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Mu^[n^o o _sp[ço _ ]onstruin^o ]on]_pçõ_s Maria Letícia Ribeiro dos Santos C@DERNO 2 Coodernação Prof. Tizuko Mor]hi^[ Kishimoto Coleção Contextos Integrados de Educação Infantil

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Mu^[n^o o _sp[ço _ ]onstruin^o

]on]_pçõ_s

Maria Letícia Ribeiro dos Santos

C@DERNO 2

Coodernação

Prof. Tizuko Mor]hi^[ Kishimoto

Coleção

Contextos Integrados

de Educação Infantil

2

MUDANDO O ESPAÇO E CONSTRUÍNDO CONCEPÇÕES

Maria Letícia Ribeiro dos Santos

Um dos propósitos mais importantes da prática

educativa e da investigação em educação é a melhoria da

aprendizagem. Mas por detrás do domínio da aprendizagem

existe o mistério do ensino. Compreendê-lo, desmascarar os

mistérios da sua prática, tem construído um desafio persistente

e formidável para aqueles que procuram melhorar a sua

qualidade, bem como a da aprendizagem.

Hargreaves (1998, p.159)

O desenvolvimento profissional, o enfrentamento de conflitos

pedagógicos, o desafio de transformação e a construção da prática reflexiva se

contrapõem à pedagogia transmissiva em um processo de reconstrução que

reconhece a necessidade de mudança, dialoga com as teorias, culturas,

concepções, pesquisadores, professores, famílias e crianças.

Um processo que se inicia em Instituição Pública de Educação Infantil

tendo como suporte teórico a pedagogia da transmissão. Uma prática centrada

na cultura da reprodução, que tem no professor o detentor do saber e

transmissor do conhecimento. Considera a criança como uma folha em branco

a ser preenchida pelas experiências e valores da sociedade, um ser em

espera, desprovido de autoria e de direitos.

O espaço da sala de aula é organizado com mesas, cadeiras, lousa e

acima desta o abecedário. Os materiais e jogos guardados em armários, fora

do alcance da criança, utilizados com autorização da professora em momento

específico da rotina e a ênfase dada às atividades gráficas configuram a prática

preparatória para o ingresso no ensino formal. Malaguzzi (1999) faz essa

reflexão se reportando a escola para as crianças pequenas no modelo que nos

foi imposto.

3

Se a escola para crianças pequenas precisa ser preparatória e

oferecer continuidade com a escola elementar, entre nós, como

educadores, já somos prisioneiros de um modelo que termina

como um funil... Sua finalidade é estreitar o que é grande e

torná-lo pequeno. Esse mecanismo de estrangulamento é

contra a natureza. Se você o colocar de cabeça para baixo, ele

não tem qualquer finalidade.

Basta dizer que a escola para crianças pequenas precisa

responder a elas deve ser um rodeio gigantesco, onde

aprendem a cavalgar com cem cavalos, reais ou imaginários.

Como se aproximar de um cavalo, como o acariciar e como

permanecer próximo a ele são todos aspectos de uma arte que

pode ser aprendida. Se existem regras, as crianças podem

aprendê-las. Se elas caírem, poderão montar novamente. Se

habilidades especiais são necessárias, elas observarão seus

contemporâneos mais habilitados com atenção e chegarão até

mesmo a discutir o problema e pedir emprestada a experiência

dos adultos.

Malaguzzi (1999; p.101)

A prática centrada nesses princípios não mais satisfaz, começa a

inquietar e para responder as indagações, clarificar as idéias e conflitos, surge

a necessidade de enveredar por novos caminhos para a reconstrução do fazer

pedagógico que libertem professora e criança do mecanicismo.

A desconstrução dessa pedagogia configura uma reflexão que envolve

contextos sócio-histórico-culturais para a ruptura da ação reprodutiva dando

novo sentido ao fazer pedagógico e cria um projeto próprio com valores,

princípios e concepções que evoluem do campo da experiência pessoal,

adquirida no processo pedagógico, se fundamenta nas teorias e no plano de

ação participativo e autônomo que desenvolve em parceria com outros

agentes.

Da concepção de criança como receptora e reprodutora de

conhecimento, passamos a compreendê-la como sujeito que aprende na ação

sobre os objetos e constrói suas próprias teorias de pensamento ao mesmo

tempo em que organiza seu mundo.

A escola começa a construir uma nova concepção do brincar. Com o

apoio dos gestores, as professoras investem na criação da brinquedoteca, um

4

ambiente planejado para a criança brincar livremente, explorar, realizar

escolhas, partilhar brincadeiras e interagir com o ambiente e com outras

crianças.

Vygotski (1988) salienta a importância do brinquedo e da brincadeira

como elementos imprescindíveis para a criação de um mundo imaginário onde

se realiza desejos não realizáveis. A imaginação surge da ação e é regulada

por regras. Afirma ainda que “as maiores aquisições de uma criança são

conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível

básico de ação real e moralidade.”

