classe e estilo de vida

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CLASSE E ESTILO DE VIDA Roberto Mosca Junior

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Page 1: Classe e estilo de vida

CLASSE E ESTILO DE VIDA

Roberto Mosca Junior

Page 2: Classe e estilo de vida

POSIÇÃO DE CLASSE

Ao analisar a posição de classe

tradicionalmente os sociólogos

analisam:

posição de mercado,

relações com meios de

produção

e ocupação

Page 3: Classe e estilo de vida

POSIÇÃO DE CLASSE

sociólogos mais

contemporâneos, como Bourdieu:

avalia a posição de classe do

indivíduo não apenas quanto a

economia e ao emprego

mas leva em consideração

fatores culturais como estilo de

vida e padrões de consumo

Page 4: Classe e estilo de vida

ESTILO DE VIDA

os símbolos e os sinais relacionadas ao

consumodesempenham um papel cada

vez mais importante no cotidiano.

As identidades individuais estruturam-se

em maior escala, em torno das escolhas

de estilo de vida - como o modo de

vestir, o que comer, como cuidar do

corpo e onde relaxar, e menos em

torno de indicadores mais tradicionais

como emprego.

Page 5: Classe e estilo de vida

CAPITAL CULTURA E ECONÔMICO

O sociólogo francês Pierre Bourdieu entende que

os grupos de classe são identificáveis de acordo

com seus níveis variados de capital cultural e

capital econômico (La Distinction, 1986).

Cada vez mais, os indivíduos distinguem-se uns

dos outros não com base em fatores econômicos

ou ocupacionais, mas pelos gostos culturais e

pelas atividades de lazer, sendo

auxiliados, , nesse processo, pela proliferação de

mercadores de necessidades,

Page 6: Classe e estilo de vida

MERCADORIAS SIMBÓLICAS

o número cada vez maior de pessoas que lidam

com a apresentação e a representação de

mercadorias e serviços – quer sejam esses

simbólicos ou verdadeiros

Anunciantes, , marqueteiros, designer de

moda, consultores de estilo, designers de

interiores,personaltrainers, terapeutas e

webpagedesigner

Page 7: Classe e estilo de vida

GOSTOS E ESTILOS DE VIDA

todos influenciam os gostos culturais e promovem

as escolhas de estilo de vida entre uma

comunidade de consumidores de ampla expansão

Com isso, então, podemos dizer que Bourdieu

afirma que as divisões de classe podem ser

associadas ao estilo de vida e padrões de

consumo distintos.

Page 8: Classe e estilo de vida

TAXONOMIA DE CLASSE SOCIAL

Dessa forma , citando agrupamento dentro da

classe média, segundo Savage et al, podemos

citar três setores, com base em gostos culturais

e “bens”.

Page 9: Classe e estilo de vida

SERVIDORES PÚBLICOS

Os profissionais de serviço público - os quais

possuem um alto capital cultural e um baixo

capital econômico. Estes tendem a buscar estilos

de vida saudáveis, ativos, que envolvam

exercícios, baixo consumo de álcool e

participação em atividades culturais e

comunitárias.

Page 10: Classe e estilo de vida

GERENTES E BUROCRATAS

Os gerentes e burocratas – em

contraste, tipificam-se, por padrões “indistintos”

de consumo que implicam médios ou baixos

níveis de exercício, pouco empenho em

atividades culturais e uma preferência por estilos

tradicionais nos móveis da casa e na moda.

Page 11: Classe e estilo de vida

PÓS MODERNOS

Os Pós-modernos – busca estilo de vida que

careça de qualquer princípio definidor e que possa

trazer , lada a lado, elementos que não faça parte

do gosto tradicional. Assim, andar a cavalo e um

interesse por literatura clássica podem vir

acompanhados de uma fascinação por esporte

radicais, como alpinismo, e uma paixão por raves e

Extasy.

Page 12: Classe e estilo de vida

CLASSES E ESTILO DE VIDA.

De um modo geral, seria mais difícil questionar o

fato que a estratificação dentro de classes, assim

como entre as classes, acaba dependendo não

apenas das diferenças ocupacionais, mais de

diferenças em consumo e estilo de vida.

O que se confirma observando tendências

existentes dentro da sociedade como um todo

Page 13: Classe e estilo de vida

HOMOGENEIZAÇÃO DOS GOSTOS

A rápida expansão da economia de prestação de

serviços e da industria de entretenimento e de

lazer, por exemplo, reflete uma ênfase do consumo

dentro dos países industrializados.

