainda,

Uma Educação Ambiental transformadora refere-se a (...) revolucionar os indivíduos

em suas subjetividades e práticas nas estruturas sociais-naturais existentes (...) atuar

criticamente na superação das relações sociais vigentes, na conformação de uma

ética que possa se afirmar como “ecológica” e na objetivação de um patamar

societário que seja a expressão da ruptura com os padrões dominadores que

caracterizam a contemporaneidade. Imediatamente, a necessidade de ampliar o

conceito de sujeito tradicional para outro que caracteriza os diferentes sujeitos, o

sujeito ecológico, o sujeito epistemológico. (LOUREIRO, 2004, p.73)

Figura 2 - Gráfico demonstrando a cartografia da EA pelo Brasil no contexto da REMEA. Fonte: os autores.

Após avaliação e analise da dinâmica de funcionamento da logística do último volume

publicado foi possível traçar, por meio dos 69 textos recebidos, uma espécie de cartografia da

EA ao longo dos diferentes estados brasileiros, como também, ao distribuir os artigos pelas

linhas de pesquisa, observa-se a ocupação da EA nos diferentes espaços e campos de atuação.

As regiões sedes das Universidades que encaminharam os artigos referem-se às regiões:

Centro Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. Como representante internacional, o Uruguai.

Observa-se pela leitura do gráfico (Fig. 2) que o Sul é o campeão na demanda de artigos já

que encabeça a lista com 29 textos enviados. Logo em seguida, o Nordeste com 18 artigos

encaminhados. A região Sudeste esta representada com 15 artigos, o centro oeste com 03 e o

Norte também com 03 artigos encaminhados. O Uruguai representou com 01 artigo.

No que se refere às linhas de pesquisa, observa-se que 27 artigos desenvolvem-se no

âmbito da investigação das atividades consideradas como EA Não Formal e 21 artigos se

desenvolvem no espaço Formal da EA. É possível perceber ainda que 13 artigos ocupam com

discussões interessantíssimas o espaço dos Fundamentos da EA e ainda, a recém-temática, EA

e as politicas públicas sendo representada com 08 artigos como podemos observar no gráfico

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da figura 3. Como vimos à limitação de campos de pesquisa refere-se apenas ao caráter

pedagógico necessário ao estudo e análise da mesma.

Figura 03 – Temas e Espaços ocupados pelas linhas de pesquisa em EA no contexto da

REMEA/PPGEA/FURG. Fonte: os autores.

A REMEA, durante o ano de 2013 já publicou 02 volumes que são eles: o Volume

Especial, que se caracterizou pela publicação dos artigos encaminhados ao V Colóquio de

Pesquisadores em EA da Região Sul – V CEPEASul e do IV Encontro e Diálogos com a EA)

IV EDEA e o Volume 30, n. 1. No Volume Especial, a REMEA mais uma vez traz a

contribuição de diferentes saberes e práticas que compõem a EA como campo do

conhecimento. Com o objetivo de congregar pesquisadores de instituições do Sul e de outras

regiões do Brasil, além de países como o Uruguai, a Argentina e o Chile, o evento integrado

V CPEASul / IV EDEA constitui-se na consolidação da EA como campo mobilizador para a

construção de uma sociedade justa, na busca de estratégias para o enfrentamento da crise

socioambiental contemporânea.

Nesse sentido focaram na análise e na discussão das diferentes problemáticas

específicas da EA, onde, a partir da constituição de espaços integradores desenvolveu suas

atividades em torno de cinco eixos. O primeiro tratou dos Fundamentos Filosóficos e

Epistemológicos da EA; O segundo eixo temático buscou tratar das Problemáticas

Emergentes em EA. Já o terceiro eixo buscou debater os modelos de desenvolvimento de

forma a refletir criticamente sobre os impactos ambientais e sociais gerados por estas

escolhas. A constituição de educadores e educadoras ambientais foi a temática desenvolvida

pelo quarto eixo que buscou responder sobre como se constituem os educadores e educadoras

ambientais? (REMEA, 2013).

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O Volume 30, como se pode observar em sua edição eletrônica, abre a edição

informando aos leitores que a Revista Eletrônica do Mestrado em EA – REMEA vinculada ao

Programa de Pós Graduação em EA - PPGEA/FURG por meio da Associação Nacional de

Pós Graduação em Educação - ANPEd e Convênio firmado com a Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação

(MEC), foi um dos periódicos premiados pelo Concurso de Periódicos Brasileiros da Área de

Educação, classificados como B2 e B3, no âmbito do Edital 01/2013. Participaram do Edital

diferentes estados brasileiros. Para os editores o desafio é grande, tanto para a Universidade,

que tem participação direta na produção de informação, saberes e práticas, como para o

próprio Programa de EA em dar conta dos limites e possibilidades dessa dinâmica e,

continuamente afirmar a EA como campo do conhecimento humano. Observa-se que na busca

de dialogar pelos espaços compreendidos de EA, surge uma diversidade de abordagens, uma

pluralidade temática, se constituindo, de norte a sul do país e América Latina. As temáticas,

desenvolvidas pelos artigos, perpassam diferentes espaços da compreensão pedagógica, para

uma reflexão essa mesma compreensão.

As temáticas desenvolvidas pelos assuntos abordados perpassam, em uma dimensão

dialética, o espaço escolar Formal que questiona os discursos em uma abordagem arendtiana e

sobre o que mostram ou pretendem mostrar os sujeitos com estes discursos. Preservação,

estudo da percepção ambiental, sensibilização categorias que podem favorecer a preservação

e o uso mais sustentável dos recursos ambientais. A formação de educadores, gestão da

política pública ao instituir a Lei Nº 9.795/99 da Política Nacional de EA, documento que

orienta a EA no Brasil.

No campo da fundamentação filosófica e epistemológica da EA, a questão das áreas

protegidas – unidades de conservação e relação dessas com a EA. A crise do modo de

produção: os limites sócio metabólicos do capital. A questão sobre a ética. Existe uma ética

ambiental? Depois, um diálogo com a fenomenologia goetheana, como teoria do

conhecimento elaborada a partir de suas pesquisas botânicas. Reflexões acerca da crise

ambiental e da condição humana, em sua expressão moderna, temporal. Sobre as políticas

públicas relacionadas à EA, no pressupostos dos documentos internacionais, federal e

estadual. A gestão ambiental e as alternativas de produção local para a alimentação e garantias

de uma alimentação saudável à população.

Foram abordados aspectos relativos à democracia e a participação social. Os impactos

relacionados à construção de hidrelétricas trazendo ainda questões sobre injustiça ambiental.

Trás uma reflexão sobre a crise ambiental que vivemos hoje e que afeta a humanidade e sobre

a crise do próprio sistema econômico capitalista. Para concluir as abordagens desse volume,

no campo da EA não formal, associado ao crescimento substancial de ações de cunho

ambiental na área empresarial, particularmente de EA, desde a ECO-92. Trás a história oral de

vida de velhos moradores afirmar que atualmente a preservação e a conservação ambiental

são temas abordados diariamente e cada vez mais fazem parte do cotidiano de toda sociedade.

Pedagogia da Autonomia, da Ecopedagogia e da Ecoformação, ética da hospitalidade,

finalizando o volume, com contribuições para uma educação ambiental não-especista.

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Registra-se ainda que, conforme dados dos Visitantes de: www.seer.furg.br/remea (datas

e totais de países disponíveis no portal eletrônico, cerca de 12.782 visitantes visitaram o

portal do periódico de maio a agosto de 2013 contabilizando os registros de visita como segue

em: http://www2.clustrmaps.com/pt/counter/maps.php?url=http://www.seer.furg.br/remea

CONSIDERAÇÔES FINAIS

Considerando todas as reflexões apresentadas compreendemos um emaranhado de

concepções e propostas cujas primeiras habilidades do educador estejam, talvez, na

capacidade de navegar pelas diferentes possibilidades de EA e traçar um caminho para a

construção de um pensamento que dê conta de explicar esse emaranhado de informações

características da pós-modernidade, resíduo moderno, produção de ideias, como a construção

de um pertencer a uma realidade. Observa-se que vivenciamos paradoxos e disputas

epistemológicas. A visão complexa e interdisciplinar no estudo dos fenômenos sócio

ambientais parece, de fato, ainda fundamental. Existe uma distinção dos perfis imaginados

para o educador ambiental? Por fim, para além da construção de um mundo melhor a busca de

uma práxis que definitivamente abandone metas irreais e se caminhe para a consolidação da

EA como “ação efetiva e coletivamente organizada, pautada em permanentes reflexões

teóricas que qualifiquem a prática, sendo por esta revista (práxis), caracterizando atividade

política intensa” (LOUREIRO, 2011, p. 106).

REFERÊNCIAS

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Revista Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. ISSN 1517-1256, v. especial, março,

2013. http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/402

CARVALHO I. C. M. Ambientalização, Cultura e Educação: Diálogos, traduções e

inteligibilidades possíveis desde um estudo antropológico da educação ambiental. Revista

Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. ISSN 1517-1256, v. especial, setembro, 2010.

http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/373

FACHIN, G. R. B.; HILLESHEIM, A. I. D. A. Periódico científico: padronização e

organização. Florianópolis: UFSC, 2006.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1991.

LOUREIRO, Carlos F. Trajetórias e Fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo:

Cortez, 2004.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo: Cortez,

2005; Brasília, DF: UNESCO, 2001.

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24 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

NABAES, T. O; DIAS, C.M.S. Uma leitura sobre o projeto pedagógico do PPGEA/ FURG:

construindo este diálogo. Revista Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. ISSN 1517-

1256, v. especial, março de 2013. http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/402

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - ProNEA / Ministério do Meio

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REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. 1994. Ed. Brasiliense, 63 p.

REMEA - Revista Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. Editorial. ISSN 1517-

1256, V. especial, mar., 2013. http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/402

______ Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental. Editorial. ISSN 1517-

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SCHIMIDT, Elisabeth [et al.]. Projeto Pedagógico do programa de Pós-Graduação em

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SABERES ETNOECOLÓGICOS DOS PESCADORES ARTESANAIS E

ALUNOS DA PLANÍCIE ALAGÁVEL DO ALTO RIO PARANÁ

Paula Gabriela da Costa (PG)1

Poliana Barbosa da Riva (PFM)2

Ana Tiyomi Obara (PQ)3

Harumi Irene Suzuki (PQ)4

Ricardo Massato Takemoto (PQ)5

Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar o saber tradicional dos pescadores artesanais e

alunos sobre os peixes do rio Paraná e a região de Porto Rico-PR, a fim de estabelecer o diálogo deste com o

conhecimento científico na escola estadual local. Para isto, foi adotada a pesquisa participante que oferece

oportunidades de troca de saberes entre pesquisadores e indivíduos próximos ou distantes do ambiente

acadêmico. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários e gravações de áudio e vídeo. As respostas

dos questionários foram analisadas por meio da análise do conteúdo. Como resultado constatamos que os

pescadores possuem um rico conhecimento sobre a ictiofauna da região, sendo este saber transmitido para as

gerações mais jovens. Assim, com o intuito de garantir a valorização da cultura e da biodiversidade local faz-se

necessária a inserção do diálogo dos etnosaberes nas escolas.

Palavras Chave: Etnoconhecimento, saber cientifico.

Abstract: This work was developed with the intention of analyzing the traditional knowledge of fishermen and

students about the fish of the Paraná River and the region of Porto Rico-PR, in order to establish this dialogue

with the scientific knowledge in the local state school. For this, we adopted the participant research that offers

opportunities for exchange of knowledge between researchers and individuals near or far from the university.

Data collection was conducted through questionnaires and recording audio and video. The questionnaire

responses were analyzed using content analysis. As a result we find that the fishermen have a rich knowledge of

the fish fauna of the region and this knowledge is transmitted to younger generations. Thus, in order to ensure

the enhancement of culture and local biodiversity is necessary to establish the dialogue between traditional and

scientific knowledge of schools.

Keywords: Ethnoknowledge , scientific knowledge .

1 Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Biologia Comparada-UEM. [email protected].

2Mestre em Ensino de Ciências, professora do Ensino Fundamental. [email protected].

3Doutora, pesquisadora do Departamento de Biologia- UEM, Campus Maringá. [email protected].

4Doutora, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura- UEM.

[email protected]. 5Doutor, pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura-

[email protected]..

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INTRODUÇÃO

A relação entre o homem e a natureza se estabeleceu desde que a terra pôde contar

com a existência humana. Com o passar da história, esta relação sofreu modificações devido

às necessidades de sobrevivência humana, que ocasionou diferentes formas de uso do meio

natural. As experiências sobre este meio no qual o homem evolui foram sendo compartilhadas

entre os indivíduos de geração em geração formando um conjunto de saberes que pode ser

entendido como conhecimento tradicional.

De acordo com Baptista (2010), no Brasil, o estudo do conhecimento tradicional sobre

o mundo natural surgiu na década de 1950, sendo que tempos depois tornaram-se frequentes

os trabalhos de etnociências em suas diversas subdivisões (etnobotânica, etnoecologia,

etnozoologia, etinoecologia, entre outros).

Marques (2002) afirma que as etnociências emergiram no panorama científico como

um campo de cruzamento de saberes e têm evoluído por meio de diálogos entre as ciências

naturais, humanas e sociais. Para Campos (2002), a etnociência pode ser entendida como

“uma etnografia da ciência do outro, construída a partir do referencial da academia” (p. 71).

Para Bandeira (2001), os conhecimentos tradicionais são formas de conhecimento

guiadas por discernimentos locais, que podem sofrer variações regionais e culturais estando

intimamente vinculadas aos contextos nos quais foram produzidas, ao contrário dos

conhecimentos científicos, que correspondem a teorias construídas de modo a serem

aplicáveis de maneira geral, com graus variados.

O conhecimento científico, como conhecimento público, é construído e comunicado

por meio da cultura e das instituições sociais da ciência, deste modo, a visão do conhecimento

científico como socialmente construído e validado tem implicações importantes para a

educação em ciências. As entidades e ideias científicas, que são construídas, validadas e

comunicadas através das instituições culturais da ciência, dificilmente serão descobertas pelos

indivíduos por meio de sua própria investigação empírica; aprender ciências, portanto,

envolve ser iniciado nas ideias e práticas da comunidade científica de modo a torná-las

significativas no nível individual. (DRIVER et. al, 1999).

O diálogo entre saberes nas salas de aula de ciências necessita de formação docente

referente à investigação como princípio da prática pedagógica, tendo necessidade de se levar

em conta os saberes culturais dos estudantes e sua influência sobre a aprendizagem dos

conceitos científicos, pois não basta propor ao professor a utilização de estratégias de ensino

que não façam parte da sua formação (BAPTISTA, 2007).

Particularmente a partir dos anos 1980, uma revisão do que é ciência e seu ensino tem

proporcionado um campo mais fértil para debates sobre o meio ambiente. É nesse contexto

que a educação ambiental e o ensino de Ciências podem contribuir, tanto no ensino formal

quanto em atividades do ensino não-formal. Dessa forma, o ensino de Ciências deve

preocupar-se em relacionar os conhecimentos construídos e estudados com seu impacto na

sociedade, principalmente no que diz respeito ao ambiente (OLIVEIRA et. al, 2007).

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Uma das metas do Programa de Educação Ambiental, desenvolvido na planície de

inundação do alto do rio Paraná, é o compartilhamento do conhecimento científico levantado

pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), em especial pelo Núcleo de Pesquisas em

Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) que estuda os componentes naturais e

socioeconômicos da região, com a comunidade local. Obara (2004) afirma que, apesar da

extensa produção científica disponível sobre os aspectos ecológicos, sociais e econômicos da

planície alagável do rio Paraná, os professores das escolas locais afirmam que a linguagem e o

nível de especialização dos assuntos abordados configuram-se como obstáculos para que os

mesmos sejam trabalhados no cotidiano escolar.

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar o saber tradicional dos

pescadores artesanais e alunos do ensino básico sobre os peixes do rio Paraná e a região de

Porto Rico-PR, a fim de estabelecer o diálogo deste com o conhecimento científico em sala de

aula e, desta forma, envolver os alunos na construção ativa do conhecimento sobre a realidade

ambiental em que vivem.

Área de estudo

O Rio Paraná, desde a sua nascente, no rio Paranaíba, conta com cerca de 1.900 km

em área brasileira, sendo o décimo maior do mundo em descarga (50.108 m

3 ano

-1) e o quarto

em área de drenagem (28.106 km2), drenando todo o centro-sul da América do Sul, desde as

encostas dos Andes até a Serra do Mar, nas proximidades da costa atlântica (AGOSTINHO et

al, 2002).

O terço inferior do alto rio Paraná caracteriza-se por um amplo canal ou vários canais,

com ilhas de diversos tamanhos. Em épocas chuvosas, em que o volume de água ultrapassa o

leito menor do rio, ocorre a inundação, caracterizando a região de planície como uma

importante área de transição entre os ecossistemas aquáticos e terrestres.

Devido a estas características este trecho do rio Paraná mantém uma grande

diversidade de espécies aquáticas e terrestres, sendo importantes os pulsos de inundação que

regulam a estrutura das comunidades e o funcionamento desse tipo de ecossistema.

Diante destas considerações, uma das estratégias para a manutenção da biodiversidade

nesta região foi a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) das Ilhas e Várzea do Rio

Paraná que abrange a região do município paulista de Rosana, onde existe a hidrelétrica de

Porto Primavera, até o município de Guaíra, no Paraná, no início do lago formado pelo

represamento de água da Usina Itaipu. Esta APA engloba o Parque Nacional de Ilha Grande e

o Parque Estadual do Rio Ivinhema, um afluente do Rio Paraná no lado sul-mato-grossense

(Figura 01).

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Figura 01: Localização da Área de Pesquisas de Longa Duração da planície alagável do rio Paraná (PELD - Rio

Paraná) e localização das unidades de conservação existentes nessa região. (Fonte: AGOSTINHO et al., 2002).

O município de Porto Rico localiza-se na margem esquerda do rio Paraná, no terço

superior do trecho remanescente da planície de inundação. De acordo com Oliveira et al.

(2009), a população deste local estabelece estreita relação com rio Paraná no sentido deste

oferecer subsídios naturais, não apenas para alimentação, mas também para a comercialização

de seus produtos.

METODOLOGIA

O estudo de cunho qualitativo foi realizado com quatorze pescadores artesanais que

residem na cidade de Porto Rico-PR e com uma turma do oitavo ano do ensino fundamental

composta por 21 alunos de um Colégio Estadual localizado neste mesmo município. Para isto,

foi adotada a pesquisa participante que, de acordo com Schmidt (2006), oferece oportunidades

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29 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

de troca de saberes entre pesquisadores e indivíduos próximos ou distantes do ambiente

acadêmico.

A coleta de dados foi realizada por meio de questionários e gravações de áudio e

vídeo. Para a análise do conteúdo dos questionários foi utilizada a proposta de Bardin (1977),

que busca categorizar as palavras ou frases repetidas no texto expresso pelo sujeito

(CAREGNATO; MUTTI, 2006). Dentre as técnicas de análise de conteúdo empregamos a

análise categorial, que considera o texto como um todo, sendo analisada a presença ou

ausência de itens de modo a classificá-los e quantificá-los.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente analisamos o saber dos pescadores e dos alunos a fim de compreender a

dinâmica do etnoconhecimento sobre a região de Porto Rico-PR e os peixes do rio Paraná.

Muitos pescadores afirmaram que antigamente se pescava mais, alguns alegaram que

a diminuição de peixes ocorreu devido ao aumento do número de pescadores, outros que isto

ocorreu devido à construção de barragens. De acordo com Rosa (1997), as alterações

ambientais ocorreram na região devido à ação antrópica ocasionando modificações na

dinâmica do rio e na pesca, antes tida como importante fonte de renda e complementação

alimentar de muitas famílias.

“Olha, agora ta meio difícil, porque de primeiro, quando eu pescava essa pesca

pesada, o mais que pescava era pintado. O mais que pegava era pintado, pintado e

dourado. Agora então mudou. Pintado agora é um milagre você pegá pintado. É

muito difícil. Até os pescador que ta de profissão pescando ta quase abandonando,

porque se for pescá o pintado, você quase não faz nada, não faz nada. E tem muitos

que vai pro Ivinhema, e no Ivinhema tem muito. Mas aqui mesmo é muito poquinho,

muito poco”. (Pescador, 73 anos).

“Ah, teve uma época aqui que aumentou muito aquele armau né. Mas também

agora ele deu uma diminuída, não sei por que que ele morreu muito. Esse tempo o

rio aí parecia fechado de dia. Por causa da barragem lá morreu muito esse armau.

Hoje tem, mas não tem igual teve esses tempo atrás”. (Pescador, 65 anos).

De acordo com os pescadores em geral, a pesca não é tida como uma fonte satisfatória

de renda nos últimos anos. Isto acontece porque as atividades ligadas ao rio não garantem

grande lucro financeiro para as famílias que dependem apenas desta fonte de renda.

Meio ambiente como que cê fala? Na natureza... Ah mudou muito hein?!Mudou

muito, muito... Primeiro dava muito peixe hoje num dá mais, hoje pro pescador

viver as muié dele tem que trabaiá fora porque dizê que vive de peixe aqui num véve

(viver) não. (Pescador, 58 anos)

Ah peixe em si né? Diminuiu muito, muito, muito, apareceu espécie de peixe

diferente que não tinha, sumiu espécie que tinha que a gente era acostumado a ver

sempre. Então mudou bastante. (Pescador, 41 anos)

Atualmente poucos entrevistados ainda se mantêm na atividade pesqueira, pois

enfrentam dificuldades com a fiscalização, que durante o período em que a pesca é proibida

(defeso), apreende tanto os peixes quanto o material de pesca.

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30 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

Duns anos pra cá, então puseram a lei das medida dos peixe né. Aqui tem medida,

entendeu. Desde o piauzinho pequeno até o maior entendeu. Então tem as medida

certa. Se pega fora da medida, se pegá já dá problema entendeu. Então tem que

pegá naquela medida certa. (Pescador, 73 anos)

Porém, alguns pescadores atribuem pontos positivos a fiscalização pelo fato desta

garantir peixes de tamanho maior, sendo estes melhores aceitos para comercialização.

Se eu falá pra você, hoje devido às exigências de tamanho, de medida de peixe, e

que é o certo pescador respeitar os limites, ta tendo peixe maior que antes. Porque

tinha muito peixe em quantidade, mas em tamanho, principalmente o curimba, era

um peixe que pegava com muita freqüência, mas era tamanho pequeno né. Hoje o

curimba ta maior, o pintado ta maior, pra poder vende o peixe no comércio. Peixe

de bom porte pra pode ser consumido. (Pescador, 54 anos)

Diante destes obstáculos, muitos pescadores complementam a prática pesqueira com

serviços ligados ao turismo, atividade que vem crescendo muito na região.

Tá até bom o turismo né. É bom o turismo, ta bom que chega fim de semana é cheio

né [...]. E agora quando tem praia aí é coisa de louco, coisa de louco. (Pescador, 73

anos)

Não, agora outro lado mudou muito. O lado do turismo. Até melhorou muito.

Porque quinze anos atrás aqui o terreno não valia nada, se quise um terreno de

cinqüenta mil, você não acha, cem mil, cento e cinqüenta mil. Eu tive terreno aqui

que não compensava pagá imposto dele. Aumento muito, valorizou a cidade. Nossa,

muito. (Pescador, 51 anos)

Antigamente só era a pesca... Noventa por cento da população era a pesca. Se não

era a pesca era a prefeitura não tinha o turismo na época que tem hoje, o turismo

era raridade né? Era só mesmo pescaria e prefeitura. (Pescador, 41 anos)

Em relação aos alunos, quando questionados em relação ao seu contato com o rio

Paraná, a maioria deles, ou seja, 76% mencionaram o passeio como forma de estabelecer este

vínculo, 14% citaram a pesca e 10% mencionaram outros tipos de contato (Figura 2).

Figura 2. Meios de contato dos alunos para com o rio Paraná.

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Isto mostra a relação estabelecida entres as gerações, já que muitos pescadores

complementam a prática pesqueira com serviços ligados ao turismo, atividade que vem

crescendo muito na região. Atualmente o rio Paraná desempenha papel fundamental no

sentido de propiciar serviços ligados ao turismo e todos os desdobramentos que este segmento

gera, contribuindo com a geração de renda da população de Porto Rico (OLIVEIRA et al,

2009).

Em relação ao conhecimento sobre os peixes do rio Paraná, os alunos apresentaram

saber semelhante ao dos pescadores em relação a biologia de algumas espécies como, por

exemplo, o hábito alimentar do dourado (Salminus brasiliensis) e o cuidado parental do piau

(Leporinus friderici) e da traira (Hoplias spp).

Dourado

“O dourado come a morenita, come piau, o piau come o caboja, é

isso, tudo quanto é isquinha que se mexe no fundo.” (Pescador, 47

anos)

“É um peixe carnívoro”. (Aluno, 12 anos).

Piau

“Piau, ele desova e anda sozinho, não cuida. Desovo já larga pra trás

e daqui a poco os peixinho ta nadando, e vai embora, de um canto pra

outro.” (Pescador, 58 anos)

“Não cuida” (Aluno, 12 anos)

Traira

[...] Agora, a traíra também cuida, ela bota lá num canto e fica

cuidando. É ela cuida também. (Pescador, 75 anos)

“E eles desovam no fundo da lagoa”. (Aluno, 14 anos).

De acordo com Marques (2001), o objetivo principal da etnoecologia encontra-se na

integração e aproximação do conhecimento ecológico tradicional com o conhecimento

ecológico científico. Assim, corroborando com a ideia deste autor, organizamos uma visita de

campo, visando apresentar aos alunos a base avançada do Núcleo de Limnologia, Ictiologia e

Aquicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá localizada na cidade de Porto

Rico, local onde são realizados os estudos e pesquisas científicas sobre a ecologia local.

Esta visita didático-pedagógica teve como objetivo apresentar técnicas e

procedimentos de pesquisa sobre os peixes do rio Paraná, estabelecendo um diálogo inicial

entre o conhecimento tradicional dos alunos e pescadores para com o saber científico

levantado pela universidade.

Assim, os alunos conheceram a estrutura física da base de estudos, tiveram contato

com pesquisadores que explicaram de forma sucinta os experimentos que estavam

desenvolvendo (figura 3) e manipularam alguns exemplares de peixes a fim de conhecer suas

características morfológicas externas e internas (figura 4).

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32 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

Figura 3: Pesquisadora do Nupélia explicando seu trabalho desenvolvido com espécies de traira

(Hoplias spp).

Figura 4: Alunos no laboratório da base de estudos conhecendo as características morfológicas externas

e internas de algumas espécies de peixes.

A inclusão do conhecimento ecológico tradicional no cotidiano escolar contribui para

esclarecer aos estudantes a importância deste saber em estudos no campo da ecologia. Com

isto, os alunos tem a possibilidade de compreender a relação entre o conhecimento ecológico

científico e o saber tradicional a fim de desenvolver o espírito de conservação e preservação

ambiental (KIMMERER, 2002).

Neste contexto, esta intervenção possibilitou a percepção e reflexão dos alunos sobre

os diferentes saberes – conhecimento científico e conhecimento tradicional - que coexistem na

planície e o papel de cada um na conservação e manejo da diversidade biológica e cultural

local.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer deste trabalho constatamos que tanto os pescadores quanto os alunos

possuem conhecimento acerca da biologia da ictiofauna local.

Assim, podemos concluir que devido o estreito contato dos estudantes com os mais

pescadores mais antigos, os mesmos tendem a continuar preservando os saberes da região,

saberes estes que devem ser difundidos entre a comunidade local e utilizados em práticas e

projetos voltados à Educação Ambiental.

Portanto, com a finalidade de ampliar a visão dos alunos sobre a importância

ecológica, econômica, social e cultural do ecossistema rio-planície de inundação e formar

uma atitude crítica e participativa nas questões socioambientais da região, faz-se necessária a

inserção do diálogo dos etnosaberes nas escolas, de modo a garantir a valorização da cultura e

da biodiversidade local.

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35 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA TRILHA ECOLÓGICA

GIRAU ALTO: REFLETINDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DE

ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA SOBRE MEIO AMBIENTE

Raquel Fernanda Bogoni (IC) 1

Bruna Taíza Locateli (IC) 1

Débora Daneluz (IC) 1

Laisa Emanuele Menin (IC) 1

Anelize Queiroz Amaral (PQ) 2

Ademar Vargas (PFM) 3

Resumo: O presente trabalho descreve sobre a importância de práticas pedagógicas relacionadas à Educação

Ambiental utilizadas como ferramenta de conscientização com alunos do ensino fundamental de um colégio

público do Município de Dois Vizinhos - PR. Este trabalho objetivou a utilização da Trilha Ecológica Girau Alto

como instrumento pedagógico de sensibilização ambiental com estudantes da Educação Básica. As atividades

foram realizadas com os alunos do 6o ano de um colégio público e desenvolvidas com a participação dos

integrantes do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA juntamente com os bolsistas do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID da Universidade Tecnológica Federal do

Paraná do Câmpus Dois Vizinhos. Foi realizada coleta de dados com 22 estudantes por meio da elaboração de

desenhos representando suas concepções de meio ambiente. Os resultados obtidos foram embasados em três

subcategorias de representação de Meio Ambiente, Naturalista, Globalizante e Antropocêntrica. Os resultados

apontam uma predominância da concepção Naturalista, evidenciando aspectos naturais, sem relação com a

sociedade, o que vêm demonstrando ao longo dos anos a dificuldade dos alunos de perceberem a integração do

homem com o meio. Diante dos resultados, verificou-se a necessidade do desenvolvimento de práticas

socioambientais que levem os alunos a compreenderem sua relação com o meio ambiente de forma a se inserir

nesse contexto como parte indissociável para a construção de um ambiente mais equilibrado.

Palavras Chave: Educação ambiental, Educação Básica, Trilha ecológica.

Abstract: The present paper describes about the importance of pedagogical practices related to Environmental

Education used as tool conscientization with Elementary School students of a public school in the city of Dois

Vizinhos – PR. This paper aimed to use the Ecological Trail Girau Alto as an educational tool for environmental

awareness with students from Basic Education. The activities were performed with students of the 6th year of a

public school and developed with the participation of the Group of Studies and Research in Environmental

Education – GPEEA jointly with scholarship students of Institutional Program Initiation Scholarship to Teaching

- PIBID from Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos. The collection was

conducted with 22 students through the elaboration of drawings representing their conceptions of environment.

1 Acadêmicas do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

– UTFPR, Campus Dois Vizinhos, Integrantes do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental –

GPEEA e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID/Biologia.

[email protected]. 2 Docente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –

UTFPR, Campus Dois Vizinhos, Líder do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA.

[email protected]. 3 Docente do Colégio Estadual Leonardo da Vinci, Integrante do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação

Ambiental – GPEEA e Professor Supervisor no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência –

PIBID/Biologia. [email protected]

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36 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

The results were based on three subcategories representing Environment, Naturalist, Globalizing and

Anthropocentric. The results indicate a predominance of Naturalist conception, showing natural features, with no

relationship with society, which has demonstrated over the years the difficulty of students to realize the

integration of man and environment. Given the results, verified the necessity to develop social and

environmental practices that lead students to understand their relationship with the environment in order to be

inserted in this context as an integral part to build a more balanced environment.

Keywords: Environmental education, Basic Education, Ecological trail.

INTRODUÇÃO

A busca pela conservação ambiental vem se intensificando nas últimas décadas, assim

como a iniciativas de vários setores da sociedade para o desenvolvimento de atividades e

projetos com objetivo de educar a comunidade para questões ambientais, tornando-se deste

modo uma importante ferramenta para a conservação e preservação do meio ambiente.

A educação ambiental vem sendo incorporada em diversos setores como medida de

sensibilização e reflexão sobre atitudes ambientais, em um conjunto de práticas

socioambientais. Entre estas práticas destaca-se a contribuição para a redução na degradação

ambiental e modificação no modo de ser, agir e sentir no ambiente. Instituições educacionais

destacam-se por serem locais fundamentais para realização das práticas de Educação

Ambiental, bem como agentes de ações na comunidade em geral, estas ações devem ser

reconhecidas como parte integrante e transformadora no processo de formação da cidadania

(GAMA; BORGERS, 2010).

De acordo com Reigota (1991), os termos meio ambiente e educação ambiental,

utilizados constantemente em discursos políticos, livros didáticos, músicas entre outras fontes,

demonstram a diversidade conceitual, possibilitando diferentes interpretações, as quais podem

ser influenciadas pela vivência pessoal, profissional e informações veiculadas na mídia,

refletindo nos objetivos, métodos e nos conteúdos das práticas pedagógicas propostas no

ensino. Segundo Sauvé (2005):

A educação ambiental visa a induzir dinâmicas sociais, de inicio na comunidade

local e, posteriormente, em redes mais amplas de solidariedade, promovendo a

abordagem colaborativa e crítica das realidades socioambientais e uma compreensão

autônoma e criativa dos problemas que se apresentam e das soluções possíveis para

eles (p. 317).

Nesta concepção, o processo de Educação Ambiental na comunidade escolar, assume

papel fundamental na capilarização de práticas ambientais e formação de opiniões além do

ambiente escolar. As escolas juntamente com os professores possuem o papel de melhorar,

construir e mudar conceitos que seus alunos possuem durante o período que passam na escola

(MENGHINI, 2005).

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Deste modo, a educação ambiental torna possível a formação de valores e atitudes,

contudo é necessário disponibilizar experiências que reconstruam a conexão entre o ser

humano e a natureza, não apenas a transposição de informações (TOMAZELLO, 2001)

De acordo com Mello (2006), é necessário, na educação ambiental, transformar a

teoria da sala de aula em prática, visando não somente a transmissão de conhecimentos, mas

também tornar possível a analise de eventos e características observadas no ambiente.

Práticas educativas orientadas para a reflexão sobre os problemas locais,

transformação de valores e atitudes por meio de novos hábitos e conhecimento e

sensibilização que objetivam a melhoria da qualidade de vida (GUIMARÃES, 1995).

Deste modo a Educação ambiental não esta presente somente na escola, como

educação formal, mas também dentro dos eixos de Educação Ambiental não-formal e

informal que tem por objetivo transformar valores e comportamentos, tornando possível o

entendimento do meio ambiente como bem comum, e assim, mudando o modo de pensa e agir

que vem distanciando as relações do homem, sociedade e meio ambiente.

Implicando assim um desafio aos professores, o fomento do senso comum e critico nos

alunos, que por meio de conhecimentos básicos possam construir um raciocínio complexo e

reflexivo, tornando-se cidadãos sem receio de opinar sobre temas socioambientais que possam

influencias e interferir na sua vida (JACOB, 2005).

Neste contexto, as trilhas ecológicas surgem como um recurso metodológico que visa

não somente a transposição de conhecimento, mas propiciam atividades básicas de programas

de educação ambiental.

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo utilizar a Trilha Ecológica Girau Alto

como instrumento pedagógico de sensibilização ambiental, possibilitando a realização de

práticas socioambientais em um espaço considerado um laboratório vivo para ações de cunho

ambiental com os alunos do 6o ano de um colégio público.

METODOLOGIA

A presente pesquisa foi realizada pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa a

Iniciação Docência - PIBID/ Ciências Biológicas, juntamente com o Grupo de Pesquisas e

Estudos em Educação Ambiental - GPEEA/UTFPR do Câmpus de Dois Vizinhos no estado

do Paraná. Tal pesquisa foi aplicada em um Colégio Público de Educação Básica. Como

instrumento de coleta de dados realizou-se a aplicação de questionários com 22 alunos e em

seguida os dados foram analisados de acordo com os pressupostos teóricos de Bardin (2004) e

de maneira qualitativa de acordo com Bogdan e Biklen (1994).

Na Pesquisa Qualitativa, os dados obtidos são quebrados em unidades menores e, em

seguida, reagrupados em categorias que se relacionam entre si de forma a ressaltar padrões,

temas e conceitos. Entretanto, como desdobramentos desse suporte metodológico foram

organizados categorias e subcategorias discursivas na concepção da Análise de Conteúdo

(BARDIN, 2007). Além da análise de

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conteúdo alguns dados foram tratados nessa análise de forma qualitativa, conforme

pressupostos de Bogdan e Biklen (1994).

Abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a

ideia que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos

permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo

(BOGDAN e BIKLEN, 1991, p 49).

Na perspectiva da Análise de Conteúdo surgiram categorias voltadas à busca pela

percepção do conceito de meio ambiente, desdobrando-se na seguinte categoria: C1“O que é

meio ambiente”; sendo solicitado verbalmente a cada aluno (a) que desenhasse o que ele

entendia ser o Meio Ambiente em folha de papel branco tamanho A4.

Todavia, a partir dessa categoria, considerando-se a complexidade discursiva -

característica própria da análise qualitativa – surgiram subcategorias, as quais podem ser

evidenciadas ao longo dessa seção.

Após a atividade realizada com os alunos, fez-se a interpretação dos desenhos

abordados. Utilizou-se a análise de conteúdo que permitiu a organização e interpretação das

informações (BARDIN, 2004).

Figura 1: - Grupo PIBID/ GPEEA

Fonte: GPEEA/UTFPR

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Figura 2: - Alunos da educação básica na Trilha Ecológica Girau Alto

Fonte: GPEEA/UTFPR

RESULTADOS

Os resultados apresentados abaixo estão relacionados ao conhecimento prévio de 22

alunos da Educação Básica antes do desenvolvimento das atividades. A Tabela 1 abaixo

apresenta as representações de meio ambiente dos alunos. Os resultados obtidos foram

discutidos e embasados nas categorias de análises apresentadas por Reigota (1995), o qual

apresenta que as representações mais comuns são naturalistas, globalizantes e

antropocêntricas.

Tabela 1: Representação social de Meio Ambiente

Categoria Subcategoria Número de respostas

Representação de Meio

Ambiente

Naturalista

Globalizante

Antropocêntrica

18

3

1 Fonte: GPEEA/UTFPR

Observando-se a Tabela 1, verifica-se na subcategoria 1 que 18 alunos da amostra

possuem uma visão Naturalista de Meio Ambiente.

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Conforme figura 1 abaixo:

Figura 1: Representação naturalista

Fonte: GPEEA/UTFPR

Recorrendo a Reigota (1995), na representação Naturalista o meio ambiente é voltado

apenas à natureza, evidenciando aspectos naturais, confundindo-se com conceitos ecológicos

como de ecossistema. Inclui aspectos físico-químicos, a fauna e a flora, mas exclui o ser

humano deste contexto. O ser humano é um observador externo.

Sauvé (2005) também faz uma consideração sobre meio ambiente como natureza. A

autora afirma que os problemas socioambientais se originam de uma lacuna existente entre a

natureza e o ser humano e que é necessário eliminá-los. Para que isso aconteça, é preciso que

o ser humano resgate o sentimento de pertencer à natureza e entenda que é por meio dela que

ele reencontra parte de sua própria identidade humana.

Na subcategoria 2 constatou-se que 3 alunos possuem uma visão Globalizante.

Segundo Reigota (1995), na visão Globalizante o meio ambiente é caracterizado como as

relações entre a natureza e a sociedade. Engloba aspectos naturais políticos, sociais,

econômicos, filosóficos e culturais. O ser humano é compreendido como ser social que vive

em comunidade. Ênfase que pode ser observada na figura 2 a seguir:

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Figura 2: Representação globalizante

Fonte: GPEEA/UTFPR

Outro ponto de vista que relaciona natureza e sociedade é o de Sauvé (2005), que trata

de uma visão do meio ambiente como Biosfera. Esta seria como um lugar onde ocorrem as

interações entre os conjuntos de organismos vivos presentes no planeta Terra.

Na subcategoria 3 houve apenas uma resposta para visão Antropocêntrica. Para

Reigota (1995), na visão Antropocêntrica o meio ambiente é reconhecido pelos seus recursos

naturais, mas são de utilidade para a sobrevivência do homem. Conforme figura 3 abaixo:

Figura 3: Representação antropocêntrica

Fonte: GPEEA/UTFPR

A maioria dos alunos (81,81%) representa o meio ambiente como sinônimo de

natureza, sem relação com a sociedade, o que vêm demonstrando ao longo dos anos a

dificuldade dos alunos perceberem a integração do homem com o meio. Apenas 13,6% dos

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alunos apresentaram a noção de meio ambiente com uma representação Globalizante,

incluindo aspectos sociais, com a inserção do homem como parte desse meio. Outros 4,54%

dos alunos deram enfoque ao meio em que vivem, e o uso dos recursos naturais para a sua

necessidade.

A educação ambiental no espaço escolar deve abranger todos os níveis e modalidades

de ensino para que seja compreendida com sucesso. A relação entre as pessoas e o meio

ambiente deve ser próxima, com processos coletivos que permitam a construção dos valores

socioambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das necessidades de identificar caminhos diferentes e eficazes para promover

práticas socioambientais adequadas é necessário um resgate de uma renovação dos laços

afetivos com o ambiente natural, tornando-os parte dele e sensibilizando-os para o efetivo

pertencimento.

Portanto não são somente os conceitos que irão conscientizar crianças, jovens e

adultos, mas sim com ações práticas, reflexivas e criticas, as quais apontem para a perspectiva

de uma nova organização socioambiental, visando à qualidade de vida nossa e das futuras

gerações.

Contudo, verificou-se que as práticas desenvolvidas promoveram a inserção dos

alunos de maneira significativa no ambiente da Trilha Girau Alto, onde os alunos puderam

observar espécies da fauna e flora, e no decorrer dessas observações compreenderam

conteúdos relacionados a espécies nativas e exóticas; mata ciliar; erosão; interações

ecológicas, bem como foram sensibilizados por meio de diversas dinâmicas como a Teia da

Vida, O pé do consumo e Caminhando sobre a copa das árvores.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa. Edições 70, 2004.

BOGDAN, R; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à

teoria e aos métodos. Porto: Porto Editor, 1991.

GAMA, L. U.; BORGES, A. A. S. Educação ambiental no ensino fundamental: a

experiência de uma escola municipal em Uberlândia (MG). Revista Brasileira de

Educação Ambiental. v. 5, n. 1, p. 18-25, 2010.

JACOB. P. R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico,

complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, nº 2, 2005.

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MENGHINI, F. B. As trilhas interpretativas como recurso pedagógico: Caminhos

traçados para a educação ambiental. Itajaí. 2005. 103fls. Tese (Mestre em Educação). Pós-

Graduação em Educação. Universidade do Vale do Itajaí.

MELLO, N. A. Práticas de Educação Ambiental em Trilhas Ecológicas. Publicação de

divulgação do Curso de Ciências Biológicas. UNISC, 2006. Santa Cruz do Sul.

REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1991.

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Revista Educação e

Pesquisa, São Paulo. V. 31, n. 2, p. 317-322, 2005.

TOMAZELLO, M. G. C.; FERREIRA, T. R. C. Educação Ambiental: que critérios adotar

para avaliar a adequação pedagógica de seus projetos. Ciência & Educação. Piracicaba,

v.7, n.2, 2001.

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A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA MINIMIZAR OS

IMPACTOS NA MICRO BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO

OURO VERDE EM PARANAVAÍ-PR

Angela Magalhães Ferrari (IC)1,

Maria Carolina Beckhauser (IC)2,

Lucila Akiko Nagashima (PQ)³

Vanda Maria Silva Kramer (PQ)3

Resumo: O objetivo deste estudo é promover a educação e conscientização ambiental de uma comunidade

escolar, residente na zona sul de Paranavaí-PR, relacionada ao nível de degradação da Área de Preservação

Permanente (APP) do Córrego Ouro Verde, localizada no perímetro urbano do município, avaliando a qualidade

microbiológica da água e o nível de degradação da mata ciliar com o objetivo de minimizar os impactos. Para

cumprir os objetivos foram utilizadas diferentes metodologias: revisões de literatura, identificação e mapeamento

da área, visitas técnicas, consultas aos fundamentos legais na legislação ambiental vigente, coletas de dados

bióticos e abióticos bem como materiais físicos, para serem analisados. Os resultados das análises químicas

registraram a presença de grande quantidade de poluentes, o que indica que o rio encontra-se com a

balneabilidade comprometida em todo percurso e as visitas técnicas comprovaram a presença de lixo e entulhos

e que a mata ciliar encontra-se altamente degradada. A educação Ambiental foi promovida junto à comunidade

escolar por meio de oficinas didáticas simulando situações de recuperação de áreas degradadas e as visitas

técnicas foram promovidas para orientar as novas ações que irão ser adotadas minimizar os impactos no local.

Palavras Chave: APP, Educação Ambiental, Impactos Ambientais

Abstract: The aim of this study is to promote environmental education and awareness of a school community,

resident in south Paranavaí- PR, related to the level of degradation of Permanent Preservation Areas (APP) of the

stream Ouro Verde, located in the urban area of municipality, assessing the microbiological quality of water and

the level of degradation of riparian vegetation in order to minimize impacts. To accomplish the goals we used

different methodologies: literature reviews, identification and mapping of the area, technical visits, consultations

with legal grounds on environmental legislation, data collection as well as biotic and abiotic physical materials to

be analyzed. The results of chemical analyzes recorded the presence of large amounts of pollutants, which

indicates that the river meets the bathing compromised in any way and the technical visits confirmed the

presence of litter and debris and riparian vegetation is highly degraded. Environmental education has been

promoted with the school community through educational workshops simulating situations reclamation and

technical visits were organized to guide the new shares will be taken to minimize the impacts on site.

Keywords: APP, Environmental Education, Environmental Impacts

1Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia na UNESPAR – Campus Paranavaí. Paranavaí – PR.

[email protected] 2Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia na UNESPAR – Campus Paranavaí . Paranavaí – PR.