A implementação do espaço reuniu esforços dos profissionais da escola,

foi organizado em áreas que dão um novo significado a aprendizagem e

representa um avanço para a ação da criança e para o processo de ruptura

com a concepção inicial.

Enquanto na brinquedoteca a criança vive momentos significativos, a

sala de aula mantém a organização do espaço com a configuração da

concepção precedente, apesar de apresentar momentos de livre escolha em

jogos, brinquedos e manifestação expressiva através da pintura. O comando

das atividades continua sobre o domínio da professora que define o tipo e o

momento da realização.

Experimentamos incluir a brinquedoteca na rotina; utilizando uma vez

por semana por cada agrupamento e diariamente uma hora aula por dia. Na

segunda opção surgiram muitos conflitos tanto na ação das crianças, quanto na

impossibilidade do professor manter o controle da organização do espaço para

utilização do agrupamento subseqüente.

A impraticabilidade de incluir a brinquedoteca na rotina e a dificuldade de

manutenção da organização do espaço para atender a um número elevado de

crianças geram novas reflexões sobre os princípios teóricos discutidos no

“projeto estratégico de ação" que fundamenta a concepção do brincar na rotina

da escola.

5

CONSTRUINDO UMA NOVA ABORDAGEM

A necessidade de reorganização da brinquedoteca, de suporte teórico

para sua utilização e a iniciativa da coordenadora da escola nos aproxima de

um grupo de pesquisadoras da Faculdade de Educação da Universidade de

São Paulo sob a coordenação da Professora Tizuko Morchida Kishimoto que

apresenta uma proposta inovadora para o contexto da sala de aula, momentos

de reflexão sobre o brincar e aperfeiçoamento profissional que busca modificar

a prática pedagógica com orientações de pesquisadoras e mestrandas.

Os trabalhos e pesquisas desenvolvidos por Dewey, Bruner, Malaguzzi,

Vygotsky, Kishimoto, Oliveira Formosinho, Zeichner, Benet, Hohmann e

Weikart, guiou nossas escolhas.

As contribuições dos pensadores e pesquisadores discutidas nos

contextos de formação continuada projetam reflexões e trazem novos

elementos à prática centrada na criança e suas relações, no desenvolvimento,

na aprendizagem e na articulação das linguagens que se concretiza na ação,

impulsionando o pensamento reflexivo e investigativo.

Discutir diferentes teorias e observar as pesquisas e experiências

inovadoras que ocorrem dentro e fora do país foi importante como ponto de

referência para sustentar as concepções que construíamos, expectativas,

princípios teóricos, processos, acertos e erros, conservação e mudança e a

transformação da realidade com relação a organização do espaço, o olhar e a

escuta sensível da criança.

O trabalho em equipe traz novos olhares e concepções que

fundamentam a organização do espaço em áreas potencializadoras de

aprendizagem e garantem a sustentabilidade desse espaço mostrando um

novo caminho para atender as necessidades da criança. Fullan e Hargreaves

(2000) ao refletirem sobre a mudança educacional afirmam que

Uma mudança profunda envolve ampliar a concepção do

professor, de modo que cada um traga cada vez mais recursos

para a sala de aula, em conseqüência de estar cotidianamente

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conectado a uma rede mais ampla de deliberações

profissionais. Fullan e Hargreaves (2000, p.28)

Nas discussões a escola analisa e após refletir, decide vivenciar a

experiência de um projeto piloto envolvendo três classes dos primeiros

estágios, com crianças de quatro anos, tendo como suporte teórico princípios

da Abordagem High Scope, criada por Weikart, em 1962.

Uma abordagem centrada no sócio-construtivismo, cuja premissa básica

é a aprendizagem pela ação e o desenvolvimento da autonomia. Tem como

princípios curriculares a aprendizagem ativa, interação adulto-criança, contexto

de aprendizagem, rotina diária e avaliação.

A criança é o centro da ação e a atividade infantil constitui o eixo central

da ação educativa. A ação da criança é apoiada pelos adultos que reconhecem

e encorajam intenções, reflexões, resolução de problemas, criatividade e a

ação autônoma nas experiências, adquirindo coragem e segurança para

explorar novas situações, materiais e relações, conforme menciona Weikart

(2003):

Na abordagem que a High Scope propõe para a educação no início

da infância os adultos e as criança partilham o controlo.

Reconhecemos que o poder para aprender reside na criança, o que

justifica o foco nas práticas de aprendizagem através da acção.

Quando aceitamos que a aprendizagem vem de dentro, atingimos

um balanço crítico na educação das crianças. O papel do adulto é

apoiar e guiar as crianças através das aventuras e das experiências

que integram a aprendizagem pela acção. Weikart (2003, P. 01)

A preocupação com a perda de significado da prática nos impulsionou a

mudança e direcionou para a participação no projeto piloto pela possibilidade

de viver uma nova experiência pedagógica e de transformar a sala de aula em

um espaço de vida, rico em significado, experiências e descobertas e

representar um momento considerável de desenvolvimento profissional.

