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COMISSÃO ORGANIZADORA
Irene Carniatto (Coordenação geral) Maria Arlete Rosa (Coordenação geral)
Adriana Massaê Kataoka Angela Bárbara Tischner Bárbara Grace Tobaldini
Celso Aparecido Polinarski Edilaine da Silva Dutra
Elizandra Aparecida de Andrade Leila de Fátima Alberton Liliam Faria Porto Borges Lucilei Bonadeze Rossasi Marino Eligio Gonçalves
Mauri José Schneider Mauri Pereira
Maurício Camargo dos Santos Paulo Roberto Castella
Rodrio Cupelli Valéria Crivelaro Casale
Wilson João Zonin
COMISSÃO DE APOIO
Cintya Fonseca Luiz Elio Jacob Hennrich Junior
Heloisa Azevedo Brasil Jéssica Ricci de Lima Kelly Mayara Poersch
Luiza Elena Slongo Margaret Seghetto Nardelli
Neimar Afonso Sornemberger Raissa Gallego
MARKETING
Alexandre Mendes dos Reis
ORGANIZADORES DOS ANAIS:
Irene Carniatto
Bárbara Grace Tobaldini Celso Aparecido Polinarski
COMITÊ CIENTÍFICO:
Anelize Queiroz do Amaral Antônio Fernando Silveira Guerra
Bárbara Grace Tobaldini Celso Aparecido Polinarski
Irene Carniatto Mara Lúcia Figueiredo
Maria Arlete Rosa
PARECERISTAS:
Bárbara Grace Tobaldini Irene Carniatto
Adriana Massaê Kataoka André Luis de Oliveira
Anelize Queiroz Amaral Angélica Goes Morales
Antonio Fernando Silveira Guerra Barbara Grace Tobaldini
Celso Polinarski Daniela Macedo de Lima Denise Lemke Carletto
Franciele Aní Caovilla Follador Irene Carniatto
Mara Lucia Figueiredo Maria Arlete Rosa Mariele Mucciatto
Marino Elicio Gonçalves Mauricio Camargo Filho Mauricio Cruz Mantoani
Nardel Silva Raquel Fabiane Mafra Orsi Rodrigo Launikas Cupelli
Thaisa Pegoraro Valéria Casale
FICHA CATALOGRÁFICA
SUMÁRIO GERAL
SEÇÃO I - EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL: Marcos Teóricos e Experiências das
Escolas em Educação Ambiental (Pág. 1 a 312)
Eixo Temático: Educação Ambiental formal
SEÇÃO II – UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL (Pág. 1
a 209)
Eixo Temático : Educação Ambiental informal
Eixo Temático : Educação Ambiental em estruturas educadoras
SEÇÃO III- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E
POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL – A Teoria e a Prática em
Projetos e Programas (Pág. 1 a 194)
Eixo Temático : Apontamentos Educação Ambiental e políticas públicas
Eixo Temático : Fundamentos históricos, teóricos e metodológicos em Educação Ambiental
SEÇÃO IV– EDUCAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL: a Contribuição das Redes de
Educação Ambiental e a Formação de Educadores Ambientais (Pág. 1 a 198)
Eixo Temático : Educação Ambiental e Gestão Ambiental
Eixo Temático : Redes de Educação Ambiental
Eixo Temático : Formação de Educadores Ambientais
SEÇÃO V –EDUCOMUNICAÇÃO, MÍDIAS E RECURSOS DIDÁTICOS EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Pág. 1 a 199)
Eixo Temático : Recursos Didáticos em Educação Ambiental
Eixo Temático : Educação Ambiental, mídias e Educomunicação
SEÇÃO VI – CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CAMPO E
EM BACIAS HIDROGRÁFICAS (Pág. 1 a 270)
Eixo Temático : Educação Ambiental por Bacias Hidrográficas
Eixo Temático : Educação Ambiental no Campo
OBSERVAÇÃO: Os trabalhos publicados, bem como a escolha dos eixos temáticos são de responsabilidade de
seus autores e não representam a opinião da Comissão Organizadora.
O Encontro Paranaense de Educação Ambiental - EPEA é um dos eventos mais
significativos para o fortalecimento da Educação Ambiental no Paraná realizado pela Rede
Paranaense de Educação Ambiental - REA-PR, e seus resultados tem refletido de forma
positiva tanto no Estado como no País.
Sob a responsabilidade de instituições locais, os EPEAs começaram a ser realizados
a partir de 1998, com função explícita de se tornarem um fórum de discussão sobre o
desenvolvimento da Educação Ambiental no Paraná, e desde então, contribuem
significativamente para discussões e trocas de experiências sobre essa temática. Esse
Encontro envolve educadores e estudantes de todos os níveis de ensino, técnicos de
organizações não governamentais, de órgãos públicos e do setor privado, lideranças
comunitárias, além da comunidade em geral interessada em refletir e dialogar sobre os
rumos e perspectivas para a melhoria das inter-relações entre os seres humanos e o
ambiente.
Neste ano de 2013, o XIV EPEA foi realizado concomitantemente com o I Colóquio
Internacional de Rede de Pesquisa em Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica -
CIRPPEA. A proposta do I CIRPEA foi dar continuidade a articulação estadual da área de
Educação Ambiental e organizar uma Rede De Pesquisadores em Educação Ambiental no
Paraná, tendo como eixo estruturante o conceito e território das bacias hidrográficas, que
também podem ser paralelamente definidas com os territórios de atuação das IES –
Instituições de Ensino Superiores do Paraná, principalmente as Universidades Estaduais.
Os eventos foram sediados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE nos dias 01 à 04 de outubro de 2013.
Agradecemos nessa ocasião, a todos os colaboradores e apoiadores.
SEÇÃO II – UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL
Eixo Temático : Educação Ambiental informal
Eixo Temático : Educação Ambiental em estruturas educadoras
SUMÁRIO
CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA REMEA - REVISTA
ELETRÔNICA DO MESTRADO DE EA/PPGEA/FURG ........................................................... 10
SABERES ETNOECOLÓGICOS DOS PESCADORES ARTESANAIS E ALUNOS DA
PLANÍCIE ALAGÁVEL DO ALTO RIO PARANÁ ....................................................................... 25
PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA TRILHA ECOLÓGICA GIRAU ALTO:
REFLETINDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
SOBRE MEIO AMBIENTE .............................................................................................................. 35
A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS NA MICRO
BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO OURO VERDE EM PARANAVAÍ-PR .................. 44
HORTA ESCOLAR NO ÂMBITO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AÇÃO PROMOTORA DE
PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS .......................................................................................................... 53
WALL-E: METODOLOGIA PARA ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL .......................... 62
SAÚDE AMBIENTAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: INTERLOCUÇÃO ROMPENDO
PARADIGMAS .................................................................................................................................. 71
TECENDO SONHOS NA PERSPECTIVA DO EMPODERAMENTO LOCAL: SEMEANDO A
CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
.............................................................................................................................................................. 81
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE MEIO AMBIENTE DE ALUNOS NA TRILHA
ECOLÓGICA DA UTFPR-DV .......................................................................................................... 91
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESTRUTURAS EDUCADORAS DE ITAIPU: ECOMUSEU E
REFÚGIO BIOLÓGICO BELA VISTA. ........................................................................................ 100
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA: A EXPERIÊNCIA DA ITAIPU BINACIONAL.
............................................................................................................................................................ 102
BENEFÍCIOS GERADOS A EMPRESAS E COMUNIDADE POR MEIO DA AÇÃO RESÍDUO
TOUR ................................................................................................................................................ 104
O USO DA TÉCNICA DE OBSERVAÇÃO DE AVES EM TRILHAS ECOLÓGICAS: UMA
NOVA FERRAMENTA EDUCATIVA .......................................................................................... 107
ATIVIDADES LÚDICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADAS A
ECTOPARASITOS DE CÃES. ....................................................................................................... 112
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS COLABORADORES DE UMA EMPRESA PRIVADA QUE
DESENVOLVE PROJETOS SOCIOAMBIENTAIS EM GUARAPUAVA/PR E REGIÃO. ... 117
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA SENSIBILIZAÇÃO DOS PROBLEMAS CAUSADOS PELA
INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA -
PR ...................................................................................................................................................... 121
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO DE
EFLUENTES EM UM LATICÍNIO DO MUNICÍPIO DE MISSAL/PR ................................... 126
SABOR AMBIENTE: UMA INTERVENÇÃO ARTÍSTICA-AMBIENTAL ............................. 131
EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA AO ESPAÇO DOMÉSTICO ATRAVÉS DE
PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA SUSTENTÁVEIS ....................................................... 134
APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DA COMUNIDADE ESCOLAR ................................... 143
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO
ENSINO/APRENDIZAGEM PARA OS CURSOS TÉCNICOS PROFISSIONALIZANTES..
............................................................................................................................................................ 153
A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇAO AMBIENTAL E A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL NA
GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE SEDE NOVA/RS ....................... 161
AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: DIFICULDADES ENCONTRADAS
PELOS PROFESSORES PARA REALIZAR AS MESMAS EM SALA DE AULA. .................. 172
EDUCAÇÃO AMBIENTAL RUMO A SUSTENTABILIDADE ................................................. 181
DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BLOCO G DA UNIOESTE,
CAMPUS DE TOLEDO/PR ........................................................................................................... 191
TRILHA INTERPRETATIVA EM ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............... 198
O CONCEITO DE AMBIENTE CILIAR E SUA IMPORTÂNCIA NA VISÃO DE ALUNOS DE
ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................................................ 202
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
INFORMAL
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
10 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA
REMEA - REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO DE
EA/PPGEA/FURG
Jacqueline Carrilho Eichenberger (PG)1,
Jusélia Paula da Silva (IC)2,
Vilmar Alves Pereira (PQ)3.
Resumo: O presente trabalho apresenta as concepções de educação ambiental no contexto da Revista
Eletrônica do mestrado de Educação Ambiental/REMEA/PPGEA/FURG. A REMEA constitui-se em um espaço
tradicional para a divulgação da produção científica nacional e internacional na área da Educação Ambiental -
EAno país. Os estudos partiram da correlação dos dados gerados pela circulação do periódico, a partir de sua
migração para a Plataforma Open Journal Systems (OJS/SEER), para onde já foi disponibilizado grande parte
dos volumes anteriores, desde sua criação. O artigo destaca a cartografia da EA, por meio de artigos publicados
por universidades do Brasil e América Latina, apresentando diferentes tempos e espaços da Educação
Ambiental, sejam formais, informais, políticos, de fundamentos, de formação, nos diferentes territórios.
Registros de visitantes indicam que cerca de 13.000 usuários originados do Brasil e de outros 50 países de
diferentes continentes, acessaram o periódico nos últimos três meses. Com base nos dados apresentados, o artigo
propõe uma reflexão sobre o desafio, tanto da universidade, como do próprio Programa de EA em dar conta dos
limites e possibilidades dessa dinâmica e, continuamente afirmar a EA como campo do conhecimento humano.
Palavras Chave: Educação Ambiental; Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental-REMEA/FURG.
Abstract: This paper presents the concepts of environmental education in the context of the Electronic Journal
of Environmental Education Masters / REMEA / PPGEA / FURG. The REMEA is in a traditional space for the
dissemination of national and international scientific production in the area of environmental education in the
country. The studies started from the correlation of the data generated by the circulation of the journal, from their
migration to Platform Open Journal Systems (OJS / SEER), which has been made available for most of the
previous volumes, since its inception. The article highlights the mapping from EA through articles published by
universities in Brazil and Latin America, with different times and spaces of environmental education, whether
formal, informal, politicians, fundamentals, education in different territories. Records indicate that visitors about
13,000 users originated from Brazil and 50 other countries from different continents, accessed the journal in the
last three months. Based on the data presented, the article proposes a reflection on the challenge, both from the
university, as the Environmental Education Program in realize the limits and possibilities of this dynamic and
affirm environmental education as a field of human knowledge.
Keywords: Environmental Education, Electronic Journal of Master of Education Ambiental-
REMEA/PPGEA/FURG
1 Mestranda em Educação Ambiental. Graduada em Filosofia /Universidade Federal do Rio Grande-FURG, Rio
Grande- RS. [email protected] 2 Acadêmica de Biblioteconomia. Bolsista da REMEA/Universidade Federal do Rio Grande-FURG, Rio Grande-
RS. [email protected] 3Doutor em Educação. Mestre em Educação. Graduado em Filosofia/Universidade Federal do Rio Grande-
FURG, Rio Grande- RS. [email protected]
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
11 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
INTRODUÇÃO
Contextualizando a REMEA
A Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental
apresenta artigos em língua portuguesa e espanhola e constitui-se em um espaço tradicional
para a divulgação da produção nacional e internacional na área da Educação Ambiental (EA).
São questões fundamentais do periódico as preocupações com as múltiplas abordagens de
experiências de EA nos espaços formais de educação e seus impactos na comunidade escolar
e na aprendizagem. Conscientes dos desafios apresentados pela questão da sustentabilidade, o
periódico apresenta, assim como o programa de Pós-graduação em EA – PPGEA/FURG, em
meio aos Tempos e Espaços da EA, uma forma de proporcionar a reflexão sobre os
fundamentos históricos, antropológicos, sociológicos, filosóficos, éticos e epistemológicos da
EA.
Com a responsabilidade de contribuir para a produção de conhecimentos e sua
transformação no campo da EA, o periódico busca aprofundar por meio da publicação de
artigos e resenha de livros, a compreensão crítica da atual crise socioambiental no Brasil e no
mundo; fundamentar as discussões sobre propostas pedagógicas; propor o enfoque na situação
sócio, ecológica regional, nacional, internacional e o papel que cabe à escola em face de esta;
difundir pesquisas na área da EA, possibilitando o leitor identificar problemas e soluções,
dentro de sua área de conhecimento e atuação.
A Revista envolve leitores e pesquisadores oriundos das comunidades cientificas, das
comunidades pesqueiras, das Unidades de Conservação, Indústrias, Produtores primários,
Escolas, Universidades, Hospitais, Professores, Alunos, Profissionais liberais e Populações
diversas. O periódico tem buscado reunir abordagens que tratam da manutenção dos recursos
naturais, melhoria da qualidade ambiental, educação, planejamento, manejo ambiental,
conscientização em comunidades, tomadas de decisão, gerenciamento, mudanças de atitudes e
valores.
A Revista Eletrônica do Mestrado em EA (REMEA) possui circulação nacional e
internacional (on-line) com periodicidade semestral, de conteúdo científico, tendo como
objetivo principal a veiculação de resultados de pesquisa relacionados à EA como uma área
de pesquisa no Brasil e América Latina. Em 2003 passou a integrar o Qualis da CAPES, o que
garante a qualidade dos artigos publicados para fins de avaliação de programas de pós-
graduação. Possui conceito Qualis B2 pelos parâmetros atuais de avaliação de periódicos.
Pela ANPED foi considerado um periódico que atende as exigências de uma revista de
alcance nacional pela qualificada produção na área já que vinculado ao Programa de Pós
Graduação em EA. Este programa conforme dados apresentados é responsável por mais de
50% da produção científica nacional na área.
Em 2012 foram demarcados a migração do periódico para a Plataforma Open Journal
Systems (OJS/SEER), para onde já foram disponibilizados quase todos os volumes anteriores,
desde sua criação em 1999. Também Foram atualizados os indexadores. Os arquivos a serem
migrados estavam hospedados em sítio HTML, não oferecendo um sistema para recuperação
e gerenciamento dos processos editoriais bem como padronização na disposição das
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Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
12 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
informações. Esses foram alguns dos motivos pela decisão, por parte do conselho
editorial/REMEA, pela migração, esta foi finalizada em junho de 2013. Paralelamente a
migração seguiram-se os processos de editoração com as novas submissões e subsequentes
publicações.
Um dos primeiros passos dados em relação a migração do periódico foi o de dar início
ao treinamento sobre as funcionalidades do software, afim de se conhecer as possibilidades de
funcionalidade oferecidas, identificar os volumes a serem migrados, dos quais 19 volumes
num total de 437 artigos em formato pdf. Delineou-se que a migração deveria conservar as
características de apresentação originais, mantidas pelo periódico. Para desenvolver a
migração, além de treinamento no software OJS/SEER, mantido pela Universidade Federal do
Rio Grande para fins de aprendizagem, buscou- se na literatura especializada, a fim de
relacionar recursos que mais se adequassem a referida migração, referentes ao processo de
editoração. A síntese do processo se caracterizou pelo treinamento no software OJS/SEER;
Planejamento das atividades de migração; Seleção e downloads de pdfs; Cadastro de autores;
Submissão dos artigos; Publicação dos volumes; Caracterização final da Revista.
O processo de migração das rotinas dos processos editoriais dinamizou a REMEA e
proporcionou uma busca por bancos de dados e indexadores para sua inserção. Tal fato trouxe
uma nova demanda para revista que foi a busca constante da implementação de critérios de
qualidade. “Como ocorre em toda transição de um sistema a outro, de uma realidade a outra,
há necessidade de constante mutação, de descobertas, de aperfeiçoamentos [...]” (FACHIN;
HILLESHEIM, 2006, p. 40). O planejamento de ações futuras referentes aos critérios de
qualidade da publicação cientifica da Revista consta a atribuição de DOI (Digital object
identifier) para publicações digitais em rede além da sua busca pela melhoria dos critérios
Qualis, A partir do uso do SEER observou-se maior divulgação na rede mundial de
computadores, o que também trouxe visibilidade, além de transparência das suas rotinas.
Frequentemente leitores, autores e avaliadores buscam por informações sobre a revista.
Compreende-se que a busca pela melhoria dos critérios de qualidade é um processo constante
que permite ao editor, assistentes e toda a equipe envolvida busque por aprendizado sobre o
tema.
A educação Ambiental no contexto da REMEA/PPGEA/FURG
Ao instituir, em 2004, um Grupo de Trabalho (GT) em Educação Ambiental na
ANPED - Associação Nacional de Pós Graduação em Educação, o Programa de Pós
Graduação e EA – PPGEA, contribuiu definitivamente para o fortalecimento de um corpus
teórico capaz de dialogar com os diferentes saberes oriundos de produções científicas e ao
mesmo tempo, possibilitar processos de reflexão para efetivas mudanças culturais: “(...)
propiciar os processos de mudanças culturais em direção à instauração de uma ética ecológica
e de mudanças sociais em direção ao empoderamento dos indivíduos, grupos e sociedades que
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
13 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
se encontram em condições de vulnerabilidade em face dos desafios da contemporaneidade.”
(ProNEA, 2005, p. 18).
Considerando ser um campo de conhecimento relativamente novo, a pesquisa em EA
vem se constituindo como um posicionamento político, um esforço de “gerar novos vínculos
com o ambiente imediato, seja ele natural, construído, espacial ou temporal, através de uma
ética particular” (SANTOS & SATO, 2006, apud NABAES, 2013, p. 32-33). Ainda, sendo a
produção de pesquisa um fator de sua legitimação como área de investigação, a necessidade
do reconhecimento da EA como uma prática sustentada por conhecimento rigoroso.
Observa-se que a EA se desenvolve no contexto da REMEA por meio de quatro
grandes linhas de pesquisa que se limitam apenas no contexto pedagógico ou na necessidade
de pensar sobre elas mesmas. Na linha de pesquisa intitulada: Fundamentos da EA há uma
ênfase em abordagens voltadas para a compreensão das questões colocadas sobre a natureza e
a sociedade. Essa linha de pesquisa sugere a EA como ciência. Trata da discussão sobre ser o
conhecimento produzido e/ou em processo de produção, um puro registro pelo sujeito, de
dados já anteriormente organizados independente dele com o mundo exterior, ou, o sujeito
poderá intervir ativamente no conhecimento dos diferentes objetos de investigação da EA?
Loureiro nos possibilita uma boa reflexão quando enfatiza que: “A questão ambiental é
constituída por formas variadas de se valorizar o ambiente, de perceber, classificar e expor os
problemas ambientais, e isso se reflete numa diversidade de propostas de superação, situadas
entre a perpetuação das ideologias hegemônicas até sua transformação radical.” (PP-PPGEA,
2009, p.94 in: Nabaes, 2013).
A Linha de pesquisas sobre Formação de Educadores possui abordagem focada nos
processos que constituem a docência, nas questões ambientais, nos contextos de educação
institucionalizados, relacionada à formação de professores e resgata os “aspectos identitários e
os saberes da docência, as redes de aprendizagem e a constituição de professores-educadores
ambientais. A constituição de educadores e educadoras ambientais buscou responder sobre
como se constituem os educadores e educadoras ambientais? Quais suas práticas e trajetórias?
Quais suas visões de mundo? Propõe uma reflexão sobre a formação inicial e continuada de
educadores e educadoras ambientais, abordando as questões políticas, éticas, históricas, entre
outras, implicadas no processo.
No que trata a EA não Formal, volta-se para questões ambientais em espaços de
educação não formais e informais considerando, que tais linhas delimitadoras se referem ao
espaço que transita a EA, do ponto de vista pedagógico, ou seja, principalmente no caso em
que precisamos pensar sobre essa ação pedagógica. Ênfase na compreensão do
desenvolvimento humano de forma sistêmica, estética, ética e política que entenda a
interligação de espaços ambientais. (PP-PPGEA, 2010, p. 2 in: Nabaes, 2013). Problemáticas
Emergentes em EA, na medida em que ocorrem processos que nos colocam em novas
instâncias teórico epistemológicas, propõe refletir acerca do contexto atual e da possibilidade
dos mais diversos diálogos entre a questão ambiental e as práticas educativas.
A recente proposta de uma linha de pesquisa sobre EA e Políticas Públicas trata-se de
um espaço de atuação da EA reservado a gestão ambiental no país. A temática propõe uma
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
14 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
reflexão do processo de gestão Ambiental, que estão seguramente para além dos processos de
licenciamento ambiental e, principalmente, do modelo de desenvolvimento pós-colonialista
adotado, de forma a refletir criticamente sobre os impactos ambientais e sociais gerados por
estas escolhas. Tal temática deve trazer a reflexão a dinâmica dos movimentos sociais e o
espaço da EA em seu núcleo. Propõe uma reflexão sobre as relações sociais e a reprodução da
sociedade onde, a própria percepção ou a compreensão destas relações e do que está no centro
dos conflitos fazem parte do debate social, político, teórico e acadêmico. A temática deve
tratar também da “participação” coletiva em processos de tomada de decisão em todos os
espaços que ainda pode haver de disputa entre territorialidades.
Figura 1 - Contextos de atuação dos educadores ambientais. in: (PP-PPGEA, 2010 apud NABAES; DIAS, 2013,
p. 132).
Podemos considerar o Meio Ambiente como tudo o que existe ao nosso redor, tudo
com o que interagimos direta ou indiretamente, ou seja, é o lugar onde vivemos em todas as
suas dimensões. Cientistas calcularam que a Terra começou a se formar há mais de 5 bilhões
de anos e passou por um longo período de formação até apresentar condições para o
surgimento das primeiras formas de vida. Seu conjunto de condições únicas e extraordinárias
favoreceu a existência e a estabilidade de muitas formas de vida. Tais condições ambientais
permitiram a formação e a evolução dos ecossistemas que abrigam uma grande
biodiversidade, formado por plantas e animais especialmente adaptados a condições
específicas, definidas principalmente pelo clima de cada região. Pesquisas científicas
encontraram recentemente registro de sítios arqueológicos de assentamentos humanos datados
por volta de 12.790 anos. Aproximadamente 10.000 anos após, a civilização ocidental
vivencia a Revolução Industrial. Durante os últimos 200 anos, puderam ser constatadas
tendências de mudanças antrópicas intensas nos ambientes naturais, decorrentes de um
contexto pós-colonialista e predatório de exploração dos recursos naturais, de forma a
satisfazer as necessidades do modelo de produção capitalista adotado.
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
15 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Podemos pensar que a crise ambiental – que tem sua gênese no colapso das relações
que se firmaram até então entre sociedade e natureza, foi uma grande motivação para os
movimentos ambientalistas que se sucederam dentro do universo da contracultura,
especialmente a partir do século XX. No Brasil, conforme Nabaes (2013) a partir do período
colonial a exploração e comercialização do pau-brasil em larga escala, já carregava uma
preocupação com a necessidade de estabelecer normas para a sua extração expresso pela Carta
Régia de 1542, assim como, na modernidade, a preocupação de fundamentar a EA como
ciência (e urgência) para a promoção da vida na Modernidade.
Se pensarmos na EA como um movimento que emergiu das necessidades geradas por
uma ruptura no modo de pensar. Tal emergência surge no contexto da própria história da EA.
O “romântico “Silent Spring” o (...) Clube de Roma em 1968; as conferências de Estocolmo
(1972), Belgrado (1975), Tbilisi (1977), Rio de Janeiro (1992) e Johannesburgo (2002)”
(Nabaes, 2013). No Brasil, a partir de 1997, foi feita a inclusão do Meio Ambiente como tema
transversal nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Em 1997, observa-se, em meio ao
movimento que a questão ambiental vinha se constituindo, a sistematização de um Programa
Nacional de EA (ProNEA), como tentativa de consolidar essa área da educação como capaz
de dialogar com a prática, ou seja, com os conflitos que já se faziam eminentes. Importante
mencionar, pós a conferencia do Rio de Janeiro, certo esforço na criação de redes regionais
para operacionalização de ações educativas em EA, entendendo, conforme orienta a Agenda
21.
(...) a atribuição de poder aos grupos comunitários por meio do princípio da
delegação de autoridade, assim como o estímulo à criação de organizações indígenas
com base na comunidade, de organizações privadas de voluntários e de outras
formas de entidades não-governamentais capazes de contribuir para a redução da
pobreza e melhoria da qualidade de vida das famílias de baixa renda. (ProNEA,
2005, p.23).
Tal contextualização histórica se faz importante para a reflexão sobre a “novidade”
que é a temática ambiental para a educação, para as ciências, para os sujeitos, enfim, a EA é
um campo de conhecimento extremamente novo, se comparado às outras áreas de
conhecimento. Sabe-se da importância do rigor científico e do diálogo, para que a própria
temática se supere e se firme como dialógica ao processo social, como almeja a Agenda 21.
Atualmente, o homem contemporâneo já se depara com inúmeros problemas em escala
global, tais como: o aquecimento global, o esgotamento dos recursos naturais não-renováveis,
a superpopulação, entre outros. A realidade que vivemos hoje nos leva a uma percepção sobre
a mudança de paradigma que já há tempos insiste em se manifestar. Compreender o meio
ambiente de forma integral está relacionado a uma nova maneira de compreender a realidade.
Esse pensamento se sobrepõe ao pensamento que tem norteado a cultura ocidental nos últimos
séculos: a visão fragmentada causadora da ruptura entre homem e natureza, mente e corpo,
fomentadora da dicotomia eu-mundo, que fez com que o homem definitivamente se separasse
da natureza.
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
16 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Reigota (1994) nos faz refletir sobre a EA que visa a formação de cidadãos críticos,
conscientes e atuantes, na promoção de uma educação política. Na busca de um entendimento
mais abrangente acerca das ações cotidianas, o autor enfatiza a EA como uma ação global,
onde o cidadão, ao ter conhecimento dessa realidade, produz um pensamento universal para
assim atuar conscientemente como modificador do meio onde está inserido. O autor trás uma
discussão acerca das diversas concepções sobre o termo meio ambiente, explicando que o
mesmo está inserido em inúmeros e diversos discursos políticos, sociais, ecológicos e
midiáticos. Para ele EA encontram-se relacionada às relações dinâmicas e que estão em
constante interação entre aspectos sociais e naturais.
A EA está inserida em todos os aspectos que educam o cidadão, dessa forma, é
possível percebê-la nos diversos espaços sociais, culturais, políticos e educacionais, dando,
cada um, ênfase às suas especificidades. Por perceber a EA em uma perspectiva global, o
autor salienta que a mesma não poderia ser considerada como disciplina dentro do processo
educativo, mas sim, como uma perspectiva que permeie todas as disciplinas. Assim, a EA
deve ser abordada nos diversos aspectos e espaços promovendo a percepção do educando
como cidadão brasileiro e planetário. O autor nos aponta seis objetivos definidos na Carta de
Belgrado, que se tornam imprescindíveis para um trabalho de EA quais sejam:
conscientização, conhecimento, comportamento, competência, capacidade de avaliação e
participação. Esses objetivos têm como princípio o esclarecimento e a atuação consciente dos
sujeitos frente ao problema ambiental, bem como, a busca um novo comportamento que visa
adquirir o sentido dos valores sociais, sensibilizando-os pelo interesse ao meio ambiente.
Atualmente vivemos um quadro de completa insustentabilidade social e ambiental,
paralelo a uma crise ética na percepção da vida, ou seja, o agir se sujeita à crítica da
subjetividade teórica de valores e esta, se confronta com a ação. Dessa forma, marcamos a
importância da práxis como reflexão e busca de soluções para os problemas do nosso tempo
que requerem mudanças radicais nas nossas percepções, pensamentos e valores. Os
paradigmas emergentes tratam esses problemas de forma integrada, longe da visão
antropocêntrica que o ser humano tem desenvolvido nos últimos séculos. A EA hoje tem
autonomia para considerar o objetivo e o subjetivo, o natural e o cultural, o político, o ético e
o estético, com vistas ao desenvolvimento ideal da humanidade, com ênfase na autonomia e
no pensamento crítico e na contextualização do homem no ambiente do qual é parte
integrante. Dessa forma, partindo de uma perspectiva pedagógica crítica, busca contribuir
para a compreensão da realidade e para a transformação, simultaneamente, da sociedade e da
educação, no processo de formação humana. Nesta concepção de educação, fundamenta-se
uma crítica que compreende que as relações sociais de dominação e de exploração capitalistas
são internalizadas, como ideologia dominante que informa uma leitura que deverá mediar o
agir e consequente postura (agir) diante do cotidiano, que se materializam nos problemas
sociais e ambientais.
Da mesma forma, tudo que vem sendo dito e debatido sobre EA nos últimos trinta
anos, traz em suas especificidades algum aspecto que nos incita a refletir. Muitos autores
falam do local, do espaço geográfico e o do espaço da pesquisa como um “novo espaço
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social” de poder que permite orientar e consolidar as condições para o surgimento de relações
e ações que atualizam uma racionalidade ambiental. Observa-se que para sabermos escolher
as estratégias e instrumentos necessários para solucionar problemas ambientais, é preciso
conhecer um pouco dos alicerces, funcionamento e evolução da ciência no mundo real. Por
exemplo, em uma educação que não se afirma como emancipatória - transformação plena, que
engloba as múltiplas esferas da vida planetária e social, inclusive a individual, o processo
educativo não pode ser dito como transformador (Loureiro, 2004). A EA hoje tem autonomia
politica para considerar o objetivo e o subjetivo, o natural e o cultural, o político, o ético e o
estético.
Se a EA ocupa o lugar da educação que não era ambiental, hoje, em meio a uma ampla
variedade de vertentes tanto do pensamento ambientalista como das próprias correntes
pedagógicas, como identificar as intencionalidades que preenchem de sentido as ações de EA?
Apesar da complexidade ambiental envolve múltiplas dimensões, enfatizam a crise ecológica
da dimensão ambiental como se os problemas ambientais fossem originados
independentemente das praticas sociais (reducionismo). A EA esta para além de ser
compreendida apenas como um instrumento de mudança cultural ou comportamental, mas,
também como um instrumento de transformação social para se atingir a mudança ambiental.
Nessas redefinições conceituais e ideológicas de seu significado a abrangência conceitual da
EA. Quem se beneficia com o processo? Qual o enquadramento feito pela leitura do pano de
fundo. Loureiro (2004) aponta os limites da EA de caráter moralista que recai na concepção
desse “modo de fazer” como se os humanos fossem seres passivos e totalmente determinados
pela esfera ideal subdimensionando ou ignorando a ação humana no tecido social negando a
existência do sujeito histórico e da práxis.
É preciso coerência, pois, esta vertente pode estar esvaziando o terreno da ação
política por colocar na transformação do pensamento individual uma centralidade que não
corresponde ao seu papel na mudança social. Critica a posição unidimensional das posturas
idealistas, irredutibilidade dialética entre a mudança social e cultural para se alcançar o
propósito educativo. Nesse sentido afirma que não há mudança ética quando se ignora a
sociedade que se move porque os valores não são mero reflexo da estrutura econômica, mas
são definidos a partir de condições históricas específicas inseridas.
As bases ecológicas da sustentabilidade não se localizam apenas na esfera ideal, mas
também na esfera material, no modo de produção capitalista e nas relações sociais. A EA
possibilita o método dialético como forma de pensar e transformar o mundo. Relações de
alienação gerada pelas ações pedagógicas sobre o humano. Questionam os princípios da EA
como condição social, política, de cidadania, democracia, participação, autonomia,
emancipação. A reflexão a respeito do problema ambiental sem estar articulada com a
contextualização social, cultural, histórica, política, ideológica e econômica, resulta na
reprodução de uma visão de mundo dualista que dissocia as dimensões social, cultural,
histórica, política, ideológica e econômica resulta na reprodução de uma visão de mundo
dualista que dissocia as dimensões social e natural. Diferentes abordagens, diferentes
categorias.
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Para Loureiro (2004) a construção de teorias abstratas sobre bases idealizadas não
favorecem a intervenção qualificada dos agentes sociais, a releitura desejável da EA que se
faz necessário é educar (?) com a clareza do lugar ocupado pelo educador na sociedade. De
sua responsabilidade social em problematizar a EA. Mas “não uma educação genérica, uma
que se nutre das pedagogias progressistas histórica-crítica e libertaria, correntes orientadas
para a transformação social”. Carvalho (2013) analisa o modo pelo qual a EA tem sido agente
e, ao mesmo tempo, efeito de um processo de “ambientalização” das esferas sociais. Sugere
que as práticas de EA resultam do imbricamento desse idioma de amplitude global com a
produção local de significados. A EA nos trás a questão da ambientalização - processo de
internalização da questão ambiental nas esferas sociais bem como na formação moral dos
indivíduos. Carvalho (2013) sugere o quanto é “visível nas últimas décadas o fortalecimento
das dimensões institucionais do campo ambiental bem como a emergência de novos
movimentos na esfera social deste campo”. No Brasil a emergência dos movimentos de
justiça ambiental e a “ambientalização” dos conflitos sociais tem sido objeto de estudo de
diferentes pesquisadores.
Chamamos de Racismo Ambiental as injustiças sociais e ambientais que recaem de
forma desproporcional sobre etnias vulnerabilizadas. O Racismo Ambiental não se
configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas igualmente
através de ações que tenham impacto racial, não obstante a intenção que lhes tenha
dado origem (HERCULANO e PACHECO, 2006 apud CARVALHO, 2013, p. 30).
A questão ambiental é então reformulada de diferentes maneiras pelas instituições e
movimentos que a incorporam, como um “idioma ambiental” que apresenta em diferentes
práticas sociais. Interessante fenômeno relacionado à internalização de uma “orientação
ecológica” ou ainda como um “habitus ecológico”, conforme sugere a autora. Observa-se que
a temática ambiental esta para além do âmbito dos conflitos, a questão ambiental parece
expandir-se como um argumento ou “idioma” válido para um horizonte ambiental moral,
ético e estético.
Importante ressaltar o papel do sociólogo (Santos 2005, apud Carvalho, 2010), ao
analisar os desafios de articulação entre as lutas contra hegemônicas para produção de
alternativas comuns à globalização neoliberal. Ele chamou de “tradução” o trabalho de
reconhecimento e compreensão das convergências possíveis entre as práticas diversas de onde
poderiam vir às alternativas como os movimentos ecológicos, pacifistas, indígenas, feministas
e de trabalhadores. A tradução e o mútuo reconhecimento entre estas práticas é para
Boaventura a condição para o diálogo e a imaginação de outro mundo possível. Conforme
Carvalho (2010) trata-se de uma tarefa que implica um vasto exercício de tradução para
expandir a inteligibilidade recíproca sem destruir a identidade dos parceiros da tradução. O
resultado social deste mútuo reconhecimento é denominado por Boaventura como o
estabelecimento de uma zona de contato e diálogo entre diferentes práticas e saberes sociais.
Ainda no enfoque da investigação sobre as possíveis concepções de EA, percebe-se,
com Carvalho (2010) que o processo de ambientalização das praticas sociais cuja
contrapartida é a politização da questão ambiental, pode ser observado, por exemplo, na
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trajetória de organização dos catadores, como diz a autora, que estiveram tradicionalmente
ligados a questões como geração de renda, associativismo e cooperativismo, ocupação
informal, exclusão do mundo do trabalho formal entre outras categorias sociológicas. Na
última década assistimos a um deslocamento desta identidade social para a categoria de
recicladores. Um bom exemplo de como incorporar a questão ambiental como parte de sua
ação, mostra que os catadores puderam se reapresentar a sociedade na forma de um
movimento de interesse ambiental, incluindo propostas de um movimento nacional de
trabalhadores da reciclagem. Carvalho complementa que:
(...) EA como efeito e agente da ambientalização das esferas sociais poderia ser
considerada ao mesmo tempo efeito e agente de ambientalização das práticas
sociais. A educação ambiental instaura distinções entre os sujeitos educados
ambientalmente e aqueles cujos comportamentos não ecológicos são geralmente
associados à barbárie. A caução da educação ambiental no argumento do
agravamento dos problemas ambientais e sua crescente visibilidade e legitimidade
pública cria condições para o que Leite Lopes (2004) chama de “inculcação” do
novo domínio do meio ambiente, sua nova linguagem e seus novos usos se tornando
um “habitus” (BOURDIEU ,1996 apud CARVALHO, 2010, p. 33).
Percebe-se que a EA trás em seu bojo uma tendência para o entendimento da educação
e do ensino como instrumento de transformação social, resgatando a importância dos
conteúdos culturais no processo educativo. Esses autores associam a questão ambiental como
movimento social intrinsecamente relacionado a uma profunda crise civilizatória,
epistemológica, filosófica, política e que sustenta a modernidade. Como vimos, há uma
pluralidade de concepções ambientais, entre elas, Guattari (1991) propõe as três ecologias, o
estudo das três dimensões da ecologia - natural, subjetiva e social. Morin (2001) pensou os
sete saberes necessários a educação do futuro na perspectiva da complexidade
contemporânea, abordando aspectos ignorados pela pedagogia atual, para servirem de eixos
norteadores à educação do próximo milênio. Esses saberes são respectivamente as Cegueiras
Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das
Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero
Humano. De qualquer forma, observa-se que esses saberes são indispensáveis frente à
racionalidade dos paradigmas dominantes que banalizam o real, ou seja, deixam de lado
questões importantes para uma visão abrangente da realidade.
Observa-se por meio da análise dos estudos disponíveis um movimento para
fundamentar a EA como ciência, a EA como emergência na promoção da vida na
Modernidade. Para além da história e do movimento da EA, a emergência de ser agora
pensada como ciência. Da mesma forma, o educador ambiental se reinventa, como produzir
conhecimento interdisciplinar? Onde esta a emancipação?
(...) atribuição de poder aos grupos comunitários assim como pode ser comprovada,
o estímulo à criação de organizações indígenas com base na comunidade, de
organizações privadas de voluntários e de outras formas de entidades não-
governamentais capazes de contribuir para a redução da pobreza e melhoria da
qualidade de vida das famílias de baixa renda (ProNEA, 2005, p. 23).
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Inclui-se no diálogo, a consciência de que a EA por meio das diferentes ciências
constrói sua própria especificidade, já que é contemporânea ao próprio pensamento científico
e precisa transitar entre diferentes abordagens. Inclui-se ainda considerar propostas como a
Agenda 21. É possível construir sociedades? Ainda,
Uma Educação Ambiental transformadora refere-se a (...) revolucionar os indivíduos
em suas subjetividades e práticas nas estruturas sociais-naturais existentes (...) atuar
criticamente na superação das relações sociais vigentes, na conformação de uma
ética que possa se afirmar como “ecológica” e na objetivação de um patamar
societário que seja a expressão da ruptura com os padrões dominadores que
caracterizam a contemporaneidade. Imediatamente, a necessidade de ampliar o
conceito de sujeito tradicional para outro que caracteriza os diferentes sujeitos, o
sujeito ecológico, o sujeito epistemológico. (LOUREIRO, 2004, p.73)
Figura 2 - Gráfico demonstrando a cartografia da EA pelo Brasil no contexto da REMEA. Fonte: os autores.
Após avaliação e analise da dinâmica de funcionamento da logística do último volume
publicado foi possível traçar, por meio dos 69 textos recebidos, uma espécie de cartografia da
EA ao longo dos diferentes estados brasileiros, como também, ao distribuir os artigos pelas
linhas de pesquisa, observa-se a ocupação da EA nos diferentes espaços e campos de atuação.
As regiões sedes das Universidades que encaminharam os artigos referem-se às regiões:
Centro Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. Como representante internacional, o Uruguai.
Observa-se pela leitura do gráfico (Fig. 2) que o Sul é o campeão na demanda de artigos já
que encabeça a lista com 29 textos enviados. Logo em seguida, o Nordeste com 18 artigos
encaminhados. A região Sudeste esta representada com 15 artigos, o centro oeste com 03 e o
Norte também com 03 artigos encaminhados. O Uruguai representou com 01 artigo.
No que se refere às linhas de pesquisa, observa-se que 27 artigos desenvolvem-se no
âmbito da investigação das atividades consideradas como EA Não Formal e 21 artigos se
desenvolvem no espaço Formal da EA. É possível perceber ainda que 13 artigos ocupam com
discussões interessantíssimas o espaço dos Fundamentos da EA e ainda, a recém-temática, EA
e as politicas públicas sendo representada com 08 artigos como podemos observar no gráfico
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da figura 3. Como vimos à limitação de campos de pesquisa refere-se apenas ao caráter
pedagógico necessário ao estudo e análise da mesma.
Figura 03 – Temas e Espaços ocupados pelas linhas de pesquisa em EA no contexto da
REMEA/PPGEA/FURG. Fonte: os autores.
A REMEA, durante o ano de 2013 já publicou 02 volumes que são eles: o Volume
Especial, que se caracterizou pela publicação dos artigos encaminhados ao V Colóquio de
Pesquisadores em EA da Região Sul – V CEPEASul e do IV Encontro e Diálogos com a EA)
IV EDEA e o Volume 30, n. 1. No Volume Especial, a REMEA mais uma vez traz a
contribuição de diferentes saberes e práticas que compõem a EA como campo do
conhecimento. Com o objetivo de congregar pesquisadores de instituições do Sul e de outras
regiões do Brasil, além de países como o Uruguai, a Argentina e o Chile, o evento integrado
V CPEASul / IV EDEA constitui-se na consolidação da EA como campo mobilizador para a
construção de uma sociedade justa, na busca de estratégias para o enfrentamento da crise
socioambiental contemporânea.
Nesse sentido focaram na análise e na discussão das diferentes problemáticas
específicas da EA, onde, a partir da constituição de espaços integradores desenvolveu suas
atividades em torno de cinco eixos. O primeiro tratou dos Fundamentos Filosóficos e
Epistemológicos da EA; O segundo eixo temático buscou tratar das Problemáticas
Emergentes em EA. Já o terceiro eixo buscou debater os modelos de desenvolvimento de
forma a refletir criticamente sobre os impactos ambientais e sociais gerados por estas
escolhas. A constituição de educadores e educadoras ambientais foi a temática desenvolvida
pelo quarto eixo que buscou responder sobre como se constituem os educadores e educadoras
ambientais? (REMEA, 2013).
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O Volume 30, como se pode observar em sua edição eletrônica, abre a edição
informando aos leitores que a Revista Eletrônica do Mestrado em EA – REMEA vinculada ao
Programa de Pós Graduação em EA - PPGEA/FURG por meio da Associação Nacional de
Pós Graduação em Educação - ANPEd e Convênio firmado com a Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação
(MEC), foi um dos periódicos premiados pelo Concurso de Periódicos Brasileiros da Área de
Educação, classificados como B2 e B3, no âmbito do Edital 01/2013. Participaram do Edital
diferentes estados brasileiros. Para os editores o desafio é grande, tanto para a Universidade,
que tem participação direta na produção de informação, saberes e práticas, como para o
próprio Programa de EA em dar conta dos limites e possibilidades dessa dinâmica e,
continuamente afirmar a EA como campo do conhecimento humano. Observa-se que na busca
de dialogar pelos espaços compreendidos de EA, surge uma diversidade de abordagens, uma
pluralidade temática, se constituindo, de norte a sul do país e América Latina. As temáticas,
desenvolvidas pelos artigos, perpassam diferentes espaços da compreensão pedagógica, para
uma reflexão essa mesma compreensão.
As temáticas desenvolvidas pelos assuntos abordados perpassam, em uma dimensão
dialética, o espaço escolar Formal que questiona os discursos em uma abordagem arendtiana e
sobre o que mostram ou pretendem mostrar os sujeitos com estes discursos. Preservação,
estudo da percepção ambiental, sensibilização categorias que podem favorecer a preservação
e o uso mais sustentável dos recursos ambientais. A formação de educadores, gestão da
política pública ao instituir a Lei Nº 9.795/99 da Política Nacional de EA, documento que
orienta a EA no Brasil.
No campo da fundamentação filosófica e epistemológica da EA, a questão das áreas
protegidas – unidades de conservação e relação dessas com a EA. A crise do modo de
produção: os limites sócio metabólicos do capital. A questão sobre a ética. Existe uma ética
ambiental? Depois, um diálogo com a fenomenologia goetheana, como teoria do
conhecimento elaborada a partir de suas pesquisas botânicas. Reflexões acerca da crise
ambiental e da condição humana, em sua expressão moderna, temporal. Sobre as políticas
públicas relacionadas à EA, no pressupostos dos documentos internacionais, federal e
estadual. A gestão ambiental e as alternativas de produção local para a alimentação e garantias
de uma alimentação saudável à população.
Foram abordados aspectos relativos à democracia e a participação social. Os impactos
relacionados à construção de hidrelétricas trazendo ainda questões sobre injustiça ambiental.
Trás uma reflexão sobre a crise ambiental que vivemos hoje e que afeta a humanidade e sobre
a crise do próprio sistema econômico capitalista. Para concluir as abordagens desse volume,
no campo da EA não formal, associado ao crescimento substancial de ações de cunho
ambiental na área empresarial, particularmente de EA, desde a ECO-92. Trás a história oral de
vida de velhos moradores afirmar que atualmente a preservação e a conservação ambiental
são temas abordados diariamente e cada vez mais fazem parte do cotidiano de toda sociedade.
Pedagogia da Autonomia, da Ecopedagogia e da Ecoformação, ética da hospitalidade,
finalizando o volume, com contribuições para uma educação ambiental não-especista.
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Registra-se ainda que, conforme dados dos Visitantes de: www.seer.furg.br/remea (datas
e totais de países disponíveis no portal eletrônico, cerca de 12.782 visitantes visitaram o
portal do periódico de maio a agosto de 2013 contabilizando os registros de visita como segue
em: http://www2.clustrmaps.com/pt/counter/maps.php?url=http://www.seer.furg.br/remea
CONSIDERAÇÔES FINAIS
Considerando todas as reflexões apresentadas compreendemos um emaranhado de
concepções e propostas cujas primeiras habilidades do educador estejam, talvez, na
capacidade de navegar pelas diferentes possibilidades de EA e traçar um caminho para a
construção de um pensamento que dê conta de explicar esse emaranhado de informações
características da pós-modernidade, resíduo moderno, produção de ideias, como a construção
de um pertencer a uma realidade. Observa-se que vivenciamos paradoxos e disputas
epistemológicas. A visão complexa e interdisciplinar no estudo dos fenômenos sócio
ambientais parece, de fato, ainda fundamental. Existe uma distinção dos perfis imaginados
para o educador ambiental? Por fim, para além da construção de um mundo melhor a busca de
uma práxis que definitivamente abandone metas irreais e se caminhe para a consolidação da
EA como “ação efetiva e coletivamente organizada, pautada em permanentes reflexões
teóricas que qualifiquem a prática, sendo por esta revista (práxis), caracterizando atividade
política intensa” (LOUREIRO, 2011, p. 106).
REFERÊNCIAS
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Revista Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. ISSN 1517-1256, v. especial, março,
2013. http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/402
CARVALHO I. C. M. Ambientalização, Cultura e Educação: Diálogos, traduções e
inteligibilidades possíveis desde um estudo antropológico da educação ambiental. Revista
Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. ISSN 1517-1256, v. especial, setembro, 2010.
http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/373
FACHIN, G. R. B.; HILLESHEIM, A. I. D. A. Periódico científico: padronização e
organização. Florianópolis: UFSC, 2006.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1991.
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Cortez, 2004.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo: Cortez,
2005; Brasília, DF: UNESCO, 2001.
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24 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
NABAES, T. O; DIAS, C.M.S. Uma leitura sobre o projeto pedagógico do PPGEA/ FURG:
construindo este diálogo. Revista Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. ISSN 1517-
1256, v. especial, março de 2013. http://www.seer.furg.br/remea/issue/view/402
PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - ProNEA / Ministério do Meio
Ambiente, Diretoria de Educação Ambiental; Ministério da Educação. Coordenação Geral de
Educação Ambiental. - 3. ed - Brasília : Ministério do Meio Ambiente, 2005.
REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. 1994. Ed. Brasiliense, 63 p.
REMEA - Revista Eletrônica do Mestrado de Educ. Ambiental. Editorial. ISSN 1517-
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______ Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental. Editorial. ISSN 1517-
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SCHIMIDT, Elisabeth [et al.]. Projeto Pedagógico do programa de Pós-Graduação em
Educação Ambiental. Rio Grande: FURG, 2010.
