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COMBATE À POBREZA COMO CAUSA NACIONAL Promoção de um Desenvolvimento Equilibrado e da Redução da Pobreza REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE MARÇO DE 2006

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COMBATE À POBREZA COMO CAUSA NACIONALPromoção de um Desenvolvimento Equilibrado

e da

Redução da Pobreza

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTEMARÇO DE 2006

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CCOOMMBBAATTEERR AA PPOOBBRREEZZAA CCOOMMOO CCAAUUSSAA NNAACCIIOONNAALL PREFÁCIO A NOSSA LUTA Quando se lê que Timor-Leste é independente mas está mais pobre fico com uma dor de alma. Afinal, será mesmo assim? Terá sido debalde o esforço que temos andado a desenvolver durante os últimos cinco anos? Ainda que os relatórios revelem uma tendência de crescimento negativo nos primeiros anos depois da Restauração da Independência (derivado, em grande medida, da saída do país de vários milhares de expatriados que artificialmente animaram a nossa economia a seguir a 1999), os indicadores económicos mostram que Timor-Leste tem recuperado e vai continuar a crescer nos próximos anos. Esta é verdade que os números transmitem. Mas a realidade é também que continuamos a ser o país mais pobre de toda a Ásia. É evidente que a pobreza, a pior das doenças, é um mal que afecta muitos timorenses. Muitos. Mas é para eles – para lhes melhorar as suas condições de vida – que temos trabalhado e vamos continuar a trabalhar. É indiscutível que em Díli se vive melhor do que nos restantes distritos do nosso país. A capital, foco de procura de estabilidade, atrai muita gente que aqui chega em busca de trabalho, deixando os campos onde ainda é generalizado o cultivo de subsistência. Para garantir que este não seja um cenário crónico, o Governo estabeleceu, primeiro, 2006 como o ano da solidariedade e do desenvolvimento humano. Depois, noutra perspectiva, mais de política macroeconómica, definiu que o combate à pobreza tem de ser encarado como uma causa nacional. Efectivamente, não basta que o Estado concentre a sua acção prospectiva na melhoria das condições de vida da generalidade dos cidadãos. É preciso que todos nós, políticos, confissões religiosas, organizações não-governamentais, parceiros de desenvolvimento, associações profissionais e de jovens, nos juntemos para encetarmos uma nova luta. Em 2002, ansiávamos pela Restauração da Independência, prémio emérito de uma ambição legítima e reconhecida por todos. Alguns de nós julgavam que a Independência associada à democracia seria sinónimo imediato de desenvolvimento. Não foi. Nunca é. Primeiro foi preciso erguer o Estado, como estrutura em que prevalece o primado do Direito. Formou-se a Administração Pública, sustentada na longa experiência da nossa luta e enriquecida pelas culturas várias dos internacionais que vieram ajudar a pô-la de pé, e institucionalizou-se o respeito pela lei. Não se julgue que foi pouco. Em três anos atingimos o que muitos outros Estados demoram décadas a conseguir, e de forma tímida: temos a estrutura do Estado a funcionar e a consciência do respeito pela lei é uma realidade. Temos Estado! Com este historial, podemos agora partir para a magna causa: ajudar o nosso povo a diminuir o fosso que o separa dos outros países da região em que nos inserimos. É tempo, pois, de mobilizar toda a nação no esforço para combater a pobreza. Este documento, o sucessor do “Relatório Global dos Programas de Investimento Sectorial”, mostra-nos o

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caminho, os traços gerais da estratégia do Governo para acelerar a luta contra a pobreza e fornece-nos uma avaliação do estado da economia timorense. Ainda que o esforço nesta luta tenha de ser colectivo, de todos, cabe-nos a nós, representantes do Governo, um papel essencial: pôr o Estado, a tal máquina que estruturámos em três anos, ao serviço dos cidadãos, assumindo o papel de locomotiva da economia de Timor-Leste. Ao optarmos por uma política coerente de investimento público, transversal e universal, vamos procurar levar o desenvolvimento à mais recôndita das “knuas”, de forma a que, degrau a degrau, consigamos efectivamente melhorar a vida de todos nós. A todos quantos contribuíram, com a sua assistência, para a realização deste relatório, com destaque para o Ministério do Plano e das Finanças, deixo a minha palavra de apreço.

Mari Alkatiri Primeiro-Ministro

17 de Março de 2006

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ÍNDICE

PREFÁCIO ................................................................................................................................................... I SUMÁRIO EXECUTIVO ....................................................................................................................... IV PARTE A: PROGRESSOS E DESAFIOS........................................................................................... 1

QUAIS SÃO AS METAS DO PAÍS?........................................................................................................... 1 PROMOÇÃO DA RECUPERAÇÃO ECONÓMICA E DA ESTABILIDADE MACROECONÓMICA ............... 2 PROGRESSO NO FORTALECIMENTO DAS FINANÇAS PÚBLICAS ......................................................... 3 RÁPIDO CRESCIMENTO POPULACIONAL E URBANIZAÇÃO ................................................................. 6 RÁPIDO CRESCIMENTO DA FORÇA DE TRABALHO E CRIAÇÃO DE EMPREGO................................ 8 MELHORIA DO ACESSO A SERVIÇOS BÁSICOS ................................................................................... 9 O PROBLEMA DA SEGURANÇA ALIMENTAR ....................................................................................... 13

PARTE B: POLÍTICAS E PROGRAMAS PARA COMBATE DA POBREZA ......................... 15 CONSTRUÇÃO DE UM CONSENSO NACIONAL PARA O CRESCIMENTO E REDUÇÃO DA POBREZA 15 PROMOÇÃO DO EQUILÍBRIO NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL ................................................... 16 IMPLICAÇÕES PARA A REDUÇÃO DA POBREZA DE RENDIMENTOS ................................................. 18 PROGRAMAS PARA A MELHORIA DO ACESSO A SERVIÇOS BÁSICOS............................................. 19 APOIO A GRUPOS VULNERÁVEIS ......................................................................................................... 20

PARTE C: POLÍTICAS MACROECONÓMICAS PARA UM FORTE CRESCIMENTO SUSTENTADO ......................................................................................................................................... 22

QUADRO POLÍTICO PARA UM FORTE CRESCIMENTO SUSTENTADO .............................................. 22 PAPEL DO INVESTIMENTO PÚBLICO E PRIVADO ............................................................................... 22 POSSÍVEIS FONTES DE CRESCIMENTO .............................................................................................. 25 IMPLICAÇÕES PARA A CRIAÇÃO DE EMPREGO.................................................................................. 29 MELHORIA DO AMBIENTE EMPRESARIAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO PRIVADO .............. 30 DESENVOLVIMENTO DO SECTOR FINANCEIRO.................................................................................. 32 CONSEQUÊNCIAS DE UM FRACO DESEMPENHO ECONÓMICO ......................................................... 34

PARTE D: PAPEL DA POLÍTICA FISCAL E DA ASSISTÊNCIA DOS PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................... 37

FUNDO PETROLÍFERO E MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS DOMÉSTICOS ........................................... 37 PRIORIDADES PARA AS DESPESAS PÚBLICAS ................................................................................... 39 ALTERAÇÃO DO PAPEL DO FINANCIAMENTO DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO .................... 41 PAPEL DA ASSISTÊNCIA DOS PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO ................................................ 43 GESTÃO E COORDENAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DOS PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO ............. 43

PARTE E: CAPACITAÇÃO INSTITUCIONAL E HUMANA........................................................ 49 SUSTENTABILIDADE DO PROGRAMA NACIONAL PARA A REDUÇÃO DA POBREZA ........................ 49 FORTALECIMENTO DAS CAPACIDADES DO ESTADO ......................................................................... 50 PAPEL DO GOVERNO REGIONAL E LOCAL ......................................................................................... 52 DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E SOCIEDADE CIVIL ................................................................ 53

APÊNDICE ESTATÍSTICO .................................................................................................................. 57 ABREVIAÇÕES E ACRÓNIMOS........................................................................................................ 70

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Sumário Executivo Timor-Leste conseguiu feitos notáveis desde a restauração da Independência na sua transição a partir de um país pós-conflito. A maior parte das instituições previstas na Constituição foram já estabelecidas. Os programas de capacitação para desenvolvimento institucional e humano foram alargados, tendo havido bons progressos na dotação de acesso a serviços de educação e saúde a um número cada vez maior de pessoas. Nos últimos dois anos, a economia começou a recuperar da contracção que se seguiu à partida de grandes números de pessoal da ONU e não só, com início em 2002. Estima-se que o PIB não petrolífero tenha crescido cerca de 2% em termos reais em 2005. Houve também um aumento significativo na produção de alimentos desde a seca da 2002/03, o que contribuiu para a diminuição da inflação doméstica e para menores níveis de importações de alimentos durante os últimos dois anos. Com a continuação do bom desempenho da agricultura e com um grande aumento nos gastos públicos, é esperado que a taxa de crescimento do PIB aumente para cerca de 5% em 2006. Todavia, apesar destes feitos impressionantes, o facto é que demasiadas pessoas permanecem numa situação de pobreza, ou vulneráveis à pobreza e à insegurança alimentar. Com a perspectiva de recursos financeiros substancialmente maiores provenientes das receitas do petróleo e do gás, o Governo acredita que a Nação deve agora ser mobilizada para o combate à pobreza. Entre os muitos desafios que se deparam à Nação, destacam-se os seguintes.

• Elevados níveis de pobreza, em especial em áreas rurais, onde há uma forte dependência continuada de agricultura de subsistência e vulnerabilidade a escassez de alimentos.

• Grande número de pessoas que ainda não dispõem de acesso a serviços básicos de qualidade adequada, incluindo educação, saúde, água potável e saneamento adequado

• Oportunidades de emprego produtivo em número insuficiente para uma força de trabalho em rápido crescimento

• Fraco sector privado e baixos níveis de investimento privado necessário para a criação de emprego

• Serviços de infra-estruturas ainda pouco desenvolvidos, em combinação com uma urbanização rápida

• Recursos humanos e capacidades institucionais inadequados O Governo tem uma estratégia com quatro frentes para a redução da pobreza. Esta inclui: (i) promoção de oportunidades para os pobres; (ii) melhoria do acesso dos pobres a serviços sociais básicos; (iii) aumento da segurança, incluindo a redução da vulnerabilidade contra choques e a melhoria da segurança alimentar; e (iv) autonomização dos pobres e grupos vulneráveis. Um crescimento económico mais forte é vital para a campanha de combate à pobreza. A experiência internacional ao longo do último meio século indica que o crescimento económico é o factor individual mais importante que influencia os resultados da redução da pobreza. No próximo ano o governo irá aumentar de forma considerável a despesa pública, o que, em ligação com níveis superiores de investimento privado, irá aumentar o crescimento económico para 7-8 % ao ano a partir de 2010. Visto que a população e a força de trabalho continuarão a crescer durante outra década ou mais, o Governo crê que será necessária uma taxa de crescimento do PIB não petrolífero de 7% ao ano ou mais em termos reais para garantir uma redução sustentada na incidência da pobreza em Timor-Leste. É esperado que os mercados doméstico e de exportação desempenhem um papel importante na procura do crescimento acelerado. Um aumento significativo dos gastos do governo nos próximos cinco anos será uma fonte importante de procura doméstica, o que, em ligação com o aumento real dos rendimentos das famílias, terá implicações importantes para as actividades empresariais

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locais. Serão intensificados os programas em curso com vista à melhoria do ambiente empresarial e ao encorajamento do investimento privado. Maiores níveis de investimento privado numa gama de oportunidades de produção de bens e serviços para o mercado internacional terão também um papel cada vez mais importante a desempenhar. Isto inclui o maior desenvolvimento da agricultura comercial para os mercados de exportação, o desenvolvimento da indústria de petróleo e gás em terra e ao longo da costa que terá também efeitos multiplicadores importantes para a economia local, e um crescimento constante em serviços tais como o turismo. O segundo aspecto do programa é que será necessário um grande aumento nos níveis de investimento público e privado de forma a sustentar um forte crescimento económico. De presente, os níveis de investimento no país são equivalentes a cerca de 20% do PIB não petrolífero. Através de um uso prudente das receitas domésticas e petrolíferas, do apoio continuado dos Parceiros de Desenvolvimento e de um programa agressivo com vista à promoção do investimento privado, o Governo tenciona elevar o nível de investimento para algures na ordem dos 40% do PIB não petrolífero até 2010. A experiência internacional indica que com uma gestão macroeconómica sadia e continuada, estes níveis de investimento permitirão um forte crescimento económico sustentado, mais oportunidades de emprego produtivo e menores níveis de pobreza. O terceiro elemento da campanha nacional de combate à pobreza é uma maior ênfase na promoção do equilíbrio entre os géneros no desenvolvimento do país. Este relatório estabelece os princípios essenciais que irão orientar a abordagem do Governo em relação a um equilíbrio mais equitativo no desenvolvimento. Os princípios são os seguintes:

• Os benefícios de um forte crescimento económico devem ser amplamente partilhados entre todos os grupos na sociedade, independentemente da sua localização geográfica.

• A promoção de vários pólos de crescimento dentro do país com vista a abrandar o crescimento populacional em Díli e na periferia de Díli, criando igualmente um padrão de urbanização mais equilibrado.

• É necessário que haja uma forte ênfase continuada na melhoria do acesso a serviços básicos através do país, tanto em áreas rurais como em pequenas vilas. Estes incluem serviços de saúde e educação, melhoria do abastecimento de água e saneamento, electricidade e melhor acesso a transportes e a serviços de comunicação, a preços acessíveis.

• O grosso da pobreza no país está nas áreas rurais e fortemente concentrado em famílias que dependem essencialmente da agricultura de subsistência para viver. Haverá uma forte ênfase em programas que dotem estas famílias de melhores oportunidades para participação na parte da economia que lida com dinheiro.

• É necessário um melhor acesso a serviços financeiros, incluindo programas de microfinanças para os pobres que facilitem a produção de excedentes comercializáveis e o envolvimento em actividades comerciais. Uma rede bancária mais alargada será também essencial para um forte crescimento sustentado da comunidade empresarial.

• As várias iniciativas que promovem o crescimento e o emprego devem ser complementadas com intervenções específicas que visem a atribuição de protecção adicional a grupos vulneráveis, incluindo aqueles afectados pela variabilidade sazonal. Estão já em curso vários programas. Estes deverão ser alargados.

O quarto elemento da estratégia para a redução da pobreza passa pela prudência continuada na gestão macroeconómica, de forma a garantir um ambiente estável para o crescimento e investimento. O Governo está empenhado na gestão prudente das receitas cada vez maiores que vêm do desenvolvimento dos recursos de petróleo e gás do país. Em muitas ocasiões o Governo

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reiterou a importância que atribui a evitar os erros cometidos por outros países ricos em recursos, os quais levaram a instabilidade macroeconómica e a resultados ainda piores. De forma consistente com este compromisso em relação a uma gestão económica sólida dos ricos recursos do país, o Governo colocou em prática uma política de poupanças que irá assegurar a gestão efectiva das reservas petrolíferas. Vital para a implementação eficaz desta política é o Fundo Petrolífero, o qual foi estabelecido em 2005 e é amplamente considerado como uma aplicação por parte de Timor-Leste da melhor prática internacional. O quinto componente da estratégia consiste numa forte ênfase continuada na capacitação institucional e humana a nível nacional e local. Fica claro que as capacidades do país no que toca a financiar programas de desenvolvimento altamente prioritários destinados à redução da pobreza e à melhoria do bem-estar por toda a Nação excedem actualmente as capacidades para a implementação eficaz destes programas. O Governo está a levar a cabo uma abordagem com três frentes para a resolução deste problema. Em primeiro lugar, não obstante as melhores capacidades de financiamento do país, os Parceiros de Desenvolvimento de Timor-Leste continuam a ter um papel muito importante no que toca a ajudar a construir estas capacidades de implementação através de apoio directo e das experiências e lições aprendidas noutros países em vias de desenvolvimento. Em segundo lugar, para superar os condicionalismos À implementação no futuro imediato, o Governo está a considerar um maior uso de adjudicatários internacionais que, em parceria com a comunidade empresarial local, possam dar um incentivo imediato às capacidades domésticas para a implementação de programas. Em terceiro lugar, o Governo está a redobrar os esforços de capacitação institucional e humana dentro do país, dando particular atenção a essas capacidades a nível subnacional. Conseguir um padrão de desenvolvimento mais equilibrado e equitativo irá requerer que os governos locais e a sociedade civil desempenhem um papel maior no combate nacional contra a pobreza. O relatório elabora sobre estas orientações políticas gerais a serem seguidas pelo Governo no combate à pobreza e na melhoria do bem-estar de todos os timorenses. O próximo Orçamento de Fontes Combinadas para o AF de 2006/07 irá começar a traduzir estes programas em acções palpáveis, tanto a nível nacional como a nível local. É esperado que os recém-criados Grupos de Trabalho Sectorial, com o apoio dos Parceiros de Desenvolvimento, desempenhem um papel importante no impulsionar do combate nacional contra a pobreza.

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Parte A: Progressos e Desafios Quais são as Metas do País? Desde a restauração da Independência em 2002 que o Governo articula claramente a sua visão para o desenvolvimento do país e, com a ajuda da comunidade de parceiros de desenvolvimento, procura concretizar esta visão. O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), amplamente discutido durante a sua preparação, estabelece a estratégia para o período de cinco anos entre 2002 e 2007. A estratégia é impulsionada por duas metas principais a longo prazo.

• A redução da pobreza em todos os sectores e regiões da Nação; e • A promoção de crescimento económico equitativo e sustentável, que melhore a saúde,

educação e bem-estar de todo o país. Estas metas de desenvolvimento para o país basearam-se em grande medida num processo nacional de consulta realizado em princípios de 2002. Neste processo, ordenado por Xanana Gusmão, mais de 38,000 timorenses em todos os sucos participaram no processo de consulta. O processo deu uma indicação clara das prioridades das comunidades através da Nação. Os resultados da Consulta foram publicados pelo Governo no documento Timor-Leste 2020 – A Nossa Nação, O Nosso Futuro. O processo de consulta identificou a Educação, a Saúde e o Bem-Estar Económico como as três principais preocupações das pessoas em todo o país. Mais de 70% das pessoas consultadas colocaram a Educação entre as três principais prioridades, seguida da Saúde (49% dos consultados) e da Agricultura (32% dos consultados). Tal como a Tabela 1 indica, a maior parte dos participantes apontou a Educação como a prioridade mais

elevada em todos os 13 distritos do país. Subsequente à preparação do PDN, o Governo reconheceu a necessidade de um mecanismo através do qual as metas e aspirações a longo prazo da Nação pudessem ser traduzidas em acções. Deste modo, em 2003 deu início à preparação de programas de investimento sectorial para cada um dos principais sectores da economia. Em meados de 2005 havia sido preparado um total de 17 PIS individuais. Cada um articulou as metas e objectivos para o sector em causa e estabeleceu uma indicação clara das prioridades e programas a médio prazo. Os 17 PIS, revistos recentemente, dão um retrato claro dos muitos desafios que se deparam ao país. As actuais versões dos PIS traduzem as metas e aspirações a longo prazo da Nação em políticas, programas e requisitos de despesas para cada sector para o período do AF de 2005/06 até ao AF de 2009/10. Houve progressos constantes na busca das metas nacionais que foram articuladas em 2002, contudo o país continua a enfrentar grandes desafios nos seus esforços para melhorar o bem-estar em toda a Nação. Os temas comuns a muitos dos sectores incluem:

• Elevados níveis de pobreza, em especial em áreas rurais, onde há uma forte dependência continuada de agricultura de subsistência e vulnerabilidade a escassez de alimentos

(As Articulated in the 2002 National Consultation)Region and

District First Second ThirdRegion I Baucau Education Health Agriculture Lautem Education Health Employment Viqueque Education Health EmploymentRegion II Ainaro Education Health Infrastructure Manatuto Education Health Agriculture Manufahi Education Health AgricultureRegion III Aileu Education Health Agriculture Dili Education Health Employment Ermera Education Health AgricultureRegion IV Bobonaro Education Health Infrastructure Covalima Education Health Employment Liquiça Education Health EmploymentRegion V Oecussi Education Agriculture Health

Ranking of Priorities

Table 1: Top Priorities for Development

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• Grande número de pessoas que ainda não dispõem de acesso a serviços básicos de qualidade adequada, incluindo educação, saúde, água potável e saneamento adequado

• Oportunidades de emprego produtivo em número insuficiente para uma força de trabalho em rápido crescimento

• Fraco sector privado e baixos níveis de investimento privado necessário para a criação de emprego

• Maus serviços de infra-estruturas, em combinação com uma urbanização rápida • Recursos humanos inadequados e capacidades institucionais

Um forte crescimento económico sustentado e uma distribuição equilibrada dos benefícios do crescimento continuam a ser essenciais para as metas e objectivos do país, juntamente com a prioridade ainda elevada relativamente à educação, saúde e serviços básicos tais como abastecimento de água e saneamento.

Table 2: Selected Macro-economic Indicators, 2000-2005

Indicator 2000 2001 2002 2003 2004 2005Population (mid-year in '000) 821.0 846.0 872.0 898.0 923.2 952.2 Non-oil GDP at 2000 constant prices (US$ mill)Agriculture, forestry, fisheries 81.5 88.6 93.9 93.5 99.1 105.2 Non-farm private 98.2 107.9 107.4 106.2 108.0 110.5 Public sector 53.1 80.4 82.2 84.2 88.6 98.3 United Nations 83.4 91.5 60.3 38.6 28.0 17.0 Total non-oil GDP 316.2 368.4 343.8 322.5 323.7 331.0 Non-oil GDP growth (% p.a.) 13.7 16.5 (6.7) (6.2) 0.4 2.3 Non-oil GDP at current prices 316.2 367.9 343.4 335.7 338.6 349.9 InflationNon-oil GDP deflator (% p.a.) 3.0 0.1 0.1 4.3 0.5 1.0 Consumer price index (% p.a.) 3.0 3.6 (0.4) 0.1 0.8 1.8 Non-oil GDP per capita (US$) At 2000 constant prices 385 435 394 359 351 348 At current market prices 385 435 394 374 367 367 Fixed investment (US$ mill at current prices)Public investment 97.5 115.2 91.3 82.0 52.4 66.4 Private 21.3 30.2 27.6 23.0 7.5 7.5 Total fixed capital formation 118.8 145.4 118.9 105.0 59.9 73.9 Total investment as % non-oil GDP 37.6 39.5 34.6 31.3 17.7 21.1 International trade (US$ mill)Merchandise exports 1.0 4.0 6.0 7.3 7.9 8.1 Merchandise imports (82.4) (86.5) (92.6) (104.0) (113.3) (101.6) Trade balance (81.4) (82.5) (86.6) (96.7) (105.4) (93.5) Note: National income accounts data for 2004 and 2005 are estimates.

Promoção da Recuperação Económica e da Estabilidade Macroeconómica Ao longo dos últimos dois anos tem havido uma melhoria constante no quadro macroeconómico do país, assim como sinais encorajadores de recuperação relativamente à acentuada contracção económica em 2002 e 2003, derivada da retirada de pessoal da ONU. Tal como a Tabela 2 indica, é estimado que o PIB não petrolífero tenha aumentado cerca de 2% em termos reais no último ano. A recuperação tem sido ajudada por um forte desempenho na produção alimentar no sector da agricultura, após a seca do AF de 2002/03, bem como por um crescimento substancial dos empréstimos bancários ao sector privado. O crédito ao sector privado aumentou de 2% do PIB não petrolífero em finais de 2002 para 25% em finais de 2005, o que foi possível devido a um aumento notável nos depósitos à ordem e a prazo no sistema bancário. Esta medida de existências monetárias aumentou de $20 milhões em 2000 para cerca de $95 milhões em finais de 2005, o

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equivalente a cerca de 28% do PIB não petrolífero.1 O último ano registou também um aumento acentuado nos gastos recorrentes por parte do Governo, o que veio estimular a actividade económica doméstica. A estabilidade macroeconómica foi ainda reforçada por uma diminuição na inflação doméstica, tendo o índice de preços ao consumidor para Timor-Leste aumentado um total de menos de 3% nos últimos três anos. A competitividade externa também melhorou com a depreciação do dólar norte-americano em termos reais. Comparando a taxa real de câmbio de Timor-Leste com os principais parceiros comericias podemos afirmar que esta se encontra no mesmo nível que em 2002. Contudo, a velocidade da recuperação tem sido condicionada por uma quebra acentuada no nível de investimento fixo nos últimos quatro anos. A partir do ponto mais elevado de $145 milhões em 2001 (o equivalente a 40% do PIB não petrolífero), estima-se que a formação de capital fixo tenha caído para cerca de $60 milhões em 2004 – o equivalente a cerca de 18% do PIB não petrolífero. O ano transacto registou os princípios de uma recuperação nos gastos capitais, tendo o Governo dado maior ênfase ao papel da actividade da construção como forma de criar emprego através da economia e verificando-se o arranque de alguns novos projectos de investimento privado. Todavia o facto é que o PIB não petrolífero per capita continua muito baixo. A partir do ponto mais alto de $435 per capita em 2001, o valor acrescentado não petrolífero por pessoa caiu para cerca de $365 em 2004-2005. A contracção na actividade económica e reduções acentuadas nos gastos de capital levaram a mais sub-emprego e a mais desemprego. Embora não existam estudos actualizados sobre a incidência da pobreza de rendimentos no país, o fraco crescimento, juntamente com um aumento anual da população de 3%, levou quase certamente a um aumento na incidência a pobreza de rendimentos. Estudos em 2001 indicaram que cerca de 40% da população – quase 335,000 pessoas – estavam abaixo da linha de pobreza de rendimentos. As estimativas informais sugerem que talvez 41% da população possa estar actualmente abaixo da linha de pobreza – um aumento de cerca de 50,000 pessoas em relação a 2001. Progresso no Fortalecimento das Finanças Públicas Uma concretização importante desde a restauração da Independência tem sido a melhoria constante nas finanças públicas do país. A Tabela 3 apresenta um resumo das receitas e despesas numa base de fontes combinadas para os últimos seis anos. Daqui podem-se tirar alguns pontos importantes:

• Houve um aumento constante nas receitas fiscais e não fiscais do governo para $42.1 milhões no último ano fiscal – o equivalente a 12.2 porcento do PIB não petrolífero. Este desempenho em termos de receitas é apenas marginalmente inferior ao que se verifica nos países em vias de desenvolvimento com baixos rendimentos por todo o mundo.

• As receitas petrolíferas aumentaram de forma acentuada no último ano para $265 milhões, como resultado do aumento da produção do campo Bayu Undan e do aumento dos preços do petróleo a nível mundial.

• Os gastos recorrentes numa base de forças combinadas assentaram nos últimos três anos, sendo em média de $180 milhões ao ano. Houve, contudo, um aumento constante nas despesas recorrentes do FCTL, as quais representaram 37% do total de gastos recorrentes no último ano. Para este ano fiscal é esperado um novo aumento marcado na percentagem financiada pelo FCTL.

1 A estimativa das existências monetárias não inclui disponibilidades líquidas tidas pelo público, sendo que para isso não estão disponíveis dados.

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• O financiamento do FCTL de despesas recorrentes no ano transacto foi equivalente a cerca de 19% do PIB não petrolífero – um nível que é comparável à média para todos os países em vias de desenvolvimento do mundo.

• As despesas capitais do FCTL (sem transferências para a ABP e outras entidades) permaneceram nos cerca de $12 milhões por ano durante os últimos três anos – o equivalente a cerca de 3.6% do PIB não petrolífero. As despesas capitais financiadas pelos parceiros de desenvolvimento caíram em relação aos elevados níveis verificados nos AFs de 2000/01 e 2001/02. O Governo está preocupado com a diminuição no investimento público numa base de fontes combinadas e está a dar passos para aumentar estes gastos nos próximos anos, de modo a estabelecer os alicerces para um maior crescimento da economia.

• Nos últimos quatro anos o total dos gastos públicos numa base de fontes combinadas assentou em cerca de $235 milhões por ano. Nos últimos três anos houve uma diminuição de 7% em termos reais no total de gastos numa base de fontes combinadas (a preços do AF de 2004/05). O insucesso em aumentar o nível real das despesas públicas é um motivo de grande preocupação para o Governo. Estão a ser tomadas medidas com vista a inverter esta tendência.