Nesse processo, não cogitamos a implantação direta da abordagem,

usamos alguns princípios como norteador da ação de transformação e

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reconstrução do fazer pedagógico que teve grande influência na organização

do espaço, uma proposta diferente do que propõe o modelo High Scope.

As discussões nos momentos de formação, as reuniões com a equipe da

Universidade de São Paulo, a visita as instituições que desenvolvem práticas

inovadoras para a educação infantil foram importantes para a reconstrução do

espaço da sala de aula.

A reorganização do espaço da sala de aula em áreas que potencializam

aprendizagem representa uma revolução. O espaço deixa de ser estático e

passa a ser acolhedor, estimulante e educativo. Um ambiente de

aprendizagem, que encoraja e atende a necessidade, potencialidade e

interesse da criança. Inclui uma grande variedade de materiais organizado de

forma acessível para que a criança possa explorar, brincar, realizar escolhas,

tomar decisões e solucionar situações problemas.

A sala de aula passa a ter uma configuração com áreas de

aprendizagem, organizadas com materiais existentes na escola, doados,

adaptados e ou construídos com material reciclável. Assegura a visualização e

exploração livre dos materiais e objetos e a movimentação entre as áreas,

reconhecendo a capacidade da criança como participante ativo, realizando

atividades individualmente, em pequeno e em grande grupo. Permite aos

adultos apoiar, observar e interagir com a criança.

A reorganização do espaço foi mudando com a inclusão de materiais

que dispúnhamos e com as novas concepções que íamos elaborando.

O mobiliário foi mantido em respeito a cultura da escola e a concepção

das professoras envolvidas no projeto.

As áreas de aprendizagem introduzidas são acessíveis e possui

dimensões que possibilita encorajar a ação, o sentido de segurança e controle

pelas crianças e estão assim distribuídas: área de construção, área de

brinquedos, área da casa, área de artes, área de fantasia, área de leitura e

escrita.

Os materiais, objetos e jogos antes guardados em armários ocupam um

novo espaço, são organizados em armários baixos, sem chave para serem

utilizados livremente pela criança que participam da manutenção e arrumação

do espaço e materiais.

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O tempo de arrumação é um momento de aprendizagem. Possibilita a

criança desenvolver o senso de responsabilidade, a concentrar-se nas

características dos objetos, a agrupá-los por semelhanças e a incorporar a

arrumação como uma das etapas da ação desenvolvida.

O relacionamento com a família é importante para a valorização das

experiências familiares e do processo que envolve as crianças e suas relações.

A escola deve apoiar-se nas experiências vividas no seio da

família e crescer gradualmente para fora da vida familiar: deve

partir das actividades que a criança vivencia em casa e

continuá-las... É tarefa da escola aprofundar e alargar os

valores da criança, previamente desenvolvidos no contexto da

família.

Dewey, 1897 (apud Hohmann, Weikart, 2003, p. 99).

A criança chega à escola acompanhada de familiares que ali

permanecem pelo tempo necessário para sentir-se seguros, diminuir a

ansiedade e propiciar a transição da casa para a escola com tranqüilidade e

para que se desenvolva em um ambiente que apóia as experiências e inclua a

família. Caracteriza-se pela partilha, autenticidade, respeito e

comprometimento. Estimular os pais a permanecer na escola, observar e

participar nas áreas de aprendizagem explorando-as junto com as crianças e

possibilitar a ampliação dos momentos de diálogo com a família é ampliar e

valorizar as experiências de vida.

As crianças aprendem a valorizar as suas experiências familiares e as

dos outros quando os professores constroem relações fortes com os pais e

incorporam os materiais e as actividades da vida familiar no contexto pré-

escolar, (Hohmann eWeikart, 2003).

O clima de confiança construído a partir dessas relações abre um canal

de participação da família como parceira e as oportunidades diárias de contato

são utilizadas para estabelecer diálogos, encorajando-a a envolver-se no

processo de aprendizagem da criança e juntar-se a educadora e crianças nas

visitas de estudo, passeios e reuniões.

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Nas brincadeiras a criança reflete as situações da vida familiar e a

valorização de diferentes estilos e tradições familiares que se incorpora aos

contextos educativos da abordagem.

ANALISAREI ALGUNS EPISÓDIOS DENTRO DE ALGUMAS ÁREAS

E O QUANTO O ESPAÇO COM ESSA CONFIGURAÇÃO POTENCIALIZA A

APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS.

A ÁREA DE CONSTRUÇÃO organizada com carrinhos e caixas de

papelão de vários tamanhos, encapadas com a colaboração das mães,

transformou-se em um espaço de experimentos, carregando-as, alinhando-as,

sobrepondo-as, formando pilhas fazem teste de equilíbrio, constroem túneis,

pistas e garagens. É a área que demanda um espaço amplo para a construção

de diversas estruturas.