[email protected] 3 Profªs. Doutoras, pesquisadoras do NUPARA da UNESPAR - Campus Paranavaí. Paranavaí - PR.

[email protected].;[email protected].

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INTRODUÇÃO

Para a compreensão da importância de proteger e melhorar as condições físicas de

uma área de preservação permanente (APP) é necessário buscarmos um breve histórico do

termo Educação Ambiental. Podemos relacioná-lo a consolidação do sistema capitalista, a

crescente urbanização após a revolução industrial, ocorrido na Inglaterra, no século XVIII e

ao avanço científico, resultante das necessidades de globalização.

O processo de Educação Ambiental ocorre por meio da construção de valores sociais,

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio que

é um bem de uso comum do povo (RIVELLI, 2005).

No atual contexto de desenvolvimento global, marcado pelo grande avanço

tecnológico, aumento na produção e consumo, ocorrendo de forma desigual e a qualquer

custo, frequentemente se assiste à degradação ambiental. Essa degradação se reflete na perda

da qualidade de vida, na destruição de habitats e consequente redução da biodiversidade

(DIAS, 2004).

Palestras e encontros com informações relacionadas às espécies regionais, habitats,

ecossistemas ou a qualquer outro componente dos ambientes buscam o desenvolvimento da

Educação Ambiental. Promover essa divulgação também desperta o interesse da sociedade

pela conservação do meio ambiente (ROCHA et al., 2002).

Neste sentido, podemos dizer que a incorporação e transmissão dos conhecimentos

científicos para a comunidade escolar é um desafio, devemos fazê-lo de modo dinâmico e de

fácil compreensão, para um melhor aproveitamento do conteúdo pelos discentes em seu

cotidiano. Dessa maneira o educando poderá inserir em seu cotidiano o conteúdo aplicado em

sala de aula, até vir a se tornar um hábito uma conduta social.

O objetivo deste trabalho é abordar as questões relacionadas à educação ambiental

com alunos da rede de ensino, avaliando os níveis de degradação de uma área de Preservação

Permanente (APP) no Córrego Ouro Verde, em Paranavaí – PR, entender a situação em que o

local se encontra e promover debates que culminem com ações que venham minimizar os

impactos sofridos.

Educação Ambiental

Para compreender a necessidade da implantação da educação ambiental é preciso

entender o processo evolutivo da relação homem/natureza. As sociedades sempre estiveram

em contato direto e em permanente interação com o ambiente natural, utilizando-se deste

como fonte de subsistência, não comprometendo drasticamente o equilíbrio ambiental. Foi

com o surgimento da agricultura que intensificou a degradação dos recursos naturais. Contudo

o momento mais crítico da interferência humana no meio ambiente deu-se com o advento da

Revolução Industrial, com a descoberta de novos processos produtivos e a grande extração

dos recursos naturais, visando à quantidade e lucratividade.

A queda da qualidade ambiental, percebida com mais intensidade no final do século

XX, colocou em questão o modelo de desenvolvimento econômico seguido pela

sociedade contemporânea, induzindo à reflexão sobre a urgência da adoção de um

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novo padrão em moldes sustentáveis, e a inevitável formação de cidadãos

comprometidos com a preservação da qualidade ambiental (WATANABE, 1999).

A partir deste momento a capacidade de regeneração dos recursos naturais tornou-se

inferior a utilização destes, propiciando uma grande degradação do meio, que resultou na

perda da qualidade ambiental. Desse modo as relações de dominação e exploração ambiental

acentuaram-se, rompendo os ritmos e processos de regeneração da natureza. Ficando evidente

a irracionalidade do modelo de desenvolvimento capitalista.

Após este processo de industrialização e os drásticos impactos ambientais decorrentes

deste, iniciou-se um processo de conscientização, a fim de minimizar os impactos causados

pela relação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico. Surgindo a partir da

década de 70 uma série de eventos internacionais pautados na discussão sobre o agravamento

dos problemas ambientais, dando espaço para o termo Educação Ambiental (E A), sendo esta

de extrema importância para o desejado desenvolvimento sustentável (LOUREIRO, 2004).

As especificidades da Educação Ambiental acumulam vastas experiências e estão

amparadas por marcos legais como a Constituição Federal de 1988, a Lei nº 9.795/99, que

estabelece a PNEA, e os compromissos internacionalmente assumidos.

De acordo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, a pedagogia da educação

ambiental deve ser inserida no currículo. Em sua prática pedagógica, a educação ambiental

visa promover cidadão críticos, reflexivos, colaborativos e humanitários, para uma efetiva

construção do conhecimento, onde o aluno seja capaz de aprender à partir das práticas

cientificas e empíricas. O processo de Educação Ambiental ocorre por meio da construção de

valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, que é um bem de uso comum do povo (RIVELLI, 2005).

Desse modo o futuro adulto torna-se capaz de tomar decisões conscientes de um

ponto de vista ambiental, a partir do meio em que se insere, compreendendo de modo

integrado e sistêmico as noções básicas relacionadas ao meio ambiente, aprendendo a apreciar

e valorizar a diversidade natural e sociocultural, optando por medidas e atitudes que

preservam a natureza e identificando-se como parte integrante da mesma. Assim a escola

oferece ao aluno um conhecimento a qual ele utilizará em seu cotidiano, a fim de promover o

equilibro de todas as espécies e tornando um ambiente propício à formação de uma geração

ambientalmente sustentável e socialmente justa.

Contrapondo-se a visão cartesiana, a EA de acordo com Capra (1993), necessita de um

novo paradigma adotando uma visão holística para que a EA seja considerada como eixo do

desenvolvimento sustentável. Fundamentando-se em sua teoria geral dos sistemas:

Sistemas vivos incluem mais que organismos individuais e suas partes. Eles incluem

sistemas sociais - família ou comunidade - e também ecossistemas. Muitos

organismos estão não apenas inscritos em ecossistemas, mas são eles mesmos

ecossistemas complexos, contendo organismos menores que tem considerável

autonomia e estão integrados harmonicamente no todo. Todos esses organismos

vivos são totalidades cuja estrutura especifica surge das interações e

interdependência de suas partes (CAPRA, 2001).

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Portanto a visão sistêmica ou holística é a interação e à interdependência de todos os

aspectos ambientais, sejam físicos, biológicos, econômicos, psicológicos, religiosos, sociais e

culturais. Para a devida eficácia da aplicação da EA, deve-se desenvolve-la de forma

interdisciplinar, procurando integrar os diferentes conceitos e dimensões dos fenômenos

estudados. Assim superando uma visão especializada e fragmentada da busca pelo

conhecimento e proporcionando ao aluno um aprendizado mais produtivo e interessante.

Área de Preservação Permanente

As áreas de Preservação Permanente (APP) são protegidas pelo Código Florestal, Lei

Federal n° 4.771. Estas áreas foram criadas com a finalidade de não comprometerem os

ecossistemas. De acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei nº 12 651/12, a APP é uma

área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os

recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, facilitar o fluxo

gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Contudo à implantação de leis referentes à preservação destas áreas no país foram

tardias, houve resistência á conscientização ambiental por parte da população e as normas

estabelecidas eram subjetivas. Desse modo dificultou-se a interpretação e demarcação dessas

áreas, originando o uso inadequado dos recursos naturais, trazendo consequências graves ao

meio urbano e rural.

METODOLOGIA

A área de estudo está localizada no perímetro urbano de Paranavaí, noroeste do

Paraná, região da micro bacia do córrego Ouro Verde. O Canal fluvial apresenta trechos com

leito fluvial natural e trechos canalizados. O fluxo é proveniente da área central da cidade,

abrangendo as áreas circunvizinhas a Avenida Rio Grande do Norte esquina com a Rua

Albino Silva, percorrendo até a Avenida Amador Aguiar, esquina com a Rua vereador José

Leite Chaves até a Vila Operária (Figura 1).

Para cumprir os objetivos desta pesquisa adotaram-se os seguintes procedimentos

metodológicos:

Revisão de literatura, consultas a legislação e mapeamento topográfico da área de

estudo;

A realização de oficinas com o tema Lixo e Cidadania, executados com alunos dos 7º

anos do ensino fundamental na Escola Estadual Curitiba;

Promoção de visitas técnicas a região da micro bacia do córrego Ouro Verde;

Aplicação de questionários aplicados pelas acadêmicas do curso de licenciatura em

Geografia da UNESPAR à comunidade residente no entorno da área de estudo, abordando

temas como coleta seletiva, a importância da preservação das APPs e sobre o descarte

inadequado de resíduos sólidos no local;

Análises de qualidade microbiológica da água do Córrego Ouro Verde em oito (8)

pontos ao longo da bacia;

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Análises dos resultados e debates que culminaram em propostas de ações para

minimizar os impactos na área.

Figura 1. Localização da área de estudo e pontos de coleta de dados abióticos. (adaptado de Google

Earth, 2013)

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As atividades foram desenvolvidas com alunos do ensino fundamental da Escola

Estadual Curitiba, que cursam o 7º ano, num total de 63 envolvidos. A escolha do local

deveu-se ao fato da proximidade coma escola e por ser uma região inserida nas proximidades

da APP do Córrego Ouro Verde. As atividades foram iniciadas em fevereiro de 2013. A APP

do Córrego Ouro Verde, afluente do ribeirão Suruquá, na bacia do rio Ivaí, é um dos sítios de

fragilidade ambiental do município, com solo arenítico, caracterizado por sua suscetibilidade

erosiva.

O córrego Ouro Verde está localizado entre as coordenadas 23º53’69” e 23º 54’ 49”

Sul e 52º27’22” e 52º27’17” Oeste. Nasce na área urbana de Paranavaí (Figura 1) é fruto da

confluência de duas (2) nascentes a 467m e 441m de altitude, percorre uma extensão de

2779,95 metros e a largura varia entre 6 e 11 m. Este córrego deságua no ribeirão Suruquá a

376 m, tem uma declividade de 91 metros em todo o seu percurso, o que facilita o escoamento

superficial.

As sucessivas visitas ao campo permitiram avaliar os maiores problemas: falta de mata

ciliar, a precariedade das galerias de captação das águas pluviais, processos de erosão e

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acumulação resultando em uma enorme voçoroca, obras de engenharia mal elaboradas

sufocando o caudal.

Revisão de literatura permitiu entender que a colonização da região é recente, embora

a cidade tenha sua instalação datada de 1951. A estrutura da ocupação também data de um

passado remoto, ficando evidente a falta de planejamento e instrução adequada para a

colonização da área, quanto aos quesitos ambientais.

A área central de Paranavaí instalou-se nas proximidades da nascente do córrego

Ouro Verde, hoje localizada na Avenida Rio Grande do Norte. No período inicial da

colonização houve um vasto desmatamento da vegetação nativa. Assim a área em questão foi

fortemente danificada, formando uma extensa erosão no local.

Após planos de governo para o tratamento das áreas erodidas houve a contensão deste

processo na área central da cidade, com a implantação de um canal em concreto armado

celular, iniciada na nascente do Córrego Ouro Verde percorrendo até a Avenida Amador

Aguiar, esquina com a Rua Vereador José Leite Chaves (Figura 1).

Esta medida que deveria minimizar o processo erosivo na região, acabou formando

uma imensa voçoroca comprometendo a funcionalidade não só do córrego que corre sério

risco de assoreamento, mas também aos remanescentes florestais e à fauna existente no local,

bem como, comprometendo o microambiente nas proximidades do curso d’água e as

edificações do entorno.

As consultas ao código florestal em seu artigo 2º determinam que corpos d’água

similares ao estudado, deveriam contemplar a mata ciliar com uma área marginal de pelo

menos 30 metros. Mas 70% da área do seu curso é desprovida de qualquer tipo de vegetação.

A realização das oficinas contemplou temas ligados ao Lixo e Cidadania e as visitas

técnicas executadas com alunos dos 7º anos do ensino fundamental na Escola Estadual

Curitiba, tiveram o propósito de sensibilizar os alunos para além de avaliarem as condições do

local, iniciarem projetos de educação ambiental em suas casas para reverter o quadro de

degradação da área (Figura 2).

Figura 2. Visita técnica à APP do Córrego Ouro Verde. Ferrari et al , 2013.

Aplicação de questionários ficou a cargo de um grupo de acadêmicas do curso de

licenciatura em Geografia da UNESPAR e a clientela entrevistada foi à comunidade residente

no entorno da área de estudo, abordando temas como coleta seletiva, a importância da

preservação das APPs e sobre o descarte inadequado de resíduos sólidos no local;

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Análises de qualidade microbiológica da água do Córrego Ouro Verde foram

realizadas em oito (8) pontos ao longo da bacia. As coletas feitas realizadas, em dias

ensolarados, em pontos estratégicos e de alta e baixa influência antrópica, utilizando a

metodologia internacional Standard Methods for the examination of water and wastewater

(APHA) (AWWA), com frascos esterilizados, mergulhados contra a correnteza até uma

profundidade de 20 cm, de modo a coletar um volume de água superior a 100 ml, deixando

um espaço livre no frasco para agitação antes de processar as análises (SOARES & MAIA,

1999).

As amostras foram etiquetadas com os respectivos locais de coletas e acondicionadas

em bolsa térmica para o transporte até o Laboratório de Saneamento e Meio Ambiente, do

departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Os coliformes foram analisados em unidades formadoras de colônias em 100 ml de

amostra de água, cujos resultados estão contidos nas tabelas abaixo.

Tabela 1. Resultado microbiológico de diferentes pontos de coleta.

Localização Coordenadas

geográficas

Coliformes totais Coliformes

termotolerantes

Elevação/m

Ponto A 23º 05´37.3"S

52º 27´19.2"O

> 2419.6 > 2419.6 443

Ponto B 23º 05'54.0''S

52º 27'19.01''O

> 2419.6 > 2419.6 439

Ponto C 23 05'59.3''S

52º 27' 18.8"O

> 2419.6 > 2419.6 409

Ponto D 23 06'11.8'S'

52 27' 29.1''O

> 2419.6 > 2419.6 387

Ponto E 23 06'52.9''S

52 27' 18.3"O

> 2419.6 > 2419.6 386

Ponto F 23 05´49.0''S

52 27'15.7''O

> 2419.6 > 2419.6 427

Ponto G 23 06´11.8''S

52 27' 29.1"O

> 2419.6 770.1 387

Ponto H 23 05'59.3''S

52 27'18.8"O

> 3.1 <1 409

Esses resultados são indicativos da presença de esgoto clandestino nas galerias

pluviais por este motivo se faz necessário a implantação de políticas públicas de tratamento de

esgoto clandestino, resíduos sólidos e de Educação Ambiental nas escolas e comunidade em

geral.

Indicadores microbiológicos têm sido utilizados mundialmente para verificar a

contaminação de corpos d’água por resíduos humanos. Tipicamente são utilizados organismos

que são encontrados em elevadas concentrações em fezes humanas. Os indicadores

geralmente utilizados incluem coliformes totais, coliformes fecais, Escherichia coli e

enterococci (SHIBATA et al., 2004).

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As bactérias do grupo coliforme são indicadoras de contaminação fecal, ou seja,

indicam se uma água foi contaminada por fezes e, em decorrência, se apresenta uma

potencialidade para transmitir doenças (VON SPERLING, 1996). A ausência desta bactéria

indica uma água bacteriologicamente potável. Entre este grupo de bactérias encontramos as

que são exclusivamente fecais, não se multiplicando com facilidade no ambiente externo e

com sobrevivência similar das bactérias patogênicas, formando assim um grupo

termotolerantes, de maior confiabilidade que os coliformes totais.

De acordo com a resolução n° 357 do CONAMA (17/03/2005), este corpo d’água está

enquadrado na classe 4, água doce que pode ser destinada à navegação e harmonia

paisagística. Os limites máximos de contaminação são: > 1000 coliformes

termotolerantes/100 ml de água. A mesma legislação estabelece limites: para uso de recreação

de contato secundário não deve exceder o limite de 2.500 coliformes termotolerantes por 100

ml de água. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes

termotolerantes por 100 milímetros de água.

Os resultados obtidos para o córrego Ouro Verdes indicam contaminação superior a

tolerada em 80% das amostras analisadas, sendo, portanto, águas impróprias para o consumo

humano ou animal. Também não devem ser utilizadas para a irrigação de frutas e hortaliças

que se desenvolvem rente ao solo e nem as que não sejam removidas a casca ou película

protetora. É proibida também a sua utilização para balneabilidade, recreação e aquicultura.

Análises dos resultados e debates culminaram em propostas de ações para minimizar

os impactos na área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em seu processo de urbanização Paranavaí não preservou alguns rios que cortam o seu

espaço territorial. Canalizou e retificou-os para a viabilização do desenvolvimento urbano.

Desse modo a APP estabelecida pelo código florestal não foi respeitada no trecho pesquisado.

As práticas pedagógicas em Educação Ambiental suscitaram a possibilidade da recuperação

da APP no trecho analisado do Córrego Ouro Verde, desde que haja uma verdadeira

disposição por parte dos órgãos competentes para que seja executado um reflorestamento no

local.

É preciso um trabalho mais assíduo por parte do poder público para acabar com os

esgotos clandestinos ligados as galerias pluviais da região estudada e também para a questão

dos resíduos sólidos depositados de forma irregular.

Contatou-se a extrema necessidade de um profundo trabalho de educação ambiental a

fim de esclarecer para a população em geral a finalidade das APPs e a importância de sua

preservação.

É importante agregar novas formas de aprendizagem social, expansão dos lócus de

aprendizado e de interpretação do cotidiano, de arenas de negociação e jogos de papéis. Essas

estratégias podem ser entendidas como espaços de convivência e de formação de

conhecimentos sobre aprendizagem social na gestão compartilhada e participativa do contexto

socioambiental pertencente a esses sujeitos, resgatando o espírito de comunidade e agir

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coletivo visando minimizar os impactos antrópicos na área da micro bacia do córrego Ouro

Verde.

REFERÊNCIAS

CAPRA, Fritjof. A teia da vida. Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São

Paulo: Cultrix, 2001.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. 2002. Resolução Conama

n° 303. Disponível em:< http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm> Acesso em

31/05/2013.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. 2005. Resolução Conama

n° 357. Disponível em:< http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm > Acesso em

31/05/2013.

DIAS, Genebaldo. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004

GOOGLE, Programa Google Earth, 2010.

LOUREIRO, Carlos. Trajetórias e Fundamentos da Educação Ambiental. Editora Cortez. São

Paulo. 2004

RIVELLI, Eduardo. Evolução da Legislação Ambiental no Brasil: Políticas de Meio

Ambiente, Educação Ambiental e Desenvolvimento Urbano. In: PHILIPPI JR., A.;

PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manole, 2005.

ROCHA, C. F. D; SLUYS, M. V.; BERGALLO, H. de G.; ALVES, M. A. dos S. In:

PEDRINI, Alexandre de Gusmão. (Org.). O contrato social da ciência: unindo saberes na

Educação Ambiental. Petrópolis: Vozes, 2002.

SHIBATA, Tomoyuki; SOLO-GABRIELE, Helena; FLEMING, Lora. et al.; Monitoring

marine recreational water quality using multiple microbial indicators in an urban tropical

environment. Water Research. Vol. 38, 2004. p. 3119-3131.

SOARES, Juarez Braga. & MAIA, Ana Célia Freire. Água: microbiologia e tratamento.

Fortaleza: Edições UFC, 1999.

VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2.

ed. Belo Horizonte: DESA/UFMG, 1996. p. 243.

WATANABE, Carmem Balão. Antecipando a Agenda 21 local: uma visão geográfica do

Meio Ambiente de "São Mateus do Sul" - Paraná. Curitiba, 2002. Dissertação de Mestrado.

Geografia/UFPR.

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HORTA ESCOLAR NO ÂMBITO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AÇÃO

PROMOTORA DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

Maria Carolina Beckhauser (IC)¹,

Angela Magalhães Ferrari (IC)²,

Vanda Maria Silva Kramer (PQ)³.

Resumo: A questão ambiental está sendo debatido e constantemente vem ganhando espaço em diferentes

segmentos da sociedade. Já a educação ambiental vai além dos debates e esta incluída no currículo como um

tema transversal a ser trabalhado no ensino básico. Ela não é uma disciplina, mas deve e pode haver uma

interdisciplinaridade para tratar do conteúdo em sala de aula. O plantio de uma horta escolar contribuiu para uma

interação dos alunos, gerando um processo de ensino e aprendizagem em educação ambiental por meio de

práticas. A inclusão por meio de atividades de horticultura incentivou o contato direto entre o processo de plantio

e da comunicação entre ouvintes e surdo. A contribuição dos pais e membros da comunidade escolar no

desenvolvimento do projeto, ajudou no planejamento e execução da horta escolar. A metodologia para a

implementação do projeto aplicado, com as atividades em sala de aula através da definição de conceitos e

princípios da educação ambiental e da importância das hortaliças na alimentação, e num segundo momento a

visitas técnicas a hortas comerciais, finalmente a seleção do local, preparo do solo, plantio e manutenção da

horta. O projeto permitiu explorar tanto questões ambientais, sociais e a relação homem-natureza favorecendo

um desenvolvimento crítico e lógico de cada aluno desenvolvendo praticas sustentáveis e hábitos saudáveis,

sempre partindo da perspectiva da horta escolar.

Palavras Chave: Inclusão; Educação Ambiental; Educação Alimentar.

Abstract: The environmental issue is being debated and constantly gaining space on different segments of

society. Already environmental education goes beyond debates and is included in the curriculum like a cross-

cutting theme to be worked in elementary education. It is not a discipline, but should and can there be a

interdisciplinarity to deal with content in class. The planting of a school vegetable garden has contributed to

student interaction, generating a process of teaching and learning in environmental education through practices.

The inclusion by means of horticulture activities has encouraged a direct contact between the planting process

and communication between listeners and deaf. The contribution of parents and members of the school

community in the project development, helped in planning and enforcement of the school vegetable garden. The

methodology for the implementation of the project applied with the activities in class through the definition of

concepts and principles of the environmental education and the importance of the vegetables in the feeding, and

in one second moment to technical visits to commercial vegetable gardens, finally selecting the location, soil

preparation, planting and maintaining the vegetable garden. The project allowed exploring both environmental,

social and man-nature relationship favoring critical and logical a development of of each student by developing

sustainable practices and healthy habits, always from the perspective of the school vegetable garden.

Keywords: Inclusion; Environmental Education; Food Education.

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INTRODUÇÃO

Uma horta escolar deve ser tratada como um recurso didático, um laboratório,

trazendo vários temas transversais segundo o currículo, como: educação ambiental, educação

alimentar e valores sociais. Elas inseridas no ambiente escolar não devem apenas restringir-se

à produção de alimentos, mas podem ser usadas e trabalhadas no processo pedagógico como

um todo (MORGADO, 2008).

Outro fator que foi bem acentuado no decorrer das atividades foi à inclusão de um

aluno surdo no processo de elaboração e execução da horta escolar, onde a comunicação entre

ouvintes e o mesmo foi auxiliada por uma professora interprete, motivando os demais

membros numa interação homogênea.

Através da produção de uma “Horta Escolar” visamos promover mudanças de valores,

hábitos, sensibilizando alunos e colaboradores, comportamentos ambientalmente “corretos”

que devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a

formação de cidadãos responsáveis (RODRIGUES; FREIXO, 2009).

Os benefícios deste projeto para as acadêmicas foram de facilitar a mudança na rotina

da escola municipal e trazendo inúmeras experiências capazes de melhorar seu exercício de

docência.

Além de que demonstrou que as atividades na horta fizeram os alunos compreenderem

que o solo é fonte de vida, a energia solar e a água podem produzir alimentos para a

sobrevivência humana; desenvolveram a cooperação em equipe e a comunicação inclusiva; a

preservação para com o meio ambiente seja ele escolar ou não.

O objetivo deste trabalho é analisar os resultados das atividades acadêmicas em

docência das alunas do 2º ano do curso de Geografia da Universidade Estadual do Paraná

durante as práticas em Educação Ambiental. Fizeram parte das atividades a execução de uma

horta escolar em uma escola do ensino básico do município de Paranavaí – PR, com a turma

de inclusão do 2º ano na faixa etária de 7 a 8 anos.

Educação Ambiental e a horta escolar

Anos após a Revolução Industrial que mudou todo o sistema produtivo do planeta,

houve uma preocupação mundial com o meio ambiente, os avanços tecnológicos, os aumentos

da população, o crescimento de grandes nações, aumentaram a exclusão social e econômica

dos povos decaindo a qualidade de vida, gerando a degradação ambiental. Os anos 60 com

todos esses processos históricos, ocasionaram uma preocupação com o meio ambiente e com

a sustentabilidade do planeta, a fim de desenvolver uma cidadania mais responsável com

sociedades mais justas.

Somente em 1973 o Brasil entra no processo de institucionalização para com a

educação ambiental, com a criação da Secretária Especial do Meio Ambiente (SEMA),

seguindo de outro ponto decisivo para com a Educação Ambiental em território nacional, que

foi a Politica Nacional do Meio Ambiente em 1981, onde a inclusão da educação ambiental

foi inserida em todos os níveis de ensino com o intuito de capacitar a comunidade para

defender o meio ambiente (CAPRA, 2005).

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Segundo a Constituição Federal de 1988, que reconhece que o direto constitucional de

todos os brasileiros à Educação Ambiental é atribuído ao Estado o dever de “promover a

Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a

preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) criados pelo Ministério da Educação em

1998, indicam que a aprendizagem de valores e atitudes devem ser mais exploradas do ponto

de vista pedagógico e o conhecimento dos problemas ambientais e de suas consequências

desastrosas para a vida humana é importante para promover uma atitude de cuidado e atenção

com essas questões, incentivar ações preservacionistas (BRASIL, 1998).

A inserção da educação ambiental nas escolas se deu através de três modalidades:

projetos, disciplinas especiais e inserção temática ambiental nas disciplinas, para sensibilizar

os indivíduos enquanto ser social para o convívio sustentável com a natureza. Este público

formal encontrado nas escolas necessita de conhecimento para gerar mudanças de atitudes e

consolidação de novos valores, através de processos coletivos abordando questões ambientais

de modo crescente e contínuo em diferentes disciplinas e atividades.

A educação ambiental não é tratada como disciplina e sim como um tema transversal a

ser ministrado pelo docente no decorrer dos demais conteúdos de outras disciplinas. O

currículo tem uma flexibilidade para aderir temas priorizando e contextualizando as diferentes

realidades de varias regiões ou locais. O conjunto de tema transversais proposto pelo

Parâmetro Curricular Nacional (PCN) foi Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde

e Orientação Sexual, com a intuição de uma reflexão como eixo norteador de causa e feito das

dimensões históricas. Nas palavras de Gallo (2001):

“o sentido geral da interdisciplinaridade é a consciência da necessidade de um inter-

relacionamento explícito entre as disciplinas todas. Em outras palavras, a

interdisciplinaridade é a tentativa de superação de um processo histórico de

abstração do conhecimento que culmina com a total desarticulação do saber que

nossos estudantes (e também nós, professores) têm o desprazer de experimentar”.

A abordagem da horta escolar e a educação ambiental como tema transversal a ser

trabalhado em forma de projeto nos anos iniciais do ensino fundamental gerou um processo

de ensino-aprendizagem unindo a teoria e pratica com o intuito de desenvolver um cidadão

capacitado a atuar em um mundo sustentável de maneira positiva e construtiva perante a

sociedade. O papel do educador nesta etapa da educação é muito relevante, pois o tema exige

uma atualização de conteúdo gerando constantes pesquisas por parte dos profissionais

(RUSCHEINSKY, 2002).

A importância da educação ambiental na execução do projeto foi levar o conhecimento

do tipo de uma agricultura mais sustentável e natural sem a utilização de agrotóxicos e o mal

que essas substâncias causam a sociedade e a natureza, juntamente com a descoberta da

importância de uma alimentação saudável por parte dos alunos. Também o significado da

importância do solo enquanto produtor de alimento associando ciclos de plantio e cultivo

respeitando a terra. A combinação desses fatores levou os alunos à conclusão de que a

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natureza do solo é vivo e temos que preservar sua integridade, através de praticas

ecologicamente corretas (CRIBB, 2010).

A horta escolar é um espaço próprio para que as crianças aprendam os benefícios da

forma de cultivo sustentável, uma alimentação melhor, preservação do ambiente seja ele

escolar ou não, um contato com a natureza, exercitar a cidadania, adquirir valores,

comunicação e interação com deficiente auditivo e solidariedade (GONZALES, 2005).

METODOLOGIA

Localizada no município de Paranavaí/PR (Figura 1) a escola do ensino básico,

encontra-se à distância em relação ao centro da cidade é de aproximadamente 3.500 metros.

Figura 1: Localização da escola municipal Noêmia Ribeiro do Amaral – Área de estudo no Município de

Paranavaí – PR. Kramer et al, 2013.

Atualmente a escola abriga 180 alunos, sendo que a maioria dessas crianças

permanece na unidade de período integral das 07h30min as até as 17h00min horas (Figura 2).

Dentre esses alunos atendem também crianças surdas num processo inclusivo.

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Figura 2: Foto da Escola Municipal, Paranavaí – PR. Beckhauser et al , 2013.

Os trabalhos na escola tiveram inicio a partir na de uma exposição de ideias,

conteúdos e esclarecimento sobre a educação ambiental e a horta escolar para corpo

pedagógico da escola. Em seguida veio à apresentação do projeto para os alunos do 2º ano no

período vespertino em forma de oficina sobre a educação ambiental, apresentada em forma de

slides e vídeos ilustrando a criação de uma horta escolar e qual a sua finalidade. Ao longo das

aulas os alunos foram confeccionando cartazes, painéis, atividades como forma de fixação do

conteúdo e exposição de ideias para a comunidade escolar.

Outra etapa relevante para a iniciação da construção da horta foi uma visita técnica

numa horta comercial no distrito do município (Figura 3), também no período vespertino os

alunos tiveram a oportunidade de vivenciar de perto a rotina da manutenção de uma horta e

como é produzido cada alimento ali. Ao chegar à sala cada aluno realizou um cartão colorindo

um desenho e produzindo uma frase própria sobre a importância da horta na sua escola, ao

finalizar o cartão ele foi exposto no corredor onde todos pudessem admirar a arte de cada um

e a experiência vivida através de relatos e fotografias.

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Figura 3. Visita técnica na horta comercial. Beckhauser et al , 2013.

A área selecionada para o plantio tem 7,5 metros de largura por 5,0 metros de

comprimento totalizando uma área de 35,00 m² o terreno foi nivelado e dividido em quatro

canteiros com 1,20 metros de largura por 4,0 metros de comprimento totalizando 4,8 m², entre

os canteiros foram deixados 0,70 cm como um corredor entre eles. O preparo dos canteiros foi

exercido pelas acadêmicas e a comunidade escolar, neste trabalho envolveu a capina, a aração

e a adubação, foi utilizado esterco bovino (Figura 4).

A semeadura foi realizada pelos alunos juntamente com o auxilio das acadêmicas, o

cuidado e a manutenção das mudas foram realizados pelos ajudantes da horta que eram

selecionados diariamente para realizar tal tarefa, onde regavam as plantas sempre no período

da manha. A colheita foi realizada após o amadurecimento total do produto.

Figura 4: Preparo inicial dos canteiros. Beckhauser et al , 2013.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os trabalhos na escola foram realizados em março a julho de 2013. O processo

educacional permitiu que os alunos interagissem de maneira significativa favorecendo seu

desenvolvimento e aprendizagem e a relação interpessoal de cada um. A educação ambiental

se tornou um mecanismo de inclusão entre os alunos ouvintes e o aluno surdo ressaltando os

valores das atividades ministradas.

Não só o fato de se relacionar incluindo alunos não ouvintes nas atividades escolares,

mas também desenvolver responsabilidades nas atividades de horticultura, e a educação

ambiental têm um papel importante nesta etapa da educação a fim de gerar uma sociedade

mais sustentável.

No contexto sala de aula foram aplicadas atividades referentes aos temas de educação

ambiental, educação alimentar, desenvolvimento de plantas dentre outros, também foram

organizado um cronograma para organização e desenvolvimento da horta. As crianças tiveram

a oportunidade de plantar, semear, colher e consumir o produto. A confecção dos canteiros

contou com a comunidade escolar. Durante a atividade, explicou-se às crianças que seriam os

“guardiões” da horta. Foi comentada em detalhes qual a importância das plantas, e por que

não se pode arrancá-las e que apesar do grande interesse das crianças pelo desenvolvimento

das hortaliças, não seria possível acompanhar mudanças destas plantas como florescimento e

frutificação, pois não são plantas com um ciclo longo.

Durante o desenvolvimento desta atividade pôde-se acompanhar todo o processo, no

decorrer das etapas citadas acima, plantamos diferentes tipos de hortaliças como alface,

rúcula, couve, salsinha e cebolinha (Figura 6), todas nasceram com qualidade, pois o cuidado

inicial foi primordial para o desenvolvimento do produto.

Figura 6: Plantio das hortaliças. Beckhauser et al , 2013.

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Através dos estudos para a realização do projeto ficou clara a importância de explorar

os temas transversais como educação ambiental e alimentar juntamente com a inclusão. Além

de todos esses aspectos espera-se que estes alimentos na rotina escolar dos alunos possam ter

um novo significado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A horta inserida no ambiente escolar torna-se um espaço lúdico e pedagógico

possibilitando o aluno a questionar seus hábitos e atitudes ressaltando seus valores e

desenvolvendo sua identidade enquanto ser social. O processo de ensino aprendizagem neste

local irá proporcionar uma interação mais abrangente sobre a educação ambiental unindo

teoria e pratica.

O projeto permitiu explorar tanto questões ambientais, sociais e a relação homem-

natureza favorecendo um desenvolvimento crítico e lógico de cada aluno desenvolvendo

praticas sustentáveis e hábitos saudáveis, sempre partindo da perspectiva da horta escolar.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem o apoio recebido da UNESPAR – Campus Paranavaí e da

CAPES/PIBID pelas bolsas de iniciação a Docência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto

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WALL-E: METODOLOGIA PARA ENSINO DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL Neoraldo Junior Antunes (IC)

1;

Adrieli Gorlin Toledo (IC)2;

Bruna Caroline Kotz Kliemann (IC)3;

Kelly Mayara Poersch (IC)4;

Jéssica Engel do Nascimento (IC)5;

Bárbara Grace Tobaldini (PQ)6.

Resumo: Existe atualmente, uma necessidade em formar o aluno já nas séries iniciais para a vida cidadã, onde

este seja capaz de identificar problemas ambientais e desenvolver modelos para a resolução dos mesmos. Assim,

a contribuição da 7ª arte (o filme) para elucidar a problemática civilizatória, ambiental e social pela qual

passamos hoje pode dar suporte para um melhor entendimento, com auxílio do professor, de que maneira

podemos agir para sanar as necessidades sociais, sem a degradação massiva do meio ambiente. Dessa forma, a

escola, como espaço de educação formal possibilita sensibilizar as crianças desde as series iniciais a prática

efetiva da Educação Ambiental. Para auxiliar o professor em sua prática pedagógica, foi desenvolvido um roteiro

baseado no filme Wall-E, em que seu enredo aborda vários temas relacionados à problemática ambiental

especialmente ao excesso de lixo produzido pelo homem devido ao consumismo exacerbado, a exploração dos

recursos naturais e a ociosidade que domina e corrompe a humanidade. Neste sentido, o filme pode ser utilizado

como uma forma de sensibilizar os alunos frente às questões ambientais, pois salienta a importância da

preservação do nosso planeta e expõe algumas consequências que pode acarretar um ambiente desequilibrado

ecologicamente.

Palavras Chave: Educação Ambiental, Wall-E, Prática Pedagógica.

Abstract: Currently, there's a need to form students for the social life, starting from the beginning grades, which

this student become capable to identify environmental problems and develop models to its resolution. Therefore,

the seventh art’s contribution (the movie), to elucidate the civilizatory, environmental and social problems that

we are now going through, can give us support to a better understanding, with the teacher’s help, in a way that

we can act to solve the social needs, without the massive environmental degradation. Thereby, the school, as a

formal education space, enables sensitizes children from the beginning grades until the Environmental Education

effective practice. To help the teacher in its pedagogical practice, a planning was developed based on the Wall-E

movie, that its plot approaches several themes related to the environmental problems, specially the garbage

excess produced by humans due to an exacerbated consumption, the natural resources exploration and the

idleness that dominate and corrupts the mankind. In this sense, the movie can be used as a way to sensitize

students to the environmental issues, because it focused on the preservation of our planet and exposes some

consequences that can lead to an environment ecologically unbalanced.

Keywords: Environmental Education, Wall-E, Pedagogical Practice.

1Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e estagiário da PROGRAD – DRD – UNIOESTE.

Campus de Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 2Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – UNIOESTE. Campus de Cascavel. Cascavel -

PR. [email protected]. 3Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e Bolsista do PIBID – UNIOESTE. Campus de

Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 4Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e Bolsista de Extensão da REA-PR – UNIOESTE.

Campus de Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 5Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e estagiária no Instituto Ambiental do Paraná –

UNIOESTE. Campus de Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 6Profª. Mestre, pesquisadora do Colegiado de Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel.

Cascavel – PR. [email protected].

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INTRODUÇÃO

Atualmente, um dos assuntos de maior discussão em todos os âmbitos da sociedade é a

Educação Ambiental (EA). Tema proposto após o grande desenvolvimento econômico e

industrial exacerbado ocorrido no início da década de 60 que ocasionou o início de sérios

problemas ambientais. De acordo com Marcatto (2002, p.08):

[...] temos presenciado um significativo crescimento dos movimentos ambientalistas

e do interesse pela preservação ambiental. A população mundial tem mostrado que

está cada vez mais consciente de que o modelo atual de desenvolvimento

econômico, tanto em países desenvolvidos, como naquele em vias de

desenvolvimento, está intimamente associado à degradação do meio ambiente, com

impactos diretos na qualidade de vida e na própria sobrevivência da espécie humana.

A utilização de recursos ambientais no modelo econômico atual, leva ao esgotamento

dos mesmos, sendo esta problemática encontrada principalmente em lugares onde este recurso

é considerado infinito. Nestes locais, o desenvolvimento e a sustentabilidade apresentam-se

como aspectos discrepantes andando separadamente e causando a destruição da natureza

(RODRIGUES, 1998 apud LIMA, 2011).

Essa constatação singular de um projeto social que destrói e ameaça suas próprias

bases de sustentação e sobrevivência revela-nos um processo que transcende os

contornos de mera crise ecológica e aponta para uma crise civilizatória de amplas

dimensões. É no contexto de uma modernidade avançada, incerta e complexa, com

trajetória insustentável que sugerimos a compreensão da questão ambiental e a

inserção da educação nessa questão (LIMA 2011, p.122).

Destaca-se, portanto, que seja improvável que os conceitos de Educação Ambiental

sejam entendidos e aplicados corretamente se não forem inseridos no processo educativo. A

educação formal, nesse sentido, pode assumir tanto um papel de conservação da ordem social,

reprodução de valores, ideologias e interesses dominantes socialmente, como um papel

emancipatório, comprometido com a renovação cultural, política e ética da sociedade e com o

pleno desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos que a compõem (LOUREIRO,

2011).

Em meio ao histórico da recente adversidade ambiental, a educação tem sido

memorada como mecanismo capaz de se contrapor de forma positiva a essa problemática

juntamente a outros mecanismos políticos, econômicos, legais, éticos, científicos e técnicos

(LIMA, 2011). Diante desses pressupostos, entende-se a importância da inserção da Educação

Ambiental de forma efetiva ainda nos anos inicias da escolaridade, visto que: A Educação

Ambiental é um comportamento socioeducativo que tem como finalidade construir valores,

conceitos e atitudes que possibilitem o entendimento real de vida e a atuação esclarecida e

responsável de práticas sociais, individuais e coletivas no ambiente. Desta forma, proporciona

assistência na construção de um modelo civilizacional e societário que difere completamente

do contemporâneo, embasado em um novo principio quando se remete a relação

socioambiental (LOUREIRO, 2011).

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Na Educação Ambiental escolar deve-se enfatizar o estudo do meio ambiente onde

vive o aluno e a aluna, procurando levantar os principais problemas cotidianos, as

contribuições da ciência, da arte, dos saberes populares, enfim, os conhecimentos

necessários e as possibilidades concretas para solução deles(REIGOTA, 2009, p.

46).

O inicio da abordagem da temática ambienta, de interesse global desde os primeiros

anos do ensino formal, torna-se um meio de construção racional, portanto gradual sobre a

disponibilidade dos recursos naturais essenciais à vida no planeta e as possíveis medidas para

controle do consumismo exagerado, a fim de conquistar um habitat conservado e passível de

proporcionar uma excelente qualidade de vida a seus habitantes.

Travassos (2004) apud Fantin, Moura, Peccioli-Filho (2008, p. 2) diz que:

A prática da Educação Ambiental nas escolas colabora para resolver os problemas

ambientais confrontados atualmente e futuramente, contudo para que isso tenha

sucesso, ela não deve ser tratada apenas na semana do meio ambiente, dando ênfase

somente nos aspectos como a natureza e reciclagem de lixo, ela deve ser tratada no

dia a dia da criança levando em conta a cultura e os problemas sociais do local.

Assim, deve ser passada para os alunos em todas as fases do ensino, para que estes

se sensibilizem com os problemas ambientais e busquem soluções para os mesmos,

transformando, assim, a escola em um lugar onde se exerça a cidadania.

A vista disso, a educação formal é indispensável para a percepção dos alunos sobre o

que está ocorrendo e quais as consequências prováveis que acarretarão um ambiente

ecologicamente desequilibrado, visto que a informação é uma ferramenta transformadora da

consciência do homem. Por consequência, a Educação Ambiental apresenta-se como uma

tentativa de mudança efetiva nas atitudes de cada um.

A Educação Ambiental surge em um terreno marcado por uma tradição naturalista.

Superar essa marca, mediante afirmação de uma visão socioambiental, exige um

esforço de superação da dicotomia entre natureza e sociedade, para poder ver as

relações de interação permanente entre a vida humana social e a vida biológica da

natureza (CARVALHO, 2004, p.37).

Durante sua existência, o indivíduo pode apresentar dificuldade, se não obtiver uma

boa base de aprendizagem. A base da educação esta no ensino fundamental. Assim, investir

na Educação Ambiental nessa fase da aprendizagem, possibilita formar cidadãos que visam

uma interação socioambiental, que saibam utilizar de forma responsável os recursos naturais,

assegurando para as próximas gerações o direito de suprir suas próprias necessidades.

Dessa forma, conforme Art. 1° e Art. 2° da Política Nacional de Educação Ambiental

(Lei nº 9.795 de 27 de Abril de 1999)

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e

a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do

povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação

ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo

estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo

educativo, em caráter formal e não-forma.

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Ainda, de acordo com o Art. 10° regulamentado pela Política Nacional de Educação

Ambiental (Lei nº 9.795 de 27 de Abril de 1999) “a educação ambiental será desenvolvida

como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e

modalidades do ensino formal”. Dessa maneira a Educação Ambiental propõe a realização de

um projeto utópico para constituir uma sociedade sustentável e correta (REIGOTA, 2009).

Reigota (2009, p. 98) também afirma que:

Do ensino fundamental ao ensino superior pode estar presente em qualquer

disciplina, pois todas as áreas do conhecimento estão aptas a fornecer

especificidades que possibilitem uma melhor compreensão do mundo e da época em

que vivemos visando a participação cidadã, de intervenção de busca de alternativas e

de solução.

A Educação Ambiental integra uma área de conhecimento notavelmente

interdisciplinar, devidos aos vários fatores conectados e imprescindíveis ao diagnóstico e a

interferência que presume. No decorrer da história, ela se sobressai às preocupações de

diversos setores dentro da sociedade tornando-se uma área conceitual, política e ética.

Entretanto, esse campo está em pleno desenvolvimento o que fomenta vários desarranjos

conceituais, efeito esperado em uma área teórica atual (CASTRO; BAETA, 2011).

De acordo com Reigota (2009, p. 42):

Com a inclusão do tema meio ambiente nos PCN, houve uma substituição quase

automática de terminologia. Muitos passaram a considerar que a Educação

Ambiental havia, enfim, se tornado oficial. Uma outra, foi a de considerar a

transversalidade como sinônimo de interdisciplinaridade. Esses dois conceitos são

bem diferentes e implicam práticas pedagógicas com características diferentes.

Numa breve explicação podemos dizer que uma prática pedagógica interdisciplinar

trabalha com o diálogo de conhecimentos disciplinares e que a transversalidade, pelo

menos como foi definida pelos precursores, entre eles Félix Guatarri, não

desconsidera a importância de nenhum conhecimento, mas rompe com a idéia de

que os conhecimentos sejam disciplinares e que são validos apenas os

conhecimentos.

O espaço escolar é um local propício para que ocorram práticas de Educação

Ambiental, encaminhando os alunos a uma preservação e cuidado diário com o ambiente. Por

fim, para que ocorra o desenvolvimento sustentável, tem que haver responsabilidade

ambiental da sociedade em sua totalidade, e as escolas, podem colaborar com trabalhos de

sensibilização. Dessa forma, a educação formal, é um espaço útil para construção de uma

responsabilidade ambiental para os diferentes autores que dela participam.

Para trabalhar Educação Ambiental, o professor deve apresentar uma postura

diferenciada em sala de aula e apresentar uma metodologia que permita questionamentos e a

participação dos alunos, para que assim, possam expor as suas ideias, conhecimentos e

experiências; a fim de construir uma visão socioambiental. Por conseguinte, Reigota (2009, p.

