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    MORTALIDADE POR CNCER NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL,NO PERODO DE 1998 A 2007

    Eva Teixeira dos Santos - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS

    [email protected] Schettert Silva - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMSAlisson Andr Ribeiro - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMSAntonio Conceio Paranhos Filho - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS

    RESUMO

    Atualmente, as ferramentas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento vm

    sendo cada vez mais utilizadas em estudos ambientais, socioeconmicos e de eventos

    relacionados sade de forma geral. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi analisara variao geogrfica e as tendncias temporais da mortalidade por neoplasias

    malignas no Estado de Mato Grosso do Sul, no perodo de 1998 a 2007, com o auxlio

    do geoprocessamento. Os dados de mortalidade foram obtidos a partir do Sistema de

    Informao de Mortalidade (SIM), disponveis na Internet. Como produtos snteses

    foram gerados mapas temticos. Na anlise de causas de bitos no perodo de 1998 a

    2007, observou-se que as neoplasias ocupavam o 3 lugar como causas de mortes,

    correspondendo a 13,78 % das mesmas No referido perodo, a neoplasia maligna da

    traquia, brnquios e pulmes foi a que mais causou bitos (12%), seguido do cncer

    de estmago (8,87%). Os cnceres prprios de cada gnero tambm esto presentes

    com alta mortalidade, como o cncer de prstata (14,48%) e da traquia, brnquios e

    pulmes (14,06%) no sexo masculino e os de mama (13,76%) e colo uterino (7,45%)

    no sexo feminino. As 10 topografias de maior mortalidade correspondem a 64 % de

    todas as mortes por cncer.

    Palavras-chave: mortalidade; cncer; geoprocessamento.

    Eixo Temtico: Cincia de La Informacin Geogrfica

    1. INTRODUO

    Atualmente, as ferramentas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

    vm sendo cada vez mais utilizados em estudos ambientais, socioeconmicos e de

    eventos relacionados sade de forma geral. As tcnicas consistem no trabalho por

    meio de ferramentas computacionais para o processamento digital de imagens de

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    satlite e o tratamento de informaes geogrficas referenciadas espacialmente, com

    vistas ao planejamento.

    Neste sentido, vrios trabalhos vm sendo desenvolvidos com o objetivo

    principal de analisar a distribuio espacial de variveis socioeconmicas tais como

    renda, educao, condies de saneamento bsico entre outras; variveis ambientais,

    climticas, hidrogrficas e de uso do solo e por fim variveis epidemiolgicas de

    eventos relacionados sade ambiental, como por exemplo, poluio sonora,

    mortalidade, criminalidade e homicdios, espacializao de ocorrncia e incidncia de

    doenas, entre outros.

    Recentes investigaes desenvolvidas acerca de questes complexas

    direcionaram as reflexes para a necessidade de compreender em que dimensoconceitos tais como interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade

    contm ou esto contidos, determinam ou so determinados, nas novas abordagens

    que diversos autores tm apontado para a discusso de temas que envolvam, por

    exemplo, o meio ambiente e a sade. Para Leff (2001): Hoje, devido complexidade

    dos problemas, que cada vez mais se faz necessria a comunicao entre as

    diversas reas e saberes... pois o conhecimento produzido a partir de disciplinas e

    profissionais isolados entre si est definitivamente em xeque.

    Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a variao geogrfica e as

    tendncias temporais da mortalidade por cncer em todos os Municpios do Estado de

    Mato Grosso do Sul, no perodo de 1998 a 2007, identificando os principais tipos de

    neoplasias ocorridas no perodo em estudo.

    2. MATERIAL E MTODOS

    Como recorte espacial foi escolhido o Estado de Mato Grosso do Sul, por se

    verificar uma relativa escassez de estudos sobre a espacializao de dados

    relacionados sade, mais especificamente mortalidade por neoplasia maligna de

    mama. O recorte temporal foi o perodo compreendido entre os anos 1998 a 2007, pela

    disponibilidade dos dados para a rea em estudo, bem como para traar a tendncia

    de mortalidade por neoplasia maligna no Estado.