Neste espaço ocorrem brincadeiras individuais, em duplas e em grupo

onde as crianças agem autonomamente experimentando. Em alguns

momentos os elementos dessa área são movimentados para outras como

estratégias para incorporar outros elementos.

Apesar da durabilidade do material ser questionável, as crianças os

transformam em objeto de pesquisa, exploração e experimentação, testam

várias hipóteses, constroem novas estruturas que são utilizadas em diversas

situações de aprendizagem.

A experiência nessa área serviu de apoio posteriormente na solução de

situação problema na construção de uma bruxa com caixas de papelão.

Um grupo de crianças está selecionando caixas. Victor está a observar,

analisar e comparar as caixas. Pergunto: O que há?

Ele diz: - “Essas não dá para usar”.

- Por quê?

- “Por causa que a bruxa vai ficar com um pé alto e o outro baixo”.

- O que vocês precisam fazer? – “Ir na Dorli e pedir mais caixas”.

Trouxeram outras caixas e ele espontaneamente começou a sobrepô-

las. Pergunto: O que está fazendo?

- “Veja esse lado, tá sobrando”.

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Continua seu experimento até encontrar caixas com tamanhos

semelhantes, processa o raciocínio e conclui a atividade.

O conceito de competência criado pelo professor Robert White, utilizado

por Bruner aplica-se ao processo vivido por Victor:

De acordo com Webster, competência significa aptidão ou

habilitação, e os sinônimos sugeridos incluem capacitação,

capacidade, eficiência, proficiência e técnica. É pois, uma

palavra adequada para descrever coisas como estudar e

explorar, engatinhar ou andar, atenção e percepção, todas elas

estabelecendo uma interação efetiva – e competente, com o

meio ambiente. É certo que a maturação participa de todos

esses desenvolvimentos, participação essa eclipsada, no

entanto, pela aprendizagem de habilidades mais complexas,

como fala e manipulação. Sustento ser necessário dar à

competência um conceito motivacional; há motivação de

competência tanto como competência no sentido mais familiar

de capacidade obtida. O comportamento que induz a ações

eficientes de pegar, manusear e largar objetos, por exemplo,

não é um comportamento aleatório decorrente de um fluxo

excessivo de energia: é dirigido, seletivo e persistente, e se

mantém não porque sirva a impulsos primários, o que só pode

fazer quando quase perfeito, mas por satisfazer a necessidade

intrínseca de lidar com o ambiente.

Bruner, (1976, p. 116 – 117)

As construções que as crianças livremente realizam ao brincar com as

caixas contém conexões complexas de pensamento e oferece a possibilidade

de aproximação com a linguagem matemática de forma lógica comparando

construindo conceitos de grandeza, medida, reconhecer atributos dos objetos,

diferenças e semelhanças, e propriedade do objeto e transformação.

As situações problemas surgem como resultado da ação da criança

sobre os objetos e têm sua resolução através das conexões mentais

elaboradas no transcorrer da experiência.

A construção de noções matemáticas só é significativa

quando passa pela experiência da criança. As situações de

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brincadeiras potencializam a construção de significados e

noções, como dentro e fora, grande e pequeno, em noções

como entrar e sair de caixas. As dimensões podem ser

compreendidas com medições feitas com o corpo, membros

(pés, braços, mãos, dedos) ou com objetos, como pedaços de

madeira.

Kishimoto (2005, p. 64)

O trabalho desenvolvido em áreas de aprendizagem, diverge da

pedagogia da transmissão no que tange a fragmentação dos objetos de

conhecimento. Não há momento específico para se trabalhar as linguagens,

ciências e artes. Os campos de conhecimento surgem sem caráter

espontaneísta contextualizados na ação da criança, nos episódios do cotidiano

e nas relações que estabelecem com o meio ambiente e ao se integrarem nas

experiências apresentam uma forma natural de aprendizagem.

A ÁREA DA CASA é a que mais seduz meninos e meninas quebrando

paradigmas de gênero. O movimento é permanente nas ações individuais e de

cooperação.

Os utensílios, instrumentos de cozinha iguais ao utilizado nas

residências, materiais de casa, livros de receita, objetos e bonecas foram

doados pelos professores envolvidos e pelos gestores.

Alimentos verdadeiros são utilizados quando contextualizado em

projetos.

A cama, fogão e armário, fruto da ação de duas professoras envolvidas

no projeto piloto foram construídos com caixas de papelão e representa a

quebra de mais um paradigma por acreditarmos no início do projeto que a

precariedade do material comprometeria a qualidade da aprendizagem e

interações e significaria pobreza de conexões, construções e representações.

A mesa e cadeira fazem parte do mobiliário da sala de aula e são aproveitados

nessa área.