(US$ millions)Indicator FY99/00 FY00/01 FY01/02 FY02/03 FY03/04 FY04/05

Government revenuesDomestic tax and non-tax revenues 2.0 13.6 19.9 19.1 29.2 34.1 Petroleum royalties and taxes - 12.9 10.7 29.4 41.3 265.0 Autonomous agency revenues - 1.4 4.5 5.0 5.6 8.0 Interest income - 0.5 0.6 0.2 0.1 2.7 Total receipts 2.0 28.4 35.7 53.7 76.2 309.8 Public expendituresRecurrent expenditures Central government 18.9 24.0 31.6 47.0 51.8 53.3 Autonomous agencies 5.2 10.1 8.9 9.6 10.7 12.5 Donor funded recurrent outlays 66.2 97.8 110.6 122.0 123.9 111.6 Sub-total 90.3 131.9 151.1 178.6 186.4 177.4 Capital expenditures Central government 10.9 5.2 11.3 13.3 9.8 11.7 Autonomous agencies 1.0 0.5 0.2 0.3 0.2 0.3 Donor funded capital outlays 13.4 50.2 69.5 48.3 40.6 42.3 Sub-total 25.3 55.9 81.0 61.9 50.6 54.3 Current and capital transfers (net) - 8.5 6.2 4.2 3.7 58.8 Overall balance (113.6) (167.9) (202.6) (191.0) (164.5) 19.3 FinancingUnited Nations contributions 33.0 27.7 5.4 - - - Budget support by donors 2.6 3.9 17.3 32.5 34.8 34.2 Direct donor funding 79.6 148.0 180.1 170.3 164.5 153.9 Change in cash balances (increase -) (1.6) (11.7) (0.2) (11.8) (34.8) (207.4) Total funding 113.6 167.9 202.6 191.0 164.5 (19.3) Memo items:Domestic revenues as % non-oil GDP 0.7 4.4 6.9 7.1 10.3 12.2 CFET recurrent as % total recurrent 26.7 25.9 26.8 31.7 33.5 37.1 CFET recurrent as % non-oil GDP 8.2 10.0 11.4 16.7 18.4 19.1 CFET capital as % non-oil GDP 4.1 1.7 3.2 4.0 2.9 3.5 Total combined sources expenditure 115.6 187.8 232.1 240.5 237.0 231.7 Cash & trust acc't balances (end year) 1.6 16.9 22.0 37.0 75.3 341.6 Non-oil GDP at current prices 293.2 342.1 355.7 339.6 339.1 344.1

Table 3: Whole of Government Financial Accounts on Combined Sources Basis

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 5

A comunidade internacional desempenhou um papel muito importante na transição bem sucedida de Timor-Leste para a restauração da Independência e no subsequente progresso em termos de construção de serviços e capacidades no período de transição pós-conflito. O montante e a composição da assistência externa prestada sofreram alterações muito acentuadas nos últimos seis anos. Tal como se pode ver na Tabela 4, os primeiros anos foram dominados por assistência humanitária, apoio orçamental e grandes despesas com as operações da UNPKF e da UNPOL. Foram também construídos rapidamente programas de desenvolvimento e assistência técnica, sendo os fluxos deste tipo de assistência o tipo dominante de apoio por alturas do AF de 2002/03. Nos primeiros anos houve fluxos substanciais de financiamento de parceiros de desenvolvimento vistos como sendo “fora do orçamento”. Nos anos mais recentes, o nível de financiamento “fora do orçamento” por parte de parceiros de desenvolvimento diminuiu.2 O nível de desenvolvimento e assistência técnica atingiu o seu ponto mais alto no AF de 2001/02, na ordem dos $180 milhões. Tem havido um declínio constante destes fluxos desde então, à medida que os parceiros de desenvolvimento activos no período inicial vão concluindo os seus programas. A Tabela 4 indica que o montante de desenvolvimento e assistência técnica per capita atingiu o seu ponto elevado no mesmo ano, nos $225. Tem havido uma redução constante na assistência per capita desde então. Tal como a subsequente discussão de perspectivas para assistência dos parceiros de desenvolvimento indica, o Governo prevê que esta tendência vá continuar.

(US$ millions)Type of expenditure FY99/00 FY00/01 FY01/02 FY02/03 FY03/04 FY04/05

Development & technical assistance On-budget 72.3 118.1 147.0 139.3 134.6 135.8 Off-budget 7.3 29.9 33.0 31.0 29.9 18.1 Sub-total 79.6 148.0 180.1 170.3 164.5 153.9 Humanitarian assistance 82.0 29.6 11.9 3.5 3.1 1.1 Budget & commodity support 35.6 31.6 22.7 32.5 34.8 34.2 UN PKF 65.6 231.1 145.0 104.4 74.7 12.9 UN POL 33.1 51.9 45.4 26.7 15.7 5.1 Donor administrative expenses 1.1 7.0 4.9 4.6 7.5 5.2 Total assistance 297.0 499.2 410.1 341.9 300.2 212.3 Memo item:Development assistance per capita ($) 99 185 225 213 206 192

Table 4: Trends in External Assistance

2 O financiamento, no âmbito das fontes combinadas, por parte de parceiros de desenvolvimento corresponde às actividades financiadas por parceiros de desenvolvimento que criam obrigações orçamentais para o Governo. A obrigação pode coincidir com a implementação do programa do parceiro de desenvolvimento; por exemplo, a provisão de fundos ou funcionários contrapartes como parte da execução do programa pelo parceiro de desenvolvimento. Ou a obrigação pode ser uma responsabilidade contingente; por exemplo, um parceiro de desenvolvimento financia na totalidade a construção de uma estrada ou de uma escola, mas não a subsequente manutenção do activo. O novo activo vai criar uma exigência futura sobre o orçamento do governo, neste caso para a manutenção do activo e sua eventual substituição ou reabilitação. Despesas “fora do orçamento” não solicitam recursos do governo.

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Rápido Crescimento Populacional e Urbanização O Censo de 2004 confirmou que Timor-Leste está a registar um elevado crescimento populacional, estimado actualmente em pouco mais de 3% por ano. A elevada taxa de crescimento populacional deriva do facto de a taxa de natalidade total ser uma das mais elevadas no mundo. O Censo colocou a população total do país nos 923.200 em meados de 2004, sendo que 49% são mulheres. Como parte do processo de PIS foram desenvolvidos vários cenários demográficos para Timor-Leste.3 Os resultados para a projecção populacional no Cenário Base são apresentados na Tabela 5.

Segundo o Cenário Base, a taxa de natalidade total irá diminuir de forma lenta na próxima década; porém é esperado que os programas ambiciosos do Governo relativos à melhoria dos serviços de saúde e de educação e à água potável e saneamento adequado resultem numa diminuição pronunciada da taxa bruta de mortalidade, de 13.5 por milhar de pessoas em 2004 para 9.6 por milhar em 2015. Como resultado disto, a diminuição da

taxa de crescimento populacional neste período é apenas mínima, com o total da população a aumentar para 1.3 milhões até 2015. Em 2025 é esperado que o país tenha uma população de 1.7 milhões, de acordo com o Cenário Base. Estas tendências demográficas têm implicações profundas na melhoria da acessibilidade e da qualidade dos serviços de educação, saúde, abastecimento de água e habitação. Estas são discutidas com algum detalhe nos PIS relevantes. Outra consequência importante é o rápido crescimento na força de trabalho durante pelo menos as próximas duas décadas. Tal como a análise da secção seguinte indica, a criação de oportunidades de emprego produtivo para o número cada vez maior de novos elementos no mercado de trabalho irá exigir um aumento substancial do investimento privado na agricultura e no sector privado não agrícola, ainda que um número substancial de trabalhadores timorenses seja enviado para fora do país como parte do programa de trabalhadores colocados no estrangeiro.

Scenario2004 2015 Growth rate 2004 2015 2004 2015

(% p.a.)A. Base case 923.2 1,301.8 3.0 45.4 39.9 13.5 9.6 B. High growth case 923.2 1,324.6 3.5 45.4 45.0 13.5 9.6 C. Lower growth case 923.2 1,260.6 2.5 45.4 35.0 13.5 9.6

Crude birth rate Crude death ratePopulation (mid-year '000)

Table 6: Alternative Scenarios for Population Growth

3 A Direcção Nacional de Estatística do Ministério do Plano e das Finanças desenvolveu um modelo demográfico detalhado que aproveita ao máximo os modelos desenvolvidos por instituições das Nações Unidas para uso noutros países. Estas projecções demográficas são provisionais e serão revistas mais tarde aquando dos resultados finais do Censo de 2004.

(thousands)Indicator 2004 2007 2010 2015

Population (mid-year) Male 469.9 515.9 569.6 662.0 Female 453.3 498.0 550.6 639.8 Total 923.2 1,013.9 1,120.2 1,301.8 Memo items:Total fertility rate 7.0 6.8 6.5 6.1 Crude birth rate 45.4 43.9 42.2 39.9 Crude death rate 13.5 12.4 11.2 9.6 Population growth rate (% p.a.) 3.2 3.2 3.1 3.0 Females as % total 49.1 49.1 49.2 49.1 Note: The crude birth and death rates refer to the number of births anddeaths per '000 population.

Table 5: Population of Timor-Leste

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O Governo atribuiu uma prioridade elevada à execução efectiva dos programas com vista à redução da pobreza e da insegurança alimentar e à melhoria dos serviços de saúde e de educação. É muito provável que a actual elevada taxa bruta de mortalidade de 13.5 por milhar vá descer como resultados destes programas. Quais são as implicações em termos de crescimento populacional através de pressupostos alternativos sobre a medida em que a taxa bruta de mortalidade irá diminuir? A resposta depende de se melhores condições de vida irão levar a uma diminuição da taxa de natalidade. A Tabela 6 resume os resultados de dois cenários alternativos para a década seguinte e compara-os com o Cenário Base.

• O Cenário de Alto Crescimento Populacional assume que não haverá redução nas taxas de natalidade, o que significa que a taxa bruta de natalidade permanece nos 45 por milhar durante todo o período. Neste caso, a população será superior em 25,000 ao verificado segundo o Cenário Base em 2015.

• O Cenário de Baixo Crescimento Populacional assume que a taxa de natalidade diminuirá mais rapidamente do que no Cenário Base. Em 2015, a taxa bruta de natalidade diminui para 35 por milhar, em comparação com 40 por milhar no Cenário Base. Neste caso, a população é inferior em cerca de 40,000 ao verificado segundo o Cenário Base em 2015.

Estes cenários populacionais alternativos dão algumas indicações sobre o aumento ou diminuição na despesa pública com serviços; por exemplo, o Cenário Alto iria adicionar cerca de $2 milhões por ano (a preços actuais) ao custo recorrente da educação primária.

O Censo de 2004 também chamou a atenção para o problema do rápido crescimento na população urbana, especialmente em Díli. O Censo sugere que a população urbana de Díli aumentou muito rapidamente ao longo dos últimos cinco anos. A migração a partir de áreas rurais e outras vilas de Timor-Leste foi feita essencialmente para Díli, tendo aumentado de uma estimativa de 120.500 em 2001 para 153.300 em 2004 – o equivalente a um aumento médio de 6.2% por ano.

O rápido crescimento populacional e a continuação das desigualdades nos serviços públicos entre áreas urbanas e rurais deverão dar azo à continuação de uma rápida urbanização. O Governo prevê que a população urbana cresça cerca de 5% ao ano durante a próxima década. Um crescimento populacional urbano na ordem dos 5% ao ano está no geral de acordo com a experiência de outros países em vias de desenvolvimento com um elevado crescimento geral da população. Para um painel de 14 países cujo crescimento populacional foi em média de 3% ao ano durante uma década ou mais ao longo das últimas duas décadas, a população urbana cresceu uma média de 5.4% por ano entre 1980 e 2000.4 Segundo o cenário de crescimento de 5%, a população urbana de Timor-Leste aumenta para mais de 410,000 até 2015, o que implica uma taxa de urbanização de 32% nessa data. 4 Os 14 países incluídos na amostram são Angola, Benin, Cambodja, República Democrática do Congo, Congo, Costa do Marfim, Gambia, Honduras, Quénia, Namíbia, Níger, Tanzânia, Uganda e Zimbabué. Ver Banco Mundial, Indicadores de Desenvolvimento Mundial, 2002. Washington DC

Indicator 2004 2007 2010 2015Population ('000) Urban 241.3 279.4 323.4 412.8 Rural 683.3 734.5 796.8 889.0 Total 924.6 1,013.9 1,120.2 1,301.8 Households ('000) Urban 43.9 50.8 58.8 75.1 Rural 151.1 162.4 176.2 196.6 Total 195.0 213.2 235.0 271.7 Memo items:Urban pop growth (% p.a.) 5.0 5.0 5.0 5.0 Urbanization ratio (%) 26.1 27.6 28.9 31.7 Household size 4.7 4.8 4.8 4.8

Table 7: Urban and Rural Populations and Households

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É esperado que quase 70,000 migrem para áreas urbanas durante a próxima década. Deste modo, uma questão política essencial para o futuro é a medida em que o crescimento da população urbana continuará a centrar-se principalmente em Díli. Fica claro que existe um desequilíbrio considerável no padrão de desenvolvimento predominante. Estimativas informais do PIB regional bruto não petrolífero sugerem que o Distrito de Díli pode representar cerca de metade do total do valor acrescentado do país. A Parte B deste relatório discute com maior pormenor a questão do equilíbrio regional no desenvolvimento. Basta dizer que neste momento o Governo está empenhado na promoção de um padrão mais disperso de desenvolvimento urbano, com a emergência de outros centros de crescimento no país, garantindo assim que uma parte substancial dos 70,000 migrantes acima referidos se desloca para outros centros urbanos que não Díli. Isto irá exigir uma maior atenção para a provisão de serviços básicos em outros centros de crescimento potenciais, juntamente com melhores infra-estruturas. O programa agressivo proposto para a promoção do investimento privado, discutido na Parte C deste relatório, partirá também da promoção de oportunidades empresariais nestes outros centros urbanos. As versões mais recentes do PIS de Desenvolvimento Local e do PIS de Desenvolvimento Urbano representam um primeiro passo na formulação de um conjunto coerente de políticas e programas destinados à promoção de um desenvolvimento mais equilibrado no país, porém o Governo reconhece que há ainda muito a fazer nesta frente. Rápido Crescimento da Força de Trabalho e Criação de Emprego O Censo de 2004 forneceu informações mais actualizadas a respeito da força de trabalho e do emprego em Timor-Leste. Tal como a Tabela 7 indica, aquando do Censo havia 289.300 pessoas na força de trabalho. O Censo forneceu informações sobre três aspectos importantes de políticas para o maior desenvolvimento da força de trabalho. Em primeiro lugar, a taxa de participação da força de trabalho foi colocada em volta dos 60%, o que é um valor baixo em comparação com a maioria dos outros países em vias de desenvolvimento.5 Tal como a análise subsequente indica, com um progresso constante rumo a nove anos de escolaridade para todas as crianças até 2015, pode-se esperar que maiores números de jovens entre 15 e 24 anos entrem no mercado de trabalho em busca de emprego. Deste modo é muito provável um aumento na actual taxa de participação. Em segundo lugar, foi concluído que cerca de 77% da força de trabalho – ou aproximadamente 212,000 trabalhadores – residem em áreas rurais, estando dois terços destes elementos envolvidos essencialmente em agricultura de subsistência. O número total de pessoas empregadas na agricultura de subsistência foi estimado na ordem dos 140,000. Isto sugere que existem cerca de 95,000 famílias em áreas rurais cujo principal modo de vida é a agricultura de subsistência. Muitas destas pessoas estão abaixo da linha de pobreza de rendimentos do país. Para lá disto, estão especialmente vulneráveis aos problemas de insegurança alimentar. Muitas destas famílias vivem em áreas remotas. Dotá-las de acesso a serviços básicos, tais como a água potável e saneamento adequado e serviços de educação e saúde será um desafio de monta para o Governo. Em terceiro lugar, a extensão do desemprego varia muito consoante dos distritos, indo desde 18% em Manatuto a 2.4% em Liquiçá e 1.4% em Oecussi. Deve ser salientado que estas taxas de desemprego aberto são baixas segundo os padrões de muitos países em vias de desenvolvimento.

5 Os Indicadores de Desenvolvimento Mundial 2002 reportam que a taxa média de participação em países em vias de desenvolvimento com baixos rendimentos em 2000 foi de 95% para os homens e 59% para as mulheres, com a taxa média de participação a ser 80% para todos os países com baixos rendimentos. As taxas de participação da força de trabalho em Timor-Leste, de acordo com os estudos indonésios, foram de 62.5% em 1995, 61.5% em 1996, 61.1% em 1997 e 71.9% em 1998.

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Para lá disto, não reflectem a realidade do sub-emprego disseminado e substancial tanto nas áreas rurais como nas áreas urbanas de Timor-Leste.

Um desafio importante para o país consiste na criação de oportunidades de emprego produtivo para o cada vez maior número de jovens a entrarem no mercado de trabalho, ao mesmo tempo que se aumenta a produtividade daqueles que já constituem a força de trabalho. Só desta forma será possível reduzir a actual pobreza disseminada. O Ministério do Plano e das Finanças desenvolveu vários cenários para o futuro crescimento da força de trabalho. O Ministério acredita que

o cenário mais provável é o de uma taxa de crescimento da força laboral de cerca de 4% ao ano durante pelo menos mais uma década. O elevado crescimento deriva do rápido crescimento populacional no passado e do aumento das taxas de participação da força laboral no futuro. Tal como a Tabela 8 indica, a expectativa é de que mais de 150,000 novos elementos irão ingressar no mercado de trabalho ao longo da próxima década. Numa base líquida, o número anual de novos elementos aumentará dos actuais 11,200 para cerca de 15,500 ao ano em 2015. Tal como a subsequente análise indica, dada a dimensão relativamente reduzida do sector comercial não agrícola a criação de emprego produtivo em número suficiente para os novos elementos que irão entrar na força de trabalho é um desafio significativo. Uma parte essencial da transição a partir da actual forte dependência da agricultura de subsistência é a criação de oportunidades de geração de rendimentos em áreas rurais, retendo assim pessoas que de outro modo poderiam ir procurar emprego em áreas urbanas. A capacitação do sector agrícola para absorver o trabalho em actividades produtivas é assim uma parte essencial da transição para um forte crescimento sustentado e para a redução da pobreza. Melhoria do Acesso a Serviços Básicos Tal como a Tabela 1 indica, a esmagadora maioria da população em 2002 indicou que as prioridades principais eram a melhoria dos serviços de educação e de saúde. Em resposta a isto, o Governo atribuiu uma prioridade elevada ao uso de recursos orçamentais para apoiar a educação, a formação e saúde. Desenvolvimento do sistema de educação. Os progressos na construção do sistema de educação primária e secundária do país estão resumidos na Tabela 9. O total do número de alunos era de 245,000 em finais do AF de 2004/05 – um aumento de cerca de 23,000 nos últimos quatro anos e um nível de acesso ao ensino formal superior ao que se verificava durante a ocupação indonésia. Uma das realizações mais impressionantes foi o grande aumento nas taxas líquidas de matrícula na escola primária, no liceu e no secundário. No caso da escola primária, por exemplo, 86% das crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos estavam na escola no AF de 2004/05, em comparação com apenas 68% no AF de 2000/01. Isto representa uma melhoria muito significativa no acesso ao ensino primário por todo o país. Foram registadas melhorias igualmente impressionantes no que se refere ao ensino a nível de liceu e secundário. A melhoria no acesso foi possibilitada pela abertura de mais 200 escolas durante os últimos quatro anos e pela contratação de mais 2,600 professores, em especial para escolas primárias e liceus.

Indicator 2004 2007 2010 2015 Growth (% p.a.)Population 15-64 years ('000) Male 247.6 271.2 298.1 345.4 3.1 Female 244.8 267.2 292.5 337.5 3.0 Total 492.4 538.4 590.6 682.9 3.0Labor force ('000) Male 171.6 192.0 215.5 258.4 3.8 Female 117.7 133.4 151.2 184.6 4.2 Total 289.3 325.4 366.7 443.0 4.0Participation rate (%) Male 69.3 70.8 72.3 74.8 0.7 Female 48.1 49.9 51.7 54.7 1.2 Total 58.8 60.4 62.1 64.9 0.9

Table 8: Estimates of the Timor-Leste Labor Force

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Apesar do progresso, ainda existem cerca de 21,000 crianças entre os 6 e 11 anos de idade que não têm acesso a educação primária e um grande número dos que se situam entre os 12-14 anos não têm acesso ao ensino preparatório. Uma das metas do Governo é garantir educação básica a todas as crianças entre os 6 e os 14 anos até 2015. Outra preocupação prende-se com o grande número de alunos com idade superior à indicada na escola. Embora o número destes esteja a descer, existiam quase 70,000 crianças com idade superior à indicada nas escolas primárias e secundárias no ano passado. Uma terceira preocupação importante diz respeito à qualidade da educação. Muito há ainda a fazer para melhorar as qualificações dos professores, as salas de aula e os materiais de ensino.

No último ano, o Ministério da Educação e da Cultura levou a cabo várias iniciativas com vista a continuar o desenvolvimento do sistema de educação. Estas incluem a formulação de um programa coerente de capacitação, a integração de programas de formação prática de professores, e a formulação de uma política financeira escolar que inclua a eliminação das contribuições de voluntários. O Plano Estratégico para a Educação Primária Universal até 2015 foi concluído. Houve também progressos no fortalecimento das capacidades de planeamento e da execução orçamental. Conforme a discussão na Parte C deste relatório indica,

o Governo tenciona levar a cabo um conjunto de políticas económicas que irão levar a um forte crescimento sustentado na economia. Uma das implicações importantes é que haverá um aumento acentuado na procura de trabalhadores qualificados e semi-qualificados na indústria da construção, a qual a médio prazo será impulsionada por níveis de investimento público substancialmente mais elevados. A longo prazo, o impacto da indústria do petróleo e do gás irá também criar uma maior procura em relação a uma vasta gama de trabalhadores qualificados. Deste modo deve ser atribuída uma prioridade elevada ao desenvolvimento de qualificações na força de trabalho que possam dar resposta a este aumento da procura. Como primeiro passo, o Governo tenciona avaliar as capacidades actuais para tais programas de desenvolvimento de qualificações, de modo a que o país possa evitar uma dependência pesada prolongada de trabalhadores qualificados e semi-qualificados importados da Ásia e de outras regiões. Progresso na melhoria do estado de saúde da população. Os indicadores de saúde de Timor-Leste estão entre os mais baixos da Ásia Oriental. Entre os problemas mais graves incluem-se as altas taxas de mortalidade infantil e de mortalidade de crianças com menos de 5 anos causadas

(Thousands)Indicator FY00/01 FY01/02 FY02/03 FY03/04 FY04/05

Number of studentsPrimary 164.7 175.0 185.6 174.6 179.9 Junior secondary 37.3 38.8 38.4 40.4 41.5 Senior secondary 20.8 20.9 19.7 21.0 24.5 Total 222.8 234.7 243.7 236.0 245.9 Net enrolment ratio (%)Primary 67.7 73.8 76.9 83.5 86.2 Junior secondary 19.0 21.5 24.1 31.9 30.4 Senior secondary 15.9 16.8 17.3 20.4 33.6 Number of schoolsPrimary 719 734 769 835 862 Junior secondary 109 115 113 120 129 Senior secondary 41 48 43 55 76 Total 869 897 925 1,010 1,067 Number of teachersPrimary 3,470 3,860 4,248 4,862 5,415 Junior secondary 1,111 1,360 1,013 1,135 1,652 Senior secondary 618 855 1,093 670 725 Total 5,199 6,075 6,354 6,667 7,792 Children not in school 6-11 year olds 43.8 36.7 33.6 24.7 21.1 12-14 year olds 51.6 51.5 51.0 46.9 49.4 Total 95.4 88.2 84.6 71.6 70.5 Over-age children in schoolPrimary/junior secondary 97.9 96.1 96.4 68.0 67.9

Table 9: Selected Indicators for Primary and Secondary Education

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por doenças infecciosas, baixa utilização de assistência qualificada no que toca a cuidados pré-natais, e deficiências no que toca à saúde reprodutiva. A má-nutrição materna e infantil há muito que é comum no país, havendo também uma elevada prevalência de má-nutrição e de carência de iodo e vitamina A. Existe igualmente uma alta incidência de doenças transmissíveis possíveis de serem evitadas, tais como a malária, tuberculose, infecções respiratórias infantis e doenças diarreicas, assim como uma maior incidência de doenças não transmissíveis. As infecções infantis mais comuns são infecções respiratórias agudas e doenças diarreicas, seguidas pela malária e pelas infecções parasiticidas. A incidência disseminada das doenças diarreicas está ligada à falta de acesso a água potável. Pelo menos 60% das famílias rurais não têm acesso a água potável, por exemplo, e até 60% das famílias urbanas acedem a lençóis de água rasos susceptíveis de estarem contaminados por esgotos e outros detritos. A malária é endémica em todos os distritos, com as principais taxas de morbosidade e mortalidade a serem verificadas nas crianças. Devido às perturbações verificadas na vigilância, actividades de controlo de vectores e instalações de tratamento, a malária registou um aumento para o triplo em Timor-Leste no seguimento da crise de 1999. Acidentes rodoviários e no local de trabalho, detritos familiares, biológicos e industriais e má concepção de habitações contribuem também para os maus níveis de saúde e bem-estar do país 6.

O Governo atribuiu uma prioridade elevada ao tratamento das necessidades da nação em termos de saúde. Foram feitos progressos rápidos na reabilitação de instalações de saúde após as perturbações verificadas no caminho para a restauração da Independência em Maio de 2002, assim como no planeamento e implementação do desenvolvimento de um sistema de saúde sustentável. As despesas recorrentes de saúde na óptica das fontes combinadas situam-se nos $26 per capita para o ano fiscal 2004/05, quando comparadas com cerca de $20 per capita no ano fiscal

FY2000/01Foi desenvolvido um Quadro de Política de Saúde, o qual está a ser usado como documento de base para o desenvolvimento de estratégias operacionais. O quadro destaca o papel importante que factores como a água e saneamento, transportes e abastecimento de alimentos desempenham no estado de saúde da população. Salienta também a importância dos serviços de cuidados de saúde primários na melhoria da saúde da população. Foi desenvolvido um Pacote Básico de Serviços com vista a orientar as intervenções a nível primário, estando a ser desenvolvido um Pacote de Serviços Hospitalares de modo a determinar a extensão e os limites dos serviços a prestar nos hospitais. Estão a ser melhorados sistemas para gerir os recursos humanos e financeiros necessários para a prestação do nível planeado de serviços às comunidades, estando também a ser reabilitadas instalações e desenvolvidas outras novas, de acordo com o sistema de prestação de serviços estabelecido no Quadro de Política da Saúde.

6 Para uma descrição mais detalhada do estado da saúde da população, consultar o Estudo Demográfico e de Saúde, Timor-Leste 2003, Ministério da Saúde, 2004.

Indicator 2003Infant mortality rate (per '000 live births) 60Under 5 mortality rate (per '000 live births) 83Maternal mortality rate (per 100,000 live births) 420-800Underweight children under 5 (%) 46Children 12-23 months fully immunized (%) 18One year olds immunized against measles (%) 47Life expectancy (years) 57Births attended by skilled health personnel (%) 24Population per medical doctor¹ 3,401Population per nurse/midwife¹ 876Population per hospital bed¹ 2,380Population per health center & health post¹ 4,000Sources:Timor-Leste 2003 Demographic and Health Survey and.Ministry of HealthNote 1. Data for FY2005/06.

Table 10: Health Indicators for Timor-Leste

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Acesso a água potável e a saneamento adequado. Aquando da restauração da Independência, o acesso a água potável e a saneamento adequado era muito baixo. Em resultado disto, números substanciais de pessoas em Timor-Leste adoeceram por causas relacionadas com saneamento inadequado ou com abastecimento de água não segura, em combinação com má higiene. A melhoria do acesso a água potável e a instalações de saneamento é essencial para superar a pobreza. Um melhor acesso pode aumentar os níveis de vida das famílias, melhorando em grande medida os níveis de saúde e aumentando a dignidade humana. Serviços melhorados e mais fiáveis de abastecimento de água e saneamento promovem o crescimento económico, não só através da melhoria da produtividade dos trabalhadores, como também através do encorajamento de investimentos do sector privado dependentes da água, como sejam o turismo, criando assim mais empregos. Sistemas de tratamento insuficientes ou inadequados pioram a saúde e a diversidade biológica dos cursos de água e dos ecossistemas costeiros, desencorajando as actividades de lazer e de turismo. Com o apoio da comunidade de parceiros de desenvolvimento o Governo lançou um programa plurianual importante com vista a uma melhoria significativa no acesso a água e saneamento. A Tabela 11 indica os progressos até à data. No último ano, cerca de 37% da população tinha acesso a água potável, em comparação com apenas 31% no AF de 2002/03. Houve também ganhos importantes na prestação de melhor saneamento e de melhor acesso a estes serviços nas áreas rurais, embora estas continuem a estar bem aquém das áreas urbanas. Ainda assim, a situação actual continua a não ser satisfatória.

• 65% das famílias rurais não têm acesso a abastecimento de água potável e 76% não têm acesso a meios adequados de eliminação de excrementos;

• 82% das famílias urbanas em Díli não têm acesso a abastecimento de água 24 horas nos seus lares e 24% não têm acesso a casas de banho nos seus lares;

• 96% das famílias urbanas fora da capital não têm acesso a abastecimento de água potável 24 horas nos seus lares e 40% não têm acesso a casas de banho nos seus lares.

Com o rápido crescimento populacional, a redução no número total de famílias que ainda não têm acesso a estes serviços básicos foi pouco significativa. Em finais do AF de 2004/05 havia 126,000 famílias sem acesso a água potável e 140,000 famílias sem saneamento adequado. O desafio fundamental consiste em aumentar os prevalentes níveis baixos de acesso a água potável e saneamento, de modo a atingir um conjunto revisto e mais ambicioso de alvos nacionais. Estes novos alvos determinam que 80% da população urbana e rural tenha acesso a água potável e saneamento até 2015. Estas novas metas irão requerer programas substanciais e sustentados, tanto nas áreas rurais como nas áreas urbanas. A existência sustentada de abastecimentos de água potável e acessível depende da

existência continuada de recursos hídricos suficientes e de qualidade razoável. O Governo reconhece que a ausência de uma política nacional que incorpore os princípios da Gestão

Indicator FY02/03 FY03/04 FY04/05HH with access to safe water ('000) Urban 14.1 18.0 20.3 Rural 45.5 45.3 54.1 Total 59.6 63.3 74.4 HH with access to sanitation ('000) Urban 18.2 21.9 24.2 Rural 24.6 28.7 37.1 Total 42.8 50.6 61.3 % of population with safe water Urban 33.8 41.0 44.0 Rural 30.6 30.0 35.0 Average 31.3 32.5 37.1 % population with sanitation Urban 43.6 50.0 52.5 Rural 16.6 19.0 24.0 Average 22.5 26.0 30.5 Memo items:Households without access ('000) Safe water 130.7 131.6 126.2 Adequate sanitation 147.5 144.3 139.3

Table 11: Access to Safe Water and Adequate Sanitation

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Integrada dos Recursos Hídricos, combinada com uma falta de capacidade de gestão dos ditos recursos hídricos, pode resultar no surgimento de estratégias sub-sectoriais em conflito para a utilização e gestão destes recursos. O Problema da Segurança Alimentar A inadequação da segurança alimentar é uma grande preocupação para o Governo. Estudos em anos recentes apontam que os lares em áreas de cultivo altas e secas estão especialmente vulneráveis à insegurança alimentar. Os dados apresentados no Levantamento Demográfico e de Saúde de 2003 revelam um valor nutricional inadequado para muitos dos homens, mulheres e crianças; por exemplo, 46% das crianças com idades abaixo dos cinco têm peso abaixo do normal. Levantamentos executados recentemente revelam que as famílias nas áreas mais elevadas e nas áreas mais secas estão especialmente vulneráveis à insegurança alimentar.. A insegurança alimentar deriva do El Niño e do efeito das secas na agricultura. Na estação seca, existem por norma condições de seca em grandes partes de Timor-Leste. Todavia, uma série de secas sucessivas em partes do país devido aos efeitos do El Niño pode reduzir consideravelmente a produção da agricultura de subsistência, o que vem agravar a insegurança alimentar sazonal que se verifica todos os anos. Em 1997-1998 as condições de seca provocadas pelo El Niño reduziram consideravelmente as colheitas de milho e de arroz. A situação foi exacerbada pela emergência civil no ano seguinte. Em 2003, a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) reportou que a produção de milho, o principal alimento em Timor-Leste e a principal fonte de hidratos de carbono, iria ser inferior em cerca de 34% aos níveis de 2002 devido ao atraso das chuvas, a pluviosidade abaixo do normal e a uma menor área de cultivo de milho devido a falta de sementes. Como resultado disto, foi avaliado que 150,000 pessoas necessitaram de 14,000 toneladas de ajuda alimentar de Outubro de 2003 a Março de 2004. As perdas de produtos agrícolas e animais devido a doenças podem aumentar com o impacto de desastres naturais e gerar maior insegurança alimentar para a população. Os actuais métodos agrícolas e as dificuldades no acesso a melhor tecnologia não ajudam a diminuir a ameaça de perigos para a agricultura. As colheitas estão em risco de ataques de pestes e doenças, em especial o milho e o arroz. A esmagadora maioria de agricultores timorenses não é capaz de pagar pesticidas industriais ou armadilhas contra roedores, sendo que as instalações de armazenamento das colheitas também são deficitárias. De acordo com a FAO, as perdas pós-colheita de arroz em Timor-Leste podem chegar aos 30% em algumas áreas, enquanto que para o milho uma perda de 30% é a média. Uma criação débil dos animais, juntamente com a falta de instalações veterinárias, deixa as aves e outros animais em risco de surtos de doenças animais exóticas, tais como a doença de Newcastle.