    A coleta de dados secundrios referentes s taxas de mortalidade por esse tipo

    de neoplasia foi realizada junto base de dados do Departamento de Informtica do

    Sistema nico de Sade (DATASUS), do Ministrio da Sade, sendo retirados do

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    Sistema de Informao sobre Mortalidade (SIM). Trata-se de um estudo epidemiolgico

    do tipo ecolgico, transversal com componente retrospectivo, uma vez que se utiliza de

    rea geogrfica como unidade de anlise para determinado grupo de indivduos. Foram

    calculados coeficientes de mortalidade, geral e especfico, por causa, sexo e faixa

    etria conforme abaixo:

    anoodeterminademestudo,emreadaetrio,grupomesmodoPopulao

    anoodeterminademestudo,emreadaetrio,grupoodeterminaddebitosdeNX

    100.000

    Quanto aos aspectos ticos, os mesmos foram respeitados no presente estudo,

    sendo observadas as normas do Conselho Nacional de Sade e considerada a

    Resoluo n. 196/96, referente s fontes consultadas e aos dados de domnio pblico

    disponveis no endereo eletrnico do Sistema de Informaes sobre Mortalidade, no

    Departamento de Informtica do Sistema nico de Sade, do Ministrio da Sade

    (SIM/MS/DATASUS). Foi resguardado o direito de divulgao das fontes

    (DATASUS/IBGE/SIM), no existindo danos ou prejuzos a sade dos indivduos,

    considerando que os dados foram de mortalidade e que toda a coleta foi em base

    secundria.

    Os coeficientes de mortalidade brutos e padronizados por 100 mil habitantes,

    para cada ano e faixa etria detalhada, foram calculados pelo mtodo direto, utilizando

    o Microsoft Excel 2003 (Microsoft Corp.,Estados Unidos).

    Os mapas foram produzidos utilizando-se o software PCI Geomatica 9.1 e o

    Macromedia Freehand 9.

    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    3.1 Mortalidade

    Na anlise de causas de bitos no perodo de 1998 a 2007, verificou-se que as

    neoplasias ocupavam o 2 lugar como causas de mortes, correspondendo a 13,78 %

    das mesmas.

    No referido perodo, a neoplasia maligna da traquia, brnquios e pulmes foi a

    que mais causou bitos (12%), seguido do cncer de estmago (8,87%), excluindo-se

    o restante de neoplasias malignas com 18,14%.

    Os cnceres prprios de cada gnero tambm esto presentes com alta

    mortalidade, como o cncer de prstata (14,48%) e da traquia, brnquios e pulmes

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    (14,06%) no sexo masculino (tabela 03) e os de mama (13,76%) e colo uterino (7,45%)

    no sexo feminino. As 10 topografias especficas com maior nmero de bitos

    correspondem a 64 % de todas as mortes por cncer, excluindo-se o restante de

    neoplasias malignas.

    Foram registrados 16.551 bitos por cncer entre residentes do estado de Mato

    Grosso do Sul no perodo de 1998 a 2007. As taxas de mortalidade brutas por cncer

    variaram de 70,08 a 106,73/100.000 habitantes para o sexo masculino e de 56,46 a

    82,37/100.000 habitantes para o sexo feminino. Para ambos os sexos, a faixa etria

    em que mais predominaram os bitos foram entre 50 e 79 anos, sendo 67,27% para o

    sexo masculino e 61,39 para o sexo feminino.

    No perodo, registrou-se 1.972 bitos por cncer de pulmo entre residentes doestado de Mato Grosso do Sul no perodo estudado, sendo que 1.284 (65,11%)

    ocorreram em indivduos do sexo masculino e 688 (34,88%) no sexo feminino. A idade

    dos indivduos variou de 20 a 80 anos e mais em ambos os sexos e os cnceres de

    pulmo apareceram com maior frequncia nos indivduos com idade entre 60 e 79

    anos com 61,53 % para o sexo masculino e 55,38% para o sexo feminino.

    Quanto ao bito por cncer de estmago, no perodo em anlise registrou-se

    1.459 bitos entre residentes do estado de Mato Grosso do Sul, sendo que 1.030(70,59%) ocorreram em indivduos do sexo masculino e 429 (29,41%) no sexo

    feminino. A idade dos indivduos variou de 20 a 80 anos e mais em ambos os sexos e

    os cnceres de estmago apareceram com maior freqncia nos indivduos com idade

    entre 60 e 79 anos com 56,79% para o sexo masculino e 49,31% para o sexo feminino.

    Foram registrados no perodo 1.073 bitos por cncer de clon e reto entre

    residentes no Estado no perodo estudado, sendo que 23.382 (47,8%) ocorreram em

    indivduos do sexo masculino e 25.495 (52,2%) no sexo feminino. As taxas demortalidade brutas por cncer de clon e reto variaram de 3,9 a 8,3/100.000 habitantes

    para o sexo masculino e de 4,3 a 8,9/100.000 habitantes para o sexo feminino.

    Registraram-se no perodo 1.005 bitos por cncer de mama entre as mulheres

    residentes no estado no perodo estudado, correspondendo a 5 causa morte por tipo

    de neoplasia. Os bitos ocorreram entre 15 e 80 anos e mais, sendo que 80,79% dos

    casos foram entre 40 e 79 anos, sendo a faixa mais crtica entre 40 e 59, com 49,45%.

