colonização de mato grosso - período pós 1960

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Tema de uma aula-palestra ministrada na turma 3º ano de História da UFMT - Campus Cuiabá.

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Cacildo Alves Nascimento Formado em Histria pela UFMS e Mestrando em Histria pelo PPGHis/UFMT

CASTRO,

S. Pereira et.al. A colonizao Oficial dirigida em Mato Grosso. In: A colonizao oficial em Mato Grosso:" nata e a borra da sociedade". Cuiab: EdUFMT. 2002.

A

regio de Mato Grosso foi sempre motivo de preocupao para a soberania do Estado, nos debates dos dirigentes portugueses e posteriormente do Estado nacional brasileiro, devido distncia da regio com centro poltico do territrio.

1893 - A migrao em massa de gachos, para os povoados de Bela Vista, Ponta Por, Nhu Ver e Ipehum (atual Paranhos). 1930 Marcha para o Oeste. 1943 - Criao da colnia Agrcola Nacional de Dourados no Sul do Estado e a Expedio Roncador/Xingu. 1950, redefinio da poltica de ocupao e colonizao de Mato Grosso visando a incorporao da fronteira agrcola da regio a economia nacional 1960 Abertura da Nova Fronteira Agrcola. 1970 Diviso do estado de Mato Grosso.

Dourados-MS

Campo Grande MS

Cuiab MT

As empresas colonizadoras obtinham, em mdia, reas de 200.000 hectares de terra. O preo era de Cr$ 7, 00 (sete) a 10,00 (dez) cruzeiros o hectare p/ as companhias colonizadoras, que as revendiam a preos que variavam entre Cr$ 100,00 a 300,00 (cem a trezentos cruzeiros) o hectare. O governo reservou p/ colonizao vrias reas com um total de 7,4 milhes de hectares; 20 destas reas foram passadas p/ empresas privadas de colonizao.

Entre 1956-57 foram expedidos 2563 ttulos de terras, com rea total de 11.010.344 hectares, c/ mdia de 4.295 ha. p/ propriedade. Em 1958 foram expedidos 1043 ttulos de terras, c/ rea de 4.768.203 ha., c/ mdia de 4.571 ha. p/ propriedade. Em 1959 foram expedidos 1971 ttulos, c/ rea total de 8.191.717 ha., c/ mdia de 4.156 ha. p/ propriedade.

Programa do governo p/ o setor fundirio. 1962 terras devolutas do Estado de Mato Grosso, transformadas em reservas p/ colonizao. Os funcionrios do DTC recebiam 3% de comisso sobre o valor da venda das terras devolutas. O DTC foi fechado temporariamente em 1954, em 1956 e em 1961 devido a denncias de corrupo e irregularidades. Problemas tcnicos, corrupo, problemas de cadastro, limites estaduais.

Ocupao de MT ps 1960.

A ocupao do Estado de Mato Grosso, atravs da colonizao dirigida ocorreu a partir de 1978, por presses de conflito social no Sul e disponibilidade de terras da Unio na regio, as margens da rodovia federal BR-163, onde foram implantados seis Projetos de Assentamento Conjunto. Terra Nova (1978). Peixoto de Azevedo (1980). Rancho (1980). Brao Sul (1981) Carlinda e Lucas do Rio Verde (1981)

A

Poltica de Terras implementada depois de 64, na Amaznia e em MT, visava sobretudo afastar o perigo do conflito no campo. Os principais objetivos foram: 1) fazer uma Reforma Agrria com as terras pblicas improdutivas; 2) ocupar os espaos vazios; respeitar a propriedade privada, principalmente a produtiva.

Dcada

de 1970 a fronteira agrcola deslocada para o eixo das seguintes rodovias: Cuiab Santarm (BR 163) Cuiab Porto Velho (BR 364) O Programa de colonizao dirigida propunha assentar um milho de famlias na Amaznia at 1980.

em 1972 foi lanado o PRODOESTE (Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste) que tinha como objetivo construir a Rodovia BR 163 que liga Campo Grande a Cuiab, e essa construo possibilitariam o escoamento da produo de Mato Grosso, sobretudo da regio de Cuiab. Alm desses programas o Governo Federal lanou o PRODEGRAN (Programa de Desenvolvimento da Regio da Grande Dourados), PRODEPAN (Programa de Desenvolvimento do Pantanal) e o POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento dos Cerrados).

Mato Grosso aps 1970: terra, trabalho, migrao e memria.

A anexao de novas reas de terra ao processo produtivo.Processo de reocupao da Amaznia na segunda metade do Sculo XX partindo da regio Centro-Sul e Nordeste. Soluo de conflitos agrrios no Nordeste e conflitos sociais no Centro-Sul e expectativa de prosperidade.