Page 14: Classe e estilo de vida

SOCIEDADE DE MASSA

As sociedades modernas passaram a ser

sociedades consumistas, ajustadas a aquisição de

bens materiais. Em certo aspecto uma sociedade

consumista é uma “sociedade de massa”, na qual

a diferença de classe são, até certo

ponto, ignoradas; desse maneira pessoas vindas

de diferente meios podem assistir a programa de

TV semelhantes ou comprar roupas nas mesmas

lojas de grife.

Page 15: Classe e estilo de vida

ECONOMIA DA CULTURA

“Distinção: Uma Crítica Social do Julgamento

do Gosto”, de 1979.

lógica específica

Para Bourdieu o “espaço social” é hierarquizado

pela desigual distribuição de diferentes capitais, e a

descrição da sociedade em termos de “espaço

social” permite enfatizar a dimensão relacional das

posições sociais. Sendo assim, as diferentes

formas de capital que permitem estruturar o espaço

social e que definem as oportunidades na vida são:

Page 16: Classe e estilo de vida

ECONOMIA DA CULTURA

- Capital Econômico: constituído pelos diferentes

fatores de produção (terras, fábrica, trabalho) e pelo

conjunto dos bens econômicos; renda, patrimônio, bens

materiais;

- Capital Cultural: corresponde ao conjunto das

qualificações intelectuais produzidas pelo sistema

escolar ou transmitidas pela família. Este capital pode

existir sob três formas: em estado incorporado, como

disposição duradoura do corpo (por exemplo, a

facilidade de expressão em público); em estado

objetivo, como bem cultural (a posse de quadros, de

obras); em estado institucionalizado, isto

é, socialmente sancionado por instituições (como os

títulos acadêmicos);

Page 17: Classe e estilo de vida

ECONOMIA DA CULTURA

- Capital Social: se define essencialmente como oconjunto das relações sociais de que dispõe umindivíduo ou grupo. A detenção deste capital implica umtrabalho de instauração e manutenção dasrelações, isto é, um trabalho da sociabilidade: convitesrecíprocos, lazer em comum, etc.;

- Capital Simbólico: corresponde ao conjunto de rituais(como as boas maneiras ou o protocolo) ligados à honrae ao reconhecimento. Afinal, apenas o crédito e aautoridade conferem a um agente o reconhecimento e aposse das três outras formas de capital. Ele permitecompreender que as múltiplas manifestações do códigode honra e das regras de boa conduta não são apenasexigências de controle social, mas são constitutivas dasvantagens sociais com conseqüências efetivas.

Page 18: Classe e estilo de vida

O LIVRO “DISTINÇÃO: UMA CRÍTICA SOCIAL DO

JULGAMENTO DO GOSTO”, DE 1979.

Situação da classe média no mundo moderno.

No nosso cotidiano nós constantemente

escolhemos entre aquilo que achamos ser

esteticamente prazeroso e aquilo que achamos ser

pura “moda”, ou é feio, ou cafona!

Distinções, ou seja, escolhas feitas em oposição

àquelas feitas por pessoas de outras classes.

Para ele o mundo social funciona como um sistema

de relações de poder e como um sistema

simbólico, em que distinções de gosto se tornam a

base do julgamento social.

Page 19: Classe e estilo de vida

ESPAÇO SOCIAL HIERARQUIZADO

Para Bourdieu o “espaço social” é hierarquizado

pela desigual distribuição de diferentes capitais, e a

descrição da sociedade em termos de “espaço

social” permite enfatizar a dimensão relacional das

posições sociais.

Deste modo, as diferentes formas de capital que

permitem estruturar o espaço social e que definem

as oportunidades na vida são o capital

econômico, o capital cultural, o capital social e o

capital simbólico.

Page 20: Classe e estilo de vida

CLASSE SOCIAL.

“campos sociais” (tais como o campo

acadêmico, o campo do direito, o campo

desportivo, etc.)

habitus de classe e o relaciona ao seu

entendimento de classe social.

Para Bourdieu, classe social deve ser tratada em

relação não com o indivíduo ou com uma

população (i.e., um agregado de indivíduos), mas

sim com o habitus de classe, que é definido como

um sistema socialmente constituído de

disposições

(tendências, aptidões, inclinações, talentos) que

orientam pensamentos, percepções, expressões e

ações.

Page 21: Classe e estilo de vida

GOSTO.

Economia dos Bens Culturais

“gosto” é um marcador de classe, e que o

consumo de bens culturais, consciente e

deliberadamente ou não, preenche uma função

social de legitimar diferenças sociais. Vestuário,

comida, formas de lazer, opções de

consumo, etc., - o gosto funciona como um sentido

de distinção por excelência, permitindo separar e

unir pessoas e, conseqüentemente, forjar

solidariedades ou constituir divisões grupais de

forma universal (tudo é gosto) e invisível.

Page 22: Classe e estilo de vida

AFINIDADES E ANTIPATIAS.

Para Bourdieu, mesmo as escolhas mais

pessoais, desde a preferência por

carros, compositor ou escritor até a escolha do

parceiro sexual, são, na verdade, frutos de “fios

invisíveis” que interligam interesses de

classe, fração de classe ou, ainda, posições

relativas em cada campo das práticas sociais.

Esses fios tanto consolidam afinidades e

simpatias, que constituem as redes de

solidariedade objetivamente definidas, como forjam

antipatias firmadas pelo preconceito.

Page 23: Classe e estilo de vida

HABITUS DE CLASSE.

Assim sendo, o processo de socialização, ao

realizar a incorporação dos habitus de

classe, produz a “filiação de classe” dos

indivíduos, reproduzindo ao mesmo tempo a classe

enquanto grupo que compartilha o mesmo habitus.

Este conceito está na base da reprodução da

ordem social. Essa filiação se manifesta em

diferentes posições na divisão social do trabalho a

partir de uma variedade de indicadores de capitais

possuídos pelos indivíduos ao longo do sistema

ocupacional (os capitais aqui citados).

Page 24: Classe e estilo de vida

APLICAÇÃO DOS CONCEITOS.

Em recente novela transmitida num canal aberto de grandeaudiência nacional, um novo rico empresário do jogo dobicho, oriundo da Baixada Fluminense, no Rio deJaneiro, optou por “apagar” o seu passado contraventoradotando um comportamento “dentro da lei”. Nessa suatrajetória, ele vivenciou uma mudança na composição evolume do seu capital econômico (para mais), porémcarecia de capital cultural. Por esta razão, decidiu contratarum “personalstylish” para conquistar um capital cultural quenão detinha. Este seu “personalstylish”, por seu turno, era umoutrora rico que havia perdido capital econômico(empobrecera) mas, não perdera o seu capital cultural. Outrapersonagem, a da protagonista da novela, também converteusua posição social, de pobre migrante nordestina, para umaempresária de sucesso no ramo da construção civil, contandocom amplo capital social na região em que residia.

Page 25: Classe e estilo de vida

“SENHORA DO DESTINO”

“Na segunda fase da novela, 26 anos se passam, e Maria do Carmo é uma mulher forte ebem-sucedida, mãe dedicada, dona da loja de material de construções Do Carmo, querida erespeitada em Vila São Miguel por sua ética e generosidade… Ela mantém um antigorelacionamento amoroso com Dirceu, agora editor e colunista político de um grande jornalcarioca. Os dois moram em casas separadas e vivem uma relação tranquila. Mas a nordestinatem um outro admirador: o agora ex-bicheiro Giovanni Improtta, que liquidou honestamentetodas suas contas passadas e ganha a vida como presidente da escola de samba Unidos deVila São Miguel e disputa com Dirceu o amor de Maria do Carmo. Uma de suas característicasé a inseparável gravata borboleta, além do esforço para falar corretamente, que o leva acometer vários erros de português. Seu modo de falar caiu nas graças do público, quereproduzia nas ruas expressões como “felomenal” (ao invés de “fenomenal”). Entre as frasespopularizadas pelo personagem estão: "Há malas que vêm de trem!"; "Vou me pirulitar-me";"Não esqueça do meu lema: com Giovanni Improtta não tem problema"; "Então fica o dito pelonão dito, o não dito pelo dito e, como sempre, vale o escrito"; "Aqui se faz, aqui se paga"; "Navida, como no restaurante, a conta sempre chega"; "Saída istrastégica"; "A vaca vai voar!", "Otempo ruge, e a Sapucaí é longa!", "Giovanni Improtta, em charme e osso"… Mas o ex-bicheiro, que vive repetindo não dever nada à polícia nem ao fisco, é apaixonado mesmo porDo Carmo, tendo de disputar o seu amor com o rival Dirceu, a quem se refere como "troca-letras"… Pedro Correia de Andrade e Couto, o Barão de Bonsucesso, e sua esposa, abaronesa Laura – um casal alegre que gosta de celebrar a vida, embora não tenha mais amesma situação financeira de tempos atrás. O dinheiro do barão é administrado por seufilho, Leonardo, que vive reclamando dos excêntricos gastos do pai. Após conhecer GiovanniImprotta, o barão aceita ser seu personalstylist e passa a dar aulas de etiqueta ao ex-bicheiro, que se dirige a Laura como Dona Baroa, garantindo muitos momentos cômicos nahistória.” (Retirado de : http://pt.wikipedia.org/wiki/Senhora_do_Destino)

