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O Cardeal do Kremlin Ton Clancy 

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PRÓLOGO

1Ameaças ― Velhas, Novas e Eternas

Eles o chamavam de Arqueiro. Era um título honorífico, já que fazia mais de umséculo que seus compatriotas Acham abandonado os arcos recurvos, passando autilizar armas de fogo. O apelido, em parte, traduzia a natureza eterna da luta. Oprimeiro dos invasores ocidentais pois assim os consideravam fora Ale!andre,o "rande, e desde ent#o muitos outros o seguiram. $efinitivamente, todosfracassaram. As tribos afeg#s tinham na fé isl%mica uma grande motiva&#o para re'sistir, e a coragem obstinada que demonstravam fazia parte de sua heran&a racialtanto quanto os olhos escuros e impiedosos.O Arqueiro era um homem jovem e velho ao mesmo tempo. (as ocasi)es em quelhe ocorria n#o apenas o desejo mas também a oportunidade de banhar'se numriacho de montanha, podia'se observar a musculatura jovem de seu corpo de *+

anos. Eram msculos fle!íveis de um homem para quem uma escalada de trezentosmetros em rocha nua equivalia a uma tarefa t#o insignificante quanto uma cami'nhada ao correio.-eus olhos é que haviam envelhecido. Os afeg#es s#o um povo belo e altivo, cujasfei&)es francas e a pele lisa sofrem rápido os efeitos do vento, do sol e da poeira,que os fazem parecer mais idosos. - que no caso do Arqueiro o desgaste n#o foracausado pela a&#o do vento. /rofessor de matemática até tr0s anos antes, formadoem curso superior num país onde a maioria julgava suficiente saber ler o sagrado1or#o, casara'se jovem, como era o costume local, e tornara'se pai de duascrian&as. 2as a mulher e a filha acabaram mortas, assassinadas por fogueteslan&ados por um ca&a de combate -u3hoi'45. -eu filho desaparecera. -eq6estrado.$epois que os soviéticos arrasaram o vilarejo da família de sua mulher combombardeio aéreo, vieram as tropas terrestres, matando os adultos remanescentese recolhendo todos os rf#os, para embarcá'los para a 7ni#o -oviética, onde seriameducados e treinados segundo outros pontos de vista mais modernos. 8udo porquea mulher quisera que a m#e conhecesse os netos antes de morrer, recordava'se o Arqueiro, tudo porque uma patrulha soviética fora atacada a poucos quil9metros davila. (o dia em que ficara sabendo da tragédia uma semana depois do ocorrido, o professor de álgebra e geometria empilhara cuidadosamente seus livros sobrea escrivaninha e partira da pequena cidade de "hazni em dire&#o :s montanhas.7ma semana depois refornaria : cidade aps o escurecer com outros tr0s homens e

provaria ser digno de seus ancestrais, matando tr0s soldados soviéticos eapoderando'se de suas armas. Ainda trazia consigo aquele primeiro ;alashni3ov.2as n#o fora por isso que ele ficara conhecido como o Arqueiro. O chefe de seupequeno bando de mudjahidin ― cujo significado é <guerreiros da liberdade== eraum líder perspicaz e n#o menosprezara o recém'chegado que consumira a juventude em salas de aula, assimilando costumes estrangeiros. (em levara emconta a falta de confian&a que aquele jovem demonstrara inicialmente. >uandoiniciara no grupo, o professor possuía um conhecimento muito superficial doislamismo, mas o chefe acabou por recompensá'lo pelas lágrimas amargas quevertera copiosamente por seus olhos inocentes enquanto o im# o aconselhava aseguir a vontade de Alá. (o período de um m0s, o jovem professor tornara'se o mais

implacável e o mais eficiente guerreiro do grupo, obviamente um instrumentoda vontade divina. E fora ele o escolhido pelo líder para viajar ao /aquist#o, ondepoderia usar seus conhecimentos científicos e matemáticos para aprender a utilizar 

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os mísseis terra'ar, -A2. Os primeiros mísseis -A2 com que aquele homem sério ecalado do <Ameri3ast#o< equipou os mudjahidin foram os modelos soviéticos -A'?,conhecidos pelos russos como strela, <flecha<. 1omo eram os primeiros -A2 do tipo<portátil<, n#o se revelaram muito eficazes, a menos que fossem utilizados com

grande habilidade. /oucos homens possuíam tal habilidade. $entre eles, o professor de aritmética era o melhor, e por seus sucessos com as <flechas< russas oscompanheiros passaram a chamá'lo de Arqueiro.(aquele momento, ele estava de tocaia, com um novo míssil, um modelo americanodenominado -tinger, <ferr#o<, apesar de que agora todos os mísseis terra'ar em seugrupo e na realidade em toda a regi#o eram conhecidos t#o'somente comoflechas@ arsenal do Arqueiro. Aguardava de bru&os numa sali0ncia estreita epontiaguda, cem metros abai!o do topo da montanha, de onde dominava a vista deum vale desértico. A seu lado estava Abdul, seu batedor. O nome significava<criado<, apropriadamente, uma vez que o adolescente carregava dois mísseisadicionais para seu tubo lan&ador de foguetes e, mais importante, tinha olhos de

falc#o. Eram olhos ardentes. O rapaz era rf#o.O Arqueiro esquadrinhava o terreno montanhoso, especialmente as bordaselevadas, com uma e!press#o que refletia uma e!peri0ncia milenar de combate.Embora bastante amigável, era raro v0'lo sorrir n#o demonstrava interesse emconseguir uma nova esposa, nem mesmo em unir sua solid#o : de alguma viuvarecente. Em sua vida s havia lugar para uma pai!#o. Ali declarou Abdul, estendendo o bra&o. Bá vi. A batalha que se desenrolava no fundo do vale uma das muitas daquele dia jádurava cerca de trinta minutos, tempo suficiente para que os soldados soviéticosrecebessem o apoio de sua base de helicpteros, que ficava 4+ quil9metros além dapr!ima fileira de montanhas. O sol refletiu brevemente na cabine envidra&ada do2i'45, o bastante para que os dois guerrilheiros identificassem a presen&a dohelicptero a uns CD quil9metros de dist%ncia, avan&ando ao longo da borda daescarpa. 2uito acima deles, fora de alcance, circulava solitário um avi#o detransporte bimotor Antonov'4, dotado de equipamento de observa&#o eradiotransmissores para coordenar as a&)es terrestres e aéreas. 2as os olhos do Arqueiro focalizavam apenas o 2i'45, um helicptero de ataque Find, carregadocom foguetes e canh)es de bombardeio, que naquele instante mesmo recebiainforma&)es do avi#o de comando circulante.O -tinger fora uma surpresa desagradável para os russos, que vinham mudando

diariamente suas táticas aéreas para fazer frente : nova amea&a. O vale eraprofundo, porém mais estreito do que os demais. /ara o piloto atingir oscompanheiros de guerrilha do Arqueiro, precisaria vir pelo fundo da apertadapassagem rochosa. Ele tinha de permanecer no alto, pelo menos a C +++ metros dofundo rochoso, por recear a presen&a de um lan&ador de mísseis entre oscombatentes armados de fuzis. O Arqueiro observava o v9o em ziguezague do heli'cptero, enquanto o piloto se apro!imava fazendo um reconhecimento do terreno eescolhendo sua rota de ataque. $e acordo com o esperado, apro!imava'se contra ovento, de maneira a que o som dos rotores por foguetes lan&ados por um ca&a decombate -u3hoi'45. -eu filho desaparecera. -eq6estrado. $epois que os soviéticosarrasaram o vilarejo da família de sua mulher com bombardeio aéreo, vieram as tro'

pas terrestres, matando os adultos remanescentes e recolhendo todos os rf#os,para embarcá'los para a 7ni#o -oviética, onde seriam educados e treinadossegundo outros pontos de vista mais modernos. 8udo porque a mulher quisera que a

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m#e conhecesse os netos antes de morrer, recordava'se o Arqueiro, tudo porqueuma patrulha soviética fora atacada a poucos quil9metros da vila. (o dia em queficara sabendo da tragédia uma semana depois do ocorrido o professor deálgebra e geometria empilhara cuidadosamente seus livros sobre a escrivaninha e

partira da pequena cidade de "hazni em dire&#o :s montanhas. 7ma semanadepois retornaria : cidade aps o escurecer com outros tr0s homens e provaria ser digno de seus ancestrais, matando tr0s soldados soviéticos e apoderando'se desuas armas. Ainda trazia consigo aquele primeiro ;alashni3ov.2as n#o fora por isso que ele ficara conhecido como o Arqueiro. O chefe de seupequeno bando de mudjahidin ― cujo significado é <guerreiros da liberdade== eraum líder perspicaz e n#o menosprezara o recém'chegado que consumira a juventude em salas de aula, assimilando costumes estrangeiros. (em levara emconta a falta de confian&a que aquele jovem demonstrara inicialmente. >uandoiniciara no grupo, o professor possuía um conhecimento muito superficial doislamismo, mas o chefe acabou por recompensá'lo pelas lágrimas amargas que

vertera copiosamente por seus olhos inocentes enquanto o im# o aconselhava aseguir a vontade de Alá. (o período de um m0s, o jovem professor tornara'se o maisimplacável e o mais eficiente guerreiro do grupo, obviamente um instrumentoda vontade divina. E fora ele o escolhido pelo líder para viajar ao /aquist#o, ondepoderia usar seus conhecimentos científicos e matemáticos para aprender a utilizar os mísseis terra'ar, -A2. Os primeiros mísseis -A2 com que aquele homem sério ecalado do <Ameri3ast#o< equipou os mudjahidin foram os modelos soviéticos -A'?,conhecidos pelos russos como strela, <flecha<. 1omo eram os primeiros -A2 do tipo<portátil<, n#o se revelaram muito eficazes, a menos que fossem utilizados comgrande habilidade. /oucos homens possuíam tal habilidade. $entre eles, o professor de aritmética era o melhor, e por seus sucessos com as <flechas< russas oscompanheiros passaram a chamá'lo de Arqueiro.(aquele momento, ele estava de tocaia, com um novo míssil, um modelo americanodenominado -tinger, <ferr#o<, apesar de que agora todos os mísseis terra'ar em seugrupo e na realidade em toda a regi#o eram conhecidos t#o'somente comoflechas@ arsenal do Arqueiro. Aguardava de bru&os numa sali0ncia estreita epontiaguda, cem metros abai!o do topo da montanha, de onde dominava a vista deum vale desértico. A seu lado estava Abdul, seu batedor. O nome significava<criado<, apropriadamente, uma vez que o adolescente carregava dois mísseisadicionais para seu tubo lan&ador de foguetes e, mais importante, tinha olhos defalc#o. Eram olhos ardentes. O rapaz era rf#o.

O Arqueiro esquadrinhava o terreno montanhoso, especialmente as bordaselevadas, com uma e!press#o que refletia uma e!peri0ncia milenar de combate.Embora bastante amigável, era raro v0'lo sorrir n#o demonstrava interesse emconseguir uma nova esposa, nem mesmo em unir sua solid#o : de alguma recente.Em sua vida s havia lugar para uma pai!#o. Ali declarou Abdul, estendendo o bra&o. Bá vi. A batalha que se desenrolava no fundo do vale uma das muitas daquele dia jádurava cerca de trinta minutos, tempo suficiente para que os soldados soviéticosrecebessem o apoio de sua base de helicpteros, que ficava 4+ quil9metros além dapr!ima fileira de montanhas. O sol refletiu brevemente na cabine envidra&ada do

2i'45, o bastante para que os dois guerrilheiros identificassem a presen&a dohelicptero a uns CD quil9metros de dist%ncia, avan&ando ao longo da borda daescarpa. 2uito acima deles, fora de alcance, circulava solitário um avi#o de

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transporte bimotor Antonov'4, dotado de equipamento de observa&#o eradiotransmissores para coordenar as a&)es terrestres e aéreas. 2as os olhos do Arqueiro focalizavam apenas o 2i'45, um helicptero de ataque Find, carregadocom foguetes e canh)es de bombardeio, que naquele instante mesmo recebia

informa&)es do avi#o de comando circulante.O -tinger fora uma surpresa desagradável para os russos, que vinham mudandodiariamente suas táticas aéreas para fazer frente : nova amea&a. O vale eraprofundo, porém mais estreito do que os demais. /ara o piloto atingir oscompanheiros de guerrilha do Arqueiro, precisaria vir pelo fundo da apertadapassagem rochosa. Ele tinha de permanecer no alto, pelo menos a C +++ metros dofundo rochoso, por recear a presen&a de um lan&ador de mísseis entre oscombatentes armados de fuzis. O Arqueiro observava o v9o em ziguezague do heli'cptero, enquanto o piloto se apro!imava fazendo um reconhecimento do terreno eescolhendo sua rota de ataque. $e acordo com o esperado, apro!imava'se contra ovento, de maneira a que o som dos rotores fosse ouvido alguns segundos mais

tarde, vantagem essa que poderia ser decisiva. O rádio no avi#o acima devia estar monitorando as freq60ncias usadas pelos mudjahidin, de forma que os russossaberiam quando o helicptero fosse avistado e talvez obtivessem uma indica&#o deonde o lan&ador de mísseis poderia estar. $e fato, Abdul carregava umradiotransmissor, desligado e guardado nas dobras da roupa.Gagarosamente, o Arqueiro levantou o lan&ador e apontou a mira de dois elementospara o helicptero que se apro!imava. $eslizando o polegar para o lado e parabai!o, pressionou a chave que ativava o sistema e apoiou o rosto na barra decondut%ncia, escutando o suave apito eletr9nico da unidade de busca do lan&ador. Opiloto já fizera a estimativa e tomara sua decis#o. Apro!imava'se pelo lado opostodo vale, um pouco além do alcance de um míssil, para a primeira carga sobre oinimigo. O nariz do Find vinha abai!ado, e o artilheiro, sentado : frente e um poucoabai!o do piloto, apontava as armas na dire&#o dos combatentes. $o ch#o do valebrotaram pequenas colunas de fuma&a. Os soldados soviéticos utilizavam o fogo demorteiros para indicar as posi&)es atacantes e o helicptero alterou o cursolevemente. 1hegava o momento. $os suportes de foguetes do helicptero ir'romperam chamas e a primeira salva de artilharia partiu para o solo.(esse momento, um outro rastro de fuma&a lan&ou'se para cima. O helicpteroguinou para a esquerda, bem longe da trajetria do projétil, que o piloto interpretoucomo inofensivo no momento, mas ainda assim um sinal de perigo. O Arqueirofirmou as m#os no lan&ador. O helicptero fazia um desvio que o trazia mais para

perto, aumentando de tamanho no anel interior da mira. Agora estava dentro doalcance. O Arqueiro golpeou o bot#o dianteiro com o polegar esquerdo, <liberando< omíssil e permitindo que a ogiva infravermelha de busca do -tinger tivesse a suaprimeira <vis#o< do calor que se irradiava das turbinas do 2i'45. O som quepenetrava pelo osso malar até seus ouvidos mudou de freq60ncia. O míssil agorarastreava o alvo. O piloto do Find resolveu atingir a área de onde o <míssil< foralan&ado, trazendo o aparelho ainda mais para a esquerda numa curva suave.Hnadvertidamente, virou de tal maneira que o escape dos jatos ficou voltado para aposi&#o em que estavam os guerrilheiros na encosta.O míssil emitia agora um apito de prontid#o, mas o Arqueiro n#o se moveu. 8entoupensar como o piloto inimigo, julgando que ele ainda tentaria apro!imar'se mais

antes de ter a posi&#o ideal de tiro contra os odiados guerrilheiros afeg#es. E foi oque aconteceu. >uando o Find encontrava'se : dist%ncia de C +++ metros, o Arqueiro inspirou profundamente, elevou um pouco a mira e sussurrou uma breve

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ora&#o de vingan&a. Ioi como se o gatilho se movesse espontaneamente.O lan&ador saltou em suas m#os quando o -tinger partiu num arco suave para cima,antes de riscar os ares em busca do alvo. Os olhos do Arqueiro eram penetrantes osuficiente para distinguir o fino e quase invisível rastro de fuma&a. O míssil e!ibiu

suas aletas de dire&#o, que se moveram por poucas fra&)es de milímetro,obedecendo :s ordens de comando do cérebro computadorizado um microchipdo tamanho de um selo. (as alturas, a bordo do circulante An'4, um observador distinguiu a minscula nuvem de fuma&a e estendeu o bra&o na dire&#o domicrofone para dar o alerta, mas sua m#o mal tocou o instrumento plástico antesque o míssil se chocasse com o alvo.O míssil entrou diretamente num dos motores do helicptero e e!plodiu, dei!ando'oinstantaneamente fora de combate. O ei!o transmissor do rotor traseiro partiu'se, eo Find come&ou a girar para a esquerda, enquanto o piloto tentavadesesperadamente entrar em auto'rota&#o, procurando abai!o um local plano, e oartilheiro emitia um estridente pedido de socorro pelo rádio. O piloto colocou o motor 

em marcha lenta, ajustando o manche para torque controlado, avistou um espa&orelativamente plano abai!o, desligou os comutadores e ativou o sistema e!tintor debordo. 1omo todos os homens que voam, temia o fogo acima de tudo, embora fosseverificar seu erro mais cedo do que esperava.O Arqueiro observou o 2i'45 bater de nariz contra a base do penhasco, CD+ metrosabai!o de seu posto na encosta. -urpreendentemente, o helicptero n#o irrompeuem chamas ao se despeda&ar. 1apotou violentamente, a cauda projetada para afrente, sobre a cabi'ne, antes de imobilizar'se de lado no solo rochoso. O Arqueirocome&ou a descer a encosta com Abdul a seu lado. Os dois demoraram cincominutos para chegar ao local.O piloto lutava com as correias que o prendiam de cabe&a para bai!o ao assento.Estava sentindo dores, mas sabia que s os vivos sentem dor. O novo modelo dehelicptero tinha aperfei&oados sistemas internos de seguran&a. J custa deles e daprpria habilidade conseguira salvar sua vida. 2as n#o a de seu artilheiro, comoconstatou olhando para o lado. O homem estava imvel, com o pesco&o quebrado eos bra&os pendendo em dire&#o ao ch#o. - que agora n#o havia tempo paralamentar coisa alguma, com o assento destro&ado e a arma&#o metálica da cabineamassada transformada em verdadeira jaula. O fecho de emerg0ncia tinhaengui&ado e os parafusos e!plosivos recusavam'se a detonar. Apanhou sua pistolado coldre no ombro e come&ou a atirar metodicamente na grade. /erguntava'se se o An'4 acima tinha recebido sua chamada de emerg0ncia. Hmaginou se o helicptero

de apoio da base já estaria a caminho. O rádio de salvamento estava num bolso desua cal&a, e ele o ativaria assim que saísse do aparelho danificado. 1ortou as m#osao afastar as tiras de metal, abrindo espa&o suficiente para passar o corpo. Agradeceu a sorte de n#o terminar seus dias numa pira funerária de gra!a e metalenquanto soltava as correias e saía do aparelho para o solo pedregoso.-ua perna esquerda estava quebrada. A ponta afiada e esbranqui&a'da de um ossoperfurava o macac#o embora n#o sentisse dor ainda devido ao choque, a simplesvis#o do ferimento dei!ou'o horrorizado. "uardou a pistola descarregada nacartucheira e apanhou um peda&o de metal para usar como bengala. /recisava sair logo dali. Kastejou penosamente até a encosta íngreme, onde divisou o que pareciaser uma trilha. As for&as aliadas estavam a * quil9metros de dist%ncia. $ispunha'se

a iniciar o longo percurso quando ouviu um ruído e se voltou. A esperan&atransformou'se rapidamente em terror, e ele percebeu que uma morte rápida teriasido uma b0n&#o.

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O Arqueiro aben&oou o nome de Alá ao sacar a faca da bainha.Não podem ter deixado muita coisa aí dentro, pensou KLan. O casco parecia intacto pelo menos : primeira vista , mas e!ibia sinais de remendos malfeitos, t#oevidentes quanto as cicatrizes do monstro do bar#o Iran3enstein. 7ma compara&#o

bastante apropriada, refletiu ele. O homem construía dessas coisas, que podiam umdia destruir seu criador no espa&o de uma hora. 2eu $eus, é impressionante como eles parecem grandes por fora... E pequenos por dentroM completou 2ar3o, com uma ponta de tristeza.(#o fazia muito tempo que o capit#o 2ar3o Kamius, da GoLenno 2ors3oi Ilot,trou!era o submarino para o dique seco onde se encontrava. (#o permanecera parapresenciar os técnicos da 2arinha americana dissecando a embarca&#o, comomédicos'legistas debru&ados sobre um cadáver, removendo os mísseis, o reator nuclear, os sonares, os computadores de bordo e equipamentos de comunica&#o, osperis'cpios e até mesmo os fog)es da cozinha, tudo destinado a ser analisado embases espalhadas pelos Estados 7nidos afora. A autoriza&#o para ausentar'se fora

concedida a seu prprio pedido. O dio que Kamius devotava ao regime soviéticon#o se estendia :s embarca&)es que construíam. (avegara bem naquele submarino e o Outubro Vermelho, em russo Krazny Oktyabr, salvara sua vida.E a de KLan também. Bac3 passou os dedos sobre o cicatriz na testa, ao lado docouro cabeludo, e imaginou se teriam limpado seu sangue do console em frente aotim#o. /ensei que fosse oferecer'se para levá'lo declarou ele a Kamius. (#o. 2ar3o balan&ou a cabe&a. - queria me despedir. Era um bom barco. Nom mesmo concordou Bac3, bai!inho./rocurou com o olhar o buraco mal remendado que o torpedo Alfa fizera no casco abombordo, e balan&ou a cabe&a em sil0ncio. Bom o suiciente para sal!ar meu rabo"uando a"uele torpedo explodiu# Os dois homens observavam em sil0ncio, umpouco afastados dos marinheiros e fuzileiros navais que cuidavam da seguran&a daárea desde dezembro anterior.O dique seco come&ava a ser alagado, a água imunda do rio Eliza'beth penetrandolentamente no tanque de concreto. Eles o levariam aquela noite. -eis submarinosamericanos de ataque rápido estavam agora <varrendo< a área oce%nica a leste daNase (aval de (orfol3, participando ostensivamente de um e!ercício que tambémenvolvia algumas belonaves de superfície. Eram horas de uma noite sem lua. Hriademorar pelo menos uma hora para inundar o dique seco. A tripula&#o de trintahomens já se encontrava a bordo. Acionariam os motores diesel e a embarca&#o

partiria em sua segunda e ltima viagem, rumando para a profunda fossa ao nortede /orto Kico, onde seria afundada em ? D++ metros de profundidade.KLan e Kamius observavam enquanto a água cobria os dormentes de madeira quesuportavam o casco, molhando a quilha do submarino pela primeira vez em quaseum ano. A água chegava com mais rapidez agora, subindo pelas marcas deflutua&#o má!ima pintadas a vante e a ré e na proa. (o convés, um punhado demarinheiros usando coletes salva'vidas de cor alaranjada berrante preparava'separa soltar as catorze amarras que mantinham firme a embarca&#o.O submarino em si continuava imvel. O Outubro Vermelho acolhia a água comindiferen&a. 8alvez saiba do destino que o aguarda, disse KLan a si mesmo. Era umpensamento bobo mas também sabia que há mil0nios os homens do mar 

atribuíam personalidade ao navio no qual serviam.Iinalmente o submarino se moveu. A água fez o casco flutuar acima dos dormentesde madeira. -eguiu'se uma série de ruídos ocos e abafados, mais sentidos através

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do piso que escutados, : medida que o casco se elevava alguns centímetros decada vez.2inutos depois, os motores diesel da embarca&#o roncaram com vida e os homensque manejavam os cabos come&aram a recolh0'los. Ao mesmo tempo, a lona que

cobria a saída voltada para o mar foi retirada e todos puderam ver a névoa suspensasobre o rio lá fora. As condi&)es eram perfeitas para a opera&#o. 8inham de ser, a2arinha aguardara seis semanas por uma noite sem lua e pelo espesso nevoeiroque costumava cobrir a regi#o da baía de 1hesapea3e naquela época do ano.>uando a ltima amarra foi solta, um oficial na torre do submarino levantou umabuzina a ar comprimido e produziu um nico e lamentoso som. A caminhoP gritou ele, enquanto os marinheiros na proa retiravam a bandeira./ela primeira vez, KLan percebeu que era o pavilh#o soviético. -orriu. Era um toquesimpático. (a popa, outro marinheiro hasteava a bandeira naval soviética, com abrilhante estrela vermelha adornada pelo escudo da Esquadra do (orte. A 2arinha,sempre zelosa de suas tradi&)es, saudava o homem que estava a seu lado.

KLan e Kamius observaram o submarino quando ele come&ou a mover'seimpulsionado pelos prprios motores, as duas hélices de bronze girandosuavemente em rota&#o inversa : medida que a embarca&#o penetrava de marcha aré no curso do rio. Aproveitando o apoio de um dos cabos, virou para o norte. Emmais um minuto tinha desaparecido de vista. - o ronco dos motores era audível por sobre a água oleosa do estaleiro.2ar3o assoou o nariz e piscou meia dzia de vezes. >uando desviou os olhos daágua, sua voz estava firme. Ent#o, KLan, trou!eram voc0 da Hnglaterra para issoM (#o, já faz algumas semanas que voltei. 7m novo trabalho. /ode dizer que trabalho éM interessou'se 2ar3o. 1ontrole de armamentos. >uerem que eu coordene a parte de Hntelig0ncia para acomiss#o de negocia&)es. 8eremos que partir em janeiro. 2oscouM Hsso. E uma sess#o preliminar@ organizar a agenda, fazer um pouco de trabalhotécnico, esse tipo de coisas. E voc0M Eu trabalho nas Nahamas com o A78E1, o 1entro de Avalia&#o e 8estes de-ubmarinos no Atl%ntico. Nastante sol e praia. (#o reparou no meu bronzeadoM Kamius sorriu. Genho a Qashington a cada dois ou tr0s meses. $aqui a cincohoras vou pegar o v9o de volta. Estamos trabalhando em um novo projeto, bastantetranq6ilizador. $eu outro sorriso. R sigiloso.

StimoP Ent#o quero que apare&a em minha casa. Ainda estoulhe devendo um jantar. Bac3 estendeu um cart#o. Aqui está meu nmero.8elefone alguns dias antes de chegar e eu providencio as coisas com a Ag0ncia.Kamius e seus au!iliares estavam sob um regime muito severo de prote&#o pelosagentes da 1HA. O que realmente surpreendia era o fato de que a histria n#ohouvesse vazado. (enhum dos meios de comunica&#o ficara sabendo, e, se aseguran&a era t#o boa quanto parecia, provavelmente os russos n#o tinham idéia doparadeiro de seu submarino lan&ador de mísseis, o Outubro Vermelho# $ essaaltura, ele de!ia estar %uinando para leste, pensou Bac3, para passar al&m do t'nel de (ampton )oads# 2ais ou menos dali a uma hora, mergulharia e seguiria parasudeste. Ele balan&ou a, cabe&a.

 A tristeza de KLan com o destino da embarca&#o diminuiu quando ele recordou opropsito de sua constru&#o. Tembrava'se ainda da sensa&#o que tivera um anoantes, a primeira vez que estivera t#o perto daqueles acontecimentos tenebrosos.

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Bac3 concordava com o fato de que as armas nucleares mantinham a paz se éque se podia chamar de  paz as condi&)es em que o mundo se encontrava ,porém, como a maioria das pessoas, acreditava que devia haver uma maneira me'lhor de preservá'la. Nem, de qualquer maneira era um submarino, vinte e seis

mísseis e cento e oitenta e duas ogivas nucleares a menos. *statisticamente, disseKLan a si mesmo, não az tanta dieren+a assim#2as já era alguma coisa. A C +++ quil9metros de dist%ncia dali e 4 ++ metros acima do nível do mar, oproblema era o tempo ruim. O lugar era a Kepblica -ocialista -oviética do8adjiquist#o, e soprava um vento forte do sul, trazendo a umidade do oceano Undicoque caía na forma de uma garoa fina e gelada. Em pouco tempo chegaria o invernode verdade, que ali sempre vinha cedo, logo aps o ver#o causticante, e do céucairia continuamente a neve fria e gelada. A maioria dos trabalhadores era constituída de jovens e ambiciosos membros do;omsomol, Tiga da Buventude 1omunista, trazidos para terminar um projeto de

constru&#o iniciado em CV*. 7m deles, candidato a mestrado em física na7niversidade Estatal de 2oscou, afastou a chuva dos olhos e endireitou as costasdoloridas de permanecer na mesma posi&#o. $"uela não era maneira de se ocupar um jo!em e promissor en%enheiro, pensou 2orozov. Em vez de ficar brincando cominstrumentos de observa&#o, poderia estar construindo geradores de laser em seulaboratrio, contudo pretendia tornar'se membro efetivo do /artido 1omunista da7ni#o -oviética, e desejava evitar o servi&o militar. A combina&#o do adiantamentoescolar e do trabalho para o ;omsomol conduziria a esse ltimo objetivo. Ent#oM2orozov voltou'se para um dos engenheiros locais. 7m engenheiro civil, ao queparecia, que se qualificava como um homem que entendia de concreto. A posi&#o está correta, camarada engenheiro.O homem mais velho inclinou'se para observar através do visor. 1oncordo. E gra&as ao bom $eus este é o ltimo.Os dois tiveram um sobressalto ao escutar uma e!plos#o distante. Engenheiros doE!ército Germelho destruindo mais uma forma&#o rochosa fora do perímetrodelimitado. Não & necessrio ser soldado para entender o "ue est acontecendo,pensou 2orozov. Goc0 tem jeito para lidar com instrumentos pticos. 8alvez venha a tornar'se umengenheiro civil também, heinM 1onstruir coisas teis para o EstadoP (#o, camarada. Eu estudo física avan&ada... /rincipalmente laser. -amb&m

são conhecimentos 'teis# (esse caso talvez ainda volte para esses lados... O engenheiro grunhiu,balan&ando a cabe&a. $eus o ajude. E isso... Goc0 n#o ouviu nada de mim declarou o engenheiro com firmeza. 1ompreendo... admitiu bai!inho 2orozov. Bá suspeitava. -e fosse voc0, eu seria muito cuidadoso ao e!ternar essas suspeitas aconselhou o engenheiro, voltando o rosto para o caminho de volta. Esse deve ser um timo lugar para ver as estrelas observou 2orozov,aguardando a resposta correta. Eu n#o saberia dizer... O engenheiro civil sorriu. (unca encontrei um

astr9nomo.2orozov também sorriu interiormente. Ele tinha raz#o em suas suposi&)es, afinal.Eles haviam acabado de marcar a posi&#o onde seriam montados espelhos, todos

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eq6idistantes de um ponto central na constru&#o fortemente guarnecida por guardasarmados. 7ma tamanha precis#o, ele sabia, s poderia ter duas aplica&)es. 7madelas era a astronomia, que captava a luz vinda do céu. A outra aplica&#o envolvialuz subindo para o céu. O jovem engenheiro disse a si mesmo que era esse o lugar 

para onde queria ir. Esse local mudaria o mundo.

A Receç!o do PartidoOs negcios estavam em andamento. 8odos os tipos de negcios. 8odos ali sabiamdisso. 8odos ali participavam deles. 8odos ali dependiam deles. E ainda assim todosali se dedicavam de uma maneira ou de outra a obstruí'los. /ara cada pessoa ali no-al#o -#o Borge do "rande /alácio do ;remlin, o dualismo era um componente

normal da vida.Os participantes eram principalmente russos e americanos, e dividiam'se em quatrogrupos.Em primeiro lugar vinham os políticos e diplomatas. /odiam'se distingui'losfacilmente pelas roupas caras e bem confeccionadas, pela postura ereta, e pelossorrisos mec%nicos, automáticos, além da pronncia cuidadosa, mesmo depois devárias doses de álcool. Eles eram os superiores, sabiam disso, e sua atitude odenunciava.Em segundo, os militares. (#o se podiam realizar negocia&)es sobre armamentossem incluir os homens que controlavam as armas, faziam sua manuten&#o, os testese as mimavam, repetindo o tempo todo que os políticos que controlavam os homensnunca dariam a ordem de disparar. Os militares com seus uniformes permaneciamsobretudo em pequenos grupos homog0neos por nacionalidade e patente, cada umsegurando um copo de bebida pela metade e um guardanapo na m#o, enquantoe!aminavam o sal#o com olhares ine!pressivos, como se procurassem uma amea&anum campo de batalha desconhecido. /ois era e!atamente essa a impress#o quetinham, de um campo de batalha sem sangue onde seriam definidos os verdadeiroscombates se os figur)es políticos chegassem a perder o controle, a perder a calma,a perder a perspectiva, a perder o que quer que e!istia no interior de um homem quetenta evitar o desperdício intil de vidas jovens. Os militares confiavam apenas unsnos outros, e em alguns casos confiavam mais nos inimigos que usavam uniformes

diferentes do que em seus superiores de roupas finas. /elo menos sempre se podiasaber de que lado estava um militar. (#o se podia dizer o mesmo dos políticos,mesmo dos compatriotas. Os militares conversavam entre si em voz bai!a, sempreobservando para saber se alguém estava escutando, parando ocasionalmente paraum rápido gole, acompanhado de mais um olhar pelo sal#o. Eles eram as vítimas,mas também os predadores os c#es, talvez, mantidos na coleira por aqueles quese intitulavam donos dos eventos.Os militares também tinham problemas para acreditar nisso.Em terceiro lugar, vinham os jornalistas. 8ambém podiam ser reconhecidos pelasroupas, que sempre se encontravam amassadas, em virtude de serem dobradasrepetidas vezes em malas menores do que o desejável. Eles careciam do

refinamento dos políticos, assim como dos sorrisos permanentes, substituídos por olhares inquisidores infantis, combinados ao cinismo dos dissolutos. $e prefer0ncia,mantinham o copo na m#o esquerda, algumas vezes com um pequeno bloco fa'

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zendo as vezes de guardanapo, enquanto uma caneta ficava meio disfar&ada nadireita. 1irculavam como aves de rapina. -e um deles encontrava alguém disposto afalar, os outros notavam e vinham beber as informa&)es. 7m observador casualpoderia perceber qu#o interessante era a informa&#o pela velocidade com que o

grupo saía em busca de uma nova fonte. (esse sentido os americanos e os outros jornalistas ocidentais tinham um comportamento diferente do de seus colegassoviéticos, que na maior parte se mantinham solidários aos seus senhores, comocondes de outras épocas, n#o s por mostrar lealdade ao /artido, como tambémagindo como prote&#o contra os colegas de outros países. 2as, juntos, formavam aplatéia na pe&a teatral que tinha lugar ali.Em quarto lugar, vinha o grupo final, invisível, aqueles que n#o se podiam identificar com facilidade. Eram os espi)es, e os agentes da contra'espionagem que osca&avam. $istinguiam'se dos agentes de seguran&a, que encaravam a todosabertamente com ar de suspeita. (o interior do sal#o, os espi)es ficavam t#oinvisíveis quanto os gar&ons que circulavam com pesadas bandejas de prata cheias

de ta&as de cristal com champanhe e cálices de vodca, requisitados : 1asa dosKoma'nov. Alguns dos gar&ons eram agentes de contra'espionagem, é claro. Essestinham que circular pelo sal#o, de ouvido atento a trechos de conversa, a uma vozbai!a demais, ou alguma palavra que n#o se encai!asse ao espírito da reuni#o. (#oera uma tarefa nada fácil. (um dos cantos, um quarteto de cordas tocava msica dec%mara, : qual ninguém parecia prestar aten&#o, mas, como aquilo era prprio dasrecep&)es diplomáticas, a aus0ncia de msicos seria notada com certeza. $epoishavia ainda o volume da voz humana. (o interior do sal#o circulavam por volta decem pessoas, cada uma falando pelo menos durante a metade do tempo. Os queestavam pr!imos ao quarteto eram obrigados a falar mais alto para serem ouvidos.8odo o barulho resultante estava contido num sal#o de CD metros de comprimentopor 4+ de largura, com o piso de tacos formando desenhos, e paredes de es'tuqueque refletiam e reverberavam o som, até que este atingisse níveis de ruído quefariam doer os ouvidos de uma crian&a pequena. Os espi)es usavam suainvisibilidade e o barulho para se tornarem os fantasmas da festa.2as os espi)es estavam ali. 8odos sabiam disso. >ualquer um em 2oscou poderiafalar sobre espi)es. -e voc0 se encontrasse regularmente com um ocidental, o maisprudente seria relatar o fato, pois, se um policial da 2ilícia de 2oscou ou umoficial do E!ército com sua maleta passasse pelo local, voltaria a cabe&a e fariaanota&)es. 8alvez superficiais, talvez n#o. Os tempos haviam mudado desde -tá'lin,claro, porém a Kssia ainda era a Kssia, e a desconfian&a em rela&#o aos

estrangeiros e suas idéias era muito mais antiga do que qualquer ideologia. A maior parte das pessoas no sal#o tinha conhecimento de tudo isso, mas procuravan#o pensar muito no assunto e!ceto os que realmente participavam do jogo. Osdiplomatas e políticos estavam mais acostumados a tomar cuidado com o quediziam e n#o pareciam especialmente preocupados no momento. /ara os jornalistas,tudo n#o passava de um jogo fabuloso que na verdade n#o os interessava, emboracada jornalista ocidental soubesse ipso acto que aquele ou aquela fosse na verdadeum agente da espionagem do governo soviético. Os militares eram os que mais sepreocupavam. -abiam a import%ncia da Hntelig0ncia, precisavam dela, avaliavam'nae, acima de tudo, desprezavam os que reuniam as informa&)es pela sujeira em queestavam metidos.

.uem eram os espi/es01laro que um punhado de pessoas n#o se encai!ava em nenhuma das categorias ou encai!ava'se em mais de uma.

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E o que achou de 2oscou, doutor KLanM perguntou um russo.Bac3 interrompeu o e!ame que fazia do belo relgio do -al#o -#o Borge. Iria e escura, receio respondeu KLan, depois de dar um gole em sua ta&a dechampanhe. (#o que ns tivéssemos tido chance de ver muita coisa.

O grupo de americanos n#o veria muita coisa mesmo. Estavam há apenas quatrodias na 7ni#o -oviétiva e voariam de volta no dia seguinte, depois de concluírem asess#o técnica que precedia a sess#o plenária. R uma pena comentou -ergeL "olov3o. R verdade concordou Bac3. -e toda a arquitetura por aqui é bonita assim,gostaria de ter alguns dias s para admirá'la. >uem quer que tenha construído essacasa tinha classe.Hndicou aprovadoramente com um gesto as paredes brancas e uniformes, a cpulado teto e os adornos de ouro. (a verdade ele achava um pouco e!agerado, massabia que os russos tinham uma tend0ncia nacional a e!agerar em muitas coisas./ara os russos, que raramente tinham o bastante de qualquer coisa, <ter o

suficiente< significava ter mais do que os outros de prefer0ncia, mais do que todosos outros. KLan considerava esse modo de pensar a evid0ncia de um tipo de com'ple!o de inferioridade nacional, e lembrou a si mesmo que as pessoas que sesentiam inferiores tinham um desejo patolgico de questionar as prpriaspercep&)es. Esse fator dominava todos os aspectos do processo de controle dearmas, deslocando a prpria lgica como a base para se alcan&ar um acordo. Os decadentes KomanovP observou "olov3o. 8udo vindo do suor doscamponeses.KLan riu polidamente. Nom, pelo menos algum dinheiro dos impostos foi aplicado em algo belo,inofensivo... e imortal. -e quer saber minha opini#o, é melhor do que comprar armasfeias que se tornam obsoletas em dez anos. Aí está uma idéia, -ergeL (i3olaLevich./recisamos redirecionar nossas competi&)es político'militares para a beleza, em vezde para as armas nucleares. Está satisfeito com os progressos, ent#oMNe%1cios# KLan encolheu os ombros e continuou e apreciar o sal#o. Acho que já concordamos sobre a agenda. $epois, aquele pessoal ao lado dalareira vai tratar dos detalhes. Olhou para um dos enormes candelabros de cristal,imaginando quantos anos de esfor&o teria custado e como devia ter sido difícilpendurar um objeto que pesava tanto quanto um automvel pequeno. Está satisfeito com o aspecto da <verificabilidade<M

*st conirmado, pensou KLan, com um sorriso. 2olo!ko & da 2)3,a ag0ncia soviética de Hntelig0ncia militar. E a ela estavam afetos os 2eios 8écnicos(acionais, e!press#o que designava satélites'espi)es e outros métodos deobserva&#o de países inimigos, assuntos que nos Estados 7nidos eram tratadospela 1HA. A despeito de a minuta do acordo mencionar inspe&#o no local, a maior parte desse item, no te!to final do acordo, versaria sobre os satélites'espi)es. Essadevia ser a área de "olov3o.(#o era nenhum segredo que Bac3 trabalhava para a 1HA, nem tinha que ser, poisele n#o era um agente de campo. -ua liga&#o com o grupo de negocia&)es devia'sea uma quest#o de lgica. -ua fun&#o atual estava relacionada ao controle de certossistemas de armas estratégicas no interior da 7ni#o -oviética. Antes de assinar 

qualquer tratado, cada lado precisava satisfazer sua prpria paraniainstitucionalizada, certificando'se de que nenhum truque estava sendo aplicado aooutro. Bac3 aconselhava o chefe das negocia&)es nesse sentido. Hsto é, quando ele

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estava disposto a ouvir. A verificabilidade é uma quest#o técnica e difícil replicou depois de ummomento. Keceio que eu n#o tenha compet0ncia para falar sobre isso. O que oseu pessoal achou da nossa proposta de limitar o nmero de equipamentos

baseados em terraM (s dependemos mais dos mísseis baseados em terra do que voc0s declarou"olov3o bai!ando a voz, mais cauteloso ao abordar o cerne da posi&#o soviética. (#o entendo por que n#o colocam mais 0nfase nos submarinos, como ns... 1onfiabilidade, como bem sabe. O que é isso, os submarinos s#o confiáveis... provocou Bac3, continuando ae!aminar o relgio. Era simplesmente magnífico. 7m militante com jeito decampon0s estendia uma espada a outro camarada, incitando'o para que ele fosse :luta. Não 4 exatamente uma id&ia no!a, pensou Bac3, o !elho espertalhãomandando al%um %aroto para morrer em seu lu%ar# Tamento dizer que tivemos alguns acidentes.

Ouvi dizer, aquele ianque que naufragou nas Nermudas... E o outro. 1omoM Bac3 foi obrigado a voltar'se, fazendo um esfor&o para n#o sorrir. /or favor, doutor KLan, n#o insulte minha intelig0ncia. 1onhece a histria doOutubro Vermelho t#o bem quanto eu. 1omo é o nomeM Bá sei@ o 8Lphoon que voc0s perderam ao largo das 1arolinas.(essa época eu estava em Tondres. (#o recebi informa&)es sobre o caso. $e qualquer modo acho que os dois acidentes ilustram bem os problemas quens, soviéticos, enfrentamos. (#o podemos confiar em nossos submarinos t#ocompletamente quanto voc0s confiam nos seus. Fum. 5sso sem mencionar os pilotos, pensou KLan, tendo o cuidado demanter o rosto impassível. /osso fazer uma pergunta objetivaM insistiu "olov3o. 1laro, desde que n#o espere uma resposta objetiva retrucou KLan. -ua comunidade de informa&)es vai aprovar nossa proposta de tratado dedesarmamentoM E agora, como é que eu poderia saber a resposta a uma pergunta dessasM Bac3 interrompeu'se. E quanto : sua Hntelig0nciaM Eles far#o o que nossos rg#os de seguran&a estatal disserem para fazer assegurou "olov3o.*le tem razão, disse KLan a si mesmo.

Em nosso país, se o presidente decide apoiar um tratado de limita&#o dearmamentos, e acha que pode aprová'lo no -enado, ent#o n#o importa muito o quea 1HA e o /entágono achem... 2as seu comple!o industrial'militar... interrompeu "olov3o. 2eu $eus, voc0s adoram bater nessa teclaP -ergeL (i3olaLevich, voc0, melhor do que ninguém, devia saber...2as "olov3o era um agente de Hntelig0ncia militar, e talvez n#o soubesse, lembrou'se KLan tarde demais. A e!tens#o dos pontos nos quais os Estados 7nidos e a7ni#o -oviética se desentendiam era um assunto ao mesmo tempo divertido eincrivelmente perigoso. Bac3 perguntou'se se a comunidade de informa&)es dalitentava obter a verdade, como a 1HA fazia agora, ou simplesmente dizia o que seus

senhores queriam ouvir, como a 1HA tinha feito demasiadas vezes no passado. Achou que a ltima hiptese era mais provável. As ag0ncias russas de Hntelig0nciaeram politizadas, e!atamente como a 1HA costumava ser. 7m ponto a favor do juiz

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2oore foi que ele deu duro para p9r fim a essa situa&#o. 2as ele n#o ambicionavade modo algum ser presidente, o que o distinguia de seus equivalentes soviéticos.7m diretor da ;"N, 1omiss#o para a -eguran&a do Estado, conseguira chegar até otopo, e pelo menos um outro tentara. Hsso fazia da ;"N um organismo político, o

que lhe afetava a objetividade. Bac3 suspirou em seu champanhe. Os problemasentre os dois países n#o terminariam se as falsas percep&)es desaparecessem,mas pelo menos as coisas ficariam mais fáceis de controlar.-al!ez# KLan admitiu para si mesmo que essa solu&#o poderia ser t#o falsa quanto todas as outras afinal de contas, nunca tinha sido tentada antes./osso fazer uma sugest#oM1ertamente respondeu "olov3o. Gamos dei!ar de lado os negcios e voc0 me conta tudo sobre esta salaenquanto eu saboreio o meu champanhe. 5sso !ai economizar tempo a n1s dois"uando ormos escre!er nossos relat1rios amanhã# 8alvez queira um cálice de vodca.

(#o, obrigado. Esse champanhe é muito bom. R fabricado aqui mesmoM R feito aqui na "ergia informou "olov3o orgulhosamente. /essoalmente,acho melhor que o franc0s. (#o me importaria nem um pouco em levar algumas garrafas para casa arriscou Bac3."olov3o deu um riso curto, numa manifesta&#o de divertimento e poder. Gou providenciar, n#o se preocupe. /ois bem. O palácio foi acabado em CV5, aocusto de CC milh)es de rublos, uma boa quantia naquele tempo. Ioi o ltimo grandepalácio construído, na minha opini#o o melhor...KLan n#o era o nico que n#o conhecia o sal#o. A maior parte da delega&#oamericana nunca estivera ali. Kussos aborrecidos passavam pelo aposentoacompanhando os visitantes e fornecendo e!plica&)es. Gárias pessoas daembai!ada seguiam junto, mantendo um olhar ora distraído, ora atento aos detalhes. Ent#o, 2isha, o que acha das mulheres americanasM perguntou o ministro da$efesa, Wazov, a seu ajudante'de'ordens. Essas que v0m vindo n#o s#o nada feias, camarada ministro observoureservadamente o coronel. R, mas t#o magrinhas... Ah, é verdade, eu sempre esque&o. -ua bela esposaElena era esguia. >ue boa mulher ela foi, 2isha. Obrigado por lembrar'se, $mitri 8imofeLevich. Olá, coronelP cumprimentou uma das mulheres americanas, em russo.

1omo vai, senhora... IoleL. Encontramo'nos no jogo de hquei, em novembro ltimo. 1onhece essa mulherM perguntou o ministro ao ajudante'de'ordens. 2eu sobrinho... quer dizer, meu sobrinho'neto 2i3hail, neto da irm# de Elena... joga hquei na liga juvenil, e fui convidado para assistir a um jogo. Aconteceu queeles permitiram o ingresso de um imperialista no time. O coronel levantou asobrancelha. -eu filho joga bemM indagou o marechal Wazov. R o terceiro artilheiro de toda a liga informou a sra. IoleL. 2as que timoP Ent#o precisa permanecer em nosso país, e seu filho pode jogar para o time do E!ército da regi#o central quando crescer. Wazov sorriu. Era quatro

vezes av9. O que faz aquiM 2eu marido trabalha na embai!ada. Ele está por ali, levando os reprteres aalgum lugar. 2as o importante é que vim aqui esta noite. (unca vi nada t#o bonitoP

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Os olhos brilhantes revelavam muitos copos de alguma coisa. Esse assoalho ét#o bonito que me parece um crime andar em cima dele. (#o temos nada parecidopor lá.Ela provavelmente tinha bebido champanhe. /arecia mais o tipo que bebia

champanhe, mas era bem atraente, e falava bem o russo, fato raro nas mulheresamericanas. (unca tiveram czares, o que foi uma sorte respondeu Wazov, como bommar!ista. 2as, como russo, sou obrigado a admitir que aprecio o senso artísticoque eles demonstraram. (#o o vi mais nos outros jogos, coronel comentou a sra. IoleL, voltando'separa 2isha. (#o tenho tido tempo. 2as trou!e boa sorte. (aquela noite o time ganhou, Eddie fez um gol e deu opasse para um outro. E nosso pequeno 2isha s conseguiu duas faltas por usar o taco alto demais.

(#o estava usando essas medalhas quando nos encontramos comentou aamericana, apontando as tr0s estrelas de ouro no peito do coronel. 8alvez eu n#o tivesse tirado o sobretudo... Ele sempre as usa assegurou o marechal. -empre se usa uma medalha deFeri da 7ni#o -oviética. R o mesmo que a nossa 2edalha de FonraM As duas s#o mais ou menos equivalentes respondeu Wazov, pois 2isha eraestranhamente modesto sobre esse assunto. O coronel Iilitov é o nico homemvivo que ganhou tr0s em batalha. R mesmoM interessou'se a sra. IoleL. 1omo é que alguém consegueganhar tr4s0 Tutando contra alem#es disse secamente o coronel. 2atando alem#es corrigiu Wazov. >uando Iilitov já despontava como uma dasestrelas do E!ército Germelho, ele n#o passava detenente. 2isha é um dos melhores oficiais de tanque que já- cumpri meu dever, como muitos soldados naquela guerra respondeu ocoronel, corando com o elogio. 2eu pai também foi condecorado nessa guerra comentou a americana. Tiderou duas miss)es para salvar pessoas dos campos de prisioneiros nas Iilipinas.(#o gostava muito de falar sobre isso, mas o fato é que lhe deram algumasmedalhas. 1onversa com seus filhos sobre essas cruzes de ouroM

Iilitov enrijeceu'se por um momento e pareceu sem a&#o. O marechal veio em seuau!ílio. Os filhos do coronel Iilitov faleceram há alguns anos. OhP Oh, desculpe, coronel. -into muitíssimo. A sra. IoleL parecia mortificada. Bá faz muito tempo... 2isha sorriu e mudou de assunto. Tembro'me bem deseu filho no dia do jogo, um timo jovemP Ame suas crian&as, minha cara, pois n#ovai conservá'las a seu lado para sempre. Agora, se me desculpam por ummomento...2isha partiu na dire&#o das salas de descanso. A sra. IoleL olhou angustiada para oministro. -enhor, n#o tive inten&#o... 1ertamente que n#o. 1omo poderia saber dissoM 2isha perdeu seus filhos há

alguns anos, e logo depois a mulher. 1heguei a conhec0'la, quando eu era muito jovem... 7ma mulher adorável, dan&arina do Nalé ;irov. R uma histria triste, mas opovo russo está acostumado a grandes tristezas. - que n#o precisamos falar agora

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sobre essas coisas... Em que time seu filho jogaM O interesse de Wazov pelo h'quei foi grandemente ampliado pela beleza do rosto a sua frente.2isha chegou rapidamente : sala de descanso. Americanos e russos tinham salasdiferentes, claro, e o coronel Iilitov encontrava'se sozinho no que deveria ter sido o

banheiro privativo de um príncipe, ou da amante de algum czar. Tavou suas m#os eobservou'se no espelho de bordas lapidadas. - tinha um pensamento@ 6ais uma!ez# Outra missão# Iilitov suspirou profundamente, endireitou o corpo e se re'comp9s. 7m minuto mais tarde estava de volta : arena. $esculpe falou KLan. Goltando'se, dera um encontr#o num soviético maisidoso que saíra da sala de descanso."olov3o disse algo em russo que Bac3 n#o entendeu. O outro oficial pronuncioualgumas palavras em tom educado e continuou caminhando até o ministro da$efesa.>uem é eleM indagou Bac3 ao companheiro russo. ―os americanos sabem deal%uma coisa "ue desconhecemos0 Ou, melhor ainda@ será que KLan sabia de

alguma coisa que "olov3o ignoravaM O coronel franziu a testa, depois lembrou'sede que era ele quem sabia, e n#o KLan. -orriu levemente ao pensar que tudo eraparte de um grande jogo. O maior que havia. Goc0s devem ter andado a noite inteira.O Arqueiro concordou gravemente, depositando o saco que carregara durante cincodias nos ombros. Era quase t#o pesado quanto o que Abdul trou!era. O homem da1HA p9de observar que o jovem encontrava'se : beira de um colapso por e!aust#o.Os viajantes acomodaram'se em almofadas. Nebam alguma coisa.O nome do contato da 1HA era Emilio Ortiz, suficientemente moreno para passar por nativo de qualquer regi#o do 1áucaso. 8ambém tinha cerca de *+ anos, estaturamediana e porte atlético, com musculatura de nadador. Iora assim que conseguirauma bolsa de estudos para a 7niversidade do -ul da 1alifrnia, onde se formara emlínguas. Ortiz tinha um dom muito raro nesse campo@ depois de ouvir uma língua,dialeto ou sotaque, era capaz de falar como um nativo em qualquer parte do mundo.$emonstrava principalmente um profundo respeito pelos costumes das pessoas comas quais trabalhava. Hsso significava que a bebida oferecida n#o era e nem poderiaser alcolica. Era suco de ma&#. Observou o guerrilheiro beber tudo com aconsidera&#o que um conhecedor de vinhos dedicaria a um novo bordeaux# >ue as b0n&#os de Alá caiam sobre esta casa disse o Arqueiro quandoterminou o primeiro copo.

O fato de que tivesse esperado até tomar seu suco de ma&# era o mais pr!imo queele chegaria de uma piada. Ortiz percebeu a fadiga no rosto do guerrilheiro, emboran#o a demonstrasse de qualquer outra maneira. Ao contrário de seu jovemcompanheiro, o Arqueiro parecia imune :s prova&)es do mundo. Hsso n#o eraverdade, mas Ortiz compreendia a for&a interior que o levava a suprimir ossentimentos humanos.Os dois homens estavam vestidos de maneira quase id0ntica. Ortiz considerou avestimenta do Arqueiro e notou a semelhan&a com a dos índios apaches da Américae do 2é!ico. 7m de seus ascendentes fora oficial das tropas de 8errazas quando oE!ército me!icano esmagara as for&as de Gictorio, nas montanhas 8r0s 1astillos. Osafeg#es também usavam cal&as rsticas sob as tangas. E também, apesar da

pequena estatura, eram guerreiros ágeis. Além disso, tratavam seus prisioneiroscomo ruidosas divers)es para suas facas. Olhou para a faca do Arqueiro e imaginoucomo ela seria usada. $epois resolveu que seria melhor n#o saber. >uer alguma

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coisa para comerM /ode esperar declarou o Arqueiro, enfiando a m#o na mochila Ele e Abdulhaviam trazido dois camelos carregados, mas o material realmente importanteestava em sua mochila. $isparei oito mísseis, atingi seis aparelhos, mas um tinha

dois motores e conseguiu fugir. $os cinco destruídos, dois foram helicpteros e tr0s,ca&as'bombardeiros. O primeiro helicptero que destruímos era o modelo novo de45 de que voc0 tinha falado. 8inha raz#o. 7ma parte do equipamento era nova. Aquitem alguma coisa.Era ir9nico que os equipamentos mais sensíveis da avia&#o militar estivessemintactos, ao passo que a tripula&#o morrera. Enquanto ele observava, o Arqueirorevelou seis placas verdes de circuitos integrados, usadas para os localizadoreslaser que agora eram equipamento'padr#o para os 2i'45. 7m capit#o do E!ércitoamericano, que até aquele momento permanecera nas sombras em sil0ncio,adiantou'se na dire&#o das placas. -uas m#os tremiam quando ele apanhou os cir'cuitos.

8ambém tem o laserM perguntou ele, em imperfeito  pashtu ou pata, dialetomajoritário no Afeganist#o. Estava muito estragado, mas trou!emos assim mesmo. O Arqueiro voltou'se edeu com Abdul roncando a seu lado. >uase sorriu, porém lembrou'se de quetambém tinha um filho.Ortiz entristeceu'se. 8er sob suas ordens um homem educado como o Arqueiro erabastante estranho. /rovavelmente fora um bom professor, que agora n#o poderiavoltar mais a ensinar. A guerra mudara a vida do Arqueiro t#o completamente comose ele tivesse morrido. Era um grande desperdício. Os novos mísseisM perguntou o Arqueiro. /osso te dar dez. 7m modelo aperfei&oado, com um alcance adicional de D++metros. E alguns foguetes de fuma&a também.O Arqueiro concordou gravemente, movendo de modo quase imperceptível oscantos da boca, no que teria sido um sorriso em outros tempos. 8alvez agora eu consiga derrubar um avi#o de transporte. Os foguetes de fuma&afuncionaram muito bem, meu amigo. A cada vez traziam os invasores mais perto demim. Ainda n#o descobriram essa tática.  Ele n#o dissera tru"ue, dissera ttica, reparou Ortiz.  $%ora ele "uer ir atrs dostransportes, matar centenas de russos de uma s1 !ez# 6eu 7eus, em "ue monstrotransormamos esse homem8 O agente da 1HA balan&ou a cabe&a, afastando oassunto que n#o lhe dizia respeito.

/arece cansado, meu amigo. $escanse agora, podemos comer depois. Fonreminha casa dormindo sob meu teto. R verdade, estou cansado admitiu o Arqueiro. $ois minutos depois estavadormindo.Ortiz e o capit#o come&aram a fazer o inventário das pe&as recebidas. Favia ummanual de manuten&#o para o equipamento laser do 2i'45 e folhas de cdigo para orádio, além de outros itens que já tinham visto anteriormente. /or volta do meio'dia já haviam catalogado tudo e come&aram a fazer os arranjos para embarcar omaterial para a embai!ada de lá seria enviado para a 1alifrnia, onde o avaliariamadequadamente.O G1'C*? da Ior&a Aérea americana decolou no horário. Era uma vers#o

modificada do Noeing ?+?. O <G< do prefi!o significava que fora preparado paratransportar GH/s pessoas muito importantes , e o interior refletia e!atamenteisso. Bac3 recostou'se no sofá e abandonou'se : fadiga que o envolvia. $ez minutos

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mais tarde alguém sacudiu seu ombro. O chefe quer ver voc0 informou um membro da equipe. -erá que ele n#o dorme nuncaM resmungou Bac3. Goc0 é que deve saber.

Ernest Allen estava nas acomoda&)es GH/ da aeronave, uma cabine situadae!atamente sobre a longarina da asa, com seis poltronas acol'choadas. Faviatambém uma cafeteira sobre a mesa. KLan sentia que, se n#o tomasse uma !ícara,logo come&aria a ficar incoerente por outro lado, se tomasse, n#o conseguiria maisdormir. $ecidiu que o governo n#o o pagava para dormir, e serviu'se de uma !ícaracheia. /ois n#o, senhorM /odemos verificarM Allen dispensou as formalidades. Ainda n#o sei respondeu Bac3. (#o é somente uma quest#o de 2eios8écnicos (acionais. Gerificar a elimina&#o de tantos lan&adores... 2as eles est#o propondo inspe&#o local limitada observou um dos membros

mais jovens do grupo. -ei disso respondeu Bac3. A pergunta é@ será que significa alguma coisaM $outra per%unta &9 por "ue eles subitamente concordaram com al%uma coisa "ue"ueríamos por trinta anos0 O qu0M insistiu o rapaz. Os soviéticos trabalharam um bocado em seus novos lan&adores mveis. E sepossuírem muito mais do que acreditamosM /ensa que é viável localizar algumascentenas de mísseis em movimento pelo paísM 2as ns temos radares apontados para a superfície nos novos pássaros e... E eles sabem disso, o que significa que podem evitar se quiserem objetouKLan. -abemos que nossos porta'avi)es iludem os radares dos satélites devigil%ncia oce%nica. -e a gente pode fazer isto com um navio, eles podem muitobem fazer com um trem. Allen prestava aten&#o, abstendo'se de fazer qualquer comentário, permitindo queBac3 continuasse para ver aonde chegaria. 3ma !elha raposa, *rnie $llen# Ent#o a 1HA vai ser contraP 2as essa foi a melhor concess#o que já fizeramP Stimo. E uma boa concess#o, e todos aqui sabem dissoP Antes de aceitarmos,vamos checar se o que eles concederam ainda tem alguma import%ncia. E e!istemainda outros aspectos. Ent#o vai mesmo se oporP espantou'se o jovem. (#o vou me opor a coisa nenhuma. - estou dizendo para ir com calma, e n#o

aceitar correndo como se fosse um presente. 2as esse esbo&o do tratado é... quase bom demais para ser verdade. 1omisso o jovem acabava de provar o ponto de vista de KLan, sem se dar conta. $outor KLan disse Allen , se os detalhes técnicos puderem ser resolvidossatisfatoriamente, como analisa o tratadoM -enhor, falando de um ponto de vista estritamente técnico, uma redu&#o decinq6enta por cento no nmero de ogivas nucleares n#o tem efeito algum nobalan&o estratégico. R... 2as isso é loucuraP interrompeu o rapaz, indignado.Bac3 estendeu o bra&o na dire&#o do jovem, esticando o indicador como se fosse ocano de uma arma.

Gamos dizer que eu tenha uma pistola apontada para o seu peito agora. /odeser uma NroXning milímetros, com um carregador de treze balas. 1oncordo emremover sete balas, mas ainda tenho a arma carregada, com seis tiros e apontada

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para seu peito. Está se sentindo mais seguro agoraM KLan sorriu e abai!ou a<arma<.O outro n#o disse nada, e Bac3 continuou, voltando'se para Allen. Eu pessoalmente n#o me sentiria. R e!atamente sobre isso que estamos

falando. -e ambos os lados reduzirem seus efetivos pela metade, isso dei!ariacerca de cinco mil ogivas nucleares para atingir nosso país. /ense no que essenmero representa. Esse acordo todo serve para reduzir a sobremorte. A diferen&aentre cinco mil e dez mil diz respeito apenas : e!tens#o da destrui&#o. -ecome&armos a falar em reduzir o nmero para mil em cada lado, ent#o talvez eupossa come&ar a acreditar que estamos chegando a algum lugar. Acredita que é possível atingir o limite de mil ogivas nuclearesM quis saber  Allen. (#o acredito, senhor. Eu gostaria que fosse, mas me disseram que o limite demil ogivas nucleares seria capaz de tornar a guerra <vencível<, seja lá o quequiserem dizer com isso. KLan encolheu os ombros. -enhor, o que quero dizer 

é que, se o acordo passar, as coisas ficam melhores do que est#o. 8alvez osignificado simblico do acordo tenha valor em si mesmo isto é um fator a ser considerado, mas foge ao meu campo. A economia será real para ambos os lados,se bem que pequena se comparada aos gastos globais militares. 8odos mant0mmetade de seus arsenais atuais, e isto significa ficar com a metade mais moderna eeficiente, é claro. A constante permanece@ num conflito nuclear, os dois lados est#oigualmente mortos. (#o vejo como este tratado possa reduzir a <amea&a de guerra<,seja lá o que for isso. /ara fazer isto de verdade, precisamos eliminar completamente essas coisas, ou ent#o inventar algo que as impe&a de detonar. -ealguém me perguntar, acho que devíamos tentar a segunda alternativa. Ent#o omundo seria um lugar um pouco mais seguro. 8alvez... -eria o início de uma nova corrida :s armas. -enhor, essa corrida come&ou há tanto tempo que dificilmente pode ser chamada de nova...

"#ea Clier  Est#o chegando mais fotografias de $ushanbe informou a KLan uma voz pelotelefone. 1erto, daqui a alguns minutos estarei chegando aí.

Bac3 levantou'se e atravessou o corredor em dire&#o ao escritrio do almirante"reer. -eu superior estava de costas para o branco ofuscan'te da espessa camadade neve que cobria tudo : volta do quartel'general da 1HA. Ainda limpavam oestacionamento, e até mesmo a plataforma gradeada do lado de fora das janelas dosétimo andar tinha mais de 4+ centímetros de neve. O que houve, Bac3M perguntou o almirante. $ushanbe. O tempo limpou de repente. O senhor pediu para ser avisado assimque isso acontecesse."reer olhou para o monitor de vídeo no canto do escritrio. Estava pr!imo aoterminal de computador que ele se recusava a usar, pelo menos quando haviaalguém por perto para observar suas tentativas de digitar com os dois indicadores,

au!iliado por um dos polegares nos dias de inspira&#o. O almirante poderia, sequisesse, ter as fotografias dos satélites, em tempo real, transmitidas <ao vivo< paraseu escritrio, mas ultimamente vinha evitando faz0'lo, e Bac3 n#o sabia o motivo.

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2uito bem, vamos até lá.KLan manteve a porta aberta para que o vice'diretor dos -ervi&os de Hnforma&)espassasse, e ambos tomaram a esquerda até o final do corredor da ala e!ecutiva noltimo andar do prédio, onde ficava o elevador que os conduziria até lá. O bom era

que n#o se precisava esperar muito. 1omo est#o seus horáriosM perguntou "reer, referindo'se aos longos v9osque KLan realizara há menos de vinte e quatro horas. Bá estou completamente recuperado, senhor. Goar para o oeste n#o meincomoda muito, para o leste é que acaba comigo. :uxa, como & bom estar emterra irme8  A porta se abriu, e os dois andaram em dire&#o ao novo ane!o, que abrigava o -etor de Análise de Hmagens. Este departamento era privativo do $iretrio de Hntelig0ncia,separado do (/H1, o 1entro (acional de Hnforma&)es Iotográficas, o qualrepresentava um esfor&o conjunto da 1HA e da $HA, a Ag0ncia de Hnforma&)es da$efesa, servindo a toda a comunidade de Hnforma&)es.

 A sala de proje&#o contentaria um produtor de FollLXood. 8rinta poltronas estofadasficavam em frente a uma tela de 4 metros quadrados na parede oposta : cabine doprojetor. Art "raham, o chefe da unidade, esperava por eles. 1alcularam muito bem o tempo. 8eremos as imagens em mais um minuto. Elelevantou o fone de comunica&#o com a cabine de proje&#o e pronunciou algumaspalavras. A tela iluminou'se imediatamente. Aquilo era chamado de <Hmagem Aérea<,lembrou'se Bac3. Ioi mesmo uma sorte. Aquele sistema siberiano de alta press#o fez uma voltabrusca para o sul e parou a frente quente como se fosse uma parede de tijolos.1ondi&)es perfeitas de visibilidade. A temperatura ao nível do solo é de zero grau, ea umidade relativa do ar n#o pode ser muito maior do que isso. "raham sorriu. 2anobramos o satélite para aproveitar a oportunidade. Ialtam tr0s graus para ficar e!atamente acima do local, e n#o acho que Hv# tenha tido tempo para perceber amanobra que já está em andamento. Aí está $ushanbe. Bac3 respirou fundo quando parte da Kepblica -ocialista-oviética do 8adjiquist#o apareceu na tela. A primeira imagem era vista através da c%mera grande'angular. O satélite dereconhecimento ;F'C5 em rbita tinha um total de onze c%meras. O <pássaro<representava o primeiro da mais nova gera&#o de satélites e estava orbitando haviaapenas tr0s semanas. $ushanbe, conhecida por um curto período como -talinabad isso de!e ter deixado o po!o contente, pensou KLan , provavelmente surgira na

rota das antigas caravanas. O Afeganist#o ficava a menos de C+ quil9metros. Alegendária -amarcanda de 8amerl#o situava'se a noroeste dali, n#o muito distante...e talvez -cheherazade tivesse viajado por aquelas estradas mil anos antes. Bac3perguntou'se por que a Fistria sempre se repetia, os mesmos nomes e lugaresparecendo saltar de um século para o outro.- que o interesse atual da 1HA por $ushanbe n#o tinha nenhuma rela&#o com ocomércio da seda. A imagem mudou para uma das c%meras de alta defini&#o do satélite, mostrando aprincípio um vale profundo e montanhoso, onde um rio estava represado pelaparede de rocha e concreto de uma barragem hidrelétrica. Embora se localizasse D+quil9metros a sudeste de $ushanbe, as linhas de transmiss#o elétrica n#o se

dirigiam para a cidade de V++ +++ habitantes, mas para alguns picos de montanhasquase : vista das instala&)es. Aquilo parece uma funda&#o para outro conjunto de torres observou KLan.

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/aralelas :s primeiras concordou "raham. Est#o instalando novosgeradores. Nem, sabíamos desde o princípio que s estavam obtendo a metade dopotencial utilizável da represa. >uanto tempo levaria para colocar o restante da energia em linhaM indagou

"reer. Eu teria de verificar com um dos consultores. 2as acho que n#o vai levar maisdo que algumas semanas para estender os cabos, e a casa de for&a já está pronta.Eu diria que os alicerces para os novos geradores devem estar prontos, e, se issofor verdade, tudo o que t0m a fazer é montar o novo equipamento. -eis meses,talvez oito, se o tempo n#o ajudar. 8#o rápido assimM espantou'se KLan. Eles desviaram o pessoal de outras duas hidrelétricas. Ambas faziam parte doprojeto Feri. (unca se comentou nada sobre esta obra as tropas de constru&#oforam retiradas de dois locais para trabalhar nesse. Hv# sabe muito bem concentrar seus esfor&os quando quer, doutor KLan. -eis ou oito meses é uma estimativa

otimista. Acho que pode ser feito mais depressa do que isso declarou "raham. >ual será a pot0ncia total disponível quando terminaremM A estrutura n#o é t#o grande assim. O total de saída no pico com os novosgeradoresM /or volta de C C++ megaXatts, eu diria. /ois isso é um bocado de energia, e vai toda para aquelas montanhas comentou KLan, como se falasse consigo mesmo.O pico a que a Ag0ncia chamava de <2ozart< era alto, mas, como aquela regi#oconfigurasse o limite ocidental da cordilheira do Fimalaia com suas altitudesgigantescas, parecia insignificante. Faviam construído uma estrada até o topo :custa de e!plos)es n#o e!istiam entidades de controle ambiental na 7ni#o-oviética e também um heliporto para receber as personalidades importantes quechegavam aos dois aeroportos de $ushanbe. $ezesseis constru&)es destacavam'se na imagem projetada. 7ma delas era um prédio de apartamentos, de onde a vistadevia ser fantástica, ainda que tivesse sido construído segundo o estilo arquitet9nicopadr#o soviético, t#o atraente quanto um bloco cbico de concreto. 8erminado seismeses atrás, muitos engenheiros já moravam ali com suas famílias. /areciadeslocado um prédio daquele tipo num lugar t#o inacessível, mas a mensagem quepassava era clara@ as pessoas que viviam ali eram privilegiadas. Engenheiros eacad0micos, profissionais t#o habilitados que o Estado quisera cuidar de seuconforto e necessidades. A comida era transportada em caminh)es para o alto ou,quando o tempo se tornava muito ruim, ia por via aérea. Outra das constru&)es era

um teatro, e a terceira um hospital. A programa&#o de televis#o era fornecida por uma esta&#o rastreadora de satélites localizada ao lado de um edifício que continhamuitas lojas. Esse tipo de mordomia n#o era muito comum na 7ni#o -oviética, maslimitado aos altos oficiais do /artido e pessoas que trabalhavam em projetosessenciais de defesa. Aquela n#o era uma esta&#o de esportes de inverno.8al fato também se tornava bvio pela presen&a da cerca que circundava todo operímetro, além das torres de vigia, ambas de constru&#o recente. 7m dos itensfacilmente reconhecíveis nos comple!os militares soviéticos eram as torres de vigiaHv# tinha verdadeira fi!a&#o por esse tipo de controle. 8r0s cercas encerravam doisespa&os internos de uns C+ metros de largura, sendo o mais e!terior geralmenteminado e o interior patrulhado por c#es. As torres de vigia ficavam no círculo interno,

a intervalos regulares de C+ metros. Os soldados que as guameciam estavamalojados em barrac)es de concreto, melhores do que a média. 1onsegue focalizar um dos guardasM perguntou Bac3.

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"raham falou ao bocal e a imagem mudou. 7m dos técnicos já trabalhava naquelesentido, mais para testar a regulagem da c%me'ra e as condi&)es ambientes do quepara o propsito que KLan tinha em mente. Assim que a c%mera come&ou a apro!imar a imagem, o que era um ponto mvel

transformou'se numa silhueta humana envolta num sobretudo e provavelmenteusando gorro de peles. Tevava um grande c#o de ra&a incerta pela coleira e um fuzilde assalto ;alashni3ov pendurado ao ombro direito. Fomem e cachorro soltavamuma pequena nuvem de vapor ao e!alarem o ar. KLan inclinou'se para a frente, co'mo se aquilo o ajudasse a ver melhor. A ombreira desse sujeito n#o parece verdeM perguntou ele a "raham. R concordou o perito em reconhecimento. Ele é mesmoda ;"N. 8#o perto assim da fronteira do Afeganist#oM espantou'se o almirante. Elessabem que temos gente operando naquela zona. /ode ter certeza de que levar#o asério as medidas de seguran&a.

Eles deviam querer muito esses picos comentou KLan. A pouco mais deC++ quil9metros vivem milh)es de pessoas que acreditam em matar soviéticos comoe!press#o da vontade divina. Esse lugar é muito mais importante do que pensamosde início. (#o pode ser simplesmente uma nova instala&#o, com tal tipo deseguran&a. -e fosse, n#o iriam construir tudo num lugar assim, tendo que pu!ar no'vas linhas elétricas e ficar t#o perto de for&as hostis. (o momento pode ser umcentro de pesquisa e desenvolvimento, mas eles devem ter planos mais ambiciosospara o futuro. O qu0, por e!emploM Hr atrás dos meus satélites, talvez. Art "raham sempre se referia aos satélitescomo se pertencessem a ele. Eles <cutucaram< algum recentementeM quis saber Bac3. (#o, desde que abalamos Hv#, em abril. /arece que o bom senso prevaleceupelo menos uma vez. Aquela era uma velha histria. Em inmeras oportunidades, nos ltimos anos, ossatélites americanos de reconhecimento tinham sido <cutucados< com fei!es de raioslaser ou energia de microondas, focalizados nos satélites apenas o bastante para<cegar< os receptores, mas n#o para causar danos sérios. A grande dvida era omotivo que teria levado os soviéticos a procederem assim. /oderia ser um tipo deteste para ver como reagiria o 1omando de $efesa Aeroespacial da América do(orte, o (OKA$, no monte 1heLenne, no 1oloradoM -eria uma forma de saber 

qu#o sensíveis eram os satélitesM Ou uma demonstra&#o, como aviso dacapacidade de destruí'losM $e qualquer forma, era sempre muito difícil saber o queos soviéticos estavam pensando.Eles invariavelmente protestavam inoc0ncia, é claro. >uando um satélite americanoficara momentaneamente cego ao passar sobre -arL -hagan, disseram que umatubula&#o conduzindo gás natural se incendiara. O fato de que o oleoduto 1him3ent'/avlodar nas pro!imidades transportava principalmente petrleo escapara :imprensaocidental. A passagem do satélite acabara de completar'se. (uma sala vizinha, asfitas de vídeo estavam sendo rebobinadas e dali por diante as cenas poderiam ser e!aminadas : vontade.

Gamos dar uma olhada em 2ozart outra vez, e em Nach também, por favor ordenou "reer. R uma bela troca, essa declarou Bac3.

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 A área residencial e industrial em 2ozart distava apenas um quil9metro dasinstala&)es em Nach, o pico seguinte, porém a estrada parecia assustadora. Aimagem parou em Nach. A frmula das cercas e torres de vigia repetia'se aqui, sque dessa vez a dist%ncia entre a cerca e!terna e a interna era de pelo menos 4++

metros. Aqui a superfície do solo parecia ser formada de rocha nua. Bac3 perguntou'se como fariam para instalar minas num terreno como aquele ou tal!ez não oizessem, pensou ele. /arecia bvio que a área fora nivelada com máquinas ee!plosivos até ficar plana como uma mesa de bilhar. $as torres de vigia, devia'se ter a sensa&#o de estar numa galeria de tiro. (#o est#o brincando, est#oM murmurou "raham. Ent#o é isso que est#o guardando... comentou KLan. Favia um total de trezeprédios no perímetro delimitado pela cercainterior. (uma área do tamanho apro!imado de dois campos de futebol cujo solotambém fora nivelado dispunham'se dez escava'&)es, em dois grupos. 7m dosgrupos era composto de seis buracos, um alinhamento he!agonal, cada qual com C+

metros de di%metro. O outro grupo, de quatro buracos, fora arranjado de modo aformar um losango, as escava&)es ligeiramente menores, talvez com V metros dedi%metro. (o interior de cada um dos buracos havia um pilar de con'creto com Dmetros de di%metro solidamente alicer&ado na rocha, a uns C+ metros deprofundidade mas n#o se podia precisar pela ima'gem vista do alto. -obre cadapilar via'se um domo de metal, aparen'temente formado por inmeros segmentosem forma de meia'lua. Eles abrem. "ostaria de saber o que tem ali dentro... conjetu'rou "raham.7mas duzentas pessoas em TangleL estavam a par de $ushanbe, e todas elasqueriam saber o que e!istia abai!o daqueles domos de metal, instalados no lugar apenas há alguns meses. Almirante, gostaria de levantar um novo assunto declarou Bac3. >ual assuntoM -ea ;lipper# Está pedindo demaisP objetou "reer. *u mesmo n#o tenho acesso a essasinforma&)es. Almirante, se o que eles est#o fazendo em $ushanbe for a mes'ma coisa queestamos tentando em -ea ;lipper, ns precisamos saber.KLan recostou'se na poltrona. >ue diabos, como podemos saber o queprocurar se nem sabemos como deve ser a apar0ncia de um lu'gar dessesM 8enho dito isso há algum tempo O vice'diretor dos -ervi&os de Hnforma&)es

riu. O diretor'geral n#o vai gostar nem um pouco. O juiz vai ter de ir até opresidente para conseguir isso. /ois que vá ao presidente. E se essa atividade que vimos aqui estiver ligada aoesbo&o de tratado que eles apresentaramM Acha que simM >uem pode saberM respondeu KLan. E uma coincid0ncia, e isso mepreocupa. 2uito bem, vou falar com o diretor.$uas horas mais tarde, de volta para casa, KLan dirigia seu Baguar YB- no tráfegoda Kodovia "eorge Qashington. O carro era uma das boas lembran&as que trou!erado tempo de servi&o da Hnglaterra. Ele gostava tanto da sensa&#o produzida pelo

ronronar suave do motor de doze cilindros que chegara a aposentar seu velhoKabbit. 1omo sempre, dei!ou Qashington e os negcios de lado, engatando ascinco marchas sucessivamente e concentrando'se em dirigir.

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E ent#o, BamesM perguntou o diretor'geral dos -ervi&os de Hnforma&)es. KLan acha que a atividade recente em Nach e 2ozart pode estar relacionada aonovo tratado. 8ambém acho que isso seja possível. Ele quer as informa&)es de -ea;lipper# Eu disse que voc0 teria de ir ao presidente. O almirante "reer sorriu.

8udo certo, vou arranjar uma permiss#o por escrito para ele. Gai dei!ar o general/ar3s mais feliz, de qualquer jeito. Eles t0m um teste marcado para o fim de semanae vou arranjar para que Bac3 o acompanhe. O juiz 2oore sorriu pregui&osamente. O que achaM Acho que ele tem raz#o@ $ushanbe e -ea ;lipper s#o na ess0ncia o mesmoprojeto. Gejo muitas similaridades aparentes, um nmero mui'to grande para ser simples coincid0ncia. $evíamos atualizar nossos conhecimentos. 1erto. 2oore voltou'se para olhar pela janela. O mundo !ai mudar outra !ez#-al!ez ainda le!e dez anos, mas !ai mudar# 7a"ui a dez anos não !ai ser problemameu, disse a si mesmo o juiz, mas com certeza !ai ser um problema de )yan# ―Gou providenciar para que ele tome um avi#o para lá amanh#. 8alvez tenhamos

sorte com $ushanbe. IoleL conseguiu avisar o 1ardeal de que estamos muitointeressados naquele lugar. As fitas de vídeo estavam sendo rebobinadas e dali por diante as cenas poderiamser e!aminadas : vontade. Gamos dar uma olhada em 2ozart outra vez, e em Nach também, por favor ordenou "reer. R uma bela troca, essa declarou Bac3. A área residencial e industrial em 2ozart distava apenas um quil9metro dasinstala&)es em Nach, o pico seguinte, porém a estrada parecia assustadora. Aimagem parou em Nach. A frmula das cercas e torres de vigia repetia'se aqui, sque dessa vez a dist%ncia entre a cerca e!terna e a interna era de pelo menos 4++metros. Aqui a superfície do solo parecia ser formada de rocha nua. Bac3 perguntou'se como fariam para instalar minas num terreno como aquele ou tal!ez não oizessem, pensou ele. /arecia bvio que a área fora nivelada com máquinas ee!plosivos até ficar plana como uma mesa de bilhar. $as torres de vigia, devia'se ter a sensa&#o de estar numa galeria de tiro. (#o est#o brincando, est#oM murmurou "raham. Ent#o é isso que est#o guardando... comentou KLan. Favia um total de trezeprédios no perímetro delimitado pela cercainterior. (uma área do tamanho apro!imado de dois campos de futebol cujo solotambém fora nivelado dispunham'se dez escava&)es, em dois grupos. 7m dos

grupos era composto de seis buracos, em alinhamento he!agonal, cada qual com C+metros de di%metro. O outro grupo, de quatro buracos, fora arranjado de modo aformar um losango, as escava&)es ligeiramente menores, talvez com V metros dedi%metro. (o interior de cada um dos buracos havia um pilar de concreto com Dmetros de di%metro solidamente alicer&ado na rocha, a uns C+ metros deprofundidade mas n#o se podia precisar pela imagem vista do alto. -obre cadapilar via'se um domo de metal, aparentemente formado por inmeros segmentos emforma de meia'lua. Eles abrem. "ostaria de saber o que tem ali dentro... conjetu'rou "raham.7mas duzentas pessoas em TangleL estavam a par de $ushanbe, e todas elasqueriam saber o que e!istia abai!o daqueles domos de metal, instalados no lugar 

apenas há alguns meses. Almirante, gostaria de levantar um novo assunto declarou Bac3. >ual assuntoM

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-ea ;lipper# Está pedindo demaisP objetou "reer. *u mesmo n#o tenho acesso a essasinforma&)es. Almirante, se o que eles est#o fazendo em $ushanbe for a mesma coisa que

estamos tentando em -ea ;lipper, ns precisamos saber.KLan recostou'se na poltrona. >ue diabos, como podemos saber o queprocurar se nem sabemos como deve ser a apar0ncia de um lugar dessesM 8enho dito isso há algum tempo O vice'diretor dos -ervi&os de Hnforma&)es riu. O diretor'geral n#o vai gostar nem um pouco. O juiz vai ter de ir até o presidentepara conseguir isso. /ois que vá ao presidente. E se essa atividade que vimos aqui estiver ligada aoesbo&o de tratado que eles apresentaramM Acha que simM >uem pode saberM respondeu KLan. R uma coincid0ncia, e isso mepreocupa.

2uito bem, vou falar com o diretor.$uas horas mais tarde, de volta para casa, KLan dirigia seu Baguar YB- no tráfegoda Kodovia "eorge Qashington. O carro era uma das boas lembran&as que trou!erado tempo de servi&o da Hnglaterra. Ele gostava tanto da sensa&#o produzida peloronronar suave do motor de doze cilindros que chegara a aposentar seu velhoKabbit. 1omo sempre, dei!ou Qashington e os negcios de lado, engatando ascinco marchas sucessivamente e concentrando'se em dirigir. E ent#o, BamesM perguntou o diretor'geral dos -ervi&os de Hnforma&)es. KLan acha que a atividade recente em Nach e 2ozart pode estar relacionada aonovo tratado. 8ambém acho que isso seja possível. Ele quer as informa&)es de -ea;lipper# Eu disse que voc0 teria de ir ao presidente. O almirante "reer sorriu. 8udo certo, vou arranjar uma permiss#o por escrito para ele. Gai dei!ar o general/ar3s mais feliz, de qualquer jeito. Eles t0m um teste marcado para o fim de semanae vou arranjar para que Bac3 o acompanhe. O juiz 2oore sorriu pregui&osamente. O que achaM Acho que ele tem raz#o@ $ushanbe e -ea ;lipper s#o na ess0ncia o mesmoprojeto. Gejo muitas similaridades aparentes, um nmero muito grande para ser simples coincid0ncia. $evíamos atualizar nossos conhecimentos. 1erto. 2oore voltou'se para olhar pela janela. O mundo !ai mudar outra !ez#-al!ez ainda le!e dez anos, mas !ai mudar# 7a"ui a dez anos não !ai ser problemameu, disse a si mesmo o juiz, mas com certeza !ai ser um problema de )yan# ―

Gou providenciar para que ele tome um avi#o para lá amanh#. 8alvez tenhamossorte com $ushanbe. IoleL conseguiu avisar o 1ardeal de que estamos muitointeressados naquele lugar. O 1ardealM StimoP 2as se acontecer alguma coisa... "reer assentiu. /or $eus, espero que ele tenha cuidado disse o vice'diretor dos -ervi&os deHnforma&)es.7esde a morte de 7mitri <edoro!ich "ue o 6inist&rio da 7eesa não tem sido omesmo, escreveu com a m#o esquerda o coronel 2i3hail -em'Lonovich Iilitov emseu diário. 8endo acordado cedo como sempre, sentara'se : escrivaninha decarvalho, com um século de idade, que sua esposa lhe comprara pouco antes de

morrer, há... quanto tempoM -rinta anos, disse 2isha a si mesmo. 1ompletaria *+anos em fevereiro pr!imo. -eus olhos se fecharam por um momento. -rinta anos#(#o se passou um s dia sem que se lembrasse da sua Elena. A fotografia da

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esposa estava sobre a mesa, o tom sépia apagado pela ida de, e emoldurada emprata enegrecida. (unca arranjava tempo para polir a moldura o!idada, e n#o queriaser incomodado com a presen'&a de uma empregada. A imagem ainda nítidamostrava uma jovem com as pernas girando como fusos, os bra&os elevados acima

da cabe&a graciosamente inclinada para o lado. O rosto eslavo arredondado erailuminado por um sorriso amplo e convidativo, demonstrando perfeitamente a alegriaque sentia quando dan&ava com o Nalé ;irov.2isha sorriu ao lembrar'se de sua primeira impress#o como jovem oficial dosblindados a quem haviam dado a entrada como recompensa por ter o tanque com amelhor manuten&#o na divis#o@ ;omo & "ue eles conse%uem azer isso0 $an&am naponta dos pés como se tivessem pernas de pau com ponta afiada. Tembrou'se deseus tempos de crian&a, quando brincara desajeitadamente com suas pernas depau, mas nunca com tanta %ra+a e e"uilíbrio8 Ent#o ela sorrira para o belo e jovemoficial na primeira fileira. Os olhos de ambos encontraram'se pelo breve espa&o queteria durado uma piscadela, e o sorriso dela se alterara. (#o era mais para a

audi0ncia@ naquele instante eterno, o sorriso era s para ele. 7ma bala no cora&#on#o teria um efeito mais devastador. 2isha n#o conseguiu depois lembrar'se doresto da apresenta&#o, e a partir de ent#o n#o soubera a qual dan&a havia assistido.Kecordava'se de ter ficado ali sentado durante o resto do espetáculo, enquanto suamente planejava o que faria a seguir. O tenente Iilitov já estava marcado como umhomem destinado ao sucesso, para quem a brutal a&#o de -tálin contra o corpo deoficiais significava oportunidade e promo&#o rápida. Escrevera artigos sobre táticasde combate motorizado e praticava e!ercícios inovadores com os tanques,contestando veementemente as falsas <li&)es< da Espanha com a seguran&a de umhomem nascido para aquela profiss#o.O "ue !ou azer a%ora0, indagara'se ent#o. O E!ército Germelho n#o lhe ensinara ase apro!imar de uma artista. Aquela n#o era nenhuma camponesa entediada comseu trabalho no kolkhoz a ponto de se oferecer a qualquer um principalmente um jovem oficial que poderia desviá'la de seu caminho. 2isha ainda se recordava desuas atitudes vergonhosas na juventude embora n#o as achasse nada vergonho'sas na época quando apelava para as divisas de oficial a fim de levar para acama todas as garotas que lhe chamassem a aten&#o.6as nem sei o nome dela, lembrara a si mesmo. O "ue a+o a%ora0 O que fizera naépoca, é claro, fora encarar o assunto como um e!ercício militar. Assim que aapresenta&#o terminou, ele abriu caminho até o banheiro e lavou o rosto e as m#os.1om um canivete, removeu cuidadosamente os restos de gra!a abai!o das unhas.

2olhou os cabelos e penteou'os, e!aminando a seguir o uniforme, como o faria umrigoroso general, esfregando alguns pontos e removendo fiapos. Afastou'se doespelho para e!aminar o brilho das botas, sem perceber que os outros homens oobservavam com um sorriso divertido e uma ponta de inveja, tendo adivinhado suasinten&)es. -atisfeito com sua apar0ncia, 2isha saiu do teatro e perguntou aoporteiro onde era a saída dos artistas. /agou um rublo pela informa&#o e deu a voltaao quarteir#o ate a porta indicada, onde encontrou outro porteiro, um velho debarbas longas cujo capote ostentava dragonas por servi&os prestados durante aKevolu&#o. 2isha esperou algum tipo de defer0ncia por parte do homem, comocamaradagem de um soldado para outro, mas logo descobriu que ele encarava asbailarinas como suas prprias filhas, e n#o como prostitutas prontas a se atirar aos

pés do primeiro militar que aparecesse. 2isha havia considerado a possibilidade deoferecer dinheiro ao anci#o, mas teve o bom senso de n#o o fazer, evitando insinuar que ele era um alcoviteiro. Em vez disso, falou com modera&#o e sinceridade,

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contando que estava encantado por uma donzela dan&arina cujo nome n#o sabia, egostaria simplesmente de encontrá'la. E por qu0M indagou secamente o velho. Gov9, ela sorriu para mim respondeu 2isha, com o ardor de um menino.

E voc0 se apai!onou, é issoM A voz ainda era severa, mas o rosto do veteranose abrandava. -abe quem é elaM Ela estava na fila, com as outras... quer dizer, n#o é uma das importantes, euacho. 1omo é que costumam dizerM Gou me lembrar daquele rosto até o dia em queeu morrer. Ele já tinha consci0ncia disso.O porteiro encarou o jovem oficial a sua frente, verificando que seu uniforme estavaimpecável, e as costas permaneciam eretas. (#o parecia um daqueles porcossuados dos oficiais da (;G$, a polícia secreta de -tálin, cujo hálito arroganterecendia a vodca. Este parecia ser um verdadeiro soldado, jovem e bem'apessoado. 1amarada tenente, é um homem de sorte. -abe por qu0M 8em sorte porque umdia já fui jovem, e mesmo velho como estou tenho lembran&a disso. Elas v#o sair em

dez minutos. Iique em pé ali, adiante, e n#o fa&a nenhum barulho.Os dez minutos transformaram'se em trinta. Os artistas come&aram a sair aospares, ou em grupos de tr0s. 2isha vira os homens que participavam da companhiae pensava deles o que pensaria qualquer soldado. -ua hombridade ficava ofendidapela maneira como eles davam as m#os :s belíssimas bailarinas. A cada vez que asportas se abriam, ele ficava ofuscado pela quantidade enorme de luz amarelada quese projetava do interior para a viela :s escuras e quase n#o a reconheceu, t#odiferente estava sem maquilagem.2isha olhou'a no rosto, indeciso sobre se se tratava da pessoa certa, e apro!imou'se de seu objetivo com mais cuidado que o faria sob o fogo dos canh)es alem#es. Goc0 estava na cadeira doze disse ela, antes que ele reunisse coragemsuficiente para falar.*la tinha !oz8  -im, camarada artista replicou ele automaticamente. "ostou da apresenta&#o, camarada tenenteM a pergunta foi acompanhada deum tímido sorriso, ainda que convidativo. Ioi maravilhosaP (#o é sempre que vemos jovens e belos oficiais na fileira da frente comentouela. "anhei o ingresso como recompensa por mérito em minha unidade. -ou pilotode tanque declarou ele orgulhoso. *la me chamou de belo8 

E o camarada tenente'piloto de tanques tem um nomeM -ou o tenente 2i3hail -emLonovich Iilitov. Eu sou Elena Hvanova 2a3arova. Está muito frio esta noite para alguém t#o delicada, camarada artista. E!iste umrestaurante aqui por pertoM KestauranteM O riso dela era cristalino. (#o vem muito freq6entemente a2oscou, vemM 2inha divis#o está baseada aqui, mas n#o venho muito até a cidade admitiuele. 1amarada tenente, e!istem muito poucos restaurantes mesmo em 2oscounestes dias. /ode vir até o meu apartamentoM

Nem... claroP gaguejou 2isha enquanto a porta se abria novamente. 2artaP disse Elena : bailarina que acabava de sair. 8emos escolta militar para casa hoje.

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8%nia e Kesa também v0m.2isha na verdade ficara aliviado com aquilo. A ida ao apartamento demorou trintaminutos, pois, como o metr9 de 2oscou ainda n#o estava completo, preferiramcaminhar a esperar um bonde :quela hora da noite.

Ela era muito mais bonita sem maquilagem, lembrou 2isha. O vento frio do invernocoloria as bochechas de maneira mais natural. -eu andar era t#o gracioso quantodez anos de treinamento intensivo podiam proporcionar. Ela deslizava pelas ruascomo uma apari&#o, enquanto ele progredia ruidosamente com suas botas pesadas.-entia'se um tanque ele mesmo, rolando ao lado de um puro'sangue, e tomavacuidado para n#o chegar muito perto, com medo de atropelá'la. Ainda n#o conheciaa for&a que se escondia por trás da gra&a e leveza de Elena. A noite nunca lhe parecera t#o espl0ndida, embora nos... quanto tempo faziaM vinte anos seguintes tivesse passado muitas noites semelhantes, depois maisnenhuma nos ltimos trinta. 6eu 7eus, pensou ele, teríamos completado cin"=entaanos de casamento em#.. >? de julho# Hnconscientemente esfregou os olhos com o

len&o.8rinta anos, entretanto, era o nmero que ocupava sua mente.O pensamento o afligia, e os dedos ficaram esbranqui&ados ao re'dor da caneta.2isha ainda se surpreendia com o fato de que amor e dio eram emo&)es finamentemescladas. Goltou a escrever em seu diário...7ma hora mais tarde ele levantou da escrivaninha e foi até o armário do quarto.Gestiu a farda de coronel da $ivis#o de 8anques. 8ecnicamente estava na lista deoficiais reformados, e já estava antes que muitos coronéis da lista atual tivessemnascido. 2as trabalhar no 2inistério da $efesa tinha suas prerrogativas, e 2ishafazia parte da equipe pessoal do ministro. Essa era uma raz#o. As outras tr0spendiam de sua tnica, tr0s estrelas de ouro sob gal)es prpura. Iilitov era o nicosoldado na histria do E!ército soviético que conquistara por tr0s vezes acondecora&#o de Feri da 7ni#o -oviética, por bravura demonstrada em campo debatalha em face do inimigo. E!istiam outros com tais medalhas, porém agora eramcom freq60ncia concedidas por motivos políticos, como sabia o coronel. Iicavaesteticamente ofendido com isso, pois aquela n#o era uma medalha para premiar trabalho de gabinete, e muito menos para que um membro do /artido oferecesse aoutro como enfeite de lapela. Feri da 7ni#o -oviética era uma honraria que deviaser reservada a homens como ele, que enfrentaram a morte, sangraram, e atémorreram pela )odina# Tembrava'se disso a cada vez que envergava o uniforme.-ob sua camiseta escondiam'se as cicatrizes com apar0ncia de plástico que

trou!eram sua ltima medalha de ouro, quando um projétil VV alem#o perfurou ablindagem de seu tanque, incendiando a muni&#o e sua prpria roupa, enquanto elemanobrava o canh#o ? milímetros para acertar um ltimo tiro e estourar aguarni&#o de <chucrutes< no canh#o. As queimaduras reduziram pela metade osmovimentos de seu bra&o direito, porém 2isha liderou o que restara de seuregimento por mais dois dias no saliente de Kursk, em C5*. -e tivesse saído comos feridos ou fosse evacuado imediatamente da área, como o cirurgi#o do regi'mento recomendara , teria tido uma chance de se recuperar por completocontudo, sabia que não podia desistir e abandonar seus homens no meio da batalha./or esses atos, ele poderia ter sido promovido a general, ou até a marechal. -eriaeito al%uma dieren+a0 Iilitov era um homem muito prático para demorar'se em

conjeturas. Tutara em muitas campanhas e poderia ter morrido em qualquer uma.$a maneira como acontecera, tivera mais tempo ao lado de Elena, que o visitavapraticamente todos os dias no Hnstituto de >ueimaduraZ, em 2oscou a princípio

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horrorizada com a e!tens#o de seus ferimentos, viera depois a orgulhar'se delesquase tanto quanto 2isha. (inguém podia questionar o sacrifício que seu homemfizera pela pátria. Agora, fazia seu dever perante sua Elena.

Iilitov saiu do apartamento e encaminhou'se para o elevador, uma pasta de couropendendo da m#o direita. Era apenas para isso que utilizava esse lado do corpo. Ababushka ― avozinha que operava o elevador saudou'o como sempre. Amboseram idosos, sendo ela a viva de um sargento que estivera no regimento de 2isha,e também merecera a medalha de ouro, colocada em seu peito pelo prprio co'mandante. 1omo é sua nova netaM perguntou o coronel. 7m verdadeiro anjoP foi a resposta entusiasmada.Iilitov sorriu, concordando. -erá que e!istia alguma crian&a que parecesse feia aosolhos da avM -orriu também porque e!press)es como <anjo< haviam resistido asetenta anos de <socialismo científico<.

O carro esperava por ele em frente ao prédio. O motorista era um rapaz recém'saídoda academia de sargentos e da auto'escola. -audoucerimoniosamente o coronel, mantendo a porta aberta com a outra m#o. Nom dia, camarada coronel. R o que parece, sargento [hdanov respondeu Iilitov. A maior parte dos oficiais de alta patente teria grunhido em resposta aocumprimento, mas 2isha era um e!'combatente cujo sucesso resultava, em grandeparte, da maneira como tratava seus homens. Essa era uma li&#o que infelizmentemuito poucos oficiais entendiam. Era uma pena.O interior do carro apresentava uma temperatura agradável, resultante do aquecedor ligado ao má!imo quinze minutos antes. Iilitov tornava'se cada vez mais sensível aofrio, um sinal da idade avan&ada. Acabara de ser hospitalizado com pneumonia pelaterceira vez nos ltimos cinco anos. -abia que uma das pr!imas vezes seria aderradeira. Afastou esse pensamento. Estivera pr!imo da morte demasiadas vezespara tem0'la. A vida ia e vinha num movimento constante. -erá que saberia quandoviesse o ltimo segundoM Hria importar'se com issoMO motorista partiu em dire&#o ao 2inistério da $efesa antes que o coronel pudesseresponder a essa pergunta.KLan tinha certeza de que já trabalhara para o governo por tempo demasiado. (#oaprendera a gostar de voar, mas já apreciava a conveni0ncia de faz0'lo. Estava aapenas quatro horas de Qashington, onde embarcara num Tearjet 1'4C da Ior&a

 Aérea, cujo capit#o era uma mulher, com apar0ncia de quem ainda cursava osegundo ano da faculdade.*st icando !elho, @ack, dissera ele a si mesmo. O v9o desde o campo de avia&#oaté o topo das montanhas fora realizado de helicptero, tarefa n#o muito fácil naaltitude em que se encontravam. KLan nunca estivera no (ovo 2é!ico antes. Ospicos eram desprovidos de vegeta&#o, e o ar parecia rarefeito demais, obrigando'o arespirar com maior freq60ncia, mas o céu estava t#o límpido que ele imaginou por um momento ser um astronauta olhando para as estrelas no espa&o frio e semnuvens. 1afé, senhorM ofereceu um sargento, estendendo um copo térmico. Obrigado. KLan aceitou o líquido fumegante despejado pela garrafa térmica,

iluminada somente por alguns raios da lua nova.$eu um pequeno gole e olhou a sua volta. Favia poucas luzes para se ver. 8alveze!istisse algum agrupamento de constru&)es atrás do pr!imo agrupamento de

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picos podia distinguir até mesmo o halo de luz formado por -anta Ié, embora n#ohouvesse maneira de precisar a dist%ncia. -abia que a plataforma rochosa em quese encontrava elevava'se a mais de * ++ metros acima do nível do mar ooceano mais pr!imo estava a CD+ quil9metros de dist%ncia. Era tudo muito bonito e

agradável, a n#o ser pelo frio intenso. -eus dedos estavam rígidos ao redor do copoplástico. KLan esquecera por engano as luvas em casa. $ezessete minutosP anunciou uma voz. 8odos os sistemas operantes.Kastreadores em automático. A$- em oito minutosP A$-M estranhou Bac3, achando'se um pouco ridículo. -entia tanto frio que asbochechas come&avam a ficar amortecidas. Aquisi&#o de -inal e!plicou o major a seu lado. 2ora por aquiM -essenta e cinco quil9metros naquela dire&#o o jovem major apontouvagamente. /raticamente do outro lado da rua pelos padr)es daqui. O sotaquedo Nroo3lLn justificava o comentário.

Era esse quem tinha feito doutorado na 7niversidade Estadual de (ova Wor3, em-tonL Nroo3, lembrou KLan. 1om apenas 4 anos de idade, o major n#o parecianem mesmo um militar, quanto mais um oficial graduado. (a -uí&a ele seriacomparado a um gnomo, com C, D metro, a pele alva e macilenta, e algumasespinhas marcando'lhe o rosto anguloso. (o momento fi!ava os olhos profundos napor&#o do horizonte onde deveria aparecer o 9nibus espacial 7isco!ery, KLanrecordou'se do documento que e!aminara sobre o major, achando que ele prova'velmente n#o se lembrava de que cor era a parede de sua sala de estar. O major morava no Taboratrio (acional de Tos Alamos, conhecido localmente como 8heFill, a 1olina. Iora o primeiro de sua classe na Academia de Qest /oint, e dois anosdepois concluíra o doutorado em física de alta energia, com uma tese consideradaaltamente sigilosa. Bac3 a lera e n#o entendera por que eles se incomodaram@ asduzentas páginas pareciam ter sido escritas em curdo. Bá se falava em Alan "regorLno mesmo tom que se usava para referir'se a cientistas como -tephen FaX3ing, de1ambridge, ou Ireeman $Lson, de /rinceton. A nica diferen&a era que poucaspessoas sabiam seu nome. Bac3 imaginou se n#o iriam considerar até isso comosegredo de Estado. Está tudo pronto, major "regorLM perguntou um general da Ior&a Aérea.Bac3 notou o tom respeitoso que o oficial usara. "regorL n#o era um simples major. -im, senhor respondeu "regorL com um sorriso nervoso, en!ugando na cal&aas m#os suadas, apesar da temperatura de CD graus abai!o de zero. Era bom saber 

que o rapaz tinha emo&)es. R casadoM quis saber KLan, que n#o se lembrava de ter visto nada sobre issono dossi0. (oivo, senhor. Ela é especialista em ptica de laser, na 1olina. Gamos nos casar no dia tr0s de junho. A voz dele era tr0mula, en'trecortada. /arabénsP A família trabalhando unida, n#o éM brincou Bac3. -im, senhor respondeu distraidamente "regorL, ainda e!aminando ohorizonte a sudoeste. A$-P Bá temos o sinalP anunciou alguém atrás deles. Os culosP avisou uma voz metálica através do alto'falante. 8odos

coloquem a prote&#o ocular.Bac3 assoprou as m#os antes de apanhar os culos de plástico no bolso, onde lherecomendaram que os colocasse para que permanecessem aquecidos. 2esmo

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assim pareceram frios demais ao contato. KLan ficou efetivamente cego. As estrelase a lua haviam desaparecido. KastreandoP Enquadramos o alvo. 7isco!ery estabeleceu a liga&#o. 8odos ossistemas operando.

Aquisi&#o do alvo anunciou outra voz. Hniciar seq60ncia de corre&#o...primeiro alvo enquadrado... circuitos de disparo automático ativados.(#o houve nenhum som para indicar o que tinha acontecido. Não !i nada, pensouKLan, ou !i0 8eve a impress#o fugaz de que alguma coisa... Aer "ue oi ima%ina+ão0 A seu lado, o major soltava o f9lego, aliviado. 8este concluído avisou a voz pelo alto'falante. Bac3 tirou os culos. R s issoM O "ue !imos0 O "ue eles izeram0 -erá que estava t#o por fora,mesmo depois da e!plica&#o, que n#o era capaz de entender o que se passaraperante seus olhosM A luz do laser é quase impossível de ser vista e!plicou "regorL. A essaaltitude, n#o e!iste poeira ou umidade para refleti'la.

Ent#o por que colocamos os culosM R que, se um pássaro estiver na hora e no lugar errados, o impacto poderia ser,bem, algo espetacular. "regorL sorriu, tirando os culos. /oderia ferir os olhos.8r0s mil e duzentos quil9metros acima de suas cabe&as, o 7isco!ery prosseguia emdire&#o ao horizonte. O 9nibus espacial continuaria em rbita por mais tr0s dias,conduzindo <miss)es científicas de rotina<, principalmente estudos oceanográficos,segundo os comunicados distribuídos : imprensa, além de alguma coisa secretapara a 2arinha. Os jornais, que vinham especulando há semanas, afirmavam queera algo relacionado com o rastreamento orbital de submarinos transportadores demísseis. (a verdade, n#o havia melhor maneira de esconder um segredo do queencobri'lo com outro, e os assessores de imprensa da 2arinha, a cada vez queeram procurados para falar sobre o assunto, usavam a rotina do <sem comentários<. IuncionouM indagou Bac3, olhando para cima e tentando avistar o pontoluminoso que indicava a nave de C bilh#o de dlares. /recisamos verificar. O major encaminhou'se para a caminho'nete compintura de camuflagem, estacionada pr!imo a eles, seguido pelo general de tr0sestrelas e por KLan.(o interior do veículo, a temperatura estava mais pr!ima de zero e o oficial chefede seguran&a rebobinava uma fita de vídeo. Onde estavam os alvosM perguntou Bac3. Hsso n#o constava do relatrio. 2ais ou menos a 5D graus sul, *+ graus oeste respondeu o general, enquanto

o major "regorL se debru&ava sobre um monitor de televis#o. R perto das ilhas 2alvinas, n#o éM (a verdade é mais perto da ilha "ergia do -ul corrigiu o general. R umlugar bem sossegado, fora das rotas, e a dist%ncia é adequada.* os so!i&ticos não possuem nenhum arteato de busca de inorma+/es num raio de"uase CCC "uilDmetros, pensou KLan. O teste em -ea ;lipper fora programadopara um momento em que todos os satélites soviéticos se encontrassem abai!o dohorizonte visível. Iinalmente a posi&#o do alvo fora calculada para ser id0ntica :dist%ncia até as instala&)es de mísseis dispostas ao longo da principal ferrovia leste'oeste. Está pronto disse o oficial de seguran&a.

 A imagem na tela n#o estava muito boa, vinha de um %ngulo ao nível do mar,especificamente de uma c%mera postada no convés do ObEser!ation 5sland, umaembarca&#o dotada de instrumenta&#o de longo alcance que retornava de alguns

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testes com mísseis 8rident no oceano Undico. Ao lado do monitor de vídeo, outra telareproduzia a imagem do radar rastreador de mísseis <1obra BudL<, também noObser!aEtion 5sland# Os dois monitores mostravam quatro objetos, dispostos emlinha irregular. (o canto direito da tela, um cron9metro apresentava os nmeros

como numa competi&#o esportiva, com tr0s dígitos : direita da marca dos segundos. AcertouP 7m dos pontos desapareceu numa e!plos#o de luz verde. Errou. (ada de perceptível aconteceu na tela. Errou.Bac3 estava um pouco desapontado com aquilo. $e certa forma, esperara ver raiosde luz pelo céu, como acontecia no cinema. (#o havia partículas suficientes no ar para demarcar a trajetria da linha de energia. Acertou. 2ais um ponto desapareceu na tela. Acertou. Agora s restava um. Errou. Errou. O 'ltimo não "ueria morrer, pensou KLan.

Acertou. 6as acabou morrendo# ― 8empo total@ C segundo e V+ milésimos. 1inq6enta por cento... disse bai!inho o major "regorL. E ele corrigiu a simesmo, n#o foiM O oficial concordou com a cabe&a. IuncionaP >ual o tamanho dos alvosM quis saber Bac3. 8r0s metros. Nal)es esféricos, é claro. "regorL quase n#o conseguia controlar seu entusiasmo. /arecia um garoto a quem o (atal tivesse apanhado de surpresa. O mesmo di%metro de um míssil terra'terra --'CV. Alguma coisa em torno disso desta vez foi o general quem respondeu. Onde está o outro espelhoM $ez mil quil9metros acima, no momento sobre a ilha de Ascens#o. Oficialmenteé um satélite meteorolgico que n#o chegou a alcan&ar sua rbita. O generalsorriu. Eu n#o sabia que podíamos mandar a energia t#o longe. (em ns... O major "regorL riu. Ent#o o que fizeram foi enviar o raio daqui até o espelho do 7isEco!ery, onde foirefletido até o outro espelho sobre o equador, e de lá até o alvoM E!atamente concordou o general. Ent#o o sistema de mira e aquisi&#o de alvo está no outro satélite, é issoM R admitiu secamente o general. Hsto quer dizer que se pode distinguir um alvo de * metros de di%metro a... Bac3 fez mentalmente alguns cálculos C+ +++ quil9metros. (#o sabia que

podíamos fazer isso. 1omo é que conseguimosM R algo que n#o precisa saber replicou com frieza o general. 8iveram quatro tiros no alvo e quatro erros... oito tiros em menos de doissegundos, e o major disse que o sistema de mira corrigiu os erros continuouKLan. 2uito bem, se em vez do alvo fossem quatro mísseis --'CV lan&ados da"ergia do -ul, teriam sido neutralizados pelos disparosM /rovavelmente n#o disse "regorL. Esse gerador de laser produz apenas Dmegajoules. -abe quanto vale C jouleM $ei uma recordada em minha física dos tempos de faculdade antes de vir paracá. 7m joule vale C neXton. metro por segundo, ou +, C+4 quilogramas'for&a, maisalguns quebrados, certoM O outro anuiu. 2uito bem, C megajoule é um milh#o

de vezes maior, o que totaliza... C+4 +++ quilogramas'for&a. Em termos que eu pos'sa entender... 7m megajoule equivale, mais ou menos, a um bast#o de dinamite. A energia real

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transferida no processo equivale a C quilo de e!plosivos, mas os efeitos n#o s#oe!atamente comparáveis. Está me dizendo que o efeito do raio laser n#o é e!atamente queimar o alvo,mas seria mais parecido com um choqueM KLan espremia até os limites seus

conhecimentos técnicos. E!atamente respondeu o general. (a verdade chamamos de <morte por impacto<. 8oda a energia chega em alguns milionési'mos de segundo, muito maisrápido do que uma bala. Ent#o essas histrias de que o polimento especial nos mísseis ou a rota&#oe!agerada podem impedir... "ostei dessa quando ouvi. O major "regorL riu novamente. 7ma bailarinarodopiando em frente a uma espingarda teria o mesmo efeito defensivo. O queacontece é que a energia tem de ir para algum lugar e esse lugar s pode ser ocorpo do míssil. >uase todos os mísseis deles usam combustível líquido, certoM -o efeito do choque hidrostático é suficiente para estourar os tanques de press#o.

;aEbuuml  Acabou'se o míssil. O major sorria como se estivesse descrevendouma pe&a pregada em seu professor. 1erto. Agora quero saber como funciona. Escute, doutor KLan... come&ou o general, logo interrompido por Bac3. "eneral, tenho acesso a -ea ;lipper# O senhor sabe disso, portanto chega derodeios. A contragosto, o general acenou com a cabe&a para o major "regorL, que retomou ae!plica&#o. -enhor, temos cinco laser de C megajoule... OndeM Está na frente de um deles, senhor. Os outros quatro est#o enterrados ao redor deste pico. A ta!a de energia é pulsante, é claro. 1ada um deles emite umapulsa&#o e produz C milh#o de joules em alguns milionésimos de segundo. E em quanto tempo eles recarregamM >uarenta e seis milésimos de segundo. /odemos enviar vinte <tiros< por segundo, em outras palavras. 2as n#o dispararam a essa velocidade. (a verdade n#o precisamos, senhor. O fator limitante presente nesse caso é aprograma&#o do sistema localizador do alvo. Estamos trabalhando nisso. 7m dospropsitos deste teste era realizar uma avalia&#o do sotFare envolvido. -abemosque os laser funcionam, já os temos há tr0s anos. Os raios convergem para um

espelho a apro!imadamente D+ metros para aquele lado, onde s#o convertidos numnico raio. Eles precisam estar... quero dizer, os raios todos precisam estar sintonizados,certoM 8ecnicamente chamamos de :hasedE$rray Gaser ― disse "regorL. 8odos os raios laser t0m de estar perfeitamente em fase. E como diabos conseguem fazer issoM KLan fez uma pausa. $ei!e para lá, eu n#o ia entender mesmo. Ent#o o que temos é um nico raiorefletido por aquele espelho... O espelho é especial. R composto por milhares de segmentos, cada um delescontrolado por um chip piezelétrico, chamado <ptico adaptável<. Enviamos um raio

e!ploratrio ao espelho, que hoje foi emitido pelo 9nibus espacial, e fazemos umaleitura das distor&)es atmosféricas. O computador analisa a maneira como o raio écurvado pela atmosfera e corrige todos os espelhos. - ent#o disparamos o tiro

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verdadeiro. O espelho no 7isco!ery também possui pticos adaptáveis. Kecolhe oraio e o focaliza no satélite'espelho <lyin% ;loud, que o reflete para o alvo. /rontoP E simples assimM espantou'se KLan, sacudindo a cabe&a.-abia que aquela simplicidade s se tornara possível porque nos ltimos dezenove

anos haviam sido gastos 5+ bilh)es de dlares em pesquisa de base, cobrindo vintecampos diferentes s para que aquele teste pudesse ser realizado. Ainda precisamos acertar alguns detalhes acrescentou "regorL. Aquelespequenos detalhes levariam pelo menos cinco anos, e $eussabe quantos bilh)es de dlares a mais. O que interessava era que no momentotinha'se uma chance real de atingir o objetivo. -ea ;lipper n#o era mais um projetonas nuvens depois do teste que haviam presenciado. E foi voc0 o cara que conseguiu nosso avan&o no sistema de localiza&#o do alvo declarou Bac3. $escobriu uma maneira para que o raio gerasse suas prpriasinforma&)es de rastreamento. R mais ou menos isso confirmou o general. $r. KLan, essa parte do

sistema está classificada t#o alto que n#o podemos fornecer mais detalhes semautoriza&#o por escrito. "eneral, o propsito de minha vinda até aqui foi fazer uma avalia&#o desteprograma em rela&#o aos esfor&os soviéticos em armamentos similares. -e quiser que o meu pessoal descubra o que eles est#o fazendo, tenho de saber que diabosprocurarP1omo sua argumenta&#o n#o provocasse nenhuma resposta, KLan encolheu osombros e retirou um envelope do interior do sobretudo, entregando'o ao general. Omajor assistiu : cena, intrigado. Ainda n#o gosta da idéia comentou Bac3, quando o general dobrou odocumento, depois de e!aminá'lo. (em um pouco confessou o general, de cara fechada. "eneral, quando eu estava no 1orpo de Iuzileiros, ninguém nunca disse que eudevia gostar das ordens, s obedecer. KLan mudou de tom ao notar que ogeneral estava a ponto de perder a paci0ncia. Estou do mesmo lado que osenhor. /ode continuar, major "regorL disse por fim o general /ar3s. Eu chamo de@ <a dan&a dos leques do algoritmo< come&ou "regorL,assumindo o tom entusiasmado de um garoto e!plicando seu projeto na feira deci0ncias. (#o demorou a e!por a idéia básica por trás do funcionamento. - issoM comentou KLan, verdadeiramente impressionado com a simplicidade

do raciocínio, consciente de que cada especialista em computa&#o no projeto -ea;lipper devia ter se perguntado por que n#o pensara naquilo. (#o era : toa quechamavam aquele "regorL de g0nio. Ele tinha feito um avan&o enorme natecnologia do laser em -tonL Nroo3 e depois disso aperfei&oara o sotFare# ― Rsimples mesmoP R verdade, senhor, mas demorou quase dois anos para entrar em condi&)es defuncionamento, e um computador 1raL'4 para conseguir desenvolv0'lo numavelocidade compatível com as necessidades. Ainda temos mais algum trabalho pelafrente, depois de analisar o que saiu errado esta noite. Acho que levaremos unsquatro ou cinco meses para colocar tudo em ordem. E qual será o pr!imo passoM

1onstruir um laser de D megajoules. 7m outro grupo já está pr!imo desta fase.Buntaremos vinte deles e poderemos enviar um pulso de C++ megajoules vinte vezespor segundo, e atingir qualquer alvo que desejemos. A energia de impacto será da

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ordem de, digamos, 4+ a *+ quilos de e!plosivos. E isso derruba qualquer míssil que alguém possa construir. -im, senhor. "regorL sorriu, satisfeito. Ent#o o que está me dizendo, major... é que -ea ;lipper funcionaP

Ele está dizendo que validamos a arquitetura do sistema atalhou o general. $esde que come&amos, cinco anos atrás, havia onze barreiras técnicas. Agorae!istem apenas tr0s, e em mais cinco anos n#o restará nenhuma. Ent#o poderemoscome&ar a construí'lo. As implica&)es estratégicas... KLan interrompeu'se, a mente trabalhando comrapidez. 2eu $eusP Gai mudar o mundo afirmou /ar3s. -abe que est#o fazendo a mesma coisa em $ushanbeM -ei admitiu o major. E sei também que eles devem ter conseguido resolver algum problema que ainda n#o solucionamos.KLan concordou. O rapaz era esperto o suficiente para saber que e!istiam outros

mais espertos. Aquilo era muito bom. 1avalheiros, no helicptero que me trou!e e!iste uma maleta. -erá que podiampedir para que alguém a traga até aquiM 8rou!e algumas fotografias de satélite quev#o achar interessantes... >uando foram tiradas essas fotografiasM indagou o general /ar3s cincominutos mais tarde. Fá uns dois dias informou Bac3.O major "regorL continuou e!aminando as imagens por mais algum tempo antes dese pronunciar. Acho que temos aqui duas instala&)es ligeiramente diferentes. 1hamamos desparse array# Essa disposi&#o esparsa he!agonal com os seis pilares é umtransmissor. A constru&#o no centro da estrutura deve ser projetada para abrigar seisgeradores laser. Os pilares s#o bandejas opticamente estáveis para os espelhos. Oraio laser é emitido no interior da constru&#o e se reflete nos espelhos, que s#ocontrolados por computador para concentrar os raios no alvo. O que quer dizer com <opticamente estáveis<M perguntou KLan. Os espelhos precisam ser controlados com um alto grau de precis#o, senhor e!plicou "regorL. Hsolando completamente o meio, eliminam'se as vibra&)esprovenientes de um carro passando, e até do andar de um homem. -e o espelhobalan&ar, mesmo por uma fra&#o da freq60ncia do raio laser, o efeito se alteracompletamente. Aqui usamos montagens especiais contra choque, para aumentar o

fator de isolamento. R uma técnica originalmente desenvolvida em submarinos.1erto até aquiM Essa outra disposi&#o em losango deve ser o receptor. O qu0M O raciocínio de Bac3 pareceu ter esbarrado em uma barreira depedra. Gamos dizer que voc0 queira fazer uma boa fotografia de alguma coisa. >uerodizer, boa mesmo, com alto poder de resolu&#o. (esse caso usa'se o laser comofonte de ilumina&#o para tirar a foto. 2as... por que quatro espelhosM /orque é mais barato e mais fácil construir quatro espelhos pequenos do que umgrande. "regorL fez uma pausa. /or outro lado, talvez estejam tentando obter uma imagem holográfica em tr0s dimens)es. -e puderem manter por muito tempo

os raios em fase... é possível, pelo menos teoricamente. Ainda precisariam resolver mais alguns pontos delicados, mas os soviéticos gostam desses desafios... >ueidéiaP Os olhos do major brilharam. 7ma idéia muito interessante. /reciso

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depois pensar nisso. Está me dizendo que eles construíram tudo isso s para tirar fotografias denossos satélitesM (#o, senhor. 2as podem usá'lo para fazer isso, se quiserem. E uma cobertura

perfeita. 7m sistema que consiga rastrear e fotografar um satélite em rbitageoestacionária pode com certeza derrubar um em rbita mais pr!ima : 8erra. -epensar nesses quatro espelhos como um telescpio, é s lembrar que um telescpiopode servir de lente a uma c%mera, ou servir de mira num fuzil. >uer dizer que seriaum timo sistema de mira. >uanta energia é fornecida a esse laboratrioM A pot0ncia atual fornecida pela barragem é alguma coisa em torno de D++megaXatts. KLan abai!ou a fotografia que estivera e!aminando. 2as... Est#o instalando novas linhas elétricas completou o major. /or qu0M A usina geradora tem dois andares, desse %ngulo n#o dá para ver. /arece queest#o ativando a metade superior agora. Hsto iria elevar a pot0ncia total de pico paraC C++ megaXatts apro!imadamente.

>uanto dessa pot0ncia vai para as instala&)es. 1hamamos esse lugar de Nach esclareceu Bac3. 8alvez uns C++megaXatts. O resto vai para 2ozart, a cidade que fica na eleva&#o seguinte. O quesignifica que est#o dobrando a pot0ncia. R muito mais do que isso, senhor observou "regorL. A menos que dobremo tamanho da cidade, podemos presumir que toda a pot0ncia restante vai para osgeradores laser.Bac3 quase engasgou. ;omo & "ue eu não pensei nisso antes0 O que estou querendo dizer continuou o major é que v#o injetar mais D++megaXatts no sistema. 2eu $eus, e se eles conseguiram algum avan&o na área depot0nciaM R muito difícil saber o que está se passando láM $0 uma olhada nas fotos e me diga se acha fácil infiltrar alguém no local sugeriu KLan. Oh... e!clamou "regorL, desanimado. R que seria muito bom saber quantaenergia eles conseguem colocar na ponta do seu sistema. Fá quanto tempo esselugar e!iste, senhorM Fá mais ou menos quatro anos, mas ainda n#o está pronto. 2ozart é nova. Atépouco tempo atrás os trabalhadores estavam alojados em barracas e instala&)esprovisrias. 1ome&amos a reparar quando os apartamentos foram construídos aomesmo tempo que as cercas de seguran&a. >uando os soviéticos paparicam seustrabalhadores, sabemos que o projeto tem prioridade total. -e possui cercas e torres

de vigia, sabemos que é militar. 1omo encontraram o lugarM Ioi por acidente. A Ag0ncia estava revendo alguns dados meteorolgicos sobre a7ni#o -oviética e um dos técnicos decidiu fazer uma análise em computador dosmelhores locais para observa&)es astron9micas. Este é um deles. (os ltimosmeses, o tempo tem se apresentado encoberto, mas geralmente lá é t#o claroquanto aqui. O mesmo vale para -arL -hagan, -emipalatins3, e o mais novo,-torozhevaLa. KLan espalhou novas fotos sobre a bancada. Eles andam ocupados por lá... Nom dia, 2isha cumprimentou o marechal da 7ni#o -oviética $mitri8imofeLevich Wazov.

/ara o senhor também, camarada ministro da $efesa respondeu o coronelIilitov.7m sargento ajudou o ministro a tirar o sobretudo, enquanto outro entrou com uma

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bandeja contendo um servi&o de chá. Ambos se retiraram quando o coronel abriusua pasta. Ent#o, 2ishaM 1omo está o meu dia hojeMWazov serviu duas !ícaras de líquido fumegante. Ainda estava escuro fora do prédio

do 1onselho de 2inistros. O perímetro interno das paredes do ;remlin estavailuminado por l%mpadas branco'azuladas e as sentinelas apareciam e desapareciamcomo borr)es escuros nos focos de luz sobre a neve. /arece um dia bem cheio, $mitri 8imofeLevich respondeu 2isha. Fojetemos a delega&#o que veio da esta&#o e!perimental do 8adjiquist#o.Wazov n#o era o homem que $mitri 7stinov fora, mas Iilitov precisava admitir queele come&ava o dia como um verdadeiro soldado. Wa'zov havia iniciado a carreiracomo oficial de tanques, e, embora nunca se tivessem encontrado durante a guerra,cada um conhecia a reputa'&#o do outro. 2isha era melhor oficial de combate, e ospuristas afir'mavam que ele representava o mesmo que um oficial de cavalaria davelha'guarda, embora Iilitov odiasse cavalos $mitri Wazov logo ficara famoso como

organizador, revelando'se um oficial de gabinete muito hábil também em política. Antes de mais nada, Wazov era um homem devotado ao /artido, de outra forma jamais teria conseguido o posto de marechal. Ah, Estrela Nrilhante. A reuni#o está marcada para hoje. Acad0micos resmungou 2isha. Eles n#o reconheceriam uma arma deverdade nem que tivessem uma encostada na bunda. O tempo das lan&as e sabres já passou, 2i3hail -emLonovich declarou Wazovcom um sorriso. -em possuir o brilhante intelecto de 7stinov, o atual ministrotampouco era um tolo, como seu predeces'sor -ergeL -o3olov. -ua falta deconhecimentos na área de engenharia era contrabalan&ada por um reconhecimentodos méritos das novas armas e uma perspicácia incomum para o pessoal doE!ército soviético. Essas inven&)es s#o e!traordinariamente promissoras. R claro. Eu s gostaria que tivéssemos um soldado dirigindo o projeto, e n#oesses professores de olhos esbugalhados. 2as o general /o3rLsh3in,.. Ele era um piloto de ca&a. Eu disse um soldado, camarada ministro. /ilotosapoiam qualquer coisa que tenha bot)es e reloginhos. Além do mais, /o3rLsh3in tempassado mais tempo sentado nas bibliotecas das faculdades do que em assentos deavi)es. Acho que nem voa mais. /o3rLsh3in dei!ou de ser um soldado há dez anos,e agora é procurador dos mágicos. 8ambém está construindo lá o seu impérioparticular mas é melhor dei!ar esse assunto para outro dia.

"ostaria de ser designado para uma nova miss#o, 2ishaM perguntouargutamente Wazov. (#o essa, muito obrigado riu Iilitov. O que estou tentando dizer, $mitri8imofeLevich, é que o progresso conseguido em Estrela Nrilhante fica... empanadopelo fato de n#o termos um militar de verdade no comando. Alguém que entenda assutilezas de combate e que saiba o que deve ser esperado de uma arma. Estou entendendo o que quer dizer assentiu o ministro pensativamente,balan&ando a cabe&a. Eles raciocinam em termos de instrumentos em lugar dearmas. Hsso é verdade. Iico preocupado com a comple!idade do projeto. >uantas partes mveis possui esta nova montagemM (#o tenho idéia. 2ilhares, eu suponho,

7m instrumento n#o se transforma numa arma até que possa ser manejado por um soldado raso... bem, pelo menos por um tenente. Alguém de fora do projeto fezum estudo de viabilidadeM perguntou Iilitov.

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(#o que eu me lembre. Ai= está, $mitri 8imofeLevich declarou Iilitov, apanhando sua !ícara de chá. (#o acha que o /olitburo pode vir a interessar'se por issoM Até agora eles t0maprovado fundos para esse projeto e!perimental, mas... O coronel deu um

pequeno gole. Eles v0m para obter mais verbas a fim de tornar o projetooperacional, e ns n#o temos nenhuma avalia&#o independente de viabilidade. E o que voc0 faria para resolver istoM Obviamente n#o tenho capacidade para faz0'lo. Estou muito velho e n#o tenhoos conhecimentos necessários, mas e!istem alguns jovens coronéis brilhantes noministério, especialmente na se&#o de sinaliza&#o. (#o s#o oficiais combatentes,mas s#o soldados, e bastante competentes para analisar essas pequenasmaravilhas eletr9nicas. 2as é apenas uma sugest#o, camarada ministro. Iilitovachou melhor n#o insistir muito. Favia plantado a semente de sua idéia, e Wazov eramuito mais fácil de manipular do que 7stinov. E quanto aos problemas em 1helLabins3, com os tanquesM indagou Wazov,

mudando de assunto.Ortiz observou o Arqueiro subindo o morro a V++ metros de dist%ncia. $ois homense dois camelos. 1ertamente n#o seriam tomados por algum comando deguerrilheiros. (#o que aquilo importasse muito, porque os soviéticos haviamchegado a um ponto em que atacavam praticamente tudo que se movesse. GaLacom $ios. Nem que eu tomaria uma cerveja reclamou o capit#o. Ortiz voltou'se para ele. 1apit#o, a nica coisa que me permite negociar com esses homens e obter sucesso é que vivo como eles vivem. Observo suas leis e as respeito, e issosignifica@ n#o beber nada alcolico, n#o comer porco e respeitar as mulheres deles. 2erdaP resmungou o oficial. Esses selvagens ignorantes n#o... 1apit#oP cortou Ortiz. $a pr!ima vez que disser isso, ou mesmo pensar em voz alta, será o seu ltimo dia aqui. Essas pessoas est#o trabalhando para ns earranjando coisas que n#o podemos con'seguir em nenhum outro lugar. Goc0 irátratá'los com todo o respeito que merecem. Está claroM -im, senhor. >ue merdaP Esse cara virou um fanático mu&ulma'no de tantoviver como esses <negros da areia<

$A Raosa Cansada

E impressionante... se se conseguir adivinhar o que est#o fazendo. Bac3 bocejou. Favia tomado o mesmo transporte da Ior&a Aérea de Tos Alamospara AndreXs, e seu sono estava novamente atrasado. (#o sabia lidar com aquilo,como das outras vezes em que acontecera. Esse rapaz, o "regorL, é espertocomo o diabo. $emorou mais ou menos dois segundos para identificar a instala&#oem Nach, praticamente com as mesmas palavras do pessoal do (/H1, o 1entro (a'cional de Hnforma&)es Iotográficas. 1om a diferen&a de que os técnicos do (/H1haviam levado quatro meses e preparado tr0s relatrios para chegar :s mesmasconclus)es. Acha que ele pertence ao grupo de avalia&#oM quis saber o almirante "reer. -enhor, isso seria como perguntar se queremos um cirurgi#o numa sala de

opera&)es. A propsito, ele gostaria que infiltrássemos alguém em Nach. Bac3girou os olhos nas rbitas.O almirante quase dei!ou cair sua !ícara.

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Esse garoto deve ver muitos filmes de ;ung'fu. R bom saber que alguém ainda acredita em ns brincou Bac3, assumindo umtom sério depois. $e qualquer forma, "regorL quer saber se eles fizeram algumavan&o com a pot0ncia de saída do laser. $esculpe, acho que o termo correto é

throughput. Ele suspeita de que a maior parte da pot0ncia adicional produzida pelahidrelétrica vai para Nach.Os olhos de "reer se estreitaram. Esse é um mau pensamento. Acha que ele tem raz#oM E!iste muita gente competente em tecnologia de laser do lado de lá, senhor.(i3olaL Nosov, lembre'se, desde que ganhou o /r0mio (obel, vem se dedicando :pesquisa de armamento laser, ao lado de WevgeniL Geli3hov, que é um ativista dapaz e o chefe do Hnstituto Taser é o filho de $mitri 7stinov, por $eusP A instala&#o deNach é um emissor sparse arraL laser, com certeza. /recisamos determinar aindaque tipo de laser est#o usando. O rapaz acha que é do tipo elé tron livre, mas diz queé apenas uma suposi&#o. Iez cálculos que mostravam as vantagens de montar os

dispositivos nessa montanha, onde ficariam acima de metade da atmosfera, esabemos quanta energia é necessária para fazer algumas das coisas que elesquerem. $isse que vai tentar reconstituir os dados no computador, para ver sedescobre a quantidade total de energia do sistema. A estimativa será pessimis'ta.1onsiderando tudo o que o major "regorL disse e a recente fase de acabamentodas instala&)es residenciais em 2ozart, teremos de presumir que o local vai entrar em fase de teste formal e avalia&#o num futuro pr!imo, talvez até operacional emdois ou tr0s anos. -e isso acontecer, Hv# pode ter em pouco tempo um laser capazde riscar do espa&o um de nossos satélites. O major diz que provavelmente seráuma morte atenuada, apagando as lentes das c%meras e as células fo'tovoltaicas.2as o pr!imo passo... 1erto. Estamos mesmo numa corrida. >ual é a chance de que Kitter e o pessoal de Opera&)es consigam descobrir alguma coisa no interior de uma das constru&)es em NachM Acho que posso discutir com ele as possibilidades disse "reer sem muitaconvic&#o, mudando a seguir de assunto@ Goc0 parece um pouco cansado.KLan entendeu a mensagem@ ele n#o precisava saber o que o pessoal deOpera&)es iria fazer. 8odas essas viagens foram muito cansativas. -e n#o se importa, senhor, gostariade ser dispensado pelo resto do dia. /arece justo. Gejo voc0 amanh#, ent#o. 2as antes... Bac3M Kecebi um

telefonema do pessoal da 1omiss#o de Galores 2obiliários. Ah, eu já tinha esquecido deles. Bac3 inclinou a cabe&a. Tigaram para mimlogo antes da viagem a 2oscou. -obre o qu0M R sobre uma das companhias da qual possuo a&)es, os agentes est#o sendoinvestigados por compra e venda internamente. 1omprei minhas a&)es ao mesmotempo que eles, e a 1omiss#o quer saber como foi isso. E como foiM quis saber "reer. A 1HA já tinha esc%ndalos sufi'cientes, e oalmirante n#o queria nenhum come&ando em seu setor. Alguém me deu um palpite de que aquela poderia ser uma companhiainteressante para investir, e quando fui verificar descobri que a prpria empresa

estava comprando suas a&)es. Hsso tudo é legal, chefe. 8enho as cpias dosrelatrios em casa, porque fa&o tudo isso por computador... Nem, pelo menos faziaantes de vir trabalhar no $eparta'mento, e tenho cpias impressas de todos os

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dados. (#o infringi nenhuma regra, senhor, e posso provar. Gamos tentar resolver tudo nos pr!imos dias sugeriu "reer. -im, senhor.1inco minutos depois, Bac3 estava em seu carro. O percurso até sua casa em

/eregrine 1liff foi mais fácil do que normalmente, levando apenas cinq6enta minutosem vez de uma hora e quinze. 1athL estava trabalhando, como sempre, e ascrian&as estavam na escola -allL em -t. 2arL=s e Bac3 na pré'escola. KLanserviu'se de um copo de leite na cozinha. >uando terminou de beber, subiu asescadas, tirou os sapatos e caiu na cama, sem ao menos se incomodar em tirar acal&a.O coronel "ennadL Hosifovich Nondaren3o, do -ervi&o de 1omunica&)es doE!ército, estava sentado em frente a 2isha, as costas eretas e orgulhoso, e t#o jovem quanto se esperava de um oficial de campanha. (#o se mostrava nem umpouco intimidado pelo coronel Iilitov, que possuía idade suficiente para ser seu pai ecujo passado era uma verdadeira lenda viva no 2inistério da $efesa. Ent#o era esse

o vetera'no guerreiro que participara de praticamente todas as batalhas de tanquesdurante os primeiros dois anos da "rande "uerra /atritica. Giu nos olhos dohomem a tempera que a idade e a fadiga jamais apagariam, e reparou na falta demovimento no bra&o direito, lembrando'se de como tinha acontecido. $iziam que ovelho 2isha ainda visitava as fábricas de tanques com alguns homens de seu antigoregimento, para verifi'car se o controle de qualidade dos tanques ainda correspondiaaos padr)es estabelecidos e certificar'se de que seus frios olhos azuis ainda eramcapazes de distinguir e acertar o alvo da cadeira do artilheiro. Nondaren3o tinha umaespécie de respeito por esse homem, que era um e!emplo entre os soldados, eacima de tudo sentia'se orgulhoso por usar o mesmo uniforme que ele. Em que posso servi'lo, coronelM perguntou ele a 2isha. -ua ficha diz que voc0 é muito bom com aparelhos eletr9nicos, "ennadLWosifovich. Iilitov apontou uma pasta de arquivo sobre sua mesa. E meu trabalho, camarada coronel. Nondaren3o era mais do que <muito bom<,ambos sabiam disso. Ele ajudara a desenvolver rniras a laser para os campos debatalha, e até pouco tempo atrás estivera envolvido com um projeto de utiliza&#o delaser em vez de radiotransmissores para tornar mais seguras as comunica&)es nalinha de frente. O que estamos a ponto de discutir foi classificado como ultra'secreto. O jovemcoronel concordou gravemente e Iilitov continuou. $urante os ltimos anos, oministério vem financiando um projeto chamado Estrela Nrilhante... o nome em si

também é sigiloso, é claro. -eu objetivo original é obter fotografias de alta resolu&#odos satélites ocidentais, embora quando completamente desenvolvido seja capaz decegá'los... ao tempo em que tal a&#o seja politicamente desejável. O projeto édirigido por acad0micos e por um e!'piloto de ca&a da $efesa Aérea... Esse tipo deinstala&#o infelizmente fica sob a autoridade das for&as de defesa aérea. Eupessoalmente teria preferido que fossem dirigidas por um verdadeiro soldado, mas...2isha parou e fez um gesto em dire&#o ao teto. Nondaren3o sorriu emconcord%ncia. /olítica, comunicaram'se ambos em sil0ncio. R de espantar que seconsiga realizar alguma coisa. O ministro deseja que voc0 voe até lá e fa&a uma avalia&#o do potencial dosarmamentos nas instala&)es, particularmente sob o ponto de vista de viabilidade. -e

vamos tornar esse local operacional, seria bom sabermos se a merda toda vaifuncionar na hora em que precisarmos dela.O jovem oficial concordou pensativamente, enquanto sua mente disparava. Aquela

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era uma miss#o para a qual fora escolhido mais do que isso. $everia responder ao ministro através de seu mais confiável au!iliar. -e fizesse um bom trabalho, teriaa insígnia pessoal do ministro no palet. Aquilo lhe garantiria estrelas de general, umapartamento maior para a família, boa educa&#o para os filhos e muitas das coisas

pelas quais lutava havia anos. 1amarada coronel, devo presumir que eles sabem da rninha idaM 2ishagargalhou ruidosamente. R assim que o E!ército Germelho faz agoraM Avisam as pessoas quando elas v#opassar por uma inspe&#oM (#o, "ennadL Hosifovich, se vamos avaliar viabilidades,devemos fazer a inspe&#o de surpresa. 8enho uma carta aqui para voc0 do prpriomarechal Wazov. -erá mais do que suficiente para que possa passar pelaseguran&a... A seguran&a do local está a cargo de seus colegas da ;"N informou2isha friamente. Gai lhe permitir acesso a todas as depend0ncias da instala&#o.-e tiver qualquer tipo de dificuldade, telefone para mim imediatamente. /osso ser encontrado neste nmero. 2esmo se estiver na sauna, meu chofer virá me chamar.

A que nível de detalhes deve chegar a avalia&#o, camarada coronelM O suficiente para que um velho piloto de tanques como eu possa entender todaessa feiti&aria que andam fazendo por lá declarou 2isha. Acha que temcondi&)es de entender tudo aquiloM -e n#o tiver, o senhor será informado, camarada coronel. Era uma boaresposta, reparou 2isha. Nondaren3o iria longe. E!celente, "ennadL Hosifovich. Eu prefiro mesmo que um ofi'cial me diga quen#o sabe, em vez de tentar me impressionar com um monte de mudnLa. Nondaren3o entendeu muito bem a mensagem. 1irculavam boatos de que o tapetedo escritrio do coronel era vermelho'ferrugem do sangue de oficiais que tentaramenganá'lo e passar por cima dele. >uando pode partirM -#o muito grandes as instala&)esM -#o. Acomodam quatrocentos acad0micos e engenheiros, mais uns seiscentoshomens do pessoal de apoio. /ode levar uma semana para fazer sua avalia&#o avelocidade no caso n#o é t#o importante quanto a precis#o. (esse caso vou colocar mais um uniforme na bagagem. /osso estar a caminhoem duas horas. E!celente. Está dispensado. 2isha abriu uma nova pasta.1omo geralmente acontecia, 2isha trabalhou alguns minutos a mais do que oministro. 8rancou os documentos pessoais no cofre, e o res', tante foi levado por ummensageiro, cujo carrinho rodou em dire&#o aos Arquivos 1entrais, alguns metros

ao longo do corredor. O mesmo mensageiro lhe entregou um bilhete, informandoque o coronel Nondaren3o havia embarcado no v9o C?*+ da Aeroflot para $ushanbee que ele providenciara transporte terrestre do aeroporto civil até Estre'la Nrilhante.Iilitov prometeu'se lembrar de parabenizar Nondaren3o por sua argcia. 1omomembro da corregedoria interna do ministério, ele poderia ter requisitado transporteespecial e voado até o aeroporto militar da cidade, mas o oficial de seguran&a emEstrela Nrilhante sem dvida teria lá alguns de seus homens, que informariam achegada de tal v9o. $a forma como foi feito, um coronel de 2oscou poderiaperfeitamente passar pelo que geralmente eram os coronéis na capital garotos derecados. Aquilo ofendia Iilitov. 7m homem que trabalhara duro o suficiente paraobter o posto de comandante de um regimento que era o melhor trabalho em

qualquer E!ército n#o devia ser um escravo de gabinete a preparar bebidas paraseu general. 2as sabia também que era assim que a coisa funcionava em qualquer organiza&#o militar. /elo menos Nondaren3o teria a chance de e!perimentar seus

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dentes naqueles vadios do 8adjiquist#o.Iilitov levantou'se e apanhou o casaco. 7m momento depois, com a maletapendendo da m#o direita, saiu do escritrio. -eu secretário um oficial deseguran&a automaticamente apanhou o interfone e chamou a garagem para que

o carro estivesse pronto. Bá estava aguardando quando 2isha saiu pela porta dafrente.>uarenta minutos depois, Iilitov vestia roupas confortáveis. A televis#o ligadatransmitia qualquer coisa absurda o suficiente para ter vindo do Ocidente. 2ishasentou'se sozinho : mesa da cozinha. Ao lado de sua refei&#o noturna, uma garrafaaberta de meio litro de vodca. 1omia salsicha, p#o preto e vegetais em conserva,uma refei&#o n#o muito diferente das que partilhara em campanha com seus ho'mens, duas gera&)es antes. $escobrira depois que seu est9mago se dava melhor com aquele tipo de comida do que com pratos mais delicados, um fato queconfundira o pessoal do hospital durante sua ltima crise de pneumonia. $epois decada mordida, dava um pequeno gole na vodca, olhando para as persianas,

reguladas de forma a permitir que se visse através das janelas. As luzes da cidadede 2oscou brilhavam, além dos incontáveis ret%ngulos amarelos das janelas deapartamentos.Ele conseguia lembrar'se dos odores : vontade. O cheiro vi&oso da boa terra russa,o aroma delicado da grama verde, entremeados com os vapores desagradáveis doleo diesel, e acima de tudo o fedor ácido da plvora dos canh)es do tanque, quepermanecia no macac#o, n#o importando quantas vezes se tentasse lavá'lo. /araum piloto de tanques essa mistura era o cheiro de combate, isso e o cheiro maisdesagradável dos veículos em fogo e das tripula&)es no interior. -em olhar, elelevantou a salsicha e cortou um peda&o generoso, trazendo'o : boca com a faca.Olhava pela janela, como se fosse uma tela de televis#o, e o que en!ergava era ovasto e distante horizonte colorido pelo p9r'do'sol e colunas de fuma&a que seelevavam em meio ao verde e azul, alaranjado e marrom. A seguir, uma mordida nate!tura rica e mais compacta do p#o preto. 1omo sempre acontecia nas noitesanteriores :s ocasi)es em que cometia trai&#o, os fantasmas voltavam para visitá'lo.6ostramos a eles, não oi, camarada capitão0, perguntou uma voz fa'tigada.<omos obri%ados a recuar, cabo, ele ouviu a prpria voz responder. 6as pelo menosmostramos a esses cabe+asEdeEmerda "ue não podem brincar com os nossos -EH?#I muito bom esse pão "ue !oc4 roubou, cabo#)oubei0 6as, camarada capitão, & um trabalho muito pesado deender essesazendeiros, não &0

* d muita sede, não acha, cabo0I !erdade, camarada# O cabo riu. $as costas, uma garrafa foi passada para bai!o.(#o era a vodca produzida pelo Estado, e sim -amo'gan, o destilado caseiro que2isha conhecia muito bem. 8odo russo verdadeiro que fosse consultado diria queadorava o sabor, embora ninguém o tocasse se houvesse vodca por perto. 2esmoassim, no momento -amogan era o que desejava, ali em solo soviético,compartilhado com o que restava das tropas de tanques que resistiam entre uma fa'zenda estatal e os panzers de "uderian.*les !ão atacar outra !ez pela manhã, afirmou o piloto.E amanhã estouramos mais al%uns tan"ues cinza, completou o carregador.7epois do "u4, 2isha n#o falou em voz alta, recuamos mais >C "uilDmetros# A1 >C 

"uilDmetros### se ti!ermos sorte no!amente, e se o "uartelE%eneral conse%uir controlar as coisas melhor do "ue izeram esta tarde# 7e "ual"uer maneira, estaazenda amanhã !ai estar al&m das linhas alemãs ao pDrEdoEsol# 6ais terreno

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 perdido#(#o era um pensamento que se dissesse aos homens. 2isha limpoucuidadosamente as m#os antes de desabotoar o bolso da tnica. Agora chegara ahora de alimentar a alma.

6uito delicada, observou o cabo, olhando por sobre o ombro do capit#o pelacentésima vez, como sempre com uma ponta de inveja. 7elicada como cristal# * umilho tão bonito o senhor tem# Aorte para o senhor, camarada capitão, "ue ele seja parecido com a mãe# *la & tão pe"uenina, como & "ue pode ter %erado um rapaz tão %rande desse jeito e não ter se machucado07eus sabe como, foi sua resposta inconsciente. Era muito estranho que depois dealguns dias de guerra até o ateu mais convicto invocasse o nome de $eus. 2esmoalguns dos comissários, para divertimento dos soldados.Voltarei para !oc4, prometeu ele : fotografia. (em "ue tenha de passar por todo o*x&rcito alemão, atra!&s de todos os o%os do inerno, eu !oltarei para !oc4, *lena#(esse instante chegou o correio, uma ocorr0ncia cada vez mais rara na frente de

batalha. Favia apenas uma carta para o capit#o Iilitov, mas a te!tura do papel e adelicada caligrafia denunciavam sua import%ncia. Ele abriu o envelope com o fiobrilhante da faca de combate e e!traiu a carta t#o cuidadosamente quanto o permitiusua pressa, para n#o manchar as palavras do seu amor com a gra!a do tanque debatalha. -egundos depois levantou'se de um salto e gritou para as estrelas no céudo crepsculo.-erei pai novamente na primaveraP $eve ter sido naquela noite da partida, tr0ssemanas antes de come&ar essa loucura...(#o estou surpreso, disse o cabo alegremente. $epois da fodida que demos nosalem#es hojeP Esse e= o homem que lidera essa tropa. (osso ca'pit#o é umverdadeiro garanh#oPGoc0 é um grosso, cabo Komanov. -ou um homem casadoPEnt#o talvez eu possa me p9r no lugar do camarada capit#oM, perguntou o caboesperan&oso, passando novamente a garrafa. A mais um bom fílho, e : sade desua bela mulher. Tágrimas de alegria brilhavam nos olhos do homem, uma alegriamisturada : tristeza de saber que apenas uma sorte muito grande permitiria que elefosse pai. 2as ele nunca diria tal coisa. Komanov era um bom soldado e um bomcamarada, pronto para comandar seu prprio tanque.E Komanov conseguira seu prprio tanque, recordou 2isha, observando ocrepsculo em 2oscou. Em GLasma, ele ousadamente colocara seu tanque entre oindefeso 8'*5 de seu capit#o e um 2ar3'HG alem#o que atacava, salvando a vida do

comandante enquanto a sua prpria terminava num turbilh#o de labaredasalaranjadas. Ale3seL HlLch Komanov, cabo do E!ército Germelho, ganhou naqueledia a Ordem da Nandeira Germelha. 2isha imaginou se seria uma compensa&#o justa para com a m#e pelos olhos azuis e pelas sardas do filho. A garrafa de vodca estava agora tr0s quartos vazia, e, como ele fize'ra tantas vezes,2isha solu&ava, sozinho em sua mesa.8antas mortes...Esses idiotas no Alto 1omandoP Komanov assassinado em GLasma. Hva'nen3operdido perto de 2oscou. O tenente Abashin em ;har3ov... 2ir'3a, o belo poeta, odelicado e sensível j+vem oficial que tinha o cora&#o e a coragem de um le#o, mortoenquanto liderava o quinto contra'ataque, mas livrando a rota de fuga para que

2isha passasse com o resto do regi'mento através do $onets antes que o marteloalem#o caísse sobre eles.E sua Elena, a ltima de todas as vítimas... 8odos mortos n#o pelo inimigo, mas pela

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brutalidade indiferente da prpria 2#e /átria.2isha tomou um ltimo e longo gole da garrafa a sua frente. (#o era a 2#e /átria.(#o a Kodina, nunca a Kodina. Ioram os putos desumanos que...Tevantou'se e cambaleou em dire&#o ao quarto, dei!ando acesas as luzes da sala

de estar. O relgio na cabeceira marcava h5D, e alguma parte distante do cérebrode 2isha encontrou conforto no fato de poder dormir nove horas para recuperar'sedos abusos que infligira ao que tinha sido um corpo magro e resistente, que tinhasuportado e até se desenvolvido sob as desgastantes condi&)es das prolonga'das opera&)es de combate. 2as o stress que 2isha suportava agora fazia ocombate parecer férias, e seu subconsciente parecia se alegrar com a certeza deque logo tudo terminaria, e o descanso viria fi'nalmente.1erca de meia hora depois, um carro passou pela rua. (o assento do passageiro,uma mulher levava seu filho de um jogo de hquei para casa. Rla olhou para cima ereparou que as luzes de uma certa janela estavam acesas e as persianas abertas.O ar era rarefeito. Nondaren3o levantou :s D horas em ponto, como sempre fazia,

vestiu o abrigo de malha e tomou o elevador para descer de seu quarto de hspede,no décimo andar. /or um instante ficou surpreso os elevadores funcionavam. Hssosignificava que os técnicos podiam ir e vir percorrendo as instala&)es, dia e noite.Nom, pensou o coronel.-aiu do prédio com uma toalha pendurada ao pesco&o e consultou o relgio. Iranziuas sobrancelhas ao come&ar. Em 2oscou ele tinha uma rotina matinal regular dee!ercícios, uma dist%ncia medida entre os quarteir)es da cidade. Ali n#o podia ter certeza da dist%ncia, quando terminariam os D quil9metros habituais. Nem eleencolheu os ombros , aquilo era esperado. 1ome&ou em dire&#o ao leste. A vista,ele observou, era de tirar o f9lego. Rm breve o sol iria levantar'se, mais cedo do queem 2oscou, em virtude da menor latitude, e os picos recortados das imponentesmontanhas estavam delineados em vermelho, como dentes pontiagudos de drag#osorriu interiormente. -eu filho mais novo gostava de desenhar drag)es.O v9o no qual chegara terminara de forma espetacular. A lua cheia havia iluminado aplanície deserta de ;ara ;um sob o avi#o e ent#o a paisagem arenosa acabaranum monumental pared#o que parecia construído pelos deuses. (o espa&o de *graus de longitude, o relevo mudara de planícies com *++ metros de altitude parapicos de D +++ metros. $e seu vantajoso ponto de observa&#o pudera notar o brilhode $ushanbe, cerca de ?+ quil9metros a noroeste. $ois rios, o ;afir'nigan e o-ur3handarLa, passavam ao lado da cidade de meio milh#o de habitantes, e, comoum homem a meio caminho da volta ao mundo, o coronel Nondaren3o perguntou'se

por que a cidade teria surgido aqui, e que histria antiga provocara tal aparecimentoentre os rios alimentados pelas montanhas. 1ertamente parecia um local inspito,mas talvez as longas caravanas de camelos bactrianos descansassem ali, ou talveztivesse sido o cruzamento de estradas, ou... interrompeu seu devaneio. Nondaren3opercebeu que s estava adiando seu e!ercício matinal. Amarrou a máscara cirrgicasobre a boca e o nariz, como prote&#o contra o ar frígido. O coronel come&ou aslongas fle!)es de joelhos para aquecer os msculos, depois esticou as pernascontra a parede antes de partir correndo num passo fácil e lento.Hmediatamente notou que respirava mais fortemente do que o normal através dotecido da máscara no rosto. Era a altitude, claro. Nem, aquilo encurtaria um pouco oe!ercício. O prédio de apartamentos já ficara para trás e ele olhou : direita,

passando pelo que seu mapa indicava como lojas de aparelhos e artigos pticos. AltoP gritou uma voz em tom de urg0ncia.Nondaren3o praguejou. (#o gostava nem um pouco de interromper seus e!ercícios

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matinais. Especialmente, notou ele, por quem usasse as ombreiras verdes da ;"N.Espi)es... assassinos... brincando de soldados. O que foi, sargentoM -eus papéis, por favor, camarada. (#o estou reconhecendo voc0. /or sorte a

esposa de Nondaren3o havia costurado vários bolsos noagasalho (i3e que conseguira obter no <mercado cinza< de 2oscou, um presentepor seu ltimo aniversário. O coronel manteve as pernas em movimento enquantoentregava sua identifica&#o. >uando chegou o camarada coronelM indagou o sargento. E o que pensaque está fazendo a esta hora da manh#M Onde está seu oficialM retrucou Nondaren3o. (o posto principal, a 5++ metros naquela dire&#o. O sargento apontou. Ent#o venha comigo, sargento, e falaremos com ele. 7m coronel do E!ército-oviético n#o dá e!plica&)es a sargentos. Gamos indo, acho que precisa de umpouco de e!ercício tambémP desafiou ele, pondo'se em movimento.

O sargento devia ter por volta de 4+ anos, mas usava um pesado sobretudo ecarregava o fuzil e o cinto de muni&#o. $epois de 4++ metros, "ennadL ouviu'oresfolegando. Aqui, camarada coronelP balbuciou o jovem um minuto depois. (#o devia fumar tanto, sargento observou Nondaren3o. >ue diabos está acontecendo aquiM berrou um tenente da ;"N de trás de suaescrivaninha. -eu sargento me desafiou. -ou o coronel ". H. Nondaren3o e estou fazendominha corrida matinal. 7sando roupas ocidentaisM E o que voc0 tem a ver com as roupas que eu uso quando fa&o e!ercícioM 5diota8 Aer "ue pensa "ue os espi/es azem cooper0 1oronel, sou o oficial do turno na seguran&a. (#o o reconhe&o, e meussuperiores n#o me alertaram sobre sua presen&a."ennadL enfiou a m#o em outro bolso e tirou de lá seu passe especial de visitante, junto com a identifica&#o. Estou aqui na qualidade de representante especial do ministro da $efesa. Opropsito de minha visita n#o é assunto de sua al&ada. Aqui represento a autoridadepessoal do marechal da 7ni#o -oviética $. 8. Wazov. -e tiver mais alguma pergunta,pode chamá'lo diretamente neste nmero telef9nico.O tenente da ;"N leu escrupulosamente os documentos de identifica&#o para

certificar'se de que eram o que lhe fora dito. /or favor, desculpe'me, camarada coronel, mas temos ordens de levar a sério asmedidas de seguran&a. Além do mais, é fora do comum por aqui encontrarmos umhomem em roupas ocidentais correndo ao amanhecer. /resumo que também seja fora do comum seus soldados correrem a qualquer hora observou secamente Nondaren3o. (a verdade quase n#o há espa&o aqui no alto da montanha para um regimeapropriado de treinamento físico, camarada coronel. R mesmoM Nondaren3o sorriu enquanto retirava um pequeno bloco e um lápisde um dos bolsos na perna. $iz que leva a seguran&a a sério, mas n#o cumpreas normas de treinamento físico para seus soldados. 2uito obrigado pela

informa&#o, camarada tenente. $iscutiremos esse assunto com seu oficialcomandante. /osso ir agoraM 8ecnicamente tenho ordens para escoltar todos os visitantes oficiais...

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Espl0ndidoP "osto de companhia quando corro. -erá que o senhor teria abondade de me acompanhar, tenenteMO oficial da ;"N estava numa armadilha e sabia disso. 1inco minutos mais tarde,ele bufava como um pei!e fora dágua.

>ual é a principal amea&a : seguran&aM perguntou Nondaren3omaliciosamente, pois n#o diminuiu a marcha. A fronteira afeg# fica a apenas CC+ quil9metros naquela dire&#o apontou otenente com a respira&#o entrecortada. Eles enviam ocasionalmente algunsagressores fora da lei ao territrio soviético, como talvez tenha ouvido falar... Eles fazem contato com os cidad#os locaisM (#o, ao que saibamos, mas essa é uma preocupa&#o. A popula&#o local é emgrande parte mu&ulmana. O tenente come&ou a tossir. "ennadL parou. (esse ar gelado descobri que usar uma máscara ajuda disse ele. Esquentaum pouco o ar antes que seja respirado. Endireite o corpo e respire profundamente,camarada. -e pretende levar t#o a sério as disposi&)es de seguran&a, voc0 e seus

homens deveriam estar em boa forma física. /osso garantir que os afeg#es est#o.$ois inver'nos atrás passei muito tempo com os comandos especiais -perznaz,perseguindo'os por mais de meia dzia de montanhas miseráveis. (#o conseguimosapanhá'los. 2as eles nos apanharam, ele n#o disse. Non'daren3o nuncaesquecera aquela emboscada. (#o puderam usar helicpterosM (em sempre eles podem voar com tempo ruim, meu jovem camarada, e em meucaso tentávamos provar que também podíamos lu'tar nas montanhas. Aqui temos patrulhas circulando o dia inteiro, é claro.Ioi alguma coisa na maneira como ele disse aquilo que incomodou Nondaren3o, e ocoronel prometeu'se verificar esse ponto mais tarde. >uanto já corremosM $ois quil9metros estimou o tenente. A altitude dificulta mesmo as coisas. Genha, vamos andar de volta. O nascer dosol era espetacular. A esfera flamejante elevava'se sobreuma montanha sem nome a leste, e sua luz descia pelas encostas mais pr!imas,perseguindo vagarosamente as sombras pelos vales profundos e desérticos. Aquelas instala&)es n#o eram um objetivo fácil, mesmo para os bárbaros edesumanos mudjahidin. As torres de vigia eram bem localizadas, com amploscorredores de tiro que se estendiam por vários quil9metros. (#o usavam holofotes,em considera&#o aos civis residentes, mas os dispositivos para vis#o noturna eram

uma escolha melhor de qualquer maneira, e ele tinha certeza de que os soldados da;"N os utilizavam. Além disso, ele deu de ombros, a seguran&a do local n#o era omotivo que o trazia ali, embora fosse uma boa desculpa para esmiu&ar os detalhesda seguran&a da ;"N. /osso saber como obteve essa roupa de e!ercíciosM perguntou o oficial da;"N assim que voltou a respirar em ritmo normal. R um homem casado, camarada tenenteM -ou, sim, camarada coronel. /essoalmente n#o costumo interrogar minha esposa sobre onde ela comprapresentes de aniversário para mim. 2as n#o sou um che'3ista. Nondaren3o fezalgumas fle!)es para demonstrar que era, entretanto, um homem melhor.

1oronel, embora nossos deveres n#o sejam e!atamente os mesmos, ambosservimos a 7ni#o -oviética. -ou um oficial jovem e ine!periente, como o senhor mesmo já dei!ou claro. 7ma das coisas que me perturbam é a rivalidade

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desnecessária entre o E!ército e a ;"N.Nondaren3o voltou'se para encarar o tenente antes de responder@ 2uito bem observado, meu jovem camarada. 8alvez se lembre desse sentimentoalgum dia, quando usar estrelas de general.