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Está a ser preparado um Plano Nacional de Gestão de Riscos de Desastres, sob liderança do GNGD, sendo que um elemento essencial deste plano é um sistema de aviso atempado contra riscos relacionados com o clima à segurança alimentar. Em face da vulnerabilidade de grandes segmentos da população rural à insegurança alimentar, o Governo repensou a estratégia para a agricultura e deu ênfase adicional à segurança alimentar. Têm havido bons progressos na formulação da Política nacional de Segurança Alimentar, com programas actualmente em curso para gerar estatísticas fiáveis e dados sobre produção alimentar e indicadores de segurança alimentar. O primeiro estudo agrícola nacional será levado a cabo ainda durante este ano, e entre outros aspectos irá fornecer informações importantes sobre questões de segurança alimentar. A distribuição de novos materiais de sementes para a batata-doce e milho está bem avançada, com testes extensos no terreno em mais de 200 locais. A expectativa é que estas iniciativas sirvam para reduzir a vulnerabilidade da produção de alimentos aos efeitos de um clima adverso.

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Parte B: Políticas e Programas para Combate da Pobreza

Construção de um Consenso Nacional para o Crescimento e Redução da Pobreza Com a luta pela restauração da independência terminada e com a transição a partir de uma sociedade pós-conflito em grande parte concluída, o próximo grande desafio para o país consiste na realização das aspirações do povo timorense, tão bem articuladas no diálogo nacional de 2002 e na resultante declaração de Visão para 2020. As energias do país devem agora ser mobilizadas para o combate à pobreza a nível nacional. Os factos referentes à pobreza são relativamente bem conhecidos e entendidos em Timor-Leste, graças e uma série de estudos levados a cabo com apoio dos parceiros de desenvolvimento desde 2001, bem como ao censo populacional de 2004. A pobreza tende a aumentar a dimensão das famílias, e famílias mais alargadas englobam por norma mais dependentes que não geram rendimentos, tais como crianças e idosos. A pobreza está também ligada à idade do chefe de família. Em famílias onde o chefe é um homem, como é o caso de 90% da população timorense, a pobreza tende a ser maior quando o chefe de família tem uma idade compreendida entre 30 e 49. Nesta idade, os filhos do chefe de família ainda viverão provavelmente com ele, e os parentes mais idosos podem ser demasiado velhos para se sustentarem a si mesmos. Tal como acontece em muitos outros países, a pobreza em Timor-Leste tende a diminuir à medida que o nível de instrução do chefe de família aumenta. Quase metade das pessoas são pobres em famílias onde o chefe não acabou o ensino primário, todavia esta proporção desce para uma em sete nos casos em que o chefe de família tem pelo menos o ensino secundário concluído. Por fim, a pobreza é mais acentuada nos casos onde os chefes de família com idades propícias para trabalhar (15 aos 64 anos) trabalham apenas na horta da família. Esta categoria inclui quase 70% de todos os timorenses, metade dos quais são pobres. Os níveis de pobreza são substancialmente inferiores para aqueles que obtêm rendimentos a partir de uma empresa familiar ou de emprego remunerado. Os dados dos estudos apontam para o facto de que existe uma ligação estreita entre a quantidade de activos familiares, tais como terras e animais, e a incidência da pobreza. À medida que o número de activos aumenta, a incidência da pobreza desce. O Relatório Conjunto de 2003 sobre a pobreza estimou que existiam cerca de 330,000 pessoas em situação de pobreza em 2001.7 Para lá disto havia um grande número de pessoas perto da linha de pobreza, o que implicava que o número de pessoas em situação de pobreza pode ser influenciado fortemente pelo crescimento económico. Não existem estudos actualizados em relação à actual incidência da pobreza no país, porém a contracção económica acentuada e o subsequente crescimento lento desde 2001 levaram provavelmente a um aumento na incidência da pobreza. Estima-se que o número actual de pessoas em situação de pobreza esteja na ordem dos 380,000. O número de pessoas que vivem com menos de US$1 por dia também deverá ter aumentado. Uma estimativa conservadora do número de pessoas em situação pobreza extrema aponta para cerca de 200,000, em comparação com as cerca de 170,000 em 2001. Uma elevada proporção das pessoas em situação de pobreza está concentrada em lares que dependem essencialmente da agricultura de subsistência para sobreviverem. O Governo tem uma estratégia com quatro frentes para a redução da pobreza. Esta inclui: (i) promoção de oportunidades para os pobres; (ii) melhoria do acesso dos pobres a serviços sociais 7 Governo de Timor-Leste e outros, Timor-Leste, Pobreza numa Nação Nova: Análise para Acção. Maio de 2003.

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básicos; (iii) aumento da segurança, incluindo a redução da vulnerabilidade contra choques e a melhoria da segurança alimentar; e (iv) autonomização dos pobres e grupos vulneráveis. Ao mesmo tempo, o Governo atribui importância à promoção de um maior equilíbrio no desenvolvimento do país. A questão do equilíbrio tem várias dimensões importantes, incluindo por exemplo:

• A necessidade de um forte crescimento económico sustentado, ao mesmo tempo que se garante que os benefícios são partilhados de forma ampla por todos os grupos na sociedade, independentemente da sua localização geográfica.

• A promoção de vários pólos de crescimento dentro do país com vista a abrandar o crescimento populacional em Díli e na periferia de Díli, criando igualmente um padrão de urbanização mais equilibrado.

• Garantia de um melhor acesso a serviços básicos através do país, tanto nas áreas rurais como nas pequenas vilas. Isto inclui serviços de saúde e educação, melhor abastecimento de água e saneamento, electricidade e melhor acesso a transportes e a serviços de comunicação, a preços acessíveis.

• A necessidade de programas que garantam o aumento da participação do grande número de pessoas que vivem essencialmente fora da parte da economia que lida com dinheiro.

• Garantia de melhor acesso a serviços financeiros, incluindo programas de micro-finanças para os pobres, de modo a facilitar a produção de excedentes comercializáveis e o envolvimento em actividades de comércio.

• Desenvolvimento de intervenções que visem a protecção adicional a grupos vulneráveis, incluindo os afectados pela variabilidade sazonal.

Promoção do Equilíbrio no Desenvolvimento Regional Os dados dos estudos apontam para uma variação substancial na incidência da pobreza entre regiões e distritos. Os dados do Estudo de Indicadores Múltiplos de Grupos (2002) dão um retrato claro das dimensões geográficas da pobreza em Timor-Leste. Aquando do estudo, quase 80% das 76,000 famílias que constituíam os 40% mais pobres da população estavam localizados nas regiões Leste e Central (Tabela 12). A região Leste (agora Região I) tem a maior incidência de pobreza, com 60% da população a pertencer ao grupo dos 40% com rendimentos mais baixos.

Embora houvessem mais famílias a viverem nas Terras Baixas nos 40% com rendimentos mais baixos, a incidência da pobreza era significativamente mais elevada nas Terras Altas. Mais de 50% das famílias nas Terras Altas estavam abaixo ou apenas marginalmente acima da linha de pobreza. O problema da pobreza nas Terras Altas não pode ser separado do grande número de pessoas que aí reside e que depende quase exclusivamente da agricultura de subsistência para sobreviver. O estudo de 2002 também reconfirmou o facto já bem conhecido de que o problema da pobreza em Timor-Leste é predominantemente. Mais de 90% das famílias no grupo dos 40% com rendimentos

mais baixos encontram-se nas áreas rurais. Metade de todas as famílias rurais está nos 40% com rendimentos mais baixos. Não é coincidência que o subsequente Censo de 2004 tenha concluído

Households, 2002Location Number Distribution Incidence

('000) (%) (%)Eastern region 30.3 39.7 60.2 Central region 29.1 38.1 32.3 Western region 16.9 22.1 39.6 Total 76.4 100.0 41.7

Highland 30.3 39.7 52.5 Lowland 46.1 60.3 36.7 Total 76.4 100.0 41.7

Urban 5.6 7.3 12.9 Major urban 0.6 0.8 2.5 Rural 70.9 92.7 50.6 Total 76.4 100.0 41.7 Source: Estimates based on data reported in MICS (2002)

Table 12: Geographic Location of the Poorest 40% of

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que 48% das famílias rurais dependiam essencialmente da agricultura de subsistência para sobreviver. Existe uma ligação estreita entre a pobreza de rendimentos e a dependência da agricultura de subsistência como o principal modo de vida. Quase metade da força de trabalho do país depende da agricultura de subsistência para o seu sustento, embora a proporção da população dependente da agricultura de subsistência varie consideravelmente consoante os distritos (Tabela 13). A implicação é que cerca de 95,000 das famílias no país estão em grande medida fora da economia que lida com dinheiro. A maior dependência em relação à agricultura de subsistência encontra-se nos três distritos da Região II, e em Aileu e Oecussi, onde cerca de 60% da população depende essencialmente da agricultura de subsistência. Encontram-se concentrações menores nas Regiões I e IV, onde aproximadamente metade da população depende essencialmente da agricultura de subsistência. As restantes 100,000 famílias rurais participam em vários graus na economia que lida com dinheiro. Aproximadamente 70,000 destas produzem excedentes comercializáveis, sobretudo arroz e café, embora dependam em graus variáveis da agricultura de subsistência para a sua alimentação e abrigo.

Region and District Number Participation Subsistence Other Number Rate

Rate (%) farming occupations (%)Region I Baucau 34,343 67.3 18,580 12,329 3,434 10.0 Lautem 15,566 56.7 7,674 5,713 2,179 14.0 Viqueque 20,397 61.9 11,545 7,118 1,734 8.5 Sub-total 70,306 63.1 37,799 25,160 7,347 10.5 Region II Ainaro 19,934 74.9 13,057 5,721 1,156 5.8 Manatuto 12,586 65.3 7,325 2,996 2,265 18.0 Manufahi 16,752 71.3 10,034 6,215 503 3.0 Sub-total 49,272 71.1 30,416 14,932 3,924 8.0 Region III Aileu 13,574 69.5 8,280 4,615 679 5.0 Dili 43,472 40.4 7,042 32,996 3,434 7.9 Ermera 28,218 54.3 13,714 11,287 3,217 11.4 Sub-total 85,264 47.6 29,036 48,898 7,330 8.6 Region IV Bobonaro 25,808 58.3 11,614 12,723 1,471 5.7 Covalima 17,157 62.0 7,961 8,596 600 3.5 Liquiça 17,880 62.6 8,994 8,457 429 2.4 Sub-total 60,845 60.6 28,569 29,775 2,501 4.1 Region V Oecussi 23,638 73.6 13,899 9,408 331 1.4 Total 289,325 58.8 139,719 128,173 21,433 7.4

Table 13: Labor Force and Employment, 2004

Total Labor Force No. Employed Unemployed

É óbvio que uma redução sustentada na pobreza de rendimentos nestas comunidades irá requerer esforços concertados para elevar as actuais 95,000 famílias de agricultura de subsistência à parte da economia que lida com dinheiro, através da venda de excedentes agrícolas e do emprego fora da horta. Serão necessárias várias medidas para facilitar este processo, incluindo por exemplo:

• Progresso no aumento da fiabilidade da produção agrícola de subsistência através da introdução de melhores materiais de plantação – uma das pedras basilares da actual estratégia de redução da insegurança alimentar a ser seguida pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas.

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• Melhoria do acesso a mercados locais e regionais para a venda de excedentes comercializáveis e redução do custo com transportes, de modo a aumentar a competitividade.

• Melhoria do acesso a serviços financeiros em áreas rurais, de forma a apoiar o comércio e o fornecimento de bens produzidos, assim como acesso a programas de formação que desenvolvam qualificações empresariais básicas.

• Melhoria do acesso a serviços de educação e saúde que permitam a jovens em famílias que se dedicam à agricultura de subsistência obterem emprego produtivo fora da horta.

Cerca de 30,000 famílias encontram-se actualmente em áreas urbanas. A maior parte destas famílias depende dos rendimentos gerados por familiares ou dos rendimentos provenientes de actividades empresariais informais ou formais. As projecções demográficas que sustentam o quadro do PIS apontam para a migração de cerca de 70,000 pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas ao longo da próxima década. Uma parte essencial da estratégia do Governo passa por melhorar a gama e a qualidade dos serviços existentes nas vilas espalhadas pelo país, num esforço para promover um maior desenvolvimento empresarial e a criação de emprego. Este padrão de desenvolvimento mais equilibrado tem por intuito evitar uma ainda maior concentração da força de trabalho urbana e da população em Díli e na periferia desta. Os padrões regionais de crescimento irão depender em grande medida da existência de serviços de saúde e de educação em centros urbanos fora de Díli, da qualidade das infra-estruturas e de padrões de investimento privado. A existência de electricidade a baixo custo e fiável, por exemplo, terá um grande impacto nos padrões de desenvolvimento que surgirão. Existem boas perspectivas para um desenvolvimento atempado de fontes de electricidade muito mais baratas, a partir de estações termo e hidroeléctricas em vários pontos do país. Ao mesmo tempo, o trabalho vai bem avançado relativamente ao desenvolvimento de um plano global para a electrificação do país. A adopção do plano global e o início atempado do desenvolvimento do sistema de transmissão e distribuição terão implicações consideráveis nos padrões regionais de crescimento e emprego. Implicações para a Redução da Pobreza de Rendimentos Um aspecto central da estratégia do Governo relativa à redução da pobreza de rendimentos prende-se com os maiores níveis de investimento público e privado e com um melhor ambiente habilitante para a actividade empresarial, o que levará a um crescimento económico de cerca de 5% ao ano durante 2005-2010, subindo então para 6% ou mais ao ano. Os aspectos gerais das políticas e programas necessários para atingir este resultado estão descritos na Parte C deste relatório. Um padrão equilibrado de crescimento de 6% ao ano ou mais será essencial para o progresso rumo à meta dos ODMs de diminuir para metade a incidência da pobreza extrema até 2015.

A Tabela 14 resume as implicações de um forte crescimento sustentado para a redução da pobreza na próxima década. Tal como a Tabela indica, mesmo com progresso na redução da incidência da pobreza, o rápido

Indicator 2001 2004 2007 2010 2015Value added per worker (US$) Subsistence agriculture 537 560 573 620 Rest of private sector 1,193 1,126 1,117 1,242 People below national poverty line No. of poor ('000) 334.2 383.7 405.6 392.1 260.4 % of population 39.5 41.5 40.0 35.0 20.0 People living below $1 a day No of people ('000) 169.2 198.8 192.6 190.4 182.3 Percent of population (%) 20.0 21.5 19.0 17.0 14.0 Memo item:Population (mid-year in '000) 846.0 924.6 1,013.9 1,120.2 1,301.8 Subsistence farm population ('000) 330.0 345.2 358.6 355.6 Note : Value added per worker is at 2000 constant prices.

Table 14: Progress in Reducing Poverty

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Indicator FY04/05 FY09/10 FY14/15EducationNumber of students ('000) Primary 179.9 185.0 208.6 Junior secondary 41.5 57.9 68.2 Senior secondary 24.5 31.1 36.7 Total 245.9 274.0 313.5 Net enrolment ratio (%) Primary 86.2 91.0 95.0 Junior secondary 30.4 55.0 80.0 HealthLife expectancy at birth (years) 57 60 62 Under 5 year mortality rate (per '000) 83 76 71 Under 1 year mortality rate (per '000) 60 55 50 Water & sanitationAccess to safe water (%) Urban 44.0 60.0 80.0 Rural 35.0 60.0 80.0 Access to adequate sanitation (%) Urban 52.5 65.0 80.0 Rural 24.0 50.0 80.0 Households without access ('000) Safe water 126.8 94.1 54.4 ElectrificationElectrification ratio (%) 23.0 40.0 55.0 Households with electricity ('000) 46.1 94.1 149.7

Table 15: Selected Indicators for Basic Services

crescimento populacional continuado resulta num aumento constante do número de pessoas em situação de pobreza. Um forte crescimento para lá de 2010 começa a ter um impacto mais significativo na pobreza. Com um forte crescimento sustentado de 6% ao ano ou mais, existe uma expectativa razoável de que a incidência da pobreza de rendimentos possa ser reduzida para 20% até 2015. Mesmo assim, continuarão a haver cerca de 260,000 pessoas abaixo da linha de pobreza de rendimentos nessa altura. O cerne do problema da pobreza a longo prazo centra-se nos 180,000 em situação de pobreza extrema que, por várias razões, continuam a subsistir com o equivalente a menos de $1 por dia. Uma parte considerável destas pessoas continua a estar no sector da agricultura de subsistência. A longo prazo, os programas de redução da pobreza devem ser capazes de identificar estas pessoas e de abordar as causas que estão na base da sua pobreza através de intervenções apropriadas. Programas para a Melhoria do Acesso a Serviços Básicos

As perspectivas acima indicadas relativas à redução da pobreza de rendimentos devem ser equilibradas contra o progresso na prestação de acesso a serviços básicos. Tal como a discussão na Parte A indicou, têm havido bons progressos na melhoria do acesso a serviços básicos de saúde e educação, embora haja ainda muito a fazer. Cerca de 245,000 crianças vão hoje em dia à escola. Os serviços de saúde foram alargados e chegam agora a maiores números de pessoas. Houve também alguns progressos no alargamento do acesso a água potável e a melhor saneamento em áreas urbanas e rurais, embora haja ainda muito a fazer nesta frente, uma vez que continuam a existir quase 130,000 famílias sem acesso a água potável. A implementação dos programas definidos nos vários PIS irá resultar

em melhorias significativas no acesso a serviços básicos de saúde e educação, num grande aumento no número de famílias urbanas e rurais com acesso a água potável e saneamento e, ao longo dos próximos cinco anos, num bom progresso no que diz respeito ao estabelecimento dos alicerces para um acesso substancialmente melhor a electricidade a baixo custo em muitas partes do país. A Tabela 15 apresenta indicadores sociais seleccionados a partir da base de dados dos PIS. Partindo dos planos de despesa dos PIS a médio prazo foram estabelecidos alvos para vários indicadores essenciais, tendo sido também estimadas as despesas com programas concebidos para atingir estes alvos. Tal como a Tabela 25 na Parte D deste relatório indica, as despesas nos sectores dos cuidados de saúde e educação e da formação estão estimadas em $180 milhões e $275 milhões respectivamente, ao longo dos próximos cinco anos. Isto compara-se com cerca de $120 milhões com cuidados de saúde e cerca de $225 milhões com educação e formação nos últimos cinco anos.

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 20

Apoio a Grupos Vulneráveis Principais grupos sociais em risco. Ao viver no país mais pobre da Ásia, todas as pessoas em Timor-Leste estão vulneráveis ao risco. Contudo, algumas secções da população são mais vulneráveis do que outras, e constituem grupos em risco. Embora as redes de apoio familiares sejam a forma mais comum de protecção contra choques físicos, sociais e económicos, as pessoas que vivem em famílias disfuncionais, em lares com uma só unidade parental, ou que estão afastadas da família, correm o risco de serem exploradas e de não serem capazes de se recuperar de crises menores sem assistência externa. Nas áreas em que os desastres naturais estão mais concentrados, os grupos em risco são mais vulneráveis do que outros nas suas comunidades.8

Foram conduzidos vários estudos em Timor-Leste que identificaram grupos em risco de exclusão do bem-estar social geral e em risco de serem incapazes de ter acesso a um modo de vida sustentável.9 Um dos objectivos destes relatórios tem sido identificar os segmentos da população que são pobres e que estão mais vulneráveis. Estas avaliações identificaram os seguintes grupos vulneráveis: crianças; mulheres; viúvas, idosos e doentes; pessoas

destituídas e refugiados; pessoas com deficiências; e pessoas em conflito com a lei. Tal como a Tabela 16 indica, as crianças com menos de 18 anos constituem metade da população, as mulheres entre os 18 e 60 anos representam cerca de 20% da população, e as pessoas com idades superiores a 60 constituem outros 9%. Em conjunto estes três grupos representam quase 80% da população. A pobreza e a vulnerabilidade ao risco não são o mesmo fenómeno, porém a pobreza é um factor determinante para causar e aumentar a vulnerabilidade. Por estas razões, é importante identificar os pobres, bem como outros grupos de pessoas vulneráveis. A redução da pobreza global é uma redução da vulnerabilidade global ao risco. Em Timor-Leste, os pobres estão em risco devido à má nutrição, com os consequentes riscos para a saúde, falta de acesso à educação, falta de acesso a cuidados de saúde, carências na negociação laboral e falta de acesso equitativo à lei. Tal como foi notado anteriormente, as pessoas com maior probabilidade de serem pobres são famílias que 8 Para uma discussão mais alargada sobre as pessoas em risco contra desastres naturais, ver o documento do Governo de Timor-Leste intitulado Protecção Social, Civil e do Património, Março de 2006. 9 Para uma discussão mais detalhada sobre estas conclusões, ver Blocos de Construção para uma Nação: A Avaliação Comum para Timor-Leste Equipa da ONU no país 2000; Relatório do Desenvolvimento Humano em Timor-Leste 2002 PNUD 2002; Facilitação do Desenvolvimento Comunitário: componente de Avaliação de Potencial de Participação (APP) do Projecto de Avaliação da Pobreza PNUD, BAsD, ATTL/APTL, Banco Mundial 2000-2002; Pobreza numa Nova Nação: Análise para Acção 2 Vols. Banco Mundial, Maio de 2003.

IndicatorNumber % of total ('000) population

Children under 18 years 460.2 49.8 Childen orphaned & in institutions 2.5 0.1 Children separated 2.4 0.1 Women aged 18-60 years 188.0 20.3 Widows 55.5 6.0 People 60 years and above 81.3 8.8 Disabled 22.0 2.4 Stateless persons & refugees n.a.People below national poverty line 383.7 41.5 People living on less than US$1 a day 198.8 21.5 Lack access to safe water (FY04/05) Urban households 22.2 56.0 Rural households 104.6 65.0

Table 16: Societal Groups that are Vulnerable, 2004

People

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vivem em áreas rurais, têm mais membros, são chefiadas por uma pessoa que não concluiu o ensino primário, têm um baixo nível de alfabetização e carecem de electricidade, água potável e saneamento eficaz. Os vários PIS definem programas detalhados que pretendem dar resposta às questões da pobreza e da vulnerabilidade. Protecção social e redes de segurança. Com o progresso muito considerável que tem sido feito nos últimos três anos na articulação de estratégias de desenvolvimento, prioridades e políticas para o futuro, e na capacitação humana e institucional, o Governo está cada vez mais preocupado com políticas e programas que vão de encontro às necessidades de grupos vulneráveis na sociedade. Na articulação da estratégia do Governo para a redução da pobreza, o Plano de Desenvolvimento Nacional indica que um dos principais componentes da estratégia consiste em:

Garantir ou ajudar a garantir segurança de pessoas e propriedades e protecção contra choques e desastres (vulnerabilidade) imprevistos, incluindo segurança alimentar a nível familiar e nacional…

O Governo dispõe de uma gama de políticas de protecção social, juntamente com experiência internacional considerável no uso destes instrumentos para combater a pobreza e assegurar protecção. As ferramentas incluem intervenções no mercado de trabalho, programas sociais (tais como pensões e subsídios de desemprego), assistência social (transferências de dinheiro ou bens, subsídios) e programas especiais que ajudam os grupos mais vulneráveis na sociedade, tais como órfãos e pessoas com deficiências. O Governo já iniciou vários destes programas. Estes incluem os seguintes:

• Programas com vista a melhorar as sementes e outras contribuições agrícolas de modo a reduzir a vulnerabilidade das famílias agrícolas em relação à insegurança alimentar.

• Programas para prestar apoio a veteranos da luta pela restauração da independência. • Foram também estabelecidos programas especiais destinados a outros grupos vulneráveis

(tais como órfãos ou deficientes) na sociedade, embora nesta fase inicial a cobertura destes programas seja ainda limitada.

• Programas de alimentação escolar que podem melhorar o estado nutricional das crianças. • Programas de micro-finanças que ajudam as pessoas a gerirem riscos e a obterem acesso

a recursos financeiros. O Governo está consciente das capacidades muito limitadas dentro do país para a gestão destes tipos de programas. É importante garantir que estas intervenções chegam de facto aos beneficiários pretendidos. O recém-formulado Programa de Veteranos contribuiu com experiência valiosa na concepção e desenvolvimento deste tipo de intervenções. Um processo transparente de registo de veteranos, iniciado em 2004 pelas comissões estabelecidas sob o Gabinete da Presidência, levou à preparação de uma lei sobre veteranos que foi aprovada pelo Parlamento Nacional em 2 de Março de 2006. A lei prevê subsídios a veteranos e, em certas condições, assistência a viúvas, órfãos, pais e irmãos de combatentes mortos que cumpram os critérios de vulnerabilidade. A próxima fase será a concepção e implementação dos vários programas previstos na lei. O Programa de Apoio à Consolidação do Governo inclui uma gama de medidas que devem ser implementadas no próximo ano. Entre elas estão várias cerimónias que reconhecem as contribuições dos veteranos da resistência, campanhas de informação, campanhas que garantam uma boa implementação da lei, introdução de pensões, e vários serviços sociais para veteranos, viúvas e órfãos vulneráveis.

Tem-se verificado um bom progresso nas questões do género, tanto no governo como na sociedade. As iniciativas incluíram programas de formação para a polícia e outras partes da sociedade civil, consulta da comunidade e programas de consciencialização. Foram estabelecidas

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 22

Unidades do Género em várias agencies, incluindo o Ministério do Trabalho e Reinserção Social, que entre outras coisas, se estão a focar na criação de trabalho em áreas rurais, com um forte ênfase nas mulheres que podem beneficiar da criação de emprego e de rendimento. Aumento também a participação das mulheres no processo político, após as recentes eleições de Suco, existem agora mais de 1,300 mulheres em vários postos nos 442 sucos do país.

Parte C: Políticas Macroeconómicas para um Forte Crescimento

Sustentado

Quadro Político para um Forte Crescimento Sustentado O Governo está bem ciente da natureza multidimensional do problema da redução da pobreza. Reconhece também que a experiência internacional indica que o crescimento económico é o factor individual mais importante que influencia os resultados de redução da pobreza. Um elemento vital da estratégia do Governo para a redução da pobreza consiste assim na adopção de um alvo para o crescimento económico a médio prazo. Uma vez que a população e a força de trabalho continuarão a crescer rapidamente durante ainda algum tempo, o Governo acredita que será necessário uma taxa de crescimento real do PIB não petrolífero de pelo menos 7% ao ano em termos reais para garantir uma diminuição sustentada na incidência da pobreza em Timor-Leste. A criação das condições para um forte crescimento sustentado a médio prazo é assim central para os esforços do Governo com vista à redução da pobreza. Uma estratégia bem sucedida de redução da pobreza deve assentar em torno de uma abordagem com várias frentes, a qual deve incluir os seguintes elementos principais:

• Manutenção de estabilidade macroeconómica, reconhecida amplamente como uma condição necessária para um forte crescimento.

• Procura de reformas estruturais vitais com vista a melhorar a atmosfera empresarial do país e a facilitar o investimento privado.

• Melhores infra-estruturas que baixem o custo da actividade empresarial e que melhorem a competitividade do país a nível internacional.

• Um programa agressivo com o intuito de desenvolver as qualificações da força de trabalho.

• Políticas e programas para um forte crescimento, complementados por um empenho continuado na melhoria do acesso a serviços básicos, incluindo educação, saúde, água potável e saneamento adequado.

• Será também necessária atenção cuidada ao impacto de distribuição do crescimento, de modo a garantir que os benefícios são partilhados de forma ampla.