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SABERES ETNOECOLÓGICOS DOS PESCADORES ARTESANAIS E
ALUNOS DA PLANÍCIE ALAGÁVEL DO ALTO RIO PARANÁ
Paula Gabriela da Costa (PG)1
Poliana Barbosa da Riva (PFM)2
Ana Tiyomi Obara (PQ)3
Harumi Irene Suzuki (PQ)4
Ricardo Massato Takemoto (PQ)5
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar o saber tradicional dos pescadores artesanais e
alunos sobre os peixes do rio Paraná e a região de Porto Rico-PR, a fim de estabelecer o diálogo deste com o
conhecimento científico na escola estadual local. Para isto, foi adotada a pesquisa participante que oferece
oportunidades de troca de saberes entre pesquisadores e indivíduos próximos ou distantes do ambiente
acadêmico. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários e gravações de áudio e vídeo. As respostas
dos questionários foram analisadas por meio da análise do conteúdo. Como resultado constatamos que os
pescadores possuem um rico conhecimento sobre a ictiofauna da região, sendo este saber transmitido para as
gerações mais jovens. Assim, com o intuito de garantir a valorização da cultura e da biodiversidade local faz-se
necessária a inserção do diálogo dos etnosaberes nas escolas.
Palavras Chave: Etnoconhecimento, saber cientifico.
Abstract: This work was developed with the intention of analyzing the traditional knowledge of fishermen and
students about the fish of the Paraná River and the region of Porto Rico-PR, in order to establish this dialogue
with the scientific knowledge in the local state school. For this, we adopted the participant research that offers
opportunities for exchange of knowledge between researchers and individuals near or far from the university.
Data collection was conducted through questionnaires and recording audio and video. The questionnaire
responses were analyzed using content analysis. As a result we find that the fishermen have a rich knowledge of
the fish fauna of the region and this knowledge is transmitted to younger generations. Thus, in order to ensure
the enhancement of culture and local biodiversity is necessary to establish the dialogue between traditional and
scientific knowledge of schools.
Keywords: Ethnoknowledge , scientific knowledge .
1 Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Biologia Comparada-UEM. [email protected].
2Mestre em Ensino de Ciências, professora do Ensino Fundamental. [email protected].
3Doutora, pesquisadora do Departamento de Biologia- UEM, Campus Maringá. [email protected].
4Doutora, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura- UEM.
[email protected]. 5Doutor, pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura-
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INTRODUÇÃO
A relação entre o homem e a natureza se estabeleceu desde que a terra pôde contar
com a existência humana. Com o passar da história, esta relação sofreu modificações devido
às necessidades de sobrevivência humana, que ocasionou diferentes formas de uso do meio
natural. As experiências sobre este meio no qual o homem evolui foram sendo compartilhadas
entre os indivíduos de geração em geração formando um conjunto de saberes que pode ser
entendido como conhecimento tradicional.
De acordo com Baptista (2010), no Brasil, o estudo do conhecimento tradicional sobre
o mundo natural surgiu na década de 1950, sendo que tempos depois tornaram-se frequentes
os trabalhos de etnociências em suas diversas subdivisões (etnobotânica, etnoecologia,
etnozoologia, etinoecologia, entre outros).
Marques (2002) afirma que as etnociências emergiram no panorama científico como
um campo de cruzamento de saberes e têm evoluído por meio de diálogos entre as ciências
naturais, humanas e sociais. Para Campos (2002), a etnociência pode ser entendida como
“uma etnografia da ciência do outro, construída a partir do referencial da academia” (p. 71).
Para Bandeira (2001), os conhecimentos tradicionais são formas de conhecimento
guiadas por discernimentos locais, que podem sofrer variações regionais e culturais estando
intimamente vinculadas aos contextos nos quais foram produzidas, ao contrário dos
conhecimentos científicos, que correspondem a teorias construídas de modo a serem
aplicáveis de maneira geral, com graus variados.
O conhecimento científico, como conhecimento público, é construído e comunicado
por meio da cultura e das instituições sociais da ciência, deste modo, a visão do conhecimento
científico como socialmente construído e validado tem implicações importantes para a
educação em ciências. As entidades e ideias científicas, que são construídas, validadas e
comunicadas através das instituições culturais da ciência, dificilmente serão descobertas pelos
indivíduos por meio de sua própria investigação empírica; aprender ciências, portanto,
envolve ser iniciado nas ideias e práticas da comunidade científica de modo a torná-las
significativas no nível individual. (DRIVER et. al, 1999).
O diálogo entre saberes nas salas de aula de ciências necessita de formação docente
referente à investigação como princípio da prática pedagógica, tendo necessidade de se levar
em conta os saberes culturais dos estudantes e sua influência sobre a aprendizagem dos
conceitos científicos, pois não basta propor ao professor a utilização de estratégias de ensino
que não façam parte da sua formação (BAPTISTA, 2007).
Particularmente a partir dos anos 1980, uma revisão do que é ciência e seu ensino tem
proporcionado um campo mais fértil para debates sobre o meio ambiente. É nesse contexto
que a educação ambiental e o ensino de Ciências podem contribuir, tanto no ensino formal
quanto em atividades do ensino não-formal. Dessa forma, o ensino de Ciências deve
preocupar-se em relacionar os conhecimentos construídos e estudados com seu impacto na
sociedade, principalmente no que diz respeito ao ambiente (OLIVEIRA et. al, 2007).
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Uma das metas do Programa de Educação Ambiental, desenvolvido na planície de
inundação do alto do rio Paraná, é o compartilhamento do conhecimento científico levantado
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), em especial pelo Núcleo de Pesquisas em
Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) que estuda os componentes naturais e
socioeconômicos da região, com a comunidade local. Obara (2004) afirma que, apesar da
extensa produção científica disponível sobre os aspectos ecológicos, sociais e econômicos da
planície alagável do rio Paraná, os professores das escolas locais afirmam que a linguagem e o
nível de especialização dos assuntos abordados configuram-se como obstáculos para que os
mesmos sejam trabalhados no cotidiano escolar.
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar o saber tradicional dos
pescadores artesanais e alunos do ensino básico sobre os peixes do rio Paraná e a região de
Porto Rico-PR, a fim de estabelecer o diálogo deste com o conhecimento científico em sala de
aula e, desta forma, envolver os alunos na construção ativa do conhecimento sobre a realidade
ambiental em que vivem.
Área de estudo
O Rio Paraná, desde a sua nascente, no rio Paranaíba, conta com cerca de 1.900 km
em área brasileira, sendo o décimo maior do mundo em descarga (50.108 m
3 ano
-1) e o quarto
em área de drenagem (28.106 km2), drenando todo o centro-sul da América do Sul, desde as
encostas dos Andes até a Serra do Mar, nas proximidades da costa atlântica (AGOSTINHO et
al, 2002).
O terço inferior do alto rio Paraná caracteriza-se por um amplo canal ou vários canais,
com ilhas de diversos tamanhos. Em épocas chuvosas, em que o volume de água ultrapassa o
leito menor do rio, ocorre a inundação, caracterizando a região de planície como uma
importante área de transição entre os ecossistemas aquáticos e terrestres.
Devido a estas características este trecho do rio Paraná mantém uma grande
diversidade de espécies aquáticas e terrestres, sendo importantes os pulsos de inundação que
regulam a estrutura das comunidades e o funcionamento desse tipo de ecossistema.
Diante destas considerações, uma das estratégias para a manutenção da biodiversidade
nesta região foi a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) das Ilhas e Várzea do Rio
Paraná que abrange a região do município paulista de Rosana, onde existe a hidrelétrica de
Porto Primavera, até o município de Guaíra, no Paraná, no início do lago formado pelo
represamento de água da Usina Itaipu. Esta APA engloba o Parque Nacional de Ilha Grande e
o Parque Estadual do Rio Ivinhema, um afluente do Rio Paraná no lado sul-mato-grossense
(Figura 01).
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Figura 01: Localização da Área de Pesquisas de Longa Duração da planície alagável do rio Paraná (PELD - Rio
Paraná) e localização das unidades de conservação existentes nessa região. (Fonte: AGOSTINHO et al., 2002).
O município de Porto Rico localiza-se na margem esquerda do rio Paraná, no terço
superior do trecho remanescente da planície de inundação. De acordo com Oliveira et al.
(2009), a população deste local estabelece estreita relação com rio Paraná no sentido deste
oferecer subsídios naturais, não apenas para alimentação, mas também para a comercialização
de seus produtos.
METODOLOGIA
O estudo de cunho qualitativo foi realizado com quatorze pescadores artesanais que
residem na cidade de Porto Rico-PR e com uma turma do oitavo ano do ensino fundamental
composta por 21 alunos de um Colégio Estadual localizado neste mesmo município. Para isto,
foi adotada a pesquisa participante que, de acordo com Schmidt (2006), oferece oportunidades
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de troca de saberes entre pesquisadores e indivíduos próximos ou distantes do ambiente
acadêmico.
A coleta de dados foi realizada por meio de questionários e gravações de áudio e
vídeo. Para a análise do conteúdo dos questionários foi utilizada a proposta de Bardin (1977),
que busca categorizar as palavras ou frases repetidas no texto expresso pelo sujeito
(CAREGNATO; MUTTI, 2006). Dentre as técnicas de análise de conteúdo empregamos a
análise categorial, que considera o texto como um todo, sendo analisada a presença ou
ausência de itens de modo a classificá-los e quantificá-los.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Inicialmente analisamos o saber dos pescadores e dos alunos a fim de compreender a
dinâmica do etnoconhecimento sobre a região de Porto Rico-PR e os peixes do rio Paraná.
Muitos pescadores afirmaram que antigamente se pescava mais, alguns alegaram que
a diminuição de peixes ocorreu devido ao aumento do número de pescadores, outros que isto
ocorreu devido à construção de barragens. De acordo com Rosa (1997), as alterações
ambientais ocorreram na região devido à ação antrópica ocasionando modificações na
dinâmica do rio e na pesca, antes tida como importante fonte de renda e complementação
alimentar de muitas famílias.
“Olha, agora ta meio difícil, porque de primeiro, quando eu pescava essa pesca
pesada, o mais que pescava era pintado. O mais que pegava era pintado, pintado e
dourado. Agora então mudou. Pintado agora é um milagre você pegá pintado. É
muito difícil. Até os pescador que ta de profissão pescando ta quase abandonando,
porque se for pescá o pintado, você quase não faz nada, não faz nada. E tem muitos
que vai pro Ivinhema, e no Ivinhema tem muito. Mas aqui mesmo é muito poquinho,
muito poco”. (Pescador, 73 anos).
“Ah, teve uma época aqui que aumentou muito aquele armau né. Mas também
agora ele deu uma diminuída, não sei por que que ele morreu muito. Esse tempo o
rio aí parecia fechado de dia. Por causa da barragem lá morreu muito esse armau.
Hoje tem, mas não tem igual teve esses tempo atrás”. (Pescador, 65 anos).
De acordo com os pescadores em geral, a pesca não é tida como uma fonte satisfatória
de renda nos últimos anos. Isto acontece porque as atividades ligadas ao rio não garantem
grande lucro financeiro para as famílias que dependem apenas desta fonte de renda.
Meio ambiente como que cê fala? Na natureza... Ah mudou muito hein?!Mudou
muito, muito... Primeiro dava muito peixe hoje num dá mais, hoje pro pescador
viver as muié dele tem que trabaiá fora porque dizê que vive de peixe aqui num véve
(viver) não. (Pescador, 58 anos)
Ah peixe em si né? Diminuiu muito, muito, muito, apareceu espécie de peixe
diferente que não tinha, sumiu espécie que tinha que a gente era acostumado a ver
sempre. Então mudou bastante. (Pescador, 41 anos)
Atualmente poucos entrevistados ainda se mantêm na atividade pesqueira, pois
enfrentam dificuldades com a fiscalização, que durante o período em que a pesca é proibida
(defeso), apreende tanto os peixes quanto o material de pesca.
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Duns anos pra cá, então puseram a lei das medida dos peixe né. Aqui tem medida,
entendeu. Desde o piauzinho pequeno até o maior entendeu. Então tem as medida
certa. Se pega fora da medida, se pegá já dá problema entendeu. Então tem que
pegá naquela medida certa. (Pescador, 73 anos)
Porém, alguns pescadores atribuem pontos positivos a fiscalização pelo fato desta
garantir peixes de tamanho maior, sendo estes melhores aceitos para comercialização.
Se eu falá pra você, hoje devido às exigências de tamanho, de medida de peixe, e
que é o certo pescador respeitar os limites, ta tendo peixe maior que antes. Porque
tinha muito peixe em quantidade, mas em tamanho, principalmente o curimba, era
um peixe que pegava com muita freqüência, mas era tamanho pequeno né. Hoje o
curimba ta maior, o pintado ta maior, pra poder vende o peixe no comércio. Peixe
de bom porte pra pode ser consumido. (Pescador, 54 anos)
Diante destes obstáculos, muitos pescadores complementam a prática pesqueira com
serviços ligados ao turismo, atividade que vem crescendo muito na região.
Tá até bom o turismo né. É bom o turismo, ta bom que chega fim de semana é cheio
né [...]. E agora quando tem praia aí é coisa de louco, coisa de louco. (Pescador, 73
anos)
Não, agora outro lado mudou muito. O lado do turismo. Até melhorou muito.
Porque quinze anos atrás aqui o terreno não valia nada, se quise um terreno de
cinqüenta mil, você não acha, cem mil, cento e cinqüenta mil. Eu tive terreno aqui
que não compensava pagá imposto dele. Aumento muito, valorizou a cidade. Nossa,
muito. (Pescador, 51 anos)
Antigamente só era a pesca... Noventa por cento da população era a pesca. Se não
era a pesca era a prefeitura não tinha o turismo na época que tem hoje, o turismo
era raridade né? Era só mesmo pescaria e prefeitura. (Pescador, 41 anos)
Em relação aos alunos, quando questionados em relação ao seu contato com o rio
Paraná, a maioria deles, ou seja, 76% mencionaram o passeio como forma de estabelecer este
vínculo, 14% citaram a pesca e 10% mencionaram outros tipos de contato (Figura 2).
Figura 2. Meios de contato dos alunos para com o rio Paraná.
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Isto mostra a relação estabelecida entres as gerações, já que muitos pescadores
complementam a prática pesqueira com serviços ligados ao turismo, atividade que vem
crescendo muito na região. Atualmente o rio Paraná desempenha papel fundamental no
sentido de propiciar serviços ligados ao turismo e todos os desdobramentos que este segmento
gera, contribuindo com a geração de renda da população de Porto Rico (OLIVEIRA et al,
2009).
Em relação ao conhecimento sobre os peixes do rio Paraná, os alunos apresentaram
saber semelhante ao dos pescadores em relação a biologia de algumas espécies como, por
exemplo, o hábito alimentar do dourado (Salminus brasiliensis) e o cuidado parental do piau
(Leporinus friderici) e da traira (Hoplias spp).
Dourado
“O dourado come a morenita, come piau, o piau come o caboja, é
isso, tudo quanto é isquinha que se mexe no fundo.” (Pescador, 47
anos)
“É um peixe carnívoro”. (Aluno, 12 anos).
Piau
“Piau, ele desova e anda sozinho, não cuida. Desovo já larga pra trás
e daqui a poco os peixinho ta nadando, e vai embora, de um canto pra
outro.” (Pescador, 58 anos)
“Não cuida” (Aluno, 12 anos)
Traira
[...] Agora, a traíra também cuida, ela bota lá num canto e fica
cuidando. É ela cuida também. (Pescador, 75 anos)
“E eles desovam no fundo da lagoa”. (Aluno, 14 anos).
De acordo com Marques (2001), o objetivo principal da etnoecologia encontra-se na
integração e aproximação do conhecimento ecológico tradicional com o conhecimento
ecológico científico. Assim, corroborando com a ideia deste autor, organizamos uma visita de
campo, visando apresentar aos alunos a base avançada do Núcleo de Limnologia, Ictiologia e
Aquicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá localizada na cidade de Porto
Rico, local onde são realizados os estudos e pesquisas científicas sobre a ecologia local.
Esta visita didático-pedagógica teve como objetivo apresentar técnicas e
procedimentos de pesquisa sobre os peixes do rio Paraná, estabelecendo um diálogo inicial
entre o conhecimento tradicional dos alunos e pescadores para com o saber científico
levantado pela universidade.
Assim, os alunos conheceram a estrutura física da base de estudos, tiveram contato
com pesquisadores que explicaram de forma sucinta os experimentos que estavam
desenvolvendo (figura 3) e manipularam alguns exemplares de peixes a fim de conhecer suas
características morfológicas externas e internas (figura 4).
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Figura 3: Pesquisadora do Nupélia explicando seu trabalho desenvolvido com espécies de traira
(Hoplias spp).
Figura 4: Alunos no laboratório da base de estudos conhecendo as características morfológicas externas
e internas de algumas espécies de peixes.
A inclusão do conhecimento ecológico tradicional no cotidiano escolar contribui para
esclarecer aos estudantes a importância deste saber em estudos no campo da ecologia. Com
isto, os alunos tem a possibilidade de compreender a relação entre o conhecimento ecológico
científico e o saber tradicional a fim de desenvolver o espírito de conservação e preservação
ambiental (KIMMERER, 2002).
Neste contexto, esta intervenção possibilitou a percepção e reflexão dos alunos sobre
os diferentes saberes – conhecimento científico e conhecimento tradicional - que coexistem na
planície e o papel de cada um na conservação e manejo da diversidade biológica e cultural
local.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste trabalho constatamos que tanto os pescadores quanto os alunos
possuem conhecimento acerca da biologia da ictiofauna local.
Assim, podemos concluir que devido o estreito contato dos estudantes com os mais
pescadores mais antigos, os mesmos tendem a continuar preservando os saberes da região,
saberes estes que devem ser difundidos entre a comunidade local e utilizados em práticas e
projetos voltados à Educação Ambiental.
Portanto, com a finalidade de ampliar a visão dos alunos sobre a importância
ecológica, econômica, social e cultural do ecossistema rio-planície de inundação e formar
uma atitude crítica e participativa nas questões socioambientais da região, faz-se necessária a
inserção do diálogo dos etnosaberes nas escolas, de modo a garantir a valorização da cultura e
da biodiversidade local.
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35 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA TRILHA ECOLÓGICA
GIRAU ALTO: REFLETINDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DE
ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA SOBRE MEIO AMBIENTE
Raquel Fernanda Bogoni (IC) 1
Bruna Taíza Locateli (IC) 1
Débora Daneluz (IC) 1
Laisa Emanuele Menin (IC) 1
Anelize Queiroz Amaral (PQ) 2
Ademar Vargas (PFM) 3
Resumo: O presente trabalho descreve sobre a importância de práticas pedagógicas relacionadas à Educação
Ambiental utilizadas como ferramenta de conscientização com alunos do ensino fundamental de um colégio
público do Município de Dois Vizinhos - PR. Este trabalho objetivou a utilização da Trilha Ecológica Girau Alto
como instrumento pedagógico de sensibilização ambiental com estudantes da Educação Básica. As atividades
foram realizadas com os alunos do 6o ano de um colégio público e desenvolvidas com a participação dos
integrantes do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA juntamente com os bolsistas do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná do Câmpus Dois Vizinhos. Foi realizada coleta de dados com 22 estudantes por meio da elaboração de
desenhos representando suas concepções de meio ambiente. Os resultados obtidos foram embasados em três
subcategorias de representação de Meio Ambiente, Naturalista, Globalizante e Antropocêntrica. Os resultados
apontam uma predominância da concepção Naturalista, evidenciando aspectos naturais, sem relação com a
sociedade, o que vêm demonstrando ao longo dos anos a dificuldade dos alunos de perceberem a integração do
homem com o meio. Diante dos resultados, verificou-se a necessidade do desenvolvimento de práticas
socioambientais que levem os alunos a compreenderem sua relação com o meio ambiente de forma a se inserir
nesse contexto como parte indissociável para a construção de um ambiente mais equilibrado.
Palavras Chave: Educação ambiental, Educação Básica, Trilha ecológica.
Abstract: The present paper describes about the importance of pedagogical practices related to Environmental
Education used as tool conscientization with Elementary School students of a public school in the city of Dois
Vizinhos – PR. This paper aimed to use the Ecological Trail Girau Alto as an educational tool for environmental
awareness with students from Basic Education. The activities were performed with students of the 6th year of a
public school and developed with the participation of the Group of Studies and Research in Environmental
Education – GPEEA jointly with scholarship students of Institutional Program Initiation Scholarship to Teaching
- PIBID from Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos. The collection was
conducted with 22 students through the elaboration of drawings representing their conceptions of environment.
1 Acadêmicas do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
– UTFPR, Campus Dois Vizinhos, Integrantes do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental –
GPEEA e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID/Biologia.
[email protected]. 2 Docente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR, Campus Dois Vizinhos, Líder do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA.
[email protected]. 3 Docente do Colégio Estadual Leonardo da Vinci, Integrante do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação
Ambiental – GPEEA e Professor Supervisor no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência –
PIBID/Biologia. [email protected]
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The results were based on three subcategories representing Environment, Naturalist, Globalizing and
Anthropocentric. The results indicate a predominance of Naturalist conception, showing natural features, with no
relationship with society, which has demonstrated over the years the difficulty of students to realize the
integration of man and environment. Given the results, verified the necessity to develop social and
environmental practices that lead students to understand their relationship with the environment in order to be
inserted in this context as an integral part to build a more balanced environment.
Keywords: Environmental education, Basic Education, Ecological trail.
INTRODUÇÃO
A busca pela conservação ambiental vem se intensificando nas últimas décadas, assim
como a iniciativas de vários setores da sociedade para o desenvolvimento de atividades e
projetos com objetivo de educar a comunidade para questões ambientais, tornando-se deste
modo uma importante ferramenta para a conservação e preservação do meio ambiente.
A educação ambiental vem sendo incorporada em diversos setores como medida de
sensibilização e reflexão sobre atitudes ambientais, em um conjunto de práticas
socioambientais. Entre estas práticas destaca-se a contribuição para a redução na degradação
ambiental e modificação no modo de ser, agir e sentir no ambiente. Instituições educacionais
destacam-se por serem locais fundamentais para realização das práticas de Educação
Ambiental, bem como agentes de ações na comunidade em geral, estas ações devem ser
reconhecidas como parte integrante e transformadora no processo de formação da cidadania
(GAMA; BORGERS, 2010).
De acordo com Reigota (1991), os termos meio ambiente e educação ambiental,
utilizados constantemente em discursos políticos, livros didáticos, músicas entre outras fontes,
demonstram a diversidade conceitual, possibilitando diferentes interpretações, as quais podem
ser influenciadas pela vivência pessoal, profissional e informações veiculadas na mídia,
refletindo nos objetivos, métodos e nos conteúdos das práticas pedagógicas propostas no
ensino. Segundo Sauvé (2005):
A educação ambiental visa a induzir dinâmicas sociais, de inicio na comunidade
local e, posteriormente, em redes mais amplas de solidariedade, promovendo a
abordagem colaborativa e crítica das realidades socioambientais e uma compreensão
autônoma e criativa dos problemas que se apresentam e das soluções possíveis para
eles (p. 317).
Nesta concepção, o processo de Educação Ambiental na comunidade escolar, assume
papel fundamental na capilarização de práticas ambientais e formação de opiniões além do
ambiente escolar. As escolas juntamente com os professores possuem o papel de melhorar,
construir e mudar conceitos que seus alunos possuem durante o período que passam na escola
(MENGHINI, 2005).
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Deste modo, a educação ambiental torna possível a formação de valores e atitudes,
contudo é necessário disponibilizar experiências que reconstruam a conexão entre o ser
humano e a natureza, não apenas a transposição de informações (TOMAZELLO, 2001)
De acordo com Mello (2006), é necessário, na educação ambiental, transformar a
teoria da sala de aula em prática, visando não somente a transmissão de conhecimentos, mas
também tornar possível a analise de eventos e características observadas no ambiente.
Práticas educativas orientadas para a reflexão sobre os problemas locais,
transformação de valores e atitudes por meio de novos hábitos e conhecimento e
sensibilização que objetivam a melhoria da qualidade de vida (GUIMARÃES, 1995).
Deste modo a Educação ambiental não esta presente somente na escola, como
educação formal, mas também dentro dos eixos de Educação Ambiental não-formal e
informal que tem por objetivo transformar valores e comportamentos, tornando possível o
entendimento do meio ambiente como bem comum, e assim, mudando o modo de pensa e agir
que vem distanciando as relações do homem, sociedade e meio ambiente.
Implicando assim um desafio aos professores, o fomento do senso comum e critico nos
alunos, que por meio de conhecimentos básicos possam construir um raciocínio complexo e
reflexivo, tornando-se cidadãos sem receio de opinar sobre temas socioambientais que possam
influencias e interferir na sua vida (JACOB, 2005).
Neste contexto, as trilhas ecológicas surgem como um recurso metodológico que visa
não somente a transposição de conhecimento, mas propiciam atividades básicas de programas
de educação ambiental.
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo utilizar a Trilha Ecológica Girau Alto
como instrumento pedagógico de sensibilização ambiental, possibilitando a realização de
práticas socioambientais em um espaço considerado um laboratório vivo para ações de cunho
ambiental com os alunos do 6o ano de um colégio público.
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi realizada pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa a
Iniciação Docência - PIBID/ Ciências Biológicas, juntamente com o Grupo de Pesquisas e
Estudos em Educação Ambiental - GPEEA/UTFPR do Câmpus de Dois Vizinhos no estado
do Paraná. Tal pesquisa foi aplicada em um Colégio Público de Educação Básica. Como
instrumento de coleta de dados realizou-se a aplicação de questionários com 22 alunos e em
seguida os dados foram analisados de acordo com os pressupostos teóricos de Bardin (2004) e
de maneira qualitativa de acordo com Bogdan e Biklen (1994).
Na Pesquisa Qualitativa, os dados obtidos são quebrados em unidades menores e, em
seguida, reagrupados em categorias que se relacionam entre si de forma a ressaltar padrões,
temas e conceitos. Entretanto, como desdobramentos desse suporte metodológico foram
organizados categorias e subcategorias discursivas na concepção da Análise de Conteúdo
(BARDIN, 2007). Além da análise de
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conteúdo alguns dados foram tratados nessa análise de forma qualitativa, conforme
pressupostos de Bogdan e Biklen (1994).
Abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a
ideia que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos
permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo
(BOGDAN e BIKLEN, 1991, p 49).
Na perspectiva da Análise de Conteúdo surgiram categorias voltadas à busca pela
percepção do conceito de meio ambiente, desdobrando-se na seguinte categoria: C1“O que é
meio ambiente”; sendo solicitado verbalmente a cada aluno (a) que desenhasse o que ele
entendia ser o Meio Ambiente em folha de papel branco tamanho A4.
Todavia, a partir dessa categoria, considerando-se a complexidade discursiva -
característica própria da análise qualitativa – surgiram subcategorias, as quais podem ser
evidenciadas ao longo dessa seção.
Após a atividade realizada com os alunos, fez-se a interpretação dos desenhos
abordados. Utilizou-se a análise de conteúdo que permitiu a organização e interpretação das
informações (BARDIN, 2004).
Figura 1: - Grupo PIBID/ GPEEA
Fonte: GPEEA/UTFPR
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Figura 2: - Alunos da educação básica na Trilha Ecológica Girau Alto
Fonte: GPEEA/UTFPR
RESULTADOS
Os resultados apresentados abaixo estão relacionados ao conhecimento prévio de 22
alunos da Educação Básica antes do desenvolvimento das atividades. A Tabela 1 abaixo
apresenta as representações de meio ambiente dos alunos. Os resultados obtidos foram
discutidos e embasados nas categorias de análises apresentadas por Reigota (1995), o qual
apresenta que as representações mais comuns são naturalistas, globalizantes e
antropocêntricas.
Tabela 1: Representação social de Meio Ambiente
Categoria Subcategoria Número de respostas
Representação de Meio
Ambiente
Naturalista
Globalizante
Antropocêntrica
18
3
1 Fonte: GPEEA/UTFPR
Observando-se a Tabela 1, verifica-se na subcategoria 1 que 18 alunos da amostra
possuem uma visão Naturalista de Meio Ambiente.
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Conforme figura 1 abaixo:
Figura 1: Representação naturalista
Fonte: GPEEA/UTFPR
Recorrendo a Reigota (1995), na representação Naturalista o meio ambiente é voltado
apenas à natureza, evidenciando aspectos naturais, confundindo-se com conceitos ecológicos
como de ecossistema. Inclui aspectos físico-químicos, a fauna e a flora, mas exclui o ser
humano deste contexto. O ser humano é um observador externo.
Sauvé (2005) também faz uma consideração sobre meio ambiente como natureza. A
autora afirma que os problemas socioambientais se originam de uma lacuna existente entre a
natureza e o ser humano e que é necessário eliminá-los. Para que isso aconteça, é preciso que
o ser humano resgate o sentimento de pertencer à natureza e entenda que é por meio dela que
ele reencontra parte de sua própria identidade humana.
Na subcategoria 2 constatou-se que 3 alunos possuem uma visão Globalizante.
Segundo Reigota (1995), na visão Globalizante o meio ambiente é caracterizado como as
relações entre a natureza e a sociedade. Engloba aspectos naturais políticos, sociais,
econômicos, filosóficos e culturais. O ser humano é compreendido como ser social que vive
em comunidade. Ênfase que pode ser observada na figura 2 a seguir:
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41 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 2: Representação globalizante
Fonte: GPEEA/UTFPR
Outro ponto de vista que relaciona natureza e sociedade é o de Sauvé (2005), que trata
de uma visão do meio ambiente como Biosfera. Esta seria como um lugar onde ocorrem as
interações entre os conjuntos de organismos vivos presentes no planeta Terra.
Na subcategoria 3 houve apenas uma resposta para visão Antropocêntrica. Para
Reigota (1995), na visão Antropocêntrica o meio ambiente é reconhecido pelos seus recursos
naturais, mas são de utilidade para a sobrevivência do homem. Conforme figura 3 abaixo:
Figura 3: Representação antropocêntrica
Fonte: GPEEA/UTFPR
A maioria dos alunos (81,81%) representa o meio ambiente como sinônimo de
natureza, sem relação com a sociedade, o que vêm demonstrando ao longo dos anos a
dificuldade dos alunos perceberem a integração do homem com o meio. Apenas 13,6% dos
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42 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
alunos apresentaram a noção de meio ambiente com uma representação Globalizante,
incluindo aspectos sociais, com a inserção do homem como parte desse meio. Outros 4,54%
dos alunos deram enfoque ao meio em que vivem, e o uso dos recursos naturais para a sua
necessidade.
A educação ambiental no espaço escolar deve abranger todos os níveis e modalidades
de ensino para que seja compreendida com sucesso. A relação entre as pessoas e o meio
ambiente deve ser próxima, com processos coletivos que permitam a construção dos valores
socioambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das necessidades de identificar caminhos diferentes e eficazes para promover
práticas socioambientais adequadas é necessário um resgate de uma renovação dos laços
afetivos com o ambiente natural, tornando-os parte dele e sensibilizando-os para o efetivo
pertencimento.
Portanto não são somente os conceitos que irão conscientizar crianças, jovens e
adultos, mas sim com ações práticas, reflexivas e criticas, as quais apontem para a perspectiva
de uma nova organização socioambiental, visando à qualidade de vida nossa e das futuras
gerações.
Contudo, verificou-se que as práticas desenvolvidas promoveram a inserção dos
alunos de maneira significativa no ambiente da Trilha Girau Alto, onde os alunos puderam
observar espécies da fauna e flora, e no decorrer dessas observações compreenderam
conteúdos relacionados a espécies nativas e exóticas; mata ciliar; erosão; interações
ecológicas, bem como foram sensibilizados por meio de diversas dinâmicas como a Teia da
Vida, O pé do consumo e Caminhando sobre a copa das árvores.
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A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA MINIMIZAR OS
IMPACTOS NA MICRO BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO
OURO VERDE EM PARANAVAÍ-PR
Angela Magalhães Ferrari (IC)1,
Maria Carolina Beckhauser (IC)2,
Lucila Akiko Nagashima (PQ)³
Vanda Maria Silva Kramer (PQ)3
Resumo: O objetivo deste estudo é promover a educação e conscientização ambiental de uma comunidade
escolar, residente na zona sul de Paranavaí-PR, relacionada ao nível de degradação da Área de Preservação
Permanente (APP) do Córrego Ouro Verde, localizada no perímetro urbano do município, avaliando a qualidade
microbiológica da água e o nível de degradação da mata ciliar com o objetivo de minimizar os impactos. Para
cumprir os objetivos foram utilizadas diferentes metodologias: revisões de literatura, identificação e mapeamento
da área, visitas técnicas, consultas aos fundamentos legais na legislação ambiental vigente, coletas de dados
bióticos e abióticos bem como materiais físicos, para serem analisados. Os resultados das análises químicas
registraram a presença de grande quantidade de poluentes, o que indica que o rio encontra-se com a
balneabilidade comprometida em todo percurso e as visitas técnicas comprovaram a presença de lixo e entulhos
e que a mata ciliar encontra-se altamente degradada. A educação Ambiental foi promovida junto à comunidade
escolar por meio de oficinas didáticas simulando situações de recuperação de áreas degradadas e as visitas
técnicas foram promovidas para orientar as novas ações que irão ser adotadas minimizar os impactos no local.
Palavras Chave: APP, Educação Ambiental, Impactos Ambientais
Abstract: The aim of this study is to promote environmental education and awareness of a school community,
resident in south Paranavaí- PR, related to the level of degradation of Permanent Preservation Areas (APP) of the
stream Ouro Verde, located in the urban area of municipality, assessing the microbiological quality of water and
the level of degradation of riparian vegetation in order to minimize impacts. To accomplish the goals we used
different methodologies: literature reviews, identification and mapping of the area, technical visits, consultations
with legal grounds on environmental legislation, data collection as well as biotic and abiotic physical materials to
be analyzed. The results of chemical analyzes recorded the presence of large amounts of pollutants, which
indicates that the river meets the bathing compromised in any way and the technical visits confirmed the
presence of litter and debris and riparian vegetation is highly degraded. Environmental education has been
promoted with the school community through educational workshops simulating situations reclamation and
technical visits were organized to guide the new shares will be taken to minimize the impacts on site.
Keywords: APP, Environmental Education, Environmental Impacts
1Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia na UNESPAR – Campus Paranavaí. Paranavaí – PR.
[email protected] 2Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia na UNESPAR – Campus Paranavaí . Paranavaí – PR.
[email protected] 3 Profªs. Doutoras, pesquisadoras do NUPARA da UNESPAR - Campus Paranavaí. Paranavaí - PR.
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INTRODUÇÃO
Para a compreensão da importância de proteger e melhorar as condições físicas de
uma área de preservação permanente (APP) é necessário buscarmos um breve histórico do
termo Educação Ambiental. Podemos relacioná-lo a consolidação do sistema capitalista, a
crescente urbanização após a revolução industrial, ocorrido na Inglaterra, no século XVIII e
ao avanço científico, resultante das necessidades de globalização.
O processo de Educação Ambiental ocorre por meio da construção de valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio que
é um bem de uso comum do povo (RIVELLI, 2005).
No atual contexto de desenvolvimento global, marcado pelo grande avanço
tecnológico, aumento na produção e consumo, ocorrendo de forma desigual e a qualquer
custo, frequentemente se assiste à degradação ambiental. Essa degradação se reflete na perda
da qualidade de vida, na destruição de habitats e consequente redução da biodiversidade
(DIAS, 2004).
Palestras e encontros com informações relacionadas às espécies regionais, habitats,
ecossistemas ou a qualquer outro componente dos ambientes buscam o desenvolvimento da
Educação Ambiental. Promover essa divulgação também desperta o interesse da sociedade
pela conservação do meio ambiente (ROCHA et al., 2002).
Neste sentido, podemos dizer que a incorporação e transmissão dos conhecimentos
científicos para a comunidade escolar é um desafio, devemos fazê-lo de modo dinâmico e de
fácil compreensão, para um melhor aproveitamento do conteúdo pelos discentes em seu
cotidiano. Dessa maneira o educando poderá inserir em seu cotidiano o conteúdo aplicado em
sala de aula, até vir a se tornar um hábito uma conduta social.
O objetivo deste trabalho é abordar as questões relacionadas à educação ambiental
com alunos da rede de ensino, avaliando os níveis de degradação de uma área de Preservação
Permanente (APP) no Córrego Ouro Verde, em Paranavaí – PR, entender a situação em que o
local se encontra e promover debates que culminem com ações que venham minimizar os
impactos sofridos.
Educação Ambiental
Para compreender a necessidade da implantação da educação ambiental é preciso
entender o processo evolutivo da relação homem/natureza. As sociedades sempre estiveram
em contato direto e em permanente interação com o ambiente natural, utilizando-se deste
como fonte de subsistência, não comprometendo drasticamente o equilíbrio ambiental. Foi
com o surgimento da agricultura que intensificou a degradação dos recursos naturais. Contudo
o momento mais crítico da interferência humana no meio ambiente deu-se com o advento da
Revolução Industrial, com a descoberta de novos processos produtivos e a grande extração
dos recursos naturais, visando à quantidade e lucratividade.
A queda da qualidade ambiental, percebida com mais intensidade no final do século
XX, colocou em questão o modelo de desenvolvimento econômico seguido pela
sociedade contemporânea, induzindo à reflexão sobre a urgência da adoção de um
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
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novo padrão em moldes sustentáveis, e a inevitável formação de cidadãos
comprometidos com a preservação da qualidade ambiental (WATANABE, 1999).
A partir deste momento a capacidade de regeneração dos recursos naturais tornou-se
inferior a utilização destes, propiciando uma grande degradação do meio, que resultou na
perda da qualidade ambiental. Desse modo as relações de dominação e exploração ambiental
acentuaram-se, rompendo os ritmos e processos de regeneração da natureza. Ficando evidente
a irracionalidade do modelo de desenvolvimento capitalista.
Após este processo de industrialização e os drásticos impactos ambientais decorrentes
deste, iniciou-se um processo de conscientização, a fim de minimizar os impactos causados
pela relação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico. Surgindo a partir da
década de 70 uma série de eventos internacionais pautados na discussão sobre o agravamento
dos problemas ambientais, dando espaço para o termo Educação Ambiental (E A), sendo esta
de extrema importância para o desejado desenvolvimento sustentável (LOUREIRO, 2004).
As especificidades da Educação Ambiental acumulam vastas experiências e estão
amparadas por marcos legais como a Constituição Federal de 1988, a Lei nº 9.795/99, que
estabelece a PNEA, e os compromissos internacionalmente assumidos.
De acordo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, a pedagogia da educação
ambiental deve ser inserida no currículo. Em sua prática pedagógica, a educação ambiental
visa promover cidadão críticos, reflexivos, colaborativos e humanitários, para uma efetiva
construção do conhecimento, onde o aluno seja capaz de aprender à partir das práticas
cientificas e empíricas. O processo de Educação Ambiental ocorre por meio da construção de
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, que é um bem de uso comum do povo (RIVELLI, 2005).
Desse modo o futuro adulto torna-se capaz de tomar decisões conscientes de um
ponto de vista ambiental, a partir do meio em que se insere, compreendendo de modo
integrado e sistêmico as noções básicas relacionadas ao meio ambiente, aprendendo a apreciar
e valorizar a diversidade natural e sociocultural, optando por medidas e atitudes que
preservam a natureza e identificando-se como parte integrante da mesma. Assim a escola
oferece ao aluno um conhecimento a qual ele utilizará em seu cotidiano, a fim de promover o
equilibro de todas as espécies e tornando um ambiente propício à formação de uma geração
ambientalmente sustentável e socialmente justa.
Contrapondo-se a visão cartesiana, a EA de acordo com Capra (1993), necessita de um
novo paradigma adotando uma visão holística para que a EA seja considerada como eixo do
desenvolvimento sustentável. Fundamentando-se em sua teoria geral dos sistemas:
Sistemas vivos incluem mais que organismos individuais e suas partes. Eles incluem
sistemas sociais - família ou comunidade - e também ecossistemas. Muitos
organismos estão não apenas inscritos em ecossistemas, mas são eles mesmos
ecossistemas complexos, contendo organismos menores que tem considerável
autonomia e estão integrados harmonicamente no todo. Todos esses organismos
vivos são totalidades cuja estrutura especifica surge das interações e
interdependência de suas partes (CAPRA, 2001).
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Portanto a visão sistêmica ou holística é a interação e à interdependência de todos os
aspectos ambientais, sejam físicos, biológicos, econômicos, psicológicos, religiosos, sociais e
culturais. Para a devida eficácia da aplicação da EA, deve-se desenvolve-la de forma
interdisciplinar, procurando integrar os diferentes conceitos e dimensões dos fenômenos
estudados. Assim superando uma visão especializada e fragmentada da busca pelo
conhecimento e proporcionando ao aluno um aprendizado mais produtivo e interessante.
Área de Preservação Permanente
As áreas de Preservação Permanente (APP) são protegidas pelo Código Florestal, Lei
Federal n° 4.771. Estas áreas foram criadas com a finalidade de não comprometerem os
ecossistemas. De acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei nº 12 651/12, a APP é uma
área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Contudo à implantação de leis referentes à preservação destas áreas no país foram
tardias, houve resistência á conscientização ambiental por parte da população e as normas
estabelecidas eram subjetivas. Desse modo dificultou-se a interpretação e demarcação dessas
áreas, originando o uso inadequado dos recursos naturais, trazendo consequências graves ao
meio urbano e rural.
METODOLOGIA
A área de estudo está localizada no perímetro urbano de Paranavaí, noroeste do
Paraná, região da micro bacia do córrego Ouro Verde. O Canal fluvial apresenta trechos com
leito fluvial natural e trechos canalizados. O fluxo é proveniente da área central da cidade,
abrangendo as áreas circunvizinhas a Avenida Rio Grande do Norte esquina com a Rua
Albino Silva, percorrendo até a Avenida Amador Aguiar, esquina com a Rua vereador José
Leite Chaves até a Vila Operária (Figura 1).
Para cumprir os objetivos desta pesquisa adotaram-se os seguintes procedimentos
metodológicos:
Revisão de literatura, consultas a legislação e mapeamento topográfico da área de
estudo;
A realização de oficinas com o tema Lixo e Cidadania, executados com alunos dos 7º
anos do ensino fundamental na Escola Estadual Curitiba;
Promoção de visitas técnicas a região da micro bacia do córrego Ouro Verde;
Aplicação de questionários aplicados pelas acadêmicas do curso de licenciatura em
Geografia da UNESPAR à comunidade residente no entorno da área de estudo, abordando
temas como coleta seletiva, a importância da preservação das APPs e sobre o descarte
inadequado de resíduos sólidos no local;
Análises de qualidade microbiológica da água do Córrego Ouro Verde em oito (8)
pontos ao longo da bacia;
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Análises dos resultados e debates que culminaram em propostas de ações para
minimizar os impactos na área.
Figura 1. Localização da área de estudo e pontos de coleta de dados abióticos. (adaptado de Google
Earth, 2013)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As atividades foram desenvolvidas com alunos do ensino fundamental da Escola
Estadual Curitiba, que cursam o 7º ano, num total de 63 envolvidos. A escolha do local
deveu-se ao fato da proximidade coma escola e por ser uma região inserida nas proximidades
da APP do Córrego Ouro Verde. As atividades foram iniciadas em fevereiro de 2013. A APP
do Córrego Ouro Verde, afluente do ribeirão Suruquá, na bacia do rio Ivaí, é um dos sítios de
fragilidade ambiental do município, com solo arenítico, caracterizado por sua suscetibilidade
erosiva.
O córrego Ouro Verde está localizado entre as coordenadas 23º53’69” e 23º 54’ 49”
Sul e 52º27’22” e 52º27’17” Oeste. Nasce na área urbana de Paranavaí (Figura 1) é fruto da
confluência de duas (2) nascentes a 467m e 441m de altitude, percorre uma extensão de
2779,95 metros e a largura varia entre 6 e 11 m. Este córrego deságua no ribeirão Suruquá a
376 m, tem uma declividade de 91 metros em todo o seu percurso, o que facilita o escoamento
superficial.
As sucessivas visitas ao campo permitiram avaliar os maiores problemas: falta de mata
ciliar, a precariedade das galerias de captação das águas pluviais, processos de erosão e
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acumulação resultando em uma enorme voçoroca, obras de engenharia mal elaboradas
sufocando o caudal.
Revisão de literatura permitiu entender que a colonização da região é recente, embora
a cidade tenha sua instalação datada de 1951. A estrutura da ocupação também data de um
passado remoto, ficando evidente a falta de planejamento e instrução adequada para a
colonização da área, quanto aos quesitos ambientais.
A área central de Paranavaí instalou-se nas proximidades da nascente do córrego
Ouro Verde, hoje localizada na Avenida Rio Grande do Norte. No período inicial da
colonização houve um vasto desmatamento da vegetação nativa. Assim a área em questão foi
fortemente danificada, formando uma extensa erosão no local.
Após planos de governo para o tratamento das áreas erodidas houve a contensão deste
processo na área central da cidade, com a implantação de um canal em concreto armado
celular, iniciada na nascente do Córrego Ouro Verde percorrendo até a Avenida Amador
Aguiar, esquina com a Rua Vereador José Leite Chaves (Figura 1).
Esta medida que deveria minimizar o processo erosivo na região, acabou formando
uma imensa voçoroca comprometendo a funcionalidade não só do córrego que corre sério
risco de assoreamento, mas também aos remanescentes florestais e à fauna existente no local,
bem como, comprometendo o microambiente nas proximidades do curso d’água e as
edificações do entorno.
As consultas ao código florestal em seu artigo 2º determinam que corpos d’água
similares ao estudado, deveriam contemplar a mata ciliar com uma área marginal de pelo
menos 30 metros. Mas 70% da área do seu curso é desprovida de qualquer tipo de vegetação.
A realização das oficinas contemplou temas ligados ao Lixo e Cidadania e as visitas
técnicas executadas com alunos dos 7º anos do ensino fundamental na Escola Estadual
Curitiba, tiveram o propósito de sensibilizar os alunos para além de avaliarem as condições do
local, iniciarem projetos de educação ambiental em suas casas para reverter o quadro de
degradação da área (Figura 2).
Figura 2. Visita técnica à APP do Córrego Ouro Verde. Ferrari et al , 2013.
Aplicação de questionários ficou a cargo de um grupo de acadêmicas do curso de
licenciatura em Geografia da UNESPAR e a clientela entrevistada foi à comunidade residente
no entorno da área de estudo, abordando temas como coleta seletiva, a importância da
preservação das APPs e sobre o descarte inadequado de resíduos sólidos no local;
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Análises de qualidade microbiológica da água do Córrego Ouro Verde foram
realizadas em oito (8) pontos ao longo da bacia. As coletas feitas realizadas, em dias
ensolarados, em pontos estratégicos e de alta e baixa influência antrópica, utilizando a
metodologia internacional Standard Methods for the examination of water and wastewater
(APHA) (AWWA), com frascos esterilizados, mergulhados contra a correnteza até uma
profundidade de 20 cm, de modo a coletar um volume de água superior a 100 ml, deixando
um espaço livre no frasco para agitação antes de processar as análises (SOARES & MAIA,
1999).
As amostras foram etiquetadas com os respectivos locais de coletas e acondicionadas
em bolsa térmica para o transporte até o Laboratório de Saneamento e Meio Ambiente, do
departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Os coliformes foram analisados em unidades formadoras de colônias em 100 ml de
amostra de água, cujos resultados estão contidos nas tabelas abaixo.
Tabela 1. Resultado microbiológico de diferentes pontos de coleta.
Localização Coordenadas
geográficas
Coliformes totais Coliformes
termotolerantes
Elevação/m
Ponto A 23º 05´37.3"S
52º 27´19.2"O
> 2419.6 > 2419.6 443
Ponto B 23º 05'54.0''S
52º 27'19.01''O
> 2419.6 > 2419.6 439
Ponto C 23 05'59.3''S
52º 27' 18.8"O
> 2419.6 > 2419.6 409
Ponto D 23 06'11.8'S'
52 27' 29.1''O
> 2419.6 > 2419.6 387
Ponto E 23 06'52.9''S
52 27' 18.3"O
> 2419.6 > 2419.6 386
Ponto F 23 05´49.0''S
52 27'15.7''O
> 2419.6 > 2419.6 427
Ponto G 23 06´11.8''S
52 27' 29.1"O
> 2419.6 770.1 387
Ponto H 23 05'59.3''S
52 27'18.8"O
> 3.1 <1 409
Esses resultados são indicativos da presença de esgoto clandestino nas galerias
pluviais por este motivo se faz necessário a implantação de políticas públicas de tratamento de
esgoto clandestino, resíduos sólidos e de Educação Ambiental nas escolas e comunidade em
geral.
Indicadores microbiológicos têm sido utilizados mundialmente para verificar a
contaminação de corpos d’água por resíduos humanos. Tipicamente são utilizados organismos
que são encontrados em elevadas concentrações em fezes humanas. Os indicadores
geralmente utilizados incluem coliformes totais, coliformes fecais, Escherichia coli e
enterococci (SHIBATA et al., 2004).
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As bactérias do grupo coliforme são indicadoras de contaminação fecal, ou seja,
indicam se uma água foi contaminada por fezes e, em decorrência, se apresenta uma
potencialidade para transmitir doenças (VON SPERLING, 1996). A ausência desta bactéria
indica uma água bacteriologicamente potável. Entre este grupo de bactérias encontramos as
que são exclusivamente fecais, não se multiplicando com facilidade no ambiente externo e
com sobrevivência similar das bactérias patogênicas, formando assim um grupo
termotolerantes, de maior confiabilidade que os coliformes totais.