$ei!ou o tenente da ;"N de volta ao seu posto e voltou rapidamente ao prédio deapartamentos, a brisa gelada amea&ando congelar o suor sobre seu pesco&o.Entrou e tomou o elevador. -em surpresa, constatou que :quela hora da manh# n#ohavia água quente para seu banho matinal de chuveiro. O coronel suportou o frio,que ajudou a espantar os ltimos vestígios de sono, barbeou'se e vestiu'se antes decaminhar para a cantina, a fim de tomar a primeira refei&#o.Ele n#o precisava chegar antes das horas ao ministério, e no caminho havia umbanho turco. 7ma das coisas que Iilitov aprendera ao longo dos anos fora que nadapodia curar uma ressaca e clarear a cabe&a melhor do que o vapor. Bá tinha práticasuficiente. -eu sargento levou'o aos Nanhos -andunovs3i, na ;uznets3L 2ost, aseis quarteir)es do ;remlin. (#o estava sozinho, mesmo :quela hora da manh#. 7m

punhado de outras pessoas presumivelmente importantes subia as escadarias demármore que levavam :s instala&)es de primeira classe agora n#o maischamadas assim, é claro do segundo andar, desde que milhares de moscovitaspartilhavam com o coronel tanto seu mal quanto sua cura. Alguns deles erammulheres, e 2isha con'jeturou se as instala&)es femininas seriam muito diferentesdas que ele estava a ponto de usar. Era estranho. Ginha :quele lugar desde quandoingressara no ministério, em C5*, e nunca dera uma espiada na ala das mulheres.Bem, a%ora estou !elho demais para isso#-eus olhos estavam injetados de sangue e pareciam pesados enquanto o coronel sedespia. (u, apanhou uma volumosa toalha na pilha que havia pr!imo : saída, maisum punhado de ramos de vidoeiro. Iilitov respirou o ar puro e frio do vestiário antesde abrir a porta que levava as salas de vapor. O piso que fora inteiramente demármore agora apresentava grandes remendos feitos com azulejos alaranjados./odia lembrar'se da época em que o assoalho estivera praticamente intacto, $oishomens nos seus D+ anos discutiam sobre alguma coisa, provavelmente política./odia ouvir as vozes e!altadas acima do assobio ao vapor saindo da grande cai!aque ocupava o centro da sala. 2isha contou mais cinco homens, as cabe&asinclinadas, cada um deles curtindo a ressaca numa solid#o mal'humorada. Escolheuum assento na fileira da frente e sentou'se. Nom dia, camarada coronel cumprimentou uma voz, a D metros de dist%ncia. Hgualmente, camarada acad0mico respondeu 2isha ao companheiro de

banho. Apertava fortemente com as m#os o fei!e de ramos enquanto esperava que o suor come&asse. (#o demorou muito a temperatura ambiente alcan&ava + grauscentígrados. Ele respirava cuidadosamente, como faziam os mais e!perientesfreq6entadores. As aspirinas que havia tomado com o chá matinal come&avam afazer efeito, embora a cabe&a ainda parecesse pesada, e os seios nasaisestivessem latejando. Nateu levemente as folhas contra as costas, como se assime!orcizasse os venenos do corpo. 1omo está esta manh# nosso heri de -talingradoM insistiu o acad0mico. >uase t#o bem quanto nosso g0nio do 2inistério da Educa&#o respondeu 2isha, provocando uma gargalhada.

(unca conseguia lembrar direito o nome do sujeito... HlLa Gladimi'rovich >ualquer coisa. >ue tipo de idiota riria daquele jeito durante uma ressacaM O homem disseraque bebia por causa da mulher. Voc4 bebe para se li!rar dela, não &0 Voc4 se %aba

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das !ezes em "ue trepou com a secretria, en"uanto eu daria minha alma por maisum olhar ao rosto de *lena# * ao rosto dos meus dois ilhos, disse a si mesmo.6eus dois belos ilhos# (#o havia problema em lembrar'se daquelas coisas em taismanh#s.

O :ra!da de ontem falava das negocia&)es sobre armamentos insistiu ohomem. Alguma esperan&a de progressoM (#o tenho a menor idéia respondeu 2isha.O atendente entrou. Era jovem, por volta de 4D anos, e de bai!a estatura. 1ontou ascabe&as no recinto. Alguém deseja alguma bebidaM perguntou ele. Neber era absolutamenteproibido nos banhos, mas, como diria qualquer russo de verdade, aquilo smelhorava o sabor da vodca. (##oP veio a resposta em coro dos freq6entadores. (inguém pareciainteressado em curar a mordida com o veneno, reparou 2isha, levemente surpreso.Nem, ainda estavam no meio da semana. (uma manh# de sábado teria sido

diferente. 2uito bem disse o atendente retirando'se em dire&#o : saída. 8emos toalhas limpas aqui fora e o aquecedor da piscina já foi consertado. (adar é um timo e!ercício, camaradas. Tembrem'se de usar os msculos que est#oaquecendo e ficar#o refrescados pelo resto do dia. 2isha olhou para o rapaz. *ntãoesse & o no!o homem# /or que será que eles t0m que ser t#o alegres assimM perguntou um homemno canto. Ele está alegre porque não é um velho b0badoP respondeu um outro. Aquiloprovocou um coro de gargalhadas. 1inco anos atrás a vodca n#o me dei!ava assim disse o primeiro homem. /ara mim, o controle de qualidade já n#o é o mesmo. (em o seu fígado, camaradaP Envelhecer é uma coisa terrível.2isha olhou para trás a fim de ver quem havia falado. Era um homem que malatingira seus D+ anos, cuja barriga inchada tinha a cor de pei!e morto e que fumavaum cigarro, também infringindo as regras. 7ma coisa mais terrível ainda é n#o envelhecer, mas voc0s jovens se esquecemdissoP disse ele automaticamente, perguntando'se a seguir por qu0.1abe&as se voltaram e viram as cicatrizes em seu peito e nas costas. 2esmo os quen#o sabiam quem era 2i3hail -emLonovich Iilitov perceberam que aquele n#o era

um homem do qual se zombasse. 2isha permaneceu mais dez minutos em sil0ncioantes de sair.O atendente estava ao lado de fora da porta quando ele saiu. O coronel passou'lheo fei!e de ramos e a toalha usada, depois foi até os chuveiros de água fria. $ezminutos depois, sentia'se um novo homem, sem a dor e a depress#o causadas pelaressaca, o cansa&o ultrapassado. Gestiu'se rapidamente e desceu as escadas até ocarro, que estava esperando. O sargento notou a mudan&a no andar do coronel eperguntou'se o que havia de t#o revigorante em ficar cozinhando como um peda&ode carne.O atendente tinha sua prpria tarefa. Ao perguntar novamente sobre as bebidas umminuto depois, descobriu que duas pessoas na sala de vapor tinham mudado de

idéia. /assou pela porta traseira do edifício, em dire&#o a uma pequena loja, cujoproprietário ganhava mais dinheiro com a venda clandestina de bebidas do quelavando roupas a seco. O atendente voltou com uma garrafa de meio litro de <Godca<

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n#o havia nenhuma marca nela@ a premiada -tolLchnaLa era vendida apenas forado país e para a elite a um pouco mais do que o dobro do pre&o de mercado. Arestri&#o nas vendas das bebidas alcolicas havia criado um novo e e!tremamentelucrativo campo no mercado negro. O atendente também passara um pequeno

cartucho de filme, que seu contato lhe passara entre os ramos de vidoeiro. $e suaparte, o atendente dos banhos também se sentia aliviado agora. Aquele era o seunico contato. (#o sabia o nome do homem e dissera a frase em cdigo, com omedo natural de que essa parte da rede da 1HA em 2oscou estivesse infiltrada pelodepartamento de contra'espionagem da ;"N, o temido -egundo $iretrio. -ua vidaestava comprometida e ele sabia disso. 2as precisava fazer alguma coisa. $esde oano que passara no Afeganist#o, as coisas que vira e as que fora obrigado a fazer...Hmaginou por um instante quem seria aquele velho com as cicatrizes, mas lembrou asi mesmo que sua identidade e o teor da informa&#o n#o eram assuntos de suaal&ada. A pequena loja de limpeza a seco servia principalmente a estrangeiros, uma clientela

de reprteres, e!ecutivos e uns poucos diplomatas, além de alguns soviéticose!travagantes, querendo proteger as roupas adquiridas fora do país. 7ma mulher que parecia pertencer a este ltimo grupo apanhou um sobretudo ingl0s, pagou *rublos e saiu. Andou duas quadras até a mais pr!ima esta&#o de metr9, desceupela escada rolante e tomou o trem da linha [hdanovs3o ;rasnopresnens3aLa,que era marcada em cor prpura nos mapas locais. O trem estava cheio, e ninguéma viu passar o filme. (a verdade, ela mesma n#o viu o rosto do homem. /or sua vez,ele desceu na esta&#o seguinte, /ush3ins3aLa, e atravessou para a esta&#o"or=3ovs'3aLa. 2ais uma transfer0ncia foi realizada dez minutos depois, desta vezpara um americano a caminho da embai!ada, um pouco atrasado naquela manh#,tendo permanecido até tarde na recep&#o diplomática na noite anterior.-eu nome era Ed IoleL ele era adido : imprensa na embai!ada na 7litsa1haL3ovs3ogo. Ele e sua mulher, 2arL /at, outra agente da 1HA, residiam em2oscou havia quase quatro anos, e ambos ansiavam em sair daquela cidadeaustera e cinzenta de uma vez por todas. 8inham dois filhos, a quem já haviam sidonegados cachorros'quentes e jogos de bola por tempo suficiente.(#o que ambos n#o fossem bem'sucedidos em seu dever. Os russos sabiam que a1HA utilizava um certo nmero de duplas marido'mulher em campo, mas a idéia deque espi)es levassem suas crian&as para o e!terior n#o era uma coisa que ossoviéticos aceitassem com facilidade. Favia ainda a quest#o da cobertura. Ed IoleLfora reprter no NeF Jork -imes antes de ingressar no $epartamento de Estado

porque, como e!plicava ele, o pagamento era apro!imadamente o mesmo, e umreprter policial nunca viajava mais longe do que ao /resídio de Attica. -ua esposapassava a maior parte do tempo em casa com as crian&as embora quandonecessário trabalhasse como professora'substituta no 1olégio Anglo'Americano, nonmero ?V da Avenida T0nin , freq6entemente saindo com elas na neve. O filhomais velho jogava hquei no time juvenil, e os agentes da ;"N que costumavamsegui'los tinham anotado em seus arquivos que EdXard IoleL HH era um ponta'esquerda muito bom. O pior aborrecimento do governo soviético com a família tinhaa ver com a curiosidade desordenada do IoleL mais velho a respeito dos crimes nasruas da capital, que era na pior das hipteses um eco das atividades anteriores em(ova Wor3. 2as isso s vinha provar que ele era relativamente inofensivo. Ele de'

monstrava uma curiosidade bvia demais para ser qualquer tipo de agente secreto.Eles, afinal de contas, faziam o possível para passar despercebidos.IoleL percorreu a pé os poucos quarteir)es da esta&#o do metr9 até a embai!ada.

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 Acenou educadamente para o miliciano que guardava os port)es sobriamentedecorados, depois para o sargento dos fuzileiros navais no interior antes de entrar em seu escritrio. (#o era mui'to. A embai!ada fora descrita oficialmente no Noletimdo $epartamento de Estado da 7K-- como <acanhada e de manuten&#o difícil<. O

mesmo autor provavelmente chamaria um st#o semidestruído na pior parte doNroo3lLn de <cobertura<, pensou IoleL. (a ltima reforma da embai!ada, refizeramseu escritrio a partir de um depsito de vassouras e materiais de limpezatransformado numa minscula sala de trabalho isolada com pouco mais do que Cmetro quadrado de área. O antigo depsito de vassouras, entretanto, tornara'se suac%mara escura, sendo esse o motivo pelo qual um homem da 1HA ocupava aqueleaposento em particular durante os ltimos vinte anos, embora IoleL fosse o primeirochefe de setor a ocupá'lo.1om apenas ** anos, alto e bastante magro, EdXard IoleL era um irland0s de>ueens cuja intelig0ncia brilhante, combinada a uma ta!a e!traordinariamente bai!ade batimentos cardíacos e um rosto ine!pressivo de jogador de p9quer, ajudara'o a

abrir caminho além das montanhas FolL 1ross, no 1olorado. Kecrutado pela 1HA noltimo ano de faculdade, passara quatro anos no -imes para construir uma <histria<pessoal. Era lembrado na reda&#o como um reprter competente, um tantopregui&oso, capaz de se esmerar em seus te!tos, mas que n#o chegaria a lugar nenhum. -eu editor n#o se importara nem um pouco em perd0'lo para o servi&o dogoverno, desde que em seu lugar entrara um recém'formado da Iaculdade deBornalismo de 1o'lmbia que tinha faro e disposi&#o para descobrir notícias. O atualcorrespondente do -imes em 2oscou o descrevera aos colegas como intrometido, ebastante aborrecido por sinal, fazendo assim um dos mais almejados elogios noramo da espionagem@ .uem, ele0 Não & esperto o suficiente para ser espi#o. /or essa e várias outras raz)es é que IoleL estava encarregado do agente local maisantigo e mais produtivo da Ag0ncia, o coronel 2i3hail -emLonovich Iilitov, nome decdigo@ 1ardeal. O prprio codinome, é claro, era secreto de tal maneira que apenascinco pessoas no interior da Ag0ncia sabiam que significava mais do que umreligioso de chapéu vermelho, com categoria diplomática principesca. A informa&#o que vinha diretamente do 1ardeal era considerada Hnforma&#oEspecial\E!clusiva'$elta e s seis funcionários tinham acesso a $elta em todo ogoverno americano. A cada m0s a palavra'cdigo para receber os dados eraalterada. O nome naquele m0s era 1E8H2, para o qual menos de vinte homensestavam liberados. 2esmo sob esse título, os dados eram invariavelmenteparafraseados e sutilmente alterados depois de saírem da fraternidade $elta.

IoleL retirou o filme do bolso e trancou'se na sala escura. /oderia efetuar todos ospassos do processo de revela&#o mesmo que estivesse b0bado e com sono. (averdade tinha feito aquilo algumas vezes. Em seis minutos o trabalho estavarealizado, e IoleL limpou'se meticulosamente. -eu antigo editor em (ova Wor3 teriaficado surpreso com tanto capricho.IoleL seguia procedimentos que haviam permanecido inalterados por quase trintaanos. E!aminou os seis negativos e!postos com uma lupa do tipo usado paraobservar dispositivos de *D milímetros. $ecorou cada quadro em poucos segundose come&ou a datilografar uma tradu&#o em sua prpria máquina de escrever portátil.Era um modelo mec%nico, cuja fita de algod#o estava muito gasta e n#o seria til aninguém, principalmente : ;"N. 1omo muitos reprteres, IoleL n#o era um bom

datilgrafo. -uas páginas continham muitos erros cobertos pela letra <Y<. O papelera quimicamente tratado e n#o se podia usar nenhum tipo de borracha. Tevouquase duas horas para terminar a transcri&#o dos dados. >uando acabou, verificou

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cuidadosamente o te!to original nos negativos para certificar'se de que n#oesquecera de nenhum dado, nem cometera erros gramaticais graves. -atisfeito, mascom um tremor do qual nunca conseguira se livrar, amassou a tira de celulide numabolinha, colocou'a num cinzeiro de metal, onde um fsforo de madeira destruiu as

nicas evid0ncias diretas da e!ist0ncia do 1ardeal. Ent#o ele fumou um charutopara disfar&ar o odor típico de celulide queimado. As páginas datilografadas,dobradas, foram para seu bolso, e IoleL subiu as escadas em dire&#o : sala decomunica&)es da embai!ada. Tá, ele e!pediu um comunicado inocente para a cai!apostal 5C+V, $epartamento de Estado, Qashington@ <Kefer0ncia seu comunicado de4 de dezembro. Kelatrio de despesas a caminho via malote. IoleL. Iinal<. 1omoadido : Hmprensa, IoleL precisava recolher muitas notas de bares de e!'colegas queo encaravam com uma simpatia que ele n#o se preocupava em retribuir tinha defazer vários relatrios de despesas para os <almofadinhas< de IoggL Nottom, edivertia'se grandemente com o fato de que seus colegas de imprensa trabalhassemtanto para manter'lhe a imagem de cobertura. A seguir, IoleL foi ao encontro do

correio'residente da embai!ada. Embora poucos soubessem, aquele era um aspectoda vida em 2oscou que n#o se havia alterado desde a década de *+. -empre haviaum mensageiro para levar o malote, embora atualmente ele tivesse também outrasincumb0ncias. O mensageiro era uma das quatro pessoas na embai!ada quesabiam para qual ag0ncia do governo IoleL realmente trabalhava. Oficial deseguran&a reformado do E!ército, ele tinha uma medalha de 2érito 2ilitar e quatrocondecora&)es por ferimentos em combate, em acidentes de v9o nos campos debatalha do Gietn#. >uando sorria, fazia'o : maneira soviética, usando a boca, masquase nunca os olhos. Está a fim de ir para casa esta noiteM Os olhos do homem brilharam. 1om a final do campeonato de futebol americano neste domingoM EstábrincandoP /asso na sua sala :s quatroM 1ombinado. IoleL fechou a porta e voltou para seu escritrio. O mensageiroreservou um lugar no v9o das C?h5+ pela Nritish AirXaLs, para o Aeroporto deFeathroX. A diferen&a de fusos horários entre Qashington e 2oscou garantia que asmensagens de IoleL chegassem : capital americana de manh# bem cedo. Js h++,um agente da 1HA entrou na sala de correspond0ncia do $epartamento de Estado eapanhou as mensagens de uma dzia de cai!as diferentes, e prosseguiu em seucarro para TangleL. Geterano agente de campo no $iretrio de Opera&)es, estavaimpedido de realizar miss)es no e!terior em virtude de um ferimento recebido em

Nudapeste onde um delinq6ente de rua lhe fraturara a cabe&a, tendo sidotrancafiado por cinco anos pela irada polícia local. -e eles soubessem, pensou oagente, teriam dado uma medalha ao cara# Entregou as mensagens aos escritrioscorrespondentes e foi para o prprio gabinete.O formulário estava sobre a escrivaninha de Nob Kitter quando ele chegou, :s ?h4D.Kitter era o vice'diretor de Opera&)es da Ag0ncia. -eu setor, tecnicamentedenominado $iretrio de Opera&)es, incluía todos os agentes de campo da 1HA, etodos os cidad#os estrangeiros que recrutavam e empregavam como agentes. Amensagem de 2oscou como sempre havia mais que uma, mas aquela era a quecontava foi imediatamente colocada em seu arquivo particular, e Kitter preparou'se para a reuni#o diária das Vh++, realizada todos os dias pelos oficiais do plant#o

noturno. Entre, está aberto. Em 2oscou, IoleL levantou os olhos ao ouvir as batidas naporta. O mensageiro entrou.

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O avi#o sai em uma hora. /reciso me apressar.IoleL abriu uma gaveta e apanhou o que parecia ser uma cara cigar'reira de prata./assou'a ao mensageiro, que a apanhou com delicadeza antes de colocá'la nobolso de dentro do palet. As páginas datilografadas estavam dobradas no interior,

 juntamente com uma pequena carga pirotécnica. -e a cai!a de prata fosse aberta demaneira n#o adequada, ou sofresse uma acelera&#o violenta como uma quedaao ch#o , a carga e!plodiria e destruiria o papel inflamável no interior. /oderiatambém incendiar o terno do mensageiro, o que e!plicava o carinho ao manusear acai!a. $evo estar de volta na ter&a'feira de manh#. >uer que lhe traga alguma coisa,senhor IoleLM Eu soube que saiu um novo livro de Iar -ide... Hsso produziu uma gargalhada,pelo trocadilho entre <ar Aide, <fac&#o oposta<, e o nome IorsLth, do escritor deromances de espionagem. 8udo bem, vou verificar. /ode me pagar na volta.

Ia&a uma viagem segura, Augie.7m dos motoristas da embai!ada levou Augie "iannini para o Aeroporto-heremetLevo, a *+ quil9metros de 2oscou, onde o passaporte diplomático domensageiro permitiu que ele passasse pelos postos de controle e fosse diretamenteao avi#o da Nritish AirXaLs destinado ao Aeroporto de FeathroX. Ele subiu para osetor da segunda classe, ao lado direito da aeronave. O correio diplomáticoacomodou'se na poltrona pr!ima : janela, com "iannini na poltrona do meio. Osv9os para fora de 2oscou raramente estavam lotados, e a poltrona : sua esquerdapermanecia vazia. O Noeing come&ou a mover'se pontualmente no horário. Ocomandante anunciou a hora e o destino do v9o, e a aeronave come&ou a ta!iar pela pista. (o momento em que dei!ou o solo soviético, os cento e cinq6entapassageiros aplaudiram, como sempre acontecia. Era um fato que divertia omensageiro. "iannini apanhou um livro de bolso e come&ou a ler. (#o podia beber durante o v9o, é claro, e muito menos dormir, e decidiu esperar pelo jantar no v9oseguinte. A aeromo&a, entretanto, conseguiu servir'lhe uma !ícara de café.8r0s horas depois, o ?5? aterrissou no Aeroporto de FeathroX. 2ais uma vez,"iannini passou diretamente pelo controle alfandegário. -endo um homem quepassava mais tempo no ar do que muitos pilotos comerciais, tinha acesso livre :ssalas de espera de primeira classe na maioria dos aeroportos do mundo. Aliaguardou por uma hora a chegada de outro ?5? para o Aeroporto Hnternacional$ulles, em Qashington.

 Atravessando o Atl%ntico, o correio saboreou um jantar da /an Am e assistiu a umfilme que ainda n#o tinha visto, o que acontecia cada vez mais raramente. >uandoacabou seu livro, o avi#o fazia as manobras de aterrissagem em $ulles. Omensageiro passou a m#o no rosto, tentando lembrar'se que horas seriam emQashington. >uinze minutos mais tarde, entrava num Iord n#o identificado a servi&odo governo, que seguiu para sudeste. Augie ia na frente para poder esticar aspernas. >ue tal o v9oM quis saber o motorista. O mesmo de sempre@ chat1!ski# /or outro lado, era melhor do que realizar miss)es de resgate e salvamento no Gietn#. O governo pagava a ele 4+ +++ por anopara sentar'se nos avi)es e ler livros, o que, combinado : sua aposentadoria do

E!ército, lhe permitia um padr#o de vida razoável. (unca chegara a incomodar'sepensando sobre o que carregava na mala diplomática, ou na pequena cai!inhametali'ca que transportava no bolso. Estava convencido de que era uma perda de

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tempo de qualquer forma. O mundo n#o mudara tanto assim. Está com a cai!aM perguntou o homem no banco traseiro. 1laro. "iannini enfiou a m#o no bolso e passou a cai!a ao companheiro comambas as m#os.

O agente da 1HA recebeu a cai!a, usando as duas m#os, enfiando'a num recipienteforrado de espuma. O agente era um instrutor do $epartamento de -ervi&os8écnicos, parte do $iretrio de 1i0ncia e 8ecnologia. O setor realizava um bocadode trabalho burocrático, mas esse agente especial era perito em armadilhas ee!plosivos em geral. Em TangleL, ele tomou o elevador para o escritrio de Kitter eabriu a pequena cai!a sobre a escrivaninha, depois voltou : sua sala sem olhar ocontedo.Kitter foi até sua copiadora Yero! e produziu várias cpias dos papéis datilografadospor IoleL, os quais foram queimados em seguida. (#o tanto por medida deseguran&a, mas por simples precau&#o. Kitter n#o queria um ma&o de materialinflamável em seu escritrio. 1ome&ou a ler antes mesmo de terminar todas as

cpias. 1omo sempre, balan&ou a cabe&a para a esquerda e para a direita no finaldo primeiro parágrafo. O vice'diretor de Opera&)es andou até a escrivaninha epressionou o bot#o do intercomunicador em linha com o escritrio do diretor. Está ocupadoM O pássaro pousou. /ode subir respondeu a voz do juiz 2oore sem demora. (ada era maisimportante do que informa&)es do 1ardeal.Kitter apanhou o almirante "reer no caminho, e os dois entraram no espa&osoescritrio do diretor da Ag0ncia 1entral de Hnforma&)es. A gente tem que adorar esse cara disse Kitter, passando os papéis. Eleconseguiu convencer Wazov a mandar um coronel até Nach para fazer um <estudode viabilidade< do sistema inteiro. Esse coronel Nondaren3o deve preparar umrelatrio sobre o funcionamento de tudo, usando vocabulário leigo para que oministro possa entender e relatar aos colegas do /olitburo. (aturalmente eleencarregou 2isha de ajudá'lo, e portanto o relatrio passa antes pela mesa dele. Esse garoto que o KLan foi ver... "regorL, se n#o me engano... ele queria quens infiltrássemos um agente em $ushanbe disse "reer, sorrindo. KLan dissea ele que era impossível. Stimo. 8odos sabem como é aquele pessoal do $iretrio de Opera&)es. 8odaa 1HA tinha um orgulho perverso do fato de que apenas os fracassos chegavam aosnoticiários.O $iretrio de Opera&)es necessitava particularmente da ve!a&#o pblica que a

imprensa atribuía a eles. As falhas da ;"N nunca chamavam tanto a aten&#o quantoas das 1HA, e essa imagem pblica era amplamente aceita, até mesmo pelacomunidade de informa&)es soviética. (unca ocorreu a ninguém que os vazamentosde informa&#o fossem propositais. Eu gostaria muito que alguém dissesse a 2isha que e!istem agentes audaciosose agentes velhos disse o juiz 2oore. 2as muito poucos agentes velhos eaudaciosos, Ele é um homem muito cuidadoso, chefe disse Kitter. R, eu sei. O diretor olhou para os papéis.7esde a morte de 7mitri <edoro!ich, est tudo dierente no 6inist&rio da 7eesa, leuo diretor.  s !ezes eu me per%unto se o marechal Jazo! le!a a s&rio os no!os

a!an+os tecnol1%icos, mas a "uem posso conidenciar minhas d'!idas0 Aer "ue aK2B acreditaria em mim0 :reciso ordenar meus pensamentos antes de azer "ual"uer acusa+ão# 6as posso "uebrar al%umas re%ras de se%uran+a###

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:or&m "ue escolha me resta0 Ae não puder documentar minhas d'!idas, "uem iracreditar em mim depois0 * uma coisa diícil "uebrar re%ras de se%uran+a, mas ase%uran+a do *stado ica acima de tais re%ras# I preciso# Assim como os poemas épicos de Fomero sempre iniciavam com uma invoca&#o da

2usa, as mensagens do 1ardeal invariavelmente come&avam dessa maneira. Aidéia se desenvolvera no final da década de +. As mensagens do 1ardealcome&avam como fotografias de seu diário pessoal. Os russos s#o diaristasinveterados. A cada vez que ele come&ava, e!pressava seu cri de coeur eslavo,e!primindo suas preocupa&)es pessoais com as decis)es políticas do 2inistério da$efesa. Algumas vezes e!pressava inquieta&#o com a seguran&a de determinadoprojeto, ou desempenho de um novo tanque ou aeronave. A cada caso, os detalhestécnicos de um equipamento ou de uma decis#o política eram descritosminuciosamente, mas sempre focalizando um suposto problema burocrático interior do ministério. -e algum dia o apartamento de Iilitov fosse revistado, seu diário seriaencontrado facilmente, com certeza n#o escondido como faria um espi#o, e,

enquanto quebrava definitivamente algumas regras de seguran&a, seria certamenteadvertido por isso, mas havia pelo menos a chance de ser bem'sucedido em suadefesa. Ou essa era a idéia geral..uando eu ti!er o relat1rio de Bondarenko, em mais uma ou duas semanas, tal!ez  possa persuadir o ministro de "ue esse projeto & muito importante para a )odina,finalizava o 1ardeal. Ent#o parece que eles fizeram mesmo progressos quanto : pot0ncia de saída dolaser comentou Kitter. O termo em uso é throu%hput ― corrigiu "reer. /elo menos foi o que Bac3 medisse. As notícias n#o s#o muito boas, cavalheiros. ] o seu olho agu&ado para detalhes, Bames declarou Kitter. 2eu $eus, oque acontece se eles chegarem lá primeiroM 8ambém n#o é o fim do mundo. Tembre'se de que s#o precisos dez anos paradesenvolver o sistema depois que o conceito for validado, e eles ainda n#o est#onem perto disso afirmou o diretor. O céu n#o está caindo sobre nossascabe&as ainda. Aliás, isso pode até trabalhar a nosso favor, n#o acha, BamesM -e 2isha conseguir uma descri&#o utilizável do avan&o deles, sim. (a maioriadas áreas estamos mais avan&ados que eles respondeu o vice'diretor deHnforma&)es. KLan vai precisar disso para fazer seu relatrio. Ele n#o está liberado para essas informa&)esP reclamou Kitter. Ele já e!aminou as informa&)es $elta antes lembrou "reer.

7ma vez. - uma vez, e tivemos uma boa raz#o para fazer isso... E verdade queele se saiu muito bem para um amador. Bames, n#o há nada aqui que ele possautilizar, a n#o ser que temos raz#o para suspeitar de que Hv# conseguiu um...throu%hput na área de pot0ncia. Aliás, aquele rapaz, o "regorL, já suspeita disso.$iga a KLan que confirmamos as suspeitas através de outras fontes. Buiz, o senhor pode dizer pessoalmente ao presidente que alguma coisa está acontecendo, mas épreciso esperar umas semanas. R bom n#o entrar em detalhes por algum tempo. /arece razoável anuiu o juiz 2oore. "reer cedeu sem discutir. Agora restava a tenta&#o de mencionar que aquela seria a miss#o mals importantedo 1ardeal, porém isso seria dramático demais para os tr0s e!ecutivos de altoscargos além do mais, o 1ardeal proporcionara : 1HA um bom volume de

informa&)es importantes ao longo dos anos. O juiz 2oore releu os relatrios depoisque os outros saíram. IoleL acrescentara que KLan literalmente esbarrara no1ardeal, logo depois que 2arL /at lhe passara a nova miss#o e bem na frente do

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marechal Wazov. O juiz sacudiu a cabe&a. .ue casal, os <oley# E que admirável ofato de KLan ter feito contato com o coronel Iilitov. Era um mundo louco.

%Estrelas &rilhantes e Navios Li'eirosBac3 n#o se incomodou em perguntar que <fontes< haviam confirmado as suspeitasdo major "regorL. As opera&)es de campo eram uma coisa pela qual lutara namaior parte das vezes com sucesso para manter sob controle. O que importavaera que a informa&#o era apresentada como 1lasse'C em termos de seguran&a a1HA adotara recentemente um sistema de grada&#o utilizando os nmeros de C a Dem vez das letras de A até E certamente o produto de seis meses de trabalho dealgum assistente de diretor formado na Iaculdade de Administra&#o de Farvard. E quanto :s informa&)es técnicas específicasM Eu aviso voc0s, assim que chegarem respondeu "reer.

8enho duas semanas para entregar o relatrio, chefe observou KLan. $ei!ar para a ltima hora n#o teria sentido. Especialmente porque o documento a ser preparado era para o presidente. /arece que eu me lembro de ter lido a respeito em algum outro lugar, Bac3 observou o almirante. O pessoal da A1$A liga todos os dias pelo mesmo motivo. Acho que mandaremos voc0 até lá para apresentar tudo pessoalmente a eles.KLan estremeceu. -eu Kelatrio Especial sobre Hnforma&)es 1onfidenciais tinhacomo objetivo ajudar a preparar o cenário para a pr!ima sess#o de negocia&)es. A A1$A, Ag0ncia de 1ontrole de Armas e $esarmamento, precisava dele, claro, parasaber o que e!igir e quanto conceder com seguran&a. Aquilo representava um pesoadicional em seus ombros, mas, como o almirante "reer gostava de mencionar,KLan trabalhava melhor sob press#o. Bac3 chegou a pensar em cometer al'gunserros propositais, s para desmentir essa cren&a. >uando terei de ir até láM Ainda n#o decidi. -erá que pode me avisar alguns dias antesM Gamos ver.O major "regorL estava em casa no momento. Embora esse fato em si já fossebastante incomum, havia ainda mais@ ele estava tirando o dia de folga. 2as n#o forapor sua iniciativa. -eu general decidira que o e!cesso de trabalho, sem nenhumadivers#o, come&ava a abater o jovem cientista. - n#o lhe ocorrera que "regorL

podia também trabalhar em casa. Goc0 nunca páraM perguntou 1andi. Nem, o que vamos fazer no intervaloM sorriu "regorL, ao teclado domicrocomputador.O conjunto de alojamentos chamava'se <Gista da 2ontanha<. (#o era propriamenteum nome original. (aquela parte do país a nica maneira de n#o ver montanhas erafechar os olhos. "regorL tinha seu prprio computador pessoal um FeXlett'/ac3ard de grande capacidade, fornecido pelo /rojeto e ocasionalmentetrabalhava lá em seu <cdigo<. /recisava ser muito cauteloso com a classifica&#o daseguran&a em seu trabalho, embora ele sempre brincasse dizendo que ele mesmon#o estava autorizado a ver o que fazia. (#o seria uma situa&#o inslita no interior 

do governo. A dra. 1andance Tong, esguia, e com os cabelos castanho'escuros cortados curtos,era quase CD centímetros mais alta que o noivo. 8inha os dentes levemente

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salientes, pois nunca quisera sofrer com um aparelho corretor, e usava culos aindamais grossos do que os de "regorL.EUa era magra porque, como muitos acad0micos, envolvia'se tanto com o trabalhoque na maioria das vezes esquecia a hora das refei&)es. 1onheceram'se durante

um seminário para candidatos a mestrado na 7niversidade de 1olmbia. Ela eraespecialista em ptica, mais especificamente em espelhos de pticos adaptáveis,um campo que escolhera para complementar o passatempo de sua vida, a astro'nomia. 2orando na regi#o montanha do (ovo 2é!ico, ela podia fazer observa&)esnum telescpio 2eade de D +++ dlares e, quando fosse o caso, utilizar osinstrumentos do /rojeto para perscrutar os céus porque, como ela dizia, era anica maneira eficiente de calibrá'los. 8inha pouco interesse na obsess#o de Alanpela defesa contra mísseis balísticos, mas n#o tinha dvida de que os instrumentosque estavam desenvolvendo teriam todo o tipo de aplica&)es <reais< no campo deinteresse dele.(enhum dos dois estava muito vestido no momento. Ambos os jovens se

classificavam alegremente como solitários e desajustados e, como acontecia muitasvezes, despertavam reciprocamente os sentimentos adormecidos sentimentosque os colegas mais atraentes n#o teriam julgado possíveis. O que está fazendoM perguntou ela. Analisando os erros que tivemos. Acho que o problema é no cdigo de controledos espelhos. R mesmoM Era o espelho dela# ― 8em certeza de que o problema é nosotFare0 8enho. Gerifiquei as leituras de <lyin% ;loud no escritrio. Estava focalizadomuito bem, s que no lugar errado. >uanto tempo acha que vai demorar para encontrar o erroM Algumas semanas. Ele franziu as sobrancelhas para o monitor, depoisdesligou'o com uma careta. /ara o diabo com issoP -e o general descobrir queestou fazendo isso, ele é capaz de n#o me dei!ar voltar para o trabalho. R o que sempre digo. Ela circundou'lhe a nuca com as m#os. Hnclinando'separa trás, Alan "regorL apoiou a cabe&a nos seios de1andi. Aão muito bonitos, pensou. /ara ele fora uma descoberta notável que asmulheres pudessem ser interessantes. -aíra ocasionalmente com algumas garotasno colegial, mas durante a maior parte de sua vida em Qest /oint, depois -tonLNroo3, levara uma e!ist0ncia mo'nástica, devotado aos estudos e aos modelos noslaboratrios. >uando conhecera 1andi, interessara'se inicialmente pelas idéias que

ela desenvolvia sobre configura&)es de espelhos, mas durante o café na 7ni#o deEstudantes come&ara a reparar que ela parecia... bem... atraente além de rápidae criativa em física ptica. O fato de que as coisas que discutiam na cama s podiamser entendidas por menos de C por cento da popula&#o era irrelevante. *lesachavam t#o interessantes quanto as outras coisas que faziam na cama ouquase. Favia muito o que e!perimentar ali também, e como bons cientistaschegaram a comprar livros <didáticos< como os classificavam para e!plorar to'das as possibilidades juntos. 1omo em qualquer novo campo de estudos, acharamtudo muito e!citante.Estendendo os bra&os, "regorL segurou a cabe&a da dra. Tong, fazendo'aapro!imar o rosto do seu.

Acho que n#o estou mais com vontade de trabalhar. (#o é bom tirar o dia de folgaM 8alvez eu arranje mais um na semana que vem...

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Noris Iilipovich 2orozov desceu do 9nibus uma hora depois do p9r'do'sol. Ele ecatorze outros jovens engenheiros e técnicos recentemente designados para oprojeto *strela Brilhante embora n#o soubessem o nome ainda foramrecebidos no Aeroporto de $ushanbe pelo pessoal da ;"N, que verificou

escrupulosamente seus papéis de identidade e fotografias. $urante a viagem de9nibus, um capit#o, também da ;"N, fizera uma prele&#o sobre seguran&a, séria obastante para prender a aten&#o de todos. (#o podiam discutir seu trabalho comninguém fora das instala&)es n#o podiam escrever a ninguém sobre o que faziam,nem mesmo mencionar o local onde estavam. O endere&o para correspond0ncia erauma cai!a postal em (ovosibiirs3 a mais de C D++ quil9metros de dist%ncia. Ocapit#o n#o precisou mencionar que as cartas seriam lidas pelos oficiais deseguran&a da base. 2orozov procurou lembrar'se de n#o selar seus envelopes. -uafamília podia ficar preocupada se percebesse que a correspond0ncia estava sendoaberta e selada novamente. 2as ele n#o tinha nada a esconder. A investiga&#o daseguran&a para aquele trabalho demorara quatro meses. Os oficiais da ;"N em

2oscou que esmiu&aram sua vida n#o encontraram nada que o desabonasse, emesmo as seis entrevistas a que fora submetido terminaram em tom amigável.O capit#o da ;"N também terminou sua prele&#o de forma amena, descrevendo osesportes e atividades sociais na base, e a hora e local das reuni)es quinzenais do/artido, que 2orozov tinha inten&#o de freq6entar regularmente se o trabalho opermitisse. As acomoda&)es, continuou o capit#o, é que ainda constituíam umproblema. 2orozov e os outros recém'chegados seriam acomodados no dormitrio os barrac)es originalmente levantados pela turma de constru&#o que e!plodira arocha para erigir as instala&)es. (#o ficariam apertados, disse ele, e os barrac)espossuíam sala de jogos, biblioteca, e até mesmo um telescpio no telhado paraobserva&#o astron9mica tinham acabado de fundar um pequeno clube amador deastronomia. $e hora em hora, partia um 9nibus fazendo a liga&#o com asinstala&)es residenciais permanentes, onde havia um cinema, uma lanchonete e umbar. E!istiam e!atamente trinta e uma mulheres solteiras na base, concluiu ocapit#o, mas uma delas era sua noiva, <e qualquer um que se engra&ar com ela seruziladoL . Aquilo produziu muitas gargalhadas. Era muito raro encontrar um oficial da;"N com senso de humor.Bá escurecera quando o 9nibus atravessou os port)es das instala&)es, e todos abordo sentiam'se fatigados da longa viagem. 2orozov n#o chegou a ficar muitodesapontado com as acomoda&)es. 8odas as camas eram beliches. Ele foidesignado para um leito superior, num canto do quarto. Avisos nas paredes pediam

sil0ncio na área dos dormitrios já que os trabalhadores alternavam'se em tr0sturnos, ininterruptamente. O jovem engenheiro estava contente ao mudar de roupapara dormir. Iora designado para a -e&#o de Aplica&)es $irecionais durante umm0s, depois do qu0, faria um contrato permanente. Estava imaginando o quesignificava aplica+/es direcionais quando o sono chegou.7ma boa coisa sobre as caminhonetes fechadas era que cada vez mais pessoas aspossuíam, e n#o se podia en!ergar quem viajasse em seu interior, pensou Bac3,enquanto o veículo branco estacionava em sua entrada de carros. O motorista erada 1HA, claro, assim como o seguran&a no banco direito. Ele desceu e e!aminou aárea por um instante antes de abrir a porta lateral. Kevelou'se um rosto familiar. Oi, 2ar3oP cumprimentou KLan.

Ent#o esta é casa do espi#oP comentou alegremente o capit#o de primeiraclasse da 2arinha soviética 2ar3o Ale3sandrovich Kamius ^reformado_. -eu ingl0shavia melhorado, mas ele ainda esquecia alguns artigos. (#o, casa de timoneiroM

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Bac3 sorriu e balan&ou a cabe&a. 2ar3o, n#o podemos falar sobre isso. -eu família n#o sabeM (inguém sabe. 2as pode ficar tranq6ilo. 2inha família n#o está.

Entendo.2ar3o seguiu Bac3 para o interior da casa. Em seu passaporte, no cart#o do -eguro-ocial e na licen&a de motorista da Girgínia constava o nome de 2ar3 KamseL. 2aisuma demonstra&#o de originalidade da 1HA, embora fizesse sentido perfeitamente épreciso que as pessoas lembrem do prprio nome. Bac3 observou que ele estavamais magro, agora que comia uma dieta com menos farinha. E bronzeado. >uandose encontraram pela primeira vez, no tubo de escape de proa do submarino lan&ador de mísseis Outubro Vermelho, 2ar3o 2ar3P ostentava a pele branca e lívidados oficiais de submarinos, e agora parecia um freq6entador inveterado do 1lub2éditerranée. /arece cansado observou <2ar3 KamseL<.

8enho passado muito tempo dentro de avi)es ultimamente. O que está achandodas NahamasM Está vendo meu bronzeado, n#o estáM Areia branca, sol quente, calor todo dia./arece 1uba quando estive lá, mas as pessoas s#o mais simpáticas. A78E1, certoM perguntou Bac3. R, mas n#o posso discutir isso respondeu 2ar3.Os dois trocaram um olhar. A78E1, o 1entro de Avalia&#o e 8estes de -ubmarinosno Atl%ntico, era o local onde a 2arinha testava os submarinos, onde homens enavios se empenhavam em e!ercícios chamados miniguerras. O que ocorria ali erasecreto, naturalmente. A 2arinha protegia com empenho suas opera&)essubmarinas. 1ertamente 2ar3o trabalhava desenvolvendo táticas para a 2arinha,sem dvida representando o papel de comandante soviético nos e!ercícios,proferindo confer0ncias, ensinando. Kamius fora conhecido como <o mestre'escola<na 2arinha soviética. As coisas realmente importantes nunca mudam. O que está achandoM (#o diga a ninguém, mas eles me dei!aram ser capit#o do submarino americanopor uma semana... 1apit#o verdadeiro dei!ou eu fazer tudo, entendeM Eu afundeiporta'avi)esP -imP Afundei a <orresEtal8 Eles iam ficar orgulhosos na Esquadra do(orte, n#o iamMBac3 riu. E a 2arinha, o que achou dissoM

1apit#o do submarino e eu ficamos b0bados. 1apit#o do <orrestal ficouzangado, mas... bom esportista. Gai se juntar a ns na semana que vem ediscutimos todo o e!ercício. Ele aprendeu alguma coisa, ent#o foi bom para todos. Kamius fez uma pausa. Onde está famíliaM 1athL foi visitar o pai. Boe e eu n#o nos damos muito bem. R porque voc0 é espi#oM Kaz)es pessoais. Aceita uma bebidaM 1erveja, por favor pediu o soviético.Kamius olhou : sua volta enquanto KLan ia até a cozinha. O teto abobadado da salaelevava'se a uns D metros acima do carpete macio. 8udo naquela casa refletia odinheiro gasto para construí'la t#o lu!uosa. Ele estava de sobrancelhas franzidas

quando KLan voltou com as cervejas. KLan, n#o sou bobo disse ele severamente, indicando o ambiente. A 1HAn#o paga t#o bem assim.

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Bá ouviu falar do mercado de a&)esM perguntou KLan com um sorriso. 1laro. /arte do meu dinheiro está aplicada lá. 8odos os oficiais do OutubroVermelho tinham dinheiro suficiente investido para n#o precisar trabalhar mais. Nem, eu ganhei um bocado de dinheiro com a&)es, depois resolvi largar e fazer 

outra coisa.Essa foi uma nova idéia para o capit#o Kamius. 2as voc0 n#o é... como se dizM Ambicioso. (#o tem maisambi&#oM $e quanto dinheiro será que um homem precisaM perguntou KLan,enfaticamente. O soviético balan&ou a cabe&a, concordando pen'sativamente. Escute, gostaria de fazer algumas perguntas. Ah, os negcios riu o soviético. Essas coisas voc0 n#o esquece. (o seu depoimento, voc0 mencionou um e!ercício no qual disparou um míssil, edepois outro míssil foi disparado contra voc0. -im. Ioi em CVC... em abril. Hsso mesmo, era 4+ de abril. Eu comandava

submarino classe $elta, e disparamos dois mísseis do mar Nranco, um no mar deO3hots3, outro em -arL -hagan. Ioi um teste dos foguetes, claro, mas também doradar de defesa e do sistema anti'míssil... eles simularam disparo contra osubmarino. Goc0 disse que falhou. 2ar3o assentiu. Os foguetes do submarino funcionaram perfeitamente. O radar em -arL -haganfuncionou, s que devagar demais para interceptar... disseram que era problema nocomputador. $isseram que iam arranjar novo computador. A terceira parte do testequase funcionou. A parte de intercepta&#o. Ioi a primeira vez que ouvimos falar desse tipo detestes observou KLan. 1omo é que foi conduzidoM Eles não dispararam os foguetes de terra, é claro disse 2ar3o, com oindicador apontando para o alto. -e fizerem isso, voc0s percebem a natureza doteste, certoM Os soviéticos n#o s#o idiotas como voc0 pensa. R claro que sabe que afronteira da 7ni#o -oviética é coberta por uma rede de radar. Eles detectam umlan&amento e computam a localiza&#o do submarino... isso é muito fácil. $epois elesavisam o >uartel'"eneral da Ior&a de Ioguetes Estratégicos, que tem uma bateriade velhos foguetes em alerta para isso. Estavam prontos para disparar tr0s minutosdepois de captar míssil'foguete no radar. Ele parou por um instante. (#o temisso na AméricaM (#o que eu saiba. 2as nossos mísseis disparam de uma dist%ncia muito maior 

do que essa. R verdade, mas ainda é boa coisa para soviéticos, entendeM >ual é o grau de confiabilidade do sistemaM (#o muito confiável. Kamius encolheu os ombros. O problema é o estadode alerta. Em tempos de... como se dizM 8empos de crise, é issoM Em tempos decrise todos est#o em alerta, e o sistema funciona algum tempo. 2as cada vez quefunciona, muitas, muitas bombas n#o e!plodem na 7ni#o -oviética. Hsso éimportante para a lideran&a soviética. 1entenas de milhares de escravos a maispara se ter no fim da guerra acrescentou 2ar3o para e!pressar seu desagradocom o governo de sua antiga pátria. (#o há nada assim nos Estados 7nidosM (#o que eu saiba disse KLan com sinceridade.

Eles dizem que e!iste. $epois que disparamos mísseis, mergulhamos fundo enavegamos em linha reta para qualquer dire&#o lateral, a toda a velocidade. (o momento estou querendo descobrir quanto a 7ni#o -oviética está

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interessada em copiar nossas pesquisas da Hniciativa de $efesa Estratégica. HnteressadaM Ginte milh)es de soviéticos morreram na "rande "uerra /atritica./ensa que querem tudo acontecendo de novoM Eu lhe digo, nesse ponto soviéticoss#o mais inteligentes que americanos... tivemos li&)es mais duras, e aprendemos

melhor. Algum dia vou contar sobre minha cidade natal depois da guerra, tudodestruído. -im, tivemos boas li&)es para proteger a )odina#*ssa & uma outra coisa "ue de!emos lembrar sobre os so!i&ticos, pensou KLan.(#o era e!atamente uma histria antiga e!istiam episdios recentes que eles jamais esqueceriam. Esperar que os soviéticos esquecessem as perdas da -egunda"uerra 2undial era t#o ftil e t#o irrazoável quanto pedir aos judeus queesquecessem o Folocausto.*ntão, pouco mais de tr4s anos atrs, os russos testaram seus o%uetesantibalísticos $B6 contra mísseis lan+ados por submarinos# $ a"uisi+ão de al!o e osistema de radar uncionaram, mas o sistema alhou de!ido a problemas com ocomputador# Hsso era importante, mas...

>ual o motivo pelo qual o computador n#o funcionou direitoM Hsso é tudo que eu sei. - posso garantir que foi um teste honesto. 1omo assimM (ossas primeiras... sim, nossas ordens originais eram para disparar de um localconhecido. 2as mudaram ordens assim que o submarino saiu do porto. (ovasordens s para capit#o, assinadas pelo ajudante'de'ordens do ministro da $efesa. Acho que era coronel do E!ército Germelho. (#o lembro nome. Ele queria umteste... como se dizM Espont%neoM arriscou KLan. HssoP (#o espont%neo. O teste real devia ser surpresa. /ortanto, minhas ordensme enviaram a um lugar diferente numa hora diferente. 8ínhamos um general da$efesa Aérea a bordo, e quando viu novas ordens ele ficou maluco. 2uito, muitozangado, mas que tipo de teste é se n#o há surpresaM -ubmarinos de mísseisamericanos n#o avisam os russos pelo telefone onde v#o cair. Ou se está pronto, oun#o concluiu Kamius. (#o fomos avisados de sua vinda observou secamente o general /o3rLsh3in.O coronel Nondaren3o teve o cuidado de manter o rosto impassível. Apesar depossuir ordens por escrito do 2inistério da $efesa, e apesar de pertencer a umaarma completamente diferente, estava tratando com um general protegido por membros da 1omiss#o 1entral. 2as o general também precisava ser cauteloso.

Nondaren3o trajava seu melhor uniforme, com várias fileiras de gal)es, incluindoduas condecora&)es por bravura no Afeganist#o, e a divisa especial nas ombreirasusada pelos oficiais de gabinete do 2inistério da $efesa. 1amarada general, lamento qualquer inconveni0ncia que tenha causado aosenhor, mas tenho minhas ordens. R claro concordou /o3rLsh3in, com um sorriso aberto. Apontou uma bandejade prata. 1háM Aceito, obrigado.O general serviu pessoalmente duas !ícaras de chá em vez de chamar o ordenan&a. 1omo ganhou esse galard#o vermelho que estou vendoM Afeganist#oM E!atamente, camarada general. /assei algum tempo lá.

E como foi que a ganhouM /articipei de uma unidade Apetznaz como observador especial. Estávamosseguindo um pequeno grupo de guerrilheiros. Hnfelizmente eles eram mais espertos

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do que julgava o comandante de nossa unidade, e ele dei!ou que caíssemos numaemboscada. 2etade dos companheiros foram dizimados ou feridos, incluindo ocomandante. .ue oi atrs da pr1pria morte, pensou Nondaren3o. Assumi o comando e chamei refor&os. Os guerrilheiros se retiraram antes que

pudéssemos trazer for&as maiores, mas dei!aram oito cadáveres atrás. E como é que um perito em comunica&)es... Iui voluntário. Estávamos tendo dificuldades com as comunica&)es táticas, e euresolvi ver a situa&#o de perto. (#o sou um combatente, camarada general, mase!istem coisas que precisamos verificar pessoalmente. Aliás, estamosperigosamente pr!imos : fronteira com o Afeganist#o, e seu sistema de seguran&aparece... n#o rela!ado, mas confortável demais. /o3rLsh3in concordou com umgesto de cabe&a. R verdade. A for&a responsável pela seguran&a pertence : ;"N, como já deveter notado. Eles est#o subordinados a mim, mas n#o diretamente sob minhasordens. /ara um alerta antecipado de possíveis amea&as, tenho uma combina&#o

com a Avia&#o Irontal. A escola deles de reconhecimento aéreo utiliza os vales aquiao redor como área de treinamento. 7m colega meu de Irunze conseguiu coberturapara toda essa regi#o. R um trecho longo do Afeganist#o até aqui e, se alguémtentar se apro!imar, saberemos bem antes que cheguem.Nondaren3o aquiesceu com aprova&#o. /rocurador dos feiticeiros ou n#o,/o3rLsh3in n#o tinha se esquecido de tudo, como muitos generais no comandotendiam a fazer. 2uito bem, "ennadL Hosifovich, o que e!atamente está procurandoM indagouo general. Agora que o profissionalismo fora estabelecido por ambos, a atmosferaentre os dois era mais amena. O ministro deseja uma estimativa de eficácia e confiabilidade de seus sistemas. -eu grau de conhecimento sobre laserM perguntou o general, levantando umasobrancelha. 8enho alguma familiaridade com aplica&)es práticas. /articipei do grupo com oacad0mico "oremL3in, que desenvolveu o novo sistema de comunica&)es a laser. R mesmoM 8emos alguns aqui. (#o sabia disso disse Nondaren3o. R verdade. (s os utilizamos nas torres de vigia, e para ligar os laboratrios comas lojas. R muito mais fácil do que estender linhas telef9nicas, e também maisseguro. -ua inven&#o provou ser muito til, "ennadL Hosifovich. 2uito bem,camarada. -abe qual é nossa miss#o, é claro.

-im, camarada general. Está perto do seu objetivoM 8emos um teste de todo o sistema dentro de tr0s dias. R mesmoM Nondaren3o ficou bastante surpreso com aquilo. - ontem recebemos permiss#o para faz0'lo. 8alvez o ministério n#o tenha sidocompletamente informado. /ode ficar para acompanhá'loM (#o o perderia por nada. E!celente. O general /o3rLsh3in levantou'se. Gamos, venha ver os meusfeiticeiros.O céu estava límpido e azul, o azul intenso que se v0 nos locais acima da maior parte da atmosfera. Nondaren3o ficou surpreso em ver que o prprio general guiavaseu 7A['5, o equivalente soviético

do jipe. (#o precisa perguntar, coronel. Eu mesmo dirijo porque n#o temos espa&o aquiem cima para pessoal desnecessário, e além disso... bem, eu fui piloto de combate.

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/or que deveria confiar minha vida a um jovem imberbe que mal sabe mudar asmarchasM O que está achando de nossas estradasMNão estou %ostando nem um pouco, pensou Nondaren3o sem dizer nada, enquantoo general disparava por uma descida perigosamente inclinada. A estrada mal

possuía D metros de largura, com um precipício ao lado do passageiro. $evia ver como fica isso com geloP riu o general. 8emos tido sorte com otempo ultimamente. (o ltimo outono choveu durante duas semanas. O que, aliás, émuito difícil por aqui, pois as mon&)es deveriam despejar toda a água na índia. 2aso inverno tem sido agradavelmente seco e claro. Ele mudou de marcha quando aestrada come&ou a nivelar'se.7m caminh#o vinha em sentido contrário e Nondaren3o fez tudo o que p9de paran#o se encolher, enquanto as rodas do lado direito do jipe giravam lan&andocascalhos pela borda irregular da estrada. /o3rLsh3in estava se divertindo comaquilo, mas isso era de esperar. O caminh#o cruzou com eles a uma dist%ncia detalvez C metro, e o general voltou para o centro de piso escuro. 2udou de marcha

novamente quando chegaram a um aclive. (#o temos nem espa&o para um escritrio adequado aqui... para mim, pelomenos declarou /o3rLsh3in. Os acad0micos t0m prioridade.Nondaren3o vira apenas uma das torres quando correra naquela manh# pela zonaresidencial, e, quando o jipe terminou a subida, toda a área de *strela Brilhantetornou'se visível.Favia tr0s postos de controle. O general /o3rLsh3in parou o veículo e mostrou seupasse em cada um deles. As torres de vigiaM indagou o coronel. 8odas guarnecidas vinte e quatro horas por dia. R duro para os chekistas# Iuiobrigado a instalar aquecedores elétricos nas torres. O general riu. 8emos maisenergia elétrica aqui do que podemos usar. Originalmente dei!ávamos c#es deguarda soltos entre as cercas também, mas tivemos de parar com isso. $uas sema'nas atrás, muitos morreram congelados. (#o achei mesmo que iria funcionar. Aindaconservamos alguns, mas agora eles fazem a patrulha junto com os guardas./retendo livrar'me deles assim que tenha uma chance. 2as... 2ais bocas para alimentar e!plicou /o3rLsh3in. Assim que come&a a nevar,precisamos trazer comida de helicptero. /ara manter os c#es de guarda felizes,eles precisam comer carne. Iaz uma idéia do efeito que causa ao moral dos homensalimentar os c#es com carne enquanto nossos cientistas n#o t0m o suficienteM Os

cachorros n#o valem a amola&#o que causam. O comandante da ;"N concorda.Está tentando obter permiss#o para dispensá'los. 7samos visores noturnos starli%ht em todas as torres. /odemos ver e identificar um intruso antes que os c#es tenhamoportunidade de ouvi'los ou farejá'los. >ual o total de guardasM 7ma companhia refor&ada e armada com fuzis. 1ento e dezesseis oficiais esoldados, comandados por um tenente'coronel. E!istem pelo menos vinte homensem servi&o dia e noite. 2etade fica aqui, metade no outro morro. O generalindicou uma torre. (esse ponto temos dois homens permanentemente em cadatorre, mais quatro em patrulha constante e, é claro, o pessoal dos postos deverifica&#o para os veículos. A área é segura, coronel. 7ma companhia inteira com

fuzis de assalto e armas pesadas no alto dessa montanha... para ter certeza,tivemos um grupo de Apetznaz fazendo um ataque simulado em outubro passado.Os observadores declararam todos mortos antes que chegassem a 5++ metros de

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nosso perímetro e!terno. Aliás, um deles quase morreu de verdade. 7m tenente derosto branquelo, que quase caiu da montanha. /o3rLsh3in voltou'se para ocoronel. -atisfeitoM -im, camarada general. /or favor, desculpe minha natureza cautelosa.

(#o ganhou essas belas condecora&)es sendo covarde observou o generalsuavemente. Estou sempre aberto a novas idéias. -e tem algo a dizer, minhaporta nunca está trancada.Nondaren3o resolveu que iria gostar do general /o3rLsh3in. Ele estavasuficientemente longe de 2oscou para n#o ser um burocrata em'proado e, aocontrário da maioria dos generais, evidentemente ele n#o via um halo refletido noespelho quando se barbeava. 8alvez houvesse uma esperan&a de que o projetofuncionasse, afinal. Iilitov gostaria de saber disso. 2e sinto como um rato com um gavi#o no céu em cima de mim disse Abdul. Ent#o fa&a o que faz um rato respondeu prontamente o Arqueiro. Iique nassombras.

Olhou para 9 alto, em dire&#o ao An'4. Encontrava'se a D +++ metros acima desuas cabe&as, o zunido das turbinas ainda n#o chegavam até eles. 2uito longe paraum míssil, o que era uma pena. Outros mudjahidin com lan&adores já haviamabatido alguns Antonov, mas n#o o Arqueiro. /odia'se matar quarenta russos dessamaneira. Os soviéticos estavam aprendendo a utilizar os transportadores modifica'dos para vigil%ncia terrestre. Hsso tornava mais difícil a vida dos guerrilheiros.Os dois homens seguiam uma trilha estreita ao longo da encosta íngreme de maisuma montanha, e o sol ainda n#o os havia alcan&ado, embora a maior parte do valeestivesse completamente iluminada sob o céu sem nuvens de inverno. As ruínas deuma vila bombardeada erguiam'se :s margens de um rio modesto. 8alvez duzentaspessoas tivessem vivido lá até o dia em que vieram os bombardeiros de grandealtitude. Ele podia ver as crateras, espalhadas a intervalos irregulares de 4 ou *quil9metros. O vale fora assolado pelas bombas e quem n#o morreu foi embora para o /aquist#o dei!ando apenas o vazio atrás de si. (#o sobrara comida paraser partilhada com os guerreiros da liberdade, nem hospitalidade, e nem mesmouma mesquita onde se pudessem dizer as preces. (o fundo, o Arqueiro ainda seperguntava por que a guerra tinha que ser t#o cruel. 7ma coisa era um homem lutar contra outro havia honra nisso, que :s vezes podia até ser partilhada com uminimigo valoroso. 2as os russos n#o lutavam assim. E eles nos chamam desel!a%ens###8anta coisa já fora perdida. 8udo o que ele havia sido, mais as esperan&as de um

futuro que n#o chegou a e!istir, sua vida passada diluindo'se a cada dia. /areciaque ele apenas pensava nelas quando dormia, como agora e, quando acordava,os sonhos de uma vida pacífica e satisfatria deslizavam para longe de seu alcance,como neblina matinal. 2as mesmo esses sonhos estavam desaparecendo. Aindapodia ver o rosto da esposa, de sua filha e de seu filho, mas agora eles lembravamuma fotografia antiga, sem profundidade e sem vida, memrias de tempos que n#oe!istiam mais. /elo menos davam um sentido a sua luta. >uando sentia piedade por suas vítimas, quando questionava a aprova&#o de Alá pelo que ele fazia dascoisas que o enojavam a princípio , ele fechava os olhos por um instante e selembrava por que os gritos dos inimigos moribundos eram t#o doces ao seu ouvidoquanto os gemidos apai!onados da esposa.

Está indo embora informou Abdul.O Arqueiro voltou'se para olhar. O sol brilhou por um instante no leme vertical aopassar além dos picos das montanhas longínquas. Ainda que ele estivesse sobre

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aqueles picos rochosos, ainda assim o An'4 voava alto demais. Os russos n#oeram tolos. (#o voavam mais bai!o do que o estritamente necessário. -e elequisesse mesmo derrubar um desses, teria de se apro!imar de um aeroporto... outalvez criar um tática nova. Era uma idéia. O Arqueiro come&ou a equacionar o pro'

blema em sua mente enquanto percorria a trilha pedregosa que parecia n#o ter fim. Gai funcionarM perguntou 2orozov. R e!atamente esse o propsito do teste. /ara saber se funciona e!plicou pacientemente o engenheiro veterano. Tembrou'se de quando era joveme impaciente.2orozov tinha um bom potencial. -ua ficha da universidade provava'o claramente.Iilho de um operário de ;iev, sua intelig0ncia e capacidade de trabalhoconquistaram'lhe uma indica&#o para a faculdade mais conceituada da 7ni#o-oviética, onde merecera as mais altas honras suficientes para conseguir dispensa do servi&o militar, o que era muito incomumpara alguém sem prote&#o política.

Ent#o esse é o novo revestimento ptico... 2orozov olhou para o espelho deuma dist%ncia de poucos centímetros. Os dois homens usavam aventais, máscarase luvas, para que n#o danificassem a superfície refletora do espelho nmero quatro. 1omo já deve ter adivinhado, esse é um elemento do teste. O engenheirovoltou'se para o alto. /rontoP Evacuar o localP avisou um técnico.-ubiram por uma escada fi!a : lateral do pilar, passando depois através da aberturapara o anel de concreto que circundava a concavidade. R bem fundo comentou 2orozov. /recisamos determinar a efici0ncia das medidas de isolamento das vibra&)es comentou o engenheiro, preocupado. Escutando o ruído do motor de um jipe, viu ocomandante do campo conduzindo outro homem para o interior do prédio do laser.6ais um !isitante de 6oscou, deduziu ele. ;omo podemos trabalhar com todosesses caras do :artido bisbilhotando por a"ui0 Bá conhecia o general /o3rLsh3inM perguntou a 2orozov. (#o. >ue tipo de homem ele éM Bá encontrei piores. 1omo todos os outros, ele acha que os laser s#o a parteimportante. Ti&#o nmero um, Noris Iilipovich@ a parte importante do projeto s#o osespelhos, e os computadores. O fei!e de laser será intil, se n#o pudermos focalizar sua energia em algum ponto do espa&o.Essa li&#o informou a 2orozov qual a parte do projeto sob a autoridade desse

homem, mas o jovem engenheiro recém'formado já aprendera a li&#o principal osistema inteiro tinha de funcionar perfeitamente. >ualquer segmento que falhassetransformaria o equipamento mais caro da 7ni#o -oviética numa cole&#o debrinquedos curiosos.

(O Olho da )erente A *ace do +ra'!oO Noeing ?? modificado tinha dois nomes. Originalmente conhecido como Ane!oSptico Aerotransportado ^AOA_, agora era chamado de 1obra Nelle, que pelo menossoava melhor. A aeronave era pouco mais do que uma plataforma mvel para um

telescpio infravermelho t#o grande quanto possível para caber no corpo largo daaeronave comercial. $e uma certa forma, os engenheiros haviam improvisado, éclaro, dando : fuselagem uma deselegante espécie de corcova, que come&ava logo

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atrás da cabine de comando, estendendo'se por metade do comprimento do ??, oque lhe conferia a apar0ncia de uma serpente que tivesse acabado de engolir algumanimal grande demais.Entretanto, o que parecia ainda mais notável a respeito da aeronave eram os dizeres

pintados em sua cauda@ 7. -. AK2W. Esse fato, que irritava o pessoal da Ior&a Aérea, era o resultado de uma previs#o in'comum ou obstina&#o por parte doE!ército, que mesmo nos anos ?+ nunca abandonara suas pesquisas sobre defesacontra mísseis balísticos, cujos hobbyEshops como eram conhecidos tais lugares haviam inventado os sensores infravermelhos agora usados no AOA. Agora, porém, faziam parte de um programa da Ior&a Aérea, cujo nome genéricoera 1obra. 8rabalhavam em coordena&#o com o radar 1obra $ane, em -hemLa, efreq6entemente voavam em conjun&#o com uma aeronave chamada 1obra Nelleum ?+? modificado ', porque 1obra era o nome em cdigo da família de sistemasdirigida para ras'trear mísseis soviéticos. O E!ército ficava presun&osamentesatisfeito pelo fato de a Ior&a Aérea precisar de sua ajuda, embora consciente das

tentativas em andamento para apropriar'se do programa. A tripula&#o de v9o conferia sua lista de verifica&)es calmamente, já que tinha tempode sobra. 8oda ela era da Noeing. Até aqui o E!ército resistira com sucesso :press#o da Ior&a Aérea para colocar o prprio pessoal na cabine de comando. Oco'piloto, que pertencera : Ior&a Aérea corria o dedo pela lista de coisas a fazer,anunciando as tarefas numa voz nem e!citada nem entediada, enquanto o piloto e anavegadora'engenheira de bordo apertavam os bot)es, checavam medidores eaprontavam a aeronave para um v9o seguro. A pior parte da miss#o era o tempo em terra. -hemLa era uma das menores ilhasdas Aleutas ocidentais, com apro!imadamente quil9metros de comprimento por *de largura, cujo ponto mais alto elevava'se a apenas ?4 metros acima do nível daságuas acinzentadas. O que ali era considerado um tempo razoável teria fechado amaioria dos aeroportos de boa reputa&#o, e o que aqui era chamado de mau tempofazia a tripula&#o do Noeing desejar estar num trem. Era cren&a geral na base queos soviéticos haviam escolhido o mar de O3hots3 para fazer seus testes de H1N2apenas para tornar t#o miserável quanto possível a vida dos americanos que osmonitoravam. (aquela manh# o tempo estava razoavelmente bom. /odia'seen!ergar quase até o fim da pista, onde as luzes azuladas eram circundadas por pequenos globos de neblina. 1omo a maioria dos que voavam, o piloto preferia a luzdo dia, mas no inverno essa era a e!ce&#o por ali. 1alculou suas vantagens@ deviahaver um teto de nuvens a apro!imadamente D++ metros, e ainda n#o estava

chovendo. Os ventos de través também constituíam um problema, mas nuncasopravam como seria de desejar o que era equivalente a dizer que as pessoasque construíram a pista n#o sabiam ou n#o se importavam nem um pouco com ainflu0ncia do vento no v9o dos avi)es. 8orre de -hemLa, aqui é <1harlie Nravo<, pronto para ta!iar. <1harlie Nravo<, tem permiss#o para ta!iar. Gentos de dois'cinco'zero a quinzegraus. A torre n#o precisava anunciar nenhuma prioridade de tr%nsito para o1obra Nelle. (o momento, o ?? era o nico avi#o na base. $everia estar na1alifrnia realizando testes no equipamento e viera depressa de lá há apenas vintehoras. Entendido. <1harlie Nravo< a caminho. $ez minutos depois o Noeing rodou

pela pista, iniciando o que parecia ser mais uma miss#o de rotina.Ginte minutos mais tarde, o AOA atingiu sua altitude de cruzeiro, a CD +++ metros. Ov9o n#o diferia muito do suave deslizar de um avi#o comercial, porém, em vez de

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receber bebidas e escolher o cardápio do jantar, as pessoas a bordo da aeronavedesafivelaram os cintos e come&aram a trabalhar.Favia instrumentos a ativar, computadores a reciclar, liga&)es de dados aestabelecer e de vozes a verificar. A aeronave estava equipada com todos os tipos

de sistemas de comunica&#o inventados pelo homem, e teria também um telepata abordo se esse programa do $epartamento de $efesa e!istia mesmo um tivesse progredido conforme o esperado. O homem que comandava tudo isso eraum artilheiro com mestrado em astronomia na 7niversidade do 8e!as. -eu ltimocomando fora o de uma bateria de mísseis /atriot, na Alemanha. Enquanto a maioriadas pessoas olhava os avi)es e desejava pilotá'los, seu interesse sempre foraderrubá'los. -entia'se da mesma maneira a respeito dos mísseis balísticos, eajudara a desenvolver as modifica&)es que permitiam ao míssil /atriot atingir também outros mísseis, além das aeronaves soviéticas. Hsso também lhe dera certafa'milíaridade com os instrumentos utilizados para rastrear mísseis em v9o.O livro da miss#o nas m#os do coronel era uma cpia e!ata do que estava

arquivado na $HA, a Ag0ncia de Hnforma&)es da $efesa, informando que dentro dequatro horas e dezesseis minutos os soviéticos levariam a cabo um disparo de testedo H1N2 --'4D. O livro n#o mencionava como a $HA obtivera a informa&#o, emborao coronel soubesse que n#o fora lendo um anncio no 5z!estia# A miss#o do 1obraNelle era monitorar o disparo, interceptar as transmiss)es de telemetria dosinstrumentos de teste do míssil e, o mais importante, fotografar as ogivas em v9o.Os dados coletados seriam analisados mais tarde para determinar o desempenho domíssil, e particularmente a precis#o das ogivas, um assunto de grande interesse emQashington.1omo comandante da miss#o, o coronel n#o tinha muita coisa a fazer. -eu painel decontrole apresentava uma série de luzes coloridas, que mostravam a situa&#o dosvários sistemas a bordo. 7ma vez que o AOA era um aparelho relativamente novo,tudo a bordo funcionava bem, (o momento, o nico problema era uma cone!#o dedados de apoio, e um dos técnicos trabalhava para estabelecer a liga&#o enquanto ocoronel bebericava seu café. Era um esfor&o para ele parecer interessado em tudo,sem ter nada em particular para fazer se tivesse uma apar0ncia chateada, seria ummau e!emplo para o pessoal. Abriu o zíper de uma da mangas do macac#o eapanhou um caramelo. Eles eram mais saudáveis do que os cigarros que fumavaquando era tenente, embora fossem piores para os dentes, como costumava dizer odentista da base. O coronel chupou caramelos por cinco minutos, depois decidiu queprecisava fazer al%uma coisa# -oltou o cinto que o prendia : cadeira de comando e

foi até a cabine do piloto, na proa da aeronave. Nom dia, pessoal. A hora era +++5'Tima, ou C4h+5 em horário local. Nom dia, coronel respondeu o piloto pela tripula&#o. 8udo está funcionandodireito lá atrás, senhorM Até agora, sim. 1omo está o tempo na área de patrulhaM 7ma slida camada de nuvens entre 5 e D +++ metros respondeu anavegadora, segurando uma fotografia do satélite. Gentos de *+ ns a tr0s'dois'cinco. (osso sistema de navega&#o checou os dados com a pista em -hemLa acrescentou ela."eralmente o ?? operava com uma tripula&#o de dois oficiais de v9o. 2as n#oeste. $esde que o v9o ++? da ;orean Airlines fora derrubado pelos soviéticos, todas

as aeronaves do /acífico ocidental eram especialmente cuidadosas com anavega&#o. Hsso era duplamente levado a sério no caso do AOA os soviéticosdetestavam as plataformas avan&adas de informa&)es. (unca tinham chegado a

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menos de V+ quil9metros do territrio soviético, nem dentro do [ona de Hdentifica&#oda $efesa Aérea Kussa, porém por duas vezes os soviéticos haviam enviado ca&aspara mostrar ao AOA que estavam alerta. Nem, desta vez n#o vamos chegar muito perto observou o coronel.

Hnclinou'se entre o piloto e o co'piloto para observar através dos vidros. As duasturbinas funcionavam a contento. Ele teria preferido um avi#o com quatro motoresem v9os longos sobre o mar, mas a decis#o n#o fora sua. A navegadora levantouuma sobrancelha perante o interesse do coronel e recebeu um tapinha no ombro :guisa de desculpas. Era hora de dei!ar a cabine. >uanto falta para chegarmos : área de observa&#oM 8r0s horas e dezessete minutos, senhor e tr0s horas e trinta e nove minutospara o ponto orbital. Acho que tenho tempo para tirar um cochilo declarou o coronel no caminhopara a porta.$epois de fechá'la atrás de si, ele dirigiu'se a ré, atravessou a área ocupada pelo

telescpio para a cabine principal. /or que será que as tripula&)es de v9o s#o t#o jovens agoraM /rovavelmente est#o pensando que eu  preciso dormir um pouco emvez de ficar entediado. A frente, o piloto e o co'piloto trocaram um olhar de entendimento. O velho bundãonão conia em n1s para pilotar o a!ião#  Acomodaram'se melhor nas poltronas,procurando com o olhar as luzes de outros avi)es, enquanto o piloto automáticomantinha o 1obra Nelle na rota programada.2orozov vestia'se como todos os outros cientistas na sala de controle, com umavental branco adornado com um passe de seguran&a. Ainda estava sob orienta&#o,e sua designa&#o para o grupo de controle de espelhos era provavelmentetemporária. (aquele momento era que come&ava a apreciar a import%ncia daquelaparte do programa. Em 2oscou ele aprendera como o laser funcionava e fizera umbom trabalho de laboratrio com modelos e!perimentais, mas nunca lhe ocorreraconsiderar o fato de que a tarefa estava apenas come&ando quando a energia saíado equipamento. Além do mais, *strela Brilhante realmente tivera um avan&osignificativo na quantidade de energia transmitida pelo laser. Keciclar disse o engenheiro'chefe ao microfone.8estavam a calibragem do sistema apontando os espelhos para umaestrela. (#o importava qual estrela fosse, e escolhiam uma ao acaso para cadateste. R um timo telescpio, n#o achaM observou o engenheiro, olhando para o

monitor de vídeo. Estava preocupado com a estabilidade do sistema. /or qu0M R que necessitamos um alto grau de precis#o, como pode imaginar. (uncachegamos a testar o sistema completo. /odemos ras'trear estrelas com facilidade,mas... O engenheiro encolheu os ombros. Esse é um programa muito jovemainda, meu amigo. 1omo voc0. /or que n#o usam o radar e escolhem um satélite para continuar rastreandoM Esta é uma tima perguntaP O homem mais velho riu. Bá me perguntei issotambém. 8em alguma coisa a ver com os tratados de controle de armas, ou outrabesteira qualquer. /or enquanto, eles dizem, é suficiente que nos forne&am ascoordenadas dos alvos por terra. (#o devemos procurá'los ns mesmos. NobagemP

2orozov recostou'se em sua cadeira para olhar ao redor. $o outro lado da sala,todos os componentes do grupo de controle do laser moviam'se de um lado para ooutro atarefados, enquanto um contingente de soldados uniformizados conversava

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entre si atrás deles. A seguir e!aminou o relgio sessenta e tr0s minutos até oinício do teste. 7m a um, os técnicos saíam para a sala de repouso. Ele n#o sentianecessidade alguma de descansar e, pelo jeito, nem o engenheiro'chefe, quefinalmente se dava por satisfeito com o funcionamento de seus sistemas e colocava

todos eles em estado de prontid#o. A *D +++ quil9metros de altura sobre o oceano Undico, um satélite do /rograma de Apoio : $efesa ^$-/_ estava em rbita geoestacioná'ria sobre um ponto fi!o nomar. -eu enorme telescpio -chmidt de foco cassegrainiano apontavapermanentemente para a 7ni#o -oviética, e sua miss#o era dar o primeiro aviso dolan&amento de mísseis na dire&#o dos Estados 7nidos. -eus dados eram recebidosvia Alice -prings, na Austrália, e enviados para vários locais nos Estados 7nidos. (omomento, as condi&)es de visibilidade eram e!celentes. >uase todo o hemisfériovisível estava imerso na escurid#o, e o ch#o frio de inverno destacava comfacilidade a menor fonte de calor com defini&#o incomum.Os técnicos que monitoravam o $-/ em -unnLvale o Gale do -ilício, na

1alifrnia entretinham'se em contar instala&)es industriais. Favia a 7sina de A&oT0nin, em ;azan, e havia aquela grande refinaria perto de 2oscou, e também... Aten&#oP anunciou um sargento. 8emos uma fonte de energia em /lesets3./arece que um <pássaro< está levantando v9o do campo de testes de H1N2.O major que estava de servi&o nesse turno da noite imediatamente ligou para o</alácio de 1ristal<, o quartel'general do (OKA$, instalado sob o monte 1heLenne,no 1olorado, a fim de certificar'se de que eles estavam gravando os dados dosatélite. R claro que estavam. Esse foi o lan&amento sobre o qual nos avisaram disse bai!inho, para simesmo.Enquanto observavam, a imagem brilhante do calor despejado pelo foguetecome&ou a tomar um rumo oriental, enquanto o H1N2 descrevia a trajetria balísticaque dava nome ao míssil. O major sabia de cor todas as características dos mísseissoviéticos. -e esse fosse um --'4D, o primeiro estágio deveria separar'se... agora. A tela ficou brilhante quando uma bola de fogo de DD+ metros de di%metro apareceu. A c%mera orbital realizou o equivalente mec%nico de uma piscada, alterando asensibilidade de seus sensores, cegados temporariamente pela sbita libera&#o deenormes quantidades de energia térmica. 8r0s segundos depois já rastreava umanuvem de fragmentos curvando'se em dire&#o : terra. /arece que esse e!plodiu observou desnecessariamente o sargento. $evolta : prancheta, Hv#...

Ainda n#o resolveram o problema com o segundo estágio acrescentou o major.Hmaginou por um momento qual teria sido o problema, mas decidiu que n#oimportava tanto. Os soviéticos haviam apressado a produ&#o da série'4D e jácome&avam a instalá'los em vag)es ferroviários para maior mobilidade, porém aindatinham problemas com o míssil de combustível slido. O major estava contente quefosse assim. (#o fosse pela falta de confiabilidade nos novos mísseis, o seu usodei!aria de ser uma coisa arriscada. Essa incerteza ainda era a maior garantia depaz. </alácio de 1ristal<, o teste falhou cinq6enta e sete segundos aps olan&amento. 1obra Nelle monitorou o teste do altoM Afirmativo respondeu o oficial do outro lado. Gamos chamá'los de volta.

1erto. Noa noite, Beff. A bordo do 1obra Nelle, dez minutos depois, o comandante da miss#o acusourecebimento da mensagem e cortou o canal de rádio. Gerificou o relgio e suspirou.

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(#o tinha vontade de voltar para -hemLa ainda. O capit#o encarregado dosequipamentos sugeriu que aproveitassem o tempo para calibrar os instrumentos. Ocoronel pensou por um instante e aprovou a idéia com um aceno de cabe&a. Aaeronave e a tripula&#o eram novas o bastante para adquirir mais e!peri0ncia. Os

sistemas de rastreamento foram ajustados para o 28H, Hndicador de Alvos 2veis. Ocomputador que registrava todas as fontes de energia que o telescpio acusavacome&ou a destacar apenas os pontos que se moviam. Os técnicos observaram astelas de vídeo enquanto o 28H eliminava rapidamente as estrelas e planetas,come&ando a indicar alguns satélites de bai!a altitude e fragmentos de sucataespacial em rbita. O sistema da c%mera era suficientemente sensível para detectar o calor de um corpo humano a C ++ quil9metros de dist%ncia, e logo uma série dealvos se apresentou. A c%mera se fi!ava em um deles de cada vez, obtendoimagens fotográficas em cdigo digital e gravando'as em fita de computador.Embora fosse apenas um e!ercício, os dados eram enviados automaticamente ao(OKA$, onde iriam atualizar o registro de informa&)es sobre objetos orbitais.

A pot0ncia que conseguiram aplicar ao sistema é impressionanteP comentou ocoronel Nondaren3o em voz bai!a. R verdade concordou com entusiasmo o general /o3rLsh3in. O maisimpressionante é como essas coisas acontecem. 7m dos meus feiticeiros descobrealguma coisa e comenta com o vizinho, que conversa com um terceiro, e o terceirodiz alguma coisa que vai novamente ao primeiro, e assim por diante. 8emos asmentes mais brilhantes do país aqui conosco, e o processo de descoberta mesmoassim parece t#o científico quanto uma topada com o ded#o numa cadeira. R essa aparte estranha. 2as é o que torna tudo fascinante. "ennadL Hosifo'vich, essa é acoisa mais e!citante que me aconteceu desde que ganhei meu breve de pilotoP Esselugar vai mudar o mundoP $epois de trinta anos de trabalho, acho que estamosmuito perto da base de um sistema capaz de proteger a )odina contra mísseisinimigos.Nondaren3o pensou que aquilo parecia um e!agero, mas o teste demonstrariaquanto de verdade havia ali. 7ma coisa era certa@ /o3rLsh3in parecia o homem certopara o posto que ocupava. O e!'piloto era um verdadeiro g0nio para coordenar edirecionar os esfor&os dos cientistas e engenheiros, muitos dos quais possuíam umego t#o grande quanto um tanque de guerra, e infinitamente mais frágil. >uando ogeneral precisava se impor, ele se impunha. >uando precisava lison'jear, elelisonjeava. Iazia o papel de pai, tio ou irm#o para todos eles. Era necessário umhomem com um grande cora&#o russo para realizar isso. O coronel adivinhou que

comandar pilotos de ca&a fora uma tima prepara&#o, e /o3rLsh3in devia ter sidoum comandante de esquadr#o brilhante. O equilíbrio entre press#o, autoridade eencorajamento era muito difícil de atingir, mas para esse homem parecia t#o naturalquanto respirar. Nondaren3o agora observava com aten&#o. 2uitas li&)es ali elepoderia usar em sua carreira futura, A sala de controle ficava separada do prédio do laser em si e era muito pequenapara a grande quantidade de homens e equipamentos que continha. Ali seencontravam por volta de cem engenheiros sessenta deles com mestrado emfísica , e mesmo aqueles chamados de técnicos poderiam lecionar em qualquer universidade da 7ni#o -oviética. -entavam'se aos painéis, ou andavam : sua volta. A maioria fumava, e o sistema de ar condicionado utilizado para manter constante a

temperatura nos computadores desenvolvia um grande esfor&o para manter o ar relativamente limpo. /or todos os lados viam'se mos'tradores digitais. A maioriamarcava a hora@ a hora média de "reen'Xich, usada para rastrear os satélites a

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hora local e, é claro, a hora'padr#o de 2oscou. Outros mostradores apresentavamas coordenadas precisas do satélite'alvo, 1osmos'CVC+, que levava a numera&#ointernacional de satélite CV'C+4A. Iora lan&ado do 1osmdromo de 8Luratam em4 de dezembro de CV e ainda estava no alto porque sua reentrada na atmosfera

com seu filme falhara. A telemetria mostrava que seus sistemas elétricos aindafuncionavam, embora sua rbita estivesse decaindo, com um perigeu atual oponto mais bai!o da rbita de CV+ quil9metros. (o momento, apro!imava'se doperigeu, diretamente sobre *strela Brilhante# (ível de energia subindo avisou o engenheiro'chefe pelo sistema fone'microfone que usava : cabe&a. Gerifica&#o final do sistema. 1%meras rastreadoras em linha informou um técnico. Ilu!o de criog0nionominal. 1ontrole de rastreamento dos espelhos em automático anunciou o engenheiroao lado de 2orozov. O jovem engenheiro estava na ponta da cadeira giratriaobservando ansiosamente o monitor de vídeo ainda sem imagem.

-eq6enciamento do computador em automático disse um terceiro.Nondaren3o deu um gole em seu chá, tentando acalmar'se sem resultado. -emprequisera presenciar um lan&amento espacial, mas nunca tivera a oportunidade. Aquiacontecia o mesmo tipo de coisa. A e!ci'ta&#o era difícil de dominar. Ao seu redor osequipamentos e os homens estavam se unindo numa s entidade para realizar umnico objetivo, enquanto um aps o outro anunciava sua prontid#o e a de seusequipamentos. Iinalmente@ 8odos os sistemas laser em linha com energia total. Estamos prontos para disparar o engenheiro'chefe concluiu a ladainha.8odos os olhares se voltaram para o lado direito da constru&#o, onde o gruporesponsável pelas c%meras rastreadoras dirigia os instrumentos para uma se&#o dohorizonte a noroeste. 7m ponto brilhante surgiu, subindo vagarosamente pelaabbada negra do céu. Aquisi&#o de alvoP Ao lado de 2orozov, o engenheiro levantou as m#os do painel de controle paracertificar'se de que n#o acionaria inadvertidamente nenhum bot#o. A luz queindicava funcionamento automático piscava intermitentemente. A 4++ metros de dist%ncia, os seis espelhos dispostos ao redor do prédio que emitiao laser giraram juntos, ficando numa posi&#o quase vertical em rela&#o ao solo,enquanto focalizavam o alvo, logo acima do horizonte irregular de picosmontanhosos. (a colina seguinte, os quatro espelhos responsáveis pela imagem

fizeram o mesmo. $o lado de fora soaram sirenes de alarme, e luzes vermelhasrotativas avisaram a todos para que se afastassem da área.(o monitor em frente ao engenheiro'chefe agora havia uma imagem do 1osmos'CVC+. 1omo medida final de seguran&a, ele e mais tr0s técnicos precisavam fazer uma identifica&#o visual positiva do alvo. Aquele é o 1osmos'CVC+ dizia o capit#o ao comandante do 1obra Nelle. 7m <pássaro< de reconhecimento quebrado. $eve ter havido uma falha nos motoresde reentrada, porque n#o voltou quando mandaram. Está em rbita degenerativa edeve ter mais uns quatro meses de vida. Ainda envia dados de telemetria de rotina.(ada de importante, que a gente saiba. - para mostrar ao Hv# que ainda está lá. Os painéis solares ainda devem estar funcionando observou o coronel. O

calor vem da energia interna. R. Iico pensando por que será que n#o o desligaram ainda... $e qualquer forma,a leitura da temperatura de bordo é de CD graus centígrados. Stimo fundo frio para

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fazer a leitura. -e fosse a luz do sol, acho que n#o captaríamos a diferen&a entre oaquecimento solar e o do satélite...Os espelhos na estrutura transmissora do laser rastreavam muito lentamente, mas omovimento podia ser percebido nas seis telas de televis#o que os monitoravam. 7m

laser de bai!a pot0ncia refletia num dos espelhos, partindo em dire&#o ao alvo... Além de servir para apontar todo o sistema, enviava uma imagem de alta resolu&#opara o console de comando. A identidade do alvo estava confirmada agora. Oengenheiro'chefe girou a chave que <liberava< todo o sistema. *strela Brilhanteestava agora fora do controle de m#os humanas, comandado inteiramente pelocomple!o principal de computadores. Bá se fi!ou no alvo observou 2orozov a seu superior.O engenheiro concordou com um aceno de cabe&a, sem tirar os olhos da tela. -ualeitura de alcance estava decrescendo rapidamente : medida que o satélite vinha nadire&#o deles, circulando a CV +++ quil9metros por hora na dire&#o de suadestrui&#o. A imagem que aparecia no monitor era de uma bolha levemente oblonga,

branca em virtude do calor interno, contrastando fortemente contra um céu semcalor. Tocalizava'se e!atamente no centro da retícula de alvo, como uma ovalbranca no centro da al&a de mira.Eles n#o escutavam nada, é claro. O prédio que abrigava os geradores de raioslaser era completamente isolado térmica e acusticamente. 8ambém n#o en!ergavamnada ao nível do solo. 2as, observando as telas de televis#o na sala de controle, oscem homens cerraram os punhos no mesmo instante. >ue diabosP e!clamou o capit#o. A imagem do 1osmos'CVC+ subitamenteficara brilhante como umsol. O computador ajustou a sensibilidade no mesmo instante, mas por váriossegundos n#o conseguiu acompanhar as mudan&as de temperatura no satélite. 2as que diabo acertou... -enhor, isso n#o pode ser calor interno. O capit#odigitou um comando no teclado a sua frente e obteve uma leitura digital datemperatura aparente do satélite. Kadia&#o infravermelha é uma fun&#o de quartograu. O calor cedido por um objeto é o "uadrado do "uadrado de sua temperatura. 1oronel, a temperatura foi de CD graus centígrados para... parece que C V++graus em dois segundos. Ainda está subindo... espere, está diminuindo. Agora sobede novo. A ta!a de aumento é irregular, quase.,. Agora está caindo. >ue porra foiessaM J esquerda do homem, o coronel come&ou a pressionar alguns bot)es no seuconsole de comunica&#o, ativando uma liga&#o em cdigo via satélite com o monte

1heLenne. >uando falou, foi no tom frio e profissional que os militares reservamapenas para os piores pesadelos. O coronel sabia e!atamente o que havia visto. /alácio de 1ristal, aqui 1obra Nelle. Iiquem alerta para copiar uma mensagemAuperlash# A postos. /ode falar. 8ivemos uma ocorr0ncia de alta energia. Kepito, estamos acompanhando umevento de alta energia. 1obra Nelle declara um 7ropsEhot# Acuse recebimento. Olhou para o capit#o ao lado, e seu rosto estava pálido.(o quartel'general do (OKA$, o oficial graduado do turno da noite teve devasculhar rapidamente sua memria para lembrar o significado de 7ropshot# $oissegundos depois um <Besus< foi dito bai!inho ao sistema fone'microfone preso a sua

cabe&a. 1obra Nelle, acusamos recebimento do 7ropshot# Iique a postos enquanto agente toma algumas provid0ncias por aqui. BesusP disse ele outra vez, voltando'

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se para seu au!iliar. 8ransmita um alerta 7ropshot ao (211, e diga para elespermanecerem alertas para receber os dados impressos. Encontre o coronel Qelche traga'o aqui. O oficial levantou o telefone a seu lado e digitou o cdigo do1H(1'(OKA$, comandante'chefe do (OKA$.

-imM uma voz rouca disse ao aparelho. "eneral, aqui é o coronel Fenri3sen. 1obra Nelle relatou um Alerta 7ropshot#$izem que acabam de presenciar um evento de alta energia. Bá informou o (211M Keferia'se ao 1entro (acional de 1omando 2ilitar. -im, senhor, e estamos trazendo $oug Qelch também. Bá t0m os dadosM Estar#o aqui quando o senhor chegar. 2uito bem, coronel, estou a caminho. 2ande um avi#o para -hemLa, para trazer aquele cara do E!ército até aqui.O coronel a bordo do 1obra Nelle estava ordenando a seu oficial de comunica&)esque enviasse os dados via comunica&#o digital para o (OKA$ e o Gale do -ilício. A

tarefa foi realizada em cinco minutos. A seguir o comandante da miss#o disse :tripula&#o para voltar a -hemLa. Ainda tinham combustível para duas horas depatrulha, mas achou que nada mais aconteceria essa noite. O que acontecera atéaqui era o suficiente. O coronel acabara de ter o privilégio de testemunhar umacontecimento que muito poucos homens haviam presenciado na histria dahumanidade. 8inha visto o mundo mudar e, ao contrário da maioria dos homens, eleentendia o significado dessa mudan&a. *ra uma honra, pensou ele, "ue dentro em pouco seria obri%ado a es"uecer completamente# 1apit#o, eles chegaram primeiro. 6eu 7eus8 Bac3 KLan estava a ponto de tomar a saída pelo trevo da rodovia C'5D quando otelefone do seu carro tocou. -imM /recisamos de voc0 aqui. 1erto. Bac3 ouviu a linha ser desligada do outro lado. Bac3 tomou a saída,mas continuou a curva, passando sob o viadutoe retornando : Qashington NeltXaL, o caminho de volta : 1HA. Aquilo nunca falhava.Ele tirara a tarde de folga para encontrar'se com o pessoal do -E1. $escobrira queos agentes da companhia foram investigados e liberados de qualquer suspeita, oque se estendia a ele também ou deveria, se os investigadores do -E1chegassem mesmo a encerrar sua ficha. Ele nutrira a esperan&a de tirar o resto dodia de folga e ir para casa. KLan resmungava enquanto se encaminhava de volta a

Girgínia, perguntando'se qual seria a crise daquela vez. O major "regorL e mais tr0s membros de seu grupo de sotFare estavam em pé aolado de um quadro'negro, diagramando o flu!o do pacote de programas de controledo espelho quando um sargento entrou na sala. 2ajor, o senhor está sendo chamado ao telefone. Estou ocupado. (#o pode esperarM R o general /ar3s, senhor. A voz do dono resmungou Al "regorL. Atirou o giz ao homem mais pr!imo esaiu da sala. Em pouco mais de um minuto estava ao telefone. Fá um helicptero a caminho para apanhá'lo informou o general sem rodeios. -enhor, estamos tentando resolver...

Em ;irtland haverá um Tear esperando por voc0. (#o temos tempo para esperar um v9o comercial. (#o vai precisar fazer as malas. A caminho, majorP -im, senhor.

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O que aconteceu de erradoM indagou 2orozov. O engenheiro a seu ladoolhava com cara de bravo para o painel. $istor&#o térmica. 2erdaP /ensei que já tínhamos superado isso. $o outro ladoda sala de controle, o laser de bai!a energia produzia

outra imagem do alvo. A imagem monocromática era uma fotografia de apro!ima&#oem preto'e'branco, s que o preto aparecia como marrom. Os técnicos em vídeohaviam dividido a tela, colocando a imagem antiga ao lado da atual, paracompara&#o. (enhum furoP disse /o3rLsh3in, amargamente. E daíM quis saber Nondaren3o, sem entender. 2eu $eusP O laser derreteuaquela coisaP Aquilo parece que foi mergulhado no a&o fundido./arecia mesmo. As superfícies planas estavam agora retorcidas em virtude do calor intenso que ainda se irradiava. As células solares dispostas ao redor do corpo dosatélite projetadas para absorver energia luminosa pareciam ter se queimadocompletamente. (um e!ame mais cuidadoso podia'se constatar que todo o corpo do

satélite apresentava'se distorcido pela energia que o atingira. /o3rLsh3in concordou,mas sua e!press#o n#o se alterou. 8ínhamos de fazer um furo no satélite. -etivéssemos conseguido, teria dado a impress#o de que algum peda&o de sucataespacial tinha se chocado com ele. Esse é o tipo de concentra&#o de energia queestávamos procurando. 2as agora pode destruir qualquer satélite que desejarP *strela Brilhante n#o foi construída para destruir satélites, coronel. Bá podemosfazer isso com facilidade.- ent#o Nondaren3o entendeu a mensagem. $e fato, *strela Brilhante na verdadehavia sido construída com um propsito específico, mas o avan&o na energiae!cedera as e!pectativas por um fator de quatro, e /o3rLsh3in queria matar doiscoelhos com uma s cajadada, demonstrando a capacidade de intercepta&#o desatélites e um sistema que podia ser adaptado : defesa contra mísseis balísticos.Era um homem ambicioso, ainda que n#o no sentido comum da palavra.Nondaren3o dei!ou de pensar no assunto e concentrou'se no que acabara depresenciar. O que tinha acontecido de erradoM $evia ter sido distor&#o térmica. Aoserem transmitidos pela atmosfera, os raios laser transferiram uma quantidadefracionária de sua energia na forma de calor para a atmosfera. 8al distor&#oprovocara uma <turva'&#o< do ar, alterando suas propriedades pticas, movendo ofei!e para cima e para bai!o do alvo, e alargando o fei!e laser num di%metro maior que o pretendido.

6as, a despeito disso tudo, ainda te!e pot4ncia suiciente para derreter metal a >MC "uilDmetros de distncia, pensou o coronel. A miss#o n#o era um fracasso.Kepresentava, isso sim, um salto gigantesco em dire&#o a uma nova tecnologia. Algum dano ao sistemaM perguntou o general ao diretor do projeto. (enhum, de outra maneira n#o teríamos conseguido a imagem logo a seguir./arece que as medidas de compensa&#o da atmosfera foram suficientes para ofei!e de imagem, mas n#o para a transmiss#o de alta energia. 2eio sucesso,camarada general. R verdade. /o3rLsh3in esfregou os olhos por um momento, depois disse comfirmeza@ 1amaradas, demonstramos grande progresso esta noite, mas ainda hámuito trabalho a fazer.

E esse é meu trabalho disse bai!inho o engenheiro ao lado de 2orozov. Gamos resolver esse filho da putaP /recisa de mais alguém no grupoM

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8rata'se em parte de espelhos e em parte de computadores. >uanto sabe sobreesses assuntosM Hsso é o senhor que decide. >uando come&amosM Amanh#. O pessoal da telemetria vai levar umas doze horas para organizar os

dados. /retendo apanhar o pr!imo 9nibus para a área residencial e beber algumacoisa em meu apartamento. 2inha família foi passar a semana fora. >uer meacompanharM O que pensa que foi issoM perguntou Abdul. Faviam acabado de chegar aotopo de uma serra quando o meteoro apareceu. /elo menos a princípio parecia como rastro de um meteoro entrando na atmosfera. /orém a linha fina e douradapermanecera ali e dava a impress#o de ir da terra para o céu rápida, masnitidamente. 3ma linha ina e dourada, pensou o Arqueiro. O ar em si parecia ter brilhado. 2as o que teria provocado tal rea&#o no arM /or um momento eleesqueceu quem era e onde estava, retornando aos seus dias na universidade. ;alor provocava aquele tipo de efeito. Apenas o calor. >uando um meteoro caía, a fric&#o

de sua passagem... 2as aquilo n#o fora um meteoro. 2esmo que o sentido de bai!opara cima n#o passasse de uma ilus#o e ele n#o tinha certeza disso os olhosenganam a gente , a luz dourada durara apro!imadamente cinco segundo. 8alvezum pouco mais, refletiu o Arqueiro. R muito difícil medir o tempo com a mente.Fum... -entou'se abruptamente e apanhou o bloco de anota&)es. O homem da 1HAlhe dera aquele bloco e lhe dissera para anotar os eventos, como um diário. Era uminstrumento til n#o lhe ocorrera antes. Anotou cuidadosamente a hora, data, local ea dire&#o apro!imada. $entro de mais alguns dias voltaria ao /aquist#o, e talvez ohomem da 1HA achasse aquilo interessante.

-m .)e. a /enosBá estava escuro quando ele chegou. O motorista que conduzia o carro de "regorLsaiu da Kodovia "eorge Qashington em dire&#o : avenida de acesso ao /entágono. A sentinela levantou o port#o, permitindo que o Iord do governo sem identifica&#o o /entágono estava comprando automveis Iord naquele ano subisse arampa, desse a volta ao punhado de carros estacionados e dei!asse seu passageirologo atrás de um 9nibus. "regorL já conhecia bem a rotina@ mostrar seu passe aoguarda, passar através do detector de metais, andar ao longo de um corredor cheiode bandeiras dos Estados, depois descer ao longo da rampa que conduzia : área de

compras, uma galeria construída e iluminada ao estilo de um calabou&o do séculoC4. (a verdade, "regorL jogara <$rag)es e Tabirintos< quando estava no colegial, ea primeira vez que fora : grande constru&#o poligonal convencera'se de que o autor do jogo inspirara'se naquele lugar.O escritrio da Hniciativa de $efesa Estratégica ficava e!atamente sob a área delojas comerciais na verdade a entrada ficava diretamente sob a confeitaria ,num espa&o com cerca de *++ metros, que anteriormente servira como ponto para9nibus e tá!is antes que o advento dos carros'bombas persuadisse acomunidade de defesa da na&#o do fato de que automveis n#o eram uma boacoisa para se ter debai!o da marquise em forma de <E<. Essa parte do edifício, por'tanto, era a mais nova e a mais segura, o que era apropriado para o programa militar 

mais recente e menos seguro. (esse ponto, "regorL apanhou seu outro passe.2ostrou'o :s quatro pessoas na mesa de seguran&a, depois colocou'o contra opainel na parede, que, depois de interrogar eletromagneticamente seu cdigo,

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permitiu o ingresso do major. Hsso levou'o a uma sala de espera com portas duplasde vidro. -orriu para a recepcionista enquanto prosseguia, depois para a secretáriado general /ar3s, que devia estar de mau humor por ficar até tarde no trabalho en#o tinha vontade de sorrir.

O general Nill /ar3s tampouco estava com vontade de sorrir. -eu amplo escritriocontinha uma escrivaninha, um pequena mesa de centro para o café e conversasmais íntimas, além de uma mesa maior para confer0ncias. As paredes estavamcobertas de fotografias emolduradas de várias atividades espaciais, modelos reais eimaginários de veículos... e de armas. /ar3s era geralmente um homem cordial. E!'piloto de testes, sua carreira correra t#o bem que se poderia imaginá'lo como umafigura bajuladora e popular, apertando as m#os de todo mundo. Em vez disso, /ar3stinha o aspecto de um monge, com um sorriso que era ao mesmo tempoencantadoramente tímido e intenso. -uas muitas divisas n#o adornavam a camisade mangas curtas, que somente ostentava uma miniatura das asas de piloto'comandante. (#o precisava impressionar as pessoas com o que tinha feito, mas

com o que era. /ar3s era um dos mais inteligentes homens no governo, certamenteentre os dez mais, talvez até o mais brilhante. "regorL viu que o general tinhacompanhia aquela noite. Ent#o nos encontramos outra vez, major ― disse KLan, voltando'se. Ele tinhanas m#os uma brochura de duzentas páginas, aberta na metade."regorL ficou em posi&#o de sentido ― para /ar3s ― e apresentou'se formalmenteao general. >ue tal o v9oM Iantástico. -enhor, aquela máquina de refrigerantes ainda fica no mesmo lugarMEstou morrendo de sede.O general sorriu rapidamente antes de responder@ /ode ir até lá. (#o estamos com tanta pressa assim. ― "regorL saiu para ocorredor e fechou a porta atrás de si. ― A gente s pode adorar esse garoto. -erá que a m#e dele sabe o que ele anda fazendo depois da escolaM ― brincouKLan, ficando sério logo em seguida. ― Ele ainda n#o viu nada disso, certoM (#o, e nem teve tempo. Além do mais, o coronel do 1obra Nelle deve demorar mais cinco horas para chegar aqui.Bac3 assentiu. Era por isso que ele e Art "raham da unidade de satélites eram osnicos membros da 1HA presentes os outros teriam uma noite de sono decenteenquanto os dois preparavam o relatrio dos acontecimentos para a manh#seguinte. O prprio /ar3s podia ter tirado o corpo fora, dei!ando o trabalho para seu

cientista'chefe, mas ele n#o era esse tipo de homem. >uanto mais KLan conheciade /ar3s, mais o apreciava. O general preenchia os requisitos de um bom líder. Eraum homem com um ideal ― ideal esse que KLan partilhava. Ali estava umcomandante militar graduado que odiava armas nucleares. Hsso em si n#o era umfato t#o incomum ― militares tendiam a apreciar um mundo organizado, e as armasnucleares provocavam uma situa&#o bastante imprevisível. 2as muito poucossoldados, marinheiros e pilotos tinham engolido suas opini)es pessoais e construídoa carreira em torno de armamentos que esperavam nunca ser utilizados. /ar3spassara os ltimos dez anos de sua carreira tentando achar uma maneira deeliminá'los. Bac3 apreciava as pessoas que nadavam contra a corrente. 1oragemmoral era um atributo mais raro do que a coragem física, um fato t#o verdadeiro na

profiss#o militar quanto em qualquer outra."regorL reapareceu com uma lata de 1oca'1ola, retirada da máquina pr!ima :porta. "regorL n#o gostava de café. Era hora de trabalhar.

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O que está acontecendo, senhorM 8emos uma fita de vídeo gravada por 1obra Nelle. Eles decolaram paraacompanhar um teste de H1N2 soviético. O <pássaro< deles, um --'4D, e!plodiu, e ocomandante da miss#o resolveu ficar l0 em cima e testar seus brinquedinhos. Hsso

foi o que ele viu. ― O general pressionou o bot#o do controle remoto dovideocassete e a imagem surgiu na tela. Esse é o 1osmos'CVC+  ― e!plicou Art "raham, passando uma fotografia aomajor. ― 7m satélite de reconhecimento que n#o funcionou direito. Hmagem infravermelha na tev0, n#o éM ― "regorL deu um gole em seurefrigerante. ― 2eu $eusPO que fora um simples ponto de luz e!pandiu'se como uma estrela e!plodindo numfilme de fic&#o científica. - que n#o era fic&#o. A imagem mudou enquanto osistema de imagem computadorizado adaptava'se ao sbito aumento de energia. (ocanto inferior apareceu uma série de dígitos, mostrando a temperatura aparente dosatélite. Em poucos segundos a imagem desapareceu e novamente o computador 

precisou ajustar'se para acompanhar o 1osmos.Fouve um segundo ou dois de estática na tela, depois uma nova imagem come&ou ase formar. Hsso foi feito noventa minutos atrás. O satélite passou sobre o Favai algumasrbitas depois. 8emos c%meras lá para monitorar os satélites soviéticos declarou"raham. $0 uma olhada na fotografia que lhe entreguei. <Antes e depois<, certoM Os olhos de "regorL passeavam de uma imagempara outra. Os painéis solares se foram... pu!aP $o que é feito o corpo dosatéliteM A maior parte é de alumínio esclareceu "raham. Os russos acreditam maisem constru&)es resistentes do que ns. As estruturas internas talvez sejam feitas dea&o, mas acho mais provável tit%nio ou magnésio. Hsso pode nos dar uma base de cálculo para uma estimativa da transfer0ncia deenergia envolvida no processo afirmou "regorL. Eles destruíram o <pássaro<.1onseguiram calor suficiente para derreter os painéis solares e provavelmente pararomper os circuitos elétricos no interior. A que altura ele estavaM 1ento e oitenta quil9metros. Ioi de -arL -hagan, ou daquele lugar novo que o senhor KLan me mostrouM $ushanbe disse KLan. O novo. 2as as linhas de for&a ainda n#o est#o prontas. R verdade concordou "raham. Eles ainda podem dobrar a pot0ncia que

acabamos de ver demonstrada. Ou pelo menos acham que podem. A voz pareciacom a de quem acabava de saber que um membro da família tinha uma doen&afatal. /osso ver a primeira seq60ncia de novoM disse "regorL. /arecia mais umaordem de "regorL do que uma pergunta, e Bac3 notou que o general a realizou semperda de tempo.(os quinze minutos seguintes, "regorL permaneceu a C metro do monitor,bebericando seu refrigerante sem tirar os olhos da tela. (os ltimos tr0s minutos aimagem foi avan&ada quadro a quadro, enquanto o jovem major fazia anota&)es acada mudan&a. Iinalmente terminou. /osso fazer uma estimativa mais precisa em meia hora, mas acho que eles

enfrentaram problemas. $istor&#o disse Nill /ar3s. E também dificuldades no sistema de mira, senhor. /elo menos, é o que parece.

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/reciso de algum tempo para trabalhar e de uma boa calculadora. $ei!ei a minha noescritrio admitiu "regorL sem gra&a. "raham passou'lhe uma FeXlett'/ac3ardprogramavel. E quanto : energiaM quis saber KLan.

/reciso de algum tempo para dar nmeros e!atos informou pacientemente omajor. (o momento, posso afirmar que e!cederam em oito vezes tudo o quepodemos fazer. /reciso de um lugar tranq6ilo para trabalhar. /osso usar a sala delanchesM perguntou ele a /ar3s. O general assentiu, e ele dei!ou a sala. Oito vezes... repetiu Art "raham, impressionado. 2eu $eus, isso quer dizer que podem dei!ar fora de a&#o qualquer satélite do $-/-. Aliás, podem acertar qualquer satélite de comunica&)es, se quiserem. Nem, sempre e!istem maneiras deproteg0'los...KLan sentiu'se um pouco marginalizado. -ua forma&#o em histria e economia n#oincluía a linguagem técnica das ci0ncias físicas, que ele ainda n#o dominavacompletamente.

8r0s anos declarou o general /ar3s, servindo mais um café. /elo menostr0s anos : nossa frente. 2as s em pot0ncia... disse "raham.Bac3 olhava de um para outro, sabendo o significado geral do que eles discutiam,mas n#o entendendo o contedo. "regorL voltou em vinte minutos. 1alculei o pico da pot0ncia de saída deles entre 4D e *+ milh)es de Xatts anunciou ele, sem rodeios. -e assumirmos que usam seis geradores laser para atransmiss#o, isso faz... bem, mais do que o suficiente, n#o éM E s uma quest#o defocalizar e dirigir todos para o mesmo alvo. "regorL fez uma pausa. Estas s#oas más notícias. As boas s#o que eles definitivamente est#o enfrentando problemasde distor&#o pela atmosfera. 1onseguiram chegar : pot0ncia de pico apenas nosprimeiros milésimos de segundo, depois o raio come&ou a ser distorcido. A pot0nciamédia no impacto ficou entre ? e C+ megaXatts. Ao que parece, eles tambémtiveram problemas de mira além da distor&#o. Ou os suportes contra vibra&)es n#oforam bem instalados, ou eles n#o conseguiram corrigir completamente o balan&o derota&#o da 8erra. 8alvez as duas coisas. >ualquer que seja a causa, tiveramproblemas para apontar com uma precis#o maior do que tr0s segundos de arco. Hssosignifica que s podem ter uma precis#o de 45+ metros a mais ou a menos para umsatélite em rbita geossincr9'nica, é claro que esses alvos s#o relativamenteestacionários, e o fator de movimento pode influenciar para qualquer dos lados. 1omo é issoM indagou KLan.

Os satélites de rbita bai!a se movem no espa&o com uma velocidade razoável,algo em torno de V +++ metros por segundo. -e voc0 está tentando atingir um alvomvel, s#o C 5++ metros por cada grau de arco, portanto seguimos um alvo queprogride no espa&o : raz#o de D graus por segundo. Está me acompanhandoM Bac3 concordou com um aceno e o major continuou. A distor&#o térmica significaque o laser está cedendo uma parte apreciável de sua energia para a atmosfera. -evoc0 está rastreando rapidamente para acompanhar o satélite, precisa abrir um novoorifício continuamente na camada de ar. 2as demora um pouquinho para que osefeitos da distor&#o se tornem ruins... e isso ajuda. /or outro lado, os problemas devibra&#o adicionam variáveis a cada vez que o ponto visado é alterado, o que mudaa geometria do alvo e torna a situa&#o ainda pior. Acertar um alvo razoavelmente

estacionário, como por e!emplo um satélite de comunica&)es, simplifica o problemade mira, mas em compensa&#o a gente fica perfurando sempre a mesma camadaaté que quase toda a energia é dissipada no ar. Entende o que eu digoM

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KLan assentiu, embora sua mente estivesse atingindo novamente o limite. 2alentendia a linguagem que o garoto usava, e a informa&#o que "regorL tentavatransmitir estava num campo que ele simplesmente n#o dominava. "rahaminterferiu.

Está dizendo que n#o devemos nos preocupar com isso por enquantoM (#o, senhorP -e a pot0ncia está disponível para ser utilizada, sempre se podealcan&ar os meios para fazer isso. >ue diabos, ns já resolvemos esse problema.Essa é a parte mais simples. R como eu disse afirmou o engenheiro a 2orozov. O problema n#o está naquantidade de energia que o fei!e laser pode carregar, essa é a parte fácil. O difícil élevar essa energia até o alvo. O computador n#o pode corrigir a... e!atamente o qu0M $eve ser uma combina&#o de fatores. Gamos repassar os dados ainda hoje. Oerro principalM /rovavelmente o programa de compensa&#o atmosférica. /ensamosque poderíamos ajustar o processo de mira para eliminar a distor&#o... mas n#o

conseguimos. 8r0s anos de trabalho terico foram embutidos no teste de ontem.2eu projeto. E n#o funcionou. O engenheiro olhou na dire&#o do horizonte,franzindo as sobrancelhas. A opera&#o em sua crian&a doente n#o fora bem'sucedida, mas os médicos achavam que ainda havia esperan&a. Ent#o foi daí que partiu o aumento da pot0ncia de saída do laserM quis saber Nondaren3o. Ioi. $ois dos mais jovens entre o pessoal, ele com *4 e ela com 4V, descobriramuma maneira de aumentar o di%metro da cavidade do laser. O que precisamos,entretanto, é de um controle melhor dos eletroím#s disse /o3rLsh3in.O coronel concordou. A vantagem do laser de elétron livre no qual os dois ladosestavam trabalhando é que ele podia ser <sintonizado< da mesma forma que umrádio, oferecendo a possibilidade de escolha da freq60ncia luminosa que se queriatransmitir... ou pelo menos assim afirmava a teoria. (a prática, porém, a maior pot0ncia de saída ficava sempre na mesma zona de freq60ncia... que era a errada.-e no dia anterior tivessem tido a possibilidade de escolher uma freq60ncialigeiramente diferente, que penetrasse com mais efici0ncia na atmosfera, a distor&#otérmica poderia ter sido reduzida em D+ por cento ou mais. 2as isso significariacontrolar melhor os ím#s supercondu'tores. -#o chamados de Fi%%lers, ouoscilantes, porque induzem um campo magnético oscilante através dos elétronscarregados na cavidade do laser. Hnfelizmente, o mesmo avan&o que aumentou acavidade teve também um efeito inesperado sobre a capacidade de controlar o flu!o

do campo magnético. Ainda n#o descobrimos nenhuma e!plica&#o terica para isso,e a opini#o dos cientistas mais e!perientes é de que houve um pequeno problemade engenharia, ainda insuspeita'do, no projeto do ím#. Os engenheiros graduados, éclaro, alegam que o erro está nas e!plica&)es tericas para o que acontecia, porqueeles sabem que os ím#s funcionam perfeitamente. As discuss)es que já agitavam assalas de confer0ncias eram vigorosas, porém cordiais. 7m bom nmero de pessoasdonas das mentes mais brilhantes lutavam juntas para descobrir a Gerdade dotipo científico que n#o dependesse da opini#o humana. A mente de Nondaren3o repassava os detalhes enquanto fazia as anota&)es. Ele se julgara um homem com conhecimento de tecnologia laser afinal de contas, haviaajudado a projetar uma aplica&#o completamente nova , mas, ao e!aminar o

trabalho que estava sendo realizado ali, imaginou'se como uma crian&a a vagar por um laboratrio de universidade, maravilhando'se com as luzes brilhantes. O avan&oprincipal, escreveu ele, era no projeto da cavidade do laser. Aquilo permitia o grande

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aumento na pot0ncia de saída e fora concebido numa mesa de cantina, quando umengenheiro e uma física trope&aram juntos num peda&o da Gerdade. O coronelsorriu interiormente. :ra!da fora a palavra usada, na realidade. Verdade era atradu&#o e!ata, e os dois jovens acad0micos pronunciavam'na de maneira bastante

simples. 7ltimamente, essa era uma palavra que vinha ganhando popularidade em*strela Brilhante, e Nondaren3o perguntou'se quanto daquilo se constituía numapiada particular, de um jeito ou de outro.<2as é pra!ilno0L, perguntavam sobre um fato. R <verdadeiro<MNem, disse o coronel a si mesmo, uma coisa é bastante verdadeira.

 Aquelas duas pessoas que se encontraram para discutir sua vida amorosaNondaren3o já escutara a histria em detalhes numa mesa da cantina haviamse juntado para permitir um colossal salto para a frente em rela&#o : pot0ncia dolaser. O resto viria a seu tempo, disse Nondaren3o a si mesmo. -empre vinha. Ent#o parece que o problema principal é o controle do computador, tanto do

campo de flu!o magnético quanto do conjunto de espelhos. 1orreto, coronel concordou /o3rLsh3in. E precisamos de verbas adicionaispara corrigir essas dificuldades. /recisa dizer a eles em 2oscou que o trabalho maisimportante já foi realizado e provou funcionar. 1amarada general, já me conquistou. (#o, camarada coronel. O senhor simplesmente possui a intelig0ncia necessáriapara perceber a !erdade# ― Os dois deram uma boa gargalhada enquantoapertavam'se as m#os.Nondaren3o mal podia esperar para voar de volta a 2oscou. Bá se fora o tempo emque um oficial soviético temia ser portador de más notícias, porém a divulga&#o denotícias boas sempre ajudava a carreira de quem as trazia. Nem, eles n#o podem estar usando pticos adaptáveis declarou o general/ar3s. O que eu quero saber é de onde v0m as camadas pticas deles. R a segunda vez que escuto isso. KLan levantou'se e andou ao redor damesa para ativar a circula&#o. >ual é o problema com o espelhoM R um espelhode vidro, n#o éM $e vidro, n#o. O vidro n#o suporta a quantidade de energia. (o momento,estamos usando cobre ou molibd0nio informou "regorL. 7m espelho de vidropossui sua superfície refletora na parte de trás. (o nosso tipo de espelho, asuperfície refletora fica na face frontal. Fá um sistema de resfriamento na parte detrás.

1omoM Voc4 de!ia ter eito mais cursos de ci4ncias na 3ni!ersidade deBoston, @ack# A luz n#o se reflete diretamente sobre o metal disse "raham. KLan sentiu queera o nico tapado na sala. E fora o escolhido, é claro, para escrever o KelatrioEspecial sobre Hnforma&)es 1onfidenciais. O que reflete é a camada ptica. /araaplica&)es muito precisas, como por e!emplo um telescpio astron9mico, a camadasobre o espelho tem a apar0ncia de um pouco de gasolina sobre uma po&a d=água.

(esse caso, por que usar o metalM quis saber Bac3. O major respondeu@ 7sa'se metal para manter a superfície refletora t#o refrigerada quanto possível.(a verdade estamos tentando abandonar os metais. /rojeto A$'A2A(8, ou seja,

$esenvolvimento Acelerado de 2ateriais Avan&ados e (ovos "rupos de 8ecnologia.Esperamos que o pr!imo espelho seja feito de diamante. O "u40

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$iamante artificial feito de puro carbono'C4, que é um istopo do carbono comume serve perfeitamente para ns. O problema é a absor&#o de energia continuou omajor. -e a superfície retém muita luz, a energia térmica pode arrancar a camadarefletora do vidro e ent#o o espelho se quebra. Gi isso acontecer uma vez com um

espelho de meio metro de di%metro. -oou como $eus estalando os dedos. 1om odiamante de carbono'C4 podemos ter um material que é quase um supercondutor decalor. /ermite um aumento na densidade de pot0ncia, com um espelho menor. A"eneral Electric acaba de desenvolver um método para obter diamantes com aqualidade de pedras preciosas a partir do carbono'C4. 1andi já está trabalhandopara ver como podemos montar um espelho com esse material.KLan deu uma olhada em suas trinta páginas de anota&)es, depois esfregou osolhos. 2ajor, com a permiss#o do general, o senhor vem a TangleL comigo. "ostariaque atualizasse os conhecimentos de nosso pessoal de 1i0ncia e 8ecnologia, equeria que tomasse conhecimento de todas as informa&)es que possuímos sobre o

projeto soviético. 8udo bem para o senhorM Bac3 perguntou a /ar3s. O generalconcordou com um aceno de cabe&a.KLan e "regorL saíram juntos. /recisava'se de um passe para sair, também. Osguardas haviam trocado de turno, mas encaravam a todos com igual seriedade.>uando chegaram ao estacionamento, o major disse que o Baguar YB- de KLan era<bárbaro<. $inda usam esse termo0, perguntou'se Bac3. 1omo é que um fuzileiro chega a trabalhar para a Ag0nciaM indagou "regorL,admirando o estofamento de couro. * onde conse%ue %rana para comprar um carrodesses0 Eles me convidaram. Antes disso eu lecionava histria em An'napolis. Nadacomo ser o amoso Airjohn )yan# Bem, em compensa+ão não terei o nome emnenhum li!ro didtico sobre laser### >ue escola freq6entouM

Nacharelado na 7niversidade de Noston, e fiz mestrado aqui, bem do outro ladodo rio, em "eorgetoXn. Goc0 n#o disse que era doutor observou o major. KLan soltou uma risadaantes de responder@ R um campo muito diferente, amigo. 8enho um bocado de dificuldade paraentender que diabos voc0 est#o fazendo, mas apesar disso fui incumbido de e!plicar o que significa para os... bem, para as pessoas envolvidas nas negocia&)es sobre

redu&#o de armamentos. 8enho trabalhado com eles nos ltimos seis meses."regorL soltou um grunhido. Aquela turma quer me colocar para fora dos negcios. >uerem entregar tudo. Eles também t0m um emprego concedeu Bac3. /reciso de sua ajuda paraconvenc0'los de que seu trabalho é importante.` Os russos acham que é importante. R. Aliás, foi o que acabamos de ver, n#o foiMNondaren3o desceu do avi#o e teve uma surpresa agradável ao encontrar um carrooficial aguardando por ele. Era da $efesa Aérea. O general /o3rLsh3in havia seadiantado. O dia de trabalho terninara, e o coronel pediu ao motorista que o levassepara casa. Escreveria o relatrio no dia seguinte, apresentá'lo'ia ao coronel Iilitov, e

talvez depois fosse e!plicá'lo ao prprio ministro. /erguntou'se depois, saboreandoum copo de vodca, se /o3rLsh3in n#o o teria manobrado n#o conhecia ae!press#o ocidental <engra!ado< o suficiente para causar uma falsa impress#o.

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(#o era o suficiente, pensou o major. O general fizera um bom trabalho vendendo aimagem do programa e a sua prpria, mas nada disso era po3azhu3a. (#o falharamno teste e tinham sido honestos ao detalhar seus problemas. 8udo que pediam era oque realmente necessitavam. (#o, /o3rLsh3in tinha uma mis's#o a realizar, disposto

a colocar sua carreira, sen#o em segundo plano, pelo menos ao lado de seus ideaise isso era tudo o que se podia pedir razoavelmente de alguém. -e estavaconstruindo seu prprio império, pelo menos era um império que valia a penaconstruir. A rampa de acesso fora construída de maneira a parecer ao mesmo tempo singular e corriqueira. A alameda tinha uma apar0ncia comum, com um passeio coberto queabrigava noventa e tr0s lojas, mais um agrupamento de cinco pequenas salas deproje&#o. Favia seis lojas de sapatos e tr0s joalherias. 1ombinando com alocaliza&#o oeste do conjunto, e!istia uma loja de artigos esportivos que possuíauma parede cheia de rifles de ca&a Qinchester 2odelo ?+, um artigo que n#o se viafreq6entemente na 1osta Teste. 8r0s estabelecimentos de roupas masculinas

pontilhavam a alameda, além de sete lojas femininas. 7ma delas ficava ao lado daloja de armas.8al fato era conveniente para a proprietária de Iolhas de Eva, uma vez que a loja dearmas possuía um sofisticado sistema de alarme contra roubos, o que, combinado :seguran&a da galeria, perniitia que ela mantivesse um estoque razoável de roupasfemininas e!clusivas, sem aumentar muito a ta!a do seguro. A loja come&ara compouco movimento a moda de /aris, Koma e (ova Wor3 n#o era muito bem aceitaa oeste do rio 2ississípi, e!ceto talvez na orla do /acífico , porém uma boa parteda comunidade acad0mica vinha de ambas as costas e procurava manter seushábitos. (#o foi necessário muito tempo de uso nos clubes de campo para que Ann;lein HH se tornasse uma marca procurada, mesmo nas montanhas Kochosas. Ann entrou na loja. A proprietária sabia que se tratava de uma cliente fácil de vestir.O manequim 54 lhe caía perfeitamente, e Ann s e!pe'rimentava as roupas para ver como ficavam. (unca precisava fazer ajustes ou altera&)es, o que facilitava a vidade todos e permitia que a proprietária lhe concedesse um desconto de D por centoem tudo que comprava. Além disso, a cliente costumava gastar um bom dinheiro,nunca menos de 4++ dlares por visita. Ela vinha regularmente, a cada seissemanas. A proprietária n#o sabia e!atamente qual era a profiss#o da freguesa, masela agia como uma médica. Era muito precisa e cuidadosa em rela&#o a todos osdetalhes. Estranhamente, pagava em espécie, o que se constituía em mais ummotivo para o desconto no pre&o, pois as companhias de cart)es de crédito sempre

retinham uma percentagem em troca da garantia de pagamento. Hsso devolvia os Dpor cento : proprietária, e mais um pequeno lucro. Era uma pena, pensou ela, quetodos os clientes n#o fossem assim. Ann tinha olhos de um castanho límpido, ecabelos da mesma cor levemente ondulados, que lhe chegavam até os ombros. Erameio bai!a e magra, e seus movimentos eram firmes e precisos. Outra coisa quechamava a aten&#o era o fato de que nunca usava qualquer tipo de perfume, motivopelo qual a proprietária acreditava que a cliente era médica. Hsso e as horas queescolhia para visitar a loja nunca vinha nas horas de movimento, como se n#otivesse patr#o e controlasse os prprios horá'rios. A profiss#o de médica encai!ava'se perfeitamente com esses fatos, e isso agradava : proprietária.Ela escolheu uma combina&#o de saia e blusa, saindo em dire&#o aos provadores

no fundo da loja. Embora a proprietária n#o se desse conta, a cliente utilizavasempre o mesmo cubículo. (o interior, Ann abriu o zíper da saia e desabotoou ablusa, porém antes de vestir as roupas novas enfiou a m#o sob o banco de madeira

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maci&a onde se podia sentar e e!traiu de lá um magazine de microfilme, colocado alina noite anterior com fita adesiva. "uardou'o na bolsa. A seguir vestiu o novoconjunto, saindo depois para admirar'se nos espelhos.1omo é que as mulheres americanas conseguem usar esse li!oM, perguntou 8%nia

NisLarina : prpria imagem sorridente no espelho. 8inha o posto de capit#o no$epartamento - do /rimeiro $iretrio da ;"N, também conhecido como<Estrangeiro<, respondia perante o $epar'tamento 8, que cuidava da espionagemcientífica, e trabalhava em coopera&#o com a 1omiss#o Estatal de 1i0ncia e8ecnologia. A e!emplo de EdXard IoleL, ela <dirigia< um nico agente, o decodinome Tivia.O pre&o do conjunto era de 4?* dlares, e NisLarina pagou em dinheiro. $isse a simesma que precisava lembrar'se de usar aquela roupa quando viesse da pr!imavez, mesmo que ficasse um li!o. Até breve, Ann despediu'se a dona da loja.Esse era o nico nome pelo qual era conhecida em -anta Ié. 8%nia voltou'se e

acenou em resposta. A proprietária era uma mulher agradável, em toda a suaestupidez. 1omo qualquer bom agente de informa&)es, a soviética tinha umaapar0ncia comum e agia normalmente. (o conte!to daquela regi#o, aquilo implicavavestir'se de forma moderadamente requintada, dirigir um carro decente mas n#oe!travagante e viver num estilo que aparentava conforto sem ostenta&#o. -ob esseaspecto, a América se constituía num objetivo fácil. -e a pessoa tivesse o estilo devida apropriado, ninguém questionava sua origem. O ato de atravessar a fronteiratinha sido um e!ercício quase c9mico. Favia passado um longo tempo preparandoseus documentos e decorando sua <histria pessoal<, e tudo o que a /atrulha deIronteira fizera fora dei!ar que um cachorro farejasse o carro : procura de drogas ela havia entrado através da fronteira me!icana em El /aso e com um sorrisodera o sinal para que atravessasse. E por isso ela sorriu interiormente, jápassados oito meses do acontecido fiquei toda e!citada.Tevou quarenta minutos para chegar em casa, verificando como sempre se ninguéma seguia, e uma vez lá revelou o filme e tirou cpias n#o e!atamente da maneira deIoleL, mas de forma muito parecida. (esse caso, ela obteve fotografias dedocumentos verdadeiros do governo. 1olocou a tira revelada num pequeno projetor e focalizou a imagem na parede branca de seu quarto. NisLarina tivera umaforma&#o técnica, um dos motivos de sua miss#o atual, e tinha idéia de como avaliar o material recebido. 8eve certeza de que seus superiores ficariam muito contentescom as informa&)es.

(a manh# seguinte ela fez a entrega, e as fotografias viajaram através da fronteirado 2é!ico numa carreta pertencente a uma companhia de transportes pesados comsede em Austin. Estavam entregando maquinaria de perfura&#o de petrleo. /or volta do fim do dia, as fotografias estariam na embai!ada soviética na 1idade do2é!ico. (o dia seguinte, chegariam a 1uba, onde seriam colocadas a bordo de umavi#o da Aeroflot diretamente para 2oscou.

Catalisadores Ent#o, coronel, qual é sua avalia&#oM perguntou Iilitov. 1amarada, Estrela Nrilhante pode ser o programa mais importante na 7ni#o

-oviética afirmou Nondaren3o com convic&#o. Entregou quarenta páginasescritas : m#o. Aqui está o primeiro esbo&o do meu relatrio, que escrevi noavi#o. 8erei uma cpia datilografada corretamente hoje, mas achei que o senhor...

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Agiu bem. -oube que realizaram um teste... Ioi há trinta e seis horas. Assisti ao teste e me foi permitido inspecionar grandeparte do equipamento antes e depois. Iiquei profundamente impressionado com asinstala&)es e as pessoas que as dirigem. -e me for permitido um comentário, o

general /o3rLsh3in é um e!celente oficial, e o homem ideal para o posto que ocupa.$ecididamente ele n#o parece um militar de carreira, mas um oficial progressista damelhor qualidade. Tidar com aqueles acad0micos no alto da montanha n#o é umatarefa fácil.2isha concordou com um grunhido. -ei tudo sobre acad0micos. Está me dizendo que eles os organizou como umaunidade militarM (#o, camarada coronel, mas /o3rLsh3in aprendeu como mant0'los relativamentefelizes e produtivos ao mesmo tempo. E!iste um certo... senso de miss#o em EstrelaNrilhante que raramente encontramos, mesmo entre os militares. (#o digo issolevianamente, 2i3hail -emLonovich. Iiquei impressionado com todos os aspectos

da opera&#o. 8alvez aconte&a o mesmo nas instala&)es de programas espaciais.

/elo menos foi o que ouvi falar, mas, como nunca estive em nenhuma delas, n#oposso tecer compara&)es. E quanto aos sistemasM Estrela Nrilhante ainda n#o é uma arma. /ersistem certas dificuldades técnicas./o3rLsh3in as identificou e e!plicou'as a mim com detalhes. /or enquanto ainda n#opassam de um programa em fase e!perimental, porém os avan&os importantes jáforam obtidos. $entro de mais alguns anos será uma arma de grande potencial. E quanto ao custoM indagou 2isha, provocando um encolher de ombros. Hmpossível avaliar. Hrá custar muito no total, porém a parte mais cara doprograma, relativa : pesquisa e desenvolvimento, está em grande parte completa.Os custos reais de produ&#o e engenharia devem ser menores do que se poderiaesperar, quero dizer, da arma em si. (#o posso avaliar os custos do equipamento deapoio, os radares e satélites de vigil%ncia. $e qualquer modo, isso n#o fazia parte daminha miss#o. 1omo os militares em qualquer parte do mundo, o coronelpensava em termos de miss#o, e n#o de or&amento. E quanto : confiabilidade do sistemaM Hsso será um problema, mas possível de manejar. Os geradores de laser,individualmente, s#o comple!os e difíceis de manter. /or outro lado, se foremconstruídos em maior nmero do que o sistema realmente utiliza, poderíamos

facilmente realizar um programa de manuten&#o alternada, de maneira a termossempre o nmero necessário em linha. (a verdade, foi esse o método proposto peloengenheiro'chefe do projeto. Hsso quer dizer que eles resolveram o problema da pot0ncia de saídaM 2eu esbo&o descreve genericamente esse ponto. O relatrio final será maisespecifico. Em termos que até eu possa entenderM perguntou 2isha, permitindo'se umsorriso. 1amarada coronel, sei que possui um conhecimento maior de assuntos técnicosdo que demonstra respondeu Nondaren3o, sério. Os aspectos importantes denosso avan&o na pot0ncia aplicada s#o na verdade teoricamente simples. Os

detalhes de engenharia envolvidos podem ser bastante comple!os, mas s#ofacilmente confirmados através de um novo projeto do dispositivo gerador de laser. Ae!emplo da primeira bomba at9mica, uma vez que a teoria foi estabelecida, a

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constru&#o p9de ser realizada.E!celenteP /ode terminar seu relatrio até amanh#M

-im, camarada coronel.

2isha levantou'se e Nondaren3o fez o mesmo. /retendo ler seu relatrio preliminar esta tarde. 8raga'me o documento final atéamanh#, e vou estudá'lo durante o fim de semana. (a semana que vem vamosapresentá'lo ao ministro.Os caminhos de Alá certamente s#o misteriosos, pensou o Arqueiro. /or mais quedesejasse abater um avi#o de transporte soviético, tudo o que deveria fazer nomomento era retornar ao seu lar, a cidade ribeirinha de "hazni. Favia apenas umasemana que dei!ara o /aquist#o. 7ma tempestade local mantivera as aeronavessoviéticas em terra nos ltimos dias, permitindo que viajasse rapidamente. 1hegaracom o novo carregamento de mísseis e encontrara seu líder planejando um ataqueao aeroporto retirado da cidade. O inverno era inclemente com todos, e os infiéis

haviam dei!ado os postos avan&ados de sentinela para os soldados afeg#es aservi&o do governo traidor em ;a'bul. O que ignoravam, entretanto, era que o major comandante do batalh#o que patrulhava o perímetro e!terno no campo trabalhavapara os mudjahidin. >uando chegasse a hora, uma parte estaria desguarnecida,permitindo que trezentos guerrilheiros atacassem diretamente o acampamentosoviético.-eria uma grande ataque. Os guerreiros da liberdade estavam organizados em tr0scompanhias de cem homens cada uma. 8odos iriam atacar o líder compreendiaperfeitamente a necessidade de uma reserva tática, porém tinha uma grande área acobrir com poucos homens. Kepresentava um risco, mas seus homens vinhamaceitando riscos como esse desde CV+. O que importava mais umM 1omo dehábito, o líder estaria no local de maior perigo, e o Arqueiro ficaria bem pr!imo.Hriam dirigir'se para o aeroporto pelo lado a favor do vento. Os soviéticos tentariamdecolar com suas aeronaves ao menor sinal de perigo, tanto para retirá'los da áreade perigo, como para providenciar apoio defensivo. O Arqueiro avistou através dosbinculos quatro helicpteros 2H'45, todos equipados com armamentos pendentesdas asas curtas de suporte. Os mudjahidin s possuíam um lan&ador de morteiroscapaz de atingi'los no ch#o, e por esse motivo o Arqueiro ficaria um pouco atrás daonda de assalto para fornecer apoio. (#o havia tempo para montar sua armadilhahabitual, porém : noite isso n#o era importante.1em metros : frente dos outros, o líder dos guerrilheiros encontrou'se no local

combinado com o major do E!ército afeg#o. Abra&aram'se e louvaram o nome de Alá. O filho prdigo retornara ao rebanho isl%mico. O major informou que dois doscomandantes em sua companhia prontificavam'se a agir conforme o planejado,porém o comandante da 1ompanhia 8r0s permanecia fiel aos soviéticos. 7msargento de confian&a mataria esse oficial em poucos minutos, permitindo que osetor fosse usado para a fuga. Ao redor deles, os homens aguardavam no ventocortante. >uando o sargento tivesse cumprido sua mis's#o, devia disparar umfoguete de ilumina&#o.O capit#o soviético e o tenente afeg#o eram amigos, o que surpreendia a ambos nosmomentos de refle!#o. 7ma das coisas que ajudava era que o oficial soviético faziaum esfor&o real no sentido de respeitar os hábitos dos moradores locais, e seu

companheiro afeg#o acreditava que o mar!ismo'leninismo era o caminho do futuro.>ualquer coisa seria melhor do que as rivalidades e vendetas tribais quecaracteriza'ram seu povo infeliz durante todo o período histrico do qual tinha

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lembran&a. Keconhecido há algum tempo como receptivo a conversas ideolgicas,fora levado para a 7ni#o -oviética, onde lhe mostraram como a vida era boa comparada ao Afeganist#o , especialmente nos servi&os de sade pblica. O paido tenente morrera, quinze anos antes, de infec&#o proveniente de um bra&o

quebrado, e, como ele n#o gozava da simpatia do chefe local, seu filho nico n#otivera uma adolesc0ncia muito agradável.Buntos, os dois homens e!aminavam um mapa, decidindo quais se'riam asatividades das patrulhas na semana seguinte. /recisavam guar'dar constantementea área contra ataques dos bandidos mudjahidin. (aquele dia, as patrulhas estavama cargo da 1ompanhia $ois.7m sargento entrou na casamata com um formulário. -eu rosto n#o demonstrou asurpresa que sentiu ao encontrar dois oficiais em vez de um. /assou o envelope aotenente afeg#o com a m#o esquerda. (a palma da m#o direita estava aempunhadura de uma faca, escondida verticalmente na manga larga de sua tnicaem estilo russo. 8entou permanecer impassível enquanto o capit#o soviético olhava

para ele e ficou observando o oficiai cuja morte era sua responsabilidade. Ii'nalmente, o soviético desviou o olhar para a estreita abertura de tiro da casamata.>uase como uma dei!a, o tenente afeg#o jogou a mensagem sobre a mesa demapas, delineando sua resposta.O soviético voltou'se abruptamente. Algo o alertara, e ele soube que alguma coisan#o estava correndo bem antes que tivesse tempo de determinar e!atamente o qu0.Giu o bra&o do sargento subir num rápido movimento ascendente em dire&#o :garganta de seu amigo. O capit#o soviético mergulhou na dire&#o de seu fuzil,enquanto o tenente recuava para evitar o primeiro golpe. - teve sucesso porque afaca do sargento prendeu'se na longa manga da tnica. -oltando uma impreca&#o,ele liberou a l%mina e projetou'a para a frente, atingindo seu alvo na altura doabd9men. O tenente gritou, mas conseguiu agarrar o bra&o do sargento antes que afaca atingisse seus rg#os vitais. Os rostos dos dois homens estavam pr!imos osuficiente para que cada um sentisse o hálito do outro. A face de um parecia muitochocada para sentir medo, e a do outro e!pressava raiva. (o final, a vida do tenentefoi salva pelo tecido largo da manga, enquanto o soviético liberava a trava deseguran&a do seu fuzil e disparava dez projéteis no flanco do assassino. O sargentocaiu sem um gemido. O tenente levou a m#o ensang6entada aos olhos. O capit#ogritou, dando o alarme.O ruído seco e metálico dos disparos do ;alashni3ov percorreu os 5++ metros até olocal onde os mudjahidin aguardavam. O mesmo pensamento passou pela mente de

todos@ o piano fora por água abai!o. Hnfelizmente, n#o havia alternativas para oplano original. $o lado esquerdo, as posi&)es da 1ompanhia 8r0s iluminaram'sesubitamente com as chamas saídas do cano das armas. $isparavam no vazio n#o havia nenhum guerrilheiro lá , porém o ruído certamente colocaria desobreaviso as posi&)es soviéticas a *++ metros dali. O líder mandou que osguerrilheiros avan&assem assim mesmo, apoiados por apro!imadamente duzentossoldados do E!ército afeg#o, para quem a mudan&a de lado tinha vindo como umverdadeiro alívio. Os combatentes adicionais n#o fizeram tanta diferen&a quanto sepoderia esperar, pois os novos mudjahidin n#o tinham armamento pesado, :e!ce&#o de algumas metralhadoras antigas, e o nico morteiro do líder era demontagem lenta.

O Arqueiro !ingou ao ver as luzes se apagando no campo de pouso, a * quil9metrosde dist%ncia. Ioram substituídas pelos irrequietos pontos luniosos dos faroletes queas tripula&)es levavam ao correr na dire&#o das aeronaves. 7m momento depois,

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foguetes de ilumina&#o foram disparados, transformando a noite em dia no campoabai!o. O vento forte que soprava de sudeste carregava rapidamente para longe ospequenos pára'quedas dos foguetes, porém os dispositivos luminosos continuavamsendo disparados. (#o havia nada que o Arqueiro pudesse fazer, a n#o ser ativar o

lan&ador de mísseis e esperar. $e onde estava podia avistar os helicpteros... e ogrande transportador An'. 1om a m#o esquerda empunhou os binculos ee!aminou o avi#o bimotor de asas altas, parado ali, como um grande pássaro semprote&#o adormecido no ninho. Gárias pessoas corriam a toda velocidade na dire&#odo aparelho. Girou as lentes para a área reservada aos helicpteros.Enquanto um helicptero 2i'45 decolava primeiro, lutando contra o ar rarefeito e ovento forte para ganhar altitude, os projéteis do morteiro come&aram a atingir ointerior do perímetro do aeroporto. 7ma carga incendiaria de fsforo caiu a poucosmetros de outro Find, sua luz branca e 1ante ateando fogo ao combustível do 2i'45,fazendo com que a tripula&#o saltasse, um dos homens em chamas. 2al tinhamchegado a uma dist%ncia segura quando o helicptero e!plodiu, levando outro Find

com ele. O ltimo aparelho levantou v9o pouco depois, balan&ando para trás edesaparecendo na noite escura, com as luzes apagadas. Ambos retornariam o Arqueiro tinha certeza , porém os homens conseguiram eliminar dois ainda noch#o, o que ia além de sua e!pectativa.(otou que todo o resto corria mal. 1argas de morteiro caíam em frente :s tropas deassalto. Giu as chamas provenientes do cano das armas e dos e!plosivos. Acimados ruídos veio outro som do campo de batalha@ os gritos de guerra doscombatentes e os lamentos dos feridos. A essa dist%ncia era difícil distinguir ossoviéticos dos afeg#es. 2as n#o era um assunto que o preocupasse.O Arqueiro n#o precisava pedir a Abdul que perscrutasse os céus : procura doshelicpteros. 8entou usar o lan&ador de mísseis para localizar o calor invisível dasturbinas. (#o encontrando nada, voltou os olhos para a nica aeronave que aindapodia ver. 1argas de morteiros e!plodiam agora ao redor do An'4, mas a tripula&#o já acionara os motores. $entro de instantes come&ou a perceber um movimentolateral do aparelho. O Arqueiro fez uma avalia&#o do vento e concluiu que o avi#o detransporte tentaria decolar contra o vento e depois faria uma volta para a esquerda,na dire&#o da área mais segura do aeroporto. (#o seria fácil decolar naquele ar rarefeito, e quando o piloto fizesse a curva iria diminuir o poder de sustenta&#o dasasas : procura de velocidade. O Arqueiro bateu no ombro de Abdul e come&ou acorrer para a esquerda. >uando parou para olhar novamente, o avi#o soviético haviapercorrido C++ metros. Agora a aeronave se movia entre nuvens de poeira mais

escura, balan&ando fortemente ao acelerar, em virtude do solo desigual e congelado.O Arqueiro p9s'se de pé para dar ao míssil uma vis#o melhor do alvo, eimediatamente o rastreador sinalizou, ao <avistar< os motores aquecidos contra anoite fria e sem lua. 7'7mP gritou o co'piloto acima dos ruídos dos motores e da batalha. -eusolhos estavam presos aos instrumentos enquanto o piloto lutava para manter firme oavi#o. G'K... rota&#oPO piloto afrou!ou a press#o no manche. O nariz se ergueu, e o An'4 bateu pelaltima vez na pista desigual e dura. O co'piloto imediatamente retraiu os trens depouso para reduzir a resist0ncia do ar, permitindo que a aeronave subisse maisdepressa. O piloto realizou uma pequena curva para a direita, tentando evitar o que

parecia ser uma maior concentra&#o de fogo inimigo. 7ma vez fora de perigo,tomaria o rumo norte para ;abul e a seguran&a. Atrás dele, o navegador n#oe!aminava as cartas. Em vez disso, lan&ava foguetes de ilumina&#o providos de

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pára'quedas a cada cinco segundos. (#o se destinavam a au!iliar as tropasterrestres e sim a enganar os mísseis lan&ados de terra. O manual dizia para lan&á'los a cada cinco segundos.O Arqueiro mediu cuidadosamente os intervalos entre os foguetes de ilumina&#o.

/odia perfeitamente escutar a mudan&a de tom no sinal emitido pelo rastreador quando eles caíam pela porta do compar'timento de carga ao lado direito do avi#o ese incendiavam. -e quisesse atingir o alvo, precisava apontar diretamente para omotor esquerdo e calcular a hora do disparo com precis#o. 2entalmente já haviamedido o ponto de maior apro!ima&#o, cerca de ++ metros, e um pouco antes dolocal estimado mais um foguete foi lan&ado. 7m segundo mais tarde o tom dorastreador voltou ao normal, e ele apertou o gatilho.1omo sempre, sentiu um prazer quase se!ual quando o lan&ador recuou em suasm#os. Os sons de batalha ao redor desapareceram enquanto o Arqueiro seconcentrava na pequena chama amarela que aumentava de velocidade.O navegador acabara de soltar mais um foguete quando o -tinger atingiu o motor 

esquerdo. -eu primeiro pensamento foi de ultraje@ o manual estava erradoP Oengenheiro de v9o n#o tinha tais pensamentos. Automaticamente acionou o bot#ode emerg0ncia que desligava a turbina nmero um. Esse procedimento cortava oabastecimento de combustível, desligava a eletricidade, fazia com que a hélicegirasse solta, e acionava os e!tintores de inc0ndio. O piloto pressionou o pe'dal deleme para compensar o balan&o produzido pela perda de pot0ncia a bombordo eabai!ou o nariz. Era uma manobra arriscada, mas precisava escolher entrevelocidade e altitude, e decidiu que precisava acima de tudo de velocidade. Oengenheiro avisou que o tan'que esquerdo de combustível estava furado, mas ;abulficava a apenas C++ quil9metros de dist%ncia. O que ouviu a seguir foi muito pior@

Tuz de alerta de inc0ndio no nmero umP Acione os e!tintores. Bá acioneiP $espejou tudo. O piloto resistiu : tenta&#o de olhar para o lado.Estavam apenasa uma centena de metros do ch#o, e n#o podia dei!ar que nada interferisse em suaconcentra&#o. -ua vis#o periférica captou uma língua de fogo amarelo'alaranjada,mas for&ou os olhos a se dirigirem do horizonte para o medidor de velocidade do ar,para o altímetro e de volta ao horizonte. /erdendo altitude anunciou o co'piloto. Hnclinar os flaps mais C+ graus ordenou o piloto, considerando que tinha

velocidade suficiente para arriscar a manobra. O co'piloto abai!ou'se para cumprir aordem e assim fazendo condenou a aeronave e seus passageiros. A e!plos#o do míssil danificara a tubula&#o hidráulica de comando dos flaps do ladoesquerdo. O aumento de press#o necessária para mudar a inclina&#o arrebentou osdois tubos, e o flap da asa esquerda retraiu'se de uma vez, sem aviso. A perda desustenta&#o de apenas um dos lados quase fez com que a aeronave girasse no ar,porém o piloto percebeu e conseguiu nivelar. 2uitas coisas erradas aconteciam aomesmo tempo. O Antonov come&ou a perder altitude, e o piloto gritou, pedindo maispot0ncia, sabendo que o motor do lado direito já estava em seu limite. Kezou paraque pudesse ainda salvar seu avi#o, porém mant0'lo nivelado era praticamenteimpossível, e perdiam altitude rapidamente no ar rarefeito. /recisava aterrissar. (o

ltimo momento, o piloto acendeu as luzes, : procura de um lugar plano. Avistouapenas um campo repleto de rochas, e usou sua ltima reserva de controle paraapontar a aeronave em queda para um espa&o entre as duas maiores. 7m segundo

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antes que o avi#o atingisse o ch#o, ele soltou uma impreca&#o, n#o de desespero,mas de pura raiva./or um instante o Arqueiro pensou que a aeronave pudesse escapar. A luzproduzida pelo míssil n#o dava margem a enganos, mas por vários segundos nada

aconteceu. A seguir veio a língua de fogo anunciando que o alvo fora fatalmenteatingido. 8rinta segundos depois, houve uma e!plos#o no solo, talvez a C+quil9metros de dist%ncia, n#o muito longe da rota planejada de fuga. -eria capaz deobservar o que havia feito antes do amanhecer. (o momento voltou'se novamentepara o céu escuro, ouvindo o ruído desigual de um helicptero acima de sua cabe&a. Abdul já havia retirado o tubo de lan&amento utilizado e prendera a unidade derastreamento e aquisi&#o de alvo a um novo tubo, tudo com uma velocidade queencheria de orgulho um soldado treinado. /assou o conjunto ao companheiro, e o Arqueiro come&ou a procurar o novo alvo na escurid#o acima.Embora ainda n#o soubesse, o ataque em "hazni estava se desmantelando. A1ompanhia 8r0s do E!ército afeg#o ainda atirava no vazio, e o oficial soviético

presente n#o conseguia fazer com que as coisas corressem bem. O comandantesoviético reagira instantaneamente ao som do fogo inimigo e colocara seus homensem posi&#o ao cabo de dois minutos de confus#o. Os afeg#es agora enfrentavamum batalh#o completo e alerta de tropas regulares, apoiados por armas pesadas eabrigados em casamatas. $isparos intimidatrios de metralhadoras conservaram afrente de ataque a 4++ metros das posi&)es soviéticas. O líder dos guerrilheiros e omajor afeg#o que aderira tentaram avan&ar dando o e!emplo pessoal. 7m feroz gritode guerra ecoou por toda a linha atacante, porém o líder ficou e!posto diretamente auma rajada de projéteis que o imobilizaram por quase um segundo antes de atirá'lolonge, parecendo um brinquedo de crian&a. 1omo geralmente acontece com tropasprimitivas, a perda do comandante atingiu o moral dos atacantes. A noticia seespalhou entre os homens, antes mesmo que os lideres das unidades recebessem oaviso por rádio. Os mud'jahidin se desarticularam, disparando a esmo suas armasenquanto se retiravam. O comandante soviético percebeu o que estava acontecen'do, mas n#o ordenou a persegui&#o dos fugitivos. 8inha helicpteros para fazer isso.O Arqueiro percebeu que alguma coisa estava errada quando os morteiros russoscome&ar a atirar foguetes de ilumina&#o num lugar diferente. 7m helicpterodisparava foguetes e suas metralhadoras sobre os guerrilheiros, porém n#oconseguia manter a pontaria sobre o alvo. A seguir ouviu os gritos de seuscamaradas. (#o os berros e!citados de incentivo ao ataque, mas os gemidos dealerta dos homens em reti'rada. Abai!ou'se e concentrou'se em sua arma,

consciente de que agora seus servi&os seriam mais necessários do que nunca. O Arqueiro mandou que Abdul encai!asse sua unidade rastreadora de reserva em ou'tro tubo lan&ador. O jovem fez em menos de um minuto o que lhe fora ordenado. TáP disse Abdul. $o lado direito. Estou vendo.7ma série de clar)es lineares apareceu no céu. O Find disparava seus foguetes. Apontou o lan&ador para o local e foi recompensado com o sinal de aquisi&#o doalvo. (#o sabia e!atamente a dist%ncia é muito difícil julgar dist%ncias : noite ,porém resolveu arriscar. O Arqueiro aguardou até que o som se estabilizasse, edisparou o segundo -tinger da noite.O piloto do Find avistou o lan&amento. Estivera pairando uma centena de metros

acima dos foguetes de ilumina&#o que desciam de pára'quedas, e pu!ou seucontrole para mergulhar entre eles. Iuncionou. O míssil perdeu o alvo inicial eatingiu diretamente um dos foguetes incandescentes, errando o helicptero por 

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apenas *+ metros. O piloto imediatamente girou o aparelho e ordenou ao artilheiroque disparasse uma salva de dez foguetes na dire&#o da qual viera o míssil.O Arqueiro dei!ou'se cair no ch#o atrás do rochedo que escolhera como abrigo. Osfoguetes caíram a uma centena de metros de sua posi&#o. Ent#o desta vez a luta

era de homem para homem... e esse pilo'to parecia muito habilidoso. Apanhou osegundo lan&ador. O Arqueiro sempre rezava por uma situa&#o como essa.2as o helicptero tinha desaparecido agora. Onde estariaMO piloto virará o Find a favor do vento, utilizando essa manobra, como lhe foraensinado, para encobrir o ruído do motor. /ediu pelo rádio que fossem atirados maisfoguetes de ilumina&#o desse lado do aeroporto e foi atendido quase imediatamente.Os soviéticos faziam de tudo para apanhar um lan&ador de mísseis. Enquanto ooutro helicptero no ar atacava os mudjahidin em retirada, este concentraria seusesfor&os sobre o atirador de -A2. A despeito do perigo envolvido, era uma miss#oque o piloto desejava acima de tudo. Os lan&adores de mísseis constituíam'se emseus inimigos pessoais. 1onservou o aparelho fora do alcance conhecido dos

-tinger e aguardou que os foguetes iluminassem o terreno bai!o.O Arqueiro usava novamente a unidade rastreadora para tentar localizar o inimigo.(#o era uma forma muito eficiente de busca, porém o 2i'45 devia estar em algumlugar do arco que seu conhecimento das táticas soviéticas podia prever comfacilidade. Em duas oportunidades obteve um breve sinal sonoro, : medida que ohelicptero dan&ava para a esquerda e para a direita, alterando também a altitude,num esfor&o consciente para tornar impossível a tarefa do Arqueiro. Esse era uminimigo e!periente, disse para si mesmo o guerrilheiro. -ua morte seria mais do quesatisfatria. 1lar)es pontilhavam o céu acima, porém ele sabia que a luminosidadedesigual produziria condi&)es ruins de visibilidade enquanto ele ficasse imvel. Estou vendo um movimento informou o artilheiro. /osi&#o@ dez horas. R o lugar errado afirmou o piloto.

2oveu o controle para a direita e deslizou horizontalmente enquanto seus olhosperscrutavam o solo rochoso. Os soviéticos haviam capturado vários -tinger americanos e os testaram e!austivamente com o fim de determinar sua velocidade,alcance e sensibilidade. O piloto calculou que estava pelo menos *++ metros alémdo raio de a&#o do míssil, e, se mais algum fosse disparado, ele poderia utilizar aesteira de fuma&a para localizar o alvo, depois apressar'se a atingi'lo antes quedisparasse novamente. Apanhe um foguete de fuma&a disse o Arqueiro.

 Abdul s tinha um deles. 8ratava'se de um dispositivo de plástico com aletas, poucomais do que um brinquedo. Iora desenvolvido para o treinamento de pilotos daIor&a Aérea americana, para simular a sensa&#o o terror de sentir'se sob ofogo de mísseis. Ao custo de dlares, tudo o que o pequeno artefato podia fazer era voar em linha reta por alguns segundos, desprendendo um rastro fino de fu'ma&a. 8inham sido fornecidos aos mudjahidin meramente para assus'tar os pilotossoviéticos quando os -A2 acabassem, porém o Arqueiro encontrara um uso realpara eles. Abdul correu apro!imadamente C++ metros e fi!ou no terreno o lan&ador simples, feito de arame de a&o. Goltou depois para o lado de seu companheiro,estendendo atrás o fio que acionaria o mecanismo. Agora, russo, onde está voc0M perguntou o Arqueiro : noite.

8em alguma coisa na frente. 8enho certeza de que alguma coisa se moveu disse o artilheiro. Gamos ver. O piloto ativou seus prprios controles e disparou dois foguetes,

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que atingiram o solo a 4 quil9metros de dist%ncia, bem : direita do Arqueiro. AgoraP gritou o Arqueiro. Avistara o ponto de onde o soviético lan&ara, eapontara o lan&ador. O receptor infravermelho come&ou a sinalizar.O piloto apavorou'se quando viu a chama rápida de um foguete, mas antes que

realizasse qualquer manobra percebeu que n#o iria atingi'lo. 8inha sido lan&adopr!imo ao ponto onde ele disparara momentos antes. /eguei voc0P gritou do interior da cabine. O artilheiro come&ou a disparar nadire&#o do local com a metralhadora.O Arqueiro viu as balas tra&adoras e escutou os projéteis batendo contra a rocha, :direita. Agora, simP -ua pontaria era quase perfeita. 7sando suas prprias armas, oFind deu ao Arqueiro uma mira perfeita. E o terceiro -tinger foi lan&ado. $ois delesP gritou o artilheiro pelo intercomunicador. O piloto já estava mergulhando e desviando, mas desta vez n#o havia nenhumfoguete de ilumina&#o por perto. O -tinger e!plodiu contra uma das l%minas dos

rotores, e o helicptero caiu como uma pedra. O piloto conseguiu ainda retardar avelocidade da queda, mas mesmo assim bateu no ch#o com muita for&a.2iraculosamente, n#o houve fogo. 7m momento depois apareceram homensarmados : sua janela. O piloto percebeu que um deles era um capit#o soviético. Está bem, camaradaM 2inhas costas... gemeu o piloto.O Arqueiro já se movia. Favia abusado o suficiente da boa vontade de Alá por umanoite. Os dois lan&adores dei!aram para trás os tubos vazios e correram a se juntar aos guerrilheiros em retirada. -e os soldados soviéticos os tivessem perseguido,poderiam t0'los alcan&ado. 2as, em vez disso, o comandante ordenou que ficassemonde esta'vam, e o nico helicptero sobrevivente contentou'se em circular sobre operímetro do aeroporto. 2eia hora depois, o Arqueiro soube que o líder morrera. Aclaridade do dia traria as aeronaves soviéticas para apanhá'los no aberto, e osguerrilheiros precisavam atingir logo a prote&#o dos campos rochosos. /orém aindahavia mais uma coisa a fazer. O Arqueiro partiu com Abdul e mais tr0s homens paraencontrar os destro&os do Antonov abatido. O pre&o dos mísseis -tinger era ainspe&#o de cada aeronave derrubada, para procurar equipamentos que pudesseminteressar : 1HA.O coronel Iilitov terminou suas anota&)es no diário. 1omo Nondaren'3o dissera,seus conhecimentos sobre assuntos técnicos eram muito mais amplos do que sepoderia suspeitar ao e!aminar suas credenciais acad0'micas. $epois de quarenta

anos nos altos escal)es do 2inistério da $efesa, 2isha tornara'se um autodidataem assuntos técnicos que iam desde trajes de prote&#o contra gases atéequipamentos de comunica&#o em c'digo, e... geradores de laser. O que eq6ivale adizer que ele n#o compre'endia a teoria tanto quanto desejava, mas podia descrever o equipamento em si t#o bem quanto os engenheiros que o haviam montado. Tevouqua'tro horas para transcrever tudo em seu diário. Aqueles dados precisavam ser enviados. As implica&)es eram por demais assustadoras.O problema com o sistema de defesa estratégica era que nenhuma arma foraconsiderada <ofensiva< ou <defensiva< por si s. A natureza de qualquer arma, comoa beleza de qualquer mulher, residia nos olhos de quem a contemplava ou nadire&#o para a qual estava apon'tada , e através da histria o sucesso militar era

determinado pelo equilíbrio de elementos ofensivos e defensivos.  A estratégia nuclear soviética, disse 2isha a si mesmo, fazia mais sentido do que a

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do Ocidente. Os estrategistas soviéticos n#o consideravam a guerra nuclear inimaginável. Aprenderam a ser pragmáticos@ o problema, ainda que comple!o,possuía uma solu&#o mesmo que n#o fosse perfeita , e, ao contrário de muitospensadores ocidentais, partiam do princípio de que viviam num mundo imperfeito. A

estratégia soviética mudara muito desde a 1rise dos 2ísseis em 1uba, em C4 o evento matara o homem que recrutara Iilitov, o coronel Oleg /en3ovs3L , eestava baseada numa simples frase@ <Timita&#o de $anos<. O problema n#o residiaem destruir o inimigo com armas nucleares. >uando se tratava de armas nucleares,era mais uma quest#o de não destruir tanto, eliminando todos que poderiamnegociar a fase de <término da guerra<. O problema que ocupava as mentes so'viéticas era o de impedir que armas nucleares inimigas destruíssem a 7ni#o-oviética. 1om vinte milh)es de mortos em cada uma das duas guerras mundiais,os soviéticos já haviam provado destrui&#o suficiente e n#o desejavam mais.8al tarefa n#o era considerada fácil, mas a raz#o de sua necessidade era tantopolítica quanto técnica. O mar!ismo'leninismo apresenta a Fistria como um

processo@ n#o mera cole&#o de fatos passados, mas uma e!press#o científica daevolu&#o social do homem, que irá precisará culminar no reconhecimentocoletivo da humanidade de que o mar!ismo'leninismo é a forma ideal para toda asociedade humana. 7m mar!ista convicto acreditava na total supremacia do seucredo com tanta fé quanto crist#os, judeus e mu&ulmanos acreditavam na vida apsa morte. $a mesma maneira que as comunidades religiosas através da Fistriademonstraram sua vontade de espalhar suas boas novas com ferro e fogo, tambémera dever do mar!ista tornar realidade sua vis#o, da maneira mais rápida possível. A dificuldade do caso, claro, se constituía em que nem todos no mundo partilhavamda mesma vis#o histrica que o mar!ismo'leninismo. A doutrina comunista atribuíaesse distanciamento :s for&as reacionárias do imperialismo, do capitalismo, daburguesia, e de todo o seu pante#o de inimigos, cuja resist0ncia era previsível, mascujas tticas n#o eram. 1omo um jogador cuja mesa de jogo estivesse <preparada<,os comunistas <sabiam< que iriam ganhar, mas, também como um jogador, nospiores momentos admitiam relutantemente que a sorte ou mais cientificamente oacaso poderia alterar sua equa&#o. (a aus0ncia de uma vis#o mais científica, asdemocracias ocidentais também n#o possuíam senso comum, o que as tornavaimprevisíveis.2ais do que qualquer outro motivo, era por isso que o Teste temia o Oeste. $esdeque T0nin assumira o controle e alterara o nome da 7ni#o -oviética, ogoverno comunista havia investido milh)es de dlares na espionagem do Oeste. E

com todos os meios de informa&)es, seu propsito mais importante era poder prever o que o Oeste poderia fazer, e o que faria.2as, a despeito de inmeros sucessos táticos, o problema fundamental prevalecia@vez por outra, o governo soviético interpretara mal algumas a&)es e inten&)esocidentais e na idade nuclear a imprevisi'bilidade podia significar que um líder americano desequilibrado, ingl0s ou franc0s em menor propor&#o, poderia decretar o fim da 7ni#o -oviética ou o adiamento do socialismo mundial por várias gera&)es para um soviético, a ltima alternativa era mais grave, uma vez que nenhumrusso aut0ntico queria ver o mundo levado ao socialismo sob a lideran&a chinesa. Oarsenal nuclear ocidental era a maior amea&a ao mar!ismo'leninismo anular essearsenal era a maior tarefa dos militares soviéticos. 1ontudo, ao contrário do

Ocidente, os soviéticos n#o en!ergavam a preven&#o desse arsenal como a simplespreven&#o da guerra. $esde que os soviéticos viam o Ocidente como politicamenteimprevisível, sentiam que n#o podiam satisfazer'se em impedir o seu uso.