As situações vivenciadas e ou observadas em outros contextos fora da

escola, trazem para o ambiente a imitação de atividades cotidianas dentro de

uma casa e a criança assume a multiplicidade de papéis colocando em

evidência o jogo de faz de conta.

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Ser pai, mãe, filho, amigo, cachorro e ou dono, alimentando-os como se

fosse membro da família e ou brincando com boneca vai além das relações

afetivas e de cooperação; compõe o universo imaginário e se concretiza no

saber fazer.

Caracterizar-se e representar acontecimentos que vivencia ou situações

comentadas por terceiros como ir ao médico, viajar para a praia, fazer

compras, visitar parente e amigos, representa um dos mecanismos utilizados

pela criança para recordar situações anteriores e vivê-las no presente, pensar

em lugares e tempos para além do momento atual e exercitar a capacidade de

representar o mundo.

Algumas meninas estão a brincar com bonecas. Uma delas pega uma

boneca que está nua e ao ser questionada sobre os riscos no corpo da boneca,

responde: - “Ela foi atrepelada” (atropelada) e mostra o caminhão. Resolve

levá-la ao médico.

Ao ouvir o diálogo e interações que estabelecem perguntamos se

alguém gostaria de ser a médica. Uma menina assume o papel e junto com

outras crianças organizam o consultório médico. Todas as “mães” resolveram

levar os “filhos” para serem consultados. A falta de equipamento para o

atendimento é resolvido pela capacidade que a criança tem de transformação

da realidade para atingir os objetivos nos planos que elabora e assim,

transforma objetos e materiais em estetoscópio, seringa, espátula e

medicamentos. A médica examina os bebês, ouve as mães, prescreve

medicação e encaminha para a enfermaria onde o enfermeiro aplica injeção.

No brinquedo os objetos perdem sua força determinadora. A

criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação

àquilo que ela vê.

A ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu

comportamento não somente pela percepção imediata dos

objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também

pelo significado da situação.

No brinquedo, o pensamento está separado dos objetos e a

ação surge das idéias e não das coisas: um pedaço de madeira

torna-se um boneco e um cabo de vassoura torna-se cavalo. A

ação regida por regras começa a ser determinada pelas idéias

e não pelos objetos. Isso representa uma tamanha inversão da

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relação da criança com a situação concreta, real e imediata,

que é difícil de subestimar seu significado.

Para a criança, o objeto é dominante na razão

objeto/significado e o significado subordina-se a ele.

No brinquedo, espontaneamente, a criança usa sua capacidade

de separar significado do objeto sem saber o que está fazendo,

da mesma forma que ela não sabe estar falando em prosa e,

no entanto, fala sem prestar atenção às palavras. Dessa forma,

através do brinquedo, a criança atinge uma definição funcional

de conceitos ou de objetos, e as palavras passam a se tornar

parte de algo concreto.

Vygotsky (1998, p. 110, 111, 112, 113)

Enquanto o jogo de faz de conta se desenvolve no atendimento médico,

algumas crianças se dirigem à área de escrita e pegam papel e caneta para

atender a necessidade imediata de prescrever medicação e elaborar a receita

médica.

A proximidade das áreas facilita a movimentação e possibilita a seleção

de materiais para atender necessidades emergentes que surgem nas ações

que realizam, brincadeiras e jogos.

O imaginário traz para a brincadeira dados do cotidiano como ir ao

médico, tomar remédio vacina e injeção, dentada de cachorro, é o que retrata a

fala das crianças nos diálogos que estabelecem entre si:

- “A Joaninha tava com febre, a médica deu injeção e eu coloquei ela pra

dormir e di mamadeira”.

- “A médica mandou dar injeção e remédio porque ela tava com dor de

barriga. Eu dei pra ela e ela sarou.”

- “O bebê tomou uma dentada de cachorro e levei ao médico”.

- “ Minha filha estava doente, mexeu no ferro e se queimou”.

- “O bebê tinha bronquite e tomou vacina”.

- “Minha filha tava doente com febre. A médica mandou tomar remédio.

Eu dei remédio e ficou boa”.

A capacitação especificamente humana para a linguagem

habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na

solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a

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planejar uma solução para um problema antes de sua

execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e

palavras constituem primeiro e acima de tudo, um meio de

contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e

comunicativas da linguagem tornam-se, então, a base de uma

forma nova e superior de atividade nas crianças, distinguindo-

as dos animais.

... Às vezes a fala expressa os desejos da criança; outras

vezes, ela adquire o papel de substituo para o ato real de

atingir o objetivo.

Vygotsky (1998, p. 32)

A proximidade das áreas e o exercício da autonomia amplia a ação e

envolve as crianças em novas experiências.

Motivado intrinsecamente, o “enfermeiro” observa algumas crianças que

estão trabalhando com representação gráfica em uma área próxima e diz:

“Chega! Vou escrever.”