Amaznia enquanto espao de fronteira:Fronteira Poltica: limites territoriais com os pases ao norte do Brasil (Guina, Suriname, Guiana Francesa, Venezuela, Colmbia, Peru), ainda sem ocupao efetiva. Fronteira Demogrfica: reas que deveriam ser ocupadas por migrantes vindo do CentroSul e Nordeste no eixo Belm - Braslia, Cuiab Santarm e Transamaznica. Fronteira do capital: grandes projetos de minerao, agropecurio e industrial coordenados pela SUDAM

Ps 1964 Os governos militares intensificam o

processo de ocupao na regio amaznica, sobretudo com pensamento de ocupao geoestratgica de segurana nacional. Viabilizao de projetos atravs de rgos e autarquias pblicas como SUDAM e BASA.

A colonizao como forma planejada de proceder ao povoamento de uma rea um processo que, no Brasil, vem de longa data, obedecendo a razoes de natureza econmica, social poltica e militar utilizando ou no a iniciativa privada. (apud Becker et al., 1990, p.64) Trs tipos de colonizao no Brasil: 1) colonizao espontnea, 2) colonizao oficial e 3) colonizao privada.

[...] toda atividade oficial ou particular destinada a dar acesso propriedade de terra e a promover seu aproveitamento econmico, mediante o exerccio de atividade agrcola, pecurias, atravs da diviso de lotes ou parcelas, dimensionadas de acordo com as regies definidas da regulamentao do Estatuto da Terra, ou atravs de cooperativas de produo nela prevista (apud et al., 1990, p.60)

[...] a colonizao na Amaznia caracterizandoa como uma contra reforma agrria, levando em conta a maneira como o Estado favoreceu de forma extensiva o desenvolvimento do capitalismo e as conseqncias do processo. P. 109 A colonizao pode ser entendida como o processo de ocupao de uma rea por pessoas de fora e, mais restritamente pode ser pensada como o povoamento que precedido de planejamento, governamental ou privado.(...) em Mato Grosso, a colonizao particular apresentou-se de forma expressiva, destacando-se como representativa desta forma planejada de apropriao da terra. P. 109

Sorriso Mato Grosso: uma terra promissora

Ocupao de onde est localizado o municpio de Sorriso 1972 primeiras visitas de migrantes. - 1974 aberturas das primeiras divisas e aquisio de terras por migrantes oriundo do RS, SC e PR. - 1976 instalao da primeira empresa colonizadora e venda dos lotes urbanos. - No perodo de 1991 e 2000, segundo dados do IBGE, a populao de Sorriso 9,09% ao ano, pois em 1991 era de 16.757 habitantes chegando em 2009 a 60.028 habitantes.

Sorriso - MT

Algo que chama ateno na cidade de Sorriso o seu ordenamento urbano, pois a cidade tem um planejamento urbano tpico de cidades de colonizao privada, sobretudo na rea central. Devido a localizao de Sorriso est no cerrado, foram necessrios alguns investimentos para que essas reas torna-se produtiva, o que foi chamado de boa colonizao. A regra boa colonizao aplicou-se apenas aos que adquiriram reas atravs da compra. Aqueles que no dispunham de recursos financeiros no foram beneficiados pelo fundo social da colonizao, pois no teve acesso a terra. P. 112

Sem

desconsiderar as dificuldades iniciais presentes em qualquer processo de transio de um lugar para outro, ou seja, em qualquer processo migratrio, identifica-se certo ufanismo que coloca em segundo plano a questo poltico-econmica que envolve os interesses da colonizao, enquanto atividade empresarial na Amaznia. P. 113.

pioneiro, buscaram no s expandir o povoamento, mas buscaram criar novos e elevados padres de vida. P. 115 Concentrao de terras velhos problemas. reas ocupadas por posseiros ou indivduos vtimas da escassez de terras do nordeste ou outras regies do Brasil. Relao posseiro X colono. Mito fundador. (a memria do migrante a nica memria do lugar) Migrantes

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na mdia da prosperidade de Mato Grosso, ps dcada de 1970. Nos locais onde h grande produo de soja, tem havido um aumento significativo da pobreza. P. 119 Qualificao profissional Expropriao do trabalhador Controle social.

A

contradio do capitalismo evidencia-se: de um lado a riqueza (concentrao de capital e meio de produo), dividindo, por outro, espao com a pobreza oculta em loteamentos mais distantes do centro. Nestes municpios apresentados de maneira ufanista, ostenta-se a riqueza de alguns ocultando-se a misria de muitos. P. 124