De acordo com a resolução n° 357 do CONAMA (17/03/2005), este corpo d’água está
enquadrado na classe 4, água doce que pode ser destinada à navegação e harmonia
paisagística. Os limites máximos de contaminação são: > 1000 coliformes
termotolerantes/100 ml de água. A mesma legislação estabelece limites: para uso de recreação
de contato secundário não deve exceder o limite de 2.500 coliformes termotolerantes por 100
ml de água. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes
termotolerantes por 100 milímetros de água.
Os resultados obtidos para o córrego Ouro Verdes indicam contaminação superior a
tolerada em 80% das amostras analisadas, sendo, portanto, águas impróprias para o consumo
humano ou animal. Também não devem ser utilizadas para a irrigação de frutas e hortaliças
que se desenvolvem rente ao solo e nem as que não sejam removidas a casca ou película
protetora. É proibida também a sua utilização para balneabilidade, recreação e aquicultura.
Análises dos resultados e debates culminaram em propostas de ações para minimizar
os impactos na área.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em seu processo de urbanização Paranavaí não preservou alguns rios que cortam o seu
espaço territorial. Canalizou e retificou-os para a viabilização do desenvolvimento urbano.
Desse modo a APP estabelecida pelo código florestal não foi respeitada no trecho pesquisado.
As práticas pedagógicas em Educação Ambiental suscitaram a possibilidade da recuperação
da APP no trecho analisado do Córrego Ouro Verde, desde que haja uma verdadeira
disposição por parte dos órgãos competentes para que seja executado um reflorestamento no
local.
É preciso um trabalho mais assíduo por parte do poder público para acabar com os
esgotos clandestinos ligados as galerias pluviais da região estudada e também para a questão
dos resíduos sólidos depositados de forma irregular.
Contatou-se a extrema necessidade de um profundo trabalho de educação ambiental a
fim de esclarecer para a população em geral a finalidade das APPs e a importância de sua
preservação.
É importante agregar novas formas de aprendizagem social, expansão dos lócus de
aprendizado e de interpretação do cotidiano, de arenas de negociação e jogos de papéis. Essas
estratégias podem ser entendidas como espaços de convivência e de formação de
conhecimentos sobre aprendizagem social na gestão compartilhada e participativa do contexto
socioambiental pertencente a esses sujeitos, resgatando o espírito de comunidade e agir
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coletivo visando minimizar os impactos antrópicos na área da micro bacia do córrego Ouro
Verde.
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Geografia/UFPR.
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HORTA ESCOLAR NO ÂMBITO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AÇÃO
PROMOTORA DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS
Maria Carolina Beckhauser (IC)¹,
Angela Magalhães Ferrari (IC)²,
Vanda Maria Silva Kramer (PQ)³.
Resumo: A questão ambiental está sendo debatido e constantemente vem ganhando espaço em diferentes
segmentos da sociedade. Já a educação ambiental vai além dos debates e esta incluída no currículo como um
tema transversal a ser trabalhado no ensino básico. Ela não é uma disciplina, mas deve e pode haver uma
interdisciplinaridade para tratar do conteúdo em sala de aula. O plantio de uma horta escolar contribuiu para uma
interação dos alunos, gerando um processo de ensino e aprendizagem em educação ambiental por meio de
práticas. A inclusão por meio de atividades de horticultura incentivou o contato direto entre o processo de plantio
e da comunicação entre ouvintes e surdo. A contribuição dos pais e membros da comunidade escolar no
desenvolvimento do projeto, ajudou no planejamento e execução da horta escolar. A metodologia para a
implementação do projeto aplicado, com as atividades em sala de aula através da definição de conceitos e
princípios da educação ambiental e da importância das hortaliças na alimentação, e num segundo momento a
visitas técnicas a hortas comerciais, finalmente a seleção do local, preparo do solo, plantio e manutenção da
horta. O projeto permitiu explorar tanto questões ambientais, sociais e a relação homem-natureza favorecendo
um desenvolvimento crítico e lógico de cada aluno desenvolvendo praticas sustentáveis e hábitos saudáveis,
sempre partindo da perspectiva da horta escolar.
Palavras Chave: Inclusão; Educação Ambiental; Educação Alimentar.
Abstract: The environmental issue is being debated and constantly gaining space on different segments of
society. Already environmental education goes beyond debates and is included in the curriculum like a cross-
cutting theme to be worked in elementary education. It is not a discipline, but should and can there be a
interdisciplinarity to deal with content in class. The planting of a school vegetable garden has contributed to
student interaction, generating a process of teaching and learning in environmental education through practices.
The inclusion by means of horticulture activities has encouraged a direct contact between the planting process
and communication between listeners and deaf. The contribution of parents and members of the school
community in the project development, helped in planning and enforcement of the school vegetable garden. The
methodology for the implementation of the project applied with the activities in class through the definition of
concepts and principles of the environmental education and the importance of the vegetables in the feeding, and
in one second moment to technical visits to commercial vegetable gardens, finally selecting the location, soil
preparation, planting and maintaining the vegetable garden. The project allowed exploring both environmental,
social and man-nature relationship favoring critical and logical a development of of each student by developing
sustainable practices and healthy habits, always from the perspective of the school vegetable garden.
Keywords: Inclusion; Environmental Education; Food Education.
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INTRODUÇÃO
Uma horta escolar deve ser tratada como um recurso didático, um laboratório,
trazendo vários temas transversais segundo o currículo, como: educação ambiental, educação
alimentar e valores sociais. Elas inseridas no ambiente escolar não devem apenas restringir-se
à produção de alimentos, mas podem ser usadas e trabalhadas no processo pedagógico como
um todo (MORGADO, 2008).
Outro fator que foi bem acentuado no decorrer das atividades foi à inclusão de um
aluno surdo no processo de elaboração e execução da horta escolar, onde a comunicação entre
ouvintes e o mesmo foi auxiliada por uma professora interprete, motivando os demais
membros numa interação homogênea.
Através da produção de uma “Horta Escolar” visamos promover mudanças de valores,
hábitos, sensibilizando alunos e colaboradores, comportamentos ambientalmente “corretos”
que devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a
formação de cidadãos responsáveis (RODRIGUES; FREIXO, 2009).
Os benefícios deste projeto para as acadêmicas foram de facilitar a mudança na rotina
da escola municipal e trazendo inúmeras experiências capazes de melhorar seu exercício de
docência.
Além de que demonstrou que as atividades na horta fizeram os alunos compreenderem
que o solo é fonte de vida, a energia solar e a água podem produzir alimentos para a
sobrevivência humana; desenvolveram a cooperação em equipe e a comunicação inclusiva; a
preservação para com o meio ambiente seja ele escolar ou não.
O objetivo deste trabalho é analisar os resultados das atividades acadêmicas em
docência das alunas do 2º ano do curso de Geografia da Universidade Estadual do Paraná
durante as práticas em Educação Ambiental. Fizeram parte das atividades a execução de uma
horta escolar em uma escola do ensino básico do município de Paranavaí – PR, com a turma
de inclusão do 2º ano na faixa etária de 7 a 8 anos.
Educação Ambiental e a horta escolar
Anos após a Revolução Industrial que mudou todo o sistema produtivo do planeta,
houve uma preocupação mundial com o meio ambiente, os avanços tecnológicos, os aumentos
da população, o crescimento de grandes nações, aumentaram a exclusão social e econômica
dos povos decaindo a qualidade de vida, gerando a degradação ambiental. Os anos 60 com
todos esses processos históricos, ocasionaram uma preocupação com o meio ambiente e com
a sustentabilidade do planeta, a fim de desenvolver uma cidadania mais responsável com
sociedades mais justas.
Somente em 1973 o Brasil entra no processo de institucionalização para com a
educação ambiental, com a criação da Secretária Especial do Meio Ambiente (SEMA),
seguindo de outro ponto decisivo para com a Educação Ambiental em território nacional, que
foi a Politica Nacional do Meio Ambiente em 1981, onde a inclusão da educação ambiental
foi inserida em todos os níveis de ensino com o intuito de capacitar a comunidade para
defender o meio ambiente (CAPRA, 2005).
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Segundo a Constituição Federal de 1988, que reconhece que o direto constitucional de
todos os brasileiros à Educação Ambiental é atribuído ao Estado o dever de “promover a
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) criados pelo Ministério da Educação em
1998, indicam que a aprendizagem de valores e atitudes devem ser mais exploradas do ponto
de vista pedagógico e o conhecimento dos problemas ambientais e de suas consequências
desastrosas para a vida humana é importante para promover uma atitude de cuidado e atenção
com essas questões, incentivar ações preservacionistas (BRASIL, 1998).
A inserção da educação ambiental nas escolas se deu através de três modalidades:
projetos, disciplinas especiais e inserção temática ambiental nas disciplinas, para sensibilizar
os indivíduos enquanto ser social para o convívio sustentável com a natureza. Este público
formal encontrado nas escolas necessita de conhecimento para gerar mudanças de atitudes e
consolidação de novos valores, através de processos coletivos abordando questões ambientais
de modo crescente e contínuo em diferentes disciplinas e atividades.
A educação ambiental não é tratada como disciplina e sim como um tema transversal a
ser ministrado pelo docente no decorrer dos demais conteúdos de outras disciplinas. O
currículo tem uma flexibilidade para aderir temas priorizando e contextualizando as diferentes
realidades de varias regiões ou locais. O conjunto de tema transversais proposto pelo
Parâmetro Curricular Nacional (PCN) foi Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde
e Orientação Sexual, com a intuição de uma reflexão como eixo norteador de causa e feito das
dimensões históricas. Nas palavras de Gallo (2001):
“o sentido geral da interdisciplinaridade é a consciência da necessidade de um inter-
relacionamento explícito entre as disciplinas todas. Em outras palavras, a
interdisciplinaridade é a tentativa de superação de um processo histórico de
abstração do conhecimento que culmina com a total desarticulação do saber que
nossos estudantes (e também nós, professores) têm o desprazer de experimentar”.
A abordagem da horta escolar e a educação ambiental como tema transversal a ser
trabalhado em forma de projeto nos anos iniciais do ensino fundamental gerou um processo
de ensino-aprendizagem unindo a teoria e pratica com o intuito de desenvolver um cidadão
capacitado a atuar em um mundo sustentável de maneira positiva e construtiva perante a
sociedade. O papel do educador nesta etapa da educação é muito relevante, pois o tema exige
uma atualização de conteúdo gerando constantes pesquisas por parte dos profissionais
(RUSCHEINSKY, 2002).
A importância da educação ambiental na execução do projeto foi levar o conhecimento
do tipo de uma agricultura mais sustentável e natural sem a utilização de agrotóxicos e o mal
que essas substâncias causam a sociedade e a natureza, juntamente com a descoberta da
importância de uma alimentação saudável por parte dos alunos. Também o significado da
importância do solo enquanto produtor de alimento associando ciclos de plantio e cultivo
respeitando a terra. A combinação desses fatores levou os alunos à conclusão de que a
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natureza do solo é vivo e temos que preservar sua integridade, através de praticas
ecologicamente corretas (CRIBB, 2010).
A horta escolar é um espaço próprio para que as crianças aprendam os benefícios da
forma de cultivo sustentável, uma alimentação melhor, preservação do ambiente seja ele
escolar ou não, um contato com a natureza, exercitar a cidadania, adquirir valores,
comunicação e interação com deficiente auditivo e solidariedade (GONZALES, 2005).
METODOLOGIA
Localizada no município de Paranavaí/PR (Figura 1) a escola do ensino básico,
encontra-se à distância em relação ao centro da cidade é de aproximadamente 3.500 metros.
Figura 1: Localização da escola municipal Noêmia Ribeiro do Amaral – Área de estudo no Município de
Paranavaí – PR. Kramer et al, 2013.
Atualmente a escola abriga 180 alunos, sendo que a maioria dessas crianças
permanece na unidade de período integral das 07h30min as até as 17h00min horas (Figura 2).
Dentre esses alunos atendem também crianças surdas num processo inclusivo.
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Figura 2: Foto da Escola Municipal, Paranavaí – PR. Beckhauser et al , 2013.
Os trabalhos na escola tiveram inicio a partir na de uma exposição de ideias,
conteúdos e esclarecimento sobre a educação ambiental e a horta escolar para corpo
pedagógico da escola. Em seguida veio à apresentação do projeto para os alunos do 2º ano no
período vespertino em forma de oficina sobre a educação ambiental, apresentada em forma de
slides e vídeos ilustrando a criação de uma horta escolar e qual a sua finalidade. Ao longo das
aulas os alunos foram confeccionando cartazes, painéis, atividades como forma de fixação do
conteúdo e exposição de ideias para a comunidade escolar.
Outra etapa relevante para a iniciação da construção da horta foi uma visita técnica
numa horta comercial no distrito do município (Figura 3), também no período vespertino os
alunos tiveram a oportunidade de vivenciar de perto a rotina da manutenção de uma horta e
como é produzido cada alimento ali. Ao chegar à sala cada aluno realizou um cartão colorindo
um desenho e produzindo uma frase própria sobre a importância da horta na sua escola, ao
finalizar o cartão ele foi exposto no corredor onde todos pudessem admirar a arte de cada um
e a experiência vivida através de relatos e fotografias.
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Figura 3. Visita técnica na horta comercial. Beckhauser et al , 2013.
A área selecionada para o plantio tem 7,5 metros de largura por 5,0 metros de
comprimento totalizando uma área de 35,00 m² o terreno foi nivelado e dividido em quatro
canteiros com 1,20 metros de largura por 4,0 metros de comprimento totalizando 4,8 m², entre
os canteiros foram deixados 0,70 cm como um corredor entre eles. O preparo dos canteiros foi
exercido pelas acadêmicas e a comunidade escolar, neste trabalho envolveu a capina, a aração
e a adubação, foi utilizado esterco bovino (Figura 4).
A semeadura foi realizada pelos alunos juntamente com o auxilio das acadêmicas, o
cuidado e a manutenção das mudas foram realizados pelos ajudantes da horta que eram
selecionados diariamente para realizar tal tarefa, onde regavam as plantas sempre no período
da manha. A colheita foi realizada após o amadurecimento total do produto.
Figura 4: Preparo inicial dos canteiros. Beckhauser et al , 2013.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os trabalhos na escola foram realizados em março a julho de 2013. O processo
educacional permitiu que os alunos interagissem de maneira significativa favorecendo seu
desenvolvimento e aprendizagem e a relação interpessoal de cada um. A educação ambiental
se tornou um mecanismo de inclusão entre os alunos ouvintes e o aluno surdo ressaltando os
valores das atividades ministradas.
Não só o fato de se relacionar incluindo alunos não ouvintes nas atividades escolares,
mas também desenvolver responsabilidades nas atividades de horticultura, e a educação
ambiental têm um papel importante nesta etapa da educação a fim de gerar uma sociedade
mais sustentável.
No contexto sala de aula foram aplicadas atividades referentes aos temas de educação
ambiental, educação alimentar, desenvolvimento de plantas dentre outros, também foram
organizado um cronograma para organização e desenvolvimento da horta. As crianças tiveram
a oportunidade de plantar, semear, colher e consumir o produto. A confecção dos canteiros
contou com a comunidade escolar. Durante a atividade, explicou-se às crianças que seriam os
“guardiões” da horta. Foi comentada em detalhes qual a importância das plantas, e por que
não se pode arrancá-las e que apesar do grande interesse das crianças pelo desenvolvimento
das hortaliças, não seria possível acompanhar mudanças destas plantas como florescimento e
frutificação, pois não são plantas com um ciclo longo.
Durante o desenvolvimento desta atividade pôde-se acompanhar todo o processo, no
decorrer das etapas citadas acima, plantamos diferentes tipos de hortaliças como alface,
rúcula, couve, salsinha e cebolinha (Figura 6), todas nasceram com qualidade, pois o cuidado
inicial foi primordial para o desenvolvimento do produto.
Figura 6: Plantio das hortaliças. Beckhauser et al , 2013.
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Através dos estudos para a realização do projeto ficou clara a importância de explorar
os temas transversais como educação ambiental e alimentar juntamente com a inclusão. Além
de todos esses aspectos espera-se que estes alimentos na rotina escolar dos alunos possam ter
um novo significado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A horta inserida no ambiente escolar torna-se um espaço lúdico e pedagógico
possibilitando o aluno a questionar seus hábitos e atitudes ressaltando seus valores e
desenvolvendo sua identidade enquanto ser social. O processo de ensino aprendizagem neste
local irá proporcionar uma interação mais abrangente sobre a educação ambiental unindo
teoria e pratica.
O projeto permitiu explorar tanto questões ambientais, sociais e a relação homem-
natureza favorecendo um desenvolvimento crítico e lógico de cada aluno desenvolvendo
praticas sustentáveis e hábitos saudáveis, sempre partindo da perspectiva da horta escolar.
AGRADECIMENTOS
As autoras agradecem o apoio recebido da UNESPAR – Campus Paranavaí e da
CAPES/PIBID pelas bolsas de iniciação a Docência.
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ciclos – apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
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WALL-E: METODOLOGIA PARA ENSINO DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL Neoraldo Junior Antunes (IC)
1;
Adrieli Gorlin Toledo (IC)2;
Bruna Caroline Kotz Kliemann (IC)3;
Kelly Mayara Poersch (IC)4;
Jéssica Engel do Nascimento (IC)5;
Bárbara Grace Tobaldini (PQ)6.
Resumo: Existe atualmente, uma necessidade em formar o aluno já nas séries iniciais para a vida cidadã, onde
este seja capaz de identificar problemas ambientais e desenvolver modelos para a resolução dos mesmos. Assim,
a contribuição da 7ª arte (o filme) para elucidar a problemática civilizatória, ambiental e social pela qual
passamos hoje pode dar suporte para um melhor entendimento, com auxílio do professor, de que maneira
podemos agir para sanar as necessidades sociais, sem a degradação massiva do meio ambiente. Dessa forma, a
escola, como espaço de educação formal possibilita sensibilizar as crianças desde as series iniciais a prática
efetiva da Educação Ambiental. Para auxiliar o professor em sua prática pedagógica, foi desenvolvido um roteiro
baseado no filme Wall-E, em que seu enredo aborda vários temas relacionados à problemática ambiental
especialmente ao excesso de lixo produzido pelo homem devido ao consumismo exacerbado, a exploração dos
recursos naturais e a ociosidade que domina e corrompe a humanidade. Neste sentido, o filme pode ser utilizado
como uma forma de sensibilizar os alunos frente às questões ambientais, pois salienta a importância da
preservação do nosso planeta e expõe algumas consequências que pode acarretar um ambiente desequilibrado
ecologicamente.
Palavras Chave: Educação Ambiental, Wall-E, Prática Pedagógica.
Abstract: Currently, there's a need to form students for the social life, starting from the beginning grades, which
this student become capable to identify environmental problems and develop models to its resolution. Therefore,
the seventh art’s contribution (the movie), to elucidate the civilizatory, environmental and social problems that
we are now going through, can give us support to a better understanding, with the teacher’s help, in a way that
we can act to solve the social needs, without the massive environmental degradation. Thereby, the school, as a
formal education space, enables sensitizes children from the beginning grades until the Environmental Education
effective practice. To help the teacher in its pedagogical practice, a planning was developed based on the Wall-E
movie, that its plot approaches several themes related to the environmental problems, specially the garbage
excess produced by humans due to an exacerbated consumption, the natural resources exploration and the
idleness that dominate and corrupts the mankind. In this sense, the movie can be used as a way to sensitize
students to the environmental issues, because it focused on the preservation of our planet and exposes some
consequences that can lead to an environment ecologically unbalanced.
Keywords: Environmental Education, Wall-E, Pedagogical Practice.
1Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e estagiário da PROGRAD – DRD – UNIOESTE.
Campus de Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 2Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – UNIOESTE. Campus de Cascavel. Cascavel -
PR. [email protected]. 3Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e Bolsista do PIBID – UNIOESTE. Campus de
Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 4Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e Bolsista de Extensão da REA-PR – UNIOESTE.
Campus de Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 5Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e estagiária no Instituto Ambiental do Paraná –
UNIOESTE. Campus de Cascavel. Cascavel – PR. [email protected]. 6Profª. Mestre, pesquisadora do Colegiado de Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel.
Cascavel – PR. [email protected].
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INTRODUÇÃO
Atualmente, um dos assuntos de maior discussão em todos os âmbitos da sociedade é a
Educação Ambiental (EA). Tema proposto após o grande desenvolvimento econômico e
industrial exacerbado ocorrido no início da década de 60 que ocasionou o início de sérios
problemas ambientais. De acordo com Marcatto (2002, p.08):
[...] temos presenciado um significativo crescimento dos movimentos ambientalistas
e do interesse pela preservação ambiental. A população mundial tem mostrado que
está cada vez mais consciente de que o modelo atual de desenvolvimento
econômico, tanto em países desenvolvidos, como naquele em vias de
desenvolvimento, está intimamente associado à degradação do meio ambiente, com
impactos diretos na qualidade de vida e na própria sobrevivência da espécie humana.
A utilização de recursos ambientais no modelo econômico atual, leva ao esgotamento
dos mesmos, sendo esta problemática encontrada principalmente em lugares onde este recurso
é considerado infinito. Nestes locais, o desenvolvimento e a sustentabilidade apresentam-se
como aspectos discrepantes andando separadamente e causando a destruição da natureza
(RODRIGUES, 1998 apud LIMA, 2011).
Essa constatação singular de um projeto social que destrói e ameaça suas próprias
bases de sustentação e sobrevivência revela-nos um processo que transcende os
contornos de mera crise ecológica e aponta para uma crise civilizatória de amplas
dimensões. É no contexto de uma modernidade avançada, incerta e complexa, com
trajetória insustentável que sugerimos a compreensão da questão ambiental e a
inserção da educação nessa questão (LIMA 2011, p.122).
Destaca-se, portanto, que seja improvável que os conceitos de Educação Ambiental
sejam entendidos e aplicados corretamente se não forem inseridos no processo educativo. A
educação formal, nesse sentido, pode assumir tanto um papel de conservação da ordem social,
reprodução de valores, ideologias e interesses dominantes socialmente, como um papel
emancipatório, comprometido com a renovação cultural, política e ética da sociedade e com o
pleno desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos que a compõem (LOUREIRO,
2011).
Em meio ao histórico da recente adversidade ambiental, a educação tem sido
memorada como mecanismo capaz de se contrapor de forma positiva a essa problemática
juntamente a outros mecanismos políticos, econômicos, legais, éticos, científicos e técnicos
(LIMA, 2011). Diante desses pressupostos, entende-se a importância da inserção da Educação
Ambiental de forma efetiva ainda nos anos inicias da escolaridade, visto que: A Educação
Ambiental é um comportamento socioeducativo que tem como finalidade construir valores,
conceitos e atitudes que possibilitem o entendimento real de vida e a atuação esclarecida e
responsável de práticas sociais, individuais e coletivas no ambiente. Desta forma, proporciona
assistência na construção de um modelo civilizacional e societário que difere completamente
do contemporâneo, embasado em um novo principio quando se remete a relação
socioambiental (LOUREIRO, 2011).
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Na Educação Ambiental escolar deve-se enfatizar o estudo do meio ambiente onde
vive o aluno e a aluna, procurando levantar os principais problemas cotidianos, as
contribuições da ciência, da arte, dos saberes populares, enfim, os conhecimentos
necessários e as possibilidades concretas para solução deles(REIGOTA, 2009, p.
46).
O inicio da abordagem da temática ambienta, de interesse global desde os primeiros
anos do ensino formal, torna-se um meio de construção racional, portanto gradual sobre a
disponibilidade dos recursos naturais essenciais à vida no planeta e as possíveis medidas para
controle do consumismo exagerado, a fim de conquistar um habitat conservado e passível de
proporcionar uma excelente qualidade de vida a seus habitantes.
Travassos (2004) apud Fantin, Moura, Peccioli-Filho (2008, p. 2) diz que:
A prática da Educação Ambiental nas escolas colabora para resolver os problemas
ambientais confrontados atualmente e futuramente, contudo para que isso tenha
sucesso, ela não deve ser tratada apenas na semana do meio ambiente, dando ênfase
somente nos aspectos como a natureza e reciclagem de lixo, ela deve ser tratada no
dia a dia da criança levando em conta a cultura e os problemas sociais do local.
Assim, deve ser passada para os alunos em todas as fases do ensino, para que estes
se sensibilizem com os problemas ambientais e busquem soluções para os mesmos,
transformando, assim, a escola em um lugar onde se exerça a cidadania.
A vista disso, a educação formal é indispensável para a percepção dos alunos sobre o
que está ocorrendo e quais as consequências prováveis que acarretarão um ambiente
ecologicamente desequilibrado, visto que a informação é uma ferramenta transformadora da
consciência do homem. Por consequência, a Educação Ambiental apresenta-se como uma
tentativa de mudança efetiva nas atitudes de cada um.
A Educação Ambiental surge em um terreno marcado por uma tradição naturalista.
Superar essa marca, mediante afirmação de uma visão socioambiental, exige um
esforço de superação da dicotomia entre natureza e sociedade, para poder ver as
relações de interação permanente entre a vida humana social e a vida biológica da
natureza (CARVALHO, 2004, p.37).
Durante sua existência, o indivíduo pode apresentar dificuldade, se não obtiver uma
boa base de aprendizagem. A base da educação esta no ensino fundamental. Assim, investir
na Educação Ambiental nessa fase da aprendizagem, possibilita formar cidadãos que visam
uma interação socioambiental, que saibam utilizar de forma responsável os recursos naturais,
assegurando para as próximas gerações o direito de suprir suas próprias necessidades.
Dessa forma, conforme Art. 1° e Art. 2° da Política Nacional de Educação Ambiental
(Lei nº 9.795 de 27 de Abril de 1999)
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação
ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-forma.
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Ainda, de acordo com o Art. 10° regulamentado pela Política Nacional de Educação
Ambiental (Lei nº 9.795 de 27 de Abril de 1999) “a educação ambiental será desenvolvida
como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e
modalidades do ensino formal”. Dessa maneira a Educação Ambiental propõe a realização de
um projeto utópico para constituir uma sociedade sustentável e correta (REIGOTA, 2009).
Reigota (2009, p. 98) também afirma que:
Do ensino fundamental ao ensino superior pode estar presente em qualquer
disciplina, pois todas as áreas do conhecimento estão aptas a fornecer
especificidades que possibilitem uma melhor compreensão do mundo e da época em
que vivemos visando a participação cidadã, de intervenção de busca de alternativas e
de solução.
A Educação Ambiental integra uma área de conhecimento notavelmente
interdisciplinar, devidos aos vários fatores conectados e imprescindíveis ao diagnóstico e a
interferência que presume. No decorrer da história, ela se sobressai às preocupações de
diversos setores dentro da sociedade tornando-se uma área conceitual, política e ética.
Entretanto, esse campo está em pleno desenvolvimento o que fomenta vários desarranjos
conceituais, efeito esperado em uma área teórica atual (CASTRO; BAETA, 2011).
De acordo com Reigota (2009, p. 42):
Com a inclusão do tema meio ambiente nos PCN, houve uma substituição quase
automática de terminologia. Muitos passaram a considerar que a Educação
Ambiental havia, enfim, se tornado oficial. Uma outra, foi a de considerar a
transversalidade como sinônimo de interdisciplinaridade. Esses dois conceitos são
bem diferentes e implicam práticas pedagógicas com características diferentes.
Numa breve explicação podemos dizer que uma prática pedagógica interdisciplinar
trabalha com o diálogo de conhecimentos disciplinares e que a transversalidade, pelo
menos como foi definida pelos precursores, entre eles Félix Guatarri, não
desconsidera a importância de nenhum conhecimento, mas rompe com a idéia de
que os conhecimentos sejam disciplinares e que são validos apenas os
conhecimentos.
O espaço escolar é um local propício para que ocorram práticas de Educação
Ambiental, encaminhando os alunos a uma preservação e cuidado diário com o ambiente. Por
fim, para que ocorra o desenvolvimento sustentável, tem que haver responsabilidade
ambiental da sociedade em sua totalidade, e as escolas, podem colaborar com trabalhos de
sensibilização. Dessa forma, a educação formal, é um espaço útil para construção de uma
responsabilidade ambiental para os diferentes autores que dela participam.
Para trabalhar Educação Ambiental, o professor deve apresentar uma postura
diferenciada em sala de aula e apresentar uma metodologia que permita questionamentos e a
participação dos alunos, para que assim, possam expor as suas ideias, conhecimentos e
experiências; a fim de construir uma visão socioambiental. Por conseguinte, Reigota (2009, p.
66) expõe metodologias que podem ser empregadas para realização da Educação Ambiental:
só o professor ou a professora fala não deixando espaço e tempo para nenhuma outra
intervenção que não seja a sua. b) os alunos a as alunas fazem experiências,
trabalhos, discutem e apresentam suas conclusões e dificuldades encontradas sobre o
tema; c) os alunos e as alunas aprendem a definição de conceitos e descrevem o que
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eles puderam observar, por exemplo, em uma excursão ou em um filme que
assistiram; d) os alunos e as alunas completam a descrição das observações e das
intervenções realizadas com os dados e a informações e procuram responder a uma
serie de questões e duvidas sobre o tema abordado
A partir disso, a metodologia selecionada para este trabalho proporciona aos alunos
questionar informações e ideias presentes no filme Wall-E, uma animação infantil. Esse filme
pode ser trabalhado no ensino fundamental, pois possibilita aos alunos o desenvolvimento de
um pensamento critico, à fim de discutir e solucionar os problemas ambientais. Além disso, se
torna uma ferramenta para auxiliar o professor na prática pedagógica de aulas voltadas à
temática da Educação Ambiental. Já que para muitos professores, tanto a temática, quanto as
metodologias diferenciadas podem representar lacunas na sua formação acadêmica e
profissional, o que faz com que desenvolvam ações consideradas como tradicionais. Nesse
sentido, Reis-Junior (2003, p. 03), considera que:
os professores, por desconhecerem a matéria e não estarem preparados para
aproveitar as situações cotidianas quanto à Educação Ambiental, ficam presos ao
livro didático sem, muitas vezes, contextualizar a realidade os conteúdos que, na
prática, poderiam ser explorados na própria região, valorizando a cultura, a história e
as degradações ambientais do município.
METODOLOGIA
Diante da carência de recursos didáticos para se trabalhar Educação Ambiental em sala
de aula, elaborou-se uma proposta de metodologia que auxilie o professor e desperte nos
alunos o interesse pelo assunto. Neste contexto, as tecnologias apresentam-se como
ferramentas valiosas no processo ensino-aprendizagem, sendo o filme um excelente recurso
para o professor, pois “é um elemento provocativo da curiosidade do aluno, que pode levá-lo
a querer saber mais sobre o tema narrado [...]” (VIEIRA, 2009, p.13). Entretanto, é necessário
ficar atento a esta ferramenta, pois, de acordo com Vieira (2009, p.13) “não é uma
substituição da atividade do professor, que deve estar sempre à frente da experiência de
ensino, mas um complemento à atividade docente”.
É importante ressaltar que ao utilizar o filme em sala de aula como recurso didático,
deve-se tomar o cuidado para que este faça sentido, relacionando-o ao conteúdo que está
sendo proposto nas demais disciplinas (VIEIRA, 2009). Além do que, segundo Vieira e Rosso
(2011, p. 551) “para desempenhar seu papel na promoção da EA, o cinema necessita atender a
faixa etária dos alunos que assistirão ao filme e ser relevante ao que se pretende ensinar [...]”.
O filme selecionado para o trabalho foi o Wall-E, o qual trata no decorrer das suas
cenas sobre vários temas relacionados à problemática ambiental, principalmente quando
aborda a questão do excesso de lixo produzido pelo homem decorrente do consumismo
exagerado, como também demonstra claramente de que forma ocorre a exploração dos
recursos naturais e o desinteresse humano em desenvolver medidas de conservação do meio.
Portanto, o filme pode ser utilizado como uma forma de sensibilizar os alunos sobre a
realidade ambiental salientando a importância da conservação do planeta.
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Além disso, o filme possibilita ao professor trabalhar com os alunos a ideia de que faz-
se necessário “abandonar uma visão antropocêntrica em relação à natureza, ou seja, uma visão
de que o ser humano é dono dela, para assumirmos uma visão holística, ou seja, o ser humano
como parte da natureza e, portanto, tendo pela mesma, austeridade, respeito e zelo”
(BASTIANI ; MORAES, 2012, p.07).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir do descrito acima foi elaborado um roteiro baseado no filme Wall-E, que tem
como objetivo auxiliar o professor ao ministrar aulas de Educação Ambiental no Ensino
Fundamental. O roteiro a seguir (quadro 1) aponta os temas ambientais, de acordo com os
momentos que podem ser abordados, no decorrer do filme.
Tempo da cena Possível temática e discussão
1min e 26s à 2min e
59s
Retrata um futuro em que o consumo inconsequente causa
produção exacerbada de resíduos sólidos, que conforme observa-se
no filme, sem o amparo de programas socioambientais, podem
levar o planeta a perdas catastróficas, comprometendo o ambiente
e todas as formas de vida na Terra. Como também, a exploração
não sustentável dos recursos disponíveis, praticada em uma
geração cômoda, habituada ao nível superior de conforto que a
tecnologia de ponta pode oferecer, acumula uma quantidade
exacerbada de resíduos sólidos sem o devido destino. Nesse
contexto, o pequeno robô solitário tem como função, comprimir a
enorme quantia de resíduos em blocos e empilhá-los, trabalho este,
que hoje é feito em usinas de reciclagem. Porém fica perceptível
aqui, que esta medida não acaba com o lixo e, portanto, precisamos
avaliar nossos hábitos de consumo.
Desta maneira, o professor poderá abordar temas
relacionados aos produtos tecnológicos e as conseqüências
decorrentes desses para a sociedade e para o ambiente.
4min à 6min O espaço utilizado para depósito de resíduos, sob céu
aberto e sem tratamento adequado propicia o aparecimento e
desenvolvimento de espécies animais que podem ser vetores para
transmissão de doenças como moscas, baratas, ratos e demais
animais que se alimentam, reproduzem e infestam estes locais.
Porém ao mesmo tempo, sem os seres humanos habitando o
planeta, ele está se recuperando e possibilitando o retorno das
diversas formas vida.
Na sequência, observou-se que incitados pelos governantes
os seres humanos simplesmente abandonaram o planeta depois de
destruí-lo, para continuarem vivendo acomodados ao conforto das
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tecnologias. Dessa forma, o professor pode abordar a questão da
gestão pública e das atitudes dos governantes à fim de criar
programas ambientais que possibilitem a destinação dos resíduos
como também a sensibilização da população. Pode-se citar como
exemplo de programa de coleta seletiva que é realizada no
município de Cascavel.
28min e 30s à 29min e
05s
Em meio à enorme poluição de um planeta abandonado,
incapaz de oferecer as condições básicas para o suporte da vida
humana, surge uma planta como sinal de esperança e mostra que
mesmo em ambientes totalmente modificados e degradados, é
possível, por meio de projetos e programas de recuperação,
restituir a natureza e melhorar as condições de vida.
Com esta cena, pode-se trabalhar o tema das plantas como
seres fotossintetizantes que restituem o oxigênio da atmosfera, o
qual possibilita à vida para outros seres vivos e para complementar
expor a importância da preservação das mesmas.
39min e 30s à 37min e
43s
O estilo de vida sedentário e o comodismo mostrados,
promovem má alimentação o que resulta em sérios problemas à
saúde humana. Nesse enredo, podem-se abordar as doenças da
atualidade, dando ênfase as mudanças no estilo de vida, como
também o estudo temas sobre alimentação saudável.
41min à 42 min
A tecnologia é utilizada na alfabetização de crianças
dispensando o contato humano ocasionando um contingente de
pessoas totalmente dependentes e influenciadas pelo sistema
vigente.
Verifica-se a manipulação da mídia e seu efeito sob nosso
raciocínio crítico e a nossa capacidade de exercer a cidadania, ou
seja, um estado de alienação completo. Em que o indivíduo torna-
se uma pessoa incapaz de construir valores e moral, pois não tem
convivência direta com outros indivíduos dentro da sociedade.
Como também esse potencial de alienação do mercado
consumista deixa o ser humano cada vez mais dependente deste
modo de vida, o que contribui, para a diminuição da qualidade de
vida e de atitudes sustentáveis, favorecendo a manutenção do
sistema consumista. É esta realidade que queremos, é o futuro que
esperamos?
Pode-se expor, a utilização das tecnologias como
ferramentas de ensino. No entanto, deve-se salientar as
conseqüências e influencias destas sobre os valores construídos em
sociedade.
42 min à 1 h e 30 min A capacidade criativa do ser humano nos permite perceber
que nunca é tarde para reconstruir, por maior que seja o dano
causado, e desenvolver maneiras de recuperação das áreas
degradadas bem como a regeneração dos ecossistemas, porém não
em sua forma original. A partir deste conhecimento, deve-se
decidir agir e fazer um novo futuro, ou permanecer na atual forma
massiva de produção e consumo, lembrando sempre que, a ação de
cada indivíduo faz a diferença.
É preciso entender que as atitudes individuais quando
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somadas umas às outras são capazes de modificar o sistema como
um todo, mesmo que à passos lentos.
Para finalizar o filme, o professor poderá questionar os
alunos sobre suas atitudes diante da questão ambiental, motivando-
os a praticar ações em prol de um futuro sustentável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O roteiro elaborado visa à utilização do filme como uma ferramenta para auxiliar na
prática pedagógica do professor ao trabalhar Educação Ambiental. Visto que estes, na sua
maioria não possuem formação específica nessa área e/ou apresentam carência de informação,
o que acarreta um déficit na prática da EA no ensino fundamental. Por isso, considera-se
importante a preparação dos professores, a fim de formar novas gerações para agir com
responsabilidade e sensibilidade restaurando assim, o ambiente saudável no presente e
conservando-o para o futuro.
Além disso, ao utilizar o filme o professor consegue despertar o interesse dos alunos
sobre a temática ambiental que é vista por eles como monótona e, portanto, desinteressante.
Como já diziam Vieira e Rosso (2011, p. 568):
O interesse provocado pelo filme, por meio de sua forte atração baseada no
dinamismo da imagem em movimento e também pelo seu aspecto cultural, constitui-
se num forte coadjuvante das iniciativas do professor para desequilibrar os alunos e
provocar o dinamismo da inteligência do aluno na direção do conhecimento vivo,
operante e capaz de dialogar com o ambiente concreto.
Dessa forma, os temas abordados no roteiro do filme Wall-E devem ser trabalhados de
modo que o aluno entenda que a Educação Ambiental vai além da reciclagem, coleta seletiva
e natureza; construindo assim um pensamento crítico em relação aos valores socioambientais.
REFERÊNCIAS
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filosofia: contribuindo para a educação ambiental de alunos do Ensino Médio. In:
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9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Presidência da República.
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15 set. 2013.
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SAÚDE AMBIENTAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: INTERLOCUÇÃO
ROMPENDO PARADIGMAS
Marli Renate von Borstel Roesler(PQ)1
Diuslene Rodrigues Fabris (PQ)2
Resumo: As ações socioambientais e de formação em educação ambiental organizadas pela Sala de Estudos e
Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade - SEIPAS para os anos de 2009-2010 objetivam
promover encontros, diálogos, pesquisas e estudos de saberes ambientais, formação e informação
socioambiental, por meio de processos educativos pautados pela vertente crítica e emancipatória da educação
que contemplem os princípios e valores de documentos planetários para um futuro sustentável. Inclui-se também
a educação em saúde, acesso a direitos e garantias do SUS, e sua aplicabilidade. Discute a mútua relação que se
estabelece nas questões que envolvem meio ambiente e saúde, contribuindo para a formação da consciência
crítica em torno da prevenção das doenças crônico-degenerativas, infecto-contagiosas e “males modernos”. Para
tanto, são utilizados instrumentais como: palestras, atividades expositivas de prestadores de serviços em saúde,
oficinas temáticas e apresentação de vídeos. Estima-se que esta atividade possa contribuir com o processo de
reeducação dos hábitos nocivos a saúde, esclarecer a população com relação aos direitos e garantias do SUS,
incentivando a participação consciente e cidadã nos espaços deliberativos garantidos pela lei.
Palavras-Chave: Educação em Saúde; Educação ambiental; SUS.
Abstract: The environmental initiatives and training in environmental education organized by the Study Room
and Information in Environmental Policy and Sustainability - SEIPAS for the years 2009-2010 aim to promote
meetings, dialogues, research and studies of environmental knowledge and information through educational
processes guided by critical and emancipatory aspect of education that address the principles and values of
planetary documents for a sustainable future. It also includes health education, access to rights and guarantees of
the brazilian public health system - SUS, and its applicability. Discusses the mutual relationship established on
issues involving health and the environment, contributing to the formation of critical awareness around the
prevention of chronic diseases and infectious. Therefore, instrumentals are used as lectures, exhibition activities
of service providers in health, thematic workshops and presentation videos. It is estimated that this activity may
contribute to the process of rehabilitation of the harmful health habits and show to the people the rights and
guarantees of the SUS, encouraging citizen participation in the conscious and deliberative spaces guaranteed by
law.
Key words: health Education; environmental Education; SUS.
1 Professora Adjunta do Curso de Serviço Social da UNIOESTE/Campus de Toledo. Coordenadora da Atividade
de Extensão Ação socioambiental e formação em educação ambiental da SEIPAS (2011-2013); Coordenadora do
Subprojeto de Extensão: Oficinas de formação em educação ambiental. Tema: ação da juventude na defesa da
proteção do meio ambiente sadio e equilibrado e dos diretos humanos (2012). Líder do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade - GEPPAS – UNIOESTE/Campus de Toledo – Paraná,
membro do Grupo Interdisciplinar e Interinstitucional de Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Sustentável -
UNIOESTE/Marechal Cândido Rondon. Tutora do Grupo PET do Curso de Serviço Social –
UNIOESTE/Campus de Toledo. e-mail: [email protected].
2 Assistente Social Docente, membro do Grupo de Pesquisa em Fundamentos do Serviço Social: Trabalho e
Questão Social e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade – GEPPAS,
vinculados ao Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de
Toledo – Paraná. e-mail: [email protected]. Coordenadora da Atividade de Extensão Estação Saúde,
Meio Ambiente e Educação Ambiental do Programa de Extensão SEIPAS – Campus de Toledo.
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INTRODUÇÃO
“Nós fizemos a reforma sanitária que criou o SUS, mas o
núcleo dele, desumanizado, medicalizado, está errado. Temos
de entrar no coração deste modelo e mudar. Qual o fundamento? Primeiro, é a promoção da saúde, e
não da doença. O SUS tem de, em primeiro lugar, perguntar o que está acontecendo
no cotidiano das vidas das pessoas e como eu posso interferir
para torná-las mais saudáveis”.
Sergio Arouca1
As últimas décadas do século XX apresentaram-se como momentos cruciais e
relevantes, no sentido de romper com o modelo de Estado e gestão pública alicerçado no
militarismo. Brasil e América Latina como um todo iniciavam profundas reformas nas
configurações do Estado e da sociedade civil. No conjunto das reformas propostas, pode-se
localizar a questão da gestão da saúde pública. Segundo BRAVO (2000), neste período a
saúde contava com a participação de novos sujeitos na discussão das condições de vida da
população brasileira e das propostas governamentais apresentadas para o setor, contribuindo
para um amplo debate que permeou a sociedade civil. A saúde não era mais preocupação
exclusiva dos técnicos, mas constituía-se agenda política diretamente relacionada à
democracia.
A politização da saúde foi uma das primeiras metas a serem implementadas com o
objetivo de aprofundar o nível de consciência sanitária, alcançar visibilidade
necessária para inclusão de suas demandas na agenda governamental e garantir o
apoio político à implementação das mudanças necessárias. (BRAVO, 2000, p.111)
Coletivamente debatia-se a questão, buscando impulsionar a universalização do
acesso; a concepção de saúde como direito social e dever do Estado; reestruturação do setor
visando o reordenamento setorial; descentralização do processo decisório para as esferas
estadual e municipal; financiamento efetivo e democratização do poder local através dos
conselhos de saúde.
Em 1988 com a promulgação da Constituição Federal, o Brasil passa a adotar um
modelo de gestão focado nos princípios da democracia representativa e participativa,
implementando gradativamente práticas de institucionalização do controle social.
A redemocratização acaba por provocar então, o surgimento de novos espaços, novos
conceitos e novas estratégias, redesenhando um novo modelo federativo que aponta para a
descentralização e o fortalecimento da capacidade decisória das instâncias de governo.
Compreende-se então, que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) prevê como
prioridade a participação da sociedade de forma democrática, delegando aos conselhos a
formulação e execução das políticas de saúde que deverão ser implantadas pelos gestores.
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Contudo, por vezes supre-se da pauta o fato de que para que os conselheiros e população
possam de forma consciente, reivindicar ou deliberar em prol de políticas efetivas, é
necessário que estes tenham acesso a informações consistentes acerca da realidade
epidemiológica do município e seus modelos assistenciais que tenham o poder de promover
reversões na realidade dos serviços prestados à população usuária da política de saúde.
Assim, é preciso compreender o processo de disseminação das informações e
comunicação não como recurso secundário, mas sim, prioritário no estabelecimento de uma
política pautada na prevenção, na integração com outras políticas, e na sustentabilidade do
modelo. Também, como um direito humano fundamental emergente.
A Declaração de Direitos Humanos Emergentes, um instrumento programático da
sociedade civil internacional, dirigido aos atores estatais e outros fóruns institucionais, para a
solidificação dos direitos humanos no novo milênio, e aprovada em novembro de 2007 no
Fórum das Culturas celebrado na cidade mexicana de Monterrey, em 2007, dispõe no Art. 5.
Direito à democracia pluralista:
Todos os seres humanos e todas as comunidades têm direito ao respeito da
identidade individual e coletiva assim como o direito à diversidade cultural.
Este direito humano fundamental compreende os seguintes direitos:
[…] - Direito à informação, que supõe o direito de todas as pessoas e comunidades
de receber informação verídica dos meios de comunicação e das autoridades
públicas.
8- Direito à comunicação, que reconhece o direito de todas as pessoas e
comunidades de se comunicarem com seus semelhantes por qualquer meio
escolhido. Para tanto, todas as pessoas têm o direito ao acesso e ao uso das
tecnologias de informação e comunicação, em particular a internet.
9- Direito à proteção dos dados pessoais, que assegura a todas as pessoas o direito
à proteção e confidencialidade dos dados de caráter pessoal, incluindo seus dados
genéticos, bem como o direito de acessá-los e retificá-los.
Pensar os aspectos relacionados a direitos humanos na socialização das informações
dos sistemas de saúde enquanto mecanismo de fortalecimento da ação dos conselhos e
conselheiros de saúde requer também que se compreenda que a informação e comunicação,
como um processo de ciência de caráter interdisciplinar, cujos objetivos devem pautar-se
essencialmente na construção, e sedimentação da cidadania. A informação e comunicação,
vistas aqui de forma integralizada, deve ser disseminada e socializada, como forma de gerar
novos conhecimentos, fortalecendo o processo democrático e possibilitando a sociedade
encontrar novas formas de convivência e superação das desigualdades existentes.
Assim sendo, devemos considerar que a informação tanto pode ser utilizada como
instrumento de libertação e reversão das desigualdades sociais, como pode também ser
utilizada como instrumento de dominação e exclusão, fazendo aumentar os níveis de
desigualdade das classes sociais. Neste sentido Bispo e Gesteira (2008), colocam que o
desenvolvimento das ciências, a geração do conhecimento e de novas tecnologias
informacionais, especialmente as ciências ligadas à comunicação humana, não pode ser
acompanhada por uma estagnação dos conceitos éticos e do compromisso social, devem ser
pensadas a priori com o intuito de possibilitar uma gestão da informação que possibilite a
sociedade encontrar novas formas de convivência, promovendo uma relação de poder menos
desigual e de pleno exercício da cidadania.
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Por isso, em uma sociedade que se pretende democrática e participativa os
mecanismos de poder não podem permanecer de forma vertical, é necessário romper com o
paradigma de que poucos são os que dispõem de condições, conhecimento ou capacidade
técnica para decidir as questões coletivas.
Contemporaneamente, as gestões públicas, têm sido impulsionadas a implantar a
participação social, contudo de forma que haja uma participação efetiva e ativa, contudo é
preciso levar em conta que os longos anos da ditadura militar, e a nossa precária experiência
de participação coletiva, muitas vezes associada às limitações sociais, acabam por constituir-
se em grandes desafios, deve-se também considerar nossa realidade social:
As pessoas muito pobres, que consomem maior parte de suas energias apenas para
sobreviver por um triz, não podem atuar como cidadãos íntegros. A necessidade
tolhe a liberdade. Por isso são, também, politicamente mais fracas e mais
dependentes. (ABRANCHES, 1998, p.16)
Desta forma, pode-se afirmar que na área da saúde, há uma demanda moral aos
profissionais para que sendo também educadores, procurem motivar na população usuária dos
serviços à participação nos fóruns, seminários, palestras e conselhos de saúde, ressaltando a
estes que se trata de espaços legalmente instituídos, onde a população pode opinar e também
exigir a efetivação da política pública da saúde.
Aproxima-se da discussão posta o conteúdo abordado no documento/subsíduos para a
elaboração da Política Nacional de Saúde Ambiental. Nele compreende-se que a política
deverá contribuir para proteger e promover a saúde humana por meio de um conjunto de
ações integradas com instâncias de governo e da sociedade civil, sobretudo, com o
compromisso e responsabilidade cidadã de fortalecer atores sociais e indivíduos no
enfrentamento dos determinantes socioambientais e na prevenção dos agravos decorrentes da
exposição humana a ambientes adversos. Este documento versa sobre os processos de
construção, interlocução, os princípios, as diretrizes e os instrumentos cabíveis à referida
política.
