025 - cadenos de teatro

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Revista de Teatro Esgotada - O tablado

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  • CADERNOS DE TEATRO - N.o 25 - Maro de 1964

    Publicao trimestral do INSTITUTO BRASILEIRO DEEDUCAAO. CINCIA E CULTURA OBECC)

    Redu o - O TABLADO - Av. Lineu de Paula Machado,795, Rio de Janeiro, Guanabara, Brasil

    DIRETOR-REPONSVEL: Joo Sergio Marinho Nunes_DIRETOR-EXECUTIVO: i\Iaria Clara l\'la cha do

    TESOUREIRO: Eddy Rezende NunesREDATOR-CHEFF.: Virgnia Valli

    SECRETRIO: Vania Leo Tei xeiraCOLABORAM NESTE NMERO: Brbara Helodora, VanMichalski, Clebcr Riheiro Fernandes e Jacqucliue Laurence

    ,T e r c e r a Jornada Mundial doTeatrQ

    Meneagern do Instituto Internacional do Teatro

    Senhoras e Senhores,

    Ne ste momento, ce lebra-se , em mais de cem pa ses, aTerceira J orn ada Mu n dial do Teatro, Do extremo da siaao norte da E ur opa, do s confins da frica aos da Amri ca ,aqui mesmo, enfim , o Teatr o oc upa essas horas para afir-mar n o s a sua exist nc ia , m as tambm a sua vontadede viv er na sua poc a e para a sua poca, Sim, nossopropsito record ar sempre a que pon to o tca.tro umdos element os indispens veis da vi da , moderna , J cm1!J 62, J ean Coctca u di zia:

    " .. . 1\1ui tas dsc rdias nascem do afastam en to dos ' es.,piri tos e do muro de lnguas qu e o aparelho im en so doteatro se prope a travessar .

    "Os povo s, gra as s J ornad as Mu ndiais do Teatro,tomaro afin al con scincia de suas riquezas respectivase colaborar o num alto empree ndim ento de paz" .

    P ar a a Segu nd a J ornada Mundial do Teat ro, foi Ar-thu r Miller, pela voz de J ean Vilar, que assim se ex-pressou:

    "O que estran ho, h oje, qu e o mundo parece poli-t icamente cortado em doi s pedaos para sempre, enquantoa arte, e especialme n te o teatro, demonstra cla r ame nteque a mais pr ofunda identidade a. univer sal " .

    N'o en sejo desta Terceira J ornada Mundi al do Teatro,Si r UJ,LlrCnCe Oliv icr e Jean -Lo uis Ba rr a ult nos di r gcrca palavra.

  • o teatro no mundo de hoe

    Sir Laurence a liv ier

    Eu e meu amigo J ean-L ouis Bar r ault fomos h onrad oscom O convit e para fala r por oca sio do Dia Mundial doTeatro . D esejo comear diz endo algumas pa la vras s breo nosso Teat ro Na cional, r ecentem en te criado. No a nopassado, de pois de um sculo de lu tas, deram-no s fin al-m ente, na Gr-Bretanha, um Teatro Nacional, cuja di r e-o m e fo i confiada. Um dos pr imeiros pontos em quecon cordam os, meus colegas e eu, foi no .desejo de torn-lono apenas um Teatro Nacional, mas um Teatr o Inter -nacional . Temos a in te n o de organiza r 11m r epertrioq ue mantenha um eq uil brio en tre as p eas de or igem bri-tnica e as estrangeiras.

    Jean-Louis Barrautt

    Caro Lau r ence alivier, todos que se ligam culturatea tr al no mund o r ejubil am-se com ste ac on tecime n toe lh e dirigem suas congratulaes muito sin ceras .

    No momento em q ue os homens reconhecem cada vezmais o seu denominador comum humano, entusiasma v e-r ificar qu e as vria s cons ci ncias teatrais convergem, ela stam bm , p ara um a conscincia comum da fun o doTeatr o .

    a liv ier

    Entr e as ' artes do espetculo , o teatro a que temmais dificuldade em se tornar in ternacional . O bailadoe a m sica ultrapassam fro nte iras quase insensivelm ente,m as o teat r o - q ualquer que seja sua atraco vi su al - feito com palavras, muitas das quais s o orgulhosas.in dependent es e intrad uzveis . po r isso que devem ossaudar a realizao, maravilhoso esf r o do Instituto I n-ternaci on al do Teatro, cu jo sonho mais alt o se r esumena expresso, que ao mesmo tem po, um paradoxo:a T eatro do Mundo .