66) expõe metodologias que podem ser empregadas para realização da Educação Ambiental:

só o professor ou a professora fala não deixando espaço e tempo para nenhuma outra

intervenção que não seja a sua. b) os alunos a as alunas fazem experiências,

trabalhos, discutem e apresentam suas conclusões e dificuldades encontradas sobre o

tema; c) os alunos e as alunas aprendem a definição de conceitos e descrevem o que

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eles puderam observar, por exemplo, em uma excursão ou em um filme que

assistiram; d) os alunos e as alunas completam a descrição das observações e das

intervenções realizadas com os dados e a informações e procuram responder a uma

serie de questões e duvidas sobre o tema abordado

A partir disso, a metodologia selecionada para este trabalho proporciona aos alunos

questionar informações e ideias presentes no filme Wall-E, uma animação infantil. Esse filme

pode ser trabalhado no ensino fundamental, pois possibilita aos alunos o desenvolvimento de

um pensamento critico, à fim de discutir e solucionar os problemas ambientais. Além disso, se

torna uma ferramenta para auxiliar o professor na prática pedagógica de aulas voltadas à

temática da Educação Ambiental. Já que para muitos professores, tanto a temática, quanto as

metodologias diferenciadas podem representar lacunas na sua formação acadêmica e

profissional, o que faz com que desenvolvam ações consideradas como tradicionais. Nesse

sentido, Reis-Junior (2003, p. 03), considera que:

os professores, por desconhecerem a matéria e não estarem preparados para

aproveitar as situações cotidianas quanto à Educação Ambiental, ficam presos ao

livro didático sem, muitas vezes, contextualizar a realidade os conteúdos que, na

prática, poderiam ser explorados na própria região, valorizando a cultura, a história e

as degradações ambientais do município.

METODOLOGIA

Diante da carência de recursos didáticos para se trabalhar Educação Ambiental em sala

de aula, elaborou-se uma proposta de metodologia que auxilie o professor e desperte nos

alunos o interesse pelo assunto. Neste contexto, as tecnologias apresentam-se como

ferramentas valiosas no processo ensino-aprendizagem, sendo o filme um excelente recurso

para o professor, pois “é um elemento provocativo da curiosidade do aluno, que pode levá-lo

a querer saber mais sobre o tema narrado [...]” (VIEIRA, 2009, p.13). Entretanto, é necessário

ficar atento a esta ferramenta, pois, de acordo com Vieira (2009, p.13) “não é uma

substituição da atividade do professor, que deve estar sempre à frente da experiência de

ensino, mas um complemento à atividade docente”.

É importante ressaltar que ao utilizar o filme em sala de aula como recurso didático,

deve-se tomar o cuidado para que este faça sentido, relacionando-o ao conteúdo que está

sendo proposto nas demais disciplinas (VIEIRA, 2009). Além do que, segundo Vieira e Rosso

(2011, p. 551) “para desempenhar seu papel na promoção da EA, o cinema necessita atender a

faixa etária dos alunos que assistirão ao filme e ser relevante ao que se pretende ensinar [...]”.

O filme selecionado para o trabalho foi o Wall-E, o qual trata no decorrer das suas

cenas sobre vários temas relacionados à problemática ambiental, principalmente quando

aborda a questão do excesso de lixo produzido pelo homem decorrente do consumismo

exagerado, como também demonstra claramente de que forma ocorre a exploração dos

recursos naturais e o desinteresse humano em desenvolver medidas de conservação do meio.

Portanto, o filme pode ser utilizado como uma forma de sensibilizar os alunos sobre a

realidade ambiental salientando a importância da conservação do planeta.

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Além disso, o filme possibilita ao professor trabalhar com os alunos a ideia de que faz-

se necessário “abandonar uma visão antropocêntrica em relação à natureza, ou seja, uma visão

de que o ser humano é dono dela, para assumirmos uma visão holística, ou seja, o ser humano

como parte da natureza e, portanto, tendo pela mesma, austeridade, respeito e zelo”

(BASTIANI ; MORAES, 2012, p.07).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir do descrito acima foi elaborado um roteiro baseado no filme Wall-E, que tem

como objetivo auxiliar o professor ao ministrar aulas de Educação Ambiental no Ensino

Fundamental. O roteiro a seguir (quadro 1) aponta os temas ambientais, de acordo com os

momentos que podem ser abordados, no decorrer do filme.

Tempo da cena Possível temática e discussão

1min e 26s à 2min e

59s

Retrata um futuro em que o consumo inconsequente causa

produção exacerbada de resíduos sólidos, que conforme observa-se

no filme, sem o amparo de programas socioambientais, podem

levar o planeta a perdas catastróficas, comprometendo o ambiente

e todas as formas de vida na Terra. Como também, a exploração

não sustentável dos recursos disponíveis, praticada em uma

geração cômoda, habituada ao nível superior de conforto que a

tecnologia de ponta pode oferecer, acumula uma quantidade

exacerbada de resíduos sólidos sem o devido destino. Nesse

contexto, o pequeno robô solitário tem como função, comprimir a

enorme quantia de resíduos em blocos e empilhá-los, trabalho este,

que hoje é feito em usinas de reciclagem. Porém fica perceptível

aqui, que esta medida não acaba com o lixo e, portanto, precisamos

avaliar nossos hábitos de consumo.

Desta maneira, o professor poderá abordar temas

relacionados aos produtos tecnológicos e as conseqüências

decorrentes desses para a sociedade e para o ambiente.

4min à 6min O espaço utilizado para depósito de resíduos, sob céu

aberto e sem tratamento adequado propicia o aparecimento e

desenvolvimento de espécies animais que podem ser vetores para

transmissão de doenças como moscas, baratas, ratos e demais

animais que se alimentam, reproduzem e infestam estes locais.

Porém ao mesmo tempo, sem os seres humanos habitando o

planeta, ele está se recuperando e possibilitando o retorno das

diversas formas vida.

Na sequência, observou-se que incitados pelos governantes

os seres humanos simplesmente abandonaram o planeta depois de

destruí-lo, para continuarem vivendo acomodados ao conforto das

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tecnologias. Dessa forma, o professor pode abordar a questão da

gestão pública e das atitudes dos governantes à fim de criar

programas ambientais que possibilitem a destinação dos resíduos

como também a sensibilização da população. Pode-se citar como

exemplo de programa de coleta seletiva que é realizada no

município de Cascavel.

28min e 30s à 29min e

05s

Em meio à enorme poluição de um planeta abandonado,

incapaz de oferecer as condições básicas para o suporte da vida

humana, surge uma planta como sinal de esperança e mostra que

mesmo em ambientes totalmente modificados e degradados, é

possível, por meio de projetos e programas de recuperação,

restituir a natureza e melhorar as condições de vida.

Com esta cena, pode-se trabalhar o tema das plantas como

seres fotossintetizantes que restituem o oxigênio da atmosfera, o

qual possibilita à vida para outros seres vivos e para complementar

expor a importância da preservação das mesmas.

39min e 30s à 37min e

43s

O estilo de vida sedentário e o comodismo mostrados,

promovem má alimentação o que resulta em sérios problemas à

saúde humana. Nesse enredo, podem-se abordar as doenças da

atualidade, dando ênfase as mudanças no estilo de vida, como

também o estudo temas sobre alimentação saudável.

41min à 42 min

A tecnologia é utilizada na alfabetização de crianças

dispensando o contato humano ocasionando um contingente de

pessoas totalmente dependentes e influenciadas pelo sistema

vigente.

Verifica-se a manipulação da mídia e seu efeito sob nosso

raciocínio crítico e a nossa capacidade de exercer a cidadania, ou

seja, um estado de alienação completo. Em que o indivíduo torna-

se uma pessoa incapaz de construir valores e moral, pois não tem

convivência direta com outros indivíduos dentro da sociedade.

Como também esse potencial de alienação do mercado

consumista deixa o ser humano cada vez mais dependente deste

modo de vida, o que contribui, para a diminuição da qualidade de

vida e de atitudes sustentáveis, favorecendo a manutenção do

sistema consumista. É esta realidade que queremos, é o futuro que

esperamos?

Pode-se expor, a utilização das tecnologias como

ferramentas de ensino. No entanto, deve-se salientar as

conseqüências e influencias destas sobre os valores construídos em

sociedade.

42 min à 1 h e 30 min A capacidade criativa do ser humano nos permite perceber

que nunca é tarde para reconstruir, por maior que seja o dano

causado, e desenvolver maneiras de recuperação das áreas

degradadas bem como a regeneração dos ecossistemas, porém não

em sua forma original. A partir deste conhecimento, deve-se

decidir agir e fazer um novo futuro, ou permanecer na atual forma

massiva de produção e consumo, lembrando sempre que, a ação de

cada indivíduo faz a diferença.

É preciso entender que as atitudes individuais quando

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somadas umas às outras são capazes de modificar o sistema como

um todo, mesmo que à passos lentos.

Para finalizar o filme, o professor poderá questionar os

alunos sobre suas atitudes diante da questão ambiental, motivando-

os a praticar ações em prol de um futuro sustentável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O roteiro elaborado visa à utilização do filme como uma ferramenta para auxiliar na

prática pedagógica do professor ao trabalhar Educação Ambiental. Visto que estes, na sua

maioria não possuem formação específica nessa área e/ou apresentam carência de informação,

o que acarreta um déficit na prática da EA no ensino fundamental. Por isso, considera-se

importante a preparação dos professores, a fim de formar novas gerações para agir com

responsabilidade e sensibilidade restaurando assim, o ambiente saudável no presente e

conservando-o para o futuro.

Além disso, ao utilizar o filme o professor consegue despertar o interesse dos alunos

sobre a temática ambiental que é vista por eles como monótona e, portanto, desinteressante.

Como já diziam Vieira e Rosso (2011, p. 568):

O interesse provocado pelo filme, por meio de sua forte atração baseada no

dinamismo da imagem em movimento e também pelo seu aspecto cultural, constitui-

se num forte coadjuvante das iniciativas do professor para desequilibrar os alunos e

provocar o dinamismo da inteligência do aluno na direção do conhecimento vivo,

operante e capaz de dialogar com o ambiente concreto.

Dessa forma, os temas abordados no roteiro do filme Wall-E devem ser trabalhados de

modo que o aluno entenda que a Educação Ambiental vai além da reciclagem, coleta seletiva

e natureza; construindo assim um pensamento crítico em relação aos valores socioambientais.

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SAÚDE AMBIENTAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: INTERLOCUÇÃO

ROMPENDO PARADIGMAS

Marli Renate von Borstel Roesler(PQ)1

Diuslene Rodrigues Fabris (PQ)2

Resumo: As ações socioambientais e de formação em educação ambiental organizadas pela Sala de Estudos e

Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade - SEIPAS para os anos de 2009-2010 objetivam

promover encontros, diálogos, pesquisas e estudos de saberes ambientais, formação e informação

socioambiental, por meio de processos educativos pautados pela vertente crítica e emancipatória da educação

que contemplem os princípios e valores de documentos planetários para um futuro sustentável. Inclui-se também

a educação em saúde, acesso a direitos e garantias do SUS, e sua aplicabilidade. Discute a mútua relação que se

estabelece nas questões que envolvem meio ambiente e saúde, contribuindo para a formação da consciência

crítica em torno da prevenção das doenças crônico-degenerativas, infecto-contagiosas e “males modernos”. Para

tanto, são utilizados instrumentais como: palestras, atividades expositivas de prestadores de serviços em saúde,

oficinas temáticas e apresentação de vídeos. Estima-se que esta atividade possa contribuir com o processo de

reeducação dos hábitos nocivos a saúde, esclarecer a população com relação aos direitos e garantias do SUS,

incentivando a participação consciente e cidadã nos espaços deliberativos garantidos pela lei.

Palavras-Chave: Educação em Saúde; Educação ambiental; SUS.

Abstract: The environmental initiatives and training in environmental education organized by the Study Room

and Information in Environmental Policy and Sustainability - SEIPAS for the years 2009-2010 aim to promote

meetings, dialogues, research and studies of environmental knowledge and information through educational

processes guided by critical and emancipatory aspect of education that address the principles and values of

planetary documents for a sustainable future. It also includes health education, access to rights and guarantees of

the brazilian public health system - SUS, and its applicability. Discusses the mutual relationship established on

issues involving health and the environment, contributing to the formation of critical awareness around the

prevention of chronic diseases and infectious. Therefore, instrumentals are used as lectures, exhibition activities

of service providers in health, thematic workshops and presentation videos. It is estimated that this activity may

contribute to the process of rehabilitation of the harmful health habits and show to the people the rights and

guarantees of the SUS, encouraging citizen participation in the conscious and deliberative spaces guaranteed by

law.

Key words: health Education; environmental Education; SUS.

1 Professora Adjunta do Curso de Serviço Social da UNIOESTE/Campus de Toledo. Coordenadora da Atividade

de Extensão Ação socioambiental e formação em educação ambiental da SEIPAS (2011-2013); Coordenadora do

Subprojeto de Extensão: Oficinas de formação em educação ambiental. Tema: ação da juventude na defesa da

proteção do meio ambiente sadio e equilibrado e dos diretos humanos (2012). Líder do Grupo de Estudo e

Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade - GEPPAS – UNIOESTE/Campus de Toledo – Paraná,

membro do Grupo Interdisciplinar e Interinstitucional de Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Sustentável -

UNIOESTE/Marechal Cândido Rondon. Tutora do Grupo PET do Curso de Serviço Social –

UNIOESTE/Campus de Toledo. e-mail: [email protected].

2 Assistente Social Docente, membro do Grupo de Pesquisa em Fundamentos do Serviço Social: Trabalho e

Questão Social e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade – GEPPAS,

vinculados ao Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de

Toledo – Paraná. e-mail: [email protected]. Coordenadora da Atividade de Extensão Estação Saúde,

Meio Ambiente e Educação Ambiental do Programa de Extensão SEIPAS – Campus de Toledo.

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INTRODUÇÃO

“Nós fizemos a reforma sanitária que criou o SUS, mas o

núcleo dele, desumanizado, medicalizado, está errado. Temos

de entrar no coração deste modelo e mudar. Qual o fundamento? Primeiro, é a promoção da saúde, e

não da doença. O SUS tem de, em primeiro lugar, perguntar o que está acontecendo

no cotidiano das vidas das pessoas e como eu posso interferir

para torná-las mais saudáveis”.

Sergio Arouca1

As últimas décadas do século XX apresentaram-se como momentos cruciais e

relevantes, no sentido de romper com o modelo de Estado e gestão pública alicerçado no

militarismo. Brasil e América Latina como um todo iniciavam profundas reformas nas

configurações do Estado e da sociedade civil. No conjunto das reformas propostas, pode-se

localizar a questão da gestão da saúde pública. Segundo BRAVO (2000), neste período a

saúde contava com a participação de novos sujeitos na discussão das condições de vida da

população brasileira e das propostas governamentais apresentadas para o setor, contribuindo

para um amplo debate que permeou a sociedade civil. A saúde não era mais preocupação

exclusiva dos técnicos, mas constituía-se agenda política diretamente relacionada à

democracia.

A politização da saúde foi uma das primeiras metas a serem implementadas com o

objetivo de aprofundar o nível de consciência sanitária, alcançar visibilidade

necessária para inclusão de suas demandas na agenda governamental e garantir o

apoio político à implementação das mudanças necessárias. (BRAVO, 2000, p.111)

Coletivamente debatia-se a questão, buscando impulsionar a universalização do

acesso; a concepção de saúde como direito social e dever do Estado; reestruturação do setor

visando o reordenamento setorial; descentralização do processo decisório para as esferas

estadual e municipal; financiamento efetivo e democratização do poder local através dos

conselhos de saúde.

Em 1988 com a promulgação da Constituição Federal, o Brasil passa a adotar um

modelo de gestão focado nos princípios da democracia representativa e participativa,

implementando gradativamente práticas de institucionalização do controle social.

A redemocratização acaba por provocar então, o surgimento de novos espaços, novos

conceitos e novas estratégias, redesenhando um novo modelo federativo que aponta para a

descentralização e o fortalecimento da capacidade decisória das instâncias de governo.

Compreende-se então, que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) prevê como

prioridade a participação da sociedade de forma democrática, delegando aos conselhos a

formulação e execução das políticas de saúde que deverão ser implantadas pelos gestores.

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Contudo, por vezes supre-se da pauta o fato de que para que os conselheiros e população

possam de forma consciente, reivindicar ou deliberar em prol de políticas efetivas, é

necessário que estes tenham acesso a informações consistentes acerca da realidade

epidemiológica do município e seus modelos assistenciais que tenham o poder de promover

reversões na realidade dos serviços prestados à população usuária da política de saúde.

Assim, é preciso compreender o processo de disseminação das informações e

comunicação não como recurso secundário, mas sim, prioritário no estabelecimento de uma

política pautada na prevenção, na integração com outras políticas, e na sustentabilidade do

modelo. Também, como um direito humano fundamental emergente.

A Declaração de Direitos Humanos Emergentes, um instrumento programático da

sociedade civil internacional, dirigido aos atores estatais e outros fóruns institucionais, para a

solidificação dos direitos humanos no novo milênio, e aprovada em novembro de 2007 no

Fórum das Culturas celebrado na cidade mexicana de Monterrey, em 2007, dispõe no Art. 5.

Direito à democracia pluralista:

Todos os seres humanos e todas as comunidades têm direito ao respeito da

identidade individual e coletiva assim como o direito à diversidade cultural.

Este direito humano fundamental compreende os seguintes direitos:

[…] - Direito à informação, que supõe o direito de todas as pessoas e comunidades

de receber informação verídica dos meios de comunicação e das autoridades

públicas.

8- Direito à comunicação, que reconhece o direito de todas as pessoas e

comunidades de se comunicarem com seus semelhantes por qualquer meio

escolhido. Para tanto, todas as pessoas têm o direito ao acesso e ao uso das

tecnologias de informação e comunicação, em particular a internet.

9- Direito à proteção dos dados pessoais, que assegura a todas as pessoas o direito

à proteção e confidencialidade dos dados de caráter pessoal, incluindo seus dados

genéticos, bem como o direito de acessá-los e retificá-los.

Pensar os aspectos relacionados a direitos humanos na socialização das informações

dos sistemas de saúde enquanto mecanismo de fortalecimento da ação dos conselhos e

conselheiros de saúde requer também que se compreenda que a informação e comunicação,

como um processo de ciência de caráter interdisciplinar, cujos objetivos devem pautar-se

essencialmente na construção, e sedimentação da cidadania. A informação e comunicação,

vistas aqui de forma integralizada, deve ser disseminada e socializada, como forma de gerar

novos conhecimentos, fortalecendo o processo democrático e possibilitando a sociedade

encontrar novas formas de convivência e superação das desigualdades existentes.

Assim sendo, devemos considerar que a informação tanto pode ser utilizada como

instrumento de libertação e reversão das desigualdades sociais, como pode também ser

utilizada como instrumento de dominação e exclusão, fazendo aumentar os níveis de

desigualdade das classes sociais. Neste sentido Bispo e Gesteira (2008), colocam que o

desenvolvimento das ciências, a geração do conhecimento e de novas tecnologias

informacionais, especialmente as ciências ligadas à comunicação humana, não pode ser

acompanhada por uma estagnação dos conceitos éticos e do compromisso social, devem ser

pensadas a priori com o intuito de possibilitar uma gestão da informação que possibilite a

sociedade encontrar novas formas de convivência, promovendo uma relação de poder menos

desigual e de pleno exercício da cidadania.

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Por isso, em uma sociedade que se pretende democrática e participativa os

mecanismos de poder não podem permanecer de forma vertical, é necessário romper com o

paradigma de que poucos são os que dispõem de condições, conhecimento ou capacidade

técnica para decidir as questões coletivas.

Contemporaneamente, as gestões públicas, têm sido impulsionadas a implantar a

participação social, contudo de forma que haja uma participação efetiva e ativa, contudo é

preciso levar em conta que os longos anos da ditadura militar, e a nossa precária experiência

de participação coletiva, muitas vezes associada às limitações sociais, acabam por constituir-

se em grandes desafios, deve-se também considerar nossa realidade social:

As pessoas muito pobres, que consomem maior parte de suas energias apenas para

sobreviver por um triz, não podem atuar como cidadãos íntegros. A necessidade

tolhe a liberdade. Por isso são, também, politicamente mais fracas e mais

dependentes. (ABRANCHES, 1998, p.16)

Desta forma, pode-se afirmar que na área da saúde, há uma demanda moral aos

profissionais para que sendo também educadores, procurem motivar na população usuária dos

serviços à participação nos fóruns, seminários, palestras e conselhos de saúde, ressaltando a

estes que se trata de espaços legalmente instituídos, onde a população pode opinar e também

exigir a efetivação da política pública da saúde.

Aproxima-se da discussão posta o conteúdo abordado no documento/subsíduos para a

elaboração da Política Nacional de Saúde Ambiental. Nele compreende-se que a política

deverá contribuir para proteger e promover a saúde humana por meio de um conjunto de

ações integradas com instâncias de governo e da sociedade civil, sobretudo, com o

compromisso e responsabilidade cidadã de fortalecer atores sociais e indivíduos no

enfrentamento dos determinantes socioambientais e na prevenção dos agravos decorrentes da

exposição humana a ambientes adversos. Este documento versa sobre os processos de

construção, interlocução, os princípios, as diretrizes e os instrumentos cabíveis à referida

política.

O conceito de saúde ambiental é trabalhado de forma ampliada e pensado a partir da

Reforma Sanitária, sendo entendido como um processo de transformação da norma

legal e do aparelho institucional em um contexto de democratização. Tal processo se

dá em prol da promoção e da proteção à saúde dos cidadãos, cuja expressão material

concretiza-se na busca do direito universal à saúde e de um ambiente

ecologicamente equilibrado em consonância com os princípios e as diretrizes do

Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama),

do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e de outros

afins.(BRASIL, 2007)

A construção de ações intra e intersetoriais passa a ser o eixo central para a formulação

da Política Nacional de Saúde Ambiental, pois, dimensiona-se compatibilizar os

procedimentos da Vigilância em Saúde Ambiental, que estão em desenvolvimento no Sistema

Único de Saúde (SUS), com os praticados por outros setores, objetivando conjuntamente

potencializar os recursos disponíveis e evitar a superposição de ações e os conflitos de

mandatos entre instituições.

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Neste sentido, se busca pela via do desenvolvimento das ações socioambientais e de

formação em educação ambiental organizadas pela Sala de Estudos e Informações em

Políticas Ambientais e Sustentabilidade - SEIPAS, promover ações socioambientais de

prevenção em saúde coletiva e de preservação, bem como, a melhoria e a recuperação da

qualidade ambiental propícia à vida.

Além de que, se quer também, propiciar a população usuária da política de saúde

espaços para discussão e conhecimento de seus direitos sociais e ambientais, orientando e

estimulando hábitos de promoção da saúde coletiva.

Ressalta-se ainda como um dos objetivos da ação, é buscar uma aproximação empírica

junto a política de saúde, que favoreça e oportunize pesquisar particularidades

epidemiológicas da região; além de articular ações educativas voltadas à saúde e ao equilíbrio

ecológico junto às escolas, comunidade, IES, e órgãos gestores.

MÉTODOS

Inicialmente estabeleceu-se como meta principal o estudo aprofundado, a pesquisa

bibliográfica e o reconhecimento das questões as quais se pretendia atuar, permitindo ao

grupo o reconhecimento global em torno do tema.

Num segundo momento passou-se a efetividade das ações previstas na proposta de

implantação da atividade, tendo sido realizadas além de palestras junto à comunidade externa,

duas edições junto à comunidade acadêmica da Atividade Estação Saúde, Meio Ambiente e

Educação Ambiental. Nestes momentos foram organizadas exposições, exibição de filmes,

distribuição de materiais informativos, com o auxílio de diversos órgãos prestadores de

serviços públicos em saúde, tendo sido abordados os seguintes temas: Direitos das Mulheres,

prevenção da violência; Sensibilização e captação de doadores de medula óssea, informação e

captação de doadores de sangue, dengue, prevenção ao uso abusivo de drogas, rede de

serviços em prevenção e tratamento do uso de drogas, entre outros temas correlatos aos

objetivos do projeto de Extensão Universitária.

Figura 1: Atividade com os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial

Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade –

SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2010

Figura 2: Atividade informativa em saúde realizada no Hall da Universidade

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Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade –

SEIPAS/Unioeste – Ano 2011

Figura 3: Campanha para doação de sangue realizada na Universidade

Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade

SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2011

Figura 4: Atividade Informativa sobre doação de órgãos e prevenção de violências

realizada na Universidade – Na foto as Coordenadoras do Projeto o Diretor Geral do Campus e

voluntárias.

Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade

SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2011

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Figura 5: Participação das Coordenadoras do Projeto na Rádio Educativa Sul Brasil

Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade

SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2011

DISCUSSÃO E RESULTADOS

Como resultado das ações que já foram realizadas e que se pretende realizar no

decorrer da vigência do programa, buscam-se possibilitar a população usuária do SUS

conhecer seus direitos, garantias e obrigações na efetivação e sustentabilidade da política de

saúde e de sua intersetorialidade com as demais políticas públicas. Promovendo a abertura de

um canal de formação de consciência cidadã em saúde, meio ambiente e educação ambiental.

Além de propiciar a discussão da interface entre as políticas de saúde, meio ambiente, direitos

sociais e ambientais enquanto questões indissociáveis. Fomentando a perspectiva de um grupo

de estudos em políticas da saúde e meio ambiente na região que vise integrar as ações de

ensino, pesquisa e extensão.

Conforme descrito no texto da resolução n. 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece

as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental:

O atributo “ambiental” na tradição da Educação Ambiental brasileira e latino-

americana não é empregado para especificar um tipo de educação, mas se constitui

em elemento estruturante que demarca um campo político de valores e práticas,

mobilizando atores sociais comprometidos com a prática político-pedagógica

transformadora e emancipatória capaz de promover a ética e a cidadania ambiental.

(BRASIL, 2012)

Na fundamentação do texto em referência, faz-se necessária a incorporação a partir da

formação básica do cidadão da compreensão do ambiente natural e social, do reconhecimento

do papel transformador e emancipatório da Educação Ambiental que se torna cada vez mais

visível, articulada e incontestável na gestão das políticas públicas, diante do atual contexto

nacional e mundial em que a preocupação com as mudanças climáticas, a degradação da

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natureza, a redução da biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais, as

necessidades planetárias evidencia-se na prática social.

CONCLUSÕES

Pensar em ações intersetoriais e interdisciplinares voltadas a prevenção,

sustentabilidade e processos de reeducação e conscientização, requer antes de tudo a

compreensão de que estas são questões inseridas no contexto das sociedades e de suas

culturas, portanto requerem tempo, dedicação e certa habilidade em tolerar frustrações visto

que as mudanças são lentas e na maioria das vezes não lineares. Contudo a julgar pela

receptividade de todos os envolvidos nesta proposta consideramos que a mesma tem

cumprido com seus propósitos e requer ainda mais afinco para que de fato possamos inserir

esta temática tão contemporânea no cotidiano da academia e da sociedade. Como disposto no

texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, de 2012, em seu Art.

3º, onde é salientado que, a Educação Ambiental visa à construção de conhecimentos, e o

desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores sociais, que propiciem o cuidado com a

comunidade, com a vida, a justiça, a equidade socioambiental, e a proteção do meio ambiente

natural e construído.

Cabe ainda ressaltar o Art. 4º , o qual coloca que a Educação Ambiental deve ser

construída com responsabilidade cidadã, de forma recíproca das relações dos seres humanos

entre si e com a natureza. Neste sentido, a Educação Ambiental não se constitui atividade

neutra, pois envolve valores, interesses, visões de mundo e, desse modo, deve assumir na

prática educativa, de forma articulada e interdependente, as suas dimensões política e

pedagógica.

Nesta perspectiva há que se considerar ainda o disposto no Art.6º, onde fica definido

que a Educação Ambiental deve adotar uma abordagem que considere a interface entre a

natureza, a sociocultura, a produção, o trabalho, o consumo, superando a visão despolitizada,

acrítica, ingênua e naturalista que permanece até os dias atuais, muito presente na prática

pedagógica das instituições de ensino.

Em assim se procedendo, se acredita que o cotidiano na academia e sociedade, possam

consolidar a educação ambiental como direito humano e atividade intencional da prática

social, educativa, política e pedagógica, em todas as suas fases, etapas, níveis e modalidades

na construção da responsabilidade cidadã, na reciprocidade das relações entre si e com a

natureza. Favorecendo a possibilidade de construção de trajetórias sustentáveis no sentido de

fortalecer a intersetorialidade das ações de saúde, priorizando-a como um dos princípios

fundamentais do SUS.

Neste sentido o que se almeja com o desenvolvimento das ações socioambientais e de

formação em educação ambiental, é reforça a promoção à saúde, de forma a refletir

concepções que compreendem a importância de um conjunto de ações, as quais incidem sobre

determinantes e condicionantes da saúde que diretamente influenciam na vida humana.

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81 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

TECENDO SONHOS NA PERSPECTIVA DO EMPODERAMENTO

LOCAL: SEMEANDO A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DENTRO DE

UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

Gustavo H. dos Reis (IC)1

Fabiana Brandelero (IC)2

Laysa S. Pereira (IC)3

Irene Carniatto (PQ)4

Resumo:O estudo foi realizo em uma Universidade Pública Estadual do Paraná – UNIOESTE, envolvendo

alunos e funcionários de diversos setores da instituição. Atualmente a questão ambiental e sustentável vem

assumindo grande cenário global devido às crescentes problemáticas ambientais que o ser humano tem causado

no Planeta Terra. Busca-se então a cada dia formar cidadãos conscientes e preparados para lidar com as mais

diversas situações e capacitados para desenvolverem atitudes sustentáveis, nesse sentido a Universidade surge

como um grande centro de disseminação de idéias, sensibilização e reeducação ambiental. Também da

instituição deve partir o exemplo e práticas, onde os projetos devem sair do papel e atingir a realidade dos

funcionários e alunos. Nesse sentido a pesquisa avaliou através de um questionário quais são as pequenas

atitudes tomadas, e como está a conscientização por parte das pessoas que fazem parte trabalhando ou estudando

dentro da instituição de ensino superior. Através de uma oficina, capacitou-se funcionários e acadêmicos para

resolverem algum conflito ambiental de forma mais justa e correta, seja em casa ou até mesmo no ambiente de

trabalho. Contudo foi possível perceber através dos questionários que o caminho rumo a Universidade

Sustentável ainda é longo, necessitando de um trabalho que visa à cooperação e colaboração de todos os

constituintes que fazem parte da Universidade.

Palavras chave: Empoderamento, Educação Ambiental, Universidade.

Abstract: The study was realized on Public Westher Estadual Parana-UNIOESTE, envolved students and

employees about several departments of this college. Actually, the ambiental and sustainability questions taken

on a big global scene due ambientals problematic increasing that the man caused to the Earth. The quest is

educate aware and prepared citizens to deal with the most several situations and capable to cultivate sustentable

behavior, on that way the University appears like a big center of ideas dissemination,sensibilization and

reeducation ambiental. The instution also ought to start the example and practices, where the projects must leave

the papper and being reality to students and employees. This way, with a questionary the search was

avaliablewich are the small attitudes taken and how the conscientizationbe to the people that realize this project,

working or studying in this institution. Through a workshop, employees and academic are capable to solve some

ambiental conflict fair and correct way, be in home or employment desk. However, was possible to realize

trhough the questionary that the way to a Sustainability University still long and need the everbody that’s work

and stydy,cooperation and collaboration.

Keywords: Empowerment, Environmental Education, University.

INTRODUÇÃO

Segundo Barra (2006) o conceito de Educação Ambiental mais aceito atualmente

estabelece que este é um processo educativo permanente mediante o qual os indivíduos

adquirem conhecimento, valores, atitudes, habilidades e comportamentos que permitem-lhes

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tomar decisões responsáveis no que se refere à sua interação no meio ambiente visando a

sustentabilidade ambiental.

As Universidades assim como as outras instituições do ensino superior, devem assumir

uma responsabilidade fundamental na educação e na preparação dos cidadãos do século XXI

visando um futuro mais sustentável e ambientalmente correto. Uma instituição de ensino

superior responsável pela educação e preparação de novos profissionais e pesquisadores, deve

dissimilar ideais de educação ambiental em seus programas de ensino. Porém não basta

apenas advertir ou dar o alarme, é preciso também servir de exemplo, buscando e concebendo

alternativas viáveis para a prática sustentável com funcionários, docentes e acadêmicos. Neste

sentido, os trabalhos desenvolvidos dentro das instituições de ensino de nível superior têm um

efeito multiplicador, cada estudante, funcionário ou professor convencido das boas ideias de

sustentabilidade, influencia o conjunto, a sociedade nas mais variadas áreas de atuação.

Para Berna:

Infelizmente, o processo civilizatório acabou resultando em sociedades

mecanizadas, como se o único objetivo de seu viver fosse o de trabalhar para

produzir objetos ou saberes. Os indivíduos passaram a ser uma “peça de

engrenagem”, que só tem valor se estiver em perfeitas condições para produzir. “O

desafio agora é encontrar uma nova ética para nossa relação com a natureza, da qual

não somos mais os usufrutuários, mas partes integrantes” (1994, p. 58).

As pequenas práticas realizadas individualmente são as grandes “engrenagens” que

acabam por mudar a mente e as atitudes de quem as pratica. Ser ambientalmente correto no

local de trabalho às vezes pode parecer um tanto vergonhoso ou careta, mesmo que esse

trabalho seja em algum setor de universitário, um grande antagonismo, pois é da universidade

que deve partir a iniciativa para algumas boas práticas cotidianas, mas infelizmente percebe-

se que a educação ambiental muitas vezes é deixada de lado, não sendo trabalhada com os

funcionários nos variados setores da instituição.

De acordo com Da Silva (2005) a capitação e o treinamento dos funcionários acaba

muitas vezes sendo deixo de lado, pois as organizações em geral dão mais ênfase ao

gerenciamento do conhecimento. Diante disto a conscientização e a sensibilização de todos os

níveis da organização devem ser consideradas como objetivos fundamentais para a educação

ambiental dos recursos humanos, pois é através da tomada de consciência que as pessoas

adquirem uma conduta responsável à proteção ambiental, melhorando assim o meio em que

estão inseridas.

Deve-se motivar a todos a cumprirem seus papeis como cidadãos do século XXI,

quebrando barreiras e níveis hierárquicos. É aí que este projeto entra, como uma maneira de

reeducar, sensibilizar e integrar a todos para a causa além de conceber alternativas voltadas

pra a reutilização, a redução, e destinação de alguns materiais usados durante o dia-a-dia no

local de trabalho de cada funcionário.

O empoderamento local na instituição é então, a forma mais racional e participativa

onde a socialização do poder deve se dar entre os acadêmicos e funcionários para a conquista

da sua capacidade de atuação, inclusão e exercício de cidadania na universidade de que faz

parte. Como afirma Ferdinand, citado por

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Costa:

[...] significa em geral a ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando

participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos

sociais. Essa consciência ultrapassa a tomada de iniciativa individual de

conhecimento e superação de uma situação particular (realidade) em que se

encontra, até atingir a compreensão de teias complexas de relações sociais que

informam contextos econômicos e políticos mais abrangentes. O empoderamento

possibilita tanto a aquisição da emancipação individual, quanto a consciência

coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política

(COSTA, p.34, 2009).

A educação ambiental, um dos pilares do desenvolvimento sustentável, contribui para

a compreensão fundamental da relação e interação da humanidade com todo o ambiente e

fomenta uma ética ambiental pública a respeito do equilíbrio ecológico e da qualidade de

vida, despertando nos indivíduos e nos grupos sociais organizados o desejo de participar da

construção de sua cidadania (Zitzke, 2002).

É impossível separar o homem do meio ambiente, estamos todos inseridos e

dependemos dele. Nesse sentido é preciso alcançar a todos, e buscar que a educação

ambiental “penetre” em todo e qualquer ambiente de trabalho, organização ou instituição.

Apesar de muitas pessoas se sentirem alheias em relação ao meio ambiente, Marçal aponta

que “não há nada que o ser humano utilize diariamente que não tenha sido provido, direta ou

indiretamente, pela natureza” (MARÇAL, p. 16, 2005).

Para Carvalho (p.09, 2010):

A abordagem das questões ambientais em escala de ensino superior pressupõe uma

continuação das atividades que devem ser iniciadas no ensino básico, nos bancos

escolares, através dos professores de diferentes disciplinas, transversalizando a

temática e construindo a base para uma formação de consciência sustentável.

Segundo Rocha (2000), educação ambiental é um processo de tomada de consciência

política, institucional e comunitária da realidade ambiental, do homem e da sociedade, para

analisar, em conjunto com a comunidade, através de mecanismos formais e não formais, as

melhores alternativas de proteção da natureza e do desenvolvimento socioeconômico do

homem e da sociedade.

Contudo, é preciso começar devagar, usando todas as oportunidades para reforçar a

consciência pública, governamental, e institucional, defendendo publicamente a necessidade

de caminhar rumo a um futuro ambientalmente sustentável.

METODOLOGIA

A pesquisa realizou-se através da tomada de dados, feita a partir de uma posterior

tabulação de questionários. Durante alguns dias foram entregues questionários com perguntas

referentes à temática ambiental e conscientização. Os questionários eram diferenciados e

padronizados de acordo com o público alvo existente em cada setor da instituição de ensino.

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Foram distribuídos cerca de 15 questionários na reitoria, no setor de manutenção, limpeza,

cozinha e no DCE (Diretório Central dos Estudantes) todos no Campus de Cascavel.

Através de uma oficina na qual participaram os funcionários, também alunos da

instituição, foi abordada a temática dos 5R’s (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e

Reciclar), considerando–se de uma importância a assimilação destes conceitos por parte de

toda e qualquer pessoa ligada de alguma maneira a universidade. Para a prática cotidiana dos

mesmos tanto em âmbito domiciliar, como no local de trabalho. A palestra abordou a

reciclagem e o reaproveitamento do papel e demais materiais.

Figura 1: Palestra para os servidores públicos. Figura 2: Servidores e acadêmicos.

Após a discussão, seguiu-se para uma parte prática, onde foram ensinadas técnicas de

reaproveitamento de materiais e artesanato. A reciclagem é, indiscutivelmente, uma das

melhores soluções para o problema que representa a maior parte dos nossos resíduos

domésticos (SILVA, et al, 2004). Em tempos de preocupação com o meio ambiente, essa é

uma maneira consciente de dar destino ao lixo que cada um produz e estimular a reciclagem e

a reutilização.

Foram confeccionados diversos materiais tendo como matéria prima caixas de leite

usadas, e também disquetes inutilizados. Através desta prática buscou-se a sensibilização,

além de questionar e discutir as possibilidades para o reaproveitamento de outros matérias

utilizados no trabalho dos funcionários, e na vida acadêmica dos estudantes.

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Figura 3: Materiais utilizados na oficina. Figura 4: Materiais utilizados na oficina.

Figura 5: Artesanato produzido. Figura 6: Artesanato produzido.

Contudo abordamos alguns dos princípios da educação ambiental, como integrar

conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Ações estas que se farão evidentes através

da troca de conhecimentos e das práticas realizadas durante as atividades metodológicas. Por

fim a educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos

de maneira justa e humana. Este último define qual o principal objetivo da metodologia

utilizada, quando se refere à capacitação de pessoas, que se deu através de uma oficina,

capacitando assim funcionários e acadêmicos cientes e prontos para resolverem algum

conflito ambiental de forma mais justa e correta, seja em casa ou até mesmo no ambiente de

trabalho.

RESULTADO E DISCUSSÕES

A seguir os resultados expostos a partir dos questionários entregues para os setores da

instituição. Os gráficos abaixo fazem uma análise comparativa entre os diferentes setores e

expressam as respostas obtidas onde foi aplicada a pesquisa. Vale lembrar que a oficina não

resultou em um questionário “a posteriori”. Todos os dados foram obtidos através de pré-

concepções dos participantes.

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Gráfico 1: Separação do lixo em resíduo orgânico e reciclável.

Em todos os setores percebemos que a separação dos resíduos ainda é a prática mais

comum realizada. Isso se deve principalmente a facilidade com que se encontram lixeiras

seletivas nos setores administrativos, por exemplo, como também a questão da crescente

capacitação e conscientização de muitas pessoas para com o assunto dos resíduos. A

separação de resíduos sólidos para coleta seletiva funciona, também, como um processo de

educação ambiental, na medida em que sensibiliza a comunidade sobre os problemas do

desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo.

Este novo estilo de vida pós-consumismo é necessário, pois os recursos do planeta

são finitos, deslocará a atenção das coisas para as pessoas, do ter para a arte de viver

(PELICIONI, 1998, p.07).

Porem, contrastando com essa realidade através do questionário respondido pelo DCE

percebe-se que a distribuição de lixeiras seletivas no entorno do Campus deveria ser maior,

embora hoje existam algumas, mas que não se mostram o suficiente para suprir toda a

demandada do tráfego de acadêmicos pelo campus universitário.

0

10

20

30

40

50

60

70

Frequentemente Raramente Nunca

Setro de Administrativo

Setor de Apoio

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Gráfico 2: Opto por não utilizar copo plástico descartável.

A utilização do copo plástico parece ser algo inofensivo, porem a maior parte dos

copos plásticos descartáveis usados atualmente não é biodegradável e são pouco alterados

pelo ambiente após décadas de descarte. Assim, o uso por apenas uma vez de um copo de

plástico, como é hábito geral, seguido de seu descarte, é altamente danoso ao meio ambiente,

sem falar na própria produção de plásticos, que gera resíduos tóxicos de difícil controle.

Contudo temos então a problemática da produção de resíduo somado a exploração da matéria

prima para a fabricação, como se tem um enorme gasto de energia durante o processo

produtivo do copo. No mais todos esses agravantes somados a muitas vezes a ineficiência do

processo de coleta e reciclagem gera um mau reaproveitamento dos produtos plásticos.

Recorrendo a Róz (2003, p.4) temos que:

Nos últimos anos, vários países em todo o mundo têm reconhecido a necessidade de

se reduzir à quantidade de materiais plásticos desperdiçados e descartados, além de

incentivarem a reciclagem, que apesar de depender, em grande parte da coleta e

seleção do produto, e apesar de grande parte dos municípios brasileiros possuírem

algum tipo de coleta seletiva, não atingem a totalidade de recicláveis.

Porem deixar de utilizar copos plásticos parece ser uma missão impossível dentro de

instituições que não ofereçam outro tipo de material ou mostram uma saída alternativa, como

por exemplo, cada funcionário trazer seu copo de casa. Percebeu-se claramente pela

sinceridade das respostas que cerca de 85 % de pessoas do setor administrativo e outros 50%

dos funcionários de apoio não deixam de utilizar os copinhos plásticos, afinal são práticos e

infelizmente hoje ainda são a única alternativa dentro do setor.

0

20

40

60

80

100

Setor Administrativo

Setor de Apoio

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Gráfico 3: Reutilização de sacolas plásticas e demais materiais (Setor de Apoio); e Utilização do

papel reciclado (Setor Administrativo).

A reutilização de sacolas plásticas e frascos de materiais de limpeza se mostraram

eficiente. Da mesma forma a preocupação com a água também foi evidente nas respostas e na

fala a seguir feita por uma funcionária do setor de apoio.

“Eu sempre aproveito as sacolas plásticas e outros materiais, pois reduz o lixo,

também não gosto de gastar água a toa, tem gente que pensa porque é público não

tem que economizar, mas não penso assim e to sempre cuidando para ver se os meus

colegas também estão colaborando.”

Nas grandes instituições e empresas, hoje em dia, os próprios funcionários prestam

atenção nas atitudes uns dos outros e reconhecem as pessoas na empresa que adotam práticas

sustentáveis. Por isso, que através de algumas medidas simples percebe-se introdução da

sustentabilidade também no ambiente de trabalho.

Em outro cenário, temos o papel, que ainda é um dos produtos mais utilizados nas

tarefas do cotidiano administrativo, porem é notável que ainda exista certo receio quando a

utilização do papel reciclado. Já que apenas 50% dos funcionários do setor dizem que o

utilizam frequentemente. O papel reciclado produzido hoje ainda não teve boa aceitação,

infelizmente muitas vezes pelo preconceito de já ter sido usado, ou até mesmo pela questão

estética que a empresa ou a instituição prioriza. A afirmação fica clara na fala abaixo feita por

um funcionário do setor administrativo.

0

20

40

60

80

Setor de ApoioSetor Administrativo

Frequentemente

Raramente

Nunca

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“Utilizamos papel reciclado sim, mas não com tanta frequência, usamos o papel

comum geralmente, é até mais bonito e documento oficiais com papel reciclado

ficaria estranho.”

Para que sejam alcançados efetivamente os resultados para a sustentabilidade, devem-

se realizar atividades de educação ambiental envolvendo todos os colaboradores,

independente do grau de escolaridade ou do cargo. Desta maneira, pode-se esperar que a

sensibilização e a conscientização tenham o efeito esperado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que as ações de educação ambiental na universidade são ainda um grande

desafio a ser vencido, visto que, a educação ambiental deve ser planejada para capacitar as

pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana, este último, define qual o

principal objetivo da metodologia utilizada, quando se refere à capacitação de pessoas.