O conceito de saúde ambiental é trabalhado de forma ampliada e pensado a partir da
Reforma Sanitária, sendo entendido como um processo de transformação da norma
legal e do aparelho institucional em um contexto de democratização. Tal processo se
dá em prol da promoção e da proteção à saúde dos cidadãos, cuja expressão material
concretiza-se na busca do direito universal à saúde e de um ambiente
ecologicamente equilibrado em consonância com os princípios e as diretrizes do
Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama),
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e de outros
afins.(BRASIL, 2007)
A construção de ações intra e intersetoriais passa a ser o eixo central para a formulação
da Política Nacional de Saúde Ambiental, pois, dimensiona-se compatibilizar os
procedimentos da Vigilância em Saúde Ambiental, que estão em desenvolvimento no Sistema
Único de Saúde (SUS), com os praticados por outros setores, objetivando conjuntamente
potencializar os recursos disponíveis e evitar a superposição de ações e os conflitos de
mandatos entre instituições.
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Neste sentido, se busca pela via do desenvolvimento das ações socioambientais e de
formação em educação ambiental organizadas pela Sala de Estudos e Informações em
Políticas Ambientais e Sustentabilidade - SEIPAS, promover ações socioambientais de
prevenção em saúde coletiva e de preservação, bem como, a melhoria e a recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida.
Além de que, se quer também, propiciar a população usuária da política de saúde
espaços para discussão e conhecimento de seus direitos sociais e ambientais, orientando e
estimulando hábitos de promoção da saúde coletiva.
Ressalta-se ainda como um dos objetivos da ação, é buscar uma aproximação empírica
junto a política de saúde, que favoreça e oportunize pesquisar particularidades
epidemiológicas da região; além de articular ações educativas voltadas à saúde e ao equilíbrio
ecológico junto às escolas, comunidade, IES, e órgãos gestores.
MÉTODOS
Inicialmente estabeleceu-se como meta principal o estudo aprofundado, a pesquisa
bibliográfica e o reconhecimento das questões as quais se pretendia atuar, permitindo ao
grupo o reconhecimento global em torno do tema.
Num segundo momento passou-se a efetividade das ações previstas na proposta de
implantação da atividade, tendo sido realizadas além de palestras junto à comunidade externa,
duas edições junto à comunidade acadêmica da Atividade Estação Saúde, Meio Ambiente e
Educação Ambiental. Nestes momentos foram organizadas exposições, exibição de filmes,
distribuição de materiais informativos, com o auxílio de diversos órgãos prestadores de
serviços públicos em saúde, tendo sido abordados os seguintes temas: Direitos das Mulheres,
prevenção da violência; Sensibilização e captação de doadores de medula óssea, informação e
captação de doadores de sangue, dengue, prevenção ao uso abusivo de drogas, rede de
serviços em prevenção e tratamento do uso de drogas, entre outros temas correlatos aos
objetivos do projeto de Extensão Universitária.
Figura 1: Atividade com os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial
Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade –
SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2010
Figura 2: Atividade informativa em saúde realizada no Hall da Universidade
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Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade –
SEIPAS/Unioeste – Ano 2011
Figura 3: Campanha para doação de sangue realizada na Universidade
Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade
SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2011
Figura 4: Atividade Informativa sobre doação de órgãos e prevenção de violências
realizada na Universidade – Na foto as Coordenadoras do Projeto o Diretor Geral do Campus e
voluntárias.
Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade
SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2011
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Figura 5: Participação das Coordenadoras do Projeto na Rádio Educativa Sul Brasil
Fonte: acervo da Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade
SEIPAS/UNIOESTE – Ano 2011
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Como resultado das ações que já foram realizadas e que se pretende realizar no
decorrer da vigência do programa, buscam-se possibilitar a população usuária do SUS
conhecer seus direitos, garantias e obrigações na efetivação e sustentabilidade da política de
saúde e de sua intersetorialidade com as demais políticas públicas. Promovendo a abertura de
um canal de formação de consciência cidadã em saúde, meio ambiente e educação ambiental.
Além de propiciar a discussão da interface entre as políticas de saúde, meio ambiente, direitos
sociais e ambientais enquanto questões indissociáveis. Fomentando a perspectiva de um grupo
de estudos em políticas da saúde e meio ambiente na região que vise integrar as ações de
ensino, pesquisa e extensão.
Conforme descrito no texto da resolução n. 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental:
O atributo “ambiental” na tradição da Educação Ambiental brasileira e latino-
americana não é empregado para especificar um tipo de educação, mas se constitui
em elemento estruturante que demarca um campo político de valores e práticas,
mobilizando atores sociais comprometidos com a prática político-pedagógica
transformadora e emancipatória capaz de promover a ética e a cidadania ambiental.
(BRASIL, 2012)
Na fundamentação do texto em referência, faz-se necessária a incorporação a partir da
formação básica do cidadão da compreensão do ambiente natural e social, do reconhecimento
do papel transformador e emancipatório da Educação Ambiental que se torna cada vez mais
visível, articulada e incontestável na gestão das políticas públicas, diante do atual contexto
nacional e mundial em que a preocupação com as mudanças climáticas, a degradação da
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natureza, a redução da biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais, as
necessidades planetárias evidencia-se na prática social.
CONCLUSÕES
Pensar em ações intersetoriais e interdisciplinares voltadas a prevenção,
sustentabilidade e processos de reeducação e conscientização, requer antes de tudo a
compreensão de que estas são questões inseridas no contexto das sociedades e de suas
culturas, portanto requerem tempo, dedicação e certa habilidade em tolerar frustrações visto
que as mudanças são lentas e na maioria das vezes não lineares. Contudo a julgar pela
receptividade de todos os envolvidos nesta proposta consideramos que a mesma tem
cumprido com seus propósitos e requer ainda mais afinco para que de fato possamos inserir
esta temática tão contemporânea no cotidiano da academia e da sociedade. Como disposto no
texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, de 2012, em seu Art.
3º, onde é salientado que, a Educação Ambiental visa à construção de conhecimentos, e o
desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores sociais, que propiciem o cuidado com a
comunidade, com a vida, a justiça, a equidade socioambiental, e a proteção do meio ambiente
natural e construído.
Cabe ainda ressaltar o Art. 4º , o qual coloca que a Educação Ambiental deve ser
construída com responsabilidade cidadã, de forma recíproca das relações dos seres humanos
entre si e com a natureza. Neste sentido, a Educação Ambiental não se constitui atividade
neutra, pois envolve valores, interesses, visões de mundo e, desse modo, deve assumir na
prática educativa, de forma articulada e interdependente, as suas dimensões política e
pedagógica.
Nesta perspectiva há que se considerar ainda o disposto no Art.6º, onde fica definido
que a Educação Ambiental deve adotar uma abordagem que considere a interface entre a
natureza, a sociocultura, a produção, o trabalho, o consumo, superando a visão despolitizada,
acrítica, ingênua e naturalista que permanece até os dias atuais, muito presente na prática
pedagógica das instituições de ensino.
Em assim se procedendo, se acredita que o cotidiano na academia e sociedade, possam
consolidar a educação ambiental como direito humano e atividade intencional da prática
social, educativa, política e pedagógica, em todas as suas fases, etapas, níveis e modalidades
na construção da responsabilidade cidadã, na reciprocidade das relações entre si e com a
natureza. Favorecendo a possibilidade de construção de trajetórias sustentáveis no sentido de
fortalecer a intersetorialidade das ações de saúde, priorizando-a como um dos princípios
fundamentais do SUS.
Neste sentido o que se almeja com o desenvolvimento das ações socioambientais e de
formação em educação ambiental, é reforça a promoção à saúde, de forma a refletir
concepções que compreendem a importância de um conjunto de ações, as quais incidem sobre
determinantes e condicionantes da saúde que diretamente influenciam na vida humana.
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XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013 79
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Básicos de Saúde)
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81 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
TECENDO SONHOS NA PERSPECTIVA DO EMPODERAMENTO
LOCAL: SEMEANDO A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DENTRO DE
UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
Gustavo H. dos Reis (IC)1
Fabiana Brandelero (IC)2
Laysa S. Pereira (IC)3
Irene Carniatto (PQ)4
Resumo:O estudo foi realizo em uma Universidade Pública Estadual do Paraná – UNIOESTE, envolvendo
alunos e funcionários de diversos setores da instituição. Atualmente a questão ambiental e sustentável vem
assumindo grande cenário global devido às crescentes problemáticas ambientais que o ser humano tem causado
no Planeta Terra. Busca-se então a cada dia formar cidadãos conscientes e preparados para lidar com as mais
diversas situações e capacitados para desenvolverem atitudes sustentáveis, nesse sentido a Universidade surge
como um grande centro de disseminação de idéias, sensibilização e reeducação ambiental. Também da
instituição deve partir o exemplo e práticas, onde os projetos devem sair do papel e atingir a realidade dos
funcionários e alunos. Nesse sentido a pesquisa avaliou através de um questionário quais são as pequenas
atitudes tomadas, e como está a conscientização por parte das pessoas que fazem parte trabalhando ou estudando
dentro da instituição de ensino superior. Através de uma oficina, capacitou-se funcionários e acadêmicos para
resolverem algum conflito ambiental de forma mais justa e correta, seja em casa ou até mesmo no ambiente de
trabalho. Contudo foi possível perceber através dos questionários que o caminho rumo a Universidade
Sustentável ainda é longo, necessitando de um trabalho que visa à cooperação e colaboração de todos os
constituintes que fazem parte da Universidade.
Palavras chave: Empoderamento, Educação Ambiental, Universidade.
Abstract: The study was realized on Public Westher Estadual Parana-UNIOESTE, envolved students and
employees about several departments of this college. Actually, the ambiental and sustainability questions taken
on a big global scene due ambientals problematic increasing that the man caused to the Earth. The quest is
educate aware and prepared citizens to deal with the most several situations and capable to cultivate sustentable
behavior, on that way the University appears like a big center of ideas dissemination,sensibilization and
reeducation ambiental. The instution also ought to start the example and practices, where the projects must leave
the papper and being reality to students and employees. This way, with a questionary the search was
avaliablewich are the small attitudes taken and how the conscientizationbe to the people that realize this project,
working or studying in this institution. Through a workshop, employees and academic are capable to solve some
ambiental conflict fair and correct way, be in home or employment desk. However, was possible to realize
trhough the questionary that the way to a Sustainability University still long and need the everbody that’s work
and stydy,cooperation and collaboration.
Keywords: Empowerment, Environmental Education, University.
INTRODUÇÃO
Segundo Barra (2006) o conceito de Educação Ambiental mais aceito atualmente
estabelece que este é um processo educativo permanente mediante o qual os indivíduos
adquirem conhecimento, valores, atitudes, habilidades e comportamentos que permitem-lhes
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82 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
tomar decisões responsáveis no que se refere à sua interação no meio ambiente visando a
sustentabilidade ambiental.
As Universidades assim como as outras instituições do ensino superior, devem assumir
uma responsabilidade fundamental na educação e na preparação dos cidadãos do século XXI
visando um futuro mais sustentável e ambientalmente correto. Uma instituição de ensino
superior responsável pela educação e preparação de novos profissionais e pesquisadores, deve
dissimilar ideais de educação ambiental em seus programas de ensino. Porém não basta
apenas advertir ou dar o alarme, é preciso também servir de exemplo, buscando e concebendo
alternativas viáveis para a prática sustentável com funcionários, docentes e acadêmicos. Neste
sentido, os trabalhos desenvolvidos dentro das instituições de ensino de nível superior têm um
efeito multiplicador, cada estudante, funcionário ou professor convencido das boas ideias de
sustentabilidade, influencia o conjunto, a sociedade nas mais variadas áreas de atuação.
Para Berna:
Infelizmente, o processo civilizatório acabou resultando em sociedades
mecanizadas, como se o único objetivo de seu viver fosse o de trabalhar para
produzir objetos ou saberes. Os indivíduos passaram a ser uma “peça de
engrenagem”, que só tem valor se estiver em perfeitas condições para produzir. “O
desafio agora é encontrar uma nova ética para nossa relação com a natureza, da qual
não somos mais os usufrutuários, mas partes integrantes” (1994, p. 58).
As pequenas práticas realizadas individualmente são as grandes “engrenagens” que
acabam por mudar a mente e as atitudes de quem as pratica. Ser ambientalmente correto no
local de trabalho às vezes pode parecer um tanto vergonhoso ou careta, mesmo que esse
trabalho seja em algum setor de universitário, um grande antagonismo, pois é da universidade
que deve partir a iniciativa para algumas boas práticas cotidianas, mas infelizmente percebe-
se que a educação ambiental muitas vezes é deixada de lado, não sendo trabalhada com os
funcionários nos variados setores da instituição.
De acordo com Da Silva (2005) a capitação e o treinamento dos funcionários acaba
muitas vezes sendo deixo de lado, pois as organizações em geral dão mais ênfase ao
gerenciamento do conhecimento. Diante disto a conscientização e a sensibilização de todos os
níveis da organização devem ser consideradas como objetivos fundamentais para a educação
ambiental dos recursos humanos, pois é através da tomada de consciência que as pessoas
adquirem uma conduta responsável à proteção ambiental, melhorando assim o meio em que
estão inseridas.
Deve-se motivar a todos a cumprirem seus papeis como cidadãos do século XXI,
quebrando barreiras e níveis hierárquicos. É aí que este projeto entra, como uma maneira de
reeducar, sensibilizar e integrar a todos para a causa além de conceber alternativas voltadas
pra a reutilização, a redução, e destinação de alguns materiais usados durante o dia-a-dia no
local de trabalho de cada funcionário.
O empoderamento local na instituição é então, a forma mais racional e participativa
onde a socialização do poder deve se dar entre os acadêmicos e funcionários para a conquista
da sua capacidade de atuação, inclusão e exercício de cidadania na universidade de que faz
parte. Como afirma Ferdinand, citado por
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83 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Costa:
[...] significa em geral a ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando
participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos
sociais. Essa consciência ultrapassa a tomada de iniciativa individual de
conhecimento e superação de uma situação particular (realidade) em que se
encontra, até atingir a compreensão de teias complexas de relações sociais que
informam contextos econômicos e políticos mais abrangentes. O empoderamento
possibilita tanto a aquisição da emancipação individual, quanto a consciência
coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política
(COSTA, p.34, 2009).
A educação ambiental, um dos pilares do desenvolvimento sustentável, contribui para
a compreensão fundamental da relação e interação da humanidade com todo o ambiente e
fomenta uma ética ambiental pública a respeito do equilíbrio ecológico e da qualidade de
vida, despertando nos indivíduos e nos grupos sociais organizados o desejo de participar da
construção de sua cidadania (Zitzke, 2002).
É impossível separar o homem do meio ambiente, estamos todos inseridos e
dependemos dele. Nesse sentido é preciso alcançar a todos, e buscar que a educação
ambiental “penetre” em todo e qualquer ambiente de trabalho, organização ou instituição.
Apesar de muitas pessoas se sentirem alheias em relação ao meio ambiente, Marçal aponta
que “não há nada que o ser humano utilize diariamente que não tenha sido provido, direta ou
indiretamente, pela natureza” (MARÇAL, p. 16, 2005).
Para Carvalho (p.09, 2010):
A abordagem das questões ambientais em escala de ensino superior pressupõe uma
continuação das atividades que devem ser iniciadas no ensino básico, nos bancos
escolares, através dos professores de diferentes disciplinas, transversalizando a
temática e construindo a base para uma formação de consciência sustentável.
Segundo Rocha (2000), educação ambiental é um processo de tomada de consciência
política, institucional e comunitária da realidade ambiental, do homem e da sociedade, para
analisar, em conjunto com a comunidade, através de mecanismos formais e não formais, as
melhores alternativas de proteção da natureza e do desenvolvimento socioeconômico do
homem e da sociedade.
Contudo, é preciso começar devagar, usando todas as oportunidades para reforçar a
consciência pública, governamental, e institucional, defendendo publicamente a necessidade
de caminhar rumo a um futuro ambientalmente sustentável.
METODOLOGIA
A pesquisa realizou-se através da tomada de dados, feita a partir de uma posterior
tabulação de questionários. Durante alguns dias foram entregues questionários com perguntas
referentes à temática ambiental e conscientização. Os questionários eram diferenciados e
padronizados de acordo com o público alvo existente em cada setor da instituição de ensino.
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Foram distribuídos cerca de 15 questionários na reitoria, no setor de manutenção, limpeza,
cozinha e no DCE (Diretório Central dos Estudantes) todos no Campus de Cascavel.
Através de uma oficina na qual participaram os funcionários, também alunos da
instituição, foi abordada a temática dos 5R’s (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e
Reciclar), considerando–se de uma importância a assimilação destes conceitos por parte de
toda e qualquer pessoa ligada de alguma maneira a universidade. Para a prática cotidiana dos
mesmos tanto em âmbito domiciliar, como no local de trabalho. A palestra abordou a
reciclagem e o reaproveitamento do papel e demais materiais.
Figura 1: Palestra para os servidores públicos. Figura 2: Servidores e acadêmicos.
Após a discussão, seguiu-se para uma parte prática, onde foram ensinadas técnicas de
reaproveitamento de materiais e artesanato. A reciclagem é, indiscutivelmente, uma das
melhores soluções para o problema que representa a maior parte dos nossos resíduos
domésticos (SILVA, et al, 2004). Em tempos de preocupação com o meio ambiente, essa é
uma maneira consciente de dar destino ao lixo que cada um produz e estimular a reciclagem e
a reutilização.
Foram confeccionados diversos materiais tendo como matéria prima caixas de leite
usadas, e também disquetes inutilizados. Através desta prática buscou-se a sensibilização,
além de questionar e discutir as possibilidades para o reaproveitamento de outros matérias
utilizados no trabalho dos funcionários, e na vida acadêmica dos estudantes.
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Figura 3: Materiais utilizados na oficina. Figura 4: Materiais utilizados na oficina.
Figura 5: Artesanato produzido. Figura 6: Artesanato produzido.
Contudo abordamos alguns dos princípios da educação ambiental, como integrar
conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Ações estas que se farão evidentes através
da troca de conhecimentos e das práticas realizadas durante as atividades metodológicas. Por
fim a educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos
de maneira justa e humana. Este último define qual o principal objetivo da metodologia
utilizada, quando se refere à capacitação de pessoas, que se deu através de uma oficina,
capacitando assim funcionários e acadêmicos cientes e prontos para resolverem algum
conflito ambiental de forma mais justa e correta, seja em casa ou até mesmo no ambiente de
trabalho.
RESULTADO E DISCUSSÕES
A seguir os resultados expostos a partir dos questionários entregues para os setores da
instituição. Os gráficos abaixo fazem uma análise comparativa entre os diferentes setores e
expressam as respostas obtidas onde foi aplicada a pesquisa. Vale lembrar que a oficina não
resultou em um questionário “a posteriori”. Todos os dados foram obtidos através de pré-
concepções dos participantes.
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Gráfico 1: Separação do lixo em resíduo orgânico e reciclável.
Em todos os setores percebemos que a separação dos resíduos ainda é a prática mais
comum realizada. Isso se deve principalmente a facilidade com que se encontram lixeiras
seletivas nos setores administrativos, por exemplo, como também a questão da crescente
capacitação e conscientização de muitas pessoas para com o assunto dos resíduos. A
separação de resíduos sólidos para coleta seletiva funciona, também, como um processo de
educação ambiental, na medida em que sensibiliza a comunidade sobre os problemas do
desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo.
Este novo estilo de vida pós-consumismo é necessário, pois os recursos do planeta
são finitos, deslocará a atenção das coisas para as pessoas, do ter para a arte de viver
(PELICIONI, 1998, p.07).
Porem, contrastando com essa realidade através do questionário respondido pelo DCE
percebe-se que a distribuição de lixeiras seletivas no entorno do Campus deveria ser maior,
embora hoje existam algumas, mas que não se mostram o suficiente para suprir toda a
demandada do tráfego de acadêmicos pelo campus universitário.
0
10
20
30
40
50
60
70
Frequentemente Raramente Nunca
Setro de Administrativo
Setor de Apoio
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Gráfico 2: Opto por não utilizar copo plástico descartável.
A utilização do copo plástico parece ser algo inofensivo, porem a maior parte dos
copos plásticos descartáveis usados atualmente não é biodegradável e são pouco alterados
pelo ambiente após décadas de descarte. Assim, o uso por apenas uma vez de um copo de
plástico, como é hábito geral, seguido de seu descarte, é altamente danoso ao meio ambiente,
sem falar na própria produção de plásticos, que gera resíduos tóxicos de difícil controle.
Contudo temos então a problemática da produção de resíduo somado a exploração da matéria
prima para a fabricação, como se tem um enorme gasto de energia durante o processo
produtivo do copo. No mais todos esses agravantes somados a muitas vezes a ineficiência do
processo de coleta e reciclagem gera um mau reaproveitamento dos produtos plásticos.
Recorrendo a Róz (2003, p.4) temos que:
Nos últimos anos, vários países em todo o mundo têm reconhecido a necessidade de
se reduzir à quantidade de materiais plásticos desperdiçados e descartados, além de
incentivarem a reciclagem, que apesar de depender, em grande parte da coleta e
seleção do produto, e apesar de grande parte dos municípios brasileiros possuírem
algum tipo de coleta seletiva, não atingem a totalidade de recicláveis.
Porem deixar de utilizar copos plásticos parece ser uma missão impossível dentro de
instituições que não ofereçam outro tipo de material ou mostram uma saída alternativa, como
por exemplo, cada funcionário trazer seu copo de casa. Percebeu-se claramente pela
sinceridade das respostas que cerca de 85 % de pessoas do setor administrativo e outros 50%
dos funcionários de apoio não deixam de utilizar os copinhos plásticos, afinal são práticos e
infelizmente hoje ainda são a única alternativa dentro do setor.
0
20
40
60
80
100
Setor Administrativo
Setor de Apoio
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Gráfico 3: Reutilização de sacolas plásticas e demais materiais (Setor de Apoio); e Utilização do
papel reciclado (Setor Administrativo).
A reutilização de sacolas plásticas e frascos de materiais de limpeza se mostraram
eficiente. Da mesma forma a preocupação com a água também foi evidente nas respostas e na
fala a seguir feita por uma funcionária do setor de apoio.
“Eu sempre aproveito as sacolas plásticas e outros materiais, pois reduz o lixo,
também não gosto de gastar água a toa, tem gente que pensa porque é público não
tem que economizar, mas não penso assim e to sempre cuidando para ver se os meus
colegas também estão colaborando.”
Nas grandes instituições e empresas, hoje em dia, os próprios funcionários prestam
atenção nas atitudes uns dos outros e reconhecem as pessoas na empresa que adotam práticas
sustentáveis. Por isso, que através de algumas medidas simples percebe-se introdução da
sustentabilidade também no ambiente de trabalho.
Em outro cenário, temos o papel, que ainda é um dos produtos mais utilizados nas
tarefas do cotidiano administrativo, porem é notável que ainda exista certo receio quando a
utilização do papel reciclado. Já que apenas 50% dos funcionários do setor dizem que o
utilizam frequentemente. O papel reciclado produzido hoje ainda não teve boa aceitação,
infelizmente muitas vezes pelo preconceito de já ter sido usado, ou até mesmo pela questão
estética que a empresa ou a instituição prioriza. A afirmação fica clara na fala abaixo feita por
um funcionário do setor administrativo.
0
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Setor de ApoioSetor Administrativo
Frequentemente
Raramente
Nunca
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“Utilizamos papel reciclado sim, mas não com tanta frequência, usamos o papel
comum geralmente, é até mais bonito e documento oficiais com papel reciclado
ficaria estranho.”
Para que sejam alcançados efetivamente os resultados para a sustentabilidade, devem-
se realizar atividades de educação ambiental envolvendo todos os colaboradores,
independente do grau de escolaridade ou do cargo. Desta maneira, pode-se esperar que a
sensibilização e a conscientização tenham o efeito esperado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que as ações de educação ambiental na universidade são ainda um grande
desafio a ser vencido, visto que, a educação ambiental deve ser planejada para capacitar as
pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana, este último, define qual o
principal objetivo da metodologia utilizada, quando se refere à capacitação de pessoas.
As atividades de E.A. podem ser desenvolvidas pelos diversos setores da universidade,
desde que sejam orientados por pessoas capacitadas proporcionando assim a sensibilização e
conscientização. Desta forma realizar um trabalho transdisciplinar que saia do papel ou da
sala de aula e atinja todos o campus universitário, assim tornando a instituição de ensino
superior um modelo a ser seguido pela sociedade, e transformando a maneira de pensar agir
das futuras gerações que optam pela busca ao conhecimento e a vivência em um futuro mais
sustentável e consciente.
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE MEIO AMBIENTE DE ALUNOS NA
TRILHA ECOLÓGICA DA UTFPR-DV
Leila Rodrigues de Godois (IC)1
Amanda Cardoso Pacheco Moura (IC)2
Vanessa Padilha Salla (IC)3
Daniela Macedo de Lima (PQ)4
Anelize Queiroz Amaral (PQ)4
Resumo: A Educação ambiental está ligada aos processos nos quais os indivíduos refletem sobre habilidades
conceituais, procedimentais e atitudinais relacionadas ao meio ambiente, promovendo ações educativas para a
comunidade escolar e sociedade. Um dos recursos utilizados é o interpretativo, que consiste na captação das
informações do ambiente, e pode ser classificado como temático consistindo na predefinição de um tema antes
de uma caminhada, turístico ou de lazer. O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a visão de meio
ambiente de alunos do ensino fundamental do primeiro ao quarto ano por meio da análise de desenhos
elaborados pelos mesmos após a visita à Trilha Ecológica da Floresta Nativa da UTFPR-DV uma Unidade de
Ensino e Pesquisa (UNEPE). Para coleta dos dados os alunos foram questionados sobre “o que seria o meio
ambiente” após a visita, sendo as respostas registradas por meio de desenhos. Em seguida os dados foram
analisados de maneira qualitativa e de acordo com os pressupostos teóricos da análise de conteúdo de Sauvé
(2005) e Reigota (1995). Por meio das informações levantadas concluiu-se que 38 estudantes consideraram o
meio ambiente como recurso, 27 avaliaram como natureza e 17 consideraram como biosfera. A visão destes
alunos está ligada ao uso do meio ambiente como fonte geradora de produtos que atendam as necessidades
humanas, ou então, como um lugar intocável. A educação ambiental deve voltar-se para uma demonstração do
meio ambiente como biosfera, o ser humano como parte integrante deste meio e com isso entenda melhor o
conceito de preservação ambiental.
Palavras Chave: Educação ambiental, Trilha ecológica, Representação social.
Abstract: Environmental education is linked to processes in which individuals reflect on conceptual skills,
procedural and attitudinal related to the environment, promoting educational activities for the school community
and society. One of the resources used is interpretive, which consists of the capture of information from the
environment, and can be classified as the default theme consisting of a theme before a walk, tourist or leisure.
The aim of this study was to identify and analyze environmental vision of elementary school students from first
to fourth year through the analysis of drawings prepared by them after the visit to the Ecological Trail Native
Forest UTFPR-DV an Teaching and Search Unit (UNEPE). For data collection the students were asked "what
would the environment" after the visit, and the answers recorded through drawings. Then the data were analyzed
in a qualitative manner and in accordance with the theoretical content analysis Sauvé (2005) and Reigota (1995).
Through the information obtained it was concluded that 38 students considered the environmentas a resource
evaluation , 27 evaluated as nature and 17 as the biosphere. The vision of these students is linked to the use of
the environment as a source of products that meet human needs, or as a place untouched. Environmental
education should be back for a demonstration of the environment and biosphere, the human being as an integral
part of this environment and thus better understand the concept of environmental preservation.
1Discente do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Câmpus
Dois Vizinhos (UTFPR-DV), integrante do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA,
bolsista da UTFPR – Brasil. [email protected] 2 Discente do curso de Engenharia Florestal da UTFPR-DV. [email protected].
3Discente do curso de Engenharia Florestal da UTFPR-DV, bolsista da FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA/UTFPR -
Brasil. [email protected]. 4 Docente do curso de Ciências Biológicas da UTFPR-DV, Líder do Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação
Ambiental – GPEEA. [email protected], [email protected].
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92 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Keywords: Environmental Education, Ecological trail, Social representation.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da educação ambiental está em trazer uma visão unificada do
homem para a natureza, onde a meta desse processo educativo é conscientizar a sociedade de
que a mudança não é apenas possível, mas também necessária. A educação ambiental atingirá
o seu respeito, quando os indivíduos conseguirem que as ações humanas no ambiente se
tornem favoráveis, de acordo com os valores incorporados.
Segundo Dias (2000) a educação ambiental é um processo em que as pessoas
visualizam melhor as relações estabelecidas com o meio ambiente, a forma como precisamos
dele, como o prejudicamos e como podemos promover a sua sustentabilidade. Mediante a esta
situação a educação ambiental pretende desenvolver compreensão, conhecimento, habilidades
e motivação para adquirir valores e atitudes necessárias para lidar com as questões ambientais
e encontrar soluções adequadas e sustentáveis. Então se faz necessário um enfoque
interdisciplinar nas práticas de educação ambiental e da participação ativa de cada indivíduo e
da coletividade.
Morales (2009) destaca que a educação ambiental apresenta papel mediador da
problemática socioambiental sendo considerado um fenômeno social complexo que apresenta
a construção do saber ambiental como grande desafio.
A educação ambiental é uma forma prática e educacional sintonizada com a vida em
sociedade, ela possibilita aos membros da comunidade participar de acordo com suas
habilidades e múltiplas tarefas de melhoria das relações entre as pessoas e seu meio ambiente,
dessa forma, o ser humano pode influenciar o seu meio (BARROS, 2000).
Quando se fala em educação ambiental entende-se que está ligada aos processos nos
quais os indivíduos possam conhecer os valores e a conservação do meio ambiente. Assim
sendo, é preciso promover ações educativas para a comunidade escolar e a sociedade, para
que as mesmas compreendam a importância de se trabalhar a educação ambiental (EFFTING,
2007).
Esse tema deve sensibilizar os cidadãos a buscarem valores que conduzam a uma
convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta,
auxiliando-os a analisar criticamente os princípios que têm levado à destruição inconsequente
dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte
inesgotável de bens, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional
(EFFTING, 2007).
Um dos recursos mais utilizados na educação ambiental é o dos recursos
interpretativos, que consiste na captação das informações do ambiente visando à obtenção de
conhecimentos e despertando o indivíduo para novos valores e perspectivas, fomentando a
participação da comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.
Esses recursos podem ser classificados como temáticos consistindo, portanto, na
predefinição de um tema antes de uma caminhada, podendo ser de descoberta, turísticos ou de
lazer. As trilhas, como meio de interpretação ambiental, visam não somente a transmissão de
conhecimentos, mas também propiciam atividades que revelam os significados e as
características do ambiente por meio do uso dos elementos originais, por experiência direta e
por meios ilustrativos, sendo assim instrumento básico de programas de educação ao ar livre
(GUIMARÃES, 2004).
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93 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Nesse sentido, a busca pela representação social de meio ambiente propicia a firmação
de novos conhecimentos e o despertar para novos valores e novas perspectivas, fomentando a
participação da comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.
A educação ambiental visa à integração sócio-ambiental através do conhecimento dos
recursos naturais e da valorização do meio ambiente, da transformação do ser humano em
agente transformador e multiplicador das concepções obtidas e absorvidas e da melhoria da
qualidade de vida (SANTO, 2009).
Assim sendo o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a visão de meio
ambiente de alunos do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental por meio da análise de
desenhos elaborados pelos mesmos após a visita à Trilha Ecológica da Floresta Nativa da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR-DV).
METODOLOGIA
A UTFPR-DV apresenta uma área experimental de 191,3 ha situada na comunidade
São Cristovão, município de Dois Vizinhos-PR, contando com diversas Unidades de Ensino e
Pesquisa (UNEPEs). Uma dessas unidades foi denominada Floresta Nativa, sendo
caracterizada por uma área de Floresta Estacional Semidecidual em estágio de regeneração,
destinada à preservação e às atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas por
professores e alunos, bem como à visitação monitorada.
A Floresta Nativa ocupa uma área de 3.500,37 m², em uma região com altitude média
de 525,00 m, limitada pelas seguintes coordenadas geográficas: latitude 1 289.345, longitude
1 7.156.012 (limite sul); latitude 2 289.350, longitude 2 7.157.428 (limite norte); latitude 3
289.485, longitude 3 7.157.794 (limite leste) e latitude 4 288.678, longitude 4 7.156.497
(limite oeste). Nessa UNEPE existe uma Trilha Ecológica destinada à visitação onde, durante
o percurso, pode-se observar diversas espécies vegetais nativas identificadas por placas
contendo os nomes da Família Botânica, nomes científicos e populares, algumas das quais
encontram-se em risco de extinção. Além disso, sabe-se da existência de animais típicos das
matas da região, principalmente répteis, aves, mamíferos, além de grande diversidade de
insetos e artrópodes em geral.
A recepção de visitantes e o monitoramento da trilha foram realizados por alunos do
curso de Engenharia Florestal da UTFPR-DV. Após a recepção os alunos eram levados para
uma caminhada na Trilha Interpretativa, onde os alunos puderam observar durante o percurso
as espécies vegetais nativas e algumas espécies animais representantes de artrópodes, como
aranhas e borboletas. Desse modo, após retornarem, os visitantes eram convidados a
representar o que seria o meio ambiente e o que mais lhe chamou atenção nessa trilha durante
a caminhada, , demonstrando assim a sua percepção de meio ambiente. Os desenhos foram
feitos individualmente, sendo fornecido papel, lápis, lápis de cor e giz de cera. A proposta de
registro por meio de desenhos justificava-se para que fosse realizada a representação fiel da
visão que cada um tinha sobre do meio ambiente, explicitada na ilustração, após discussão em
grupo.
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Tal pesquisa utilizou como instrumento de coleta de dados os desenhos realizados por
82 alunos do primeiro ao quarto anos do Ensino Fundamental. A análise dos registros foi
realizada de forma qualitativa. Nesse tipo de pesquisa, os dados obtidos são quebrados em
unidades menores e, em seguida, reagrupados em categorias que se relacionam entre si de
forma a ressaltar padrões, temas e conceitos. Entretanto, como desdobramento desse suporte
metodológico, foram organizadas categorias e subcategorias discursivas na concepção da
Análise de Conteúdo (BARDIN, 2007). As dimensões foram organizadas segundo Sauvé
(2005) nas subcategorias:
O meio Ambiente como Natureza;
O meio Ambiente como Recurso;
O meio Ambiente como Problema;
O meio Ambiente como Sistema;
O meio Ambiente como Lugar em que se vive;
O meio Ambiente como Biosfera e;
O meio Ambiente como Projeto comunitário.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados abaixo apresentados referem-se à análise referente às representações de meio
ambiente realizados pelos alunos (Tabela 1). A partir da análise dos desenhos realizados pelos
alunos para a categoria de representação do meio ambiente, estes foram distribuídos em
subcategorias.
Tabela 1: Representação de Meio Ambiente. UTFPR, Dois Vizinhos - PR, 2013.
Categoria Subcategorias Número de respostas Representação do Meio
Ambiente
1 - Natureza
2 - Biosfera
3 - Recurso
27
17
38
Fonte: O autor
Observando a tabela 1 verifica-se na subcategoria 1 que 27 alunos representaram o
meio ambiente como sendo sinônimo de natureza, conforme observado na Figura 1.
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95 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 1: Representação de Meio Ambiente como Natureza. Fonte: O autor
Segundo Sauvé (2005) a natureza é compreendida pelos indivíduos como um local
para se apreciar, respeitar e preservar. Neste contexto nota-se que o indivíduo não se
considera como parte da natureza, sendo que um dos objetivos da educação ambiental
consiste em resgatar este vínculo entre natureza e ser humano.
Jacob (2003) também relatou a importância da educação ambiental como uma
ferramenta para fortalecer as interações entre a sociedade e a natureza e com isso desenvolver
uma educação de melhor qualidade.
De acordo com a Tabela 1, verifica-se que boa parte dos alunos vê ou representa o
meio ambiente como sinônimo de natureza, usando “elementos bióticos e abióticos”, tendo a
natureza como algo intocado, o que vêm observando-se ao longo dos anos é a dificuldade dos
alunos em perceberem a integração do homem com o meio (REIGOTA, 1995).
Em relação à subcategoria 2 (Tabela 1), percebe-se que 17 alunos representaram o
meio ambiente como biosfera, o que pode ser constatado na Figura 2.
Figura 2: Representação de Meio Ambiente como Biosfera.
Fonte: O autor
Ao contrário da subcategoria natureza a biosfera é constituída de uma visão que faz a
sociedade compreender o meio ambiente como um local para se viver junto e durante um
período de longo prazo. Nesta subcategoria nota-se que o indivíduo se vê como parte da
natureza, classificando a terra como uma matriz de vida (SAUVÉ, 2005).
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Para Reigota (1995), a natureza transformada pela ação humana aparece com maior
dificuldade, tendo em vista a impossibilidade dos alunos de incorporarem espontaneamente
questões que satisfaçam a totalidade do problema, onde o homem é visto como elemento
constitutivo do meio ambiente, enquanto ser social, vivendo em comunidades.
Para a subcategoria 3 (Tabela 1) observa-se que a maioria dos alunos (38)
representaram o meio ambiente como recurso, conforme representado na Figura 3.
Figura 3: Representação de Meio Ambiente como Recurso.
Fonte: O autor
De acordo com Sauvé (2005) o meio ambiente representado como recurso é algo para
gerir e repartir e a educação ambiental têm como aspecto maior nessa classificação levar o
estímulo à conservação da matéria-prima oriunda do meio ambiente e dar ênfase ao consumo
responsável.
A visão antropocêntrica evidencia a utilidade meio ambiente e dos recursos naturais
para a sobrevivência do ser humano, onde tudo gira em torno das necessidades humanas
(AZEVEDO, 1999; REIGOTA, 1999; REIGOTA, 2001).
Reigota (1995) ainda resaltou que o meio ambiente é mais do que um ambiente natural
que costumamos imaginar e que devemos ter uma visão globalizada dele, que considere
também as relações recíprocas entre a natureza e sociedade e não apenas naturalista.
A percepção por parte dos visitantes a Trilha Ecológica foi positiva no sentido de
promover sensibilização referente às questões ambientais. Através desta visita os alunos
expressaram suas visões de meio ambiente através de desenhos livres referentes à Floresta
Nativa da UTFPR-DV.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos dados obtidos pelos desenhos de representação do meio ambiente
elaborados pelos alunos, constatou-se que a maioria considerou o meio ambiente como
recurso ou representou o meio ambiente como natureza, enquanto que a minoria avaliou o
meio ambiente como biosfera.
Com isso, percebeu-se que a visão destes alunos está ligada ao uso do meio ambiente
como fonte geradora de produtos que atendam as necessidades humanas, ou então, como um
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97 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
lugar intocável, sendo a natureza propriamente dita. Porém, é de extrema importância que a
educação ambiental se volte para uma demonstração do meio ambiente como biosfera, ou
seja, que o ser humano se sinta como parte integrante deste meio e com isso entenda melhor o
conceito de preservação ambiental.
A visita à Trilha Ecológica da Floresta Nativa, bem como a realização de atividades de
educação ambiental promoveram a sensibilização destes alunos de primeiro a quarto anos do
ensino fundamental, sendo uma complementação prática das atividades teóricas
desenvolvidas em salas de aula.
A atividade contribuiu positivamente para a representação de meio ambiente, além de
proporcionar o conhecimento de espécies animais e vegetais e de conceitos ecológicos, ambos
reforçando o papel de conscientização da sociedade sobre os riscos da degradação ambiental e
da importância da relação homem/natureza.
Através da atividade proposta ressalta-se a importância da implementação de ações em
prol da Educação Ambiental que mostrem uma possibilidade de uma vida mais consciente e
saudável, promovendo alterações de atitudes e hábitos em relação ao ecossistema,
contribuindo desta maneira para uma formação sociocultural do indivíduo.
Mudanças dentro da escola, como a inserção de atividades ambientais auxiliariam
neste processo, portanto, cabe aos educadores, educandos, às políticas públicas relacionadas
ao meio ambiente e a todos os indivíduos gerarem mudanças no que se diz respeito à
concepção sobre o meio ambiente.
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RESUMOS
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100 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESTRUTURAS EDUCADORAS DE
ITAIPU: ECOMUSEU E REFÚGIO BIOLÓGICO BELA VISTA.
Hildete Aparecida da Silva de Sousa (PG)1
Lucilei Bodaneze Rossasi (PG)2
Palavras Chave: Educação Ambiental, Comunidade, Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade da Itaipu Binacional
promove diversas ações educativas uma delas é a Educação Ambiental e Patrimonial nas
Estruturas Educadoras - Ecomuseu de Itaipu e Refúgio Biológico Bela Vista, situadas no
município de Foz do Iguaçu/PR. O objetivo da ação nas estruturas educadoras é construir
entre estas, a escola e a comunidade uma relação enriquecedora e continuada, originando
sentimentos de pertencimento e proximidade, fazendo destes espaços, locais de novas
aprendizagens e construção de conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para o cuidado
com o meio ambiente e a qualidade de vida.
METODOLOGIA
As atividades são organizadas em grupos: Amigos do Refúgio (AR), Comunidade do
Refúgio (CR), Comunidade Crescer (GCC) e Varanda. São projetos voltados para a
comunidade da região do entorno da Usina de Itaipu (crianças e adultos). Possuem grupos
fixos de participantes e uma programação de formação continuada no decorrer de um ano,
desenvolvida por meio de uma diversidade de metodologias e atividades educativas.
RESULTADOS
Este trabalho iniciou em 2003 integrando o Programa Cultivando Água Boa da Itaipu
Binacional. Os espaços privilegiados das estruturas educadoras, Ecomuseu de Itaipu e o
Refúgio Biológico Bela Vista, possibilitam práticas metodológicas participativas e
interdisciplinares facilitando para que o ato educador se realize no dialogar com a comunidade
e gerando um movimento para a construção da sustentabilidade local.
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101 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Foto 1: Pesquisando e descobrindo com a natureza
Fonte: Hildete, 2010
Foto 2: Oficina de Economia Doméstica
Fonte: Loici, 2010.
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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
102 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA: A EXPERIÊNCIA DA
ITAIPU BINACIONAL
Rodrigo L. Cupelli (TC)
Leila de Fátima Alberton (TC)
Silvana Vitorassi (TC)
Palavras Chave: competências socioambientais; metodologias corporativas; sociedades sustentáveis.
INTRODUÇÃO
A promoção da sustentabilidade, em seu amplo sentido, requer mudanças de posturas
pessoais e coletivas As empresas, intrínsecas ao contexto social e em retroalimentação com
ele, exercem papel fundamental na edificação de propostas e ações que visam a promoção da
sustentabilidade, preconizada através do triple botton line. O fato dos stakeholders exercerem
sua influência sobre a empresa e tomada de decisões, leva-se a considerar que a Educação
Ambiental pode contribuir para formação do corpo funcional no se refere às competências
socioambientais. O local de trabalho, assim, torna-se um contexto privilegiado para essas
ações, possibilitando reflexões críticas acerca da relação entre ser humano e natureza.
Pautada dentro do Programa de Educação Ambiental da Itaipu, a ação Educação
Ambiental Corporativa busca, em consonância com a Missão da empresa, estruturar um
campo de possibilidades para a emersão de uma cultura organizacional coerente com a sua
Política de Sustentabilidade.
METODOLOGIA
As relações de força (ou poder) devem servir de ponto de partida para reflexões
críticas do papel de cada um para as mudanças necessárias requeridas pela sustentabilidade,
quer seja: estilo de vida, padrões de consumo, geração ou gestão de resíduos, consumo
consciente, economia justa e solidária, entre outros. Esses discursos, quando empreendidos a
partir contexto de trabalho, servem de estímulo para que os empregados possam se questionar
e confrontar seu modelo mental, gerando novas acomodações mais próximas das mudanças
necessárias a serem empreendidas.
Fazem parte do escopo metodológico da ação: intervenções educativas bimestrais,
palestras nos seminários de integração, informes eletrônicos, matérias nos jornais
corporativos, distribuição de produtos de caráter educativo, entre outros. Além disso, busca-se
integrar a Educação Ambiental a outros Programas Corporativos, principalmente em parcerias
nas atividades, a fim de consolidar a transversalidade requerida pelos conteúdos.
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
103 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A força de trabalho (inclusive e, principalmente, a intelectual), vai além da
manutenção da subsistência do trabalhador(a), promovendo também sentidos (narrativas) que
possibilitem a adoção de um estilo de vida mais condizente com os princípios de sociedades
sustentáveis. Por esse fato, a Educação Ambiental nas empresas é um processo de mediação
importante para construção e solidificação de competências socioambientais, tornando as
resistências encontradas não como limite individual, mas como indicadores da cultura
organizacional e que, dessa forma, são importantes para se traçar estratégias de atuação mais
condizentes com a realidade que se quer transformar.
REFERÊNCIAS
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CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
104 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
BENEFÍCIOS GERADOS A EMPRESAS E COMUNIDADE POR MEIO
DA AÇÃO RESÍDUO TOUR
Lucy Cyriaco Lagedo (TC)1,
Cristiane Casini(TC)2,
Gilberto A. Duwe(TC)3.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental deve ser entendida como uma educação política, que
reivindica e prepara os cidadãos para exigirem justiça social, cidadania nacional e planetária,
auto-gestão e ética nas relações sociais e com a natureza, segundo Reigota (1998). O presente
projeto visa construir uma grande mudança de valores e de posturas educativas, aliando-se a
educação dos afetos (sensibilização), que forma pessoas conscientes e sensíveis, bem como, a
uma educação para a cidadania, formando sujeitos atentos aos problemas socioambientais e
capazes de participar nas decisões da sociedade. Partindo da curiosidade, que é o ponto de
partida para aprendizagem, que segue com a exploração; levando a uma descoberta que é um
momento de percepção, reflexão e análise, consequentemente espera-se chegar a mudança que
leva à conservação/preservação. É que não basta que as pessoas saibam o que fazer. É
necessário que façam. Não é, portanto, um problema de saber, é um problema de ação. E, para
fazer é preciso adquirir conhecimento. Assim, entende-se que é necessário que as pessoas
mudem os seus comportamentos e façam novos gestos. E, foi buscando, novos gestos, aliados
ao saber, a sensibilização e a busca de uma melhor qualidade de vida, que foi acrescentada
mais uma ação ao Projeto “Senhor do Vale”4, da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente –
Fujama. Essa Ação Socioambiental Resíduo Tour, que é realizada desde abril de 2009, tem
por objetivo levar os estudantes a conhecerem o trabalho realizado nos locais de depósito e
seleção de resíduos da coleta seletiva do município de Jaraguá do Sul, alertando-os da
importância de sua participação, melhoria da qualidade dos resíduos enviados, assim como
1 Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente – Fujama, Rua João Januário Ayroso, nº 3.329, Bairro São Luis ,
89.253-101, Jaraguá do Sul-SC Fone: 47 3273-8008 – Chefia de Educação Ambiental -
[email protected] 2Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente – Fujama, Rua João Januário Ayroso, nº 3.329, Bairro São Luis ,
89.253-101, Jaraguá do Sul-SC Fone: 47 3273-8008 – Coordenadoria Jurídica Ambiental -
[email protected] 3Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente – Fujama, Rua João Januário Ayroso, nº 3.329, Bairro São Luis ,
89.253-101, Jaraguá do Sul-SC Fone: 47 3273-8008–Gilberto Ademar Duwe- Chefe de Levantamento de Áreas
de Risco-
[email protected] 4Projeto Senhor do Vale – objetivo: cooperar com a comunidade jaraguaense a alcançar a sustentabilidade
ambiental por meio de ações ecologicamente corretas. Na execução desse projeto são realizadas diversas ações,
tais como: amostras; palestras; prestação de informações técnicas, administrativas e jurídicas relacionadas à
área ambiental; visitas monitoradas; revitalização de Áreas de Preservação Permanente - APP's, principalmente,
das áreas de mata ciliar (margens dos cursos d'água), com orientação aos estudantes; e, várias oficinas.
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reconhecer os catadores como trabalhadores, pois além de viverem na informalidade, não
existem políticas públicas que favoreçam essa classe para o exercício de sua cidadania. Trata-
se, portanto, de um estudo onde se procurou saber a aceitação da ação, como fator de
divulgação da legislação e respeito social, melhoria e aumento do material remetido, tanto
para reaproveitamento como reciclagem.
METODOLOGIA
São realizadas visitas aos locais de depósito e seleção de resíduos da coleta seletiva e
reciclagem, em empresas privadas do ramo de gestão de resíduos estabelecidas no Município
de Jaraguá do Sul (Edepel Embalagens - reciclagem de plástico e Transpezia Ambiental -
resíduos da construção civil). Essa ação também conta com a parceria de instituições
educacionais e da Secretaria Municipal de Educação. Com o seu início em abril de 2009, o
Resíduo Tour acontece todas as quartas-feiras úteis dos meses de março a dezembro, com
visitas que duram em torno de três horas às dependências das empresas parceiras da ação, nos
períodos matutino e vespertino. Essas visitas são previamente agendadas pela coordenação ou
professores das escolas interessadas, que sempre buscam inscrever as turmas que estejam
estudando o assunto, para que assim os alunos obtenham uma compreensão maior do tema.
Além de levar informações aos participantes, a ação Resíduo Tour abrange também uma
gama muito grande de pessoas, trazendo assim benefícios sociais e ambientais perceptíveis a
longo prazo. Isso é válido, pois durante o processo as empresas parceiras desta ação
observaram que a quantidade e a qualidade dos materiais enviados para elas melhorou
consideravelmente, assim como o relacionamento entre as pessoas que trabalham, e o público
visitante. Após a visita são distribuídos cadernos com todo o roteiro realizado com
ilustrações, auxiliando o trabalho do professor em sua proposta educacional.
