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Mandamentos de um comentarista, participação no jogo Paulista X Avaí.

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por humberto peron ([email protected])

CAMPEONATO BRASILEIRO – ÚLTIMA RODADA, dia 2, domingo, 16h, SporTV, 39, e Premiere Futebol Clube, 16

2 4 + M O N E T + D E Z E M B R O D E Z E M B R O + M O N E T + 2 5

+mi xer . senti na pele

TENHO UMA CERTA EXPERIÊNCIA EM ANALISAR PARTIDAS DE FU-tebol, pois já faço esse tipo de trabalho há algum tempo. Ao ser convidado para comentar a partida entre Paulista e Avaí, pela Série B, senti um frio na espinha. Também pudera, depois de anos fazendo isso para veículos impres-sos, com tempo para raciocinar e escrever minhas opiniões, eu iria participar de uma transmissão ao vivo do Premiere Futebol Clube.

Antes de qualquer coisa, segui meu ritual de preparação de análise de parti-das. Aliás, engana-se quem pensa que o trabalho de um comentarista esportivo começa só quando a bola rola. O trabalho de pré-jogo é extenso. Procuro saber o máximo possível sobre os times. Isso inclui a classifi cação no campeonato, a situação dos jogadores e da comissão técnica, e, se possível, acompanhar o videoteipe da última partida das equipes envolvidas.

Mas ainda faltava alguma coisa na minha preparação para o jogo da TV. Sem opções, imaginei simular uma participação num jogo transmitido pelo Premie-

Eu vi!A reportagem de MONET sente como é participar, como comentarista, na transmissão do Premiere Futebol Clube, num jogo da Série B do Campeonato Brasileiro

re Esportes. Tive a idéia de acompanhar a transmissão e, toda vez que o narrador cha-masse o comentarista, eu falaria. Reconheço que fi car falando alto e sozinho na sala de casa pode parecer coisa de maluco, mas o treino foi proveitoso.

Por sorte, no trajeto entre São Paulo e Jun-diaí, eu estava no carro com o coordenador da SporTV, Fernando Teti Marino, que deu-me algumas dicas valiosas e disse que haveria ou-tro comentarista. Fiquei mais tranqüilo com a informação, mesmo sabendo que não iria poder dizer o texto que tinha preparado para fazer na abertura da transmissão.

Chegamos ao estádio e subimos para a acanhada cabine. Aí o Fernando me deu uma aula expressa de como usar o equipa-

mento: um fone de ouvidos com um microfone acoplado. “Está vendo esse botão? Ele liga o microfone. Quando o nar-rador te chamar, você o aperta e começa a falar. Aí, ao ter-minar, aperte o botão para desligar o microfone”, ele disse. Quando a aula terminou, chegou a equipe que iria fazer a transmissão: Osvaldo Luís (narrador), Renato Leal (comen-tarista) e Mateus Soares (repórter). Depois de uma pequena reunião, chega a hora de testar os microfones e anotar as escalações. Também é possível fi car ouvindo a coordenação passando informações, como gols de outras partidas.

Antes do pontapé inicial, ainda há tempo de o Osvaldo e o Renato me passarem mais algumas dicas. “Vou te chamar com mais ou menos dez minutos de jogo. Aí você já vai conseguir observar o que está acontecendo na partida”, disse o narrador. Ainda bem que ele falou isso. Temia que, tendo que me adaptar ao microfone, acostumar-me a ouvir as informações da coor-

denação, acompanhar a partida e, ainda nervoso com a estréia, não iria conseguir falar nada que prestasse.

Veio a primeira chamada e não inventei. Fiz um panorama da partida sem entrar muito em detalhes táticos. Mas, após a pri-meira entrada, tudo mudou. Fiquei mais tranqüilo e confi ante. De repente, já não estranhava mais ouvir sons que não eram da transmissão e conseguia ter vários diálogos com o resto da equi-pe. No fi nal, gostei tanto de atuar como comentarista que lamen-tei profundamente que a partida tivesse apenas 90 minutos. ■

OS PECADOS DOS COMENTARISTAS

UMA VISÃO DA CABINE e do gramado do estádio Doutor Jaime Cintra, em Jundiaí, e, no detalhe, meus companheiros de transmissão, o narra-dor Osvaldo Luís (à direita) e o comentarista titular Renato Leal

1 Usar a frase “Tudo pode acontecer” > O comentarista tem que emitir sua opinião e dizer por que algo vai acontecer (ou não está acon-

tecendo). Ao citar essa expressão, passa ao teles-pectador a sensação de que sua opinião está toda baseada em palpites e chutes.

2 Desenvolver uma tese e insistir nela durante o jogo > Existem comentaristas que ficam o jogo todo falando a mesma coisa.

Qualquer lance já é motivo para ele lembrar o públi-co de sua brilhante descoberta. O comentarista que usa essa técnica é o mesmo que fica perseguindo um jogador durante toda a transmissão.

3 Elogiar árbitro, goleiro e zagueiro an-tes do final do jogo > Não existe coisa pior que comentarista que fica enchendo a bola

de um jogador ou árbitro. E se, num momento de-cisivo, o citado fizer uma besteira capaz de mudar o resultado da partida?

4 Não reconhecer o erro> Hoje, qualquer transmissão tem várias câmeras filmando o mesmo lance. Portanto, não adianta ficar

brigando com os fatos. Se o replay mostrar que o analista está errado, não custa nada reconhecer que a opinião emitida estava equivocada.

5 Querer falar mais que o narrador > O nar-rador deve falar mais que o comentarista. Isso parece óbvio, mas, em alguns jogos, o comen-

tarista quer se transformar em estrela da transmis-são. Com sua vontade de falar a qualquer momento, acaba atrapalhando o narrador em lances decisivos.

>MAIS ESTRANHO QUE ESSESTRÊS

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Que filme é esse? A >> Nicolas Cage interpreta o atormentado Edward Howie no suspense O Sacrifício (dia 14, 22h, Telecine Premium) B >> Kiefer Sutherland e Samantha Morton estão no elenco do drama Honra e Liberdade (dia 4, 18h55, HBO).

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