As atividades de E.A. podem ser desenvolvidas pelos diversos setores da universidade,

desde que sejam orientados por pessoas capacitadas proporcionando assim a sensibilização e

conscientização. Desta forma realizar um trabalho transdisciplinar que saia do papel ou da

sala de aula e atinja todos o campus universitário, assim tornando a instituição de ensino

superior um modelo a ser seguido pela sociedade, e transformando a maneira de pensar agir

das futuras gerações que optam pela busca ao conhecimento e a vivência em um futuro mais

sustentável e consciente.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE MEIO AMBIENTE DE ALUNOS NA

TRILHA ECOLÓGICA DA UTFPR-DV

Leila Rodrigues de Godois (IC)1

Amanda Cardoso Pacheco Moura (IC)2

Vanessa Padilha Salla (IC)3

Daniela Macedo de Lima (PQ)4

Anelize Queiroz Amaral (PQ)4

Resumo: A Educação ambiental está ligada aos processos nos quais os indivíduos refletem sobre habilidades

conceituais, procedimentais e atitudinais relacionadas ao meio ambiente, promovendo ações educativas para a

comunidade escolar e sociedade. Um dos recursos utilizados é o interpretativo, que consiste na captação das

informações do ambiente, e pode ser classificado como temático consistindo na predefinição de um tema antes

de uma caminhada, turístico ou de lazer. O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a visão de meio

ambiente de alunos do ensino fundamental do primeiro ao quarto ano por meio da análise de desenhos

elaborados pelos mesmos após a visita à Trilha Ecológica da Floresta Nativa da UTFPR-DV uma Unidade de

Ensino e Pesquisa (UNEPE). Para coleta dos dados os alunos foram questionados sobre “o que seria o meio

ambiente” após a visita, sendo as respostas registradas por meio de desenhos. Em seguida os dados foram

analisados de maneira qualitativa e de acordo com os pressupostos teóricos da análise de conteúdo de Sauvé

(2005) e Reigota (1995). Por meio das informações levantadas concluiu-se que 38 estudantes consideraram o

meio ambiente como recurso, 27 avaliaram como natureza e 17 consideraram como biosfera. A visão destes

alunos está ligada ao uso do meio ambiente como fonte geradora de produtos que atendam as necessidades

humanas, ou então, como um lugar intocável. A educação ambiental deve voltar-se para uma demonstração do

meio ambiente como biosfera, o ser humano como parte integrante deste meio e com isso entenda melhor o

conceito de preservação ambiental.

Palavras Chave: Educação ambiental, Trilha ecológica, Representação social.

Abstract: Environmental education is linked to processes in which individuals reflect on conceptual skills,

procedural and attitudinal related to the environment, promoting educational activities for the school community

and society. One of the resources used is interpretive, which consists of the capture of information from the

environment, and can be classified as the default theme consisting of a theme before a walk, tourist or leisure.

The aim of this study was to identify and analyze environmental vision of elementary school students from first

to fourth year through the analysis of drawings prepared by them after the visit to the Ecological Trail Native

Forest UTFPR-DV an Teaching and Search Unit (UNEPE). For data collection the students were asked "what

would the environment" after the visit, and the answers recorded through drawings. Then the data were analyzed

in a qualitative manner and in accordance with the theoretical content analysis Sauvé (2005) and Reigota (1995).

Through the information obtained it was concluded that 38 students considered the environmentas a resource

evaluation , 27 evaluated as nature and 17 as the biosphere. The vision of these students is linked to the use of

the environment as a source of products that meet human needs, or as a place untouched. Environmental

education should be back for a demonstration of the environment and biosphere, the human being as an integral

part of this environment and thus better understand the concept of environmental preservation.

1Discente do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Câmpus

Dois Vizinhos (UTFPR-DV), integrante do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA,

bolsista da UTFPR – Brasil. [email protected] 2 Discente do curso de Engenharia Florestal da UTFPR-DV. [email protected].

3Discente do curso de Engenharia Florestal da UTFPR-DV, bolsista da FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA/UTFPR -

Brasil. [email protected]. 4 Docente do curso de Ciências Biológicas da UTFPR-DV, Líder do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação

Ambiental – GPEEA. [email protected], [email protected].

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Keywords: Environmental Education, Ecological trail, Social representation.

INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios da educação ambiental está em trazer uma visão unificada do

homem para a natureza, onde a meta desse processo educativo é conscientizar a sociedade de

que a mudança não é apenas possível, mas também necessária. A educação ambiental atingirá

o seu respeito, quando os indivíduos conseguirem que as ações humanas no ambiente se

tornem favoráveis, de acordo com os valores incorporados.

Segundo Dias (2000) a educação ambiental é um processo em que as pessoas

visualizam melhor as relações estabelecidas com o meio ambiente, a forma como precisamos

dele, como o prejudicamos e como podemos promover a sua sustentabilidade. Mediante a esta

situação a educação ambiental pretende desenvolver compreensão, conhecimento, habilidades

e motivação para adquirir valores e atitudes necessárias para lidar com as questões ambientais

e encontrar soluções adequadas e sustentáveis. Então se faz necessário um enfoque

interdisciplinar nas práticas de educação ambiental e da participação ativa de cada indivíduo e

da coletividade.

Morales (2009) destaca que a educação ambiental apresenta papel mediador da

problemática socioambiental sendo considerado um fenômeno social complexo que apresenta

a construção do saber ambiental como grande desafio.

A educação ambiental é uma forma prática e educacional sintonizada com a vida em

sociedade, ela possibilita aos membros da comunidade participar de acordo com suas

habilidades e múltiplas tarefas de melhoria das relações entre as pessoas e seu meio ambiente,

dessa forma, o ser humano pode influenciar o seu meio (BARROS, 2000).

Quando se fala em educação ambiental entende-se que está ligada aos processos nos

quais os indivíduos possam conhecer os valores e a conservação do meio ambiente. Assim

sendo, é preciso promover ações educativas para a comunidade escolar e a sociedade, para

que as mesmas compreendam a importância de se trabalhar a educação ambiental (EFFTING,

2007).

Esse tema deve sensibilizar os cidadãos a buscarem valores que conduzam a uma

convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta,

auxiliando-os a analisar criticamente os princípios que têm levado à destruição inconsequente

dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte

inesgotável de bens, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional

(EFFTING, 2007).

Um dos recursos mais utilizados na educação ambiental é o dos recursos

interpretativos, que consiste na captação das informações do ambiente visando à obtenção de

conhecimentos e despertando o indivíduo para novos valores e perspectivas, fomentando a

participação da comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.

Esses recursos podem ser classificados como temáticos consistindo, portanto, na

predefinição de um tema antes de uma caminhada, podendo ser de descoberta, turísticos ou de

lazer. As trilhas, como meio de interpretação ambiental, visam não somente a transmissão de

conhecimentos, mas também propiciam atividades que revelam os significados e as

características do ambiente por meio do uso dos elementos originais, por experiência direta e

por meios ilustrativos, sendo assim instrumento básico de programas de educação ao ar livre

(GUIMARÃES, 2004).

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Nesse sentido, a busca pela representação social de meio ambiente propicia a firmação

de novos conhecimentos e o despertar para novos valores e novas perspectivas, fomentando a

participação da comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.

A educação ambiental visa à integração sócio-ambiental através do conhecimento dos

recursos naturais e da valorização do meio ambiente, da transformação do ser humano em

agente transformador e multiplicador das concepções obtidas e absorvidas e da melhoria da

qualidade de vida (SANTO, 2009).

Assim sendo o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a visão de meio

ambiente de alunos do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental por meio da análise de

desenhos elaborados pelos mesmos após a visita à Trilha Ecológica da Floresta Nativa da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR-DV).

METODOLOGIA

A UTFPR-DV apresenta uma área experimental de 191,3 ha situada na comunidade

São Cristovão, município de Dois Vizinhos-PR, contando com diversas Unidades de Ensino e

Pesquisa (UNEPEs). Uma dessas unidades foi denominada Floresta Nativa, sendo

caracterizada por uma área de Floresta Estacional Semidecidual em estágio de regeneração,

destinada à preservação e às atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas por

professores e alunos, bem como à visitação monitorada.

A Floresta Nativa ocupa uma área de 3.500,37 m², em uma região com altitude média

de 525,00 m, limitada pelas seguintes coordenadas geográficas: latitude 1 289.345, longitude

1 7.156.012 (limite sul); latitude 2 289.350, longitude 2 7.157.428 (limite norte); latitude 3

289.485, longitude 3 7.157.794 (limite leste) e latitude 4 288.678, longitude 4 7.156.497

(limite oeste). Nessa UNEPE existe uma Trilha Ecológica destinada à visitação onde, durante

o percurso, pode-se observar diversas espécies vegetais nativas identificadas por placas

contendo os nomes da Família Botânica, nomes científicos e populares, algumas das quais

encontram-se em risco de extinção. Além disso, sabe-se da existência de animais típicos das

matas da região, principalmente répteis, aves, mamíferos, além de grande diversidade de

insetos e artrópodes em geral.

A recepção de visitantes e o monitoramento da trilha foram realizados por alunos do

curso de Engenharia Florestal da UTFPR-DV. Após a recepção os alunos eram levados para

uma caminhada na Trilha Interpretativa, onde os alunos puderam observar durante o percurso

as espécies vegetais nativas e algumas espécies animais representantes de artrópodes, como

aranhas e borboletas. Desse modo, após retornarem, os visitantes eram convidados a

representar o que seria o meio ambiente e o que mais lhe chamou atenção nessa trilha durante

a caminhada, , demonstrando assim a sua percepção de meio ambiente. Os desenhos foram

feitos individualmente, sendo fornecido papel, lápis, lápis de cor e giz de cera. A proposta de

registro por meio de desenhos justificava-se para que fosse realizada a representação fiel da

visão que cada um tinha sobre do meio ambiente, explicitada na ilustração, após discussão em

grupo.

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Tal pesquisa utilizou como instrumento de coleta de dados os desenhos realizados por

82 alunos do primeiro ao quarto anos do Ensino Fundamental. A análise dos registros foi

realizada de forma qualitativa. Nesse tipo de pesquisa, os dados obtidos são quebrados em

unidades menores e, em seguida, reagrupados em categorias que se relacionam entre si de

forma a ressaltar padrões, temas e conceitos. Entretanto, como desdobramento desse suporte

metodológico, foram organizadas categorias e subcategorias discursivas na concepção da

Análise de Conteúdo (BARDIN, 2007). As dimensões foram organizadas segundo Sauvé

(2005) nas subcategorias:

O meio Ambiente como Natureza;

O meio Ambiente como Recurso;

O meio Ambiente como Problema;

O meio Ambiente como Sistema;

O meio Ambiente como Lugar em que se vive;

O meio Ambiente como Biosfera e;

O meio Ambiente como Projeto comunitário.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados abaixo apresentados referem-se à análise referente às representações de meio

ambiente realizados pelos alunos (Tabela 1). A partir da análise dos desenhos realizados pelos

alunos para a categoria de representação do meio ambiente, estes foram distribuídos em

subcategorias.

Tabela 1: Representação de Meio Ambiente. UTFPR, Dois Vizinhos - PR, 2013.

Categoria Subcategorias Número de respostas Representação do Meio

Ambiente

1 - Natureza

2 - Biosfera

3 - Recurso

27

17

38

Fonte: O autor

Observando a tabela 1 verifica-se na subcategoria 1 que 27 alunos representaram o

meio ambiente como sendo sinônimo de natureza, conforme observado na Figura 1.

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Figura 1: Representação de Meio Ambiente como Natureza. Fonte: O autor

Segundo Sauvé (2005) a natureza é compreendida pelos indivíduos como um local

para se apreciar, respeitar e preservar. Neste contexto nota-se que o indivíduo não se

considera como parte da natureza, sendo que um dos objetivos da educação ambiental

consiste em resgatar este vínculo entre natureza e ser humano.

Jacob (2003) também relatou a importância da educação ambiental como uma

ferramenta para fortalecer as interações entre a sociedade e a natureza e com isso desenvolver

uma educação de melhor qualidade.

De acordo com a Tabela 1, verifica-se que boa parte dos alunos vê ou representa o

meio ambiente como sinônimo de natureza, usando “elementos bióticos e abióticos”, tendo a

natureza como algo intocado, o que vêm observando-se ao longo dos anos é a dificuldade dos

alunos em perceberem a integração do homem com o meio (REIGOTA, 1995).

Em relação à subcategoria 2 (Tabela 1), percebe-se que 17 alunos representaram o

meio ambiente como biosfera, o que pode ser constatado na Figura 2.

Figura 2: Representação de Meio Ambiente como Biosfera.

Fonte: O autor

Ao contrário da subcategoria natureza a biosfera é constituída de uma visão que faz a

sociedade compreender o meio ambiente como um local para se viver junto e durante um

período de longo prazo. Nesta subcategoria nota-se que o indivíduo se vê como parte da

natureza, classificando a terra como uma matriz de vida (SAUVÉ, 2005).

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Para Reigota (1995), a natureza transformada pela ação humana aparece com maior

dificuldade, tendo em vista a impossibilidade dos alunos de incorporarem espontaneamente

questões que satisfaçam a totalidade do problema, onde o homem é visto como elemento

constitutivo do meio ambiente, enquanto ser social, vivendo em comunidades.

Para a subcategoria 3 (Tabela 1) observa-se que a maioria dos alunos (38)

representaram o meio ambiente como recurso, conforme representado na Figura 3.

Figura 3: Representação de Meio Ambiente como Recurso.

Fonte: O autor

De acordo com Sauvé (2005) o meio ambiente representado como recurso é algo para

gerir e repartir e a educação ambiental têm como aspecto maior nessa classificação levar o

estímulo à conservação da matéria-prima oriunda do meio ambiente e dar ênfase ao consumo

responsável.

A visão antropocêntrica evidencia a utilidade meio ambiente e dos recursos naturais

para a sobrevivência do ser humano, onde tudo gira em torno das necessidades humanas

(AZEVEDO, 1999; REIGOTA, 1999; REIGOTA, 2001).

Reigota (1995) ainda resaltou que o meio ambiente é mais do que um ambiente natural

que costumamos imaginar e que devemos ter uma visão globalizada dele, que considere

também as relações recíprocas entre a natureza e sociedade e não apenas naturalista.

A percepção por parte dos visitantes a Trilha Ecológica foi positiva no sentido de

promover sensibilização referente às questões ambientais. Através desta visita os alunos

expressaram suas visões de meio ambiente através de desenhos livres referentes à Floresta

Nativa da UTFPR-DV.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos dados obtidos pelos desenhos de representação do meio ambiente

elaborados pelos alunos, constatou-se que a maioria considerou o meio ambiente como

recurso ou representou o meio ambiente como natureza, enquanto que a minoria avaliou o

meio ambiente como biosfera.

Com isso, percebeu-se que a visão destes alunos está ligada ao uso do meio ambiente

como fonte geradora de produtos que atendam as necessidades humanas, ou então, como um

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lugar intocável, sendo a natureza propriamente dita. Porém, é de extrema importância que a

educação ambiental se volte para uma demonstração do meio ambiente como biosfera, ou

seja, que o ser humano se sinta como parte integrante deste meio e com isso entenda melhor o

conceito de preservação ambiental.

A visita à Trilha Ecológica da Floresta Nativa, bem como a realização de atividades de

educação ambiental promoveram a sensibilização destes alunos de primeiro a quarto anos do

ensino fundamental, sendo uma complementação prática das atividades teóricas

desenvolvidas em salas de aula.

A atividade contribuiu positivamente para a representação de meio ambiente, além de

proporcionar o conhecimento de espécies animais e vegetais e de conceitos ecológicos, ambos

reforçando o papel de conscientização da sociedade sobre os riscos da degradação ambiental e

da importância da relação homem/natureza.

Através da atividade proposta ressalta-se a importância da implementação de ações em

prol da Educação Ambiental que mostrem uma possibilidade de uma vida mais consciente e

saudável, promovendo alterações de atitudes e hábitos em relação ao ecossistema,

contribuindo desta maneira para uma formação sociocultural do indivíduo.

Mudanças dentro da escola, como a inserção de atividades ambientais auxiliariam

neste processo, portanto, cabe aos educadores, educandos, às políticas públicas relacionadas

ao meio ambiente e a todos os indivíduos gerarem mudanças no que se diz respeito à

concepção sobre o meio ambiente.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Gonçalvez. C. Uso de jornais e revistas na perspectiva da representação social de

meioambiente em sala de aula. In: REIGOTA, Marcos. (Org.). Verde cotidiano: o meio

ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.

BARROS, Mia. I. A. de. Outdoor Education: uma alternativa para a educação ambiental

através do turismo de aventura. São Paulo: Chromos, 2000.

DIAS, Guilherme. F. 2000. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia,

2000.

EFFTING, Tânia R. Educação ambiental nas escolas públicas: realidade e desafios. 2007.

90 f. Monografia (Pós-Graduação em Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável) -

Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Marechal Candido Rondon, 2007.

GUIMARÃES, Solange T. de L. Dimensões da Percepção e Interpretação do Meio

Ambiente:vislumbres e sensibilidades das vivências na natureza, Percepção e

Conservação Ambiental: a interdisciplinaridade no estudo da paisagem / OLAM – Ciência

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& Tecnologia. Rio Claro: Aleph Engenharia & Consultoria Ambiental Ltda., v. 4, n. 1, p. 46-

64, abr. 2004.

JACOB, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa.

s/v, n. 118, p. 189-205, mar. 2005.

MORALES, Angélica G. A formação do profissional educador ambiental: reflexões,

possibilidades e constatações. Ponta Grossa: UEPG, 2009.

REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 3. ed. São Paulo, Cortez: 1998.

(Questões da nossa época: v. 41).

REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. 4. ed. São Paulo: 87 p. Cortez,

2001.

(Questões da nossa época, 41).

SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa. São

Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-322, mai./ago. 2005.

SANTO, Ariadne P. do E. Trilhas ecológicas interpretativas, 2009.Disponível em:

http://turmadeturismoufs.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html. Acesso em 30 ago.

2013.

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RESUMOS

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESTRUTURAS EDUCADORAS DE

ITAIPU: ECOMUSEU E REFÚGIO BIOLÓGICO BELA VISTA.

Hildete Aparecida da Silva de Sousa (PG)1

Lucilei Bodaneze Rossasi (PG)2

Palavras Chave: Educação Ambiental, Comunidade, Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

O Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade da Itaipu Binacional

promove diversas ações educativas uma delas é a Educação Ambiental e Patrimonial nas

Estruturas Educadoras - Ecomuseu de Itaipu e Refúgio Biológico Bela Vista, situadas no

município de Foz do Iguaçu/PR. O objetivo da ação nas estruturas educadoras é construir

entre estas, a escola e a comunidade uma relação enriquecedora e continuada, originando

sentimentos de pertencimento e proximidade, fazendo destes espaços, locais de novas

aprendizagens e construção de conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para o cuidado

com o meio ambiente e a qualidade de vida.

METODOLOGIA

As atividades são organizadas em grupos: Amigos do Refúgio (AR), Comunidade do

Refúgio (CR), Comunidade Crescer (GCC) e Varanda. São projetos voltados para a

comunidade da região do entorno da Usina de Itaipu (crianças e adultos). Possuem grupos

fixos de participantes e uma programação de formação continuada no decorrer de um ano,

desenvolvida por meio de uma diversidade de metodologias e atividades educativas.

RESULTADOS

Este trabalho iniciou em 2003 integrando o Programa Cultivando Água Boa da Itaipu

Binacional. Os espaços privilegiados das estruturas educadoras, Ecomuseu de Itaipu e o

Refúgio Biológico Bela Vista, possibilitam práticas metodológicas participativas e

interdisciplinares facilitando para que o ato educador se realize no dialogar com a comunidade

e gerando um movimento para a construção da sustentabilidade local.

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Foto 1: Pesquisando e descobrindo com a natureza

Fonte: Hildete, 2010

Foto 2: Oficina de Economia Doméstica

Fonte: Loici, 2010.

REFERÊNCIAS

ITAIPU BINACIONAL, A Carta da Terra – Valores e Princípios para um Futuro Sustentável. Cadernos de Educação Ambiental. Série Documentos Planetários – Volume 1. 2004. ITAIPU BINACIONAL, Tratado de Educação Ambiental – Para Sociedades Sustentáveis e responsabilidade Global. Cadernos de Educação Ambiental. Série Documentos Planetários – Volume 2. 2004. BRASIL. Programa Nacional de Educação Ambiental. 3ª ed. Brasília: Ministério do meio

Ambiente, 2005.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA: A EXPERIÊNCIA DA

ITAIPU BINACIONAL

Rodrigo L. Cupelli (TC)

Leila de Fátima Alberton (TC)

Silvana Vitorassi (TC)

Palavras Chave: competências socioambientais; metodologias corporativas; sociedades sustentáveis.

INTRODUÇÃO

A promoção da sustentabilidade, em seu amplo sentido, requer mudanças de posturas

pessoais e coletivas As empresas, intrínsecas ao contexto social e em retroalimentação com

ele, exercem papel fundamental na edificação de propostas e ações que visam a promoção da

sustentabilidade, preconizada através do triple botton line. O fato dos stakeholders exercerem

sua influência sobre a empresa e tomada de decisões, leva-se a considerar que a Educação

Ambiental pode contribuir para formação do corpo funcional no se refere às competências

socioambientais. O local de trabalho, assim, torna-se um contexto privilegiado para essas

ações, possibilitando reflexões críticas acerca da relação entre ser humano e natureza.

Pautada dentro do Programa de Educação Ambiental da Itaipu, a ação Educação

Ambiental Corporativa busca, em consonância com a Missão da empresa, estruturar um

campo de possibilidades para a emersão de uma cultura organizacional coerente com a sua

Política de Sustentabilidade.

METODOLOGIA

As relações de força (ou poder) devem servir de ponto de partida para reflexões

críticas do papel de cada um para as mudanças necessárias requeridas pela sustentabilidade,

quer seja: estilo de vida, padrões de consumo, geração ou gestão de resíduos, consumo

consciente, economia justa e solidária, entre outros. Esses discursos, quando empreendidos a

partir contexto de trabalho, servem de estímulo para que os empregados possam se questionar

e confrontar seu modelo mental, gerando novas acomodações mais próximas das mudanças

necessárias a serem empreendidas.

Fazem parte do escopo metodológico da ação: intervenções educativas bimestrais,

palestras nos seminários de integração, informes eletrônicos, matérias nos jornais

corporativos, distribuição de produtos de caráter educativo, entre outros. Além disso, busca-se

integrar a Educação Ambiental a outros Programas Corporativos, principalmente em parcerias

nas atividades, a fim de consolidar a transversalidade requerida pelos conteúdos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A força de trabalho (inclusive e, principalmente, a intelectual), vai além da

manutenção da subsistência do trabalhador(a), promovendo também sentidos (narrativas) que

possibilitem a adoção de um estilo de vida mais condizente com os princípios de sociedades

sustentáveis. Por esse fato, a Educação Ambiental nas empresas é um processo de mediação

importante para construção e solidificação de competências socioambientais, tornando as

resistências encontradas não como limite individual, mas como indicadores da cultura

organizacional e que, dessa forma, são importantes para se traçar estratégias de atuação mais

condizentes com a realidade que se quer transformar.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Programa Nacional de Educação Ambiental. 3ª ed. Brasília: Ministério do meio

Ambiente, 2005

EBOLI, Marisa. Educação Corporativa no Brasil: Mitos e Verdades. São Paulo: Editora

Gente, 2004.

BRASIL.

NOVICKI, Victor. Competências Socioambientais: pesquisa, ensino, práxis. B. Téc. Senac: A

R. Educ. Prof, Rio de Janeiro, v. 33, n. 3, set./dez. 2007.

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BENEFÍCIOS GERADOS A EMPRESAS E COMUNIDADE POR MEIO

DA AÇÃO RESÍDUO TOUR

Lucy Cyriaco Lagedo (TC)1,

Cristiane Casini(TC)2,

Gilberto A. Duwe(TC)3.

INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental deve ser entendida como uma educação política, que

reivindica e prepara os cidadãos para exigirem justiça social, cidadania nacional e planetária,

auto-gestão e ética nas relações sociais e com a natureza, segundo Reigota (1998). O presente

projeto visa construir uma grande mudança de valores e de posturas educativas, aliando-se a

educação dos afetos (sensibilização), que forma pessoas conscientes e sensíveis, bem como, a

uma educação para a cidadania, formando sujeitos atentos aos problemas socioambientais e

capazes de participar nas decisões da sociedade. Partindo da curiosidade, que é o ponto de

partida para aprendizagem, que segue com a exploração; levando a uma descoberta que é um

momento de percepção, reflexão e análise, consequentemente espera-se chegar a mudança que

leva à conservação/preservação. É que não basta que as pessoas saibam o que fazer. É

necessário que façam. Não é, portanto, um problema de saber, é um problema de ação. E, para

fazer é preciso adquirir conhecimento. Assim, entende-se que é necessário que as pessoas

mudem os seus comportamentos e façam novos gestos. E, foi buscando, novos gestos, aliados

ao saber, a sensibilização e a busca de uma melhor qualidade de vida, que foi acrescentada

mais uma ação ao Projeto “Senhor do Vale”4, da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente –

Fujama. Essa Ação Socioambiental Resíduo Tour, que é realizada desde abril de 2009, tem

por objetivo levar os estudantes a conhecerem o trabalho realizado nos locais de depósito e

seleção de resíduos da coleta seletiva do município de Jaraguá do Sul, alertando-os da

importância de sua participação, melhoria da qualidade dos resíduos enviados, assim como

1 Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente – Fujama, Rua João Januário Ayroso, nº 3.329, Bairro São Luis ,

89.253-101, Jaraguá do Sul-SC Fone: 47 3273-8008 – Chefia de Educação Ambiental -

[email protected] 2Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente – Fujama, Rua João Januário Ayroso, nº 3.329, Bairro São Luis ,

89.253-101, Jaraguá do Sul-SC Fone: 47 3273-8008 – Coordenadoria Jurídica Ambiental -

[email protected] 3Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente – Fujama, Rua João Januário Ayroso, nº 3.329, Bairro São Luis ,

89.253-101, Jaraguá do Sul-SC Fone: 47 3273-8008–Gilberto Ademar Duwe- Chefe de Levantamento de Áreas

de Risco-

[email protected] 4Projeto Senhor do Vale – objetivo: cooperar com a comunidade jaraguaense a alcançar a sustentabilidade

ambiental por meio de ações ecologicamente corretas. Na execução desse projeto são realizadas diversas ações,

tais como: amostras; palestras; prestação de informações técnicas, administrativas e jurídicas relacionadas à

área ambiental; visitas monitoradas; revitalização de Áreas de Preservação Permanente - APP's, principalmente,

das áreas de mata ciliar (margens dos cursos d'água), com orientação aos estudantes; e, várias oficinas.

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reconhecer os catadores como trabalhadores, pois além de viverem na informalidade, não

existem políticas públicas que favoreçam essa classe para o exercício de sua cidadania. Trata-

se, portanto, de um estudo onde se procurou saber a aceitação da ação, como fator de

divulgação da legislação e respeito social, melhoria e aumento do material remetido, tanto

para reaproveitamento como reciclagem.

METODOLOGIA

São realizadas visitas aos locais de depósito e seleção de resíduos da coleta seletiva e

reciclagem, em empresas privadas do ramo de gestão de resíduos estabelecidas no Município

de Jaraguá do Sul (Edepel Embalagens - reciclagem de plástico e Transpezia Ambiental -

resíduos da construção civil). Essa ação também conta com a parceria de instituições

educacionais e da Secretaria Municipal de Educação. Com o seu início em abril de 2009, o

Resíduo Tour acontece todas as quartas-feiras úteis dos meses de março a dezembro, com

visitas que duram em torno de três horas às dependências das empresas parceiras da ação, nos

períodos matutino e vespertino. Essas visitas são previamente agendadas pela coordenação ou

professores das escolas interessadas, que sempre buscam inscrever as turmas que estejam

estudando o assunto, para que assim os alunos obtenham uma compreensão maior do tema.

Além de levar informações aos participantes, a ação Resíduo Tour abrange também uma

gama muito grande de pessoas, trazendo assim benefícios sociais e ambientais perceptíveis a

longo prazo. Isso é válido, pois durante o processo as empresas parceiras desta ação

observaram que a quantidade e a qualidade dos materiais enviados para elas melhorou

consideravelmente, assim como o relacionamento entre as pessoas que trabalham, e o público

visitante. Após a visita são distribuídos cadernos com todo o roteiro realizado com

ilustrações, auxiliando o trabalho do professor em sua proposta educacional.

RESULTADOS

Alcançando 98% de aprovação das escolas participantes. De acordo com os

empresários houve um aumento de 30% no recebimento de resíduos desde o ano de 2009, e,

em se tratando de qualidade dos materiais e da diminuição de matéria orgânica presente nos

resíduos, houve uma melhoria equivalente a 45%. Na questão referente ao material da

construção civil, houve um aumento significativo de 5,4% do total de metros cúbicos recebido

pela empresa. Por isso, essa é uma ação muito importante, pois também contribui para o bem

estar dos trabalhadores que manualmente fazem a seleção desses materiais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com todos esses dados, é possível ver que ações de Educação Ambiental não

beneficiam apenas a comunidade, mas também o setor empresarial que pode obter maior

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lucratividade e ao mesmo tempo contribuir para um mundo melhor. Todavia, para a Fujama,

os benefícios também são grandes, pois ações bem sucedidas que buscam atingir direta e

indiretamente um grande número de pessoas, como é o caso do Resíduo Tour, trazem a

confiança que esse órgão precisa adquirir da população para que futuramente novos projetos e

ações socioambientais obtenham o apoio e a participação da população e de empresários

interessados na divulgação e execução de projetos de conservação ambiental.

REFERÊNCIAS

REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1998.

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O USO DA TÉCNICA DE OBSERVAÇÃO DE AVES EM TRILHAS

ECOLÓGICAS: UMA NOVA FERRAMENTA EDUCATIVA

Lucas Machado Botelho (IC)1

Lilian Queli Ferreira Cardoso (TC)2

Tânia Maria Iakovacz Lagemann (PFM) 3

Palavras Chave: birdwatching, educação ambiental, técnica do playback

INTRODUÇÃO

A observação de aves tem se tornado mais comum no Brasil nos últimos anos, sendo

utilizada como ferramenta para o ecoturismo sustentável ou para educação ambiental. Estima-

se que cerca de US$ 10 bilhões são gastos ao ano com o “esporte” pelos birdwatchers, ou

observadores de aves, norte americanos (Revista Isto É, 2003).

O Brasil conta com uma avifauna incrível representando cerca de 1/3 da avifauna

mundial, tendo sido catalogadas mais de 1635 aves, sendo cerca de 1490 residentes e 140

migratórias. Estando nosso país em terceiro lugar na América do Sul, em numero de espécies

(Sick, 1993). A observação realizada na natureza promove uma gratificante atividade de lazer

e descontração, proporcionando aos praticantes recompensas intelectuais, recreativas e

científicas (Andrade, 1997).

Com o intuito de diversificar os métodos de sensibilização pública, o Jardim

Zoobotânico de Toledo “Parque das Aves” incluiu a técnica de observação de aves nas trilhas

ecológicas interpretativas realizadas na área florestada do Parque, em um trecho pavimentado

com cerca de 980m de extensão. Neste estudo pretende-se apresentar os resultados desta

atividade, para a educação ambiental em unidades de conservação e demais parques verdes.

Nossa História

O Jardim Zoobotânico de Toledo “Parque das Aves” foi inaugurado em 22 de

dezembro de 2007. Este Parque é um zoológico público de pequeno porte (categoria C,

Instrução Normativa IBAMA, N° 169/2008), autorizado pelo IBAMA (Autorização N°

4127.7681/2013-PR) instalado junto ao Parque Ecológico Diva Paim Barth, uma unidade de

1 [email protected]. Estudante de Ciências Biológicas, Bolsista do Jardim Zoobotânico d e Toledo

“Parque das Aves”, Toledo- PR. [email protected]óloga, M. Sc. Ciências Ambientais, Jardim Zoobotânico de Toledo” Parque das Aves”,

Toledo – PR. [email protected]. Professora, Gestora de Educação Ambiental Prefeitura Municipal, Toledo – PR.

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conservação. O Parque das Aves é administrado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

e possui como objetivo geral: conservação de espécies, pesquisa e educação ambiental.

O programa de educação ambiental do Parque das Aves possui como base de trabalho,

a realização de trilha ecológica interpretativa, palestras de sensibilização, aulas práticas,

exposição de coleções zoológicas, pesquisa e divulgação científica.

A trilha interpretativa oferece aos visitantes o contato com a natureza, onde é

destacada a importância da conservação da fauna e da flora. A trilha é feita por meio de

caminhada em meio à reserva florestal do parque e visita ao viveiro de aves. Um dos

principais objetivos da trilha é despertar à consciência ecológica, utilizando para isso

informações sobre o ambiente e as relações entre os seres vivos. Visa também à integração

socioambiental, que gera a valorização do meio ambiente e ao mesmo tempo contribui para a

formação do comportamento mais sustentável.

Nossos Bichos

Atualmente, conta com 25 aves em cativeiro, entre elas papagaios, araras e periquitos.

Todas provenientes dos órgãos ambientais, a maioria vítimas do tráfico de animais silvestres.

Estas aves vivem em um grande viveiro comunitário, no meio da mata do Parque (conhecida

pelos moradores como Horto), acessível ao público somente através de uma trilha ecológica.

Além disso, diversos outros animais de vida livre como gaviões, beija-flores, saíras, quatis,

catetos, tatus, ouriços ocorrem em vida livre na mata que compõe o parque. Muitos desses

animais podem ser avistados durante o passeio, o que torna a visita ao Parque uma atividade

muito prazerosa.

Um diferencial do parque é o monitoramento dos visitantes em trilha ecológica. O

Parque conta com uma equipe de educadores ambientais (estagiários e voluntários) que guiam

todos os visitantes pela trilha do parque, estimulando a percepção ambiental e a interação do

homem com a natureza.

A observação de aves e a Educação Ambiental

A observação de aves também conhecida como birdwatching ou birding é a

observação e o estudo das aves a olhos nus ou através de instrumentos de aproximação visual,

como binóculos. A observação de aves geralmente envolve também o componente auditivo,

como muitas das espécies são detectadas e identificadas mais facilmente pelo ouvido do que

pelos olhos. A maioria dos observadores de aves faz isso por hobby ou motivos recreacionais,

diferente dos ornitólogos, que utilizam métodos científicos para o estudo dos aves. Existem

relatos de birdwatching desde 1700, mas o termo surgiu em 1901, com o título de um livro

“Bird Watching" do Inglês Edmund Selous. O numero de adeptos da atividade fora do Brasil

é muito grande principalmente no Canada, Estados Unidos, Inglaterra e outros países

europeus.

Dentre os tantos motivos que justificam a observação de aves na atividade

educacional, Costa (2007) destaca os seguintes:

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“estímulo à capacidade de observação do aluno, promoção da experiência como

processo educativo emancipatório, (re)sensibilização do aluno com o meio-ambiente

do entorno, desenvolvimento do conceito estético, reconhecimento da situação de

coabitação do espaço com outros seres (que não apenas humanos) e a necessidade de

preservação da qualidade ambiental para essa coexistência”.

METODOLOGIA

A observação de aves durante as trilhas ecológicas do parque

A observação de aves iniciou-se em março de 2013, por meio da entrada no quadro de

monitores bolsistas do Parque, um aluno com experiência na atividade. Durante os meses de

março a abril, a técnica foi incluída somente para os alunos do 3º e 4º anos do ensino

fundamental das escolas municipais. Depois de verificado a efetividade da ação na

sensibilização das crianças, a atividade foi incluída em todas as trilhas.

Durante as trilhas, são fornecidas informações diversas sobre os animais e vegetação

presente dentro do parque, quando uma ave é observada são dadas informações como

distribuição geográfica, nome popular local e sua importância ecológica. Exemplos

comumente encontrados durante as trilhas e utilizados na sensibilização é a presença de sábias

e araçaris que são grandes dispersores de sementes, ou os papa-moscas que tem papel

fundamental no controle da população de insetos. Os monitores são graduandos de Ciências

Biológicas, e recebem constante treinamento para se tornarem educadores ambientais, e desta

forma, consigam sensibilizar o público que visita o parque.

A utilização do playback

Nesta técnica utiliza-se como aparelho reprodutor um celular, no qual foram

salvas vocalizações de espécies com distribuição geográfica registrada para o bioma. As

vocalizações são baixadas gratuitamente dos sites: http://www.wikiaves.com.br/ e

http://www.xeno-canto.org/. Durante os quatro pontos de parada da trilha são reproduzidos,

por meio do celular dos monitores a vocalização da ave na tentativa de que ela se aproxime

para defender território ou responder a vocalização, permitindo aos visitantes sua observação.

Neste momento é explicado sobre a técnica e ressaltado seu uso responsável, sem a utilização

abusiva da mesma que pode causar estresse ou mudança de comportamento no animal.

RESULTADOS

Com a utilização da observação de aves durante as trilhas, foi possível sensibilizar a

população sobre a importância da preservação da vegetação nativa, de evitar a caça ou captura

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ilegal destas aves, além de promover principalmente as crianças, a oportunidade de conhecer

melhor a grande biodiversidade brasileira muita das vezes desconhecidas por nós mesmos.

Neste sentido procurou-se reforçar a visão de que deve-se:

[...] proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da terra, com especial

preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a

vida (CARTA DA TERRA, 2004)

Em episódios durante a trilha, alguns fatos chamam atenção como em uma trilha com

um grupo de 30 crianças do projeto conhecendo Toledo, enquanto passávamos pelo viveiro

das araras quem roubou a atenção foi um Gavião-miúdo (Accipter striatus) que pousou em

um galho seco de uma arvore alta, facilitando sua observação, as crianças puderam observa-lo

por cerca de uns 2 minutos. É interessante ressaltar que algumas das crianças entraram na

trilha querendo ver um gavião após ter sido dito sua possibilidade de ser visto entre as

espécies de animais que vivem soltos no parque, muitas deles afirmaram ser a primeira vez

que haviam visto uma rapinante de perto. Neste episódio foi utilizado o método de

aprendizado sequencial de Joseph Cornell proposto no seu livro Brincar e aprender com a

natureza (1996).

Durante outra trilha feita com uma turma de crianças entre 9 a 11 anos, foi possível

observar diversas aves durante o percurso, porem em um ponto da trilha onde se encontra uma

quarentena para jabutis, foi possível ouvir a vocalização de uma ave chamada Alma-de-gato

(Piaya cayana), e logo em seguida com a utilização de um aparelho celular, foi feito o

playback e um casal de P. cayana pousou em um galho sobre a turma, sem duvidas toda a

atenção foi voltada para aquelas aves no momento, e com olhar de curiosidade e admiração as

crianças faziam perguntas sobre as mesmas, e diziam frases como “Nossa, que ave diferente!”

ou “Nunca havia visto uma ave assim”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido aos bons resultados obtidos durante as trilhas onde foi feita a observação de

aves, pretende-se instalar utensílios bebedouros e comedouros feitos com material reciclado.

Constituindo grandes atrativos para os beija flores e outras aves, dispostos em pontos

estratégicos na trilha para facilitar a observação de aves.

Pretende-se preparar um curso de introdução à observação de aves, para que mais

monitores, educadores ambientais estejam capacitados para utilizar a técnica de observação de

aves, como mais uma ferramenta educativa na trilha ecológica do Jardim Zoobotânico

“Parque das Aves”. Acredita-se que as experiências vividas por estas crianças que

praticaram a observação de aves, ficarão para sempre em suas memorias, e fara com que

tenhamos futuros preservadores de nossa rica biodiversidade!

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REFERÊNCIAS

ATHIÊ, Samira. A observação de aves e o turismo ecológico. Biotemas. v. 20, nº 4, páginas

127-129, dez. de 2007.

CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS. A carta da Terra: Valores e

Princípios para um futuro sustentável. Gráfica editora, SENAC, Petrópolis, 2004.

CORNELL, Joseph .Brincar e aprender com a natureza: guia de atividades infantis para

pais e monitores. 1ª Edição. Local: Editora SENAC, 1996.

COSTA, Ronaldo Gonçalves de Andrade. Observação de aves como ferramenta didática para

educação ambiental. Didática sistêmica. v.6, páginas. 33-44, Dez. de 2007.

LOPES, Sérgio de Faria & SANTOS, Rosselvelt José. Observação de aves: Do ecoturismo à

educação ambiental. CAMINHOS DE GEOGRAFIA – revista on line. Disponível em:

<www.ig.ufu.br/caminhos_de_geografia.html> Acesso em: 01/07/2103

NUNES, Mônica. Especial: Observação de aves / Bird Watching. Disponível em: <

http://www.planetasistentavel.abril.com.br/especiais/aves/ > Acesso em: 01/07/2013

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ATIVIDADES LÚDICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

RELACIONADAS A ECTOPARASITOS DE CÃES.

Márcia Arzua (PQ)1,

Patricia Weckerlin e Silva Trindade (PQ)2.

Palavras Chave: carrapatos; ectoparasitos; lúdico.

INTRODUÇÃO

Segundo a legislação brasileira, a Educação Ambiental constitui um “processo por

meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).

Baseado neste contexto depreende-se que educadores ambientais devam ser

formadores de opinião e multiplicadores, atuando em seu meio na busca de um ambiente

saudável tanto para os seres humanos quanto para os demais seres vivos que estão à sua volta.

Dessa maneira, torna-se necessária a realização de diferentes práticas ambientais, incluindo o

tema saúde, tanto no nível de individuo quanto ambiental.

Segundo Carvalho e Macedo (2013), os jogos, brinquedos e brincadeiras estão

intimamente ligados ao espírito comunitário humano e auxiliam a diferenciar dentro deste

universo as mais diversas culturas, formas de relações, tradições e de crenças, seja nas

transmissões de experiências, aos sentimentos de prazer, felicidade, descoberta, ganhar e

perder, dor, realizar-se enquanto grupo ou fortalecer-se enquanto indivíduo membro de uma

tribo.

Dentre as atribuições do Museu de História Natural Capão da Imbuia, da Prefeitura

Municipal de Curitiba, estão a produção de conhecimentos científicos através da pesquisa

científica com a fauna paranaense, a conservação e manutenção das coleções científicas e

também ações de educação ambiental por meio de capacitações e mobilizações para um

público diversificado. Diante disso, foram elaboradas três atividades lúdicas de educação

ambiental envolvendo o tema ectoparasitos de cães, para atender a Feira “Amigo Bicho”. Os

ectoparasitos, principalmente os carrapatos são causadores de várias doenças em animais

domésticos, podendo atingir o homem, seja devido a sua ação irritante sobre o hospedeiro ou

pela transmissão de agentes infecciosos (TORRES et al., 2004). A Feira é promovida pelo

1 Profª. Doutora, pesquisadora do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal

do Meio Ambiente de Curitiba. Curitiba – PR. [email protected]. 2 Pesquisadora Mestre, bióloga do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal

do Meio Ambiente de Curitiba. Curitiba-PR. [email protected].

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Programa de Rede de Defesa e Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba, que gratuitamente

realiza microchipagem de animais domésticos e adoção de cães e gatos nas comunidades

(SMMA, 2013).

O objetivo deste trabalho foi utilizar metodologia diversificada que contribuísse para o

desenvolvimento do conhecimento de um assunto relativamente “não atrativo” de forma mais

atraente, interessante e prazerosa, através do lúdico, motivando nas pessoas o espírito de

cidadania.

METODOLOGIA

As mobilizações ocorreram na Feira “Amigo Bicho” entre junho de 2011 a julho de

2012, uma vez por mês, envolvendo 13 bairros de Curitiba, PR: Capão da Imbuia, Mercês,

Santo Inácio, Bigorrilho, Santa Felicidade, São Brás, Batel, Bairro Alto, São Lourenço, Vila

Hauer, Cidade Industrial, Pinheirinho e Pilarzinho. O público alvo foram crianças e adultos

participantes da feira. Os três jogos lúdicos desenvolvidos para o evento, foram: 1) Jogo “O

cachorro e a Pulga”; jogo de quebra-cabeça composto por uma figura representada por um cão

e todas as etapas do ciclo de vida da pulga em diferentes locais no ambiente domiciliar. Com

a montagem do quebra-cabeça o jogador recebia informações sobre a relação cão x pulga e o

ciclo da pulga no ambiente domiciliar ou peridomiciliar em que vivia. 2) “Cadê o carrapato do

cão?“ jogo que corresponde a uma maquete representando um ambiente domiciliar com a

convivência humana x cão x carrapato do cão, o qual possui a peculariedade de seu ciclo de

vida estar relacionado diretamente com a do hospedeiro. Para estimular a curiosidade do

participante sobre o assunto, foi confeccionada uma maquete composta por uma casa,

gramado, casinha de cachorro e bonecos que representavam pessoas e animais. O jogador

recebia uma pequena figura com a imagem de um carrapato fêmea fazendo postura de ovos e

tinha que fixá-la no local onde ela faria a oviposição no ambiente criado. Enquanto o

participante jogava, ele era informado sobre o ciclo de vida do carrapato do cão e também

recebia informações gerais sobre o mesmo. 3) “Verdade ou mentira” um jogo similar ao jogo

de amarelinha, porém com um diferencial. Quando o jogador pulava uma casa ele tinha a

chance de jogar um dado gigante, do qual o número que caía voltado para cima, correspondia

a uma pergunta sobre carrapatos, pulgas ou bicho-de-pé. O participante tinha que responder

apenas “certo” ou “errado”. As perguntas correspondiam a informações gerais sobre os

ectoparasitos de cães. As atividades, abertas para o público em geral, foram colocadas em

stand anexo à microchipagem.

RESULTADOS

Participaram da Feira “Amigo Bicho” uma média de duas mil pessoas a cada evento,

durante um ano (Figura 1) e foram atendidas nas atividades lúdicas, cerca de 100 participantes

por evento. Partindo do pressuposto de que o lúdico muito contribui para que as pessoas

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trabalhem a criatividade, a imaginação e também a aquisição de conhecimentos, foi possível

observar o interesse e a procura dos adultos (n=240) em sanar dúvidas sobre ectoparasitos de

cães, principalmente sobre carrapatos. Este resultado é de grande valia, pois, muitas pessoas

desconhecem o ciclo de vida do carrapato do cão, o qual possui a peculiaridade de viver na

região peridomiciliar. Essa espécie de carrapato vive no mesmo ambiente do cão e

consequentemente, também no do ser humano. A fêmea faz oviposição em lugares altos,

como telhados do canil e garagem, ou frestas de paredes. Com relação às pulgas, também foi

possível verificar que as pessoas desconhecem que o bicho-de-pé é uma pulga e que nada ou

pouco sabiam sobre o ciclo de vida desses insetos.

