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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 1

Luís Alves

CÓDIGO DOS

CONTRATOS PÚBLICOS

COM ANOTAÇÕES

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CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS

Notas: “Nota do autor” – Comentário de Luís Alves (responsável pelo Curso) “Nota jurisprudencial” – referência a acto de tribunais. “Nota legal” – Remissão para acto legislativo ou regulamentar. Abreviaturas: CC – Código Civil CPA – Código do Procedimento Administrativo. CPTA – Código de Processo nos Tribunais Administrativos. CCP – Código dos Contratos Públicos. DL – Decreto-Lei NA – Nota do Autor. NJ – Nota Jurisprudencial. NL – Nota Legal. RPDR – Regulamento de Publicação no Diário da República. RJUE – Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação. TC – Tribunal de Contas Sítios consultados: http://curia.europa.eu/ www.dgsi.pt

Título: Código dos Contratos Públicos Com Anotações. Autor: Luís Alves. 1.ª Edição: 2 de Novembro de 2010. Publicação: On line. Local: Lisboa.

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CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS

ÍNDICE PARTE I -Âmbito de aplicação TÍTULO I - Disposições gerais Artigo 1.º - Âmbito Artigo 2.º - Entidades adjudicantes Artigo 3.º - Contraentes públicos Artigo 4.º - Contratos excluídos Artigo 5.º - Contratação excluída Artigo 6.º - Restrição do âmbito de aplicação TÍTULO II - Sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 7.º - Entidades adjudicantes nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 8.º - Contraentes públicos nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 9.º - Actividades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 10.º - Actividades excepcionadas nos sectores da água, da energia e dos transportes Artigo 11.º - Âmbito da contratação nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 12.º - Extensão do âmbito da contratação nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 13.º - Restrição do âmbito da contratação nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 14.º - Empresa associada Artigo 15.º - Comunicações à Comissão Europeia PARTE II - Contratação pública TÍTULO I - Tipos e escolha de procedimentos CAPÍTULO I - Tipos de procedimentos Artigo 16.º - Procedimentos para a formação de contratos CAPÍTULO II - Escolha do procedimento e valor do contrato Artigo 17.º - Noção Artigo 18.º - Escolha do procedimento Artigo 19.º - Escolha do procedimento de formação de contratos de empreitada de obras públicas Artigo 20.º - Escolha do procedimento de formação de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços Artigo 21.º - Escolha do procedimento de formação de outros contratos Artigo 22.º - Divisão em lotes CAPÍTULO III - Escolha do procedimento em função de critérios materiais Artigo 23.º - Regra geral Artigo 24.º - Escolha do ajuste directo para a formação de quaisquer contratos Artigo 25.º - Escolha do ajuste directo para a formação de contratos de empreitada de obras públicas Artigo 26.º - Escolha do ajuste directo para a formação de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis Artigo 27.º - Escolha do ajuste directo para a formação de contratos de aquisição de serviços Artigo 28.º - Escolha de concurso sem publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia Artigo 29.º - Escolha do procedimento de negociação Artigo 30.º - Escolha do diálogo concorrencial CAPÍTULO IV - Outras regras de escolha do procedimento

Artigo 31.º - Escolha do procedimento em função do tipo de contrato Artigo 32.º - Escolha do procedimento para a formação de contratos mistos Artigo 33.º - Escolha do procedimento em função da entidade adjudicante TÍTULO II - Fase de formação do contrato CAPÍTULO I - Anúncios pré-procedimentais Artigo 34.º - Anúncio de pré-informação Artigo 35.º - Anúncio periódico indicativo CAPÍTULO II - Início do procedimento Artigo 36.º - Decisão de contratar e decisão de autorização da despesa Artigo 37.º - Decisão de contratar nas parcerias públicas-privadas Artigo 38.º - Decisão de escolha do procedimento Artigo 39.º - Agrupamento de entidades adjudicantes CAPÍTULO III - Peças do procedimento Artigo 40.º - Tipos de peças Artigo 41.º - Programa do procedimento Artigo 42.º - Caderno de encargos Artigo 43.º - Elementos da solução da obra Artigo 44.º - Cadernos de encargos relativos a contratos de concessão Artigo 45.º - Caderno de encargos das parcerias públicas-privadas Artigo 46.º - Formulários de caderno de encargos Artigo 47.º - Preço base Artigo 48.º - Fundamentação do prazo de vigência Artigo 49.º - Especificações técnicas Artigo 50.º - Esclarecimentos e rectificação das peças do procedimento Artigo 51.º - Prevalência CAPÍTULO IV - Regras de participação Artigo 52.º - Candidatos Artigo 53.º - Concorrentes Artigo 54.º - Agrupamentos Artigo 55.º - Impedimentos CAPÍTULO V - Proposta Artigo 56.º - Noção de proposta Artigo 57.º - Documentos da proposta Artigo 58.º - Idioma dos documentos da proposta Artigo 59.º - Propostas variantes Artigo 60.º - Indicação do preço Artigo 61.º - Erros e omissões do caderno de encargos Artigo 62.º - Modo de apresentação das propostas Artigo 63.º - Fixação do prazo para a apresentação das propostas Artigo 64.º - Prorrogação do prazo fixado para a apresentação das propostas Artigo 65.º - Prazo da obrigação de manutenção das propostas Artigo 66.º - Classificação de documentos da proposta CAPÍTULO VI - Júri do procedimento Artigo 67.º - Júri Artigo 68.º - Funcionamento Artigo 69.º - Competência do júri CAPÍTULO VII - Análise das propostas e adjudicação Artigo 70.º - Análise das propostas Artigo 71.º - Preço anormalmente baixo Artigo 72.º - Esclarecimentos sobre as propostas Artigo 73.º - Noção de adjudicação Artigo 74.º - Critério de adjudicação Artigo 75.º - Factores e subfactores

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Artigo 76.º - Dever de adjudicação Artigo 77.º - Notificação da decisão de adjudicação Artigo 78.º - Anúncio da adjudicação Artigo 79.º - Causas de não adjudicação Artigo 80.º - Revogação da decisão de contratar CAPÍTULO VIII - Habilitação Artigo 81.º - Documentos de habilitação Artigo 82.º - Idioma dos documentos de habilitação Artigo 83.º - Modo de apresentação dos documentos de habilitação Artigo 83.º-A - Força probatória dos documentos de habilitação Artigo 84.º - Apresentação dos documentos de habilitação por agrupamentos Artigo 85.º - Notificação da apresentação dos documentos de habilitação Artigo 86.º - Não apresentação dos documentos de habilitação Artigo 87.º - Falsidade de documentos e declarações CAPÍTULO IX - Caução Artigo 88.º - Função da caução Artigo 89.º - Valor da caução Artigo 90.º - Modo de prestação da caução Artigo 91.º - Não prestação da caução CAPÍTULO X - Confirmação de compromissos Artigo 92.º - Prorrogação do prazo para a confirmação de compromissos Artigo 93.º - Não confirmação de compromissos CAPÍTULO XI - Celebração do contrato Artigo 94.º - Redução do contrato a escrito Artigo 95.º - Inexigibilidade e dispensa de redução do contrato a escrito Artigo 96.º - Conteúdo do contrato Artigo 97.º - Preço contratual Artigo 98.º - Aprovação da minuta do contrato Artigo 99.º - Ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar Artigo 100.º - Notificação da minuta do contrato Artigo 101.º - Aceitação da minuta do contrato Artigo 102.º - Reclamação da minuta do contrato Artigo 103.º - Notificação dos ajustamentos ao contrato Artigo 104.º - Outorga do contrato Artigo 105.º - Não outorga do contrato Artigo 106.º - Representação na outorga do contrato CAPÍTULO XII - Relatórios Artigo 107.º - Informações sobre o procedimento Artigo 108.º - Relatório de contratação CAPÍTULO XIII - Delegação de competências Artigo 109.º - Norma de habilitação Artigo 110.º - Delegação de competências nos órgãos dos institutos públicos Artigo 111.º - Delegação das competências do Conselho de Ministros ou do Conselho do Governo Regional TÍTULO III - Tramitação procedimental CAPÍTULO I - Ajuste directo SECÇÃO I - Disposições comuns Artigo 112.º - Noção de ajuste directo Artigo 113.º - Escolha das entidades convidadas SECÇÃO II - Regime geral Artigo 114.º - Número de entidades convidadas Artigo 115.º - Convite Artigo 116.º - Esclarecimentos e rectificação das peças do procedimento Artigo 117.º - Agrupamentos Artigo 118.º - Negociações Artigo 119.º - Representação dos concorrentes nas sessões de negociação Artigo 120.º - Formalidades a observar

Artigo 121.º - Versões finais das propostas Artigo 122.º - Relatório preliminar Artigo 123.º - Audiência prévia Artigo 124.º - Relatório final Artigo 125.º - Adjudicação no caso de apresentação de uma única proposta Artigo 126.º - Apresentação de documentos de habilitação Artigo 127.º - Publicitação e eficácia do contrato SECÇÃO III - Regime simplificado Artigo 128.º - Tramitação Artigo 129.º - Prazo e preços CAPÍTULO II - Concurso público SECÇÃO I - Anúncio e peças do concurso Artigo 130.º - Anúncio Artigo 131.º - Anúncio no Jornal Oficial da União Europeia Artigo 132.º - Programa do concurso Artigo 133.º - Consulta e fornecimento das peças do procedimento Artigo 134.º - Devolução do preço pago pela disponibilização das peças do concurso SECÇÃO II - Apresentação das propostas Artigo 135.º - Prazo mínimo para a apresentação das propostas em concursos públicos sem publicidade internacional Artigo 136.º - Prazos mínimos para a apresentação das propostas em concursos públicos com publicidade internacional Artigo 137.º - Retirada da proposta Artigo 138.º - Lista dos concorrentes e consulta das propostas apresentadas SECÇÃO III - Avaliação das propostas Artigo 139.º - Modelo de avaliação das propostas SECÇÃO IV - Leilão electrónico Artigo 140.º - Âmbito Artigo 141.º - Indicações relativas ao leilão electrónico Artigo 142.º - Convite Artigo 143.º - Regras do leilão electrónico Artigo 144.º - Confidencialidade Artigo 145.º - Modos de encerramento do leilão electrónico SECÇÃO V - Preparação da adjudicação Artigo 146.º - Relatório preliminar Artigo 147.º - Audiência prévia Artigo 148.º - Relatório final SECÇÃO VI - Fase de negociação das propostas Artigo 149.º - Âmbito Artigo 150.º - Indicações relativas à fase de negociação Artigo 151.º - Remissão Artigo 152.º - Segundo relatório preliminar Artigo 153.º - Audiência prévia Artigo 154.º - Segundo relatório final SECÇÃO VII - Concurso público urgente Artigo 155.º - Âmbito e pressupostos Artigo 156.º - Tramitação Artigo 157.º - Anúncio Artigo 158.º - Prazo mínimo para a apresentação das propostas Artigo 159.º - Prazo da obrigação de manutenção das propostas Artigo 160.º - Adjudicação Artigo 161.º - Prazo para a apresentação dos documentos de habilitação CAPÍTULO III - Concurso limitado por prévia qualificação SECÇÃO I - Disposições gerais Artigo 162.º - Regime Artigo 163.º - Fases do procedimento Artigo 164.º - Programa do concurso

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Artigo 165.º - Requisitos mínimos Artigo 166.º - Esclarecimentos e rectificação das peças do concurso SECÇÃO II - Fase da apresentação das candidaturas e da qualificação dos candidatos Artigo 167.º - Anúncio Artigo 168.º - Documentos da candidatura Artigo 169.º - Idioma dos documentos da candidatura Artigo 170.º - Modo de apresentação das candidaturas Artigo 171.º - Apresentação das candidaturas por agrupamentos Artigo 172.º - Fixação do prazo para a apresentação das candidaturas Artigo 173.º - Prazo mínimo para a apresentação das candidaturas em concursos limitados por prévia qualificação sem publicidade internacional Artigo 174.º - Prazos mínimos para a apresentação das candidaturas em concursos limitados por prévia qualificação com publicidade internacional Artigo 175.º - Prorrogação do prazo fixado para a apresentação das candidaturas Artigo 176.º - Retirada da candidatura Artigo 177.º - Lista dos candidatos e consulta das candidaturas apresentadas Artigo 178.º - Análise das candidaturas Artigo 179.º - Modelo simples de qualificação Artigo 180.º - Revogação, invalidade, ineficácia ou extinção da declaração bancária Artigo 181.º - Modelo complexo de qualificação: Sistema de selecção Artigo 182.º - Preenchimento dos requisitos mínimos por agrupamentos candidatos Artigo 183.º - Esclarecimentos sobre os documentos destinados à qualificação dos candidatos Artigo 184.º - Relatório preliminar da fase de qualificação Artigo 185.º - Audiência prévia Artigo 186.º - Relatório final da fase de qualificação Artigo 187.º - Dever de qualificação Artigo 188.º - Notificação da decisão de qualificação SECÇÃO III - Fase da apresentação e análise das propostas e da adjudicação Artigo 189.º - Convite Artigo 190.º - Prazo mínimo para a apresentação das propostas em concursos limitados por prévia qualificação sem publicidade internacional Artigo 191.º - Prazos mínimos para a apresentação das propostas em concursos limitados por prévia qualificação com publicidade internacional Artigo 192.º - Acordo sobre a fixação do prazo para a apresentação das propostas CAPÍTULO IV - Procedimento de negociação SECÇÃO I - Disposições gerais Artigo 193.º - Regime Artigo 194.º - Fases do procedimento Artigo 195.º - Inadmissibilidade de leilão electrónico Artigo 196.º - Programa do procedimento de negociação SECÇÃO II - Fase da apresentação das candidaturas e da qualificação dos candidatos Artigo 197.º - Anúncios Artigo 198.º - Prazos mínimos para a apresentação das candidaturas SECÇÃO III - Fase da apresentação e análise das versões iniciais das propostas Artigo 199.º - Convite Artigo 200.º - Remissão SECÇÃO IV - Fase da negociação das propostas Artigo 201.º - Início da negociação

Artigo 202.º - Negociação e apresentação das versões finais das propostas SECÇÃO V - Fase da análise das versões finais das propostas e da adjudicação Artigo 203.º - Remissão CAPÍTULO V - Diálogo concorrencial SECÇÃO I - Disposições gerais Artigo 204.º - Regime Artigo 205.º - Fases do procedimento Artigo 206.º - Programa do procedimento de diálogo concorrencial Artigo 207.º - Memória descritiva e caderno de encargos SECÇÃO II - Fase da apresentação das candidaturas e da qualificação dos candidatos Artigo 208.º - Anúncios SECÇÃO III - Fase da apresentação das soluções e de diálogo com os candidatos qualificados Artigo 209.º - Convite à apresentação das soluções Artigo 210.º - Apresentação de soluções Artigo 211.º - Idioma das soluções Artigo 212.º - Admissão e exclusão das soluções Artigo 213.º - Diálogo Artigo 214.º - Formalidades a observar Artigo 215.º - Relatório do diálogo Artigo 216.º - Notificação da conclusão do diálogo SECÇÃO IV - Fase da apresentação e análise das propostas e da adjudicação Artigo 217.º - Convite Artigo 218.º - Prazos mínimos para a apresentação das propostas em procedimento de diálogo concorrencial TÍTULO IV - Instrumentos procedimentais especiais CAPÍTULO I - Concurso de concepção Artigo 219.º - Âmbito Artigo 220.º - Modalidades do concurso de concepção Artigo 221.º - Início do concurso de concepção Artigo 222.º - Decisão de escolha da modalidade do concurso de concepção Artigo 223.º - Agrupamento de entidades adjudicantes Artigo 224.º - Anúncio do concurso de concepção Artigo 225.º - Anúncio no Jornal Oficial da União Europeia Artigo 226.º - Termos de referência Artigo 227.º - Júri do concurso de concepção Artigo 228.º - Anonimato Artigo 229.º - Apresentação dos trabalhos de concepção Artigo 230.º - Fixação dos prazos para a apresentação dos documentos Artigo 231.º - Regras do concurso público Artigo 232.º - Regras do concurso limitado por prévia qualificação Artigo 233.º - Decisão de selecção e prémios Artigo 234.º - Caducidade da decisão de selecção Artigo 235.º - Anúncio da decisão de selecção Artigo 236.º - Prevalência CAPÍTULO II - Sistemas de aquisição dinâmicos Artigo 237.º - Noção Artigo 238.º - Fases do sistema Artigo 239.º - Instituição do sistema Artigo 240.º - Peças do procedimento Artigo 241.º - Versões iniciais de proposta Artigo 242.º - Anúncio simplificado Artigo 243.º - Convite Artigo 244.º - Avaliação das propostas e adjudicação CAPÍTULO III - Sistemas de qualificação Artigo 245.º - Instituição de sistemas de qualificação Artigo 246.º - Regras dos sistemas de qualificação Artigo 247.º - Participação num sistema de qualificação

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Artigo 248.º - Actualização das regras e dos critérios de qualificação Artigo 249.º - Decisão de qualificação Artigo 250.º - Selecção dos interessados qualificados TÍTULO V - Acordos quadro CAPÍTULO I - Celebração de acordos quadro Artigo 251.º - Noção Artigo 252.º - Modalidades de acordos quadro Artigo 253.º - Procedimento de formação dos acordos quadro Artigo 254.º - Caução Artigo 255.º - Obrigação de celebração de contratos ao abrigo de acordo quadro Artigo 256.º - Prazo máximo de vigência dos acordos quadro CAPÍTULO II - Celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro Artigo 257.º - Regras gerais Artigo 258.º - Celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro cujos termos abranjam todos os seus aspectos submetidos à concorrência Artigo 259.º - Celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro cujos termos não abranjam todos os seus aspectos submetidos à concorrência TÍTULO VI - Centrais de compras CAPÍTULO I - Disposições gerais Artigo 260.º - Centrais de compras Artigo 261.º - Principais actividades das centrais de compras Artigo 262.º - Âmbito subjectivo das centrais de compras CAPÍTULO II - Acordos quadro celebrados por centrais de compras Artigo 263.º - Admissibilidade da celebração de acordos quadro por centrais de compras Artigo 264.º - Remissão Artigo 265.º - Procedimento de formação dos contratos públicos de aprovisionamento Artigo 266.º - Prazo máximo de vigência dos contratos públicos de aprovisionamento TÍTULO VII - Garantias administrativas Artigo 267.º - Direito aplicável Artigo 268.º - Natureza Artigo 269.º - Decisões impugnáveis Artigo 270.º - Prazo de impugnação Artigo 271.º - Apresentação da impugnação Artigo 272.º - Efeitos da impugnação Artigo 273.º - Audiência dos contra-interessados Artigo 274.º - Decisão TÍTULO VIII - Extensão do âmbito de aplicação Artigo 275.º - Contratos subsidiados Artigo 276.º - Contratos a celebrar por concessionários de obras públicas que não sejam entidades adjudicantes Artigo 277.º - Contratos a celebrar por entidades beneficiárias de direitos especiais ou exclusivos no exercício de actividades de serviço público Parte III - Regime substantivo dos contratos administrativos TÍTULO I - Contratos administrativos em geral CAPÍTULO I - Disposições gerais Artigo 278.º - Utilização do contrato administrativo Artigo 279.º - Contrato como fonte da relação jurídica administrativa Artigo 280.º - Direito aplicável Artigo 281.º - Proporcionalidade e conexão material das prestações contratuais

Artigo 282.º - Reposição do equilíbrio financeiro do contrato CAPÍTULO II - Invalidade do contrato Artigo 283.º - Invalidade consequente de actos procedimentais inválidos Artigo 284.º - Invalidade própria do contrato Artigo 285.º - Regime de invalidade CAPÍTULO III - Execução do contrato Artigo 286.º - Princípios fundamentais Artigo 287.º - Eficácia do contrato Artigo 288.º - Execução pessoal Artigo 289.º - Colaboração recíproca Artigo 290.º - Informação e sigilo Artigo 291.º - Protecção do co-contratante pelo contraente público Artigo 292.º - Adiantamentos de preço Artigo 293.º - Garantia suplementar dos adiantamentos Artigo 294.º - Substituição da caução Artigo 295.º - Liberação da caução Artigo 296.º - Execução da caução Artigo 297.º - Suspensão da execução Artigo 298.º - Recomeço da execução Artigo 299.º - Prazo de pagamento Artigo 299.º-A - Vencimento das obrigações pecuniárias Artigo 300.º - Revisão de preços Artigo 301.º - Prémios por cumprimento antecipado CAPÍTULO IV - Conformação da relação contratual Artigo 302.º - Poderes do contraente público Artigo 303.º - Princípios respeitantes aos poderes de direcção e de fiscalização Artigo 304.º - Direcção do modo de execução das prestações Artigo 305.º - Fiscalização do modo de execução do contrato Artigo 306.º - Fiscalização do modo de execução dos projectos de investigação e desenvolvimento Artigo 307.º - Natureza das declarações do contraente público Artigo 308.º - Formação dos actos administrativos do contraente público Artigo 309.º - Executividade dos actos administrativos do contraente público Artigo 310.º - Acordos endocontratuais CAPÍTULO V - Modificações objectivas do contrato Artigo 311.º - Modificação objectiva do contrato Artigo 312.º - Fundamentos Artigo 313.º - Limites Artigo 314.º - Consequências Artigo 315.º - Obrigação de transparência CAPÍTULO VI - Cessão da posição contratual e subcontratação Artigo 316.º - Âmbito Artigo 317.º - Limites à cessão e à subcontratação pelo co-contratante Artigo 318.º - Cessão e subcontratação pelo co-contratante autorizadas no contrato Artigo 319.º - Autorização à cessão e à subcontratação pelo co-contratante na fase de execução Artigo 320.º - Recusa de autorização à subcontratação Artigo 321.º - Responsabilidade do co-contratante Artigo 322.º - Direitos de step in e step out Artigo 323.º - Alterações societárias Artigo 324.º - Cessão da posição contratual pelo contraente público CAPÍTULO VII - Incumprimento do contrato Artigo 325.º - Incumprimento por facto imputável ao co-contratante Artigo 326.º - Atrasos nos pagamentos Artigo 327.º - Excepção de não cumprimento invocável pelo co-contratante Artigo 328.º - Direito de retenção

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Artigo 329.º - Aplicação das sanções contratuais CAPÍTULO VIII - Extinção do contrato em geral Artigo 330.º - Causas de extinção Artigo 331.º - Revogação Artigo 332.º - Resolução do contrato por iniciativa do co-contratante Artigo 333.º - Resolução sancionatória Artigo 334.º - Resolução por razões de interesse público Artigo 335.º - Outros fundamentos de resolução pelo contraente público CAPÍTULO IX - Regras especiais SECÇÃO I - Contratos sobre o exercício de poderes públicos Artigo 336.º - Negociabilidade da vigência dos vínculos contratuais Artigo 337.º - Causas específicas de caducidade SECÇÃO II - Contratos interadministrativos Artigo 338.º - Contratos entre contraentes públicos SECÇÃO III - Execução e modificação de parcerias públicas-privadas Artigo 339.º - Dever de informação Artigo 340.º - Fiscalização, acompanhamento e modificação de parcerias públicas-privadas Artigo 341.º - Partilha de benefícios Artigo 342.º - Acompanhamento de processos arbitrais TÍTULO II - Contratos administrativos em especial CAPÍTULO I - Empreitadas de obras públicas SECÇÃO I - Disposições gerais Artigo 343.º - Noção Artigo 344.º - Partes Artigo 345.º - Garantias administrativas do empreiteiro relativamente a eventos que devam ser formalizados em auto SECÇÃO II - Direitos e obrigações das partes Artigo 346.º - Manutenção da boa ordem no local dos trabalhos Artigo 347.º - Publicidade Artigo 348.º - Menções obrigatórias no local dos trabalhos Artigo 349.º - Meios destinados à execução da obra e dos trabalhos preparatórios ou acessórios Artigo 350.º - Trabalhos preparatórios ou acessórios Artigo 351.º - Expropriações, servidões e ocupação de prédios Artigo 352.º - Posse administrativa e constituição de servidões Artigo 353.º - Reforço da caução Artigo 354.º - Reposição do equilíbrio financeiro por agravamento dos custos na realização da obra SECÇÃO III - Consignação da obra Artigo 355.º - Regra geral Artigo 356.º - Dever de consignar Artigo 357.º - Plano final de consignação Artigo 358.º - Consignação total e parcial Artigo 359.º - Prazo e auto de consignação Artigo 360.º - Modificação das condições locais e suspensão do procedimento de consignação SECÇÃO IV - Execução dos trabalhos Artigo 361.º - Plano de trabalhos Artigo 362.º - Prazo de execução da obra e das prestações de concepção Artigo 363.º - Início dos trabalhos Artigo 364.º - Património cultural e restos humanos SECÇÃO V - Suspensão dos trabalhos Artigo 365.º - Suspensão pelo dono da obra Artigo 366.º - Suspensão pelo empreiteiro Artigo 367.º - Suspensão autorizada pelo dono da obra Artigo 368.º - Suspensão por período excessivo Artigo 369.º - Auto de suspensão SECÇÃO VI - Modificações objectivas Artigo 370.º - Trabalhos a mais

Artigo 371.º - Obrigação de execução de trabalhos a mais Artigo 372.º - Recusa da execução de trabalhos a mais Artigo 373.º - Preço e prazo de execução dos trabalhos a mais Artigo 374.º - Prorrogação do prazo de execução da obra Artigo 375.º - Formalização dos trabalhos a mais Artigo 376.º - Obrigação de execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões Artigo 377.º - Preço e prazo de execução dos trabalhos de suprimento de erros e omissões Artigo 378.º - Responsabilidade pelos erros e omissões Artigo 379.º - Trabalhos a menos Artigo 380.º - Inutilização de trabalhos já executados Artigo 381.º - Indemnização por supressão de trabalhos Artigo 382.º - Revisão ordinária de preços SECÇÃO VII - Subempreitadas Artigo 383.º - Limites às subempreitadas Artigo 384.º - Forma e conteúdo Artigo 385.º - Subempreitadas na fase de execução Artigo 386.º - Oposição e recusa de autorização à subempreitada SECÇÃO VIII - Medição e pagamento SUBSECÇÃO I - Medição Artigo 387.º - Objecto da medição Artigo 388.º - Procedimento e critérios da medição Artigo 389.º - Situação de trabalhos Artigo 390.º - Erros de medição Artigo 391.º - Situação provisória de trabalhos SUBSECÇÃO II - Pagamento Artigo 392.º - Liquidação e pagamento Artigo 393.º - Pagamento provisório SECÇÃO IX - Recepção provisória e definitiva Artigo 394.º - Vistoria Artigo 395.º - Auto de recepção provisória Artigo 396.º - Defeitos da obra Artigo 397.º - Garantia da obra Artigo 398.º - Recepção definitiva SECÇÃO X - Liquidação da empreitada e relatório final Artigo 399.º - Elaboração da conta Artigo 400.º - Elementos da conta Artigo 401.º - Notificação da conta final ao empreiteiro Artigo 402.º - Relatório final da obra SECÇÃO XI - Incumprimento do contrato Artigo 403.º - Atraso na execução da obra Artigo 404.º - Desvio do plano de trabalhos SECÇÃO XII - Extinção do contrato Artigo 405.º - Resolução pelo dono da obra Artigo 406.º - Resolução pelo empreiteiro CAPÍTULO II - Concessões de obras públicas e de serviços públicos SECÇÃO I - Disposições gerais Artigo 407.º - Noção Artigo 408.º - Aplicação subsidiária Artigo 409.º - Exercício de poderes e prerrogativas de autoridade Artigo 410.º - Prazo Artigo 411.º - Concessionário Artigo 412.º - Outras actividades Artigo 413.º - Partilha de riscos Artigo 414.º - Obrigações do concessionário Artigo 415.º - Direitos do concessionário Artigo 416.º - Viabilidade económico-financeira do projecto Artigo 417.º - Cedência de elementos ao concedente Artigo 418.º - Indicadores de acompanhamento e avaliação do desempenho do concessionário Artigo 419.º - Bens afectos à concessão Artigo 420.º - Direitos do concedente Artigo 421.º - Sequestro

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Artigo 422.º - Resgate Artigo 423.º - Resolução pelo concedente Artigo 424.º - Responsabilidade perante terceiros Artigo 425.º - Efeitos da extinção do contrato no termo previsto SECÇÃO II - Concessão de obras públicas Artigo 426.º - Remissão Artigo 427.º - Conservação e uso da obra e dos bens afectos à concessão Artigo 428.º - Zonas de exploração comercial SECÇÃO III - Concessão de serviços públicos Artigo 429.º - Princípios gerais Artigo 430.º - Contratos afins CAPÍTULO III - Locação de bens móveis Artigo 431.º - Noção Artigo 432.º - Remissão Artigo 433.º - Obrigações de reparação e manutenção Artigo 434.º - Indemnização por mora do contraente público nos pagamentos Artigo 435.º - Cedência do gozo e sublocação do bem locado Artigo 436.º - Resolução pelo contraente público CAPÍTULO IV - Aquisição de bens móveis Artigo 437.º - Noção Artigo 438.º - Remissão Artigo 439.º - Objecto Artigo 440.º - Prazo Artigo 441.º - Conformidade dos bens a entregar Artigo 442.º - Acompanhamento do fabrico Artigo 443.º - Entrega dos bens Artigo 444.º - Obrigações do fornecedor em relação aos bens entregues Artigo 445.º - Encargos gerais Artigo 446.º - Continuidade de fabrico Artigo 447.º - Direitos de propriedade intelectual Artigo 448.º - Resolução pelo contraente público Artigo 449.º - Resolução pelo fornecedor CAPÍTULO V - Aquisição de serviços

Artigo 450.º - Noção Artigo 451.º - Remissão Artigo 452.º - Instalações e equipamentos Artigo 453.º - Obrigações de serviço público Artigo 454.º - Serviços a mais PARTE IV - Regime contra-ordenacional Artigo 455.º - Restrição do âmbito de aplicação Artigo 456.º - Contra-ordenações muito graves Artigo 457.º - Contra-ordenações graves Artigo 458.º - Contra-ordenações simples Artigo 459.º - Tentativa e negligência Artigo 460.º - Sanção acessória Artigo 461.º - Competência para o processo de contra-ordenação Artigo 462.º - Cobrança das coimas Artigo 463.º - Publicidade da sanção acessória Artigo 464.º - Responsabilidade criminal PARTE V - Disposições finais Artigo 465.º - Obrigação de comunicação Artigo 466.º - Observatório das obras públicas Artigo 467.º - Notificações Artigo 468.º - Comunicações Artigo 469.º - Data da notificação e da comunicação Artigo 470.º - Contagem dos prazos na fase de formação dos contratos Artigo 471.º - Contagem dos prazos na fase de execução dos contratos Artigo 472.º - Obrigações estatísticas ANEXO I ANEXO II ANEXO III ANEXO IV ANEXO V ANEXO VI

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Texto legal:

Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro

(rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 18-A/2008, de 28/03, alterado pela Lei n.º 59/2008, de 11/09, Decreto-Lei n.º 223/2009, de 11/09, Decreto-Lei n.º 278/2009, de 02/10, que o republicou, pela Lei n.º 3/2010, de 27/04 e pelo Decreto-Lei n.º

131/2010, de 14/12) SUMÁRIO Aprova o Código dos Contratos Públicos (CCP), que estabelece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo. 1 - O presente decreto-lei aprova o Código dos Contratos Públicos (CCP), que estabelece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo. Trata-se do primeiro diploma com um tal duplo objecto no ordenamento jurídico português, assumindo-se, por isso, como um importante marco histórico na evolução do direito administrativo nacional e, em especial, no domínio da actividade contratual da Administração. Para além do objectivo de alinhamento com as mais recentes directivas comunitárias, a cuja transposição aqui se procede, o CCP procede ainda a uma nova sistematização e a uma uniformização de regimes substantivos dos contratos administrativos atomizados até agora. Em primeiro lugar, o CCP procede à transposição das Directivas n.os 2004/17/CE e 2004/18/CE, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, alteradas pela Directiva n.º 2005/51/CE, da Comissão, de 7 de Setembro, e rectificadas pela Directiva n.º 2005/75/CE, do Parlamento Europeu e da Comissão, de 16 de Novembro. A propósito do cumprimento desta obrigação comunitária, o CCP cria um conjunto homogéneo de normas relativas aos procedimentos pré-contratuais públicos, pelo que o seu conteúdo vai além da mera reprodução das regras constantes das referidas directivas. Na verdade, o CCP envolve não só a transposição e concretização dessas regras, na medida em que o legislador comunitário reservou para o legislador nacional, em vários domínios, uma margem de livre decisão (que importa exercer, nuns casos, em sintonia com a melhor tradição portuguesa e, noutros casos, rompendo com práticas do passado que se não justificavam ou careciam de ajustamentos), mas também a regulação de todos os procedimentos que não se encontram abrangidos pelos âmbitos objectivo e subjectivo das directivas, mas que não deixam, por isso, de revestir a natureza de procedimentos pré-contratuais públicos - pelo que devem beneficiar de um tratamento legislativo integrado. Em segundo lugar, o CCP desenha também uma linha de continuidade relativamente aos principais regimes jurídicos actualmente em vigor (em especial, os Decretos-Leis n.os 59/99, de 2 de Março, 197/99, de 8 de Junho, e 223/2001, de 9 de Agosto, que têm constituído a matriz da contratação pública portuguesa nos últimos anos), de forma a garantir segurança e estabilidade jurídica aos operadores económicos. Simultaneamente, o CCP representa um esforço de modernização, visível, aliás, a três níveis fundamentais: (i) no plano da investigação e desenvolvimento, o CCP prescreve que relativamente a contratos de valor igual ou superior a (euro) 25 000 000 o adjudicatário é obrigado a elaborar um ou vários projectos de investigação e desenvolvimento directamente relacionados com as prestações que constituem o objecto desse contrato, a concretizar em território nacional, pelo próprio ou por terceiros, de valor correspondente, em regra, a pelo menos 1 % do preço contratual; (ii) no plano da permeabilidade à evolução tecnológica e às possibilidades oferecidas pelas vias electrónicas, o CCP adequa o regime da contratação pública às exigências da actualidade, maxime às impostas pelo e-procurement e pelas novas exigências decorrentes da Estratégia Nacional de Compras Públicas Ecológicas; (iii) no plano da própria evolução jurídica e sua articulação com áreas conexas, o CCP procura, entre outras coisas, ajustar o regime da contratação e da execução dos contratos por ele abrangidos às técnicas de financiamento hoje em dia correntes, sobretudo no domínio dos contratos de concessão, avultando, naturalmente, as de project finance, acquisition finance e asset finance. Em terceiro lugar, o CCP - enquanto instrumento de codificação da disciplina aplicável à contratação pública e do regime substantivo dos contratos administrativos, motivado pela necessidade de uniformização de regras dispersas, de regulamentação de vazios jurídicos, de simplificação procedimental e de modernização legislativa - prossegue o objectivo de introduzir um maior rigor e celeridade em matéria de contratação pública e de execução de contratos administrativos, tendo em conta a relevância da actividade administrativa contratualizada, bem como a indispensabilidade do controlo da despesa pública. 2 - No que diz respeito à disciplina aplicável à contratação pública, destaca-se o respectivo âmbito objectivo: a fase de formação dos contratos, qualquer que seja a sua designação e a sua natureza administrativa ou privada, a celebrar pelas entidades adjudicantes. A referida disciplina aplica-se, em especial, à formação de contratos cujo objecto abranja prestações que, designadamente em razão da sua natureza ou das suas características, bem como da posição relativa das partes no contrato ou do contexto da sua própria formação, estão ou sejam susceptíveis de estar submetidas à concorrência de mercado. Nesta cláusula geral cabem os contratos típicos regulados pelas directivas comunitárias, bem como os contratos de concessão de serviços e de sociedade, em relação aos quais o CCP autonomiza, designadamente, o regime substantivo. Acresce, ainda, a este propósito, uma opção que se reveste de especial importância: a inaplicabilidade das regras da contratação pública à fase de formação de contratos quando se verificarem os pressupostos de (i) a entidade adjudicante exercer sobre a actividade da entidade adjudicatária, isoladamente ou em conjunto com outras entidades adjudicantes, um controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços e de (ii) a entidade adjudicatária desenvolver o essencial da sua actividade em benefício de uma ou de várias entidades adjudicantes que exerçam sobre ela o referido controlo análogo (a comummente designada contratação in house). Relativamente ao âmbito subjectivo de aplicação das regras da contratação pública, a novidade fundamental diz respeito à rigorosa transposição da noção comunitária de «organismo de direito público» - introduzida de forma a acompanhar o entendimento que tem sido veiculado pela jurisprudência comunitária e portuguesa. Promove-se, pois, a sujeição das entidades instrumentais da Administração Pública às regras dos procedimentos pré-contratuais públicos. Concretamente, inclui-se no âmbito subjectivo de aplicação qualquer pessoa colectiva que, independentemente da sua natureza pública ou privada, tenha sido criada especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carácter industrial ou comercial, e que seja financiada maioritariamente pelas entidades adjudicantes do sector público administrativo tradicional ou esteja sujeita ao seu controlo de gestão ou tenha um órgão

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de administração, direcção ou fiscalização cujos membros sejam em mais de metade designados, directa ou indirectamente, por aquelas entidades. Acrescentando-se, a título explicativo, que são consideradas pessoas colectivas criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carácter industrial ou comercial, aquelas cuja actividade económica se não submeta à lógica do mercado e da livre concorrência. Em relação aos procedimentos pré-contratuais, o CCP procede a uma redução do seu número e da sua diversidade, uniformizando a nomenclatura e regras procedimentais aplicáveis. Concretamente, prevêem-se apenas os seguintes procedimentos: ajuste directo, negociação com publicação prévia de anúncio, concurso público, concurso limitado por prévia qualificação e diálogo concorrencial. Eliminam-se, desta forma, os procedimentos que se revelam menos consentâneos com a concorrência ou cujas diferenças em face dos demais não justificariam, apesar disso, a respectiva autonomização (nomeadamente o concurso limitado sem apresentação de candidaturas ou sem publicação de anúncio, a negociação sem publicação prévia de anúncio e a consulta prévia). Por outro lado, o CCP revê em alta os limites relativos ao valor do contrato em função do procedimento pré-contratual adoptado. Considera-se estratégico pôr fim à actual banalização dos procedimentos de tramitação mais pesada e complexa (designadamente o concurso público e o concurso limitado). Para efeitos da determinação do valor do contrato, consagra-se um sistema que impeça as actuais disfunções relacionadas com o método assente nas estimativas (que só excepcionalmente é permitido). Assim sendo, afirma-se a regra de que a escolha do procedimento condiciona o valor do contrato a celebrar - entendido este último como o valor máximo do benefício económico que, em função do procedimento adoptado, pode ser obtido pelo adjudicatário com a execução de todas as prestações que constituem o objecto contratual. Relativamente à escolha dos procedimentos em função de critérios materiais, o legislador nacional surge à partida condicionado pelas directivas comunitárias - pelo menos acima dos limiares por elas previstos e para os contratos a elas sujeitos - restando, por isso, uma reduzida margem de opção legislativa. Adicionalmente, foram criadas regras especiais para a escolha do procedimento em função do tipo de contrato a celebrar ou da respectiva entidade adjudicante. O presente Código introduz uma maior exigência ao nível da qualificação dos candidatos, em sede de concurso limitado e de procedimento de negociação, criando dois modelos de qualificação: (i) o modelo simples, que corresponde à verificação do preenchimento de requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira fixados no programa do procedimento; e (ii) o modelo complexo, que assenta num sistema de selecção de um número pré-definido de candidatos qualificados segundo o critério da maior capacidade técnica e financeira, através da utilização de um rigoroso modelo de avaliação das respectivas candidaturas. Ambos os modelos de qualificação garantem uma verdadeira e própria avaliação das capacidades técnica e financeira dos candidatos, implicando a emissão de um juízo valorativo sobre as mesmas - não se bastando apenas, como actualmente, com uma mera verificação documental. O CCP versa ainda, com inovação e rigor, sobre as regras essenciais atinentes à metodologia de avaliação das propostas. Trata-se, como é sabido, de uma vertente crucial no domínio da formação dos contratos públicos. Na verdade, os factores que densificam o critério de adjudicação constituem a pedra angular de qualquer programa de concurso, pelo que a sua enunciação e publicitação reveste-se de inegável importância, tanto para os concorrentes (que com base em tais factores delinearão, de uma forma ou de outra, a respectiva estratégia e apresentarão, de um modo ou de outro, os seus argumentos concursais) quanto para a entidade adjudicante (posto que é à luz desses factores que se há-de evidenciar a proposta economicamente mais vantajosa na óptica do interesse prosseguido). Do exposto resultam duas preocupações conexas a que o CCP procura dar resposta cabal: (i) por um lado, é imperioso garantir que a enunciação e publicitação dos factores e eventuais subfactores que densificam o critério de adjudicação, bem como dos respectivos coeficientes de ponderação, se faça em moldes conformes com os princípios da igualdade, da concorrência, da imparcialidade, da proporcionalidade, da transparência, da publicidade e da boa fé, parâmetros que reconhecidamente dominam as tramitações procedimentais pré-contratuais; (ii) por outro lado, é fundamental assegurar a observância daqueles mesmos princípios ao longo da fase de avaliação das propostas, assim como durante as diligências que a preparam ou que se lhe seguem. Nesta linha, a metodologia de avaliação deve, desde logo, constar do programa do procedimento, nomeadamente com a enumeração dos factores e subfactores que densificam o critério de adjudicação, acompanhados das respectivas ponderações, no sentido de garantir os apontados princípios gerais. Além disso, tanto para efeitos de admissão e exclusão de candidaturas e de propostas, quanto para efeitos da sua avaliação e classificação, confere-se especial importância aos respectivos aspectos que relevem dos âmbitos social e ambiental - de resto, no seguimento das orientações perfilhadas pelas directivas comunitárias que se transpõem. Ou seja, é desejável que os requisitos mínimos de qualificação dos candidatos, bem como os factores que densificam o critério de adjudicação e ainda os aspectos vinculados do caderno de encargos dos procedimentos reflictam, ponderem e valorizem preocupações sociais e ambientais relacionadas com o objecto do contrato a celebrar. Aliás, a já referida Estratégia Nacional de Acção de Compras Públicas Ecológicas estabelece igualmente metas e objectivos para a Administração, no que se refere à introdução de critérios ambientais no procedimento de aquisição de bens e serviços pelo Estado. Em relação às peças do procedimento, destaca-se a previsão expressa de que as cláusulas do caderno de encargos relativas aos aspectos da execução do contrato submetidos à concorrência podem fixar os respectivos parâmetros base a que as propostas estão vinculadas. Os parâmetros base - que podem respeitar ao preço a pagar pela entidade adjudicante, ao prazo de execução das prestações objecto do contrato ou às suas características técnicas ou funcionais - devem ser definidos através de limites mínimos ou máximos e funcionam como delimitadores da concorrência, determinando a exclusão das propostas cujas condições os ultrapassem. A este propósito merece especial destaque a figura do preço base, definido como o preço máximo que a entidade adjudicante se dispõe a pagar pela execução de todas as prestações que constituem o objecto do contrato a celebrar. O preço base corresponde (i) ao valor fixado no caderno de encargos como parâmetro base (ii) ao valor máximo do contrato a celebrar permitido pela escolha do procedimento (quando não é efectuada em função de critérios materiais), ou (iii) ao valor máximo até ao qual o órgão competente, por lei ou por delegação, pode autorizar a despesa inerente ao contrato a celebrar - consoante o que for mais baixo. O CCP prossegue o objectivo da simplificação da tramitação procedimental pré-contratual através da aposta nas novas tecnologias de informação. Introduz-se, a título principal, uma adequada participação procedimental através de meios electrónicos. É fundamental, num quadro em que o Governo pretende promover a desburocratização, que a contratação pública seja desmaterializada - o que obriga, entre outras coisas, à criação de um sistema alternativo ao clássico papel, fundando as

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comunicações em vias electrónicas. Desta forma, assegura-se ainda um importante encurtamento dos prazos procedimentais, tanto reais quanto legais. Por fim, o CCP acolhe a quase totalidade das mais recentes novidades introduzidas pelas directivas comunitárias em matéria de contratação pública, de entre as quais se destacam: o procedimento de diálogo concorrencial, os leilões electrónicos, os acordos quadro, as centrais de compras e os sistemas de aquisição dinâmicos. O procedimento de diálogo concorrencial pode ser adoptado quando o contrato a celebrar, qualquer que seja o seu objecto, seja particularmente complexo, impossibilitando a adopção do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação. Para este efeito, consideram-se particularmente complexos os contratos relativamente aos quais seja objectivamente impossível definir (i) a solução técnica mais adequada à satisfação das necessidades da entidade adjudicante com o contrato a celebrar (ii) os meios técnicos aptos a concretizar a solução já definida pela entidade adjudicante, ou (iii) a estrutura jurídica ou financeira inerentes ao contrato a celebrar. A adopção do procedimento de diálogo concorrencial destina-se, assim, a permitir à entidade adjudicante debater, com os potenciais interessados na execução do contrato a celebrar, os aspectos carecidos de definição. Destaca-se, a este propósito, que a impossibilidade objectiva de definir os referidos aspectos não pode, em qualquer caso, resultar da carência efectiva de apoios de ordem técnica, jurídica ou financeira de que a entidade adjudicante, usando da diligência devida, possa dispor. O leilão electrónico constitui uma fase facultativa a que entidade adjudicante pode recorrer nos procedimentos de concurso, quando esteja em causa a formação de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços. O leilão electrónico destina-se a permitir aos concorrentes melhorar, progressivamente, os atributos das suas propostas, relativos a aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos - desde que este fixe os parâmetros base desses aspectos e desde que tais atributos sejam definidos apenas quantitativamente e a sua avaliação seja efectuada através de uma expressão matemática. De acordo com os imperativos comunitários, no decurso do leilão electrónico, a entidade adjudicante não pode divulgar, directa ou indirectamente, a identidade dos concorrentes que nele participam. O CCP acolhe também a figura do acordo quadro a celebrar pelas entidades adjudicantes, isolada ou conjuntamente, com uma única entidade (quando se encontrem suficientemente especificados todos os aspectos da execução dos contratos a celebrar ao seu abrigo) ou com várias entidades (quando o acordo quadro tenha por objecto a aquisição futura de diferentes lotes ou quando os aspectos da execução dos contratos a celebrar ao seu abrigo não estejam todos contemplados ou não se encontrem suficientemente especificados). Acrescenta-se que, em qualquer caso, a celebração de um acordo quadro deve mostrar-se adequada aos fins a prosseguir pela entidade adjudicante, bem como ao tipo de obras, bens ou serviços em causa, sendo vedada a sua utilização nos casos em que impeça, restrinja ou falseie a concorrência. O CCP prevê ainda que as entidades adjudicantes possam criar centrais de compras, igualmente sujeitas às disposições do presente Código, destinadas a: (i) adjudicar propostas em sede de procedimentos pré-contratuais destinados à formação de contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços, a pedido e em representação das entidades adjudicantes; (ii) adquirir bens móveis ou serviços destinados a entidades adjudicantes, nomeadamente por forma a promover o agrupamento de encomendas de bens ou serviços; (iii) celebrar acordos quadro, também designados por contratos públicos de aprovisionamento, que permitam a posterior formação de contratos ao seu abrigo, por ajuste directo, por parte das entidades adjudicantes. O CCP recebe ainda a figura de origem comunitária designada por sistemas de aquisição dinâmicos. Tratam-se de sistemas totalmente electrónicos destinados a permitir às entidades adjudicantes a celebração de contratos de aquisição de bens ou de serviços de uso corrente, entendendo-se por tal aqueles bens e serviços cujas especificações técnicas são estandardizadas. Por fim, consagrou-se a possibilidade de a entidade adjudicante recorrer, nos procedimentos de formação de contratos de concessão de obras públicas ou de concessão de serviços públicos, a uma fase de negociações, após uma primeira avaliação das propostas. 3 - Quanto à matéria relativa ao regime substantivo dos contratos públicos, a primeira nota que importa realçar prende-se com a circunstância da parte iii do CCP apenas se aplicar aos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo, deixando-se, desta forma, à margem do mesmo instrumentos contratuais cuja fase de formação se encontra sujeita às regras estabelecidas na parte ii do CCP. Assinalada a inexistência de sobreposição de âmbitos objectivos de aplicação entre as partes ii e iii do CCP, importa ter presente a segunda opção de fundo relativamente à parte iii e que se relaciona com o facto de esta assentar numa estrutura bipartida. Assim, por um lado, integra a parte iii do Código um núcleo de normas comum a todos os contratos que revestem a natureza de contrato administrativo (revogando-se, deste modo, os artigos 178.º a 189.º do Código do Procedimento Administrativo) - título i da parte iii - e, por outro lado, nela é especialmente regulada a disciplina jurídica aplicável a certos tipos contratuais em particular - título ii da parte iii: empreitada de obras públicas, concessão de obras públicas e de serviços públicos, aquisição e locação de bens móveis e aquisição de serviços. O regime estabelecido na parte iii do Código reflecte ainda uma filosofia de reforço claro e deliberado da autonomia contratual das partes, denotando-se, neste contexto, uma predominância evidente de normas de carácter supletivo. Outra marca das grandes opções estruturais relativas à parte iii prende-se com a tendência desregulamentadora (visível, nomeadamente, no domínio das empreitadas de obras públicas) que acompanha, aliás, a óptica anteriormente realçada. No que concerne ao título i da parte iii do Código («Contratos administrativos em geral»), a primeira nota vai para a preocupação de preservação do quid specificum dos contratos administrativos, perceptível através dos seguintes aspectos: (i) recorrente apelo aos imperativos de interesse público (por exemplo, na modificação e resolução contratuais); (ii) manutenção de importantes poderes do contraente público durante a fase de execução do contrato administrativo; (iii) criação de figuras como a da partilha de benefícios; (iv) criação de regras especiais para as situações de incumprimento do contraente público; (v) introdução de normas que versam, directa ou indirectamente, a repartição de risco entre as partes contratantes. Numa lógica de maior rigor na gestão dos recursos públicos, a regulamentação do título i da parte iii imprime, igualmente, uma maior responsabilização de todos os intervenientes nas relações contratuais administrativas. Assim, foram criadas regras de incentivo à boa gestão de recursos financeiros públicos e privados (como as normas relativas aos adiantamentos de preço, à revisão de preços e à liberação da caução) e regras relativas à repartição de responsabilidade durante a fase de execução (destaca-se, quanto a este aspecto, o regime do incumprimento contratual, da cessão e da subcontratação). Por último, de entre as principais inovações do CCP, não pode deixar de se destacar a criação de regulamentação adequada de alguns aspectos das técnicas de project finance, acquisition finance e asset finance, que se cruzam com a actividade de contratação

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pública. Na verdade, esta técnica de obtenção de recursos financeiros para financiamento de projectos, recorrentemente utilizada na Europa e em Portugal (especialmente quando associada a parcerias públicas-privadas consubstanciadas em contratos de concessão) e sem a qual muitos avultados investimentos ao serviço do desenvolvimento do País não teriam sido possíveis, não encontrava qualquer reflexo ao nível da legislação ordinária, o que gerava um conflito entre as técnicas contratuais ditadas, sobretudo, pela prática do project finance e as regras legais relativas à contratação pública, de raiz essencialmente comunitária. O novo CCP veio, assim, pôr um termo à divisão entre a prática e a legislação no que respeita a alguns fenómenos generalizados com o project finance e combinou a necessária rigidez das normas destinadas à salvaguarda da concorrência garantida pela parte ii do Código com as recorrentes garantias exigidas pelas entidades financiadoras do projecto que, no sucesso deste vêem a fonte quase exclusiva de retribuição do investimento suportado. Destaca-se, portanto, a este respeito, o enquadramento legal atribuído aos direitos de step in e step out, a regulamentação das alterações societárias e o regime construído a propósito do exercício do direito de sequestro da concessão (este último já no título ii da parte iii do Código). 4 - A abrir o título ii da parte iii do Código («Contratos em especial») encontra-se o capítulo referente ao contrato de empreitada de obras públicas - que se mantém, naturalmente, como um contrato administrativo por determinação da lei - resultante de uma redução substancial do título iv («Execução da empreitada») do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março. Essa redução é fruto, em primeiro lugar, de se considerar como uma solução menos boa a disciplina minuciosa do contrato de empreitadas de obras públicas, como vem sendo tradicional entre nós há várias décadas. Essa disciplina minuciosa contribuiu para a cristalização de um regime que se deveria pretender dinâmico, transformou a lei em «contrato normativo» e, sobretudo, retirou aos sujeitos das relações contratuais um espaço de decisão que deveria ser deles por excelência. A redução operada resulta ainda, em segundo lugar, da ideia rectora do CCP, particularmente do objectivo de o construir sobre títulos e capítulos equilibrados e com uma estrutura tão homogénea quanto possível e, ainda, do objectivo de remeter para a respectiva parte geral (título i da parte iii) tudo o que se deva considerar próprio da teoria geral dos contratos públicos e não tanto exclusivo dos contratos de empreitada de obras públicas. Assim, regista-se desde já que uma parte importante do aludido título iv do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março, surge com uma nova sistematização no título i da parte iii do Código, sendo que muitas outras regras inscritas naquele diploma deixam de ter reflexo legal no Código, passando o respectivo conteúdo a depender da autonomia do dono do concurso - que as acolherá, ou não, no caderno de encargos - e, ainda que com todas as limitações de que a mesma consabidamente padece, da liberdade contratual das partes - que as inserirão, ou não, no clausulado contratual. Como principais linhas de força do capítulo das empreitadas de obras públicas, sublinham-se as seguintes: (i) abandono da tradicional tricotomia «empreitada por preço global, por série de preços ou por percentagem», sem prejuízo de a entidade adjudicante poder desenhar as empreitadas com qualquer desses figurinos; (ii) clarificação do mecanismo de representação das partes e reforço dos poderes do director de fiscalização da obra (antigo «fiscal da obra»); (iii) uniformização do regime de garantias administrativas do empreiteiro relativamente a eventos que devam ser formalizados em auto; (iv) previsão de um observatório das obras públicas, ainda que dependente de lei especial que o crie e discipline, através do qual se monitorizarão os aspectos mais relevantes da execução dos contratos de empreitadas de obras públicas; (v) consagração da regra de que incumbe ao dono da obra (e, no caso de empreitadas integradas em concessões, ao concedente, salvo estipulação em contrário) o procedimento administrativo de expropriação, constituição de servidões e ocupação de prédios necessários à execução dos trabalhos, ficando igualmente sob sua responsabilidade o pagamento das indemnizações devidas; (vi) previsão da regra segundo a qual as expropriações devem estar concluídas, na sua totalidade, antes da celebração do contrato, salvo quando o número de prédios a expropriar associado ao prazo de execução da obra tornem esta obrigação manifestamente desproporcionada; (vii) circunscrição dos casos em que se admite consignação parcial; (viii) racionalização, por via de limitações acrescidas por comparação com o que resultava do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março, do regime dos trabalhos a mais, que passam a depender de pressupostos mais apertados e deixam de incluir os trabalhos necessários ao suprimento de erros e omissões; (ix) redefinição do regime da responsabilidade por erros e omissões, que passa a assentar na regra de que o empreiteiro assume tal responsabilidade quando tenha a obrigação contratual ou pré-contratual de elaborar o programa ou o projecto de execução, excepto quando aqueles erros ou omissões sejam induzidos pelos elementos elaborados ou disponibilizados pelo dono da obra; (x) limitações acrescidas em matéria de subempreitadas; (xi) reformulação substancial do regime de garantia da obra, que passa a variar consoante se trate de defeitos relativos a elementos construtivos estruturais (10 anos), a elementos construtivos não estruturais ou a instalações técnicas (5 anos) ou a equipamentos afectos à obra mas dela autonomizáveis (2 anos); (xii) previsão de um relatório final da obra; (xiii) clarificação do regime de extinção do contrato pelo dono da obra e pelo empreiteiro. Naturalmente que a disciplina do contrato de empreitada de obras públicas beneficia ainda das linhas de força do regime substantivo geral dos contratos administrativos vertido no título i da parte iii do CCP. 5 - No que respeita ao regime substantivo dos contratos administrativos, realça-se ainda que o CCP contém, pela primeira vez em Portugal, uma disciplina geral sobre concessões de obras públicas e de serviços públicos, sendo que a maior parte das regras são comuns a estes dois tipos contratuais. Note-se ainda que as disposições gerais em matérias concessórias são subsidiariamente aplicáveis ao contrato de concessão de exploração de bens do domínio público. A regulamentação em causa inspira-se amplamente na prática contratual existente entre nós neste domínio, solidificada sobretudo desde o início dos anos 90 do século passado. Em geral, deixa de ser necessária lei de habilitação específica para cada concessão e o legislador preserva a autonomia das partes para a disciplina específica de cada relação concessória. Para além disso, a regulamentação aplicável às concessões é norteada, como se viu supra, pela preocupação de adequação às técnicas, hoje em dia comuns, de project finance, acquisition finance e asset finance. Quanto a aspectos a valer igualmente para as concessões de obras e para as de serviços públicos, realçam-se os seguintes: i) prevê-se que o prazo de vigência do contrato deve ser fixado em função do período de tempo necessário para amortização e remuneração; ii) o contrato deve implicar uma significativa e efectiva transferência do risco para o concessionário; iii) os direitos e as obrigações do concedente e do concessionário com base legal são clarificados; iv) estabelece-se que o contrato pode atribuir ao concessionário o direito a prestações económico-financeiras pelo concedente, mas apenas se as mesmas não ofenderem as regras comunitárias e nacionais de concorrência, forem essenciais à viabilidade económico-financeira da concessão e não eliminarem a efectiva e significativa transferência do risco da concessão para o concessionário; v) consagra-se um regime uniforme de sequestro, resgate e resolução pelo concedente. A regulação de aspectos específicos de um e de outro tipo contratual é relativamente reduzida, seja

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porque as disposições gerais consomem o essencial, seja porque o título i da parte iii é aplicável e dispensa, neste capítulo, disciplina mais exaustiva. 6 - No campo da aquisição e locação de bens e aquisição de serviços, o primeiro tópico a destacar prende-se com a inclusão dos contratos de aquisição de bens móveis, de locação de bens e de aquisição de serviços no rol dos contratos administrativos por determinação legal. Todos os contratos desse tipo celebrados por um contraente público passam a ser considerados contratos administrativos e a seguir o regime especial estabelecido neste capítulo e no título i da parte iii. Merece ainda menção o facto de a definição de aquisição de bens móveis incluir os contratos que envolvem a aquisição de bens que vão ser fabricados pelo contraente particular, que normalmente são tratados como contratos de aquisição/fornecimento, mas que, de acordo com a orientação tradicional, integrar-se-iam no conceito de empreitada (civil). Correspondem tais contratos aos «contratos de fabrico». Neste domínio, consagra-se um conjunto reduzido de normas injuntivas especiais aplicáveis à execução de contratos administrativos com este objecto, designadamente, normas relativas a (i) conformidade dos bens a fornecer; (ii) obrigações do fornecedor em relação aos bens entregues; (iii) resolução pelo contraente público, estabelecendo-se, aqui, um prazo especial de três meses de mora na entrega dos bens findo o qual o contraente público pode resolver o contrato. Consagra-se, por outro lado, um conjunto (mais alargado) de normas supletivas especiais aplicáveis à execução de contratos administrativos com este objecto, designadamente: (i) normas relativas ao acompanhamento do fabrico; (ii) local e condições de entrega de bens; (iii) encargos gerais do fornecedor, com licenças, taxas, impostos, prestação de cauções, etc.; (iv) continuidade de fabrico; (v) direitos de propriedade industrial; (vi) resolução pelo fornecedor, estabelecendo-se que esta não determina a repetição das prestações já realizadas. Por último, estende-se a aplicação a este contratos de aquisição de bens móveis o disposto na lei que disciplina os aspectos relativos à venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas, no que respeita à responsabilidade e obrigações do fornecedor e do produtor e aos direitos do consumidor. Quanto ao contrato de locação de bens móveis que revista natureza de contrato administrativo, estabelece-se um conjunto de normas injuntivas, especiais relativamente ao regime da locação estabelecido no Código Civil: (i) indemnização por mora do contraente público nos pagamentos; (ii) cedência do gozo e sublocação do bem locado; (iii) resolução pelo contraente público, estabelecendo-se, aqui, um prazo especial de três meses de mora no cumprimento de obrigações de manutenção ou reparação pelo locador, findo o qual o contraente público pode resolver o contrato. Prevê-se ainda, supletivamente, um conjunto de obrigações de reparação e manutenção que impendem sobre o locador privado. Por fim, a disciplina do contrato de aquisição de serviços assenta fundamentalmente numa remissão, com as necessárias adaptações, para o disposto em sede de contratos de aquisição de bens móveis. Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das Regiões Autónomas, a Associação Nacional de Municípios Portugueses, a Ordem dos Arquitectos, a Autoridade da Concorrência e as associações representativas do sector da construção. Foi promovida a audição da Associação Nacional de Freguesias e da Ordem dos Engenheiros. Assim: Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: CAPÍTULO I Disposições gerais Artigo 1.º Aprovação 1 - É aprovado o Código dos Contratos Públicos, que se publica em anexo ao presente decreto-lei e que dele faz parte integrante. 2 - O Código dos Contratos Públicos procede à transposição das Directivas n.os 2004/17/CE e 2004/18/CE, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, bem como da Directiva n.º 2005/51/CE, da Comissão, de 7 de Setembro, e ainda da Directiva n.º 2005/75/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Novembro. Artigo 2.º Publicitação da actualização dos limiares comunitários O Governo, por portaria dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças e das obras públicas, publicita os valores actualizados a que se referem: a) As alíneas a) e b) do artigo 16.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; b) As alíneas a), b) e c) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. NL A Portaria n.º 701-C/2008, de 29 de Julho, estabelece os limiares comunitários. Artigo 3.º Anúncios 1 - Os anúncios a publicar no Diário da República, nos termos previstos no Código dos Contratos Públicos, são enviados à Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A., através de meios electrónicos, conforme o formato e as modalidades de transmissão indicados no portal do Diário da República Electrónico. 2 - A publicação dos anúncios referidos no número anterior deve ser efectuada em tempo real, no caso dos concursos públicos urgentes e, nos demais casos, no prazo máximo de vinte e quatro horas.

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NL Despacho normativo n.º 35-A/2008, de 29 de Julho aprovou o Regulamento de Publicação no Diário da República (RPDR). NA Os anúncios relativos a procedimentos de formação de contratos públicos são publicados na parte L da 2.ª série do DR (cf. art. 6.º, n.º 1 do RPDR). Os actos publicados na parte L da 2.ª série do Diário da República distribuem-se pelos seguintes tipos: anúncio de concurso urgente, anúncio de procedimento, aviso de prorrogação de prazo e declaração de rectificação de anúncio (cf. art. 7.º, n.º 2 do RPDR). Artigo 4.º Portal dos contratos públicos e plataformas electrónicas utilizadas pelas entidades adjudicantes 1 - Por portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças, das obras públicas e da ciência e tecnologia, são aprovadas as regras de constituição, de funcionamento e de gestão de um portal único da Internet dedicado aos contratos públicos. 2 - A utilização de plataformas electrónicas pelas entidades adjudicantes para os efeitos previstos no Código dos Contratos Públicos deve obedecer a requisitos e condições a definir por portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças, das obras públicas e da ciência tecnologia. 3 - A portaria referida no número anterior define ainda as regras de funcionamento das plataformas electrónicas utilizadas pelas entidades adjudicantes, as obrigações a que as mesmas se encontram sujeitas, bem como as condições de interligação com o portal único da Internet referido no n.º 1 para os efeitos do disposto no artigo 465.º do Código dos Contratos Públicos. NL 1 - A Portaria n.º 701-F/2008, de 29 de Julho, regula o portal único da Internet dedicado aos contratos públicos. 2 - A Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho define os requisitos e condições a que deve obedecer a utilização de plataformas electrónicas pelas entidades adjudicantes, na fase de formação dos contratos públicos, e estabelece as regras de funcionamento daquelas plataformas. CAPÍTULO II Disposições complementares Artigo 5.º Alteração ao Decreto-Lei n.º 33/99, de 5 de Fevereiro Os artigos 1.º e 2.º do Decreto-Lei n.º 33/99, de 5 de Fevereiro, passam a ter a seguinte redacção: «Artigo 1.º Âmbito objectivo O presente decreto-lei estabelece a disciplina da contratação pública aplicável à formação dos contratos públicos abrangidos pelo disposto na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 296.º do Tratado da Comunidade Europeia. Artigo 2.º Âmbito subjectivo 1 - O presente decreto-lei aplica-se aos contratos referidos no artigo anterior celebrados pelo Ministério da Defesa Nacional ou pelas entidades do sector empresarial do Estado que prossigam atribuições do Ministério da Defesa Nacional. 2 - O presente decreto-lei aplica-se, ainda, aos contratos referidos no artigo anterior, relativos a aquisições destinadas à Guarda Nacional Republicana, nos termos definidos na Lei da Defesa Nacional e das Forças Armadas e no respectivo estatuto orgânico.» Artigo 6.º Alteração à Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho O artigo 45.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 219/2006, de 11 de Fevereiro, passa a ter a seguinte redacção: «Artigo 45.º Sanções acessórias 1 - Caso a gravidade da infracção e a culpa do infractor o justifiquem, a Autoridade da Concorrência determina a aplicação, em simultâneo com a coima, das seguintes sanções acessórias:

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a) Publicação no Diário da República e num jornal nacional de expansão nacional, regional ou local, consoante o mercado geográfico relevante em que a prática proibida produziu os seus efeitos, a expensas do infractor, da decisão de condenação proferida no âmbito de um processo instaurado ao abrigo da presente lei; b) Privação do direito de participar em procedimentos de formação de contratos cujo objecto abranja prestações típicas dos contratos de empreitada, de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos, de locação ou aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços ou ainda em procedimentos destinados à atribuição de licenças ou alvarás, desde que a prática que constitui contra-ordenação punível com coima se tenha verificado durante ou por causa do procedimento relevante. 2 - A sanção prevista na alínea b) do número anterior tem a duração máxima de dois anos, contados da decisão condenatória.» Artigo 7.º Alteração ao Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro Os artigos 24.º, 29.º e 37.º do Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, passam a ter a seguinte redacção: «Artigo 24.º Deveres no exercício da actividade 1 - ... 2 - ... a) (Revogada.) b) (Revogada.) c) (Revogada.) d) (Revogada.) e) (Revogada.) f) ... g) ... h) ... i) (Revogada.) j) ... 3 - ... 4 - ... Artigo 29.º Forma e conteúdo 1 - ... 2 - Incumbe sempre à empresa que recebe a obra de empreitada, ainda que venha a celebrar um contrato de subempreitada, assegurar e certificar-se do cumprimento do disposto no número anterior. 3 - Nos contratos de subempreitada, a obrigação prevista no número anterior incumbe à empresa que dá os trabalhos de subempreitada. 4 - A inobservância do disposto no n.º 1 do presente artigo determina a nulidade do contrato, não podendo esta ser invocada pela parte obrigada a assegurar e a certificar-se do seu cumprimento. 5 - As empresas são obrigadas a manter em arquivo os contratos celebrados em que são intervenientes pelo período de cinco anos a contar da data da conclusão das obras. Artigo 37.º Contra-ordenações 1 - ... 2 - ... a) ... b) ... c) ... d) ... e) ... f) ... g) As infracções previstas no artigo 456.º do Código dos Contratos Públicos, caso tenham sido praticadas no âmbito do procedimento de formação ou da execução de contrato cujo objecto abranja prestações típicas dos contratos de empreitada de obras públicas, incluindo aquelas realizadas ou a realizar no âmbito de concessões. 3 - ... a) (Revogada.) b) (Revogada.) c) (Revogada.) d) (Revogada.) e) (Revogada.) f) ... g) ... h) ...

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i) ... j) ... l) ... m) ... n) ... o) ... p) As infracções previstas no artigo 457.º do Código dos Contratos Públicos, caso tenham sido praticadas no âmbito do procedimento de formação ou da execução de contrato cujo objecto abranja prestações típicas dos contratos de empreitada de obras públicas, incluindo aquelas realizadas ou a realizar no âmbito de concessões; q) Violação do disposto no n.º 2 do artigo 383.º do Código dos Contratos Públicos; r) Violação do disposto no n.º 1 do artigo 384.º do Código dos Contratos Públicos; s) Subcontratação, sem autorização do dono da obra ou com oposição deste, nos casos previstos no n.º 2 do artigo 385.º e no artigo 386.º, ambos do Código dos Contratos Públicos; t) Não comparência no local, na data e na hora indicadas pelo dono da obra para a consignação da obra, nos casos previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 405.º do Código dos Contratos Públicos. 4 - ... a) ... b) ... c) ... d) ... e) ... f) ... g) Violação do disposto no n.º 5 do artigo 29.º; h) Violação do disposto no n.º 4 do artigo 384.º do Código dos Contratos Públicos; i) Violação do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 385.º do Código dos Contratos Públicos. 5 - ...» Artigo 8.º Alteração ao Decreto-Lei n.º 25/2007, de 7 de Fevereiro 1 - O artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 25/2007, de 7 de Fevereiro, passa a ter a seguinte redacção: «Artigo 10.º Poder de direcção, superintendência e tutela A GeRAP está sujeita aos poderes de direcção, de superintendência e de tutela dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da Administração Pública, nos termos dos seus estatutos e do regime jurídico aplicável ao sector empresarial do Estado.» 2 - O artigo 2.º dos Estatutos da Empresa de Gestão Partilhada de Recursos da Administração Pública, E. P. E., publicados em anexo ao Decreto-Lei n.º 25/2007, de 7 de Fevereiro, passa a ter a seguinte redacção: «Artigo 2.º Poder de direcção, superintendência e tutela 1 - A GeRAP está sujeita aos poderes de direcção, de superintendência e de tutela dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da Administração Pública, nos termos dos seus estatutos e do regime jurídico aplicável ao sector empresarial do Estado. 2 - ... 3 - O poder de direcção sobre a GeRAP compreende o poder de emitir ordens ou instruções relativamente à prestação de serviços partilhados, bem como de definir as modalidades de verificação do cumprimento das ordens ou instruções emitidas.» Capítulo III Disposições transitórias Artigo 9.º Modo de apresentação das propostas e das candidaturas em suporte papel 1 - Até 31 de Outubro de 2009, a entidade adjudicante pode fixar, no programa do procedimento, que os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel. 2 - No caso previsto no número anterior, os documentos que constituem a proposta ou a candidatura devem ser encerrados em invólucro opaco e fechado, no rosto do qual deve ser escrita a palavra «Proposta» ou «Candidatura», indicando-se o nome ou a denominação social do concorrente ou do candidato ou, se for o caso, dos membros do agrupamento concorrente ou candidato, e a designação do contrato a celebrar. 3 - O disposto no número anterior aplica-se às propostas variantes, devendo no rosto do respectivo invólucro ser escrita a expressão «Proposta variante n.º...».

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4 - O invólucro que contém os documentos que constituem a proposta ou a candidatura pode ser entregue directamente ou enviado por correio registado, devendo, em qualquer caso, a recepção ocorrer dentro do prazo e no local fixados para a apresentação das propostas ou das candidaturas. 5 - A recepção dos invólucros deve ser registada, anotando-se a data e a hora em que os mesmos são recebidos e, no caso de entrega directa, a identidade das pessoas que a efectuaram, sendo entregue a estas um recibo comprovativo dessa entrega. DL n.º 223/2009, de 11 de Setembro. Artigo 10.º Fornecimento das peças do procedimento 1 - Quando, nos termos do disposto no artigo anterior, os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel, os interessados podem solicitar, em tempo útil, que lhes sejam fornecidas, pela entidade adjudicante, cópias das peças do procedimento, mediante o seu prévio pagamento, ao preço do seu custo, as quais lhes devem ser entregues ou enviadas, em suporte papel ou em ficheiro informático, no prazo máximo de três dias a contar da data de recepção do pedido. 2 - Os serviços da entidade adjudicante devem registar o nome e o endereço dos interessados que solicitem o fornecimento das peças do procedimento. 3 - Quando não seja cumprido o disposto no n.º 1, o prazo fixado para a apresentação das propostas ou das candidaturas deve ser prorrogado, a pedido dos interessados, por período equivalente, no mínimo, ao do atraso verificado. Artigo 11.º Acto público 1 - Quando os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel, todos os procedimentos de formação de contratos públicos, excepto o ajuste directo, integram um acto público que tem lugar no dia útil imediatamente subsequente ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas ou das candidaturas. 2 - Por motivo justificado, pode o acto público realizar-se dentro dos cinco dias subsequentes ao indicado no número anterior, em data a determinar pelo órgão competente para a decisão de contratar. 3 - A decisão de alteração da data do acto público deve ser imediatamente notificada a todos os interessados que tenham adquirido as peças do procedimento e a estas deve ser junta cópia daquela decisão. 4 - À sessão do acto público pode assistir qualquer interessado, mas nele apenas podem intervir os concorrentes ou os candidatos e os seus representantes, estes últimos desde que devidamente credenciados. 5 - Os concorrentes ou os candidatos, bem como os seus representantes podem, durante a sessão do acto público, examinar os documentos apresentados no prazo fixado pelo júri e reclamar da lista de concorrentes, nos termos do disposto no artigo seguinte. Artigo 12.º Formalidades do acto público 1 - O presidente do júri inicia o acto público identificando o procedimento através de referência ao respectivo anúncio. 2 - Em seguida, são abertos os invólucros que contêm os documentos que constituem as propostas ou as candidaturas pela ordem da respectiva recepção, procedendo-se à leitura da lista dos concorrentes ou dos candidatos, elaborada pela mesma ordem. 3 - Cumprido o disposto no número anterior, o júri solicita aos representantes dos concorrentes ou dos candidatos as respectivas credenciais. 4 - O interessado que não tenha sido incluído na lista dos concorrentes ou dos candidatos pode reclamar desse facto, devendo para o efeito apresentar o recibo referido no n.º 5 do artigo 9.º ou documento postal comprovativo da tempestiva recepção do seu invólucro exterior. 5 - Apresentada reclamação nos termos do disposto no número anterior, o júri interrompe a sessão do acto público para averiguar o destino do invólucro. 6 - Se o invólucro não for encontrado, o júri fixa ao reclamante um novo prazo para a apresentação da respectiva proposta ou candidatura, informando os presentes da data e da hora em que a sessão será retomada. 7 - Se o invólucro for encontrado antes do termo do prazo referido no número anterior, dá-se imediato conhecimento do facto ao interessado, procedendo-se à abertura daquele logo que retomada a sessão do acto público. 8 - Cumprido o disposto nos números anteriores, o presidente do júri encerra o acto público, do qual é elaborada acta que deve ser sempre assinada pelo secretário e pelo presidente do júri. Artigo 13.º Comunicações e notificações 1 - Quando os documentos que constituem a proposta ou a candidatura possam ser apresentados em suporte papel, as notificações previstas no Código dos Contratos Públicos podem ser efectuadas através de correio ou de telecópia.

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2 - No caso referido no número anterior, as comunicações entre a entidade adjudicante ou o júri do procedimento e os interessados, os candidatos, os concorrentes ou o adjudicatário podem ser feitas pelos meios nele referidos. CAPÍTULO IV Disposições finais Artigo 14.º Norma revogatória 1 - São revogados: a) O artigo 138.º do Decreto-Lei n.º 498/72, de 9 de Dezembro; b) Os artigos 10.º a 15.º do Decreto-Lei n.º 390/82, de 17 de Setembro; c) O capítulo iii da parte iv do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442/91, de 15 de Novembro; d) O Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março; e) O Decreto-Lei n.º 196/99, de 8 de Junho; f) O Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, com excepção dos artigos 16.º a 22.º e 29.º; g) O n.º 9 do artigo 107.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro; h) O Decreto-Lei n.º 223/2001, de 9 de Agosto; i) O Decreto-Lei n.º 104/2002, de 12 de Abril; j) Os artigos 14.º a 17.º e 24.º a 31.º do Decreto-Lei n.º 185/2002, de 20 de Agosto; l) O Decreto-Lei n.º 245/2003, de 7 de Outubro; m) As alíneas a) a e) e i) do n.º 2 do artigo 24.º e as alíneas a) a e) do n.º 3 do artigo 37.º, ambos do Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro; n) O Decreto-Lei n.º 1/2005, de 4 de Janeiro; o) O artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 233/2005, de 29 de Dezembro; p) O artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 50-B/2007, de 28 de Fevereiro. 2 - É igualmente revogada toda a legislação relativa às matérias reguladas pelo Código dos Contratos Públicos, seja ou não com ele incompatível. 3 - Ressalvam-se do disposto no número anterior os actos legislativos que consagrem regimes transitórios em matéria de contratação pública. 4 - Permanecem transitoriamente em vigor, com as necessárias adaptações, os diplomas regulamentares, incluindo as portarias, que tenham sido aprovados ao abrigo dos actos legislativos revogados por efeito do disposto nos n.os 1 e 2, desde que necessários à aplicação do Código dos Contratos Públicos e que com ele sejam compatíveis. Artigo 15.º Remissões para a legislação revogada Todas as remissões para as disposições legais e para os actos legislativos revogados nos termos do disposto no artigo anterior consideram-se feitas para as correspondentes disposições do Código dos Contratos Públicos. Artigo 16.º Aplicação no tempo 1 - O Código dos Contratos Públicos só é aplicável aos procedimentos de formação de contratos públicos iniciados após a data da sua entrada em vigor e à execução dos contratos que revistam natureza de contrato administrativo celebrados na sequência de procedimentos de formação iniciados após essa data, salvo o disposto no n.º 2 do artigo 18.º 2 - O Código dos Contratos Públicos não se aplica a prorrogações, expressas ou tácitas, do prazo de execução das prestações que constituem o objecto de contratos públicos cujo procedimento tenha sido iniciado previamente à data de entrada em vigor daquele. Artigo 17.º Acompanhamento da aplicação do Código dos Contratos Públicos 1 - A partir da entrada em vigor do Código dos Contratos Públicos, devem ser recolhidos os elementos relativos à sua aplicação, nomeadamente para a introdução de eventuais alterações que se revelem necessárias. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, é nomeada, por portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças e das obras públicas, uma comissão de acompanhamento da aplicação do Código dos Contratos Públicos, a qual integrará, designadamente, representantes da Administração Pública e das organizações representativas das principais actividades económicas envolvidas. NL A Portaria n.º 701-B/2008, de 29 de Julho, alterada pela Portaria n.º 1265/2009, de 16 de Outubro, nomeou a comissão de acompanhamento do Código dos Contratos Públicos e fixa a sua composição.

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Artigo 18.º Entrada em vigor 1 - O presente decreto-lei entra em vigor seis meses após a data da sua publicação. 2 - A revogação dos artigos 260.º, 261.º, 262.º, 263.º e 264.º do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março, produz efeitos no dia seguinte ao da publicação do presente decreto-lei, não sendo os mesmos aplicáveis aos contratos já celebrados, sem prejuízo dos processos de conciliação pendentes àquela data. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 20 de Setembro de 2007. - José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa - Manuel Lobo Antunes - Fernando Teixeira dos Santos - Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira - Henrique Nuno Pires Severiano Teixeira - Rui Carlos Pereira - José Manuel Vieira Conde Rodrigues - Rui Nuno Garcia de Pina Neves Baleiras - Manuel António Gomes de Almeida de Pinho - Jaime de Jesus Lopes Silva - Mário Lino Soares Correia - José António Fonseca Vieira da Silva - António Fernando Correia de Campos - Jorge Miguel de Melo Viana Pedreira - José Mariano Rebelo Pires Gago - Maria Isabel da Silva Pires de Lima - Augusto Ernesto Santos Silva. Promulgado em 3 de Janeiro de 2008. Publique-se. O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Referendado em 4 de Janeiro de 2008. O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. ANEXO CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS PARTE I Âmbito de aplicação TÍTULO I Disposições gerais Artigo 1.º Âmbito 1 - O presente Código estabelece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo. 2 - O regime da contratação pública estabelecido na parte ii do presente Código é aplicável à formação dos contratos públicos, entendendo-se por tal todos aqueles que, independentemente da sua designação e natureza, sejam celebrados pelas entidades adjudicantes referidas no presente Código. 3 - A parte ii do presente Código é igualmente aplicável, com as necessárias adaptações, aos procedimentos destinados à atribuição unilateral, pelas entidades adjudicantes referidas no artigo seguinte, de quaisquer vantagens ou benefícios, através de acto administrativo ou equiparado, em substituição da celebração de um contrato público. 4 - À contratação pública são especialmente aplicáveis os princípios da transparência, da igualdade e da concorrência. 5 - O regime substantivo dos contratos públicos estabelecido na parte iii do presente Código é aplicável aos que revistam a natureza de contrato administrativo. 6 - Sem prejuízo do disposto em lei especial, reveste a natureza de contrato administrativo o acordo de vontades, independentemente da sua forma ou designação, celebrado entre contraentes públicos e co-contratantes ou somente entre contraentes públicos, que se integre em qualquer uma das seguintes categorias: a) Contratos que, por força do presente Código, da lei ou da vontade das partes, sejam qualificados como contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito público; b) Contratos com objecto passível de acto administrativo e demais contratos sobre o exercício de poderes públicos; c) Contratos que confiram ao co-contratante direitos especiais sobre coisas públicas ou o exercício de funções dos órgãos do contraente público; d) Contratos que a lei submeta, ou que admita que sejam submetidos, a um procedimento de formação regulado por normas de direito público e em que a prestação do co-contratante possa condicionar ou substituir, de forma relevante, a realização das atribuições do contraente público. NJ

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1 - “Um contrato público pode ser um contrato administrativo, se versar sobre uma relação jurídica regulada por normas de direito público, ou um contrato de direito privado, se versar sobre uma relação jurídica regulada por normas de direito privado, denominando-se público, apenas porque uma das partes contratantes é um ente público” (V. o Acórdão do STA de 14/07/2010, Proc. n.º 0381/10 – in www.dgsi.pt). Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão do TC de 26/05/2009, Proc. n.º 541/09), quanto à sua qualificação, o contrato pelo qual um Município, ainda que juntamente com uma sociedade privada, encomenda uma obra de recuperação e alteração de um bem imóvel (escola) administrado pelo primeiro, sendo a mesma a contrapartida em espécie, da sociedade ao Município, no âmbito de uma operação de loteamento (V. o art. 43.º, cotejado com o art. 44.º, n.º 4, do RJUE). Ora tratando-se de uma obra de recuperação e ampliação de um imóvel, ordenada e financiada maioritariamente pelo Município que administra tal bem, deve se entender que a obra é executada por conta de um contraente público, e em consequência tal contrato deve ser qualificado como um contrato de empreitada de obra pública. Não olvida o TC referir o facto dos custos e da direcção da obra serem partilhados com uma sociedade privada, mas considera que isso não altera a natureza do contrato, maxime considerando que a comparticipação da sociedade é minoritária. Artigo 2.º Entidades adjudicantes 1 - São entidades adjudicantes: a) O Estado; b) As Regiões Autónomas; c) As autarquias locais; d) Os institutos públicos; e) As fundações públicas, com excepção das previstas na Lei n.º 62/2007, de 10 de Setembro; f) As associações públicas; g) As associações de que façam parte uma ou várias das pessoas colectivas referidas nas alíneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de administração, de direcção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada pelas mesmas. 2 - São também entidades adjudicantes: a) Quaisquer pessoas colectivas, com excepção das fundações públicas previstas na Lei n.º 62/2007, de 10 de Setembro, que independentemente da sua natureza pública ou privada: i) Tenham sido criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carácter industrial ou comercial; e ii) Sejam maioritariamente financiadas pelas entidades referidas no número anterior, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de administração, de direcção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada por aquelas entidades; b) Quaisquer pessoas colectivas que se encontrem na situação referida na alínea anterior relativamente a uma entidade que seja, ela própria, uma entidade adjudicante nos termos do disposto na mesma alínea; c) (Revogada pelo Decreto-Lei n.º 278/2009, de 2 de Outubro.) d) As associações de que façam parte uma ou várias das pessoas colectivas referidas nas alíneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de administração, de direcção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada pelas mesmas. 3 - Para os efeitos do disposto na subalínea i) da alínea a) do número anterior, são consideradas pessoas colectivas criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carácter industrial ou comercial, aquelas cuja actividade económica se não submeta à lógica do mercado e da livre concorrência.

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NL 1 - V. o art. 1.º, n.º 9 da Directiva 2004/18/CE. NA 1 - A Directiva 2004/18/CE (art. 9.º, n.º 1) distingue nas entidades adjudicantes, as organizações territoriais («Estado», «Regiões Autónomas» e «autarquias locais»), dos organismos de direito público. A definição de organismo de direito público constante na directiva corresponde ao art. 2.º, n.º 2, do CCP. O Anexo III da Directiva 2004/18/CE apresenta uma «lista não exaustiva» de organismos de direito público. 2 - As entidades não adjudicantes, como tal definidas no art. 2.º do CCP, ficam sujeitas ao regime da contratação pública regulado no CCP, quando os seus contratos de empreitada de obras públicas e aquisição de bens móveis e serviços sejam financiados por uma entidade adjudicante, nos termos do disposto no art. 275.º do CCP. Art. 2.º, n.º 3 3 – O Anteprojecto do CCP (Versão 18 de Setembro de 2006) referia que “são consideradas pessoas colectivas criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, sem carácter industrial ou comercial, designadamente, as empresas públicas dos sectores empresariais do Estado, das regiões autónomas ou das autarquias locais cuja actividade económica se não submeta à lógica do mercado e da livre concorrência, por força da especial relação que mantêm, directa ou indirectamente, com as entidades referidas no n.º 1.” Embora, o legislador do CCP tenha retirado do corpo do artigo 2.º, n.º 3 a referência a «empresas públicas», deveremos qualificar como entidades adjudicantes, nos termos do disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea a), subalínea i), as empresas públicas e entidades públicas empresariais, bem como as empresas públicas municipais, intermunicipais e metropolitanas. 4 – Dispõe o Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de Dezembro, alterado e republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 300/2007 de 23 de Agosto, que consideram-se empresas públicas as: - (empresas públicas em sentido restrito) sociedades constituídas nos termos da lei comercial, nas quais o Estado ou outras entidades públicas estaduais possam exercer, isolada ou conjuntamente, de forma directa ou indirecta, uma influência dominante em virtude de alguma das seguintes circunstâncias: a) Detenção da maioria do capital ou dos direitos de voto; b) Direito de designar ou de destituir a maioria dos membros dos órgãos de administração ou de fiscalização (cf. o art. 3.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17/12). - (Entidades públicas empresariais) pessoas colectivas de direito público, com natureza empresarial, criadas pelo Estado (cf. o art. 23.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17/12). 5 – Nos termos do disposto na Lei n.º 53-F/2006, de 29 de Dezembro, alterada pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de Dezembro, e pela Lei n.º 67-A/2007, de 31 de Dezembro, são empresas públicas locais: - (Empresas públicas locais em sentido restrito) as empresas públicas locais municipais, intermunicipais e metropolitanas as sociedades constituídas nos termos da lei comercial, nas quais os municípios, associações de municípios e áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, respectivamente, possam exercer, de forma directa ou indirecta, uma influência dominante em virtude de alguma das seguintes circunstâncias: a) Detenção da maioria do capital ou dos direitos de voto; b) Direito de designar ou destituir a maioria dos membros do órgão de administração ou de fiscalização (cf. o art. 3.º, n.º 1 da Lei n.º 53-F/2006, de 29/12).

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- (Entidades empresariais) as pessoas colectivas de direito público, com natureza empresarial, constituídas pelos municípios, as associações de municípios e as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto (cf. o art. 33.º, n.º 1 da Lei n.º 53-F/2006, de 29/12). 5 – “São consideradas empresas [nacionais] encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral aquelas cujas actividades devam assegurar a universalidade e continuidade dos serviços prestados, a coesão económica e social e a protecção dos consumidores, sem prejuízo da eficácia económica e do respeito dos princípios de não discriminação e transparência” (cf. o art. 19.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17/12). 6 – “São consideradas empresas [locais] encarregadas da gestão de serviços de interesse geral aquelas cujas actividades devam assegurar a universalidade e continuidade dos serviços prestados, a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos, a coesão económica e social local ou regional e a protecção dos utentes, sem prejuízo da eficiência económica e do respeito dos princípios da não discriminação e da transparência (cf. o art. 18.º, da Lei n.º 53-F/2006, de 29/12). Artigo 3.º Contraentes públicos 1 - Para efeitos do presente Código, entende-se por contraentes públicos: a) As entidades referidas no n.º 1 do artigo anterior; b) As entidades adjudicantes referidas no n.º 2 do artigo anterior sempre que os contratos por si celebrados sejam, por vontade das partes, qualificados como contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito público. 2 - São também contraentes públicos quaisquer entidades que, independentemente da sua natureza pública ou privada, celebrem contratos no exercício de funções materialmente administrativas. Artigo 4.º Contratos excluídos 1 - O presente Código não é aplicável aos contratos a celebrar: a) Ao abrigo de uma convenção internacional previamente comunicada à Comissão Europeia, e concluída nos termos do Tratado que institui a Comunidade Europeia, entre o Estado Português e um ou mais Estados terceiros, que tenham por objecto a realização de trabalhos destinados à execução ou à exploração em comum de uma obra pública pelos Estados signatários ou a aquisição de bens móveis ou de serviços destinados à realização ou à exploração em comum de um projecto pelos Estados signatários; b) Com entidades nacionais de outro Estado membro ou de um Estado terceiro, nos termos de uma convenção internacional relativa ao estacionamento de tropas; c) De acordo com o procedimento específico de uma organização internacional de que o Estado Português seja parte. 2 - O presente Código não é igualmente aplicável aos seguintes contratos: a) Contratos de trabalho em funções públicas e contratos individuais de trabalho; b) Contratos de doação de bens móveis a favor de qualquer entidade adjudicante; c) Contratos de compra e venda, de doação, de permuta e de arrendamento de bens imóveis ou contratos similares; d) Contratos relativos à aquisição, ao desenvolvimento, à produção ou à co-produção de programas destinados a emissão por parte de entidades de radiodifusão ou relativos a tempos de emissão, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 11.º NA Art. 4.º, n.º 2, alínea a) 1 – Os contratos de trabalho em funções públicas encontram o seu regime positivo na Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro e na Lei n.º 59/2008, de 11 de Setembro.