Papel do Investimento Público e Privado Serão necessários maiores níveis de investimento para um forte crescimento sustentado. No rescaldo imediato do conflito de 1999, os níveis de investimento em Timor-Leste eram elevados, com a formação de capital fixo a ser em média 35% do PIB não petrolífero entre 2000 e 2003. Estes níveis de investimento foram possibilitados pela comunidade internacional, a qual assumiu

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a liderança na reconstrução de infra-estruturas, escolas e hospitais que haviam sofrido grandes danos em 1999. Com a resposta às necessidades imediatas de reconstrução e a subsequente diminuição na procura doméstica derivada da partida de muito pessoal internacional, os níveis de investimento caíram de forma abrupta. Estima-se que a formação de capital fixo tenha caído para o equivalente a menos de 20% do PIB não petrolífero durante 2004 (Tabela 17). O Governo reconhece que os níveis recentes de investimento público e privado não são suficientes para assegurar uma transição para o forte crescimento sustentado que é necessário para a redução da pobreza. Deste modo está a ser seguida uma estratégia com duas frentes:

• Haverá um aumento substancial no nível de investimento público em infra-estruturas básicas, hospitais, escolas e outras instalações. Um grande impulso planeado nestas áreas aumentará o nível anual de investimento público para cerca de $150 milhões até 2010 – o equivalente a cerca de 30% do PIB não petrolífero. Tal como a Tabela 17 indica, relativamente ao PIB não petrolífero este nível de investimento público será comparável ao que se registou durante a reconstrução em 2000 e 2001. Com o grande impulso para a melhoria das infra-estruturas e instalações concluído por alturas de 2011, o investimento público cairá então para níveis inferiores. Em 2015 terá caído para cerca de 18% do PIB não petrolífero – ainda assim elevado em comparação com muitos outros países em vias de desenvolvimento.

• Foi também lançado um programa com vista a melhorar o ambiente para o investimento privado, junto com uma promoção activa de Timor-Leste junto de investidores internacionais. O Governo espera elevar o investimento privado por parte de empresas locais e internacionais para cerca de $55 milhões ao ano até 2010, subindo então para mais de $100 milhões ao ano até 2015. Estes níveis de investimento serão necessários para uma taxa de crescimento de cerca de 8% no sector privado não-subsistência, o qual por sua vez é necessário para criar oportunidades de emprego produtivo para o cada vez maior número de elementos a entrarem na força de trabalho, sendo que cada vez mais destes elementos terão concluído os nove anos de ensino básico.

(US$ millions)Indicator 2000 2001 2004 2005 2006 2010 2015

Fixed capital formation Public sector 94.5 115.2 52.4 66.4 104.3 183.9 190.4 Private sector 24.3 30.2 7.5 7.5 25.0 55.0 105.0 Sub-total 118.8 145.4 59.9 73.9 129.3 238.9 295.4 Change in inventories 11.9 14.5 6.0 7.4 12.9 23.8 29.5 Total investment 130.7 159.9 65.9 81.3 142.2 262.7 324.9

Investment as % non-oil GDP Public investment 29.9 31.3 15.5 19.0 27.7 33.5 21.3 Private investment 7.7 8.2 2.2 2.1 6.6 10.0 11.7 Total fixed investment 37.6 39.5 17.7 21.1 34.3 43.5 33.0 Non-oil GDP (at current prices) 316.3 367.9 338.6 349.9 376.7 549.0 893.9

Table 17: Trends in Public and Private Investment

Este programa ambicioso visa estabelecer os alicerces para um forte crescimento sustentado a longo prazo e, através de um aumento acentuado na actividades de construção, criar um grande aumento em termos de oportunidades de emprego a médio prazo. Segundo a estratégia proposta o investimento passará de cerca de $75 milhões em 2005 para cerca de $260 milhões até 2010 – um nível que será equivalente a cerca de 40% do PIB não petrolífero, após o que cairá para cerca de 30%. A experiência de outros países em vias de desenvolvimento aponta para um forte crescimento sustentado a estes níveis de investimento relativamente ao PIB. De facto, quando os níveis de investimento estão na ordem dos 30 a 40% do PIB, não é raro encontrar um crescimento

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económico a rondar os 7 a 9 % ao ano em termos reais. O alvo do Governo de uma taxa de crescimento de 7% ao pode assim errar do lado da cautela. Gestão do programa de investimento. O Governo está bem ciente de que o grande aumento proposto para o investimento coloca alguns grandes desafios ao país. Destacam-se várias questões importantes:

• De que modo o programa de investimento público será financiado? • O que será feito para aumentar as capacidades de implementação para o investimento

público? • Existe o risco de que um aumento com esta dimensão no investimento público e privado

resulte no aumento da inflação e da instabilidade macroeconómica? • Serão necessárias várias iniciativas para melhorar também o ambiente para o

investimento privado. Os esquemas para financiar o aumento no investimento público são discutidos em grande detalhe na Parte D deste relatório. Tal como a Tabela 18 indica, as actuais propostas do FCTL financiarão cerca de $120 milhões de necessidades de investimento ao longo dos próximos cinco anos. O Governo está actualmente a trabalhar no proposto Compacto para submissão ainda no decorrer deste ano à Corporação do Desafio do Milénio (MCC), relativamente a um programa de $350 milhões para os próximos cinco anos.10 O plano provisório a ser elaborado para o Compacto prevê uma grande afectação a programas de infra-estruturas básicas, apoio ao desenvolvimento de qualificações, e outros programas identificados nos PIS que não sejam já devidamente apoiados pela comunidade de parceiros de desenvolvimento. O Governo tenciona solicitar aos parceiros de desenvolvimento que cubram o restante do financiamento necessário para o programa de despesas capitais ao longo dos próximos cinco anos. A segunda questão diz respeito a medidas necessárias para desenvolver capacidades dentro do país em relação à gestão e implementação deste programa de investimento público muito maior. O Governo está bem ciente de que as capacidades actuais do sector público e da indústria doméstica de construção não são suficientes para implementar um programa desta dimensão de forma atempada. Reconhecendo este facto, está a ser desenvolvido trabalho em várias frentes com vista a resolver o problema da capacidade de implementação. É provável que isto envolva várias novas iniciativas importantes, incluindo por exemplo:

• A concepção de pacotes de aprovisionamento para obras públicas e fornecimento de equipamentos que atraiam fornecedores internacionais destes bens e serviços; por exemplo, uma parte dos programas propostos de melhoria e manutenção de estradas poderá ser dividida numa série de grandes concursos, cada um talvez na ordem dos $5 a 15 milhões, o que será atractivo para concorrentes internacionais. Podem ser dados passos semelhantes no que toca à concepção de pacotes de aprovisionamento para a construção de sistemas de transmissão e distribuição nos sectores da energia, abastecimento de água e saneamento, etc.

• Com um aumento desta dimensão no investimento público, será essencial garantir uma supervisão adequada no local aos trabalhos em curso, antes de autorizar pagamentos a adjudicatários. A capacidade do governo para esta supervisão é limitada. Deste modo uma opção passa por o governo manter os serviços de uma ou mais empresas internacionais qualificadas com capacidades reconhecidas no que toca a este tipo de supervisão. Estas empresas deverão levar a cabo a supervisão no local em nome do

10 Um programa da MCC no valor de $350 milhões será equivalente a uma afectação de $65 per capita para a população durante os próximos cinco anos. A recente aprovação pela MCC do programa de $65 milhões para o Vanuatu, país este que tem uma população de cerca de 200,000, implica uma afectação de $65 per capita por ano.

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Governo e, ao mesmo tempo, desenvolver programas de formação que visem desenvolver capacidades semelhantes às suas no país.

• Dada a oferta limitada de mão-de-obra qualificada no país, o grande aumento nas obras públicas irá inevitavelmente requerer um uso maciço temporário de mão-de-obra qualificada proveniente de outras partes do Leste Asiático e não só. O Governo deverá, porém, assegurar que existem esquemas adequados estabelecidos para um programa alargado de desenvolvimento de qualificações de cidadãos timorenses, de modo a permitir uma transição atempada a partir da dependência de mão-de-obra importada. Este programa será necessário não só para o programa de investimento público, como também para o desenvolvimento de recursos petrolíferos em terra e ao longo da costa durante os próximos 5 a 7 anos. Este programa terá também grandes necessidades, especialmente na fase de construção, relativamente a uma vasta gama de trabalhadores qualificados e semi-qualificados.

A terceira questão diz respeito ao impacto macroeconómico do aumento no investimento público, juntamente com um impulso nas actividades de investimento privado no petróleo e gás e noutras actividades comerciais em terra. Existem vários aspectos relacionados com a questão da estabilidade macroeconómica.

• Os enormes desafios de desenvolvimento que se deparam ao país implicam necessariamente que o Governo continuará a registar grandes défices fiscais. O Governo pretende continuar com a sua abordagem prudente à gestão da política fiscal e garantir que estes défices são financiados de forma sustentável e consistente com a continuação da estabilidade macroeconómica. Um empenho continuado numa inflação baixa e estável é assim visto pelo Governo como sendo vital para a estabilidade macroeconómica. As estratégias de financiamento para actividades do sector público são debatidas na Parte D.

• Grandes programas de investimento público e privado correm o risco de criar escassez no mercado de trabalho e pressões no sentido de aumentar os salários, o que pode tornar outras partes da economia pouco competitivas. A implementação com sucesso do programa precisará assim de um aumento temporário no uso de mão-de-obra qualificada e semi-qualificada importada e de um programa agressivo de formação de timorenses para substituir gradualmente estes trabalhadores importados. De igual modo, serão necessários adjudicatários internacionais para a implementação de partes significativas destes programas, em face das capacidades limitadas da indústria doméstica de construção e das indústrias de serviços relacionadas. O Governo espera encorajar o uso da sub-adjudicação e de esquemas de empresas mistas, de modo a desenvolver as capacidades dentro da comunidade empresarial local. Existe também o risco de engarrafamentos para outros bens e serviços. Estes podem ser abordados de várias formas, incluindo programas que forneça, maior acesso às empresas locais no que toca a capital de trabalho e investimento a partir da indústria de serviços financeiros, assim como medidas para assegurar a importação atempada de bens e serviços através de mais melhorias nos serviços alfandegários e de imigração e nas operações de portos e aeroportos.

Possíveis Fontes de Crescimento Tal como foi discutido na Parte A, nos últimos dois anos a economia começou a recuperar da contracção que se seguiu à partida de grandes números de elementos da ONU e de outro pessoal com início em 2002. Estima-se que o PIB não petrolífero tenha crescido cerca de 2% em termos reais em 2005. Com um bom desempenho continuado na agricultura e um grande aumento na despesa pública, é esperado que a taxa de crescimento do PIB não petrolífero suba para cerca de 5% em 2006 e que vá aumentando de forma constante para cerca de 7% ao ano até 2010.

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É esperado que os mercados doméstico e de exportação desempenhem um papel importante na procura por um crescimento acelerado. Um grande aumento nos gastos do Governo ao longo dos próximos cinco anos será uma fonte importante de procura doméstica, o que, em conjunto com, o aumento real dos rendimentos das famílias, terá implicações importantes para as actividades empresariais locais. Maiores níveis de investimento privado numa gama de oportunidades que produzem bens e serviços para o mercado internacional também desempenham um papel importante. Estes incluem o maior desenvolvimento da agricultura comercial para mercados de exportação, o desenvolvimento da indústria do petróleo e gás em terra e ao longo da costa, a qual terá também efeitos multiplicadores para a economia local, e um crescimento constante em serviços tais como o turismo. Investimento público e actividade de construção. O principal impulsionador para o maior crescimento a médio prazo será a expansão agressiva dos gastos públicos, incluindo a implementação ao longo dos próximos cinco anos do programa proposto financiado pela Conta de Desafio do Milénio de $350 milhões com vista à melhoria de serviços de infra-estruturas e à expansão de programas de desenvolvimento e de qualificações. O programa de despesa pública proposto é discutido em maior detalhe na Parte D deste relatório. O Governo tenciona levar a cabo uma expansão agressiva da actividade de construção com financiamento público, com o intuito de reabilitar e expandir infra-estruturas e instalações, com ênfase em métodos que usem muita mão-de-obra, de forma a criar emprego. Serão tomadas várias medidas para ajudar a desenvolver a capacidade da indústria doméstica de construção. A concepção do programa proposto de investimento público baseia-se no extenso trabalho levado a cabo por instituições do governo ao longo dos últimos dois anos na preparação dos PIS para cada um dos 17 sectores da economia. Foi identificado um grande número de propostas de prioridade elevada nos sectores da energia, transportes e comunicações, juntamente com a necessidade de maiores gastos capitais em escolas, hospitais e na melhoria do acesso a serviços básicos por todo o país. Tal como foi referido anteriormente, o Governo formulou também um programa ambicioso para o fornecimento de água potável e saneamento adequado. Este programa visa dotar 80% da população com acesso a água potável e saneamento até 2015 – alvos estes que foram originalmente estabelecidos para 2020 e 2025.

O quadro geral do programa proposto de investimento público para os próximos cinco anos é apresentado na Tabela 18. Serão gastos aproximadamente $430 milhões com uma grande melhoria das infra-estruturas do país, juntamente com o arranque na criação de locais servidos para habitações privadas e públicas. Em alguns casos, o planeamento para estes programas já está bem avançado. O

BAsD, por exemplo, ajudou o Governo na formulação de um programa importante para a melhoria da rede rodoviária do país. Foi já identificado um grande pacote de melhorias rodoviárias de alta prioridade, no montante de cerca de $70 milhões. Foram também identificados trabalhos de melhoramento prioritários em pontes e leitos de rio, no valor de cerca de $65 milhões. A avaliação preliminar por parte do BAsD sugere uma taxa de retorno económica de cerca de 25% para o programa rodoviário proposto. O plano global para a electrificação do país será concluído ainda durante este ano, juntamente com avaliações das taxas de retorno económicas em relação aos investimentos propostos no sector. Os PIS da saúde e educação identificaram a necessidade de trabalhos imediatos na reabilitação das instalações existentes e de construção de novas instalações para melhorar ao cesso em todo o país a estes serviços básicos.

FY2005/06-FY2009/10 (US$ millions)Activity CFET Donors Total

& MCAInfrastructure & housing 70.0 360.0 430.0 Health & education 35.0 90.0 125.0 Other public investment 15.0 30.0 45.0 Total 120.0 480.0 600.0 Memo item:

Construction expenditures 65.0 300.0 350.0

Table 18: Composition of Public Investment Program for

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Na educação, será necessário acomodar 80,000 novos alunos em escolas primárias e secundárias até 2015. O número de novas instalações irá depender em parte da medida em que existam turnos duplos em algumas instalações, mas é possível que sejam necessárias mais de 200 novas escolas de modo a garantir que as crianças em todas as partes do país têm acesso pronto a nove anos de ensino básico. O custo capital das novas construções poderá estar na ordem dos $40 milhões, sem esquecer a grande necessidade actual de reabilitar muitas das 980 escolas que funcionam de presente. Desenvolvimento da actividade do sector privado. A longo prazo, o crescimento irá acelerar para cerca de 7.5% ao ano em termos reais, impulsionado por níveis substancialmente mais elevados de investimento privado na agricultura comercial e no sector privado não agrícola, incluindo o aumento da actividade em terra no sector petrolífero à medida que o desenvolvimento dos recursos em terra e ao longo da costa vai sendo acelerado. O Governo prevê uma abordagem ampla à promoção do investimento privado por parte de empresas domésticas e internacionais. Não podem haver grandes dúvidas de que um forte crescimento no sector privado oferece as melhores perspectivas para um crescimento sustentado em oportunidades de emprego produtivo. É esperado que o sector da agricultura continue a expandir-se cerca de 3.5% ao ano em termos reais, à medida que os programas em curso para a melhoria do fornecimento de alimentos e redução da insegurança alimentar e que o novo investimento privado planeado para o café, mandioca, peixe fresco e processado e outros produtos para os mercados internacional e doméstico começam a ter impacto. Está de presente a ser discutida uma vasta gama de outras oportunidades, incluindo no que toca ao turismo e ao investimento numa série de actividades de processamento ligadas à exploração da considerável base de recursos naturais do país. De presente, o sector privado representa cerca de 65% do PIB não petrolífero, tendo aumentado em relação aos 56% de 2000. Até 2015, prevê-se que o valor acrescentado no sector privado aumente para cerca de $370 milhões (a preços constantes de 2000). A importância relativa da produção agrícola de subsistência cairá gradualmente, enquanto que o valor acrescentado no sector privado não-subsistência passará para o dobro, para cerca de $270 milhões em 2015 (a preços constantes de 2000). Isto implica um aumento significativo na procura doméstica por uma gama cada vez maior de bens de consumo, incluindo alimentos. Este aumento na procura doméstica deverá dar oportunidades às famílias de subsistência – o cerne do problema da pobreza no país – para produzirem maiores quantidades de excedentes comercializáveis, os quais por sua vez as levarão para a economia de mercado e permitirão a melhoria das oportunidades para uma redução sustentada na incidência da pobreza rural. Tal como é referido noutro ponto deste relatório, o aproveitar destas oportunidades irá requerer uma gama de iniciativas, incluindo melhorias nos serviços de transportes e no acesso aos mercados, assim como um melhor acesso a serviços financeiros. Desenvolvimento do sector petrolífero. O Governo lançou um programa ambicioso para o maior desenvolvimento do sector petrolífero. Embora seja prematuro fazer julgamentos a respeito do provável impacto económico deste programa, os traços gerais das várias possibilidades já começam a emergir. Na avaliação destas perspectivas é útil distinguir entre actividades a curto prazo, médio prazo e longo prazo na indústria.

• A curto prazo (2006 e 2007), a ênfase está em mais trabalho sísmico relativo a recursos em terra e ao longo da costa. A maior parte da actividade ao longo da costa será concentrada em embarcações marítimas envolvidas no trabalho sísmico, embora seja provável que haja algum impacto económico doméstico à medida que os operadores estabelecem bases em Díli e noutros pontos para reabastecerem, fazerem manutenção, abastecerem as embarcações e levarem a cabo outras actividades relacionadas. A

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exploração em terra poderá começar durante o próximo ano. A expectativa é que a transição para a fase de produção ocorra rapidamente, talvez em um ano ou menos após o início da exploração. Devido à alta qualidade da produção de crude prevista em terra, será necessária muito pouca refinação para o uso doméstico do recurso. Deste modo as perspectivas apontam para que uma série de mini-refinarias possam dar resposta à maior parte das necessidades da nação em termos de produtos petrolíferos dentro de um espaço de tempo relativamente curto. A produção e refinação domésticas permitirão substituir a maior parte dos $40 milhões de produtos petrolíferos actualmente importados.

• A médio prazo (2008 a 2010), a fase inicial de perfuração de exploração ao longo da costa deverá ter início. Isto irá muito provavelmente resultar em maiores níveis de transporte a partir de bases em terra para unidades de perfuração ao longo da costa. Para lá do impacto provocado por mais pessoal em indústrias domésticas de serviços tais como habitação, serviços médicos, escolas, hotéis e restaurantes, é esperado que se abra uma série de possibilidades para a criação de bases de fornecimento em terra para as operações de perfuração. É provável que os efeitos multiplicadores destas operações no mar sejam consideráveis.11

• A longo prazo (a partir de 2010), o desenvolvimento comercial de recursos petrolíferos ao longo da costa terá início. Esta fase irá requerer o desenvolvimento de uma vasta gama de serviços domésticos, incluindo por exemplo serviços de engenharia, manutenção, abastecimento de combustível, serviços alimentares, acomodação e transportes. O desenvolvimento de instalações de Gás Natural Liquefeito (GNL) e de gasodutos relacionados irá requerer fabricação, instalação e manutenção. É muito provável que a fabricação seja feita noutros países, mas a instalação e a manutenção poderão criar oportunidades substanciais de emprego para trabalhadores timorenses qualificados e semi-qualificados.

Estas perspectivas destacam a importância de um arranque atempado no desenvolvimento das qualificações da força de trabalho, de modo a maximizar o impacto da indústria no emprego. Haverá necessidade de pessoas com formação avançada em engenharia, geologia, contabilidade, finanças e economia. Muitas destas necessidades poderão talvez ser levadas a cabo sob contratos de partilha de produção. Haverá também necessidade de números substanciais de soldadores, calafetadores, electricistas, canalizadores, operadores de instalações e maquinaria, perfuradores, trabalhadores para as plataformas, mecânicos, etc. As capacidades domésticas para este tipo de formação terão de ser desenvolvidas com carácter prioritário, para que possa haver uma transição pronta a partir da forte dependência inicial que se espera em relação a trabalhadores internacionais.

11 A experiência da Noruega com o desenvolvimento no mar sugere que cada emprego no mar cria cerca de cinco empregos em terra.

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(US$ millions at 2000 constant market prices)Sector

2000 2005 2010 2015 2000-2005 2005-2010 2010-2015Food, livestock fisheries 81.5 105.2 125.4 149.3 5.2 3.5 3.6 Non-farm private sector 98.2 110.5 140.6 217.7 2.4 4.9 9.1 Public sector Government 22.9 76.2 128.5 204.1 27.2 11.2 9.7 Public construction & utilities 30.3 22.1 49.2 64.3 (7.5) 17.5 5.5 United Nations 83.4 17.0 - - (27.2) - - Sub-total 136.6 115.3 177.7 268.4 (3.7) 9.0 8.6 Non-oil GDP 316.3 331.0 443.7 635.4 0.8 4.9 6.2 Memo items:Non-oil GDP (at current prices) 316.3 349.9 548.9 894.0 2.0 9.4 10.1 Population ('000) 821.0 952.2 1,120.2 1,301.8 3.0 3.3 3.1 Non-oil GDP per capita ($) 385 367 490 687 (1.0) 6.0 7.0 Non-oil GDP deflator (2000=100.0) 100.0 105.7 123.7 140.7 1.1 3.2 2.5

Value added Growth rate (% p.a.)

Table 19: Non-Oil Gross Domestic Product by Industrial Origin

A Tabela 19 apresenta a composição sectorial do crescimento a médio prazo. A implementação bem sucedida desta estratégia de crescimento permitirá elevar o PIB não petrolífero para cerca de $560 milhões (a preços constantes de 2000) – um aumento de 70% em relação ao nível actual. Em termos nominais, o PIB não petrolífero per capita ultrapassará os $750 até 2015. Após ter em conta o montante dos fluxos de rendimentos da indústria petrolífera, o Produto Nacional Bruto (PNB) poderá estar na ordem dos $1,500 per capita em 2015. Implicações para a Criação de Emprego Um progresso constante rumo a um forte crescimento sustentado dará emprego produtivo a mais 110,000 pessoas. Atingir este objectivo será um grande desafio. Será necessário que as oportunidades de emprego fora da agricultura de subsistência cresçam cerca de 5.8% ao ano, com a quase totalidade a ser criada pelo investimento do sector privado em áreas rurais e urbanas. Será vital que o investimento privado aumente de forma a dar resposta às oportunidades de procura doméstica e internacional. Muito depende da forma como a parte de subsistência da economia evolui, assim como do sucesso dos esforços para promover um maior envolvimento destas famílias na economia de mercado. Segundo o pressuposto de que existe uma redução modesta na percentagem de pessoas na força de trabalho que estejam empregadas na agricultura de subsistência, e que a taxa de desemprego aberta, a qual foi de 7.4% em 2004, desce também ligeiramente, o número de pessoas empregadas de modo adequado fora da agricultura de subsistência aumentará de cerca de 128,000 em 2004 para cerca de 240,000 em 2015 (Tabela 20).

É provável que os problemas mais agudos de pobreza de rendimentos sejam encontrados entre as 80,000 famílias rurais que se estima continuem a depender essencialmente da agricultura de subsistência até 2015 e entre os desempregados. Haverá uma necessidade cada vez maior de intervenções específicas para apoiar e assistir estes grupos. Os traços gerais das abordagens sob consideração são discutidos na Parte B.

(Thousands)Indicator 2004 2007 2010 2015

Rural labor force 206.9 229.8 255.4 300.7 Subsistence farming 139.7 152.9 165.0 177.2 Commercial activities 67.2 76.8 90.4 123.5 Urban labor force 61.0 72.2 85.6 113.5 Public sector 17.5 19.5 23.0 30.0 Private sector 43.5 52.7 62.6 83.5 Unemployed 21.4 23.4 25.7 28.8 Total work force 289.3 325.4 366.7 443.0 Memo items:Subsistence farming (%) 48.3 47.0 45.0 40.0 Unemployed (%) 7.4 7.2 7.0 6.5 Rural labor force (%) 77.2 76.1 74.9 72.6

Table 20: Composition of the Work Force

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Melhoria do Ambiente Empresarial e Promoção do Investimento Privado Medidas para melhorar o ambiente empresarial. O Governo está a tomar medidas com vista a melhorar o ambiente empresarial doméstico. A questão importante a respeito do sector empresarial doméstico formal e informal é que as entidades são por norma muito pequenas em Timor-Leste, muitas das vezes apenas um único trabalhador ou com menos de 10 trabalhadores. As informações dos estudos indicam que a maior parte destas pequenas empresas estão envolvidas em actividades comerciais. Existem muito poucas grandes empresas em Timor-Leste. A transformação desta parte da economia de modo a que os empresários locais possam aproveitar ao máximo as novas oportunidades empresariais emergentes constituiu um grande desafio à concepção dos programas de apoio e às melhorias no ambiente empresarial. Várias acções estão já em curso ou sob consideração, incluindo medidas para uniformizar o registo de empresas. Um recente estudo do Banco Mundial concluiu que o tempo médio necessário para registar uma empresa em Timor-Leste são 92 dias, o que é muito em comparação com outros países que tiveram sucesso no desenvolvimento dos seus sectores empresariais. O registo de empresas foi dividido entre o Ministério do Desenvolvimento e o Ministério da Justiça, o que vem aumentar consideravelmente o tempo necessário para registar uma empresa. O Ministério do Desenvolvimento está a tomar acções com vista a reduzir este tempo para sete dias, no caso de pequenas empresas. Outros dados de estudos indicam que os empresários nas economias formal e informal acreditam que o acesso financeiro é o condicionalismo mais forte ao crescimento das suas empresas. Tal como a discussão seguinte indica, o Governo reconhece a necessidade de melhor acesso a serviços financeiros em todo o país. Serão necessárias medidas adicionais para abordar uma gama de questões neste sector. Outras iniciativas lançadas incluem:

• Criação de uma série de Centros de Desenvolvimento de Empresas (CDEs). Estes estão actualmente a funcionar em Díli, Baucau, Maliana, Maubisse e Oecussi. Mais de 8,000 pessoas receberam vários topos de formação empresarial nestes centros. Mais de 3,000 destas pessoas eram já empresários. Fora da rede dos CDEs, a USAID e a UNIDO estão a iniciar programas separados de educação empresarial e económica para serem ministrados em escolas primárias e secundárias.

• Em Junho de 2005 foi realizado em Díli o primeiro Fórum Nacional de Empresas, estando planeado um segundo para finais de Março de 2006, com incidência nos procedimentos de registo de empresas. O Governo espera que estes Fóruns se reúnam regularmente e que forneçam reacções do sector privado que possam ser incorporadas em políticas e programas de governo para a promoção e desenvolvimento de empresas.

• O Conselho de Ministros aprovou um Código de Registo Comercial, o qual está agora a aguardar promulgação. Uma melhoria significativa na lei é que os requisitos de renovação anual do registo de empresas foram removidos, embora o registo continue a requerer vários passos. Está planeado mais trabalho com o intuito de melhorar os procedimentos administrativos e reguladores. O novo código, o qual abrange apenas o registo de empresas com capital pago superior a $5,000, será administrado pelo Ministério da Justiça. O Ministério do Desenvolvimento continuará com o registo de empresas com capital pago entre $50 e $5,000, de acordo com a norma 2000/2004 da UNTAET. O Governo também está a tomar medidas para reduzir o tempo necessário para registar uma empresa para sete dias.

• O Governo estabeleceu duas novas instituições em Julho de 2005 para apoiar o investimento externo e doméstico. O objectivo aqui é estabelecer “balcões únicos” que facilitem o investimento privado. A TradeInvest Timor-Leste, responsável pela promoção do investimento directo externo, realizou a sua primeira grande conferência

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sobre investimento em Novembro de 2005. O Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Empresarial (IADE) é responsável pela promoção e apoio do investimento doméstico. A intenção é capacitar estas duas instituições para promover o investimento e prestar apoio à comunidade empresarial.

Tendências e perspectivas de investimento externo. Não existem estimativas fiáveis a respeito do montante de investimento externo em Timor-Leste. As informações mais úteis vêm de um estudo sobre empresas detidas por estrangeiros levado a cabo em Janeiro de 2005. O montante total do investimento reportado por estes estabelecimentos foi de cerca de $75 milhões (Tabela 21). As contas de rendimentos nacionais sugerem que o total do investimento privado por parte de empresas domésticas e internacionais foi de $105 milhões entre o período de 2000 a 2003. Após ter em conta alguma repatriação de capital por parte de investidores externos em 2004, em resposta à acentuada contracção económica de 2002-2003, assim como algum investimento doméstico, conclui-se que estas duas fontes podem ser comparáveis. Estas estimativas não incluem os $1.65 mil milhões de investimento no projecto do Mar de Timor.