Dentre o público infantil foram atendidas uma média de 80 crianças por feira,

perfazendo um total de 960 participantes. Estes demonstraram grande interesse nas atividades

lúdicas (Figura 2), ouvindo atentamente as explicações sobre os ectoparasitos de cães, o que

incorria no acerto das respostas. Isso demonstra que o lúdico pode fazer a diferença à medida

que incentiva as crianças a aprender com prazer e praticar a cidadania.

Figura 1: – Visão geral da Feira “Amigo Bicho”, Curitiba, PR.

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Figura 2: – Atividades lúdicas na Feira “Amigo Bicho”, Curitiba, PR.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Feiras do “Amigo Bicho” são importantes, pois fazem com que cada munícipe seja

estimulado pela guarda responsável de seus animais domésticos e também oportuniza a

adoção de animais abandonados.

Por outro lado, é um excelente canal para se trabalhar o tema ectoparasitos de cães.

Esse é um assunto de interesse da saúde pública e médico-veterinário, por isso é muito

importante que seja divulgado o ciclo destes ectoparasitos para que a população possa

entender melhor a biologia destes animais e tome algumas precauções em relação à prevenção

de doenças e controle de infestações de pragas, influenciando na qualidade de vida.

Dentre as atividades informais de Educação Ambiental, optou-se pelos “jogos

lúdicos”, com intuito de passar informações de uma maneira descontraída para que fossem

recebidas, armazenadas, refletidas e transformadas em atitudes e que contribuísse para o

desenvolvimento do conhecimento de um assunto relativamente “não atrativo” de forma mais

interessante e prazerosa.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=20&idConteudo=

967 > Acesso em: 28, agosto de 2013.

CARVALHO, J.; MACEDO, M. Brincadeiras e Ensino de Ecologia: Subsídios para Uma

Educação Ambiental Lúdica. Disponível em: < http: www.ie.ufmt.br/semiedu2009 >

Acesso em: 28, agosto de 2013.

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116 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

SMMA. Rede de Proteção Animal. Disponível em: <

http://www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br/> Acesso em: 28, agosto de 2013.

TORRES, F., et al. Ectoparasitos de Cães Provenientes de Alguns Municípios da Região

Metropolitana do Recife, Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Parasitol. Vet., 13, 4, 151-154,

2004.

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS COLABORADORES DE UMA

EMPRESA PRIVADA QUE DESENVOLVE PROJETOS

SOCIOAMBIENTAIS EM GUARAPUAVA/PR E REGIÃO.

Juliana Mara Antonio (IC)1,

João Fernando Ferrari Nogueira (IC)¹,

Ynaê Martins Osternach (IC)¹,

Gilberto de Lima Lentsch Junior (IC)¹,

Franciele Martins Ryzy (IC)¹,

Ana Lucia Suriani Affonso (PQ)2,

Adriana Massaê Kataoka (PQ)³

Palavras Chave: Educação Ambiental, Resíduos sólidos, Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

O uso inadequado dos recursos naturais associado ao materialismo, industrialismo, a

competição, nessa sociedade do consumo, que tem como objetivo progredir materialmente a

custa da degradação ambiental, agrava cada vez mais a problemática socioambiental.

(CARVALHO, 2004). O maior empecilho da sociedade é pensar que o planeta é infinito e

acreditar que os recursos naturais sempre estarão disponíveis, e o que vem ocorrendo

contradiz este pensamento, um dos reflexos disto é a crescente produção de resíduos sólidos,

que segundo (COHEN, 2003) “é apontada pelos ambientalistas como grave problema da

atualidade, volumes absurdos são produzidos diariamente trazendo esgotamento dos aterros

sanitários e poluição, agravantes da disposição inadequada”.

Com base nestes problemas surgiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei

12.305 (BRASIL, PNRS, 2010) e o decreto que a regulamenta Lei 7.404 (BRASIL, 2010),

ressaltando a importância do gerenciamento de resíduos sólidos desde a geração até o destino

final, priorizando a responsabilidade compartilhada, ou seja, todos tem seu papel, desde o

consumidor até o fabricante do produto. Contudo, esta lei é desconhecida para muitas pessoas,

tornando a educação ambiental essencial na sensibilização.

O processo de modernização é decorrente da fragmentação, racionalidade mecanicista,

simplificadora, unidimensional, que obscura a visão de meio ambiente complexa, que

reintegra os valores e potenciais da natureza, as externalidades sociais, os saberes subjugados

1 Acadêmico do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e bolsista de Extensão da UNICENTRO.

[email protected] 2 Profª. Doutora, pesquisadora do Departamento de Biologia da UNICENTRO. Guarapuava-PR.

[email protected] 4

Profª. Doutora, pesquisadora do Departamento de Ciências Biológicas da UNICENTRO. Guarapuava-PR.

[email protected]

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(Leff, 2001). Complementando o conceito, Reigota (2002, p. 14) diz que meio ambiente é: “O

lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações

dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica

e processos históricos e sociais de transformação da natureza e da sociedade”.

Essas transformações da sociedade e natureza são imprescindíveis, precisamos dessas

mudanças tanto em valores quanto em atitudes, talvez assim conseguíssemos reverter algumas

situações decorrentes do pensamento consumista. Essa mudança na visão do mundo é

enfatizada por autores como NAESS (1989) e CAPRA (1988) que acreditam que a educação é

meio mais eficaz para esta transformação.

Decorrente da crise ambiental, o levantamento de dados sobre a realidade social torna-

se essencial para conseguir transforma-las. O trabalho teve como objetivo investigar

conhecimentos e práticas dos funcionários de uma empresa privada que possui, além de sua

atividade regular, projetos socioambientais voltados à temática ambiental. O trabalho levantou

questões sobre meio ambiente e resíduos sólidos, procurando conhecer a realidade destas

pessoas para assim conseguir planejar medidas para sensibiliza-las.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa a qual utilizou como instrumento de

pesquisa um questionário pré-estruturado. Suas perguntas investigaram: a concepção de meio

ambiente e a prática da separação do lixo doméstico em seco e orgânico. Responderam ao

questionário um total de 44 sujeitos, os quais fazem parte de uma empresa privada e suas

filiais.

Através deste questionário foram obtidos dados qualitativos e quantitativos, onde os

dados foram organizados em gráfico para a análise. Os dados qualitativos e o questionário

como um todo foram analisados segundo os preceitos da análise de conteúdo, como proposto

por Richardson (1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são apresentados na Figura 1 os resultados referentes às perguntas: O que

você entende por meio ambiente e qual o destino que você dá aos resíduos, respectivamente.

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Figura 1: A – Percepção de meio ambiente; B – Prática de separação dos resíduos sólidos.

A figura 1-A revela que a maioria dos sujeitos tem uma concepção de meio ambiente

“socioambiental”:

A visão socioambiental orienta-se por uma racionalidade complexa e interdisciplinar

e pensa o meio ambiente não como sinônimo da natureza intocada, mas como um

campo de interações entre a cultura, sociedade e a base física e biológica dos

processos vitais, no qual todos os termos dessa relação se modificam dinâmica e

mutuamente (CARVALHO, 2001, p. 37).

As concepções Naturalista e Holística não tiveram grande representatividade entre os

sujeitos listados. Consideramos que esse grupo em específico apresenta certa clareza sobre a

temática ambiental, visto que não separa natureza de sociedade, visão essa conhecida com

cartesiana, a muito criticada pela educação ambiental.

Quanto aos hábitos dos sujeitos relacionados aos resíduos, apenas uma pequena

porcentagem ainda não realiza a separação. Verificou-se que a prática em ambiente doméstico

é muito maior do que no ambiente de trabalho, no entanto desconhecemos a existência de

estímulos nas cidades desses sujeitos, como coleta seletiva, recipientes para separação de

resíduos na empresa, entre outras, que justifique essa diferença. De qualquer forma,

considerando que apenas 27,27% não separam os resíduos, podemos admitir que os sujeitos,

de alguma forma, possuem acesso a informações que proporcionaram a sensibilização da

maioria. O resultado da figura 1-B corrobora o da figura 1-A, pois, enquanto o primeiro

demonstra uma concepção de meio ambiente defendida pela EA atualmente, o segundo

demonstra atitudes ambientalmente corretas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostrados apresentam conhecimentos sobre as questões ambientais, por

parte dos sujeitos da pesquisa, isto pode estar relacionado aos projetos socioambientais que a

empresa desempenha, contudo, há incompreensão proeminente sobre diversas questões que

estão explicitas na Politica Nacional de Resíduos Sólidos, como por exemplo, a separação dos

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resíduos sólidos. Preenchendo essa lacuna a Educação Ambiental fornece subsídio para que as

pessoas compreendam os problemas ambientais e a inter-relação existente com as decisões

politicas-econômica que conduzem a tais problemas. Diante disso, a EA tem um papel

importante na sensibilização dos sujeitos que ainda não realizam a separação de resíduos, bem

como superar visões românticas da percepção naturalista.

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2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

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em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm>. Acesso

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA SENSIBILIZAÇÃO DOS

PROBLEMAS CAUSADOS PELA INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES

EXÓTICAS INVASORAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA - PR

Daiana Franciele Gapski (PQ)1,

Patrícia Weckerlin e Silva Trindade (PQ)2,

Julio Cesar de Moura-Leite (PQ)3.

Palavras Chave: espécies exóticas, atividades lúdicas, sensibilização.

INTRODUÇÃO

Conforme Hertzog (2009), a Educação Ambiental (EA) destaca-se por ser uma das

ferramentas mais importantes do processo educativo, na medida em que visa à melhoria da

qualidade de vida da população e um relacionamento harmonioso entre o homem e a natureza.

Para que isso aconteça, é preciso ser despertada a consciência ecológica do educando.

Esta se dá através do tocar, sentir e envolver. Sendo assim, antes de conscientizar é necessário

sensibilizar os indivíduos e, para isso atividades lúdicas podem representar um diferencial

(Ruiz & Schwartz, 2002).

A utilização do lúdico para abordar EA é uma das melhores estratégias ao abordar

conhecimentos e valores na formação de cidadãos e de atitudes. A arte se faz presente desde o

início da humanidade, permeando diferentes dimensões sociais, religiosas, econômicas,

históricas e culturais. Nesse contexto, a arte pela EA é uma forma de trabalhar o lúdico, o

agradável e o criativo na construção de conceitos relacionados à questão ambiental (Berbert et

al., 2007).

O Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI) é uma entidade

governamental vinculada à Prefeitura Municipal de Curitiba, que tem a função de gerar

conhecimentos de caráter científico, catalogar espécies, manter coleções científicas e divulgar

os conhecimentos gerados. Esse museu desenvolve, desde 1996, atividades de EA, abordando

temas referentes à fauna brasileira e sua conservação. Para isso, são realizadas diferentes

atividades, voltadas tanto ao público em geral como também aos funcionários da própria

prefeitura. Um dos principais aspectos abordados diz respeito à conscientização das pessoas

em relação à manutenção da biodiversidade (Cruz et al., 1999).

1 Bióloga, colaboradora do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal do Meio

Ambiente de Curitiba. Curitiba – PR. [email protected]. 2 Pesquisadora Mestre, bióloga do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal do Meio

Ambiente de Curitiba. Curitiba-PR. [email protected]. 3 Professor Doutor, Pesquisador do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal do Meio

Ambiente de Curitiba. Curitiba-PR e professor do Curso de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do

Paraná. [email protected].

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Visando abordar o problema representado pelas espécies exóticas invasoras na

manutenção da biodiversidade, este projeto teve o objetivo de sensibilizar alunos de 3ª e 4ª

séries (4º e 5º anos) do ensino fundamental em relação aos problemas causados pela

introdução de espécies exóticas invasoras no município de Curitiba (PR).

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado nas dependências do Museu de História Natural Capão da

Imbuia (MHNCI), Curitiba no decorrer do ano de 2012. O local de estudo foi escolhido

devido à estrutura ali existente, incluindo a área verde que apresenta e a grande demanda de

visitantes de variados públicos (principalmente estudantes) que visitam o local diariamente.

O público alvo trabalhado foram alunos do ensino fundamental de 3ª e 4ª séries (4°, 5°

ano) de escolas públicas e privadas que visitaram o Museu no período. Para cada turma

visitante, foi realizada uma atividade lúdica, incluindo passeio pelo “Caminho das

Araucárias”, uma passarela que atravessa um bosque de 42.000 metros quadrados existente no

local, informando aos alunos sobre as espécies de fauna e flora nativas e exóticas existentes

no local. Em seguida, os alunos eram conduzidos até o anfiteatro do Museu, onde era

realizada uma palestra, enfatizando os problemas causados pelas espécies exóticas invasoras.

Em seguida, era realizado um jogo, o “Painel do Certo ou Errado”. O jogo era constituído por

um painel de figuras de exemplares da fauna e flora de espécies nativas e exóticas, em que as

mesmas eram dispostas aleatoriamente. Após a observação das figuras, o painel era separado

em duas partes, um lado com uma placa sinalizando espécies nativas e o outro para espécies

exóticas invasoras. O objetivo era indicar o local correto para colocar cada figura no painel.

Visando aumentar o interesse dos alunos e reforçar a prática, foram utilizados animais

taxidermizados do acervo didático do Museu, para que os alunos tivessem a oportunidade de

conhecer e diferenciar com mais detalhes as espécies da fauna nativa e exótica que ocorre em

Curitiba. Por fim, foi aplicado um pós-questionário (o mesmo questionário utilizado antes da

atividade), com o intuito de comparar as respostas antes e depois da atividade realizada e,

dessa forma, verificar se o objetivo do projeto foi alcançado. No total, os alunos preencheram

300 questionários, sendo 150 antes da atividade lúdica e 150 após a realização da mesma.

RESULTADOS

Os resultados foram alcançados com a utilização de sensibilização através das

atividades lúdicas ambientais. Participaram das atividades 150 alunos de 4° e 5° anos do

ensino fundamental (escolas da rede pública e particulares).

Foi constatado grande interesse e participação dos alunos em todos os momentos da

ação realizada e um esforço de cooperação dos professores, essencial para a realização do

trabalho.

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Figura 01. Passarela “Caminho das Araucárias”

Evidenciou-se que o passeio realizado no “Caminho das Araucárias”, (Figura 1) foi

uma experiência essencial, pois facilitou o entendimento das informações veiculadas. A

utilização de animais taxidermizados também se mostrou muito útil para o entendimento dos

alunos, ao estimular os mesmos a perceberem a diferenciação entre espécies nativas e

exóticas. Com isso, os alunos sensivelmente prestaram mais atenção ao assunto e também

apresentaram a iniciativa de verificar detalhes do animal de perto, o que não seria possível

mediante o uso de figuras ou mesmo de alternativas audiovisuais. Lembre-se que conforme

lembram Telles et al., (2002), quando trabalhamos com experiências diretas, a aprendizagem

se torna mais eficaz. Segundo o chamado cone de experiências (Dale, 1946), aprendemos

essencialmente através de nossos sentidos (83% através da visão; 11% através da audição;

3,5% através da olfação; 1,5% através do tato 1% através da gustação),sendo capazes de

reter muito mais informação quando realizamos logo após atividades relacionadas ao que

ouvimos e vimos.

No painel “Certo ou Errado” (Figuras 2 e 3) foi possível verificar que os alunos

mostraram-se participativos e ansiosos por responder quais eram as espécies nos respectivos

lugares.

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Figuras 02 e 03. Aplicação do painel “Certo ou Errado” com figuras de diferentes

espécies

Dos 150 alunos que participaram do Projeto, o número de alunos que responderam

corretamente o pré-questionário foi composto por somente três alunos, ou seja, 2% do total de

alunos. Após a realização da atividade, no entanto, 95 alunos acertaram as respostas dos pós-

questionários (totalizando 63,4%). Com isso, acredita-se que a utilização da atividade lúdica

realizada tenha sido satisfatória na sensibilização dos alunos em relação ao problema causado

às espécies exóticas invasoras e os problemas causados pelas mesmas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que os objetivos do presente trabalho foram satisfatórios, uma vez

que o número de alunos que responderam corretamente o pós-questionário foi

expressivamente maior que as respostas dadas antes da atividade. Verificou-se também que a

utilização da EA como método de sensibilização dos alunos foi muito importante. Além do

resultado positivo representado pelo sensível aumento no número de respostas corretas aos

questionários, se pôde perceber o envolvimento e o interesse crescentes apresentados pelos

alunos durante a realização do jogo, demonstrando a eficácia da estratégia utilizada.

REFERÊNCIAS

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LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA

TRATAMENTO DE EFLUENTES EM UM LATICÍNIO DO MUNICÍPIO

DE MISSAL/PR

Kelly Mayara Poersch (IC)1,

Anelize Queiroz do Amaral (PQ)2,

Renan Pies (IC)3,

Adrieli Gorlin Toledo (IC)4.

Palavras Chave: Lagoas de estabilização; Laticínio; Sensibilização Ambiental.

INTRODUÇÃO

Devido à crescente demanda por alimentos, ocasionada pelo aumento populacional

desordenado, intensificou-se a procura por métodos que viabilizem ganhos produtivos. Em

contrapartida aumentou-se a geração de resíduos contaminantes da água e solo.

As indústrias alimentícias estão entre as grandes geradoras de resíduos provenientes

do processamento da matéria prima. Dentre estas, a indústria de laticínios contribui

significativamente para a poluição das águas receptoras, pois suas águas residuárias

apresentam grandes cargas de poluentes, caracterizados por apresentar altas taxas de gordura,

matéria orgânica expressa em DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda

química de oxigênio) além de detergentes e outros materiais utilizados durante a lavagem dos

equipamentos.

Embora, de acordo com Ferreira (2007, p.10) “as características dos despejos variam

de acordo com o tipo de laticínio [...]”, essa condição fomenta a necessidade por parte destas

indústrias em buscar formas que minimizem os efeitos causados pela liberação dos resíduos

1

Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e bolsista de Extensão do Projeto Articulação da

Rede Paranaense de Educação Ambiental - REA-PR. UNIOESTE. Cascavel –PR. [email protected]. 2Docente do curso de Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Campus

Dois Vizinhos, Líder do Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA e Integrante do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID/Biologia. [email protected]. 3Acadêmico do Curso de Agronomia do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Foz do Iguaçu –

PR. [email protected]. 4Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – UNIOESTE. Campus de Cascavel. Cascavel -

PR. [email protected].

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provenientes do beneficiamento, realizando o devido tratamento dos despejos antes do

lançamento nos cursos d’água, com o intuito de minimizar os efeitos destes na degradação dos

recursos hídricos.

O não tratamento ou o tratamento indevido desses efluentes antes de serem lançados

nos corpos hídricos pode ocasionar a morte de animais em grande escala, devido à presença

de bactérias aeróbicas que consomem o oxigênio proveniente do material orgânico eliminado

sob a forma de esgoto, baixando a concentração desse gás. Além disso, o lançamento desses

efluentes não tratados gera fortes odores, alteração da temperatura, aumento da turbidez e

pode comprometer inclusive o abastecimento público de água, devido à eutrofização da

mesma e da dispersão de doenças causadas por organismos patogênicos (MATOS, 2005).

Segundo Oliveira e Sperling (2005, p.347):

O impacto do lançamento de efluentes originados de estações de tratamento de

esgotos em corpos d'água é motivo de grande preocupação para a maioria dos países.

Uma série de legislações ambientais, critérios, políticas e revisões procuram influir

tanto na seleção dos locais de descarga quanto no nível de tratamento exigido para

garantir que os impactos ambientais provocados pela disposição destes efluentes

tratados sejam aceitáveis.

A natureza tem capacidade para promover parte do tratamento dos esgotos, sejam eles

domésticos ou industriais, até o momento em que não haja sobrecarga e as condições

ambientais favoreçam. Em casos onde a carga orgânica lançada é muito alta, pode haver

degradação total do ambiente (CAMPOS, 1999).

Dentre as formas de tratamento, as lagoas de estabilização são as mais empregadas

nesse processo, pois utilizam microorganismos na degradação de substâncias, a fim de obter

um efluente final dentro das normas da legislação ambiental (MAGNO; OLIVEIRA, 2008).

Uma lagoa de estabilização tem como características, pequena profundidade, formada

por diques de terra, onde o tratamento é devido à presença de bactérias e algas que são

responsáveis pela degradação da matéria orgânica.

Segundo Miwa; Freire; Calijuri (2007, p.02) “[...] lagoas de estabilização, quando bem

projetadas e operadas, podem produzir efluentes com excelentes condições sanitárias e

satisfatória remoção de matéria orgânica [...]”.

A eficiência destas lagoas é devida a interação de vários processos que dependem das

condições do ambiente aliadas às características físicas e químicas do esgoto, bem como do

tipo de microrganismos designados à degradação e estabilização dos dejetos (STEIL, 2007).

Dentre os tipos de lagoas existentes, as lagoas facultativas são grandemente

empregadas, pois combinam processos aeróbicos e anaeróbicos, devido à presença tanto de

algas quanto de bactérias. Os processos aeróbicos ocorrem nas camadas mais superficiais da

lagoa onde predomina a atividade fotossintética das algas, enquanto os processos anaeróbicos

ocorrem no fundo das lagoas, onde bactérias decompositoras estabilizam a matéria orgânica

sedimentada.

Tem-se então um mecanismo de simbiose, onde as algas utilizam-se das substâncias

provenientes da respiração das bactérias, e estas captam o oxigênio liberado pela algas

durante a fotossíntese para a síntese da matéria orgânica (SILVA, 1977).

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O processo de estabilização neste tipo de lagoas é natural e, portanto consiste na

retenção do afluente por um período de tempo suficiente para que as reações se completem

estabilizando o meio.

Por necessitar de fotossíntese, essas lagoas demandam áreas maiores quando

comparadas aos outros tipos de lagoas. Além disso, a atividade biológica é grandemente

afetada pela temperatura e pela nebulosidade, portanto, locais com alta radiação solar são

propícios a este tipo de tratamento. Ainda, de acordo com Silva (1977, p.139), “para um bom

funcionamento da lagoa facultativa, deve-se ter um saldo de oxigênio para que durante a noite

possa ser consumido nos processos respiratórios das algas e bactérias”.

Independente do tipo de lagoa adotado pelas indústrias, todas elas visam minimizar a

poluição do ambiente através de um tratamento prévio dos resíduos industrias antes de serem

lançados no meio. No entanto, recorrendo à Brião e Tavares (2005, p.02) “a minimização de

índices indicadores de poluição deve ser avaliada não somente no tratamento final, mas vista

como uma oportunidade para se reduzir custos nas linhas de produção”.

Diante do exposto acima, este trabalho teve como objetivo analisar a eficiência das

lagoas de estabilização de um laticínio no Município de Missal/PR, no sentido de sensibilizar

os agentes desse local para uma sensibilização que busque cada vez mais a qualidade

ambiental na destinação dos resíduos provenientes dessa prática.

Para o desenvolvimento desde estudo, foram coletadas duas amostras do afluente, uma

logo após a saída da indústria antes mesmo de receber qualquer tipo de tratamento, e outra da

lagoa final, após todo o processo de degradação. Em seguida foram realizadas análises físico-

químicas de DBO5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de

Oxigênio) de ambas em laboratório com o intuito de avaliar a eficiência do tratamento e as

características do efluente final. Estas foram quantificadas de acordo com a metodologia

proposta em APHA (2005).

Os valores encontrados foram analisados quantitativamente, método no qual os dados

são traduzidos na forma de números para então serem classificados a partir de técnicas

estatísticas (RODRIGUES, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados estão expressos na tabela 1 a seguir:

Tabela 1: Valores de DBO5 e DQO encontrados para cada amostra.

AMOSTRA INICIAL AMOSTRA FINAL

DBO5 13861,25 mg/L 2252,82 mg/L

DQO 13965,52 mg/L 2413,79 mg/L

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129 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

Observando-se os resultados, percebe-se que houve uma redução significativa em

ambas as amostras, no entanto, o resultado final ainda se encontra fora dos padrões permitidos

de acordo com a resolução Nº 0070/2009 – CEMA – anexo 7 que estabelece um padrão de 50

mg/L de DBO5 e 200 mg/L de DQO para o lançamento de efluentes de laticínios direta ou

indiretamente em corpos hídricos.

Portanto, conclui-se que as lagoas de estabilização surgem como alternativa eficiente

no tratamento de efluentes provenientes de indústrias de laticínios. No entanto, na indústria

em questão foram observadas algumas falhas na disposição e organização das lagoas, além de

falta de manutenção e monitoramento das mesmas, fatores estes que provavelmente

interferiram significativamente no resultado final.

O ideal então seria fazer um remanejamento da disposição das lagoas, aliado a análises

periódicas com a finalidade de melhorar os resultados e enquadrá-los nos padrões permitidos

a fim de minimizar os impactos causados aos corpos hídricos e ao meio ambiente como um

todo.

Os resultados obtidos durante o trabalho foram apresentados aos agentes da empresa.

Com isso, espera-se uma sensibilização em relação à importância de aprimorar as etapas de

tratamento dos efluentes bem como controlar todo o processo de produção com o intuito de

diminuir a quantidade de geração de resíduos ou ainda, de gerar resíduos com menor potencial

impactante, visto que a água é essencial para a atual e futuras gerações e, portanto, merece e

deve ser preservada.

REFERÊNCIAS

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Cajati, Vale do Ribeira de Iguape, Estado de São Paulo, 2007. 291f. Tese, Universidade de

São Paulo – USP, São Carlos, 2007.

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SABOR AMBIENTE: UMA INTERVENÇÃO ARTÍSTICA-AMBIENTAL Laís Aquemi Ohara (IC)

1,

Bárbara Furrigo Zanco (IC)2,

Nicolli Cristina Osório (IC)3,

Márcia Sayuri Iquematsu (IC)4,

Jéssica Ernandes da Silva (IC)5,

Sheilla Souza (PQ)6.

INTRODUÇÃO

Com o processo de urbanização e industrialização, a geração de resíduos sólidos vem

aumentando significativamente. As indústrias, por sua vez, contaminam o meio ambiente com

resíduos de natureza diversa. Estas atendem a demanda do consumo desenfreado da

população, decorrente de uma gradual mudança de hábitos, em que os produtos atualmente

estão se tornando cada vez mais descartáveis. Nesse âmbito certifica-se que não somente as

indústrias são responsáveis pelo tamanho de resíduos sólidos gerados, como também a

população decorrente da não reflexão sobre as conseqüências ambientais de tais hábitos. Algo

agravante nessa situação é a lacuna formada entre o desenvolvimento econômico e a

preservação dos recursos naturais que é conseqüência da ausência de fiscalização,

gerenciamento e controle dos resíduos gerados, trazendo sérios riscos à saúde pública

(BARREIRA & JUNIOR, 2002).

O copo descartável está presente em grande parte das empresas, hospitais, instituições,

universidades e entre outros pôr possuir um custo relativamente barato e útil ao dia-a-dia.

Grande parte das pessoas utilizam do copo descartável apenas uma única vez e o descartam no

lixo. Isto resulta em uma produção em massa de resíduos sólidos descartados no meio

ambiente, uma vez que a reciclagem de copos plásticos é impossibilitada, pois estes após o

processo de reciclagem perdem propriedades necessárias a sua reutilização. A única

alternativa que resta é a redução do consumo desses copos, a partir da conscientização da

população. Na esfera universitária o papel da educação ambiental é primordial, por ser um

centro de pesquisa e de produção de ciência, além de ser responsável pela formação de

profissionais e cidadãos comprometidos com a melhoria da qualidade de vida e proteção das

condições ambientais (ARAUJO, 2004).

O objetivo da intervenção "Sabor Ambiente" foi a sensibilização da comunidade

universitária quanto ao uso excessivo de copos descartáveis no Restaurante Universitário

(R.U.) da Universidade Estadual de Maringá.

1 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá. [email protected]..

2 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá. [email protected]

3 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá.

4 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá.

5 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá.

6 Professora de Artes Visuais na UEM, Campus de Maringá.

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METODOLOGIA

Sabor Ambiente foi um evento componente da Semana Ambiental da UEM,

organizada pela Comissão Ambiental da UEM, na qual outras atividades no sentido ambiental

como por exemplo coleta de lixo eletrônico estavam ocorrendo. Suas ações componentes era a

intervenção "Tempestade Plástica" montada em frente ao Restaurante Universitário, palestras

informativas quanto aos problemas do uso de copos plásticos dentro do R.U., exibição do

documentário "Lixo Extraordinário" e fixação de folhetos explicativos em folha A4 de

conscientização sobre o tema pela Universidade. Ao final da Semana Ambiental da UEM foi

entregue ao reitor, um pedido de troca dos copos plásticos descartáveis pelos copos

biodegradáveis.

A intervenção "Tempestade Plástica" consistia em uma instalação que simulava uma

chuva de copos em uma piscina cheia de copos na qual um boneco se afogava e foi montada

no dia 04 de junho de 2012 e permanecendo em frente ao R.U. até 15 de junho de 2012. Para

montagem da intervenção foram utilizados 3200 copos já usados e provenientes do próprio

Restaurante Universitário, uma piscina de mil litros, um manequim, e um guarda-chuva e

placas nas quais uma delas estava escrito "2 dias, 2400 refeições servidas, 3200 copos usados.

a proporção não está errada?" e na outra "O lixo de hoje afogando a geração de amanhã". Os

copos vieram de duas refeições que ocorreram no R.U., e antes da montagem da intervenção

foram devidamente limpos e desinfetados. Uma rede de fios de náilon, que foi montada cerca

de 2,5 metros acima do chão e presas nas árvores, serviu como suporte para os fios de náilon

com os copos que simulavam as gotas da chuva. Embaixo desta cortina de copos plásticos foi

colocada uma piscina de mil litros preenchida com copos plásticos, e um manequim para dar

ideia de afogamento. Além disso, como parte da "Tempestade plástica", mas constituindo

uma escultura móvel, um guarda-chuva foi montado também utilizando fios de náilon com

copos plásticos, para reforçar a concepção da chuva plástica.

RESULTADOS

Devido á ocorrência de "Sabor Ambiente" durante a Semana Ambiental da UEM

pode-se afirmar, que como o tema Meio Ambiente naturalmente estava sendo discutidos, a

intervenção atingiu um bom número de universitários. Nos dias 05 e 06 foram realizadas

pequenas palestras de 15 minutos aproximadamente no interior do R.U. em dias que estavam

cheios, assim aproximadamente 500 espectadores tiveram alguma conscientização a respeito

do uso excessivo e seus malefícios ambientais e na saúde, além disso como os cartazes foram

espalhas por toda universidade o alcance deve ter sido ainda maior. Com a finalização da

montagem da instalação "Tempestade Plástica", foi percebido que esta causou grande

impacto visual. Comentários positivos e negativos em relação a ela foram constatados, certos

universitários apoiaram a iniciativa e outros não, motivados pelo argumento da comodidade

do copos plásticos. Porém, discussões e reflexões quanto ao tema foram promovidas, o

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objetivo de sensibilização da comunidade universitária incluindo não integrantes que

universidade mas que almoçaram no período que a instalação estava montada foi alcançado.

Esta atitude foi a propulsora de um convite realizado pela Comissão Ambiental ao

grupo organizador do "Sabor Ambiente" de comporem a delegação representante da UEM na

Cúpula dos Povos da Rio+20, evento internacional realizado no Rio de Janeiro do dia 15 ao

dia 24 de junho, com o foco ambiental. Três integrantes do grupo foram ao evento, levando

parte da instalação para exposição: a piscina preenchida por copos, o guarda-chuva e as placas

de conscientização. No Rio de Janeiro, a instalação foi exibida na Cúpula dos Povos da

Rio+20, que ocorria no Aterro do Flamengo, no Pier Mayer, onde estava aportado o Navio do

Greenpeace, e na Praia de Copacabana. Nestes três lugares, a intervenção foi vista por muitas

pessoas de várias partes do Brasil, e elogiada. Houve contato com universitários, professores e

catadores de lixo que apoiaram a iniciativa. Foram tiradas fotos com algumas pessoas que se

interessaram pela ação. Não há dimensão de quantas pessoas foram atingidas e sensibilizadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a intervenção "Sabor Ambiente" atingiu seu objetivo, que era de

sensibilizar a comunidade universitária quanto ao uso de copos plásticos, mesmo havendo

críticas a respeito do trabalho e pessoas contra a ação. Pode-se dizer que pela participação da

intervenção na Rio+20, evento que reuniu pessoas de vários tipos de todas as partes do Brasil

e até mesmo de fora do Brasil, o alcance da intervenção foi maior que o esperado, e que esta

pode ter motivado outras atitudes relacionadas a sustentabilidade. Assim, a intervenção foi

avaliada positivamente, apesar de que a Universidade continua usando os copos plásticos.

Fazem-se necessárias novas e duradouras atitudes que retomem este conceito para que a

Universidade Estadual de Maringá adquira um postura sócio-ambiental mais sustentável, a

começar por um item básico que é a substituição do uso de copo plástico já que está provado

que o material além de causar terríveis danos ambientais também é prejudicial á saúde do

homem.

REFERÊNCIAS

BARREIRA, Luciana Pranzetti, Junior, Arlindo Philippi. A problemática dos resíduos de

embalagens de agrotóxicos no Brasil. XXVIII Congresso Interamericano de Engenharia

Sanitária y Ambiental. Cancun, México, 27 a 31 de outubro de 2002.

ARAÚJO, M. I. de O. A universidade e a formação de professores para a educação

ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental. Brasília: REBEA, n. 0. pp. 71 – 78,

2004.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA AO ESPAÇO DOMÉSTICO

ATRAVÉS DE PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA SUSTENTÁVEIS

Franciele A. C. Follador (PQ)1,

Christine Nascimento Grabaski (PQ)2,

Flávia A. Bedin Tognon(PG)3.

Palavras Chave: Sustentabilidade; Resíduos; Reaproveitamento.

INTRODUÇÃO

A quantidade de produtos de higiene e limpeza nas prateleiras dos supermercados é

muito extensa apresentando uma diversidade destes tipos de produtos que prometem uma

limpeza total, apresentando cores, aromas diferenciados e atraentes aos consumidores,

fazendo com que este gaste parte da sua renda com esta categoria de produtos. No entanto,

muitos destes possuem substâncias prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana e animal.

Podem impactar em rios, lagos, nos solos e na atmosfera, como por exemplo, os detergentes

ricos em fosfato. Outros ainda possuem cloro, que podem causar irritação à pele, aos olhos e

as mucosas além de corroer alguns tipos de metais. Outros grupos podem conter compostos

suspeitos de serem cancerígenos, além de serem de difícil degradação quando lançados ao

meio ambiente.

Segundo Ana Elisa Feliconio, os produtos de limpeza sempre estiveram atrelados a

problemas ambientais. Antes mesmo do aparecimento dos produtos sintéticos, o sabão já

apresentava o problema de deixar as águas muito alcalinas (duras), deixando também uma

película insolúvel sobre a superfície da água. Atualmente, os níveis de fosfatos nos

detergentes são controlados por lei. Entretanto, o acúmulo dessas substâncias nos rios, lagos e

praias, que recebem esgotos, pode prejudicar a vida das plantas e animais que vivem nestes

locais. Isto porque formam uma espuma branca ("cisne-de-detergente") que reduz a

penetração do oxigênio do ar na água, diminuindo assim o oxigênio disponível na água para

respiração desses seres. Os fosfatos também favorecem a multiplicação de algas vermelhas,

que em excesso também prejudicam a oxigenação da água (processo chamado de eutrofização

das águas). Outra preocupação é com a degradação do produto. Embora no país a lei

1 Profª. Doutora, Líder do Grupo de Pesquisa em Planejamento Ambiental do Sudoeste do Paraná, Coordenadora

do Curso de Medicina da UNIOESTE, Campus de Fco. Beltrão – PR. [email protected] 2 Profª. Mestre, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Planejamento Ambiental do Sudoeste do Paraná, Curso

de Economia Doméstica, Unioeste, Francisco Beltrão-Pr. [email protected] 3 Economista Doméstico. Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional – Unioeste. Bolsista Capes.

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determine que os detergentes devem ser biodegradáveis, alguns fabricantes não respeitam essa

norma (Conpet, 2006).

A atividade pretende proporcionar a comunidade carente informações para que

aprendam a manipular materiais de limpeza e higiene sustentáveis, com utilização de matéria-

prima domiciliar e reutilização de produtos, o que baixa o custo de produção. Objetiva a

reutilização de óleo, de gorduras residuais da produção de alimentos, emprego de plantas para

fins de aromatização dos produtos elaborados, melhorando o padrão destes. Indiretamente, a

existência de sabões, detergentes, shampoos produzidos com produtos naturais ou mesmo

menos agressivos ao meio, proporciona um maior bem estar as pessoas. Dessa forma, mantém

a saúde das famílias e melhora a economia familiar, estimulando outras medidas de higiene e

educação para a saúde. Indiretamente, evita-se o descarte indevido no meio ambiente de

óleos, graxas, bem como outros resíduos nocivos que possuem alto poder de poluição

ambiental, bem como substitui o uso de produtos convencionais, muito mais agressivos. A

importância social está acima justificada, enquanto a científica está pautada na capacitação

dos alunos que fazem juntamente com os professores o treinamento das pessoas das

comunidades selecionadas para a atividade.

A atividade proporcionou as comunidades carentes, uma serie de informações para que

aprendessem a manipular materiais de limpeza e higiene sustentáveis, com utilização de

matéria-prima domiciliar e pela reutilização de produtos, o que baixa o custo de produção. O

objetivo secundário porem não menos importante, dada o seu alto grau de degradação quando

lançado aos corpos de água e ao solo, foi proporcionar alternativas para se faça a reutilização

de óleo de cozinha (vegetal), de gorduras residuais da produção de alimentos, com o emprego

de plantas, cascas e folhas para fins de aromatização dos produtos elaborados, melhorando o

padrão destes. Indiretamente, a existência de sabões, detergentes, shampoos produzidos com

produtos naturais ou mesmo menos agressivos ao meio, proporciona um maior bem estar

ambiental e pessoal.

Dessa forma, mantém a saúde das famílias e melhora a economia familiar,

estimulando outras medidas de higiene e educação para o consumo e para a saúde.

Indiretamente, evita-se o descarte indevido no meio ambiente de óleos, graxas, bem como

outros resíduos nocivos que possuem alto poder de poluição ambiental, bem como substitui o

uso de produtos convencionais, muito mais agressivos. A importância social está acima

justificada, enquanto a científica está pautada na capacitação dos alunos que fazem

juntamente com a docentes, a capacitação das pessoas das comunidades selecionadas para a

atividade, sob forma de oficinas.

Os materiais utilizados eram arrecadados junto às comunidades, assim como, por

parceiros e doadores dos grupos. Existia um posto de coleta de óleo utilizado nos laboratórios

do curso de Economia Doméstica e nos grupos em que se trabalharia.

A falta de capacitação é um dos problemas regionais observados e a manipulação de

produtos de limpeza e higiene é uma necessidade em nossa região, principalmente de forma

sustentável, ou seja, utilizando produtos de baixo custo e obtendo resultados semelhantes aos

produtos industrializados e sem agredir o meio ambiente. As oficinas uniram conhecimentos

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científicos e empíricos, permitindo aos acadêmicos a experimentação in loco de trabalho de

extensão universitária para comunidades rurais e urbanas carentes, aprimorando os

conhecimentos dentro do Curso de Economia Doméstica e das ações de extensão universitária

aplicadas.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi desenvolvida através de pesquisa bibliográfica para

obtenção de conhecimentos sobre o assunto, como também para elaboração das apostilas que

foram utilizadas nas oficinas e trabalhos. As experiências das docentes coordenadoras do

projeto foram importante para corrigir possíveis problemas que ocorriam à campo devido a

não uniformização dos materiais naturais utilizados (correções de receitas).

Os materiais utilizados foram arrecadados junto as comunidades, assim como, por

parceiros e apoiadores dos grupos. A falta de capacitação é um dos problemas regionais

observados e a manipulação de produtos de limpeza e higiene é uma necessidade na região,

principalmente de forma sustentável, ou seja, utilizando produtos de baixo custo e obtendo

resultados semelhantes aos produtos industrializados e sem agredir o meio ambiente. As

oficinas, portanto, uniram conhecimentos científicos e os empíricos, pela intensa participação

dos treinandos, permitindo também, aos acadêmicos, a experimentação in loco de trabalho de

extensão universitária para comunidades rurais e urbanas carentes.

No decorrer do projeto houve o treinamento dos discentes, que atuaram como

capacitadores nas atividades promovidas em bairros, comunidades rurais, oficinas em escolas

(Casa Familiar Rural, Colégio Agrícola, Centro de Educação de Jovens e Adultos e APMIs).

Realizou-se pesquisa de campo,concomitantemente às oficinas, com visita aos locais

de aplicação do curso, conversas informais sobre resíduos gerados pela unidade familiar,

formas de disposição correta, reciclagem, entre outros ligado à temática e à problemas

sentidos localmente. As atividades foram feitas nos municípios de Francisco Beltrão,

Marmeleiro, Salgado Filho, Manfrinópolis, São Jorge do Oeste, Bom Jesus do Sul, atendendo

a convites dos interessados, além dos espaços escolares já citados (Unioeste, CFR, CEBEJA,

Colegio Agrícola).

Ao final de cada curso foram avaliadas as atividades, assim como dividido e doados os

produtos para que os participantes usassem em casa, motivando-os na adoção das tecnologias

apreendidas.

RESULTADOS

A realização do projeto e a aproximação entre novos parceiros como as comunidades

rurais e associações de agricultores e agricultoras, ampliou espaços para execução de

atividades ligadas à educação ambiental rural e urbana,através das oficinas trabalhadas em

forma de educação popular. Atividades ligadas a aspectos de saneamento ambiental, educação

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para a saúde, dentre outros, poderão ser desenvolvidas em médio prazo, inseridas nesta e em

outras experiências construtivistas.

Durante a realização do projeto além da capacitação dos discentes, houve a aplicação

do curso em algumas comunidades, tendo ultrapassado mais de 460 pessoas participantes.

Preconizou-se formas de se efetuar a limpeza e a higiene de maneira ecológicas

através do resgate e repasse de ações como: Usar métodos mecânicos como varreção da

sujeira com vassouras, uso do aspirador de pó e do pano de pó. Eles diminuem a necessidade

do uso de produtos químicos fortes; Evitar adquirir produtos com componentes como cloro,

formaldeído e solventes. É importante não comprar produtos clandestinos, sem embalagem

própria ou rótulo. Resgatar o hábito do uso da água quente combinada com produtos caseiros

e igualmente eficientes. Exemplos: a) Vinagre: tira manchas de tecidos, neutraliza odores

fortes, remove gordura e limpa azulejos, fogões e panelas. b) Bicarbonato de Sódio: serve

para limpar pias, bidês e vasos sanitários em banheiros. Também substituir o cloro na

remoção de limo. Basta deixá-lo agir por uma hora e depois retirar o limo com uma mistura

de suco de limão e sal; Na hora da faxina, trapos, por sua vez, devem ser preferidos a toalhas

descartáveis; Reaproveitar pedaços de sabões velhos. Siga os seguintes passos: Misture os

pedaços de sabões com um punhado de açúcar e vinagre. Derreta em banho-maria, misturando

bem. Coloque num vasilhame e deixe endurecer por dois dias; Procurar conhecer e testar os

produtos de limpeza ecológicos; Divulgar para parentes e amigos os bons produtos e as boas

práticas de limpeza que conhecer (Waldman; Schneider, 2000; Gerolla, 2005).

Essa fase foi enriquecedora, pois que muitas receitas de família foram resgatadas e

relembradas pelos participantes adultos, como também avaliadas quanto à efetividade da ação

desejada. Participantes relatavam ao final das oficinas, que voltariam a usar algumas técnicas

que estavam em desuso. Algumas considerações foram feitas de forma oral, pelos

participantes, considerando o poder do marketing em que o produto industrializado e

processado é apresentado como superior aos saberes populares. Durante a apresentação desta

proposta, que é um projeto de extensão universitária (e não de pesquisa), no evento anual

SEU, uma participante da plateia onde o trabalho foi apresentado, moradora de município do

Sudoeste atendido pela proposta, efetuou um relato em plenária, afirmando que em seu

município as pessoas voltaram a elaborar os produtos em suas casas após as oficinas. Esse é

um feedback positivo e espontâneo, que reafirma a validade da proposta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ressaltar que a poluição das águas ocorre não apenas pelo despejo individual de

substancias não degradáveis, mas também pela reação química resultante da soma dos

inúmeros produtos de limpeza que são utilizados nas residências, como: detergentes, sabão

em pó, amaciante, sabonete, shampoos, cremes dentais, desinfetantes, limpa-vidros, água

sanitária (com 2% de cloro ativo), amoníaco, desodorizadores de ambientes, dentre outros.

Essa combinação potencializa os impactos sobre a qualidade das águas, sobre a fauna e flora

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dos ecossistemas, assim como aumenta o perigo para as populações que consumirem estas

águas ou se alimentarem desses animais aquáticos posteriormente (Branco, 1990).

Constata-se cotidianamente o potencial perigo que os produtos de limpeza sintéticos

possuem e seus efeitos à saúde humana, ao meio ambiente e a economia global, pois é mais

caro despoluir que evitar a degradação ambiental. Dessa forma, indica-se o uso moderado,

cuidadoso e, de preferência a substituição gradual dos produtos convencionais por produtos

alternativos, como os desenvolvidos no projeto, que são menos agressivos, diminuindo o

impacto ao meio ambiente, preservando a saúde das pessoas, melhorando a economia familiar

e desenvolvendo um ambiente saudável e sustentável.