RESULTADOS
Alcançando 98% de aprovação das escolas participantes. De acordo com os
empresários houve um aumento de 30% no recebimento de resíduos desde o ano de 2009, e,
em se tratando de qualidade dos materiais e da diminuição de matéria orgânica presente nos
resíduos, houve uma melhoria equivalente a 45%. Na questão referente ao material da
construção civil, houve um aumento significativo de 5,4% do total de metros cúbicos recebido
pela empresa. Por isso, essa é uma ação muito importante, pois também contribui para o bem
estar dos trabalhadores que manualmente fazem a seleção desses materiais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com todos esses dados, é possível ver que ações de Educação Ambiental não
beneficiam apenas a comunidade, mas também o setor empresarial que pode obter maior
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lucratividade e ao mesmo tempo contribuir para um mundo melhor. Todavia, para a Fujama,
os benefícios também são grandes, pois ações bem sucedidas que buscam atingir direta e
indiretamente um grande número de pessoas, como é o caso do Resíduo Tour, trazem a
confiança que esse órgão precisa adquirir da população para que futuramente novos projetos e
ações socioambientais obtenham o apoio e a participação da população e de empresários
interessados na divulgação e execução de projetos de conservação ambiental.
REFERÊNCIAS
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1998.
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O USO DA TÉCNICA DE OBSERVAÇÃO DE AVES EM TRILHAS
ECOLÓGICAS: UMA NOVA FERRAMENTA EDUCATIVA
Lucas Machado Botelho (IC)1
Lilian Queli Ferreira Cardoso (TC)2
Tânia Maria Iakovacz Lagemann (PFM) 3
Palavras Chave: birdwatching, educação ambiental, técnica do playback
INTRODUÇÃO
A observação de aves tem se tornado mais comum no Brasil nos últimos anos, sendo
utilizada como ferramenta para o ecoturismo sustentável ou para educação ambiental. Estima-
se que cerca de US$ 10 bilhões são gastos ao ano com o “esporte” pelos birdwatchers, ou
observadores de aves, norte americanos (Revista Isto É, 2003).
O Brasil conta com uma avifauna incrível representando cerca de 1/3 da avifauna
mundial, tendo sido catalogadas mais de 1635 aves, sendo cerca de 1490 residentes e 140
migratórias. Estando nosso país em terceiro lugar na América do Sul, em numero de espécies
(Sick, 1993). A observação realizada na natureza promove uma gratificante atividade de lazer
e descontração, proporcionando aos praticantes recompensas intelectuais, recreativas e
científicas (Andrade, 1997).
Com o intuito de diversificar os métodos de sensibilização pública, o Jardim
Zoobotânico de Toledo “Parque das Aves” incluiu a técnica de observação de aves nas trilhas
ecológicas interpretativas realizadas na área florestada do Parque, em um trecho pavimentado
com cerca de 980m de extensão. Neste estudo pretende-se apresentar os resultados desta
atividade, para a educação ambiental em unidades de conservação e demais parques verdes.
Nossa História
O Jardim Zoobotânico de Toledo “Parque das Aves” foi inaugurado em 22 de
dezembro de 2007. Este Parque é um zoológico público de pequeno porte (categoria C,
Instrução Normativa IBAMA, N° 169/2008), autorizado pelo IBAMA (Autorização N°
4127.7681/2013-PR) instalado junto ao Parque Ecológico Diva Paim Barth, uma unidade de
1 [email protected]. Estudante de Ciências Biológicas, Bolsista do Jardim Zoobotânico d e Toledo
“Parque das Aves”, Toledo- PR. [email protected]óloga, M. Sc. Ciências Ambientais, Jardim Zoobotânico de Toledo” Parque das Aves”,
Toledo – PR. [email protected]. Professora, Gestora de Educação Ambiental Prefeitura Municipal, Toledo – PR.
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conservação. O Parque das Aves é administrado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
e possui como objetivo geral: conservação de espécies, pesquisa e educação ambiental.
O programa de educação ambiental do Parque das Aves possui como base de trabalho,
a realização de trilha ecológica interpretativa, palestras de sensibilização, aulas práticas,
exposição de coleções zoológicas, pesquisa e divulgação científica.
A trilha interpretativa oferece aos visitantes o contato com a natureza, onde é
destacada a importância da conservação da fauna e da flora. A trilha é feita por meio de
caminhada em meio à reserva florestal do parque e visita ao viveiro de aves. Um dos
principais objetivos da trilha é despertar à consciência ecológica, utilizando para isso
informações sobre o ambiente e as relações entre os seres vivos. Visa também à integração
socioambiental, que gera a valorização do meio ambiente e ao mesmo tempo contribui para a
formação do comportamento mais sustentável.
Nossos Bichos
Atualmente, conta com 25 aves em cativeiro, entre elas papagaios, araras e periquitos.
Todas provenientes dos órgãos ambientais, a maioria vítimas do tráfico de animais silvestres.
Estas aves vivem em um grande viveiro comunitário, no meio da mata do Parque (conhecida
pelos moradores como Horto), acessível ao público somente através de uma trilha ecológica.
Além disso, diversos outros animais de vida livre como gaviões, beija-flores, saíras, quatis,
catetos, tatus, ouriços ocorrem em vida livre na mata que compõe o parque. Muitos desses
animais podem ser avistados durante o passeio, o que torna a visita ao Parque uma atividade
muito prazerosa.
Um diferencial do parque é o monitoramento dos visitantes em trilha ecológica. O
Parque conta com uma equipe de educadores ambientais (estagiários e voluntários) que guiam
todos os visitantes pela trilha do parque, estimulando a percepção ambiental e a interação do
homem com a natureza.
A observação de aves e a Educação Ambiental
A observação de aves também conhecida como birdwatching ou birding é a
observação e o estudo das aves a olhos nus ou através de instrumentos de aproximação visual,
como binóculos. A observação de aves geralmente envolve também o componente auditivo,
como muitas das espécies são detectadas e identificadas mais facilmente pelo ouvido do que
pelos olhos. A maioria dos observadores de aves faz isso por hobby ou motivos recreacionais,
diferente dos ornitólogos, que utilizam métodos científicos para o estudo dos aves. Existem
relatos de birdwatching desde 1700, mas o termo surgiu em 1901, com o título de um livro
“Bird Watching" do Inglês Edmund Selous. O numero de adeptos da atividade fora do Brasil
é muito grande principalmente no Canada, Estados Unidos, Inglaterra e outros países
europeus.
Dentre os tantos motivos que justificam a observação de aves na atividade
educacional, Costa (2007) destaca os seguintes:
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“estímulo à capacidade de observação do aluno, promoção da experiência como
processo educativo emancipatório, (re)sensibilização do aluno com o meio-ambiente
do entorno, desenvolvimento do conceito estético, reconhecimento da situação de
coabitação do espaço com outros seres (que não apenas humanos) e a necessidade de
preservação da qualidade ambiental para essa coexistência”.
METODOLOGIA
A observação de aves durante as trilhas ecológicas do parque
A observação de aves iniciou-se em março de 2013, por meio da entrada no quadro de
monitores bolsistas do Parque, um aluno com experiência na atividade. Durante os meses de
março a abril, a técnica foi incluída somente para os alunos do 3º e 4º anos do ensino
fundamental das escolas municipais. Depois de verificado a efetividade da ação na
sensibilização das crianças, a atividade foi incluída em todas as trilhas.
Durante as trilhas, são fornecidas informações diversas sobre os animais e vegetação
presente dentro do parque, quando uma ave é observada são dadas informações como
distribuição geográfica, nome popular local e sua importância ecológica. Exemplos
comumente encontrados durante as trilhas e utilizados na sensibilização é a presença de sábias
e araçaris que são grandes dispersores de sementes, ou os papa-moscas que tem papel
fundamental no controle da população de insetos. Os monitores são graduandos de Ciências
Biológicas, e recebem constante treinamento para se tornarem educadores ambientais, e desta
forma, consigam sensibilizar o público que visita o parque.
A utilização do playback
Nesta técnica utiliza-se como aparelho reprodutor um celular, no qual foram
salvas vocalizações de espécies com distribuição geográfica registrada para o bioma. As
vocalizações são baixadas gratuitamente dos sites: http://www.wikiaves.com.br/ e
http://www.xeno-canto.org/. Durante os quatro pontos de parada da trilha são reproduzidos,
por meio do celular dos monitores a vocalização da ave na tentativa de que ela se aproxime
para defender território ou responder a vocalização, permitindo aos visitantes sua observação.
Neste momento é explicado sobre a técnica e ressaltado seu uso responsável, sem a utilização
abusiva da mesma que pode causar estresse ou mudança de comportamento no animal.
RESULTADOS
Com a utilização da observação de aves durante as trilhas, foi possível sensibilizar a
população sobre a importância da preservação da vegetação nativa, de evitar a caça ou captura
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ilegal destas aves, além de promover principalmente as crianças, a oportunidade de conhecer
melhor a grande biodiversidade brasileira muita das vezes desconhecidas por nós mesmos.
Neste sentido procurou-se reforçar a visão de que deve-se:
[...] proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da terra, com especial
preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a
vida (CARTA DA TERRA, 2004)
Em episódios durante a trilha, alguns fatos chamam atenção como em uma trilha com
um grupo de 30 crianças do projeto conhecendo Toledo, enquanto passávamos pelo viveiro
das araras quem roubou a atenção foi um Gavião-miúdo (Accipter striatus) que pousou em
um galho seco de uma arvore alta, facilitando sua observação, as crianças puderam observa-lo
por cerca de uns 2 minutos. É interessante ressaltar que algumas das crianças entraram na
trilha querendo ver um gavião após ter sido dito sua possibilidade de ser visto entre as
espécies de animais que vivem soltos no parque, muitas deles afirmaram ser a primeira vez
que haviam visto uma rapinante de perto. Neste episódio foi utilizado o método de
aprendizado sequencial de Joseph Cornell proposto no seu livro Brincar e aprender com a
natureza (1996).
Durante outra trilha feita com uma turma de crianças entre 9 a 11 anos, foi possível
observar diversas aves durante o percurso, porem em um ponto da trilha onde se encontra uma
quarentena para jabutis, foi possível ouvir a vocalização de uma ave chamada Alma-de-gato
(Piaya cayana), e logo em seguida com a utilização de um aparelho celular, foi feito o
playback e um casal de P. cayana pousou em um galho sobre a turma, sem duvidas toda a
atenção foi voltada para aquelas aves no momento, e com olhar de curiosidade e admiração as
crianças faziam perguntas sobre as mesmas, e diziam frases como “Nossa, que ave diferente!”
ou “Nunca havia visto uma ave assim”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido aos bons resultados obtidos durante as trilhas onde foi feita a observação de
aves, pretende-se instalar utensílios bebedouros e comedouros feitos com material reciclado.
Constituindo grandes atrativos para os beija flores e outras aves, dispostos em pontos
estratégicos na trilha para facilitar a observação de aves.
Pretende-se preparar um curso de introdução à observação de aves, para que mais
monitores, educadores ambientais estejam capacitados para utilizar a técnica de observação de
aves, como mais uma ferramenta educativa na trilha ecológica do Jardim Zoobotânico
“Parque das Aves”. Acredita-se que as experiências vividas por estas crianças que
praticaram a observação de aves, ficarão para sempre em suas memorias, e fara com que
tenhamos futuros preservadores de nossa rica biodiversidade!
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REFERÊNCIAS
ATHIÊ, Samira. A observação de aves e o turismo ecológico. Biotemas. v. 20, nº 4, páginas
127-129, dez. de 2007.
CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS. A carta da Terra: Valores e
Princípios para um futuro sustentável. Gráfica editora, SENAC, Petrópolis, 2004.
CORNELL, Joseph .Brincar e aprender com a natureza: guia de atividades infantis para
pais e monitores. 1ª Edição. Local: Editora SENAC, 1996.
COSTA, Ronaldo Gonçalves de Andrade. Observação de aves como ferramenta didática para
educação ambiental. Didática sistêmica. v.6, páginas. 33-44, Dez. de 2007.
LOPES, Sérgio de Faria & SANTOS, Rosselvelt José. Observação de aves: Do ecoturismo à
educação ambiental. CAMINHOS DE GEOGRAFIA – revista on line. Disponível em:
<www.ig.ufu.br/caminhos_de_geografia.html> Acesso em: 01/07/2103
NUNES, Mônica. Especial: Observação de aves / Bird Watching. Disponível em: <
http://www.planetasistentavel.abril.com.br/especiais/aves/ > Acesso em: 01/07/2013
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ATIVIDADES LÚDICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
RELACIONADAS A ECTOPARASITOS DE CÃES.
Márcia Arzua (PQ)1,
Patricia Weckerlin e Silva Trindade (PQ)2.
Palavras Chave: carrapatos; ectoparasitos; lúdico.
INTRODUÇÃO
Segundo a legislação brasileira, a Educação Ambiental constitui um “processo por
meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).
Baseado neste contexto depreende-se que educadores ambientais devam ser
formadores de opinião e multiplicadores, atuando em seu meio na busca de um ambiente
saudável tanto para os seres humanos quanto para os demais seres vivos que estão à sua volta.
Dessa maneira, torna-se necessária a realização de diferentes práticas ambientais, incluindo o
tema saúde, tanto no nível de individuo quanto ambiental.
Segundo Carvalho e Macedo (2013), os jogos, brinquedos e brincadeiras estão
intimamente ligados ao espírito comunitário humano e auxiliam a diferenciar dentro deste
universo as mais diversas culturas, formas de relações, tradições e de crenças, seja nas
transmissões de experiências, aos sentimentos de prazer, felicidade, descoberta, ganhar e
perder, dor, realizar-se enquanto grupo ou fortalecer-se enquanto indivíduo membro de uma
tribo.
Dentre as atribuições do Museu de História Natural Capão da Imbuia, da Prefeitura
Municipal de Curitiba, estão a produção de conhecimentos científicos através da pesquisa
científica com a fauna paranaense, a conservação e manutenção das coleções científicas e
também ações de educação ambiental por meio de capacitações e mobilizações para um
público diversificado. Diante disso, foram elaboradas três atividades lúdicas de educação
ambiental envolvendo o tema ectoparasitos de cães, para atender a Feira “Amigo Bicho”. Os
ectoparasitos, principalmente os carrapatos são causadores de várias doenças em animais
domésticos, podendo atingir o homem, seja devido a sua ação irritante sobre o hospedeiro ou
pela transmissão de agentes infecciosos (TORRES et al., 2004). A Feira é promovida pelo
1 Profª. Doutora, pesquisadora do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal
do Meio Ambiente de Curitiba. Curitiba – PR. [email protected]. 2 Pesquisadora Mestre, bióloga do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal
do Meio Ambiente de Curitiba. Curitiba-PR. [email protected].
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Programa de Rede de Defesa e Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba, que gratuitamente
realiza microchipagem de animais domésticos e adoção de cães e gatos nas comunidades
(SMMA, 2013).
O objetivo deste trabalho foi utilizar metodologia diversificada que contribuísse para o
desenvolvimento do conhecimento de um assunto relativamente “não atrativo” de forma mais
atraente, interessante e prazerosa, através do lúdico, motivando nas pessoas o espírito de
cidadania.
METODOLOGIA
As mobilizações ocorreram na Feira “Amigo Bicho” entre junho de 2011 a julho de
2012, uma vez por mês, envolvendo 13 bairros de Curitiba, PR: Capão da Imbuia, Mercês,
Santo Inácio, Bigorrilho, Santa Felicidade, São Brás, Batel, Bairro Alto, São Lourenço, Vila
Hauer, Cidade Industrial, Pinheirinho e Pilarzinho. O público alvo foram crianças e adultos
participantes da feira. Os três jogos lúdicos desenvolvidos para o evento, foram: 1) Jogo “O
cachorro e a Pulga”; jogo de quebra-cabeça composto por uma figura representada por um cão
e todas as etapas do ciclo de vida da pulga em diferentes locais no ambiente domiciliar. Com
a montagem do quebra-cabeça o jogador recebia informações sobre a relação cão x pulga e o
ciclo da pulga no ambiente domiciliar ou peridomiciliar em que vivia. 2) “Cadê o carrapato do
cão?“ jogo que corresponde a uma maquete representando um ambiente domiciliar com a
convivência humana x cão x carrapato do cão, o qual possui a peculariedade de seu ciclo de
vida estar relacionado diretamente com a do hospedeiro. Para estimular a curiosidade do
participante sobre o assunto, foi confeccionada uma maquete composta por uma casa,
gramado, casinha de cachorro e bonecos que representavam pessoas e animais. O jogador
recebia uma pequena figura com a imagem de um carrapato fêmea fazendo postura de ovos e
tinha que fixá-la no local onde ela faria a oviposição no ambiente criado. Enquanto o
participante jogava, ele era informado sobre o ciclo de vida do carrapato do cão e também
recebia informações gerais sobre o mesmo. 3) “Verdade ou mentira” um jogo similar ao jogo
de amarelinha, porém com um diferencial. Quando o jogador pulava uma casa ele tinha a
chance de jogar um dado gigante, do qual o número que caía voltado para cima, correspondia
a uma pergunta sobre carrapatos, pulgas ou bicho-de-pé. O participante tinha que responder
apenas “certo” ou “errado”. As perguntas correspondiam a informações gerais sobre os
ectoparasitos de cães. As atividades, abertas para o público em geral, foram colocadas em
stand anexo à microchipagem.
RESULTADOS
Participaram da Feira “Amigo Bicho” uma média de duas mil pessoas a cada evento,
durante um ano (Figura 1) e foram atendidas nas atividades lúdicas, cerca de 100 participantes
por evento. Partindo do pressuposto de que o lúdico muito contribui para que as pessoas
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trabalhem a criatividade, a imaginação e também a aquisição de conhecimentos, foi possível
observar o interesse e a procura dos adultos (n=240) em sanar dúvidas sobre ectoparasitos de
cães, principalmente sobre carrapatos. Este resultado é de grande valia, pois, muitas pessoas
desconhecem o ciclo de vida do carrapato do cão, o qual possui a peculiaridade de viver na
região peridomiciliar. Essa espécie de carrapato vive no mesmo ambiente do cão e
consequentemente, também no do ser humano. A fêmea faz oviposição em lugares altos,
como telhados do canil e garagem, ou frestas de paredes. Com relação às pulgas, também foi
possível verificar que as pessoas desconhecem que o bicho-de-pé é uma pulga e que nada ou
pouco sabiam sobre o ciclo de vida desses insetos.
Dentre o público infantil foram atendidas uma média de 80 crianças por feira,
perfazendo um total de 960 participantes. Estes demonstraram grande interesse nas atividades
lúdicas (Figura 2), ouvindo atentamente as explicações sobre os ectoparasitos de cães, o que
incorria no acerto das respostas. Isso demonstra que o lúdico pode fazer a diferença à medida
que incentiva as crianças a aprender com prazer e praticar a cidadania.
Figura 1: – Visão geral da Feira “Amigo Bicho”, Curitiba, PR.
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Figura 2: – Atividades lúdicas na Feira “Amigo Bicho”, Curitiba, PR.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Feiras do “Amigo Bicho” são importantes, pois fazem com que cada munícipe seja
estimulado pela guarda responsável de seus animais domésticos e também oportuniza a
adoção de animais abandonados.
Por outro lado, é um excelente canal para se trabalhar o tema ectoparasitos de cães.
Esse é um assunto de interesse da saúde pública e médico-veterinário, por isso é muito
importante que seja divulgado o ciclo destes ectoparasitos para que a população possa
entender melhor a biologia destes animais e tome algumas precauções em relação à prevenção
de doenças e controle de infestações de pragas, influenciando na qualidade de vida.
Dentre as atividades informais de Educação Ambiental, optou-se pelos “jogos
lúdicos”, com intuito de passar informações de uma maneira descontraída para que fossem
recebidas, armazenadas, refletidas e transformadas em atitudes e que contribuísse para o
desenvolvimento do conhecimento de um assunto relativamente “não atrativo” de forma mais
interessante e prazerosa.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=20&idConteudo=
967 > Acesso em: 28, agosto de 2013.
CARVALHO, J.; MACEDO, M. Brincadeiras e Ensino de Ecologia: Subsídios para Uma
Educação Ambiental Lúdica. Disponível em: < http: www.ie.ufmt.br/semiedu2009 >
Acesso em: 28, agosto de 2013.
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116 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
SMMA. Rede de Proteção Animal. Disponível em: <
http://www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br/> Acesso em: 28, agosto de 2013.
TORRES, F., et al. Ectoparasitos de Cães Provenientes de Alguns Municípios da Região
Metropolitana do Recife, Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Parasitol. Vet., 13, 4, 151-154,
2004.
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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS COLABORADORES DE UMA
EMPRESA PRIVADA QUE DESENVOLVE PROJETOS
SOCIOAMBIENTAIS EM GUARAPUAVA/PR E REGIÃO.
Juliana Mara Antonio (IC)1,
João Fernando Ferrari Nogueira (IC)¹,
Ynaê Martins Osternach (IC)¹,
Gilberto de Lima Lentsch Junior (IC)¹,
Franciele Martins Ryzy (IC)¹,
Ana Lucia Suriani Affonso (PQ)2,
Adriana Massaê Kataoka (PQ)³
Palavras Chave: Educação Ambiental, Resíduos sólidos, Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
O uso inadequado dos recursos naturais associado ao materialismo, industrialismo, a
competição, nessa sociedade do consumo, que tem como objetivo progredir materialmente a
custa da degradação ambiental, agrava cada vez mais a problemática socioambiental.
(CARVALHO, 2004). O maior empecilho da sociedade é pensar que o planeta é infinito e
acreditar que os recursos naturais sempre estarão disponíveis, e o que vem ocorrendo
contradiz este pensamento, um dos reflexos disto é a crescente produção de resíduos sólidos,
que segundo (COHEN, 2003) “é apontada pelos ambientalistas como grave problema da
atualidade, volumes absurdos são produzidos diariamente trazendo esgotamento dos aterros
sanitários e poluição, agravantes da disposição inadequada”.
Com base nestes problemas surgiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei
12.305 (BRASIL, PNRS, 2010) e o decreto que a regulamenta Lei 7.404 (BRASIL, 2010),
ressaltando a importância do gerenciamento de resíduos sólidos desde a geração até o destino
final, priorizando a responsabilidade compartilhada, ou seja, todos tem seu papel, desde o
consumidor até o fabricante do produto. Contudo, esta lei é desconhecida para muitas pessoas,
tornando a educação ambiental essencial na sensibilização.
O processo de modernização é decorrente da fragmentação, racionalidade mecanicista,
simplificadora, unidimensional, que obscura a visão de meio ambiente complexa, que
reintegra os valores e potenciais da natureza, as externalidades sociais, os saberes subjugados
1 Acadêmico do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e bolsista de Extensão da UNICENTRO.
[email protected] 2 Profª. Doutora, pesquisadora do Departamento de Biologia da UNICENTRO. Guarapuava-PR.
Profª. Doutora, pesquisadora do Departamento de Ciências Biológicas da UNICENTRO. Guarapuava-PR.
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(Leff, 2001). Complementando o conceito, Reigota (2002, p. 14) diz que meio ambiente é: “O
lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações
dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica
e processos históricos e sociais de transformação da natureza e da sociedade”.
Essas transformações da sociedade e natureza são imprescindíveis, precisamos dessas
mudanças tanto em valores quanto em atitudes, talvez assim conseguíssemos reverter algumas
situações decorrentes do pensamento consumista. Essa mudança na visão do mundo é
enfatizada por autores como NAESS (1989) e CAPRA (1988) que acreditam que a educação é
meio mais eficaz para esta transformação.
Decorrente da crise ambiental, o levantamento de dados sobre a realidade social torna-
se essencial para conseguir transforma-las. O trabalho teve como objetivo investigar
conhecimentos e práticas dos funcionários de uma empresa privada que possui, além de sua
atividade regular, projetos socioambientais voltados à temática ambiental. O trabalho levantou
questões sobre meio ambiente e resíduos sólidos, procurando conhecer a realidade destas
pessoas para assim conseguir planejar medidas para sensibiliza-las.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa a qual utilizou como instrumento de
pesquisa um questionário pré-estruturado. Suas perguntas investigaram: a concepção de meio
ambiente e a prática da separação do lixo doméstico em seco e orgânico. Responderam ao
questionário um total de 44 sujeitos, os quais fazem parte de uma empresa privada e suas
filiais.
Através deste questionário foram obtidos dados qualitativos e quantitativos, onde os
dados foram organizados em gráfico para a análise. Os dados qualitativos e o questionário
como um todo foram analisados segundo os preceitos da análise de conteúdo, como proposto
por Richardson (1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir são apresentados na Figura 1 os resultados referentes às perguntas: O que
você entende por meio ambiente e qual o destino que você dá aos resíduos, respectivamente.
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119 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 1: A – Percepção de meio ambiente; B – Prática de separação dos resíduos sólidos.
A figura 1-A revela que a maioria dos sujeitos tem uma concepção de meio ambiente
“socioambiental”:
A visão socioambiental orienta-se por uma racionalidade complexa e interdisciplinar
e pensa o meio ambiente não como sinônimo da natureza intocada, mas como um
campo de interações entre a cultura, sociedade e a base física e biológica dos
processos vitais, no qual todos os termos dessa relação se modificam dinâmica e
mutuamente (CARVALHO, 2001, p. 37).
As concepções Naturalista e Holística não tiveram grande representatividade entre os
sujeitos listados. Consideramos que esse grupo em específico apresenta certa clareza sobre a
temática ambiental, visto que não separa natureza de sociedade, visão essa conhecida com
cartesiana, a muito criticada pela educação ambiental.
Quanto aos hábitos dos sujeitos relacionados aos resíduos, apenas uma pequena
porcentagem ainda não realiza a separação. Verificou-se que a prática em ambiente doméstico
é muito maior do que no ambiente de trabalho, no entanto desconhecemos a existência de
estímulos nas cidades desses sujeitos, como coleta seletiva, recipientes para separação de
resíduos na empresa, entre outras, que justifique essa diferença. De qualquer forma,
considerando que apenas 27,27% não separam os resíduos, podemos admitir que os sujeitos,
de alguma forma, possuem acesso a informações que proporcionaram a sensibilização da
maioria. O resultado da figura 1-B corrobora o da figura 1-A, pois, enquanto o primeiro
demonstra uma concepção de meio ambiente defendida pela EA atualmente, o segundo
demonstra atitudes ambientalmente corretas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mostrados apresentam conhecimentos sobre as questões ambientais, por
parte dos sujeitos da pesquisa, isto pode estar relacionado aos projetos socioambientais que a
empresa desempenha, contudo, há incompreensão proeminente sobre diversas questões que
estão explicitas na Politica Nacional de Resíduos Sólidos, como por exemplo, a separação dos
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resíduos sólidos. Preenchendo essa lacuna a Educação Ambiental fornece subsídio para que as
pessoas compreendam os problemas ambientais e a inter-relação existente com as decisões
politicas-econômica que conduzem a tais problemas. Diante disso, a EA tem um papel
importante na sensibilização dos sujeitos que ainda não realizam a separação de resíduos, bem
como superar visões românticas da percepção naturalista.
REFERÊNCIAS:
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2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/Decreto/D7404.htm>. Acesso em 17 de julho de 2013.
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em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm>. Acesso
em: 18 de julho de 2013.
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1999.
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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA SENSIBILIZAÇÃO DOS
PROBLEMAS CAUSADOS PELA INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES
EXÓTICAS INVASORAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA - PR
Daiana Franciele Gapski (PQ)1,
Patrícia Weckerlin e Silva Trindade (PQ)2,
Julio Cesar de Moura-Leite (PQ)3.
Palavras Chave: espécies exóticas, atividades lúdicas, sensibilização.
INTRODUÇÃO
Conforme Hertzog (2009), a Educação Ambiental (EA) destaca-se por ser uma das
ferramentas mais importantes do processo educativo, na medida em que visa à melhoria da
qualidade de vida da população e um relacionamento harmonioso entre o homem e a natureza.
Para que isso aconteça, é preciso ser despertada a consciência ecológica do educando.
Esta se dá através do tocar, sentir e envolver. Sendo assim, antes de conscientizar é necessário
sensibilizar os indivíduos e, para isso atividades lúdicas podem representar um diferencial
(Ruiz & Schwartz, 2002).
A utilização do lúdico para abordar EA é uma das melhores estratégias ao abordar
conhecimentos e valores na formação de cidadãos e de atitudes. A arte se faz presente desde o
início da humanidade, permeando diferentes dimensões sociais, religiosas, econômicas,
históricas e culturais. Nesse contexto, a arte pela EA é uma forma de trabalhar o lúdico, o
agradável e o criativo na construção de conceitos relacionados à questão ambiental (Berbert et
al., 2007).
O Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI) é uma entidade
governamental vinculada à Prefeitura Municipal de Curitiba, que tem a função de gerar
conhecimentos de caráter científico, catalogar espécies, manter coleções científicas e divulgar
os conhecimentos gerados. Esse museu desenvolve, desde 1996, atividades de EA, abordando
temas referentes à fauna brasileira e sua conservação. Para isso, são realizadas diferentes
atividades, voltadas tanto ao público em geral como também aos funcionários da própria
prefeitura. Um dos principais aspectos abordados diz respeito à conscientização das pessoas
em relação à manutenção da biodiversidade (Cruz et al., 1999).
1 Bióloga, colaboradora do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal do Meio
Ambiente de Curitiba. Curitiba – PR. [email protected]. 2 Pesquisadora Mestre, bióloga do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal do Meio
Ambiente de Curitiba. Curitiba-PR. [email protected]. 3 Professor Doutor, Pesquisador do Museu de História Natural Capão da Imbuia, Secretaria Municipal do Meio
Ambiente de Curitiba. Curitiba-PR e professor do Curso de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná. [email protected].
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Visando abordar o problema representado pelas espécies exóticas invasoras na
manutenção da biodiversidade, este projeto teve o objetivo de sensibilizar alunos de 3ª e 4ª
séries (4º e 5º anos) do ensino fundamental em relação aos problemas causados pela
introdução de espécies exóticas invasoras no município de Curitiba (PR).
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado nas dependências do Museu de História Natural Capão da
Imbuia (MHNCI), Curitiba no decorrer do ano de 2012. O local de estudo foi escolhido
devido à estrutura ali existente, incluindo a área verde que apresenta e a grande demanda de
visitantes de variados públicos (principalmente estudantes) que visitam o local diariamente.
O público alvo trabalhado foram alunos do ensino fundamental de 3ª e 4ª séries (4°, 5°
ano) de escolas públicas e privadas que visitaram o Museu no período. Para cada turma
visitante, foi realizada uma atividade lúdica, incluindo passeio pelo “Caminho das
Araucárias”, uma passarela que atravessa um bosque de 42.000 metros quadrados existente no
local, informando aos alunos sobre as espécies de fauna e flora nativas e exóticas existentes
no local. Em seguida, os alunos eram conduzidos até o anfiteatro do Museu, onde era
realizada uma palestra, enfatizando os problemas causados pelas espécies exóticas invasoras.
Em seguida, era realizado um jogo, o “Painel do Certo ou Errado”. O jogo era constituído por
um painel de figuras de exemplares da fauna e flora de espécies nativas e exóticas, em que as
mesmas eram dispostas aleatoriamente. Após a observação das figuras, o painel era separado
em duas partes, um lado com uma placa sinalizando espécies nativas e o outro para espécies
exóticas invasoras. O objetivo era indicar o local correto para colocar cada figura no painel.
Visando aumentar o interesse dos alunos e reforçar a prática, foram utilizados animais
taxidermizados do acervo didático do Museu, para que os alunos tivessem a oportunidade de
conhecer e diferenciar com mais detalhes as espécies da fauna nativa e exótica que ocorre em
Curitiba. Por fim, foi aplicado um pós-questionário (o mesmo questionário utilizado antes da
atividade), com o intuito de comparar as respostas antes e depois da atividade realizada e,
dessa forma, verificar se o objetivo do projeto foi alcançado. No total, os alunos preencheram
300 questionários, sendo 150 antes da atividade lúdica e 150 após a realização da mesma.
RESULTADOS
Os resultados foram alcançados com a utilização de sensibilização através das
atividades lúdicas ambientais. Participaram das atividades 150 alunos de 4° e 5° anos do
ensino fundamental (escolas da rede pública e particulares).
Foi constatado grande interesse e participação dos alunos em todos os momentos da
ação realizada e um esforço de cooperação dos professores, essencial para a realização do
trabalho.
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123 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 01. Passarela “Caminho das Araucárias”
Evidenciou-se que o passeio realizado no “Caminho das Araucárias”, (Figura 1) foi
uma experiência essencial, pois facilitou o entendimento das informações veiculadas. A
utilização de animais taxidermizados também se mostrou muito útil para o entendimento dos
alunos, ao estimular os mesmos a perceberem a diferenciação entre espécies nativas e
exóticas. Com isso, os alunos sensivelmente prestaram mais atenção ao assunto e também
apresentaram a iniciativa de verificar detalhes do animal de perto, o que não seria possível
mediante o uso de figuras ou mesmo de alternativas audiovisuais. Lembre-se que conforme
lembram Telles et al., (2002), quando trabalhamos com experiências diretas, a aprendizagem
se torna mais eficaz. Segundo o chamado cone de experiências (Dale, 1946), aprendemos
essencialmente através de nossos sentidos (83% através da visão; 11% através da audição;
3,5% através da olfação; 1,5% através do tato 1% através da gustação),sendo capazes de
reter muito mais informação quando realizamos logo após atividades relacionadas ao que
ouvimos e vimos.
No painel “Certo ou Errado” (Figuras 2 e 3) foi possível verificar que os alunos
mostraram-se participativos e ansiosos por responder quais eram as espécies nos respectivos
lugares.
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Figuras 02 e 03. Aplicação do painel “Certo ou Errado” com figuras de diferentes
espécies
Dos 150 alunos que participaram do Projeto, o número de alunos que responderam
corretamente o pré-questionário foi composto por somente três alunos, ou seja, 2% do total de
alunos. Após a realização da atividade, no entanto, 95 alunos acertaram as respostas dos pós-
questionários (totalizando 63,4%). Com isso, acredita-se que a utilização da atividade lúdica
realizada tenha sido satisfatória na sensibilização dos alunos em relação ao problema causado
às espécies exóticas invasoras e os problemas causados pelas mesmas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que os objetivos do presente trabalho foram satisfatórios, uma vez
que o número de alunos que responderam corretamente o pós-questionário foi
expressivamente maior que as respostas dadas antes da atividade. Verificou-se também que a
utilização da EA como método de sensibilização dos alunos foi muito importante. Além do
resultado positivo representado pelo sensível aumento no número de respostas corretas aos
questionários, se pôde perceber o envolvimento e o interesse crescentes apresentados pelos
alunos durante a realização do jogo, demonstrando a eficácia da estratégia utilizada.
REFERÊNCIAS
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LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA
TRATAMENTO DE EFLUENTES EM UM LATICÍNIO DO MUNICÍPIO
DE MISSAL/PR
Kelly Mayara Poersch (IC)1,
Anelize Queiroz do Amaral (PQ)2,
Renan Pies (IC)3,
Adrieli Gorlin Toledo (IC)4.
Palavras Chave: Lagoas de estabilização; Laticínio; Sensibilização Ambiental.
INTRODUÇÃO
Devido à crescente demanda por alimentos, ocasionada pelo aumento populacional
desordenado, intensificou-se a procura por métodos que viabilizem ganhos produtivos. Em
contrapartida aumentou-se a geração de resíduos contaminantes da água e solo.
As indústrias alimentícias estão entre as grandes geradoras de resíduos provenientes
do processamento da matéria prima. Dentre estas, a indústria de laticínios contribui
significativamente para a poluição das águas receptoras, pois suas águas residuárias
apresentam grandes cargas de poluentes, caracterizados por apresentar altas taxas de gordura,
matéria orgânica expressa em DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda
química de oxigênio) além de detergentes e outros materiais utilizados durante a lavagem dos
equipamentos.
Embora, de acordo com Ferreira (2007, p.10) “as características dos despejos variam
de acordo com o tipo de laticínio [...]”, essa condição fomenta a necessidade por parte destas
indústrias em buscar formas que minimizem os efeitos causados pela liberação dos resíduos
1
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e bolsista de Extensão do Projeto Articulação da
Rede Paranaense de Educação Ambiental - REA-PR. UNIOESTE. Cascavel –PR. [email protected]. 2Docente do curso de Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Campus
Dois Vizinhos, Líder do Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA e Integrante do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID/Biologia. [email protected]. 3Acadêmico do Curso de Agronomia do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Foz do Iguaçu –
PR. [email protected]. 4Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – UNIOESTE. Campus de Cascavel. Cascavel -
PR. [email protected].
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provenientes do beneficiamento, realizando o devido tratamento dos despejos antes do
lançamento nos cursos d’água, com o intuito de minimizar os efeitos destes na degradação dos
recursos hídricos.
O não tratamento ou o tratamento indevido desses efluentes antes de serem lançados
nos corpos hídricos pode ocasionar a morte de animais em grande escala, devido à presença
de bactérias aeróbicas que consomem o oxigênio proveniente do material orgânico eliminado
sob a forma de esgoto, baixando a concentração desse gás. Além disso, o lançamento desses
efluentes não tratados gera fortes odores, alteração da temperatura, aumento da turbidez e
pode comprometer inclusive o abastecimento público de água, devido à eutrofização da
mesma e da dispersão de doenças causadas por organismos patogênicos (MATOS, 2005).
Segundo Oliveira e Sperling (2005, p.347):
O impacto do lançamento de efluentes originados de estações de tratamento de
esgotos em corpos d'água é motivo de grande preocupação para a maioria dos países.
Uma série de legislações ambientais, critérios, políticas e revisões procuram influir
tanto na seleção dos locais de descarga quanto no nível de tratamento exigido para
garantir que os impactos ambientais provocados pela disposição destes efluentes
tratados sejam aceitáveis.
A natureza tem capacidade para promover parte do tratamento dos esgotos, sejam eles
domésticos ou industriais, até o momento em que não haja sobrecarga e as condições
ambientais favoreçam. Em casos onde a carga orgânica lançada é muito alta, pode haver
degradação total do ambiente (CAMPOS, 1999).
Dentre as formas de tratamento, as lagoas de estabilização são as mais empregadas
nesse processo, pois utilizam microorganismos na degradação de substâncias, a fim de obter
um efluente final dentro das normas da legislação ambiental (MAGNO; OLIVEIRA, 2008).
Uma lagoa de estabilização tem como características, pequena profundidade, formada
por diques de terra, onde o tratamento é devido à presença de bactérias e algas que são
responsáveis pela degradação da matéria orgânica.
Segundo Miwa; Freire; Calijuri (2007, p.02) “[...] lagoas de estabilização, quando bem
projetadas e operadas, podem produzir efluentes com excelentes condições sanitárias e
satisfatória remoção de matéria orgânica [...]”.
A eficiência destas lagoas é devida a interação de vários processos que dependem das
condições do ambiente aliadas às características físicas e químicas do esgoto, bem como do
tipo de microrganismos designados à degradação e estabilização dos dejetos (STEIL, 2007).
Dentre os tipos de lagoas existentes, as lagoas facultativas são grandemente
empregadas, pois combinam processos aeróbicos e anaeróbicos, devido à presença tanto de
algas quanto de bactérias. Os processos aeróbicos ocorrem nas camadas mais superficiais da
lagoa onde predomina a atividade fotossintética das algas, enquanto os processos anaeróbicos
ocorrem no fundo das lagoas, onde bactérias decompositoras estabilizam a matéria orgânica
sedimentada.
Tem-se então um mecanismo de simbiose, onde as algas utilizam-se das substâncias
provenientes da respiração das bactérias, e estas captam o oxigênio liberado pela algas
durante a fotossíntese para a síntese da matéria orgânica (SILVA, 1977).
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O processo de estabilização neste tipo de lagoas é natural e, portanto consiste na
retenção do afluente por um período de tempo suficiente para que as reações se completem
estabilizando o meio.
Por necessitar de fotossíntese, essas lagoas demandam áreas maiores quando
comparadas aos outros tipos de lagoas. Além disso, a atividade biológica é grandemente
afetada pela temperatura e pela nebulosidade, portanto, locais com alta radiação solar são
propícios a este tipo de tratamento. Ainda, de acordo com Silva (1977, p.139), “para um bom
funcionamento da lagoa facultativa, deve-se ter um saldo de oxigênio para que durante a noite
possa ser consumido nos processos respiratórios das algas e bactérias”.
Independente do tipo de lagoa adotado pelas indústrias, todas elas visam minimizar a
poluição do ambiente através de um tratamento prévio dos resíduos industrias antes de serem
lançados no meio. No entanto, recorrendo à Brião e Tavares (2005, p.02) “a minimização de
índices indicadores de poluição deve ser avaliada não somente no tratamento final, mas vista
como uma oportunidade para se reduzir custos nas linhas de produção”.
Diante do exposto acima, este trabalho teve como objetivo analisar a eficiência das
lagoas de estabilização de um laticínio no Município de Missal/PR, no sentido de sensibilizar
os agentes desse local para uma sensibilização que busque cada vez mais a qualidade
ambiental na destinação dos resíduos provenientes dessa prática.
Para o desenvolvimento desde estudo, foram coletadas duas amostras do afluente, uma
logo após a saída da indústria antes mesmo de receber qualquer tipo de tratamento, e outra da
lagoa final, após todo o processo de degradação. Em seguida foram realizadas análises físico-
químicas de DBO5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de
Oxigênio) de ambas em laboratório com o intuito de avaliar a eficiência do tratamento e as
características do efluente final. Estas foram quantificadas de acordo com a metodologia
proposta em APHA (2005).
Os valores encontrados foram analisados quantitativamente, método no qual os dados
são traduzidos na forma de números para então serem classificados a partir de técnicas
estatísticas (RODRIGUES, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados estão expressos na tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Valores de DBO5 e DQO encontrados para cada amostra.
AMOSTRA INICIAL AMOSTRA FINAL
DBO5 13861,25 mg/L 2252,82 mg/L
DQO 13965,52 mg/L 2413,79 mg/L
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Observando-se os resultados, percebe-se que houve uma redução significativa em
ambas as amostras, no entanto, o resultado final ainda se encontra fora dos padrões permitidos
de acordo com a resolução Nº 0070/2009 – CEMA – anexo 7 que estabelece um padrão de 50
mg/L de DBO5 e 200 mg/L de DQO para o lançamento de efluentes de laticínios direta ou
indiretamente em corpos hídricos.
Portanto, conclui-se que as lagoas de estabilização surgem como alternativa eficiente
no tratamento de efluentes provenientes de indústrias de laticínios. No entanto, na indústria
em questão foram observadas algumas falhas na disposição e organização das lagoas, além de
falta de manutenção e monitoramento das mesmas, fatores estes que provavelmente
interferiram significativamente no resultado final.
O ideal então seria fazer um remanejamento da disposição das lagoas, aliado a análises
periódicas com a finalidade de melhorar os resultados e enquadrá-los nos padrões permitidos
a fim de minimizar os impactos causados aos corpos hídricos e ao meio ambiente como um
todo.
Os resultados obtidos durante o trabalho foram apresentados aos agentes da empresa.
Com isso, espera-se uma sensibilização em relação à importância de aprimorar as etapas de
tratamento dos efluentes bem como controlar todo o processo de produção com o intuito de
diminuir a quantidade de geração de resíduos ou ainda, de gerar resíduos com menor potencial
impactante, visto que a água é essencial para a atual e futuras gerações e, portanto, merece e
deve ser preservada.
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compreendendo diversas tecnologias. Parte 1 - análise de desempenho. Eng. Sanit.
Ambient. Rio de Janeiro, v. 15, nº 4, Oct./Dec, 2005.
RODRIGUES, W.C. Metodologia Científica. Paracambi – Rio de Janeiro, 2007.
SILVA, M. O. S. A. Análises físico-químicas para controle de estações de tratamento de
esgotos. São Paulo: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, 1977.
STEIL. L. Avaliação da atividade microbiana anaeróbica metanogênica na lagoa de
estabilização anaeróbica da estação de tratamento de esgotos sanitários do município de
Cajati, Vale do Ribeira de Iguape, Estado de São Paulo, 2007. 291f. Tese, Universidade de
São Paulo – USP, São Carlos, 2007.
CIRPEA - I Colóquio Internacional da Rede de Pesquisa em
Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
131 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
SABOR AMBIENTE: UMA INTERVENÇÃO ARTÍSTICA-AMBIENTAL Laís Aquemi Ohara (IC)
1,
Bárbara Furrigo Zanco (IC)2,
Nicolli Cristina Osório (IC)3,
Márcia Sayuri Iquematsu (IC)4,
Jéssica Ernandes da Silva (IC)5,
Sheilla Souza (PQ)6.
INTRODUÇÃO
Com o processo de urbanização e industrialização, a geração de resíduos sólidos vem
aumentando significativamente. As indústrias, por sua vez, contaminam o meio ambiente com
resíduos de natureza diversa. Estas atendem a demanda do consumo desenfreado da
população, decorrente de uma gradual mudança de hábitos, em que os produtos atualmente
estão se tornando cada vez mais descartáveis. Nesse âmbito certifica-se que não somente as
indústrias são responsáveis pelo tamanho de resíduos sólidos gerados, como também a
população decorrente da não reflexão sobre as conseqüências ambientais de tais hábitos. Algo
agravante nessa situação é a lacuna formada entre o desenvolvimento econômico e a
preservação dos recursos naturais que é conseqüência da ausência de fiscalização,
gerenciamento e controle dos resíduos gerados, trazendo sérios riscos à saúde pública
(BARREIRA & JUNIOR, 2002).
O copo descartável está presente em grande parte das empresas, hospitais, instituições,
universidades e entre outros pôr possuir um custo relativamente barato e útil ao dia-a-dia.
Grande parte das pessoas utilizam do copo descartável apenas uma única vez e o descartam no
lixo. Isto resulta em uma produção em massa de resíduos sólidos descartados no meio
ambiente, uma vez que a reciclagem de copos plásticos é impossibilitada, pois estes após o
processo de reciclagem perdem propriedades necessárias a sua reutilização. A única
alternativa que resta é a redução do consumo desses copos, a partir da conscientização da
população. Na esfera universitária o papel da educação ambiental é primordial, por ser um
centro de pesquisa e de produção de ciência, além de ser responsável pela formação de
profissionais e cidadãos comprometidos com a melhoria da qualidade de vida e proteção das
condições ambientais (ARAUJO, 2004).
O objetivo da intervenção "Sabor Ambiente" foi a sensibilização da comunidade
universitária quanto ao uso excessivo de copos descartáveis no Restaurante Universitário
(R.U.) da Universidade Estadual de Maringá.
1 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá. [email protected]..
2 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá. [email protected]
3 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá.
4 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá.
5 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEM, Campus de Maringá.
6 Professora de Artes Visuais na UEM, Campus de Maringá.
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METODOLOGIA
Sabor Ambiente foi um evento componente da Semana Ambiental da UEM,
organizada pela Comissão Ambiental da UEM, na qual outras atividades no sentido ambiental
como por exemplo coleta de lixo eletrônico estavam ocorrendo. Suas ações componentes era a
intervenção "Tempestade Plástica" montada em frente ao Restaurante Universitário, palestras
informativas quanto aos problemas do uso de copos plásticos dentro do R.U., exibição do
documentário "Lixo Extraordinário" e fixação de folhetos explicativos em folha A4 de
conscientização sobre o tema pela Universidade. Ao final da Semana Ambiental da UEM foi
entregue ao reitor, um pedido de troca dos copos plásticos descartáveis pelos copos
biodegradáveis.
A intervenção "Tempestade Plástica" consistia em uma instalação que simulava uma
chuva de copos em uma piscina cheia de copos na qual um boneco se afogava e foi montada
no dia 04 de junho de 2012 e permanecendo em frente ao R.U. até 15 de junho de 2012. Para
montagem da intervenção foram utilizados 3200 copos já usados e provenientes do próprio
Restaurante Universitário, uma piscina de mil litros, um manequim, e um guarda-chuva e
placas nas quais uma delas estava escrito "2 dias, 2400 refeições servidas, 3200 copos usados.
a proporção não está errada?" e na outra "O lixo de hoje afogando a geração de amanhã". Os
copos vieram de duas refeições que ocorreram no R.U., e antes da montagem da intervenção
foram devidamente limpos e desinfetados. Uma rede de fios de náilon, que foi montada cerca
de 2,5 metros acima do chão e presas nas árvores, serviu como suporte para os fios de náilon
com os copos que simulavam as gotas da chuva. Embaixo desta cortina de copos plásticos foi
colocada uma piscina de mil litros preenchida com copos plásticos, e um manequim para dar
ideia de afogamento. Além disso, como parte da "Tempestade plástica", mas constituindo
uma escultura móvel, um guarda-chuva foi montado também utilizando fios de náilon com
copos plásticos, para reforçar a concepção da chuva plástica.
RESULTADOS
Devido á ocorrência de "Sabor Ambiente" durante a Semana Ambiental da UEM
pode-se afirmar, que como o tema Meio Ambiente naturalmente estava sendo discutidos, a
intervenção atingiu um bom número de universitários. Nos dias 05 e 06 foram realizadas
pequenas palestras de 15 minutos aproximadamente no interior do R.U. em dias que estavam
cheios, assim aproximadamente 500 espectadores tiveram alguma conscientização a respeito
do uso excessivo e seus malefícios ambientais e na saúde, além disso como os cartazes foram
espalhas por toda universidade o alcance deve ter sido ainda maior. Com a finalização da
montagem da instalação "Tempestade Plástica", foi percebido que esta causou grande
impacto visual. Comentários positivos e negativos em relação a ela foram constatados, certos
universitários apoiaram a iniciativa e outros não, motivados pelo argumento da comodidade
do copos plásticos. Porém, discussões e reflexões quanto ao tema foram promovidas, o
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objetivo de sensibilização da comunidade universitária incluindo não integrantes que
universidade mas que almoçaram no período que a instalação estava montada foi alcançado.