    Quanto ao cncer de colo do tero e de corpo e partes no especificadas do

    tero, foram registrados no perodo 1.104 bitos entre as mulheres residentes no

    estado no perodo estudado, correspondendo a 8 causa morte por tipo de neoplasia.

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    Os bitos ocorreram entre 15 e 80 anos e mais, sendo que 87,59% dos casos foram

    entre 30 e 79 anos, sendo a faixa mais crtica entre 50 e 69, com 42,30%.

    No que se refere ao cncer de prstata, registrou-se no perodo 1.326 bitos

    entre os homens residentes no estado no perodo estudado, correspondendo a 3

    causa morte por tipo de neoplasia. Os bitos ocorreram entre 30 e 80 anos e mais,

    sendo que 94,95% dos casos foram entre 60 e 80 anos e mais, sendo a faixa mais

    crtica entre 70 e 80 e anos e mais, com 74,06%.

    Foram registrados no perodo 579 bitos por cncer de esfago entre os

    homens residentes no estado no perodo estudado, correspondendo a 4 causa morte

    por tipo de neoplasia. Os bitos ocorreram entre 30 e 80 anos e mais, sendo que

    75,22% dos casos foram entre 50 e 79 anos, sendo a faixa mais crtica entre 50 e 59anos, com 31%.

    4.2 Distribuio da mortalidade

    Nas figuras 1 a 10, esto apresentadas a distribuio dos coeficientes de

    mortalidade especfica por neoplasia, no perodo de 1998 a 2007.

    No ano de 1998, os coeficientes variaram entre 37,91 a 88,06/100.000

    habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs Baixo pantanal,

    Cassilndia e Nova Andradina e os menores para as MRGs Trs Lagoas, Bodoquena e

    Campo Grande, conforme a figura 1.

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    Figura 1 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 1998

    J para o ano de 1999, os coeficientes variaram entre 43,28 a 79,32/100.000

    habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs Nova

    Andradina, Cassilndia, Campo Grande e Paranaba e os menores para as MRGs

    Aquidauana e Bodoquena (figura 2).

    Figura 2 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 1999

    Na figura 3, observa-se que em 2000, os coeficientes variaram entre 41,75 a

    76,16/100.000 habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs

    Nova Bodoquena, Campo Grande e Paranaba e os menores para as MRGs Alto

    Taquari, Nova Andradina e Baixo Pantanal.

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    Figura 3 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 2000

    No ano de 2001, os coeficientes variaram entre 38,86 a 87,55/100.000

    habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs NovaAndradina e Alto Taquari e os menores para as MRGs Aquidauana e Paranaba,

    conforme a figura 4.

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    Figura 4 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 2001

    J para o ano de 2002, os coeficientes variaram entre 46,43 a 79,95/100.000

    habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs Baixo Pantanale Iguatemi e os menores para as MRGs Nova Andradina e Cassilndia (figura 5).

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    Figura 6 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 2003

    No ano de 2004, os coeficientes variaram entre 54,27 a 89,56/100.000

    habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs Dourados,

    Baixo Pantanal e Paranaba e os menores para as MRGs Bodoquena e Trs Lagoas,

    conforme a figura 7.

    Figura 7 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 2004

    J para o ano de 2005, os coeficientes variaram entre 50,53 a 97,29/100.000

    habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGs Dourados eCampo Grande e os menores para as MRGs Bodoquena e Alto Taquari (figura 8).

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    Figura 8 - Distribuio dos coeficientes de mortalidade especfica por Neoplasia, nasMicrorregies Geogrficas de Mato Grosso do Sul, 2005

    Na figura 9, observa-se que em 2006, os coeficientes variaram entre 77,69 a

    97,74/100.000 habitantes, sendo que os maiores ndices foram observados nas MRGsParanaba e Iguatemi e os menores para as MRGs Nova Andradina e Bodoquena.

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    Assim, enfatiza-se a necessidade de maior ateno a polticas pblicas mais

    eficazes direcionadas para a promoo da sade e para o diagnstico precoce.

    REFERNCIAS

    BRASIL. MINISTRIO DA SADE. INSTITUTO NACIONAL DE CNCER. Estimativa2010: incidncia de cncer no Brasil / Instituto Nacional de Cncer. Rio de Janeiro:INCA, 2009. 98 p.

    BRASIL. MINISTRIO NACIONAL DA SADE. CONSELHO NACIONAL DE SADE.Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos.Resoluo n. 196/96 de 10 de outubro de 1996. Braslia, 1996;4(2):15-25.

    LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 2. ed.Petrpolis: Vozes, 2001. 343 p.

    MENDONA, G.A.S. Cncer no Brasil: um risco crescente. Revista Brasileira deCancerologia. 1997. 38(4):167-76.