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Art. 4.º, n.º 2. alínea c) 2 – O Decreto-Lei n.º 280/2007, de 07 de Agosto, alterado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31/12, regula o regime dos bens imóveis dos domínios públicos do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais, e o regime de gestão dos bens imóveis do domínio privado do Estado e dos institutos públicos. Art. 4.º, n.º 2, alínea d) 3 – A exclusão estatuída neste preceito sofre a excepção do artigo 11.º, n.º 2, alínea b) do CCP. Leitura aconselhada: Rogério M. Fernandes Ferreira, “O novo regime do património imobiliário público”, in Estudos em homenagem ao Professor Doutor Paulo de Pitta e Cunha : economia, finanças públicas e direito fiscal, II, Lisboa, 2010, pp. 779-789. Artigo 5.º Contratação excluída 1 - A parte II do presente Código não é aplicável à formação de contratos a celebrar por entidades adjudicantes cujo objecto abranja prestações que não estão nem sejam susceptíveis de estar submetidas à concorrência de mercado, designadamente em razão da sua natureza ou das suas características, bem como da posição relativa das partes no contrato ou do contexto da sua própria formação. 2 - A parte II do presente Código também não é aplicável à formação dos contratos, independentemente do seu objecto, a celebrar por entidades adjudicantes com uma outra entidade, desde que: a) A entidade adjudicante exerça sobre a actividade desta, isoladamente ou em conjunto com outras entidades adjudicantes, um controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços; e b) Esta entidade desenvolva o essencial da sua actividade em benefício de uma ou de várias entidades adjudicantes que exerçam sobre ela o controlo análogo referido na alínea anterior. 3 - A parte II do presente Código não é igualmente aplicável à formação dos contratos, a celebrar pelos hospitais, E. P. E., e pelas associações de direito privado que prossigam finalidades a título principal de natureza científica e tecnológica, bem como, exclusivamente no âmbito da actividade científica e tecnológica, pelas instituições de ensino superior públicas e pelos laboratórios de Estado: a) De empreitada de obras públicas cujo valor seja inferior ao referido na alínea c) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; b) De locação ou de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços cujo valor seja inferior ao referido na alínea b) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. 4 - Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 11.º, a parte II do presente Código não é igualmente aplicável à formação dos seguintes contratos: a) Contratos que devam ser celebrados com uma entidade, que seja ela própria uma entidade adjudicante, em virtude de esta beneficiar de um direito exclusivo de prestar o serviço a adquirir, desde que a atribuição desse direito exclusivo seja compatível com as normas e os princípios constitucionais e comunitários aplicáveis; b) Contratos mediante os quais qualquer das entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 2.º se obrigue a alienar ou a locar bens móveis ou a prestar serviços, excepto quando o adquirente ou o locatário também seja uma entidade adjudicante; c) Contratos cujo objecto principal consista na atribuição, por qualquer das entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 2.º, de subsídios ou de subvenções de qualquer natureza; d) Contratos de sociedade cujo capital social se destine a ser exclusivamente detido pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 2.º; e) Contratos de aquisição de serviços financeiros relativos à emissão, compra, venda ou transferência de títulos ou outros instrumentos financeiros, nomeadamente os contratos relativos a operações de obtenção de fundos ou de capital pela entidade adjudicante, bem como os contratos a celebrar em execução das políticas monetária, cambial ou de gestão de reservas e os de aquisição de serviços de carácter financeiro prestados pelo Banco de Portugal;

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f) Contratos de aquisição de serviços que tenham por objecto os serviços de saúde e de carácter social mencionados no anexo II-B da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, bem como os contratos de aquisição de serviços que tenham por objecto os serviços de educação e formação profissional mencionados no referido anexo, que confiram certificação escolar ou certificação profissional; g) Contratos que se destinem à satisfação de necessidades de uma entidade adjudicante cujos serviços se encontrem instalados em território de Estado não signatário do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu, desde que celebrados com uma entidade também nele sediada; h) Contratos a celebrar, ao abrigo de um acordo de cooperação para o desenvolvimento, com uma entidade sediada num dos Estados dele signatários e em benefício desse mesmo Estado, desde que este não seja signatário do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu; i) Contratos abrangidos pelo disposto na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 296.º do Tratado da Comunidade Europeia, desde que a respectiva formação seja regulada por lei especial. 5 - À formação dos contratos referidos na alínea f) do número anterior é aplicável o disposto nos artigos 49.º e 78.º 6 - À formação dos contratos referidos nos n.os 1 a 4 são aplicáveis: a) Os princípios gerais da actividade administrativa e as normas que concretizem preceitos constitucionais constantes do Código do Procedimento Administrativo; ou b) Quando estejam em causa contratos com objecto passível de acto administrativo e demais contratos sobre o exercício de poderes públicos, as normas constantes do Código do Procedimento Administrativo, com as necessárias adaptações. 7 - Quando a entidade adjudicante seja uma das referidas no n.º 1 do artigo 2.º, à formação dos contratos referidos nos n.os 1 a 4 é ainda aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos capítulos VIII e IX do título II da parte II do presente Código. NA 1 - “Nas relações jurídicas constituídas ou a constituir no âmbito da implementação e funcionamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e no âmbito dos Acordos de Cooperação, previstos no artigo 39.º do Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de Fevereiro, não se aplica o disposto no n.º 7 do artigo 5.º do CCP” (Art. 4.º, do Decreto-Lei n.º 131/2010, de 14 de Dezembro). 2 - “O disposto no Decreto-Lei n.º 130/2006, de 7 de Julho, aplica-se a todas as empreitadas contratadas até à data de entrada em vigor do CCP destinadas a dar execução aos projectos de investimento no sector agrícola e desenvolvimento rural que tenham sido apresentados por entidades de natureza privada ou por entidades administradoras de baldios, no âmbito do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER)” (Art. 5.º, do Decreto-Lei n.º 131/2010, de 14 de Dezembro). Determina o artigo único do Decreto-Lei n.º 130/2006, de 7 de Julho, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 56/2006, de 28/08, que: “A contratação por entidades de natureza privada e pelas entidades administradoras dos baldios, como tal considerados pela Lei n.º 68/93, de 4 de Setembro, de empreitadas destinadas à execução de todos os projectos de investimento enquadrados no 3.º Quadro Comunitário de Apoio, no âmbito do sector agrícola e do desenvolvimento rural, não está sujeita ao regime previsto no Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março, sempre que o seu valor estimado, sem imposto sobre o valor acrescentado (IVA), for inferior a (euro) 5278000, conforme consagrado na Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, com as alterações introduzidas pelo Regulamento (CE) n.º 2083/2005, de 19 de Dezembro, para os contratos de empreitada de obras públicas”. Art. 5.º, n.º 3. 2 – O regime próprio das entidades públicas empresarias encontra-se nos artigos 23.º a 34.º do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de Dezembro.

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3 – Não obstante a factis specie do preceito, as empresas do sector empresarial do Estado deverão respeitar, entre outros, o princípio da concorrência (cf. o ponto II, n.º 11 do Anexo da Resolução do Conselho de Ministros de Resolução do Conselho de Ministros n.º 49/2007 de 28 de Março, que aprovou os princípios de bom governo das empresas do sector empresarial do Estado). Art. 5.º, n.º 4, alínea c) 4 – O Decreto-Lei n.º 167/2008, de 26 de Agosto, aprovou o regime jurídico aplicável à concessão de subvenções públicas. Considera -se subvenção pública toda e qualquer vantagem financeira atribuída, directa ou indirectamente, a partir de verbas do Orçamento do Estado, qualquer que seja a designação ou modalidade adoptada, designadamente as indemnizações compensatórias (cf. art. 1.º, n.ºs 2 e 3, do Decreto-Lei n.º 167/2008, de 26/08). Consideram-se serviços de interesses geral para efeito do Decreto-Lei n.º 167/2008, de 26/08 (cf. art. 4.º, n.º 1) os serviços desenvolvidos por entidades públicas ou privadas, por determinação do Estado, com vista a assegurar a provisão de bens e serviços essenciais, tendentes à satisfação das necessidades fundamentais dos cidadãos, sempre que não haja garantia de que os mecanismos de mercado assegurem por si só a sua provisão de forma plena e satisfatória. As subvenções públicas que não revistam a natureza de indemnização compensatória são concedidas nos termos e pelas entidades definidas na norma, legal ou regulamentar, que preveja a subvenção, podendo revestir a forma de acto ou contrato administrativo (cf. art. 11.º, do Decreto-Lei n.º 167/2008, de 26/08). Art. 5.º, n.º 4, alínea d) 5 – O Código das Sociedades Comerciais (aprovado pelo Decreto-Lei n.º 262/86, de 02 de Setembro, e alterado pelos seguintes diplomas: Declaração de 29 de Novembro de 1986, DL n.º 184/87, de 21 de Abril, DL n.º 280/87, de 08 de Julho, Declaração de 31 de Julho de 1987, Declaração de 31 de Agosto de 1987, DL n.º 229-B/88, de 04 de Julho, DL n.º 142-A/91, de 10 de Abril, DL n.º 238/91, de 02 de Julho, Rectificação n.º 236-A/91, de 31 de Outubro, Rectificação n.º 24/92, de 31 de Março, DL n.º 225/92, de 21 de Outubro, DL n.º 20/93, de 26 de Janeiro, DL n.º 261/95, de 03 de Outubro, DL n.º 328/95, de 09 de Dezembro, DL n.º 257/96, de 31 de Dezembro, Rectificação n.º 5-A/97, de 28 de Fevereiro, DL n.º 343/98, de 06 de Novembro, Rectificação n.º 3-D/99, de 30 de Janeiro, DL n.º 486/99, de 13 de Novembro, DL n.º 36/2000, de 14 de Março, DL n.º 237/2001, de 30 de Agosto, DL n.º 162/2002, de 11 de Julho, DL n.º 107/2003, de 04 de Junho, DL n.º 88/2004, de 20 de Abril, DL n.º 19/2005, de 18 de Janeiro, DL n.º 35/2005, de 17 de Fevereiro, Rectificação n.º 7/2005, de 18 de Fevereiro, DL n.º 111/2005, de 08 de Julho, DL n.º 52/2006, de 15 de Março, DL n.º 76-A/2006, de 29 de Março, Rectificação n.º 28-A/2006, de 26 de Maio, DL n.º 8/2007, de 17 de Janeiro, DL n.º 357-A/2007, de 31 de Outubro, Rectificação n.º 117-A/2007, de 28 de Dezembro, DL n.º 247-B/2008, de 30 de Dezembro, Lei n.º 19/2009, de 12 de Maio, DL n.º 185/2009, de 12 de Agosto, DL n.º 49/2010, de 19 de Maio, DL n.º 33/2011, de 07 de Março e DL n.º 53/2011, de 13 de Abril) excepciona no seu regime, quanto ao número de accionistas, emissão de obrigações, e regras especiais de eleição, as sociedades anónimas e as sociedades em relação de grupo (cf. arts. 272.º, n.º 3, 348.º, n.º 2, e 488.º, n.º 1, respectivamente, do Código das Sociedades Comerciais). Art. 5.º, n.º 4, alínea i) 6 – O Decreto-Lei n.º 33/99, de 5 de Fevereiro regula os contratos formação dos contratos públicos abrangidos pelo disposto na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 296.º do Tratado da Comunidade Europeia (cf. art. 1.º, do Decreto-Lei n.º 33/99, de 05/02), i.e, contratos celebrados pelo Ministério da Defesa Nacional ou pelas entidades do sector empresarial do Estado que prossigam atribuições do Ministério da Defesa Nacional e os

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contratos relativos a aquisições destinadas à Guarda Nacional Republicana, nos termos definidos na Lei da Defesa Nacional e das Forças Armadas e no respectivo estatuto orgânico (cf. art. 2.º, do Decreto-Lei n.º 33/99, de 05/02). A Directiva n.º 2009/81/CE de 13 de Julho de 2009, publicada no JOUE de 20 de Agosto de 2009, bem regular a coordenação dos processos de adjudicação de determinados contratos de empreitada, contratos de fornecimento e contratos de serviços por autoridades ou entidades adjudicantes nos domínios da defesa e da segurança. A referida directiva deverá ser transposta para o direito interno português até 21 de Agosto de 2011 (cf. art. 72.º, n.º 1, da Directiva n.º 2009/81/CE). Fiscalização financeira 2 - Apreciou o TC (V. o Acórdão do TC n.º 151/2009, de 22/09/2009 – Proc. n.º 1249/09) a questão dos requisitos da relação in house como fundamento de desaplicação da Parte II do Código dos Contratos Públicos, no art. 5.º, do CCP. Determina o TC que “A verificação cumulativa dos dois pressupostos referidos [alíneas a) e b) do art. 5.º, n.º 2] permite excepcionar os contratos do princípio geral da concorrência que enforma o regime de formação dos contratos públicos. O Código não densifica o conteúdo daqueles requisitos, pelo que a sua interpretação e aplicação concreta deve ser feita tomando em consideração todas as circunstâncias de facto pertinentes, embora em consonância com os princípios da legislação europeia aplicável e com os critérios constantes da jurisprudência comunitária que a norma visou acolher. Deve, pois, atender-se à orientação do Tribunal de Justiça no sentido de a interpretação da excepção dever ser “estrita”, ou seja, dever garantir a salvaguarda máxima do princípio da concorrência”. In casu a entidade adjudicante é a “Parque Expo 98, S.A.”. Quanto à primeira condição: “Em que deve consistir exactamente esse controlo análogo?” “(U) A Parque Expo é uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, maioritariamente detida pelo Estado. Ora, referiu-se no ponto 37 do Acórdão Carbotermo que ‘a circunstância de a entidade adjudicante deter, isoladamente ou em conjunto com outros poderes públicos, a totalidade do capital de uma sociedade adjudicatária, tende a indicar, sem ser decisiva, que esta entidade adjudicante exerce sobre esta sociedade um controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços’. Por seu turno, no ponto 57 do Acórdão Tragsa afirma-se: ‘no que respeita à primeira condição, relativa ao controlo da autoridade pública, resulta da jurisprudência do Tribunal de Justiça que a circunstância de a adjudicante deter, isoladamente ou em conjunto com outras autoridades públicas, a totalidade do capital de uma sociedade adjudicatária constitui, em princípio34, um indício de que essa entidade adjudicante exerce sobre esta sociedade um controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços’. O facto de a Parque Expo ser detida pelo Estado em 99,43% constitui, assim, uma presunção de que este exerce sobre a sociedade um controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços. Mas bastará isso para que se dê o requisito em causa por verificado? Entendemos que não. É importante apontar que a jurisprudência do Tribunal de Justiça salvaguarda que esse indício não é decisivo e que a existência de um controlo análogo exige que a entidade adjudicante exerça uma influência determinante (e não apenas dominante) quer sobre os objectivos estratégicos, quer sobre as decisões importantes do adjudicatário. Neste sentido, o referido Tribunal tem considerado que não se pode dar por verificado o requisito de controlo análogo quando o controlo exercido pela entidade detentora do capital se resume, no essencial, à latitude que o direito das sociedades reconhece à maioria dos accionistas, e não estejam consagrados nos estatutos poderes especiais capazes de restringir a liberdade de acção reconhecida a conselhos de administração a quem são conferidos amplos poderes de gestão ordinária e extraordinária. Constatamos, assim, que o Conselho de Administração da Parque EXPO tem estatutariamente uma ampla autonomia decisória, tanto em matéria de gestão ordinária como de gestão extraordinária, cabendo-lhe, não apenas assegurar toda a gestão corrente da empresa, mas também definir a sua estratégia negocial. “Concluímos,

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assim, que a Parque Expo tem uma significativa autonomia empresarial para destinar livremente ao mercado os seus próprios produtos, podendo exercer uma parte importante da sua actividade económica junto de outros operadores, que não os seus accionistas. Ora, na perspectiva de vária doutrina, nestas circunstâncias, em que se verifica uma significativa liberdade de acção para a entidade realizar uma parte da sua actividade para terceiros, não é possível dar por verificada a falta de autonomia decisória e a existência do necessário controlo pela entidade adjudicante, não podendo qualificar-se a organização como um ente meramente instrumental nem a relação como in house. O próprio Tribunal de Justiça europeu o afirmou no Acórdão Carbotermo: “Com efeito, uma empresa não fica necessariamente privada da respectiva liberdade de acção, pelo simples facto de as decisões, que lhe dizem respeito, serem controladas pela autarquia que a detém, se, apesar disso, puder exercer uma parte importante da sua actividade económica com outros operadores”. Quanto à segunda condição: “é necessário que a entidade adjudicatária desenvolva o essencial da sua actividade em benefício da entidade adjudicante que sobre ela exerce o controlo”. “De acordo com este requisito, e admitindo que o Estado exercesse sobre a Parque Expo um controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços (o que não demos por verificado), ainda assim era necessário que esta empresa desenvolvesse, em concreto, o essencial da sua actividade em benefício do Estado, ou do Estado em conjunto com o Município de Lisboa (segundo accionista da Parque Expo). O requisito em causa deve, pois, interpretar-se e aplicar-se nas seguintes perspectivas: Como refere Bernardo de Azevedo, e os autores por ele citados, a entidade adjudicatária deve estar numa situação de dependência economico-jurídica relativamente à entidade adjudicante, funcionando como um "operador dedicado", concentrado, exclusivamente, ou quase, em alimentar (por via da prestação de serviços ou do fornecimento de bens) o seu ente-matriz, no desenvolvimento da respectiva missão, porquanto “a razão institutiva ou a causa jurídica da organização in house é oexercício em comum de uma actividade principal de produção por conta ou a favor do ente público responsável pelo seu controlo”; Estamos perante um critério complementar do controlo análogo, que exige que o ente dependente opere exclusivamente com vista a satisfazer o interesse económico da entidade adjudicante, sendo incapaz de definir autonomamente o que, quanto e para quem produzir, negando-se-lhe, por essa via, autonomia empresarial, isto é, capacidade para destinar livremente ao mercado os seus próprios produtos; A fim de que as regras de livre concorrência não sejam ofendidas, a situação deve excluir a caracterização do ente dependente como uma empresa activa no mercado, beneficiando de uma posição favorecida relativamente a potenciais concorrentes. A destinação do essencial da actividade em favor da entidade adjudicante deve permitir afirmar que o ente não é verdadeiramente uma empresa, mas sim a própria Administração, a actuar, e, por isso, não ganha com o facto vantagens competitivas no mercado que possam desfavorecer empresas que operem no mesmo sector. O Douto Tribunal conclui que: “O preenchimento dos requisitos para a verificação de uma relação in house, a saber, o controlo pela entidade adjudicante e a destinação do essencial da actividade da entidade controlada em favor da entidade adjudicante, deveria permitir afirmar que o ente não é verdadeiramente uma empresa, mas sim a própria Administração, a actuar, e, por isso, não ganha com o facto vantagens competitivas no mercado que possam desfavorecer empresas que operem no mesmo sector. (U) Ora, se a empresa está activa no mercado e pode entrar em concorrência com outras empresas, essa concorrência é efectivamente desvirtuada pela relação privilegiada de que dispõe com o Estado, produzindo os ajustes directos a seu favor um efeito contrário à regra da livre prestação de serviços. Esse efeito produz-se pelo privilégio do concreto ajuste directo e pelo privilégio da experiência adquirida, produzindo uma real repartição do mercado a seu favor. Como se refere nos Acórdãos do Tribunal de Justiça Stadt Halle e Carbotermo, e é invocado na página 63 do parecer junto aos autos, as condições impostas para a verificação de uma relação in house assumem precisamente a finalidade de evitar que o jogo da concorrência seja falseado pela actuação no mercado de uma

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empresa favorecida pela especial relação com a sua “tutela”. Só poderia, pois, considerar-se a presente relação como in house se a Parque EXPO fosse caracterizável como um braço administrativo, um alter ego, do Estado e não como uma empresa concorrencial. (U) Uma vez que se não mostram preenchidos os pressupostos de uma relação in house por não estarem verificados os dois requisitos previstos no n.º 2 do artigo 5.º do Código dos Contratos Públicos, não é possível excluir-se o contrato ora submetido a fiscalização prévia da aplicação da Parte II do referido Código, ou seja, não é possível subtrair o contrato da aplicação dos procedimentos e dos princípios relativos à contratação pública”. Artigo 6.º Restrição do âmbito de aplicação 1 - À formação de contratos a celebrar entre quaisquer entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 2.º, a parte ii do presente Código só é aplicável quando o objecto de tais contratos abranja prestações típicas dos seguintes contratos: a) Empreitada de obras públicas; b) Concessão de obras públicas; c) Concessão de serviços públicos; d) Locação ou aquisição de bens móveis; e) Aquisição de serviços. 2 - Quando a entidade adjudicante seja uma das referidas no n.º 2 do artigo 2.º ou o Banco de Portugal, a parte ii do presente Código só é aplicável à formação dos contratos cujo objecto abranja prestações típicas dos contratos enumerados no número anterior. TÍTULO II Sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais Artigo 7.º Entidades adjudicantes nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais 1 - São ainda entidades adjudicantes: a) Quaisquer pessoas colectivas não abrangidas pelo artigo 2.º, ainda que criadas especificamente para satisfazer necessidades de interesse geral, com carácter industrial ou comercial, que exerçam uma ou várias actividades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais e em relação às quais qualquer das entidades adjudicantes referidas no artigo 2.º possa exercer, directa ou indirectamente, uma influência dominante; b) Quaisquer pessoas colectivas não abrangidas pelo artigo 2.º que gozem de direitos especiais ou exclusivos não atribuídos no âmbito de um procedimento de formação de contrato com publicidade internacional e que tenham por efeito: i) Reservar-lhes, isolada ou conjuntamente com outras entidades, o exercício de uma ou várias actividades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais; e ii) Afectar substancialmente a capacidade de quaisquer outras entidades exercerem uma ou várias dessas actividades; c) Quaisquer pessoas colectivas constituídas exclusivamente por entidades adjudicantes referidas nas alíneas anteriores ou que sejam por elas maioritariamente financiadas, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de administração, de direcção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja, directa ou indirectamente, designada por aquelas entidades, desde que se destinem ao exercício em comum de actividade nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais. 2 - Para os efeitos do disposto na alínea a) do número anterior, considera-se que uma entidade adjudicante pode exercer influência dominante quando detiver, nomeadamente, a maioria do capital social, a maioria dos direitos de voto, o controlo de gestão ou o direito de designar, directa ou indirectamente, a maioria dos titulares de um órgão de administração, de direcção ou de fiscalização. Artigo 8.º Contraentes públicos nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais São ainda contraentes públicos as entidades adjudicantes referidas no artigo anterior sempre que os contratos por si celebrados, a cuja formação seja aplicável a parte ii do presente Código, sejam, por

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vontade das partes, qualificados como contratos administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito público. Artigo 9.º Actividades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais 1 - Para os efeitos do disposto no presente Código, consideram-se actividades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais: a) A colocação à disposição, a exploração e a alimentação de redes fixas de prestação de serviços ao público no domínio da produção, do transporte ou da distribuição de água potável, electricidade, gás ou combustível para aquecimento; b) As relativas à exploração de uma área geográfica com a finalidade de: i) Prospectar ou proceder à extracção de petróleo, gás, carvão ou outros combustíveis sólidos; ou ii) Colocar à disposição dos transportadores aéreos, marítimos ou fluviais quaisquer terminais de transporte, designadamente aeroportos, portos marítimos ou interiores; c) A colocação à disposição e a exploração de redes de prestação de serviços de transporte público por caminho de ferro, por sistemas automáticos, por eléctricos, por tróleis, por autocarros ou por cabo, sempre que as condições de funcionamento, nomeadamente os itinerários, a capacidade de transporte disponível e a frequência do serviço, sejam fixadas por autoridade competente; d) A prestação de serviços postais; e) A prestação de serviços de gestão de serviços de correio, anteriores ou posteriores ao envio postal; f) A prestação de serviços de valor acrescentado associados à via electrónica e inteiramente efectuados por essa via, incluindo os serviços de transmissão protegida de documentos codificados por via electrónica, os serviços de gestão de endereços e os serviços de envio de correio electrónico registado; g) A prestação de serviços financeiros, nomeadamente serviços de seguros, serviços bancários, serviços de investimento e serviços relativos à emissão, compra, venda ou transferência de títulos ou outros instrumentos financeiros ou ainda ao processamento de ordens de pagamento postal, ordens de transferência postal ou outras similares; h) A prestação de serviços de filatelia; i) A prestação de serviços que combinem a entrega física ou o armazenamento de envios postais com outras funções não postais. 2 - Para os efeitos do disposto na alínea d) do número anterior, consideram-se serviços postais os que consistam na aceitação, no tratamento, no transporte e na distribuição de quaisquer envios postais, incluindo os serviços que sejam e os que possam ou não ser reservados ao abrigo do disposto no artigo 7.º da Directiva n.º 97/67/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro. 3 - As actividades referidas nas alíneas e) a i) do n.º 1 só são consideradas para os efeitos nele previstos desde que os respectivos serviços sejam prestados por uma entidade que preste igualmente, em condições não expostas à concorrência em mercado de acesso não limitado, os serviços referidos na alínea d) do mesmo número. NA Art. 9.º, n.º 2 A Directiva n.º 97/67/CE de 17 de Dezembro de 2007, publicada no JOUE de 21 de Janeiro de 1998, relativa às regras comuns para o desenvolvimento do mercado interno dos serviços postais comunitários e a melhoria da qualidade de serviço, foi alterada pela Directiva 2002/39/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002, publicada no JOUE de 5 de Julho de 2002, pelo Regulamento (CE) n.º 1882/2003 do Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de Setembro de 2003, publicado no JOUE de 31 de Outubro de 2003 e pela Directiva n.º 2008/6/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 20 de Fevereiro de 2008, publicada no JOUE de 27 de Fevereiro de 2008. Artigo 10.º Actividades excepcionadas nos sectores da água, da energia e dos transportes

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1 - Exceptua-se do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior a actividade de alimentação de redes fixas de prestação de serviços ao público no domínio da produção, transporte ou distribuição de água potável ou de electricidade quando: a) A produção de água potável ou de electricidade pela entidade adjudicante seja necessária ao exercício de uma actividade diferente das referidas no artigo anterior; b) A alimentação daquela rede dependa apenas do consumo próprio da entidade adjudicante e não tenha excedido 30 % da produção total de água potável ou de electricidade dessa entidade, consoante o caso, tomando por referência a média dos três últimos anos, incluindo o ano em curso. 2 - Exceptua-se igualmente do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior a actividade de alimentação de redes fixas de prestação de serviços ao público no domínio da produção, transporte ou distribuição de gás ou de combustível para aquecimento quando: a) A produção de gás ou de combustível para aquecimento pela entidade adjudicante seja a consequência inevitável do exercício de uma actividade diferente das referidas no artigo anterior; b) A alimentação daquela rede se destine apenas a explorar de maneira mais económica a produção de gás ou de combustível para aquecimento e não represente mais de 20 % do volume de negócios da entidade adjudicante, tomando por referência a média dos três últimos anos, incluindo o ano em curso. 3 - A prestação de um serviço de transporte público por autocarro exceptua-se do disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo anterior quando outras entidades possam também exercer livremente essa actividade, nas mesmas condições, quer num plano geral quer numa zona geográfica específica. Artigo 11.º Âmbito da contratação nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais 1 - A parte ii do presente Código só é aplicável à formação dos contratos a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º desde que: a) Esses contratos digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades por elas exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais; e b) O objecto desses contratos abranja prestações típicas dos seguintes contratos: i) Empreitada de obras públicas cujo valor seja igual ou superior ao referido na alínea b) do artigo 16.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; ii) Concessão de obras públicas; iii) Concessão de serviços públicos; iv) Locação ou aquisição de bens móveis cujo valor seja igual ou superior ao referido na alínea a) do artigo 16.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; v) Aquisição de serviços cujo valor seja igual ou superior ao referido na alínea a) do artigo 16.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. 2 - A parte ii do presente Código é sempre aplicável à formação de contratos, a celebrar por quaisquer entidades adjudicantes, quando estes digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades por elas exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais, nos seguintes casos: a) Contratos de aquisição de serviços de carácter financeiro prestados pelo Banco de Portugal; b) Contratos relativos à aquisição, ao desenvolvimento, à produção ou à co-produção de programas destinados a emissão por parte de entidades de radiodifusão ou relativos a tempos de emissão. 3 - A parte ii do presente Código é sempre aplicável à formação dos seguintes contratos, a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, quando estas exerçam uma ou várias actividades no sector da água: a) Contratos relacionados com projectos de engenharia hidráulica, de irrigação ou de drenagem, desde que o volume de água destinada ao abastecimento de água potável represente mais de 20 % do volume total de água fornecida de acordo com aqueles projectos ou por instalações de irrigação ou de drenagem; b) Contratos relacionados com a rejeição ou o tratamento de águas residuais. NA 1 - V. NA 1 do art. 19.º do CCP. Art. 11.º, n.º 2, alínea a)

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2 – O regime do Banco de Portugal encontra-se na Lei n.º 5/98, de 31 de Janeiro, alterada pelo Decreto- Lei n.º 118/2001, de 17 de Abril, pelo Decreto-Lei n.º 50/2004 de 10 de Março e pelo Decreto-Lei nº 39/2007 de 20 de Fevereiro. Art. 11.º, n.º 2, alínea b) 3 – O regime da rádio encontra-se na «Lei da Rádio» aprovada pela Lei n.º 54/2010, de 24 de Dezembro. A «Actividade de rádio» a actividade prosseguida por pessoas colectivas que consiste na organização e fornecimento, com carácter de continuidade, de serviços de programas radiofónicos com vista à sua transmissão para o público em geral (cf. art. 2.º, n.º 1, alínea a), da Lei n.º 54/2010, de 24/12). Artigo 12.º Extensão do âmbito da contratação nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais À formação dos contratos a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 2 do artigo 2.º que exerçam uma ou várias actividades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais são aplicáveis as regras especiais previstas no presente Código relativas à formação dos contratos a celebrar pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, desde que esses contratos digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias dessas actividades. Artigo 13.º Restrição do âmbito da contratação nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais 1 - A parte ii do presente Código não é aplicável à formação dos seguintes contratos referidos nos artigos 11.º e 12.º: a) A executar num país terceiro, desde que tal execução não implique a exploração física de uma rede pública ou de uma área geográfica no interior do território da União Europeia; b) A celebrar por uma entidade adjudicante cuja actividade esteja directamente exposta à concorrência em mercado de acesso não limitado, desde que tal seja reconhecido pela Comissão Europeia, a pedido do Estado Português, da entidade adjudicante em causa ou por iniciativa da própria Comissão Europeia, nos termos do disposto no artigo 30.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; c) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pelas alíneas a) ou b) do n.º 2 do artigo 2.º e uma empresa sua associada ou uma entidade abrangida pela alínea d) do mesmo número da qual aquela entidade adjudicante faça parte;» d) - A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pela alínea d) do n.º 2 do artigo 2.º e uma entidade abrangida pelas alíneas a) ou b) do mesmo número ou uma empresa associada a esta última; e) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pelas alíneas a) ou b) do n.º 1 do artigo 7.º e uma empresa sua associada ou uma entidade abrangida pela alínea c) do mesmo número, da qual aquela entidade adjudicante faça parte; f) A celebrar entre uma entidade adjudicante abrangida pela alínea c) do n.º 1 do artigo 7.º e uma entidade abrangida pelas alíneas a) ou b) do mesmo número ou uma empresa associada a esta última. Para os efeitos do disposto nas alíneas c) e e) do número anterior, as entidades referidas na alínea d) do n.º 2 do artigo 2.º ou na alínea c) do n.º 1 do artigo 7.º devem ter sido criadas para desenvolver a sua actividade no sector da água, da energia, dos transportes ou dos serviços postais durante um período mínimo de três anos e os instrumentos jurídicos que as constituem devem estabelecer que as entidades que dela fazem parte as integrem durante, pelo menos, o mesmo período. 3 - O disposto nas alíneas c) a f) do n.º 1 só é aplicável desde que, pelo menos, 80 % da média do volume de negócios da empresa associada nos últimos três anos, em matéria de obras, de bens móveis ou de serviços, consoante o caso, provenha da realização dessas obras, do fornecimento desses bens ou da prestação desses serviços à entidade à qual aquela se encontra associada ou, caso a empresa associada esteja constituída há menos de três anos, desde que esta demonstre, nomeadamente por recurso a projecções da sua actividade, que o respectivo volume de negócios é credível. 4 - Quando as obras, os bens móveis ou os serviços sejam, respectivamente, realizadas, fornecidos ou prestados à entidade adjudicante por mais do que uma empresa associada, a percentagem referida no

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número anterior é calculada tendo em conta o volume total de negócios, em matéria de obras, de bens móveis ou de serviços, de todas as empresas associadas. Artigo 14.º Empresa associada Para os efeitos do disposto no artigo anterior, considera-se empresa associada qualquer pessoa colectiva cujas contas anuais sejam consolidadas com as da entidade adjudicante nos termos do disposto na Sétima Directiva n.º 83/349/CEE, do Conselho, de 13 de Junho, ou, no caso de a entidade adjudicante não se encontrar abrangida pela referida directiva: a) Qualquer pessoa colectiva sobre a qual a entidade adjudicante possa exercer, directa ou indirectamente, uma influência dominante em virtude, nomeadamente, de deter a maioria do capital social, a maioria dos direitos de voto, o controlo de gestão ou o direito de designar, directa ou indirectamente, a maioria dos titulares de um órgão de administração, direcção ou fiscalização; b) Qualquer pessoa colectiva que possa exercer, directa ou indirectamente, uma influência dominante sobre a entidade adjudicante, em virtude de qualquer uma das situações referidas na alínea anterior; c) Qualquer pessoa colectiva que, conjuntamente com a entidade adjudicante, esteja sujeita, directa ou indirectamente, à influência dominante de uma terceira entidade, em virtude de qualquer uma das situações referidas na alínea a). NJ 1 - “I – O conceito de ‘empresa associada’ (artigo 14.º do Código dos Contratos Públicos (CCP)) é idêntico ao de “empresa” (artigos 2.º e 10.º n.º 1 da Lei n.º 18/2003) e de ‘sociedades coligadas’ (artigo 486.º do Código das Sociedades Comerciais). II – O legislador do CCP optou por introduzir um conceito próprio de ‘empresas associadas’, não remetendo directamente para os conceitos de ‘empresa’ e de ‘sociedades coligadas’, e apenas para proibir a participação daquelas, verificados certos pressupostos, nos procedimentos de contratação de sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais, e não para proibir a participação de empresas associadas na generalidade dos procedimentos concursais. III – Inexiste assim qualquer norma no nosso ordenamento jurídico que proíba a participação, no mesmo concurso, de empresas que se encontrem entre si em relação de domínio ou de grupo, não podendo, deste modo, ser determinada a exclusão automática de duas ou mais concorrentes apenas por se encontrarem numa relação de subordinação. IV - Não se pode confundir a unidade económica decorrente do n.º 2 do artigo 2.º da Lei n.º 18/2003, com o acordo ou a prática concertada proibidos pelo artigo 4.º n.º 1 da mesma Lei” (V. o Acórdão do TCAS de 03/02/2011, Proc. n.º 06545/10, in www.dgsi.pt). Artigo 15.º Comunicações à Comissão Europeia 1 - Nos casos previstos nas alíneas c) a f) do n.º 1 do artigo 13.º, as entidades adjudicantes devem comunicar à Comissão Europeia, a pedido desta, as seguintes informações: a) A identificação das entidades adjudicantes e das empresas associadas em causa; b) A natureza dos contratos celebrados e o respectivo preço contratual; c) Outros elementos que a Comissão Europeia considere necessários para provar que as relações entre as partes nos contratos celebrados preenchem os requisitos de que depende a aplicação do disposto no artigo 13.º 2 - As entidades adjudicantes devem comunicar à Comissão Europeia, a pedido desta, os contratos celebrados ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 13.º ou os que não digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas por essas entidades nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais. PARTE II Contratação pública

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TÍTULO I Tipos e escolha de procedimentos CAPÍTULO I Tipos de procedimentos Artigo 16.º Procedimentos para a formação de contratos 1 - Para a formação de contratos cujo objecto abranja prestações que estão ou sejam susceptíveis de estar submetidas à concorrência de mercado, as entidades adjudicantes devem adoptar um dos seguintes tipos de procedimentos: a) Ajuste directo; b) Concurso público; c) Concurso limitado por prévia qualificação; d) Procedimento de negociação; e) Diálogo concorrencial. 2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, consideram-se submetidas à concorrência de mercado, designadamente, as prestações típicas abrangidas pelo objecto dos seguintes contratos, independentemente da sua designação ou natureza: a) Empreitada de obras públicas; b) Concessão de obras públicas; c) Concessão de serviços públicos; d) Locação ou aquisição de bens móveis; e) Aquisição de serviços; f) Sociedade. NJ 1 - O TCAN interpretando as regras de escolha do ajuste directo, defendeu que: “O concurso público constitui o procedimento regra no domínio da contratação pública visto através da sua peculiar tramitação constituir uma forma particular de dar alento e substância aos princípios jurídicos da concorrência, da igualdade, da imparcialidade e da transparência tão caros no âmbito da contratação pública e que, aliás, se mostram expressamente plasmados no art. 01.º, n.º 4 do CCP. Daí que os demais procedimentos de formação de contrato [cfr. elenco constante do art. 16.º, n.º 1 do CCP], em particular o que aqui ora releva, o ajuste directo, constituam reais excepções ao regime regra, a demandarem, como tal, cuidados redobrados na aferição dos critérios legais definidos para a sua convocação” (V. o Acórdão do TCAN de 08/10/2010, Proc. n.º 03003/09.6BEPRT in www.dgsi.pt). CAPÍTULO II Escolha do procedimento e valor do contrato Artigo 17.º Noção 1 - Para efeitos do presente Código, o valor do contrato a celebrar é o valor máximo do benefício económico que, em função do procedimento adoptado, pode ser obtido pelo adjudicatário com a execução de todas as prestações que constituem o seu objecto. 2 - O benefício económico referido no número anterior inclui, além do preço a pagar pela entidade adjudicante ou por terceiros, o valor de quaisquer contraprestações a efectuar em favor do adjudicatário e ainda o valor das vantagens que decorram directamente para este da execução do contrato e que possam ser configuradas como contrapartidas das prestações que lhe incumbem. 3 - No caso de se tratar de um contrato de empreitada de obras públicas, o benefício referido no n.º 1 inclui ainda o valor dos bens móveis necessários à sua execução e que a entidade adjudicante ponha à disposição do adjudicatário. 4 - Caso não se verifique qualquer das situações referidas nos números anteriores considera-se o contrato sem valor.

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NA 1 - V. o art. 47.º («preço base») do CCP. 2 - V. o art. 97.º («preço contratual») do CCP. Fiscalização financeira 1 - O TC apreciou um caso em que se questionava a aplicação do art. 17.º, do CCP (V. o Acórdão n.º 113/2009 do TC de 12/05/2009, Proc. n.º 524/09). O valor de um contrato de locação financeira inclui, para além do preço do bem, o montante dos juros devidos pela locação financeira, os encargos a suportar relativamente à contratação e à gestão do contrato e o valor residual. In casu tratava-se de um contrato pelo qual o adjudicatário adquiriu e disponibilizou à entidade adjudicante, pelo período de cinco anos, um autocarro. Apenas foi considerado para o cálculo do preço contratual, na escolha do procedimento adjudicatário, o valor da viatura (205.843,36), sendo que a adjudicação foi efectuada pelo valor total de 225.355,35, acrescido de IVA. Determinou o Douto Tribunal que o valor total da adjudicação engloba, para além do valor da viatura, os encargos, juros e valor residual, i.e., “o locador far-se-á pagar pelo preço do autocarro, pelo custo do financiamento (juros calculados sobre o montante avançado pelo locador para a compra do bem), pelo custo da própria operação e da respectiva gestão e, em caso de o locatário optar pela compra do bem, pelo seu valor residual”. A soma dos valores, calculados nos termos do art. 17.º, do CCP, ultrapassa o limiar indicado o art. 20.º, n.º 1, al. b), do CCP, o que não aconteceria se se atendesse apenas ao valor da viatura, e que fundamentou a omissão da publicação do anúncio no JOUE e o prazo de apresentação das propostas. A omissão da publicação do anúncio do procedimento adjudicatório no JOUE, quando esta era obrigatória impede a celebração do contrato. A proibição da celebração do contrato vai gerar a nulidade da deliberação do órgão do Município (art. 3.º, n.º 4, da Lei das Finanças Locais). A nulidade do contrato (art. 283.º, n.º 1, do CCP) é fundamento de recusa de visto, atendo o disposto no art. 44.º, n.º 3, al. a), da Lei n.º 98/97, de 26/08. Leitura aconselhada: Vera Eiró, “Os contratos sem valor no Código dos Contratos Públicos”, in ??????????? Estudos em Homenagem a Sérvulo Correia, III, Lisboa, 2010, pp. 267-286. Artigo 18.º Escolha do procedimento Sem prejuízo do disposto nos capítulos iii e iv do presente título, a escolha dos procedimentos de ajuste directo, de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação condiciona o valor do contrato a celebrar nos termos do disposto nos artigos seguintes do presente capítulo. NA 1 - A escolha do procedimento adjudicatório fica conexa, não com o preenchimento de um critério formal, mas, para além do interesse público, com o limite que fixa no preço contratual. Artigo 19.º Escolha do procedimento de formação de contratos de empreitada de obras públicas No caso de contratos de empreitada de obras públicas: a) A escolha do ajuste directo só permite a celebração de contratos de valor inferior a (euro) 150 000 ou, caso a entidade adjudicante seja o Banco de Portugal ou uma das referidas no n.º 2 do artigo 2.º, de valor inferior a (euro) 1 000 000; b) A escolha do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação permite a celebração de contratos de qualquer valor, excepto quando os respectivos anúncios não sejam publicados no Jornal

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Oficial da União Europeia, caso em que só permite a celebração de contratos de valor inferior ao referido na alínea c) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. NL 1 - A Portaria n.º 701-B/2008, de 29, publicita a actualização dos valores dos limiares comunitários, referidos nas Directivas 2004/17/CE e 2004/18/CE, a partir do qual exige-se a publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia. NA 1 - Os valores publicitados na portaria referida na nota anterior encontram-se desactualizados, pois o Regulamento n.º 1177/2009, da Comissão, de 30 de Novembro de 2009, publicado no JOUE no dia 1/12/2009, introduz novos valores aos limiares comunitários. Assim, considerando que os regulamentos comunitários são directamente aplicáveis no ordenamento jurídico português, devemos aplicar os valores referidos no Regulamento citado, desaplicando os valores da ut retro portaria. Artigo 20.º Escolha do procedimento de formação de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços 1 - No caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de contratos de aquisição de serviços: a) A escolha do ajuste directo só permite a celebração de contratos de valor inferior a (euro) 75 000, sem prejuízo do disposto no n.º 4, ou, caso a entidade adjudicante seja o Banco de Portugal ou uma das referidas no n.º 2 do artigo 2.º, de valor inferior ao referido na alínea b) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; b) A escolha do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação permite a celebração de contratos de qualquer valor, excepto quando os respectivos anúncios não sejam publicados no Jornal Oficial da União Europeia, caso em que só permite a celebração de contratos de valor inferior ao referido na alínea b) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. 2 - Quando a entidade adjudicante seja o Estado, a escolha dos procedimentos referidos na alínea b) do número anterior, cujos anúncios não sejam publicados no Jornal Oficial da União Europeia, só permite a celebração de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de contratos de aquisição de serviços de valor inferior ao referido na alínea a) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, excepto se se tratar de: a) Contratos de locação ou de aquisição de bens móveis excepcionados pelo anexo v da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, a celebrar no domínio da defesa; b) Contratos de aquisição de serviços que tenham por objecto: i) Serviços de investigação e desenvolvimento; ii) Serviços de transmissão de programas televisivos e de emissões de rádio, serviços de interconexão e serviços integrados de telecomunicações; ou iii) Serviços mencionados no anexo ii-B da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. 3 - À formação dos contratos referidos nas alíneas do número anterior é aplicável o disposto na alínea b) do n.º 1. 4 - No caso de se tratar de contratos de aquisição de planos, de projectos ou de criações conceptuais nos domínios da arquitectura ou da engenharia, a escolha do ajuste directo só permite a celebração, pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 2.º, de contratos de valor inferior a (euro) 25 000. NA 1 - V. NA 1 do art. 19.º do CCP. Artigo 21.º Escolha do procedimento de formação de outros contratos

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1 - No caso de contratos não referidos nos artigos anteriores, excepto se se tratar de contratos de concessão de obras públicas, de contratos de concessão de serviços públicos e de contratos de sociedade: a) A escolha do ajuste directo só permite a celebração de contratos de valor inferior a (euro) 100 000; b) A escolha do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação permite a celebração de contratos de qualquer valor. 2 - Para a formação de contratos sem valor, excepto se se tratar de um dos contratos mencionados no número anterior, pode ser adoptado qualquer um dos procedimentos nele referidos. Artigo 22.º Divisão em lotes 1 - Quando prestações do mesmo tipo, susceptíveis de constituírem objecto de um único contrato, sejam divididas em vários lotes, correspondendo cada um deles a um contrato separado, a escolha, nos termos do disposto nos artigos anteriores, do ajuste directo, do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação cujo anúncio não seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, só permite a celebração do contrato relativo a cada lote desde que: a) O somatório dos preços base dos procedimentos de formação de todos os contratos a celebrar, quando essa formação ocorra em simultâneo, seja inferior aos valores mencionados, respectivamente e consoante os casos, nos artigos 19.º, 20.º e 21.º; ou b) O somatório dos preços contratuais relativos a todos os contratos já celebrados e dos preços base de todos os procedimentos ainda em curso, quando a formação desses contratos ocorra ao longo do período de um ano a contar do início do primeiro procedimento, seja inferior aos valores mencionados, respectivamente e consoante os casos, nos artigos 19.º, 20.º e 21.º 2 - Quando seja possível prever o somatório dos preços contratuais dos lotes correspondentes aos vários contratos, já celebrados e a celebrar ao longo do período de tempo referido na alínea b) do número anterior, a escolha, nos termos do disposto nos artigos anteriores, do ajuste directo, bem como do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação cujo anúncio não seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, só permite a celebração de contratos relativos a lotes subsequentes desde que esse somatório seja inferior aos valores mencionados, respectivamente e consoante os casos, nos artigos 19.º, 20.º e 21.º 3 - No caso de contratos de empreitadas de obras públicas, de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços, a escolha, nos termos do disposto nos artigos anteriores, do ajuste directo, bem como do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação cujo anúncio não seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, permite a celebração dos contratos relativos a lotes em que o preço base fixado no caderno de encargos seja inferior a (euro) 1 000 000, no caso de empreitadas de obras públicas, ou a (euro) 80 000, no caso de bens móveis ou serviços, ainda que os somatórios referidos nos números anteriores sejam iguais ou superiores aos valores mencionados, respectivamente e consoante os casos, nos artigos 19.º e 20.º, desde que o valor cumulado dos preços base dos procedimentos de formação dos contratos relativos a lotes cuja celebração é permitida neste número não exceda 20 % daqueles somatórios. CAPÍTULO III Escolha do procedimento em função de critérios materiais Artigo 23.º Regra geral A escolha do procedimento nos termos do disposto no presente capítulo permite a celebração de contratos de qualquer valor, sem prejuízo das excepções expressamente previstas. NJ 1 – O TCAN analisando os critérios materiais “que uma vez verificados legitimam a adopção do procedimento de ajuste directo”, identificou as “três principais ordens de razão que justificam a opção pelo ajuste directo”: a) “Razões procedimentais [cfr. art. 24.º, n.º 1, als. a), b) e c), 25.º, n.º 1, als. a) e c), 26.º, n.º 1, al. e) e 27.º, n.º 1, als. a) e h) do CCP]; b) Razões relativas ao objecto do contrato [cfr. art. 24.º, n.º 1, als. d) a f), 25.º, n.º 1, al. b), 26.º, n.ºs 1, als. a) a d) e f) e 2, e 27.º, n.º 1, als. b) a g) do CCP] e

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c) Razões de interesse público [cfr. art. 31.º, n.º 3 do CCP]” (V. o Acórdão do TCAN de 08/10/2010, Proc. n.º 03003/09.6BEPRT in www.dgsi.pt). Artigo 24.º Escolha do ajuste directo para a formação de quaisquer contratos 1 - Qualquer que seja o objecto do contrato a celebrar, pode adoptar-se o ajuste directo quando: a) Em anterior concurso público ou concurso limitado por prévia qualificação, nenhum candidato se haja apresentado ou nenhum concorrente haja apresentado proposta, e desde que o caderno de encargos e, se for o caso, os requisitos mínimos de capacidade técnica e financeira não sejam substancialmente alterados em relação aos daquele concurso; b) Em anterior concurso público, concurso limitado por prévia qualificação ou diálogo concorrencial, todas as propostas apresentadas tenham sido excluídas, e desde que o caderno de encargos não seja substancialmente alterado em relação ao daquele procedimento; c) Na medida do estritamente necessário e por motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis pela entidade adjudicante, não possam ser cumpridos os prazos inerentes aos demais procedimentos, e desde que as circunstâncias invocadas não sejam, em caso algum, imputáveis à entidade adjudicante; d) As prestações que constituem o seu objecto se destinem, a título principal, a permitir à entidade adjudicante a prestação ao público de um ou mais serviços de telecomunicações; e) Por motivos técnicos, artísticos ou relacionados com a protecção de direitos exclusivos, a prestação objecto do contrato só possa ser confiada a uma entidade determinada; f) Nos termos da lei, o contrato seja declarado secreto ou a respectiva execução deva ser acompanhada de medidas especiais de segurança, bem como quando a defesa de interesses essenciais do Estado o exigir. 2 - Quando todas as propostas tenham sido excluídas com fundamento no n.º 2 do artigo 70.º, a adopção do ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea b) do número anterior só permite a celebração de contratos de valor inferior ao: a) Referido na alínea b) do artigo 19.º, no caso de se tratar de um contrato de empreitada de obras públicas; b) Referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º, no caso de se tratar de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços; c) Referido no n.º 2 do artigo 20.º, no caso de se tratar de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços, quando a entidade adjudicante seja o Estado, excepto se se tratar de um dos contratos mencionados nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 20.º, caso em que é aplicável o disposto na alínea anterior. 3 - No caso previsto no número anterior, a adopção do ajuste directo só permite a celebração de contratos de valor igual ou superior aos referidos nas alíneas do mesmo número, desde que o anúncio do procedimento anterior tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia e sejam convidados a apresentar proposta todos, e apenas, os concorrentes cujas propostas tenham sido excluídas apenas com fundamento no n.º 2 do artigo 70.º 4 - Para a formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o ajuste directo só pode ser adoptado ao abrigo do disposto na alínea b) do n.º 1 do presente artigo, desde que as propostas tenham sido excluídas com fundamento diferente dos previstos no n.º 2 do artigo 70.º 5 - Para a formação dos contratos a que se refere o número anterior e sem prejuízo do que nele se dispõe, também pode ser adoptado o ajuste directo quando as situações previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1 tenham ocorrido em anterior procedimento de negociação. 6 - A decisão de escolha do ajuste directo ao abrigo do disposto nas alíneas a) e b) do n.º 1 e no número anterior só pode ser tomada no prazo de seis meses a contar: a) Do termo do prazo fixado para a apresentação de candidaturas ou propostas, no caso previsto na alínea a) do n.º 1;» b) Da decisão de exclusão de todas as propostas apresentadas, no caso previsto na alínea b) do n.º 1. 7 - A decisão de escolha do ajuste directo tomada nos termos do disposto no número anterior caduca se o convite à apresentação de proposta não for formulado nos prazos previstos nas alíneas a) e b) do número anterior, consoante o caso. 8 - Para efeitos do disposto nas alíneas a) e b) do n.º 1, considera-se que o caderno de encargos e os requisitos mínimos de capacidade técnica e financeira são substancialmente alterados quando as alterações

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sejam susceptíveis de impedir a verificação das situações previstas nessas alíneas, nomeadamente quando sejam modificados os parâmetros base fixados no caderno de encargos. 9 - As entidades adjudicantes devem comunicar à Comissão Europeia, a pedido desta, um relatório relativo aos contratos celebrados ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1. 24.º, n.º 1, alínea e) NJ 1 – O TCAN perante a situação fáctica sub judice entendeu que a mesma não encontrava enquadramento no art. 24.º, n.º 1, alínea e) do CCP (V. o Acórdão do TCAN de 08/10/2010, Proc. n.º 03003/09.6BEPRT in www.dgsi.pt). Vejamos então o caso concreto. Após o decurso do procedimento adjudicatório «concurso público», foi celebrado com o adjudicatário o contrato para fornecimento e instalação de um sistema de informação. Após a co-contratante ter emitido várias facturas, o Tribunal de Contas (TC) recusou o visto ao contrato. De seguida a contraente pública aprovou a proposta em que se determinava o seguinte: “Aceitação da decisão da decisão do Tribunal de Contas e consequências legais derivadas: a ineficácia jurídica do contrato e pagamento à empresa C... dos trabalhos realizados e bens e serviços adquiridos até 26 de Setembro de 2008 [Data da emissão do acórdão do TC] (U). Valor referente ao remanescente das licenças do software - 193.375€. (U) Atendendo: À importância deste projecto para a concretização de objectivos estratégicos para o IPOP; À especificidade técnica do software e à impossibilidade da sua implementação sem a continuação da colaboração da empresa C..., com aproveitamento da despesa realizada até à data da decisão do Tribunal de Contas; Ao novo enquadramento legal do Código de Contratação Pública (Decreto-lei n.º 18/2008); Propõe-se a contratação dos serviços necessários à conclusão do projecto por ajuste directo, ao abrigo dos artigos U 23, U 24- alínea e) e 112.º e 129.º do novo Código da Contratação Pública, pelo facto deste normativo possibilitar por motivos técnicos ou relacionados com a protecção de direitos exclusivos, a prestação do objecto do contrato por ajuste directo.” Como resulta do supra, a contraente pública perante a impossibilidade da continuação da produção de efeitos jurídicos, do contrato celebrado, e não estando o mesmo executado na totalidade, veio a lançar um ajuste directo em que convidou o anterior co-contratante, invocando o disposto no artigo 24.º, n.º 1, alínea e) do CCP, que permite a escolha do ajuste directo para a celebração de contratos, seja qual for o valor e o objecto deste. Ora, no acórdão supra citado, o TCAN promanou a seguinte doutrina: “À luz deste normativo temos que o procedimento de ajuste directo só se mostrará legitimado quando a entidade adjudicante demonstre que só aquele concreto prestador de serviços está técnica ou artisticamente habilitado ou detém direitos exclusivos objecto de protecção para executar o serviço pretendido. É certo que a aferição da aptidão técnica e artística, bem como da existência de direitos exclusivos que beneficiem de protecção, dever ser analisada em concreto e não em abstracto. Mas daí não deriva, como referimos supra, que a entidade adjudicante goze de poder discricionário conformador da definição e aferição daqueles critérios materiais à luz de outras razões tidas na prossecução do interesse público, porquanto, nesta sede, o legislador conferiu àquela entidade o poder-dever jurídico estritamente vinculado de, por ajuste directo, vir a adjudicar, nomeadamente, o fornecimento de determinados serviços a um concreto fornecedor, dado aquele concreto fornecimento, por motivos de aptidão técnica, artística ou relacionados com a protecção de direitos exclusivos, só por aquele possa ser executado. Ora a opção pelo ajuste directo tendo como fundamento a al. e) do n.º 1 do art. 24.º do CCP só ocorrerá, no caso vertente, quando no mercado, por razões técnicas, artísticas ou de protecção de direitos exclusivos, apenas exista ou se mostre habilitada uma empresa capaz de executar a prestação/fornecimento de serviço, pelo que não faria sentido a Administração ter de se socorrer do procedimento concursal quando de antemão sabia que só aquela empresa poderia ser admitida.

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Nessa medida, não podem ter-se como susceptíveis de integrar a previsão deste comando as situações em que a Administração crie, ela própria, as circunstâncias fácticas conducentes a que só uma empresa lhe possa executar uma determinada prestação/fornecimento de serviços”. Assim, no caso concreto, “(U) Não resulta apurado com um mínimo de suficiência que ocorressem razões técnicas ou que existissem direitos de exclusivo cuja protecção reclamassem ou impusessem a opção tomada por aquele concreto tipo de procedimento de formação de contrato. Desde logo, não se descortina que, enquanto aplicativo informático, a solução técnica quanto ao fornecimento e instalação do sistema de informação hospitalar apresentada pela co-R. contra-interessada, no âmbito do contrato que viu ser-lhe recusado o visto e que estava a ser implementado quando ocorreu tal recusa, envolva qualquer solução que por razão de aptidão técnica apenas pudesse ser fornecida pela mesma empresa, mormente e em especial, na parte que faltava implementar (U). Desde logo, o recurso ao ajuste directo por uma questão de premência de cumprimento de prazos e de compromissos assumidos em matéria de execução de missões e objectivos definidos pela entidade adjudicante ou que lhe são impostos não encontra sua cobertura legal naquele preceito, nem igualmente nesta sede vale a argumentação que contenda com aproveitamento dos dinheiros já pagos no âmbito de anterior execução contratual que se veio a mostrar ineficaz em termos financeiros, nem com um potencial ou real aumento de custos financeiros envolvidos na intervenção de nova empresa e/ou da não continuação da anterior adjudicatária. Também não se enquadra no normativo em referência quando a situação que importa e urge resolver derive de actuação ou omissão imputável à entidade adjudicante, como resulta ocorrer na situação vertente mercê do facto da mesma ser consequência da recusa da concessão do visto ao anterior contrato em virtude daquela entidade haver incumprido ilegal e ilegitimamente as regras procedimentais legais (U). Atente-se, por outro lado, que da referência a uma ‘especificidade técnica do software’ não resulta como reunida e adquirida a conclusão de que apenas a entidade adjudicatária, aqui recorrida, se afirme como a única entidade disponível no mercado que detém capacidade e aptidão técnicas bastantes para fazer face à complexidade e exigência dos serviços a prestar/fornecer”. Conclui o TCAN que não ficou demonstrado que “(U) No procedimento que esteve na base da decisão impugnada nos presentes autos e na sua respectiva fundamentação, que no mercado apenas a co-R., aqui recorrida, era a única empresa dotada da capacidade e aptidão técnicas necessárias à execução ou à continuação da execução e implementação do concreto sistema de informação (U), resultando antes que foi a própria entidade adjudicante que, por razões a si imputáveis, criou as condições para que aquela adjudicatária pudesse aparente e alegadamente surgir como a única empresa com competências, para sem interrupções, proceder à sua implementação e manter o sistema como pretendido” Não olvidou o Douto Tribunal a questão da possível presença de direitos de autor. Todavia in casu, “(U) Tal motivação ou razão não foi avançada na justificação e fundamentação da deliberação impugnada nos autos, sendo certo que a mesma contende com o teor da própria clausula 22.ª do contrato outorgado [‘Todos os resultados da implementação dos sistemas - elementos de trabalho e produtos desenvolvidos especificamente para o Primeiro Outorgante ficarão propriedade do Primeiro Outorgante, que os poderá utilizar em contextos futuros, sem prejuízo da aplicabilidade das regras gerais quanto ao direito autoral em matéria de propriedade das obras originárias’]”. Artigo 25.º Escolha do ajuste directo para a formação de contratos de empreitada de obras públicas 1 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, no caso de contratos de empreitada de obras públicas, pode adoptar-se o ajuste directo quando: a) Se trate de novas obras que consistam na repetição de obras similares objecto de contrato anteriormente celebrado pela mesma entidade adjudicante, desde que:

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i) Essas obras estejam em conformidade com um projecto base comum; ii) Aquele contrato tenha sido celebrado, há menos de três anos, na sequência de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação; iii) O anúncio do concurso tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, no caso de o somatório do preço base relativo ao ajuste directo e do preço contratual relativo ao contrato inicial ser igual ou superior ao valor referido na alínea b) do artigo 19.º; e iv) A possibilidade de adopção do ajuste directo tenha sido indicada no anúncio ou no programa do concurso; b) Se trate de obras a realizar apenas para fins de investigação, de experimentação, de estudo ou de desenvolvimento, desde que: i) A realização dessas obras não se destine a assegurar a obtenção de lucro ou a amortizar os custos dessas actividades; e ii) O preço base relativo ao ajuste directo seja inferior ao referido na alínea b) do artigo 19.º; c) Se trate de realizar uma obra ao abrigo de um acordo quadro, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 258.º 2 - Para a formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, a escolha do ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 também permite a celebração de contratos de qualquer valor, quando a situação prevista nessa alínea tenha ocorrido em anterior procedimento de negociação. Artigo 26.º Escolha do ajuste directo para a formação de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis 1 - Sem prejuízo do disposto no artigo 24.º, no caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis, pode adoptar-se o ajuste directo quando: a) Se trate de bens destinados à substituição parcial ou à ampliação de bens ou equipamentos de específico uso corrente da entidade adjudicante, desde que o contrato a celebrar o seja com a entidade com a qual foi celebrado o contrato inicial de locação ou de aquisição de bens e a mudança de fornecedor obrigasse a entidade adjudicante a adquirir material de características técnicas diferentes, originando incompatibilidades ou dificuldades técnicas de utilização e manutenção desproporcionadas; b) Se trate de bens produzidos ou a produzir apenas para fins de investigação, de experimentação, de estudo ou de desenvolvimento, desde que tais bens não sejam produzidos em quantidade destinada a assegurar a viabilidade comercial dos mesmos ou a amortizar os custos daquelas actividades; c) Se trate de adquirir bens cotados numa bolsa de matérias-primas; d) Se trate de adquirir bens, em condições especialmente mais vantajosas do que as normalmente existentes no mercado, a fornecedores que cessem definitivamente a sua actividade comercial, a curadores, liquidatários ou administradores da insolvência ou de uma concordata ou ainda no âmbito de acordo judicial; e) Se trate de locar ou de adquirir bens ao abrigo de um acordo quadro, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 258.º; f) Se trate de adquirir água ou energia, desde que a entidade adjudicante exerça a actividade de colocação à disposição, de exploração ou de alimentação de redes fixas de prestação de serviços ao público no domínio da produção, do transporte ou da distribuição de, respectivamente, água potável ou electricidade, gás ou combustível para aquecimento. 2 - Sem prejuízo do disposto no artigo 24.º, para a formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o ajuste directo também pode ser adoptado quando: a) Se trate de adquirir bens destinados a revenda ou a locação a terceiros, directamente ou através da sua incorporação noutros bens móveis: i) A entidade adjudicante não goze de direitos especiais ou exclusivos para a revenda ou a locação daqueles bens; e ii) Outras entidades possam revender ou locar livremente bens do mesmo tipo em condições idênticas às das que goza a entidade adjudicante; b) Se trate de adquirir bens que se encontram disponíveis no mercado por um período de tempo muito curto e cujo preço seja consideravelmente inferior aos preços normalmente praticados no mercado.

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3 - As entidades adjudicantes devem comunicar à Comissão Europeia, a pedido desta, as categorias de bens objecto dos contratos celebrados na sequência de ajuste directo adoptado ao abrigo do disposto na alínea a) do número anterior. Artigo 27.º Escolha do ajuste directo para a formação de contratos de aquisição de serviços 1 - Sem prejuízo do disposto no artigo 24.º, no caso de contratos de aquisição de serviços, pode adoptar-se o ajuste directo quando: a) Se trate de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares objecto de contrato anteriormente celebrado pela mesma entidade adjudicante, desde que: i) Esses serviços estejam em conformidade com um projecto base comum; ii) Aquele contrato tenha sido celebrado, há menos de três anos, na sequência de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação; iii) O anúncio do concurso tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, no caso de o somatório do preço base relativo ao ajuste directo e do preço contratual relativo ao contrato inicial ser igual ou superior ao valor referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º; e iv) A possibilidade de adopção do ajuste directo tenha sido indicada no anúncio ou no programa do concurso; b) A natureza das respectivas prestações, nomeadamente as inerentes a serviços de natureza intelectual ou a serviços financeiros indicados na categoria 6 do anexo ii-A da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, não permita a elaboração de especificações contratuais suficientemente precisas para que sejam qualitativamente definidos atributos das propostas necessários à fixação de um critério de adjudicação nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 74.º, e desde que a definição quantitativa, no âmbito de um procedimento de concurso, de outros atributos das propostas seja desadequada a essa fixação tendo em conta os objectivos da aquisição pretendida; c) Se trate de serviços relativos à aquisição ou à locação, independentemente da respectiva modalidade financeira, de quaisquer bens imóveis, ou a direitos sobre esses bens, salvo os contratos de prestação de serviços financeiros celebrados simultânea, prévia ou posteriormente ao contrato de aquisição ou de locação, seja qual for a sua forma; d) Se trate de serviços de arbitragem e de conciliação; e) Se trate de serviços de investigação e de desenvolvimento, com excepção daqueles cujos resultados se destinem exclusivamente à entidade adjudicante para utilização no exercício da sua própria actividade, desde que a prestação do serviço seja inteiramente remunerada pela referida entidade adjudicante; f) Se trate de serviços informáticos de desenvolvimento de software e de manutenção ou assistência técnica de equipamentos; g) O contrato, na sequência de um concurso de concepção, deva ser celebrado com o concorrente seleccionado ou com um dos concorrentes seleccionados nesse concurso, desde que tal intenção tenha sido manifestada nos respectivos termos de referência e de acordo com as regras neles estabelecidas; h) Se trate de adquirir serviços ao abrigo de um acordo quadro, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 258.º 2 - Sempre que a entidade adjudicante for o Estado, só pode ser adoptado o ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 no caso de o somatório referido na subalínea iii) ser igual ou superior ao valor referido no n.º 2 do artigo 20.º ou, quando se tratar de um dos contratos mencionados na alínea b) do mesmo n.º 2, ao valor referido na alínea b) do n.º 1 do mesmo artigo. 3 - No caso de contratos de aquisição de quaisquer serviços indicados no anexo ii-A da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, só pode ser adoptado o ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea b) do n.º 1 quando o respectivo preço base seja inferior ao valor: a) Referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º; ou b) Referido no n.º 2 do artigo 20.º, quando a entidade adjudicante seja o Estado, excepto se se tratar de um dos contratos mencionados na alínea b) do n.º 2 do artigo 20.º, caso em que é aplicável o disposto na alínea anterior. 4 - Não pode ser adoptado o ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea b) do n.º 1 quando o serviço a adquirir consista na elaboração de um plano, de um projecto ou de uma qualquer criação conceptual nos domínios artístico, do ordenamento do território, do planeamento urbanístico, da arquitectura, da engenharia ou do processamento de dados.

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5 - A decisão de escolha do ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1 só pode ser tomada no prazo de um ano a contar da decisão de adjudicação tomada no concurso de concepção, devendo o convite à apresentação de proposta ser enviado dentro do mesmo prazo, sob pena de caducidade daquela decisão. 6 - A entidade adjudicante deve indemnizar os concorrentes pelos encargos em que comprovadamente incorreram com a elaboração das respectivas propostas apresentadas no concurso de concepção quando a decisão de escolha do ajuste directo, ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1, tenha caducado ou não tenha sido tomada no prazo previsto no número anterior. 7 - A escolha do ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea f) do n.º 1 só permite a celebração de contratos de valor inferior ao referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º ou ao referido no n.º 2 do artigo 20.º, consoante o caso. Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 14/10 do TC de 13/04/2010, Proc. n.º 105/2010) a possibilidade de adoptar o procedimento adjudicatório “ajuste directo”, já precedido de anterior procedimento igualmente de ajuste directo, invocando o disposto no art. 27.º, n.º 1, al. a), do CCP. No caso sub judice o instituto na sequência de um procedimento adjudicatório “concurso público” ter ficado deserto, foi adoptado um ajuste directo nos termos do art. 24.º, n.º 1, al. a), do CCP, para a celebração de um contrato de prestação de serviços, que foi visado pelo TC. Mais tarde foi determinado a abertura de outro ajuste directo, para a celebração de um contrato com o mesmo objecto do anterior (serviços similares), e com o mesmo co-contratante privado, invocando o disposto no art. 27.º, n.º 1, al. a), do CCP. Segundo o TC não se verificaram os pressupostos necessários para a adopção do ajuste directo, pois era necessário que o mesmo tivesse sido precedido de concurso público ou limitado (quando o mesmo foi precedido de ajuste directo). Assim, o contrato deveria ter sido precedido de um concurso público ou limitado, nos termos do art. 20.º, n.º 1, al. b), do CCP. A ausência do concurso implica a nulidade da adjudicação por falta de um elemento essencial desta (art. 133.º, n.º 1, do CPA), o que acarreta a nulidade do contrato (art. 283.º, n.º 1, do CCP. O TC considerou que aquela ilegalidade preenchia o fundamento de recusa do visto indicado no art. 44.º, n.º 3, al. a), da Lei n.º 98/97, de 26/08. 2 - Quanto ao art. 27.º, n.º 1, al. g), V. anotação ao art. 219.º, do CCP. Artigo 28.º Escolha de concurso sem publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia Pode adoptar-se o concurso público ou o concurso limitado por prévia qualificação, sem publicação do respectivo anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, nos casos em que pode ser adoptado o ajuste directo ao abrigo do disposto nos artigos anteriores do presente capítulo, com excepção daqueles em que só seja possível convidar uma entidade e do caso previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo anterior. Artigo 29.º Escolha do procedimento de negociação 1 - Pode adoptar-se o procedimento de negociação para a celebração dos seguintes contratos: a) Contratos de empreitada de obras públicas, contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e contratos de aquisição de serviços, desde que, em anterior concurso público ou concurso limitado por prévia qualificação cujo anúncio tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, ou em anterior diálogo concorrencial, todas as propostas apresentadas tenham sido excluídas com fundamento no n.º 2 do artigo 70.º, e o caderno de encargos não seja substancialmente alterado em relação ao daquele procedimento; b) Contratos de empreitada de obras públicas, contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e contratos de aquisição de serviços cuja natureza ou condicionalismos da prestação que constitui o seu objecto impeçam totalmente a fixação prévia e global de um preço base no caderno de encargos;

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c) Contratos de empreitada de obras públicas a realizar apenas para fins de investigação, de experimentação, de estudo ou de desenvolvimento, desde que a realização dessas obras não se destine a assegurar a viabilidade económica das mesmas ou a amortizar os custos daqueles fins; d) Contratos de aquisição de serviços, nomeadamente de natureza intelectual ou dos serviços financeiros indicados na categoria 6 do anexo ii-A da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, quando a natureza das respectivas prestações não permita a elaboração de especificações contratuais suficientemente precisas para que sejam qualitativamente definidos atributos das propostas necessários à fixação de um critério de adjudicação nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 74.º, mas a definição quantitativa de outros atributos seja adequada a essa fixação ou o preço seja o único atributo a ter em consideração na avaliação das propostas, tendo em conta os objectivos da aquisição pretendida; e) Contratos para cuja celebração pode ser adoptado, ao abrigo do disposto no artigo anterior, o concurso público ou o concurso limitado por prévia qualificação. 2 - A decisão de escolha do procedimento de negociação ao abrigo do disposto na alínea a) do número anterior só pode ser tomada no prazo de seis meses a contar da decisão de exclusão de todas as propostas apresentadas, devendo o respectivo anúncio ser enviado para publicação no Diário da República e no Jornal Oficial da União Europeia dentro do mesmo prazo, sob pena de caducidade daquela decisão. 3 - Não pode ser adoptado o procedimento de negociação ao abrigo do disposto na alínea d) do n.º 1 quando o serviço a adquirir consista na elaboração de um plano, de um projecto ou de uma qualquer criação conceptual nos domínios artístico, do ordenamento do território, do planeamento urbanístico, da arquitectura, da engenharia ou do processamento de dados. 4 - Para efeitos do disposto na alínea a) do n.º 1, considera-se que o caderno de encargos é substancialmente alterado quando as alterações sejam susceptíveis de impedir a verificação da situação prevista nessa alínea, nomeadamente quando sejam modificados os parâmetros base fixados no caderno de encargos. Artigo 30.º Escolha do diálogo concorrencial 1 - Pode adoptar-se o procedimento de diálogo concorrencial quando o contrato a celebrar, qualquer que seja o seu objecto, seja particularmente complexo, impossibilitando a adopção do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação. 2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, consideram-se particularmente complexos os contratos relativamente aos quais seja objectivamente impossível: a) Definir a solução técnica mais adequada à satisfação das necessidades da entidade adjudicante; b) Definir os meios técnicos, de acordo com o disposto nas alíneas c) e d) do n.º 2 do artigo 49.º, aptos a concretizar a solução já definida pela entidade adjudicante; ou c) Definir, em termos suficientemente claros e precisos, a estrutura jurídica ou a estrutura financeira inerentes ao contrato a celebrar. 3 - A impossibilidade objectiva referida no número anterior não pode, em qualquer caso, resultar da carência efectiva de apoios de ordem técnica, jurídica ou financeira de que a entidade adjudicante, usando da diligência devida, possa dispor. 4 - A adopção do procedimento de diálogo concorrencial destina-se a permitir à entidade adjudicante debater, com os potenciais interessados na execução do contrato a celebrar, os aspectos referidos nas alíneas do n.º 2, com vista à sua definição. CAPÍTULO IV Outras regras de escolha do procedimento Artigo 31.º Escolha do procedimento em função do tipo de contrato 1 - Sem prejuízo do disposto nas alíneas d) e f) do n.º 1 do artigo 24.º e no artigo anterior, para a formação de contratos de concessão de obras públicas e de concessão de serviços públicos, bem como de contratos de sociedade, qualquer que seja o valor do contrato a celebrar, deve ser adoptado, em alternativa, o concurso público, o concurso limitado por prévia qualificação ou o procedimento de negociação. 2 - O disposto no número anterior é também aplicável quando os contratos nele referidos não impliquem o pagamento de um preço pela entidade adjudicante ou sejam contratos sem valor.

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3 - Quando razões de interesse público relevante o justifiquem, pode adoptar-se o ajuste directo para a formação de contratos de sociedade e de contratos de concessão de serviços públicos. Artigo 32.º Escolha do procedimento para a formação de contratos mistos 1 - Só é permitida a celebração de contratos mistos se as prestações a abranger pelo respectivo objecto forem técnica ou funcionalmente incindíveis ou, não o sendo, se a sua separação causar graves inconvenientes para a entidade adjudicante. 2 - Para a formação de um contrato misto cujo objecto abranja, simultaneamente, prestações típicas dos contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços: a) A escolha do ajuste directo, bem como a escolha do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação, sem publicação do respectivo anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, permite a celebração daquele contrato desde que o respectivo valor seja inferior ao mais baixo dos valores até aos quais seria permitida, nos termos do disposto na alínea a) do artigo 19.º e da alínea a) do n.º 1 do artigo 20.º, a celebração de um contrato separado cujo objecto abrangesse prestações típicas de apenas um daqueles contratos; b) Pode adoptar-se o procedimento que, nos termos previstos no capítulo anterior, poderia ser adoptado para a celebração de qualquer um daqueles contratos se celebrado em separado. 3 - Para a formação de um contrato misto cujo objecto abranja, simultaneamente, prestações típicas dos contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços e dos contratos de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos ou de sociedade: a) Pode adoptar-se o concurso público ou o concurso limitado por prévia qualificação, desde que o respectivo valor seja inferior ao mais baixo dos valores referidos na alínea b) do artigo 19.º e na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 20.º, consoante o caso; b) Pode adoptar-se o procedimento que, nos termos previstos no capítulo anterior, poderia ser adoptado para a celebração de qualquer um daqueles contratos se celebrado em separado. 4 - A formação dos contratos mistos referidos nos n.os 2 e 3 está sujeita aos trâmites procedimentais específicos, devidamente conjugados, dos procedimentos de formação de todos os contratos cujas prestações típicas sejam objecto do contrato misto a celebrar. 5 - Na escolha do procedimento nos termos do disposto na alínea a) do n.º 2 e da alínea a) do n.º 3 deve atender-se ao valor do contrato misto a celebrar, determinado de acordo com o disposto no artigo 17.º 6 - A formação de um contrato misto cujo objecto abranja, simultaneamente, prestações típicas dos contratos referidos no n.º 2 e de quaisquer outros, que não os de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos ou de sociedade, está sujeita às disposições do presente Código relativas à escolha do procedimento e aos trâmites procedimentais específicos aplicáveis aos primeiros. 7 - Quando, por força da aplicação do disposto na alínea b) do n.º 2, na alínea b) do n.º 3 e no número anterior, se obtenha, nos termos do disposto no artigo 24.º, mais do que um valor até ao qual é permitida a celebração do contrato, prevalece o valor mais baixo. 8 - A formação de um contrato misto cujo objecto abranja, simultaneamente, prestações típicas dos contratos de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos ou de sociedade e de quaisquer outros, que não os de empreitada de obras públicas, de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços, está sujeita às disposições do presente Código relativas à escolha do procedimento e aos trâmites procedimentais específicos aplicáveis aos primeiros. 9 - O disposto nos n.os 6 e 8 é igualmente aplicável à formação de um contrato cujo objecto abranja, simultaneamente, prestações típicas de pelo menos um dos contratos enumerados no n.º 2 do artigo 16.º e de um contrato a que se referem as alíneas e) a h) do n.º 4 do artigo 5.º NJ 1 - “O art. 32.º do Códigos dos Contratos Públicos além de consagrar um conceito amplo de contrato misto que abrange tanto a coligação de contratos como o contrato misto stricto sensu, fixou uma série de regras para a escolha do procedimento gizadas em função da concreta combinação das prestações em causa” (V. o Acórdão do TCAS de 17/09/2009, Proc. n.º 04800/09, in www.dgsi.pt). Artigo 33.º

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Escolha do procedimento em função da entidade adjudicante 1 - Sem prejuízo do disposto nos artigos 24.º a 27.º e no n.º 3 do artigo 31.º, para a formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, estas entidades devem adoptar, em alternativa, o concurso público, o concurso limitado por prévia qualificação ou o procedimento de negociação. 2 - Para a formação dos contratos referidos no número anterior não pode ser adoptado o procedimento de diálogo concorrencial. 3 - Ainda que os contratos a celebrar não digam apenas respeito a uma ou a várias das actividades por elas exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais, o disposto no n.º 1 é sempre aplicável às entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, desde que não seja possível determinar a que actividade tais contratos dizem principalmente respeito. 4 - O disposto no n.º 1 não é aplicável às entidades adjudicantes referidas no n.º 2 do artigo 2.º quando os contratos a celebrar não digam apenas respeito a uma ou a várias das actividades por elas exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais e não seja possível determinar a que actividade tais contratos dizem principalmente respeito. TÍTULO II Fase de formação do contrato CAPÍTULO I Anúncios pré-procedimentais Artigo 34.º Anúncio de pré-informação 1 - As entidades adjudicantes referidas no artigo 2.º devem enviar para publicação no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio de pré-informação, conforme modelo constante do anexo i ao Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro, no qual indiquem: a) No caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços, o preço contratual estimado de todos os contratos a celebrar durante os 12 meses seguintes, quando esse preço seja igual ou superior ao valor referido, consoante o caso, na alínea a) ou b) do n.º 1 do artigo 35.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; b) No caso de contratos de empreitada de obras públicas, as respectivas características essenciais, quando o preço contratual estimado de todos os contratos a celebrar durante os 12 meses seguintes seja igual ou superior ao valor referido na alínea c) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. 2 - Os preços contratuais estimados de todos os contratos a celebrar previstos no número anterior incluem o valor estimado dos acordos quadro que as entidades adjudicantes estejam dispostas a celebrar naquele período e cujo objecto abranja prestações típicas dos contratos referidos nas alíneas do mesmo número. 3 - O preço contratual estimado de todos os contratos a celebrar para cuja formação as entidades adjudicantes adoptem o procedimento de ajuste directo em função de critérios materiais não é contabilizado para efeitos do preço contratual estimado de todos os contratos a celebrar previsto no n.º 1. 4 - Os anúncios de pré-informação relativos aos contratos referidos na alínea a) do n.º 1 são enviados imediatamente após o início de cada exercício orçamental. 5 - Os anúncios de pré-informação relativos aos contratos referidos na alínea b) do n.º 1 são enviados imediatamente após a aprovação do plano de actividades em que se inserem. 6 - O cálculo dos preços contratuais estimados referidos nos n.os 1 a 3 deve ser efectuado de acordo com as regras previstas no artigo 9.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. Artigo 35.º Anúncio periódico indicativo 1 - Quando os contratos e os acordos quadro a celebrar digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, estas devem enviar para publicação no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio periódico indicativo, conforme modelo constante do anexo iv ao

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Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro, ao qual é aplicável o disposto no artigo anterior. 2 - No caso dos contratos referidos no número anterior, o cálculo dos preços contratuais estimados a que se referem os n.os 1 a 3 do artigo anterior deve ser efectuado de acordo com as regras previstas no artigo 17.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março. CAPÍTULO II Início do procedimento Artigo 36.º Decisão de contratar e decisão de autorização da despesa 1 - O procedimento de formação de qualquer contrato inicia-se com a decisão de contratar, a qual cabe ao órgão competente para autorizar a despesa inerente ao contrato a celebrar, podendo essa decisão estar implícita nesta última. 2 - Quando o contrato a celebrar não implique o pagamento de um preço pela entidade adjudicante, a decisão de contratar cabe ao órgão desta que for competente para o efeito nos termos da respectiva lei orgânica ou dos seus estatutos. NJ 1 - O “momento decisivo, para se aferir da competência do órgão para autorizar a despesa e determinar o seu valor global para efeitos de escolha do procedimento, é o da decisão de contratar (cfr. os arts. 36.º e 38.º, ambos do CCP, e o art. 16.º do DL 197/99)” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria Relatório n.º 2/2011-FC/SRMTC, Processo n.º Processo n.º 05/10 – Aud/FC, http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2011/audit-srmtc-rel002-2011-fc.pdf - consultado em 20/05/2011). Artigo 37.º Decisão de contratar nas parcerias públicas-privadas Quando o contrato a celebrar por uma das entidades adjudicantes referidas nas alíneas a), b) e d) do n.º 1 do artigo 2.º configure, nos termos de legislação própria, uma parceria pública-privada, a decisão de contratar compete, conjuntamente, ao ministro ou ao membro do Governo Regional responsável pela área das finanças e ao ministro ou ao membro do Governo Regional da tutela sectorial, consoante o caso. NA 1 – O Decreto-Lei n.º 86/2003, de 26 de Abril, alterado e republicado em Anexo ao Decreto-Lei n.º 141/2006, de 27 de Julho, tem por objecto a definição de normas gerais aplicáveis à intervenção do Estado na definição, concepção, preparação, concurso, adjudicação, alteração, fiscalização e acompanhamento global das parcerias público-privadas (cf. art. 1.º, do Decreto-Lei n.º 86/2003, de 26/04). Não se olvida que o artigo 14.º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, revogou toda a legislação contendo matérias reguladas no CCP. Na verdade, não se segue o entendimento que o Decreto-Lei n.º 86/2003, de 26/04 foi revogado pela disposição referida, considerando que CCP não vem substituir tal regulação. Não obstante, o disposto no Decreto-Lei n.º 86/2003, de 26/04 deverá ser harmonizado com as normas imperativas do CCP. Não se tratando de uma interpretação oficialmente reconhecida, não deixa de ser certo que o sítio do Governo http://www.dgpj.mj.pt/sections/leis-da-justica/livro-vi-leis/contratos-publicos/, mantém a indicação que o Decreto-Lei n.º 86/2003, de 26/04 de mantém em vigor (dava venia, é o único sentido admissível da permanência deste diploma naquele local). Artigo 38.º Decisão de escolha do procedimento A decisão de escolha do procedimento de formação de contratos, de acordo com as regras fixadas no presente Código, deve ser fundamentada e cabe ao órgão competente para a decisão de contratar.