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Informações não oficiais sugerem que em face da contracção de 2002 e 2003 houve um declínio vincado no fluxo de investimento directo externo, porém as estimativas dos fluxos durante 2004 e 2005 estão incompletas. Alguns novos projectos de investimento externo tiveram início durante este período, incluindo por exemplo um projecto para a exportação de peixe. No último ano o Governo deu passos no sentido de promover maiores fluxos de investimento externo em Timor-Leste. Foram realizadas várias

exposições de promoção do investimento na Ásia, Estados Unidos e Europa. Adicionalmente, realizaram-se várias conferências para a promoção do investimento em Timor-Leste, incluindo uma especificamente para o petróleo e gás em meados de 2005 e uma conferência mais geral para uma gama mais vasta de investidores em Novembro de 2005. Ambos estes esforços promocionais tiveram uma boa comparência por parte dos investidores internacionais. Tal como a Tabela 17 indica, se a taxa de crescimento do sector privado for aumentada para 8% ao ano em termos reais a médio prazo, o investimento privado (que não referente ao petróleo e gás) de fontes domésticas e externas terá de ser aumentado para cerca de $60 milhões por ano até 2010 e $100 milhões por ano até 2015. É esperado que as duas novas instituições de investimento recém-criadas desempenhem um papel importante na concretização destes objectivos. Todavia um maior investimento equitativo da parte da comunidade empresarial local e internacional deve ser complementada por um maior desenvolvimento das capacidades na indústria dos serviços financeiros. Desenvolvimento do Sector Financeiro A actual abrangência do sistema financeiro formal permanece muito limitada. Consiste essencialmente em três bancos comerciais, cada um deles uma repartição de uma instituição estrangeira, e uma instituição local a funcionar com uma licença bancária limitada. As funções reguladoras e de supervisão relativamente aos bancos são desempenhadas pela Autoridade Bancária e de Pagamentos (ABP). Não existem instituições financeiras não bancárias sujeitas à supervisão da ABP e não existe qualquer companhia seguradora a operar em Timor-Leste; também não existem entidades financeiras de leasing . Para lá do sector formal, existem algumas instituições de microfinanças (IMFs), cooperativas de poupanças e de empréstimos, e lojas de penhores. Embora as IMFs tenham um significado limitado em termos de dólares, têm tido sucesso no que diz respeito a chegar a um número considerável de famílias pobres. O Governo reconhece que o maior desenvolvimento do sector financeiro é outro dos elementos principais da estratégia para acelerar o crescimento e reduzir a pobreza. A política do Governo, conforme definida no PIS do Desenvolvimento do Sector Privado, requer uma alteração na ênfase, passando das intervenções directas por parte dos parceiros de desenvolvimento no que toca à provisão de crédito, para uma maior ênfase no uso de poupanças domésticas mediadas através do sistema financeiro, juntamente com maior ênfase na capacitação do sector financeiro para que este seja capaz de prestar uma maior gama de serviços e alargar consideravelmente a cobertura do sector bancário. É necessário mais trabalho para melhorar e elaborar a estratégia para o maior desenvolvimento do sector financeiro, mas os traços gerais são os seguintes:

• É necessário alargar a cobertura dos serviços financeiros. • É preciso mobilizar as poupanças domésticas.

(US$ millions)Sector Amount Percent

Manufacturing 1.100 1.5 Construction 15.700 21.0 Telecommunications 22.300 29.8 Transportation 3.129 4.2 Retail, hotels, restaurants 18.325 24.5 Financial services 14.200 19.0 Total 74.754 100.0 Memo item:Oil and gas 1,649.600 Source: TradeInvest

Table 21: Foreign Direct Investment in Timor-Leste

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• O quadro legal e regulador deve ser fortalecido. • O número de instituições financeiras pode ser aumentado, podendo também ser oferecida

uma gama mais vasta de produtos. • As capacidades e o alcance das instituições de micro-finanças devem ser expandidos.

Expansão da cobertura do sector dos serviços financeiros. A grande maioria da população vive actualmente fora do alcance dos serviços financeiros formais. Existem actualmente cerca de 200,000 famílias no país, mas menos de 60,000 tinha contas bancárias em 2005. Um objectivo importante para o sector passa por garantir que muitas mais famílias dispõem de acesso a serviços financeiros. Os dados de 2005 indicaram, por exemplo, que nove das 13 capitais de distrito não dispunham de serviços financeiros. Para lá disto, não haviam serviços financeiros em nenhuma das 65 vilas de sub-distrito do país. Promoção das poupanças domésticas. Para uma transição efectiva para o crescimento liderado pelo sector privado, o sector financeiro tem de ser capaz de responder à procura por parte de empresas e famílias relativamente a empréstimos e outros serviços financeiros. No seguimento da destruição do sistema financeiro em 1999 houve um crescimento impressionante nos depósitos bancários e no empréstimo ao sector privado. Tal como a Tabela 22 indica, os depósitos aumentaram para cerca de 27% do PIB não petrolífero e o empréstimo ao sector privado é agora equivalente a cerca de 25% do PIB não petrolífero. Porém, esta última percentagem ainda representa apenas metade da que se verifica em outros países em vias de desenvolvimento com baixos rendimentos. O sistema bancário está agora a intermediar cerca de 90% dos depósitos na forma de empréstimos ao sector privado. Parece existir uma procura continuada consideravelmente superior à oferta por parte de indivíduos e pequenas empresas no que se refere a créditos bancários. Para que a procura crescente por serviços financeiros possa ser atendida, é necessário que haja uma maior ênfase na mobilização de poupanças através do país. Isto significa, entre outras coisas, desenvolver uma rede bancária mais extensa por todo o país. Caso o empréstimo bancário ao sector privado cresça para 45% do PIB não petrolífero até 2015, o que é a média actual para todos os países em vias de desenvolvimento com baixos rendimentos, os empréstimos pendentes terão de totalizar nessa altura cerca de $360 milhões. Isto implicará um aumento médio na concessão de empréstimos de cerca de 15% por ano, o que irá obrigar à mobilização de outros $350 milhões ou mais em depósitos.

Table 22: Selected Indicators for the Financial Sector(US$ millions)

Indicator 2000 2001 2002 2003 2004 2005Demand & term deposits 20.0 51.1 54.6 72.3 83.0 95.5 Loans to private sector 1.8 7.0 6.8 20.9 68.6 87.2 Ratio of credit to deposits (%) 9.0 13.7 12.5 28.9 82.7 91.3 Broad money as % non-oil GDP 6.3 13.9 15.9 21.5 24.5 27.3 Private sector loans as % non-oil GDP 0.6 1.9 2.0 6.2 20.3 24.9

Fortalecimento do quadro legal e regulador do sector dos serviços financeiros. No seguimento da transformação iminente da ABP no banco central do país, será necessário que haja ênfase no desenvolvimento do quadro legal e regulador para a indústria dos serviços financeiros. A agenda inclui, por exemplo, mais melhorias no quadro legal relativo às terras e propriedades, bem como a provisão de serviços de seguros e leasing. O sector dos serviços financeiros, sob a liderança da ABP, está de presente a trabalhar rumo à criação de um registo de créditos. Assim que as leis apropriadas sobre terras estejam estabelecidas, poder-se-á considerar a criação de um registo de garantias.

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Aumento do número de instituições de serviços financeiros e expansão da gama de produtos financeiros. Com o crescimento continuado no sector, haverá margem de manobra para a entrada de novos elementos no sistema bancário, em particular instituições que tenham a experiência e a tecnologia para levar serviços bancários a pequenas vilas e a comunidades rurais por todo o país. Uma maior competição no sector bancário poderá também ajudar taxas de juro inferiores. De acordo com os dados da ABP, as taxas de empréstimo andam por volta dos 13% ao ano, enquanto que as taxas de depósito são inferiores a 1% ao ano. Com a inflação actualmente na ordem dos 1-2% ao ano, o spread em termos reais está por volta dos 10%. Uma redução gradual nas taxas de empréstimo e uma redução nas margens de empréstimo serão estímulos importantes para o maior desenvolvimento do pequeno sector empresarial do país. Existe também uma ausência assinalável de serviços de transferência que possam facilitar o envio de dinheiro de áreas urbanas para áreas rurais, assim como transferências internacionais a partir do estrangeiro. Este último aspecto tornar-se-á provavelmente cada vez mais importante, à medida que os planos do Governo de exportar mão-de-obra para outros países avançam. O primeiro grupo de 100 trabalhadores deverá ser enviado para a Coreia do Sul este ano, para trabalhar na indústria da construção. O Governo espera colocar mais 500 a 1,000 trabalhadores no estrangeiro durante o AF de 2006/07. Dependendo da experiência com estes programas, é possível que o número de trabalhadores no estrangeiro possa aumentar para vários milhares. A experiência internacional indica que os trabalhadores no estrangeiro transferem regularmente pare dos seus rendimentos para familiares nos países de origem. Em termos de exemplo, uma força de trabalhadores no estrangeiro composta por 3,000 pessoas, cada uma transferindo uma média de $500 por ano, implicaria a transferência de $1.5 milhões por ano para famílias em Timor-Leste. Serão necessárias melhorias nos serviços em Timor-Leste para facilitar estas transferências para as comunidades respectivas. Fortalecimento das capacidades e do alcance das instituições de microfinanças e da união de crédito. Dado o seu papel importante no que diz respeito a levar serviços financeiros a famílias com baixos rendimentos, especialmente em áreas rurais, será necessário fortalecer as capacidades e o alcance das instituições de microfinanças. A Associação de Instituições de Microfinanças de Timor-Leste, composta por 11 instituições, reporta que em finais de 2004 a Associação servia tinha depósitos de 26,600 pessoas e empréstimos concedidos a 19,200. Os depósitos totalizavam cerca de $1.28 milhões, estando os empréstimos pendentes na ordem dos $2.36 milhões. Os membros da Associação operavam em 10 dos 13 distritos do país. Estes dados indicam que a actual cobertura das instituições de microfinanças é muito limitada, prestando serviços a talvez não mais do que 25,000 a 30,000 famílias. Tal como é referido na Parte B, uma parte essencial da transformação rural da economia deve incidir nas necessidades das 95,000 famílias cuja sobrevivência depende da agricultura de subsistência e que, nesta altura, estão em grande medida fora da parte da economia que lida com dinheiro. Para lá disto, existem outras 70,000 famílias em áreas rurais que são produtoras em pequena escala de produtos agrícolas comercializáveis, sobretudo arroz e café. A melhoria do acesso a crédito para números muito superiores de famílias deve ser vista como uma parte essencial da transição para um forte crescimento sustentado e para o alívio da pobreza. Consequências de um Fraco Desempenho Económico Quais são as consequências de um fraco desempenho económico ao longo dos próximos 5 a 10 anos? São na verdade potencialmente graves. Com um fraco crescimento económico e com um crescimento populacional superior a 3% por ano e um crescimento da força de trabalho de 4% por ano, a economia terá dificuldades para criar emprego produtivo em quantidade suficiente. A incidência da pobreza de rendimentos não diminuirá, podendo muito bem aumentar. Os principais riscos para a economia incluem:

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• Fraco desempenho do crescimento na agricultura. • Incapacidade de Timor-Leste para atrair cada vez maiores quantidades de capital

privado para investimento no sector privado não alimentar. Em resultado disto, o crescimento do sector privado não alimentar é muito menor, tal como sucede com o crescimento do PIB não petrolífero.

• Maior crescimento populacional como resultado de uma redução bem sucedida nas taxas de mortalidade, mas sem a correspondente redução nas taxas de natalidade.

• Um crescimento ainda mais rápido na força de trabalho, como resultado do aumento das taxas de participação.

• Progresso inadequado na capacitação para implementar um programa de investimento público substancialmente maior.

• Insucesso na tentativa de chegar a acordo com a MCC relativamente ao programa de financiamento no valor de $350 milhões, com vista a melhorar rapidamente as infra-estruturas e outros serviços básicos.

Para os efeitos deste relatório foi modelado um cenário de crescimento alternativo. Este assenta nos seguintes pressupostos:

• Crescimento mais lento na agricultura e no sector privado não agrícola, como resultado da falta de progresso na melhoria do ambienta para actividades empresariais e investimento.

• Continuação da fraca execução orçamental e da incapacidade para atrair adjudicatários estrangeiros de modo a aumentar rapidamente as capacidades de implementação.

• Insucesso na tentativa de chegar a acordo com a MCC relativamente a esquemas para a implementação dos $350 milhões propostos de financiamento da CDM ao longo dos próximos cinco anos. Pressupõe-se que o Fundo Petrolífero seja capaz de transferir alguns recursos adicionais para o orçamento, de forma a compensar a perda da CDM, porém a continuação das fracas capacidades de implementação limitam a aceleração nas transferências a partir do Fundo Petrolífero.

(Non-oil GDP in US$ millions at 2000 constant market prices)Sector

2005 2010 2015 2005-2010 2010-2015Food, livestock fisheries 105.2 123.1 144.1 3.2 3.2 Non-farm private sector 110.5 125.2 149.7 2.5 3.7 Public sector Government 76.2 123.8 163.2 10.2 5.7 Public construction & utilities 22.1 29.4 37.0 5.7 5.0 United Nations 17.0 - - - - Sub-total 115.3 153.2 200.2 5.9 5.5 Non-oil GDP 331.0 401.5 494.0 4.0 4.2 Memo items:Non-oil GDP (at current prices) 349.9 496.7 695.1 7.3 7.0 Population ('000) 952.2 1,120.2 1,301.8 3.3 3.1 Non-oil GDP per capita at 2000 prices ($) 348 358 379 0.7 1.1 Value added per laborer at 2000 prices ($) 114 109 112 (1.3) 0.6 Non-oil GDP deflator (2000=100.0) 105.7 123.7 140.7 3.2 2.5

Value added Growth rate (% p.a.)

Table 23: Slow Economic Growth Scenario

Os resultados deste cenário alternativo são apresentados na Tabela 23. Neste cenário a economia cresce cerca de 4% ao ano durante a próxima década. Em termos reais, há muito pouco aumento no PIB não petrolífero real per capita, sendo que o valor acrescentado por trabalhador diminui.

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 36

Estes indicadores apontam para a probabilidade de uma redução na incidência da pobreza, sendo pelo contrário muito provável que se registe um aumento. Caso a incidência da pobreza permaneça no actual nível estimado de 41.5%, haverão cerca de 465,000 pessoas abaixo da linha de pobreza em 2010, em comparação com as 390,000 segundo o cenário de alto crescimento. Até 2015, o número de pessoas em situação de pobreza terá aumentado para cerca de 540,000, mais do dobro do número apresentado no cenário de alto crescimento. Este cenário alternativo destaca a importância da implementação bem sucedida das estratégias definidas nos PIS para o crescimento, investimento e prestação de serviços.

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 37

Parte D: Papel da Política Fiscal e da Assistência dos Parceiros de

Desenvolvimento

Fundo Petrolífero e Mobilização de Recursos Domésticos O Governo reiterou em muitas ocasiões a importância que atribuiu a evitar os erros feitos por muitos outros países ricos em recursos que levaram a instabilidade macroeconómica e a resultados ainda piores. Tal como é mencionado noutro ponto deste relatório, o Governo está bem ciente de que a estabilidade macroeconómica é necessária para um forte crescimento sustentado que possa reduzir a pobreza. De forma consistente com este compromisso para com a gestão sólida dos ricos recursos do país, o Governo adoptou uma política de poupanças que visa assegurar a gestão eficaz das receitas petrolíferas. Para implementar esta política foi estabelecido um Fundo Petrolífero em Setembro de 2005, após a promulgação da Lei sobre o Petróleo em 3 de Agosto de 2005. Com a criação do Fundo, todas as receitas da produção petrolífera são pagas ao Fundo Petrolífero. O Fundo funcionará para acumular grandes montantes de poupanças a partir de receitas petrolíferas e dará uma margem de manobra para o financiamento de despesas orçamentais na eventualidade de qualquer quebra temporária nas receitas petrolíferas. A Lei prevê a transferência de receitas do Fundo Petrolífero para o orçamento. A chave da política de poupança do Fundo é que as transferências para o orçamento se devem ajustar a médio prazo de acordo com o nível sustentável de despesas. Este nível sustentável de transferência ao orçamento é baseado na estimativa de receitas petrolíferas actuais e futuras. É o nível de despesas que pode ser mantido indefinidamente, após ter presente a inflação. Deste modo, os levantamentos a partir do Fundo Petrolífero podem financiar níveis de despesa estáveis e sustentáveis, ainda que as receitas petrolíferas oscilem consideravelmente de ano para ano. A concepção do Fundo foi moldada por quatro princípios essenciais:

• O Fundo Petrolífero deve acumular níveis consideráveis de poupanças em benefício das gerações futuras de timorenses.

• As poupanças do Fundo Petrolífero devem gerar juros suficientes, em particular quando as receitas petrolíferas tiverem cessado.

• As oscilações temporárias nos preços mundiais do petróleo terão poucos efeitos nas despesas, uma vez que serão as poupanças que oscilarão.

• Alterações permanentes nas receitas irão alterar o nível estimado de despesas sustentáveis do Fundo, o que por sua vez resultará em ajustes das despesas a médio prazo, de modo a minimizar alterações que venham perturbar os planos de despesas.

O Fundo Petrolífero baseia-se na melhor prática internacional e reflecte as circunstâncias de Timor-Leste, possibilitando uma melhor responsabilização, transparência e informação ao público. A Lei exige que o Fundo Petrolífero seja gerido de forma prudente, investindo com segurança em aplicações financeiras de baixo risco no estrangeiro. A posição do Governo em termos de receitas registou uma alteração significativa no último ano, em grande medida como resultado de uma maior produção do campo do Bayu Undan na ACDP e de preços mais elevados do petróleo a nível internacional. A perspectiva é para que estas receitas continuem a aumentar de forma substancial. Em resultado disto, o nível sustentável de verbas que podem ser transferidas a partir do Fundo para o orçamento de presente este na ordem dos $260 milhões. Com base nas actuais previsões sobre a produção e preços internacionais do petróleo no futuro, os rendimentos sustentáveis do Fundo que poderão ser transferidos irão aumentar para $370 milhões no AF de 2014/15.

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Tem havido uma melhoria continuada no desempenho do Governo Central em termos de receitas ao longo dos últimos quatro anos. No AF de 2000/01, as cobranças de receitas fiscais e não fiscais foram equivalentes a apenas 4% do PIB não petrolífero; já no AF de 2004/05, as cobranças aumentaram para o equivalente a 10% do PIB não petrolífero. Com a perspectiva de aumentos substanciais nas receitas petrolíferas a entrarem no Fundo Petrolífero, a questão política central para o Governo prende-se com os níveis futuros de receitas domésticas fiscais e não fiscais, de acordo com dois pontos distintos:

• Qual será o impacto provável do actual regime fiscal sobre os pobres e sobre os esforços para reduzir a pobreza?

• Em que medida o actual regime fiscal promove ou dificulta o investimento privado por parte de empresas locais ou internacionais?

O Governo está a examinar o actual regime fiscal a partir destas perspectivas, de modo a determinar se mais alterações facilitarão o progresso rumo ao objectivo fundamental da redução da pobreza.

(US$ millions)Revenue Source FY04/05 FY05/06 FY06/07 FY07/08 FY08/09 FY09/10 FY14/15

Direct and indirect taxes 29.7 26.5 29.7 32.0 34.6 39.8 74.3 Non-tax revenues 4.4 4.5 4.9 5.3 5.8 6.3 9.0 Autonomous agency revenues 8.0 10.5 12.1 15.6 17.5 19.7 30.6 Interest income 2.7 5.1 2.3 2.3 2.4 2.4 2.8 Timor Sea revenues 209.4 - - - - - - First tranche petroleum royalties 55.6 9.0 - - - - - Total revenues 309.8 55.6 48.9 55.2 60.3 68.3 116.7 Memo items:Domestic tax & non-tax revenues Total 34.1 31.0 34.6 37.3 40.4 46.1 83.3 As % non-oil GDP 9.9 8.6 8.9 8.9 9.0 9.5 10.9 Sustainable petroleum income - 263.0 280.8 291.1 301.4 311.7 368.8 Non-oil GDP at current prices 343.4 361.1 387.6 417.3 450.1 485.7 765.5

Table 24: Revenues for Whole of Government

O cenário para a mobilização de receitas apresentado na Tabela 24 assenta no pressuposto de que as cobranças fiscais e não fiscais permanecerão por volta dos 10% do PIB não petrolífero. Por outras palavras, o Governo procurará transferências a partir do Fundo Petrolífero ao invés de aumentar as cobranças fiscais relativas ao PIB não petrolífero. Um regime fiscal baixo que seja simples de administrar poderá tornar Timor-Leste mais atractivo para investidores locais e internacionais. Todavia, as receitas das instituições autónomas continuarão a aumentar em linha com o crescimento destes serviços e de acordo com o princípio de que os utentes dos serviços devem pagar por eles. Quando combinada com as receitas fiscais e não fiscais domésticas, a capacidade de financiamento do Estado é actualmente estimada na ordem dos $320 milhões por ano, aumentando para cerca de $380 milhões até ao AF de 2009/10 e para quase $500 milhões no AF de 2014/15. Tal como a referido na Parte A, nos últimos anos o total dos gastos públicos numa base de fontes combinadas tem permanecido estável na ordem dos $235 milhões por ano, bem abaixo da actual capacidade de financiamento do Governo. O principal desafio que agora se depara ao Governo passa pelo desenvolvimento de capacidades nacionais que permitam a

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implementação eficaz de um programa de desenvolvimento muito maior que consiga acelerar o crescimento, melhorar a quantidade e a qualidade dos serviços básicos, e reduzir a pobreza. Prioridades para as Despesas Públicas O processo dos PIS, lançado pelo Governo em meados de 2003, emergiu como uma ferramenta valiosa para o planeamento e gestão de despesas de desenvolvimento a médio prazo por parte do Governo. Com a conclusão de todos os 17 PIS em meados de 2005, o Governo lançou subsequentemente a primeira actualização anual dos programas de despesa de PIS de modo a abranger o período de cinco anos entre o AF de 2005/06 e o AF de 2009/10. Os resultados do processo de actualização dos PIS estão agora a ser incorporados no Orçamento de Fontes Consolidadas para o AF de 2006/07.

As propostas de despesa dos PIS foram avaliadas à luz dos níveis de financiamento por parte de parceiros de desenvolvimento que poderão estar disponíveis para o país neste período de cinco anos, permitindo a elaboração de previsões sobre a velocidade a que será possível desenvolver capacidades de implementação dentro do país. Adicionalmente, o Governo tem sido prudente nos seus julgamentos sobre a medida em devem ser transferidas verbas a partir do Fundo Petrolífero tão cedo após a criação deste. O programa de despesa também prevê a aprovação atempada por parte da MCC em relação ao Compacto que está actualmente a ser preparado pelo governo. Este programa disponibilizará um total de $350 ao longo de um período de cinco anos. O Governo pressupõe que o programa da MCC iniciará a sua implementação na segunda metade do AF de 2006/07.

Após levar em conta estes vários factores, o Governo acredita que deverá ser realizado um programa de despesas de fontes combinadas no valor de cerca de $1.5 mil milhões ao longo do período de cinco anos entre o AF de 2005/06 e o AF de 2009/10. Isto compara-se com despesas actuais de $1.018 mil milhões ao longo dos últimos cinco anos – um aumento de cerca de 70% em termos nominais e de cerca de 50% em termos reais12.

12 É importante notar que as despesas do FCTL incluídas nesta secção são provisórias e estão sujeitas a mudança. Quando o relatório foi impresso, ainda estava a ser debatido o montante final que iria ser submetido ao Parlamento.

(US$ millions)Sector

Amount Percent Amount PercentBasic servicesHealth care 118.1 11.6 180.9 12.0 Education & training 222.6 21.9 274.9 18.2 Social, civil & heritage protection 6.8 0.7 17.5 1.2 Sub-total 347.4 34.1 473.3 31.4 Production-related sectorsAgriculture, forestry, fisheries 71.6 7.0 105.2 7.0 Natural resources & environment 11.9 1.2 18.9 1.3 Private sector development 15.5 1.5 24.5 1.6 Sub-total 99.0 9.7 148.5 9.9 Infrastructure and housingCommunications 9.7 1.0 18.4 1.2 Housing & urban development 6.7 0.7 15.9 1.1 Power 83.3 8.2 183.2 12.2 Transport 95.6 9.4 185.1 12.3 Water supply & sanitation 52.5 5.2 104.8 7.0 Sub-total 247.8 24.3 507.4 33.7 GovernancePillars of the State 38.7 3.8 57.3 3.8 Public sector management 135.6 13.3 96.5 6.4 Local development 23.3 2.3 35.9 2.4 Rights, equality & justice 37.8 3.7 52.0 3.5 Sub-total 235.5 23.1 241.7 16.0 Security & external relationsSecurity & peacebuilding 74.4 7.3 112.7 7.5 External relations & cooperation 14.2 1.4 23.5 1.6 Sub-total 88.6 8.7 136.2 9.0 Total 1,018.3 100.0 1,507.0 100.0

Table 25: Sectoral Allocations of Combined Sources Expenditures

FY00/01-FY04/05 FY05/06-FY09/10

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 40

Um programa desta magnitude terá cinco benefícios principais:

• Estabelecerá os alicerces para uma transição para um forte crescimento económico sustentado, essencial para a criação de emprego e redução da pobreza.

• Irá garantir progressos substanciais no que toca aos ODMs estabelecidos para 2015, especialmente em áreas relacionadas com os cuidados de saúde, acesso à educação e abastecimento de água potável e saneamento adequado.

• Resultará numa grande melhoria na infra-estrutura do país, o que, entre outras coisas, irá reduzir os custos empresariais e aumentar a competitividade do país a nível internacional.

• Estabelecerá os alicerces para uma grande melhoria nas qualificações da mão-de-obra, reduzindo assim a dependência em relação a mão-de-obra qualificada e semi-qualificada importada.

• Resultará numa grande melhoria das capacidades de implementação do país. O programa proposto está resumido na Tabela 25. É importante notar que estas despesas incluem as actuais dotações do FCTL e as novas dotações propostas, assim como as despesas dos parceiros de desenvolvimento com assistência técnica e de desenvolvimento. A tabela não inclui as despesas dos parceiros de desenvolvimento com assistência técnica e de desenvolvimento tratadas como “fora do orçamento”, assim como assistência humanitária e de emergência, apoio directo ao orçamento por parte de despesas dos parceiros de desenvolvimento e assistência militar bilateral. Tal como a Tabela indica, existem algumas alterações importantes nas afectações entre sectores. Os pontos principais do programa proposto são os seguintes:

• Os cuidados de saúde e a educação continuam a representar cerca de 30% do total dos gastos numa base de fontes combinadas, traduzindo a prioridade muito elevada que o Governo atribuiu a estes sectores.

• Existe um aumento acentuado nas afectações para infra-estruturas e habitação, passando de 24% nos últimos cinco anos para 34% ao longo dos próximos cinco anos. Este aumento deriva de grandes aumentos nos gastos com os sectores da água e saneamento, transportes e energia. Estão planeados aumentos menores para as comunicações, habitação e desenvolvimento urbano.

• A percentagem dos recursos afectados para os sectores de produção permanece essencialmente inalterada, estando um pouco abaixo dos 10% do programa.

• Existe um pequeno aumento na percentagem de gastos com segurança e relações externas, passando para 9% do total do programa, o que reflecte o empenho do Governo em garantir a segurança interna adequada do país e um papel cada vez mais activo nos assuntos regionais e internacionais com particular interesse para Timor-Leste.

• Os gastos com programas relativos à governação são relativamente constantes em termos de dólares, com a proporção destes sectores a cair para cerca de 16% do programa. A redução deve-se quase na totalidade a níveis menores de gastos com a gestão do sector público. A queda deve-se quase na totalidade a menores níveis de gastos com a gestão do sector público. A queda acentuada nos gastos neste sector reflecte a redução na dependência de serviços internacionais de assessoria que caracterizaram os últimos cinco anos.

Como a Tabela 26 indica, a intenção é de aumentar a despesa pública, numa óptica das fontes combinadas dos níveis a que se tem situado no passado de cerca de $235 milhões anuais. Espera-se que este ano a despesa ascenda aos $260 milhões, seguida de outro aumento no próximo ano. Os desembolsos de programas financiados pelos Parceiros de Desenvolvimento decrescem, mas estes são compensados pelos aumentos da despesa do Orçamento de Estado e o início do programa do MCC no próximo ano. O Governo está ciente dos desafios que

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envolvem esta subida na despesa, incluindo a necessidade de fortalecer as capacidades de implementação e de garantir uma contínua estabilidade macro-económica. Como falado anteriormente, está a ser considerado o aumento do uso de empresas internacionais para provocar um aumento imediato nas capacidades de implementação. Como apresentado no Programa de Apoio à Consolidação, serão tomadas várias medidas para melhorar a execução orçamental e o aprovisionamento.13 Espera-se que a implementação de sucesso do programa contribua para o crescimento económico e para a criação de emprego a curto prazo, que por sua vez irá contribuir para a redução da incidência da pobreza.

(US$ millions)Type of expenditure FY00/01 FY03/04 FY04/05 FY05/06 FY06/07 FY07/08 FY08/09 FY09/10 FY14/15

Recurrent expenditures CFET 34.1 62.5 65.8 93.2 98.8 110.8 120.6 131.5 193.0 Donor programs 97.8 123.9 111.6 97.6 81.4 69.7 58.0 45.3 10.0 Sub-total 131.9 186.4 177.4 190.8 180.2 180.5 178.6 176.8 203.0 Capital expenditures CFET 5.7 10.0 12.0 20.0 21.8 24.0 26.3 28.7 55.5 Donor programs 50.2 40.6 42.3 46.3 52.6 54.1 57.2 69.1 80.0 MCA funding - - - - 25.0 45.0 65.0 65.0 - Sub-total 55.9 50.6 54.3 66.4 99.4 123.1 148.5 162.8 135.5 Total expenditures CFET 39.8 72.5 77.8 113.2 120.6 134.8 146.9 160.2 248.5 Donor programs 148.0 164.5 153.9 143.9 134.0 123.7 115.2 114.4 90.0 MCA funding - - - - 25.0 45.0 65.0 65.0 - Total 187.8 237.0 231.7 257.1 279.6 303.6 327.1 339.6 338.5 Memo items:CFET as % total expenditures 21.2 30.6 33.6 44.0 43.1 44.4 44.9 47.2 73.4 CFET share of recurrent (%) 25.9 33.5 37.1 48.8 54.8 61.4 67.5 74.4 95.1 Recurrent as % non-oil GDP 38.5 55.3 51.7 52.8 46.5 43.2 39.7 36.4 26.5 Capital as % non-oil GDP 16.4 15.0 15.8 18.4 25.7 29.5 33.0 33.5 17.7

Table 26: Trends in Recurrent and Capital Expenditures on a Combined Sources Basis

Alteração do Papel do Financiamento do Orçamento Geral do Estado No curso da preparação dos PIS individuais houve cuidado para estimar, na medida do possível as despesas capitais e recorrentes dos parceiros de desenvolvimento e do FCTL. As estimativas do FCTL vêm directamente dos documentos orçamentais, porém as informações a respeito dos gastos recorrentes e capitais financiados pelos parceiros de desenvolvimento estão incompletas. Deste modo foram preparadas estimativas para todos os novos projectos e programas concluídos, em curso e propostos dos parceiros de desenvolvimento. Os resultados estão resumidos na Tabela 26. Tal como em relação à Tabela 25, estes dados incluem todas as despesas do FCTL, mas apenas a assistência técnica e de desenvolvimento “dentro do orçamento” prestada pelos parceiros de desenvolvimento. As várias categorias do Orçamento Geral do Estado, as despesas incluem pressupostos sobre as futuras taxas de execução orçamental. O que faz com que estas sejam um pouco inferiores do que as dotações planeadas. A Tabela destaca alterações importantes que têm tido lugar no que toca ao papel do financiamento do FCTL no orçamento de fontes combinadas, incluindo alterações nas afectações de despesas entre gastos capitais e recorrentes. Os pontos principais são os seguintes:

• As despesas recorrentes representam actualmente cerca de três quartos dos gastos totais, mas esta proporção deverá cair gradualmente à medida que os programas propostos de

13 O modelo macro-económico que calcula a análise neste relatório inclui pressupostos sobre a taxa de execução orçamental para as despesas do Orçamento Geral do Estado. Durante os próximos cinco anos, o pressuposto é que se irá verificar uma melhoria nas taxas de execução orçamental.