REFERÊNCIAS

WALDMAN, M.; SCHNEIDER, D. M. Guia Ecológico Doméstico. São Paulo: Contexto,

2000.

Gerolla, G. Limpeza sem química: química forte irrita a pele e o ambiente. A Folha de São

Paulo, 11/09/2005.

BRANCO, S. M. Natureza e agroquímicos. São Paulo: Ed. Moderna, 1990.

CASTROVIEJO, T. C. Conservantes. In:

http://www.veraloe.com.br/cassiopeia/pt/curiosidades.asp#1

CONPET. Adote Produtos de Limpeza Naturais. In

http://www.conpet.gov.br/comofazer/comofazer_int.php?segmento=consumidor&idcomofaze

rserie=70

JURAN, V. El detergente bactericida una amenaza para la vida. In:

http://www.terra.org/articulos/art01014.html

Cartilha alerta para os riscos de produtos de limpeza clandestinos. Clorosur: 08/09/2005,

In: http://www.clorosur.org/?a=noticias_details&id=51

Anvisa intensifica ações contra comércio de produtos de limpeza clandestinos, que

representam um perigo para a saúde. In:

http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22743

Informações sobre as embalagens dos produtos de limpeza, também chamados

saneantes. In: http://www.anvisa.gov.br/cidadao/saneantes/index.htm

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SEMANA DO MEIO AMBIENTE DO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS DO OESTE-PARANÁ

Rejane Vogt Anderle(TC)1,

Luciano André Schaefer(TC)2,

Rosalene Hentges(TC)3.

Palavras Chave: Ambiente; comprometimento; comunidade.

INTRODUÇÃO

Embasado em estudos feitos a partir de um olhar crítico sobre a comunidade

entrerriense percebeu-se que ao ouvir falar em meio ambiente, a tendência é pensar nos

inúmeros problemas enfrentados na esfera global, em grandes catástrofes, espécies em

extinção, países negligenciadores, aquecimento global, entre outros; levando o senso comum

a vê-los como problema das grandes instituições e poder público, redimindo a população de

qualquer culpa e responsabilidade.

Assim sendo, apesar de ser tema amplamente badalado pela mídia, o meio ambiente

não tem sido tratado com a devida importância e da forma mais adequada, no dia a dia, pelos

cidadãos em geral.

A necessidade de um olhar comprometido e de ações concretas acerca deste assunto

vem crescendo dia após dia de forma que não seja mais admissível apenas discursos

demagógicos e enfeitados por parte de qualquer pessoa, pois, todos são parte integrante do

ambiente.

Notou-se a extrema importância em criar uma mentalidade de interação e respeito ao

meio em que se vive, às pessoas, às relações homem/ambiente e homem/homem, na busca de

equilíbrio global para que haja uma convivência harmoniosa entre os seres no planeta.

Neste enfoque, criou-se o projeto “Semana do Meio Ambiente”, envolvendo os

variados segmentos da comunidade, numa perspectiva interativa projetada no bem estar de

todos.

METODOLOGIA

Inúmeras atividades foram desenvolvidas ao longo da semana alusiva ao Meio

Ambiente (05.06.13 a 10.06.13) envolvendo, desde os pequenos do CMEI,alunos das escolas

do município, clube de mães, os cidadãos da comunidade em geral, Lions Clube, Pastoral da

1 Professora especialista em Psicopedagogia, Gestão Escolar e Gestora de Educação Ambiental. Entre Rios do

Oeste-Paraná. [email protected] 2 Especialista em Engenharia de Pesca e Gestor de Educação Ambiental. Entre Rios do Oeste-Paraná.

[email protected] 3 Especialista em Educação Ambiental e Gestora de Educação Ambiental. Entre Rios do Oeste- Paraná.

[email protected]

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140 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

Criança, Núcleo de Turismo, autoridades como vereadores, secretários e Prefeito; além das

secretarias municipais que tiveram participação direta nos trabalhos realizados sob olhar de

respeito e compromisso dos mesmos.

Cada grupo desenvolveu, dentro das suas possibilidades, atividades inerentes

ao meio ambiente( atividades seguem na Tabela1), as quais foram discutidas em grupo,

segundo as prioridades pensadas pelo mesmo e posteriormente executadas.

Dentro da proposta, cada grupo fica responsável, no decorrer do ano, pela

continuidade da ação proposta.

Assim, o comprometimento está assegurado e consequentemente o projeto renderá

frutos.

Tabela 1: Atividades e entidades

Atividades Entidade responsável

Pedágio Ambiental FEA/Itaipu

Lançamento da Campanha “Lixo Eletrônico” Secretaria de Planejamento

Arrastão de Limpeza Centro de Convivências

Adote um canteiro Clube de Mães

Concurso de frases, textos e desenhos Secretaria de Educação e Cultura

Cartilha “Dengue? Tô fora!” Secretaria de Educação e Cultura

Teatro “ Dengue” Centro de Convivências

Oficina de Dengue na Escola Agentes de Endemias

Plantio de mudas ornamentais e jardins Escola Municipal

Plantio de Palmeiras ornamentais no C.

Eventos

Câmara de Vereadores e Lions Clube

Palestra: Doenças causadas pelo lixo Gestores de Educação Ambiental

Lançamento da “Mina Modelo” Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente

Trilha na Base CMEI

Brincando com sucata CMEI/FEA

Conhecendo o Rio São Francisco Gestores de Educação Ambiental

Plantio de orquídeas na Praça Lions Clube e Núcleo de Turismo

Atividades lúdicas e pipocada Secretaria de Esportes e Pastoral da Criança

Recolha do Lixo Eletrônico Secretaria do Planejamento

Caminhada Ecológica Gestores de Educação Ambiental

Entrega da premiação do Concurso de

Fotografias

Gestores de Educação Ambiental

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Soltura de Peixes Itaipu e CMEI

Entrega da premiação do concurso de frases,

textos e desenhos

Secretaria de Educação e Cultura

Fonte: Prefeitura Municipal

RESULTADOS

Os resultados foram proveitosos e muito satisfatórios, uma vez que os participantes

entenderam o espírito do projeto e encamparam a idéia, tomando para si as responsabilidades

de zelar pelo que foi realizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensando nos resultados e na proposta do Projeto, é importante ressaltar que a

verdadeira Educação Ambiental somente acontece se o cidadão se torna autor da história, ou

seja, esteja incluso conscientemente na construção histórica dos fatos e verdadeiramente

engajado na questão ambiental.

REFERÊNCIAS

Prefeitura Municipal.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESTRUTURAS EDUCADORAS

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APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS E SUAS

CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DA

COMUNIDADE ESCOLAR Gustavo H. Reis (IC)

1

Fabiana Brandelero (IC)2

Laysa S. Pereira (IC)3

Anelize Q. Amaral (PQ)4

Krischina Toregeani (IC)

5

Aline Alves da Silva (IC)6

Aline Viana (IC)7

Mariane Zelinski (IC)8

Resumo: A pesquisa desenvolvida se deu através de uma atividade extensionista que buscou levar até a

comunidade escolar, novas práticas técnicas e atitudes para uma alimentação saudável por meio do

reaproveitamento dos alimentos. O trabalho se deu em uma escola pública do município de Cascavel, onde

dentro da cozinha da escola trabalhou-se com a capacitação profissional com as cozinheiras, através da

preparação de alguns pratos alternativos utilizando restos de ingredientes e alimentos que a escola usa para

fornecer a merenda escolar. A pesquisa foi além e buscou também analisar algumas práticas que a escola possui

para com a questão do resíduo orgânico proveniente da cozinha, e da conscientização de alunos e funcionários

para as questões sociais, ambientais e econômicas que juntas estão interligadas quando pensamos em práticas de

reutilização, afinal o desperdício de toneladas de recursos alimentares é uma realidade, visto que o uso integral

dos alimentos ainda é uma prática pouco estimulada nos lares como também nas escolas brasileiras. Contudo

ainda se percebe algumas dificuldades e barreiras que impedem muitas vezes o desempenho das cozinheiras para

com esse tipo de prática, como também alguns pontos onde a escola peca, no sentido de falta de compromisso

com algumas causas e incentivo para uma prática ambientalmente correta.

Palavras chaves: Reutilização dos alimentos, Nutrição, Conscientização Ambiental.

Abstract: The search was desenvolved through extensionary activity that brought to school community new

practices and behavior to health nourishment with reuse food. The work was desenvolved on a public school in

Cascavel city and made a professional capacity with the cookies, through some alternatives dishes using

remainder ingredients and foods that the school uses to provide scholar light lunch. The search was far and

looked to analyses some practices that the school have with the organic residual kitchen provides, as like as the

students and employees sensibility for environmental questions, considering the use of all the food, be in

Brazilians homes or schools, are slightly stimulated. However, some difficulties and barriers often hinders the

cookies fulfillment with this practices are visible and also some points where the schools misses, being lack of

commitment with some causes and persuasive to a correct environmental practice.

Key-words: Reuse food, nutrition, environmental awareness.

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INTRODUÇÃO

A alimentação é um aspecto fundamental para a manutenção da saúde e a prevenção

de doenças. A seleção dos alimentos influência a saúde física do indivíduo quanto os tipos e a

quantidade de alimentos ingeridos (FRIEDRICH, 2003).

Mais do que informações, é fundamental a sensibilização das pessoas para o cuidado

com a própria alimentação e saúde. Utilizar o alimento em sua totalidade significa aproveitar

todo o potencial nutritivo do alimento tais como as folhas, cascas, talos, entrecascas e

sementes a fim de usar os recursos disponíveis sem desperdício, respeitando a natureza e

alimentar-se bem, com prazer e dignidade (SESI, 2004).

O desperdício é um sério problema a ser resolvido na produção, armazenamento

inadequado e transporte de alimentos, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em

desenvolvimento. O crescimento da população mundial, mesmo que amparado pelos rápidos

avanços da tecnologia, nos faz crer que o desperdício de alimentos é uma atitude injustificável

(SESC, 2003).

A falta de consciência de alguns indivíduos são fatores que contribuem para a fome no

país, para sustentar a crescente população mundial, será preciso duplicar a produção de

aimentos, porem nossas sáfras não vem acompanhando o ritimo suficiente para saciar a fome

da população crescente. Assim, algumas mudanças de hábitos alimentares, como também o

melhor uso e aproveitamento dos alimentos, surgem como algumas soluções remediadas para

a problemática atual. A conscientização e o reaproveitamento dos alimentos se dão através da

educação nutricional e educação ambiental, são áreas de estudos que juntas ajudam a reverter

o quadro alimentar do individuo e da sociedade. A mudança é um processo lento, porem

ações de sensibilização pode ocorrer em espaços formais e informais, tendo em vista que a

educação se mostra hoje em dia indispensável, já que vivemos em tempos de disparidades

socioeconômicas e socioambientais como a fome mundial, o desperdício de alimentos e a

produção de resíduos.

Apesar de o Brasil ser considerado um país rico em diversidade e quantidade de

alimentos produzidos, milhares de brasileiros passam fome, e aproximadamente 20% dos

grãos e 30% das hortaliças são desperdiçadas. A falta de hábitos em se utilizar

adequadamente os alimentos, aproveitando praticamente todas as suas partes é um dos

motivos do desperdício (FUCKNER et al, 1996).

O combate ao desperdício pode começar de maneiras bem simples, como através do

reaproveitamento das partes tradicionalmente não usadas dos alimentos. Apesar de algumas

partes de alimentos serem muitas vezes consideradas não comestíveis, saborosas ou pouco

apresentáveis, é preciso conhecer seu valor nutritivo, uma vez que podem ter quantidade igual

ou superior de nutrientes quando comparado às partes que costumeiramente são consumidas

(RADAELLI, 2009).

O processo de educação nutricional deve ser iniciado o quanto antes, “[...] quanto mais

cedo os hábitos saudáveis forem ensinados, melhor será a manutenção futura, sem a sensação

de ser um castigo” (ANGELIS, 2003, p. 67). A instituição de ensino, geralmente a escola

onde a criança está matriculada, é um espaço privilegiado para a troca de saberes, e para a

implementação de práticas alternativas, promovendo assim uma nova visão ética, e instigando

novos hábitos e costumes (MELO, 2003). Sendo assim, a prática da alimentação saudável e

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do consumo de partes de legumes e verduras, por exemplo, deve ser desenvolvida no

ambiente escolar.

Uma alimentação composta por alimentos aproveitados integralmente torna-se mais

rica e variada, apresentando um alto valor nutritivo, com custo reduzido, um paladar

regionalizado, preparo rápido e permite, ainda, várias combinações e apresentações

(FRIEDRICH, 2003).

Os aspectos presentes na educação nutricional também existem na educação

ambiental, estimulando o menor desperdício de materiais e o aproveitamento integralmente

dos nutrientes contidos nos alimentos que em geral são descartados. Porém com um pouco de

criatividade e conscientização o que antes tinha como destino o lixo, passa a ser a refeição

principal de muitas famílias (HARVARD, 2008).

A reutilização dos alimentos reflete diretamente na questão ambiental quando

analisamos a produção e destinação de alguns residuos, principalmente orgânicos. Muitas

escolas e instituições de ensino não possuem uma alternativa sustentável e ambientalmente

correta para lidar com a destinação do lixo oriundo da cozinha. Consequentemente temos um

cenário de descaso, ondeo lixo orgânico, como resto de folhas, cascas e talos, muitas vezes

acabam se misturando com os demais residuos que são destinados de forma incorreta.

Recorrendo a Filho (2004):

O Brasil gera, diariamente, cerca de 100 mil toneladas de lixo. Desse total, a maior

parte – aproximadamente 60% – é constituída de material orgânico, isto é, restos de

frutas, legumes, verduras e alimentos, em geral. Entretanto, essa sendo ignorada.

Para se ter uma idéia, no país todo, apenas 1% da parcela orgânica presente no lixo é

reciclada (2006, p. 1).

Contudo, quando temos uma redução na produção de residuos devido à reutilização

de alguns alimentos temos também uma diminuição do lixo gerado, como também

disperdiçado, já que sabemos que o residuo orgânico pode fazer parte do processo de

compostagem, isso quando a escola possui alguma composteira ou se preocupa com esta

questão, o que muitas vezes não é a realidade.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido com as merendeiras em uma escola estadual do

município de Cascavel, PR. Algumas receitas foram selecionadas, receitas salgadas e doces

que tivessem como base a reutilização de alguns aluimentos como folhas e talos, e casacas de

vegetais e frutas, dessa forma entrelaçando a questão do reaproveitamento de alimentos

através de alguns pratos preparados na cozinha da escola.

Todas as receitas foram baseadas nos ingredientes que a escola possuía, vindo do

estoque da merenda escolar, como também de algumas hortaliças cultivadas na horta da

instituição.

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Figura 1: Equipe de trabalho. Figura 2: Degustações feitas na escola.

Durante a tarde foram preparadas quatro receitas sendo elas: Um bolo feito a partir de

cascas de laranja, também preparados kibs assados que em sua receita utilizou-se de restos de

beterrabas ralados, com a couve preparou-se um suco de couve com limão.

Por fim, preparou-se uma farofa de talos, reaproveitando os talos de legumes e

verduras usados nas outras receitas. Assim que prontos os pratos foram submetidos à

degustação de funcionários e alguns alunos da escola.

RESULTADO E DISCUSSÕES

Após o desenvolvimento do trabalho realizado ficou claro que falta de conhecimento

sobre as propriedades nutricionais dos alimentos, somada a desinformação e falta de

capacitação de profissionais da área da cozinha da escola se mostrou ser um dos fatores que

levam ao desperdício de alimento.

Em relação ao conhecimento ao que se refere à prática da reutilização, é perceptível

que as cozinheiras da escola entendem perfeitamente o que se refere, tal afirmação fica clara

no gráfico a seguir.

O gráfico 1, apresenta o que os entrevistados entendem por reaproveitamento de

alimentos, conforme abaixo:

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Gráfico1: O que você entende por reaproveitamento de alimentos.

Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.

Com (33%) das respostas é evidente que quando se trata de reaproveitamento de

alimentos o reaproveitamento de verduras e legumes é o mais lembrado. Logo com (21%)

aparece a questão da riqueza nutricional que através do reaproveitarmos muitos alimentos

conseguimos alcançar, seguido por (17%) que alegam que o reaproveitamento é a utilização

por completa do alimento sem qualquer desperdício, o que não é uma verdade absoluta, afinal

temos várias frutas, verduras, legumes entre outros, que não podem ser consumidos por

completos devido suas propriedades que fazem com que a má preparação possa vir a ser

prejudicial ao ser humano.

A questão econômica, bastante importante também foi citada, afinal quando

reutilizarmos estamos evitando assim consumir outros alimentos, gerando assim uma

economizada na renda destinada para a alimentação. Por fim, empatados com (8%) das

respostas, consideram reutilizar os restos de panelas e outros (8%) não souberam responder.

Quando perguntadas se possuem o hábito de reaproveitar o alimento em casa, o grande

percentual de respostas negativas demostrou através desta afirmação que a prática ainda é um

tabu não só dentro da cozinha da escola como também dentro de suas próprias casas.

O que você entende por reaproveitamento de alimentos?

Reaproveitamentode cascas, talos efolhas

Utilização doalimento semnenhum desperdicio

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Gráfico 2: Você tem o hábito de reaproveitar os alimentos.

Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.

Por outro lado (46%) funcionárias que responderam possuir esse hábito citaram a

reutilização do arroz em preparações de bolinhos, e o uso da casca de abacaxi pra fazer sucos,

como as principais receitas usadas.

Contudo é importante ressaltar que muitas vezes a prática do reaproveitamento na

escola se faz desnecessária, pois a merenda escolar atualmente é comporta grande parte, por

alimentos industrializados e enlatados, o que dificulta o incentivo da prática, e a preparação

dos pratos.

Eles são bastante práticos, pois já vêm prontos ou semi prontos. Entretanto, para

conseguir a praticidade e durabilidade dos produtos, os fabricantes se utilizam de milhares de

aditivos químicos o que acaba por comprometer a saúde nutricional de todos que se

alimentam da merenda da escola.

Todos podem melhorar a qualidade nutricional de suas refeições, utilizando as partes

dos alimentos que, muitas vezes, por falta de informações, ou preconceitos são jogadas no

lixo. Essas partes dos alimentos, em sua maioria, são as que contêm maior concentração de

nutrientes, além de modificarem os sabores e darem colorido aos pratos. Os resultados são

positivos sob vários aspectos: obter uma boa alimentação, causar menor sobrecarga de

exploração do meio ambiente, de combate ao desperdício, e de disseminar uma inovação

educativa para um consumo sustentável (VILHENA, 2007).

Para Placido e Viana (2012), “é possível modificar hábitos alimentares e ambientais,

inserindo a prática do aproveitamento integral dos alimentos em escolas e a nível doméstico,

diminuindo o desperdício de alimentos e aumentando o valor Nutricional de sua alimentação”.

Sendo assim, uma orientação por parte da escola pra a reutilização da comida acaba

sendo antagônica com a situação dos alimentos que a escola possui na dispensa. Essa ainda é

principal barreira para a questão tratada.

Nesse sentido é necessário também aprofundar a discussão sobre qual é o papel da

merenda escolar, e qual sua real contribuição para uma alimentação saudável e mais rica.

Você tem o hábito de reaproveitar os alimentos nas preparações feitas em casa? Se sim, cite algumas

preparações.

Sim

Não

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Porem a orientação da escola é fundamental, não só para com a reutilização dos

alimentos dentro das cozinhas, mas também para com a destinação dos resíduos orgânicos

produzidos.

Nesse ponto a escola falha, pois não possuem nenhuma maneira alternativa para

viabilizar a destinação dos resíduos orgânicos, como também falta a instrução para com as

cozinheiras. A afirmação fica clara nas respostas obtidas através das seguintes perguntas.

Gráfico 3: A escola possui compoteira orgânica.

Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.

Tradicionalmente a compostagem é vista como uma prática usual em propriedades

rurais e centros de reciclagem de resíduos. Porém a prática pode ser implantada em qualquer

meio, inclusive em uma escola.

A compostagem é um processo que pode ser utilizado para transformar diferentes tipos

de resíduos orgânicos em adubo que, quando adicionado ao solo, melhora as suas

características físicas, físico-químicas e biológicas. A técnica da compostagem foi

desenvolvida com a finalidade de acelerar com qualidade a estabilização (também conhecida

como humificação) da matéria orgânica (OLIVEIRA, AQUINO e NETO 2005).

Hoje, no espaço urbano existe a crença de que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e

despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Mesmo atualmente ainda existe

uma falta de esclarecimento para com a questão da destinação do lixo, onde muitos não sabem

onde o resíduo produzido em sua casa acaba sendo destinado.

Diante deste quadro percebe-se que a problemática do lixo é uma abordagem pouco

preocupante quando não temos a mínima noção da gravidade do problema, assim deixamos de

lado a crítica para com a destinação incorreta, produção de resíduo e ineficácia de aterros

sanitários, pois seguimos o normalismo de viver com as questões do lixo apenas no momento

em que estamos vendo e lidando com ele.

Contudo são de extrema importância as práticas ambientais que a escola possui, pois

devem servir de exemplo e refletir uma realidade de mudanças.

A escola possui composteira orgânica?

Não Não souberesponder

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De acordo com Dias (2000), a educação ambiental, por ser interdisciplinar, por lidar

com a realidade, por adotar uma abordagem que considera todos os aspectos que compõem a

questão ambiental (socioculturais, políticos, científico-tecnológicos, éticos, ecológicos, entre

outros), por considerar que a escola não pode ser um amontoado de gente trabalhando com

outro amontoado de papel; por ser catalisadora de uma educação para a cidadania consciente,

pode e deve ser o agente otimizador de novos processos educativos que conduzam as pessoas

por caminhos em que se vislumbre a possibilidade de mudança e de melhoria do seu ambiente

total e da qualidade da sua experiência.

O gráfico 4, apresenta a destinação dos resíduos orgânicos provenientes da cozinha da

escola.

Gráfico 4: Destinação dos resíduos orgânicos.

Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.

O lixo orgânico produzido na escola é então destinado de forma incorreta no lixo

comum.

Esporadicamente tem-se a prática de enterrar o lixo na horta, mas essa atitude não é

muito comum afinal não existe nenhuma cobrança por parte da direção, como também o

espaço da horta encontra-se boa parte do ano em desuso.

Em outras palavras, esclarecemos que para o exercício desta prática, com certeza, será

necessário romper certas atitudes, unindo a Educação Ambiental nas suas dimensões:

políticas, econômicas, éticas e culturais (CARNIATTO; AMARAL; VALDAMERI, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o trabalho desenvolvido, foi imensa a aceitação e aprovação dos pratos que foram

provados por funcionários e alunos da escola. Em apenas uma tarde de aplicação e

desenvolvimento das atividades foi considerável e perceptível à redução do lixo gerado

Qual a destinação dos residuos orgânicos provinientes da cozinha da escola?

Enterrados

Jogados no lixo

Não souberesponder

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durante as preparações, como também um aumento no valor nutritivo das receitas oferecidas

para os alunos.

Contudo a escola ainda precisa reavaliar a questão da destinação dos resíduos. A

diretora da instituição se mostrou futuramente compromissada com a questão.

Por fim, através das preparações foi possível sensibilizar as cozinheiras a respeito da

reutilização de alimentos como também quebrar alguns “tabus” logo após os alunos

saborearam os pratos.

Um caderno de receitas foi doado para a escola, e as cozinheiras passarão pelo menos

durante um dia da semana a fazer alguma receita utilizando a reutilização de alimentos.

REFERÊNCIAS

ANGELIS, R. C. Riscos e Prevenção da Obesidade: Fundamentos Fisiológicos e

Nutricionais Para Tratamento. São Paulo: Atheneu, 2003.

CARNIATTO, I.; AMARAL, A. Q.; VALDAMERI, A.; Educação Ambiental na Separação

de Resíduos; Revista Catedral, vol.184; pg.36, Cascavel, 2012.

Dias, G. F.; Educação ambiental: princípios e práticas. 6. ed. Gaia, São Paulo, Brasil,

552pp.,2000.

FILHO, M.M; Reaproveitamento de sobras e rejeitos ainda é pouco valorizado; Problemas

Brasileiros; vol. 362, SESC, São Paulo, 2004.

FRIEDRIC, Nelton Miguel. Receitas saudáveis das Merendeiras da BP3. Foz do Iguaçu,

2003.

FUCKNER, M; ZAWADZKI, J; CASAGRANDE, A. Importância de cascas,

HARVARD. Guia de suplementação vitamínica. Consenso do Departamento de Nutrição

de Harvard. Atualizado em maio de 2008, adaptado para português pelo site

www.saudedofuturo.com.br.

MELLO, M. M. S. Educação & Nutrição: Uma Receita de Saúde. Miranda, Hellen

Sulemam. Educação saudável. Curitiba: SENAC/Diret, 2010.

OLIVEIRA, A. M. G.; AQUINO, A. M.; NETO, M. T. C. Circular Técnica 76:

Compostagem Caseira de Lixo Orgânico Doméstico. Dezembro, 2005.. Disponível em:

http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/circulares/circular_76.pdf Acesso em: 25/04/2013.

PLACIDO, V.N., VIANA, A.C. Aproveitamento Integral do Alimento como forma de

Educação Nutricional, diminuição do desperdício e desenvolvimento social. VII CONNEPI

Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Palmas, Tocantins, 2012.

RADELLI, P. Educação nutricional para alunos do ensino fundamental. Brasília:

Ministério da Saúde, 2001. 126 p.

SESC. Aproveitamento integral de alimentos. Rio de Janeiro: SESC/DN, 2003.

SESI. Alimente-se Bem com R$ 1,00. 8 vol.; Editora. SESI; São Paulo, 2004.

talos e folhas na alimentação. Curitiba: EMATER, 1996

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TECNOLÓGICA. Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Universidade Tecnológica

Federal do Paraná, 2007.

VILHENA, M. de O. Aproveitamento integral de alimentos orgânicos: arte culinária verde. II

JORNADA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E

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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO

ENSINO/APRENDIZAGEM PARA OS CURSOS TÉCNICOS

PROFISSIONALIZANTES 1

Mara Adriane Scheren (PFM)2,

Luciane Sippert (PQ)3.

Resumo: este trabalho foi realizado com objetivo de mostrar o quão importante é para os alunos as visitas

técnicas como método didático para unir a teoria com a prática e facilitar o aprendizado. Essa visita foi realizada

na estação de tratamento de água 3 (ETA 3) da Companhia de Saneamento o Estado do Paraná,em Cascavel no

Paraná. Os alunos do primeiro e segundo ano integrado do curso técnico em Administração do Centro

profissionalizante Pedro Boaretto Neto – CEEP – em Cascavel no Paraná, participaram da visita e da pesquisa

apontando índices de alto interesse, aprendizado e rendimento após a mesma. Esse tipo de metodologia também

pode ser recomendado para alunos que não sejam de cursos profissionalizantes, pois conduzem o aluno ao

contato direto da teoria com a prática, elucidando pontos negativos.

Palavras Chave: aprendizagem, tratamento de água, qualidade de água.

Abstratac: This study was conducted to show how important it is for students to technical visits as didactic

method to unite theory with practice and facilitate learning. This visit was conducted in water treatment station 3

(ETA 3) Sanitation Company of the State of Paraná, Paraná Rattlesnake. Students in first and second year

integrated course in technical vocational Center administration Boaretto Pedro Neto - CEEP - Rattlesnake in

Paraná, participated in the visit and research pointing to high interest rates, income and learning afterwards. This

type of methodology can also be recommended for students who are not professional courses, as they lead the

student to direct contact between theory and practice, elucidating negative points.

Keywords: learning, water treatment, water quality.

INTRODUÇÃO

Sob a influência das discussões que têm surgido, nos últimos anos, na psicologia,

sociologia, antropologia e educação, houve uma mudança de visão do que seja o processo de

ensino/aprendizagem.

A cultura de ensinar/aprender dos professores refere-se ao mundo subjetivo destes

em termos do que lhes parece ser saliente, a maneira como se percebem e como percebem seu

trabalho, isto é, o que eles sabem, sentem, fazem e como interpretam o seu fazer (FEIMAN-

NEMSER e FLODEN,1986). Nesse sentido, as crenças dos professores, que são parte

1 Visita técnica realizada a Companhia de Saneamento do Estado do Paraná - SANEPAR – Estação de

Tratamento de água 3 ( ETA), Cascavel, PR, com os alunos do Centro Estadual Profissionalizante Pedro

Boaretto Neto – CEEP, Cascavel, PR. 2 Mestre em Agronomia, Profª dos cursos Tecnólogo em Gestão Ambiental - UNIVEL – PR e Técnico

em Química – SEED/PR e Consultora Ambiental. [email protected]. 3 Profª. Mestre em Educação nas Ciências, Coordenadora de extensão da FAÍSA FACULDADES.

Santo Augusto- RS. [email protected].

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integrante de sua cultura de ensinar/aprender, definidas por Barcelos (2001) como as opiniões

e idéias que os mesmos têm a respeito do processo de ensino e de aprendizagem,

constituindo-se, portanto, em fortes indicadores de como as pessoas agem.

É importante perceber, no entanto, que as opiniões e ideias que os professores têm a

respeito do processo ensino/aprendizagem, bem como as suas ações não são meros resultados

de suas escolhas individuais face às demandas de sala de aula, uma vez que a sua cultura de

ensinar/aprender é resultante, entre outras coisas, do longo processo histórico de formação do

imaginário social.

No dia 05 de agosto de 2008 foi realizada uma visita técnica à estação de tratamento

de água 3 (ETA-3), da cidade de Cascavel com o objetivo de conhecer o tratamento da água

consumida pelos cascavelenses.

Como se sabe, são requisitos para o estudo da potabilidade da água os requisitos de

qualidade, padrões de qualidade da água e poluição das águas. Os requisitos de qualidade de

uma água são função de seus usos previstos. E os padrões de potabilidade estão diretamente

associados à qualidade da água fornecida ao consumidor, ou seja, na própria ligação

domiciliar. Os padrões de potabilidade foram definidos na Portaria n 36 de 19/01/1990 do

Ministério da Saúde (Sperling, Von M. 1996).

Entende-se por poluição das águas a adição de substancias ou de formas de energia

que direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d’ água de uma maneira tal que

prejudique os legítimos usos que dele são feitos.

Dessa maneira, tratamento de Água é um conjunto de procedimentos físicos e

químicos que são aplicados na água para que esta fique em condições adequadas para o

consumo, ou seja, para que a água se torne potável. O processo de tratamento de água a livra

de qualquer tipo de contaminação, evitando a transmissão de doenças (Andreoli, 2000).

Participaram da visita os alunos do primeiro ano integrado e segundo ano integrado do

curso técnico em Administração do Centro Estadual Profissionalizante Pedro Boaretto Neto

de Cascavel no Paraná.

Essa visita também foi vinculada ao estudo da disciplina de química inorgânica e

orgânica pelos alunos em questão; com o intuito de unir a teoria do estudo da química à sua

prática, realizando dessa maneira uma interação entre o mundo teórico e o prático, tanto que a

disciplina de química é vista pelos alunos como que “um tanto chata” e “complicada”.

METODOLOGIA

A estação de Tratamento de Água de Cascavel (ETA 3) - SANEPAR

A metodologia aplicada foi a observação do tipo de tratamento usado na estação de

tratamento de água – SANEPAR. Os alunos visitaram toda a área que compreende a unidade

de tratamento, observaram e ouviram explicações sobre cada método de tratamento feito pelo

técnico que nos recebeu.

Abaixo estão representadas algumas fotos da visita técnica realizada com os alunos

sobre os métodos de tratamento que a Companhia de Saneamento do estado do Paraná –

SANEPAR utiliza.

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Numa estação de tratamento de água, o processo ocorre em etapas:

Primeiramente a água é captada na sua forma natural (bruta) em mananciais (nascentes

de rios) ou poços subterrâneos e direcionada por meio de enormes tubulações para as ETAs.

No tanque desarenador é removida a matéria sólida de natureza inorgânica (em geral,

partículas de areia carreadas pelas águas pluviais) ou que vem no momento de captação da

água do rio para a estação de tratamento.

A coagulação ocorre quando a água na sua forma natural (bruta) entra na ETA, ela

recebe, nos tanques, uma determinada quantidade de sulfato de alumínio. Esta substância serve

para aglomerar (juntar) partículas sólidas que se encontram na água como, por exemplo, a

argila.

Em seguida a coagulação ocorre a floculação, em tanques de concreto com a água em

movimento, as partículas sólidas se aglutinam em flocos maiores.

A decantação é o terceiro passo no processo de tratamento da água, é feito em tanques

onde a ação da gravidade, forma flocos com as impurezas e as partículas ficam depositadas no

fundo dos tanques, separando-se da água.

A filtração é um dos processos físicos finais, onde a água passa por filtros formados por

carvão, areia e pedras de diversos tamanhos dentro dos tanques. Nesta etapa, as impurezas de

tamanho pequeno ficam retidas no filtro.

A desinfecção esta associada ao tratamento microbiológico, onde é aplicado na água

cloro ou ozônio para eliminar microrganismos causadores de doenças. Em seguida adiciona-se

flúor na água para prevenir a formação de cárie dentária em crianças.

O processo de tratamento da água realizado pela SANEPAR é finalizado com a

correção do Ph. Se o Ph estiver fora dos padrões estipulados pela legislação para potabilidade

de água, é aplicada na água uma certa quantidade de cal hidratada ou carbonato de sódio. Esse

procedimento serve para corrigir o Ph da água e preservar a rede de encanamentos de

distribuição.

Com esse trabalho os alunos confeccionaram relatórios individuais sobre os processos

de tratamento da água que é consumida pelos cidadãos de Cascavel, utilizar as técnicas

externas e de análises laboratoriais para explicar aos alunos sobre sistema de separação de

misturas, turbidez, cor, elementos químicos e sua importância na tabela periódica, o que é

uma análise de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda química de

oxigênio). Também foi utilizada a visita para explicar aos alunos sobre água dura e água

mole, usando substâncias como cal virgem e sabão.

Além do relatório individual descrevendo como um todo a visita, também foi

utilizado ao longo do ano na disciplina de química inorgânica e orgânica pontos observados

na ETA 3. Com isso tornou-se fácil e acessível demonstrar processos aos alunos que somente

estavam descritos nos livros ou em áudio.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos foram estudados em sala de aula ao longo do ano em que a

disciplina foi ministrada e os alunos puderam ver e entender de maneira prática muitos

processos que a primeira vista eram considerados difíceis e sem apreciação. Principalmente os

parâmetros relacionados com a qualidade da água tratada, que possui alguns nomes e siglas

um tanto estranhas a quem não está habituado a elas.

A maioria dos adolescentes não tem apreciação pela disciplina de química, pois a

mesma é considerada abstrata e longínqua ao dia a dia dos mesmos, então, trabalhar a teoria

juntamente com a prática é a melhor medida para ensinar e ministrar sobre processos

químicos, pois a química está presente sim no nosso dia a dia. Coisa que a maioria dos

estudantes não consegue avaliar e observar.

Os dados que seguem abaixo foram descritos no relatório feito pelos alunos e também

trabalhados no laboratório química da escola no decorrer do ano de 2007.

As etapas físicas do processo de tratamento da água citadas na metodologia foram

trabalhadas pelos alunos também; os mesmos confeccionaram no laboratório uma mini

estação de tratamento de água, simulando a Estação de Tratamento de Água – SANEPAR, da

cidade de Cascavel no Paraná, Brasil.

Parâmetros de Qualidade da Água

A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros que

traduzem as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Os parâmetros são

divididos em físicos, químicos e biológicos.

1- Os parâmetros físicos são:

a) Temperatura: influencia na atividade microbiana, influencia na solubilidade dos

gases e influencia na viscosidade do liquido. Variações de temperatura são parte do regime

climático normal, e corpos de água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem

como estratificação vertical.

b) Cor: Mudança na tonalidade do líquido (água) devido a presença de substâncias

orgânicas e inorgânicas.

c) Odor: Alteração no gosto da água por elementos inorgânicos e orgânicos presentes

no mesmo.

d) Turbidez: Causada por sólidos em suspensão, quanto maior concentração de sólidos

maior turbidez e menor concentração de sólidos menor turbidez.

2- Os parâmetros químicos são:

a) Ph: representa a concentração de íons hidrogênio H+

dando uma indicação sobre a

condição de alcalinidade, acidez ou neutralidade da água. A influência do pH sobre os

ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das

diversas espécies.

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b) Alcalinidade: quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os íons

hidrogênio.

c) Acidez: capacidade da água em reagir as mudanças de Ph causadas pelas bases.

d) Dureza: concentração de cátions metálicos em solução. Ferro e manganês, estes

componentes estão presentes nas formas insolúveis Fe+3

e Mn 4+

e na ausência de O2

dissolvido eles se apresentam na forma solúvel (Fé 2+

e Mn 2+

).

e) Cloretos: O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas através de

solos e rochas.

f) Nitrogênio: São diversas as fontes de nitrogênio nas águas naturais. Os esgotos

sanitários constituem em geral a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio orgânico

devido à presença de proteínas e nitrogênio amoniacal, devido à hidrólise sofrida pela uréia na

água.

g) Fósforo Total: O fósforo aparece em águas naturais devido principalmente às

descargas de esgotos sanitários. Nestes, os detergentes superfosfatados empregados em larga

escala domesticamente constituem a principal fonte, além da própria matéria fecal, que é rica

em proteínas. Alguns efluentes industriais, como os de indústrias de fertilizantes, pesticidas,

químicas em geral, conservas alimentícias, abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam

fósforo em quantidades excessivas. As águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas também

podem provocar a presença excessiva de fósforo em águas naturais.

h) Manganês: O comportamento do manganês nas águas é muito semelhante ao do

ferro em seus aspectos os mais diversos, sendo que a sua ocorrência é mais rara. O manganês

desenvolve coloração negra na água, podendo-se se apresentar nos estados de oxidação Mn+2

(forma mais solúvel) e Mn+4 (forma menos solúvel).

i) Ferro Total: O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à

dissolução do minério pelo gás carbônico da água, conforme a reação: Fe + CO2 + ½ O2 à

FeCO3 .O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos problemas para o

abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água, provocando manchas em roupas e

utensílios sanitários.

j) Oxigênio Dissolvido (OD): O oxigênio proveniente da atmosfera se dissolve nas

águas naturais, devido à diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de

Henry, que define a concentração de saturação de um gás na água, em função da temperatura.

A taxa de reintrodução de oxigênio dissolvido em águas naturais através da superfície

depende das características hidráulicas e é proporcional à velocidade, sendo que a taxa de

reaeração superficial em uma cascata é maior do que a de um rio de velocidade normal, que

por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa, onde a velocidade normalmente é

bastante baixa. Outra fonte importante de oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas

l) Matéria Orgânica: Óleos e Graxas de acordo com o procedimento analítico

empregado, consiste no conjunto de substâncias que em determinado solvente consegue

extrair da amostra e que não se volatiliza durante a evaporação do solvente a 100oC.

Os óleos e graxas em seu processo de decomposição reduzem o oxigênio dissolvido elevando

a DBO5,20 e a DQO, causando alteração no ecossistema aquático. Na legislação brasileira não

existe limite estabelecido para esse parâmetro; a recomendação é de que os óleos e as graxas

sejam virtualmente ausentes para as classes 1, 2 e 3.

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m) Micropoluentes Orgânicos: Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais

através das descargas de efluentes industriais. Indústrias de processamento da borracha, de

colas e adesivos, de resinas impregnantes, de componentes elétricos (plásticos) e as

siderúrgicas, entre outras, são responsáveis pela presença de fenóis nas águas naturais.

Os fenóis são tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e aos microrganismos

DDT: O DDT e seus metabólitos podem ser transportados de um meio para outro, no

ambiente, por processos de solubilização, adsorção, bioacumulação ou volatilização.

n) Micropoluentes Inorgânicos:

Zinco: O zinco é também bastante utilizado em galvanoplastias na forma metálica e de

sais tais como cloreto, sulfato, cianeto, etc. A presença de zinco é comum nas águas naturais,

excedendo em um levantamento efetuado nos EUA a 20 mg/L em 95 dos 135 mananciais

pesquisados.

Sódio: Todas as águas naturais contêm algum sódio já que seus sais são na forma de

sais altamente solúveis em água, podendo ser considerado um dos elementos mais abundantes

na Terra. Ele se encontra na forma iônica (Na+), e na matéria das plantas e animais, já que é

iônico.

Potássio: É encontrado em concentrações baixas nas águas naturais já que rochas que

contenham potássio são relativamente resistentes à ações do tempo. Entretanto, sais de

potássio são largamente usados na indústria e em fertilizantes para agricultura.

Níquel: O níquel é também utilizado em galvanoplastias. Estudos recentes

demonstram que é carcinogênico.

Mercúrio: O mercúrio é largamente utilizado no Brasil nos garimpos, no processo de

extração do ouro (amálgama). É altamente tóxico ao homem, sendo que doses de 3 a 30

gramas são fatais.O peixe é um dos maiores contribuintes para a carga de mercúrio no corpo

humano.

Cobre: O cobre ocorre geralmente nas águas, naturalmente, em concentrações

inferiores a 20 µg/L. Quando em concentrações elevadas, é prejudicial à saúde e confere sabor

às águas.

Chumbo: O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos, nestes

últimos, naturalmente, por contaminação e na embalagem.

O chumbo é padrão de potabilidade, sendo fixado o valor máximo permissível de 0,03

mg/L pela Portaria 1469 do Ministério da Saúde.

Cádmio: O cádmio se apresenta nas águas naturais devido às descargas de efluentes

industriais, principalmente as galvanoplastias, produção de pigmentos, soldas, equipamentos

eletrônicos, lubrificantes e acessórios fotográficos. É também usado como inseticida. A

queima de combustíveis fósseis consiste também numa fonte de cádmio para o

ambiente.Apresenta efeito crônico, pois concentra-se nos rins, no fígado, e pâncreas.

Alumínio: O alumínio é produzido e consumido em grandes quantidades em muitas

nações, sendo o Brasil um grande produtor, em torno de 762.000 t/ano.

o) DQO: É a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica

através de um agente químico. Os valores da DQO normalmente são maiores que os da

DBO5,20, sendo o teste realizado num prazo menor. O aumento da concentração de DQO num

corpo d'água se deve principalmente a despejos de origem industrial.

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p) DBO: A DBO5,20 de uma água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a

matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável. A

DBO5,20 é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido durante um

determinado período de tempo, numa temperatura de incubação específica. Um período de

tempo de 5 dias numa temperatura de incubação de 20°C é freqüentemente usado e referido

como DBO5,20.

3- Parâmetros Biológicos

a) Coliformes termotolerantes: As bactérias do grupo coliforme são consideradas os

principais indicadores de contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um número

de bactérias que inclui os generos Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria,

Cryptosporidium sp e Giardia sp. As doenças parasitárias representam uma parcela

significante de casos de morbidade e mortalidade e, a Giardia lamblia e Cryptosporidium

parvum estão entre os protozoários capazes de causar diarréias graves tanto em indivíduos

imunocompetentes quanto imunodeficientes.

b)Variáveis Hidrobiológicas: A clorofila é um dos pigmentos, além dos carotenóides e

ficobilinas, responsáveis pelo processo fotossintético. A clorofila a é a mais comum das

clorofilas (a, b, c, e d) e representa, aproximadamente, de 1 a 2% do peso seco do material

orgânico em todas as algas planctônicas.

c) Comunidade fitoplanctônica: A comunidade fitoplanctônica pode ser utilizada como

indicadora da qualidade da água, principalmente em reservatórios, e, a análise da sua estrutura

permite avaliar alguns efeitos decorrentes alterações ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho obteve seus resultados positivos e satisfatórios do ponto de vista

pedagógico e didático para a aprendizagem dos alunos em relação ao objetivo determinado

para o mesmo. Pois após os alunos terem conhecido os métodos de tratamento que ocorrem na

Estação de Tratamento de Água (ETA 3) de Cascavel pela Companhia de Saneamento do

Estado do Paraná – SANEPAR, para a água que os cidadãos cascavelenses consomem.

Dessa maneira, pode-se utilizar em sala de aula conceitos, princípios e fórmulas

relacionadas a química inorgânica e orgânica relacionadas ao tratamento da água para com os

alunos do primeiro e segundo ano do Curso Técnico em Administração.

Após a visita técnica a disciplina de química tornou-se agradável e importante para o

dia a dia dos alunos, pois eles conseguiram relacionar a teoria com a prática. Conseguiram ver

e encontrar a aplicação prática da química em tudo o que nos rodeia, tornando o estudo da

mesma “gostoso” e “importante” como os alunos mesmo conceituaram.

Por conseguinte, as notas dos mesmos melhoraram muito em relação ao período de

estudo apenas na sala de aula. Outro ponto positivo levado em consideração é que cursos

técnicos necessitam dessas práticas para que os mesmos mantenham a sua característica de

aprendizagem teórica e prática.

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REFERÊNCIAS

ANDREOLI, V. C. Manual de Métodos para Análises Laboratoriais. ABEAS, 2000.

SPERLING, Von M. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos.

UFMG,1996.

PORTARIA 518/04 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, Governo Federal. 2004.

SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular.

Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 120 p.

SIPPERT, L.; SCHEREN, M. A. Análise Sobre a Constituição do Professor: À Luz dos Estudos de

Michael Foucault. Revista Faísa online. V.1.N 2. 2012.

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A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇAO AMBIENTAL E A

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL NA GESTÃO DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE SEDE NOVA/RS

Mara Adriane Scheren (PFM)

1,

Luciane Sippert (PQ)2.