Esta atitude foi a propulsora de um convite realizado pela Comissão Ambiental ao
grupo organizador do "Sabor Ambiente" de comporem a delegação representante da UEM na
Cúpula dos Povos da Rio+20, evento internacional realizado no Rio de Janeiro do dia 15 ao
dia 24 de junho, com o foco ambiental. Três integrantes do grupo foram ao evento, levando
parte da instalação para exposição: a piscina preenchida por copos, o guarda-chuva e as placas
de conscientização. No Rio de Janeiro, a instalação foi exibida na Cúpula dos Povos da
Rio+20, que ocorria no Aterro do Flamengo, no Pier Mayer, onde estava aportado o Navio do
Greenpeace, e na Praia de Copacabana. Nestes três lugares, a intervenção foi vista por muitas
pessoas de várias partes do Brasil, e elogiada. Houve contato com universitários, professores e
catadores de lixo que apoiaram a iniciativa. Foram tiradas fotos com algumas pessoas que se
interessaram pela ação. Não há dimensão de quantas pessoas foram atingidas e sensibilizadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a intervenção "Sabor Ambiente" atingiu seu objetivo, que era de
sensibilizar a comunidade universitária quanto ao uso de copos plásticos, mesmo havendo
críticas a respeito do trabalho e pessoas contra a ação. Pode-se dizer que pela participação da
intervenção na Rio+20, evento que reuniu pessoas de vários tipos de todas as partes do Brasil
e até mesmo de fora do Brasil, o alcance da intervenção foi maior que o esperado, e que esta
pode ter motivado outras atitudes relacionadas a sustentabilidade. Assim, a intervenção foi
avaliada positivamente, apesar de que a Universidade continua usando os copos plásticos.
Fazem-se necessárias novas e duradouras atitudes que retomem este conceito para que a
Universidade Estadual de Maringá adquira um postura sócio-ambiental mais sustentável, a
começar por um item básico que é a substituição do uso de copo plástico já que está provado
que o material além de causar terríveis danos ambientais também é prejudicial á saúde do
homem.
REFERÊNCIAS
BARREIRA, Luciana Pranzetti, Junior, Arlindo Philippi. A problemática dos resíduos de
embalagens de agrotóxicos no Brasil. XXVIII Congresso Interamericano de Engenharia
Sanitária y Ambiental. Cancun, México, 27 a 31 de outubro de 2002.
ARAÚJO, M. I. de O. A universidade e a formação de professores para a educação
ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental. Brasília: REBEA, n. 0. pp. 71 – 78,
2004.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA AO ESPAÇO DOMÉSTICO
ATRAVÉS DE PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA SUSTENTÁVEIS
Franciele A. C. Follador (PQ)1,
Christine Nascimento Grabaski (PQ)2,
Flávia A. Bedin Tognon(PG)3.
Palavras Chave: Sustentabilidade; Resíduos; Reaproveitamento.
INTRODUÇÃO
A quantidade de produtos de higiene e limpeza nas prateleiras dos supermercados é
muito extensa apresentando uma diversidade destes tipos de produtos que prometem uma
limpeza total, apresentando cores, aromas diferenciados e atraentes aos consumidores,
fazendo com que este gaste parte da sua renda com esta categoria de produtos. No entanto,
muitos destes possuem substâncias prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana e animal.
Podem impactar em rios, lagos, nos solos e na atmosfera, como por exemplo, os detergentes
ricos em fosfato. Outros ainda possuem cloro, que podem causar irritação à pele, aos olhos e
as mucosas além de corroer alguns tipos de metais. Outros grupos podem conter compostos
suspeitos de serem cancerígenos, além de serem de difícil degradação quando lançados ao
meio ambiente.
Segundo Ana Elisa Feliconio, os produtos de limpeza sempre estiveram atrelados a
problemas ambientais. Antes mesmo do aparecimento dos produtos sintéticos, o sabão já
apresentava o problema de deixar as águas muito alcalinas (duras), deixando também uma
película insolúvel sobre a superfície da água. Atualmente, os níveis de fosfatos nos
detergentes são controlados por lei. Entretanto, o acúmulo dessas substâncias nos rios, lagos e
praias, que recebem esgotos, pode prejudicar a vida das plantas e animais que vivem nestes
locais. Isto porque formam uma espuma branca ("cisne-de-detergente") que reduz a
penetração do oxigênio do ar na água, diminuindo assim o oxigênio disponível na água para
respiração desses seres. Os fosfatos também favorecem a multiplicação de algas vermelhas,
que em excesso também prejudicam a oxigenação da água (processo chamado de eutrofização
das águas). Outra preocupação é com a degradação do produto. Embora no país a lei
1 Profª. Doutora, Líder do Grupo de Pesquisa em Planejamento Ambiental do Sudoeste do Paraná, Coordenadora
do Curso de Medicina da UNIOESTE, Campus de Fco. Beltrão – PR. [email protected] 2 Profª. Mestre, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Planejamento Ambiental do Sudoeste do Paraná, Curso
de Economia Doméstica, Unioeste, Francisco Beltrão-Pr. [email protected] 3 Economista Doméstico. Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional – Unioeste. Bolsista Capes.
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determine que os detergentes devem ser biodegradáveis, alguns fabricantes não respeitam essa
norma (Conpet, 2006).
A atividade pretende proporcionar a comunidade carente informações para que
aprendam a manipular materiais de limpeza e higiene sustentáveis, com utilização de matéria-
prima domiciliar e reutilização de produtos, o que baixa o custo de produção. Objetiva a
reutilização de óleo, de gorduras residuais da produção de alimentos, emprego de plantas para
fins de aromatização dos produtos elaborados, melhorando o padrão destes. Indiretamente, a
existência de sabões, detergentes, shampoos produzidos com produtos naturais ou mesmo
menos agressivos ao meio, proporciona um maior bem estar as pessoas. Dessa forma, mantém
a saúde das famílias e melhora a economia familiar, estimulando outras medidas de higiene e
educação para a saúde. Indiretamente, evita-se o descarte indevido no meio ambiente de
óleos, graxas, bem como outros resíduos nocivos que possuem alto poder de poluição
ambiental, bem como substitui o uso de produtos convencionais, muito mais agressivos. A
importância social está acima justificada, enquanto a científica está pautada na capacitação
dos alunos que fazem juntamente com os professores o treinamento das pessoas das
comunidades selecionadas para a atividade.
A atividade proporcionou as comunidades carentes, uma serie de informações para que
aprendessem a manipular materiais de limpeza e higiene sustentáveis, com utilização de
matéria-prima domiciliar e pela reutilização de produtos, o que baixa o custo de produção. O
objetivo secundário porem não menos importante, dada o seu alto grau de degradação quando
lançado aos corpos de água e ao solo, foi proporcionar alternativas para se faça a reutilização
de óleo de cozinha (vegetal), de gorduras residuais da produção de alimentos, com o emprego
de plantas, cascas e folhas para fins de aromatização dos produtos elaborados, melhorando o
padrão destes. Indiretamente, a existência de sabões, detergentes, shampoos produzidos com
produtos naturais ou mesmo menos agressivos ao meio, proporciona um maior bem estar
ambiental e pessoal.
Dessa forma, mantém a saúde das famílias e melhora a economia familiar,
estimulando outras medidas de higiene e educação para o consumo e para a saúde.
Indiretamente, evita-se o descarte indevido no meio ambiente de óleos, graxas, bem como
outros resíduos nocivos que possuem alto poder de poluição ambiental, bem como substitui o
uso de produtos convencionais, muito mais agressivos. A importância social está acima
justificada, enquanto a científica está pautada na capacitação dos alunos que fazem
juntamente com a docentes, a capacitação das pessoas das comunidades selecionadas para a
atividade, sob forma de oficinas.
Os materiais utilizados eram arrecadados junto às comunidades, assim como, por
parceiros e doadores dos grupos. Existia um posto de coleta de óleo utilizado nos laboratórios
do curso de Economia Doméstica e nos grupos em que se trabalharia.
A falta de capacitação é um dos problemas regionais observados e a manipulação de
produtos de limpeza e higiene é uma necessidade em nossa região, principalmente de forma
sustentável, ou seja, utilizando produtos de baixo custo e obtendo resultados semelhantes aos
produtos industrializados e sem agredir o meio ambiente. As oficinas uniram conhecimentos
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científicos e empíricos, permitindo aos acadêmicos a experimentação in loco de trabalho de
extensão universitária para comunidades rurais e urbanas carentes, aprimorando os
conhecimentos dentro do Curso de Economia Doméstica e das ações de extensão universitária
aplicadas.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi desenvolvida através de pesquisa bibliográfica para
obtenção de conhecimentos sobre o assunto, como também para elaboração das apostilas que
foram utilizadas nas oficinas e trabalhos. As experiências das docentes coordenadoras do
projeto foram importante para corrigir possíveis problemas que ocorriam à campo devido a
não uniformização dos materiais naturais utilizados (correções de receitas).
Os materiais utilizados foram arrecadados junto as comunidades, assim como, por
parceiros e apoiadores dos grupos. A falta de capacitação é um dos problemas regionais
observados e a manipulação de produtos de limpeza e higiene é uma necessidade na região,
principalmente de forma sustentável, ou seja, utilizando produtos de baixo custo e obtendo
resultados semelhantes aos produtos industrializados e sem agredir o meio ambiente. As
oficinas, portanto, uniram conhecimentos científicos e os empíricos, pela intensa participação
dos treinandos, permitindo também, aos acadêmicos, a experimentação in loco de trabalho de
extensão universitária para comunidades rurais e urbanas carentes.
No decorrer do projeto houve o treinamento dos discentes, que atuaram como
capacitadores nas atividades promovidas em bairros, comunidades rurais, oficinas em escolas
(Casa Familiar Rural, Colégio Agrícola, Centro de Educação de Jovens e Adultos e APMIs).
Realizou-se pesquisa de campo,concomitantemente às oficinas, com visita aos locais
de aplicação do curso, conversas informais sobre resíduos gerados pela unidade familiar,
formas de disposição correta, reciclagem, entre outros ligado à temática e à problemas
sentidos localmente. As atividades foram feitas nos municípios de Francisco Beltrão,
Marmeleiro, Salgado Filho, Manfrinópolis, São Jorge do Oeste, Bom Jesus do Sul, atendendo
a convites dos interessados, além dos espaços escolares já citados (Unioeste, CFR, CEBEJA,
Colegio Agrícola).
Ao final de cada curso foram avaliadas as atividades, assim como dividido e doados os
produtos para que os participantes usassem em casa, motivando-os na adoção das tecnologias
apreendidas.
RESULTADOS
A realização do projeto e a aproximação entre novos parceiros como as comunidades
rurais e associações de agricultores e agricultoras, ampliou espaços para execução de
atividades ligadas à educação ambiental rural e urbana,através das oficinas trabalhadas em
forma de educação popular. Atividades ligadas a aspectos de saneamento ambiental, educação
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137 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
para a saúde, dentre outros, poderão ser desenvolvidas em médio prazo, inseridas nesta e em
outras experiências construtivistas.
Durante a realização do projeto além da capacitação dos discentes, houve a aplicação
do curso em algumas comunidades, tendo ultrapassado mais de 460 pessoas participantes.
Preconizou-se formas de se efetuar a limpeza e a higiene de maneira ecológicas
através do resgate e repasse de ações como: Usar métodos mecânicos como varreção da
sujeira com vassouras, uso do aspirador de pó e do pano de pó. Eles diminuem a necessidade
do uso de produtos químicos fortes; Evitar adquirir produtos com componentes como cloro,
formaldeído e solventes. É importante não comprar produtos clandestinos, sem embalagem
própria ou rótulo. Resgatar o hábito do uso da água quente combinada com produtos caseiros
e igualmente eficientes. Exemplos: a) Vinagre: tira manchas de tecidos, neutraliza odores
fortes, remove gordura e limpa azulejos, fogões e panelas. b) Bicarbonato de Sódio: serve
para limpar pias, bidês e vasos sanitários em banheiros. Também substituir o cloro na
remoção de limo. Basta deixá-lo agir por uma hora e depois retirar o limo com uma mistura
de suco de limão e sal; Na hora da faxina, trapos, por sua vez, devem ser preferidos a toalhas
descartáveis; Reaproveitar pedaços de sabões velhos. Siga os seguintes passos: Misture os
pedaços de sabões com um punhado de açúcar e vinagre. Derreta em banho-maria, misturando
bem. Coloque num vasilhame e deixe endurecer por dois dias; Procurar conhecer e testar os
produtos de limpeza ecológicos; Divulgar para parentes e amigos os bons produtos e as boas
práticas de limpeza que conhecer (Waldman; Schneider, 2000; Gerolla, 2005).
Essa fase foi enriquecedora, pois que muitas receitas de família foram resgatadas e
relembradas pelos participantes adultos, como também avaliadas quanto à efetividade da ação
desejada. Participantes relatavam ao final das oficinas, que voltariam a usar algumas técnicas
que estavam em desuso. Algumas considerações foram feitas de forma oral, pelos
participantes, considerando o poder do marketing em que o produto industrializado e
processado é apresentado como superior aos saberes populares. Durante a apresentação desta
proposta, que é um projeto de extensão universitária (e não de pesquisa), no evento anual
SEU, uma participante da plateia onde o trabalho foi apresentado, moradora de município do
Sudoeste atendido pela proposta, efetuou um relato em plenária, afirmando que em seu
município as pessoas voltaram a elaborar os produtos em suas casas após as oficinas. Esse é
um feedback positivo e espontâneo, que reafirma a validade da proposta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressaltar que a poluição das águas ocorre não apenas pelo despejo individual de
substancias não degradáveis, mas também pela reação química resultante da soma dos
inúmeros produtos de limpeza que são utilizados nas residências, como: detergentes, sabão
em pó, amaciante, sabonete, shampoos, cremes dentais, desinfetantes, limpa-vidros, água
sanitária (com 2% de cloro ativo), amoníaco, desodorizadores de ambientes, dentre outros.
Essa combinação potencializa os impactos sobre a qualidade das águas, sobre a fauna e flora
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
138 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
dos ecossistemas, assim como aumenta o perigo para as populações que consumirem estas
águas ou se alimentarem desses animais aquáticos posteriormente (Branco, 1990).
Constata-se cotidianamente o potencial perigo que os produtos de limpeza sintéticos
possuem e seus efeitos à saúde humana, ao meio ambiente e a economia global, pois é mais
caro despoluir que evitar a degradação ambiental. Dessa forma, indica-se o uso moderado,
cuidadoso e, de preferência a substituição gradual dos produtos convencionais por produtos
alternativos, como os desenvolvidos no projeto, que são menos agressivos, diminuindo o
impacto ao meio ambiente, preservando a saúde das pessoas, melhorando a economia familiar
e desenvolvendo um ambiente saudável e sustentável.
REFERÊNCIAS
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2000.
Gerolla, G. Limpeza sem química: química forte irrita a pele e o ambiente. A Folha de São
Paulo, 11/09/2005.
BRANCO, S. M. Natureza e agroquímicos. São Paulo: Ed. Moderna, 1990.
CASTROVIEJO, T. C. Conservantes. In:
http://www.veraloe.com.br/cassiopeia/pt/curiosidades.asp#1
CONPET. Adote Produtos de Limpeza Naturais. In
http://www.conpet.gov.br/comofazer/comofazer_int.php?segmento=consumidor&idcomofaze
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JURAN, V. El detergente bactericida una amenaza para la vida. In:
http://www.terra.org/articulos/art01014.html
Cartilha alerta para os riscos de produtos de limpeza clandestinos. Clorosur: 08/09/2005,
In: http://www.clorosur.org/?a=noticias_details&id=51
Anvisa intensifica ações contra comércio de produtos de limpeza clandestinos, que
representam um perigo para a saúde. In:
http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22743
Informações sobre as embalagens dos produtos de limpeza, também chamados
saneantes. In: http://www.anvisa.gov.br/cidadao/saneantes/index.htm
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
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SEMANA DO MEIO AMBIENTE DO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS DO OESTE-PARANÁ
Rejane Vogt Anderle(TC)1,
Luciano André Schaefer(TC)2,
Rosalene Hentges(TC)3.
Palavras Chave: Ambiente; comprometimento; comunidade.
INTRODUÇÃO
Embasado em estudos feitos a partir de um olhar crítico sobre a comunidade
entrerriense percebeu-se que ao ouvir falar em meio ambiente, a tendência é pensar nos
inúmeros problemas enfrentados na esfera global, em grandes catástrofes, espécies em
extinção, países negligenciadores, aquecimento global, entre outros; levando o senso comum
a vê-los como problema das grandes instituições e poder público, redimindo a população de
qualquer culpa e responsabilidade.
Assim sendo, apesar de ser tema amplamente badalado pela mídia, o meio ambiente
não tem sido tratado com a devida importância e da forma mais adequada, no dia a dia, pelos
cidadãos em geral.
A necessidade de um olhar comprometido e de ações concretas acerca deste assunto
vem crescendo dia após dia de forma que não seja mais admissível apenas discursos
demagógicos e enfeitados por parte de qualquer pessoa, pois, todos são parte integrante do
ambiente.
Notou-se a extrema importância em criar uma mentalidade de interação e respeito ao
meio em que se vive, às pessoas, às relações homem/ambiente e homem/homem, na busca de
equilíbrio global para que haja uma convivência harmoniosa entre os seres no planeta.
Neste enfoque, criou-se o projeto “Semana do Meio Ambiente”, envolvendo os
variados segmentos da comunidade, numa perspectiva interativa projetada no bem estar de
todos.
METODOLOGIA
Inúmeras atividades foram desenvolvidas ao longo da semana alusiva ao Meio
Ambiente (05.06.13 a 10.06.13) envolvendo, desde os pequenos do CMEI,alunos das escolas
do município, clube de mães, os cidadãos da comunidade em geral, Lions Clube, Pastoral da
1 Professora especialista em Psicopedagogia, Gestão Escolar e Gestora de Educação Ambiental. Entre Rios do
Oeste-Paraná. [email protected] 2 Especialista em Engenharia de Pesca e Gestor de Educação Ambiental. Entre Rios do Oeste-Paraná.
[email protected] 3 Especialista em Educação Ambiental e Gestora de Educação Ambiental. Entre Rios do Oeste- Paraná.
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140 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Criança, Núcleo de Turismo, autoridades como vereadores, secretários e Prefeito; além das
secretarias municipais que tiveram participação direta nos trabalhos realizados sob olhar de
respeito e compromisso dos mesmos.
Cada grupo desenvolveu, dentro das suas possibilidades, atividades inerentes
ao meio ambiente( atividades seguem na Tabela1), as quais foram discutidas em grupo,
segundo as prioridades pensadas pelo mesmo e posteriormente executadas.
Dentro da proposta, cada grupo fica responsável, no decorrer do ano, pela
continuidade da ação proposta.
Assim, o comprometimento está assegurado e consequentemente o projeto renderá
frutos.
Tabela 1: Atividades e entidades
Atividades Entidade responsável
Pedágio Ambiental FEA/Itaipu
Lançamento da Campanha “Lixo Eletrônico” Secretaria de Planejamento
Arrastão de Limpeza Centro de Convivências
Adote um canteiro Clube de Mães
Concurso de frases, textos e desenhos Secretaria de Educação e Cultura
Cartilha “Dengue? Tô fora!” Secretaria de Educação e Cultura
Teatro “ Dengue” Centro de Convivências
Oficina de Dengue na Escola Agentes de Endemias
Plantio de mudas ornamentais e jardins Escola Municipal
Plantio de Palmeiras ornamentais no C.
Eventos
Câmara de Vereadores e Lions Clube
Palestra: Doenças causadas pelo lixo Gestores de Educação Ambiental
Lançamento da “Mina Modelo” Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente
Trilha na Base CMEI
Brincando com sucata CMEI/FEA
Conhecendo o Rio São Francisco Gestores de Educação Ambiental
Plantio de orquídeas na Praça Lions Clube e Núcleo de Turismo
Atividades lúdicas e pipocada Secretaria de Esportes e Pastoral da Criança
Recolha do Lixo Eletrônico Secretaria do Planejamento
Caminhada Ecológica Gestores de Educação Ambiental
Entrega da premiação do Concurso de
Fotografias
Gestores de Educação Ambiental
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141 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Soltura de Peixes Itaipu e CMEI
Entrega da premiação do concurso de frases,
textos e desenhos
Secretaria de Educação e Cultura
Fonte: Prefeitura Municipal
RESULTADOS
Os resultados foram proveitosos e muito satisfatórios, uma vez que os participantes
entenderam o espírito do projeto e encamparam a idéia, tomando para si as responsabilidades
de zelar pelo que foi realizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensando nos resultados e na proposta do Projeto, é importante ressaltar que a
verdadeira Educação Ambiental somente acontece se o cidadão se torna autor da história, ou
seja, esteja incluso conscientemente na construção histórica dos fatos e verdadeiramente
engajado na questão ambiental.
REFERÊNCIAS
Prefeitura Municipal.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESTRUTURAS EDUCADORAS
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143 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DA
COMUNIDADE ESCOLAR Gustavo H. Reis (IC)
1
Fabiana Brandelero (IC)2
Laysa S. Pereira (IC)3
Anelize Q. Amaral (PQ)4
Krischina Toregeani (IC)
5
Aline Alves da Silva (IC)6
Aline Viana (IC)7
Mariane Zelinski (IC)8
Resumo: A pesquisa desenvolvida se deu através de uma atividade extensionista que buscou levar até a
comunidade escolar, novas práticas técnicas e atitudes para uma alimentação saudável por meio do
reaproveitamento dos alimentos. O trabalho se deu em uma escola pública do município de Cascavel, onde
dentro da cozinha da escola trabalhou-se com a capacitação profissional com as cozinheiras, através da
preparação de alguns pratos alternativos utilizando restos de ingredientes e alimentos que a escola usa para
fornecer a merenda escolar. A pesquisa foi além e buscou também analisar algumas práticas que a escola possui
para com a questão do resíduo orgânico proveniente da cozinha, e da conscientização de alunos e funcionários
para as questões sociais, ambientais e econômicas que juntas estão interligadas quando pensamos em práticas de
reutilização, afinal o desperdício de toneladas de recursos alimentares é uma realidade, visto que o uso integral
dos alimentos ainda é uma prática pouco estimulada nos lares como também nas escolas brasileiras. Contudo
ainda se percebe algumas dificuldades e barreiras que impedem muitas vezes o desempenho das cozinheiras para
com esse tipo de prática, como também alguns pontos onde a escola peca, no sentido de falta de compromisso
com algumas causas e incentivo para uma prática ambientalmente correta.
Palavras chaves: Reutilização dos alimentos, Nutrição, Conscientização Ambiental.
Abstract: The search was desenvolved through extensionary activity that brought to school community new
practices and behavior to health nourishment with reuse food. The work was desenvolved on a public school in
Cascavel city and made a professional capacity with the cookies, through some alternatives dishes using
remainder ingredients and foods that the school uses to provide scholar light lunch. The search was far and
looked to analyses some practices that the school have with the organic residual kitchen provides, as like as the
students and employees sensibility for environmental questions, considering the use of all the food, be in
Brazilians homes or schools, are slightly stimulated. However, some difficulties and barriers often hinders the
cookies fulfillment with this practices are visible and also some points where the schools misses, being lack of
commitment with some causes and persuasive to a correct environmental practice.
Key-words: Reuse food, nutrition, environmental awareness.
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INTRODUÇÃO
A alimentação é um aspecto fundamental para a manutenção da saúde e a prevenção
de doenças. A seleção dos alimentos influência a saúde física do indivíduo quanto os tipos e a
quantidade de alimentos ingeridos (FRIEDRICH, 2003).
Mais do que informações, é fundamental a sensibilização das pessoas para o cuidado
com a própria alimentação e saúde. Utilizar o alimento em sua totalidade significa aproveitar
todo o potencial nutritivo do alimento tais como as folhas, cascas, talos, entrecascas e
sementes a fim de usar os recursos disponíveis sem desperdício, respeitando a natureza e
alimentar-se bem, com prazer e dignidade (SESI, 2004).
O desperdício é um sério problema a ser resolvido na produção, armazenamento
inadequado e transporte de alimentos, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento. O crescimento da população mundial, mesmo que amparado pelos rápidos
avanços da tecnologia, nos faz crer que o desperdício de alimentos é uma atitude injustificável
(SESC, 2003).
A falta de consciência de alguns indivíduos são fatores que contribuem para a fome no
país, para sustentar a crescente população mundial, será preciso duplicar a produção de
aimentos, porem nossas sáfras não vem acompanhando o ritimo suficiente para saciar a fome
da população crescente. Assim, algumas mudanças de hábitos alimentares, como também o
melhor uso e aproveitamento dos alimentos, surgem como algumas soluções remediadas para
a problemática atual. A conscientização e o reaproveitamento dos alimentos se dão através da
educação nutricional e educação ambiental, são áreas de estudos que juntas ajudam a reverter
o quadro alimentar do individuo e da sociedade. A mudança é um processo lento, porem
ações de sensibilização pode ocorrer em espaços formais e informais, tendo em vista que a
educação se mostra hoje em dia indispensável, já que vivemos em tempos de disparidades
socioeconômicas e socioambientais como a fome mundial, o desperdício de alimentos e a
produção de resíduos.
Apesar de o Brasil ser considerado um país rico em diversidade e quantidade de
alimentos produzidos, milhares de brasileiros passam fome, e aproximadamente 20% dos
grãos e 30% das hortaliças são desperdiçadas. A falta de hábitos em se utilizar
adequadamente os alimentos, aproveitando praticamente todas as suas partes é um dos
motivos do desperdício (FUCKNER et al, 1996).
O combate ao desperdício pode começar de maneiras bem simples, como através do
reaproveitamento das partes tradicionalmente não usadas dos alimentos. Apesar de algumas
partes de alimentos serem muitas vezes consideradas não comestíveis, saborosas ou pouco
apresentáveis, é preciso conhecer seu valor nutritivo, uma vez que podem ter quantidade igual
ou superior de nutrientes quando comparado às partes que costumeiramente são consumidas
(RADAELLI, 2009).
O processo de educação nutricional deve ser iniciado o quanto antes, “[...] quanto mais
cedo os hábitos saudáveis forem ensinados, melhor será a manutenção futura, sem a sensação
de ser um castigo” (ANGELIS, 2003, p. 67). A instituição de ensino, geralmente a escola
onde a criança está matriculada, é um espaço privilegiado para a troca de saberes, e para a
implementação de práticas alternativas, promovendo assim uma nova visão ética, e instigando
novos hábitos e costumes (MELO, 2003). Sendo assim, a prática da alimentação saudável e
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do consumo de partes de legumes e verduras, por exemplo, deve ser desenvolvida no
ambiente escolar.
Uma alimentação composta por alimentos aproveitados integralmente torna-se mais
rica e variada, apresentando um alto valor nutritivo, com custo reduzido, um paladar
regionalizado, preparo rápido e permite, ainda, várias combinações e apresentações
(FRIEDRICH, 2003).
Os aspectos presentes na educação nutricional também existem na educação
ambiental, estimulando o menor desperdício de materiais e o aproveitamento integralmente
dos nutrientes contidos nos alimentos que em geral são descartados. Porém com um pouco de
criatividade e conscientização o que antes tinha como destino o lixo, passa a ser a refeição
principal de muitas famílias (HARVARD, 2008).
A reutilização dos alimentos reflete diretamente na questão ambiental quando
analisamos a produção e destinação de alguns residuos, principalmente orgânicos. Muitas
escolas e instituições de ensino não possuem uma alternativa sustentável e ambientalmente
correta para lidar com a destinação do lixo oriundo da cozinha. Consequentemente temos um
cenário de descaso, ondeo lixo orgânico, como resto de folhas, cascas e talos, muitas vezes
acabam se misturando com os demais residuos que são destinados de forma incorreta.
Recorrendo a Filho (2004):
O Brasil gera, diariamente, cerca de 100 mil toneladas de lixo. Desse total, a maior
parte – aproximadamente 60% – é constituída de material orgânico, isto é, restos de
frutas, legumes, verduras e alimentos, em geral. Entretanto, essa sendo ignorada.
Para se ter uma idéia, no país todo, apenas 1% da parcela orgânica presente no lixo é
reciclada (2006, p. 1).
Contudo, quando temos uma redução na produção de residuos devido à reutilização
de alguns alimentos temos também uma diminuição do lixo gerado, como também
disperdiçado, já que sabemos que o residuo orgânico pode fazer parte do processo de
compostagem, isso quando a escola possui alguma composteira ou se preocupa com esta
questão, o que muitas vezes não é a realidade.
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido com as merendeiras em uma escola estadual do
município de Cascavel, PR. Algumas receitas foram selecionadas, receitas salgadas e doces
que tivessem como base a reutilização de alguns aluimentos como folhas e talos, e casacas de
vegetais e frutas, dessa forma entrelaçando a questão do reaproveitamento de alimentos
através de alguns pratos preparados na cozinha da escola.
Todas as receitas foram baseadas nos ingredientes que a escola possuía, vindo do
estoque da merenda escolar, como também de algumas hortaliças cultivadas na horta da
instituição.
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Figura 1: Equipe de trabalho. Figura 2: Degustações feitas na escola.
Durante a tarde foram preparadas quatro receitas sendo elas: Um bolo feito a partir de
cascas de laranja, também preparados kibs assados que em sua receita utilizou-se de restos de
beterrabas ralados, com a couve preparou-se um suco de couve com limão.
Por fim, preparou-se uma farofa de talos, reaproveitando os talos de legumes e
verduras usados nas outras receitas. Assim que prontos os pratos foram submetidos à
degustação de funcionários e alguns alunos da escola.
RESULTADO E DISCUSSÕES
Após o desenvolvimento do trabalho realizado ficou claro que falta de conhecimento
sobre as propriedades nutricionais dos alimentos, somada a desinformação e falta de
capacitação de profissionais da área da cozinha da escola se mostrou ser um dos fatores que
levam ao desperdício de alimento.
Em relação ao conhecimento ao que se refere à prática da reutilização, é perceptível
que as cozinheiras da escola entendem perfeitamente o que se refere, tal afirmação fica clara
no gráfico a seguir.
O gráfico 1, apresenta o que os entrevistados entendem por reaproveitamento de
alimentos, conforme abaixo:
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Gráfico1: O que você entende por reaproveitamento de alimentos.
Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.
Com (33%) das respostas é evidente que quando se trata de reaproveitamento de
alimentos o reaproveitamento de verduras e legumes é o mais lembrado. Logo com (21%)
aparece a questão da riqueza nutricional que através do reaproveitarmos muitos alimentos
conseguimos alcançar, seguido por (17%) que alegam que o reaproveitamento é a utilização
por completa do alimento sem qualquer desperdício, o que não é uma verdade absoluta, afinal
temos várias frutas, verduras, legumes entre outros, que não podem ser consumidos por
completos devido suas propriedades que fazem com que a má preparação possa vir a ser
prejudicial ao ser humano.
A questão econômica, bastante importante também foi citada, afinal quando
reutilizarmos estamos evitando assim consumir outros alimentos, gerando assim uma
economizada na renda destinada para a alimentação. Por fim, empatados com (8%) das
respostas, consideram reutilizar os restos de panelas e outros (8%) não souberam responder.
Quando perguntadas se possuem o hábito de reaproveitar o alimento em casa, o grande
percentual de respostas negativas demostrou através desta afirmação que a prática ainda é um
tabu não só dentro da cozinha da escola como também dentro de suas próprias casas.
O que você entende por reaproveitamento de alimentos?
Reaproveitamentode cascas, talos efolhas
Utilização doalimento semnenhum desperdicio
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Gráfico 2: Você tem o hábito de reaproveitar os alimentos.
Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.
Por outro lado (46%) funcionárias que responderam possuir esse hábito citaram a
reutilização do arroz em preparações de bolinhos, e o uso da casca de abacaxi pra fazer sucos,
como as principais receitas usadas.
Contudo é importante ressaltar que muitas vezes a prática do reaproveitamento na
escola se faz desnecessária, pois a merenda escolar atualmente é comporta grande parte, por
alimentos industrializados e enlatados, o que dificulta o incentivo da prática, e a preparação
dos pratos.
Eles são bastante práticos, pois já vêm prontos ou semi prontos. Entretanto, para
conseguir a praticidade e durabilidade dos produtos, os fabricantes se utilizam de milhares de
aditivos químicos o que acaba por comprometer a saúde nutricional de todos que se
alimentam da merenda da escola.
Todos podem melhorar a qualidade nutricional de suas refeições, utilizando as partes
dos alimentos que, muitas vezes, por falta de informações, ou preconceitos são jogadas no
lixo. Essas partes dos alimentos, em sua maioria, são as que contêm maior concentração de
nutrientes, além de modificarem os sabores e darem colorido aos pratos. Os resultados são
positivos sob vários aspectos: obter uma boa alimentação, causar menor sobrecarga de
exploração do meio ambiente, de combate ao desperdício, e de disseminar uma inovação
educativa para um consumo sustentável (VILHENA, 2007).
Para Placido e Viana (2012), “é possível modificar hábitos alimentares e ambientais,
inserindo a prática do aproveitamento integral dos alimentos em escolas e a nível doméstico,
diminuindo o desperdício de alimentos e aumentando o valor Nutricional de sua alimentação”.
Sendo assim, uma orientação por parte da escola pra a reutilização da comida acaba
sendo antagônica com a situação dos alimentos que a escola possui na dispensa. Essa ainda é
principal barreira para a questão tratada.
Nesse sentido é necessário também aprofundar a discussão sobre qual é o papel da
merenda escolar, e qual sua real contribuição para uma alimentação saudável e mais rica.
Você tem o hábito de reaproveitar os alimentos nas preparações feitas em casa? Se sim, cite algumas
preparações.
Sim
Não
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Porem a orientação da escola é fundamental, não só para com a reutilização dos
alimentos dentro das cozinhas, mas também para com a destinação dos resíduos orgânicos
produzidos.
Nesse ponto a escola falha, pois não possuem nenhuma maneira alternativa para
viabilizar a destinação dos resíduos orgânicos, como também falta a instrução para com as
cozinheiras. A afirmação fica clara nas respostas obtidas através das seguintes perguntas.
Gráfico 3: A escola possui compoteira orgânica.
Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.
Tradicionalmente a compostagem é vista como uma prática usual em propriedades
rurais e centros de reciclagem de resíduos. Porém a prática pode ser implantada em qualquer
meio, inclusive em uma escola.
A compostagem é um processo que pode ser utilizado para transformar diferentes tipos
de resíduos orgânicos em adubo que, quando adicionado ao solo, melhora as suas
características físicas, físico-químicas e biológicas. A técnica da compostagem foi
desenvolvida com a finalidade de acelerar com qualidade a estabilização (também conhecida
como humificação) da matéria orgânica (OLIVEIRA, AQUINO e NETO 2005).
Hoje, no espaço urbano existe a crença de que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e
despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Mesmo atualmente ainda existe
uma falta de esclarecimento para com a questão da destinação do lixo, onde muitos não sabem
onde o resíduo produzido em sua casa acaba sendo destinado.
Diante deste quadro percebe-se que a problemática do lixo é uma abordagem pouco
preocupante quando não temos a mínima noção da gravidade do problema, assim deixamos de
lado a crítica para com a destinação incorreta, produção de resíduo e ineficácia de aterros
sanitários, pois seguimos o normalismo de viver com as questões do lixo apenas no momento
em que estamos vendo e lidando com ele.
Contudo são de extrema importância as práticas ambientais que a escola possui, pois
devem servir de exemplo e refletir uma realidade de mudanças.
A escola possui composteira orgânica?
Não Não souberesponder
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De acordo com Dias (2000), a educação ambiental, por ser interdisciplinar, por lidar
com a realidade, por adotar uma abordagem que considera todos os aspectos que compõem a
questão ambiental (socioculturais, políticos, científico-tecnológicos, éticos, ecológicos, entre
outros), por considerar que a escola não pode ser um amontoado de gente trabalhando com
outro amontoado de papel; por ser catalisadora de uma educação para a cidadania consciente,
pode e deve ser o agente otimizador de novos processos educativos que conduzam as pessoas
por caminhos em que se vislumbre a possibilidade de mudança e de melhoria do seu ambiente
total e da qualidade da sua experiência.
O gráfico 4, apresenta a destinação dos resíduos orgânicos provenientes da cozinha da
escola.
Gráfico 4: Destinação dos resíduos orgânicos.
Fonte: Questionários respondidos pelos participantes.
O lixo orgânico produzido na escola é então destinado de forma incorreta no lixo
comum.
Esporadicamente tem-se a prática de enterrar o lixo na horta, mas essa atitude não é
muito comum afinal não existe nenhuma cobrança por parte da direção, como também o
espaço da horta encontra-se boa parte do ano em desuso.
Em outras palavras, esclarecemos que para o exercício desta prática, com certeza, será
necessário romper certas atitudes, unindo a Educação Ambiental nas suas dimensões:
políticas, econômicas, éticas e culturais (CARNIATTO; AMARAL; VALDAMERI, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o trabalho desenvolvido, foi imensa a aceitação e aprovação dos pratos que foram
provados por funcionários e alunos da escola. Em apenas uma tarde de aplicação e
desenvolvimento das atividades foi considerável e perceptível à redução do lixo gerado
Qual a destinação dos residuos orgânicos provinientes da cozinha da escola?
Enterrados
Jogados no lixo
Não souberesponder
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durante as preparações, como também um aumento no valor nutritivo das receitas oferecidas
para os alunos.
Contudo a escola ainda precisa reavaliar a questão da destinação dos resíduos. A
diretora da instituição se mostrou futuramente compromissada com a questão.
Por fim, através das preparações foi possível sensibilizar as cozinheiras a respeito da
reutilização de alimentos como também quebrar alguns “tabus” logo após os alunos
saborearam os pratos.
Um caderno de receitas foi doado para a escola, e as cozinheiras passarão pelo menos
durante um dia da semana a fazer alguma receita utilizando a reutilização de alimentos.
REFERÊNCIAS
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Nutricionais Para Tratamento. São Paulo: Atheneu, 2003.
CARNIATTO, I.; AMARAL, A. Q.; VALDAMERI, A.; Educação Ambiental na Separação
de Resíduos; Revista Catedral, vol.184; pg.36, Cascavel, 2012.
Dias, G. F.; Educação ambiental: princípios e práticas. 6. ed. Gaia, São Paulo, Brasil,
552pp.,2000.
FILHO, M.M; Reaproveitamento de sobras e rejeitos ainda é pouco valorizado; Problemas
Brasileiros; vol. 362, SESC, São Paulo, 2004.
FRIEDRIC, Nelton Miguel. Receitas saudáveis das Merendeiras da BP3. Foz do Iguaçu,
2003.
FUCKNER, M; ZAWADZKI, J; CASAGRANDE, A. Importância de cascas,
HARVARD. Guia de suplementação vitamínica. Consenso do Departamento de Nutrição
de Harvard. Atualizado em maio de 2008, adaptado para português pelo site
www.saudedofuturo.com.br.
MELLO, M. M. S. Educação & Nutrição: Uma Receita de Saúde. Miranda, Hellen
Sulemam. Educação saudável. Curitiba: SENAC/Diret, 2010.
OLIVEIRA, A. M. G.; AQUINO, A. M.; NETO, M. T. C. Circular Técnica 76:
Compostagem Caseira de Lixo Orgânico Doméstico. Dezembro, 2005.. Disponível em:
http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/circulares/circular_76.pdf Acesso em: 25/04/2013.
PLACIDO, V.N., VIANA, A.C. Aproveitamento Integral do Alimento como forma de
Educação Nutricional, diminuição do desperdício e desenvolvimento social. VII CONNEPI
Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Palmas, Tocantins, 2012.
RADELLI, P. Educação nutricional para alunos do ensino fundamental. Brasília:
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talos e folhas na alimentação. Curitiba: EMATER, 1996
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152 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
TECNOLÓGICA. Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, 2007.
VILHENA, M. de O. Aproveitamento integral de alimentos orgânicos: arte culinária verde. II
JORNADA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
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Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO
ENSINO/APRENDIZAGEM PARA OS CURSOS TÉCNICOS
PROFISSIONALIZANTES 1
Mara Adriane Scheren (PFM)2,
Luciane Sippert (PQ)3.
Resumo: este trabalho foi realizado com objetivo de mostrar o quão importante é para os alunos as visitas
técnicas como método didático para unir a teoria com a prática e facilitar o aprendizado. Essa visita foi realizada
na estação de tratamento de água 3 (ETA 3) da Companhia de Saneamento o Estado do Paraná,em Cascavel no
Paraná. Os alunos do primeiro e segundo ano integrado do curso técnico em Administração do Centro
profissionalizante Pedro Boaretto Neto – CEEP – em Cascavel no Paraná, participaram da visita e da pesquisa
apontando índices de alto interesse, aprendizado e rendimento após a mesma. Esse tipo de metodologia também
pode ser recomendado para alunos que não sejam de cursos profissionalizantes, pois conduzem o aluno ao
contato direto da teoria com a prática, elucidando pontos negativos.
Palavras Chave: aprendizagem, tratamento de água, qualidade de água.
Abstratac: This study was conducted to show how important it is for students to technical visits as didactic
method to unite theory with practice and facilitate learning. This visit was conducted in water treatment station 3
(ETA 3) Sanitation Company of the State of Paraná, Paraná Rattlesnake. Students in first and second year
integrated course in technical vocational Center administration Boaretto Pedro Neto - CEEP - Rattlesnake in
Paraná, participated in the visit and research pointing to high interest rates, income and learning afterwards. This
type of methodology can also be recommended for students who are not professional courses, as they lead the
student to direct contact between theory and practice, elucidating negative points.
Keywords: learning, water treatment, water quality.
INTRODUÇÃO
Sob a influência das discussões que têm surgido, nos últimos anos, na psicologia,
sociologia, antropologia e educação, houve uma mudança de visão do que seja o processo de
ensino/aprendizagem.
A cultura de ensinar/aprender dos professores refere-se ao mundo subjetivo destes
em termos do que lhes parece ser saliente, a maneira como se percebem e como percebem seu
trabalho, isto é, o que eles sabem, sentem, fazem e como interpretam o seu fazer (FEIMAN-
NEMSER e FLODEN,1986). Nesse sentido, as crenças dos professores, que são parte
1 Visita técnica realizada a Companhia de Saneamento do Estado do Paraná - SANEPAR – Estação de
Tratamento de água 3 ( ETA), Cascavel, PR, com os alunos do Centro Estadual Profissionalizante Pedro
Boaretto Neto – CEEP, Cascavel, PR. 2 Mestre em Agronomia, Profª dos cursos Tecnólogo em Gestão Ambiental - UNIVEL – PR e Técnico
em Química – SEED/PR e Consultora Ambiental. [email protected]. 3 Profª. Mestre em Educação nas Ciências, Coordenadora de extensão da FAÍSA FACULDADES.
Santo Augusto- RS. [email protected].
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integrante de sua cultura de ensinar/aprender, definidas por Barcelos (2001) como as opiniões
e idéias que os mesmos têm a respeito do processo de ensino e de aprendizagem,
constituindo-se, portanto, em fortes indicadores de como as pessoas agem.
É importante perceber, no entanto, que as opiniões e ideias que os professores têm a
respeito do processo ensino/aprendizagem, bem como as suas ações não são meros resultados
de suas escolhas individuais face às demandas de sala de aula, uma vez que a sua cultura de
ensinar/aprender é resultante, entre outras coisas, do longo processo histórico de formação do
imaginário social.
No dia 05 de agosto de 2008 foi realizada uma visita técnica à estação de tratamento
de água 3 (ETA-3), da cidade de Cascavel com o objetivo de conhecer o tratamento da água
consumida pelos cascavelenses.
Como se sabe, são requisitos para o estudo da potabilidade da água os requisitos de
qualidade, padrões de qualidade da água e poluição das águas. Os requisitos de qualidade de
uma água são função de seus usos previstos. E os padrões de potabilidade estão diretamente
associados à qualidade da água fornecida ao consumidor, ou seja, na própria ligação
domiciliar. Os padrões de potabilidade foram definidos na Portaria n 36 de 19/01/1990 do
Ministério da Saúde (Sperling, Von M. 1996).
Entende-se por poluição das águas a adição de substancias ou de formas de energia
que direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d’ água de uma maneira tal que
prejudique os legítimos usos que dele são feitos.
Dessa maneira, tratamento de Água é um conjunto de procedimentos físicos e
químicos que são aplicados na água para que esta fique em condições adequadas para o
consumo, ou seja, para que a água se torne potável. O processo de tratamento de água a livra
de qualquer tipo de contaminação, evitando a transmissão de doenças (Andreoli, 2000).
Participaram da visita os alunos do primeiro ano integrado e segundo ano integrado do
curso técnico em Administração do Centro Estadual Profissionalizante Pedro Boaretto Neto
de Cascavel no Paraná.
Essa visita também foi vinculada ao estudo da disciplina de química inorgânica e
orgânica pelos alunos em questão; com o intuito de unir a teoria do estudo da química à sua
prática, realizando dessa maneira uma interação entre o mundo teórico e o prático, tanto que a
disciplina de química é vista pelos alunos como que “um tanto chata” e “complicada”.
METODOLOGIA
A estação de Tratamento de Água de Cascavel (ETA 3) - SANEPAR
A metodologia aplicada foi a observação do tipo de tratamento usado na estação de
tratamento de água – SANEPAR. Os alunos visitaram toda a área que compreende a unidade
de tratamento, observaram e ouviram explicações sobre cada método de tratamento feito pelo
técnico que nos recebeu.
Abaixo estão representadas algumas fotos da visita técnica realizada com os alunos
sobre os métodos de tratamento que a Companhia de Saneamento do estado do Paraná –
SANEPAR utiliza.
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Numa estação de tratamento de água, o processo ocorre em etapas:
Primeiramente a água é captada na sua forma natural (bruta) em mananciais (nascentes
de rios) ou poços subterrâneos e direcionada por meio de enormes tubulações para as ETAs.
No tanque desarenador é removida a matéria sólida de natureza inorgânica (em geral,
partículas de areia carreadas pelas águas pluviais) ou que vem no momento de captação da
água do rio para a estação de tratamento.
A coagulação ocorre quando a água na sua forma natural (bruta) entra na ETA, ela
recebe, nos tanques, uma determinada quantidade de sulfato de alumínio. Esta substância serve
para aglomerar (juntar) partículas sólidas que se encontram na água como, por exemplo, a
argila.
Em seguida a coagulação ocorre a floculação, em tanques de concreto com a água em
movimento, as partículas sólidas se aglutinam em flocos maiores.
A decantação é o terceiro passo no processo de tratamento da água, é feito em tanques
onde a ação da gravidade, forma flocos com as impurezas e as partículas ficam depositadas no
fundo dos tanques, separando-se da água.
A filtração é um dos processos físicos finais, onde a água passa por filtros formados por
carvão, areia e pedras de diversos tamanhos dentro dos tanques. Nesta etapa, as impurezas de
tamanho pequeno ficam retidas no filtro.
A desinfecção esta associada ao tratamento microbiológico, onde é aplicado na água
cloro ou ozônio para eliminar microrganismos causadores de doenças. Em seguida adiciona-se
flúor na água para prevenir a formação de cárie dentária em crianças.
O processo de tratamento da água realizado pela SANEPAR é finalizado com a
correção do Ph. Se o Ph estiver fora dos padrões estipulados pela legislação para potabilidade
de água, é aplicada na água uma certa quantidade de cal hidratada ou carbonato de sódio. Esse
procedimento serve para corrigir o Ph da água e preservar a rede de encanamentos de
distribuição.
Com esse trabalho os alunos confeccionaram relatórios individuais sobre os processos
de tratamento da água que é consumida pelos cidadãos de Cascavel, utilizar as técnicas
externas e de análises laboratoriais para explicar aos alunos sobre sistema de separação de
misturas, turbidez, cor, elementos químicos e sua importância na tabela periódica, o que é
uma análise de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda química de
oxigênio). Também foi utilizada a visita para explicar aos alunos sobre água dura e água
mole, usando substâncias como cal virgem e sabão.
Além do relatório individual descrevendo como um todo a visita, também foi
utilizado ao longo do ano na disciplina de química inorgânica e orgânica pontos observados
na ETA 3. Com isso tornou-se fácil e acessível demonstrar processos aos alunos que somente
estavam descritos nos livros ou em áudio.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos foram estudados em sala de aula ao longo do ano em que a
disciplina foi ministrada e os alunos puderam ver e entender de maneira prática muitos
processos que a primeira vista eram considerados difíceis e sem apreciação. Principalmente os
parâmetros relacionados com a qualidade da água tratada, que possui alguns nomes e siglas
um tanto estranhas a quem não está habituado a elas.
A maioria dos adolescentes não tem apreciação pela disciplina de química, pois a
mesma é considerada abstrata e longínqua ao dia a dia dos mesmos, então, trabalhar a teoria
juntamente com a prática é a melhor medida para ensinar e ministrar sobre processos
químicos, pois a química está presente sim no nosso dia a dia. Coisa que a maioria dos
estudantes não consegue avaliar e observar.
Os dados que seguem abaixo foram descritos no relatório feito pelos alunos e também
trabalhados no laboratório química da escola no decorrer do ano de 2007.
