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1 DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL PROF. DANIEL PAIVA UNIDADE V – TEORIA DOS FATOS JURÍDICOS 1. NOÇÕES GERAIS SOBRE FATO JURÍDICO: Didaticamente podemos dizer que FATOS JURÍDICOS (em sentido amplo) são os acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. Isto é, são fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeitos jurídicos na esfera jurídica da pessoa humana. Nesse contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana. Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como a usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. Tanto uns como outros apresentam, com maior ou menor profundidade, consequências jurídicas. Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a conceituação de fatos jurídicos se apresentarem consequências jurídicas, como a perda da propriedade, por sua destruição, por exemplo. 2. CLASSIFICAÇÃO: A matéria é lacunosa e em razão disso, cada doutrinador procura sua própria classificação, não havendo um consenso sobre as denominações. Não obstante, a presente classificação tentará ser o mais simples possível:

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Page 1: CIVIL I(2)

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DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL PROF. DANIEL PAIVA

UNIDADE V – TEORIA DOS FATOS JURÍDICOS

1. NOÇÕES GERAIS SOBRE FATO JURÍDICO:

Didaticamente podemos dizer que FATOS JURÍDICOS (em sentido amplo) são os

acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.

Isto é, são fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou

indireta, ocasionam efeitos jurídicos na esfera jurídica da pessoa humana. Nesse contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana.

Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como a

usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. Tanto uns como outros apresentam, com maior ou menor profundidade, consequências jurídicas. Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a conceituação de fatos jurídicos se apresentarem consequências jurídicas, como a perda da propriedade, por sua destruição, por exemplo.

2. CLASSIFICAÇÃO:

A matéria é lacunosa e em razão disso, cada doutrinador procura sua própria

classificação, não havendo um consenso sobre as denominações. Não obstante, a presente classificação tentará ser o mais simples possível:

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2.1. FATOS NATURAIS:

Advém de fenômeno natural, sem intervenção humana, que produz efeito jurídico (isto é, provoca o surgimento, modificação ou extinção de relações jurídicas). Esse evento natural consiste no fato jurídico em sentido estrito, que se apresenta:

Ordinários (esperados) – São os eventos naturais previsíveis e comuns, tais como: nascimento, morte, decurso de tempo, etc.

Extraordinários (imprevisíveis) – São os eventos da natureza imprevisíveis e incomuns, como por exemplo: terremotos, enchentes, caso fortuito, força maior, etc..

2.2. FATOS HUMANOS (Ato Jurídico em sentido amplo):

Os fatos jurídicos quando não decorrentes de eventos da natureza, têm origem na

atuação humana. Assim, aos fatos envolvendo diretamente a ação humana, reservar-se-á a expressão “ATO”.

É o acontecimento que depende da atuação humana, que cria, modifica, transfere ou

extingue direitos, abrangendo:

Atos Lícitos (em sentido amplo – lato sensu) – São aqueles atos emanados de uma vontade humana (manifestação de vontade), praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, e que, por isso, são capazes de produzir efeitos jurídicos.

Atos Ilícitos - São aqueles atos humanos praticados em desacordo com o que prescreve o ordenamento jurídico, possuindo, portanto, efeitos jurídicos negativos, tendo em vista que tais atos repercutem na esfera jurídica. Para tanto, o ordenamento jurídico impõe a estes (uma vez praticados), efeitos jurídicos não desejados pelo agente, ou seja, ao invés de direitos, acabam criando deveres, tais como o dever de indenizar (Art. 927 CC/2002).

Por sua vez, os ATOS LÍCITOS (atos jurídicos em sentido amplo) podem ser

classificados em: Ato Jurídico em sentido estrito (stricto sensu) – Ato, sem intuito negocial, mas que por ser lícito, gera efeitos jurídicos, ainda que não pretendidos especificamente pelo agente. Os efeitos jurídicos desta ação humana lícita já estão predeterminados na lei. Por exemplo: o reconhecimento da paternidade. Negócio Jurídico (Negocial) – É o Ato (manifestação de vontade), com propósito negocial, cujos efeitos jurídicos são os desejados pelas partes e permitidos por lei. É justamente nos negócios jurídicos em que o indivíduo pode manifestar sua autonomia privada (liberdade em contratar). Por exemplo: um contrato de compra e venda. Ato-Fato Jurídico – Categoria não expressamente regulada no Código Civil. Traduz um comportamento que, posto derive do homem, é desprovido de vontade consciente na sua realização ou na projeção do resultado jurídico alcançado. Para se ter uma melhor compreensão do ato-fato jurídico é preciso entender que para ele se caracterizar não é relevante a vontade humana, pois é o fato, e não o ato, que goza de importância jurídica e eficácia social. Exemplo: Compra de um refrigerante por uma criança ou o fato de encontrar um tesouro enterrado.