Page 26: Classe e estilo de vida

DIVERSIDADE DE GOSTOS

Porém, as diferenças de classe também podem se

intensificar com as variações de estilo de vida e de

gostos

Contudo, mesmo tendo em mente essas mudanças, é

impossível ignorar o papel crítico que os fatores

econômicos desempenham na reprodução das

desigualdades sociais. Na maioria dos casos os

indivíduos que sofrem de privações materiais e sociais

extremas não estão nesta situação por escolherem este

estilo de vida, mais tais circunstâncias são forçadas por

fatores relacionados à estrutura econômica e

ocupacional.

Page 27: Classe e estilo de vida

QUESTÃO 1:

"É terrível dizer isso, mas com muita freqüencia as roupas mais

empolgantes são as das pessoas mais pobres"

Estilista Christian Lacroix na Vogue, abril de 1994.

“Cada vez mais, os indivíduos distinguem-se uns dos outros não com

base em fatores econômicos ou ocupacionais, mas pelos

gostos culturais e pelas atividades de lazer, sendo

auxiliados, , nesse processo, pela proliferação de mercadores de

necessidades, o número cada vez maior de pessoas que lidam

com a apresentação e a representação de mercadorias e serviços

–quer sejam esses simbólicos ou verdadeiros – para consumo

dentro do sistema capitalista.”

Bourdieu, sociólogo francês.

Qual a relação entre a frase com a função do estilista Lacroix do

ponto de vista do conceito de classe social em Bourdieu?

Page 28: Classe e estilo de vida

QUESTÃO 2:

"Acordo toda manhã, pulo no chuveiro, olho para o

símbolo e ele me sacode para o dia. É para me lembrar a

cada dia de como tenho de agir, isto é, 'Just do it' ”

Empresário da internet de 24 anos Carmine Colletion sobre sua

decisão de tatuar a logo da Nike no seu umbigo, dezembro de

1997.

Esta frase está usando um conceito de classe social baseado

num perspectiva Bourdiana porquê? justifique:

Page 29: Classe e estilo de vida

QUESTÃO 2 :

A RESPOSTA SERÁ A SOMA DOS NÚMEROS ASSOCIADOS ÀS ALTERNATIVAS

CORRETAS. PARA ESTA QUESTÃO, PREENCHA SEMPRE DOIS ALVÉOLOS: UM NA

COLUNA DAS DEZENAS E UM NA COLUNA DAS UNIDADES, CONFORME EXEMPLO AO

LADO: QUESTÃO 13, RESPOSTA 09 (SOMA DAS ALTERNATIVAS 01 E 08).

01) Apresenta uma concepção que valoriza o emprego , o mercado, e

as relações com meios de produção e ocupação.

02) Avalia a posição de classe do indivíduo não apenas, ou mesmo

essencialmente, quanto a economia e ao emprego leva em

consideração fatores culturais como estilo de vida e padrões de

consumo.

04) As identidades individuais estruturam-se em maior escala, em

torno das escolhas de estilo de vida - como o modo de vestir, o que

comer, como cuidar do corpo e onde relaxar,

08) Está fundado em torno de indicadores mais tradicionais como

emprego.

16) Está fundado mais pelos gostos culturais e pelas atividades de

lazer.

( )

Page 30: Classe e estilo de vida

CAPITAL ECONÔMICO OU CAPITAL SOCIAL E CULTURAL?

A tira ao lado de André

Dhamer, explicita um

lamento, preconceituoso, p

roferido pelo

personagem, de ausência

de de um capital social e

talvez cultural, por parte

da família de negros, este

lamento está baseado em

um princípio de

pertencimento de classe

que reivindica :

A) fatores econômicos ou

ocupacionais.

B) formação social e gostos

culturais e pelas atividades

de lazer.

C) economia e ao emprego

D) posição de mercado

E) relações com meios de

produção e ocupação