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Artigo 39.º Agrupamento de entidades adjudicantes 1 - As entidades adjudicantes podem agrupar-se com vista à formação de: a) Um contrato cuja execução seja do interesse de todas; b) Um acordo quadro de que todas possam beneficiar. 2 - As entidades adjudicantes devem designar qual delas constitui o representante do agrupamento para efeitos de condução do procedimento de formação do contrato ou do acordo quadro a celebrar. 3 - A decisão de contratar, a decisão de escolha do procedimento, a decisão de qualificação dos candidatos e a decisão de adjudicação devem ser tomadas conjuntamente pelos órgãos competentes de todas as entidades adjudicantes que integram o agrupamento. 4 - No caso de agrupamentos de entidades adjudicantes constituídos por pelo menos uma das referidas no n.º 1 do artigo 2.º, o ajuste directo e o concurso público ou o concurso limitado por prévia qualificação adoptados nos termos do disposto nos artigos 19.º e 20.º só permite a celebração de contratos de valor inferior ao mais baixo dos limites neles referidos, consoante o caso. 5 - No caso de agrupamentos de entidades adjudicantes, só pode ser adoptado um procedimento em função de um dos critérios materiais previstos nos capítulos iii e iv do título anterior quando tal critério se verifique relativamente a todas as entidades que o constituem. NL Art. 39.º, n.º 1, alínea b) 1 – V. o disposto no artigo 223.º, do CCP. CAPÍTULO III Peças do procedimento Artigo 40.º Tipos de peças 1 - As peças dos procedimentos de formação de contratos são as seguintes: a) No ajuste directo, o convite à apresentação das propostas e o caderno de encargos, sem prejuízo do disposto no artigo 128.º; b) No concurso público, o programa do procedimento e o caderno de encargos; c) No concurso limitado por prévia qualificação, o programa do procedimento, o convite à apresentação das propostas e o caderno de encargos; d) No procedimento de negociação, o programa do procedimento, o convite à apresentação das propostas e o caderno de encargos; e) No diálogo concorrencial, o programa do procedimento, o convite à apresentação das soluções, o convite à apresentação das propostas, a memória descritiva e o caderno de encargos. 2 - As peças do procedimento referidas no número anterior são aprovadas pelo órgão competente para a decisão de contratar. 3 - Nos concursos de concepção, os termos de referência constituem a única peça do procedimento, sendo aprovados pelo órgão competente para a decisão de seleccionar um ou vários trabalhos de concepção. NA 1 - As peças procedimentais constituem os documentos elaborados pela entidade adjudicante que a auto-vinculam e regulam o desenvolvimento do procedimento adjudicatório. 2 - V. o art. 269.º, n.º 2, do CCP. Artigo 41.º Programa do procedimento

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O programa do procedimento é o regulamento que define os termos a que obedece a fase de formação do contrato até à sua celebração. NA 1 - O programa do procedimento regula os principais actos e fases do procedimento adjudicatório, sendo certo que enquanto acto normativo prevalece sobre actos de publicidade (V. o art. 132.º, n.º 6, do CCP), mas submete-se a actos normativos de valor superior (V. o art. 51.º, do CCP). Artigo 42.º Caderno de encargos 1 - O caderno de encargos é a peça do procedimento que contém as cláusulas a incluir no contrato a celebrar. 2 - Nos casos de manifesta simplicidade das prestações que constituem o objecto do contrato a celebrar, as cláusulas do caderno de encargos podem consistir numa mera fixação de especificações técnicas e numa referência a outros aspectos essenciais da execução desse contrato, tais como o preço ou o prazo. 3 - As cláusulas do caderno de encargos relativas aos aspectos da execução do contrato submetidos à concorrência podem fixar os respectivos parâmetros base a que as propostas estão vinculadas. 4 - Os parâmetros base referidos no número anterior podem dizer respeito a quaisquer aspectos da execução do contrato, tais como o preço a pagar ou a receber pela entidade adjudicante, a sua revisão, o prazo de execução das prestações objecto do contrato ou as suas características técnicas ou funcionais, e devem ser definidos através de limites mínimos ou máximos, consoante os casos, sem prejuízo dos limites resultantes das vinculações legais ou regulamentares aplicáveis. 5 - O caderno de encargos pode também descrever aspectos da execução do contrato não submetidos à concorrência, nomeadamente mediante a fixação de limites mínimos ou máximos a que as propostas estão vinculadas. 6 - Os aspectos da execução do contrato constantes das cláusulas do caderno de encargos podem dizer respeito a condições de natureza social ou ambiental relacionadas com tal execução. 7 - O caderno de encargos do procedimento de formação de contratos de valor igual ou superior a (euro) 25 000 000 deve prever a obrigação de o adjudicatário elaborar um ou vários projectos de investigação e desenvolvimento directamente relacionados com as prestações que constituem o objecto desse contrato, a concretizar em território nacional, pelo adjudicatário ou por terceiras entidades, de valor correspondente a, pelo menos, 1 % do preço contratual. 8 - Em casos devidamente fundamentados, nomeadamente quando o objecto do contrato a celebrar seja de baixa intensidade tecnológica, o valor previsto no número anterior pode ser reduzido até 0,5 %. 9 - Os projectos de investigação e desenvolvimento a que se refere o n.º 7 devem conter todos os aspectos necessários e adequados à concretização inequívoca das actividades a desenvolver, nomeadamente a sua descrição, planeamento, objectivos, resultados expectáveis e quantificação financeira. 10 - O caderno de encargos do procedimento de formação de contratos cujas prestações que constituem o seu objecto se destinem, a título principal, a permitir à entidade adjudicante a abertura ou a exploração de redes públicas de telecomunicações ou a prestação ao público de um ou mais serviços de telecomunicações, deve prever os seguintes aspectos da execução dos mesmos: a) A largura de banda; b) A transversalidade funcional, actual ou potencial da solução; c) A adequação tecnológica e as capacidades de evolução da solução; d) Os níveis de qualidade de serviço, relativamente ao desempenho, à disponibilidade da solução e aos tempos de resposta às solicitações da entidade adjudicante; e) Os mecanismos de monitorização dos níveis de qualidade de serviço; f) As sanções aplicáveis ao adjudicatário por incumprimento ao nível da instalação e da exploração do serviço; g) As condições da resolução contratual pela entidade adjudicante; h) A organização e os procedimentos para a gestão da relação contratual por parte do adjudicatário; i) A minimização do custo total de propriedade, incluindo a aquisição, a exploração, a manutenção e a desactivação ou alienação; j) Os prazos de implementação da solução;

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l) A indicação se o adjudicatário se encontra sujeito a especial dever de sigilo relativamente às informações obtidas no âmbito da execução do contrato; m) A redução automática dos preços em função das alterações registadas no mercado durante o prazo de vigência do contrato. NL 1 - A Portaria n.º 701-J/2008, de 29 de Julho, define o regime de acompanhamento e fiscalização da execução dos projectos de investigação e desenvolvimento e cria a respectiva comissão. NJ 1 - “O caderno de encargos contém as cláusulas jurídicas e técnicas, gerais e especiais, a incluir no contrato a celebrar, enquanto o programa de concurso é o regulamento do concurso. (U) Sendo assim o caderno de encargos não pode violar o que consta do programa de concurso, onde estão as normas que regem o concurso em causa” (V. o Acórdão do STA de 02/11/2010, Proc. n.º 0416/10). Artigo 43.º Elementos da solução da obra 1 - O caderno de encargos do procedimento de formação de contratos de empreitada de obras públicas deve ser integrado pelos seguintes elementos da solução da obra a realizar: a) Programa; b) Projecto de execução. 2 - Quando a obra a executar assuma complexidade relevante ou quando sejam utilizados métodos, técnicas ou materiais de construção inovadores, o projecto de execução referido no número anterior deve ser objecto de prévia revisão por pessoa singular ou colectiva devidamente qualificada para a elaboração desse projecto e distinta do autor do mesmo. 3 - Em casos excepcionais devidamente fundamentados, nos quais o adjudicatário deva assumir, nos termos do caderno de encargos, obrigações de resultado relativas à utilização da obra a realizar, ou nos quais a complexidade técnica do processo construtivo da obra a realizar requeira, em razão da tecnicidade própria dos concorrentes, a especial ligação destes à concepção daquela, a entidade adjudicante pode prever, como aspecto da execução do contrato a celebrar, a elaboração do projecto de execução, caso em que o caderno de encargos deve ser integrado apenas por um programa. 4 - Em qualquer dos casos previstos nos números anteriores, o projecto de execução deve ser acompanhado de: a) Uma descrição dos trabalhos preparatórios ou acessórios, tal como previstos no artigo 350.º; b) Uma lista completa de todas as espécies de trabalhos necessárias à execução da obra a realizar e do respectivo mapa de quantidades. 5 - Em qualquer dos casos previstos nos n.os 1 a 3, o projecto de execução deve ser acompanhado, sempre que tal se revele necessário: a) Dos levantamentos e das análises de base e de campo; b) Dos estudos geológicos e geotécnicos; c) Dos estudos ambientais, incluindo a declaração de impacto ambiental, nos termos da legislação aplicável; d) Dos estudos de impacte social, económico ou cultural, nestes se incluindo a identificação das medidas de natureza expropriatória a realizar, dos bens e direitos a adquirir e dos ónus e servidões a impor; e) Dos resultados dos ensaios laboratoriais ou outros; f) Do plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição, nos termos da legislação aplicável. 6 - No caso previsto no n.º 1, o projecto de execução deve ainda ser acompanhado do planeamento das operações de consignação, seja esta total ou parcial nos termos do disposto nos artigos 358.º e 359.º 7 - O conteúdo obrigatório dos elementos referidos nos n.os 1 e 3 é fixado por portaria do ministro responsável pela área das obras públicas. 8 - O caderno de encargos é nulo quando: a) Não seja integrado pelos elementos da solução da obra previstos no n.º 1 e na parte final do n.º 3; b) Seja elaborado em violação do disposto no n.º 2;

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c) O projecto de execução nele integrado não esteja acompanhado dos elementos previstos no n.º 5; d) Os elementos da solução da obra nele integrados não observem o conteúdo obrigatório previsto na portaria referida no número anterior. 9 - No caso previsto n.º 3, o contrato a celebrar não é considerado um contrato misto para os efeitos do disposto no artigo 32.º. NL A Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho aprovou o conteúdo obrigatório do programa e do projecto de execução, bem como os procedimentos e normas a adoptar na elaboração e faseamento de projectos de obras públicas, designados «Instruções para a elaboração de projectos de obras». NA 1 - O caderno de encargos é sempre integrado pelos elementos de solução da obra; em regra, pelo programa e pelo projecto de execução. Em casos excepcionais o caderno de encargos é integrado apenas pelo programa (também designado de «programa preliminar»). Art. 43.º, n.º 2 2 - A «revisão do projecto», consiste na “Análise crítica do projecto e emissão dos respectivos pareceres, por outrem que não o Projectista” (V. o art. 1.º, alínea aa), do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho). A obrigatoriedade da revisão do projecto, estatuída no art. 43.º, n.º 2, poderá resultar da aplicação de um critério subjectivo – a complexidade da obra ou os métodos utilizados (que o art. 18.º, n.º 2, da Lei n.º 31/2009, de 03/07, reproduz este preceito). Cotejado o disposto no art. 43.º, n.º 2, do CCP e no art. 11.º, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho, o projecto deverá ser objecto de prévia revisão, em geral, tratando-se de obras incluídas na categoria III e na categoria IV, do Anexo II, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho. Os projectos de obras classificadas nas categorias I e II, que exijam a execução de trabalhos em circunstâncias excepcionais, tais como, por exemplo, com risco de acidentes, climas severos, com prazos de execução particularmente reduzidos, ou que incluam a responsabilidade por novas concepções ou métodos muito especiais de construção, podem ser classificados em categorias superiores às que lhes corresponderiam sem a ocorrência de tais circunstâncias (V. o art. 11.º, n.º 6, do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho). A obrigatoriedade da revisão do projecto, poderá decorrer da aplicabilidade do critério objectivo, i.e., tratando-se de obras de classe 5 ou superior (V. o art. 18.º, n.º 3, da Lei n.º 31/2009, de 03/07). 2 – Não obstante a exigência legal do legislador da obrigatoriedade da revisão do projecto, no presente preceito, coloca-se a questão sobre se o dono da obra não tem um dever genérico de proceder á revisão do projecto, maxime quando este resulta de uma proposta adjudicada. O Tribunal de Contas no Relatório de Auditoria nº 13/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 1/2009 (in http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel013-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011) abordou esta matéria. “(U) É obrigação do dono da obra colocar a concurso projectos rigorosos e detalhados das obras a realizar. Ora, não só a não elaboração de um projecto cuidado e fiável quanto à real execução da empreitada, como a sua não revisão antes de ser patenteado a concurso pelos seus responsáveis sem se certificarem de que aquele corresponde às finalidades que a obra visa prosseguir, promove as recorrentes contratualizações de trabalhos adicionais acabando por culminar nas famigeradas derrapagens financeiras, situações totalmente alheias aos princípios que informam a contratação pública. (U) Concluindo, se se tivesse efectuado a avaliação/revisão do projecto em causa, teria sido possível detectar atempadamente as invocadas “omissões” e os “erros” que ocasionaram a maioria dos trabalhos adicionais em apreço. Quanto ao argumento de que

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o projecto da empreitada foi “adquirido pelo Município mediante prévio processo de adjudicação” 25, já que o mesmo foi executado por um gabinete externo à autarquia que “à partida assegurava uma adequada leitura das necessidades subjacentes à concretização da obra‖‖‖‖, e que o dono da obra não dispunha de meios adequados para se certificar da qualidade do mesmo, pelo que a revisão deste “nunca [seria] suficiente para assegurar a não ocorrência de erros e omissões”, sempre se diz que o dono da obra ao aprovar um projecto o torna seu, assumindo todos os erros e omissões de que o mesmo enferma. Logo, seja o mesmo elaborado pelos seus serviços internos ou por um gabinete externo à autarquia, quando o mesmo é recebido deverá proceder-se à sua avaliação/revisão de modo a aferir se o mesmo corresponde a todas as exigências técnicas e funcionais que se pretende para a empreitada que se visa executar. (U) Por outro lado, não se afigura plausível a justificação de que a autarquia se limita a efectuar a validação genérica dos elementos apresentados pelo projectista, constituindo este o procedimento normal na generalidade das autarquias”. Em especial, in casu entenderam os auditores que “(U) independentemente da autoria do projecto de uma empreitada, no caso concreto os serviços técnicos da CMS não se podiam eximir de efectuar uma revisão/análise cuidadosa daquela peça concursal a fim de confirmarem se a mesma correspondia à obra que pretendiam executar e, tanto quanto possível, de forma a evitar derrapagens de custos, uma vez que entre a definição dos elementos para a elaboração do projecto e abertura do concurso em que o mesmo foi patenteado, decorreram, pelo menos, cerca de cinco anos”. Art. 43.º, n.º 1 3 - O programa mencionado no art. 43.º, n.º 1, alínea a) e n.º 3, in fine, ambos do CCP é “O documento fornecido pelo Dono da Obra ao Projectista para definição dos objectivos, características orgânicas e funcionais e condicionamentos financeiros da obra, bem como dos respectivos custos e prazos de execução a observar” (V. o art. 1.º, alínea n), do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho). Os elementos obrigatórios gerais do programa constam no art. 2.º, do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho. 4 - O «projecto de execução» mencionado no art. 43.º, do CCP é “O documento elaborado pelo Projectista, a partir do estudo prévio ou do anteprojecto aprovado pelo Dono da Obra, destinado a facultar todos os elementos necessários à definição rigorosa dos trabalhos a executar” (V. o art. 1.º, alínea t), do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho). Os elementos obrigatórios gerais do projecto de execução constam no art. 7.º, do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho. 5 - O «plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição» acompanha o projecto de execução nas empreitadas e concessões de obras públicas (cf. art. 10.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março). Fiscalização financeira Art. 43.º, n.º 3 1 – “Está, assim, bem estabelecido que o dono da obra deve acompanhar de perto a elaboração do projecto, devendo analisar alternativas e optar e aprovar aquelas que melhor se ajustam às finalidades e às características orgânicas e funcionais pretendidas. É nesta fase que o dono da obra define o que necessita, o que quer e o que deve ser feito. Findo este processo ficam definidos de forma rigorosa os trabalhos a executar. Note-se que os números 2 e 3 do artigo 362.º do CCP prevêem que, nos casos em que o empreiteiro tenha obrigação de elaborar o projecto de execução, deve obedecer-se a um

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procedimento semelhante, com a fixação de prazos para a entrega ao dono da obra de elementos do projecto, sobre os quais o mesmo se deve pronunciar. A obrigação de patentear a concurso projectos rigorosos recai sobre o dono da obra e não é afastada quando ele recorre ou a outras entidades para a sua elaboração. Não é, pois, admissível que o dono da obra se alheie da definição do projecto, seja ele elaborado no seio dos seus serviços seja ele elaborado por terceiros, e venha, posteriormente, invocar que ele não corresponde às suas necessidades e preferências e pretender corrigi-lo para o ajustar às mesmas. Importa, pois, que os donos de obra: - Procedam a uma definição prévia clara dos objectivos e características orgânicas e funcionais pretendidas; - Acompanhem adequadamente o processo de elaboração dos projectos; - Assegurem uma cuidada e diligente apreciação crítica, revisão e aprovação dos projectos à luz das finalidades a prosseguir, em especial quando eles sejam feitos por entidades externas”(in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf -consultado em 20/05/2011). Art. 43.º, n.º 7 e 8 1 – “O n.º 8 do artigo 43.º do CCP comina com a nulidade do caderno de encargos a falta de todos estes elementos. Da nulidade do caderno de encargos resulta a nulidade do procedimento, da adjudicação e do contrato. Deste regime decorre, assim, que o rigor dos projectos não é, hoje, apenas um princípio ou uma norma aberta. A exigência de rigor está, hoje, traduzida na imposição legal de um conteúdo obrigatório que, a não ser cumprido, fere os cadernos de encargos e os actos deles subsequentes da mais severa forma de invalidade jurídica. É, pois, agora imperativo, sob pena de nulidade, que os donos de obra realizem ou obtenham previamente à elaboração e aprovação dos projectos, os necessários: - Estudos geológicos e geotécnicos; - Estudos ou declarações ambientais; - Estudos de impacto social, económico ou cultural; - Pareceres vinculativos de entidades externas; - Quaisquer outros elementos exigidos pela legislação e regulamentação aplicável ao tipo de obras em causa. É também essencial que os projectos contemplem o cumprimento de toda a regulamentação específica aplicável existente à data da sua aprovação, pelo que a sua não consideração não é já uma questão de mera deficiência, mas sim de invalidade jurídica dos cadernos de encargos em que os mesmos se integram e dos procedimentos por eles sustentados. O necessário rigor dos projectos impõe que os donos de obra forneçam aos projectistas dados correctos e actualizados e lhes exijam que eles visitem os locais de implantação das obras. Esse necessário rigor impõe também que os donos de obra promovam a revisão e actualização de projectos, sobretudo os realizados externamente e os feitos há algum tempo”(in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 5/10 do TC de 25/02/2010, Recurso Ordinário n.º 20/2009 – Proc. n.º 38/2009), em sede de recurso, a recusa de visto a um contrato de empreitada de obras públicas, por omissão dos estudos geológicos e geotécnicos no projecto de execução (art. 43.º, n.º 5, al. b), do CCP), o que gera a nulidade do caderno de encargos (art. 43.º, n.º 8, al. c), do CCP), e, em consequência, a nulidade do contrato (art. 283.º, n.º 1, do CCP). Na verdade, concluiu o TC, na decisão recorrida que a

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“desconformidade dos contratos com as leis em vigor que implique nulidade constitui fundamento de recusa de visto”. O TC apreciou o recurso interposto, considerando que o cerne da questão é “determinar o conteúdo e o alcance da expressão ‘sempre que tal se revele necessário’ que o legislador adoptou na redacção do n.º 5 do artigo 43.º” do CCP, quanto aos estudos geológicos e geotécnicos. Após ter realizado um breve excurso pela Portaria n.º 701-H/2008, de 29/07, ex vi art. 43.º, n.º 7, do CCP, o TC conclui que deste regulamento “resultam diferentes níveis de obrigatoriedade para a inclusão daqueles estudos: desde situações em que eles são obrigatórios, até às que o dispensam, passando por situações em que a exigência depende da concreta obra a realizar”. Assim, se o legislador referiu que os estudos devem ser juntos ao caderno de encargos, “sempre que tal se revele necessário”, determinou que cabe à Administração, perante o caso concreto, no exercício de um poder discricionário, decidir “quanto à sua imprescindibilidade”. Ora, a Administração, perante o disposto na Portaria n.º 701-H/2008, de 29/07, encontra limitada a margem da discricionariedade, quanto à necessidade da junção dos estudos geológicos e geotécnicos. Resulta desse regulamento que, no caso de se tratar de pontes, viadutos e passadiços, estradas, caminhos-de-ferro, aeródromos, obras hidráulicas, túneis, abastecimento e tratamento de águas, obras portuárias e de engenharia costeira, em casos muito excepcionais se poderá invocar a “cláusula constante” do art. 43.º, n.º 5, in fine, do CCP, exigindo-se uma fundamentação agravada. No caso de instalações, equipamentos e sistemas em edifícios, espaços exteriores, produção, transformação, transporte e distribuição de energia eléctrica e redes de comunicações, os estudos deverão se realizar apenas se “face aos princípios e às finalidades prosseguidas pelas normas”, tal seja necessário. Tratando-se de casos de drenagem e tratamento de águas residuais e de resíduos urbanos e industriais, bem como de obras e em edifícios, “a margem de discricionariedade foi alargada, devendo o aplicador explicitar também sempre por que não foram realizados os estudos”. In casu tratava-se de obras de “edifícios”, o que obriga, para aferir da exigência de elaboração de estudos geológicos e geotécnicos, a que se atenda à “concreta obra a realizar”. Analisando o regime jurídico aplicável, e os elementos juntos ao processo, entendeu o Douto Tribunal que a entidade exerceu o poder discricionário que a lei lhe confere, ao não ter realizado os referidos estudos, o que vem esvaziar o fundamento para recusa do visto. Em consequência, o TC revogou a decisão recorrida, e concedeu o visto ao contrato, com a seguinte recomendação: “Em futuros procedimentos, [deverá] apresentar sólida e expressa fundamentação, no caso de, no exercício do poder discricionário acima caracterizados, decidir considerar não necessário fazer acompanhar o projecto de execução de estudos geológicos e geotécnicos, nos casos em que resulta do regulamento a sua obrigatoriedade”. 2 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 03/10 do TC de 12/02/2010, Recurso Ordinário n.º 31/2009 – Proc. n.º 115/09), em sede de recurso, a recusa de visto a um contrato de empreitada de obras públicas, além de outro fundamento, por o projecto de execução não estar acompanhado do plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição, regulado no art. 10.º, n.º, do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12/03, ex vi art. 43.º, n.º 5, al. f), do CCP. Todavia, com a interposição do recurso foi junto um plano de gestão de resíduos de demolição e construção, que cumpre com a exigência legal, o que afastou o “fundamento de recusa do visto decorrente da não apresentação” daquele, em cumprimento do art. 43.º, n.º 5, al. f), do CCP. Em consequência, o TC revogou a decisão recorrida, e concedeu o visto ao contrato, com recomendação. 3 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 21/10 do TC de 13/07/2010, Recurso Ordinário n.º 05/2010 – Proc. n.º 1750/09), em sede de recurso, a recusa de visto a um contrato de empreitada de obras públicas, por violação do disposto nos n.ºs 1, 4, 5 e 7, do artigo 43.º, do CCP, por inexistência no procedimento de projecto de execução, e dos demais elementos de solução de obras exigidos naqueles normativos.

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Invocou a recorrente que os trabalhos da empreitada não revestem particular complexidade nem especial diferenciação. Não obstante esse facto, mantém-se a exigência da elaboração do projecto de execução, com a respectiva definição rigorosa dos trabalhos (V. art. 43.º, n.ºs 1, 4, al. b) e 7, do CCP e art. 7.º, do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29/07). In casu a omissão da lista completa de “todas as espécies de trabalhos necessárias à execução da obra a realizar e do respectivo mapa de quantidades”, levou o Douto Tribunal a considerar que “inexiste igualmente projecto de execução”. O não cumprimento do conteúdo obrigatório da Portaria n.º 701-H/2008, de 29/07 violou o disposto no artigo 43.º, n.º 7 do CCP. Por outro lado, a entidade adjudicante não fundamentou a desnecessidade da obrigatoriedade dos elementos exigidos no artigo 43.º, n.º 5, do CCP, o que violou o disposto neste normativo. Assim, considerando o disposto nas alíneas a), c) e d), do n.º 8, do artigo 43.º, do CCP, e na alínea a), do n.º 3, do artigo 44.º, da Lei n.º 98/97, 26/08, o TC manteve o acórdão recorrido, e a respectiva recusa de visto ao contrato. Artigo 44.º Cadernos de encargos relativos a contratos de concessão Sem prejuízo do disposto no artigo 42.º, os cadernos de encargos dos procedimentos de formação de contratos de concessão de obras públicas e de concessão de serviços públicos integram um código de exploração que contém os direitos e as obrigações das partes relativas à exploração, incluindo, quando for o caso, as normas de exploração que são estabelecidas também no interesse dos utentes da obra ou do serviço a explorar. Artigo 45.º Caderno de encargos das parcerias públicas-privadas Os cadernos de encargos dos procedimentos de formação de contratos que configurem parcerias públicas-privadas devem submeter à concorrência os aspectos da sua execução relativos aos encargos para a entidade adjudicante e aos riscos a ela directa ou indirectamente afectos decorrentes da configuração do modelo contratual. Artigo 46.º Formulários de caderno de encargos Podem ser aprovados formulários de cadernos de encargos nos seguintes termos: a) Por portaria do ministro responsável pela área das obras públicas, no caso de contratos de empreitada de obras públicas; b) Por portaria do ministro responsável pela área das finanças, no caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços; c) Por portaria conjunta do ministro responsável pela área das finanças e do ministro responsável pela área em causa, no caso de contratos de concessão de obras públicas e de concessão de serviços públicos. NL 1 - A Portaria n.º 959/2009, de 28 de Outubro aprovou o formulário de caderno de encargos de empreitadas de obras públicas. NA 1 - O formulário referido na nota anterior não é de utilização obrigatória (cf. art. 1.º, n.º 2 da Portaria n.º 959/2009, de 28 de Outubro). Artigo 47.º Preço base 1 - Quando o contrato a celebrar implique o pagamento de um preço, o preço base é o preço máximo que a entidade adjudicante se dispõe a pagar pela execução de todas as prestações que constituem o seu objecto, correspondendo ao mais baixo dos seguintes valores: a) O valor fixado no caderno de encargos como parâmetro base do preço contratual;

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b) O valor máximo do contrato a celebrar permitido pela escolha do procedimento, quando este for adoptado nos termos do disposto nos artigos 19.º, 20.º ou 21.º; c) O valor máximo até ao qual o órgão competente, por lei ou por delegação, pode autorizar a despesa inerente ao contrato a celebrar. 2 - Quando não sejam aplicáveis as alíneas a) e b) do número anterior, não existe preço base sempre que: a) O órgão que tenha autorizado a despesa inerente ao contrato a celebrar tenha competência para autorizar despesa sem limite de valor; ou b) A entidade adjudicante não esteja abrangida pelo regime da autorização das despesas. 3 - Nas situações previstas no número anterior, quando o procedimento adoptado seja o ajuste directo ao abrigo do disposto nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 25.º e na alínea a) do n.º 1 do artigo 27.º, considera-se que existe preço base, o qual é igual aos valores referidos, consoante o caso, na alínea b) do artigo 19.º, na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 20.º 4 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável quando o ajuste directo seja adoptado ao abrigo do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 24.º e na alínea b) do n.º 1 do artigo 27.º e se verifiquem as situações previstas, respectivamente, nos n.os 2 e 3 dos mesmos artigos. 5 - Quando o caderno de encargos fixar apenas preços base unitários, considera-se que o valor referido na alínea a) do n.º 1 corresponde à multiplicação daqueles pelas respectivas quantidades previstas no caderno de encargos. 6 - No caso de agrupamentos de entidades adjudicantes, o valor máximo referido na alínea c) do n.º 1 corresponde à soma dos valores máximos até aos quais os órgãos competentes de cada uma daquelas entidades, por lei ou por delegação, podem autorizar a respectiva fracção da despesa inerente ao contrato a celebrar. NA 1 - Quanto ao disposto no art. 47.º, n.º 1, alínea a), V. o art. 71.º, n.º 1, do CCP. Artigo 48.º Fundamentação do prazo de vigência No caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços, a fixação no caderno de encargos de um prazo de vigência do contrato a celebrar superior a três anos deve ser fundamentada. NA 1 - V. o art. .º, n.º 2, do CCP. Artigo 49.º Especificações técnicas 1 - As especificações técnicas, como tal definidas no anexo vi da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, e no anexo xxi da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, devem constar do caderno de encargos e são fixadas por forma a permitir a participação dos concorrentes em condições de igualdade e a promoção da concorrência. 2 - Sem prejuízo das regras técnicas nacionais obrigatórias, desde que sejam compatíveis com o direito comunitário, as especificações técnicas devem ser fixadas no caderno de encargos: a) Por referência, por ordem de preferência, a normas nacionais que transponham normas europeias, a homologações técnicas europeias, a especificações técnicas comuns, a normas internacionais ou a qualquer outro referencial técnico elaborado pelos organismos europeus de normalização, acompanhadas da menção «ou equivalente»; b) Na falta de qualquer dos referenciais técnicos referidos na alínea anterior, por referência a normas nacionais, a homologações técnicas nacionais ou a especificações técnicas nacionais em matéria de concepção, de cálculo e de realização de obras e de utilização de materiais, acompanhadas da menção «ou equivalente»; c) Em termos de desempenho ou de exigências funcionais, incluindo práticas e critérios ambientais, desde que sejam suficientemente precisas para permitir a determinação do objecto do contrato pelos interessados e a escolha da proposta pela entidade adjudicante; d) Nos termos referidos na alínea anterior, baseando a presunção da conformidade com aquele desempenho ou com aquelas exigências funcionais na remissão para as

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especificações a que se referem as alíneas a) e b). 3 - As especificações técnicas podem ainda ser fixadas, simultaneamente, por referência aos elementos referidos nas alíneas a) e b) do número anterior para certas características e em termos de desempenho ou de exigências funcionais para outras características. 4 - Não podem ser excluídas propostas com fundamento em desconformidade dos respectivos bens ou serviços com as especificações técnicas de referência, fixadas de acordo com o disposto nas alíneas a) ou b) do n.º 2, desde que o concorrente demonstre, de forma adequada e suficiente, que as soluções apresentadas na sua proposta satisfazem, de modo equivalente, as exigências definidas por aquelas especificações. 5 - Quando as especificações técnicas de referência tenham sido fixadas nos termos do disposto na alínea c) do n.º 2, não podem ser excluídas propostas relativas a obras, a bens ou a serviços, desde que estejam em conformidade com normas nacionais que transponham normas europeias, com homologações técnicas europeias, com especificações técnicas comuns, com normas internacionais ou com qualquer outro referencial técnico elaborado pelos organismos europeus de normalização, se estas especificações corresponderem ao desempenho ou cumprirem as exigências funcionais fixadas no caderno de encargos. 6 - No caso referido no número anterior, cabe ao concorrente demonstrar, de forma adequada e suficiente, que a obra, o bem ou o serviço conforme com a norma corresponde ao desempenho ou cumpre as exigências funcionais fixadas pela entidade adjudicante. 7 - Quando as especificações técnicas sejam fixadas em termos de desempenho ou de exigências funcionais que digam respeito a práticas e critérios ambientais, o caderno de encargos pode prever especificações pormenorizadas ou, em caso de necessidade, parte destas, tal como definidas pelo rótulo ecológico europeu ou por qualquer outro rótulo ecológico, desde que: a) Essas especificações sejam adequadas à definição das características dos bens ou serviços objecto do contrato a celebrar; b) Os requisitos do rótulo sejam elaborados com base numa informação científica; c) Os rótulos ecológicos sejam desenvolvidos por um procedimento em que possam participar todas as partes interessadas, tais como os organismos governamentais, os consumidores, os fabricantes, os distribuidores e as organizações ambientais; e d) Sejam acessíveis a todas as partes interessadas. 8 - Para os efeitos do disposto no número anterior, o caderno de encargos pode indicar que se presume que os bens ou serviços munidos de rótulo ecológico satisfazem as especificações técnicas nele definidas, sem prejuízo de a entidade adjudicante dever aceitar qualquer meio adequado de prova para o efeito apresentado pelo concorrente. 9 - Para efeito do disposto nos n.os 4, 6 e 8, o concorrente pode apresentar um dossier técnico do fabricante ou um relatório de ensaio de um organismo reconhecido. 10 - Entende-se por organismo reconhecido os laboratórios de ensaio ou de calibração e os organismos de inspecção e de certificação que cumprem as normas europeias aplicáveis. 11 - As entidades adjudicantes devem aceitar certificados de organismos reconhecidos estabelecidos noutros Estados membros. 12 - É proibida a fixação de especificações técnicas que façam referência a um fabricante ou uma proveniência determinados, a um processo específico de fabrico, a marcas, patentes ou modelos e a uma dada origem ou produção, que tenha por efeito favorecer ou eliminar determinadas entidades ou determinados bens. 13 - É permitida, a título excepcional, a fixação de especificações técnicas por referência, acompanhada da menção «ou equivalente», aos elementos referidos no número anterior quando haja impossibilidade de descrever, de forma suficientemente precisa e inteligível, nos termos do disposto nos n.os 2 a 4, as prestações objecto do contrato a celebrar. 14 - Sempre que possível, as especificações técnicas devem ser fixadas por forma a contemplar características dos bens a adquirir ou das obras a executar que permitam a sua utilização por pessoas com deficiências ou por qualquer utilizador. NA Fiscalização administrativa 1 - Apreciou o TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 27/01/2011, Proc. n.º 06859/10), no que aqui se releva, um caso em que pela concatenação do disposto nos n.ºs 4 e 9, do art. 49.º,

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considerou estar preenchido o fundamento para a exclusão da proposta, nos termos do art. 70.º, n.º 2, al. b), todos do CCP. Entendeu o Douto Tribunal que a simples junção de uma declaração técnica emitida pelo fabricante do bem (in casu, um cabo), não substitui a exigência legal do dossier técnico ou do relatório de ensaio. Ora, o ónus de demonstrar que as soluções apresentadas na sua proposta satisfazem, de modo equivalente, as exigências definidas pelas especificações técnicas de referência, incumbe ao concorrente. Por não ter ficado demonstrada a equivalência da solução apresentada (cf. art. 49.º, n.º 4), foi acertada a exclusão da proposta, com fundamento no art. 70.º, n.º 2, al. b) do CCP. Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 64/2009 do TC de 31/03/2009, Proc. n.º 1805/08), três questões, que se destaca uma: a inclusão na lista das espécies de trabalhos e mapa de quantidades de trabalhos, de marcas comerciais, desacompanhadas da expressão “ou equivalente”. Resulta do referido Acórdão que foram incluídas, na lista das espécies de trabalhos necessários à execução da obra e no mapa de quantidades de trabalhos, diversas marcas comerciais desacompanhadas da expressão “equivalente. Não obstante o TC considerar que a proibição constante no art. 49.º, do CCP, diga respeito ao caderno de encargos, o escopo do normativo, que visa impedir a utilização abusiva de especificações técnicas, como garante de condições de igualdade e para promoção da concorrência, deverá se interpretar no sentido estender a referida proibição a qualquer peça procedimental. Assim, em resultado do exposto supra, foi violado o disposto no art. 49.º, n.ºs 12 e 13, do CCP. O TC considerou que aquela ilegalidade preenchia o fundamento de recusa do visto indicado no art. 44.º, n.º 3, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08, mas como não ocorreu uma efectiva alteração do resultado financeiro do contrato, e não tendo o Município sido objecto de recomendação anterior, por tais ilegalidades, o contrato foi visado com recomendação. Artigo 50.º Esclarecimentos e rectificação das peças do procedimento 1 - Os esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação das peças do procedimento devem ser solicitados pelos interessados, por escrito, no primeiro terço do prazo fixado para a apresentação das propostas. 2 - Os esclarecimentos a que se refere o número anterior são prestados por escrito, pelo órgão para o efeito indicado no programa do procedimento ou no convite, até ao termo do segundo terço do prazo fixado para a apresentação das propostas. 3 - O órgão competente para a decisão de contratar pode proceder à rectificação de erros ou omissões das peças do procedimento nos termos e no prazo previstos no número anterior. 4 - Os esclarecimentos e as rectificações referidos nos números anteriores devem ser disponibilizados na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante e juntos às peças do procedimento que se encontrem patentes para consulta, devendo todos os interessados que as tenham adquirido ser imediatamente notificados desse facto. 5 - Os esclarecimentos e as rectificações referidos nos n.os 1 a 3 fazem parte integrante das peças do procedimento a que dizem respeito e prevalecem sobre estas em caso de divergência. NA Art. 50.º, n.º 1 1 – As plataformas electrónicas disponibilizam aos interessados a indicação da data e hora de termo do prazo para a apresentação dos pedidos de esclarecimento. Esta informação a disponibilizar é introduzida pela entidade adjudicante, não dependendo de qualquer automatismo da plataforma electrónica (V. art. 14.º, n.os 1 e 2, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho).

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2 – Não obstante o legislador tenha regulado os procedimentos de prestação de esclarecimentos das peças procedimentos, enquanto procedimentos de iniciativa particular, nada obsta a que a entidade adjudicante ex officio preste os esclarecimentos que considere necessários. Sendo certo que o dever que incide sobre os concorrentes de solicitarem os esclarecimentos devidos resultará, no caso da inactividade dos concorrentes, na impossibilidade de invocar qualquer dificuldade na elaboração da sua proposta, sendo a mesma violadora de alguma regra do procedimento adjudicatório. Art. 50.º, n.º 2 3 – Os esclarecimentos são prestados pelo órgão indicado no convite ou no programa do procedimento. Aqui o legislador não indicou o órgão competente para a decisão de contratar, como o órgão com a competência originária para a prestação de esclarecimentos. Assim, basta que conste no programa do procedimento o órgão competente para a prestação dos esclarecimentos (cf. art. 132.º, n.º 1, alínea e), do CCP), sem necessidade de invocar a norma que habilita a prolacção de um acto de delegação de competências. Em regra, o órgão competente para prestar os esclarecimentos devidos será o júri. Art. 50.º, n.º 3 4 – O princípio da estabilidade das peças procedimentais sofre uma compressão até ao termo do prazo de apresentação das propostas, em razão de erros ou omissões que padeçam, que provoquem a alteração de algum aspecto fundamental (cotejado com o disposto no art. 64.º, n.º 2. CCP). Após o terminus do prazo de apresentação das propostas o princípio da estabilidade das peças procedimentais impede a alteração das condições fundamentais do procedimento, sob cominação do procedimento adjudicatório perecer (cf. art. 79.º, n.º 1, alínea c), do CCP) 5 – Apenas o órgão competente para a decisão de contratar pode rectificar as peças procedimentais. Nada obsta a que seja delegada no júri a competência para proceder às rectificações necessárias nas peças (cf. 69.º, n.º 2, a contrario, e 109.º, n.º 1, ambos do CCP), devendo acarretar essa delegação a concomitante competência para prorrogar o prazo fixado para a apresentação das propostas, por força do disposto no artigo 64.º, n.ºs 1 e 2, do CCP. NJ 1 - Apreciando um caso de rectificação ao programa do concurso em que se alterou o valor de um parâmetro da nota justificativa do preço (in casu, a norma do programa do concurso indicava que o valor apresentado estava de “acordo com o CCT” vigente à data), de um procedimento adjudicatório regido pelo Decreto-Lei n.º 197/99, de 08 de Junho – mas com doutrina relevante no novo regime –, o TCAS (V. o Acórdão de 24/06/2010, Proc. n.º 06338/10, in www.dgsi.pt) entendeu que “o princípio da estabilidade das regras concursais, [não] impede a rectificação se determinada por erros de cálculo e/ou erros materiais, quando manifestos”. Segundo o Douto Tribunal a alteração da nota justificativa do preço proposto para o “preço da refeição”, através da prestação de um esclarecimento, tratou-se de uma rectificação não substancial ao programa do concurso. “A alteração ou modificação substancial do concurso ou programa de concurso é aquela que descaracteriza a sua concepção inicial, que lhe muda o figurino, a sua própria face, que permite afirmar que se está perante um outro concurso ou programa de concurso diferente do inicialmente delineado”.

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Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 20/10 do TC de 6/07/2010, Recurso Ordinário n.º 9/2010 – Proc. n.º 10/10), em sede de recurso, a recusa de visto a um contrato de fornecimento de viaturas, entre outros fundamentos, por a divulgação dos esclarecimentos prestados, nos termos do artigo 50.º, n.º 4, do CCP, ter-se limitado à notificação aos concorrentes que adquiriram a cópia das peças procedimentais, quando a lei no normativo citado, exige a disponibilização no portal da internet dedicado aos contratos públicos, ou em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. O TC considerou que esteve bem a entidade recorrida quanto ao fundamento da violação do disposto no art. 50.º, n.ºs 1, 2 e 4, do CCP, considerando que tal ilegalidade era geradora da anulabilidade, e enquadrável na estatuição do art. 44.º, n.º 3.º, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08. Não obstante o ut retro revogou a decisão recorrida, por não estar adquirida a efectiva ocorrência de uma alteração do resultado financeiro do contrato, e estarem preenchidos os pressupostos do uso da faculdade prevista no art. 44.º, n.º 4, da Lei n.º 98/97, de 26/08, i.e., concedeu o visto ao contrato, com recomendação. Artigo 51.º Prevalência As normas constantes do presente Código relativas às fases de formação e de execução do contrato prevalecem sobre quaisquer disposições das peças do procedimento com elas desconformes. NA 1 - V. o art. 112.º, da Constituição da República Portuguesa. CAPÍTULO IV Regras de participação Artigo 52.º Candidatos É candidato a entidade, pessoa singular ou colectiva, que participa na fase de qualificação de um concurso limitado por prévia qualificação, de um procedimento de negociação ou de um diálogo concorrencial, mediante a apresentação de uma candidatura. NA 1 - O legislador vem atribuir a qualidade de «candidato» ao interessado que apresentar uma candidatura (acto particular), dotando-o assim de uma posição jurídica que lhe permite participar no procedimento adjudicatório. Artigo 53.º Concorrentes É concorrente a entidade, pessoa singular ou colectiva, que participa em qualquer procedimento de formação de um contrato mediante a apresentação de uma proposta. NA 1 - O «concorrente» é a entidade que apresenta uma proposta (acto particular) num procedimento adjudicatório. Artigo 54.º Agrupamentos 1 - Podem ser candidatos ou concorrentes agrupamentos de pessoas singulares ou colectivas, qualquer que seja a actividade por elas exercida, sem que entre as mesmas exista qualquer modalidade jurídica de associação.

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2 - Os membros de um agrupamento candidato ou de um agrupamento concorrente não podem ser candidatos ou concorrentes no mesmo procedimento, nos termos do disposto nos artigos anteriores, nem integrar outro agrupamento candidato ou outro agrupamento concorrente. 3 - Todos os membros de um agrupamento concorrente são solidariamente responsáveis, perante a entidade adjudicante, pela manutenção da proposta. 4 - Em caso de adjudicação, todos os membros do agrupamento concorrente, e apenas estes, devem associar-se, antes da celebração do contrato, na modalidade jurídica prevista no programa do procedimento. NA 1 - O regime jurídico do «agrupamento complementar de empresas» está regulado na Lei n.º 4/73, de 4 de Junho (alterada pelo Decreto-Lei n.º 157/81, de 11 de Junho, Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30 de Novembro, Decreto-Lei n.º 36/2000, de 14 de Março, e pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 28-A/2006, de 26 de Maio), e no Decreto-Lei n.º 430/73, de 25 de Agosto. 2 - O regime jurídico do «consórcio» está regulado no Decreto-Lei n.º 231/81, de 28 de Julho. 3 - O regime jurídico do «agrupamento europeu de interesse económico» consta no Decreto-Lei n.º 148/90, de 9 de Maio (alterado pelo Decreto-Lei n.º 2/91, de 5 de Janeiro, e rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 2/91, de 31 de Janeiro). 54.º, n.º 3 4 – A responsabilidade solidária de todos os membros do agrupamento inicia-se com a apresentação da proposta, e não com a celebração do contrato, enquanto co-contratante. Todos os membros do agrupamento responsabilizam-se colectiva e individualmente pela execução do contrato (cf. os arts. 57.º, n.º 5, do CCP, e 519.º, n.º 1, do Código Civil, no direito civil). Artigo 55.º Impedimentos Não podem ser candidatos, concorrentes ou integrar qualquer agrupamento, as entidades que: a) Se encontrem em estado de insolvência, declarada por sentença judicial, em fase de liquidação, dissolução ou cessação de actividade, sujeitas a qualquer meio preventivo de liquidação de patrimónios ou em qualquer situação análoga, ou tenham o respectivo processo pendente, salvo quando se encontrarem abrangidas por um plano de insolvência, ao abrigo da legislação em vigor; b) Tenham sido condenadas por sentença transitada em julgado por qualquer crime que afecte a sua honorabilidade profissional, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas singulares, ou, no caso de se tratar de pessoas colectivas, tenham sido condenados por aqueles crimes os titulares dos órgãos sociais de administração, direcção ou gerência das mesmas e estes se encontrem em efectividade de funções; c) Tenham sido objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas singulares, ou, no caso de se tratar de pessoas colectivas, tenham sido objecto de aplicação daquela sanção administrativa os titulares dos órgãos sociais de administração, direcção ou gerência das mesmas e estes se encontrem em efectividade de funções; d) Não tenham a sua situação regularizada relativamente a contribuições para a segurança social em Portugal ou, se for o caso, no Estado de que sejam nacionais ou no qual se situe o seu estabelecimento principal; e) Não tenham a sua situação regularizada relativamente a impostos devidos em Portugal ou, se for o caso, no Estado de que sejam nacionais ou no qual se situe o seu estabelecimento principal; f) Tenham sido objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea e) do n.º 1 do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, na alínea b) do n.º 1 do artigo 45.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, e no n.º 1 do artigo 460.º do presente Código, durante o período de inabilidade fixado na decisão condenatória;

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g) Tenham sido objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea b) do n.º 2 do artigo 562.º do Código de Trabalho; h) Tenham sido objecto de aplicação, há menos de dois anos, de sanção administrativa ou judicial pela utilização ao seu serviço de mão-de-obra legalmente sujeita ao pagamento de impostos e contribuições para a segurança social, não declarada nos termos das normas que imponham essa obrigação, em Portugal ou no Estado de que sejam nacionais ou no qual se situe o seu estabelecimento principal; i) Tenham sido condenadas por sentença transitada em julgado por algum dos seguintes crimes, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas singulares, ou, no caso de se tratar de pessoas colectivas, tenham sido condenados pelos mesmos crimes os titulares dos órgãos sociais de administração, direcção ou gerência das mesmas e estes se encontrem em efectividade de funções, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação: i) Participação em actividades de uma organização criminosa, tal como definida no n.º 1 do artigo 2.º da Acção Comum n.º 98/773/JAI, do Conselho; ii) Corrupção, na acepção do artigo 3.º do Acto do Conselho, de 26 de Maio de 1997, e do n.º 1 do artigo 3.º da Acção Comum n.º 98/742/JAI, do Conselho; iii) Fraude, na acepção do artigo 1.º da Convenção relativa à Protecção dos Interesses Financeiros das Comunidades Europeias; iv) Branqueamento de capitais, na acepção do artigo 1.º da Directiva n.º 91/308/CEE, do Conselho, de 10 de Junho, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais; j) Tenham, a qualquer título, prestado, directa ou indirectamente, assessoria ou apoio técnico na preparação e elaboração das peças do procedimento. NA 1 - Quanto ao disposto no art. 55.º, alínea a), do CCP, V. os artigos 3.º, n.º 1, 33.º, n.º 1, 55.º, n.º 1, e 230.º, n.º 4, todos do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18 de Março (alterado pelo Decreto-Lei n.º 200/2004, de 18 de Agosto, Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 28-A/2006, de 26 de Maio, Decreto-lei n.º 282/2007, de 7 de Agosto, Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 47/2008, de 25 de Agosto. NJ 1 - O STA (V., o Acórdão do STA de 04/11/2010, Proc. n.º 0795/10, in www.dgsi.pt) apreciando o enquadramento dos subcontratados no estatuído no art. 55.º, alínea a), do CCP, determinou que a referida alínea a) só se aplica aos candidatos, aos concorrentes, e aos agrupamentos de candidatos ou concorrentes, não se aplicando aos subcontratados “a não ser em momento e sede de habilitação do adjudicatário, justamente quando se concretiza a subcontratação, e aí por razões de habilitação técnica necessária à execução da empreitada, adquirida que está a escolha da proposta desse concorrente (cf. art. 81.º, n.º 3 do CCP).” Em consequência, a exclusão da concorrente, anteriormente à fase de habilitação, por apresentar alvará da subcontratada, impedida por se encontrar em estado de insolvência, declarada por sentença judicial (nos termos do art. 55.º, al. a), do CCP, padece de ilegalidade. Leitura aconselhada: Rodrigo Esteves de Oliveira, “Restrições à participação em procedimentos de contratação pública”, in Revista de Direito Público e Regulação, n.º 1, Coimbra, 2009, pp. 27-34 (disponível em http://www.cedipre.fd.uc.pt/ - consultado em 19/05/2011). CAPÍTULO V Proposta Artigo 56.º Noção de proposta

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1 - A proposta é a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidade adjudicante a sua vontade de contratar e o modo pelo qual se dispõe a fazê-lo. 2 - Para efeitos do presente Código, entende-se por atributo da proposta qualquer elemento ou característica da mesma que diga respeito a um aspecto da execução do contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos. NJ 1 - “A proposta é sempre uma declaração jurídica de contratar, isto é, uma declaração negocial traduzida na manifestação directa e expressa de vontade de, nos precisos termos dela constantes, integrar o acto negocial que o concreto procedimento adjudicatório tem por objecto. (U) Sendo um acto jurídico, a validade da proposta traduz-se na sua aptidão para produzir de forma estável, consistente e desde a sua génese enquanto tal, logo, desde que entregue, os respectivos efeitos de declaração jurídica de contratar, em via de conformidade com a disciplina jurídica do procedimento concursal” (Acórdão do TCAS de 06/10/2010, Proc. n.º 06596/10, in www.dgsi.pt). Artigo 57.º Documentos da proposta 1 - A proposta é constituída pelos seguintes documentos: a) Declaração do concorrente de aceitação do conteúdo do caderno de encargos, elaborada em conformidade com o modelo constante do anexo I ao presente Código, do qual faz parte integrante; b) Documentos que, em função do objecto do contrato a celebrar e dos aspectos da sua execução submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, contenham os atributos da proposta, de acordo com os quais o concorrente se dispõe a contratar; c) Documentos exigidos pelo programa do procedimento que contenham os termos ou condições, relativos a aspectos da execução do contrato não submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, aos quais a entidade adjudicante pretende que o concorrente se vincule; d) Documentos que contenham os esclarecimentos justificativos da apresentação de um preço anormalmente baixo, quando esse preço resulte, directa ou indirectamente, das peças do procedimento. 2 - No caso de se tratar de procedimento de formação de contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, a proposta deve ainda ser constituída por: a) Uma lista dos preços unitários de todas as espécies de trabalho previstas no projecto de execução; b) Um plano de trabalhos, tal como definido no artigo 361.º, quando o caderno de encargos seja integrado por um projecto de execução; c) Um estudo prévio, nos casos previstos no n.º 3 do artigo 43.º, competindo a elaboração do projecto de execução ao adjudicatário. 3 - Integram também a proposta quaisquer outros documentos que o concorrente apresente por os considerar indispensáveis para os efeitos do disposto na parte final da alínea b) do n.º 1. 4 - A declaração referida na alínea a) do n.º 1 deve ser assinada pelo concorrente ou por representante que tenha poderes para o obrigar. 5 - Quando a proposta seja apresentada por um agrupamento concorrente, a declaração referida na alínea a) do n.º 1 deve ser assinada pelo representante comum dos membros que o integram, caso em que devem ser juntos à declaração os instrumentos de mandato emitidos por cada um dos seus membros ou, não existindo representante comum, deve ser assinada por todos os seus membros ou respectivos representantes. NA 1 - As propostas devem ser autenticadas através de assinaturas electrónicas cujo nível de segurança exigido, salvo razão justificada, deve corresponder ao nível mais elevado que, em termos tecnológicos, se encontre generalizadamente disponível à data da sua imposição (V. art. 11.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 2 - Quando o projecto de execução deva ser elaborado pelo adjudicatário, nos termos do art. 43.º, n.º 3, do CCP, os concorrentes deverão apresentar com a proposta, um estudo prévio.

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O estudo prévio é o documento elaborado pelo Projectista, depois da aprovação do programa base, visando a opção pela solução que melhor se ajuste ao programa, essencialmente no que respeita à concepção geral da obra (V. o art. 1.º, alínea j), do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho). A partir do estudo prévio o adjudicatário elaborará o projecto de execução, documento que conterá todos os elementos necessários à definição rigorosa dos trabalhos a executar (V. o art. 1.º, alínea t), do Anexo I, da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de Julho). NJ 1 - O STA pronunciando-se – apreciando o disposto no art. 57.º, n.º 4 –, se através de deliberação, em assembleia-geral, podem os sócios de uma sociedade por quotas constituir, validamente um terceiro como representante dessa sociedade, maxime para a assinatura da declaração a que se refere o art. 57.º, n.º 1, al. a), do CCP, entendeu afirmativamente (V. o Acórdão do STA de 08/07/2010, Proc. n.º 0508/10, in www.dgsi.pt). 2 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 22/10/2010, Proc. n.º 00323/10, in www.dgsi.pt), entre outras questões, apreciou a relevância procedimental da falta de uma assinatura (a gerência obrigava-se perante terceiros com a assinatura de dois gerentes), na declaração do concorrente de aceitação do conteúdo do caderno de encargos (V. art. 57.º, n.º 2, al. a). No procedimento adjudicatório a supra omissão não foi assinalada pelos actores procedimentais, tendo apenas sido invocada já em sede de contencioso pré-contratual. Defende o TCAN que a falta da referida assinatura tem a natureza de mera irregularidade, cuja detecção pelo júri deveria originar um pedido de esclarecimento ao adjudicatário, nos termos do art. 72.º, do CCP, ou, mesmo, a convidar aquele a juntar declaração assinada pelos dois gerentes sob pena de ver excluída a sua proposta (desde logo, ao abrigo do princípio do inquisitório consagrado, em geral, no art. 56.º, do CPA). A sanação da irregularidade da representação da sociedade, “não é susceptível de provocar qualquer lesão nos interesses e valores em jogo”. Acontece que, a celebração do contrato, entretanto ocorrida, vem tornar despicienda a irregularidade, porquanto pela cláusula segunda do contrato, o adjudicatário se compromete validamente com o caderno de encargos, enquanto parte deste, e em consequência, sana a irregularidade detectada na declaração daquele. Este entendimento do TCAN vem em sentido contrário da primeira instância que considerou a falta da assinatura como violadora do disposto no art. 57.º, n.º 1, al. a), o que determinava a exclusão da proposta estatuída no art. 146.º, n.º 2, al. d), ambos do CCP. 3 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 27/01/2011, Proc. n.º 00228/10.5BEVIS, in www.dgsi.pt) apreciou, entre outras questões, se a não apresentação em documento autónomo, da lista de preços unitários, violaria o disposto no art. 57.º, n.º 2, al. a), do CCP. No caso analisado não foi apresentada autonomamente a lista de preços unitários pela contra-interessada (no recurso jurisdicional), mas a mesma constava na plataforma electrónica da entidade adjudicante, devidamente preenchida, o que permitiu “saber os preços propostos pela contra-interessada para cada item da empreitada”. NA 1 - Resulta da doutrina professada no Acórdão do TCAN de 27/01/2011, Proc. n.º 00228/10.5BEVIS, que sendo a lista de preços unitários um elemento essencial das propostas, a omissão da sua apresentação como documento autónomo não vicia a proposta apresentada, desde que os elementos que deverão constar na lista de preços unitários se possam retirar de outros documentos elaborados e apresentados pelo concorrente, e satisfaçam dois requisitos: i. permitam a análise comparativa dos preços apresentados pelas propostas; ii. não obstaculizem à normal execução do contrato. Artigo 58.º Idioma dos documentos da proposta 1 - Os documentos que constituem a proposta são obrigatoriamente redigidos em língua portuguesa.

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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 64

2 - Em função da especificidade técnica das prestações objecto do contrato a celebrar, o programa do procedimento ou o convite, podem admitir que alguns dos documentos referidos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo anterior sejam redigidos em língua estrangeira, indicando os idiomas admitidos. 3 - Os documentos referidos no n.º 3 do artigo anterior podem ser redigidos em língua estrangeira, salvo se o programa do procedimento dispuser diferentemente. 4 - Na celebração de contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços pelas entidades mencionadas no n.º 3 do artigo 5.º, pode o programa do procedimento concursal permitir que os documentos que constituem a proposta e os documentos de habilitação a entregar sejam redigidos em língua estrangeira, indicando quais os idiomas admitidos. Fiscalização administrativa 1 - O TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 18/11/2010, Proc. n.º 06724/10, in www.dgsi.pt), pronunciou-se sobre a relevância procedimental da apresentação de documentos em língua estrangeira, não permitidos pelo programa do procedimento, nestes termos: “O que a sentença recorrida disse quanto aos documentos em língua estrangeira, é que no caso dos autos tais documentos são eram exigidos, antes foram documentos facultativos e adicionais, que de acordo com a fundamentação, não foram relevados na apreciação da proposta. Esta solução parece-me razoável. Se um dos concorrentes apresentou documentos para além dos exigidos para a apreciação dos atributos da proposta em língua não admissível, tais documentos, porque pela sua natureza não podem nunca relevar para efeitos da avaliação da proposta, não devem justificar a exclusão dessa proposta. O que releva são os documentos caracterizadores dos atributos da proposta ou os documentos referentes a termos ou condições não sujeitas a concorrência, exigidos pelo procedimento. Se há documentos adicionais que não fazem parte destes dois grupos, eles não podem ser relevados. Não podendo ser relevados, é irrelevante se eles cumprem ou não as normas do concurso”. Artigo 59.º Propostas variantes 1 - São variantes as propostas que, relativamente a um ou mais aspectos da execução do contrato a celebrar, contenham atributos que digam respeito a condições contratuais alternativas nos termos expressamente admitidos pelo caderno de encargos. 2 - Nos casos em que o programa do procedimento permita a apresentação de propostas variantes, os concorrentes são obrigados a apresentar proposta base. 3 - Quando respeitem a aspectos da execução do contrato a celebrar que se encontrem submetidos à concorrência pelo caderno de encargos para efeitos da apresentação de propostas base, as alternativas referidas no n.º 1 só podem ser admitidas fora dos limites daquela concorrência. 4 - Quando o caderno de encargos admita condições contratuais alternativas nos termos do disposto no n.º 1, proposta base é aquela que não as apresenta. 5 - Os aspectos do caderno de encargos relativamente aos quais sejam admitidas alternativas para efeitos da apresentação de propostas variantes devem corresponder a factores ou subfactores de densificação do critério de adjudicação da proposta economicamente mais vantajosa. 6 - A exclusão da proposta base implica necessariamente a exclusão das propostas variantes apresentadas pelo mesmo concorrente. 7 - Nos casos em que o programa do procedimento não permita a apresentação de propostas variantes, cada concorrente só pode apresentar uma única proposta. Fiscalização administrativa 1 - O STA (V. o Acórdão do STA de 02/11/2010, Proc. n.º 0416/10, in www.dgsi.pt), apreciou a possibilidade de se apresentar duas propostas de preço, consoante a data de pagamento. In casu “Verifica-se que a recorrente propôs o montante referido de 8.370€90 se o pagamento fosse efectuado a 30 dias e de 9301€00 se o pagamento ultrapassasse os 30 dias. Ou seja, como se refere na proposta apresentada pela recorrente se o preço fosse pago para além do prazo de 30 dias o mesmo seria de 9301€00, se fosse pago

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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 65

dentro do prazo de 30 dias, sofreria um desconto de 10%, importando nessa altura em 8.370€90. Aqui secunda-se o que foi decidido na 1ª instância, e que foi acolhido no acórdão recorrido, quando se refere que “da análise dos mapas comparativos das propostas verifica-se que o preço da proposta apresentada pela autora (ora recorrente, acrescentamos agora nós) ascende a 9301€00 enquanto a da contra-interessada ascende a 8454€70. Refere a autora que o valor da sua proposta, a 30 dias, seria inferior em 10%00, pelo que não estarão correctos os dados referidos pelo júri do concurso. A questão da oscilação do valor da proposta, conforme a data do pagamento, não foi posta à concorrência pelo que, sob pena de distorcer a mesma, tal facto não pode ser relevado pelo júri. A autora teria de apresentar uma proposta e não uma proposta com variantes. Não havendo parâmetros iguais, não pode haver equiparação das propostas. As propostas apresentadas pelos outros concorrentes eram a 30 dias ou mais. Como se iria comparar a proposta da autora se os outros concorrentes não estavam obrigados a graduar a sua proposta conforme o prazo de pagamento? Pelo exposto se conclui que o júri não fez errada interpretação ao ter considerado como valor da proposta da autora o valor sem o desconto. Assim, o júri de concurso ao ter em conta o valor de 9301€00 apresentado pela recorrente sem o desconto de 10%, relativo ao pagamento em 30 dias, não elaborou em erro nos pressupostos de facto nem de direito, tal como foi decidido no acórdão recorrido”. 3 - O TCAS (V. Acórdão do TCAS de 19/01/2011, Proc. n.º 06899/10, in www.dgsi.pt) apreciou se a proposta da recorrente assumia as vestes de proposta variante. In casu o concorrente, quanto à garantia técnica do equipamento, declarava uma garantia de dois anos; adiante, admitia alargar a garantia para um prazo de cinco anos, caso fosse celebrado um contrato de assistência técnica (que alteraria a proposta de preço apresentada). Considerou o TCAS que tal proposta é uma proposta variante porque “A recorrente, na mesma proposta, apresenta duas alternativas de solução, a primeira como proposta base e a segunda como proposta vigente. Ora, como resulta do programa de procedimento referido na alínea c) do probatório fixado, no concurso em causa não são admitidas propostas com variantes. (U) A nosso ver, não existem quaisquer dúvidas de que a recorrente formula uma proposta alternativa, nos termos sobreditos, devendo por isso ser considerada como proposta variante, cuja exclusão é obrigatória, nos termos do artigo 146.º n.º 2, alínea f) do Código dos Contratos Públicos”. Quanto à fundamentação da exclusão da proposta, para o TCAS “fundamentação da decisão de excluir, constante do Relatório Final, é clara, suficiente e esclarecedora. Nela se demonstra que a referência relativa à extensão da garantia técnica é susceptível de influenciar o factor preço, que integra um atributo da proposta, devendo a mesma ser excluída por força do disposto na alínea f) do n.º 2 do artigo 146.º do Código dos Contratos Públicos, e de acordo com o conceito vertido no n.º 1 do artigo 59.º do mesmo diploma”. 4 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 27/01/2011, Proc. n.º 00228/10.5BEVIS, in www.dgsi.pt) apreciou, entre outras questões, se a alteração do prazo de execução do contrato, implica a exclusão da proposta, nos termos do disposto no art. 70.º, n.º 2, al. a. b), do CCP. No caso analisado as peças procedimentais indicavam que “O prazo contratual é de 420 dias contados nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 362.º do CPP.” O concorrente apresentou um prazo de execução de 56 semanas, tendo o Júri deliberado não excluir a proposta, considerando na contagem do prazo de execução apresentado “semanas completas, e as semanas que resultam da soma dos dias para além da semana completa”. Em primeiro lugar discorda da contagem efectuada pelo Júri, o Douto Tribunal. Em segundo lugar, entendeu o TCAN que a estipulação do prazo de execução pela entidade adjudicante (ao contrário do caso analisado pelo STA, no Acórdão de 10/01/2006, Proc. n.º 01070/04), não era a fixação de um prazo máximo, mas a fixação de um prazo fixo (logo, uma condição) que constituía um aspecto da execução do contrato não submetido à concorrência.

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NA 1 - No Acórdão do TCAN de 27/01/2011, Proc. n.º 00228/10.5BEVIS, o TCAN professa a seguinte doutrina: Não estando permitidas as propostas variantes, o não respeito do prazo de execução constante nas peças procedimentais como aspecto de execução do contrato, viola o disposto no art. 59.º, n.º 7 (pois apresenta uma alternativa a um aspecto da execução do contrato), o que preenche a estatuição dos arts. 70.º, n.º 2, al. b), e 146.º, n.º 2, al. f), todos do CCP (porquanto apresenta uma condição que viola um aspecto não submetido à concorrência pela entidade adjudicante, adquirindo a natureza de proposta variante). Artigo 60.º Indicação do preço 1 - Os preços constantes da proposta são indicados em algarismos e não incluem o IVA. 2 - Quando os preços constantes da proposta forem também indicados por extenso, em caso de divergência, estes prevalecem, para todos os efeitos, sobre os indicados em algarismos. 3 - Sempre que na proposta sejam indicados vários preços, em caso de qualquer divergência entre eles, prevalecem sempre, para todos os efeitos, os preços parciais, unitários ou não, mais decompostos. 4 - No caso de se tratar de procedimento de formação de contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, o concorrente deve indicar na proposta os preços parciais dos trabalhos que se propõe executar correspondentes às habilitações contidas nos alvarás ou nos títulos de registo ou nas declarações emitidas pelo Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., nos termos do disposto na alínea a) do n.º 5 do artigo 81.º, para efeitos da verificação da conformidade desses preços com a classe daquelas habilitações. 5 - O disposto no número anterior é aplicável aos agrupamentos concorrentes, devendo estes, para o efeito, indicar na proposta os preços parciais dos trabalhos que cada um dos seus membros se propõe executar. Artigo 61.º Erros e omissões do caderno de encargos 1 - Até ao termo do quinto sexto do prazo fixado para a apresentação das propostas, os interessados devem apresentar ao órgão competente para a decisão de contratar uma lista na qual identifiquem, expressa e inequivocamente, os erros e as omissões do caderno de encargos detectados e que digam respeito a: a) Aspectos ou dados que se revelem desconformes com a realidade; ou b) Espécie ou quantidade de prestações estritamente necessárias à integral execução do objecto do contrato a celebrar; ou c) Condições técnicas de execução do objecto do contrato a celebrar que o interessado não considere exequíveis. 2 - Exceptuam-se do disposto no número anterior os erros e omissões que os interessados, actuando com a diligência objectivamente exigível em face das circunstâncias concretas, apenas pudessem detectar na fase de execução do contrato. 3 - A apresentação da lista referida no n.º 1, por qualquer interessado, suspende o prazo fixado para a apresentação das propostas desde o termo do quinto sexto daquele prazo até à publicitação da decisão prevista no n.º 5 ou, não havendo decisão expressa, até ao termo do mesmo prazo. 4 - As listas com a identificação dos erros e das omissões detectados pelos interessados devem ser disponibilizadas em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante, devendo todos aqueles que tenham adquirido as peças do procedimento serem imediatamente notificados daquele facto. 5 - Até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, o órgão competente para a decisão de contratar deve pronunciar-se sobre os erros e as omissões identificados pelos interessados, considerando-se rejeitados todos os que não sejam por ele expressamente aceites. 6 - A decisão prevista no número anterior é publicitada em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante e junta às peças do procedimento que se encontrem patentes para consulta, devendo todos os interessados que as tenham adquirido ser imediatamente notificados do facto. 7 - Nos documentos previstos na *alínea b) do n.º 1 do artigo 57.º, os concorrentes devem identificar, expressa e inequivocamente: a) Os termos do suprimento de cada um dos erros ou das omissões aceites nos termos do disposto no n.º 5, do qual não pode, em caso algum, resultar a violação de qualquer parâmetro base fixado no caderno de encargos;

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b) O valor, incorporado no preço ou preços indicados na proposta, atribuído a cada um dos suprimentos a que se refere a alínea anterior. NA 1 - As plataformas electrónicas disponibilizam aos interessados a indicação da data e hora de termo do prazo para a apresentação da lista, na qual sejam identificados erros e omissões do caderno de encargos, prevista no artigo 61.º do CCP. Esta informação a disponibilizar é introduzida pela entidade adjudicante, não dependendo de qualquer automatismo da plataforma electrónica (V. art. 14.º, n.os 1 e 2, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 2 – A apresentação tempestiva da lista de erros e omissões do caderno de encargos congela o prazo de apresentação das propostas, desde o termo do quinto sexto deste até à decisão expressa da entidade adjudicante ou ao terminus do prazo de apresentação das propostas, em caso de silêncio administrativo. Caso um concorrente apresentar a lista de erros e omissões no dia seguinte ao início do prazo de apresentação das propostas, o efeito suspensivo deste ocorre apenas no último sexto do prazo? A resposta deverá ser positiva, desde logo porque o legislador pretende que todos os concorrentes apresentem uma lista de erros e omissões, pelo que será somente após o terminus do prazo para a sua entrega que deverá a entidade adjudicante a apreciar e decidir. Por outro lado, o facto da apresentação da lista de erros e omissões sejam sucessivamente apresentadas listas (que aconteceria se a mera apresentação da lista suspende-se de imediato o prazo de apresentação das propostas). Outro problema que as entidades adjudicantes deverão enfrentar são as listas de erros e omissões, que não assumem essa natureza, tratando-se de verdadeiras diligências meramente dilatórias (cf. art. 60.º, n.º 1, do CPA). Promana-se defensável a aplicabilidade nos procedimentos adjudicatórios do dever de celeridade (cf. o art. 57.º do CPA), que impõe às entidades adjudicantes o eficaz andamento do procedimento, mormente recusando e evitando tudo o que for impertinente ou dilatório. Assim, não se enquadrando a lista de erros e omissões nos requisitos previstos no artigo 61.º, n.º 1, do CCP, deverá a entidade adjudicante, de imediato, rejeitar tal requerimento. Fiscalização administrativa 1 - O TCAN (Acórdão do TCAN de 27/01/2011, Proc. n.º 00228/10.5BEVIS) apreciou, entre outras questões, se a não apresentação em lista detalhada e autonomizada dos termos de suprimento de cada um dos erros e omissões aceites pelo dono da obra, violaria o disposto no art. 61.º, n.º 7, al. a), do CCP. Citando a argumentação do Tribunal de Contas utilizada no Acórdão n.º 166/2009, de 20/11/2009, entendeu o TCAN que al exigência de um formalismo especial para a evidenciação do modo de suprimento dos erros e omissões, não se encontra prevista no CCP, porquanto será respeitado o exigido no citado artigo do CCP, se da proposta se conseguir retirar, expressa e inequivocamente, o modo como foi efectuado esse suprimento. Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 166/2009 do TC de 20/11/2009, Proc. n.º 1314/09), um caso em que as propostas foram excluídas por não se ter apresentado o modo de suprimentos dos erros e omissões em listas separadas. Segundo o TC: [a lei não exige] “um formalismo especial para a evidenciação do modo de suprimento dos erros e omissões desde que da proposta se retire, expressa e inequivocamente, o modo como foi efectuado esse suprimento. A ‘identificação expressa e inequívoca’ poderá, por exemplo, ser conseguida através de destaque específico dos items afectados e a alterar, designadamente em termos gráficos. (U) a proposta [deverá

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conter] de forma explícita e inequívoca, os valores corrigidos, correcta e rigorosamente inseridos nos capítulos e items de medição, pois que, desse modo, se pode aferir o modo de suprimento dos erros e omissões aceites. A apresentação do modo de suprimento dos erros e omissões em listas separadas (U) poderá ser uma maneira mais ‘fácil’ para aferir esse suprimento. (U) [mas] essa forma de apresentação (U) não será aconselhável (U) uma vez que dificultará o enquadramento e identificação dos trabalhos”. Conclui o Douto Tribunal que a não apresentação em listas separadas, do modo de suprimento dos erros e omissões, não poderia justificar a exclusão das propostas, nos termos do artigo 146.º, n.º 2, al. J, do CCP. Considerando que concorrentes excluídos apresentavam propostas de preço inferior ao adjudicatário (o critério de adjudicação é o do preço mais baixo), pela ilegalidade praticada foi alterado o resultado financeiro do contrato, o que nos termos do art. 44.º, n.º 3, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08, determinou a recusa de visto. O Acórdão do TC n.º 17/2010, de 15/06/2010 (Recurso Ordinário n.º 35/2009), manteve o Acórdão n.º 166/2009 do TC de 20/11/2009. Artigo 62.º Modo de apresentação das propostas 1 - Os documentos que constituem a proposta são apresentados directamente em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante, através de meio de transmissão escrita e electrónica de dados, sem prejuízo do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 115.º 2 - Os documentos que constituem as propostas variantes, também apresentados nos termos do disposto no número anterior, são identificados com a expressão «Proposta variante n.º...». 3 - A recepção das propostas é registada com referência às respectivas data e hora, sendo entregue aos concorrentes um recibo electrónico comprovativo dessa recepção. 4 - Os termos a que deve obedecer a apresentação e a recepção das propostas nos termos do disposto nos n.os 1 a 3 são definidos por diploma próprio. 5 - Quando, pela sua natureza, qualquer documento dos que constituem a proposta não possa ser apresentado nos termos do disposto no n.º 1, deve ser encerrado em invólucro opaco e fechado: a) No rosto do qual se deve indicar a designação do procedimento e da entidade adjudicante; b) Que deve ser entregue directamente ou enviado por correio registado à entidade adjudicante, devendo, em qualquer caso, a respectiva recepção ocorrer dentro do prazo fixado para a apresentação das propostas; c) Cuja recepção deve ser registada por referência à respectiva data e hora. NL O Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho, regula maxime a disponibilização das peças do procedimento, bem como o envio e recepção dos documentos que constituem as candidaturas, as propostas e as soluções. NA 1 - “A plataforma electrónica consiste num conjunto de meios, serviços e aplicações informáticas necessárias ao funcionamento dos procedimentos de formação dos contratos públicos” (Art. 5.º, n.º 1, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 1 - As plataformas electrónicas disponibilizam aos interessados a indicação da data e hora de termo do prazo para a apresentação das propostas. Esta informação a disponibilizar é introduzida pela entidade adjudicante, não dependendo de qualquer automatismo da plataforma electrónica (V. art. 14.º, n.os 1 e 2, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 2 - “As plataformas electrónicas devem operacionalizar um sistema que permita determinar a origem da transmissão, bem como a entidade ou pessoa singular que a submeteu, de forma que o emissor dos dados não possa negar a autoria da emissão nem a data e hora em que a mesma ocorreu” (V. art. 12.º, n.º 4, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho).

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3 - “Sempre que, por razões do excessivo volume ou complexidade dos dados a ser submetidos, não seja tecnicamente possível aos concorrentes ou candidatos submeter documentos ou ficheiros através das plataformas electrónicas, deve a entidade adjudicante permitir a entrega dos documentos através de suportes físicos de informação, a definir no programa do procedimento ou, no caso do ajuste directo, no convite” (V. art. 2.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 5 - Quanto ao disposto no art. 62.º, n.º 1, in fine, V. a anotação ao art. 115.º, n.º 1, al. g), do CCP. Artigo 63.º Fixação do prazo para a apresentação das propostas 1 - O prazo para a apresentação das propostas é fixado livremente, com respeito pelos limites mínimos estabelecidos no presente Código. 2 - Na fixação do prazo para a apresentação das propostas, deve ser tido em conta o tempo necessário à sua elaboração, em função da natureza, das características, do volume e da complexidade das prestações objecto do contrato a celebrar, em especial dos aspectos da sua execução submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, bem como a necessidade de prévia inspecção ou visita a locais ou equipamentos, por forma a permitir a sua elaboração em condições adequadas e de efectiva concorrência. Artigo 64.º Prorrogação do prazo fixado para a apresentação das propostas 1 - Quando as rectificações ou os esclarecimentos previstos no artigo 50.º sejam comunicados para além do prazo estabelecido para o efeito, o prazo fixado para a apresentação das propostas deve ser prorrogado, no mínimo, por período equivalente ao do atraso verificado. 2 - Quando as rectificações referidas no artigo 50.º, independentemente do momento da sua comunicação, ou a aceitação de erros ou de omissões do caderno de encargos nos termos do disposto no artigo 61.º implicarem alterações de aspectos fundamentais das peças do procedimento, o prazo fixado para a apresentação das propostas deve ser prorrogado, no mínimo, por período equivalente ao tempo decorrido desde o início daquele prazo até à comunicação das rectificações ou à publicitação da decisão de aceitação de erros ou de omissões. 3 - A pedido fundamentado de qualquer interessado que tenha adquirido as peças do procedimento, o prazo fixado para a apresentação das propostas pode ser prorrogado pelo período considerado adequado, o qual aproveita a todos os interessados. 4 - As decisões de prorrogação nos termos do disposto nos números anteriores cabem ao órgão competente para a decisão de contratar e devem ser juntas às peças do procedimento e notificadas a todos os interessados que as tenham adquirido, publicando-se imediatamente aviso daquelas decisões, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 130.º, nos n.os 1 a 3 do artigo 131.º, no n.º 1 do artigo 167.º, no artigo 197.º e no artigo 208.º NJ 1 - Apreciando um caso de rectificação de anúncio em que se alterou um requisito relativo a capacidade técnica, regido pelo Decreto-Lei n.º 197/99, de 08 de Junho mas com doutrina relevante no novo regime, o STA (V. o Acórdão do STA de 11/03/2009, Proc. n.º 01024/08, in www.dgsi.pt) entendeu que, embora o requisito exigido no anúncio inicial, e depois eliminado no anúncio rectificativo, não constasse no programa do concurso, tal rectificação determinaria a prorrogação do prazo de apresentação de propostas. A preterição da prorrogação do prazo de apresentação de propostas determinou a violação das condições de acesso e de participação a todos os interessados em intervir no contrato decorrente do procedimento, pois os concorrentes que preenchiam o requisito técnico puderam preparar de imediato a sua proposta, enquanto os não detentores do requisito técnico, posteriormente eliminado, apenas poderiam preparar a sua proposta, após a publicação da declaração do anúncio inicial. NA

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1 - V. NJ 1 do art. 55.º do CCP. Artigo 65.º Prazo da obrigação de manutenção das propostas Sem prejuízo da possibilidade de fixação de um prazo superior no programa do procedimento ou no convite, os concorrentes são obrigados a manter as respectivas propostas pelo prazo de 66 dias contados da data do termo do prazo fixado para a apresentação das propostas. NJ 1 - “A fixação de um prazo de manutenção das propostas tem como fundamento jurídico a ‘lógica da função’ administrativa, isto é, a prevalência do acervo de exigências ditadas pelo interesse público concreto posto a cargo da Administração e que esteve na origem da iniciativa oficiosa de abertura do procedimento concursal” (Acórdão do TCAS de 06/10/2010, Proc. n.º 06596/10, in www.dgsi.pt). Artigo 66.º Classificação de documentos da proposta 1 - Por motivos de segredo comercial, industrial, militar ou outro, os interessados podem requerer, até ao termo do primeiro terço do prazo fixado para a apresentação das propostas, a classificação, nos termos da lei, de documentos que constituem a proposta, para efeitos da restrição ou da limitação do acesso aos mesmos na medida do estritamente necessário. 2 - A decisão sobre a classificação de documentos que constituem a proposta deve ser notificada aos interessados, pelo órgão competente para a decisão de contratar, até ao termo do segundo terço do prazo fixado para a apresentação das propostas. 3 - Considera-se não escrita ou não declarada a classificação de um documento que não tenha sido expressamente autorizada nos termos do disposto nos números anteriores. 4 - Se no decurso do procedimento deixarem de se verificar os pressupostos que determinaram a classificação de documentos que constituem as propostas, o órgão competente para a decisão de contratar deve promover, oficiosamente, a respectiva desclassificação, informando do facto todos os interessados. 5 - Quando, por força da classificação de documentos que constituem a proposta, não seja possível apresentá-los nos termos do disposto no artigo 62.º ou no prazo fixado no programa do procedimento, o órgão competente para a decisão de contratar pode estabelecer, oficiosamente ou a pedido do interessado, um modo alternativo de apresentação dos documentos em causa ou a prorrogação daquele prazo na medida do estritamente necessário. NA 1 - A plataforma electrónica deve garantir que os documentos cuja classificação tenha sido autorizada pela entidade adjudicante apenas sejam visíveis pelos membros do júri, sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 66.º do CCP (V. art. 8.º, n.º 4, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 2 - A plataforma electrónica deve permitir a disponibilização, a qualquer momento, de documentos sinalizados pelos concorrentes que o órgão competente para a decisão de contratar considere não classificados, nos termos do n.º 3 do artigo 66.º do CCP, ou desclassifique, nos termos do n.º 4 do mesmo artigo (V. art. 12.º, n.º 5, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 3 - O concorrente, ou candidato, deve apresentar os documentos classificados em separado dos outros documentos da proposta, nos termos definidos na Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho (V. art. 8.º, n.º 5, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 4 - As plataformas electrónicas disponibilizam aos interessados um sistema que lhes permita sinalizar, durante o carregamento das suas propostas, os ficheiros objecto de classificação, os quais não serão disponibilizados aos concorrentes nos termos do n.º 3 do artigo 12.º da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho (V. art. 18.º, n.º 16, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho).

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5 - V. NA do art. 138.º do CCP. Leitura aconselhada: Dário Moura Vicente, “Segredo comercial e acesso à informação administrativa”, in Estudos em Homenagem a Sérvulo Correia, III, Lisboa, 2010, pp. 289-297. CAPÍTULO VI Júri do procedimento Artigo 67.º Júri 1 - Salvo no caso de ajuste directo em que tenha sido apresentada uma única proposta, os procedimentos para a formação de contratos são conduzidos por um júri, designado pelo órgão competente para a decisão de contratar, composto, em número ímpar, por um mínimo de três membros efectivos, um dos quais presidirá, e dois suplentes. 2 - Os titulares do órgão competente para a decisão de contratar podem ser designados membros do júri. 3 - No caso de procedimentos de formação de contratos que configurem parcerias públicas-privadas, os membros do júri são nomeados, conjuntamente, pelo ministro ou pelo membro do Governo Regional responsável pela área das finanças e pelo ministro ou pelo membro do Governo Regional da tutela sectorial, consoante o caso. Fiscalização administrativa 1 - Apreciou o TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 19/01/2011, Proc. n.º 06497/10), no que aqui se releva, a possibilidade de ser designado um júri, com carácter de permanência, para todos os procedimentos concursais. Embora referindo jurisprudência contrária do Tribunal de Contas, entendeu o TCAS que a entidade adjudicante deverá “tentar que o júri vá variando ao longo dos vários concursos que lança”, mas, “isto não existe enquanto imposição legal e, é duvidoso que possa ser imposto pelos Tribunais”. Em consequência parece resultar do citado Aresto a seguinte doutrina: será caso a caso que, sendo nomeado o mesmo júri, para mais de um procedimento adjudicatório (seja nomeado o mesmo júri concurso a concurso – nomeação concomitante com o lançamento do procedimento –, ou nomeado para todos os concursos – nomeação precedente ao lançamento do procedimento), se deverá verificar se, por tal facto, foi violado o princípio da imparcialidade; o mero facto de ser nomeado o mesmo júri, para conduzir vários procedimentos adjudicatórios, não determina imediatamente a violação do princípio da imparcialidade que rege os procedimentos adjudicatórios. NA 2 – A doutrina professada no Aresto citado na nota anterior, salvo melhor opinião, choca com o regime dos júris dos procedimentos adjudicatórios, traçado no art. 67.º e ss. do CCP, ao permitir a escolha do mesmo júri, não com carácter de transitoriedade mas de permanência. (VER ESPÉCIES DE ÓRGÃOS: TRANSITÓRIOS E PERMANENTES!!!, e DOUTRINA?) Não é despicienda a questão levantada pelo TCAS quanto à possibilidade de ser designado sempre, caso a caso, para cada procedimento, o júri, mas serem sempre os mesmos membros nomeados. Nada na lei o proíbe, porquanto é o próprio legislador que introduz mecanismos de salvaguarda da imparcialidade do júri, quanto nos artigos 44.º e ss. do CPA consagra as garantias de imparcialidade. Artigo 68.º

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Funcionamento 1 - O júri do procedimento inicia o exercício das suas funções no dia útil subsequente ao do envio do anúncio para publicação ou do convite. 2 - O júri só pode funcionar quando o número de membros presentes na reunião corresponda ao número de membros efectivos. 3 - As deliberações do júri, que devem ser sempre fundamentadas, são tomadas por maioria de votos, não sendo admitida a abstenção. 4 - Nas deliberações em que haja voto de vencido de algum membro do júri, devem constar da acta as razões da sua discordância. 5 - O júri pode designar um secretário de entre o pessoal dos serviços da entidade adjudicante, com a aprovação do respectivo dirigente máximo. 6 - Quando o considerar conveniente, o órgão competente para a decisão de contratar pode designar peritos ou consultores para apoiarem o júri do procedimento no exercício das suas funções, podendo aqueles participar, sem direito de voto, nas reuniões do júri. Artigo 69.º Competência do júri 1 - Compete nomeadamente ao júri: a) Proceder à apreciação das candidaturas; b) Proceder à apreciação das propostas; c) Elaborar os relatórios de análise das candidaturas e das propostas. 2 - Cabe ainda ao júri exercer a competência que lhe seja delegada pelo órgão competente para a decisão de contratar, não lhe podendo este, porém, delegar a competência para a decisão de qualificação dos candidatos ou para a decisão de adjudicação. NA 1 - “Nas diferentes fases do procedimento, o acesso aos documentos que integram as propostas, candidaturas ou soluções só é possível, na data fixada nos termos das regras do procedimento, mediante a acção simultânea dos membros do júri, sendo tal acesso, em simultâneo, realizado sempre por um número mínimo de três pessoas” (V. o art. 7.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 2 - “Cada membro do júri detém uma chave individual, devendo os respectivos códigos ser distribuídos após o termo do prazo para a apresentação de propostas, candidaturas e soluções” (V. o art. 7.º, n.º 4, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 3 - “Na data e na hora definidas para a abertura das propostas, candidaturas ou soluções, os membros do júri devem verificar as assinaturas electrónicas apostas e a integridade dos dados submetidos” (V. o art. 7.º, n.º 5, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). CAPÍTULO VII Análise das propostas e adjudicação Artigo 70.º Análise das propostas 1 - As propostas são analisadas em todos os seus atributos, representados pelos factores e subfactores que densificam o critério de adjudicação, e termos ou condições. 2 - São excluídas as propostas cuja análise revele: a) Que não apresentam algum dos atributos, nos termos do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 57.º; b) Que apresentam atributos que violem os parâmetros base fixados no caderno de encargos ou que apresentem quaisquer termos ou condições que violem aspectos da execução do contrato a celebrar por aquele não submetidos à concorrência, sem prejuízo do disposto nos n.os 4 a 6 e 8 a 11 do artigo 49.º; c) A impossibilidade de avaliação das mesmas em virtude da forma de apresentação de algum dos respectivos atributos; d) Que o preço contratual seria superior ao preço base;

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e) Um preço total anormalmente baixo, cujos esclarecimentos justificativos não tenham sido apresentados ou não tenham sido considerados nos termos do disposto no artigo seguinte; f) Que o contrato a celebrar implicaria a violação de quaisquer vinculações legais ou regulamentares aplicáveis; g) A existência de fortes indícios de actos, acordos, práticas ou informações susceptíveis de falsear as regras de concorrência. 3 - A exclusão de quaisquer propostas com fundamento no disposto nas alíneas e) e g) do número anterior deve ser imediatamente comunicada à Autoridade da Concorrência e, no caso de empreitadas ou de concessões de obras públicas, igualmente ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P. 4 - A exclusão de quaisquer propostas com fundamento no disposto na alínea e) do n.º 2 deve ser comunicada à Comissão Europeia, desde que o anúncio do respectivo procedimento tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia. NA 1 - Quanto ao disposto no art. 70.º, n.º 1, V. o art. 56.º, n.º 2 e o art. 75.º, n.º 1, ambos do CCP. 2 - Quanto ao disposto no art. 70.º, n.º 2, al. b), do CCO, V. a anotação ao art. 59.º, todos do CCP. NJ 1 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAS de 15/10/2010, Proc. n.º 00420.09.5BEBRG, in www.dgsi.pt) apreciou, entre outras questões, a utilização do júri de uma fórmula de cálculo, diversa da definida no programa do procedimento, a saber: “3.2.3.3.1. De acordo com o anexo V) do «PC» a definição da classificação das propostas relativamente ao sub critério “cronograma financeiro” era obtida através da fórmula seguinte: «U Not = (Not1+Not2+Not3+Not4)/4xPeso U». Dispõe-se no art. 70.º, n.º 1 CCP que as “U propostas são analisadas em todos os seus atributos, representados pelos factores e subfactores que densificam o critério de adjudicação, e termos e condições ...”, sendo que nos termos da al. n) do n.º 1 do art. 132.º do mesmo código o “U programa de concurso deve indicar: U critério de adjudicação, bem como, quando for adoptado o da proposta economicamente mais vantajosa, o modelo de avaliação das propostas, explicitando claramente os factores e os eventuais subfactores relativos aos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, os valores dos respectivos coeficientes de ponderação e, relativamente a cada um dos factores ou subfactores elementares, a respectiva escala de pontuação, bem como a expressão matemática ou o conjunto ordenado de diferentes atributos susceptíveis de serem propostos que permita a atribuição das pontuações parciais U”. 3.2.3.3.2. Ressalta da análise do procedimento, no que se mostra reconhecido pelo aqui recorrente, que os valores atribuídos a todos os concorrentes quanto ao referido sub critério não foram obtidos pela aplicação da fórmula enunciada no ponto antecedente e que era imposta pelo «PC» e pelos demais comandos legais, mas antes através da fórmula “U Not = (Not1+Not2+Not3)/3xPeso U”. Ora tal procedimento desenvolvido pelo júri quanto aos cálculos referentes à nota a atribuir ao sub critério do “cronograma financeiro” revela-se, assim, contrário ao que se mostra definido pelas regras concursais e comandos legais atrás referidos, impondo-se, mercê do atrás julgado e implicações/consequências daí advenientes [que no momento e face aos elementos vertidos nos autos o tribunal não poderá antever e prever em toda a sua extensão], que no desenvolvimento executivo da decisão anulatória no procedimento sejam corrigidos e reformulados todos os actos procedimentais com estrita observância daquela fórmula matemática de cálculo, de molde assegurar integral reposição da legalidade”. Considerando que o recorrente invocou que a alteração da fórmula de cálculo, “não gerou, nem gera quaisquer alterações relevantes na lista de classificação e de ordenação das propostas dos concorrentes, mantendo-se as respectivas posições relativas”, o

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Douto Tribunal conclui que “neste momento não é possível concluir com um mínimo de certeza e segurança que, após a elaboração de novo relatório preliminar devidamente fundamentado, subsequente audiência prévia e ulterior elaboração de relatório final com sua submissão ao órgão com competência para proferir a decisão de contratar, a ordenação das concorrentes seja idêntica, não podemos afirmar que o resultado que emergiria da aplicação da fórmula correcta seria praticamente o mesmo e a graduação das propostas em nada se alteraria”. 2 - O TCAS (V. o Acórdão 06/05/2010, Proc. n.º 05943/10, in www.dgsi.pt) apreciou um pedido de anulação da decisão de adjudicação, por a proposta apresentada pelo adjudicatário se enquadrar na causa de exclusão do art. 70.º, n.º 2, al. c) do CCP. No caderno de encargos constava a exigência da apresentação do preço da proposta global (“Anexo 1”), e a decomposição do preço unitário (“Anexo 2”), sendo o critério de adjudicação o mais baixo preço da proposta global. O adjudicatário apresentou dois preços unitários diferentes para a mesma refeição (in casu, tratava-se de fornecimento de serviços de alimentação). Portanto, teve o Douto Tribunal de apreciar se era “Impossível determinar qual dos preços é que a concorrente efectivamente propõe, inviabilizando a avaliação preço global”. Na verdade, “O documento Anexo 1, com o valor global da proposta, constitui o único atributo submetido à concorrência pelo artigo 2.º doo C.E.”, pelo que apenas os valores indicados naquele poderão contribuir para o cálculo do valor global das propostas dos concorrentes (V. art. 57.º, n.º 1, al. b) do CCP). Acresce que, a indicação de um valor no Anexo 2, desconforme com o apresentado no Anexo 1, constitui uma mera irregularidade, não invalidante da proposta do adjudicatário. Em conclusão, entendeu o TCAS que “Os valores indicados no Anexo 2 [não correspondem] a verdadeiros atributos da proposta, visto não condicionarem o seu valor global, [pelo que] inexiste a alegada violação do artigo 70.º, n.º 2, al. c) do CCP”. 3 - O TCAS (V. o Acórdão de 25/03/2010, Proc. n.º 05806/09, in www.dgsi.pt) apreciando da legalidade da participação simultânea no mesmo procedimento adjudicatório de empresas que se encontram numa relação de domínio ou de grupo, entende que será perante as circunstâncias concretas que terá de se avaliar se foi falseada a concorrência. O princípio da proporcionalidade obsta que, perante esta situação, as propostas das empresas sejam automaticamente excluídas. Ora o princípio da concorrência é violado quando os administradores de duas empresas concorrentes a um procedimento adjudicatório são os mesmos, as propostas estão assinadas por um administrador comum e estas apresentam uma estrutura formal e gráfica idêntica, senão igual. Sendo certo que, para considerar violados os princípios da igualdade e da concorrência, bastaria atender ao facto de ambas as propostas estarem assinadas por um administrador comum, o que impedia a sua confidencialidade, e determinava que estes concorrentes não seriam opositores entre si. 4 - Apreciou o STA (V. o Acórdão de 02/11/2010, Proc. n.º 0416/10), entre outras questões, se o facto de os concorrentes indicarem prazos de garantia inferiores aos legalmente admissíveis, provocará a rejeição das propostas daqueles. O art. 444.º, n.º 1, ex vi art. 451.º, ambos do CCP, determina que é aplicável o regime da venda de bens de consumo, hodiernamente regulado no Decreto-Lei n.º 67/2003, de 08/04, que no art. 5.º, n.º 1, deste, determina que o prazo mínimo de garantia é de dois anos. Conclui o STA que as propostas que não respeitem o prazo de garantia, legalmente estabelecido, devem ser excluídas nos termos do art. 70.º, n.º 2, als. b) e f), do CCP. In casu as propostas não foram excluídas, pelo que o vício de violação de lei inquinou o acto de adjudicação.