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/recisavam ser capazes de eliminar, ou pelo menos degradar, o arsenal ocidental seuma crise amea&asse avan&ar além das meras palavras.O arsenal nuclear soviético era concebido precisamente com essa tarefa em vista. Aniquilar cidades e seus milh)es de habitantes seria sempre um simples e!ercício.

$estruir os mísseis que os inimigos possuíam n#o era. Anular mísseis americanostinha significado o desenvolvimento de gera&)es de foguetes de alta precis#o ede alto custo como os --'CV, cuja nica miss#o era reduzir a p os esquadr)esde mísseis americanos 2inuteman, bem como os submarinos e bases de bom'bardeiros. J e!ce&#o desses ltimos, todos se encontravam distantes dos grandescentros populacionais conseq6entemente, um ataque destinado a desarmar oOcidente poderia ser lan&ado sem que isso resultasse necessariamente numholocausto em escala mundial. Ao mesmo tempo, os americanos n#o possuíamogivas suficientes para amea&ar da mesma forma os mísseis soviéticos. Ossoviéticos, portanto, tinham a vantagem de poder lan&ar um potencial ataqueinterceptador do tipo dirigido :s armas, e n#o :s pessoas.

 A defici0ncia era naval. 2ais da metade das ogivas americanas estavamdepositadas nos submarinos nucleares. A 2arinha americana acreditava que ossubmarinos de mísseis nunca haviam sido rastreados pelos seus correlativossoviéticos. 8al informa&#o era incorreta. Ioram rastreados e!atamente tr0s vezes em4? anos, e nunca por mais de quatro horas. Apesar de uma gera&#o inteira detrabalho realizado pela 2arinha soviética, ninguém podia prever se esse objetivoseria alcan&ado. Os americanos admitiam que eles mesmos n#o conseguiamrastrear os prprios boomers, como eram conhecidos os submarinos portadores demísseis. /or outro lado, os americanos  podiam rastrear os submarinos soviéticosque levavam mísseis, e por esse motivo os soviéticos nunca depositaram neles maisdo que uma fra&#o de suas ogivas, e até recentemente nenhum dos ladosconseguira basear armas interceptadoras em submarinos.O jogo, porém, estava mudando novamente. Os americanos haviam produzido maisum milagre técnico. -eus artefatos lan&ados por submarino logo seriam mísseis8rident $'D, com capacidade de estourar alvos bem protegidos. Hsso amea&ava aestratégia soviética com um refle!o do seu prprio potencial, ainda que um doselementos cruciais do sistema fossem os -atélites de /osicionamento "lobal, semos quais os submarinos americanos seriam incapazes de determinar suas prpriasposi&)es com precis#o suficiente para atingir instala&)es subterr%neas delan&amento de mísseis. A lgica distorcida do equilíbrio nuclear estava novamentevoltando'se sobre si mesma, como tinha de acontecer pelo menos uma vez a cada

gera&#o.Bá fora reconhecido antes que os mísseis eram armas ofensivas com uma miss#odefensiva e que a capacidade de destruir os oponentes era a frmula clássica deevitar a guerra e alcan&ar os objetivos em tempo de paz. O fato de que tal poder,acumulado por ambos os lados, transformara a frmula historicamente provada daintimida&#o unilateral em desencorajamento bilateral é que tornava indigesta essasolu&#o.$esencorajamento (uclear@ prevenir a guerra pela amea&a do holocausto mtuo. Oque os dois lados diziam era, em ess0ncia@ se matarem nossos ci!is indeesos,mataremos os seus# $ defesa n#o era mais a prote&#o da sociedade e sim a amea&ade viol0ncia mtua. 2isha sorriu. (enhuma tribo de selvagens havia ousado

formular tal idéia mesmo os povos mais bárbaros eram avan&ados demais paraabrigar tais pensamentos, embora fosse isso precisamente o que os povos maisavan&ados do mundo haviam decidido, ou encontrado pelo caminho. Embora o

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desencorajamento funcionasse, significava que a 7ni#o -oviética e o Ocidente vivia sob a amea&a de vários gatilhos. (inguém achava que esta fosse uma situa&#osatisfatria, porém os soviéticos haviam realizado o que consideravam o melhor dentro de uma barganha n#o vantajosa, projetando um arsenal estratégico com que

podiam desarmar em grande escala o outro lado, se assim o e!igisse uma crisemundial. Adquirindo a capacidade de eliminar grande parte do arsenal americano,tinham a vantagem de ditar as condi&)es sob as quais seria disputada uma guerranuclear, o que se constituía em termos clássicos um passo na dire&#o da vitria, e,segundo a concep&#o soviética, a negativa do Ocidente de que a <vitria< era umapossibilidade na guerra nuclear era o primeiro passo na dire&#o da prpria derrota.Os tericos de ambos os lados sempre reconheceram a natureza insatisfatria detoda a quest#o nuclear e sempre trabalharam em sil0ncio para lidar com ela deoutras formas./or volta dos anos D+, tanto os Estados 7nidos quanto a 7ni#o -oviética tinhaminiciado as pesquisas de defesa contra mísseis balísticos, a ltima em -arL -aga, no

sudoeste da -ibéria. 7m sistema operacional soviético quase fora colocado em usono final da década de +, porém o advento das 2HKG ^ogivas mltiplas de reentradaindependente_ invalidara o trabalho de quinze anos perversamente, para os doislados. A luta pela supremacia entre sistemas ofensivos e defensivos sempre tendiaaos ltimos.2as isso terminara. As armas laser e outros sistemas de proje&#o de energia,combinados : maior capacidade dos computadores, foram um verdadeiro saltoqu%ntico no campo da estratégia. 7ma defesa confiável, como mencionava orelatrio de Nondaren3o ao coronel Iilitov, transformava'se agora em possibilidadereal. E o que significaria issoM-ignificava que a equa&#o nuclear estava destinada a retornar ao equilíbrio clássicoentre ataque e defesa, e que ambos os elementos agora poderiam tomar parte namesma estratégia. Os soldados profissionais achavam esse sistema satisfatrio emteoria que homem deseja pensar em si mesmo como o maior assassino daFistriaM , mas agora as possibilidades táticas come&avam a despertar em suascabe&as feias. Gantagem e desvantagem, movimentos e contramovimentos. 7m sis'tema americano de defesa estratégica poderia invalidar toda a postura nuclear soviética. -e os americanos pudessem evitar que os --'CV decolassem de suasbases em terra, ent#o o primeiro ataque de desarmamento do qual dependiam ossoviéticos para evitar os danos : )odina n#o seria mais possível. Hsso significavaque todos os bilh)es gastos na produ&#o de mísseis balísticos teriam se tornado t#o

teis quanto dinheiro jogado no mar./orém ainda havia mais. $a mesma maneira que o scutum dos le'gionáriosromanos era encarado pelos seus inimigos bárbaros como uma arma que lhespermitia golpear impunemente, nos dias atuais a Hniciativa de $efesa Estratégicapoderia ser encarada como um escudo atrás do qual o inimigo podia lan&ar seuprimeiro ataque para desarmar o oponente, usando depois suas defesas parareduzir ou mesmo eliminar os efeitos do ataque retaliatrio resultante.Esta vis#o, claro, era simplista. (enhum sistema poderia ser : prova de falhas emesmo que o sistema funcionasse, 2isha sabia, os líderes políticos encontrariamuma maneira de usá'lo da pior maneira, pois sempre se podia contar com ospolíticos para isso. 7m esquema viável de defesa estratégica teria o poder de

acrescentar um novo elemento de incerteza : equa&#o. -eria muito difícil quequalquer país no mundo pudesse eliminar todas as ogivas atacantes, e a morte deuns <poucos< vinte milh)es de cidad#os seria uma coisa horripilante de se ver,

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mesmo para a lideran&a soviética. 2as até mesmo um sistema rudimentar deescudo espacial seria o bastante para invalidar qualquer idéia de contra'ataque.-e os soviéticos possuíssem tal sistema, o escasso arsenal de contra'ataque dosEstados 7nidos poderia ser anulado mais facilmente do que o soviético, assim como

a situa&#o estratégica que a 7ni#o -oviética trabalhara durante trinta anos paramanter inalterada. O governo soviético possuiria o melhor dos dois mundos, umafor&a de mísseis de precis#o muito maior, com a qual eliminaria ogivas americanas,e um escudo para anular a maior parte do ataque retaliatrio contra suas bases demísseis de reserva e os sistemas americanos baseados no mar poderiam ser neutralizados com um ataque aos satélites de navega&#o "/-, sem os quais aindapoderiam atingir as cidades, mas a possibilidade de acertar silos de mísseis seperderia irrecuperavelmente.O coronel 2i3hail -emLonovich Iilitov divisava o cenário que serviria de caso deestudo padr#o para os soviéticos. Algumas crises irromperiam ^a do Oriente 2édioera a favorita, já que ninguém podia predizer o que aconteceria lá_ e, enquanto

2oscou se movimentasse para manter a situa&#o estabilizada, o Ocidente interferiria desajeitada e estupidamente, claro e come&aria a falar abertamente : im'prensa sobre um iminente confronto nuclear. Os rg#os de Hntelig0nciaimediatamente passariam a 2oscou a informa&#o de que a possibilidade era real. Ocontingente de mísseis --'CV da Ior&a de Ioguetes Estratégicos entrariasecretamente em alerta, bem como as guarni&)es das novas armas laser baseadasem terra. Enquanto os altos escal)es do 2inistério das Kela&)es E!teriores nenhuma das for&as militares apreciava seus colegas diplomatas lutavam paraajeitar as coisas, o Ocidente fincaria pé e faria amea&as, talvez, de ataque a umafrota soviética para mostrar sua firmeza, e certamente mobilizando os e!ércitos daO8A( para uma amea&a de invas#o : Europa Oriental. O p%nico come&aria a espalhar'se de verdade ao redor do mundo. >uando o tom deretrica do Ocidente atingisse o má!imo, as ordens de lan&amento seriam enviadas: for&a de mísseis e trezentos --'CV partiriam, enviando tr0s ogivas para cada umdos silos de 2inuteman americanos. Armas menores perseguiriam os submarinos eas bases de bombardeiros para limitar as perdas ao mínimo possível os so'viéticos n#o desejavam e!acerbar a situa&#o mais do que o necessário.-imultaneamente, as armas laser desarmariam tantos satélites de reconhecimento enavega&#o quanto fosse possível, poupando entretanto os satélites decomunica&)es um gesto calculado como prova de <boas< inten&)es. Os

americanos n#o seriam capazes de responder ao ataque antes que as ogivassoviéticas os atingissem. 2isha preocupava'se com isso, mas fontes da ;"N eda "K7 tinham informado que havia sérias falhas no sistema de comando e controleamericanos, além dos fatores psicolgicos envolvidos. /rovavelmente os america'nos manteriam suas armas submarinas na reserva e lan&ariam os 2inutemanrestantes em dire&#o aos silos soviéticos, porém era esperado que n#o mais deduzentas ou trezentas ogivas permanecessem aps o primeiro ataque muitas delasatingiriam silos vazios de qualquer forma, e o sistema de defesa destruiria muitasdas armas atacantes. Ao final da primeira hora, os americanos iriam perceber que a utilidade de seusmísseis baseados em submarinos estava grandemente reduzida. 2ensagens

constantes e cuidadosamente preparadasseriam enviadas pela Tinha >uenteentre 2oscou e Qashington@ (AO /O$E2O- $EHYAK >7E H--O 1O(8H(7E./rovavelmente os americanos iriam parar e pensar. Era esse o ponto importante@

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fazer as pessoas pararem e pensarem. 7m homem poderia atacar cidades por impulso, ou num momento de raiva, mas n#o depois de refletir sensatamente sobreo assunto.Iilitov n#o estava preocupado com o fato de que cada um dos lados visse seus

sistemas de defesa como um motivo de apoio para ataques ofensivos. (uma crise,entretanto, sua e!ist0ncia poderia diminuir o medo que antecede o lan&amento seo outro lado n#o tiver defesa. /ortanto, ambos os lados precisavam de seussistemas de defesa. Eles tornariam o primeiro ataque muito improvável, e <isso< simfaria do mundo um lugar mais seguro. Os sistemas defensivos n#o poderiam maisser contidos agora. -eria mais fácil deter a maré. Agradava ao velho soldado a idéiade que os mísseis intercontinentais, t#o ofensivos : ética do guerreiro, poderiamfinalmente ser neutralizados, e a morte na guerra retornaria a homens armados nocampo de batalha, ao qual pertencia...Bem, pensou ele, !oc4 est cansado, e & muito tarde para esse tipo de pensamento proundo# 8erminou seu informe com os dados do relatrio final de Nondaren3o,

fotografou'o e colocou o filme na cai!a da tomada de for&a na parede.

2#rans3er4ncia de +oc5mentosO dia estava amanhecendo quando o Arqueiro encontrou os destro&os do avi#o. $ezhomens o acompanhavam, além de Abdul. 8inham precisado mover'se com rapidez.8#o logo o sol se erguesse sobre as montanhas, os soviéticos viriam. Observou deum outeiro os restos da aeronave. Ambas as asas haviam sido arrancadas aoprimeiro impacto, e a fuselagem projetara'se para a frente ao longo de um aclivesuave, rolando e se arrebentando, de modo que somente se podia reconhecer acauda. (#o havia como saber que fora preciso um piloto brilhante para conseguir talefeito e que descer o avi#o mantendo algum tipo de controle fora praticamente ummilagre. "esticulou aos homens e andou rapidamente em dire&#o ao corpo principaldos destro&os. Ordenou a eles que procurassem armas, depois qualquer tipo dedocumentos. O Arqueiro e Abdul dirigiram'se ao que restara da cauda.1omo sempre, a cena do desastre apresentava contradi&)es. Alguns dos corposestavam despeda&ados, enquanto outros permaneciam aparentemente intactos, amorte causada por traumatismos internos. Estranhamente, os cadáveres tinhamuma apar0ncia pacífica, rígidos mas ainda n#o congelados pela temperatura bai!a.

Ele contou seis corpos na parte traseira da aeronave. Giu que todos eram soviéticos,todos uniformizados. 7m deles usava o uniforme de capit#o da ;"N e permaneciaainda preso pelo cinto ao seu assento. Favia uma espuma cor'de'rosa em volta deseus lábios. 7e!ia ter sobre!i!ido por al%um tempo "ueda e tossido san%ue,pensou o Arqueiro. 1hutou o corpo e percebeu que havia uma valise algemada aopulso do homem. Aquilo parecia promissor. O Arqueiro curvou'se para verificar se asalgemas poderiam ser retiradas com facilidade, mas n#o teve essa sorte. Enco'lhendo os ombros, desembainhou a faca. 8eria de cortar o pulso fora. "irou a m#o ecome&ou...... quando o bra&o se retraiu e um grito agudo fez o Arqueiro colocar'se de pé numsalto. -erá que aquele ainda viviaM 1urvou'se para o rosto do homem e foi

recompensado com respingos de sangue espalhados pela tosse. Os olhos azuis seabriram, arregalados de choque e de dor. A boca moveu'se para produzir ruídosinteligíveis.

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Gerifique se mais alguém está vivo ordenou o Arqueiro a seu assistente.Goltou'se depois para o oficial da ;"N, balan&ando a l%mina a poucos centímetrosde seus olhos, e disse em dialeto pashtu9 Oi, russo.O capit#o come&ou a tossir outra vez. Agora estava completamente acordado e

sentindo dores consideráveis. O Arqueiro revistou'o : procura de armas. Enquantosuas m#os se moviam, o corpo retorceu'se de dor. $evia ter pelo menos algumascostelas quebradas, embora os membros parecessem intactos. 1om esfor&o, dissealgumas palavras. O Arqueiro entendia um pouco de russo, mas teve problemaspara compreend0'las. (#o devia ser t#o difícil, pois a mensagem era bvia, emborao guerrilheiro demorasse quase meio minuto para reconhec0'la. (#o me mate...7ma vez entendido o apelo, o Arqueiro continuou sua busca. Apanhou a carteira docapit#o e e!aminou o contedo. Ioram as fotografias que fizeram com que parasse.O homem tinha uma esposa. Ela era pequena, com um rosto redondo, e morena.(#o parecia bonita, com e!ce&#o do sorriso. Era o tipo de sorriso reservado para o

homem a quem se ama, e o rosto estava iluminado de uma maneira que o prprio Arqueiro conhecera no passado. 2as o que realmente chamou sua aten&#o foramas duas fotografias seguintes. O homem tinha um filho. A primeira teria sido tiradacom a idade de 4 anos talvez, mostrando um garotinho com cabelo desgrenhado eum sorriso travesso. (#o se podia odiar uma crian&a, mesmo sendo o filho de umoficial da ;"N. A fotografia seguinte era t#o diferente que foi difícil estabelecer umarela&#o entre as duas. O cabelo tinha desaparecido e a pele do rosto estavaesticada... transparente como as páginas de um velho 1or#o. A crian&a estavamorrendo. ;om tr4s, "uatro anos tal!ez0, perguntou'se ele. O rosto da crian&amoribunda ostentava um corajoso sorriso de dor e amor. :or "ue a ira de $l precisa!isitar os pe"ueninos0 Goltou a foto para o rosto do oficial.  -eu filhoM indagou o Arqueiro, em russo. 2orto. 1%ncer e!plicou o homem, percebendo depois que o bandido n#oestava entendendo. $oen&a. $oen&a longa. /or um breve instante toda a dor desapareceu das fei&)es, dei!ando apenas uma tristeza profunda. Aquilo salvou sua vida. Iicou surpreso ao ver o bandido embainhar a faca, porémestava sentindo muita dor para demonstrá'lo de maneira visível.Não# Não trarei mais mortes !ida desta mulher#  A decis#o surpreendeu o prprio Arqueiro. Ioi como se a voz de Alá o lembrasse de que a piedade perde apenaspara a fé, na lista das virtudes humanas. Aquilo em si n#o bastava seus

companheiros de guerrilha n#o se dei!ariam convencer por um versículo daEscritura , mas a seguir o Arqueiro encontrou um chaveiro no bolso da cal&a. 7souuma das chaves para abrir as algemas e outra para abrir a valise, que estava cheiade pastas para documentos, cada uma ostentando uma fita multicolorida comalguma vers#o da palavra -E1KE8O. E essa era uma palavra russa que eleconhecia. 2eu amigo disse o Arqueiro em pashtu , vai visitar um outro amigo meu...-e viver o bastante.  E muito sérioM perguntou o presidente. /otencialmente, é muito sério respondeu o juiz 2oore. "ostaria de trazer algumas pessoas para colocá'lo a par de tudo.

KLan já n#o está preparando uma avalia&#oM Ele será uma das pessoas. A outra é esse major "regorL do qual já ouviu falar.O presidente abriu sua agenda de mesa.

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/osso lhe conceder quarenta e cinco minutos. Esteja aqui :s onze. Estaremos aí, senhor. 2oore desligou o telefone. A seguir chamou suasecretária. 2ande entrar o doutor KLan.KLan entrou um minuto depois. (em chegou a ter tempo de sentar'se.

Gamos ver o <Fomem< :s onze. 1omo está seu materialM -ou o cara errado para falar em física, mas acho que "regorL pode tomar contadisso. Ele está conversando agora com o general /ar3s e o senhor Kitter. O generaltambém vaiM Gai. 1erto. >uanto apoio visual quer que eu leveM O juiz 2oore pensou por ummomento. (#o queremos que ele fique tonto com muito material. 7m par de fotografiasgerais e um bom diagrama. Goc0 também acha que é muito importanteM (#o se trata de uma amea&a imediata, mesmo usando a imagina&#o, maspodíamos perfeitamente passar sem esse desenvolvimento. Os efeitos sobre as

conversa&)es de controle de armas s#o difíceis de analisar. (#o acho que e!istauma liga&#o direta... (#o e!iste, temos certeza disso o diretor'geral fez uma pausa e sorriu. /elo menos achamos que temos certeza. Buiz, e!istem alguns dados no ar sobre esse assunto que eu ainda n#o vi.2oore sorriu com benevol0ncia. 1omo sabe disso, filhoM /assei a maior parte da se!ta'feira e!aminando velhos arquivos sobre oprograma soviético de defesa contra mísseis. Em CVC, eles realizaram um testeimportante em -arL -hagan. -abíamos bastante sobre o assunto... por e!emplo,sabíamos que os par%metros da miss#o foram alterados do interior do 2inistério da$efesa. Essas ordens foram seladas em 2oscou e entregues pessoalmente aocomandante do submarino que atirou os mísseis@ 2ar3o Kamius. Ele me contou ooutro lado da histria. 1om isso, e mais alguns trechos de informa&#o que encontrei,comecei a pensar que devemos ter um homem dentro do ministério e nos altosescal)es. >ue trechos de informa&#oM quis saber o juiz.Bac3 hesitou por um momento, mas decidiu continuar a e!por suas dedu&)es. >uando o Outubro Vermelho desertou, o senhor me mostrou um relatrio quevinha bem de dentro, também do 2inistério da $efesa o nome de cdigo no arquivoera QHTTOQ, como me recordo. - vi mais um outro arquivo com esse nome, sobre

um assunto inteiramente diferente, mas também relativo : defesa. Hsso me fezimaginar que havia uma fonte interna com um ciclo de codinomes que mudarapidamente. - se faz isso com uma fonte muito delicada, e se for alguma coisapara a qual eu n#o esteja liberado, bem... s posso concluir que é uma informa&#omuito bem guardada. Fá apenas duas semanas, o senhor me disse que asafirma&)es de "regorL sobre as instala&)es em $ushanbe foram confirmadasatravés de <outras fontes<. Bac3 sorriu. O senhor me paga para descobrir liga&)es, juiz. (#o me importo em ficar por fora em assuntos que n#o tenho necessi'dade de saber, mas estou come&ando a pensar que aí está parte do que eu estoutentando fazer. -e quiser que informe o presidente, senhor, eu deveria entrar lá comas informa&)es corretas.

  -ente'se, doutor KLan. 2oore n#o se importou em perguntar se Bac3 tinhadiscutido o assunto com mais alguém. -erá que já era tempo de admitirem um novo

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membro na fraternidade $eltaM $epois de um momento, permitiu'se um sorrisosagaz. Goc0 deu um encontr#o nele.Bac3 inclinou'se em sua cadeira e cerrou os olhos. $epois de pensar por uminstante, conseguiu ver o rosto do homem novamente.

2eu $eusP E ele está obtendo as informa&)es... 2as seremos capazes de utilizá'lasM Ele já nos passou dados técnicos antes. A maior parte colocamos em uso. O presidente sabe de tudo issoM indagou Bac3. (#o. A idéia é dele, e n#o nossa. Ele nos disse algum tempo atrás que n#oqueria os detalhes das opera&)es secretas, s os resultados. R como a maioria dospolíticos... fala demais. /elo menos é esperto o suficiente para saber disso. Báperdemos agentes porque os presidentes falaram demais. -em mencionar aqueleestranho senador. /ara quando espera a chegada do relatrioM Togo. 8alvez por esta semana, talvez demore mais tr0s...

E, se funcionar, podemos pegar o que eles sabem e juntar ao que nssabemos... KLan olhou através da janela, para os galhos pelados das árvores. $esde que estou aqui, juiz, pergunto a mim mesmo pelo menos uma vez por dia@ oque é mais admirável neste lugar, as coisas que sabemos ou as que n#o sabemosM2oore concordou com um aceno de cabe&a. O jogo é assim, doutor KLan. 8raga suas anota&)es de apoio. (#o fa&a nenhumarefer0ncia ao nosso amigo. Eu mesmo tratarei disso se achar necessário.Bac3 voltou a seu escritrio, meneando a cabe&a. -uspeitara algumas vezes de quetinha acesso a informa&)es que o presidente ignorava. Agora tinha certeza./erguntou a si mesmo se essa era uma boa idéia e admitiu que n#o sabia. O queenchia sua mente era a import%ncia desse agente e suas informa&)es. Faviaprecedentes. O brilhante agente Kichard -or'ge no Bap#o em C5C, cujos avisos a-tálin n#o foram ouvidos. Oleg /en'3ovs3L, que fornecera ao Ocidente informa&)essobre os militares soviéticos que podiam ter prevenido uma guerra nuclear durante a1rise dos 2ísseis em 1uba. R agora mais um. (#o refletiu sobre o fato de que era onico na 1HA a conhecer o rosto do agente, mas n#o seu nome verdadeiro nem o decdigo. (#o ocorreu a ele que o juiz 2oore n#o conhecia o rosto do 1ardeal, tendoevitado olhar sua fotografia por motivos que nunca e!plicara, mesmo a seusdiretores.

O telefone tocou e uma m#o saiu de bai!o do cobertor para apanhá'lo.

Al9M Nom dia, 1andi disse Al "regorL, de TangleL. A mais de * +++ quil9metros de dist%ncia, a dra. 1andance Tong virou na cama eolhou para o relgio de cabeceira. Goc0 está no aeroportoM Ainda estou em Qashington, meu bem sua voz parecia cansada. -e tiver sorte, posso voltar hoje para casa. O que está acontecendo afinalM perguntou ela. Oh, alguém fez um teste, e preciso e!plicar a algumas pessoas o que istosignifica. 1erto. 2e avise quando for chegar, Al. Gou apanhar voc0. 1andi Tong estava

muito zonza para reparar que seu noivo tinha quebrado uma regra de seguran&a aoresponder a sua pergunta. 1laro. Amo voc0.

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sobre isso, n#o foiM Bac3 sacudiu a cabe&a e sorriu. 8odos pensam que édramático, mas n#o é. (unca vi nada mais chato. Os dois lados repetem e!atamenteas mesmas coisas por horas a fio. Kepetem a si mesmos a cada quinze ou vinteminutos o dia inteiro, todos os dias. Ent#o, depois de mais ou menos uma semana,

um dos lados faz uma pequena altera&#o e fica repetindo isso por muitas horas. Ooutro lado verifica com o prprio governo, faz uma pequena altera&#o no te!to ecome&a a repetir isso. As coisas continuam desse jeito por semanas, meses e atéanos. 2as o tio Ernie é bom nisso. Ele acha tudo muito e!citante. Eu pessoalmente,depois de ag6entar uma semana, tenho vontade de come&ar uma guerra s paraacabar com o processo de negocia&#o. KLan sorriu novamente. (#o me culpepor isso. R t#o e!citante como ver tinta secar. Ainda que seja montono, é umatarefa importante, e é preciso um tipo especial de intelig0ncia para isso. Ernie é umvelho seco e duro de roer, mas sabe realizar esse trabalho como ninguém. O general /ar3s diz que ele quer acabar com nossas pesquisas. /orra, major, pode perguntar pessoalmente a ele. Eu mesmo gostaria de

descobrir isso. Bac3 saiu da Avenida /ennsLlvania, seguindo a limusine da 1HA.1inco minutos mais tarde, ele e "regorL sentavam'se na sala de recep&#o da AlaOeste, sob uma cpia da famosa pintura de "eorge Qashington atravessando o rio$elaXare, e o juiz conversava com o conselheiro de -eguran&a (acional dopresidente, BeffreL /elt. O presidente terminava uma audi0ncia com o secretário do1omércio. /or fim, um agente do -ervi&o -ecreto chamou'os e os conduziu atravésdos corredores.1omo acontece com os estdios de televis#o, o -al#o Oval é menor do que amaioria das pessoas espera. KLan e "regorL foram conduzidos até um sofá naparede norte, mas nenhum dos dois sentou o presidente estava em pé, ao lado desua escrivaninha. KLan reparou que "regorL parecia um pouco mais pálido agora elembrou'se da primeira vez em que estivera naquela sala. 2esmo os quetrabalhavam na 1asa Nranca ocasionalmente admitiam ficar impressionados com asala e o tremendo poder que ela continha. Oi, Bac3. R bom v0'lo de novo. O presidente adiantou'se para cumprimentar KLan. E voc0 deve ser o famoso major "regorL. -im, senhor. "regorL quase desafinou e teve de limpar a garganta. >uerodizer, sim, senhor presidente. -ente'se e rela!e. >uer um pouco de caféM O presidente foi até o canto damesa, e "regorL arregalou os olhos quando a !ícara foi estendida em sua dire&#o.KLan fez o que p9de para controlar a vontade de rir. O homem que tornara a

presid0ncia <imperial< novamente, ou o que quer que isso signifique, era um mestrena arte de dei!ar as pessoas : vontade. Ou pelo menos aparentando, pensou Bac3. A rotina do primeiro café freq6entemente os dei!ava ainda mais sem gra&a. 2ajor, ouvi refer0ncias muito boas em rela&#o ao senhor e seu trabalho. Ogeneral diz que o senhor é sua maior estrela. O presidente sentou'se ao lado deBeff /elt, enquanto o general se reme!ia na cadeira. 2uito bem, vamos come&ar.KLan abriu a pasta e retirou uma fotografia, colocando'a sobre a mesa bai!a. Aseguir tirou um diagrama. -enhor presidente, isto é uma fotografia tirada por satélite dos locais quechamamos de Nach e 2ozart. Est#o sobre uma montanha a sudeste da cidade de$ushanbe, na Kepblica -ocialista -oviética do 8adjiquist#o, cerca de CC+

quil9metros da fronteira com o Afeganist#o. A montanha tem 4 D++ metros dealtitude. (s a estamos vigiando há dois anos. Este aqui Bac3 depositou outrafotografia sobre a mesa é -arL -hagan. Os soviéticos t0m realizado trabalhos de

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defesa contra mísseis balísticos nesse lugar durante os ltimos trinta anos. Esteponto bem aqui é suspeito de ser um local de testes com laser. Acreditamos tambémque os soviéticos tenham feito um grande avan&o em rela&#o : pot0ncia do laser aqui, há dois anos. $epois, transferiram suas atividades para Nach, a fim de

acomodá'las melhor. (a semana passada levaram a cabo um teste com pot0nciatotal. Essa disposi&#o aqui em Nach é um transmissor laser. E eles e!plodiram um satélite com issoM quis saber Beff /elt. -im, senhor respondeu o major "regorL. Eles o <derreteram<, comodizemos no laboratrio. Enviaram até o satélite tanta energia que, bem, derreteuparte do metal e destruiu completamente as células solares. (#o conseguimos fazer isso aindaM perguntou o presidente a "regorL. (#o, senhor. Ainda n#o conseguimos colocar tanta energia na ponta do sistema. 1omo eles passaram : frenteM Estamos aplicando um bocado de dinheiro empesquisa de laser, n#o estamos, generalM

/ar3s n#o estava contente com os recentes desenvolvimentos, mas sua voz eraneutra. Os russos também, senhor presidente. Eles conseguiram alguns avan&os comofruto dos esfor&os dirigidos para a fus#o. Fá anos investigam física de alta energia,como parte de um grande esfor&o para conseguir bons reatores de fus#o nuclear.>uinze anos atrás, esse esfor&o foi combinado com o programa de mísseis dedefesa. -e a gente coloca tanto tempo e esfor&o em pesquisa de base, pode esperar um retorno, e eles tiveram um bocado. Hnventaram o KI>, o quadripolo defreq60ncia de rádio, que usamos em nossas e!peri0ncias com armamentos departículas neutras. Hnventaram o dispositivo de conten&#o magnética 8o3ama3 quecopiamos em /rinceton e inventaram o "Lrotron. -#o tr0s avan&os significativos emfísica de alta energia, dos quais ouvimos falar. 7samos alguns deles em nossas pr'prias pesquisas -$H, e com toda a certeza podemos presumir que fazem o mesmo. 1erto, e o que sabemos sobre esse teste que eles fizeramM Era a vez de"regorL novamente. -enhor, sabemos que veio de $ushanbe, porque os outros locais que pesquisamfísica de alta energia, em -arL -hagan e -emipalatins3, estavam abai!o dohorizonte visível... quero dizer, n#o podiam en!ergar o satélite. -abemos que n#o foilaser infravermelho, porque o raio seria detectado pelos sensores do 1obra Nelle. -etivesse de fazer uma dedu&#o, diria que o sistema utiliza laser de elétrons livres... 7sa mesmo confirmou o juiz 2oore. Acabamos de confirmar esse ponto.

R o mesmo sistema no qual estamos trabalhando em ?éa ;lipper# /areceoferecer o maior potencial para aplica&)es em armamentos. /osso perguntar por qu0, majorM indagou o presidente. Efici0ncia na transmiss#o de energia, senhor. O efeito laser ocorre numacorrente de elétrons livres, o que significa que n#o est#o presos a nenhum átomocomo habitualmente, senhor, isso no vácuo. 7sa'se um acelerador de partículaspara produzir uma corrente de elétrons, e os disparamos no interior de umacavidade, que possui um raio laser de bai!a energia ao longo do ei!o. A teoria é quepodemos usar eletroím#s para oscilar os elétrons ao longo do campo. O que se ob'tém é um raio de luz coincidente com a freq60ncia oscilatria dos ím#s, o quesignifica que se pode sintonizar como um rádio, senhor. Alterando'se a energia do

fei!e de laser inicial, pode'se escolher a freq60ncia e!ata que se quer gerar. $epoisos elétrons s#o reciclados de volta ao acelerador de partículas e atirados outra vez :cavidade do laser. 7ma vez que os elétrons já est#o em estado de alta energia, aqui

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se ganha uma grande efici0ncia de transmiss#o de energia. Em resumo, senhor,teoricamente se consegue uma saída de quarenta por cento da energia injetada nosistema. -e pudermos realizar isso de forma viável, poderemos destruir tudo aquiloque virmos... e, quando falamos em níveis altos de energia, falamos em termos re'

lativos, senhor. 1omparada : energia elétrica que este país utiliza para cozinhar, aquantidade necessária para um sistema de defesa laser é irrisria. O truque é sfazer tudo isso funcionar. (#o conseguimos isso ainda. /or que n#oM O presidente inclinava'se levemente para a frente em suacadeira, interessado no assunto. Ainda estamos aprendendo a fazer o laser, senhor. O problema fundamental é acavidade do laser... onde a energia sai dos elétrons e se transforma em raioluminoso. Ainda n#o conseguimos construir uma que fosse suficientemente larga. -efor muito estreita, obteremos uma densidade de energia t#o grande que derreterá ascamadas pticas da prpria cavidade, e dos espelhos usados para apontar o raioformado.

2as eles resolveram o problema. 1omo acha que conseguiramM Eu sei o que eles est#o tentando fazer. >uando a energia passa para o fei!e deraios, os elétrons se tornam menos energéticos, certoM Hsso significa que o campomagnético que os contém precisa ser diminuído, e sem esquecer que a a&#ooscilatria do campo precisa continuar também. Ainda n#o conseguimos resolver esse problema. Eles provavelmente conseguiram, e a solu&#o deve ter vindo daspesquisas sobre energia de fus#o. 8odas as idéias sobre retirar energia de fus#ocontrolada se utilizam de um campo magnético para conter a massa de plasma emalta energia. Em princípio é a mesma coisa que fazemos com os elétrons livres. Amaior parte da pesquisa de base nesse campo é originária da 7ni#o -oviética. Elesest#o : frente porque gastaram mais tempo e dinheiro no lugar mais importante. 1erto, muito obrigado, major. O presidente voltou'se para o juiz 2oore.  Arthur, o que a 1HA acha de tudo issoM Nem, n#o pretendemos discordar do major "regorL, que acaba de passar o diaatualizando os conhecimentos do nosso pessoal de 1i0ncia e 8ecnologia.1onfirmamos que os soviéticos possuem de fato seis emissores laser de elétron livrenesse local. Iizeram um grande avan&o em pot0ncia de saída, e estamos tentandodescobrir e!atamente qual foi. /odem fazer issoM perguntou o general /ar3s. $isse que estamos tentando, general. -e tivermos sorte, teremos uma respostalá pelo final do m0s.

1erto, ent#o sabemos que podem construir um laser muito poderoso disse opresidente. /r!ima pergunta@ será que é mesmo uma armaM /rovavelmente n#o, senhor presidente afirmou o general /ar3s. /elomenos ainda n#o. Ainda há um problema com a distor&#o pela camada de ar, porqueainda n#o copiaram nossos pticos adaptáveis. $ominam muita tecnologia doOcidente, mas até agora n#o possuem esta. Até que o fa&am, n#o podem usar osarmamentos laser baseados em terra como ns, ou seja, enviar o fei!e de raiospassando por um espelho orbital até um alvo distante. 1ontudo, com o que possuemno momento podem causar grandes danos a um satélite em rbita bai!a. E!istemmaneiras de proteger os satélites, é claro, mas é o velho compromisso entre umacoura&a mais pesada, ou ogivas mais pesadas. (o final geralmente a ogiva vence.

>ue é e!atamente o motivo pelo qual deveríamos negociar a elimina&#o dessetipo de armamento afirmou Ernie Allen, intervindo na conversa pela primeira vez.O general /ar3s olhou para ele sem disfar&ar sua irrita&#o. -enhor presidente,

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estamos apenas tendo uma amostra, uma pequena amostra de como essas armaspodem ser perigosas e desestabilizadoras. -e considerarmos meramente que esselocal em $ushanbe pode ser uma arma anti'satélite, vejam as implica&)es que issotrará para a verifica&#o do cumprimento do tratado e para a reuni#o de informa&)es

de uma forma geral. -e n#o pararmos essas coisas agora, iremos todos para umverdadeiro caos. (#o se pode parar o progresso observou o general /ar3s. /rogressoM fez Allen. >ue diabos, temos um tratado na mesa denegocia&)es que pode reduzir o nmero de armas pela metade. 5sso é progresso,general. (o teste que realizaram no sul do Atl%ntico erraram a metade dosdisparos... /osso retirar de a&#o tantos mísseis quanto voc0s.KLan pensou que /ar3s fosse pular da cadeira ao ouvir essas palavras, mas em vezdisso ele adotou seu tom intelectual. -enhor Allen, esse foi o primeiro teste de um sistema e!perimental, e metadedos tiros acertou o alvo. (a verdade, todos os alvos foram eliminados em menos de

um segundo. O major "regorL aqui vai resolver esse problema até o ver#o, n#o vai, jovemM 1laro, senhor respondeu "regorL, desafinando. 8udo o que precisamosfazer é reelaborar uma parte do cdigo. 1erto. -e o pessoal do juiz 2oore puder nos dizer o que os russos fizeram paraaumentar a pot0ncia do laser, já temos o resto da arquitetura do sistema testado evalidado. Em dois ou tr0s anos, podemos ter tudo... e depois podemos pensar seriamente em aplica&)es. E se os soviéticos come&arem a abater nossos espelhos no espa&oM perguntou secamente Allen. /oderíamos ter o melhor sistema de armamentos alaser em terra, mas s iríamos conseguir defender o (ovo 2é!ico. /rimeiro, eles teriam de encontrar nossos satélites, o que é uma tarefa bem maisdifícil do que o senhor pensa. /odemos colocá'los em rbitas muito mais altas, entre5V+ e C ++ quil9metros. /odemos usar tecnologia de evas#o para faz0'los maisdifíceis de localizar no radar. (#o se pode fazer isso com a maioria dos satélites,mas com esse tipo é possível. Os espelhos s#o relativamente pequenos e muitoleves, o que significa que podemos lan&ar vários deles. -abe o tamanho do espa&olá em cima e quantos milhares de fragmentos est#o em rbitaM Eles nuncaconseguiriam pegar todos concluiu /ar3s confiante. Bac3, voc0 esteve de perto com os soviéticos. O que achaM indagou opresidente.

-enhor presidente, a verdadeira for&a com que nos defrontamos neste caso é afi!a&#o dos soviéticos em defender seu país... e com isso quero dizer deender contra qualquer ataque. Bá investiram nisso cerca de trinta anos de trabalho e umapilha enorme de dinheiro, porque acreditam que vale a pena. (a época daadministra&#o Bohnson, ;osLgin disse@ <$efesa é moral, ataque é imoral<. Esse é umprovérbio russo, senhor, e n#o apenas comunista. /ara falar francamente, acho queé uma idéia da qual é difícil discordar. -e entrarmos numa nova fase de competi&#o,pelo menos será defensiva em vez de ofensiva. R meio difícil matar milhares de civiscom um fei!e laser observou Bac3. 2as vai alterar todo o equilíbrio de poder objetou Ernest Allen. O equilíbrio atual pode ser razoavelmente estável, mas ainda é

fundamentalmente louco. disse KLan. 2as funciona. 2antém a paz. -enhor Allen, a paz em que vivemos n#o passa de uma crise constante. $iz que

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podemos reduzir os arsenais pela metade... e daíM -e cortássemos dois ter&os doarsenal soviético, eles ficariam com ogivas suficientes para transformar nosso paísnum crematrio. A recíproca é verdadeira. 1omo eu disse quando voltava de2oscou, o acordo de redu&#o é apenas cosmético. (#o traz nem um pouco mais de

seguran&a. /ode ser um símbolo... talvez um símbolo importante, mas ainda assimsem subst%ncia. (#o sei, n#o observou o general /ar3s. -e reduzirem minha carga de alvospela metade, n#o iria me importar nem um pouco. Hsso lhe valeu um olhar assassino por parte de Allen. -e descobrirmos e!atamente o que os soviéticos est#o fazendo diferente de ns,o que conseguiremos com issoM quis saber o presidente. -e a 1HA nos fornecer dados que possamos usarM 2ajorM /ar3s voltou'separa "regorL. (esse caso, teremos um sistema de armamento pronto para demonstra&#o emtr0s anos, que seria colocado em opera&#o de cinco a dez anos depois disso

respondeu o jovem major, com convic&#o. /arece seguro comentou o presidente. 8#o seguro quanto possível, senhor. R parecido com o /rograma Apollo n#otanto uma quest#o de inventar uma ci0ncia nova, mas de aprender a utilizar engenharia tecnolgica que já possuímos. - juntar as porcas e parafusos. R um jovem muito confiante, major disse Allen, com ares de professor. -ou mesmo, senhor. Acho que podemos realizar tudo isso. -enhor Allen, nossoobjetivo n#o é diferente do seu. O senhor quer livrar'se das armas nucleares, e nstambém. 8alvez possamos ajudá'lo, senhor.Na mosca, pensou KLan com um sorriso mal disfar&ado. 7ma batida discreta soou :porta. O presidente consultou o relgio. Gamos ter de encerrar por aqui. /reciso dar uma olhada em alguns programasantidrogas durante o almo&o com o procurador'geral. Obrigado por cederem seutempo. Ele apanhou uma fotografia de $ushanbe e p9s'se de pé. 8odos fizeram omesmo. -aíram pela porta lateral, oculta na parede de estuque branco. Noa, garoto disse KLan bai!inho a "regorL.1andi Tong apanhou o carro em frente a sua casa. Era dirigido por sua amiga da7niversidade de 1olmbia, a dra. Neatrice 8aussig, outra física especializada emptica. A amizade vinha desde os tempos em que n#o eram formadas. Ela era maise!travagante do que 1andi. 8aussig dirigia um (issan *++[ esportivo e tinha multasde tr%nsito para prová'lo. O carro combinava com suas roupas, com seu cabelo

o!igenado e com o temperamento fogoso, que parecia ligar os homens como uminterruptor. Oi, Nea. 1andi Tong entrou no carro e afivelou o cinto antes de fechar a porta.>uando se andava de carro com Nea, sempre se afivelava o cinto... embora aprpria motorista n#o se incomodasse em faz0'lo. 8eve uma noite ruim, 1andiM Aquela manh# a amiga trajava um terninho de l#, severo mas n#o muito masculino,completado com uma echarpe de seda ao pesco&o. Tong n#o conseguia entender.>uando se passava o dia inteiro coberta com um avental barato de laboratrio,quem se importava com o que estava embai!oM *xceto $l, & claro, por&m ele seinteressa!a pelo "ue ica!a embaixo do "ue esta!a embaixo, pensou ela, sorrindo.

$urmo melhor quando ele está aqui. /ara onde ele foiM perguntou 8aussig. Qashington bocejou ela. O sol nascente delineava longas sombras na estrada

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: frente. A troco de qu0M Nea reduziu a marcha e acelerou o carro, subindo o acessoque conduzia : auto'estrada. 1andi sentiu'se pressionada lateralmente contra ocinto de seguran&a. /or que será que a amiga dirigia daquele jeitoM (#o estavam

disputando o "rande /r0mio de 29naco. Ele disse que alguém realizou um teste, e ele precisava e!plicar tudo para maisalguém. FumP Neatrice fez um mu!o!o, olhou de relance o retrovisor e dei!ou o carroem terceira marcha enquanto procurava uma brecha no tráfego pesado da hora dorush# 1om habilidade, combinou sua velocidade com a da outra fila e deslizou paraum espa&o apenas C metro maior que seu modelo [. Aquilo provocou uma buzinadairritada do automvel de trás. Ela simplesmente sorriu. (o íntimo, considerou o fatode que qualquer que fosse o teste a ser e!plicado por Al n#o era americano. E n#ohavia muitas pessoas realizando testes que precisassem ser e!plicados por aquelemenino prodígio em particular. Nea n#o conseguia entender o que 1andi tinha visto

em Al "regorL. O amor, disse a si mesma, é cego, isso sem mencionar surdo etapado... especialmente tapado. /obre e modesta 1andi Tong, podia ter se saídomuito melhor... -e ao menos tivesse tido a chance de dividir o quarto com 1andi nafaculdade... se houvesse alguma maneira de dizer a ela... '8 >uando é que Al voltaM 8alvez hoje : noite. Gai ligar antes. Gou apanhar o carro dele. Ele o dei!ou nolaboratrio. 1oloque uma toalha no banco antes de sentar brincou ela. "regorL tinha um1heevL 1itation. O carro pereito para um menino prodí%io, pensou Nea 8aussig. Estava cheio de embalagens amassadas de jujubas eele o lavava somente uma vez por ano. Hmaginou como seria ele na cama, masreprimiu o pensamento. (em de manh#, nem logo depois de acordar. A idéia de suaamiga... envolvida com a"uilo fazia sua pele arrepiar'se. 1andi era t#o ing0nua, t#oinocente... e t#o burraP Nem, talvez ela superasse isso. Ainda havia esperan&a. 1omo está indo o trabalho do seu espelho de diamanteM /rojeto A$'A2A(8M $aqui a um ano saberemos. "ostaria que voc0 aindaestivesse trabalhando em minha equipe disse a dra. Tong. 2e dou melhor com trabalho administrativo respondeu Nea com incomumhonestidade. Além do mais, n#o sou t#o inteligente quanto voc0. - mais bonita observou 1andi, ansiosamente.Nea dirigiu o olhar para a amiga. -im, ainda havia esperan&a.2isha recebeu o relatrio final por volta das 5 horas. Estava atrasado, e!plicara

Nondaren3o, porque todas as secretárias liberadas para documentos ultra'secretosencontravam'se ocupadas com outro material. /ossuía 5C páginas, incluindo osdiagramas. Iilitov notou que o trabalho do jovem coronel era t#o bom quanto suapalavra. Ele traduzira todo o jarg#o técnico de engenharia para linguagem clara ecorrente. 2isha passara as ltimas semanas lendo tudo o que conseguira encontrar sobre laser. -e n#o chegara a entender os princípios de opera&#o t#o claramentequanto gostaria, tinha os detalhes de engenharia guardados na memria treinada.Hsso fazia com que se sentisse como um papagaio. /odia repetir as palavras semcompreender seu significado. Nem, por enquanto era o bastante.Tia vagarosamente, decorando : medida que prosseguia. Apesar de sua voz decampon0s e do vocabulário grosseiro, sua mente era ainda mais agu&ada do que

 julgara o coronel Nondaren3o. $a maneira como as coisas se encaminhavam, nemprecisaria ser assim. A parte importante do avan&o parecia bastante simples, n#otanto uma quest#o de aumentar a cavidade do laser, mas de adaptar sua forma ao

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campo magnético. 1om o formato adequado, a cavidade podia ser aumentadaquase : vontade... e o novo fator limitante passou a fazer parte da montagemsupercondutora do controle de pulso magnético. 2isha suspirou. O Ocidenteconseguira novamente. A 7ni#o -oviética n#o possuía os materiais adequados.

/ortanto, como de costume, a ;"N assegurara seu fornecimento do Oeste, destavez embarcados através da 8checoslováquia, via -uécia. -erá que n#o aprenderiamnuncaMO relatrio concluía afirmando que os problemas remanescentes estavam na parteptica e nos sistemas de computador. ?erei de !eriicar o "ue nossos or%anismos deinorma+/es estão azendo acerca desse assunto, disse Iilitov a si mesmo.Iinalmente, passou vinte minutos estudando o diagrama do novo laser. >uandochegou ao ponto em que podia fechar os olhos e lembrar cada detalhe, guardounovamente o relatrio em sua pasta. Gerificou o relgio e pressionou um bot#o, cha'mando o secretário. O oficial de seguran&a apareceu na porta em quest#o desegundos.

-im, camarada coronelM Teve esta pasta ao Arquivo 1entral. -e&#o D, -eguran&a 2á!ima. Ah, sim, ondeestá a sacola com o material a ser queimadoM Está comigo, camarada. Gá buscar para mim. O homem foi até a ante'sala e voltou um momentodepois, trazendo a sacola de lona que ia diariamente para a sala de destrui&#o dedocumentos. 2isha apanhou'a e come&ou a colocar papéis no interior. $ispensado. Eu mesmo a levarei quando sair. Obrigado, camarada coronel. Goc0 já trabalha bastante, Wuri HlLch. Noa noite.>uando a porta se fechou atrás do secretário, 2isha apanhou algumas páginas amais, documentos que n#o se originavam do ministério. A cada semana ou duas, elemesmo se encarregava da sacola com os documentos a incinerar. O oficial deseguran&a que passara a obriga&#o quase clerical para Iilitov presumia que omotivo para isso fosse a bondade do coronel, e talvez se relacionasse a algunspapéis especialmente secretos a serem destruídos. $e qualquer forma, era umhábito que antecedia de longa data seu trabalho para o coronel, e os servi&os deseguran&a o encaravam como rotina. 8r0s minutos depois, a caminho do carro,2isha entrou na sala de destrui&#o. 7m jovem sargento cumprimentou o coronelcomo teria cumprimentado seu av9 e abriu a porta do incinerador. Observou o Feride -talingrado pousar a valise no ch#o e usar o bra&o aleijado para abrir a sacola,

enquanto o outro se elevava, despejando talvez um quilo de documentos sigilososnas chamas a gás do aquecedor no por#o do ministério.(#o poderia saber que estava ajudando um homem a destruir provas de alta trai&#o.O coronel assinou o livro, declarando ter destruído os documentos de sua se&#o.1om um aceno amigável, 2isha pendurou a sacola em seu cabide e saiu pela porta,a caminho de seu carro particular.2isha sabia que naquela noite os fantasmas viriam novamente, e na manh#seguinte ele tomaria sauna outra vez, e outro pacote de informa&)es iria para oOcidente. A caminho de seu apartamento, o motorista parou num emprio especialque abria somente para a elite. Ali os artigos eram restritos. 2isha comprou salsicha,p#o preto e uma garrafa de meio litro de vodca -tolLchnaLa. (um gesto de

camaradagem, comprou mais uma para o motorista. /ara um jovem soldado, vodcaera melhor do que dinheiro.Em seu apartamento, quinze minutos mais tarde, 2isha e!traiu seu diário da gaveta

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e antes de mals nada reproduziu o diagrama que acompanhava o relatrio deNondaren3o. intervalos de poucos minutos ele passava um segundo ou doisolhando para a fotografia emoldurada da esposa. A maior parte do relatrio finalseguia a vers#o inicial escrita : m#o teve que escrever apenas dez páginas novas

inserindo cuidadosamente as frmulas críticas enquanto prosseguia. Os relatriosdo 1ardeal eram sempre modelos de concis#o e clareza, uma qualidade adquiridadurante toda uma vida escrevendo instru&)es operacionais. >uando terminou,cal&ou um par de luvas e foi até a cozinha. /resa magneticamente ao painel traseirode a&o de sua geladeira proveniente da Alemanha Ocidental estava uma pequenac%mera. 2isha manuseava com facilidade a c%mera, a despeito da inconveni0nciadas luvas. Tevou apenas um minuto para fotografar as novas páginas, depoisrebobinou o filme e e!traiu o cassete. 1olocou'o no bolso e recolocou a c%mera noesconderijo antes de tirar as luvas. A seguir ajustou as persianas das janelas. 2ishan#o seria nada se n#o fosse cuidadoso. 7m e!ame acurado da porta de seuapartamento mostraria arranh)es na fechadura, indicando que tinha sido aberta por 

um perito. (a verdade, qualquer um poderia ter feito os arranh)es. >uandorecebesse a confirma&#o de que seu relatrio tinha atingido Qashington marcasde pneus numa parte predeterminada de uma curva , ele rasgaria as páginas dodiário, as levaria em seu bolso até o ministério, depois as colocaria no interior dasacola e as jogaria pessoalmente no incine'rador. 2isha supervisionara a instala&#odo sistema de destrui&#o de documentos, vinte anos atrás.>uando a tarefa se completou, o coronel 2i3hail -emLonovich Iilitov olhounovamente para o retrato de Elena, perguntando se havia feito a coisa certa. Elena,porém, continuou sorrindo, como sempre fizera. -odos esses anos, pensou ele, eminha consci4ncia ainda se perturba# -acudiu a cabe&a. -eguiu'se a parte final doritual. 1omeu salsicha com p#o enquanto seus camaradas mortos na "rande "uerra/atritica vinham visitá'lo, mas n#o conseguiu reunir coragem para perguntar aosque tinham morrido pelo seu país se tinha raz#o em traí'lo. Achou que elesentenderiam melhor do que Elena, porém tinha receio de descobrir. O meio litro devodca tampouco trou!e a resposta. /elo menos arrastou seu cérebro :insensibilidade, e ele cambaleou até a cama logo depois das C+ horas, dei!ando asluzes acesas./ouco depois das CC, um carro passou pelo amplo bulevar em frente ao apartamentoe um par de olhos azuis verificou a janela do coronel. $esta vez era Ed IoleL. Elenotou as persianas. A caminho de seu prprio apartamento, outra mensagemsecreta foi passada. 7m trabalhador sanitário de 2oscou encarregou'se de fazer 

uma série de sinais. Eram coisas incuas, como por e!emplo uma marca feita comgiz num poste de ilumina&#o, cada uma das quais informando um dos membros dacorrente de mensageiros para que estivesse em seu posto predeterminado. 7moutro membro do pessoal da 1HA em 2oscou verificaria as marcas ao amanhecer, e,se faltasse alguma coisa, o prprio IoleL podia abortar a opera&#o, se desejasse.2esmo com seu trabalho tenso como era, Ed IoleL achava muitos aspectosdivertidos. /or um lado, os soviéticos facilitavam as coisas, dando ao 1ardeal umapartamento numa rua com muito tr%nsito. /or outro, fazendo tamanha confus#ocom a reforma do novo edifício da embai!ada que n#o permitiram que ele e suafamília morassem no interior, e aquilo for&ava IoleL ou sua esposa a passar por aquele bulevar todas as noites. Ambos estavam muito felizes em ter seu filho no time

de hquei soviético. Aquela era uma coisa da qual iriam sentir saudades quandopartissem, disse IoleL a si mesmo enquanto saía do carro. Ele agora gostava maisde hquei da divis#o juvenil do que de beisebol. Nem, sempre havia o futebol. (#o

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queria que seu filho jogasse futebol americano. 2uitos garotos acabavam semachucando, e ele jamais seria grande o suficiente. 2as isso estava no futuro, e eleainda precisava se preocupar com o presente./recisava ser cuidadoso com as coisas que dizia em voz alta no interior de seu

apartamento. /resumia'se que cada sala de cada apartamento ocupado por americanos tinha mais microfones do que uma esta&#o de rádio, mas ao longo dosanos Ed e 2arL /at fizeram disso também uma piada. $epois que ele entrava ependurava o palet, beijava a mulher e me!ia ao mesmo tempo no lbulo de suaorelha. Ela dava um risinho de reconhecimento, embora ambos já estivessem can'sados da tens#o que vinha com esse sinal. Ialtavam s alguns meses. 1omo foi a recep&#oM perguntou ela, dirigindo'se mais aos microfonesembutidos. A mesma coisa de sempre foi a resposta gravada.

6Oort5nidadesNeatrice 8aussig n#o chegou a fazer um relatrio, embora considerasse significativoo erro cometido por 1andi. 1om acesso a praticamente tudo o que acontecia noTaboratrio (acional de Tos Alamos, n#o fora informada sobre testes n#oprogramados, e, se bem que uma parte do programa da Hniciativa de $efesaEstratégica se desenvolvesse na Europa e no Bap#o, nada requeria a interpreta&#ode Al "regorL. Hsso levava : conclus#o de que o teste era russo, e se eles levaramde avi#o o menino prodígio para Qashington o carro dele, como ela se lembrava,permanecera no estacionamento do laboratrio portanto, enviaram também umhelicptero tinha de ser muito importante. Antipatizava com "regorL, contudo n#otinha motivos para duvidar da capacidade de sua mente. Iicou imaginando que tipode teste seria, mas n#o tinha acesso ao que os russos realizavam e sua curiosidadeera bem disciplinada. 8inha de ser. O que ela estava fazendo era perigoso. 2as eraparte do divertimento, n#o eraM Ela sorriu sozinha. 1om isso ficam faltando tr0s. Aps os afeg#es, os russos inspecionavam osdestro&os do An'4. O homem que falara era major da ;"N. (unca estivera numdesastre aéreo, e apenas o vento gelado em seu rosto conseguira manter noest9mago seu café da manh#. 7m de seus homensMO capit#o de infantaria do E!ército soviético até pouco tempo atrás um

conselheiro militar dos títeres no E!ército afeg#o olhava em volta, para certificar'se de que seus soldados guameciam adequadamente o local. -eu est9mago estavat#o estável quanto possível nas circunst%ncias. /resenciar de perto o camaradaafeg#o quase estripa'do em frente a seus olhos fora o maior choque de sua vida, eimaginava se o amigo sobreviveria : cirurgia de emerg0ncia. Ainda desaparecido, eu acho. A fuselagem do avi#o partira'se em vários peda&os. Os passageiros da se&#odianteira ficaram banhados em combustível quando a aeronave atingira o ch#o, eestavam queimados além de qualquer possibilidade de reconhecimento. Aindaassim, os soldados montaram os peda&os de quase todos os corpos. 8odos menostr0s, na verdade, e os especialistas em medicina legal determinariam quem tinha

morrido e quem continuava desaparecido. (ormalmente n#o eram t#o solícitos comas vítimas dos desastres aéreos tecnicamente o An'4 fazia parte da Aeroflot, en#o da Ior&a Aérea soviética , mas faziam um grande esfor&o naquele caso. O

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capit#o desaparecido pertencia ao (ono $iretrio os <"uardas< da ;"N. Eraum oficial da administra&#o que estivera percorrendo a regi#o, verificando o pessoale as atividades de seguran&a em certas áreas sensíveis. -eus documentos deviagem incluíam alguns papéis altamente secretos e, o que era mais importante, ele

possuía um amplo conhecimento sobre numerosos oficiais e atividades da ;"N. Ospapéis poderiam ter sido destruídos os restos do contedo de muitas valise foramencontrados reduzidos a cinzas, mas até que a morte do capit#o fosse confirmadamuita gente iria ficar inquieta no 1entro de 2oscou. Ele dei!ou família... bem, uma viva. O filho morreu no m0s passado, segundome disseram. Algum tipo de c%ncer, ao que parece observou bai!inho o major da;"N. Espero que o senhor cuide apropriadamente da esposa respondeu o capit#o. 1laro, temos um departamento encarregado desses assuntos. -erá que eles oarrastaram daquiM Nem, sabemos quem s#o eles. -empre revistam os locais dos acidentes,

procurando armas. O capit#o encolheu os ombros. Estamos lutando contraselvagens ignorantes, camarada major. $uvido que tenham interesse emdocumentos de qualquer tipo. 8alvez tenham reconhecido o uniforme de oficial da;"N e o tenham levado para mutilar o corpo. (#o acreditaria nas coisas que eless#o capazes de fazer com os prisioneiros. NárbarosP resmungou o homem da ;"N. Abater um avi#o de transportedesarmado. Olhou em volta. -oldados <leais< afeg#es... um adjetivo muitootimista para essa gente, considerou ele... 1olocavam os corpos e os peda&osencontrados em grandes sacos plásticos, para que fossem embarcados dehelicptero de volta a "hazni e depois levados a 2oscou para identifica&#o. E searrastaram daqui o corpo do meu companheiroM (esse caso nunca o encontraremos. E!iste uma chance, é claro, mas é muitopequena. /odemos mandar um helicptero verificar cada abutre voando em círculos,mas... O capit#o balan&ou a cabe&a. As chances s#o de que o corpo estejaaqui, camarada major. - precisamos de algum tempo para confirmar o fato. /obre coitado... um homem de gabinete. (em mesmo era seu territrio, mas ooficial da regi#o foi internado no hospital com problemas na vesícula biliar, e eleaceitou esse trabalho além do prprio. >ual é a área em que trabalhava normalmenteM 8adjiquist#o. Acredito que ele quis um pouco de trabalho e!tra para tirar seusproblemas da cabe&a.

1omo está se sentindo, russoM perguntou o Arqueiro a seu prisioneiro.(#o podiam fazer muito na área de assist0ncia médica. A equipe mais pr!ima demédicos, composta de profissionais e enfermeiras franceses, estava numa cavernaperto de Fasan ;hél. Os feridos que podiam andar dirigiam'se agora para lá. Osmais graves... bem, o que podiam fazerM 8inham um bom suprimento de analgésicose ampolas de morfina fabricadas na -uí&a, e aplicaram inje&)es aos moribundos,para aliviar as dores. Em alguns casos a morfina os ajudava, e qualquer um quemostrasse esperan&a de recupera&#o era colocado numa lliteira e carregado parasudeste, na dire&#o da fronteira com o /aquist#o. Aqueles que sobrevivessem :viagem de quase C++ quil9metros receberiam cuidados no local mais pr!imo a umhospital de verdade, perto do aeroporto desativado de 2iram -hah. O Arqueiro

liderava esse grupo. Favia argumentado com sucesso junto aos companheiros,dizendo que o russo valia mais vivo do que morto, e que o homem do <Ameri3ast#o<lhes daria muito em troca de um membro da polícia política soviética e seus

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documentos. Apenas o líder poderia ter derrotado sua argumenta&#o, mas eleestava morto. $eram ao corpo um enterro t#o apressado quanto permitia sua fé,porém agora ele estava no /araíso. Hsso fazia do Arqueiro o combatente veteranomais confiável do bando.

>uem poderia supor, baseado nos olhos azuis infle!íveis e nas palavras frias, quepela primeira vez em tr0s anos seu cora&#o sentia piedadeM Ele mesmo seespantava com isso. /or que tais pensamentos ecoavam em sua cabe&aM -eria avontade de AláM -inha de ser, pensou ele. 4uem mais poderia ter me impedido dematar um russo0 $i respondeu o russo finalmente.2as a piedade do Arqueiro n#o chegava a tanto. A morfina que os mudjahidinlevavam era destinada somente a eles. $epois de verificar em volta se ninguémolhava para eles, passou ao russo as fotografias da família. /or um breve instanteseus olhos se abrandaram. O oficiai da ;"N o encarou com uma e!press#o desurpresa que suplantou a dor. -ua m#o sadia apanhou as fotografias, apertando'as

contra o peito. Favia gratid#o em seus olhos, gratid#o e perple!idade. O homempensava no filho morto e contemplava seu prprio destino. O pior que podiaacontecer, decidiu em meio : nuvem de dor, era reunir'se : crian&a, onde quer queela se encontrasse. Os afeg#es n#o podiam feri'lo mais do que estava, no corpo ouna alma. O capit#o encontrava'se naquele ponto em que a dor se tornara como umadroga, t#o familiar que a agonia tornara'se tolerável, quase confortável. Faviaescutado que isso era possível, mas n#o acreditara até ent#o.-eus processos mentais ainda n#o funcionavam normalmente. (um estado desemiconsci0ncia, perguntava'se por que n#o fora assassinado. Ouvira muitashistrias em 2oscou sobre como os afeg#es tratavam seus prisioneiros### e oi por isso "ue !oc4 se oereceu como !oluntrio para aceitar essa !ia%em al&m de seutrabalho0### Agora divagava sobre seu destino e como ele o procurara.Voc4 não pode morrer, Valery 6ikhailo!ich, precisa !i!er# -em uma mulher, e ela jsoreu o suiciente, disse a si mesmo. *la j est passando por### O pensamento seinterrompeu sozinho. O capit#o colocou a foto no bolso da tnica e rendeu'se :inconsci0ncia enquanto o corpo trabalhava para curar'se. (#o acordou quando foiamarrado a uma tábua e colocado sobre um tra!ois, uma espécie de ma&a. O Arqueiro liderou a partida do grupo.2isha acordou com sons de batalha reverberando dentro da cabe&a. Ainda estavaescuro lá fora o sol demoraria algum tempo para se levantar e a primeira a&#oconsiderada foi a ida ao banheiro, onde jogou água fria no rosto e engoliu tr0s

aspirinas. nsias de v9mito seguiram'se, porém tudo o que e!peliu foi bilisamarelada. Ele levantou a cabe&a para olhar no espelho e constatar o que a trai&#ofizera ao Feri da 7ni#o -oviética. Ele n#o podia e n#o queria parar, claro,mas... mas !eja o "ue est azendo a si mesmo, 6isha# Os olhos que tinham sidoazuis encontravam'se injetados de sangue e sem vida, a complei&#o corada agoraacinzentada como a de um cadáver. -ua pele estava flácida, e a superfície cinza emsuas bochechas maculava um rosto que fora considerado bonito. Estendeu o bra&odireito, e como sempre o tecido das cicatrizes, com apar0ncia de plástico, estavadolorido. Tavou a boca e andou penosamente até a cozinha para fazer café./elo menos tinha um pouco de gr#os, também adquiridos numa loja que abasteciaos membros da nomenklatura, e uma máquina ocidental onde prepará'lo.

1onsiderou a possibilidade de comer alguma coisa, mas resolveu ficar s com ocafé. /odia depois comer um peda&o de p#o em sua escrivaninha. O café ficoupronto em tr0s minutos. Nebeu a !ícara de um s gole, ignorando os danos do

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líquido quente, depois levantou o fone para chamar seu carro. >ueria ser apanhadocedo e, embora n#o dissesse que desejava visitar a casa de banhos, o sargento queatendeu ao telefone na garagem sabia o motivo.Ginte minutos mais tarde 2isha saía pela porta principal do edifício. -eus olhos

lacrimejavam, e ele os estreitou dolorosamente contra o vento noroeste que tentavaempurrá'lo de volta. O sargento pensou em alcan&á'lo e firmar seu coronel, masIilitov inclinou o corpo para contrabalan&ar os efeitos da m#o invisível da natureza eentrou no carro da maneira que sempre fazia, como se estivesse embarcando emseu velho 8'*5 para combater. /ara os banhos, camarada coronelM quis saber o sargento, depois deacomodar'se no banco da frente. Goc0 vendeu a vodca que eu lhe deiM Nem... sim, camarada coronel respondeu o jovem. Nom para voc0, é muito mais saudável do que beb0'la. Aos banhos. Kápido declarou o coronel, fingindo seriedade , e talvez eu sobreviva.

-e os alem#es n#o conseguiram matá'lo, meu coronel, duvido que uma pequenaquantidade de boa vodca russa consiga fazer isso disse alegremente o rapaz.2isha permitiu'se uma risada, aceitando com bom humor a ponta'da em suacabe&a. O motorista até mesmo se parecia com o cabo Komanov. O que acha de ser um oficial, algum diaM Obrigado, camarada coronel, mas desejo voltar : faculdade para terminar meusestudos. 2eu pai é engenheiro químico e gostaria de seguir sua carreira. /ois ent#o ele é um homem de sorte, sargento. Gamos andando. O carro chegouao prédio desejado em dez minutos. O sargento dei!ou que o coronel descesse,depois estacionou num dos espa&os reservados de onde ele podia observar asportas. Acendeu um cigarro e abriu um livro. Era um bom emprego esse, muitomelhor do que arrastar'se na lama com uma companhia de combate. :obre coitado,pensou ele, ser assim tão sozinho# >ue sorte miserável um heri chegar a esseponto.(o interior, a rotina era t#o rígida que 2isha poderia t0'la realizado dormindo.$epois de despir'se, apanhou sua toalha, os chinelos, os ramos de vidoeiro e foi atéa sala de vapor. Giera mais cedo do que de costume. A maior parte dosfreq6entadores regulares ainda n#o chegara. 2elhor assim. Aumentou o flu!o deágua nos tijolos refratários e sentou'se para permitir que sua cabe&a latejante sedesanuviasse. 8r0s outros espalhavam'se pela sala. Keconheceu dois deles, masn#o eram amigos e nenhum parecia ter vontade de falar. /ara 2isha estava timo

assim. O simples fato de mover a mandíbula doía, e a a&#o da aspirina parecia maislenta naquela manh#.>uinze minutos mais tarde, o suor brotava do corpo branco. Tevantou os olhos paraobservar o atendente, ouviu a cantilena de sempre sobre as bebidas ninguémquis nada ainda , mais a parte sobre a piscina. /arecia uma coisa natural para umhomem naquele trabalho dizer, mas o que a combina&#o e!ata de palavrassignificava era@ -udo certo# *stou pronto para a transer4ncia# Em resposta, 2ishalimpou o suor das sobrancelhas num gesto e!agerado e comum aos homens de suaidade. :ronto# O atendente saiu. Gagarosamente, 2isha come&ou a contar atétrezentos. >uando chegou a 4D?, um de seus companheiros alcolatras levantou'see saiu. 2isha reparou no fato, mas n#o se preocupou. 8inha muita prática para isso.

>uando chegou a trezentos, ergueu'se com um movimento oscilante dos joelhos edei!ou a sala sem uma palavra.O ar estava muito mais frio no vestiário, mas ele notou que o outro homem ainda

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n#o saíra. Ialava sobre algum assunto com o atendente. 2isha esperou compaci0ncia que o atendente reparasse nele, o que aconteceu logo. O jovem veio emseguida, e o coronel andou alguns passos para encontrá'lo. 2isha trope&ou numladrilho solto e quase caiu. -eu bra&o bom projetou'se para a frente. O atendente o

segurou, ou quase o fez. Os ramos de vidoeiro caíram ao ch#o.O jovem apanhou'os num instante e ajudou 2isha a firmar'se. Em mais algunssegundos deu'lhe uma toalha limpa para o banho de chuveiro e colocou'se acaminho. Está bem, camaradaM indagou o outro homem do canto distante do aposento. -im, obrigado. -#o meus velhos joelhos, e esse velho assoalho. Eles deviamcuidar melhor do assoalho. $eviam mesmo. Genha, vamos tomar uma ducha juntos convidou o homem.8inha cerca de 5+ anos, e n#o havia nada notável nele, : e!ce&#o dos olhosinjetados. 2ais um bebedor, reparou imediatamente 2isha. Esteve na guerra,ent#oM

1omo tanquista. O ltimo canh#o alem#o me acertou... mas eu também oacertei, no saliente de Kursk# 2eu pai esteve lá. Ele serviu no -étimo E!ército, sob o comando de ;oniev. Eu estava do outro lado@ -egundo de 8anques, sob o comando de ;onstantinKo3ossovs3L. 2inha ltima batalha. /osso ver por qu0, camarada... Iilitov, 2i3hail -emLonovich, coronel da $ivis#o de 8anques. -ou ;lementi Gladimirovich Gatutin, mas n#o sou heri. R um prazer conhec0'lo,camarada. R bom para um velho ser tratado com respeito.O pai de Gatutin havia servido na campanha em ;urs3, mas como agente político.Ele havia se aposentado como coronel da (;7$, e seu filho seguira suas pegadasnaquela ag0ncia de seguran&a interna que depois se tornou a ;"N.Ginte minutos depois, o coronel saiu para seu escritrio, e o atendente dos banhosesgueirou'se pela porta traseira e entrou na lavanderia a seco. O gerente da lojaprecisou ser chamado na sala de equipamentos, onde estivera lubrificando umabomba. 1omo simples medida de seguran&a, o homem que apanhou o filme n#odeveria saber o nome do outro, nem onde ele trabalhava. Embolsou o magazine,passou tr0s garrafas de meio litro de bebida e voltou a lubrificar a bomba, seucora&#o batendo rápido, como sempre acontecia em tais dias. Achava muitodivertido o fato de que seu trabalho de cobertura como <agente< da 1HA um

soviético trabalhando para a ag0ncia americana de informa&)es funcionava emseu prprio benefício fiscal. O comércio ilícito de álcool pagava em rublos<certificados<, que poderiam ser utilizados para comprar bens ocidentais e g0nerosalimentícios de primeira nas lojas de moeda estável. /esou aquilo contra a tens#ode sua miss#o enquanto retirava o leo da superfície da máquina com as m#os.Iazia parte daquela corrente de <elos< há seis meses, e, embora n#o soubesseainda, seu trabalho na corrente logo estaria terminado. Ainda seria usado parapassar informa&)es, mas n#o para o 1ardeal. Em pouco tempo o homem dosbanhos estaria procurando outro emprego, e aquela corrente de agentes sem nomeseria dissolvida e impossível de seguir, mesmo para os incansáveis agentes decontra'intelig0ncia do -egundo $iretrio da ;"N.

>uinze minutos mais tarde, uma cliente habitual apareceu com um de seus casacosingleses. Era um modelo Aquascutum, com o forro de náilon removido. 1omosempre, ela disse alguma coisa sobre tomar um cuidado especial e ser 

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especialmente delicado com o casaco, e como sempre ele protestou afirmando queaquela era a melhor lavanderia em toda a 7ni#o -oviética. 2as n#o possuíaformulários impressos, e ele escreveu tr0s vias : m#o, usando folhas de papelcarbono. A primeira foi presa ao casaco com um alfinete, a segunda foi para uma

pequena cai!a e a terceira... mas primeiro ele verificou os bolsos. 1amarada, esqueceu alguns trocados aqui. Agrade&o, mas n#o precisamos dodinheiro e!tra. Ele passou as moedas e o recibo. E mais alguma coisa. Era t#ofácil... (inguém verificava os bolsos, como no Ocidente. O senhor é de fato um homem honrado disse a mulher, com estranhaformalidade, muito comum na 7ni#o -oviética. Nom dia, camarada. Hgualmente respondeu o homem. O pr!imoP A mulher seu nome era -vetlana andou até a esta&#o de metr9, como sempre.-eu horário lhe permitia um andar vagaroso no caso de problemas em algumestágio da entrega. As ruas de 2oscou estavam sempre cheias de pessoasapressadas que n#o sorriam, muitas das quais olhavam para seu casaco com uma

ponta de inveja. Ela possuía uma vasta cole&#o de roupas inglesas, tendo viajado aoOcidente em várias oportunidades como parte de seu trabalho no "osplan, rg#osoviético de planejamento econ9mico. (a Hnglaterra fora recrutada pelo -ervi&o-ecreto Nrit%nico de Hntelig0ncia. Iora utilizada na corrente do 1ardeal porque a 1HAn#o tinha muitos agentes disponíveis na Kssia, e ela realizava trabalhoscuidadosamente escolhidos para ficar no centro da corrente, nunca perto daspontas. Os dados que ela mesma proporcionava ao Ocidente eram informa&)esecon9micas de bai!o nível, e seus servi&os ocasionais como mensageira eram naverdade mais teis do que as informa&)es das quais tanto se orgulhava. -eucontrolador nunca lhe dissera aquilo, claro cada espi#o julga que possui asinforma&)es mais vitais que já saíram do país. Hsso tornava o jogo mais interessante,e, por todas as motiva&)es ideolgicas ^ou outras_ envolvidas, os espi)es viam suaobra como o maior de todos os jogos, uma vez que precisavam ludibriar os maisformidáveis aparatos de seus prprios países. -vetlana na verdade apreciava o fatode viver perigosamente entre a vida e a morte, embora n#o soubesse por qu0.8ambém acreditava que seu pai, altamente colocado um membro já antigo do1omit0 1entral , poderia proteg0'la de qualquer coisa. Afinal de contas, suainflu0ncia permitia que ela viajasse para a Europa ocidental duas ou tr0s vezes por ano, n#o eraM 7m homem pomposo, seu pai, mas -vetlana era sua nica filha, am#e de seu neto e o centro de seu universo.Ela entrou na esta&#o ;uznets3L 2ost a tempo de ver um trem partindo. 1alcular o

tempo era a parte mais difícil. (a hora do rush, os trens do metr9 soviético corriamde trinta em trinta segundos. -vetlana verificou seu relgio, e mais uma vez calculousua chegada com perfei&#o. O contato estaria no pr!imo trem. Andou ao longo daplataforma para o local e!ato onde estaria a porta dianteira do segundo carrodaquele trem, assegurando'se de que seria a primeira a embarcar. -uas roupasajudaram. Ireq6entemente passava por estrangeira, e os moscovitas tratavam osestrangeiros com defer0ncia geralmente reservada : realeza ou os gravementeenfermos. (#o teve que esperar muito tempo. Togo escutou o rumor de um trem quese apro!imava. As cabe&as se voltaram, como faziam sempre, para ver as luzes doprimeiro carro que se apro!imava, e o ruído dos freios encheu a esta&#o abobadadacom um guincho agudo. As portas se abriram e uma pequena multid#o saiu.

-vetlana ent#o embarcou e deu alguns passos em dire&#o : traseira do carro. Agarrou a barra de apoio no alto todos os assentos encontravam'se ocupados, enenhum homem lhe ofereceu lugar e ficou de frente antes que o trem andasse

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novamente. -ua m#o esquerda, sem luva, permaneceu no bolso do casaco.(unca vira o rosto do seu contato no trem, mas sabia que ele já vira o seu. >uemquer que fosse, ele apreciava sua figura esguia. Ela sabia disso por causa do sinal.(o aperto do carro apinhado, uma m#o escondida por uma cpia do 5z!estia correu

ao longo de sua nádega esquerda e parou para apertar suavemente. Aquilo eranovidade e ela lutou contra o impulso de ver o rosto do contato. -eria um bomamanteM Até que poderia ter mais um. -eu e!'marido era t#o... mas n#o. $essamaneira era mais poético, mais russo, que um homem cuja face nunca vira aachasse bonita e desejável. Ela agarrou o filme entre o polegar e o indicador,aguardando dois minutos para que o trem parasse em /ush3ins3aLa. -eus olhosestavam fechados, e um milímetro de sorriso se formava em seus lábios enquantoela imaginava a identidade e os atributos do contato cujas m#os a acariciavam. 8eriahorripilado seu agente controlador, mas n#o e!teriorizou sinal algum.O trem diminuiu a velocidade. /essoas levantaram dos assentos, e os que estavamem pé prepararam'se para sair. -vetlana tirou a m#o do bolso. O magazine estava

escorregadio, ela n#o sabia se era água ou alguma subst%ncia oleosa da lavanderia. A m#o abandonou seu quadril uma longa e vagarosa trilha de press#o suave eelevou'se para receber o pequeno cilindro metálico enquanto seu rosto virava para adireita.Togo atrás dela, uma mulher idosa trope&ou nos prprios pés e foi de encontro aocontato. A m#o dele bateu no magazine, arrancando'o de -vetlana. /or ummomento ela n#o percebeu o que acontecera, e no instante seguinte o homemestava de quatro apanhando o filme. Ela olhou para bai!o, mais surpresa do queassustada, vendo a parte traseira da cabe&a do contato. Ele estava ficando careca,e o cabelo em volta de suas orelhas era cinza era um velhoP Em um momento eleapanhou o magazine e ficou em pé. Velho mas %il, pensou ela, vendo de relance aforma do ma!ilar. 7m perfil forte sim, ele seria um bom amante, e talvez do tipopaciente, o melhor de todos. Ele desceu do trem, e ela aclarou a mente. -vetlanan#o reparou que um homem sentado ao lado esquerdo do carro levantara'se eandava contra as pessoas que entravam, saindo um segundo antes que as portas sefechassem novamente.1hamava'se Noris, um agente do turno da noite no quartel'general da ;"N, eestava a caminho de casa. "eralmente lia um jornal de esportes o Ao!ietsky Aport , mas nesse dia esquecera'se de comprar seu e!emplar na banca do prédiodo quartel'general, e acidentalmente en!ergara no ch#o sujo e preto do vag#o umobjeto que s poderia ser um magazine de filme, e pequeno demais para vir de uma

c%mera comum. (#o vira a tentativa de mudá'lo de m#os, e n#o sabia quem odei!ara cair. /resumiu que fosse o homem na casa dos D+, notando a habilidadedemonstrada ao recuperá'lo. 7ma vez fora do carro, compreendeu que ocorrerauma transfer0ncia, porém ficara surpreso demais para reagir prontamente, surpresoe cansado demais depois de uma longa noite de servi&o.Ele era um e!'agente controlador que agira na Espanha até voltar para casa depoisde um ataque do cora&#o, sendo destacado para o turno da noite em sua se&#o.-eu posto era o de major. Achava que merecia o coronelato pelo trabalho querealizara, mas esse pensamento também n#o estava em sua mente no momento.-eus olhos percorriam a plataforma, procurando pelo homem de cabelos grisalhos ecasaco marrom. G esta!aP Ele come&ou a andar, sentindo uma pequena pon'tada

do lado esquerdo do peito enquanto se movia atrás do homem. Hgnorou aquilo.Favia dei!ado de fumar há alguns anos, e o médico da ;"N dissera que estava indobem. 1hegou a D metros do homem, e n#o se apro!imou mais. Era hora de ter 

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paci0ncia. -eguiu'o através da passagem para a esta&#o "or3ovs3aLa e sobre aplataforma. Ali as coisas ficavam difíceis. plataforma estava apinhada de genteque seguia para o escritrio, e ele perdeu contato visual com sua presa. O agente da;"N era um homem bai!o e tinha dificuldade entre multid)es. Ousaria apro!imar'se

maisM Hsso significaria ter que abrir caminho na multid#o... e chamar aten&#o sobresi. Era perigoso.Favia sido treinado para isso, é claro, mas aquilo ficara mais de vinte anos atrás, eele procurava freneticamente os procedimentos em sua mente. 1onhecia a técnicade campo, sabia como identificar e despistar um perseguidor, mas era um homemdo /rimeiro $iretrio, e as técnicas de sombreamento usadas pelos fur)es do-egundo $iretrio n#o constavam de seu repertrio. O "ue a+o a%ora0 Hrritou'seconsigo mesmo. Aquela era uma chance e tantoP Os homens do /rimeiro $iretriotinham tend0ncia a odiar naturalmente seus equivalentes do -egundo, e apanhar umdeles em... 2as e se houvesse um agente do <$ois< por pertoM -erá quepresenciava um e!ercício de treinamentoM -erá que naquele momento ele estaria

sendo objeto da ira de um agente do <$ois< que tinha seu caso naquelemensageiroM /oderia lhe acontecer tal desgra&aM O "ue a+o a%ora0 Olhou emvolta, esperando identificar o homem da contra'intelig0ncia que pudesse estar <trabalhando< o mensageiro. (#o tinha esperan&a de reconhecer o rosto, mas talvezdivisasse um gesto sinalizador. Achou que ainda se lembrava do cdigo. (ada. O"ue a+o a%ora0 Estava suando na fria esta&#o do metr9, e a dor em seu peitoaumentava para piorar seu dilema. E!istia um sistema de linhas telef9nicas ocultasem cada esta&#o do sistema de metr9. 8odos os agentes da ;"N sabiam utilizar'sedelas, porém sabia que n#o tinha tempo para encontrar e ativar o sistema.8inha de seguir o homem. 8inha de correr o risco. -e a decis#o provasse ser errada,bem, ele era um agente de campo e!periente e!ercendo seu prprio direito e tinha procurado algum sinal. O pessoal do <$ois< iria criticá'lo, mas sabia que podia contar com seus superiores para proteg0'lo. A decis#o fora tomada, e a dor no peitoaquietou'se. 2as restava ainda o problema de localizar o homem. O oficial da ;"Nabriu caminho através da multid#o, suportando as reclama&)es : medida queprogredia, mas finalmente teve o caminho bloqueado por um grupo de trabalhadoresque discutia calorosamente sobre algum assunto. Esticou o pesco&o para procurar apresa Aim8 $inda em pé, olhando para a direita### O som do trem do metr9 veiocomo um verdadeiro alívio. /ermaneceu em pé, tentando n#o olhar com muita freq60ncia para o alvo. Ouviu as

portas dos carros se abrirem com um assobio, ouviu a mudan&a sbito no barulhoquando os passageiros saíram, depois o rumor arrastado de pés quando as pessoasavan&aram em dire&#o :s portas.O carro esta!a lotado8 -eu homem achava'se no interior, mas as portas estavambloqueadas por corpos. O agente da ;"N correu para alcan&ar a porta traseira elutou para entrar um momento antes que elas se fechassem. 1ompreendeu com umarrepio que talvez tivesse sido bvio demais, porém n#o havia nada que pudessefazer quanto a isso. >uando o trem come&ou a andar, abriu caminho em dire&#o :frente. /essoas sentadas e em pé repararam no movimento inconveniente. En'quanto observava, alguém ajeitou um chapéu. 8r0s ou quatro jornais foram dobrados quaisquer desses sinais poderia servir de aviso ao mensageiro.

7m deles serviu. Ed IoleL olhava para outro lado depois de ajeitar os culos com am#o direita enluvada, segurando a outra luva. O mensageiro virou as costas para afrente do carro e repassou seus procedimentos de fuga. IoleL repassou os seus. O

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mensageiro iria livrar'se do filme, e!pondo'o primeiro ao pu!ar a tira para fora doinvlucro de metal, depois atirando'o na lata de li!o mais pr!ima. Hsso haviaacontecido duas vezes anteriormente, ao que ele soubesse, e em ambos os casos o<elo< conseguira fugir sem problemas. Aão treinados para isso, disse IoleL a si

mesmo. Aabem como az4Elo# O 1ardeal seria avisado, outro filme seria feito e...mas isso nunca acontecera no turno de IoleL, e ele precisou usar de toda a suadisciplina para manter o rosto impassível. O mensageiro n#o fez nenhummovimento. $esceria no ponto seguinte de qualquer jeito. (#o fizera nada fora docomum, nada que parecesse anormal. Ele diria que encontrara essa coisa pequenae engra&ada, com a era um ilme, camarada0 tira para fora no assoalho docarro, e pensou que fosse simplesmente li!o para ser jogado fora. (o interior dobolso, o homem tentava pu!ar o filme para fora do magazine. >uem quer que otivesse utilizado, sempre dei!ava alguns milímetros para fora a fim de que sepudesse pu!á'lo inteiro para fora ou assim lhe foi dito. 2as o magazine estavaescorregadio, e ele n#o conseguia segurar com firmeza a ponta e!posta. O trem

parou novamente e o mensageiro saiu. (#o sabia quem o estava seguindo. (#osabia nada, além de que recebera o sinal de fuga, e esse sinal também lhe diziapara destruir o material que levava da forma combinada mas nunca tivera defazer isso antes. 8entou n#o olhar ao redor e saiu da esta&#o t#o rapidamentequanto qualquer um na multid#o. $e sua parte, IoleL nem ao menos olhou para forapela janela do trem. Era quase inumano, mas conseguiu controlar'se, temendoacima de tudo colocar seu agente em perigo.O mensageiro subia sozinho num dos degraus da escada rolante. Apenas maisalguns segundos e ele estaria na rua. Encontraria um beco para e!por o filme e umesgoto para jogá'lo fora, junto com o cigarro que acabava de acender. 7mmovimento suave da m#o, e mesmo que fosse apanhado n#o haveria provas, e suahistria, decorada e praticada diariamente, era boa o bastante para confundir a ;"N.-ua carreira como espi#o estava terminada agora. -abia disso e ficou surpreso coma onda de alívio que o envolveu como um banho quente e confortável.O ar era um frio lembrete da realidade, mas o sol se elevava e o céu estava límpido.Goltou'se para a direita e come&ou a andar. Favia uma viela a meio quarteir#o dedist%ncia, e uma grade de esgoto que poderia utilizar. -eu cigarro terminariae!atamente ao chegar lá, outro aspecto que havia praticado. Agora, se conseguissetirar o filme do magazine e e!p9'lo : luz do sol... 2erda. Ketirou sua outra luva eesfregou as m#os. O mensageiro usou as unhas para apanhar a ponta do filme./rontoP Ele amassou o filme, colocou o magazine de volta ao bolso, e...

1amaradaP  $ !oz era orte para um homem de sua idade, pensou omensageiro. Os olhos castanhos brilhavam em sinal de alerta, e a m#o em seu bolsoparecia forte. A outra, notou, escondia'se no bolso do homem. >uero ver o quetem na m#o. >uem é voc0M retrucou o mensageiro. O que significa issoM A m#o direitabalan&ou dentro do prprio bolso. -ou o homem que vai matar voc0 aqui na rua, a menos que veja o que tem nam#o. -ou o major Noris 1hurbanov. 1hurbanov sabia que isso logo seria falso./ela e!press#o no rosto do homem, sabia que tinha assegurado o posto de coronel.IoleL chegou ao escritrio dez minutos depois. 2andou um de seus homens naverdade uma mulher sair :s ruas para procurar sinais de que a dispensa do

material fora bem'sucedida, e tinha esperan&a de haver bancado o bobo, apenasreagindo e!ageradamente a um passageiro habitual com pressa de chegar aotrabalho. 2as... havia alguma coisa naquele rosto que dizia profissional. IoleL n#o

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sabia e!atamente o qu0, mas estivera lá. 8inha as m#os estendidas sobre aescrivaninha e ficou olhando para elas durante vários minutos.O "ue iz de errado0, perguntava a si mesmo. Iora treinado para realizar aquilotambém, analisar as a&)es passo a passo, procurando falhas procurando erros,

procurando... Iora seguidoM Ireq6entemente o era é claro, como todos osamericanos que trabalhavam com o pessoal da embai!ada. 1hamava <"eorge< aohomem que sempre o seguia. 2as "eorge n#o estava presente com muitafreq60ncia. Os russos n#o sabiam quem era EdXard IoleL. 8inha certeza disso.Esse pensamento lhe ficou atravessado na garganta. 8er certeza sobre qualquer coisa no negcio de espionagem era o caminho mais certo para o desastre. Esseera o motivo pelo qual nunca falhara nos procedimentos, nunca se desviara dotreinamento que fora introduzido nele em 1amp /earL, no rio Wor3 na Girgínia, edepois colocado em prática pelo mundo inteiro.Bem#  A pr!ima coisa a fazer estava predeterminada. Ioi até a sala decomunica&)es e enviou um tele! para IoggL Nottom. Este, entretanto, foi para um

nmero cujo tráfego nunca era rotina. (o espa&o de um minuto de seu recebimento,um agente de plant#o em TangleL dirigiu até -tate para apanhá'lo. As palavras damensagem eram incuas, mas O significado n#o@ /KONTE2A- (A TH(FA $O1AK$EAT. $A$O- 1O2/TE8O- A 1A2H(FO.Eles n#o o levaram para a /ra&a $zerzhins3L. O quartel'general da ;"N, usadocomo pris#o há tanto tempo um calabou&o, considerando tudo o que acontecia lá, era agora e!clusivamente um prédio de escritrios, uma vez que a ag0ncia see!pandira em obedi0ncia : lei de /ar3inson, absorvendo todo o seu espa&odisponível. Agora os interrogatrios eram realizados no /resídio Tefortovo, a umquarteir#o do 1inema -putni3. Favia muito espa&o ali.Ele estava sentado sozinho numa sala contendo uma mesa e tr0s cadeiras. (uncaocorrera ao mensageiro a idéia de resistir, e mesmo agora ele n#o compreenderaque, se tivesse corrido ou lutado com o homem que o prendera, podia estar livreainda. (#o era a idéia de que o major 1hurbanov estivesse armado n#o estava, mas simplesmente que aos russos, quando privados de liberdade,freq6entemente faltam os conceitos necessários para uma resist0ncia ativa. Assistirasua vida acabar. Aceitava isso. O mensageiro tinha temores, mas temia apenas oque tinha de ser. (#o se pode lutar contra o destino, disse a si mesmo. Ent#o, 1hurbanov, o que temos aquiM quem fez a pergunta foi um capit#o do-egundo $iretrio, com cerca de *+ anos de idade. /e&a para alguém revelar isso. Ele entregou o magazine. Acho que este

homem é um agente mensageiro. 1hurbanov descreveu o que tinha visto e o quetinha feito. (#o disse que havia rebobinado o filme de volta ao magazine. Ioi purasorte eu ter descoberto o homem concluiu. (#o sabia que o pessoal do <7m< fazia esse tipo de coisa, camarada major.2uito bemP Estava com receio de estragar alguma opera&#o de voc0s, e... A essa altura já saberia. R necessário que fa&a um relatrio completo. -e quiser acompanhar o sargento, ele o levará até uma esten'grafa. Gou convocar tambémuma equipe completa de verifica&#o. Hsso vai levar algumas horas. 8alvez queiraavisar sua esposa. O filme insistiu 1hurbanov.

R claro. Eu mesmo vou levá'lo ao laboratrio. -e voc0 acompanhar o sargento,vou ao seu encontro em dez minutos.O laboratrio ficava na ala oposta da pris#o. O -egundo $iretrio tinha uma

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pequena instala&#o ali, uma vez que a maior parte do trabalho centralizava'se emTefortovo. O capit#o surpreendeu o técnico do laboratrio entre dois servi&os, e oprocesso de revela&#o foi imediatamente iniciado. Enquanto esperava, telefonoupara seu coronel. Ainda n#o havia maneira de saber o que aquele homem do <7m<

descobrira, mas era quase certo que se tratava de um caso de espionagem, e todoseles eram tratados como assuntos de grande import%ncia. O capit#o balan&ou acabe&a. 7m veterano e!'agente de campo trope&ando num assunto como aquele. 8erminado. O técnico voltou. Favia revelado o filme e produzido umaamplia&#o, ainda mida do processamento. Ele devolveu também o filme revelado,no interior de um pequeno envelope de papel manilha. O filme foi e!posto : luz erebobinado. 1onsegui salvar parte de uma e!posi&#o. E interessante, mas n#otenho idéia do que seja. E quanto ao restoM (ada pode ser feito. 7ma vez que o filme foi e!posto : luz solar, os dados foramtotalmente destruídos.

O capit#o e!aminou a amplia&#o enquanto o técnico dizia mais alguma coisa.8ratava'se principalmente de um diagrama, com títulos em letras de f9rma. Aspalavras no alto do diagrama diziam@ 1O2/TEYO E-8KETA NKHTFA(8E C, e umdos peda&os de outro ca'be&alho era $H-/O-HO $O TA-EK. O capit#o disse umpalavr#o e dei!ou a sala.O major 1hurbanov tomava chá com a equipe de verifica&#o quando o capit#ovoltou. O cenário era de camaradagem. Iicaria ainda mais. 1amarada major, o senhor descobriu algo da mais alta import%ncia afirmou ocapit#o. -irvo : 7ni#o -oviética respondeu tranq6ilamente 1hurbanov. Era a respostaperfeita, a recomendada pelo /artido. 8alvez pulasse o posto de tenente'coronel ese tornasse um coronel... $ei!e'me ver pediu o chefe da equipe de verifica&#o. Era um coronel, ee!aminou cuidadosamente a amplia&#o. Hsso é tudoM O resto foi destruído.O coronel grunhiu. Aquilo iria criar um problema, mas n#o t#o grande assim. Odiagrama seria suficiente para identificar o local, onde quer que fosse. O desenhoparecia ser o trabalho de uma pessoa jovem, provavelmente uma mulher em virtudedo capricho. O coronel fez uma pausa e olhou através da janela por algunssegundos. Hsso precisa ir para o alto, e depressa. O que está descrito aqui é... bem, eu

nunca ouvi falar nisso, mas deve ser um assunto do mais alto sigilo. 1omecemvoc0s a verifica&#o, camaradas. /reciso dar alguns telefonemas. Goc0, capit#o, leveo magazine para o laboratrio verificar as impress)es digitais e... 1amarada, eu o segurei com as m#os nuas disse 1hurbanov, envergonhado. (#o tem nada de que se desculpar, camarada major, sua vigil%ncia foi mais doque e!emplar afirmou generosamente o coronel. Gerifique as impress)es dequalquer modo. O espi#oM perguntou o capit#o. >ue tal interrogá'loM /recisamos de alguém com e!peri0ncia. 1onhe&o o homem certo. O coronellevantou'se. Gou telefonar para ele também.2uitos pares de olhos o observavam, avaliando'o, ao seu rosto, sua determina&#o,

sua intelig0ncia. O mensageiro ainda estava s na sala de interrogatrio. Os cord)esde seus sapatos foram retirados, é claro, além do cinto, os cigarros e tudo o maisque pudesse lhe servir de arma contra si mesmo. (#o havia maneira de medir o

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tempo, e a falta de nicotina o dei!ava irritado e ainda mais nervoso do que deveriaestar. 1orreu o olhar pela sala e viu um espelho, que permitia a vis#o do outro lado,embora ele n#o soubesse disso. A sala era completamente : prova de sons,negando'lhe até mesmo a possibilidade de medir o tempo através do som das

passadas no corredor e!terno. -eu est9mago roncou algumas vezes, mas fora isson#o produziu nenhum som. Iinalmente a porta se abriu.O homem que entrou tinha por volta de 5+ anos e estava bem vestido com roupascivis. 8razia algumas folhas de papel. O homem deu a volta até o outro lado damesa e n#o olhou para o mensageiro até sentar'se. >uando o fez, seus olhosmostravam desinteresse, como alguém no zoolgico e!aminando uma criatura deuma terra distante. O mensageiro tentou manter o olhar impassível, mas n#oconseguiu. O interrogador já sabia que aquele seria fácil. $epois de quinze anos, elesempre podia prever. Goc0 tem uma escolha declarou ele, depois de pouco mais de um minuto. -uavoz n#o era dura, mas tinha um tom decidido. /ode ser fácil para voc0, ou pode

ficar muito desagradável. Goc0 cometeu trai&#o contra a 2#e /átria. (#o precisodizer o que acontece com traidores. -e deseja viver, vai me dizer agora, hoje, tudo oque sabe. -e n#o fizer isso, vamos descobrir de qualquer maneira e voc0 morrerá.-e nos disser tudo hoje, sr'lhe'á permitido viver. Goc0s v#o me matar de qualquer jeito observou o mensageiro. Hsso n#o é verdade. -e cooperar hoje, será na pior das hipteses sentenciado auma pena e!tensa num campo de trabalho de regime rigoroso. R até possível que outilizemos para desmascarar outros espi)es. -e for assim, será enviado para umcampo de regime moderado, para cumprir uma pena menor. 2as, para que issoaconte&a, voc0 precisa cooperar, hoje. Gou e!plicar. -e retomar sua vida normalimediatamente, as pessoas para as quais trabalha podem n#o ficar sabendo que oprendemos. /ortanto, continuar#o a utilizá'lo e isso nos permitirá usar voc0 paraapanhá'los no ato de espionar a 7ni#o -oviética. Goc0 testemunhará contra elesnos tribunais, e isso permitirá que o Estado demonstre clem0ncia. $emonstrar clem0ncia em pblico é uma coisa til ao Estado. 2as para que tudo isso aconte&a,para salvar sua vida e e!piar seus crimes, precisa cooperar hoje. A voz parou por uminstante, e suavizou'se ainda mais. 1amarada, n#o tenho nenhum prazer em produzir dor nas pessoas, mas, se meutrabalho assim o e!igir, darei a ordem sem hesita&#o. (#o pode resistir ao quefaremos com voc0. (inguém pode. (#o importa o quanto seja corajoso, seu corpotem limita&)es. O meu também. R s uma quest#o de tempo. O tempo é importante

para ns apenas nas primeiras horas, compreendeM $epois disso podemos demorar todo o tempo que quisermos. 7m homem com um martelo pode quebrar a mais duradas rochas. /oupe'se da dor, camarada. -alve sua vida concluiu a voz. Os olhos,que eram estranhamente tristes e determinados ao mesmo tempo, fi!aram'se nomensageiro.O interrogador percebeu que tinha vencido. -empre se podia saber pelos olhos. Osdesafiadores, os difíceis, n#o desviavam os olhos. /odiam encarar os seus, ou maisfreq6entemente um ponto fi!o na parede atrás, porém os resolutos fi!avam umponto e retiravam dali sua for&a. 2as n#o esse. -eus olhos passeavam pela sala,buscando for&a e n#o encontrando nada. Nem, ele esperara mesmo que fosse fácil.8alvez mais um gesto...

"ostaria de fumarM O interrogador retirou um ma&o do bolso e sacudiu'o,derrubando um cigarro sobre a mesa.O mensageiro apanhou'o, e o papel branco do cigarro foi sua bandeira de rendi&#o.

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17

Avaliaç!o de +anos O que sabemosM indagou o juiz 2oore./assava um pouco das horas da manh# em TangleL, antes do alvorecer, e a vistado lado de fora das janelas combinava com o des%nimo que o diretor e seusprincipais subordinados sentiam. Alguém estava seguindo o <elo< nmero quatro disse Kitter. O vice'diretor deOpera&)es folheou os papéis em sua m#o. Ele avistou o perseguidor poucosantes que a transfer0ncia fosse realizada, e deu o sinal para que o agente saísse. Operseguidor provavelmente n#o viu seu rosto e saiu atrás do agente. IoleL disse queo homem parecia desajeitado... Hsso é estranho, mas IoleL usou o instinto, e ele émuito bom nisso. 1olocou um agente na rua para procurar o sinal de que o <elo<

despistara o perseguidor, mas n#o foi encontrado. 8emos de presumir que o <elo< foi<queimado< e temos de presumir que o filme está nas m#os deles também, atéprovarmos o contrário. IoleL quebrou a corrente. O 1ardeal será notificado paranunca mais usar seu receptador. Gou dizer a Ed para usar a rotina de dadosperdidos, e n#o a de emerg0ncia. /or qu0M quis saber o almirante "reer. O juiz 2oore respondeu. A informa&#o que estava a caminho é muito importante, Bames. -e dermos osinal de emerg0ncia, ele pode... bem, dissemos a ele que, caso isso acontecesse,ele deveria destruir tudo o que pudesse incriminá'lo. E se ele n#o puder recriar asinforma&)esM /recisamos delas. Além do mais, Hv# precisa fazer muita coisa para chegar até ele continuouKitter. >uero que IoleL receba os dados restaurados e os envie, depois... depoisquero retirar o 1ardeal de uma vez por todas. Ele já pagou suas dívidas. $epois queobtivermos os dados, ent#o daremos o sinal de emerg0ncia, e, se tivermos sorte, vaiassustá'lo o suficiente para convenc0'lo a sair. 1omo quer fazer issoM perguntou 2oore. /ela via molhada, no norte respondeu o vice de Opera&)es. Alguma sugest#o, BamesM indagou 2oore ao vice de Hntelig0ncia. Iaz sentido. Teva algum tempo para preparar. $ez a catorze dias. Gamos fazer isso hoje. Goc0 liga para o /entágono e faz o pedido. 1ertifique'sede que eles nos d0em um bom meio.

1erto concordou "reer, depois sorriu. Bá sei que barco vou pedir. Togo que soubermos qual é, enviaremos nosso homem para lá. 7saremos osenhor 1lar3 disse Kitter. 1abe&as afirmaram sua concord%ncia. 1lar3 era umapequena lenda no $iretrio de Opera&)es. -e havia alguém que podia faz0'lo, essealguém era ele. 2uito bem, envie a mensagem a IoleL declarou o juiz. 8enho que dar conhecimento disso ao presidente. (#o estava ansioso para faz0'lo. (inguém dura para sempre. O 1ardeal já teve sorte por tr0s vezes disseKitter. Tembre'se também de dizer isso a ele.. 1erto. 2uito bem, cavalheiros ao trabalho. O almirante "reer foi imediatamentepara seu escritrio. Eram quase ? horas, e ele ligou para o O/'+4, no /entágono, o

gabinete do subchefe de Opera&)es (avais ^"uerra -ubmarina_. $epois deidentificar'se, fez a primeira pergunta@ O que o 7allas está fazendoM

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O capit#o 2ancuso também já estava trabalhando. -ua ltima miss#o no 7--7allas come&aria em cinco horas. Ele zarparia com a maré. Avante, os engenheiros já colocavam a postos o reator nuclear. Enquanto seu oficial imediato colocava ascoisas em andamento, o capit#o e!aminava novamente as ordens da miss#o. Hria =

=para o norte== uma ltima vez. (a 2arinha dos Estados 7nidos e na 2arinha Kealbrit%nica, = =para o norte== significava o mar de Narents, o local de manobras da2arinha soviética. 7ma vez lá, conduziria o que a 2arinha oficialmente denominava pes"uisa oceano%rica, e no caso do 7-- 7allas significava que passaria todo otempo possível seguindo submarinos soviéticos lan&adores de mísseis. (#o era umtrabalho fácil, mas 2ancuso era perito naquilo, e tinha certa feita observado umboomer russo mais de perto do que qualquer outro comandante de submarinoamericano. (#o podia discutir o assunto com ninguém, claro, nem mesmo com seuscolegas comandantes. -ua segunda medalha de mérito em servi&o, conquistadanessa miss#o, era sigilosa e ele n#o podia usá'la embora sua e!ist0ncia constassena parte confidencial de sua ficha pessoal, a medalha em si n#o e!istia. 2as tudo

aquilo ficara para trás, e 2ancuso era um homem que sempre olhava para a frente.-e tinha de cumprir mais uma miss#o, bem que podia ser <para o norte<. -eutelefone tocou. 1apit#o falando atendeu ele. Nart, 2i3e Qilliamson disse o comandante do "rupo $ois de -ubmarinos. /reciso de voc0 aqui, imediatamente. A caminho, senhor. 2ancuso desligou, surpreso. Em um minuto ele subia aescada, saía do barco e andava ao longo do cais betuminoso no 8%misa, onde ocarro do almirante aguardava. Entrou no escritrio do "rupo $ois quatro minutosdepois. 2udan&a nas ordens anunciou o contra'almirante Qilliamson t#o logo a portafoi fechada. O que háM Goc0 vai fazer uma corrida a toda velocidade para Iaslane. Algumas pessoasv#o encontrá'lo lá. Hsso é tudo que eu sei, mas as ordens foram originadas em O/'+4 e vieram através de um dos nossos submarinos no Atl%ntico em cerca de trintasegundos. Qilliamson n#o precisou dizer mais nada. Alguma coisa muito <quente<estava acontecendo. Assuntos <quentes< chegavam ao 7allas com freq60ncia. (averdade vinham para 2ancuso, mas afinal ele encarnava o 7allas# 2inha se&#o de sonar ainda está um pouco crua informou o capit#o. 8enhoalguns jovens bons, mas meu novo chefe está no hospital. -e esta miss#o vai ser 

especialmente <cabeluda<... O que precisaM quis saber o almirante Qilliamson, escutando depois aresposta. 2uito bem, vou trabalhar nisso. Goc0 tem cinco dias para chegar :Esccia, e posso conseguir alguma coisa até lá. $0 duro no comando, Nart. -im, senhorP Ele descobriria o que se passava quando chegasse a Iaslane. 1omo está, russoM perguntou o Arqueiro. Ele estava melhor. (os dois diasanteriores tivera certeza de que iriamorrer. Agora já n#o parecia t#o convicto. Esperan&a falsa ou n#o, era algo que n#oe!istia antes. 1hur3in perguntava'se agora se haveria realmente um futuro em suavida e se e!istiria alguma coisa que pudesse lhe provocar medo. 2edo. Faviaesquecido isso. Enfrentara a morte por duas vezes num curto período de tempo.

7ma vez no avi#o em chamas que caía, atingindo o ch#o e assistindo ao instanteem que sua vida terminara depois, acordando da morte para encontrar um bandidoafeg#o debru&ado sobre ele com uma faca, encarara a morte ainda uma vez,

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apenas para v0'la parar e partir. /or qu0M Aquele bandido, o que tinha um olhar estranho, duro e suave ao mesmo tempo, sem piedade e cheio de compai!#o,queria que ele vivesse. /or qu0M 1hur3in tinha tempo e energia para fazer apergunta agora, mas eles n#o lhe deram resposta.

Estava sendo transportado em algum veículo. 1hur3in percebeu que estava deitadosobre metal. 7m caminh#oM (#o, havia uma superfície plana sobre sua cabe&a,também metálica. Onde estouM 8inha de estar escuro lá fora. (enhuma luz passavaatrás das seteiras no lado do... estava num carro blindado de transporteP Onde osbandidos teriam conseguido um daquelesM /ara onde o estavam...Eles o levavam para o /aquist#oP /retendiam entregá'lo aos... americanosM Aesperan&a transformou'se em desespero. 8ossiu novamente, e sangue fresco saiude sua boca.$e sua parte, o Arqueiro sentia'se com sorte. -eu grupo encontrara outro, quelevava dois transportadores soviéticos blindados de infantaria N8K'+ para o/aquist#o, e ficaram contentes em carregar os feridos de seu bando com eles. O

 Arqueiro era famoso, e n#o faria nenhum mal ter um atirador de -A2 protegendo'os,se helicpteros russos aparecessem. 2as era pequena a possibilidade de que issoacontecesse. As noites eram longas, o tempo havia piorado, a média de velocidadeera de quase CD quil9metros por hora nos lugares planos, e n#o menos de D emterreno pedregoso. 1hegariam : fronteira em uma hora, e aquele trecho eracontrolado pelos mudjahidin# Os guerrilheiros come&avam a rela!ar. Togo teriamuma semana de relativa paz, e os americanos pagavam bem por equipamentosoviético. Este possuía dispositivos de vis#o noturna que o motorista utilizava paraescolher o caminho através da estrada na montanha. Em troca poderiam obter foguetes, muni&#o para morteiros, algumas metralhadoras e suprimentos médicos. As coisas corriam bem para os mudjahidin# Favia rumores de que os russospoderiam realmente retirar'se do país. -eus soldados n#o procuravam maiscombate direto com os afeg#es. Os soviéticos usavam a infantaria principalmentepara obter contato, depois chamavam a artilharia e apoio aéreo. 1olocando de ladoalguns bandos de pára'quedistas maldosos e os odiados comandos Apetznaz, osafeg#es sentiam que haviam adquirido a superioridade moral nos campos de batalha devida, claro, : sua causa sagrada. Alguns de seus líderes na verdade falavamem vencer, e a conversa chegara até os combatentes. Agora também eles tinhamesperan&a de outra coisa além da continua guerra santa.Os dois transportadores atingiram a fronteira : meia'noite. $ali em diante seria maisfacial. A estrada que levava ao /aquist#o era protegida agora pelas prprias for&as.

Os pilotos do A/1 poderiam aumentar a velocidade e chegavam a divertir'se com oque faziam. Alcan&aram 2iram -hah tr0s horas depois. O Arqueiro desceu primeiro,levando com ele o prisioneiro russo e seus feridos.Encontrou Emilio Ortiz esperando por ele com uma lata de suco de ma&#. Os olhosquase saíram das rbitas quando percebeu que o homem carregado pelo Arqueiroera um russo. 2eu amigo, o que trou!e para mimM Está gravemente ferido, mas aqui está o que ele é. O Arqueiro passou umadas divisas de ombro, depois uma valise. E isso é o que ele levava. Iilho da putaP !ingou Ortiz em ingl0s. Giu o sangue coagulado ao redor daboca do homem e percebeu que

suas condi&)es de sade n#o eram promissoras, mas... que capturaP Tevou mais umminuto acompanhando os feridos até o hospital de campanha antes que a pr!imapergunta viesse : sua cabe&a@ .ue diabos !amos azer com ele0

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 A equipe médica ali era composta principalmente de franceses, com poucos italianose alguns suí&os. Ortiz conhecia a maioria e suspeitava de que muitos delesenviavam informa&)es ao $"-E, o departamento franc0s de contra'espionagem. Oque importava, entretanto, era que havia ali alguns timos médicos e enfermeiras.

Os afeg#es também sabiam disso e os protegiam como protegeriam a prpriapessoa de Alá. O cirurgi#o que fazia a sele&#o colocou o russo em terceiro lugar nalista de opera&)es. 7ma enfermeira o medicou e o Arqueiro dei!ou Abdulencarregado de manter um olho nas coisas. (#o tinha trazido o russo de t#o longepara que morresse assassinado. Ele e Ortiz afastaram'se para conversar. Iiquei sabendo o que aconteceu em "hazni disse o agente da 1HA. Ioi a vontade de $eus. Esse russo perdeu um filho. (#o consegui... talvez eutenha matado o suficiente para um dia. O Arqueiro deu um longo suspiro. Eleserá tilM  Hsto aqui é. Ortiz já folheava os documentos. 2eu amigo, voc0 n#o sabe o

que fez. Nem, vamos falar sobre as ltimas duas semanasMO relato durou até o amanhecer. O Arqueiro apanhou seu pequeno diário e repassoutudo o que tinha feito, parando apenas quando Ortiz mudou a fita do gravador. Aquela luz que voc0 viu no céu. R... parecia muito estranha disse o Arqueiro, esfregando os olhos. O homem que trou!e ia para lá. Aqui está o diagrama da base. Aonde é, e!atamente... e o que éM (#o sei, mas fica a apenas cerca de C++ quil9metros da fronteira afeg#. /ossomostrar a voc0 no mapa. >uanto tempo vai ficar deste ladoM 8alvez uma semana respondeu o Arqueiro. /reciso relatar isso aos meus superiores. 8alvez eles queiram v0'lo. 2eu amigo,será amplamente recompensado. Ia&a uma lista do que precisa. 7ma longa lista. E o russoM Gamos falar com ele, também. -e sobreviver.O mensageiro andava ao longo da Tazovs3L /ereulo3, aguardando seu contato.-uas prprias esperan&as oscilavam. (a verdade acreditava em seu interrogador./or volta do fim da tarde apanhara o giz que usava e fizera a marca apropriada nolugar combinado. -abia que fizera o sinal cinco horas mais tarde do que devia, masesperava que seu controlador adiasse o processo de evas#o. (#o fizera a marca fal 'sa, a qual alertaria o agente da 1HA sobre quem se tornara. (#o, agora jogava um jogo muito perigoso. /ortanto, andava ao longo da temida cal&ada, esperando pelo

controlador para um encontro clandestino.O que n#o sabia era que o controlador estava sentado em seu escritrio naembai!ada americana e n#o iria :quela parte de 2oscou por várias semanas. (#ohavia planos para entrar em contato com o mensageiro durante esse espa&o detempo. A corrente do 1ardeal já n#o e!istia. (o que tocava : 1HA, era como senunca tivesse e!istido. Acho que estamos perdendo tempo disse o interrogador. Ele e outro agentegraduado do -egundo $iretrio sentavam'se ao lado da janela de um apartamento. A janela seguinte estava outro agente <$ois< com uma c%mera. Ele e outro agenteficaram sabendo de manh# o que era *strela Brilhante, e o general que comandavao -egundo $iretrio havia dado a maior prioridade possível :quele caso. 7m

vazamento de propor&)es colossais fora descoberto por aquele veterano alquebradodo <7m<. Acha que ele mentiu para voc0M

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(#o. Esse foi fácil de dobrar e... n#o, n#o foi fácil demais. Ele se entregou disse o interrogador com confian&a. Acho que erramos ao mandá'lo para a ruat#o rapidamente. /enso que eles sabem, e acho que quebraram a corrente. 2as o que saiu errado... quero dizer, do ponto de vista deles poderia ter sido

rotina. 7a concordou o interrogador. 2as sabemos que a informa&#o é altamenteimportante. Hsto significa que a fonte também deve ser. Eles devem, portanto, ter adotado medidas e!traordinárias para proteg0'la. Agora n#o podemos fazer ascoisas da maneira mais fácil. Gamos apanhá'lo, ent#oM -im. 7m carro apro!imou'se do homem. Eles o observaram entrar antes dese dirigirem ao prprio veículo.(o espa&o de trinta minutos estavam todos de volta ao /resídio Tefortovo. O rostodo interrogador demonstrava tristeza. $iga'me, por que acho que voc0 mentiu para mimM

2as eu n#o menti. Iiz tudo o que tinha de fazer. 8alvez estivesse atrasado, masisso eu já disse. E o sinal que dei!ou, era aquele para avisá'los de que pegamos voc0M (#oP O mensageiro quase entrou em p%nico. E!pliquei tudo isso, também. Geja bem, o problema é que n#o podemos distinguir entre uma e outra marcasde giz. -e voc0 está bancando o espertinho, pode ter nos enganado. Ointerrogador inclinou'se para a frente. 1amarada, voc0  pode nos enganar.>ualquer um pode... por algum tempo. 2as n#o por muito tempo. Iez uma pausapara dei!ar a idéia no ar por um minuto. Era t#o fácil interrogar os mais fracos. $ar esperan&a, depois tomá'la restaurá'la e tirar outra vez. Elevar o %nimo e bai!ar atéque n#o soubesse mais em que ponto estavam... E, na falta de uma medida dosprprios sentimentos, esses sentimentos tornavam'se do interrogador para usá'loscomo quisesse. Gamos come&ar de novo. A mulher que encontra no trem... quem é elaM (#o sei o nome. Ela tem uns *+ anos, mas aparenta ser mais jovem. 1abelobonito, esguia e atraente. -empre está bem vestida, como uma estrangeira, masn#o é estrangeira. Gestida como estrangeira... como assimM  O casaco é geralmente ocidental. $á para saber por causa do corte e do tecido.

Ela é bonita, como já disse, e ela...

1ontinue encorajou o interrogador. O sinal é que eu coloque a m#o no traseiro dela. Ela gosta, eu acho. Js vezesela se aperta contra minha m#o.O interrogador n#o ouvira antes esse detalhe, mas imediatamente classificou'ocomo verdadeiro. $etalhes como esse nunca se inventavam, e encai!avam'seperfeitamente. A contato era uma aventureira. Ela n#o era uma verdadeiraprofissional, nem reagia como tal. E isso provavelmente quase com certeza levava a crer que era russa. >uantas vezes encontrou'a dessa maneiraM - cinco. (unca no mesmo dia da semana, nem no mesmo horário, mas sempreno segundo carro do mesmo trem.

E o homem ao qual voc0 passa o filmeM (unca vi seu rosto, quero dizer, o rosto inteiro. Ele sempre fica com a m#o noapoio de cima, e move o rosto de jeito a manter o bra&o entre ns. Gejo parte do

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rosto, mas n#o inteiro. Ele é estrangeiro, eu acho, mas n#o sei de quenacionalidade. 1inco vezes, e diz que nunca viu o rostoP a voz gritou, e um punho bateusobre a mesa. Está achando que eu sou idiotaM

O mensageiro encolheu'se de medo, depois come&ou a falar rapidamente. Ele usa culos um ocidental, tenho certeza. Ele sempre está de chapéu. Etambém leva sempre um jornal dobrado. 5z!estia, sempre o 5z!estia# Entre isso e obra&o n#o se pode ver mais do que um quarto do rosto dele. O sinal de vá'em'frenteé dobrar um pouco o jornal, como se fosse para seguir uma histria, depois se virapara esconder o rosto. 1onte outra vez como é feita a transfer0ncia. >uando o trem pára, ele vem para a frente como se fosse descer no pr!imoponto. Eu fico com a coisa na m#o, e ele tira de lá por trás quando eu me vou. Ent#o voc0 conhece o rosto dela, mas ela n#o conhece o seu. Ele conhece o seurosto, mas voc0 n#o conhece o dele.## ― O mesmo m&todo "ue este a"ui usa para

azer a transer4ncia# * uma bela estrat&%ia, mas por "ue eles usam a mesmat&cnica duas !ezes na mesma corrente0  A ;"N utilizava essa técnica também,claro, mas era mais difícil do que os outros métodos, e duplamente no metr9 repletode gente, no frenético horário de pico. Estava come&ando a achar que um dos meiosmais comuns de transferir informa&)es, o deadEdrop, n#o fazia parte dessa corrente.Esse fato também era curioso. $evia haver pelo menos um deadEdrop, de outraforma a ;"N poderia seguir a corrente. 8alvez...Bá estavam tentando identificar a origem do vazamento de informa&)es, claro, masprecisavam ser cuidadosos. -empre havia a possibilidade de que o espi#o fosse eleprprio ou ela prpria um agente de seguran&a. Essa era, sem dvida, aatividade ideal para um espi#o, desde que o trabalho dava acesso a tudo, maisconhecimento adiantado das opera&)es de contra'espionagem em andamento. Báacontecera antes a investiga&#o de um vazamento alertara o espi#o, um fato des'coberto muitos anos depois do término da investiga&#o. A outra coisa estranha eraque a nica fotografia que possuíam n#o era um verdadeiro diagrama, e simdesenhada : m#o.Ieita : m#o seria esse o motivo para n#o haver deadEdrops0 O espi#o poderiaser identificado desta maneira, n#o poderiaM >ue maneira estpida de...2as n#o e!istia nada de estpido por ali, haviaM (#o, e nada acidental tampouco.-e as técnicas naquela corrente eram estranhas, eram também profissionais. Faviaum outro nível em tudo isso, algo que o interrogador ainda n#o tinha.

Acho que amanh# vamos dar uma voltinha de metr9.O coronel Iilitov acordou sem latejamento na cabe&a, o que já era agradável. -uarotina matinal <normal< n#o era muito diferente da outra, s que sem a dor e a visitaaos banhos. $epois de vestir'se, verificou o diário enfiado na gaveta da escrivaninhaesperando poder destruí'lo, de acordo com o procedimento usual. Bá tinha um novodiário em branco, que iniciaria depois da destrui&#o do antigo. Fouve rumores sobrenovos desenvolvimentos na área do laser no dia anterior, mais um relatrio sobresistemas de mísseis que e!aminaria na semana seguinte. Ao entrar no carro, recostou'se, mais alerta do que normalmente, e olhou para olado de fora da janela durante o percurso até o trabalho. 1omo era cedo, havia umbom nmero de caminh)es na rua, e um deles bloqueava sua vis#o de um certo

trecho de curva. Esse era o lugar do sinal para <dados'perdidos<. Iicou um poucoaborrecido por n#o poder en!ergar o local, mas seus relatrios raramente se per'diam, e n#o o incomodavam muito com isso. O sinal de <transfer0ncia bem'

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sucedida< ficava num lugar diferente, sempre fácil de ver. O coronel Iilitovacomodou'se no banco, olhando através da janela : medida que se apro!imavamdo local... ali. 2oveu a cabe&a para acompanhar o ponto, procurando a marca... masn#o estava lá. Esquisito. -erá que a outra marca fora colocadaM 8eria que verificar 

isso na viagem de volta a casa esta noite. Em todos os seus anos de trabalho para a1HA, vários de seus relatrios foram perdidos de uma forma ou de outra, e o sinal deperigo n#o fora colocado, nem recebera o telefonema perguntando por -ergeL, quelhe diria para abandonar o apartamento na mesma hora. /ortanto, provavelmenten#o havia perigo. Apenas um inc9modo. /ois bem. O coronel rela!ou e meditousobre seu dia no ministério.$essa vez o metr9 estava completamente guarnecido. (o total, cem homens do-egundo $iretrio se encontravam naquele distrito, a maioria vestida comomoscovitas comuns, alguns como trabalhadores. Os ltimos operavam a linha<negra< de telefones instalada ao longo dos painéis elétricos de servi&o através dosistema. O interrogador e seu prisioneiro andavam em trens de um lado para outro

da linha <prpura< e <verde<, procurando uma mulher bem vestida num casacoocidental. 2ilh)es de pessoas viajavam pelo metr9 diariamente, mas os agentes decontra'espionagem estavam confiantes. 8inham o tempo trabalhando a seu favor, eo perfil do alvo uma aventureira. Ela provavelmente n#o era disciplinada obastante para separar as rotinas diárias das atividades encobertas. 8ais coisas jáhaviam acontecido antes. 1omo quest#o de fé compartilhada com os colegas emtodo o mundo os agentes de seguran&a acreditavam que as pessoas que es'pionavam sua terra natal eram deficientes em algum aspecto fundamental. 1om todaa sua malícia, tais traidores provocariam, mais cedo ou mais tarde, a prpriadestrui&#o.E eles tinham raz#o, pelo menos nesse caso. -vetlana chegou : plataforma daesta&#o carregando um pacote embrulhado em papel marrom. O mensageiroreconheceu seu cabelo de imediato. O penteado era comum, mas havia algo namaneira como ela movia a cabe&a, uma coisa indefinível que o fez apontar, apenaspara ter a m#o for&ada para bai!o. Ela se virou, e o coronel da ;"N conseguiu ver'lhe o rosto. O interrogador percebeu que ela estava completamente calma, maisainda do que os passantes que demonstravam a apatia mal'humorada domoscovita. -ua primeira impress#o foi de ver alguém que apreciava a vida. Hssomudaria.Ele falou num pequeno radiotransmissor, e, quando a mulher embarcou no tremseguinte, tinha companhia. O homem do <$ois< que subiu com ela usava um fone de

ouvido, quase como um aparelho de surdez. Atrás dele na esta&#o, os homenstrabalhando nos circuitos de telefone alertaram os agentes em cada esta&#o.>uando ela desceu, uma equipe completa de sombreamento estava a postos. Eles aseguiram na subida da longa escada rolante até a rua. 7m carro já estava : espera,e mais agentes iniciaram a rotina de vigil%ncia. /elo menos dois homens sempremantinham contato visual com o sujeito, e os que estavam pr!imos alternavam'serapidamente entre o grupo, enquanto mais agentes se juntavam : persegui&#o. Elesa seguiram até o prédio "osplan, na Avenida 2ar3sa, do lado oposto ao Fotel2oscou. Ela n#o percebeu que era seguida e nem ao menos tentou procurar algumsinal disso. (o espa&o de meia hora, vinte fotografias foram reveladas e mostradasao prisioneiro, que a identificou positivamente.

$epois disso o procedimento foi ainda mais cauteloso. 7m guarda do prédioforneceu o nome a um agente da ;"N que o advertiu para n#o discutir o assuntocom ninguém. $e posse do nome dela, a identidade completa estava estabelecida

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por volta da hora do almo&o, e o interrogador, que agora dirigia todos os aspectos docaso, ficou estarrecido ao saber que -vetlana GaneLeva era filha de um membrosuperior do 1omit0 1entral. -eria uma complica&#o a mais. Kapidamente o coronelmontou outro conjunto de fotografias e reavaliou o prisioneiro, porém este

reconheceu a mulher certa num grupo de seis. 7m membro da família de um homemdo 1omit0 1entral n#o era alguém que se... mas eles tinham identifica&#o positiva, eo caso era muito importante. Gatutin foi conferenciar com o chefe de seu diretrio. Oque aconteceu a seguir foi complicado. Embora tida como todo'poderosa peloOcidente, a ;"N sempre estivera submetida ao mecanismo do /artido mesmo a;"N precisava de permiss#o para investigar um parente pr!imo de um homem t#oimportante. O chefe do -egundo $iretrio subiu as escadas até o chefe da ;"N.Goltou trinta minutos depois. /ode apanhá'la. O secretário do 1omit0 1entral... Ele n#o foi informado afirmou o general.

2as... Aqui est#o suas ordens. Gatutin apanhou a folha de papel escrita : m#o,assinada pessoalmente pelo diretor da ;"N. 1amarada GaneLevaM Ela levantou os olhos e deparou com um homem emroupas civis. "osplan era uma ag0ncia civil, claro que a olhava de modo estranho. /osso ajudá'loM -ou o capit#o ;lementi Gladimirovich Gatutin, da 2ilícia deCV2oscou "ostaria que me acompanhasse. O interrogador observoucuidadosamente a rea&#o, mas n#o percebeu nada. >ual o motivoM perguntou ela.R possível que nos ajude na identifica&#o de alguém. (#o posso dizer mais aqui disse o homem, em tom de desculpa. Gai demorarM /rovavelmente algumas horas. /odemos mandar alguém levá'lade carro para casa. 2uito bem. (#o tenho nada muito urgente em rninha mesa no momento. EUalevantou sem dizer mais nada.-eu olhar a Gatutin traía um certo senso de superioridade. A 2ilícia de 2oscou n#oera uma organiza&#o vista com respeito pelos cidad#os, e o mero posto de capit#o

para um homem de sua idade dizia muito sobre sua carreira. Em um minuto elavestira o casaco, sobra&a'ra o pacote e os dois saíram do prédio. /elo menos ocapit#o era kulEtumy, notou ela, em segurar a porta aberta para ela. -vetlanapresumiu que esse capit#o Gatutin sabia quem ela era mais precisamente quemera seu pai.7m carro os aguardava, e partiram imediatamente. Ela ficou surpresa com ocaminho, mas s teve certeza quando passaram pela /ra&a ;ho3hlovs3aLa. (#o vamos ao 2inistério da Busti&aM indagou ela. (#o, vamos para Tefortovo respondeu Gatutin, de imediato. 2as... (#o quis assustá'la no escritrio, entendeM (a verdade sou o coronel Gatutin do

-egundo $iretrio. Fouve uma rea&#o a essas palavras, mas GaneLevarecuperou a compostura num instante. E o que posso fazer pelo senhor, nesse casoM

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Ela era boa, notou Gatutin. Esta seria um desafio. O coronel era leal ao /artido, masn#o necessariamente a seus representantes. Ele odiava a corrup&#o mais ainda doque a trai&#o. 7m assunto n#o muito importante... sem dvida estará em casa para jantar.

2inha filha...7m dos meus homens a apanhará. -e as coisas atrasarem, seu pai n#o vai ficar aborrecido em v0'la, vaiM Ela sorriu ao ouvir aquilo. (#o, meu pai adora mimar a neta. $e qualquer forma n#o vai demorar tanto assim declarou Gatutin, olhando pela janela. O carro passou pelos port)es do prisídio. file a au!iliou a sair do carro, e umsargento abriu a porta do edifício para ambos. 7ar esperan+a, depois tirEla# 8omou'lhe delicadamente o bra&o. 2eu gabinete é por aqui. -oube que viaja sempre aoOcidente. Iaz parte do meu trabalho. Ela agora parecia em guarda. /orém n#o mais doque qualquer pessoa que entrasse naquele edifício.

R, eu sei. -eu departamento lida com tecidos. Gatutin abriu a porta econduziu'a para o interior. R elaP disse uma voz.-vetlana GaneLeva estacou, como se o tempo tivesse parado. Gatutin tomounovamente seu bra&o e a conduziu até uma cadeira. -ente'se, por favor. O que significa issoM disse ela, finalmente alarmada. Este homem foi apanhado transportando cpias de documentos secretos doEstado. Ele nos disse que voc0 as entregou a ele declarou Gatutin, sentando'se :sua mesa.GaneLeva voltou'se e encarou o mensageiro. (unca vi esse rosto em toda a minha vidaP (uncaP R verdade concordou Gatutin, com frieza. -abemos disso. O que... Ela procurava as palavras. 2as isto n#o faz sentido. Goc0 foi muito bem treinada. (osso amigo aqui diz que o sinal para passar ainforma&#o é que ele passe a m#o no seu traseiro.Ela voltou o rosto para seu acusador. 2o!noedl Essa coisa disse issoP Esse... ela engasgou por um instante. HntilP 2entiraP Ent#o nega a acusa&#oM perguntou Gatutin. -eria um prazer dobrar a vontadedela.

E claroP -ou uma leal cidad# soviética. -ou membro do /artido. 2eu pai... -abemos sobre seu pai. Ele vai saber disso, coronel Vatutin, e se o senhor me amea&ar... (#o a estamos amea&ando, camarada GaneLeva, pedimos apenas informa&)es./or que estavam ontem no metr9M -ei que tem o prprio carro. -empre ando de metr9. R mais simples do que dirigir, e eu tive de fazer umaparada no caminho. Ela apanhou o pacote do ch#o. R muito inconvenienteestacionar o carro, entrar e depois continuar. /or isso tomei o metr9. Ioi a mesmacoisa hoje, quando apanhei o casaco. /ode verificar na lavanderia. E voc0 n#o passou isto ao nosso amigo aquiM Gatutin segurava o magazine dofilme.

(em sei o que é isso. R claro. O coronel Gatutin balan&ou a cabe&a. Nem, aqui estamos. /ressionou um bot#o em seu aparelho intercomunicador. A porta lateral abriu'se um

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momento depois. 8r0s pessoas entraram. Gatutin acenou para -vetlana. /reparem'na. As rea&)es dela n#o foram tanto de p%nico quanto de descren&a. -vetlana GaneLevatentou pular da cadeira, mas dois homens a agarraram pelos ombros, mantendo'a

ali. O terceiro enrolou'lhe a manga do vestido e enfiou'lhe uma agulha no bra&oantes que ela tivesse presen&a de espírito suficiente para gritar. (#o pode fazer issoP disse ela. (#o pode... Gatutin suspirou. Ah, podemos sim. >uanto tempoM Hsso vai mant0'la desacordada por duas horas pelo menos respondeu omédico. Ele e os dois au!iliares retiraram'na da cadeira. Gatutin deu a volta eapanhou o embrulho. Ela estará pronta para o senhor assim que eu fizer umcheckEup, mas n#o prevejo nenhum problema. A ficha médica dela é boa. E!celente. Gou descer para comer alguma coisa. Iez um gesto na dire&#o dooutro prisioneiro. /odem levá'lo. Acho que já terminamos com ele. 1amarada, eu... come&ou o mensageiro, apenas para ser cortado.

(unca mais ouse pronunciar essa palavra. A reprimenda pareceu mais fortepela suavidade com que foi dita.O coronel Nondaren3o agora dirigia o setor de armas laser do ministério. Iora por decis#o do ministro da $efesa Wazov, claro, e recomendado pelo coronel Iilitov. Ent#o, coronel, que notícias nos trazM perguntou Wazov. (ossos colegas da ;"N nos entregaram planos parciais do espelho americanode pticos adaptáveis. Ele passou duas cpias separadas dos diagramas.(

(#o podemos fazer isso ns mesmosM quis saber Iilitov. O projeto é na verdade muito engenhoso, e o relatrio afirma que um modelomais avan&ado está em estágio de projeto no momento. As boas novas s#o que oespelho precisa de menos acionadores... O que é issoM perguntou Wazov. Os acionadores s#o os mecanismos que alteram os contornos dos espelhos.$iminuindo seu nmero, também diminuímos as e!ig0ncias do sistema decomputador que controla a montagem dos espelhos. O espelho e!istente... esteaqui... requer o controle de um supercomputador, que n#o podemos ainda reproduzir na 7ni#o -oviética. O novo espelho é projetado para necessitar de um quarto dapot0ncia de computador. Hsto permite que um computador menor opere o espelho etambém um programa de controle mais simples. Nondaren3o inclinou'se para afrente. 1amarada ministro, como meu primeiro relatrio indicou, uma das

principais dificuldades em *strela Brilhante é o sistema de computadores. 2esmoque pudéssemos fabricar um espelho como esse, ainda n#o possuímos hardFare esotFare para operá'lo com efici0ncia má!ima. Acredito que poderíamos fazer issose tivéssemos o novo espelho. 2as ainda n#o temos os planos do novo espelhoM indagou Wazov. (#o. A ;"N está trabalhando nisso. (#o podemos nem duplicar esses novos <acionadores< ainda reclamou Iilitov. 8emos as especifica&)es e diagramas há vários meses, e nenhuma fábricaconseguiu ainda... 8empo e fundos, camarada coronel censurou Nondaren3o. Bá estavaaprendendo a falar com confian&a na atmosfera mais rarefeita.

Iundos resmungou Wazov. -empre fundos. /odemos construir um tanqueinvulnerável... com fundos suficientes. /odemos alcan&ar a tecnologia ocidental desubmarinos... com fundos suficientes. 1ada projeto menor de cada acad0mico na

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7ni#o -oviética vai produzir a arma mais nova... se pudermos ceder fundossuficientes. Hnfelizmente n#o temos o suficiente para todos.  $"ui est um aspectono "ual acompanhamos o Ocidentel  1amarada ministro disse Nondaren3o. -ou um soldado profissional há vinte

anos. -ervi em batalh#o e em corpo de au!iliares de $ivis#o. -empre servi oE!ército Germelho, e somente o E!ército Germelho. *strela Brilhante pertence aoutro ramo de servi&o. A despeito disso, eu lhe digo que, se for necessário, devemosnegar fundos para tanques, navios e aeronaves, a fim de conduzir *strela Brilhanteao seu término. /ossuímos suficientes armas convencionais para conter qualquer ataque da O8A(, mas n#o temos nada que impe&a os mísseis ocidentais dedespejarem resíduos sobre nosso país. Ele mudou de tom. /or favor, perdoe'me por impor minha opini#o t#o for&osamente. (s lhe pagamos para pensar observou Iilitov. 1amarada ministro,encontro'me em posi&#o de concordar com esse jovem. 2i3hail -emLonovich, por que será que pressinto uma conspira&#o palaciana

entre meus coronéisM Wazov concedeu um de seus raros sorrisos e voltou'se parao homem mais jovem. Nondaren3o, entre estas paredes espero que me diga oque pensa. -e conseguiu persuadir esse veterano da cavalaria de que seu projetode fic&#o científica vale a pena, ent#o preciso pensar nele seriamente. Está dizendoque deveríamos dar prioridade total a esse projetoM 1amarada ministro, deveríamos considerar o assunto. Kesta um pouco dapesquisa de base, e sinto que a prioridade de fundos deveria ser drasticamenteaumentada. Nondaren3o parou um pouco antes do que Wazov sugeria. Aqueladecis#o era política, um terreno onde um simples coronel n#o deveria aventurar'se.Ocorreu ao 1ardeal que ele havia subestimado aquele jovem e brilhante coronel. A ta!a de batimentos cardíacos está aumentando disse o médico quase tr0shoras depois. Fora zero, paciente consciente. 7m gravador de carreteiregistrava suas palavras.Ela n#o percebeu o ponto em que terminava o sono e come&ava a consci0ncia. Euma zona indistinta para muitas pessoas, particularmente na aus0ncia dedespertador ou do primeiro raio de luz do sol. Ela n#o recebeu nenhum sinal. Aprimeira emo&#o de -vetlana GaneLeva foi de espanto. Onde estou0, perguntou a simesma depois de quinze minutos. O efeito residual de dorm0ncia dos barbitricosdiminuiu, mas nada substituiu o rela!amento confortável do sono sem sonhos. Elaestava... flutuandoM8entou movimentar'se, mas... n#o p9deM Estava em repouso total, cada centímetro

quadrado do corpo apoiado uniformemente, de maneira que nenhum msculoparecia distendido ou contraído. (unca conhecera tamanha sensa&#o derela!amento. Onde estou0(#o podia ver nada, mas isso tampouco era correto. (#o era e!atamente negro,mas... cinza... como uma nuvem : noite refletindo as luzes da cidade de 2oscou,sem forma, mas com alguma te!tura.(#o conseguiu ouvir nada, nem o ruído do tráfego, nem os sons de água correndoou portas batendo...EUa voltou a cabe&a, mas a vista permaneceu a mesma, um vazio acinzentado,como o interior de uma nuvem, ou uma bola de algod#o, ou...Ela respirou. O ar n#o trazia nenhum odor, nem gosto, nem umidade, e tampouco

uma temperatura que pudesse distinguir. Ela falou... mas incrivelmente n#o ouviunada. Onde estou0-vetlana come&ou a e!aminar o mundo com mais cuidado. /assou cerca de uma

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hora de e!peri0ncias cautelosas. -vetlana manteve controle das emo&)es, for&ou'se

a manter a calma, a rela!ar. 8inha de ser um sonho. (ada de inconveniente poderiaestar acontecendo na verdade, n#o a ela. O medo real n#o come&ara ainda, mas ela já sentia sua apro!ima&#o. Ela reuniu toda a sua determina&#o e lutou para

conservá'la. *xplore o ambiente# Os olhos se voltaram para a direita e para aesquerda. Favia luz suficiente apenas para negar'lhe a escurid#o. Os bra&osestavam lá, mas pareciam afastados do corpo, e ela n#o conseguia apro!imá'los,embora tentasse durante um tempo que lhe pareceu horas. O mesmo acontecia comas pernas. 8entou fechar a m#o direita em punho... mas n#o conseguiu nem fazer com que os dedos se encontrassem.-ua respira&#o estava mais rápida agora. Era tudo que tinha. /odia sentir o ar entrando e saindo, podia sentir o movimento do peito e nada mais. Iechar os olhoslhe dava a escolha de um vazio negro em vez do cinza, mas era tudo. Onde estou02ovimento, disse ela a si mesma, mais movimento. Ela rolou de lado, procurandoresist0ncia, procurando cada sensa&#o tátil fora de seu prprio corpo. Ioirecompensada pela aus0ncia total de estímulos, apenas a mesma resist0ncia fluida para todos os lados que se voltava, a sensa&#o de flutuar era a mesma. (#oimportava ela n#o sabia dizer se a gravidade a levava para cima ou para bai!o,para a esquerda ou para a direita. Era tudo a mesma coisa. "ritou t#o alto quantoconseguiu, apenas para ouvir alguma coisa real e pr!ima, apenas para certificar'sede que podia contar pelo menos com a prpria companhia. 8udo o que ouviu foi oeco distante e fraco de um estranho.O p%nico come&ou a se instalar. 8empo@ doze minutos... e quinze segundos disse o médico ao gravador. Acabine de controle ficava a D metros sobre o tanque. 8a!a de batimentos

cardíacos subindo, agora C5+, respira&#o@ 54, rea&#o de ansiedade aguda iniciando. Ele olhou para Gatutin. 2ais cedo do que o normal. >uanto mais inteligente opaciente... 8anto maior a necessidade de impulsos sensoriais, eu sei resmungou Gatutin.Favia lido o relatrio sobre os procedimentos, mas estava cético. Era uma técnicanovíssima e e!igia um tipo de au!ílio especializado do qual nunca precisara em suacarreira. A ta!a de batimentos cardíacos parece ter'se estabilizado em C??, sem grandesirregularidades. 1omo consegue impedi'la de ouvir a prpria vozM R uma coisa nova. 7samos um dispositivo eletr9nico para duplicar a voz e repeti'

la e!atamente fora de fase. Hsso neutraliza quase completamente o som emitido,como se ela gritasse no vácuo. Tevou dois anos para ser aperfei&oado. Ele sorriu. Assim como Gatutin, apreciava seu trabalho, e aqui via uma chance de validar anosde esfor&o, para subverter a política institucional com alguma coisa nova e melhor,que levaria o seu nome.-vetlana estava : beira da hiperventila&#o, mas o médico alterou a mistura de gasesque lhe era fornecida. /recisava ficar de olho nos sinais vitais da paciente. Aquelatécnica de interrogatrio n#o dei!ava marcas no corpo, nem cicatrizes ou qualquer evid0ncia de tortura na verdade n#o se tratava absolutamente de tortura. /elomenos fisicamente. O inconveniente da priva&#o sensorial, entretanto, era que oterror induzido podia levar as pessoas : taquicardia o que poderia matar o

paciente. Assim está melhor disse ele, e!aminando a leitura do eletro'cardiograma. 8a!a cardíaca estabilizada em C*V... acelerado, porém normal. A paciente está

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agitada, mas estável.O p%nico n#o ajudava. Embora sua mente estivesse frenética, o corpo de -vetlanareagiu para evitar danos. Ela lutou para e!ercer controle e tornou'se estranhamentecalma, outra vez.

*stou !i!a ou morta0 Ela procurou em toda sua memria, em suas e!peri0ncias, en#o encontrou nada... mas...(a!ia um som.O que eraM8um'tum, tum'tum... o que eraMEra o cora&#oP Hsso mesmoP-eus olhos ainda estavam abertos, procurando a origem do som na escurid#o.Favia alguma coisa lá, se apenas ela pudesse encontrá'la. -ua mente procurou umamaneira. -enho de che%ar l# :reciso a%arrar al%o#/orém ela estava presa no interior de uma coisa que n#o sabia descrever. 1ome&oua mover'se outra vez. (ovamente n#o encontrou nada a que se agarrar, nada que

pudesse tocar.EUa estava apenas come&ando a perceber qu#o sozinha estava. -eus sentidosimploravam por sensa&)es, dados, por al%uma coisa8 Os centros sensoriais docérebro buscavam alimenta&#o e encontravam apenas um grande vácuo.* se eu esti!er morta0, perguntou a si mesma.Aer "ue & isso o "ue acontece "uando a %ente morre### um %rande !azio#... A seguir veio um pensamento ainda mais perturbador@ Aqui é o infernoM2as havia alguma coisa. Favia som. Ela concentrou'se nisso, apenas para descobrir que quanto mais tentava prestar aten&#o, mais difícil se tornava escutar. Era comotentar agarrar uma nuvem de fuma&a, que s estava lá quando ela n#o tentava mas precisava agarrá'la.E assim ela tentou. -vetlana cerrou os olhos com for&a e concentrou toda a suafor&a de vontade no som repetitivo do cora&#o humano. 8udo o que conseguiu foiapagar o som dos prprios sentidos. $esapareceu, até que somente a prpriaimagina&#o o ouvia, depois isso também tornou'se tedioso.Ela gemeu, ou pensou ter gemido. (#o escutou quase nada. 1omo era possívelfalar e n#o escutarMAer "ue estou morta0 A pergunta e!igia uma resposta, porém a resposta poderiaser aterradora demais para se encarar. 8inha de haver algo... Ela ousariaM -imP-vetlana GaneLeva mordeu sua língua t#o forte quanto conseguiu. Ioi

recompensada com o gosto salgado do sangue.*stou !i!ai, disse a si mesma. Alegrou'se com sua revela&#o por um tempo que lhepareceu bastante longo. 2as até os períodos longos terminavam@6as onde estou0 Aer "ue ui enterrada### !i!a0 E(8EKKA$A GHGAP 8a!a de batimentos cardíacos aumentando novamente. /arece ser o início doperíodo de ansiedade secundária disse o médico para a grava&#o. *ra uma pena,pensou ele. Ajudara a preparar o corpo. 7ma mulher jovem muito atraente, o ventre maciomarcado apenas pelos pontos da maternidade. Faviam passado leo em sua pele,vestindo'a depois com o traje feito especialmente de borracha (ome! da melhor qualidade, t#o macia que n#o se podia senti'la quando seca sobre a pele quando

molhada, simplesmente parecia n#o estar ali. 2esmo a água no interior do tanquefora especialmente formulada, com alto contedo de sais para que a pacientetivesse flutuabilidade neutra. -eus giros em volta do tanque a tinham dei!ado de

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cabe&a para bai!o e ela n#o se dava conta. O nico problema real é que ela podiaembaralhar os tubos de ar, porém um par de mergulhadores no tanque evitava queaquilo acontecesse, sempre tomando cuidado para n#o tocar a paciente, nempermitir que as mangueiras o fizessem. (a verdade, os mergulhadores ficavam com

o trabalho mais difícil de toda a unidade.O médico lan&ou a Gatutin um olhar presun&oso. 2uitos anos de trabalho foramempregados naquela parte mais secreta da ala de interrogatrios em Tefortovo. Apiscina, com C+ metros de largura e D de profundidade, a água formuladaespecialmente, os trajes desenhados com e!clusividade, muitos homens'ano dee!peri0ncia para apoiar o trabalho terico tudo isso para possibilitar um métodode interrogatrio que era melhor sob todos os aspectos do que os antiquados meiosque a ;"N utilizava desde a Kevolu&#o. A e!ce&#o de um paciente que morrera deataque cardíaco, induzido pela ansiedade... Os sinais vitais mudavam novamente. Tá vamos ns. /arece que estamos no segundo estágio. 8empo@ uma hora e seisminutos. Ele se voltou para Gatutin. "eralmente essa é a fase mais longa. -erá

interessante ver quanto dura com esta paciente./arecia a Gatutin que o médico era uma crian&a brincando com um jogo elaborado ecruel por mais que desejasse o que a paciente sabia, no íntimo estava horrorizadocom o que via. /erguntou'se se essa sensa&#o vinha do medo de que um dia aquilofosse aplicado nele...-vetlana sentia'se fraca. Os tremores das longas horas de terror haviam dei!adoseus membros e!austos. A respira&#o vinha em arque'jos curtos, como o de umaparturiente controlando os espasmos do nascimento. 2esmo seu corpo aabandonara agora, e a mente procurava escapar de seus limites e e!plorar o prpriointerior. A consci0ncia tinha a impress#o de se ter separado do intil invlucro decarne, e o espírito, alma, ou o que fosse, estava s, agora, s e livre. 2as aliberdade era uma maldi&#o t#o grande quanto a sensa&#o que se fora./odia mover'se livremente, podia ver o espa&o a seu redor, porém tudo estavavazio. 2oveu'se como se estivesse nadando ou voando num espa&o tridimensionalcujos limites n#o pudesse distinguir. -entiu os bra&os e as pernas movendo'se semesfor&o, mas, quando olhou para os membros, descobriu que ficavam fora de seucampo de vis#o. /odia senti'los a se moverem, mas... simplesmente n#o estavamlá. A parte da mente que ainda permanecia racional lhe dizia que tudo n#o passavade uma ilus#o, que ela nadava em dire&#o : prpria destrui&#o mas mesmo issoseria preferível a ficar sozinha, n#o seriaMEsse esfor&o durou uma eternidade. A parte mais gratificante era a falta de fadiga

em seus membros invisíveis. -vetlana desligou seus infortnios e alegrou'se com aliberdade, em poder en!ergar o espa&o : sua volta. Aumentou o ritmo. Hmaginou queo espa&o : sua frente era mais brilhante do que atrás. -e havia uma luz, elaprecisava encontrá'la, e uma luz faria muita diferen&a. /arte dela lembrava daalegria de nadar quando era crian&a, algo que n#o tinha feito nos ltimos... quinzeanos, talvez. Iora a campe# de nado subaquático na escola, podia segurar o f9legopor muito mais tempo do que todos os outros. As lembran&as remo&aram'na outravez, jovem, ágil, mais bonita e mais bem vestida do que as outras. -eu rosto sorriucom e!press#o angelical e ignorou os avisos do que restava de seu intelecto.Ela teve a impress#o de nadar por dias, ou por semanas, sempre na dire&#o doespa&o luminoso : sua frente. Tevou mais alguns dias para compreender que o

espa&o nunca ficava mais brilhante, porém ignorou esse ltimo aviso de suaconsci0ncia. (adou com maior vigor e sentiu fadiga pela primeira vez. -vetlanaGaneLeva ignorou isso também. Ela precisava usar a liberdade em sua vantagem.

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8inha de saber onde estava, ou, melhor ainda, achar uma saída daquele lugar. $a'quele lugar horrível.-ua mente moveu'se ainda uma vez, viajando para longe do corpo, e quando atingiualtitude suficiente olhou para bai!o, na dire&#o da figura distante que nadava.

2esmo de sua elevada altitude n#o conseguia ver os limites daquele mundo amplo eamorfo entretanto, en!ergava a pequena figura abai!o, nadando sozinha no vácuo,movendo os membros espectrais num ritmo ftil... sem ir a nenhum lugar.O grito que saiu do alto'falante na parede quase fez com que Gatutin saltasse dacadeira. 8alvez os alem#es tivessem escutado uma coisa parecida, o grito dasvítimas nos campos de concentra&#o quando as /ortas eram fechadas e os cristaisde gases aspergidos. 2as isso era pior. Bá vira e!ecu&)es. Bá vira tortura. Ouviragritos de dor, raiva e desespero, mas nunca tinha escutado o grito de uma almacondenada a algo pior do que o inferno. Aí está... deve ser o come&o do terceiro estágio. O qu0M

Acontece e!licou o médico que o animal humano é um animal sociável.(ossos seres e nossos sentidos foram projetados para reunir dados que nospermitam reagir tanto ao meio ambiente quanto a outros seres humanos. 8ire acompanhia humana, tire os impulsos sensoriais, e a mente fica completamentesozinha consigo mesma. E!istem muitos dados disponíveis para se constatar o queacontece. Esses idiotas ocidentais que velejam sozinhos ao redor do mundo, por e!emplo. 7m nmero surpreendente enlouquece, e muitos desaparecem,provavelmente suicídio. 2esmo os que sobrevivem, aqueles que utilizamdiariamente seus radiotransmissores, precisam muitas vezes de médicos paraaconselhá'los contra os perigos psicolgicos de tal solid#o. E eles podem !er a águaem volta. /odem ver o barco. /odem sentir o movimento das ondas. 8ire tudo isso... O médico balan&ou a cabe&a. Eles durariam no má!imo tr0s dias. (s tiramostudo, como v0. >ual o tempo mais longo que alguém ag6entou aquiM $ezoito horas... Ele foi voluntário, um jovem oficial do /rimeiro $iretrio. O nicoproblema é que o paciente n#o deve saber o que está acontecendo. Hsso altera oefeito. Ele também desiste, é claro, mas n#o t#o completamente.Gatutin respirou fundo. Essas foram as primeiras boas notícias que ele haviaescutado. E esta, quanto vai demorarMO médico limitou'se a consultar seu relgio e sorrir. Gatutin queria odiá'lo, mas

reconheceu que aquele médico, aquele homem dedicado : cura, simplesmente faziao que ele vinha fazendo há anos, mais rapidamente e sem danos visíveis quepudessem embara&ar o Estado nos julgamentos pblicos que a ;"N agora eraobrigada a suportar. $epois havia ainda certa vantagem adicional que nem mesmo omédico esperara ao iniciar o programa... Ent#o... o que é esse terceiro estágioM-vetlana os viu nadando ao redor de sua forma. 8entou avisá'los, mas aquilo a trariade volta para o interior, ela n#o ousava. (#o era tanto uma coisa que ela pudesseen!ergar, mas ha!ia formas, vultos predatrios flutuando no espa&o ao redor de seucorpo. 7m deles apro!imou'se, mas depois virou. Ent#o voltou outra vez. Elatambém. 8entou lutar, mas algo a arrastou de volta ao corpo que logo se e!tinguiria.

Ela chegou bem a tempo. Enquanto comandava :s pernas que nadassem maisrápido, aquilo veio de trás. As mandíbulas se abriram e envolveram seu corpointeiro, depois fecharam'se lentamente sobre ela. A ltima coisa que viu foi a luz na

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dire&#o da qual tinha nadado a luz, ela percebeu finalmente que nunca estiveralá. -abia que seu protesto seria em v#o, mas e!plodiu de seus lábios. (#oP ela n#o ouviu, é claro.Ela retornara agora, condenada a usar seu intil corpo real, de volta : massa cinza

perante seus olhos, e aos membros que s se moviam sem propsito. $e algumaforma ela entendeu que sua imagina&#o tentara proteg0'la, libertá'la e falharacompletamente. 2as ela n#o conseguia desligar a imagina&#o, ent#o seus esfor&osse tornaram realmente destrutivos. 1horamingou sem fazer ruído. O medo quesentia agora era pior do que somente p%nico. /elo menos o p%nico era umaescapatria, uma negativa do que ela enfrentava, uma retirada para o interior de simesma. 2as n#o havia um ego que pudesse encontrar. Ela o teria visto morrer, seestivesse lá quando aconteceu. -vetlana estava sem o presente, com certeza semfuturo. 8udo o que possuía agora era um passado, e sua imagina&#o escolhiaapenas as piores partes... -im, estamos no estágio final agora disse o médico. Tevantou o fone e pediu

um pote de chá. Esta foi mais fácil do que pensei. Ela se encai!a no perfil melhor do que imaginei. 2as ela n#o disse nada ainda protestou Gatutin. Ela vai dizer.Ela vira todos os pecados de sua vida. Hsso a ajudava a entender o que estavaacontecendo. Aquele era o inferno cuja e!ist0ncia o Estado negava, e ela sofria suapuni&#o. 8inha de ser isso. E ela colaborava. /recisava faz0'lo. /recisava ver tudode novo e entender o que tinha feito. /recisava participar do julgamento no interior da prpria mente. -eu choro n#o parava. As lágrimas corriam por dias a fio, enquan'to ela observava a si mesma fazendo coisas que nunca deveria ter feito. 1adatransgress#o de sua vida passou diante de seus olhos com todos os detalhes.Especialmente aquelas que cometera nos ltimos dois anos... $e alguma formasabia que foram elas que a levaram para lá. -vetlana assistiu a todas as vezes emque traíra a 2#e /átria. Os primeiros flertes tímidos em Tondres, os encontrosclandestinos com homens sérios, os avisos para que n#o fosse frívola, depois ostempos em que usara sua import%ncia para atravessar impunemente a alf%ndega,fazendo o jogo e divertindo'se enquanto cometia os piores crimes. -eus gemidosassumiram um timbre reconhecível. O tempo todo ela repetira aquilo sem se dar conta. -into muito... Agora vem a parte delicada.

O médico colocou na cabe&a os fones. Iez alguns ajustes no console de comando. -vetlana... sussurrou ele ao microfone. A princípio ela n#o ouviu, e demorou algum tempo até que seus sentidos fossemcapazes de reconhecer que havia al%o chamando.A!etlana### chamou a voz. Ou teria sido sua imagina&#oM...-ua cabe&a girou em volta, procurando o que quer que fosse.A!etlana### sussurrou a voz novamente. Ela segurou o f9lego pelo tempo queconseguiu, ordenando ao corpo que ficasse parado, mas novamente ele a traiu. Ocora&#o disparava, e o sangue latejava em suas orelhas, abafando o som, se é quehavia um. $ei!ou escapar um gemido de desespero, imaginando que a voz n#oe!istisse, imaginando que s estava piorando... ou será que e!istia mesmo uma es'

peran&aM...A!etlana### um pouco mais do que um murmrio, o suficiente para demonstrar contedo emocional. A voz parecia t#o triste, t#o desapontada... A!etlana, o "ue

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!oc4 ez0 Eu n#o... eu n#o... gaguejou ela, e n#o escutava a prpria voz enquantochamava da sepultura. Ioi recompensada apenas com a renova&#o do sil0ncio.$epois do que lhe pareceu uma hora de intervalo ela gritou@ /or favor,  por a!or,

volte para mimPA!etlana, repetiu a voz finalmente, o "ue !oc4 ez0#### -into muito... repetiu ela, com a voz embargada pelas lágrimas. O que voc0 fezM perguntou novamente. E quanto ao filmeM Iui euP respondeu ela, e em poucos momentos contou tudo. 8empo@ onze horas, quarenta e um minutos. E!ercício concluído. O médicodesligou o gravador. A seguir acendeu e apagou várias vezes as luzes da piscina.7m dos mergulhadores no tanque acenou em resposta e introduziu uma agulha nobra&o da paciente GaneLeva. Assim que o corpo amoleceu, ela foi retirada. O médicodei!ou a sala de controle e desceu para v0'la.Ela estava deitada numa ma&a quando ele chegou, o traje já retirado. Ele sentou ao

lado da forma inconsciente e segurou'lhe a m#o enquanto um técnico administravaum estimulante fraco. *la era bonita, pensou o doutor observando a respira&#onormalizar'se. Acenou para que o técnico saísse, dei!ando os dois a ss. Olá, -vetlana disse ele com sua voz mais gentil. Os olhos azuis se abriram,en!ergaram a luz no teto e as paredes. $epois a cabe&a se voltou para ele.Ele sabia que estava sendo indulgente consigo mesmo, mas trabalhara muitodurante uma noite e um dia naquele caso, que era provavelmente a mais importanteaplica&#o do seu programa até agora. A mulher nua saltou da mesa para os seusbra&os e quase o estrangulou com um abra&o. (#o porque fosse particularmentebonito, como o médico sabia, mas simplesmente porque era um ser humano, e elaqueria tocar um. -eu corpo permanecia escorregadio de leo enquanto as lágrimascaíam no seu avental branco de laboratrio. Ela nunca cometeria outro crime contrao Estado, n#o depois de tudo aquilo. Era uma pena que tivesse de ser enviada paraum campo de concentra&#o. -amanho desperdício, pensou enquanto a e!aminava.8alvez pudesse fazer alguma coisa a respeito. $epois de dez minutos ela foinovamente sedada, e ele a dei!ou dormindo. $ei a ela uma droga chamada Gersed. R um novo produto ocidental, que provocaamnésia. /or que essa em especialM indagou Gatutin. Gou lhe dar outra op&#o, camarada coronel. >uando ela acordar durante a

manh#, vai lembrar muito pouco do que aconteceu. Gersed age como aescopolamina, porém é mais eficiente. Ela n#o vai se lembrar de nenhum detalhe.8udo parecerá um sonho ruim. Gersed também é hipntico. /or e!emplo, possovoltar a ela e fazer a sugest#o de que n#o se lembre de nada, mas que nunca traianovamente o Estado. E!iste, %rosso modo, uma possibilidade de oitenta por centoque nenhuma das sugest)es seja violada. Está brincandoP 1amarada, um dos efeitos dessa técnica é que ela foi condenada com mais rigor do que o Estado o faria. Ela sente mais remorso pelo que fez do que sentiriaenfrentando um pelot#o de fuzilamento. 1ertamente leu >QM?0 8alvez tenha sido umsonho quando OrXell escreveu, mas, com a tecnologia moderna, já podemos faz0'

lo. O truque n#o é quebrar a pessoa do e!terior, mas do interior. >uer dizer que podemos usá'la agoraM... 