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despesa pública dão maior ênfase às despesas de substituição de capital em relação aos activos públicos existentes e à criação de novos activos essenciais para a prestação de serviços e um forte crescimento económico.

• O financiamento do FCTL representa uma parte crescente do total de gastos e dos gastos recorrentes. No AF de 2000/01, o FCTL financiou apenas 21% do total de gastos (sendo que a maior parte foi financiada por apoio directo ao orçamento). De presente o FCTL financia mais de 45% do total de gastos e até ao AF de 2014/15, é esperado que financie cerca de três quartos do total de gastos.

• O financiamento de gastos recorrentes por parte do FCTL está actualmente na ordem dos 50%. Até ao AF de 2009/10, o FCTL irá financiar três quartos dos gastos recorrentes, sendo que no AF de 2014/15 cerca de 95% serão cobertos pelo FCTL. A principal despesa recorrente financiada pelos parceiros de desenvolvimento diz respeito aos serviços dos assessores internacionais. O Governo espera reduzir gradualmente a sua dependência de financiamento de parceiros de desenvolvimento para estes serviços, à medida que as capacidades dos funcionários nacionais vão sendo fortalecidas e que o Governo cada vez mais vai financiando os serviços de assessorial internacional a partir dos seus próprios recursos.

O outro ponto que emerge de forma clara da Tabela 26 é o grande aumento nos gastos de capital, já referido neste documento. O Governo está a propor gastos capitais de cerca de $160 milhões ao ano até ao AF de 2009/10, liderados pelo programa financiado pelo MCA a partir do AF de 2006/07 e com um modesto aumento no financiamento por parte dos parceiros de desenvolvimento actuais. O financiamento do FCTL em relação a gastos capitais deverá crescer lentamente por mais alguns anos – um reflexo do trabalho que falta fazer na capacitação dentro do governo para a concepção e gestão efectivas de programas de despesa capital.

(US$ millions)Type of expenditure FY04/05 FY05/06 FY06/07 FY07/08 FY08/09 FY09/10 FY14/15

Development & TA on -budget Ongoing 135.8 121.6 90.3 60.1 25.2 9.4 - Proposed new - 12.5 40.0 60.0 90.0 105.0 90.0 MCA - - 25.0 45.0 65.0 65.0 - Sub-total 135.8 134.1 155.3 165.1 180.2 179.4 90.0 Development & TA off-budget 18.1 9.8 3.7 3.7 - - - Humanitarian assistance 1.1 0.2 - - - - - Budget & commodity support 34.2 10.0 10.0 10.0 - - - Donor administrative expenses 5.2 3.6 0.4 0.2 0.2 0.2 0.2 Total assistance 194.4 157.7 169.4 178.9 180.4 179.6 90.2 Memo items:Per capita development & TA (S) Existing donors 145 139 131 116 108 104 70 MCA - - 25 44 61 59 -

Table 27: Projected Requirements for External Assistance

Uma questão que continua a preocupar o Governo prende-se com a provisão de recursos orçamentais suficientes para as despesas de substituição de capitais. No último ano o Governo lançou uma iniciativa destinada a produzir estimativas fiáveis a respeito das existências de capital do sector público. De presente não existem estimativas fiáveis no que toca ao custo de substituição de infra-estruturas, equipamentos e instalações que são pertença do Estado. Caso o custo de substituição esteja na ordem dos mil milhões de dólares e os activos tenham uma vida média de 15 anos, os gastos de capital terão de ser em média $65 milhões por ano – claramente um nível de gastos capitais para lá do actualmente previsto no orçamento do FCTL. Além disto, o programa proposto requer gastos capitais de $650 milhões durante os próximos cinco anos, parte

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dos quais diz respeito a gastos de capital para a reabilitação de estradas, escolas, etc. Contudo, a formação de novos activos sob o programa está provavelmente na ordem dos $450 milhões, o que acrescentará outros $30 milhões por ano aos gastos com substituições a longo prazo. Estas estimativas muito por alto sugerem que talvez até $100 milhões dos $135 milhões referentes a gastos capitais no AF de 2014/15 se destinarão a programas de substituição de capitais. Assim que o trabalho em curso no desenvolvimento do registo de activos públicos esteja bem avançado, deverá ser possível formular programas de substituição de capital mais realistas para serem considerados no orçamento. Papel da Assistência dos Parceiros de Desenvolvimento Tal como é notado na Parte A, o papel da comunidade de parceiros de desenvolvimento passou por grandes alterações ao longo dos últimos seis anos. O Governo prevê que haja ainda mais alterações durante os próximos cinco anos, à medida que Timor-Leste fortalece a sua capacidade para financiar o desenvolvimento a partir dos seus próprios recursos e que as capacidades internas para a concepção e implementação de programas de desenvolvimento continuam a ficar mais fortes. Um desafio importante para o país nesta altura é que as capacidades de financiamento excedem as capacidades de implementação por uma larga margem, graças ao aumento das receitas do petróleo e do gás. O Governo atribui grande importância à continuação da parceria com a comunidade internacional. Esta parceria é a forma mais eficaz através da qual as experiências e lições internacionais aprendidas com os sucessos e insucessos noutros países em vias de desenvolvimento podem ter impacto na concepção de programas para alívio da pobreza e para conseguir um crescimento económico forte e equitativo. O Governo continua a olhar para lá do futuro imediato na elaboração dos seus planos e programas de assistência por parte de parceiros de desenvolvimento. Os níveis de assistência são monitorizados numa base contínua, sendo usadas comparações com outros países para orientar decisões sobre prováveis níveis futuros de assistência. O actual panorama do Governo para fluxos de assistência no futuro é apresentado na Tabela 27. As bases para esta projecção são as seguintes:

• O programa proposto pela MCC, no valor de $350 milhões, será aprovado ainda este ano, a implementação ao longo de cinco anos terá início no AF de 2006/07. A afectação de $350 milhões implica um nível médio anual de assistência de $65 per capita. Este nível de apoio pode ser comparado ao prestado pela MCC noutras pequenas economias que demonstraram igualmente um forte empenho em relação ao desenvolvimento.

• Nos próximos anos, o apoio da actual comunidade de parceiros de desenvolvimento incidirá sobretudo na assistência técnica e de desenvolvimento. É esperado que o apoio directo ao orçamento chegue ao fim durante os próximos três anos. É provável que o declínio gradual no nível de assistência técnica e de desenvolvimento per capita – o qual tem sido evidente desde o AF de 2001/02 – continue. Para efeitos de planeamento, o Governo assume que esta assistência vá descer para cerca de $100 per capita até ao AF de 2009/10.

Gestão e Coordenação da Assistência dos Parceiros de Desenvolvimento Questões relativas à coordenação dos parceiros de desenvolvimento. O Governo reconhece que o programa proposto para o crescimento acelerado e para um progresso sustentado rumo aos OMDs para 2015 não estará isento de dificuldades. Os Parceiros de Desenvolvimento de Timor-Leste têm um papel importante na prestação de assistência, aconselhamento e apoio. A implementação com sucesso do programa ambicioso irá requerer colaboração estreita com a comunidade de parceiros de desenvolvimento, assim como uma gama de iniciativas no futuro imediato com vista à construção de uma capacidade substancialmente maior no que diz respeito à concepção e execução de programas.

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A experiência dos últimos três anos demonstrou a importância de uma melhor coordenação entre as várias instituições governamentais entre os vários sectores, entre os doadores e entre os doadores e as instituições governamentais. A importância da coordenação foi reforçada com a identificação dos processos dos PIS e dos novos projectos que são prioridade para serem financiadas pelo Orçamento Geral do Estado ou pelos doadores. A mais recente actualização dos 17 PIS indica que existem mais de 400 novos projectos e programas propostos para os próximos cinco anos - uma media de 25 por sector. As instituições relevantes envidaram esforços concertados para estabelecer prioridades em cada sector, sendo que a experiência demonstra que a compreensão, desde o início, por parte dos doadores sobre as várias propostas é vital para uma gestão eficaz dos programas sectoriais. Caso existam poucos, ou nenhum doador interessado em determinados projectos ou programas, o Governo deve decidir se o projecto deve ser financiado pelo Orçamento de Estado ou se deve ser deferido para ser considerado noutra ocasião. A análise da base de dados do Registo de Assistência Externa fornece informações a respeito de potenciais questões de coordenação em cada sector (Tabela 28). Da análise emergem vários pontos importantes.

• O número de parceiros de desenvolvimento activos em cada sector varia consideravelmente.

• Os desembolsos anuais por parceiro de desenvolvimento totalizaram cerca de $1 milhões por ano ao longo dos últimos três anos, porém existe uma grande variação entre os sectores.

• Vários sectores tiveram um grande número de parceiros de desenvolvimento activos e um baixo nível de desembolsos anuais por parceiro de desenvolvimento.

O sector da Gestão do Sector Público continua a atrair o maior número de parceiros de desenvolvimento. Nos últimos três anos, uma média de 22 parceiros de desenvolvimento teve programas activos no sector. Vários outros sectores também tiveram grandes números de parceiros de desenvolvimento activos. É essencial que estes sectores contem com esquemas de coordenação entre parceiros de desenvolvimento e entre parceiros de desenvolvimento e o Governo. Na outra ponta do espectro estão os Sectores das Infra-estruturas, Habitação e Desenvolvimento Urbano, e Negócios Estrangeiros e Cooperação, onde apenas estão activos números muito reduzidos de parceiros de desenvolvimento. As questões de coordenação nestes sectores são menos complicadas. Os sectores da Gestão do Sector Público e das Infra-estruturas têm, em média, desembolsos superiores por parceiro de desenvolvimento, o que aponta para maiores projectos individuais nestes sectores.

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(Three year average FY02/03--FY04/05)Sector Donors

Amount Donor averagePublic sector management 22 29.9 1.359Rights, equality, justice 15 6.5 0.433Health care 14 16.7 1.192Education 14 27.0 1.932Local development 14 14.5 1.035Agriculture, forestry, fisheries 12 14.1 1.177Security, peacebuilding, reconciliation 12 5.0 0.416Pillars of the State 10 3.7 0.369Social, civil & heritage protection 10 6.1 0.611Natural resources & environment 8 3.2 0.403Private sector development 8 5.8 0.727Communications 8 2.6 0.323Power 6 7.3 1.210Transport 6 6.9 1.158Water supply & sanitation 6 13.6 2.259External relations & cooperation 6 1.6 0.270Housing & urban development 2 0.5 0.255

Table 28: Number of Active Donors by Sector

Annual Disbursement ($ mill)

Será também necessária coordenação efectiva nos sectores onde existe um grande número de parceiros de desenvolvimento activos com programas individuais relativamente pequenos. Estes incluem por exemplo: Direitos, Igualdade e Justiça; Pilares do Estado; e Protecção Social, Civil e do Património. A experiência indica que os sectores caracterizados por números elevados de parceiros de desenvolvimento com pequenas intervenções individuais deparam-se por norma com questões de coordenação; por vezes estas podem também colocar cargas adicionais sobre as instituições do governo responsáveis por estes sectores.14 A experiência dos últimos três anos veio destacar a importância de uma melhor coordenação entre instituições do governo dentro de sectores individuais, entre parceiros de desenvolvimento, e entre parceiros de desenvolvimento e instituições do governo. A importância de uma melhor coordenação foi reforçada pela identificação no processo de PIS de novos projectos e programas de prioridade elevada propostos para financiamento pelo FCTL ou por parceiros de desenvolvimento. A actualização mais recente dos 17 PIS indica que existem agora mais de 400 novos projectos e programas propostos para os próximos cinco anos – uma média de 25 por sector. As instituições envolvidas fizeram esforços concertados com vista a estabelecer prioridades claras dentro dos seus sectores, mas a experiência mostra que um entendimento atempado da extensão do interesse dos parceiros de desenvolvimento em propostas específicas é vital para a gestão efectiva dos programas sectoriais. Caso haja pouco ou nenhum interesse de parceiros de desenvolvimento em projectos e programas, o Governo deverá decidir se o projecto deve avançar com financiamento do FCTL, ou se deverá ser deferido para reconsideração numa data posterior. Criação de Grupos de Trabalho Sectorial. O processo dos PIS emergiu como uma parte importante dos esforços do Governo para construir mecanismos com vista à gestão efectiva dos programas nos sectores individuais. Na Reunião com os Parceiros de Desenvolvimento em Abril

14 O Relatório Global dos PIS de 2005 chamou a atenção para alguns exemplos nestes sectores, onde a falta de coordenação entre os parceiros de desenvolvimento tinha imposto cargas específicas sobre instituições governamentais. Ver Panorama dos Programas de Investimento Sectorial, Volume I: Estratégias e Prioridades a Médio Prazo. Abril de 2005. Página 21.

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de 2005 o Governo indicou que iriam ser estabelecidos Grupos de Trabalho Sectorial (GTS) para os principais sectores, num esforço para fortalecer a cooperação e a coordenação entre as instituições governamentais e os parceiros de desenvolvimento. Após essa reunião, foram estabelecidos os alicerces para a formação de 11 GTS durante o AF de 2005/06. Figura 2: Papel do Grupo Sectorial de Trabalho O Governo desenvolveu procedimentos e directivas para o funcionamento dos GTS. Os traços gerais são os seguintes:

• Os GTS deverão ser o ponto focal para um diálogo sobre políticas e programas de sector e respectivo financiamento, bem como um mecanismo no qual podem ser tratadas questões de coordenação entre parceiros de desenvolvimento e entre parceiros de desenvolvimento e o Governo. Constituirão um fórum para garantir que as ligações com transversalidade sectorial entre os projectos e programas são reconhecidas e levadas em conta na concepção e implementação de programas.

• Os GTS não são responsáveis pela implementação concreta dos projectos e programas. Estas responsabilidades pertencem às instituições individuais envolvidas.

• O Presidente de cada GST é nomeado pelo Primeiro-Ministro. Os membros de cada grupo incluem representantes de instituições governamentais com responsabilidades no sector e de parceiros de desenvolvimento que tenham programas activos ou interesse no sector.

A Figura 2 ilustra a concepção dos GTS. A Figura 3 apresenta a estrutura organizacional dos GTS. Cada GST incluirá representantes do governo (Ministério líder, MPF, MNEC, Gabinete para a Promoção da Igualdade e outros Ministérios com relevância para o sector) e dos parceiros de desenvolvimento activos no sector ou de qualquer parceiro de desenvolvimento interessado. Cada GST será presidido por um agente sénior do Governo e assistido por um secretariado, conforme se pode ver na seguinte estrutura organizacional. Figura 3: Estrutura de um Grupo de Trabalho Sectorial individual

Sector Working Group

Representantes do Governo

PDs

Melhoria dacoordenação

Mobilizar recursosexternos para projectos do PIS

Grupo Sectorial de Trabalho

Entender as necessidadesde desenvol- vimento do sector

Monitorizar e partilhar infor-mações sobre aimplementaçãodo PIS

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Cada GST é apoiado por um Secretariado localizado dentro do ministério líder para o sector (Figura 3). As responsabilidades do Secretariado incluem, por exemplo, a prestação de apoio administrativo ao Presidente e ao GST em si, a monitorização e reporte a respeito de propostas

por parte dos parceiros de desenvolvimento ou do FCTL relativamente ao financiamento de novas actividades que possam resultar de deliberações do GST, a actualização periódica das Folhas de Informação de Projecto, a promoção da coordenação e cooperação entre as instituições envolvidas no sector e o fornecimento de informações aos parceiros de desenvolvimento a respeito das actividades no sector.

O actual estado dos GTS está descrito na Tabela 29. Todos os 11 GTS foram formalmente estabelecidos em Dezembro de 2005. Após uma série de reuniões informais, a primeira ronda de reuniões com os parceiros de desenvolvimento teve início em Fevereiro de 2006 e irá prolongar-se através de Março de 2006. A intenção é organizar uma segunda ronda de reuniões com parceiros de desenvolvimento em Agosto / Setembro de 2006, antes do arranque da actualização semestral do orçamento de fontes combinadas e do início dos preparativos para o orçamento do AF de 2007/08. Deste modo as decisões sobre esquemas de financiamento e apoio dos parceiros de desenvolvimento podem ser utilizadas no ciclo orçamental anual. Modalidades para assistência dos parceiros de desenvolvimento. Com a chegada ao fim das actividades do FFTL em Timor-Leste, o Governo deu atenção considerável às modalidades de assistência por parte dos parceiros de desenvolvimento que melhor podem dar resposta às necessidades do país a médio prazo. Em Janeiro deste ano o Governo emitiu directivas para as modalidades que serão usadas para canalizar assistência dos parceiros de desenvolvimento para Timor-Leste.

Parceiros de Desenvolv.

Outro Representante do Governo

PRESIDENTE

SECRETARIADO

A ser nomeado pelo Primeiro-Ministro

--Rep. do Min. Líder - mínimo 2 (Chefe de Secretariado + 1) -DNPCAE / MPF -Outro Total de: 4 membros permanentes e apoio de assessoria

A ser nomeado pelo Primeiro-Ministro

MPF

(As of March 2006)Sector Working Group Date

established Initial FirstMeeting Follow-up

Agriculture, forestry & fisheries Dec-05 Feb-06Health care Dec-05 Feb-06 Aug-06Basic infrastructure Dec-05 Mar-06Education & training Dec-05 Mar-06Local development Dec-05 Mar-06Rights, equality & justice Dec-05 Mar-06Private sector development Dec-05 Mar-06External relations and security Dec-05 Mar-06Natural resources & environment Dec-05 Mar-06Social, civil & heritage protection Dec-05 Mar-06Public service Dec-05 Mar-06

Meetings with donors

Table 29: Status of Sector Working Groups

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Figura 4: Modalidades de Financiamento para Assistência dos Parceiros de Desenvolvimento

Segundo estas novas directivas, o financiamento dos parceiros de desenvolvimento pode usar qualquer uma das três diferentes modalidades para a transferência de fundos (Figura 4).

• Os fundos podem ser canalizados directamente para o FCTL. Este mecanismo é uma continuação dos acordos estabelecidos para a provisão de apoio directo ao orçamento por parte dos parceiros de desenvolvimento. Os parceiros de desenvolvimento podem lidar directamente com o FCTL ou podem colaborar com outras instituições na preparação de esquemas para a provisão de apoio directo ao orçamento.

• Os parceiros de desenvolvimento podem levar a cabo projectos e programas utilizando mecanismos bilaterais existentes, ou podem estabelecer acordos de co-financiamento com um ou mais outros parceiros de desenvolvimento.

• Os parceiros de desenvolvimento podem depositar fundos numa conta especial criada pelo Governo. Neste caso, os fundos não são desembolsados no FCTL e são sujeitos a esquemas de desembolso distintos fora do FCTL mas dentro do quadro do orçamento de Fontes Combinadas. A utilização destes fundos irá aderir aos procedimentos orçamentais e de aprovisionamento estabelecidos e não será sujeita a quaisquer restrições ou controlos adicionais.

Financiamento de Parceiros de Desenv.

Conta comum gerida pelo Governo

Conta gerida pelos Parceiros de Desenv.

Orçamento de Estado

Normas do Governo

Normas dos PDs

Implementação dos Programas

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Parte E: Capacitação Institucional e Humana

Sustentabilidade do Programa Nacional para a Redução da Pobreza Uma das transformações mais importantes em curso em Timor-Leste é a saída gradual da forte dependência do financiamento dos parceiros de desenvolvimento para a maior parte das despesas públicas inerentes ao desenvolvimento e à redução da pobreza. O processo está bem avançado, mas ainda não está concluído. Tal como a discussão na Parte D indicou, o Governo espera que com a conclusão do programa de assistência financiado pela CDM no AF de 2010/11 haja uma redução acentuada nos níveis globais de apoio e assistência dos parceiros de desenvolvimento. Para efeitos de planeamento, o pressuposto é que os níveis de apoio dos parceiros de desenvolvimento desçam para cerca de $90 milhões ao ano até ao AF de 2014/15, sendo o financiamento do FCTL nessa altura na ordem dos $250 milhões por ano. A implicação é que o Governo estará então a financiar o grosso dos programas de desenvolvimento no país. Será essencial garantir que estes fundos públicos estão de facto a ir ao encontro dos objectivos especificados e que os programas de redução da pobreza e outros são sustentáveis. A experiência com programas de desenvolvimento em muitos países ao longo das últimas quatro décadas indica que a sustentabilidade requer que os programas dêem resposta às necessidades e às capacidades do país e dos beneficiários visados, bem como que os recursos financeiros e humanos existentes possam garantir a continuação dos programas nos casos onde tal seja necessário. O Governo já pôs em curso um ambicioso e abrangente programa com vista a assegurar a sustentabilidade futura dos programas actuais à medida que a dependência do apoio dos parceiros de desenvolvimento vai diminuindo. A gama de acções a ser levada a cabo é vasta. Para este relatório bastará indicar a vasta gama de actividades actualmente em curso ou em preparação, as quais irão ajudar a garantir a sustentabilidade futura do programa nacional para a redução da pobreza. Ao nível mais geral, estes programas assentam em torno de três conjuntos amplos de intervenções:

• Garantia de que estão estabelecidos processos e capacidades para um diálogo nacional contínuo a respeito das prioridades e necessidades das comunidades por todo o país, e que uma vez articuladas estas aspirações possam ser traduzidas em políticas e programas para a redução da pobreza. O Governo atribuiu uma importância considerável à capacitação para um diálogo nacional, começando com as extensas consultas em 2002 que conduziram à declaração da Visão para 2020. Estas iniciativas foram seguidas pela preparação do Plano de Desenvolvimento Nacional e, mais recentemente, pelo desenvolvimento de programas de investimento sectorial para 17 sectores que forneçam uma orientação clara sobre prioridades de despesa e programas a médio prazo com o intuito de atingir a meta nacional de redução da pobreza.

• Garantia de que existe uma capacidade continuada no que toca ao financiamento público adequado dos custos capitais e recorrentes do programa ambicioso de desenvolvimento a ser levado a cabo pelo governo. A perspectiva de grandes fluxos de receitas de petróleo e gás darão a Timor-Leste alguma latitude no seu financiamento de programas de desenvolvimento. Porém, tal como a secção anterior deste relatório indicou, estão a ser dados passos com vista a garantir que os erros cometidos por outros países ricos em recursos não são repetidos em Timor-Leste. A este respeito, o Governo irá continuar com a sua abordagem prudente à gestão macroeconómica e financeira. O estabelecimento do Fundo Petrolífero em Agosto de 2005 foi um passo importante em frente neste aspecto.

• Fortalecimento das capacidades das instituições do governo nacional, regional e local, bem como das comunidades e da sociedade civil, de modo a conceber, participar e implementar programas para a redução da pobreza por todo o país. Algumas das

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principais iniciativas a serem levadas a cabo nestas áreas de capacitação são debatidas no próximo ponto.

Fortalecimento das Capacidades do Estado Partindo de uma situação muito modesta, a função pública de Timor-Leste foi desenvolvida até chegar hoje a um complemento de quase 18,000 pessoas, incluindo funcionários públicos permanentes, professores, pessoal médico, polícias e membros das forças armadas. A visão para a gestão do sector público em Timor-Leste está capturada na Secção 137 da Constituição, a qual estabelece que “a administração pública visa a prossecução do interesse público e que é estruturada de modo a evitar a burocratização, aproximar os serviços das populações e assegurar a participação dos interessados na sua gestão efectiva.” Um sector público eficiente requer um quadro legal e ético de pessoas com qualificações suficientes para compreenderem as suas responsabilidades, para as levarem a cabo conforme necessário e para serem responsáveis pelas suas acções. Isto requer um ambiente em que as pessoas saibam o que é esperado delas e estejam preparadas para cumprir esses requisitos. As metas para o sector baseiam-se em grande medida no Plano de Desenvolvimento Nacional, o qual estabelece “que a economia e as finanças do Estado serão geridas de forma eficaz, transparente e livre de corrupção.” O Plano incide na promoção de boa governação através de um governo responsável e atento, incluindo uma função pública ágil, eficaz, responsável e transparente. É amplamente reconhecido que a capacitação do Governo permanece um desafio formidável que irá permanecer no país durante alguns anos. Vários estudos chamaram a atenção para uma vasta gama de problemas, incluindo: fraca qualidade dos serviços prestados ao público em geral, qualificações e conhecimentos inadequados entre muitos funcionários públicos; falta de entendimento entre funcionários públicos a respeito das funções essenciais das suas instituições; carências em termos de gestão e de liderança; sistemas inadequados de informações considerados essenciais a uma gestão efectiva e a uma boa prestação de serviços. O sentimento de pertença, a diligência, a honestidade e a integridade são muito citados como sendo valores comuns que os funcionários públicos gostariam de ver o seu Governo exemplificar. Visando os objectivos do PDN e de modo a constituir um enquadramento estratégico, o Programa de Capacitação do Planeamento e Gestão Financeira (PCPGF/PFMCBP) foi desenvolvido conjuntamente entre o Governo e os Parceiros de Desenvolvimento. Adere aos quatro princípios de de: capacitação institucional; aumentar a orientação dos resultados; fortalecer a transparência e a comunicação; e consolidar e expandir parcerias sólidas entre os parceiros de desenvolvimento. O PCPGF concentra-se sobretudo na Gestão do Sector Público e no desenvolvimento de qualificações nas áreas do planeamento e gestão financeira. Contribuirá também para uma melhor prestação de serviços e para a criação de emprego. De forma a concretizar a visão da gestão eficaz do sector público, Timor-Leste continuará a desenvolver as suas leis, normas e recursos humanos para conseguir um ambiente bem estruturado e funcionários bem formados que se adaptem às melhores práticas de governação e gestão do sector público noutros pontos do mundo. O objectivo essencial consiste em desenvolver uma função pública profissional que seja capaz de orientar o desenvolvimento a longo prazo do país, garantindo que as pessoas têm acesso adequado à plena gama de serviços que se esperam de uma sociedade democrática virada para o mercado, e que adira a um conjunto de princípios bem articulados para uma boa governação. O programa de trabalho proposto a médio prazo assenta em torno dos quatro objectivos principais referidos anteriormente e definidos no Plano de Desenvolvimento Nacional. O primeiro é a

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definição e a disseminação dos direitos e obrigações dos funcionários públicos. A aprovação da Lei da Função Pública foi um passo significativo em frente. A estratégia a médio prazo passa por implementar as provisões da Lei com legislação e normas adicionais de apoio. Para lá disto, faltam estabelecer algumas outras leis orgânicas para clarificar os papéis e responsabilidades de determinados ministérios operacionais. O segundo elemento principal diz respeito à melhoria da qualidade e da acessibilidade da prestação de serviços. Tal como muitos dos outros PIS deixam claro, as metas ambiciosas pretendidas pelo PDN e pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio irão requerer melhorias significativas na capacidade de prestação de serviços do Governo Nacional, bem como do governo local. As políticas e programas relativos à prestação de serviços a médio e longo prazo assentam em torno de cinco princípios amplos.

• Para os serviços que permanecerão sob a responsabilidade do Governo Nacional, pelo menos durante o futuro possível de prever, o objectivo é fazer a capacitação para a sua prestação eficaz. Quase todos os PIS incluem propostas específicas para o fortalecimento de capacidades de prestação de serviços de ministérios operacionais específicos.

• Haverá uma evolução contínua das responsabilidades pela prestação de serviços. Serão tomadas acções específicas para fazer a capacitação do governo local e das empresas públicas. A procura de serviços por parte do público continuará a mudar, podendo-se esperar a emergência de uma cada vez maior gama de serviços privados que irão concorrer com o Governo.

• Pagamentos pela prestação de serviços. O Governo tenciona rever periodicamente a margem de manobra para a introdução de pagamentos pela prestação de serviços públicos, de modo a determinar se deverão ser cobrados pagamentos em relação a pelo menos alguns destes serviços.

• Fortalecimento das capacidades para a supervisão e regulação da prestação de serviços. À medida que a gama da provisão de serviços privados aumenta, o Governo terá que ter cada vez mais atenção no que toca a esquemas de regulação e supervisão para estes serviços privados, com o objectivo de proteger o interesse público.

• Fortalecimento de capacidades para planear alterações antecipadas na prestação de serviços. O Governo tenciona fortalecer capacidades para planear alterações na distribuição dos serviços. Estas alterações têm implicações em vários aspectos da gestão do sector público, incluindo por exemplo a aquisição ou alienação de equipamento e instalações de capital, alteração dos números do pessoal, bem como das suas responsabilidades e qualificações, e decisões sobre a localização física dos serviços.

• De forma a dar resposta às suas próprias necessidades internas e a contribuir para o crescimento e emprego, o Governo continuará a fazer adjudicações ao sector privado, com particular ênfase no abastecimento local, de forma consistente com preços competitivos por tais bens e serviços. Neste aspecto, o Governo continuará a fortalecer os processos de aprovisionamento e outros processos relacionados.