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5 - Apreciou o TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 03/02/2011, Proc. n.º 06545/10, in www.dgsi.pt), a seguinte questão: “A participação separada (cada uma com propostas diferentes), no presente concurso, de duas sociedades – a GUUU e a IUUU – detidas a 100% pela mesma sociedade – a TUUUU., S.A. (SGPS) - implica, só por si, e, por conseguinte, independentemente da existência, em concreto de indícios de concertação entre aquelas concorrentes, a violação do principio da igualdade e da concorrência, consagrado na nossa legislação e na comunitária”. Desde logo o TCAS considerou que apenas “uma efectiva concertação das empresas” no procedimento adjudicatório, que tem de ser “objectivamente demonstrada, pode fundar a violação do princípio da concorrência e designadamente os artigo 1.º n.º 4, 59.º n.º 7, 70.º n.º 2 al. g) e 146.º n.º 2 al. i) do CCP”. Ora, para aferir da prática concertada entre empresas, designadamente com base numa relação de domínio vigente entre concorrentes, compete ao júri “identificar factos de que resultasse a existência de contactos entre elas através dos quais estas tivessem coordenado a sua actuação por forma a adoptarem um comportamento susceptível de falsear as regras da concorrência, que tivessem agido em coordenação no sentido da elaboração das propostas e dos preços a apresentar ou que tivessem adoptado comportamentos paralelos, traduzidos numa homogeneidade das propostas”. Por um lado, o relatório final é omisso relativamente a qualquer elemento que consubstanciasse a verificação da prática concertada, proibida pelo artigo 4.º, da Lei n.º 18/2003, de 11/06. Por outro lado “da análise das propostas não se retiram quaisquer indícios de acordo ou prática concertada entre a GU e a IU susceptível de falsear as regras da concorrência”, que o júri teria constatado se não tivesse excluído as duas propostas. Assim, no seguimento da doutrina prolactada no Acórdão do STA de 11/01/2011, Proc. n.º 851/10, e largamente citado, entendeu o Douto Tribunal manter a sentença recorrida, que julgou procedente a providência cautelar, com a consequente suspensão do procedimento adjudicatório, da adjudicação e da exclusão das propostas de GU e IU, ordenando a avaliação destas. 6 – “Havendo preço base fixado, a ausência de documento justificativo do preço anormalmente baixo proposto determina a exclusão da respectiva proposta” (V. o Acórdão do TCAS de 19/01/2011, Proc. n.º 07039/10). Artigo 71.º Preço anormalmente baixo 1 - Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 115.º, no n.º 2 do artigo 132.º e no n.º 3 do artigo 189.º, quando o preço base for fixado no caderno de encargos, considera-se que o preço total resultante de uma proposta é anormalmente baixo quando seja: a) 40 % ou mais inferior àquele, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada de obras públicas; b) 50 % ou mais inferior àquele, no caso de se tratar de um procedimento de formação de qualquer dos restantes contratos. 2 - Quando o caderno de encargos não fixar o preço base, bem como quando não se verificar qualquer das situações previstas no n.º 3 do artigo 115.º, no n.º 2 do artigo 132.º e no n.º 3 do artigo 189.º, o órgão competente para a decisão de contratar deve fundamentar, para os efeitos do disposto no número seguinte, a decisão de considerar que o preço total resultante de uma proposta é anormalmente baixo. 3 - Nenhuma proposta pode ser excluída com fundamento no facto de dela constar um preço total anormalmente baixo sem antes ter sido solicitado ao respectivo concorrente, por escrito, que, em prazo adequado, preste esclarecimentos justificativos relativos aos elementos constitutivos da proposta que considere relevantes para esse efeito. 4 - Na análise dos esclarecimentos prestados pelo concorrente nos termos do disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 57.º ou do número anterior, pode tomar-se em consideração justificações inerentes, designadamente: a) À economia do processo de construção, de fabrico ou de prestação do serviço;

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b) Às soluções técnicas adoptadas ou às condições excepcionalmente favoráveis de que o concorrente comprovadamente disponha para a execução da prestação objecto do contrato a celebrar; c) À originalidade da obra, dos bens ou dos serviços propostos; d) Às específicas condições de trabalho de que beneficia o concorrente; e) À possibilidade de obtenção de um auxílio de Estado pelo concorrente, desde que legalmente concedido. NA 1 - Relativamente ao cálculo do preço anormalmente baixo, V. a anotação 3.ª ao artigo 146.º, do CCP. 2 - Quanto ao juízo sobre a anormalidade do preço apresentado, V. a anotação ao artigo 97.º, do CCP. Fiscalização administrativa 1 - Ainda na vigência do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, mas cuja doutrina releva para a interpretação do preceituado supra, o TCAN (V. o Acórdão de 03/04/2008, Proc. n.º 01274/07.1BEPRT) apreciou as seguintes questões: 1. A proposta da contra-interessada P..., S.A., contém ou não as notas justificativas do preço por edifício, uma vez que o programa do concurso exigia a nota justificativa do preço por edifício sob pena de exclusão da proposta pelo facto de aquela nota constituir um factor de ponderação das propostas, sob pena de violação dos princípios da legalidade, transparência, publicidade, boa fé e estabilidade; 2. A concorrente ao não ter apresentado qualquer custo para o serviço a prestar no local da XU e do YU, nomeadamente o valor de encargos com o pessoal e demais encargos legais, permitir inferir da qualificação dessa proposta como contendo um preço anormalmente baixo, circunstancialismo que contende com a apreciação do factor de avaliação preço e nota justificativa, e com os princípios da transparência, da igualdade, da imparcialidade e da concorrência. Quanto às questões apresentadas entendeu o TCAN que: A contra-interessada apresentou na proposta uma nota justificativa do preço global proposto e por cada um dos edifícios, sendo certo que o valor dos edifícios é um valor parcelar do preço global, que a nota justificativa do preço global é integrada pelas notas justificativas dos preços das várias vertentes de prestação e que ao justificar o preço global, o concorrente justifica as parcelas dele componentes; Quanto à segunda questão o conceito de “preço anormalmente baixo”, constante no 55.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, não se relaciona com cada um dos elementos componentes do preço proposto, de per si, mas com o preço proposto globalmente considerado; Conclui o TCAN in casu pela não violação dos arts. 53.º e 55.º do Decreto-Lei n.º 197/99 de 8 de Junho, nem dos princípios da transparência, da igualdade, da imparcialidade e da concorrência. 2 - Apreciando o regime do preço anormalmente baixo, consagrado no art. 71.º do CCP, o TCAS (V. o Acórdão de 21/01/2010, Proc. n.º 05786/09) entendeu que: “O CCP consagra, no seu art.º 71.º, o regime do preço anormalmente baixo, que pode verificar-se em três vertentes”: a) Por auto-limitação da entidade adjudicante, b) Por imposição legal, ou c) Por decisão discricionária da entidade adjudicante; In casu a entidade adjudicante fixou o limiar do preço anormalmente baixo em XU (ex. de auto-limitação), pelo que a proposta apresentando um preço de valor inferior a este, constitui uma situação de preço anormalmente baixo; Embora o conceito de preço anormalmente baixo estar ligado ao preço global, o júri poderá solicitar esclarecimentos para preços parcelares que se repercutem no preço global anormalmente baixo;

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O art. 71.º, n.º 4 do CCP estabelece um “catálogo exemplificativo das justificações admissíveis, mas não impõe que o júri deva extrair efeitos jurídicos favoráveis ao concorrente das explicações apresentadas por este”; O júri poderá, perante os esclarecimentos apresentados, “considerar como boas as justificações apresentadas e assim afastar a noção de preço anormalmente baixo, como também pode, no todo ou em parte, não concordar com as mesmas e concluir que o preço apresentado integra esse conceito”; Conclui assim o Douto Tribunal que “se a fixação do limiar do preço anormalmente baixo escapa ao domínio da discricionariedade, o mesmo já não se passa com a análise das justificações apresentadas a esse propósito, em que a actividade do júri não pode ser judicialmente sindicada a não ser em caso de erro grave, ostensivo, grosseiro ou palmar”. 3 – “O dever de solicitação de esclarecimentos a cargo do órgão competente para a decisão de contratar, pressuposto integrativo do poder de exclusão das propostas nesta matéria do preço anormalmente baixo estatuído no art. 71.º n.º 3, do CCP, rege na circunstância de não haver preço base fixado no caderno de encargos” (V. o Acórdão do TCAS de 19/01/2011, Proc. n.º 07039/10, in www.dgsi.pt). 4 – No mesmo sentido, do Aresto citado na nota anterior, entendeu o TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 17/02/2011, Proc n.º 06985/10, in www.dgsi.pt): “(U) Fixado que seja o preço base no caderno de encargos ou determinado o limiar de anomalia no convite ou programa do procedimento, os concorrentes tomam conhecimento pela consulta e fornecimento das peças concursais e no que respeita especificamente ao preço contratual, de quais as balizas que delimitam o conceito de preço anormalmente baixo no caso do contrato a celebrar, isto é, conhecem o limiar da anomalia das propostas no tocante ao preço que podem propor. O que não pressupõe que lhes seja vedado apresentar preço competitivo abaixo ou inferior ao limiar da anomalia, só que, nesta circunstância, entre os documentos constitutivos obrigatórios da proposta e de consequente apresentação obrigatória, figura o documento justificativo do preço anormalmente baixo proposto ‘quando esse preço resulte, directa ou indirectamente das peças do procedimento’ cfr. art. 57.º n.º 1 d) CCP. Havendo preço fixado nos termos do art. 71.º n.º 1, 1.ª ou 2.ª parte, a ausência de documento justificativo do preço anormalmente baixo proposto pelo candidato, determina a exclusão da respectiva proposta, cfr. art. 70.º n.º 2 e) CCP”. 5 - Apreciando a fundamentação da decisão de considerar o preço de uma proposta, como anormalmente baixo (cf. o art. 71.º, n.º 2, do CCP), parece retirar-se do entendimento do TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 17/02/2011, Proc n.º 06985/10, in www.dgsi.pt), que a mesma deverá demonstrar que a proposta entregue, apresenta preços “(i) abaixo dos preços praticados no mercado em causa e que (ii) em face das reais condições do concorrente para apresentar aquela proposta com aqueles reais elementos constitutivos, o preço é anormalmente baixo porque não permite a execução do contrato no cumprimento do complexo de obrigações que o constituem. NA 1 - Como resulta do exposto nos Acórdãos supra, é doutrina do TCAS que: a) A necessidade de ser dada a oportunidade ao concorrente, em fase posterior à da entrega das propostas, de apresentar esclarecimentos, sobre o preço apresentado na proposta e qualificado como anormalmente baixo, ocorre apenas quando as peças procedimentais não fixam o preço base. Neste caso, constituem deveres para a entidade adjudicante, a notificação do concorrente para prestar os esclarecimentos devidos, e a fundamentação da decisão de considerar o preço da proposta é anormalmente baixo (atendendo aos preços reais praticados no mercado por um lado, e à não consideração das justificações apresentadas, por outro – cf. art. 71.º, n.º 4, do CCP). b) A fixação do preço base no caderno de encargos produz uma obrigação para o concorrente que pretenda apresentar uma proposta com um preço de valor inferior ao

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estatuído no art. 71.º, n.º 1 (ou o limiar nas peças procedimentais, se diverso daquele), que se traduz na apresentação com a proposta, de esclarecimentos justificativos daquele (art. 70.º, n.º 2, al. e). Artigo 72.º Esclarecimentos sobre as propostas 1 - O júri do procedimento pode pedir aos concorrentes quaisquer esclarecimentos sobre as propostas apresentadas que considere necessários para efeito da análise e da avaliação das mesmas. 2 - Os esclarecimentos prestados pelos respectivos concorrentes fazem parte integrante das mesmas, desde que não contrariem os elementos constantes dos documentos que as constituem, não alterem ou completem os respectivos atributos, nem visem suprir omissões que determinam a sua exclusão nos termos do disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 70.º 3 - Os esclarecimentos referidos no número anterior devem ser disponibilizados em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante, devendo todos os concorrentes ser imediatamente notificados desse facto. NA 1 - Considerando a natureza dos esclarecimentos prestados pelos concorrentes, estes não poderão apresentar um novo atributo (V. o art. 70.º, n.º 2, al. a), do CCP), alterar os valores dos parâmetros base (V. o art. 70.º, n.º 2, al. b), 1.ª parte, do CCP), alterar termos ou condições (V. o art. 70.º, n.º 2, al. b), 2.ª parte, do CCP), ou alterar o preço da proposta (concatenando o disposto no art. 72.º, n.º 2 e no art. 70.º, n.º 2, al. f), do CCP). 2 - No sentido do disposto no art. 72.º, n.º 2, em que se exige o respeito do princípio da imutabilidade ou estabilidade da proposta, V. o art. 99.º, n.º 2, do CCP. Fiscalização administrativa 1 - O TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 17/02/2011, Proc n.º 06985/10, in www.dgsi.pt), apreciando um caso em que não tinha sido fixado o preço base no caderno de encargos, vem clarificar em que se traduz o dever jurídico de pedir esclarecimentos aos concorrentes, quando, como no caso em análise, a entidade adjudicante não se auto-vinculou a um limiar: “[Assim, tal dever pressupõe que o órgão instrutor – o júri] (i) primeiro, proceda à análise das que foram apresentadas no uso da competência genericamente estatuída no art. 69.º nº 1 b) CCP, (ii) segundo, peça ao candidato, por escrito e sob prazo adequado, esclarecimentos justificativos “relativos aos elementos constitutivos da proposta” antes de propor a exclusão da proposta com fundamento no citado preço anormalmente baixo, isto é, peça esclarecimentos sobre os pontos concretos da proposta apresentada que, no critério motivado do júri, num primeiro patamar de análise suportam o juízo conclusivo de dúvida sobre a congruência e seriedade da proposta e, num segundo patamar de análise convergem na subsunção do preço contratual proposto no conceito de preço anormalmente baixo vazado no texto legal, vd. art. 71.º n.º 3 CCP, (iii) terceiro, analise os esclarecimentos prestados pelo candidato sobre os pontos concretos da proposta solicitados e o dito preço anormalmente baixo proposto, art. 71.º n.º 4, 2.ª parte na medida em que ao caso sob recurso importa a hipótese do art. 71.º n.º 2, ambos do CCP. Os dispositivos legais mencionados evidenciam a existência de um sub-procedimento enxertado no procedimento pré-contratual, tendo por finalidade adjectiva a observância do contraditório sucessivo junto dos candidatos cujas propostas, depois de abertas e em via de análise pelo júri, suscitem objectivamente dúvidas de congruência e seriedade quanto ao cumprimento das obrigações no domínio da execução contratual, no que tange ao preço contratual”. Ora, no presente caso, “em sede de procedimento pré-contratual de formação do acordo quadro, a Entidade Adjudicante ora Recorrida entendeu que da análise das propostas não resultavam indícios de preço anormalmente baixo no tocante aos concretos preços apresentados pelas contra-interessadas para os lotes identificados pela ora Recorrente.

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Assim sendo, não cabia formular nenhum juízo de verosimilhança em matéria de preços contratuais abaixo dos preços do mercado em causa, nem abrir o sub-procedimento em ordem à efectivação do contraditório sucessivo com fundamento em esclarecimentos justificativos ‘relativos aos elementos constitutivos da proposta’ a solicitar às mencionadas contra-interessadas, nos termos supra referidos do art. 71.º nºs 2 e 3 CCP”. Artigo 73.º Noção de adjudicação 1 - A adjudicação é o acto pelo qual o órgão competente para a decisão de contratar aceita a única proposta apresentada ou escolhe uma de entre as propostas apresentadas. 2 - No mesmo procedimento podem efectuar-se adjudicações de propostas por lotes, caso em que podem ser celebrados tantos contratos quantas as propostas adjudicadas ou quantos os adjudicatários. NA 1 - Pela adjudicação a entidade adjudicante escolhe a proposta que, após a aplicação do critério de adjudicação, apresenta uma melhor avaliação global. Artigo 74.º Critério de adjudicação 1 - A adjudicação é feita segundo um dos seguintes critérios: a) O da proposta economicamente mais vantajosa para a entidade adjudicante; b) O do mais baixo preço. 2 - Só pode ser adoptado o critério de adjudicação do mais baixo preço quando o caderno de encargos defina todos os restantes aspectos da execução do contrato a celebrar, submetendo apenas à concorrência o preço a pagar pela entidade adjudicante pela execução de todas as prestações que constituem o objecto daquele. NA 1 - O art. 74.º, n.º 2 impõe um pressuposto cujo preenchimento determina a possibilidade de escolha como único critério de adjudicação, «o mais baixo preço». NJ 1 - O STA (V. o Acórdão de 13/01/2011, Proc. n.º 0839/10, in www.dgsi.pt) apreciou a seguinte questão: “Nos concursos em que o preço é o único critério de decisão, a proposta vencedora tem de ser a que indicou o preço mais baixo ainda que o bem por ela disponibilizado para testes não cumpra uma parte significativa dos requisitos do concurso desde que os possa vir a cumprir com as correcções introduzidas na fase de execução do contrato”. Entendeu o Douto Tribunal que “Se a proposta se destina a revelar as condições em que o concorrente está disposto a contratar e se é com base nela que a Administração formula o seu juízo e toma a decisão de contratar não se compreenderia que, nos concursos destinados ao fornecimento de bens, se admitisse que o bem objecto do contrato fosse significativamente alterado aquando da sua execução, de modo a que, no final, o bem entregue não fosse o indicado na proposta mas um outro, ainda que semelhante. A admitir-se tal possibilidade isso significaria a violação do princípio da intangibilidade da proposta e, do mesmo modo, a violação dos princípios da transparência, da igualdade e da concorrência (art. 1.º, n.º 5, do CCP). Por ser assim é que nos concursos em que o critério de adjudicação é o do mais baixo preço a lei obriga a que o Caderno de Encargos defina todos os “aspectos da execução do contrato a celebrar, submetendo apenas à concorrência o preço a pagar pela entidade adjudicante pela execução de todas as prestações que constituem o objecto daquele.” (art. 74.º, n.º 2, do CCP). Nestes concursos - em que o que está em causa é, apenas e tão só, o preço e, por isso, em que este é o único elemento diferenciador e o único critério a determinar a escolha da proposta vencedora - o Caderno de Encargos tem de definir, clara e especificadamente, todos os requisitos a que deve obedecer o bem concursado e os concorrentes têm de apresentar propostas que respeitem rigorosamente tais

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especificações. Só nessas circunstâncias, isto é, só quando todos os requisitos do bem a fornecer estão previamente definidos e em que as propostas os observem é que se poderá afirmar que o critério de adjudicação é o do mais baixo preço”. “A contra interessada estava obrigada a apresentar um [bem] igual ou similar – isto é, análoga, equivalente, semelhante - à que a entidade adjudicante pôs a concurso e, portanto, um [bem] que pudesse cumprir os objectivos nele definidos e tendo ela apresentado um que pouco ou nada se lhe assemelhava e que, por isso, era incapaz de satisfazer as necessidades para que a entidade adjudicante as pretendia, é forçoso concluir que ela não cumpria os requisitos exigidos pelo Caderno de Encargos. E que, sendo assim, a sua proposta não podia ser eleita e a construção das embarcações concursadas não podia ser-lhe adjudicada”. Conclui o STA que “O entendimento sufragado no Aresto sob censura põe, assim, em crise o princípio da imutabilidade das propostas - na medida em que admite a possibilidade do bem que nelas se apresentou ser susceptível de ser significativamente alterado na fase da sua construção – e autonomiza e independentiza [sic] de uma forma quase absoluta as fases pré contratual e da execução do contrato, possibilitando, desse modo, a contratação de um bem com base num protótipo cujas características não correspondem às que foram definidas no Caderno de Encargos”. Artigo 75.º Factores e subfactores 1 - Os factores e os eventuais subfactores que densificam o critério de adjudicação da proposta economicamente mais vantajosa devem abranger todos, e apenas, os aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, não podendo dizer respeito, directa ou indirectamente, a situações, qualidades, características ou outros elementos de facto relativos aos concorrentes. 2 - Apenas os factores e subfactores situados ao nível mais elementar da densificação do critério de adjudicação, denominados factores ou subfactores elementares, podem ser adoptados para a avaliação das propostas. 3 - O disposto na parte final do n.º 1 não é aplicável quando se tratar de um procedimento de formação de um contrato cujo objecto não abranja prestações típicas de contratos de empreitada de obras públicas, de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos, de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços. 4 - Quando, por força do disposto no número anterior, factores e eventuais subfactores que densificam o critério de adjudicação se refiram a elementos de facto relativos aos concorrentes, são-lhes aplicáveis, com as necessárias adaptações, as regras do presente Código respeitantes aos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos. Artigo 76.º Dever de adjudicação 1 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 79.º, o órgão competente para a decisão de contratar deve tomar a decisão de adjudicação e notificá-la aos concorrentes até ao termo do prazo da obrigação de manutenção das propostas. 2 - Por motivo devidamente justificado, a decisão de adjudicação pode ser tomada e notificada aos concorrentes após o termo do prazo referido no número anterior, sem prejuízo do direito de recusa da adjudicação pelo concorrente cuja proposta foi a escolhida. 3 - Quando a decisão de adjudicação seja tomada e notificada aos concorrentes após o termo do prazo referido no n.º 1, a entidade adjudicante deve indemnizar o concorrente que recuse a adjudicação pelos encargos em que comprovadamente incorreu com a elaboração da respectiva proposta. NA 1 - Relativamente ao art. 71.º, n.º 1, é de relevar que os concorrentes são obrigados a manter as propostas num prazo mínimo de 66 dias, a contar do termo do prazo para apresentação das propostas; a entidade adjudicante poderá estabelecer na peça procedimental reguladora do procedimento um prazo superior (V. o art. 65.º, do CCP).

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2 - Com a decisão de adjudicação, quando não haja lugar à prestação de caução, o órgão competente da entidade adjudicante, aprova a minuta do contrato (V. o art. 98.º, n.º 2, do CCP). 3 - A entidade adjudicante deve indemnizar o adjudicatário, por violação do dever de adjudicar no prazo legal ou fixado nas peças procedimentais, quando este recuse celebrar o contrato com essa fundamentação (art. 76.º, n.º 3). 4 - V. o disposto nos artigos 79.º, n.º 4 e 105.º, n.º 3, ambos do CCP. Artigo 77.º Notificação da decisão de adjudicação 1 - A decisão de adjudicação é notificada em simultâneo a todos os concorrentes, indicando -se, quando aplicável, o prazo de suspensão previsto no n.º 3 do artigo 95.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 104.º, conforme o caso. 2 - Juntamente com a notificação da decisão de adjudicação, o órgão competente para a decisão de contratar deve notificar o adjudicatário para: a) Apresentar os documentos de habilitação exigidos nos termos do disposto no artigo 81.º; b) Prestar caução, se esta for devida, nos termos do disposto nos artigos 88.º a 91.º, indicando expressamente o seu valor; c) Confirmar no prazo para o efeito fixado, se for o caso, os compromissos assumidos por terceiras entidades relativos a atributos ou a termos ou condições da proposta adjudicada. 3 - As notificações referidas nos números anteriores devem ser acompanhadas do relatório final de análise das propostas. NA 1 - Com a notificação da decisão de adjudicação, quando não haja lugar à prestação de caução, a entidade adjudicante notifica o adjudicatário da minuta do contrato a celebrar (V. o art. 100.º, n.º 2, do CCP). Artigo 78.º Anúncio da adjudicação 1 - Quando o procedimento de formação do contrato tenha sido publicitado através de anúncio publicado no Jornal Oficial da União Europeia, a entidade adjudicante deve enviar ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, no prazo de 30 dias após a adjudicação, um anúncio conforme modelo constante do anexo iii ou do anexo vi ao Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro, consoante o caso. 2 - O disposto no número anterior é também aplicável quando a adjudicação tenha sido decidida na sequência de ajuste directo adoptado ao abrigo do disposto nas alíneas a) a c) e e) do n.º 1 do artigo 24.º, nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 25.º, nas alíneas a) a d) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 26.º e nas alíneas a), b) e g) do n.º 1 do artigo 27.º, sempre que o preço contratual seja igual ou superior: a) Ao referido na alínea b) do artigo 19.º, no caso de se tratar de um contrato de empreitada de obras públicas; b) Ao referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º, no caso de se tratar de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços; c) Ao referido no n.º 2 do artigo 20.º, no caso de se tratar de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços, quando a entidade adjudicante seja o Estado, excepto se se tratar de um dos contratos mencionados nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 20.º, caso em que é aplicável o disposto na alínea anterior. 3 - Quando o contrato a celebrar diga directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o disposto no número anterior só é aplicável quando o preço contratual seja igual ou superior:

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a) Ao referido na subalínea i) da alínea b) do n.º 1 do artigo 11.º, no caso de se tratar de um contrato de empreitada de obras públicas; b) Ao referido nas subalíneas iv) e v) da alínea b) do n.º 1 do artigo 11.º, no caso de se tratar de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços. 4 - O disposto no n.º 1 é ainda aplicável aos procedimentos de formação de acordos quadro e aos procedimentos de formação de contratos a celebrar ao abrigo de um sistema de aquisição dinâmico quando o anúncio com indicação expressa da instituição desse sistema tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia. 5 - O disposto no n.º 1 não é aplicável aos procedimentos de formação de contratos celebrados ao abrigo de um acordo quadro. 6 - No caso de se tratar de contrato de aquisição de algum dos serviços constantes do anexo ii B da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, deve ser expressamente indicado, no anúncio a que se refere o n.º 1, se a entidade adjudicante concorda ou não com a sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia. Artigo 78.º -A Anúncio voluntário de transparência 1 - Quando a decisão de adjudicação tenha sido tomada na sequência de um procedimento de formação do contrato sem publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, a entidade adjudicante pode nele publicar um anúncio voluntário de transparência divulgando a sua intenção de celebrar o contrato. 2 - Quando a entidade adjudicante pretenda divulgar a sua intenção de celebrar um contrato no Jornal Oficial da União Europeia, nos termos do número anterior, deve fazê -lo através de um anúncio conforme modelo constante do anexo III do Regulamento (CE) n.º 1150/2009, da Comissão, de 10 de Novembro. Artigo 79.º Causas de não adjudicação 1 - Não há lugar a adjudicação quando: a) Nenhum candidato se haja apresentado ou nenhum concorrente haja apresentado proposta; b) Todas as candidaturas ou todas as propostas tenham sido excluídas; c) Por circunstâncias imprevistas, seja necessário alterar aspectos fundamentais das peças do procedimento após o termo do prazo fixado para a apresentação das propostas; d) Circunstâncias supervenientes ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, relativas aos pressupostos da decisão de contratar, o justifiquem; e) No procedimento de ajuste directo em que só tenha sido convidada uma entidade e não tenha sido fixado preço base no caderno de encargos, o preço contratual seria manifestamente desproporcionado; f) No procedimento de diálogo concorrencial, nenhuma das soluções apresentadas satisfaça as necessidades e as exigências da entidade adjudicante. 2 - A decisão de não adjudicação, bem como os respectivos fundamentos, deve ser notificada a todos os concorrentes. 3 - No caso da alínea c) do n.º 1, é obrigatório dar início a um novo procedimento no prazo máximo de seis meses a contar da data da notificação da decisão de não adjudicação. 4 - Quando o órgão competente para a decisão de contratar decida não adjudicar com fundamento no disposto nas alíneas c) e d) do n.º 1, a entidade adjudicante deve indemnizar os concorrentes, cujas propostas não tenham sido excluídas, pelos encargos em que comprovadamente incorreram com a elaboração das respectivas propostas. NA 1 - V. o disposto nos artigos 76.º, n.º 3 e 105.º, n.º 3, ambos do CCP. 2 – Como se constata pela estatuição do n.º 3, do art. 79.º, a não adjudicação por facto não imputável aos concorrentes, faz nascer na sua esfera jurídica o direito a serem indemnizados pelos encargos derivados da elaboração da proposta (desde que a mesma não tenha sido excluída, ou, acrescentamos, retirada atento o disposto no art. 137.º CCP). NJ

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1 – O STA (V. o Acórdão de 07/01/2009, Proc. n.º 0912/08, in www.dgsi.pt) pronunciou-se quanto à verificação ou não dos requisitos das alíneas a) e b), do n.º 1, do art. 58.º, do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, onde se determinava que: “1 - A entidade competente para autorizar a despesa pode anular o procedimento quando: a) Por circunstância imprevisível, seja necessário alterar os elementos fundamentais dos documentos que servem de base ao procedimento; b) Outras razões supervenientes e de manifesto interesse público o justifiquem”. Embora tal legislação tenha sido revogada, o referido acórdão releva em sede de interpretação do disposto nas alíneas c) e d) do art. 79.º, n.º 1 do CCP. No caso em apreço a entidade adjudicante anulou o procedimento adjudicatório invocando as referidas alíneas a) e b do n.º 1, do art. 58.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, embora as razões apontadas sejam a “desactualização da legislação sobre a actividade a exercer” e estar em “fase final de aprovação de um Código da Contratação Pública”. Perante o caso concreto entendeu o STA que não se encontravam preenchidos os pressupostos do preceito citado, aferidos pela fundamentação utilizada pela entidade adjudicante. 2 – O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 08/10/2010, Proc. n.º 03003/09.6BEPRT in www.dgsi.pt) analisou uma situação de ineficácia do contrato celebrado após a conclusão de um concurso público, por recusa do visto prévio pelo Tribunal de Contas (TC). O recorrente invocou que tal situação determinaria a aplicabilidade do disposto no artigo 79.º do CCP, e, em consequência deveria a entidade adjudicante lançar um novo procedimento adjudicatório do mesmo tipo, i.e., o concurso público. Ora, perante a recusa do visto do contrato celebrado, pelo TC, defendeu o TCAN que: “O contrato anteriormente celebrado (U) torna-se juridicamente inviável na medida em que sem o visto nunca o mesmo poderá produzir efeitos financeiros e assim legitimar os pagamentos realizados com sua cobertura legal. Daí que face à recusa do visto do T. Contas incumbia à entidade administrativa optar entre impugnar a decisão ou proferir decisão de não pretender superar as deficiências que levaram a tal recusa desenvolvendo, então, os procedimentos tendentes a conformar e legalizar a sua actividade de molde a obter aquele visto. No caso vertente o ente demandado optou por esta última solução, opção essa que, face à natureza e consequências da decisão de recusa de visto pelo T. Contas, não impede que o ente administrativo não possa posteriormente desenvolver, no estrito cumprimento da lei e do julgado, outros procedimentos e celebrar novo contrato em que sejam superadas aquelas deficiências. Não envolvendo ou implicando a decisão de recusa do visto pelo T. Contas uma declaração de nulidade ou anulação do acto/contrato submetido à sua apreciação não estava a entidade administrativa demandada impedida ou condicionada na sua acção pelo referido julgado de, no uso dos seus poderes, agir e conformar os actos e obrigações contratuais praticados e desenvolver os procedimentos e praticando os actos reputados como necessários à prossecução do interesse público sem prejuízo da sua sujeição em sede e local próprios ao controlo de legalidade financeira e administrativa nos e pelos entes competentes. Do exposto resulta que a decisão administrativa impugnada não ofende o julgado, não envolvendo o seu conteúdo uma “execução” indevida da decisão do T. Contas, na certeza de que a mesma não preenche, pelo seu teor, alcance e consequências expressas e implícitas atrás aludidas, as previsões (U) [do artigo] 79.º do CCP de harmonia com os considerandos supra desenvolvidos”. 3 – O STA (V. o Acórdão do STA de 11/03/2009, Proc. n.º 01024/08, in www.dgsi.pt) pronunciou-se sobre a seguinte questão: se após a adjudicação de uma empreitada de obras públicas, o dono da obra não promover a celebração do contrato, o direito do adjudicatário a ser indemnizado pelo dano negativo (dano de confiança), abrange as despesas com a aquisição do processo de concurso e com a elaboração da proposta? O Douto Tribunal respondeu afirmativamente pois considerou que as despesas referidas

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têm “(U) A ver com o interesse contratual negativo, uma vez que possuem uma efectiva conexão com a ilicitude específica geradora da responsabilidade pré-contratual” (O procedimento adjudicatário em análise foi regido pelo Decreto-Lei n.º 197/99, de 08 de Junho, mas o Aresto apresenta doutrina relevante no novo regime). De realçar que no mesmo Acórdão o STA já não considerou digna de protecção jurídica ressarcitória a posição jurídica dos concorrentes preteridos, porquanto “(U) Quanto a eles, nenhum fundamento subsiste, após a escolha do adjudicatário, para essa indemnização. Eles foram supostamente preteridos por a sua proposta não ser a melhor, a não por qualquer motivo de ilegalidade que possa funcionar como fundamento de responsabilidade”. Artigo 80.º Revogação da decisão de contratar 1 - A decisão de não adjudicação prevista no artigo anterior determina a revogação da decisão de contratar. 2 - Quando as circunstâncias previstas nas alíneas c) e d) do n.º 1 do artigo anterior ocorrerem entre o início do procedimento e o termo do prazo de apresentação das propostas, a decisão de contratar também pode ser revogada. CAPÍTULO VIII Habilitação Artigo 81.º Documentos de habilitação 1 - Nos procedimentos de formação de quaisquer contratos, o adjudicatário deve apresentar os seguintes documentos de habilitação: a) Declaração emitida conforme modelo constante do anexo ii ao presente Código e do qual faz parte integrante; b) Documentos comprovativos de que não se encontra nas situações previstas nas alíneas b), d), e) e i) do artigo 55.º 2 - No caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, o adjudicatário, para além dos documentos referidos no número anterior, deve também apresentar os alvarás ou os títulos de registo emitidos pelo Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., contendo as habilitações adequadas e necessárias à execução da obra a realizar ou, no caso de o contrato respeitar a um lote funcionalmente não autónomo, as habilitações adequadas e necessárias à execução dos trabalhos inerentes à totalidade dos lotes que constituem a obra. 3 - Para efeitos da verificação das habilitações referidas no número anterior, o adjudicatário pode apresentar alvarás ou títulos de registo da titularidade de subcontratados, desde que acompanhados de declaração através da qual estes se comprometam, incondicionalmente, a executar os trabalhos correspondentes às habilitações deles constantes. 4 - No caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços, o adjudicatário, para além dos documentos referidos no n.º 1, deve também apresentar o respectivo certificado de inscrição em lista oficial de fornecedores de bens móveis ou de prestadores de serviços de qualquer Estado signatário do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu que revele a titularidade das habilitações adequadas e necessárias à execução das prestações objecto do contrato a celebrar. 5 - O adjudicatário, ou um subcontratado referido no n.º 3, nacional de Estado signatário do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu ou do Acordo sobre Contratos Públicos da Organização Mundial de Comércio que não seja titular do alvará ou do título de registo referidos nos n.os 2 ou 3, consoante o caso, ou do certificado referido no número anterior deve apresentar, em substituição desses documentos: a) No caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, uma declaração, emitida pelo Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., comprovativa de que pode executar a prestação objecto do contrato a celebrar por preencher os requisitos que lhe permitiriam ser titular de um alvará ou de um título de registo contendo as habilitações adequadas à execução da obra a realizar; b) No caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de um contrato de aquisição de serviços, certificado de inscrição nos registos a que se referem os anexos ix-B e ix-C da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31

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de Março, com todas as inscrições em vigor e que revele a titularidade das habilitações adequadas e necessárias à execução das prestações objecto do contrato a celebrar ou, quando o Estado de que é nacional não constar daqueles anexos, uma declaração sob compromisso de honra, prestada perante notário, autoridade judiciária ou administrativa ou qualquer outra competente, de que pode executar a prestação objecto do contrato a celebrar no Estado de que é nacional de acordo com as regras nele aplicáveis. 6 - Independentemente do objecto do contrato a celebrar, o adjudicatário deve ainda apresentar os documentos de habilitação que o programa do procedimento exija, nomeadamente, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de aquisição de serviços, quaisquer documentos comprovativos da titularidade das habilitações legalmente exigidas para a prestação dos serviços em causa. 7 - Os documentos a que se refere o número anterior não são exigíveis a concorrentes nacionais de outro Estado signatário do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu ou do Acordo sobre Contratos Públicos da Organização Mundial de Comércio, quando nesse Estado aqueles documentos não sejam emitidos, devendo porém ser substituídos por uma declaração sob compromisso de honra, prestada perante notário, autoridade judiciária ou administrativa ou qualquer outra competente, de que os documentos em causa não são emitidos nesse Estado. 8 - O órgão competente para a decisão de contratar pode sempre solicitar ao adjudicatário, ainda que tal não conste do programa do procedimento, a apresentação de quaisquer documentos comprovativos da titularidade das habilitações legalmente exigidas para a execução das prestações objecto do contrato a celebrar, fixando-lhe prazo para o efeito. Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 21/10 do TC de 13/07/2010, Recurso Ordinário n.º 05/2010 – Proc. n.º 1750/09), em sede de recurso, a recusa de visto a um contrato de empreitada de obras públicas, por nos documentos do procedimento ter sido exigida a posse de alvará de construção com a classificação como empreiteiro geral ou construtor geral da 1.ª categoria – reabilitação e conservação de edifícios, em classe correspondente ao valor global da proposta. Entende o Douto Tribunal que é jurisprudência pacífica neste que deve se fazer constar no programa a exigência constante no n.º 1, do artigo 31.º, do Decreto-Lei n.º 12/2004, de 09/01, ou as “duas hipóteses, em alternativa, resultantes dos n.ºs 1 e 2 do mesmo artigo”. A exigência de os concorrentes serem titulares das habilitações do n.º 2, artigo 31 citado, impediu que os concorrentes que respeitassem o n.º 1, do mesmo artigo, participassem no procedimento. Ora a escolha pelas habilitações exigidas no n.º 2, do artigo 31.º não se encontra fundamentada no procedimento, a que acresce o facto de as obras em causa serem de simples execução. Conclui o TC que no procedimento ocorreu violação do disposto no n.º 1, do artigo 31.º, do Decreto-Lei n.º 12/2004, de 09/01. Não obstante, o Douto Tribunal entendeu que esta ilegalidade embora seja fundamento de recusa de visto, atento o disposto no artigo 44.º, n.º 3, al. c) da Lei n.º 98/97, de 26/08, podia se conceder o visto com recomendação (in casu, tal não sucedeu porque fundamentou-se a recusa do visto, noutra ilegalidade – V. anotação ao art. 43.º, do CCP). omissão dos estudos geológicos e geotécnicos no projecto de execução (art. 43.º, n.º 5, al. b), do CCP), o que gera a nulidade do caderno de encargos (art. 43.º, n.º 8, al. c), do CCP), e, em consequência, a nulidade do contrato (art. 283.º, n.º 1, do CCP). Na verdade, concluiu o TC, na decisão recorrida que a “desconformidade dos contratos com as leis em vigor que implique nulidade constitui fundamento de recusa de visto”. O TC apreciou o recurso interposto, considerando que o cerne da questão é “determinar o conteúdo e o alcance da expressão ‘sempre que tal se revele necessário’ que o legislador adoptou na redacção do n.º 5 do artigo 43.º” do CCP, quanto aos estudos geológicos e geotécnicos. Após ter realizado um breve excurso pela Portaria n.º 701-H/2008, de 29/07, ex vi art. 43.º, n.º 7, do CCP, o TC conclui que deste regulamento “resultam diferentes níveis de obrigatoriedade para a inclusão daqueles estudos: desde situações em que eles são obrigatórios, até às que o dispensam, passando por situações em que a exigência depende da concreta obra a realizar”. Assim, se o legislador referiu

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que os estudos devem ser juntos ao caderno de encargos, “sempre que tal se revele necessário”, determinou que cabe à Administração, perante o caso concreto, no exercício de um poder discricionário, decidir “quanto à sua imprescindibilidade”. Ora, a Administração, perante o disposto na Portaria n.º 701-H/2008, de 29/07, encontra limitada a margem da discricionariedade, quanto à necessidade da junção dos estudos geológicos e geotécnicos. Resulta desse regulamento que, no caso de se tratar de pontes, viadutos e passadiços, estradas, caminhos-de-ferro, aeródromos, obras hidráulicas, túneis, abastecimento e tratamento de águas, obras portuárias e de engenharia costeira, em casos muito excepcionais se poderá invocar a “cláusula constante” do art. 43.º, n.º 5, in fine, do CCP, exigindo-se uma fundamentação agravada. No caso de instalações, equipamentos e sistemas em edifícios, espaços exteriores, produção, transformação, transporte e distribuição de energia eléctrica e redes de comunicações, os estudos deverão se realizar apenas se “face aos princípios e às finalidades prosseguidas pelas normas”, tal seja necessário. Tratando-se de casos de drenagem e tratamento de águas residuais e de resíduos urbanos e industriais, bem como de obras e em edifícios, “a margem de discricionariedade foi alargada, devendo o aplicador explicitar também sempre por que não foram realizados os estudos”. In casu tratava-se de obras de “edifícios”, o que obriga, para aferir da exigência de elaboração de estudos geológicos e geotécnicos, a que se atenda à “concreta obra a realizar”. Analisando o regime jurídico aplicável, e os elementos juntos ao processo, entendeu o Douto Tribunal que a entidade exerceu o poder discricionário que a lei lhe confere, ao não ter realizado os referidos estudos, o que vem esvaziar o fundamento para recusa do visto. Em consequência, o TC revogou a decisão recorrida, e concedeu o visto ao contrato, com a seguinte recomendação: “Em futuros procedimentos, [deverá] apresentar sólida e expressa fundamentação, no caso de, no exercício do poder discricionário acima caracterizados, decidir considerar não necessário fazer acompanhar o projecto de execução de estudos geológicos e geotécnicos, nos casos em que resulta do regulamento a sua obrigatoriedade”. Artigo 82.º Idioma dos documentos de habilitação 1 - Todos os documentos de habilitação do adjudicatário devem ser redigidos em língua portuguesa. 2 - Quando, pela sua própria natureza ou origem, os documentos de habilitação estiverem redigidos em língua estrangeira, deve o adjudicatário fazê-los acompanhar de tradução devidamente legalizada. NA 1 - Quanto ao disposto no art. 82.º, n.º 2, do CCP, V. o art. 5.º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 237/2001, 30 de Agosto e o art. 4.º, n.º 2, alínea f) do Código Notariado. Artigo 83.º Modo de apresentação dos documentos de habilitação 1 - O adjudicatário deve apresentar reprodução dos documentos de habilitação referidos no artigo 81.º através da plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante ou, no caso de a mesma se encontrar indisponível, através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados. 2 - Para efeitos do disposto na parte final do número anterior, a entidade adjudicante deve identificar, no convite ou programa do procedimento, o endereço de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados, para o qual, com exclusão de qualquer outro, devem ser enviados os documentos de habilitação. 3 - Quando os documentos a que se referem a alínea b) do n.º 1 e os n.os 2 a 4 do artigo 81.º se encontrem disponíveis na Internet, o adjudicatário pode, em substituição da apresentação da sua reprodução, indicar à entidade adjudicante o endereço do sítio onde aqueles podem ser consultados, bem como a informação necessária a essa consulta, desde que os referidos sítio e documentos dele constantes estejam redigidos em língua portuguesa. 4 - Quando o adjudicatário tenha prestado consentimento, nos termos da lei, para que a entidade adjudicante consulte a informação relativa a qualquer dos documentos referidos na alínea b) do n.º 1 ou

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nos n.os 2 a 4 do artigo 81.º, é dispensada a sua apresentação nos termos do n.º 1 ou a indicação prevista no número anterior. 5 - O órgão competente para a decisão de contratar pode sempre exigir ao adjudicatário, em prazo que fixar para o efeito, a apresentação dos originais de quaisquer documentos cuja reprodução tenha sido apresentada nos termos do disposto no n.º 1, em caso de dúvida fundada sobre o conteúdo ou a autenticidade destes, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 86.º NA 1 - Quanto ao disposto no art. 83.º, n.º 1, in fine, do CCP, o legislador refere a possibilidade da plataforma estar «indisponível». O legislador no art. 18.º, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho, distingue consoante o motivo que impossibilita ou torna excessivamente demorada a prática de qualquer acto na plataforma electrónica, resulta de problemas técnicos ou falhas ocorridos na rede pública (1) ou na plataforma electrónica (2). No primeiro caso cabe ao interessado solicitar a prorrogação do prazo para a prática do acto. No segundo caso compete à entidade adjudicante ex officio assegurar que os interessados não sejam prejudicados, exemplificando o legislador, com a possibilidade de prorrogação do prazo para a prática do acto. Como resulta do exposto supra, a ocorrência de «falhas» na rede pública, determina o dever para o interessado de comunicar à entidade adjudicante de que tal facto impede a prática de qualquer acto – estatui o art. 88.º, do CPA, que os interessados deverão provar os factos que tenham alegado. A disponibilidade das plataformas electrónicas, com o correspondente direito de acesso a estas pelos interessados, constitui um dever da entidade adjudicante, pelo que, as «avarias» ocorridas na plataforma electrónica excepcionam a obrigatoriedade de utilização das mesmas pelos interessados, e in concreto, na fase de habilitação do adjudicatário, permite que este utilize outro meio de transmissão escrita ou electrónica de dados (ao contrário da solução legal prevista no Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho, no art. 83.º, n.º 1, in fine, do CCP, o legislador optou pela permissão de utilização alternativa de um modo de apresentação dos documentos de habilitação). 2 – Não obstante o legislador apenas exigir a apresentação dos documentos de habilitação, na plataforma electrónica, a estatuição deverá ser aplicada aos demais documentos a apresentar na fase pós-adjudicação (aliás, devemos promanar o mesmo entendimento, para o disposto no art. 85.º, n.º 2, do CCP). Outro entendimento impedirá que as causas de caducidade da adjudicação possam ser verificadas pelos demais concorrentes (cf. v.g., os arts. 87.º, 93.º, 132.º, n.º 1, alínea g), e 164.º, n.º 1, alínea g), todos do CCP) Artigo 83.º-A Força probatória dos documentos de habilitação 1 - As entidades adjudicantes devem aceitar como prova bastante de que o adjudicatário não se encontra abrangido por nenhum dos casos referidos nas alíneas a), b) e i) do artigo 55.º a apresentação de um certificado de registo criminal ou, na sua falta, de documento equivalente emitido pela autoridade judicial ou administrativa competente, do qual resulte que aqueles requisitos se encontram satisfeitos. 2 - As entidades adjudicantes devem aceitar como prova bastante de que o adjudicatário não se encontra abrangido por nenhum dos casos referidos nas alíneas d) e e) do artigo 55.º um certificado emitido pela entidade competente. 3 - No caso de não emissão dos documentos ou certificados referidos nos números anteriores ou se estes não se referirem a todos casos referidos nas alíneas a), b) e i) do artigo 55.º, podem os mesmos ser substituídos por uma declaração solene, sob compromisso de honra, feita pelo interessado perante a autoridade judicial ou administrativa competente, um notário ou um organismo profissional qualificado. Artigo 84.º Apresentação dos documentos de habilitação por agrupamentos 1 - Quando o adjudicatário for um agrupamento de pessoas singulares ou colectivas:

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a) Os documentos previstos no n.º 1 do artigo 81.º devem ser apresentados por todos os seus membros; b) O documento referido no n.º 2 do artigo 81.º pode ser apresentado por apenas um dos seus membros, podendo ser substituído pela apresentação de vários alvarás ou títulos de registo dos seus membros que, em conjunto, contenham as habilitações adequadas e necessárias à execução da obra a realizar; c) Os documentos referidos nos n.os 4, 6, 7 e 8 do artigo 81.º devem ser apresentados por todos os seus membros cuja actividade careça da sua titularidade. 2 - Sem prejuízo do disposto na alínea b) do número anterior, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, todos os membros do agrupamento concorrente que exerçam a actividade da construção devem apresentar o respectivo alvará ou título de registo emitido pelo Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P. 3 - É aplicável aos membros dos agrupamentos concorrentes o disposto no n.º 5 do artigo 81.º Artigo 85.º Notificação da apresentação dos documentos de habilitação 1 - O órgão competente para a decisão de contratar notifica em simultâneo todos os concorrentes da apresentação dos documentos de habilitação pelo adjudicatário, indicando o dia em que ocorreu essa apresentação. 2 - Os documentos de habilitação apresentados pelo adjudicatário devem ser disponibilizados, para consulta de todos os concorrentes, em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. Artigo 86.º Não apresentação dos documentos de habilitação 1 - A adjudicação caduca se, por facto que lhe seja imputável, o adjudicatário não apresentar os documentos de habilitação: a) No prazo fixado no programa do procedimento; b) No prazo fixado pelo órgão competente para a decisão de contratar, no caso previsto no n.º 8 do artigo 81.º; c) Redigidos em língua portuguesa ou, no caso previsto no n.º 2 artigo 82.º, acompanhados de tradução devidamente legalizada, excepto nos casos previstos no n.º 4 do artigo 58.º 2 - Sempre que se verifique um facto que determine a caducidade da adjudicação nos termos do n.º 1, o órgão competente para a decisão de contratar deve notificar o adjudicatário relativamente ao qual o facto ocorreu, fixando-lhe um prazo, não superior a 5 dias, para que se pronuncie, por escrito, ao abrigo do direito de audiência prévia. 3 - Quando as situações previstas no n.º 1 se verifiquem por facto que não seja imputável ao adjudicatário, o órgão competente para a decisão de contratar deve conceder-lhe, em função das razões invocadas, um prazo adicional para a apresentação dos documentos em falta, sob pena de caducidade da adjudicação. 4 - Nos casos previstos nos números anteriores, o órgão competente para a decisão de contratar deve adjudicar a proposta ordenada em lugar subsequente. 5 - No caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada ou concessão de obras públicas, a entidade adjudicante deve comunicar imediatamente ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., a caducidade da adjudicação. NJ 1 - Apreciando se a irregularidade nos documentos de habilitação é uma causa de caducidade da adjudicação, o STA (V. o Acórdão de 08/07/2010, Proc n.º 0275/10) defende que a letra do art. 86.°, n.° 1, do CCP, não prevê a possibilidade da adjudicação caducar por irregularidade nos documentos de habilitação. Tal possibilidade resulta, porém, no âmbito do concurso público, da conjugação desta norma com o disposto no art. 132.°, n.° 1, al. g), do CCP. Na verdade, mesmo antes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.° 278/2009, estava compreendida na ratio do art. 86.°, n.° 1, do CCP, a possibilidade do adjudicatário ser excluído por irregularidades nos documentos de habilitação. Com efeito, não faria sentido que a entidade adjudicante ficasse «atada de pés e mãos», v. g. perante um documento de habilitação falso ou irregular mas apresentado em tempo. 2 - O TCAS (V. o Acórdão de 04/02/2010, Proc. n.º 05832/10, in www.dgsi.pt) no mesmo sentido do Acórdão citado na nota anterior, defende que a letra do art. 86.º, n.º 1, do CCP,

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“Não prevê a possibilidade da adjudicação caducar por irregularidade nos documentos de habilitação. Tal possibilidade resulta, porém, no âmbito do concurso público, da conjugação desta norma com o disposto no art.º 132.º, n.º 1, al. g), do CCP”. 3 – Embora tenha sido apreciada na versão original do artigo 86.º, do CCP, a questão da concatenação dos seus vários números, mereceu uma declaração de voto de vencido (V. o Acórdão do TCAS de 05/11/2009, Proc. n.º 05506/09), em que se destaca, quanto ao entendimento da natureza da caducidade (recorde-se que no caso subjudice fez-se aplicação do regime do CCP, anterior ao Decreto-Lei n.° 278/2009), a seguinte doutrina: “A não apresentação no prazo estipulado no programa do concurso dos documentos de habilitação (pré-contratual) legal para a execução do contrato e relativos à inexistência de impedimento nos domínios tributário e criminal para contratar (arts. 55.º e 81.º do CCP), além de configurar um ilícito derivado do incumprimento dum dever jurídico (e não mero ónus ao serviço do interesse do adjudicatário para evitar uma desvantagem), obedece a regimes distintos consoante as hipóteses legais dos nºs. 1 ou 2 [actual, número 3] do art. 86.º CCP, assente na existência ou não de culpa do adjudicatário pela ultrapassagem do prazo, distinguindo a lei duas situações. Por um lado, a entidade adjudicante deve, é este o termo constante do art. 86.º n.º 2 [actual, número 3] do CCP, conceder um prazo adicional para a apresentação dos documentos de habilitação caso tais faltas de entrega ‘(...) se verifiquem por facto que não seja imputável ao adjudicatário (U)’ e, por sua vez, o prazo adicional será fixado ‘(..) em função das razões invocadas (..)’ pelo adjudicatário inadimplente em matéria documental habilitante’. Diversamente, a não observância do prazo por facto imputável ao adjudicatário não permite qualquer concessão de prazo adicional, operando a caducidade por decurso do prazo inserto no programa do concurso – art. 86.º, n.º 1, do CCP. Ou seja, o acto que declara a caducidade do acto de adjudicação – decisão de adjudicação que lhe é anterior, cfr. arts. 76.º n.º 1 e 77.º nºs. 1 e 2, alínea a) do CCP – tem natureza meramente declarativa limitada a enunciar perante o destinatário uma consequência inerente à previsão típica da norma fundada no incumprimento do prazo contido no programa do concurso (art. 86.º n.º 1, alínea a) do CCP), sendo que a operatividade dessa consequência legal – a caducidade do acto de adjudicação – é por lei condicionada a um juízo de apreciação de imputabilidade do facto causal expresso em acto administrativo da competência da entidade adjudicante à luz das circunstâncias do caso concreto. É que não lhe sendo imputável a causa da inobservância do prazo do programa, tem o adjudicatário direito a «um prazo adicional» para entrega dos documentos de habilitação em falta, prazo a estabelecer por acto administrativo nos termos consignados pelo art. 86.º, n.º 2 [actual, número 3], do CCP; só o incumprimento deste segundo prazo é que opera automaticamente a cessação dos efeitos da adjudicação, aplicando-se, agora sim, o segmento doutrinário citado supra de que, independentemente da data de emissão da “(...) declaração, o acto em relação ao qual se verifique um motivo de caducidade deve considerar-se como tendo caducado (U)”. 4 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 20/01/2011, Proc. n.º 00840/09.5BEVIS, in www.dgsi.pt) apreciou um caso em que o adjudicatário não apresentou, na fase da habilitação, os documentos exigidos no programa do procedimento e no prazo exigido neste (tendo sido notificado para os apresentar), o que determinou a caducidade da adjudicação. Entendeu o impugnante que deveria ter sido dado um prazo adicional para juntar a documentação exigida, considerando que a omissão da mesma resultou do facto do recorrente não ter interpretado correctamente quais os documentos a entregar, e assim ter-se convencido que estaria a entregar os correctos. Perante o exposto, o TCAN entendeu que “(U) a possibilidade de existir uma supressão de irregularidades detectadas nos documentos apresentados que possam levar à caducidade da adjudicação nos termos do art. 86.º do CCP pressupõe, desde logo, que se trate duma situação de mera irregularidade e quanto a documentação que foi junta ao

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procedimento [cfr. art. 132.º, n.º 1, al. g) do CCP na sua actual redacção] e nunca de permissão de suprimento quanto a uma total ou parcial omissão de instrução com junção de documentação para efeitos de habilitação quando estejamos perante omissão imputável ao adjudicatário tal como ocorre no caso vertente em que o mesmo foi notificado para juntar os documentos em falta (U). Ao invés do sustentado pela A. também não se pode aceitar como integrando a previsão do n.º 2 do art. 86.º do CCP (quer na sua redacção original como na actualmente vigente) a situação de não entrega dos documentos nos termos solicitados pela entidade adjudicante motivada pelo simples facto do adjudicatário não ter interpretado correctamente quais os documentos a entregar e alegadamente ter-se convencido que estaria a entregar os documentos certos já que daí não se pode minimamente inferir ou sequer concluir que a omissão ilegal e indevida não lhe seja imputável. Refira-se, ainda, que na situação em presença nos autos “sub judice” nem foi invocada qualquer ilegalidade consubstanciada na preterição de direito audiência prévia”. No presente Aresto o Douto Tribunal distingue entre: a) A omissão da entrega da documentação imputável ao adjudicatário: segundo o TCAN a possibilidade de conceder um prazo adicional está dependente da emissão de um juízo, por parte da entidade adjudicante, se está preenchido o pressuposto «facto que não seja imputável ao adjudicatário», concluindo que não preenche tal pressuposto, quando a omissão é devida a uma incorrecta interpretação, pelo adjudicatário, dos documentos a entregar; b) A omissão da entrega da documentação não imputável ao adjudicatário: em que deverá funcionar o instituto do «justo impedimento»; c) A apresentação de documentação que padece de irregularidade: neste caso estar-se-á perante um caso previsto no art. 132.º, n.º 1, al. g), que determina a concessão obrigatória de um prazo adicional para a supressão da irregularidade. NA 5 – Não obstante a doutrina exposta no Acórdão mencionado na nota anterior, é de realçar que o grau de intensidade da discricionariedade na decisão da entidade adjudicante, quanto à estatuição do artigo 86.º, do CCP é claramente reduzido, quando é apresentado o documento de habilitação, e amplo na sua falta. A apresentação do documento de habilitação pelo adjudicatário deverá determinar a possibilidade da sua correcção, desde que a mesma não provoque a modificação do seu conteúdo ou a sua sanação, que leve a considerar que existe na verdade, uma substituição de documento, como será o caso de se: i. Apresentar um documento inválido, v. g. por ter expirado o seu prazo de validade; ii. Apresentar um documento emitido em nome de entidade que não o adjudicatário; iii. Apresentar um documento que não respeite as regras do procedimento, v.g., se o mesmo é omisso a dados que as peças procedimentais exigem que deverão constar naquele. Nestes casos não estaremos perante uma mera irregularidade, mas perante a falta de um elemento essencial do documento, que originará a sua não consideração para efeitos da fase da habilitação. Em consequência, estaremos perante um caso que se subsume no disposto no artigo 86.º, n.º 2, que provocará o dever do adjudicatário ser notificado pela entidade adjudicante, e o direito do adjudicatário a se pronunciar sobre a possibilidade do acto de adjudicação caducar. Caberá ao adjudicatário fazer prova que a omissão constante no documento apresentado consubstancia uma mera irregularidade e não uma invalidade (por o documento não preencher os requisitos substanciais exigidos no direito substantivo aplicável, ou os requisitos procedimentais exigidos nas peças procedimentais). Como exemplo de meras irregularidades documentais deveremos considerar aquelas que possam ser sanadas pelo adjudicatário, sem que isso exija a apresentação de uma novo documento, v.g., a falta de data ou assinatura, ou o esclarecimento sobre dados constantes no próprio documento.

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Artigo 87.º Falsidade de documentos e declarações Sem prejuízo da participação à entidade competente para efeitos de procedimento criminal, a falsificação de qualquer documento de habilitação ou a prestação culposa de falsas declarações determina a caducidade da adjudicação, sendo aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo anterior. NA 1 - Quanto aos documentos que instruem a proposta, V. o disposto no art. 146.º, 2, alínea m), do CCP. CAPÍTULO IX Caução Artigo 88.º Função da caução 1 - No caso de contratos que impliquem o pagamento de um preço pela entidade adjudicante, deve ser exigida ao adjudicatário a prestação de uma caução destinada a garantir a sua celebração, bem como o exacto e pontual cumprimento de todas as obrigações legais e contratuais que assume com essa celebração. 2 - Não é exigível a prestação de caução quando o preço contratual for inferior a (euro) 200 000. 3 - Quando, no caso previsto no número anterior, não tenha sido exigida a prestação de caução, pode a entidade adjudicante, se o considerar conveniente, proceder à retenção de até 10 % do valor dos pagamentos a efectuar, desde que tal faculdade seja prevista no caderno de encargos. 4 - Pode não ser exigida a prestação de caução, nos termos previstos no programa do procedimento ou no convite, quando o adjudicatário apresente seguro da execução do contrato a celebrar, emitido por entidade seguradora, que cubra o respectivo preço contratual, ou declaração de assunção de responsabilidade solidária com o adjudicatário, pelo mesmo montante, emitida por entidade bancária, desde que essa entidade apresente documento comprovativo de que possui sede ou sucursal em Estado membro da União Europeia, emitido pela entidade que nesse Estado exerça a supervisão seguradora ou bancária, respectivamente. NA 1 – A «dispensa» de caução estatuída no artigo 88.º, n.º 4, determina que um terceiro ao contrato assuma a responsabilidade solidária com o adjudicatário, que cubra o valor do contrato. 2 – O documento comprovativo constitui um requisito de validade do seguro e da declaração de assunção de responsabilidade solidária. A sua omissão determina a não prestação da caução, por força da concatenação dos artigos 88.º, n.º 4 e 91.º, n.º 1, ambos do CCP. Artigo 89.º Valor da caução 1 - O valor da caução é de 5 % do preço contratual. 2 - Quando o preço total resultante da proposta adjudicada seja considerado anormalmente baixo, o valor da caução a prestar pelo adjudicatário é de 10 % do preço contratual. 3 - Quando, em contratos que não impliquem o pagamento de um preço pela entidade adjudicante, for exigida a prestação de caução, o valor desta não pode ser superior a 2 % do montante correspondente à utilidade económica imediata do contrato para a entidade adjudicante. Artigo 90.º Modo de prestação da caução 1 - O adjudicatário deve prestar a caução no prazo de 10 dias a contar da notificação prevista no n.º 2 do artigo 77.º, devendo comprovar essa prestação junto da entidade adjudicante no dia imediatamente subsequente. 2 - A caução é prestada por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro-caução.

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3 - O depósito em dinheiro ou títulos é efectuado em Portugal, em qualquer instituição de crédito, à ordem da entidade que for indicada no programa do procedimento, devendo ser especificado o fim a que se destina. 4 - Quando o depósito for efectuado em títulos, estes são avaliados pelo respectivo valor nominal, salvo se, nos últimos três meses, a média da cotação na bolsa de valores ficar abaixo do par, caso em que a avaliação é feita em 90 % dessa média. 5 - O programa do procedimento deve conter os modelos referentes à caução que venha a ser prestada por garantia bancária, por seguro-caução ou por depósito em dinheiro ou títulos. 6 - Se o adjudicatário prestar a caução mediante garantia bancária, deve apresentar um documento pelo qual um estabelecimento bancário legalmente autorizado assegure, até ao limite do valor da caução, o imediato pagamento de quaisquer importâncias exigidas pela entidade adjudicante em virtude do incumprimento de quaisquer obrigações a que a garantia respeita. 7 - Tratando-se de seguro-caução, o programa do procedimento pode exigir a apresentação de apólice pela qual uma entidade legalmente autorizada a realizar este seguro assuma, até ao limite do valor da caução, o encargo de satisfazer de imediato quaisquer importâncias exigidas pela entidade adjudicante em virtude do incumprimento de quaisquer obrigações a que o seguro respeita. 8 - Das condições da garantia bancária ou da apólice de seguro-caução não pode, em caso algum, resultar uma diminuição das garantias da entidade adjudicante, nos moldes em que são asseguradas pelas outras formas admitidas de prestação da caução. 9 - Todas as despesas relativas à prestação da caução são da responsabilidade do adjudicatário. NA 1 – O instrumento que titula a prestação da caução deverá ter por beneficiário a entidade adjudicante, que poderá ser accionado mediante a «primeira solicitação». De notar que o artigo 308.º, determina a possibilidade de a prestação da caução não ter sido efectuada com cláusula de pagamento a «primeira a solicitação». Não é esta a melhor leitura do disposto no artigo 90.º. Na verdade, o instrumento que titula a prestação deve contem sempre uma cláusula de pagamento a «primeira solicitação», considerando o disposto no artigo 90.º, n.º 5. Assim, deverá se entender que o legislador apenas «dispensa» tal cláusula quando a caução seja prestada nos termos do artigo 90.º, n.º 1. 2 – Os modelos referentes à caução não podem violar o disposto no presente «Capítulo XI», devendo o adjudicatário considerar como não escritas tais disposições constantes no programa do procedimento, por força do disposto no artigo 51.º do CCP. A vinculação ao regime da caução regulado no CCP obriga a entidade adjudicante a recusar a prestação da caução, se a mesma violar tal regime. Art. 90.º, n.º 2 3 – O Decreto-Lei n.º 183/88, de 24 de Maio, republicado em Anexo ao Decreto-Lei n.º Decreto-Lei n.º 31/2007, de 14 de Fevereiro, regula, entre outras matérias, o seguro de caução. “O seguro de caução cobre, directa ou indirectamente, o risco de incumprimento ou atraso no cumprimento das obrigações que, por lei ou convenção, sejam susceptíveis de caução, fiança ou aval” (cf. o art. 6.º, n.º 1, Decreto-Lei n.º 183/88, de 24/05). “O seguro de caução é celebrado com o devedor da obrigação a garantir ou com o contragarante a favor do respectivo credor” (cf. o art. 9.º, n.º 2, Decreto-Lei n.º 183/88, de 24/05). A obrigação de indemnizar no seguro de caução, limita-se à quantia segura (cf. o art. 7.º, n.º 2, Decreto-Lei n.º 183/88, de 24/05). O regime do seguro de caução regulado no Decreto-Lei n.º 183/88, de 24/05 não será aplicável quando o mesmo contrariar o disposto no CCP. Artigo 91.º Não prestação da caução

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1 - A adjudicação caduca se, por facto que lhe seja imputável, o adjudicatário não prestar, em tempo e nos termos estabelecidos nos artigos anteriores, a caução que lhe seja exigida. 2 - No caso previsto no número anterior, o órgão competente para a decisão de contratar deve adjudicar a proposta ordenada em lugar subsequente. 3 - A não prestação da caução pelo adjudicatário, no caso de empreitadas ou de concessões de obras públicas, deve ser imediatamente comunicada ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P. NA 1 – A não prestação da caução no dia imediatamente subsequente à notificação pela entidade adjudicante (cf. artigo 90.º, n.º 1) – e entende-se como tal a não prestação da caução nos termos exigidos pelo programa do procedimento –, produz a caducidade do acto adjudicatório. Leitura aconselhada: Manuel Januário da Costa Gomes, “Garantias bancárias no Código dos Contratos Públicos – breves notas”, in Estudos em Homenagem a Sérvulo Correia, III, Lisboa, 2010, pp. 505-523. CAPÍTULO X Confirmação de compromissos Artigo 92.º Prorrogação do prazo para a confirmação de compromissos A pedido fundamentado do adjudicatário, o órgão competente para a decisão de contratar pode prorrogar o prazo que tenha sido fixado para a confirmação dos compromissos assumidos por terceiras entidades relativos a atributos ou a termos ou condições da sua proposta. Artigo 93.º Não confirmação de compromissos 1 - A adjudicação caduca se o adjudicatário não confirmar os compromissos referidos no artigo anterior no prazo fixado para o efeito ou até ao termo da respectiva prorrogação. 2 - No caso previsto no número anterior, o órgão competente para a decisão de contratar deve adjudicar a proposta ordenada em lugar subsequente. CAPÍTULO XI Celebração do contrato Artigo 94.º Redução do contrato a escrito 1 - Salvo nos casos previstos no artigo seguinte, o contrato deve ser reduzido a escrito através da elaboração de um clausulado em suporte papel ou em suporte informático com a aposição de assinaturas electrónicas. 2 - Salvo disposição em contrário constante do programa do procedimento, as despesas e os encargos inerentes à redução do contrato a escrito são da responsabilidade da entidade adjudicante, com excepção dos impostos legalmente devidos pelo adjudicatário. Artigo 95.º Inexigibilidade e dispensa de redução do contrato a escrito 1 - Salvo previsão expressa no programa do procedimento, não é exigível a redução do contrato a escrito: a) Quando se trate de contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços cujo preço contratual não exceda (euro) 10 000; b) Quando se trate de locar ou de adquirir bens móveis ou de adquirir serviços ao abrigo de um contrato público de aprovisionamento; c) Quando se trate de locar ou de adquirir bens móveis ou de adquirir serviços nos seguintes termos:

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i) O fornecimento dos bens ou a prestação dos serviços deva ocorrer integralmente no prazo máximo de 20 dias a contar da data em que o adjudicatário comprove a prestação da caução ou, se esta não for exigida, da data da notificação da adjudicação; ii) A relação contratual se extinga com o fornecimento dos bens ou com a prestação dos serviços, sem prejuízo da manutenção de obrigações acessórias que tenham sido estabelecidas inequivocamente em favor da entidade adjudicante, tais como as de sigilo ou de garantia dos bens ou serviços adquiridos; e iii) O contrato não esteja sujeito a fiscalização prévia do Tribunal de Contas; ou d) Quando se trate de contrato de empreitada de obras públicas de complexidade técnica muito reduzida e cujo preço contratual não exceda (euro) 15 000. 2 - A redução do contrato a escrito pode ser dispensada pelo órgão competente para a decisão de contratar, mediante decisão fundamentada, quando: a) A segurança pública interna ou externa o justifique; b) Seja adoptado um concurso público urgente; ou c) Por motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis pela entidade adjudicante, seja necessário dar imediata execução ao contrato. 3 - Quando a redução do contrato a escrito não tenha sido exigida ou tenha sido dispensada nos termos do disposto nos números anteriores, entende-se que o contrato resulta da conjugação do caderno de encargos com o conteúdo da proposta adjudicada, não se podendo, porém, dar início a qualquer aspecto da sua execução antes de decorrido o prazo de 10 dias a contar da data da notificação da decisão de adjudicação e, em qualquer caso, nunca antes da apresentação de todos os documentos de habilitação exigidos, da comprovação da prestação da caução, quando esta for devida, e da confirmação dos compromissos referidos na alínea c) do n.º 2 do artigo 77.º 4 - O prazo de 10 dias previsto no número anterior não é aplicável quando: a) Não tenha sido publicado anúncio do procedimento no Jornal Oficial da União Europeia; b) (Revogada) c) Se trate da celebração de contrato ao abrigo de acordo quadro cujos termos abranjam todos os seus aspectos ou que tenha sido celebrado apenas com uma entidade. d) Só tenha sido apresentada uma proposta. Artigo 96.º Conteúdo do contrato 1 - Faz parte integrante do contrato, quando este for reduzido a escrito, um clausulado que deve conter, sob pena de nulidade daquele, os seguintes elementos: a) A identificação das partes e dos respectivos representantes, assim como do título a que intervêm, com indicação dos actos que os habilitem para esse efeito; b) A indicação do acto de adjudicação e do acto de aprovação da minuta do contrato; c) A descrição do objecto do contrato; d) O preço contratual ou o preço a receber pela entidade adjudicante ou, na impossibilidade do seu cálculo, os elementos necessários à sua determinação; e) O prazo de execução das principais prestações objecto do contrato; f) Os ajustamentos aceites pelo adjudicatário; g) A referência à caução prestada pelo adjudicatário; h) Se for o caso, a classificação orçamental da dotação por onde será satisfeita a despesa inerente ao contrato, a realizar no ano económico da celebração do mesmo ou, no caso de tal despesa se realizar em mais de um ano económico, a indicação da disposição legal habilitante ou do plano plurianual legalmente aprovado de que o contrato em causa constitui execução ou ainda do instrumento, legalmente previsto, que autoriza aquela repartição de despesa. 2 - Fazem sempre parte integrante do contrato, independentemente da sua redução a escrito: a) Os suprimentos dos erros e das omissões do caderno de encargos identificados pelos concorrentes, desde que esses erros e omissões tenham sido expressamente aceites pelo órgão competente para a decisão de contratar; b) Os esclarecimentos e as rectificações relativos ao caderno de encargos; c) O caderno de encargos; d) A proposta adjudicada; e) Os esclarecimentos sobre a proposta adjudicada prestados pelo adjudicatário.

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3 - Sempre que a entidade adjudicante considere conveniente, o clausulado do contrato pode também incluir uma reprodução do caderno de encargos completada por todos os elementos resultantes dos documentos referidos nas alíneas a), b), d) e e) do número anterior. 4 - A entidade adjudicante pode excluir expressamente do contrato os termos ou condições constantes da proposta adjudicada que se reportem a aspectos da execução do contrato não regulados pelo caderno de encargos e que não sejam considerados estritamente necessários a essa execução ou sejam considerados desproporcionados. 5 - Em caso de divergência entre os documentos referidos no n.º 2, a prevalência é determinada pela ordem pela qual são indicados nesse número. 6 - Em caso de divergência entre os documentos referidos no n.º 2 e o clausulado do contrato, prevalecem os primeiros, salvo quanto aos ajustamentos propostos de acordo com o disposto no artigo 99.º e aceites pelo adjudicatário nos termos do disposto no artigo 101.º Artigo 97.º Preço contratual 1 - Para efeitos do presente Código, entende-se por preço contratual o preço a pagar, pela entidade adjudicante, em resultado da proposta adjudicada, pela execução de todas as prestações que constituem o objecto do contrato. 2 - Está incluído no preço contratual, nomeadamente, o preço a pagar pela execução das prestações objecto do contrato na sequência de qualquer prorrogação contratualmente prevista, expressa ou tácita, do respectivo prazo. 3 - Não está incluído no preço contratual o acréscimo de preço a pagar em resultado de: a) Modificação objectiva do contrato; b) Reposição do equilíbrio financeiro prevista na lei ou no contrato; c) Prémios por antecipação do cumprimento das prestações objecto do contrato. Fiscalização administrativa 1 – “(U) O preço proposto há-de ser suficiente para cobrir os custos correntes contabilisticamente necessários à execução do contrato, acrescidos da margem de lucro expectável pela pessoa singular ou colectiva, maxime, a sociedade comercial, que se candidata à adjudicação. E mais; a componente do preço contratual reportada à margem de lucro não pode apresentar-se de tal modo esmagada no meio dos restantes custos correntes de execução do contrato que, em critério de probabilidade a qualquer sujeito com conhecimentos próprios no âmbito do objecto contratual se lhe afigure como verosímil que, contas feitas, a margem de lucro é obtida à custa de uma execução deficiente do produto ou serviço prestado pela Administração (aos contribuintes) V. o Acórdão do TCAS de 17/02/2011, Proc n.º 06985/10, in www.dgsi.pt). Artigo 98.º Aprovação da minuta do contrato 1 - Nos casos em que a celebração do contrato implique a sua redução a escrito, a respectiva minuta é aprovada pelo órgão competente para a decisão de contratar depois de comprovada a prestação da caução pelo adjudicatário. 2 - Nos casos previstos no número anterior, quando não haja lugar à prestação de caução, a minuta do contrato é aprovada pelo órgão competente para a decisão de contratar em simultâneo com a decisão de adjudicação. 3 - A aprovação da minuta do contrato a celebrar tem por objectivo verificar se o seu conteúdo está conforme à decisão de contratar e a todos os documentos que o integram nos termos do disposto nos n.os 2 e 5 do artigo 96.º, sem prejuízo de serem propostos ajustamentos nos termos do disposto no artigo seguinte. 4 - Da minuta do contrato devem constar expressamente os termos ou condições da proposta adjudicada excluídos do contrato nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 96.º Fiscalização financeira

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1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 64/2009 do TC de 31/03/2009, Proc. n.º 1805/08), três questões, que se destaca uma: a densificação dos factores do critério de adjudicação. Resulta do referido Acórdão que constava na ponderação do factor “qualidade da proposta”, a expressão “nomeadamente”, o que significa que na avaliação do factor “qualidade da proposta”, se poderia utilizar outros elementos, que não os indicados. Encontra-se assim violado o disposto no art. 132.º, n.º 1, al. n), do CCP. Acresce que, no referido factor “qualidade da proposta”, foi fixada uma fórmula que “tem em conta o peso específico inicial máximo das propostas consideradas e o peso relativo das propostas”. Entendeu o Douto Tribunal que tal fórmula viola o disposto no art. 139.º, n.º 4, do CCP, que estatui a proibição de a fórmula de avaliação dos factores do critério de adjudicação, atribuir pontuação em função da relação com outras propostas, “quer por aproximação, quer por distanciamento de cada uma das propostas, v.g., à proposta de mais baixo preço ou o peso específico inicial máximo das propostas”. O TC considerou que aquelas ilegalidades preenchia o fundamento de recusa do visto indicado no art. 44.º, n.º 3, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08, mas como não ocorreu uma efectiva alteração do resultado financeiro do contrato, e não tendo o Município sido objecto de recomendação anterior, por tais ilegalidades, o contrato foi visado com recomendação. Artigo 99.º Ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar 1 - O órgão competente para a decisão de contratar pode propor ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar, desde que estes resultem de exigências de interesse público e, tratando-se de procedimento em que se tenha analisado e avaliado mais de uma proposta, seja objectivamente demonstrável que a respectiva ordenação não seria alterada se os ajustamentos propostos tivessem sido reflectidos em qualquer das propostas. 2 - Os ajustamentos referidos no número anterior não podem implicar, em caso algum: a) A violação dos parâmetros base fixados no caderno de encargos nem a dos aspectos da execução do contrato a celebrar por aquele não submetidos à concorrência; b) A inclusão de soluções contidas em proposta apresentada por outro concorrente. NJ 1 - No sumário do Acórdão de 13/01/2011, Proc. n.º 0839/10, o STA aborda a distinção entre as fases de formação e de execução do contrato, considerando a impossibilidade de introduzir alterações nas propostas: “I - As propostas são uma peça fundamental no procedimento de contratação pública uma vez que, por um lado, constituem a declaração negocial onde o interessado comunica à Administração a sua vontade de contratar e o modo como pretende fazê-lo e, por outro, é com base nelas que a Administração forma o seu juízo e toma a sua decisão. II - Nos procedimentos de contratação pública as fases pré contratual e de execução do contrato, muito embora tenham independência e autonomia, formam um todo unitário visando a consecução de objectivos complementares: em primeiro lugar, o de preparar a escolha mais acertada e, depois, o de proporcionar a mais fiável e mais eficiente execução da escolha feita. III - E, se assim é, isto é, se o que se pretende na fase de execução é dar forma ao que foi escolhido na fase antecedente à celebração do contrato não faz sentido que no decurso dessa execução o bem escolhido e contratado seja significativamente alterado. IV - Daqui decorre o princípio da sua imutabilidade ou intangibilidade da proposta - que proíbe que ela seja objecto de alterações ou correcções posteriores - princípio que só cede nos casos em que esteja prevista a possibilidade de negociação e, portanto, a possibilidade da sua alteração”. Artigo 100.º Notificação da minuta do contrato 1 - Depois de aprovada a minuta do contrato a celebrar, o órgão competente para a decisão de contratar notifica-a ao adjudicatário, assinalando expressamente os ajustamentos propostos nos termos do disposto no artigo anterior.

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2 - Nos casos em que não haja lugar à prestação de caução, a minuta do contrato a celebrar deve ser notificada ao adjudicatário em simultâneo com a decisão de adjudicação, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 77.º Artigo 101.º Aceitação da minuta do contrato A minuta do contrato a celebrar e os ajustamentos propostos consideram-se aceites pelo adjudicatário quando haja aceitação expressa ou quando não haja reclamação nos cinco dias subsequentes à respectiva notificação. Artigo 102.º Reclamação da minuta do contrato 1 - As reclamações da minuta do contrato a celebrar só podem ter por fundamento a previsão de obrigações que contrariem ou que não constem dos documentos que integram o contrato nos termos do disposto nos n.os 2 e 5 do artigo 96.º ou ainda a recusa dos ajustamentos propostos. 2 - No prazo de 10 dias a contar da recepção da reclamação, o órgão que aprovou a minuta do contrato notifica o adjudicatário da sua decisão, equivalendo o silêncio à rejeição da reclamação. 3 - Os ajustamentos propostos que tenham sido recusados pelo adjudicatário não fazem parte integrante do contrato. Artigo 103.º Notificação dos ajustamentos ao contrato Os ajustamentos ao contrato que sejam aceites pelo adjudicatário devem ser notificados a todos os concorrentes cujas propostas não tenham sido excluídas. Artigo 104.º Outorga do contrato 1 - A outorga do contrato deve ter lugar no prazo de 30 dias contados da data da aceitação da minuta ou da decisão sobre a reclamação, mas nunca antes de: a) Decorridos 10 dias contados da data da notificação da decisão de adjudicação a todos os concorrentes; b) Apresentados todos os documentos de habilitação exigidos; c) Comprovada a prestação da caução, quando esta for devida, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 90.º; d) Confirmados os compromissos referidos na alínea c) do n.º 2 do artigo 77.º 2 - O disposto na alínea a) do número anterior não é aplicável quando: a) Não tenha sido publicado anúncio do procedimento no Jornal Oficial da União Europeia; b) (Revogada.) c) Se trate da celebração de contrato ao abrigo de acordo quadro cujos termos abranjam todos os seus aspectos ou que tenha sido celebrado apenas com uma entidade. d) Só tenha sido apresentada uma proposta. 3 - O órgão competente para a decisão de contratar comunica ao adjudicatário, com a antecedência mínima de cinco dias, a data, a hora e o local em que ocorrerá a outorga do contrato. Artigo 105.º Não outorga do contrato 1 - A adjudicação caduca se, por facto que lhe seja imputável, o adjudicatário não comparecer no dia, hora e local fixados para a outorga do contrato, bem como, no caso de o adjudicatário ser um agrupamento, se os seus membros não se tiverem associado nos termos previstos no n.º 4 do artigo 54.º 2 - Nos casos previstos no número anterior, o adjudicatário perde a caução prestada a favor da entidade adjudicante, devendo o órgão competente para a decisão de contratar adjudicar a proposta ordenada em lugar subsequente. 3 - Se, por facto que lhe seja imputável, a entidade adjudicante não outorgar o contrato no prazo previsto no n.º 1 do artigo anterior, o adjudicatário pode desvincular-se da proposta, devendo aquela liberar a caução que este haja prestado, sem prejuízo do direito a ser indemnizado por todas as despesas e demais encargos em que comprovadamente incorreu com a elaboração da proposta e com a prestação da caução.

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4 - No caso previsto no número anterior, o adjudicatário pode, em alternativa, exigir judicialmente a celebração do contrato. 5 - No caso de se tratar de um contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, a não outorga do contrato por parte do adjudicatário deve ser imediatamente comunicada ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., pela entidade adjudicante. NA 1 - V. o disposto nos artigos 76.º, n.º 3 e 79.º, n.º 4, ambos do CCP. Artigo 106.º Representação na outorga do contrato 1 - Na outorga do contrato, a representação das entidades adjudicantes referidas nas alíneas a) a c), f) e g) do n.º 1 do artigo 2.º cabe ao órgão competente para a decisão de contratar. 2 - No caso das entidades adjudicantes referidas nas alíneas d) e e) do n.º 1 do artigo 2.º, a representação na outorga do contrato cabe ao órgão designado no respectivo diploma orgânico ou nos respectivos estatutos, independentemente do órgão que tenha tomado a decisão de contratar. 3 - Nos casos em que o órgão competente nos termos do disposto nos números anteriores seja um órgão colegial, a representação na outorga do contrato cabe ao presidente desse órgão. 4 - Relativamente às entidades adjudicantes referidas no n.º 2 do artigo 2.º ou no n.º 1 do artigo 7.º, a representação na outorga do contrato cabe a quem, nos termos da lei ou dos respectivos estatutos, tiver poderes para as obrigar. 5 - A competência prevista nos números anteriores para a representação da entidade adjudicante na outorga do contrato pode ser delegada nos termos gerais. CAPÍTULO XII Relatórios Artigo 107.º Informações sobre o procedimento 1 - A entidade adjudicante deve conservar, pelo prazo de quatro anos a contar da data da celebração do contrato, todos os documentos relativos ao procedimento de formação que permitam justificar todas as decisões tomadas e fornecer à Comissão Europeia as informações que esta solicitar sobre o mesmo, nomeadamente: a) A decisão de escolha do procedimento e respectivos fundamentos; b) A identificação dos candidatos e dos concorrentes; c) O teor das candidaturas e das propostas apresentadas; d) A decisão de qualificação e respectivos fundamentos; e) A decisão de adjudicação e respectivos fundamentos; f) Os fundamentos da eventual exclusão de candidaturas e de propostas; g) As eventuais causas de não adjudicação; h) O objecto do contrato e o respectivo preço contratual. 2 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável a todas as notificações e comunicações. 3 - A entidade adjudicante deve enviar à Comissão Europeia, a pedido desta, um relatório contendo as informações sobre o procedimento e as decisões nele tomadas. Artigo 108.º Relatório de contratação 1 - A entidade adjudicante deve, no prazo de 10 dias a contar da data da celebração de um contrato de empreitada ou de concessão de obras públicas, enviar o respectivo relatório de contratação ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P. 2 - O modelo do relatório referido no número anterior é aprovado por portaria do ministro responsável pela área das obras públicas. NL 1 - A Portaria n.º 701-E/2008, de 29 de Julho aprovou o modelo do relatório de contratação.