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11Procedimentos

Ele n#o vai sobreviver. Ortiz ouvia o médico da embai!ada, um cirurgi#o doE!ército cujo verdadeiro trabalho consistia no tratamento de afeg#es feridos. Ospulm)es de 1hur3in estavam muito danificados para combater a pneumonia que seinstalara durante o transporte. Ele provavelmente n#o vai durar até o final do dia. $esculpe, mas houve muitodano ao pulm)es. 7m dia mais cedo, e poderíamos t0'lo salvado, mas... Omédico balan&ou a cabe&a. "ostaria de mandar um padre a ele, masprovavelmente é perda de tempo. Ele consegue falarM (#o muito. 2as pode tentar. (#o vai faz0'lo sentir mais dor já do que estásentindo. Iicará consciente por mais algumas horas, depois vai desmaiar.

Obrigado por tentar, doutor disse Ortiz. >uase suspirou de alívio, mas avergonha de tal gesto o deteve. O que teriam feito se ele sobrevivesseM $evolv0'loMIicar com eleM 8rocá'loM, perguntou a si mesmo. Hmaginou por que motivo o Arqueiro o teria trazido. Nem disse a si mesmo. Em seguida entrou na sala.$uas horas depois ele saiu. Ortiz apanhou o carro e foi até a embai!ada, cujacantina servia cerveja. Iez seu relatrio a TangleL e, pelas cinco horas seguintes,permaneceu sozinho sentado ao lado de uma mesa que reservou e!clusivamente :sgarrafas, e embebedou'se lenta e completamente.Ed IoleL n#o podia se dar a esse lu!o. 7m de seus mensageiros desaparecera tr0sdias antes. Outro dei!ara a escrivaninha no "osplan e voltara dois dias depois. Agora de manh#, o homem da lavanderia ligara afirmando estar doente. Enviara umalerta para o garoto na casa de banhos, mas n#o sabia se fora recebido ou n#o. (#ohavia apenas uma perturba&#o na rede do 1ardeal, e sim um verdadeiro desastre. Avantagem em usar -vetlana GaneLeva residia em sua suposta imunidade contra asmedidas mais severas da ;"N, e ele contara com uma resist0ncia de vários diaspara remover seu pessoal. Ordens de aviso para a fuga do 1ardeal haviamchegado, mas ainda aguardavam o momento de serem transmitidas. (#o vianenhuma vantagem em assustá'lo antes que tudo estivesse completamente pronto.$epois disso, seria fácil para o coronel Iilitov arranjar uma desculpa para visitar o$istrito 2ilitar de Teningrado uma coisa que fazia a cada seis meses e tirá'lodo país.

Ae isso uncionar, lembrou IoleL. - fora feito duas vezes antes, que ele soubesse,e mesmo que tivesse corrido bem... n#o havia nenhuma certeza, haviaM Nãomesmo# Era hora de sair. Ele e sua mulher precisavam de algum tempo paradescansar, longe de tudo aquilo. Os pr!imos trabalhos deveriam ser com o pessoalde treinamento da <Iazenda<, no rio Wor3. 2as tais pensamentos n#o ajudavam aresolver seu problema atual.1onsiderou se deveria alertar o 1ardeal de alguma forma, para que fosse maiscuidadoso mas nesse caso ele destruiria os dados de que TangleL precisavadesesperadamente, e os dados eram essenciais. Aquela era a regra, uma regra queIilitov conhecia e aceitava, supostamente t#o bem quanto IoleL. /orém espi)eseram mais do que simples objetos que produziam informa&)es, n#o eramM

 Agentes de campo como IoleL e sua esposa deviam encará'los como bens valiososmas dispensáveis, distanciando'se de seus agentes, e tratando'os bondosamentequando possível, mas impiedosamente quando necessário. 8ratá'los como crian&as,

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na verdade, com uma mistura de indulg0ncia e disciplina. - que eles n#o eramcrian&as. O 1ardeal era mais velho do que seu prprio pai, e já era um agentequando IoleL cursava o segundo grauP /oderia não demonstrar lealdade a IilitovM1laro que n#o. /recisava proteg0'lo. 2as comoM

Opera&)es de contra'espionagem freq6entemente n#o passavam de trabalhopolicial, e como resultado disso o coronel Gatutin sabia tanto sobre investiga&#oquanto os melhores homens da 2ilícia de 2oscou. -vetlana entregara a ele ogerente da lavanderia, e, depois de dois dias de vigil%ncia cerrada, decidira trazer ohomem para ser interrogado. (#o usaram o tanque com ele. O coronel ainda n#oconfiava na nova técnica, e além do mais n#o havia necessidade de ir devagar comele. Hncomodava a Gatutin que GaneLeva agora tivesse a chance de ficar livre livre, depois de trabalhar para os inimigos do EstadoP Alguém queria usá'la comope&a de barganha por algum favor do 1omit0 1entral mas aquele n#o era umassunto da al&ada do coronel. Agora o homem da lavanderia fornecera a descri&#ode outro membro daquela corrente infindável.

 A parte que mais incomodava Gatutin era que ele pensava ter visto o rapazP Ogerente tinha contado logo sobre sua suspeita de que o rapaz trabalhasse nosbanhos, e a descri&#o combinava com o atendente com quem conversarapessoalmenteP 2esmo n#o sendo um contato profissional, enraivecia Gatutin que eletivesse encontrado um traidor naquela manh# da semana que passara, semreconhec0'lo pelo que parecia....ual era mesmo o nome da"uele coronel0, perguntou subitamente a si mesmo. Aquele que trope&araM Iilitov 2isha IilitovM Ajudante pessoal do ministro da$efesa WazovM$evia estar com uma tremenda ressaca para n#o fazer a liga&#oP Iilitov de-talingrado, o tanquista que matara alem#es enquanto queimava em seu tanqueatingido@ 2i3hail Iilitov, tr0s vezes Feri da 7ni#o -oviética... 8inha de ser o mesmo.-eria ele o...5mpossí!el, disse a si mesmo.2as nada era impossível. -e é que aprendera alguma coisa, Gatutin aprendera isso.1lareou sua cabe&a e considerou friamente as possibilidades. As boas notícias eramque qualquer pessoa preeminente na 7ni#o -oviética possuía um arquivo nonmero 4 da /ra&a $zerzhins3L. Era simples obter a ficha de Iilitov.O dossi0 revelou ser grosso, como verificou quinze minutos mais tarde. Gatutincompreendeu que n#o sabia nada sobre o homem. 1omo a maioria dos heris deguerra, feitos realizados no breve espa&o de alguns minutos e!pandiram'se para

marcar a vida inteira. 2as nenhuma vida era assim t#o simples. Gatutin come&ou aler o arquivo./ouca coisa tinha rela&#o com suas fa&anhas de guerra, embora essa época fosseinteiramente coberta, incluindo as cita&)es por todas as suas medalhas. 1omoajudante'de'ordens de tr0s ministros da $efesa, 2isha tinha passado por verifica&)es rigorosas de seguran&a, algumas das quais Iilitov tivera conhecimento,outras n#o. Aqueles /apéis também estavam em ordem, claro. Goltou sua aten&#opara a pasta seguinte. Gatutin ficou surpreso ao saber que Iilitov envolvera'se no caso do infame/en3ovs3L. Oleg /en3ovs3L fora um agente graduado na "K7, a ag0ncia soviética

de Hntelig0ncia militar, recrutado pelos ingleses, depois <dirigido< conjuntamente pelo-H- e pela 1HA, traíra seu país t#o completamente quanto um homem poderia faz0'lo. -ua penltima trai&#o fora dei!ar vazar para o Ocidente o estado de alerta ou

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falta de preparo das Ior&as de Ioguetes Estratégicos durante a 1rise dos2ísseis em 1uba essa informa&#o permitira ao presidente americano ;ennedLfor&ar ;ruschev a retirar os mísseis que t#o imprudentemente haviam sido baseadosnaquela maldita ilha. 2as a lealdade torcida de /en3ovs3L aos estrangeiros o for&ou

a assumir riscos em demasia para entregar aquelas informa&)es, e um espi#o spode assumir muitos riscos. Bá estivera sob suspeita. "eralmente se pode prever quando o outro lado se torna esperto demais, porém... Iilitov tinha sido oresponsável pela primeira acusa&#o real...Iilitov fora quem denunciara /en3ovs3LM Gatutin espantou'se. A investiga&#o estavarazoalmente adiantada naquela época. A vigil%ncia contínua mostrou que /en3ovs3Landava fazendo algumas coisas fora do comum, incluindo pelo menos um deadEdroppossível, mas... Gatutin sacudiu a cabe&a.  $s coincid4ncias "ue a %ente encontranesse ne%1cio# O velho 2isha fora ao oficial de seguran&a e denunciara uma curiosaconversa com seu conhecido da "K7, que talvez fosse inocente, dissera ele, masque o colocara de antenas ligadas de uma forma estranha, tanto que se sentira

compelido a falar sobre ela. Hnstruído pela ;"N,  ele continuara ouvindo, e aconversa seguinte já n#o fora assim t#o inocente. Jquela altura o caso contra/en3ovs3L se firmara, e as provas adicionais n#o foram necessárias na verdade,embora fizessem com que todos os envolvidos se sentissem um pouco melhor...*ra uma estranha coincid4ncia, pensou Gatutin, mas dificilmente lan&ava qualquer tipo de suspeita sobre o homem. A se&#o pessoal do relatrio afirmava que ele eravivo. 7ma foto de sua esposa estava ali, e Gatutin admirou'a por algum tempo.Favia também uma fotografia do casamento, e o homem do -egundo $iretrio sorriuquando viu que o velho combatente fora mesmo jovem um dia, e um tipo de fazer invejaP (a página seguinte havia informa&#o sobre os dois filhos ambos mortos. Aquilo chamou sua aten&#o. 7m nascera imediatamente antes da guerra, o outroassim que esta se iniciara. 2as n#o haviam morrido como resultado da guerra... Oque ent#oM Ele folheou o ma&o de páginas.O mais velho morrera na Fungria, descobriu Gatutin. Em virtude de suaconfiabilidade política, fora tirado da academia militar juntamente com um punhadode outros cadetes e enviado para reprimir a contra'revolu&#o de CD. 1omo um dostripulantes de um tanque seguindo as pegadas do pai , morreu quando seuveículo foi destruído. Nem, soldados corriam riscos. 1ertamente seu pai havia corri'do. O segundo também tripulante de tanques, notou Gatutin morrera quando dae!plos#o da culatra do canh#o em seu 8'DD. A falha do controle de qualidade defábrica, a maldi&#o da indstria soviética, matara toda a tripula&#o... E quando

morrera sua mulherM (o m0s de julho seguinte, de tristeza provavelmente, qualquer que tenha sido a e!plica&#o médica. O arquivo mostrava que os dois filhos forammodelos da nova juventude soviética. -odas as esperan+as e sonhos morreram comeles, pensou Gatutin, e logo depois perdera a esposa também..ue pena, 6isha# $cho "ue !oc4 usou toda a boa sorte da amília contra osalemães, e os outros tr4s ti!eram de pa%ar a conta### R triste que um homem que feztanto deva...7e!a ter um moti!o para trair a )odina0 Gatutin olhou para cima e para fora da janela do escritrio. /odia divisar a pra&a do lado de fora, os carros passando aoredor da estátua de Iéli! $zerzhins3L. <Iéli! de Ierro<, fundador da 1he3a. /olon0se judeu por nascimento, com sua barba curta de formato esquisito e seu intelecto

impiedoso, $zerzhins3L repelira os primeiros esfor&os do Ocidente para penetrar na7ni#o -oviética e subvert0'la. Estava de costas para o prédio, e os brincalh)esdiziam que Iéli! fora condenado ao isolamento perpétuo ali, como -vetlana

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GaneLeva fora isolada... $h, <&lix, o "ue me aconselharia nesse momento0 Gatutin sabia muito bem aresposta. Iéli! mandaria prender e interrogar impiedosamente 2isha Iilitov. A merapossibilidade de suspeita teria sido o suficiente naqueles dias, e quem poderia saber 

quantos homens e mulheres inocentes foram subjugados e morreram inocentesM Ascoisas eram diferentes agora, e até mesmo a ;"N tinha regras a seguir. (#o sepodia simplesmente apanhar as pessoas na rua e torturá'las até que dissessem oque se queria ouvir. $ssim era melhor, pensou Gatutin. A ;"N era uma organiza&#oprofissional. /recisavam trabalhar mais agora, por isso treinava melhor os agentes emelhorava o desempenho... -eu telefone tocou. 1oronel Gatutin. -uba até aqui. Gamos apresentar o assunto ao diretor'geral em dez minutos.  A linha foi desligada.O quartel'general da ;"N era um constru&#o antiga, erigida na virada do séculopara ser a sede da 1ompanhia de -eguros KossiLa. As paredes e!teriores eram de

granito cor de ferrugem, e o interior era um refle!o da época em que fora erigido,com tetos elevados e portas imensas. Os corredores longos e acarpetados,entretanto, eram mal iluminados, desde que supostamente ninguém teria interesseem ver o rosto das pessoas que transitavam por eles. Favia muitos uniformes emevid0ncia. Aqueles oficiais eram membros do 8erceiro $iretrio, que ficavam de olhonos servi&os armados. 7m detalhe que destacava o prédio era o sil0ncio. Aquelesque andavam por ali faziam'no de boca fechada e e!press#o séria, para que n#odei!assem escapar inadvertidamente um dos milh)es de segredos que o edifícioguardava.O escritrio do diretor também tinha vista para a pra&a, embora fosse uma vis#omuito melhor do que a sala de Gatutin. 7m secretário levantou de sua escrivaninha eacompanhou os dois visitantes, passando pelos dois guardas de seguran&a quesempre permaneciam nos cantos da sala de recep&#o. Gatutin inspirouprofundamente enquanto atravessava os umbrais da porta aberta.(i3olaL "erasimov estava em seu quarto ano de chefia da 1omiss#o para a-eguran&a do Estado, a ;"N. (#o era um espi#o de profiss#o, mas um militanteque passara quinze anos imerso na burocracia do /artido 1omunista da 7ni#o-oviética antes de ser indicado para um dos postos de nível médio no >uinto$iretrio, cuja miss#o era a supress#o dos dissidentes internos. -ua habilidade emdesincumbir'se dessa delicada miss#o conquistou'lhe promo&)es sucessivas e aindica&#o para primeiro subchefe anos depois. Tá aprendeu o ramo de informa&)es

internacionais do lado administrativo, atuando suficientemente bem para conquistar o respeito dos agentes de campo por seus instintos. Antes de mais nada, entretanto,ele era um homem do /artido, e isso e!plicava seu posto. Aos D* anos, erarazoavelmente jovem para seu trabalho, e parecia mais jovem ainda. -eu rosto jovialnunca fora marcado pela contempla&#o de derrotas, e seu olhar voltava'se confiantepara a frente, antevendo mais promo&)es. /ara um homem que tinha um lugar tantono /olitburo quanto no 2inistério da $efesa, mais promo&)es significava que ele seconsiderava na disputa pelo posto mais alto de todos@ secretário'geral do /artido1omunista da 7ni#o -oviética. 1omo o homem que brandia a = =espada e o escudo==do /artido era esse na verdade o lema oficial da ;"N , sabia tudo o que haviapara saber sobre os outros homens na disputa. -ua ambi&#o, embora nunca

e!pressa abertamente, era murmurada pelo prédio, e um bom nmero de jovens ebrilhantes oficiais da ;"N tentava ligar seus destinos ao daquela estrela emascens#o. 3m homem encantador, pensou Gatutin. (aquele momento, o superior 

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levantou'se da cadeira e indicou aos visitantes as cadeiras do outro lado da enormeescrivaninha de carvalho. Gatutin era um homem que controlava seus pensamentose emo&)es era também honesto para se dei!ar impressionar por pessoasencantadoras. "erasimov segurava uma pasta.

1oronel Gatutin, li o relatrio de sua investiga&#o em curso. Stimo trabalho. /odeme colocar a par dos progressos atuaisM -im, camarada diretor. Estamos atualmente procurando por Eduard GassilLevich Altunin. Ele á atendente nos Nanhos -andunovs3i. O interrogatrio do homem dalavanderia nos revelou que esse era o pr!imo <elo< da corrente de mensageiros.Hnfelizmente ele desapareceu trinta e seis horas atrás, mas devemos apanhá'lo até ofim da semana. Eu mesmo vou aos banhos observou "erasimov com ironia. Gatutinacrescentou seu comentário. Eu ainda vou, camarada diretor. E vi esse jovem. Keconheci sua fotografia noarquivo que estamos montando. Ele foi cabo numa companhia de artilharia no

 Afeganist#o. -ua ficha do E!ército mostra que fez obje&)es ao uso de certas armasusadas lá@ aquelas que usamos para desencorajar os civis de ajudarem os bandidos. Gatutin referia'se :s bombas disfar&adas como brinquedos e projetadas paraserem apanhadas pelas crian&as. O supervisor político de sua unidade nosenviou um relatrio, mas a primeira repreens#o verbal calou'o, e ele terminou seuservi&o sem mais incidentes. O relatrio foi o suficiente para lhe negarem umemprego nas fábricas, e ele foi de um emprego de criado para outro. 1ompanheirosde trabalho o descreveram como um tipo comum, razoavelmente quieto. E!atamentecomo deveriam ser os espi)es, é claro. Ele nunca se referiu ao seu <problema< no Afeganist#o, mesmo quando bebia. -eu apartamento está sob vigil%ncia, bem comoos membros de sua família e seus amigos. -e n#o o apanharmos logo, saberemosque é um espi#o. 2as vamos apanhá'lo, e deverei falar com ele pessoalmente."erasimov concordou pensativamente. Gi que usou a nova técnica com essa mulher, GaneLeva. O que achouM Hnteressante. 1ertamente funcionou nesse caso, mas preciso dizer que tenhominhas dvidas quanto a soltá'la novamente nas ruas. Essa decis#o foi minha, no caso de ninguém ter'lhe dito afirmou "erasimovdesajeitadamente. $ada a natureza sensível deste caso, e a recomenda&#o domédico, acho que essa jogada é uma que vale a pena no momento. 1oncorda quen#o devemos chamar muita aten&#o para o casoM As acusa&)es contra elapermanecem em aberto.

Oh, e nesse caso se pode usá'la contra seu pai, n#o éM A desgra&a dela também é adele, e que pai desejaria ver sua nica filha no "7TA"M (ada como uma pequenachantagem, n#o é, camarada diretorM O caso é muito delicado, e pode ficar mais replicou Gatutin cuidadosamente. 1ontinue. A nica vez que vi esse rapaz, Altunin, ele estava ao lado do coronel 2i3hail-emLonovich Iilitov. 2isha Iilitov, o ajudante de WazovM O mesmo, camarada diretor. $ei uma olhada no arquivo esta manh#. E ent#oM esta pergunta veio do superior de Gatutin. (ada que eu possa apontar. Eu n#o estava a par de seu envolvimento no caso

/en3ovs3L... Gatutin calou'se, e pela primeira vez seu rosto demonstrou algo. Alguma coisa o incomoda, coronel observou "erasimov. O que éM O envolvimento de Iilitov no caso /en3ovs3L logo depois da morte de seu

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segundo filho e da esposa. Gatutin encolheu os ombros depois de uma pausa. 7ma estranha coincid0ncia. Iilitov n#o foi a primeira testemunha contra eleM perguntou o chefe do-egundo $iretrio. Ele na verdade trabalhara : margem do caso.

Gatutin concordou. Ioi, mas aconteceu depois que já tinham o espi#o sob vigil%ncia. Ele fez umapequena pausa. 1omo eu disse, apenas uma estranha coincid0ncia. Estamosa%ora atrás de um mensageiro suspeito que transportava informa&)es da $efesa. Euo vi de pé ao lado de um oficial graduado do 2inistério da $efesa que se envolveuem outro caso similar quase trinta anos atrás. /or outro lado, Iilitov foi o primeiro adelatar /en3ovs3L, e é um famoso heri de guerra... que perdeu a família sobcircunst%ncias desafortunadas... Ioi a primeira vez que reuniu todos ospensamentos. Fouve alguma sombra de suspeita sobre IilitovM indagou o diretor'geral. (#o. $ificilmente sua carreira poderia ser mais impressionante. Iilitov foi o nico

ajudante que permaneceu com o finado ministro 7stinov através de sua carreira, edesde ent#o ficou ali. Ele faz o papel de inspetor'geral para o ministro.  Eu sei disse "erasimov. 8enho aqui um pedido com a assinatura de Wazovpara nosso arquivo sobre os progressos americanos em -$H. >uando telefonei parafalar sobre o assunto, o ministro me disse que os coronéis Iilitov e Nondaren3oestavam reunindo dados para um relatrio completo ao /olitburo. O nome de cdigonaquela fotografia que conseguiram recuperar era *strela Brilhante, n#o eraM Era, camarada diretor. Gatutin, temos agora tr0s coincid0ncias observou "erasimov. O querecomendaM Aquilo era fácil demais. $everíamos colocar Iilitov sob vigil%ncia. /rovavelmente esse Nondaren3otambém. 2uito cuidadosamente, porém com todo o rigor. "erasimov fechou a pasta. Esse foi um timo relatrio, e parece que seus instintos de investiga&#o encontram'se mais agu&ados do que nunca, coronel. Goc0 me manterá informado sobre essecaso. Espero v0'lo tr0s vezes por semana até sua conclus#o. "eneral ` disse eleao chefe do <$ois<. Esse homem terá todo o apoio que precisar. /ode requisitar fundos de qualquer parte da 1omiss#o. -e tiver algum empecilho, por favor venha amim. /ode estar certo de que e!iste um vazamento de informa&)es nos altos níveis

do 2inistério da $efesa. A seguir@ este caso é restrito aos meus e aos seus olhos.(inguém, e repito, nin%u&m deve saber sobre esses fatos. >uem sabe onde osamericanos conseguiram colocar seus agentesM Gatutin, dirija bem esse caso e voc0terá suas estrelas de general por volta do ver#o. 2as... Ele levantou o indicador. Acho que deveria parar de beber até que acabasse esse caso. /recisamos desua mente clara. -im, camarada diretor.O corredor estava praticamente vazio quando Gatutin e seu superior saíram. E quanto a GaneLevaM perguntou o coronel, em voz bai!a. E o pai dela, é claro. O secretário'geral (armonov vai anunciar sua indica&#opara o /olitburo na pr!ima semana respondeu o general numa voz neutra e

bai!a.* não !ai azer mal al%um ter mais um ami%o da K2B na corte, pensou Gatutin.-al!ez 2erasimo! esteja preparando al%uma jo%ada###

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Tembre'se do que ele disse sobre n#o beber disse o general a seu lado. Ouvi dizer que anda entornando as garrafas com vontade, ultimamente. Essa é umaárea de concord%ncia entre o diretor e o secretário'geral, caso ninguém lhe tenhadito.

-im, camarada general respondeu Gatutin. * claro, & pro!a!elmente a 'nicarea de concordncia# 1omo qualquer bom russo, Gatutin achava que vodca faziaparte da vida tanto quanto o ar. Ocorreu a ele que fora sua ressaca que o levara atomar um banho de vapor naquela manh# e reparar na coincid0ncia, mas refreou oimpulso de mencionar a ironia envolvida. $e volta : prpria escrivaninha algunsminutos mais tarde, Gatutin apanhou um bloco e come&ou a planejar a vigil%nciasobre os dois coronéis do E!ército soviético."regorL tomou v9os de rotas comerciais ao voltar para casa, mudando de avi#o em;ansas 1itL, depois de uma espera de duas horas. $ormira durante a maior parte dotr%nsito e andava direto para o terminal, pois n#o possuía bagagem para cuidar. -uanoiva o aguardava.

1omo estavam as coisas em QashingtonM perguntou ela, depois do beijohabitual de boas'vindas. (unca muda. 2e mandaram de um lugar para outro por lá. Acho que pensamque os cientistas nunca dormem. Ele apanhou a m#o dela na caminhada até ocarro. Ent#o, o que aconteceuM quis saber ela, assim que saíram. Os russos fizeram um grande teste. Ele parou, olhando ao redor. Aquela erauma viola&#o técnica de seguran&a.... mas 1andi fazia parte do grupo, n#o faziaM Eles acertaram um satélite com o laser baseado em $ushanbe. O que sobrouparecia um modelo de plástico que derreteu no forno. Hsso é ruim comentou a dra. Tong. 1laro que é concordou "regorL. 2as eles tiveram problemas pticos.$istor&#o térmica e balan&o, os dois. 1om certeza n#o t0m por lá ninguém comovoc0 para construir espelhos. -e bem que deve ter gente boa na área do laser. Noa quantoM Noa o suficiente para que estejam fazendo algo que ainda n#o conseguimos.  Al resmungou ao alcan&ar seu 1hevL. Goc0 dirige, estou um pouco dopado. (s vamos conseguirM perguntou 1andi, girando a chave na porta. 2ais cedo ou mais tarde. (#o podia ir mais longe do que isso, noiva ou n#o.1andi entrou e esticou'se para pu!ar a trava da porta : direita. Assim que Al entroue colocou o cinto, abriu o porta'luvas e tirou de lá um saquinho de jujubas. -empre

tinha um estoque delas. Estavam um pouco passadas, mas ele n#o se importou. Jsvezes 1andi se perguntava se o amor dele por ela n#o resultava do fato de que seuapelido significava, em ingl0s, confeitos ou balinhas. 1omo está indo o trabalho com o novo espelhoM quis saber ele, depois deengolir metade do saquinho. 2arv tem uma nova idéia que estamos tentando e!ecutar. Ele acha quedeveríamos afinar a camada ptica em vez de engrossá'la. Gamos e!perimentá'lana semana que vem. 2arv é um cara bem original para um coroa observou Al. O dr. 2arv "reenetinha 54 anos.1andi riu.

A secretária dele acha que ele é bem original, também. Ele devia se comportar melhor do que ficar andando por aí com as colegas detrabalho disse "regorL sério. 7m momento depois encolheu'se.

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1laro, querido. Ela voltou'se para olhar na dire&#o dele, e os dois caíram narisada. Está muito cansadoM Eu dormi no v9o. Stimo.

7m pouco antes de abra&á'la, "regorL amassou a embalagem vazia de jujubas eatirou'a ao ch#o, onde foi juntar'se a quase trinta outras. Ele voara um bocado, mas1andi tinha um metdo seguro para curar enj9o. Nem, Bac3M perguntou o almirante "reer. Estou preocupado admitiu KLan. Ioi por pura sorte que ficamos sabendodo teste. O horário foi muito bem escolhido. 8odos os nossos satélites dereconhecimento estavam bem abai!o do horizonte ptico. (#o deveríamos saber denada... o que n#o é surpresa nenhuma, desde que o teste é uma viola&#o técnica do8ratado AN2. Nem, provavelmente é. Bac3 deu de ombros. 8udo depende decomo se l0 o tratado. Agora vamos chegar ao ponto de discutir a interpreta&#o<livre<, ou <ao pé da letra<. -e tentássemos fazer algo parecido, o -enado iria botar a

boca no mundo. Eles n#o iriam gostar do teste que voc0 viu. 2uito poucas pessoas sabiam oque era -ea ;lipper# O programa era <negro<. E os programas <negros<, maissigilosos do que a classifica&#o má!ima de seguran&a, simplesmente n#o e!istiam. 8alvez. 2as estávamos testando o sistema de mira, e n#o uma arma de verdade. E os soviéticos estavam testando um sistema para ver se... "reer sorriu ebalan&ou a cabe&a. R como falar sobre metafísica, n#o éM >uantos fei!es delaser podem dan&ar sobre a cabe&a de um alfineteM 8enho certeza de que Ernie Allen poderia nos dar uma opini#o sobre isso. Bac3sorriu. Ele n#o concordava com Allen, mas era obrigado a gostar do homem. 8enho esperan&a de que nosso amigo em 2oscou consiga entregar suasinforma&)es.

1")5cesso e *racasso7m dos problemas em manter qualquer indivíduo sob vigil%ncia é que se precisadeterminar como ele ou ela em geral passam o dia, antes de se poder estabelecer que recursos ser#o necessários para a opera&#o. >uanto mais solitária a pessoa ousua atividade, mais difícil é manter uma vigil%ncia dissimulada. /or e!emplo, osagentes da ;"N que seguiam o coronel Nondaren3o já o odiavam completamente.-ua rotina diária de corridas ao ar livre era uma atividade ideal para um espi#o,

pensavam todos. Ele corria inteiramente s pelas ruas da cidade, em grande partevazias vazias o suficiente para que todos fora de casa fossem com certezaconhecidos de vista e vazias o suficiente para que ele notasse imediatamentequalquer coisa fora do comum. Enquanto corria pelos quarteir)es residenciaisdaquela parte de 2oscou, os tr0s agentes designados para segui'lo perderamcontato visual por nada menos que cinco vezes. As árvores esparsas que poderiamocultá'los estavam desfolhadas e os prédios de apartamentos jaziam isolados naterra plana e deserta como grandes lápides. Em qualquer uma daquelas cincovezes, Nondaren3o poderia ter parado para receber um contato deadEdrop, ou elemesmo poderia ter passado alguma informa&#o. Era mais do que frustrante, e aindahavia o fato de que o coronel do E!ército soviético possuía uma folha de servi&os

t#o imaculada como um floco de neve recém'caído@ e!atamente a cobertura quequalquer espi#o idealizaria para si prprio, é claro.Eles o localizaram outra vez ao dobrar a esquina de sua casa, movendo as pernas

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vigorosamente, o hálito condensando'se no ar atrás de si em pequenas nuvens devapor. O homem encarregado daquela parte do caso decidira que seria necessáriat#o'somente meia dzia de agentes do <$ois< para as corridas matinais do suspeito.E eles teriam de chegar uma hora antes do horário esperado para o início da corrida,

suportando o frio seco e cortante das madrugadas de 2oscou. Os agentes do-egundo $iretrio nunca se considerariam suficientemente reconhecidos pelasagruras do trabalho. A muitos quil9metros dali, outro grupo de tr0s estava bem satisfeito com seususpeito. (aquele caso haviam obtido um apartamento no oitavo andar, em frente aoprédio onde residia o suspeito o diplomata que morava ali estava no e!terior. 7mpar de teleobjetivas foi focalizado nas janelas de 2isha, e ele n#o era do tipo que sepreocupasse em abai!ar persianas, ou mesmo ajustá'las para diminuir a luz.Observaram'no realizando a rotina matinal de um homem que bebera em demasiana noite anterior, familiar aos homens do <$ois< que observavam do outro lado darua, confortavelmente aquecidos.

2isha também era suficientemente importante no 2inistério da $efesa para utilizar um carro com motorista. Iora fácil transferir o sargento e substituí'lo por um rosto jovem e desconhecido da escola de contra'intelig0ncia da ;"N. 7m microfone notelefone gravou seu pedido para ser apanhado cedo.Ed IoleL saiu de seu apartamento mais cedo do que habitualmente. A esposa olevou ao trabalho, com as crian&as no banco traseiro do carro. O arquivo soviéticosobre IoleL relatava com certa ironia o fato de que era ela que ficava com o carro namaioria dos dias, para levar as crian&as e geralmente encontrar'se com as mulheresde outros diplomatas ocidentais. 7m marido soviético ficaria com o carro para usoprprio. /elo menos n#o estava fazendo com que ele usasse o metr9 hoje,observaram eles fora decente da parte dela. O miliciano : entrada do conjuntodiplomático ele pertencia : ;"N, como era do conhecimento de todos registroua hora da partida, bem como os ocupantes do carro. Era um pouco fora do comum,e o guarda do port#o olhou em volta para verificar se o agente da ;"N que seguiaIoleL estava presente. (#o estava. Os americanos <importantes< tinham vigil%nciamais assídua.Ed IoleL usava um gorro de peles em estilo russo e seu sobretudo erasuficientemente usado para que n#o parecesse terrivelmente estrangeiro. 7mcachecol de l#, que contrastava um pouco com o casaco, protegia'lhe o pesco&o eescondia a gravata listrada. Os agentes de seguran&a russos que o conheciam devista repararam que, a e!emplo do que acontecia com a maioria dos estrangeiros,

ele também fora influenciado pelo clima local, o grande nivelador. >uem quer quepasse por um inverno russo, logo come&a a vestir'se e agir como um russo, até oponto de olhar levemente para bai!o ao andar.Em primeiro lugar, dei!aram as crian&as na escola. 2arL /at IoleL dirigianormalmente, desviando o olhar da pista ao espelho retrovisor a cada tr0s ou quatrosegundos. $irigir ali até que n#o era t#o mau, comparado :s cidades americanas.Embora os motoristas russos fizessem as coisas mais inesperadas, as ruas n#oeram muito movimentadas e, tendo aprendido a dirigir em (ova Wor3, ela podia searranjar em qualquer lugar. 1omo os agentes faziam no mundo todo, percorria umcaminho cheio de atalhos, que evitava os piores pontos de engarrafamento,economizando alguns minutos : custa de C ou 4 litros a mais de combustível.

Hmediatamente aps dobrar uma esquina, ela manobrou com habilidade junto :cal&ada e o marido desceu. O carro já estava em movimento quando ele bateu aporta e afastou'se, n#o muito rapidamente, em dire&#o : entrada lateral de um

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prédio de apartamentos. $essa vez, o cora&#o de Ed IoleL batia acelerado. Faviafeito aquilo apenas uma vez anteriormente e n#o gostava nem um pouco. (o interior do prédio, evitou os elevadores e disp9s'se a subir os oitos lances de escada,consultando o relgio.

(#o sabia como a mulher fazia aquilo. Hncomodava seu ego admitir que ela dirigiacom muito mais precis#o do que ele e podia ir de carro a qualquer lugar escolhidocom uma precis#o de cinco segundos a mais ou a menos. 8inha dois minutos parachegar ao oitavo andar. IoleL conseguiu faz0'lo com alguns segundos de folga. Abriu a porta corta'fogo e procurou com olhos ansiosos o corredor. 2aravilhosos oscorredores, especialmente os que eram retos e vazios, nas constru&)es antigas ealtas. 1om um conjunto de elevadores no centro e escadas de inc0ndio em ambasas e!tremidades, n#o havia lugar para se ocultarem c%meras de vigil%ncia. O agenteavan&ou além da área dos elevadores, dirigindo'se para a outra e!tremidade./oderia medir o tempo com as batidas de seu cora&#o agora. Ginte metros : frente,a porta de um dos apartamentos se abriu e um homem trajando uniforme saiu.

Goltou'se para trancar a porta, depois apanhou sua valise e prosseguiu na dire&#ode IoleL. 7m observador, se houvesse algum ali, teria achado estranho que nenhumdos dois homens se movesse para evitar o outro.$urou apenas um instante. A m#o de IoleL tocou a do 1ardeal, apanhando omagazine de filme e passando uma minscula tira de papel. /ensou ter visto uma ponta de irrita&#o nos olhos do agente, e nada além disso,nem mesmo um <$esculpe, por favor, camarada<, enquanto o oficial prosseguia emdire&#o aos elevadores. IoleL foi diretamente até as escadas de inc0ndio. $esceudevagar.O coronel Iilitov saiu do prédio na hora marcada. O sargento que segurava a portado carro notou que ele mastigava alguma coisa, talvez uma migalha de p#o entre osdentes. Nom dia, camarada coronel. Onde está [hdanovM indagou Iilitov entrando no veículo. Iicou doente. Eles acham que é o ap0ndice. Hsso provocou um grunhido. Nem, vamos indo. >uero tomar um banho de vapor essa manh#.IoleL saiu pelos fundos do edifício alguns minutos depois e passou por mais doisprédios de apartamentos, encaminhando'se para a pr!ima rua. Estava chegando :esquina quando sua mulher apareceu, apanhando'o quase sem parar o carro. Ambos respiraram profundamente algumas vezes enquanto ela guiava em dire&#o :

embai!ada. O que vai fazer hojeM perguntou ela, os olhos verificando o retrovisor. O de sempre foi a resposta resignada.2isha já estava na sala de vapor. (otou a aus0ncia do atendente e a presen&a derostos n#o familiares. Aquilo e!plicava a transfer0ncia especial aquela manh#. (#odei!ou transparecer nada ao trocar palavras amigáveis com os freq6entadores. Erauma pena que a c%mera tivesse ficado sem filme. Favia ainda a considerar o avisode IoleL. -e ele estivesse novamente sob vigil%ncia bem, a cada ano ou doisalgum oficial de seguran&a resolvia mostrar servi&o e verificava novamente todo opessoal do ministério. A 1HA percebera e quebrara a cadeia de mensagens. *radi!ertido, ele pensou, !er o olhar no rosto do jo!em no corredor# -obraram t#o

poucas pessoas que sabiam o que era combater... As pessoas se assustavamfacilmente. O combate ensina a um homem o "ue temer e o "ue i%norar, disse Iilitova si mesmo.

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$o lado de fora da sala de vapor, um homem do <$ois< revistava as roupas deIilitov. (o carro, sua valise também sofria uma verifica&#o. Em cada caso, a tarefafoi realizada rápida e meticulosamente.Gatutin em pessoa supervisionara a revista no apartamento de Iilitov. Iora um

trabalho realizado por peritos com luvas cirrgicas de borracha, e eles passaram amaior parte do tempo procurando <pistas<. /oderia ser um peda&o de papel, umamigalha, ou até mesmo um fio de cabelo humano dei!ado num local específico, cujaremo&#o alertaria o homem que morava no apartamento sobre o fato de que alguémestivera no local. 8iraram numerosas fotografias que levaram para revelar. O diáriofoi encontrado quase imediatamente. Gatutin inclinou'se para e!aminar o caderno deapar0ncia comum que estava bem visível na gaveta da escrivaninha, a fim decertificar'se de que o local n#o possuía nenhuma marca&#o oculta. Ao cabo de umou dois minutos, apanhou'o e come&ou a ler.O coronel Gatutin estava irritado. (#o dormira bem na noite anterior. 1omo todos osbebedores inveterados, ele precisava de álcool para adormecer, e a e!cita&#o do

caso, aliada : falta do remédio apropriado, lhe proporcionara uma noite maldormida,debatendo'se de um lado para o outro esse fato estava suficientemente aparenteem seu rosto para que seu grupo permanecesse de boca fechada. 1%mera ordenou ele secamente. 7m homem avan&ou e come&ou a fotografar as páginas do diário enquanto Gatutin as virava. Alguém tentou arrombar a fechadura informou um major. Arranh)es aoredor do buraco da chave. -e desmontarmos a fechadura, acredito queencontraremos arranh)es nas ling6etas também. /rovavelmente alguém esteveaqui. 8enho o que eles vieram procurar atalhou Gatutin de mau humor. 1abe&asviraram'se pelo apartamento. O homem que e!aminara a geladeira retirou o painelfrontal, verificou a parte de bai!o do aparelho, depois recolocou o painel no lugar. Este homem escreve a porra de um diárioP -erá que ninguém l0 mais os manuais deseguran&aM Agora entendia. O coronel Iilitov usava diários pessoais para esbo&ar relatriosoficiais. $e alguma forma, alguém ficara sabendo e viera até o apartamento parafazer cpias...6as "ual & a probabilidade de isso acontecer0, Gatutin perguntou a si mesmo. -ão pro!!el "uanto um homem "ue escre!e suas lembran+as dos documentos oiciais"uando pode copiElas em sua mesa no 6inist&rio da 7eesa# A busca demorou duas horas, e os homens do grupo partiram aos pares ou

sozinhos, depois de recolocarem tudo e!atamente no local encontrado.$e volta ao escritrio, Gatutin leu o diário fotografado na íntegra. (o apartamento,apenas folheara o material. O fragmento do filme capturado combinavaperfeitamente com uma das páginas do início do diário de Iilitov. "astou uma horae!aminando as fotografias das páginas. Os dados em si já eram impressionantes.Iilitov descrevia o projeto *strela Brilhante com um nível considerável de detalhes.(a verdade, a e!plica&#o do velho coronel era ainda melhor do que o resumo querecebera como parte da investiga&#o. (o meio encontravam'se detalhes deobserva&)es do coronel Nondaren3o sobre a seguran&a do local, e algumas quei!assobre a maneira como as prioridades eram distribuídas pelo ministério. Iicavaevidente que ambos os coronéis eram entusiastas de *strela Brilhante, e Gatutin já

come&ava a concordar com eles. 2as o ministro Wazov, ele leu, n#o tinha tantacerteza. >uei!ava'se de problemas com os fundos bem, mas aquela era outrahistria, n#o eraM

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Iicou claro que Iilitov violara as regras de seguran&a ao manter registros sobrematerial ultra'secreto em sua casa. Hsso apenas seria motivo suficientemente sériopara que qualquer burocrata iniciante ou de nível médio perdesse o emprego, masIilitov era t#o antigo quanto o prprio ministro, e Gatutin sabia muito bem que os

veteranos encaravam as regras de seguran&a como inconvenientes a seremignorados no Hnteresse do Estado, do qual se julgavam árbitros supremos. Hmaginouse o mesmo seria verdadeiro em algum outro lugar. $e uma coisa tinha certeza@antes que ele ou qualquer outro membro da ;"N pudesse acusar Iilitov de qualquer coisa, precisava de algo mais slido do que isso. 2esmo que 2isha fosse umagente estrangeiro :or "ue estou tentando ne%ar isso0, perguntou Gatutin a simesmo, um tanto surpreso. 8ransportou'se de volta ao apartamento do homem,recordando'se das fotografias nas paredes. $evia haver uma centena delas@ 2ishaem pé sobre a torre de seu 8'*5, binculos sobre os olhos 2isha com seus homensnas neves do lado dos arrabaldes de -talingrado 2isha e a tripula&#o de seutanque apontando os furos feitos na blindagem lateral de um tanque alem#o... e

2isha numa cama de hospital, com -tálin em pessoa prendendo sua terceiramedalha de Feri da 7ni#o -oviética ao travesseiro, com a mulher e ambos os filhosao lado. Aquelas eram as recorda&)es de uma patriota e heri.Nos !elhos dias isso não teria importncia, lembrou Gatutin. Nos !elhos diassuspeit!amos de todos#.ual"uer um poderia ter arranhado a echadura#  Assumiu que poderia ter sido oatendente dos banhos desaparecido. -endo e!'técnico em material bélico, eleprovavelmente sabia como faz0'lo. * se or uma coincid4ncia02as, se 2isha fosse mesmo um espi#o, por que n#o fotografar ele mesmo osdocumentos oficiaisM (a qualidade de ajudante do ministro da $efesa, podia solicitar quaisquer documentos que desejasse, e penetrar no ministério com uma c%meraminiatura era brincadeira.-e tivéssemos um filme com uma fotografia de tal documento, 2isha já estaria no/resídio Tefortovo...* se ele esti!er bancando o espertinho0 E se ele quiser que pensemos que alguémtem roubado material de seu diárioM /osso levar tudo para o ministro agora, masn#o podemos acusá'lo de nada além de viola&#o das regras internas de seguran&a.-e ele responder que estava trabalhando em casa e admitir que quebrou a regra, eo ministro defender seu ajudante o ministro defenderia IilitovM-im. Gatutin tinha certeza disso. /or um lado, 2isha era um ajudante de confian&a eum destacado soldado profissional. /or outro, o E!ército sempre cerrava fileiras para

proteger um dos seus contra a ;"N. Os putos nos odeiam mais do "ue odeiam osocidentais# O E!ército soviético nunca esqueceu o final da década de *+, quando-tálin usou a ag0ncia de seguran&a para matar quase todos os oficiais graduados,quase perdendo 2oscou para o E!ército alem#o em conseq60ncia direta disso. Agora, se formos a eles apenas com esse material, v#o rejeitar nossas provas elan&ar a prpria investiga&#o através da "K7..uantas irre%ularidades !ão aparecer neste caso0, perguntou'se o coronel Gatutin.IoleL perguntava'se algo parecido em seu cubículo a alguns quil9metros dali.Kevelara o filme e estava lendo o contedo. (otou com irrita&#o que o 1ardeal ficarasem filme e n#o fora capaz de reproduzir o documento inteiro. A parte que tinhaperante si, entretanto, afirmava que a ;"N possuía um agente no interior de um

projeto americano chamado -ea ;lipper# Evidentemente Iilitov considerava isso demaior interesse imediato para os americanos, em detrimento do que seuscompatriotas pretendiam fazer, e ao ler os dados IoleL estava inclinado a concordar.

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/ois bem. Ele arranjaria para o 1ardeal mais alguns magazines de filme, obteria orestante do documento, depois passaria a mensagem dizendo que já era tempo dese aposentar. A fuga estava marcada para dali a dez dias ou mais. Nastante tempo,disse a si mesmo, a despeito de um sentimento inc9modo na nuca, que afirmava

outra coisa..ual o pr1ximo tru"ue0 ;omo passaremos o ilme no!o para o ;ardeal0 1om acorrente de mensageiros destruída, levaria várias semanas para estabelecer umanova, e ele n#o queria arriscar'se novamente a um contato direto. Ele sabia que aquilo teria de acontecer, eventualmente. 1laro, tudo havia corrido t#osuavemente durante todo o tempo em que dirigira aquele agente, porém mais cedoou mais tarde alguma coisa acontecera. Ioi o acaso, disse a si mesmo.Eventualmente os dados rolaram para o lado errado. >uando fora designado para oposto pela primeira vez e ficara sabendo da histria do 1ardeal, maravilhara'se como fato de que o homem durara tanto tempo e que rejeitara tr0s ofertas de fuga. Atéquando se podia for&ar a prpria sorteM O velho bastardo devia pensar que era

invencível. $"ueles a "uem os deuses destruiriam, primeiro os ariam or%ulhosos,pensou IoleL.$ei!ou o pensamento de lado e continuou com as tarefas do dia. /or volta do fim datarde, o mensageiro se dirigia para Oeste com um novo relatrio do 1ardeal. Está a caminho disse Kitter ao diretor'geral da 1HA. "ra&as a $eus sorriu o juiz 2oore. Agora vamos nos concentrar em tirá'lode lá. 1lar3 já foi notificado. Ele vai de avi#o para a Hnglaterra amanh# e encontra osubmarino um dia depois disso. Esse é outro que já abusou da sorte observou o juiz. R o melhor que temos respondeu Kitter. (#o é o suficiente para que possamos fazer alguma coisa afirmou Gatutin aochefe da ;"N depois de e!por os resultados da vigil%ncia e busca. Estoudesignando mais pessoal para a opera&#o. 8ambém colocamos aparelhos de escutano apartamento de Iilitov... E esse outro coronelM Nondaren3oM (#o conseguimos entrar lá. -ua mulher n#o trabalha e fica emcasa o dia inteiro. Foje descobrimos que o coronel corre alguns quil9metros todas asmanh#s, e mais alguns homens foram designados para esse caso. A nicainforma&#o que temos atualmente é uma ficha limpa, na verdade é e!emplar, e umapor&#o saudável de ambi&#o. Ele agora é representante oficial do projeto *strela

Brilhante  junto ao ministro e, como deve ter notado pelas páginas do diário, umadmirador entusiasta do projeto. -uas impress)es sobre o homemM As perguntas do diretor'geral eram feitasde modo abrupto, mas n#o amea&ador. Era uma pessoa ocupada, que valorizavaseu tempo. Até agora, nada que nos levasse a suspeitar de coisa alguma. Ioi condecoradopor servi&os prestados no Afeganist#o@ liderou um comando especial Apetznaz quesofreu uma emboscada e recha&ou um ataque perigoso dos bandidos. Enquantoesteve em *strela Brilhante, censurou a guarda da ;"N por displic0ncia, mas seurelatrio formal ao ministro e!plica os motivos, e é difícil rejeitar suas raz)es. Alguma coisa já foi feita a respeito dissoM quis saber "erasimov.

O oficial enviado para resolver esse assunto morreu num desastre aéreo no Afeganist#o. 7m outro será mandado brevemente, foi o que me informaram. O atendente dos banhosM

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Ainda est#o procurando por ele. -em resultado ainda. Estamos vigiando tudo@aeroportos, esta&)es de trem, tudo enfim. -e surgir algum sinal dele, mandareiavisá'lo imediatamente. 2uito bem. $ispensado, coronel. "erasimov voltou aos papéis em sua mesa.

O diretor'geral da 1omiss#o para a -eguran&a do Estado permitiu'se um sorrisodepois que Gatutin saiu. Iicou espantado ao saber como tudo corria bem. O golpede mestre era o caso GaneLeva. (#o era comum descobrir uma rede de espi)es em2oscou, e, quando aquilo acontecia, as congratula&)es sempre vinhamacompanhadas da pergunta@ :or "ue demorou tanto0 $essa vez isso n#oaconteceria. (#o, n#o com o pai de GaneLeva a ponto de ser indicado para o/olitburo. E o secretário (armonov achava que ele seria leal ao homem que ar'ranjara a promo&#o. (armonov, com todos os seus sonhos de reduzir osarmamentos, de rela!ar o aperto que o /artido mantinha sobre a na&#o, de<liberalizar< o que fora legado ao /artido... "erasimov pretendia mudar tudo isso.(#o seria fácil, claro. "erasimov possuía apenas tr0s aliados poderosos no

/olitburo, mas entre eles incluía'se Ale!androv, o idealista a quem o secretário n#ofora capaz de aposentar depois que ele mudara sua fidelidade. E agora tinha umoutro, completamente desconhecido do camarada secretário'geral. /or outro lado,(armonov tinha o apoio do E!ército.Esse era um legado de 2athias Kust, o jovem alem#o que pousara seu 1essnaalugado na /ra&a Germelha. (armonov era um político sagaz. Kust penetrara noespa&o aéreo da 7ni#o -oviética no $ia do "uarda de Ironteira, uma coincid0nciaque ele n#o soubera e!plicar e (armonov negara : ;"N a oportunidade deinterrogar adequadamente o delinq6enteP O jovem encenara seu v9o no nico dia doano em que se podia ter certeza de que enorme for&a de guardas de fronteira da;"N estaria gloriosamente b0bada. Hsso permitira que passasse sem ser notadoatravés do golfo da Iinl%ndia. $epois, a $efesa Aérea falhara em detectá'lo, e orapaz aterrissara bem em frente : 1atedral de -#o Nasílio.O secretário'geral (armonov agira rapidamente depois disso@ e!onerara ocomandante da $efesa Aérea e o ministro da $efesa -o3olov depois de uma agitadareuni#o do /olitburo, onde "erasimov fora incapaz de levantar obje&)es, para n#ocolocar em perigo sua posi&#o. O novo ministro da $efesa, $. 8. Wazov, era umhomem do secretário, um jo#o'ninguém em posi&#o inferior na lista de oficiaissuperiores um homem que, tendo falhado em merecer seu posto, dependia dosecretário para permanecer nele. Hsso havia coberto o flanco mais vulnerável de(armonov. A complica&#o adicional que o fato trazia era que Wazov estava ainda

aprendendo, e dependia de veteranos como Iilitov para ensiná'lo.* Vatutin pensa "ue esse & simplesmente um caso de contraEespiona%em,resmungou "erasimov para si mesmo.Os procedimentos de seguran&a que envolviam os dados do 1ardeal impediamIoleL de enviar qualquer informa&#o pelas vias normais. 2esmo cdigos dedespistamento, teoricamente impenetráveis, pareciam'lhe arriscados. -endo assim,a folha da capa de seu ltimo relatrio alertaria a fraternidade $elta de que asinforma&)es despachadas n#o eram e!atamente o esperado.8al constata&#o obrigou Nob Kitter a se levantar de sua cadeira. Iez suas fotocpiase destruiu os originais antes de dirigir'se : sala do juiz 2oore. "reer e KLan jáestavam lá quando chegou.

Ele ficou sem filme informou o diretor de Opera&)es, t#o logo fechou a porta. O qu0M espantou'se 2oore. -urgiu uma nova informa&#o. /arece que nossos colegas da ;"N possuem um

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agente infiltrado em -ea ;lipper que acabou de conseguir a maior parte do projetosobre esse novo e miraculoso espelho, e o 1ardeal decidiu que esse dado era maisimportante. (#o tinha filme para fotografar tudo, por isso decidiu'se por relatar asinten&)es da ;"N. 8emos apenas metade dos planos do laser.

2etade pode ser suficiente observou KLan.Kitter fechou a cara. (#o estava nem um pouco satisfeito com o fato de que KLanagora tivesse acesso a informa&)es $elta. Ele discute os efeitos da mudan&a no projeto, mas n#o há nada sobre aaltera&#o em si. /odemos identificar a fonte do vazamento de informa&)es em nosso ladoM indagou o almirante "reer. 8alvez. E alguém que entende muito de espelhos. /ar3s precisa providenciar isso bem rápido. KLan, voc0 esteve lá em pessoa. O que achaM O teste a que assisti validou o desempenho do espelho e do programa decomputador que o controla. -e os russos puderem duplicá'lo... Nem, sabemos que

eles t0m a parte do laser completamente resolvida, certoM Ele parou por ummomento. 1avalheiros, isso tudo é assustador. -e os russos chegarem láprimeiro, isso acaba com todos os critérios de controles de armas e nos dei!a comuma situa&#o estratégica em deteriora&#o. >uero dizer, levaria vários anos antesque o problema em si aparecesse, mas... Nem, se nosso homem conseguir outro maldito filme disse o diretor deOpera&)es , podemos trabalhar nisso ns mesmos. As boas novas s#o que essesujeito, Nondaren3o, que 2isha escolheu para dirigir o setor de laser no ministério,vai manter nosso homem informado sobre o que está acontecendo. As másnotícias... Nem, n#o precisamos discutir isso agora disse o juiz 2oore. KLan n#oprecisava saber de nada sobre esse assunto, diziam seus olhos a Kitter, queimediatamente concordou. Bac3, disse que tinha mais alguma coisaM Gai haver uma nova indica&#o para o /olitburo na segunda'feira@ HlLa Ar3adLevichGaneLev. Hdade@ *, vivo. 8em apenas uma filha, -vetlana, que trabalha no"osplan ela é divorciada e tem uma filha. GaneLev é uma pessoa bem direta,honesto pelos padr)es deles, n#o muito metido com a roupa suja que conhecemos.Ele está sendo promovido de uma vaga no 1omit0 1entral. Ioi ele o cara queassumiu o cargo na Agricultura que (armonov ocupou com um sucesso razoável. Aidéia corrente é que ele seja um homem de (armonov. Hsso daria quatro membroscom direito a voto a favor de (armonov, e...

Ele parou quando viu o olhar doloroso no rosto dos outros tr0s. Algo erradoM Essa filha dele observou o juiz 2oore. Ela está na folha de pagamentos de-ir Nasil. 1ancelem o contrato disse KLan. -eria timo conservar esse tipo de fontede informa&#o, mas um esc%ndalo agora poderia amea&ar (armonov. R melhor aposentá'la. /odem reativá'la dentro de alguns anos, mas no momento desativem'na. 8alvez n#o seja assim t#o fácil comentou Kitter, dei!ando o assunto nesseponto. 1omo vai o relatrioM 8erminei ontem.

R apenas para o presidente e mais uns poucos. Esse vai ser bastante restrito. R justo. /osso imprimi'lo esta tarde. -e isso é tudo...Era. KLan dei!ou a sala. 2oore aguardou a porta se fechar e falou@

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Ainda n#o contei a ninguém, mas o presidente Ernie Allen anda preocupado coma posi&#o política de (armonov outra vez. Ele teme que a ltima mudan&a deposi&#o dos soviéticos indique enfraquecimento de apoio interno, e convenceu opatr#o de que agora n#o é um bom momento para impor certos itens. A implica&#o

disto, se trou!ermos agora o 1ardeal, bem, talvez provoque um efeito político in'desejável. -e 2isha for apanhado, teremos os mesmos efeitos políticos ressaltou Kitter. -em mencionar o efeito pernicioso que teria sobre nosso homem. Arthur, est#oatrás dele. 8alvez tenham chegado até a filha de GaneLev... Ela está de volta ao trabalho no "osplan afirmou o diretor'geral. 1laro, e o homem da lavanderia desaparecido. Eles chegaram até ela e afizeram falar insistiu o diretor de Opera&)es. /recisamos tirá'lo de lá de umavez por todas. (#o podemos dei!á'lo e!posto : sorte, Arthur. 7e!emos a essehomem. (#o posso autorizar a remo&#o dele sem aprova&#o do presidente. Kitter quase

e!plodiu. Ent#o arrumeP Ioda'se a política... nesse caso, foda'se a política. E!iste um ladoprático em tudo isso, Arthur. -e dei!armos um homem como ele ser apanhado e n#olevantarmos um dedo para proteg0'lo... >ue diabos, os russos v#o fazer umaminissérie de televis#o sobre o assuntoP Gai nos custar muito a longo prazo do queesse li!o político temporário. Espere um pouco pediu "reer. -e eles fizeram falar a filha do cara do/artido, como é que ela voltou ao trabalhoM /olíticaM ponderou 2oore. Acha que a ;"N é incapaz de magoar a famíliado sujeitoM 1ertoP atalhou o diretor de Opera&)es. "erasimov está na fac&#o oposta, eele dei!aria passar uma oportunidade para negar um lugar no /olitburo a um homemde (armonovM Hsso me cheira a política, sim, mas n#o desse tipo. R mais provávelque Ale!androv tenha o rapaz no bolso do colete e (armonov n#o saiba de nadasobre isso. Ent#o acha que ela falou, mas a dei!aram ir e a est#o usando para fazer press#ocontra o paiM indagou 2oore. Iaz sentido. 2as n#o há provas. Ale!androv está muito velho para ocupar o cargo ele mesmo, e de qualquer maneira o idealista parece nunca querer atingir o lugar mais alto... é mais divertidobrincar de criador de reis. "erasimov era seu preferido, entretanto, e sabemos quepossui ambi&#o suficiente para fazer'se coroar (icolau HHH.

Nob, voc0 acaba de dar outra tima raz#o para n#o balan&ar o barco agora. "reer saboreou um gole de café por um instante. 8ambém n#o gosto da idéia dedei!ar Iilitov onde está. >uais s#o as chances de que ele possa ficar abai!adoM>uero dizer, da maneira que as coisas est#o, ele talvez consiga se livrar dasacusa&)es que possam levantar contra ele. (#o, Bames. Kitter sacudiu enfaticamente a cabe&a. (#o podemos dei!ar que ele <fique abai!ado<, porque precisamos do resto desse relatrio, certoM -e elecorre o risco de enviar o material apesar da aten&#o que anda despertando, n#opodemos dei!á'lo entregue : prpria sorte. (#o é justo. Tembre'se do que essehomem fez ao longo dos anos. Kitter argumentou por vários minutos, demons'trando a feroz lealdade ao seu pessoal que aprendera como jovem agente

controlador. Embora os agentes precisassem ser tratados como crian&as,encorajados, apoiados e disciplinados, eles se tornavam como suas crian&as, equalquer perigo que os amea&asse precisava ser combatido.

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O juiz 2oore terminou a discuss#o. -eus argumentos est#o bem estabelecidos, Nob, mas mesmo assim preciso falar com o presidente. Hsso n#o é mais uma opera&#o de campo.Kitter fez pé firme.

Gamos dei!ar tudo preparado. 1erto, mas n#o vai ser colocado em prática até que obtenhamos aprova&#o.O tempo em Iaslane estava péssimo, mas naquela época do ano geralmente eraassim. 7m vento de quase DD quil9metros por hora a&oitava a costa escocesa comchuva e neve quando o 7allas subiu : superfície. 2ancuso ocupou seu posto ao altoda torre e e!aminou as colinas rochosas no horizonte. Acabara de completar umatravessia em velocidade, cruzando o Atl%ntico a uma média da trinta e um ns, for'&ando as máquinas tanto quanto ousava por um longo período de tempo, semmencionar a navega&#o submersa muito mais perto da costa do que ele teriapreferido. Nem, era pago para obedecer :s ordens, n#o para gostar delas. As vagas eram de cerca de D metros e o barco ondulava com elas, balan&ando em

sua rota a doze ns. O mar passava diretamente sobre a proa esférica e subia ao vir de encontro : superfície rombuda da torre. 2esmo o traje de tempestade n#oajudava muito. Em poucos minutos ele ficou encharcado e tremendo. 7m rebocador da 2arinha Keal brit%nica apro!imou'se e tomou posi&#o a estibordo da proa, con'duzindo o submarino para o lago, enquanto 2ancuso lidava com o balan&o. 7m dosseus mais bem guardados segredos profissionais era um toque ocasional de enj9o.Estar na torre ajudava, mas os tripulantes no interior do casco cilíndrico dosubmarino lamentavam agora o almo&o pesado servido algumas horas antes.Em uma hora estavam em águas abrigadas, fazendo a curva em <-< para o interior da base que abrigava submarinos nucleares ingleses e americanos. 7ma vez lá, ovento mudou para melhor, facilitando a entrada da grande massa cinzenta dosubmarino no ancoradouro. As pessoas que os aguardavam lá permaneciamabrigadas em alguns carros, enquanto os cabos eram jogados e amarrados pelatripula&#o de convés do submarino. Togo que as amarras foram passadas, 2ancusodesceu para sua cabine.-eu primeiro visitante foi um comandante. Esperava um oficial de submarino, masesse n#o trazia nenhum tipo de divisas. Aquilo o denunciava como alguém daHntelig0ncia. 1omo foi a travessia, capit#oM perguntou o homem. -ossegada. Vamos lo%o com isso8  Goc0 zarpa em tr0s horas. Aqui est#o suas ordens de miss#o. Ele entregou um

envelope de papel manilha com lacres e uma notana frente que instruía 2ancuso sobre a hora em que poderia abri'lo. Embora fossecoisa freq6ente em filmes, era a primeira vez que isso acontecia a ele comocomandante. "eralmente se podiam discutir as miss)es com as pessoas que asordenavam. 2as n#o dessa vez. 2ancuso assinou o recibo pelas ordens, trancou'asno cofre sob o olhar atento do indivíduo e dispensou'o. 2erdaP desabafou o capit#o para si mesmo. Agora os convidados podiamsubir a bordo.Eles eram dois, ambos em roupas civis. O primeiro desceu pela escotilha decarregamento de torpedos com a agilidade de marinheiro profissional. 2ancuso logoviu por qu0.

Oi, capit#oP Bones, que dem9nios está fazendo aquiM O almirante Qilliamson me deu uma escolha@ ou ser chamado novamente para

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um servi&o ativo temporário, ou vir a bordo como <técnico civil<. /aga melhor. Bones abai!ou a voz. Este aqui é o senhor 1lar3. Ele n#o fala muito.E n#o falou. 2ancuso designou'lhe o beliche de reserva no camarote do engenheiro.$epois que seu equipamento desceu pela escotilha, o sr. 1lar3 entrou no quarto,

fechou a porta atrás de si e foi tudo. Onde quer que eu coloque minhas coisasM perguntou Bones. Fá um beliche sobressalente na despensa, mas ela fede respondeu 2ancuso. Stimo. -empre se pode comer melhor, de qualquer jeito. 1omo vai a escolaM 2ais um semestre até o meu mestrado. Bá estou recebendo proposta de algunsfornecedores. E fiquei noivo. Bones pu!ou a carteira e mostrou uma fotografia aocapit#o. O nome dela é ;im, e trabalha numa biblioteca. /arabéns, senhor Bones. Obrigado, capit#o. O almirante me disse que o senhor precisava mesmo de mim.;im compreende. O pai dela é do E!ército. Ent#o, o que aconteceuM Aparece algum

tipo de opera&#o especial e voc0 n#o conseguiu ficar sem mim, certoM <Opera&)es especiais< era um eufemismo que cobria todo tipo de atividade, a maior parte delas perigosa. (#o sei. Ainda n#o me disseram. Nem, mais uma viagem <para o norte<, até que n#o seria ruim observou Bones. /ara ser honesto, até que eu senti falta disso.2ancuso n#o acreditava que fossem para lá, mas refreou seu impulso de diz0'lo emvoz alta. Bones foi a vante para arrumar suas coisas. 2ancuso foi até o camarote doengenheiro. -enhor 1lar3M -im, senhor. Ele pendurou a jaqueta, revelando que usava uma camiseta demanga curta. O homem tinha pouco mais de 5+, avaliou 2ancuso. A primeira vista, ele n#o parecia assim t#o especial, pouco mais de C, V+ metro, decomplei&#o magra, porém 2ancuso reparou que ele n#o tinha as gorduras da meia'idade ao redor da cintura e os ombros eram mais largos do que pareciam com opalet. Ioi a segunda olhada para o bra&o que juntou mais uma pe&a ao quebra'cabe&a. 2eio escondida sob os p0los do antebra&o, estava uma tatuagem, queparecia uma foca vermelha com um sorriso largo e impudente. 1onheci um cara com uma tatuagem como essa. 7m agente. Está com o "rupo'-eis agora. -#o histrias, capit#o. (#o tenho permiss#o para falar sobre isso, senhor.

$o que se trata, afinalM -enhor, suas ordens v#o... -em essa. 2ancuso sorriu. Eles levam tudo ao pé da letra. Envolve fazer um pickEup#6eu 7eus8 2ancuso acenou, impassível. Gai precisar de mais algum apoioM (#o, senhor. 8iro solitário. - eu e meu equipamento. 1erto. /odemos estudar os detalhes depois de zarparmos. Goc0 vai comer nacopa. $escendo a escada aí do lado de fora, depois uns metros a ré, a estibordo.2ais uma coisa@ o tempo é problemaM (#o, a menos que se importe de esperar. /arte desse assunto ainda está no ar...

e é s isso que posso dizer agora, capit#o. $esculpe, mas também tenho minhasordens. R justo. Goc0 fica na cama de cima. $urma um pouco se precisar.

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Obrigado, senhor. 1lar3 observou o capit#o saindo, mas n#o sorriu até a portase fechar.Ele nunca subira a bordo de um submarino classe Tos Angeles. A maior parte dasmiss)es eram realizadas pelos menores e mais ágeis -turgeon. Ele sempre dormia

no mesmo lugar, sempre no beliche superior do camarote do engenheiro, a nicacama sobressalente na embarca&#o. 8eve o problema de sempre ao acondicionar seu equipamento, mas <1lar3< já fizera aquilo muitas vezes e conhecia todos os tru'ques. Estava cansado do v9o e precisava descansar algumas horas. A cama erasempre a mesma, presa ao casco do submarino. Era como dormir num cai!#o com atampa meio aberta. A gente precisa admirar os americanos pela sua esperteza disse 2orozov.8inham sido algumas semanas bem ocupadas em $ushanbe. Hmediatamente aps oteste mais precisamente, logo aps a partida do representante de 2oscou ,dois dos seis geradores de laser foram desativados e desmontados para reparos, edescobriu'se que as partes pticas estavam bastante chamuscadas. Ent#o ainda

havia um problema com a camada ptica, afinal de contas. /rovavelmente controlede qualidade, observara o chefe de sua se&#o, despachando o problema para outrogrupo de engenheiros. O que tinham agora era muito mais e!citante. Ali estava oprojeto do espelho americano do qual tinham ouvido falar durante anos. A idéia veio de um astr9nomo. Ele queria uma forma de obter fotografiasestelares que n#o sofressem <cintila&)es<. (inguém se incomodou em dizer'lhe queisso era impossível, portanto ele foi em frente e conseguiu. Eu conhecia a idéiabásica, mas n#o os detalhes. Goc0 tem raz#o, meu jovem. Hsso é muito engenhoso.Engenhoso demais para ns. O homem resmungou enquanto folheava aspáginas que continham a especifica&#o dos computadores. (#o temos nada quepossa obter esse desempenho. - para construir esses atuadores... (em sei seconseguimos fazer isso. Os americanos esta construindo o telescpio... Eu sei, no Favaí. 2as esse do Favaí fica muito aquém deste, tecnicamentefalando. Os americanos fizeram um avan&o que ainda n#o penetrou na comunidadecientífica em geral. Observe a data no diagrama. Eles podem estar operando comesse agora mesmo. Ele balan&ou a cabe&a. Est#o : nossa frente. Goc0 precisa partir. 1erto. Obrigado por me proteger por tanto tempo. A gratid#o de EduardGassilLevich Altunin era sincera. Ele tivera um canto onde dormir e várias refei&)esquentes que o sustentaram enquanto fazia seus planos.

Ou tentou. (#o tentou nem mesmo apreciar as condi&)es desvantajosas sob asquais trabalhava. (o Ocidente ele poderia ter arranjado facilmente novas roupas,uma peruca para disfar&ar o cabelo, e até mesmo um conjunto de maquilagemteatral que vinha com instru&)es sobre como alterar a apar0ncia. (o Ocidente elepoderia ter'se escondido no banco traseiro de um carro e ser transportado *++quil9metros em menos de quatro horas. Em 2oscou n#o tinha nenhuma dessas op'&)es. A ;"N já teria revistado seu apartamento :quela hora, e determinado queroupa usava. Eles sabiam como era seu rosto e a cor de seu cabelo. A nica coisaque evidentemente n#o conheciam era seu pequeno círculo de amizades do servi&omilitar no Afeganist#o. (unca falara com ninguém sobre eles.Ofereceram a ele um tipo de casaco diferente, mas n#o serviu, e ele n#o desejava

comprometer aquela gente mais do que já estavam. 8inha sua histria pronta@escondera'se com um grupo de criminosos a algumas quadras de dist%ncia. 7m fatopouco conhecido a respeito de 2oscou no Ocidente era a situa&#o do crime, que era

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ruim, e piorava cada vez mais. Embora 2oscou ainda n#o se equiparasse :s cida'des americanas do mesmo tamanho havia regi)es onde n#o era muito prudenteandar sozinho : noite. 2as, uma vez que os estrangeiros n#o as visitavamfreq6entemente, e já que os criminosos de rua raramente importunavam

estrangeiros faz0'lo provocaria uma resposta rosa e imediata da 2ilícia de2oscou , o conhecimento da situa&#o se espalhava devagar.Ele saiu de 8rofimovo, uma via pblica encardida perto do rio. Altunin maravilhou'secom o tamanho de sua estupidez. -empre dissera a si mesmo que, se precisasseescapar da cidade, ele o faria numa barca&a de carga. -eu pai trabalhara numadelas a vida inteira, e Eduard sabia de esconderijos que ninguém encontraria maso rio congelara'se, o tráfego das barca&as estava paralisado e ele n#o haviapensado nissoP Altunin enraivecia'se consigo mesmo.Não az muito sentido preocuparEme com isso no momento, disse a si mesmo. -emde ha!er outra maneira# Ele sabia que a fábrica de automveis 2os3vich, por ondeos trens passavam o ano todo, ficava a apenas C quil9metro dali. 8entaria apanhar 

um que fosse para o sul, talvez num vag#o de carga carregado de autope&as. 1omsorte chegaria : "ergia soviética, onde ninguém faria quest#o de inspecionar seusdocumentos com muita meticulosidade. As pessoas podiam desaparecer na 7ni#o-oviética. $inal de contas, & um país com RMC milh/es de habitantes, ele disse a simesmo. As pessoas sempre perdem ou danificam seus documentos. /erguntou'sequantos desses pensamentos eram realistas e quantos eram apenas uma tentativade animar a si mesmo.2as n#o podia parar agora. Favia come&ado no Afeganist#o e imaginou se iria parar algum dia.(o come&o conseguira controlar'se. 1omo cabo numa companhia de artefatosmilitares, trabalhava com o que os soviéticos chamavam eufemisticamente de<dispositivos antiterroristas<. Eram distribuídos pelo ar ou com mais freq60ncia pelossoldados soviéticos completando uma <varredura< numa vila. Alguns eram bonecastípicas russas, as matryoshka, uma figura de traseiro volumoso enrolada em len&oscoloridos um caminh#ozinho ou uma caneta'tinteiro. Os adultos aprendiam rápido,mas as crian&as eram t#o amaldi&oadas com a curiosidade quanto com aincapacidade de aprender com o erro dos outros. Togo se verificou que as crian&asapanhavam qualquer coisa, e o nmero de bonecas'bombas distribuído diminuiu.7ma coisa, porém, permaneceu constante@ quando apanhados os objetos, C++gramas de e!plosivos detonavam. -eu trabalho consistia em montar as bombas eensinar aos soldados como usá'las de modo adequado.

 Altunin n#o pensara muito nisso, a princípio. Era seu trabalho, e as ordens parafaz0'lo vinham lá do alto os russos n#o s#o, por temperamento ou por condicionamento na educa&#o, inclinados a questionar ordens superiores. Além domais, tratava'se de um trabalho seguro e fácil. Ele n#o precisava andar carregandoum rifle naquele país de bandidos. Os nicos momentos de perigo para ele foramnos bazares de ;abul, e ele sempre fora cuidadoso para andar em grupos de cincoou mais. 2as numa daquelas e!curs)es ele vira uma crian&a menino ou menina,ele n#o sabia cuja m#o direita era agora um coto, e cuja m#e olhara para ele eseus companheiros de uma forma que jamais conseguiria esquecer. Ele ouvirahistrias sobre como os bandidos afeg#es tinham um prazer especial em esfolar vivos os pilotos soviéticos capturados, e de como as mulheres costumavam cuidar 

completamente do assunto. Ele achava que essa era uma clara evid0ncia dobarbarismo desses povos primitivos mas uma crian&a n#o era primitiva. Omar!ismo afirmava isso. 8ome qualquer crian&a, forne&a escola e lideran&a

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adequadas, e terá um comunista por toda a vida. 2as n#o aquela crian&a. Elelembrava tudo sobre aquele dia quente de novembro, dois anos atrás. A feridaestava completamente curada, e a crian&a na verdade sorria, muito jovem paraentender que seu defeito duraria a vida inteira. 2as a m#e sabia, e sabia como e por 

que sua crian&a seria punida por ter... nascido. E depois disso o trabalho seguro efácil n#o fora mais o mesmo. 1ada vez que parafusava a parte dos e!plosivos, viauma pequena e rechonchuda m#o infantil. 1ome&ou a v0'las em seus sonhos. Abebida e até uma e!peri0ncia com ha!i!e n#o conseguiram fazer com que asimagens desaparecessem. 1onversar com seus amigos técnicos também n#oajudara embora tivesse atraído a ira do zampolit, o supervisor político de suacompanhia. Era uma coisa difícil de fazer, o supervisor e!plicara, mas necessáriapara evitar uma perda maior de vidas, compreendeM Keclamar sobre isso n#o iriamudar nada, a menos que o cabo Altunin quisesse transfer0ncia para umacompanhia de combate, a fim de verificar por si mesmo por que tais medidas eramnecessárias.

Ele sabia agora que deveria ter aceitado aquela oferta e odiou'se pela covardia queo impedira. -ervi&o numa companhia na linha de frente poderia ter ajudado arestaurar sua auto'imagem, poderia  poderia ter eito muitas coisas, disse Altunin asi mesmo, s que n#o fizera a escolha, e n#o fizera diferen&a nenhuma. (o final,tudo o que conseguira para si fora uma carta do zampolit, que viajaria com ele oresto de sua vida. Agora tentava e!piar o mal que fizera. $isse a si mesmo que talvez já o tivessee!piado e agora, com muita sorte, poderia desaparecer, e talvez pudesseesquecer os brinquedos que preparara para sua miss#o maldosa. Esse era o nicopensamento positivo para o qual havia espa&o em sua mente, nessa noite fria eencoberta.  Andou em dire&#o ao norte, mantendo'se afastado das cal&adas sujas,permanecendo nas sombras, longe da luz da rua. 8rabalhadores de um dos turnos,voltando para casa vindo da fábrica 2os3vich, tornavam as ruas agradavelmenteapinhadas, mas quando chegou ao pátio de manobras ao lado de fora da fábrica omovimento cessara. 1ome&ou a nevar fortemente, reduzindo a visibilidade para C++metros mais ou menos, com pequenos globos de flocos em volta de cada uma dasluzes sobre os vag)es de carga estacionados. 3m trem parecia estar se ormandomais acima, pro!a!elmente em dire+ão sul, disse a si mesmo. Tocomotivas demanobras empurravam vag)es fechados de um lado para outro. Ele ficou algunsminutos escondido por um vag#o, certificando'se de que sabia o que estava

acontecendo. O vento amainou enquanto ele observava, e Altunin procurou ummelhor ponto de observa&#o. Favia um grupo de vag)es fechados a uns D+ metrosde dist%ncia, de onde poderia en!ergar melhor. 7m dos vag)es tinha a porta aberta,e ele precisava inspecionar o mecanismo da fechadura, se pretendia entrar nointerior de um deles. Andou até lá com a cabe&a abai!ada para proteger o rosto dovento. A nica coisa que ouvia, além do ranger da neve esmagada por suas botas,eram os silvos de sinaliza&#o das locomotivas de manobras. *ra um ruído ami%!el,disse a si mesmo, o som que iria mudar sua vida, talvez mostrando o caminho que olevaria a algo parecido com liberdade.Iicou surpreso ao verificar que havia pessoas no interior do vag#o. 8r0s indivíduos.

$ois seguravam cai!as dp autope&as As m#os do terceiro estavam vazias, até que

enfiou uma delas no bolso e voltou empunhando uma faca. Altunin come&ou a dizer alguma coisa. (#o se importava se eles estavam ou n#oroubando pe&as para vender no mercado negro. (#o estava nem um pouco

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preocupado, mas, antes que pudesse falar, o terceiro homem pulou sobre ele. Altunin ficou tonto quando sua cabe&a bateu num trilho de a&o. Estava consciente,porém n#o conseguiu mover'se por um segundo, surpreso demais para estar commedo. O homem voltou'se e disse alguma coisa. Altunin n#o conseguiu entender,

mas o tom era agudo e urgente. Ainda tentava entender o que estava acontecendoquando seu atacante voltou'se e cortou sua garganta. (#o chegou nem mesmo asentir dor. >uis e!plicar que n#o estava... interessado... n#o se importava... squeria... 7m deles ficou sobre ele, com duas cai!as nos bra&os, claramenteamedrontado. Altunin achou isso muito estranho, desde que era ele quem estavamorrendo...$uas horas depois, uma locomotiva de manobras n#o p9de parar a tempo quandoseu maquinista notou uma forma estranha nos trilhos, coberta de neve. Ao ver o quehavia passado, chamou o manobrista. 

1$Con3er4ncias Nelo trabalho comentou Gatutin. Os filhos da puta. .uebraram as re%ras,disse para si mesmo. As regras n#o estavam escritas, mas eram bem reais@ a 1HAn#o mata soviéticos na 7ni#o -oviética a ;"N n#o mata americanos, ou mesmofugitivos soviéticos nos Estados 7nidos. 8anto quanto Gatutin sabia, a regra nuncafora quebrada por nenhum dos dois lados pelo menos n#o t#o obviamente. A re'gra fazia sentido@ o trabalho das ag0ncias de Hntelig0ncia era reunir informa&)es seos agentes da 1HA e da ;"N gastassem o tempo matando pessoas com ainevitável retalia&#o e contra'retalia&#o , o trabalho principal n#o seria feito./ortanto, o negcio de Hntelig0ncia era civilizado e pre!isí!el# (os países do 8erceiro2undo aplicavam'se regras diferentes, claro, mas nos Estados 7nidos e na 7ni#o-oviética as regras eram seguidas ao pé da letra..uer dizer, at& a%ora ― a menos "ue eu esteja disposto a acreditar "ue esse pobrecoitado tenha sido assassinado por ladr/es de pe+as8 Gatutin imaginou se a 1HAhavia contratado os servi&os de um bando de criminosos ele suspeitava 5e queos americanos usavam criminosos soviéticos para assuntos sensíveis demais paraas prprias m#os imaculadas. 5sso não seria uma !iola+ão técnica das re%ras, seria0/erguntou'se se os homens do /rimeiro $iretrio nunca se utilizaram de umamanobra similar...

8udo o que sabia no momento era que o pr!imo passo na cadeia de <elos< dacorrente de mensageiros estava morto a seus pés, e com ele a nica esperan&a defazer a liga&#o entre o microfilme e o espi#o americano no 2inistério da $efesa.Gatutin corrigiu'se@ também sabia que precisava informar o diretor'geral dentro deapro!imadamente seis horas. /recisava de uma bebida. Gatutin sacudiu a cabe&a eolhou para bai!o, na dire&#o do que restava de seu suspeito. A neve caía t#orapidamente que n#o se podia mais ver o sangue. . -abe, se eles tivessem sido um pouquinho mais espertos quando colocaram ocorpo nos trilhos, talvez tivéssemos catalogado como acidente observou outroagente da ;"N. Apesar do horrendo trabalho e!ecutado no corpo pelas rodas dalocomotiva, ficava patente que a garganta fora habilmente cortada com uma faca de

l%mina estreita. A morte, segundo o relatrio do médico designado, n#o demoraramais do que um minuto. (#o havia sinal de luta. As m#os da vítima do traidorP n#o estavam cortadas ou machucadas. Ele n#o reagira contra quem quer que o

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tivesse matado. 1onclus#o@ o assassino era provavelmente conhecido da vítima./oderia ter sido um americanoM /rimeira coisa disse Gatutin. >uero saber se algum americano estavaausente da resid0ncia entre CV e 4* horas. Ele se voltou. $outorP

-im, coronelM >ual foi mesmo a hora da morteM A julgar pela temperatura dos peda&os maiores, entre horas da noite e meia'noite. 2ais perto das , eu acho, mas o frio e a neve dificultam muito. Aemmencionar o estado dos restos, pensou ele.Gatutin voltou'se para seu assistente principal. >ualquer um que n#o estivesse em casa nesse horário, quero saber quem,onde, quando e por qu0. Aumentamos a vigil%ncia sobre todos os estrangeirosM pensou em voz alta ohomem. /recisarei ir ao diretor'geral para isso, mas estou pensando em faz0'lo. >uero

que voc0 fale com o chefe dos investigadores da 2ilícia. Hsso deve ser classificadocomo ultra'secreto. (#o precisamos de uma multid#o de policiais desajeitadosatrapalhando esse assunto. Entendido, camarada coronel. Eles s est#o interessados em recuperar as pe&asroubadas, de qualquer jeito observou acidamente o homem. *sse ne%1cio deperestroi3a est transormando todo mundo em capitalista8 Gatutin foi até o maquinista. Está frio, n#oM A mensagem foi recebida. -im, camarada. 8alvez gostasse de alguma coisa para espantar o frioM -eria muita bondade sua, camarada engenheiro. O prazer é todo meu, camarada coronel. O maquinista e!ibiu imediatamenteuma pequena garrafa. Togo percebeu que o homem era um coronel da ;"N epensou que estivesse perdido. 2as o homem parecia bastante decente. -euscolegas tinham a apar0ncia de negociantes, as perguntas que faziam pareciamrazoáveis e o homem parecia quase : vontade, até que percebeu que poderia ser punido por manter uma garrafa no trabalho. Observou o homem dar um longo gole,depois devolver a garrafa. Apasibo ― agradeceu o homem da ;"N e afastou'se na neve.Gatutin estava aguardando na antec%mara da sala do diretor'geral quando elechegou. Ouvira que "erasimov era um trabalhador dedicado, sempre : sua mesa :s

?h*+. As histrias se confirmaram. Ele passou pela porta :s ?h4D e acenou para queo homem do <$ois< o seguisse para o interior do escritrio. NemM Altunin foi assassinado na noite passada, no pátio de manobras e!terior dafábrica de automveis 2os3vich. A garganta foi cortada e o corpo foi colocado nostrilhos, onde foi atropelado por uma locomotiva de manobras. 8em certeza de que era eleM perguntou "erasimov com um franzir desobrancelhas. -im, ele foi identificado positivamente. Eu mesmo reconheci seu rosto. Ele foiencontrado pr!imo a um vag#o ostensivamente arrombado, em que algumas pe&asestavam faltando.

Oh, quer dizer que ele trope&ou numa scia de bandidos do mercado negro, eeles convenientemente o mataramM E o que está parecendo, camarada diretor'geral concordou Gatutin. Achei a

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coincid0ncia inconsistente, mas n#o há nenhuma prova física para contradiz0'la.(ossas investiga&)es continuam. Agora estamos verificando o endere&o doscompanheiros do servi&o militar de Altunin, para saber se algum mora na área, masn#o tenho muita esperan&a de conseguir alguma coisa por esse lado.

"erasimov apertou o bot#o para mandar vir o chá. O secretário apareceu numinstante, e Gatutin compreendeu que aquilo deveria fazer parte de uma rotina matinalestabelecida. O diretor'geral aceitava as coisas mais facilmente do que o coronelpensara. Fomem do /artido ou n#o, ele agia como um profissional. /ortanto, até agora temos tr0s mensageiros de documentos secretos queconfessaram e mais um identificado positivamente, s que infelizmente assassinado.O que morreu foi visto nas pro!imidades do ajudante de confian&a do ministro da$efesa, e um dos vivos identificou seu contato como sendo estrangeiro, mas n#op9de identificar positivamente o rosto. Em pouco tempo teremos o meio dessacorrente, mas nenhuma das pontas. E!atamente, camarada diretor'geral. A vigil%ncia sobre os dois coronéis do

ministério continua. /roponho que intensifiquemos a vigil%ncia sobre a comunidadeda embai!ada americana."erasimov acenou positivamente. Aprovado. Está na hora da minha reuni#o matinal. 1ontinue pressionando paraencontrar uma brecha no caso. Está com apar0ncia melhor agora que parou debeber, Gatutin. -into'me melhor, camarada diretor'geral admitiu ele. Stimo. "erasimov levantou'se, e seu visitante fez o mesmo. Acha mesmoque nossos colegas da 1HA mataram o prprio agenteM A morte de Altunin foi conveniente demais para eles. 1ompreendo que isto seriauma viola&#o do nosso... nosso acordo nesse campo, mas... 2as estamos lidando com um espi#o altamente colocado, e sem dvida eles t0mo maior interesse em proteg0'lo. -im, eu entendo isso. 1ontinue pressionando,Gatutin repetiu "erasimov.IoleL também já se encontrava no escritrio. -obre sua mesa estavam tr0smagazines de filmes para o 1ardeal. O pr!imo problema era entregar as malditascoisas. O negcio da espionagem era uma massa interligada de contradi&)es. Algumas partes eram diabolicamente difíceis. Algumas situa&)es carregavam o tipode perigo que o fazia desejar n#o ter saído do NeF Jork -imes# Outras, porém, eramt#o simples que poderia confiá'las a um de seus filhos. Hsso lhe ocorrera váriasvezes n#o que tivesse levado a sério a possibilidade, mas, nos momentos em que

sua mente estava afetada por alguns copos a mais, imaginava que Eddie poderiaapanhar um peda&o de giz e fazer uma certa marca num certo lugar. $e tempos emtempos, o pessoal da embai!ada andava por 2oscou fazendo coisas levemente forado normal. $urante o ver#o usavam flores nas lapelas e as removiam sem nenhummotivo aparente os agentes da ;"N que os observavam procuravamansiosamente pelas cal&adas pela pessoa a quem o <sinal< era dirigido. /or todo oano alguns vagavam, tirando fotografias de cenas comuns nas ruas. (a verdade,nem lhes era preciso pedir. Alguns dos membros da embai!ada s precisavamliberar o lado e!c0ntrico de sua personalidade americana para dei!ar os russosloucos da vida. /ara um agente de contra'espionagem, "ual"uer coisa poderia ser um sinal secreto@ um protetor solar abai!ado num carro estacionado, um pacote

dei!ado no banco da frente, a dire&#o em que as rodas ficavam. O efeito de rede detodas essas medidas, algumas deliberadas, outras meramente ao acaso, mantinhaos homens do <$ois< vasculhando a cidade : procura de coisas que simplesmente

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n#o e!istiam. Era uma miss#o que os americanos desempenhavam melhor do queos russos, que eram muito organizados para agir verdadeiramente ao acaso, e quetornava a vida miserável para os homens do -egundo $iretrio.2as havia milhares deles, e apenas setecentos americanos contando os

dependentes designados para a embai!ada.E IoleL ainda tinha o filme a entregar. /erguntou'se por que o 1ardeal sempre serecusara a usar os deadEdrops# -eria o e!pediente perfeito no caso. O deadEdropera tipicamente um objeto que poderia parecer uma pedra comum, ou qualquer outracoisa corriqueira e inocente, tornada oca para conter o objeto que se queriatransferir. 8ijolos eram preferidos em 2oscou, pois a cidade possuía essencialmentecasas de tijolos, e muitos deles estavam soltos, devido : má qualidade da m#o'de'obra local, porém a variedade de tais dispositivos era infindável./or outro lado, a variedade de maneiras para fazer uma entrega sub'reptícia eralimitada e dependia do tipo de sorte envolvido num jogo de cara'ou'coroa. Nem, a Ag0ncia n#o lhe dera aquele emprego por ser fácil. (#o podia arriscar'se

novamente. 8alvez sua mulher pudesse fazer a transfer0ncia... Ent#o, onde é o vazamentoM perguntou /ar3s a seu chefe de seguran&a. /oderia ser qualquer um dentre cem pessoas, mais ou menos respondeu ohomem. Noas notícias comentou secamente /ete Qe!ton. Ele era inspetor nodepartamento de contra'espionagem do INH. - uma centena. /ode ser alguém do nosso pessoal científico, ou a secretária de um deles, oualguém no setor de or&amento... isso s no interior do programa. E!istem outrasvinte e poucas pessoas que sabem o suficiente sobre -ea ;lipper para ter visto essematerial, mas s#o todos veteranos. O chefe.  de seguran&a da Organiza&#o daHniciativa de $efesa Estratégica era um capit#o da 2arinha que geralmente usavatrajes civis. 2ais provavelmente, a pessoa que procuramos está no Ocidentemesmo. E s#o quase todos do tipo erudito, com menos de 5+ anos. Qe!ton fechou osolhos. .ue !i!em no meio de computadores e pensam "ue o mundo não passa deum %rande !ideo%ame# O problema com os cientistas, principalmente com os mais jovens, era simplesmente que eles viviam num mundo diferente do que aqueleentendido e apreciado pela comunidade de seguran&a. /ara eles, o progressodependia da transfer0ncia livre de informa&)es e idéias. Eram as pessoas queficavam e!citadas com as coisas novas, e falavam entre si sobre elas,inconscientemente buscando o sinergismo que espalhava as idéias como sementes

no jardim desordenado do laboratrio. /ara um agente de seguran&a, o mundo idealseria aquele em que ninguém falasse com ninguém. O problema com isso, claro, éque tal mundo nunca produziria nada que valesse a pena proteger em primeiro lugar.O equilíbrio seria praticamente impossível de atingir, e o pessoal da seguran&a sem'pre seria apanhado e!atamente no meio, odiado por todos. E quanto # seguran&a interna dos documentos do projetoM indagou Qe!ton. Está se referindo a <arapucas de canário<M >ue diabos é issoM perguntou /ar3s. 8odos esses papéis s#o processados em editores de te!to. 7sa'se a máquinapara fazer sutis altera&)es em cada cpia dos papéis importantes. $essa forma,pode'se seguir cada um e identificar precisamente qual foi passada para o outro

lado e!plicou o capit#o. (#o temos feito muito disso, ultimamente. 1onsomemuito tempo. A 1HA tem uma sub'rotina no computador que faz isso automaticamente. Eles a

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chamam de Apookscribe, ou algo parecido. R um segredo muito bem guardado, masse voc0 perguntar pode chegar a operá'la. 1omo s#o bonzinhos em nos contar resmungou /ar3s. Iaria algumadiferen&a neste casoM

(o momento, n#o, mas é preciso jogar todas as cartas observou o capit#o aoseu superior. Bá ouvi falar sobre o programa. (#o pode ser usado emdocumentos científicos. A maneira como usam a linguagem é muito precisa.>ualquer coisa a mais do que uma vírgula... bem, pode mudar completamente aporra do significado. /resumindo, em primeiro lugar, que alguém possa entend0'lo disse Qe!ton,balan&ando a cabe&a pesarosamente. Nem, com certeza os russos podem. Ele já estava pensando sobre os recursos que aquele caso e!igiria... possivelmentecentenas de agentes. -eriam muito evidentes. A comunidade em quest#o era muitopequena para absorver um influ!o t#o grande de pessoas sem que alguémreparasse.

 A outra coisa bvia a fazer seria restringir o acesso :s informa&)es nas e!peri0nciascom os espelhos, mas tal atitude traria o risco de alertar o espi#o. Qe!tonperguntou'se por que n#o tinha ficado com miss)es simples como seq6estras ecombate : 2áfia. /orém recebera as primeiras informa&)es sobre -ea ;lipper doprprio /ar3s. Era um trabalho importante, e ele era o melhor homem para faz0'lo.Qeston tinha certeza@ o diretor Bacobs em pessoa o dissera.Nondaren3o reparou primeiro. E!perimentara um sentimento estranho alguns diasantes, enquanto fazia o e!ercício matinal. Era um sentimento que sempre o habitara,mas aqueles tr0s meses no Afeganist#o haviam transformado um se!to sentidolatente num outro, completamente desenvolvido. Favia olhos voltados para ele. 7e"uem0, perguntou'se.Eles eram bons. $isso ele tinha certeza. 8ambém suspeitava de que havia cinco oumais homens. Hsso os tornava russos... provavelmente. (#o com certeza. O cel.Nondaren3o já correra C quil9metro e decidiu realizar uma pequena e!peri0ncia.2udou de caminho, virando : direita onde normalmente virava : esquerda. Hsso olevaria a passar em frente a um novo prédio de apartamentos, cujas janelas doprimeiro andar ainda permaneciam polidas. -orriu para si mesmo, mas sua m#odesceu inconscientemente para o quadril, procurando pela pistola automática deservi&o. O sorriso morreu quando compreendeu o que sua m#o havia realizado, esentiu o desapontamento amargo de n#o ter nada com o que defender'se além dasprprias m#os. Nondaren3o sabia se virar bem com elas, mas o alcance de uma

pistola ampliava grandemente o raio de a&#o. (#o era medo, nem mesmo pertodisso, mas Nondaren3o era um soldado, acostumado a saber os limites e regras deseu prprio mundo."irou a cabe&a, olhando para os refle!os nas janelas. 7m homem estava a C++metros atrás dele, com uma das m#os pr!ima ao rosto, como se estivesse falandonum pequeno radiotransmissor. Hnteressante. Nondaren3o voltou'se e correu decostas por alguns metros, mas, no momento em que a cabe&a se voltou, a m#oestava ao lado do homem, que andava normalmente, parecendo desinteressado dooficial que se e!ercitava. O coronel Nondaren3o voltou'se e retomou o passo normal.-eu sorriso agora era fino e apertado. Ele confirmara. 2as confirmara o qu0MNondaren3o prometeu a si mesmo que saberia isso uma hora depois de chegar ao

escritrio.8rinta minutos mais tarde, em casa, depois de banhado e vestido, ele lia seu jornalmatinal para ele era o Krasnaya S!esda T*strela VermelhaU, o diário militar 

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soviético , enquanto saboreava uma !ícara de chá. O rádio tocava, enquanto suamulher preparava as crian&as para a escola. Nondaren3o n#o prestava aten&#o, eseus olhos meramente passeavam pelo jornal com a mente agitada. .uem sãoeles0 :or "ue estão me obser!ando0 *stou sob suspeita0 Ae or assim, suspeita de

"u40 Nom dia, "ennadL Hosifovich cumprimentou 2isha entrando em seu escritrio. Nom dia, camarada coronel respondeu Nondaren3o. Iilitov sorriu. 2e chame de 2isha. $a maneira que as coisas v#o, logo vai ultrapassar o postodessa velha carca&a. O que foiM Estou sendo vigiado. Algumas pessoas me seguiram esta manh# quando fizminha corrida. Ah, éM 2isha voltou'se. 8em certezaM Goc0 sabe como é quando ns estamos sendo vigiados... observou o jovemcoronel. 8enho certeza de que !oc4 sabe, 2ishaP2as ele estava errado. Iilitov n#o tinha notado nada de anormal, nada que

despertasse seus instintos até aquele momento. Ent#o lembrou'se do fato de que oatendente dos banhos ainda n#o retornara. E se o sinal significasse alguma coisa amais do que uma simples verifica&#o de rotinaM O rosto de Iilitov mudou por uminstante antes que ele conseguisse recuperar o controle. Goc0 notou alguma coisa também, ent#oM perguntou Nondaren3o. AhP 7m aceno da m#o e um olhar ir9nico. $ei!e que eles olhem : vontadev#o achar esse velho mais ma&ante do que a vida se!ual de Ale!androv. Arefer0ncia ao chefe idealista do /olitburo estava ficando popular no 2inistério da$efesa. 7m sinal, perguntou'se 2isha, de que o secretário'geral (armonovplanejava dar'lhe tréguaMEles comiam : maneira afeg#, todos servindo'se com as m#os de um prato emcomum. Ortiz servira um verdadeiro banquete como almo&o. O Arqueiro ocupava olugar de honra, com Ortiz : sua direita para fazer o papel de tradutor. >uatrohomens altamente graduados da 1HA estavam presentes também. Ele pensou queestavam e!agerando, mas, por outro lado, o lugar que lan&ara a luz para o céu deviaser muito importante. Ortiz iniciou a conversa com as frases cerimoniaiscostumeiras. Goc0s me honram em demasia respondeu o Arqueiro. (em tanto disse o visitante mais graduado por intermédio de Ortiz. -uahabilidade e sua coragem nos s#o bem conhecidas, mesmo entre nossos soldados.Estamos envergonhados por s poder conceder a pobre ajuda que nosso governo

nos permite. R a nossa terra que lutamos para recuperar afirmou o Arqueiro com dignidade. 1om a ajuda de Alá, ela será nossa outra vez. R bom que os crentes se unamcontra os sem'$eus, mas essa tarefa é do meu povo, n#o do seu.*le não sabe, pensou Ortiz. *le não sabe "ue est sendo usado# Ent#oM prosseguiu o Arqueiro. /or que viajaram até o outro lado do mundopara falar com esse humilde guerreiroM >ueremos falar com voc0 a respeito da luz que viu no céu. O rosto do Arqueiromudou. Ele ficou surpreso com isso. Esperavaque lhe perguntassem sobre o desempenho dos mísseis. Ioi uma luz... sim, uma estranha luz. 1omo um meteoro, s que parecia subir em

vez de descer. Ele descreveu com detalhes o que vira, dando o tempo, o local, adire&#o da luz e a maneira como ela cortara o céu. Goc0 viu o que ela atingiuM Giu mais alguma coisa no céuM

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AtingiuM (#o estou entendendo. Era apenas uma luz. Outro dos visitantes falou. 2e disseram que já foi professor de matemática. -abe o que é um laserMO rosto dele mudou com o novo pensamento. -im, li sobre eles quando estava na universidade. Eu... O Arqueiro deu um

gole em seu copo de suco. Eu sei pouco sobre laser. /rojetam um fei!e de luz es#o usados para medi&)es e vigil%ncia. (unca vi um, s li sobre eles. O que voc0 viu foi o teste de uma arma laser. >ual a finalidadeM (s n#o sabemos. O teste que voc0 viu usou o sistema laser para destruir umsatélite em rbita. Hsso significa... Eu sei o que s#o satélites. 7m laser pode ser usado com essa finalidadeM (osso país está trabalhando num projeto similar, mas parece que os russosest#o : nossa frente.O Arqueiro ficou surpreso. Ent#o a América n#o era a líder mundial em tecnologiaMO -tinger n#o era prova dissoM /or que aqueles homens haviam voado quase 4+

+++ quil9metros... meramente porque ele vira uma luz no céuM Goc0stemem esse laserM 8emos grande interesse nele respondeu o mais graduado. 4D* Alguns dos documentos que encontrou nos deram informa&)es que n#o tínhamossobre o local, e por esse motivo estamos em débito com voc0. Agora eu também tenho interesse. Goc0 tem os documentosM EmílioM O homem gesticulou a Ortiz, que apresentou um mapa e umdiagrama. Este local está em constru&#o desde CV*. Estamos surpresos de que os russostenham construído instala&)es importantes t#o perto da fronteira do Afeganist#o. Em CV* eles ainda pensavam que iriam ganhar observou sombriamente o Arqueiro. A idéia de que eles tivessem acreditado naquilo era tomada como um insulto. Elenotou a posi&#o no mapa, o pico de montanha quase cercado por uma curva do rioGa3hsh. Hmediatamente percebeu por que estava ali. A represa hidrelétrica de (ure3ficava apenas a alguns quil9metros. O Arqueiro sabia mais do que dissera. -abia oque era laser, e um pouco sobre a forma como funcionava. -abia que a luz deles eraperigosa, que podia cegar...$estruíra um satéliteM 1entenas de quil9metros acima no espa&o, muito mais alto doque voavam os avi)es... o que faria com as pessoas no ch#oM... talvez tivessem

construído t#o perto de seu país por outro motivo... Ent#o voc0 simplesmente viu a luzM (#o ouviu histrias sobre tal lugar, nenhumahistria sobre luzes estranhas no céuMO Arqueiro balan&ou a cabe&a sobriamente. (#o, foi apenas essa vez. Giu os visitantes trocarem olhares dedesapontamento. Nem, isso n#o importa. Estou autorizado a lhe oferecer os agradecimentos domeu governo. 8r0s caminh)es de armas est#o sendo enviados para seu grupo. -ee!iste mais alguma coisa de que precise, tentaremos conseguir para voc0.O Arqueiro concordou com sobriedade. Ele esperara uma grande recompensa pelaentrega do oficial soviético, depois ficara desapontado com sua morte. 2as os

homens n#o tinham vindo até ele por aquele motivo. Era tudo sobre os documentose a luz seria aquele lugar t#o importante que a morte de um russo fosse julgadatrivialM Os americanos estariam mesmo com medoM

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E, se os americanos estavam com medo, como devia ele sentir'seM (#o, Arthur, n#o gosto disso afirmou o presidente, tentando resistir.O juiz 2oore pressionou novamente. -enhor presidente, estamos a par das dificuldades políticas de (armonov. O

desaparecimento de nosso agente n#o terá tanto efeito como sua pris#o pela ;"N,possivelmente menos. Afinal de contas, a ;"N n#o pode cantar vitria se odei!arem escorregar entre os dedos afirmou o diretor'geral. 2esmo assim é um risco muito grande disse BeffreL /elt. 8emos umaoportunidade histrica com (armonov. Ele realmente pretende fazer mudan&as nosistema deles... que diabos, voc0s mesmos fizeram a avalia&#o.-i!emos a chance e a desperdi+amos, durante a administra+ão Kennedy, pensou2oore. 6as Krusche! caiu e ti!emos !inte anos de picaretas do :artido# $%oratal!ez haja outra chance# Voc4 tem medo de "ue nunca consi%amos outraoportunidade tão boa como esta# Bem, & uma maneira de se !er o problema, admitiupara si mesmo.

Beff, sua posi&#o n#o será mais afetada se retirarmos nosso homem do que pelasua captura... -e est#o atrás dele, por que ainda n#o o agarraramM indagou /elt. E seestivermos e!agerandoM Esse homem tem trabalhado para ns há trinta anos... trinta anosP -abe dosriscos que correu por ns, das informa&)es que obtivemos deleM /ode imaginar afrustra&#o que sentiu das vezes que ignoramos seus conselhosM 1onsegue imaginar como é conviver com uma senten&a de morte por trinta anosM -e abandonarmosesse homem, onde ficam as coisas que defendemos nesse paísM disse 2oorecom calma determina&#o. O presidente era um homem que sempre podia ser con'vencido por argumentos baseados em princípios. E se derrubarmos (armonov nesse processoM indagou /elt. E se o grupode Ale!androv tomar o poder e voltarmos outra vez aos velhos dias... mais tens)es,mais corridas armamentistasM 1omo vamos e!plicar ao povo americano quesacrificamos essa oportunidade pela vida de um homemM /or um lado, eles nunca saber#o, a menos que alguém dei!asse passar ainforma&#o retrucou friamente o diretor'geral. Os russos n#o dei!am que osfatos venham a pblico, e voc0 sabe disso. /or outro lado, como vamos e!plicar ofato de jogarmos fora esse homem, como um len&o descartávelM Eles também n#o saberiam disso, a menos que alguém dei!asse a informa&#ovazar respondeu /elt numa voz igualmente fria.

O presidente hesitou. -eu primeiro impulso fora o de dei!ar a opera&#o dee!tradi&#o aguardando. 1omo poderia e!plicar issoM /or a&#o ou omiss#o, estavamdiscutindo a melhor maneira de evitar que um acontecimento desfavorávelsucedesse ao principal inimigo dos Estados 7nidos. 6as não se pode dizer isso em p'blico, refletiu o presidente. Ae dissermos em !oz alta "ue os russos são nossosinimi%os, os jornais ariam um escndalo# Os so!i&ticos possuem milhares de o%i!asnucleares apontadas para n1s, mas não podemos correr o risco deerir a sensibilidaEde deles###Tembrou'se de seus dois encontros frente a frente com o homem, AndreL HlLch(armonov, secretário'geral do /artido 1omunista da 7ni#o -oviética. 2ais novo doque ele, lembrou o presidente. As conversa&)es iniciais haviam sido cautelosas,

cada homem sentindo o outro, procurando, tanto por fraquezas como por pontos emcomum, vantagens e compromissos. 7m homem com uma miss#o, um homem queprovavelmente queria mesmo mudar as coisas, pensou o presidente...

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6as seria uma boa coisa0 E se ele conseguisse descentralizar a economia,introduzir for&as de mercado, dar um pouco de liberdade n#o muito, claro, mas osuficiente para manter as coisas andandoM Gárias pessoas o estavam alertandocontra essa possibilidade@ imagine um país, com a vontade política dos soviéticos,

apoiado por uma economia que poderia entregar bens de consumo tanto no setor civil quanto no militar. Hsso faria o povo russo acreditar novamente em seu sistemairia reviver o senso de miss#o que tiveram nos anos *+M :oderemos nos !er enrentando um inimi%o muito mais peri%oso do "ue antes#/or outro lado, haviam lhe dito que n#o e!iste algo como apenas um pouco deliberdade... /oder'se'ia questionar $uvalier no Faiti, 2arcos nas Iilipinas, ou ofantasma do !á 2ohammed Keza /ahlavi. O impulso dos acontecimentos poderiatrazer a 7ni#o -oviética de uma era de trevas para o interior do modernopensamento político no século 4+. /oderia demorar uma gera&#o, talvez duas, mase se o país resolvesse se envolver em alguma coisa que se apro!imasse de umEstado liberalM Favia outra li&#o de histria a ser aprendida@ democracias liberais

n#o fazem guerras umas :s outras..ue escolha tenho eu0, pensou o presidente. :osso ser lembrado como o idiotaretr1%rado "ue trouxe de !olta a 2uerra <ria, com toda a sua triste majestade ― oucomo :ollyanna, "ue esperou o leopardo mudar suas pintas, apenas para descobrir "ue ele icou maior e com as presas mais aiadas# 6eu 7eus, disse ele a si mesmoenquanto encarava seus dois interlocutores, não estou pensando nem um poucosobre sucesso, s1 nas conse"=4ncias da derrota#* nessa rea "ue $m&rica e )'ssia t4m hist1rias paralelas nossos %ovemos nops'guerra nunca sobreviveram :s e!pectativas de nossos povos. Eu sou opresidente, deveria saber qual é a 1oisa 1erta. Ioi por isso que as pessoas meelegeram. R para isso que me pagam. 2eu $eus, se eles soubessem em quefraudes estamos todos metidos.... (#o estamos discutindo aqui como vencer.Estamos discutindo quem vai dei!ar escapar o motivo do fracasso da política. Nemaqui, no -al#o Oval, estamos discutindo sobre quem vai levar a culpa se algumacoisa sobre a qual ainda n#o resolvemos der errado. >uem mais sabe sobre issoM O juiz 2oore estendeu as m#os. O almirante "reer, Nob Kitter, e eu, na 1HA. Alguns entre o pessoal de camposabem sobre as opera&)es propostas... 8ivemos de mandar um sinal de alerta, maseles n#o sabem dos aspectos políticos e nunca saber#o. (#o precisam saber. Jparte isso, somente ns tr0s na Ag0ncia temos o quadro inteiro. Acrescente osenhor, e o doutor /elt, e perfazem cinco.

E já estamos falando em vazamento de informa&)esP 2as que merdaP !ingouo presidente com entusiasmo surpreendente. 1omo é que fomos ficar t#o fodidosassimM8odos ficaram mais sbrios. (#o havia nada como uma e!plos#o presidencial paraacalmar as pessoas. Ele olhou para 2oore e /elt, o principal conselheiro deHntelig0ncia, e o conselheiro de -eguran&a (acional. 7m pedia pela vida de umhomem que servira fielmente aos Estados 7nidos, com perigo de vida o outroobservava distante e friamente a realpolitik e encontrava uma oportunidade histricamais importante do que qualquer vida humana. Arthur, está dizendo que esse agente... e eu n#o quero nem saber o nome dele...nos tem fornecido dados crucialmente importantes nos ltimos trinta anos, incluindo

esse projeto laser que os russos v0m operando voc0 diz que ele provavelmenteestá em perigo, e é hora de correr o risco de tirá'lo de lá, e que temos a obriga&#omoral de faz0'lo.

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-im, senhor presidente. E voc0, Beff, diz que a hora é ruim, e a revela&#o de um vazamento deinforma&)es t#o elevado no governo poderia colocar (armonov em perigo político,poderia retirá'lo da lideran&a e substituí'lo por um governo menos atrativo a ns.

-im, senhor presidente. E se esse homem morrer porque n#o o ajudamosM /erderíamos informa&)es importantes disse 2oore. /oderia n#o fazer nenhuma diferen&a apreciável de efeito em (armonov.E estaríamos traindo a confian&a de um homem que nos serviu bem e fielmentedurante trinta anos. Beff, voc0 consegue viver com issoM perguntou o presidente ao seuconselheiro de -eguran&a (acional. -im, senhor, consigo viver com isso. (#o gosto, mas consigo viver com isso.1om (armonov já possuímos um acordo sobre armas nucleares intermediárias, etemos a chance de conseguir um sobre for&as estratégicas.

E como ser um juiz. 8enho aqui dois advogados que acreditam firmemente em suasposi&)es. Hmagino se os princípios deles seriam t#o firmes se estivessem em minhacadeira, se precisassem tomar a decis#o.2as eles n#o haviam se candidatado : /resid0ncia.Esse agente vem servindo aos Estados 7nidos desde que eu era promotor pblicoiniciante, acusando prostitutas em tribunais noturnos.(armonov pode ser a melhor chance que já tivemos de garantir a paz no mundodesde $eus sabe quando.O presidente levantou'se e andou até as janelas atrás de sua escrivaninha. Elaseram bastante grossas, para proteg0'lo de pessoas armadas. (#o poderiamproteg0'lo contra os deveres de seu cargo. Olhou para o gramado ao sul, mas n#oencontrou respostas. Goltou'se novamente. (#o sei. Arthur, dei!e tudo preparado, mas quero sua palavra de que nadaacontecerá sem minha autoriza&#o. -em erros, sem iniciativas, sem a&)es até queeu determine. Gou precisar de tempo para essa decis#o. 8emos tempo, n#o temosM -im, senhor. Gai levar mais alguns dias até que encai!emos todas as pe&as nolugar. 1omunico a voc0s quando tomar minha decis#o. Ele apertou as m#os dosdois homens e observou'os partindo.O presidente ainda tinha cinco minutos antes da sua pr!ima entrevista e usou otempo para ir até o banheiro ane!o ao escritrio. Hmaginou se haveria algum

simbolismo oculto no ato de lavar as m#os, ou era apenas uma desculpa para poder observar a prpria imagem no espelho. * !oc4 & supostamente o homem "ue precisa dar cada porra de resposta8, a imagem disse a ele. Voc4 nem mesmo sabe por "ue !eio ao banheiro8 O presidente sorriu. Aquilo era engra&ado. Engra&ado deuma maneira que poucos homens entenderiam. Ent#o o que digo a IoleLM sibilou Kitter vinte minutos depois. 1alma, Nob avisou 2oore. Ele está pensando sobre o assunto. (#onecessitamos de uma decis#o imediata, e um <talvez< é bem melhor do que um<n#o<. $esculpe, Arthur. R s que... merda, já tentamos tirá'lo de lá antes. (#opodemos dei!á'lo ser apanhado.

8enho certeza de que ele n#o vai tomar uma decis#o final até que eu tenha umachance de falar novamente com ele. /or enquanto, digaIoleL que continue com a miss#o. E quero uma nova aprecia&#o da vulnerabilidade

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política de (armonov. 8enho a impress#o de que Ale!androv está de saída... eleestá muito velho para assumir o posto o /olitburo n#o apoiaria a substitui&#o de umhomem relativamente jovem por um muito idoso, n#o depois do cortejo fnebre quetiveram alguns anos atrás. >uem ocuparia o lugarM

"erasimov respondeu imediatamente Kitter. $ois outros poderiam estar nopáreo, mas ele é o mais ambicioso. Hmpiedoso, mas muito suave. A burocracia do/artido o aprecia porque fez um belo trabalho com os dissidentes. -e ele quiser seme!er, terá de ser logo. -e o tratado sobre armamentos for aprovado, (armonovganhará muito prestígio e a for&a política que sempre acompanha essas vitrias. -e Ale!androv n#o tomar cuidado, vai perder o barco de uma vez, ser aposentado, e(armonov ficará belo e seguro em sua cadeira por muitos anos. Hsso vai demorar quase cinco anos para acontecer observou o almirante"reer, falando pela primeira vez. /ode ser que ele n#o dure cinco anos. 8emosmesmo indica&)es de que Ale!androv pode estar saindo. -e isso é mais do que umrumor, ele pode for&ar a m#o.

O juiz 2oore olhou para o teto. 1om certeza seria mais fácil lidar com esses putos se eles tivessem umamaneira previsível de dirigir as coisas. * claro "ue n1s temos, e eles nãoconse%uem predizer o "ue azemos# Anime'se, Arthur disse "reer. -e o mundo fizesse algum sentido, todosteríamos de procurar trabalho honesto. 

1%/5danças A passagem pelo estreito de ;attegat, entre a Butl%ndia e a -uécia, é sempre difícilpara um submarino, e duplamente quando precisa manter'se oculto. A água é rasa,rasa demais para navegar submerso. Os canais podem ser trai&oeiros, mesmo : luzdo dia. -#o muito piores : noite, e ainda piores sem um piloto. 1omo a passagem do7allas era supostamente secreta, um piloto estava fora de quest#o.2ancuso ocupava o passadi&o. Abai!o, seu navegador suava : mesa de cartasnáuticas, enquanto o contramestre'chefe manobrava o periscpio e gritava asposi&)es dos vários pontos de refer0ncia em terra. (#o podiam usar o radar paraau!iliar na navega&#o, porém o periscpio possuía um amplificador de luz, que n#otransformava e!atamente a noite em dia, mas pelo menos fazia a escurid#o sem

estrelas parecer um crepsculo. O tempo era ideal, quase um presente, com nuvensbai!as e nevoeiro, que reduzia a visibilidade o suficiente para que a forma bai!a eescura do submarino classe VV fosse difícil de ser avistada da terra firme. A2arinha dinamarquesa sabia sobre a passagem do submarino e mantinha algumasembarca&)es pequenas para afastar possíveis bisbilhoteiros n#o havia nenhum, porém, : parte isso, o 7allas estava por conta prpria. (avio pela proa, a bombordo avisou um vigia. Bá achei respondeu 2ancuso imediatamente. Ele segurava um visor amplificador de luz que parecia uma pistola, e via através dele o navio cargueiro deporte médio. As chances eram de que pertencesse ao Nloco Oriental. (o período deum minuto, o curso do navio que se apro!imava estava tra&ado com um 1/A

ponto de apro!ima&#o má!ima de ?++ metros. O capit#o !ingou e deu suasordens.O 7allas estava com as luzes de navega&#o acesas os dinamarqueses haviam

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insistido nesse ponto. A luz giratria %mbar acima da luz no topo do mastroidentificava positivamente um submarino. A ré um marinheiro arriava a bandeiraamericana e a substituía por uma dinamarquesa. 8odo mundo parecendo escandinavo ironizou 2ancuso.

5aE5a, capiton ― brincou um jovem oficial na escurid#o. -eria difícil para eleparecer escandinavo. Ele era negro. /equena mudan&a no curso do nossoamigo. (#o acho que esteja desviando, senhor. Geja... R, estou vendo. $uas das embarca&)es dinamarquesas avan&avam demaneira a ficar entre o navio de carga e o 7allas# 2ancuso achou que isso ajudaria. A noite todos os gatos s#o pardos e um submarino na superfície parece... com umsubmarino na superfície, uma forma negra com a torre vertical. Acho que é polon0s observou o tenente. Estou vendo a chaminé agora.2aers3 Tine. As duas embarca&)es se apro!imavam a uma raz#o de V++ metros por minuto.2ancuso voltou'se para observar, apontando o visor para a ponte de comando do

navio. (#o viu nenhuma atividade fora do comum. Nem, eram * horas da manh#. Atripula&#o na ponte tinha uma navega&#o difícil pela frente, e provavelmente ointeresse deles no submarino era relativo : mesma preocupa&#o que ocupava amente do capit#o sobre o navio mercante  por a!or, não me acerte, seu idiota#/assou surpreendentemente rápido, e logo depois ele via as luzes de popa do navio.Ocorreu a 2ancuso que manter acesas as luzes de navega&#o fora uma boa idéia.-e estivessem apagadas e fossem avistados, despertariam mais aten&#o.(avegavam no mar Náltico praticamente uma hora depois, em curso zero'seis'cinco,utilizando'se das águas mais profundas que pudessem encontrar, enquanto o 7allasabria caminho para o leste. 2ancuso levou o navegador ao seu camarote e juntoselaboraram a melhor rota de apro!ima&#o e o lugar mais seguro na costa da 7ni#o-oviética. >uando terminaram, o sr. 1lar3 juntou'se a eles e os tr0s discutiram aparte delicada da miss#o.Num mundo ideal, pensou Gatutin amargamente, eles le!ariam suas preocupa+/esao ministro da 7eesa, e ele cooperaria totalmente com a in!esti%a+ão da K2B# 2aso mundo n#o era ideal. Além das esperadas rivalidades institucionais, Wazovpermanecia sob o controle do secretário'geral e estava a par das diverg0ncias entre"erasimov e (armonov. (#o, o ministro da $efesa ou assumiria toda a investiga&#oatravés do seu prprio rg#o de seguran&a, ou usaria seu poder político paraencerrar completamente o caso, para que a ;"N n#o desgra&asse Wazov com o fatode possuir um traidor como ajudante, amea&ando assim (armonov.

-e (armonov caísse, na melhor das hipteses o ministro da $efesa voltaria a ser ochefe de pessoal do E!ército soviético mais provavelmente seria aposentado emsilenciosa humilha&#o aps a remo&#o de seu protetor. 2esmo se o secretário'geralsobrevivesse a essa crise, Wazov seria o boi de piranha, como -o3olov forarecentemente. >ue escolha tinha WazovMO ministro da $efesa também era um homem com uma miss#o. -ob a cobertura dainiciativa de <reestrutura&#o< do secretário'geral, Wazov esperava utilizar seuconhecimento do corpo de oficiais para reconstruir o E!ército soviético supostamente na esperan&a de profissionalizar toda a comunidade militar.(armonov dissera que pretendia salvar a economia soviética, porém uma autoridadecomo Ale!androv, o alto sacerdote do mar!ismo'leninismo, afirmava que ele estava

destruindo a prpria pureza do /artido. Wazov gostaria de reconstruir completamentea organiza&#o militar, partindo do zero. -amb&m teria o eeito, pensou Gatutin, detomar o *x&rcito pessoalmente leal a Narmono!#

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 Aquilo preocupava Gatutin. Fistoricamente, o /artido usara a ;"N para manter osmilitares sob controle. Afinal de contas, os militares possuíam todas as armas, e sese dessem conta de seu poderio e sentissem o controle do /artido afrou!ando... erauma idéia muito dolorosa para se considerar. 7m E!ército leal e!clusivamente ao

secretário'geral em vez de ao /artido em si era ainda mais penoso para Gatutin, jáque alteraria a rela&#o entre a ;"N e a sociedade soviética como um todo. Ent#on#o haveria mais nenhum controle sobre o secretário'geral. 1om o apoio dosmilitares, ele poderia curvar a ;"N a sua vontade e usá'los para <reestruturar< o/artido todo. Ele poderia ter o poder de um outro -tálin.;omo ui en!eredar por esse lado0, perguntou'se Gatutin. Aou um a%ente de contraEinorma+ão, não um te1rico do :artido# $urante sua vida inteira, o coronel Gatutinnunca se intrometera nas "randes >uest)es de seu país. 1onfiara em seussuperiores para lidar com as decis)es de grande porte, permitindo a si prprioresolver os pequenos detalhes. (#o mais. 8er sido incluído na confian&a do diretor'geral "erasimov tornara'o ine!tricavelmente aliado do homem. Favia acontecido

com tanta facilidadeP Girtualmente da noite para o dia & preciso ser notado paraobter estrelas de %eneral, pensou ele com um riso sard9nico. Voc4 sempre "uis ser notado# :ois a%ora, Klementi Vladimiro!ich, !oc4 com certeza oi notado# Veja a%oraonde se meteu#Nem no meio de uma briga pelo poder entre o diretor'geral da ;"N e o secretário'geral em pessoa.(a verdade era engra&ado, disse a si mesmo. -abia que seria muito menos se"erasimov errasse o cálculo a ironia suprema em tudo aquilo era que, se odiretor'geral da ;"N caísse, as influ0ncias liberais já colocadas em prática por (armonov atuariam em prote&#o de Gatutin, que estava em ltima análise apenascumprindo as tarefas estupidamente ordenadas pelos seus superiores. (#oacreditava que fosse aprisionado, e muito menos fuzilado, como já acontecera nopassado. -ua ascens#o profissional terminaria. -eria transferido, para dirigir oescritrio regional da ;"N em Oms3, ou a tarefa menos agradável que pudessemencontrar, desde que nunca mais voltasse : 1entral de 2oscou. Até que n#o seria assim t#o ruim. /or outro lado, se "erasimov obtivesse sucesso...chefe do <$ois<, talvezM E isso n#o seria mesmo nada mau.* !oc4 acredita!a mesmo "ue poderia pro%redir em sua carreira sem tomarEseLpolíticoL# - que essa n#o seria mais uma das op&)es. -e tentasse sair, estarialiquidado. Gatutin estava numa armadilha e sabia disso. A nica escapatria seriafazer o seu trabalho com o melhor de sua habilidade.

O devaneio terminou quando ele voltou a seus relatrios. O coronel Bondarenkoesta!a completamente limpo, ele pensou. -ua ficha fora e!aminada e ree!aminada,e n#o havia nada que sugerisse que ele fosse menos do que um patriota e um oficialacima da média. I <ilito!, pensou Gatutin. 8#o absurdo quanto pudesse soar :primeira vista, esse heri de guerra condecorado era um traidor.2as como diabos provamos issoM 1omo fazemos para conduzir uma investiga&#oadequada sem a coopera&#o do ministro da $efesaM Esse era outro aspecto. -efalhasse em sua investiga&#o, ent#o "erasimov n#o veria. com bons olhos suaspromo&)es mas a investiga&#o esbarrava nas restri&)es impostas pelo diretor'geral.Gatutin lembrava'se da época em que sua promo&#o a major quase passara doprazo, e já lamentava a sorte quando o quadro de promo&)es o fizera mudar de

idéia.Estranhamente, n#o se deu conta de que todos os seus problemas resultavam dofato de possuir um diretor'geral da ;"N que tinha ambic)es políticas. Gatutin reuniu

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seus oficiais subordinados. Eles chegaram em alguns minutos. Algum progresso com IilitovM indagou ele. (ossos melhores homens o est#o acompanhando respondeu um oficial denível médio. -eis deles, vinte e quatro horas por dia. Estamos alternando os

turnos para que ele n#o veja os mesmos rostos freq6entemente, se os vir. Agoratemos completa vigil%ncia com circuito fechado de televis#o em todos os pontos doquarteir#o de seu edifício, e meia dzia de pessoas verificam as fitas todas asnoites. Hntensificamos a vigil%ncia sobre as atividades de espi)es americanos eingleses, e também da comunidade diplomática em geral. Estamos cansando oshomens e arriscando sermos percebidos, mas n#o há maneira de evitar isso. A nicacoisa que tenho a relatar é que Iilitov fala dormindo de vez em quando... parece quefalou com um camarada chamado Komanov. As palavras est#o muito distorcidaspara entender, mas tenho um fonoaudilogo trabalhando no assunto, e talvez ob'tenhamos algum resultado. $e qualquer forma, ele n#o pode nem peidar sem quesaibamos disso. A nica coisa que n#o posso fazer é manter contato visual contínuo

sem apro!imar demais nosso pessoal. 8odos os dias, virando uma esquina ouentrando numa loja, ele fica fora de vis#o por um tempo de cinco a quinzesegundos... o suficiente para fazer uma entrega pessoal ou um deadEdrop# (#o hánada que possamos fazer quanto a isso, a menos que se queira correr o risco dealertá'lo.Gatutin concordou. 2esmo a melhor vigil%ncia tinha suas limita&)es. Nem, há uma coisa estranha disse o major. Iiquei sabendo ontem. /or volta de uma vez por semana, Iilitov leva a sacola de incinera&#o para o incinerador pessoalmente. Está t#o integrado : rotina que o homem na sala de incinera&#oesqueceu de mencionar o fato até a noite passada. R um jovem, e veio até ns parafalar... depois do e!pediente, em roupas civis. Kapaz brilhante aquele. $escobrimosque Iilitov cuidou da instala&#o do sistema há muitos anos. E!aminei pessoalmenteos planos, nada de suspeito. Hnstala&)es completamente normais, como as quetemos aqui. E isso é tudo. /ara todos os propsitos práticos, a nica coisa deanormal com Iilitov é que ele já devia ter'se aposentado a essa altura. E quanto : investiga&#o sobre AltuninM indagou Gatutin a seguir.Outro oficial abriu seu livro de anota&)es. (#o temos idéia onde ele estava antes de ser assassinado. 8alvez estivesseescondido sozinho em algum lugar, talvez tenha sido protegido por amigos que n#oconseguimos identificar. (#o estabelecemos nenhuma correla&#o entre sua morte eo movimento dos estrangeiros. (#o carregava nada que o comprometesse ou

incriminasse, com e!ce&#o de alguns documentos falsos que parecem um trabalhoamador, mas bom o suficiente para as repblicas afastadas. -e é que ele foi as'sassinado pela 1HA, foi um trabalho surpreendentemente perfeito. -em nenhumaponta solta. (enhuma. -ua opini#oM O caso Altunin é um beco sem saída respondeu o major. E!iste ainda meiadzia de coisas para verificar, mas nenhuma delas parece muito promissora. Elefez uma pausa. 1amarada... 1ontinue. Acredito que isso foi uma coincid0ncia. Acho que Altunin foi vítima de umassassinato simples, ao tentar subir a bordo do vag#o errado na hora errada. (#o

tenho nenhuma prova disso, mas é o que me parece.Gatutin levou aquilo em considera&#o. Era preciso um bocado de coragem moralpara um oficial do -egundo $iretrio dizer que o caso não era de contra'

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espionagem. >ual seu grau de certezaM Acho que nunca saberemos ao certo, camarada coronel, mas, se a 1HA tivessefeito o trabalho, eles n#o tentariam se livrar do corpo... ou se estavam tentando usar 

essa morte para proteger um espi#o altamente colocado, por que n#o dei!ar provasque o implicassem num caso totalmente diferenteM (#o havia nenhuma pista falsa,embora parecesse a ocasi#o e!ata para fazer isso. R verdade, ns teríamos feito isso. Nom argumento. 2as mesmo assim vá atrásde suas pistas. E claro, camarada coronel. 1alculo uma demora de quatro a seis dias. 2ais alguma coisaM perguntou Gatutin. 1abe&as se agitaram negativamente. 2uito bem, de volta aos seus departamentos, camaradas.<aria a transer4ncia durante o jo%o de h1"uei, pensou 2arL /at IoleL. O 1ardealestaria lá, alertado por uma chamada telef9nica pretensamente para um nmeroerrado, feita de uma cabine pblica. Ela mesma faria a transfer0ncia. 8inha tr0s

magazines de filme na bolsa, e um simples aperto de m#o seria o suficiente. -eufilho jogava no time da liga juvenil, como o sobrinho'neto de Iilitov, e ela compareciaa todos os jogos. -eria fora do comum que ela n#o fosse, e os russos contavam comque as pessoas continuassem suas rotinas. Estava sendo seguida e sabia disso.Evidentemente os russos haviam intensificado a vigil%ncia, mas o homem que aseguia n#o era t#o bom assim ou pelo menos estavam usando a mesma<sombra<, e 2arL /at sabia quando via um rosto mais de uma vez no mesmo dia.2aria /atrícia ;amins3L possuía ancestrais que eram produto da típicamiscigena&#o americana, e alguns aspectos disso estavam registrados em seusdocumentos. -eu av9 fora cavalari&o na casa dos Komanov e havia ensinado opríncipe Ale3seL a cavalgar n#o fora uma tarefa sem import%ncia, já que o jovemtragicamente sofria de hemofilia e necessitava de cuidados supremos para n#o seferir. Aquele fora o ponto alto de uma vida sem outras distin&)es. Ele fora umfracasso como oficial do E!ército, embora amigos na corte tivessem assegurado suaascens#o até o posto de coronel. 8udo o que conseguira fora a destrui&#o total deseu regimento nas florestas de 8annenberg e sua captura pelos alem#es e asobreviv0ncia além de C4+. $epois de saber que sua mulher morrera no tumultorevolucionário que se seguira : /rimeira "uerra 2undial, ele nunca retornara :Kssia ele sempre a chamara )'ssia ― e eventualmente viera ter aos Estados7nidos, onde se estabelecera nos subrbios de (ova Wor3, casando'se depois demontar um pequeno negcio. Givera até a avan&ada idade de ? anos, sobrevivendo

a uma mulher vinte anos mais nova do que ele, e 2arL /at nunca esquecera suashistrias mirabolantes. >uando entrara para a faculdade e interessara'se por Fistria, ela entendera, claro. Aprendera que os Komanov eram irrecuperavelmenteincapazes, e sua corte irremediavelmente corrupta. 7m detalhe, porém, que ela nun'ca esquecia era a maneira como seu av9 chorava quando chegava : parte sobrecomo Ale3seL, um jovem corajoso e determinado, fora fuzilado como um cachorro, juntamente com a família, pelos bolcheviques. Essa histria, repetida cem vezes aela, dera a 2arL /at uma vis#o da 7ni#o -oviética que nenhum período de estudos,instru&#o acad0mica ou realismo político poderia jamais apagar. -eus sentimentospara com o governo que dominava a terra de seu av9 eram completamentedelineados pela cena do assassinato de (icolau HH, a esposa e os cincos filhos.

Hntelecto, dizia ela a si mesma nos momentos de refle!#o, tinha muito pouco a ver com a maneira que as pessoas sentiam.8rabalhar em 2oscou, trabalhar contra o mesmo governo,. era o maior desafio de

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sua vida. "ostava daquilo ainda mais do que o marido, a quem tinha encontradoenquanto era estudante em 1olmbia. Ed juntara'se : 1HA porque ela decidira desdecedo ingressar na 1HA. 

-eu marido era bom, 2arL sabia disso com instintos brilhantes e habilidadeadministrativa , mas a ele faltava a pai!#o que ela dedicava ao trabalho. A eletambém faltavam os genes. Ela aprendera a língua russa nos joelhos do av9 orusso mais elegante e mais rico que os soviéticos transformaram na algaraviacorrentemente em uso , porém o mais importante era que ela entendia as pessoasde uma forma que muitos livros n#o poderiam relatar. Ela entendia a tristeza racialque permeava o caráter russo, e a contraditria e!pansividade em particular, a totale!posi&#o da personalidade e da alma reservada apenas aos amigos mais pr!imose negada a um transeunte moscovita. 1omo resultado desse talento, 2arL /atrecrutara cinco agentes bem colocados, apenas um evitando o servi&o em tempointegral. (o $iretrio de Opera&)es da 1HA, ela era conhecida ocasionalmente como

Auper%irl, um termo com o qual n#o se importava em absoluto. Afinal de contas,2arL /at era m#e de dois filhos, com as marcas dos pontos para prová'lo. -orriupara si mesma no espelho. Voc4 conse%uiu, %arota# -eu av9 ficaria orgulhoso. A melhor parte@ ninguém tinha a menor suspeita do que ela era realmente. Iez umajuste final na roupa. 2ulheres ocidentais em 2oscou precisavam estar mais atentasao trajar do que os homens do Ocidente. -uas roupas eram sempre um poucoe!ageradas. A imagem que projetava era cuidadosamente concebida emeticulosamente e!ecutada. Educada mas frívola, bonita mas superficial, uma boam#e e pouco mais do que isso, rápida nas demonstra&)es ocidentais de suasemo&)es, mas n#o era levada muito a sério. Ilanando como ela fazia,ocasionalmente substituindo alguma professora na escola dos garotos,comparecendo a várias fun&)es sociais e vagando interminavelmente como umaeterna turista, ela se encai!ava perfeitamente na preconcebida no&#o soviética damulher americana de cabe&a oca. 2ais um sorriso ao espelho@ Ae os bastardossoubessem###8immL aguardava com impaci0ncia, o taco de hquei balan&ando para cima e parabai!o no carpete da sala de estar. Ed estava com a televis#o ligada. $eu um beijo dedespedida na mulher, disse a 8immL para chutar alguns traseiros o IoleL maisvelho fora f# dos Kangers antes mesmo que aprendesse a ler.*ra um pouco triste, pensou 2arL /at no elevador. Eddie tinha feito bons amigos ali,mas era um erro agir amigavelmente com as pessoas em 2oscou. /odia'se

esquecer de que constituíam o inimigo. Ela sentia que Eddie estava recebendo omesmo tipo de doutrina&#o que sofrerá, s que do lado errado. Bem, isso seracilmente remediado, disse a si mesma. (o depsito em casa tinha a fotografia doczaréviche Ale3seL, autografada para seu professor favorito. 8udo o que tinha afazer era e!plicar como ele morrera.$irigir até o estádio foi um ato de rotina, a e!cita&#o de Eddie aumentando : medidaque se apro!imavam do horário do jogo. Ele estava cotado como o terceiro artilheiroda liga, apenas seis pontos atrás do centroavante do time contra o qual jogariamnaquela noite, que era o primeiro, e Eddie queria mostrar a Hv# >uem'quer'que'fosse que os americanos podiam vencer os russos no prprio jogo.Era surpreendente como o estacionamento estava lotado, mas por outro lado n#o

era um estacionamento muito grande, e hquei no gelo era a coisa mais pr!ima deuma religi#o na 7ni#o -oviética. O jogo daquela noite iria decidir os padr)es dedesempate para o campeonato da liga, e muitas pessoas tinham vindo assistir a ele.

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8udo bem com 2arL /at. Ela mal tinha acabado de pu!ar o breque de m#o quandoEddie empurrou a porta, apanhou a sacola de equipamento e esperouimpacientemente que a m#e trancasse o carro. 1onseguiu controlar'se e andar devagar o suficiente para que a m#e o acompanhasse, depois disparou para o

vestiário enquanto ela se dirigia ao rinque.-eu lugar estava reservado, claro. Embora relutante em ficar t#o pr!ima aestrangeiros, num jogo de hquei as regras eram diferentes. Alguns pais acumprimentaram, e ela acenou de volta, o sorriso apenas um pouco e!agerado.Gerificou o relgio. (#o vejo um jogo da liga juvenil há dois anos declarou Wazov enquanto saíamdo carro oficial. 8ambém n#o venho muito, mas minha cunhada disse que esse é muitoimportante, e o pequeno 2isha e!igiu minha presen&a sorriu Iilitov. Elesacham que eu dou boa sorte... talvez o senhor também, camarada marechal. R bom fazer alguma coisa diferente concedeu Wazov fingindo seriedade. A

droga do escritrio vai estar lá amanh# do mesmo jeito. Eu joguei hquei quando eragaroto, sabiaM (#o, n#o sabia. Era bom nissoM Eu jogava na defesa, e as outras crian&as se quei!avam que eu entrava muitoduro. O ministro da $efesa riu e acenou para que seu pessoal da seguran&aavan&asse. (#o tínhamos rinque onde eu cresci... e a verdade é que eu era muitodesajeitado quando crian&a. Os tanques foram perfeitos para mim... servem paradestruir as coisas. 2isha riu. Esse time é bomM Eu prefiro os times juvenis aos oficiais respondeu o coronel Iilitov. -#omais... combativos. Acho que apenas gosto de ver as crian&as se divertindo. R verdade.(#o havia muitas poltronas ao redor do rinque além disso, qual o verdadeiro f# dehquei que queria ficar sentadoM O coronel Iilitov e Wazov encontraram um lugar conveniente ao lado de alguns dos pais. Os sobretudos do E!ército soviético com asbrilhantes divisas nos ombros garantiram a eles uma boa vis#o do campo e espa&opara respirar. Os quatro oficiais de seguran&a espalharam'se, tentando n#o olhar muito acintosamente para a quadra. (#o estavam muito preocupados, desde que aida ao jogo fora uma decis#o de ltima hora da parte do ministro.O jogo foi e!citante desde o come&o. O centroavante do outro time movia'se como

uma doninha, controlando o disco de borracha com passes habilidosos e patina&#oimpecável. O time local no qual jogavam o americano e o sobrinho'neto de 2isha foi pressionado em seu campo de defesa durante a maior parte do primeirotempo, mas o pequeno 2isha era um defensor bastante agressivo, e o rapaz ameri'cano interceptou um passe, avan&ando até o outro lado do rinque, onde foidesarmado por uma defesa impressionante, que provocou murmrios de admira&#odos torcedores de ambos os lados. Embora sejam um povo insolente como qualquer outro, os russos possuem um grande senso de esportividade. O primeiro tempoterminou empatado, sem abertura de contagem. >ue pena comentou 2isha, enquanto as pessoas se dirigiam para as salas dedescanso.

7m belo ataque, mas a defesa foi maravilhosa disse Wazov. /reciso donome desse rapaz para o E!ército da Kegi#o 1entral. 2isha, obrigado por meconvidar. 8inha esquecido como pode ser e!citante um jogo escolar.

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-obre o que acha que est#o conversandoM perguntou o agente mais velho da;"N. Ele e outros dois homens estavam na parte superior, escondidos acima dasluzes que iluminavam o rinque. 8alvez sejam apenas f#s de hquei retrucou o homem com a c%mera.

/orra, parece que estamos perdendo um belo jogo. Geja s aqueles guardas deseguran&a... Os putos est#o olhando o gelo. -e eu quisesse matar Wazov... Ouvi dizer que n#o seria má idéia observou o terceiro homem. O diretor'geral... Esse assunto n#o diz respeito a ns cortou o agente mais velho, terminando aconversa. Gamos lá, EddiiieP gritou 2arL /at, logo que come&ou o segundo tempo.O filho olhou para cima, embara&ado. Aua mãe sempre ica!a excitada demaisna"ueles jo%os, pensou ele. >uem era aquelaM quis saber 2isha, a D metros de dist%ncia. Aquela magrinha ali... ns a encontramos outro dia, está lembradoM disse

Wazov. Nem, ela é uma f# notou Iilitov, enquanto observava o jogo se deslocandopara o outro campo. :or a!or, camarada ministro, pe+a !oc4### 8eve seu desejosatisfeito. Gamos lá cumprimentá'la. A multid#o se abriu para dar passagem aos dois, eWazov apro!imou'se pelo lado esquerdo dela. -enhora IoleL, eu presumoMEla se voltou rapidamente e deu um sorriso a Wazov antes de voltar'se outra vezpara o jogo. Olá, general... (a verdade meu posto é de marechal. -eu filho é o nmero dozeM -im. O senhor viu como o goleiro roubou a bola deleM Ioi uma bela defesa comentou Wazov. Ent#o que ele defenda de algum outroP disse ela, enquanto o outro timeavan&ava para o lado de Eddie. 8odos os americanos s#o t#o entusiasmados como a senhoraM indagou2isha.Ela se voltou novamente, e sua voz demonstrava um pouco de embara&o. R terrível, n#o éM Os pais deveriam agir como... 1omo paisM riu Wazov. Estou me transformando numa típica m#e de liga juvenil admitiu 2arL /at.

$epois precisou e!plicar o que queria dizer com isso. Bá é suficiente que tenhamos ensinado seu filho a ser um bom ponta de hquei. E, talvez ele esteja nos Bogos Olímpicos daqui a alguns anos retrucou ela,com um sorriso maldoso, embora brincalh#o. Wazov riu. Aquilo a surpreendeu. Wazovdeveria ser um sério e fechado filho de uma puta. >uem é a mulherM Americana. -eu marido é adido : Hmprensa. O filho dela está no time. 8emos osdados sobre ambos. (ada de especial. Goc0 acha que ele está querendo recrutá'laM sugeriu o fotgrafo. Eu n#o me importaria com isso.O jogo inesperadamente se acomodara numa luta pelo domínio do centro do rinque.

 As crian&as ainda n#o possuíam o refinamento necessário para a precis#o depasses que marcava o hquei soviético, e ambos os times haviam sido instruídospara n#o jogar duro demais. 2esmo com o equipamento de prote&#o, ainda eram

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crian&as cujos ossos em crescimento n#o podiam sofrer em demasia.  $"uela erauma li+ão "ue os russos podiam ensinar aos americanos, pensou 2arL /at. Osrussos sempre protegiam muito mais suas crian&as. A vida dos adultos já era difícil osuficiente, daí eles tentarem poupar os filhos.

Iinalmente, no terceiro tempo, as coisas come&aram a acontecer. 7m tiro a gol foirebatido pelo goleiro. O centroavante apanhou o disco e disparou para o gol oposto,com Eddie deslizando ? metros : sua direita. O centroavante passou o disco uminstante antes de ser abordado pelo adversário, e Eddie recebeu e deslocou'se paraa lateral, incapaz de atirar a gol, com a apro!ima&#o bloqueada por um defensor quearremetia contra ele. ;entra8 gritou a m#e.Ele n#o a escutou, mas n#o foi necessário. O centroavante agora estava bemlocalizado, e Eddie impulsionou o disco em sua dire&#o. O jovem centroavanteaparou'a com o patim, deu um passo atrás e enviou um petardo entre as pernas 5ogoleiro adversário. A luz atrás das traves acendeu, e os tacos foram alegremente

atirados ao ar. 7m belo passe observou Wazov com genuína admira&#o. 1ontinuou em tomconspiratrio. 1ompreende que agora seu filho está de posse de segredos deEstado e n#o podemos permitir que ele saia do paísM Os olhos de 2arL /atarregalaram'se momentaneamente, persuadindo Wazov de que ela era uma cabe&aoca tipicamente ocidental, embora provavelmente fosse boa de cama. :ena "uenunca saberei# Está brincandoM perguntou ela em voz bai!a. Os dois militares caíram nagargalhada. O camarada ministro certamente está brincando assegurou 2isha, depois deum momento. Ioi o que penseiP disse ela sem muita convic&#o antes de voltar a aten&#opara o jogo. 6uito bem, !amos azer mais um8  Algumas cabe&as se voltaram, achando aquilo tudo divertido. 8er aquela americananos jogos era sempre bom para rir um pouco. Os russos achavam muitointeressante a e!uber%ncia dos americanos. -e ela for uma espi#, eu como essa c%mera. /ense bem no que disse, camarada sussurrou o agente encarregado. -eutom de voz alegre desapareceu num instante. :ense no "ue ele acabou de dizer,disse o homem a si mesmo# O marido, *dFard <oley, & encarado pela imprensaamericana como um bobalhão, "ue não & esperto o suiciente para ser um bom

rep1rter, certamente sem capacidade para pertencer ao "uadro do (eX Wor3 8imes.O problema é que, enquanto aquele era o tipo de cobertura sonhado por todos osverdadeiros agentes de Hntelig0ncia, era também compartilhado naturalmente por to'dos os bobalh)es do servi&o governamental no mundo inteiro. Ele mesmo sabia queseu primo era um cretino, que trabalhava para o 2inistério das Kela&)es E!teriores. 8em certeza de que temos filme suficienteMEddie teve sua chance quando faltavam quarenta segundos. 7m defensor aparouuma jogada vinda da ponta, e o disco deslizou para o meio do campo. Ocentroavante passou para a direita quando o jogo mudou. O time adversário estavapressionando para marcar, e o goleiro encontrava'se muito avan&ado e fora decoloca&#o quando Eddie apanhou o passe e driblou pela esquerda. EdXard IoleL HH

virou'se rapidamente e disparou pelas costas do goleiro. O disco bateu na trave epassou lentamente pela linha. "ooolP gritou 2arL /at, pulando para cima e para bai!o como uma líder de

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torcida. Atirou os bra&os em volta do pesco&o de Wazov, para a consterna&#o de seusguardas de seguran&a. O divertimento do ministro foi contrabalan&ado pelalembran&a de que teria de escrever um relatrio de contato sobre aquilo no dia

seguinte. Nem, ele tinha 2isha como testemunha de que n#o conversaram nada deimprprio. A seguir ela agarrou Iilitov. Eu disse que voc0 dava sorteP 2eu $eus, todos os americanos f#s de hquei s#o assimM perguntou 2isha,desvencilhando'se. A m#o dela tocara a dele por uma quase imaginária fra&#o de segundo, e os tr0sdiminutos magazines de filme estavam no interior da luva. Ele os sentiu ali e ficousurpreso que o passe se tivesse realizado com tanta habilidade. -erá que ela eramágica profissionalM /or que voc0s, russos, s#o t#o sérios o tempo todo... (#o sabem como sedivertirM

8alvez dev0ssemos ter mais americanos por perto concedeu Wazov. :uxa,%ostaria "ue minha mulher osse tão !i!a "uanto esta# Goc0 tem um timo filho e,se ele jogar contra ns nas Olimpíadas, eu o perd9o. Ioi recompensado com umsorriso encantador. Ioi muita gentileza dizer isso. *spero "ue ele chute suas bundas comunistastodo o caminho de !olta at& 6oscou# -e havia algo que ela n#o suportava era ser apadrinhada. Eddie conseguiu mais dois pontos esta noite e aquele Hv# >ualquer coisa n#o fez nenhumP R sempre t#o competitiva, mesmo em jogos de crian&asM indagou Wazov.2arL /at teve um deslize, s por um instante, t#o rápido que o cérebro n#o p9deimpedir a resposta automática@ 2e mostre um bom perdedor e eu lhe mostrarei um perdedor. Ela fez umapausa e corrigiu o erro. Gince Tombardi, um famoso treinador americano, disseisso. $esculpe, deve pensar que sou nekulturny# Goc0 tem raz#o, é apenas um jogode crian&as. Ela deu um amplo sorriso. No seu rabo8  Giu alguma coisaM 7ma mulher tola que ficou muito e!citada respondeu o fotgrafo. Em quanto tempo pode revelar o filmeM Em duas horas. Ent#o pode come&ar disse o homem mais graduado. Voc4 !iu al%uma coisa0 indagou o terceiro agente ao superior.

(#o, acho que n#o. (s a observamos por quase duas horas, e ela age comouma típica m#e americana que se e!cita demais numa partida esportiva eacidentalmente atraiu a aten&#o do ministro da $efesa e do principal suspeito numcaso de trai&#o. Acredito que isso seja o suficiente, camarada, n#o achaM .ue%rande jo%o, esse###$uas horas depois, cerca de mil fotografias em preto'e'branco estavam sobre aescrivaninha do agente. A c%mera usada era japonesa, uma dessas que registrauma refer0ncia de tempo no canto inferior, e o fotgrafo da ;"N era t#o bom quantoqualquer profissional de jornal. Ele fotografara quase que continuamente, parandoapenas para trocar os magazines da c%mera motorizada. (o início, o agente quiserautilizar uma c%mera portátil de televis#o, mas o fotgrafo o dissuadira. A defni&#o

n#o era t#o boa, nem a velocidade t#o rápida. 7ma máquina totográfica ainda era amelhor forma de apanhar alguma coisa pequena e rápida, embora n#o se pudessefazer leitura labial, como na fita de vídeo.

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1ada e!posi&#o era e!aminada pelo agente durante alguns segundos, que utilizavauma lupa para verificar os detalhes que lhe interessavam. >uando a sra. IoleLentrou na seq60ncia de imagens, ele precisou de alguns segundos a mais.E!aminou'lhe a roupa e as jias com algum cuidado, e também o rosto. -eu sorriso

era particularmente despido de personalidade, como num comercial da televis#oocidental, e ele se lembrava dos gritos dela acima do ruído da multid#o. /or queserá que os americanos eram t#o barulhentosM6as se !este muito bem, admitiu para si mesmo. ;omo a maioria das mulheresamericanas em 6oscou, ela se destaca!a como um aisão num %alinheiro###resmungou aborrecido com o pensamento. E daí que os americanos gastassemmais dinheiro em roupasM O que importavam as roupas para alguémM  $tra!&s dosbin1culos ela parecia ter c&rebro de passarinho### mas nas oto%raias não### por "u40*ram os olhos, pensou ele. (as fotografias, os olhos brilhavam de uma formadiferente do que ele observara pessoalmente. /or que issoM

(as fotografias, os olhos ele lembrava que eram azuis sempre estavamfocalizados em algum ponto. O rosto, ele reparou, tinha inalares vagamente eslavos.-abia que IoleL era um nome irland0s e presumira que os ancestrais dela fossemirlandeses também. >ue a América fosse um país de imigrantes, e que os imigrantesse mesclassem nos casamentos eram conceitos estranhos aos russos. 2ais algunsquilos, mudando o cabelo e a roupa, e ela poderia ser qualquer rosto encontradonuma rua de 2oscou... ou Teningrado. 6ais pro!a!elmente a 'ltima, pensou ele. Elase parecia mais com alguém proveniente de Teningrado. O rosto tinha aquela levearrog%ncia afetada pelas pessoas de lá. 2ostaria muito de saber sua !erdadeiralinha%em#1ontinuou e!aminando as fotografias e lembrou'se de que os IoleL nunca tinhamsofrido aquele tipo de investiga&#o. O arquivo sobre eles era relativamente magro.Eram encarados pelos <$ois< como <n#o identidades<. Algo lhe disse que aquilo eraum erro, mas a voz no fundo de sua mente ainda n#o falava suficientemente alto. Apro!imava'se do final da pilha de fotografias e consultou o relgio. -r4s horas damaldita madru%ada8, resmungou para si mesmo e serviu'se de mais uma !ícara dechá.Nem, esse deve ter sido o segundo gol. Ela saltava como uma gazela. Nelas pernas,viu ele pela primeira vez. 1omo seus colegas haviam observado lá de cima, elaprovavelmente era muito boa na cama. - faltavam mais algumas fotos para chegar ao final do jogo, e... sim, lá estava ela abra&ando Wazov aquele velho sátiroP

depois abra&ando o coronel Iilitov...Ele ficou paralisado. A fotografia captara uma coisa que n#o tinha visto com osbinculos. Enquanto abra&ava Iilitov, ela olhava fi!amente para um dos quatroguardas de seguran&a, o que n#o estava assistindo A m#o esquerda n#o estavaabsolutamente envolvendo Iilitov mas abai!ada ao lado da m#o direita dele, fora davista. Ele voltou algumas fotografias. Hmediatamente antes do abra&o sua m#oestivera no casaco. Em volta do ministro da $efesa, fechava'se em punho. $epoisde abra&ar Iilitov, estava aberta de novo, e os olhos ainda estavam fi!os no guardade seguran&a, um sorriso que parecia de fato tipicamente russo e que ficava apenasnos lábios mas na fotografia seguinte ela voltara ao normal, um pouco aérea edispersiva. (esse momento ele teve certeza.

Iilha de uma puta sussurrou ele de si para si.( "uanto tempo os <oley esta!am a"ui0 /rocurou na memria fatigada, mas n#oconseguiu lembrar. :elo menos dois anos e não sabíamos, nem mesmo

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suspeit!amos### e se or s1 ela0 Era uma idéia a considerar e se ela fosse espi#e o marido n#o soubesseM Ele rejeitou o pensamento, e estava certo, mas pelomotivo errado. Estendeu a m#o para o telefone e ligou para a casa de Gatutin. -im respondeu uma voz na metade do primeiro toque.

8enho alguma coisa interessante declarou com simplicidade o agente. 2ande um carro.Gatutin chegou vinte e cinco minutos depois, sem se barbear e visivelmente irritado.O major simplesmente disp9s a série crucial de fotografias. (unca suspeitamos dela disse ele enquanto o coronel e!aminava as imagenscom a lupa. 7m belo disfarce observou Gatutin com azedume.Ele dormia há apenas uma hora quando o telefone tocara. Ainda estava aprendendoa adormecer sem os costumeiros copos de bebida forte tentando aprender,corrigiu a si mesmo. O coronel olhou para cima. /ode acreditar numa coisa dessasM Nem na frente do ministro da $efesa e

quatro guardas de seguran&aP A coragem que tem essa mulherP >uem a segueregularmenteMO major meramente entregou uma pasta de arquivo. Gatutin a folheou até encontrar a parte que procurava. Aquele velho bodeP Ele n#o poderia seguir uma crian&a até a escola sem ser preso como pervertido. Geja isso... um tenente por vinte e tr0s anosP E!istem setecentos americanos adidos : embai!ada, camarada coronel observou o major. (s temos t#o poucos homens realmente bons... E todos vigiando as pessoas erradas. Gatutin foi até a janela. Agora chegaPO marido também acrescentou ele. Essa seria minha recomenda&#o, camarada coronel. /arece certo que os doistrabalham para a 1HA. Ela passou alguma coisa para ele. /rovavelmente... uma mensagem, talvez algo mais. Gatutin sentou'se e esfregouos olhos vermelhos. Nom trabalho, camarada major.Estava amanhecendo na fronteira entre o Afeganist#o e o /aquist#o. O Arqueiropreparava'se para voltar : sua guerra. -eus homens haviam empacotado as novasarmas, enquanto seu líder essa era uma no!a id&ia, disse consigo o Arqueiro revia os planos para as semanas seguintes. Entre os objetos que recebera de Ortizestava um jogo completo de mapas táticos. Estes eram feitos de fotografias de

satélites e estavam atualizados para mostrar fortalezas soviéticas e áreas muitopatrulhadas. Ele possuía agora um rádio de longo alcance, com o qual podiamsintonizar as previs)es do tempo incluindo as russas. A jornada come&ariaapenas ao anoitecer.Ele olhou em volta. Alguns de seus homens haviam chamado a família para aquelelugar seguro. O campo de refugiados estava cheio e barulhento, mas era um lugar melhor do que as vilas desertas e cidades arrasadas pelos bombardeios russos.Favia crian&as ali, o Arqueiro percebeu, e as crian&as estavam felizes em qualquer lugar onde estivessem os pais, comida e amigos. Os meninos já estavam brincandocom armas de brinquedo e com os mais velhos n#o eram de brinquedo. Eleaceitava aquilo com um grau de arrependimento que diminuía a cada viagem. As

perdas entre os mudjahidin precisavam de reposi&)es, e os mais jovens eram osmais bravos. A liberdade requeria seus mortos bem, suas mortes vinham por umacausa sagrada, e Alá era benevolente com os que morriam por Ele. O mundo era

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sem dvida um lugar triste, mas pelo menos ali um homem podia encontrar umpouco de tempo para se divertir e o resto. Observou um de seus atiradores ajudandoseu primog0nito a andar. O beb0 n#o conseguia faz0'lo sozinho, mas a cada passoele olhava para cima em dire&#o ao rosto sorridente e barbado de um pai que s vira

duas vezes desde que nascera. O novo líder do bando lembrou de ter feito a mesmacoisa por seu filho... agora sendo ensinado a andar por uma trilha bem diferente...O Arqueiro retornou ao prprio trabalho. (#o podia mais ser um lan&ador de mísseis,porém treinara muito bem Abdul. Agora o Arqueiro lideraria seus homens. Era umdireito que merecera, e o que era ainda melhor@ seus homens achavam que ele tinhasorte. -eria bom para o moral. Embora nunca na vida tivesse lido livros sobre teoriamilitar, o Arqueiro sentia que aprendera bem suas li&)es.(#o houvera aviso... nenhum tipo de aviso. O Arqueiro virará a cabe&a com rapidezquando ouvira o ruído dos projéteis e!plosivos dos canh)es, depois viu as silhuetasescuras dos Iencer a pouco mais de C++ metros de altura. (#o havia aindaapanhado o fuzil quando viu as bombas caindo dos suportes ejetores. As formas

negras oscilaram levemente antes que fossem estabilizadas pelas aletas, os narizesapontando para bai!o em c%mara lenta. O barulho dos motores dos bombardeirosde ataque -u'45 veio a seguir, e ele virou'se para acompanhá'los enquanto o fuzilse apoiava no ombro, mas eles eram muito rápidos. (#o havia nada a fazer, a n#oser atirar'se ao ch#o, e parecia que tudo estava acontecendo muito, muito devagar.Ele estava suspenso no ar, o solo relutante em vir ao seu encontro. -uas costasvoltavam'se para as bombas, mas ele sabia que elas estavam ali, descendo. -eusolhos se abriram para ver pessoas correndo, o atirador tentando cobrir o corpo dofilho com o seu prprio. O Arqueiro voltou a olhar para cima e ficou horrorizado aoperceber que uma das bombas parecia vir diretamente sobre ele, um círculo negrocontra o céu claro da manh#. Fouve tempo até para pronunciar o nome de Aláenquanto a bomba passou sobre sua cabe&a, e a terra tremeu.Ele ficou aturdido e surdo pela e!plos#o e sentiu'se cambaleante quando se p9s depé. /arecia estranho ver e sentir o ruído, mas n#o ouvi'lo. Apenas o instinto moveu atrava de seguran&a de seu fuzil enquanto ele olhava em volta : procura do pr!imoavi#o. Tá estavaP O fuzil apontou e disparou como por vontade prpria, mas n#o fezdiferen&a. O Iencer seguinte largou sua carga algumas centenas de metros maislonge e sumiu # frente dos rolos negros de fuma&a. (#o houve mais nada.Os sons chegaram lentamente, e pareciam distantes, como os. ruídos de um sonho.2as aquilo n#o era um sonho. (o lugar onde o homem e a crian&a tinham estadoagora havia uma cratera no ch#o. (em sinal do guerreiro da liberdade e seu filho, e

mesmo a certeza de que agora ambos estariam como justos perante seu $eus n#odiminuiu a raiva cega que percorreu seu corpo. Tembrou'se de ter demonstradopiedade ao russo, sentindo certo arrependimento por sua morte. 1hegaP (unca maisdemonstraria piedade novamente para com um infiel. -uas m#os estavam lívidas emvolta do fuzil.8ardiamente um ca&a paquistan0s riscou o céu, mas os russos já se encontravamalém da fronteira, e um minuto depois o I'C circulou ao redor do acampamento por duas vezes antes de voltar : base. Goc0 está bemM Era Ortiz. -eu rosto fora cortado por estilha&os ou coisaparecida, e a voz parecia muito distante.(#o houve resposta verbal. O Arqueiro gesticulou com sua arma enquanto

observava uma viuva recente gritando por sua. família. Buntos, os dois homensprocuraram por feridos que podiam ser salvos. Ielizmente, a parte médica doacampamento ficara inclume. O Arqueiro e o agente da 1HA carregaram para lá

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cerca de uma dzia de pessoas, para ver um médico franc0s !ingando com aflu0ncia de quem estava acostumado, com as m#os já sujas de sangue.Encontraram Abdul na busca seguinte. O jovem tinha um -tinger montado nolan&ador e apontado para cima. 1horava ao confessar que estivera dormindo. O

 Arqueiro bateu em seu ombro e disse que n#o fora culpa dele. -upostamente haviaum acordo entre os soviéticos e paquistaneses que proibia incurs)es do outro ladoda fronteira. Os acordos n#o tinham valor. 7ma equipe de noticiário da televis#o francesa apareceu e Ortiz levou o Arqueiro para um local onde ninguém poderiav0'los. -eis disse o Arqueiro. (#o mencionou as perdas de n#o combatentes. E um sinal de fraqueza que eles fa&am isso, meu amigo observou Ortiz. Atacar um lugar de mulheres e crian&as é uma abomina&#o perante $eusP /erdeu suprimentosM /ara os russos, aquele era um campo de guerrilheiros,é claro, mas Ortiz n#o se importava em falar de acordo com sua vis#o das coisas.Ele estivera ali por muito tempo para ser objetivo nesses assuntos.