As etapas físicas do processo de tratamento da água citadas na metodologia foram
trabalhadas pelos alunos também; os mesmos confeccionaram no laboratório uma mini
estação de tratamento de água, simulando a Estação de Tratamento de Água – SANEPAR, da
cidade de Cascavel no Paraná, Brasil.
Parâmetros de Qualidade da Água
A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros que
traduzem as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Os parâmetros são
divididos em físicos, químicos e biológicos.
1- Os parâmetros físicos são:
a) Temperatura: influencia na atividade microbiana, influencia na solubilidade dos
gases e influencia na viscosidade do liquido. Variações de temperatura são parte do regime
climático normal, e corpos de água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem
como estratificação vertical.
b) Cor: Mudança na tonalidade do líquido (água) devido a presença de substâncias
orgânicas e inorgânicas.
c) Odor: Alteração no gosto da água por elementos inorgânicos e orgânicos presentes
no mesmo.
d) Turbidez: Causada por sólidos em suspensão, quanto maior concentração de sólidos
maior turbidez e menor concentração de sólidos menor turbidez.
2- Os parâmetros químicos são:
a) Ph: representa a concentração de íons hidrogênio H+
dando uma indicação sobre a
condição de alcalinidade, acidez ou neutralidade da água. A influência do pH sobre os
ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das
diversas espécies.
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b) Alcalinidade: quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os íons
hidrogênio.
c) Acidez: capacidade da água em reagir as mudanças de Ph causadas pelas bases.
d) Dureza: concentração de cátions metálicos em solução. Ferro e manganês, estes
componentes estão presentes nas formas insolúveis Fe+3
e Mn 4+
e na ausência de O2
dissolvido eles se apresentam na forma solúvel (Fé 2+
e Mn 2+
).
e) Cloretos: O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas através de
solos e rochas.
f) Nitrogênio: São diversas as fontes de nitrogênio nas águas naturais. Os esgotos
sanitários constituem em geral a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio orgânico
devido à presença de proteínas e nitrogênio amoniacal, devido à hidrólise sofrida pela uréia na
água.
g) Fósforo Total: O fósforo aparece em águas naturais devido principalmente às
descargas de esgotos sanitários. Nestes, os detergentes superfosfatados empregados em larga
escala domesticamente constituem a principal fonte, além da própria matéria fecal, que é rica
em proteínas. Alguns efluentes industriais, como os de indústrias de fertilizantes, pesticidas,
químicas em geral, conservas alimentícias, abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam
fósforo em quantidades excessivas. As águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas também
podem provocar a presença excessiva de fósforo em águas naturais.
h) Manganês: O comportamento do manganês nas águas é muito semelhante ao do
ferro em seus aspectos os mais diversos, sendo que a sua ocorrência é mais rara. O manganês
desenvolve coloração negra na água, podendo-se se apresentar nos estados de oxidação Mn+2
(forma mais solúvel) e Mn+4 (forma menos solúvel).
i) Ferro Total: O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à
dissolução do minério pelo gás carbônico da água, conforme a reação: Fe + CO2 + ½ O2 à
FeCO3 .O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos problemas para o
abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água, provocando manchas em roupas e
utensílios sanitários.
j) Oxigênio Dissolvido (OD): O oxigênio proveniente da atmosfera se dissolve nas
águas naturais, devido à diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de
Henry, que define a concentração de saturação de um gás na água, em função da temperatura.
A taxa de reintrodução de oxigênio dissolvido em águas naturais através da superfície
depende das características hidráulicas e é proporcional à velocidade, sendo que a taxa de
reaeração superficial em uma cascata é maior do que a de um rio de velocidade normal, que
por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa, onde a velocidade normalmente é
bastante baixa. Outra fonte importante de oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas
l) Matéria Orgânica: Óleos e Graxas de acordo com o procedimento analítico
empregado, consiste no conjunto de substâncias que em determinado solvente consegue
extrair da amostra e que não se volatiliza durante a evaporação do solvente a 100oC.
Os óleos e graxas em seu processo de decomposição reduzem o oxigênio dissolvido elevando
a DBO5,20 e a DQO, causando alteração no ecossistema aquático. Na legislação brasileira não
existe limite estabelecido para esse parâmetro; a recomendação é de que os óleos e as graxas
sejam virtualmente ausentes para as classes 1, 2 e 3.
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m) Micropoluentes Orgânicos: Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais
através das descargas de efluentes industriais. Indústrias de processamento da borracha, de
colas e adesivos, de resinas impregnantes, de componentes elétricos (plásticos) e as
siderúrgicas, entre outras, são responsáveis pela presença de fenóis nas águas naturais.
Os fenóis são tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e aos microrganismos
DDT: O DDT e seus metabólitos podem ser transportados de um meio para outro, no
ambiente, por processos de solubilização, adsorção, bioacumulação ou volatilização.
n) Micropoluentes Inorgânicos:
Zinco: O zinco é também bastante utilizado em galvanoplastias na forma metálica e de
sais tais como cloreto, sulfato, cianeto, etc. A presença de zinco é comum nas águas naturais,
excedendo em um levantamento efetuado nos EUA a 20 mg/L em 95 dos 135 mananciais
pesquisados.
Sódio: Todas as águas naturais contêm algum sódio já que seus sais são na forma de
sais altamente solúveis em água, podendo ser considerado um dos elementos mais abundantes
na Terra. Ele se encontra na forma iônica (Na+), e na matéria das plantas e animais, já que é
iônico.
Potássio: É encontrado em concentrações baixas nas águas naturais já que rochas que
contenham potássio são relativamente resistentes à ações do tempo. Entretanto, sais de
potássio são largamente usados na indústria e em fertilizantes para agricultura.
Níquel: O níquel é também utilizado em galvanoplastias. Estudos recentes
demonstram que é carcinogênico.
Mercúrio: O mercúrio é largamente utilizado no Brasil nos garimpos, no processo de
extração do ouro (amálgama). É altamente tóxico ao homem, sendo que doses de 3 a 30
gramas são fatais.O peixe é um dos maiores contribuintes para a carga de mercúrio no corpo
humano.
Cobre: O cobre ocorre geralmente nas águas, naturalmente, em concentrações
inferiores a 20 µg/L. Quando em concentrações elevadas, é prejudicial à saúde e confere sabor
às águas.
Chumbo: O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos, nestes
últimos, naturalmente, por contaminação e na embalagem.
O chumbo é padrão de potabilidade, sendo fixado o valor máximo permissível de 0,03
mg/L pela Portaria 1469 do Ministério da Saúde.
Cádmio: O cádmio se apresenta nas águas naturais devido às descargas de efluentes
industriais, principalmente as galvanoplastias, produção de pigmentos, soldas, equipamentos
eletrônicos, lubrificantes e acessórios fotográficos. É também usado como inseticida. A
queima de combustíveis fósseis consiste também numa fonte de cádmio para o
ambiente.Apresenta efeito crônico, pois concentra-se nos rins, no fígado, e pâncreas.
Alumínio: O alumínio é produzido e consumido em grandes quantidades em muitas
nações, sendo o Brasil um grande produtor, em torno de 762.000 t/ano.
o) DQO: É a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica
através de um agente químico. Os valores da DQO normalmente são maiores que os da
DBO5,20, sendo o teste realizado num prazo menor. O aumento da concentração de DQO num
corpo d'água se deve principalmente a despejos de origem industrial.
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p) DBO: A DBO5,20 de uma água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a
matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável. A
DBO5,20 é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido durante um
determinado período de tempo, numa temperatura de incubação específica. Um período de
tempo de 5 dias numa temperatura de incubação de 20°C é freqüentemente usado e referido
como DBO5,20.
3- Parâmetros Biológicos
a) Coliformes termotolerantes: As bactérias do grupo coliforme são consideradas os
principais indicadores de contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um número
de bactérias que inclui os generos Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria,
Cryptosporidium sp e Giardia sp. As doenças parasitárias representam uma parcela
significante de casos de morbidade e mortalidade e, a Giardia lamblia e Cryptosporidium
parvum estão entre os protozoários capazes de causar diarréias graves tanto em indivíduos
imunocompetentes quanto imunodeficientes.
b)Variáveis Hidrobiológicas: A clorofila é um dos pigmentos, além dos carotenóides e
ficobilinas, responsáveis pelo processo fotossintético. A clorofila a é a mais comum das
clorofilas (a, b, c, e d) e representa, aproximadamente, de 1 a 2% do peso seco do material
orgânico em todas as algas planctônicas.
c) Comunidade fitoplanctônica: A comunidade fitoplanctônica pode ser utilizada como
indicadora da qualidade da água, principalmente em reservatórios, e, a análise da sua estrutura
permite avaliar alguns efeitos decorrentes alterações ambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho obteve seus resultados positivos e satisfatórios do ponto de vista
pedagógico e didático para a aprendizagem dos alunos em relação ao objetivo determinado
para o mesmo. Pois após os alunos terem conhecido os métodos de tratamento que ocorrem na
Estação de Tratamento de Água (ETA 3) de Cascavel pela Companhia de Saneamento do
Estado do Paraná – SANEPAR, para a água que os cidadãos cascavelenses consomem.
Dessa maneira, pode-se utilizar em sala de aula conceitos, princípios e fórmulas
relacionadas a química inorgânica e orgânica relacionadas ao tratamento da água para com os
alunos do primeiro e segundo ano do Curso Técnico em Administração.
Após a visita técnica a disciplina de química tornou-se agradável e importante para o
dia a dia dos alunos, pois eles conseguiram relacionar a teoria com a prática. Conseguiram ver
e encontrar a aplicação prática da química em tudo o que nos rodeia, tornando o estudo da
mesma “gostoso” e “importante” como os alunos mesmo conceituaram.
Por conseguinte, as notas dos mesmos melhoraram muito em relação ao período de
estudo apenas na sala de aula. Outro ponto positivo levado em consideração é que cursos
técnicos necessitam dessas práticas para que os mesmos mantenham a sua característica de
aprendizagem teórica e prática.
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REFERÊNCIAS
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SPERLING, Von M. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos.
UFMG,1996.
PORTARIA 518/04 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, Governo Federal. 2004.
SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular.
Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 120 p.
SIPPERT, L.; SCHEREN, M. A. Análise Sobre a Constituição do Professor: À Luz dos Estudos de
Michael Foucault. Revista Faísa online. V.1.N 2. 2012.
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A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇAO AMBIENTAL E A
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL NA GESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE SEDE NOVA/RS
Mara Adriane Scheren (PFM)
1,
Luciane Sippert (PQ)2.
Resumo: Metade da população mundial é pobre, sobrevivendo com menos de 2 (dois) dólares por dia. A saúde
do pobre é adversamente afetada; primeiro, por má-nutrição e em segundo lugar por sistemas de saneamento
básico deficiente. Assim, este trabalho aborda uma proposta metodológica para a Gestão integrada de Resíduos
Sólidos, tomando-se como instrumento de pesquisa os recursos humanos da Administração Municipal de um
Município a Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Sede Nova. A pesquisa foi realizada com uma
abordagem sócio-cultural, envolvendo a questão do gerenciamento dos resíduos sólidos no município. Os
resultados evidenciaram que a maioria dos entrevistados possui uma consciência para com a questão da
Educação Ambiental um tanto debilitado, ou poder-se-ia dizer, limitada. Revelando ausência de conhecimento e
informação sobre o assunto. Conclui-se que não é tão difícil a mudança de paradigmas sócio-culturais-
ambientais, é apenas uma questão de educação, que a população está receptiva para a nova política ambiental,
requerendo apenas trabalho e investimento na área.
Palavras Chave: resíduos sólidos, CITRESU e Educação Ambiental.
Abstract: Half of the population in the world is poor, surviving with fewer than two dollars per day. The health
of the poor is advisedly affected; in first place by an bad nutrition and in second place by systems of defectives
basic sanitation. Thus, this paper approaches a methodological proposal for the integrate management of solid
residues, taking as instrument of research the human resources of the Municipal Administration of Northwestern
of the State of Rio Grande do Sul-Sede Nova. The research was performed with an approach social-cultural,
covering the question of management of solid residues at the local. The results proved that the most interviewed
have the conscience of the question about the Environmental Education that is kind of defective or limited. It
reveals the absence of knowledge and information about the subject. Concludes that it’s not so difficult the
changes of the models social-cultural-environmental, it’s only an education question that the population is
receptive for the new environmental politic, requiring only the work and investment in the area.
Keywords: solids residues, CITRESU and environmental education
INTRODUÇÃO
Estima-se que o país gere por dia uma média de 150 mil toneladas de lixo urbano e
que somente 65% deste total seja coletado. Os estudos efetuados pelo IBGE em 2010 indicam
1 Mestre em Agronomia, Profª dos cursos Tecnólogo em Gestão Ambiental - UNIVEL – PR e Técnico
em Química – SEED/PR e Consultora Ambiental. [email protected]. 2 Profª. Mestre em Educação nas Ciências, Coordenadora de extensão da FAÍSA FACULDADES.
Santo Augusto- RS. [email protected].
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que uma média de 75% de todo o lixo gerado no país tem como destino final os despejos a
céu aberto, conhecidos como lixões.
Esta é uma prática condenável do ponto de vista sanitário, pelos vários problemas que
causam ao meio ambiente e à saúde das populações. O restante do lixo gerado, que não é
depositado nos lixões, tem sido confinado em aterros que, com raríssimas exceções, poluem
da mesma forma que aqueles. Dados publicados pela Organização Mundial de Saúde (série
ambiental n 12) registram que 955 dos leitos hospitalares são ocupados por pessoas
portadoras de doenças provocadas pela falta de saneamento ambiental, onde o lixo tem grande
parcela de contribuição. Em complementação, a Agenda 21 (RJ1992) cita que, até o final
deste século, cerca de 4 milhões de crianças morrerão em conseqüência de doenças
provocadas pelo lixo (Neto, 2008).
“Toda natureza é um serviço. Serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva. Onde
houver uma árvore para plantar, plante-a você. Onde houver um erro para corrigir,
corrija-o você. Onde houver um trabalho e todos se esquivam, aceite-o você.”
Assim, é a Educação Ambiental implícita no trecho do poema citado acima de
Gabriela Mistral (Prêmio Nobel da Paz, 1998, apud Muller, 1998), demonstra que é uma
forma prática educacional sintonizada com a vida em sociedade e que deve ser adotada por
todo e qualquer cidadão.
Dessa maneira, este projeto foi argumentado e elaborado levando em consideração a
necessidade de um trabalho interdisciplinar entre as Secretarias que compõem a
Administração Municipal de Sede Nova/RS, município de porte pequeno, situado a Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul. Com a finalidade de obter-se melhores resultados na
Campanha de conscientização/sensibilização e divulgação que está em andamento desde 1999
para a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos através do Consórcio Intermunicipal de
Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos – CITRESU (FRIZZO, 1999).
O Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos urbanos - CITRESU,
visa o tratamento do Lixo orgânico ou úmido, seco ou reciclável, contaminado, tóxico e
material de rejeito. Essa separação é realizada através da coleta seletiva em cada Município
integrante do Consórcio.
O lixo orgânico composto por papel higiênico, restos de alimentos, cascas de frutas, e
outros componentes quando chega ao CITRESU, passa por uma esteira para ser melhor
selecionado. Posteriormente é conduzido ao pátio de compostagem, onde através de um
processo físico-químico se obterá o adubo orgânico para ser utilizado na agricultura.
O lixo seco ou reciclável é classificado como metais, vidros, certos plásticos, papelão
e outros, quando chegam ao CITRESU, são conduzidos diretamente para o barracão do “Lixo
reciclável”. Onde os funcionários do CITRESU separam, prensam e embalam esses materiais
segundo a sua natureza para ser enviado as usinas de reciclagem.
Os materiais contaminados são os originários de casa de tratamento de saúde como
hospitais, consultórios e laboratórios. Recolhidos em separado, são conduzidos diretamente
para o aterro séptico quando chegam ao CITRESU.
Os materiais considerados tóxicos são caracterizados por pilhas elétricas, embalagens
e restos de remédios, embalagem de venenos domésticos e lâmpadas fluorescentes, quando
chegam ao CITRESU, são conduzidos diretamente ao aterro séptico, sendo muitas vezes
enviados para campanhas de materiais tóxicos em outros locais.
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O material de rejeito é formado por certos plásticos (sem comercialização ainda),
roupas, sapatos, etc. E segue para os aterros próprios dentro da usina, ou seja, os aterros de
rejeito (FRIZZO, 1999).
O trabalho entre as Secretarias Municipais ocorreu de forma a integrar a Educação
Ambiental nas suas tarefas e funções levando a uma verdadeira conscientização, a mudança
de paradigmas e de concepções culturais, o que permitiu alcançar as condições necessárias
para que o governo municipal assumisse um papel ativo na gestão das questões ambientais
locais.
Conceituação histórica e fundamentação da Educação Ambiental no mundo e no Brasil
As décadas de 1970/1980 marcaram o início das lutas sociais organizadas em nível
mundial, dentre as quais o movimento Hippie, a luta dos negros americanos pela cidadania, as
lutas das mulheres pela igualdade de direitos com os homens, entre outras. No bojo desses
acontecimentos, tiveram início os movimentos de defesa da ecologia e do meio ambiente, cujo
marco foi à publicação do livro “Primavera Silenciosa” (1962), da americana Raquel Carson.
A partir dessa publicação, que repercutiu no mundo inteiro, os militantes dos
movimentos ambientalistas e a Organização das Nações Unidas (ONU) realizaram vários
eventos internacionais que abordaram a questão da preservação e da educação ambiental.
O primeiro evento foi a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente
(1972), conhecida como Conferência de Estocolmo. Com a participação de 113 países, esse
evento, que denunciou a devastação da natureza que ocorria naquele momento, deliberou que
o crescimento humano precisaria ser repensado imediatamente (PEDRINI: 1998, p. 26).
Nesse encontro, foram elaborados dois documento a “Declaração Sobre Meio Ambiente
Humano” e o “Plano de Ação Mundial”.
A principal recomendação dessa conferência foi a de que deveria ser dada ênfase à
educação ambiental como forma de se criticar e combater os problemas ambientais existentes
na época. É importante lembrar que nesse evento os países subdesenvolvidos não pouparam
críticas aos países ricos, por acreditarem que estes queriam limitar o desenvolvimento
econômico dos países pobres “usando políticas ambientais de controle da poluição como meio
de inibir a competição no mercado internacional”. (DIAS, 2003).
Em função da Conferência de Estocolmo, o governo brasileiro, pressionado pelo
Banco Mundial, criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente, com o objetivo de
implementar uma gestão integrada do meio ambiente. Esse órgão possuía apenas três
funcionários, o que mostrava o descaso da ditadura militar com as questões ambientais em
nosso país. De acordo com Perini (1998), o plano de ação dessa conferência sugeria a
capacitação dos professores, assim como uma metodologia de ação para a educação ambiental
em nível mundial. Tendo em vista essa política, foram realizadas mais três conferências
internacionais sobre educação ambiental entre as décadas de 1970/1980.
A disseminação da Educação Ambiental deveria se dar via educação formal e
informal, atingindo a todas as faixas etárias. Tendo em vista essa diretriz, caberia a cada país
implantar sua política nacional de educação ambiental por meio dos órgãos educacionais e de
controle ambiental.
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No Brasil, essa política foi implementada pelo Ministério da Educação, a partir do
documento denominado “Ecologia: uma proposta para o ensino de 1º e 2º graus”. Essa
proposta, simplista e contrária às deliberações da Conferência de Tbilisi, tratava a educação
ambiental no âmbito das ciências biológicas, como queriam os países desenvolvidos, sem
tocar na questão cultural, social e política. (DIAS, 2003).
A partir da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em
Tbilisi (EUA), em 1977, inicia-se um amplo processo em nível global orientado para criar as
condições que formem uma nova consciência sobre o valor da natureza e para reorientar a
produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da
complexidade. Esse campo educativo tem sido fertilizado transversalmente, e isso tem
possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e
inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de formação.
O documento da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade,
Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, realizada em Tessalônica (Grécia),
chama a atenção para a necessidade de se articularem ações de Educação Ambiental baseadas
nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e
participação e práticas interdisciplinares (SORRENTINO, 1998).
Segundo Dias (2003), a Rio-92 reafirmou a tese da Conferência de Tbilisi, principalmente
aquela que dizia respeito à interdisciplinaridade da Educação Ambiental, priorizando três metas:
a) reorientar a educação ambiental para o desenvolvimento sustentável; b) proporcionar
informações sobre o meio ambiente, de forma a conscientizar a população sobre os problemas que
estavam ocorrendo no planeta; c) promover a formação de professores na área de Educação
Ambiental.
Dentre as transformações mundiais das duas últimas décadas, aquelas vinculadas à
degradação ambiental e à crescente desigualdade entre regiões assumem um lugar de destaque no
reforço à adoção de esquemas integradores. Articulam-se, portanto, de um lado, os impactos da
crise econômica dos anos 1980 e a necessidade de repensar os paradigmas existentes; e de outro, o
alarme dado pelos fenômenos de aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, dentre
outros problemas.
Segundo Reigota (2008) e Vigotski (2012), a Educação Ambiental aponta para propostas
pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de
competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Para Pádua e Tabanez
(2005), a Educação Ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e
aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia
dos indivíduos com o meio ambiente.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida no Município de Sede Nova/RS, junto aos recursos
humanos das Secretarias Municipais que compõem a Administração Municipal. Foram
formuladas várias hipóteses e questionamentos sobre o andamento da campanha de
conscientização/sensibilização e implantação do projeto desde 1999 para a Gestão de
Resíduos Sólidos Urbanos através do Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos
Sólidos Urbanos – CITRESU (FRIZZO, 1999). Esses questionamentos foram entregues aos
componentes de cada secretaria da Administração Municipal para posterior preenchimento.
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Após 15 (quinze) dias, o questionário para a realização do diagnóstico sobre Resíduos
Sólidos aos funcionários da Administração Municipal do Município de Sede Nova/RS foi
recolhido e as respostas analisadas.
Secretarias que compõem a Administração Municipal de Sede Nova/RS:
- Secretaria Municipal da Agricultura
- Secretaria Municipal da Saúde, Assistência Social e Trabalho
-Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Desporto.
- Secretaria Municipal de Obras e Viação
- Secretaria Municipal da Administração
- Secretaria Municipal do Planejamento
- Secretaria Municipal da Fazenda
A apreciação dessas informações possibilitou a confecção de uma estratégia
metodológica mais adequada para a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos no
Município. E uma visão ampla e real da atual situação dos funcionários da Administração
Municipal com relação a sua consciência ambiental voltada para os resíduos sólidos.
Em seguida, trabalhou-se um programa integrado com as Secretarias Municipais e os
Recursos Humanos visando um melhor aproveitamento das informações colhidas para a
campanha de conscientização/sensibilização e implantação do projeto desde 1999 para a
Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Sede Nova/RS.
Nesse Programa integrado com as Secretarias Municipais tentou-se trabalhar as
deficiências apresentadas pelos recursos humanos detectadas através do questionamento. Esse
programa englobou a confecção de panfletos conceituando os serviços necessários para o
gerenciamento integrado/compartilhado do lixo a fim de atingir resultados positivos na
campanha de Gestão de Resíduos Sólidos a qual o Município está engajado desde 1999
através do Consorcio CITRESU.
Como também expor através de palestras aos funcionários da Administração
Municipal durante as tarefas das mesmas o objetivo e a importância do tratamento e destino
adequado do lixo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A maioria dos entrevistados respondeu a primeira pergunta: ”O que você entende por
lixo?” Que lixo era aquilo que “sobrava” do uso dos produtos manufaturados. E que poderia
ser reaproveitado segundo técnicas adequadas de reuso. Apenas 1 % se referiu ao lixo como
algo sem utilidade (Figura 1).
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Figura 01: Percentual de respostas aferidas pelos Recursos Humanos da Administração Municipal sobre
o que se entendia por lixo.
Dos entrevistados, 90% definiram lixo orgânico como ‘úmido“ e o inorgânico como
“seco” (Figura 2). Esse resultado, provavelmente foi devido as campanhas de orientação a
respeito da coleta seletiva que vem sendo realizada desde 1999 no município. Onde, nos
panfletos informativos aparece lixo orgânico ou úmido e lixo inorgânico ou seco.
Figura 02: Percentual de respostas em relação à nominação sobre a classificação do resíduo (lixo) em Lixo
orgânico e Inorgânico.
Nenhum dos entrevistados utilizou a denominação químico-biológica, para
caracterizar os resíduos. Segundo Reinfeld, 1994, há três áreas principais a se investigar: as
características físicas, químicas e biológicas do lixo, pois somente o estudo da população
microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo urbano, ao lado das suas
características químicas, permite que sejam discriminados os métodos de tratamento e
disposição mais adequados. E nessa área, são necessários procedimentos de pesquisa.
99%
1% REAPROVEITADO
NÃO REAPROVEITADO
90%
10%
ORGÂNICO OU INORGÂNICO
NÃO SABIAM RESPONDER
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A maior quantidade de lixo gerada pelos munícipes sedenovenses em suas residências
ficou a cargo do lixo orgânico. Já no trabalho a maior quantidade de lixo produzido foi papel
seguido de plástico. E em ambientes sociais o vidro e alumínio.
Dos Recursos Humanos questionados, 100% alegaram que enviam os seus resíduos
sólidos para o Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos –
CITRESU, não havendo outra fonte de descarte dos materiais.
Pois o lixão que era o descarte primário dos resíduos desse município e o aterro sanitário,
descarte secundário, foram desativados em cumprimento a legislação ambiental Estadual do
Rio Grande do Sul para os resíduos sólidos segundo Lei n 9.921, de 27 de julho de 1993 que
dispõe da Gestão dos Resíduos Sólidos no Estado do Rio Grande do Sul. E o decreto n
38.356, de 1 de abril de 1998 que aprova o regulamento da Lei 9.921, de 27 de julho de 1993
que dispõe sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos no Rio Grande do Sul.
Dos entrevistados, 50% responderam que não consideram difícil separar o lixo, que
com o “passar do tempo se torna habitual, bastando apenas possuir força de vontade”.
Àqueles que consideravam difícil no início da campanha a separação dos resíduos sólidos,
concluíram que era devido à falta de informação, mas no momento em que isso foi sanado, a
resistência diminuiu (Figura 3).
Figura 3: Percentual em relação à separação correta do lixo pelos Recursos Humanos.
Em uma linguagem simples e coloquial todos responderam que reciclagem “era o
método de reaproveitar e ou reutilizar os resíduos abandonados após o uso”. A resposta a essa
pergunta reflete muito bem como a campanha sobre a coleta seletiva foi conduzida no
Município. Essa resposta veio de encontro ao conceito exposto por Vilhena, 2006 sobre
reciclagem, onde ele afirma que reciclar é por definição a recuperação e ou a reutilização de
materiais descartados (lixo).
Em relação à sigla CITRESU não houve 100% de acerto, alguns deixaram em branco
a pergunta (Figura 4). Foi surpresa, pois a campanha sobre o CITRESU foi acirrada no
município. Uma das explicações para o fato talvez seja a denominação popular do CITRESU,
50% 50%
RESISTÊNCIA
NÃO RESISTÊNCIA
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168 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
usina de reciclagem, que dificultou o entendimento da sigla por parte dos munícipes, ou seja,
dos Recursos Humanos da Prefeitura Municipal de Sede Nova. Mas a maioria superou as
expectativas respondendo que o CITRESU é o Consórcio Intermunicipal de Tratamento de
Resíduos Sólidos Urbanos.
Para este questionamento ficou bem claro que “aqueles ditados que se tornam
populares” entre uma população vigora em suas atitudes definindo seu modo de ser, pensar e
agir. Por isso acredito que é imprescindível, pelos dados da pesquisa, que a população receba
a informação correta, científica e clara. Pois além de ser uma maneira correta de educar é um
modo informação e cultura.
Dos entrevistados, 90% alegaram que o CITRESU é a solução final para o descarte do
lixo produzido. Um apontamento interessante está no fato de que as mesmas pessoas que
deixaram de responder algumas perguntas sobre o que seria lixo orgânico ou inorgânico, e de
quem era a responsabilidade de gerenciar o lixo e o que era reciclar, afirmaram que o
CITRESU era a solução para o destino final dos resíduos sólidos por eles produzidos. Dando
a interpretar que tanto fazia se os resíduos seriam enviados para o CITRESU ou não.
Aqueles que responderam que o CITRESU não seria a solução para o destino final do
seu lixo aparentaram possuir uma compreensão maior do problema acerca dos resíduos
sólidos, como também, pelo grau das respostas das outras perguntas. A maioria dos
entrevistados os quais responderam que o CITRESU não seria a solução para o destino final
do seu lixo produzido, explicaram-se alegando que o CITRESU estava com problemas na sua
administração. Sendo a construção física elogiada pelos mesmos.
Figura 04: Valores obtidos em relação ao conhecimento da sigla CITRESU aos RH da Administração
Municipal.
Em torno de 80% dos Recursos Humanos da Administração Municipal de Sede Nova
respondeu que não conhece o CITRESU. Fato que pode contribuir para um ponto negativo na
campanha de conscientização sobre a coleta seletiva. Pois os Recursos Humanos desta
instituição deveriam dar o exemplo em primeiro lugar para os munícipes. Tornando real a
assertiva: “ele faz, então eu também vou fazer”.
70%
30%
CITRESU
NÃO SOUBERAM
RESPONDER
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Os entrevistados que já visitaram o CITRESU, alegaram falta de organização por parte
da administração. Mas a estrutura física do CITRESU foi elogiada pelos entrevistados que o
visitaram (Figura 5).
Figura 5: Dados em relação ao percentual dos Recursos Humanos que conhecem o CITRESU, sua
estrutura física e funcionamento.
Em cima desses dados montou-se o plano de Gestão para os Resíduos Sólidos Urbanos
deste Município, levando em consideração as informações obtidas através do questionário
respondido pelos mesmos. Confeccionaram-se panfletos para suprir a deficiência exposta
pelos recursos humanos em relação à campanha de conscientização/sensibilização para a
gestão dos resíduos sólidos e foram entregues aos recursos humanos da Administração
Municipal.
As Secretarias Municipais, principalmente a Secretaria Municipal da Saúde,
Agricultura e Meio Ambiente e Ação Social cederam espaço nos seus projetos para a questão
do tratamento dos resíduos sólidos, levando informação aos munícipes e aos próprios recursos
humanos dessas secretarias. Expondo e explicando o projeto em andamento no município
sobre o Tratamento e Destino adequado do lixo. Concretizando dessa maneira a integração
entre a respectiva campanha e a Administração Municipal para que o mesmo pudesse obter
êxito.
Motivando e ensinando os recursos humanos dessa Administração Municipal para que
fizessem em suas residências a separação correta do seu lixo gerado, tornando-se assim
disseminadores da campanha de Tratamento e Destino adequado dos Resíduos Sólidos
Urbanos do Município de Sede Nova/RS. Demonstrando que a mudança de hábitos
educacionais se inicia “dentro de casa”.
Pois, conscientizando-se os Recursos Humanos da Administração Municipal, a própria
Administração dá exemplo de ordem na “casa” e preocupação com o social nos seus projetos.
Motivando dessa maneira os munícipes a seguirem o mesmo caminho.
80%
20%
VISITARAM
NÃO VISITARAM
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que com uma base sólida para a Gestão de Resíduos Sólidos a partir dos
Recursos Humanos da Administração Municipal e um plano específico e qualificado de
Gestão de Resíduos Sólidos desenvolvido para a população pode-se obter um percentual alto
de resultados positivos.
Não se desperdiça tempo e nem Recursos Humanos utilizando-se a integração nos
vários setores da Administração para se trabalhar a implantação e a manutenção de um plano
de Gestão de Resíduos Sólidos.
Os funcionários desenvolveram conceitos e uma consciência correta em relação à
Gestão de Resíduos Sólidos, tornando-se colaboradores para a disseminação dos mesmos para
a população Municipal.
REFERÊNCIAS
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2003.
FRIZZO, E. CITRESU- Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos
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NETO, J. T. P. (Consultor da ONU/OMS na área de Resíduos Sólidos, Prof. Titular da UFV
– Ph.D- e Coordenador do Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental –
LESA/DEC/UFV). Revista Ação Ambiental- Ano I- n I-Agosto e Setembro, 2008.
MÜLLER, J. Educação Ambiental – Diretrizes para a Prática Pedagógica. Porto Alegre.
Editora FAMURS, 1998.
PÁDUA, S.; TABANEZ, M. (orgs.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil.
São Paulo: Ipê, 2005.
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contemporâneas. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
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p.43-50.
REINFELD, N.V. Sistemas de Reciclagem Comunitária. Do projeto a Administração.
Tradução José Carlos B. dos santos; Revisão Técnica Rogério Raupp Ruschel. São Paulo:
Editora Makron Books, 2010.
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
171 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
RIO GRANDE DO SUL (Estado), 1993. Lei n 9.921, de 27 de julho de 1993. Dispõe da
Gestão dos Resíduos Sólidos no Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS: Gabinete do
Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Antônio Britto.
RIO GRANDE DO SUL, 1998. Decreto n 38.356, de 1 de abril de 1998. Aprova o
regulamento da Lei 9.921, de 27 de julho de 1993 que dispõe sobre a Gestão dos Resíduos
Sólidos no Rio Grande do Sul. Diário Oficial do Estado, Porto Alegre, RS.
SORRENTINO, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. In: JACOBI, P.
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Disponível em: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20. Acesso em 30 de maio de
2012.
VILHENA, A. T. “A Coleta Seletiva de lixo: uma proposta de programa de gestão
integrada" Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Agosto de 2006.
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AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS:
DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES PARA
REALIZAR AS MESMAS EM SALA DE AULA.
Luciane Sippert (PQ)1,
Mara Adriane Scheren (PQ)2,
Francieli Fernanda Schaffer (PG)3
Micheli Jaqueline Lemos(PG)4
Resumo: Considerando que nos dias de hoje o tema aula experimental esta sendo discutido em documentos,
congressos, revistas e meios de comunicação. Sentimos a necessidade de ampliar o nosso conhecimento sobre o
que é realmente experimentação. Uma vez que acreditamos que este tema é de suma importância para nós
professores de Ciências e que devemos ministrar nossas aulas com este método. Pois compreendemos que a
maioria dos alunos aprende observando, discutindo suas ideias, através de visitas e viagens bem planejadas pelo
professor, através da observação as plantas e animais e em atividades realizadas em laboratórios de ciências.
Para realizar a entrevista, foram entrevistados professores de ciências da rede pública de dois municípios de
nossa região. Entrevistamos os mesmos e em seguida analisamos suas respostas com o objetivo de identificar se
á dificuldades ou não para se realizar aulas experimentais com seus alunos. Entendendo que aulas experimentais
não são somente as realizadas em laboratórios de ciências; trazemos como alternativa para minimizar as
dificuldades dos professores ideias simples, porém que podem ser realizadas nas escolas como alternativas que
contribuirão para um bom aprendizado dos alunos. Queremos aqui incentivar os professores a explorar o
máximo de recursos possíveis que o mesmo dispõe em suas aulas.
Palavras Chave: aula experimental, ensino de ciências, educação
Abstract: Whereas nowadays the subject trial class is being discussed in documents, conferences, magazines
and media. Feel the need to broaden our knowledge about what is actually trial. Since we believe that this issue
is of paramount importance to us and that science teachers should teach our classes with this method. Because
we understand that most students learn by observing, discussing their ideas through visits and trips planned by
the teacher and by observing plants and animals and activities in science labs. To conduct the interview,
respondents were science teachers in public in two municipalities in our region. We interviewed them and then
analyze their responses in order to identify whether or not it will be difficult to conduct experimental classes
with their students. Understanding that experimental classes are not only made in science labs; bring as an
alternative to minimize the difficulties of teachers simple ideas, but that can be performed in schools as
alternatives that contribute to a good student learning. We wish to encourage teachers to explore as much
resources as possible to the same features in their classes.
Keywords: trial lesson, teaching science, education
INTRODUÇÃO
1 Profª. Mestre em Educação nas Ciências do ensino básico do Estado do Rio Grande do Sul e Coordenadora de
extensão da FAÍSA FACULDADES. Santo Augusto- RS. [email protected]. 2 Mestre em Agronomia, Profª dos cursos Tecnólogo em Gestão Ambiental - UNIVEL – PR; Técnico em
Química – SEED/PR e Consultora Ambiental. [email protected]. 3-4 Pós graduanda em Ciências da Educação pela FAÍSA FACULDADES. Santo Augusto-RS.
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Sentimos a necessidade de ampliar o nosso conhecimento sobre o que é realmente
experimentação. Uma vez que acreditamos que este tema é de suma importância para nós
professores de Ciências e que devemos ministrar nossas aulas com este método. Pois
compreendemos que a maioria dos alunos aprende observando, discutindo suas ideias, através
de visitas e viagens bem planejadas pelo professor, através da observação as plantas e
animais. Ou ainda por uma aula desenvolvida no laboratório de ciências. Sabemos que nesses
momentos os alunos se sentem a vontade para expor e discutir suas ideias. É nessa hora que o
professor deve intermediar o conhecimento, e assim ampliar o seu e o dos seus alunos, sempre
incentivando a pesquisa em sala de aula.
Porém também sabemos que existem escolas e professores que não valorizam este
método de ensino tão valioso, tendo seus laboratórios abandonados, reagentes vencidos,
vidrarias quebradas, há também os casos onde muitas vezes não é realizado viagens de estudo;
ou fazem as mesmas somente para passeio, também podemos trabalhar atividades
experimentais através de filmes, porém os filmes devem estar ligados aos conteúdos que estão
sendo trabalhados, e o professor deve saber intermediar o conhecimento entre o filme e o
conteúdo que esta sendo trabalhado.
Vale ressaltar que existem professores que se envolvem e se empenham para dar o seu
melhor e desenvolver atividades experimentais que irão discutir com os alunos sobre os
conteúdos trabalhados em sala de aula, sendo que alguns até improvisam para realizar
atividades experimentais em suas aulas.
Esperamos com este trabalho identificar quais são as maiores dificuldades enfrentadas
pelos professores da rede pública de Humaitá e Sede Nova para realizar aulas experimentais,
para após tentar auxiliar os mesmos a introduzirem aulas experimentais em seu trabalho, com
métodos simples, porém eficazes.
Entendemos que os professores precisam saber como trabalhar com os equipamentos
básicos de um laboratório de ciências, é necessário também saber trabalhar com os
imprevistos que possam acontecer em um experimento, também são necessários
equipamentos de segurança e primeiros socorros em todos os laboratórios caso ocorra algum
acidente.
Percebemos que as atividades experimentais realizadas com os alunos abrem um
espaço muito grande para os mesmos interagirem com seus colegas e com nós professores, o
que sentimos é que eles ficam mais próximos de nós, se sentem mais a vontade para expor as
suas ideias, defender as mesmas. Uma hipótese em que acreditamos é que os mesmos saem
daquela tabulação em que cada um tem que estar sentado no seu lugar, pois é no laboratório,
ou fora da sala de aula que eles se movimentam discutem, trocam informações, coisas que
muitas vezes na sala de aula, os mesmos não estão a vontade ou nem podem fazer.
Cremos que apenas “receber o conteúdo da boca do professor” muitas vezes não é
suficiente para nossos alunos hoje em dia, os alunos precisam ir muito além desta forma de
aprendizado, é necessário propor a eles que busquem, pensem e reflitam sobre os temas que
estão sendo abordados e assim formem suas opiniões; para isso é necessário fazer com que os
alunos pensem, não podendo receber tudo pronto.
E esta aí a dificuldade enfrentada por nós professores todos os dias, muitas vezes não
temos tempo de planejar aulas como queríamos, ou então levaremos “serviço para casa”
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sendo assim o professor acaba se acomodando somente com livros didáticos e alguma
pesquisa que vai um pouco além do que o livro didático traz para a sala de aula.
O professor precisa de tempo para planejar muito bem as suas aulas, verificar qual a
melhor maneira para os alunos investigarem o tema proposto e pensarem sobre o mesmo,
precisamos de acesso a internet, cursos que aperfeiçoam essa prática, laboratórios equipados
para realizar aulas experimentais, equipes que se disponibilizam para fazer viagens de estudo
quando o professor solicita, enfim há todo um ciclo necessário para uma aula ser bem
planejada e desenvolvida.
METODOLOGIA
Iniciando a pesquisa
Para dar inicio a entrevista com os professores da área de Ciências da rede pública foi
montado um questionário com as seguintes perguntas: 1) Você professor costuma realizar
aulas experimentais em suas aulas de ciências? Sim ou não. Justifique e fale como as mesmas
são. 2)Você sente dificuldades para realizar aulas experimentais no ensino de Ciências
Naturais, se sim quais são elas? 3)Você tem instalações e reagentes adequados para realizar
estas aulas em sua escola? 4) Você professor acha importante desenvolver aulas
experimentais no ensino de ciências? Defenda os motivos pelos quais você acredita que isso
ajuda na aprendizagem dos seus alunos.
Não foi possível entrevistar todos os professores de Ciências da rede pública do
Município de Humaitá e Sede Nova. E para preservar a identidade dos envolvidos não serão
divulgados nomes das escolas e nem dos professores envolvidos na pesquisa.
Dificuldades Enfrentadas pelos Professores para Realizar uma Aula Experimental
Entrevistamos os professores de Ciências e em seguida analisamos suas respostas com
o objetivo de identificar se á dificuldades ou não para se realizar aulas experimentais com
seus alunos.
Aproveitamos também o momento da entrevista para identificar se os professores
acham ou não importante realizar estas atividades em suas aulas.
Durante a pesquisa identificamos que 75% dos professores pesquisados acreditam que
é importante a atividade experimental em suas aulas. Como ressalta CHASSOT, (2003, p.31)
“a nossa responsabilidade maior no ensinar Ciência é procurar que
nossos alunos e alunas se transformem, com o ensino que fazemos, em
homens e mulheres mais críticos. Sonhamos que, com o nosso fazer
Educação, os estudantes possam tornar-se agentes de transformações –
para melhor – do mundo em que vivemos.”
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Com as aulas experimentais temos esta oportunidade de formar nossos alunos pessoas
críticas, capazes de defender a sua própria opinião. O professor é o mediador das conversas,
do conhecimento, é ele que vai fazer com que o aluno pense e reflita sobre as suas ideias para
tentar chegar a melhor conclusão sobre o tema trabalhado, e é isso que precisamos alunos que
aprendam a pensar e defender as suas opiniões.
Outro fator interessante de realizar aulas experimentais é que só pelo fato dos alunos
saírem da rotina daquela tabulação de um aluno sentado atrás do outro, todos em silêncio. Os
mesmos já se interessam pela aula diferenciada, então quanto maior a diversificação das suas
aulas, com o detalhe de que as mesmas devem ser bem planejadas; os alunos já vão se sentir a
vontade para interagir com o professor nas suas aulas. (BENETTI E CARVALHO 2002 apud
CRUZ et al., 2009) afirmam que
“a utilização de diferentes procedimentos de ensino pode fomentar
atitude reflexiva por parte do aluno, na medida em que oferece a este,
oportunidades de participação e vivência em diversas experiências,
desde que seja solicitada a tomada de decisões, julgamentos e
conclusões.”
Os professores relataram na pesquisa que sentem sim dificuldades de realizar aulas
experimentais com seus alunos. As estruturas dos laboratórios geralmente são muito boas,
porém é ressaltado que há falta de equipamentos, vidrarias, reagentes nos laboratórios das
escolas. Quando é quebrado um equipamento muitas vezes o mesmo fica anos sem ser
arrumado, pois há falta de pessoas que concertem certos aparelhos na região.
Foi-nos passado que os alunos gostam muito de ir para o laboratório realizar
atividades práticas, despertando a curiosidade dos alunos fazendo com que os mesmos
participam, interagem com os colegas e professores.
Os professores também falaram que gostam de realizar viagens de estudo e ou visitas.
Sempre que é possível relacionar um conteúdo com a visita planejada, não podendo ser
apenas um passeio. Pois é nestas visitas é notada uma grande participação dos alunos, os
mesmos interagem com os guias e com os professores tiram as suas dúvidas, e aproveitam
para conhecer novos lugares.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Alternativas para Amenizar as Dificuldades Enfrentadas Pelo Corpo Dodente
Após pesquisar, ler artigos, estudar e entrevistar os professores para identificar as
dificuldades enfrentadas nas atividades experimentais em sala de aula. Sugerimos agora
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alternativas para minimizar estas dificuldades enfrentadas pelos professores neste método de
ensino tão importante.
Sabemos que a
“interação das atividades experimentais entre alunos e professores
possibilitam aos alunos avanços nos conhecimentos anteriores.
Entretanto, elas não constituem um recurso autoexplicativo, dependem
da mediação do professor, que detém o conhecimento em discussão de
maneira mais elaborada (PORTO, 2009, p.44).”
Como cita PORTO, primeiramente o professor precisa estar consciente sobre o seu
papel durante a experimentação, ele é o mediador do conhecimento sem o professor aluno não
consegue avançar no conteúdo trabalhado, é necessário intermediar e instigar os alunos a
refletirem sobre o que estão estudando. Quem conduz a conversa é o professor, assim todos
podem obter avanços em seu conhecimento. Sabemos que o aluno precisa “Aprender a
aprender e saber pensar, para intervir de modo inovador, são as habilidades indispensáveis
do cidadão e do trabalhador modernos, para além dos meros treinamentos, aulas, ensinos,
instruções etc (DEMO, 1997, p.09).
Quando bem trabalhados os métodos experimentais o aluno começa a pensar sobre o
que esta aprendendo tirando sua própria conclusão através de diálogos com colegas e
professores. E a “experimentação favorece os questionamentos e a busca pelo conhecimento,
permitindo a inter-relação do aprendido com o que é visto na realidade” PORTO, (2009,
p.43). Simplesmente pelo fato de trazer a realidade para as aulas de Ciências os alunos
despertam um interesse maior em aprender sobre o tema proposto, sendo assim expõe as suas
ideias frente à turma e o professor, se a conversa for bem mediada com certeza sairão bons
resultados referente ao aprendizado dos alunos.
Segundo SILVA, MACHADO E TUNES, (2010, p. 244). Hoje em dia existe a
necessidade de se modificar
“drasticamente o que entendemos por laboratório, ampliando o
conceito de atividades experimentais. Nessa ampliação cabem como
atividades experimentais aquelas realizadas em espaços tais como a
própria sala de aula, o próprio laboratório (quando a escola dispõe), o
jardim da escola, a horta, a caixa d’água, a cantina e a cozinha da
escola; além de espaços existentes no seu entorno, por exemplo
parques, praças, jardins e estabelecimentos comerciais [...]. Também
podem se inserir nessas atividades visitas planejadas a museus,
estações de tratamento de água e esgoto, indústrias e, etc. “
Entendendo que aulas experimentais não são somente as realizadas em laboratórios de
ciências; trazemos como alternativa para minimizar as dificuldades dos professores ideias
simples, porém que podem ser realizadas nas escolas como alternativas que contribuirão para
um bom aprendizado dos alunos.
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Queremos aqui incentivar os professores a explorar o máximo de recursos possíveis
que o mesmo dispõe. Se o mesmo possui laboratório, porém com poucos reagentes e
vidrarias, busque improvisar com copos, e embalagens que poderiam ir para o lixo, e o
professor também pode pedir para os alunos os materiais que o mesmo precisa para a
experiência, muitas vezes os alunos possuem materiais riquíssimos em suas casas que podem
ser aproveitados em suas aulas. Os poucos reagentes que possui, busque utilizar para não
deixar os mesmos vencerem. Os alunos gostam destas práticas.
Uma sugestão para os professores realizarem em sala de aula é: trabalhar bons filmes
com seus alunos. Os mesmos gostam, se interessam e pode ser um bom meio de contribuir
com a sua proposta de aprendizado de todos. E pode ainda ser um meio que desperta o
interesse dos alunos ao conteúdo trabalhado, mas para isso é necessário estudar bem o filme e
deixar bem claro o objetivo do filme para a sua aula. Para isso é bom saber que
“os filmes nem sempre são feitos com objetivos didáticos. Assim, eles
não são uma aula, mas, sim, um recurso que você utilizará. Eles
podem ser utilizados para sensibilizar a turma para determinado tema,
ser a referência para uma discussão, a introdução ou, mesmo, o
fechamento de um estudo, mas é necessário que o aluno tenha clareza
do que se deseja com o filme (PORTO, 2009, p.510).”
Outra proposta que trazemos neste trabalho, que desperta muito interesse para os
alunos são as visitas a empresas, parques, museus e além de unidades de conservação,
“deve-se considerar a riqueza do trabalho de campo em áreas
próximas, como o próprio pátio da escola, a praça que muitas vezes
está a poucas quadras da escola, as ruas da cidade, os quintais das
casas, os terrenos baldios e outros espaços do ambiente urbano, como
a zona comercial ou industrial da cidade, onde poderão ser conhecidos
processos de transformação de energia e de materiais. O
desenvolvimento de atividades em espaços com essas características
traz a vantagem de possibilitar ao estudante a percepção de que
fenômenos e processos naturais estão presentes no ambiente como um
todo, não apenas no que ingenuamente é chamado de natureza. Além
disso, possibilitam explorar aspectos relacionados com os impactos
provocados pela ação humana nos ambientes e sua interação com o
trabalho produtivo e projetos sociais. Nesse sentido, a articulação de
mais de uma área de conhecimento em trabalhos de campo é desejável
para enriquecer o elenco de objetos de estudo e relações a se
investigar. (BRASIL, 1998, p. 126).”
Porém é necessário nestes casos tomar o cuidado de não ter a visita apenas como
atividade de lazer, é importante que o professor repasse aos alunos para os mesmos terem a
clareza dos diferentes conteúdos e objetivos que o professor pretende explorar com esta visita.