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CAPÍTULO XIII Delegação de competências Artigo 109.º Norma de habilitação 1 - Todas as competências atribuídas pelo presente Código ao órgão competente para a decisão de contratar podem ser delegadas, sem prejuízo do disposto na parte final no n.º 2 do artigo 69.º 2 - As competências atribuídas pelo artigo 37.º ao ministro ou ao membro do Governo Regional responsável pela área das finanças e ao ministro ou ao membro do Governo Regional da tutela sectorial só podem ser delegadas em membros do Governo ou do Governo Regional, consoante o caso. 3 - A delegação da competência para autorização da despesa inerente ao contrato a celebrar ou, quando o contrato a celebrar não implique o pagamento de um preço pela entidade adjudicante, a delegação da competência para a decisão de contratar, implica a delegação das demais competências do órgão competente para a decisão de contratar atribuídas pelo presente Código, excepto daquelas que o delegante expressamente reservar para si. NA Art. 109.º, n.º 3 1 – O disposto no artigo 109.º, n.º 3, veio revogar a doutrina anterior do Tribunal de Contas. Segundo o TC as normas que regulavam a competência para autorizar a despesa, não incluíam de forma implícita, v.g., a competência para a dispensa da celebração de contrato escrito. Assim a delegação da competência para autorizar a despesa não abrangia a prática de outros actos, atribuídos por lei à entidade adjudicante. A entrada em vigor do CCP, determinou que a “(U) questão já se coloca em termos diferentes: a delegação da competência para autorização da despesa inerente ao contrato a celebrar implica, salvo reserva do delegante, a delegação das demais competências do órgão a quem cabe a decisão de contratar (n.º 3 do artigo 109.º), nas quais se inclui a competência para a dispensa de redução do contrato a escrito” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 1/2010 – FC/SRATC, Processo n.º 09/101.01, http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-sratc-rel001-2010-fc.pdf - consultado em 20/05/2011). 2 – Nos termos do disposto no artigo 109.º, n.º 3, o acto de delegação da competência para autorizar a despesa acarreta a delegação da competência no órgão delegado, para praticar os demais actos pré-contratuais atribuídas pelo CCP ao órgão competente para a decisão de contratar. Caso o órgão delegante pretenda reservar para si a prática de algum acto pré-contratual deverá de o mencionar expressamente no acto de delegação. Artigo 110.º Delegação de competências nos órgãos dos institutos públicos Quando a entidade adjudicante seja um instituto público e a competência para a autorização da despesa inerente ao contrato a celebrar tenha sido exercida pelo ministro ou pelo membro do Governo Regional da tutela, consideram-se delegadas no respectivo órgão de direcção todas as competências atribuídas pelo presente Código ao órgão competente para a decisão de contratar, sem prejuízo de o delegante poder reservar para si qualquer daquelas competências. Artigo 111.º Delegação das competências do Conselho de Ministros ou do Conselho do Governo Regional Quando o órgão competente para a decisão de contratar seja o Conselho de Ministros ou o Conselho do Governo Regional, consideram-se delegadas no Primeiro-Ministro ou no Presidente do Governo Regional, consoante o caso, todas as competências atribuídas pelo presente Código. TÍTULO III

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Tramitação procedimental CAPÍTULO I Ajuste directo SECÇÃO I Disposições comuns Artigo 112.º Noção de ajuste directo O ajuste directo é o procedimento em que a entidade adjudicante convida directamente uma ou várias entidades à sua escolha a apresentar proposta, podendo com elas negociar aspectos da execução do contrato a celebrar. Artigo 113.º Escolha das entidades convidadas 1 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 128.º, a escolha das entidades convidadas a apresentar proposta no procedimento de ajuste directo cabe ao órgão competente para a decisão de contratar. 2 - Não podem ser convidadas a apresentar propostas entidades às quais a entidade adjudicante já tenha adjudicado, no ano económico em curso e nos dois anos económicos anteriores, na sequência de ajuste directo adoptado nos termos do disposto na alínea a) do artigo 19.º, na alínea a) do n.º 1 do artigo 20.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 21.º, consoante o caso, propostas para a celebração de contratos cujo objecto seja constituído por prestações do mesmo tipo ou idênticas às do contrato a celebrar, e cujo preço contratual acumulado seja igual ou superior aos limites referidos naquelas alíneas. 3 - Para os efeitos do disposto no número anterior, quando a entidade adjudicante seja o Estado ou uma Região Autónoma, apenas são tidos em conta os contratos celebrados no âmbito do mesmo gabinete governamental, serviço central ou serviço periférico de cada ministério ou secretaria regional, respectivamente. 4 - Para os efeitos do disposto no n.º 2, quando a entidade adjudicante seja um município, são tidos em conta, autonomamente, os contratos celebrados no âmbito de cada serviço municipalizado. 5 - Não podem igualmente ser convidadas a apresentar propostas entidades que tenham executado obras, fornecido bens móveis ou prestado serviços à entidade adjudicante, a título gratuito, no ano económico em curso ou nos dois anos económicos anteriores, excepto se o tiverem feito ao abrigo do Estatuto do Mecenato. SECÇÃO II Regime geral Artigo 114.º Número de entidades convidadas 1 - A entidade adjudicante pode, sempre que o considere conveniente, convidar a apresentar proposta mais de uma entidade. 2 - No caso de o ajuste directo ser adoptado ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º, a entidade adjudicante deve convidar a apresentar propostas todos os adjudicatários do concurso de concepção. Artigo 115.º Convite 1 - O programa do procedimento de ajuste directo é substituído pelo convite à apresentação de proposta, o qual deve indicar: a) A entidade adjudicante; b) O órgão que tomou a decisão de contratar e, no caso de esta ter sido tomada no uso de delegação ou subdelegação de competência, a qualidade em que aquele decidiu, com menção das decisões de delegação ou subdelegação e do local da respectiva publicação; c) O fundamento da escolha do ajuste directo, quando seja feita ao abrigo do disposto nos artigos 24.º a 27.º e 31.º a 33.º;

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d) Os documentos referidos na alínea c) do n.º 1 do artigo 57.º, se for o caso; e) Os documentos que constituem a proposta que podem ser redigidos em língua estrangeira, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 58.º; f) O prazo para a apresentação da proposta; g) O modo de apresentação da proposta, através de meio de transmissão escrita e electrónica de dados, se diferente do previsto no n.º 1 do artigo 62.º; h) O modo de prestação da caução ou os termos em que não seja exigida essa prestação de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 88.º; i) O valor da caução, quando esta for exigida nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 89.º j) O prazo para a apresentação, pelo adjudicatário, dos documentos de habilitação, bem como o prazo a conceder pela entidade adjudicante para a supressão de irregularidades detectadas nos documentos apresentados que possam levar à caducidade da adjudicação nos termos do disposto no artigo 86.º 2 - Quando for convidada a apresentar proposta mais de uma entidade, o convite deve também indicar: a) Se as propostas apresentadas serão objecto de negociação e, em caso afirmativo: i) Quais os aspectos da execução do contrato a celebrar que a entidade adjudicante não está disposta a negociar; ii) Se a negociação decorrerá, parcial ou totalmente, por via electrónica e os respectivos termos; b) O critério de adjudicação e os eventuais factores e subfactores que o densificam, não sendo, porém, necessário um modelo de avaliação das propostas. 3 - O convite pode indicar, ainda que por referência ao preço base fixado no caderno de encargos, um valor a partir do qual o preço total resultante de uma proposta é considerado anormalmente baixo. 4 - O convite deve ser formulado por escrito e acompanhado do caderno de encargos, podendo ser entregue directamente ou enviado por correio ou ainda por qualquer meio de transmissão escrita e electrónica de dados, devendo a entrega ou o envio ocorrer simultaneamente quando for convidada a apresentar proposta mais de uma entidade. 5 - Quando o ajuste directo seja adoptado ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º: a) O critério de adjudicação pode ter em conta a ordenação das propostas efectuada no âmbito do concurso de concepção; b) O caderno de encargos deve ser substancialmente idêntico ao que acompanhou os termos de referência do concurso de concepção. NA 1 - Quando a apresentação de propostas deva ser efectuada na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante, deverá constar disponível na referida plataforma, ou em caso negativo, no convite a enviar, a seguinte informação: a) Requisitos de acesso às peças do procedimento; b) Modo de apresentação das propostas; c) Modo e requisitos a que a encriptação de dados deve obedecer; d) Assinaturas electrónicas exigidas e modo de as obter; e) Requisitos a que os ficheiros que contêm os documentos das propostas devem obedecer (V. o art. 10.º do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 2 - Determina o legislador no art. 115.º, n.º 2, alínea a), do CCP, que deverá o convite indicar os aspectos da execução do contrato sujeitos a negociação, i.e., que a entidade adjudicante considera submeter a concorrência. 115.º, n.º 2, al. b) NJ 1 - Apreciou o STA (V. o Acórdão de 02/11/2010, Proc. n.º 0416/10), entre outras questões, se no procedimento adjudicatório “ajuste directo”, a deliberação de quantificação dos subfactores pelo júri feita depois de este conhecer as propostas apresentadas, viola o princípio da imparcialidade. Entendeu o STA que o art. 115.º, n.º 2, al. b), do CCP não obriga, ao contrário do que sucede com no art. 132.º, n.º 1, al. n), do CCP relativamente ao concurso público, a que a entidade adjudicante indique o modelo de avaliação no programa do procedimento. Pelo que, quando a Administração atribuiu no critério

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“manutenção correctiva” a pontuação que ia dar a cada um dos aspectos referidos em tal critério, valoração a que não estava obrigada, ao invés do que defende a recorrente, forneceu aos concorrentes todos os elementos para que pudessem entender a razão de tal pontuação e a posterior reacção à mesma, no caso de ela ser portadora de qualquer vício. “Agindo a Administração com total transparência não se poderá defender que foi violado o princípio da imparcialidade, por a valoração em causa só ser apresentada depois do conhecimento do conteúdo das propostas”. O aresto citado mereceu uma declaração de voto, que relativamente à fundamentação supra, conclui que: “Genericamente este entendimento está correcto. Só que no caso dos autos o júri do procedimento do ajuste directo foi mais longe e aprovou uma escala de pontuação, só que o fez depois do conhecimento das propostas apresentadas. Ora, ao fazê-lo só agora pôs em perigo as garantias de isenção, de transparência e de imparcialidade, pois nada nos garante que não tenha sido em função de tais propostas que aquela pontuação não tenha sido encontrada. (U) A aplicação destes princípios, aplica-se, a fortiori, no caso dos autos, pelo que não podia aos subfactores ser aplicada uma escala de pontuação só introduzida após o conhecimento das propostas apresentadas.” Art. 115.º, n.º 1, al. g) Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 9/10 do TC de 20/04/2010, Recurso Ordinário n.º 24/2009 – Proc. n.º 40/2009 SRMTC), a seguinte questão: no caso de procedimentos de formação de contratos por ajuste directo, quando a entidade adjudicante estabeleça um meio de transmissão escrita e electrónica das propostas, que não a plataforma electrónica, no caso de surgirem problemas na apresentação e recepção destas, deverá se aplicar que regime jurídico? O TC, invocando o disposto no art. 10.º, n.ºs 1 e 2, do CC, entende que será aplicável o regime das plataformas electrónicas, que consta do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25/07 e da Portaria n.º 701-G/2008, de 29/07. Após ter realizado um breve excurso Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25/07 e da Portaria n.º 701-G/2008, de 29/07, quando a entidade adjudicante utilizar outro mecanismo para o envio das propostas, deve assegurar: o acompanhamento do mecanismo utilizado; indicar no convite quais os condicionamentos técnicos na utilização do mecanismo de envio das propostas; a recepção de uma proposta determina que tal facto seja comunicado ao concorrente. Quanto aos concorrentes, os mesmos devem confirmar que a sua proposta foi aceite, não se limitando a remeter electronicamente a proposta. In casu, os concorrentes enviaram as suas propostas por correio electrónico, em anexo, mas estes foram rejeitados pelo sistema por terem dimensão excessiva. Os concorrentes receberam mensagens electrónicas referindo aquela rejeição. Posteriormente, por fax, enviaram as propostas, já em violação do prazo de apresentação das propostas, o que determinou a sua exclusão. Do convite não constava qualquer limitação no envio das propostas. Perante o ut retro, o Douto Tribunal, aplicando analogicamente o disposto no art. 18.º, n.º 4, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25/07, determinou que a entidade adjudicante deveria ter prorrogado o prazo de apresentação das propostas. A solução adoptada pela entidade adjudicante, de não prorrogar o prazo de apresentação das propostas, mas excluir as propostas recebidas por fax após o dies ad quem de apresentação, produziu uma efectiva alteração do resultado financeiro, o que constitui fundamento para a recusa de visto, nos termos do art. 44.º, n.º 3, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08. Em consequência, o TC manteve a decisão recorrida, e julgou improcedente o recurso. Artigo 116.º

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Esclarecimentos e rectificação das peças do procedimento Quando o prazo fixado para a apresentação da proposta seja inferior a nove dias, os esclarecimentos sobre as peças do procedimento podem ser prestados e as rectificações das mesmas podem ser efectuadas até ao dia anterior ao termo daquele prazo. Artigo 117.º Agrupamentos 1 - Pode apresentar proposta num procedimento de ajuste directo um agrupamento de pessoas singulares ou colectivas, desde que um dos seus membros tenha sido a entidade convidada para esse efeito. 2 - A entidade convidada não pode integrar um agrupamento quando o ajuste directo seja adoptado: a) Nos termos do disposto na alínea a) do artigo 19.º, na alínea a) do n.º 1 do artigo 20.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 21.º; ou b) Para a formação de um contrato ao abrigo de um acordo quadro. Artigo 118.º Negociações 1 - Quando tiver sido tempestivamente apresentada mais de uma proposta e do convite constar a indicação de que as propostas apresentadas são objecto de negociação, nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 115.º, há lugar a uma fase de negociação, conduzida pelo júri, que deve incidir apenas sobre os atributos das propostas. 2 - O número anterior não se aplica às propostas que sejam excluídas por qualquer dos motivos previstos nas alíneas a) a n) do n.º 2 e no n.º 3 do artigo 146.º, aplicáveis com as necessárias adaptações. 3 - À exclusão de propostas a que se refere o número anterior é aplicável, com as necessárias adaptações, o regime de audiência prévia constante do artigo 123.º. NA 1 - Estatui o art. 118.º, n.º 1, in fine, do CCP que as negociações incidem apenas sobre os atributos das propostas, i.e., sobre os elementos das propostas que diga respeito a um aspecto da execução do contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos. Concatenado o disposto no art. 115.º, n.º 2, alínea a), com o art. 118.º, n.º in fine, ambos do CCP, resulta que as negociações incidem sobre os atributos das propostas, mas que caberá há entidade adjudicante definir no convite sobre o (s) elemento(s) submetidos a concorrência que está disposta a negociar. Por outras palavras, a entidade adjudicante poderá optar por não negociar um elemento da proposta que concretize um aspecto submetido a concorrência (v.g., não negociar o atributo A), e negociar o atributo B). 2 - As alterações introduzidas no art. 118.º, do CCP, pelo Decreto-Lei n.º 278/2009, de 2 de Outubro, introduzem algumas dificuldades de interpretação, v.g., no cotejar dos seus números 2 e 3, com os arts. 122.º a 124.º, do CCP. Não se desconhece que a solução legislativa de permitir a participação na fase de negociações apenas às propostas não excluídas, já estava a ser aplicada por algumas entidades adjudicantes, antes da sua introdução, por simples entendimento lógico-jurídico. A questão subjacente é que qualquer procedimento adjudicatório tem um faseamento próprio, que no caso do ajuste directo se pode afirmar ser constituído: a) Por fases obrigatórias: convite – apresentação de propostas – relatório preliminar – audiência prévia – relatório final – adjudicação; e b) Ainda por fases eventuais: esclarecimentos/rectificações – negociações – apresentação de propostas finais. Ora perante a redacção actual do artigo 118.º, havendo a fase de negociações, o legislador estabelece as seguintes fases obrigatórias: convite – apresentação de propostas iniciais – 1.º relatório preliminar – audiência prévia – 1.º relatório final – decisão de exclusão das propostas – negociações – apresentação de propostas finais – 2.º relatório preliminar – audiência prévia – 2.º relatório final – adjudicação. Com a devida vénia surgem desde logo, duas questões. 1.ª Questão:

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Ao contrário da referência feita em outros preceitos, o legislador no preceito em anotação não refere a expressão “propor a exclusão”, mas sim a “exclusão de propostas”. De acordo com o legislador é alterado o faseamento tipo dos procedimentos adjudicatórios, nomeadamente, deixa de ser com a aprovação do relatório final pelo órgão decisor, que as propostas apresentadas ficam definitivamente admitidas ou excluídas (V. o art. 124.º, n.º 4, do CCP). Após a apresentação de propostas, o júri procederá à verificação da sua regularidade com as regras do procedimento (V. o art. 118.º, n.º 2, do CCP), elaborando um relatório com os fundamentos de exclusão das mesmas. Pela omissão do legislador poderia se entender que seria competência primária do júri a exclusão das propostas da fase de negociações. Não parece ser essa a melhor doutrina, e nem que foi essa a intenção do legislador. Desde logo, a audiência prévia nos vários procedimentos adjudicatórios regulados no CCP, antecedem sempre a decisão a prolactar pelo «órgão competente para a decisão de contratar». Por outro lado, o júri não possui competências para definir os participantes de fases subsequentes, seja a de qualificação ou a de adjudicação, seja in casu a fase de negociações (ou a do leilão electrónico ex vi art. 151.º do CCP). Na única excepção, em que se atribui ao júri a competência para emitir um acto que afecta imediatamente a esfera jurídica dos concorrentes – o legislador teve o cuidado de mencionar o mecanismo impugnatório na via administrativa; trata-se da não inclusão dos interessados na lista de concorrentes, e tal facto resulta, como é claro, por a sanação ser imediata mediante a apresentação pelo interessado de prova material – o comprovativo de entrega/submissão (V. o art. 138.º, n.º 3, in fine, do CCP) Salvo melhor opinião, deverá sempre o júri verificar da regularidade das propostas apresentadas, atestando da sua capacidade para participar na fase de negociações, devendo, pelo menos, elaborar um documento onde sucintamente refira que as mesmas não violam o disposto no art. 146.º, n.º 2, alíneas a) a n) e n.º 3, do CCP. Evidentemente, que o relatório que não contenha propostas de exclusão não será submetido a audiência prévia, nem a aprovação pelo órgão decisor. 2.ª Questão: Em segundo lugar, a audiência prévia prevista no art. 123.º, e aplicável ex vi art. 118.º, n.º 3, do CCP, exige que sejam ouvidos todos os concorrentes. A natureza da audiência prévia do art. 123.º do CCP, não é a mesma da do art. 118.º, n.º 3. A audiência prévia do art. 118.º, n.º 3 visa unicamente permitir aos concorrentes que apresentaram propostas, que lhes seja dado conhecimento da exclusão destas, o que não lhes permitirá a continuação no procedimento, e em consequência a sua participação na fase de negociações. Sendo assim, a notificação, em sede de audiência prévia, para que concorrentes cujas propostas não serão excluídas se pronunciem, apenas permitirá a estes pronunciar-se sobre os motivos da exclusão daqueles; nenhuma outra informação será prestada nesta fase. Para que os demais concorrentes possam se pronunciar sobre a fundamentação da exclusão das propostas, as propostas iniciais terão de ser acedidas por estes. Artigo 118.º Representação dos concorrentes nas sessões de negociação Os concorrentes devem fazer-se representar nas sessões de negociação pelos seus representantes legais ou pelos representantes comuns dos agrupamentos concorrentes, se existirem, podendo ser acompanhados por técnicos por eles indicados. Artigo 120.º Formalidades a observar 1 - O júri notifica os concorrentes, com uma antecedência mínima de três dias, da data, da hora e do local da primeira sessão de negociações, agendando as restantes sessões nos termos que tiver por convenientes. 2 - Na notificação referida no número anterior o júri deve indicar o formato adoptado para as negociações, nomeadamente se decorrem em separado ou em conjunto com os diversos concorrentes, podendo, porém, a qualquer momento, alterar esse formato, desde que os informe previamente.

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3 - De cada sessão de negociações é lavrada acta, a qual deve ser assinada pelos membros presentes do júri e pelos representantes presentes dos concorrentes, devendo fazer-se menção da recusa de algum destes em assiná-la. 4 - Os concorrentes devem ter idênticas oportunidades de propor, de aceitar e de contrapor modificações das respectivas propostas durante as sessões de negociação. 5 - As actas e quaisquer outras informações ou comunicações, escritas ou orais, prestadas pelos concorrentes à entidade adjudicante devem manter-se sigilosas durante a fase de negociação. Artigo 121.º Versões finais das propostas 1 - Quando o júri der por terminada a negociação, notifica imediatamente os concorrentes para, em prazo por ele para o efeito fixado, apresentarem as versões finais integrais das propostas, as quais não podem conter atributos diferentes dos constantes das respectivas versões iniciais no que respeita aos aspectos da execução do contrato a celebrar que a entidade adjudicante tenha indicado não estar disposta a negociar. 2 - Depois de entregues as versões finais das propostas, não podem as mesmas ser objecto de quaisquer alterações. Artigo 122.º Relatório preliminar 1 - Após a análise das versões iniciais e finais das propostas e a aplicação do critério de adjudicação, o júri elabora fundamentadamente um relatório preliminar, no qual deve propor a ordenação das mesmas. 2 - No relatório preliminar a que se refere o número anterior, o júri deve também propor, fundamentadamente, a exclusão das propostas por qualquer dos motivos previstos nos n.os 2 e 3 do artigo 146.º, aplicáveis com as necessárias adaptações, bem como das que sejam apresentadas em violação do disposto na parte final do n.º 1 do artigo anterior. 3 - Do relatório preliminar deve ainda constar referência aos esclarecimentos prestados pelos concorrentes nos termos do disposto no artigo 72.º Artigo 123.º Audiência prévia 1 - Elaborado o relatório preliminar referido no artigo anterior, o júri envia-o a todos os concorrentes, fixando-lhes um prazo, não inferior a cinco dias, para que se pronunciem, por escrito, ao abrigo do direito de audiência prévia. 2 - Durante a fase de audiência prévia, os concorrentes têm acesso às actas das sessões de negociação com os demais concorrentes e às informações e comunicações escritas de qualquer natureza que estes tenham prestado, bem como às versões finais integrais das propostas apresentadas. Artigo 124.º Relatório final 1 - Cumprido o disposto no artigo anterior, o júri elabora um relatório final fundamentado, no qual pondera as observações dos concorrentes efectuadas ao abrigo do direito de audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as conclusões do relatório preliminar, podendo ainda propor a exclusão de propostas se verificar, nesta fase, a ocorrência de qualquer dos motivos previstos no n.º 2 do artigo 146.º 2 - No caso previsto na parte final do número anterior, bem como quando do relatório final resulte uma alteração da ordenação das propostas constante do relatório preliminar, o júri procede a nova audiência prévia, nos termos previstos no artigo anterior, restrita aos concorrentes interessados, sendo subsequentemente aplicável o disposto no número anterior. 3 - O relatório final, juntamente com os demais documentos que compõem o processo de ajuste directo, é enviado ao órgão competente para a decisão de contratar. 4 - Cabe ao órgão competente para a decisão de contratar decidir sobre a aprovação de todas as propostas contidas no relatório final, nomeadamente para efeitos de adjudicação. NJ 1 - O TCAS (V. o Acórdão de 01/07/2010, Proc. n.º 05985/10) apreciou duas questões distintas: a primeira se a fundamentação constante no relatório preliminar foi modificada no relatório final (o júri no relatório final, na aplicação do critério de adjudicação, vem

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fundamentar a sua avaliação em preceito do programa do procedimento); a segunda nasce da invocação pela recorrente do vício de forma por falta de fundamentação do relatório preliminar e do relatório final do procedimento adjudicatório. Quanto à primeira questão, o TCAS entendeu que o relatório final não continha qualquer nova fundamentação, pois o júri limitou-se a esclarecer as razões da avaliação das propostas efectuada no relatório preliminar (a doutrina deste acórdão é citada no Acórdão de 27/01/2011, Proc. n.º 06859/10). Quanto à segunda questão, concluiu pela não verificação do vício de forma por falta de fundamentação, por ter sido respeitado o dever de fundamentação dos actos administrativos de classificação ou valoração das propostas. No procedimento adjudicatório o dever de fundamentação da decisão de classificação impõe que sejam “Vertidas na grelha classificativa previamente elaborada pelo júri as valorações atribuídas a cada item, e que, posteriormente, seja consignada em acta a pontuação atribuída, sem necessidade de se justificar aquela pontuação, sob pena de se incorrer em fundamentação da própria fundamentação”. Artigo 125.º Adjudicação no caso de apresentação de uma única proposta 1 - Quando tenha sido apresentada uma única proposta, compete aos serviços da entidade adjudicante pedir esclarecimentos sobre a mesma e submeter o projecto da decisão de adjudicação ao órgão competente para a decisão de contratar. 2 - No caso previsto no número anterior, não há lugar às fases de negociação e de audiência prévia, nem à elaboração dos relatórios preliminar e final, podendo, porém, o concorrente ser convidado a melhorar a sua proposta. Artigo 126.º Apresentação de documentos de habilitação 1 - Ao ajuste directo não é aplicável o disposto no artigo 81.º, podendo, porém, o órgão competente para a decisão de contratar exigir ao adjudicatário a apresentação de qualquer dos documentos de habilitação nele previstos. 2 - O adjudicatário deve apresentar documento comprovativo de que não se encontra na situação prevista na alínea i) do artigo 55.º 3 - No caso de se tratar de ajuste directo para a formação de um contrato de empreitada de obras públicas, o adjudicatário deve apresentar o documento de habilitação previsto na segunda parte do n.º 2 ou na alínea a) do n.º 5 do artigo 81.º, consoante o caso. 4 - Juntamente com a decisão de adjudicação, o órgão competente para a decisão de contratar deve fixar um prazo razoável para o adjudicatário apresentar qualquer dos documentos de habilitação referidos nos números anteriores, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 86.º Artigo 127.º Publicitação e eficácia do contrato 1 - A celebração de quaisquer contratos na sequência de ajuste directo deve ser publicitada, pela entidade adjudicante, no portal da Internet dedicado aos contratos públicos através de uma ficha conforme modelo constante do anexo iii do presente Código e do qual faz parte integrante. 2 - A publicitação referida no número anterior é condição de eficácia do respectivo contrato, independentemente da sua redução ou não a escrito, nomeadamente para efeitos de quaisquer pagamentos. SECÇÃO III Regime simplificado Artigo 128.º Tramitação 1 - No caso de se tratar de ajuste directo para a formação de um contrato de aquisição ou locação de bens móveis ou de aquisição de serviços cujo preço contratual não seja superior a (euro) 5000, a adjudicação pode ser feita pelo órgão competente para a decisão de contratar, directamente sobre uma factura ou um documento equivalente apresentado pela entidade convidada.

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2 - À decisão de adjudicação prevista no número anterior está subjacente a decisão de contratar e a decisão de escolha do ajuste directo nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 20.º 3 - O procedimento de ajuste directo regulado na presente secção está dispensado de quaisquer outras formalidades previstas no presente Código, incluindo as relativas à celebração do contrato e à publicitação prevista no artigo anterior. Artigo 129.º Prazo e preços Nos contratos celebrados na sequência do ajuste directo regulado na presente secção: a) O prazo de vigência não pode ter duração superior a um ano a contar da decisão de adjudicação nem pode ser prorrogado, sem prejuízo da existência de obrigações acessórias que tenham sido estabelecidas inequivocamente em favor da entidade adjudicante, tais como as de sigilo ou de garantia dos bens ou serviços adquiridos; b) O preço contratual não é passível de revisão. CAPÍTULO II Concurso público SECÇÃO I Anúncio e peças do concurso Artigo 130.º Anúncio 1 - O concurso público é publicitado no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - O anúncio referido no número anterior ou um resumo dos seus elementos mais importantes pode ser posteriormente divulgado por qualquer outro meio considerado conveniente, nomeadamente através da sua publicação em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. NL A Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho estabelece os modelos de anúncio de procedimentos pré-contratuais previstos no Código dos Contratos Públicos a publicitar no Diário da República. Artigo 131.º Anúncio no Jornal Oficial da União Europeia 1 - Quando a entidade adjudicante pretenda publicitar o concurso público no Jornal Oficial da União Europeia deve fazê-lo através de um anúncio conforme modelo constante do anexo ii do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 2 - No caso de se tratar de um contrato de concessão de obras públicas, independentemente do preço base fixado no caderno de encargos, deve ser sempre publicado no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio do concurso público, conforme modelo constante do anexo x do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 3 - Quando o contrato a celebrar diga directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o anúncio a publicar no Jornal Oficial da União Europeia deve ser conforme com o modelo constante do anexo v do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 4 - Os anúncios previstos nos números anteriores devem ser enviados ao Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias através de meios electrónicos, conforme formato e modalidades de transmissão indicados no portal da Internet http://simap.eu.int, ou através de qualquer outro meio, caso em que o respectivo conteúdo deve limitar-se a cerca de 650 palavras. 5 - Deve ser junto ao processo de concurso documento comprovativo da data do envio do anúncio para publicação no Jornal Oficial da União Europeia.

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6 - A publicação do anúncio no Jornal Oficial da União Europeia não dispensa a publicação do anúncio referido no n.º 1 do artigo anterior. 7 - O envio para publicação dos anúncios referidos no número anterior deve ocorrer em simultâneo. 8 - Não há lugar à publicitação do concurso público no Jornal Oficial da União Europeia no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato: a) Relativamente ao qual o Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro, não disponha de modelo próprio; b) De concessão de obras públicas, quando diga directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º Artigo 132.º Programa do concurso 1 - O programa do concurso público deve indicar: a) A identificação do concurso; b) A entidade adjudicante; c) O órgão que tomou a decisão de contratar e, no caso de esta ter sido tomada no uso de delegação ou subdelegação de competência, a qualidade em que aquele decidiu, com menção das decisões de delegação ou subdelegação e do local da respectiva publicação; d) O fundamento da escolha do concurso público, quando seja feita ao abrigo do disposto no artigo 28.º; e) O órgão competente para prestar esclarecimentos; f) Os documentos de habilitação, directamente relacionados com o objecto do contrato a celebrar, a apresentar nos termos do artigo 81.º; g) O prazo para a apresentação dos documentos de habilitação pelo adjudicatário, bem como o prazo a conceder pela entidade adjudicante para a supressão de irregularidades detectadas nos documentos apresentados que possam levar à caducidade da adjudicação nos termos do disposto no artigo 86.º; h) Os documentos referidos nos n.os 1 e 2 do artigo 57.º e no n.º 4 do artigo 60.º; i) Os documentos que constituem a proposta que podem ser redigidos em língua estrangeira, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 58.º; j) Se é admissível a apresentação de propostas variantes e o número máximo de propostas variantes admitidas; l) O prazo para a apresentação das propostas; m) O prazo da obrigação de manutenção das propostas, quando superior ao previsto no artigo 65.º; n) O critério de adjudicação, bem como, quando for adoptado o da proposta economicamente mais vantajosa, o modelo de avaliação das propostas, explicitando claramente os factores e os eventuais subfactores relativos aos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, os valores dos respectivos coeficientes de ponderação e, relativamente a cada um dos factores ou subfactores elementares, a respectiva escala de pontuação, bem como a expressão matemática ou o conjunto ordenado de diferentes atributos susceptíveis de serem propostos que permita a atribuição das pontuações parciais; o) O modo de prestação da caução ou os termos em que não seja exigida essa prestação de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 88.º; p) O valor da caução, quando esta for exigida nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 89.º; q) A possibilidade de adopção de um ajuste directo nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 25.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 27.º, quando for o caso. 2 - O programa do concurso pode indicar, ainda que por referência ao preço base fixado no caderno de encargos, um valor a partir do qual o preço total resultante de uma proposta é considerado anormalmente baixo. 3 - O programa do concurso pode prever adjudicações de propostas por lotes, devendo, nesse caso, identificar as regras específicas aplicáveis a cada lote. 4 - O programa do concurso pode ainda conter quaisquer regras específicas sobre o procedimento de concurso público consideradas convenientes pela entidade adjudicante, desde que não tenham por efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência. 5 - Para a formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas

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entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o programa do concurso pode conter regras destinadas a proteger o carácter confidencial das informações contidas nas peças do procedimento. 6 - As normas do programa do concurso prevalecem sobre quaisquer indicações constantes dos anúncios com elas desconformes. NA 1 - V. NJ 1 do artigo 86.º. 2 - Quanto à leitura do disposto no art. 132.º, n.º 2, V. a NJ 2 do art. 71.º. 3 - Quanto à leitura do disposto no art. 132.º, n.º 6, V. a NJ 1 do art. 64.º. Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão do TC de 08/09/2009, Proc. n.º 1312/09) duas situações distintas: a) Habilitações exigidas aos concorrentes: a omissão no programa de concurso da categoria adequada à obra, quanto à classificação de empreiteiro geral de 2.ª categoria, e a não exigência das subcategorias relativas aos restantes trabalhos especializados que fazem parte da obra, e que representam mais de 50% do valor desta; b) Habilitações apresentadas: a falta das habilitações exigidas no programa de concurso pelo adjudicatário, i.e., empreiteiro geral da 2.ª categoria em classe que cubra o valor global da proposta. Entendeu o Douto Tribunal que a classificação de empreiteiro adequada seria a de obras de urbanização, na classe 3, ora nenhuma das empresas consorciadas (o adjudicatário é um consórcio) apresentava classe que cobrisse o valor global da proposta. A falta das habilitações necessárias, pelo adjudicatário, viola o disposto no art. 31.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 12/2004, de 09/01, n.º 1, da Portaria n.º 1371/2008, de 02/12, e nos arts. 132.º, n.º 1, al. f) e 81.º, n.ºs 2, 6 e 8, ambos do CCP. Assim, o programa de concurso ao permitir a candidatura de empresas desprovidas das habilitações necessárias – o que originou a adjudicação a quem não reunia as condições técnicas adequadas à realização da obra –, potenciou a alteração do resultado financeiro do contrato de empreitada, o que nos termos do art. 44.º, n.º 3, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08, determinou a recusa de visto. O Acórdão do TC n.º 02/10, de 17/02/10 (Recurso Ordinário n.º 23/09), manteve o Acórdão n.º 145/2009 do TC de 08/09/2009. Fiscalização administrativa 1 – O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 18/02/2011, Proc. n.º 01503/10.4BEPRT, in www.dgsi.pt), apreciando a possibilidade de, após a fase de apresentação das propostas, serem acrescentados subcritérios, e coeficientes de ponderação autónomas, explicitando e inovando a fórmula de cálculo da proposta economicamente mais vantajosa, entendeu que, ficando “(U) Provado que apenas em 22.03.2010, após elaboração do Relatório Preliminar de Análise de Propostas e sua notificação aos concorrentes para efeitos de audiência prévia, e na sequência de pedido da Autora, ora Recorrida, de que fosse informada sobre a lista de preços unitários de referência utilizada pelo Júri na sua análise, é que foi por este disponibilizada na plataforma de contratação electrónica quer a ‘Lista de Preços Unitários de Referência’, quer os ‘Critérios de Avaliação do Factor Qualidade Técnica da Proposta’ (cfr. supra alíneas D) a F) da factualidade provada)”: a) com os referidos ‘Critérios de Avaliação do Factor Qualidade Técnica da Proposta’, “definidos já na fase de avaliação das propostas, como a entidade demandada reconhece, alterou-se efectivamente o modelo de avaliação das propostas fixado no art. 12.º, nº 4 do Programa de Concurso, assim tendo sido infringido o disposto no art. 132.º, n.º 1, al. n), conjugado com o art. 139.º, ambos do Código de Contratos Públicos, bem como os princípios invocados pela Autora da transparência e imparcialidade, da igualdade e da concorrência, da publicidade, da estabilidade do concurso, da boa-fé e da prossecução do interesse público (artigo 266º, n.º2, da Constituição da República Portuguesa, artigo 2º

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da Directiva 2004/18/CE, artigos 4º, 5º, 6º e 6º-A do Código de Procedimento Administrativo, e artigo 1º, n.º4, do Código de Contratos Públicos); b) Com a “Lista de Preços Unitários de Referência” divulgada “Apenas na mesma fase de avaliação dos concorrentes (U) constituindo a mesma um elemento fundamental na avaliação do subfactor ‘Coerência dos Preços Unitários’ do factor Preço, a mesma deveria integrar os documentos do concurso e ser disponibilizada aos concorrentes na fase de apresentação das propostas, e não na fase de avaliação das mesmas, como aconteceu”, o que determina a violação dos preceitos e princípios supra. Artigo 133.º Consulta e fornecimento das peças do procedimento 1 - O programa do concurso e o caderno de encargos devem estar disponíveis nos serviços da entidade adjudicante, para consulta dos interessados, desde o dia da publicação do anúncio, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 130.º, até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas. 2 - As peças do concurso devem ser integralmente disponibilizadas, de forma directa, na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. 3 - A disponibilização das peças do concurso a que se refere o número anterior pode depender do pagamento à entidade adjudicante de um preço adequado. 4 - Os serviços da entidade adjudicante devem registar o nome e o endereço electrónico dos interessados que adquiram as peças do concurso. 5 - A aquisição das peças do concurso não constitui, em caso algum, condição de participação no mesmo. 6 - Quando, por qualquer motivo, o programa do concurso ou o caderno de encargos não tiverem sido disponibilizados, nos termos do disposto no n.º 2, desde o dia da publicação do anúncio referido no n.º 1 do artigo 130.º, o prazo fixado para a apresentação das propostas deve ser prorrogado, a pedido dos interessados, no mínimo por período equivalente ao do atraso verificado. 7 - A decisão de prorrogação prevista no número anterior cabe ao órgão competente para a decisão de contratar e deve ser junta às peças do procedimento e notificada a todos os interessados que as tenham adquirido, publicando-se imediatamente aviso daquela decisão, nos mesmos termos em que foi publicitado o anúncio do procedimento. NA 1 - No âmbito de cada procedimento de formação de um contrato, a plataforma electrónica garante o acesso exclusivo dos interessados às peças do procedimento, aos esclarecimentos e às rectificações da autoria da entidade adjudicante (V. o art. 12.º, n.º 1, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 2 - As plataformas electrónicas mantêm em vigor um sistema que deve permitir identificar a entidade ou a pessoa que acedeu às peças do procedimento (V. o art. 16.º do Decreto-Lei n.º 16.º, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). 3 - Resulta do art. 133.º que a possibilidade da prorrogação do prazo de apresentação das propostas, por incumprimento do art. 133.º, n.º 1, exige que a entidade adjudicante afira da legitimidade do requerente (a posição de interessado, para este efeito, adquire-se com a aquisição das peças, cf. art. 64.º, n.º 3, CCP), e do dever legal de prolactar a decisão sobre o pedido de prorrogação (como resulta do art. 133.º, n.º 6, apenas a disponibilização tardia do programa do procedimento e do caderno de encargos, são fundamento para o pedido de prorrogação). Fiscalização administrativa 1 – Em procedimento de formação de contrato de aquisição de serviços, entendeu o TCAS (V. o Acórdão de 18/11/2010, Proc. n.º 06524/10, in www.dgsi.pt), que perante o tipo de contrato e o documento em causa, não estava preenchido os requisitos para a prorrogação do prazo de apresentação das propostas, atento o art. 133.º, n.º 6, in fine. Vejamos um extracto do Aresto:

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“ (U) Atento o tipo específico de procedimento, as peças do procedimento legalmente previstas para o concurso público são o caderno de encargos e o programa do concurso, devendo ser disponibilizadas desde o dia da publicação do anúncio no DR até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, prazo prorrogável em caso de atraso e pelo período mínimo desse mesmo atraso, a pedido do interessado, mediante decisão do órgão competente para a decisão de contratar, a notificar e publicitar, – vd. arts. 40.º n.º 1 b) e 133.º nºs. 1, 2, 6 e 7, CCP. Na circunstância, o art. 5.º do Programa refere que “os interessados poderão obter cópias devidamente autenticados das peças escritas e desenhadas do Procedimento”, sendo que do ponto 3 do probatório “Na Memória Descritiva anexa ao Caderno de Encargos consta na página 16 que o projecto de execução é da responsabilidade do Arquitecto Nuno R. Lopes e pode ser consultado nas instalações da entidade adjudicante.”. Sustenta a ora Recorrente que o mencionado projecto de execução é a peça desenhada que, nas condições do artº 5º do Programa do concurso público, os concorrentes podem obter por cópia devidamente autenticada, desde que solicitada em tempo útil. Na economia do CCP, concretamente nos termos do artº 43º nº 1 b) CCP o projecto de execução “(..) é uma peça obrigatória do procedimento pré-contratual das obras públicas, integrando o respectivo caderno de encargos (43º/1 e 43º/3) o qual padece de nulidade no caso da sua falta [43º/8 a)] (..)” (9) Sucede, ademais, que as expressões de “peças escritas” e “peças desenhadas” constituem terminologia usual dos textos legais que dispõem sobre as peças do procedimento nas empreitadas de obras públicas, nomeadamente no DL 495/93 de 10.12 o art. 60.º e no DL 59/99 de 02.03 o art. 63.º, em ordem a definir a obra a executar. Donde se conclui que no tocante ao preciso procedimento concursal de aquisição de serviços o mencionado projecto de execução a que se refere a Memória Descritiva anexa ao Caderno de Encargos, não tem a natureza de peça legal do procedimento – não se trata de empreitada de obra pública – e, pelo tanto, não lhe é aplicável o regime do art. 133.º CCP, v.g. no tocante à prorrogação do prazo de entrega das propostas”. Artigo 134.º Devolução do preço pago pela disponibilização das peças do concurso O preço pago à entidade adjudicante pela disponibilização das peças do concurso é devolvido aos concorrentes que o requeiram quando: a) As respectivas propostas não sejam excluídas ou retiradas; b) O órgão competente para a decisão de contratar decida não adjudicar com fundamento no disposto nas alíneas c) e d) do n.º 1 do artigo 79.º; c) O órgão competente para a decisão de contratar revogar esta decisão com fundamento no n.º 2 do artigo 80.º; d) O concorrente fique objectivamente impedido de celebrar o contrato na sequência da rectificação ou da expressa aceitação de erros ou omissões das peças do concurso. SECÇÃO II Apresentação das propostas Artigo 135.º Prazo mínimo para a apresentação das propostas em concursos públicos sem publicidade internacional 1 - Quando o anúncio do concurso público não seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das propostas inferior a 9 dias ou, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada de obras públicas, a 20 dias, a contar da data do envio, para publicação, do anúncio previsto no n.º 1 do artigo 130.º 2 - Em caso de manifesta simplicidade dos trabalhos necessários à realização da obra, o prazo mínimo de 20 dias referido no número anterior pode ser reduzido em até 11 dias. Fiscalização financeira

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1 - Não se podem considerar obras de manifesta simplicidade, “obras de ampliação e requalificação de um estabelecimento de ensino”, a que acresce o facto do valor do contrato ser de 899.491,79 € (in Acórdão n.º 43/2010 do TC de 17/12/2010, Proc. n.º 1373/2010). 2 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 43/2010 do TC de 17/12/2010, Proc. n.º 1373/2010) a interpretação do disposto no artigo 135.º, do CCP, em que considerou o seguinte: “Ora, se repararmos na redacção do artigo 135.º, n.º 1, do mesmo Código, no concerne, especificamente, ao prazo mínimo para a apresentação de propostas, logo verificamos que este estipula que, no caso de se tratar de um procedimento para a formação de um contrato de empreitada de obras públicas, tal prazo mínimo é de 20 dias, a contar do envio do anúncio do concurso para publicação. Só em caso de manifesta simplicidade dos trabalhos necessários à realização da obra, é que o CCP, no n.º 2, do mesmo artigo 135.º, estabelece que aquele prazo mínimo, para a apresentação de propostas, pode ser reduzido em 11 dias, ou seja, pode a apresentação de propostas ser efectuada num prazo de apenas 9 dias”. “Assim, cabe perguntar se, para a apresentação de propostas para um concurso de empreitada de obras públicas, é suficiente o prazo de seis dias, tal como foi estabelecido no caso em apreço. É que será questionável se o referido prazo de seis dias permite a elaboração completa, fundamentada e consistente de propostas para a realização da obra posta a concurso. Além disso, também se pode questionar se aquele prazo de seis dias permite o acesso, ao concurso, do mais vasto leque possível de concorrentes e, com isso, a observância dos princípios da igualdade e da concorrência estabelecidos no artigo 1.º, n.º 4, do CCP. Para estas questões a resposta é negativa”. “Só a estipulação de tal prazo [definido no artigo 135.º, n.º 1] permitiria garantir um verdadeiro processo concorrencial e uma igualdade de oportunidade, efectiva, entre os diversos agentes económicos interessados em apresentar-se ao concurso”. 2 - Artigo 136.º Prazos mínimos para a apresentação das propostas em concursos públicos com publicidade internacional 1 - Quando o anúncio do concurso público seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das propostas inferior a 47 dias a contar da data do envio desse anúncio ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias. 2 - Quando tenha sido publicado o anúncio de pré-informação previsto no artigo 34.º ou o anúncio periódico indicativo previsto no artigo 35.º, e desde que o mesmo contemple as prestações objecto do contrato a celebrar, o prazo mínimo referido no número anterior é de 36 dias, podendo ser de 22 dias desde que: a) O anúncio de pré-informação ou o anúncio periódico indicativo tenha sido enviado para publicação com uma antecedência mínima de 52 dias e máxima de 12 meses em relação à data do envio do anúncio previsto no número anterior; e b) O anúncio de pré-informação ou o anúncio periódico indicativo tenha incluído todas as informações, disponíveis à data da sua publicação, exigidas, respectivamente, pelo anexo ii ou pelo anexo v do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 3 - Os prazos mínimos para a apresentação das propostas previstos nos números anteriores podem ser reduzidos em até sete dias quando o anúncio referido no n.º 1 for preparado e enviado por meios electrónicos conforme formato e modalidades de transmissão indicados no portal da Internet http://simap.eu.int. 4 - Quando o contrato a celebrar diga directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o prazo mínimo para a apresentação das propostas, de 22 dias, previsto no n.º 2, pode ser reduzido nos termos previstos no n.º 3. Artigo 137.º Retirada da proposta

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1 - Até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, os interessados que já as tenham apresentado podem retirá-las, bastando comunicarem tal facto à entidade adjudicante. 2 - O exercício da faculdade prevista no número anterior não prejudica o direito de apresentação de nova proposta dentro daquele prazo. Artigo 138.º Lista dos concorrentes e consulta das propostas apresentadas 1 - O júri, no dia imediato ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, procede à publicitação da lista dos concorrentes na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. 2 - Mediante a atribuição de um login e de uma password aos concorrentes incluídos na lista é facultada a consulta, directamente na plataforma electrónica referida no número anterior, de todas as propostas apresentadas. 3 - O interessado que não tenha sido incluído na lista dos concorrentes pode reclamar desse facto, no prazo de três dias contados da publicitação da lista, devendo para o efeito apresentar comprovativo da tempestiva apresentação da sua proposta. 4 - Caso a reclamação prevista no número anterior seja deferida mas não se encontre a proposta do reclamante, o júri fixa-lhe um novo prazo para a apresentar, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 e 2. NA 1 - A plataforma electrónica disponibiliza à entidade adjudicante as listas ordenadas actualizadas dos interessados e dos concorrentes (V. art. 11.º, n.º 4, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 2 - “A publicitação da lista dos concorrentes, ao abrigo do n.º 1 do artigo 138.º do CCP, não tem qualquer tipo de restrição de acesso” (V. art. 12.º, n.º 6, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 3 - Após a abertura das propostas pelo júri, as plataformas electrónicas devem garantir o acesso exclusivo, por parte das entidades incluídas na lista dos concorrentes, a todas as propostas apresentadas, bem como a todos os demais actos ou formalidades procedimentais relativos à fase posterior à apresentação das propostas que, nos termos do disposto no CCP, devam ser publicitados na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante (V. art. 12.º, n.º 2, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 4 - “No caso de classificação de determinados documentos que constituem a proposta, nos termos do artigo 66.º do CCP, as plataformas electrónicas devem estar aptas a disponibilizar para consulta dos restantes concorrentes, nos termos do n.º 2 do artigo 138.º do CCP, apenas os documentos não classificados da mesma” (V. art. 12.º, n.º 3, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 5 - A disponibilização referida na nota anterior ocorre de forma automática, tendo por base a sinalização feita pelo interessado durante o carregamento do documento classificado, nos termos do n.º 16 do artigo 18.º, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 66.º do CCP (V. art. 12.º, n.º 3, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho). 6 - Ver NA do artigo 66.º do CCP. SECÇÃO III Avaliação das propostas Artigo 139.º Modelo de avaliação das propostas 1 - No caso de o critério de adjudicação adoptado ser o da proposta economicamente mais vantajosa, o modelo de avaliação das propostas deve ser elaborado de acordo com o disposto nos n.os 2 a 4.

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2 - A pontuação global de cada proposta, expressa numericamente, corresponde ao resultado da soma das pontuações parciais obtidas em cada factor ou subfactor elementar, multiplicadas pelos valores dos respectivos coeficientes de ponderação. 3 - Para cada factor ou subfactor elementar deve ser definida uma escala de pontuação através de uma expressão matemática ou em função de um conjunto ordenado de diferentes atributos susceptíveis de serem propostos para o aspecto da execução do contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos respeitante a esse factor ou subfactor. 4 - Na elaboração do modelo de avaliação das propostas não podem ser utilizados quaisquer dados que dependam, directa ou indirectamente, dos atributos das propostas a apresentar, com excepção dos da proposta a avaliar. 5 - As pontuações parciais de cada proposta são atribuídas pelo júri através da aplicação da expressão matemática referida no n.º 3 ou, quando esta não existir, através de um juízo de comparação do respectivo atributo com o conjunto ordenado referido no mesmo número. NA 1 - V. Anotação ao art. 132.º do CCP. NJ 1 - Apreciando a um pedido de anulação do acto de adjudicação, com fundamento no vício de violação de lei, por ofensa do disposto no art. 139.º, n.º 4 do CCP, entendeu o TCAS (V. o Acórdão de 17/06/2010, Proc. n.º 06375/10) que in casu a entidade adjudicante tinha estabelecido no programa de concurso, quanto ao modelo de avaliação, que o factor “preço” deveria ser avaliado considerando o valor de cada proposta, partindo da referência o “valor atribuído à proposta de preço mais baixo”. Ora o preceito ut retro embora não proíba a avaliação relativa das propostas, o mesmo é dizer, a sua comparação, vem impedir que no programa do concurso sejam definidas as pontuações a atribuir a cada uma das propostas em função das características ou atributos duma outra, ou seja, a norma em causa proíbe a utilização de formas de avaliação de preço que definam a pontuação a atribuir em função da aproximação ou afastamento de cada uma das propostas da proposta de preço mais baixo ou do preço base do concurso. Em consequência o Douto Tribunal defende que o adjudicatário deve ser escolhido [exclusivamente] em função das características ou dos atributos da sua proposta, pelo que os elementos que irão determinar essa escolha devem estar pré-definidos de tal forma que permita aos concorrentes adaptar as suas propostas aos interesses da entidade adjudicante, maximizando dessa forma as hipóteses da sua proposta vir a ser escolhida, garantindo, por outro lado, que não ocorrerá violação do princípio da imparcialidade. 2 – No mesmo sentido, do Aresto citado na nota anterior, o TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 19/01/2011, Proc. n.º 06497/10), no que aqui se releva, considerou que o factor preço calculado pela fórmula Vp/VPx12, em que Vp é o preço da proposta mais baixa e VP é o preço da proposta em análise, viola o disposto no art. 139.º, n.º 4 do CCP, pois o preço da proposta mais baixa, influencia a cotação das demais. SECÇÃO IV Leilão electrónico Artigo 140.º Âmbito 1 - No caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços, a entidade adjudicante pode recorrer a um leilão electrónico que consiste num processo interactivo baseado num dispositivo electrónico destinado a permitir aos concorrentes melhorar progressivamente os atributos das respectivas propostas, depois de avaliadas, obtendo-se a sua nova pontuação global através de um tratamento automático.

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2 - Só podem ser objecto de um leilão electrónico os atributos das propostas, desde que: a) O caderno de encargos fixe os parâmetros base dos respectivos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência; e b) Tais atributos sejam definidos apenas quantitativamente. 3 - A entidade adjudicante não pode utilizar o leilão electrónico de forma abusiva ou de modo a impedir, restringir ou falsear a concorrência. Artigo 141.º Indicações relativas ao leilão electrónico Quando a entidade adjudicante decidir utilizar um leilão electrónico, o programa do concurso deve indicar, para além dos elementos referidos no artigo 132.º: a) Os atributos das propostas objecto do leilão electrónico; b) As condições em que os concorrentes podem propor novos valores relativos aos atributos das propostas objecto do leilão electrónico, nomeadamente as diferenças mínimas exigidas entre licitações; c) Outras regras de funcionamento do leilão electrónico; d) As informações relativas ao dispositivo electrónico a utilizar e às modalidades e especificações técnicas de ligação dos concorrentes ao mesmo. Artigo 142.º Convite 1 - Todos os concorrentes são simultaneamente convidados pela entidade adjudicante, por via electrónica, a participar no leilão electrónico. 2 - O convite previsto no número anterior deve indicar: a) A pontuação global e a ordenação da proposta do concorrente convidado; b) A data e a hora de início do leilão; c) O modo de encerramento do leilão. Artigo 143.º Regras do leilão electrónico 1 - Não pode ser dado início ao leilão electrónico antes de decorridos, pelo menos, dois dias a contar da data do envio dos convites. 2 - O dispositivo electrónico utilizado deve permitir informar permanentemente todos os concorrentes acerca da pontuação global e da ordenação de todas as propostas, bem como dos novos valores relativos aos atributos das propostas objecto do leilão. NA 1 - Durante a fase de leilão electrónico não é exigível a utilização de assinaturas electrónicas para a apresentação das propostas (V. art. 20.º, do Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho). Artigo 144.º Confidencialidade No decurso do leilão electrónico, a entidade adjudicante não pode divulgar, directa ou indirectamente, a identidade dos concorrentes que nele participam. Artigo 145.º Modos de encerramento do leilão electrónico 1 - A entidade adjudicante pode encerrar o leilão electrónico: a) Na data e hora previamente fixadas no convite para participação no leilão electrónico; ou b) Quando, decorrido o prazo máximo contado da recepção da última licitação, não receber novos valores correspondentes às diferenças mínimas exigidas entre licitações. 2 - O prazo máximo referido na alínea b) do número anterior deve ser fixado no convite para participação no leilão electrónico. SECÇÃO V Preparação da adjudicação

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Artigo 146.º Relatório preliminar 1 - Após a análise das propostas, a utilização de um leilão electrónico e a aplicação do critério de adjudicação constante do programa do concurso, o júri elabora fundamentadamente um relatório preliminar, no qual deve propor a ordenação das mesmas. 2 - No relatório preliminar a que se refere o número anterior, o júri deve também propor, fundamentadamente, a exclusão das propostas: a) Que tenham sido apresentadas depois do termo fixado para a sua apresentação; b) Que sejam apresentadas por concorrentes em violação do disposto no n.º 2 do artigo 54.º; c) Que sejam apresentadas por concorrentes relativamente aos quais ou, no caso de agrupamentos concorrentes, relativamente a qualquer dos seus membros, a entidade adjudicante tenha conhecimento que se verifica alguma das situações previstas no artigo 55.º; d) Que não sejam constituídas por todos os documentos exigidos nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 57.º; e) Que não cumpram o disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 57.º ou nos n.os 1 e 2 do artigo 58.º; f) Que sejam apresentadas como variantes quando estas não sejam admitidas pelo programa do concurso, ou em número superior ao número máximo por ele admitido; g) Que sejam apresentadas como variantes quando, apesar de estas serem admitidas pelo programa do concurso, não seja apresentada a proposta base; h) Que sejam apresentadas como variantes quando seja proposta a exclusão da respectiva proposta base; i) Que violem o disposto no n.º 7 do artigo 59.º; j) Que, identificando erros ou omissões das peças do procedimento, não cumpram o disposto no n.º 7 do artigo 61.º; l) Que não observem as formalidades do modo de apresentação das propostas fixadas nos termos do disposto no artigo 62.º; m) Que sejam constituídas por documentos falsos ou nas quais os concorrentes prestem culposamente falsas declarações; n) Que sejam apresentadas por concorrentes em violação do disposto nas regras referidas no n.º 4 do artigo 132.º, desde que o programa do concurso assim o preveja expressamente; o) Cuja análise revele alguma das situações previstas no n.º 2 do artigo 70.º 3 - Quando o mesmo concorrente apresente mais de uma proposta, em violação do disposto no n.º 7 do artigo 59.º, ou um número de propostas variantes superior ao número máximo admitido pelo programa de concurso, de acordo com o disposto na alínea j) do n.º 1 do artigo 132.º, o júri deve também propor a exclusão de todas as propostas por ele apresentadas. 4 - Do relatório preliminar deve ainda constar referência aos esclarecimentos prestados pelos concorrentes nos termos do disposto no artigo 72.º 5 - Quando, nos termos do disposto na secção seguinte, seja adoptada uma fase de negociação aberta a todos os concorrentes cujas propostas não sejam excluídas, o júri não deve aplicar o critério de adjudicação nem propor a ordenação das propostas no relatório preliminar para efeitos do disposto no n.º 1. NA 1 - Relativamente ao disposto no art. 146.º, n.º 2, alínea d), V. a anotação ao artigo 57.º, do CCP. 2 - Relativamente ao disposto no art. 146.º, n.º 2, alínea f), V. a anotação ao artigo 59.º, do CCP. 3 - Relativamente ao disposto no art. 146.º, n.º 2, alínea j), V. a anotação ao artigo 61.º, do CCP. 4 - Relativamente ao disposto no art. 146.º, n.º 2, alínea m), quanto aos documentos de habilitação, V. o disposto no art. 87.º, do CCP. NJ

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1 - Para o TCAS (V. o Acórdão de 15/04/2010, Proc. n.º 06048/10) o relatório preliminar tem de ser fundamentado, de modo a permitir que os concorrentes estejam habilitados a pronunciarem-se sobre ele e a efectuarem as observações que terão de ser ponderadas no relatório final. Carece de fundamentação o relatório preliminar onde a pontuação das propostas segundo cada critério ou factor de adjudicação não é acompanhada de qualquer juízo qualitativo, seja em termos de mérito relativo, seja em termos de mérito absoluto. 2 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAS de 15/10/2010, Proc. n.º 00420.09.5BEBRG, in www.dgsi.pt) apreciou um caso em que do acto de adjudicação, do relatório preliminar e final, “não resulta a motivação da decisão, com a clareza, a contextualidade, a congruência e a suficiência legalmente exigidas”. In casu “O júri nos respectivos relatórios não explicitou com suficiência, clareza e congruência, a motivação da pontuação atribuída aos sub critérios da “memória descritiva e justificativa” e do ‘plano de trabalhos’ [e sub-sub critério do ajustamento entre plano de mão-de-obra e plano de equipamentos, com o plano de trabalhos e sua exequibilidade U] já que, pese embora, lhes atribua determinados valores quantitativos o que se constata é que no desenvolvimento de considerações de idêntico teor justificativas daqueles valores acaba por pontuar de modo diverso as propostas das várias concorrentes. Com efeito, tendo sido consideradas todas com o mesmo qualificativo de “boas” obtém pontuações que, sem justificação mínima, plausível, clara, concreta e contextual, oscilam entre os «14» e os «16» valores [v.g., no âmbito do sub critério da “memória descritiva e justificativa”] e entre os «15» e os «16» valores [v.g., no âmbito do sub critério do “plano de trabalhos” quanto ao sub item do “ajustamento entre plano de mão-de-obra e plano de equipamentos, com o plano de trabalhos e sua exequibilidade U”], na certeza de que esta conclusão não é afastada ou abalada, no nosso juízo, pela frase vaga e conclusiva ali aposta de que a ‘U diferença na classificação entre as várias propostas deve-se ao facto de haver uma maior clarificação na exposição de umas relativamente às outras U’. Daí que no desenvolvimento do que se expõe não se afigura haver incorrido a decisão judicial recorrida em erro de julgamento quando sustenta que ‘U in casu, não foi apresentada qualquer justificação para o facto de a uns concorrentes ter sido atribuída a classificação de 15 valores e a outros de 16 e 17 valores. Com efeito se, quanto aos concorrentes classificados com 17 valores se refere, insuficientemente, que verificavam, expunham ou cumpriam na sua quase totalidade, relativamente aos concorrentes classificados com 15 e com 16 valores refere-se indistintamente que as propostas «verificam, expunham ou cumpriam nos seus aspectos essenciais» não se compreendendo em que medida se distinguem ou seja as razões da diferente pontuação atribuída U’. Temos, por conseguinte, de considerar que o acto [e contrato] objecto de impugnação não se mostra dotado da fundamentação legalmente imposta, sendo de exigir mais da parte da Administração na e para a perfeição da explicitação/motivação da decisão concursal de adjudicação [e contrato outorgado na sua sequência], sob pena de se cercear o cabal exercício das garantias administrativas e contenciosas dos concorrentes preteridos. Em resumo, analisado procedimento e motivação que foram desenvolvidos no concurso em análise temos que os mesmos não se mostram elaborados em consonância com o quadro legal enunciado sob o ponto 3.2.3.2.1 [i.e., arts. 68.º, n.º 3, 69.º, 148.º, n.ºs 3 e 4, todos do CCP, e art. 124.º, do CPA]), sem que este concreto juízo se mostre minimamente firmado em divergência com orientação jurisprudencial firmada nesta sede. De tudo o supra exposto temos, pois, que a decisão judicial ao concluir pela procedência da ilegalidade formal (falta de fundamentação) não enferma do erro de julgamento que lhe foi assacado no presente recurso”. 3 - “Neste sentido, o regime do art. 146.º n.º 2, al. d) do CCP com remissão expressa para o art. 57.º n.º 1, incluindo, pois, a omissão de documento (constitutivo e obrigatório) justificativo de preço proposto, anormalmente baixo no confronto com o preço base fixado no caderno de encargos pela entidade adjudicante, calculado de acordo com o

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estabelecido no art. 71.º n.º 1, al. b) do CCP, o que significa a exclusão da proposta como determina a alínea o) do art. 146.º n.º 2, com remissão expressa para o art. 70.º n.º 2 que, na al. e) considera o preço anormalmente baixo cujas justificações não tenham sido apresentadas. O que significa que se configura como anormalmente baixo todo o valor que, por reporte ao preço base fixado e numa variação para menos, se afaste em 50% ou mais do preço base; ou seja, no caso em apreço, atento o preço base de 1 400 000,00€ é anormalmente baixo um preço de 700 000,00€ ou inferior” (V. o Acórdão do TCAS de 19/01/2011, Proc. n.º 07039/10, in www.dgsi.pt). 4 – “I - Considera-se satisfeito o dever de fundamentação da classificação operada desde que se mostrem vertidas na grelha classificativa prévia elaborada pelo Júri as valorações atribuídas a cada item, e que, posteriormente, seja consignada em acta a pontuação obtida sem necessidade de se justificar aquela pontuação, sob pena de se incorrer em fundamentação da própria fundamentação” (V. o Acórdão do TCAS de 27/01/2011, Proc. n.º 06859/10). Artigo 147.º Audiência prévia Elaborado o relatório preliminar, o júri procede à audiência prévia nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 123.º Artigo 148.º Relatório final 1 - Cumprido o disposto no artigo anterior, o júri elabora um relatório final fundamentado, no qual pondera as observações dos concorrentes efectuadas ao abrigo do direito de audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as conclusões do relatório preliminar, podendo ainda propor a exclusão de qualquer proposta se verificar, nesta fase, a ocorrência de qualquer dos motivos previstos no n.º 2 do artigo 146.º 2 - No caso previsto na parte final do número anterior, bem como quando do relatório final resulte uma alteração da ordenação das propostas constante do relatório preliminar, o júri procede a nova audiência prévia, nos termos previstos no artigo anterior, sendo subsequentemente aplicável o disposto no número anterior. 3 - O relatório final, juntamente com os demais documentos que compõem o processo de concurso, é enviado ao órgão competente para a decisão de contratar. 4 - Cabe ao órgão competente para a decisão de contratar decidir sobre a aprovação de todas as propostas contidas no relatório final, nomeadamente para efeitos de adjudicação ou para efeitos de selecção das propostas ou dos concorrentes para a fase de negociação quando, nos termos do disposto na secção seguinte, seja adoptada essa fase. Fiscalização administrativa 1 - Embora o Acórdão tenha decidido o recurso da sentença da acção administrativa de contencioso pré-contratual com pedido de impugnação do acto de exclusão praticado num procedimento adjudicatório regido pelo Decreto-Lei n.º 197/99, de 08 de Junho, releva no novo regime a doutrina do TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 19/11/2009, Proc. n.º 05418/09, in www.dgsi.pt): “A exclusão da proposta constitui uma deliberação vinculada do júri [hodiernamente, do órgão decidente] do concurso, sob pena de violação do princípio da legalidade”, uma vez que a apresentação do documento se destinava a garantir o cumprimento de uma exigência do programa do concurso. A omissão do documento era cominada no programa do concurso com a exclusão das propostas, em situações como a configurada nos autos. 2 - Apreciou o TCAS (V. o Acórdão do TCAS de 27/01/2011, Proc. n.º 06859/10), no que aqui se releva, um caso de remissão efectuada no relatório final para o relatório

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preliminar, quanto à fundamentação da ordenação das propostas (tendo sido sindicalizada a possível violação do dever de fundamentação). In casu releva que: No relatório preliminar consta que o critério valorativo segundo o critério da melhor ou pior abordagem detalhada do prosseguimento dos trabalhos e a sua eventual correlação com as especificidades do projecto de execução, se aplica apenas à “Memória Descritiva e Justificativa, quando o referido critério valorativo se aplica também ao Programa de Trabalhos e Nota Justificativa do Preço Proposto”. Não obstante o anterior, no próprio relatório preliminar, adiante, se refere que “a grelha ali existente e que procede à explicitação da apreciação e respectiva classificação a atribuir às propostas, é aplicável à memória descritiva e justificativa, programa de trabalhos e nota justificativa do preço proposto”. Este «lapso» foi referido no próprio relatório final. O Douto Tribunal entendeu que se tratou de um mero lapso de escrita na redacção do relatório preliminar, o qual foi “admitido, explicitado e rectificado no relatório final em apreciação da pronúncia da ora recorrida, em audiência prévia”. SECÇÃO VI Fase de negociação das propostas Artigo 149.º Âmbito 1 - No caso de contratos de concessão de obras públicas ou de concessão de serviços públicos, a entidade adjudicante pode adoptar uma fase de negociação das propostas. 2 - A fase de negociação das propostas pode ser restringida aos concorrentes cujas propostas sejam ordenadas nos primeiros lugares ou aberta a todos os concorrentes cujas propostas não sejam excluídas. Artigo 150.º Indicações relativas à fase de negociação 1 - Quando a entidade adjudicante decidir adoptar uma fase de negociação das propostas, o programa do concurso deve indicar, para além dos elementos referidos no artigo 132.º: a) Se a negociação é restringida aos concorrentes cujas propostas foram ordenadas nos primeiros lugares e, nesse caso, qual o número mínimo e máximo de propostas ou de concorrentes a seleccionar; b) Quais os aspectos da execução do contrato a celebrar que a entidade adjudicante não está disposta a negociar; c) Se a negociação decorrerá, parcial ou totalmente, por via electrónica e os respectivos termos. 2 - Em alternativa à indicação prevista na alínea a) do número anterior, o programa do concurso pode reservar, para o termo da fase de avaliação das propostas, a possibilidade de o órgão competente para a decisão de contratar adoptar uma fase de negociação restringida aos concorrentes cujas propostas foram ordenadas nos primeiros lugares. Artigo 151.º Remissão À negociação e à apresentação das versões finais integrais das propostas é aplicável o disposto no n.º 2 do artigo 118.º e nos artigos 119.º a 121.º, sem prejuízo do disposto na presente secção. Artigo 152.º Segundo relatório preliminar 1 - Após a análise das versões finais das propostas e a aplicação do critério de adjudicação, o júri elabora fundamentadamente um segundo relatório preliminar, no qual deve propor a ordenação das mesmas, podendo ainda propor a exclusão de qualquer proposta se verificar, nesta fase, a ocorrência de qualquer dos motivos previstos no n.º 2 do artigo 146.º 2 - O júri deve também propor a exclusão das versões finais das propostas que sejam apresentadas em violação do disposto na parte final do n.º 1 do artigo 121.º 3 - Quando seja adoptada uma fase de negociação restringida aos concorrentes cujas propostas sejam ordenadas nos primeiros lugares, o júri deve ainda propor a exclusão das versões finais cuja pontuação global seja inferior à das respectivas versões iniciais.

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4 - No caso previsto no número anterior, bem como no caso de o júri propor a exclusão das versões finais das propostas por ocorrer qualquer dos motivos previstos no n.º 2 do artigo 146.º, ou ainda no caso de não serem apresentadas versões finais das propostas, as respectivas versões iniciais mantêm-se para efeitos de adjudicação. Artigo 153.º Audiência prévia Durante a fase de audiência prévia, cada concorrente tem acesso às actas das sessões de negociação com os demais concorrentes e às informações e comunicações escritas de qualquer natureza que estes tenham prestado à entidade adjudicante, bem como às versões finais integrais das propostas apresentadas. Artigo 154.º Segundo relatório final Ao segundo relatório final é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 148.º SECÇÃO VII Concurso público urgente Artigo 155.º Âmbito e pressupostos Em caso de urgência na celebração de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços de uso corrente para a entidade adjudicante, pode adoptar-se o procedimento de concurso público nos termos previstos na presente secção, desde que: a) O valor do contrato a celebrar seja inferior aos referidos na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 20.º, consoante o caso; e b) O critério de adjudicação seja o do mais baixo preço. NL 1 - O Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 1 de Março, no artigo 35.º, determina um regime especial de escolha do procedimento adjudicatório por concurso público urgente para a formação de contratos de empreitada, de que se destaca o seguinte: a) Exige-se que se trate de um projecto co-financiado por fundos comunitários; o valor do contrato seja inferior ao referido no art. 19.º, al. b) CCP, e que o critério de adjudicação seja o do mais baixo preço (V. artigo 35.º, n.º 4); b) Quanto à exigência de caução é aplicável o disposto nos arts. 88.º a 91.º, do CCP, excepcionando, nesta matéria, o art. 156.º, n.º 2 do CCP (V. art. 35.º, n.º 5); c) O prazo mínimo para a apresentação das propostas é de quinze dias (V. art. 35.º, n.º 6). Fiscalização financeira 1 - O TC apreciou um caso em que se questionava a legalidade da escolha do procedimento adjudicatório por concurso público urgente (V. o Acórdão n.º 43/2010 do TC de 17/12/2010, Proc. n.º 1373/2010). Analisando o Douto Tribunal da verificação do pressuposto prévio que determina a admissibilidade deste tipo de procedimento, i.e., a urgência na celebração do contrato (V. artigo 155.º, n.º 1, ab initio), entendeu que: “Uma vez que a caracterização e o preenchimento do conceito de urgência, carece apreciação casuística, pode afirmar-se que, para que uma situação possa ser considerada de urgência, terá que se estar perante um caso em que a utilização de um procedimento normal resultaria ineficaz ou revelar-se-ia inidóneo para dar, em tempo oportuno, a resposta necessária. Há que assinalar, aliás, que a urgência se distingue da celeridade, dever que impende sobre a Administração, nos termos do disposto no artigo 57.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA). Na verdade, a celeridade procura atingir outros valores, designadamente a prontidão e a eficácia da acção administrativa. Ao invés, uma situação de urgência tem a ver com casos em que a Administração se vê confrontada com uma circunstância de risco ou perigo iminente e actual que ameace seriamente a satisfação de certo interesse público ou a satisfação prioritária de certos

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interesses públicos. No caso sub judice, porém, não se configura qualquer situação de urgência, com estes contornos, que tenha sido determinante da adopção do modelo de concurso público urgente”. Na verdade, a entidade adjudicante invocou como fundamento da urgência, a utilização de fundos comunitários, mas é jurisprudência pacífica do TC que tal fundamento não é justificativo da urgência (cita-se os Acórdãos n.ºs 155/2001, de 2/10/2001, Proc. n.º 2158/2001, 104/99, de 7/12/2009, Proc. n.º 13.774/99, e Acórdão de 25/05/1999, Recurso Ordinário n.º 14/99). Artigo 156.º Tramitação 1 - O procedimento de concurso público urgente rege-se, com as necessárias adaptações, pelas disposições que regulam o concurso público, em tudo o que não esteja especialmente previsto nos artigos seguintes ou que com eles seja incompatível. 2 - Ao procedimento de concurso público urgente não é aplicável, nomeadamente, o disposto nos artigos 50.º, 61.º, 64.º, 67.º a 69.º, 72.º, 88.º a 91.º, 133.º, 138.º e 146.º a 154.º. Artigo 157.º Anúncio 1 - O concurso público urgente é publicitado no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - O programa do concurso e o caderno de encargos constam do anúncio previsto no número anterior. NL 1 - O modelo de anúncio do concurso público urgente consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. NA 1 - A data e a hora de envio do anúncio para publicação são inseridas no corpo do anúncio automaticamente, após o pagamento do mesmo (cf. art. 5.º, n.º 5 da Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho). Fiscalização financeira 1 - “Uma das formalidades essenciais a observar, no concurso público urgente, é, como se dispõe no artigo 157.º, n.º 1, do CCP, a publicitação do mesmo no Diário da República, através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. Por outro lado, devem constar do anúncio, o programa do concurso e o caderno de encargos, de harmonia com o definido no n.º 2, do mesmo artigo 157.º, do CCP. Acontece que a portaria, atrás referida, é a Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho, a qual, de acordo com o seu artigo 1.º, n.º 1, al. b), contém no seu Anexo II, o modelo de anúncio de concurso público urgente. Tal modelo especifica que o anúncio deste concurso deve incluir informação, designadamente, sobre o “objecto do contrato” (vide o ponto 2 do modelo), e, dentro deste, a designação do contrato, com a descrição sucinta do seu objecto, bem como o tipo de contrato (locação de bens imóveis/aquisição de bens móveis/aquisição de serviços)” (in Acórdão n.º 43/2010 do TC de 17/12/2010, Proc. n.º 1373/2010). Artigo 158.º Prazo mínimo para a apresentação das propostas O prazo mínimo para a apresentação das propostas é de vinte e quatro horas, desde que estas decorram integralmente em dias úteis. Artigo 159.º Prazo da obrigação de manutenção das propostas

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O prazo da obrigação de manutenção das propostas é de 10 dias, não havendo lugar a qualquer prorrogação. Artigo 160.º Adjudicação 1 - Da decisão de adjudicação devem constar os motivos da exclusão de propostas enumerados nos n.os 2 e 3 do artigo 146.º 2 - No caso de o mais baixo preço constar de mais de uma proposta, deve ser adjudicada aquela que tiver sido apresentada mais cedo. Artigo 161.º Prazo para a apresentação dos documentos de habilitação Sem prejuízo de o programa do procedimento poder fixar um prazo inferior, o adjudicatário deve apresentar os documentos de habilitação exigidos no prazo de dois dias a contar da data da notificação da adjudicação. CAPÍTULO III Concurso limitado por prévia qualificação SECÇÃO I Disposições gerais Artigo 162.º Regime 1 - O concurso limitado por prévia qualificação rege-se, com as necessárias adaptações, pelas disposições que regulam o concurso público, em tudo o que não esteja especialmente previsto nos artigos seguintes. 2 - Ao concurso limitado por prévia qualificação não é aplicável o disposto nos artigos 149.º a 161.º Artigo 163.º Fases do procedimento O procedimento de concurso limitado por prévia qualificação integra as seguintes fases: a) Apresentação das candidaturas e qualificação dos candidatos; b) Apresentação e análise das propostas e adjudicação. Artigo 164.º Programa do concurso 1 - O programa do concurso limitado por prévia qualificação deve indicar: a) A identificação do concurso; b) A entidade adjudicante; c) O órgão que tomou a decisão de contratar e, no caso de esta ter sido tomada no uso de delegação ou subdelegação de competência, a qualidade em que aquele decidiu, com menção das decisões de delegação ou subdelegação e do local da respectiva publicação; d) O fundamento da escolha do concurso limitado, quando seja feita ao abrigo do disposto no artigo 28.º; e) O órgão competente para prestar esclarecimentos; f) Os documentos de habilitação, directamente relacionados com o objecto do contrato a celebrar, a apresentar nos termos do disposto no n.º 6 do artigo 81.º; g) O prazo para a apresentação dos documentos de habilitação pelo adjudicatário, bem como o prazo a conceder pela entidade adjudicante para a supressão de irregularidades detectadas nos documentos apresentados que possam levar à caducidade da adjudicação nos termos do disposto no artigo 86.º; h) Os requisitos mínimos de capacidade técnica que os candidatos devem preencher; i) O valor económico estimado do contrato e o factor «f» constante da expressão matemática prevista no anexo IV do presente Código e do qual faz parte integrante; j) Os documentos destinados à qualificação dos candidatos; l) Os documentos que constituem a candidatura que podem ser redigidos em língua estrangeira, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 169.º; m) No caso de a qualificação assentar no sistema de selecção: i) O modelo de avaliação dos candidatos, explicitando claramente os factores e eventuais subfactores que densificam o critério de qualificação, os valores dos respectivos coeficientes de ponderação e,

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relativamente a cada um dos factores ou subfactores elementares, a respectiva escala de pontuação, bem como a expressão matemática ou o conjunto ordenado de diferentes níveis de capacidade susceptíveis de serem apresentados pelos candidatos que permita a atribuição das pontuações parciais; ii) O número de candidatos a qualificar, não inferior a cinco; n) O prazo para a apresentação das candidaturas; o) O prazo para a decisão de qualificação, quando superior ao previsto no artigo 187.º; p) Se há lugar a um leilão electrónico e, em caso afirmativo, estabelecer as indicações previstas no artigo 141.º; q) O critério de adjudicação, bem como, quando for adoptado o da proposta economicamente mais vantajosa, o modelo de avaliação das propostas, explicitando claramente os factores e eventuais subfactores relativos aos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, os valores dos respectivos coeficientes de ponderação e, relativamente a cada um dos factores ou subfactores elementares, a respectiva escala de pontuação, bem como a expressão matemática ou o conjunto ordenado de diferentes atributos susceptíveis de serem propostos que permita a atribuição das pontuações parciais; r) A possibilidade de adopção de um ajuste directo nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 25.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 27.º, quando for o caso. 2 - Quando, nos termos do disposto na alínea j) do número anterior, o programa do concurso exigir a apresentação de certificados emitidos por organismos independentes, nacionais ou estabelecidos noutros Estados membros da União Europeia, que atestem que o interessado respeita determinadas normas de garantia de qualidade ou normas de gestão ambiental, deve referir-se, respectivamente, aos sistemas de garantia de qualidade ou aos sistemas de gestão ambiental baseados no Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS) ou no conjunto de normas europeias, e certificados por organismos conformes com as séries de normas europeias respeitantes à certificação. 3 - Para os efeitos do disposto no número anterior, a entidade adjudicante deve reconhecer também outras provas de medidas de garantia de qualidade ou de medidas de gestão ambiental equivalentes apresentadas por interessados que não tenham acesso aos referidos certificados ou que demonstrem que os não possam obter dentro do prazo de apresentação das candidaturas. 4 - O programa do concurso pode indicar requisitos mínimos de capacidade financeira que os candidatos devem preencher cumulativamente com o requisito previsto no anexo IV do presente Código e do qual faz parte integrante. 5 - Quando o anúncio do concurso limitado por prévia qualificação não for publicado no Jornal Oficial da União Europeia, o programa do concurso pode estabelecer que a qualificação dos candidatos é efectuada apenas em função da capacidade técnica ou apenas em função da capacidade financeira. Artigo 165.º Requisitos mínimos 1 - Os requisitos mínimos de capacidade técnica a que se refere a alínea h) do n.º 1 do artigo anterior devem ser adequados à natureza das prestações objecto do contrato a celebrar, descrevendo situações, qualidades, características ou outros elementos de facto relativos, designadamente: a) À experiência curricular dos candidatos; b) Aos recursos humanos, tecnológicos, de equipamento ou outros utilizados, a qualquer título, pelos candidatos; c) Ao modelo e à capacidade organizacionais dos candidatos, designadamente no que respeita à direcção e integração de valências especializadas, aos sistemas de informação de suporte e aos sistemas de controlo de qualidade; d) À capacidade dos candidatos adoptarem medidas de gestão ambiental no âmbito da execução do contrato a celebrar; e) À informação constante da base de dados do Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., relativa a empreiteiros, quando se tratar da formação de um contrato de empreitadas ou de concessão de obras públicas. 2 - A capacidade financeira baseia-se, pelo menos, no requisito mínimo traduzido pela expressão matemática constante do anexo iv do presente Código e do qual faz parte integrante. 3 - Os requisitos mínimos de capacidade financeira a que se refere o n.º 4 do artigo anterior devem reportar-se à aptidão estimada dos candidatos para mobilizar os meios financeiros previsivelmente necessários para o integral cumprimento das obrigações resultantes do contrato a celebrar.

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4 - Quando, no caso de empreitadas ou de concessões de obras públicas, os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira exigidos no programa do concurso se basearem em elementos de facto já tidos em consideração para efeitos da concessão do alvará ou título de registo contendo as habilitações adequadas e necessárias à execução da obra a realizar, tais requisitos devem ser mais exigentes que os legalmente previstos para aquela concessão. 5 - Os requisitos mínimos de capacidade técnica referidos no n.º 1 e o factor «f» referido na alínea i) do n.º 1 do artigo anterior não devem ser fixados de forma discriminatória. NJ 1 - O TCAN (V. o Acórdão de 25/03/2010, Proc. n.º 01257/09.7BEPRT, in www.dgsi.pt) pronunciou-se quanto à fixação dos requisitos mínimos de capacidade técnica e financeira que os candidatos devem preencher. Desde logo, a fixação de requisitos mínimos de capacidade técnica e financeira, embora seja efectuada no âmbito da margem de liberdade que é conferida à entidade adjudicante, a mesma está limitada pelos princípios da proporcionalidade e da concorrência. Assim a definição dos requisitos mínimos deverá atender e ajustar-se ao objecto do contrato, tendo presentes as exigências de proporcionalidade, de necessidade e de adequação, a que acresce o dever de assegurar o mais amplo acesso aos procedimentos por parte dos interessados a contratar. In concreto a entidade adjudicante para um contrato de valor estimado de < 132.000,00, exigiu a apresentação de um volume de negócios, nos últimos três anos, > a 15.000.000,00. Perante esta exigência, atendendo a desproporção entre os dois valores, o TCAN entendeu que a mesma violava os princípios da proporcionalidade e da concorrência. Quanto ao requisito mínimo de capacidade financeira a entidade adjudicante fixou o valor da autonomia financeira igual ou superior a 0,35. O Douto Tribunal socorreu-se do disposto na Portaria n.º 994/2004, de 5 de Agosto (actualizada pela Portaria n.º 971/2009, de 27 de Agosto), aplicável a procedimentos de empreitadas de obras públicas (sendo que no caso sub judice o contrato a celebrar era um contrato de aquisição de serviços), para defender que se na citada portaria exigia-se uma autonomia financeira igual ou superior a 0,15, o valor de 0,35 era violador do princípio da concorrência (por limitar o acesso ao procedimento adjudicatório) e do princípio da proporcionalidade (por o critério financeiro ser desnecessário atento o preço base). Quanto ao modelo de qualificação constante do “Anexo 1” do programa do concurso, o item A) deste valorizava a experiência profissional dos candidatos, desde a sua constituição, e não desde a emissão do alvará necessário para o exercício daquela actividade. O TCAN considerou que, embora a aplicação deste subcritério possa ser efectuado atendendo ao quadro legal (considerar apenas a data posterior à emissão do alvará, como experiência do candidato, e não como consta na peça procedimental, desde a sua constituição), pelo contrário, numa interpretação mais literal resultará na violação do disposto no art. 165.º, n.º 1, al. a) do CCP [desde logo, a aplicação do preceito regulamentar não pode ficar dependente da interpretação discricionária da entidade adjudicante]. Neste sentido, tal requisito é violador dos princípios da concorrência e da proporcionalidade. Quanto aos recursos humanos dos candidatos e o pessoal necessário para a prestação de serviços, o programa do concurso exigia um número mínimo de 750 trabalhadores pertences ao quadro de pessoal do candidato, quando não seriam utilizados na prestação mais de 25 trabalhadores. Mais uma vez entendeu o Douto Tribunal que este requisito mínimo de capacidade técnica violava os princípios de proporcionalidade e o da concorrência, por claro desajustamento com as necessidades de pessoal exigidas para a execução do contrato. Perante o supra o TCAN decidiu pela declaração de ilegalidade de vários artigos do programa do concurso, com a condenação da entidade adjudicante a corrigir os mesmos. Artigo 166.º Esclarecimentos e rectificação das peças do concurso

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1 - Os esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação das peças do concurso podem ser solicitados e devem ser prestados nas fases referidas no artigo 163.º, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 50.º 2 - O disposto no número anterior é aplicável à rectificação de erros ou omissões das peças do concurso. SECÇÃO II Fase da apresentação das candidaturas e da qualificação dos candidatos Artigo 167.º Anúncio 1 - O concurso limitado por prévia qualificação é publicitado no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - Ao concurso limitado por prévia qualificação é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 131.º 3 - Não há lugar à publicação do anúncio previsto no número anterior nem do anúncio previsto no n.º 3 do artigo 131.º quando tenha sido publicado o anúncio periódico indicativo previsto no artigo 35.º e este indique, expressamente: a) As prestações objecto do contrato a celebrar; b) O concurso limitado por prévia qualificação como o procedimento a adoptar para a formação do contrato a celebrar; e c) Um prazo, que não pode ser superior a 11 meses a contar da data da publicação do anúncio periódico indicativo, para os interessados manifestarem à entidade adjudicante o seu interesse em participar no concurso. 4 - A manifestação de interesse referida na alínea c) do número anterior deve ser formulada por qualquer meio escrito, contendo o nome ou a denominação social do interessado, bem como o seu número de identificação fiscal, o seu domicílio ou sede e, se o tiver, o endereço de correio electrónico. 5 - No prazo máximo de um mês após o termo do prazo referido na alínea c) do n.º 3, o órgão competente para a decisão de contratar envia aos interessados, em simultâneo, um convite à apresentação de candidaturas, o qual deve ser acompanhado de um exemplar do programa do concurso. 6 - O convite referido no número anterior deve indicar: a) O anúncio periódico indicativo do concurso no qual os interessados manifestaram o seu interesse em participar; b) A identificação, tão completa quanto possível, das prestações que constituem o objecto do contrato a celebrar; c) O sítio da Internet onde o caderno de encargos se encontra disponível para aquisição e o respectivo preço; d) O prazo de vigência do contrato. NL O modelo de anúncio do concurso limitado por prévia qualificação consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. Artigo 168.º Documentos da candidatura 1 - A candidatura é constituída pelos documentos destinados à qualificação dos candidatos, bem como pela declaração do candidato elaborada em conformidade com o modelo constante do anexo v do presente Código e do qual faz parte integrante. 2 - A declaração referida no número anterior deve ser assinada pelo candidato ou por representante que tenha poderes para o obrigar. 3 - Quando a candidatura seja apresentada por um agrupamento candidato, a declaração referida no n.º 1 deve ser assinada pelo representante comum dos membros que o integram, caso em que devem ser juntos à declaração os instrumentos de mandato emitidos por cada um dos seus membros ou, não existindo representante comum, deve ser assinada por todos os seus membros ou respectivos representantes. 4 - Quando, para efeitos do preenchimento dos requisitos mínimos de capacidade técnica, o candidato recorra a terceiros, independentemente do vínculo que com eles estabeleça, nomeadamente o de

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subcontratação, a respectiva candidatura é ainda constituída por uma declaração através da qual estes se comprometam, incondicionalmente, a realizar determinadas prestações objecto do contrato a celebrar. Artigo 169.º Idioma dos documentos da candidatura 1 - Os documentos destinados à qualificação dos candidatos são obrigatoriamente redigidos em língua portuguesa. 2 - Quando, pela sua própria natureza ou origem, os documentos destinados à qualificação dos candidatos estiverem redigidos em língua estrangeira, deve o interessado fazê-los acompanhar de tradução devidamente legalizada. 3 - Em função da especificidade técnica dos documentos destinados à qualificação dos candidatos, o programa do procedimento pode admitir que alguns dos documentos referidos na alínea j) do n.º 1 do artigo 164.º sejam redigidos em língua estrangeira, indicando os idiomas admitidos. Artigo 170.º Modo de apresentação das candidaturas 1 - Os documentos que constituem a candidatura devem ser apresentados directamente na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante, através de meio de transmissão escrita e electrónica de dados. 2 - A recepção das candidaturas deve ser registada com referência às respectivas data e hora, sendo entregue aos candidatos um recibo electrónico comprovativo dessa recepção. 3 - Os termos a que deve obedecer a apresentação e a recepção das candidaturas nos termos do disposto nos números anteriores são definidos por diploma próprio. 4 - Quando algum documento destinado à qualificação se encontre disponível na Internet, o candidato pode, em substituição da apresentação da sua reprodução, indicar à entidade adjudicante o endereço do sítio onde aquele pode ser consultado, bem como a informação necessária a essa consulta, desde que os referidos sítio e documento dele constante estejam redigidos em língua portuguesa. 5 - O órgão competente para a decisão de contratar pode sempre exigir ao candidato a apresentação dos originais de quaisquer documentos cuja reprodução tenha sido apresentada nos termos do disposto no n.º 1, em caso de dúvida fundada sobre o conteúdo ou a autenticidade destes. 6 - Quando, pela sua natureza, qualquer documento que constitui a candidatura não possa ser apresentado nos termos do disposto no n.º 1, deve ser encerrado em invólucro opaco e fechado: a) No rosto do qual se deve indicar a designação do procedimento e da entidade adjudicante; b) Que deve ser entregue directamente ou enviado por correio registado à entidade adjudicante, devendo, em qualquer caso, a respectiva recepção ocorrer dentro do prazo fixado para a apresentação das candidaturas; c) Cuja recepção deve ser registada por referência à respectiva data e hora. NA Aplicam-se às candidaturas o disposto nos artigos 11.º a 25.º da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho (V. o art. 10.º, n.º 1, da Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho. Artigo 171.º Apresentação das candidaturas por agrupamentos Quando o candidato for um agrupamento de pessoas singulares ou colectivas, os documentos destinados à qualificação podem ser apresentados por apenas um ou alguns dos seus membros, salvo se o programa do concurso dispuser diferentemente. Artigo 172.º Fixação do prazo para a apresentação das candidaturas 1 - O prazo para a apresentação das candidaturas é fixado livremente, com respeito pelos limites mínimos estabelecidos nos artigos seguintes. 2 - Na fixação do prazo para a apresentação das candidaturas, deve ser tido em conta o tempo necessário à respectiva elaboração, em função da natureza, das características, do volume e da complexidade dos documentos que as constituem.

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Artigo 173.º Prazo mínimo para a apresentação das candidaturas em concursos limitados por prévia qualificação sem publicidade internacional Quando o anúncio do concurso limitado por prévia qualificação não seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das candidaturas inferior a nove dias a contar da data do envio, para publicação, do anúncio previsto no n.º 1 do artigo 167.º Artigo 174.º Prazos mínimos para a apresentação das candidaturas em concursos limitados por prévia qualificação com publicidade internacional 1 - Quando o anúncio do concurso limitado por prévia qualificação seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das candidaturas inferior a 37 dias a contar da data do envio desse anúncio ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, salvo se se tratar de uma concessão de obras públicas, caso em que aquele prazo não pode ser inferior a 52 dias. 2 - Quando tenha sido publicado o anúncio periódico indicativo com as indicações referidas no n.º 3 do artigo 167.º, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das candidaturas inferior a 37 dias a contar da data do envio do convite previsto no n.º 5 do mesmo artigo. 3 - Os prazos mínimos para a apresentação das candidaturas previstos nos números anteriores podem ser reduzidos em até sete dias quando os anúncios forem preparados e enviados por meios electrónicos conforme formato e modalidades de transmissão indicados no portal da Internet http://simap.eu.int. Artigo 175.º Prorrogação do prazo fixado para a apresentação das candidaturas 1 - Quando as rectificações ou os esclarecimentos previstos no artigo 166.º, respeitantes à fase da apresentação das candidaturas e qualificação dos candidatos, sejam comunicados para além do prazo estabelecido para o efeito, o prazo fixado para a apresentação das candidaturas deve ser prorrogado, no mínimo por período equivalente ao do atraso verificado. 2 - Quando as rectificações referidas no artigo 166.º implicarem alterações de aspectos fundamentais das peças do concurso, independentemente do momento da sua comunicação, o prazo fixado para a apresentação das candidaturas deve ser prorrogado, no mínimo por período equivalente ao tempo decorrido desde o início daquele prazo até à comunicação das rectificações. 3 - A pedido fundamentado de qualquer interessado que tenha adquirido as peças do concurso, o prazo fixado para a apresentação das candidaturas pode ser prorrogado pelo período considerado adequado, o qual aproveita a todos os interessados. 4 - As decisões de prorrogação nos termos do disposto nos números anteriores cabem ao órgão competente para a decisão de contratar e devem ser juntas às peças do concurso e notificadas a todos os interessados que as tenham adquirido, publicando-se imediatamente aviso daquelas decisões, nos termos do disposto nos n.os 1 a 3 do artigo 131.º e no n.º 1 do artigo 167.º Artigo 176.º Retirada da candidatura 1 - Até ao termo do prazo fixado para a apresentação das candidaturas, os interessados que já as tenham apresentado podem retirá-las através de comunicação à entidade adjudicante. 2 - O exercício da faculdade prevista no número anterior não prejudica o direito de apresentação de nova candidatura dentro daquele prazo. Artigo 177.º Lista dos candidatos e consulta das candidaturas apresentadas 1 - O júri, no dia imediato ao termo do prazo fixado para a apresentação das candidaturas, procede à publicitação da lista dos candidatos na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. 2 - Mediante a atribuição de um login e de uma password, aos candidatos incluídos na lista é facultada a consulta, directamente na plataforma electrónica referida no número anterior, de todas as candidaturas apresentadas.