Estamos a observá-lo e pergunto: O que você está fazendo?

- “Estou escrevendo as injeções do posto.” E elabora com detalhes um

quadro controle das injeções.

Como o brincar de faz de conta pode contribuir para o

letramento? As pedagogias (Freinet, High Scope, na Itália, no

norte da Europa, no Japão, entre outras), que possibilitam à

criança escolher áreas para brincar ou para desenvolver

projetos, facilitam a compreensão dos códigos escritos e seus

significados (letramento). Carregadas de intencionalidade, de

envolvimento, com um fluxo, uma energia, criam um clima

propício para o conhecimento d mundo. O brincar de fazer

livros, bilhetes, cartas, tabuletas ou cartazes, fazer entrevistas

e organizar portifólios ou jornais ~so formas de letramento e de

escrita infantil...

Na área de faz-de-conta da casa há nas estantes produtos de

limpeza ou alimentícios, com rótulos conhecidos pelas

crianças, para que, brincando tenham um ambiente com

letramento...

As crianças que desenvolvem projetos de seu interesse gostam

de identificá-los. É nesse momento que se compreende que os

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códigos da escrita são atos de significação (letramento). A

comunicação e a socialização de situações significativas são

naturais em contextos em que se respeita a criança. O saber-

dizer depende do saber-fazer e o saber-escrever, do saber

interiorizado. Quando gesticulam, desenham, falam ou

escrevem o que vivenciaram, as crianças expressam

significados enativos, icônicos e simbólicos. É esse o processo

que leva ao letramento. As formas de representação do mundo,

de Bruner, auxiliam a compreensão do processo de letramento

da criança.

Kishimoto (2005, p. 63 – 67)

Um dos aspectos divergentes da concepção que estamos construindo

em relação a anterior está na oportunidade que o espaço oferece para a

criança trabalhar as diversas linguagens sem determinante de tempo ou

momento predefinido pela professora. A riqueza está na criança e nos

instrumentos que o ambiente oferece para reorganizar e reconstruir suas

experiências.

Em várias situações torna-se difícil estarmos juntos com as crianças

apoiando suas ações, é preciso fazer escolhas. São trinta e seis crianças e na

maior parte do tempo estou sozinha. O espaço organizado em áreas oferece

também a possibilidade de atender e observar uma criança ou um grupo de

crianças enquanto as demais estão trabalhando livremente nas áreas.

O processo e experiências vividos pelas crianças fascinam, e, como

afirma Dewey (1959) a educação consiste em experiências vividas

inteligentemente. É, portanto o resultado das experiências.

No nosso processo em particular, quando no início do projeto, ao

dialogar com a Professora Manoela, pergunto: Será que elas aprendem dessa

forma? A resposta a essa questão vivo em minúcias, em todos os momentos e

nos surpreende o envolvimento das crianças, a organização do pensamento, a

iniciativa, a autonomia e a segurança ao viver suas experiências. Essa vida que

brota da boneca riscada que nos foi doada e ofereceu suporte para a

experiência que relato nesta área, nos impulsiona a apoiar as experiências e

descobertas das crianças, a oferecer suporte para as experiências imediatas e

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a manter um espaço que possibilita construções, representações e

reorganização de experiências e pensamento.

As crianças estão a cada dia mais criativas, autônomas, competentes,

pesquisadoras, falantes, amigas e aprendizes experientes transformando

experiências em atos de significação.

Essa opinião não é exclusivamente minha, está na fala da família:

- “... as crianças estão se desenvolvendo muito bem vejo isso pela Ariely

ela era uma criança muito desinteressada não tinha ânimo para vir a escola...

ela não é mais aquela menina desinteressada todos os dias ela chega animada

contando tudo o que aconteceu na sala. Fala o que aprendeu. Todos os dias

quer ir a escola. Li todo o fichário (portifólio) e achei muito interessante as

coisas que você escreveu nele.”

- “Eu achei muito interessante este trabalho devido a ótima imaginação,

criatividade e desempenho das crianças. Uma pessoa que lê e que vê todos

estes trabalhos não fala que foram feitos por crianças do primeiro estágio com

idade de quatro anos ou menos. Tudo isso é muito curioso e no mesmo tempo

interessante pelo fato de que muitas crianças desta idade não possuem toda

essa capacidade”.

As crianças são competentes para avaliar e narrar experiências

significativas:

-“ Gostei de fazer a bruxa de caixa, a filha da bruxa de papelão, de fazer

teatro com fantoche, da festa junina, de brincar com os brinquedos montando

uma fazenda quando a gente ia na brinquedoteca da USP (Universidade de

São Paulo), no museu vê o esqueleto do dinossauro, fazer lição de desenhar,

pintar e escrever, fazer o caminho dos dinossauros, a explosão, o fim dos

dinossauros”.

- “Eu gosto de brincar com caixas, montando casa, garagem de carro. Tem

muito brinquedo. Gosto de tinta. Passeei a pé, achei bonito os bebês da

creche”.