Resumo: Metade da população mundial é pobre, sobrevivendo com menos de 2 (dois) dólares por dia. A saúde

do pobre é adversamente afetada; primeiro, por má-nutrição e em segundo lugar por sistemas de saneamento

básico deficiente. Assim, este trabalho aborda uma proposta metodológica para a Gestão integrada de Resíduos

Sólidos, tomando-se como instrumento de pesquisa os recursos humanos da Administração Municipal de um

Município a Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Sede Nova. A pesquisa foi realizada com uma

abordagem sócio-cultural, envolvendo a questão do gerenciamento dos resíduos sólidos no município. Os

resultados evidenciaram que a maioria dos entrevistados possui uma consciência para com a questão da

Educação Ambiental um tanto debilitado, ou poder-se-ia dizer, limitada. Revelando ausência de conhecimento e

informação sobre o assunto. Conclui-se que não é tão difícil a mudança de paradigmas sócio-culturais-

ambientais, é apenas uma questão de educação, que a população está receptiva para a nova política ambiental,

requerendo apenas trabalho e investimento na área.

Palavras Chave: resíduos sólidos, CITRESU e Educação Ambiental.

Abstract: Half of the population in the world is poor, surviving with fewer than two dollars per day. The health

of the poor is advisedly affected; in first place by an bad nutrition and in second place by systems of defectives

basic sanitation. Thus, this paper approaches a methodological proposal for the integrate management of solid

residues, taking as instrument of research the human resources of the Municipal Administration of Northwestern

of the State of Rio Grande do Sul-Sede Nova. The research was performed with an approach social-cultural,

covering the question of management of solid residues at the local. The results proved that the most interviewed

have the conscience of the question about the Environmental Education that is kind of defective or limited. It

reveals the absence of knowledge and information about the subject. Concludes that it’s not so difficult the

changes of the models social-cultural-environmental, it’s only an education question that the population is

receptive for the new environmental politic, requiring only the work and investment in the area.

Keywords: solids residues, CITRESU and environmental education

INTRODUÇÃO

Estima-se que o país gere por dia uma média de 150 mil toneladas de lixo urbano e

que somente 65% deste total seja coletado. Os estudos efetuados pelo IBGE em 2010 indicam

1 Mestre em Agronomia, Profª dos cursos Tecnólogo em Gestão Ambiental - UNIVEL – PR e Técnico

em Química – SEED/PR e Consultora Ambiental. [email protected]. 2 Profª. Mestre em Educação nas Ciências, Coordenadora de extensão da FAÍSA FACULDADES.

Santo Augusto- RS. [email protected].

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que uma média de 75% de todo o lixo gerado no país tem como destino final os despejos a

céu aberto, conhecidos como lixões.

Esta é uma prática condenável do ponto de vista sanitário, pelos vários problemas que

causam ao meio ambiente e à saúde das populações. O restante do lixo gerado, que não é

depositado nos lixões, tem sido confinado em aterros que, com raríssimas exceções, poluem

da mesma forma que aqueles. Dados publicados pela Organização Mundial de Saúde (série

ambiental n 12) registram que 955 dos leitos hospitalares são ocupados por pessoas

portadoras de doenças provocadas pela falta de saneamento ambiental, onde o lixo tem grande

parcela de contribuição. Em complementação, a Agenda 21 (RJ1992) cita que, até o final

deste século, cerca de 4 milhões de crianças morrerão em conseqüência de doenças

provocadas pelo lixo (Neto, 2008).

“Toda natureza é um serviço. Serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva. Onde

houver uma árvore para plantar, plante-a você. Onde houver um erro para corrigir,

corrija-o você. Onde houver um trabalho e todos se esquivam, aceite-o você.”

Assim, é a Educação Ambiental implícita no trecho do poema citado acima de

Gabriela Mistral (Prêmio Nobel da Paz, 1998, apud Muller, 1998), demonstra que é uma

forma prática educacional sintonizada com a vida em sociedade e que deve ser adotada por

todo e qualquer cidadão.

Dessa maneira, este projeto foi argumentado e elaborado levando em consideração a

necessidade de um trabalho interdisciplinar entre as Secretarias que compõem a

Administração Municipal de Sede Nova/RS, município de porte pequeno, situado a Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul. Com a finalidade de obter-se melhores resultados na

Campanha de conscientização/sensibilização e divulgação que está em andamento desde 1999

para a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos através do Consórcio Intermunicipal de

Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos – CITRESU (FRIZZO, 1999).

O Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos urbanos - CITRESU,

visa o tratamento do Lixo orgânico ou úmido, seco ou reciclável, contaminado, tóxico e

material de rejeito. Essa separação é realizada através da coleta seletiva em cada Município

integrante do Consórcio.

O lixo orgânico composto por papel higiênico, restos de alimentos, cascas de frutas, e

outros componentes quando chega ao CITRESU, passa por uma esteira para ser melhor

selecionado. Posteriormente é conduzido ao pátio de compostagem, onde através de um

processo físico-químico se obterá o adubo orgânico para ser utilizado na agricultura.

O lixo seco ou reciclável é classificado como metais, vidros, certos plásticos, papelão

e outros, quando chegam ao CITRESU, são conduzidos diretamente para o barracão do “Lixo

reciclável”. Onde os funcionários do CITRESU separam, prensam e embalam esses materiais

segundo a sua natureza para ser enviado as usinas de reciclagem.

Os materiais contaminados são os originários de casa de tratamento de saúde como

hospitais, consultórios e laboratórios. Recolhidos em separado, são conduzidos diretamente

para o aterro séptico quando chegam ao CITRESU.

Os materiais considerados tóxicos são caracterizados por pilhas elétricas, embalagens

e restos de remédios, embalagem de venenos domésticos e lâmpadas fluorescentes, quando

chegam ao CITRESU, são conduzidos diretamente ao aterro séptico, sendo muitas vezes

enviados para campanhas de materiais tóxicos em outros locais.

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O material de rejeito é formado por certos plásticos (sem comercialização ainda),

roupas, sapatos, etc. E segue para os aterros próprios dentro da usina, ou seja, os aterros de

rejeito (FRIZZO, 1999).

O trabalho entre as Secretarias Municipais ocorreu de forma a integrar a Educação

Ambiental nas suas tarefas e funções levando a uma verdadeira conscientização, a mudança

de paradigmas e de concepções culturais, o que permitiu alcançar as condições necessárias

para que o governo municipal assumisse um papel ativo na gestão das questões ambientais

locais.

Conceituação histórica e fundamentação da Educação Ambiental no mundo e no Brasil

As décadas de 1970/1980 marcaram o início das lutas sociais organizadas em nível

mundial, dentre as quais o movimento Hippie, a luta dos negros americanos pela cidadania, as

lutas das mulheres pela igualdade de direitos com os homens, entre outras. No bojo desses

acontecimentos, tiveram início os movimentos de defesa da ecologia e do meio ambiente, cujo

marco foi à publicação do livro “Primavera Silenciosa” (1962), da americana Raquel Carson.

A partir dessa publicação, que repercutiu no mundo inteiro, os militantes dos

movimentos ambientalistas e a Organização das Nações Unidas (ONU) realizaram vários

eventos internacionais que abordaram a questão da preservação e da educação ambiental.

O primeiro evento foi a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente

(1972), conhecida como Conferência de Estocolmo. Com a participação de 113 países, esse

evento, que denunciou a devastação da natureza que ocorria naquele momento, deliberou que

o crescimento humano precisaria ser repensado imediatamente (PEDRINI: 1998, p. 26).

Nesse encontro, foram elaborados dois documento a “Declaração Sobre Meio Ambiente

Humano” e o “Plano de Ação Mundial”.

A principal recomendação dessa conferência foi a de que deveria ser dada ênfase à

educação ambiental como forma de se criticar e combater os problemas ambientais existentes

na época. É importante lembrar que nesse evento os países subdesenvolvidos não pouparam

críticas aos países ricos, por acreditarem que estes queriam limitar o desenvolvimento

econômico dos países pobres “usando políticas ambientais de controle da poluição como meio

de inibir a competição no mercado internacional”. (DIAS, 2003).

Em função da Conferência de Estocolmo, o governo brasileiro, pressionado pelo

Banco Mundial, criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente, com o objetivo de

implementar uma gestão integrada do meio ambiente. Esse órgão possuía apenas três

funcionários, o que mostrava o descaso da ditadura militar com as questões ambientais em

nosso país. De acordo com Perini (1998), o plano de ação dessa conferência sugeria a

capacitação dos professores, assim como uma metodologia de ação para a educação ambiental

em nível mundial. Tendo em vista essa política, foram realizadas mais três conferências

internacionais sobre educação ambiental entre as décadas de 1970/1980.

A disseminação da Educação Ambiental deveria se dar via educação formal e

informal, atingindo a todas as faixas etárias. Tendo em vista essa diretriz, caberia a cada país

implantar sua política nacional de educação ambiental por meio dos órgãos educacionais e de

controle ambiental.

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No Brasil, essa política foi implementada pelo Ministério da Educação, a partir do

documento denominado “Ecologia: uma proposta para o ensino de 1º e 2º graus”. Essa

proposta, simplista e contrária às deliberações da Conferência de Tbilisi, tratava a educação

ambiental no âmbito das ciências biológicas, como queriam os países desenvolvidos, sem

tocar na questão cultural, social e política. (DIAS, 2003).

A partir da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em

Tbilisi (EUA), em 1977, inicia-se um amplo processo em nível global orientado para criar as

condições que formem uma nova consciência sobre o valor da natureza e para reorientar a

produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da

complexidade. Esse campo educativo tem sido fertilizado transversalmente, e isso tem

possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e

inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de formação.

O documento da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade,

Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, realizada em Tessalônica (Grécia),

chama a atenção para a necessidade de se articularem ações de Educação Ambiental baseadas

nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e

participação e práticas interdisciplinares (SORRENTINO, 1998).

Segundo Dias (2003), a Rio-92 reafirmou a tese da Conferência de Tbilisi, principalmente

aquela que dizia respeito à interdisciplinaridade da Educação Ambiental, priorizando três metas:

a) reorientar a educação ambiental para o desenvolvimento sustentável; b) proporcionar

informações sobre o meio ambiente, de forma a conscientizar a população sobre os problemas que

estavam ocorrendo no planeta; c) promover a formação de professores na área de Educação

Ambiental.

Dentre as transformações mundiais das duas últimas décadas, aquelas vinculadas à

degradação ambiental e à crescente desigualdade entre regiões assumem um lugar de destaque no

reforço à adoção de esquemas integradores. Articulam-se, portanto, de um lado, os impactos da

crise econômica dos anos 1980 e a necessidade de repensar os paradigmas existentes; e de outro, o

alarme dado pelos fenômenos de aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, dentre

outros problemas.

Segundo Reigota (2008) e Vigotski (2012), a Educação Ambiental aponta para propostas

pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de

competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Para Pádua e Tabanez

(2005), a Educação Ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e

aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia

dos indivíduos com o meio ambiente.

METODOLOGIA

Esta pesquisa foi desenvolvida no Município de Sede Nova/RS, junto aos recursos

humanos das Secretarias Municipais que compõem a Administração Municipal. Foram

formuladas várias hipóteses e questionamentos sobre o andamento da campanha de

conscientização/sensibilização e implantação do projeto desde 1999 para a Gestão de

Resíduos Sólidos Urbanos através do Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos

Sólidos Urbanos – CITRESU (FRIZZO, 1999). Esses questionamentos foram entregues aos

componentes de cada secretaria da Administração Municipal para posterior preenchimento.

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Após 15 (quinze) dias, o questionário para a realização do diagnóstico sobre Resíduos

Sólidos aos funcionários da Administração Municipal do Município de Sede Nova/RS foi

recolhido e as respostas analisadas.

Secretarias que compõem a Administração Municipal de Sede Nova/RS:

- Secretaria Municipal da Agricultura

- Secretaria Municipal da Saúde, Assistência Social e Trabalho

-Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Desporto.

- Secretaria Municipal de Obras e Viação

- Secretaria Municipal da Administração

- Secretaria Municipal do Planejamento

- Secretaria Municipal da Fazenda

A apreciação dessas informações possibilitou a confecção de uma estratégia

metodológica mais adequada para a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos no

Município. E uma visão ampla e real da atual situação dos funcionários da Administração

Municipal com relação a sua consciência ambiental voltada para os resíduos sólidos.

Em seguida, trabalhou-se um programa integrado com as Secretarias Municipais e os

Recursos Humanos visando um melhor aproveitamento das informações colhidas para a

campanha de conscientização/sensibilização e implantação do projeto desde 1999 para a

Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Sede Nova/RS.

Nesse Programa integrado com as Secretarias Municipais tentou-se trabalhar as

deficiências apresentadas pelos recursos humanos detectadas através do questionamento. Esse

programa englobou a confecção de panfletos conceituando os serviços necessários para o

gerenciamento integrado/compartilhado do lixo a fim de atingir resultados positivos na

campanha de Gestão de Resíduos Sólidos a qual o Município está engajado desde 1999

através do Consorcio CITRESU.

Como também expor através de palestras aos funcionários da Administração

Municipal durante as tarefas das mesmas o objetivo e a importância do tratamento e destino

adequado do lixo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A maioria dos entrevistados respondeu a primeira pergunta: ”O que você entende por

lixo?” Que lixo era aquilo que “sobrava” do uso dos produtos manufaturados. E que poderia

ser reaproveitado segundo técnicas adequadas de reuso. Apenas 1 % se referiu ao lixo como

algo sem utilidade (Figura 1).

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Figura 01: Percentual de respostas aferidas pelos Recursos Humanos da Administração Municipal sobre

o que se entendia por lixo.

Dos entrevistados, 90% definiram lixo orgânico como ‘úmido“ e o inorgânico como

“seco” (Figura 2). Esse resultado, provavelmente foi devido as campanhas de orientação a

respeito da coleta seletiva que vem sendo realizada desde 1999 no município. Onde, nos

panfletos informativos aparece lixo orgânico ou úmido e lixo inorgânico ou seco.

Figura 02: Percentual de respostas em relação à nominação sobre a classificação do resíduo (lixo) em Lixo

orgânico e Inorgânico.

Nenhum dos entrevistados utilizou a denominação químico-biológica, para

caracterizar os resíduos. Segundo Reinfeld, 1994, há três áreas principais a se investigar: as

características físicas, químicas e biológicas do lixo, pois somente o estudo da população

microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo urbano, ao lado das suas

características químicas, permite que sejam discriminados os métodos de tratamento e

disposição mais adequados. E nessa área, são necessários procedimentos de pesquisa.

99%

1% REAPROVEITADO

NÃO REAPROVEITADO

90%

10%

ORGÂNICO OU INORGÂNICO

NÃO SABIAM RESPONDER

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A maior quantidade de lixo gerada pelos munícipes sedenovenses em suas residências

ficou a cargo do lixo orgânico. Já no trabalho a maior quantidade de lixo produzido foi papel

seguido de plástico. E em ambientes sociais o vidro e alumínio.

Dos Recursos Humanos questionados, 100% alegaram que enviam os seus resíduos

sólidos para o Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos –

CITRESU, não havendo outra fonte de descarte dos materiais.

Pois o lixão que era o descarte primário dos resíduos desse município e o aterro sanitário,

descarte secundário, foram desativados em cumprimento a legislação ambiental Estadual do

Rio Grande do Sul para os resíduos sólidos segundo Lei n 9.921, de 27 de julho de 1993 que

dispõe da Gestão dos Resíduos Sólidos no Estado do Rio Grande do Sul. E o decreto n

38.356, de 1 de abril de 1998 que aprova o regulamento da Lei 9.921, de 27 de julho de 1993

que dispõe sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos no Rio Grande do Sul.

Dos entrevistados, 50% responderam que não consideram difícil separar o lixo, que

com o “passar do tempo se torna habitual, bastando apenas possuir força de vontade”.

Àqueles que consideravam difícil no início da campanha a separação dos resíduos sólidos,

concluíram que era devido à falta de informação, mas no momento em que isso foi sanado, a

resistência diminuiu (Figura 3).

Figura 3: Percentual em relação à separação correta do lixo pelos Recursos Humanos.

Em uma linguagem simples e coloquial todos responderam que reciclagem “era o

método de reaproveitar e ou reutilizar os resíduos abandonados após o uso”. A resposta a essa

pergunta reflete muito bem como a campanha sobre a coleta seletiva foi conduzida no

Município. Essa resposta veio de encontro ao conceito exposto por Vilhena, 2006 sobre

reciclagem, onde ele afirma que reciclar é por definição a recuperação e ou a reutilização de

materiais descartados (lixo).

Em relação à sigla CITRESU não houve 100% de acerto, alguns deixaram em branco

a pergunta (Figura 4). Foi surpresa, pois a campanha sobre o CITRESU foi acirrada no

município. Uma das explicações para o fato talvez seja a denominação popular do CITRESU,

50% 50%

RESISTÊNCIA

NÃO RESISTÊNCIA

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usina de reciclagem, que dificultou o entendimento da sigla por parte dos munícipes, ou seja,

dos Recursos Humanos da Prefeitura Municipal de Sede Nova. Mas a maioria superou as

expectativas respondendo que o CITRESU é o Consórcio Intermunicipal de Tratamento de

Resíduos Sólidos Urbanos.

Para este questionamento ficou bem claro que “aqueles ditados que se tornam

populares” entre uma população vigora em suas atitudes definindo seu modo de ser, pensar e

agir. Por isso acredito que é imprescindível, pelos dados da pesquisa, que a população receba

a informação correta, científica e clara. Pois além de ser uma maneira correta de educar é um

modo informação e cultura.

Dos entrevistados, 90% alegaram que o CITRESU é a solução final para o descarte do

lixo produzido. Um apontamento interessante está no fato de que as mesmas pessoas que

deixaram de responder algumas perguntas sobre o que seria lixo orgânico ou inorgânico, e de

quem era a responsabilidade de gerenciar o lixo e o que era reciclar, afirmaram que o

CITRESU era a solução para o destino final dos resíduos sólidos por eles produzidos. Dando

a interpretar que tanto fazia se os resíduos seriam enviados para o CITRESU ou não.

Aqueles que responderam que o CITRESU não seria a solução para o destino final do

seu lixo aparentaram possuir uma compreensão maior do problema acerca dos resíduos

sólidos, como também, pelo grau das respostas das outras perguntas. A maioria dos

entrevistados os quais responderam que o CITRESU não seria a solução para o destino final

do seu lixo produzido, explicaram-se alegando que o CITRESU estava com problemas na sua

administração. Sendo a construção física elogiada pelos mesmos.

Figura 04: Valores obtidos em relação ao conhecimento da sigla CITRESU aos RH da Administração

Municipal.

Em torno de 80% dos Recursos Humanos da Administração Municipal de Sede Nova

respondeu que não conhece o CITRESU. Fato que pode contribuir para um ponto negativo na

campanha de conscientização sobre a coleta seletiva. Pois os Recursos Humanos desta

instituição deveriam dar o exemplo em primeiro lugar para os munícipes. Tornando real a

assertiva: “ele faz, então eu também vou fazer”.

70%

30%

CITRESU

NÃO SOUBERAM

RESPONDER

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Os entrevistados que já visitaram o CITRESU, alegaram falta de organização por parte

da administração. Mas a estrutura física do CITRESU foi elogiada pelos entrevistados que o

visitaram (Figura 5).

Figura 5: Dados em relação ao percentual dos Recursos Humanos que conhecem o CITRESU, sua

estrutura física e funcionamento.

Em cima desses dados montou-se o plano de Gestão para os Resíduos Sólidos Urbanos

deste Município, levando em consideração as informações obtidas através do questionário

respondido pelos mesmos. Confeccionaram-se panfletos para suprir a deficiência exposta

pelos recursos humanos em relação à campanha de conscientização/sensibilização para a

gestão dos resíduos sólidos e foram entregues aos recursos humanos da Administração

Municipal.

As Secretarias Municipais, principalmente a Secretaria Municipal da Saúde,

Agricultura e Meio Ambiente e Ação Social cederam espaço nos seus projetos para a questão

do tratamento dos resíduos sólidos, levando informação aos munícipes e aos próprios recursos

humanos dessas secretarias. Expondo e explicando o projeto em andamento no município

sobre o Tratamento e Destino adequado do lixo. Concretizando dessa maneira a integração

entre a respectiva campanha e a Administração Municipal para que o mesmo pudesse obter

êxito.

Motivando e ensinando os recursos humanos dessa Administração Municipal para que

fizessem em suas residências a separação correta do seu lixo gerado, tornando-se assim

disseminadores da campanha de Tratamento e Destino adequado dos Resíduos Sólidos

Urbanos do Município de Sede Nova/RS. Demonstrando que a mudança de hábitos

educacionais se inicia “dentro de casa”.

Pois, conscientizando-se os Recursos Humanos da Administração Municipal, a própria

Administração dá exemplo de ordem na “casa” e preocupação com o social nos seus projetos.

Motivando dessa maneira os munícipes a seguirem o mesmo caminho.

80%

20%

VISITARAM

NÃO VISITARAM

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que com uma base sólida para a Gestão de Resíduos Sólidos a partir dos

Recursos Humanos da Administração Municipal e um plano específico e qualificado de

Gestão de Resíduos Sólidos desenvolvido para a população pode-se obter um percentual alto

de resultados positivos.

Não se desperdiça tempo e nem Recursos Humanos utilizando-se a integração nos

vários setores da Administração para se trabalhar a implantação e a manutenção de um plano

de Gestão de Resíduos Sólidos.

Os funcionários desenvolveram conceitos e uma consciência correta em relação à

Gestão de Resíduos Sólidos, tornando-se colaboradores para a disseminação dos mesmos para

a população Municipal.

REFERÊNCIAS

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia,

2003.

FRIZZO, E. CITRESU- Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos

Urbanos. Projeto Técnico de Engenharia. Bom Progresso, RS 1999.

NETO, J. T. P. (Consultor da ONU/OMS na área de Resíduos Sólidos, Prof. Titular da UFV

– Ph.D- e Coordenador do Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental –

LESA/DEC/UFV). Revista Ação Ambiental- Ano I- n I-Agosto e Setembro, 2008.

MÜLLER, J. Educação Ambiental – Diretrizes para a Prática Pedagógica. Porto Alegre.

Editora FAMURS, 1998.

PÁDUA, S.; TABANEZ, M. (orgs.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil.

São Paulo: Ipê, 2005.

PEDRINI, Alexandre de Gusmão. Educação Ambiental: reflexões e práticas

contemporâneas. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et al. (orgs.).

Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA, 2008.

p.43-50.

REINFELD, N.V. Sistemas de Reciclagem Comunitária. Do projeto a Administração.

Tradução José Carlos B. dos santos; Revisão Técnica Rogério Raupp Ruschel. São Paulo:

Editora Makron Books, 2010.

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171 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

RIO GRANDE DO SUL (Estado), 1993. Lei n 9.921, de 27 de julho de 1993. Dispõe da

Gestão dos Resíduos Sólidos no Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS: Gabinete do

Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Antônio Britto.

RIO GRANDE DO SUL, 1998. Decreto n 38.356, de 1 de abril de 1998. Aprova o

regulamento da Lei 9.921, de 27 de julho de 1993 que dispõe sobre a Gestão dos Resíduos

Sólidos no Rio Grande do Sul. Diário Oficial do Estado, Porto Alegre, RS.

SORRENTINO, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. In: JACOBI, P.

et al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo:

SMA.1998. p.27-32.

VIGOTSKY, L. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Disponível em: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20. Acesso em 30 de maio de

2012.

VILHENA, A. T. “A Coleta Seletiva de lixo: uma proposta de programa de gestão

integrada" Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Agosto de 2006.

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AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS:

DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES PARA

REALIZAR AS MESMAS EM SALA DE AULA.

Luciane Sippert (PQ)1,

Mara Adriane Scheren (PQ)2,

Francieli Fernanda Schaffer (PG)3

Micheli Jaqueline Lemos(PG)4

Resumo: Considerando que nos dias de hoje o tema aula experimental esta sendo discutido em documentos,

congressos, revistas e meios de comunicação. Sentimos a necessidade de ampliar o nosso conhecimento sobre o

que é realmente experimentação. Uma vez que acreditamos que este tema é de suma importância para nós

professores de Ciências e que devemos ministrar nossas aulas com este método. Pois compreendemos que a

maioria dos alunos aprende observando, discutindo suas ideias, através de visitas e viagens bem planejadas pelo

professor, através da observação as plantas e animais e em atividades realizadas em laboratórios de ciências.

Para realizar a entrevista, foram entrevistados professores de ciências da rede pública de dois municípios de

nossa região. Entrevistamos os mesmos e em seguida analisamos suas respostas com o objetivo de identificar se

á dificuldades ou não para se realizar aulas experimentais com seus alunos. Entendendo que aulas experimentais

não são somente as realizadas em laboratórios de ciências; trazemos como alternativa para minimizar as

dificuldades dos professores ideias simples, porém que podem ser realizadas nas escolas como alternativas que

contribuirão para um bom aprendizado dos alunos. Queremos aqui incentivar os professores a explorar o

máximo de recursos possíveis que o mesmo dispõe em suas aulas.

Palavras Chave: aula experimental, ensino de ciências, educação

Abstract: Whereas nowadays the subject trial class is being discussed in documents, conferences, magazines

and media. Feel the need to broaden our knowledge about what is actually trial. Since we believe that this issue

is of paramount importance to us and that science teachers should teach our classes with this method. Because

we understand that most students learn by observing, discussing their ideas through visits and trips planned by

the teacher and by observing plants and animals and activities in science labs. To conduct the interview,

respondents were science teachers in public in two municipalities in our region. We interviewed them and then

analyze their responses in order to identify whether or not it will be difficult to conduct experimental classes

with their students. Understanding that experimental classes are not only made in science labs; bring as an

alternative to minimize the difficulties of teachers simple ideas, but that can be performed in schools as

alternatives that contribute to a good student learning. We wish to encourage teachers to explore as much

resources as possible to the same features in their classes.

Keywords: trial lesson, teaching science, education

INTRODUÇÃO

1 Profª. Mestre em Educação nas Ciências do ensino básico do Estado do Rio Grande do Sul e Coordenadora de

extensão da FAÍSA FACULDADES. Santo Augusto- RS. [email protected]. 2 Mestre em Agronomia, Profª dos cursos Tecnólogo em Gestão Ambiental - UNIVEL – PR; Técnico em

Química – SEED/PR e Consultora Ambiental. [email protected]. 3-4 Pós graduanda em Ciências da Educação pela FAÍSA FACULDADES. Santo Augusto-RS.

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Sentimos a necessidade de ampliar o nosso conhecimento sobre o que é realmente

experimentação. Uma vez que acreditamos que este tema é de suma importância para nós

professores de Ciências e que devemos ministrar nossas aulas com este método. Pois

compreendemos que a maioria dos alunos aprende observando, discutindo suas ideias, através

de visitas e viagens bem planejadas pelo professor, através da observação as plantas e

animais. Ou ainda por uma aula desenvolvida no laboratório de ciências. Sabemos que nesses

momentos os alunos se sentem a vontade para expor e discutir suas ideias. É nessa hora que o

professor deve intermediar o conhecimento, e assim ampliar o seu e o dos seus alunos, sempre

incentivando a pesquisa em sala de aula.

Porém também sabemos que existem escolas e professores que não valorizam este

método de ensino tão valioso, tendo seus laboratórios abandonados, reagentes vencidos,

vidrarias quebradas, há também os casos onde muitas vezes não é realizado viagens de estudo;

ou fazem as mesmas somente para passeio, também podemos trabalhar atividades

experimentais através de filmes, porém os filmes devem estar ligados aos conteúdos que estão

sendo trabalhados, e o professor deve saber intermediar o conhecimento entre o filme e o

conteúdo que esta sendo trabalhado.

Vale ressaltar que existem professores que se envolvem e se empenham para dar o seu

melhor e desenvolver atividades experimentais que irão discutir com os alunos sobre os

conteúdos trabalhados em sala de aula, sendo que alguns até improvisam para realizar

atividades experimentais em suas aulas.

Esperamos com este trabalho identificar quais são as maiores dificuldades enfrentadas

pelos professores da rede pública de Humaitá e Sede Nova para realizar aulas experimentais,

para após tentar auxiliar os mesmos a introduzirem aulas experimentais em seu trabalho, com

métodos simples, porém eficazes.

Entendemos que os professores precisam saber como trabalhar com os equipamentos

básicos de um laboratório de ciências, é necessário também saber trabalhar com os

imprevistos que possam acontecer em um experimento, também são necessários

equipamentos de segurança e primeiros socorros em todos os laboratórios caso ocorra algum

acidente.

Percebemos que as atividades experimentais realizadas com os alunos abrem um

espaço muito grande para os mesmos interagirem com seus colegas e com nós professores, o

que sentimos é que eles ficam mais próximos de nós, se sentem mais a vontade para expor as

suas ideias, defender as mesmas. Uma hipótese em que acreditamos é que os mesmos saem

daquela tabulação em que cada um tem que estar sentado no seu lugar, pois é no laboratório,

ou fora da sala de aula que eles se movimentam discutem, trocam informações, coisas que

muitas vezes na sala de aula, os mesmos não estão a vontade ou nem podem fazer.

Cremos que apenas “receber o conteúdo da boca do professor” muitas vezes não é

suficiente para nossos alunos hoje em dia, os alunos precisam ir muito além desta forma de

aprendizado, é necessário propor a eles que busquem, pensem e reflitam sobre os temas que

estão sendo abordados e assim formem suas opiniões; para isso é necessário fazer com que os

alunos pensem, não podendo receber tudo pronto.

E esta aí a dificuldade enfrentada por nós professores todos os dias, muitas vezes não

temos tempo de planejar aulas como queríamos, ou então levaremos “serviço para casa”

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sendo assim o professor acaba se acomodando somente com livros didáticos e alguma

pesquisa que vai um pouco além do que o livro didático traz para a sala de aula.

O professor precisa de tempo para planejar muito bem as suas aulas, verificar qual a

melhor maneira para os alunos investigarem o tema proposto e pensarem sobre o mesmo,

precisamos de acesso a internet, cursos que aperfeiçoam essa prática, laboratórios equipados

para realizar aulas experimentais, equipes que se disponibilizam para fazer viagens de estudo

quando o professor solicita, enfim há todo um ciclo necessário para uma aula ser bem

planejada e desenvolvida.

METODOLOGIA

Iniciando a pesquisa

Para dar inicio a entrevista com os professores da área de Ciências da rede pública foi

montado um questionário com as seguintes perguntas: 1) Você professor costuma realizar

aulas experimentais em suas aulas de ciências? Sim ou não. Justifique e fale como as mesmas

são. 2)Você sente dificuldades para realizar aulas experimentais no ensino de Ciências

Naturais, se sim quais são elas? 3)Você tem instalações e reagentes adequados para realizar

estas aulas em sua escola? 4) Você professor acha importante desenvolver aulas

experimentais no ensino de ciências? Defenda os motivos pelos quais você acredita que isso

ajuda na aprendizagem dos seus alunos.

Não foi possível entrevistar todos os professores de Ciências da rede pública do

Município de Humaitá e Sede Nova. E para preservar a identidade dos envolvidos não serão

divulgados nomes das escolas e nem dos professores envolvidos na pesquisa.

Dificuldades Enfrentadas pelos Professores para Realizar uma Aula Experimental

Entrevistamos os professores de Ciências e em seguida analisamos suas respostas com

o objetivo de identificar se á dificuldades ou não para se realizar aulas experimentais com

seus alunos.

Aproveitamos também o momento da entrevista para identificar se os professores

acham ou não importante realizar estas atividades em suas aulas.

Durante a pesquisa identificamos que 75% dos professores pesquisados acreditam que

é importante a atividade experimental em suas aulas. Como ressalta CHASSOT, (2003, p.31)

“a nossa responsabilidade maior no ensinar Ciência é procurar que

nossos alunos e alunas se transformem, com o ensino que fazemos, em

homens e mulheres mais críticos. Sonhamos que, com o nosso fazer

Educação, os estudantes possam tornar-se agentes de transformações –

para melhor – do mundo em que vivemos.”

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Com as aulas experimentais temos esta oportunidade de formar nossos alunos pessoas

críticas, capazes de defender a sua própria opinião. O professor é o mediador das conversas,

do conhecimento, é ele que vai fazer com que o aluno pense e reflita sobre as suas ideias para

tentar chegar a melhor conclusão sobre o tema trabalhado, e é isso que precisamos alunos que

aprendam a pensar e defender as suas opiniões.

Outro fator interessante de realizar aulas experimentais é que só pelo fato dos alunos

saírem da rotina daquela tabulação de um aluno sentado atrás do outro, todos em silêncio. Os

mesmos já se interessam pela aula diferenciada, então quanto maior a diversificação das suas

aulas, com o detalhe de que as mesmas devem ser bem planejadas; os alunos já vão se sentir a

vontade para interagir com o professor nas suas aulas. (BENETTI E CARVALHO 2002 apud

CRUZ et al., 2009) afirmam que

“a utilização de diferentes procedimentos de ensino pode fomentar

atitude reflexiva por parte do aluno, na medida em que oferece a este,

oportunidades de participação e vivência em diversas experiências,

desde que seja solicitada a tomada de decisões, julgamentos e

conclusões.”

Os professores relataram na pesquisa que sentem sim dificuldades de realizar aulas

experimentais com seus alunos. As estruturas dos laboratórios geralmente são muito boas,

porém é ressaltado que há falta de equipamentos, vidrarias, reagentes nos laboratórios das

escolas. Quando é quebrado um equipamento muitas vezes o mesmo fica anos sem ser

arrumado, pois há falta de pessoas que concertem certos aparelhos na região.

Foi-nos passado que os alunos gostam muito de ir para o laboratório realizar

atividades práticas, despertando a curiosidade dos alunos fazendo com que os mesmos

participam, interagem com os colegas e professores.

Os professores também falaram que gostam de realizar viagens de estudo e ou visitas.

Sempre que é possível relacionar um conteúdo com a visita planejada, não podendo ser

apenas um passeio. Pois é nestas visitas é notada uma grande participação dos alunos, os

mesmos interagem com os guias e com os professores tiram as suas dúvidas, e aproveitam

para conhecer novos lugares.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Alternativas para Amenizar as Dificuldades Enfrentadas Pelo Corpo Dodente

Após pesquisar, ler artigos, estudar e entrevistar os professores para identificar as

dificuldades enfrentadas nas atividades experimentais em sala de aula. Sugerimos agora

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alternativas para minimizar estas dificuldades enfrentadas pelos professores neste método de

ensino tão importante.

Sabemos que a

“interação das atividades experimentais entre alunos e professores

possibilitam aos alunos avanços nos conhecimentos anteriores.

Entretanto, elas não constituem um recurso autoexplicativo, dependem

da mediação do professor, que detém o conhecimento em discussão de

maneira mais elaborada (PORTO, 2009, p.44).”

Como cita PORTO, primeiramente o professor precisa estar consciente sobre o seu

papel durante a experimentação, ele é o mediador do conhecimento sem o professor aluno não

consegue avançar no conteúdo trabalhado, é necessário intermediar e instigar os alunos a

refletirem sobre o que estão estudando. Quem conduz a conversa é o professor, assim todos

podem obter avanços em seu conhecimento. Sabemos que o aluno precisa “Aprender a

aprender e saber pensar, para intervir de modo inovador, são as habilidades indispensáveis

do cidadão e do trabalhador modernos, para além dos meros treinamentos, aulas, ensinos,

instruções etc (DEMO, 1997, p.09).

Quando bem trabalhados os métodos experimentais o aluno começa a pensar sobre o

que esta aprendendo tirando sua própria conclusão através de diálogos com colegas e

professores. E a “experimentação favorece os questionamentos e a busca pelo conhecimento,

permitindo a inter-relação do aprendido com o que é visto na realidade” PORTO, (2009,

p.43). Simplesmente pelo fato de trazer a realidade para as aulas de Ciências os alunos

despertam um interesse maior em aprender sobre o tema proposto, sendo assim expõe as suas

ideias frente à turma e o professor, se a conversa for bem mediada com certeza sairão bons

resultados referente ao aprendizado dos alunos.

Segundo SILVA, MACHADO E TUNES, (2010, p. 244). Hoje em dia existe a

necessidade de se modificar

“drasticamente o que entendemos por laboratório, ampliando o

conceito de atividades experimentais. Nessa ampliação cabem como

atividades experimentais aquelas realizadas em espaços tais como a

própria sala de aula, o próprio laboratório (quando a escola dispõe), o

jardim da escola, a horta, a caixa d’água, a cantina e a cozinha da

escola; além de espaços existentes no seu entorno, por exemplo

parques, praças, jardins e estabelecimentos comerciais [...]. Também

podem se inserir nessas atividades visitas planejadas a museus,

estações de tratamento de água e esgoto, indústrias e, etc. “

Entendendo que aulas experimentais não são somente as realizadas em laboratórios de

ciências; trazemos como alternativa para minimizar as dificuldades dos professores ideias

simples, porém que podem ser realizadas nas escolas como alternativas que contribuirão para

um bom aprendizado dos alunos.

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Queremos aqui incentivar os professores a explorar o máximo de recursos possíveis

que o mesmo dispõe. Se o mesmo possui laboratório, porém com poucos reagentes e

vidrarias, busque improvisar com copos, e embalagens que poderiam ir para o lixo, e o

professor também pode pedir para os alunos os materiais que o mesmo precisa para a

experiência, muitas vezes os alunos possuem materiais riquíssimos em suas casas que podem

ser aproveitados em suas aulas. Os poucos reagentes que possui, busque utilizar para não

deixar os mesmos vencerem. Os alunos gostam destas práticas.

Uma sugestão para os professores realizarem em sala de aula é: trabalhar bons filmes

com seus alunos. Os mesmos gostam, se interessam e pode ser um bom meio de contribuir

com a sua proposta de aprendizado de todos. E pode ainda ser um meio que desperta o

interesse dos alunos ao conteúdo trabalhado, mas para isso é necessário estudar bem o filme e

deixar bem claro o objetivo do filme para a sua aula. Para isso é bom saber que

“os filmes nem sempre são feitos com objetivos didáticos. Assim, eles

não são uma aula, mas, sim, um recurso que você utilizará. Eles

podem ser utilizados para sensibilizar a turma para determinado tema,

ser a referência para uma discussão, a introdução ou, mesmo, o

fechamento de um estudo, mas é necessário que o aluno tenha clareza

do que se deseja com o filme (PORTO, 2009, p.510).”

Outra proposta que trazemos neste trabalho, que desperta muito interesse para os

alunos são as visitas a empresas, parques, museus e além de unidades de conservação,

“deve-se considerar a riqueza do trabalho de campo em áreas

próximas, como o próprio pátio da escola, a praça que muitas vezes

está a poucas quadras da escola, as ruas da cidade, os quintais das

casas, os terrenos baldios e outros espaços do ambiente urbano, como

a zona comercial ou industrial da cidade, onde poderão ser conhecidos

processos de transformação de energia e de materiais. O

desenvolvimento de atividades em espaços com essas características

traz a vantagem de possibilitar ao estudante a percepção de que

fenômenos e processos naturais estão presentes no ambiente como um

todo, não apenas no que ingenuamente é chamado de natureza. Além

disso, possibilitam explorar aspectos relacionados com os impactos

provocados pela ação humana nos ambientes e sua interação com o

trabalho produtivo e projetos sociais. Nesse sentido, a articulação de

mais de uma área de conhecimento em trabalhos de campo é desejável

para enriquecer o elenco de objetos de estudo e relações a se

investigar. (BRASIL, 1998, p. 126).”

Porém é necessário nestes casos tomar o cuidado de não ter a visita apenas como

atividade de lazer, é importante que o professor repasse aos alunos para os mesmos terem a

clareza dos diferentes conteúdos e objetivos que o professor pretende explorar com esta visita.

Esta definição é fundamental para que a atividade seja bem compreendida pelos estudantes

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(BRASIL, 1998, p.126). Quando os alunos aprendem a observar estes meios, não olhando

apenas a saída da escola como uma visita, mas como uma análise do meio, analisando através

da intervenção do professor, o que a ação humana esta fazendo com este ambiente, se ela esta

preservando ou destruindo. Daí o aluno também pode chegar a uma conclusão e identificar

quais são as vantagens e as desvantagens de cada escolha do ser humano. Quais são os

benefícios de se ter uma área preservada, um recolhimento de lixo adequado, uma reciclagem

adequada entro outros mais.

Nestes momentos de saída da sala de aula para realizar atividades experimentais é

importante pedir aos alunos que “registrem o objetivo da experimentação, o que vão fazer,

que materiais serão utilizados, quais as previsões de resultados e o que poderá acontecer”

PORTO, (2009, p.44). Para que depois sirva como dados para os alunos e professores

voltarem a discutir e revisar a visita em sala de aula, ou quando se é pedido um relatório da

visita os alunos possam ter estes dados para utilizar no mesmo, sem esquecer dos dados

importantes, produzindo assim um relatório com uma boa qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o desenvolvimento deste artigo procuramos identificar as dificuldades

enfrentadas pelos professores para realizar uma atividade experimental nas aulas de Ciências.

Após, identificada as principais dificuldades sugerimos alternativas para os professores

realizarem aulas experimentais com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino das escolas

públicas pesquisadas.

Identificamos as dificuldades e percebemos que os professores possuem maior

dificuldade de realizar atividades experimentais nos laboratórios, pois o laboratório muitas

vezes é um item esquecido nas escolas, não sendo investido em vidrarias e reagentes para se

desenvolver atividades práticas. Entretanto foi destacado que mesmo com estas condições

mínimas encontradas os alunos ainda sim gostam de ir ao laboratório realizar experiências.

Acreditamos que é necessário entrar em contato com as autoridades responsáveis pelas

escolas para conscientizar as mesmas sobre a importância de se investir em atividades

experimentais, para melhorar o aprendizado de nossos alunos durante as aulas. É necessário

conscientizá-los que é preciso comprar produtos de qualidade, vidrarias e equipamentos

básicos para um laboratório, também investir na segurança dos alunos e professores que

possuem aulas no laboratório comprando assim equipamentos de segurança, evitando assim

muitas vezes acidentes, e se mesmo assim acontecer que o mesmo tenha um primeiro socorro

no laboratório evitando assim problemas que poderiam acontecer. Buscar com as autoridades

locais incentivos financeiros para os alunos poderem realizar viagens de estudo com uma

maior frequência com as escolas.

Com o desenvolvimento desta pesquisa observamos que os professores gostam de

realizar atividades experimentais e sempre que possível realizam as mesmas em sala de aula,

buscamos com este trabalho orientar os professores sobre a importância da atividade prática

na vida de um aluno, o quanto a mesma influenciará no aprendizado quando a mesma for bem

instruída pelos professores. Conforme (NÓVOA, 1997, p. 83)

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“O melhor professor será o que tiver uma resposta pronta para a

questão que preocupa o aluno. Estas explicações dão ao professor o

conhecimento do maior número possível de métodos, a capacidade de

inventar novos métodos e, acima de tudo, não provocam uma adesão

cega a um método, mas a convicção que todos os métodos são

unilaterais e que o melhor método será o que der a melhor resposta a

todas as dificuldades possíveis que o aluno tiver, quer dizer, não um

método, mas uma arte e um talento.”

Enquanto professores, temos a missão de formar cidadãos mais críticos, para isso

precisamos instigar os mesmos para relatarem sobre as dúvidas que os afligem, pois estamos

em sala para ensinar os mesmos para a vida, não somente para os mesmos obterem aprovação

no final do ano. Não podemos nos deter apenas com os conteúdos linearmente, devemos

inserir os mesmos na vida dos alunos, para que os mesmos vejam sentido no que estão

estudando em aula.

As atividades experimentais vem para isso, trazer a realidade dos alunos para as suas

aulas, e isso se manifesta no olhar, nas perguntas, no ânimo que os alunos possuem para

estudar quando trazemos algo do seu dia a dia em suas aulas.

Então sugerimos aos professores inovar em suas aulas, buscar através de soluções

simples aulas atrativas que despertem os alunos a ampliarem seus conhecimentos em nossas

aulas.

REFERÊNCIAS

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências

Naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. 138 p.

CAMPOS, Maria Cristina da Cunha. Teoria e prática em ciências na escola: o ensino –

aprendizagem como investigação: volume único: livro do professor / Maria Cristina da

Cunha Campos, Rogério Gonçalves Nigro. – 1. Ed. – São Paulo: FTD, 2009.

DEMO, Pedro - Pesquisa e construção de conhecimentos: metodologia científico no

caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1997. -125p.

PORTO, Amélia. Um olhar comprometido com o ensino de ciências / Amélia Porto, Lizia

Ramos, Sheila Goulart. – 1. Ed. – Belo Horizonte : Editora FAPI, 2009.

SILVA, Roberto R. da, MACHADO, Patrícia F. L., TUNES, Elizabeth. Experimentar Sem

Medo de Errar. In Ensino de Química em Foco / Organizadores Wildson Luiz Pereira dos

Santos, Otavio Aloísio Maldaner. – Ijuí: Ed. Unijuí, 2010. p. 231-261

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180 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013

SCHÖN, Donald A. Formar professores como profissionais reflexivos. In NOVÓA, António.

Os professores em sua formação. Publicações Dom Quixote, lda. Lisboa Codex – Portugal –

3º Edição 1997. p.77-91.

CRUZ, Lilian P.; FURLAN, Marcos R.; JOAQUIM, Walderez Moreira. O estudo de plantas

medicinais no Ensino Fundamental: Uma possibilidade para o ensino da botânica.

Disponível em:

http://www.foco.fae.ufmg.br/conferencia/index.php/enpec/viienpec/paper/view/270/484Acess

o em: 10 de Novembro de 2009.