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3 - O interessado que não tenha sido incluído na lista dos candidatos pode reclamar desse facto, no prazo de três dias contados da publicitação da lista, devendo para o efeito apresentar comprovativo da tempestiva apresentação da sua candidatura. 4 - Caso a reclamação prevista no número anterior seja deferida mas não se encontre a candidatura do reclamante, o júri fixa-lhe um novo prazo para a apresentar, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 e 2. Artigo 178.º Análise das candidaturas 1 - O júri do concurso analisa as candidaturas para efeitos da qualificação dos respectivos candidatos. 2 - O preenchimento dos requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira referidos no artigo 165.º é comprovado pela avaliação dos elementos constantes dos documentos destinados à qualificação dos candidatos. Artigo 179.º Modelo simples de qualificação 1 - No caso de a qualificação não assentar no sistema de selecção, previsto no artigo 181.º, são qualificados todos os candidatos que preencham os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira. 2 - Quando, para efeitos do preenchimento dos requisitos mínimos de capacidade técnica, o candidato recorra a terceiras entidades, a capacidade destas apenas aproveita àquele na estrita medida das prestações objecto do contrato a celebrar que essas entidades se comprometam a realizar. 3 - Exclusivamente para os efeitos do disposto no n.º 1, considera-se que equivale ao preenchimento do requisito mínimo de capacidade financeira referido no n.º 2 do artigo 165.º: a) A apresentação de declaração bancária conforme modelo constante do anexo vi do presente Código e do qual faz parte integrante; ou b) No caso de o candidato ser um agrupamento, um dos membros que o integram ser uma instituição de crédito que apresente documento comprovativo de que possui sede ou sucursal em Estado membro da União Europeia, emitido pela entidade que exerça a supervisão bancária nesse Estado. Artigo 180.º Revogação, invalidade, ineficácia ou extinção da declaração bancária 1 - A revogação, a invalidade, a ineficácia ou a extinção, a qualquer título, da declaração que o candidato tenha apresentado nos termos do disposto na alínea a) do n.º 3 do artigo anterior determina a sua exclusão do concurso, ou, no caso de a respectiva proposta já ter sido objecto de adjudicação, a caducidade desta última. 2 - No caso de caducidade da adjudicação previsto no número anterior, é aplicável o disposto no n.º 4 do artigo 86.º 3 - Quando se produza após a celebração do contrato, a revogação, a invalidade, a ineficácia ou a extinção, a qualquer título, da declaração bancária referida no n.º 1 é inoponível à entidade adjudicante. Artigo 181.º Modelo complexo de qualificação: Sistema de selecção 1 - O sistema de selecção consiste na qualificação efectuada segundo o critério da maior capacidade técnica e financeira. 2 - O critério de qualificação da maior capacidade técnica e financeira implica a utilização de um modelo de avaliação ao qual é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 139.º 3 - Os candidatos que preencham os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira são ordenados de acordo com o critério de qualificação previsto no número anterior, sendo qualificados apenas os que sejam ordenados nos lugares correspondentes ao número fixado nos termos do disposto na subalínea ii) da alínea m) do n.º 1 do artigo 164.º, salvo se os candidatos que preencham aqueles requisitos mínimos sejam menos de cinco. 4 - No caso previsto na parte final do número anterior, são qualificados todos os candidatos que preencham os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira. Artigo 182.º Preenchimento dos requisitos mínimos por agrupamentos candidatos

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1 - Salvo se o programa do concurso dispuser diferentemente e sem prejuízo do disposto no número seguinte, no caso de o candidato ser um agrupamento, considera-se que preenche os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira, desde que, relativamente a cada requisito: a) Algum dos membros que o integram o preencha individualmente; ou b) Alguns dos membros que o integram o preencham conjuntamente, quando tal seja possível em função da natureza do requisito exigido. 2 - Quando os requisitos mínimos de capacidade técnica digam respeito a elementos de facto relativos ao exercício de uma actividade regulamentada, os membros do agrupamento candidato a que se referem as alíneas do número anterior devem ser entidades que prossigam aquela actividade. Artigo 183.º Esclarecimentos sobre os documentos destinados à qualificação dos candidatos 1 - O júri do procedimento pode pedir aos candidatos quaisquer esclarecimentos sobre os documentos, da sua autoria, destinados à qualificação que considere necessários para efeitos da análise das candidaturas. 2 - Os esclarecimentos referidos no número anterior fazem parte integrante das respectivas candidaturas, desde que não contrariem os elementos constantes dos documentos que as constituem ou não visem suprir omissões que determinam a sua exclusão nos termos do disposto na alínea e) do n.º 2 do artigo seguinte. Artigo 184.º Relatório preliminar da fase de qualificação 1 - Após a análise das candidaturas e a aplicação às mesmas do critério de qualificação, o júri elabora fundamentadamente um relatório preliminar, no qual deve propor a qualificação dos candidatos. 2 - No relatório preliminar a que se refere o número anterior, o júri deve também propor a exclusão das candidaturas: a) Que tenham sido apresentadas depois do termo fixado para a sua apresentação; b) Que sejam apresentadas por candidatos em violação do disposto no n.º 2 do artigo 54.º; c) Que sejam apresentadas por candidatos relativamente aos quais ou, no caso de agrupamentos candidatos, relativamente a qualquer dos seus membros, a entidade adjudicante tenha conhecimento que se verifica alguma das situações previstas no artigo 55.º; d) Que sejam apresentadas por candidatos que não preencham os requisitos referidos no n.º 4 do artigo 164.º, desde que o programa do concurso assim o preveja expressamente; e) Que não sejam constituídas por todos os documentos exigidos, salvo por aqueles que se refiram ao requisito de capacidade financeira previsto no n.º 2 do artigo 165.º desde que tenha sido apresentado um dos documentos previstos no n.º 3 do artigo 179.º; f) Que não cumpram o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 168.º; g) Que sejam constituídas por documentos destinados à qualificação não redigidos em língua portuguesa ou, nos casos previstos no n.º 2 do artigo 169.º, não acompanhados de tradução devidamente legalizada; h) Que sejam constituídas por documentos destinados à qualificação que contenham qualquer referência indiciadora de algum dos atributos da proposta; i) Que não observem as formalidades do modo de apresentação das candidaturas fixadas nos termos do disposto no artigo 170.º; j) Que sejam constituídas por documentos falsos ou nas quais os candidatos prestem culposamente falsas declarações; l) Cuja análise revele que os respectivos candidatos não preenchem os requisitos mínimos de capacidade técnica ou de capacidade financeira. 3 - No caso de a qualificação assentar no sistema de selecção, previsto no artigo 181.º, o relatório preliminar da fase de qualificação deve propor a ordenação dos candidatos que preencham os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira exigidos. 4 - Do relatório preliminar da fase de qualificação deve ainda constar referência aos esclarecimentos prestados pelos candidatos nos termos do disposto no artigo anterior. Artigo 185.º Audiência prévia Elaborado o relatório preliminar referido no artigo anterior, o júri envia-o a todos os candidatos, fixando-lhes um prazo, não inferior a cinco dias, para que se pronunciem, por escrito, ao abrigo do direito de audiência prévia.

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Artigo 186.º Relatório final da fase de qualificação 1 - Cumprido o disposto no artigo anterior, o júri elabora um relatório final fundamentado, no qual pondera as observações dos candidatos efectuadas ao abrigo do direito de audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as conclusões do relatório preliminar, podendo ainda determinar a exclusão de qualquer candidatura se verificar, nesta fase, a ocorrência de qualquer dos motivos previstos no n.º 2 do artigo 184.º 2 - No caso previsto na parte final do número anterior, bem como quando do relatório final resulte uma desqualificação de candidatos relativamente ao disposto no relatório preliminar, o júri procede a nova audiência prévia, nos termos previstos no artigo anterior, sendo subsequentemente aplicável o disposto no número anterior. 3 - O relatório final, juntamente com os demais documentos que compõem o processo de concurso, é enviado ao órgão competente para a decisão de contratar. 4 - Cabe ao órgão competente para a decisão de contratar decidir sobre a aprovação de todas as propostas contidas no relatório final, nomeadamente para efeitos de qualificação de candidatos. Artigo 187.º Dever de qualificação 1 - O órgão competente para a decisão de contratar deve tomar a decisão de qualificação e notificá-la aos candidatos no prazo máximo de 44 dias após o termo do prazo fixado para a apresentação das candidaturas, sem prejuízo da possibilidade de fixação de um prazo superior no programa do concurso. 2 - Os candidatos qualificados passam à fase seguinte em condições de igualdade. Artigo 188.º Notificação da decisão de qualificação O órgão competente para a decisão de contratar notifica todos os candidatos da decisão tomada nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 186.º, remetendo-lhes o relatório final da fase de qualificação. SECÇÃO III Fase da apresentação e análise das propostas e da adjudicação Artigo 189.º Convite 1 - Com a notificação referida no artigo anterior, o órgão competente para a decisão de contratar envia aos candidatos qualificados, em simultâneo, um convite à apresentação de propostas. 2 - O convite à apresentação de propostas deve indicar: a) A identificação do concurso; b) A referência ao anúncio do concurso previsto no n.º 1 do artigo 167.º e, quando for o caso, ao previsto nos n.os 1 a 3 do artigo 131.º; c) Os documentos referidos na alínea c) do n.º 1 do artigo 57.º, se for o caso; d) Os documentos que constituem a proposta que podem ser redigidos em língua estrangeira, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 58.º; e) Se é admissível a apresentação de propostas variantes e o número máximo de propostas variantes admitidas; f) O prazo para a apresentação das propostas; g) O prazo da obrigação de manutenção das propostas, quando superior ao previsto no artigo 65.º; h) O modo de prestação da caução, ou os termos em que não seja exigida essa prestação de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 88.º; i) O valor da caução, quando esta for exigida nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 89.º; j) O endereço do sítio da Internet onde é disponibilizado o caderno de encargos aos candidatos que ainda o não tenham adquirido. 3 - O convite pode indicar, ainda que por referência ao preço base fixado no caderno de encargos, um valor a partir do qual o preço total resultante de uma proposta é considerado anormalmente baixo.

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4 - O convite pode ainda conter quaisquer regras específicas sobre a fase da apresentação e análise das propostas e adjudicação consideradas convenientes pela entidade adjudicante, desde que não tenham por efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência. 5 - Para a formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o programa do concurso pode conter regras destinadas a proteger o carácter confidencial das informações contidas nas peças do procedimento. 6 - As normas do convite prevalecem sobre quaisquer indicações constantes dos anúncios com elas desconformes, mas as normas contidas no programa do concurso prevalecem sobre aquelas. Artigo 190.º Prazo mínimo para a apresentação das propostas em concursos limitados por prévia qualificação sem publicidade internacional 1 - Quando o anúncio do concurso limitado por prévia qualificação não seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das propostas inferior a 9 dias ou, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada de obras públicas, inferior a 20 dias, a contar da data do envio do convite. 2 - Em caso de manifesta simplicidade dos trabalhos necessários à realização da obra, o prazo mínimo referido na parte final do número anterior pode ser reduzido em até 11 dias. Artigo 191.º Prazos mínimos para a apresentação das propostas em concursos limitados por prévia qualificação com publicidade internacional 1 - Quando o anúncio do concurso limitado por prévia qualificação seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das propostas inferior a 35 dias a contar da data do envio do convite. 2 - Quando tenha sido publicado o anúncio de pré-informação previsto no artigo 34.º e o mesmo contemple as prestações objecto do contrato a celebrar, o prazo mínimo referido no número anterior é de 36 dias, podendo ser de 22 dias, desde que: a) O anúncio de pré-informação tenha sido enviado para publicação com uma antecedência mínima de 52 dias e máxima de 12 meses em relação à data do envio do anúncio previsto no número anterior; e b) O anúncio de pré-informação tenha incluído todas as informações, disponíveis à data da sua publicação, exigidas pelo anexo ii do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 3 - Quando o contrato a celebrar diga directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o prazo mínimo para a apresentação das propostas previsto no n.º 1 é de 19 dias a contar da data do envio do convite. 4 - Aos prazos mínimos para a apresentação das propostas previstos nos n.os 1 a 3 não é aplicável a redução prevista no n.º 3 do artigo 136.º Artigo 192.º Acordo sobre a fixação do prazo para a apresentação das propostas 1 - Quando o concurso limitado por prévia qualificação respeitar à formação de contratos que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, estas entidades podem fixar, para os efeitos do disposto na alínea f) do n.º 2 do artigo 189.º, um prazo para a apresentação das propostas inferior ao prazo mínimo previsto no n.º 3 do artigo anterior. 2 - O prazo previsto no número anterior não pode, em qualquer caso, ser inferior a 10 dias a contar da data do envio do convite. 3 - Se, no prazo de dois dias a contar da recepção do convite, nenhum dos candidatos qualificados manifestar discordância sobre o prazo fixado para a apresentação das propostas fixado nos termos do disposto nos números anteriores, considera-se o mesmo aceite para todos os efeitos. 4 - Se, no prazo referido no número anterior, algum dos candidatos qualificados manifestar, por qualquer meio escrito, discordância sobre o prazo fixado nos termos do disposto nos n.os 1 e 2, a entidade adjudicante deve notificar imediatamente todos os candidatos qualificados de que o prazo fixado para a apresentação das propostas passa a ser de 19 dias a contar da data do envio do convite.

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5 - No caso previsto no n.º 3, ao prazo fixado para a apresentação das propostas não é aplicável o disposto no artigo 64.º CAPÍTULO IV Procedimento de negociação SECÇÃO I Disposições gerais Artigo 193.º Regime O procedimento de negociação rege-se, com as necessárias adaptações, pelas disposições que regulam o concurso limitado por prévia qualificação, em tudo o que não esteja especialmente previsto nos artigos seguintes. Artigo 194.º Fases do procedimento O procedimento de negociação integra as seguintes fases: a) Apresentação das candidaturas e qualificação dos candidatos; b) Apresentação e análise das versões iniciais das propostas; c) Negociação das propostas; d) Análise das versões finais das propostas e adjudicação. Artigo 195.º Inadmissibilidade de leilão electrónico No procedimento de negociação a entidade adjudicante não pode recorrer a um leilão electrónico. Artigo 196.º Programa do procedimento de negociação Para além dos elementos previstos na alínea a) do n.º 1 do artigo 150.º e no n.º 1 do artigo 164.º, o programa do procedimento de negociação deve ainda indicar: a) No caso de a qualificação assentar no sistema de selecção, o número mínimo de candidatos a qualificar, que não pode ser inferior a três; b) Quais os aspectos da execução do contrato a celebrar que a entidade adjudicante não está disposta a negociar; c) Se a negociação decorrerá, parcial ou totalmente, por via electrónica e os respectivos termos. SECÇÃO II Fase da apresentação das candidaturas e da qualificação dos candidatos Artigo 197.º Anúncios 1 - O procedimento de negociação é publicitado no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - Ao procedimento de negociação é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 131.º 3 - Quando o procedimento de negociação seja adoptado ao abrigo do disposto nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 29.º, independentemente do preço base fixado no caderno de encargos, deve ser sempre publicado anúncio nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 131.º NL 1 - O modelo de anúncio do procedimento de negociação consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. Artigo 198.º Prazos mínimos para a apresentação das candidaturas

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1 - Não pode ser fixado um prazo para a apresentação das candidaturas inferior a 37 dias a contar da data do envio do anúncio referido no n.º 2 do artigo anterior ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias. 2 - Quando tenha sido publicado o anúncio periódico indicativo com as indicações referidas no n.º 3 do artigo 167.º, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das candidaturas inferior a 37 dias a contar da data do envio do convite previsto no n.º 5 do mesmo artigo. 3 - Os prazos mínimos para a apresentação das candidaturas previstos nos números anteriores podem ser reduzidos em até sete dias quando os anúncios forem preparados e enviados por meios electrónicos conforme formato e modalidades de transmissão indicados no portal da Internet http://simap.eu.int. SECÇÃO III Fase da apresentação e análise das versões iniciais das propostas Artigo 199.º Convite Para além dos elementos previstos no n.º 2 do artigo 189.º, o convite pode ainda conter quaisquer regras específicas sobre a fase de apresentação e análise das versões iniciais das propostas. Artigo 200.º Remissão À análise das versões iniciais das propostas é aplicável o disposto no artigo 139.º e, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 146.º a 148.º SECÇÃO IV Fase da negociação das propostas Artigo 201.º Início da negociação No caso de ter havido reclamação nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 138.º, a negociação das propostas não pode iniciar-se: a) Antes da notificação da decisão de indeferimento ou do decurso do respectivo prazo; ou b) Antes de cumprido o disposto no n.º 4 do artigo 138.º, no caso de a reclamação ser deferida. Artigo 202.º Negociação e apresentação das versões finais das propostas À negociação e à apresentação das versões finais integrais das propostas é aplicável o disposto no n.º 2 do artigo 118.º e nos artigos 119.º a 121.º SECÇÃO V Fase da análise das versões finais das propostas e da adjudicação Artigo 203.º Remissão À fase da análise das versões finais das propostas e adjudicação é aplicável o disposto nos artigos 152.º a 154.º CAPÍTULO V Diálogo concorrencial SECÇÃO I Disposições gerais Artigo 204.º Regime

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1 - O procedimento de diálogo concorrencial rege-se, com as necessárias adaptações, pelas disposições que regulam o concurso limitado por prévia qualificação, em tudo o que não esteja especialmente previsto nos artigos seguintes. 2 - No procedimento de diálogo concorrencial, a entidade adjudicante não pode recorrer a um leilão electrónico nem adoptar uma fase de negociações. Artigo 205.º Fases do procedimento O procedimento de diálogo concorrencial integra as seguintes fases: a) Apresentação das candidaturas e qualificação dos candidatos; b) Apresentação das soluções e diálogo com os candidatos qualificados; c) Apresentação e análise das propostas e adjudicação. Artigo 206.º Programa do procedimento de diálogo concorrencial 1 - Para além dos elementos previstos no n.º 1 do artigo 164.º, o programa do procedimento de diálogo concorrencial deve ainda indicar o montante da eventual remuneração, ou o critério do respectivo cálculo, a atribuir aos candidatos qualificados para participar no diálogo que apresentem soluções que sejam admitidas. 2 - O número de candidatos a qualificar indicado no programa do procedimento de diálogo concorrencial não pode ser inferior a três. 3 - O critério de adjudicação das propostas no procedimento de diálogo concorrencial só pode ser o da proposta economicamente mais vantajosa. 4 - Quando, fundamentadamente, não estiverem ainda reunidas as condições para ser definidos os valores dos coeficientes de ponderação dos factores e dos eventuais subfactores que densificam o critério de adjudicação, estes devem ser indicados no programa do procedimento apenas por ordem decrescente de importância. Artigo 207.º Memória descritiva e caderno de encargos 1 - No procedimento de diálogo concorrencial, o órgão competente para a decisão de contratar deve aprovar uma memória descritiva, na qual identifica as necessidades e as exigências que pretende satisfazer com o contrato a celebrar. 2 - À memória descritiva é aplicável o disposto no artigo 133.º 3 - No procedimento de diálogo concorrencial só há lugar à elaboração do caderno de encargos depois de concluída a fase de apresentação das soluções e de diálogo. SECÇÃO II Fase da apresentação das candidaturas e da qualificação dos candidatos Artigo 208.º Anúncios 1 - O procedimento do diálogo concorrencial é publicitado no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - No caso de contratos de empreitada ou de concessão de obras públicas, de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços, deve ainda ser publicado anúncio do diálogo concorrencial nos termos do disposto no n.º 1 ou no n.º 2 do artigo 131.º, independentemente do preço base fixado no caderno de encargos. 3 - Ao anúncio referido no número anterior é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 4 a 8 do artigo 131.º NL 1 - O modelo de anúncio do procedimento do diálogo concorrencial consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho.

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SECÇÃO III Fase da apresentação das soluções e de diálogo com os candidatos qualificados Artigo 209.º Convite à apresentação das soluções 1 - Com a notificação da decisão de qualificação, o órgão competente para a decisão de contratar envia aos candidatos qualificados, em simultâneo, um convite à apresentação de soluções susceptíveis de satisfazer as necessidades e as exigências identificadas na memória descritiva. 2 - O convite à apresentação das soluções deve indicar: a) A identificação do procedimento de diálogo concorrencial; b) A referência ao anúncio do procedimento de diálogo concorrencial previsto no n.º 1 do artigo anterior e, quando for o caso, ao previsto no n.º 2 do mesmo artigo; c) O prazo de apresentação das soluções elaboradas pelos candidatos qualificados; d) Se é admissível a utilização de línguas estrangeiras na fase de diálogo e, em caso afirmativo, quais as línguas. Artigo 210.º Apresentação de soluções 1 - Ao modo de apresentação das soluções é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 62.º 2 - Cada candidato só pode apresentar uma solução. Artigo 211.º Idioma das soluções 1 - Os documentos que constituem as soluções são obrigatoriamente redigidos em língua portuguesa. 2 - Em função da especificidade técnica das prestações objecto do contrato a celebrar, o convite pode admitir que alguns dos documentos referidos no número anterior sejam redigidos em língua estrangeira, indicando os idiomas admitidos. Artigo 212.º Admissão e exclusão das soluções 1 - Após a apresentação das soluções, o júri elabora um relatório preliminar onde deve propor fundamentadamente a admissão e a exclusão das soluções apresentadas. 2 - O júri deve propor a exclusão das soluções que: a) Tenham sido apresentadas depois do termo do prazo fixado para a sua apresentação; b) Tenham sido apresentadas em violação do disposto no artigo 210.º; c) Não cumpram o disposto no artigo anterior; d) Se revelem manifestamente desadequadas à satisfação das necessidades ou das exigências identificadas na memória descritiva. 3 - Elaborado o relatório preliminar referido no n.º 1, o júri procede à audiência prévia nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 123.º 4 - Cumprido o disposto no número anterior, o júri elabora um relatório final fundamentado, no qual pondera as observações dos candidatos qualificados efectuadas ao abrigo do direito de audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as conclusões do relatório preliminar. 5 - O relatório final é enviado ao órgão competente para a decisão de contratar, ao qual cabe decidir sobre a admissão e a exclusão das soluções apresentadas. 6 - O órgão competente para a decisão de contratar notifica a decisão de admissão e de exclusão das soluções, acompanhada do relatório final, em simultâneo, a todos os candidatos qualificados. Artigo 213.º Diálogo O júri do procedimento estabelece com os candidatos qualificados cujas soluções tenham sido admitidas um diálogo com vista a discutir todos os aspectos nelas previstos ou omitidos relativos à execução do contrato a celebrar e que permitam a elaboração do caderno de encargos. Artigo 214.º

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Formalidades a observar 1 - O júri notifica os candidatos qualificados cujas soluções tenham sido admitidas, com uma antecedência mínima de três dias, da data, da hora e do local da primeira sessão de diálogo, agendando as restantes sessões nos termos que tiver por convenientes. 2 - Na fase de diálogo, o júri reúne sempre em separado com cada candidato qualificado, devendo garantir a igualdade de tratamento de todos eles, designadamente não facultando, de forma discriminatória, informações que possam dar vantagem a uns relativamente a outros. 3 - As soluções apresentadas ou outras informações que, no todo ou em parte, tenham sido transmitidas com carácter de confidencialidade pelos candidatos durante as sessões da fase de diálogo, só com o consentimento expresso e por escrito dos mesmos é que podem ser divulgadas aos outros candidatos ou a terceiros. 4 - Às sessões da fase de diálogo é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 3 e 5 do artigo 120.º 5 - O diálogo com os candidatos prossegue até o júri: a) Identificar, se necessário por comparação, a solução susceptível de satisfazer as necessidades e as exigências da entidade adjudicante; b) Declarar que nenhuma das soluções apresentadas e discutidas satisfaz as necessidades e as exigências da entidade adjudicante. 6 - Os candidatos qualificados devem fazer-se representar nas sessões da fase de diálogo pelos seus representantes legais ou pelos representantes comuns dos agrupamentos candidatos, se existirem, podendo ser acompanhados por técnicos por eles indicados. Artigo 215.º Relatório do diálogo 1 - Concluída a fase do diálogo, o júri elabora um relatório fundamentado, no qual propõe, clara e distintamente, a solução susceptível de satisfazer as necessidades e as exigências da entidade adjudicante ou, em alternativa, que nenhuma das soluções apresentadas satisfaz aquelas necessidades e exigências. 2 - O relatório previsto no número anterior, juntamente com os demais documentos que compõem o processo, é enviado ao órgão competente para a decisão de contratar. 3 - Cabe ao órgão competente para a decisão de contratar decidir sobre a aprovação de todas as propostas contidas no relatório, nomeadamente para efeitos de convite à apresentação de propostas. Artigo 216.º Notificação da conclusão do diálogo O órgão competente para a decisão de contratar notifica todos os candidatos qualificados cujas soluções tenham sido admitidas da decisão tomada nos termos do disposto no n.º 3 do artigo anterior, remetendo-lhes o relatório. SECÇÃO IV Fase da apresentação e análise das propostas e da adjudicação Artigo 217.º Convite 1 - Caso tenha sido identificada uma solução susceptível de satisfazer as necessidades e as exigências da entidade adjudicante, o órgão competente para a decisão de contratar envia a todos os candidatos qualificados cujas soluções tenham sido admitidas, simultaneamente com a notificação referida no artigo anterior, um convite à apresentação de propostas. 2 - Para além dos elementos previstos nos n.os 2 a 4 do artigo 189.º, o convite à apresentação das propostas deve ainda indicar o modelo de avaliação das mesmas. 3 - O convite à apresentação das propostas deve ser acompanhado do caderno de encargos ou da indicação do endereço do sítio da Internet onde este é disponibilizado. Artigo 218.º Prazos mínimos para a apresentação das propostas em procedimento de diálogo concorrencial Não pode ser fixado um prazo para a apresentação das propostas inferior a 40 dias a contar da data do envio do convite.

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TÍTULO IV Instrumentos procedimentais especiais CAPÍTULO I Concurso de concepção Artigo 219.º Âmbito 1 - O concurso de concepção permite a selecção de um ou de mais trabalhos de concepção, ao nível de estudo prévio ou similar, designadamente nos domínios artístico, do ordenamento do território, do planeamento urbanístico, da arquitectura, da engenharia ou do processamento de dados. 2 - Quando a entidade adjudicante pretenda adquirir por ajuste directo, adoptado ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º, planos, projectos ou quaisquer criações conceptuais que consistam na concretização ou no desenvolvimento dos trabalhos de concepção referidos no número anterior, deve previamente adoptar um concurso de concepção nos termos previstos no presente capítulo. Fiscalização financeira 1 - Apreciou o TC (V. o Acórdão n.º 170/2009 do TC de 07/12/2009, Proc. n.º 1359/2009) a questão da necessidade do concurso de concepção: pela administração de um hospital EPE., foi adjudicada (150.000,00) a aquisição de serviços de execução de um plano relativo a obras (que incluía a elaboração de vários anteprojectos), precedida de um procedimento adjudicatório “ajuste directo”, fundamentado no disposto no art. 5.º, n.º 3, al. b, do CCP. Posteriormente foi adjudicado a execução de um projecto de arquitectura de um serviço hospital, ao mesmo adjudicatário do ajuste anterior, precedido do procedimento de ajuste directo, fundamentado no d isposto no art. 24.º, n.º 1, al. e), do CCP. A entidade adjudicante, quanto ao contrato para elaboração de plano, invocou que o valor do contrato situava-se abaixo do limiar comunitário (Portaria n.º 701-C/2008, de 29/07), pelo que não lhe era aplicável a parte II do CCP, ex vi art. 5.º, n.º 3, al. b), do CCP. O Douto Tribunal considerou que ambos os contratos (planeamento e posteriores) exigem que o procedimento adjudicatório fosse apreciado como um todo. Nestes termos, entendeu o TC que o Hospital, EPE., visou “A aquisição de um Plano organizacional e de faseamento das obras a levar a efeito no estabelecimento hospitalar, mas, também, a execução desse Plano com a elaboração de um dos projectos nele compreendidos, mais concretamente, com a elaboração do projecto de Arquitectura” de construção do serviço hospital. “Ora, como se dispõe noU [219.º, n.º 2, do CCP], quando a entidade adjudicante pretenda adquirir, por ajuste directo, adoptado ao abrigo do dispostoU [no art. 27.º, n.º 1, al. g)] planos ou projectos que consistam na concretização ou no desenvolvimento dos trabalhos de concepção, deve previamente adoptar um concurso de concepção”. Assim, para efeitos de escolha do procedimento, seguindo a doutrina do Acórdão n.º 79/08, de 17/06/2008, Proc. n.º 465/08, emitido ao abrigo da legislação revogada pelo CCP, “se a entidade adjudicante não previr concretizar, num futuro próximo, a ideia ou projecto a adquirir, poderá lançar um procedimento, tendo em conta o valor da despesa que resulta da aquisição dessa ideia ou projecto”. A entidade adjudicante se pretende obter um “projecto/ideia” e, concomitantemente, executá-lo, deverá ter em conta “aquando da escolha do procedimento, a totalidade da despesa decorrente do projecto, bem como do contrato de aquisição de serviços que o vai desenvolver e concretizar”. Pelo que, não poderia ter a entidade adjudicante escolhido o ajuste directo, apenas tendo em conta a aquisição de serviços de execução do plano, mas deveria ter adoptado o concurso de concepção, na modalidade de concurso público, como dispõem os arts. 219.º, n.º 2 e 220.º, n.º 1, ambos do CCP. Não procede a fundamentação da escolha do ajuste directo com base no disposto no art. 24.º, n.º 1, al. e), do CCP, pois a entidade adjudicante deveria ter adoptado o concurso de concepção na

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modalidade de concurso público, e depois “adquirir, por ajuste directo, o projecto de arquitectura”. A ausência do concurso pública implica a nulidade da adjudicação por falta de uma formalidade essencial desta (art. 133.º, n.º 1, do CPA), o que acarreta a nulidade do contrato para elaboração do plano, e para elaboração do projecto de arquitectura (art. 283.º, n.º 1, do CCP). O TC considerou que aquela ilegalidade preenchia o fundamento de recusa do visto indicado no art. 44.º, n.º 3, al. a), da Lei n.º 98/97, de 26/08. Artigo 220.º Modalidades do concurso de concepção 1 - O concurso de concepção reveste a modalidade de concurso público. 2 - Só pode ser adoptada a modalidade de concurso limitado por prévia qualificação quando a natureza dos trabalhos de concepção exija a avaliação da capacidade técnica dos candidatos. 3 - Os requisitos mínimos da capacidade técnica referida no número anterior devem ser adequados à natureza dos trabalhos de concepção pretendidos e devem ser fixados de forma não discriminatória. 4 - Às modalidades de concurso público e de concurso limitado por prévia qualificação não são aplicáveis as disposições previstas nos títulos anteriores. Artigo 221.º Início do concurso de concepção 1 - O concurso de concepção inicia-se com a decisão de seleccionar um ou mais trabalhos de concepção, a qual cabe ao órgão competente, por lei ou por delegação, para a decisão de autorizar a despesa relativa aos prémios a que os concorrentes tenham direito, podendo essa decisão estar implícita nesta última. 2 - Quando o concurso de concepção não implique o pagamento de prémios aos concorrentes, a decisão de seleccionar um ou mais trabalhos de concepção cabe ao órgão da entidade adjudicante que for competente para o efeito nos termos da respectiva lei orgânica. Artigo 222.º Decisão de escolha da modalidade do concurso de concepção 1 - A decisão de escolha da modalidade do concurso de concepção cabe ao órgão competente para a decisão prevista no artigo anterior. 2 - A decisão de escolha da modalidade de concurso limitado por prévia qualificação deve ser fundamentada. Artigo 223.º Agrupamento de entidades adjudicantes As entidades adjudicantes podem agrupar-se com vista à adopção de um concurso de concepção, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 a 3 do artigo 39.º Artigo 224.º Anúncio do concurso de concepção 1 - O concurso de concepção é publicitado no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - O anúncio referido no número anterior ou um resumo dos seus elementos mais importantes pode ser posteriormente divulgado por qualquer outro meio considerado conveniente, nomeadamente através da sua publicação em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. NL 1 - O modelo de anúncio do concurso de concepção consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. Artigo 225.º Anúncio no Jornal Oficial da União Europeia

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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 139

1 - Deve ainda ser publicado no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio do concurso de concepção, conforme modelo constante do anexo xii do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 2 - Não é obrigatória a publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia quando a entidade adjudicante não manifeste expressamente a intenção de, posteriormente, celebrar um contrato, por ajuste directo adoptado ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º, de aquisição do plano, do projecto ou da criação conceptual que consista na concretização ou no desenvolvimento do ou dos trabalhos de concepção seleccionados, e o montante da despesa autorizada para o pagamento dos prémios no âmbito do concurso de concepção seja inferior: a) Ao referido na alínea b) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, no caso de a entidade adjudicante ser uma das referidas nas alíneas b) a g) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 2.º; b) Ao referido na alínea a) do artigo 7.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, no caso de a entidade adjudicante ser o Estado, excepto se se tratar de concursos de concepção que se refiram a serviços: i) De investigação e desenvolvimento; ii) De transmissão de programas televisivos e de emissões de rádio, serviços de interconexão e serviços integrados de telecomunicações; iii) Mencionados no anexo ii-B da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março; c) Ao referido na alínea a) do artigo 16.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, no caso de a entidade adjudicante ser uma das referidas no n.º 1 do artigo 7.º, quando o concurso de concepção se referir a trabalhos de concepção que digam directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades por ela exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais. 3 - Nos casos previstos nas subalíneas i) a iii) da alínea b) do número anterior, é aplicável o disposto na alínea a) do mesmo número. 4 - No caso de agrupamentos de entidades adjudicantes, é aplicável o disposto no n.º 2 em função do mais baixo dos valores neles referidos tendo em conta as entidades que o constituem. 5 - O anúncio referido no n.º 1 deve ser enviado ao Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias através de meios electrónicos, conforme formato e modalidades de transmissão indicados no portal da Internet http://simap.eu.int ou através de qualquer outro meio, caso em que o respectivo conteúdo deve limitar-se a cerca de 650 palavras. 6 - Deve ser junto ao processo de concurso documento comprovativo da data do envio do anúncio para publicação no Jornal Oficial da União Europeia. 7 - A publicação do anúncio no Jornal Oficial da União Europeia não dispensa a publicação do anúncio referido no n.º 1 do artigo anterior. 8 - O envio para publicação dos anúncios referidos no número anterior deve ocorrer em simultâneo. Artigo 226.º Termos de referência 1 - Nos concursos de concepção é aprovado um documento, designado termos de referência, que deve indicar: a) A identificação do concurso, bem como a respectiva modalidade escolhida; b) Uma descrição, tão completa quanto possível, das características, das particularidades, das referências e de quaisquer outros requisitos de natureza estética, funcional ou técnica que os trabalhos de concepção apresentados devem observar; c) A entidade adjudicante; d) O órgão que tomou a decisão de seleccionar um ou mais trabalhos de concepção e, no caso de esta ter sido tomada no uso de delegação ou subdelegação de competência, a qualidade em que aquele decidiu, com menção das decisões de delegação ou subdelegação e do local da respectiva publicação; e) A identidade dos membros, efectivos e suplentes, que compõem o júri e, quando for o caso, as respectivas habilitações profissionais específicas; f) As habilitações profissionais específicas de que os concorrentes devem ser titulares, se for o caso; g) Os documentos que materializam os trabalhos de concepção apresentados; h) O prazo e o local para a apresentação dos documentos referidos na alínea anterior;

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i) O critério de selecção, explicitando claramente os factores e eventuais subfactores que o densificam; j) O montante global dos eventuais prémios de participação a atribuir aos concorrentes cujos trabalhos de concepção apresentados não sejam excluídos; l) O número de trabalhos de concepção apresentados a seleccionar; m) O valor do prémio de consagração a atribuir a cada um dos concorrentes seleccionados; n) A intenção de celebrar, na sequência do concurso de concepção e por ajuste directo ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º, um contrato de prestação de serviços destinado a adquirir planos, projectos ou quaisquer criações conceptuais que consistam na concretização ou no desenvolvimento do ou dos trabalhos de concepção seleccionados neste concurso. 2 - Quando for adoptada a modalidade de concurso limitado por prévia qualificação, os termos de referência devem ainda indicar: a) Os requisitos mínimos de capacidade técnica que os candidatos devem preencher; b) Os documentos destinados à qualificação dos candidatos; c) O prazo e o local para a apresentação das candidaturas. 3 - Os termos de referência podem ainda conter quaisquer regras específicas sobre o concurso de concepção consideradas convenientes pela entidade adjudicante, desde que não tenham por efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência, bem como ser acompanhados de quaisquer documentos complementares necessários à cabal descrição referida na alínea b) do n.º 1 ou indicar a entidade e o local onde esses documentos podem ser obtidos directamente pelos interessados. 4 - Os termos de referência podem também prever a obrigatoriedade de apresentação dos trabalhos de concepção através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão electrónica de dados, caso em que devem definir os termos a que deve obedecer essa apresentação por forma a garantir o anonimato previsto no artigo 228.º 5 - As normas dos termos de referência prevalecem sobre quaisquer indicações constantes dos anúncios com elas desconformes. 6 - Quando se verificar a situação prevista na alínea n) do n.º 1, os termos de referência devem ser acompanhados do caderno de encargos relativo ao procedimento de ajuste directo. 7 - Aos termos de referência é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1, 2 e 5 do artigo 133.º Artigo 227.º Júri do concurso de concepção 1 - O júri do concurso de concepção, designado pelo órgão competente para a decisão prevista no artigo 221.º, é composto, em número ímpar, por um mínimo de três membros efectivos, um dos quais presidirá, e dois suplentes. 2 - Quando, nos termos de referência, for exigida aos concorrentes a titularidade de habilitações profissionais específicas, a maioria dos membros do júri deve ser titular da mesma habilitação. 3 - Ao funcionamento do júri do concurso de concepção é aplicável o disposto no artigo 68.º 4 - As deliberações do júri do concurso de concepção sobre a ordenação dos trabalhos de concepção apresentados ou sobre a exclusão dos mesmos por inobservância da descrição a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo anterior têm carácter vinculativo para a entidade adjudicante, não podendo, em qualquer caso, ser alteradas depois de conhecida a identidade dos concorrentes. Artigo 228.º Anonimato 1 - No concurso de concepção, qualquer que seja a modalidade adoptada, a identidade dos concorrentes autores dos trabalhos de concepção apresentados só pode ser conhecida e revelada depois de elaborado o relatório final do concurso. 2 - A entidade adjudicante, o júri do concurso e os concorrentes devem praticar, ou abster-se de praticar, se for o caso, todos os actos necessários ao cumprimento do disposto no número anterior, nomeadamente no que respeita ao acesso aos documentos complementares referidos no n.º 3 do artigo 226.º Artigo 229.º Apresentação dos trabalhos de concepção Cada concorrente pode apresentar vários trabalhos de concepção.

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Artigo 230.º Fixação dos prazos para a apresentação dos documentos O prazo para a apresentação dos documentos destinados à qualificação, quando a modalidade escolhida for a de concurso limitado por prévia qualificação, bem como o prazo para a apresentação dos documentos que materializam os trabalhos de concepção, são fixados livremente pela entidade adjudicante, tendo em conta o tempo necessário à respectiva elaboração, em função da natureza, das características e da complexidade inerentes ao concurso em causa. Artigo 231.º Regras do concurso público 1 - Quando a modalidade escolhida for a de concurso público, os documentos que materializam cada um dos trabalhos de concepção devem ser encerrados em invólucro opaco e fechado, no rosto do qual deve ser escrita apenas a palavra «Trabalho» e a designação do concurso. 2 - Em invólucro com as características indicadas no número anterior, deve ser encerrado um documento com a identificação e os contactos do concorrente, no rosto do qual deve ser escrita apenas a palavra «Concorrente» e a designação do concurso. 3 - Os invólucros a que se referem os números anteriores são encerrados num outro, igualmente opaco e fechado, que se denomina «Invólucro exterior», indicando-se apenas a designação do concurso e da entidade adjudicante. 4 - Os documentos que materializam os trabalhos de concepção, bem como todos os invólucros referidos nos números anteriores, devem ser elaborados e apresentados de tal forma que fique assegurado o total e absoluto anonimato dos concorrentes, não podendo conter qualquer elemento que permita, de forma directa ou indirecta, identificar o seu autor ou autores. 5 - O invólucro exterior pode ser entregue directamente ou enviado por correio registado, sem indicação do remetente, devendo, em qualquer caso, a respectiva recepção ocorrer dentro do prazo e no local fixados para a apresentação dos trabalhos de concepção. 6 - A recepção dos invólucros exteriores deve ser registada, anotando-se a data e a hora em que os mesmos são recebidos e, no caso de entrega directa, deve ser apenas entregue ao seu portador um recibo comprovativo dessa entrega. 7 - Depois do termo do prazo fixado para a apresentação dos trabalhos de concepção, o júri do concurso atribui um número a cada um dos invólucros exteriores, abre-os e escreve esse mesmo número nos respectivos invólucros referidos nos n.os 1 e 2. 8 - O júri do concurso procede seguidamente à abertura dos invólucros que contêm os documentos que materializam os trabalhos de concepção apresentados pelos concorrentes, procedendo à sua apreciação e elaborando um relatório final, assinado por todos os seus membros, no qual deve indicar, fundamentadamente: a) A ordenação dos trabalhos de concepção apresentados, de acordo com o critério de selecção fixado nos termos de referência; b) A exclusão dos trabalhos de concepção: i) Cujos invólucros tenham sido apresentados após o termo do prazo fixado nos termos de referência; ii) Cujos documentos que os materializam, ou os invólucros referidos nos n.os 1 a 3, contenham qualquer elemento que permita, de forma directa ou indirecta, identificar o seu autor ou autores; iii) Que não observem a descrição a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 226.º 9 - O júri do concurso só pode proceder à abertura dos invólucros referidos no n.º 2 depois de integralmente cumprido o disposto no número anterior. 10 - No caso de os termos de referência preverem a obrigatoriedade de apresentação dos trabalhos de concepção através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão electrónica de dados, o disposto nos números anteriores é aplicável com as necessárias adaptações. Artigo 232.º Regras do concurso limitado por prévia qualificação 1 - Quando a modalidade escolhida for a de concurso limitado por prévia qualificação, os documentos destinados à qualificação devem ser encerrados em invólucro opaco e fechado, no rosto do qual deve ser escrita a palavra «Candidatura», o nome ou a denominação social do candidato, a designação do concurso e da entidade adjudicante.

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2 - O invólucro referido no número anterior pode ser entregue directamente ou enviado por correio registado, devendo, em qualquer caso, a respectiva recepção ocorrer dentro do prazo e no local fixados para a apresentação das candidaturas. 3 - A recepção dos invólucros deve ser registada, anotando-se a data e a hora em que os mesmos são recebidos e, no caso de entrega directa, a identidade das pessoas que a efectuaram, sendo entregue a estas um recibo comprovativo dessa entrega. 4 - Depois do termo do prazo fixado para a apresentação das candidaturas, o júri do concurso procede à sua apreciação, qualificando os candidatos que, tendo apresentado as respectivas candidaturas tempestivamente, cumpram os requisitos mínimos de capacidade técnica fixados nos termos de referência. 5 - Efectuada a qualificação, o júri do concurso envia aos candidatos qualificados, em simultâneo, um convite à apresentação dos trabalhos de concepção de acordo com as regras fixadas nos termos de referência. 6 - Cumprido o disposto no número anterior, o concurso de concepção prossegue os seus termos de acordo com o disposto no artigo anterior. 7 - O relatório final do concurso deve ainda indicar, fundamentadamente, quais os candidatos a excluir, quer por não preencherem os requisitos mínimos de capacidade técnica exigidos nos termos de referência, quer por terem apresentado as respectivas candidaturas após o termo do prazo fixado para o efeito. 8 - No caso de os termos de referência preverem a obrigatoriedade de apresentação dos trabalhos de concepção através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão electrónica de dados, o disposto nos números anteriores é aplicável com as necessárias adaptações. Artigo 233.º Decisão de selecção e prémios 1 - O órgão competente para a decisão prevista no artigo 221.º selecciona um ou mais trabalhos de concepção, consoante o número fixado nos termos de referência do concurso, de acordo com o teor e as conclusões do relatório final, nomeadamente com as deliberações vinculativas tomadas pelo júri. 2 - Da decisão de selecção deve também constar a atribuição dos prémios de consagração aos concorrentes seleccionados, bem como a atribuição dos eventuais prémios de participação. 3 - A decisão de selecção referida nos números anteriores é notificada simultaneamente a todos os concorrentes e, quando a modalidade escolhida for a de concurso limitado por prévia qualificação, também aos candidatos excluídos. 4 - Os concorrentes sobre cujos trabalhos de concepção recaia a decisão de selecção consideram-se seleccionados para efeitos do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º Artigo 234.º Caducidade da decisão de selecção 1 - Quando os termos de referência do concurso de concepção exigirem aos concorrentes a titularidade de habilitações profissionais específicas, os concorrentes seleccionados devem apresentar documentos comprovativos das mesmas no prazo de cinco dias a contar da notificação da decisão de selecção. 2 - A decisão de selecção caduca se o concorrente seleccionado não apresentar os documentos referidos no número anterior no prazo nele fixado. 3 - No caso previsto no número anterior, o órgão competente para a decisão prevista no artigo 221.º deve seleccionar o trabalho de concepção ordenado em lugar subsequente. Artigo 235.º Anúncio da decisão de selecção Quando o anúncio do concurso de concepção tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, a entidade adjudicante deve enviar ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, no prazo de 30 dias após a decisão de selecção, um anúncio conforme modelo constante do anexo xiii do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. Artigo 236.º Prevalência As normas constantes do presente capítulo relativas ao concurso de concepção prevalecem sobre quaisquer disposições dos termos de referência e respectivos documentos complementares com elas desconformes.

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CAPÍTULO II Sistemas de aquisição dinâmicos Artigo 237.º Noção 1 - A entidade adjudicante pode celebrar contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços de uso corrente através de um sistema totalmente electrónico designado sistema de aquisição dinâmico. 2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, consideram-se bens e serviços de uso corrente aqueles cujas especificações técnicas se encontram totalmente estandardizadas. Artigo 238.º Fases do sistema O sistema de aquisição dinâmico compreende as seguintes fases: a) Instituição do sistema; b) Anúncio simplificado; c) Adjudicação. Artigo 239.º Instituição do sistema 1 - A decisão de instituir um sistema de aquisição dinâmico cabe ao órgão competente para a decisão de contratar e deve ser feita em simultâneo com a decisão de escolha do procedimento. 2 - A escolha do procedimento nos termos do disposto no artigo 20.º só permite a celebração de contratos ao abrigo de um sistema de aquisição dinâmico enquanto o somatório dos respectivos preços contratuais seja inferior aos valores referidos naquele artigo. 3 - A entidade adjudicante não pode instituir um sistema de aquisição dinâmico de modo a impedir, restringir ou falsear a concorrência. 4 - Não podem ser cobradas aos interessados ou aos concorrentes quaisquer despesas relacionadas com a instituição ou a operatividade do sistema. 5 - A instituição de um sistema de aquisição dinâmico rege-se, com as necessárias adaptações, pelas disposições que regulam o concurso público, em tudo o que não esteja especialmente previsto nos artigos seguintes e seja com eles compatível. Artigo 240.º Peças do procedimento 1 - Para além do disposto no artigo 132.º, o programa do procedimento deve ainda: a) Fixar a duração do sistema de aquisição dinâmico, que não pode ser superior a quatro anos, salvo em casos excepcionais devidamente fundamentados; b) Fornecer todas as informações necessárias ao acesso dos interessados ao sistema de aquisição dinâmico, indicando o equipamento electrónico utilizado, as modalidades e os aspectos técnicos de ligação ao sistema; c) Indicar o modo de apresentação das propostas. 2 - O programa do procedimento deve indicar os eventuais factores e subfactores que densificam o critério de adjudicação, bem como o valor dos respectivos coeficientes de ponderação, não sendo, porém, necessário um modelo de avaliação das propostas. 3 - As peças do procedimento devem ser integralmente disponibilizadas, até ao encerramento do sistema, de forma gratuita e directa, na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. Artigo 241.º Versões iniciais de proposta 1 - Os interessados podem apresentar as respectivas versões iniciais de proposta desde a publicitação da instituição do sistema até ao prazo fixado para o efeito no anúncio simplificado previsto no artigo seguinte. 2 - Até ao termo do prazo para a sua apresentação em versão definitiva, fixado no convite previsto no artigo 243.º, as versões iniciais de proposta podem ser continuamente alteradas. 3 - No prazo de 15 dias a contar da recepção no sistema da versão inicial de proposta, bem como de cada alteração da mesma, a entidade adjudicante notifica o respectivo apresentante da sua aceitação ou rejeição.

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4 - São rejeitadas as propostas, tanto na versão inicial como na versão alterada, sempre que os respectivos atributos, termos ou condições violem o caderno de encargos. 5 - Consideram-se rejeitadas as propostas, tanto na versão inicial como na versão alterada, relativamente às quais a entidade adjudicante não proceda à notificação prevista no n.º 3. 6 - São admitidos no sistema todos os interessados que apresentem uma versão inicial de proposta, ou uma versão alterada da mesma, que não seja rejeitada. Artigo 242.º Anúncio simplificado 1 - A celebração de um contrato ao abrigo de um sistema de aquisição dinâmico depende da publicação: a) De um anúncio simplificado no Diário da República, conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas; e b) De um anúncio simplificado no Jornal Oficial da União Europeia, conforme modelo constante do anexo ix do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro, quando o anúncio com indicação expressa da instituição de um sistema de aquisição dinâmico tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia. 2 - À publicação dos anúncios previstos no número anterior é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 130.º ou 131.º 3 - Quando o anúncio com indicação expressa da instituição de um sistema de aquisição dinâmico seja publicado no Jornal Oficial da União Europeia, o anúncio simplificado só pode ser publicado decorridos, pelo menos, 40 dias a contar da data do envio daquele anúncio para publicação. 4 - Todos os interessados em aceder ao sistema devem apresentar as respectivas versões iniciais de proposta no prazo mínimo de 15 dias a contar da data do envio do anúncio simplificado para publicação. 5 - Às versões iniciais das propostas é aplicável o disposto nos n.os 3 a 6 do artigo anterior. NL 1 - O modelo de anúncio simplificado consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. Artigo 243.º Convite 1 - O procedimento de formação do contrato a celebrar ao abrigo de um sistema de aquisição dinâmico inicia-se com o envio, em simultâneo, a todos os concorrentes cujas versões iniciais de proposta foram aceites, de um convite a apresentar uma versão definitiva de proposta para o contrato a celebrar. 2 - No convite, a entidade adjudicante deve indicar: a) O prazo para a apresentação das versões definitivas das propostas, que não pode ser inferior a cinco dias a contar da data do envio do convite; b) O modelo de avaliação das propostas, caso não conste do programa do procedimento. Artigo 244.º Avaliação das propostas e adjudicação Findo o prazo para a apresentação das versões definitivas das propostas, ao procedimento de formação do contrato a celebrar ao abrigo de um sistema de aquisição dinâmico é aplicável o disposto nos artigos 139.º e seguintes, no que diz respeito à avaliação das propostas, à preparação da adjudicação e à eventual fase de leilão electrónico. CAPÍTULO III Sistemas de qualificação Artigo 245.º Instituição de sistemas de qualificação 1 - Quando o contrato a celebrar diga directa e principalmente respeito a uma ou a várias das actividades exercidas nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, estas podem instituir sistemas de qualificação de interessados em participar em concursos limitados por prévia qualificação ou em procedimentos de negociação para a

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formação de contratos de empreitada de obras públicas, de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços. 2 - A instituição de um sistema de qualificação é publicitada no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 3 - O anúncio referido no número anterior ou um resumo dos seus elementos mais importantes pode ser posteriormente divulgado por qualquer outro meio considerado conveniente, nomeadamente através da sua publicação em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. 4 - Deve ainda ser publicado no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio do sistema de qualificação, conforme modelo constante do anexo vii do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 5 - Quando o sistema de qualificação tiver uma duração superior a três anos, os anúncios previstos nos n.os 2 e 4 devem ser republicados anualmente. 6 - Aos anúncios previstos nos números anteriores é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 4 a 7 do artigo 131.º NL 1 – O modelo de anúncio da instituição de um sistema de qualificação consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. Artigo 246.º Regras dos sistemas de qualificação 1 – Os sistemas de qualificação, que podem compreender várias fases de qualificação, devem basear-se em regras e critérios objectivos e não discriminatórios, nomeadamente relativos ao preenchimento de requisitos mínimos de capacidade técnica ou de capacidade financeira dos interessados, devendo ser aplicados em condições de igualdade. 2 – As regras e os critérios de qualificação devem ser adequados ao tipo e às características das prestações abrangidas pelo objecto do contrato a celebrar, podendo consistir no cumprimento de especificações técnicas, caso em que é aplicável o disposto no artigo 49.º 3 – No caso de a entidade adjudicante exigir a apresentação de certificados emitidos por organismos independentes, nacionais ou estabelecidos noutros Estados membros da União Europeia, que atestem que o interessado respeita determinadas normas de garantia de qualidade, deve referir-se aos sistemas de garantia de qualidade baseados no conjunto de normas europeias, certificados por organismos conformes com as séries de normas europeias respeitantes à certificação. 4 – No caso de a entidade adjudicante exigir a apresentação de certificados emitidos por organismos independentes, nacionais ou estabelecidos noutros Estados membros da União Europeia, que atestem que o interessado respeita determinadas normas de garantia de gestão ambiental, deve referir-se aos sistemas de gestão ambiental baseados no Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS) ou em normas europeias ou internacionais, certificados por organismos conformes com as séries de normas europeias ou regulamentos comunitários respeitantes à certificação. 5 – Para os efeitos do disposto no n.º 3, a entidade adjudicante deve reconhecer também outras provas de medidas de garantia de qualidade equivalente apresentadas por interessados que não tenham acesso aos referidos certificados ou que demonstrem que os não possam obter dentro do prazo de duração do sistema de qualificação. 6 – A entidade adjudicante não pode exigir aos interessados testes ou outras diligências que constituam duplicação de provas objectivas já disponíveis. 7 – Os interessados podem, para preenchimento dos requisitos mínimos de capacidade técnica ou de capacidade financeira, recorrer a terceiras entidades, independentemente do vínculo que com elas estabeleçam, desde que apresentem declarações através das quais estas se comprometam, incondicionalmente, a disponibilizar, até ao termo da duração do sistema de qualificação, os meios necessários àquele preenchimento. Artigo 247.º Participação num sistema de qualificação 1 – A entidade adjudicante que tenha instituído um sistema de qualificação deve assegurar que os interessados possam, durante todo o tempo de duração do sistema, solicitar a sua qualificação.

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2 – A entidade adjudicante deve fornecer, a pedido dos interessados, todos os documentos que contenham regras e critérios de qualificação para além dos constantes dos anúncios previstos no artigo 245.º Artigo 248.º Actualização das regras e dos critérios de qualificação 1 – As regras e os critérios de qualificação podem ser actualizados pela entidade adjudicante a todo o tempo, devendo essa actualização ser comunicada aos interessados que já se encontravam qualificados, àqueles cujo pedido de qualificação foi anteriormente recusado e àqueles cujo processo se encontra pendente. 2 – A actualização das regras ou dos critérios de qualificação implica a revisão da decisão de qualificação dos interessados que já se encontrem qualificados. Artigo 249.º Decisão de qualificação 1 – O órgão da entidade adjudicante que para tal for competente deve pronunciar-se sobre o pedido de qualificação, no prazo de seis meses a contar da data da respectiva apresentação, equivalendo o silêncio ao deferimento do pedido. 2 – O indeferimento do pedido de qualificação deve ser fundamentado com base nas regras e nos critérios aplicáveis e comunicado aos interessados. 3 – O órgão referido no n.º 1 apenas pode revogar a decisão de qualificação de qualquer interessado por motivos relativos ao incumprimento superveniente das regras ou dos critérios aplicáveis, ainda que resultantes de uma actualização dos mesmos. Artigo 250.º Selecção dos interessados qualificados 1 – Os interessados qualificados são seleccionados pelo órgão referido no artigo anterior, de acordo com as regras fixadas no sistema de qualificação, para apresentarem propostas em concurso limitado por prévia qualificação ou em procedimento de negociação. 2 – O órgão referido no artigo anterior pode também recorrer a sistemas de qualificação instituídos por outras entidades adjudicantes para proceder à selecção dos interessados qualificados de acordo com as regras fixadas nesses sistemas. 3 – Aos interessados seleccionados nos termos do disposto nos números anteriores é enviado o programa do procedimento contendo as regras do concurso limitado por prévia qualificação ou do procedimento de negociação aplicáveis a partir da fase da apresentação das propostas. 4 – Nos concursos limitados por prévia qualificação e nos procedimentos de negociação adoptados na sequência da instituição de um sistema de qualificação não há lugar à publicação dos anúncios previstos nos artigos 167.º e 197.º, respectivamente. TÍTULO V Acordos quadro CAPÍTULO I Celebração de acordos quadro Artigo 251.º Noção Acordo quadro é o contrato celebrado entre uma ou várias entidades adjudicantes e uma ou mais entidades, com vista a disciplinar relações contratuais futuras a estabelecer ao longo de um determinado período de tempo, mediante a fixação antecipada dos respectivos termos. Artigo 252.º Modalidades de acordos quadro 1 – As entidades adjudicantes só podem celebrar acordos quadro: a) Com uma única entidade, quando neles estejam suficientemente especificados todos os aspectos da execução dos contratos a celebrar ao seu abrigo que sejam submetidos à concorrência pelo caderno de encargos;

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b) Com várias entidades, quando neles não estejam totalmente contemplados ou não estejam suficientemente especificados os aspectos da execução dos contratos a celebrar ao seu abrigo que sejam submetidos à concorrência pelo caderno de encargos. 2 – As entidades adjudicantes não podem recorrer à celebração de acordos quadro, em qualquer das modalidades referidas no número anterior, de forma abusiva ou de modo a impedir, restringir ou falsear a concorrência. Artigo 253.º Procedimento de formação dos acordos quadro 1 – Em tudo o que não esteja especialmente previsto no presente capítulo, à escolha do procedimento para a formação de um acordo quadro e à respectiva tramitação são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as normas previstas no título i, nos capítulos ii a xiii do título ii e no título iii da parte ii do presente Código. 2 – A escolha do procedimento de formação do acordo quadro nos termos do disposto nos artigos 19.º a 21.º só permite a celebração de contratos ao seu abrigo enquanto o somatório dos respectivos preços contratuais seja inferior aos valores referidos naqueles artigos, consoante o caso. 3 – Do alvará ou do título de registo a apresentar para os efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 81.º apenas são relevantes as categorias e as subcategorias, independentemente das respectivas classes. 4 – O programa do procedimento de formação de acordos quadro na modalidade prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo anterior deve indicar o número de propostas a adjudicar. 5 – Para os efeitos da celebração de acordos quadro na modalidade prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo anterior, devem ser adjudicadas, pelo menos, as propostas ordenadas nos três primeiros lugares, salvo quando o número de candidatos qualificados, ou de propostas apresentadas e não excluídas, seja inferior. Artigo 254.º Caução 1 – A entidade adjudicante pode exigir a cada adjudicatário a prestação de uma caução destinada a garantir o exacto e pontual cumprimento da obrigação prevista no n.º 1 do artigo seguinte. 2 – À caução referida no número anterior é aplicável o disposto nos artigos 90.º e 91.º Artigo 255.º Obrigação de celebração de contratos ao abrigo de acordo quadro 1 – O co-contratante do acordo quadro obriga-se a celebrar contratos nas condições naquele previstas à medida que a entidade adjudicante parte no acordo quadro o requeira. 2 – Salvo disposição em contrário constante do caderno de encargos relativo ao acordo quadro, as entidades adjudicantes não são obrigadas a celebrar contratos ao seu abrigo. NJ 1 - “No domínio do CCP o contrato público de aprovisionamento comporta a já referida dupla realidade de selecção do elenco de fornecedores e de determinação do clausulado dos futuros contratos de fornecimento e também se configura nesta sede, à semelhança do que já se previa no regime jurídico anterior, a natureza de contrato unilateral cujos vínculos obrigacionais se constituem tão só do lado do co-contratante mas não do lado do contraente público na medida em que a lei expressamente determina no art. 255.º, n.º 2 do CCP que a entidade adjudicante não está obrigada a celebrar os contratos de fornecimento ao abrigo do acordo-quadro, salvo, naturalmente, cláusula do caderno de encargos do respectivo procedimento que obrigue em contrário, vinculando a entidade adjudicante a, no período de vigência estabelecido para o contrato público de aprovisionamento, contratualizar as aquisições dos ditos bens e serviços com os adjudicatários previamente seleccionados” (V. Acórdão do TCAS de 11/03/2010, Proc. n.º 05678/09, in www.dgsi.pt). Artigo 256.º Prazo máximo de vigência dos acordos quadro 1 - O prazo de vigência dos acordos quadro não pode ser superior a quatro anos, incluindo quaisquer prorrogações expressas ou tácitas.

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2 - O caderno de encargos relativo ao acordo quadro pode, excepcionalmente e com respeito pelo disposto no n.º 2 do artigo 252.º, fixar um prazo de vigência do acordo quadro a celebrar superior a quatro anos, desde que tal se revele necessário ou conveniente em função da natureza das prestações objecto desse acordo quadro ou das condições da sua execução. 3 - A fixação do prazo de vigência do acordo quadro nos termos do disposto no número anterior deve ser fundamentada. CAPÍTULO II Celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro Artigo 257.º Regras gerais 1 - Só podem celebrar contratos ao abrigo de um acordo quadro as partes nesse acordo quadro. 2 - Da celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro não podem resultar alterações substanciais das condições consagradas nestes últimos. 3 - Quando expressamente previsto no caderno de encargos relativo ao acordo quadro, a entidade adjudicante pode actualizar as características dos bens ou dos serviços a adquirir ao abrigo do acordo quadro, modificando-as ou substituindo-as por outras, desde que se mantenha o tipo de prestação e os objectivos das especificações fixadas no procedimento de formação do acordo quadro e desde que tal se justifique em função da ocorrência de inovações tecnológicas. 4 - Quando o contrato a celebrar ao abrigo de um acordo quadro seja de empreitada de obras públicas, é aplicável o disposto no n.º 2 do artigo 81.º. Artigo 258.º Celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro cujos termos abranjam todos os seus aspectos submetidos à concorrência 1 - Deve adoptar-se o ajuste directo para a formação de contratos a celebrar ao abrigo de acordos quadro celebrados na modalidade prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 252.º 2 - O conteúdo dos contratos a que se refere o número anterior deve corresponder às condições contratuais estabelecidas no acordo quadro, não sendo necessária a elaboração de um caderno de encargos. 3 - Caso tal se revele necessário, a entidade adjudicante pode solicitar, por escrito, ao co-contratante do acordo quadro, que pormenorize, igualmente por escrito, aspectos constantes da sua proposta. Artigo 259.º Celebração de contratos ao abrigo de acordos quadro cujos termos não abranjam todos os seus aspectos submetidos à concorrência 1 - Para a formação de contratos a celebrar ao abrigo de acordos quadro celebrados na modalidade prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 252.º, a entidade adjudicante deve dirigir aos co-contratantes do acordo quadro que reúnam as condições necessárias para a execução das prestações objecto desses contratos um convite à apresentação de propostas circunscritas: a) Aos termos do acordo quadro a concretizar, a desenvolver ou a complementar em virtude das particularidades da necessidade cuja satisfação se visa com a celebração do contrato; ou b) Aos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos do acordo quadro para os efeitos do procedimento de formação do contrato a celebrar ao seu abrigo. 2 - O convite deve indicar o prazo e o modo de apresentação das propostas, bem como os termos ou os aspectos referidos no número anterior e, ainda, o modelo de avaliação das propostas com base nos factores e eventuais subfactores que densificaram o critério de adjudicação previamente previsto no programa do procedimento de formação do acordo quadro. 3 - Ao procedimento previsto no presente artigo é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 139.º e seguintes. TÍTULO VI Centrais de compras CAPÍTULO I Disposições gerais

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Artigo 260.º Centrais de compras 1 - As entidades adjudicantes referidas nos n.os 1 e 2 do artigo 2.º podem constituir centrais de compras para centralizar a contratação de empreitadas de obras públicas, de locação e de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços. 2 - As entidades adjudicantes referidas no número anterior podem ainda constituir centrais de compras exclusivamente destinadas a um determinado sector de actividade. 3 - A constituição, a estrutura orgânica e o funcionamento das centrais de compras regem-se por diploma próprio. Artigo 261.º Principais actividades das centrais de compras 1 - As centrais de compras destinam-se a: a) Adjudicar propostas de execução de empreitadas de obras públicas, de fornecimento de bens móveis e de prestação de serviços, a pedido e em representação das entidades adjudicantes; b) Locar ou adquirir bens móveis ou adquirir serviços destinados a entidades adjudicantes, nomeadamente por forma a promover o agrupamento de encomendas; c) Celebrar acordos quadro, designados contratos públicos de aprovisionamento, que tenham por objecto a posterior celebração de contratos de empreitadas de obras públicas ou de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços. 2 - Para os efeitos do exercício das actividades previstas no número anterior, as centrais de compras estão sujeitas às disposições do presente Código. 3 - Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1, as despesas inerentes ao procedimento de formação de cada contrato a celebrar em concreto são da responsabilidade da entidade adjudicante beneficiária, salvo indicação em contrário constante do diploma que regula o funcionamento da central de compras. Artigo 262.º Âmbito subjectivo das centrais de compras 1 - São abrangidas pela contratação centralizada a efectuar por cada central de compras as entidades previstas no diploma que regula o seu funcionamento. 2 - As entidades não abrangidas pela contratação centralizada a efectuar por uma determinada central de compras podem dela beneficiar, para a aquisição da totalidade ou de apenas algumas categorias de obras, de bens móveis ou de serviços, nos termos previstos no diploma que regula o funcionamento da mesma. CAPÍTULO II Acordos quadro celebrados por centrais de compras Artigo 263.º Admissibilidade da celebração de acordos quadro por centrais de compras 1 - As centrais de compras podem celebrar acordos quadro, em qualquer das modalidades previstas no artigo 252.º, que tenham por objecto a futura celebração de contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição serviços. 2 - Salvo nos casos especialmente previstos na lei, sempre que as entidades adjudicantes referidas nas alíneas a) e d) do n.º 1 do artigo 2.º se encontrem abrangidas pela contratação centralizada a efectuar por uma central de compras, os acordos quadro em qualquer das modalidades previstas no artigo 252.º devem ser celebrados por essa central de compras. Artigo 264.º Remissão Em tudo o que não se encontrar especificamente regulado no presente capítulo, aos contratos públicos de aprovisionamento, bem como aos contratos celebrados ao seu abrigo, é aplicável o disposto nos capítulos i e ii do título v. Artigo 265.º Procedimento de formação dos contratos públicos de aprovisionamento

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1 - Sem prejuízo do disposto nos artigos 24.º a 29.º, para a formação dos contratos públicos de aprovisionamento deve ser adoptado o procedimento de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação. 2 - O anúncio do concurso público ou do concurso limitado por prévia qualificação para a formação de contratos públicos de aprovisionamento deve ser sempre publicado no Jornal Oficial da União Europeia. Artigo 266.º Prazo máximo de vigência dos contratos públicos de aprovisionamento O prazo de vigência dos contratos públicos de aprovisionamento não pode ser superior a quatro anos. TÍTULO VII Garantias administrativas Artigo 267.º Direito aplicável 1 - As impugnações administrativas das decisões relativas à formação dos contratos públicos regem-se pelo disposto no presente título e, subsidiariamente, pelo disposto no Código do Procedimento Administrativo. 2 - Os prazos previstos no presente título contam-se nos termos do disposto no artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo e não lhes é aplicável, em caso algum, o disposto no artigo 73.º do mesmo Código. Artigo 268.º Natureza As impugnações administrativas são facultativas. NA

1 - O legislador ao ter optado por criar meios de impugnação na via administrativa facultativos,

determina que a sua utilização constitui um direito do impugnante, e não qualquer pressuposto

processual.

Neste sentido, o interessado poderá optar entre utilizar o meio impugnatório interno, ou se socorrer

do meio competente do contencioso administrativo.

Artigo 269.º Decisões impugnáveis 1 - São susceptíveis de impugnação administrativa quaisquer decisões administrativas ou outras àquelas equiparadas proferidas no âmbito de um procedimento de formação de um contrato público. 2 - As peças do procedimento são também susceptíveis de impugnação administrativa. NA 1 - A possibilidade de impugnar o conteúdo das peças procedimentais, actos de natureza regulamentar ou contratual, constitui uma excepção ao disposto no art. 158.º, n.º 1, do CPA. Artigo 270.º Prazo de impugnação Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 138.º e no n.º 3 do artigo 177.º, as impugnações administrativas de quaisquer decisões administrativas ou de outras àquelas equiparadas relativas à formação de um contrato público devem ser apresentadas no prazo de cinco dias a contar da respectiva notificação. NJ 1 - “Decorrido o prazo de impugnação sem que tenha sido impugnado o acto de adjudicação, no caso, o eventual vício ou vícios de que o acto enfermasse considera-se sanado, consolidando-se o acto na ordem jurídica” (V. o Acórdão do TCAS de 15/12/2010, Proc. n.º 05025/09 in www.dgsi.pt) Artigo 271.º

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Apresentação da impugnação 1 - O interessado deve expor, na reclamação ou no requerimento de interposição do recurso, todos os fundamentos da impugnação, podendo juntar os documentos que considere convenientes. 2 - O recurso administrativo das deliberações do júri deve ser interposto para o órgão competente, por lei ou por delegação, para a decisão de contratar. Artigo 272.º Efeitos da impugnação 1 - A apresentação de quaisquer impugnações administrativas não suspende a realização das operações subsequentes do procedimento em causa. 2 - Enquanto as impugnações administrativas não forem decididas ou não tiver decorrido o prazo para a respectiva decisão, não se pode proceder: a) À decisão de qualificação; b) Ao início da fase de negociação; c) À decisão de adjudicação. Artigo 273.º Audiência dos contra-interessados Quando a impugnação administrativa tiver por objecto a decisão de qualificação, a decisão de adjudicação ou a rejeição de impugnação administrativa de qualquer dessas decisões, o órgão competente para dela conhecer deve, nos dois dias seguintes à respectiva apresentação, notificar os candidatos ou os concorrentes para, querendo, se pronunciarem no prazo de cinco dias, sobre o pedido e os seus fundamentos. Artigo 274.º Decisão 1 - As impugnações administrativas são decididas no prazo de cinco dias a contar da data da sua apresentação, equivalendo o silêncio à rejeição das mesmas. 2 - Quando haja lugar a audiência dos contra-interessados nos termos do disposto no artigo anterior, o prazo para a decisão da impugnação administrativa conta-se do termo do prazo fixado para aquela audiência. NJ 1 - Quanto aos efeitos do silêncio do órgão decisor do meio impugnatório administrativo no decurso do prazo contencioso, o STA (Acórdão do STA de 24-11-2004, Processo n.º 0903/04, in www.dgsi.pt) entendeu que: “I - A norma geral que dimana dos artigos 66.º; 67.º e 69.º n.º 1 do CPTA permite, em caso de inércia da Administração o uso da acção administrativa especial no prazo de um ano a contar do termo do prazo legalmente estabelecido para a emissão do acto ilegalmente omitido. II - Mas nada impede que, ao lado do regime geral, a lei consagre, para casos pontuais, regimes especiais, quer de tipos de processo contencioso (como os processos de contencioso pré-contratual) quer de formação de indeferimento no procedimento gracioso, (maxime em recurso administrativo de decisão de primeiro grau) quer de prazos de utilização dos meios contenciosos, desde que semelhante desvio das regras comuns se mostre necessário à eficácia e prontidão das decisões a proferir na matéria, fique garantida a segurança jurídica, a efectividade da tutela e sejam dirigidos à obtenção de valores superiores aos sacrificados. III - A questão de determinar qual o prazo para o uso do meio urgente previsto no artigo 100.º do CPTA (seja impugnatório ou de condenação) em caso de inércia da Administração, como a falta de decisão de recursos administrativos (U); [a concatenação dos] 100.º e 101.º do CPTA com os artigos 59.º nºs. 4 e 5, 66.º, 67.º e 69.º n.º 1 do CPTA, [tem] como consequência ser de um mês o prazo de utilização do meio contencioso - quer antes quer depois da entrada em vigor do CPTA - contado a partir da data em que o recurso administrativo se “considera indeferido”, data esta que o interessado conhece

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automaticamente por aplicação do n.º 3 do artigo 99.º do DL 59/99 [hodiernamente, o art. 274.º, n.º 1, do CCP], em conjugação com a data em que o interpôs. IV - A norma do n.º 1 do artigo 59.º do CPTA refere-se a actos que devam ser notificados e o artigo 101.º a actos em que não há lugar a notificação. Nestes últimos incluem-se os actos que resultam de se considerar indeferido um recurso administrativo. A falta de decisão de recurso administrativo no prazo legalmente previsto dá lugar a considerar-se iniciado o prazo do recurso contencioso por determinação legal. A notificação neste caso está efectuada com a notificação da decisão primária, tanto que não existe nada a notificar para além do acto primário e o momento a partir do qual começa a contar-se o prazo do recurso contencioso está rigorosamente certo, por força do artigo 99.º do DL 59/99 [hodiernamente, o art. 274.º, n.º 1, do CCP]. 2 - O TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 03/02/2011, Proc. n.º 00597/08.7BEPRT, in www.dgsi.pt), apreciando a aplicabilidade do disposto no art. 175.º, n.º 1, do CPA, quando a lei regule um procedimento impugnatório especial, em que indica expressamente o órgão ad quem, considerou que “(U) Á presente situação [é] inaplicável o regime de notificação da expedição do recurso ao superior hierárquico, uma vez que os interessados interpõe de imediato o recurso para o superior hierárquico, o qual o recepciona, não passando o recurso pelo órgão que proferiu a decisão de primeiro grau”. TÍTULO VIII Extensão do âmbito de aplicação Artigo 275.º Contratos subsidiados 1 - As regras previstas no presente Código relativas à formação de contratos de empreitada de obras públicas são também aplicáveis no caso da formação de contratos de empreitada celebrados por entidades não referidas no artigo 2.º ou no n.º 1 do artigo 7.º, desde que: a) Sejam financiados directamente em mais de 50 % por qualquer das entidades adjudicantes referidas no artigo 2.º; e b) O respectivo preço contratual seja igual ou superior ao valor referido na alínea b) do artigo 19.º. 2 - As regras previstas no presente Código relativas à formação de contratos de aquisição de serviços são também aplicáveis no caso da formação de contratos de aquisição de serviços celebrados por entidades não referidas no artigo 2.º ou no n.º 1 do artigo 7.º, desde que: a) Sejam financiados directamente em mais de 50 % por qualquer das entidades adjudicantes referidas no artigo 2.º; b) O respectivo preço contratual seja igual ou superior ao valor referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º; e c) Sejam complementares, dependentes ou se encontrem, por qualquer forma, relacionados com o objecto de um contrato de empreitada a cuja formação é aplicável o presente Código nos termos do disposto no número anterior. Artigo 276.º Contratos a celebrar por concessionários de obras públicas que não sejam entidades adjudicantes 1 - A intenção de celebrar contratos de empreitada de obras públicas cujo preço contratual seja igual ou superior ao valor referido na alínea b) do artigo 19.º, por parte de concessionários de obras públicas que não sejam entidades adjudicantes, deve ser publicitada no Diário da República através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas. 2 - Deve ainda ser publicado no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio da intenção referida no n.º 1, conforme modelo constante do anexo xi do Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro. 3 - Aos anúncios previstos nos números anteriores é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 4 e 7 do artigo 131.º

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4 - Os anúncios previstos nos n.os 1 e 2 não têm de ser publicados quando: a) Se verificar alguma das situações previstas nos artigos 24.º ou 25.º; b) O adjudicatário seja uma empresa associada do concessionário de obras públicas, nos termos do disposto no artigo 14.º 5 - Para efeitos da formação dos contratos de empreitada de obras públicas referidos no n.º 1, o concessionário não pode fixar um prazo para a apresentação de candidaturas inferior a 37 dias a contar da data do envio do anúncio referido no n.º 2, nem um prazo para a apresentação das propostas inferior a 40 dias a contar daquela mesma data ou do convite à apresentação de propostas. 6 - Aos prazos mínimos previstos no número anterior são aplicáveis as reduções previstas no n.º 3 do artigo 136.º e no n.º 3 do artigo 174.º, consoante o caso. 7 - Quando, por qualquer motivo, as peças do procedimento não sejam disponibilizadas no prazo máximo de três dias a contar da data da sua solicitação, o prazo fixado para a apresentação das candidaturas ou das propostas deve ser prorrogado, a pedido dos interessados, por período, no mínimo, equivalente ao do atraso verificado. NL 1 - O modelo de anúncio da intenção de celebração de contratos de empreitadas de obras públicas por parte de concessionários de obras públicas (não entidades adjudicantes) consta na Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho. Artigo 277.º Contratos a celebrar por entidades beneficiárias de direitos especiais ou exclusivos no exercício de actividades de serviço público 1 - Na formação de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis por entidades não referidas no artigo 2.º ou no n.º 1 do artigo 7.º às quais tenham sido atribuídos direitos especiais ou exclusivos no exercício de actividades de serviço público por uma das entidades adjudicantes neles referidas, devem aquelas respeitar o princípio da não discriminação em razão da nacionalidade. 2 - No acto de atribuição dos direitos especiais ou exclusivos, as entidades adjudicantes devem mencionar a obrigação prevista no número anterior. Parte III Regime substantivo dos contratos administrativos TÍTULO I Contratos administrativos em geral CAPÍTULO I Disposições gerais Artigo 278.º Utilização do contrato administrativo Na prossecução das suas atribuições ou dos seus fins, os contraentes públicos podem celebrar quaisquer contratos administrativos, salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das relações a estabelecer. Artigo 279.º Contrato como fonte da relação jurídica administrativa Sem prejuízo do disposto no presente título em matéria de conformação da relação contratual, esta rege-se pelas cláusulas e pelos demais elementos integrantes do contrato que sejam conformes com a Constituição e a lei. Artigo 280.º Direito aplicável 1 - Na falta de lei especial, as disposições do presente título são aplicáveis às relações contratuais jurídicas administrativas. 2 - As disposições do presente título são subsidiariamente aplicáveis às relações contratuais jurídicas administrativas reguladas em especial no presente Código ou em outra lei, sempre que os tipos dos contratos não afastem as razões justificativas da disciplina em causa. 3 - Em tudo quanto não estiver regulado no presente Código ou em lei especial e não for suficientemente disciplinado por aplicação dos princípios gerais de direito administrativo, são subsidiariamente aplicáveis às relações contratuais

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jurídicas administrativas, com as necessárias adaptações, as restantes normas de direito administrativo e, na falta destas, o direito civil. Artigo 281.º Proporcionalidade e conexão material das prestações contratuais O contraente público não pode assumir direitos ou obrigações manifestamente desproporcionados ou que não tenham uma conexão material directa com o fim do contrato. Artigo 282.º Reposição do equilíbrio financeiro do contrato 1 - Há lugar à reposição do equilíbrio financeiro apenas nos casos especialmente previstos na lei ou, a título excepcional, no próprio contrato. 2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o co-contratante só tem direito à reposição do equilíbrio financeiro quando, tendo em conta a repartição do risco entre as partes, o facto invocado como fundamento desse direito altere os pressupostos nos quais o co-contratante determinou o valor das prestações a que se obrigou, desde que o contraente público conhecesse ou não devesse ignorar esses pressupostos. 3 - A reposição do equilíbrio financeiro produz os seus efeitos desde a data da ocorrência do facto que alterou os pressupostos referidos no número anterior, sendo efectuada, na falta de estipulação contratual, designadamente, através da prorrogação do prazo de execução das prestações ou de vigência do contrato, da revisão de preços ou da assunção, por parte do contraente público, do dever de prestar à contraparte o valor correspondente ao decréscimo das receitas esperadas ou ao agravamento dos encargos previstos com a execução do contrato. 4 - A reposição do equilíbrio financeiro efectuada nos termos do presente artigo é, relativamente ao evento que lhe deu origem, única, completa e final para todo o período do contrato, sem prejuízo de tal reposição poder ser parcialmente diferida em relação a quaisquer efeitos específicos do evento em causa que, pela sua natureza, não sejam susceptíveis de uma razoável avaliação imediata ou sobre cuja existência, incidência ou quantificação não exista concordância entre as partes. 5 - Na falta de estipulação contratual, o valor da reposição do equilíbrio financeiro corresponde ao necessário para repor a proporção financeira em que assentou inicialmente o contrato e é calculado em função do valor das prestações a que as partes se obrigaram e dos efeitos resultantes do facto gerador do direito à reposição no valor dessas mesmas prestações. 6 - A reposição do equilíbrio financeiro não pode colocar qualquer das partes em situação mais favorável que a que resultava do equilíbrio financeiro inicialmente estabelecido, não podendo cobrir eventuais perdas que já decorriam desse equilíbrio ou eram inerentes ao risco próprio do contrato. CAPÍTULO II Invalidade do contrato Artigo 283.º Invalidade consequente de actos procedimentais inválidos 1 - Os contratos são nulos se a nulidade do acto procedimental em tenha assentado a sua celebração tenha sido judicialmente declarada ou possa ainda sê-lo. 2 - Os contratos são anuláveis se tiverem sido anulados ou se forem anuláveis os actos procedimentais em que tenha assentado a sua celebração. 3 - O disposto no número anterior não é aplicável quando o acto procedimental anulável em que tenha assentado a celebração do contrato se consolide na ordem jurídica, se convalide ou seja renovado, sem reincidência nas mesmas causas de invalidade. 4 - O efeito anulatório previsto no n.º 2 pode ser afastado por decisão judicial ou arbitral, quando, ponderados os interesses públicos e privados em presença e a gravidade da ofensa geradora do vício do acto procedimental em causa, a anulação do contrato se revele desproporcionada ou contrária à boa fé ou quando se demonstre inequivocamente que o vício não implicaria uma modificação subjectiva no contrato celebrado nem uma alteração do seu conteúdo essencial. Artigo 283.º -A Anulação de contratos com fundamento em vícios procedimentais 1 - Os contratos são designadamente anuláveis quando tenham sido celebrados: a) Na sequência de um procedimento de formação de contrato sem publicação prévia de anúncio do respectivo procedimento no Jornal Oficial da União Europeia, quando exigível; b) Antes de decorrido, quando aplicável, o prazo de suspensão previsto no n.º 3 do artigo 95.º ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 104.º, conforme o caso. 2 - A anulação de um contrato com fundamento na alínea a) do número anterior, não é aplicável, quando, cumulativamente: a) O procedimento de formação do contrato tenha sido escolhido em função de um critério material previsto no capítulo III do título I da parte II do presente Código;

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b) Tenha sido publicado o anúncio voluntário de transparência previsto no artigo 78.º -A; c) A outorga do contrato não tenha ocorrido antes de decorridos 10 dias após a data da referida publicação. 3 - O efeito anulatório previsto no n.º 1 pode ser afastado nos termos do n.º 4 do artigo 283.º, devendo a decisão obrigatoriamente determinar uma das seguintes sanções alternativas: a) Redução da duração do contrato; ou b) Sanção pecuniária de montante inferior ou igual ao preço contratual. 4 - A decisão judicial ou arbitral referida no número anterior não pode afastar o efeito anulatório com base na ponderação do interesse económico directamente relacionado com o contrato em causa, quando tal interesse assente, designadamente, nos custos resultantes de atraso na execução do contrato, de abertura de um novo procedimento de formação do contrato, de mudança do co-contratante ou de obrigações legais resultantes do efeito anulatório. 5 - Quando o efeito retroactivo da anulação de um contrato com fundamento nos vícios previstos no n.º 1 se revele desproporcionado ou contrário à boa fé, ou quando a esse efeito retroactivo obste a existência de uma situação de impossibilidade absoluta ou razões imperiosas de interesse público, o tribunal pode circunscrever o respectivo alcance para o futuro, devendo a decisão determinar uma das sanções alternativas previstas no n.º 3. Artigo 284.º Invalidade própria do contrato 1 - Os contratos celebrados com ofensa de princípios ou normas injuntivas são anuláveis. 2 - Os contratos são, todavia, nulos quando se verifique algum dos fundamentos previstos no artigo 133.º do Código do Procedimento Administrativo ou quando o respectivo vício determine a nulidade por aplicação dos princípios gerais de direito administrativo. 3 - São aplicáveis aos contratos administrativos as disposições do Código Civil relativas à falta e vícios da vontade. Artigo 285.º Regime de invalidade 1 - Aos contratos com objecto passível de acto administrativo e outros contratos sobre o exercício de poderes públicos é aplicável o regime de invalidade previsto para o acto com o mesmo objecto e idêntica regulamentação da situação concreta. 2 - Aos demais contratos administrativos é aplicável o regime de invalidade consagrado no direito civil. 3 - Todos os contratos administrativos são susceptíveis de redução e conversão, nos termos do disposto nos artigos 292.º e 293.º do Código Civil, independentemente do respectivo desvalor jurídico. CAPÍTULO III Execução do contrato Artigo 286.º Princípios fundamentais O contrato constitui, para o contraente público e para o co-contratante, situações subjectivas activas e passivas que devem ser exercidas e cumpridas de boa fé e em conformidade com os ditames do interesse público, nos termos da lei. Artigo 287.º Eficácia do contrato 1 - A plena eficácia do contrato depende da emissão dos actos de aprovação, de visto, ou de outros actos integrativos da eficácia exigidos por lei, quer em relação ao próprio contrato, quer ao tipo de acto administrativo que eventualmente substitua, no caso de se tratar de contrato com objecto passível de acto administrativo. 2 - As partes podem atribuir eficácia retroactiva ao contrato quando exigências imperiosas de direito público o justifiquem, desde que a produção antecipada de efeitos: a) Não seja proibida por lei; b) Não lese direitos e interesses legalmente protegidos de terceiros; e c) Não impeça, restrinja ou falseie a concorrência garantida pelo disposto no presente Código relativamente à de formação do contrato. 3 - O contrato que constitui situações subjectivas passivas para terceiros ou do qual resultem efeitos modificativos, impeditivos ou extintivos de direitos de terceiros só se torna eficaz nessa parte mediante consentimento dos titulares dos direitos ou obrigações visados. 4 - Exceptuam-se do disposto no número anterior as cláusulas contratuais de efeito normativo, cuja eficácia depende de publicidade conferida segundo as formalidades aplicáveis aos regulamentos do contraente público. NA Art. 287.º

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1 – Os requisitos (negativos) deverão ser verificados, caso a caso, para possibilitar a atribuição de eficácia retroactiva ao contrato. NJ 2 – O TC já teve a oportunidade de se pronunciar sobre a possibilidade de atribuir eficácia retroactiva ao contrato, com referência a data anterior à decisão de contratar. Assim, entendeu o TC que “(U) em procedimentos de contratação pública, não é admissível ser conferida eficácia retroactiva aos contratos, fazendo reportar o início da correspondente produção de efeitos a uma data anterior à da respectiva adjudicação” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria Relatório n.º 2/2011-FC/SRMTC, Processo n.º Processo n.º 05/10 – Aud/FC, http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2011/audit-srmtc-rel002-2011-fc.pdf - consultado em 20/05/2011). Já no Acórdão n.º , “anteriormente, portanto, à entrada em vigor do CCP, se defendia a seguinte doutrina: “num processo de contratação pública a adjudicação constitui um acto administrativo que encerra o procedimento de selecção do contratante particular, só ela exprimindo a inequívoca vontade de contratar, vinculando a entidade adjudicante e conferindo ao concorrente preferido a legítima expectativa da celebração do contrato nos termos legais. Na realidade, antes da adjudicação, que culmina o processo de escolha, não é possível saber, com segurança, que haverá um contrato e que uma dada entidade será a adjudicatária. Para além disso, num processo concorrencial, assumir que uma determinada entidade poderia iniciar a prestação de serviços antes de ser escolhida ofenderia, além do mais, princípios fundamentais de imparcialidade, concorrência e igualdade e lesaria os direitos e interesses legalmente protegidos dos restantes concorrentes ao procedimento de contratação. Acresce que só no acto de adjudicação se fixa o montante da despesa, se confirma a disponibilidade de verba orçamental para a suportar e se obtém a competente autorização para a sua realização, requisitos financeiros indispensáveis para que se possa assumir o compromisso contratual. Assim, e nos termos do disposto no invocado artigo 128.º, n.º 2, alínea a), do CPA, antes desse acto de adjudicação não é possível dar por verificados pressupostos essenciais do contrato e da realização dos serviços a que ele se destina, como sejam a certeza de que pode haver um contrato, o seu conteúdo, a identificação da entidade que deve prestar os serviços e a autorização para a realização da correspondente despesa. Deste modo, sem prejuízo da necessária apreciação casuística das circunstâncias próprias de cada situação, em procedimentos de contratação pública, não há, em princípio, possibilidade de atribuir eficácia retroactiva aos contratos, com referência a uma data anterior à da correspondente adjudicação, por antes dela não se verificarem os pressupostos indispensáveis da contratação”. O mesmo raciocínio é aplicável mesmo no caso dos contratos sujeitos a visto, pois que o disposto no artigo 45.º, n.º 3, da LOPTC “No entanto, é preciso ter em atenção que esta norma não visa regular directamente essa matéria e pode ter -se reportado tão só à situação correspondente ao regime regra, sem pretender afastar o regime do CPA. Parece-nos que, nesse sentido, deve ser interpretada no sentido de que não prejudica as situações excepcionais previstas e consentidas pela lei administrativa”. Artigo 288.º Execução pessoal Sem prejuízo do disposto em matéria de cessão da posição contratual e de subcontratação, incumbe ao co-contratante a exacta e pontual execução das prestações contratuais, em cumprimento do convencionado, não podendo este transmitir a terceiros as responsabilidades assumidas perante o contraente público. Artigo 289.º Colaboração recíproca As partes estão vinculadas pelo dever de colaboração mútua, designadamente no tocante à prestação recíproca de informações necessárias à boa execução do contrato. Artigo 290.º

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Informação e sigilo 1 - O co-contratante deve prestar ao contraente público todas as informações que este lhe solicitar e que sejam necessárias à fiscalização do modo de execução do contrato, devendo o contraente público satisfazer os pedidos de informação formulados pelo co-contratante e que respeitem a elementos técnicos na sua posse cujo conhecimento se mostre necessário à execução do contrato. 2 - Salvo quando, por força do contrato, caiba ao co-contratante o exercício de poderes públicos, compete exclusivamente ao contraente público a satisfação do direito à informação por parte de particulares sobre o teor do contrato e quaisquer aspectos da respectiva execução. 3 - O contraente público e o co-contratante guardam sigilo sobre quaisquer matérias sujeitas a segredo nos termos da lei às quais tenham acesso por força da execução do contrato. NA 1 - V. NJ 1 do art. 104.º do CPTA. Artigo 291.º Protecção do co-contratante pelo contraente público O contraente público deve exercer as respectivas competências de autoridade a fim de reprimir ou prevenir a violação por terceiros de vínculos jurídico-administrativos de que resulte a impossibilidade ou grave dificuldade da boa execução do contrato pelo co-contratante e da obtenção por este das receitas a que tenha direito. Artigo 292.º Adiantamentos de preço 1 - No caso de contratos que impliquem o pagamento de um preço pelo contraente público, este pode efectuar adiantamentos de preço por conta de prestações a realizar ou de actos preparatórios ou acessórios das mesmas quando: a) O valor dos adiantamentos não seja superior a 30 % do preço contratual; e b) Seja prestada caução de valor igual ou superior aos adiantamentos efectuados, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 88.º e 90.º 2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, no caso de a despesa inerente ao contrato se realizar em mais de um ano económico, o contraente público só pode efectuar adiantamentos de preço quando, até ao final do ano económico no qual são efectuados os adiantamentos, sejam realizadas prestações ou praticados actos preparatórios ou acessórios das mesmas de montante igual ou superior aos valores adiantados. 3 - Em casos excepcionais, podem ser efectuados adiantamentos sem que estejam reunidas as condições previstas nos números anteriores, mediante decisão fundamentada do órgão competente para autorizar a correspondente despesa. 4 - Em qualquer caso, só são admitidos adiantamentos contratualmente previstos, não podendo as partes, durante a fase de execução contratual, acordar em regime de pagamentos que implique a realização de adiantamentos inicialmente não previstos, salvo havendo fundamento de modificação do contrato que justifique uma alteração de tal regime e desde que sejam respeitados os limites previstos no presente Código. 5 - Na falta de estipulação contratual, os adiantamentos são imputados aos pagamentos contratualmente previstos. 6 - Os termos concretos da imputação a que se refere o número anterior, incluindo a aplicação das fórmulas que sejam julgadas relevantes, devem ser fixados no contrato. Artigo 293.º Garantia suplementar dos adiantamentos Nos contratos que envolvam a afectação de bens móveis à actividade do co-contratante e em que haja adiantamentos de preço por virtude de tal afectação, para além de outras garantias que sejam devidas, o contraente público goza de privilégio mobiliário especial, graduado em primeiro lugar, sobre os bens a que digam respeito os adiantamentos concedidos, não podendo o co-contratante aliená-los, onerá-los ou desafectá-los da actividade de execução do contrato sem prévio consentimento escrito daquele. Artigo 294.º Substituição da caução 1 - A requerimento do co-contratante, o contraente público pode autorizar a substituição da caução que tenha sido prestada desde que fiquem salvaguardados os pagamentos já efectuados, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 90.º 2 - Da substituição a que se refere o número anterior não pode resultar a diminuição das garantias do contraente público. NA 1 – O instrumento que titula a caução poderá ser substituído se respeitado o disposto no artigo 294.º, n.º 2 e 90.º, n.º 8, i.e., a autorização estará dependente da manutenção do mesmo grau de garantia no novo instrumento.

