Arte Gótica

No século XII, teve início uma economia fundamentada no comércio. Como consequência, o centro da vida social deslocou-se do campo para as cidades e surgiu uma nova classe social: a busguesia urbana. A cidade voltou a ser o lugar onde as pessoas se encontravam e trocavam informações. Novamente, ela era o centro renovador dos conhecimentos, da arte e da própria organização social.

Arquitetura no século XII

No século XII, uma nova arquitetura foi ganhando espaço. No século XVI, os estudiosos começaram a chamá-la, desdenhosamente, de gótica: segundo eles, sua aparência era tão “bárbara”, que ela poderia até ter sido criada pelos godos, povo que invadira o Império Romano e destruíra muitas de suas obras. Mais tarde, o nome gótico perderia seu caráter depreciativo e se ligaria definitivamente à arquitetura caracterizada pelos arcos ogivais. (imagem 1)

Imagem 1 – Interior da catedral de Amiens, na França

Esta nova maneira de contruir surgiu na França, por volta de 1140, quando foi construída a abadia Saint-Denis (imagem 2). A igreja gótica apresenta três portais, que dão acesso às três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.

Imagem 2 – Fachada da Catedral de Saint-Denis, na França.

O portal desta catedral tem, acima dos frisos que emolduram o tímpano, uma grande janela, e, acima desta, outra redonda, chamada rosácea - vitral cuja forma se assemelha à de uma flor – (imagem 3). A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico.

      Imagem 3 - Rosácea

O aspecto mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de nervuras, pois deixa visíveis os arcos ogivais, que formam sua estrutura. (Imagem 4)

Imagem 4 – Arcos ogivais

A construção desse novo tipo de abóbada foi possível graças ao arco ogival. O emprego desse arco permitiu a construção de igrejas mais altas. Além disso, o desenho das ogivas, que se alonga e aponta para o alto, acentua a impressão de altura e verticalidade.

Os pilares foram outro recurso arquitetônico do estilo gótico. A conseqüência estética mais importante da introdução dos pilares foi a substituição das paredes com janelas estreitas pela combinação de pequenas áreas de parede com grandes áreas preenchidas por vidros coloridos e trabalhados, chamados vitrais. (Imagem 5)

Imagem 5 – Vitral

Entre o século XII e XVI, foi construída a catedral de Notre-Dame de Chartres, na França.

Em 1160 iniciou-se a construção da catedral de Notre-Dame de Paris, uma das maiores igrejas góticas do mundo.

Fachada – Notre-Dame de Paris Vista lateral – Notre-Dame de Paris

Arquitetura no século XIII

No século XIII, o estilo gótico já estava plenamente amadurecido e ricamente ornamentado por vitrais e esculturas. Para conhecer melhor o gótico dessa época, vamos retomar a catedral de Chartres, que, em julho de 1194 foi praticamente destruída por um incêndio. Da imensa igreja restou apenas a fachada oeste e uma nova catedral foi construída.

Na reconstrução, a parede interna da catedral foi dividida internamente em três andares, isto permitiu aumentar a altura da igreja.

Interior da catedral de Chartres, França.

Os vitrais da catedral de Chartres são o aspecto que mais atrai a atenção do visitante.

A Sainte-Chapelle

O gótico francês da segunda metade do século XIII recebeu o nome de rayonnant (radiante), numa referência ao rendilhado das grandes rosáceas e às delgadas e delicadas colunas combinadas com amplas áreas de vitrais.

Construída entre 1243 e 1246 no palácio real da corte de Luís IX, em Paris, a Sainte-Chapelle é o mais belo exemplo do estilo radiante.

Catedral da Sé, em São Paulo: estilo gótico

O estilo gótico das catedrais medievais teve grande influência sobre a arquitetura das igrejas católicas ao longo dos séculos. Em São Paulo, a catedral mais importante da cidade, construída em pleno século XX, apresenta importantes recursos da arquitetura gótica: arcos ogivais, pilares com pequenas colunas ao redor, decoração com esculturas representando elementos da natureza (animais e plantas) e vitrais.

No século XV, o estilo gótico deixou de ser exclusivo dos edifícios religiosos e chegou às residências particulares, como o palácio conhecido como Ca’d’Oro. O nome Ca’d’Oro significa “Casa de Ouro”. Essa residência é considerada o mais belo edifício gótico de Veneza.

Escultura

De modo geral, a escultura gótica estava ligada à arquitetura, enriquecendo as construções e documentavam os aspectos da vida humana mais valorizados na época.

Sua primeira fase desenvolveu um estilo austero, estilizado, com proporções alongadas, desejando transmitir uma impressão de espiritualidade, bastante longe da anatomia real de um corpo. Mas logo evoluiu em direção a um maior naturalismo e realismo, a partir de uma progressiva absorção de influências clássicas e uma maior observação da natureza.

A virgem e o menino – escultura de Giovanni Pisano, em Pádua.

Os manuscritos ilustrados

Os manuscritos ilustrados foram desenvolvidos no século XII até o século XV. Um exemplo de manuscrito medieval ilustrado é Saltério de Ingeborg. Seu nome está relacionado ao seu conteúdo - uma coletânea de salmos e ao nome da princesa Ingeborg da Dinamarca, para quem foi feito.

 A observação dos manuscritos ilustrados permite-nos chegar a duas conclusões: a primeira é a compreensão do caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das obras copiadas; a segunda é que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço tridimensional e na composição de uma cena, que seu trabalho acabou influenciando as criações de alguns pintores.

Pintura

A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XIII, XIV e início do século XV. Sua principal característica foi a procura do realismo na representação das figuras.

Giotto di Bondone – a maior parte das suas obras foram afrescos e grandes murais que decoraram igrejas. A principal característica de suas pinturas foi a identificação de figuras de santos com a de pessoas de aparência bastante comum.

Retiro de São Joaquim entre os pastores – Giotto

Outra expressão da pintura gótica foram os retábulos, que consiste em um, dois, três, quatro ou mais painéis que podem ser fechados uns sobre os outros e abertos durante as celebrações.

Neste retábulo acima, chamado de Retábulo do Cordeiro místico, de Jan van Eyck, é possível observar a influência da arte da ilustração dos manuscritos: é evidente o espírito detalhista nas roupas, figuras, adornos e elementos da natureza.