Escutar e falar com a criança e com a família é oferecer-lhes a

oportunidade de comunicar seu pensamento, avaliar e revelar percepções,

idéias, conclusões, entender e reorganizar experiências e interpretar a

realidade.

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A linguagem não apenas transmite, ela cria ou constitui conhecimento ou

“realidade”, (Bruner, 1997).

A ÁREA DE LEITURA E DE ESCRITA fica localizada em uma área mais

tranqüila, com tapete, estante e uma variedade de livros de pano, livros de

história com e sem texto, contos, revista em quadrinho e revistas. A

organização dos livros na estante é realizada para que o livre fique ao alcance

e facilite a escolha da criança.

Uma mesa com cadeiras ajuda a compor o ambiente para ser utilizada

na experimentação livre da escrita ou para leitura se a criança assim o desejar.

As crianças exploram, lêem livros mesmo que não o faça

convencionalmente, ouvem histórias, re-contam, criam e escrevem suas

próprias histórias experimentando livremente a escrita. Lêem sozinhas ou para

colegas.

Algumas meninas levam as bonecas para esta área e lêem histórias

como se estivessem lendo para suas filhas ou alunas. Outras se reúnem com

colegas para ler e ou contar histórias.

Pouco se sabe sobre a forma de ajudar uma criança a dominar

sua atenção, e mantê-la através de uma sequência prolongada;

mas. embora se mostrem as crianças mais novas

especialmente estáveis, sabemos, que, ao contar histórias, é

possível mantê-las enlevadas e atentas.

Bruner (1976; p. 116)

- “As histórias são para ler nos livros, contar, desenhar e pintar pra

mostrar pra todo mundo”. O fascínio pelas histórias está retratado nesta fala e

impregnada pelas ações que ocorrem na nossa rotina.

A narrativa ressalta a importância da articulação das diversas

linguagens nas produções realizadas pela criança que com base nas

experiências, reelaboram situações da vida cotidiana, desempenham papéis,

combinam e criam novas realidades.

Algumas crianças estão reunidas discutindo sobre os encaminhamentos

e necessidades para dramatizarem uma história.

18

Uma menina vem ao meu encontro dizendo: - “(...) precisa de uma bota

e roupas. A gente vai fazer o teatro da Chapeuzinho Vermelho e ela vai ser a

vovó”. Pergunto: - “Onde vão encontrar essas coisas? - ”Na brinquedoteca”.

Pegam o que precisam e dizem que vão se apresentar lá embaixo (pavimento

inferior). Imaginei que a apresentação seria no pátio coberto, lá havia uma casa

que poderia compor o cenário. Disse-lhes que podiam descer, se organizar e

que depois desceríamos.

O quiosque localizado na área externa possui um espaço que funciona

como palco. É lá que vamos encontrá-las apresentando-se para crianças de

outros estágios que participam de atividades na área externa.

ECOAR DE VOZES DA CRIANÇA

A Abordagem High Scope apresenta uma imagem de criança ativa e

comunicadora. A linguagem emerge das experiências pessoais significativas,

ações que querem partilhar com pessoas que escutam e estimulam e se

desenvolve em ambientes onde possa se expressar e encontre pessoas

atentas a ela, envolvendo-se em diálogo e contribuindo para a compreensão da

linguagem e letramento – um processo em construção que se inicia no

nascimento.

As áreas de aprendizagem oferecem objetos motivadores que

encorajam a criança a relatar suas atividades e experiências a outras crianças

e adultos.

Segundo Kishimoto (2007) no âmbito da educação infantil, a narrativa

está presente na conversação, no contar e recontar histórias, na expressão

gestual e plástica, nas brincadeiras e nas ações que resultam da integração de

várias linguagens.

A linguagem não apenas transmite, ela cria ou constitui conhecimento ou

“realidade”, (Bruner, 1997). As crianças são competentes para avaliar e narrar experiências

significativas:

- “Eu gosto de tudo. É legal brincar, andar na rua para pegar material,

passear, fazer compra, pintar com tinta, desenhar, escrever nomes dos bichos”,

19

-“ Gostei de fazer a bruxa de caixa, a filha da bruxa de papelão, de fazer

teatro com fantoche, da festa junina, de brincar com os brinquedos montando

uma fazenda quando a gente ia na brinquedoteca da USP (Universidade de

São Paulo), no museu vê o esqueleto do dinossauro, fazer lição de desenhar,

pintar e escrever, fazer o caminho dos dinossauros, a explosão, o fim dos

dinossauros”.

- “Gosto de pintar com tinta, desenhar, fazer escultura de caixa e a bruxa

de argila”.

- “Gosto de fazer obra de arte com argila”.

- “É bom ir na brinquedoteca da USP, brincar, por fantasia de Branca de

Neve, vê pintura no museu, ir no Parque da Água Branca vê os peixes”.