O terceiro elemento do programa de trabalho prende-se com a necessidade de melhorar as capacidades e o desempenho da função pública em si. Foi elaborado um programa de trabalho detalhado a médio prazo. A concepção do programa foi moldada de acordo com a experiência anterior de forte dependência em relação aos assessores internacionais. A dependência destes serviços será reduzida de forma constante ao longo dos próximos quatro anos. Os principais elementos do programa são os seguintes:

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• Melhor definição das tarefas e objectivos que se espera que os funcionários públicos atinjam;

• Maior ênfase na formação de funcionários públicos no nível necessário para cumprirem as tarefas que lhes são atribuídas;

• Reforço dos processos de planeamento, de modo a facilitar a tomada de decisões políticas, bem como a definição de tarefas e objectivos;

• Um quadro orçamental mais abrangente para a captura de receitas e gestão de despesas, incluindo uma contabilidade mais completa da assistência externa dos Parceiros de Desenvolvimento;

• Fortalecimento do quadro de desempenho e monitorização do nível pessoal aos níveis organizacional e Governamental;

• Um investimento significativo em sistemas de dados que registem as informações necessárias para apoiar as acções e reportar sobre as mesmas;

• Maior ênfase na cooperação dentro e entre instituições e com Parceiros de Desenvolvimento;

• Melhores controlos internos e supervisão, de forma a garantir a transparência e a responsabilização.

O quarto componente do programa diz respeito à uniformização de géneros, o que é um objectivo importante para o Governo como um todo. O PIS dos Direitos, Igualdade e Justiça inclui um tratamento mais completo do programa proposto para a uniformização de géneros. No seio do Governo, o programa proposto começará por testar abordagens piloto em quatro ministérios. A experiência e os conhecimentos adquiridos com estes testes serão usados para desenvolver abordagens mais amplas para uma aplicação mais geral através do Governo15. Papel do Governo Regional e Local O estabelecimento de um sistema viável de governo local é vital para a promoção da boa governação e para assegurar uma prestação de serviços mais eficaz e responsável à população. A relação entre o fortalecimento dos níveis locais de governo, ONGs e comunidade e a concretização de duas metas de desenvolvimento fundamentais do Governo (“reduzir a pobreza” e “promover crescimento económico que seja equitativo e sustentável”) é evidente. O Governo reconhece que a participação popular em assuntos locais irá aumentar a viabilidade e a legitimidade dos programas nacionais e locais. A descentralização de poder a partir de Díli e o aumento das capacidades locais no que toca à prestação de serviços são deste modo componentes importantes da estratégia global do Governo para uma boa governação. A meta do Governo em termos de governação local é bastante simples: fortalecer a capacidade dos funcionários relevantes do governo nacional – bem como líderes eleitos a nível local – no que toca a prestar serviços eficazes aos cidadãos, a contribuir para o desenvolvimento de uma administração pública viável, eficiente e responsável, e a fortalecer mecanismos que apoiem um maior envolvimento das comunidades em assuntos e programas locais. Nesta meta, porém, o Governo depara-se com vários desafios, incluindo: legitimação de líderes locais, prestação de recursos a estes líderes para os seus assuntos, bem como fundos de desenvolvimento local para projectos de desenvolvimento em maior escala, e aumento da capacidade em termos de recursos 15 Em 2005, cerca de 2,740 dos 11,290 funcionários públicos eram mulheres. Quase 90% das mulheres estavam nos níveis L-3 e L-4. As mulheres representavam cerca de 10% dos funcionários nos níveis L-6 e L-7.

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humanos dos governos locais, para que sejam capazes de assegurar a gestão dos mesmos num ambiente cada vez mais complexo. O modelo de Governação Local preferido pelo Governo é o seguinte:

• Coordenação regional, através de cinco Secretarias de Estado Regionais. • Uma abordagem faseada para um sistema desenvolvido de governo local municipal. Os

13 Distritos serão abolidos e substituídos na qualidade de outro nível de governo do país pelos Municípios. O número final de Municípios ainda não está determinado, mas deverá ficar algures entre os 30 e os 40.

• Haverá um sistema de assembleias locais eleitas, mas ainda não está claro de que forma estas serão constituídas.

• Os sucos continuarão tal como até aqui. Com a assistência do PNUD foi estabelecido um Fundo de Desenvolvimento Local (FDL) no orçamento de Estado, sendo os custos recorrentes das operações das Assembleias Locais financiados na totalidade pelo Governo. A experiência e as lições ensinadas pelo programa terão um papel essencial no funcionamento e no entendimento das futuras reformas ao sector do governo local. O programa transmitirá lições políticas importantes ao Governo. O programa está em funcionamento, como piloto, em dois distritos (Bobonaro e Lautem) actualmente, tendo assistido o Governo no estabelecimento de treze Assembleias Locais, dois Assembleias de Distrito e onze Assembleias de Subdistrito. Os acordos institucionais atribuem o controlo pleno do processo de tomada de decisões aos representantes eleitos pela comunidade, garantindo assim uma divisão apropriada entre “poder legislativo e poder executivo” dentro das Assembleias Locais. Esta abordagem permite que problemas locais sejam tratados de formas específicas, levando assim em conta as diferenças nos factores por detrás da pobreza consoante os lugares. O desenvolvimento de responsabilidades de planeamento a nível local também aumenta as oportunidades para os pobres se expressarem e para garantir que as prioridades destes fazem parte da agenda de desenvolvimento. Por sua vez, o desenvolvimento de responsabilidades de implementação a níveis subnacionais irá aumentar o sentimento local de pertença em relação a iniciativas de desenvolvimento. Desenvolvimento Comunitário e Sociedade Civil Papel da sociedade civil no combate nacional contra a pobreza. O Governo declarou explicitamente em várias ocasiões que as ONGs desempenham um papel importante na vida nacional e que esta contribuição ao desenvolvimento nacional tem sido devidamente reconhecida. O Fórum das ONGs está presentemente, através do PNUD, a realizar um estudo sobre o papel futuro das OSCs. O Governo espera que o Fórum seja capaz de definir uma estratégia clara de apoio ao esforço nacional de combate da pobreza. Timor-Leste tem uma base sólida de envolvimento em organizações comunitárias e actividade voluntária. Existem ONGs locais a funcionar nas seguintes áreas: agricultura, educação, saúde, economia, água e saneamento, crianças e meios de comunicação. Não estão aqui incluídos grupos religiosos e outros grupos da sociedade civil (tais como o Conselho Nacional de Organizações de Jovens, grupos de agricultores, etc.) que estão igualmente activos no país. Estas organizações da sociedade civil – que funcionam mais como veículos por tarefa de acção colectiva – estão ainda assim envolvidas na advocacia, prestação de educação e outros serviços, funcionando muitas vezes como canais para actividades dos parceiros de desenvolvimento nas regiões. De acordo

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com o Fórum das ONGs, haviam ONGs internacionais a operar em Timor-Leste em 2003 nos campos da segurança alimentar, nutrição, reabilitação comunitária, educação, direitos humanos, formação vocacional, ensino do inglês, actividades para jovens, advocacia, medicina, assistência judiciária, água e saneamento, sensibilização para a questão dos géneros, transformação de conflitos e ensino da tolerância, cuidados de saúde com base nas comunidades, actividades de geração de rendimentos, planeamento do uso de terras, etc. Tal como aconteceu com as ONGs locais, os dados recentes indicam que o número de ONGs internacionais activas em Timor-Leste tinha diminuído em finais de 2004. As ONGs têm uma boa relação com o Governo Nacional, embora existam indicações que apontam para falta de coordenação e de cooperação a níveis subnacionais. O Governo é da opinião que algumas ONGs nem sempre procuram fazer a coordenação com outras instituições e especialmente com departamentos do governo, e / ou não divulgam na totalidade o âmbito das suas actividades e o uso que fazem dos fundos recebidos. Tal como sucede na maior parte dos países em vias de desenvolvimento, as ONGs internacionais a operarem em Timor-Leste solicitaram – e receberam do Governo – importantes isenções fiscais para que possam evitar os elevados custos de importação do equipamento e maquinaria necessários. Contudo, em face de preocupações a respeito do possível uso indevido desta concepção, o Governo introduziu um esquema de registo formal de ONGs segundo o Decreto de 2005 sobre Organizações Não Lucrativas. O Governo reconhece a importância das OSCs na prestação de serviços locais. Durante os últimos cinco anos foram canalizados mais de $80 milhões de assistência dos parceiros de desenvolvimento através de ONGs e da sociedade civil, essencialmente destinados à prestação de serviços a indivíduos, comunidades e vários outros grupos em Timor-Leste. As maiores somas de assistência geridas por ONGs foram nos seguintes sectores de PIS: Cuidados de Saúde; Educação e Formação; Direitos, Igualdade e Justiça; Desenvolvimento Local; e Abastecimento de Água e Saneamento. Estes cinco sectores representam 85% da assistência canalizada através de organizações da sociedade civil. O montante dos recursos canalizados através das ONGs atingiu o seu ponto mais alto perto dos $30 milhões no AF de 2001/02, porém as afectações a ONGs têm vindo a cair desde então, estando actualmente na ordem dos $10 milhões por ano. A diminuição deriva de uma muito menor dependência das ONGs no Sector da Educação, agora que o sistema formal está a funcionar, e no Sector do Abastecimento de Água e Saneamento, onde as capacidades das instituições do governo foram também desenvolvidas. Outra razão prende-se com a grande redução no apoio a programas de rádio comunitários, conforme discutido no PIS das Comunicações. A experiência com estes programas veio destacar várias questões importantes para o papel futuro das ONGs na prestação de serviços. A primeira prende-se com o equilíbrio necessário entre os papéis respectivos do governo nacional, governo local e OSCs na prestação de serviços. Conforme a discussão antecedente indica, o Governo propõe-se alargar as capacidades de prestação de serviços dos governos locais em várias áreas. Estes novos programas irão precisar de apoio de parceiros de desenvolvimento para que possam ser implementados. Em face dos níveis cada vez menores de assistência de parceiros de desenvolvimento a Timor-Leste, a questão é se estes programas irão representar um aumento líquido nas capacidades de prestação de serviços a nível local ou uma alteração nas responsabilidades pela prestação de serviços por parte da sociedade civil e do governo nacional que, por sua vez, irá requerer uma reafectação dos recursos dos parceiros de desenvolvimento a partir da prestação de serviços por parte de programas da sociedade civil e do governo. A política do governo sobre esta questão não deixa dúvidas. Embora o Governo esteja empenhado na capacitação do governo local, tal não pode ser conseguido à custa dos prestadores de serviços na sociedade local, devendo sim ser feita

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paralelamente. A necessidade de serviços adicionais é clara, em face dos actuais baixos níveis de serviços. Uma segunda questão diz respeito ao foco geográfico dos programas de prestação de serviços levados a cabo pela sociedade civil. Tem havido alguma tendência para concentração de actividades das ONGs em Díli e noutros centros. O Governo gostaria de ver uma maior ênfase na prestação de serviços por parte de ONGs em áreas rurais que de presente não sejam servidas por outras instituições nacionais e subnacionais. Apoio ao desenvolvimento comunitário. Desde 2000 tem vindo a ser lançada uma série de programas de desenvolvimento e autonomização comunitária. Estes programas têm sido um aspecto central de iniciativas de desenvolvimento local no país ao longo dos últimos cinco anos. No geral têm destacado o estabelecimento de capacidades locais através de conselhos de aldeias, subdistritos e distritos, da provisão de verbas e micro-créditos para a reabilitação de infra-estruturas e recuperação de actividades económicas, apoio a grupos vulneráveis, incluindo vítimas de violência, famílias chefiadas por mulheres, idosos e deficientes físicos e / ou pessoas traumatizadas. Em alguns casos, estes programas incluíram também programas de herança cultural que encorajavam a reconciliação e a construção da nação. Vários parceiros de desenvolvimento estiveram activos no apoio a estes diversos tipos de programas de desenvolvimento comunitário. Ao longo dos últimos cinco anos foi desembolsado um total de $40 milhões nestes programas. Na sua maior parte, estes programas assumem uma abordagem multisectorial ao desenvolvimento comunitário, requerida pela ausência de estruturas administrativas integradas e de capacidades de prestação de serviços por parte de instituições operacionais e governos locais. Fica claro que tais projectos, implementados pelos aldeões, aumentaram o acesso aos serviços básicos e ajudaram a reviver as economias locais. A maior parte do desenvolvimento foi levada a cabo pelas próprias comunidades, através de comissões eleitas, e com o apoio de ONGs e outros grupos da sociedade civil. Foram obtidas lições valiosas a partir destes programas. No passado recente chegaram a haver até 23 programas comunitários e de desenvolvimento rural em curso ao mesmo tempo no país, muitos com diferentes objectivos, políticas e procedimentos. A experiência com estes programas diversos demonstra claramente a importância de trazer uma maior uniformidade às políticas e procedimentos relativos ao desenvolvimento comunitário e rural. A experiência com alguns destes programas veio levantar questões a respeito do papel e da capacidade dos conselhos locais que eram responsáveis por estes programas. A experiência sublinhou a importância da capacitação para membros individuais dos conselhos e para um maior entendimento dos papéis dos conselhos nos programas. Estes programas precisam de dar atenção à revelação clara e transparente do uso dos fundos dentro das comunidades. Estes programas vieram também destacar a importância da atenção no que toda à prestação de serviços técnicos necessários para sustentar as acções de desenvolvimento levadas a cabo por comunidades locais. Em relação à futura gestão de programas / projectos, é necessário ver para lá das estruturas externas que poderão ser usadas por parceiros de desenvolvimento individuais para a implementação de programas, incidindo na capacitação de estruturas locais para melhorar a prestação de serviços, promover abordagens participativas e desenvolver as boas ligações entre as comunidades e o governo em termos de canalização das necessidades das comunidades nas prioridades do governo. Estas experiências anteriores com programas de desenvolvimento comunitário vieram também destacar a importância de garantir uma estratégia de desenvolvimento coordenada, na qual tanto a comunidade como o governo estejam envolvidos no

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processo em termos de decisão sobre prioridades de desenvolvimento, planeamento de desenvolvimento e implementação. É preferível uma mistura entre contribuições técnicas do governo e conhecimentos gerais sobre necessidades de desenvolvimento e iniciativas de desenvolvimento internas / externas, e participação comunitária. Uma nova iniciativa importante que está a ser testada em vários distritos é o uso do recém-criado Fundo de Desenvolvimento Local. Segundo este programa, o Governo está a desenvolver modalidades para uma maior transferência de recursos nacionais para as comunidades locais através do Fundo. O Governo gostaria de explorar com os Parceiros de Desenvolvimento a possibilidade de canalizar também fundos de parceiros de desenvolvimento através deste mecanismo, assim que tenham sido estabelecidas modalidades e capacidades adequadas para a gestão dos fundos. Estão a ser desenvolvidos procedimentos e critérios para a afectação de fundos para todos os Sucos. Isto afastará gradualmente o programa de desenvolvimento comunitário dos grandes números de programas individuais financiados por parceiros de desenvolvimento para um Fundo de Desenvolvimento Local a nível nacional. Este mecanismo seria um possível primeiro passo para um padrão mais descentralizado de despesas financiadas através de crescentes transferências de recursos financeiros provenientes do Governo Central.

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Apêndice Estatístico

Table 1: Demographic Indicators for Timor-Leste………………………………………………………………… 58Table 2: Labor Force Indicators for Timor-Leste……………………………………………………………………59Table 3: Gross Domestic Product by Industrial Origin at 2000 Constant Market Prices……………………………60Table 4: Gross Domestic Product by Expenditure at Current Market Prices……………………………………… 60Table 5: Merchandise Exports and Imports…………………………………………………………………………61Table 6: Revenues and Expenditures of Whole of Government…………………………………………………… 62Table 7: Financial Asset Accounts of Whole of Government………………………………………………………63Table 8: Annual Disbursements of External Assistance to Timor-Leste……………………………………………63Table 9: Sectoral Allocation of CFET Appropriations………………………………………………………………64Table 10: Sectoral Allocation of CFET Appropriations for Recurrent Expenditures…………………………………64Table 11: Sectoral Allocation of CFET Appropriations for Capital Expenditures……………………………………65Table 12: Donor Funding for "On-budget" Development and Technical Assistance…………………………………66Table 13: Donor Funding for "On-budget" Recurrent Expenditures on Development and Technical Assistance……67Table 14: Donor Funding for "On-budget" Capital Expenditures on Development and Technical Assistance………67Table 15: Combined Sources Funding for "On-budget" Development and Technical Assistance……………………68Table 16: Combined Sources Funding for "On-budget" Recurrent Expenditures……………………………………68Table 17: Combined Sources Funding for "On-budget" Capital Expenditures………………………………………69

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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005PopulationFemale - 402,457 415,521 428,292 441,057 454,177 467,666 Male - 418,543 430,479 443,708 456,934 470,438 484,529 Total 779,567 821,000 846,000 872,000 897,991 924,615 952,195 Population age structure Less than 1 year - 29,700 30,600 31,540 32,480 33,446 35,706 1-4 years - 104,840 108,030 111,350 114,665 118,066 122,880 5 years - 23,920 24,650 25,410 26,170 26,944 27,617 6-11 years - 133,820 137,890 142,630 147,370 152,112 154,074 12-14 years - 62,830 64,740 66,410 68,080 69,747 72,030 15-17 years - 51,810 53,390 55,570 57,750 59,934 63,002 18-24 years - 97,700 100,670 104,235 107,800 111,367 116,452 25-64 years - 287,980 296,750 304,695 312,626 321,071 327,289 65 years and over - 28,400 29,280 30,160 31,050 31,928 33,145 Total - 821,000 846,000 872,000 897,991 924,615 952,195 Urban-Rural populationUrban population - 168,666 194,580 213,640 228,988 241,337 253,404 Rural population - 652,334 651,420 658,360 669,003 683,278 698,791 Total population - 821,000 846,000 872,000 897,991 924,615 952,195 Memo items: Urban population growth (% p.a.) - - 15.4 9.8 7.2 5.4 5.0 Urban population (% of total) - 20.5 23.0 24.5 25.5 26.1 26.6 Number migrants to urban areas - - - - - 4,100 4,868 Number of householdsUrban - 35,825 37,685 39,636 41,716 43,880 46,074 Rural - 138,658 141,940 145,333 148,568 151,082 154,512 Total - 173,097 178,237 184,969 190,284 194,962 200,586 Memo items: Average size of urban household - 4.7 5.2 5.4 5.5 5.5 5.5 Average size of rural household - 4.7 4.6 4.5 4.5 4.5 4.5 Average household size - 4.7 4.7 4.7 4.7 4.7 4.7 Source: Statistics Directorate of Ministry of Planning and Finance.

Appendix Table 1: Demographic Indicators for Timor-Leste

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Indicator 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Population 15-64 years Female 212,021 219,773 227,793 236,115 244,758 251,875 Male 214,513 222,193 230,204 238,656 247,614 254,868 Total 426,534 441,966 457,997 474,771 492,372 506,743 Labor force Female 99,862 104,201 108,543 113,064 117,729 122,663 Male 147,529 153,024 158,928 165,150 171,597 177,898 Total 247,391 257,225 267,472 278,214 289,325 300,561 Annual increase in labor force - 9,834 10,246 10,742 11,111 11,236 Labor force participation (%) Female 47.1 47.4 47.7 47.9 48.1 48.7 Male 68.8 68.9 69.0 69.2 69.3 69.8 Average 58.0 58.2 58.4 58.6 58.8 59.3 Urban/rural labor force Rural labor force - - - - 212,201 218,649 Urban labor force - - - - 77,124 81,912 Total labor force 247,391 257,225 267,472 278,214 289,325 300,561 Rural labor force % total - - - - 73.3 72.7 Labor force growth rate (% p.a.) Rural - - - - - 3.0 Urban - - - - - 6.2 Total - - - - - 3.9 Source: Staff estimates based on 2004 Census and other sources.

Appendix Table 2: Labor Force Indicators for Timor-Leste

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(US$ millions)Sector 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Agriculture, forestry & fisheriesFood sector 69.9 76.4 75.4 70.2 75.1 80.4 Commercial agriculture 10.1 10.7 17.0 21.6 22.2 23.0 Commercial forestry & fisheries 1.5 1.5 1.5 1.7 1.8 1.9 Sub-total 95.1 81.5 88.6 93.9 93.5 99.1 105.3 Industry & servicesMining & quarrying 3.1 3.8 3.8 3.2 2.5 Manufacturing 7.9 8.7 10.9 11.0 11.0 Private construction 12.5 15.8 16.2 15.1 13.8 Transport & communications 15.9 22.9 25.4 27.5 29.2 Wholesale & retail trade 17.4 24.6 25.6 23.9 23.3 Financial & other services 18.6 22.4 26.0 26.8 26.4 Sub-total 75.4 98.2 107.9 107.5 106.2 108.0 110.5 Public SectorGovernment services 58.5 22.9 51.1 57.7 65.9 70.8 76.2 Public utilities 2.3 2.7 1.4 2.7 3.4 3.9 4.7 Public construction 21.9 27.6 27.9 21.8 15.0 13.9 15.9 United Nations 25.0 83.4 91.5 60.3 38.6 28.0 17.0 Total public sector 107.7 136.6 171.9 142.5 122.9 116.6 113.8

Non-oil GDP 278.2 316.3 368.4 343.9 322.6 323.8 329.5 Oil and gas 58.1 77.5 50.4 47.8 52.9 - - GDP 336.3 393.8 418.8 391.7 375.5 - - Memo items:Non-oil GDP at current market prices 270.1 316.3 367.9 343.3 335.7 338.6 348.2 Non-oil GDP deflator (2000=100.0) 97.1 100.0 99.9 99.8 104.1 104.6 105.7

(US$ millions)Sector 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Consumption Private 206.0 213.0 203.8 200.0 205.0 211.0 Government 170.0 225.2 199.2 193.0 177.0 168.0 Total consumption 376.0 438.2 403.0 393.0 382.0 379.0 Investment Gross fixed capital formation Public sector 94.5 115.2 91.3 82.0 52.4 60.3 Private 24.3 30.2 27.6 23.0 7.5 7.5 Sub-total 118.8 145.4 118.9 105.0 59.9 67.8 Changes in inventories 11.9 14.5 11.9 10.5 6.0 6.8 Total investment 130.7 159.9 130.8 115.5 65.9 74.6 Exports 89.4 50.5 43.6 53.9 105.9 43.5 Imports (202.4) (236.5) (192.6) (174.0) GDP - 393.7 412.1 384.8 388.4 Source: data for 1999, 2004 and 2005 are staff estimates; data for 2000-2003 provided by Statistics Directorate of the Ministry of Planning and Finance.

Appendix Table 3: Gross Domestic Product by Industrial Origin at 2000 Constant Market Prices

Source: data for 1999, 2004 and 2005 are staff estimates; data for 2000-2003 provided by Statistics Directorate of the Ministry of Planning and Finance.

Appendix Table 4: Gross Domestic Product by Expenditure at Current Market Prices

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 61

(US$ thousands)Product Group

1st Quarter 2nd Quarter 3rd Quarter 4th Quarter Total 1st Quarter 2nd Quarter 3rd Quarter 4th Quarter TotalMerchandise Exports

Coffee 1,219 725 2,868 2,080 6,892 1,653 260 3,119 2,602 7,634 Other merchandise exports 125 27 371 438 961 137 118 206 7 468 Total merchandise exports 1,344 752 3,239 2,518 7,853 1,790 378 3,325 2,609 8,102

Merchandise ImportsConsumer goodsCereals 2,051 2,331 1,745 2,121 8,248 1,087 1,429 835 2,452 5,803 Food products 2,617 2,104 2,517 2,433 9,671 2,556 1,896 2,718 2,452 9,622 Beverages, alcohol & tobacco 817 990 919 1,187 3,913 752 786 999 1,120 3,657 Clothing & apparel 285 375 533 425 1,618 190 494 723 401 1,808 Pharmaceuticals 558 771 734 591 2,654 1,327 757 319 235 2,638 Furniture & furnishings 219 219 332 418 1,188 280 190 309 471 1,250 Other consumer goods 729 613 900 939 3,181 610 575 840 843 2,868 Sub-total 7,276 7,403 7,680 8,114 30,473 6,802 6,127 6,743 7,974 27,646 Raw materials & manufactures - - Petroleum products 9,365 5,920 11,774 9,412 36,471 10,938 7,974 10,373 5,852 35,137 Wood & paper products 279 466 699 330 1,774 428 1,024 1,220 526 3,198 Textiles & fibers 13 20 42 39 114 63 23 26 10 122 Other raw materials & manufactures 2,133 2,199 3,184 3,632 11,148 4,102 3,136 5,706 968 13,912 Sub-total 11,790 8,605 15,699 13,413 49,507 15,531 12,157 17,325 7,356 52,369 Capital goods - - Electrical equipment 1,429 1,787 5,416 1,185 9,817 1,131 1,045 2,344 951 5,471 Vehicles 3,056 3,568 4,879 3,219 14,722 2,128 1,226 1,923 1,740 7,017 Other transport equipment 70 5 1,380 9 1,464 13 42 446 71 572 Other equipment 1,363 852 1,838 3,246 7,299 1,743 1,022 4,203 1,574 8,542 Sub-total 5,918 6,212 13,513 7,659 33,302 5,015 3,335 8,916 4,336 21,602 Adjustments 15 2 8 3 28 7 1 8 Total merchandise imports 24,999 22,222 36,900 29,189 113,310 27,355 21,620 32,984 19,666 101,625

Merchandise trade balance (23,655) (21,470) (33,661) (26,671) (105,457) (25,565) (21,242) (29,659) (17,057) (93,523) Source: Statistics Directorate, Ministry of Planning and Finance.

2004 2005

Appendix Table 5: Merchandise Exports and Imports

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(US$ millions)Indicator FY99/00 FY00/01 FY01/02 FY02/03 FY03/04 FY04/05 FY05/06

Central government accountsReceiptsDirect & indirect taxes - 12.2 17.8 16.8 24.8 29.7 25.9 Non-tax revenue 2.0 1.4 2.1 2.3 4.4 4.4 4.5 Interest income - 0.5 0.6 0.2 0.1 2.7 5.0 Domestic tax & non- tax revenues 2.0 14.1 20.5 19.3 29.3 36.8 30.7 Timor Sea revenues - 9.9 6.5 26.4 38.0 209.4 - First tranche royalties - 3.0 4.2 3.0 3.3 55.6 9.0 Total revenues 2.0 27.0 31.2 48.7 70.6 301.8 39.7 ExpendituresRecurrent expenditures 18.9 24.0 31.6 47.0 51.8 53.3 76.9 Minor capital works - - 1.5 1.9 2.0 2.9 5.3 Capital expenditures 10.9 5.2 9.8 11.4 7.8 8.8 12.2 Sub-total 29.8 29.2 42.9 60.3 61.6 65.0 94.4 Transfers to BPA - 5.0 1.4 1.0 0.3 - 10.5 Transfer to Timor-Telecom - - - - - 0.5 - Transfer of interest income - 0.5 0.6 0.2 0.1 2.7 5.0 Transfer of first tranche royalties - 3.0 4.2 3.0 3.3 55.6 9.0 Transfers to autonomous agencies 6.2 9.2 6.8 6.1 6.6 5.5 8.3 Total expenditures 36.0 46.9 55.9 70.6 71.9 129.3 127.2 Overall balance (34.0) (19.9) (24.7) (21.9) (1.3) 172.5 (87.5)

FinancingUnited Nations contributions 33.0 27.7 5.4 - - - - Budget support by donors 2.6 3.9 17.3 32.5 34.8 34.2 10.0 Sub-total 35.6 31.6 22.7 32.5 34.8 34.2 10.0 Change in cash balance (- = increase) (1.6) (11.7) 2.0 (10.6) (33.5) (206.7) 77.5

Accounts of autonomous agenciesRevenues EDTL - 0.3 2.1 2.9 3.5 6.2 8.3 Airport authority - 0.4 1.1 1.0 1.1 0.8 1.0 Port authority - 0.7 1.3 1.1 1.0 1.0 1.2 Other - - - - - - - Total - 1.4 4.5 5.0 5.6 8.0 10.5 Transfers from central government 6.2 9.2 6.8 6.1 6.6 5.5 8.3 Total receipts 6.2 10.6 11.3 11.1 12.2 13.5 18.8 Recurrent expenditures Fuel 4.2 6.0 6.1 7.9 7.7 8.6 9.2 Other 1.0 4.1 2.8 1.7 3.0 3.9 7.1 Total 5.2 10.1 8.9 9.6 10.7 12.5 16.3 Capital expenditures 1.0 0.5 0.2 0.3 0.2 0.3 2.5 Total expenditures 6.2 10.6 9.1 9.9 10.9 12.8 18.8 Change in cash balances - (0.0) 2.2 1.2 1.3 0.7 - End year cash balance - (0.0) 2.2 3.3 4.6 5.3 5.3 Source: Budget Office of Ministry of Planning and Finance.

Appendix Table 6: Revenues and Expenditures of Whole of Government

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(US$ millions)Indicator FY99/00 FY00/01 FY01/02 FY02/03 FY03/04 FY04/05 FY05/06

CFET reserves account balanceInterest income - 0.5 0.6 0.2 0.1 2.7 5.0 Change in cash balance 1.6 11.7 (2.0) 10.6 33.5 206.7 (77.5) Transfer out of account - - - - - - 125.0 Cash balance (end year) 1.6 13.8 12.4 23.2 56.8 266.2 68.7

Autonomous agenciesClosing balances (end year) - - 2.2 3.3 4.6 5.3 5.3

First tranche petroleum fundInterest income - 0.1 0.1 0.1 0.1 0.6 0.5 Royalty receipts - 3.0 4.2 3.0 3.3 55.6 9.0 Transfers out of account - - - - - - 79.6 Closing balance (end year) - 3.1 7.4 10.5 13.9 70.1 -

Petroleum FundTransfer from CFET reserve acc't - Transfer from FTP fund - Petroleum revenues Bayu Undan 380.8 EKKN 14.0 Wages tax 5.5 Sub-total 394.8 Investment income 18.6 Total receipts 413.4 Transfer to Government account - Closing balance (end year) 413.4

Total investment account balance 1.6 16.9 22.0 37.0 75.3 341.6 487.4

Appendix Table 7: Financial Asset Accounts of Whole of Government

(US$)Sector FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 FY2005/06

Development and technical assistance 'On-budget' assistance 72,307,512 118,101,418 147,027,212 139,256,016 134,618,550 135,754,678 121,567,076 'Off budget' assistance 7,294,759 29,911,565 33,027,293 30,998,783 29,854,893 18,108,583 9,828,838 Sub-total 79,602,271 148,012,983 180,054,505 170,254,799 164,473,443 153,863,261 131,395,914 Humanitarian assistance 81,965,912 29,599,136 11,936,809 3,472,856 3,081,690 1,124,245 206,094 Budget & commodity assistance 35,600,000 31,600,000 22,700,000 32,500,000 34,800,000 34,200,000 10,000,000 Bilateral military assistance 16,973 1,706,358 2,399,331 2,268,761 605,009 - 3,300,000 United Nations PKF 65,615,900 231,069,400 145,019,900 104,406,500 74,655,700 12,870,200 - United Nations UNPOL 33,073,700 51,925,500 45,441,100 26,703,700 15,669,700 5,059,400 - Donor administrative expenses 1,108,032 7,009,384 4,924,580 4,604,125 7,523,756 4,252,581 3,598,627 Total external assistance 296,982,788 500,922,761 412,476,225 344,210,741 300,809,298 211,369,687 148,500,635 Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: Data records for bilateral military assistance are incomplete.