- alguns fuzis. O resto já está fora do acampamento.Ortiz n#o tinha mais nada a dizer. (#o tinha nada reconfortante a dizer. -eupesadelo era que aquela opera&#o para ajudar os afeg#es estava tendo o mesmoefeito que tentativas anteriores de au!iliar os (mon% do Taos. Eles lutarambravamente contra os inimigos vietnamitas apenas para ser virtualmentee!terminados a despeito de toda a ajuda ocidental. O agente da 1HA disse a simesmo que a presente situa&#o era diferente e objetivamente ele achava que issoera verdadeiro. 2as dilacerava o que restava de sua alma observar aquelas pessoasdei!ando o acampamento, armadas até os dentes, e depois contar os que retor'navam. -erá que os Estados 7nidos realmente ajudavam os afeg#es a recuperar sua prpria terra, ou os estavam meramente encorajando a matar tantos russosquanto o possível antes que eles mesmos fossem dizimadosM.ual & a política certa0, perguntou a si mesmo. Ortiz admitiu que n#o sabia.(em sabia que o Arqueiro tomara uma decis#o política prpria. O rosto velho'jovemvoltou'se para o oeste, depois para o norte, em seguida disse a si mesmo que avontade de Alá n#o seria mais restrita pelas fronteiras do que pela vontade de -eusinimigos. 

1(

Ponto C5lminante 8udo que precisamos é montar a armadilha disse Gatutin a seu chefe. A voztinha um tom definitivo, e o rosto permanecia impassível enquanto ele depositava asprovas sobre a escrivaninha de "erasimov. E!celente trabalho, coronelP O diretor'geral da ;"N permitiu'se um sorriso.Gatutin percebeu que ali havia mais do que somente a satisfa&#o de encerrar umcaso sensível e delicado. -eu pr!imo passoM $evido ao status incomum do suspeito, acho que deveríamos tentar compromet0'lo no momento da transfer0ncia de documentos. 8udo leva a crer que a1HA sabe que quebramos a corrente de mensageiros entre eles e Iilitov. 8omaramuma iniciativa fora do comum ao utilizar um dos prprios agentes para realizar a

transfer0ncia. -em erros. Esse foi um ato desesperado, apesar da precis#o com aqual fora e!ecutado. "ostaria de e!por os IoleL ao mesmo tempo. Eles devem ser um casal muito orgulhoso para nos ter enganado por tanto tempo. Apanhá'los no ato

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vai destruir esse orgulho e pode ser um grande golpe psicolgico para a 1HA comoum todo. Aprovado concordou "erasimov. O caso é seu para dirigir como quiser,coronel. 7se o tempo que precisar. Os dois homens sabiam que ele queria dizer 

menos do que uma semana. Obrigado, camarada diretor. Gatutin voltou imediatamente a seu escritrio,onde instruiu seus oficiais.Os microfones eram muito sensíveis. 1omo a maioria das pessoas dormindo, Iilitovvirava'se e revirava'se na cama, e!ceto quando sonhava e o gravador de rolocaptara o farfalhar dos len&is e alguns murmrios quase ininteligíveis. Iinalmenteum novo som apareceu e o homem com os fones de ouvido gesticulou aoscamaradas. Tembrava o ruído de uma vela se enfunando ao vento e significava queo suspeito atirava as cobertas para fora da cama. A seguir veio a tosse. O velho tinha problemas nos pulm)es, dizia a ficha médica.Ele era particularmente vulnerável a resfriados e infec&)es respiratrias.

Evidentemente estava tendo algum acesso. A seguir ele assoou o nariz, e oshomens da ;"N sorriram um para o outro. /arecia o apito de uma locomotiva. /eguei ele disse o homem que operava a c%mera de televis#o. Está indoem dire&#o ao banheiro.Os pr!imos ruídos foram perfeitamente previsíveis. Favia duas c%meras detelevis#o cujas lentes poderosas estavam assestadas sobre as duas janelas doapartamento. $ispositivos especiais permitiam que eles en!ergassem o interior doapartamento, apesar da pouca claridade matinal. -abe, fazer isso a alguém já é o bastante observou um dos técnicos. -emostrassem a alguém uma fita de um de ns acordando, morreríamos de vergonha. /ois a morte desse aí vai ser de outra causa declarou friamente o agente maisgraduado. Aquele era um dos problemas com tal tipo de investiga&#o. O agentecome&ava a se identificar com o suspeito e precisava ficar se lembrando de comoeram odiosos os traidores. Onde oi "ue !oc4 errou0, perguntou'se o major. 3mhomem com a sua icha de %uerra8E*le já imaginava como seria tratado aquele caso.7m julgamento pblicoM /oderiam ousar tornar tudo pblico com um famoso heride guerraM $"uela, disse ele a si mesmo, era uma decisão política# A porta se abriu e fechou, indicando que o coronel apanhara sua cpia do *strelaVermelha, entregue diariamente por um mensageiro do 2inistério da $efesa. Elesescutaram o gorgolejar da máquina de café e trocaram um olhar esse traidor filhoda puta bebe café toda manh#P

 Agora ele estava visível, sentado : pequena mesa da cozinha e lendo seu jornal. Eleera um anotador, eles viram, escrevendo num bloco ou no prprio jornal. >uando ocafé ficou pronto, ele se levantou para apanhar o leite no pequeno refrigerador.1heirou'o antes de adicioná'lo ao café para certificar'se de que n#o estava azedo.8inha manteiga suficiente para espalhá'la generosamente em seu p#o preto, queeles sabiam ser seu desjejum habitual.  Ainda come como um soldado comentou o operador de c%mera. Ele foi um bom soldado uma vez observou outro agente. -eu velho tolo,como é que p9de fazer issoMO desjejum acabou logo depois, e eles observaram Iilitov andando até o banheiro,onde se lavou e se barbeou. Goltou ao campo de vis#o para vestir'se. (a tela de

vídeo, viram'no apanhar uma escova para polir as botas. Ele sempre usava botas,eles sabiam, o que era incomum para oficiais do ministério. 2as as tr0s estrelas deouro na blusa de seu uniforme também o eram. Iicou em pé em frente ao espelho

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do armário, e!aminando'se. O jornal foi para o interior da valise, e Iilitov saiu pelaporta. O ltimo ruído que ouviram foi o da chave na fechadura do apartamento. Omajor veio ao telefone. O suspeito está saindo. (ada de anormal. Equipe de campana em alerta.

2uito bem respondeu Gatutin e desligou.7m dos c%meras ajustou seu instrumento para gravar a saída de Iilitov do edifício.Ele recebeu a contin0ncia do motorista, entrou no carro e desapareceu rua abai!o.7ma manh# completamente rotineira, todos concordavam. /odiam dar'se ao lu!o deserem pacientes agora. As montanhas para os lados do oeste estavam encobertas pelas nuvens e umagaroa fina caía. O Arqueiro ainda n#o partira. Favia ora&)es a serem ditas epessoas a consolar. Ortiz estava sendo tratado por um dos médicos franceses,enquanto seu amigo folheava os papéis do agente da 1HA.Iazia'o sentir'se culpado, mas o Arqueiro disse a si mesmo que simplesmenteprocurava os dados que ele prprio fornecera ao agente da 1HA. Ortiz era um

anotador compulsivo, e o Arqueiro sabia que, além disso, era também um apreciador de mapas. O mapa que ele desejava encontrava'se num lugar inesperado, preso por um clipe a vários diagramas, que copiou a m#o livre, rápida e silenciosamente, antesde repor tudo e!atamente como estava. Goc0s s#o t#o quadrados riu Nea 8aussig. -eria uma vergonha estragar essa imagem replicou Al, um sorrisoescondendo seu desprazer pela convidada.(unca entendera por que 1andi gostava daquela... o que quer que ela fosse."regorL n#o sabia por que havia soado o alarme no fundo de sua cabe&a. (#o era ofato de que ela n#o gostasse dele Al n#o importava nem um pouco com isso. -uafamília e a noiva o ama e todos os que trabalhavam com ele respeitavam'no. Era osuficiente. -e n#o se encai!ava na no&#o que alguém tinha de como deveria ser umoficial do E!ército, foda'se. 2as havia alguma coisa em Nea que... 2uito bem, vamos falar de negcios disse a convidada, comuma e!press#o divertida. E!istem pessoas em Qashington me perguntandoquando... Alguém devia dizer a esses burocratas que n#o se ligam e desligam as coisasassim reclamou 1andi. -eis semanas, no má!imo. Al sorriu. 8alvez menos. >uandoM indagou 1andi. Togo. Ainda n#o tivemos a chance de passar o sistema no simulador, mas

parece que está tudo certo. Ioi idéia de Nob. Bá estava na hora, e ele conseguiudinamizar o pacote de sotFare até melhor do que eu estava tentando. (#o vamoster de usar tanta HA quanto imaginei. Ah, éM O uso de HA intelig0ncia artificial_ era supostamente crucial para odesempenho do espelho e discrimina&#o do alvo. E, e estávamos sobrecarregando o problema, tentando usar raz#o em vez deinstinto. (#o precisamos dizer ao computador como pensar em tudo. /odemosreduzir a carga de comandos em vinte por cento colocando opini)es preconcebidasno programa. $escobrimos que é mais rápido e mais fácil do que fazer ocomputador fazer seus julgamentos a partir de um cardápio. E quanto :s anomaliasM perguntou 8aussig.

R e!atamente essa a dificuldade. As rotinas HA estavam na verdade retardandoas coisas mais do que imaginávamos. Estávamos tentando fazer as coisas t#ofle!íveis que tínhamos problemas ao realizar qualquer opera&#o. O desempenho

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esperado do laser é bom o suficiente para que ele mesmo possa fazer a op&#o dedisparo mais rápido do que o programa HA pode decidir onde mirar... portanto, por que n#o optar pelo disparoM -e o perfil n#o encai!ar, disparamos do mesmo jeito. -eus pontos de vista sobre o laser mudaram observou Nea.

Nem, n#o posso falar sobre isso.Outro sorriso do menino prodígio. 8aussig deu um jeito de sorrir de volta. *u sei deuma coisa "ue !oc4 não sabe8, é issoM - o fato de olhar para ele já arrepiava suapele, mas o pior era a maneira como 1andi olhava para ele, como se fosse /aul(eXman ou algo parecidoP 1omplei&#o amarelada, até mesmo espinhas, e elaamava aquela coisa. Nea n#o sabia se isso lhe dava vontade de rir ou de chorar... 2esmo ns, os idiotas da administra&#o, precisamos planejar com uma certaanteced0ncia disse 8aussig. $esculpe, Nea. Goc0 conhece as regras de seguran&a. Iaz a gente imaginar como conseguimos realizar alguma coisa. 1andi sacudiu a cabe&a. -e piorar um pouco, Al e eu n#o vamos poder falar 

um com o outro nos intervalos... Ela sorriu lascivamente para o amante. Al riu. Estou com dor de cabe&a. Nea, voc0 acredita nesse caraM perguntou 1andi. (unca acreditei afirmou 8aussig, reclinando'se. >uando voc0 vai sair com o doutor KabbM -abe que ele está se atirando para oseu lado há seis meses. /ois tomara que caia. 2eu $eus, que pensamento desagradável voc0 teveP-eu olhar para 1andi escondeu estranhamente bem seus sentimentos. Ela tambémcompreendera que as informa&)es sobre o programa que ela enviara para fora dopaís n#o tinham mais valor algum. 2aldito seja o monstrinho por mudar tudoP R alguma coisa. A pergunta é@ o qu0M 8ones apertou a chave em seumicrofone. -onar de 1onnecticut, temos um contato rumando zero'nove'oito.$esignar esse contato sierra'quatro. 8em certeza de que é um contatoM indagou o jovem oficial subalterno. G0 isso aquiM Bones correu o dedo ao longo da tela. O <dispositivo catarata<estava desordenado com o ruído ambiente. Tembre'se de que estamosprocurando dados n#o aleatrios. Esta linha n#o é aleatria. Ele digitou umcomando para alterar a tela. O computador come&ou a processar uma série dediscretas fai!as de freq60ncia. (o espa&o de um minuto o quadro estava claro. Oupelo menos foi o que pensou o senhor Bones, reparou o jovem operador de sonar. O

indicador luminoso na tela tinha uma forma irregular, curvando'se para a frente eestreitando'se para bai!o, cobrindo um %ngulo de cerca de D graus. O <técnico civil<olhou fi!amente para a tela durante vários segundos, depois falou novamente. -onar de 1onnecticut, classificar alvo sierra'quatro como fragata classe ;riva3,rumando zero'nove'seis. /arece que ela está fazendo curvas a cada CD ns. Boevoltou'se para o jovem. Tembrava'se do seu primeiro cruzeiro. Aquele rapaz de Canos n#o tinha nem as primeiras divisas ainda. G0 issoM R o registro em altafreq60ncia das turbinas, é uma pista inconfundível, e se pode ouvi'lo a uma boa dis't%ncia, geralmente, porque o ;riva3 n#o tem bom isolamento acstico. 2ancusoentrou no compartimento. O 7allas era um submarino classe VV de primeiragera&#o e n#o tinha acesso direto da sala de controle para o sonar, como os

modelos posteriores. Em vez disso tinha'se que vir a vante e descer por um buracono convés que descia até lá. /rovavelmente o recondicionamento corrigiria isso. Ocapit#o acenou sua caneca de café em dire&#o : tela.

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Onde está o ;rivacM Nem aqui, rumo ainda constante. 8emos bastante água ao redor. /rovavelmente já está fora de alcance.O comandante sorriu. Bones sempre tentava estimar o alcance. O diabo sobre aquilo

era que nos dois anos em que 2ancuso o tivera a bordo como membro da tripula&#oele tinha raz#o na maioria dos casos. A ré, na sala de controle, a equipe dorastreamento de controle de fogo determinava a posi&#o do alvo, comparando'a coma rota conhecida do 7allas, para determinar o alcance e o curso da fragata soviética.(#o havia muita atividade : superfície. Os outros tr0s contatos de sonar realizadoseram todos navios mercantes de uma hélice. Embora o tempo estivesse bemnaquele dia, o mar Náltico um lago tamanho'familia na opini#o de 2ancuso raramente era um lugar agradável no inverno. Kelatrios do servi&o de Hnforma&)esafirmavam que a maior parte dos navios do lado oposto estava atracada parareparos. Eram boas novas. 2elhor ainda, n#o havia muito gelo. 3ma esta+ãorealmente ri%orosa poderia con%elar tudo, e isso poria im missão, pensou o

capit#o. Até o momento somente seu outro visitante, 1lar3, sabia qual era a miss#o. 1apit#o, temos um positivo em sierra'quatro anunciou um tenente da sala decontrole.Bones dobrou um pedacinho de papel e entregou'o a 2ancuso. Estou esperando. Alcance trinta e seis mil, curso apro!imado dois'nove'zero. 2ancuso dobrou anota e riu. Bones, voc0 ainda parece uma maldita bru!aP $evolveu o papel, depois foi emdire&#o a ré, para alterar o curso do submarino, a fim de evitar o ;riva3.O rapaz do sonar ao lado de Bones agarrou a nota e a leu em voz alta. 1omo voc0 sabiaM (#o deveria ser possível fazer isso. /rática, meu rapaz, prática respondeu Bones no seu melhor sotaque caipira.Ele notou que o curso do submarino mudara. (#o parecia o 2ancuso do qual serecordava.(os velhos dias, o comandante se apro!imaria para tirar fotografias através doperiscpio, disparar algumas solu&)es com torpedos e geralmente tratar o naviosoviético como se fosse um alvo real numa guerra real. $aquela vez estavam saindode alcance da fragata russa, afastando'se. Bones n#o achava que 2ancuso tivessemudado tanto e come&ou a perguntar'se sobre que diabos seria aquela miss#o.>uase n#o havia visto o sr. 1lar3. Ele passava a maior parte do tempo a ré na sala

das máquinas, onde ficava o centro de e!ercícios uma roda cilíndrica espremidaentre duas engrenagens. A tripula&#o já come&ava a comentar que ele n#o era defalar muito. Apenas sorria, concordava e prosseguia em seu caminho. 7m doshomens reparara na tatuagem do antebra&o de 1lar3 e andava comentando sobre osignificado da foca vermelha, especificamente que simbolizava os comandos de elite-EAT. O 7allas nunca tivera um daqueles a bordo, embora outros barcos sim, e ashistrias, contadas em voz bai!a : e!ce&#o das interrup&)es do tipo@ <(#o brincaP<,haviam circulado através da for&a de submarinos e em nenhum outro lugar. -ee!istia uma coisa que os tripulantes de submarinos sabiam fazer era guardar segredo.Bones ficou em pé e andou em dire&#o a ré. Kesolveu que já tinha aprendido o

suficiente para um dia, e seu status como <técnico civil< permitia que vagasse :vontade. (otou que o 7allas navegava tranq6ilamente em dire&#o leste, a ns.7ma olhada na carta informou'o da posi&#o em que estavam, e a maneira como o

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navegador batia o lápis lhe disse qu#o longe iriam. Bones come&ou a pensar seria'mente enquanto descia para apanhar uma 1oca'1ola. Ele voltara para uma viagembem tensa, afinal de contas. -im, senhor presidente respondeu o juiz 2oore ao telefone com um olhar 

preocupado. Aeria hora da decisão0 Aquele assunto sobre o qual falamos outro dia... -im, senhor. 2oore olhou para o aparelho. Além da parte que ele segurava do aparelho, o sistema do telefone de <seguran&a<era um cubo de + centímetros, habilmente oculto em sua escrivaninha. As palavraseram quebradas em bits digitais, misturadas além do ponto de reconhecimento eenviadas para outra cai!a onde eram novamente reconstituídas. 7m interessanteefeito colateral do sistema era que produzia conversas muito claras, uma vez que osruídos e interfer0ncias eram eliminados no processo. /ode prosseguir. (#o podemos... bem, decidi ontem : noite que n#o podemosabandoná'lo. Esse devia ter sido seu primeiro telefonema do dia, e o contedo

emocional também foi transmitido.2oore imaginou se ele teria perdido o sono pela vida do agente sem rosto./rovavelmente tinha. O presidente era aquele tipo de homem. E também era o tipo,como 2oore sabia, para apoiar totalmente uma decis#o tomada. /elt tentaria mudá'la durante o dia inteiro, mas o presidente a e!ternava :s V da manh#, e teria queater'se a ela. Obrigado, senhor presidente. Gou colocar as coisas em andamento. 2ooretinha Nob Kitter em seu escritrio dois minutos depois. A retirada do 1ardealrecebeu um <sim<. 2e faz sentir contente por ter votado nele disse Kitter, esfregando as m#os. $aqui a dez dias ns o teremos numa bela casa de seguran&a. 2eu $eus, orelatrio vai durar anos ― $epois veio uma pausa mais sbria. R uma penaperder os servi&os dele. Além do mais, 2arL /at recrutou um par de agentes<quentes< para ns. EUa passou os filmes ontem : noite. (#o tenho os detalhes, massuponho que tenha sido uma entrega <cabeluda<. Ela sempre foi um pouco... 2ais do que um pouco, Arthur, mas todos os agentes de campo t0m um poucode caubi dentro deles. Os dois te!anos trocaram um olhar. 2esmo os quev0m de (ova Wor3. >ue belo grupo. 1om esses genes, a gente fica imaginando como ser#o os filhosdeles observou 2oore com um risinho. Nob, conseguiu seu desejo. Agora

vamos depressa. -im, senhor. Kitter saiu para enviar sua mensagem, depois informou oalmirante "reer.O tele! foi enviado via satélite e chegou a 2oscou quinze minutos depois@ OK$E(-$E GHA"E2 A/KOGA$A-. "7AK$E2 O- KE1HNO- /AKA 1O(IEK(1HA $EKO8H(A.Ed IoleL apanhou a mensagem decodificada em seu escritrio. *ntão, o tal burocrata "ue tinha os p4s rios sobre a %ente achou suas meias, ainal# 2ra+as a7eus8 A1 alta mais uma transer4ncia8 Vamos passar a mensa%em ao mesmo tempo, e6isha apanha um !Do para Genin%rado, depois se%uimos o plano# 7ma boa coisa

sobre o 1ardeal era que ele praticava sua rotina de fuga pelo menos uma vez por ano. -ua velha unidade militar estava agora baseada no $istrito de Teningrado, e osrussos entendiam esse tipo de sentimento. 2isha também providenciara ao longo

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dos anos para que seu regimento fosse sempre o primeiro a receber novos equi'pamentos e treinos em táticas novas. $epois de sua morte, seriam designados os"uardas Iilitov ou ao menos era o que o E!ército soviético planejava fazer. *ra pena, pensou IoleL, "ue ti!essem de alterar a"uele plano# /or outro lado, talvez a

1HA construísse um tipo de memorial para o homem...2as havia ainda aquela transfer0ncia a fazer, e n#o seria nada fácil. 3m passo decada !ez, disse a si mesmo. :rimeiro precisamos a!isElo# 2eia hora depois, umportador n#o identificado da embai!ada dei!ava o edifício. A uma certa hora eleestaria parado num certo lugar. O <sinal< foi apanhado por alguém sem probabilidadede estar sendo seguido pelo <$ois<. Essa pessoa fez mais alguma coisa. (#o sabiao motivo, apenas onde e como precisava fazer a marca. Achava aquilo muitofrustrante. O trabalho do espi#o devia ser e!citante, n#o deviaM Tá está nosso amigo. Gatutin ia no interior de um carro, querendo verificar pessoalmente se as coisas estavam caminhando direito.Iilitov entrou em seu veículo e o motorista partiu. O carro de Gatutin o seguiu por 

meio quil9metro, depois virou quando o segundo carro assumiu, correndo por umaparalela para acompanhar o suspeito.2onitorava a persegui&#o pelo rádio. As transmiss)es eram claras e com apar0nciade comerciais, enquanto os seis carros circulavam dentro e fora da persegui&#o,geralmente mantendo um : frente do veículo'alvo e outro atrás. O carro de Iilitovparou no emprio que abastecia os oficiais superiores do 2inistério da $efesa.Gatutin possuía um homem no interior era sabido que Iilitov parava lá duas outr0s vezes por semana para ver o que ele comprava e com quem falava./odia dizer que a opera&#o corria perfeitamente, o que era esperado, já quee!plicara a todos que o diretor tinha um interesse pessoal no caso. O motorista deGatutin andava : frente da presa, dei!ando o coronel do outro lado da rua do prédiode Iilitov. Gatutin entrou e subiu para o apartamento no qual estavam instalados. Noa cronometragem disse o agente encarregado enquanto Gatutin passavapela porta.O homem do <$ois< olhava discretamente pela janela e viu o carro de Iilitov parar. Ocarro perseguidor passou sem parar enquanto o coronel entrava em seu prédio. -uspeito acaba de entrar no prédio anunciou um especialista emcomunica&)es.(o interior, uma mulher com um saco fino e cheio de ma&#s entra no elevador comIilitov. (o andar de Iilitov, duas pessoas que pareciam adolescentes passariam peloelevador quando ele saísse, continuando pelo corredor com sussurros de amor 

eterno e!ageradamente altos. Os microfones de vigil%ncia captaram o fim daquiloquando Iilitov abriu a porta. '/eguei a imagem dele disse o operador dec%mera. Gamos ficar afastados da janela disse Gatutin desnecessariamente.O homem com os binculos estava bem afastado e, uma vez que as luzes doapartamento estavam apagadas as l%mpadas haviam sido removidas dossoquetes , ninguém poderia saber que as salas encontravam'se ocupadas.7ma coisa que eles apreciavam sobre o homem era sua avers#o a bai!ar aspersianas. -eguiram'no até o quarto, onde o observaram mudar de roupa para algomais confortável e chinelos. Goltou : cozinha e preparou uma refei&#o simples.Observaram'no rasgar a parte superior do invlucro na boca de uma garrafa de meio

litro de vodca. O homem estava sentado, olhando pela janela. 7m velho solitário observou um agente. -erá que foi isso que otransformouM

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$e uma maneira ou de outra, vamos descobrir.:or "ue o *stado pode trair a n1s0, perguntou 2isha ao cabo Komanov, duas horasdepois.:or"ue somos soldados, eu acho# 2isha notou que o cabo estava evitando a

quest#o e o assunto. -erá que sabia o que seu capit#o tentava perguntarM2as se ns trairmos o Estado...*ntão morremos, camarada capitão# I simples assim# )ecebemos o 1dio e adesapro!a+ão dos camponeses e trabalhadores, e morremos# Komanov encarou osolhos de seu oficial através do tempo. O cabo tinha agora sua prpria pergunta.Ialtava'lhe a vontade de e!terná'la, mas os olhos pareciam dizer@ O "ue ez, meucapitão0$o outro lado da rua, o homem com o equipamento de grava&#o escutou solu&os, eimaginou o que os estaria causando. O que está fazendo, queridaM perguntou Ed IoleL, e os microfones ouviram. 1ome&ando a fazer listas para quando partirmos. -#o tantas coisas para

lembrar, que é melhor come&ar agora.IoleL debru&ou'se sobre seu ombro. Ela tinha um bloco e um lápis, mas estavaescrevendo numa folha plástica com uma caneta de marcar. Era o tipo de objeto quese pendurava nas geladeiras, e podia ser apagado com uma passada de panomido. E7 O IAKEH, ela havia escrito. 8E(FO A $E-17T/A /EKIEH8A. 2arL /at sorriu emostrou uma fotografia do time de hquei de Eddie. 1ada jogador a havia assinado,e, rabiscado no alto em russo, Eddie escrevera, instruído pela m#e@ </ara o homemque nos trou!e sorte. Obrigado, Eddie IoleL<.-eu marido franziu as sobrancelhas. Era típico da mulher usar a apro!ima&#o direta,e ele sabia que ela costumava utilizar sua cobertura com habilidade consumada.2as... ele sacudiu a cabe&a. 2as o qu0M O nico homem da corrente do 1ardealque o poderia identificar nunca vira seu rosto. Ialtava a Ed o  panache da esposa,porém ele era mais circunspecto. -entia que era melhor do que ela em contravi'gil%ncia. Ele sabia da pai!#o de 2arL /at pelo trabalho e sua habilidade de a&#o,mas que diabos, ela era muito ousada :s vezes. Wtimo### por "ue não diz isso aela0, perguntou a si mesmo.Ele sabia o que iria acontecer ela iria alegar o lado prático da a&#o. (#o haviatempo para estabelecer mais uma série de <elos<. Ambos sabiam que a coberturadela era slida, que ela nem tinha chegado perto de ser suspeita ainda. 6as### "uemerda, esse ne%1cio & uma s&rie contínua de 6$A8 O;, 2A- 17NKA -7A TH($A

N7($H(FAP, escreveu ele no plástico. Os olhos dela brilhavam quando ela apagouas letras. $epois escreveu a prpria mensagem@ GA2O- $EHYAK O-2H1KOIO(E- 1O2 8E-OP Ed quase sufocou tentando segurar o riso. Aempreantes de uma missão, pensou ele. (#o que ele se importasse. 2as achava aquiloum pouco estranho.$ez minutos depois, numa sala do por#o do edifício, um par de técnicos em escutaouvia atentamente os ruídos produzidos no quarto dos IoleL.2arL /at IoleL acordou em seu horário costumeiro, :s hlD. Ainda estava escuro láfora, e ela imaginou quanto do caráter do av9 formara'se pelo frio e pela escurid#odos invernos russos... e quanto do caráter dela. 1omo a maior parte dos americanosdesignados para 2oscou, ela detestava a idéia de ter dispositivos de escuta pelas

paredes. Ocasionalmente sentia um prazer pervertido com eles, como na noite an'terior, mas depois vinha o pensamento de que os soviéticos também os haviamcolocado no banheiro. :arecia uma coisa "ue eles ariam, pensou ela olhando'se no

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espelho. A primeira tarefa do dia era tirar a temperatura. Ambos queriam mais umacrian&a e estavam tentando há alguns meses era muito melhor do que assistir :televis#o russa. /rofissionalmente, claro, a gravidez era uma cobertura e tanto. $e'pois de tr0s minutos, ela anotou a temperatura num cart#o que conservava no

armarinho do banheiro. :ro!a!elmente ainda não, pensou ela. -al!ez em maisal%uns dias# Bogou fora os restos do 8este /rematuro de "ravidez na lata de li!o, dequalquer modo. A seguir, havia as crian&as para acordar. Ela come&ou a preparar o café e sacudiu atodos. 2orar num apartamento com apenas um banheiro e!igia um horário rígido detodos. Gieram os habituais grunhidos de Ed, e os costumeiros protestos eresmungos das crian&as.6eu 7eus, como !ai ser bom !oltar para casa, disse a si mesma. /or mais quegostasse do desafio de trabalhar na boca do drag#o, viver ali n#o era e!atamenteuma divers#o para os garotos. Eddie adorava o hquei, mas estava perdendo ainf%ncia naquele lugar frio e árido. Nem, aquilo mudaria logo. Embarcariam todos

num avi#o da /an Am e voariam para casa, dei!ando 2oscou para trás se n#opara sempre, pelo menos por cinco anos. A vida no litoral da Girgínia. Gelejar na baíade 1hesapea3e. 5n!ernos sua!es8 $"ui & preciso embrulhar as crian+as comoNanook, da porra do norte, pensou ela. *stou sempre lutando contra os resriados#1olocou o desjejum na mesa ao mesmo tempo que Ed saía do banheiro, permitindoque ela se lavasse e se vestisse. A rotina era de que ele tomasse o desjejum edepois se vestisse, enquanto a esposa aprontava os garotos.(o banheiro ela ouviu a televis#o ligada e riu para o espelho. Eddie adorava oprograma de e!ercícios matinais a mulher que aparecia nele parecia umestivador, e ele a chamava de 2ulher 2altrapilhaaaP -eu filho ansiava pelas manh#scom os 8ransformers = =2ais do que os olhos en!ergamP<, ele ainda lembrava damsica. Eddie sentiria falta de seus amigos russos, mas o garoto era americano, enada mudaria aquilo. /or volta das ?hlD todos estavam vestidos e prontos para sair.2arL /at colocou um envelope embrulhado sob o bra&o. $ia de limpeza, n#o éM Estarei de volta a tempo de abrir a porta assegurou 2arL /at. 1erto. Ed abriu a porta e liderou a prociss#o até o elevador.1omo de hábito, sua família era a primeira a sair pela manh#. Eddie correu na frentee apertou o bot#o para chamar o elevador, que chegou ao mesmo tempo que o restoda família. Eddie saltou para o interior, apreciando a elasticidade dos cabos doselevadores soviéticos.

/ara sua m#e, sempre parecia que o raio da geringon&a iria despencar até o por#o,mas o filho achava divertido quando o carro descia alguns centímetros. 8r0s minutosmais tarde entraram no automvel. Ed tomou o volante nessa manh#. (a saída, osmeninos acenaram para o miliciano, que era na verdade da ;"N, e acenou de voltacom um sorriso. 8#o logo o carro atingiu as ruas, ele levantou o fone em sua guarita.Ed manteve o olho no retrovisor, e sua mulher já ajustara o espelho de fora de formaque ela também pudesse observar a ré. Os garotos envolveram'se em algumadiscuss#o no banco traseiro, que os pais ignoraram. /arece um belo dia disse ele calmamente. Nin%u&m est nos se%uindo# Fum'hum. ;oncordo# /recisavam ser cuidadosos com o que diziam na frentedas crian&as, claro. Eddie poderia repetir qualquer coisa que dissessem t#o

facilmente quanto lembrava da msica de abertura do desenho animado dos8ransformers. -empre havia também a possibilidade de que e!istissem microfonesno carro.

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Ed dirigiu primeiro até a escola, permitindo que a esposa acompanhasse os filhosaté o interior. Eddie e ;atie pareciam ursinhos de pelcia em suas roupas de frio.-ua esposa parecia infeliz quando entrou no carro. (i33i Qagner está doente. Eles pediram para que eu assumisse sua aula : tarde.

O marido grunhiu. (a verdade era perfeito. Ele engrenou o Gol3sXagen eretornou : Avenida Tenins3L. (ora do jo%o8  Agora as verifica&)es nos espelhos eram para valer.Gatutin esperava que eles nunca tivessem pensado naquilo antes. As ruas de2oscou estavam sempre cheias de caminh)es de transporte de materiais, andandode uma constru&#o para outra. As cabines altas ofereciam e!celente visibilidade e omovimento dos veículos parecidos chamava menos aten&#o do que os dos sedassem placas. 8inha nove caminh)es a seu servi&o hoje, e os agentes que os dirigiamcomunicavam'se através de radiotransmissores militares codificados.O prprio coronel Gatutin estava no apartamento seguinte ao de Ii litov. A família quemorava lá mudara'se dois dias antes para o Fotel 2oscou. Ele observara as fitas de

vídeo sobre o suspeito, bebendo. até ficar insensível, e aproveitara a oportunidadepara dei!ar entrar mais tr0s agentes armados do <$ois<. Ambos tinham microfonestransistorizados introduzidos na parede de comunica&#o entre os apartamentos eouviam atentamente o coronel cambaleando em sua rotina matinal. Alguma coisa lhedizia que aquele era o dia.<oi a bebida, disse a si mesmo enquanto saboreava seu chá. Aquilo provocou umsorriso. 8alvez fosse necessário um bom bebedor para entender outro. 8inha certezade que Iilitov estivera se preparando para alguma coisa, e lembrou'se de que,quando vira o coronel junto ao atendente traidor nos banhos, ele viera da sala devapor com ressaca... exatamente como eu# As coisas se encai!avam, resolveu ele.Iilitov era um heri que ficara mau mas ainda um heri. (#o poderia ter sido fácilpara ele cometer trai&#o, e provavelmente ele precisava do álcool para dormir comsua consci0ncia atormentada. Agradava a Gatutin que as pessoas sentissem assim,que a trai&#o fosse uma coisa difícil de fazer. Eles est#o se dirigindo para cá anunciou um homem de comunica&)es pelorádio. Nem aqui disse Gatutin a seus subordinados. Gai acontecer a C++ metrosde onde estamos.2arL /at repassou suas tarefas. >uando entregasse a fotografia embrulhada,receberia o filme, que enfiaria no interior da luva. $epois, o sinal. Esfregaria ascostas da m#o enluvada pela testa, como se estivesse limpando o suor, depois

cocaria a sobrancelha. Esse era o sinal de perigo e fuga. Esperava que eleprestasse aten&#o. Ela mesma nunca tinha feito o gesto Ed certa vez oferecera umafuga, apenas para ser rejeitada. Hsso ela entendera melhor do que o marido afinalde contas, seu trabalho na 1HA era mais baseado na pai!#o do que na raz#o , masagora bastava. O homem mandava dados para o Ocidente desde quando elaaprendia a brincar com bonecas. Aquele era o prédio. Ed dirigiu'se para a curva, esbarrando nas tartarugas enquantosua m#o agarrava o pacote. Ao segurar a ma&aneta, seu marido deu'lhe tapinhas naperna. Boa sorte, menina# IoleLeva acabou de sair do carro e se dirige : entrada lateral grasnou o alto'falante do receptor de rádio.

Gatutin sorriu : <russifica&#o< do nome estrangeiro. 1onsiderou se devia ou n#osacar a pistola automática de servi&o, mas decidiu'se contra. 2elhor ter as m#oslivres, pois uma arma pode disparar acidentalmente. Aquela n#o era a hora para

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acidentes. Alguma idéiaM indagou ele. -e fosse eu, tentaria uma entrega sub'reptícia arriscou um dos homens. Gatutin concordou. Estava preocupado por n#o ter sido possível a instala&#o de

c%meras de vigil%ncia no corredor em si, devido a fatores técnicos. Aquele era oproblema com os casos realmente delicados. Os espertos eram os desconfiados.(#o se podia correr o risco de alertá'los, e ele tinha certeza de que os americanos jáestavam em alerta.  $lerta o suiciente, ele pensou,  para assassinar um de seus pr1prios a%entes no ptio da estrada de erro#Ielizmente, a maioria dos apartamentos de 2oscou possuía olhos mágicosinstalados na porta. Gatutin ficou grato pelo aumento dos assaltos a resid0ncias, poisseus técnicos conseguiram trocar as lentes originais por outras que permitiam avis#o da maior parte do corredor. Ele mesmo assumiu a posi&#o de observador.7e!íamos ter instalado microones nas escadarias, disse a si mesmo. <a+a umanota sobre isso para a pr1xima !ez# Nem todos os espi/es usam ele!adores#

2arL /at n#o era t#o atleta quanto o marido. Ela fez uma pausa no patamar,olhando para cima e para bai!o da escadaria, atenta a todos os sons enquanto asbatidas de seu cora&#o diminuíam bastante. Gerificou o relgio digital. Era hora.Ela abriu a porta de inc0ndio e andou diretamente pelo centro do corredor.2uito bem, 2isha. Espero que voc0 tenha se lembrado de acertar o relgio ontem anoite. A ltima vez, coronel. /elo amor de $eus, aceite o sinal de fuga desta vez. 8alvezeles o interroguem lá na base de treinamento da 1HA, e meu filho possa conhecer um verdadeiro heri russo.../u!a, gostaria que meu av9 me visse agora...Ela nunca estivera ali antes, nunca fizera uma entrega naquele prédio. 2as oconhecia de cor, tendo passado vinte minutos estudando o diagrama. A porta do1ardeal era aquelaP*ra hora8 -eu cora&#o parou quando viu a porta se abrir, a C+ metros de dist%ncia..ue proissional8 2as o que se seguiu foi t#o frio quanto uma adaga de gelo.Gatutin arregalou os olhos horrorizado com o ruído. A tranca na porta doapartamento fora instalada com m#o'de'obra tipicamente russa, apro!imadamentemeio milímetro fora de lugar. Enquanto ele a deslizava, preparando'se para abrir aporta, produzira um ruído metálico e audível.2arL /at IoleL mal alterou o passo. -eu treinamento assumiu o controle do corpocomo um programa de computador. 7m orifício de observa&#o numa porta passara

de escuro para claro.Favia alguém ali.Esse alguém acabara de mover'se.Esse alguém acabara de me!er na fechadura da porta.Ela deu meio passo para a direita e esfregou as costas da m#o enluvada na testa.(#o estava fingindo limpar o suor.2isha viu o sinal e estacou, com um olhar de curiosidade, que come&ou a mudar para de divertimento até que ouviu a porta se abrir. -oube no mesmo instante que ohomem que saía n#o era seu vizinho. Goc0s est#o presosP gritou Gatutin, e ent#o percebeu que a mulher americanae o russo estavam parados a C metro um do outro, e ambos tinham as m#os ao lado

do corpo. Ainda bem que os outros agentes do <$ois< atrás dele n#o podiam ver ae!press#o em seu rosto. $esculpem'meM a mulher disse em timo russo.

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O "u40 ― rugiu Iilitov com ultraje s possível a um soldado profissional. Goc0 ele apontou para a sra. IoleL , contra a parede. -ou cidad# americana, e voc0 n#o pode... Goc0 é uma espi# americana disse um capit#o, empurrando a mulher contra a

parede. O qu0M A voz dela continha p%nico e alarme, nem um pouco de proissionalismo ali, pensou Gatutin, mas ent#o sua mente espantou'se com aobserva&#o. $o que está falandoM O que significa issoM >uem é voc0M Aseguir ela come&ou a gritar@ :olícia### $l%u&m chame a polícia# *stou sendoatacada8 $l%u&m me ajude, por a!or8 Gatutin a ignorou. Bá tinha agarrado a m#o de Iilitov, e, enquanto outro agenteempurrava o coronel contra a parede, ele apanhou o magazine de filme. /or umbreve instante que pareceu estender'se por horas, ele foi atingido pelo pensamentohorrível de que estragara tudo, e ela realmente n#o pertencia : 1HA. 1om o filme nam#o, engoliu em seco e fi!ou o interior dos olhos de Iilitov.

Está preso por trai&#o, camarada coronel# -ua voz sibilou ao final dasenten&a. Tevem'no daqui.Goltou'se para encarar a mulher. Os olhos dela estavam arregalados de medo eultraje. >uatro pessoas agora estavam com a cabe&a para fora de suas portas,olhando o sagu#o. -ou o coronel Gatutin, da 1omiss#o para a -eguran&a do Estado. Acabamos deefetuar uma pris#o. Iechem as portas e v#o cuidar de suas vidas. Keparou que ocumprimento de sua ordem demorou menos de cinco segundos. A Kssia ainda eraa Kssia. Nom dia, senhora IoleL disse ele a seguir. (otou o esfor&o dela pararecuperar o autocontrole. >uem é voc0... e o que está acontecendoM A 7ni#o -oviética n#o v0 com bons olhos os convidados que roubam segredosde Estado. 1ertamente lhe disseram isso em Qashington... desculpe, em TangleL. A voz dela tremeu quando falou. 2eu marido é um conceituado membro da miss#o diplomática dos Estados7nidos em seu país. $esejo ser imediatamente colocada em contato com minhaembai!ada. (#o tenho idéia do que está resmungando, mas sei que, se voc0 fizer amulher grávida de um diplomata perder seu beb0, vai ter um incidente diplomáticonas m#os grande o suficiente para chegar ao noticiário da televis#o. Eu nem faleicom aquele homem. Eu n#o o toquei, e ele n#o me tocou... e voc0 sabe muito bem

disso, mo&o. O que me disseram lá em Qashington foi que voc0s, palha&os, adoramembara&ar os americanos com esses seus joguinhos bobos de espi)es.Gatutin recebeu impassível todo o discurso, embora a palavra <grávida< tivessechamado sua aten&#o. Ele soubera, pelos relatrios da arrumadeira que limpava oapartamento deles duas vezes por semana, que IoleLeva estava fazendo os testes.E se... haveria um incidente muito maior do que ele desejava. (ovamente o drag#oda polícia levantou a cabe&a. O chefe "erasimov teria que decidir sobre isso. 2eu marido está esperando por mim. Gamos avisá'lo de que está sendo detida. -erá solicitada a responder a algumasperguntas. (#o será maltratada.2arL /at já sabia disso. -eu horror ao que acabara de acontecer estava ofuscado

pelo orgulho. Ela representara perfeitamente e sabia disso. 1omo parte dacomunidade diplomática, ela estava fundamentalmente salva. Eles poderiam ret0'lapor um dia, ou até dois, mas qualquer tratamento rude resultaria em ter meia dzia

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de russos em Qashington embarcados de volta. Além do mais, n#o estava grávidade verdade.8udo aquilo n#o importava. Ela n#o verteu nenhuma lágrima, n#o demonstrounenhuma emo&#o além da esperada, s o que fora instruída e treinada para

demonstrar. O que importava era que seu mais importante agente fora apanhado, ecom ele informa&)es da maior import%ncia. Ela queria chorar, precisava chorar, masn#o ia dar esse gosto aos putos. O choro viria quando estivesse no avi#o de voltapara casa.

1Avaliaç!o de +anos $iz muito sobre o homem o fato de que a primeira coisa que fez foi ir até aembai!ada e passar o tele! disse Kitter afinal. O embai!ador entregou suanota de protesto ao ministro das Kela&)es E!teriores antes que eles tornassem

pblica a pris#o por <conduta incompatível com o estatuto diplomático<. Nelo consolo observou sombriamente "reer. $evemos t0'la de volta em um dia ou menos continuou Kitter. Eles já foramdeclarados personae non %ratae, e v#o'se embora no pr!imo v9o internacional da/an Am.KLan reme!eu'se em sua cadeira. * "uanto ao ;ardeal0, perguntou'se. 6eu 7eus, primeiro eles me contam sobre esse supera%ente e uma semana depois###;ertamente eles não t4m l uma ;orte Auprema "ue diiculte a execu+ão das pessoas# Alguma chance de podermos trocá'loM indagou Bac3. Está brincando, rapaz. Kitter levantou e andou até a janela. Js * damadrugada o estacionamento da 1HA estava quase vazio, apenas alguns carrosesparsos entre as pilhas de neve arada. (#o temos nem mesmo alguémsuficientemente importante para barganhar uma redu&#o de senten&a. (#o hánenhuma possibilidade de que o dei!em sair, mesmo por um chefe de setor, quealiás n#o possuímos. Ent#o ele está morto, e os dados perdidos com ele. Hsso é o que o homem está dizendo concordou o juiz 2oore. Ajuda dos aliadosM perguntou KLan. 8alvez -ir Nasil tenha alguma coisaque possa nos ajudar. KLan, n#o há nada que possamos fazer para ajudar o homem. Kitter voltou'se

para descarregar sua raiva no primeiro alvo oportuno. Ele está morto... claro,ainda respira, mas está morto do mesmo jeito. 7m m0s, dois ou tr0s a partir deagora, a notícia será dada, ns a confirmaremos através de outras fontes, e ent#ovamos abrir uma garrafa e beber um pouco : sua memria. E quanto ao 7allas0 quis saber "reer. O qu0M KLan voltou'se. Goc0 n#o precisa saber sobre isso declarou Kitter, contente em ter um alvo. $evolva'o : 2arinha. 1erto acedeu "reer. E provável que isso tenha sérias conseq60ncias.  Aquilo atraiu um olhar sombrio do juiz 2oore. Agora ele precisava ir até o presidente. >ue acha, KLanM

-obre as conversa&)es de controle de armasM Bac3 encolheu os ombros. $epende de como v#o tratar o assunto. Eles t0m um grande leque de op&)es, equalquer um que lhe diga que pode prever qual eles v#o escolher é um mentiroso.

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(ada como a opini#o de um especialista observou Kitter. -ir Nasil acha que "erasimov quer fazer uma jogada em dire&#o ao topo. Elepoderia usar isso para seus fins disse Bac3 friamente , mas acho que(armonov tem muito impacto político agora que possui o quarto homem no

/olitburo. Ele pode, portanto, escolher entre prosseguir com o acordo e mostrar ao/artido como pode ser forte seu esfor&o pela paz ou, se sentir mais vulnerabilidadepolítica do que pressinto, pode consolidar seu controle do /artido tachando'nos deincorrigíveis inimigos do -ocialismo. -e e!iste uma avalia&#o de probabilidadesnessa escolha, que n#o seja adivinha&#o, ainda n#o descobri. /ois trabalhe nisso ordenou o juiz 2oore. O presidente quer algo slido osuficiente para agarrar, antes que Ernie Allen comece a falar em colocar a Hniciativade $efesa Estratégica na mesa de negocia&)es outra vez. -im, senhor. Bac3 ficou em pé. Buiz, podemos esperar que os soviéticostornem pblica a pris#o do 1ardealM Essa é uma boa pergunta disse Kitter. KLan dirigiu'se para a porta e parou

outra vez. Espere um pouco. O que éM perguntou Kitter. Goc0 disse que o embai!ador entregou seu protesto para o ministro dasKela&)es E!teriores, certoM E!ato, IoleL trabalhou bem rápido para bat0'los no impacto inicial. 1om todo o respeito devido ao senhor IoleL, ninguém é t#o rápido assim disse KLan. Eles deviam ter a nota oficial já impressa antes de realizarem apris#o. E daíM indagou o almirante "reer.Bac3 andou de volta até os outros tr0s homens. $aí que o ministro das Kela&)es E!teriores é um dos homens de (armonov, n#oéM 1omo Wazov no 2inistério da $efesa. Eles n#o sabiam afirmou KLan. Iicaram t#o surpresos quanto ns. (#o acredito nisso resmungou Kitter. (#o é assim que fazem as coisas. Hsso ns é que presumimos, senhor. Bac3 manteve sua posi&#o. >ueevid0ncias apoiam tal afirmativaM (enhuma que saibamos no momento. "reer sorriu. >ue porra, Bames, eu sei que ele... 1ontinue, doutor KLan disse o juiz 2oore. -e aqueles dois ministros n#o soubessem o que acontecia por bai!o do pano,

isso colocaria uma vis#o diferente no assunto, n#oM Bac3 sentou'se no encostoda cadeira. 2uito bem, posso entender que tenham dei!ado o ministro da $efesade fora... o 1ardeal era seu principal au!iliar... 2as por que dei!ar de fora o ministrodas Kela&)es E!terioresM (esse tipo de coisa a gente quer se mover depressa,pegar os jornalistas com uma histria de impacto... 1om toda a certeza a gente n#oquer que o outro lado fique sabendo antes. NobM chamou o diretor'geral dos -ervi&os de Hnforma&)es.O vice'diretor de Opera&)es nunca apreciara muito KLan ele achava que ohomem tinha vindo muito longe depressa demais , mas, por tudo isso, Nob Kitter era um sujeito honesto. Ele sentou'se e saboreou seu café por um instante. O garoto pode ter raz#o. Gamos ter que confirmar alguns detalhes, mas se eles

verificarem... ent#o a opera&#o é t#o política quanto um simples caso do <$ois<. BamesMO vice'diretor de Hnforma&)es concordou com um gesto de cabe&a.

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Assustador. 8alvez n#o estejamos falando apenas sobre perder uma boa fonte continuouKLan, especulando : medida que falava. A ;"N pode estar usando este casopara fins políticos. O que n#o entendo é a base de poder que possam possuir. A

fac&#o de Ale!androv tem tr0s membros slidos. (armonov tem quatro, contandoesse sujeito novo, GaneLev... 2erdaP disse Kitter. /resumimos que, quando sua filha foi apanhada e soltaem seguida, eles n#o a tinham quebrado... >ue diabos, eles disseram que elaparecia bem... ou ent#o que seu pai era importante demais para... 1hantagem. Agora era a vez do juiz 2oore. 8inha raz#o, Nob. E (armonovn#o sabe de nada. /recisamos conced0'lo a "erasimov, o miserável fez belosmovimentos... -e tudo isso é verdade, (armonov está em inferioridade e n#o sabedisso. Ele fez uma pausa para franzir as sobrancelhas. Estamos especulandocomo um punhado de amadores. Nem, isso tudo produz um cenário e tanto. KLan quase sorriu ao anunciar a

conclus#o lgica. 8alvez tenhamos derrubado o primeiro governo soviético emtrinta anos que estava empenhado em liberalizar o prprio país. O "ue os jornaisnão ariam com uma notícia dessas0, perguntou Bac3 a si mesmo. * sabemos "ueisso acaba aparecendo# * um prato muito suculento para permanecer secreto por muito tempo### -abemos o que anda fazendo, e sabemos há quanto tempo vem fazendo isso. Aqui est#o as evid0ncias. Ele atirou as fotografias sobre a mesa. Nelas fotos comentou 2arL /at. Onde está o homem da minha embai!adaM (#o queremos que ninguém fale com voc0. /odemos mant0'la aqui durante otempo que desejarmos. Anos, se for necessário acrescentou ele agourentamente. Escute aqui, mo&o, sou americana, certoM 2eu marido é um diplomata. Ele temimunidade diplomática e eu também. - porque voc0 pensa que sou uma dona decasa americana e burra, acha que pode ficar me assustando para assinar algumaconfiss#o absurda, dizendo que sou uma espécie de espi# idiota. /ois bem, eu n#osou, e meu governo vai me proteger. /ortanto, no que me diz respeito, pode pegar aquela confiss#o, passar mostarda nela e com0'la inteirinha. $eus sabe que acomida aqui é t#o ruim que um pouco de fibras iria fazer bem para sua dieta observou ela. Está dizendo que aquele bom velho para o qual eu levava afotografia foi preso também, éM /ois eu acho que voc0 está louco. -abemos que se encontrou várias vezes com ele. $uas vezes. Eu o vi num jogo no ano passado, também... n#o, espere aí,

encontrei'me com ele numa recep&#o diplomática, algumas semanas atrás. Ioramtr0s vezes, mas apenas relacionadas a assuntos de hquei. Ioi por isso que trou!ea fotografia. Os rapazes do time acham que ele traz boa sorte a eles... /ergunte aeles, todos assinaram a foto n#o foiM (as duas oportunidades em que ele estevepresente, ganhamos jogos importantes, e meu filho marcou alguns pontos. E voc0acha que ele é espi#o s porque foi a um jogo de hquei da liga juvenilM 2eu $eus,voc0s devem en!ergar espi)es americanos embai!o de todas as camas.(a verdade, ela estava se divertindo. Eles a trataram com cuidado. Nada como uma%ra!idez amea+ada, disse 2arL /at a si mesma, enquanto quebrava ainda maisuma das comprovadas regras de seguran&a no campo da espionagem@ Não di%anada# Ela reclamava, como faria qualquer cidad#o comum ultrajado com o escudo

da imunidade diplomática, claro perante a estupidez dos russos. Observou deperto seu interrogador, atenta :s rea&)es dele. -e havia alguma coisa que um russodetestava era ser olhado de cima, principalmente por americanos, perante os quais

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apresentavam um comple!o de inferioridade terminal. Eu costumava achar que o pessoal de seguran&a da embai!ada era umaamola&#o bufou ela depois de um momento. (#o fa&a isso, n#o fa&a aquilo,seja cuidadosa quando tirar fotografias. Eu n#o estava tirando nenhuma fotografia,

eu estava le!ando uma fotografia para eleP E os garotos na fotografia s#o russos... :e!ce&#o de Eddie. Ela se voltou, olhando para o espelho.2arL /at perguntou'se se os russos tinham pensado naquele detalhe sozinhos, ouse tinham copiado a idéia de algum filme policial ame'ricano. >uem treinou essa sabia o que estava fazendo observou Gatutin, olhandoatravés do espelho na sala ao lado. Ela sabe que estamos aqui, mas n#o dei!atransparecer. >uando vamos soltá'laM (o final da tarde respondeu o chefe do -egundo $iretrio. 2ant0'la aquin#o vai valer o esfor&o. -eu marido já está arrumando as coisas no apartamento.Goc0 devia ter esperado mais alguns segundos acrescentou o general.

Eu sei. (#o faria sentido e!plicar a fechadura com defeito. A ;"N n#oaceitava desculpas, mesmo de coronéis. Aquilo n#o erao ponto principal, como sabiam Gatutin e seu chefe. Eles haviam apanhado Iilitov n#o e!atamente no ato, mas ainda assim fora apanhado. Esse era o objetivo docaso, pelo menos no que se referia a eles. Ambos os homens conheciam as outraspartes do assunto, mas as tratavam como se n#o e!istissem. Era a conduta maisinteligente para ambos. Onde está meu subordinadoM e!igiu Wazov. Ele está no /resídio Tefortovo, claro respondeu "erasimov. >uero v0'lo. Hmediatamente. O ministro da $efesa n#o chegara nem mesmo aretirar o gorro, permanecendo em pé trajado com o sobretudo até a altura da co!a,as bochechas ainda rosadas pelo ar frio de fevereiro.... ou tal!ez de rai!a, pensou"erasimov. 8alvez até de temor... Este n#o é o lugar apropriado para fazer e!ig0ncias, $mitri 8imofeLevich. Eutambém sou membro do /olitburo. Eu também participo do 1onselho de $efesa. Epode ser que esteja implicado nessa investiga&#o. Os dedos de "erasimovbrincavam com um relatrio sobre a escrivaninha. Aquilo mudou a complei&#o de Wazov. Ele ficou pálido, e definitivamente n#o foi demedo. "erasimov ficou surpreso que o soldado n#o perdesse o controle, mas omarechal realizou um supremo esfor&o e falou no tom que empregaria com umrecruta@

2ostre suas provas aqui e agora se tiver colh)esP 2uito bem. O diretor'geral da ;"N abriu a pasta e retirou uma série defotografias, passando'as ao outro. Goc0 mandou vigiar a mim0 (#o, estávamos vigiando Iilitov. Goc0 estava presente por acaso. Wazov atirouas fotografias de volta, com e!press#o de desgosto. E daíM 2isha foi convidado para um jogo de hquei. Eu o acompanhei. Ioi umbom jogo. Favia um rapaz americano no time... eu encontrei a m#e numa recep&#ooutro dia.... ah, sim, foi no -al#o -#o Borge quando os negociadores americanosestiveram aqui da ltima vez. Ela estava neste jogo e nos cumprimentamos. Ela éuma mulher divertida, de uma maneira ftil. (a manh# seguinte preenchi um re'

latrio de contato. E 2isha também. -e ela é t#o ftil assim, por que se deu ao trabalhoM indagou "erasimov. /orque ela é americana, seu marido é algum tipo de diplomata, e fui tolo o

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suficiente para permitir que ela me tocasse, como pode ver. O relatrio de contatoestá no arquivo. Gou lhe enviar uma cpia do meu e a do coronel Iilitov. Wazovfalava com mais confian&a agora. "erasimov calculara algum aspecto erradamente. Ela é agente da 1HA.

(este caso estou convencido de que o -ocialismo vai predominar, (i3olaLNorissovich. (#o pensei que empregasse tantos tolos... pelo menos até hoje.O ministro da $efesa permitiu'se acalmar'se. Embora novo no cenário político de2oscou até recentemente fora comandante do $istrito 2ilitar do E!tremo Oriente,onde (armonov o descobrira , sabia obre a verdadeira luta que era travada ali. Elen#o acreditava e n#o oodia acreditar que Iilitov fosse um traidor n#o acreditavapela ficha do homem n#o podia acreditar, porque o esc%ndalo destruiria uma dasmais bem planejadas carreiras do E!ército soviético. A dele. -e possui alguma prova verdadeira contra meu homem, quero que meu pessoalde seguran&a verifique. Goc0, (i3olaL Norissovich, está tentando jogar um jogopolítico com meu ministério. (#o permitirei interfer0ncia da ;"N na maneira como

dirijo meu E!ército. Alguém da "K7 virá aqui esta tarde. Goc0 vai cooperar com ele,ou eu mesmo levarei este assunto ao /olitburo."erasimov n#o e!ibiu nenhum tipo de rea&#o enquanto o ministro da $efesadei!ava a sala, mas compreendeu que cometera um erro. Apostara em demasia noprprio jogo n#o, disse a si mesmo, voc0 antecipou a jogada em um dia.Esperava que Wazov desmoronasse e se curvasse : press#o, para aceitar umaproposta ainda n#o feita.E tudo porque aquele idiota do Gatutin n#o conseguiu evid0ncias positivas. /or queele n#o podia ter esperado mais um segundoMNem, a nica coisa afazer é conseguir uma confiss#o completa de Iilitov.O trabalho oficial de 1olin 2c1lintoc3 era no escritrio comercial da embai!adabrit%nica de -ua 2ajestade, na margem do rio 2oscou oposta ao ;remlin, um localque sabotara a Kevolu&#o e incomodara a lideran&a soviética desde o tempo de-tálin. 2as ele também era um jogador no "rande Bogo. Era, na verdade, o agentecontrolador que <dirigia< -vetlana GaneLeva e a emprestara : 1HA com um propsitoque nunca ficara bem e!plicado, mas as ordens vieram da 1enturL Fouse, emTondres, a sede do -H-, o -ervi&o -ecreto Nrit%nico. (o momento ele estavaconduzindo um grupo de homens de negcios brit%nicos através do "osplan,apresentando'os aos burocratas com quem teriam de negociar os contratos para oque quer que tivessem esperan&a de vender aos bárbaros locais, pensou2c1lintoc3. 7m <ilhéu< de QhalsaL, ao largo da costa escocesa, encarava a todos

que habitavam ao sul de Aberdeen como bárbaros, porém trabalhava para o -H- dequalquer maneira. >uando falava em ingl0s, usava um sotaque cantado, misturandoas palavras usadas apenas no norte da Esccia, e seu russo era mal compreensível,porém ele era capaz de ligar e desligar sotaques como se tivesse um interruptor. Eseus ouvidos n#o tinham nenhum sotaque. As pessoas imaginam invariavelmenteque alguém com problemas de fala também os tivesse para ouvir. Era uma impres's#o que 2c1lintoc3 fazia o possível para cultivar.Iora assim que encontrara -vetlana, enviando um relatrio para Tondres que aclassificava como possível alvo para recrutamento, e um oficial graduado no -H-fizera e!atamente isso no sal#o superior da Nrasserie Tanglan=s na -tratton -treet.$esde ent#o 2c1lintoc3 a vira apenas a negcios, com outros ingleses e russos por 

perto. Outros agentes do -H- em 2oscou recolhiam as informa&)es em deadEdrop,embora fosse ele o responsável pelas opera&)es dela. Os dados que ela enviavaeram desapontadores, mas ocasionalmente teis num sentido comercial. 1om

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agentes de informa&)es tendia'se a aproveitar o que se podia obter, e ela passavarumores internos, que escutava do pai. 2as alguma coisa acontecera a -vetlanaGaneLeva. Ela desaparecera de sua escrivaninha, ent#o retornara, provavelmentedepois de ser interrogada em Tefortovo, informara a 1HA. Aquilo n#o fazia muito sen'

tido para 2c1lintoc3. 7ma vez que se ia para Tefortovo, ficava'se por mais de umdia ou dois. Alguma coisa muito estranha acontecera, e ele aguardara por mais deuma semana até surgir a oportunidade de descobrir e!atamente o que poderia ter havido. As informa&)es que ela dei!ara permaneceram intactas, claro. (inguém do-H- chegaria perto delas, e!ceto para verificar se n#o tinham sido perturbadas, deuma dist%ncia discreta. Agora, entretanto, ele tivera sua chance, levando a delega&#o através da sala quecontinha a se&#o t0!til da ag0ncia de planejamento. Ela olhou para cima e viu osestrangeiros passando. 2c1lintoc3 deu o sinal de rotina para interrogatrio./recisava partir do princípio de que ela fora dobrada, totalmente comprometida, masprecisava reagir de alguma maneira. Ele fez o sinal, um esfregar das m#os contra o

cabelo, t#o natural quanto respirar, como eram todos os sinais. A resposta dela seriao abrir de sua gaveta, tirando de lá um lápis ou uma caneta. O primeiro significava<tudo certo<, a ltima era um aviso. Ela n#o fez nenhuma das duas coisas emeramente devolveu o documento que estivera lendo. >uase surpreendeu o jovemagente, que teve vontade de encará'la, mas lembrou'se a tempo de quem era eonde estava, e voltou'se, procurando outros rostos na sala, as m#os agitando'senervosamente, fazendo gestos que poderiam significar qualquer coisa para quemestivesse observando.O que permaneceu em sua mente foi o olhar no rosto dela. O que fora animadoparecia vazio. O rosto vivido de emo&)es agora parecia t#o desprovido delas quantoo das pessoas numa rua de 2oscou. A pessoa que fora a filha privilegiada de umhomem com cargo muito elevado no /artido estava diferente agora. (#o erafingimento. 8inha certeza disso, ela n#o possuía a habilidade para faz0'lo.*les che%aram at& ela, disse 2c1lintoc3 a si mesmo. *les a apanharam e asoltaram# Ele n#o tinha a menor pista sobre o motivo que tiveram para dei!á'la sair,mas essa preocupa&#o n#o era sua. 7ma hora mais tarde, levou os negociantes atéo hotel onde se hospedavam e voltou a seu escritrio. O relatrio que ele despachoupara Tondres tinha apenas tr0s páginas. (#o tinha a menor idéia sobre atempestade que iria desencadear. (em sabia que outro agente do -H- enviara outrorelatrio no mesmo malote. Oi, Arthur disse a voz pelo telefone.

Nom dia... desculpe, boa tarde, Nasil. 1omo está o tempo em TondresM Irio, mido, horroroso. /ensei em dar um pulo até sua margem do lago eapanhar um pouco de sol. (#o esque&a de parar perto da loja. Era o que eu planejava fazer. $e manh# bem cedoM -empre tenho um espa&o para voc0 em minha agenda. Gejo voc0 amanh#, ent#o. Stimo. Até amanh#. O juiz 2oore desligou..ue dia8, pensou o diretor'geral dos -ervi&os de Hnforma&)es. :rimeiro perdemos o;ardeal, depois Air Basil ;harleston "uer !ir at& a"ui para tratar de um assuntosobre o "ual não pode alar no sistema mais se%uro de teleone "ue os 1r%ãos da

se%uran+a e deesa implantaram8  Ainda n#o era meio'dia e ele já estava noescritrio havia nove horas. O "ue, diabo, ia dar errado ainda0 1hama a isso de provasM O general WevgenL HgnatLev estava encarregado do

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departamento de contra'espionagem da "K7, a ag0ncia soviética de Hntelig0nciamilitar. /arece a esses olhos cansados que o seu pessoal pulou em gelo finoprocurando por um pei!e.Gatutin estava estupefato e furioso com o fato de que o diretor'geral da ;"N

tivesse enviado aquele homem ao seu escritrio, para verificar o seu caso. -e conseguir encontrar uma e!plica&#o plausível para o filme, a c%mera e odiário, talvez fosse bondoso a ponto de partilhá'la comigo, camarada. Goc0 afirma que tirou o filme da m#o dele, n#o da mulher. Ioi uma afirma&#o,n#o uma pergunta. 7m erro de minha parte para o qual n#o há desculpas disse Gatutin com umadignidade que soou estranha aos ouvidos de ambos. E quanto : c%meraM Ioi encontrada grudada magneticamente ao painel interno da geladeira. Goc0 n#o a encontrou quando realizou a primeira busca no apartamento. Estouentendendo. E n#o tinha impress)es digitais. E suas fitas de vigil%ncia n#o mostram

Iilitov fazendo uso dela. /ortanto, se ele me disser que voc0 colocou lá tanto ac%mera quanto o filme, como posso convencer o ministro de que é ele que estámentindoMGatutin ficou surpreso pelo tom da pergunta. >uer dizer que afinal acredita que ele é um espi#oM O que eu acredito n#o é importante. Acho perturbadora a e!ist0ncia do diário,mas voc0 n#o acreditaria nas quebras de seguran&a com as quais sou obrigado alidar, especialmente nos níveis mais elevados. >uanto mais importantes as pessoasse tornam, menos importantes pensam que s#o as regras. Goc0 sabe quem é Iilitov.Ele é mais do que apenas um heri, camarada. R famoso por toda a 7ni#o-oviética... o velho 2isha, o Feri de -talingrado. Ele lutou em 2ins3, em GLasma,nos arrabaldes de 2oscou quando derivemos os fascistas, o desastre de ;har3ov,depois batalhando a retirada, depois o contra'ataque... Eu li a ficha dele afirmou Gatutin em tom neutro. Ele é um símbolo para todo o E!ército. (#o se pode e!ecutar um símbolo combase em evid0ncias como essas, Gatutin. 8udo o que voc0 tem s#o essasfotografias, sem nenhuma evid0ncia de que ele as tenha tirado. Ainda n#o o interrogamos. E voc0 acha que vai ser fácilM HgnatLev girou os olhos nas rbitas. -eu risoseco lembrou um latido. (#o sabe como esse homem é corajosoM Esse homemmatou alem#es enquanto estava com o corpo em chamasP Esse homem viu a morte

de perto milhares de vezes e mijou em cima dela. /osso obter dele o que preciso insistiu Gatutin em voz bai!a. 8ortura, éM Está loucoM R bom manter em mente que a $ivis#o de HnfantariaNlindada de 8aman está baseada a alguns quil9metros daqui. /ensa que o E!ércitoGermelho vai ficar sentado enquanto voc0 tortura um de seus herisM -tálin estámorto, camarada coronel, e NerLa também. /odemos e!trair as informa&)es sem causar qualquer mal físico disse Gatutin. Aquele era um dos segredos mais bem guardados da ;"N. 1onversaP(esse caso, general, o que recomendaM indagou Gatutin, já sabendo a resposta. $ei!e'me assumir o caso. /rovidenciaremos para que ele nunca mais traia a

)odina, pode ficar certo disso prometeu HgnatLev. E poupar um bocado de embara&o ao E!ército, é claro. /ouparíamos embara&o a todos, inclusive a voc0, camarada coronel, por foder 

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toda essa pseudo'investiga&#o.Bem, era mais ou menos o X"ue eu espera!a# 3ma %ritaria e al%umas amea+as,misturadas com um pouco de solidariedade e camarada%em# Gatutin percebeu quetinha uma saída, mas a seguran&a prometida seria também o final de seu avan&o. A

mensagem escrita : m#o pelo diretor'geral dei!ava isso bem claro. Estava presoentre dois inimigos, e, embora ainda pudesse obter a aprova&#o de um deles, oobjetivo mais elevado envolvia o maior risco. Ele podia afastar'se dos objetivos ver'dadeiros da investiga&#o e permanecer um coronel pelo resto da vida, ou podiafazer o que esperara fazer quando come&ara sem motivos políticos, lembrouGatutin desolado e arriscar a desgra&a. /arado!almente a decis#o era fácil.Gatutin era um homem do <$ois<... Este caso é meu. O diretor'geral me encarregou de dirigi'lo, e vou fazer isso :minha maneira. 2uito obrigado pelos conselhos, camarada general.HgnatLev apreciou o homem e a declara&#o. (#o era sempre que ele encontravaintegridade e o entristecia de uma maneira vaga e distante n#o poder cumprimentar 

o homem que demonstrava a mais rara das qualidades. 2as a lealdade ao E!ércitosoviético vinha em primeiro lugar. 1omo quiser. Espero ser informado sobre suas atividades. HgnatLev saiu semdizer mais nada.Gatutin permaneceu sentado : escrivaninha por mais alguns minutos, avaliando aprpria posi&#o. $epois chamou um carro. Ginte minutos mais tarde estava emTefortovo. Hmpossível declarou o médico, antes mesmo que a pergunta lhe fosse feita. O qu0M >uer colocar esse homem no tanque de priva&#o de sentidos, n#o éM R claro. Hsso provavelmente o mataria. (#o acho que queira fazer isso e tenho certeza deque n#o arriscaria meu projeto em alguma coisa assim. O caso é meu, e pretendo dirigi'lo... 1amarada coronel, o homem em quest#o tem mais de ?+ anos de idade. 8enhosua ficha médica aqui comigo. Ele possui todos os sintomas de uma doen&acardiovascular moderada... normal em sua idade, claro, e um histrico de problemasrespiratrios. O quadro do primeiro período de ansiedade e!plodiria seu cora&#ocomo uma be!iga. >uase posso garantir isso. O que quer dizer com <e!plodir o cora&#o<M $esculpe... mas é difícil e!plicar termos médicos a leigos. As artérias coronárias

est#o recobertas com quantidades moderadas de plaquetas. Hsso acontece a todosv0m com a comida que ingerimos. As artérias dele est#o mais obstruídas que assuas ou as minhas por causa da idade também pela idade as artérias s#o menosfle!íveis do que as de uma pessoa mais jovem. -e a ta!a de batimentos cardíacosse eleva, os depsitos de plaquetas se desalojam e causam o bloqueio dacircula&#o. Hsto é o que chamamos de ataque cardíaco, coronel, um bloqueio numadas artérias coronárias. /arte do msculo cardíaco morre, o cora&#o pára por completo ou se torna arrítmico em qualquer dos casos, cessa o bombeamento desangue e o paciente inteiro morre. Está claro assimM O uso daquele tanque vaiprovocar quase com certeza um ataque cardíaco no paciente, e esse ataque quasecom certeza será fatal. -e n#o for um ataque cardíaco, ainda permanece a possibi'

lidade mais remota de choque... ou ambos poderiam acontecer. (#o, camaradacoronel, n#o podemos usar o tanque com esse homem. (#o acho que queira matá'lo antes de obter suas informa&)es.

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E quanto a outros métodos físicosM perguntou bai!inho Gatutin. 6eu 7eus, ese não pudermos0### -e voc0 tem certeza da culpa dele, pode mandar fuzilá'lo de uma vez e acabar logo com isso observou o médico. 2as qualquer tipo de abuso físico pode

matar o paciente.* tudo por causa de uma maldita echadura, disse a si mesmo o coronel Gatutin.Era um foguete feio, o tipo de coisa que uma crian&a poderia ter desenhado ou umacompanhia de fogos de artifício poderia ter produzido, embora nos dois casos osautores o tivessem colocado no local adequado, abai!o do avi#o, em vez de estar em cima. 2as estava sobre a aeronave, enquanto as luzes da pistas se acendiamna escurid#o.O avi#o era o famoso Nlac3bird -K'?C, a aeronave de reconhecimento 2ach'* daToc3heed. Aquele fora trazido da Nase da Ior&a Aérea em ;adena, na fronteiraocidental do /acífico dois dias antes. Kolava pela pista da Nase Aérea de (ellis,(evada, um pouco adiante das chamas g0meas dos foguetes retropropulsores. O

combustível que vazava dos tanques do -K'?C o Nlac3bird vazava bastante era inflamado pelo calor, para o entretenimento dos controladores na torre. O pilotopu!ou para trás o manche no momento apropriado e o nariz do Nlac3bird apontoupara cima. -egurou o manche inclinado por mais tempo do que normalmente,apontando o pássaro num %ngulo ascendente de 5D graus, a toda pot0ncia, e nummomento tudo o que restou no ch#o foi a memria de um trov#o. A ltima vis#o queas pessoas tiveram foi a dos dois pontos brilhantes, que desapareceram através dasnuvens que flutuavam a mais de * quil9metros.O Nlac3bird continuou subindo. Os controladores de tráfego aéreo em Tas Gegasnotaram o sinal em suas telas, percebendo que quase n#o se movia lateralmente,embora a leitura da altitude relativa mudasse t#o rapidamente quanto os coloridosdiscos das máquinas ca&a'níqueis no sagu#o do aeroporto. 8rocaram um olhar <2ais um (otE7o% da Ior&a Aérea< e depois voltaram ao trabalho.O Nlac3bird agora passava pela marca de 4+ quil9metros, e nivelou'se dirigindo'separa sudeste em dire&#o : Nase de 2ísseis Qhite -ands. O piloto verificou ocombustível havia bastante e rela!ou depois da subida de tirar o f9lego. Osengenheiros tinham raz#o. O míssil sobre o avi#o n#o alterara nada seucomportamento. >uando ele come&ara a pilotar o Nlac3bird, o propsito damontagem sobre a fuselagem fora ultrapassado pelos acontecimentos. /rojetadopara conter um veículo teleguiado monomotor de reconhecimento fotográfico, asmontagens haviam sido removidas de todos os -K'?C : e!ce&#o desse, por motivos

que n#o ficavam muito claros no manual de manuten&#o. O foguete fora concebidooriginalmente para ir a lugares onde o Nlac3bird n#o pudesse, mas tornou'seredundante com a descoberta do fato de que n#o havia lugar onde o -K'?C n#opudesse ir com seguran&a, como o piloto provava regularmente com seus v9os de;adena. O nico limite da aeronave era o combustível, e isso n#o importava naqueledia. <Buliet Qhis3eL<, aqui é o controle. Está ouvindoM 1%mbio disse o sargento aomicrofone. 1ontrole, aqui <Buliet Qhis3eL<. 8odos os sistemas funcionando. Estamos deacordo com o perfil. Entendido. 1omece seq60ncia de lan&amento ao meu comando. 1inco, quatro,

tr0s, dois um@ lan+ar8  A C+ quil9metros de dist%ncia, o piloto acelerou novamente e pu!ou outra vez omanche. O Nlac3bird teve um desempenho t#o bom como sempre, inclinando'se

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para o alto e subindo pelo céu impulsionado por quase D+ toneladas de empu!o. Opiloto mantinha os olhos fi!os nos instrumentos, enquanto o altímetro girava comoum relgio enlouquecido. A velocidade era agora de mais de 4 +++ quil9metros por hora e aumentando, enquanto o -K'?C e!ibia um completo desprezo pela gravidade.

-epara&#o em vinte segundos disse o operador de sistemas na poltrona atrásdo piloto.O Nlac3bird passava agora pela marca de ** +++. O alvo estava a 5+ +++. Oscontroles já n#o respondiam t#o bem. (#o havia ar suficiente para controlar adequadamente o avi#o, e o piloto estava tomando mais cuidado do que o normal.Observou a velocidade atingir * +++ quil9metros por hora vários segundos maistarde, ent#o... /reparar para separa&#o... agora, agoraP disse o homem no assento traseiro.O piloto abai!ou o nariz da aeronave e iniciou uma curva suave para a esquerda,que o levaria através do (ovo 2é!ico antes de retornar a (ellis. Aquilo era muitomais fácil do que voar ao longo da fronteira soviética e ocasionalmente

ultrapassá'la... O piloto imaginou se poderia dirigir até Gegas a tempo de assistir aum shoX depois que aterrissasse.O alvo continuou subindo por mais alguns segundos, e surpreendentemente n#oinflamou seus foguetes. Era agora um objeto balístico comportando'se emobedi0ncia :s leis físicas. -uas aletas superdimensionadas proporcionavamsuficiente sustenta&#o aerodin%mica para mant0'lo apontado na dire&#o correta,enquanto a gravidade come&ava a reclamar o objeto para si. O foguete estabilizou'se a 5+ +++ metros, relutantemente apontando o nariz em dire&#o : 8erra.Ent#o o foguete disparou. O motor movido a combustível slido queimou apenasdurante quatro segundos, mas foi o suficiente para acelerar o nariz c9nico até umavelocidade que teria aterrorizado o piloto do Nlac3bird. 1erto disse um oficial do E!ército.O radar de rastreamento de defesa passou de alerta a ativo. $etectouimediatamente o veículo esperado. O foguete'alvo estava penetrando na atmosferacom a velocidade apro!imada de uma ogiva H1N2. (#o precisou acionar nenhumcomando. O sistema era completamente automático. A 4++ metros dali, umacobertura de fibra de vidro e!plodiu, e!pondo um orifício de concreto napavimenta&#o de gesso, e um ITA"E partiu em dire&#o aos céus. O ITA"E,E!perimento Adaptável 8eleguiado leve, parecia mais uma lan&a do que um foguete,e era quase t#o simples quanto uma. O radar de ondas milimétricas rastreava oveículo esperado e os dados eram processados no microcomputador de bordo. O

que havia de notável sobre esse artefato é que todos os seus componentes eram damais alta tecnologia de armamentos ent#o e!istente.$o lado de fora, os homens observavam por trás de uma prote&#o de terra. Giram orisco de luz amarelada que subia e escutaram o rugido do motor a combustívelslido do foguete, depois mais nada por vários segundos.O ITA"E apontava para o alvo, manobrando algumas fra&)es de graus compequenos foguetes de controle de altitude. A ponta do nariz se abriu, e o que sedesdobrou'se pareceria aos olhos de um observador com uma arma&#o metálica deguarda'chuva, com talvez C+ metros de di%metro.../arecia um foguete da Iesta da Hndepend0ncia, em 5 de julho, mas sem o ruído. Algumas pessoas aplaudiram. Embora as ogivas, tanto do alvo quanto do ITA"E,

fossem totalmente inertes, a energia da colis#o converteu metal e cer%mica emvapor incandescente. >uatro por quatro disse "regorL. 8entou n#o bocejar. Bá vira fogos de artifício

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muitas vezes. (#o vai ganhar todos os elogios, major o general /ar3s provocou o jovem.  Ainda precisamos dos sistemas de meio'curso e os de defesa terminal. 1oncordo, mas o senhor n#o precisa mais de mim aqui. O sistema funciona.

(os primeiros tr0s testes, o foguete'alvo fora disparado de um ca&a /hantom, e opessoal de Qashington clamara que a série de testes subestimara a dificuldade deinterceptar as ogivas atacantes. 7sar o -K'?C como plataforma de lan&amento foraidéia de /ar3s. Tan&ar o alvo de maior altitude, com maior velocidade inicial,produzira um alvo com maior velocidade de reentrada muito maior. Esse teste naverdade fizera as coisas mais difíceis do que se esperava, e o ITA"E n#o se im'portara nem um pouco. /ar3s estivera um pouco preocupado com o sotFare quedirigia o míssil, mas, como "regorL observara, tinha funcionado. Al disse /ar3s. Estou come&ando a acreditar que todo esse programa vaifuncionar. 1laro. /or que n#oM Ae esses idiotas da $%4ncia puderem conse%uir os

 planos do laser russo###O 1ardeal estava sentado sozinho numa cela de C metro e meio de largura por 4 emeio de comprimento. Favia uma nica l%mpada acesa sobre sua cabe&a, um catrede madeira com um balde embai!o, mas nenhuma janela, : e!ce&#o do postigo naenferrujada porta de metal. As paredes eram de concreto slido e n#o se ouvianenhum tipo de som. Ele n#o escutava os passos do guarda no corredor, ou mesmoo ruído do tráfego na rua, fora da pris#o. Eles lhe haviam tirado a tnica do uniforme,o cinto e as botas polidas, tendo substituído as ltimas por chinelos baratos. A celaficava no por#o. Aquilo era tudo que ele sabia e deduzia da umidade do ar. Estavafrio.2as n#o t#o frio quanto em seu cora&#o. A enormidade do seu crime o atingira comonunca antes. O coronel 2i3hail -emLonovich Iilitov, tr0s vezes Feri da 7ni#o-oviética, encontrava'se sozinho com sua trai&#o. Ele pensou na terra ampla emagnífica em que morava, cujos horizontes distantes e vistas sem fim eramhabitados por seus companheiros russos. -ervira'os durante toda a vida comorgulho e honra, além do prprio sangue, como atestavam as cicatrizes em seucorpo. Kecordou os homens com os quais servira, muitos deles vindo a morrer sobseu comando. E a maneira como morriam, maldizendo desafiadoramente os tanquesalem#es enquanto queimavam vivos em seus 8'*5, retirando'se apenas quandofor&ados, preferindo atacar mesmo quando sabiam que estavam condenados.Tembrava'se de ter liderado seus soldados em cem confrontos, da jovialidade

frenética que acompanhava o rugido dos motores diesel, dos rolos de fuma&a mal'cheirosa, da determina&#o mesmo em face da morte, que ludibriara várias vezes.E afinal traíra tudo aquilo.O "ue os homens diriam de mim a%ora0 Ele fi!ava o olhar na parede branca deconcreto do lado oposto de seu catre.O que diria KomanovM $cho "ue ambos estamos necessitando de uma bebida, meu capitão, disse a voz.- Komanov conseguia ser ao mesmo tempo sério e divertido. -ais pensamentossão considerados com mais acilidade com !odca ou Aamo%an#Aabe por "u40, perguntou 2isha.O senhor nunca nos disse por "u4, meu capitão, ecoou a voz. E foi o que 2isha fez.

Tevou muito pouco tempo.Os dois filhos e sua esposa. $iga'me, camarada capit#o, por que morremosM2isha n#o sabia aquilo. 2esmo durante o tiroteio ele n#o soubera. Ele era um

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soldado, e quando o país de um soldado era invadido os soldados lutavam pararepelir o inimigo. Era muito mais fácil quando o inimigo era t#o brutal quanto osalem#es...Tutamos pela 7ni#o -oviética, cabo.

-erá mesmoM /arece que me lembro de lutar pela 2#e Kssia, mas lembroprincipalmente de lutar por voc0, camarada capit#o.2as...7m soldado luta por seus camaradas, meu capit#o. Eu lutei por minha família.-uponho que também tenha lutado por sua família, a pequena e a grande. -empre oinvejei por isso, meu capit#o, e tinha orgulho por ter me feito participar de ambas damaneira que fez.2as eu o matei. Eu n#o deveria...8odos ns temos nosso destino, camarada capit#o. O meu era morrer em Ggasmasem mulher e sem filhos, mas mesmo assim n#o morri sem família.Eu o vinguei, Komanov. /eguei o 2ar3'HG que o matou.

Eu sei. Goc0 vingou todos os mortos de sua família. /or que pensa que oamávamosM /or que pensa que morremos por voc0MVoc4 compreende0, perguntou 2isha surpreso.Os operrios e camponeses tal!ez não entendam, mas seus homens, sim#*ntendemos o destino a%ora, de uma orma "ue ainda não pode#2as o que devo fazerM;apitães não azem tais per%untas a cabos# Komanov riu. Voc4 tinha todas asrespostas para as nossas per%untas#Iilitov levantou a cabe&a quando o trinco correu na porta da cela.Gatutin esperara encontrar um homem sem vontade. O isolamento da cela, odespojamento da identidade e a solid#o do prisioneiro com seus medos e seuscrimes sempre provocavam o efeito adequado. 2as, enquanto olhava para o velhocansado e aleijado, viu os olhos e a boca mudarem.Obrigado, Komanov. Nom dia, -ir Nasil disse KLan ao apanhar as malas do recém'chegado. Olá, Bac3P (#o sabia que o estavam usando como carregador. $epende das malas de quem estou carregando, por assim dizer. O carro estánesta dire&#o. Ele acenou. Estava estacionado a D+ metros dali. 1onstance manda lembran&as. 1omo está a famíliaM indagou -ir Nasil1harleston. 8odos bem, obrigado. 1omo está TondresM

Goc0 certamente n#o esqueceu de nossos invernos. (#o. Bac3 riu ao abrir a porta. Tembro'me da cerveja também.7m momento mais tarde ambas as portas estavam fechadas e travadas. Eles verificam as rodas toda semana disse Bac3. 1omo está a situa&#oM 1omo estáM Ioi e!atamente o que vim descobrir aqui. Alguma coisa muitoestranha está acontecendo. -eus colegas tiveram uma opera&#o que deu errado,n#o foiM /osso responder sim a essa pergunta, mas o resto será dito pelo juiz. $esculpe,mas s tenho acesso a uma parte das informa&)es. Kecentemente, aposto. R. KLan mudou de marcha ao virar na estrada do aeroporto.

Ent#o vamos ver se ainda sabe juntar dois mais dois, -ir Bohn. Bac3 sorriuenquanto mudava de fai!a para ultrapassar um caminh#o. Eu estava fazendo um Kelatrio Especial sobre Hnforma&)es 1onfidenciais a

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respeito das negocia&)es de armamentos quando deparei com isso. Agora estouencarregado de verificar a vulnerabilidade política de (armonov. A menos que euesteja errado, este é o motivo pelo qual voou até aqui. E, a menos que eu esteja muito longe da verdade, sua opera&#o disparou

alguma coisa realmente séria. GaneLevM 1orreto. 2eu $eusP KLan voltou'se por um instante. Espero que voc0s tenhamalgumas idéias, porque ns com certeza n#o temos.Ele elevou a velocidade para C4+ quil9metros por hora. >uinze minutos depoisestavam em TangleL. Estacionaram na garagem subterr%nea e tomaram o elevador privativo para o sétimo andar. Olá, Arthur. (#o é sempre que eu tenho um cavaleiro como motorista, mesmoem Tondres. O chefe do -H- tomou assento enquanto KLan reunia os chefes dedepartamento.

Oi, Nas disse "reer entrando.Kitter apenas acenou. Iora a sua opera&#o que deflagrara a presente crise. KLantomou a cadeira menos confortável disponível. "ostaria de saber e!atamente o que aconteceu de errado afirmou comsimplicidade 1harleston, sem ao menos esperar que o café fosse servido. 7m agente foi preso. 7m agente muito bem colocado. R por isso que os IoleL est#o saindo hoje do paísM 1harleston sorriu. (#osei quem s#o eles, mas, quando duas pessoas s#o e!pulsas daquele país adorável,geralmente presumimos que... Ainda n#o sabemos o que houve de errado declarou Kitter. Eles devemestar aterissando em Iran3furt neste momento, depois mais dez horas até que ostenhamos aqui para fazer o relatrio. Eles estavam controlando um agente que... >ue era ajudante de Wazov... o coronel 2. -. Iilitov. Bá deduzimos até aí. /or quanto tempo o utilizaramM Ioi um de seus agentes que o recrutou para ns respondeu 2oore. 7mcoronel também. Goc0 n#o quer dizer... Oleg /en3ovs3LM /or $eusP 1harleston pareciasurpreendido dessa vez, notou KLan. (#o acontecia com muita freq60ncia. -antotempo assim0 8anto confirmou Kitter. 2as as possibilidades nos apanharam finalmente. E a mulher, GaneLeva, que emprestamos a voc0s como mensageira fazia parte

dessa... 1orreto. Ela nunca se apro!imou das pontas da corrente, a propsito. -abemosque ela provavelmente foi apanhada, mas está de volta ao trabalho. Ainda n#o averificamos, mas... (s fizemos isto, Nob. (osso homem relatou que ela... mudou de alguma forma.Ele disse que era difícil de descrever, mas impossível de passar despercebido.1omo aquelas histrias macabras sobre lavagem cerebral, OrXell, e tudo o mais.Ele reparou que ela estava livre... ou o que passa por liberdade lá... e disse isso aopai dela. Ent#o ficamos sabendo de alguma coisa grande no 2inistério da $efesa@que um ajudante de Wazov tinha sido preso. 1harleston fez uma pausa parasaborear seu café. 8emos uma fonte interna no ;remlin que guardamos com todo

o cuidado. -oubemos que o diretor'geral "erasimov passou muitas horas com Ale!androv na semana passada, e sob circunst%ncias bastante incomuns. A mesmafonte nos preveniu de que Ale!androv tem urg0ncia considerável de acabar com

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essa histria de perestFika# Nem, tudo está claro, n#oM perguntou 1harleston retoricamente. Estavabastante claro para todos. "erasimov subornou um membro do /olitburosabidamente leal a (armonov, e pelo menos comprometera o apoio do ministro da

$efesa, e passou um bom tempo com o homem que deseja a saída de (armonov.Keceio que a opera&#o de voc0s tenha deflagrado um acontecimento com asconseq60ncias mais desagradáveis. Fá mais ainda afirmou o diretor'geral dos -ervi&os de Hnforma&)es. (ossoagente estava enviando material sobre pesquisa de armas espaciais soviética. Hv#pode ter feito um grande avan&o. 2aravilhoso comentou 1harleston. 7ma volta aos maus e velhos dias, sque desta vez a nova vers#o da crise de mísseis é potencialmente real, n#o éMEstou velho demais para mudar minha política. R uma pena. Goc0 sabia, claro, quee!iste um vazamento em seu programaM Ah, simM fez 2oore, com o rosto impassível.

"erasimov disse isso a Ale!androv. -em nenhum detalhe, infelizmente, a n#o ser que a ;"N acha que é muito importante. 8ivemos alguns avisos. Estamos cuidando disso disse 2oore. Nem, as quest)es técnicas podem resolver a si mesmas. "eralmente é o queacontece. As quest)es políticas, por outro lado, criaram um bocado deaborrecimento para o primeiro'ministro. Bá aparecem complica&)es suficientesquando derrubamos um governo que desejamos derrubar, mas fazer isso por acidente... (#o gostamos das conseq60ncias tanto quanto voc0, Nasil observou "reer. 2as n#o há absolutamente nada que possamos fazer a respeito. Goc0s podem aceitar os termos do tratado sugeriu 1harleston. Ent#o nosso amigo (armonov teria sua posi&#o suficientemente fortalecida paraque possa dizer a Ale!androv que suma de vez. Essa, para todos os efeitos, é aposi&#o n#o oficial do governo de -ua 2ajestade.* esse & o !erdadeiro moti!o de sua !isita a n1s, Air Basil, pensou KLan. Era tempode dizer alguma coisa@ 2as isso significa colocar restri&)es n#o razoáveis em nossa pesquisa -$H ereduzir nossas reservas de ogivas, sabendo que os russos prosseguem com oprprio programa. (#o acho que seja bom negcio. E um governo soviético liderado por "erasimov seriaM O que acontece se as coisas acabarem assim de qualquer jeitoM

perguntou KLan. 2eu relatrio já está escrito. -ou contra qualquer concess#oadicional. -empre se pode mudar um documento escrito lembrou 1harleston. -enhor, eu tenho uma regra. -e alguma coisa sai com o meu nome na frente, dize!atamente o que penso, n#o o que alguém me diz para pensar declarou KLan. /or favor, lembrem'se, cavalheiros, de que sou um amigo. O que está paraacontecer ao governo soviético seria um contratempo maior para o Ocidente do queuma restri&#o temporária de um de seus programas de defesa. O presidente n#o vai apoiar a idéia disse "reer. 8alvez ele seja obrigado a fazer isso respondeu 2oore. $eve haver um outro jeito sugeriu KLan.

(#o a n#o ser que se possa derrubar "erasimov dessa vez foi Kitter quem falou. (#o podemos oferecer a, ajuda direta a (armonov. 6esmo se assumirmos queele levaria em conta um aviso de nossa parte, o que provavelmente n#o aconteceria,

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estaríamos correndo risco ainda maior por envolvimento na política interna deles.-e o resto do /olitburo souber de qualquer rumor sobre isso... acho que podecome&ar uma pequena guerra. 2as, e se pudermosM indagou KLan.

-e pudermos o "u40― quis saber Kitter.

1Consiraç8es<Ann< voltou a Iolhas de Eva mais cedo que o esperado, notou a dona da loja. 1omo sorriso usual, escolheu um vestido no cabideiro e levou'o para o provador. 7mminuto mais tarde, olhou'se nos espelhos de corpo inteiro e recebeu oscumprimentos de hábito sobre sua bela apar0ncia. (ovamente pagou em dinheiro,partindo com mais um sorriso encantador.

$o lado de fora, no estacionamento, as coisas foram diferentes. A capita NisLarinaquebrou o protocolo ao abrir a cápsula e ler o contedo. Aquilo provocou umpalavr#o curto e feio. A mensagem consistia numa nica folha de papel de anota&#o.NisLarina acendeu um cigarro com seu isqueiro a gás, depois queimou o papel nocinzeiro do carro.8odo aquele trabalho perdidoP E já estava em 2oscou, sendo analisado. Ela sesentia tal qual uma idiota. Era duplamente frustrante que seu agente tivesse sidocompletamente honesto, entregando a ela o que acreditava ser material altamentesigiloso, e, t#o logo soube que tudo fora considerado sem valor, passararapidamente adiante a informa&#o. Ela nem mesmo teria a oportunidade de transferir a reprimenda que por certo receberia por perder o tempo da 1entral de 2oscou,Bem, ele nos a!isaram sobre isso# :ode ser a primeira !ez, mas certamente nãoser a 'ltima# NisLarina foi para casa e fez o rascunho de sua mensagem.Os KLan n#o eram conhecidos especialmente por sua assiduidade no circuito decoquetéis em Qashington, mas havia alguns que eles conseguiam evitar. Arecep&#o visava a levantar fundos para o Fospital Hnfantil de Qashington, e a esposade Bac3 era amiga do chefe Fa 1irurgia. A noite seria de entretenimento. 7mdestacado msico de iazz devia a vida de sua neta ao hospital e estava pagandoessa dívida com um concerto beneficente no ;ennedL 1enter. A recep&#o erarealizada para dar a chance ao pessoal da capital de conhec0'lo <de perto< e ouvir seu sa!ofone de uma maneira mais íntima. (a verdade como todas as festas do

poder, era para que os membros da elite vissem e fossem vistos uns pelos outros,confirmando a prpria import%ncia. 1omo em muitas partes do mundo, a elite sentiaa necessidade de pagar pelo privilégio. Bac3 entendia o fen9nemo, mas achava quen#o fazia muito sentido. /or volta das CC horas, a alta sociedade de Qashingtonhavia provado que podia falar t#o futilmente e embebedar'se tanto quanto aspessoas de outros lugares no mundo. 1athL manteve'se com apenas um copo devinho branco, mas Bac3 tinha vencido o sorteio naquela noite@ ele podia beber, e eladirigiria o carro. 8endo sido indulgente com o álcool, a despeito de alguns olhares deadvert0ncia da esposa, encontrava'se imerso numa aura suave de filosofia que o fezpensar estar e!agerando um pouco seu papel mas por outro lado n#o deviaparecer mesmo representa&#o. Ele s esperava que tudo corresse de acordo com o

planejado naquela noite. A parte divertida era a maneira como KLan era tratado. -uaposi&#o na Ag0ncia sempre fora um pouco inc9moda. Os comentários iniciais eramalgo como@ <1omo v#o as coisas em TangleLM<, geralmente em tom afetado e

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conspiratrio, e, quando Bac3 respondia que era apenas burocracia governamental,um prédio enorme que continha grande quantidade de papel em tr%nsito, ficavamsurpresos. A 1HA era tida na conta de possuir milhares de agentes de campo ativos.O nmero real era sigiloso, claro, porém muito menor do que se pensava.

8rabalhamos em horário normal e!plicava Bac3 a uma mulher bem vestida,cujas pupilas dos olhos estavam levemente dilatadas. Gou até tirar o dia de folga,amanh#. E mesmoM E, sim. 2atei um agente chin0s na ter&a'feira, e a gente sempre ganha um dia defolga com essas coisas afirmou ele, com ar sério, depois sorriu. Goc0 está brincandoP E verdade, estou brincando. /or favor, desculpe tudo o que eu disse. .uemser essa puta !elha0, imaginou ele. E sobre as notícias de que voc0 está sendo investigadoM perguntou outrapessoa.

Bac3 voltou'se, surpreso. E quem seria o senhorM -cott NroXning, do ;hica%o -ribune# ― O homem n#o ofereceu a m#o. O jogohavia apenas come&ado. O jornalista n#o sabia que era um jogador, mas KLansabia. /oderia repetir a perguntaM pediu Bac3 educadamente. 8enho fontes que informaram que voc0 está sendo investigado por transa&#oilegal de a&)es. /ois isso é novidade para mim retrucou Bac3. -ei que voc0 se encontrou com os investigadores da 1omiss#o de Galores2obiliários anunciou o jornalista. -e sabe disso, ent#o também deve saber que eu dei as informa&)es que elesqueriam, e foram embora satisfeitos. 8em certeza dissoM 1laro que tenho. (#o fiz nada de errado e tenho documentos para provar isso insistiu KLan, um tanto for&adamente na opini#o do jornalista. Ele adorava quandoas pessoas bebiam demais. 5n !ino !entas# (#o foi o que minhas fontes disseram persistiu NroXning. Nem, n#o posso fazer nada quanto a issoP declarou KLan. Favia emo&#o emsua voz agora, e algumas cabe&as se voltaram. -e n#o fosse por pessoas como voc0, talvez tivéssemos uma ag0ncia de

informa&)es que funcionasse observou um recém'chegado. E quem diabos pensa que éM perguntou KLan antes de voltar'se.  $to 5, ;enaR# O senador 8rent informou o jornalista. 8rent estava numa comiss#oparlamentar de controle. Acho que uma desculpa é devida disse 8rent. Ele parecia b0bado. /or qu0M >ue tal por aquela merda toda do outro lado do rioM Em oposi&#o : que temos deste ladoM As pessoas se apro!imavam. O divertimento está onde se está. -ei muito bem o que tentaram fazer, e voc0 caiu bem em cima do traseiro. (#o

nos dei!ou saber de nada, como e!ige a lei. 1ontinuou de qualquer jeito, e vou dizer uma coisa@ voc0 vai pagar, vai pagar bem caro pelo que fez. -e tivéssemos que pagar sua conta do bar, aí, sim, sairia muito caro. KLan

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voltou'se, despedindo o homem. >ue grande homem disse 8rent pelas. costas. Está caminhando para umagrande queda também.Favia talvez umas vinte pessoas observando e ouvindo a cena agora. Giram Bac3

apanhar um copo de vinho de uma das bandejas que passavam. Kepararam noolhar assassino que era lan&ado, e algumas pessoas se lembraram de que ele jámatara antes. Era um fato que adicionava : sua reputa&#o um toque de mistério. Eletomou um gole comedido do chablis antes de voltar'se. E que tipo de queda poderia ser, senhor 8rentM O senhor ficaria surpreso. (ada que fa&a poderia me surpreender, colega. Hsso pode ser, mas voc0 nos surpreendeu, doutor KLan. (#o pensávamos quefosse um vigarista, nem que fosse t#o burro a ponto de se envolver com aqueledesastre. Acho que estávamos errados, afinal. O senhor está errado sobre muitas coisas sibilou Bac3.

-abe, KLanM Buro que n#o consigo adivinhar que tipo de homemvoc0 é. Hsso n#c me surpreende. E ent#o, que tipo de homem é, KLanM -abe, senador, essa é uma e!peri0ncia inédita para mim declarou Bac3alegremente. O qu0MOs modos de KLan se alteraram abruptamente. A voz ecoou forte pela sala. (unca tive minha hombridade questionada por um !eado antesP 7esculpe, parceiro### A sala ficou em sil0ncio. 8rent n#o fazia segredo de sua prefer0ncia se!ual, queviera a pblico seis anos antes. Aquilo n#o impediu que ele ficasse pálido. O copoem sua m#o tremeu o suficiente para derramar um pouco do contedo no ch#o demármore, mas o senador recobrou o controle e falou quase delicadamente@ Gou arrebentar voc0 por isso. Ia&a o que puder, queridinha. KLan voltou'se e saiu da sala, sentindo osolhares :s suas costas.1ontinuou andando até en!ergar o tr%nsito da Avenida 2assachusetts. -abia quehavia bebido demais, porém o ar frio come&ou a clarear sua cabe&a. Bac3M ouviu'se a voz de sua esposa. -im, queridaM

O que foi tudo istoM (#o posso dizer. Acho que é hora de voc0 ir para casa. E eu acho que tem toda a raz#o. Gou buscar os casacos. KLan voltou paradentro e entregou as fichas na chapeleira./ercebeu o sil0ncio que se formara quando ele retornou. /odia sentir os olharescravados nele. Bac3 vestiu o sobretudo e pendurou no bra&o o casaco de pele daesposa antes de se voltar e perceber os olhos que o observavam. Apenas um par deles o interessava, e lá estavam.2isha n#o era um homem fácil de surpreender, mas a ;"N teve sucesso. Ele sepreparara para a tortura, para os piores tipos de abuso, apenas para ficar...

desapontadoM, perguntou a si mesmo. Aquela certamente n#o seria a palavra certa.1ontinuava na mesma cela, e, tanto quanto podia definir, encontrava'se sozinho nobloco de celas. Aquilo provavelmente era falso, mas n#o havia evid0ncia palpável de

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que alguém mais estivesse perto dele, absolutamente nenhum som, nem mesmobatidas nas paredes de concreto. 8alvez fossem grossas demais para isso. A nica<companhia< que tinha eram os ocasionais ruídos metálicos no postigo da porta dacela. /ensou que a solid#o deveria supostamente provocar alguma afli&#o nele.

Iilitov sorriu ante essa idéia. *les acham "ue estou sozinho# Não sabem sobremeus camaradas#- havia uma resposta possível@ esse sujeito, Gatutin, podia ser inocente, afinal decontas mas isso não seria possível, disse 2isha a si mesmo. Aquele bastardochekista apanhara o filme de suas m#os. Ainda tentava resolver a dvida, olhando para a parede vazia de concreto. (adadaquilo fazia sentido.2as, se esperavam que ficasse com medo, teriam de viver com seudesapontamento. Iilitov já enganara a morte muitas vezes. /arte dele até ansiavapor ela. 8alvez se reunisse a seus camaradas. Ialava com eles, n#o falavaM 8alvezainda estivessem... bem, n#o e!atamente vivos, mas tampouco ausentes. O que era

a morteM (a fase da vida que atingira, essa quest#o passava a ser puramenteintelectual. 2ais cedo ou mais tarde, ele descobriria, claro. A resposta passarapr!ima a ele muitas vezes, mas seu toque nunca fora suficientemente firme... A chave retiniu na porta, as dobradi&as gemeram. $evia lubrificá'la. 8odo o equipamento dura muito mais se fizermos a manuten&#ocorretamente disse ele ao se levantar.O carcereiro n#o respondeu, meramente acenando para que saísse da cela. $oisguardas estavam ao lado do carcereiro, rapazes imberbes de RC anos mais oumenos, pensou 2isha, as cabe&as elevadas com a arrog%ncia comum aos da ;"N.>uarenta anos. antes, e ele teria condi&)es de fazer alguma coisa sobre isso, disseIilitov a si mesmo. Estavam desarmados, afinal, e ele era um combatente paraquem tirar uma vida era t#o natural quanto respirar. (#o se tratava de soldados deverdade. 7m olhar confirmava isso. Era bom ser orgulhoso, mas um soldado precisatambém permanecer alerta...Aer "ue era isso0, pensou ele subitamente. Vatutin me trata com todo o cuidado,apesar do ato de saber###2as por qu0M O que significa issoM perguntou 2ancuso. R meio difícil de dizer respondeu 1lar3. /rovavelmente algum bunda'molena capital n#o consegue se decidir. Acontece sempre.Os dois sinais haviam chegado com menos de doze horas de intervalo entre eles. O

primeiro abortara a miss#o e ordenava que o submarino retornasse a mar aberto,mas o segundo dissera ao 7allas para permanecer no Náltico ocidental e aguardar novas ordens. (#o gosto de ficar esperando. (inguém gosta, capit#o. 1omo isso afeta voc0M indagou 2ancuso. 1lar3 deu de ombroseloq6entemente. O mais importante é a parte mental. 1omo concentrar'se antes de um grande jogo. (#o esquente, capit#o. Eu dou aulas sobre esse tipo de coisa... quando n#oestou em miss#o. >uantasM

(#o posso dizer, mas a maioria delas correu perfeitamente. A maioria... mas n#o todasM E quando elas n#o... Iica bem e!citante para todos. 1lar3 sorriu. Especialmente para mim.

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8enho algumas histrias timas, mas n#o posso contar. Nem, acho que voc0também deve ter. 7ma ou duas. 8ira um pouco da gra&a, n#o tiraM Os dois homens trocaram umolhar de entendimento.

KLan fazia compras sozinho. O aniversário de sua esposa se avizinhava aconteceria durante sua estada em 2oscou , e ele queria resolver tudo comanteced0ncia. As joalherias sempre eram um bom lugar para se come&ar. 1athLainda usava a gargantilha de ouro que lhe dera alguns anos antes, e ele estavaprocurando brincos que combinassem. O problema é que ele n#o conseguialembrar'se e!atamente do desenho... -ua ressaca n#o ajudava, nem o nervosismo.E se eles n#o mordessem a iscaM Olá, doutor KLan disse uma voz familiar. Bac3 voltou'se surpreso. (#o sabia que eles dei!avam voc0s virem t#o longe.  $to 55, ;ena ># Bac3 n#odei!ou transparecer seu alívio. (esse ponto a ressaca ajudou. O roteiro de viagem passa e!atamente pela "arfinc3els, se e!aminar 

cuidadosamente os mapas ressaltou -ergeL /latonov. Iazendo compras parasua esposaM 8enho certeza de que minha ficha lhe forneceu todas as pistas. -im, o aniversário dela. Ele olhou para a montra da loja. E uma pena queeu n#o possa me permitir comprar uma dessas jias para a minha. -e voc0 fizesse as concess)es apropriadas, a Ag0ncia provavelmente arranjariaalgo, -ergeL (i3olaLevich. 2as a )odina talvez n#o compreenda observou /latonov. 7m problemacom o qual está se familiarizando, n#o éM Goc0 está muito bem informado resmungou Bac3. R o meu trabalho. 8ambém estou com fome. 8alvez possa usar um pouco de suafortuna para me pagar um sanduíche.KLan olhou acima e abai!o da galeria com interesse profissional. Foje n#o. /latonov riu. Alguns de meus amigos... alguns de meuscamaradas est#o mais ocupados do que o normal hoje, e receio que o seu INH estácom falta de pessoal para a tarefa de vigil%ncia. 7m problema que a ;"N n#o tem observou Bac3, enquanto se afastavam daloja. Goc0 ficaria surpreso. /or que os americanos acham que nossos rg#os deinforma&)es s#o muito diferentes dos de voc0sM -e com isso voc0 quer dizer odidos, acho que é um pensamento reconfortante.

1omo prefere comer cachorro'quenteM - se for kosher respondeu /latonov, e!plicando em seguida@ (#o sou judeu, como sabe, mas acho o gosto melhor. Goc0 está aqui há tempo demais declarou Bac3 com um sorriso. 2as a regi#o de Qashington é um lugar t#o agradávelPBac3 entrou numa lanchonete especializada em ba%els e corned bee, e que tambémservia outras coisas. O servi&o era rápido, e os homens ocuparam uma mesa brancade frmica que ficava isolada no centro do corredor da galeria. 6uito inteli%ente,pensou Bac3. As pessoas podiam passar e n#o escutar mais do que algumaspalavras áo acaso. 2as ele sabia que /latonov era um profissional. Iiquei sabendo que enfrenta dificuldades legais bastante desagradáveis no

momento. A cada palavra, /latonov sorria. $evia parecer que estava discutindoamenidades, supunha Bac3, com o acréscimo de que seu colega russo parecia estar se divertindo enormemente.

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Acredita naquela bicha de ontem : noiteM -abe, uma coisa que eu aprecio naKssia é a maneira como tratam... 1omportamento anti'socialM -ei... 1inco anos em um campo de regime estrito.(ossa nova abertura n#o se estende a fazer vista grossa : pervers#o se!ual. -eu

amigo 8rent conheceu alguém durante a ltima viagem que fez : 7ni#o -oviética.O... jovem em quest#o está agora num desses campos. /latonov n#o mencionouque o rapaz se recusara a colaborar com a ;"N, por isso foi sentenciado. :ara "ueconundir o assunto0, pensou ele. /ode guardá'lo, com minhas b0n&#os. 8emos muitos deles por aqui retrucouBac3.-entia'se mal de verdade seus olhos pareciam querer fugir da cabe&a comoresultado do vinho e da noite maldormida. Ioi o que reparei. /odemos ficar com a 1omiss#o de Galores 2obiliáriostambémM indagou /latonov. -abe como é, n#o fiz nada de errado. (ada mesmoP Kecebi um palpite de um

amigo e o segui. (#o fiquei procurando, apenas aconteceu. Ent#o ganhei algunsdlares... e daíM Eu escrevo relatrios de seguran&a para o presidenteP -ou bomnisso... e eles est#o vindo atrás de mim depois de toda a... KLan parou de falar eencarou dolorosamente /latonov. E que diabo importa a voc0 tudo issoM $esde que nos encontramos em "eorgetoXn alguns anos atrás, francamente euo admirei. Aquele negcio com os terroristas. (#o concordo com sua vis#o política,como voc0 discorda radicalmente da minha. 2as, falando de homem para homem,voc0 tirou alguns vermes das ruas. /ode escolher entre acreditar ou n#o, mas eudiscuti com o Estado por apoiar tais animais. Gerdadeiros mar!istas que pretendemlibertar seus povos... -im, a esses devemos apoiar de todas as maneiras possíveis...2as bandidos s#o assassinos, mero rebotalho humano que nos en!erga como fontede armas, nada mais. 2eu país n#o lucra nada com isso. 1olocando a política delado, voc0 é um homem de coragem e honra. R claro que respeito isso. E uma penaque seu país n#o fa&a o mesmo. Os Estados 7nidos s colocam seus melhoreshomens em pedestais para que os menores possam faz0'los de alvo.O olhar alerta de KLan foi substituído por um de avalia&#o. /ois voc0 acertou em cheio. Ent#o, meu amigo... o que v#o fazer a voc0MBac3 e!alou profundamente enquanto focalizava os olhos no passeio. /reciso arranjar um advogado esta semana. Acho que ele saberá o que fazer.Esperava evitar algo assim. /ensei que podia sair dessa s com conversa, mas...

esse novo filho da puta que o 8rent... 2ais uma pausa para respirar. 8rentusou sua influ0ncia para arrumar o emprego para ele. >uanto quer apostar queaqueles dois... Estou de acordo com voc0. -e temos de ter inimigos, que sejaminimigos que se possam respeitar. A 1HA n#o pode ajudá'loM (#o tenho muitos amigos lá, voc0 sabe disso. -ubi depressa demais, o garotomais rico do quarteir#o. A cria de "reer, as minhas cone!)es com os brit%nicos.../odem'se arranjar inimigos dessa forma, também. Js vezes fico pensando se algumdeles... (#o posso provar, mas voc0 n#o acreditaria na rede de computadores quetemos em TangleL, e todas as minhas transa&)es ficam arquivadas ali. -abe de maisuma coisaM $ados de computadores podem ser alterados por quem saiba como

faz0'lo... 2as tente provar isso, amigo.Bac3 retirou duas aspirinas de uma latinha e as engoliu. Kitter n#o gosta de mim, nunca gostou. Iiz com que ele ficasse em má situa&#o

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há alguns anos, e ele n#o é o tipo de homem que esquece essas coisas. 8alvez umde seus homens... ele possui alguns dos melhores. O almirante quer ajudar, mas eleestá velho. O juiz está a ponto de se aposentar, deveria ter dei!ado o cargo um anoatrás, mas resiste sabe $eus como. (#o poderia me ajudar mesmo que quisesse.

O presidente gosta de seu trabalho. -abemos disso. O presidente é um advogado, um promotor. -e ele ouvir, mesmo que seja umrumor, sobre alguém quebrar uma lei... Nem, é surpreendente como se pode ficar sozinho depressa. E!iste um bando do $epartamento de Estado que também estáatrás de mim. (#o vejo as coisas do jeito que eles gostariam. Esta é uma merda decidade para se ser honesto.* !erdadeiro, então, pensou /latonov. Ele conseguira a informa&#o de /eter Fenderson, codinome 1assius, que passava dados : ;"N por quase dez anos,primeiro como assessor especial do senador $onaldson, da 1omiss#o deHntelig0ncia do -enado, e agora um analista de informa&)es para o 1ontrole "eral. A;"N sabia que KLan era uma estrela em ascens#o no $iretrio de Hntelig0ncia da

1HA. -ua ficha na 1entral de 2oscou de início o designava como um diletante rico.Hsso mudara alguns anos atrás. Iizera algo que chamara a aten&#o presidencial, eagora escrevia quase a metade dos relatrios especiais que< iam para a 1asaNranca. Era do conhecimento de Fenderson que ele realizara um comple!o dossi0sobre a situa&#o dos armamentos estratégicos, que havia provocado arrepios emIoggL Nottom. /latonov formara sua opini#o sobre ele há muito tempo. 1omo bomavaliador de caráter, desde seu primeiro encontro na "aleria "eorgetoXn, classifi'cara KLan como um oponente brilhante e corajoso porém um homem muitoacostumado a privilégios, enfurecendo'se facilmente com ataques pessoais.-ofisticado, porém estranhamente ing0nuo. O que dissera durante o lancheconfirmara isso. Ele via as coisas em preto e branco, bom e mau. 2as o queimportava hoje era que se sentira invencível, e agora estava aprendendo que n#oera bem assim. /or esse motivo, andava furioso. 8odo o trabalho desperdi&ado disse ele depois de alguns segundos. Elesv#o jogar minhas recomenda&)es no li!o. O que quer dizerM >uero dizer que Ernest <Iodido< Allen convenceu o presidente a colocar aHniciativa de $efesa Estratégica na mesa de negocia&#o. Ioi necessário todo oprofissionalismo de /latonov para n#o reagir visivelmente a essa afirma&#o. KLancontinuou@ 8odo o esfor&o por nada. Eles desacreditaram minha análise por causadesse assunto idiota das a&)es. A Ag0ncia n#o está me apoiando como deveria.

Est#o me atirando aos malditos le)es. E n#o há nada que eu possa fazer a respeitodisso. Bac3 terminou seu cachorro'quente. -empre dá para fazer alguma coisa insinuou /latonov. Gingan&aM Bá pensei nisso. Eu poderia ir aos jornais, mas o :ost vai publicar uma matéria sobre esse negcio da 1omiss#o de Galores 2obiliários. Alguém na1olina está orquestrando uma festa de enforcamento. 8rent, suponho. Aposto que foiele quem p9s aquele jornalista atrás de mim ontem : noite, o filho da puta. -e eutentar espalhar o que realmente aconteceu, quem vai escutarM 2eu $eus, eu estoucolocando minha bunda na linha de fogo s por estar aqui conversando com voc0,-ergeL. /or que diz issoM

/or que n#o adivinhaM KLan permitiu'se um sorriso que terminourepentinamente. (#o pretendo ir para a cadeia. /referiria morrer a me desgra&ar desta maneira. >ue diabo, arrisquei minha vida... coloquei tudo em jogo. Algumas

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coisas voc0 sabe, outras n#os. Arrisquei minha vida por este país e agora queremme colocar na cadeiaP 8alvez possamos ajudar. Iinalmente veio a oferta. $esertarM $eve estar brincando. (#o espera de verdade que eu viva no seu

paraíso do proletariado, n#o éM (#o, mas com o incentivo correto talvez pudéssemos mudar sua situa&#o.Faverá testemunhas contra voc0. Eles podiam sofrer acidentes... (#o me venha com esse papoP Bac3 inclinou'se para a frente. Goc0 n#o fazesse tipo de coisas em nosso país e ns n#o fazemos no de voc0s. 8udo tem um pre&o. 1ertamente compreende isso muito melhor do que eu. /latonov sorriu. /or e!emplo, o <desastre< que o senador 8rent sugeriu ontem :noite. O que poderia serM E como vou saber para quem está trabalhando de fatoM indagou Bac3. O qu0M Aquilo o havia surpreendido, percebeu KLan através da dor latejante em seus seios

nasais. >uer um incentivoM -ergeL, estou a ponto de colocar minha vida em jogo. -porque já fiz isso uma vez, n#o pense que é fácil. 8emos alguém infiltrado na 1entralde 2oscou. Alguém importante. $iga'me o que este nome poderia comprar paramim. -ua liberdade respondeu /latonov sem demora. -e ele é t#o importantecomo diz, poderíamos mesmo fazer muita coisa.KLan n#o pronunciou nenhuma palavra por mais de um minuto. Os dois homensolharam um para o outro como se jogassem cartas e estivessem apostando tudoque possuíam muito embora KLan soubesse que seu cacife era menor. /latonovigualava a intensidade do olhar do americano e ficou contente em perceber que seupoder prevalecera. Estou partindo para 2oscou no final da semana, a menos que a histria estoureantes disso, e nesse caso estou fodido. O que eu acabei de lhe dizer n#o devepassar pelos canais normais. A nica pessoa que tenho certeza de que não é, é"erasimov. A informa&#o precisa ir ao diretor'geral pessoalmente, diretamente, semintermediários, ou nos arriscamos a perder o nome. E por que devo acreditar em voc0M O russo impunha sua vantagem, mas comcuidado.Ioi a vez de Bac3 sorrir. A carta que esperava tinha entrado em seu jogo. (#o sei o nome, mas conhe&o os dados. 1om as quatro informa&)es que eu sei

que vieram do 1ondutor, o codinome dele, seus homens podem deduzir o resto. -esua carta seguir pelos canais normais, provavelmente n#o chego nem até o avi#o. Rpara mostrar qu#o elevado é o cargo que ele ocupa, se é dele que se trata, masprovavelmente sim. 1omo vou saber que voc0 manterá sua palavraM (o ramo da Hntelig0ncia, a gente precisa cumprir as promessas assegurou/latonov. Ent#o diga ao seu diretor'geral que desejo encontrá'lo, se ele puder. $e homempara homem. -em truques. O diretor'geralM O diretor'geral n#o... (esse caso tomo minhas prprias provid0ncias legais e arrisco a sorte. (#opretendo ir para a cadeia por trai&#o, tampouco, se puder evitar. Este é o trato,

camarada /latonov concluiu Bac3. 8enha um bom dia.Bac3 se levantou e afastou'se. /latonov n#o o seguiu. Ele olhou em volta eencontrou seu seguran&a, que sinalizou para informar que eles n#o tinham sido

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observados.E ele tinha sua prpria decis#o a tomar. KLan estava sendo sinceroM 1assiusachava que sim.Ele controlava o agente 1assius há tr0s anos. Os dados de /eter Fenderson

sempre saíam do país. Eles o usaram para seguir e prender um coronel da Ior&a deIoguetes Estratégicos que estivera trabalhando para a 1HA, arranjou informa&)espolíticas e estratégicas inestimáveis, e até mesmo uma análise interna do caso doOutubro Vermelho no ano anterior n#o, foi há dois anos, logo antes que o senador $onaldson se aposentasse , e, agora que trabalhava na "AO, tinha o melhor dedois mundos@ acesso direto a dados sigilosos de defesa e todos os contatos políticosna 1olina. 1assius lhes havia dito, há algum tempo, que KLan estava sendoinvestigado. (a época parecera apenas uma coisa pequena, ninguém havia levadomuito a sério. Os americanos estavam sempre investigando uns aos outros. Era oseu esporte nacional. Ent#o ouviu a mesma histria uma segunda vez, depoisaquela cena com 8rent. -eria mesmo possívelM

3m !azamento nas altas eseras da K2B, pensou /latonov. Favia um protocolo,claro, para enviar qualquer dado importante ao diretor'geral. A ;"N permitia essapossibilidade. 7ma vez a mensagem enviada, teria de ser seguida. - a pista deque a 1HA possuía um agente na cpula da ;"N...2as esta era a nica considera&#o a ser feita.7ma vez lan&ado o anzol, fisgaremos o doutor KLan. 8alvez ele seja tolo o suficientepara acreditar que uma troca de informa&)es para os servi&os possa ser realizadaapenas uma vez, e que n#o ouvirá mais falar de ns... é mais fácil ele estar t#odesesperado que n#o se importe, no momento. >ue tipo de informa&#o poderíamosobter deleM $ssistente especial do !iceEdiretor de 5nteli%4ncia8 )yan de!ia ter acesso a "uasetudo8 Kecrutar um agente t#o valioso isso n#o fora feito desde <;im< /hilbL, háquase cinq6enta anosP6as ele & tão importante assim para "uebrar as re%ras0, perguntou'se /latonovenquanto terminava sua bebida. (unca em toda sua e!ist0ncia a ;"N cometeraqualquer ato de viol0ncia contra os Estados 7nidos havia um acordo decavalheiros quanto a esse assunto. 2as quais eram as regras contra esse tipo devantagemM 8alvez um ou dois americanos tivessem um acidente de carro, ou umataque cardíaco inesperado. Hsto teria de ser aprovado pelo diretor'geral. /latonovfaria sua recomenda&#o. -eria seguida. 8inha certeza disso.O diplomata era um homem meticuloso. Timpou o rosto com o guardanapo de papel,

colocou todos os restos no interior do copo descartável e depositou tudo na lata deli!o pr!ima. (#o dei!ou nada para trás que pudesse sugerir que estivera ali.O Arqueiro estava certo de que iriam vencer. Ao anunciar sua miss#o aossubordinados, a rea&#o n#o poderia ter sido melhor. -orrisos, e!press)es divertidas,olhares de lado, acenos de concord%ncia. O mais entusiástico dentre todos fora onovo membro, o e!'major do E!ército afeg#o. Em sua barraca, 4+ quil9metros parao interior do Afeganist#o, os planos foram preparados em cinco horas de tens#o.O Arqueiro e!aminou a fase C, já completa. -eis caminh)es e tr0s transportadoresN8K'+ de infantaria estavam em suas m#os. Alguns danificados, como eraprevisível. Os soldados mortos das tropas controladas estavam sendo despidos deseus uniformes. Onze sobreviventes passavam por interrogatrio. Eles n#o

participariam desta miss#o, claro, mas, se provassem ser dignos de confian&a, lhesseria permitido juntar'se a bandos aliados de guerrilheiros. >uanto aos outros...O e!'oficial do E!ército recuperou mapas e cdigos de rádio. -abia todos os

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procedimentos que os russos haviam ensinado aos <irm#os< afeg#es.E!istia uma base'acampamento de um batalh#o, C+ quil9metros ao norte dali, pelaKodovia -hé3ábád. O e!'major fez contato com eles pelo rádio, indicando que<"irassol< repelira a emboscada com perdas moderadas, e estavam se dirigindo

para lá. Hsto teve a aprova&#o do comandante do batalh#o.1arregaram alguns dos corpos, ainda em seus uniformes ensang6entados. E!'membros treinados do E!ército afeg#o assumiram as metralhadoras pesadas nostransportadores N8K enquanto a coluna se movia, mantendo a forma&#o táticaadequada na estrada de cascalho. A base ficava no lado distante do rio. Ginteminutos mais tarde puderam avistá'la. A ponte há muito fora destruída, mas osengenheiros russos colocaram cascalho suficiente para fazer a passagem a vau. Acoluna estacou no posto leste de guarda.Essa foi a parte mais tensa. O major fez o sinal apropriado, e o guarda acenou paraque passassem. 7m a um, os veículos atravessaram o rio. A superfície estavacongelada e os motoristas tiveram de seguir uma linha de varas para evitar ficarem

presos na água profunda sob o gelo quebradi&o. 2ais D++ metros.O acampamento da base ficava numa pequena eleva&#o. Era cercado por trincheiras feitas de sacos de areia e troncos. (enhuma estava completamenteguarnecida. O acampamento era bem localizado, com campos largos se estendendoem todas as dire&)es, mas s guameciam completamente os postos armados aoanoitecer. Apenas uma companhia de soldados estava na base, enquanto osrestantes patrulhavam as colinas ao redor. Além disso, a coluna chegava na hora doalmo&o. A garagem do batalh#o estava : vista.O Arqueiro ocupava o banco da frente do primeiro caminh#o. /erguntou'se por queconfiara t#o completamente no major traidor, mas resolveu que n#o era a horaapropriada para esse tipo de preocupa&#o.O comandante do batalh#o saiu de sua casamata mastigando um bocado decomida, enquanto observava os soldados que saíam do caminh#o. Estavaesperando pelo comandante da unidade e demonstrou certo aborrecimento quandoa porta do N2/ se abriu lentamente e um homem uniformizado surgiu. >uem é voc0M  $llahu akhbarl ― gritou o major.-eu fuzil derrubou o inquiridor. As metralhadoras pesadas foram disparadas contra amassa de homens que almo&ava, enquanto o Arqueiro e seus homens corriam paraas trincheiras metade desguarnecidas. Tevou dez minutos até que toda a resist0nciacessasse, mas n#o houve chance para os defensores, n#o com mais de cem

homens armados no interior do acampamento. Ioram feitos vinte prisioneiros. Osnicos russos em seu posto dois tenentes e um sargento de comunica&)es foram mortos inadvertidamente, e os outros colocados sob vigil%ncia, enquanto omajor e seus homens corriam para a garagem. Apanharam mais dois transportadores N8K e quatro caminh)es. Aquilo devia ser obastante. O resto, queimaram. >ueimaram tudo o que n#o puderam carregar.Tevaram quatro morteiros, meia dzia de metralhadoras e todos os uniformes dereserva que conseguiram encontrar. O restante do acampamento foi totalmentedestruído especialmente os rádios, que primeiro foram destro&ados acoronhadas, depois queimados. 7ma pequena for&a de guarda ficou para trás comos prisioneiros, a quem seria dada a chance de juntar'se aos mudjahidin ou

morrer por sua lealdade aos infiéis.Eram cinq6enta quil9metros até ;abul. A coluna de veículos, agora aumentada,dirigiu'se para o norte. 2ais homens do Arqueiro juntaram'se a eles, saltando a

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bordo dos veículos. -eu contingente agora totalizava duzentos homens, vestidos eequipados como soldados regulares do E!ército afeg#o, rodando para o norte emveículos militares russos.O tempo era o inimigo mais perigoso. Atingiram os arrabaldes de ;abul noventa

minutos depois e encontraram o primeiro dos vários postos de controle. A pele do Arqueiro arrepiou'se por estar t#o pr!imo a tantos soldados russos.>uando veio o crepsculo, os soviéticos voltaram aos seus vag)es e casamatas,dei!ando as ruas para os afeg#es, porém nem mesmo o sol poente fez com que sesentisse seguro. As verifica&)es eram mais rigorosas do que esperara, e o major conversando com os guardas fez com que passassem por todas elas, usandodocumentos de viagem e senhas do acampamento recentemente destruído. 2aisobjetiva, a rota de viagem os manteve afastados das partes mais guarnecidas dacidade. Em menos de duas horas, a cidade ficou atrás deles, e rodaram para afrente sob a escurid#o acolhedora.1ontinuaram até que come&aram a ficar sem combustível. (esse ponto os veículos

foram retirados das estradas. 7m ocidental ficaria surpreso com a felicidade dosmudjahidin ao abandonar os veículos, mesmo que isso significasse carregar asarmas nas costas. Nem descansados, os guerrilheiros marcharam para as colinas,em dire&#o ao norte.O dia s trou!era más notícias, notou "erasimov, enquanto encarava o coronelGatutin. Está me dizendo que n#o pode dobrar o homemM 1amarada diretor'geral, nosso pessoal médico se declara contra o procedimentode priva&#o de sentidos, ou qualquer forma de abusos físicos. A palavra torturan#o era mais usada na sede da ;"N. /oderia matá'lo. Em vista de suainsist0ncia numa confiss#o, precisamos usar... métodos primitivos de interrogatrio.O prisioneiro é uma pessoa muito difícil. 2entalmente é muito mais resistente do queimaginamos a princípio declarou Gatutin, t#o calmamente quanto conseguiu. Eleseria capaz de matar por um pouco de álcool, no momento. 8udo porque voc0 p9s a perder a pris#oP observou friamente "erasimov. 8inha grandes esperan&as em voc0, coronel# /ensei que fosse um homem de futuro./ensei que estivesse pronto para progredir -erá que eu estava errado, camaradacoronelM2inha preocupa&#o com esse assunto está limitada a desmascarar um traidor da2#e /átria. Ioi necessária toda a disciplina de Gatutin para n#o perder oautocontrole. -into que fiz isso. -abemos que ele cometeu trai&#o. 8emos as

provas... Wazov n#o vai aceitá'las. 1ontra'intelig0ncia é um assunto da ;"N e n#o do 2inistérioda $efesa. 8alvez tivesse a bondade de e!plicar isso para o secretário'geral do /artido disse "erasimov, dei!ando sua raiva e!travasar. 1oronel Gatutin, preciso dessaconfiss#o."erasimov esperara conseguir mais um trunfo profissional nesse dia, mas o relatrioITA-F dos Estados 7nidos o anulara pior ainda, "erasimov havia passado ainforma&#o um dia antes de validá'la. A agente Tivia se desculpava, dizia o relatrio,mas o programa de computador transmitido pela camarada NisLarina estava,

infelizmente, obsoleto. Algo que talvez pudesse apaziguar as coisas entre a ;"N e o2inistério da $efesa já n#o e!istia.Ele precisava da confiss#o, e tinha de ser uma n#o e!traída por tortura. 8odos

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sabiam que a tortura podia produzir quase tudo o que os interrogadores desejassem,que todos os prisioneiros temiam a dor para admitir o que quer que fosse. /recisavade algo bom o suficiente para apresentar ao prprio /olitburo, cujos membros n#oreceavam mais a ;"N, a ponto de aceitar apenas a palavra de "erasimov.

Gatutin, preciso da confiss#o, e preciso logo. >uando pode conseguirM 7tilizando os métodos aos quais ficamos limitados agora, n#o mais do que duassemanas. /odemos privá'lo de sono. Hsso leva tempo, ainda mais que cs velhosprecisam dormir menos do que os jovens. "radualmente ele ficará desorientado ecederá. /or tudo o que sabemos sobre esse homem, vai usar toda a sua coragempara lutar contra isso... R corajoso, mas é apenas um homem. $uas semanas afirmou Gatutin, sabendo que dez dias seriam suficientes. 2elhor prevenir. 2uito bem. "erasimov fez uma pausa. Era hora para encorajamento. 1oronel Gatutin, para falar objetivamente, voc0 conduziu bem a investiga&#o, adespeito do desapontamento na fase final. (#o é razoável esperar a perfei&#o detodas as coisas, e as complica&)es políticas n#o s#o de sua al&ada. -e providenciar 

o que é necessário, será recompensado adequadamente. 1ontinue. Obrigado, camarada diretor'geral."erasimov observou'o partir, depois chamou seu carro.O diretor'geral da ;"N n#o viajava sozinho. -eu [il particular uma limusine feita: m#o que lembrava um gigantesco carro americano de trinta anos atrás eraseguido por um Golga ainda mais feio, cheio de guarda'costas escolhidos por suahabilidade em combate e lealdade absoluta ao diretor'geral. "erasimov sentava'sesozinho no banco traseiro, observando os prédios de 2oscou pelo vidro, enquanto ocarro era conduzido pela fai!a central das largas avenidas. Togo saíram da cidade,penetrando nas florestas onde os alem#es foram detidos em C5C.2uitos dos que foram capturados aqueles que sobreviveram ao tifo e : fome haviam construído as dachas, casas de campo soviéticas. /or mais que os russosodiassem os alem#es, a nomenklatura a classe dominante nessa sociedade semclasse era viciada em equipamentos alem#es. Aparelhos eletr9nicos -iemens eutilidades domésticas Nlaupun3t faziam parte dos lares tanto quanto o e!emplar do:ra!da e o noticiário <8ass Nranco<. As moradias nas florestas de pinheiros a lestede 2oscou eram t#o bem construídas como tudo dei!ado pelos czares. "erasimovsempre se perguntava o que tinha acontecido aos soldados alem#es quetrabalharam para faz0'las. (#o que isso importasse. A dacha oficial do acad0mico 2i3hail /etrovich Ale!androv n#o era diferente doresto@ dois andares, a lateral de madeira pintada de creme e um telhado bastante

inclinado que pareceria natural se estivesse na Iloresta (egra. O acesso consistianuma trilha de cascalho entre as árvores. Apenas um carro estava estacionado ali.Givo, Ale!androv havia passado da idade em que poderia procurar a companhia debelas jovens. "erasimov abriu a prpria porta, verificando rapidamente se o pessoalde sua seguran&a estava se dispersando pelas árvores como sempre. /araramapenas para colocar agasalhos que foram buscar na mala do carro, espessoscasacos de pele branca e botas pesadas para manter os pés aquecidos sobre aneve. (i3olaL NorissovichP Ale!androv atendeu pessoalmente a porta. A dacha era servida por um casal que fazia arruma&#o e limpeza, mas sabia quandoficar fora do caminho. Essa era uma das ocasi)es. O acad0mico tirou o casaco de

"erasimov e o pendurou num cabide ao lado da porta. Obrigado, 2i3hail /etrovich. 1háM Ale!androv fez um gesto em dire&#o : sala de estar.

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Está frio lá fora comentou "erasimov.Os dois homens sentaram em lados opostos da mesa, em antigas cadeirasestofadas. Ale!androv gostava de receber pessoas, pelo menos seus associados.Ele despejou o chá, depois serviu num pratinho uma pequena quantidade de cerejas

brancas cristalizadas. Neberam o chá da maneira tradicional, colocando algumasdas cerejas adocicadas na boca, e dei!ando que o chá passasse entre elas. Hssotornava a conversa um pouco desajeitada, mas era tipicamente russo. Ale!androvapreciava velhos hábitos. $a mesma forma que estava comprometido com os ideaisdo mar!ismo, o chefe ideolgico do /olitburo mantinha os costumes de sua juventude nos mínimos detalhes. O que há de novoM"erasimov fez um gesto de aborrecimento. O espi#o Iilitov é um velho duro de roer. Gai demorar mais uma semana ou duaspara conseguir a confiss#o. $evia fuzilar aquele seu coronel que... O diretor'geral da ;"N balan&ou a

cabe&a. (#o, n#o. /recisamos ser objetivos. O coronel Gatutin procedeu bem. $evia ter dei!ado o ato da pris#o para um homem mais jovem, mas eu lhe disse que o casoera dele, e sem dvida ele tomou minhas instru&)es ao pé da letra. Tidou com orestante do caso de modo quase perfeito. Goc0 está ficando generoso cedo demais, ;olLa observou Ale!androv. Rt#o difícil assim surpreender um velho de ?4 anosM (#o este. O espi#o americano era bom, como seria de esperar. Nons agentes decampo possuem instintos agu&ados. -e eles n#o fossem t#o habilidosos, osocialismo mundial já poderia ter sido alcan&ado acrescentou ele, um poucodesajeitadamente. Ale!androv vivia em seu universo acad0mico, pouco sabendo sobre como as coisasfuncionavam no mundo real. Era difícil respeitar alguém como ele, mas menos difíciltem0'lo.O homem mais velho grunhiu. -uponho que possamos esperar mais uma semana ou duas. (#o gosto da idéiade fazer tudo enquanto a delega&#o americana estiver aqui... /ode ser depois que eles saírem. -e for alcan&ado um acordo, n#o perdemosnada. R loucura reduzir nossos armamentosP insistiu Ale!androv. 2i3hail /etrovichainda achava que armas nucleares eram como tanques e homens@ quanto mais,

melhor. 1omo a maioria dos políticos tericos, n#o se incomodava em apreender osfatos. Gamos manter os foguetes mais recentes e os melhores e!plicoupacientemente "erasimov. E o mais importante é que *strela Brilhante está sedesenvolvendo bem. 1om o que nossos cientistas já conseguiram, mais o queaprendermos com os planos do programa americano, em menos de dez anosestaremos em condi&)es de defender a )odina contra qualquer ataque estrangeiro. Goc0 tem boas fontes dentro do programa americanoM 2uito boas declarou "erasimov, colocando de lado seu chá. /arece quealguns dados que acabamos de receber foram enviados cedo demais. Algumas dasinstru&)es do computador nos foram enviadas antes dos testes e revelaram'se

defeituosas. 7m embara&o, sem dvida, mas, se é para ficar embara&ados, melhor por e!cesso de zelo do que por inefici0ncia. Ale!androv descartou o assunto com um aceno de m#o.

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Ialei com GaneLev ontem : noite. EM Ele é nosso. (#o pode suportar a idéia da bela filhinha dele em um campo detrabalhos for&ados... ou algo pior. E!pliquei o que queremos dele. Ioi muito fácil.

7ma vez que consiga a confiss#o daquele filho da m#e do Iilitov, faremos tudo aomesmo tempo. 2elhor realizar tudo de uma vez. O acad0mico balan&ava acabe&a, refor&ando suas palavras. Ele era perito em manobras políticas. Estou preocupado com as possíveis rea&)es do Ocidente... observoucautelosamente "erasimov. A velha raposa sorriu sobre seu chá. (armonov sofrerá um ataque cardíaco. Ele tem idade para isso. (#o será fatal,claro, mas suficiente para afastá'lo. Gamos assegurar ao Ocidente que sua políticacontinuará sendo seguida. /osso até conviver com o desarmamento, se voc0insiste. Ale!androv fez uma pausa. (#o faz sentido alarmarmos ninguém semmotivo. 8udo o que me preocupa é a primazia do /artido.

(aturalmente. "erasimov sabia o que se seguiria e recostou'se na poltronapara ouvir novamente. -e n#o pararmos (armonov, o /artido está liquidadoP O idiota, atirando fora tudoo que conseguimos com tanto trabalho. -em a lideran&a do /artido, um alemãopoderia estar morando nesta casa. -em -tálin para colocar a&o na espinha daspessoas, onde estaríamos nsM E (armonov condena nosso maior líder... depois deT0nin acrescentou rapidamente o acad0mico. Este país precisa é de alguémcom m#o forte, uma m#o forte, n#o milhares de pequenas m#osP (osso povoentende isso. (osso povo deseja isso."erasimov sinalizou sua concord%ncia, perguntando'se por que aquele tolobalbuciante tinha de repetir sempre a mesma coisa. O /artido n#o queria nenhumam#o forte, por mais que Ale!androv negasse o fato O /artido em si era compostopor um milhar de m#ozinhas sequiosas@ os membros do 1omit0 1entral, osapparatchik que pagaram suas dívidas, repetiram seus slogans, compareceram :sreuni)es semanais até ficarem completamente enjoados de tudo que o /artido dizia,mas continuavam porque esse era o caminho para progredir, e progresso significavaprivilégios. /rogresso significava um carro, e viagens para -ochi... eeletrodomésticos Nlaupun3t."erasimov sabia que todos os homens tinham seu ponto fraco. O de Ale!androv eraque t#o poucas pessoas acreditassem realmente no /artido. "erasimov n#oacreditava. O /artido era o que nutria ambi&)es. O poder tinha a sua prpria

 justificativa, e, para ele, o /artido era a trilha para o poder. /assara toda a sua vidaprotegendo o /artido daqueles que queriam alterar a equa&#o do poder. Agora,como diretor'geral da prpria <espada e escudo< do /artido, estava na melhor po'si&#o possível para tomar as rédeas do /artido. Ale!androv ficaria surpreso,escandalizado mesmo, ao saber que seu jovem aluno s tinha o poder comoobjetivo, sem nenhum outro plano que n#o seu status "uo ante# A 7ni#o -oviéticacontinuaria como antes, segura por trás de suas fronteiras, procurando estender suaforma de governo a qualquer país que quisesse aproveitar a oportunidade. Faveriaalgum avan&o, em parte por mudan&as internas, em parte pelo que pudesse ser obtido do Ocidente, mas n#o o bastante para provocar mudan&as bruscas, como(armonov amea&ara fazer. 1om o poder da ;"N para apoiá'lo, n#o precisava temer 

por sua seguran&a certamente n#o depois de derrotar o 2inistério da $efesa./ortanto, escutou a arenga de Ale!androv sobre teoria do /artido, concordandoquando era apropriado. /ara um observador, pareceria com a cena de milhares de

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fotografias antigas quase todas falsas de -tálin escutando com aten&#o redo'brada as palavras de T0nin. 1omo -tálin, ele usaria as palavras para obter seusprprios desígnios. "erasimov acreditava em "erasimov.

12Vanta'ens 2as eu acabei de comerP protestou 2isha. >ual nadaP respondeu o carcereiro. Estendeu seu relgio. Geja a hora, seuvelho bobo. /ode comer, está chegando a hora do seu interrogatrio. O homemse inclinou para a frente. /or que n#o diz a eles o que querem saber, camaradaM (#o sou um traidorP Hsso n#oP 1omo quiser. 1oma bastante. A porta da cela retiniu no batente com um ruídometálico.

(#o sou um traidorP disse Iilitov depois que a porta se fechou. Hsso n#oP captou o microfone. Hsso n#o... Estamos quase conseguindo comentou Gatutin.O que sucedia a Iilitov n#o era muito diferente do que o médico tentava provocar notanque para priva&#o de sentidos. O prisioneiro perdia contato com a realidade,embora muito mais lentamente do que GaneLeva. -eu tanque era o interior doprédio, que subtraía ao prisioneiro o ritmo do dia e da noite. A nica l%mpada nuncase apagava. $epois de alguns dias, Iilitov perdeu toda no&#o de tempo. A seguir, asfun&)es org%nicas come&aram a apresentaf alguma irregularidade. $epois, foialterado o intervalo entre as refei&)es. O corpo sabia que alguma coisa estavaerrada, sentia isso e tinha t#o pouco sucesso ao lidar com a desorienta&#o que asitua&#o do prisioneiro era semelhante a uma doen&a mental. Era uma técnicaclássica@ dificilmente um indivíduo a suportava por mais de duas semanas, e mesmoassim depois se descobria que o prisioneiro resistira apoiado em acontecimentosfora do controle de seus interrogadores, tais como ruídos de tr%nsito ou peloencanamento, sons que seguiam padr)es regulares. "radualmente, o <$ois<aprendera a isolar todos eles. O novo bloco de celas especiais era isoladoacusticamente do resto do mundo. A cozinha ficava num andar acima para eliminar aromas. Esta parte de Tefortovo refletia anos e anos de e!peri0ncias no sentido dedobrar o espírito humano.6elhor "ue tortura, pensou Gatutin. 8ortura invariavelmente afetava também os

interrogadores. Era um problema. 7ma vez que um homem em casos raros, umamulher ficava perito no assunto, a mente da pessoa mudava. O torturador aospoucos ficava louco, resultando em interrogatrios n#o confiáveis e em um agenteintil da ;"N que precisava ser substituído e, ocasionalmente, hospitalizado. (osanos *+, tais agentes eram e!ecutados assim que seus mestres políticoscompreendiam o que haviam criado, e apenas para serem substituídos por outros,até que os interrogadores come&aram a buscar métodos mais criativos einteligentes. 6elhor para todos, pensou Gatutin. As novas técnicas, mesmo asabusivas, n#o infligiam danos físicos permanentes. Agora quase parecia quetentavam curar o distrbio mental provocado, e os médicos que tratavam disso paraa ;"N já podiam afirmar com seguran&a que a trai&#o contra a 2#e /átria era em si

um sintoma de grave desvio de personalidade, que demandava tratamento enérgico.Iazia com que todos se sentissem melhor sobre o trabalho. Afinal, enquanto sepodia sentir culpa causando dor em um inimigo corajoso, era possível sentir'se bem

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ajudando a curar um doente mental.*ste & mais doente "ue a maioria, pensou Gatutin amargamente. Ele era um poucocínico demais para acreditar no besteirol que os novatos do <$ois< aprendiam no8reinamento e Orienta&#o. Tembrou'se das histrias notáveis dos que o treinaram

quase trinta anos antes nos bons e velhos dias de NerLa... Embora sua pele setivesse arrepiado ao ouvir aqueles loucos falarem, pelo menos eram honestos sobreo que faziam. Embora fosse grato por n#o ter ficado como eles, n#o conseguia iludir'se quanto a Iilitov ser um homem doente. Era, na verdade, um homem corajoso queescolhera de livre e espont%nea vontade trair seu país. 7m homem mau, comcerteza, porque violara as regras da sociedade em que vivia, e um adversáriovaloroso por tudo isso. Gatutin olhou pelo tubo de fibra ptica que corria para o tetoda cela de Iilitov, observando'o enquanto ouvia o som captado pelo microfone.Fá quanto tempo vem trabalhando para os americanosM $esde que sua famíliamorreuM 8anto tempo assimM >uase trinta anos... seria possívelM, indagava'se ocoronel do -egundo $iretrio. Era uma enorme perda de tempo. <;im< /hilbL n#o

durara tudo isso, e a carreira de Kichard Borge, apesar de brilhante, fora breve.Nem, fazia sentido. Favia ainda homenagens a serem prestadas a Oleg /en3ovs3L,o traidor coronel da "K7 cuja captura fora um dos maiores casos do <$ois< agoraenvenenado pelo pensamento de que /en3ovs3L usara a prpria morte paraimpulsionar a carreira de um espi#o ainda maior que ele... e provavelmenterecrutado pessoalmente por ele. Aquilo é que era coragem, disse a si mesmoGatutin. :or "ue tanta !irtude precisa ser in!estida em trai+ão0, enfureceu'se. :or "ue não podem amar sua 6ãe :tria como eu amo0 O coronel meneou a cabe&a. Omar!ismo e!igia objetividade de seus partidários, mas isso era um e!agero. -emprehavia o perigo de identificar'se intimamente demais com os ideais do prisioneiro. Eleraramente tinha esse problema, mas por outro lado nunca lidara com um casoassim. 8r0s vezes Feri da 7ni#o -oviéticaP 7m verdadeiro ícone nacional, cujorosto estivera na capa de revistas e livros. -erá que algum dia poder'se'á tornar conhecido o que ele fizeraM 1omo reagiria o povo soviético : notícia de que 2isha, oheri de -talingrado, um dos mais corajosos combatentes do E!ército Germelho, setornara traidor da )odina0 O efeito no moral nacional era algo a ser considerado.*sse problema não & meu, disse a si mesmo. Observou o velho através do seudispositivo de alta tecnologia. Iilitov tentava ingerir sua refei&#o, sem acreditar muitoque era hora de comer, mas ignorando que seu desjejum todas as refei&)es eramiguais, por motivos bvios fora servido apenas noventa minutos antes.Gatutin p9s'se de pé e esticou'se para aliviar a dor nas costas. 7m efeito colateral

dessa técnica era a maneira como desregulava a vida dos prprios interrogadores.-eu horário ficava arruinado. /assava um pouco da meia'noite, e ele mal conseguiradormir sete horas nas ltimas trinta e seis. 2as pelo menos sabia a hora, o dia e aesta&#o. Iilitov n#o, com certeza. Hnclinou'se para ver o prisioneiro terminando suatigela de trigo'sarraceno. 8ragam'no ordenou o coronel ;lementi Gladimirovich Gatutin.Ele entrou no banheiro e borrifou um pouco de água fria no rosto. $eu uma olhadano espelho e decidiu que n#o precisava barbear'se. A seguir, certificou'se de que ouniforme estava com o caimento perfeito. O nico fator constante no mundodesordenado do prisioneiro era o rosto e a imagem de seu interrogador. Gatutinpraticava até mesmo seu olhar no espelho@ orgulhoso, arrogante, mas também cheio

de compai!#o. (#o ficou envergonhado do que viu. Aquele era um profissional,disse ao prprio refle!o no espelho. (#o um bárbaro, n#o um degenerado, mas umhomem habilidoso fazendo um trabalho difícil e necessário.

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Gatutin estava sentado na sala de interrogatrio, como sempre, quando o prisioneiroentrou. Hnvariavelmente ele parecia estar fazendo alguma coisa quando a porta seabria, e sua cabe&a sempre se levantava como a dizer@  $h, j & hora de alar com!oc4 outra !ez0 Ele fechou a pasta : sua frente e guardou'a na valise, enquanto

Iilitov sentava na cadeira. Aquilo era bom, notou Gatutin sem olhar. O prisioneirodispensava ordens e sabia o que precisava fazer, a mente fi!a na nica realidadeque possuía@ Gatutin. Espero que tenha dormido bem disse ele a Iilitov. Nastante bem foi a resposta.Os olhos do velho estavam emba&ados. O azul n#o tinha mais o brilho que Gatutinadmirara na primeira sess#o. Está sendo alimentado adequadamenteM 8enho comido melhor. 7m sorriso alquebrado, com alguma rebeldia e orgulhopor trás, mas nem tanto quanto imaginava seu portador. 2as também tenhocomido pior.

Gatutin mediu desapai!onadamente a for&a de seu prisioneiro@ havia diminuído.Voc4 sabe, pensou o coronel, !oc4 sabe "ue !ai perder# Aabe "ue & s1 uma"uestão de tempo# :osso !er isso# E estreitou os olhos, procurando e encontrandofraqueza no olhar do outro. Iilitov tentava n#o vacilar diante daquele olhar, mas oslimites foram atingidos e alguma coisa estava se soltando enquanto Gatutinobservava. Voc4 sabe "ue est perdendo, Iilitov..ual & a !anta%em, 6isha0, dizia'lhe sua voz interior, em desespero. *le temtempo### ele controla o tempo# Vai azer de tudo para "uebrar !oc4# *le est%anhando, e !oc4 sabe disso#7i%aEme, camarada capitão, por "ue se per%unta coisas tão tolas0 :or "ue precisaexplicarEse por ser homem0, perguntou uma voz conhecida. *m todo o caminho,desde BrYstEGito!sk at& Vyasma, sabíamos "ue est!amos perdendo, mas nuncadesisti, nem !oc4# Ae pode desaiar o *x&rcito alemão, certamente pode desaiar esse che3ista molen%a da cidade8 Obrigado, Komanov.;omo conse%uiu se !irar sem mim, meu capitão0, riu a voz. $pesar de toda suainteli%4ncia, pode s !ezes ser um homem muito tolo#Gatutin percebeu que alguma coisa havia mudado. Os olhos se tornaram límpidos, eas velhas costas se endireitaram novamente.O que está dando for&as a voc0M SdioM $etesta o Estado pelo que aconteceu : suafamília... ou seria algo completamente diferenteM

$iga'me come&ou Gatutin. $iga'me por que odeia a 2#e/átria. (#o odeio respondeu Iilitov. 2atei pela 2#e /átria. Eu "ueimei pela 2#e/átria. 2as n#o fiz essas coisas por gente como voc0. Apesar de toda a fraqueza,o brilho desafiador em seus olhos parecia uma chama. Gatutin n#o se comoveu.*u esta!a perto de conse%uir, mas al%uma coisa mudou# Ae descobrir o "ue &,<ilito!, eu pe%o !oc48 Algo disse a Gatutin que ele já possuía o que precisava. Otruque residia em identificar a informa&#o.O interrogatrio continuou. Embora Iilitov fosse resistir dessa vez, e da pr!ima, emesmo depois disso, Gatutin estava drenando a energia física e emocional dohomem. Ambos sabiam disso. Era apenas uma quest#o de tempo. (uma coisa,

porém, ambos estavam errados. Os dois achavam que Gatutin controlava o tempo,embora o tempo fosse o senhor supremo do homem."erasimov ficou surpreso com o novo despacho ITA-F dos Estados 7nidos, desta

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feita vindo de /latonov. 1hegou por cabo, alertando'o de que uma mensageme!clusiva para o diretor'geral estava a caminho na mala diplomática. Aquilo eramuito incomum. A ;"N, mais do que outras ag0ncias de informa&)es, aindadependia de sistemas de cdigos de despistamento. Eram impenetráveis, mesmo no

sentido terico, a menos que a seq60ncia de cdigo em si fosse comprometida. Eravagaroso mas infalível, e a ;"N queria o <infalível<. Além daquele nível detransmiss#o, entretanto, havia outro protocolo para cada esta&#o, um cdigoespecial que nem tinha nome, mas corria diretamente do rezident para o diretor'geral. /latonov era mais importante do que a 1HA suspeitava. Ele era o rezident deQashington, o chefe de setor.>uando o despacho chegou, foi trazido diretamente ao escritrio de "erasimov. -euau!iliar para cdigos, um capit#o especialmente credenciado, n#o foi chamado. Odiretor'geral decifrou a primeira senten&a pessoalmente, percebendo que era umaviso sobre um possível traidor. A ;"N n#o possuía um termo para designar umtraidor em seu prprio quadro, mas os escal)es mais altos conheciam o mundo

ocidental.O despacho era longo, e levou uma hora inteira para ser traduzido por "erasimov,maldizendo o tempo todo sua falta de jeito ao decifrar as transposi&)es aleatriasdas trinta e tr0s letras do alfabeto russo.3m a%ente iniltrado na K2B0, perguntou'se "erasimov. *m "ue ní!el0 1hamou seusecretário particular e pediu as fichas sobre o agente 1assius e KLan, da 1HA. 1omosempre nessas ocasi)es, n#o demorou muito. $ei!ou 1assius de lado por uminstante e abriu o dossi0 sobre KLan.Favia um esbo&o biográfico de seis páginas, atualizado seis meses antes, além dosrecortes originais de jornais e respectivas tradu&)es. Ele n#o precisava das ltimas."erasimov falava num ingl0s aceitável, embora com sotaque. A idade era *D, eleleu, juntamente com as credenciais no mundo dos negcios, acad0micas, e nacomunidade de informa&)es. Ele progredira depressa dentro da 1HA@ agenteespecial de liga&#o com Tondres. -ua primeira avalia&#o das atividades da ;"N eracolorida por vis)es políticas de analista, notou "erasimov. 7m diletante rico e semfibra. (#o, n#o era correto. Ele progredira muito rapidamente para isso ser verdade,a n#o ser que tivesse contado com influ0ncia política algo incompatível com seuperfil. /rovavelmente um homem brilhante, e escritor, notou "erasimov, reparandoque havia e!emplares de dois livros seus em 2oscou. 1ertamente seria uma pessoaorgulhosa, acostumada ao conforto e aos privilégios.*ntão !oc4 "uebrou as leis cambiais americanas0 O pensamento brotou com

facilidade na mente do diretor'geral. A corrup&#o constituía o caminho para a riquezae o poder em qualquer sociedade. KLan tinha seu ponto fraco, como qualquer um."erasimov sabia que o seu era a sede de poder, mas julgava tudo que ficasseaquém disso como o objetivo de um tolo. Ketomou a leitura do despacho de/latonov.<Avalia&#o<, concluía a mensagem@ <O elemento n#o é motivado por raz)esideolgicas ou financeiras, mas pela raiva e pelo seu ego. /ossui verdadeiro pavor da pris#o, porém mais ainda de sua desgra&a pessoal. KLan provavelmente tem ainforma&#o que alega possuir. -e a 1HA possui um espi#o altamente colocado na1entral de 2oscou, é provável que KLan tenha visto dados dele, embora n#oconhe&a o nome nem o rosto. As informa&)es devem ser suficientes para identificar 

o vazamento.<Kecomenda&#o@ A oferta deveria ser aceita por dois motivos. /rimeiro, identificar um espi#o americano. -egundo, fazer uso de KLan no futuro. A nica oportunidade

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oferecida possui duas faces. -e eliminarmos as testemunhas contra ele, ele fica emdívida para conosco. -e esta a&#o for descoberta, ele pode ser incriminado pela1HA, e os inquéritos resultantes causar#o grandes danos : ag0ncia americana. < Fum murmurou "erasimov para si mesmo enquanto dei!ava de lado a pasta.

O dossi0 do agente 1assius era muito mais grosso. Ele estava a caminho de setornar uma das melhores fontes da ;"N em Qashington. "erasimov já o lera váriasvezes e passou direto para as informa&)es mais recentes. $ois meses antes, KLanfora investigado, mas os detalhes eram desconhecidos 1assius os classificaracomo me!ericos sem fundamento. Esse era um ponto a favor dele, pensou o diretor'geral. 8ambém desligava o oferecimento de KLan dos fatos mais recentes...IilitovME se o agente bem colocado que KLan poderia identificar fosse o mesmo queacabavam de prenderM, imaginou "erasimov.(#o. KLan era suficientemente bem colocado na 1HA para n#o confundir umministério com outro. A nica notícia ruim era que um espi#o dentro da ;"N n#o era

nada do que "erasimov precisava no momento. Bá era bastante ruim que e!istisseum, mas se a histria se espalhasse para fora da sede... poderia ser um desastre.Ae lan+ssemos uma in!esti%a+ão de !erdade, a notícia se espalharia# Ae nãoencontrarmos o espião em nosso meio, e se esti!er num alto car%o como )yanairma, e se a ;5$ descobrir "ue $lexandro! e eu###* se descobrirem0 * se esse### "erasimov sorriu e olhou fora da janela. Ele perderiao lugar. /erderia o jogo. 1ada fato tinha pelo menos tr0s faces, e cada pensamentotinha seis. (#o, se acreditasse naquilo, precisaria admitir que 1assius estava sobcontrole da 1HA, e que tudo fora planejado depois que Iilitov fora preso. -eria quaseimpossível.O diretor'geral da 1omiss#o para a -eguran&a do Estado verificou seu calendáriopara saber quando viriam os americanos. Faveria mais compromissos sociais nessaépoca. -e os americanos estivessem mesmo resolvidos a colocar o programa"uerra nas Estrelas na mesa de negocia&)es, isso melhoraria a imagem dosecretário'geral (armonov, mas quantos votos no /olitburo conquistariaM Nãomuitos, en"uanto eu conse%uir manter a obstina+ão de $lexandro! sob controle# * se puder mostrar "ue recrutei um a%ente tão bem colocado na ;5$### se puder anunciar "ue os americanos !ão ne%ociar seus pro%ramas de deesa, então euroubaria para mim um pouco da %l1ria pela iniciati!a de paz de Narmono!### A decis#o foi tomada.2as "erasimov n#o era um homem impulsivo. 2andaria um sinal a /latonov para

verificar alguns detalhes por meio do agente 1assius. Esse sinal poderia ser enviadopor satélite.O sinal chegou a Qashington uma hora depois. Ioi adequadamente captado dosatélite soviético de comunica&)es, tanto pela embai!ada soviética como pelaag0ncia americana de seguran&a nacional, que a arquivou em fita de computador aolado de milhares de outros sinais russos com que a Ag0ncia trabalhava 45 horas por dia para decifrar.Era mais fácil para os soviéticos. O sinal foi levado para um setor seguro daembai!ada, onde um tenente da ;"N converteu as letras embaralhadas em te!tolegível. $epois foi tudo trancado num cofre vigiado até a chegada de /latonov pelamanh#.