CHASSOT, Attica. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 3º

edição. Ijuí:Ed. Unijuí, 2003. 440p

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL RUMO A SUSTENTABILIDADE

Aline Alves da Silva (IC)1

Aline Viana (IC)2

Fabiana Brandelero (IC)3

Mariane Zelinski (IC)4

Gustavo Henrique dos Reis (IC)5

Laysa da S. Pereira (IC) 6

Resumo: A pesquisa em Educação Ambiental faz parte de um processo educativo que tem por objetivo mudar

valores, para que sejam alcançadas atitudes condizentes com o atual quadro ambiental em que nos encontramos.

Sensibilizando os cidadãos acerca de seus deveres em relação à sustentabilidade ambiental. Dessa forma, a

escola torna-se um ambiente propício para o exercício do ato político voltado para a transformação social tendo

assim a perspectiva de buscar um meio que relacione o homem, a natureza e o universo, com a consciência de

que os recursos naturais não são renováveis e que um dia acabam, sendo o homem o principal responsável pela

sua degradação. Este artigo foi realizado através de pesquisa qualitativa com alunos de 3º ano do ensino médio

de um colégio público, localizado no município de Cascavel – PR. Para a coleta dos dados foi aplicado um

questionário e em seguida os resultados foram analisados de acordo com os pressupostos teóricos de Bardin

(1977). O estudo traz considerações acerca das mudanças de atitudes que devem ocorrer para que se diminuam

os impactos ambientais causados pelo ser humano.

Palavras chave: Educação Básica, Sustentabilidade e Educação Ambiental.

Abstract: The environmental education research is included on a educative process wich purpose change values,

in order to be catch attitudes consistent with environmental status that we added. Sensitizing the citizens around

theirs obligations relation of the environmental sustainability. This way, the school being a propitious place for

the political act exercises turned to social transformation and, like this, have the perspective to search a way to

connect man, nature and universe, with the consciousness of naturals resources are not replaceable and one day

they are over and a man is the principal responsible about this degradation. This article was realized through a

research with 3º year medium education students of a public school in Cascavel –PR. To collect the data a

questionnaire was applied and after analyzed according theoric presupposed of Bardin (1977). The study bring

considerations arounding changes attitudes that have to happens to decrease of environmental impacts caused by

humans.

Keywords: Basic Education, sustainability and Environmental Education.

1 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE – [email protected] 2 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE – [email protected] 3 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE – [email protected] 4 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE – [email protected] 5 Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE – [email protected] 6Graduanda de Ciências Biológicas – Licenciatura, UNIOESTE, Campus Cascavel –PR,

[email protected]

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a temática aquecimento global vem sendo alvo de muitas

discussões, onde a falta de conhecimento de nossos antepassados, que não contavam com as

conseqüências da utilização sem medida dos recursos naturais, pode ser um grande agente

influenciador do atual panorama ambiental.

Na atualidade os problemas ambientais vêm preocupando desde os países

desenvolvidos até os subdesenvolvidos. Mas, infelizmente esses problemas são muitos e

atingem a todos sem distinção de classe econômica, raça, ou religião (JESUS ET. AL., 2007).

Segundo Procópio (2001; p. 117):

[...] os Estados Unidos da América, pelo consumismo de sua população é o

pais que, ecologicamente falando, mais custa ao mundo. Nações da periferia

mundial, amarradas pelas burocracias que deixam de incrementar as

conhecidas alternativas de sustentabilidade, correm igualmente perigo. No

caso brasileiro, os privilégios de suas elites, a generalizada corrupção e a

perversa distribuição da renda sob o patrocínio do próprio Estado,

proporcionalmente tinge de sangue, mais que noutros países, a natureza e o

tecido social da nação. Dai a degradação ambiental associada à baixíssima

qualidade de vida do povo[...].

Com isso, pode-se dizer que a espécie humana é a que mais destrói o planeta Terra,

pois foi a busca desenfreada de sucesso econômico que gerou uma enorme devastação dos

recursos naturais. Como conseqüência disso, vem ocorrendo grandes desastres como

terremotos, furacões, tempestades, estiagem prolongada, poluição atmosférica, destruição das

matas, enchentes, falta de água potável, epidemias, dentre outros (CANGLIERO, 2009).

Dados do IDEC (2005, p. 01) nos levam a conclusão de que:

[...] O aumento no consumo de energia, água, mineral e elementos da

biodiversidade vêm causando sérios problemas ambientais, como a poluição

da água e do ar, a contaminação e os desgastes do solo, o desaparecimento

de espécies animais e vegetais e as mudanças climáticas [...].

No relatório “Nosso Futuro Comum” da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, encontram-se propostas para promover o desenvolvimento do nosso

planeta assegurando que os processos de desenvolvimento da humanidade não levem a

destruição os recursos naturais das próximas gerações (JESUS ET. AL., 2007).

De acordo com Bursztyn (2001; p.11):

O pessimismo geral em relação ao futuro guarda estreita relação com o

crescente grau de consciência de que a busca do progresso, que se anunciava

como vetor da construção de uma utopia de bem-estar e felicidade, revelou-

se como ameaça.

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Reverter essa situação da problemática ambiental, para que haja um efeito desejável

em uma sociedade sustentável, requer um trabalho árduo entre todos os tipos de intervenção

ambiental, incluindo as ações em educação ambiental (ProNEA, 2005).

A Educação Ambiental é um apelo à seriedade do conhecimento em busca de

propostas coerentes de aplicação do estudo de ciências. Esse processo é muito complicado e

envolve um grande esforço de recuperação das realidades ambientais. Uma missão utópica,

cujo destino seria reformular o comportamento humano e recriar os valores perdidos ou nunca

alcançados. Uma reflexão permanente sobre o destino do homem em harmonia com as

condições naturais pensando no futuro do planeta. Uma longa jornada de educação de

qualidade que se comprometa com o futuro e garanta uma nova filosofia de vida e um novo

ideário comportamental, tanto individual quanto coletivamente (AB’SABER, 1991).

De acordo com o ProNEA (2005), devemos pensar em um contexto, em que os

sistemas socioeconômicos atuam na promoção da mudança no meio ambiente, a educação

assume um importante papel na formulação de fundamentos para a construção de uma

sociedade sustentável, propondo que haja mudanças culturais em direção à instauração de

uma consciência ecológica e de mudanças sociais em direção a ação comunitária dos seres

humanos.

Nesse contexto deve-se lembrar que a educação ambiental formal implica em diversas

abordagens e formas de estratégias em diferentes níveis da sociedade, assim como no

contexto de cada país e cada região do planeta. A educação voltada para o desenvolvimento

sustentável requer novas práticas de ensino e conteúdos; novas estratégias pedagógicas, nas

quais se tome consciência das relações de produção de conhecimento e os processos de

circulação, construção e disseminação do saber a respeito da degradação ambiental (LEFF,

1999).

A escola tem um papel importante na sensibilização de seus alunos, objetivando

buscar valores para que esses tenham uma convivência harmoniosa com o planeta e os outros

seres vivos que nele habitam, pois assim poderá haver a sensibilização e a reflexão crítica

sobre os princípios que tem levado a destruições inconseqüentes dos recursos naturais e de

várias espécies. Sendo assim, é de fundamental importância que os professores tenham

materiais teórico-metodológicos para que ocorra o desenvolvimento de trabalhos na área da

Educação ambiental (CANGLIERO, 2009).

Segundo Loureiro (2004; p. 73):

[..] A finalidade primordial da educação ambiental é revolucionar os

indivíduos em suas subjetividades e práticas nas estruturas sociais-naturais

existentes. Ou seja, estabelecer processos educativos que favoreçam a

realização do movimento de constante construção do nosso ser na dinâmica

da vida como um todo e de modo emancipado. Em termos concretos, isso

significa atuar criticamente na superação das relações sociais vigentes, na

conformação de uma ética que possa se afirmar como “ecológica” e na

objetivação de um patamar societário que seja a expressão da ruptura com os

padrões dominadores que caracterizam a contemporaneidade. Assim posto,

privilegiar somente um dos aspectos que formam a nossa espécie (seja o

ético, o estético, o sensível, o prático, o comportamental, o político ou o

econômico, enfim, separar o social do ecológico e o todo das partes) é

reducionismo, o que pouco contribui para uma visão da educação

integradora e complexa de mundo.

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O Brasil é um dos grandes países do mundo e conseqüentemente também possui uma

das maiores biodiversidade do planeta sendo assim uma das preocupações do momento e a

forma como esses recursos naturais vêm sendo tratados. Os produtores sabem muito pouco

sobre o ambiente em que trabalham, por isso acabam retirando produtos de grandes valores

para produzir outros de menor valor, como por exemplo, desmatar para plantar pasto. Diante

disso, podemos concluir a importância de se educar os futuros cidadãos para uma consciência

ecológica (JESUS ET. AL., 2007).

Segundo Cangliero (2009) para que haja essa consciência a um outro grande problema

a ser enfrentando pois os professores, em uma parcela considerável, não estão preparados,

para desenvolver este tema mais profundamente, ou seja, de forma contínua, pois não tem

uma formação compatível ao tamanho do problema a ser enfrentado, portanto há uma

permanente e reflexiva crítica, visando realmente mudanças de comportamentos e atitudes

com intuito de transformar a realidade existente na natureza que nos cerca. Uma educação

transformadora envolve clareza da finalidade do ato educativo, uma posição política e

competência técnica.

Contudo se faz necessário espalhar a idéia de que a Educação Ambiental é um

processo contínuo de aprendizagem e conhecimento para que ocorra o exercício de cidadania

em que o cidadão estará apto a desenvolver uma participação consciente no espaço social

(JESUS ET. AL., 2007).

Fazendo uma análise em relação às práticas sociais, na qual fica evidente a degradação

permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, precisa-se evidenciar a necessidade de

uma articulação com a produção de sentidos em relação temática educação ambiental. A

dimensão ambiental se estabelece como uma questão onde há um conjunto de representantes

do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas onde houver

conhecimento, a preparação de profissionais de qualidade e a comunidade universitária numa

perspectiva interdisciplinar. A produção de conhecimento tem o dever de contemplar as

relações entre o meio natural e o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o

papel dos diversos participantes envolvidos e as formas organização da sociedade para que

ocorra o aumento do poder das ações alternativas para um novo desenvolvimento, em uma

perspectiva onde a prioridade seria um novo perfil de desenvolvimento, com destaque na

sustentabilidade socioambiental (JACOBI, 2004).

Como foi dito por Leff (1999; p.119)

[...] a educação ambiental ainda está muito longe de penetrar e trazer novas

visões de mundo ao sistema educativo formal. Os princípios e valores

ambientais que promovem uma pedagogia do ambiente devem ser

enriquecidos com uma pedagogia da complexidade, que induza os alunos a

uma visão de multicausalidade e de inter-relações de seu mundo nas

diferentes etapas do desenvolvimento psicogenético, que gerem um

pensamento crítico e criativo baseado em novas capacidades cognitivas.

Assim fica evidente que a educação ambiental ainda tem um longo caminho a ser

percorrido para que se consiga chegar ao desenvolvimento sustentável onde haja uma relação

benéfica entre homem e meio ambiente. Portanto o objetivo desta pesquisa foi Sensibilizar os

alunos acerca de seus deveres em relação à sustentabilidade ambiental.

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METODOLOGIA

Este trabalho constitui-se em uma pesquisa escolar que foi realizada no segundo e

terceiro ano do ensino médio em um colégio da rede pública de ensino, localizado na cidade

de Cascavel-PR, salientamos que o tratamento dos dados foi de caráter quanti-qualitativo. A

pesquisa qualitativa, segundo Oliveira (1997), envolve uma descrição apurada dos fenômenos

e dos cenários sociais pesquisados, já a metodologia quantitativa, de acordo com Lima (2004),

apresenta regras de procedimentos de representatividade estatística. Neste trabalho as duas

abordagens se complementam.

Para o desenvolvimento deste trabalho e coleta de dados foram realizadas as seguintes

atividades

I- Realização do levantamento e discussão acerca de dados teóricos com apoio

bibliográfico e do orientador;

II- Elaboração do questionário para a realização de coleta de dados;

III- Diagnóstico as concepções dos alunos a respeito de educação ambiental voltada

para a sustentabilidade através de questionário;

IV- Acompanhamento do projeto de coleta de dados;

V- Realização da transcrição e avaliação dos dados coletados na escola.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

]As informações analisadas neste trabalho foram realizadas por meio da técnica de análise

de conteúdo (Bardim, 1977).

Dessa forma, pode-se concluir que os alunos têm visões diferenciadas a respeito de meio

ambiente, podendo ser classificadas nas categorias: Antropocêntrica, naturalista e

globalizante.

Conforme Reigota (1991), a representação naturalista entende o meio ambiente como

sinônimo de natureza priorizando o lugar onde os seres vivos habitam bem como os fatores

bióticos e abióticos; a antropocêntrica interpreta a natureza como fornecedora de vida ao

homem entendendo-a como fonte de recursos e a globalizante representa onde o ser humano é

mais um ser vivo que esta inserido no meio ambiente.

A tabela 1 demonstra as representações diagnosticadas.

Categoria Subcategorias Nº Alunos

1 - Representação de meio

ambiente

1. Antropocêntrica 2

2. Naturalista 3

3. Globalizante 12

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De acordo com a tabela 1, subcategoria 1, verifica-se que dois alunos representam o meio

ambiente com aspectos antropocêntricos, representação que pode ser observada com a fala

abaixo:

“Acredito que tudo que é necessário para nos manter é derivado do

meio ambiente, o espaço que habitamos vive em contato direto com o

espaço natural que vivemos. Os alimentos que consumimos são

produzidos nas lavouras que são irrigadas com a água que bebemos”

(A9).

Tal representação nos leva a crença cega de que o meio ambiente está a favor do ser

humano, nos servindo como recurso.

Recorrendo a Reigota (1991), a visão antropocêntrica interpreta a natureza como

fornecedora de vida ao homem entendendo-a como fonte de recursos naturais.

Observando a subcategoria 2, percebemos que três alunos, representam o meio

ambiente como sendo naturalista, conforme a fala a seguir:

“É todo o meio natural constituído por litosfera, hidrosfera e

atmosfera” (A 10).

Para Reigota (1991), essa visão entende o meio ambiente como sinônimo de natureza

priorizando o lugar onde os seres vivos habitam bem como os fatores bióticos e abióticos

Ainda de acordo com a tabela 1, subcategoria 3, 12 alunos demonstraram compreender

o conceito de meio ambiente como algo globalizante, onde existe a interação do ser humano

de forma indissociável aos outros elementos da natureza. Conforme a fala emitida, abaixo:

“O meio ambiente, eu entendo é um local onde vivemos em interação

com a fauna e flora” (A11).

De acordo com Reigota (1991), na visão globalizante o ser humano é mais um ser vivo

que está inserido no meio ambiente sem que o último tenha que, necessariamente, ter utilidade

para o homem.

A segunda questão teve por objetivo compreender se os alunos tinham alguma ideia do

que se deve ser feito para que se diminuam os impactos ambientais causados pelo homem por

conta de seu consumismo desenfreado.

Diante dos dados analisados, verificou-se que 8 alunos, compreendem diversos

princípios para uma cidadania planetária. Dados que podem ser observados nas falas abaixo:

“Primeiro temos que tirar as idéias do papel e por em prática

pequenas atitudes fazem grandes mudanças” (A 14).

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“A destinação correta dos materiais tóxicos, reaproveitar os

materiais, reciclar, conscientizar as pessoas quanto ao meio

ambiente” (A 9).

“Não jogando lixos nas florestas e lotes onde não tem casas e não

queimando as arvores e desmatando as florestas” (A 4).

De acordo com Panarotto (2007; p. 4):

Devido ao consumismo exagerado junto ao aumento populacional no

planeta, ocorre o aumento das grandes indústrias as quais tem um grande

gasto de energia elétrica e matérias prima, causando o aumento no lixo e

prejudicando o meio ambiente. Com o aumento das indústrias gera o

esgotamento das matérias primas não renováveis, como o petróleo e os

minérios, e também acabando com as florestas para a utilização da madeira. Uma forma de resolver este problema seria desenvolvimento sustentável,

pensando em um meio de sustentar o planeta ,porém sem comprometer as

gerações futuras.

A tabela 2 abaixo relaciona as subcategorias referentes à concepção de

sustentabilidade.

Categoria Subcategorias Nº Alunos

1. Concepção de

sustentabilidade

1. Desenvolvimento sem causar

danos ao ambiente

5

2. Reciclar para não desmatar

7

3. Conservação de plantas e ao

mesmo tempo manutenção do

lucro

5

Os dados acima demonstram que conforme a subcategoria um, cinco alunos

representam sustentabilidade como sendo desenvolvimento sem causar danos ao meio

ambiente. Segundo Leff (2002), para que ocorresse um desenvolvimento sem causar danos ao

meio ambiente seria necessária a implantação de um desenvolvimento que integrasse os

processos históricos, econômicos, sociais e políticos visando gerar um aproveitamento

produtivo e sustentável dos recursos.

Conforme a subcategoria dois, sete alunos representam sustentabilidade em uma visão

onde visa reciclar para não desmatar. Segundo o MEC “Qualquer campanha referente ao lixo

precisa ultrapassar os muros da escola e levar em conta a comunidade escolar e a comunidade

na qual a escola está inserida” (BRASIL, 2001; p. 106), ou seja, a educação ambiental deve

alcançar as comunidades para que com isso se obtenha resultados, que consequentemente, se

houver a reciclagem, ocorrerá menos necessidade de matéria prima para a fabricação dos

produtos que podem ser reutilizados, com isso diminui-se o desmatamento.

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Conforme a subcategoria três, cinco alunos representam a sustentabilidade como sendo

a conservação de plantas e ao mesmo tempo manutenção dos lucros. Segundo Leff (2002; p.

63):

A problemática ambiental não é ideologicamente neutra nem é alheia a

interesses econômicos e sociais. Sua gênese dá-se num processo histórico

dominado pela expansão do modo de produção capitalista, pelos padrões

tecnológicos gerados por uma racionalidade econômica guiada pelo

propósito de maximizar os lucros e os excedentes econômicos em curto

prazo.

Sendo assim pode-se chagar a conclusão de que para o meio de produção capitalista não importa o

quanto determinada atitude vai prejudicar o meio ambiente, o importante é gerar lucros.

Considerando as respostas emitidas, chegou-se a conclusão de que o professor enquanto

profissional da educação tem um grande desafio para com as futuras gerações, pois é ele

através do exercício de sua função, que pode promover mudanças de atitudes e de caráter

ambiental dos alunos, os quais são o futuro do planeta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho mostra a necessidade urgente de mudar hábitos seculares através

de uma educação voltada para o meio ambiente e a sustentabilidade, sendo uma das grandes

alternativas apresentadas em diversos trabalhos, a formação de um cidadão critico que tome

iniciativas relacionadas a uma nova relação entre homem e natureza.

A sustentabilidade e a Educação Ambiental devem ser incluídas nos currículos

escolares e trabalhadas de modo a reverter o quadro que se tem, acabando com a ignorância

dos cidadãos a respeito desses assuntos, onde quem mais sofre com isso é o planeta Terra.

É preciso reconhecer que devemos mudar e que tal mudança deve iniciar de modo

individual para se mudar a coletividade, ou seja, é preciso agir localmente, para que assim

possamos garantir o futuro das próximas gerações.

REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

AB’ SABER, Aziz Nacib; (Re) Conceituando Educação Ambiental; Rio de Janeiro; 1991.

BARDIN, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

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educação ambiental – ProNEA; 3. Ed; Brasília: 2005. 102p.

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BRASIL. Ministério da Educação. Programa parâmetros em ação, meio ambiente na

escola: guia para atividades em sala de aula. / Secretaria de Educação Fundamental. -

Brasília: MEC; SEF, 2001. 200 p.

BURSZTYN, Marcel; Ciência, Ética e Sustentabilidade Desafios ao novo século;

Introdução; 2 ed., ABDR; Brasília; 2001

CANGLIERO, Rosane Terezinha; A Dimensão Ambiental na Formação de Professores da

Educação Básica; Cascavel; 2009.

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MMA/ MEC/ IDEC, 2005. 160 p.

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n. 0 (nov.2004). Brasília; 2004. 140 p.

JESUS, Ana Clara Silva de; SAMPAIO, Isabel; Fundamentos da Educação Ambiental; 1º

Ed., SOMESB; Salvador; 2007.

LEFF, Herique; Epistemologia Ambiental – 3 ed. – São Paulo; Cortez, 2002.

LIMA M. C. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva, 2002.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Educação Ambiental Transformadora.

In LAYRARGUES, Philippe Pomier (org.). Identidades da educação ambiental brasileira.

Brasília: MMA, 2004 (p.65-84).

OLIVEIRA, M. Monografia. Dissertação e teses. São Paulo: Ática, 1997.

PANAROTTO, Cíntia; O Meio Ambiente e o Consumo Sustentável: Alguns Hábitos que

Podem Fazer a Diferença; in: Revista das Relações de Consumo; 2008.

PROCÓPIO, Argemiro; Segurança Humana, Educação e sustentabilidade; in: Ciência,

ética e sustentabilidade. – 2. Ed – Cortez; Brasília, 2001.

REIGORA, M arcos; O meio ambiente e suas representações no ensino em São Paulo,

Brasil. Uniambiente. Brasília, 1991.

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(org.).Verde cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A, 1999 (p.111-

129).

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RESUMOS

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DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BLOCO

G DA UNIOESTE, CAMPUS DE TOLEDO/PR

Diani Fernanda da Silva (PG)1,

Camilo Freddy Mendoza Morejon (PQ) 2,

Dyessica Thais Alvarenga dos Reis da Silva3,

Felipe Ramon Less (TC)4

Palavras Chave: Resíduos sólidos, Universidade, Unioeste/campus de Toledo-PR.

INTRODUÇÃO

De acordo com TAUCHEN & BRANDLI (2006) e GONÇALVES et al., (2010) a

busca pela sustentabilidade, a adequação as normas ambientais e a proteção do meio ambiente

é uma premissa da maioria dos setores da sociedade, entre os quais se destaca o papel das

Universidades, onde a maioria dos problemas ambientais decorrentes na gestão inadequada

dos diversos resíduos sólidos são objeto de pesquisa. Porém, o comum das universidades é

tratar dos problemas ambientais externos ficando despercebidos e muitas vezes ignorados os

problemas decorrentes da geração de resíduos sólidos provenientes dos diversos setores das

universidades (salas de aula, laboratórios, administração, refeitório, etc.).

Visando a melhoria na qualidade do ambiente acadêmico como também a elaboração e

implantação de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), em que as atividades

de educação ambiental tem papel fundamentação para eficiência do processo, o presente

trabalho teve como objetivo a realização do diagnóstico da geração de resíduos sólidos no

bloco G da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo-PR.

METODOLOGIA

Para obter o diagnóstico da geração de resíduos sólidos (RS) no bloco G da Unioeste

campus de Toledo, foi realizado primeiramente um reconhecimento do local de estudo, a fim

de identificar as características qualitativas e quantitativas de todas as fontes geradoras

(ambientes) de resíduos localizados no bloco, sendo elas: cantina, cozinha, diretório central

dos estudantes (DCE), seção de informática, laboratório de informática e o banheiro das

1 Engenheira Ambiental, Mestranda em Engenharia Química da UNIOESTE, Campus de Toledo.

Toledo/PR. [email protected]. 2 Prof

o. Doutor, pesquisador produtividade DT/FA do Programa Engenharia Química da UNIOESTE.

Toledo-PR. [email protected] 3

Graduanda em Secretariado Executivo da UNIOESTE, Campus de Toledo. Toledo/PR.

[email protected] 4 Engenheiro Ambiental, auditor do IEF/AP. Macapá-AP. [email protected]

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zeladoras.. O bloco G foi escolhido para realização do estudo por apresentar o maior potencial

de geração de resíduos sólidos na Unioeste de Toledo-PR.

Após a etapa de caracterização da fonte geradora de resíduos, foram desenvolvidas

planilhas eletrônicas para armazenamento, monitoramento e tratamento dos dados. Na

sequência foi realizada a coleta dos resíduos sólidos, nos fontes geradoras do bloco G. Os RS

foram coletados durante cinco dias consecutivos nos períodos matutino, diurno e noturno,

assim que recolhidos os mesmos foram dispostos em sacos plásticos, etiquetados com o nome

do ambiente que foram encontrados.

Na sequência os resíduos foram armazenados em local apropriado, com ventilação

adequada, sem contato com substâncias ou animais que eventualmente poderiam

comprometer as amostras e sem as interferências das intempéries do clima. Em seguida foi

realizada a segregação nas categorias papel, plástico, vidro, metal e material orgânico.

Posteriormente realizou-se a pesagem (total e parcial) dos resíduos previamente coletados

utilizando uma balança digital convencional.

Após a obtenção dos valores da pesagem dos resíduos sólidos (separados em papel,

plástico, metal, vidro e material orgânico) os dados foram implementados numa planilha

eletrônica, após o tratamento dos mesmos foram construídos os correspondentes gráficos com

intuito de facilitar a visualização e análise dos resultados.

No presente estudo, apresenta-se a geração total de papel, plástico, vidro, metal e

material orgânico no bloco G da Unioeste/campus de Toledo.

RESULTADOS

O bloco G da Unioeste, campus de Toledo produz cerca de 92 kg de resíduos sólidos

por semana distribuídos nas categorias papel, plástico, metal e resíduos orgânicos conforme

detalhado abaixo.

Na Figura 1 apresentam-se os valores, em quilogramas, da geração semanal de

resíduos de papel correspondente a cada ambiente do bloco G.

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Figura 1- Geração semanal de resíduos de papel de cada ambiente do bloco G.

Por meio da Figura 1 observa-se que dentre os ambientes existentes no bloco G do

campus universitário, os que contribuem para a geração de papeis são: o banheiro das

zeladoras com 0,7 kg (7,64%), a cozinha com 0,8 kg (8,73%), a cantina com 7,6 kg (82,97%),

o laboratório de informática com 0,03 kg (0,33%), e o DCE com 0,03 kg (0,33%).

No bloco G, durante a semana de realização da pesagem, foi constatada a geração de

11,4 kg de plástico, conforme pode ser observado na Figura 2, o qual ilustra a quantidade de

plástico produzido em cada ambiente do bloco G.

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Figura 2 - Geração semanal de resíduos de plástico de cada ambiente do bloco G.

Dentre os setores existentes no bloco G do campus, apenas a cantina com 11,38 kg

(99,21%), o laboratório de informática com 0,07 kg (0,61%) e o Diretório Central de

Estudantes com 0,015 kg (0,13%) contribuíram para a geração de resíduos de plásticos

durante a semana da coleta de dados, como mostra a Figura 2.

O bloco G apresentou a geração de 2, 34 kg de resíduos de metal, conforme

demonstrado pela Figura 3, na qual mostra-se a quantidade de metal gerado nos ambientes do

bloco G.

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Figura 3- Geração semanal de resíduos de metal de cada ambiente do bloco G.

Observa-se que dentre os setores existentes no bloco G do campus universitário,

apenas a cantina com 2,327 kg (99,41%) e o laboratório de informática com 0,0139 kg

(0,59%) contribuíram para a geração de resíduos metálicos durante a semana da coleta de

dados, como pode ser visualizado na Figura 3.

Na Figura 4 apresentam-se os valores, em quilogramas, da geração de material

orgânico correspondente a cada ambiente do bloco G.

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Figura 4 -Geração semanal de resíduos orgânicos de cada ambiente do bloco G.

Por meio da Figura 4, é possível observar que dentre os ambientes existentes no bloco

G do campus universitário, apenas a cozinha com 1 kg (1%) e a cantina com 68,4 kg (99%)

contribuíram para a geração de resíduos orgânicos durante a semana da coleta de dados.

Durante a semana da realização da coleta e pesagem dos resíduos sólidos não foram

gerados resíduos de vidro no bloco G.

CONCLUSÃO

Com base no diagnóstico realizado constatou-se que o bloco G da Unioeste, campus

de Toledo-PR gera semanalmente 92 kg de resíduos sólidos, sendo que o material orgânico

representa 75% (69,4 kg) do total de RS produzido, seguido pelos resíduos sólidos de plástico

com 11,38 kg, resíduos sólidos de papel com 8,36 Kg e resíduos sólidos de metal com 2,34

kg. Na semana da realização da coleta e pesagem não foram gerados RS de vidro.

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REFERÊNCIAS

TAUCHEN, J. e BRANDLI, L. L. A gestão ambiental em instituições de ensino superior: modelo para

implantação em campus universitário. Revista Gestão & Produção, São Carlos-SP, n. 13, v.3, p. 503-

515, 2006.

GONÇALVES, M. S.; KUMMER, L.; SEJAS, M. I.; RAUEN, T. G.; BRAVO, C. E. C.

Gerenciamento de resíduos sólidos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Francisco

Beltrão. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n.15, p. 79-84, 2010.

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TRILHA INTERPRETATIVA EM ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL Ceci Erci Rodrigues (IC)

1,

Brian Lopes Ferreira (IC)2,

Fernanda Pavani (IC)3,

Thais Soares Monero (IC)4,

Cláudia Puperi (PFM) 5.

Palavras Chave: Interpretação ambiental; Educação Ambiental; Meio ambiente.

INTRODUÇÃO

Conforme consta na Carta da Terra (BRASIL, 2000), “estamos diante de um momento

crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro”.

Isto significa que a forma de exploração dos recursos naturais atualmente está exaurindo a

capacidade de sustentabilidade do planeta. Nas últimas décadas, período pós Revoluções

Industriais, o modelo de produção e a problemática ambiental começaram a ser amplamente

discutidas. Surge então, a Educação Ambiental (EA) como ferramenta para amenizar os

impactos originados na relação entre o ser humano e a natureza, a qual objetiva a reflexão e a

responsabilização das ações humanas frente ao meio ambiente. Diferentes reuniões de

especialistas (encontros, seminários, conferências, congressos, etc.) definem os enfoques e a

direção da EA, que tem atualmente como propósito, segundo Dias (2000), possibilitar ao

indivíduo a compreensão dos problemas atuais, e através de conhecimentos técnicos e formas

corretas para desenvolver uma função produtiva, melhorar a vida e ao mesmo tempo proteger

o meio ambiente.

Existem diversos métodos de desenvolver a Educação Ambiental. Trilhas são

percursos presentes em ambientes naturais e antrópicos, muito utilizadas em programas

educativos que permitem o desenvolvimento de atividades de cunho ambiental

(GONÇALVES, 2009; SANTOS, FLORES, ZANIN, 2011). De acordo com Dias (2000, p.

124),

1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.

São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 2 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.

São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 3 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.

São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 4 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.

São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 5 Profª. Mestre, professora e coordenadora do PIBID Biologia da E.M.E.F. Paul Harris, São Leopoldo –

RS. [email protected].

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as pessoas não se envolvem com a temática ambiental sentadas em

suas cadeiras, fechadas em um “caixote de tijolo e cimento”, regadas a

quadros de giz ou parafernália audiovisual. Elas precisam sentir o

cheiro, o sabor, as cores, a temperatura, a umidade, os sons, os

movimentos do metabolismo do seu lugar, da sua escola, do seu

bairro, da sua cidade [...]. Isso não se faz sentado em cadeiras.

As trilhas interpretativas consistem em um importante recurso didático que visa

promover o desenvolvimento de conhecimentos, de atitudes e de habilidades necessárias à

preservação e melhoria da qualidade do ambiente. A leitura do entorno possibilita o contato

consciente entre o ser humano e o ambiente, e permite o conhecimento a) de espécies animais

e vegetais; b) da história local; c) de aspectos geomorfológicos do entorno; d) de processos

biológicos; e, ainda mais importante e) das relações ecológicas e da aliança existente entre

todos os fatores observados. Segundo Gonçalves (2009, p. 9), as trilhas interpretativas servem

para que o participante tenha consciência não apenas dos elementos naturais e/ou ecológicos,

mas também das situações culturais e sociais, já que a atividade o conduz a perceber “a

natureza como um ciclo dinâmico e dependente de nossas ações”. Além disso, conduz ao

despertar da consciência da sua participação neste ciclo, e contribui para a proteção ambiental.

METODOLOGIA

Após diagnóstico ambiental realizado na E.M.E.F. Paul Harris, localizada no bairro

Santa Tereza em São Leopoldo/RS, cinco bolsistas do PIBID Biologia da UNISINOS, diante

da realidade da comunidade local, perceberam a necessidade da inclusão da Educação

Ambiental neste contexto. Foi elaborada uma atividade de interpretação ambiental com um

total de 21 alunos de 6º ano, divididos em trios, a partir em uma trilha localizada na

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) em São Leopoldo/RS, caracterizada

anteriormente pelo Grupo de Educação Ambiental da Instituição. A Trilha da Divisa faz parte

da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, possui uma extensão total de 2.067 metros, com

variação de 40 a 93 metros de altitude. Por possuir uma grande diversidade de ambientes,

como ecossistemas terrestres, aquáticos, trechos de matas com sub-bosques e gramíneas,

trechos pavimentados, e diversas construções, a trilha foi demarcada em sete “Estações de

Reflexão” (A, B, C, D, E, F e G).

As atividades realizadas incluíam habilidades de observação, de comparação, de

identificação, de análise, e de propostas de resolução para os problemas identificados. Cada

aluno recebeu um monóculo e uma prancheta com o quadro de referências a ser preenchido.

Cada trio recebeu um higrômetro e um termômetro. Um GPS foi utilizado para medir a altura

de cada Estação de Reflexão em relação ao nível do mar. As atividades estavam compostas

por observações amplas, que contemplavam a trilha como um todo, e por observações

restritas, em cada trecho percorrido entre as Estações de Reflexão. Durante o percurso, os

participantes da atividade preencheram os quadros de referências previamente elaborados

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pelos bolsistas com os fatores observados (fatores bióticos, fatores abióticos, ação antrópica,

temperatura e umidade relativa do ar). Após a atividade na trilha interpretativa, os

participantes foram conduzidos a uma sala de aula para debate e integração dos resultados

obtidos.

RESULTADOS

Através da análise do quadro de referências preenchido pelos grupos durante o

percurso da trilha e da discussão realizada em sala de aula, foi percebida pelos alunos a

diferença de temperatura dentro e fora das áreas com cobertura vegetal, associando a

importância da vegetação na regulação da temperatura do planeta. Os participantes

compararam a diversidade biológica e a diferença da disposição das espécies entre as

vegetações exóticas cultivadas e as vegetações nativas de crescimento espontâneo. Além

disso, o contato com ecossistemas com presença de corpos d’água permitiu a observação de

maior diversidade biológica de fauna e flora nestes ambientes. Foi associado pelos

participantes também que quanto mais próximo destes ambientes a umidade relativa do ar

aumentava, finalizando a atividade com reflexões da importância do ciclo da água na

dinâmica dos seres vivos.

Ao longo do percurso, os participantes diferenciaram ações antrópicas de ações

naturais, como a retirada da vegetação para construções, lixo em lugares inapropriados, até

mesmo a criação da própria trilha da atividade meio à vegetação. Assim, as ações antrópicas

foram classificadas pelos participantes em “ações antrópicas positivas” e “ações antrópicas

negativas”. Um balanço foi realizado com a opinião de cada aluno e propostas de melhoria na

qualidade de vida socioambiental foram discutidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade interpretativa realizada, apesar de aplicada com um grupo reduzido de

alunos e os resultados obtidos serem de cunho qualitativo, foi considerada construtiva já que

cumpriu com os objetivos propostos, pois despertou a postura investigativa e fomentou a

resolução de problemas locais, promovendo a integração dos participantes com o ambiente e

com os desafios comuns da sociedade. Um projeto para dar continuidade às atividades

ambientais interpretativas está sendo desenvolvido para que a Educação Ambiental seja

trabalhada de forma contínua e persistente na comunidade em questão.

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REFERÊNCIAS

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DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 6ª. Ed. São Paulo: Gaia,

2000.

GONÇALVES, Maria da Glória. Educação Ambiental: Planejamento e uso de trilhas

ecológicas interpretativas para estudantes com deficiência intelectual. 2009. Dissertação

(Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental) – Programa de Pós-Graduação em

Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Católica de Brasilia, Brasília, 2009.

Disponível em: <http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_ busca/arquivo.php?codArquivo=1043>.

Acesso em: 05 maio 2013.

SANTOS, Mariane Cyrino dos; FLORES, Mônica Dutra; ZANIN, Elisabete Maria. Trilhas

interpretativas como instrumento de interpretação, sensibilização e educação ambiental na

APAE de Erechim/RS. Revista Eletrônica de Extensão URI, V.7, n. 13, p. 189-197, out.

2011.

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O CONCEITO DE AMBIENTE CILIAR E SUA IMPORTÂNCIA NA

VISÃO DE ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL

Michael Jean Guntzel (G)

1

Michelli Gislaine Gomes (G)2

Eloisa Bernardon (G)3

Irene Carniatto (PQ)4.

Palavras chave: Ambiente ciliar; Matas ciliares; Ensino fundamental;

INTRODUÇÃO

Vivemos em um período de extrema degradação do meio ambiente, para FERREIRA e

DIAS(2004) “nunca, em toda a história da humanidade, a utilização dos recursos naturais pelo

ser humano foi tão questionada. Tanto no meio científico quanto entre a população em geral, é

crescente a ideia de conservação dos ecossistemas naturais e recuperação dos ecossistemas

degradados pelo homem”.

Para a sobrevivência de todo o planeta, ocorrem na natureza relações específicas, pois

nenhum organismo é totalmente independente. Devem ser desenvolvidas relações sociais de

respeito e comprometimento com o homem, a natureza e a si mesmo. A educação ambiental

não deve se preocupar apenas com a obtenção de conhecimento cientifico e campanhas de

proteção ao meio ambiente, além disso, deve buscar desenvolver a mudança comportamental

e a obtenção dos novos valores e conceitos convergentes a necessidade do mundo atual

(QUADROS, 2007,p.10).

1. As matas ciliares

Segundo AB’SABER (2004, p.21) as matas ciliares são chamadas de florestas ciliares

e compreendem todos os tipos de vegetação encontrada na beira de rios. O mesmo autor a

define como:

Vegetação florestal as margens do corpo d’água, independentemente de sua área ou

1Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR.

[email protected] 2 Acadêmica do Curso de Bacharel em Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR.

[email protected] 3 Acadêmica do Curso de Bacharel em Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR.

[email protected] 4 Profª. Doutora, pesquisadora do Colegiado de Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel.

Cascavel – PR. [email protected]

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região de ocorrência e de sua composição florística. Nesse sentido o leque de abrangência do

conceito de matas ciliares é quase total, para o território brasileiro: já que elas ocorrem, de

uma forma ou de outra, em todos os domínios morfoclimáticos e fitogeográfico do país.

É considerada pelo Código Florestal Federal, Lei N° 4.771, (BRASIL, 1965) como

“áreas de preservação permanente’’ que segundo a lei consiste em: “área protegida, [...]

coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos

hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e

flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações”. Ainda segundo o Código

Florestal Federal, cabe referir que o Parágrafo Único, do art. 2º, do antigo Código

Florestal estabelecia que áreas urbanas fossem aquelas localizadas no perímetro urbano

definido por Lei Municipal, devendo neste caso se observar os planos diretores e leis de uso

do solo sem prejuízo de se respeitar os limites previstos no próprio artigo para fins do que se

deve observar como APP. Posteriormente, foi editada a Lei nº 12.651/2012 (Novo Código

Florestal), que manteve em seu artigo 4º, I, alínea e a regra geral de que, em áreas rurais ou

urbanas, a APP em rios com largura superior a 600 metros é de 500 metros.

2. A importância das matas ciliares e as consequências de sua devastação

O valor atribuído às matas ciliares difere entre diversos setores de uso da terra e são

bastante conflitantes: para o abastecimento de água e geração de energia são excelentes locas

de armazenamento de água, buscando suprimento continuo; em regiões de topografia

acidentada, são as únicas alternativas para a construção de estradas; para os pecuaristas são

vistas como obstáculo ao acesso do gado à água; para a produção florestal, representam áreas

bastante produtivas onde crescem árvores de alto valor comercial (BREN, 1993 apud LIMA;

ZAKIA, 2004). O

ambiente ciliar apresenta varias funções ecológicas, hidrológicas e limnológicas para a

integridade biótica e abiótica do sistema. Segundo BARRELA et al., 2004, são importantes

para a manutenção da vida do ambiente aquático e pode ser consideradas as suas funções: (1)

proteção estrutural dos habitats; (2) regulagem do fluxo e vazão de água; (3) abrigo e sombra

para animais; (4) manutenção da qualidade da água; (5) filtragem de substâncias presentes no

rio; (6) fornecimento de matéria orgânica e substrato de fixação de algas e perifíton.

Segundo JOLY et al., (2004, p. 271) as consequências de sua destruição são:

Aumento da erosão do solo;

Perda da camada biologicamente ativa do solo;

Assoreamento de rios, lagos e reservatórios;

Aumento da frequência e das cotas atingidas por inundações sazonais;

Perda da biodiversidade local e regional;

A cobertura vegetal nas margens dos cursos dos rios é de extrema importância para

sua preservação, pois evita erosão do solo, impedindo a sedimentação ou o assoreamento do

leito do rio (ROCHA, 1997 apud BARREKA et al., 2004). O assoreamento por sua vez torna

o rio cada vez mais raso e resulta na perca dos habitats aquáticos, as espécies que vivem nos

fundos dos rios não encontram mais condições adequadas para sua alimentação e reprodução,

o que contribui para a diminuição da biodiversidade do sistema (BERKMAN; RABENI, 1987

apud BARRELA et al., 2004).

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Admite-se hoje, que das 250 mil espécies existentes no planeta 60 mil correm risco de

extinção nos próximos 20 anos, devido à destruição de seus habitats (HEYWOOD, 1989 apud

BARBOSA, 2004, p. 289). Essa situação tem gerado polêmica e preocupado os pesquisadores

e políticos do mundo todo.

3. Materiais e métodos

Partindo desses princípios, analisaram-se os conhecimentos dos alunos do ensino

fundamental sobre a mata ciliar, bem como o ambiente ciliar como um todo, e sua

importância, bem como sua preservação e manutenção, por meio de um questionário

relacionado ao problema analisado.

Os questionários foram aplicados em 28 de junho de 2010, em uma instituição pública

de ensino fundamental e médio, com turmas da 8a série.

4. Resultados

Uma analise da primeira pergunta nos mostra que a maioria dos alunos domina o

conceito teórico do que vem a ser mata ciliar, bem como sua localização, como nos mostra a

tabela a seguir:

Tabela 1. O que é Mata Ciliar?

O que é Mata Ciliar?

79,0% Matas próximas a rios

13,5% Não sabe/ Não respondeu

4,5% Mata que protege rios

3,0% Mata que é reflorestada

Mas, ao perguntados sobre a importância ecológica para os rios e também para o Meio

Ambiente em geral, muitas foram as respostas de que não sabiam ou simplesmente não

responderam, como podemos observar na próxima tabela:

Tabela 2. Qual a importância da mata ciliar para os rios e o Meio Ambiente?

Qual a importância da mata ciliar para os rios e o Meio Ambiente?

30,0% Não sabe/ Não respondeu

21,0% Evitar que o lixo chegue aos rios

19,0% Mais de uma resposta

10,5% Proteção do rio

10,5% Preservação do rio

4,5% Proteger contra enchentes/inundações

4,5% Proteger/Ajudar o Meio Ambiente

Com a pergunta seguinte, identificamos uma deficiência muito acentuada em todos os

processos de ensino aplicados e essa temática, pois para quase 70% dos entrevistados o ensino

da preservação não foi efetivo, principalmente por dois motivos principais evidenciados na

pesquisa. O primeiro deles seria a ausência desse tema em suas aulas, apresentado em quase

40% dos alunos, que alegam não ter contato com essa disciplina até a presente data da

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pesquisa. Para outros, houve contato entre os entrevistados e o tema da mata ciliar, mas foi de

baixa eficácia, como podemos perceber na tabela a seguir:

Tabela 3. Você já estudou esse tema em sala de aula? De que forma?

Você já estudou esse tema em sala de aula? De que forma?

38,0% Não estudou

31,0% Estudou, mas recorda pouca coisa

16,0% Estudou, (textos, com o professor, livros, etc.)

6,0% Estudou (atividades visuais, maquetes, ilustrações)

6,0% Estudou (aulas práticas)

3,0% Estudou (dinâmicas em grupos)

5. DISCUSSÃO

Tais incidências de respostas negativas, principalmente no último questionamento, nos

sugere a possibilidade de uma deficiência no sistema de ensino. De modo que se sabe o valor

teórico a que se equivale a mata ciliar, no entanto, não se sabe a sua importância real do

ambiente ciliar como um todo, como se pode perceber na segunda tabela. Temos como um

fator que agrava esse fato a situação apresentada pela última tabela, evidenciando a carência

de informações e abordagens efetivas em sala de aula, pois para um grande número de alunos

o ensino foi deficiente, ou os mesmos não se mostraram interessados, dessa maneira, podemos

concluir que não tiveram a construção de um conceito ligando a prática à teoria, não

formando um conhecimento efetivo sobre o tema.

Em pior situação encontram-se a maioria dos alunos, que simplesmente não tiveram

contato em sala sobre o tema abordado ou até mesmo o modo como ele foi apresentado

acarreta na não percepção da real e preocupante situação por qual passam o Meio Ambiente e

também a Mata Ciliar, não ocorrendo à sensibilização destes alunos quanto à necessidade de

mudança no modo de agir e de conviver com a natureza, dificultando assim o processo

gradual de mudança de pensamento através das gerações para a convivência em harmonia.

REFERÊNCIAS

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R. R; LEITÃO FILHO, H. F. de. Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo:

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