Esta definição é fundamental para que a atividade seja bem compreendida pelos estudantes
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(BRASIL, 1998, p.126). Quando os alunos aprendem a observar estes meios, não olhando
apenas a saída da escola como uma visita, mas como uma análise do meio, analisando através
da intervenção do professor, o que a ação humana esta fazendo com este ambiente, se ela esta
preservando ou destruindo. Daí o aluno também pode chegar a uma conclusão e identificar
quais são as vantagens e as desvantagens de cada escolha do ser humano. Quais são os
benefícios de se ter uma área preservada, um recolhimento de lixo adequado, uma reciclagem
adequada entro outros mais.
Nestes momentos de saída da sala de aula para realizar atividades experimentais é
importante pedir aos alunos que “registrem o objetivo da experimentação, o que vão fazer,
que materiais serão utilizados, quais as previsões de resultados e o que poderá acontecer”
PORTO, (2009, p.44). Para que depois sirva como dados para os alunos e professores
voltarem a discutir e revisar a visita em sala de aula, ou quando se é pedido um relatório da
visita os alunos possam ter estes dados para utilizar no mesmo, sem esquecer dos dados
importantes, produzindo assim um relatório com uma boa qualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento deste artigo procuramos identificar as dificuldades
enfrentadas pelos professores para realizar uma atividade experimental nas aulas de Ciências.
Após, identificada as principais dificuldades sugerimos alternativas para os professores
realizarem aulas experimentais com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino das escolas
públicas pesquisadas.
Identificamos as dificuldades e percebemos que os professores possuem maior
dificuldade de realizar atividades experimentais nos laboratórios, pois o laboratório muitas
vezes é um item esquecido nas escolas, não sendo investido em vidrarias e reagentes para se
desenvolver atividades práticas. Entretanto foi destacado que mesmo com estas condições
mínimas encontradas os alunos ainda sim gostam de ir ao laboratório realizar experiências.
Acreditamos que é necessário entrar em contato com as autoridades responsáveis pelas
escolas para conscientizar as mesmas sobre a importância de se investir em atividades
experimentais, para melhorar o aprendizado de nossos alunos durante as aulas. É necessário
conscientizá-los que é preciso comprar produtos de qualidade, vidrarias e equipamentos
básicos para um laboratório, também investir na segurança dos alunos e professores que
possuem aulas no laboratório comprando assim equipamentos de segurança, evitando assim
muitas vezes acidentes, e se mesmo assim acontecer que o mesmo tenha um primeiro socorro
no laboratório evitando assim problemas que poderiam acontecer. Buscar com as autoridades
locais incentivos financeiros para os alunos poderem realizar viagens de estudo com uma
maior frequência com as escolas.
Com o desenvolvimento desta pesquisa observamos que os professores gostam de
realizar atividades experimentais e sempre que possível realizam as mesmas em sala de aula,
buscamos com este trabalho orientar os professores sobre a importância da atividade prática
na vida de um aluno, o quanto a mesma influenciará no aprendizado quando a mesma for bem
instruída pelos professores. Conforme (NÓVOA, 1997, p. 83)
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“O melhor professor será o que tiver uma resposta pronta para a
questão que preocupa o aluno. Estas explicações dão ao professor o
conhecimento do maior número possível de métodos, a capacidade de
inventar novos métodos e, acima de tudo, não provocam uma adesão
cega a um método, mas a convicção que todos os métodos são
unilaterais e que o melhor método será o que der a melhor resposta a
todas as dificuldades possíveis que o aluno tiver, quer dizer, não um
método, mas uma arte e um talento.”
Enquanto professores, temos a missão de formar cidadãos mais críticos, para isso
precisamos instigar os mesmos para relatarem sobre as dúvidas que os afligem, pois estamos
em sala para ensinar os mesmos para a vida, não somente para os mesmos obterem aprovação
no final do ano. Não podemos nos deter apenas com os conteúdos linearmente, devemos
inserir os mesmos na vida dos alunos, para que os mesmos vejam sentido no que estão
estudando em aula.
As atividades experimentais vem para isso, trazer a realidade dos alunos para as suas
aulas, e isso se manifesta no olhar, nas perguntas, no ânimo que os alunos possuem para
estudar quando trazemos algo do seu dia a dia em suas aulas.
Então sugerimos aos professores inovar em suas aulas, buscar através de soluções
simples aulas atrativas que despertem os alunos a ampliarem seus conhecimentos em nossas
aulas.
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Naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. 138 p.
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edição. Ijuí:Ed. Unijuí, 2003. 440p
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL RUMO A SUSTENTABILIDADE
Aline Alves da Silva (IC)1
Aline Viana (IC)2
Fabiana Brandelero (IC)3
Mariane Zelinski (IC)4
Gustavo Henrique dos Reis (IC)5
Laysa da S. Pereira (IC) 6
Resumo: A pesquisa em Educação Ambiental faz parte de um processo educativo que tem por objetivo mudar
valores, para que sejam alcançadas atitudes condizentes com o atual quadro ambiental em que nos encontramos.
Sensibilizando os cidadãos acerca de seus deveres em relação à sustentabilidade ambiental. Dessa forma, a
escola torna-se um ambiente propício para o exercício do ato político voltado para a transformação social tendo
assim a perspectiva de buscar um meio que relacione o homem, a natureza e o universo, com a consciência de
que os recursos naturais não são renováveis e que um dia acabam, sendo o homem o principal responsável pela
sua degradação. Este artigo foi realizado através de pesquisa qualitativa com alunos de 3º ano do ensino médio
de um colégio público, localizado no município de Cascavel – PR. Para a coleta dos dados foi aplicado um
questionário e em seguida os resultados foram analisados de acordo com os pressupostos teóricos de Bardin
(1977). O estudo traz considerações acerca das mudanças de atitudes que devem ocorrer para que se diminuam
os impactos ambientais causados pelo ser humano.
Palavras chave: Educação Básica, Sustentabilidade e Educação Ambiental.
Abstract: The environmental education research is included on a educative process wich purpose change values,
in order to be catch attitudes consistent with environmental status that we added. Sensitizing the citizens around
theirs obligations relation of the environmental sustainability. This way, the school being a propitious place for
the political act exercises turned to social transformation and, like this, have the perspective to search a way to
connect man, nature and universe, with the consciousness of naturals resources are not replaceable and one day
they are over and a man is the principal responsible about this degradation. This article was realized through a
research with 3º year medium education students of a public school in Cascavel –PR. To collect the data a
questionnaire was applied and after analyzed according theoric presupposed of Bardin (1977). The study bring
considerations arounding changes attitudes that have to happens to decrease of environmental impacts caused by
humans.
Keywords: Basic Education, sustainability and Environmental Education.
1 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE – [email protected] 2 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE – [email protected] 3 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE – [email protected] 4 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE – [email protected] 5 Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE – [email protected] 6Graduanda de Ciências Biológicas – Licenciatura, UNIOESTE, Campus Cascavel –PR,
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INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a temática aquecimento global vem sendo alvo de muitas
discussões, onde a falta de conhecimento de nossos antepassados, que não contavam com as
conseqüências da utilização sem medida dos recursos naturais, pode ser um grande agente
influenciador do atual panorama ambiental.
Na atualidade os problemas ambientais vêm preocupando desde os países
desenvolvidos até os subdesenvolvidos. Mas, infelizmente esses problemas são muitos e
atingem a todos sem distinção de classe econômica, raça, ou religião (JESUS ET. AL., 2007).
Segundo Procópio (2001; p. 117):
[...] os Estados Unidos da América, pelo consumismo de sua população é o
pais que, ecologicamente falando, mais custa ao mundo. Nações da periferia
mundial, amarradas pelas burocracias que deixam de incrementar as
conhecidas alternativas de sustentabilidade, correm igualmente perigo. No
caso brasileiro, os privilégios de suas elites, a generalizada corrupção e a
perversa distribuição da renda sob o patrocínio do próprio Estado,
proporcionalmente tinge de sangue, mais que noutros países, a natureza e o
tecido social da nação. Dai a degradação ambiental associada à baixíssima
qualidade de vida do povo[...].
Com isso, pode-se dizer que a espécie humana é a que mais destrói o planeta Terra,
pois foi a busca desenfreada de sucesso econômico que gerou uma enorme devastação dos
recursos naturais. Como conseqüência disso, vem ocorrendo grandes desastres como
terremotos, furacões, tempestades, estiagem prolongada, poluição atmosférica, destruição das
matas, enchentes, falta de água potável, epidemias, dentre outros (CANGLIERO, 2009).
Dados do IDEC (2005, p. 01) nos levam a conclusão de que:
[...] O aumento no consumo de energia, água, mineral e elementos da
biodiversidade vêm causando sérios problemas ambientais, como a poluição
da água e do ar, a contaminação e os desgastes do solo, o desaparecimento
de espécies animais e vegetais e as mudanças climáticas [...].
No relatório “Nosso Futuro Comum” da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, encontram-se propostas para promover o desenvolvimento do nosso
planeta assegurando que os processos de desenvolvimento da humanidade não levem a
destruição os recursos naturais das próximas gerações (JESUS ET. AL., 2007).
De acordo com Bursztyn (2001; p.11):
O pessimismo geral em relação ao futuro guarda estreita relação com o
crescente grau de consciência de que a busca do progresso, que se anunciava
como vetor da construção de uma utopia de bem-estar e felicidade, revelou-
se como ameaça.
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Reverter essa situação da problemática ambiental, para que haja um efeito desejável
em uma sociedade sustentável, requer um trabalho árduo entre todos os tipos de intervenção
ambiental, incluindo as ações em educação ambiental (ProNEA, 2005).
A Educação Ambiental é um apelo à seriedade do conhecimento em busca de
propostas coerentes de aplicação do estudo de ciências. Esse processo é muito complicado e
envolve um grande esforço de recuperação das realidades ambientais. Uma missão utópica,
cujo destino seria reformular o comportamento humano e recriar os valores perdidos ou nunca
alcançados. Uma reflexão permanente sobre o destino do homem em harmonia com as
condições naturais pensando no futuro do planeta. Uma longa jornada de educação de
qualidade que se comprometa com o futuro e garanta uma nova filosofia de vida e um novo
ideário comportamental, tanto individual quanto coletivamente (AB’SABER, 1991).
De acordo com o ProNEA (2005), devemos pensar em um contexto, em que os
sistemas socioeconômicos atuam na promoção da mudança no meio ambiente, a educação
assume um importante papel na formulação de fundamentos para a construção de uma
sociedade sustentável, propondo que haja mudanças culturais em direção à instauração de
uma consciência ecológica e de mudanças sociais em direção a ação comunitária dos seres
humanos.
Nesse contexto deve-se lembrar que a educação ambiental formal implica em diversas
abordagens e formas de estratégias em diferentes níveis da sociedade, assim como no
contexto de cada país e cada região do planeta. A educação voltada para o desenvolvimento
sustentável requer novas práticas de ensino e conteúdos; novas estratégias pedagógicas, nas
quais se tome consciência das relações de produção de conhecimento e os processos de
circulação, construção e disseminação do saber a respeito da degradação ambiental (LEFF,
1999).
A escola tem um papel importante na sensibilização de seus alunos, objetivando
buscar valores para que esses tenham uma convivência harmoniosa com o planeta e os outros
seres vivos que nele habitam, pois assim poderá haver a sensibilização e a reflexão crítica
sobre os princípios que tem levado a destruições inconseqüentes dos recursos naturais e de
várias espécies. Sendo assim, é de fundamental importância que os professores tenham
materiais teórico-metodológicos para que ocorra o desenvolvimento de trabalhos na área da
Educação ambiental (CANGLIERO, 2009).
Segundo Loureiro (2004; p. 73):
[..] A finalidade primordial da educação ambiental é revolucionar os
indivíduos em suas subjetividades e práticas nas estruturas sociais-naturais
existentes. Ou seja, estabelecer processos educativos que favoreçam a
realização do movimento de constante construção do nosso ser na dinâmica
da vida como um todo e de modo emancipado. Em termos concretos, isso
significa atuar criticamente na superação das relações sociais vigentes, na
conformação de uma ética que possa se afirmar como “ecológica” e na
objetivação de um patamar societário que seja a expressão da ruptura com os
padrões dominadores que caracterizam a contemporaneidade. Assim posto,
privilegiar somente um dos aspectos que formam a nossa espécie (seja o
ético, o estético, o sensível, o prático, o comportamental, o político ou o
econômico, enfim, separar o social do ecológico e o todo das partes) é
reducionismo, o que pouco contribui para uma visão da educação
integradora e complexa de mundo.
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O Brasil é um dos grandes países do mundo e conseqüentemente também possui uma
das maiores biodiversidade do planeta sendo assim uma das preocupações do momento e a
forma como esses recursos naturais vêm sendo tratados. Os produtores sabem muito pouco
sobre o ambiente em que trabalham, por isso acabam retirando produtos de grandes valores
para produzir outros de menor valor, como por exemplo, desmatar para plantar pasto. Diante
disso, podemos concluir a importância de se educar os futuros cidadãos para uma consciência
ecológica (JESUS ET. AL., 2007).
Segundo Cangliero (2009) para que haja essa consciência a um outro grande problema
a ser enfrentando pois os professores, em uma parcela considerável, não estão preparados,
para desenvolver este tema mais profundamente, ou seja, de forma contínua, pois não tem
uma formação compatível ao tamanho do problema a ser enfrentado, portanto há uma
permanente e reflexiva crítica, visando realmente mudanças de comportamentos e atitudes
com intuito de transformar a realidade existente na natureza que nos cerca. Uma educação
transformadora envolve clareza da finalidade do ato educativo, uma posição política e
competência técnica.
Contudo se faz necessário espalhar a idéia de que a Educação Ambiental é um
processo contínuo de aprendizagem e conhecimento para que ocorra o exercício de cidadania
em que o cidadão estará apto a desenvolver uma participação consciente no espaço social
(JESUS ET. AL., 2007).
Fazendo uma análise em relação às práticas sociais, na qual fica evidente a degradação
permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, precisa-se evidenciar a necessidade de
uma articulação com a produção de sentidos em relação temática educação ambiental. A
dimensão ambiental se estabelece como uma questão onde há um conjunto de representantes
do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas onde houver
conhecimento, a preparação de profissionais de qualidade e a comunidade universitária numa
perspectiva interdisciplinar. A produção de conhecimento tem o dever de contemplar as
relações entre o meio natural e o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o
papel dos diversos participantes envolvidos e as formas organização da sociedade para que
ocorra o aumento do poder das ações alternativas para um novo desenvolvimento, em uma
perspectiva onde a prioridade seria um novo perfil de desenvolvimento, com destaque na
sustentabilidade socioambiental (JACOBI, 2004).
Como foi dito por Leff (1999; p.119)
[...] a educação ambiental ainda está muito longe de penetrar e trazer novas
visões de mundo ao sistema educativo formal. Os princípios e valores
ambientais que promovem uma pedagogia do ambiente devem ser
enriquecidos com uma pedagogia da complexidade, que induza os alunos a
uma visão de multicausalidade e de inter-relações de seu mundo nas
diferentes etapas do desenvolvimento psicogenético, que gerem um
pensamento crítico e criativo baseado em novas capacidades cognitivas.
Assim fica evidente que a educação ambiental ainda tem um longo caminho a ser
percorrido para que se consiga chegar ao desenvolvimento sustentável onde haja uma relação
benéfica entre homem e meio ambiente. Portanto o objetivo desta pesquisa foi Sensibilizar os
alunos acerca de seus deveres em relação à sustentabilidade ambiental.
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METODOLOGIA
Este trabalho constitui-se em uma pesquisa escolar que foi realizada no segundo e
terceiro ano do ensino médio em um colégio da rede pública de ensino, localizado na cidade
de Cascavel-PR, salientamos que o tratamento dos dados foi de caráter quanti-qualitativo. A
pesquisa qualitativa, segundo Oliveira (1997), envolve uma descrição apurada dos fenômenos
e dos cenários sociais pesquisados, já a metodologia quantitativa, de acordo com Lima (2004),
apresenta regras de procedimentos de representatividade estatística. Neste trabalho as duas
abordagens se complementam.
Para o desenvolvimento deste trabalho e coleta de dados foram realizadas as seguintes
atividades
I- Realização do levantamento e discussão acerca de dados teóricos com apoio
bibliográfico e do orientador;
II- Elaboração do questionário para a realização de coleta de dados;
III- Diagnóstico as concepções dos alunos a respeito de educação ambiental voltada
para a sustentabilidade através de questionário;
IV- Acompanhamento do projeto de coleta de dados;
V- Realização da transcrição e avaliação dos dados coletados na escola.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
]As informações analisadas neste trabalho foram realizadas por meio da técnica de análise
de conteúdo (Bardim, 1977).
Dessa forma, pode-se concluir que os alunos têm visões diferenciadas a respeito de meio
ambiente, podendo ser classificadas nas categorias: Antropocêntrica, naturalista e
globalizante.
Conforme Reigota (1991), a representação naturalista entende o meio ambiente como
sinônimo de natureza priorizando o lugar onde os seres vivos habitam bem como os fatores
bióticos e abióticos; a antropocêntrica interpreta a natureza como fornecedora de vida ao
homem entendendo-a como fonte de recursos e a globalizante representa onde o ser humano é
mais um ser vivo que esta inserido no meio ambiente.
A tabela 1 demonstra as representações diagnosticadas.
Categoria Subcategorias Nº Alunos
1 - Representação de meio
ambiente
1. Antropocêntrica 2
2. Naturalista 3
3. Globalizante 12
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De acordo com a tabela 1, subcategoria 1, verifica-se que dois alunos representam o meio
ambiente com aspectos antropocêntricos, representação que pode ser observada com a fala
abaixo:
“Acredito que tudo que é necessário para nos manter é derivado do
meio ambiente, o espaço que habitamos vive em contato direto com o
espaço natural que vivemos. Os alimentos que consumimos são
produzidos nas lavouras que são irrigadas com a água que bebemos”
(A9).
Tal representação nos leva a crença cega de que o meio ambiente está a favor do ser
humano, nos servindo como recurso.
Recorrendo a Reigota (1991), a visão antropocêntrica interpreta a natureza como
fornecedora de vida ao homem entendendo-a como fonte de recursos naturais.
Observando a subcategoria 2, percebemos que três alunos, representam o meio
ambiente como sendo naturalista, conforme a fala a seguir:
“É todo o meio natural constituído por litosfera, hidrosfera e
atmosfera” (A 10).
Para Reigota (1991), essa visão entende o meio ambiente como sinônimo de natureza
priorizando o lugar onde os seres vivos habitam bem como os fatores bióticos e abióticos
Ainda de acordo com a tabela 1, subcategoria 3, 12 alunos demonstraram compreender
o conceito de meio ambiente como algo globalizante, onde existe a interação do ser humano
de forma indissociável aos outros elementos da natureza. Conforme a fala emitida, abaixo:
“O meio ambiente, eu entendo é um local onde vivemos em interação
com a fauna e flora” (A11).
De acordo com Reigota (1991), na visão globalizante o ser humano é mais um ser vivo
que está inserido no meio ambiente sem que o último tenha que, necessariamente, ter utilidade
para o homem.
A segunda questão teve por objetivo compreender se os alunos tinham alguma ideia do
que se deve ser feito para que se diminuam os impactos ambientais causados pelo homem por
conta de seu consumismo desenfreado.
Diante dos dados analisados, verificou-se que 8 alunos, compreendem diversos
princípios para uma cidadania planetária. Dados que podem ser observados nas falas abaixo:
“Primeiro temos que tirar as idéias do papel e por em prática
pequenas atitudes fazem grandes mudanças” (A 14).
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“A destinação correta dos materiais tóxicos, reaproveitar os
materiais, reciclar, conscientizar as pessoas quanto ao meio
ambiente” (A 9).
“Não jogando lixos nas florestas e lotes onde não tem casas e não
queimando as arvores e desmatando as florestas” (A 4).
De acordo com Panarotto (2007; p. 4):
Devido ao consumismo exagerado junto ao aumento populacional no
planeta, ocorre o aumento das grandes indústrias as quais tem um grande
gasto de energia elétrica e matérias prima, causando o aumento no lixo e
prejudicando o meio ambiente. Com o aumento das indústrias gera o
esgotamento das matérias primas não renováveis, como o petróleo e os
minérios, e também acabando com as florestas para a utilização da madeira. Uma forma de resolver este problema seria desenvolvimento sustentável,
pensando em um meio de sustentar o planeta ,porém sem comprometer as
gerações futuras.
A tabela 2 abaixo relaciona as subcategorias referentes à concepção de
sustentabilidade.
Categoria Subcategorias Nº Alunos
1. Concepção de
sustentabilidade
1. Desenvolvimento sem causar
danos ao ambiente
5
2. Reciclar para não desmatar
7
3. Conservação de plantas e ao
mesmo tempo manutenção do
lucro
5
Os dados acima demonstram que conforme a subcategoria um, cinco alunos
representam sustentabilidade como sendo desenvolvimento sem causar danos ao meio
ambiente. Segundo Leff (2002), para que ocorresse um desenvolvimento sem causar danos ao
meio ambiente seria necessária a implantação de um desenvolvimento que integrasse os
processos históricos, econômicos, sociais e políticos visando gerar um aproveitamento
produtivo e sustentável dos recursos.
Conforme a subcategoria dois, sete alunos representam sustentabilidade em uma visão
onde visa reciclar para não desmatar. Segundo o MEC “Qualquer campanha referente ao lixo
precisa ultrapassar os muros da escola e levar em conta a comunidade escolar e a comunidade
na qual a escola está inserida” (BRASIL, 2001; p. 106), ou seja, a educação ambiental deve
alcançar as comunidades para que com isso se obtenha resultados, que consequentemente, se
houver a reciclagem, ocorrerá menos necessidade de matéria prima para a fabricação dos
produtos que podem ser reutilizados, com isso diminui-se o desmatamento.
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Conforme a subcategoria três, cinco alunos representam a sustentabilidade como sendo
a conservação de plantas e ao mesmo tempo manutenção dos lucros. Segundo Leff (2002; p.
63):
A problemática ambiental não é ideologicamente neutra nem é alheia a
interesses econômicos e sociais. Sua gênese dá-se num processo histórico
dominado pela expansão do modo de produção capitalista, pelos padrões
tecnológicos gerados por uma racionalidade econômica guiada pelo
propósito de maximizar os lucros e os excedentes econômicos em curto
prazo.
Sendo assim pode-se chagar a conclusão de que para o meio de produção capitalista não importa o
quanto determinada atitude vai prejudicar o meio ambiente, o importante é gerar lucros.
Considerando as respostas emitidas, chegou-se a conclusão de que o professor enquanto
profissional da educação tem um grande desafio para com as futuras gerações, pois é ele
através do exercício de sua função, que pode promover mudanças de atitudes e de caráter
ambiental dos alunos, os quais são o futuro do planeta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho mostra a necessidade urgente de mudar hábitos seculares através
de uma educação voltada para o meio ambiente e a sustentabilidade, sendo uma das grandes
alternativas apresentadas em diversos trabalhos, a formação de um cidadão critico que tome
iniciativas relacionadas a uma nova relação entre homem e natureza.
A sustentabilidade e a Educação Ambiental devem ser incluídas nos currículos
escolares e trabalhadas de modo a reverter o quadro que se tem, acabando com a ignorância
dos cidadãos a respeito desses assuntos, onde quem mais sofre com isso é o planeta Terra.
É preciso reconhecer que devemos mudar e que tal mudança deve iniciar de modo
individual para se mudar a coletividade, ou seja, é preciso agir localmente, para que assim
possamos garantir o futuro das próximas gerações.
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS
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BARDIN, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
BRASIL; Ministério de Meio Ambiente; Ministério da Educação; Programa nacional de
educação ambiental – ProNEA; 3. Ed; Brasília: 2005. 102p.
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escola: guia para atividades em sala de aula. / Secretaria de Educação Fundamental. -
Brasília: MEC; SEF, 2001. 200 p.
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In LAYRARGUES, Philippe Pomier (org.). Identidades da educação ambiental brasileira.
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RESUMOS
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DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BLOCO
G DA UNIOESTE, CAMPUS DE TOLEDO/PR
Diani Fernanda da Silva (PG)1,
Camilo Freddy Mendoza Morejon (PQ) 2,
Dyessica Thais Alvarenga dos Reis da Silva3,
Felipe Ramon Less (TC)4
Palavras Chave: Resíduos sólidos, Universidade, Unioeste/campus de Toledo-PR.
INTRODUÇÃO
De acordo com TAUCHEN & BRANDLI (2006) e GONÇALVES et al., (2010) a
busca pela sustentabilidade, a adequação as normas ambientais e a proteção do meio ambiente
é uma premissa da maioria dos setores da sociedade, entre os quais se destaca o papel das
Universidades, onde a maioria dos problemas ambientais decorrentes na gestão inadequada
dos diversos resíduos sólidos são objeto de pesquisa. Porém, o comum das universidades é
tratar dos problemas ambientais externos ficando despercebidos e muitas vezes ignorados os
problemas decorrentes da geração de resíduos sólidos provenientes dos diversos setores das
universidades (salas de aula, laboratórios, administração, refeitório, etc.).
Visando a melhoria na qualidade do ambiente acadêmico como também a elaboração e
implantação de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), em que as atividades
de educação ambiental tem papel fundamentação para eficiência do processo, o presente
trabalho teve como objetivo a realização do diagnóstico da geração de resíduos sólidos no
bloco G da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo-PR.
METODOLOGIA
Para obter o diagnóstico da geração de resíduos sólidos (RS) no bloco G da Unioeste
campus de Toledo, foi realizado primeiramente um reconhecimento do local de estudo, a fim
de identificar as características qualitativas e quantitativas de todas as fontes geradoras
(ambientes) de resíduos localizados no bloco, sendo elas: cantina, cozinha, diretório central
dos estudantes (DCE), seção de informática, laboratório de informática e o banheiro das
1 Engenheira Ambiental, Mestranda em Engenharia Química da UNIOESTE, Campus de Toledo.
Toledo/PR. [email protected]. 2 Prof
o. Doutor, pesquisador produtividade DT/FA do Programa Engenharia Química da UNIOESTE.
Toledo-PR. [email protected] 3
Graduanda em Secretariado Executivo da UNIOESTE, Campus de Toledo. Toledo/PR.
[email protected] 4 Engenheiro Ambiental, auditor do IEF/AP. Macapá-AP. [email protected]
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Educação Ambiental por Bacia Hidrográfica
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192 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
zeladoras.. O bloco G foi escolhido para realização do estudo por apresentar o maior potencial
de geração de resíduos sólidos na Unioeste de Toledo-PR.
Após a etapa de caracterização da fonte geradora de resíduos, foram desenvolvidas
planilhas eletrônicas para armazenamento, monitoramento e tratamento dos dados. Na
sequência foi realizada a coleta dos resíduos sólidos, nos fontes geradoras do bloco G. Os RS
foram coletados durante cinco dias consecutivos nos períodos matutino, diurno e noturno,
assim que recolhidos os mesmos foram dispostos em sacos plásticos, etiquetados com o nome
do ambiente que foram encontrados.
Na sequência os resíduos foram armazenados em local apropriado, com ventilação
adequada, sem contato com substâncias ou animais que eventualmente poderiam
comprometer as amostras e sem as interferências das intempéries do clima. Em seguida foi
realizada a segregação nas categorias papel, plástico, vidro, metal e material orgânico.
Posteriormente realizou-se a pesagem (total e parcial) dos resíduos previamente coletados
utilizando uma balança digital convencional.
Após a obtenção dos valores da pesagem dos resíduos sólidos (separados em papel,
plástico, metal, vidro e material orgânico) os dados foram implementados numa planilha
eletrônica, após o tratamento dos mesmos foram construídos os correspondentes gráficos com
intuito de facilitar a visualização e análise dos resultados.
No presente estudo, apresenta-se a geração total de papel, plástico, vidro, metal e
material orgânico no bloco G da Unioeste/campus de Toledo.
RESULTADOS
O bloco G da Unioeste, campus de Toledo produz cerca de 92 kg de resíduos sólidos
por semana distribuídos nas categorias papel, plástico, metal e resíduos orgânicos conforme
detalhado abaixo.
Na Figura 1 apresentam-se os valores, em quilogramas, da geração semanal de
resíduos de papel correspondente a cada ambiente do bloco G.
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193 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 1- Geração semanal de resíduos de papel de cada ambiente do bloco G.
Por meio da Figura 1 observa-se que dentre os ambientes existentes no bloco G do
campus universitário, os que contribuem para a geração de papeis são: o banheiro das
zeladoras com 0,7 kg (7,64%), a cozinha com 0,8 kg (8,73%), a cantina com 7,6 kg (82,97%),
o laboratório de informática com 0,03 kg (0,33%), e o DCE com 0,03 kg (0,33%).
No bloco G, durante a semana de realização da pesagem, foi constatada a geração de
11,4 kg de plástico, conforme pode ser observado na Figura 2, o qual ilustra a quantidade de
plástico produzido em cada ambiente do bloco G.
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194 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 2 - Geração semanal de resíduos de plástico de cada ambiente do bloco G.
Dentre os setores existentes no bloco G do campus, apenas a cantina com 11,38 kg
(99,21%), o laboratório de informática com 0,07 kg (0,61%) e o Diretório Central de
Estudantes com 0,015 kg (0,13%) contribuíram para a geração de resíduos de plásticos
durante a semana da coleta de dados, como mostra a Figura 2.
O bloco G apresentou a geração de 2, 34 kg de resíduos de metal, conforme
demonstrado pela Figura 3, na qual mostra-se a quantidade de metal gerado nos ambientes do
bloco G.
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195 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 3- Geração semanal de resíduos de metal de cada ambiente do bloco G.
Observa-se que dentre os setores existentes no bloco G do campus universitário,
apenas a cantina com 2,327 kg (99,41%) e o laboratório de informática com 0,0139 kg
(0,59%) contribuíram para a geração de resíduos metálicos durante a semana da coleta de
dados, como pode ser visualizado na Figura 3.
Na Figura 4 apresentam-se os valores, em quilogramas, da geração de material
orgânico correspondente a cada ambiente do bloco G.
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196 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Figura 4 -Geração semanal de resíduos orgânicos de cada ambiente do bloco G.
Por meio da Figura 4, é possível observar que dentre os ambientes existentes no bloco
G do campus universitário, apenas a cozinha com 1 kg (1%) e a cantina com 68,4 kg (99%)
contribuíram para a geração de resíduos orgânicos durante a semana da coleta de dados.
Durante a semana da realização da coleta e pesagem dos resíduos sólidos não foram
gerados resíduos de vidro no bloco G.
CONCLUSÃO
Com base no diagnóstico realizado constatou-se que o bloco G da Unioeste, campus
de Toledo-PR gera semanalmente 92 kg de resíduos sólidos, sendo que o material orgânico
representa 75% (69,4 kg) do total de RS produzido, seguido pelos resíduos sólidos de plástico
com 11,38 kg, resíduos sólidos de papel com 8,36 Kg e resíduos sólidos de metal com 2,34
kg. Na semana da realização da coleta e pesagem não foram gerados RS de vidro.
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197 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
REFERÊNCIAS
TAUCHEN, J. e BRANDLI, L. L. A gestão ambiental em instituições de ensino superior: modelo para
implantação em campus universitário. Revista Gestão & Produção, São Carlos-SP, n. 13, v.3, p. 503-
515, 2006.
GONÇALVES, M. S.; KUMMER, L.; SEJAS, M. I.; RAUEN, T. G.; BRAVO, C. E. C.
Gerenciamento de resíduos sólidos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Francisco
Beltrão. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n.15, p. 79-84, 2010.
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198 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
TRILHA INTERPRETATIVA EM ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL Ceci Erci Rodrigues (IC)
1,
Brian Lopes Ferreira (IC)2,
Fernanda Pavani (IC)3,
Thais Soares Monero (IC)4,
Cláudia Puperi (PFM) 5.
Palavras Chave: Interpretação ambiental; Educação Ambiental; Meio ambiente.
INTRODUÇÃO
Conforme consta na Carta da Terra (BRASIL, 2000), “estamos diante de um momento
crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro”.
Isto significa que a forma de exploração dos recursos naturais atualmente está exaurindo a
capacidade de sustentabilidade do planeta. Nas últimas décadas, período pós Revoluções
Industriais, o modelo de produção e a problemática ambiental começaram a ser amplamente
discutidas. Surge então, a Educação Ambiental (EA) como ferramenta para amenizar os
impactos originados na relação entre o ser humano e a natureza, a qual objetiva a reflexão e a
responsabilização das ações humanas frente ao meio ambiente. Diferentes reuniões de
especialistas (encontros, seminários, conferências, congressos, etc.) definem os enfoques e a
direção da EA, que tem atualmente como propósito, segundo Dias (2000), possibilitar ao
indivíduo a compreensão dos problemas atuais, e através de conhecimentos técnicos e formas
corretas para desenvolver uma função produtiva, melhorar a vida e ao mesmo tempo proteger
o meio ambiente.
Existem diversos métodos de desenvolver a Educação Ambiental. Trilhas são
percursos presentes em ambientes naturais e antrópicos, muito utilizadas em programas
educativos que permitem o desenvolvimento de atividades de cunho ambiental
(GONÇALVES, 2009; SANTOS, FLORES, ZANIN, 2011). De acordo com Dias (2000, p.
124),
1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.
São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 2 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.
São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 3 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.
São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 4 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISINOS, Campus São Leopoldo.
São Leopoldo – RS e bolsista do PIBID-CAPES. [email protected]. 5 Profª. Mestre, professora e coordenadora do PIBID Biologia da E.M.E.F. Paul Harris, São Leopoldo –
RS. [email protected].
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
199 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
as pessoas não se envolvem com a temática ambiental sentadas em
suas cadeiras, fechadas em um “caixote de tijolo e cimento”, regadas a
quadros de giz ou parafernália audiovisual. Elas precisam sentir o
cheiro, o sabor, as cores, a temperatura, a umidade, os sons, os
movimentos do metabolismo do seu lugar, da sua escola, do seu
bairro, da sua cidade [...]. Isso não se faz sentado em cadeiras.
As trilhas interpretativas consistem em um importante recurso didático que visa
promover o desenvolvimento de conhecimentos, de atitudes e de habilidades necessárias à
preservação e melhoria da qualidade do ambiente. A leitura do entorno possibilita o contato
consciente entre o ser humano e o ambiente, e permite o conhecimento a) de espécies animais
e vegetais; b) da história local; c) de aspectos geomorfológicos do entorno; d) de processos
biológicos; e, ainda mais importante e) das relações ecológicas e da aliança existente entre
todos os fatores observados. Segundo Gonçalves (2009, p. 9), as trilhas interpretativas servem
para que o participante tenha consciência não apenas dos elementos naturais e/ou ecológicos,
mas também das situações culturais e sociais, já que a atividade o conduz a perceber “a
natureza como um ciclo dinâmico e dependente de nossas ações”. Além disso, conduz ao
despertar da consciência da sua participação neste ciclo, e contribui para a proteção ambiental.
METODOLOGIA
Após diagnóstico ambiental realizado na E.M.E.F. Paul Harris, localizada no bairro
Santa Tereza em São Leopoldo/RS, cinco bolsistas do PIBID Biologia da UNISINOS, diante
da realidade da comunidade local, perceberam a necessidade da inclusão da Educação
Ambiental neste contexto. Foi elaborada uma atividade de interpretação ambiental com um
total de 21 alunos de 6º ano, divididos em trios, a partir em uma trilha localizada na
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) em São Leopoldo/RS, caracterizada
anteriormente pelo Grupo de Educação Ambiental da Instituição. A Trilha da Divisa faz parte
da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, possui uma extensão total de 2.067 metros, com
variação de 40 a 93 metros de altitude. Por possuir uma grande diversidade de ambientes,
como ecossistemas terrestres, aquáticos, trechos de matas com sub-bosques e gramíneas,
trechos pavimentados, e diversas construções, a trilha foi demarcada em sete “Estações de
Reflexão” (A, B, C, D, E, F e G).
As atividades realizadas incluíam habilidades de observação, de comparação, de
identificação, de análise, e de propostas de resolução para os problemas identificados. Cada
aluno recebeu um monóculo e uma prancheta com o quadro de referências a ser preenchido.
Cada trio recebeu um higrômetro e um termômetro. Um GPS foi utilizado para medir a altura
de cada Estação de Reflexão em relação ao nível do mar. As atividades estavam compostas
por observações amplas, que contemplavam a trilha como um todo, e por observações
restritas, em cada trecho percorrido entre as Estações de Reflexão. Durante o percurso, os
participantes da atividade preencheram os quadros de referências previamente elaborados
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200 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
pelos bolsistas com os fatores observados (fatores bióticos, fatores abióticos, ação antrópica,
temperatura e umidade relativa do ar). Após a atividade na trilha interpretativa, os
participantes foram conduzidos a uma sala de aula para debate e integração dos resultados
obtidos.
RESULTADOS
Através da análise do quadro de referências preenchido pelos grupos durante o
percurso da trilha e da discussão realizada em sala de aula, foi percebida pelos alunos a
diferença de temperatura dentro e fora das áreas com cobertura vegetal, associando a
importância da vegetação na regulação da temperatura do planeta. Os participantes
compararam a diversidade biológica e a diferença da disposição das espécies entre as
vegetações exóticas cultivadas e as vegetações nativas de crescimento espontâneo. Além
disso, o contato com ecossistemas com presença de corpos d’água permitiu a observação de
maior diversidade biológica de fauna e flora nestes ambientes. Foi associado pelos
participantes também que quanto mais próximo destes ambientes a umidade relativa do ar
aumentava, finalizando a atividade com reflexões da importância do ciclo da água na
dinâmica dos seres vivos.
Ao longo do percurso, os participantes diferenciaram ações antrópicas de ações
naturais, como a retirada da vegetação para construções, lixo em lugares inapropriados, até
mesmo a criação da própria trilha da atividade meio à vegetação. Assim, as ações antrópicas
foram classificadas pelos participantes em “ações antrópicas positivas” e “ações antrópicas
negativas”. Um balanço foi realizado com a opinião de cada aluno e propostas de melhoria na
qualidade de vida socioambiental foram discutidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade interpretativa realizada, apesar de aplicada com um grupo reduzido de
alunos e os resultados obtidos serem de cunho qualitativo, foi considerada construtiva já que
cumpriu com os objetivos propostos, pois despertou a postura investigativa e fomentou a
resolução de problemas locais, promovendo a integração dos participantes com o ambiente e
com os desafios comuns da sociedade. Um projeto para dar continuidade às atividades
ambientais interpretativas está sendo desenvolvido para que a Educação Ambiental seja
trabalhada de forma contínua e persistente na comunidade em questão.
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
201 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Responsabilidade Socioambiental:
Agenda 21: Carta da Terra. 2000. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-
socioambiental/agenda-21/carta-da-terra>. Acesso em: 15 maio 2013.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 6ª. Ed. São Paulo: Gaia,
2000.
GONÇALVES, Maria da Glória. Educação Ambiental: Planejamento e uso de trilhas
ecológicas interpretativas para estudantes com deficiência intelectual. 2009. Dissertação
(Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental) – Programa de Pós-Graduação em
Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Católica de Brasilia, Brasília, 2009.
Disponível em: <http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_ busca/arquivo.php?codArquivo=1043>.
Acesso em: 05 maio 2013.
SANTOS, Mariane Cyrino dos; FLORES, Mônica Dutra; ZANIN, Elisabete Maria. Trilhas
interpretativas como instrumento de interpretação, sensibilização e educação ambiental na
APAE de Erechim/RS. Revista Eletrônica de Extensão URI, V.7, n. 13, p. 189-197, out.
2011.
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XIV EPEA – Encontro Paranaense de Educação Ambiental
202 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
O CONCEITO DE AMBIENTE CILIAR E SUA IMPORTÂNCIA NA
VISÃO DE ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL
Michael Jean Guntzel (G)
1
Michelli Gislaine Gomes (G)2
Eloisa Bernardon (G)3
Irene Carniatto (PQ)4.
Palavras chave: Ambiente ciliar; Matas ciliares; Ensino fundamental;
INTRODUÇÃO
Vivemos em um período de extrema degradação do meio ambiente, para FERREIRA e
DIAS(2004) “nunca, em toda a história da humanidade, a utilização dos recursos naturais pelo
ser humano foi tão questionada. Tanto no meio científico quanto entre a população em geral, é
crescente a ideia de conservação dos ecossistemas naturais e recuperação dos ecossistemas
degradados pelo homem”.
Para a sobrevivência de todo o planeta, ocorrem na natureza relações específicas, pois
nenhum organismo é totalmente independente. Devem ser desenvolvidas relações sociais de
respeito e comprometimento com o homem, a natureza e a si mesmo. A educação ambiental
não deve se preocupar apenas com a obtenção de conhecimento cientifico e campanhas de
proteção ao meio ambiente, além disso, deve buscar desenvolver a mudança comportamental
e a obtenção dos novos valores e conceitos convergentes a necessidade do mundo atual
(QUADROS, 2007,p.10).
1. As matas ciliares
Segundo AB’SABER (2004, p.21) as matas ciliares são chamadas de florestas ciliares
e compreendem todos os tipos de vegetação encontrada na beira de rios. O mesmo autor a
define como:
Vegetação florestal as margens do corpo d’água, independentemente de sua área ou
1Acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR.
[email protected] 2 Acadêmica do Curso de Bacharel em Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR.
[email protected] 3 Acadêmica do Curso de Bacharel em Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR.
[email protected] 4 Profª. Doutora, pesquisadora do Colegiado de Ciências Biológicas da UNIOESTE, Campus de Cascavel.
Cascavel – PR. [email protected]
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203 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
região de ocorrência e de sua composição florística. Nesse sentido o leque de abrangência do
conceito de matas ciliares é quase total, para o território brasileiro: já que elas ocorrem, de
uma forma ou de outra, em todos os domínios morfoclimáticos e fitogeográfico do país.
É considerada pelo Código Florestal Federal, Lei N° 4.771, (BRASIL, 1965) como
“áreas de preservação permanente’’ que segundo a lei consiste em: “área protegida, [...]
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações”. Ainda segundo o Código
Florestal Federal, cabe referir que o Parágrafo Único, do art. 2º, do antigo Código
Florestal estabelecia que áreas urbanas fossem aquelas localizadas no perímetro urbano
definido por Lei Municipal, devendo neste caso se observar os planos diretores e leis de uso
do solo sem prejuízo de se respeitar os limites previstos no próprio artigo para fins do que se
deve observar como APP. Posteriormente, foi editada a Lei nº 12.651/2012 (Novo Código
Florestal), que manteve em seu artigo 4º, I, alínea e a regra geral de que, em áreas rurais ou
urbanas, a APP em rios com largura superior a 600 metros é de 500 metros.
2. A importância das matas ciliares e as consequências de sua devastação
O valor atribuído às matas ciliares difere entre diversos setores de uso da terra e são
bastante conflitantes: para o abastecimento de água e geração de energia são excelentes locas
de armazenamento de água, buscando suprimento continuo; em regiões de topografia
acidentada, são as únicas alternativas para a construção de estradas; para os pecuaristas são
vistas como obstáculo ao acesso do gado à água; para a produção florestal, representam áreas
bastante produtivas onde crescem árvores de alto valor comercial (BREN, 1993 apud LIMA;
ZAKIA, 2004). O
ambiente ciliar apresenta varias funções ecológicas, hidrológicas e limnológicas para a
integridade biótica e abiótica do sistema. Segundo BARRELA et al., 2004, são importantes
para a manutenção da vida do ambiente aquático e pode ser consideradas as suas funções: (1)
proteção estrutural dos habitats; (2) regulagem do fluxo e vazão de água; (3) abrigo e sombra
para animais; (4) manutenção da qualidade da água; (5) filtragem de substâncias presentes no
rio; (6) fornecimento de matéria orgânica e substrato de fixação de algas e perifíton.
Segundo JOLY et al., (2004, p. 271) as consequências de sua destruição são:
Aumento da erosão do solo;
Perda da camada biologicamente ativa do solo;
Assoreamento de rios, lagos e reservatórios;
Aumento da frequência e das cotas atingidas por inundações sazonais;
Perda da biodiversidade local e regional;
A cobertura vegetal nas margens dos cursos dos rios é de extrema importância para
sua preservação, pois evita erosão do solo, impedindo a sedimentação ou o assoreamento do
leito do rio (ROCHA, 1997 apud BARREKA et al., 2004). O assoreamento por sua vez torna
o rio cada vez mais raso e resulta na perca dos habitats aquáticos, as espécies que vivem nos
fundos dos rios não encontram mais condições adequadas para sua alimentação e reprodução,
o que contribui para a diminuição da biodiversidade do sistema (BERKMAN; RABENI, 1987
apud BARRELA et al., 2004).
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204 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
Admite-se hoje, que das 250 mil espécies existentes no planeta 60 mil correm risco de
extinção nos próximos 20 anos, devido à destruição de seus habitats (HEYWOOD, 1989 apud
BARBOSA, 2004, p. 289). Essa situação tem gerado polêmica e preocupado os pesquisadores
e políticos do mundo todo.
3. Materiais e métodos
Partindo desses princípios, analisaram-se os conhecimentos dos alunos do ensino
fundamental sobre a mata ciliar, bem como o ambiente ciliar como um todo, e sua
importância, bem como sua preservação e manutenção, por meio de um questionário
relacionado ao problema analisado.
Os questionários foram aplicados em 28 de junho de 2010, em uma instituição pública
de ensino fundamental e médio, com turmas da 8a série.
4. Resultados
Uma analise da primeira pergunta nos mostra que a maioria dos alunos domina o
conceito teórico do que vem a ser mata ciliar, bem como sua localização, como nos mostra a
tabela a seguir:
Tabela 1. O que é Mata Ciliar?
O que é Mata Ciliar?
79,0% Matas próximas a rios
13,5% Não sabe/ Não respondeu
4,5% Mata que protege rios
3,0% Mata que é reflorestada
Mas, ao perguntados sobre a importância ecológica para os rios e também para o Meio
Ambiente em geral, muitas foram as respostas de que não sabiam ou simplesmente não
responderam, como podemos observar na próxima tabela:
Tabela 2. Qual a importância da mata ciliar para os rios e o Meio Ambiente?
Qual a importância da mata ciliar para os rios e o Meio Ambiente?
30,0% Não sabe/ Não respondeu
21,0% Evitar que o lixo chegue aos rios
19,0% Mais de uma resposta
10,5% Proteção do rio
10,5% Preservação do rio
4,5% Proteger contra enchentes/inundações
4,5% Proteger/Ajudar o Meio Ambiente
Com a pergunta seguinte, identificamos uma deficiência muito acentuada em todos os
processos de ensino aplicados e essa temática, pois para quase 70% dos entrevistados o ensino
da preservação não foi efetivo, principalmente por dois motivos principais evidenciados na
pesquisa. O primeiro deles seria a ausência desse tema em suas aulas, apresentado em quase
40% dos alunos, que alegam não ter contato com essa disciplina até a presente data da
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205 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
pesquisa. Para outros, houve contato entre os entrevistados e o tema da mata ciliar, mas foi de
baixa eficácia, como podemos perceber na tabela a seguir:
Tabela 3. Você já estudou esse tema em sala de aula? De que forma?
Você já estudou esse tema em sala de aula? De que forma?
38,0% Não estudou
31,0% Estudou, mas recorda pouca coisa
16,0% Estudou, (textos, com o professor, livros, etc.)
6,0% Estudou (atividades visuais, maquetes, ilustrações)
6,0% Estudou (aulas práticas)
3,0% Estudou (dinâmicas em grupos)
5. DISCUSSÃO
Tais incidências de respostas negativas, principalmente no último questionamento, nos
sugere a possibilidade de uma deficiência no sistema de ensino. De modo que se sabe o valor
teórico a que se equivale a mata ciliar, no entanto, não se sabe a sua importância real do
ambiente ciliar como um todo, como se pode perceber na segunda tabela. Temos como um
fator que agrava esse fato a situação apresentada pela última tabela, evidenciando a carência
de informações e abordagens efetivas em sala de aula, pois para um grande número de alunos
o ensino foi deficiente, ou os mesmos não se mostraram interessados, dessa maneira, podemos
concluir que não tiveram a construção de um conceito ligando a prática à teoria, não
formando um conhecimento efetivo sobre o tema.
Em pior situação encontram-se a maioria dos alunos, que simplesmente não tiveram
contato em sala sobre o tema abordado ou até mesmo o modo como ele foi apresentado
acarreta na não percepção da real e preocupante situação por qual passam o Meio Ambiente e
também a Mata Ciliar, não ocorrendo à sensibilização destes alunos quanto à necessidade de
mudança no modo de agir e de conviver com a natureza, dificultando assim o processo
gradual de mudança de pensamento através das gerações para a convivência em harmonia.
REFERÊNCIAS
AB’SABER, A. N. O suporte geológico das florestas beiradeiras (ciliares). In: RODRIGUES,
R. R; LEITÃO FILHO, H. F. de. Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo:
EDUSP, 2001. 330 p.
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206 XIV EPEA - Cascavel, PR, Brasil – 01 a 04 de outubro de 2013
BARBOSA, L.M. Considerações gerais e modelos de recuperação de formações ciliares. In.
Rodrigues R. R. & Leitão Filho H. de F. (eds) Matas ciliares: conservação e recuperação. São
Paulo: EDUSP, 2001. 320 p.
BARRELA, W; PETRERE JÍNIOR, SMITH, W.S; MONTAG, L. F. A. de. As relações entre
as matas ciliares, os rios e os peixes. In: RODRIGUES, R. R; LEITÃO FILHO, H. F. de.
Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDU, 2001. 320 p.
BRASIL, Código Federal Florestal. Brasília, 1965. Disponível em:
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