Hsso aconteceu :s h*+. Os jornais de costume estavam sobre sua escrivaninha.  $imprensa americana era muito 'til K2B, pensou ele. A idéia de uma imprensa livreera t#o estranha a ele que nunca chegou a considerar sua verdadeira fun&#o. 2as

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outras coisas vinham em primeiro lugar. O agente de vigil%ncia noturna entrou emseu escritrio :s h5D e colocou'o a par dos acontecimentos da noite anterior,entregando também mensagens de 2oscou, onde já passava da hora do almo&o.(o alto da lista de mensagens havia refer0ncia a uma nota e!clusiva para o

rezident# /latonov sabia qual o assunto em pauta e foi imediatamente até o cofre. O jovem agente da ;"N que guardava essa parte da embai!ada verificouescrupulosamente a identifica&#o de /latonov seu antecessor perdera o empregopor ser ousado a ponto de presumir que conhecia /latonov de vista depois deapenas nove meses. A mensagem, num envelope lacrado, estava no nichoadequado, e /latonov colocou'a em seu bolso antes de fechar e trancar a porta.O setor da ;"N em Qashington era maior do que o da 1HA em 2oscou, embora n#ogrande o suficiente para adequar'se a /latonov, desde que o nmero de pessoasfora reduzido a uma equival0ncia numérica com o pessoal da embai!ada americanana 7ni#o -oviética, algo que os americanos levaram anos para admitir. Elegeralmente reunia seus chefes de se&#o :s ?h*+ para uma confer0ncia matinal, mas

naquele dia mandou chamar um dos agentes mais cedo. Nom dia, camarada coronel disse apropriadamente o homem. A ;"N nuncaficou conhecida por suas cortesias. /reciso de informa&)es de 1assius sobre esse assunto do KLan. E imperativoque confirmemos as dificuldades legais dele o mais breve possível. Hsso significahoje, se voc0 puder cuidar dos detalhes. FojeM admirou'se o homem, com certo desconforto enquanto apanhava asinstru&)es por escrito. E arriscado mover'se t#o rápido. O diretor'geral está ciente disso observou secamente /latonov. Foje, ent#o aquiesceu o homem.O rezident sorriu interiormente enquanto o agente saía. Esse fora o má!imo deemo&)es que ele demonstrara em seis meses. Esse rapaz tinha futuro. Tá está Nutch observou um dos agentes do INH quando o homem saiu daembai!ada.Eles sabiam seu verdadeiro nome, claro, mas o primeiro agente que o seguiranotara que ele tinha apar0ncia de Nutch, e o apelido pegou. -ua rotina matinal eraabrir ostensivamente alguns escritrios, depois sair para realizar pequenos servi&osantes que o pessoal diplomático graduado aparecesse, :s . Aquilo envolviaapanhar o café da manh# numa lanchonete ali perto, comprar vários jornais erevistas e freq6entemente dei!ar uma marca ou duas em algum dos vários locaisque percorria. 1omo na maioria das opera&)es de contra'espionagem, a parte difícil

era pegar a primeira pista. $epois disso era mero trabalho policial. Faviamconseguido a primeira pista sobre Nutch dezoito meses atrás.Ele andou os quatro quarteir)es até a loja, agasalhado contra o frio todosconcordavam em que ele provavelmente achava o inverno em Qashington bastanteameno , e chegou ao local no horário. 1omo a maioria das lanchonetes, aquelapossuía clientes regulares. 8r0s deles eram agentes do INH. 7ma estava vestidacomo uma mulher de negcios, sempre lendo seu Zall Atreet @ournal, sozinha numreservado no canto. $ois usavam cintos com ferramentas de carpinteiro e dirigiam'se ao balc#o antes ou depois de Nutch entrar. (aquele dia, esperavam por ele. (#oficavam sempre lá, claro. A mulher, a agente especial Fazel Toomis, coordenava seuhorário com o e!pediente comercial, tomando o cuidado de faltar nos feriados

bancários. Era um risco, mas vigil%ncia intensa, mesmo cuidadosamente planejada,n#o podia ser muito regular. $a mesma forma, os dois homens apareciam mesmoquando sabiam que Nutch n#o viria, nunca alterando a rotina, de modo que

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pudessem demonstrar interesse em seu objetivo. A agente Toomis anotou o horário de chegada : margem de um artigo ela semprerabiscava no jornal , e os carpinteiros o observaram pela parede espelhada atrásdo balc#o, enquanto devoravam ensopado de carne com batatas e trocavam piadas

sujas. 1omo sempre, Nutch comprara quatro jornais diferentes na banca vizinha :lanchonete. As revistas que ele cornprava chegavam nas ter&as'feiras. A gar&oneteserviu o café sem que ele precisasse pedir. Nutch acendeu seu cigarro habitual 2arlboro, um favorito dos russos e tomou sua primeira !ícara de café enquantoolhava a primeira página do Zashin%ton :ost, que era o seu jornal habitual. A segunda !ícara era grátis, e a dele chegou bem em tempo. Tevouescassos seis minutos, o que correspondia ao normal, como todos repararam.8erminando, ele apanhou seus jornais e dei!ou algum dinheiro na mesa. >uando seafastou do lugar, puderam ver que ele havia amassado seu guardanapo de papelnuma bola, colocada no pires ao lado da !ícara de café vazia.Ne%1cios, pensou Toomis imediatamente. Nutch apanhou sua conta na outra

e!tremidade do balc#o, pagou'a e saiu. Ele era bom, notou Toomis mais uma vez.Ela sabia onde e como ele dei!ara o sinal, mas ainda assim raramente percebia.2ais um cliente entrou, um motorista de tá!i que geralmente tomava uma !ícara decafé logo cedo, e sentou'se sozinho na ponta do balc#o. Abriu seu jornal na se&#ode esportes, enquanto corria o olhar pela lanchonete, como sempre fazia. /9de ver o guardanapo no pires. (#o era t#o bom quanto Nutch. 1olocando o jornal no colo,correu a m#o sob o balc#o, disfar&ando, e apanhou a mensagem. Escondeu'a entreas páginas do jornal.$epois disso, foi muito fácil. Toomis pagou sua conta e saiu, saltando em seu IordEscort e dirigindo para os apartamentos do Edifício Qatergate. /ossuía uma chavedo apartamento de Fenderson. Foje vai receber uma mensagem de Nutch disse ela ao agente 1assius. 1erto. Fenderson interrompeu seu desjejum.Ele n#o gostava nada de ser um agente duplo <controlado< por essa garota. (#ogostava especialmente do fato de que ela entrara no caso devido a sua apar0ncia,que a <cobertura< para os encontros era um suposto relacionamento amoroso que,claro, n#o passava de fic&#o. /or toda a do&ura dela, o meloso sotaque sulista ea surpreendente beleza , Fenderson sabia muito bem que Toomis o consideravapouco mais que um micrbio. <Tembre'se<, dissera ela uma vez, <há uma salaesperando por voc0<. Ela se referia a instala&)es penitenciárias americanas n#o a<estabelecimentos correcionais< em 2arion, Hllinois, que tinham substituído

 Alcatraz para receber os mais perigosos. (#o era lugar para um homem educadoem Farvard. 2as ela s fizera isso uma vez, costumando tratá'lo com educa&#o, atémesmo tomando seu bra&o em publico. Hsso s tornava as coisas piores. >uer ouvir boas novasM indagou Toomis. 1laro. -e esse caso correr como estamos esperando, voc0 pode sair completamentelimpo. Ela nunca lhe dissera isso. O que está havendoM perguntou 1assius interessado. Fá um agente da 1HA chamado KLan... E, ouvi dizer que a 1omiss#o de Galores 2obiliários o andou investigando, já fazalguns meses. Goc0 me disse que podia passar a informa&#o aos russos...

Ele está sujo. >uebrou as regras, conseguiu ganhar meio milh#o de dlares cominforma&)es privilegiadas, e há um jri daqui a duas semanas que vai foder com aalegria dele. O vocabulário era das mais coloridas e!press)es de rua, junto com o

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sorriso de heroína sulista. A Ag0ncia vai colocá'lo de molho. (inguém vai ajudá'lo. Kitter o odeia. (#o se sabe por qu0, mas voc0 ouviu o assessor do senador Iredenburg. A impress#o é de que ele vai ser o bode e!piatrio de alguma coisa quedeu errado, sem saber do que se trata. 8alvez algo ocorrido meses atrás, na Europa

1entral, mas isso foi tudo que ficou sabendo. /ode contar um pouco agora. O restovoc0 os dei!a esperando até a tarde. 2ais uma coisa@ voc0 escutou rumores de quea Hniciativa de $efesa Estratégica pode ser colocada na mesa de negocia&)es. Achaque a informa&#o é ruim, mas ouviu um senador comentar alguma coisa a respeito.EntendeuM Entendi concordou Fenderson. 1erto. Toomis foi até o banheiro. A lanchonete favorita de Nutch servia comidagordurosa demais para seu organismo.Fenderson dirigiu'se ao quarto e escolheu uma gravata. Gimpo0, devaneou ele,enquanto dava o n, e depois mudou de idéia. -e era verdade... ele tinha de admitir que ela nunca mentira para ele. 6e trata como ral&, mas nunca mentiu para mim,

pensou. *ntão posso cair ora0 * depois0, perguntou a si mesmo. Aer "ue issoimporta0Hmportava, mas importava ainda mais o fato de sair limpo. "osto mais da vermelha observou Toomis da porta. Ela sorriu suavemente. 7ma gravata <poderosa< para hoje, eu acho.Fenderson estendeu a m#o para a vermelha.. (#o lhe ocorreu protestar. /ode me dizer... (#o sei... e voc0 sabe o suficiente para n#o perguntar. 2as eles n#o me dariamautoriza&#o para dizer isso, a menos que todos achassem que já pagou algumacoisa, senhor Fenderson. /or que n#o me chama de /eter, pelo menos uma vezM quis saber ele. 2eu pai foi o vigésimo nono piloto abatido no Gietn# do (orte. Eles o apanharamvivo, havia fotos dele vivo, mas ele nunca voltou. Eu n#o sabia.Ela falava no tom de quem discutia as condi&)es do tempo. Goc0 n#o sabia de uma por&#o de coisas, senhor Fenderson. (#o me dei!arampilotar como papai fazia, mas no INH eu torno a vida desses filhos da m#e a maisdifícil possível. Hsso eles me dei!am fazer. Espero que machuque tanto quanto elesme machucaram. Ela sorriu outra vez. Hsso n#o é muito profissional, éM $esculpe. Acho que n#o sei mais o que dizer. 1laro que sabe. E s dizer ao seu contato o que lhe instruí. Ela lhe passou um

minigravador, dotado de timer computadorizadoe um dispositivo antiescuta. Enquanto estivesse no tá!i, ele ficaria sob vigil%nciaintermitente. -e tentasse avisar seu contato de qualquer maneira que fosse, haveriauma chance cujo tamanho ele jamais saberia de que fosse detectado. (#ogostavam dele e nem confiavam. -abiam que jamais mereceria afei&#o ouconfian&a, mas tentaria sair fora assim mesmo.$ei!ou o apartamento alguns minutos mais tarde e desceu as escadas. Favia onmero normal de tá!is circulando. (#o gesticulou, mas esperou que um viesse atéele. (#o come&aram a falar até que o carro penetrou no tráfego da Avenida Girgínia.O tá!i o levou : rede do 1ontrole "eral na Kua " (oroeste. (o interior do prédio,entregou o gravador a outro agente do INH. Fenderson suspeitava de que o

aparelho também fosse um radiotransmissor, mas na verdade n#o era. O gravador foi para o Edifício Foover. Toomis estava esperando quando ele chegou ali. A fita foirebobinada e reproduzida.

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A 1HA acertou uma vez observou ela ao supervisor. Favia alguém ainda maisgraduado lá. Toomis logo percebeu que o assunto era mais importante do que elapensara de início. R o que parece. 7ma fonte como KLan n#o surge todo dia. Fenderson

representou muito bem seu papel. Eu disse a ele que isso podia ser o seu bilhete de saída. A voz dela sugeriamais que isso. (#o aprovaM perguntou o diretor assistente. Ele dirigia todas as opera&)es decontra'espionagem. Ele ainda n#o pagou o suficiente pelo que fez. -enhorita Toomis, depois que isso terminar, vou lhe e!plicar por que está errada.$ei!e o resto de lado, certoM Iez um timo trabalho cuidando desse caso. (#oestrague tudo agora. O que vai acontecer a eleM O normal, dentro do programa de prote&#o a testemunhas. Ele pode acabar 

dirigindo uma loja em Nillings, 2ontana, pelo que sei. O diretor assistenteencolheu os ombros. Goc0 será promovida e enviada ao setor de campo em (ovaWor3. 8emos mais um para o qual achamos que está pronta. R um diplomata ligado :O(7 que precisa de um bom controlador. 1erto. $esta vez o sorriso n#o era for&ado. Eles morderam a isca de verdade disse Kitter a KLan. - espero quepossa faz0'lo, rapaz. (#o há nenhum perigo envolvido. Bac3 esfregou as m#os. $eve ser algobastante civilizado.- as partes que voc0 conhece. KLan, voc0 ainda é amador em opera&)es de campo. Tembre'se disso. 8enho que ser, para esse tipo de trabalho ressaltou KLan. Aqueles a quem os deuses destroem, primeiro ficam orgulhosos afirmou ovice'diretor de Opera&)es. (#o citou -focles corretamente sorriu Bac3. $o meu jeito é melhor. -ou citado como autor da frase no mural que e!iste lá nocampo de treinamento da 1HA. A idéia de KLan para a miss#o fora simples simples demais , e Kitter a tinhasofisticado um pouco durante um período de dez horas, transformando'a numaopera&#o de verdade. -imples em teoria, teria suas complica&)es. 8odas asopera&)es tinham, mas Kitter n#o apreciava isso.

Nart 2ancuso havia muito se acostumara com a idéia de que o sono n#o estavaincluído nas prioridades dos imediatos de submarino, mas, se havia uma coisa queele detestava especialmente, era uma batida : porta quinze minutos depois queconseguia deitar. EntreP E morra, dei!ou de dizer. 8ráfego ITA-F, apenas para o capit#o disse o tenente, em tom de desculpa. R bom que seja importanteP resmungou 2ancuso, pu!ando para o lado ascobertas da cama.Ioi em dire&#o a ré trajando roupas de bai!o, até a sala de comunica&)es, abombordo e logo atrás do centro de ataque. $ez minutos depois saiu e entregouuma tira de papel ao navegador.

>uero estar nesse ponto dentro de dez horas. -em problema, capit#o. A pr!ima pessoa que me incomodar, é melhor que seja uma crise nacional

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muito graveP Andou para a frente, pisando descal&o. nas lajotas do convés. 2ensagem entregue disse Fenderson a Toomis durante o jantar. 2ais alguma coisaM Guz de !elas e tudo o mais, pensou ela.

- queria confirmar. Eles n#o desejavam informa&)es novas, s confirma&#o doque já possuíam por outras vias. /elo menos foi assim que entendi. 8enho outromaterial para eles. O que éM O novo relatrio sobre defesa aérea em campo de combate. (unca entendi por que eles se incomodam com isso. /odem ler tudo no $!iation Zeek antes do fim dom0s, de qualquer maneira. (#o vamos estragar a rotina agora, senhor Fenderson.$essa vez a mensagem p9de ser tratada dentro do flu!o normal de informa&)es.-eria levada : aprecia&#o do diretor'geral porque se tratava de informa&#o <pessoal<sobre um agente de informa&)es graduado inimigo. "erasimov era conhecido nos

altos escal)es da ;"N por ser interessado tanto em me!ericos ocidentais quantorussos. A mensagem esperava por ele quando chegou na manh# seguinte. O diretor'geraldetestava a diferen&a de oito horas entre 2oscou e Qashington tornava as coisast#o inconvenientesP /ara a 1entral de 2oscou, ordenar a&#o imediata implicavarisco automático de descoberta dos agentes de campo pelos americanos. 1omoresultado disso, muito poucos sinais verdadeiros de <a&#o imediata< foram enviados,e o chefe da ;"N ficava ofendido com o fato de que seu poder pudesse ser neutralizado por coisas t#o prosaicas como fusos horários.<Agente /<, come&ava o despacho sendo a letra K do alfabeto ocidentalcorrespondente a / no alfabeto cirílico , <é agora o alvo de uma investiga&#ocriminal secreta como parte de um assunto n#o relativo : Hntelig0ncia. -uspeita'seentretanto que o interesse em / possui fundamentos políticos, talvez um esfor&o daparte de senadores progressistas para causar danos : 1HA em virtude de umfracasso operacional desconhecido, possivelmente envolvendo a Europa central,mas isso n#o tem confirma&#o. A desgra&a criminal de / será danosa aos agentesda 1HA responsáveis por sua coloca&#o. Este setor classifica a confiabilidade políticada informa&#o como A. 8r0s fontes independentes agora confirmam as alega&)esdespachadas no EO1 VV^N_D*C'1. $etalhes completos seguem via malotediplomático. O setor recomenda o acompanhamento. )ezident de Qashington.Iinal.<

"erasimov atirou o relatrio sobre a mesa. 2uito bem disse o diretor'geral a si mesmo.Gerificou o relgio. /recisava comparecer : reuni#o habitual das quintas'feiras demanh# do /olitburo, dentro de duas horas. 1omo correriaM $e uma coisa ele sabia@seria interessante. Ele planejava apresentar uma nova variante em seu jogo o jogo do poder.-eu relatrio diário de opera&)es era sempre um pouco mais longo :s quintas'feiras.(#o fazia mal nenhum mencionar casos pequenos e inofensivos nas reuni)es. -euscolegas do /olitburo eram todos homens a quem a conspira&#o vinha t#o facilmentecomo a respira&#o, e n#o houve um s governo durante o ltimo século cujosmembros n#o gostassem de saber sobre opera&)es sigilosas. "erasimov fez alguns

apontamentos, tomando o cuidado de escolher assuntos que pudessem discutir semcomprometer casos importantes. -eu carro veio na hora aprazada, precedido comosempre por uma viatura de guarda'costas. /artiram em velocidade para o ;remlin.

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"erasimov nunca era o primeiro a chegar, nem o ltimo. $esta vez entrou logo atrásdo ministro da $efesa. Nom dia, $mitri 8imofeLevich disse o diretor'geral sem sorrir, mascordialmente.

Hgualmente, camarada diretor'geral respondeu Wazov, ficando alerta. Ambos tomaram seus assentos. Wazov tinha mais de um motivo para estar alerta. Além do fato de que Iilitov pendia sobre sua cabe&a como a espada mitolgica, elen#o era membro efetivo, com direito a voto no -upremo 1onselho soviético."erasimov era. Aquilo dava mais poder político : ;"N do que : $efesa, mas, nasnicas vezes na histria recente em que o ministro da $efesa tivera um voto nessasala, ele se comportara primeiramente como um homem do /artido como 7stinov.Wazov era em primeiro lugar um soldado. 7m membro leal do /artido por tudo isso,seu uniforme n#o representava o mesmo do que representara para 7stinov. Wazovnunca teria um voto nessa mesa. AndreL HlLch (armonov entrou na sala com o vigor habitual. $e todos os membros

do /olitburo, apenas o chefe da ;"N era mais novo do que ele, e (armonov sentiaa necessidade de demonstrar energia onde quer que aparecesse perante osmembros mais velhos reunidos em volta da <sua< mesa de reuni)es. O desgaste e ostress do trabalho haviam produzido efeito nele, todos podiam constatar. O chuma&ode cabelos negros tornava'se grisalho com rapidez, e também parecia perder terreno para a calvície. 2as isso n#o era incomum para um homem nos seus D+anos. Ele fez um gesto para que todos se sentassem. Nom dia, camaradas disse ele em tom comercial. A discuss#o inicial serásobre a chegada do grupo americano de negocia&#o de armamentos. 8enho boas notícias falou imediatamente "erasimov. R mesmoM perguntou Ale!androv antes do secretário'geral, destilando oprprio veneno. Kecebemos informa&)es que sugerem que os americanos concordam emprincípio em colocar seu programa de defesa estratégica na mesa declarou odiretor'geral da ;"N. (#o sabemos que concess)es v#o e!igir para isso, nem ae!tens#o das concess)es que querem fazer em seu programa, mas sem dvida éuma mudan&a na posi&#o americana. Acho difícil de acreditar falou Wazov. O programa deles vai muito bem...como voc0 mesmo nos disse a semana passada, (icolaL Norissovich. E!istem alguns desentendimentos políticos dentro do governo americano, epossivelmente uma luta pelo poder na prpria 1HA no momento. Acabamos de saber.

$e qualquer forma, essa foi a informa&#o que recebemos, e a encaramos comomedianamente confiável. Hsto é uma surpresa. 1abe&as se voltaram para o local onde estava sentado oministro das Kela&)es E!teriores. Ele parecia cético. Os americanos t0m sidocompletamente intransigentes nesse ponto. Goc0 disse <medianamente confiável<,mas n#o totalmenteM A fonte é altamente colocada, mas a informa&#o ainda n#o foi confirmada.-aberemos mais por volta do fim da semana. Assentimentos de cabe&a percorreram a mesa. A delega&#o americana chegariasábado ao meio'dia, e as negocia&)es n#o teriam início antes de segunda'feira. Osamericanos teriam * horas para se recuperar da diferen&a de fusos horários,

durante as quais haveria um jantar de boas'vindas no Fotel da Academia de1i0ncias, e pouco mais. 8ais informa&)es obviamente s#o de grande interesse para minha equipe de

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negocia&)es, mas acho tudo deveras surpreendente, particularmente em vista dos=relatrios aqui fornecidos sobre nosso programa *strela Brilhante e seu equivalente. E!istem motivos para acreditar que os americanos já sabem sobre *strelaBrilhante ― respondeu "erasimov suavemente. 8alvez tenham achado nosso

progresso assustador. Fouve algum vazamentoM perguntou outro membro. 1omoM Ainda n#o temos certeza. < Estamos trabalhando nisso respondeu "erasimov,evitando olhar para o lado de Wazov. Aua jo%ada, camarada ministro da 7eesa# (esse caso, os americanos estariam mais interessados em fechar nossoprograma do que em limitar o deles observou Ale!androv. E eles acham que nossos esfor&os t0m sido o oposto disso resmungou oministro das Kela&)es E!teriores. -eria bom para mim poder dizer ao meupessoal quais s#o na verdade os verdadeiros pontos relevantes. 2arechal WazovM chamou (armonov. (#o sabia que estava encostando oprprio aliado contra a parede.

 Até agora, "erasimov ainda n#o tinha certeza se Wazov sentia suficiente seguran&apolítica para levar o caso até seu protetor. Hsto lhe daria a resposta. Jazo! tem medoda possibilidade da certeza, corri%iu a si mesmo, e Wazov já deve saber disso aessa altura de que podemos desgra&á'lo. 8ambém teme que (armonov n#oarrisque sua posi&#o política para salvá'lo. -erá que fiz uma op&#o dupla, Wazov eGaneLevM -e for assim, talvez seja interessante manter Wazov depois de substituir osecretário'geral... A decis#o é sua, Wazov... Bá ultrapassamos o problema da pot0ncia de saída do laser. O problema restanteé o controle do computador. Estamos bem aquém da tecnologia americana devido :superioridade que possuem na indstria de informática. -omente na semanapassada o camarada "erasimov nos forneceu dados sobre o programa de controleamericano, porém, quando estávamos come&ando a e!aminá'lo, o prprio programafoi ultrapassado pelos eventos. (#o quero com isso criticar a ;"N, claro...Aim8 (esse momento "erasimov teve certeza. *le est azendo a pr1pria proposta para mim# * a melhor parte9 nenhum outro na sala, nem mesmo $lexandro!, percebeu o "ue acabou de acontecer# ... na verdade, os dados ilustram tecnicamente <muito bem o problema,camaradas. Este também pode ser ultrapassado. 2inha opini#o é que estamos :frente dos americanos. -e eles souberem disso, ficar#o com medo. (ossa posi&#opara negociar, nesse ponto, tem sido objetar somente aos programas baseados noespa&o, e n#o em terra, desde que sabemos que nossos sistemas baseados em

terra s#o mais promissores que os similares americanos. /ossivelmente a mudan&ana posi&#o americana confirma isso. -e for assim, recomendaria contra anegocia&#o de *strela Brilhante em troca de qualquer outra coisa. Esta é uma opini#o defensável disse "erasimov depois de um momento. $mitri 8imofeLevich levantou uma quest#o a ser meditada aqui.1abe&as acenaram em concord%ncia ao redor. da mesa sabiamente, eles todospensavam, porém mais errados do que ousariam imaginar , enquanto o diretor'geral da ;"N e o= ministro da $efesa consumavam sua barganha com nada mais doque um olhar e uma sobrancelha levantada."erasimov voltou'se para o chefe da mesa enquanto a discuss#o prosseguia a seuredor. O secretário'geral (armonov observava o debate com interesse, fazendo

apontamentos, sem notar o olhar do diretor'geral da ;"N.-erá que essa cadeira é mais confortável do que a rninhaM

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16Via9antes

KLan ficou contente em saber que até mesmo a VM Ala de 8ransporte Aéreo 2ilitar preocupava'se com a seguran&a. As sentinelas que guardavam as chamadas <Asasdo /residente< na Nase Aérea de AndreXs portavam fuzis carregados e ostentavame!press)es sérias para os <visitantes especiais<, como a Ior&a Aérea dos Estados7nidos designava os GH/s. A combina&#o de soldados armados e o aparato habitualde um aeroporto asseguravam que ninguém seq6estraria o avi#o presidencial e olevaria para... 2oscou. 8inham uma tripula&#o qualificada para isso. A KLan acudiam sempre os mesmos pensamentos antes de voar. Enquantoaguardava para passar pelo detector de metais em forma de portal, imaginava quealguém havia entalhado na parte superior@ ANA($O(AH 8O$A E-/EKA(A, + GS->7E E(8KAH-. Ele acabara de superar seu medo de voar sua ansiedade do

momento decorria de um assunto completamente diferente, reconheceu para simesmo. (#o adiantou. Os temores s#o cumulativos, n#o paralelos, descobriu ele,enquanto saía do prédio.Estavam tomando o mesmo avi#o que os levara da ltima vez. O nmero inscrito nacauda era V?C. O aparelho, um ?+? que saíra da fábrica da Noeing em -eattle emCDV, fora convertido para a configura&#o G1'C*?. 2ais confortável do que o G1'C*D, também tinha janelas. -e havia uma coisa que KLan detestava, era viajar abordo de um avi#o sem janelas. (#o havia plataforma sanfonada de acesso :aeronave, e todos subiram a bordo por uma antiquada escada de rodas. (o seuinterior, o avi#o mostrava uma curiosa mistura do lugar'comum com o original. Olavatrio da frente ficava no local habitual, perto da porta dianteira, porémimediatamente atrás localizava'se o console que dava ao avi#o cone!#o instant%neae segura, via rádios'satélite, com qualquer lugar do mundo. A seguir vinham asacomoda&)es da tripula&#o, relativamente confortáveis, depois a cozinha. A comidaa bordo da aeronave era muito boa. O lugar de KLan ficava na área quase'$G, numdos dois conjuntos estofados em cada lado da fuselagem, bem : frente das seispoltronas reservadas para as pessoas mais importantes. A ré desses lugaressituavam'se conjuntos de cinco poltronas para reprteres, pessoal do -ervi&o-ecreto, e outros menos qualificados, n#o se sabendo quem era o responsável por tais decis)es. Essa área estava em grande parte vazia nessa viagem, emboraalguns membros menos graduados da delega&#o se encontrassem lá, esticando as

pernas para descontrair. A nica coisa realmente ruim sobre o G1'C*? era seu alcance limitado. (#o podiachegar até 2oscou sem escalas, e geralmente parava para reabastecimento em-hannon antes de fazer o percurso final. O avi#o presidencial na verdadee!istiam dois Air Iorce One foi baseado no modelo ?+?'*4+, e logo haveria umatroca pelo ultramoderno ?5?. A Ior&a Aérea estava ansiosa por possuir umaaeronave presidencial mais nova em idade do que a maioria da tripula&#o. KLantambém. Este aparelho saíra da fábrica quando ele cursava o segundo grau, e isso opreocupava mais que o normal. O que poderia ter acontecido na épocaM, imaginouele. -eu pai podia t0'lo levado a -eattle, apontado o avi#o e dito@ Aabe, !oc4 !ai !oar para a )'ssia na"uele ali, um dia#

;omo se pre!4 o uturo0 ;omo se pre!4 o uturo#... $e início o tom era debrincadeira, mas depois de um instante o pensamento o aterrorizou.-eu trabalho é prever o futuro, mas o que o faz pensar que pode mesmo faz0'loM O

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que adivinhou errado dessa vez, Bac3M6erda8, enraiveceu'se consigo mesmo. -oda !ez "ue eu subo na porra de uma!ião### Apertou o cinto, olhando para um técnico do $epartamento de Estado queadorava voar.

Os motores foram ligados um minuto depois, e o avi#o come&ou a rodar na pista. Osavisos do intercomunicador n#o eram muito diferentes daqueles de uma companhiade avia&#o, apenas o suficiente para insinuar que n#o se tratava de uma. linhacomercial. Bac3 já deduzira aquilo. A aeromo&a tinha bu&o, quase como bigodes. Eraalgo para se divertir enquanto a aeronave ta!iava até o final da pista 7m'Esquerda.Os ventos vinham do norte, e o G1'C*? decolou contra eles, fazendo uma curva :direita um minuto depois. Bac3 voltou'se também, olhando para a estrada 7. -. D+, amesma que levava : sua casa em Annapolis. /erdeu a vis#o quando a aeronavepenetrou nas nuvens. O véu branco e impessoal sempre lhe parecera uma belacortina, mas agora... Agora significava que ele n#o podia ver o caminho de casa.Nem, nada que pudesse fazer quanto a isso. KLan tinha o sofá inteiro : disposi&#o,

e resolveu desfrutá'lo. 8irou os sapatos e esticou'se para tirar um cochilo. 7macoisa de que ele iria precisar era descanso. $isso tinha certeza.7allas subira : superfície na hora e lugar aprazados, depois foram avisados de umamudan&a nos planos. Agora subiam novamente. 2ancuso foi o primeiro a subir aescada até o alto da torre, seguido por um oficial menos graduado e dois vigias. Operiscpio já esquadrinhava a superfície : procura de outras embarca&)es. A noiteestava calma e clara, o tipo de céu que s se pode ver no mar, recoberto deestrelas, como brilhantes sobre veludo negro. /onte para comandante. 2ancuso apertou o bot#o. /ode falar, ponte. A vigil%ncia eletr9nica acusa um transmissor de radar aerotransportado no rumoum'quatro'zero. 1urso parece firme. 2uito bem. O capit#o se voltou. /ode acender as luzes de navega&#o. 8udo claro a estibordo anunciou um vigia. 8udo claro a bombordo repetiu o outro. 1ontato ainda firme em um'quatro'zero. Ior&a do sinal aumentando. /ossível aeronave na proa, bombordoP avisou um vigia. 2ancuso ergueu obinculo e come&ou a vasculhar na escurid#o.-e é que estava perto, as luzes de v9o n#o se encontravam acesas. 2as ent#o eleviu um punhado de estrelas desaparecer, oculto por algum corpo... Achei. Nom olho o seu, EverlLP Oh, acenderam as luzes de v9o.

/onte para comandante. 2ensagem chegando. /asse para cá respondeu prontamente 2ancuso. /ronto, senhor. Eco'"olf'(ove, aqui é Alfa'Qhis3eL'1inco, c%mbio. Alfa'Qhis3eL'1inco, aqui Eco'"olf'(ove. Estou ouvindo alto e claro. -enha paraautentica&#o, c%mbio. Nravo'$elta'Fotel, c%mbio. Entendido. Entendido, obrigado. Estamos em alerta. Gento calmo. 2ar liso.2ancuso estendeu a m#o e ligou as luzes dos instrumentos da esta&#o de controle.(#o necessárias no momento o 1entro de Ataque ainda detinha o comando ,dariam, ao helicptero que se apro!imava, um alvo.

Eles o ouviram um momento depois, a princípio s o ruído das pás do rotor, depois osilvo das turbinas. 2enos de um minuto depois sentiram o vento de cima para bai!oenquanto o helicptero circulava duas vezes para se orientar. 2ancuso perguntou'se

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se ele acenderia as luzes de aterrissagem ou viria no escuro.Geio no escuro, ou, mais adequadamente, manobrou como se estivesse fazendouma transfer0ncia pessoal sigilosa@ uma <miss#o de combate<. O piloto fi!ou'se nasluzes da torre do submarino e levou a aeronave a pairar D+ metros a bombordo. A

seguir reduziu a altitude e deslizou de lado em dire&#o ao submarino. A ré, viram aporta de carga se abrir. 7ma m#o estendeu'se e apanhou o gancho na ponta docabo do guindaste. 8odos em alerta disse 2ancuso a seu pessoal. Bá fizemos isso antes.Gerifiquem seus cabos de seguran&a. 8odo mundo tenha cuidado.O vento de cima, soprando diretamente sobre eles, agora amea&ava atirar todosescada abai!o para o 1entro de Ataque. Enquanto 2ancuso observava, uma formahumana emergiu da porta de carga e foi bai!ada. Os dez metros pareceram durar uma eternidade enquanto a forma descia, girando levemente em virtude da tor&#odo cabo de a&o do guindaste. 7m dos marinheiros esticou os bra&os e apanhou umpé, pu!ando o homem na dire&#o deles. O capit#o pegou uma das m#os, e os dois

 juntos o trou!eram a bordo. 8udo bem, já pegamos voc0 disse 2ancuso.O homem livrou'se das correias e virou'se enquanto o cabo voltava. 2ancusoP Iilho da putaP e!clamou o capit#o. Hsso é jeito de cumprimentar um camaradaM 2erdaP 2as os negcios vinham em primeiro lugar. 2ancuso olhou para cima.O helicptero já se encontrava a ?+ metros sobre eles. Ele estendeu a m#o,acendendo e apagando as luzes de navega&#o do submarino por tr0s vezes@8KA(-IEK(1HA 1O2/TE8A$A. O helicptero imediatamente bai!ou o nariz edirigiu'se de volta : costa alem#. $es&a. Nart riu. Gigias para bai!o. -aiam do passadi&o. <ilho de uma puta, reclamou para si mesmo.O capit#o observou seus homens descendo as escadas, desligou as luzes decomando e realizou uma checagem final de seguran&a antes de descer atrás deles.7m minuto mais tarde estava no 1entro de Ataque. Agora pe&o permiss#o para subir a bordo falou 2ar3o Kamius. (avegadorM 8odos os sistemas em alerta e verificados. /ronto para submergir informou onavegador. 2ancuso voltou'se automaticamente para verificar o painel. 2uito bem. -ubmergir. /rofundidade de ** metros, curso zero'sete'um, a um

ter&o. Ele se voltou. Nem'vindo a bordo, capit#o. Obrigado, capit#o. Kamius envolveu 2ancuso num feroz abra&o de urso ebeijou'o na bochecha. A seguir retirou a mochila que carregava. /odemosconversarM Gamos para vante. E a primeira vez que venho a bordo do seu submarino observou Kamius. 7mmomento mais tarde uma cabe&a apareceu na porta da sala do sonar. 1apit#o KamiusP Keconheci sua vozP Bones olhou para 2ancuso. $esculpe, senhor. Acabamos de fazer um contato rumando zero'oito'um. /arece umnavio mercante. 7ma hélice, com motores diesel de bai!a pot0ncia. /rovavelmentese afastando. -endo relatado ao oficial de dia agora, senhor.

Obrigado, BonesL. 2ancuso levou Kamius para sua cabine e fechou a porta. >ue diabo foi issoM perguntou a Bones um jovem operador de sonar, poucodepois.

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8emos companhia. (otou um sotaque meio esquisitoM Alguma coisa assim. Bones apontou para o console do sonar. Esse contatotambém tem sotaque. Gamos ver em quanto tempo voc0 pode identificar que tipo de

navio mercante é esse.*ra peri%oso, mas tudo na !ida era, pensou o Arqueiro. A fronteira soviético'afeg#naquele local consistia num rio alimentado pela neve, que serpenteava através dasgargantas que cavara montanhas adentro. A fronteira também era fortementeguardada. Ajudava, porém, o fato de todos os homens usarem uniformes de estilosoviético. Os russos há muito colocaram os soldados em uniformes simples equentes de inverno. Os que eles envergavam eram brancos para confundir'se com aneve, apresentando listras e manchas suficientes para alterar a silhueta. (aquelelocal, precisavam ser pacientes. O Arqueiro deitava'se inclinado sobre uma escarpa,usando binculos russos para reconhecer o terreno, enquanto seus homensdescansavam alguns metros atrás e abai!o dele. /oderia ter pedido o au!ílio de um

bando local de guerrilheiros, mas viera muito longe para arriscar aquilo. Algumas dastribos do norte haviam sido recrutadas pelos russos, ou pelo menos foi o que lhedisseram. Gerdadeiro ou n#o, já corria riscos suficientes.Favia um posto de guarda russo no topo da montanha : sua esquerda, a quil9metros de dist%ncia. Era grande, talvez um pelot#o inteiro residisse ali, eaqueles soldados da ;"N eram responsáveis pelo patrulhamento desse setor. Afronteira em si estava protegida por uma cerca e campos minados. Os russosadoravam minar campos, mas o solo congelado n#o permitia que as minasfuncionassem bem, embora ocasionalmente e!plodissem quando o gelo se derretiaao redor.Escolhera cuidadosamente o ponto. A fronteira aqui parecia virtualmenteintransponível no mapa. Entretanto, os contrabandistas a vinham utilizando faziaséculos. Bá do outro lado do rio havia uma passagem coleante formada por anos eanos de neve derretida. -e os russos a estivessem guardando, seria uma armadilhamortal. $"uilo seria decidido pela !ontade de $l, disse a si mesmo, entre%andoEseao destino# Era hora.Ele viu as línguas de fogo antes de ouvi'las. $ez homens com uma metralhadorapesada e um de seus preciosos morteiros. Algumas balas tra&adoras amarelaspassavam pela fronteira em dire&#o ao acampamento russo. Enquanto observava,alguns dos projéteis ricochetearam nas pedras, desenhando trajetrias erráticas nocéu de veludo. Ent#o os russos come&aram a responder aos disparos. O som o

alcan&ou logo depois disso. Esperava que seus homens conseguissem escapar, en'quanto se voltava e dava o sinal de avan&ar a seu grupo.Eles correram para a encosta da montanha, sem prestar aten&#o : seguran&a. Anica boa notícia era que os ventos tinham varrido a neve da superfície das rochas,tornando'as menos escorregadias. O Arqueiro liderou seus homens para bai!o, emdire&#o ao rio. -urpreendentemente, ele n#o estava congelado, pois o curso muitoíngreme impedia que a água solidificasse, mesmo a temperaturas abai!o de zero.Favia ainda a cerca de arame. 7m jovem com um alicate manejado a duas m#osabriu passagem, e novamente o Arqueiro os liderou pelo v#o. -eus olhos estavamacostumados : escurid#o, e ele prosseguiu mais lentamente agora, correndo eolhando para o ch#o : procura das benditas sali0ncias que indicariam a presen&a de

minas no solo congelado. Ele n#o precisou avisar os que estavam atrás para ficar em fila indiana e pisar na rocha firme sempre que possível. /ara a esquerda,foguetes iluminantes clareavam o céu, mas o tiroteio diminuíra bastante.

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Tevou quase uma hora, mas ele conseguiu atravessar todos os seus homens eprosseguir em dire&#o : trilha de contrabandistas. $ois guerrilheiros ficariam paratrás, cada um numa colina, vigiando a cerca. Observaram o sapador amador quecortara os fios fazendo os reparos necessários para ocultar a entrada. $epois ele

também desapareceu na escurid#o.O Arqueiro n#o parou até o amanhecer. Estavam dentro do horário quando pararampor algumas horas para descansar e comer. 8udo correra bem, comentaram osoficiais, melhor do que haviam esperado. A escala em -hannon foi curta, o tempo suficiente para reabastecer e receber abordo um piloto soviético cujo trabalho era liberá'los através do sistema de controledo tráfego aéreo soviético. Bac3 acordou durante a aterrissagem e pensou emesticar as pernas, mas resolveu que as reeEshops podiam esperar até a parada davolta. O russo tomou seu lugar numa poltrona na cabine, e o V?C come&ou a rodar novamente.Era noite agora. O piloto parecia loquaz, anunciando a apro!ima&#o de QallaseL.

8oda a Europa, disse ele, apresentava tempo claro e frio, e Bac3 observava as luzesamarelo'alaranjadas das cidades inglesas deslizando abai!o deles. A tens#o naaeronave cresceu tal!ez ansiedade osse uma pala!ra melhor, pensou ele, aoescutar o tom das vozes ao redor aumentar, embora em volume bai!o. (#o se podiavoar para a 7ni#o -oviética sem assumir um tom conspiratrio. Togo todas asconversas eram feitas aos sussurros. Bac3 sorriu sem muita vontade em dire&#o doplástico das janelas, e seu refle!o perguntou'lhe o que achava t#o engra&ado. Aágua apareceu novamente abai!o deles ao sobrevoarem o mar do (orte na dire&#oda $inamarca.O Náltico veio a seguir. /odia'se dizer onde o Teste e o Ocidente se encontravam./ara o sul, as cidades da Alemanha Ocidental estavam alegremente iluminadas,cada uma delas cercada por um brilho acolhedor das luzes. (#o era o que aconteciado lado oriental da barreira de cercas e campos minados. 8odos a bordo notaram adiferen&a, e as conversas diminuíram ainda mais. A aeronave seguia a rota aérea "'45 o navegador na cabine tinha uma carta denavega&#o desdobrada sobre sua mesa. Outra diferen&a entre o Teste e o Ocidenteera a escassez de rotas aéreas no primeiro. Nem, disse ele a si mesmo, n#o e!istemmuitos /iper e 1essna aqui... 1laro, tinha havido a"uele 1essna do rapaz alem#o... -ubindo em curva. Estamos tomando o rumo zero'sete'oito, entrando sob ocontrole soviético. 1erto respondeu o comandante da aeronave, depois de um momento. Ele

estava cansado. Favia sido um longo dia de v9o. Ainda estavam no (ível de G9o *VC *V C++ pés, ou CC ++ metros de altitude. Opiloto n#o gostava do sistema métrico, embora seus instrumentos fossem calibradosde ambas as maneiras. $epois de e!ecutar a curva, voaram por mais C++quil9metros antes de cruzar a fronteira soviética em Gentspils. Estamos aquiiiP disse alguém pr!imo a KLan.Gisto do ar, : noite, o territrio soviético fazia a Alemanha Oriental parecer (ovaOrleans em pleno carnaval de 2ardi "ras. Ele se lembrou das fotografias noturnasde satélites. Era t#o fácil identificar os campos de prisioneiros do "ulagP Iormavamas nicas áreas iluminadas por todo o país... >ue lugar temível este, em que apenasas pris)es s#o bem iluminadas.

O piloto marcou a entrada apenas como ponto de refer0ncia. 2ais VD minutos,dadas as condi&)es do vento. O sistema soviético de controle de tráfego aéreo aolongo dessa rota agora chamada "'* era o nico no país que falava ingl0s. (a

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verdade, n#o precisavam do oficial soviético para completar essa miss#o ele eraum agente de informa&)es da Ior&a Aérea, claro , mas, se algo corresse errado, asitua&#o seria diferente. Os russos apreciavam a idéia de controle positivo. Asordens que ele recebia agora eram muito mais precisas do que receberiam em

espa&o aéreo americano, embora ele n#o soubesse o que fazer, a n#o ser quealgum idiota em terra lhe dissesse. (isso tudo havia um elemento interessante. Opiloto era o coronel /aul von Eich. -ua família tinha vindo da /rssia para osEstados 7nidos cem anos antes, mas nenhum deles fora capaz de retirar o <von< donome, um importante símbolo de status familiar. Alguns de seus ancestrais haviamlutado aqui, refletiu ele, nas planícies cobertas de neve do solo soviético.1ertamente alguns parentes mais novos lutaram. /rovavelmente alguns se achavamenterrados ali, enquanto ele passava no alto a C +++ quil9metros por hora. Hmaginoubrevemente o que pensariam eles de seu trabalho, enquanto os pálidos olhos azuispercorriam o céu : procura das luzes de outros avi)es.1omo a maioria dos passageiros, KLan julgava sua altitude pelo que podia observar 

do solo, mas os escuros campos soviéticos lhe negavam essa possibilidade. -soube que já estavam pr!imos quando a aeronave iniciou uma curva para aesquerda. Escutou um lamento mec%nico quando os flaps bai!aram e notou que oruído dos motores diminuía. Togo foi capaz de ver as árvores deslizando. A voz docomandante fez'se ouvir, pedindo para apagarem os cigarros e atarem os cintosoutra vez. 1inco minutos depois retornaram ao nível do solo no Aeroporto-heremetLevo. A despeito do fato de que todos os aeroportos do mundo separeciam, KLan notou que este se diferenciava num detalhe a pista de manobrasera mais esburacada do que qualquer outra. A conversa na cabine era mais animada agora. A e!cita&#o cresceu : medida que atripula&#o da aeronave come&ou a se movimentar. O que se seguiu ficou envoltonum borr#o. O presidente Ernie Allen foi recepcionado por um comit0 de boas'vindasde nível adequado, e partiu numa limusine da embai!ada. 8odos os outros foramrelegados a um 9nibus. KLan sentou'se sozinho, ainda observando os campos dolado de fora do veículo alem#o.-erá que "erasimov vai morder a isca, de verdadeME se n#o morderM* se morder0, perguntou KLan a si mesmo, com um sorriso.8udo parecera bastante objetivo em Qashington, mas aqui, a V +++ quil9metros dedist%ncia... Nem, primeiro dormiria um pouco, ajudado por um nico comprimidovermelho fornecido pelo governo. $epois conversaria com algumas pessoas na

embai!ada. O resto viria por si.

"7A Chave do +estinoO frio era cortante quando KLan acordou com o sinal eletr9nico do alarme de seurelgio. "elo cobria as vidra&as, mesmo sendo C+ da manh#, e ele compreendeuque n#o verificara se a calefa&#o do quarto funcionava. A primeira atitude conscientedo dia foi enfiar um par de meias. -eu quarto no sétimo andar chamado de<apartamento eficiente< dominava a vista do conjunto. (uvens haviam se forma'

do, e o dia tornara'se plmbeo, com amea&a de neve. /erfeito comentou Bac3 consigo mesmo a caminho do banheiro.Ele sabia que poderia ser pior. -omente conseguira aquelas acomoda&)es porque o

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agente que a habitava regularmente estava em lua'de'mel. /elo menos oencanamento funcionava, mas ele encontrou um aviso preso com fita colante aoarmarinho do banheiro, pedindo que ele n#o fizesse tanta bagun&a quanto o ltimoocupante. A seguir foi verificar o refrigerador. (#o havia nada dentro@ BemE!indo a

6oscou# $e volta ao banheiro, lavou'se e fez a barba. Outro fato estranho sobre aembai!ada era que, para descer do sétimo andar, tinha'se que tomar um elevador até o nono e de lá mais um até b sagu#o. Bac3 ainda sacudia a cabe&ainconformado quando entrou na cantina. Goc0 n#o adora essa diferen&a de horáriosM saudou'o um dos membros dadelega&#o. O café está ali. R o que chamo de choque de viagem. KLan apanhou uma caneca e voltou. Nem, o café parece decente. Onde está todo mundoM /rovavelmente ainda recolhidos, mesmo o tio Ernie. $ormi algumas horas nov9o, e agrade&o a $eus pela pílula que nos deram.KLan n#o conteve uma risada.

Eu também. 8alvez até me sinta humano lá pela hora do jantar, esta noite. >uer e!plorar o terreno um poucoM "ostaria de fazer uma caminhada, mas... Andar aos pares concordou KLan. A regra aplicava'se aos participantes dasnegocia&)es de armamentos. Esta fase seria crítica para os negociadores, e asregras do grupo eram mais rígidas do que habitualmente. 8alvez mais tarde.8enho trabalho a fazer. Foje e amanh# s#o nossas nicas chances lembrou o diplomata. Eu sei concordou KLan.Gerificou o relgio e resolveu que esperaria até a hora do almo&o para comer. -euciclo de sono estava quase em sintonia com 2oscou, mas o est9mago ainda n#osabia bem disso. Bac3 voltou para a chancelaria.Os corredores encontravam'se em grande parte vazios. Iuzileiros os patrulhavam,com e!press)es sérias em virtude dos problemas recentemente ocorridos, porémhavia pouca evid0ncia de atividade naquele sábado de manh#. Bac3 caminhou até aporta apropriada e bateu. -abia que estava trancada. Goc0 é KLanM E!ato. A porta se abriu para faz0'lo entrar, depois foi fechada e trancada. /egue uma cadeira. O nome dele era 8onL 1andeia. O que háM 8emos uma opera&#o em andamento. Hsso é novidade para mim. Goc0 n#o pertence a Opera&)es, é da Hntelig0ncia objetou 1andeia.

R verdade. Nem, é o que Hv# também acha. Essa vai ser um pouco diferente. KLan e!plicou a opera&#o por quase cinco minutos. <7m pouco diferente<, voc0 dizM 1andeia girou os olhos nas rbitas. /reciso de um ajudante para uma das partes. /reciso também de algunsnmeros de telefone que eu possa chamar, e talvez precise de um carro que estejano local e horário que eu determinar. Hsso pode me custar alguns contatos. -abemos disso. R claro que se funcionar... 1erto. /recisamos nos esfor&ar de verdade desta vez. Os IoleL sabem algo sobre issoM

Keceio que n#o. R uma pena. 2arL /at iria adorar. Ela é o coFboy# Ele é mais do tipo e!ecutivo.Ent#o, espera que ele morda a isca na segunda ou ter&a'feira : noiteM

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Esse é o plano. /ois dei!e que eu lhe conte uma coisa sobre planos disse 1andeia.Eles o dei!aram dormir. Os médicos haviam'no prevenido outra vez, resmungouGatutin. 1omo era possível que conseguisse alguma coisa se eles continuavam...

Tá está aquele nome de novo disse com voz cansada o homem com os fonesde ouvido. Komanov. Bá que ele fala durante o sono, por que n#o confessa deuma vezM 8alvez esteja conversando com o fantasma do czar brincou outro agente. Orosto de Gatutin se ergueu. Ou talvez de uma outra pessoa. O coronel balan&ou a cabe&a. Ele mesmoestivera a ponto de cochilar. Komanov, embora fosse onome da e!tinta família real do Hmpério Kusso, n#o era um nome incomum umdos membros do /olitburo chamava'se assim. Onde está a pasta deleM Aqui. O homem que brincara abriu uma gaveta e passou os documentos

pedidos pelo superior.O dossi0 pesava quilos e vinha dividido em várias partes. Gatutin tinha a maior parte dele em sua memria, mas havia se concentrado nas duas ltimas se&)es.$esta vez abriu a primeira parte. Komanov... murmurou para si mesmo. Onde foi que eu vi esse nomeM...Tevou quinze minutos folheando as páginas, t#o rápido quanto possível. AcheiP Era uma cita&#o, escrita a lápis. 1abo A. H. Komanov, morto em a&#oem de outubro de C5C, <... ousadamente colocou seu tanque entre o inimigo e otanque avariado de seu comandante, permitindo'lhe retirar a tripula&#o ferida... <-im, é isso mesmo. Essa estava num livro que li quando crian&a. 2isha levou seushomens feridos para o convés de outro tanque, saltou para dentro e acertou pes'soalmente o tanque que pegou Komanov. Ele salvou a vida de 2isha e lhe foiconcedida postumamente a Nandeira Germelha... Gatutin parou. /ercebeu queestava chamando o prisioneiro de 6isha# >uase cinq6enta anos atrásM Eles eram amigos. Esse rapaz, Komanov, fez parte da tripula&#o do tanque deIilitov durante os primeiros meses de campanha. Nem, ele foi um heri. 2orreu pela2#e /átria, salvando a vida de seu oficial comandante observou Gatutin. * 6ishaainda ala com ele### :e%uei !oc4, <ilito!# Gamos acordá'lo e... Onde está o médicoM indagou Gatutin.

$escobriu'se que o médico estava a ponto de sair para casa, e n#o ficou nem umpouco contente em ser chamado de volta. 2as n#o tinha gradua&#o suficiente paradiscutir com o coronel Gatutin. 1omo devemos procederM quis saber Gatutin, depois de e!plicar o caso. Ele deve estar cansado, mas bem acordado. Hsso pode ser feito facilmente. Ent#o devemos acordá'lo agora, e... (#o. O médico balan&ou a cabe&a. (#o quando ele está na fase KE2 dosono. O qu0M 2ovimento rápido dos olhos... R como chamamos quando o paciente estásonhando. /odemos saber se está sonhando pelo movimento dos olhos, quer ele

esteja falando, quer n#o. 2as n#o podemos ver isso daqui objetou outro agente. R verdade. 8alvez dev0ssemos redesenhar o sistema de observa&#o brincou o

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médico. 2as isso n#o importa muito. $urante o sono KE2 o corpo ficaefetivamente paralisado. Goc0 pode reparar que ele n#o está se movendo agora,certoM A mente faz isso para evitar danos ao corpo. >uando ele come&ar a mover'seoutra vez, é porque o sonho terminou.

>uanto tempoM perguntou Gatutin. (#o queremos que ele fique muitodescansado. $epende do paciente, mas eu n#o ficaria muito preocupado com isso. 2ande ocarcereiro ficar com uma refei&#o preparada, e, logo que ele come&ar a mover'se,acordem'no e sirvam'lhe a comida. R claro. Gatutin sorriu. $epois, é s mant0'lo acordado, oito horas ou um pouco mais. R, acho que issoserá suficiente. R tempo bastante para voc0M 1ertamente afirmou Gatutin, aparentando mais confian&a do que sentia.Iicou em pé e verificou seu relgio. O coronel do <$ois< chamou, o 1entro e deualgumas ordens. -eu organismo também pedia um pouco de sono. 2as para ele

havia uma cama confortável. >ueria estar com a mente clara quando a horachegasse. O coronel despiu'se metodicamente, chamando um ordenan&a para polir suas botas e passar seu uniforme enquanto dormia. Estava t#o cansado que n#osentiu necessidade de álcool. /eguei voc0 murmurou ao dei!ar'se levar pelo sono. Noa noite, Nea despediu'se 1andi : porta, enquanto a amiga abria o carro.8aussig virou'se uma ltima vez e acenou antes de entrar. 1andi e o 2onstrinho n#opuderam ver a maneira violenta como ela enfiava a chave no contato. $irigiu apenasmeio quarteir#o, virando uma esquina antes de encostar ao meio'fio e olhar para océu noturno.@ estão azendo a"uilo, pensou ela. 7urante o jantar inteiro, a maneira como eleolha!a para ela### e a maneira como ela olha!a para ele8 $"uelas mãozinhasse"uiosasj estariam bri%ando com os bot/es da blusa dela### Acendeu um cigarro e recostou'se no banco, imaginando a cena enquanto seuest9mago se contraía numa bola rija e ácida. O 1ara'Espinhenta e 1andi. Elasuportara tr0s horas daquilo, o jantar como sempre bem preparado de 1andi. /or vinte minutos, enquanto ela dava os retoques finais na cozinha, 8aussig ficara nasala com ele, escutando piadas idiotas e tendo de sorrir polidamente. Iicava claroque Alan tampouco gostava dela, mas por ser amiga de 1andi ele sentia'se obrigadoa ser simpático, bonzinho com a pobre Nea, que estava a caminho de tornar'sesolteirona, ou seja lá que nome usavam agora vira isso nos tolos olhos dele. -er 

suportada por ele já era ruim o suficiente, mas que sentisse piedade...E agora ele a devia estar tocando, beijando'a, escutando seus murmrios,sussurrando melosidades estpidas e 1andi apreciava aquilo tudoP 1omo isso era possí!el01andace era mais do que bonita, como 8aussig sabia. Era um espírito livre. 8inhauma mente de descobridora, aliada a uma alma cálida e sensível. -eus sentimentosfortes a tornavam maravilhosamente feminina, com aquele tipo de beleza quecome&a no cora&#o e se irradia através do sorriso perfeito.6as a%ora ela est se entre%ando "uela coisa8 *le pro!a!elmente j est %ozando# $"uele monstrinho não de!e ter nenhuma id&ia de como se conter e demonstrar amor e sensibilidade de !erdade# $posto "ue ele !ai e az de uma !ez, babando e

dando risadinhas como um atleta adolescente de > anos# 1omo ousaP Oh, 1andace gemeu a voz de Nea.Ela foi invadida pela náusea e precisou lutar para controlar'se. 8eve sucesso, e ficou

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sozinha sentada no carro por vinte minutos de silenciosas lágrimas, antes de ser capaz de guiar novamente. O que acha dissoM Acho que ela é lésbica disse a agente Bennings depois de um momento.

(#o há nada disso na ficha dela, /eggL observou Qill /er3ins. A maneira como ela olha para a doutora Tong, e a maneira como reage com"regorL... R o que eu sinto. 2as... 1erto, e o que podemos fazer sobre issoM observou 2argaret Benningsenquanto dirigia. Nrincou com a idéia de ir atrás de 8aussig, mas o dia fora longo ecansativo. (#o há evid0ncias, e mesmo se tivéssemos e agíssemos de acordo,teríamos que perder um bom tempo. Goc0 acha que os tr0s... Qill, voc0 anda lendo aquelas revistinhas outra vez. Bennings riu, quebrando oclima por um instante. /er3ins era mrmon e jamais tinha tocado em material

pornográfico. Aqueles dois est#o t#o apai!onados que n#o t0m idéia do que sepassa em volta deles... a n#o ser pelo trabalho. Aposto que a conversa na cama ésobre assuntos sigilosos. O que acontece, Qill, é que 8aussig está sendo cortada davida da amiga e n#o está contente com isso. Ela resiste. Ent#o como anotamos issoM 7m monte de nada.O trabalho deles naquela noite tinha sido verificar uma denncia de que carrosestranhos eram ocasionalmente vistos na resid0ncia dos "regorL'Tong.:ro!a!elmente ori%inada, pensou a agente Bennings, de um puritano local "ueacha!a "ue duas pessoas não podiam !i!er juntas sem a papelada ade"uada# Elamesma era um pouco antiquada sobre o assunto, mas isso n#o tornava nenhum dosdois um risco para a seguran&a. /or outro lado... Acho que deveríamos escolher 8aussig para checar a seguir. Ela mora sozinha. 8enho certeza disso. Tevaria algum tempo para verificar todos os membrosgraduados de -ea ;lipper, mas n#o se podia apressar esse tipo de investiga&#o. (#o devia ter vindo aqui comentou 8%nia imediatamente ao abrir a porta. Orosto n#o demonstrava a raiva que sentia. 8omou a m#o de 8aussig e levou'a para ointerior. Ann, foi simplesmente horrível. Genha sentar'se. Ioi seguidaM 5diota8 :er!ertida8 <Ann< acabara de sair do

chuveiro e trajava um roup#o de banho, com uma toalha enrolada sobre o cabelo. (#o. Gerifiquei o caminho todo.;laro, pensou NisLarina. Ela ficaria surpresa se soubesse que era verdade. Adespeito da displicente seguran&a do projeto permitir o ingresso de alguém assimno interiorP , a agente quebrara todas as regras ao aparecer em sua casa. (#o pode ficar por muito tempo. Eu sei. Ela assoou o nariz. Eles quase terminaram o primeiro esbo&o donovo programa. O 2onstrinho reduziu os comandos em oitenta mil linhas decdigo... e retirou toda aquela histria de intelig0ncia artificial, o que faz uma boadiferen&a. -abe, eu acho que ele tem decorado na cabe&a todo o material novo... Eusei, eu sei que é impossível, mesmo para a"uilo#

>uando é que vai poder... (#o sei. 8aussig sorriu por um segundo. $evia t0'lo trabalhando para voc0. Acho que ele é o nico que realmente entende todo o programa... quero dizer, todo o

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projeto.5nelizmente tudo "ue temos & !oc4, NisLarina dei!ou de dizer em voz alta. O queela fez foi muito mais difícil. Estendeu a m#o e tomou a de 8aussig. As lágrimas come&aram novamente. Neatrice quase saltou nos bra&os de 8%nia. A

mulher russa abra&ou'a, tentando sentir compai!#o por sua agente. 8inha assistidoa muitas aulas na escola da ;"N, todas elas preparadas para au!iliar a manobrar osagentes. Era preciso uma mistura de compai!#o e disciplina. Era preciso tratá'loscomo crian&as mimadas, misturando favores e repreens)es para que atuassem. E aagente Ti via era a mais importante de todas.2esmo assim foi difícil virar o rosto para a cabe&a que repousava em seu ombro ebeijar a bochecha salgada por lágrimas antigas e recentes. NisLarina respirou maislivremente quando sentiu que n#o precisaria ir além disso. Ela nunca precisara ir além disso, mas vivia com medo de que <Tivia< e!igisse mais dela algum dia certamente aconteceria se ela compreendesse que sua pretensa amante n#o tinha omenor interesse em seus avan&os. NisLarina maravilhava'se com aquilo. Neatrice

8aussig era brilhante : sua maneira, certamente mais do que a agente que acontrolava, mas sabia pouco sobre as pessoas. A maior ironia é que ela era muitoparecida com o Alan "regorL que tanto detestava. Embora fosse mais bonita e maissofisticada, faltava'lhe também a capacidade de atingir as pessoas quandoprecisava. "regorL provavelmente fizera isso pelo menos uma vez, e essa era adiferen&a entre os dois. Ele chegou primeiro porque Neatrice n#o teve coragem defaz0'lo. <oi melhor assim, pensou NisLarina. A rejei&#o a teria destruído. NisLarina imaginou como seria "regorL. /rovavelmente outro acad0mico comoera mesmo que os ingleses os chamavamM Boins, ou sabich)es. 7m boinbrilhante bem, todos os que estavam ligados a -ea ;lipper eram brilhantes de ummodo ou de outro. Aquilo a assustava. J sua prpria maneira, Neatrice estavaorgulhosa do programa, embora o considerasse como uma amea&a : paz mundial,um ponto com o qual NisLarina concordava. "regorL era um boin que queria mudar o mundo. NisLarina entendia sua motiva&#o. 8ambém ela queria mudá'lo, s que emoutro sentido. "regorL e -ea ;lipper eram uma amea&a :quilo. Ela n#o o odiava. Aeti!esse de escolher, pensou, pro!a!elmente %ostaria dele# 2as sentimentospessoais n#o podiam ser cogitados nos servi&os secretos. Está se sentindo melhorM perguntou ela quando as lágrimas cessaram. /reciso ir. 8em certeza de que está bemM 8enho. (#o sei quando vou poder...

Entendo. 8%nia acompanhou'a até a porta./elo menos tivera o bom senso de estacionar o carro em outro quarteir#o, reparou<Ann<. Ela esperou, segurando a porta até ouvir o som inconfundível de um carroesporte. $epois de fechar a porta, olhou para suas m#os e foi ao banheiro lavá'las. A noite caiu cedo em 2oscou, o sol escondido pelas nuvens que come&avam adespejar sua carga de neve. A delega&#o reuniu'se no vestíbulo da embai!ada eembarcou nos carros destinados a levá'los até o local do jantar de boas'vindas.KLan estava no carro nmero * uma pequena promo&#o desde a ltima viagem,reparou ele amargamente. >uando a caravana partiu, lembrou'se de umaobserva&#o do motorista durante a ltima vez, de que as ruas de 2oscou tinhamnomes principalmente para identificar os buracos no asfalto. O carro avan&ou para

leste, por entre ruas praticamente vazias. Atravessaram o rio em frente ao ;remlin epassaram pelo /arque "r3i. /9de notar que o parque se encontrava alegrementeiluminado, cheio de patinadores sob a neve que caía. Era bom ver pessoas comuns

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divertindo'se de verdade. Até mesmo 2oscou era uma cidade de verdade, cheia depessoas comuns, vivendo vidas comuns. 8ratava'se de um fato fácil de esquecer quando o trabalho o for&ava a concentrar'se num pequeno grupo de inimigos.O carro virou na /ra&a Outubro, e aps várias manobras intrincadas estacou frente

ao Fotel da Academia de 1i0ncias. Era um prédio em estilo quase moderno, que nosEstados 7nidos poderia ser tomado por um conjunto de escritrios. 7ma linha devidoeiros abandonados entre a parede cinza de concreto e a rua, os galhos nus esem vida estendendo'se em dire&#o ao céu salpicado. KLan meneou a cabe&a. 1ommais algumas horas de nevasca, a cena ganharia beleza. A temperatura girava emtorno de zero KLan pensava em graus Iarenheit, n#o em centígrados , e ovento estava quase parado. 1ondi&)es perfeitas para a queda de neve. Ele sentia oar pesado e frio ao seu redor enquanto se encaminhava para a entrada principal dohotel.1omo a maior parte dos prédios russos, aquele estava superaquecido. Bac3 retirouseu casaco e passou'o ao atendente. A delega&#o soviética já estava perfilada para

saudar seu pares americanos, que se misturavam : fila de anfitri)es, terminandotodos numa mesa de bebidas, da qual compartilhavam. Faveria noventa minutos decoquetéis e confraterniza&#o antes do jantar propriamente dito. Nem'vindo a2oscou. KLan aprovou o esquema. 7ma quantidade suficiente de álcool poderiafazer com que qualquer refei&#o parecesse uma festa, e ainda lhe faltavae!perimentar uma refei&#o russa que saísse do trivial. A sala estava parcamenteiluminada, permitindo que todos apreciassem pelas grandes vidra&as o espetáculoda neve que caía. Olá novamente, doutor KLan disse uma voz familiar. -ergeL (i3olaLevich, espero que n#o esteja dirigindo esta noite falou Bac3,gesticulando com sua ta&a de vinho em dire&#o ao cálice de vodca de "olov3o. Asbochechas do russo estavam coradas, os olhos azuis brilhando com alcolica jovialidade. Apreciou o v9o ontem : noiteM perguntou o coronel da "K7. Kiu alegrementeantes que KLan pudesse responder. Ainda tem medo de voarM (#o, o que me incomoda de verdade é atingir o ch#o. Bac3 sorriu. Ele semprefora capaz de rir do seu temor principal. Ah, sim. -eu ferimento nas costas, da queda do helicptero. R compreensível. >uanta neve acha que teremos esta noiteM KLan apontou em dire&#o :s janelas. 8alvez meio metro, talvez um pouco mais. (#o é uma nevasca muito forte, mas

amanh# o ar estará fresco e claro, e a cidade vai resplandecer com seu mantobranco. "olov3o foi quase poético em sua descri&#o.*le j est b4bado, disse KLan a si mesmo. Nem, esta noite deveria ser umaocasi#o social, nada mais, e os russos sabiam ser muito hospitaleiros, quandoqueriam. Embora um dos homens e!perimentasse sensa&)es bem diferentes,recordou'se Bac3. -ua família está bemM indagou "olov3o, ao alcance dos ouvidos de outromembro da delega&#o americana. Está, sim, obrigado. E a suaM"olov3o gesticulou para que Bac3 o seguisse ao longo da mesa de bebidas. Osgar&ons ainda n#o haviam saído. O agente de informa&)es apanhou outro copo de

vodca. -im, todos est#o bem. Ele sorriu largamente. -ergeL era a prpria imagem daboa camaradagem russa. -eu rosto n#o se alterou nem um pouco quando

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pronunciou as palavras seguintes@ -egundo fui informado, deseja encontrar'secom o diretor'geral "erasimov.6eu 7eusl  A e!press#o de Bac3 congelou'se seu cora&#o pulou uma ou duasbatidas.

R mesmoM O que lhe deu essa idéiaM (#o perten&o : "K7 na verdade, KLan. 2inha tarefa original era no 8erceiro$iretrio, mas desde ent#o mudei para outras coisas e!plicou ele, antes de rir novamente. Essa risada era aut0ntica. Ele acabara de invalidar os dados da 1HAsobre sua pesssoa, mais a prpria observa&#o de KLan. -ua m#o deslocou'se paradar uma tapinha no ombro esquerdo de KLan. Gou dei!á'lo ir agora. Em cinco mi'nutos voc0 passará pela porta atrás de voc0 e para a esquerda, como se estivesseprocurando o banheiro. $epois disso, seguirá instru&)es. EntendidoM (ovotapinha no bra&o de KLan. Entendido. (#o o verei mais esta noite. Apertaram'se as m#os e "olov3o afastou'se.

6erdal, resmungou KLan para si mesmo. 7m grupo de violinistas entrou na sala derecep&#o, dez ou quinze deles tocando temas ciganos enquanto circulavam. 7e!iamter praticado muito, pensou Bac3, para tocar em sincronismo perfeito a despeito dasala escura e dos prprios meneios aleatrios. Os movimentos e a relativa escurid#otornavam muito difícil ouvir alguém individualmente durante a recep&#o. Era umtoque profissional direcionado no sentido de facilitar a saída de Bac3. Olá, doutor KLan disse outra voz.Era um jovem diplomata soviético, um assessor que tomava notas e fazia pequenosservi&os para os mais graduados. Agora Bac3 sabia que ele também pertencia :;"N. 1ompreendeu que "erasimov n#o estava contente com uma nica surpresapara a noite. >ueria impressionar KLan com a precis#o da ;"N. Vamos !er "uantoa isso, pensou ele, mas a bravata pareceu'lhe vazia. 2uito cedo, muito cedo. Noa noite. (s nunca nos encontramos. Bac3 enfiou a m#o no bolso da cal&ae sentiu seu chaveiro. (#o o havia esquecido. 2eu nome é GitalL. -ua aus0ncia n#o será notada. O banheiro fica nessadire&#o. Ele apontou.Bac3 passou'lhe seu copo e andou em dire&#o : porta. Iicou quase paralisado aodei!ar a sala. (inguém ali poderia sab0'lo, mas o corredor estava deserto, e!cetopelo homem no e!tremo mais distante, que gesticulou uma vez. KLan andou em suadire&#o.Oh, merda. Tá vamos ns...

Era um homem de seus *+ anos, aparentemente muito forte. Embora seu físicoestivesse oculto pelo sobretudo, ele se movia da maneira vigorosa e eficiente de umatleta. A e!press#o facial e os olhos penetrantes faziam dele um guarda'costas. Amelhor idéia que ocorreu a KLan foi que ele devia parecer nervoso. (#o eranecessário muito talento para isso. O homem conduziu'o além da esquina docorredor e lhe passou um sobretudo russo e um chapéu de pele, depois pronunciouuma nica palavra@ Genha.Tevou KLan por um corredor de servi&o e saíram para o ar frio de uma viela. Outrohomem estava aguardando no e!terior, a vigiar. Acenou brevemente para oacompanhante de KLan, que se voltou e fez sinal a Bac3 para apressar'se. A viela

terminava na Kua -habolov3a, e os dois viraram : direita. Esta parte da cidade eraantiga, como Bac3 percebeu imediatamente, com prédios em sua maioria de antesda Kevolu&#o. O centro da rua tinha trilhos incrustados nos pedregulhos, e acima

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ficavam os fios que forneciam energia aos bondes. Ele observou enquanto um delespassava ruidosamente na verdade eram dois carros ligados, pintados de brancosobre vermelho. 1ontinuaram através da rua escorregadia rumo a uma constru&#ode tijolos vermelhos que parecia ter teto de alumínio. KLan n#o estava certo sobre o

que seria, até que viraram a esquina.Era uma garagem de bondes, ele compreendeu, recordando'se de lugaresparecidos em Naltimore, onde passara a inf%ncia. Os trilhos se curvavam paradentro, depois divergiam para vários compartimentos na garagem. /arou por ummomento, mas seu acompanhante lhe fez um sinal urgente para prosseguir,levando'o em dire&#o ao nicho mais afastado, : esquerda.. (o interior, claro, haviabondes alinhados como gado adormecido na escurid#o. 8udo completamenteparado aqui, percebeu ele com surpresa. (ada de gente trabalhando, do som demartelos e ferramentas. O cora&#o de KLan batia forte ao passar por dois bondesimveis. -eu acompanhante parou no terceiro. As portas estavam abertas, e umterceiro homem do tipo guarda'costas desceu e e!aminou'o. Hmediatamente p9s'se

a revistá'lo, procurando por armas numa busca rápida mas completa, e n#oencontrando nenhuma. 7m aceno do polegar o dirigiu para cima e para dentro dobonde. Evidentemente o carro acabara de chegar, pois ainda havia neve no primeirodegrau. KLan escorregou e teria caído se um dos homens da ;"N n#o tivessesegurado seu bra&o. Ele lan&ou a Bac3 um olhar que no Ocidente teria sidoacompanhado por um sorriso, porém os russos n#o s#o um povo sorridente, amenos que o desejem. -ubiu outra vez, as m#os firmes nas al&as de seguran&a.-udo o "ue tem a azer### Noa noite ouviu uma voz dizer. (#o muito alto, pois era desnecessário.KLan apertou os olhos e viu a luz alaranjada da brasa de um cigarro. Hnspirouprofundamente e andou nessa dire&#o. $iretor'geral "erasimov, presumoM (#o me reconheceM 7m tom divertido na voz. O homem acendeu seu isqueiroocidental a gás para iluminar'lhe a face. Era (i3olaL Norissovich "erasimov. Achama dava a seu rosto a apar0ncia certa. O /ríncipe das 8revas em pessoa... Agora sim disse Bac3, lutando para controlar a voz. -egundo fui informado, deseja falar comigo. 1omo posso ser tilM perguntouele num tom cort0s que destoava do cenário.Bac3 voltou'se e indicou os dois guarda'costas que permaneciam em pé : porta docarro. (#o precisou dizer nada. "erasimov pronunciou uma simples palavra emrusso, e ambos se afastaram.

/or favor, desculpe'os, mas o dever deles é proteger o diretor'geral, e meushomens levam as ordens muito a sério. Acenou em dire&#o : cadeira em frente :sua. KLan sentou'se. (#o sabia que falava t#o bem o ingl0s. Obrigado. 7m gesto cort0s seguido de uma observa&#o em tom comercial@ $evo preveni'lo de que o tempo é curto. 8em informa&)es para mimM -im, tenho. Bac3 enfiou a m#o no interior do casaco. "erasimov ficou tensopor um instante, depois rela!ou. - um maluco tentaria matar o chefe da ;"N, e elesabia pelo dossi0 de KLan que ele n#o era louco. 8enho uma coisa para voc0 declarou o americano. -imM Hmpaci0ncia.

"erasimov n#o gostava de ficar esperando. Observou as m#os de KLan me!endoem alguma coisa e ouviu o som de metal contra metal. A falta de jeito de KLandesapareceu quando a chave saiu do anel, e ao falar adotou um tom diferente.

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Aqui está. KLan passou o objeto. O que é istoM O tom era de suspeita, agora. Alguma coisa estava muitoerrada, errada o suficiente para que a voz o traísse.Bac3 n#o o fez esperar. Ialou num tom de voz que vinha ensaiando há uma semana.

-em reparar, falou mais rápido do que pretendera. Hsto, diretor'geral "erasimov, é a chave de controle das ogivas nucleares dosubmarino lan&ador de mísseis balísticos Outubro Vermelho# Ioi'me dada pelocapit#o 2ar3o Ale3sandrovich Kamius quando ele desertou. Iicará contente emsaber que ele gosta de sua nova vida nos Estados 7nidos, bem como todos osoficiais. O submarino foi...KLan cortou suas palavras. A luz era escassa para ver o contorno do rosto, massuficiente para perceber a mudan&a de e!press#o na face do homem. $estruído pelas prprias cargas de demoli&#oM (#o. O espi#o de bordodisfar&ado de cozinheiro... chamava'se -udets, se n#o me engano... bem, n#o há

sentido em esconder isso. Eu o matei. (#o me orgulho disso, mas era ele ou eu./ara dizer a verdade, ele era um jovem corajoso afirmou Bac3, recordando'se dosdez minutos horríveis que passara na sala de mísseis do submarino. -ua pastasobre mim n#o menciona nada sobre opera&)es, mencionaM 2as...Bac3 interrompeu'o novamente. (#o era hora para refinamentos. /recisavam abalar o homem, precisavam sacudi'lo forte. -enhor "erasimov, e!istem algumas coisas que desejamos de voc0. Nobagem. (ossa conversa terminou. 2as "erasimov n#o se levantou, edessa vez KLan o fez esperar pelo tempo de algumas batidas de cora&#o. >ueremos o coronel Iilitov de volta. -eu relatrio oficial ao /olitburo afirmou queo submarino foi destruído e que uma deser&#o provavelmente nunca foi planejada,mas a seguran&a da "K7 foi penetrada e recebeu ordens falsas depois que osmotores foram sabotados. A informa&#o chegou até voc0 através do agente 1assius.Ele trabalha para ns e!plicou Bac3. Goc0 usou esse assunto para desgra&ar oalmirante "orsh3ov e para refor&ar seu controle sobre a seguran&a militar interna. Ainda est#o furiosos com isso, n#o éM /ortanto, se n#o tivermos de volta o coronelIilitov, na semana que vem em Qashington, uma histria será distribuída : imprensaa tempo para as edi&)es de domingo. Gai conter detalhes da opera&#o e uma foto'grafia do submarino em repouso numa doca seca em (orfol3, Girgínia. $epois dissovai aparecer o capit#o Kamius. Ele vai dizer que o supervisor político da

embarca&#o... um dos homens do seu $epartamento 8r0s, eu suponho... fazia parteda conspira&#o. Hnfelizmente, /utin morreu logo aps a chegada, de ataquecardíaco. R uma mentira, naturalmente, mas tente provar o contrário. (#o pode me chantagear, KLanP (#o havia emo&#o nenhuma, agora. 2ais uma coisa. A Hniciativa de $efesa Estratégica n#o está na mesa denegocia&)es. Goc0 disse ao /olitburo que estavaM indagou Bac3. Estáacabado, senhor "erasimov. 8emos a possibilidade de desgra&á'lo, e voc0 é umalvo muito bom para dei!ar passar. -e n#o tivermos Iilitov de volta, podemos fazer vazar todo tipo de coisas. Algumas ser#o confirmadas, mas as realmente boas ser#onegadas, enquanto o INH lan&a uma investiga&#o completa para identificar osautores.

Goc0s n#o fizeram tudo isso por causa de Iilitov afirmou "erasimov, agoracom a voz controlada. (#o e!atamente. $e novo ele fez com que o outro esperasse um pouco@

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>ueremos que voc0 saia também.Bac3 dei!ou o bonde cinco minutos mais tarde. -eu acompanhante levou'o de voltaao hotel. A aten&#o aos detalhes era impressionante. Antes de retornar ao vestíbulo,os sapatos de Bac3 foram en!ugados completamente. Ao entrar novamente na sala,

ele foi imediatamente até a mesa com as bebidas, mas encontrou'a vazia. Avistouum gar&om com uma bandeja e apanhou o primeiro drinque que p9de alcan&ar.$escobriu que era vodca, mas mesmo assim KLan virou'a de um s gole antes deapanhar outra. >uando acabou a segunda, come&ou a perguntar'se onde seria obanheiro, de fato. $escobriu que ficava e!atamente no lugar que lhe fora indicado.Bac3 chegou lá bem em tempo.Ioi preparado t#o minuciosamente quanto se poderia faz0'lo durante uma simula&#oem computador. (unca antes haviam feito um assim, claro, e era e!atamente esse opropsito do teste. O computador de controle no solo n#o sabia o que estavafazendo, nem tampouco os outros. 7ma das máquinas, programada para acusar uma série de contatos distantes pelo radar, recebia um conjunto de sinais id0nticos

aos gerados pelo satélite <lyin% ;loud, enviados por um dos <pássaros< do/rograma de Apoio : $efesa em rbita geoestacionária. O computador passavaessa informa&#o para o computador de controle em terra, que checava os critériosde autoridade para liberar o uso de armas e decidia que eram válidos. Tevou algunssegundos para que os geradores de laser atingissem a pot0ncia necessária, e elesacusaram prontid#o poucos segundos depois.O fato de que os geradores em quest#o n#o e!istiam de verdade n#o era pertinenteao teste. O espelho de terra e!istia, e respondeu :s instru&)es do computador,enviando o fei!e laser imaginário para o espelho de apoio V++ quil9metros acima.Esse espelho, recentemente transportado pelo 9nibus espacial e atualmente sobre a1alifrnia, recebia suas prprias instru&)es e alterava a configura&#o de acordo comelas, transmitindo o fei!e laser ao espelho de combate, que estava na fábricaToc3heed em vez de se achar em rbita, e recebia instru&)es por terra. Em todos ostr0s espelhos era mantido um controle rígido das dist%ncias focais e ajustes deazimute em constante mudan&a. Essas informa&)es chegavam enfim ao monitor dedisparos no 1ontrole "eral, em -ea ;lipper#O teste que KLan observara algumas semanas antes possuíra vários propsitos. Aovalidar a arquitetura do sistema, tinham também recebido dados empíricosinestimáveis sobre o funcionamento real do equipamento físico. 1omo resultadodisso, agora podiam simular e!ercícios reais em terra, com confian&a quaseabsoluta nos resultados tericos.

"regorL girava uma caneta esferográfica nas m#os enquanto os dados apareciamno terminal de vídeo, depois de ter parado de mastigá'la por medo de encher a bocade tinta. 2uito bem, esse é o ltimo tiro anunciou um engenheiro. Tá vem acontagem. 7auP e!clamou "regorL. (oventa e seis em cemP >ual o tempo deciclagemM /onto zero'um'seis respondeu um perito em sotFare# ― Hsso representaquatro milésimos abai!o do esperado... /odemos checar duas vezes cada comandode mira enquanto o laser recarrega. E isso aumenta o rendimento em trinta por cento disse "regorL. /odemos

até tentar atirar'olhar'atirar, em vez de atirar'atirar'olhar, e ainda economizar tempono final. :essoal8 Ele deu um pulo e ficou em pé. ;onse%uimos8 A porra dosotFare está prontaP .uatro meses antes do prometido8 

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 A sala irrompeu em e!clama&)es de alegria que ninguém, além da equipe de trintapessoas, teria entendido. 2uito bem, seus nojentos do laserP gritou alguém. Ia&am a parte de voc0se construam o raio da morteP A mira já está pronta8 

-eja gentil com os nojentos do laser. "regorL riu. 8rabalho com elestambém.$o lado de fora da sala, Neatrice 8aussig estava simplesmente passando perto daporta, a caminho de uma reuni#o de rotina, quando ouviu a bagun&a. Ela n#o podiaentrar no laboratrio dotado de uma fechadura cifrada, da qual ela n#o tinha acombina&#o , mas também n#o precisava. A e!peri0ncia da qual tivera uma pistadurante o jantar da noite anterior acabava de ser completada. O resultado erasuficientemente bvio. ;andi esta!a l dentro, pro!a!elmente bem ao lado do6onstrinho, pensou ela. 1ontinuou seu caminho. "ra&as a $eus n#o há muito gelo comentou 2ancuso, olhando através doperiscpio. -essenta centímetros, talvez noventa.

Faverá um canal desimpedido aqui. Os navios quebra'gelos mant0m todos osportos da costa abertos disse Kamius. Abai!ar periscpio ordenou o capit#o a seguir. Ioi até a mesa de mapas. >uero os cálculos para que nos desloquemos 4++ metros para o sul, depois até ofundo. Hsso vai nos colocar sob um teto espesso de neve, e deve manter a dist%nciaos "risha e 2ir3a. 1erto, capit#o respondeu o contramestre. Gamos tomar um pouco de café 2ancuso convidou Kamius e 1lar3.1onduziu'os um convés abai!o e para estibordo em dire&#o : copa. Em todas asocasi)es semelhantes nos ltimos quatro anos, 2ancuso ficava nervoso. Estavam amenos de ?+ metros de profundidade, : vista da costa soviética. -e descobertos elocalizados por um navio soviético, seriam atacados. Bá acontecera antes. Emboranenhum submarino ocidental tivesse na verdade sofrido algum dano, sempre haviauma primeira vez para essas coisas, especialmente se se come&ava a achar tudoseguro, disse o capit#o do 7allas a si mesmo. -essenta centímetros de gelo eramdemais para os cascos finos dos barcos de patrulha classe "risha, e sua principalarma anti'submarina, um lan&ador mltiplo de foguetes chamado KN7'+++, eraintil sobre o gelo, porém um "risha poderia chamar um submarino. Faviasubmarinos russos por perto. (o dia anterior tinham ouvido dois. 1afé, senhorM indagou o encarregado da copa. Obteve um aceno positivo etrou!e um bule e !ícaras.

8em certeza de que estamos perto o suficienteM perguntou 2ancuso a 1lar3. 8enho. /osso entrar e sair. (#o vai ser muito divertido observou o capit#o.1lar3 deu um sorriso afetado. R por isso que me pagam tanto. Eu... A conversa cessou por um instante. O casco do submarino estalou enquanto eleassentava no fundo, adernando levemente. 2ancuso olhou para o café em sua!ícara, calculando a inclina&#o em a V graus. O machismo típico dos tripulantes desubmarino n#o dei!ou que e!ternasse qualquer rea&#o, porém ele nunca realizarauma manobra como essa n#o com o 7allas# 7m punhado de submarinos da 2arinhados Estados 7nidos fora especialmente projetado para essas miss)es. Os

especialistas podiam identificá'los com uma olhada aos poucos dispositivosespeciais fi!ados ao casco, mas o 7allas n#o contava entre eles. >uanto tempo vai demorarM perguntou 2ancuso.

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/ode ser que simplesmente n#o aconte&a observou 1lar3. >uase metadedas miss)es n#o acontece. A espera mais longa que já tive de suportar desse jeitofoi... doze dias, eu acho. /areceu um tempo incrivelmente longo. $aquela vez n#oaconteceu nada.

/ode dizer quantasM quis saber Kamius. $esculpe, senhor. 1lar3 balan&ou negativamente a cabe&a. Kamius falou emtom melanclico@ -abe, quando menino, costumava pescar aqui, bem neste lugar, muitas vezes.(#o sabíamos que voc0s, americanos, também vinham pescar. R um mundo maluco concordou 1lar3. 1omo é a pesca por aquiM (o ver#o, muito boa. O velho -asha me levava em seu barco. Ioi onde euconheci o mar, onde aprendi a ser marinheiro. E quanto :s patrulhas locaisM indagou 2ancuso, trazendo o tema de volta. Faverá um bai!o índice de prontid#o. -eus diplomatas est#o em 2oscou,portanto a chance de guerra é mínima. Os navios de patrulha da superfície

pertencem principalmente : ;"N. Eles guardam a costa : procura decontrabandistas... e espi)es. Apontou 1lar3. (#o era t#o bom contrasubmarinos, mas isso estava mudando quando parti. Estavam aumentando a práticada guerra anti'submarino na Esquadra do (orte e, segundo soube, na do Nálticotambém. 2as este lugar é muito ruim para a detec&#o de submarinos. Fá muitaágua doce dos rios, e uma camada de gelo por cima. Hsso dificulta o uso do sonar.Bom de ou!ir, pensou 2ancuso. -ua embarca&#o estava em estado de alertaavan&ado. O equipamento de sonar contava com guarni&#o completa e assim iriapermanecerindefinidamente. /oderia colocar o 7allas em movimento em doisminutos, e isso de!ia bastar, pensou ele."erasimov também pensava. -ozinho em seu escritrio, controlando suas emo&)esmelhor ainda que a maioria dos russos, seu rosto n#o demonstrava nada do que sepassava no interior, apesar de n#o haver mais ninguém que pudesse reparar. (amaioria das pessoas, isso teria sido notável, pois ele contemplava sua prpriadestrui&#o com objetividade.O diretor'geral da 1omiss#o para a -eguran&a do Estado avaliava sua posi&#o t#ocompleta e desapai!onadamente quanto e!aminava qualquer aspecto de seusdeveres oficiais. O Outubro Vermelho# 8udo vinha daí. 8inha usado o OutubroVermelho para sua prpria vantagem, primeiro subornando "orsh3ov, depoisdescartando'se dele também o usara para fortalecer a posi&#o do ramo do 8erceiro$iretrio. Os militares haviam come&ado a administrar sua prpria seguran&a

interna, mas "erasimov acenara com seu relatrio do agente 1assius paraconvencer o /olitburo de que apenas a ;"N reunia condi&)es para garantir alealdade e seguran&a aos militares soviéticos. Aquilo lhe valera muitosressentimentos. Favia declarado, novamente segundo o agente 1assius, que oOutubro Vermelho fora destruído. 1assius dissera : ;"N que KLan estava sobsuspeita criminal e...E ns... euP... caí na armadilha.1omo poderia e!plicar aquilo para o /olitburoM 7m de seus melhores agentes foradobrado, mas quandoM /erguntariam isso, e ele n#o saberia a resposta portanto,todos os relatrios vindos de 1assius ficavam sob suspeita. A despeito do fato deque muitos dados válidos tinham vindo do agente, o conhecimento de que se tornara

um agente duplo numa época desconhecida comprometia todos eles. Aquilo ar'ruinava sua pretensiosa vis#o do pensamento político ocidental.Ele anunciara erroneamente que o submarino n#o desertara, e n#o descobrira seu

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erro. Os americanos tiveram uma fonte inesperada de informa&)es, e a ;"N n#osabia disso. (em a "K7, mas isso n#o servia de consolo. Anunciara ainda que os americanos haviam mudado substancialmente suaestratégia de negocia&#o sobre armamentos, e isso também era falso. -erá que

poderia sobreviver :s tr0s revela&)es de uma vezM, perguntou'se "erasimov./rovavelmente n#o.Em outra idade, enfrentaria a morte, e isso teria tornado a decis#o muito mais fácil.(inguém escolhe a morte, pelo menos n#o um homem s#o, e "erasimov erafriamente s#o em tudo que fazia. 2as a situa&#o era diferente agora. Ele terminariacom um cargo ministerial de segundo escal#o em algum lugar, lidando compapelada. -eus con'taros na ;"N lhe seriam inteis, e!ceto por pequenos favoressem siggnificado, como a obten&#o de mantimentos decentes. As pessoas iriamobservá'lo andando na rua sem mais temor de encará'lo de frente, sem medo doseu poder, apontariam e ririam dele pelas costas. Iuncionários do escritrioperderiam aos poucos o respeito e responderiam até mesmo gritariam com ele ao

saber que seu poder se e!tinguira de uma vez por todas. Não, disse ele a si mesmo,não suportarei isso#$esertar ent#oM /assar de uma das pessoas mais poderosas do mundo amercenário, a um mendicante que trocava o que sabia por dinheiro e uma vidaconfortávelM "erasimov aceitou o fato de que sua vida ficaria mais confortável emtermos materiais, mas... perder seu  poderl Esta era a quest#o, afinal. $e qualquer forma, se fosse ou ficasse, tornar'se'ia outro homem... * isso seria a morte, nãoseria0Nem, o que vai fazer agoraMEle precisava mudar de posi&#o, precisava alterar as regras do jogo, precisava fazer algo dramático... mas o qu0M A escolha era entre a desgra&a e a deser&#oM /ara perder tudo aquilo por que lutara com seu objetivo : vista e enfrentar uma op&#o como essaM A 7ni#o -oviética n#o é uma na&#o de jogadores. -ua estratégia nacional semprefoi mais parecida com a pai!#o russa pelo !adrez, uma série de movimentoscuidadosos e planejados com anteced0ncia, nunca arriscando demais, sempreprotegendo sua posi&#o, procurando pequenas e progressivas vantagens ondefosse possível. O /olitburo quase sempre se movimentara desta forma. O prprio/olitburo era composto de homens assim. 2ais da metade eram apparatchik quefalavam as palavras apropriadas, preenchiam as cotas necessárias, tirando proveitoquando podiam, e que conquistaram seus avan&os por meio de uma impassibilidade

de cuja perfei&#o podiam dispor ao redor da mesa no ;remlin. 2as a fun&#o de taishomens era influenciar moderadamente aqueles a que aspiravam governar, e essessim eram os jogadores. Assim também "erasimov. Ele jogara seu prprio jogo,aliando'se a Ale!androv para estabelecer uma base ideolgica, chantageandoGaneLev e Wazov para que traíssem seu senhor.Era um jogo bom demais para se abandonar t#o facilmente. /recisava mudar novamente as regras, s que o jogo, na verdade, n#o tinha regras, e!ceto uma@vencer. -e vencesse, as desgra&as n#o importariam."erasimov apanhou a chave no bolso e e!aminou'a pela primeira vez : luz doabajur da escrivaninha. /arecia perfeitamente comum. 7sada da maneira para aqual fora projetada, tornaria possível a morte de quantosM 1inq6enta, cem milh)esM

2aisM Os homens do 8erceiro $iretrio nos submarinos e nos regimentos defoguetes baseados em terra tinham esse poder o zampolit, o supervisor políticounicamente tinha autoridade para ativar as ogivas sem as quais os foguetes eram

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meros fogos de artifício. Girar a chave da maneira adequada no momento adequado,e os foguetes se transformariam nos mais assustadores instrumentos de morte jáconcebidos pela mente humana. 7ma vez lan&ados, nada poderia det0'los.2as essa regra também seria mudada, n#oM

>uanto valeria ser o homem que poderia realizar issoM AhP "erasimov sorriu.Galia a pena mais do que todas as regras combinadas, e ele lembrou que osamericanos haviam quebrado uma regra também, ao matar seu mensageiro no pátiode manobras 2os3vich. Tevantou o fone e chamou um agente de comunica&)es./or uma vez, os fusos horários trabalhavam a seu favor. A dra. 8aussig ficou surpresa quando viu o sinal. $ecididamente, <Ann< nuncaalterava sua rotina. A despeito do fato de que ela visitara impulsivamente seucontato, ir ao shoppin% center era sua rotina normal aos sábados. Favia estacionadoseu $atsun a uma certa dist%ncia, para que nenhum idiota num imenso furg#o lhearranhasse a porta. (o caminho viu o Golvo de Ann, e o pára'sol do lado do

motorista estava abai!ado. 8aussig verificou seu relgio e apertou o passo emdire&#o : entrada. Assim que entrou, virou : esquerda./eggL Bennings trabalhava sozinha naquele dia. Estavam muito espalhados parafazer o servi&o t#o rápido quanto Qashington desejava, mas essa histria n#o eranovidade, eraM O cenário era bom e ruim ao mesmo tempo. -eguir sua presa até oshoppin% fora relativamente fácil, porém uma vez lá dentro era praticamenteimpossível seguir alguém decentemente, a menos que houvesse um time completode agentes operando. Ela chegou : porta apenas um minuto atrás de 8aussig, jásabendo que a perderia. Nem, essa era apenas uma vigil%ncia preliminar. )otina,disse Bennings a si mesma ao abrir a porta.Bennings olhou acima e abai!o da alameda e n#o conseguiu en!ergar quemprocurava. Iranzindo a sobrancelha por um momento, come&ou a perambular deloja em loja, observando as vitrinas e imaginando se 8aussig n#o teria ido a umcinema.NeaP disse NisLarina do interior de Iolhas de Eva. 1omo vaiM ocupada respondeu 8aussig. Hsso fica timo em voc0. Ela veste bem qualquer coisa observou a proprietária da loja. 2ais do que eu concordou 8aussig, levantando um terninho do cabideiro maispr!imo e caminhando até o espelho. $e corte sbrio, combinava com seu humor nomomento. /osso e!perimentar esseM

1ertamente concordou depressa a proprietária. Era uma pe&ade *++ dlares. /recisa de ajudaM ofereceu Ann. 1laro. Goc0 pode me contar o que anda fazendo. Ambas se dirigiram para osprovadores.$entro da cabine as duas mulheres conversaram animadamente, discutindoassuntos do cotidiano que pouco diferiam entre mulheres e homens. NisLarinaestendeu uma tira de papel, que 8aussig leu, gaguejando um pouco antes desinalizar sua concord%ncia. -eu rosto mudou do choque inicial para a aceita&#o,depois modificou'se outra vez de uma forma que NisLarina n#o gostou em absoluto mas a ;"N n#o a pagava para gostar de seu emprego.

O terninho serviu perfeitamente, viu a proprietária assim que as duas saíram doprovador. 8aussig pagou como fazia a maioria das pessoas, com um cart#o decrédito. Ann acenou e saiu, virando para o lado da loja de armas na saída pela

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alameda.Bennings viu 8aussig dei!ar a loja alguns minutos mais tarde, carregando umasacola plástica de compras. Bem, então era isso, disse ela a si mesma. O "ue "uer "ue a esti!esse incomodando ontem noite, ela !eio azer compras para sentirEse

melhor e arranjou outro da"ueles terninhos# Bennings seguiu'a por mais uma horaantes de abandonar a vigil%ncia. (ada de especial por aqui. Aquele sujeito é muito frio disse KLan a 1andeia. Eu n#o esperava que elepulasse no meu colo e me agradecesse pela oferta, mas esperava al%uma rea&#oP Nem, se ele morder a isca, voc0 vai logo ficar sabendo. 1laro.

"1O Gam:ito do Valete

O Arqueiro tentou convencer'se de que o tempo n#o era aliado de ninguém, mascertamente isso n#o era verdade. O céu estava claro, os ventos gelados sopravamdo nordeste, vindos do glacial centro da -ibéria. Ele queria nuvens, pois agora ogrupo s podia deslocar'se no escuro. Hsso tornava o avan&o lento, e, quanto maistempo ficassem em territrio soviético, maior a chance de que alguém os notasse.-e fossem descobertos...(#o havia necessidade de especular sobre esse assunto. 8udo que tinha a fazer eraerguer a cabe&a e observar os veículos blindados passando pela estrada de$angara. E!istia pelo menos um batalh#o designado para o local, possivelmente umregimento motorizado completo de soldados armados, em patrulha permanente dasestradas e trilhas. O contingente do Arqueiro era grande e formidável para ospadr)es dos mudjahidin, porém contra um regimento de russos em sua prpria terra,s Alá em pessoa poderia salvá'los.* tal!ez nem mesmo *le, pensou o Arqueiro, recriminando'se a seguir pelablasf0mia n#o pronunciada. -eu filho n#o devia estar longe dali, talvez a umadist%ncia menor do que haviam percorrido para chegar até aquele lugar masondeM 7m local que ele nunca encontraria. O Arqueiro tinha certeza disso. Eleabandonara a esperan&a há muito tempo. -eu filho seria criado : maneira estranhae infiel dos russos, e tudo que ele podia fazer era rezar para que Alá chegasse até omenino antes que fosse tarde demais. -eq6estrar crian&as certamente era o maishediondo dos crimes. Koubá'las dos pais e de sua fé... Nem, melhor n#o ficar 

pensando nisso.1ada um de seus homens tinha motivo suficiente para odiar os russsos.Iamílias assassinadas ou dispersas, lares bombardeados. Os guerrilheiros n#osabiam que esse era o estilo de uma guerra moderna. 1omo <primitivos<, achavamque as guerras cabiam a guerreiros e!clusivamente. -eu líder sabia que isso dei!arade ser verdadeiro muito antes de terem nascido. Ele n#o entendia por que as na&)es<civilizadas< haviam mudado essa regra, porém era fato estabelecido. 1om esseconhecimento vinha a consci0ncia de que seu destino diferia do que havia escolhido.O Arqueiro perguntou'se se algum homem escolhia verdadeiramente seu destino, ouse este repousava em m#os maiores do que aquelas que empunhavam livros oufuzis. 2as esse era outro pensamento comple!o e intil, desde que para o Arqueiro

e seus homens o mundo se resumira em algumas verdades simples e dios pro'fundos. 8alvez isso mudasse um dia, mas para os mudjahidin o mundo se limitava aoque podiam ver e sentir no momento. /rocurar mais longe era perder de vista o que

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interessava, e isso significava morte. O nico pensamento grandioso que os homenstinham era sua fé, e para aquela circunst%ncia era o suficiente.O ltimo veículo da coluna desapareceu na curva da estrada. O Arqueiro balan&ou acabe&a. Bá pensara demais. Os russos que acabara de observar já estavam todos

no interior de seus transportadores de infantaria N2/ com lagartas, dotados deaquecimento embora mantidos quentes dentro do veículo, n#o podiam ver muitobem. Hsso era o que importava. Ele levantou o rosto para ver seus homens, bemcamuflados em trajes soviéticos e escondidos atrás de rochas, deitados em frestasaos pares, o que permitiria a um deles dormir enquanto o outro, a e!emplo do líder,vigiava e ficava de sentinela.O Arqueiro olhou para cima a fim de observar o sol em declínio. Togo ele deslizariapara trás da cadeia de montanhas, e seus homens poderiam continuar a marchapara o norte. Giu o sol brilhar sobre a casca de alumínio de um avi#o que fazia curvalá no alto, acima de suas cabe&as.O coronel Nondaren3o, sentado na poltrona ao lado da janela, olhou para bai!o, em

dire&#o :s montanhas amea&adoras. Tembrou'se de seu breve tempo de servi&o no Afeganist#o, as montanhas intermináveis que cansavam as pernas, onde se podiaviajar num círculo perfeito e parecer subir o tempo todo. Nondaren3o meneou acabe&a. Aquilo pelo menos ficara para trás. 1umprira seu tempo de servi&o, e!peri'mentara o combate, e agora podia voltar para a ci0ncia aplicada da engenharia,afinal de contas sua primeira pai!#o. Opera&)es de combate eram um jogo para jovens, e "ennadL Hosifovich já passara dos 5+. 8endo provado uma vez que podiaescalar rochedos com os mais jovens, estava resolvido a n#o fazer isso de novo. Além do mais, outra pessoa ocupava seus pensamentos.O "ue estar acontecendo com 6isha0, perguntou a si mesmo. >uando o homemdesaparecera do ministério, ele presumira com naturalidade que o coronel maisvelho ficara doente. >uando a aus0ncia se alongou por vários dias, assumira quetalvez fosse algo sério e indagou ao ministro se o coronel Iilitov estavahospitalizado. A resposta havia sido tranq6ilizadora na ocasi#o mas agora já n#otinha tanta certeza. O ministro Wazov comportara'se com e!cessivo desembara&o e a seguir Nondaren3o recebera ordens para retornar a *strela Brilhante para fazer uma avalia&#o mais completa do local. O coronel sentia'se tirado do caminho mas por qu0M Alguma coisa na maneira como Wazov reagira : sua inocenteperguntaM Favia ainda o assunto da vigil%ncia que ele descobrira. /oderiam as duascoisas estar relacionadasM A rela&#o era t#o bvia que Nondaren3o a ignorou semuma considera&#o consciente. Era simplesmente impossível que 2isha tivesse sido

alvo de uma investiga&#o de seguran&a, e menos possível ainda que a investiga&#oproduzisse provas substanciais de crime. O mais provável, concluiu ele, era que2isha estivesse fora em alguma miss#o confidencial para Wazov. Ele certamentefazia isso com freq60ncia. Nondaren3o olhou para bai!o em dire&#o aoimpressionante aterro da represa hidrelétrica de (ure3. A segunda linha de for&aestava quase pronta, reparou ele, enquanto o avi#o bai!ava os flaps e as rodas paraaterrissar em $ushanbe'Teste. Ele foi o primeiro homem a desembarcar aps opouso. "ennadL HosifovichP Nom dia, camarada general disse Nondaren3o, um tanto surpreso. Genha comigo disse /o3rLsh3in, depois de retribuir a contin0ncia do coronel.

Goc0 n#o quer entrar nesse 9nibus miserável, querM Ele acenou ao sargento,que apanhou a mala de Nondaren3o. (#o precisava ter vindo pessoalmente.

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Nobagem. /o3rLsh3in liderou o pequeno grupo até seu helicptero privativo,cujo rotor já girava. Algum dia preciso ler aquele relatrio que voc0 escreveu. 8ivetr0s ministros aqui, ontem. Agora todos sabem da nossa import%ncia. (ossas verbasforam aumentadas em *D por cento. "ostaria de poder escrever um relatrio como

esseP 2as eu... 1oronel, n#o quero escutar. Goc0 viu a verdade e a comunicou aos outros. Agorafaz parte da família *strela Brilhante# >uero que pense sobre vir para cá depois determinar seu trabalho em 2oscou. -e'gundo sua ficha, possui e!celentescredenciais em engenharia e administra&#o, e eu preciso de um bomsubcomandante. Ele se voltou com um olhar conspiratrio. Acha que seriapossível convenc0'lo a usar um uniforme da Ior&a AéreaM 1amarada general, eu... 8á sei, uma vez soldado do E!ército Germelho, sempre um soldado do E!ércitoGermelho. (#o insistiremos nesse ponto. Além disso pode me ajudar com aqueles

cabe&as'duras da ;"N na guarda do perímetro. Eles podem atirar a e!peri0ncia quet0m ao rosto de um alquebrado piloto de ca&a, mas n#o contra um homem com aNandeira Germelha conquistada em combate corpo a corpo. O general acenoupara que o piloto decolasse. Nondaren3o ficou surpreso que o comandante n#oestivesse ele prprio pilotando o aparelho. /ois eu lhe digo, "ennadL, em algunsanos isso será um ramo de servi&o inteiramente novo. <8ropas de $efesa 1smica<,talvez. Faverá espa&o para voc0 criar uma carreira inteiramente nova, e muitoespa&o para progredir. >uero que pense seriamente nisso. /rovavelmente será ge'neral dentro de tr0s ou quatro anos, de qualquer maneira, mas posso lhe garantir mais estrelas do que o E!ército. /or enquanto... Ele pensaria no assunto, mas n#o no interior de umhelicptero. Estamos e!aminando os planos dos espelhos e computadores que osamericanos est#o utilizando. O chefe de nosso grupo de espelhos acha que podeadaptar os projetos deles ao nosso equipamento. Gai levar cerca de um ano parae!ecutar o projeto, ele diz, mas quanto : parte de engenharia ele n#o sabe. (essemeio tempo estamos montando geradores de laser de reserva e tentando simplificar o projeto para facilitar a manuten&#o. Hsso é trabalho para mais dois anos observou Nondaren3o. /elo menos concordou o general /o3rLsh3in. Este programa n#o vai render seus frutos antes da minha partida. Hsso é inevitável. -e tivermos mais um teste

importante bem'sucedido, serei chamado a 2oscou para chefiar o ministério, e namelhor das hipteses o sistema n#o será colocado em uso antes que eu meaposente. Ele balan&ou tristemente a cabe&a. R uma coisa difícil de aceitar, olongo tempo de dura&#o desses programas. R por isso que quero voc0 aqui. /recisode um jovem que leve esse projeto até o fim. /rocurei entre muitos oficiais. Goc0 é omelhor deles, "ennadL Hosifovich. >uero que esteja aqui para assumir, quando ahora chegar.Nondaren3o ficou chocado. /o3rLsh3in o escolhera, sem dvida preferindo'o aoshomens da prpria Arma. 2as o senhor mal me conhece... (#o cheguei a general sem saber julgar as pessoas. Goc0 tem as qualidades que

procuro, e está no momento certo da carreira, pronto para um comandoindependente. -eu uniforme é menos importante do que o tipo de homem que é. Eu já enviei um tele! ao ministro sobre esse assunto.

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Bem# Nondaren3o ainda estava surpreso demais para apreciar o fato. * tudo por"ueo !elho 6isha resol!eu "ue eu era o melhor homem para azer uma !ia%em deinspe+ão# *spero "ue ele não esteja muito doente# Ele já está acordado há nove horas disse um dos agentes, quase

acusadoramente, a Gatutin.O coronel dobrou'se para espiar pelo tubo de fibra ptica, observando o prisioneiropor vários minutos. Este estava deitado, tossindo e revirando'se enquanto tentavadormir, porém seus esfor&os fracassavam. $epois disso vieram a náusea e adiarréia provocadas pela cafeína que o impedia de dormir. A seguir ele se levantou eretomou o andar em círculos que estivera praticando, na tentativa de cansar'se etrazer o sono que parte do seu corpo pedia, enquanto o restante protestava. 8ragam'no aqui em cima em vinte minutos. O coronel da ;"N olhava com ar divertido seu subordinado.Gatutin dormira sete horas e passara as ltimas duas certificando'se de que asordens dadas antes de se recolher tinham sido inteiramente cumpridas. $epois

tomou um banho de chuveiro e barbeou'se. 7m mensageiro apanhara um uniformelimpo em seu apartamento, enquanto um ordenan&a polira suas botas até brilharemcomo espelho. (o desjejum, permitira'se uma !ícara e!tra de café, trazida dorefeitrio dos oficiais no andar superior. Iez pouco'caso dos olhares dos outrosmembros do grupo de interrogatrio, n#o concedendo nem ao menos um sorrisoenigmático para indicar que sabia o que estava fazendo. -e ainda n#o sabiam, aessa altura, ao diabo com eles. >uando terminou, limpou os lábios com oguardanapo e caminhou até a sala de interrogatrio.1omo a maioria de tais salas, a mesa vazia que ela continha era mais do queaparentava. -ob a borda onde o tampo ultrapassava o apoio, encontravam'se váriosbot)es que poderiam ser pressionados sem que ninguém percebesse. Hnmerosmicrofones estavam instalados nas paredes aparentemente brancas e vazias, e onico espelho que as adornava na verdade de duas faces, de maneira que oprisioneiro podia ser observado e fotografado da sala contígua.Gatutin sentou'se e apanhou a pasta que dei!aria de lado quando Iilitov entrasse.-ua mente repassava o que pretendia fazer. Bá tinha tudo planejado, claro, atémesmo as palavras do relatrio verbal que faria ao diretor'geral "erasimov. Gerificouseu relgio, acenou para o espelho e passou os minutos seguintes preparando'separa o que viria. Iilitov chegou no horário.Ele parecia forte, porém abatido, constatou Gatutin. Era o efeito da cafeína misturada: sua ltima refei&#o. A imagem que ele projetava era dura, mas fina e quebradi&a.

Iilitov demonstrava irrita&#o agora. Antes, demonstrava também determina&#o. Nom dia, Iilitov cumprimentou Gatutin, mal olhando para cima. ;oronel Iilitov, para voc0. $iga'me, quando vai acabar essa palha&adaM*le pro!a!elmente acredita nisso tamb&m, pensou Gatutin. O prisioneiro repetirapara si mesmo tantas vezes a histria de como Gatutin colocara o filme em sua m#oque já estava a meio caminho de acreditar nela agora. Aquilo n#o era incomum. Eletomou sua cadeira sem permiss#o, e Gatutin acenou para que o carcereiro saísse dasala. >uando resolveu trair a 2#e /átriaM come&ou Gatutin. >uando voc0 resolveu parar de sodomizar rapazinhosM replicou zangado ovelho.

Iilitov... desculpe, coronel Iilitov... Goc0 está ciente de que foi preso com ummicrofilme na m#o, a apenas 4 metros de uma agente de informa&)es americana.Esse filme continha informa&)es sobre instala&)es de pesquisa de defesa altamente

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secretas, informa&)es essas que vem fornecendo há anos aos americanos. (#oe!iste dvida quanto a isso, caso tenha esquecido e!plicou pacientementeGatutin. O que estou perguntando é há quanto tempo vem fazendo issoM Gá tomar no euP rebateu 2isha. Gatutin notou um pequeno tremor em suas

m#os. -ou tr0s vezes Feri da 7ni#o -oviética. Eu já estava matando os inimigosdesse país quando voc0 ainda doía na virilha de seu pai, e tem coragem de mechamar de traidorM -abe, quando eu estava no curso secundário, lia livros sobre voc0. 2ishase!pulsando os ascisti dos port)es de 2oscou. 2isha, o tanquista endiabrado.2isha, o matador de alem#es. 2isha, liderando o contra'ataque no saliente de;ursh# 2isha... concluiu Gatutin finalmente traidor da 2#e /átria.2isha acenou com a m#o, parecendo aborrecido. (unca tive muito respeito pelos chekistas# >uando eu comandava meushomens, eles estavam lá, atrás de ns. Eram muito eficientes para atirar nosprisioneiros... prisioneiros apanhados por soldados de verdade. Eram também muito

bons em assassinar pessoas for&adas a retirar'se. Até me lembro de um caso emque um tenente chekista assumiu o comando de um grupo de tanques e levou todosaté a merda de um p%ntano. /elo menos os alem#es que matei eram homens deverdade, combatentes. Eu os odiava, mas podia respeitá'los por serem os soldadosque eram. A sua laia, por outro lado... talvez ns, os simples soldados, nuncativéssemos entendido quem era o verdadeiro inimigo. Js vezes eu me perguntoquem matou mais russos@ os alem#es ou pessoas como voc0MGatutin permaneceu impassível. O traidor /en3ovs3L recrutou voc0, n#o foiM 7ma ovaP Eu mesmo denunciei /en3ovs3L. Iilitov deu de ombros. Estavasurpreso com a maneira como se sentia, mas n#o foi capaz de se controlar. Achoque os de sua laia t0m alguma serventia. Oleg /en3ovs3L era um homem triste econfuso, que pagou o pre&o que homens assim devem pagar. 1omo voc0 pagará afirmou Gatutin. (#o posso impedi'lo de matar'me, mas vi a morte inmeras vezes. A morte levouminha mulher e meus filhos. A morte me levou muitos camaradas e tentou me levar várias vezes. 2ais cedo ou mais tarde a morte vai ganhar, vinda de voc0 ou dequalquer um. Esqueci como ter medo dela. $iga'me@ do que tem medoM (#o de voc0. Ele n#o disse isso sorrindo, mas com um olhar gelado edesafiador.

2as todos os homens temem alguma coisa observou Gatutin. 8eve medode combaterM  $h, 6isha, est alando demais# Não sabe disso0 -im, no come&o. A primeira vez que um tiro atingiu meu 8'*5, mijei na cal&a.$epois disso aprendi que a blindagem deteria quase todos os tiros. 7m homempode se acostumar ao perigo físico, e como oficial geralmente ficamos ocupadosdemais para perceber que se deveria estar com medo. A gente tem medo por todosos homens que comandamos. A gente tem medo de perder, numa miss#o de comba'te, porque outros dependem de ns. -empre temos medo da dor... n#o da morte,mas da dor. Iilitov surpreendeu'se ao falar tanto, mas já ag6entara demaisaquele idiota da ;"N. Era quase como a frenética e!cita&#o do combate, sentar'seaqui e duelar com esse homem.

Eu li que todos os homens temem o combate, e o que os sustenta é a auto'magem.-abem que n#o podem dei!ar seus camaradas perceber que s#o menos do que

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supostamente deveriam ser. Os homens, portanto, t0m mais medo da covardia doque do perigo. 80m medo de trair sua masculinidade e seus companheiros. 2ishaconcordou balan&ando levemente a cabe&a. Gatutin pressionou um dos bot)es sobmesa Iilitov, voc0 traiu seus homens. (#o percebe issoM (#o compreende que,

ao entregar segredos da defesa ao inimigo, voc0 traiu todos os homens queserviram com voc0M Gai precisar um pouco mais do que palavras para... A porta se abriu silenciosamente. O jovem que entrou usava um macac#o sujo ecoberto de gra!a, e o capacete em gomos dos tanquistas. 8odos os detalhesestavam perfeitos@ havia um fio para os interfones do tanque, e o cheiro acre deplvora invadiu a sala junto com o rapaz. O macac#o estava rasgado e chamuscado,o rosto e as m#os envoltos em ataduras. O sangue pingava do olho coberto,tra&ando uma trilha sobre a sujeira do rosto. E ele era a imagem viva de Ale3seLHlLch Komanov, cabo do E!ército Germelho, ou t#o perto disso quanto a ;"N poderiaconseguir durante uma noite de esfor&os frenéticos.

Iilitov n#o o ouviu entrar, mas parou de falar e voltou'se assim que sentiu o cheiro.-ua boca se abriu de puro choque. $iga'me, Iilitov, como acha que seus homens reagiriam se soubessem o quefezMO jovem na verdade um cabo que trabalhava para um funcionário subalterno do8erceiro $iretrio n#o disse nada. A subst%ncia química irritante em seu olhofazia'o lacrimejar, e, enquanto o adolescente tentava n#o crispar o rosto com a dor que sentia, as lágrimas corriam pelas bochechas. Iilitov n#o percebera que suacomida fora drogada ele estava há tanto tempo em Tefortovo que n#o possuíamais a habilidade de registrar as coisas que lhe estavam sendo feitas. A cafeínaproduzira o efeito e!atamente oposto ao da embriaguez. -ua mente estava t#odesperta como estivera em combate, todos os sentidos procurando estímulos,reparando em tudo o que acontecia a seu redor mas durante toda a noite nadahouve a registrar. -em dados a transmitir, sua mente come&ara a fabricar imagens, eIilitov estava tendo alucina&)es quando os guardas vieram buscá'lo. 1om Gatutinele tivera um alvo onde fi!ar sua psique. 2as 2isha também estava cansado,e!austo pela rotina a que fora submetido, e a combina&#o dos sentidos em alerta eda fadiga esmagadora colocara'o num estado parecido com o sonho, onde eleperdera a capacidade de distinguir o real do imaginário. VireEse, IilitovP gritou Gatutin. Olhe para mim quando eu falar com voc0PIiz uma pergunta@ * "uanto aos homens "ue ser!iram com !oc40

>uem... 1omo, quemM Os homens que voc0 comandava, seu velho toloP 2as... Ele voltou'se outra vez, e a figura desaparecera. Estive lendo em sua ficha todas aquelas cita&)es que voc0 escreveu sobre seushomens, mais do que a maioria dos comandantes. Hvane3o aqui, e /u3hov, e essecabo Komanov. 8odos os homens que morreram por voc0, o que eles pensariamagoraM Eles entenderiamP insistiu 2isha, totalmente dominado pela raiva. O que eles entenderiamM $iga'me, o que eles entenderiamM Fomens como voc0 é que os mataram. (#o os alem#es, mas homens comovoc0P

E seus filhos também, n#o éM RP 2eus dois belos filhos, meus dois rapazes, fortes e bonitos, que tentaramseguir meus passos e...

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-ua mulher tambémM Acima de tudo minha mulherP gritou Iilitov. Ele se inclinou sobre a mesa. Goc0s tomaram tudo de mim, seu chekista filho da puta, e ainda pergunta por que euprecisei lutar contra voc0sM (enhum homem serviu o Estado melhor do que eu, e

veja minha recompensa, veja a gratid#o do /artido. 8udo que eu tinha no mundo foitomado, e voc0 tem coragem de dizer que eu traí a )odina0 Goc0 que a traiu, etraiu a mim tambémP E por causa disso /en3ovs3L se apro!imou de voc0, e por causa disso voc0come&ou a fornecer informa&)es ao Ocidente... Goc0 nos enganou todos essesanosP (#o é uma grande proeza enganar a sua laiaP Ele deu um soco na mesa.8rinta anos, Gatutin. /or trinta anos eu... eu... ele parou, com um olhar estranhono rosto, pensando sobre o que acabara de dizer.Gatutin esperou antes de falar e quando o fez sua voz era amável@ Obrigado, camarada coronel. E o bastante por hora. 2ais tarde vamos falar 

sobre o que e!atamente voc0 forneceu ao Ocidente. $esprezo'o pelo que fez,2isha. (#o posso perdoar ou entender a trai&#o, mas voc0 é o homem maiscorajoso que já conheci. Espero que enfrente o que resta de sua vida com igualbravura. R importante agora que enfrente a si mesmo e seus crimes t#ocorajosamente como enfrentou os ascisti, para que sua vida termine com tantahonra como quando viveu. Gatutin apertou um bot#o e a porta se abriu.Os guardas levaram Iilitov, que ainda olhava seu interrogador, mais reso do quequalquer coisa. -urpreso por ter sido enganado. Iilitov n#o chegou a entender o queacontecera, mas tamb&m os outros raramente compreendiam, pensou o coronel do-egundo $iretrio. Tevantou'se também, depois de um minuto, recolhendoformalmente suas pastas, antes de sair da sala e subir as escadas.Goc0 teria sido um timo psiquiatra observou o médico em primeiro lugar. Espero que os gravadores tenham captado tudo disse Gatutin a seus técnicos. 8odos os tr0s, mais a c%mera de televis#o. Este foi o sujeito mais difícil com quem já cruzei disse ummajor. R verdade, muito difícil. 7m homem corajoso. (#o um aventureiro, nem umdissidente. Este era um patriota, ou pelo menos era o que ele pensava. >ueriasalvar o país do /artido. Gatutin sacudiu a cabe&a maravilhado. Onde v#obuscar tais idéiasMAeu diretorE%eral, lembrou'se ele, deseja "uase a mesma coisa ― ou mais

 precisamente "uer sal!ar o país para o :artido# Gatutin apoiou'se contra a paredepor um instante enquanto tentava decidir qu#o parecidos ou diferentes eram osmotivos de ambos. 1oncluiu em pouco tempo que esse n#o era um pensamentoapropriado para um simples agente de contra'espionagem. /elo menos ainda n#o.<ilito! ormou suas id&ias a partir da maneira desajeitada com a "ual o :artidotratara sua amília# Bem, embora o :artido airmasse "ue nunca cometia erros,todos sabemos "ue não & bem assim# * pena "ue 6isha não pudesse azer estaconcessão# $inal de contas, o :artido & tudo "ue temos# $outor, certifique'se de que ele descanse um pouco pediu ele ao sair. Faviaum carro esperando para levá'lo.Gatutin ficou surpreso ao constatar que já era manh#. Aps dois dias de inteira

dedica&#o, achava que seria noite. 2elhor ainda, poderia ver o diretor'geralimediatamente. O detalhe surpreendente era que, na verdade, ele estava em horáriorazoavelmente normal. /oderia ir para casa esta noite e dormir normalmente,

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reapro!imar'se de sua mulher e filhos, ver um pouco de televis#o. Gatutin sorriu parasi mesmo. 8ambém podia antever uma promo&#o. Afinal de contas, dobrara ohomem mais cedo do que prometera. Hsso devia tornar feliz o diretor'geral.Gatutin apanhou'o entre refei&)es. Encontrou "erasimov numa atitute pensativa,

olhando pela janela o tráfego da /ra&a $zerzhins3L. 1amarada diretor'geral, consegui a confiss#o anunciou Gatutin. "erasimovvoltou'se. IilitovM Nem... sim, camarada diretor'geral. Gatutin demonstrou sua surpresa."erasimov sorriu depois de um instante. $esculpe, coronel. Estava pensando num assunto operacional. Bá tem em m#osa confiss#oM (ada detalhado ainda, claro, mas ele admitiu que estava enviando segredospara o Ocidente e que vem fazendo isso há trinta anos. 8rinta anos... e durante esse tempo todo n#o descobrimos nada... observou

"erasimov em voz bai!a. R verdade admitiu Gatutin. 2as ns o apanhamos e vamos passar semanas verificando tudo o que ele comprometeu. Acho que vamos descobrir quesua coloca&#o e métodos operacionais eram muito difíceis de detectar, masaprendemos com isso, como temos aprendido em todos esses casos. $e qualquer modo, o senhor pediu a confiss#o e agora já a temos ressaltou o coronel. E!celente replicou o diretor'geral. >uando estará pronto seu relatrioescritoM Amanh#M disse Gatutin sem pensar. >uase se encolheu de medo aguardandoa resposta. Esperava ter a cabe&a cortada, mas "erasimov pensou durante infinitossegundos antes de concordar. E o suficiente. Obrigado, camarada coronel. Hsso é tudo.Gatutin obrigou'se a prestar aten&#o e bateu contin0ncia ao sair.  $manhã0,perguntou'se no corredor. 7epois de tudo, ele est disposto a esperar at& amanhã0.ue diabo8 (#o fazia nenhum sentido. 2as Gatutin tampouco tinha uma e!plica&#oimediata, e precisava fazer seu relatrio. O coronel caminhou até seu escritrio,apanhou um bloco de anota&)es e come&ou a rascunhar seu relatrio. Ent#o é esse o lugarM indagou KLan. E esse. Favia uma loja de brinquedos bem em frente, ah. 1hamava'se O 2undoda 1rian&a, acredita nissoM Acho que alguém percebeu como isso era louco, eacabaram mudando'a de lugar. A estátua no centro é de Iéli! $zerzhins3L. 7m

maldito trabalho bem'feito para um cara frio como o diabo. /erto dele FeinrichFimmler era um escoteiro. Fimmler n#o era t#o esperto observou Bac3. Gerdade. Iéli! impediu pelo menos tr0s atentados para depor T0nin, e um delesfoi bastante sério. A histria completa nunca transpirou, mas pode apostar que osregistros est#o bem ali disse o motorista.Ele era australiano, funcionário da empresa contratada para cuidar da seguran&a daembai!ada, além de e!'membro dos servi&os secretos além de e! membro  dosser!i+os secretos de seu país# (unca realizara verdadeiras atividades deespionagem pelo menos n#o para os Estados 7nidos mas freq6entementetomava parte nelas, fazendo coisas estranhas. Ele aprendera a avistar e despistar 

perseguidores pelo caminho, e isso fazia com que os russos tivessem certeza deque ele pertencia : 1HA ou era algum tipo de espi#o. -ervia também de e!celenteguia turístico. Gerificou o espelho.

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(ossos amigos ainda est#o aí. (#o espera que aconte&a alguma coisa, esperaM Geremos. Bac3 voltou'se. Eles n#o pareciam muito sutis, mas ele n#oesperava que fossem. Onde fica IrunzeM Ao sul da embai!ada, parceiro. $evia ter me dito que queria passar lá, teríamos

feito isso antes. Ele fez uma curva em <7< num local permitido, enquanto KLancontinuava olhando para trás.1omo era esperado, o [higuli parecia um Iiat antigo fez o mesmo, seguindo'os como um cachorro fiel. (o caminho passaram em frente do prédio ocupado pelosamericanos, depois pela e!'igreja ortodo!a conhecida entre o pessoal da embai!adacomo (ossa -enhora dos 2icrochips, pela quantidade de dispositivos de vigil%nciaque certamente continha. O que estamos fazendo e!atamenteM indagou o motorista. Estamos s passeando. (a ultima vez que estive aqui, a nica coisa que conhecifoi o caminho de ida e volta ao 2inistério das Kela&)es E!teriores e o interior de umpalácio.

E se nossos amigos se apro!imaremM Nem, se eles quiserem falar comigo, suponho que seja minha obriga&#o atend0'los respondeu KLan. Está falando sérioM Ele sabia que KLan trabalhava para a 1HA. /ode apostar nisso riu Bac3. -abe que eu tenho de fazer um relatrio escrito sobre coisas como essaM Goc0 tem seu trabalho, eu tenho o meu.Kodaram por mais uma hora, porém nada aconteceu. /ara desapontamento deKLan e alívio do motorista.1hegaram de maneira habitual. <Embora os pontos de cruzamento fossemescolhidos ao acaso, o carro um /lLmouth Kadiant com apro!imadamente quatroanos de uso, placa de O3lahoma parou na guarita do posto de controle da/atrulha da Ironteira. Favia tr0s homens no interior, um dos quais aparentementedormia no banco traseiro e teve de ser acordado. Noa tarde cumprimentou o patrulheiro. /osso ver sua identifica&#o, por favorM Os tr0s homens passaram as licen&as de motorista, e as fotografiasconferiam. Alguma coisa a declararM 7m pouco de bebida. $ois quartos de... quero dizer, litros de bebida para cadaum de ns. Ele observou com interesse enquanto um cachorro farejava ao redor do carro. >uer que a gente abra o porta'malasM /or que foram ao 2é!icoM

Kepresentamos a 1ummings'O3lahoma Ierramentas e 2oldes, que vendetubula&)es e equipamentos de refina&#o e!plicou o motorista. /rincipalmenteválvulas de controle de grande di%metro e maquinaria semelhante. 8entamos vender alguma coisa para a /eme!, a estatal de petrleo me!icana. O mostruário está noporta'malas. 8iveram sorteM indagou o patrulheiro. Ioi a primeira tentativa. Gamos precisar de mais algumas, eu acho. R o quegeralmente acontece.O homem com o cachorro acenou negativamente a cabe&a. -eu c#o Tabrador n#ohavia demonstrado interesse no carro. Hne!istia cheiro de drogas ou de nitratos. Ohomem no carro n#o se ajustava ao perfil. /areciam razoavelmente honestos, mas

n#o em demasia, e n#o haviam escolhido uma hora de movimento e!cessivo parafazer a travessia. Nem'vindos de volta disse o patrulheiro. 8enham uma boa viagem para

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casa. Obrigado, senhor. O motorista acenou e colocou o carro em movimento.  Até mais. (#o acredito desabafou o homem no assento traseiro, assim que se

afastaram cerca de C++ metros do posto de controle. Ele falou em ingl0s. Elesn#o t0m a menor idéia do que seja seguran&a. 2eu irm#o é major dos "uardas da Ironteira. Acho que ele teria um ataque docora&#o se visse como passamos fácil observou o motorista.Ele n#o riu. A parte difícil seria sair, e a partir de agora estavam em territrio inimigo.$irigia e!atamente : velocidade permitida, enquanto os motoristas locais passavampor eles. Ele gostava do carro americano, embora lhe faltasse pot0ncia. (uncadirigira um automvel com mais de quatro cilindros, e n#o sabia muito bem qual adiferen&a. Estivera antes nos Estados 7nidos, mas nunca para um trabalho comoeste, e nunca com t#o pouca prepara&#o. falavam um perfeito ingl0s americano, com o sotaque leve'mente cantado do

interior para coincidir com seus papéis de identifitifica&#o era como eleschamavam suas licen&as de motorista e cart)es F euro social, embora dificilmentepudessem ser chamados de <domentos<. O estranho sobre isso era que ele gostavados Estados 7nidos especialmente da fartura de comida barata e saudável. /ararianuma lanchonete a caminho de -anta Ié, de prefer0ncia um Nurger ;ing onde seentregaria : sua pai!#o por um hambrguer feito na brasa servido com alface,tomates e maionese. Esta era uma das coisas que os soviéticos achavam maissurpreendentes sobre os Estados 7nidos@ a maneira como qualquer um podia obter comida geralmente boa sem ficar numa fila do tamanho de um quarteir#o. ;oEmo podiam os americanos ser tão bons em tareas diíceis como produ+ão edistribui+ão de alimentos, pensou ele, e ser tão est'pidos em coisas simples comose%uran+a ade"uada0 Eles simplesmente n#o faziam sentido, porém era errado perigoso desdenhar deles. 1ompreendia isso. Os americanos jogavam por umconjunto de regras t#o diferentes que chegavam a ser incompreensíveis... E haviatanto ao acaso por aquiP Aquilo assustava o agente da ;"N de uma maneirafundamental. (#o se podia saber para que lado iriam pular, mais do que se podiaprever o comportamento de um motorista numa estrada. Acima de qualquer outracoisa, era o acaso que o lembrava estar em solo inimigo. Ele e seus homensprecisavam ser cuidadosos e ater'se ao treinamento recebido. Iicar : vontade numambiente estranho era a rota mais curta para o desastre a li&#o fora marteladadurante todo o tempo na academia. -implesmente havia muitas coisas que o

treinamento n#o podia fazer. A ;"N mal podia prever o que o governo americanofaria. (#o havia maneira de estar preparado para as a&)es individuais de mais de4++ milh)es de pessoas que pulavam de uma decis#o para outra.*ra isso, pensou ele. /recisavam tomar muitas decis/es a cada dia. >ue comidacomprar, que estrada escolher, que carro dirigir. Ele imaginou quantos de seuscompatriotas suportariam tal carga de decis)es, for&ada dia aps dia. -eria o caos,ele sabia. Kesultaria em anarquia, e este era historicamente o grande temor dosrussos. "ostaria de ter estradas como essas em casa disse o homem pr!imo a ele.O que estava no banco traseiro dormia, desta vez de verdade. Ambos vinham pelaprimeira vez. aos Estados 7nidos. A opera&#o fora preparada com muita rapidez.

Oleg tinha feito vários trabalhos na América do -ul, sempre usando a cobertura dehomem de negcios americano. 1omo moscovita, recordou que lá, uma vezpassados 4+ quil9metros do anel rodoviário e!terno, todas as estradas eram de

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cascalho ou simplesmente de terra. A 7ni#o -oviética n#o tinha uma nica estradapavimentada que levasse de um e!tremo a outro. O motorista, cujo nome eraTeonid, pensou a respeito. $e onde viria o dinheiroM

R verdade concordou Oleg, cansado. Giajavam há mais de dez horas. 2aspoderíamos ter estradas t#o boas quanto o 2é!ico. Fum. Nesse caso as pessoas teriam "ue escolher aonde ir, e nin%u&m seimportaria em ensinarElhes como azer isso# Ele olhou para o relgio no console.2ais seis horas, talvez sete. A capita 8%nia NisLarina chegou : mesma conclus#o ao verificar o relgio no painelde seu Golvo. O <aparelho< nesse caso n#o era uma casa, mas um velho reboqueque parecia mais do tipo usado como escritrio mvel por empreiteiros eengenheiros. 1ome&ara como moradia, depois como escritrio, até ser abandonadopor uma firma de engenharia alguns anos atrás, ao completar um servi&o nas colinasem volta de -anta Ié. A rede de esgotos que estavam instalando num loteamento

n#o chegou a ser terminada. O empreiteiro perdeu seu financiamento, e apropriedade ainda estava embargada por litígios nos tribunais. A localiza&#o eraperfeita, perto da rodovia interestadual, pr!ima : cidade, mas escondida atrás deuma serra e marcada apenas por um acesso de terra, que nem mesmo osadolescentes locais haviam descoberto para usar como ponto de encontro depoisdos bailes. >uanto : visibilidade, era boa e ruim ao mesmo tempo. /inheirosescondiam o reboque de vista, mas em compensa&#o permitiam a apro!ima&#o declandestinos. /recisariam postar um vigia do lado de fora. Nem, n#o se podia ter tudo. Ela entrou com as luzes apagadas, tendo calculado sua chegada para umahora na qual a estrada mais pr!ima estivesse efetivamente deserta. $a traseira doGolvo ela descarregou dois sacos de mantimentos. O reboque n#o possuíaeletricidade, e toda a comida era imperecível. Hsso significava que a carne consistiaem salsichas enroladas em plástico, havendo também uma dzia de latas desardinha. Os russos as adoravam. 7ma vez arrumados os mantimentos no interior,ela apanhou uma pequena valise no carro e colocou'a pr!ima aos dois jarros deágua no precário banheiro.8eria preferido cortinas nas janelas, mas n#o era uma boa idéia alterar muito aapar0ncia do trailer# (em era uma idéia brilhante estacionar um carro ali. $epois queo grupo chegasse, iriam até um local coberto de vegeta&#o C++ metros acima daestrada de terra, para dei!á'lo lá. 8eriam de estar preparados para esse pequenoinconveniente. Estabelecer esconderijos seguros principalmente <aparelhos<

nunca t#o fácil quanto as pessoas pensavam, mesmo em lugares abertos como osEstados 7nidos.-eria muito mais fácil se tivesse tido um aviso em tempo decente, mas estaopera&#o fora montada virtualmente durante a noite, e o nico lugar que possuía eraaquele tosco reboque, alugado logo aps sua chegada. A inten&#o inicial n#o eraoutra sen#o ter um lugar para sumir por uns tempos, ou talvez ocultar sua agente sepor acaso se tornasse necessário. A inten&#o nunca fora utilizá'lo para a miss#o emandamento, mas n#o houvera tempo para outras provid0ncias. A nica alternativaera sua prpria casa, e isso ficava definitivamente fora de quest#o. NisLarinaimaginou se seria repreendida por n#o ter descoberto um local melhor, mas sabiaque seguira : risca suas instru&)es, como em todas as suas opera&)es de campo.

 A mobília era funcional, apesar de suja. -em nada melhor para fazer, come&ou alimpá'la. O líder do grupo que estava a caminho era um agente graduado. (#o lheconhecia o nome nem o rosto, mas seu posto tinha de ser mais alto que o seu para

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este tipo de trabalho. >uando o nico sofá do reboque ficou razoavelmenteapresentável, ela se esticou para tirar uma soneca, tendo primeiro o cuidado deajustar o pequeno despertador para acordá'la dentro de algumas horas. /arecia quetinha acabado de deitar'se quando a campainha arrancou'a do colch#o de vinil.

Eles chegaram uma hora aps o amanhecer. A sinaliza&#o das estradas facilitou, eTeonid tinha o caminho totalmente memorizado. 1inco milhas ele precisavapensar em milhas agora fora da rodovia estadual, virou : esquerda numa estradalateral. Togo depois de um anncio de cigarros, viu a estrada de terra que parecian#o conduzir a lugar nenhum. $esligou as luzes do carro e enveredou pelaestradinha, tendo o cuidado de n#o pisar no breque para que as luzes de freio n#oos denunciassem entre as árvores. $epois da primeira subida, a estrada formava umdeclive e fazia uma curva para a direita. Tá estava o Golvo. /r!ima a ele havia umafigura.Ioi um momento de tens#o. Ele estava fazendo contato com um colega da ;"N,mas sabia de casos em que as coisas n#o tinham corrido muito bem. /u!ou o freio

de m#o e saiu do carro. Está perdidoM perguntou uma voz de mulher. Estou procurando a Gista da 2ontanha respondeu ele. Iica do outro lado da cidade disse ela. Ah, ent#o devo ter tomado a saída errada. Ele percebeu o alívio dela quandoa seq60ncia foi completada. 8%nia NisLarina. /ode me chamar de Ann. -ou Nob disse Teonid. (o carro est#o Nill e TennL. 1ansadosM Estamos dirigindo desde o anoitecer de ontem respondeu Teonid\Nob. /ode dormir lá dentro. 8em comida e bebida. (#o tem eletricidade nem águacorrente. /rovidenciei duas lanternas e um lampi#o a querosene... que pode ser usado para ferver a água do café. >uando vai serM Esta noite. Teve seu pessoal para dentro, e eu lhe mostro onde estacionar ocarro. E quanto : fugaM Ainda n#o sei. A tarefa de hoje já é bastante comple!a. Aquilo a lan&ou nadescri&#o da opera&#o.O que a surpreendeu, embora n#o devesse, foi o profissionalismo dos tr0s homens.1ada um deles devia estar se perguntando o que a 1entral de 2oscou tinha em

mente quando ordenou essa opera&#o. O que estavam fazendo era insano em si,sem mencionar o tempo em que precisava ser realizado. 2as nenhum dos quatrodei!ou que os sentimentos pessoais interferissem com o trabalho. A opera&#o foraordenada pela 1entral, e 2oscou sabia o que estava fazendo. 8odos os manuaisafirmavam isso, e os agentes de campo acreditavam, mesmo quando céticos.Neatrice 8aussig acordou uma hora depois. Os dias ficavam mais longos, e agora osol n#o batia mais em seu rosto enquanto dirigia para o trabalho. Em vez dissobrilhava pela janela do quarto de dormir como um olho acusador. Foje, pensou, aaurora marcava o que deveria ser realmente um novo dia, e ela preparou'se para ir ao seu encontro. 1ome&ou com um banho de chuveiro e o uso do secador nocabelo. -ua máquina de café já estava ligada, e ela tomou a primeira !ícara

enquanto decidia o que vestir. $isse a si mesma que era uma decis#o importante, eachou que devia ingerir mais do que café e bolinho de milho. A a&#o requer energia,repetiu ela gravemente, fritando dois ovos. 8eria que lembrar'se de ser frugal na

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hora do almo&o, pois mantivera o peso constante nos ltimos quatro anos e eracuidadosa com sua apar0ncia. Alguma roupa com babados, decidiu 8aussig. (#o tinha muitas assim, mas talvez ocostume azul... Ela ligou a televis#o enquanto fazia o desjejum, captando o noticiário

da 1((, a 1able (eXs (etXor3, sobre as negocia&)es de armamentos em 2oscou.8alvez o mundo se tornasse mais seguro, e era bom pensar que ela trabalhava por isso. 2etodicamente, colocou os pratos usados no escorredor da lavadora antes devoltar ao quarto. O costume azul rendado estava um ano fora de moda, mas poucosno /rojeto iriam reparar as secretárias, sim, mas quem ligava para elasM 1olocouuma echarpe de l# ao redor do pesco&o para mostrar que Nea ainda era Nea.8aussig chegou : vaga reservada para ela no horário habitual. O passe deseguran&a saiu da bolsa e foi pendurado ao pesco&o, preso por uma corrente deouro, e ela cruzou a porta, passando pelos pontos de controle. Nom dia, doutora cumprimentou um dos guardas.7e!e ser o traje, pensou Nea. $e qualquer modo, deu'lhe um sorriso, o que tornou a

manh# incomum para ambos. Ioi a primeira a chegar em seu escritrio, comosempre. Hsso significava que podia regular a máquina de café da maneira quegostava, bem forte. Enquanto a água fervia, ela abriu seu armário lacrado e retirou opacote no qual estivera trabalhando no dia anterior.-urpreendentemente, a manh# passou mais depressa do que esperava. O trabalhoajudou. /recisava entregar uma análise de proje&#o de custos por volta do fim dom0s, e para fazer isso devia folhear uma verdadeira montanha de papéis, a maioriados quais já fotografara e passara a Ann. Era muito conveniente possuir umescritrio privativo com porta e uma secretária que sempre batia antes de entrar.-ua secretária n#o a apreciava, mas 8aussig n#o ligava muito para ela, uma crentecuja idéia de divers#o era entoar hinos. Bem, muitas coisas mudariam, disse a simesma. Este era o dia. Ela vira o Golvo no dri!eEin, estacionado no lugar apropriado. Oito'ponto'um no medidor de ere&#o disse /eggL Bennings. Goc0 devia ver as roupas que ela compra. Ent#o ela é e!c0ntrica concedeu Qill /er3ins com toler%ncia. Goc0 v0 alguma coisa que eu n#o vejo, /eg. Além do mais, eu a vi quandochegou de manh#, e ela parecia razoavelmente decente, e!ceto talvez pela echarpe. Algo de diferenteM indagou Bennings. 1olocou os sentimentos pessoais delado. (#o. Ela levanta cedo demais, mas talvez demore para se arrumar de manh#.(#o vejo nenhum motivo especial para continuar a vigil%ncia. A lista era longa, e

havia falta de pessoal. -ei que voc0 n#o gosta de homosse!uais, /eg, mas n#ot0m confirma&#o nenhuma ainda. 8alvez n#o goste da garota sugeriu ele. Ela é desembara&ada no jeito de ser, mas conservadora nas roupas. Ialademais sobre muitas coisas, mas nunca de trabalho. R uma verdadeira cole&#o decontradi&)es. * isso se encaixa pereitamente no peril, dispensou'se deacrescentar. 8alvez ela n#o fale sobre trabalho porque sabe que n#o deve fa lar, como osidiotas da seguran&a aconselham. Ela dirige como uma ocidental, sempre compressa, mas usa roupas conservadoras... 8alvez goste da maneira como as roupascaem nela. /eg, n#o pode ser desconfiada com tudo. /ensei que esse fosse o nosso trabalho. Bennings bocejou. E!plique o que

vimos na outra noite. (#o posso e!plicar, mas voc0 está colocando sua imagina&#o para trabalhar.(#o há nenhuma prova, /eg, para justificar um aumento de vigil%ncia. Olhe aqui,

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depois de verificarmos os outros da lista, voltamos a ela. Hsso é loucura, Qill. 8emos um suposto vazamento num projeto de altaseguran&a e somos obrigados a ficar pisando em ovos, com medo de ofender alguém. A agente Bennings levantou'se e caminhou até sua escrivaninha.

(#o foi longa a caminhada. A ag0ncia local do INH estava superlotada com gentevinda do escritrio de contra'espionagem, e o pessoal da sede se acomodara nasala de refei&)es. As <escrivaninhas< eram mesas do refeitrio, na verdade. /ois vou dizer uma coisa@ a gente podia pegar todas as pessoas que tiveramacesso ao material copiado e colocarmos todas na caixa# Hsso significava sujeitar todo mundo a um teste com o detector de mentiras.$a ltima vez que isso fora feito, quase come&ou uma revolu&#o em -ea ;lipper# Oscientistas e engenheiros n#o eram do ramo de informa&)es para compreender anecessidade dessas medidas, mas acad0micos que consideravam todo esseprocesso como um insulto ao seu patriotismo. Ou um jogo@ um dos engenheiros deprograma&#o tentara até mesmo usar técnicas de bioeedback para estragar o

resultado. O principal efeito desse esfor&o, dezoito meses mais tarde, fora mostrar que o pessoal científico tinha um bocado de hostilidade em rela&#o aos vagabundosda seguran&a, o que em absoluto foi uma surpresa. O que finalmente detivera oteste foi o irado artigo de um cientista graduado que provava n#o terem sidodetectadas algumas das mentiras que ele contou deliberadamente. Aquilo, mais acontrovérsia causada dentro de várias se&)es, acabou com os testes antes que oprogramafosse completado. 8aussig n#o esteve na cai!a da ultima vez observou Bennings. Ela verificou. (inguém do pessoal administrativo esteve. A revoltaacabou com o programa antes que chegasse a vez deles. Ela foi uma das que Ioi por causa do pessoal da programa&#o, que lhe encaminhou os protestos. Elapertence : administra&#o, n#o se esque&a, e precisa manter felizes os cientistas. /er3ins também verificara. Olhe, se está t#o certa sobre isso, podemos voltar aela mais tarde. Eu pessoalmente n#o vejo motivo, mas confio em seus instintos... -que no momento temos um monte de gente para verificar.2argaret Bennings declarou sua rendi&#o. /er3ins tinha raz#o, afinal de contas. (#ohavia nada slido em que se apoiar. 2as ela... o "u40, indagou'se Bennings. Elaachava que 8aussig era lésbica em si já n#o significava tanto, como atestavam ostribunais e n#o havia prova palpável. 8r0s anos atrás, logo antes de ingressar nosetor de contra'espionagem, atuara num caso de rapto envolvendo um casal de...

1ompreendeu também que /er3ins estava adotando uma atitude mais profissional.Embora fosse mrmon e de caráter mais reto que uma flecha, ele n#o dei!ava queseus sentimentos pessoais interferissem com o trabalho. O que ela n#o conseguiufoi livrar'se do sentimento em suas entranhas, que a despeito de toda a lgica ee!peri0ncia lhe dizia estar certa. 1erta ou errada, ela e Qill tinham ainda seis re'latrios a preencher antes que pudessem sair a campo. - se podia passar metadedo tempo em a&#o, agora. O restante era sempre passado : escrivaninha oumesa de almo&o convertida , e!plicando :s pessoas o que se fazia quando n#o seestava ali. Al, aqui é Nea. /odia dar uma passadinha em meu escritrioM 1laro. /asso aí em cinco minutos.

Stimo. ObrigadaP 8aussig desligou. Até mesmo Nea admirava "regorL por sua pontualidade. Ele entrou pela portae!atamente no horário.

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Espero n#o ter interrompido nada.(#o. Fá mais um teste de simula&#o de geometria de alvo em andamento, mas n#oprecisam de mim para isso. O que houveM perguntou o major "regorL, elogiandoa seguir a roupa de Nea.

Obrigada, Al. /reciso que me ajude com uma coisa. O que éM R um presente de aniversário para 1andi. Gou apanhá'lo hoje : tarde e precisode alguém para me ajudar. R mesmoP $aqui a tr0s semanas, n#oM8aussig sorriu para Al. Até mesmo os barulhos que ele fazia eram de monstrinho. Gai ter que come&ar a lembrar esse tipo de coisa. O que voc0 está comprando para elaM R uma surpresa, Al. Iez uma pausa. 7ma coisa que 1andi precisa. Goc0vai ver. 1andi veio de carro hoje, n#o veioM R, e ela precisa ir ao dentista depois do servi&o.

Ent#o n#o lhe diga nada, por favor. Gai ser uma grande surpresa e!plicou Nea.Ele percebeu que isso era o má!imo que ela conseguia fazer para manter o rostoimpassível. $evia ser uma bela surpresa, ent#o. Está certo, Nea. Gejo voc0 :s Dh. Acordaram depois do meio'dia. Nob foi até o banheiro antes de lembrar'se de quen#o tinham água corrente. Gerificou pelas janelas se havia alguma atividade lá foraantes de sair. >uando voltou, os outros já estavam fervendo água. 8inham apenascafé instant%neo, mas NisLarina comprara uma marca decente, e o restante dacomida para desjejum era tipicamente americano, cheio de a&car. Eles sabiam quen#o precisavam disso. >uando todos terminaram a rotina <matinal<, apanharam seusmapas e equipamentos para repassar os detalhes da opera&#o. /or um período detr0s horas e!aminaram tudo, até que cada homem soubesse e!atamente o queprecisava acontecer.* l esta!a, disse o Arqueiro a si mesmo. As montanhas sempre proporcionam boasvistas. (esse caso, o objetivo ainda estava a duas noites de marcha, a despeito dofato de que podiam v0'lo no momento. Enquanto seus subordinados acomodavamos homens em esconderijo, ele apoiou o binculo contra uma pedra e e!aminou olocal. 7ns 4D quil9metros de dist%ncia, calculou ele, verificando o mapa a seguir. Hs'so mesmo. 8eria de levar seus homens para bai!o, atravessar um riacho, depoispela encosta numa escalada perigosa, até onde fariam o ltimo acampamento... lá.1oncentrou sua vis#o no local, a D quil9metros do objetivo propriamente dito,

escondido da vista pelas escarpas. A escalada final seria muito difícil, mas queescolha haviaM Ele poderia conceder uma hora de descanso antes do ataque. Hssoajudaria e lhe daria tempo para instruir os homens sobre suas miss)es individuais,além de tempo para rezar. -eus olhos se voltaram para o objetivo.Obviamente as obras de constru&#o ainda continuavam, mas nesse tipo de lugar nunca paravam de construir. Ioi bom estarem agora a pontoo de atacá'lo. Em maisalguns anos o local seria ine!pugnável.2esmo agora...-eus olhos tentaram distinguir detalhes. 2esmo com o binculo era difícil en!ergar qualquer coisa menor do que as torres de vigia. J primeira luz da aurora podia ver as constru&)es individualmente. 8eriam de apro!imar'se mais para descobrir os

detalhes dos quais dependiam os planos de ltima hora, mas por ora seu interesseprendia'se : terra. >ual seria a melhor maneira de acercar'seM 1omo aproveitar amontanha em seu favorM -e o local fosse mesmo guardado pelas tropas da ;"N,

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como afirmavam os documentos da 1HA que e!aminara, ele sabia que eram t#opregui&osos quanto cruéis.-orres de !i%ia, tr4s delas do lado norte# 7e!e ha!er uma cerca ali# * minas0,pensou ele. 1om minas ou n#o, teriam de agir rápido contra as torres. /ossuíam

metralhadoras pesadas e contavam com uma visibilidade total do terreno. 1omopoderiam fazer aquiloM Ent#o esse é o lugarM O e!'major do E!ército abai!ou'se a seu lado. Os homensM 8odos escondidos respondeu o major. Iicou um minuto e!aminando o localem sil0ncio. Tembra'se das histrias sobre as fortalezas da seita dos assassinos,na -íriaM AhP O Arqueiro voltou'se. Ent#o era isso que a constru&#o lhe recordava. Ecomo foi tomadaMO major sorriu, mantendo os olhos em seu objetivo. 1om mais recursos do que ns possuímos, meu amigo... -e algum dia

fortificarem toda a colina, seria necessário um regimento com apoio de helicpterosaté mesmo para penetrar no perímetro. 1omo planeja fazerM Em dois grupos. 1oncordo.O major n#o concordava com nada daquilo. -eu treinamento todo ele fornecidopelos russos lhe dizia que essa miss#o era uma loucura com uma for&a t#opequena, porém antes de contrariar um homem como o Arqueiro ele teria dedemonstrar habilidade em combate. E isso significava assumir riscos loucos. (essemeio tempo, o major tentou aplicar suas táticas na dire&#o certa. As máquinas est#o na colina do norte. As pessoas est#o na colina ao -ul. Enquanto observavam, os faris dos 9nibus moviam'se de um local para o outro.Era hora da troca de turnos. O Arqueiro considerou isso por um momento, masprecisava n#o s realizar o ataque na escurid#o como partir na escurid#o sepretendiam ter alguma chance de escapar. -e pudermos nos apro!imar sem ser vistos... /osso fazer uma sugest#oM perguntou em voz bai!a o major. 1ontinue. Tevar todos juntos até a eleva&#o no centro, depois atacar pelas duas encostas. R perigoso observou imediatamente o Arqueiro. 2uito espa&o aberto a ser percorrido de ambos os lados. 8ambém é mais fácil de ser atingido sem sermos vistos. A apro!ima&#o de um

grupo é menos provável de ser notada que a de dois. /odemos colocar aqui asarmas pesadas, que poder#o observar e dar cobertura aos dois ataques... Aqui estava a diferen&a entre um combatente por instinto e um soldado treinado,admitiu o Arqueiro para si mesmo. O major sabia medir as chances melhor do queele. 8enho dvidas sobre as torres de vigia... O que voc0 achaM (#o estou certo. Eu... O major empurrou a cabe&a de seu comandante parabai!o. 7m momento depois um avi#o zuniu pelo vale. Aquele foi um 2i"'4C, vers#o de reconhecimento. (#o estamos lidando comgente burra. Olhou para trás a fim de verificar se seus homens continuavamescondidos. 8alvez tenham tirado uma fotografia nossa.

-erá que eles... (#o sei. 8eremos de confiar em $eus, meu amigo. Ele n#o permitiu queviéssemos t#o longe para falhar disse o major, imaginando se seria verdade ou

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n#o. Ent#o, aonde vamosM perguntou "regorL no estacionamento. Encontre'me no shoppin% center, do lado sul do estacionamento, certoM -espero que caiba no carro.

Gejo voc0 lá. "regorL caminhou até o automvel e partiu. Nea aguardoualguns segundos antes de seguir. (#o havia sentidoem que reparassem que saíram ao mesmo tempo. Estava e!citada agora e, paracombater o sentimento, tentou dirigir devagar, algo t#o alheio ao seu modo de ser que simplesmente aumentou a e!cita&#o. 1omo se tivesse vontade prpria, o$atsun pareceu escolher o prprio caminho, mudando marchas e pistas. Ela chegouao estacionamento vinte minutos depois. Al estava esperando. Ele dei!ara o carro adois espa&os de uma pe'5+Vbem distante da primeira loja. Escolhera mais ou menos o lugar adequado, reparouNea 8aussig enquanto estacionava ao lado do carro .

/or que demorouM quis saber ele. (#o estava com pressa de verdade. Agora o que fazemosMNea n#o sabia. 8inha conhecimento do que iria acontecer, mas n#o de como elesplanejaram faz0'lo n#o sabia nem se havia um <eles< para fazer aquilo. 8alvez Ann fosse manejar sozinha as coisas. Ela riu para encobrir o nervosismo. Genha disse, acenando para que ele a seguisse. $eve ser um presente e tanto, esse declarou "regorL. A sua direita, reparouque um carro saía da vaga.Nea notou que o estacionamento estava cheio de carros, mas n#o de pessoas. Oscompradores da tarde haviam voltado para suas casas, os recém'chegadosaumentavam suas atividades, e os freq6entadores dos cinemas s chegariam dali auma hora, mais ou menos. 2esmo assim, ficou tensa enquanto seus olhos corriampara a esquerda e para a direita. Ela deveria estar a uma pista da entrada docinema. A hora estava correta. -e algo desse errado, pensou nervosamente, teria deescolher um presente grande e pesado. 2as n#o precisou chegar a isso. Anncaminhava em sua dire&#o. - carregava uma grande bolsa. Oi, AnnP chamou 8aussig. Oi, Nea. Este é o major "regorLM Oi cumprimentou Al, enquanto tentava se lembrar se conhecia ou n#o essamulher. Al n#o tinha uma memria fision9mica, t#o ocupado ficava o seu cérebro com

nmeros. (s nos conhecemos no ltimo ver#o declarou Ann, confundindo'o aindamais. O que está fazendo aquiM perguntou 8aussig : sua controladora. Apenas compras rápidas. 8enho um encontro hoje : noite e precisava comprar...bem, eu lhe mostro.Ela enfiou a m#o na bolsa e retirou o que "regorL pensou ser um aerossol deperfume ou como quer que chamem esses borrifadores, meditou ele, enquantoesperava. Estava contente por 1andi n#o ser assim. Ann pareceu espalhar umpouco de perfume em seu pulso e segurá'lo pr!imo ao nariz de Nea, enquanto umcarro avan&ava pela pista.

1andi iria adorar... O que acha, AlM perguntou Nea, enquanto apro!imava o frascodo rosto do major. FumM (esse momento seu rosto ficou cheio de ess0ncia de noz'moscada,

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subst%ncia química irritante. Ann calculara perfeitamente o tempo, aspergindo o líquido quando "regorLinspirava, apontando por bai!o dos culos diretamente nos olhos. /areceu que orosto fora envolvido em fogo, a dor penetrando pelos pulm)es. (um instante ele

ficou de joelhos, com as m#os na face. (#o conseguiu gritar nem p9de ver o carroque parou a seu lado. A porta se abriu, e o motorista deu apenas meio passo parafora antes de golpeá'lo do lado do pesco&o.Nea observou quando o corpo amoleceu. 8#o  pereito, pensou ela. A porta traseirado carro se abriu e m#os saíram para agarrar os ombros de "regorL. Nea e Annajudaram com as pernas, e o motorista entrou novamente. Enquanto a porta traseirase fechava, as chaves do carro do major voaram pela janela na dire&#o delas, e o/lLmouth deslizou para longe, praticamente sem ter parado.(o mesmo instante, Ann olhou em volta. (inguém os vira, certificou'se, enquanto elae Nea andavam na dire&#o oposta :s lojas, para onde os carros estavamestacionados.

O que v#o fazer com eleM perguntou Nea. /or que se importaM respondeu sem demora NisLarina. Goc0s n#o v#o... (#o, n#o vamos matá'lo. Ann imaginou se isso seria ou n#o verdadeiro. (#o sabia, apenas suspeitava queum assassinato n#o estivesse nos planos. Eles haviam quebrado uma regrainviolável. Era o bastante para um dia.

""/edidas R0idasTeonid, ou TennL, cujo disfarce e!igia que dissesse </ode me chamar de Nob<,dirigiu'se para o e!tremo mais distante do estacionamento. /ara uma opera&#ocarente de planejamento, a parte mais perigosa correra muito bem. TennL, no bancotraseiro, tinha a miss#o de controlar o oficial americano que haviam acabado deseq6estrar. $e complei&#o atlética, ele participara dos comandos Apetznaz# Nill, nobanco da frente, fora designado para a miss#o por ser um especialista emespionagem científica o fato de que seu campo fosse a engenharia química n#oabalara 2oscou. O caso e!igia um especialista científico, e ele representava o que

possuíam de mais parecido.(a traseira, o major "regorL come&ou a gemer e agitar'se. A pancada em seupesco&o fora suficiente para atordoar, mas n#o para produzir nada mais sério queuma forte dor de cabe&a. (#o haviam de ter passado por tudo aquilo e matar ohomem acidentalmente, coisa que já acontecera no passado. /elo mesmo motivoele n#o fora drogado, prática mais perigosa do que em geral se acredita, que certavez matara um fugitivo soviético, impedindo os homens do -egundo $iretrio de ter acesso :s suas informa&)es. /ara TennL, ele parecia uma crian&a acordando de umlongo sono. O cheiro da subst%ncia química contida na ess0ncia era t#o forte quetodas as janelas foram mantidas abertas alguns centímetros, a fim de n#o atordoar os agentes da ;"N. "ostariam de colocar amarras e morda&a no prisioneiro, mas

elas causariam problemas se avistadas. TennL era capaz de controlar o americano,claro. Nastavam cuidado e e!peri0ncia, n#o dando nada como garantido. /elo quesabiam, o passatempo de "regorL poderia ser artes marciais coisas das mais

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estranhas já tinham acontecido. >uando ele ficou vagamente consciente, a primeiracoisa que viu foi um silenciador de pistola automática pressionado contra seu nariz. 2ajor 2re%ory, disse TennL, utilizando propositadamente o sotaque russo. -abemos que é um jovem brilhante e talvez também corajoso. -e resistir será morto

mentiu ele. -ou muito hábil nisso. Goc0 n#o vai dizer nenhuma palavra epermanecerá imvel. -e fizer isso, nenhum mal vai lhe acontecer. -e entende o queeu digo, acene com a cabe&a..."regorL estava completamente consciente. (#o chegara a perder os sentidos,apenas sentia'se atordoado pela pancada que ainda fazia doer sua cabe&a, comoum bal#o inflado. -eus olhos lacrimejavam como uma torneira vazando, e cadainspira&#o parecia acender uma fogueira em seu peito. 8entara reagir quando ocolocavam no carro, mas seus membros haviam ignorado as ordens frenéticasenquanto a mente se enfurecia. (esse instante, alcan&ou'o um pensamento@ I por isso "ue odeio Bea# (#o eram suas maneiras afetadas e o jeito esquisito de vestir que o incomodavam. $ei!ou isso de lado no momento. 8inha coisas mais

importantes para preocupar'se, e sua mente corria como nunca antes. Ele acenouem concord%ncia. 2uito bem ouviu'se a voz, enquanto bra&os fortes o retiravam do soalho paracolocá'lo no banco traseiro. A ponta metálica da pistola apoiou'se agora em seupeito, sob o bra&o esquerdo do homem. O efeito do irritante químico vai passar em mais ou menos uma hora avisouNill. (#o haverá nenhum dano permanente. >uem s#o voc0sM perguntou Al. -ua voz era um mero sussurro, áspera comoli!a. TennL lhe disse para ficar quieto respondeu o motorista. Além do mais, umsujeito t#o inteligente como voc0 já deve saber quem somos. Estou certoM Nobolhou pelo retrovisor e foi recompensado com um aceno.)ussos8,  Al disse a si mesmo numa combina&#o de assombro e certeza. )ussosa"ui, azendo uma coisa dessas### :or "ue "uerem a mim0 Aer "ue !ão me matar0-abia que n#o podia acreditar em nada do que dissessem. Ialariam qualquer coisapara mant0'lo sob controle. -entiu'se como um idiota. Ele devia agir como homem ecomo oficial, mas em vez disso estava t#o indefeso quanto uma garotinha de C4anos e chorando como uma também, reparou ele, odiando cada lágrima que lhepingava nos olhos. (unca em sua vida "regorL sentira tamanha raiva. Olhou para adireita e compreendeu que n#o tinha a mínima chance. O homem com a arma tinhaquase o dobro de seu peso, e além disso ainda havia a arma apoiada em seu peito.

Os olhos de "regorL agora piscavam quase como limpadores de pára'brisa de umcarro. (#o conseguia en!ergar direito, mas p9de perceber que o homem oobservava com interesse clínico, sem nenhuma emo&#o nos olhos. /arecia ser umprofissional na aplica&#o de viol0ncia. Apetznaz, comandos russos de <objetivosespeciais<, pensou "regorL imediatamente Al inspirou fundo, ou antes, tentou.>uase e!plodiu num acesso de tosse. R melhor voc0 n#o fazer isso advertiu o homem no assento da frente. Hnspire aos poucos. O efeito passa aos poucos. ;oisa mara!ilhosa essa ess4nciachamada 6ace, pensou Nill. *, nos *stados 3nidos, "ual"uer um podia comprar uma lata# Aurpreendente#Nob já havia saído do enorme estacionamento, dirigindo de volta ao <aparelho<.