- “Na escola tudo é lindo tudo é lindo! Eu gosto de desenhar, brincar de

esconde-esconde, cantar, música. Tem livro bonito. Gosto de brincar na

casinha e no parque”.

- “A sala é bonita. Gosto de brincar de médico, de fazer desenho.

Aprendi a escrever meu nome...”.

- “A sala é cheia de brinquedo, boneca, cama, fogão, panela, colher,

copo e prato. Eu gosto mais de brincar na casinha, de desenho, escrever o

nome, pintar com tinta”.

- “Eu gosto de brincar com caixas, montando casa, garagem de carro.

Tem muito brinquedo. Gosto de tinta. Passeei a pé, achei bonito os bebês da

creche”.

- “A sala é legal porque tem muito brinquedo, fogão, geladeira. Brinco de

cozinha, de boneca. Gosto de fazer desenho e brincar de médica. A bruxa tava

no livro – Bruxa venha a minha festa... Eu fiz a pintura da bruxa. A minha tia fez

um quadro e ta lá na sala da minha casa...”.

- “É legal brincar na sala, arrumar as peças dos carrinhos. Pegar pedras

no chão para fazer o caminho dos dinossauros”.

- “A sala é bonita com os brinquedos, arrumada, limpa. Eu brincava,

fazia lição, desenho, teatro. Gosto de brincar de casinha e de ser médica”.

- “Brincar de boneca de casinha, contar história, fazer lição, desenho,

escrever o nome e os nomes dos bichinhos”.

20

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Projeto Piloto teve a duração de dois anos. Foi um tempo de ajuste

constante de idéias e concepções que incluía a criança, a família, a escola e

pesquisadores. Éramos nós reconstruindo concepções e recontando nossa

história.

Em Malaguzzi (1999) “Existe sempre em progresso uma difícil

negociação pela sobrevivência”. O término do projeto foi marcado pela

mudança na gestão da escola e pelo grupo de professores terem uma cultura

diferente da concepção abordada.

Aprendi com os teóricos, pesquisadores, professores, famílias, junto e

com as crianças.

Descobri na prática, na relação e inter-relações que as crianças

estabelecem um universo rico, que encaminha a novas ações, conduz a novas

experiências, um processo imensurável de construção, reconstrução,

transformação e interação.

O desfio de reconstruir a prática exige um movimento constante de

ação/reflexão/ação, estudo, registro, aproximação e distanciamento,

embrenhar-se em sonhos, desejos, diálogo entre sonho e realidade, medo,

conflitos e o delineamento da prática nas experiências da criança que dão vida

ao fazer pedagógico.

Das inquietações, conflitos, medos, conquistas fica a certeza de que é

possível realizar uma prática criativa e reflexiva, centrada na criança e suas

relações, no movimento dinâmico que a ação faz surgir e ressignificar a prática.

Como se sustentou o meu trabalho após o término do projeto?

A criança é por essência um ser ativo, criativo, pesquisador,

experimentador e autônomo. É essa a criança que quero na minha prática.

Quero vê-la atuando com suas experiências cotidianas de vida, seu

pensamento, sua fala, sua liberdade de escolha, vivendo experiências,

construindo e reinventando hipóteses continuamente.

Persisto nas concepções que construí e resisto com a organização da

sala de aula em áreas potencializadoras de aprendizagem.

A validação dessa prática é dada pela criança no desenvolvimento de

estratégias, de pensamento e ao transformar seu modo de pensar, ao tomar

21

esse conhecimento em outras situações de aprendizagem e pela família que

acompanha o processo de aprendizagem das crianças como parceiras do

processo.

Relatarei um fragmento de um processo desencadeado a partir do conto

de fadas, Branca de Neve e os sete anões, no primeiro semestre de 2008 para

ilustrar como se encontra minha prática.

Tenho como prática construir com as crianças um plano de ação

contendo as atividades que gostariam de realizar a partir da história.

Surgiu como proposta fazer uma torta de maçã. Convidei as mães que

tinha disponibilidade de tempo para passar uma manhã conosco e participar do

evento culinário. As crianças se agruparam assumindo a responsabilidade por

cada etapa. Contei com a participação de duas mães. A avaliação da Patrícia

mãe da Bruna apresenta uma concepção de educação que valoriza as

experiências das crianças.

Uma das formas de ensinar, é fazer com que a própria criança

desenvolva suas habilidades, cada uma tem o seu tempo.

E as atividades escolares fazem com que isto aconteça.

É muito produtivo fazer com que as crianças façam as atividades e não

encontrem pronta.

Na minha opinião deveriam acontecer estes eventos com participação

dos pais mais vezes.

Gostei muito de ver aquelas crianças fazendo um bolo. Cada uma teve

sua participação.

Educar é extrair do presente o grau e a espécie de

crescimento que este encerra em si. É função constante.

Dewey ( 1959, p. 175)

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