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2 – A decisão do pedido de substituição da caução não estando sujeita a vinculações positivas (porquanto o legislador não impõe regras que determinem o seu deferimento), não deixa margem para o decisor se limitar a indeferi-la, devendo fundamentar nos termos gerais (cf. artigo 124.º, n.º 1, alínea c) do CPA), quando a decisão seja desfavorável ao requerente. Artigo 295.º Liberação da caução 1 - O regime de liberação das cauções prestadas pelo co-contratante deve ser estabelecido no contrato, não podendo as partes acordar em regime diverso durante a fase de execução contratual, salvo havendo fundamento de modificação do contrato que justifique uma alteração do regime de liberação das cauções e desde que sejam respeitados os limites previstos no presente Código. 2 - A caução para garantia de adiantamentos de preço é progressivamente liberada à medida que forem prestados ou entregues os bens ou serviços correspondentes ao pagamento adiantado que tenha sido efectuado pelo contraente público. 3 - Nos contratos em que não haja obrigações de correcção de defeitos pelo co-contratante, designadamente obrigações de garantia, o contraente público deve promover a liberação integral da caução destinada a garantir o exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais no prazo de 30 dias após o cumprimento de todas as obrigações do co-contratante. 4 - Nos contratos em que haja obrigações de correcção de defeitos pelo co-contratante, designadamente obrigações de garantia, sujeitas a um prazo igual ou inferior a dois anos, o contraente público deve promover a liberação integral da caução destinada a garantir o exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais no prazo de 30 dias após o termo do respectivo prazo. 5 - Nos contratos referidos no número anterior em que o prazo aí referido das obrigações de correcção de defeitos seja superior a dois anos, o contraente público promove a liberação da caução destinada a garantir o exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais, nos seguintes termos: a) 25 % do valor da caução, no prazo de 30 dias após o termo do 2.º ano do prazo a que estão sujeitas as obrigações de correcção de defeitos, designadamente as de garantia; b) Os restantes 75 %, no prazo de 30 dias após o termo de cada ano adicional do prazo a que estão sujeitas as obrigações de correcção de defeitos, designadamente as de garantia, na proporção do tempo decorrido, sem prejuízo da liberação integral, também no prazo de 30 dias, no caso de o prazo referido terminar antes de decorrido novo ano. 6 - Não obstante o disposto no número anterior, quando o prazo a que estão sujeitas as obrigações de correcção de defeitos, designadamente as obrigações de garantia, for superior a cinco anos, a caução destinada a garantir o exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais deve encontrar-se liberada em pelo menos 75 %, no prazo de 30 dias após o decurso desses cinco anos. 7 - Nos contratos sujeitos, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 397.º, a diferentes prazos de garantia e, consequentemente, a recepções provisórias e definitivas parciais, a liberação parcial da caução, nos termos do disposto nos números anteriores, é promovida na proporção do valor respeitante a cada um dos conjuntos de elementos que compõem a obra, designadamente estruturais, construtivos não estruturais ou instalações técnicas e equipamentos. 8 - A liberação da caução prevista nos n.os 4 a 7 depende da inexistência de defeitos da prestação do co-contratante ou da correcção daqueles que hajam sido detectados até ao momento da liberação, sem prejuízo de o contraente público poder decidir diferentemente, designadamente por considerar que os defeitos identificados e não corrigidos são de pequena importância e não justificam a não liberação. 9 - Decorrido o prazo previsto nos números anteriores para a liberação da caução sem que esta tenha ocorrido, o co-contratante pode notificar o contraente público para que este cumpra a obrigação de liberação da caução, ficando autorizado a promovê-la, a título parcial ou integral, se, 15 dias após a notificação, o contraente público não tiver dado cumprimento à referida obrigação. 10 - A mora na liberação, total ou parcial, da caução confere ao co-contratante o direito de indemnização, designadamente pelos custos adicionais por este incorridos com a manutenção da caução prestada por período superior ao que seria devido. NA 1 – Os vários números do artigo 295.º regulam a liberação da caução considerando o objecto do contrato (cf. artigo 295.º, n.º 2 e 3), e as obrigações de garantia das prestações contratuais (cf. artigo 295.º, n.º 4 a 8). 2 – A regra geral da liberação da caução está estatuída no artigo 295.º, n.º 3, que prevê o prazo de 30 dias “após o cumprimento de todas as obrigações do co-contratante”.

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3 – Evidentemente, resulta do cotejar do disposto nos números 3 e 10, do artigo 295.º, que violado o prazo geral de liberação da caução, o contraente público entra em mora. A data de vencimento da obrigação (de liberar a caução) ocorre com o decurso do prazo de 30 dias. 4 – A notificação efectuada pelo co-contrante para que o contraente público cumpra com a obrigação de liberação da caução, não determina o vencimento desta obrigação (que ocorre com o esgotar do prazo), mas determina a possibilidade do co-contratante promover motu proprium a liberação da mesma. Artigo 296.º Execução da caução 1 - As cauções prestadas pelo co-contratante podem ser executadas pelo contraente público, sem necessidade de prévia decisão judicial ou arbitral, para satisfação de quaisquer importâncias que se mostrem devidas por força do não cumprimento por aquele das obrigações legais ou contratuais, designadamente as seguintes: a) Sanções pecuniárias aplicadas nos termos previstos no contrato; b) Prejuízos incorridos pelo contraente público, por força do incumprimento do contrato; c) Importâncias fixadas no contrato a título de cláusulas penais. 2 - A execução parcial ou total de caução prestada pelo co-contratante implica a renovação do respectivo valor, no prazo de 15 dias após a notificação pelo contraente público para esse efeito. 3 - A execução indevida da caução confere ao co-contratante o direito a indemnização pelos prejuízos daí advenientes. NA 1 – A execução da caução visa o pagamento de sanções pecuniárias previstas no contrato, não suscita dúvidas maiores. A questão surge quando a execução da caução é efectuada para pagamento de prejuízos decorrentes do incumprimento pelo co-contratante. Nesta matéria o disposto no artigo 296.º, n.º 1, alínea b) deverá ser concatenado com o disposto no artigo 325.º, ambos do CCP. Evidentemente que o facto que determinou o incumprimento pelo co-contratante tout cour permite a aplicação de sanções pecuniárias (procedimento sancionatório), mas o prejuízo daí decorrente deverá ser calculado com todo o cuidado pelo contraente público (procedimento ressarcitório?????). Não obstante, a decisão da execução da caução por prejuízos decorrentes do incumprimento contratual do co-contratante – perante a opção legislativa prevista no artigo 296.º –, só se entende se estivermos perante um acto administrativo de execução do contrato, considerando o disposto nos artigos 307.º, n.º 2, excepcionado o disposto no artigo 309.º, n.º 2. Noutras palavras, sempre se dirá que o acto administrativo que determina o incumprimento contratual permite a execução da caução, para pagamento de prejuízos. Salvo melhor opinião, apenas a formação do acto sancionatório (cf. artigo 308.º, n.º 2) permite a dispensa da prévia audição do co-contratante; o acto que decide do prejuízo decorrente do incumprimento contratual está sujeito a audiência prévia do co-contratante. Artigo 297.º Suspensão da execução A execução das prestações que constituem o objecto do contrato pode ser, total ou parcialmente, suspensa com os seguintes fundamentos: a) A impossibilidade temporária de cumprimento do contrato, designadamente em virtude de mora do contraente público na entrega ou na disponibilização de meios ou bens necessários à respectiva execução; ou b) A excepção de não cumprimento. Artigo 298.º Recomeço da execução 1 - A execução das prestações que constituem objecto do contrato recomeça logo que cessem as causas que determinaram a suspensão, devendo o contraente público notificar por escrito o co-contratante para o efeito. 2 - A suspensão, total ou parcial, da execução das prestações objecto do contrato determina a prorrogação do prazo de execução das mesmas por período igual ao prazo inicialmente fixado no contrato para a sua execução, acrescido do

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prazo estritamente necessário à organização de meios e execução de trabalhos preparatórios ou acessórios com vista ao recomeço da execução. 3 - Na determinação do prazo acrescido a que se refere a segunda parte do número anterior devem ser considerados o objecto contratual em causa, as necessidades de mobilização de meios humanos e materiais do co-contratante e a duração do período de suspensão. 4 - A prorrogação prevista no n.º 2 não aproveita à parte a quem seja imputável o facto gerador da suspensão. Artigo 299.º Prazo de pagamento 1 - Sempre que do contrato não conste data ou prazo de pagamento, a obrigação pecuniária vence-se, sem necessidade de novo aviso: a) 30 dias após a data em que o contraente público tiver recebido a factura ou documento equivalente; b) 30 dias após a data de recepção efectiva dos bens ou da prestação dos serviços quando a data de recepção da factura ou de documento equivalente seja incerta; c) 30 dias após a data de recepção efectiva dos bens ou da prestação dos serviços quando o contraente público receba a factura ou documento equivalente antes do fornecimento dos bens ou da prestação dos serviços; d) 30 dias após a data de aceitação ou verificação quando esteja previsto um processo mediante o qual deva ser determinada a conformidade dos bens ou serviços e o contraente público receba a factura ou documento equivalente em data anterior. 2 - O período máximo de duração do procedimento de aceitação ou verificação referido na alínea d) do número anterior não pode exceder os 30 dias, salvo disposição em contrário devidamente justificada no contrato. 3 - Constando do contrato data ou prazo de pagamento, os pagamentos devidos pelo contraente público devem ser efectuados no prazo de 30 dias após a entrega das respectivas facturas, as quais só podem ser emitidas após o vencimento da obrigação a que se referem. 4 - O contrato pode estabelecer prazo diverso do fixado no número anterior, não devendo este exceder, em qualquer caso, 60 dias. Artigo 299.º-A Vencimento das obrigações pecuniárias 1 - São nulas as cláusulas contratuais que, sem motivo atendível e justificado face às circunstâncias concretas, estabeleçam prazos superiores a 60 dias para o vencimento das obrigações pecuniárias. 2 - No caso previsto no número anterior, a cláusula tem-se por não escrita e a obrigação considera-se vencida de acordo com as regras do artigo anterior. Artigo 300.º Revisão de preços Sem prejuízo do disposto nos artigos 282.º, 341.º e 382.º, só há lugar à revisão de preços se o contrato o determinar e fixar os respectivos termos, nomeadamente o método de cálculo e a periodicidade. Artigo 301.º Prémios por cumprimento antecipado 1 - Salvo quando a natureza do contrato ou a lei não o permitam, o contraente público pode atribuir ao co-contratante prémios por cumprimento antecipado das prestações objecto do contrato. 2 - A possibilidade de atribuição de prémios a que se refere o número anterior, as condições da sua atribuição e o respectivo valor devem constar do contrato. CAPÍTULO IV Conformação da relação contratual Artigo 302.º Poderes do contraente público Salvo quando outra coisa resultar da natureza do contrato ou da lei, o contraente público pode, nos termos do disposto no contrato e no presente Código: a) Dirigir o modo de execução das prestações; b) Fiscalizar o modo de execução do contrato; c) Modificar unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das prestações previstas no contrato por razões de interesse público; d) Aplicar as sanções previstas para a inexecução do contrato; e) Resolver unilateralmente o contrato. Artigo 303.º Princípios respeitantes aos poderes de direcção e de fiscalização

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1 - Cabe ao contraente público assegurar, mediante o exercício de poderes de direcção e de fiscalização, a funcionalidade da execução do contrato quanto à realização do interesse público visado pela decisão de contratar. 2 - O exercício dos poderes de direcção e de fiscalização deve salvaguardar a autonomia do co-contratante, limitando-se ao estritamente necessário à prossecução do interesse público, e processando-se de modo a não perturbar a execução do contrato, com observância das regras legais ou contratuais aplicáveis e sem diminuir a iniciativa e a correlativa responsabilidade do co-contratante. 3 - Nos contratos que envolvam prestações de concepção por parte do co-contratante, o contraente público deve abster-se designadamente de, por via do exercício de poderes de direcção e de fiscalização relativos a fases posteriores à de concepção, diminuir a responsabilidade e o grau de risco assumido pelo co-contratante relativamente à fase de concepção. Artigo 304.º Direcção do modo de execução das prestações 1 - O contraente público dispõe do poder de direcção do modo de execução das prestações do co-contratante no que respeita a matérias necessárias à execução do contrato carentes de regulamentação ou insuficientemente reguladas de forma a impedir que o contrato seja executado de modo inconveniente ou inoportuno para o interesse público, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo anterior e, designadamente, da reserva de autonomia técnica ou de gestão do co-contratante que se encontre assegurada no contrato ou que decorra do tipo contratual aplicável ou, ainda, dos usos sociais. 2 - Para além das acções tipificadas no contrato, a direcção pelo contraente público consiste na emissão de ordens, directivas ou instruções sobre o sentido das escolhas necessárias nos domínios da execução técnica, financeira ou jurídica das prestações contratuais, consoante o contrato em causa. 3 - As ordens, directivas ou instruções devem ser emitidas por escrito ou, quando as circunstâncias impuserem a forma oral, reduzidas a escrito e notificadas ao co-contratante no prazo de cinco dias, salvo justo impedimento. Artigo 305.º Fiscalização do modo de execução do contrato 1 - O contraente público dispõe de poderes de fiscalização técnica, financeira e jurídica do modo de execução do contrato por forma a poder determinar as necessárias correcções e aplicar as devidas sanções. 2 - Sem prejuízo do disposto em matéria de segredo profissional ou comercial e do regime aplicável a outra informação protegida por lei, a fiscalização deve limitar-se a aspectos que se prendam imediatamente com o modo de execução do contrato, podendo realizar-se, designadamente, através de inspecção de locais, equipamentos, documentação, registos informáticos e contabilidade ou mediante pedidos de informação, 3 - O exercício do poder de fiscalização deve ficar documentado em autos, relatórios ou livros próprios. 4 - As tarefas de fiscalização podem ser parcial ou totalmente delegadas em comissões paritárias de acompanhamento ou entidades públicas ou privadas especializadas. 5 - À relação entre o contraente público e as entidades públicas ou privadas referidas no número anterior são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as regras próprias da delegação de poderes constantes do Código do Procedimento Administrativo. Artigo 306.º Fiscalização do modo de execução dos projectos de investigação e desenvolvimento O regime da fiscalização da execução dos projectos de investigação e desenvolvimento é objecto de regulamentação própria, aprovada por portaria dos ministros responsáveis pelas áreas das obras públicas e da ciência. NL 1 - A Portaria n.º 701-J/2008, de 29 de Julho, define o regime de acompanhamento e fiscalização da execução dos projectos de investigação e desenvolvimento e cria a respectiva comissão. Artigo 307.º Natureza das declarações do contraente público 1 - Com excepção dos casos previstos no número seguinte, as declarações do contraente público sobre interpretação e validade do contrato ou sobre a sua execução são meras declarações negociais, pelo que, na falta de acordo do co-contratante, o contraente público apenas pode obter os efeitos pretendidos através do recurso à acção administrativa comum. 2 - Revestem a natureza de acto administrativo as declarações do contraente público sobre a execução do contrato que se traduzam em: a) Ordens, directivas ou instruções no exercício dos poderes de direcção e de fiscalização; b) Modificação unilateral das cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das prestações previstas no contrato por razões de interesse público; c) Aplicação das sanções previstas para a inexecução do contrato; d) Resolução unilateral do contrato.

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Artigo 308.º Formação dos actos administrativos do contraente público 1 - A formação dos actos administrativos emitidos no exercício dos poderes do contraente público não está sujeita ao regime da marcha do procedimento estabelecido pelo Código do Procedimento Administrativo. 2 - Exceptuam-se do disposto no número anterior a aplicação de sanções contratuais através de acto administrativo, a qual está sujeita a audiência prévia do co-contratante, nos termos previstos no Código do Procedimento Administrativo. 3 - O contraente público pode, todavia, dispensar a audiência prévia referida no número anterior se a sanção a aplicar tiver natureza pecuniária e se encontrar caucionada por garantia bancária à primeira solicitação ou por instrumento equivalente, desde que haja fundado receio de a execução da mesma se frustrar por virtude daquela audiência. NA Ver anotação ao artigo 91.º. Artigo 309.º Executividade dos actos administrativos do contraente público 1 - Os actos administrativos do contraente público relativos à execução do contrato constituem título executivo. 2 - O cumprimento das obrigações determinadas pelos actos administrativos a que se refere o número anterior não pode ser imposto coercivamente pelo contraente público, salvo quando se trate de actos que determinem, em geral, a resolução do contrato ou, em especial, o sequestro e o resgate de concessões, bem como outras situações previstas na lei. Artigo 310.º Acordos endocontratuais 1 - Salvo se outra coisa resultar da natureza dos efeitos jurídicos pretendidos, podem as partes no contrato celebrar entre si, sob forma escrita, acordos pelos quais substituam a prática de actos administrativos pelo contraente público em matéria de execução do contrato ou que tenham por objecto a definição consensual de parte ou da totalidade do conteúdo de tais actos administrativos. 2 - Os acordos endocontratuais sobre a modificação do contrato dependem dos pressupostos e estão sujeitos aos limites estatuídos no capítulo seguinte. 3 - Os acordos endocontratuais integram o contrato a que dizem respeito. CAPÍTULO V Modificações objectivas do contrato Artigo 311.º Modificação objectiva do contrato 1 - O contrato pode ser modificado com os fundamentos previstos no artigo seguinte: a) Por acordo entre as partes, que não pode revestir forma menos solene do que a do contrato; b) Por decisão judicial ou arbitral. 2 - O contrato pode ainda ser modificado por acto administrativo do contraente público quando o fundamento invocado sejam razões de interesse público. Artigo 312.º Fundamentos O contrato pode ser modificado com os seguintes fundamentos: a) Quando as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar tiverem sofrido uma alteração anormal e imprevisível, desde que a exigência das obrigações por si assumidas afecte gravemente os princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos próprios do contrato; b) Por razões de interesse público decorrentes de necessidades novas ou de uma nova ponderação das circunstâncias existentes. Artigo 313.º Limites 1 - A modificação não pode conduzir à alteração das prestações principais abrangidas pelo objecto do contrato nem configurar uma forma de impedir, restringir ou falsear a concorrência garantida pelo disposto no presente Código relativamente à formação do contrato. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, salvo quando a natureza duradoura do vínculo contratual e o decurso do tempo o justifiquem, a modificação só é permitida quando seja objectivamente demonstrável que a ordenação das propostas avaliadas no procedimento de formação do contrato não seria alterada se o caderno de encargos tivesse contemplado essa modificação.

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3 - Nos contratos com objecto passível de acto administrativo e demais contratos sobre o exercício de poderes públicos, o fundamento previsto na alínea a) do artigo anterior não pode conduzir à modificação do contrato por decisão judicial ou arbitral, quando esta interfira com o resultado do exercício da margem de livre decisão administrativa subjacente ao mesmo ou implique a formulação de valorações próprias do exercício da função administrativa. Artigo 314.º Consequências 1 - O co-contratante tem direito à reposição do equilíbrio financeiro, segundo os critérios estabelecidos no presente Código, sempre que o fundamento para a modificação do contrato seja: a) A alteração anormal e imprevisível das circunstâncias imputável a decisão do contraente público, adoptada fora do exercício dos seus poderes de conformação da relação contratual, que se repercuta de modo específico na situação contratual do co-contratante; ou b) Razões de interesse público. 2 - Os demais casos de alteração anormal e imprevisível das circunstâncias conferem direito à modificação do contrato ou a uma compensação financeira, segundo critérios de equidade. NA Art. 314.º, n.º 1, alínea a) 1 – Estamos perante os casos previstos no artigo 311.º, n.º 1, em que a modificação objectiva do contrato decorre por alteração anormal e imprevisível das circunstâncias imputável ao contraente público. Art. 314.º, n.º 1, alínea b) 2 – V. o disposto no artigo 312.º, alínea b). Art. 314.º, n.º 2 3 – Consagra-se o direito de reposição financeira do equilíbrio financeiro do contrato, concedido ao co-contratante, por modificação unilateral do contrato, em razão do interesse público, consagrado no artigo 282.º, n.º 5, do CCP. Artigo 315.º Obrigação de transparência 1 - Os actos administrativos do contraente público ou os acordos entre as partes que impliquem quaisquer modificações objectivas do contrato e representem um valor acumulado superior a 15 % do preço contratual devem ser imediatamente publicitados, pelo contraente público, no portal da Internet dedicados aos contratos públicos, devendo a publicidade ser mantida até seis meses após a extinção do contrato. 2 - A publicitação referida no número anterior é condição de eficácia dos actos administrativos ou acordos modificativos, nomeadamente para efeitos de quaisquer pagamentos. CAPÍTULO VI Cessão da posição contratual e subcontratação Artigo 316.º Âmbito Na falta de estipulação contratual ou quando outra coisa não resultar da natureza do contrato, são admitidas a cessão da posição contratual e a subcontratação, nos termos do disposto nos artigos seguintes. Artigo 317.º Limites à cessão e à subcontratação pelo co-contratante 1 - A cessão da posição contratual e a subcontratação são sempre vedadas: a) Quando a escolha do co-contratante tenha sido determinada por ajuste directo, nos casos em que só possa ser convidada uma entidade; b) Às entidades abrangidas pelas causas de impedimento previstas no artigo 55.º;

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c) Quando existam fortes indícios de que a cessão da posição contratual ou a subcontratação resultem de actos, acordos, práticas ou informações susceptíveis de falsear as regras de concorrência. 2 - Sempre que se trate de subcontratação, o limite constante da alínea a) do número anterior restringe-se às prestações objecto do contrato que tiverem sido determinantes para a escolha do ajuste directo. 3 - Nos casos previstos na alínea c) do n.º 1, deve o contraente público, de imediato, comunicar, à Autoridade da Concorrência e, no caso de empreitadas ou de concessões de obras públicas, igualmente ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., os indícios dos actos, acordos, práticas ou informações susceptíveis de falsear as regras de concorrência. Artigo 318.º Cessão e subcontratação pelo co-contratante autorizadas no contrato 1 - O contrato pode autorizar a cessão da posição contratual e a subcontratação a entidades nele identificadas. 2 - A autorização da cessão da posição contratual depende: a) Da prévia apresentação dos documentos de habilitação relativos ao potencial cessionário que sejam exigidos ao cedente na fase de formação do contrato em causa; b) Do preenchimento, por parte do potencial cessionário, dos requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira exigidos ao cedente para efeitos de qualificação, quando esta tenha tido lugar na fase de formação do contrato em causa. 3 - A autorização da subcontratação depende: a) Da prévia apresentação dos documentos de habilitação relativos ao potencial subcontratado que sejam exigidos ao subcontratante na fase de formação do contrato em causa; b) Do preenchimento, por parte do potencial subcontratado, de requisitos mínimos de capacidade técnica ou de capacidade financeira, quando o contrato subordinar expressamente a subcontratação à avaliação dessas capacidades ou de uma delas, ou do preenchimento, por parte do potencial subcontratado, dos requisitos mínimos de capacidade técnica relativos às prestações a subcontratar, sempre que o co-contratante recorra à capacidade de potenciais subcontratados, para efeitos de qualificação na fase de formação do contrato. 4 - O contrato pode proibir a subcontratação de determinadas prestações contratuais ou de prestações cujo valor acumulado exceda uma percentagem do preço contratual. 5 - A estipulação contratual prevista no número anterior não pode ter por efeito restringir, limitar ou falsear a concorrência garantida pelo disposto no presente Código relativamente à formação do contrato, não podendo, designadamente, limitar a possibilidade de recurso à capacidade técnica de terceiras entidades que se afigure essencial para efeitos de qualificação do co-contratante. 6 - A autorização estabelecida no contrato não dispensa a observância, no momento da cessão ou subcontratação, dos limites e requisitos previstos, respectivamente, no artigo anterior e nos números anteriores. Artigo 319.º Autorização à cessão e à subcontratação pelo co-contratante na fase de execução 1 - A cessão da posição contratual e a subcontratação no decurso da execução do contrato carecem de autorização do contraente público. 2 - Para efeitos da autorização do contraente público, o co-contratante deve apresentar uma proposta fundamentada e instruída com todos os documentos comprovativos da verificação dos requisitos que seriam exigíveis para a autorização da cessão e da subcontratação no próprio contrato, nos termos do disposto no n.º 2, na alínea a) e na primeira parte da alínea b) do n.º 3 e no n.º 4 do artigo anterior, respectivamente. 3 - O contraente público deve pronunciar-se sobre a proposta do co-contratante no prazo de 30 dias a contar da respectiva apresentação, desde que regularmente instruída. Artigo 320.º Recusa de autorização à subcontratação Observados os limites previstos no artigo 317.º e sempre que o potencial subcontratado se encontre habilitado e reúna as capacidades técnica e financeira, nos termos previstos nos artigos anteriores, o contraente público apenas pode recusar a subcontratação no contrato ou negar a sua autorização na fase de execução quando haja fundado receio de que a subcontratação envolva um aumento de risco de incumprimento das obrigações emergentes do contrato. Artigo 321.º Responsabilidade do co-contratante Nos casos de subcontratação, o co-contratante permanece integralmente responsável perante o contraente público pelo exacto e pontual cumprimento de todas as obrigações contratuais. Artigo 322.º Direitos de step in e step out 1 - Quando haja estipulação contratual nesse sentido, as entidades financiadoras podem, mediante autorização do contraente público e nos termos contratualmente estabelecidos, intervir no contrato, com o objectivo de assegurar a

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continuidade das prestações objecto do mesmo, devendo assegurar o respeito pelas normas legais reguladoras da actividade subjacente às prestações em causa. 2 - O disposto no número anterior só é aplicável em caso de incumprimento grave pelo co-contratante de obrigações contratuais perante o contraente público ou perante terceiros com quem o co-contratante tenha celebrado subcontratos essenciais para a prossecução do objecto do contrato desde que o incumprimento esteja iminente ou se verifiquem os pressupostos para a resolução do contrato pelo contraente público ou dos subcontratos por terceiros. 3 - A intervenção das entidades financiadoras pode revestir as seguintes modalidades: a) Transferência do controlo societário do co-contratante para as entidades financiadoras ou para a entidade indicada pelas entidades financiadoras; b) Cessão da posição contratual do co-contratante para as entidades financiadoras ou para a entidade indicada pelas entidades financiadoras. 4 - No caso previsto na alínea b) do número anterior, a posição contratual do co-contratante nos subcontratos celebrados transmitir-se-á automaticamente para as entidades financiadoras ou para a entidade por esta indicada, transmitindo-se novamente para o co-contratante no termo do período de intervenção, se aplicável. Artigo 323.º Alterações societárias Nos casos em que o co-contratante deva constituir-se sob a forma de sociedade, o contrato pode sujeitar a autorização do contraente público qualquer alteração do contrato constitutivo da sociedade, bem como a alienação ou oneração das participações no respectivo capital social. Artigo 324.º Cessão da posição contratual pelo contraente público A cessão da posição contratual pelo contraente público só pode ser recusada pelo co-contratante quando haja fundado receio de que a cessão envolva um aumento do risco de incumprimento das obrigações emergentes do contrato pelo potencial cessionário ou a diminuição das garantias do co-contratante. CAPÍTULO VII Incumprimento do contrato Artigo 325.º Incumprimento por facto imputável ao co-contratante 1 - Se o co-contratante não cumprir de forma exacta e pontual as obrigações contratuais ou parte delas por facto que lhe seja imputável, deve o contraente público notificá-lo para cumprir dentro de um prazo razoável, salvo quando o cumprimento se tenha tornado impossível ou o contraente público tenha perdido o interesse na prestação. 2 - Mantendo-se a situação de incumprimento após o decurso do prazo referido no número anterior, o contraente público pode optar pela efectivação das prestações de natureza fungível em falta, directamente ou por intermédio de terceiro, ou por resolver o contrato com fundamento em incumprimento definitivo, nos termos do disposto no artigo 333.º 3 - Se o contraente público optar pela execução das prestações fungíveis por terceiro, à formação do contrato com esse terceiro é aplicável o disposto na parte ii do presente Código. 4 - O disposto nos números anteriores não prejudica a aplicação pelo contraente público de sanções previstas no contrato para o caso de incumprimento pelo co-contratante, por facto que lhe seja imputável, nem a aplicação das disposições relativas à obrigação de indemnização por mora e incumprimento definitivo previstas no Código Civil. Artigo 326.º Atrasos nos pagamentos 1 - Em caso de atraso do contraente público no cumprimento de obrigações pecuniárias, tem o co-contratante direito aos juros de mora sobre o montante em dívida à taxa legalmente fixada para o efeito pelo período correspondente à mora. 2 - A obrigação de pagamento de juros de mora vence-se automaticamente, sem necessidade de novo aviso, consoante o caso, uma vez vencida a obrigação pecuniária nos termos do n.º 1 do artigo 299.º ou decorrido o prazo previsto nos n.os 3 e 4 do mesmo artigo. 3 - São nulas as cláusulas contratuais que excluam a responsabilidade pela mora, bem como as cláusulas contratuais que, sem motivo atendível e justificado face às circunstâncias concretas, limitem a responsabilidade pela mora. 4 - Em caso de desacordo sobre o montante devido, deve o contraente público efectuar o pagamento sobre a importância em que existe concordância do co-contratante. 5 - Quando as importâncias pagas nos termos previstos no número anterior forem inferiores àquelas que sejam efectivamente devidas ao co-contratante, em função da apreciação de reclamações deduzidas, tem este direito a juros de mora sobre essa diferença, nos termos do disposto no n.º 1. 6 - Na falta de disposição contratual, o atraso em um ou mais pagamentos não determina o vencimento das restantes obrigações de pagamento.

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Artigo 327.º Excepção de não cumprimento invocável pelo co-contratante 1 - Nos contratos bilaterais, quando o incumprimento seja imputável ao contraente público, o co-contratante, independentemente do direito de resolução do contrato que lhe assista, nos termos do disposto no artigo 332.º, pode invocar a excepção de não cumprimento desde que a sua recusa em cumprir não implique grave prejuízo para a realização do interesse público subjacente à relação jurídica contratual. 2 - Se a recusa de cumprir pelo co-contratante implicar grave prejuízo para a realização do interesse público nos termos do disposto na parte final do número anterior, aquele apenas pode invocar a excepção de não cumprimento quando a realização das prestações contratuais coloque manifestamente em causa a viabilidade económico-financeira do co-contratante ou se revele excessivamente onerosa, devendo, nesse último caso, ser devidamente ponderados os interesses públicos e privados em presença. 3 - O exercício pelo co-contratante do direito de recusar o cumprimento da prestação depende de prévia notificação ao contraente público da intenção de exercício do direito e dos respectivos fundamentos, com a antecedência mínima de 15 dias, se outra não for estipulada no contrato. 4 - Considera-se que a invocação da excepção de não cumprimento não implica grave prejuízo para a realização do interesse público quando o contraente público, no prazo de 15 dias contado da notificação a que se refere o número anterior não reconhecer, mediante resolução fundamentada, que a recusa em cumprir seria gravemente prejudicial para o interesse público. Artigo 328.º Direito de retenção O disposto no artigo anterior é aplicável, com as necessárias adaptações, à invocação do direito de retenção pelo co-contratante. Artigo 329.º Aplicação das sanções contratuais 1 - Nos termos previstos no presente Código, o contraente público pode, a título sancionatório, resolver o contrato e aplicar as sanções previstas no contrato ou na lei em caso de incumprimento pelo co-contratante. 2 - Quando as sanções a que se refere o número anterior revistam natureza pecuniária, o respectivo valor acumulado não pode exceder 20 % do preço contratual, sem prejuízo do poder de resolução do contrato prevista no capítulo seguinte. 3 - Nos casos em que seja atingido o limite previsto no número anterior e o contraente público decida não proceder à resolução do contrato, por dela resultar grave dano para o interesse público, aquele limite é elevado para 30 %. CAPÍTULO VIII Extinção do contrato em geral Artigo 330.º Causas de extinção São causas de extinção do contrato: a) O cumprimento, a impossibilidade definitiva e todas as restantes causas de extinção das obrigações reconhecidas pelo direito civil; b) A revogação; c) A resolução, por via de decisão judicial ou arbitral ou por decisão do contraente público, nos casos previstos nos artigos 333.º a 335.º Artigo 331.º Revogação 1 - As partes podem, por acordo, revogar o contrato em qualquer momento. 2 - Os efeitos da revogação são os que tiverem sido validamente fixados no acordo. 3 - A revogação não pode revestir forma menos solene do que a do contrato. Artigo 332.º Resolução do contrato por iniciativa do co-contratante 1 - Sem prejuízo de outras situações de grave violação das obrigações assumidas pelo contraente público especialmente previstas no contrato e independentemente do direito de indemnização, o co-contratante tem o direito de resolver o contrato nas seguintes situações: a) Alteração anormal e imprevisível das circunstâncias; b) Incumprimento definitivo do contrato por facto imputável ao contraente público; c) Incumprimento de obrigações pecuniárias pelo contraente público por período superior a seis meses ou quando o montante em dívida exceda 25 % do preço contratual, excluindo juros;

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d) Exercício ilícito dos poderes tipificados no capítulo sobre conformação da relação contratual pelo contraente público, quando tornem contrária à boa fé a exigência pela parte pública da manutenção do contrato; e) Incumprimento pelo contraente público de decisões judiciais ou arbitrais respeitantes ao contrato. 2 - No caso previsto na alínea a) do n.º 1, apenas há direito de resolução quando esta não implique grave prejuízo para a realização do interesse público subjacente à relação jurídica contratual ou, caso implique tal prejuízo, quando a manutenção do contrato ponha manifestamente em causa a viabilidade económico-financeira do co-contratante ou se revele excessivamente onerosa, devendo, nesse último caso, ser devidamente ponderados os interesses públicos e privados em presença. 3 - O direito de resolução é exercido por via judicial ou mediante recurso a arbitragem. 4 - Nos casos previstos na alínea c) do n.º 1, o direito de resolução pode ser exercido mediante declaração ao contraente público, produzindo efeitos 30 dias após a recepção dessa declaração, salvo se o contraente público cumprir as obrigações em atraso nesse prazo, acrescidas dos juros de mora a que houver lugar. Artigo 333.º Resolução sancionatória 1 - Sem prejuízo de outras situações de grave violação das obrigações assumidas pelo co-contratante especialmente previstas no contrato, o contraente público pode resolver o contrato a título sancionatório nos seguintes casos: a) Incumprimento definitivo do contrato por facto imputável ao co-contratante; b) Incumprimento, por parte do co-contratante, de ordens, directivas ou instruções transmitidas no exercício do poder de direcção sobre matéria relativa à execução das prestações contratuais; c) Oposição reiterada do co-contratante ao exercício dos poderes de fiscalização do contraente público; d) Cessão da posição contratual ou subcontratação realizadas com inobservância dos termos e limites previstos na lei ou no contrato, desde que a exigência pelo co-contratante da manutenção das obrigações assumidas pelo contraente público contrarie o princípio da boa fé; e) Se o valor acumulado das sanções contratuais com natureza pecuniária exceder o limite previsto no n.º 2 do artigo 329.º; f) Incumprimento pelo co-contratante de decisões judiciais ou arbitrais respeitantes ao contrato; g) Não renovação do valor da caução pelo co-contratante; h) O co-contratante se apresente à insolvência ou esta seja declarada pelo tribunal. 2 - O disposto no número anterior não prejudica o direito de indemnização nos termos gerais, nomeadamente pelos prejuízos decorrentes da adopção de novo procedimento de formação de contrato. 3 - Nos casos de resolução sancionatória, havendo lugar a responsabilidade do co-contratante, será o montante respectivo deduzido das quantias devidas, sem prejuízo do contraente público poder executar as garantias prestadas pelo co-contratante. Artigo 334.º Resolução por razões de interesse público 1 - O contraente público pode resolver o contrato por razões de interesse público, devidamente fundamentado, e mediante o pagamento ao co-contratante de justa indemnização. 2 - A indemnização a que o co-contratante tem direito corresponde aos danos emergentes e aos lucros cessantes, devendo, quanto a estes, ser deduzido o benefício que resulte da antecipação dos ganhos previstos. 3 - A falta de pagamento da indemnização prevista nos números anteriores no prazo de 30 dias contados da data em que o montante devido se encontre definitivamente apurado confere ao co-contratante o direito ao pagamento de juros de mora sobre a respectiva importância. Artigo 335.º Outros fundamentos de resolução pelo contraente público 1 - O contraente público tem o direito de resolver o contrato com fundamento na alteração anormal e imprevisível das circunstâncias, nos termos do disposto na alínea a) do artigo 312.º 2 - Quando a resolução do contrato por alteração anormal e imprevisível das circunstâncias seja imputável a decisão do contraente público adoptada fora do exercício dos seus poderes de conformação da relação contratual, o co-contratante tem direito ao pagamento de justa indemnização nos termos do disposto no artigo anterior. CAPÍTULO IX Regras especiais SECÇÃO I Contratos sobre o exercício de poderes públicos Artigo 336.º Negociabilidade da vigência dos vínculos contratuais Nos contratos com objecto passível de acto administrativo e demais contratos sobre o exercício de poderes públicos, as partes têm a faculdade de fixar livremente o respectivo prazo de vigência e os pressupostos da sua modificação,

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caducidade, revogação ou resolução, salvo quando se trate de direitos ou interesses legalmente protegidos indisponíveis, ou quando outra coisa resultar da lei ou da natureza do poder exercido através do contrato. Artigo 337.º Causas específicas de caducidade 1 - Os contratos com objecto passível de acto administrativo extinguem-se por força da verificação dos factos determinantes da caducidade dos actos administrativos que aqueles substituem. 2 - Os contratos pelos quais o contraente público se vincula a praticar, ou não praticar, um acto administrativo com certo conteúdo extinguem-se por força da alteração ou da impossibilidade superveniente de concretização dos pressupostos que ditariam o exercício da discricionariedade administrativa no sentido convencionado. SECÇÃO II Contratos interadministrativos Artigo 338.º Contratos entre contraentes públicos 1 - As disposições da parte iii do presente Código não são directamente aplicáveis aos contraentes públicos que contratam entre si num plano de igualdade jurídica, segundo uma óptica de harmonização do desempenho das respectivas atribuições. 2 - O disposto no número anterior não impede a aplicação, com as adaptações necessárias, do regime substantivo dos contratos administrativos aos contratos celebrados entre contraentes públicos pelos quais um deles se submeta ao exercício de poderes de autoridade pelo outro. SECÇÃO III Execução e modificação de parcerias públicas-privadas Artigo 339.º Dever de informação Quando o serviço ou a entidade que represente o contraente público na execução do contrato que configure uma parceria pública-privada tomar conhecimento de situações susceptíveis de gerarem encargos adicionais para o parceiro público ou para o Estado, designadamente os decorrentes de atrasos imputáveis a entidades públicas intervenientes na respectiva implementação ou execução, devem, de imediato, comunicar tais factos ao ministro responsável pela área das finanças e ao ministro da tutela, indicando, sempre que possível, os valores estimados envolvidos. Artigo 340.º Fiscalização, acompanhamento e modificação de parcerias públicas-privadas 1 - Nos contratos que configurem uma parceria pública-privada, compete ao ministro ou ao membro do Governo Regional responsável pela área das finanças ou ao ministro ou ao membro do Governo Regional da tutela sectorial, consoante o caso: a) O exercício de poderes de fiscalização; b) O acompanhamento do contrato, tendo por objectivo a avaliação dos seus custos e riscos, bem como a melhoria do processo de constituição de novas parcerias públicas-privadas. 2 - A modificação do contrato que configure uma parceria pública-privada depende de decisão conjunta dos ministros ou dos membros do Governo Regional responsáveis pelas áreas das finanças e da tutela sectorial. 3 - No âmbito da administração indirecta do Estado ou das Regiões Autónomas, a decisão de modificação depende de parecer favorável do ministro ou do membro do Governo Regional da tutela sectorial. Artigo 341.º Partilha de benefícios 1 - Nos contratos que configurem uma parceria pública-privada, sempre que ocorrer um acréscimo anormal e imprevisível dos benefícios financeiros para o co-contratante que não resulte da sua eficiente gestão e das oportunidades por si criadas, há lugar à partilha equitativa desses benefícios entre o co-contratante e o contraente público. 2 - Na falta de estipulação contratual, a partilha equitativa dos benefícios financeiros deve ser efectuada através da revisão de preços ou da assunção, por parte do co-contratante, do dever de prestar ao contraente público o valor correspondente ao acréscimo das receitas ou ao decréscimo dos encargos previstos com a execução do contrato. Artigo 342.º Acompanhamento de processos arbitrais 1 - Quando, nos termos do contrato que configure uma parceria pública-privada, seja requerida a constituição de um tribunal arbitral para a resolução de litígios entre as partes, o respectivo contraente público deve comunicar imediatamente ao ministro ou ao membro do Governo Regional responsável pela área das finanças ou ao ministro ou ao membro do Governo Regional da tutela sectorial, consoante o caso, a ocorrência desse facto, fornecendo todos os elementos que se revelem úteis ao acompanhamento do processo arbitral. 2 - Devem ser remetidas, periodicamente, à entidade directamente incumbida de proceder ao acompanhamento do respectivo processo arbitral cópias dos actos processuais que sejam entretanto praticados por qualquer das partes e pelo tribunal, bem como dos pareces técnicos e jurídicos e quaisquer outros elementos relevantes para a compreensão, desenvolvimento ou desfecho da lide. TÍTULO II

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Contratos administrativos em especial CAPÍTULO I Empreitadas de obras públicas SECÇÃO I Disposições gerais Artigo 343.º Noção 1 - Entende-se por empreitada de obras públicas o contrato oneroso que tenha por objecto quer a execução quer, conjuntamente, a concepção e a execução de uma obra pública que se enquadre nas subcategorias previstas no regime de ingresso e permanência na actividade de construção. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se obra pública o resultado de quaisquer trabalhos de construção, reconstrução, ampliação, alteração ou adaptação, conservação, restauro, reparação, reabilitação, beneficiação e demolição de bens imóveis executados por conta de um contraente público. Artigo 344.º Partes 1 - São partes no contrato de empreitada de obras públicas o dono da obra e o empreiteiro. 2 - Durante a execução do contrato, o dono da obra é representado pelo director de fiscalização da obra e o empreiteiro por um director de obra, salvo nas matérias em que, em virtude da lei ou de estipulação contratual, se estabeleça diferente mecanismo de representação. 3 - Sem prejuízo de outras limitações previstas no contrato, o director de fiscalização da obra não tem poderes de representação do dono da obra em matéria de modificação, resolução ou revogação do contrato. 4 - Na falta de estipulação contratual, durante os períodos em que se encontrem ausentes ou impedidos, o director de fiscalização da obra e o director de obra são substituídos pelas pessoas que os mesmos indicarem para esse efeito, desde que, no caso do director de fiscalização da obra, a designação do substituto seja aceite pelo dono da obra e comunicada ao empreiteiro. NA 1 - O director de fiscalização da obra é o “ Técnico, habilitado nos termos da presente lei, a quem incumbe assegurar a verificação da execução da obra em conformidade com o projecto de execução e, quando aplicável, o cumprimento das condições da licença ou da comunicação prévia, bem como o cumprimento das normas legais e regulamentares aplicáveis, e ainda o desempenho das competências previstas no Código dos Contratos Públicos, em sede de obra pública” (V. o art. 3.º, alínea d), da Lei n.º 31/2009, de 3 de Julho). 2 - O Director de obra é o “Técnico habilitado a quem incumbe assegurar a execução da obra, cumprindo o projecto de execução e, quando aplicável, as condições da licença ou comunicação prévia, bem como o cumprimento das normas legais e regulamentares em vigor” (V. o art. 3.º, alínea e), da Lei n.º 31/2009, de 3 de Julho). 3 – O artigo 16.º, n.º 2, da Lei n.º 31/2009, prevê um caso de impedimento: “não pode exercer funções como director de fiscalização de obra qualquer pessoa que integre o quadro de pessoal da empresa de construção que tenha assumido a responsabilidade pela execução da obra ou de qualquer outra empresa que tenha intervenção na execução da obra”. Artigo 345.º Garantias administrativas do empreiteiro relativamente a eventos que devam ser formalizados em auto 1 - O empreiteiro tem direito a reclamar ou a apresentar reservas ao conteúdo dos actos referentes à obra que devam ser formalizados em auto. 2 - Os autos são reduzidos a escrito e assinados pelos representantes das partes, sendo um duplicado dos mesmos entregue ao empreiteiro. 3 - As reclamações ou reservas podem ser exaradas no próprio auto ou apresentadas nos 10 dias subsequentes à notificação do mesmo ao empreiteiro. 4 - As reclamações ou reservas exaradas no próprio auto podem limitar-se ao enunciado genérico do respectivo objecto, podendo o empreiteiro, neste caso, apresentar por escrito exposição fundamentada, no prazo de 15 dias. 5 - O dono da obra decide a reclamação ou pronuncia-se sobre as reservas apresentadas e notifica o empreiteiro no prazo de 15 dias a contar da data da assinatura do auto ou da entrega da reclamação ou da exposição escrita referida no número anterior, equivalendo o silêncio a deferimento da reclamação ou aceitação da reserva.

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6 - Se o empreiteiro se recusar a assinar o auto, nele se fará menção desse facto e da razão invocada para a recusa, devendo o representante do dono da obra promover a assinatura do auto por duas testemunhas que confirmem a ocorrência. 7 - Se, sem justificação nos termos do presente Código e por facto que lhe seja imputável, o dono da obra não formalizar em auto qualquer acto que esteja sujeito a essa formalidade, tal omissão não é oponível ao empreiteiro. SECÇÃO II Direitos e obrigações das partes Artigo 346.º Manutenção da boa ordem no local dos trabalhos 1 - O empreiteiro deve manter a boa ordem no local dos trabalhos. 2 - Para os efeitos do número anterior, o empreiteiro deve retirar do local dos trabalhos, por sua iniciativa ou imediatamente após ordem do dono da obra, o pessoal que haja tido comportamento perturbador dos trabalhos, designadamente por menor probidade no desempenho dos respectivos deveres, por indisciplina ou por desrespeito de representantes ou agentes do dono da obra ou de representantes ou agentes do empreiteiro, dos subempreiteiros ou de terceiros. Artigo 347.º Publicidade A afixação pelo empreiteiro de publicidade no local dos trabalhos depende de autorização do dono da obra. Artigo 348.º Menções obrigatórias no local dos trabalhos Sem prejuízo do disposto em lei especial, o empreiteiro deve afixar no local dos trabalhos, de forma visível, a identificação da obra, do dono da obra e do empreiteiro, com menção do respectivo alvará ou número de título de registo ou dos documentos a que se refere a alínea a) do n.º 5 do artigo 81.º, e manter cópia dos alvarás ou títulos de registo dos subcontratados ou dos documentos previstos na referida alínea, consoante os casos. Artigo 349.º Meios destinados à execução da obra e dos trabalhos preparatórios ou acessórios Na falta de estipulação contratual, cabe ao empreiteiro disponibilizar e fornecer todos os meios necessários para a realização da obra e dos trabalhos preparatórios ou acessórios, incluindo, nomeadamente, os materiais e os meios humanos, técnicos e equipamentos. Artigo 350.º Trabalhos preparatórios ou acessórios Na falta de estipulação contratual, o empreiteiro tem obrigação de realizar todos os trabalhos que, por natureza, por exigência legal ou segundo o uso corrente, sejam considerados como preparatórios ou acessórios à execução da obra, designadamente: a) Trabalhos de montagem, construção, manutenção, desmontagem e demolição do estaleiro; b) Trabalhos necessários para garantir a segurança de todas as pessoas que trabalhem na obra ou que circulem no respectivo local, incluindo o pessoal dos subempreiteiros e terceiros em geral, para evitar danos nos prédios vizinhos e para satisfazer os regulamentos de segurança, higiene e saúde no trabalho e de polícia das vias públicas; c) Trabalhos de restabelecimento, por meio de obras provisórias, de todas as servidões e serventias que seja indispensável alterar ou destruir para a execução dos trabalhos e para evitar a estagnação de águas que os mesmos possam originar; d) Trabalhos de construção dos acessos ao estaleiro e das serventias internas deste. Artigo 351.º Expropriações, servidões e ocupação de prédios 1 - Incumbe ao dono da obra promover os procedimentos administrativos para a realização de quaisquer expropriações que se revelem necessárias à execução da obra, bem como para a constituição das servidões e para a ocupação de prédios necessários à execução dos trabalhos. 2 - Na falta de estipulação contratual, no caso de obras públicas integradas em concessões, a promoção dos procedimentos referidos nos números anteriores incumbe ao concedente. 3 - O pagamento das indemnizações devidas por expropriação, constituição de servidões e ocupação de prédios é da responsabilidade do dono da obra. Artigo 352.º Posse administrativa e constituição de servidões 1 - Antes da celebração do contrato, o dono da obra deve estar na posse administrativa da totalidade dos terrenos a expropriar, salvo quando o número de prédios a expropriar associado ao prazo de execução da obra tornem esta obrigação desproporcionada. 2 - No caso previsto na segunda parte do número anterior, o dono da obra deve, antes da celebração do contrato, estar na posse administrativa dos prédios necessários ao início da execução da obra. 3 - As servidões necessárias à execução de trabalhos preparatórios ou acessórios e ao início da execução da obra devem ser constituídas antes da celebração do contrato.

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4 - O disposto nos números anteriores não é aplicável quando o empreiteiro tenha a obrigação de elaborar o projecto de execução. 5 - A posse administrativa e a constituição de servidões que, nos termos do disposto nos números anteriores, não estejam concretizadas até à celebração do contrato devem sê-lo de forma a não determinar a suspensão da obra e a não prejudicar o normal desenvolvimento do plano de trabalhos. Artigo 353.º Reforço da caução 1 - Para reforço da caução prestada com vista a garantir o exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais, às importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos parciais previstos é deduzido o montante correspondente a 5 % desse pagamento, salvo se o contrato fixar percentagem inferior ou dispensar tal dedução. 2 - A dedução prevista no número anterior pode ser substituída por títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, por garantia bancária à primeira solicitação ou por seguro-caução, nos mesmos termos estabelecidos para a caução destinada a garantir o exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais. Artigo 354.º Reposição do equilíbrio financeiro por agravamento dos custos na realização da obra 1 - Se o dono da obra praticar ou der causa a facto donde resulte maior dificuldade na execução da obra, com agravamentos dos encargos respectivos, o empreiteiro tem o direito à reposição do equilíbrio financeiro. 2 - O direito à reposição do equilíbrio financeiro previsto no número anterior caduca no prazo de 30 dias a contar do evento que o constitua ou do momento em que o empreiteiro dele tome conhecimento, sem que este apresente reclamação dos danos correspondentes nos termos do número seguinte, ainda que desconheça a extensão integral dos mesmos. 3 - A reclamação é apresentada por meio de requerimento no qual o empreiteiro deve expor os fundamentos de facto e de direito e oferecer os documentos ou outros meios de prova que considere convenientes. SECÇÃO III Consignação da obra Artigo 355.º Regra geral O regime da consignação da obra consta do contrato, sem prejuízo das disposições estabelecidas na presente secção. Artigo 356.º Dever de consignar O dono da obra deve facultar ao empreiteiro o acesso aos prédios, ou parte dos mesmos, onde os trabalhos devam ser executados e fornecer-lhe os elementos que, nos termos contratuais, sejam necessários para o início dos trabalhos. Artigo 357.º Plano final de consignação 1 - O contrato pode prever a elaboração pelo dono da obra de um plano final de consignação que densifique e concretiza o plano inicialmente apresentado para efeitos de elaboração da proposta. 2 - O plano final da consignação deve ser imediatamente comunicado pelo dono da obra ao empreiteiro, bem como ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P. Artigo 358.º Consignação total e parcial 1 - O dono da obra só pode proceder a consignações parciais nos seguintes casos: a) Quando, antes da celebração do contrato, não esteja na posse administrativa da totalidade dos prédios necessários à execução da obra; b) Quando o período de tempo necessário às operações preparatórias da consignação total sob responsabilidade do dono da obra impossibilite o início da execução dos trabalhos no momento projectado por este e o respectivo adiamento cause grave prejuízo para o interesse público; c) Nos casos previstos no artigo 360.º 2 - Nos casos em que a consignação total ou a primeira consignação parcial tenham lugar em data posterior à prevista no contrato ou indicada no plano final de consignação, o dono da obra comunica ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., no prazo de cinco dias, a data em que aquelas efectivamente ocorreram, apresentando uma justificação sumária da dilação verificada. Artigo 359.º Prazo e auto de consignação 1 - Na falta de estipulação contratual, a consignação deve estar concluída em prazo não superior a 30 dias após a data da celebração do contrato, no caso de consignação total ou da primeira consignação parcial, ou logo que o dono da obra tenha acesso aos prédios, com a faculdade de os entregar a terceiros, no caso das demais consignações parciais. 2 - A consignação é formalizada em auto e, em caso de consignações parciais, a cada uma deve corresponder um auto autónomo. 3 - Caso o empreiteiro não compareça no local, na data e na hora que o dono da obra comunicar para efeitos de assinatura do auto de consignação, é notificado para comparecer em outra data e hora, com indicação do local, sem prejuízo de o dono da obra poder resolver o contrato, nos termos do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 405.º

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Artigo 360.º Modificação das condições locais e suspensão do procedimento de consignação 1 - Quando se verifique uma modificação relevante das condições locais existentes por comparação com os elementos da solução da obra ou com os dados que serviram de base à sua elaboração, a qual determine a necessidade de um projecto de alteração, o prazo referido no n.º 1 do artigo anterior é suspenso, salvo se for possível a realização de consignações parciais quanto às zonas da obra não afectadas pelo projecto de alteração, que, nesse caso, devem respeitar os prazos ali estabelecidos. 2 - A contagem do prazo referido no n.º 1 do artigo anterior só é retomada depois de terem sido notificadas ao empreiteiro as alterações introduzidas no projecto. 3 - Sem prejuízo do direito de resolução previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo 332.º, a suspensão de prazo prevista no n.º 1 implica a suspensão do prazo previsto na alínea a) do artigo 406.º SECÇÃO IV Execução dos trabalhos Artigo 361.º Plano de trabalhos 1 - O plano de trabalhos destina-se, com respeito pelo prazo de execução da obra, à fixação da sequência e dos prazos parciais de execução de cada uma das espécies de trabalhos previstas e à especificação dos meios com que o empreiteiro se propõe executá-los, bem como à definição do correspondente plano de pagamentos. 2 - No caso em que o empreiteiro tenha a obrigação contratual de elaborar o programa ou o projecto de execução, o plano de trabalhos compreende as prestações de concepção sob responsabilidade do empreiteiro. 3 - O plano de trabalhos constante do contrato pode ser ajustado pelo empreiteiro ao plano final de consignação apresentado pelo dono da obra nos termos do disposto no artigo 357.º, bem como em caso de prorrogação do prazo de execução, de detecção de erros e omissões reclamados na fase de execução ou quando haja lugar a trabalhos a mais. 4 - Os ajustamentos referidos no número anterior não podem implicar a alteração do preço contratual, nem a alteração do prazo de execução da obra, nem ainda alterações aos prazos parciais definidos no plano de trabalhos constante do contrato, para além do que seja estritamente necessário à adaptação do plano de trabalhos ao plano final de consignação. 5 - O plano de trabalhos ajustado carece de aprovação pelo dono da obra, no prazo de cinco dias após a notificação do mesmo pelo empreiteiro, equivalendo o silêncio a aceitação. 6 - O procedimento de ajustamento do plano de trabalhos deve ser concluído antes da data da conclusão da consignação total ou da primeira consignação parcial. 7 - O dono da obra não pode proceder à aceitação parcial do plano de trabalhos Artigo 362.º Prazo de execução da obra e das prestações de concepção 1 - O prazo de execução da obra começa a contar-se da data da conclusão da consignação total ou da primeira consignação parcial ou ainda da data em que o dono da obra comunique ao empreiteiro a aprovação do plano de segurança e saúde, nos termos previstos na lei, caso esta última data seja posterior. 2 - Nos casos em que o empreiteiro tenha a obrigação de elaborar o projecto de execução, o contrato pode estabelecer prazos de elaboração e entrega dos elementos de projecto relevantes com termo final anterior à data da consignação. 3 - Verificando-se o disposto no número anterior, o contrato deve estabelecer prazos máximos de pronúncia do dono da obra sobre os elementos de projecto entregues pelo empreiteiro de forma que a execução dos trabalhos não seja prejudicada por demoras na apreciação que ao dono da obra caiba sobre tais elementos de projecto. 4 - Na falta de estipulação contratual, entende-se que o prazo de execução da obra a que alude o n.º 1 compreende a fase de concepção, seja qual for o respectivo conteúdo. Artigo 363.º Início dos trabalhos 1 - A execução dos trabalhos inicia-se na data em que começa a correr o prazo de execução da obra. 2 - Sem prejuízo do disposto quanto à fase de concepção nos contratos em que o empreiteiro tenha a obrigação de elaborar o projecto de execução, o dono da obra apenas pode consentir o início dos trabalhos em data anterior ou posterior à definida no número anterior se ocorrerem circunstâncias justificativas. Artigo 364.º Património cultural e restos humanos 1 - Todos os bens com valor histórico, paleontológico, arqueológico, arquitectónico, linguístico, documental, artístico, etnográfico, científico, social, industrial ou técnico encontrados no decurso da execução da obra são entregues pelo empreiteiro ao dono da obra, acompanhados de auto donde conste especificamente o objecto da entrega. 2 - Quando se trate de bens móveis cuja extracção ou desmontagem envolva trabalhos, conhecimentos ou processos especializados, o empreiteiro comunica o achado ao dono da obra e, se necessário, suspende a execução dos trabalhos até receber instruções sobre como proceder.

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3 - O dono da obra está obrigado a dar conhecimento de todos os achados referidos nos números anteriores às autoridades administrativas competentes. 4 - No caso de serem detectados restos humanos, o empreiteiro deve comunicar imediatamente o facto às autoridades policiais competentes, dando conhecimento ao dono da obra. SECÇÃO V Suspensão dos trabalhos Artigo 365.º Suspensão pelo dono da obra Sem prejuízo dos fundamentos gerais de suspensão previstos no presente Código e de outros previstos no contrato, o dono da obra pode ordenar a suspensão da execução dos trabalhos nos seguintes casos: a) Falta de condições de segurança; b) Verificação da necessidade de estudar alterações a introduzir ao projecto; c) Determinação vinculativa ou recomendação tida como relevante de quaisquer autoridades administrativas competentes. Artigo 366.º Suspensão pelo empreiteiro 1 - Nos contratos que prevejam um prazo de execução da obra igual ou superior a um ano, o empreiteiro pode suspender, uma vez em cada ano, no todo ou em parte, a execução dos trabalhos por um período não superior a 10 dias seguidos desde que o dono da obra não se oponha de forma expressa e não fiquem comprometidos os prazos parciais e o termo final de execução da obra. 2 - São da responsabilidade do empreiteiro os encargos acrescidos decorrentes da suspensão prevista no número anterior. 3 - Para além dos fundamentos gerais de suspensão previstos no presente Código e de outros previstos no contrato, o empreiteiro pode suspender, no todo ou em parte, a execução dos trabalhos nos seguintes casos: a) Falta de condições de segurança; b) Falta de pagamento de qualquer quantia devida nos termos do contrato, desde que tenha decorrido um mês sobre a data do respectivo vencimento. 4 - A suspensão pelo empreiteiro deve ser antecedida de comunicação escrita ao dono da obra, imediatamente após a verificação do evento que a fundamenta, com menção expressa do fundamento invocado e dos factos que o concretizam. 5 - No caso da alínea b) do n.º 3, a comunicação a que se refere o número anterior deve ser efectuada com antecedência não inferior a 15 dias relativamente à data prevista da suspensão e deve ser assegurado o normal desenvolvimento do plano de trabalhos, ficando prejudicada se, até ao termo do prazo ali referido, o dono da obra efectuar o pagamento das quantias em dívida. 6 - Quando a urgência ou a necessidade de suspensão imediata for incompatível com a exigência de prévia comunicação escrita, as comunicações referidas nos números anteriores podem ser efectuadas oralmente, devendo o empreiteiro formalizá-las por escrito nos cinco dias subsequentes. Artigo 367.º Suspensão autorizada pelo dono da obra O dono da obra pode ainda autorizar a suspensão da execução dos trabalhos se a mesma não comprometer o termo final de execução da obra e não implicar a assunção de novos encargos da sua parte. Artigo 368.º Suspensão por período excessivo Se a suspensão resultar de facto imputável ao empreiteiro e o dono da obra ordenar a manutenção da suspensão por mais tempo do que o que resultaria necessariamente do facto em causa, considera-se, para todos os efeitos, que o tempo de suspensão excedente não é imputável ao empreiteiro. Artigo 369.º Auto de suspensão A suspensão é sempre formalizada em auto, cujo conteúdo deve compreender, no mínimo, os pressupostos que a determinaram e os termos gerais do procedimento a seguir subsequentemente, se for possível determiná-los, assim como quaisquer reclamações apresentadas ou reservas apresentadas por qualquer das partes, desde que directamente relacionadas com a suspensão. SECÇÃO VI Modificações objectivas Artigo 370.º Trabalhos a mais 1 - São trabalhos a mais aqueles cuja espécie ou quantidade não esteja prevista no contrato e que: a) Se tenham tornado necessários à execução da mesma obra na sequência de uma circunstância imprevista; e b) Não possam ser técnica ou economicamente separáveis do objecto do contrato sem inconvenientes graves para o dono da obra ou, embora separáveis, sejam estritamente necessários à conclusão da obra.

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2 - Só pode ser ordenada a execução de trabalhos a mais quando se verifiquem as seguintes condições: a) O contrato tenha sido celebrado na sequência de ajuste directo adoptado ao abrigo do disposto no artigo 24.º ou no n.º 1 do artigo 25.º, de procedimento de negociação, de diálogo concorrencial, de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação; b) Quando o contrato tenha sido celebrado na sequência de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação e o anúncio do concurso tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, no caso de o somatório do preço atribuído aos trabalhos a mais com o preço contratual ser igual ou superior ao valor referido na alínea b) do artigo 19.º; c) O preço atribuído aos trabalhos a mais, somado ao preço de anteriores trabalhos a mais e deduzido do preço de quaisquer trabalhos a menos, não exceder 5 % do preço contratual; e d) O somatório do preço atribuído aos trabalhos a mais com o preço de anteriores trabalhos a mais e de anteriores trabalhos de suprimento de erros e omissões não exceder 50 % do preço contratual. 3 - O limite previsto na alínea c) do número anterior é elevado para 25 % quando estejam em causa obras cuja execução seja afectada por condicionalismos naturais com especiais características de imprevisibilidade, nomeadamente as obras marítimas-portuárias e as obras complexas do ponto de vista geotécnico, em especial a construção de túneis, bem como as obras de reabilitação ou restauro de bens imóveis. 4 - Não são considerados trabalhos a mais aqueles que sejam necessários ao suprimento de erros ou omissões, independentemente da parte responsável pelos mesmos. 5 - Caso não se verifique alguma das condições previstas no n.º 2, os trabalhos a mais devem ser objecto de contrato celebrado na sequência de procedimento adoptado nos termos do disposto no título I da parte II. NA Art. 370.º, n.º 1 1 – Os trabalhos a mais aqui previstos resultam de trabalhos não previstos no projecto, necessários à execução do contrato, e que não são imputáveis ao co-contratante. Art. 370.º, n.º 4 2 – Salvo no caso do artigo 378.º, n.º 1, do CCP, os trabalhos necessários ao suprimento de erros e omissões são imputáveis ao co-contratante. Fiscalização financeira 1 – “Os trabalhos a mais são, por força do artigo 370.º, n.º 1, do CCP os que: - Não foram previstos no contrato em espécie ou quantidade; - Se destinem à realização da mesma obra; - Se tenham tornado necessários na sequência de uma circunstância imprevista; - Não sejam técnica ou economicamente separáveis do objecto do contrato ou, ainda que o sejam, sejam estritamente necessários à conclusão da obra. Para além das limitações referidas nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 370.º do CCP, o limite para a realização de trabalhos a mais é de 5% do preço contratual, e, em casos especiais, de 25%” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). 2 – “Circunstância imprevista é toda a circunstância que um decisor público normal, colocado na posição do real decisor não podia nem devia ter previsto” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 13/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 1/2009, que cita basta jurisprudência, neste sentido). “De acordo com a jurisprudência uniforme deste Tribunal, só estaremos perante uma ‘circunstância imprevista’, para este efeito, quando ela seja qualificável como inesperada ou inopinada, como uma circunstância que o decisor público normal, colocado na posição do real decisor, não podia nem devia ter previsto. O Tribunal tem, assim, sempre rejeitado a qualificação de uma circunstância imprevista como aquela que simplesmente não foi prevista, exigindo que também se demonstre que

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o não podia nem devia ter sido” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). 3 – O TC já teve a oportunidade de reconhecer vários trabalhos que se enquadravam no pressuposto «circunstância imprevista»: “Eram casos em que as alterações aos projectos, as modificações de estratégias construtivas e os incrementos das quantidades e espécies de trabalhos decorriam, designadamente, de: - Deterioração das condições dos terrenos ou do construído em virtude de excepcionais vicissitudes climatéricas ou outras; - Surpresas de natureza geológica; - Aparecimento de estruturas enterradas não cadastradas; Imposições legais supervenientes e imposições inesperadas de autoridades externas; - Achados arqueológicos; - Necessidade de substituir materiais descontinuados” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). 4 – Não decorrem de qualquer «circunstância imprevista», os trabalhos adicionais resultantes da instabilidade de vontade do dono da obra, como seja os casos de “Alteração das funcionalidades ou finalidades dos equipamentos a construir, nomeadamente ao nível de edifícios e espaços urbanos. São exemplos disso a reconversão de espaços para convívio ou restauração, a diferente compartimentação de edifícios em virtude da alteração das respectivas finalidades, a introdução de inclinação em auditório atenta a diversa utilização preconizada, a modificação da acústica de um pavilhão para adaptação a sala de espectáculos musicais, a modificação da profundidade de piscinas, alterando o seu perfil de utilização como espaço de lazer para equipamento de competição, ou a alteração do conceito de mercado, de espaço aberto para espaço fechado. [Nestes casos] (U) Os trabalhos não podiam ser qualificados como trabalhos a mais” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). Art. 370.º, n.º 4 3 – “As situações em que o dono da obra decide “melhorar” os projectos, alterando prestações, aditando trabalhos ou ajustando finalidades, (U) continuam a não ser enquadráveis em qualquer dos dois mecanismos de alteração hoje consagrados. Será, assim, necessário distinguir claramente as situações de melhoria dos projectos das situações de deficiência dos projectos. As situações em que verifica a necessidade de realizar trabalhos estritamente necessários à conclusão da obra têm de ser claramente separadas entre aquelas que resultam de erros de concepção do projecto e aquelas que decorrem de circunstâncias imprevistas, atentos os diferentes limites a que estão sujeitas. No caso das que advêm da superveniência de circunstâncias imprevistas (U) a admissibilidade, em termos quantitativos, é francamente reduzida relativamente ao regime anterior. No caso das que resultam de erros de concepção do projecto (U) haverá que aferir da sua imprescindibilidade para a integral execução da obra, da sua efectiva integração no mesmo objecto contratual e aplicar o complexo mecanismo de responsabilização. Mas há também que articular estas situações com o regime da nulidade do caderno de encargos no caso de o projecto não contemplar elementos obrigatórios, designadamente

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quanto a exigências constantes de legislação e regulamentação aplicáveis ao tipo de obras em causa. Trata-se de matéria que pode potenciar grande insegurança jurídica. Para as empreitadas sujeitas ao regime comunitário, o regime em causa terá de ser articulado com o que consta do artigo 31.º, n.º 4, alínea a), da Directiva 2004/18/CE, que não tem o mesmo sentido. Nota 137: De facto, o referido preceito da Directiva admite a adjudicação, sem procedimento concursal, de trabalhos complementares que não constem do projecto inicial de uma obra, mas apenas se os mesmos, sendo indispensáveis à sua conclusão, se tornarem necessários na sequência de circunstâncias imprevistas” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). Art. 370.º, n.º 5 4 – “Para além das normas hoje contidas no artigo 370.º e seguintes do Código dos Contratos Públicos sobre a tramitação para a aprovação de trabalhos adicionais por parte do dono da obra, há que ter em atenção que os trabalhos adicionais consubstanciam actos geradores de despesa pública, os quais estão sujeitos a regras de prévia cabimentação orçamental, autorização e compromisso orçamental nos termos das normas já referidas139, constituindo a sua violação infracção financeira” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). Artigo 371.º Obrigação de execução de trabalhos a mais 1 - O empreiteiro tem a obrigação de executar os trabalhos a mais, desde que tal lhe seja ordenado por escrito pelo dono da obra e lhe sejam entregues as alterações aos elementos da solução da obra necessárias à sua execução, quando os mesmos tenham integrado o caderno de encargos relativo ao procedimento de formação do contrato. 2 - O empreiteiro não está sujeito à obrigação prevista no número anterior quando opte por exercer o direito de resolução do contrato ou quando, sendo os trabalhos a mais de espécie diferente dos previstos no contrato ou da mesma espécie de outros nele previstos, mas a executar em condições diferentes, o empreiteiro não disponha dos meios humanos ou técnicos indispensáveis para a sua execução. Artigo 372.º Recusa da execução de trabalhos a mais 1 - Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo anterior, bem como quando entenda não estarem verificados os pressupostos constantes do n.º 1 do artigo 370.º, o empreiteiro pode, no prazo de 10 dias a contar da recepção da ordem do dono da obra de execução dos trabalhos a mais, reclamar, fundamentadamente, da mesma. 2 - Recebida a reclamação do empreiteiro, o dono da obra deve apreciar a mesma no prazo de 10 dias a contar da sua recepção. 3 - Quanto considere injustificada a não execução dos trabalhos a mais, o dono da obra pode: a) Notificar o empreiteiro com, pelo menos, cinco dias de antecedência, para execução os trabalhos a mais; ou b) Optar pela execução dos trabalhos a mais, directamente ou por intermédio de terceiro, quando o empreiteiro tenha manifestado de forma peremptória a intenção de não os executar, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 2 a 4 do artigo 325.º 4 - No caso previsto na alínea a) do número anterior, quando o empreiteiro não dê início à execução dos trabalhos, pode o dono da obra, sem prejuízo do poder de resolução do contrato: a) Aplicar ao empreiteiro uma sanção pecuniária compulsória, por cada dia de atraso, em valor correspondente a 1 (por mil) do preço contratual, sem prejuízo de o contrato poder prever valor mais elevado; ou b) Optar pela execução dos trabalhos a mais, directamente ou por intermédio de terceiro. Artigo 373.º Preço e prazo de execução dos trabalhos a mais 1 - Na falta de estipulação contratual, o preço a pagar pelos trabalhos a mais e o respectivo prazo de execução são fixados nos seguintes termos: a) Tratando-se de trabalhos da mesma espécie de outros previstos no contrato e a executar em condições semelhantes, são aplicáveis o preço contratual e os prazos parciais de execução previstos no plano de trabalhos para essa espécie de trabalhos; b) Tratando-se de trabalhos de espécie diferente ou da mesma espécie de outros previstos no contrato mas a executar em condições diferentes, deve o empreiteiro apresentar uma proposta de preço e de prazo de execução.

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2 - Nos casos previstos na alínea b) do número anterior, o empreiteiro deve apresentar ao dono da obra uma proposta de preço e de prazo de execução dos trabalhos a mais, no prazo de 10 dias a contar da data da recepção da ordem de execução dos mesmos. 3 - O dono da obra dispõe de 10 dias para se pronunciar sobre a proposta do empreiteiro, podendo, em caso de não aceitação da mesma, apresentar uma contra-proposta. 4 - Se o dono da obra não efectuar nenhuma comunicação ao empreiteiro dentro do prazo previsto no número anterior, considera-se que a proposta deste foi aceite. 5 - Sem prejuízo do disposto no artigo 372.º, enquanto não houver acordo sobre todos ou alguns preços ou sobre o prazo de execução, os trabalhos respectivos são executados e pagos com base na contra-proposta do dono da obra, efectuando-se, se for caso disso, a correspondente correcção, acrescida, no que respeita aos preços, dos juros de mora devidos, logo que haja acordo ou determinação judicial ou arbitral sobre a matéria. Artigo 374.º Prorrogação do prazo de execução da obra 1 - Quando haja lugar à execução de trabalhos a mais, o prazo de execução da obra é proporcionalmente prorrogado de acordo com os prazos definidos nos termos do disposto no artigo 373.º 2 - O disposto no número anterior não é aplicável quando estejam em causa trabalhos a mais cuja execução não prejudique o normal desenvolvimento do plano de trabalhos. Artigo 375.º Formalização dos trabalhos a mais Definidos todos os termos e condições a que deve obedecer a execução dos trabalhos a mais, o dono da obra e o empreiteiro devem proceder à respectiva formalização por escrito. NA Fiscalização financeira 1 – “(U) Importa, pois, recomendar às entidades que celebram contratos de empreitada de obras públicas que tenham em atenção alguns aspectos importantes: a) Atendendo a que os trabalhos aditados ou suprimidos a uma empreitada alteram o conteúdo do contrato e o preço contratual, os mesmos devem sempre ser formalizados em adicional ao contrato; b) A compensação entre trabalhos a mais e a menos, ainda que relevante para o cálculo dos limites de acréscimo de custos, não afasta a necessidade e a conveniência da sua formalização; c) Os contratos adicionais devem ser outorgados atempadamente; d) Deve ser cumprido o dever de remessa dos contratos adicionais ao Tribunal de Contas, fixado no artigo 47.º, n.º 2, da LOPTC; e) Os adicionais devem ser remetidos ao Tribunal no prazo fixado nessa norma legal (15 dias a partir do início da execução dos trabalhos)” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). Artigo 376.º Obrigação de execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões 1 - O empreiteiro tem a obrigação de executar todos os trabalhos de suprimento de erros e omissões que lhe sejam ordenados pelo dono da obra, o qual deve entregar ao empreiteiro todos os elementos necessários para esse efeito, salvo quando o empreiteiro tenha a obrigação pré-contratual ou contratual de elaborar o programa ou o projecto de execução. 2 - Salvo quando o empreiteiro tenha a obrigação de elaborar o projecto de execução, o dono da obra deve entregar ao empreiteiro todos os elementos necessários à realização dos trabalhos referidos no número anterior. 3 - Só pode ser ordenada a execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões quando o somatório do preço atribuído a tais trabalhos com o preço de anteriores trabalhos de suprimento de erros e omissões e de anteriores trabalhos a mais não exceder 50 % do preço contratual. 4 - O empreiteiro não está sujeito à obrigação prevista no n.º 1 nos casos previstos no n.º 2 do artigo 371.º, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 372.º 5 - Sempre que o dono da obra ordene a execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões que, apesar de terem sido detectados na fase de formação do contrato, não tenham sido por si expressamente aceites, deve o mesmo

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justificar a razão pela qual os considera essenciais à conclusão da obra e fazer constar esse facto no relatório final da obra. 6 - Quando estejam em causa erros e omissões que prejudiquem o normal desenvolvimento do plano de trabalhos, o empreiteiro propõe ao dono da obra as modificações necessárias ao mesmo, devendo este pronunciar-se sobre o plano de trabalhos modificado e comunicar a sua posição ao empreiteiro, até 15 dias após a notificação da proposta do empreiteiro, equivalendo o silêncio a aceitação. 7 - As modificações ao plano de trabalhos referido no número anterior destinam-se estritamente a compatibilizar o plano em vigor com os trabalhos de suprimento de erros e omissões ordenados e apenas podem ter por efeito a alteração do prazo de execução da obra ou do preço contratual nos termos previstos, respectivamente, no n.º 2 do artigo 377.º e no artigo 378.º 8 - Caso não se verifique a condição prevista no n.º 3, os trabalhos de suprimento de erros e omissões devem ser objecto de contrato celebrado na sequência de procedimento adoptado nos termos do disposto no título i da parte ii. NA Fiscalização financeira 1 – “O dono da obra deve pronunciar-se sobre os erros e omissões identificados pelos concorrentes durante o prazo para apresentação das propostas nos procedimentos pré-contratuais para adjudicação de empreitadas. Este mecanismo é muito importante, não apenas porque permite que a correcção do projecto e do objecto da empreitada seja efectuada em ambiente concorrencial, mas também porque fixa o regime da responsabilização pelos erros e omissões identificados mais tarde. De facto, se o dono da obra rejeitar, expressa ou tacitamente, os erros e omissões identificados pelos concorrentes e os mesmos vierem a ser reconhecidos mais tarde, ele será responsável pelos mesmos. Nesses casos, deverá ser justificada a razão pela qual os mesmos vêm mais tarde a ser considerados essenciais à conclusão da obra, o que deve constar do respectivo relatório final. Em contrapartida, o empreiteiro será responsabilizado pelos erros e omissões que deveria ter detectado, e não detectou, na fase de formação do contrato e, ainda, por aqueles que, não sendo detectáveis naquela fase, não identifique no prazo de 30 dias a contar da data em que lhe seja exigível a sua detecção. Por outro lado, caso os erros e omissões decorram do incumprimento de obrigações de concepção assumidas por terceiros deve o dono da obra exercer obrigatoriamente o direito que lhe assista de ser indemnizado por parte destes terceiros” (in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). Artigo 377.º Preço e prazo de execução dos trabalhos de suprimento de erros e omissões 1 - À fixação do preço e do prazo de execução dos trabalhos de suprimento de erros e omissões é aplicável o disposto no artigo 373.º 2 - A execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões pode dar lugar à prorrogação do prazo de execução da obra, nos termos do disposto no artigo 374.º, quando se trate de: a) Erros e omissões detectados pelos concorrentes na fase de formação do contrato mas que não tenham sido aceites pelo dono da obra; b) Erros e omissões que, ainda que actuando com a diligência objectivamente exigível em face das circunstâncias concretas, não pudessem ter sido detectados na fase de formação do contrato, de acordo com o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 61.º; c) Erros e omissões que tenham sido oportunamente detectados na fase de execução do contrato, de acordo com o previsto no n.º 4 do artigo seguinte. Artigo 378.º Responsabilidade pelos erros e omissões 1 - O dono da obra é responsável pelos trabalhos de suprimento de erros e omissões resultantes dos elementos que tenham sido por si elaborados ou disponibilizados ao empreiteiro, designadamente os elementos da solução da obra.

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2 - Quando o empreiteiro tenha a obrigação de elaborar o projecto de execução, é o mesmo responsável pelos trabalhos de suprimento dos respectivos erros e omissões, excepto quando estes sejam induzidos pelos elementos elaborados ou disponibilizados pelo dono da obra. 3 - O empreiteiro é responsável pelos trabalhos de suprimento de erros e omissões cuja detecção era exigível na fase de formação do contrato nos termos do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 61.º, excepto pelos que hajam sido identificados pelos concorrentes na fase de formação do contrato mas que não tenham sido expressamente aceites pelo dono da obra. 4 - O empreiteiro é ainda responsável pelos trabalhos de suprimento de erros e omissões que, não sendo exigível que tivessem sido detectados na fase de formação do contrato nos termos do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 61.º, também não tenham sido por ele identificados no prazo de 30 dias a contar da data em lhe fosse exigível a sua detecção. 5 - A responsabilidade do empreiteiro prevista no n.º 3 corresponde a metade do preço dos trabalhos de suprimento dos erros e omissões executados. 6 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, caso os erros ou omissões decorram do incumprimento de obrigações de concepção assumidas por terceiros perante o dono da obra: a) Deve o dono da obra exercer obrigatoriamente o direito que lhe assista de ser indemnizado por parte destes terceiros; b) Fica o empreiteiro sub-rogado no direito de indemnização que assista ao dono da obra perante esses terceiros até ao limite do montante que deva ser por si suportado em virtude do disposto nos n.os 3 a 5. 7 - No caso previsto no número anterior, a responsabilidade dos terceiros perante o dono da obra ou o empreiteiro, quando fundada em título contratual, é limitada ao triplo dos honorários a que tenham direito ao abrigo do respectivo contrato, salvo se a responsabilidade em causa tiver resultado de dolo ou de negligência grosseira no cumprimento das suas obrigações. NA Art. 377.º, n.º 2 1 – A responsabilidade do co-contratante é subjectiva e não objectiva, porquanto deverá se aferir da culpa daquele. Tratando-se de um caso em que o projecto de execução foi elaborado pelo co-contratante, a responsabilidade será imputável a este, quando o facto gerador do erro ou omissão era previsível. Não sendo previsível estamos perante o instituto dos «trabalhos a mais», por «circunstância imprevista», em regra. Art. 377.º, n.º 4 2 – O ónus do contraente público, atento o disposto no artigo 378.º, n.º 1, transfere-se para o co-contratante se este não notificar aquele no prazo de 30 dias a contar da possibilidade de previsão dos erros e omissões. Fiscalização financeira 3 – “O CCP contempla hoje regras para partilha da responsabilização por eventuais erros e omissões dos projectos, procurando, por um lado, evitar que os adjudicatários se prevaleçam da falta de rigor dos projectos para poder compensar-se na fase de execução das obras dos preços baixos que apresentaram na fase do procedimento pré-contratual e, por outro lado, introduzir o princípio de responsabilização dos projectistas. O artigo 378.º do CCP estabelece, designadamente, que: - O empreiteiro é responsável pelos trabalhos de suprimento dos erros e omissões dos projectos que lhe caiba elaborar (excepto quando eles tenham sido induzidos pelos elementos elaborados ou disponibilizados pelo dono da obra); - O empreiteiro é responsável por metade do preço dos trabalhos de suprimento de erros e omissões cuja detecção era exigível na fase de formação do contrato, excepto se eles tiverem sido identificados pelos concorrentes, mas não aceites pelo dono da obra129; - O empreiteiro é responsável pelos trabalhos de suprimento de erros e omissões cuja detecção não lhe era exigível na fase de formação do contrato mas que não foram por ele identificados no prazo de 30 dias a contar da data em que estava em condições de o fazer;

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Quando os erros ou omissões dos projectos decorram do incumprimento de obrigações de concepção assumidos por terceiros perante o dono da obra, deve este exercer obrigatoriamente o direito que lhe assista de ser indemnizado por parte desses terceiros; - A responsabilidade dos terceiros, quando se funde em título contratual e não resulte de dolo ou de negligência grosseira no cumprimento das obrigações de concepção, é limitada ao triplo dos honorários fixados no contrato; - A responsabilidade que resulte de dolo ou de negligência grosseira no cumprimento das obrigações corresponde ao valor total dos trabalhos de suprimento de erros e omissões (U). Uma parcela elevada das deficiências de projecto identificadas nas auditorias realizadas foi considerada pelo Tribunal de Contas como derivando de manifesta e grosseira falta de rigor. A admitir que algumas dessas situações possam ser consideradas, em face do novo regime, como erros ou omissões de projecto e dar lugar a trabalhos adicionais para o respectivo suprimento, a sua verificação exigirá, a partir de agora, um aturado trabalho de definição de quem é o responsável pelo respectivo pagamento. Importará definir se o empreiteiro tinha condições para identificar esses erros e omissões e, consequentemente, obrigação de o fazer, como importará definir se esses erros decorrem do incumprimento de obrigações de concepção por parte dos projectistas. Importará também identificar as situações em que os responsáveis do dono de obra terão agido sem o rigor necessário na aprovação dos projectos e sem pedir aos empreiteiros e aos projectistas que assumam as responsabilidades definidas na lei, quando a isso estão obrigados”(in Relatório do Tribunal de Contas de Auditoria n.º 8/2010 – 1.ª Secção, Processo n.º 8/2008 – Audit. 1.ª S., http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2010/audit-dgtc-rel008-2010-1s.pdf - consultado em 20/05/2011). Artigo 379.º Trabalhos a menos 1 - Salvo em caso de impossibilidade de cumprimento, o empreiteiro só pode deixar de executar quaisquer trabalhos previstos no contrato desde que o dono da obra emita uma ordem com esse conteúdo, especificando os trabalhos a menos. 2 - O preço correspondente aos trabalhos a menos é deduzido ao preço contratual, sem prejuízo do disposto no artigo 381.º Artigo 380.º Inutilização de trabalhos já executados Se da execução de trabalhos a mais ou de trabalhos de suprimento de erros e omissões ou da ordem para execução de trabalhos a menos resultar inutilização de trabalhos já realizados em conformidade com o contrato ou com instruções do dono da obra, o seu valor não é deduzido ao preço contratual, tendo o empreiteiro direito a ser remunerado pelos trabalhos já realizados e pelos trabalhos necessários à reposição da situação anterior. Artigo 381.º Indemnização por supressão de trabalhos 1 - Quando, por virtude da ordem de supressão de trabalhos ou de outros actos ou factos imputáveis ao dono da obra, os trabalhos executados pelo empreiteiro tenham um valor inferior em mais de 20 % ao preço contratual, este tem direito a uma indemnização correspondente a 10 % do valor da diferença verificada. 2 - A indemnização prevista no número anterior é liquidada na conta final da empreitada. Artigo 382.º Revisão ordinária de preços 1 - Sem prejuízo do disposto nos artigos 282.º, 300.º e 341.º, o preço fixado no contrato para os trabalhos de execução da obra é obrigatoriamente revisto nos termos contratualmente estabelecidos e de acordo com o disposto em lei. 2 - Na falta de estipulação contratual quanto à fórmula de revisão de preços, é aplicável a fórmula tipo estabelecida para obras da mesma natureza constante de lei. SECÇÃO VII Subempreitadas Artigo 383.º Limites às subempreitadas 1 - Sem prejuízo dos limites gerais previstos no presente Código, a subcontratação é vedada: a) A entidades que não sejam titulares de alvará ou de título de registo emitido pelo Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., contendo as habilitações adequadas à execução da obra a subcontratar; ou

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b) A entidades nacionais de Estado signatário do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu ou do Acordo sobre Contratos Públicos da Organização Mundial de Comércio que, não sendo titulares do alvará ou do título de registo, não apresentem uma declaração, emitida pelo Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., comprovativa de que podem executar as prestações objecto do contrato a celebrar por preencherem os requisitos que lhes permitiriam ser titular de um alvará ou de um título de registo contendo as habilitações adequadas à execução da obra a realizar. 2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, não pode o empreiteiro subcontratar prestações objecto do contrato de valor total superior a 75 % do preço contratual, acrescido ou deduzido dos preços correspondentes aos trabalhos a mais ou a menos, aos trabalhos de suprimento de erros e omissões e à reposição do equilíbrio financeiro a que haja lugar no âmbito do contrato em causa. 3 - Não é aplicável o disposto no número anterior relativamente à fase de formação do contrato sempre que da limitação aí fixada decorram os efeitos previstos no n.º 5 do artigo 318.º 4 - O disposto no n.º 1 é igualmente aplicável aos contratos de subempreitada celebrados entre o subempreiteiro e um terceiro. Artigo 384.º Forma e conteúdo 1 - O subcontrato está sujeito à forma escrita e o seu clausulado deve conter, sob pena de nulidade, os seguintes elementos: a) A identificação das partes e dos respectivos representantes, assim como do título a que intervêm, com indicação dos actos que os habilitam para esse efeito; b) A identificação dos alvarás ou títulos de registo das partes; c) A descrição do objecto do subcontrato; d) O preço; e) A forma e o prazo de pagamento do preço; f) O prazo de execução das prestações objecto do subcontrato. 2 - O empreiteiro deve assegurar e certificar-se do cumprimento do disposto no número anterior, não podendo, consequentemente, invocar a nulidade aí prevista. 3 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável aos contratos de subempreitada celebrados entre o subempreiteiro e um terceiro. 4 - Os empreiteiros, os subempreiteiros, assim como os terceiros são obrigadas a manter em arquivo os contratos celebrados em que são intervenientes pelo período de cinco anos a contar da data da conclusão das obras. Artigo 385.º Subempreitadas na fase de execução 1 - A subcontratação no decurso da execução do contrato não carece de autorização do dono da obra, salvo o disposto no número seguinte. 2 - Quando as particularidades da obra justifiquem uma especial qualificação técnica do empreiteiro e a mesma tenha sido exigida ao empreiteiro na fase de formação do contrato, o contrato pode subordinar expressamente a subcontratação na fase de execução a autorização do dono da obra, dependente da verificação da capacidade técnica do potencial subcontratado em moldes semelhantes aos que hajam sido exigidos em relação ao empreiteiro. 3 - Salvo nos casos previstos no número anterior, aos quais é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 3 a 6 do artigo 318.º, o empreiteiro deve, no prazo de cinco dias após a celebração de cada contrato de subempreitada, comunicar esse facto por escrito ao dono da obra, remetendo-lhe cópia do contrato em causa. 4 - Na comunicação prevista no número anterior, o empreiteiro fundamenta a decisão de recorrer à subempreitada e atesta a observância dos limites a que se referem os n.os 1 e 2 do artigo 383.º Artigo 386.º Oposição e recusa de autorização à subempreitada 1 - O dono da obra pode sempre opor-se ou, nos casos previstos no n.º 2 do artigo anterior, recusar a autorização à subempreitada quando não sejam observados os limites fixados no artigo 383.º e com os fundamentos previstos no artigo 320.º 2 - Sempre que a oposição ou a recusa de autorização se fundamentem na inobservância dos limites fixados no artigo 383.º, o dono da obra deve comunicar esse facto ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., no prazo de cinco dias. SECÇÃO VIII Medição e pagamento SUBSECÇÃO I Medição Artigo 387.º Objecto da medição O dono da obra deve proceder à medição de todos os trabalhos executados, incluindo os trabalhos não previstos no projecto ou não devidamente ordenados pelo dono da obra. Artigo 388.º Procedimento e critérios da medição

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1 - Na falta de estipulação contratual, a medição é efectuada mensalmente, devendo estar concluída até ao 8.º dia do mês imediatamente seguinte àquele a que respeita. 2 - As medições são feitas no local da obra com a colaboração do empreiteiro e são formalizadas em auto. 3 - Os métodos e os critérios a adoptar para realização das medições devem ser definidos no contrato. Artigo 389.º Situação de trabalhos 1 - Feita a medição, elabora-se a respectiva conta corrente no prazo de 10 dias, com especificação das quantidades de trabalhos apuradas, dos respectivos preços unitários, do total creditado, dos descontos a efectuar, dos adiantamentos concedidos ao empreiteiro e do saldo a pagar a este. 2 - A conta corrente e os demais documentos que constituem a situação de trabalhos devem ser verificados e assinados pelo empreiteiro, ficando um duplicado na posse deste. 3 - Quando considerar que existe algum erro em qualquer dos documentos referidos no número anterior, o empreiteiro deve apresentar a correspondente reserva no momento da sua assinatura, sendo aplicável o disposto no artigo 345.º Artigo 390.º Erros de medição 1 - Se, até à conclusão da obra, forem detectados erros ou faltas em qualquer auto de medição anteriormente lavrado, a correcção deve ser efectuada no auto de medição imediatamente posterior pelo dono da obra caso este e o empreiteiro estejam de acordo em relação ao objecto e às quantidades a corrigir. 2 - A correcção da medição é reflectida na conta corrente elaborada no mês seguinte, nos termos do disposto no artigo anterior. Artigo 391.º Situação provisória de trabalhos 1 - Quando seja impossível a realização da medição nos termos do n.º 1 do artigo 388.º e, bem assim, quando o dono da obra, por qualquer motivo, deixe de fazê-la, o empreiteiro deve apresentar, até ao fim do mês seguinte, um mapa das quantidades dos trabalhos efectuados no mês em causa, juntamente com os documentos respectivos. 2 - O mapa apresentado nos termos do número anterior é considerado como situação de trabalhos provisória para os efeitos do artigo 389.º 3 - A exactidão das quantidades inscritas nos mapas apresentados nos termos dos números anteriores é verificada no primeiro auto de medição posterior à sua apresentação, no qual o dono da obra procede às rectificações a que houver lugar, ou, estando concluída a obra, em auto de medição avulso, a elaborar até à recepção provisória. 4 - Se o empreiteiro inscrever, dolosamente, trabalhos não efectuados nos mapas apresentados nos termos dos números anteriores, tal facto deve ser participado ao Ministério Público para competente procedimento criminal e ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., que, sendo o caso, comunica o mesmo à entidade que comprova a inscrição na lista oficial de empreiteiros aprovados do país de que seja nacional ou no qual se situe o estabelecimento principal do empreiteiro. SUBSECÇÃO II Pagamento Artigo 392.º Liquidação e pagamento 1 - Após a assinatura pelo empreiteiro dos documentos que constituem a situação de trabalhos, promove-se a liquidação do preço correspondente às quantidades de trabalhos medidos sobre as quais não haja divergências, depois de deduzidos os descontos a que houver lugar nos termos contratuais, notificando-se o empreiteiro dessa liquidação para efeito do respectivo pagamento, no prazo estipulado. 2 - Quando não forem liquidados todos os trabalhos medidos, nos termos do disposto no número anterior, menciona-se o facto mediante nota explicativa inserta na respectiva conta corrente. 3 - Logo que sejam resolvidas as reclamações apresentadas pelo empreiteiro, o dono da obra procede, sendo caso disso, à rectificação da conta corrente, liquidando e efectuando o pagamento ao empreiteiro da importância apurada a seu favor, no prazo estipulado. Artigo 393.º Pagamento provisório 1 - Se nas datas dos autos de medição ou nas datas de apresentação dos mapas a que se refere o n.º 1 do artigo 391.º ainda não forem conhecidos os valores finais dos indicadores económicos a utilizar na revisão dos preços dos trabalhos executados, o dono da obra deve proceder ao pagamento provisório com base no respectivo preço previsto no contrato, revisto em função dos últimos indicadores conhecidos. 2 - Nos casos previstos no número anterior, logo que sejam publicados os indicadores económicos respeitantes ao mês de execução dos trabalhos ou do período para tal previsto no plano de trabalhos, o dono da obra procede imediatamente ao cálculo definitivo da revisão, pagando ao empreiteiro ou deduzindo, na situação de trabalhos que se seguir, a diferença apurada. SECÇÃO IX Recepção provisória e definitiva Artigo 394.º

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Vistoria 1 - A recepção provisória da obra depende da realização de vistoria, que deve ser efectuada logo que a obra esteja concluída no todo ou em parte, mediante solicitação do empreiteiro ou por iniciativa do dono da obra, tendo em conta o termo final do prazo total ou dos prazos parciais de execução da obra. 2 - A vistoria é feita pelo dono da obra, com a colaboração do empreiteiro, e tem como finalidade, em relação à obra a receber, designadamente: a) Verificar se todas as obrigações contratuais e legais do empreiteiro estão cumpridas de forma integral e perfeita; b) Atestar a correcta execução do plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição, nos termos da legislação aplicável. 3 - O dono da obra convoca, por escrito, o empreiteiro para a vistoria com a antecedência mínima de cinco dias e, no caso de este não comparecer nem justificar a falta, a vistoria tem lugar com a intervenção de duas testemunhas, que também assinam o respectivo auto. 4 - No caso a que se refere o número anterior, o auto é imediatamente notificado ao empreiteiro para os efeitos previstos nos artigos seguintes. 5 - Quando a vistoria for solicitada pelo empreiteiro, o dono da obra deve realizá-la no prazo de 30 dias contados da data da recepção da referida solicitação, convocando o empreiteiro nos termos do n.º 3. 6 - O não agendamento ou realização atempada e sem motivo justificado da vistoria por facto imputável ao dono da obra tem os efeitos previstos no direito civil para a mora do credor. 7 - No caso previsto no número anterior, a obra considera-se tacitamente recebida se o dono da obra não agendar ou não proceder à vistoria no prazo de 30 dias a contar do termo do prazo previsto no n.º 5, sem prejuízo das sanções a que haja lugar, nos termos da legislação aplicável, designadamente quando o empreiteiro não executou correctamente o plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição. Artigo 395.º Auto de recepção provisória 1 - Da vistoria é lavrado auto, assinado pelos intervenientes, que deve declarar se a obra está, no todo ou em parte, em condições de ser recebida. 2 - O auto a que se refere o número anterior deve conter informação sobre: a) O modo como se encontram cumpridas as obrigações contratuais e legais do empreiteiro, identificando, nomeadamente, os defeitos da obra; b) O modo como foi executado o plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição, nos termos da legislação aplicável; c) Quaisquer condições que o dono da obra julgue necessário impor, nos termos do presente Código ou da lei, bem como o prazo para o seu cumprimento. 3 - Sem prejuízo de estipulação contratual que exclua a recepção provisória parcial, se a obra estiver, no todo ou em parte, em condições de ser recebida, a assinatura do auto de recepção nos termos do disposto nos números anteriores autoriza, no todo ou em parte, a abertura da obra ao uso público ou a sua entrada em funcionamento e implica, sendo caso disso, a sua transferência para o domínio público, sem prejuízo das obrigações de garantia que impendem sobre o empreiteiro. 4 - Considera-se que a obra não está em condições de ser recebida se o dono da obra não atestar a correcta execução do plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição, nos termos da legislação aplicável, devendo tal condição ser declarada no auto de recepção provisória. 5 - No caso de serem identificados defeitos da obra que impeçam, no todo ou em parte, a recepção provisória da mesma, a especificação de tais defeitos no auto nos termos do disposto na alínea a) do n.º 2 é acrescida da declaração de não recepção da obra ou da parte da mesma que não estiver em condições de ser recebida e dos respectivos fundamentos. 6 - Caso o dono da obra se recusar a assinar o auto, a obra não é recebida no todo ou em parte. 7 - A recusa injustificada do dono da obra em assinar o auto de recepção provisória na sequência da vistoria tem os efeitos previstos no direito civil para a mora do credor. 8 - Ainda que não tenha sido observado o disposto nos números anteriores, a obra considera-se tacitamente recebida sempre que a mesma seja afecta pelo dono da obra aos fins a que se destina, sem prejuízo da obrigação de garantia regulada na presente secção e das sanções a que haja lugar nos termos da legislação aplicável, designadamente quando o empreiteiro não executou correctamente o plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição. Artigo 396.º Defeitos da obra 1 - O auto que declare a não recepção da obra, no todo ou em parte, em virtude de defeitos da obra detectados na vistoria é notificado ao empreiteiro, sendo-lhe concedido um prazo razoável para os corrigir. 2 - O prazo fixado para correcção de defeitos da obra que se revele necessária após a realização de vistoria não começa a contar antes do decurso do prazo para apresentação de reclamação ou reservas pelo empreiteiro ou da decisão do dono da obra que sobre elas incida.

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3 - Se a correcção dos defeitos ordenada não for executada no prazo fixado, o dono da obra pode optar pela execução dos referidos trabalhos, directamente ou por intermédio de terceiro, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 2 a 4 do artigo 325.º 4 - Logo que os trabalhos de correcção de defeitos estejam concluídos, há lugar a novo procedimento de recepção provisória. Artigo 397.º Garantia da obra 1 - Na data da assinatura do auto de recepção provisória inicia-se o prazo de garantia, durante o qual o empreiteiro está obrigado a corrigir todos os defeitos da obra. 2 - O prazo de garantia varia de acordo com o defeito da obra, nos seguintes termos: a) 10 anos, no caso de defeitos relativos a elementos construtivos estruturais; b) 5 anos, no caso de defeitos relativos a elementos construtivos não estruturais ou a instalações técnicas; c) 2 anos, no caso de defeitos relativos a equipamentos afectos à obra, mas dela autonomizáveis. 3 - O contrato pode estipular prazos de garantia diferentes dos previstos no número anterior, mas tais prazos apenas podem ser superiores àqueles quando, tratando-se de aspecto da execução do contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos, o empreiteiro o tenha proposto. 4 - Se, quanto aos bens referidos na alínea c) do n.º 2, o empreiteiro beneficiar de prazo de garantia superior ao previsto neste preceito face aos terceiros a quem os tenha adquirido, é esse o prazo de garantia a que fica vinculado. 5 - O empreiteiro tem a obrigação de corrigir, a expensas suas, todos os defeitos da obra e dos equipamentos nela integrados que sejam identificados até ao termo do prazo de garantia, entendendo-se como tais, designadamente, quaisquer desconformidades entre a obra executada e os equipamentos fornecidos ou integrados e o previsto no contrato. 6 - Se os defeitos identificados não forem susceptíveis de correcção, o dono da obra pode, sem custos adicionais, exigir ao empreiteiro que repita a execução da obra com defeito ou que substitua os equipamentos defeituosos, salvo se tal se revelar impossível ou constituir abuso de direito, nos termos gerais. 7 - Sem prejuízo da opção pelo exercício do direito de resolução do contrato, não sendo corrigidos os defeitos nem cumprido o disposto no número anterior, ainda que se verifiquem os casos previstos na sua parte final, o dono da obra pode exigir a redução do preço e tem direito de ser indemnizado nos termos gerais. Artigo 398.º Recepção definitiva 1 - Findo o período de garantia, há lugar, em relação à totalidade ou a cada uma das partes da obra, a nova vistoria para efeitos de recepção definitiva da empreitada, cujo procedimento deve ser definido no contrato. 2 - A recepção definitiva é formalizada em auto. 3 - A recepção definitiva depende da verificação cumulativa dos seguintes pressupostos: a) Funcionalidade regular, no termo do período de garantia, em condições normais de exploração, operação ou utilização, da obra e respectivos equipamentos, de forma que cumpram todas as exigências contratualmente previstas; b) Cumprimento, pelo empreiteiro, de todas as obrigações decorrentes do período de garantia relativamente à totalidade ou à parte da obra a receber. 4 - O disposto no número anterior é aplicável, com as necessárias adaptações, aos casos de recepção definitiva parcial. 5 - Se, em consequência da vistoria prevista no presente artigo, se verificar que existem defeitos da obra da responsabilidade do empreiteiro, apenas podem ser recebidas as obras que reúnam as condições enunciadas no n.º 3 e que sejam susceptíveis de recepção parcial, procedendo o dono da obra, em relação às restantes, nos termos previstos no artigo 396.º 6 - São aplicáveis à vistoria e ao auto de recepção definitiva, bem como à falta de agendamento ou realização da vistoria pelo dono da obra, os preceitos que regulam a recepção provisória quanto às mesmas matérias. 7 - O empreiteiro fica exonerado da responsabilidade pelos defeitos da obra que sejam verificados após a recepção definitiva, salvo quando o dono da obra prove que os defeitos lhe são culposamente imputáveis. SECÇÃO X Liquidação da empreitada e relatório final Artigo 399.º Elaboração da conta 1 - Na falta de estipulação contratual, a conta final da empreitada é elaborada no prazo de dois meses após a primeira revisão ordinária de preços subsequente à recepção provisória. 2 - Se não houver lugar à revisão ordinária de preços, o prazo a que se refere o número anterior inicia-se na data da recepção provisória. 3 - Os trabalhos e os valores em relação aos quais existam reclamações pendentes de decisão são liquidados à medida que aquelas forem definitivamente decididas. Artigo 400.º Elementos da conta Da conta final da empreitada devem constar os seguintes elementos:

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a) Uma conta corrente à qual são levados, por verbas globais, os valores de todas as medições e revisões ou acertos decorrentes de reclamações decididas, o prémio por cumprimento antecipado do contrato e as sanções contratuais aplicadas; b) Um mapa dos trabalhos a mais, dos trabalhos de suprimento de erros e omissões e dos trabalhos a menos, com a indicação dos preços unitários pelos quais se procedeu à sua liquidação; c) Um mapa de todos os trabalhos e valores sobre os quais subsistam reclamações ou reservas do empreiteiro ainda não decididas, com expressa referência ao mapa da alínea anterior, sempre que os mesmos também constem daquele. Artigo 401.º Notificação da conta final ao empreiteiro 1 - Elaborada a conta final da empreitada, a mesma é enviada, no prazo de 15 dias, ao empreiteiro, podendo este, no mesmo prazo, proceder à sua assinatura ou, discordando da mesma, apresentar reclamação fundamentada. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, o empreiteiro pode consultar e examinar os documentos de suporte à elaboração da conta final da empreitada. 3 - O dono da obra comunica ao empreiteiro a sua decisão sobre a reclamação apresentada no prazo de 30 dias a contar da recepção desta. 4 - Independentemente da assinatura da conta final da empreitada, a não apresentação, no prazo fixado no n.º 1, de reclamação pelo empreiteiro equivale à aceitação da mesma, sem prejuízo das reclamações pendentes. Artigo 402.º Relatório final da obra 1 - No prazo de 10 dias a contar da data da assinatura da conta final ou da data em que a conta final se considera aceite pelo empreiteiro, o dono da obra deve enviar ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., o relatório final da obra. 2 - O disposto no número anterior é aplicável a empreitadas de obras públicas integradas em concessões, incumbindo ao concessionário a elaboração e o envio do referido relatório. 3 - O modelo do relatório referido no n.º 1 é aprovado por portaria do ministro responsável pela área das obras públicas e deve conter todos os elementos e menções exigíveis, nos termos do presente Código. SECÇÃO XI Incumprimento do contrato Artigo 403.º Atraso na execução da obra 1 - Em caso de atraso no início ou na conclusão da execução da obra por facto imputável ao empreiteiro, o dono da obra pode aplicar uma sanção contratual, por cada dia de atraso, em valor correspondente a 1 (por mil) do preço contratual, sem prejuízo de o contrato poder prever valor mais elevado, até ao dobro daquele valor. 2 - Em caso de incumprimento de prazos parciais de execução da obra por facto imputável ao empreiteiro, é aplicável o disposto no número anterior, sendo o montante da sanção contratual aí prevista reduzido a metade. 3 - O empreiteiro tem direito ao reembolso das quantias pagas a título de sanção contratual por incumprimento de prazos parciais de execução da obra quando recupere o atraso na execução dos trabalhos e a obra seja concluída dentro do prazo de execução do contrato. Artigo 404.º Desvio do plano de trabalhos 1 - Em caso de desvio do plano de trabalhos que, injustificadamente, ponha em risco o cumprimento do prazo de execução da obra ou dos respectivos prazos parcelares, o dono da obra pode notificar o empreiteiro para apresentar, no prazo de 10 dias, um plano de trabalhos modificado, adoptando as medidas de correcção que sejam necessárias à recuperação do atraso verificado. 2 - Realizada a notificação prevista no número anterior, se o empreiteiro não apresentar um plano de trabalhos modificado em moldes considerados adequados pelo dono da obra, este pode elaborar novo plano de trabalhos, acompanhado de uma memória justificativa da sua viabilidade, devendo notificá-lo ao empreiteiro. 3 - Caso se verifiquem novos desvios, seja relativamente ao plano de trabalhos modificado pelo empreiteiro ou ao plano de trabalhos notificado pelo dono da obra nos termos do disposto no número anterior, este pode tomar a posse administrativa da obra, bem como dos bens móveis e imóveis à mesma afectos, e executar a obra, directamente ou por intermédio de terceiro, nos termos previstos nos n.os 2 a 4 do artigo 325.º, procedendo aos inventários, medições e avaliações necessários. 4 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o empreiteiro é responsável perante o dono da obra ou perante terceiros pelos danos decorrentes do desvio injustificado do plano de trabalhos, quer no que respeita ao conteúdo da respectiva prestação quer no que respeita ao prazo de execução da obra. SECÇÃO XII Extinção do contrato Artigo 405.º Resolução pelo dono da obra 1 - Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do contrato e de outros neste previstos e do direito de indemnização nos termos gerais, o dono da obra pode resolver o contrato nos seguintes casos:

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a) Se o empreiteiro, de forma grave ou reiterada, não cumprir o disposto na legislação sobre segurança, higiene e saúde no trabalho; b) Se, tendo faltado à consignação sem justificação aceite pelo dono da obra, o empreiteiro não comparecer, após segunda notificação, no local, na data e na hora indicados pelo dono da obra para nova consignação desde que não apresente justificação de tal falta aceite pelo dono da obra; c) Se ocorrer um atraso no início da execução dos trabalhos imputável ao empreiteiro que seja superior a 1/40 do prazo de execução da obra; d) Se o empreiteiro não der início à execução dos trabalhos a mais decorridos 15 dias da notificação da decisão do dono da obra que indefere a reclamação apresentada por aquele e reitera a ordem para a sua execução; e) Se houver suspensão da execução dos trabalhos pelo dono da obra por facto imputável ao empreiteiro ou se este suspender a execução dos trabalhos sem fundamento e fora dos casos previstos no n.º 1 do artigo 366.º, desde que da suspensão advenham graves prejuízos para o interesse público; f) Se ocorrerem desvios ao plano de trabalhos nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 404.º; g) Se não foram corrigidos os defeitos detectados no período de garantia da obra ou se não for repetida a execução da obra com defeito ou substituídos os equipamentos defeituosos, nos termos do disposto no artigo 397.º 2 - Em caso de resolução, o dono da obra deve informar a Inspecção-Geral das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e o Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., e, no caso previsto na alínea a) do número anterior, a Autoridade para as Condições de Trabalho. 3 - O Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., sendo o caso, dá conhecimento da resolução do contrato à entidade que comprova a inscrição na lista oficial de empreiteiros aprovados do país de que seja nacional ou no qual se situe o estabelecimento principal do empreiteiro. 4 - O disposto nos números anteriores não prejudica a aplicação das sanções que se mostrem devidas nos termos da legislação que regula o exercício da actividade de construção. Artigo 406.º Resolução pelo empreiteiro Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do contrato e de outros neste previstos e do direito de indemnização nos termos gerais, o empreiteiro tem o direito de resolver o contrato nos seguintes casos: a) Se não for feita consignação da obra no prazo de seis meses contados da data da celebração do contrato por facto não imputável ao empreiteiro; b) Se, havendo sido feitas uma ou mais consignações parciais, o retardamento da consignação ou consignações subsequentes acarretar a interrupção dos trabalhos por mais de 120 dias, seguidos ou interpolados; c) Se, avaliados os trabalhos a mais, os trabalhos de suprimento de erros e omissões e os trabalhos a menos, relativos ao contrato e resultantes de actos ou factos não imputáveis ao empreiteiro, ocorrer uma redução superior a 20 % do preço contratual; d) Se a suspensão da empreitada se mantiver: i) Por período superior a um quinto do prazo de execução da obra, quando resulte de caso de força maior; ii) Por período superior a um décimo do mesmo prazo, quando resulte de facto imputável ao dono da obra; e) Se, verificando-se os pressupostos do artigo 354.º, os danos do empreiteiro excederem 20 % do preço contratual. CAPÍTULO II Concessões de obras públicas e de serviços públicos SECÇÃO I Disposições gerais Artigo 407.º Noção 1 - Entende-se por concessão de obras públicas o contrato pelo qual o co-contratante se obriga à execução ou à concepção e execução de obras públicas, adquirindo em contrapartida o direito de proceder, durante um determinado período, à respectiva exploração, e, se assim estipulado, o direito ao pagamento de um preço. 2 - Entende-se por concessão de serviços públicos o contrato pelo qual o co-contratante se obriga a gerir, em nome próprio e sob sua responsabilidade, uma actividade de serviço público, durante um determinado período, sendo remunerado pelos resultados financeiros dessa gestão ou, directamente, pelo contraente público. 3 - São partes nos contratos referidos nos números anteriores o concedente e o concessionário. Artigo 408.º Aplicação subsidiária A presente secção é aplicável, subsidiariamente, ao contrato de concessão de exploração de bens do domínio público. Artigo 409.º Exercício de poderes e prerrogativas de autoridade 1 - As entidades adjudicantes podem conceder a execução ou a concepção e execução de obras públicas ou a gestão de serviços públicos. 2 - Mediante estipulação contratual, o concessionário pode exercer os seguintes poderes e prerrogativas de autoridade: a) Expropriação por utilidade pública; b) Utilização, protecção e gestão das infra-estruturas afectas ao serviço público;

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c) Licenciamento e concessão, nos termos da legislação aplicável à utilização do domínio público, da ocupação ou do exercício de qualquer actividade nos terrenos, edificações e outras infra-estruturas que lhe estejam afectas. Artigo 410.º Prazo 1 - O prazo de vigência do contrato é fixado em função do período de tempo necessário para amortização e remuneração, em normais condições de rendibilidade da exploração, do capital investido pelo concessionário. 2 - Na falta de estipulação contratual, o prazo a que se refere o número anterior é de 30 anos, nele se incluindo a duração de qualquer prorrogação contratualmente prevista. Artigo 411.º Concessionário 1 - Na falta de estipulação contratual, o concessionário deve manter a sua sede em Portugal e a forma de sociedade anónima. 2 - O concessionário deve ter por objecto social exclusivo, ao longo de todo o período de duração do contrato, as actividades que se encontram integradas na concessão. Artigo 412.º Outras actividades 1 - Mediante autorização do concedente, o concessionário pode exercer actividades não previstas no contrato desde que complementares ou acessórias das que constituem o objecto principal do mesmo. 2 - A autorização referida no número anterior pressupõe a apresentação pelo concessionário de uma projecção económico-financeira da actividade ou actividades a desenvolver e de uma proposta de partilha da correspondente receita entre as partes. 3 - Mediante acordo do concedente, a partilha de receita entre as partes pode ser substituída, total ou parcialmente, pela redução do valor das tarifas aplicadas pelo concessionário ou por outras contrapartidas, com expressão financeira, que beneficiem os utilizadores da obra ou dos serviços concedidos ou o próprio concedente. Artigo 413.º Partilha de riscos O contrato deve implicar uma significativa e efectiva transferência do risco para o concessionário. Artigo 414.º Obrigações do concessionário Constituem obrigações do concessionário: a) Informar o concedente de qualquer circunstância que possa condicionar o normal desenvolvimento das actividades concedidas; b) Fornecer ao concedente, ou a quem este designar para o efeito, qualquer informação ou elaborar relatórios específicos sobre aspectos relacionados com a execução do contrato, desde que solicitados por escrito; c) Obter todas as licenças, certificações, credenciações e autorizações necessárias ao exercício das actividades integradas ou de algum modo relacionadas com o objecto do contrato, salvo estipulação contratual em contrário; d) Quaisquer outras previstas na lei ou no contrato. Artigo 415.º Direitos do concessionário Constituem direitos do concessionário: a) Explorar, em regime de exclusivo, a obra pública ou o serviço público concedidos; b) Receber a retribuição prevista no contrato; c) Utilizar, nos termos da lei e do contrato, os bens do domínio público necessários ao desenvolvimento das actividades concedidas; d) Quaisquer outros previstos na lei ou no contrato. Artigo 416.º Viabilidade económico-financeira do projecto O contrato só pode atribuir ao concessionário o direito a prestações económico-financeiras desde que as mesmas não violem as regras comunitárias e nacionais da concorrência, sejam essenciais à viabilidade económico-financeira da concessão e não eliminem a efectiva e significativa transferência do risco da concessão para o concessionário. Artigo 417.º Cedência de elementos ao concedente 1 - O concessionário deve disponibilizar ao concedente todos os projectos, planos, plantas e outros elementos, de qualquer natureza, que se revelem necessários ou úteis ao exercício dos direitos ou ao desempenho de funções atribuídas pela lei ou pelo contrato ao concedente. 2 - O disposto no número anterior é aplicável aos elementos adquiridos ou criados no desenvolvimento das actividades concedidas, seja directamente pelo concessionário seja por terceiros por aquele subcontratados. Artigo 418.º Indicadores de acompanhamento e avaliação do desempenho do concessionário 1 - Salvo quando incompatível ou desnecessário em face da natureza da obra pública ou do serviço público concedidos, o contrato deve estabelecer indicadores de acompanhamento e de avaliação do desempenho do

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concessionário, da perspectiva do utilizador e do interesse público, bem como procedimentos de cálculo para a sua aferição periódica, designadamente no que respeita ao número de utilizadores e seus níveis de satisfação. 2 - O concedente pode, nos termos do contrato e em função dos resultados da aplicação dos indicadores referidos no número anterior, atribuir vantagens económicas ou aplicar penalizações económicas ao concessionário. Artigo 419.º Bens afectos à concessão 1 - À concessão corresponde um estabelecimento, que integra os bens móveis e imóveis afectos àquela e os direitos e obrigações destinados à realização do interesse público subjacente à celebração do contrato. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se afectos à concessão todos os bens existentes à data de celebração do contrato, assim como os bens a criar, construir, adquirir ou instalar pelo concessionário em cumprimento do mesmo, que sejam indispensáveis para o adequado desenvolvimento das actividades concedidas, independentemente de o direito de propriedade pertencer ao concedente, ao concessionário ou a terceiros. 3 - O concessionário só pode onerar bens do domínio público afectos à concessão mediante autorização, que deve acautelar a compatibilidade daquela oneração com o normal desenvolvimento das actividades concedidas. 4 - O concessionário só pode alienar ou onerar bens próprios essenciais ao desenvolvimento das actividades concedidas mediante autorização do concedente, que deve salvaguardar a existência de bens funcionalmente aptos à prossecução daquelas actividades. 5 - O concessionário pode alienar ou onerar bens próprios não essenciais ao desenvolvimento das actividades concedidas desde que garanta a existência de bens funcionalmente aptos à prossecução daquelas actividades. 6 - Tratando-se de bens abrangidos, nos termos do contrato, por cláusula de transferência, à respectiva alienação ou oneração é aplicável o disposto no n.º 4. 7 - O concessionário pode tomar de aluguer, por locação financeira ou por figuras contratuais afins bens e equipamentos a afectar à concessão desde que seja reservado ao concedente o direito de, mediante contrapartida, aceder ao uso desses bens e suceder na respectiva posição contratual em caso de sequestro, resgate ou resolução da concessão, não devendo, em qualquer caso, o prazo de vigência do respectivo contrato exceder o prazo de vigência do contrato de concessão a que diga respeito. Artigo 420.º Direitos do concedente Constituem direitos do concedente, a exercer nos termos e condições do contrato ou da lei e com os efeitos que destes resultem: a) Estabelecer as tarifas mínimas e máximas pela utilização das obras públicas ou dos serviços públicos; b) Sequestrar a concessão; c) Resgatar a concessão; d) Exigir a partilha equitativa do acréscimo de benefícios financeiros, nos termos do disposto no artigo 341.º; e) Quaisquer outros previstos na lei ou no contrato. Artigo 421.º Sequestro 1 - Em caso de incumprimento grave pelo concessionário de obrigações contratuais, ou estando o mesmo iminente, o concedente pode, mediante sequestro, tomar a seu cargo o desenvolvimento das actividades concedidas. 2 - O sequestro pode ter lugar, designadamente, nas seguintes situações: a) Quando ocorra ou esteja iminente a cessação ou suspensão, total ou parcial, de actividades concedidas; b) Quando se verifiquem perturbações ou deficiências graves na organização e regular desenvolvimento das actividades concedidas ou no estado geral das instalações e equipamentos que comprometam a continuidade ou a regularidade daquelas actividades ou a integridade e segurança de pessoas e bens. 3 - Verificada a ocorrência de uma situação que pode determinar o sequestro da concessão, o concedente notifica o concessionário para, no prazo que lhe for razoavelmente fixado, cumprir integralmente as suas obrigações e corrigir ou reparar as consequências dos seus actos, excepto tratando-se de uma violação não sanável. 4 - Nos casos em que esteja previsto, em acordo entre o concedente e as entidades financiadoras, o direito destas de intervir na concessão nas situações de iminência de sequestro, este apenas pode ter lugar depois de o concedente notificar a sua intenção às entidades financiadoras. 5 - Em caso de sequestro, o concessionário suporta os encargos do desenvolvimento das actividades concedidas, bem como quaisquer despesas extraordinárias necessárias ao restabelecimento da normalidade da execução ou exploração da obra pública ou da normalidade da exploração do serviço público. 6 - O sequestro mantém-se pelo tempo julgado necessário pelo concedente, com o limite máximo de um ano, sendo o concessionário notificado pelo concedente para retomar o desenvolvimento das actividades concedidas, na data que lhe for fixada. 7 - Se o concessionário não puder ou se se opuser a retomar o desenvolvimento das actividades concedidas ou se, tendo-o feito, continuarem a verificar-se os factos que deram origem ao sequestro, o concedente pode resolver o contrato. Artigo 422.º Resgate

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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 189

1 - O concedente pode resgatar a concessão, por razões de interesse público, após o decurso do prazo fixado no contrato ou, na sua falta, decorrido um terço do prazo de vigência do contrato. 2 - O resgate é notificado ao concessionário no prazo previsto no contrato ou, na sua falta, com pelo menos seis meses de antecedência. 3 - Em caso de resgate, o concedente assume automaticamente os direitos e obrigações do concessionário directamente relacionados com as actividades concedidas desde que constituídos em data anterior à da notificação referida no número anterior. 4 - As obrigações assumidas pelo concessionário após a notificação referida no n.º 2 apenas vinculam o concedente quando este haja autorizado, prévia e expressamente, a sua assunção. 5 - Em caso de resgate, o concessionário tem direito a uma indemnização correspondente aos danos emergentes e aos lucros cessantes, devendo, quanto a estes, deduzir-se o benefício que resulte da antecipação dos ganhos previstos. 6 - A indemnização referida no número anterior é determinada nos termos do contrato ou, quando deste não resulte o respectivo montante exacto, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 566.º do Código Civil. 7 - O resgate determina a reversão dos bens do concedente afectos à concessão, bem como a obrigação de o concessionário entregar àquele os bens abrangidos, nos termos do contrato, por cláusula de transferência. 8 - A caução e as garantias prestadas são liberadas um ano após a data do resgate, mediante comunicação dirigida pelo concedente aos respectivos depositários ou emitentes. Artigo 423.º Resolução pelo concedente 1 - Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do contrato e de outros neste previstos e do direito de indemnização nos termos gerais, o concedente só pode resolver o contrato quando se verifique: a) Desvio do objecto da concessão; b) Cessação ou suspensão, total ou parcial, pelo concessionário da execução ou exploração de obras públicas ou da gestão do serviço público, sem que tenham sido tomadas medidas adequadas à remoção da respectiva causa; c) Recusa ou impossibilidade do concessionário em retomar a concessão na sequência de sequestro; d) Repetição, após a retoma da concessão, das situações que motivaram o sequestro; e) Ocorrência de deficiência grave na organização e desenvolvimento pelo concessionário das actividades concedidas, em termos que possam comprometer a sua continuidade ou regularidade nas condições exigidas pela lei e pelo contrato; f) Obstrução ao sequestro; g) Sequestro da concessão pelo prazo máximo permitido pela lei ou pelo contrato. 2 - Nos casos em que esteja previsto, em acordo entre o concedente e as entidades financiadoras, o direito destas de intervir na concessão nas situações de iminência de resolução da concessão pelo concedente, esta apenas pode ter lugar depois de o concedente notificar a sua intenção às entidades financiadoras. 3 - A resolução do contrato determina, além dos efeitos previstos no contrato, a reversão dos bens do concedente e a obrigação de o concessionário entregar àquele, no prazo que lhe seja fixado na notificação a que se refere o número anterior, os bens afectos à concessão abrangidos por eventual cláusula de transferência. Artigo 424.º Responsabilidade perante terceiros 1 - O concedente responde por danos causados pelo concessionário a terceiros no desenvolvimento das actividades concedidas por facto que ao primeiro seja imputável. 2 - O concedente responde ainda por facto que não lhe seja imputável, mas neste caso só depois de exercidos quaisquer direitos resultantes de contrato de seguro que no caso caibam e de excutidos os bens do património do concessionário. Artigo 425.º Efeitos da extinção do contrato no termo previsto 1 - No termo do contrato, não são oponíveis ao concedente os contratos celebrados pelo concessionário com terceiros para efeitos do desenvolvimento das actividades concedidas, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 417.º, os direitos de propriedade intelectual sobre os estudos e projectos elaborados para os fins específicos das actividades integradas na concessão, bem como os projectos, planos, plantas, documentos e outros elementos referidos no mesmo artigo, são transmitidos gratuitamente e em regime de exclusividade ao concedente no termo do prazo de vigência do contrato, cabendo ao concessionário adoptar todas as medidas para o efeito necessárias. 3 - No termo da concessão, revertem gratuitamente para o concedente todos os seus bens que integram o estabelecimento da concessão, obrigando-se o concessionário a entregá-los em bom estado de conservação e funcionamento, sem prejuízo do normal desgaste resultante do seu uso para efeitos de execução do contrato. 4 - No caso de o contrato prever a transferência, gratuita ou onerosa, para o concedente de bens do concessionário afectos à concessão, este é obrigado, no termo do prazo de vigência do contrato, a entregá-los livres de quaisquer ónus ou encargos, nos termos referidos na parte final do número anterior. SECÇÃO II Concessão de obras públicas Artigo 426.º

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Remissão Em tudo quanto respeite às empreitadas de obras públicas cuja execução seja necessária para a realização do objecto da concessão e não seja regulado pela presente secção ou pelo contrato de concessão, é aplicável, com as necessárias adaptações, o regime previsto no capítulo i do título ii da parte iii do presente Código. Artigo 427.º Conservação e uso da obra e dos bens afectos à concessão 1 - O concessionário deve manter a obra em bom estado de conservação e em perfeitas condições de utilização, realizando todos os trabalhos necessários para que as mesmas satisfaçam, cabal e permanentemente, o fim a que se destinam. 2 - Caso se revele necessário e na impossibilidade de intervenção atempada da autoridade pública competente, o concessionário pode adoptar as medidas necessárias com vista à utilização da obra pública, devendo, nesse caso, dar imediato conhecimento deste facto à autoridade pública competente. 3 - O concessionário apenas pode impedir o uso da obra pública nas situações previstas no contrato, sem prejuízo do que, a este respeito, se estabeleça em legislação especial. Artigo 428.º Zonas de exploração comercial 1 - Para além dos espaços que integram as obras públicas por natureza, estas podem incluir, quando previsto no contrato, outras zonas ligadas funcionalmente à concessão destinadas a actividades comerciais ou industriais que sejam susceptíveis de um aproveitamento económico diferenciado, designadamente estabelecimentos de hotelaria, estações de serviço, zonas de lazer, estacionamentos e centros comerciais. 2 - O desenvolvimento das actividades previstas no número anterior não dispensa o cumprimento das normas aplicáveis, designadamente em matéria de instalação comercial ou industrial e, bem assim, em matéria ambiental. 3 - As zonas ou espaços ligados funcionalmente à concessão são sujeitos ao princípio de unidade de gestão e controlo pelo concedente e são explorados conjuntamente com a obra pública pelo concessionário, directamente ou por intermédio de terceiros, nos termos previstos no contrato. 4 - Os bens e instalações incluídos na zona de actividades complementares da obra concedida são entregues ao concedente no termo da concessão nos mesmos termos em que o são os bens afectos à concessão. SECÇÃO III Concessão de serviços públicos Artigo 429.º Princípios gerais Na exploração de uma actividade de serviço público, o concessionário está sujeito aos seguintes princípios: a) Continuidade e regularidade; b) Igualdade; c) Adaptação às necessidades. Artigo 430.º Contratos afins Os princípios do serviço público referidos no artigo anterior, bem como o regime definido na secção i do presente capítulo, são aplicáveis, com as necessárias adaptações, a contratos afins do contrato de concessão de serviços públicos. CAPÍTULO III Locação de bens móveis Artigo 431.º Noção 1 - Entende-se por locação de bens móveis o contrato pelo qual um locador se obriga a proporcionar a um contraente público o gozo temporário de bens móveis, mediante retribuição. 2 - Para efeitos do presente capítulo, a locação de bens móveis compreende a locação financeira e a locação que envolva a opção de compra dos bens locados. Fiscalização financeira 1 - O contrato pelo qual o locador concede ao Município, mediante retribuição, o gozo temporário de um autocarro, adquirido pelo próprio locador, por indicação do locatário, com a possibilidade de este poder vir a comprar esse veículo, é um contrato de locação financeira (V. o Acórdão n.º 113/2009 do TC de 12/05/2009, Proc. n.º 524/09). Quando se destina a proporcionar a um contraente público o gozo temporário de bens móveis, a locação financeira deve considerar-se como uma modalidade de locação de um bem móvel, a que se aplica, por força do art. 432.º do CCP, o regime dos contratos de aquisição de bens móveis dele constante (V. o Acórdão n.º 113/2009 do TC de 12/05/2009, Proc. n.º 524/09). Artigo 432.º

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Remissão Em tudo quanto não estiver regulado no presente capítulo, é aplicável aos contratos de locação de bens móveis, com as necessárias adaptações, o disposto no capítulo sobre contratos de aquisição de bens móveis. Artigo 433.º Obrigações de reparação e manutenção 1 - Na falta de estipulação contratual, o locador tem obrigação de manter o bem locado em perfeitas condições de utilização, efectuando as reparações e os trabalhos de manutenção que se tornarem necessários num prazo razoável. 2 - Quando as reparações e os trabalhos de manutenção se tornarem necessários por facto imputável ao contraente público, este suportará as despesas inerentes na medida em que tenha concorrido para a deterioração do bem. Artigo 434.º Indemnização por mora do contraente público nos pagamentos Em caso de mora do contraente público, o locador apenas tem direito a exigir o pagamento de juros de mora a título de indemnização. Artigo 435.º Cedência do gozo e sublocação do bem locado O contraente público pode ceder o gozo ou sublocar o bem locado a qualquer entidade sobre a qual tenha poderes de direcção, superintendência ou tutela de mérito ou que sobre ele exerça tais poderes sem necessidade de autorização por parte do locador. Artigo 436.º Resolução pelo contraente público Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do contrato e de outros neste previstos e do direito de indemnização nos termos gerais, pode o contraente público resolver o contrato quando o cumprimento de qualquer obrigação de reparação ou de manutenção do bem se atrase por mais de três meses ou o locador declarar por escrito que o atraso excederá esse prazo. CAPÍTULO IV Aquisição de bens móveis Artigo 437.º Noção Entende-se por aquisição de bens móveis o contrato pelo qual um contraente público compra bens móveis a um fornecedor. Artigo 438.º Remissão É aplicável aos contratos de aquisição de bens, com as necessárias adaptações, o disposto no capítulo sobre contratos de empreitadas de obras públicas no que respeita a trabalhos de suprimento de erros e omissões. Artigo 439.º Objecto O contrato de aquisição de bens móveis pode ter por objecto a aquisição de bens a fabricar ou a adaptar em momento posterior à celebração do contrato, de acordo com características específicas estabelecidas pelo contraente público. Artigo 440.º Prazo 1 - O prazo de vigência do contrato não pode ser superior a três anos, incluindo quaisquer prorrogações expressas ou tácitas do prazo de execução das prestações que constituem o seu objecto, salvo se tal se revelar necessário ou conveniente em função da natureza das prestações objecto do contrato ou das condições da sua execução. 2 - O disposto no número anterior não é aplicável a obrigações acessórias que tenham sido estabelecidas inequivocamente em favor do contraente público, designadamente obrigações de sigilo, de conformidade dos bens adquiridos e de garantia dos mesmos. Fiscalização financeira 1 - O TC apreciou um caso em que se questionava a legalidade do prazo estabelecido para a vigência do contrato de prestação de serviços – oito anos, prorrogável por igual período (V. o Acórdão n.º 34/2010 do TC de 14/10/2010, Proc. n.º 810/2010). Entendeu o Douto tribunal que era aplicável ao prazo de vigência do contrato de aquisição de serviços, o disposto no artigo 440.º, n.º 1 por força do artigo 451.º, ambos do CCP, que determina a regra do limite dos três anos, que sofre excepções. O TC considerou ser este um caso de excepção, i.e., o prazo de três anos de vigência do contrato seria “demasiado curto e inadequado”, pelo que se encontrava justificado o alargamento do prazo regra, “tendo em conta o volume deste investimento e a amortização do seu montante”. Se a previsão do prazo inicial superior a três anos (in casu, oito anos) se encontrava justificado, o mesmo não considerou para a prorrogação em igual período, pois face ao

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espírito e à letra do artigo 440.º, n.º 1, do CCP, é “manifestamente excessiva”. Acresce que a “eternização do contrato tem como consequência a compressão do princípio da concorrência e, por arrastamento, a possibilidade de alteração do resultado financeiro do contrato”. Perante a violação do disposto no artigo 440.º, n.º 1 ex vi artigo 451.º, bem como no artigo 1.º, n.º 4, todos do CCP, – ilegalidades com potencialidade para alterar o resultado financeiro do contrato, com agravamento do seu valor –, está verificado o fundamento de recusa de visto do contrato, nos termos do artigo 44.º, n.º 3, al. c), da Lei n.º 98/97, de 26/08. Artigo 441.º Conformidade dos bens a entregar 1 - O fornecedor está obrigado a entregar todos os bens objecto do contrato em conformidade com os termos no mesmo estabelecidos, tendo em conta a respectiva natureza e o fim a que se destinam. 2 - Na falta de estipulação contratual, todos os bens objecto do contrato bem como as respectivas peças, componentes ou equipamentos devem ser novos. 3 - É aplicável, com as necessárias adaptações, aos contratos regulados no presente capítulo o disposto na lei que disciplina os aspectos relativos à venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas no que respeita à conformidade dos bens com o contrato. Leitura aconselhada: Miguel Assis Raimundo, “O Estado-consumidor – contratos de aquisição de bens móveis no Código dos Contratos Públicos”, in Estudos em Homenagem a Sérvulo Correia, III, Lisboa, 2010, pp. 577-626. Artigo 442.º Acompanhamento do fabrico 1 - Na falta de estipulação contratual, nos contratos de aquisição de bens a fabricar, o contraente público pode manter nas instalações do fabricante ou dos fabricantes dos bens objecto do contrato missões de acompanhamento, cuja composição, competências e modo de funcionamento devem ser definidos por acordo das partes. 2 - No caso de, num prazo razoável, as partes não chegarem a acordo quanto aos aspectos referidos no número anterior, os mesmos são definidos pelo contraente público, em obediência a critérios de proporcionalidade e razoabilidade. 3 - Em qualquer caso, o acesso dos membros das missões de acompanhamento às instalações do fabricante deve ser feito de forma a evitar qualquer interferência nociva na gestão e operação das instalações e no processo de fabrico dos bens, devendo os referidos membros cumprir as normas de segurança aplicáveis às instalações a que tenham acesso, bem como as instruções para o efeito impostas pelo fabricante. 4 - Quando o fornecedor não seja o fabricante dos bens, aquele tem a obrigação de assegurar o acesso e o desenvolvimento dos trabalhos das missões de acompanhamento nas instalações do fabricante. 5 - O desempenho das funções da missão de acompanhamento não exime o fornecedor de responsabilidade por quaisquer defeitos dos bens objecto do contrato ou não conformidade destes com as características, especificações e requisitos estabelecidos no contrato. 6 - O disposto no presente artigo é aplicável, com as necessárias adaptações, aos contratos que tenham por objecto a adaptação ou modificação de bens. Artigo 443.º Entrega dos bens 1 - Na falta de estipulação contratual, o fornecedor deve entregar os bens objecto do contrato na sede do contraente público. 2 - Conjuntamente com os bens objecto do contrato, o fornecedor deve entregar todos os documentos que sejam necessários para a boa e integral utilização, funcionamento ou consumo daqueles. 3 - Entre a entrega e a recepção dos bens objecto do contrato, o contraente público é obrigado a cooperar com o fornecedor para que sejam criadas as condições de segurança dos bens que o fornecedor considere necessárias, suportando este os custos daí resultantes. Artigo 444.º Obrigações do fornecedor em relação aos bens entregues 1 - É aplicável, com as necessárias adaptações, aos contratos regulados no presente capítulo o disposto na lei que disciplina os aspectos relativos à venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas no que respeita à responsabilidade e obrigações do fornecedor e do produtor e aos direitos do consumidor.

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2 - O prazo das obrigações de reposição da conformidade dos bens fornecidos conta-se a partir de cada recepção individualmente considerada ou da data em que ocorrer a recepção dos últimos bens fornecidos, consoante esteja em causa contrato que estabeleça entregas faseadas de bens com ou sem autonomia funcional entre si, respectivamente. 3 - As obrigações do fornecedor a que se refere o n.º 1 abrangem ainda todos os encargos com os testes, a realizar pelo fornecedor, que o contraente público considere, justificadamente, necessário efectuar para verificação funcional dos bens objecto do contrato. 4 - Para além das obrigações que resultam para o fornecedor do disposto nos números anteriores, pode o contrato estipular uma obrigação de garantia, cujas condições concretas, designadamente as respeitantes ao respectivo prazo e às obrigações do fornecedor, são fixadas no contrato, sendo aplicável nesta matéria o disposto na lei a que se refere o n.º 1. 5 - O prazo da garantia a que se refere o número anterior não deve exceder dois anos, podendo ser superior quando, tratando-se de aspecto da execução do contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos, o fornecedor o tenha proposto. NA 1 - A lei que disciplina os aspectos relativos à venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas no que respeita à responsabilidade e obrigações do fornecedor e do produtor e aos direitos do consumidor, actualmente, é o Decreto-Lei n.º 67/2003, de 08/04. 2 - Quanto ao disposto no art. 441.º, n.º 1, V. a anotação ao art. 70.º, do CCP. Artigo 445.º Encargos gerais Na falta de estipulação contratual, constituem obrigações do fornecedor: a) O pagamento de quaisquer impostos, taxas, direitos de qualquer natureza ou outros encargos exigidos pelas autoridades competentes e relativos à execução do contrato nos territórios do país ou países do fornecedor, dos seus subcontratados ou de passagem em transporte; b) A obtenção de quaisquer autorizações e o pagamento de quaisquer emolumentos exigidos pelas autoridades competentes relativamente ao cumprimento das obrigações que impendem sobre o fornecedor no âmbito do contrato; c) A realização de todas as diligências necessárias ou convenientes à obtenção de quaisquer licenças de exportação e de importação exigidas pelos países envolvidos na execução do contrato e a esta respeitantes, bem como o pagamento das taxas ou demais encargos a que houver lugar; d) O pagamento de quaisquer despesas resultantes da prestação das cauções previstas nos artigos 88.º a 91.º e 292.º Artigo 446.º Continuidade de fabrico Na falta de estipulação contratual e salvo quando outra coisa resultar da natureza do bem a fornecer, o fornecedor deve assegurar a continuidade do fabrico e do fornecimento de todas as peças, componentes e equipamentos que integrem os bens objecto do contrato pelo prazo estimado da respectiva vida útil, sem prejuízo do disposto nos artigos 297.º e 298.º Artigo 447.º Direitos de propriedade intelectual 1 - Na falta de estipulação contratual, correm integralmente por conta do fornecedor os encargos ou a responsabilidade civil decorrentes da incorporação em qualquer dos bens objecto do contrato, ou da utilização nesses mesmos bens, de elementos de construção, de hardware, de software ou de outros que respeitem a quaisquer patentes, licenças, marcas, desenhos registados e outros direitos de propriedade industrial ou direitos de autor ou conexos. 2 - Se o contraente público vier a ser demandado por ter infringido, na execução do contrato ou na posterior utilização dos bens objecto do mesmo, qualquer dos direitos referidos no número anterior, terá direito de regresso contra o fornecedor por quaisquer quantias pagas, seja a que título for. 3 - Os encargos e a responsabilidade civil perante terceiros decorrentes dos factos mencionados nos n.os 1 e 2 não correm por conta do fornecedor se este demonstrar que os mesmos são imputáveis ao contraente público ou a terceiros que não sejam seus subcontratados. Artigo 448.º Resolução pelo contraente público 1 - Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do contrato e de outros neste previstos e do direito de indemnização nos termos gerais, pode o contraente público resolver o contrato no caso de o fornecedor violar de forma grave ou reiterada qualquer das obrigações que lhe incumbem, nomeadamente quando a entrega de qualquer bem objecto do fornecimento se atrase por mais de três meses ou o fornecedor declarar por escrito que o atraso na entrega excederá esse prazo. 2 - A resolução do contrato nos termos do presente artigo abrange a repetição das prestações já realizadas pelo fornecedor se assim for determinado pelo contraente público. Artigo 449.º

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Resolução pelo fornecedor Na falta de estipulação contratual, a resolução do contrato pelo fornecedor não determina a repetição das prestações já realizadas, cessando, porém, todas as obrigações do fornecedor previstas no contrato, com excepção das obrigações a que se refere o artigo 444.º CAPÍTULO V Aquisição de serviços Artigo 450.º Noção Entende-se por aquisição de serviços o contrato pelo qual um contraente público adquire a prestação de um ou vários tipos de serviços mediante o pagamento de um preço. Artigo 451.º Remissão Em tudo quanto não estiver regulado no presente capítulo, é aplicável aos contratos de aquisição de serviços, com as necessárias adaptações, o disposto no capítulo sobre contratos de aquisição de bens móveis. Artigo 452.º Instalações e equipamentos Na falta de estipulação contratual, as instalações, os equipamentos e quaisquer outros meios necessários ao exacto e pontual cumprimento das obrigações contratuais são da responsabilidade do prestador de serviços. Artigo 453.º Obrigações de serviço público 1 - Quando o objecto do contrato de aquisição de serviços esteja directamente relacionado com uma actividade de serviço público, o respectivo contrato deve prever as obrigações de serviço público, compatíveis com as normas e os princípios comunitários aplicáveis, a que o prestador de serviços fica sujeito. 2 - Como contrapartida do cumprimento das obrigações de serviço público, o contraente público pode atribuir uma compensação financeira ao prestador de serviços. Artigo 454.º Serviços a mais 1 - São serviços a mais aqueles cuja espécie ou quantidade não esteja prevista no contrato e que: a) Se tenham tornado necessários à prestação dos serviços objecto do contrato na sequência de uma circunstância imprevista; e b) Não possam ser técnica ou economicamente separáveis do objecto do contrato sem inconvenientes graves para o contraente público ou, embora separáveis, sejam estritamente necessários à conclusão objecto do contrato. 2 - Só pode ser ordenada a execução de serviços a mais quando se verifiquem as seguintes condições: a) O contrato tenha sido celebrado na sequência de ajuste directo adoptado ao abrigo do disposto no artigo 24.º ou no n.º 1 do artigo 27.º, de procedimento de negociação adoptado ao abrigo do disposto no artigo 29.º, de diálogo concorrencial, de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação; b) Quando o contrato tenha sido celebrado na sequência de concurso público ou de concurso limitado por prévia qualificação e o anúncio do concurso tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, no caso de o somatório do preço atribuído aos serviços a mais nos termos do disposto no artigo 373.º com o preço contratual ser igual ou superior ao valor referido na alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º; c) O preço atribuído aos serviços a mais nos termos do disposto no artigo 373.º somado ao preço de anteriores serviços a mais e deduzido do preço dos serviços a menos não exceder 5 % do preço contratual; e d) O somatório do preço atribuído aos serviços a mais nos termos do disposto no artigo 373.º com o preço de anteriores serviços a mais e de anteriores serviços de suprimento de erros e omissões não exceder 50 % do preço contratual. 3 - Sempre que o contraente público for o Estado, só pode ser ordenada a execução de serviços a mais quando o somatório referido na alínea b) do número anterior for igual ou superior ao valor referido no n.º 2 do artigo 20.º ou, quando se tratar de um dos contratos mencionados na alínea b) do mesmo n.º 2, ao valor referido na alínea b) do n.º 1 do mesmo artigo. 4 - Não são considerados serviços a mais aqueles que sejam necessários ao suprimento de erros ou omissões, independentemente da parte responsável pelos mesmos. 5 - Caso não se verifique alguma das condições previstas no n.º 2, os serviços a mais devem ser objecto de contrato celebrado na sequência de procedimento adoptado nos termos do disposto no título i da parte ii. 6 - Aos serviços a mais e aos serviços a menos é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 371.º a 375.º e 379.º a 381.º PARTE IV Regime contra-ordenacional Artigo 455.º Restrição do âmbito de aplicação

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1 - Caso o objecto do contrato a celebrar ou celebrado abranja prestações típicas do contrato de empreitada de obras públicas, incluindo aquelas realizadas ou a realizar no âmbito de concessões, o regime contra-ordenacional aplicável consta do regime jurídico aplicável ao exercício da actividade da construção, estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, não sendo aplicável o disposto nos artigos seguintes, salvo remissão expressa consagrada no referido decreto-lei. 2 - As entidades adjudicantes, os donos de obra ou os concessionários devem participar ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., logo que tomem conhecimento da sua ocorrência, quaisquer factos susceptíveis de constituírem contra-ordenação prevista no decreto-lei referido no número anterior e na demais legislação especificamente aplicável à actividade de construção, bem como todas as ocorrências que sejam passíveis de registo nos termos do mesmo diploma. Artigo 456.º Contra-ordenações muito graves Constitui contra-ordenação punível com coima de (euro) 2000 a (euro) 3700 ou de (euro) 7500 a (euro) 44 800, consoante seja aplicada a pessoa singular ou a pessoa colectiva: a) A participação de candidato ou de concorrente que se encontre em alguma das situações previstas no artigo 55.º no momento da apresentação da respectiva candidatura ou proposta, da adjudicação ou da celebração do contrato; b) A não apresentação pelo adjudicatário, no prazo fixado para o efeito, de quaisquer documentos de habilitação exigidos no presente Código ou pelo órgão competente para a decisão de contratar; c) A não apresentação de documentos comprovativos da titularidade de habilitação profissional específica pelo adjudicatário, em violação do disposto no n.º 1 do artigo 234.º; d) A apresentação de documentos falsos de habilitação, de documentos que constituem a proposta e de documentos destinados à qualificação; e) A prestação de falsas declarações no decurso da fase de formação do contrato por qualquer candidato ou concorrente. Artigo 457.º Contra-ordenações graves Constitui contra-ordenação punível com coima de (euro) 1000 a (euro) 3000 ou de (euro) 5000 a (euro) 30 000, consoante seja aplicada a pessoa singular ou a pessoa colectiva: a) A não prestação da caução pelo adjudicatário no tempo e nos termos previstos no presente Código, em violação do disposto no artigo 90.º; b) A não comparência do adjudicatário no dia, na hora e no local fixados para a outorga do contrato pelo órgão competente para a decisão de contratar; c) No caso de o adjudicatário ser um agrupamento, o facto de os seus membros não se associarem, antes da celebração do contrato, na modalidade jurídica prevista no programa do procedimento, em violação do disposto no n.º 4 do artigo 54.º Artigo 458.º Contra-ordenações simples Constitui contra-ordenação punível com coima de (euro) 500 a (euro) 1500 ou de (euro) 3000 a (euro) 20 000, consoante seja aplicada a pessoa singular ou a pessoa colectiva, a violação do disposto no n.º 2 do artigo 54.º Artigo 459.º Tentativa e negligência 1 - A tentativa e a negligência são puníveis. 2 - Em caso de negligência, os limites mínimos e máximos das coimas previstas nos artigos anteriores são reduzidos para metade. Artigo 460.º Sanção acessória 1 - Em simultâneo com a coima, pode ser aplicada ao infractor a sanção acessória de privação do direito de participar, como candidato, como concorrente ou como membro de agrupamento candidato ou concorrente, em qualquer procedimento adoptado para a formação de contratos públicos, quando a gravidade da infracção e a culpa do agente o justifiquem. 2 - A sanção acessória a que se refere o número anterior deve ser fixada segundo a gravidade da infracção e a culpa do agente e não pode, em caso algum, exceder dois anos. Artigo 461.º Competência para o processo de contra-ordenação 1 - A instauração e arquivamento dos processos de contra-ordenação cabem:

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a) Ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., quando o objecto do contrato a celebrar abranja prestações típicas dos contratos de empreitada ou de concessão de obras públicas; b) À Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, quando o objecto do contrato a celebrar não abranja prestações típicas dos contratos referidos na alínea anterior. 2 - A aplicação das coimas e das sanções acessórias cabe ao presidente do conselho directivo do Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., e à Comissão de Aplicação de Coimas em Matéria Económica e de Publicidade, quando estejam em causa, respectivamente, as situações previstas na alínea a) e na alínea b) do número anterior. 3 - As entidades adjudicantes devem participar ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., ou à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, consoante o caso, quaisquer factos susceptíveis de constituírem contra-ordenações nos termos do disposto nos artigos 456.º a 458.º Artigo 462.º Cobrança das coimas 1 - O produto das coimas reverte em 60 % para os cofres do Estado, em 30 % para o Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., ou em 20 % para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e 10 % para a Comissão de Aplicação de Coimas em Matéria Económica e de Publicidade, consoante o caso, e em 10 % para as entidades adjudicantes que tenham participado os factos que determinaram a aplicação da coima. 2 - Quando não pagas, as coimas aplicadas em processos de contra-ordenação são cobradas coercivamente. Artigo 463.º Publicidade da sanção acessória As decisões definitivas de aplicação da sanção acessória prevista no artigo 460.º são publicitadas no portal da Internet dedicado aos contratos públicos durante todo o período da respectiva inabilidade. Artigo 464.º Responsabilidade criminal O desrespeito pelo infractor da decisão de aplicação definitiva da sanção acessória prevista no artigo 460.º constitui crime de desobediência nos termos do disposto no artigo 348.º do Código Penal. PARTE V Disposições finais Artigo 465.º Obrigação de comunicação É obrigatória a publicitação, no portal da Internet dedicado aos contratos públicos, dos elementos referentes à formação e execução dos contratos públicos, nos termos a definir por portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças e das obras públicas. NL Os modelos referidos no art. 465.º constam na Portaria n.º 701-E/2008, de 29 de Julho. Artigo 466.º Observatório das obras públicas 1 - O observatório das obras públicas é um sistema de informação, a constituir por diploma próprio, que procede à organização de uma base de dados, ao tratamento e à divulgação dos respectivos dados estatísticos no domínio das empreitadas de obras públicas, cabendo-lhe monitorizar: a) A fase de formação dos contratos de empreitada e de concessão de obras públicas; b) A fase de execução dos contratos de empreitada de obras públicas; c) As empreitadas de obras públicas integradas em concessões. 2 - Para efeitos do estabelecido no número anterior, devem ser comunicados ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P.: a) Os factos que constituam contra-ordenação prevista e os factos passíveis de registo, de acordo com os artigos 23.º e seguintes do Decreto-Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, logo que a entidade adjudicante, o dono da obra ou o concessionário deles tome conhecimento; b) O relatório de contratação; c) O relatório final da obra; d) Os demais elementos previstos no capítulo i do título ii da parte iii do presente Código e outros a definir em legislação especial. Artigo 467.º Notificações

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As notificações previstas no presente Código devem ser efectuadas através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados. Artigo 468.º Comunicações 1 - Todas as comunicações entre a entidade adjudicante ou o júri do procedimento e os interessados, os candidatos, os concorrentes ou o adjudicatário relativas à fase de formação do contrato devem ser escritas e redigidas em português e efectuadas através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados. 2 - Na falta de estipulação contratual, as comunicações entre o contraente público e o co-contratante relativas à fase de execução do contrato devem ser escritas e redigidas em português, podendo ser efectuadas pelos meios a que se refere o número anterior, ou por via postal, por meio de carta registada ou de carta registada com aviso de recepção. 3 - Para efeitos de comunicações relativas à fase de execução do contrato, as partes devem identificar no mesmo as informações de contacto dos respectivos representantes, designadamente o endereço electrónico, o número de telecópia e o endereço postal. 4 - No contrato podem as partes estipular que a validade das comunicações efectuadas por correio electrónico fique sujeita à condição da sua utilização obedecer a requisitos suplementares. 5 - As comunicações ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., previstas no presente Código devem ser efectuadas através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados. Artigo 469.º Data da notificação e da comunicação 1 - As notificações e as comunicações consideram-se feitas: a) Na data da respectiva expedição, quando efectuadas através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados, salvo o disposto no número seguinte; b) Na data constante do relatório de transmissão bem sucedido, quando efectuado através de telecópia, salvo o disposto no número seguinte; c) Na data indicada pelos serviços postais, quando efectuadas por carta registada; d) Na data da assinatura do aviso, quando efectuadas por carta registada com aviso de recepção. 2 - As notificações e as comunicações que tenham como destinatário a entidade adjudicante ou o contraente público e que sejam efectuadas através de correio electrónico, telecópia ou outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados, após as 17 horas do local de recepção ou em dia não útil nesse mesmo local, presumem-se feitas às 10 horas do dia útil seguinte. NJ 1 - Apreciou o TCAN (V. o Acórdão do TCAN de 15/10/2010, Proc. n.º 00420/09.5BEBRG) se as notificações e as comunicações dirigidas ao júri ficam sujeitas ao estatuído no art. 469.º, n.º 2. “Estão previstos ao longo do procedimento e em função dos vários estágios ou fases pelos quais o mesmo passa e se desenvolve uma série actos nos quais se alude à intervenção e ao relacionamento entre “interessados”, “candidatos”, “concorrentes” e “adjudicatário” ora com a “entidade adjudicante”, ora com o “júri”, ora com o “órgão competente para a decisão de contratar”, bem como em que se define ou se alude à forma e local de publicitação/notificação e de como estas se processam (v.g., e no que aqui releva cfr. arts. 50.º, 61.º, 62.º, 72.º, 83.º, 85.º, 130.º, 133.º, 138.º, 468.º a 470.º do CCP). É que e reconduzindo-nos, agora, ao teor conjugado dos arts. 468.º e 469.º do CCP importa ter presente que o legislador revelou estar ciente da distinção entre as expressões “entidade adjudicante” e “júri”, não as confundindo ou amalgamando num único conceito ou expressão, nem as fazendo equivaler. Com efeito e retomando o que antecedentemente foi já transcrito o legislador no n.º 1 do art. 468.º do CCP fala nas ‘U comunicações entre a entidade adjudicante ou o júri do procedimento e os interessados, os candidatos, os concorrentes ou o adjudicatário U’ (sublinhados e evidenciados nossos), distinguindo claramente e entre si, assim, as comunicações da entidade adjudicante e as comunicações do júri do procedimento com os demais intervenientes procedimentais, na certeza de que para ambas valem as regras previstas no n.º 1 do art. 469.º e no art. 470.º daquele Código. Já a regra que se mostra enunciada no n.º 2 do citado art. 469.º ao falar apenas nas ‘U notificações e as comunicações que tenham como destinatário a entidade adjudicante ou o contraente público e que sejam efectuadas através de correio electrónico, telecópia ou outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados U’, sabendo-se que outras

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notificações e comunicações se mostram previstas e reguladas no CCP e que nessa medida existem, não pode ser lida como pretende o recorrente, fazendo equivaler ou equiparar às mesmas notificações/comunicações as que dizem respeito às notificações/comunicações dos actos entre o júri do procedimento e os concorrentes, como se tudo fosse uma mesma e única realidade em contradição com o que anteriormente havia sido autonomizado. Em suma, as notificações/comunicações dirigidas ao júri do procedimento não se mostram abrangidas pela previsão do art. 469.º, n.º 2 do CCP, pelo que na situação sob apreciação tem-se como tempestiva a dedução pelas aqui recorridas da reclamação ao abrigo do direito de audiência no quadro do concurso dado se tratar de comunicação que, nos termos concursais e legais, se destina ou dirige ao júri e não à entidade adjudicante, termos em que se nos afigura como acertado o juízo feito na decisão judicial recorrida quanto ao afastamento em concreto e quanto ao acto procedimental em questão da regra enunciada no citado normativo”. Artigo 470.º Contagem dos prazos na fase de formação dos contratos 1 - Os prazos referidos no presente Código relativos aos procedimentos de formação de contratos contam-se nos termos do disposto no artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo e não lhes é aplicável, em caso algum, o disposto no artigo 73.º do mesmo Código. 2 - Ao prazo para a apresentação das propostas no concurso público urgente não é aplicável o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo. 3 - Os prazos fixados para a apresentação das propostas, das candidaturas e das soluções são contínuos, não se suspendendo nos sábados, domingos e feriados. Artigo 471.º Contagem dos prazos na fase de execução dos contratos 1 - À contagem de prazos na fase de execução dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo são aplicáveis as seguintes regras: a) Não se inclui na contagem do prazo o dia em que ocorrer o evento a partir do qual o mesmo começa a correr; b) Os prazos são contínuos, não se suspendendo nos sábados, domingos e feriados; c) O prazo fixado em semanas, meses ou anos, a contar de certa data, termina às 24 horas do dia que corresponda, dentro da última semana, mês ou ano, a essa data, mas se no último mês não existir dia correspondente o prazo finda no último dia desse mês; d) O prazo que termine em sábado, domingo, feriado ou em dia em que o serviço perante o qual deva ser praticado o acto que não esteja aberto ao público, ou não funcione durante o período normal, transfere-se para o 1.º dia útil seguinte. 2 - O disposto na alínea d) do número anterior também é aplicável aos prazos que terminem em férias judiciais se o acto sujeito a prazo tiver de ser praticado em juízo. Artigo 472.º Obrigações estatísticas 1 - Para efeitos do cumprimento das obrigações previstas nos artigos 75.º e 76.º da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, e 67.º da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, compete à Agência Nacional de Compras Públicas, E. P. E., e ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., elaborar e remeter à Comissão Europeia, até 31 de Outubro de cada ano, um relatório estatístico relativo aos contratos de aquisição e locação de bens e de aquisição de serviços e um relatório estatístico relativo aos contratos de empreitada de obras públicas celebrados pelas entidades adjudicantes no ano anterior. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, as entidades adjudicantes devem remeter às entidades competentes, até 31 de Março de cada ano, todos os dados estatísticos necessários à elaboração dos referidos relatórios, conforme modelo aprovado por portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças e das obras públicas. 3 - Para efeitos do cumprimento das obrigações previstas no n.º 2 do artigo 4.º da Directiva n.º 89/665/CEE, do Conselho, de 21 de Dezembro, e no n.º 2 do artigo 12.º da Directiva n.º 92/13/CEE, do Conselho, de 25 de Fevereiro, compete ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., comunicar até 30 de Setembro de cada ano, à Comissão Europeia, de acordo com informação fornecida pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, a compilação de todas as decisões que tenham transitado em julgado no ano anterior em que seja afastado o efeito da anulação do contrato nos termos permitidos pelos n.os 3 e 4 do artigo 283.º -A, acompanhadas da respectiva fundamentação.

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4 - É obrigatória a comunicação das decisões referidas no número anterior, bem como da respectiva fundamentação, por via electrónica, ao portal da Internet dedicado aos contratos públicos, em termos a regular por portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas da justiça e das obras públicas. NL O modelo de dados estatísticos consta na Portaria n.º 701-D/2008, de 29 de Julho. Artigo 473.º Imposto sobre o valor acrescentado Todas as quantias previstas no presente Código, bem como o valor do contrato, o preço base e o preço contratual, não incluem o imposto sobre o valor acrescentado. ANEXO I Modelo de declaração [a que se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 57.º] 1 - ... (nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de representante legal de (1) ... (firma, número de identificação fiscal e sede ou, no caso de agrupamento concorrente, firmas, números de identificação fiscal e sedes), tendo tomado inteiro e perfeito conhecimento do caderno de encargos relativo à execução do contrato a celebrar na sequência do procedimento de ... (designação ou referência ao procedimento em causa), declara, sob compromisso de honra, que a sua representada (2) se obriga a executar o referido contrato em conformidade com o conteúdo do mencionado caderno de encargos, relativamente ao qual declara aceitar, sem reservas, todas as suas cláusulas. 2 - Declara também que executará o referido contrato nos termos previstos nos seguintes documentos, que junta em anexo (3): a) ... b) ... 3 - Declara ainda que renuncia a foro especial e se submete, em tudo o que respeitar à execução do referido contrato, ao disposto na legislação portuguesa aplicável. 4 - Mais declara, sob compromisso de honra, que: a) Não se encontra em estado de insolvência, em fase de liquidação, dissolução ou cessação de actividade, sujeita a qualquer meio preventivo de liquidação de patrimónios ou em qualquer situação análoga, nem tem o respectivo processo pendente; b) Não foi condenado(a) por sentença transitada em julgado por qualquer crime que afecte a sua honorabilidade profissional (4) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram condenados por qualquer crime que afecte a sua honorabilidade profissional (5)] (6); c) Não foi objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional (7) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional (8)] (9); d) Tem a sua situação regularizada relativamente a contribuições para a segurança social em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (10); e) Tem a sua situação regularizada relativamente a impostos devidos em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (11); f) Não foi objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea e) do n.º 1 do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, no artigo 45.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, e no n.º 1 do artigo 460.º do Código dos Contratos Públicos (12); g) Não foi objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 627.º do Código do Trabalho (13); h) Não foi objecto de aplicação, há menos de dois anos, de sanção administrativa ou judicial pela utilização ao seu serviço de mão-de-obra legalmente sujeita ao pagamento de impostos e contribuições para a segurança social, não declarada nos termos das normas que imponham essa obrigação, em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (14); i) Não foi condenado(a) por sentença transitada em julgado por algum dos seguintes crimes (15) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram condenados por alguns dos seguintes crimes (16)] (17): i) Participação em actividades de uma organização criminosa, tal como definida no n.º 1 do artigo 2.º da Acção Comum n.º 98/773/JAI, do Conselho; ii) Corrupção, na acepção do artigo 3.º do Acto do Conselho de 26 de Maio de 1997 e do n.º 1 do artigo 3.º da Acção Comum n.º 98/742/JAI, do Conselho; iii) Fraude, na acepção do artigo 1.º da Convenção relativa à Protecção dos Interesses Financeiros das Comunidades Europeias; iv) Branqueamento de capitais, na acepção do artigo 1.º da Directiva n.º 91/308/CEE, do Conselho, de 10 de Junho, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais;

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j) Não prestou, a qualquer título, directa ou indirectamente, assessoria ou apoio técnico na preparação e elaboração das peças do procedimento. 5 - O declarante tem pleno conhecimento de que a prestação de falsas declarações implica, consoante o caso, a exclusão da proposta apresentada ou a caducidade da adjudicação que eventualmente sobre ela recaia e constitui contra-ordenação muito grave, nos termos do artigo 456.º do Código dos Contratos Públicos, a qual pode determinar a aplicação da sanção acessória de privação do direito de participar, como candidato, como concorrente ou como membro de agrupamento candidato ou concorrente, em qualquer procedimento adoptado para a formação de contratos públicos, sem prejuízo da participação à entidade competente para efeitos de procedimento criminal. 6 - Quando a entidade adjudicante o solicitar, o concorrente obriga-se, nos termos do disposto no artigo 81.º do Código dos Contratos Públicos, a apresentar a declaração que constitui o anexo ii do referido Código, bem como os documentos comprovativos de que se encontra nas situações previstas nas alíneas b), d), e) e i) do n.º 4 desta declaração. 7 - O declarante tem ainda pleno conhecimento de que a não apresentação dos documentos solicitados nos termos do número anterior, por motivo que lhe seja imputável, determina a caducidade da adjudicação que eventualmente recaia sobre a proposta apresentada e constitui contra-ordenação muito grave, nos termos do artigo 456.º do Código dos Contratos Públicos, a qual pode determinar a aplicação da sanção acessória de privação do direito de participar, como candidato, como concorrente ou como membro de agrupamento candidato ou concorrente, em qualquer procedimento adoptado para a formação de contratos públicos, sem prejuízo da participação à entidade competente para efeitos de procedimento criminal. ... (local), ... (data), ... [assinatura (18)]. (1) Aplicável apenas a concorrentes que sejam pessoas colectivas. (2) No caso de o concorrente ser uma pessoa singular, suprimir a expressão «a sua representada». (3) Enumerar todos os documentos que constituem a proposta, para além desta declaração, nos termos do disposto nas alíneas b), c) e d) do n.º 1 e nos n.os 2 e 3 do artigo 57.º (4) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (5) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (6) Declarar consoante o concorrente seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (7) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (8) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (9) Declarar consoante o concorrente seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (10) Declarar consoante a situação. (11) Declarar consoante a situação. (12) Indicar se, entretanto, decorreu o período de inabilidade fixado na decisão condenatória. (13) Indicar se, entretanto, decorreu o período de inabilidade fixado na decisão condenatória. (14) Declarar consoante a situação. (15) Indicar se, entretanto, ocorreu a sua reabilitação. (16) Indicar se, entretanto, ocorreu a sua reabilitação. (17) Declarar consoante o concorrente seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (18) Nos termos do disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 57.º ANEXO II Modelo de declaração [a que se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 81.º] 1 - ... (nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de representante legal de (1) ... (firma, número de identificação fiscal e sede ou, no caso de agrupamento concorrente, firmas, números de identificação fiscal e sedes), adjudicatário(a) no procedimento de ... (designação ou referência ao procedimento em causa), declara, sob compromisso de honra, que a sua representada (2): a) Não se encontra em estado de insolvência, em fase de liquidação, dissolução ou cessação de actividade, sujeita a qualquer meio preventivo de liquidação de patrimónios ou em qualquer situação análoga, nem tem o respectivo processo pendente; b) Não foi objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional (3) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional (4)] (5); c) Não foi objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea e) do n.º 1 do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, no artigo 45.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, e no n.º 1 do artigo 460.º do Código dos Contratos Públicos (6); d) Não foi objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 627.º do Código do Trabalho (7); e) Não foi objecto de aplicação, há menos de dois anos, de sanção administrativa ou judicial pela utilização ao seu serviço de mão-de-obra legalmente sujeita ao pagamento de impostos e contribuições para a segurança social, não declarada nos termos das normas que imponham essa obrigação, em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (8);

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f) Não prestou, a qualquer título, directa ou indirectamente, assessoria ou apoio técnico na preparação e elaboração das peças do procedimento. 2 - O declarante junta em anexo [ou indica ... como endereço do sítio da Internet onde podem ser consultados (9)] os documentos comprovativos de que a sua representada (10) não se encontra nas situações previstas nas alíneas b), d), e) e i) do artigo 55.º do Código dos Contratos Públicos. 3 - O declarante tem pleno conhecimento de que a prestação de falsas declarações implica a caducidade da adjudicação e constitui contra-ordenação muito grave, nos termos do artigo 456.º do Código dos Contratos Públicos, a qual pode determinar a aplicação da sanção acessória de privação do direito de participar, como candidato, como concorrente ou como membro de agrupamento candidato ou concorrente, em qualquer procedimento adoptado para a formação de contratos públicos, sem prejuízo da participação à entidade competente para efeitos de procedimento criminal. ... (local), ... (data), ... [assinatura (11)]. (1) Aplicável apenas a concorrentes que sejam pessoas colectivas. (2) No caso de o concorrente ser uma pessoa singular, suprimir a expressão «a sua representada». (3) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (4) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (5) Declarar consoante o concorrente seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (6) Indicar se, entretanto, decorreu o período de inabilidade fixado na decisão condenatória. (7) Indicar se, entretanto, decorreu o período de inabilidade fixado na decisão condenatória. (8) Declarar consoante a situação. (9) Acrescentar as informações necessárias à consulta, se for o caso. (10) No caso de o concorrente ser uma pessoa singular, suprimir a expressão «a sua representada». (11) Nos termos do disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 57.º ANEXO III Modelo de ficha (ver original no diploma legal) (a que se refere o n.º 1 do artigo 127.º) ANEXO IV Expressão matemática que traduz o requisito mínimo de capacidade financeira [a que se refere a alínea i) do n.º 1 e o n.º 4 do artigo 164.º e o n.º 2 do artigo 165.º] 1 - O requisito mínimo de capacidade financeira referido no n.º 2 do artigo 165.º do Código dos Contratos Públicos é traduzido pela seguinte expressão matemática: V x t (igual ou menor que) R x f sendo: V - o preço base, quando fixado nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 47.º ou, na falta dessa fixação, o valor económico estimado do contrato, a estabelecer no programa do concurso, exclusivamente para efeitos da avaliação da capacidade financeira dos candidatos; t - a taxa de juro EURIBOR, a seis meses, acrescida de 200 pontos base, divulgada à data da publicação do anúncio do concurso no Diário da República; R - o valor médio dos resultados operacionais do candidato nos últimos três exercícios, calculado com recurso à seguinte função: 2 - No caso de o candidato se ter constituído há menos de três exercícios, para efeitos do cálculo de R só são tidos em conta os resultados operacionais do candidato nos exercícios concluídos, sendo o denominador da função adaptado em conformidade. ANEXO V Modelo de declaração (a que se refere o n.º 1 do artigo 168.º) 1 - ... (nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de representante legal de (1) ... (firma, número de identificação fiscal e sede ou, no caso de agrupamento concorrente, firmas, números de identificação fiscal e sedes), tendo tomado conhecimento das peças do procedimento de... (designação ou referência ao procedimento em causa), vem por este meio apresentar a respectiva candidatura, juntando em anexo, para o efeito, os seguintes documentos destinados à qualificação (2): a) ... b) ... 2 - Para o efeito declara, sob compromisso de honra, que: a) Não se encontra em estado de insolvência, de liquidação, de cessação de actividade, sujeita a qualquer meio preventivo de liquidação de patrimónios ou em qualquer situação análoga nem tem o respectivo processo pendente;

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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 202

b) Não foi condenado(a) por sentença transitada em julgado por qualquer crime que afecte a sua honorabilidade profissional (3) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram condenados por qualquer crime que afecte a sua honorabilidade profissional (4)] (5); c) Não foi objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional (6) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional (7)] (8); d) Tem a sua situação regularizada relativamente a contribuições para a segurança social em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (9); e) Tem a sua situação regularizada relativamente a impostos devidos em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (10); f) Não foi objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea e) do n.º 1 do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, no artigo 45.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, e no n.º 1 do artigo 460.º do Código dos Contratos Públicos (11); g) Não foi objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 627.º do Código do Trabalho (12); h) Não foi objecto de aplicação, há menos de dois anos, de sanção administrativa ou judicial pela utilização ao seu serviço de mão-de-obra legalmente sujeita ao pagamento de impostos e contribuições para a segurança social, não declarada nos termos das normas que imponham essa obrigação, em Portugal (ou no Estado de que é nacional ou no qual se situe o seu estabelecimento principal) (13); i) Não foi condenado(a) por sentença transitada em julgado por algum dos seguintes crimes (14) [ou os titulares dos seus órgãos sociais de administração, direcção ou gerência não foram condenados por alguns dos seguintes crimes (15)] (16): i) Participação em actividades de uma organização criminosa, tal como definida no n.º 1 do artigo 2.º da Acção Comum n.º 98/773/JAI, do Conselho; ii) Corrupção, na acepção do artigo 3.º do Acto do Conselho de 26 de Maio de 1997 e do n.º 1 do artigo 3.º da Acção Comum n.º 98/742/JAI, do Conselho; iii) Fraude, na acepção do artigo 1.º da Convenção relativa à Protecção dos Interesses Financeiros das Comunidades Europeias; iv) Branqueamento de capitais, na acepção do artigo 1.º da Directiva n.º 91/308/CEE, do Conselho, de 10 de Junho, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais; j) Não prestou, a qualquer título, directa ou indirectamente, assessoria ou apoio técnico na preparação e elaboração das peças do procedimento. 3 - O declarante tem pleno conhecimento de que a prestação de falsas declarações implica a exclusão da candidatura apresentada e constitui contra-ordenação muito grave, nos termos do artigo 456.º do Código dos Contratos Públicos, a qual pode determinar a aplicação da sanção acessória de privação do direito de participar, como candidato, como concorrente ou como membro de agrupamento candidato ou concorrente, em qualquer procedimento adoptado para a formação de contratos públicos, sem prejuízo da participação à entidade competente para efeitos de procedimento criminal. ... (local), ... (data), ... [assinatura (17)]. (1) Aplicável apenas a candidatos que sejam pessoas colectivas. (2) Enumerar todos os documentos que constituem a candidatura, para além desta declaração, indicados no programa do procedimento. (3) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (4) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (5) Declarar consoante o candidato seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (6) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (7) Indicar se, entretanto, ocorreu a respectiva reabilitação. (8) Declarar consoante o candidato seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (9) Declarar consoante a situação. (10) Declarar consoante a situação. (11) Indicar se, entretanto, decorreu o período de inabilidade fixado na decisão condenatória. (12) Indicar se, entretanto, decorreu o período de inabilidade fixado na decisão condenatória. (13) Declarar consoante a situação. (14) Indicar se, entretanto, ocorreu a sua reabilitação. (15) Indicar se, entretanto, ocorreu a sua reabilitação. (16) Declarar consoante o candidato seja pessoa singular ou pessoa colectiva. (17) Nos termos do disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 168.º ANEXO VI Modelo de declaração bancária [a que se refere a alínea a) do n.º 3 do artigo 179.º]

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O Código dos Contratos Públicos com anotações: Luís Alves 203

Procedimento de ... (designação ou referência ao procedimento em causa), cujo anúncio foi publicado no Diário da República de ..., e no Jornal Oficial da União Europeia de ... (se aplicável). ... (designação, número de identificação fiscal e sede) (adiante, instituição de crédito), neste acto representada por... (nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de... (qualidade em que declara: representante legal, procurador ou outra), com poderes para o acto, declara, para os efeitos do disposto na alínea a) do n.º 3 do artigo 179.º do Código dos Contratos Públicos e da eventual adjudicação da proposta que... (firma, número de identificação fiscal e sede ou, no caso de agrupamento concorrente, firmas, números de identificação fiscal e sedes) (adiante, candidato) venha a apresentar no referido procedimento, o seguinte: a) A instituição de crédito obriga-se, perante o candidato e ... (designação, número de identificação fiscal e sede da entidade adjudicante), a pôr à disposição do candidato todos os meios financeiros previsivelmente necessários ao integral cumprimento das obrigações resultantes do contrato a celebrar no caso de a adjudicação recair sobre a proposta a apresentar; b) Em cumprimento da obrigação prevista no número anterior, que vigora desde o início do prazo de vigência do contrato, a instituição de crédito atribui ao candidato uma linha de crédito que o habilita a sacar, para o efeito da execução do contrato, os referidos meios financeiros; c) A emissão, a validade e a eficácia da presente declaração e a constituição, a modificação e a extinção, a qualquer título, das obrigações por ela constituídas, são integralmente disciplinadas pela legislação portuguesa aplicável. ... (local),... (data),... (assinatura).