8inha o caminho gravado na memria, claro, embora n#o estivesse completamente: vontade. (#o pudera percorr0'lo previamente, nem medir o tempo ou estudar rotasalternativas, mas já passara tempo suficiente nos Estados 7nidos para saber como

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dirigir dentro da lei e com cuidado. O tr%nsito da regi#o era melhor do que nonordeste do país, a n#o ser nas rodovias interestaduais, onde cada ocidental se julgava com o direito de dirigir feito um maníaco. 1omo n#o estava na interestadual,e sim naquela estrada de quatro pistas, o tráfego da hora do rush fluía compacta e

ininterruptamente. 1ompreendeu que sua estimativa de tempo fora no mínimootimista, mas isso n#o importava. TennL n#o teria problemas para controlar seu hs'pede. Estava escuro, poucas luzes acesas nas ruas, e o carro deles era apenasmais um entre os que se dirigiam para casa depois do e!pediente.NisLarina já se encontrava a V quil9metros de dist%ncia, indo na dire&#o oposta. Ointerior do carro estava em pior estado do que imaginara. -endo uma pessoaasseada, ficou chocada ao perceber que o jovem literalmente cobrira o soalho docarro com embalagens plásticas de algum tipo, e ela perguntou'se por que o 1hevLn#o estava cheio de formigas. Essa idéia fez arrepiar sua pele. Gerificou o retrovisor para certificar'se de que 8aussig estava logo atrás. $ez minutos depois ela chegou aum bairro de classe média. 8odas as casas possuíam alamedas para entrada de

carros, mas muitas famílias ali tinham mais do que um veículo, e vários estavamestacionados na rua. Ela encontrou uma vaga pr!ima a uma esquina e parou. O$atsun de 8aussig apareceu ao lado do 1hevL, que ficou ali, apenas mais um carroestacionado ao meio'fio. >uando 8aussig parou no semáforo seguinte, NisLarinaabai!ou o vidro e atirou as chaves de "regorL por uma boca de lobo. 1om aquilo,terminava para ela a parte mais perigosa da miss#o. -em precisar de ordem,8aussig tomou o caminho de volta ao shoppin% center, onde NisLarina apanharia seuGolvo. 8em certeza de que n#o v#o matá'loM quis saber Nea, depois de um minuto. 8enho, Nea respondeu Ann. Ela perguntou'se por que 8aussig seconscientizará t#o subitamente. -e adivinhei corretamente, talvez ele tenha atéuma chance de continuar seu trabalho... em algum outro lugar. -e cooperar, ent#oserá muito bem tratado. G#o até arrumar uma namorada para ele, n#o v#oM R uma forma de manter os homens felizes admitiu NisLarina. /essoas felizes trabalham melhor. Stimo comentou 8aussig, surpreendendo sua controladora um bocado.E!plicou logo depois@ (#o quero que ele se machuque. O que sabe vai ajudar osdois lados a tornar o mundo mais seguro. * o "uero ora do meu caminho, pensou. Ele é muito valioso para que alguém o machuque observou Ann.  $ menos "ue

al%o corra errado, nesse caso outras re%ras podem ser aplicadas###Nob ficou surpreso quando o tr%nsito parou. Estavam logo atrás de umacaminhonete. A e!emplo da maioria dos motoristas americanos, ele odiava aquelascoisas porque n#o en!ergava nada para frente e para os lados. Abriu o cinzeiro epressionou o bot#o do acendedor de cigarros, enquanto franzia o cenho emfrustra&#o. Nill, pr!imo a ele, também apanhou um cigarro. /elo menos ajudaria adisfar&ar o fedor acre que ainda impregnava o estofamento do automvel. Nobresolveu que dei!aria todas as janelas abertas quando estacionasse de noite, spara se ver livre do cheiro. -eus prprios olhos lacrimejavam, agora que n#o haviavento para dispersar os vapores químicos. >uase teve piedade do prisioneiro peladose direta que recebeu, mas era preferível a um droga potencialmente letal, ou

uma pancada que lhe quebrasse o pescocinho magro. Ao menos ele estava secomportando bem. -e tudo continuasse a correr de acordo com os planos, por voltado final da semana regressariam a 2oscou. 8eria de esperar um dia ou dois antes

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de seguir para o 2é!ico. 7sariam um local diferente para cruzar a fronteira, e talvezuma a&#o de despistamento, ainda n#o estabelecida, fosse utilizada para assegurar sua rápida travessia para o país mais conveniente, onde se podia apanhar um avi#opara 1uba e de lá voar diretamente para 2oscou. $epois disso, seu grupo do

/rimeiro $iretrio ganharia um m0s de descanso. -eria bom, disse Nob si mesmo,ver a família novamente. Era muito solitário, no e!terior. 8#o solitário que uma vezou duas fora infiel : sua esposa, o que também se constituía numa viola&#o dasordens vigentes n#o uma viola&#o que muitos agentes levassem a sério, masnada do que se orgulhar. 8alvez conseguisse uma nova posi&#o na Academia da;"N. Ele agora era veterano, e depois de uma miss#o como essa...O tr%nsito come&ou novamente a mover'se. Iicou surpreso ao ver as luzes de alertada caminhonete se acenderem. $ois minutos depois, horrorizou'se ao perceber por qu0. 7m trator'reboque articulado bloqueava completamente a estrada, com osrestos de um carro pequeno esmagado sob as rodas dianteiras. 7m verdadeiroe!ército de luzes rotatrias de ambul%ncias iluminava os esfor&os de policiais e

bombeiros para retirar o idiota que estivera dirigindo o pequeno carro importado.-em poder distinguir qual a marca do carro, Nob, como a maioria dos outrosmotoristas, ficou olhando fascinado para o desastre por alguns segundos, atélembrar'se de quem era e onde estava. 7m policial todo de preto trocava aslanternas de sinaliza&#o e desviava o tráfego que demandava o sul para umaestradinha lateral. Nob voltou a ser agente de informa&)es no mesmo instante. Aguardou até que aparecesse um espa&o vazio atrás do policial, e enveredou por ele. Aquilo lhe conquistou um olhar zangado e s. O mais importante@ o policial n#otivera tempo de olhar para o carro. Nob acelerou na subida, até perceber que outroefeito de sua hesita&#o fora n#o reparar em que dire&#o seguia o tráfego desviado.*u não trouxe o mapa, pensou a seguir. Ele o destruíra por todas as marcas quecontinha. (a verdade, n#o havia nenhum mapa no carro. 2apas eram coisasperigosas, e além do mais ele era capaz de decorar todas as informa&)es de queprecisava para suas miss)es. 2as n#o tivera tempo para reconhecer a área, e sconhecia um caminho de volta ao esconderijo.2alditas sejam essas opera&)es de <prioridade imediata<PGirou : esquerda no cruzamento, seguindo uma rua em curva de um bairroresidencial. $emorou vários minutos para compreender que ali todas as ruas eramt#o tortuosas que já n#o sabia para que dire&#o estavam avan&ando. /ela primeiravez esteve a ponto de perder a compostura, mas conteve'se. 7ma impreca&#omental em sua língua materna lembrou'o de que n#o deveria nem mesmo pensar 

em russo. Nob acendeu outro cigarro e prosseguiu devagar enquanto tentavaorientar'se. As lágrimas nos olhos n#o ajudavam nem um pouco.*le est perdido, notou "regorL depois de um momento. Tera sufi'cientes romancesde espionagem para saber que o estariam levando para um <aparelho<, ou umaeroporto clandestino, ou até outro veículo que o levaria... para ondeM /orém, assimque reconheceu o mesmo carro pelo qual haviam passado minutos antes, teve dereprimir um sorriso. *les izeram al%o de errado# A curva seguinte os levou a descer,e "regorL confirmou suas suspeitas quando divisou as luzes vermelhas quemarcavam o local do acidente. (otou as impreca&)es enquanto o motoristamanobrava numa entrada para carros, engatando marcha a ré para subir novamentea colina.

8udo que os russos odiavam nos americanos retornou : consci0ncia de Nob. 2uitasestradas, muitos carros algum americano imbecil atravessara um sinal vermelhoe... *spero "ue tenha morrido8, enraivecia'se o motorista com os veículos

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estacionados na rua residencial. *spero "ue tenha morrido berrando de a%onia#-entiu'se melhor depois de e!pulsar o pensamento.E agoraMEle continuava numa rota diferente, seguindo a rua sobre o topo da colina, de onde

podia en!ergar outra estrada. 8alvez, se seguisse para o sul por aquela ali embai!o,depois poderia voltar para a rodovia onde estavam. Valia a pena tentar, pensou ele. Ao lado direito, Nill lan&ou um olhar interrogativo, e TennL na traseira estavaocupado demais com o prisioneiro para notar que alguma coisa corria mal. Enquantoganhavam velocidade, ao menos o ar circulou pelas janelas e desanuviou seusolhos. Favia um semáforo ao fim da descida, junto com uma placa que dizia@/KOHNH$O GHKAK J E->7EK$A.2o!no8, murmurou Nob a si mesmo enquanto virava : direita. Esta rodovia de quatropistas era dividida ao meio por uma mureta de concreto. Voc4 de!ia ter %asto maistempo estudando o mapa# 7e!ia ter diri%ido por a"ui al%umas horas# 2as agora eratarde para recrimina&)es, e ele sabia que n#o tinha tempo. A manobra os levou de

volta ao norte. Nob verificou seu relgio de pulso, esquecendo que havia um nopainel. Bá perdera quinze minutos. Estava em campo aberto e vulnerável, em soloinimigo. E se alguém os tivesse visto no estacionamentoM E se o policial que atendiaao desastre tivesse anotado sua chapaMNob n#o entrou em p%nico. Era muito bem treinado para isso. Obrigou'se a respirar fundo, e mentalmente e!aminou todos os mapas da área que vira. Estava a oeste darodovia interestadual. -e pudesse confirmar isso, ainda se lembrava da saída queusara mais cedo teria sido no mesmo diaM e poderia chegar ao esconderijo deolhos vendados. -e estivesse a oeste da rodovia interestadual, tudo que tiha a fazer era encontrar uma estrada importante no sentido leste'oeste, e tudo correria bem.1erto. Aps quase cinco minutos, encontrou uma auto'estrada no sentido leste'oeste enem se preocupou em ver seu nome. 2ais cinco minutos e ele ficou grato ao avistar a placa vermelha, branca e azul que anunciava a rodovia interestadual, V++ metrosadiante. - ent#o respirou aliviado. >ual é o problemaM perguntou finalmente TennL do banco traseiro. 8ive que mudar o caminho respondeu Nob em russo, num tom mais rela!adodo que julgara possível alguns minutos atrás. Ao voltar'se para responder, dei!ou deler uma placa.Era o aviso sobre rampas de saída. As placas verdes anunciavam que podia tomar onorte ou o sul. >ueria ir para o sul, e a saída estava...

(o lugar errado. Ele se encontrava na pista da direita, mas a saída ficava :esquerda, apenas D+ metros : frente. 1ruzou as pistas da estrada sem olhar.Hmediatamente atrás dele, o motorista de um Audi pisou nos freios e pressionou am#o na buzina. Nob ignorou a impertin0ncia enquanto tomava a saída desejada.Estava na curva ascendente, olhando o tráfego da rodovia, quando viu luzespiscando sobre o carro preto imediatamente atrás dele. Os faris piscaram, e elesoube o que viria a seguir.Não entre em pnico, disse a si mesmo. Escusou'se de falar com seus camaradas,n#o considerando nem de longe a possibilidade de fugir. 8inham sido instruídosquanto a isso, também. Os policiais americanos eram corteses e profissionais. (#oe!igiam pagamento no local, como faziam os policiais de tr%nsito russos. Nob

também sabia que os policiais americanos andavam armados com revlveres2agnum./arando o /lLmouth logo depois do viaduto, Nob aguardou. Observou pelo espelho

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retrovisor a viatura policial parando logo atrás, levemente deslocada para aesquerda. /9de ver o policial saindo, trazendo uma prancheta na m#o esquerda. Aquilo dei!ava a direita livre, reparou Nob, e aquela era a m#o que empunhava aarma. (a traseira, TennL dizia ao prisioneiro o que aconteceria se fizesse algum

ruído. Noa tarde, senhor disse o policial. (#o sei quais s#o as leis em O3lahoma,mas aqui preferimos n#o mudar de pistas desse jeito, /osso dar uma olhada em suahabilita&#o e no registro do carroM uniforme preto e prateado fez que Teonid se lembrasse dos -- nazistas, mas n#oera hora para tais pensamentos. Aeja educado, disse calmamente a si mesmo,aceite a multa e depois ! embora# /assou os documentos e esperou que o policialcome&asse a preencher seu tal#o vazio. 8alvez fosse apropriado pedir desculpasagoraM $esculpe, senhor, pensei que a saída fosse do lado direito, e... R por isso que gastamos tanto dinheiro em placas, senhor 8aLlor. Esse é o seu

endere&o atualM -im, senhor. 1omo disse, sinto muito. -e quiser me multar, acho que mere&o. "ostaria que todos fossem assim t#o compreensivos comentou o policial./oucos eram, e ele resolveu certificar'se da apar0ncia desse sujeito educado. Olhoupara a fotografia na carta de motorista e inclinou'se para verificar se era a mesmapessoa. Acendeu a lanterna no rosto de Nob. Era o mesmo rosto, mas... >uediabo de cheiro é esseM6ace, veio : mente do policial quase de imediato. O facho de luz varreu o interior.Os ocupantes do carro tinham apar0ncia normal, dois na frente, dois atrás e... ali umdeles trajava o que parecia ser um casaco militar..."regorL perguntou'se se a sua vida estaria realmente em jogo. Kesolveu descobrir erezou para que o policial estivesse alerta.(a traseira, o que estava do lado esquerdo aquele com o palet estranho pronunciou, sem emitir som, uma nica palavra@ Aocorro# Hsso meramente dei!oumais curioso o guarda, porém o que estava no banco direito da frente viu omovimento e ficou paralisado. 8odos os instintos do policial se acenderam de uma svez. -ua m#o direita deslizou para o revlver de servi&o, soltando a tira deseguran&a. /ara fora do carro, um de cada vez, jáPIicou horrorizado ao ver uma arma, surgida como que por encanto nas m#os dosujeito : direita no banco traseiro, e antes que ele pudesse sacar seu revlver... A

m#o de "regorL n#o chegou a tempo, mas seu cotovelo, sim, estragando a pontariade TennL.O guarda ficou surpreso quando n#o ouviu nada, a n#o ser um palavr#o numa línguadesconhecida, mas, quando isto lhe ocorreu, a mandíbula saltou numa nuvem deestilha&os esbranqui&ados. 1aiu para trás, o revlver agora na m#o, atirando comoque por vontade prpria.Nob encolheu'se e engatou a marcha. As rodas da frente giraram no cascalho solto,mas aderiram, impulsionando o /lLmouth vagarosamente para longe do barulho daarma. (a traseira, TennL, que atirara uma nica vez, aplicou uma coronhada :cabe&a de "regorL. -eu tiro de mira perfeita teria perfurado o cora&#o do policial,mas em vez disso o atingira no rosto, e ele n#o sabia se tinha sido mortal. "ritou

alguma coisa que Nob n#o se importou em ouvir.8r0s minutos depois, o /lLmouth saía da interestadual. Abai!o do acidente que aindabloqueava o tr%nsito, a estrada estava livre. Nob entrou na pequena estrada de terra

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com os faris apagados e chegou ao reboque antes que o prisioneiro recobrasse aconsci0ncia. Atrás deles, um motorista que passava viu o policial caído e saiu da rodovia paraau!iliá'lo. O homem sofria bastante, com um ferimento sangrento no rosto e nove

dentes a menos. O motorista correu para a viatura e fez uma chamada pelo rádio.Tevou um minuto para que o operador do outro lado conseguisse entender o queocorrera, mas tr0s minutos depois uma segunda radiopatrulha chegava ao local, se'guida por mais cinco em outros tantos minutos. O policial ferido n#o conseguia falar,mas passou sua prancheta aos companheiros, onde estavam anotados a descri&#odo carro e o nmero da placa. Ele também ficara com a habilita&#o de motoristapertencente a <Nob 8aLlor<. Hsso foi o suficiente para seus colegas. 7ma chamadaurgente foi passada a todas as freq60ncias locais da polícia. Alguém atirara numguarda. O verdadeiro crime cometido era muito pior, mas a polícia n#o sabia, e nemisso teria feito diferen&a.1andi ficou surpresa ao ver que Al n#o se encontrava em casa. -ua mandíbula

ainda estava amortecida pelas inje&)es de !ilocaína, e ela resolveu tomar uma sopa.6as onde est $l0 -al!ez ti!esse "ue icar at& mais tarde para resol!er al%umacoisa# -abia que poderia telefonar, mas n#o era t#o importante assim, e, no estadoem que se achava sua boca, de qualquer modo n#o poderia falar direito.(a 1entral de /olícia, na 1errilos Koad, os computadores já estavam zumbindo. 7mtele! foi transmitido sem demora para O3lahoma, onde os plantonistas tomaramconhecimento da magnitude do crime e acionaram seu prprio banco de dados. (amesma hora descobriram que n#o fora e!pedida nenhuma habilita&#o para Kobert B.8aLlor, Kua C+V, nmero C*D*, O3lahoma 1itL, O; ?*4C+, nem havia um /lLmouthKeliant com placa nmero Y-Q'5V. Esse nmero de licen&a, na verdade, n#oe!istia. O sargento que dirigia a se&#o de computadores ficou mais do que surpreso.Keceber a resposta negativa de registro de uma determinada placa n#o era t#oincomum assim, mas receber respostas negativas sobre a placa e sobre ahabilita&#o, e ainda por cima num caso de tiroteio envolvendo um policial, era e!igir demais da lei das probabilidades. Ele levantou o fone para falar com o oficialsuperior encarregado. 1apit#o, temos um resultado maluco aqui, naquele caso do policial 2endez.O Estado do (ovo 2é!ico, cheio de áreas pertencentes ao governo federal, possuíauma longa histria de atividades altamente sigilosas. O capit#o n#o sabia o queestava acontecendo, mas entendeu imediatamente que n#o se tratava de umacidente de tr%nsito. 7m minuto depois, estava ao telefone falando com o escritrio

local do INH.Bennings e /er3ins chegaram lá antes que o policial 2endez saísse da cirurgia. Asala de espera estava t#o cheia de guardas que era uma sorte o hospital n#o estar atendendo a outros casos de cirurgia no momento. O capit#o que dirigia ainvestiga&#o estava presente, bem como o capel#o da polícia estadual e meia dziade agentes que trabalhavam no turno de 2endez, mais a mulher dele, grávida de se'te meses. O médico entrou e anunciou que ele ficaria bom. O nico dano num vasoimportante fora reparado, e um cirurgi#o ma!ilar come&aria a consertar o estragodentro de mais um ou dois dias. A mulher do policial chorou um pouco, depois foilevada para ver o marido antes que dois colegas a dei!assem em casa. Ent#o erahora de trabalhar.

Ele devia estar com a arma nas costas do coitado disse 2endez devagar, aspalavras distorcidas pelos fios metálicos que seguravam sua mandíbula. Bá recusaraum analgésico. >ueria passar as informa&)es rapidamente, e n#o se importava em

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sofrer um pouco para faz0'lo. Estava furioso. Era a nica maneira de conseguir sacar t#o depressa. A fotografia na carteira de motorista é parecida com o homemM perguntou aagente Bennings.

-im, senhora. /ete 2endez era um policial jovem, e fez com que a agenteBennings se sentisse velha com aquela forma de tratamento. A seguir forneceudescri&)es gerais dos homens. $epois veio a da vítima@ 8rinta anos talvez,magrinho, de culos. Estava usando um casaco que parecia ser de uniforme. (#o via insígnia, mas n#o olhei por muito tempo. O corte de cabelo poderia ser : militar.(#o sei a cor dos olhos também, mas percebi alguma coisa esquisita com eles...Nrilhavam como se... AhP O cheiro de 6ace# 8alvez fosse isso. 8alvez tenhamespirrado a ess0ncia nele. (#o disse nada, mas me!eu os lábios, sabe como éM Achei que fosse piada, mas o sujeito da frente ficou alterado com aquilo. Eu fui lento.$evia ter reagido mais depressa. Iui muito lento. Goc0 afirmou que um deles disse alguma coisaM quis saber /er3ins.

O filho da puta que atirou em mim. (#o sei o que era. (#o era ingl0s nem espanhol.- me lembro a ltima palavra... maht, ou alguma coisa parecida JoV t!oyu matl ― disse Bennings sem demora. 'R é isso mesmo reconheceu 2endez. O quequer dizerM >uer dizer <vá foder com sua m#e<. $esculpe. /er3ins corou. 2endez ficourígido na cama. (#o se dizem tais coisas a um homem furioso, de sangue espanhol. O qu0M perguntou o capit#o de polícia. R russo, um dos !ingamentos favoritos. /er3ins olhou para Bennings. 2eu $eusP suspirou ela, quase incapaz de acreditar. Gamos ligar já paraQashington. 8emos de identificar o... espere um poucoP "regorLM disse /er3ins. $eus8odo'/oderosoP Tigue para Qashington. Gou telefonar para a sede do /rojeto. Aconteceu que a polícia estadual chegou mais rápido. 1andi atendeu a uma batidana porta e ficou surpresa ao encontrar um guarda parado ali. Ele perguntoueducadamente se podia ver o major Al "regorL e obteve a resposta negativa de uma jovem cujo ma!ilar come&ava a voltar ao normal enquanto o mundo ao seu redor ruía. Ela nem entendera ainda as novidades quando o chefe de seguran&a do -ea;lipper apareceu. Apenas presenciou uma chamada pelo rádio para queprocurassem o carro de Al, chocada demais, até para chorar. A fotografia da carteira de habilita&#o de <Nob 8aLlor< já estava em Qashington,sendo e!aminada por membros da divis#o de contra'espionagem do INH, porém n#o

constava nos arquivos de agentes soviéticos identificados. O diretor assistentedesse tipo de opera&)es já fora chamado em sua casa pelo supervisor de plant#o e,por sua vez, chamou o diretor do INH Emil Bacobs, que chegou ao Edifício Foover :s4 da manh#. 2al puderam acreditar, porém o policial ferido confirmou que se tratavado major Alan 8. "regorL. Os soviéticos nunca tinham cometido um crime violentonos Estados 7nidos, regra t#o bem estabelecida que a maioria dos fugitivossoviéticos, se desejasse, podia viver abertamente e sem prote&#o. 2as o que estavaacontecendo era muito pior do que a elimina&#o de um indivíduo que pelas leissoviéticas era considerado um traidor. 7m cidad#o americano fora seq6estrado parao INH, o seq6estro era um crime que pouco diferia do assassinato.Favia um plano, claro. Embora nunca tivesse acontecido, os peritos em opera&)es,

cujo trabalho era pensar em acontecimentos inimagináveis, tinham proposto umconjunto de medidas a serem tomadas. Antes da aurora, trinta agentes graduadoslevantaram v9o da Nase Aérea de AndreXs, entre eles os membros do "rupo Anti'

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-eq6estro. Agentes de escritrios de campo por todo o sudoeste instruíram os guar'das da /atrulha da Ironteira sobre o caso.Nob\Teonid sentou'se sozinho, bebendo café morno. :or "ue eu não continuei andando e iz o retomo mais adiante0, recriminou'se. :or "ue tanta pressa0 :or "ue

esta!a tão ner!oso na hora errada0/ois agora era hora de ficar nervoso. -eu carro apresentava tr0s buracos de bala,dois na lateral esquerda e um na tampa do porta'malas. -ua licen&a de motoristaestava nas m#os da polícia, contendo sua fotografia.7esse jeito não !ai conse%uir um posto de proessor na $cademia, to!arich# -orriuamargamente para si mesmo.(o <aparelho<, consolou'se por estar em seguran&a mais um dia ou dois. Esse eracom certeza o refgio provisrio da capita NisLarina, que nunca pretendeu nadaalém de um lugar para se esconder se fosse preciso. /or causa disso, o local n#otinha telefone, e ele n#o tinha meios para comunicar'se com a agente residente. * se ela não !oltar0 A resposta era clara. Ele seria obrigado a assumir o risco de dirigir 

um carro com placas conhecidas e buracos de balaP Assim, talvez fosse melhor roubar outro. 8eve vis)es de milhares de policiais patrulhando as estradas com umpensamento apenas@ encontrar os maníacos que haviam baleado um companheiro.1omo ele pudera dei!ar as coisas correrem t#o mal, em t#o pouco tempoPEscutou a apro!ima&#o de um carro. TennL ainda estava guardando o prisioneiro.Nob e Nill apanharam suas pistolas e espiaram pela borda da nica janela que davapara a frente do reboque. Ambos respiraram aliviados quando identificaram o Golvode NisLarina. Ela desceu e fez os gestos apropriados, indicando que tudo estavacerto, depois veio em dire&#o ao reboque, trazendo uma grande sacola. /arabénsP Goc0 conseguiu aparecer no noticiário da televis#o disse ela aoentrar. 5diota8 Essa parte n#o precisou ser dita. Iicou no ar, como uma nuvemcarregada. E uma longa histria come&ou ele, propenso a mentir. 8enho certeza de que sim. Ela colocou a sacola sobre a mesa. Amanh# voualugar um carro novo. E muito perigoso usar o mesmo. Onde voc0s... $uzentos metros estrada acima embai!o das maiores árvores que conseguimosencontrar, coberto com galhos. R difícil de avistar, mesmo do ar.

'-im, é bom manter isso em mente. A polícia por aqui tem helicpteros. 8ome. EUa atirou uma grande peruca preta para Nob. A seguir, vieram dois culos, um par com lentes claras e outro com lentes espelhadas.

E alérgico a maquilagemM O qu0M 2aquilagem, seu tolo... 1apita... come&ou Nob calorosamente. NisLarina calou'o com um olhar. -ua pele é clara. 1aso n#o tenha notado, um bom nmero de pessoas por aqui éde origem hisp%nica. Este é meu territrio, e voc0s v#o fazer e!atamente comoestou dizendo. Ela fez uma pequena pausa. Gou tirar voc0s daqui. A mulher americana, ela conhece voc0 de vista... R bvio. -uponho que voc0 queira eliminá'laM Afinal, já quebraram uma regra,por que n#o mais umaM >uem foi o maluco de merda que ordenou essa miss#oM As ordens vieram de muito alto respondeu Teonid.

Alto "uanto0 ― quis saber ela, obtendo apenas uma sobrancelha levantadacomo resposta. Está brincandoP A natureza da ordem, o cdigo de <a&#o imediata<... O que achaM

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Acho que todas as nossas carreiras est#o arruinadas, e isso quer dizer... bem,sofreremos as conseq60ncias. 2as n#o posso concordar com a morte da minhaagente. Ainda n#o matamos ninguém, e n#o acho que suas ordens incluam... 8em raz#o disse Nob em voz alta, sacudindo a cabe&a enfaticamente para um

lado e para outro. NisLarina espantou'se. Hsto poderia dar início a uma guerra disse ela bai!inho, em russo.(#o se referia a uma guerra de verdade, mas algo t#o ruim quanto isso, um conflitoaberto entre agentes da 1HA e da ;"N, algo que nunca ocorrera, mesmo em paísesdo 8erceiro 2undo, onde geralmente subordinados matavam subordinados, a maior parte do tempo sem saber os motivos mas esses acontecimentos eram incomuns.O trabalho dos servi&os de Hntelig0ncia era reunir informa&)es. 8odos concordavamtacitamente que a viol0ncia cruzava o caminho da verdadeira miss#o. 2as se ambosos lados come&assem a matar homens escolhidos como alvos estratégicos entreseus oponentes... $evia ter recusado a ordem opinou ela, aps uma pausa.

1ertamente comentou Nob. Ouvi dizer que os campos de ;olima s#o muitobonitos nessa época do ano, com a planície branca brilhando em seu manto deneve.O estranho em tudo isso pelo menos pareceria estranho a um ocidental eraque nenhum dos agentes sequer considerou a hiptese de render'se, com umpedido de asilo político. Embora isso terminasse com seus riscos pessoais,significaria trair o país natal. O que fazem aqui é de sua responsabilidade, mas n#o vou matar minha agente afirmou Ann, encerrando a discuss#o sobre o assunto. Gou tirar voc0s daqui. 1omoM Ainda n#o sei. $e carro, acho, mas terei de descobrir alguma coisa nova. 8alvezn#o e!atamente um carro. 8alvez um caminh#o... imaginou ela em voz alta.Favia muitos caminh)es por ali, e n#o era t#o raro assim ver uma mulher dirigindoum. Tevar uma caminhonete através da fronteira, talvezM 1om "regorL numa cai!a,drogado ou amarrado, talvez ambas as coisasM >uais os procedimentos da Alf%ndega com caminhonetesM (unca antes preocupara'se com isso. 1om o prazode uma semana, como teria sido adequado para uma opera&#o decente, elaencontraria tempo para responder um bocado de perguntas.Vamos com calma, disse a si mesma. @ ti!emos pressa demais por a"ui# $ois dias, talvez tr0s. R bastante tempo comentou Teonid.

8alvez precise de todo ele para avaliar as contramedidas que precisamosenfrentar. /or enquanto, n#o se preocupe em fazer a barba. O territrio é seu Nob concordou. >uando voltar, pode usar o caso num estudo sobre por que as opera&)esprecisam de uma prepara&#o adequada comentou NisLarina. >uerem maisalguma coisaM (#o. 2uito bem. Gejo voc0s amanh#. (#o disse Neatrice 8aussig aos agentes. Eu vi Al esta tarde. Eu... olhousem gra&a para 1andi ... queria que ele me ajudasse com... bem, a apanhar umpresente de aniversário para 1andance amanh#. Eu também o vi no

estacionamento, mas foi s. Goc0s acham mesmo... quero dizer, os russos### R o que parece declarou Bennings. 2eu $eusP

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-erá que o major "regorL sabe o suficiente para que os russos... Bennings ficou surpresa ouvindo 8aussig responder, no lugar da dra. Tong.  -abe, sim Ele é o nico que realmente entende o projeto inteiro. Al é muitointeligente. E um amigo acrescentou ela.

 Aquilo despertou um sorriso cálido em 1andi. Favia agora lagrimas de verdade nosolhos de Nea. Iicava magoada ao ver a amiga sofrendo mesmo que soubesse queera para o prprio bem dela. KLan, voc0 vai adorar essa.Bac3 acabara de voltar da ltima rodada de negocia&)es no edifício do 2inistério dasKela&)es E!teriores, vinte andares em estilo bolo de casamento, no Avenida-molens3L. 1andeia passou'lhe o despacho. Aquele filho da putaP desabafou KLan. (#o esperava que ele cooperasse, esperavaM perguntou sarcasticamente oagente, depois mudou de idéia@ $esculpe, doutor. Eu também n#o esperava por isso.

1onhe&o esse garoto. Eu mesmo andei com ele quando veio a Qashington paranos e!plicar o projeto... I sua culpa, @ack# <oi a sua id&ia "ue pro!ocou isso###Iez algumas perguntas. R, com certeza disse 1andeia. /arece que eles foderam com tudo. $eveter sido planejado durante a noite. Ei, os caras da ;"N também n#o s#o super'homens, parceiro. -eguem ordens como ns. 8em alguma idéiaM (#o e!iste muito que a gente possa fazer deste lado da corda, além de esperar que os guardas locais consigam endireitar as coisas. 2as se tudo vier a pblico... E!iba alguma prova. (#o se acusa um governo estrangeiro de algo assim semprovas. >ue diabo, e!iste uma meia dzia de engenheiros na Europa que foramassassinados por terroristas de esquerda nos ltimos dois anos, todos ligados apesquisas para o "uerra nas Estrelas. Hsso sem mencionar alguns <suicídios<. (#ofizemos disso tudo um assunto pblico, também. 2as isso quebra as regras, oraP >uando< se chega ao ponto, s e!iste uma regra@ ganhar. -erá que o servi&o do governo ainda tem aquele esquema global de televis#oM Em rede mundialM 1laro. R um timo programa. -e n#o conseguirmos "regorL de volta, vou espalhar pessoalmente a histria doOutubro Vermelho, e danem'se as conseq60nciasP praguejou KLan. 2esmo

que custe minha carreira, vou fazer issoP Outubro Vermelho0 1andeia n#o tinha a menor idéia do que se tratava. 1onfie em mim, é uma boa histria. /ois diga isso aos seus amigos da ;"N. >ue diabo, pode até funcionar. 2esmo que n#o funcione... falou KLan, mais controlado agora. I sua culpa,@ack, pensou novamente. 1andeia concordava, e Bac3 percebia isso.O mais engra&ado, pensava a polícia estadual, é que n#o haviam fornecido :imprensa a parte mais suculenta do caso. Togo que o grupo do INH chegou, asregras foram estabelecidas. /or enquanto tratava'se de um simples caso deagress#o a tiro contra um policial. O envolvimento federal deveria ser mantido emsegredo, e, se por acaso descobrissem alguma coisa, seria espalhado que um

traficante internacional estava : solta, daí o pedido de ajuda federal. As autoridadesde O3lahoma foram instadas a dizer aos reprteres abelhudos que apenas haviamajudado na identifica&#o do suspeito. Entretanto, o INH tomava conta do caso, e con'

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tingentes federais come&avam a encher a área. Aos cidad#os foi dito que basesmilitares pr!imas conduziam manobras de rotina e!ercícios especiais de busca esalvamento , o que e!plicava a atividade anormal de helicpteros na área. Os quetrabalhavam no projeto -ea ;lipper foram instruídos sobre o que ocorrera, e lhes

pediram para guardar segredo sobre o assunto, t#o sigiloso quanto os outros.O carro de "regorL foi localizado em quest#o de horas, sem nenhuma impress#odigital NisLarina usara luvas, claro nem outra evid0ncia qualquer, embora oposicionamento do carro e o do local do tiroteio simplesmente confirmassem oprofissionalismo da a&#o."regorL fora assunto em Qashington de homens mais importantes do que KLan. Aprimeira reuni#o matinal do presidente era com o general Nill /ar3s, o diretor do INHEmil Bacobs e o juiz 2oore. NemM a pergunta era dirigida a Bacobs. Essas coisas levam tempo. Alguns dos melhores homens que temos est#oinvestigando o caso, senhor presidente, mas ficar olhando por sobre o ombro deles

s atrasa as coisas. Nill chamou o presidente a seguir. >ual é a import%ncia do rapazM Ele n#o tem pre&o respondeu /ar3s com simplicidade. Está entre meustr0s melhores homens, senhor. /essoas assim n#o podem ser substituídasfacilmente.O presidente considerou com seriedade a resposta durante algum tempo. A seguir voltou'se para o juiz 2oore. '(s provocamos isso, n#o foiM-im senhor presidente. $e uma certa maneira. Obviamente atingimos "erasimovnum ponto muito sensível. 2inha avalia&#o coinci'cide com a do general. Elesdesejam o que "regorL sabe. "erasimov provavelmente pensa que, se conseguir informa&)es dessa magnitude, pode ultrapassar as conseq60ncias políticas do casodo Outubro Vermelho# R um palpite difícil, daqui do outro lado do oceano, mas aanálise que ele fez é bastante pertinente. Eu sabia que n#o devíamos ter feito aquilo... falou bai!inho o presidente,sacudindo depois a cabe&a. Nem, a responsabilidade foi minha. Eu autorizei tudo.-e a imprensa... -enhor, se a imprensa captar um rumor que seja sobre isso, com toda certezan#o vai ser pela 1HA. Em segundo lugar, sempre poderemos dizer que este foi umgolpe desesperado... eu preferiria usar !i%oroso### na tentativa de salvar a vida denosso agente. (#o precisamos ir além disso, e esse tipo de a&#o é esperado dosservi&os de informa&)es. Eles v#o até os limites para proteger seus agentes. E ns

também. R uma das regras do jogo. E onde "regorL se encai!a nessa regraM indagou /ar3s. E se acharem quetemos a mínima chance de salvá'loM Ent#o n#o sei admitiu 2oore. -e "erasimov tiver sucesso em salvar a simesmo, provavelmente dirá a ns que o for&amos a fazer isso, porque nem a 1HA.,nem a ;"N querem come&ar uma guerra. /ara responder diretamente a suapergunta, general, minha opini#o é de que nesse caso podem ter ordens de eliminar o prisioneiro. >uer dizer assassiná'loM indagou o presidente. E uma possibilidade. "erasimov deve ter ordenado essa miss#o com muitapressa. Fomens desesperados d#o ordens desesperadas. -eria temerário

pressupor menos do que isso.O presidente refletiu por um minuto. Kecostou'se na cadeira e tomou um gole deseu café.

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Emil, e se conseguirmos descobrir onde est#oM O "rupo Anti'-eq6estro está de prontid#o, todos os homens a postos. Oshelicpteros ser#o operados pela Ior&a Aérea, mas no momento s resta sentar eesperar.

-e eles entrarem em a&#o, quais as chances de que consigam salvá'loM 2uito boas, senhor presidente afirmou Bacobs. <2uito boas< n#o resolve o problema disse /ar3s. -e os russos tiveremordem de matá'lo... 2eu pessoal é t#o bem treinado quanto os melhores do mundo protestou odiretot do INH. >uais s#o os regulamentosM e!igiu /ar3s. Eles s#o treinados para usar meios mortais em sua prpria prote&#o, ou dequalquer pessoa inocente. -e alguém der a impress#o de estar amea&ando aseguran&a de um refém, é um homem morto. Ainda n#o está bom declarou /ar3s a seguir.

O que quer dizer com issoM quis saber o presidente. >uanto demora para um homem se voltar e estourar a cabe&a de alguémM E seeles estiverem dispostos a morrer no cumprimento da miss#oM Esperamos quenosso pessoal fa&a isso, n#o éM ArthurM As cabe&as se viraram para o juiz 2oore.O diretor'geral dos -ervi&os de Hnforma&)es encolheu os ombros. (#o posso prever a dedica&#o dos soviéticos. Hsso é possívelM -im, suponho queseja. 2as é certoM Hsso n#o sei. (inguém sabe. Eu costumava pilotar avi)es de ca&a para viver. 1onhe&o os tempos de rea&#odo corpo humano falou /ar3s. -e um sujeito resolve se voltar e atirar, mesmoque nosso homem tenha uma arma apontada para o outro, ele pode n#o ser suficientemente rápido para salvar a vida de Al. O que quer que fa&aM >ue diga para o meu pessoal matar qualquer um queavistaremM perguntou Bacobs em voz bai!a. (s n#o fazemos estas coisas, demodo nenhum. A seguir /ar3s dirigiu'se para o presidente@ -enhor, mesmo que os russos n#o consigam "regorL, se o perdermos, elesganham. /odem passar anos até que seja possível substituí'lo. /ressuponho,senhor, que o pessoal de Bacobs é treinado para lidar com criminosos, n#o comprofissionais, e n#o numa situa&#o como essa. -enhor presidente, recomendariaque chamasse a Ior&a $elta em Iort Nragg.

Eles n#o t0m jurisdi&#o sobre esse caso observou imediatamente Bacobs. 2as recebem o tipo certo de treinamento respondeu o general. O presidentepermaneceu em sil0ncio por mais de um minuto. Emil, seu pessoal é bom em obedecer a ordensM Eles far#o o que o senhor disser, presidente. 2as a ordem terá de ser sua, e por escrito. /ode colocar'me em contato com elesM -im, é claro.Bacobs apanhou o fone e efetuou uma chamada através do seu escritrio no EdifícioFoover. Ao longo do caminho, a liga&#o foi apressada. Agente Qerner, por favor... Al9, aqui é o diretor Bacobs. 8enho uma mensagem

especial para voc0. Espere um pouco. /assou o telefone ao presidente. Este é"us Qerner. 8em sido o líder do grupo por cinco anos. "us desistiu de umapromo&#o para ficar com o "rupo Anti'-eq6estro.

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-enhor Qerner, aqui e o presidente. Keconhece rninha vozM Stimo. /or favor,ou&a com aten&#o. (a eventualidade de voc0 tentar resgatar o major "regorL, suanica miss#o será retirá'lo. 8odas as outras considera&)es s#o secundárias a esseobjetivo. A pris#o dos criminosos em quest#o n#o é, eu repito, n#o é um assunto

importante. Hsso está claroM -im, a simples possibilidade de amea&a ao refém émotivo suficiente para o uso de meios mortais. O major "regorL é um quadroinsubstituível. A sobreviv0ncia dele é sua nica miss#o. 1olocarei isso por escrito eentregarei ao diretor. Obrigado, e boa sorte. O presidente recolocou o fone nolugar. Ele disse que consideraram essa possibilidade. R o que ele faria comentou Bacobs. "us tem uma tima imagina&#o. Agorao bilhete, senhor.O presidente tomou uma pequena folha de papel de sua escrivaninha e oficializou aordem. - percebeu o que havia feito depois de terminar. Hsso n#o era um e!ercíciointelectual. Ele acabara de escrever : m#o uma senten&a de morte. $escobriu qu#odeprimente era faz0'lo.

"eneral, está satisfeitoM Espero que esse pessoal seja t#o bom quanto o diretor afirma foi tudo que/ar3s se permitiu dizer.. Buiz, alguma repercuss#o do outro ladoM (#o, senhor presidente. (ossos colegas soviéticos entendem esse tipo de coisa. Ent#o é s. * 7eus tenha piedade de minha alma#(inguém havia dormido. 1andi n#o fora trabalhar. 1om a chegada do grupo deinvestiga&#o de Qashington, Bennings e /er3ins estavam cuidando dela. Favia aremota possibilidade de que "regorL escapasse, e nesse caso ele telefonariaprimeiro para casa. Favia um segundo motivo, é bvio, mas n#o oficial.Nea 8aussig transformara'se num verdadeiro furac#o de energia. /assara a noitearrumando a casa e servindo café para todos. Estranho como possa parecer, issodeu'lhe uma ocupa&#o além de ficar sentada54

seu prprio tipo de carro, usava o prprio tipo de roupas, e ao diabo com o que osoutros pensassem. Nea, a covarde, que mesmo depois de arriscar tudo n#o tinha acoragem de se comunicar com a nica pessoa no mundo que importava. 2ais ummovimento hesitante. Neijou a amiga novamente, provando o gosto salgado daslágrimas e sentindo uma entrega desesperada nos bra&os que envolviam seu peito.8aussig respirou fundo e moveu uma das m#os até os seios da amigaP

Bennings e /er3ins passaram pela porta menos de cinco segundos depois de ouvir ogrito. Giram o horror estampado no rosto de Tong, e uma e!press#o ao mesmotempo parecida e muito diferente no de 8aussig.

"$Planos /ais Ela:orados A posi&#o do governo dos Estados 7nidos declarou Ernest Allen do seu ladoda mesa é de que os sistemas projetados para proteger civis inocentes dasarmas de destrui&#o em massa n#o representam amea&a nem desestabiliza&#o, eque restri&)es ao desenvolvimento de tais sistemas n#o t0m finalidade prática. Essa

posi&#o tem sido constantemente enfatizada nos ltimos oito anos, e n#o temosinten&#o de alterá'la. Acolhemos com prazer a iniciativa de reduzir as armas ofen'sivas em D+ por cento, e e!aminaremos os detalhes da proposta com interesse, mas

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uma redu&#o de armas ofensivas n#o se estende :s armas defensivas, que n#o s#oobjeto de negocia&#o além de sua aplicabilidade aos acordos vigentes entre nossospaíses.1ontinuou o presidente@

>uanto : quest#o das inspe&)es in loco, ficamos desapontados ao notar que ogrande progresso obtido recentemente deveria...I preciso admirar esse sujeito, pensou KLan. O presidente n#o concordava com oque dizia, porém estava representando a posi&#o de seu país, e Ernie Allen nuncadei!ou seus sentimentos pessoais saírem do compartimento secreto onde ostrancava antes dessas sess)es. A reuni#o terminou oficialmente quando Allen acabou o discurso, pronunciado pelaterceira vez naquele dia. As cortesias de costume foram trocadas. KLan apertou am#o de seu colega soviético. Ao faz0'lo, passou um bilhete, como aprendera emTangleL. "olov3o n#o demonstrou nenhuma rea&#o, o que lhe valeu um acenoamigável ao final do aperto de m#o. Bac3 n#o tinha alternativa. /recisava continuar 

com o plano. Iicaria sabendo nos pr!imos dias que tipo de jogador era "erasimov@se continuaria a correr o risco das revela&)es da 1HA, acrescido das amea&as deoutras ainda mais espetaculares que KLan prometera, ou... 2as KLan n#oconseguia admirar o homem. Hntuía que "erasimov era o chefe assassino daprincipal ag0ncia de assassinos de um país que se permitia ser governado por assassinos. 8inha consci0ncia de que essa era uma maneira simplista e perigosa dever as coisas, mas n#o sendo agente de campo, embora agora se comportassecomo um deles, ainda n#o aprendera que o mundo visto de sua segura sala com ar condicionado no sétimo andar da 1HA n#o era t#o definido como os relatrios queescrevia. Esperava que "erasimov cedesse a seu pedido, depois de um prazorazoável para avaliar sua posi&#o. Ocorreu'lhe que o diretor'geral da ;"N pensavacomo um mestre de !adrez, porque era o que se esperava do seu posto, e agora seconfrontava com um homem disposto a abrir o jogo como era esperado que osamericanos fizessem. A ironia devia ser divertida, disse Bac3 a si mesmo,caminhando pelo sagu#o de mármore do 2inistério das Kela&)es E!teriores. 2asn#o era.Bennings nunca vira alguém t#o completamente destruído como Nea 8aussig. /or bai!o da pose rude e confiante, batia afinal de contas um solitário cora&#o humano,consumido por uma raiva enorme do mundo que n#o a tratava da maneira comodesejava, maneira que ela mesma n#o conseguia impor. >uase sentiu piedade pelamulher de algemas, mas compai!#o n#o era um sentimento que se misturava com

trai&#o, e muito menos com seq6estro, o crime mais alto ou mais bai!o nopante#o institucional do INH.O colapso fora compreensivelmente completo, e isso era o que importava nomomento. Hsso e o fato de que ela e Qill /er3ins e!traíram as informa&)es de queprecisavam. Ainda estava escuro quando a levaram para fora, a um carro do INH queestava esperando. $ei!aram o $atsun na entrada de automveis para sugerir queela permanecia na casa, porém quinze minutos mais tarde Nea entrava pela portados fundos do escritrio do INH de -anta Ié e dava a informa&#o aos investigadoresrecém'chegados. (#o foi muito na verdade, apenas um nome, um endere&o e umtipo de carro, mas representavam o fio da meada. 7m carro do INH passou em frente: casa logo depois, e os homens repararam que o Golvo permanecia no lugar. A

seguir, uma lista telef9nica especial permitiu que eles chamassem a família que mo'rava do outro lado da rua, avisando que dois agentes do INH iriam bater na porta dosfundos. Os dois estabeleceram vigil%ncia na sala de estar da família, assustando e

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e!citando o jovem casal que morava na casa requisitada. $isseram aos agentes que<Ann<, como ela era cohecida parecia ser uma mulher sossegada, cuja profiss#odesconheciam que n#o causava nenhum inc9modo : vizinhan&a, embora :s vezescumprisse horários e!c0ntricos, como muitas pessoas solteiras (a noite anterior, por 

e!emplo, ficara fora de casa até tarde, observou o marido, e chegou uns vinteminutos antes de terminar o programa de BimmL 1arson na televis#o. 3m encontrocansati!o, ele pensara. Era estranho que nunca trou!esse ninguém : sua casa... Ela está acordada. Algumas luzes est#o acendendo.7m dos agentes apanhou o binculo, quase desnecessário para en!ergar o outrolado da rua. O segundo estava munido de uma c%mera fotográfica com teleobjetiva efilme de alta sensibilidade. (enhum dos dois conseguia ver algo mais do que umasombra movendo'se atrás das cortinas fechadas. $o lado de fora, observaram umhomem com capacete de ciclista passar ao lado do carro estacionado em sua bici'cleta de dez marchas, realizando o e!ercício matinal. $o vantajoso ponto deobserva&#o onde se encontravam, puderam distinguir quando ele colocou o

sinalizador de rádio na parte interior do pára'choque traseiro, mas apenas porquesabiam para onde olhar. >uem ensina os caras a fazerem essas coisasM perguntou o homem com ac%mera. $avid 1opperfieldM -tan de 8al... que trabalha em >u%ntico. Boguei baralho com ele uma vez riu ooutro. Ele me devolveu o dinheiro da aposta e mostrou o que tinha na m#o.$esde esse dia nunca mais joguei p9quer a dinheiro. /ode nos dizer o que está acontecendoM indagou o dono da casa. $esculpe. Goc0s v#o saber de tudo, mas agora n#o há tempo. Olha láP /eguei. A c%mera automática come&ou a fotografar. Essa foi em tempoP O homem com o binculo levantou seu radiotransmissor. O suspeito está saindo da casa e entrando no carro. Estamos prontos respondeu uma voz metálica ao aparelho. Tá vai ela, rumando para sul, estamos quase perdendo contato visual./erdemos. Ela é toda de voc0s agora. 1erto. Bá avistamos. $esligo.(ada menos do que onze carros estavam destacados para a vigil%ncia, porém maisimportante ainda eram os helicpteros circulando a C 4++ metros acima do solo.Favia mais um helicptero aguardando em terra, na base Aérea de ;irtland. Era um7F'C(, a variante de dois motores do venerando FueL, famoso no Gietn#,emprestado pela Ior&a Aérea e agora sendo aparelhado com cordas de abordagem.

 Ann dirigia o Golvo de forma aparentemente normal, mas por trás dos culosespelhados os olhos verificavam o retrovisor a intervalos de segundos. /recisava detoda sua habilidade agora, todo seu treinamento, e, apesar de ter dormido apenascinco horas, mantinha os padr)es profissionais. /r!ima a ela no banco repousavauma garrafa térmica com café. Ela já tomara duas !ícaras e levava o restante paraseus tr0s camaradas.Nob também estava se movimentando. Gestido com macac#o e botas, ele corria por entre os bosques, parando apenas para e!aminar a bssola, durante o percurso de* quil9metros através dos pinheiros. $era a si mesmo quarenta minutos parapercorrer essa dist%ncia. A altitude e o ar rarefeito fizeram'no resfolegar antesmesmo de chegar :s encostas. 8eve de dei!ar para trás todas as suas

recrimina&)es. A nica coisa que importava agora era a miss#o. As coisas já haviamcorrido mal em opera&)es de campo anteriormente, embora nunca com ele, e aprova de valor de um verdadeiro agente era a maneira como contornava as

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adversidades e cumpria sua tarefa. $ez minutos depois das ? horas, en!ergou aestrada e, na margem mais pr!ima, o armazém. /arou 4+ metros antes da fímbriada floresta e esperou.O caminho de Ann era aleatrio, ou pelo menos assim parecia. $irigiu acima e

abai!o da estrada, antes de encetar a parte final da viagem. Js ?hlD ela parou noestacionamento da pequena mercearia e entrou.O INH ficara reduzido a dois carros agora, t#o hábeis foram as manobras de evas#o.1ada curva aleatria que ela fazia for&ava um carro a abandonar a persegui&#o presumia'se que ela poderia identificar cada automvel que visse mais de uma vez, e uma chamada frenética fora enviada para conseguir refor&o. Ela escolhera oarmazém com cuidado. (#o podia ser visto por ninguém que estivesse na estradapropriamente dita o volume de tráfego n#o permitia. O carro nmero C+ entrou nomesmo estacionamento. 7m de seus ocupantes foi ao interior do estabelecimento,enquanto o outro ficou no veículo.O homem no armazém fez o primeiro contato real do Nureau com Ann, enquanto ela

comprava algumas rosquinhas e resolvia levar mais café em grandes coposplásticos e outras bebidas, todas elas de alto teor de cafeína, embora o agente n#otivesse reparado nisso. Ele saiu imediatamente atrás dela, com um jornal e doiscafés grandes. Observou enquanto ela saía pela porta e viu quando um homementrou no carro t#o naturalmente quanto se fosse o noivo de uma mulher quegostasse de dirigir seu prprio carro. Apressou'se em dire&#o : porta do veículo,mas mesmo assim quase a perderam. Olhe aqui. Ann passou o jornal a ele. A fotografia de Nob estava na primeirapágina. Iora reproduzida em cores, apesar de a qualidade do original na carteira dehabilita&#o n#o ser das melhores. Estou contente que tenha lembrado de usar aperuca observou ela. >ual é o planoM perguntou Teonid. Em primeiro lugar vou alugar outro carro para levá'lo de volta ao reboque. Aseguir vou comprar um pouco de maquilagem para que possa mudar suascaracterísticas. $epois, acho que deveríamos arrumar um pequeno caminh#o paraatravessar a fronteira. Gamos precisar também de algumas embalagens. Ainda n#oresolvi isso, mas decidirei até o final do dia. E a travessiaM Amanh#. Gamos partir antes do meio'dia e cruzar a fronteira lá pela hora do jantar. 8#o rápido assimM perguntou Nob.

7a# >uanto mais penso sobre isso... eles v#o encher a área de agentes sedemorarmos muito./ercorreram em sil0ncio o restante do caminho. Ela retornou : cidade e parou ocarro num estacionamento pblico, dei!ando Teonid a esperar enquantoatravessava a rua e andava meio quarteir#o até uma ag0ncia locadora de carros emfrente a um grande hotel. Ali cumpriu as formalidades em menos de quinze minutos,e logo estacionou um Iord ao lado de seu Golvo. Ela atirou as chaves para Nob e lhedisse para segui'la até a rodovia interestadual, depois do qu0, estaria por contaprpria.>uando chegaram : rodovia, o INH estava praticamente a pé. 7ma decis#o teve deser tomada, e o agente encarregado da seguran&a agiu certo. 7m carro n#o

identificado da polícia estadual assumiu a cobertura do Golvo. /or sua vez, o ltimocarro do INH seguia o Iord pela estrada. Enquanto isso, cinco veículos que haviamparticipado da vigil%ncia sobre <Ann< correram para emparelhar'se com <Nob< e seu

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Iord. 8r0s deles tomaram a mesma saída, depois seguiram'no ao longo da rodoviasecundária em dire&#o ao <aparelho<. Enquanto adaptava sua velocidade ao limitepermitido, dois dos carros foram for&ados a passá'lo, porém o terceiro ficou para trás até que o Iord entrasse no acostamento e parasse. Esse trecho da estrada era

reto como uma flecha por quase 4 quil9metros, e ele havia parado bem no centro. /eguei'o, estou vendo anunciou um dos helicpteros de observa&#o, de umadist%ncia de D quil9metros, usando binculos estabilizados.Giu uma minscula figura humana abrir o capo do carro, depois curvar'se para ointerior e permanecer vários minutos antes de fechá'lo e prosseguir. O sujeito é um profissional disse o observador ao piloto.6as não o suiciente, pensou o piloto, os olhos fi!os no distante ponto que era o tetodo carro. /9de divisar o Iord virando na estrada de terra que desaparecia entre asárvores. ObaPBá era esperado que o esconderijo fosse isolado. A geografia da área prestava'se a

isso. 8#o logo o local foi identificado, um /hantom KI'51 do ?M Esquadr#o deKeconhecimento 8ático decolou da Nase Aérea de Nergstrom, no 8e!as. A tripula&#ode dois homens pensou que fosse algum tipo de brincadeira, mas n#o seimportaram em fazer a viagem, que demorou menos de uma hora. 1omo miss#o,era t#o simples que qualquer um a realizaria. O /hantom fizera um total de quatropassagens a grande altitude sobre a área e depois de filmar algumas centenas demetros através de seus sistemas de mltiplas c%meras, aterrissou na Nase Aérea de;irtland, nos arredores de Albuquerque. 7m avi#o de carga trou!era pessoal eequipamento adicional algumas horas antes. Enquanto o piloto desligava osmotores, dois técnicos de apoio removeram o compartimento do filme e levaram'nopara o reboque que servia como laboratrio fotográfico portátil. Equipamentos auto'máticos de revela&#o entregaram as cpias midas aos interpretadores de imagemmeia hora depois que o avi#o desligara os motores. Aqui está comentou o piloto, quando viu a fotografia certa. Noas condi&)es@tempo claro, frio, bai!a umidade, bom %ngulo do sol. (em ao menos dei!amosesteira de fuma&a. Obrigado, major disse a sargenta ao e!aminar o filme da c%mera panor%mica;A'C. /arece que temos uma estrada de terra saindo da rodovia nesse ponto,depois ondulando por essas eleva&)es... e ali parece haver um reboque, um carroestacionado a uns D+ metros... mais um coberto aqui. $ois carros, portanto. 1erto, oque mais...

Espere um pouco... n#o estou vendo o segundo carro protestou um agente doINH. Está aqui, senhor. O sol está refletindo em alguma coisa, muito grande para ser uma lata de refrigerante. /rovavelmente o pára'brisa do carro, talvez uma janelatraseira, mas eu diria que essa é a parte da frente. /or qu0M indagou o agente. Ele precisava saber. A intérprete n#o olhou para cima. Nem senhor, se fosse eu que estivesse escondendo um carro, eu o colocaria deré para que pudesse sair rapidamente, sabe como éM O homem fez o possível paran#o rir. 1erto, sargenta.

EUa passou para outra imagem. Geja lá... aqui temos um refle!o do pára'choque, e aqui provavelmente a grade.G0 como cobriram tudoM Olhe aqui ao lado do reboque. /ode ser um homem ali nas

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sombras... Ela passou para a fotografia seguinte. Hsso mesmo, parece umapessoa.O homem tinha quase 4 metros, atlético, com cabelo escuro e uma sombra no rosto,indicando que n#o se barbeara. (enhuma arma estava visível.

Encontraram cerca de trinta fotografias utilizáveis do local, oito das quais foramampliadas para o tamanho de posters# Estas foram para o hangar com o 7F'C(."us Qerner estava lá. (#o gostava de miss)es apressadas tanto quanto as pessoasno reboque, mas suas op&)es eram t#o limitadas quanto as deles. Ent#o, coronel Iilitov, vamos voltar a C?. $mitri Iedorovich me levou com ele quando se tornou ministro da $efesa.Iacilitou as coisas, é claro. E aumentou suas oportunidades observou Gatutin. E verdade.(#o havia recrimina&)es agora, ou acusa&)es, ou mesmo comentários sobre anatureza do crime que 2isha cometera. Faviam superado esse estágio. A admiss#o

de culpa viera em primeiro lugar, como sempre acontecia, e isso era sempre difícil,porém, depois de os acusados serem dobrados ou levados a confessar, vinha aparte mais difícil. /odia durar várias semanas, e Gatutin n#o tinha idéia de quandoterminaria. A fase inicial era destinada a dar uma idéia geral. O e!ame detalhado decada caso teria lugar a seguir, mas a divis#o do interrogatrio em duas fases eracrucial para estabelecer um ponto de refer0ncia, caso o prisioneiro tentasse alterar ou negar alguma coisa em particular. 2esmo nessa fase, revendo alguns detalhes,Gatutin e seus homens ficaram estarrecidos. Especifica&)es de cada tanque e ca'nh#o na 7ni#o -oviética, incluindo as varia&)es nunca enviadas aos árabes oque era a mesma coisa que entregá'los aos israelenses, portanto o mesmo que dá'los aos americanos ou mesmo aos outros países do /acto de Garsvia, foramcedidas aos americanos antes mesmo que os primeiros prottipos entrassem emprodu&#o. Especifica&)es de aeronaves. $esempenho de ogivas convencionais enucleares de todos os tipos. $ados de avalia&#o de mísseis estratégicos. Hmagensdo interior do 2inistério da $efesa, e agora, ao entrar na época em que 7stinov foraindicado para o /olitburo, disputas políticas de alto nível. E o que causara maisdanos é que Iilitov passara adiante tudo que sabia sobre estratégia soviética... e elesabia tudo que havia para saber. Ao tornar'se conselheiro e confidente de $mitri7stinov, e usar sua capacidade como combatente lendário, ele representara umolhar burocrático no mundo real dos combatentes.* então, 6isha, o "ue acha disso0### 7stinov deve ter feito a mesma pergunta

milhares de vezes, compreendeu Gatutin, mas nunca suspeitara... >ue tipo de homem era 7stinovM indagou o coronel do <$ois<. Nrilhante respondeu Iilitov sem hesitar. -eu talento administrativo n#otinha paralelo. -eus instintos para os processos de fabrica&#o, por e!emplo, eramt#o agu&ados como nunca vi iguais. Era capaz de cheirar uma fábrica e dizer se otrabalho em andamento estava bom ou n#o. 1onseguia en!ergar cinco anos : frentee determinar quais armas seriam necessárias e quais n#o seriam. - era fraco noconhecimento de como as armas seriam usadas em combate, e por isso :s vezesdiscutíamos quando eu tentava torná'las mais fáceis de manipular. >uero dizer, eleprocurava métodos para acelerar a produ&#o, enquanto eu buscava uma forma demelhorá'las no campo de batalha. "eralmente eu ganhava, mas n#o sempre.

5mpressionante, pensou Gatutin enquanto tomava notas. 6isha nunca parou de lutar  para tornar as armas melhores, embora esti!esse passando os se%redos para oOcidente### :or "u40 2as ele n#o poderia perguntar isso agora, nem por um bom

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tempo# (#o podia dei!ar que 2isha visse a si mesmo como um patriota outra vez,até que todas as trai&)es estivessem completamente documentadas. Os detalhesdessa confiss#o, ele agora sabia, levariam meses. >ue horas s#o em QashingtonM perguntou KLan a 1andeia.

>uase C+ horas da manh#. A sess#o foi curta hoje. E. A oposi&#o pediu para antecipar um recesso. Alguma notícia de Qashingtonsobre o assunto "regorLM (ada ainda respondeu 1andeia, desanimada. Goc0 nos disse que eles colocariam os sistemas de defesa na mesa disse(armonov ao chefe da ;"N.O ministro das Kela&)es E!teriores acabara de declarar o contrario. (a verdade,tomaram conhecimento do fato no dia anterior, mas agora tinham certeza absolutade que n#o era um ardil. Os soviéticos optaram por um recuo quanto ao item sobreinspe&#o de armamentos constante da proposta inicial, esperando que isso abalasseos americanos um pouco que fosse, na quest#o da Hniciativa de $efesa Estratégica.

2as o gambito encontrara uma muralha de pedra. /arece que nossa fonte estava incorreta admitiu "erasimov. Ou talvez aconcess#o esperada demore mais tempo. Eles n#o alteraram a posi&#o e nem o far#o. Goc0 foi mal informado, (i3olaLNorissovich declarou o ministro das Kela&)es E!teriores, definindo sua posi&#ode alian&a com o secretário'geral. Hsso é possívelM indagou Ale!androv. 7m dos problemas em reunir informa&)es sobre os americanos é que eles nemsempre sabem qual a posi&#o que ocupam. (ossa informa&#o vem de uma fontemuito bem colocada, e o relatrio coincidiu com o de outros agentes. 8alvez Allendesejasse fazer isso, mas tenha sido proibido. R possível concedeu o ministro do Hnterior, n#o desejando pressionar demais"erasimov. Fá algum tempo venho sentindo que ele tem idéias prprias sobre aquest#o. 2as isso n#o importa agora. 8eremos de mudar nossa maneira de abordar o problema. -erá que isso é um indício de que os americanos tenham conseguidooutro avan&o técnicoM /ossivelmente. Estamos trabalhando nisso, no momento. 8enho um grupotentando trazer material importante. "erasimov n#o ousou ir além.-ua opera&#o para apanhar o major americano era mais desesperada do que KLanteria imaginado. -e viesse a pblico, ele seria acusado de tentar boicotar importantes negocia&)es em andamento e de t0'lo feito sem consultar seus

pares. Até mesmo os membros do /olitburo deviam discutir suas a&)es, mas ele n#opudera. -eu aliado Ale!androv iria querer saber o motivo, e "erasimov n#o podiaarriscar'se a revelar a armadilha para ninguém. /or outro lado, ele estava certo deque os americanos manteriam sigilo sobre o seq6estro. /ara eles, tal revela&#oimplicava correr um risco id0ntico políticos em Qashington tentariam acusar osconservadores de usar o incidente para sabotar as conversa&)es por interesseprprio. O jogo era grande como jamais tora, e os riscos que "erasimov estavacorrendo, embora graves, meramente se adicionavam ao conte!to. Era tarde demaispara ser cuidadoso. Bá se encontrava um passo adiante e, embora sua prpria vidaestivesse em jogo, a dimens#o do risco era digna de seu objetivo final. (#o sabemos se ele está lá, sabemosM perguntou /aulson. Ele era o melhor 

atirador do "rupo Anti'-eq6estro. 2embro do <1lube da 2eia /olegada<, eleconseguia colocar tr0s tiros num círculo de meia polegada a 4++ metros e dessameia polegada +,*+V pertencia ao di%metro da bala em si.

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(#o, mas é o melhor que temos no momento admitiu "us Qerner. -#o tr0shomens. -abemos com certeza que dois deles est#o ali. Eles n#o dei!ariam umhomem s tomando conta do refém... (#o seria profissional. Iaz sentido, "us concordou /aulson. 2as n#o temos certeza. Gamos com

isso ent#o. (#o era uma pergunta. 1erto. /aulson voltou'se e olhou para a parede. Estavam usando a sala deprontid#o dos pilotos. A corti&a na parede, colocada ali para absorver o som, eraperfeita para pendurar mapas e fotografias. O reboque, todos viram, era do tipobarato. Apenas algumas janelas, e, das duas portas originais, uma estava fechadacom tábuas. /resumiram que a sala pr!ima da porta remanescente estava ocupadapelos <bandidos<, enquanto a outra abrigava o refém. O que havia de bom sobre ocaso é que seus oponentes eram profissionais, portanto razoavelmente previsíveis.Iaziam a coisa mais lgica na maioria dos casos, ao contrário da maioria doscriminosos, que apenas agiam conforme lhes ocorria no momento./aulson olhou para uma foto diferente, depois para o mapa topolgico, e ent#o

escolheu sua rota de apro!ima&#o. As fotografias de alta defini&#o foram uma dádivados deuses. Elas mostravam um homem do lado de fora, vigiando a estrada, que eraa rota mais provável de apro!ima&#o. *le andou um pouco por ali, pensou /aulson,mas a maior parte do tempo esta!a de olho na estrada# /ortanto, o grupoobservador'atirador se apro!imaria pelo lado oposto. Acha que s#o tipos de cidadeM perguntou ele a Qerner. /rovavelmente. Gou chegar por esse lado. 2artL e eu podemos nos apro!imar até uns 5++metros por trás dessa serra, depois descer por aqui, paralelamente ao reboque. Onde vai ser o seu postoM Tá. /aulson tocou com o dedo a melhor das fotografias. Acho quedevíamos levar a metralhadora. E!plicou o motivo, e todos concordaram. 2ais uma mudan&a anunciou Qerner. 8emos novos regulametos.. -ealguém achar que o refém corre perigo, pode acertar os bandidos. /aulson, sehouver alguém perto dele quando come&armos, voc derruba com o primeiro tiro,quer ele esteja armado ou n#o.Espere um pouquinho, "us reclamou /aulson. Essa coisa toda vai parecer uma...O refém é importante, e e!iste raz#o para acreditar que qualquer tentativa delibertá'lo pode resultar em morte... Alguém anda assistindo a muitos filmes de espionagem comentou outro

membro do grupo. >uemM perguntou /aulson em voz bai!a, mas incisiva. O presidente. O diretor Bacobs estava ao telefone também. /egou a ordem por escrito. (#o estou gostando nem um pouco dessa histria declarou o atirador. Elesv#o colocar alguém bancando a babá com ele, e voc0 quer que eu acerte o sujeito,mesmo que ele n#o esteja amea&ando o refém. E!atamente confirmou Qerner. -e n#o puder fazer isso, é melhor dizer agora. "us, preciso saber por qu0. O presidente o chamou de patrim9nio nacional insubstituível. Ele é o homem'

chave de um projeto importante o suficiente para que ele fosse pessoalmentee!plicar tudo ao presidente. Ioi por isso que o raptaram, e a idéia geral é que, seeles perceberem que n#o podem ficar com ele, também n#o v#o dei!ar que ns

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fiquemos. Geja o que fizeram até agora concluiu o líder do grupo./aulson considerou as palavras por um momento e acenou em concord%ncia.Goltou'se para 2artL, que fez o mesmo. 1erto. 8emos de atirar pela janela. 8rabalho para dois fuzis. Qerner caminhou

até o quadro'negro e fez um esbo&o do plano deassalto t#o detalhado quanto possível. A disposi&#o interna do reboque eradesconhecida, e muita coisa dependeria das informa&)es de ltima hora que/aulson captaria pela mira telescpica com aumento de dez vezes. Os detalhes doplano n#o eram muito diferentes dos de uma a&#o militar. Em primeiro lugar, Qerner estabeleceu a cadeia de comando todos já sabiam, mas tudo foi precisamentedefinido assim mesmo. A seguir veio a composi&#o dos grupos de assalto e suaspartes na miss#o. 2édicos e ambul%ncias ficariam a postos, bem como um grupo deperitos para recolher provas. $epois de uma hora, o plano n#o estava t#o completoquanto gostariam, mas o treinamento que tinham garantia a a&#o. 7ma vezdeflagrada, a opera&#o ficaria apoiada na perícia e poder de julgamento dos

membros individuais do grupo, mas em ltima análise tais coisas sempre sepassavam assim. >uando terminaram, todos passaram : a&#o.Ela resolveu'se por uma pequena caminhonete 7'Faul, do mesmo tamanho que asutilizadas como micro9nibus ou para entregas comerciais. 3m !eículo maior, pensouela, iria demandar muito para ser carre%ado com as caixas apropriadas, as quais foiadquirir mais tarde num lugar chamado <O 1eleiro das 1ai!as<. Era algo que jamaisfizera antes todas as suas transfer0ncias de informa&)es haviam sido realizadaspor meio de rolos de filmes, que cabiam no bolso de qualquer um , porém tudo oque precisou fazer foi procurar nas /áginas Amarelas e fazer alguns telefonemas. Adquiriu dez embalagens com cantoneiras de madeira e laterais de papel#oplastificado, tudo completamente desmontado para facilitar o transporte. O mesmoestabelecimento lhe vendeu etiquetas para indicar o contedo e espuma depoliestireno para proteger o carregamento. O vendedor insistira nesse ltimo item.8%nia observou enquanto dois homens carregavam a caminhonete, depois saiu. O que voc0 acha que significa tudo issoM perguntou um agente. Acho que ela pretende levar alguma coisa a algum lugar. O motorista seguiavárias centenas de metros atrás, enquanto seu companheiro chamava mais agentespara conversarem com a companhia de transportes. 7ma caminhonete 7'Faul eramuito mais fácil de seguir do que um Golvo./aulson e tr0s outros homens desceram do 1hevL -uburban no e!tremo distante deum bairro planejado, cerca de 4 quil9metros do reboque. 7ma crian&a que brincava

no jardim de uma casa arregalou os olhos para os homens que penetravam nosbosques dois portando fuzis e um terceiro levando uma metralhadora 2'+. $oiscarros de polícia ficaram ali depois que o 1hevL foi embora, e os policiais bateramnas portas para dizer :s pessoas que n#o discutissem o que tinham ou namaioria dos casos n#o tinham visto.7ma vantagem dos pinheiros é que eles soltavam agulhas, e n#o as folhas secas ebarulhentas que atapetavam as colinas da Girgínia Ocidental, que ele percorria todosos anos ao ca&ar cor&as. (este ano, n#o acertara nenhuma. 8ivera duas boasoportunidades, mas os cervos que eram menores do que gostaria de levar paracasa, e decidiu poupá'lo para o ano seguinte, aguardando outra chance./aulson era um homem afeito a florestas, pois nascera no 8ennesse, ficando muito :

vontade na mata, andando silenciosamente entre árvores grandes e o ch#o virgemrecoberto de folhas caídas e vegeta&#o rasteira. Tiderou os outros tr0s, lenta ecuidadosamente, fazendo t#o pouco ruído quanto possível como os agentes

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federais que haviam levado seu av9 montanh0s a parar com sua produ&#o caseirade aguardente, lembrou'se ele sem sorrir. /aulson nunca matara ninguém emquinze anos de servi&o. O "rupo Anti'-eq6estro possuía os mais bem treinadosfranco'atiradores do mundo, porém nunca na verdade aplicavam seu ofício. Ele

mesmo chegara a ponto de faz0'lo meia dzia de vezes, mas antes sempre tiveraum motivo para n#o atirar. (esse dia seria diferente tinha certeza disso, o quemudava sua disposi&#o. 7ma coisa era entrar numa miss#o sabendo que um tiroteiopoderia acontecer. (o Nureau essa possibilidade estava sempre presente. Goc0 aplanejava, esperando sempre que n#o fosse necessária sabia muito bem o queacontecia quando se matava alguém, com os pesadelos e a depress#o que nuncaapareciam nos filmes policiais de televis#o. O m&dico j de!ia estar !indo para c,pensou ele. O INH mantinha um psiquiatra de plant#o para ajudar os agentes noperíodo posterior a um tiroteio, porque, mesmo quando se sabe que n#o houveescolha, a mente humana hesita perante a possibilidade de uma morte desne'cessária e pune o sobrevivente por estar vivo e sua vítima n#o. *sse era um dos

 pre+os do pro%resso, pensou /aulson. (#o tinha sido sempre assim, e com oscriminosos n#o era, na maioria dos casos. Eis a diferen&a entre uma comunidade eoutra. 2as a que comunidade pertenciam os homens que iria enfrentarM EramcriminososM (#o, eram profissionais treinados, patriotas na concep&#o da sociedadedeles. /essoas realizando um trabalho. ;omo eu#Escutou um ruído. -ua m#o esquerda subiu, e os quatro homens se abai!aramprocurando cobertura. Alguma coisa se movia para o lado esquerdo. '1ontinuou otrajeto, afastando'se do caminho. -al!ez um %aroto, pensou, um menino brincandona floresta. Aguardou mais um pouco para certificar'se de que estava sedistanciando, depois come&aram a movimentar'se novamente. O grupo deatiradores usava camuflagem padr#o militar sobre o equipamento de prote&#o, nascombina&)es dos tons verdes e marrons da floresta. $epois de meia hora, /aulsonverificou seu mapa. /onto de Gerifica&#o 7m disse ele no rádio. Entendido respondeu Qerner, a D quil9metros de dist%ncia Algum problemaM (egativo. /rontos para andar até a pr!ima escarpa. $evemos ter o objetivo :vista daqui a quinze minutos. Entendido. /odem continuar. 1erto. $esligo./aulson e seu grupo formaram uma fila para subir a primeira escarpa, muito alta, de

onde come&avam os 4++ metros restantes. $e lá podiam ver o reboque, e daí por diante as coisas prosseguiram lentamente. /aulson passou seu fuzil ao quartohomem. O agente moveu'se sozinho para a frente, olhando para o ch#o : escolhado caminho mais silencioso. Era principalmente uma quest#o de olhar onde sepisava, e n#o de adotar uma maneira especial de andar, habilidade perdida naspessoas da cidade, que invariavelmente achavam o ch#o da floresta um lugar barulhento. O solo ali era pedregoso, e ele aproveitou as pedras para andar,chegando : segunda escarpa em cinco minutos de percurso silencioso. /aulsonencolheu'se contra o tronco de uma árvore e apanhou o binculo mesmo este erarecoberto com uma camada de plástico verde. Noa tarde, senhores dissebai!inho para si mesmo. Ainda n#o en!ergava ninguém, pois o reboque bloqueava a

vis#o do local onde se esperava que estivesse o homem de fora, e havia muitasárvores no caminho. /aulson procurou movimentos ao seu redor. $emorou váriosminutos olhando e escutando antes de acenar para que os companheiros viessem.

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Eles levaram dez minutos. /aulson verificou seu relgio. Faviam entrado na matafazia noventa minutos, e estavam ligeiramente adiantados. Giu alguémM perguntou o outro atirador, quando chegou ao lado de /aulson. Ainda n#o.

2eu $eus, espero que n#o tenham saído daí disse 2artL. E agoraM Gamos continuar para a esquerda, depois descemos a ravina ali. Aquele é onosso local. Ele apontou. E!atamente como nas fotos. 8odos prontosM indagou /aulson. Kesolveu esperar mais um minuto antes departir, permitindo quetodos bebessem um gole de água. O ar estava seco e rarefeito, e a garganta tendiaa ficar irritada. (#o queria que ninguém tossisse. 2otas para tosse, pensou o líder dos atiradores. 7e!íamos incluir %otas para tosse no e"uipamento###Tevou mais meia hora até que cada um atingisse o ponto predeterminado. /aulsonescolhera um local mido ao lado de um grande bloco de granito, depositado ali pela

ltima geleira a invadir o local. Iicava cerca de metros acima do nível do reboque,mais ou menos o que escolhera como ponto ideal, além de n#o formar um %nguloe!ato de +graus. 8inha uma vis#o direta da grande janela na se&#o traseiradoreboque. -e "regorL estivesse lá, esse era o local onde se esperava omantivessem. Era hora de descobrir. /aulson desdobrou os dois pés de apoio dofuzil, retirou a tampa protetora da mira telescpica e come&ou seu trabalho. Apanhounovamente o rádio, colocando o fone\microfone na cabe&a. E!primiu'se nummurmrio mais bai!o que o do vento nas agulhas de pinheiro acima dele. Aqui é /aulson. Estamos no local, agora olhando. Em posi&#o. Entendido respondeu uma voz no aparelho. /u!a disse 2artL primeiro. Estou vendo o homem. $o lado direito. Al "regorL estava sentado numa poltrona, sem muita op&#o. -eus pulsos estavamatados no colo concess#o feita para seu conforto , porém a parte superior dosbra&os e das pernas estava firmemente imobilizada. Os culos foram retirados, etodos os objetos da sala lhe pareciam ter contornos indefinidos. Hsso incluía ohomem chamado de Nill. Estavam alternando turnos para vigiá'lo. Nill sentava'se nocanto mais distante da sala, imediatamente depois da janela. Favia uma pistolaautomática enfiada no cinto, e, embora "regorL n#o pudesse distinguir a marca, operfil anguloso era inconfundível. O que... ... vamos fazer com voc0M completou Nill. O diabo me carregue se eu sei,

major. Algumas pessoas est#o interessadas no que o senhor faz para viver, eu acho. /ois eu n#o... 8enho certeza disso disse Nill com um sorriso. Agora, já pedimos uma vezpara ficar quieto. -e n#o obedecer, ponho a morda&a de volta. 1alminha, garoto. /ara que ela disse que eram as embalagensM perguntou o agente. Ialou que a companhia estava embarcando algumas estátuas. Algum artistalocal, se n#o me engano... acho que era uma mostra em -an 'Irancisco.*xiste um consulado so!i&tico em Aan <rancisco, pensou o agente imediatamente.6as eles não podem estar azendo isso### ou podem0 Embalagens do tamanho de homens, voc0 disseM $ava para colocar umas duas pessoas nas grandes, com facilidade, e levou

também algumas pequenas. >uanto tempo para montar tudoM (#o precisa usar nenhuma ferramenta especial. 2eia hora, no má!imo.

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6eia hora0 7m dos agentes dei!ou a sala para fazer um telefonema. A informa&#ofoi transmitida pelo rádio para Qerner. Aten&#o anunciou o fone de ouvido. 7m caminh#o 7'Faul... espere,corrigindo para caminhonete... vem chegando pela estrada principal.

(#o podemos ver daqui disse /aulson bai!inho a 2artL, a seu lado.7m dos problemas com a localiza&#o escolhida era que n#o podiam ver o reboqueinteiro de onde se encontravam, e s en!ergavam trechos da estrada que levava atélá. As árvores eram muito fechadas para isso. 8er uma vis#o melhor significavamover'se para a frente, risco esse que n#o estavam dispostos a assumir. O visor alaser mostrava que estavam a 4+C metros do reboque. As miras dos fuzis estavamreguladas para 4++ metros, e a roupa de camuflagem os tornava praticamenteinvisíveis a essa dist%ncia, contanto que n#o se movessem. 2esmo com o binculo,as árvores eram t#o compactas que simplesmente havia muitos detalhes para que oolho humano os distinguisse.Escutou a caminhonete. *scapamento ruim, pensou ele. Ent#o escutou a batida

metálica da porta e o rangido de uma outra se abrindo. Gozes vieram a seguir, mas,embora percebesse que duas pessoas conversavam, n#o conseguiu entender umas palavra. Hsso deve ser suficiente disse a capita NisLarina a Teonid. 8enho duasdessas cai!as e tr0s das pequenas. 7saremos as menores para colocar por cimadas outras. O que estamos levandoM Estátuas. Fá uma e!posi&#o de arte daqui a tr0s dias, e vamos atravessar afronteira no ponto mais pr!imo : mostra. -e partirmos em duas horas, chegaremos: fronteira bem a tempo. 8em certeza... Eles revistam embalagens que v#o para o norte, n#o indo para o sul assegurou NisLarina.

2uito bem, vamos montar as cai!as lá dentro. $iga a Oleg para sair.NisLarina foi para o interior. Teonid ficou do lado de fora, já que estava maisacostumado a trabalhar em ambiente aberto que os outros dois agente. EnquantoOleg e Teonid carregavam as embalagens para dentro, ela caminhou para a partetraseira do reboque e deu uma olhadela em "regorL. Olá, major. Está bem instaladoM /eguei mais um no visor disse /aulson, no momento em que ela entrou no

campo de vis#o. -e!o feminino, é aquela das fotos... a do Golvo avisou elepelo rádio. Está falando com o refém. 8r0s homens agora visíveis anunciou o fone a seguir. Outro agente tinha umposto do outro lado do reboque. Est#o carregando cai!as para o interior doreboque. Gou repetir@ tr0s homens : vista. A mulher está no interior, fora de vista. Acho que todos est#o : vista. Iale sobre as cai!as. Qerner estava ao lado dohelicptero num campo a vários quil9metros de dist%ncia, segurando um diagramado reboque. Est#o desmontadas. Acho que pretendem armá'las. - tivemos informa&)es sobre quatro agentes disse Qerner a seus homens. E o refém está aqui.

Hsso deve ocupar dois deles montando as embalagens disse um dos homensdo grupo de assalto. 7m do lado de fora, outro com o refém... parece bom, "us. Aten&#o, aqui é Qerner. Gamos come&ar. 8odos a postosP

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Ele gesticulou para o helicptero, que iniciou a seq60ncia de opera&)es para ligar omotor. O líder do "rupo Anti -eq6estro realizou uma verifica&#o mental enquantoembarcava no aparelho. -e os russos tentassem escapar na caminhonete, seushomens também poderiam atacar, mas nesse caso teriam vis#o apenas do motorista

e do passageiro, através das janelas o que significava que dois deles, talvez tr0s,ficassem fora do campo de vis#o, muito provavelmente capazes de matar o refémantes que seus homens tivessem acesso a ele. -eu primeiro instinto fora correto@tinham de ir agora. O 1hevL -uburban do grupo partiu levando quatro homens etomou a estrada principal que conduzia ao local./aulson moveu a trava de seguran&a do fuzil, e 2artL fez o mesmo. Bá haviamdiscutido o passo seguinte. A * metros dele, o operador da metralhadora e seucarregador aprontavam a arma vagarosamente para evitar ruídos metálicos. (unca sai e!atamente de acordo com o plano observou bai!inho o segundoatirador. R por isso que eles treinam tanto a gente. /aulson tinha as linhas da mira

sobre o alvo.(#o era fácil porque a janela de vidro refletia muita luz. 2al podia ver a cabe&a dela,mas era uma mulher, alguém perfeitamente identificado como alvo. 1alculou o ventoem cerca de C+ ns, soprando pela direita. Ao longo dos 4++ metros, isso deveriamover a bala cerca de D centímetros para a esquerda, que teriam de ser compensados. 2esmo com um visor que ampliava dez vezes, uma cabe&a humanan#o é um alvo grande a 4++ metros, e /aulson balan&ou levemente o fuzil paramanter a cabe&a no centro da mira enquanto ela andava. O olhar n#o se prendia aoalvo, mas : retícula do visor em si, mantendo'a alinhada com o alvo. Oprocedimento que seguia era automático. 1ontrolava a respira&#o, apoiando'se noscotovelos, e mantinha a arma firmemente em posi&#o. >uem é voc0M indagou "regorL. 8%nia NisLarina. Ela andou um pouco para esticar as pernas. 8em ordens para me matarM8%nia admirou'se com o estilo direto da pergunta. "regorL n#o correspondiae!atamente : idéia que se fazia de um soldado, mas :s vezes a parte importanteficava escondida. (#o, major. Gai fazer uma pequena viagem. Tá está a caminhonete disse Qerner. Aessenta se%undos da estrada at& orebo"ue# Ele ergueu seu transmissor. 8odos os grupos@ vamos láP As portas do helicptero correram e as cordas enroladas foram colocadas a postos.

Qerner bateu com a m#o no ombro do piloto com for&a suficiente para machucar,mas o homem estava muito ocupado para reparar nisso. Abai!ou o coletivo emergulhou o helicptero na dire&#o do reboque, agora menos de C ++ metrosabai!o deles.Escutaram o ruído característico das pás do rotor, antes de ver o aparelho. Faviatráfego suficiente de helicpteros na área para que o perigo n#o fosseimediatamente identificado. O que estava do lado de fora foi até a ponta do reboquee espiou por entre o cimo das árvores, depois virou'se ao pensar ter ouvido umveículo apro!imando'se pela estrada.

(o interior, Teonid e Oleg levantaram os olhos da embalagem semi'desmontada,

mais irritados do que preocupados. Hsso mudou no instante em que o ruído tornou'se ensurdecedor, quando o aparelho pairou e!atamente sobre eles. (a traseira doreboque, NisLarina té a janela e foi quem viu primeiro o helicptero. Ioi também a

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ltima coisa que viu. (o alvo disse /aulson. (o alvo concordou o outro atirador. IogoP

$ispararam quase no mesmo instante, mas /aulson sabia que o outro tiro partiraprimeiro. Ioi o que estilha&ou a janela, a bala desviada pelo vidro a quebrar'se. Osegundo projétil, de ponta oca, veio um segundo atrás e atingiu a agente soviéticano rosto. /aulson assistiu pelo visor, mas foi o momento de atirar que ficou gravadoem sua mente, o cruzamento da retícula sobre o alvo. /ara a esquerda, o homemcom a metralhadora já come&ava a disparar quando /aulson relatou seu tiro. (o meio da testa. Alvo abatido disse o segundo atirador ao rádio. 2ulher fora de a&#o. Kefém: vista. Ambos carregaram os fuzis e procuraram novos alvos.1ordas com peso na ponta caíram do helicptero, e quatro homens desceram por 

elas. Qerner vinha na frente e passou através da janela quebrada, com asubmetralhadora 2/'D pronta na m#o. "regorL estava lá, gritando alguma coisa.7m outro membro do grupo juntou'se a Qerner e atirou a cadeira ao ch#o,ajoelhando'se entre ela e a estrutura. Ent#o um terceiro homem entrou, e os tr0sapontaram as armas para o outro lado.$o lado de fora, o 1hevL -uburban chegou a tempo de ver um dos homensdisparando sua pistola sobre um agente que caíra sobre o reboque e engancharaem alguma coisa, ficando impossibilitado de apontar sua arma. $ois agentessaltaram do veículo e dispararam tr0s projéteis cada um, derrubando o homem aoch#o. O agente sobre o reboque libertou'se e acenou.(o interior, Teonid e Oleg tentavam alcan&ar suas armas. 7m deles olhou na dire&#oda corrente contínua de balas de metralhadora que passava através das paredesmetálicas do reboque, obviamente para evitar que se apro!imassem de "regorL.2as essa era a ordem que precisavam obedecer. Kefém a salvo, refém a salvo. 2ulher fora de a&#o disse Qerner ao rádio. Alvo do lado de fora abatido anunciou outro agente, do e!terior. Observououtro membro do grupo, que colocava uma pequena carga de e!plosivos na porta. Ohomem recuou e acenou. /rontoP 2etralhadora, cessar fogo, cessar fogo ordenou Qerner.Os dois agentes no interior do reboque perceberam que os tiros haviam cessado e

foram em dire&#o : traseira. Enquanto se moviam, a porta foi arrancada dos gonzos. A e!plos#o deveria ter sido suficiente para atordoá'los, mas ambos estavam alertasdemais para isso. Oleg voltou'se, segurando a arma com as duas m#os para cobrir Teonid. $isparou na dire&#o da primeira figura através da porta, atingindo'a nobra&o. O agente caiu, tentando girar a arma. $isparou e errou, mas atraiu a aten&#ode Oleg sobre si. O segundo homem na porta tinha sua 2/'D pronta no bra&o. Altima impress#o de Oleg foi de surpresa@ n#o os ouvira atirar. Entendeu quando viuos silenciadores bojudos. Agente ferido e bandido abatido. Outro bandido tentando recuar. Eu o perdi devista na curva. O agente correu atrás dele, mas trope&ou numa cai!asemimontada.

$ei!aram que ele passasse pela porta. 7m agente, com o tra! protegido por colete: prova de balas, estava entre a porta e o refém. Agora podiam se dar ao lu!o den#o abat0'lo imediatamente. Era aquele que tinha apanhado o carro alugado,

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reparou Qerner, e sua arma ainda n#o estava apontada para ninguém. Gia tr0shomens vestidos com macac)es almofadados, obviamente protegidos comblindagem corporal. O rosto demonstrou sua hesita&#o. Gar%ue a arma8 ― gritou Qerner. Não###

Teonid viu onde "regorL estava e lembrou'se de suas ordens. A pistola come&ou avirar.Qerner fez o que dissera a seu pessoal para n#o fazer, e nunca se lembraria por qu0. $isparou meia dzia de balas no bra&o do homem, visando a arma emiraculosamente funcionou. A pistola balan&ou e caiu, numa nuvem de sangue queespirrou. Qerner saltou para a frente, derrubando o adversário e apoiando a pontada submetralhadora com silenciador na t0mpora do homem. (mero tr0s fora de combateP Kefém a salvoP "rupo@ apro!imar'se paraverifica&#o. Tado de fora, nmero um morto. Keboque, nmero dois mortoP 7m agente ferido no bra&o, sem gravidade.

2ulher morta avisou Qerner. 7m dos homens feridos e sob custdia.-eguran&a na áreaP Ambul%ncias, podem vir agora.$esde o primeiro disparo do franco'atirador, decorrera um total de vinte e novesegundos.8r0s agentes apareceram na janela pela qual Qerner e os dois colegas haviamentrado. 7m dos homens no interior apanhou sua faca de caca e cortou as cordasque prendiam "regorL, depois praticamente atirou'o pela janela, onde foi apanhadoe levado como uma boneca de trapos. Al foi colocado na traseira do caminh#o do"rupo Anti'-eq6estro que partiu em seguida. (a rodovia, um helicptero da Ior&akérea aterrissou. Assim que "regorL foi lan&ado ao seu interior, levantou v9o.8odos os membros do pessoal de resgate possuíam treinamento médico, e dois doscomponentes do grupo de assalto eram adestrados como bombeiros'paramédicos.7m deles, ferido no bra&o, orientava a coloca&#o de ataduras no prprio bra&o, pelohomem que matara Oleg. Os outros paramédicos voltaram e come&aram a tratar deTeonid. Ele vai viver, mas o bra&o pode precisar de cirurgia. Kádio, ulna e mero, todosfraturados, chefe. Goc0 devia ter largado a arma disse Qerner. (#o teve muita chance. BesusP Era /aulson.Estava em pé do lado de fora da janela e olhava o estrago que sua nica bala tinhacausado. 7m agente revistava o corpo, procurando alguma arma. Tevantou'se,

sacudindo a cabe&a. Aquilo revelou ao atirador o que ele teria preferido n#o saber.(esse momento, percebeu que jamais seria capaz de ca&ar outra vez. A balapenetrara logo abai!o do olho esquerdo. A maior parte do contedo da cabe&aestava na parede oposta : janela. /aulson disse a si mesmo que n#o deveria ter olhado. O atirador voltou'se depois de cinco longos segundos e descarregou suaarma.O helicptero levou "regorL diretamente para o /rojeto. -eis homens armados daseguran&a estavam esperando no local de aterrissagem e escoltaram'no paradentro. Ele ficou surpreso ao ver alguém tirando fotografias. 7ma pessoa jogou umalata de 1oca'1ola para Al, que tomou um banho da espuma espirrada quando pu!ouo anel do fecho. $epois de tomar um gole, falou@

O que significa tudo issoM (s mesmos ainda n#o temos certeza respondeu o chefe de seguran&a do/rojeto.

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Tevou mais alguns segundos para que a mente de "regorL apreendesse osignificado do que aconteceu. Ioi quando come&ou a tremer.Qerner e seu pessoal estavam ao lado de fora do reboque enquanto o grupo de

técnicos levantava as provas. 7ma dzia de carros da polícia estadual do (ovo2é!ico também estava lá. O agente federal ferido e o agente da ;"N foramcolocados na mesma ambul%ncia, embora o ltimo estivesse algemado a sua ma&a,esfor&ando'se para n#o gritar de dor pelos tr0s ossos esmigalhados em seu bra&o. Aonde v#o levá'loM perguntou um capit#o da polícia. /ara o hospital da Nase de ;irtland, os dois respondeu Qerner. R um longo caminho. As ordens s#o para manter este aqui embai!o do pano. /ara todos os efeitos, osujeito que acertou o seu guarda é aquele ali... /ela descri&#o que recebemos, deveser ele mesmo, de qualquer jeito. Estou surpreso que tenha apanhado um com vida. Aquilo conquistou um olhar 

curioso. >uero dizer, estavam todos armados, certoM R... concordou Qerner, com um estranho sorriso no rosto. 8ambém estousurpreso.

"%As Re'ras do ;o'oO impressionante é que o assunto n#o chegou ao noticiário. Apenas um punhado detiros sem silenciador fora disparado, e esse ruído n#o era t#o raro assim no Oesteamericano. 7ma consulta : polícia estadual do (ovo 2é!ico teve como respostaque a investiga&#o sobre o ataque ao guarda 2endez continuava, sendo osresultados aguardados para qualquer momento, mas a atividade de helicpteros eraparte de uma rotina de e!ercícios de busca e salvamento conduzida em conjuntopela polícia estadual e pela Ior&a Aérea. (#o era uma histria t#o convincenteassim, mas boa o suficiente para manter os reprteres afastados por um dia ou dois.O grupo de técnicos que procurava provas vasculhou o reboque, e como era deesperar n#o encontrou muita coisa digna de nota. 7m fotgrafo da polícia tirou asfotos de pra!e de todas as vítimas ele se considerava uma espécie de vampiroprofissional e entregou o filme, ainda no local, ao agente mais graduado do INH.Os corpos foram colocados em sacos plásticos e levados para ;irtland, de onde

voaram para a Nase Aérea de $enver, onde havia um centro especial de recep&#o,composto de patologistas do Budiciário. As fotos dos agentes mortos da ;"N, depoisde reveladas, foram enviadas eletronicamente para Qashington. A polícia local e oINH come&aram a discutir sobre como seria tratado o caso do agente da ;"Nsobrevivente. Ioi estabelecido que ele estava incurso em pelo menos doze artigoslegais, divididos igualmente entre as jurisdi&)es federal e estadual, e seriam precisosvários advogados para desfazer essa confus#o, embora soubessem que averdadeira decis#o seria tomada em Qashington. Erraram nesse ponto, entretanto./arte dela seria tomada em outro lugar Eram 5 da manh# quando KLan sentiu a m#o em seu ombro. Kolou na cama atempo de ver 1andeia acendendo a luz de cabeceira.

O qu0M perguntou KLan, com o má!imo da coer0ncia que conseguiu reunir. O Nureau conseguiu apanhar o major. Eles resgataram "regorL, e ele está timo disse 1andeia, passando algumas fotos. Os olhos de KLan piscaram várias vezes

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antes de se arregalarem. R uma fantástica notícia para acordar a gente disse KLan, antes mesmo dever o que tinha acontecido com 8%nia NisLarina. /u!aPEle largou as fotos sobre a cama e foi até o banheiro. 1andeia ouviu o som de água

correndo, depois KLan saiu e foi até a geladeira. Apanhou e abriu uma lata de soda. 1om licen&a. >uer umaM Ele apontou para o refrigerador. R um pouco cedo para mim. Entregou a nota a "olov3o ontemM Entreguei. A sess#o come&a esta tarde. >uero ver nosso amigo :s V hoje./retendia acordar :s Dh*+. Achei que gostaria de ver esse material imediatamente justificou 1andeia Aquilo provocou um grunhido. 1laro. R muito melhor do que o jornal da manh#... /egamos o homem pelo rabo,agora observou KLan, olhando para o carpete. A menos que... A menos que ele queira terminar muito mal completou o agente da 1HA. E quanto : mulher e : filha deleM perguntou Bac3. -e tem alguma

sugest#o, gostaria muito de ouvi'la. O encontro vai ser onde eu sugeriM Gai. Iorce o homem o mais que puder. 1andeia apanhou as fotografias e enfiou'asnum envelope. (#o dei!e de mostrar as fotos. (#o acho que vá incomodar muitoa consci0ncia dele, mas com certeza provará que estamos falando sério. -e quer minha opini#o, antes achei que voc0 era louco. Agora... ele sorriu. Acho que éo tipo de louco que pode dar certo. Golto quando estiver completamente acordado.KLan concordou e observou'o partir antes de entrar no chuveiro. -ob a água quente,Bac3 demorou'se, enchendo tanto o pequeno banheiro de vapor que ele teve delimpar o espelho. >uando barbeou'se, fez um esfor&o consciente para fi!ar'se nabarba, n#o nos olhos. (#o era hora para duvidar de si mesmo frio lá fora. 2oscoun#o ficava iluminada da mesma maneira que uma cidade americana. 8alvez fosse aaus0ncia de carros a essa hora. Qashington sempre tinha alguém semovimentando. Aqui se ti'nha a impress#o que de alguma forma as pessoasestavam em outro lugar, tratando de seus negcios, o que quer que issosignificasse. O conceito era diferente aqui. Assim como as palavras de uma línguanunca correspondem e!atamente :s de outra, 2oscou se parecia com muitasgrandes cidades que ele visitara, e ao mesmo tempo a mais estranha por suasdiferen&as. As pessoas n#o iam cuidar de seus negcios mas na maior parte dotempo faziam o que lhes era mandado fazer por outra pessoa. A ironia era que ele

logo seria um dos que dava ordens, a uma pessoa que n#o estava mais acostumadaa obedec0'las.O alvorecer chegava lentamente em 2oscou. Os ruídos da passagem dos bondes eo ronco surdo dos motores a diesel dos caminh)es eram abafados pela camada deneve, e a janela de KLan n#o ficava na dire&#o do nascente para captar as primeirasluzes da manh#. O que fora cinza come&ava a adquirir colorido, como se umacrian&a brincasse com os controles de cor de um aparelho de televis#o. Bac3 termi'nou sua terceira !ícara de café e abai!ou o livro que come&ara a ler :s ?h*+. Ohorário era tudo nessas ocasi)es, dissera 1andeia. Iez uma visita final ao banheiroantes de vestir'se para sua caminhada matinal. As cal&adas haviam sido varridas da neve caída durante a tempestade de domingo,

embora ainda se acumulassem pilhas nas esquinas. KLan acenou para os guardasde seguran&a australiano, americano e russo , antes de tomar a dire&#o nortepela 1haL3ovs3ogo. O vento setentrional cortante fazia seus olhos lacrimejarem, e

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ele apertou mais o cachecol ao redor do pesco&o ao caminhar em dire&#o : /ra&aGosstaniLa. Este era o bairro das embai!adas em 2oscou. (a manh# anterior virará: direita no lado mais distante da pra&a e vira meia dzia de delega&)es misturadasao acaso, porém nesta manh# ele virará : esquerda em ;udrins3L /ereulo3 os

russos possuíam pelo menos nove maneiras diferentes de dizer <rua<, mas asnuan&as n#o eram captadas por Bac3 , depois dobrou : direita, e novamente :esquerda em Narri3adnaLa.<Narricada< era um nome estranho, tanto para uma rua quanto para um cine'teatro./arecia mais estranho ainda escrito em alfabeto ciríico. O N se podia reconhecer,embora o N cirílico fosse virtualmente um G, e os K da palavra pareciam / romanos.Bac3 alterou seu caminho um pouco, andando t#o pr!imo aos prédios quantopossível, ao se apro!imar. 8al como esperava, uma porta se abriu e ele entrou.(ovamente foi revistado. O seguran&a encontrou o envelope fechado no bolso dopalet, mas n#o o abriu, para alívio de KLan. Genha.

Ioi a mesma coisa que dissera da primeira vez, reparou Bac3. 8alvez o homemtivesse um vocabulário limitado."erasimov estava sentado numa cadeira da platéia junto ao corredor, as costasconfiantemente voltadas para KLan, enquanto este descia a rampa para encontrá'lo. Nom dia disse ele para o homem ainda de costas. O que está achando do tempo por aquiM indagou "erasimov, acenando paraque o seguran&a se fosse. Tevantou'se e conduziu Bac3 em dire&#o : tela. (#o era t#o frio assim onde eu me criei. $evia usar chapéu. A maior parte dos americanos prefere n#o usar, mas emnosso clima é uma necessidade. (o (ovo 2é!ico também faz muito frio disse KLan. Assim me disseram. /ensou que eu n#o faria nadaM indagou o diretor'geralda ;"N.Ialou aquilo sem qualquer emo&#o, como um professor e!plicando algo a umestudante de raciocínio lento. KLan resolveu dei!á'lo apreciar o sentimento por uminstante. Ent#o devo negociar com voc0 a liberdade do major "regorLM perguntou Bac3tentando manter a voz neutra. O café a mais que tomara de manh# haviaintensificado um pouco suas emo&)es. -e quiser... respondeu "erasimov. 8enho a impress#o de que vai achar isso interessante. Bac3 entregou o

envelope.O diretor'geral da ;"N abriu'o e e!traiu as fotografias. (#o demonstrou rea&#onenhuma enquanto e!aminava as tr0s reprodu&)es, mas, quando voltou'se paraencarar KLan, seus olhos fizeram o vento cortante da manh# parecer uma brisa deprimavera. 7m deles continua vivo informou Bac3. Está ferido mas vai ficar bom. (#otenho a foto dele. Alguém fez uma besteira do lado de lá. 8emos "regorL de volta,ileso. Entendo. $eve também entender que suas op&)es agora s#o as que pretendíamosinicialmente. /reciso saber o que vai escolher.

E bvio, n#o éM 7ma das coisas que aprendi estudando seu país é que nada aqui é t#o bvioquanto parece. Aquilo provocou o que quase passava por um sorriso.

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1omo serei tratadoM2uito bem. Bem melhor do "ue merece, pensou KLan. 2inha famíliaM 8ambém.

E como pretende tirar os tr0s do paísM Acredito que sua mulher é letoniana por nascimento, e ela sempre viaja para aterra dela. /rovidencie para que viaje na se!ta'feira ^sse KLan, acrescentandomais alguns detalhes.E!atamente o que... (#o precisa dessa informa&#o, senhor "erasimov. KLan, voc0 n#o pode... /osso, sim, senhor cortou Bac3, perguntando'se por que o chamara de<senhor<. E quanto a mimM perguntou o diretor'geral. KLan lhe disse o que deveriafazer. "erasimov concordou. 8enho uma pergunta a fazer.

-imM 1omo enganou /latonovM Ele é um homem astuto. Kealmente houve um pequeno problema com a 1omiss#o de Galores 2obiliários,mas essa n#o foi a parte importante. KLan aprontou'se para sair. (#o teríamosconseguido se n#o fosse por voc0. 8ínhamos de preparar um cenário muito bom,algo de que n#o duvidasse. O senador 8rent esteve aqui seis meses atrás econheceu um sujeito chamado GalerL. Iicaram bons amigos. $epois ele descobriuque voc0 condenou GalerL a cinco anos de pris#o por <atividades anti'sociais<. $equalquer forma, ele quis ficar quite. /edimos sua ajuda e ele n#o pensou duasvezes. /ortanto, posso dizer que usamos suas prprias maldades contra voc0. O que queria que fizéssemos com essas pessoas, doutor KLanM indagou odiretor'geral. O que... (#o fa&o as leis, senhor "erasimov. KLan saiu.*ra bom, pensou ele na volta : embai!ada, ter o !ento nas costas, para !ariar# Nom dia, camarada secretário'geral. (#o precisa ser t#o formal, HlLa Ar3adLevich. E!istem membros do /olitburo maisgraduados que voc0 sem direito a voto, e ns nos conhecemos há... bastante tempo.O que o incomodaM perguntou (armonov cautelosamente. A dor nos olhos docolega era evidente. 8inham marcado um encontro para conversar sobre a colheitado trigo no inverno, mas... AndreL HlLch, n#o sei como come&ar. GaneLev quase engasgou com as

palavras, e lágrimas come&aram a brotar de seus olhos. R minha filha... Elecontinuou a falar por dez minutos. EM perguntou (armonov, quando o amigo deu a impress#o de terminar, mas,como era bvio, havia mais. Ale!androv e "erasimov, ent#o. (armonovrecostou'se na poltrona e olhou para a parede. /recisou mesmo de grandecoragem para vir a mim com esse assunto, meu amigo. (#o posso dei!ar que eles... mesmo que envolva minha carreira, AndreL, n#oposso dei!ar que o parem agora. Goc0 tem muitas coisas a fazer ainda, ns... voc0ainda tem muitas coisas para mudar. /reciso partir. -ei disso. 2as voc0 precisaficar, AndreL. O povo precisa de voc0 aqui, se quisermos realizar alguma coisa.(armonov n#o p9de dei!ar de reparar que ele disse o  po!o, e n#o o :artido# Os

tempos realmente estavam mudando. (#o, n#o era isso ainda. 8udo o que pretendiaera criar a atmosfera dentro da qual os tempos tivessem a possibilidade de mudar.GaneLev era um dos que compreendiam que o problema n#o residia tanto no

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objetivo final, mas no processo em si. 1ada membro do /olitburo sabia e sabiamhá anos as coisas que precisavam ser mudadas. (#o conseguiam concordar erasobre o método de mudan&a. *ra como manobrar um na!io para um no!o curso,pensou ele, sabendo "ue o leme poderia "uebrar st o izessem# 1ontinuar no

mesmo curso levaria o navio para... para ondeM /ara onde se encaminhava a 7ni#o-oviéticaM (#o sabiam nem ao menos isso. 2as mudar de curso envolvia riscos, e,se o leme quebrasse se o /artido perdesse sua hegemonia , ent#o s haveria ocaos. Era uma escolha que nenhum homem racional gostaria de enfrentar, mastambém uma escolha cuja necessidade nenhum homem racional poderia negar.Nem ao menos sabemos o "ue o país est azendo, pensou (armonov. /elo menosnos ltimos oito anos todos os dados sobre o desempenho econ9mico foramfalseados de uma maneira ou de outra, num encadeamento contínuo, até que asprevis)es econ9micas geradas pela burocracia do "osplan tornaram'se t#o fictíciascomo a lista das virtudes de -tálin. O navio que ele comandava penetrava mais emais fundo num nevoeiro envolvente de mentiras, contadas por funcionários cujas

carreiras seriam destruídas pela verdade. Era assim que ele discursava nasreuni)es semanais do /olitburo. >uarenta anos de objetivos e previs)es haviamsimplesmente tra&ado um curso numa carta que n#o significava mais nada. 2esmoo prprio /olitburo n#o sabia o estado em que se encontrava a 7ni#o -oviética algo de que o Ocidente mal suspeitava. A alternativaM Esse era o ponto delicado, n#oM Em seus momentos , des%nimo,(armonov imaginava 'se ele ou alguém mais poderia mesmo mudar as coisas. Oobjetivo de toda a sua política havia sido adquirir o poder que agora detinha, e sagora compreendia completamente qu#o circunscrito era o poder. $urante toda aascens#o de sua carreira, ele reparara nas coisas que precisavam ser mudadas semconsiderar realmente como isso seria difícil. O poder que possuía n#o era o mesmoque -tálin tivera. -eus antecessores mais recentes haviam cuidado disso. Agora a7ni#o -oviética n#o era tanto um navio a ser guiado, mas uma enorme molaburocrática, que absorvia e dissipava energia, vibrando apenas em sua prpriafreq60ncia ineficiente. A menos que aquilo mudasse... o Ocidente estavacaminhando para uma nova era industrial enquanto a 7ni#o -oviética ainda n#oconseguia alimentar o prprio povo. A 1hina estava tomando li&)es econ9micas como Bap#o, e em duas gera&)es poderia vir a ser a terceira maior economia do mundo@um bilhão de pessoas com uma economia orte e diri%ida, bem na nossa ronteira,!idas por terras, e com tamanho 1dio racial por todos os russos "ue azia asle%i/es nazistas de (itler parecerem um bando de torcedores arruaceiros# Essa era

uma amea&a estratégica a seu país que fazia as armas nucleares dos Estados7nidos e da O8A( encolherem'se : sua insignific%ncia e ainda assim a bu'rocracia do /artido n#o en!ergava que precisava mudar, ao risco de tornar'se oagente da prpria ruínaP Alguém precisa tentar, e esse alguém sou eu.2as, para poder tentar, ele precisava sobreviver, sobreviver o bastante paracomunicar sua vis#o dos objetivos nacionais, primeiro ao /artido, depois ao povo ou talvez o inversoM (enhum dos dois seria fácil. O /artido possuía suas idéias,sempre resistindo a mudan&as, e as pessoas, os narod, n#o ligavam mais para oque o /artido e seu líder lhes diziam. Esse era um parado!o divertido. O Ocidente os inimigos de sua na&#o o tinham em mais alta conta do que seus compatriotas.

* o "ue si%niica isso0, perguntou a si mesmo. Ae são inimi%os, sua apro!a+ãosi%niica "ue estou no caminho certo0 ;erto para "uem0 (armonov perguntou'se seo presidente dos Estados 7nidos seria um homem t#o solitário quanto ele. 2as

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antes de enfrentar essa tarefa impossível ainda tinha o problema de sobreviv0nciapessoal e cotidiana. 2esmo agora, mesmo nas m#os de um colega confiável.(armonov suspirou, produzindo um som tipicamente russo. Ent#o, HlLa, o que pretende fazerM perguntou ele ao homem que fora incapaz

de cometer um ato de trai&#o mais abominável que o de sua filha. Gou apoiá'lo, mesmo que signifique minha desgra&a. 2inha -vetlana terá deenfrentar as conseq60ncias do ato que praticou. GaneLev endireitou'se na cadeirae en!ugou os olhos. /arecia um homem a ponto de enfrentar o pelot#o defuzilamento, juntando sua hombridade para um ltimo ato de desafio. Eu mesmo posso ser obrigado a denunciá'lo declarou (armonov. Gou entender, Andrush3a respondeu GaneLev, com a voz carregada dedignidade. /referiria n#o fazer isso. /reciso de voc0, HlLa. /reciso de seus conselhos. -epuder salvar seu lugar, eu o farei. (#o posso pedir mais do que isso.

Era hora de elevar novamente o %nimo do homem. (armonov p9s'se de pé e deu avolta : escrivaninha para tomar a m#o do amigo. O que quer que digam a voc0, concorde sem nenhuma reserva. >uando a horachegar, voc0 vai mostrar que tipo de homem é. E voc0 vai fazer o mesmo, AndreL.(armonov acompanhou'o até a porta. 8inha mais cinco minutos até o pr!imoencontro marcado. -eu dia estava cheio de compromissos econ9micos, decis)esque vinham até ele pela indecis#o que havia no escal#o ministerial, que procuravasua b0n&#o, como se ele fosse o pároco da aldeia... ;omo se eu j não ti!esse preocupa+/es suicientes, disse a si mesmo o secretário'geral do /artido 1omunistada 7ni#o -oviética. "astou seus cinco minutos contando votos. $everia ser maisfácil para ele do que para seu colega americano na 7ni#o -oviética apenas osmembros plenos do /olitburo possuíam o direito de voto, e s e!istiam treze deles, mas cada homem representava uma vasta cole&#o de interesses, e (armonovestava pedindo a cada um deles que fizesse coisas nunca antes consideradas.(uma análise final, o poder ainda contava mais do que tudo, disse a si mesmo, eainda podia contar com o ministro da $efesa, Wazov. Acho que vai gostar daqui declarou o general /o3rLsh3in enquantocaminhavam pelo perímetro da cerca.Os guardas da ;"N fizeram contin0ncia quando os dois oficiais passaram, e ambosretribuíram com gestos mec%nicos. (#o havia mais cachorros agora, e "ennadL

achava que isso era um erro, com problemas de alimenta&#o ou n#o. 2inha mulher n#o respondeu Nondaren3o. Ela tem me seguido de umcampo a outro por quase vinte anos, até finalmente chegarmos a 2oscou. Ela gostade lá.Goltou'se para olhar o lado de fora da cerca e sorriu. Aer "ue al%u&m conse%ue secansar dessa !ista0 6as o "ue !ai dizer minha mulher "uando eu lhe contar isso0(#o era muito freq6ente que um militar soviético pudesse fazer esse tipo de escolha,e isso ela entenderia.  '8alvez estrelas de general alterem o modo de pensar dela. Além russo aindaestamos trabalhando para tornar esse lugar mais hospitaleiro Iaz idéia de como luteipor issoM Iinalmente eu disse que meus engenheiros eram como bailarinos, que

precisavam estar felizes para atuar. Acho que algum homem do 1omit0 1entral édevoto do Nolshov. e aquilo finalmente fez com que entendessem. Ioi quando auto'rizaram a constru&#o do teatro e também quando come&aram a trazer comida

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decente de caminh#o. /or volta do pr!imo ver#o a escola estará terminada, e ascrian&as vir#o para cá. R claro que precisaremos fazer outro bloco de apartamentos. Ele riu. E o pr!imo comandante de *strela Brilhante terá de ser um mestre'escola.

Em mais cinco anos n#o teremos mais espa&o para os laser. Nem, pelo que vejo,dei!ou o ponto mais alto para eles. verdade, essa discuss#o demorou nove meses. - para convenc0'los de quetalvez possamos construir algo mais potente do que o que temos. A verdadeira *strela Brilhante ― comentou Nondaren3o. E voc0 a construirá, "ennadL Hosifovich. -im, camarada general, eu a construirei. Aceito o encargo, se ainda me quiser. Ele se voltou para olhar ao redor. 3m dia tudo isso ser meu#### E a vontade de Alá afirmou o major, com um encolher de ombros.Ele estava ficando cansado de dizer aquilo. A paci0ncia do Arqueiro e até mesmosua fé estavam sendo testadas pelas mudan&as for&adas nos planos. As tropas

soviéticas estavam passando acima e abai!o da estrada pelas ltimas trinta e seishoras. 1onseguira atravessar metade de suas for&as até come&ar, depois sofreucom seus homens divididos, cada'lado observando os caminh)es e transportadores

rodando e  imaginando se os russos n#o iriam parar, descer, e depois subir ascolinas para procurar seus visitantes. Faveria uma luta sangrenta se issoacontecesse, e muitos russos morreriam mas ele n#o estava aqui simplesmentepara matar russos. Estava aqui para feri'los de uma maneira pior que a simplesperda da vida.2as havia uma montanha a escalar, ele estava bem atrasado, e todo o consolo queos outros podiam oferecer estava relacionado : vontade de Alá. Onde esta!a $l

"uando as bombas caíram em minha mulhe e minha ilha0 Onde esta!a $l "uandole!aram meu ilho embora0 Onde esta!a $l "uando bombardearam o campo dereu%iados0### :or "ue a !ida precisa ser tão cruel0 R difícil esperar, n#o éM comentou o major. Esperar é a pior parte. A mentefica sem ocupa&#o, e surgem as perguntas. >uais as suasM >uando vai acabar essa guerraM E!istem rumores... mas há anos que escutoesses rumores. Estou cansado dessa guerra. /assou um bom peda&o dela do outro... A cabe&a do major voltou'serapidamente. (#o diga issoP Genho passando informa&#o a seu bando há muitos anosP -eu

líder n#o lhe disse issoM (#o. -abíamos que ele recebia alguma informa&#o, mas... Ele era um bom homem e sabia que precisava me proteger. -abe quantas vezesenviei meus soldados em patrulhas inteis para que n#o encontrassem voc0s, equantas vezes meu prprio povo atirou em mim... o tempo todo sabendo que elesqueriam me matar, maldizendo meu nomeM A e!plos#o de emo&#o dei!ou os doishomens surpresos. Iinalmente n#o pude mais suportar. Aqueles soldados sobmeu comando que queriam trabalhar para os russos... bem, n#o foi muito difícilmandá'los para as suas emboscadas, mas eu n#o podia mandar s a eles, podiaM-abe por acaso, meu amigo, quantos dos meus soldados... meus soldados bons,mandei para a morte por suas m#osM Aqueles que restaram eram leais a mim, leais

a Alá, e já era tempo de nos juntarmos de uma vez por todas aos guerreiros daliberdade. /ossa $eus me perdoar por todos aqueles que n#o viveram o suficientepara isso.

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1ada homem tinha uma histria para contar, refletiu o Arqueiro, e o nico comentárioconsistente resumia'se numa nica senten&a@ A vida é dura. Gai ser mais dura ainda para aqueles que est#o no topo da montanha. O

major olhou ao redor. O tempo está mudando. Os ventos agora sopram do sul. Asnuvens v#o trazer umidade com eles. 8alvez Alá n#o nos tenha desertado afinal decontas. 8alvez Ele nos dei!e continuar essa miss#o. 8alvez sejamos -euinstrumento, e através de ns Ele vá mostrar que eles deveriam dei!ar nosso país,ou continuaremos visitando o deles.O Arqueiro grunhiu e olhou para a montanha. (#o podia mais en!ergar seu objetivo,mas isso n#o importava, pois, ao contrário do major, ele tampouco conseguia avistar o fim da guerra.Gamos atravessar os outros esta noite. 1erto. Eles estar#o bem descansados, meu amigo. -enhor 1lar3M

Ele estivera na roda de e!ercícios por uma hora. 2ancuso sabia disso por causa dosuor quando ele finalmente apertou o bot#o para desligar. -im capit#oM 1lar3 tirou o fone de ouvido. O rapaz do sonar, Bones, meemprestou seu aparelho. Ele s tem fitas de Nach, mas ajuda a manter o cérebroocupado. 2ensagem para voc0. 2ancuso entregou a tira de papel, que continha apenasseis palavras. Eram palavras em cdigo, tinham de ser. já que n#o significavamcoisa alguma. R a ordem para ir. >uandoM Hsso n#o diz. -erá a pr!ima mensagem. Acho que já é hora de me dizer como vai ser essa coisa observou 2ancuso. (#o aqui disse 1lar3 bai!inho. 2eu camarote é por aqui indicou 2ancuso.Ioram a vante passando pelas turbinas do submarino, depois pelo compartimentodo reator com sua porta irritantemente barulhenta, finalmente pelo 1entro de Ataquee para o interior da cabine de 2ancuso. Era quase a maior dist%ncia que se podiaandar num submarino. O capit#o atirou uma toalha para 1lar3 limpar o suor do rosto. Espero que n#o se tenha desgastado muito disse ele. E o tédio. 8odos voc0s t0m algum trabalho para fazer. Eu s posso ficar sentadoesperando. Esperar é uma merda. Onde está o capit#o KamiusM

$ormindo. Ele n#o precisa ser inteirado disso t#o cedo, precisaM (#o aquiesceu 1lar3. >ual é a miss#o e!atamenteM /ode me dizer isso agoraM Gou trazer duas pessoas de lá declarou 1lar3 com simplicidade. $ois russosM Goc0 n#o vai apanhar um objeto0 -#o duas  pessoas0 [ Hssomesmo. E vai me dizer que faz isso o tempo todoM espantou'se 2ancuso. (#o e!atamente o tempo todo ― admitiu 1lar3. Iiz uma vez tr0s anos atrás, eoutra um ano antes disso. $uas outras n#o deram certo, e nunca descobri por qu0.<(ecessidade de saber<, sabe como éM Bá ouvi isso antes.

R engra&ado comentou 1lar3. Aposto que as pessoas que tomam asdecis)es nunca ficaram com a bunda e!posta ao vento. As pessoas que vai apanhar... elas sabemM

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(#o. -abem o suficiente para estar num determinado lugar a uma determinadahora. 2inha preocupa&#o é que elas possam estar cercadas pela vers#o da -QA8na ;"N. 1lar3 levantou o rádio. A sua parte é bem fácil. -e eu n#o disser acoisa certa da maneira certa e na hora certa, voc0 dá o fora daqui.

E dei!o voc0. (#o foi uma pergunta. A menos que prefira juntar'se a mim no /resídio Tefortovo. Bunto com o resto datripula&#o, é claro. (#o vai ficar nada bem nos jornais, capit#o. Goc0 me pareceu ser um homem sensível, também. 1lar3 riu. R uma longa histria. 1oronel EichM Gon Eich o piloto corrigiu Bac3. 2eus antepassados eram prussianos. Goc0é o doutor KLan, certoM O que posso fazer pelo senhorMBac3 sentou'se. Estavam ambos no escritrio do adido : $efesa, um general quepermitira o uso da sala. -abe para quem eu trabalhoM

/arece que me lembro de voc0 como um dos caras da Hntelig0ncia, mas eu sous o motorista, certoM $ei!o as coisas importantes para os caras com as roupasmacias declarou o coronel. (#o mais. 8enho um trabalho para voc0. 1omo assim, um trabalhoM Goc0 vai adorar. Bac3 estava errado. Ele n#o adorou.Era difícil manter a mente em seu trabalho oficial. /arte disso era devido :monotonia hipntica do processo de negocia&#o, mas a maior parte devia'se :qualidade embriagante de seu trabalho n#o oficial, e sua mente vagava por essesassuntos enquanto ele lutava com o fone de ouvido para conseguir captar toda atradu&#o simult%nea da segunda vers#o do discurso atual do negociador soviético. Oassunto do dia anterior, que as inspe&)es locais seriam mais limitadas do que oacordado anteriormente, agora acabara. Em vez disso, estavam pedindo maior autoridade para inspecionar bases americanas.  $"uilo aria o :ent%ono eliz,pensou Bac3 com um sorriso contido. Agentes de informa&)es soviéticos subindopelas fábricas e descendo pelos silos para ver os mísseis americanos, todos sob oolhar vigilante de agentes americanos de contra'intelig0ncia e guardas do 1omando Aéreo Estratégico que ficariam me!endo o tempo todo em suas novas pistolasNeretta. E os rapazes dos submarinos, que muitas vezes encaravam o pessoal desua pr1pria 2arinha como inimigos, o que achariam de receber os russos a bordoM/arecia que n#o iriam muito além de ficar em pé sobre o convés enquanto os

técnicos no interior abriam as portas em tubo sob os olhares vigilantes dastripula&)es e dos fuzileiros e guardavam as bases dos boomer# O mesmoaconteceria do lado soviético. 1ada oficial enviado nos grupos de verifica&#o seriaum espi#o, talvez um agente de carreira, para tomar notas de coisas que apenas umoperador perceberia. Era impressionante. $epois de trinta anos de insist0ncia dosEstados 7nidos, os soviéticos finalmente aceitaram a idéia de que os dois ladosdeveriam reconhecer oficialmente a espionagem. >uando isso aconteceu, durante arodada anterior de negocia&)es sobre armas de médio alcance, a rea&#o americanatinha sido mais de suspeita e espanto@ :or "ue os russos estão concordando a%oracom os nossos termos0 :or "ue disseram sim0 O "ue estão realmente tramando02as era um progresso, depois que se acostumava com a idéia. Ambos os lados

teriam uma maneira de saber o que o outro fazia, e o que o outro possuía. (enhumdos lados confiaria no outro. Ambas as comunidades de informa&)esprovidenciariam para que isso acontecesse. Os espi)es ainda estariam rondando,

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procurando indica&)es de que o outro lado estivesse trapaceando, ou montando osmísseis em locais secretos e escondendo'os em lugares esquisitos para um ataquede surpresa. Eles encontrariam tais lugares, redigiriam relatrios internos de aviso etentariam parar as informa&)es. A parania institucional duraria mais do que as

armas em si. Os tratados n#o mudariam isso, por maior que fosse a euforia em tornodos papéis. Bac3 voltou o olhar para o soviético que estava discursando./or qu0M /or que voc0s mudaram de idéiaM -abem o que eu disse em XeuKelatrio Especial sobre Hnforma&)es 1onfidenciaisM Ainda n#o chegou aos jornais,mas talvez já tenham visto. Eu disse que tinham finalmente compreendido@ C_ quantocustam essas malditas coisas 4_ que dez mil ogivas nucleares s#o suficientes parafritar os Estados 7nidos oito vezes, quando tr0s ou quatro seriam provavelmente obastante *_ que se economizaria dinheiro eliminando todos os mísseis antigos, osque n#o se podeanter mais. E apenas negcio, eu disse a eles, e n#o uma mudan&a de posi&#o. Ah,sim@ 5_ é muito bom para rela&)es pblicas, e voc0s ainda gostam de jogar com isso,

embora estraguem tudo a cada vez.(#o que nos importemos, claro.7ma vez que o acordo fosse aprovado e Bac3 achava que seria , ambos oslados economizariam ao redor de * por cento das despesas de defesa, talvez maisde D por cento para os russos em virtude do sistema mais variado de mísseis, masn#o se podia ter certeza. Essa pequena por&#o do or&amento seria suficiente paraque os russos financiassem algumas fábricas novas, ou talvez construíssemestradas que realmente estavam precisando no momento. 1omo iriam redistribuir suas economiasM Bá que estava no assunto, como os Estados 7nidos iriam fazer issoM Bac3 devia fazer também uma avalia&#o disso, outro Kelatrio Especial sobreHnforma&)es 1onfidenciais. 2ais um título sonoro e pomposo para o que era, afinalde contas, nada mais do que uma adivinha&#o oficial, e no momento Bac3 n#o tinhanenhuma pista.O orador russo finalizou, e chegou a hora de uma pausa para o café. KLan fechousua pasta encapada em couro e caminhou para fora como todos os outros. /referiuuma !ícara de chá, s para ser diferente, e decorou seu prato com salgadinhos. Ent#o, KLan, o que achaM Era "olov3o. Hsso é negcio ou conversa socialM indagou Bac3. /ode ser o ltimo, se preferir.Bac3 caminhou até a janela mais pr!ima e olhou para fora. 3m dia desses,prometeu a si mesmo, !erei um pouco de 6oscou# 7e!e ha!er al%uma coisa "ue

!alha a pena tirar al%umas otos por a"ui# -al!ez um dia haja paz, e eu possa trazer a amília### Ele se voltou. 6as não hoje, nem este ano, nem no ano se%uinte# 3ma pena# -ergeL (i3olaLevich, se o mundo fizesse sentido, caras como eu e voc0poderíamos sentar e resolver essa histria em dois ou tr0s dias. >ue diabos, nsdois sabemos que ambos os lados querem cortar os efetivos pela metade. O pontoque estamos discutindo a semana toda é quantas horas de aviso s#o necessáriasantes que cada grupo de inspe&#o'surpresa chegue, mas isso porque nenhum dosdois lados consegue chegar a um acordo sobre a resposta estamos falando arespeito de um assunto sobre o qual  j concordamos, em lugar de seguirmos emfrente. -e fosse s entre ns dois, eu diria uma hora, voc0 diria oito e eventualmente

chegaríamos a um acordo em tr0s ou quatro horas... >uatro ou cinco riu "olov3o. >uatro, ent#o. Bac3 também riu. Está vendoM Bá acertamos o filho da puta,

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n#o foiM 2as n#o somos diplomatas observou "olov3o. -abemos barganhar, masn#o da maneira normalmente aceita. -omos diretos demais. Ah, Hvan Emmetovich,ainda vamos fazer de voc0 um russo. Ele acabara de russificar o nome Bac3, Hvan

Emametovich, ou seja Bohn, filho de Emmet.(ora de ne%1cios outra !ez, pensou KLan. 2udou de disposi&#o resolveu brincar um pouco com o outro (#o acho que n#o. Aqui faz muito frio. Gamos fazer uma coisa, Goc0 vai até o seuchefe de negocia&)es, e eu vou até o tio Ernie. G#os dizer a eles que já resolvemossobre o tempo de aviso da inspe&#o@ quatro horas. Gamos fazer isso jáP >ue talMBac3 percebeu que aquilo o abalou. /or uma breve fra&#o de segundo "olov3o

pensou que ele falara a sério. O agente da "K7\;"N recuperou a compostura emum momento, e mesmo Bac3 mal notou o lapso. O sorriso quase n#o foiinterrompido, porém, enquanto a e!press#o permanecia fi!a ao redor da boca,esmaeceu por um átimo de segundo nos olhos, depois retornou. Bac3 n#o reparou a

enormidade do erro cometido.7e!eria estar muito ner!oso, 5!an *mmeto!ich, mas não est# :or "u40 $ntesesta!a# *sta!a tão tenso na recep+ão da outra noite "ue parecia "ue iria explodir a"ual"uer momento# * ontem, "uando passou a nota, pude sentir o suor na palma damão# 6as hoje az piadas# -enta me irritar com zombarias# .ual & a dieren+a,)yan0 Voc4 não & oicial de campo# Aeu ner!osismo anterior pro!ou isso, s1 "uea%ora est a%indo como um# :or "u40, perguntou a si mesmo o soviético enquantotodos voltavam para a sala de reuni)es. 8odos sentaram'se para a nova rodada demonlogos, e "olov3o ficou de olho em seu colega americano.KLan n#o parecia agitado agora, notou ele um pouco surpreso. (a segunda'feira ena ter&a'feira estivera. Agora parecia unicamente aborrecido, nada maisdesconfortável do que isso. Não de!eria estar !ontade, )yan, pensou "olov3o.(#o fazia muito sentido. "olov3o escutava o zumbido das palavras em seu ouvido era a vez dos americanos de comentar tudo o que já fora discutido , porém suamente estava longe. /ensava no dossi0 sobre KLan na ;"N. KLan, Bohn /atric3.Iilho de Emmet Qilliam KLan e 1atherine Nur3e KLan, ambos falecidos. 1asado,com dois filhos. Iormado em Economia e Fistria. Kico. -ervi&o militar no 1orpo aefuzileiros (avais dos Estados 7nidos. E!'corretor de a&)es e professor de Fistria.Entrou para a 1HA em base de meio período quatro anos antes, depois de umtrabalho de consulta no ano anterior a isso. Togo depois, tornou'se agente analistaem tempo integral. (unca recebeu treinamento no campo'escola da 1HA, em 1amp

/earL, Girgínia. KLan envolvera'se em dois acidentes violentos, e em ambos oscasos portara'se muito bem o treinamento dos fuzileiros, sup9s "olov3o, maissuas qualidades inatas, coisas que os russos respeitavam. 2uito corajoso quandoprecisava ser um inimigo perigoso. KLan trabalhava diretamente para o vice'diretor dos -ervi&os de Hnforma&)es responsável pelo setor de Análises, e era sabido quepreparara vários relatrios especiais, mas... uma miss#o séria de espionagemM (#ofora treinado para isso. /rovavelmente tinha o tipo errado de personalidade. 6uitoaberto, pensou "olov3o, com pouca malícia# >uando ele estava escondendo algumacoisa, nunca se saberia o que era, mas percebia'se que ele escondia algo...Estava escondendo alguma coisa antes, mas, e agoraM* o "ue si%niica isso, 5!an *mmeto!ich0 >ue diabos de nome é EmmetM, divagou

"olov3o irrelevantemente.Bac3 percebeu que o homem o encarava e percebeu a dvida nos olhos dele. (#ose tratava de nenhum idiota, disse Bac3 a si mesmo, enquanto Ernest Allen falava de

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um ou outro detalhe técnico. Achara que o homem pertencia : "K7, e na verdadeele era da ;"N ou assim parecia, corrigiu'se Bac3. Faverá mais alguma coisasobre ele que n#o saibamosM(a posi&#o nmero do Aeroporto -heremetLevo, o coronel Gon Eich postou'se

 junto : porta traseira para entrada de passageiros. J sua frente, um sargento me!iana veda&#o da porta, com uma quantidade impressionante de ferramentasespalhadas perto dele. 1omo a maioria das portas de avi)es, esta abria para foraapenas depois de fazer um movimento para dentro, permitindo que o fechopressurizado se abrisse e saísse de lado para n#o se danificar. /ortas defeituosas jáhaviam derrubado avi)es anteriormente, sendo o caso mais famoso o do $1'C+pr!imo a /aris dez anos antes. Abai!o deles, um guarda uniformizado da ;"Nmontava guarda com um fuzil carregado, no lado de fora do avi#o. -ua prpriatripula&#o de v9o precisa passar por verifica&)es de seguran&a. 8odos os russoslevavam a seguran&a realmente a sério, e os homens da ;"N eram verdadeirosfanáticos pelo assunto.

(#o sei por que a luz de aviso está acendendo, coronel disse o sargentodepois de vinte minutos. A veda&#o está perfeita, o interruptor funcionaperfeitamente... parece que a porta está tima, senhor. Gou verificar o paineldianteiro a seguir.Ou!iu isso0 /aul von Eich teve vontade de repetir tudo para a sentinela D metrosabai!o, mas n#o p9de.-ua tripula&#o já estava preparando o avi#o para a viagem de volta.8iveram dois dias para fazer turismo. $esta vez fora um velho mosteiro cerca de D

quil9metros fora da cidade cujos ltimos C prova'r lmente eram uma estrada deterra no ver#o, mas agora eram uma istura de lama e neve. 8iveram seu passeio

com um guia e guardas fora de 2oscou, e agora o pessoal já estava pronto para ir para casa. n#o dissera a seus homens o que KLan lhe contara. A hora para fazer isso seria amanh# : noite. Hmaginou como eles reagiriam. A sess#o terminou no horário, com uma sugest#o por parte dos soviéticos de queestariam dispostos a falar sobre a inspe&#o no dia seguinte. -eriam de resol!er issodepressa, pensou KLan, pois a delega&#o partiria na noite do dia seguinte, eprecisavam levar alguns resultados para casa nessa fase das negocia&)es. Afinal, areuni#o de assinatura do acordo já estava informalmente marcada. Esta teria lugar em 2oscou. 6oscou na prima!era, pensou KLan. -erá que v#o me trazer para acerim9nia de assinaturaM -erá que vai haver um tratado para assinarM R melhor quesim, concluiu KLan.

"olov3o observou os americanos saindo, depois acenou para o prprio carro, que olevou até o quartel'general da ;"N. 1aminhou diretamente para o escritrio dodiretor'geral. Ent#o, o que nossos diplomatas entregaram hojeM perguntou "erasimov, sempre%mbulos. Acho que amanh# vamos fazer nossa proposta emendada sobre o tempo deaviso de inspe&#o. Ele fez uma pausa antes de continuar. Ialei com KLanhoje. Ele parece ter mudado um bocado e achei que devia trazer isso a seuconhecimento. 1ontinue incentivou o diretor'geral. 1amarada diretor'geral, n#o sei o que voc0s dois discutiram, mas a mudan&a no

comportamento dele é t#o grande que achei que devia saber. "olov3o continuou,e!plicando o que havia visto. 1erto. (#o posso discutir nossas conversas com voc0, porque n#o está liberado

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para esse assunto, mas eu n#o ficaria preocupado, coronel. Estou tratandopessoalmente desse assunto. -ua observa&#o foi recebida. KLan terá de aprender acontrolar melhor suas emo&)es. 8alvez n#o seja suficientemente russo. "erasimov n#o era um homem dado a fazer piadas, mas esta era uma e!ce&#o.

2ais alguma coisa sobre as negocia&)esM 2eu relatrio estará pronto sobre sua mesa amanh# pela manh#. Stimo.$ispensado. "erasimov observou enquanto o homem partia. -eu rosto n#o se alterou até que ouviu o estalido do trinco da porta *ra ruim perder,pensou ele,  principalmente para al%u&m não proissional### 2as ele perdera, etampouco era profissional, sendo apenas o homem do /artido que lhes dava ordens.Essa decis#o ficara para trás. Bá era ruim o suficiente ter perdido os agentes em como quer que se chamasse o maldito lugar , porém eles falharam e mereceram

seus destinos. Tevantou o fone e ordenou que o secretário providenciasse para quea esposa e a filha voassem na manh# seguinte de avi#o para 8allin, a capital daKepblica -ocialista -oviética da Est9nia. -im, também precisariam de um carrocom motorista. (#o, apenas um. O motorista faria também o papel de seguran&a.(#o e!istiam muitas pessoas que conhecessem sua esposa, e a viagem n#o estavaprogramada apenas para encontrar velhos amigos. 2uito bem. "erasimov pendurouo fone e olhou ao redor de seu escritrio. Ele sentiria falta. (#o tanto do escritrioem si@ do poder. 2as sabia que sentiria mais falta ainda de sua vida. E quanto a esse coronel Nondaren3oM perguntou Gatutin. 7m jovem oficial muito bom. 2uito inteligente. $ará um bom general quandochegar a hora.Gatutin imaginou como seu relatrio final trataria o assunto. (#o havia suspeitasobre o homem, e!ceto por sua liga&#o com Iilitov. 2as em compensa&#o também

n#o havia pairado nenhuma suspeita sobre o prprio Iilitov, a despeito de sualiga&#o com Oleg /en3ovs3L. O coronel Gatutin sacudiu a cabe&a, assombrado. Aquele fato seria discutido em aulas de seguran&a durante uma gera&#o. 1omo éque eles n#o perceberamM, perguntariam os jovens candidatos a agentes. 1omopodia alguém ser t#o idiotaM /orque apenas os mais confiáveis eram espi)es n#ose dá informa&#o sigilosa a quem n#o se confia. A li&#o era a mesma que semprefora@ n#o confiar em ninguém. Goltando a Nondaren3o, imaginou o que aconteceria aele. -e fosse realmente o oficial leal e e!cepcional que parecia ser, n#o deveria ser afetado por esse assunto. 2as sempre havia um mas, n#o éM ainda faltavamperguntas a serem respondidas, e Gatutin foi até o fim de sua lista. -eu relatrioinicial sobre o interrogatrio era esperado na manh# seguinte sobre a escrivaninha

de "erasimov. A escalada na escurid#o total durou a noite inteira. As nuvens vindas do sul cobriramtanto a Tua como as estrelas, e a nica ilumina&#o provinha das luzes nos limites doobjetivo, refletidas pelas nuvens. Agora podiam avistá'lo facilmente. Ainda era umpercurso apreciável, mas estavam perto o suficiente para que as unidadesindividuais pudessem inteirar'se de suas tarefas e vissem o que tinham de fazer. O Arqueiro escolheu para si um lugar alto e apoiou o binculo sobre uma rochaenquanto observava o local. /arecia haver tr0s acampamentos. Apenas dois deleseram cercados, embora no terceiro pudesse distinguir pilhas de mour)es e aramepr!imas a uma luz alaranjada fi!ada no topo de um poste do tipo usado emilumina&#o de ruas. A e!tens#o da área construída espantou'o.

Iazer tudo isso e no alto de uma montanhaP >u#o importante poderia ser umlugar assim para merecer todo esse esfor&o, todas as despesasM Alguma coisa queenviava um fei!e laser aos céus... com que propsitoM Os americanos haviam

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perguntado se ele vira o que o raio atingira. Eles sabiam que tinha atingido algumacoisa, ent#o. Alguma coisa no céu. O que quer que fosse, assustara os americanos,assustara as mesmas pessoas que fabricaram os mísseis com os quais mataratantos pilotos russos... O que poderia assustar pessoas t#o espertasM O Arqueiro

conseguia ver o lugar, porém n#o en!ergava nada mais amea&ador do que as torresde vigia dotadas de metralhadoras. E uma daquelas constru&)es abrigava soldadosequipados com armas pesadas. Hsso sim era motivo para ficar assustado. >ual dasconstru&)esM /recisava saber aquilo, porque a constru&#o precisava ser atacadaprimeiro. -eus morteiros procurariam acertar nela antes de mais nada. 2as qualdelas eraM$epois disso... Ele dividira seus homens em duas se&)es, de quase cem homenscada. O major lideraria uma e seguiria pela esquerda. Ele levaria a outra pela direita.O Arqueiro selecionara seu objetivo assim que atingiram o topo da montanha. Aquela constru&#o, disse a si mesmo, era onde as pessoas estavam. Era onde osrussos viviam. (#o os soldados, mas aqueles a quem os soldados guardavam. Algu'

mas das janelas estavam acesas. 3m pr&dio de apartamentos no topo de umamontanha, pensou ele. >ue tipo de gente os russos alojariam numa constru&#ogeralmente usada em cidadesM /essoas que precisavam de conforto. /essoas queprecisavam ser protegidas. /essoas que trabalhavam em alguma coisa da qual osamericanos tinham medo. /essoas que ele poderia matar sem piedade, disse o Arqueiro a si mesmo.O major apro!imou'se e deitou'se a seu lado. 8odos os homens est#o bem escondidos disse o homem. Assestou o prpriobinculo sobre o objetivo. Estava t#o escuro que o Arqueiro mal podia distinguir asilhueta do homem, somente o contorno do rosto e a sombra indefinida do bigode. Bulgamos mal o terreno da outra colina. Gai levar mais tr0s horas para chegarmosperto. 2ais perto de quatro, eu acho. (#o estou gostando dessas torres de vigia comentou o major. Ambos tremiamde frio. O vento apertara, e n#o estavam mais abrigados pela encosta da montanha.-eria uma noite difícil para todos os homens. 7ma ou duas metralhadoras emcada uma. /odem nos varrer da encosta da montanha enquanto fazemos o assaltofinal. (#o há holofotes observou o Arqueiro. Ent#o eles devem estar usando dispositivos para vis#o noturna. Eu mesmo já osusei.

-#o bonsM O alcance é limitado por causa da maneira como funcionam. /odem ver objetosgrandes, como caminh)es, a essa dist%ncia. 7m homem contra um fundo irregular como esse... talvez *++ metros. R uma dist%ncia suficiente para os propsitos deles,meu amigo. As torres precisam cair primeiro. 7se os morteiros nelas. (#o. O Arqueiro balan&ou a cabe&a. 8emos menos do que cem cargas paraeles. -er#o usadas nas barracas dos guardas. -e pudermos matar todos ossoldados dormindo, vai facilitar muito as coisas quando entrarmos. -e os artilheiros com metralhadoras nos virem chegando, metade dos homensvai morrer antes de os guardas acordarem observou o major.O Arqueiro grunhiu. -eu companheiro tinha raz#o. $uas das torres estavam

localizadas de maneira a permitir que seus ocupantes metralhassem a encostaíngreme que os homens teriam de escalar para chegar ao topo achatado damontanha. /oderia responder com o fogo das prprias metralhadoras... mas duelos

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desse tipo terminavam geralmente com a vitria do defensor. O vento os fustigavabastante, e os dois homens teriam de encontrar abrigo ou correr o risco de congelar os dedos. 2erda de frioP ― !ingou o major.

Acha que as torres est#o frias tambémM Até pior. Est#o mais e!postas do que ns. 1omo estar#o vestidos os soldados russosM O major riu. $a mesma forma que ns. Afinal de contas, estamos usando as roupas deles,n#o estamosMO Arqueiro aquiesceu, procurando um pensamento que parecia pairar nos limites desua consci0ncia. 1hegou até sua mente apesar do cérebro amortecido pelo frio, eele dei!ou o posto, dizendo ao major que permanecesse. Goltou trazendo umlan&ador de mísseis -tinger.O tubo de metal estava frio ao toque enquanto ele o montava. As unidades deaquisi&#o de alvo eram todas transportadas no interior das

de aquisi&#o de alvo eram todas transportadas no interior nas dos homens, paraproteger as baterias do frio. E!periente ele montou e ativou a arma, depoisdescansou a bochecha na barra de condut%ncia e apontou para a torre de vigia maispr!ima... Escute disse ele, passando a arma ao camarada. O oficial a apanhou e fezcomo lhe foi indicado. AhP -eus dentes formaram um sorriso incorpreo na escurid#o como o do"ato Kisonho de $lice no :aís das 6ara!ilhas#1lar3 também estava ocupado. Era obviamente um homem cauteloso, notou2ancuso ao observar enquanto ele arrumava todo o equipamento e o verificava. Asroupas pareciam comuns, embora amassadas e n#o muito bem cortadas. 1ompradas em ;iev e!plicou 1lar3. (#o se pode trajar Fart, -chaffner e2ar! e querer ficar parecido com um nativo.Ele tinha também um macac#o para se proteger, com listras de camuflagem. Faviauma cole&#o completa de papéis de identidade em russo, que 2ancuso n#o sabialer e uma pistola. Era pequena, um pouco maior do que o silenciador ao ladodela. (unca tinha visto um desses disse o capit#o. Nem, é um silenciador tipo bale sem estrias e com uma baioneta interna nocilindro. O que...

O sr. 1lar3 riu. Goc0s est#o me empurrando esse vocabulário técnico de submarino desde queeu cheguei, comandante. Agora é minha vez.2ancuso levantou a pistola. 2as é apenas uma 44P R praticamente impossível silenciar algo maior do que isso, a menos que sequeira um silenciador do tamanho do seu antebra&o, como aqueles que os homensdo INH usam nos seus brinquedinhos. Eu preciso de algo que caiba num bolso. Esseé o melhor que 2ic3eL consegue fazer, e ele é o melhor nisso. >uemM 2ic3eL Iinn. E o nome verdadeiro dele. Ele faz projetos para a >ual'A'8ec, e eu

n#o usaria o silenciador de mais ninguém. (#o é como na televis#o, capit#o. /araque um silenciador funcione direito, precisa ser de calibre pequeno, é preciso usar muni&#o subs9nica e uma culatra selada. E ajuda muito se for em espa&o aberto.

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 Aqui, o tiro seria ouvido por causa das paredes de metal. Tá fora, seria possívelouvir algo num raio de *+ metros, mas n#o daria para distingui o tipo de som. Osilenciador encai!a em pistolas como essa, voc0 o gira ele demonstrou o movimento e

agora a arma s atira uma vez. O silenciador trava a a&#o. /ara dar outro tiro, épreciso girá'lo outra vez e acionar manualmente o mecanismo. >uer dizer que vai entrar lá com uma 44 de um tiro sM R assim que se faz, capit#o. Goc0 já... Goc0 n#o quer mesmo saber. Além do mais, n#o posso falar sobre isso. 1lar3sorriu. Eu mesmo n#o estou liberado para o meu trabalho. -e isso o faz sentir'semelhor, sim, estou morrendo de medo, mas é para isso que sou pago. 2as se... R melhor sair daqui agora. 8enho autoridade para lhe dar essa ordem, capit#o,lembra'seM Ainda n#o aconteceu. (#o se preocupe com isso. Eu me preocupo por 

ns dois.

"(Conver'4ncia2aria e ;atrLn "erasimov sempre recebiam o tratamento GH/ que lhes era devidocomo familiares pr!imos de um membro do /olitburo. 7m carro da ;"N fora buscá'las em seu apartamento vigiado de oito aposentos na Avenida ;utuzov3L, levando'as até o Aeroporto de Gnu3ovo, geralmente usado para v9os domésticos, ondeforam esperadas na sala de repouso reservada aos !lasti# Era atendida por umnmero de servi&ais maior do que o de freq6entadores presentes, e naquela manh#os poucos que ali estavam silenciaram. 7ma atendente levou os chapéus e casacosenquanto outro as conduzia até um sofá, onde um terceiro perguntou se queriamcomer ou beber alguma coisa. Ambas pediram café, mais nada. Os empregadosolhavam suas roupas com inveja, A atendente do vestiário correu as m#os pelate!tura sedosa das peles, e pensou que seus ancestrais talvez tivessem visto anobreza czarista com o mesmo grau de inveja que sentia agora dessas duas.-entaram'se em isolamento régio, tendo apenas a companhia distante dos guarda'costas enquanto saboreavam o café, olhando através das vidra&as alguns avi)esestacionados.

2ana Hvanovna "erasimov n#o era, na verdade, estoniana, embora tívesse nascidolá cinq6enta anos antes. -ua família era inteiramente de etnia russa, desde que opequeno Estado do Náltico fizera parte do Hmpério Kusso sob o domínio dos czares,apenas para e!perimentar um breve período de <libera&#o< como os baderneiroscostumavam chamá'la entre as guerras mundiais, durante o qual os nacionalistasestonianos n#o haviam facilitado nem um pouco a vida dos russos puros. -uasmemrias infantis mais remotas de 8allin n#o eram nada agradáveis, mas comotodas as crian&as ela fez amigos que continuariam amigos para sempre.-obreviveram até mesmo a um casamento com um jovem do /artido, que parasurpresa geral especialmente a dela fora promovido ao comando do maisodiado rg#o governamental. /ior ainda, ele fizera carreira reprimindo elementos

dissidentes. >ue seus amigos de inf%ncia tivessem suportado esse fato era umtestemunho : sua intelig0ncia. 2eia dzia de pessoas foram poupadas em camposde trabalho, ou transferidas de uma pris#o com regime severo para outra de regime

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mais brando, devido : sua intercess#o. Os filhos de seus amigos freq6entavamuniversidades em virtude de sua influ0ncia. Aqueles que haviam zombado de seunome russo n#o se deram t#o bem, embora ela tivesse ajudado um deles s umpouquinho, o suficiente para parecer piedosa. 8al comportamento era o bastante

para mant0'la ligada : vida do pequeno subrbio de 8allin, a despeito de suamudan&a para 2oscou. 8ambém ajudou o fato de o marido a ter acompanhado :cidade natal uma nica vez. Ela n#o era má pessoa, simplesmente alguém queutilizava o poder vicário que possuía como uma princesa da época anterior teriafeito@ arbitrariamente, mas nunca maliciosamente. -eu rosto tinha uma qualidadereal que se ajustava a essa imagem. Neldade radiante vinte e cinco anos atrás,ainda era uma mulher bonita, se bem que um tanto mais séria. 1omo uma e!tens#oda identidade oficial do marido, ela tinha que desempenhar seu papel no jogo n#otanto quanto a esposa de um político ocidental, claro, mas seu comportamentoprecisava ser adequado. A prática a dei!ara em boa forma agora. Aqueles que aobservavam nunca poderiam adivinhar seus pensamentos.

Ela imaginava o que estava errado, consciente unicamente da gravidade do fato.-eu marido a prevenira para estar num local determinado, num momentodeterminado, e n#o lhe fazer nenhuma pergunta, apenas prometer cumprir e!atamente o que lhe fosse pedido, a despeito das conseq60ncias. A ordem foradada em tom de voz bai!o, montono e sem emo&#o enquanto a água corria na piada cozinha. Ioi a coisa mais assustadora que já ouvira, desde que os tanquesalem#es entraram em 8allin no ano de C5C. Outro legado da ocupa&#o alem# foi ovalor que aprendera a dar : sobreviv0ncia.-ua filha nada sabia sobre o que estavam fazendo. -ua rea&#o n#o era confiável.;atrLn nunca conhecera o perigo como sua m#e, apenas raros desconfortos, ecursava o primeiro ano da 7niversidade de 2oscou, onde escolhera especializa&#oem Economia, e viajara juntamente com uma pequena multid#o de crian&as t#oimportantes quanto ela, todas do escal#o ministerial pelo menos. Bá se tornaramembro do partido CV anos era a idade mínima permitida e também eladesempenhava seu papel. (o outono anterior, ;atrLn viajara com alguns colegas declasse e ajudara na colheita do trigo, principalmente posando para uma fotografiapublicada na segunda página do Komsomohkaya :ra!da, o jornal da Tiga daBuventude 1omunista. (#o que ela gostasse, mas as novas regras de 2oscou<encorajavam< as crian&as dos poderosos a pelo menos fingirem realizar sua justaparte. /oderia ter sido pior. Ela retornara do encargo com um novo namorado, e am#e imaginava se houvera intimidade entre eles, ou se o jovem assustara'se com

os guarda'costas ou com o conhecimento de quem era o pai dela. Ou será que aen!ergava como uma chance de entrar para a ;"NM Ou seria desses da novagera&#o, que nem ligavamM -ua filha estava entre gente assim. O /artido era umaentidade : qual as pessoas se juntavam para consolidar suas posi&)es, e o posto deseu pai a colocava no caminho certo para um emprego confortável. Ela sentava'sesilenciosa ao lado da m#e, lendo uma revista de moda da Alemanha Ocidental,agora já vendida na 7ni#o -oviética, e decidindo quais roupas gostaria de usar nasaulas. *la teria de aprender, pensou a m#e, relembrando que aos CV anos o mundoé um lugar com horizontes pr!imos e distantes ao mesmo tempo, dependendo doestado de espírito./or volta do momento em que terminavam o café, o v9o foi chamado. Elas

esperaram. O avi#o n#o partiria sem elas. Iinalmente, quando veio a ltimachamada, um atendente trou!e os chapéus e os casacos, e outro as conduziu pelasescadas até o carro. Os outros passageiros haviam sido levados num 9nibus os

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russos ainda n#o haviam descoberto as passarelas sanfonadas para jatos , e,quando o carro chegou : pista, subiram os degraus para o aparelho. A aeromo&a asconduziu solicitamente até os lugares de primeira classe na cabine da frente. (#oeram chamados de primeira classe, claro, porém eram mais largos, tinham mais

espa&o para as pernas, e estavam reservados. O avi#o comercial decolou :s C+horas, hora de 2oscou, parou primeiro em Teningrado, depois prosseguiu até 8allin,onde aterrissou logo aps as C* horas. Ent#o, coronel, tem o sumário das atividades do prisioneiroM perguntou"erasimov em tom informal.Ele parecia preocupado, reparou imediatamente Gatutin. $everia mostrar'se maisinteressado, especialmente com a reuni#o do /olitburo dali a uma hora. G#o escrever livros sobre esse caso, camarada diretor'geral. Iilitov tinha acessoa praticamente todos os nossos segredos de defesa. Ele chegava a ajudar a fazer apolítica defensiva. /recisei de trinta páginas s para o resumo do que ele fez. Ointerrogatrio completo levará vários meses.

A rapidez é menos importante do que a precis#o disse "erasimov sem muitotato.Gatutin n#o e!ibiu nenhuma rea&#o. 1omo quiser, camarada diretor'geral. -e me der licen&a agora, coronel, há uma reuni#o no /olitburo esta manh#.O coronel Gatutin ficou em posi&#o de sentido, girou nos calcanhares e saiu.Encontrou "olov3o na ante'sala. Os dois haviam se conhecido casualmente. 8inhamcursado a Academia da ;"N com um ano de diferen&a, e suas carreiras progrediramapro!imadamente na mesma propor&#o. 1oronel "olov3o disse a secretária do chefe. O diretor'geral precisa sair imediatamente e sugere que retorne amanh# de manh# por volta das C+ horas. 2as... Ele já está saindo informou a secretária. 2uito bem retrucou "olov3o, colocando'se de pé. Ele e Gatutin saíram juntos. O diretor'geral está ocupado comentou Gatutin enquanto tomavam o corredor. (#o estamos todosM respondeu o outro depois que a porta se fechou. /ensei que ele quisesse isto. 1heguei aqui :s 5 para redigir o maldito relatrioP Nem,acho que agora vou tomar o desjejum. 1omo v#o as coisas no <$ois<, ;lementiGladimirovichM 8ambém estamos ocupados... Os cidad#os n#o nos pagam para ficar parados. Ele também chegara cedo para completar seu trabalho burocrático, e seu

est9mago roncou audivelmente. Goc0 também deve estar com fome. >uer me acompanharMGatutin acenou concordando e os dois dirigiram'se : cantina. Oficiais graduados de coronéis para cima possuíam um refeitrio separado, e eram servidos por gar&ons de uniforme branco. A sala nunca ficava vazia. A ;"N trabalhava 45 horaspor dia, e horários estranhos pediam refei&)es irregulares. Além do mais, a comidaera boa, especialmente a servida aos oficiais graduados. A sala formava um am'biente tranq6ilo. >uando as pessoas falavam por ali, mesmo que estivessemdiscutindo esportes, faziam'no aos sussurros. Goc0 n#o está ligado :s negocia&)es sobre armamentos, agoraM perguntouGatutin bebericando o chá.

R verdade... Girei babá de diplomatas. -abe, os americanos pensam queperten&o : "K7. "olov3o arqueou as sobrancelhas, parte para mostrar'sedivertido com os americanos, parte para mostrar ao seu quase'colega de classe

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como era importante seu trabalho. R mesmoM Gatutin estava surpreso. Eu teria pensado que eles estavammais bem informados... pelo menos... bem... Encolheu os ombros para indicar que n#o podia prosseguir. *u tamb&m tenho assuntos "ue não posso discutir,

Aer%ey Nikolaye!ich# -uponho que o diretor'geral esteja preocupado com a reuni#o do /olitburo. Osrumores... Ele ainda n#o está pronto afirmou Gatutin com a confian&a tranq6ila de quempossuía fontes seguras. 8em certezaM 8enho. $e que lado estáM quis saber "olov3o. $e que lado !oc4 estáM retrucou Gatutin. Ambos trocaram um olhar divertido,mas depois "olov3o tornou'se sério. (armonov precisa de uma chance. O acordo sobre armamentos... se os

diplomatas conseguirem n#o atrapalhar e e!ecutar o acordo... será uma coisa boapara todos. /ensa realmente assimM Gatutin ainda n#o se decidira por lado nenhum. /enso, sim. 8ive de tornar'me especialista em armas dos dois lados. -ei o quens temos e sei o que eles t0m. E!iste um limite para tudo. 7ma vez que um homemesteja morto, n#o se fica atirando mais sobre o cadáver. E!istem maneiras melhoresde gastar o dinheiro. E!istem coisas que precisam mudar. $evia ter mais cuidado dizendo essas coisas avisou Gatutin. "olov3o viajarademais. 1onhecera o Ocidente, e muitos agentes da;"N voltavam contando histrias maravilhosas se a 7ni#o -oviética pudessefazer isso, ou aquilo... Gatutin percebia a verdade ali contida, mas era por naturezamuito mais cauteloso. Era um homem do <$ois<, que ia atrás de perigos, enquanto"olov3o, do /rimeiro $iretrio, procurava oportunidades. (#o somos ns os guardi)esM -e n#o pudermos falar, ent#o quem podeM disse "olov3o, cedendo um pouco. $esde que seja de acordo com a orienta&#odo /artido a todos os momentos, claro... 2as até mesmo o /artido v0 a necessidadede realizar mudan&as.8inham de concordar sobre aquilo. 1ada jornal soviético proclamava a necessidadede uma nova vis#o, e cada artigo precisava ser aprovado por alguém importante,dotado de pureza política. O /artido nunca estava errado, ambos sabiam, mascertamente alterara bastante sua mente kollecti!#

7ma pena que o /artido n#o veja a import%ncia do descanso para seusguardi)es. Fomens cansados cometem erros, -ergeL (i3olaLevich."olov3o contemplou os ovos em seu prato por um instante, depois bai!ou maisainda o tom de voz. ;lementi... vamos imaginar por um momento que eu sei do fato de que umapessoa do alto escal#o da ;"N está se encontrando com um agente graduado da1HA. Alto escal#oM 2ais alto do que chefe de $iretrio respondeu "olov3o, dizendo a Gatutine!atamente quem era, sem usar o nome ou o título. Gamos presumir que fui euquem arranjou os encontros, e que ele me diz que n#o preciso saber qual foi o

assunto. Iinalmente, vamos supor que esse mesmo oficial graduado anda agindo...estranhamente. O que acha que devo fazerM perguntou ele, sendo a seguir brin'dado com uma resposta ao pé do regulamento@

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$everia escrever um relatrio ao -egundo $iretrio, é claro. "olov3o quasederrubou seu café. 7ma tima idéia. Togo depois posso cortar minha garganta com uma l%mina debarbear e economizar a todos tempo e trabalho de interrogatrio. E!istem algumas

pessoas que est#o acima de suspeita... ou t0m tanto poder que ninguém ousasuspeitar delas. -ergeL, se e!iste uma coisa que aprendi nas ltimas semanas, é que n#o e!isteisso de <acima de suspeita<. Estivemos trabalhando num caso t#o alto no 2inistérioda $efesa... voc0 n#o iria acreditar. Eu mal consigo acreditar. Gatutin acenou paraque q gar&om trou!esse um novo bule de chá. A pausa deu ao outro algum tempo para pensar. "olov3o tinha conhecimento íntimodaquele ministério em virtude do seu trabalho com armas estratégicas. >uempoderia serM (#o havia muitos homens dos quais a ;"N era incapaz de suspeitar essa era uma condi&#o desencorajada pela ag0ncia e menos ainda no 2inistérioda $efesa, que a ;"N deveria encarar com mais rigor. 2as...