Appendix Table 8: Annual Disbursements of External Assistance to Timor-Leste

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(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 5,535,000 5,095,000 5,354,000 7,786,000 8,852,850 9,806,000 42,428,850 10.7 Education and training 11,100,000 12,495,000 12,728,500 17,942,500 16,100,760 16,666,500 87,033,260 21.9 Social, civil & heritage protection 500,300 500,000 634,500 939,500 876,400 744,000 4,194,700 1.1 Sub-total 17,135,300 18,090,000 18,717,000 26,668,000 25,830,010 27,216,500 133,656,810 33.6 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 658,000 820,000 888,000 1,512,000 1,578,000 1,382,000 6,838,000 1.7 Natural resources & environment 35,000 125,000 159,000 394,000 388,550 336,000 1,437,550 0.4 Private sector development - 305,000 330,000 894,000 1,058,850 726,000 3,313,850 0.8 Sub-total 693,000 1,250,000 1,377,000 2,800,000 3,025,400 2,444,000 11,589,400 2.9 Infrastructure & housingCommunications 140,000 155,000 268,000 1,134,750 865,251 1,023,000 3,586,001 0.9 Housing & urban development 1,000,000 1,445,000 982,500 521,750 815,676 182,000 4,946,926 1.2 Power 7,500,000 8,379,000 8,853,000 11,350,420 10,085,298 12,118,000 58,285,718 14.6 Transport 5,855,000 7,008,000 3,850,000 5,566,250 7,300,776 9,074,500 38,654,526 9.7 Water supply and sanitation 1,150,000 1,713,000 1,516,500 2,503,250 2,387,250 2,380,000 11,650,000 2.9 Sub-total 15,645,000 18,700,000 15,470,000 21,076,420 21,454,251 24,777,500 117,123,171 29.4 GovernancePillars of the State - 520,000 2,413,000 2,970,000 3,337,010 3,073,000 12,313,010 3.1 Public sector management 1,483,750 1,902,500 2,314,500 3,977,000 3,256,608 3,471,000 16,405,358 4.1 Local development 600,000 630,000 637,000 2,300,000 1,799,205 1,770,000 7,736,205 1.9 Rights, equality & justice 968,000 1,525,000 2,553,000 1,968,000 1,856,180 2,129,000 10,999,180 2.8 Sub-total 3,051,750 4,577,500 7,917,500 11,215,000 10,249,003 10,443,000 47,453,753 11.9 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 5,075,000 7,700,000 11,499,000 14,107,000 15,532,100 15,570,000 69,483,100 17.5 External relations & cooperation 211,250 282,500 352,500 1,292,000 1,336,263 2,592,000 6,066,513 1.5 Subtotal 5,286,250 7,982,500 11,851,500 15,399,000 16,868,363 18,162,000 75,549,613 19.0 Total 41,811,300 50,600,000 55,333,000 77,158,420 77,427,027 83,043,000 385,372,747 96.8 Unallocated (net) 1,788,700 1,720,000 1,952,000 1,495,580 1,838,973 3,919,000 12,714,253 3.2 Grand total for CFET 43,600,000 52,320,000 57,285,000 78,654,000 79,266,000 86,962,000 398,087,000 100.0 Source: Ministry of Planning and Finance.

Annual Appropriations Total

Appendix Table 9: Sectoral Allocation of CFET Total Appropriations

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 4,035,000 4,095,000 4,767,000 6,704,000 7,684,850 8,127,000 35,412,850 11.0 Education and training 8,100,000 8,895,000 11,963,500 16,097,500 15,291,760 15,495,500 75,843,260 23.6 Social, civil & heritage protection 500,300 475,000 579,500 765,000 741,400 711,500 3,772,700 1.2 Sub-total 12,635,300 13,465,000 17,310,000 23,566,500 23,718,010 24,334,000 115,028,810 35.7 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 583,000 700,000 757,000 1,121,000 1,391,000 1,199,000 5,751,000 1.8 Natural resources & environment 35,000 115,000 117,000 352,500 352,550 336,000 1,308,050 0.4 Private sector development - 285,000 281,000 557,500 607,850 674,000 2,405,350 0.7 Sub-total 618,000 1,100,000 1,155,000 2,031,000 2,351,400 2,209,000 9,464,400 2.9 Infrastructure & housingCommunications 90,000 105,000 206,000 874,250 751,251 1,010,500 3,037,001 0.9 Housing & urban development 150,000 184,500 204,250 239,750 301,576 171,500 1,251,576 0.4 Power 7,000,000 7,886,000 8,031,000 9,152,350 9,943,370 11,727,000 53,739,720 16.7 Transport 2,355,000 2,508,000 2,448,000 3,785,150 2,933,176 4,379,000 18,408,326 5.7 Water supply and sanitation 650,000 963,000 1,110,000 1,835,590 1,173,515 1,208,000 6,940,105 2.2 Sub-total 10,245,000 11,646,500 11,999,250 15,887,090 15,102,888 18,496,000 83,376,728 25.9 GovernancePillars of the State - 95,000 1,560,000 1,870,000 2,189,010 2,997,000 8,711,010 2.7 Public sector management 1,133,750 1,402,500 1,686,500 2,500,000 2,687,608 3,174,000 12,584,358 3.9 Local development 600,000 610,000 604,000 1,953,000 1,680,205 1,620,000 7,067,205 2.2 Rights, equality & justice 968,000 1,025,000 1,418,000 1,806,000 1,725,180 2,021,000 8,963,180 2.8 Sub-total 2,701,750 3,132,500 5,268,500 8,129,000 8,282,003 9,812,000 37,325,753 11.6 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 4,075,000 5,700,000 9,023,000 11,958,000 13,522,100 13,871,000 58,149,100 18.1 External relations & cooperation 211,250 282,500 299,500 1,146,000 1,336,259 2,441,000 5,716,509 1.8 Subtotal 4,286,250 5,982,500 9,322,500 13,104,000 14,858,359 16,312,000 63,865,609 19.8 Total 30,486,300 35,326,500 45,055,250 62,717,590 64,312,660 71,163,000 309,061,300 96.0 Unallocated (net) 1,788,700 1,720,000 1,952,000 1,495,580 1,838,973 3,919,000 12,714,253 4.0 Grand total for CFET 32,275,000 37,046,500 47,007,250 64,213,170 66,151,633 75,082,000 321,775,553 100.0 Source: Ministry of Planning and Finance.

Annual Appropriations Total

Appendix Table 10: Sectoral Allocation of CFET Appropriations for Recurrent Expenditures

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 65

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 1,500,000 1,000,000 587,000 1,082,000 1,168,000 1,679,000 7,016,000 9.2 Education and training 3,000,000 3,600,000 765,000 1,845,000 809,000 1,171,000 11,190,000 14.7 Social, civil & heritage protection - 25,000 55,000 174,500 135,000 32,500 422,000 0.6 Sub-total 4,500,000 4,625,000 1,407,000 3,101,500 2,112,000 2,882,500 18,628,000 24.4 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 75,000 120,000 131,000 391,000 187,000 183,000 1,087,000 1.4 Natural resources & environment - 10,000 42,000 41,500 36,000 - 129,500 0.2 Private sector development - 20,000 49,000 336,500 451,000 52,000 908,500 1.2 Sub-total 75,000 150,000 222,000 769,000 674,000 235,000 2,125,000 2.8 Infrastructure & housingCommunications 50,000 50,000 62,000 260,500 114,000 12,500 549,000 0.7 Housing & urban development 850,000 1,260,500 778,250 282,000 514,100 10,500 3,695,350 4.8 Power 500,000 493,000 822,000 2,198,070 141,928 391,000 4,545,998 6.0 Transport 3,500,000 4,500,000 1,402,000 1,781,100 4,367,600 4,695,500 20,246,200 26.5 Water supply and sanitation 500,000 750,000 406,500 667,660 1,213,735 1,172,000 4,709,895 6.2 Sub-total 5,400,000 7,053,500 3,470,750 5,189,330 6,351,363 6,281,500 33,746,443 44.2 GovernancePillars of the State - 425,000 853,000 1,100,000 1,148,000 76,000 3,602,000 4.7 Public sector management 350,000 500,000 628,000 1,477,000 569,000 297,000 3,821,000 5.0 Local development - 20,000 33,000 347,000 119,000 150,000 669,000 0.9 Rights, equality & justice - 500,000 1,135,000 162,000 131,000 108,000 2,036,000 2.7 Sub-total 350,000 1,445,000 2,649,000 3,086,000 1,967,000 631,000 10,128,000 13.3 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 1,000,000 2,000,000 2,476,000 2,149,000 2,010,000 1,699,000 11,334,000 14.9 External relations & cooperation - - 53,000 146,000 4 151,000 350,004 0.5 Subtotal 1,000,000 2,000,000 2,529,000 2,295,000 2,010,004 1,850,000 11,684,004 15.3 Total 11,325,000 15,273,500 10,277,750 14,440,830 13,114,367 11,880,000 76,311,447 100.0 Source: Ministry of Planning and Finance.

Appendix Table 11: Sectoral Allocation of CFET Appropriations for Capital Expenditures

Annual Appropriations Total

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 66

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 12,769,158 14,743,351 16,400,543 13,881,758 15,440,960 20,733,678 93,969,448 12.6 Education and training 8,023,071 30,775,322 34,365,352 26,648,490 30,642,031 24,196,569 154,650,835 20.7 Social, civil & heritage protection - - 623,313 1,101,421 617,967 755,469 3,098,170 0.4 Sub-total 20,792,229 45,518,673 51,389,209 41,631,669 46,700,958 45,685,716 251,718,454 33.7 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 5,072,031 11,621,782 12,466,567 14,723,990 16,995,321 9,649,614 70,529,305 9.4 Natural resources & environment 1,297,500 366,929 983,125 3,082,011 3,366,746 2,685,127 11,781,438 1.6 Private sector development 103,500 614,605 2,460,137 2,271,594 3,837,867 2,969,129 12,256,832 1.6 Sub-total 6,473,031 12,603,316 15,909,829 20,077,595 24,199,934 15,303,870 94,567,575 12.7 Infrastructure & housingCommunications 938,566 1,407,986 1,693,939 1,261,119 890,700 1,039,436 7,231,746 1.0 Housing & urban development - 382,812 832,366 689,566 453,133 390,000 2,747,877 0.4 Power 466,767 5,432,618 5,248,294 3,234,008 9,145,845 9,406,826 32,934,358 4.4 Transport 1,053,397 20,216,209 21,727,802 4,044,500 5,169,534 11,622,299 63,833,741 8.5 Water supply and sanitation 1,127,009 4,993,131 11,641,300 15,455,206 4,074,759 5,854,246 43,145,650 5.8 Sub-total 3,585,739 32,432,756 41,143,701 24,684,399 19,733,971 28,312,807 149,893,372 20.1 GovernancePillars of the State 331,158 6,316,389 10,105,248 3,827,518 2,396,596 3,729,968 26,706,877 3.6 Public sector management 2,480,637 13,476,788 17,532,260 38,163,051 25,180,774 26,369,372 123,202,882 16.5 Local development 54,991 2,032,002 3,483,478 2,914,063 3,009,674 4,770,248 16,264,456 2.2 Rights, equality & justice 1,643,563 3,427,664 4,945,641 5,457,601 7,574,432 6,359,278 29,408,179 3.9 Sub-total 4,510,349 25,252,843 36,066,627 50,362,233 38,161,476 41,228,866 195,582,394 26.2 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 245,258 511,752 573,402 693,441 3,724,227 4,475,679 10,223,759 1.4 External relations & cooperation 36,700,906 1,782,078 1,944,444 1,806,679 2,097,984 747,740 45,079,831 6.0 Subtotal 36,946,164 2,293,830 2,517,846 2,500,120 5,822,211 5,223,419 55,303,590 7.4 Total 72,307,512 118,101,418 147,027,212 139,256,016 134,618,550 135,754,678 747,065,385 100.0 Memo item: Off budget assistance

Basic services 20,940 1,047,543 4,398,315 4,563,566 3,267,497 345,647 13,643,508 9.1 Production sectors 925,000 5,771,016 6,376,948 5,184,887 3,942,376 782,744 22,982,971 15.4 Infrastructure & housing 2,383,266 4,272,736 6,600,663 8,609,378 7,089,577 4,153,362 33,108,983 22.2 Governance 2,696,250 15,963,826 12,471,514 9,213,723 13,089,446 11,658,550 65,093,309 43.6 Security & external relations 1,269,303 2,856,444 3,179,853 3,427,229 2,465,997 1,168,280 14,367,106 9.6 Total 7,294,759 29,911,565 33,027,293 30,998,783 29,854,893 18,108,583 149,195,877 100.0 Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: excludes bilateral military assistance.

Annual Disbursements Total

Appendix Table 12: Approved Donor Funding for "On-Budget" Development and Technical Assistance

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 67

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 9,580,128 13,647,793 14,271,944 11,784,462 13,279,817 15,939,366 78,503,509 16.0 Education and training 5,363,271 21,667,943 17,064,311 17,517,071 22,398,261 16,472,338 100,483,196 20.5 Social, civil & heritage protection - - 23,313 501,421 617,967 755,469 1,898,170 0.4 Sub-total 14,943,399 35,315,736 31,359,568 29,802,954 36,296,045 33,167,173 180,884,875 37.0 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 1,543,085 3,720,745 4,947,266 6,592,620 7,526,849 6,715,754 31,046,319 6.3 Natural resources & environment 237,500 366,929 983,125 2,338,151 2,566,746 2,291,062 8,783,513 1.8 Private sector development - 366,105 2,144,216 2,042,820 3,837,867 2,969,129 11,360,137 2.3 Sub-total 1,780,585 4,453,779 8,074,607 10,973,591 13,931,462 11,975,945 51,189,969 10.5 Infrastructure & housingCommunications 772,911 877,637 1,528,285 986,065 709,416 858,376 5,732,690 1.2 Housing & urban development - 382,812 832,366 689,566 453,133 390,000 2,747,877 0.6 Power - - 277,000 436,000 350,000 1,100,000 2,163,000 0.4 Transport 246,265 2,519,666 1,574,143 395,544 483,614 2,459,620 7,678,852 1.6 Water supply and sanitation - 746,054 1,599,458 1,558,835 1,037,382 408,791 5,350,520 1.1 Sub-total 1,019,176 4,526,169 5,811,252 4,066,010 3,033,545 5,216,787 23,672,939 4.8 GovernancePillars of the State 331,158 6,271,632 8,357,034 3,708,149 2,396,596 3,129,968 24,194,537 4.9 Public sector management 2,229,831 11,598,066 15,673,508 34,139,883 22,527,142 23,631,098 109,799,528 22.4 Local development 54,991 1,999,502 3,450,978 2,914,063 3,009,674 4,770,248 16,199,456 3.3 Rights, equality & justice 1,643,563 3,382,377 4,849,124 5,119,627 7,574,432 6,359,278 28,928,401 5.9 Sub-total 4,259,543 23,251,577 32,330,644 45,881,722 35,507,844 37,890,592 179,121,922 36.6 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 245,258 324,173 385,822 693,441 3,724,227 4,475,679 9,848,600 2.0 External relations & cooperation 36,700,906 1,688,249 1,847,266 1,692,339 1,994,745 747,740 44,671,245 9.1 Subtotal 36,946,164 2,012,422 2,233,088 2,385,780 5,718,972 5,223,419 54,519,845 11.1 Total 58,948,867 69,559,684 79,809,159 93,110,057 94,487,868 93,473,916 489,389,550 100.0

Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: excludes bilateral military assistance.

Appendix Table 13: Approved Donor Funding for "On-Budget" Recurrent Expenditures on Development and Technical Assistance

Annual Disbursements Total

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 3,189,031 1,095,558 2,128,600 2,097,296 2,161,143 4,794,312 15,465,939 6.0 Education and training 2,659,800 9,107,379 17,301,041 9,131,419 8,243,770 7,724,231 54,167,640 21.0 Social, civil & heritage protection - - 600,000 600,000 - - 1,200,000 0.5 Sub-total 5,848,831 10,202,937 20,029,641 11,828,715 10,404,913 12,518,543 70,833,579 27.5 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 3,528,946 7,901,037 7,519,301 8,131,370 9,468,472 2,933,860 39,482,986 15.3 Natural resources & environment 1,060,000 - - 743,860 800,000 394,065 2,997,925 1.2 Private sector development 103,500 248,500 315,921 228,774 - - 896,695 0.3 Sub-total 4,692,446 8,149,537 7,835,222 9,104,004 10,268,472 3,327,925 43,377,606 16.8 Infrastructure & housingCommunications 165,655 530,349 165,654 275,054 181,284 181,060 1,499,056 0.6 Housing & urban development - - - - - - - - Power 466,767 5,432,618 4,971,294 2,798,008 8,795,845 8,306,826 30,771,358 11.9 Transport 807,132 17,696,543 20,153,659 3,648,956 4,685,920 9,162,679 56,154,889 21.8 Water supply and sanitation 1,127,009 4,247,077 10,041,842 13,896,371 3,037,376 5,445,455 37,795,130 14.7 Sub-total 2,566,563 27,906,587 35,332,449 20,618,389 16,700,425 23,096,020 126,220,433 49.0 GovernancePillars of the State - 44,757 1,748,214 119,369 - 600,000 2,512,340 1.0 Public sector management 250,806 1,878,722 1,858,752 4,023,168 2,653,632 2,738,274 13,403,354 5.2 Local development - 32,500 32,500 - - - 65,000 0.0 Rights, equality & justice - 45,287 96,517 337,974 - - 479,778 0.2 Sub-total 250,806 2,001,266 3,735,983 4,480,511 2,653,632 3,338,274 16,460,472 6.4 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation - 187,579 187,580 - - - 375,159 0.1 External relations & cooperation - 93,829 97,178 114,340 103,239 - 408,586 0.2 Subtotal - 281,408 284,758 114,340 103,239 - 783,745 0.3 Total 13,358,645 48,541,734 67,218,053 46,145,959 40,130,682 42,280,762 257,675,835 100.0

Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: excludes bilateral military assistance.

Annual Disbursements Total

Appendix Table 14: Approved Donor Funding for "On-Budget" Capital Expenditures on Development and Technical Assistance

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 68

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 18,304,158 19,838,351 21,754,543 21,667,758 24,293,810 30,539,678 136,398,298 12.0 Education and training 19,123,071 43,270,322 47,093,852 44,590,990 46,742,791 40,863,069 241,684,095 21.3 Social, civil & heritage protection 500,300 500,000 1,257,813 2,040,921 1,494,367 1,499,469 7,292,870 0.6 Sub-total 37,927,529 63,608,673 70,106,209 68,299,669 72,530,968 72,902,216 385,375,264 34.0 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 5,730,031 12,441,782 13,354,567 16,235,990 18,573,321 11,031,614 77,367,305 6.8 Natural resources & environment 1,332,500 491,929 1,142,125 3,476,011 3,755,296 3,021,127 13,218,988 1.2 Private sector development 103,500 919,605 2,790,137 3,165,594 4,896,717 3,695,129 15,570,682 1.4 Sub-total 7,166,031 13,853,316 17,286,829 22,877,595 27,225,334 17,747,870 106,156,975 9.4 Infrastructure & housingCommunications 1,078,566 1,562,986 1,961,939 2,395,869 1,755,951 2,062,436 10,817,747 1.0 Housing & urban development 1,000,000 1,827,812 1,814,866 1,211,316 1,268,809 572,000 7,694,803 0.7 Power 7,966,767 13,811,618 14,101,294 14,584,428 19,231,143 21,524,826 91,220,076 8.1 Transport 6,908,397 27,224,209 25,577,802 9,610,750 12,470,310 20,696,799 102,488,267 9.1 Water supply and sanitation 2,277,009 6,706,131 13,157,800 17,958,456 6,462,009 8,234,246 54,795,650 4.8 Sub-total 19,230,739 51,132,756 56,613,701 45,760,819 41,188,222 53,090,307 267,016,543 23.6 GovernancePillars of the State 331,158 6,836,389 12,518,248 6,797,518 5,733,606 6,802,968 39,019,887 3.4 Public sector management 3,964,387 15,379,288 19,846,760 42,140,051 28,437,382 29,840,372 139,608,240 12.3 Local development 654,991 2,662,002 4,120,478 5,214,063 4,808,879 6,540,248 24,000,661 2.1 Rights, equality & justice 2,611,563 4,952,664 7,498,641 7,425,601 9,430,612 8,488,278 40,407,359 3.6 Sub-total 7,562,099 29,830,343 43,984,127 61,577,233 48,410,479 51,671,866 243,036,147 21.5 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 5,320,258 8,211,752 12,072,402 14,800,441 19,256,327 20,045,679 79,706,859 7.0 External relations & cooperation 36,912,156 2,064,578 2,296,944 3,098,679 3,434,247 3,339,740 51,146,344 4.5 Subtotal 42,232,414 10,276,330 14,369,346 17,899,120 22,690,574 23,385,419 130,853,203 11.6 Total 114,118,812 168,701,418 202,360,212 216,414,436 212,045,577 218,797,678 1,132,438,132 100.0

Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: excludes bilateral military assistance.

Appendix Table 15: Approved Combined Sources Funding for "On-Budget" Development and Technical Assistance

Annual Disbursements Total

Appendix Table 16: Approved Combined Sources Funding for "On-Budget" Recurrent Expenditures on Development and Technical Assistance(US$)

SectorFY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount Percent

Basic services Health care 13,615,128 17,742,793 19,038,944 18,488,462 20,964,667 24,066,366 113,916,359 14.3 Education and training 13,463,271 30,562,943 29,027,811 33,614,571 37,690,021 31,967,838 176,326,456 22.1 Social, civil & heritage protection 500,300 475,000 602,813 1,266,421 1,359,367 1,466,969 5,670,870 0.7 Sub-total 27,578,699 48,780,736 48,669,568 53,369,454 60,014,055 57,501,173 295,913,685 37.1 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 2,126,085 4,420,745 5,704,266 7,713,620 8,917,849 7,914,754 36,797,319 4.6 Natural resources & environment 272,500 481,929 1,100,125 2,690,651 2,919,296 2,627,062 10,091,563 1.3 Private sector development - 651,105 2,425,216 2,600,320 4,445,717 3,643,129 13,765,487 1.7 Sub-total 2,398,585 5,553,779 9,229,607 13,004,591 16,282,862 14,184,945 60,654,369 7.6 Infrastructure & housingCommunications 862,911 982,637 1,734,285 1,860,315 1,460,667 1,868,876 8,769,691 1.1 Housing & urban development 150,000 567,312 1,036,616 929,316 754,709 561,500 3,999,453 0.5 Power 7,000,000 7,886,000 8,308,000 9,588,350 10,293,370 12,827,000 55,902,720 7.0 Transport 2,601,265 5,027,666 4,022,143 4,180,694 3,416,790 6,838,620 26,087,178 3.3 Water supply and sanitation 650,000 1,709,054 2,709,458 3,394,425 2,210,897 1,616,791 12,290,625 1.5 Sub-total 11,264,176 16,172,669 17,810,502 19,953,100 18,136,433 23,712,787 107,049,667 13.4 GovernancePillars of the State 331,158 6,366,632 9,917,034 5,578,149 4,585,606 6,126,968 32,905,547 4.1 Public sector management 3,363,581 13,000,566 17,360,008 36,639,883 25,214,750 26,805,098 122,383,886 15.3 Local development 654,991 2,609,502 4,054,978 4,867,063 4,689,879 6,390,248 23,266,661 2.9 Rights, equality & justice 2,611,563 4,407,377 6,267,124 6,925,627 9,299,612 8,380,278 37,891,581 4.7 Sub-total 6,961,293 26,384,077 37,599,144 54,010,722 43,789,847 47,702,592 216,447,675 27.1 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 4,320,258 6,024,173 9,408,822 12,651,441 17,246,327 18,346,679 67,997,700 8.5 External relations & cooperation 36,912,156 1,970,749 2,146,766 2,838,339 3,331,004 3,188,740 50,387,754 6.3 Subtotal 41,232,414 7,994,922 11,555,588 15,489,780 20,577,331 21,535,419 118,385,454 14.8 Total 89,435,167 104,886,184 124,864,409 155,827,647 158,800,528 164,636,916 798,450,850 100.0

Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: excludes bilateral military assistance.

Annual Disbursements Total

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 69

(US$)Sector

FY1999/00 FY2000/01 FY2001/02 FY2002/03 FY2003/04 FY2004/05 Amount PercentBasic services Health care 4,689,031 2,095,558 2,715,600 3,179,296 3,329,143 6,473,312 22,481,939 6.7 Education and training 5,659,800 12,707,379 18,066,041 10,976,419 9,052,770 8,895,231 65,357,640 19.6 Social, civil & heritage protection - 25,000 655,000 774,500 135,000 32,500 1,622,000 0.5 Sub-total 10,348,831 14,827,937 21,436,641 14,930,215 12,516,913 15,401,043 89,461,579 26.8 Production related sectorsAgriculture, forestry & fisheries 3,603,946 8,021,037 7,650,301 8,522,370 9,655,472 3,116,860 40,569,986 12.1 Natural resources & environment 1,060,000 10,000 42,000 785,360 836,000 394,065 3,127,425 0.9 Private sector development 103,500 268,500 364,921 565,274 451,000 52,000 1,805,195 0.5 Sub-total 4,767,446 8,299,537 8,057,222 9,873,004 10,942,472 3,562,925 45,502,606 13.6 Infrastructure & housingCommunications 215,655 580,349 227,654 535,554 295,284 193,560 2,048,056 0.6 Housing & urban development 850,000 1,260,500 778,250 282,000 514,100 10,500 3,695,350 1.1 Power 966,767 5,925,618 5,793,294 4,996,078 8,937,773 8,697,826 35,317,356 10.6 Transport 4,307,132 22,196,543 21,555,659 5,430,056 9,053,520 13,858,179 76,401,089 22.9 Water supply and sanitation 1,627,009 4,997,077 10,448,342 14,564,031 4,251,111 6,617,455 42,505,025 12.7 Sub-total 7,966,563 34,960,087 38,803,199 25,807,719 23,051,788 29,377,520 159,966,876 47.9 GovernancePillars of the State - 469,757 2,601,214 1,219,369 1,148,000 676,000 6,114,340 1.8 Public sector management 600,806 2,378,722 2,486,752 5,500,168 3,222,632 3,035,274 17,224,354 5.2 Local development - 52,500 65,500 347,000 119,000 150,000 734,000 0.2 Rights, equality & justice - 545,287 1,231,517 499,974 131,000 108,000 2,515,778 0.8 Sub-total 600,806 3,446,266 6,384,983 7,566,511 4,620,632 3,969,274 26,588,472 8.0 Security and external relationsSecurity, peacebuilding, reconciliation 1,000,000 2,187,579 2,663,580 2,149,000 2,010,000 1,699,000 11,709,159 3.5 External relations & cooperation - 93,829 150,178 260,340 103,243 151,000 758,590 0.2 Subtotal 1,000,000 2,281,408 2,813,758 2,409,340 2,113,243 1,850,000 12,467,749 3.7 Total 24,683,645 63,815,234 77,495,803 60,586,789 53,245,049 54,160,762 333,987,282 100.0

Source: Registry of External Assistance, Ministry of Planning and Finance.Note: excludes bilateral military assistance.

Appendix Table 17: Approved Combined Sources Funding for "On-Budget" Capital Expenditures on Development and Technical Assistance

Annual Disbursements Total

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Governo de Timor-Leste: Combate à Pobreza como Causa Nacional 70

Abreviações e Acrónimos ABP Autoridade Bancária e de Pagamentos ACDP Autoridade Conjunta para o Desenvolvimento Petrolífero AF Ano Fiscal AT Assistência Técnica BAsD Banco Asiático de Desenvolvimento CDE Centro de Desenvolvimento de Empresas CdM Conselho de Ministros CDM Conta de Desafio do Milénio MCC Corporação de Desafio do Milénio EDSTL Estudo Demográfico e de Saúde Geral em Timor-Leste EIMG Estudo de Indicadores Múltiplos por Grupos ENTL Estudo de Medição dos Níveis de Vida em Timor-Leste FAO Organização para a Alimentação e Agricultura FCTL Fundo Consolidado de Timor-Leste FDL Fundo de Desenvolvimento Local FFTL Fundo Fiduciário de Timor-Leste FMI Fundo Monetário Internacional GNGD Gabinete Nacional de Gestão de Desastres GNL Gás Natural Liquefeito GSP Gestão do Sector Público GST Grupo Sectorial de Trabalho IMF Instituições de Microfinanças M&A Monitorização e Avaliação MPF Ministério do Plano e das Finanças ODM Objectivo de Desenvolvimento do Milénio OMC Organização Mundial do Comércio ONG Organização Não Governamental ONU Organização das Nações Unidas OSC Organização da Sociedade Civil PAT Programa de Apoio à Transição PDN Plano de Desenvolvimento Nacional PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Investimento Sectorial PKF Força de Manutenção da Paz PNB Produto Nacional Bruto PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RAE Registo de Assistência Externa TBM Taxa Bruta de Mortalidade TNT Taxa de Natalidade Total UNPOL Polícia das Nações Unidas UNTAET Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional