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CLÁUDIO GONÇALVES COUTO (Fundação Getúlio Vargas) [email protected]

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CLÁUDIO GONÇALVES COUTO(Fundação Getúlio Vargas)

[email protected]

Fatores cruciais da conjuntura políticaExecutivo: encaminhamento

de agenda na política

econômica.

Legislativo: preservação da

coalizão pró-Temer e reações

à Lava-Jato.

Partidos: mudança estrutural

do sistema partidário.

Sistema de justiça: operação

Lava-Jato e julgamento da

chapa Dilma-Temer.

Sociedade civil: mobilizações

contra o governo e suas

políticas.

A Presidência pemedebista

Temer é político hábil e experiente, mas

desprovido de carisma e legitimidade

eleitoral.

Sua experiência política foi do lado ”da

demanda”; terá de se adaptar ao lado ”da

oferta” – PMDB fica dos dois lados do

balcão.

Partido leva adiante agenda que nunca

construiu, mas incorporou na onda reativa

aos governos petistas e à crise

econômica.

Base congressual do governo é a mesma dos governos anteriores: partidos de adesão.

Congresso atual é celeiro de políticos medíocres: desapareceu o “alto clero”: ”lumpemparlamentariado”.

Montagem da base do governo Temer revela os limites que o atual Congresso impõe a qualquer governo.

Investigações da Lava-Jato podem afetar personagens chave da base governistas: corruptos, porém com capacidade de articulação institucional (PMDB).

Eduardo Cunha era exceção a este padrão: liderança predatória.

O Congresso de sempre

Partidos Bancada na Câmara Bancada no Senado % Câmara % Senado Peso Ponderado

1 PMDB 67 19 13,1% 23,5% 18,3%

2 PP 47 7 9,2% 8,6% 8,9%

3 PR 42 4 8,2% 4,9% 6,6%

4 PSD 35 4 6,8% 4,9% 5,9%

5 PTB 18 3 3,5% 3,7% 3,6%

6 PRB 22 1 4,3% 1,2% 2,8%

7 PSC 7 2 1,4% 2,5% 1,9%

8 SDD 14 0 2,7% 0,0% 1,4%

9 PTN 13 0 2,5% 0,0% 1,3%

10 PV 6 1 1,2% 1,2% 1,2%

11 PROS 7 0 1,4% 0,0% 0,7%

12 PHS 7 0 1,4% 0,0% 0,7%

13 PTC 0 1 0,0% 1,2% 0,6%

14 PEN 3 0 0,6% 0,0% 0,3%

15 PTdoB 3 0 0,6% 0,0% 0,3%

16 PSL 2 0 0,4% 0,0% 0,2%

17 PMB 2 0 0,4% 0,0% 0,2%

18 PRP 1 0 0,2% 0,0% 0,1%

19 PRTB 1 0 0,2% 0,0% 0,1%

20 PT 58 10 11,3% 12,3% 11,8%

21 PDT 19 3 3,7% 3,7% 3,7%

22 PCdoB 11 1 2,1% 1,2% 1,7%

23 PSDB 50 7 9,7% 8,6% 9,2%

24 DEM 27 11 5,3% 13,6% 9,4%

25 PPS 8 4 1,6% 4,9% 3,2%

26 PSB 33 16 6,4% 19,8% 13,1%

27 PSOL 6 1 1,2% 1,2% 1,2%

28 Rede 4 1 0,8% 1,2% 1,0%

Totais 513 81 100,0% 100,0% 100,0%

As dificuldades de Dilma no Congresso

O começo de Temer no Congresso

As dificuldades de Dilma no Congresso

O começo de Temer no Congresso

A agenda do governo e da coalizão

PEC do teto de gastos: aprovada sem maiores dificuldades, altera a estrutura do conflito sobre o orçamento público.

Hoje temos conflito distributivo.

Passaremos a ter um conflito redistributivo.

Corporações estatais tendem a ser postas na berlinda.

Excessiva rigidez e prazo longo são obstáculos menores num país que já emendou a Constituição mais de 100 vezes.

Reforma previdenciária: bem mais difícil de ser aprovada, porém auxiliada pelo problema produzido pela PEC do teto de gastos.

Base do governo é fundamentalmente fisiológica e afetada por problemas de corrupção.

Sua agenda refletirá isto de alguma forma, mas nem todas as medidas são ruins.

Anistia ao Caixa 2 em eleições passadas.

Retaliação ao Judiciário e ao Ministério Público no projeto do Senado: correção de excessos.

Reforma política que reduz o peso dos pequenos partidos e a fragmentação partidária.

Resistência a limitar ganhos da própria classe política.

A agenda do governo e da coalizão

A Situação dos PartidosPrincipais partidos.

Perdeu 60% dos prefeitos nas últimas eleições: 10º em número de prefeitos.

Na média da população governada por seus prefeitos, ocupa o 11º lugar – virou partido de pequenos municípios.

Esclerose organizacional

Perda de apoio social

Cresceu nas últimas eleições municipais: 2º maior partido.

Disputa entre lideranças prossegue.

Aécio perdeu em seu estado, novamente.

Alckmin ganha força.

Maior partido em nível municipal.

Cresceu em cidades médias.

Segue sendo partido complicado

com problemas judiciais.

PARTIDOS EM NÚMERO DE PREFEITOS

ELEITOSELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2016

10

29

78

9

53

8

49

2

411

33

2

29

6

26

4

25

9

25

4

11

7

10

3

10

0

87

10

38

80

3

54

0

49

2

41

5

33

5

29

9

26

6

26

1

25

4

12

2

10

5

10

3

87

PMDB PSDB PSD PP PSB PDT PR DEM PTB PT PPS PRB PV PSC

14 MAIORES PARTIDOS EM PREFEITURAS

1º turno 2016 2º turno 2016

PARTIDOS PELA MÉDIA DA POPULAÇÃO

GOVERNADAELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2016

-

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

PRB PPS PSDB DEM PSB PDT PMDB PR PTB PSD PT PP

media pop governada

Crise de Legitimidade persiste

Escândalos de corrupção não geram apenas problema judicial e político-partidário, mas também de legitimidade.

Cidadãos descreem cada vez mais dos políticos e das instituições representativas.

Políticos carecem de legitimidade para tomar decisões.

Investidores desconfiam das ações do governo e do uso dos recursos públicos.

Imagem do país é arranhada internacionalmente.

Dinâmica social e política geral nas democracias, bem como crise de legitimidade dos políticos reforçam papel do sistema de justiça.

Corporativismo dos atores judiciais e clamor social por justiça a qualquer preço tornam sua atuação ainda menos sujeita a limites.

Excessos de juízes de primeira instância.

Perseguição a críticos.

Promotores ávidos por implementar agendas próprias.

Políticos-juízes não são necessariamente políticos hábeis ou responsáveis: disputa política impõe restrições e necessidades particulares.

Judicialização da política e politização da justiça

Lava-Jato: fonte de imprevisibilidade continuará

Efeitos de novas delações e da acusação pelo PGR aumentam a incerteza:

Instabilidade na base, se novos membros de partidos aliados forem acusados.

Lideranças do PMDB com capacidade de articulação institucional foram alvejadas (Jucá, Renan, Geddel, Moreira Franco etc.).

Alvo deixa paulatinamente de ser o PT e inclui outros partidos, em especial o PMDB.

Eventual prisão de Lula pode causar grande tumulto social.

Judiciário e MP não são só Lava-Jato

Medidas de auto-anistia pelos congressistas podem produzir

reação do STF: há precedente da época de FHC.

Se isto ocorrer, tensão entre os Poderes deverá

aumentar.

Julgamento das contas de campanha da chapa Dilma-

Temer pode produzir mais instabilidade e nova mudança na

chefia de governo.

Outros juízes pelo país adotam procedimentos mais duros,

motivados pela Lava-Jato: efeito demonstração.

Moraes no STF ajuda governo, mas não resolve todos os

problemas.

A sociedade civilImpeachment de Dilma e

fragorosa derrota eleitoral do

PT desmobilizaram os novos

ativistas de rua, de oposição ao

petismo.

Esquerda e movimentos a ela

ligados voltam a ganhar

protagonismo.

Medidas duras de ajuste

podem reavivar mobilizações

capitaneadas pela esquerda

sindical e não sindical.

Repressão policial tem sido

cada vez mais dura: risco de

violência letal e comoção.

Crise nos estados pode

produzir dinâmica mobilizatória

independente do que ocorrer

no âmbito federal, mas capaz

de produzir efeitos em cadeia

de alcance nacional.

Considerações Finais

Cenário prospectivo é de ainda de grande incerteza.

Armistício dos grandes veículos de imprensa com o atual governo e apoio a reformas, aproveitando momento de crise econômica, podem facilitar a concretização de uma agenda de mudanças.

Novo governo dispõe de maioria Congressual, mas sua natureza fisiológica a torna descomprometida de reformas mais profundas no longo prazo.

Falta de legitimidade eleitoral do novo governo também o fragiliza como propositor de reformas mais controversas; crise ajuda.

Compromisso de não disputar a reeleição facilita a obtenção de apoios que superem o fisiologismo dos partidos de adesão.

Sucesso da política econômica pode proporcionar fôlego ao governo, mas o tempo é pouco e no curto prazo as medidas são duras.

Temer é capaz para liderar coalizão, mas seu governo começa sem dar sinais de qualquer renovação política; pelo contrário.