IilitovM Gatutin empalideceu e cometeu um erro. >uem lhe contouM 2eu $eus, ele deu instru&)es para mim no ano passado sobre armas de médioalcance. Ouvi dizer que estava doente. (#o está brincando, estáM  (#o e!iste nem um pingo de brincadeira em tudo isso. Eu n#o posso falar muito,e é preciso que n#o saia desta mesa, mas... -im, Iilitov estava trabalhando para...alguém de fora de nossas fronteiras. Ele confessou, e a primeira parte dointerrogatrio já terminou.2as ele sabia de tudoP O grupo de negocia&)es precisa saber disso. Altera toda abase das conversa&)es declarou "olov3o.Gatutin n#o havia pensado nisso, mas n#o era o lugar certo para tomar decis)espolíticas. Afinal de contas, n#o passava de um policial com um toque especial."olov3o poderia ter raz#o em sua avalia&#o,mas regras s#o regras. A informa&#o está sendo retida em sigilo má!imo por enquanto, -ergeL(i3olaLevich. Tembre'se disso. 1ompartimenta&#o de informa&)es pode ser uma faca de dois gumes, ;lementi avisou "olov3o, imaginando se deveria prevenir os negociadores. Acho que tem raz#o concordou Gatutin. >uando capturou seu prisioneiroM indagou "olov3o, ouvindo a seguir aresposta.  $s datas### Ele tomou f9lego e esqueceu sobre as negocia&)es. Odiretor'geral encontrou'se pelo menos duas vezes com um agente graduado da

1HA... >uem e quandoM $omingo : noite e ontem de manh#. O nome é KLan. Ele tem uma posi&#oequivalente : minha no grupo americano, mas é ligado : Hntelig0ncia, n#o um agentede campo que eu fui. O que conclui dissoM 8em certeza de que ele n#o pertence a Opera&)esM 8enho. /osso até lhe dizer em que sala trabalha. Hsso n#o é um fator deincerteza. Ele é analista, e graduado, mas apenas um homem de gabinete. Assistente especial do vice'diretor dos -ervi&os de Hnforma&)es, e antes disso eraparte de um empréstimo de alto nível para Tondres. Ele nunca foi agente de campo.Gatutin terminou seu chá e serviu'se de outra !ícara. A seguir passou manteiga num

peda&o de p#o. Enquanto isso, pensava sobre o assunto. Favia ampla possibilidadepara adiar uma resposta, mas... 8udo o que temos aqui é atividade incomum. 8alvez o diretor'geral tenha motivos

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para ficar assim sensível... -im... ou talvez seja essa a impress#o que ele queira dar observou "olov3o./ara alguém do <7m< voc0 tem a maneira de pensar parecida com a nossa, -ergeL.2uito bem. O que faríamos normalmente... (#o que um caso como esse seja

normal, se entende o que eu digo... é reunir as informa&)es e levá'las ao diretor do-egundo $iretrio. O diretor'geral tem guarda'costas. Eles poderiam ser separadose interrogados 2as tal assunto teria de ser tratado muito, muito cuidadosamente.2eu chefe teria de ir a... a quemM perguntou Gatutin retoricamente. 7mmembro do /olitburo, talvez, ou ainda o secretário'geral do 1omit0 1entral, mas oassunto Iilitov está sendo manuseado sem nenhum alarde. Acredito que o diretor'geral possa desejar utilizar isso como alavanca política contra o ministro da $efesa eGaneLev... O qu0M A filha de GaneLev estava agindo como espi# do Ocidente. Nem, comomensageira, para ser preciso. (s a dobramos, e...

/or que isso n#o se tornou de conhecimento pblicoM A mulher está de volta ao trabalho, por ordem do diretor'geral informou Gatutin. ;lementi, tem alguma idéia do que está acontecendo aquiM (#o, ainda n#o. /resumi que o diretor'geral estivesse procurando fortalecer suaposi&#o política, mas o encontro com o homem da 1HA... tem certeza dissoM Eu mesmo combinei os encontros repetiu "olov3o. O primeiro deve ter sidocombinado antes que os americanos chegassem, e simplesmente supervisionei osdetalhes. KLan pediu o segundo. Ele me passou uma nota... quase t#o bem comoum agente recém'treinado em sua primeira miss#o. Eles se encontraram no 8eatroNarricada ontem, como eu lhe disse. ;lementi, alguma coisa muito estranha estáacontecendo. R o que tudo indica. 2as n#o temos nada... O que quer dizer... -ergeL, investiga&#o é o meu trabalho. (#o temos nada, a n#o ser fragmentosdescone!os de informa&#o, que podem ser e!plicados facilmente. (ada atrapalhamais uma investiga&#o do que agir depressa demais. Antes de fazer qualquer coisa,precisamos reunir e analisar tudo o que temos. Ent#o podemos ir a meu chefe, e eleé que poderá autorizar uma a&#o posterior. Acredita que dois coronéis possam agir num caso desses sem o apoio de uma autoridade maiorM Goc0 precisa colocar tudoo que sabe no papel e trazer a mim o resultado. >uando acha que pode fazer issoM

/reciso estar na sess#o de negocia&)es em... ele verificou o relgio duashoras. $eve durar pelo menos dezesseis horas, seguida de uma recep&#o. Osamericanos partem :s 44 horas./ode escapar da recep&#oM'-erá um pouco esquisito, mas acho que sim. *steja em meu escritrio :s Ch*+ disse Gatutin formalmenmente. "olovlov3o,que possuía um ano a mais de oficialato, sorriu pela primeir a vez. Js suas ordens, camarada coronel 2arechal Wazov, qual é a posi&#o do ministérioM perguntou (armonov. (#o aceitamos menos do que seis horas afirmou o ministro da $efesa. (esse tempo deveremos ser capazes de ocultar a maior parte dos itens mais

sensíveis. 1omo sabe, preferimos n#o ter nossos locais secretos inspecionados demodo nenhum, embora e!aminar as instala&)es americanas vá trazer vantagens eminforma&)es.

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O ministro das Kela&)es E!teriores concordou. Os americanos v#o pedir menos, mas acho que podemos chegar a esse nmero. Eu discordo. As cabe&as dos membros do /olitburo voltaram'se para acadeira de Ale!androv. O senso do idealista mostrava'se novamente. Bá é ruim o

suficiente reduzir nossos arsenais, mas ter os americanos e!aminando as fábricas,obtendo nossos segredos, é loucura total. 2i3hail /etrovich, já passamos por tudo isso disse pacientemente (armonov. 2ais alguma obje&#oM Ele olhou ao redor da mesa. 1abe&as acenaram. Osecretário'geral riscou o item de seu bloco de anota&)es. Acenou para o ministrodas Kela&)es E!teriores. -eis horas, nada menos.O ministro das Kela&)es E!teriores sussurrou algumas instru&)es a seu ajudante'de'ordens, que dei!ou a sala imediatamente para chamar o chefe das negocia&)es. A seguir inclinou'se para a frente. Hsso dei!a a quest#o sobre quais armas ser#o eliminadas, a quest#o mais difícil

de todas, claro. -erá necessária outra sess#o, e bem longa. Estamos programados para assinar o acordo em tr0s meses... lembrou(armonov. -im. Hsso deve estar decidido até lá. -ondagens preliminares sobre essa quest#on#o encontraram obstáculos sérios. E os sistemas americanos de defesaM perguntou Ale!androv. E quanto aelesM As cabe&as se voltaram novamente, desta vez /ara o diretor'geral da ;"N. (ossos esfor&os para penetrar a seguran&a de -ea ;lipper continuam. 1omosabem, corresponde ao nosso projeto *strela Brilhante embora tenhamos aimpress#o de que estamos mais avan&ados em algumas áreas declarou"erasimov, levantando os olhos de sua prancheta. 1ortamos nossas for&as de mísseis pela metade enquanto os americanosaprendem a derrubar os nossos resmungou Ale!androv. E eles v#o reduzir as for&as pela metade, enquanto trabalhamos no mesmosentido que eles continuou (armonov. 2i3hail /etrovich, estamos trabalhandoao longo dessas linhas por trinta anos, e com muito mais afinco do que eles. Estamos também mais adiantados nos testes declarou Wazov 'E... E eles sabem disso completou "erasimov. Keferia'se ao teste que osamericanos haviam observado da aeronave 1obra Nelle, mas Wazov n#o sabia nadasobre isso ainda, e mesmo a ;"N n#o tinha conhecimento de como o teste foraobservado, s que os americanos tinham conhecimento do assunto. Eles também

t0m servi&os de informa&)es, lembre'se disso. 2as n#o disseram nada sobre o teste argumentou (armonov. Os americanos t0m sido :s vezes reticentes ao discutir tais assuntos. Eles sequei!am de alguns detalhes técnicos de nossas atividades de defesa, mas n#o detodos eles, por medo de comprometer seus métodos de coleta de informa&)es e!plicou "erasimov sem 0nfase. /ossivelmente ter#o conduzido testes similares,embora n#o tenhamos conhecimento disso. Os americanos também s#o capazes demanter segredo quando desejam. 8aussig n#o conseguira passar a informa&#o."erasimov recostou'se para dei!ar os outros falarem. Em outras palavras, os dois lados continuam como antes concluiu (armonov. A menos que sejamos capazes de ganhar uma concess#o disse o ministro

das Kela&)es E!teriores. O que n#o é muito provável de acontecer. E!istealguém nesta mesa que seja de opini#o que devemos restringir nossos programasde defesaM (#o havia. (esse caso, por que devemos esperar que os

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americanos ajam diferentementeM 2as, e se eles passaram : nossa frenteM insistiu Ale!androv. 7m timo argumento, 2i3hail /etrovich. (armonov aproveitou a oportunidade. /or que os americanos sempre parecem estar : nossa frenteM perguntou ele

aos líderes reunidos do país. Eles fazem isso n#o porque sejam mágicos, mas porque permitimos que fa&am...porque n#o podemos melhorar o desempenho de nossa economia. Hsso nega aomarechal Wazov as ferramentas de que nossos homens uniformizados necessitam,nega ao nosso povo as boas coisas da vida que eles come&am a esperar, e nosnega a capacidade Fe enfrentar o Ocidente como iguais. (ossas armas nos tornam iguaisP discordou Ale!androv.  2as que vantagem isso nos traz se o Ocidente também possui armasM E!istealguém em torno desta mesa que se contente em ser igual a+ OcidenteM (ossos

foguetes fazem isso por ns disse (armonov ', porém e!istem mais coisas nagrandeza de um povo do que o potencial de matar. -e vamos derrotar o Ocidente,n#o pode ser com bombas nucleares... a menos que desejem que os chinesesherdem nosso mundo. (armonov fez uma pausa. 1amaradas, se pretendemosprevalecer, precisamos avan&ar com nossa economia. 2as ela está avan&ando obstou Ale!androv. /ara ondeM Algum de ns sabe para ondeM perguntou GaneLev, esquentandoa atmosfera reinante na sala. A discuss#o tornou'se tumultuada por vários minutos antes de cair na forma deargumenta&#o de estudantes, comum ao /olitburo. (armonov usara o assunto paratestar a for&a de oposi&#o. Bulgou sua fac&#o mais do que simplesmente igual : de Ale!androv. GaneLev n#o se traíra Ale!androv esperava que ele in%isse estar ao

lado do secretário'geral, n#o eraM E o secretário'geral ainda tinha Wazov. (armonovutilizara a sess#o para aumentar a import%ncia da dimens#o política dos problemasecon9micos do país, ressaltando a necessidade de reforma como maneira demelhorar o poderio militar do país o que era verdade, claro, mas ainda assim umargumento que dificilmente Ale!androv e sua malta poderiam refutar. 8omando ainiciativa, avaliou (armonov, ele fora capaz de julgar ainda uma vez a for&a dosopositores, e, colocando o assunto em aberto, pusera'os em posi&#o psicolgica dedefesa, pelo menos temporariamente. Era tudo o que podia esperar no momento.Givera para lutar mais um dia, disse (armonov a si mesmo. 7ma vez que o tratadode limita&#o de armamentos fosse assinado, seu poder nessa mesa aumentariamais um ponto. O po!o iria gostar e pela primeira vez na histria soviética o que

pensava o povo come&ava a ser levado em conta. 7ma vez decidido que armasseriam eliminadas, e os prazos para isso, saberiam quanto dinheiro adicional teriampara gastar. (armonov podia controlar a discuss#o de seu posto, usando os fundospara negociar mais poder entre os membros do /olitburo, enquanto os membrosbrigariam entre si, perseguindo seus prprios pequenos projetos. Ale!androv n#opoderia interferir, desde que a base de seu poder era ideolgica, e n#o econ9mica.Ocorreu a (armonov que provavelmente venceria. 1om a $efesa na retaguarda, eGaneLev em seu bolso, ele venceria o confronto faria com que a ;"N se dobrasse :sua vontade, e mandaria Ale!androv para o pasto. Era apenas uma quest#o dedecidir quando for&ar o assunto. 8eria de haver acordo quanto ao tratado, e eletrocaria de bom grado pequenas concess)es para manter segura sua política do'

méstica. O Ocidente ficaria surpreso com isso, mas algum dia ficaria ainda maissurpreso em ver o que uma economia viável poderia fazer com seu principal rival.(armonov estava preocupado com sua sobreviv0ncia política imediata. $epois disso

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vinha a tarefa de injetar vida na economia de seu país. Esse era um objetivoposterior, que n#o mudara em tr0s gera&)es, embora o Ocidente estivesse sempredescobrindo maneiras de ignorá'lo. Os olhos de (armonov n#o estavam fi!os nisso,mas o problema ainda estava lá.

3ltima sessão, disse KLan a si mesmo. 2ra+as a 7eus# O nervosismo voltara. (#ohavia motivo para que tudo n#o corresse bem a parte estranha é que KLan n#otinha idéia do que aconteceria com a família de "erasimov. A <necessidade desaber< novamente levantara a cabe&a cansada sobre esse assunto, mas a partesobre retirar "erasimov e o 1ardeal era de tamanha simplicidade que ele jamaisteria pensado nisso. Essa parte era de autoria de Kitter, e o miserável tinha jeitopara a coisa. Os russos falaram primeiro dessa vez e, cinco minutos depois de ini'ciado o discurso, propuseram um tempo de alerta para as inspe&)es locais desurpresa. Bac3 teria preferido tempo zero, mas isso n#o era razoável. (#o eranecessário verificar o interior dos <pássaros<, por mais desejável que isso fosse.-eria suficiente contar os lan&adores e as ogivas, e qualquer coisa abai!o de dez

horas era provavelmente o suficiente para isso especialmente se as visitasfossem coordenadas com a passagem dos satélites para detectar qualquer tentativade altera&#o na ltima hora. Os russos ofereceram dez horas. Ernest Allen, em suaréplica, e!igiu tr0s. $uas horas mais tarde os nmeros eram sete e cinco. $uashoras depois disso, para surpresa geral, os americanos disseram seis, e o chefe dadelega&#o russa concordou. Ambos os homens levantaram'se e inclinaram'se sobrea mesa para trocar um aperto de m#os. Bac3 ficou contente que tudo tivesseterminado, mas teria resistido em cinco. Afinal de contas, ele e "olov3o haviam con'cordado em quatro, n#oM.uatro horas e meia para resol!er sobre um n'mero miser!el, pensou Bac3. :odeser o recorde de todos os tempos# Fouve até mesmo aplausos quando todos selevantaram, e Bac3 entrou na fila do banheiro mais pr!imo. Alguns minutos depoisretornou. "olov3o estava lá. Goc0s nos dei!aram ganhar essa fácil comentou o agente da Acho que tem sorte de n#o ser minha fun&#o concordou Bac3. R um bocadode trabalho por causa de duas ou tr0s coisinhas. Acha que n#o s#o importantesM (o "rande Esquema das 1oisas... bem, s#o significantes, mas n#o tanto.-ignificam principalmente que podemos voltar para casa observou Bac3, dei!andotransparecer um pouco de nervosismo na voz. $inda não ha!ia terminado# Está ansioso para voltarM perguntou "olov3o.

(#o e!atamente, mas lá vem voc0 de novo... 7esta !ez não & o !Do "ue estme deixando ner!oso, parceiro# A tripula&#o de v9o ficara no Fotel 73rania, : margem do rio 2oscou, dois a dois emgrandes quartos, fazendo compras nas <lojas da amizade==, e vendo tudo quantopodiam de uma forma geral, enquanto mantinham um grupo de guardas naaeronave. Agora saíam juntos do hotel e subiam a bordo de um 9nibus de turismocom cinq6enta lugares, que atravessou a ponte e dirigiu'se para leste pela Avenida;alinina a caminho do aeroporto, a meia hora de viagem devido ao tráfego leve.>uando o coronel Gon Eich chegou, a equipe de terra da Nritish AirXaLs,responsável pela manuten&#o de apoio, estava terminando o abastecimento sob osolhos vigilantes do chefe o primeiro sargento que <possuía< a aeronave e do

capit#o que servia de co'piloto no assento direito da cabine do G1'C*?. Os membrosda tripula&#o passaram pelo posto de controle da ;"N, cujos agentes verificaramcuidadosamente a identidade de todos. >uando terminaram, a tripula&#o embarcou,

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acondicionou seu equipamento e come&ou a preparar o ?+? convertido para seu v9ode volta : Nase Aérea de AndreXs. O piloto reuniu cinco dos seus homens na cabinede comando e, sob o ruído do rádio de um deles, informou'os sobre o que fariamnaquela noite, que seria um <pouquinho diferente<.

2eu $eus, senhor comentou o chefe do pessoal , isso é diferente mesmo. O que seria a vida sem um pouquinho de e!cita&#oM perguntou Gon Eich. 8odos entenderam bem suas partesM Kecebeu afirmativas. Ent#o vamostrabalhar, pessoal.O piloto e o co'piloto apanharam suas listas de verifica&)es e saíram com o chefepara fazer a checagem pré'v9o. 8odos concordavam que seria muito bom voltarempara casa se conseguissem levantar os pneus da pista. Estava frio como omamilo de uma bru!a, observou o chefe da equipe. As m#os enluvadas, e agoravestidos com uniformes da Ior&a Aérea, os homens n#o pareciam ter pressaenquanto andavam ao redor da aeronave. A VM Ala de 8ransporte Aéreo 2ilitar possuía um registro sem máculas de seguran&a voando aparelhos <$G< ao redor do

mundo, e a manuten&#o era realizada com aten&#o total a cada detalhe. Gon Eichperguntou'se se as ?++ +++ horas de v9o sem nenhum tipo de acidente n#o seriammaculadas naquela noite.KLan já havia feito as malas. Estariam partindo da recep&#o diretamente para oaeroporto. Ele decidira barbear'se e escovar os dentes novamente antes de arrumar o conjunto de barbear num dos bolsos de sua valise para dois ternos. Estava usandoum dos ternos ingleses. Era quase quente o bastante para o clima local, mas Bac3prometeu a si mesmo que, se viesse novamente a 2oscou no inverno, iria lembrar'se de trazer ceroulas. Bá estava quase na hora quando soaram batidas : porta. Era8onL 1andeia. Nom v9o para casa desejou ele. 1laro riu Bac3. /ensei em vir dar uma m#ozinha. Ele apanhou a pequena mala, e Bac3carregou apenas sua valise.Buntos andaram até o elevador, que os conduziu do sétimo ao nono andar, ondeaguardaram outro elevador para descer até o sagu#o. -abe quem projetou este edifícioM Obviamente foi alguém com senso de humor comentou 1andeia. 1ontrataram o mesmo sujeito para a constru&#o da nova embai!ada americana...Os dois riram. Aquela histria era digna de um filme de catástrofe feito emFollLXood. Favia ali dispositivos eletr9nicos em nmero suficiente para montar uma

central de computadores. O elevador chegou um minuto depois, dei!ando os dois nosagu#o. 1andeia passou a KLan sua maleta. Noa sorte desejou ele, antes de ir embora.Bac3 saiu para onde os carros aguardavam e colocou sua bagagem no porta'malasaberto. A noite estava límpida. Favia estrelas no céu, e uma sugest#o de auroraboreal no horizonte setentrional. Ouvira dizer que esse fen9meno meteorolgicopodia ocasionalmente ser observado de 2oscou, mas era algo que nunca tinhatestemunhado. A caravana partiu dez minutos depois, tomando a dire&#o sul para o 2inistério dasKela&)es E!teriores, repetindo o caminho que quase resumia todo o conhecimentode KLan sobre essa cidade de V milh)es de habitantes. 7m a um, os carros fizeram

a curva na alameda de aces'so, e seus ocupantes foram encaminhados para ointerior do prédio. Aquela recep&#o n#o era t#o elaborada quanto a ltima no;remlin, mas essa rodada também n#o realizara tanta coisa. A pr!ima seria terrível

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com o prazo para a assinatura do acordo se apro!imando, porém a pr!ima sess#oseria em Qashington. Os reprteres de jornais já levam esperando, e havia poucasc%meras de televis#o presentes. Alguém se apro!imou de KLan assim que eleretirou o sobretudo.

'$outor KLanM-imM Ele se voltou. 2i3e /aster, do Zashin%ton :ost# 1orrem notícias em Qashington de que seusproblemas com a 1omiss#o de Galores 2obiliários foram resolvidos.Bac3 riu. 2eu $eus, é bom ouvir uma notícia que n#o tem nada a ver com armamentos,para variarP 1omo disse antes, n#o fiz nada de errado. Acho que aqueles... idiotas,mas p#o diga que eu falei isso... aqueles sujeitos finalmente descobriram. Stimo.(#o gostaria de precisar contratar um advogado. Est#o dizendo que a 1HA colocou o dedo... KLan o interrompeu. Gamos fazer uma coisa. $iga a sua central em Qashington que, se me derem

dois dias para me desvencilhar desse assunto, vou mostrar todos os negcios quefiz. Ia&o tudo por computador e guardo cpias impressas de todo o material. Estábem assimM 1laro... mas por que voc0 n#o... E voc0 quem vai me dizer declarou Bac3, apanhando um copo de vinho dabandeja de um gar&om que passava. Ele precisava tomar um, porém esta noite seriaum s. 8alvez algumas pessoas na capital tenham tes#o pela Ag0ncia. /elo amor de $eus, n#o vá publicar isso também. Ent#o, como v#o indo as conversa&)esM perguntou o reprter a seguir. /ode conseguir todos os detalhes com Ernest, mas, n#o oficialmente, acho que

v#o indo muito bem. (#o tanto como da ltima vez,e

 ainda sobrou muita coisa parafazer, mas acertamos alguns pontos difíceis, mais ou menos o que esperávamosdessa viagem. O acordo vai ficar pronto a tempo de ser assinadoM indagou /aster a seguir. E!tra'oficialmente disse Bac3, de imediato. O reprter concordou. Eu diriaque as chances s#o melhores do que duas para tr0s. E o que a Ag0ncia acha dissoM (#o sou analista político, lembra'seM $e um ponto de vista técnico, a redu&#o decinq6enta por cento é um fato com o qual podemos conviver. (a verdade n#o mudamuita coisa, mudaM 2as é uma atitude <simpática<, isso eu garanto. 1omo quer que eu divulgue a autoria dissoM quis saber /aster.

$iga que foi um oficial novato da Administra&#o. Bac3 sorriu. Está bemassimM 8io Ernie pode falar em nome dele, mas eu n#o tenho permiss#o. E sobre o efeito que isso terá sobre o poder remanescente de (armonovM (#o é o meu campo mentiu KLan. 2inhas opini)es sobre isso s#oparticulares, n#o profissionais. /ortanto... /ortanto é melhor perguntar a outra pessoa sobre isso sugeriu Bac3. /ergunte'me as coisas realmente importantes, como quem os -3ins v#o contratar para a primeira fase do campeonato. Olson, o armador da NaLlor informou o reprter imediatamente. /ois eu gosto daquele rebatedor da /enn -tate, mas ele vai ser vendido logo.

Noa viagem disse o reprter enquanto fechava seu bloco de anota&)es. 1laro, e voc0 aproveite o resto do inverno, colega. O reprter come&ou a retirar'se, depois parou.

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/ode dizer alguma coisa, e!tra'oficialmente, sobre o casal IoleL, que os russosmandaram de volta há... >uemM Ah, o casal que os russos acusaram de espionagemM E!tra'oficialmente,e voc0 nunca ouviu nada de mim sobre isso, é tudo mentira. $e qualquer outra

forma, sem comentários. 1erto. O reprter afastou'se com um sorriso. Bac3 permaneceu ali em pé,sozinho. Olhou em volta procurando"olov3o, mas n#o conseguiu encontrá'lo. Iicou desapontado. Hnimigo ou n#o, elessempre podiam conversar, e KLan chegara a apreciar essas conversas. O ministrodas Kela&)es E!teriores apareceu, depois (armonov. 8odos os outros ingredientesestavam lá@ os violinos, as mesas com salgadinhos, os gar&ons circulando combandejas de vinho, vodca e champanhe. O pessoal do $epartamento de Estadoestava envolvido em conversas com os colegas soviéticos. Ernie Allen estava rindocom seu equivalente soviético. Apenas Bac3 estava sozinho, e isso chamavaaten&#o. Ele caminhou até o grupo mais pr!imo e ficou na periferia, mal sendo

notado enquanto verificava seu relgio de tempo em tempo, e bebericava seu vinho. Está na hora anunciou 1lar3.1hegar até esse ponto fora muito difícil. O equipamento de 1lar3 já estavaarrumado no compartimento : prova d=água que ia desde o 1entro de Ataque até atorre do submarino. /ossuía comportas em ambas as e!tremidades, e ali a água n#openetrava, ao contrário do restante da torre, que se inundava normalmente. 2ais ummarinheiro o acompanhara como voluntário, e em seguida a escotilha do fundo foifechada e bem apertada. 2ancuso levantou o fone. 8este do sistema de comunica&#o. Alto e claro, senhor respondeu 1lar3. >uando estiver pronto. (#o toque na escotilha até eu dar ordem. 1erto, capit#o. O oficial voltou'se. Estou no comando. O capit#o está no comando repetiu o oficial de servi&o. Oficial das águas, bombeie C D++ quilos de lastro para fora. Estamos levantandodo fundo. -ala das máquinas, estejam de prontid#o ao toque do sino. 1erto. O oficial das águas deu as ordens necessárias. Nombas elétricasejetaram C tonelada e meia de água salgada, e o 7allas vagarosamente endireitou'se. 2ancuso olhou : sua volta. O submarino estava em postos de combate. O grupode rastreamento e controle de inc0ndio aguardava a postos. Kamius estava com onavegador. O painel de controle de armas achava'se ativado. Abai!o na sala de

torpedos os quatro tubos estavam carregados, e um deles já inundado. -onar, aqui o comandante. Alguma coisa a declararM perguntou 2ancuso aseguir. (egativo, comandante. (ada em volta, senhor. 2uito bem. Oficial das águas, profundidade nove'zero pés. (ove'zero pés, senhor.Eles precisavam sair do fundo antes de imprimir qualquer movimento horizontal aosubmarino. 2ancuso observou o marcador de profundidade mudar lentamenteenquanto o especialista ajustava vagarosa e cuidadosamente o equilíbrio dosubmarino. /rofundidade nove'zero pés, senhor. Gai ser difícil de manter.

2anobras, quero pot0ncia para D ns. 8im#o, leme CD graus : direita, novo rumoa zero'tr0s'oito. Teme : direita, certo, novo rumo a zero'tr0s'oito repetiu timoneiro. -enhor,

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leme CD graus : direita. 2uito bem. 2ancuso observou o girabssola marcar um curso a nordeste.Tevou cinco minutos para sair de sob o gelo. O capit#o ordenou profundidade deperiscpio. 2ais um minuto.

Tevantar periscpio ordenou 2ancuso em seguida. 7m contramestre girou aroda de controle, e o capit#o apanhou o instrumento que se elevava enquanto aocular surgia no convés. /arePO periscpio parou *+ centímetros abai!o da superfície. 2ancuso procurou por sombras ou possíveis blocos de gelo, mas n#o viu nada. -ubir D+ centímetros. Ele estava de joelhos agora. 2ais D+ e manter assim.Ele usava o periscpio de ataque, mais fino, e n#o o de busca, que era maisvolumoso. O periscpio de busca possuía maior luminosidade, mas ele n#o queriaarriscar'se a e!por a grande se&#o transversal correspondente ao radar, e osubmarino vinha usando somente luzes vermelhas internas durante as ultimas dozehoras. $ava uma apar0ncia meio esquisita : comida, mas também propiciava a

todos melhor vis#o noturna. Ele fez uma lenta varredura pelo horizonte. (#o havianada, a n#o ser gelo flutuante na superfície. Timpo anunciou ele. 8udo limpo. Acione medidas de vigil%ncia eletr9nica. Ouviu'se um silvo hidráulico enquanto a antena do sensor eletr9nico subia. Ahaste de fibra de vidro possuía apenas meia polegada de largura, e era praticamenteinvisível ao radar. Abai!ar periscpio. /eguei aquele radar de vigil%ncia de superfície, em zero'tr0s'oito disse ooperador do sensor eletr9nico, anunciando a freq60ncia e o pulso característicos. O sinal está fraco. Tá vamos ns, pessoal. 2ancuso levantou o fone para o tubo da torre. EstáprontoM -im, senhor respondeu 1lar3. /repare'se. Noa sorte. O capit#o recolocou o fone no lugar e voltou'se. -ubam : torre e fiquem a postos para submergir o mais rápido possível.Tevou um total de quatro minutos. O alto da torre negra do 7allas irrompeu nasuperfície, orientada diretamente para o radar soviético mais pr!imo, a fim deminimizar o perfil e!posto ao radar. Era mais do que difícil manter a profundidade. /ode ir, 1lar3P 1erto.;om todo o %elo "ue lutua!a na %ua, a tela da"uele radar de!eria estar repleta de pontos, pensou 2ancuso. Observou a luz indicadora da flotilha mudar de um tra&o,

que significava fechada, para um círculo, significando aberta.O compartimento da torre terminava numa plataforma C metro abai!o da torre em si.1lar3 abriu a escotilha e subiu. A seguir i&ou seu inflável com a ajuda do marinheiroabai!o dele. -ozinho agora na pequena ponte a esta&#o de controle do topo datorre , ele jogou o pacote além da borda e pu!ou a corda que inflava aembarca&#o. O silvo agudo do ar comprimido pareceu gritar na noite, e 1lar3 es'tremeceu ao ouvi'lo. 8#o logo o tecido emborrachado enrijeceu, ele avisou aomarinheiro para fechar a escotilha, depois apanhou o fone da ponte. 8udo pronto aqui. Escotilha fechada. Gejo voc0s em duas horas. 1erto. Noa sorte desejou novamente 2ancuso.1lar3 subiu suavemente no inflável, enquanto o submarino afundava devagar abai!o

dele, e ligou o motor elétrico. Abai!o, a escotilha inferior do compartimento da torreabriu'se apenas o necessário para que o marinheiro que estava acima saltasse parabai!o, ent#o ele e o capit#o a fecharam e travaram.

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Escotilha superior fechada, estamos prontos para imergir informou o oficialdas águas, quando o ltimo indicador luminoso mudou para um risco. R isso disse 2ancuso. -enhor "oodman, assuma o comando, e já sabe oque fazer.

Estou no comando respondeu o oficial de dia enquanto o capit#o ia a vanteem dire&#o : sala do sonar. O tenente "oodman imediatamente deu ordem paraimergir, dirigindo'se para o fundo.*ra como nos !elhos tempos, pensou 2ancuso, com @ones como chee do sonar# Osubmarino girou, apontando o dispositivo de sonar montado na proa para o caminhoque 1lar3 estava percorrendo. Kamius chegou um minuto depois para observar. /or que n#o quis olhar pelo periscpioM indagou 2ancuso. R uma. coisa difícil en!ergar a prpria terra natal, quando n#o se pode... Tá vai ele. Bones bateu o dedo no monitor de vídeo. Iazendo curvas a CVns. Nem silencioso para um motor de popa. R elétrico, n#o éM R.

Espero que tenha boas baterias, contramestre. -#o de lítio, %nodo rotativo. Eu perguntei. >ue bom resmungou Bones. Ketirou um cigarro de seu ma&o e ofereceu outroao capit#o, quepor um momento esqueceu que havia largado de fumar outra vez. Bones acendeu'oe assumiu uma e!press#o contemplativa. -abe, senhor, acabei de me lembrar por que quis me aposentar... sua vozesmaeceu enquanto ele observava o objeto acompanhado pelo sonar sumindo nadist%ncia. A ré o grupo de controle de fogo atualizava o alcance, apenas para ter oque fazer. Bones endireitou o pesco&o e escutou. O 7allas estava t#o silenciosocomo jamais estivera, e a tens#o enchia o ar, tornando'o mais denso do que aprpria fuma&a dos cigarros.1lar3 estendia'se deitado no fundo do bote. Ieito de náilon emborrachado, seupadr#o de cores era de listras verdes e cinzentas, n#o muito diferente do mar.Faviam pensado em acrescentar alguns pontos brancos em virtude do geloencontrado na área durante o inverno, mas compreenderam que o canal era semprepercorrido por um navio quebra'gelos, e um ponto branco movendo'se rapidamentepela superfície escura talvez n#o fosse uma idéia muito brilhante. 1lar3, princi'palmente, estava preocupado com o radar. A torre do submarino podia n#o ser detectada por entre todo o gelo, mas, se o radar russo tivesse um indicador de alvomvel ativado, o computador simples que monitorava os sinais de retorno podia

muito bem prender'se a um objeto viajando a 4+ milhas por hora. O barco em sificava apenas *+ centímetros acima da água, sendo o motor outro tanto mais alto erevestido com material absorvente de radar. 1lar3 manteve o nível de sua cabe&a :mesma altura do motor e pensou se a meia dzia de fragmentos de metal quedecoravam sua anatomia era grande o suficiente para ser vista. -abia que isso erairracional eles nem chegavam a disparar o detector de metais no aeroporto ,mas homens solitários em situa&)es perigosas tendem a desenvolver atividademental incomum. Era, na verdade, melhor ser imbecil, disse a si mesmo. Aintelig0ncia apenas permitia perceber como essas miss)es eram perigosas. $epoisque elas terminavam, depois que os tremores passavam, depois de um banhoquente de chuveiro, podia'se descansar, banhando'se na glria da coragem e da

esperteza, mas n#o no momento. Agora parecia simplesmente perigoso, para n#odizer loucura, estar fazendo algo assim. A linha da costa estava claramente visível, uma série de pontos de luz cobrindo o

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horizonte visível. /arecia uma vista comum, porém era territrio inimigo. O meroconhecimento disso trazia uma opress#o mais gelada que o límpido ar noturno.:elo menos o mar est calmo, consolou'se. (a verdade, se estivesse pouco maisencapelado, as condi&)es em rela&#o ao radar seriam melhores, porém a superfície

lisa permitia velocidade, e a velocidade sempre fazia com que se sentisse melhor.Olhou para trás. O barco n#o dei!ava uma esteira muito grande, e ele a diminuiriaainda mais ao reduzir a velocidade quando se apro!imasse do porto.:aci4ncia, recomendou a si mesmo sem resultado. Ele detestava a idéia depaci0ncia. >uem gosta de esperar por alguma coisaM, perguntou 1lar3 a si mesmo.Ae tem de acontecer, & melhor "ue aconte+a de uma !ez e termine lo%o#  Aquela n#oera a maneira mais segura, apressando as coisas, mas, pelo menos quando omovimento era mantido, estava'se fazendo alguma coisa. /orém, quando ensinavaas pessoas a fazerem esse tipo de coisa, sua ocupa&#o normal, sempre lhes diziapara serem pacientes. Aeu hip1crita in%ido8, observou bai!inho. As bias do porto lhe deram a dist%ncia da costa. $iminuiu a velocidade para C+

ns, depois para D e finalmente para *. O motor elétrico fazia um zumbido quaseinaudível. 1lar3 girou o manete e dirigiu o barco para um ancoradouro em ruínas.8inha de ser velho, pois seus pilares estavam rachados e desgastados pelo gelo demuitos invernos. -empre vagarosamente, apanhou seu visor noturno e e!aminou osarredores. (#o viu nenhum movimento. /odia ouvir tudo agora, principalmente ossons de tráfego que chegavam até ele através da água, juntamente com um poucode msica. Era a noite de se!ta'feira, afinal de contas, e até mesmo na 7ni#o-oviética grupos de pessoas dirigiam'se a restaurantes, outras dan&avam. (averdade, seu plano dependia da presen&a de vida noturna aqui a Est9nia é maisalegre que a maior parte do país, mas o ancoradouro estava em ruínas, como suasinforma&)es afirmavam que estaria. Apro!imou'se, amarrando o bote a um pilar comcuidado redobrado se derivasse, aí, sim, teriam problemas de fato. /r!imo aopilar havia uma escada. 1lar3 retirou seu macac#o e subiu, com a pistola na m#o./ela primeira vez reparou no cheiro do porto. Era um pouco diferente de seusequivalentes americanos, carregado do odor de leo dos por)es, e completado comtoques de madeira apodrecida no ancoradouro. /ara o norte, uma dzia ou mais debarcos de pesca estava amarrada a outro ancoradouro. /ara o sul havia mais um,este com pilhas de madeira. Ent#o o porto devia estar sendo reconstruído, o quee!plicava as condi&)es daquele onde atracara. 1lar3 verificou seu relgio era um/ilot russo bastante usado e procurou por um ponto de espera@ quarenta minutosaté que precisasse mover'se. 8inha permitido uma margem de tempo caso

encontrasse o mar em piores condi&)es, e tudo que conseguiu com a calmaadicional foi tempo para meditar em como ele n#o passava de um lunático emaceitar mais uma dessas miss)es.Noris Iilopovich 2orozov caminhou para fora do quartel onde ainda vivia, olhandopara o alto. As luzes de *strela Brilhante transformavam o céu num domo de flocosbrancos caindo como penas. Ele adorava momentos como esse. >uem vem láM perguntou uma voz, com autoridade. 2orozov respondeu o jovem engenheiro enquanto uma figura avan&ava nadire&#o da luz. (otou o chapéu de abas mais largas, indicando um oficial superior doE!ército. Noa noite, camarada engenheiro. Está no grupo de controle dos espelhos, n#o

éM perguntou Nondaren3o. Bá nos encontramosM (#o. O coronel balan&ou a cabe&a. -abe quem eu souM

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-im, camarada coronel. Nondaren3o gesticulou em dire&#o ao céu. Nonito, n#o éM Acho que é um consolo para quem está do lado mais distante delugar nenhum. (#o, camarada coronel. Eu pedi para vir para cá.

Ah, simM E como ficou sabendo da e!ist0ncia deste lugarM quis saber ocoronel. Estive aqui na ltima primavera com o ;omsomol. $emos assist0ncia aosengenheiros civis nas e!plos)es e nas funda&)es dos pilares dos espelhos. Iormei'me com especializa&#o em laser e adivinhei o que era a *strela Brilhante# (#o dissea ninguém, é claro acrescentou 2orozov. 2as sabia que esse era o lugar certopara mim.Nondaren3o olhou para o rapaz com visível aprova&#o. 1omo vai indo o trabalhoM Eu tinha esperan&a de entrar para o setor de laser, mas o chefe da minha se&#oconseguiu me recrutar para seu grupo.

Está descontente com issoM (#o... n#o, por favor, desculpe. (#o foi isso que eu quis dizer. Eu n#o sabiacomo o grupo dos espelhos era importante. Aprendi muito. Agora estamos tentandoadaptar o sistema de espelhos a um controle mais preciso pelo computador... 8alvezeu passe logo a assistente do chefe de se&#o declarou 2orozov orgulhosamente. 8ambém tenho familiaridade com sistemas de computa&#o, entendeM >uem é seu chefe de se&#oM "ovorovM 1orreto. 7m engenheiro de campo brilhante, se me permite a liberdade. /ossofazer uma perguntaM 1ertamente.Est#o dizendo que o senhor... é o novo coronel do E!ército do qual est#o falando,certoM $izem que pode ser o novo oficial encarredado do projeto. 8alvez hajaalguma subst%ncia nesses rumores concedeu Non'Ent#o posso fazer uma sugest#o, camaradaM pediu 2orozov. 1ertamente. E!istem muitos solteiros por aqui... E n#o temos mulheres solteiras em nmero suficienteM E!iste mesmo uma falta de assistentes de laboratrio.-ua observa&#o foi notada, camarada engenheiro respondeu Nondaren3o comuma risada. 8ambém estamos planejando construir um novo prédio deapartamentos para aliviar a lota&#o. >ue tal o quartelM A atmosfera é amigável. Os clubes de astronomia e de !adrez

andam bem ativos. Ah. Bá faz muito tempo desde que eu joguei !adrez a sério. 1omo é aconcorr0nciaM perguntou o coronel.O homem mais jovem riu. 2assacrante... eu diria até selvagem. A D +++ metros dali, o Arqueiro aben&oava o nome de seu $eus. A neve caía e osflocos davam ao ar aquela qualidade mágica t#o apreciada por poetas... e soldados./odia'se ouvir, podia'se sentir o sil0ncio enquanto a neve absorvia todos os sons. Ao redor deles, tanto quanto podiam ver acima e abai!o deles, estendia'se a cortinade neve que reduzia a visibilidade para menos de 4++ metros. Ele reuniu os co'mandantes das subunidades e come&ou a organizar o ataque. 1ome&aram a mover'

se em poucos minutos. Estavam em forma&#o tática, o Arqueiro com o grupo queliderava a primeira companhia, enquanto seu segundo em comando ficou com aoutra.

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-urpreendentemente, a caminhada n#o era má. Os russos haviam espalhado alitodos os resíduos das e!plos)es e, embora cobertos de neve, os fragmentos derocha n#o estavam escorregadios. Hsso foi bom, desde que a trilha os levouperigosamente pr!imos a uma parede vertical de pelo menos C++ metros de altura.

 A orienta&#o mostrava'se difícil. O Arqueiro fazia isso de memria, mas ele passarahoras e!aminando o objetivo e conhecia cada curva da montanha pelo menos erao que pensava. As dvidas vinham agora, como sempre, e precisou de toda aconcentra&#o para manter sua mente na miss#o.  Favia gravado uma dzia de pontos de refer0ncia em sua memria antes departirem. 7m rochedo aqui, uma depress#o ali, o lugar em que o caminho viravapara a esquerda, um pouco mais adiante : direi'ta. $e início o avan&o pareciatorturantemente lento, porém, quanto mais se apro!imavam do objetivo, maisaumentava o ritmo. Em todos os instantes foram guiados pelo brilho das luzes.;omo os russos eram coniantes em manter essas luzes ali, pensou ele. Faviamesmo um veículo se movendo, um 9nibus, a julgar pelo ruído, com os faris ace'

sos. Os pequenos pontos de luz moviam'se através do manto branco envolvente. (ointerior da grande bolha de luz, os que estavam de guarda ficariam em desvantagemagora. "eralmente os fachos de luz dirigidos para fora serviam para cegar osintrusos, mas agora o inverso era verdadeiro. /ouco do brilho penetrava na neve, euma grande parte era refletida de volta, arruinando a vis#o noturna dos soldados ar'mados. Iinalmente o grupo mais avan&ado alcan&ou o ltimo ponto de refer0ncia. O Arqueiro parou com seus homens, para que o resto do grupo os alcan&asse. Tevoumeia hora. -eus homens estavam divididos em grupos de tr0s ou quatro, e osmudjahidin aproveitaram o tempo para beber um pouco de água e encomendar suasalmas a Alá, preparando'se tanto para a batalha quanto para seu possível desfecho.O deles era o credo do guerreiro. -eu inimigo também era o inimigo de seu $eus. Oque quer que fizessem para o povo que ofendera Alá seria perdoado, e cada um doshomens do Arqueiro lembrava'se de amigos ou familiares que morreram nas m#osdos russos. Hsso é impressionante murmurou o major quando chegou. Alá está conosco, meu amigo respondeu o Arqueiro. $eve estar. Agora encontravam'se a D++ metros do local, e ainda incgnitos.:odemos at& sobre!i!er### >uanto podemos nos apro!imar ainda... 2ais C++ metros. O equipamento de vis#o noturna que eles possuem podepenetrar uns 5++. A torre mais pr!ima fica a ++ metros naquela dire&#o. Ele

apontou desnecessariamente. O Arqueiro sabia e!atamente onde ficava, e tambéma outra, 4++ metros adiante.O major verificou seu relgio e pensou por um momento. A guarda vai mudar dentro de mais uma hora se eles seguirem aqui o mesmopadr#o adotado em ;abul. Aqueles em servi&o estar#o cansados e com frio, e ossoldados que chegarem ainda n#o estar#o inteiramente alertas. Esse será omomento. Noa sorte disse simplesmente o Arqueiro. Os dois homens se abra&aram. </or que deveríamos nos recusar a lutar pela causa de Alá, quando ns e nossascrian&as fomos e!pulsos de nossos laresM< >uando eles encontraram "olias eseus guerreiros, disseram@ -enhor, enchei nossos cora&)es de coragem. Iazei

firmes nossos pés e ajudai'nos contra os infiéis. A cita&#o era do 1or#o, e nenhumdos homens achou estranho que a passagem se referisse : batalha dos israelistascontra os filisteus. $avi e -aul foram conhecidos também dos mu&ulmanos, assim

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como sua causa. O major sorriu mais uma vez antes de correr e reunir'se com seushomens.O Arqueiro voltou'se e acenou para seu grupo de lan&adores de mísseis. $ois deleslevavam seus -tinger e seguiam o líder enquanto ele continuava seu caminho pela

montanha. 2ais um outeiro e estariam olhando para as torres de vigia embai!o. Eleficou surpreso que pudesse na verdade avistar as tr0s daquele local, e um terceiromíssil foi trazido. O Arqueiro deu suas instru&)es e dei!ou os homens para mntar'seao grupo principal. -obre o outeiro, as unidades de aquisi&#o de alvo cantavam suacan&#o mortal para cada lan&ador. As torres eram aquecidas e os -tinger eramguiados apenas por calor. A seguir o Arqueiro ordenou que seu grupo de morteiros se apro!imasse maisperto do que teria preferido, mas a visibilidade reduzida n#o estava apenas do ladodos mudjahidin# Observou a companhia do major deslizar para a esquerda,desaparecendo na neve. Eles atacariam as instala&)es do laser propriamente ditas,enquanto ele e seus oitenta homens iriam se dirigir para o local onde morava a

maioria das pessoas. Agora era a vez deles. O Arqueiro liderou'os : frente tantoquanto podia ousar, chegando ao limite de onde os holofotes penetravam na neve.Ioi recompensado com a vis#o de uma sentinela, encolhido pelo frio, dei!ando seuhálito uma série de pequenas nuvens brancas que eram levadas pelo vento. 2aisdez minutos. O Arqueiro apanhou seu rádio. 8inham apenas quatro aparelhos, e elen#o ousara fazer uso deles até agora, por medo de ser descoberto pelos russos.Nunca de!eríamos ter dispensado os cães, pensou Nondaren3o. $ primeira coisa"ue arei, "uando me estabelecer a"ui, & trazer os cães de !olta# Ele estavacaminhando ao redor do campo, apreciando o frio e a neve, valendo'se daatmosfera calma para ordenar os pensamentos. Favia coisas que precisavam demudan&as por aqui. Eles necessitavam de um soldado de verdade. O general/o3rLsh3in era muito confiante no esquema de seguran&a, e os soldados da ;"N,muito rela!ados./or e!emplo, n#o mantinham patrulhas noturnas do lado de fora. 2uito perigosofazer isso num terreno assim, dizia o comandante as patrulhas diurnas podemdetectar qualquer um que se apro!ime, os guardas da torre possuem visoresnoturnos, e o restante da área é iluminado com luz fluorescente. 2as dispositivosamplificadores de luz tinham a eficácia reduzida : metade com esse tipo de tempo.E se houvesse um grupo de afeg#es esperando, agora mesmoM, imaginou ele. $ primeira coisa, refletiu, é chamar o coronel Nikolaye! no "uartelE%eneral dos-petznaz, e eu mesmo !ou encomendar um exercício de assalto a esse lu%ar para

mostrar aos idiotas da K2B como são !ulner!eis# Ele olhou para o alto da colina.Favia uma sentinela da ;"N batendo os bra&os para manter'se aquecido, o fuzilpendurado ao ombro demoraria quatro segundos para retirá'lo, apontá'lo e bai!ar a trava de seguran&a. .uatro se%undos, e os 'ltimos tr4s o encontrariam morto sehou!esse al%u&m competente emboscado a%ora### Nem, disse a si mesmo, ocomandante de qualquer posto desses precisa ser um filho da puta impiedoso, e, seestes chekistas querem brincar de soldados, é melhor come&arem a agir comosoldados. O coronel voltou'se para retornar ao bloco de apartamentos.O carro de "erasimov parou : frente da entrada administrativa do /resídioTefortovo. -eu motorista ficou no carro enquanto o guarda'costas o acompanhou. Odiretor'geral da ;"N mostrou sua identifica&#o ao guarda e entrou sem diminuir o

passo. A ;"N era cuidadosa com seguran&a, mas todos conheciam bem o rosto dodiretor'geral, e ainda melhor o poder que ele representava. "erasimov virou : es'querda e dirigiu'se aos escritrios. O superintendente da pris#o n#o estava lá, claro,

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mas um de seus assistentes, sim. "erasimov encontrou'o preenchendo formulários. Noa noite. Os olhos do homem s n#o saltaram das rbitas por causa dosculos que usava. 1amarada diretor'geralP Eu n#o fui...

(#o era para ser avisado mesmo. E como posso... O prisioneiro Iilitov. /reciso dele imediatamente disse "erasimov, de mauhumor. Hmediatamente acrescentou, para obter mais efeito. (este instanteP O segundo assistente do superintendente saltou e correu até aoutra sala. Goltou em menos de um minuto. Gai demorar cinco minutos. Ele deve estar vestido decentemente disse "erasimov. $e uniformeM indagou o homem. (#o, seu idiotaP gritou o diretor'geral. 8rajes civis. Ele deve ficar aresentável. Goc0 tem todos os pertences pessoais dele aqui, n#o devemM'-im, camarada diretor'geral, mas...

(#o tenho a noite inteira disse ele, bai!inho. (#o havia nada mais perigoso doque um diretor'geral da ;"N falando bai!o. O segundo assistente praticamente vooupara fora do aposento. "erasimov voltou'se para seu guarda'costas, que sorria,divertido. (inguém gostava de carcereiros. >uanto tempo acha que vai demorarM 2enos de dez minutos, camarada coronel, muito embora ainda tenham queencontrar as roupas. Afinal, aquele rato sabe que mora num lugar maravilhoso. Eu oconhe&o. RM Ele pertencia originalmente ao <7m<, mas foi mal em seu primeiro trabalho, edesde ent#o tem sido carcereiro. O guarda'costas verificou seu relgio.$emorou oito minutos. Iilitov apareceu com seu terno quase vestido, embora acamisa n#o estivesse abotoada e a gravata simplesmente passada pelo seupesco&o. O segundo assistente segurava um palet puído. Iilitov nunca fora dado acomprar muitas roupas civis. 1omo coronel do E!ército Germelho, nunca se sentiaconfortável sem uniforme. Os olhos do velho pareceram confusos a princípio, eent#o ele viu "erasimov. O que significa issoM perguntou ele. Goc0 vem comigo, Iilitov. Abotoe sua camisa. /elo menos tente parecer umhomemP2isha quase disse alguma coisa, mas optou por ficar calado. O olhar que lan&ou aodiretor'geral foi suficiente para que o guarda'costas movesse sua m#o um

centímetro. Abotoou a camisa e fez o la&o da gravata, que terminou sobre ocolarinho porque ele n#o tinha espelho. Agora, camarada diretor'geral, se tiver a bondade de assinar aqui... Gai me dar a custdia de um criminoso assimM O que...  $l%emas, homem8 ― gritou "erasimov.O segundo assistente do superintendente possuía um par em sua escrivaninha. Eleas apanhou, colocou'as em Iilitov, e quase p9s a chave no bolso antes de ver a m#ode "erasimov estendida. 2uito bem. Eu o trarei de volta a voc0 amanh# : noite. 2as eu preciso que o senhor assine... O segundo assistem descobriu quefalava a um par de costas que se afastava.

Nem, com todo esse pessoal que trabalha para mim comentou "erasimovcom seu guarda'costas , sempre há alguns... -em dvida, camarada diretor'geral.

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O guarda'costas era um homem de 54 anos, completamente em forma, um e!'agente de campo perito em todas as formas de combate armado e desarmado. -euaperto firme transmitiu a 2isha todas essas coisas. Iilitov declarou o diretor'geral por sobre o ombro , ns o estamos levando

para uma pequena viagem, um v9o, na verdade. Goc0 n#o sofrerá nada. -e secomportar direito, poderemos até permitir uma ou duas refei&)es. -e n#o secomportar, GasilL aqui vai fazer com que deseje ter se comportado. Está claroM 1laro, camarada chekista#O guarda colocou'se em sentido e abriu a porta. As sentinelas do e!terior bateramcontin0ncia e foram recompensadas com acenos de cabe&a. O motorista segurava aporta traseira aberta. "erasimov parou e voltou'se. 1oloque'o atrás, junto comigo, GasilL. $eve fazer cobertura no banco da frente. 1omo quiser, camarada. -heremetLevo disse "erasimov ao motorista. /ara o terminal de carga nolado sul da pista.

G esta!a o aeroporto, pensou KLan. 1onteve um arroto que tinha sabor de vinho esardinhas. A caravana entrou no terreno do aeroporto, depois realizou uma curvapara a direita, evitando a entrada normal do terminal e dirigindo'se para a área deestacionamento dos avi)es. A seguran&a, reparou ele, era muito rígida. -empre sepodia confiar nos russos nesse ponto. /ara qualquer lugar que olhasse, via soldadosarmados com fuzis e trajando uniforme da ;"N. O carro dirigiu'se : direita aps oterminal principal e passou por um de constru&#o recente. (#o estava em uso, masparecia a nave alienígena do filme ;ontatos 5mediatos do -erceiro 2rau, de -pilberg.8eve vontade de perguntar a alguém por que fora construído, se ainda n#o estavaativado. -al!ez da pr1xima !ez, pensou KLan. A despedida formal fora realizada no 2inistério das Kela&)es E!teriores. Algunsoficiais menos graduados se postavam ao pé das escadas para apertar as m#os, eninguém parecia ter pressa em dei!ar o conforto aquecido das limusines. O avan&oera relativamente lento.-eu carro inclinou'se para a frente e estacou. O homem da direita abriu a porta,enquanto o motorista abria o porta'malas. Ele também n#o queria sair. Tevara quasetodo o tempo do percurso para que se sentisse o ar quente dentro do carro. Espero que tenham apreciado a visita disse o oficial soviético. "ostaria devoltar e conhecer a cidade no ver#o respondeu Bac3 , en"uanto apertava a m#odo homem. Iicaríamos encantados.

;laro "ue icariam, pensou Bac3 ao subir as escadas. 7ma vez na aeronave, olhoupara a frente. 7m oficial russo estava numa poltrona da cabine para au!iliar nocontrole de tráfego. -eus olhos estavam pousados no console de comunica&)es.KLan fez um aceno para o piloto e recebeu uma piscadela em resposta. A dimens#o política desse caso é que me assusta disse Gatutin. (o nmero 4da /ra&a $zerzhins3L, ele e "olov3o comparavam suas anota&)es. Acabaram'se os velhos tempos. (#o podem nos fuzilar por seguirmos osprocedimentos e o treinamento. R mesmoM E se Iilitov estivesse sendo <dirigido<, com o conhecimento do diretor'geralM Hsso é ridículo comentou "olov3o.

-eráM E se o trabalho anterior dele com dissidentes o colocou em contato com oOcidenteM -abemos que ele interveio pessoalmente em muitos casos,principalmente na regi#o do Náltico, mas em outras também.

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Está mesmo pensando como um homem do <$ois<, agora. Geja bem@ prendemos Iilitov e logo depois o diretor'geral se encontrapessoalmente com o homem da 1HA. Hsso já aconteceu antes, alguma vezM Bá ouvi histrias sobre /hilbL, mas... n#o, ele chegou depois disso.

R uma coincid0ncia infernal comentou Gatutin, esfregando os olhos. Elesn#o treinam a gente para acreditar em coincid0ncias, e... -!oyu mat8 e!clamou "olov3o. Gatutin olhou aborrecido e viu o companheirogirar os olhos nas rbitas. A ltima vez que os americanos estiveram aqui... comopude esquecer dissoP KLan falou com Iilitov... eles deram um encontr#o, como sefosse acidental, e...Gatutin levantou o telefone e discou. >uero falar com o superintendente da noite... E o coronel Gatutin. Acorde oprisioneiro Iilitov. >uero v0'lo daqui a uma hora... O qu0M >uemM 2uito bem,obrigado. O coronel do -egundo $iretrio ficou completamente imvel. Odiretor'geral "erasimov acabou de retirar Iilitov de Tefortovo, quinze minutos atrás.

$isse que ia levá'lo numa viagem especial. Onde está seu carroM /osso pedir... (#o disse "olov3o. -eu carro particular.

"Oeraç8es Not5rnas(#o havia pressa ainda. Enquanto a tripula&#o da cabine se acomodava, o coronelGon Eich percorria a lista de verifica&)es. O G1'C*? recebia for&a elétrica de umcaminh#o'gerador que também permitiria que dessem a partida em seus motoresmais facilmente do que com os sistemas internos. Gerificou o relgio e esperou quetudo tivesse corrido de acordo com o planejado. A ré, KLan passou por seu lugar habitual, bem : frente da cabine de Ernest Allen, esentou'se na ltima fileira de assentos da parte traseira da aeronave. Era muitoparecida com um avi#o normal de carreira, embora as poltronas fossem agrupadascinco a cinco, e esse espa&o controlava o acmulo nas áreas de <visitantes ilustres<mais : frente. Bac3 escolheu uma poltrona ao lado esquerdo, onde assentos ficavamaos pares, enquanto apro!imadamente dez ocupantes entravam e escolhiam seuslugares o mais na frente possível, para uma viagem mais suave, como preveniu um

membro da tripula&#o. O chefe da equipe da aeronave estaria do outro lado docorredor : sua direita, em vez de ficar no alojamento da tripula&#o avante. KLandesejou ter mais um homem para ajudar, mas n#o podiam parecer muito bvios.8inham um oficial soviético a bordo. Aquilo era parte da rotina normal, e evitar suapresen&a teria atraído aten&#o. 8udo se baseava em que todos deviam estar confortavelmente seguros, sabendo que tudo estava e!atamente como devia estar. A frente, o piloto chegou ao final de sua checagem. 8odos a bordoM -im, senhor. /ronto para fechar as portas. Iique de olho na luz indicadora da porta da tripula&#o. 8em se comportado de um jeito estranho disse Gon Eich ao engenheiro de v9o.

Algum problemaM perguntou o piloto soviético de sua poltrona.$espressuriza&#o sbita é um problema que todo aeronauta leva muito a sério. 1ada vez que verificamos a porta, tudo parece bem. /rovavelmente um

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interruptor com defeito no painel, mas ainda n#o achamos o desgra&ado. Eu mesmofui verificar a veda&#o da porta assegurou ele ao russo. O defeito tem de ser elétrico. /ronto para decolar anunciou o engenheiro de v9o ao lado.

1erto. O piloto olhou para certificar'se de que as escadas estavam afastadas,enquanto a tripula&#o colocava os fones. 8udo certo : esquerda. 8udo certo : direita disse o co'piloto. Tigando motor um.Not)es foram apertados, interruptores acionados, e o motor esquerdo come&ou agirar as l%minas das turbinas. Os mostradores em vários painéis moveram'se e logoalcan&aram os índices normais. O caminh#o'gerador retirou'se, para que aaeronave pudesse utilizar sua prpria energia elétrica. Tigando motor quatro anunciou o piloto a seguir. /assou seu microfone para osistema de alto'falantes do avi#o. -enhoras e senhores, aqui é o coronel GonEich. Estamos ligando os motores e devemos come&ar a manobrar em

apro!imadamente cinco minutos. /or favor, coloquem os cintos de seguran&a. Aqueles de voc0s que fumam, tentem ag6entar mais alguns minutos.Em sua poltrona na ltima fila, KLan teria matado alguém para fumar. O chefe datripula&#o olhou para ele e sorriu. *le certamente parecia durão o bastante para poder lidar com o assunto, pensou Bac3. O chefe primeiro'sargento parecia estar chegando aos D+, mas também parecia alguém que poderia ensinar boas maneirasa um jogador de futebol americano. 7sava luvas marrons de trabalho, com ascorreias de ajuste bem apertadas. 8udo prontoM perguntou Bac3. (#o havia perigo de serem ouvidos. O barulhodos motores era enorme ali atrás. >uando quiser, senhor. Gai saber quando. Fum bufou "erasimov. Ainda n#o é aqui.O terminal de carga estava fechado e escuro, : e!ce&#o das luzes daseguran&a.>uer que eu fa&a uma chamadaM perguntou o motorista. (#o há pressa. O que... 7m guarda sinalizou para que parassem Bá haviampassado por um posto de controle. 8udo bem, os americanos est#o sepreparando para partir. Hsso deve estar fodendo com tudo.O guarda veio até a janela do motorista e pediu os passes. O motorista apenasacenou para a traseira.

Noa noite, cabo disse "erasimov, segurando sua identifica&#o. O jovem ficouem posi&#o de sentido. 7m avi#o vai chegar aqui para me buscar em poucosminutos. Os americanos devem estar atrasando as coisas. A for&a de seguran&asaiuM -im, camarada diretor'geralP 7ma companhia inteira. Bá que estamos aqui, por que n#o fazemos uma rápida inspe&#oM >uem é seucomandanteM O major [arudin, cam... >ue diabo está... 7m tenente apro!imou'se. 1hegou até o cabo antes de ver quem estava no carro. 8enente, onde está o major [arudinM

(a torre de controle, camarada diretor'geral. R o melhor lugar para... 8enho certeza de que é. 1hame'o pelo seu rádio e diga que pretendoinspecionar a área, depois irei v0'lo para dizer o que acho. 1ontinue ordenou ele

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ao motorista. 8ome a direita. 8orre de -heremetLevo, aqui nove'sete'um pedindo permiss#o para ta!iar até apista dois'cinco'direita disse Gon Eich em seu microfone. (ove'sete'um, permiss#o concedida. Gire : esquerda na pista principal de

manobras. O vento está a dois'oito'um, a 5+ quil9metros por hora. Entendido, desligo disse o piloto. 2uito bem, vamos colocar este pássaropara voar.O co'piloto avan&ou os manches e a aeronave come&ou a mover'se. (o ch#o emfrente a eles, um homem com dois bast)es luminosos fornecia instru&)esdesnecessárias mas os russos sempre partiam do princípio de que todosprecisavam receber ordens para saber o que fazer. Gon Eich dei!ou o local demanobras e dirigiu'se para o sul na pista nove, onde dobrou : esquerda. A pequenaroda que controlava a engrenagem dirigível do nariz estava endurecida, comosempre, e a aeronave virou devagar, impulsionada pelos motores e!ternos. Elesempre agia devagar, nesse ponto. 1om as pistas t#o esburacadas, sempre havia a

preocupa&#o de danificar alguma coisa. (#o queria que isso acontecesse naquelanoite. Ialtava ainda um quil9metro até a cabeceira da pista principal nmero C, e ostrancos e sacolejos podiam ser suficientes para causar enj9os. Iinalmente virou :direita na pista nmero D. Os homens parecem alertas comentou GasilL enquanto atravessavam a pista4D esquerda. O motorista mantinha os faris desligados e trafegava pela borda dapista. Favia um avi#o chegando, e tanto o motorista quanto o guarda'costas fi!avamo olhar nas luzes. (#o viram "erasimov tirar a chave do bolso e abrir as algemas doat9nito prisioneiro Iilitov. A seguir o diretor'geral tirou uma pistola automática dointerior do casaco.

2erda... tem um carro ali disse o coronel Gon Eich. >ue diabo está umcarro fazendo aquiM Gamos passar ao lado com facilidade afirmou o co'piloto. Ele está metadepara fora. Stimo. O piloto voltou'se outra vez para a direita até o final da pista. 2erdade motoristas domingueirosP O senhor n#o vai gostar nem um pouco disso, coronel disse o engenheiro dev9o. A luz da porta traseira está acesa de novo. 2alditaP imprecou Gon Eich pelo microfone. Alterou a regulagem para enviar osom ao sistema de alto'falantes, mas teve de controlar a voz antes de falar. 1hefe de tripula&#o, verifique a porta traseira.

Aqui vamos ns disse o sargento. KLan retirou o cinto e moveu'se C metroenquanto observava o sargento me!endo no trinco da porta. 8emos um curto em algum ponto do circuito informou o engenheiro de v9o nacabine : frente. Acabei de perder as luzes das cabines de ré. O fusível acabou deestourar e n#o consigo achar outro para substituir. 8alvez seja s um fusível com defeitoM sugeriu o coronel Gon Eich. /osso tentar um de reserva declarou o engenheiro. Gá em frente. Gou dizer aos caras lá atrás por que as luzes se apagaram. Erauma mentira, mas das boas, e com todos afivelados ao assento n#o era t#o fácilassim virar e ver a traseira da cabine.Onde está o diretor'geralM perguntou Gatutin ao tenente. Ele está conduzindo

uma inspe&#o. >uem s#o voc0sM 1oronel Gatutin, e este é o coronel "olov3o. Ondeestá a porra d+ diretor'geral, seu mocinho idiotaM O tenente gaguejou por alguns

segundos, depois apontou.

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GasilL chamou o diretor'geral. Era uma pena. -eu guarda'costas voltou'se paraencarar a ponta de uma pistola. -ua arma, por favor. 2as... (#o há tempo para falar. Ele apanhou a arma e guardou'a no bolso. A seguir,

passou as algemas. Os dois passem as m#os pelo volante.O motorista ficou consternado, mas ambos fizeram como lhes foi ordenado. GasilLfechou uma das algemas em seu pulso esquerdo e passou a m#o pelo volante paraprender a outra ao motorista. Enquanto ele fazia isso, "erasimov retirou o receptor de seu rádio e colocou'o no bolso. As chavesM perguntou "erasimov. O motorista passou'as com sua m#oesquerda livre. O mais pr!imo guarda uniformizado estava a uma centena demetros de dist%ncia. O avi#o se encontrava a apenas 4+ metros. O diretor'geral da1omiss#o para a -eguran&a do Estado abriu ele mesmo a porta. Fá meses n#ofazia aquilo. 1oronel Iilitov, quer vir comigo, por favorM2isha ficou t#o surpreso quanto todos os outros, mas fez como lhe foi pedido. J

vista de todos no aeroporto pelo menos daqueles poucos que se incomodavamem observar as rotinas , "erasimov e Iilitov caminharam em dire&#o : caudavermelha, branca e azul. 1omo por encanto, a porta traseira se abriu. Gamos depressa, pessoal. KLan atirou uma escada de corda. As pernas de Iilitov o traíram. O vento e o escapamento das turbinas fizeram aescada flutuar como bandeira na brisa, e ele n#o conseguia colocar os dois pésnela, a despeito da ajuda de "erasimov. 2eu $eus, olhe láP "olov3o apontou. GamosP Gatutin n#o disse nada<. Acelerou o carro e ligou os faris altos. Encrenca avisou o chefe da tripula&#o quando viu o carro. Favia um homemarmado de fuzil correndo nessa dire&#o também. Venha lo%o, tio ― gritou ele,incentivando o 1ardeal do ;remlin. 2erdaP KLan empurrou o sargento de lado e saltou para o ch#o.Era muito alto, e ele n#o aterrissou bem, torcendo o tornozelo e rasgando a cal&a no joelho esquerdo. Bac3 desprezou a dor e ficou em pé. Apanhou um dos ombros deIilitov enquanto "erasimov apoiou o outro, e juntos eles o colocaram alto osuficiente na escada para que o sargento na porta o i&asse a bordo. "erasimovsubiu a seguir, com a ajuda de KLan. $epois foi a vez de Bac3 mas ele teve omesmo problema de Iilitov. -eu joelho esquerdo já estava endurecido, e, quando eletentou apoiar'se no tornozelo torcido, a perna direita simplesmente recusou'se ame!er. Yingou alto, suficiente para ser ouvido acima do som das turbinas, e tentou

subir apenas com as m#os, mas perdeu o apoio e caiu no pavimento. Atoi, stoi8 berrou alguém armado a * metros de dist%ncia. Bac3 olhou paracima, na dire&#o da porta do avi#o. Vão embora8 ele gritou. Ieche a porra da porta e v#o emboraPO chefe da tripula&#o fez e!atamente isso, sem um momento de hesita&#o. Ele seesticou para pu!ar a porta, e Bac3 a observou encai!ar'se em quest#o de segundos.(o interior, o sargento levantou o interfone e disse ao piloto que a porta estavaadequadamente selada. 8orre, aqui nove'sete'um, partindo agora. $esligo. O piloto avan&ou osmanches até a pot0ncia de largada. A for&a de e!aust#o dos motores derrubou os quatro homens o soldado com o

fuzil havia acabado de chegar : cena também para fora da pista gelada. Bac3observou deitado de barriga, enquanto a luz, vermelha no topo do leme superior daaeronave diminuía na dist%ncia, depois se elevava. -ua ltima vis#o foi o brilho dos

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dispositivos de infravermelho que protegiam o G1'C*? contra mísseis terra'ar. Eleestava quase come&ando a gargalhar, quando foi virado e viu uma pis tola contra seurosto. Olá, -ergeL disse KLan ao coronel "olov3o.

/rontos disse uma voz pelo radiotransmissor ao Arqueiro. Ele levantou umapistola sinalizadora e disparou um nico foguete de ilumina&#o de estrela simples,que detonou diretamente sobre um dos alvos.8udo aconteceu ao mesmo tempo. /ara a esquerda, tr0s mísseis -tinger foramlan&ados depois de uma longa e montona espera. 1ada um deles atingiu uma torrede vigia ou, mais precisamente, os aquecedores elétricos no interior delas. Ospares de sentinelas em cada torre tiveram tempo apenas de ver e surpreender'secom o foguete sinalizador por sobre a regi#o central das instala&)es, e apenas umdos seis viu um risco amarelo que se apro!imava, rápido demais para permitir qualquer rea&#o. Os tr0s mísseis acertaram o alvo era difícil errar um alvoestacionário e em cada caso a ogiva de 4, ?++ quilos funcionou de acordo com o

previsto. 2enos de cinco segundos depois do primeiro tiro ser disparado, as torreshaviam sido eliminadas, e com elas as metralhadoras que protegiam as instala&)esdo laser. A sentinela em frente ao Arqueiro morreu a seguir. (#o teve nenhuma chance.>uarenta fuzis dispararam sobre ele ao mesmo tempo, com metade dos projéteisacertando o alvo. $epois, os morteiros come&aram a disparar tiros e!ploratrios, e o Arqueiro usou seu rádio para corrigir os disparos na dire&#o do que ele acreditavaserem as barracas dos guardas.O som dos disparos de armas automáticas n#o pode ser confundido com mais nada.O coronel Nondaren3o acabara de decidir que já passara muito tempo comungandocom a natureza bela mas fria, e voltava a seus alojamentos quando o barulho fezcom que estacasse. O primeiro pensamento foi de que um dos guardas da ;"Ntivesse descarregado acidentalmente sua arma, porém essa impress#o durou me'nos de um segundo. Ouviu um crec acima da cabe&a e olhou para o alto a tempo dever o foguete luminoso, ent#o ouviu as e!plos)es para o lado das instala&)es dolaser, e, como se um interruptor fosse ligado, ele mudou de um homem surpresopara um bem treinado soldado profissional sob ataque. O quartel da ;"N estava a4++ metros : sua direita, e ele correu para lá o mais rápido possível.Giu cargas de morteiro caindo sobre a nova casa de máquinas atrás do quartel.Fomens trope&avam porta afora quando ele chegou, e teve de levantar os bra&ospara que n#o atirassem nele.

-ou o coronel Nondaren3oP Onde está seu oficial comandanteM AquiP 7m tenente saiu. O que... Alguém aprendera com o prprio erro. O morteiro seguinte atingiu a parte traseiradas instala&)es. -igam'meP gritou Nondaren3o, levando'os para longe do alvo mais bvio emvista. Ao redor deles matraqueava o fogo mortal dos fuzis... fuzis soviéticos... e ocoronel notou imediatamente que n#o podiam valer'se do som para diferenciar osinimigos. 6ara!ilhosol ― Em forma&#oP O que... Estamos sob ataque, tenenteP >uantos homens possuiMEle voltou'se e contou. Nondaren3o fez o mesmo, ainda mais rápido. Favia quarenta

e um, todos com fuzis de assalto, mas nenhuma arma pesada e nenhum rádio./odia ficar sem as metralhadoras, mas os radiotransmissores eram vitais.Os cães, disse tolamente a si mesmo, eles de!iam ter conser!ado os cães###

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 A situa&#o tática parecia ruim, e ele sabia que s tendia a piorar. 7ma série dee!plos)es sacudiu a noite. O laser, ns precisamos... come&ou o tenente, mas Nondaren3o colocou am#o em seu ombro.

/odemos reconstruir as máquinas argumentou Nondaren3o com urg0ncia. 2as n#o podemos reconstruir os cientistas. Gamos até o prédio de apartamentos edefender aquilo até sermos rendidos. 2ande um bom sargento até o alojamento dossolteiros, e levem'nos para os apartamentos. (#o, camarada coronelP 2inhas ordens s#o para proteger o laser. Eu preciso... Estou ordenando que retire seus homens... Não8 gritou em resposta o tenente.Nondaren3o jogou'o ao ch#o, tirou seu fuzil, abriu a trava e disparou dois tiros nopeito do homem. $epois voltou'se. >uem é o primeiro'sargentoM -ou eu, coronel balbuciou um jovem.

Eu sou o coronel Nondaren3o, e estou no comandoP anunciou o oficial, com afor&a de uma ordem divina. Teve quatro homens com voc0, vá até o quartel dossolteiros e leve todos para o bloco de apartamentos. O sargento apontou paraquatro outros e saiu correndo. O resto de voc0s, venham comigoPEle os liderou em meio : neve que caía. (#o houve tempo para que ele ou oshomens vissem o que os aguardava. Antes que tivessem andado C+ metros, todasas luzes no campo se apagaram.(o port#o da constru&#o que abrigava o laser havia um jipe "A[, com umametralhadora pesada. O general /o3rLsh3in saiu correndo do prédio do controle,quando ouviu as e!plos)es, e ficou perple!o ao ver apenas restos queimadosremanescentes das tr0s torres de vigia. O comandante do destacamento da ;"Nchegou correndo até ele. Estamos sob ataque anunciou desnecessariamente o oficial. Kena seus homens... bem aqui. /o3rLsh3in olhou para cima, vendo homensa correr. Estavam vestidos com uniformes soviéticos, mas de alguma maneira elesabia que n#o eram russos. O general subiu na traseira de seu jipe e girou ametralhadora por sobre a cabe&a do at9nito oficial da ;"N. A primeira vez quepressionou o gatilho n#o aconteceu nada, e ele precisou introduzir um carregador nac%mara. $a segunda vez, /o3rLsh3in teve a satisfa&#o de ver tr0s homens caírem.O comandante da guarda n#o precisou de mais encorajamento. "ritou algumasordens em seu rádio. A batalha em curso degenerou em confus#o, como era previsto

ambos os lados usavam uniformes e armas id0nticos. /orém havia mais afeg#esdo que russos.2orozov e vários companheiros solteiros haviam saído do alojamento quandocome&ou o tiroteio. A maioria deles contava com e!peri0ncia militar, embora elemesmo n#o a tivesse. (#o importava, pois ninguém tinha a menor idéia sobre o quedeveria ser feito. 1inco homens vieram correndo da escurid#o. Estavam usandouniformes e portando fuzis. GenhamP 8odos voc0s, sigam a gente. 2ais armas come&aram a disparar edois soldados da ;"N caíram, um morto e um ferido. Ele disparou em resposta,esvaziando o carregador numa nica e longa rajada. Fouve um grito no escuro,seguido por outros. 2orozov correu para o interior e chamou as pessoas para a

porta. Os engenheiros n#o precisaram de muitos avisos. /ara cima da colina indicou o sargento. /ara os prédios de apartamentos.O mais rápido que puderemP

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Os quatro soldados da ;"N dirigiam os homens, procurando alvos ao redor, masen!ergando apenas o fogo dos disparos. Nalas voavam por todos os lados agora.Outro dos soldados caiu, gritando suas ltimas palavras, mas o sargento conseguiuacertar o homem que o tinha matado. >uando o ltimo engenheiro dei!ou o

barrac#o, ele e um soldado apanharam os fuzis que estavam sobrando e ajudaramseus camaradas a subirem a colina.Era uma miss#o grande demais para oitenta homens, compreendeu o Arqueiro muitotarde. Gasta área a cobrir e muitos edifícios, mas havia infiéis correndo e por issotrou!era seus homens ali. Observou um deles e!plodir um 9nibus com um projétilK/"'? antitanque. Hrrompeu em chamas <e derrapou para fora da estrada, rolandopela encosta da montanha enquanto os que estavam no interior gritavam. "rupos dehomens com e!plosivos entraram nas constru&)es. Encontraram ferramentasbanhadas em leo e instalaram as cargas com rapidez, correndo para fora antes queas e!plos)es originassem os inc0ndios. O Arqueiro percebera um minuto além daconta qual das constru&)es era o alojamento dos guardas, e agora estava em

chamas enquanto ele trazia seus homens para liquidar os que habitavam aquiEstava atrasado, mas ainda n#o sabia. 7ma carga perdida de morteiro arrebentara ocabo de for&a que conduzia toda a energia que iluminava o local, e todos os seushomens perderam a vis#o noturna, ofuscados pelo lampejo dos disparos dasprprias armas. 2uito bem, sargentoP disse Nondaren3o ao rapaz. Ele já ordenara que osengenheiros subissem. Gamos ocupar o terreno em volta do prédio. Eles podemnos for&ar a uma retirada. -e isso acontecer, resistimos no primeiro andar. Asparedes s#o de concreto. Os. K/" podem nos ferir, mas o telhado e as paredes nosproteger#o das balas. Escolha um dos homens para ir lá dentro procurar gente come!peri0ncia militar. $0 a eles esses dois fuzis. -empre que alguém for abatido,recuperem a arma e d0em a alguém que saiba usá'la. Gou entrar por um instantepara ver se consigo fazer algum telefone funcionar... E!iste um radiotelefone no escritrio do primeiro andar disse o sargento. 8odos os prédios t0m um. StimoP /roteja a área, sargento. Golto em dois minutos.Nondaren3o correu para o interior. O radiotelefone estava pendurado num gancho daparede, e ele ficou aliviado em constatar que era do tipo militar, usando a energia deuma bateria prpria. O coronel colocou'o no ombro e correu de volta para fora.Os atacantes quem seriamM, perguntou'se ele haviam planejado mal seuataque. /rimeiro falharam em identificar o quartel da ;"N antes de desfecharem o

assalto em segundo lugar n#o haviam atingido a área residencial t#o rápido quantodeveriam. Estavam se apro!imando agora, mas encontraram uma linha de "uardasda Ironteira deitados na neve. Nondaren3o sabia que eram apenas soldados da;"N, mas haviam recebido treinamento básico, e a maioria deles sabia que n#ohavia para onde correr. Observou também que o jovem sargento era bom. 2ovia'sede um ponto a outro pela área defendida, sem usar sua arma, mas encorajando oshomens e dizendo'lhes o que fazer. O coronel ativou o rádio. Aqui é o coronel ". H. Nondaren3o no projeto *strela Brilhante# Estamos sobataque. Kepito, *strela Brilhante está sendo atacado. Alguma unidade dessa rederesponda imediatamente. 1%mbio. "ennadL, aqui é /o3rLsh3in no prédio do laser. Estamos na sala de controle.

>ual é sua situa&#oM Estou nos apartamentos. 8enho aqui todos os civis que pude encontrar lá dentro.1onto com quarenta homens, e vamos tentar proteger o local. E quanto : ajudaM

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Estou tentando. "ennadL, n#o podemos ajudar daqui. /odeag6entarM 2e pergunte daqui a vinte minutos. /roteja meu pessoal, coronelP /roteja minha genteP gritou /o3rvsh3in ao

telefone.1om a prpria vida, camarada general. $esligo. Nondaren3o manteve o rádioem suas costas e brandiu o fuzil. -argentoP Aqui, coronelP O jovem apareceu. Est#o preparando agora, ainda n#olan&aram o ataque. /rocurando pontos fracosP Nondaren3o voltou a ficar de joelhos. O ar pareciavivo com os projéteis, mas o fogo ainda n#o estava concentrado. Acima e atrás dosdois, janelas se despeda&avam. As balas atingiam as se&)es de concreto pré'moldado das paredes, espirrando estilha&os em todos os que estavam no e!terior. Iique no canto oposto a este. Gai defender as paredes norte e leste. Eu fico comessas duas. $iga a seus homens para atirarem apenas quando tiverem alvos...

Bá foi feito, coronel. StimoP Nondaren3o deu um tapa no ombro do jovem. (#o recue até queseja obrigado a faz0'lo, mas me avise. As pessoas nesse edifício s#o insubstituíveis./recisam sobreviver. Agora váP O coronel observou o sargento partir. 8alvez a;"N treinasse bem alguns de seus homens, afinal de contas. 1orreu para o seucanto da constru&#o.Ele agora tinha vinte n#o, contou dezoito homens. A roupa camuflada tornavadifícil distingui'los. Ele correu de um homem a outro, as costas curvadas sob o pesodo rádio, espa&ando'os e dizendo para que economizassem muni&#o. Estavaterminando de compor a linha do lado oeste quando ouviu vozes na escurid#o. Tá v0m elesP gritou um soldado. Não disparem8 berrou o coronel.Gultos a correr apareceram como que por encanto. (um momento o cenário estavavazio de tudo, menos da neve que caía no seguinte, uma linha de homensdisparava fuzis de assalto ;alashni3ov : altura da cintura. Ele os dei!ou chegar atéD+ metros. <o%o8 Giu dez tombarem mo primeiro instante. O restante hesitou e parou, depois caiu,dei!ando mais dois corpos atrás. Ouviram novos disparos do outro lado do prédio.Nondaren3o imaginou se o sargento conseguira resistir, mas aquilo n#o estava maisem suas m#os. Alguns gritos por perto informaram'no de que seus homens haviam

sofrido bai!as também. Ao verificar a linha de combatentes, descobriu que um delesn#o havia feito barulho nenhum. Estava reduzido a quinze homens. $ subida oi rotineira, pensou o coronel Gon Eich. 7m pouco atrás dele, o russo emsua poltrona deu um olhar informal para o painel. 1omo vai a parte elétricaM perguntou o piloto, com irrita&#o. (enhum problema com o motor nem com a parte hidráulica. /arece ser nosistema de ilumina&#o respondeu o engenheiro, desligando as luzes anticolis#oda cauda e da ponta das asas. Nem... As luzes da cabine de comando estavam acesas, e n#o haviailumina&#o adicional para a tripula&#o de v9o. /odemos consertar quandochegarmos a -hannon.

1oronel. Era a voz do chefe da equipe nos fones do piloto. /rossiga disse o engenheiro, certificando'se de que o fone do russo n#oestava no mesmo canal.

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1ontinue, sargento. (s temos dois... nossos dois novos passageiros, senhor, mas o senhor KLan...ficou para trás, coronel. Kepita isso pediu Gon Eich.

Ele disse para irmos embora, senhor. $ois sujeitos armados, senhor, eles... 2asinsistiu para irmos embora repetiu o homem.Gon Eich dei!ou escapar um suspiro. 1erto. 1omo est#o as coisas aí atrásM Estou com eles na ltima fileira, senhor. Acho que ninguém percebeu, com obarulho do motor e tudo o mais. 2antenha as coisas assim. -im, senhor. Ireddie está mantendo o resto dos passageiros na frente. A latrinada traseira quebrou, senhor. >ue pena observou o piloto. $iga aos passageiros para ir ao banheiro dafrente, se precisarem.

1erto, coronel. -etenta e cinco minutos avisou o navegador. 6eu 7eus, )yan, pensou opiloto. *spero "ue %oste dai### Eu devia matar voc0 aqui e agoraP disse "olov3o. Estavam no carro dodiretor'geral. KLan encontrava'se frente a quatroirados agentes da ;"N. O mais bravo parecia ser o homem no assento direitodianteiro. O %uardaEcostas de 2erasimo!, pensou Bac3, o "ue trabalha!a sempre pr1ximo a ele# /arecia ser do tipo atlético, e KLan ficou contente por e!istir umencosto de assento separando'os. 8inha um problema mais imediato. Olhou para"olov3o e imaginou que talvez fosse uma boa idéia acalmá'lo um pouco. -ergeL, isso provocaria um incidente internacional que voc0 nem consegueimaginar falou calmamente Bac3. As conversas que escutou a seguir foram todas em russo. (#o podia entender o queestavam dizendo, mas o contedo emocional era suficientemente claro. (#o sabiamo que fazer com ele. Hsso convinha perfeitamente a KLan.1lar3 caminhava ao longo de uma rua a tr0s quarteir)es da orla marítima quando osviu. Eram llh5D. Estavam e!atamente no horário, gra&as a $eus. Esta parte dacidade possuía restaurantes e, embora ele mal conseguisse acreditar, algumasdiscotecas. Estavam saindo de uma delas quando os avistou. $uas mulheres,vestidas como lhe fora dito, com um companheiro@ o guarda'costas. Apenas um,também de acordo com as ordens. Era uma surpresa agradável que tudo estivesse

correndo de acordo com o plano. 1lar3 contou mais de uma dzia de pessoas nacal&ada, algumas em grupos ruidosos, outras em casais sossegados, muitascambaleando pelo e!cesso de bebida. 2as era se!ta'feira : noite, e isso era o queas pessoas faziam pelo mundo todo nas noites de se!ta. 2anteve contato visualcom as tr0s pessoas que o interessavam e apro!imou'se.O guarda'costas era um profissional. Iicava : direita e : frente delas, mantendo livrea m#o que utilizava a arma e pronto a voltar a cabe&a em todas as dire&)es. 1lar3ajustou o cachecol em volta do pesco&o, depois colocou a m#o no bolso, A pistolaestava lá, e ele aumentou o ritmo das passadas para alcan&á'los. (#o foi difícil. Asduas mulheres n#o pareciam estar com pressa ao se apro!imarem da esquina. Amais velha parecia estar passeando pela cidade, de prédios s aparentemente

antigos. A -egunda "uerra 2undial passara por 8alin em duas ondas devastadoras,dei!ando atrás nada além de pedras calcinadas. 2as quem quer que tenha sido oresponsável por essa decis#o optou por reconstruir a cidade da maneira como ela

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e!istira, e ela agora tinha um clima diferente de todas as outras cidades russas que1lar3 visitara antes. Iez com que se lembrasse da Alemanha de alguma forma,embora n#o conseguisse descobrir por qu0. Esse foi seu ltimo pensamento frívoloda noite. Estava agora C+ metros atrás deles, apenas mais um homem caminhando

para casa numa noite fria de fevereiro, a cabe&a abai!ada para evitar o vento e umgorro de pele enfiado na cabe&a. /odia ouvir suas vozes agora, e estavam falandoem russo. Era hora. )usskiy disse 1lar3, com sotaque de 2oscou. >uer dizer que nem todosnessa cidade s#o uns bálticos arrogantesM Esta é uma cidade antiga e encantadora, camarada respondeu a mulher maisvelha. $emonstre algum respeito.G !amos n1s###, disse 1lar3 a si mesmo. 1aminhou para a frente com os passosincertos de um b0bado. 2e desculpe, adorável senhora. 8enha uma boa noite disse ele ao passar.2oveu'se ao redor da mulher e deu um encontr#o no guarda'costas. $esculpe,

camarada... O homem descobriu que havia uma pistola apontada para seu rosto. Girem : esquerda e entrem no beco. 2antenha as m#os onde eu possa v0'las,camarada.O cho"ue na expressão do pobreEdiabo oi muito di!ertido, pensou 1lar3, lembrandoa si mesmo "ue esse era um homem treinado com uma arma no bolso#  Agarrou aparte de trás do colarinho e manteve'o : dist%ncia de um bra&o, com sua armafirmemente apontada. 2#e... disse ;atrLn alarmada. Apresse'se e fa&a e!atamente o que eu disser. Obede&a a esse homem. 2as... 1ontra a parede disse 1lar3 ao homem.2anteve a arma apontada para o centro da cabe&a do guarda'costas enquanto amudava de m#o, depois aplicou um golpe forte no lado do pesco&o com a m#odireita. O homem caiu sem sentidos e 1lar3 colocou'lhe algemas nos pulsos. Aseguir amorda&ou'o, amarrou seus tornozelos e arrastou'o para o canto mais escuroque conseguiu encontrar. -enhoras, poderiam vir comigo, por favorM O que significa issoM perguntou ;atrLn. (#o sei admitiu a m#e. -eu pai me disse para... -enhorita, seu pai resolveu visitar a América, e ele quer que voc0 e sua m#e serenam a ele e!plicou 1lar3, em russo perfeito.

;atrLn n#o respondeu. A luz no beco era pouca, mas ele conseguiu ver que o rostodela havia perdido toda a cor. -ua m#e estava um pouco melhor. 2as... disse finalmente a garota. 2as isso é trai&#o. (#o acredito. Ele me disse... ele me disse para fazer tudo o que esse homem ordenasse afirmou 2aria. ;atrLn, precisamos... 2as... ;atrLn come&ou a m#e , o que vai acontecer : sua vida se seu pai fugir evoc0 ficar para trásM O que vai acontecer com seus amigosM O que vai acontecer avoc0M G#o tentar usá'la para trazer seu pai de volta, e fariam qualquer coisa,;atusha...R hora de ir, pessoal. 1lar3 tomou o bra&o das duas.

2as... ;atrLn gesticulou em dire&#o ao guarda'costas.Ele vai ficar bom. (s n#o matamos pessoas. R muito ruim para os negcios. 1lar3 as levou de volta : rua, virando : esquerda em dire&#o ao porto.

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O major dividira seus homens em dois grupos. O menor estava colocando cargase!plosivas em quase tudo o que conseguia encontrar. 7m poste de ilumina&#o ouum emissor laser, n#o importava. O grupo maior havia derrubado grande parte dossoldados da ;"N que tentaram se apro!imar de sua posi&#o, ao redor da casamata

de controle. (#o uma casamata verdadeira, mas quem quer que tenha feito os pla'nos de constru&#o evidentemente pensara que a sala de controle deveria ter omesmo tipo de prote&#o do 1osmdromo Tenins3, ou talvez tenha considerado quea montanha poderia ser objeto de um ataque aéreo nuclear. O mais certo é quealguém decidira que o manual recomendava esse tipo de estrutura para esse tipo delugar. O resultado fora uma constru&#o slida de concreto, com paredes de C metrode espessura. Os guerrilheiros mataram o comandante da ;"N, tomaram seuveículo com a metralhadora pesada, e estavam atirando através das seteiras naestrutura. (a verdade, ninguém as utilizava para observa&#o, e os projéteis tinhamhá muito despeda&ado o vidro grosso e estavam atingindo os computadores eequipamentos de controle na sala.

(o interior, o general /o3rLsh3in havia assumido naturalmente o comando. 8inhacerca de trinta soldados da ;"N com ele, providos apenas de armas leves e dapouca muni&#o que carregavam quando o ataque come&ara. 7m tenentecoordenava a defesa o melhor que podia, enquanto o general tentava obter ajudapelo rádio. Gai levar uma hora dizia um comandante de regimento. 2eus homensest#o partindo agoraP O mais rápido que puderP pediu /o3rLsh3in. As pessoas est#o morrendopor aqui.Bá pensara em helicpteros, mas com aquele tempo n#o conseguiriam fazer nada.7m ataque de helicpteros n#o apenas seria arriscado, era simplesmente suicídio.Ele abandonou o rádio e sacou a pistola automática de servi&o. /odia ouvir obarulho do lado de fora. Estavam e!plodindo todo o equipamento do local. Era capazde viver com essa idéia agora. /or maior que fosse a catástrofe, as pessoas erammais importantes. >uase um ter&o de seus engenheiros estava na casamata8erminavam uma confer0ncia quando o ataque come&ara. (#o fosse assim, haveriamenos gente no interior, contudo muitos estariam no lado de fora trabalhando com oequipamento. /elo menos aqui tinham uma chance.$o outro lado das paredes de concreto, o major ainda tentava resolver a situa&#o.(unca esperara encontrar aqui esse tipo de estrutura -eus foguetes K/" antitanquemeramente arranhavam a parede, e apontá'los para as estreitas aberturas era muito

difícil na escurid#o. A carga da metralhadora podia ser apontada com mais facilidadeem virtude das balas tra&adoras, que dei!avam um rastro luminoso, mas aquilo n#oera o bastante.*ncontre os pontos racos, disse a si mesmo. <i"ue calmo e pense# Ordenou a seushomens que mantivessem uma barragem contínua de fogo e come&ou a dar a voltaao redor da constru&#o. >uem quer que estivesse no interior, tinha as armasigualmente dispersas, mas constru&)es como essas possuíam pelo menos um pontovulnerável. O major s precisava encontrá'lo. O que está acontecendoM guinchou o rádio. 2atamos talvez uns cinq6enta. O resto ficou numa casamata e estamos tentandochegar até eles também. E o seu objetivoM

O prédio de apartamentos respondeu o Arqueiro. Estamos todos aqui e... O rádio transmitiu o som de disparos. Gamos pegá'los logo. 8rinta minutos e precisamos partir, meu amigo lembrou o major.

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-im. O rádio ficou silencioso.O $r"ueiro era um bom homem, e corajoso, pensou o major, enquanto e!aminava aface norte da casamata, mas com apenas uma semana de treinamento formal eleseria muito mais eficiente... apenas uma semana para sistematizar as coisas que

aprendia sozinho... e passar adiante as li&)es que outros deram sangue para...Tá estava o lugar. Favia mesmo um ponto vulnerável. As ltimas cargas de morteiro estavam sendo disparadas no teto do prédio deapartamentos. Nondaren3o sorriu ao observar. Iinalmente eles faziam algoverdadeiramente cretino. Os projéteis de V4 milímetros n#o tinham a menor chancede arrebentar as placas de concreto, mas, se fossem detonados pela periferia doprédio, ele perderia muitos homens. Estava reduzido a dez, dois deles feridos. Ofuzis dos que foram abatidos já se achavam no interior do prédio, sendo disparadosdo andar. 1ontou vinte corpos além da área defendida, e os atacantes eramafeg#es, agora tinha certeza perambulavam fora de seu campo de vis#o,tentando decidir o que fazer. /ela primeira vez Nodaren3o sentiu que no fim poderia

sobreviver. O general chamara pelo rádio para avisar que um regimento motorizadoestava a caminho pela estrada de (ure3 e, embora ele tremesse ao imaginar comoseria dirigir os transportadores N8K de infantaria sobre as estradas cobertas de nevenas montanhas, a perda de alguns esquadr)es de infantaria n#o era nadacomparada : m#o'de'obra especializada que ele tentava proteger agora.O fogo dos fuzis tornou'se esporádico, apenas disparos e!ploratrios enquantodecidia o que fazer a seguir. -e tivesse mais pessoal, tentaria agora um contra'ataque apenas para confundi'los, porém o coronel estava preso a seu posto. Ele n#opodia arriscar, n#o com apenas um esquadr#o para cobrir os dois flancos do prédio.<a+o a%ora a retirada0 .uanto mais tempo icarem lon%e da constru+ão, melhor,mas de!o azer a%ora a retirada0 -eus pensamentos vagavam, avaliando asitua&#o. (o interior do prédio seus soldados teriam muito mais prote&#o, porém eleperderia a capacidade de controlá'los, já que estariam separados pelas paredesinternas. -e fossem para dentro e se retirassem ocupando os andares superiores,dariam chance aos sapadores afeg#es para derrubar o prédio com cargase!plosivas. 8alvez n#o... Keprimindo o desespero, Nondaren3o ouvia tiros esparsosque se alternavam com o grito dos feridos, e n#o conseguia decidir'se. A 4++ metros de dist%ncia, o Arqueiro estava a ponto de fazer aquilo pelo soviético.Bulgando erradamente as bai!as que tinha sofrido como indício de que aquele ladodo prédio estava mais bem defendido, ele liderava o que restara de seus homenspara o outro flanco. /recisou de cinco minutos para faz0'lo, enquanto os

guerrilheiros que dei!ou para trás despejavam fogo contínuo na área. -em cargasde morteiro e sem projéteis K/", a nica coisa que restara foram algumas granadase seis cargas e!plosivas satchel# Ao redor dele o fogo ardia na noite, em chamasrubras que se elevavam, separadas, tentando derreter a neve que caía. Ouviu osgemidos dos prprios feridos enquanto alinhava os cinq6enta homens que lherestaram. Atacariam em massa, atrás do líder que os trou!era até ah. O Arqueiroacionou a trava de seguran&a de seu A;'5? e recordou'se dos tr0s primeiroshomens que matara com ele. A cabe&a de Nondaren3o girou quando ouviu os gritos do outro lado do prédio.Goltou'se e viu que nada acontecia ali. Era hora de fazer algo, e ele esperava quefosse a coisa certa.

8odos de volta ao prédio. KápidoP$ois dos dez remanescentes, feridos, tiveram de ser ajudados. $emorou cerca deum minuto enquanto a noite novamente cintilava com as rajadas de fuzis.

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Nondaren3o levou cinco homens e apressou'se pelo corredor lateral do prédio, rumoa outra ala.(#o podia saber se os inimigos haviam conseguido passar, ou se os homens aquitambém estavam se retirando novamente se viu impedido de atirar porque os dois

lados estavam usando uniformes id0nticos. Ent#o um dos que corriam na dire&#o doedifício disparou, e o coronel pousou um joelho no ch#o e derrubou'o com umarajada de cinco tiros. 2ais apareceram, e ele estava a ponto de disparar até queouviu seus gritos. Nashi, nashi8 Ele contou oito. O ltimo era o sargento, ferido nas duas pernas. Eram muitos, n#o conseguimos... Entre disse'lhe Nondaren3o. Ainda pode lutarM /orra, claroP Ambos olharam em volta. (#o podiam lutar a partir das salas individuais. 8inhamque resistir nos corredores e po&os de escadas. A ajuda já está a caminho. 7m regimento vem vindo de (ure3, se pudermos

ag6entar disse Nondaren3o a seus homens. (#o acrescentou quanto tempopodia demorar. Eram as primeiras boas notícias na ltima meia hora. $ois civisdesciam as escadas, ambos portando fuzis. /recisa de ajudaM perguntou 2orozov. Ele evitara o servi&o militar, masacabara de aprender que um fuzil n#o era t#o difícil de manejar. 1omo est#o as coisas por láM indagou Nondaren3o. O chefe da minha se&#o está mono. /eguei isso dele. 2uitas pessoas est#oferidas, e o resto está t#o apavorado quanto eu. Iique com o sargento instruiu o coronel. 2antenha a calma, camaradaengenheiro, e podemos sobreviver a isso. A ajuda já está a caminho. Espero que esses putos se apressem. 2orozov ajudava o sargento, ainda maisnovo que o engenheiro, a chegar ao ponto mais distante do corredor.Nondaren3o colocou metade de seus homens nas escadas e a outra metade juntoaos elevadores. Estava tudo quieto novamente. /odia escutar as vozes discutindo láfora, mas o tiroteio havia amainado. /ara bai!o pela escada. 1om cuidado disse 1lar3. Fá uma plataforma nofundo. /ode pisar nela.2aria olhou repugnada para a madeira cheia de limo, fazendo o que lhe foiordenado, como imersa num sonho. -ua filha a seguiu. 1lar3 foi por ltimo, passoupor elas e entrou no barco. Ele desamarrou os cabos e moveu o inflável com a m#oaté abai!o de onde as mulheres estavam em pé. Era um desnível de C metro.

7ma de cada vez. Goc0 primeiro, ;atrLn. Genha devagar que eu apanho voc0.Ioi o que ela fez, os joelhos tremendo de dvida e medo. 1lar3 agarrou seutornozelo e pu!ou'a em sua dire&#o. Ela caiu no barco com toda a eleg%ncia de umsaco de feij)es. 2aria veio a seguir. Ele forneceu'lhe as mesmas instru&)es, mas;atrLn tentou ajudar, movendo o barco ao faz0'lo. 2aria perdeu seu apoio e caiu naágua com um grito. >ue foi issoM perguntou uma voz vinda do lado de terra do ancoradouro.1lar3 n#o deu import%ncia :quilo, agarrou as m#os que se debatiam e i&ou a mulher para bordo. Ela tremia de frio, mas n#o havia muito que pudesse fazer quanto a isso.Ouviu o som de pés que corriam pelo ancoradouro enquanto ligava o motor elétricoe dirigia'se para o largo.

Atoi8 ― gritou uma voz. Era um tira, compreendeu 1lar3, tinha de ser um malditotira. Goltou'se e viu o facho de uma lanterna. (#o conseguiu alcan&ar o barco, masfi!ou'se na esteira que ficou para trás. 1lar3 levantou seu rádio.

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8io Boe, aqui é QillL. A caminho. O sol está brilhando. 8alvez tenham sido avistados disse o oficial de comunica&#o a 2ancuso. Stimo. O capit#o prosseguiu. "oodman, vamos direto para o curso zero'oito'cinco. -eguimos em dire&#o da costa a C+ ns.

1omandante, aqui sonar, contato na dire&#o dois'nove'seis. 2otor a diesel anunciou a voz de Bones. $uas hélices. $eve ser a fragata de patrulha da ;"N, provavelmente "risha informouKamius. /atrulha de rotina.2ancuso n#o disse nada, mas apontou para o grupo de controle de fogo. Elescome&aram a calcular a posi&#o do alvo que se apro!imava, enquanto o 7allas sedirigia para a costa : profundidade de periscpio, mantendo elevada a antena derádio. (ove'sete'um, aqui é o 1entro de Geli3iLe Tu3i. Gire : direita para novo cursoum'zero'quatro disse a voz russa ao coronel Gon Eich. O piloto apertou o bot#odo microfone.

Kepita isso, Tu3i. 1%mbio. (ove'sete'um, suas ordens s#o para virar : direita na dire&#o um. zero'quatro evoltar a 2oscou. 1%mbio. Ah, muito obrigado, Tu3i. (egativo, estamos prosseguindo na dire&#o dois'oito'seis de acordo com nosso plano de v9o. 1%mbio. (ove'sete'um, estamos ordenando que retorne a 2oscouP insistiu ocontrolador. Entendido, obrigado. 1%mbio final. Gon Eich olhou para bai!o a fim decertificar'se de que o piloto automático estava no rumo correto, depois continuou suabusca visual por outra aeronave. 2as voc0 n#o voltou afirmou o russo pelo intercomunicador. (#o. Gon Eich voltou'se para encarar o homem. (#o dei!amos nada paratrás, que eu saiba. 2as eles ordenaram que... Iilho, estou no comando desta aeronave, e minhas ordens s#o para voar até-hannon e!plicou o piloto. 2as... O russo desafivelou seu cinto e come&ou a levantar'se. -ente'se ordenou o piloto. (inguém dei!a a cabine de comando sem aminha permiss#o, mo&oP Goc0 é um convidado em meu avi#o, e é melhor fazer e!atamente o que eu digo. .ue diabos, de!ia ser mais cil do "ue isso8 Ele fezum gesto ao engenheiro, que desligou outro interruptor, apagando todas as luzes na

aeronave. O G1'C*? estava agora totalmente :s escuras. Gon Eich ligou seu rádionovamente. Tu3i, aqui é nove'sete'um. 8emos problemas elétricos a bordo. (#oquero fazer nenhuma mudan&a radical no curso até que saibamos e!atamente o queé. EntendeuM 1%mbio. >ual é seu problemaM perguntou o controlador. O piloto imaginou o que lheteriam dito enquanto contava mais algumas mentiras. Tu3i, ainda n#o sabemos. Estamos perdendo energia elétrica. 8odas as luzes seapagaram. O avi#o está :s escuras no momento, repetindo, estamos navegandosem luzes. Estou preocupado e n#o posso me distrair agora. Aquilo lhe valeu doisminutos de sil0ncio e *4 quil9metros na dire&#o oeste. (ove'sete'um, já notifiquei 2oscou de seus problemas. Aconselharam que

retornasse imediatamente. G#o limpar a área para uma apro!ima&#o de emerg0ncia ofereceu o controlador. Entendido, obrigado, Tu3i, mas n#o desejo arriscar uma mudan&a de curso

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agora, se entende o que digo. Estamos trabalhando para resolver o problema.Iiquem a postos. $arei informa&)es. 1%mbio final. O coronel verificou o relgioem seu painel de instrumentos. 2ais trinta minutos até a costa. O qu0M perguntou o major [arudin. >uem entrou no avi#oM O diretor'geral

"erasimov e um espi#o inimigo preso respondeu Gatutin. (um avi#o americanoM Está me dizendo que o diretorE%eral está fugindo numavi#o americanoP O oficial encarregado da seguran&a do aeroporto havia tomadoconta da situa&#o, como suas ordens lhe permitiam fazer. $escobriu que tinha doiscoronéis, um tenente'coronel, um motorista e um americano no escritrio que usavaali, junto com a histria mais maluca que já escutara. /reciso pedir instru&)es. -ou seu superiorP afirmou "olov3o. 2as n#o é superior de meu comandanteP declarou [arudin, enquanto sedirigia ao telefone.Ele tentara fazer com que o controlador de tráfego aéreo chamasse de volta o avi#oamericano, mas n#o fora surpresa para seus visitantes que o piloto decidira n#o

retornar.KLan sentou'se completamente quieto, mal respirando, nem ao menos movendo acabe&a. 1oncluiu que se n#o ficasse nervoso estaria completamente a salvo."olov3o era muito esperto para fazer alguma coisa impensada. -abia quem eraBac3 e sabia o que aconteceria se um qualificado membro de uma miss#odiplomática em seu país sofresse um arranh#o sequer. KLan já tinha se arranhado,claro. -eu tornozelo doía como o diabo, e seu joelho sangrava um pouco, mas elemesmo provocara aquilo. "olov3o olhou para ele de uma dist%ncia de C metro emeio. KLan n#o devolveu o olhar. Engoliu seu medo e tentou parecer t#o inofensivoquanto se mostrava no momento. Onde está a famíliaM indagou Gatutin. Eles voaram para 8allin ontem respondeu GasilL, pouco convincentemente. Ela queria ver alguns amigos.O tempo corria depressa para todos. Os homens de Nondaren3o estavam reduzidosa menos de meio carregador cada um. 2ais dois haviam sido mortos por granadasatiradas ao interior. O coronel observara um soldado saltar sobre uma delas, ficandoem peda&os para salvar seus camaradas. O sangue do rapaz cobria o ch#o deladrilhos, como tinta. -eis afeg#es empilhavam'se contra a porta. Iora assim em-talingrado, disse o coronel a si mesmo. (inguém e!cedia os soldados russos emlutas de casa a casa. A que dist%ncia estaria o regimento motorizadoM 7ma hora eraum período de tempo t#o curto... 2etade de um filme, um shoX de televis#o, um

agradável passeio noturno... um tempo muito curto, desde que n#o estivessematirando em voc0.(esse caso cada segundo se alongava perante os olhos, os ponteiros do relgioparecendo congelados, e a nica coisa que funcionava rápido era o cora&#o. Eraapenas a sua segunda e!peri0ncia em combate apro!imado. Favia sidocondecorado aps a primeira, e imaginou se n#o seria enterrado depois da segunda.2as pretendia impedir que isso acontecesse. (os andares acima dele havia váriascentenas de pessoas engenheiros e cientistas, suas mulheres e filhos , cujasvidas dependiam de sua habilidade em recha&ar os invasores afeg#es por menos deuma hora.Vão embora, desejou ele. :ensam "ue n1s "ueríamos !ir e ser uzilados na"uele

des%ra+ado monte de pedras "ue !oc4s chamam de país0 Ae "uiserem matar osrespons!eis, por "ue não !ão at& 6oscou0 2as aquela n#o era a maneira como ascoisas funcionavam na guerra, eraM Os políticos nunca ficavam suficientemente

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peno para ver o drama que haviam causado. (unca na verdade sabiam o quefaziam, e agora os bastardos tinham mísseis com ogivas nucleares. /ossuíam opoder de matar milh)es, porém careciam de coragem para en!ergar o horror numsimples e antiquado campo de batalha.

.uanta besteira a %ente pensa nessas horas8, enraiveceu'se consigo mesmo.Ele falhara. -eus homens haviam confiado nele para comandá'los, e ele falhara,pensou consigo o Arqueiro. Olhou em volta para os corpos na neve, e cada umparecia acusá'lo. Ele podia matar indivíduos, podia derrubar avi)es do céu, masnunca havia aprendido como liderar um grande grupo de homens. -eria essa amaldi&#o de Alá sobre ele por torturar os pilotos russosM (#oP Ainda havia inimigos amatar. "esticulou a seus homens para que entrassem no prédio através das várias janelas quebradas ao nível do ch#o.O major liderava na frente, como os mudjahidin esperavam. Ele conseguira dezhomens e subiu com eles pelas paredes da casamata, depois deslizou para a portaprincipal, coberto pelos disparos do resto da companhia. /erdera cinco homens,

mas n#o era muito para uma miss#o como essa. Obri%ado pelo treinamento "ue mederam, meus ami%os russos### A porta principal era de a&o. Ele instalou pessoalmente um par de cargas satchel nos cantos mais bai!os e colocou os detonadores depois de rastejar pela quina emdire&#o : porta. Iuzis russos dispararam sobre sua cabe&a, mas os que estavam nointerior da constru&#o n#o sabiam onde ele se encontrava. Hsso iria mudar. Eleinstalou as cargas, acionou os detonadores e correu de volta até a quina./o3rLsh3in encolheu'se quando ouviu o estrondo. Goltou'se para a pesada porta dea&o voando através da sala, esmagando'se contra um painel de controle. O tenenteda ;"N foi morto instantaneamente pela e!plos#o, e, enquanto os homens de/or3Lsh3in corriam rumo : abertura na porta, mais tr0s pacotes de e!plosivosvoaram para o interior. (#o havia nenhum lugar para onde fugir. Os "uardas daIronteira continuaram disparando, matando um dos atacantes na porta, porémnesse momento as cargas e!plodiram.3m som estranho e oco, pensou o major. A for&a das e!plos)es fora contida pelasresistentes paredes de concreto. Ele liderou os homens para o interior um segundodepois. 1ircuitos elétricos soltavam faíscas, e os inc0ndios logo come&ariam, mastodos os que p9de ver no interior estavam caídos. -eus homens moviam'serapidamente de um ferido para outro, apanhando armas e matando os que estavamsimplesmente inconscientes. O major viu um oficial russo com estrelas de general. Ohomem sangrava pelas narinas e pelas orelhas, e tentava levantar a pistola quando

foi abatido pelo major. Em mais um minuto, estavam todos mortos. A constru&#o seenchia rapidamente com uma fuma&a espessa e acre. Ordenou que seus homenssaíssem. Acabamos aqui disse ele em seu rádio. (#o houve resposta. Goc0 está aíMO Arqueiro se apoiava contra uma parede, pr!imo a uma porta meio aberta. -eurádio se encontrava desligado. Togo do lado de fora da sala estava um soldado,olhando para o corredor. Era hora. O guerreiro da liberdade moveu a porta com aponta da arma e atirou no russo antes que ele tivesse chance de voltar'se. "ritouuma ordem, e cinco outros homens saíram de suas salas, mas dois foram mortosantes que pudessem atirar. Olhou acima e abai!o do corredor e n#o viu nada a n#oser o fogo dos disparos e silhuetas meio ocultas.

 A D+ metros de dist%ncia, Nondaren3o reagiu : nova amea&a. Ele gritou uma ordempara que seus homens ficassem sob cobertura, e ent#o com precis#o assassina ocoronel identificou e atacou os alvos que se moviam em aberto, identificados gra&as

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:s luzes de emerg0ncia no corredor, transformado agora numa galeria de tiro, e eleabateu dois homens com o mesmo nmero de tiros. Outro correu em sua dire&#ogritando algo ininteligível e disparando sua arma numa rajada contínua. Os tiros deNondaren3o erraram o alvo, para sua surpresa, porém alguém mais derrubou o

homem. (ovo tiroteio, com o som reverberando nas paredes e ensurdecendocompletamente a todos. Ent#o percebeu que s restava um dos atacantes. Ocoronel viu mais dois de seus homens caírem, e o ltimo afeg#o disparou,produzindo estilha&os de concreto a centímetros do seu rosto. Os olhos deNondaren3o arderam com os fragmentos, e o lado direito do seu rosto encolheu'sede sbita dor. O coronel retirou'se da linha de fogo, mudou a regulagem da armapara automático, inspirou profundamente e saltou para o corredor. O homem estavaa menos de C+ metros de dist%ncia.O momento prolongou'se uma eternidade enquanto os dois apontaram as armaspara atirar. Ele viu os olhos do homem. Era um rosto jovem, logo abai!o da luz deemerg0ncia, mas os olhos... a raiva contida ali, o dio, quase pararam o cora&#o do

coronel. /orém Nondaren3o era antes de mais nada um soldado. O primeiro tiro doafeg#o saiu errado. O seu n#o.O Arqueiro sentiu o choque, n#o dor, em seu peito quando caiu. -eu cérebro enviouuma mensagem :s m#os para trazer a arma para a esquerda, mas elas ignoraram aordem e dei!aram cair o fuzil. Ele veio ao ch#o em estágios, primeiro de joelhos,depois as costas, e finalmente tombou olhando para o teto. Enfim terminara. Ent#o ohomem ficou em pé a seu lado. Não era um rosto cruel, pensou o Arqueiro. Era oinimigo, e infiel, mas era também um homem, ou n#oM Favia curiosidade ali. *le"uer saber "uem sou eu# O Arqueiro falou com seu ltimo f9lego@  $llahu akhbarl $eus é grande.I, suponho "ue *le seja, disse Nondaren3o ao corpo inerte. Ele conhecia a frasebastante bem. <oi por isso "ue !ieram0 (otou que o homem tinha um rádio.1ome&ou a fazer ruídos, e o coronel abai!ou'se para apanhá'lo. Goc0 está aíM perguntou o rádio um momento depois. A pergunta era em pashtu, mas a resposta foi dada em russo. 8udo está acabado aqui falou Nondaren3o. O major olhou para seuradiotransmissor por um instante, depois soprou seu apito para reunir o que restavade seus homens. A companhia do Arqueiro sabia o caminho até o ponto de encontro,mas tudo que importava agora era voltar para casa. 1ontou seus homens. /erderaonze e tinha seis feridos. 1om sorte chegaria : fronteira antes que a neve parasse.1inco minutos depois os guerrilheiros estavam dei!ando a montanha.

/rotejam a áreaP disse Nondaren3o aos seis remanescentes. Kecolham asarmas e distribuam.:ro!a!elmente ha!ia terminado, pensou ele, mas <terminado< s estaria com achegada do regimento motorizado.2orozovP chamou a seguir. O engenheiro apareceu um momento depois. -im, coronelME!iste algum médico lá em cimaM -im, vários. Gou buscar um.O coronel percebeu que transpirava. A constru&#o ainda guardava algum calor.$ei!ou cair o radiotelefone das costas e ficou surpreso ao constatar que duas balaso haviam atingido e até mais surpreso ao ver sangue numa das correias. Iora

ferido e nem notara. O sargento apro!imou'se e veio e!aminar. R s um arranh#o, coronel, como estes nas minhas pernas. 2e ajude a tirar este palet, simM

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Nondaren3o abriu seu sobretudo, e!pondo a blusa do uniforme. 1om sua m#o direitamanteve o casaco levantado, enquanto a esquerda apanhava a condecora&#odesignada Nandeira Germelha. Ent#o prendeu'a ao colarinho do rapaz. 2erece mais do que isso, sargento, mas é tudo o que posso lhe dar no

momento. -ubir periscpio. 2ancuso usava o periscpio de busca agora, com seuequipamento amplificador de luz. (ada ainda... Ele voltou'se para procurar aoeste. Opa, captei uma luz de mastro a dois'sete'zero... R nosso contato de sonar observou desnecessariamente o tenente "oodman. -onar, aqui comandante, tem uma identifica&#o positiva sobre o contatoM (egativo respondeu Bones. Estamos captando reverbera&)es. Ascondi&)es acsticas est#o muito ruins. 8em hélice dupla e é a diesel, mas semidentifica&#o.2ancuso ligou a c%mera de televis#o do visor. Kamius s precisou de uma olhada :imagem.

"risha.2ancuso olhou para o grupo de rastreamento. -olu&#oM -im, mas está um pouco tremido respondeu o oficial de armas. O gelotambém n#o vai ajudar em nada acrescentou ele. O que queria dizer é que otorpedo 2ar3 5V em modo de ataque na superfície poderia ser confundido pelo geloflutuante. Ele fez uma pausa. -enhor, se é um "risha, como n#o aparece noradarM (ovo contatoP -onar ao comandante, novo contato rumando zero'oito'seis...parece com o nosso amigo, senhor disse Bones. Fá mais alguma coisa pr!imaa esse rumo, hélice de alta velocidade definitivamente algo novo ali, senhor, a zero'oito'tr0s. -ubir + centímetros disse 2ancuso ao contramestre. O periscpio subiu. Estou avistando, bem no horizonte... D quil9metros. Fá uma luz atrás deles. Elebateu os manetes na vertical e o periscpio desceu imediatamente. Gamos paralá depressa. /ara a frente a dois ter&os de pot0ncia. /ara a frente a dois ter&os, certo. O timoneiro enviou a ordem : casa demáquinas.O navegador calculou a posi&#o do barco que se apro!imava e contou os metros.1lar3 olhava para trás na dire&#o da costa. Favia uma luz balan&ando da esquerdapara a direita sobre a água. >uem poderia serM (#o sabia se a polícia local possuía

barcos, mas tinha que haver um destacamento de "uardas da Ironteira da ;"N@eles possuíam sua prpria flotilha e também uma pequena for&a aérea. 2as qu#oalertas estariam eles numa se!ta'feira : noiteM /rovavelmente mais do que estavamquando aquele rapaz alem#o resolveu voar até 2oscou... bem nesse setor,recordou'se 1lar3. *ssa rea pro!a!elmente est bem alerta### onde est !oc4,$allasM Ele levantou o rádio. 8io Boe, aqui é QillL. O sol vai levantando, e estamos longe de casa. Ele diz que está pr!imo informou o oficial de comunica&)es. (avegadorM chamou 2ancuso.O navegador levantou os olhos de sua mesa. Estamos a CD ns. $evemos estar a uma dist%ncia de D++ metros agora.

Em frente, pot0ncia a um ter&o ordenou o capit#o. -ubir periscpioP Otubo lubrificado subiu novamente... até o alto. 1apit#o, apanhei um emissor de radar : popa, rumando dois'seis'oito. E um

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$on'4 anunciou o operador de medidas de vigil%ncia eletr9nica. 1omandante, aqui sonar, ambos os contatos hostis aumentaram a velocidade. Avelocidade estimada é de 4+ ns e apro!imando'se do "risha, senhor disseBones. Hdentidade confirmada do alvo@ é da classe "risha. 1ontato mais a leste

ainda desconhecido, uma hélice, provavelmente um motor a gasolina, girando a 4+,mais ou menos. Alcance@ cerca de +++ metros anunciou o grupo de controleEssa é a parte engra&ada comentou 2ancuso. 8enho'os na mira. /osi&#o...al!ol [ero'nove'um.Alcance. 2ancuso apertou o gatilho para o visor laser do periscpio.  $l!ol -eiscentos metros.Nela estimativa, navegador. -olu&#o no "rishaM perguntou ao controle de fogo. /reparado para os tubos dois e quatro. /ortas e!teriores ainda fechadas, senhor. R melhor mant0'las assim. 2ancuso dirigiu'se : escotilha inferior do tubo de

acesso ao passadi&o. Hmediato, o comando é seu. Eu mesmo vou fazer arecupera&#o. Gamos acabar logo com isso. 8udo parado ordenou o imediato.2ancuso abriu a escotilha e ganhou a escada. A escotilha inferior foi fechada atrásdele. Ouviu a água correndo na torre ao redor, depois sentiu os impactos das ondasna superfície. O intercomunicador lhe avisou que já podia abrir a escotilha dopassadi&o. 2ancuso girou a roda de seguran&a e empurrou a pesada cobertura dea&o. Ioi recompensado com um jorro de água do mar, fria e oleosa, mas ignorou'o esubiu.Olhou para a ré primeiro. Tá estava o "risha, a luz do mastro bai!a no horizonte. Aseguir olhou para a frente e retirou a lanterna do bolso. Apontou diretamente para obote e fez a letra $ em cdigo morse. 7ma luz, uma luzP e!clamou 2aria.1lar3 voltou'se de novo para a frente, en!ergou o sinal e rumou para ele. Ent#o viumais alguma coisa.O barco'patrulha atrás de 1lar3 estava a mais de * quil9metros de dist%ncia, oholofote procurando no lugar errado. O capit#o voltou'se para oeste, tentandoen!ergar o outro contato. 2ancuso sabia de alguma forma distante que um "rishacarregava holofotes, mas permitira'se ignorar o fato. Afinal de contas, por quedeveriam holofotes ser relacionados a um submarinoM .uando se est na superície,disse a si mesmo o capit#o. O navio estava muito longe para v0'lo, com ou sem

holofote, mas essa situa&#o mudaria depressa. Observou a luz varrendo a superfícieatrás do submarino e percebeu tarde demais que provavelmente o 7allas estaria emseu radar agora. Aqui, 1lar3, depressa com essa porraP gritou ele através da água, balan&andoa lanterna para a direita e a esquerda. Os trinta segundos seguintes pareceramdurar um m0s inteiro. Ent#o o barco apareceu. Ajude as senhoras disse o homem.Ele manteve o inflável contra a torre do submarino, usando seu motor. O 7allasainda se movia, era obrigado a faz0'lo para manter essa profundidade precária, semestar totalmente na superfície nem totalmente submerso.  $ primeira mo!iaEse e parecia uma jo!em, pensou o comandante enquanto a trazia para bordo. A segunda

estava molhada e tremendo. 1lar3 demorou'se um momento, ajustando uma peque'na cai!a no topo do motor. 2ancuso perguntou'se como ela ficara equi librada ali, atéperceber que aderira magneticamente ou fora colada.

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$es&am a escada indicou 2ancuso :s mulheres.1lar3 saltou para bordo e disse alguma coisa provavelmente o mesmo que ocapit#o em russo. /ara 2ancuso ele falou em ingl0s. 1inco minutos para e!plodir.

 As mulheres já estavam na metade da descida. 1lar3 foi atrás delas, e finalmente2ancuso, com um derradeiro olhar para o inflável. A ltima coisa que viu foi o barcoda patrulha do porto, agora dirigindo'se diretamente para o submarino. $ei!ou'secair, pu!ando a escotilha atrás de si. Ent#o acionou o bot#o do intercomunicador. Gamos descer e sair daqui. A escotilha do fundo abriu'se abai!o deles, e ele ouviu o imediato@ /rofundidade *+ metros, motor : frente dois ter&os, leme todo : esquerda.7m suboficial recebeu as mulheres no final do tubo da torre. O assombro em seurosto teria sido engra&ado numa outra hora qualquer. 1lar3 as levou pelo bra&o econduziu'as para vante, em dire&#o : sua cabine. 2ancuso foi para ré. Estou no comando anunciou ele.

O capit#o está no comando concordou o imediato. A vigil%ncia eletr9nicadiz que há um certo tráfego de rádio em 7FI pr!imo a ns, talvez o "risha falandoao outro. 8imoneiro, novo curso tr0s'cinco'zero. Gamos entrar embai!o do gelo. Elesprovavelmente sabem que estamos aqui... bem, sabem que alguma coisa está aqui.(avegador, como está a cartaM Gamos ter que virar logo avisou o navegador. gua rasa a V +++ metros.Kecomendo vir a novo curso dois'nove'um. 2ancuso ordenou imediatamente amudan&a. /rofundidade agora 4V metros, nivelando informou o oficial das águas. Gelocidade CV ns. 7m pequeno som abafado anunciou a destrui&#o do bote eseu motor. 2uito bem, pessoal, tudo que nos resta agora é sair daqui disse 2ancuso aoshomens do 1entro de Ataque. 7m estalido muito agudo alertou'os de que n#o ia ser assim t#o fácil. 1omandante, aqui sonar, estamos sendo atingidos. Esse foi o raio da morte do"risha informou Bones, usando a gíria que designava a arma russa. /odepegar a gente. -ob o gelo, agora anunciou o navegador. Alcance para o alvoM 7m pouco menos do que 5 +++ metros respondeu o oficial de armas. /ara

os tubos dois e quatro.O problema era que n#o podiam disparar. O 7allas estava em águas territoriaissoviéticas, e, mesmo que o "risha atirasse neles, devolver os disparos n#o seriadefesa prpria, mas um ato de guerra. 2ancuso e!aminou a carta. 8inha C+ metrosde água sob a quilha e apenas ? acima da torre menos a espessura do gelo... 2ar3oM perguntou o capit#o. Eles v#o pedir instru&)es primeiro presumiu Kamius. >uanto mais tempotiverem, maior a chance de que atirem. 1erto. /ara a frente a toda for&a ordenou 2ancuso. A *+ ns estaria emáguas internacionais em dez minutos. O "risha está passando de través a bombordo disse Bones. 2ancuso foi até a

sala do sonar. O que está acontecendoM indagou o capit#o. Esse aparelho de alta freq60ncia funciona razoavelmente bem no gelo. Ele está

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procurando, de um lado e de outro. -abe que e!iste alguma coisa aqui, mas n#oe!atamente onde.2ancuso levantou um fone. -ala de cinco polegadas, lan&ar dois produtores de ruído. 7m par de dispositivos

geradores de bolhas foi ejetado a bombordodo submarino. Noa, 2ancuso aplaudiu Kamius. O sonar deles vai se fi!ar nisso. Ele n#opode manobrar bem, com o gelo. IlanquearP gritou o capit#o para ré. Os dispositivos disse Kamius. R surpreendente como dispararam t#orápido... /erdendo opera&#o de sonar, comandante informou Bones, enquanto a telaficava alterada pela interfer0ncia. 2ancuso e Kamius foram para ré. O navegador tinha o curso marcado na carta. Oh'oh, vamos ter de passar por este lugar aqui onde n#o e!iste gelo. >uanto

quer apostar que os russos sabem dissoM 2ancuso olhou para cima. Aindaestavam sendo alvejados, e ele n#o podia responder ao fogo. E aquele "risha podiamelhorar a sorte. Kádio... 2ancuso, posso falar no rádioM pediu Kamius. (#o é assim que fazemos as coisas... protestou 2ancuso. A orienta&#oamericana era de evas#o, nunca dando a certeza de que havia um submarino naárea. -ei disso. 2as n#o somos submarino americano, capit#o 2ancuso, somossubmarino soviético sugeriu Kamius.Nart 2ancuso concordou. (unca fizera essa jogada antes. Tevem'no até a profundidade de antenaP7m técnico de rádio sintonizou a freq60ncia da guarda soviética, e a fina antena deGFI foi levantada assim que o submarino saiu do gelo. O periscpio também subiu. Tá está ele. ngulo na popa, zero. Abai!ar periscpio. 1ontato no radar rumando dois'oito'um anunciou o alto'falante.O capit#o do "risha estava chegando de uma semana de patrulhamento no mar Náltico, seis horas atrasado, aguardando quatro dias de folga. Ent#o captaram umatransmiss#o da polícia do porto de 8allin sobre uma estranha embarca&#o vistadei!ando o ancoradouro, seguida por alguma coisa da ;"N, depois aconteceu umapequena e!plos#o perto do barco da polícia do porto, e a seguir vários contatos desonar. O primeiro'tenente, de 4 anos, com a e!peri0ncia de seus tr0s meses de

comando, fez uma estimativa da situa&#o e disparou em dire&#o ao que o seuoperador de sonar chamou de um contato positivo de submarino. Estava agoraimaginando se cometera um erro, e qu#o funesto poderia ser. - sabia que n#otinha a menor idéia do que estava acontecendo, mas, se estivesse mesmoperseguindo um submarino, teria de ser na dire&#o oeste.E agora tinha um contato de radar : frente. O alto'falante para a freq60ncia do rádioda "uarda come&ou a chiar. 1essar fogo, seu idiotaP gritou uma voz metálica tr0s vezes. Hdentifique'seP respondeu o comandante do "risha. Aqui é o No!osibiirsk Komsomoletsl O que diabos pensa que está fazendodisparando muni&#o real num e!ercícioM Hdentifique'se voc0P

O jovem oficial olhou para o microfone e disse um palavr#o. No!osibiirsk Komsomolets era um navio de opera&)es especiais baseado em ;ronstadt, sempreparticipando das a&)es dos Apetznaz###

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Aqui é o Krepkiy#Obrigado. $iscutiremos esse episdio depois de amanh#. Iora na ponte decomando, o capit#o olhou em volta para a tripula&#o. >ue e!ercíciosM...7ma pena disse 2ar3o enquanto recolocava o microfone no gancho. Ele

reagiu bem. Agora vai levar vários minutos para chamar base e... R tudo de que precisamos. E mesmo assim eles n#o saber#o o que estáacontecendo. 2ancuso voltou'se. (avegador, qual a rota mais curta para sairM Kecomendo dois'sete'cinco, a dist%ncia é de CC +++ metros. A *+ ns, o percurso restante foi coberto rapidamente. $ez minutos mais tarde osubmarino estava de volta :s águas internacionais. O anticlíma! foi sensível paratodos os que estavam na sala de controle. 2ancuso mudou o curso para águas maisfundas e ordenou que a velocidade fosse reduzida a um ter&o, depois voltou para osonar. Agora deve ter terminado anunciou ele. -enhor, o que foi tudo issoM quis saber Bones.

Nem, eu mesmo n#o sei para poder contar. >ual é o nome delaM $a cadeira da frente, Bones podia en!ergar o corredor. 8ambém n#o sei. 2as vou descobrir. 2ancuso caminhou pelo corredor ebateu : porta da cabine de 1lar3. >uem éM Adivinha disse 2ancuso.1lar3 abriu a porta. O capit#o viu uma jovem em roupas apresentáveis, mas com ospés molhados. Ent#o a mulher mais velha apareceu, vinda do banheiro. Estavavestida com uma camisa caqui e a cal&a do maquinista'chefe do 7allas, e carregavaseus pertences, todos molhados. Entregou'os a 2ancuso, juntamente com umafrase em russo. Ela quer que voc0 mande lavar e passar, comandante traduziu 1lar3,come&ando a rir. Estas s#o nossas novas convidadas, a senhora "erasimov esua filha, ;atrLn. O que há de t#o especial com elasM indagou 2ancuso. 2eu pai é o chefe da ;"NP disse ;atrLn.O capit#o teve de fazer um esfor&o para n#o largar no ch#o a trou!a de roupasmolhadas. 8emos companhia informou o co'piloto. Estavam vindo pelo lado direito, asluzes fortes do que s podia ser um par de ca&as. Apro!imando'se rapidamente. Ginte minutos até a costa avisou o navegador. O piloto já fize'ra o cálculo.

2erdaP !ingou o piloto.Os ca&as erraram o avi#o por menos de 4++ metros na vertical, um pouco mais nahorizontal. 7m momento mais tarde, o G1'C*? balan&ava na turbul0ncia da esteiradeles. 1ontrole em Engure, aqui v9o da Ior&a Aérea dos Estados 7nidos nmero nove'sete'um. >uase tivemos uma colis#o. >ue diabos está acontecendo aí embai!oM $ei!e'me falar com o oficial soviéticoP respondeu uma voz. (#o soava emabsoluto como a de um controlador. Eu respondo por esse avi#o afirmou o coronel Gon Eich. Estamos cruzandona dire&#o dois'oito'seis, nível de v9o CC ++ metros. Estamos num plano de v9ocorretamente solicitado, no corredor aéreo designado, e temos problemas elétricos.

(#o precisamos de nenhum piloto de ca&a metido a engra&adinho e brincandoconosco... Esta é uma aeronave americana com uma miss#o diplomática a bordo.>uer come&ar a 8erceira "uerra 2undial ou algo parecidoM 1%mbio.

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(ove'sete'um, suas ordens s#o para voltar. (egativoP 8emos problemas elétricos e n#o podemos, repito@ n#o podemoscumpri'las. Esse avi#o está voando sem luzes, e esses pilotos malucos de 2i"quase nos atropelaramP Está tentando nos matarM 1%mbio.

Goc0s est#o raptando um cidad#o soviético e precisam retornar imediatamente a2oscou. Kepita essa ltima frase pediu Gon Eich.2as o capit#o n#o p9de. 1omo especialista interceptador de terra, ele fora trazido :spressas para Engure, o ltimo posto de controle de tráfego aéreo dentro da fronteirasoviética, e rapidamente instruído por um oficial da ;"N para que for&asse o avi#oamericano a voltar. (#o deveria ter dito o que disse pela transmiss#o aberta. Goc0 precisa parar esse avi#oP gritou o general da ;"N. E simples, ent#o. Ordeno a meus 2i" que o derrubemP respondeu o capit#ono mesmo tom. O senhor me dá essa ordem, camarada generalM (#o tenho autoridade para isso. Goc0 tem que faz0'lo parar.

(egativo. /odemos abat0'lo, mas n#o posso obrigá'lo a parar# Está querendo ser fuziladoM perguntou o general. Onde diabos ele está agoraM perguntou o piloto do Io!bat a seu companheiro

de esquadrilha.- o haviam avistado uma vez, e mesmo assim por um breve e aterrador instante.Ele podia seguir o intruso e!ceto que estava partindo, e n#o era na verdade umintruso, ambos sabiam pelo radar e acertá'lo com mísseis guiados por radar, masapro!imar'se do alvo na escurid#o... 2esmo na noite relativamente clara, o avi#oestava totalmente apagado, e tentar encontrá'lo significava correr o risco que ospilotos americanos de ca&a chamavam de <oxE<our9 colis#o a meia altura, uma

morte rápida e espetacular para todos os envolvidos. Tíder 2artelo, aqui 1ai!a'de'ferramentas. -uas ordens s#o para apro!imar'se doalvo e for&á'lo a virar disse o controlador. O alvo está na sua posi&#o a dozehoras, alcance * +++ metros. -ei disso disse o piloto a si mesmo.Ele tinha o avi#o no radar, mas n#o visualmente, e seu radar n#o podia fornecer aprecis#o necessária para avisá'lo de uma colis#o iminente. Ele também tinha que sepreocupar com o outro 2i" do ladoda outra asa. Iique para trás ordenou ao companheiro. Gou tratar sozinho desseassunto.

Ele avan&ou levemente os manetes e moveu o manche um pouco para a direita. O2i"'4D era pesado e lento, n#o um ca&a de boa manobrabilidade. /ossuía um par de mísseis ar'ar acoplados em cada asa, e tudo o que tinham a fazer para parar essa aeronave era... 2as, em vez de lhe ordenarem que fizessem algo que estavatreinado para fazer, algum cretino oficial da ;"N queria...G esta!a# Ele n#o en!ergava muito do avi#o, mas viu alguma coisa : frentedesaparecer. $h8 /u!ou um pouco o manche para trás, a fim de ganhar algumascentenas de metros em altitude e... simP Ele podia ver o Noeing delineado contra omar. Gagarosa e cuidadosamente, moveu'se para a frente até que estivesse detravés sobre o alvo, e 4++ metros mais alto. Estou vendo luzes do meu lado direito disse o co'piloto. R um ca&a, mas

n#o sei de que tipo. -e voc0 fosse ele, o que fariaM $esertavaP Ou nos derrubaria###

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 Atrás deles no assento, o piloto soviético, cuja nica fun&#o era falar russo em casode emerg0ncia, estava afivelado : sua poltrona e n#o tinha a menor idéia sobre oque fazer. Iora retirado dos contatos pelo rádio e tinha apenas o intercomunicador agora. 2oscou queria que eles voltassem com o avi#o. Ele n#o sabia por qu0, mas...

mas o "u40 perguntou a si mesmo. Tá vem ele, deslizando para cá.8#o cuidadosamente quanto possível, o piloto do 2i" manobrou seu ca&a para aesquerda. Ele pretendia ficar sobre a cabine de comando do Noeing, de cuja posi&#oele poderia reduzir a altitude lentamente e for&ar o outro para bai!o. Iazer issoe!igia tanta perícia quanto ele era capaz de dominar, e o piloto podia apenas rezar para que seu colega americano fosse igualmente hábil. /osicionou'se de maneiraque pudesse ver, mas...O 2i"'4D era projetado como interceptador, e o vidro da cabine permitia visibilidaderestrita. (#o podia mais en!ergar o avi#o com o qual voava em forma&#o. Olhoupara a frente. O litoral estava a apenas alguns quil9metros de dist%ncia. 2esmo quefosse capaz de conseguir que o americano reduzisse a altitude, estariam sobre o

Náltico antes que importasse verdadeiramente a alguém. O piloto pu!ou o manche esubiu em curva para a direita. 7ma vez distante, inverteu seu curso. 1ai!a'de'ferramentas, aqui é o líder 2artelo informou ele. Os americanosn#o v#o alterar o curso. 8entei, mas n#o vou colidir meu avi#o sem ordens diretas.O controlador havia observado os dois pontos se apro!imando no radar e ficousurpreso com o fato de seu cora&#o n#o parar. >ue diabo estava acontecendoMEsse era um avi#o americano. (#o podiam for&á'lo a parar, e, se houvesse umacidente, quem seria o culpadoM 8omou sua decis#o. Goltar : base. 1%mbio final. Goc0 vai pagar por isso prometeu o general da ;"N ao oficial deintercepta&#o.2as ele estava errado. "ra&as a $eus disse Gon Eich enquanto passavam pela linha da costa. Elechamou o chefe camareiro a seguir. 1omo está o pessoal na traseiraM A maioria está dormindo. Acho que tiveram uma grande festa esta noite. >uandovai voltar a eletricidadeM Engenheiro de v9o disse o piloto , eles querem saber sobre o problema coma eletricidade. /arece que era um interruptor com defeito, senhor. Eu acho... sim, acabei deconsertar.

O piloto olhou para o lado de fora de sua janela. As luzes da ponta da asa estavamnovamente acesas, assim como as das cabines, e!ceto a traseira. /assandoGentspils, eles viraram : esquerda para uma nova dire&#o a dois'cinco'nove. $ei!ouescapar um longo f9lego. Ialtavam duas horas para chegar a -hannon. 7m pouco de café seria timo pensou ele em voz alta."olov3o desligou o telefone e despejou algumas palavras que Bac3 n#o entendeue!atamente, embora a mensagem parecesse bastante clara. -ergeL, posso limpar meu joelhoM O que e!atamente voc0 fez, KLanM perguntou o agente da ;"N. 1aí do avi#o e os filhos da puta saíram sem mim. $esejo ser levado : minhaembai!ada, mas primeiro queria tratar do joelho.

"olov3o e Gatutin trocaram um olhar, ambos pensando em várias coisas. O quehavia acontecido na verdadeM O que aconteceria a elesM O que fazer com KLanM A quem podemos chamarM perguntou "olov3o.

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"Por &ai<o do PanoGatutin decidiu chamar o chefe de seu diretrio, que chamou o vice'diretor, quechamou mais alguém, depois telefonou de volta ao escritrio do aeroporto ondetodos estavam esperando. Gatutin ouviu as instru&)es, levou todos para o carro de"erasimov e deu ordens que Bac3 n#o entendeu. O carro atravessou as ruas vaziasde 2oscou na madrugada passava um pouco da meia'noite, e aqueles quetinham saído para os cinemas, ou a pera, ou o bale, estavam agora em casa. Bac3,acomodado entre os dois coronéis da ;"N, esperava que o estivessem levando atéa embai!ada, porém o carro continuava atravessando a cidade em alta velocidade,depois acima das colinas T0nin, e ainda além, em dire&#o :s florestas que cercavam

a cidade. Iicou assustado. A imunidade diplomática era uma coisa mais viável noaeroporto do que nos bosques.O carro diminuiu a velocidade depois de uma hora, saindo da estrada asfaltada parauma de cascalho que se embrenhava entre as árvores. Favia muita genteuniformizada por ali, ele percebeu através das janelas. Fomens com fuzis. Aquelavis#o fez com que esquecesse a dor no tornozelo e no joelho. Onde estavae!atamenteM /or que o haviam trazido até aquiM /or que os soldados armadosM... Afrase de que se lembrou foi simples e apavorante@ <Tevem'no para dar um passeio...<Não8 Não podiam estar azendo isso, disse'lhe a raz#o. -enho um passaportediplomtico# <ui !isto com !ida por muitas pessoas# :ro!a!elmente o embaixador  j### mas ele não saberia de nada# Não tinha autoriza+ão para saber o "ueacontecera, e a menos "ue tenham passado a inorma+ão do a!ião### $pesar disso,não seriam capazes de### O ditado dizia na 7ni#o -oviética aconteciam coisas quesimplesmente n#o podiam acontecer. A porta do carro foi aberta. "olov3o saiu epu!ou KLan com ele.  $ nica coisa que KLan sabia agora é que n#o havia sentidoem resistir.Era uma casa, uma casa comum de toras na floresta. As janelas brilhavam com umaluz amarelada que vinha de trás das cortinas. KLan viu umas doze pessoas em pépor ali, todos com uniformes e fuzis, todos olhando para ele com o mesmo grau deinteresse que dedicariam a um alvo de cartolina. 7m deles, um oficial, apro!imou'se

e revistou KLan de maneira bastante completa, produzindo um gemido de dor aochegar no joelho ensang6entado e na cal&a rasgada. -urpreendeu KLan com umaparente pedido de desculpas. O oficial acenou para "olov3o e Gatutin, queentregaram suas automáticas e conduziram KLan para o interior da casa.Tá dentro, um homem apanhou os casacos. 2ais dois homens em roupas civis eramobviamente tipos da polícia ou da ;"N. 7savam jaquetas com o zíper aberto, e pelamaneira como se movimentavam deviam estar portando pistolas, notou Bac3. Eleacenou educadamente e n#o obteve resposta, a n#o ser mais uma revista por partede um deles, enquanto o outro observava de uma dist%ncia segura, da qual poderiaatirar, se necessário. KLan surpreendeu'se ao notar que os dois oficiais da ;"Ntambém foram revistados. >uando isso se completou, o outro os conduziu através

de uma porta.O secretário'geral do /artido 1omunista da 7ni#o -oviética, AndreL HlLch (armonov,sentava'se numa poltrona estofada, em frente a um fogo aceso há pouco tempo. Ele

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se levantou quando os quatro homens entraram na sala e gesticulou para que seacomodassem no sofá em frente : sua poltrona.O guarda'costas tomou posi&#o em pé atrás do chefe do governo soviético.(armonov falou em russo. "olov3o traduziu.

Goc0 é... M Bohn KLan, senhor disse Bac3. O secretário'geral apontou uma cadeira emfrente : sua e percebeu que KLan mancava. AnatolL disse ele ao guarda'costas, que em resposta tomou o bra&o de KLane levou'o a um banheiro no primeiro andar. O homem umedeceu um pano em águaquente e o entregou a Bac3. /odia ouvir os outros falando na sala de estar, masseus conhecimentos de russo n#o bastavam para entender o significado. Ioi bomlavar a perna, mas parecia que a cal&a havia ficado arruinada, e sua muda deroupas mais pr!ima devia estar agora consultou seu relgio provavelmentesobre a $inamarca. AnatolL observou'o o tempo todo. O guarda'costas retirou umaatadura de gaze do armário de remédios e au!iliou KLan a aplicá'la no lugar, depois

levou'o de volta t#o graciosamente quanto as dores de KLan o permitiram."olov3o ainda estava lá, embora Gatutin tivesse partido, e a cadeira vaziaaguardava. AnatolL tomou seu lugar, atrás de (armonov. O fogo está timo comentou Bac3. Obrigado por me dei!ar lavar o joelho. "olov3o me disse que n#o fomos ns que fizemos isso a voc0M Hsso é corretoM A pergunta pareceu estranha a Bac3, desde que "olov3o é que estava traduzindo.*ntão $ndrey 5lych ala um pou"uinho de in%l4s, não &0 (#o, senhor. Iui eu mesmo que me feri. (#o sofri nenhum tipo de maus'tratos. A1 i"uei aterrorizado, pensou KLan. 6as oi minha culpa# (armonov olhou paraele com interesse silencioso por talvez meio minuto antes de falar novamente. Eu n#o precisava de sua ajuda. (#o entendo o que quer dizer, senhor mentiu KLan. Acha mesmo que "erasimov poderia tomar meu lugarM -enhor, n#o sei sobre o que está falando. 2inha miss#o era salvar a vida de umde nossos agentes. Iazer isso significava comprometer o diretor'geral "erasimov. Apenas uma quest#o de pescar com a isca apropriada. E pescar o pei!e apropriado comentou (armonov. O tom divertido em sua vozn#o transparecia no rosto. E seu agente era o coronel IilitovM -im. O senhor sabe disso. Acabei de saber.*ntão tamb&m sabe "ue Jazo! est comprometido# @ pensou como eles podem ter 

che%ado perto, camarada secretrioE%eral0 KLan n#o falou. /rovavelmente(armonov também n#o sabia. -abe por que ele se tornou traidorM (#o, n#o sei. - fui instruído sobre o que deveria saber para a miss#o. E portanto voc0 n#o sabe de nada sobre o ataque ao nosso projeto *strelaBrilhante0 O qu0M Bac3 ficou muito surpreso e demonstrou'o. (#o me insulte, KLan. Goc0 conhece o nome muito bem. Iica a sudeste de $ushanbe. Eu conhe&o o nome. Ioi atacadoM 1omo pensei. Goc0 sabe que isso foi um ato de guerra observou (armonov. -enhor, agentes da ;"N seq6estraram um cientista americano da Hniciativa de

$efesa Estratégica há vários dias. Hsso foi ordenado por "erasimov em pessoa. Onome do cientista é Alan "regorL. Ele é major do E!ército dos Estados 7nidos e foisalvo.

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(#o acredito disse "olov3o, antes de traduzir. (armonov ficou aborrecido coma interrup&#o, mas chocado com o contedo da revela&#o de KLan. 7m de seus agentes foi capturado. Ele está vivo. R verdade, senhor garantiuBac3.

(armonov sacudiu a cabe&a e levantou'se para atirar mais uma tora de lenha nofogo. Ajeitou'a no lugar adequado com um ati&ador. R loucura, sabiaM disse ele da lareira. 8emos uma situa&#o perfeitamentesatisfatria no momento. $esculpeM (#o estou entendendo estranhou KLan. O mundo é estável, n#o éM 2esmo assim, seu país quer mudar isso e nos for&aa perseguir o mesmo objetivo. >ue o campo de testes AN2 em -arL -haganestivesse operando há trinta anos, era um detalhe que n#o vinha ao caso nomomento. -enhor secretário, se acredita que a capacidade de transformar cada cidade,cada casa de meu país em um fogo parecido com o que tem aí...

2eu país também, KLan corrigiu (armonov. -im, senhor, o seu país também, e mais um punhado de outros. /ode matar quase todos os civis em meu país, e podemos assassinar quase todos no seu emsessenta minutos ou menos, a partir da hora que der a ordem pelo telefone... ou quemeu presidente o fa&a. E como chamamos a issoM 1hamamos de estabilidade# R estabilidade, KLan afirmou (armonov. (#o, senhor. O nome técnico que usamos é 2A$@ destrui&#o mtua assegurada,que descreve bem melhor a situa&#o. Em ingl0s também significa louco, e a situa&#oque temos é louca mesmo o fato de que pessoas supostamente inteligentes noscolocaram nessa situa&#o n#o a torna menos delicada. 2as funciona, n#o funcionaM -enhor, por que acha estabilizante manter vários milh)es de pessoas a menosde uma hora da morteM /or que tachamos de perigosas armas que possamdefender as vidas dessas pessoasM Hsso n#o é retrocessoM 2as se ns nunca as usarmos... Acha que eu poderia viver com tamanho crimeem minha consci0nciaM (#o, n#o acho que nenhum homem possa, mas alguém pode estragar tudo./rovavelmente estouraria os miolos depois de uma semana ou duas, mas aí seriaum pouco tarde para o resto de ns. O diabo dessas coisas é que s#o fáceis deusar. Goc0 aperta um bot#o, os mísseis partem, e provavelmente funcionar#o,porque n#o há nada que os detenha. A menos que algo fique no caminho das

ogivas, n#o há raz#o para pensar que n#o funcionar#o. Enquanto alguém tiver a cer 'teza de que funcionar#o, será muito fácil fazer uso delas. -eja realista, KLan. Goc0 acha que algum dia vamos conseguir nos livrar dessasarmas at9micasM indagou (armonov. (#o, ns nunca nos veremos livres das armas. -ei disso. Ambos teremos acapacidade de ferir gravemente o outro, mas podemos tornar esse processo maiscomplicado do que é agora. /odemos dar a todos mais uma raz#o para n#o apertar o bot#o. Hsso n#o é desestabilizante, senhor. R apenas bom senso. R s mais umacoisa para proteger sua consci0ncia. Goc0 parece seu presidente falando. Hsso foi dito com um sorriso. Ele está certo. KLan devolveu o sorriso.

Bá é ruim discutir as coisas com um americano. (#o repetirei isso com outro. Oque v#o fazer com "erasimovM perguntou o secretário'geral. 8udo vai ser tratado com muito sigilo, por motivos bvios afirmou Bac3,

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esperando estar certo. -eria muito danoso para o meu governo se a deser&#o dele se tornar pblica.-ugiro que ele morra num acidente aéreo... Gou transmitir isso a meu governo, se me for permitido faz0'lo. /odemos também

manter o nome de Iilitov longe dos jornais. (ada temos a ganhar com publicidade.Hsso apenas complicaria as coisas para o seu país e o meu. Ambos queremos que otratado sobre armamentos prossiga, com todo o dinheiro que economizaria para osdois lados... (em tanto observou (armonov. Alguns pontos percentuais nos or&amentosde defesa de ambos os lados. E!iste um ditado em nosso governo, senhor. 7m bilh#o aqui, um bilh#o ali, empouco tempo podemos juntar dinheiro de verdade. Aquilo conquistou umagargalhada. /osso fazer uma pergunta, senhorM 1ontinue. O que irá fazer com o dinheiro, por seu ladoM Eu deveria adivinhar isso.

Ent#o talvez possa me oferecer alguma sugest#o. O que faz voc0 pensar que seia respostaM perguntou (armonov. Ele levantou'se, e KLan fez o mesmo. $evolta : sua embai!ada, diga ao seu pessoal que é melhor para todos que isso nuncase torne pblico.2eia hora mais tarde, KLan era dei!ado na porta da frente da embai!ada. O primeiroa v0'lo foi um sargento dos fuzileiros navais. O segundo foi 1andeia.O G1'C*? aterrissou em -hannon dez minutos atrasado, devido ao vento de frentesobre o mar no (orte. O chefe da tripula&#o e outro sargento conduziram ospassageiros pela porta dianteira, e, depois que todos dei!aram a aeronave, voltarampara abrir a porta traseira. Enquanto as c%meras espocavam no terminal principal,uma escada foi colocada na cauda do Noeing e quatro homens saíram, vestindo ossobretudos do uniforme de sargento da Ior&a Aérea dos Estados 7nidos. Entraramnum carro e foram levados para a e!tremidade distante do terminal, onde subiram abordo de outro avi#o da VM Ala de 8ransporte Aéreo 2ilitar, um G1'4+A, a vers#omilitar do jato e!ecutivo "ulfstream'HHH. Olá, 2isha. 2arL /at IoleL encontrou'o na porta e levou'o para o interior. Elan#o o havia beijado antes. Iez isso agora. 8emos comida e bebida, e mais umaviagem de avi#o até chegarmos em casa. Genha, 2isha. Ela tomou'lhe o bra&o eacompanhou'o até seu lugar. A alguns metros, Kobert Kitter cumprimentava "erasimov. 2inha famíliaM perguntou o ltimo.

A salvo. 1hegar#o a Qashington dentro de dois dias. (este momento est#o abordo de um submarino da 2arinha dos Estados 7nidos, em águas internacionais. $evo agradecer a voc0M Esperamos que coopere. 8iveram muita sorte comentou "erasimov. R verdade concordou Kitter. 8ivemos mesmo.O carro da embai!ada levou KLan a -heremetLevo no dia seguinte, para queapanhasse o v9o de linha num ?4? da /an Am para Iran3furt. A passagem que lheforneceram era da classe turista, mas KLan pagou a diferen&a para uma de primeiraclasse. 8r0s horas mais tarde ele fez a cone!#o com um ?5? para $ulles, tambémda /an Am. $ormiu a maior parte do trajeto.

Nondaren3o sobrevivera : carnificina. Os afeg#es dei!aram quarenta e sete corposatrás de si, com evid0ncias de muito mais. Apenas dois dos geradores de laser permaneceram inclumes. 8odos os galp)es de máquinas foram destro&ados,

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 juntamente com o auditrio e os alojamentos dos solteiros. O hospital ficou emgrande parte intacto, cheio de feridos. As boas novas eram que Nondaren3o salvaratr0s quartos do pessoal, entre cientistas e engenheiros, e quase todos os familiares.>uatro generais já haviam estado ali para saudá'lo como heri, prometendo

medalhas e promo&#o, porém ele já tivera a nica recompensa que realmenteimportava. 8#o logo os refor&os chegaram, ele providenciara para que as pessoasficassem a salvo. Agora, apenas olhava a paisagem do alto do teto do prédio deapartamentos. Fá muito trabalho para fazer disse uma voz. O coronel, que logo se tornariageneral, voltou'se. 2orozov. Ainda temos dois geradores de laser. /odemos reconstruir os galp)es eos laboratrios. 7m ano, talvez dezoito meses. 2ais ou menos isso concordou o jovem engenheiro. Os novos espelhos eos computadores do equipamento de controle v#o demorar pelo menos isso.1amarada coronel, as pessoas me pediram para.. E o meu trabalho, camarada engenheiro, e também precisei salvar minha prpriapele, lembra'seM Hsso nunca mais vai acontecer. $oravante teremos aqui umbatalh#o de infantaria motorizada, do regimento de guardas. Bá providenciei isso. Tápelo ver#o, essa instala&#o será t#o segura quanto qualquer lugar na 7ni#o-oviética. -eguraM O que significa isso, coronelM Esse será meu novo trabalho. E o seu disse Nondaren3o. Está lembradoM

EP=LOGO#erreno Com5mOrtiz n#o se surpreendeu quando o major voltou sozinho. O relatrio da batalhahavia durado uma hora, e novamente foram dadas ao agente da 1HA algumasmochilas de equipamento. O bando do Arqueiro lutara para escapar, e, dos quaseduzentos que haviam dei!ado o campo de refugiados, menos de cinq6enta haviamretornado naquele primeiro dia de primavera. O major lan&ou'se imediatamente aotrabalho, fazendo contatos com outros bandos, e o prestígio da miss#o que seugrupo levara a cabo permitiu'lhe negociar como igual com chefes mais velhos epoderosos. (o espa&o de uma semana preencheu suas perdas com novos e

ansiosos guerreiros, e o arranjo que o Arqueiro fizera com Ortiz continuou válido. Bá vai voltarM perguntou o agente da 1HA ao novo líder. 1laro. Estamos vencendo agora disse o major, com um grau de confian&a quenem mesmo ele entendeu.Ortiz observou'os partir ao anoitecer, uma nica fila de pequenos e ferozescombatentes, agora liderados por um soldado treinado. Ele esperava que issofizesse alguma diferen&a."erasimov e Iilitov nunca mais viram um ao outro. Os interrogatrios, em locaisseparados, duraram semanas. Iilitov foi levado ao 1ampo /earL, na Girgínia, ondeencontrou um major de culos do E!ército americano e lhe contou o que selembrava do progresso russo na pot0ncia do laser. /arecia curioso para o velho que

esse rapaz ficasse t#o e!citado com as coisas que ele decorara, mas nuncaentendera completamente.$epois disso vieram as e!plica&)es de rotina sobre a segunda carreira que

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escolhera e manteve paralela : primeira. 7ma gera&#o inteira de agentes de campovisitou'o para tomar refei&)es, passear e algumas vezes beber, o que preocupava osmédicos, mas n#o podia ser negado ao 1ardeal. A área onde ficavam seusaposentos, fortemente guardada, contava até com microfones. O pessoal da escuta

se espantou que ocasionalmente ele falasse durante o sono.7m agente da 1HA que estava a seis meses de se aposentar parou de ler o jornallocal quando seus fones recome&aram o ruído. Ele sorriu e largou o artigo que liasobre a ida do presidente a 2oscou.  $"uele !elho triste e solitrio, pensou eleenquanto ouvia.  $ maior parte de seus ami%os morreu, e ele s1 os !4 durante osono# *ra por isso "ue trabalha!a para n1s0 O murmrio. cessou, e nos aposentoscontíguos a <babá< do 1ardeal voltou a ler seu jornal. 1amarada capit#o chamou Komanov. -im, caboM /arecia mais real do que a maioria dos sonhos, reparou 2isha.7m momento depois soube por qu0.Estavam passando a lua'de'mel sob a prote&#o de oficiais de seguran&a, todos os

quatro dias o<tempo mais longo que Al e 1andi estavam dispostos a ficar longe dotrabalho. O major "regorL atendeu ao telefone quando tocou. -im... quero dizer, sim, senhor. 1andi ouviu'o falar. 7m suspiro. 7m tremor dacabe&a na escurid#o. (em mesmo um lugar para mandar floresM -erá que 1andie eu podemos... Oh, entendo. Obrigada por telefonar, general.Ela o percebeu recolocar o telefone no lugar e e!alar profundamente. Está acordada, 1andiM Estou. (osso primeiro filho vai se chamar 2i3e.O posto de adido : $efesa na embai!ada soviética em Qashington, ocupado pelomajor'general "rigori $almatov, trazia uma série de deveres cerimoniais queconflitavam com sua miss#o principal, a obten&#o de informa&)es. Iicaraligeiramente aborrecido quando recebera a chamada do /entágono, pedindo'lhe quese dirigisse até o quartel'general militar americano para sua grande surpresa,pediram que fizesse isso trajando uniforme completo. -eu carro dei!ou'o na entradado rio, e um jovem capit#o dos pára'quedistas escoltou'o para o interior, depois parao escritrio do general Nen 1rofter, chefe do Estado'2aior, E!ército dos Estados7nidos. /osso perguntar o que está havendoM Alguma coisa que achamos que deveria presenciar, "rigori respondeu 1rofter. Andaram pelo edifício até o heliporto privativo do /entágono, onde para assombro

de $almatov subiram a bordo de um helicptero da 2arinha pertencente : frotapresidencial. O -i3ors3i levantou v9o imediatamente, dirigindo'se para noroeste,pelas colinas de 2arLland. Ginte minutos mais tarde, estavam descendo. A mente de$almatov registrou ainda mais uma surpresa. O helicptero aterrissava em 1amp$avid. 7m membro do corpo de guarda dos fuzileiros navais, em uniforme azul,bateu contin0ncia ao pé das escadas enquanto dei!avam a aeronave e escoltou'osatravés das árvores. Alguns minutos depois chegaram a uma clareira. $almatov n#osabia que havia vidoeiros ali, talvez 4 quil9metros quadrados deles, e a clareiraficava no topo de um outeiro que permitia uma boa vista dos arredores.Favia um buraco retangular no ch#o, com e!atamente 4 metros de profundidade./arecia estranho n#o haver lápide e que a grama tivesse sido cuidadosamente

cortada e separada para reposi&#o. Ao redor do cenário, $almatov p9de distinguir mais fuzileiros na linha das árvores.Esses usavam fardas de camuflagem e cintos com pistolas. Nem, n#o foi

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particularmente uma surpresa constatar que havia um forte esquema de seguran&a,e o general achou reconfortante que na ltima hora pelo menos uma coisa n#osurpreendente ocorrera.7m jipe apareceu primeiro. $ois fuzileiros igualmente em uniforme azul saíram

e erigiram uma plataforma pré'fabricada em volta do buraco. *les de!em ter  praticado, pensou o general, j "ue le!aram tr4s minutos contados no rel1%io# Ent#o,um caminh#o de tr0s quartos de tonelada veio por entre as árvores, seguido de mais jipes. Acomodado na traseira do caminh#o, havia um cai!#o de carvalhoenvernizado. O veículo chegou até perto do buraco e parou. 7ma guarda de honrase formou. /osso perguntar por que estou aquiM indagou $almatov, quando n#oconseguiu ag6entar mais. 1ome&ou sua carreira nos tanques, certoM -im, general 1rofter, assim como o senhor. R por isso que estamos aqui.

Os seis homens da guarda de honra colocaram o cai!#o sobre a plataforma. Osargento da artilharia, no comando, removeu a tampa. 1rofter caminhou naqueladire&#o. $almatov quase engasgou quando viu quem estava no interior. 2ishaP /ensei que o conhecesse disse uma nova voz. $almatov voltou'se. Goc0 é KLan. Favia mais gente ali@ Kitter, da 1HA, o general /ar3s e um jovemcasal, de seus *+ anos, pensou $almatov. A mulher parecia estar grávida, emboramal se notasse ainda. Ela chorava silenciosamente na brisa suave da primavera. -im, senhor.O russo gesticulou em dire&#o ao cai!#o. Onde... como foi que... Acabei de chegar de 2oscou. O secretário'geral foi gentil em me fornecer ouniforme e as condecora&)es do coronel. Ele disse que... disse que, no caso dessehomem, ele prefere lembrar'se dos motivos pelos quais ganhou as estrelas de ouro.Esperamos que diga a seu pessoal que o coronel 2i3hail -emLonovich Iilitov, tr0svezes Feri da 7ni#o -oviética, morreu pacificamente enquanto dormia.$almatov ficou vermelho. Ele era um traidor do meu país... (#o pretendo ficar aqui e escutar... "eneral disse KLan asperamente , deve ficar claro que o secretário'geraln#o compartilha seus sentimentos. Esse homem pode ser um heri maior do quepensa, para o seu país e o meu. $iga'me, general, quantas batalhas travouM

>uantos ferimentos recebeu em nome de seu paísM /ode mesmo olhar para essehomem e chamá'lo de traidorM $e qualquer modo... KLan gesticulou ao sargento,que fechou o atade.>uando terminou, outro fuzileiro estendeu a bandeira soviética sobre o cai!#o. 7mgrupo de atiradores apro!imou'se e entrou em forma na cabeceira da sepultura.KLan apanhou um papel em seu bolso e leu em voz alta as cita&)es de 2isha por bravura. Os fuzileiros levantaram as armas e dispararam uma salva. 7m corneteirofez soar o toque de sil0ncio.$almatov ficou em posi&#o de sentido e bateu contin0ncia. /arecia uma pena aKLan que a cerim9nia precisasse ser secreta, mas sua singeleza produziadignidade, que pelo menos era adequada.