    Barrault

    Confesso-lhe, m eu caro Oliv ier, q ue sse par ad oxono me parece ir redu tvel. Basta observar , nas viagensfeitas aos pases dito s " estrangeiros" o quan to o teatro uma propried ad e internaci onal. Quer Se trat e de clss-cos, como Sfocles, Zoami, S hakespeare, Molire, ou daCom m edi a dell'arte, autor es, comediant es e animadoresno so mais do que administradores de um domnio queperten ce ao mundo inteiro . I sso dec orre do fato de nohaver no teatro soluo dc continuidade entre o gestoe a pal avr a, entre 1\ v ista e o ouvido . Nossa ar te an tes

    de t udo um fenmeno magntico . No so apenas a vistae o ouvido os ati ng idos mas igu alm ente os dem ais se n tidos.

    No teatro, se os olhos enxergam, o corao q ue ve r ecebe. O entendimen to intelectual vem depois. Essaarte sempre potica, porque carnal. Quando as vriasformas de teatro pa ssam as fronteiras, s a id ia con tidana palavra sofr e um eclipse momentneo. ma s a palavraela m esma , spro inteli gvel, con ser va t da sua fr a .deencanta men to e m agia . para al m das palavras que opoder sensual de Brecht, de Cla ud el , do Teatro do Ex-t rem oOr iente ou d e Shakespeare se en contram, emocio-nam e penetram a alma dos homen s .

    '"I \r

    altv ier

    Sentimo-nos fel izes que Shak esp eare t enha se torna,do proprieda de do m un do todo, que seja regularmenteproclamado como an tepassad o l egtim o de cada movi-mento nvo no teatro . Observo q ue a Rei Lear fo i con-side rado, ul timamente, o precursor de Sam uel Beckett .Sentimo-nos felizes que te nha sido saudado pe los homensde t das as naes e de t das as crenas com o um d lese que ni ngu m , examinando o con junto de suas ob ras, ot enha jamais considerado reac ionrio infl exvel . Qu emescreveu Henrique V escreveu Troilus e Cressida . Quemescreveu Rom eu e Ju lieta escreveu igualmen te Me didapor medida . Em quatrocen tos an os, o nosso Shak esp earese tornou de to do s, por adoo . No plano do teatr o - emais que nunca, no seu 400. aniversrio - o nossom aior artigo de ex portao .' Nen hum nos deu menos tra-balho e m aior orgulho .

    Barrau lt

    impossvel situar po li ticamente a p osi ao de Sha,kesp eare, conforme to bem observou Sir Laurence Oli-vier . Como verda de iro hom em de teatro, le se conser-vou, mesmo nos ass un tos pol ticos, um tes temunho do seutempo. A fi nalidade derrade ira. do teatro a Justia . Emcena. as sassinos, vtimas, o ataque e a defesa combatemno desm edi do de suas pa ix es . Ca da espectador um ju-rado, e a vida, fo rte e equilibrada, que preside a s teimenso acrto de contas fazen do emergir vitoriosa a in-teligncia, a compreenso e a sade . O p od r essencialdo teatro de p r de lad o tudo q ue separa os hom en s :diferenas ' de raa, de oduce.o religiosa OU poltica . di-versidade de lnguas, e ressa ltar o que os h omen s tm decomum: o ri so e as lgrimas, a al egria e a trist eza , a Ie,licida de e a agonia, em sum a, o qu e do domnio docorao. O teatro revela o corao comum do s hom ens,e p or isso o mais perfeito vecu lo da paz .

  • o teatro um meio de conquista

    ANNIBAL MACH~DO

    Aula proferida na abertura dos cursos d a

    Academia de Teatro, no Rio de ,Janeiro, e m 19 57

    Como preldio abertura d os curso s, a aul a in au gur alsignif ica m en os uma lio s bre determ inada mat ri a doq u e uma dig r esso acrca do espirit o e do se n tido ger aido ensino q ue se ministra nu m a institui o cultural.

    Me nos, ou mais que u m a li o, 'a aula de aberturadeve consistir n a r en ov ac o de um inci tam ent o. Em r e-la o Acade m ia de Tetro, inc itamento aos jov en s qu enela se m a.tr icula r am, para q ue se mantenham fiis aosid ea is q ue os trouxer am aqui; incitam ent o a qu e amemcom crescente fer v or a art e dramt ica , - fe rvor t antom ai s crescen te quanto maior e mais ntimo se vai to rn an -do o conhecimen to dessa arte, p el a s.p licao ao se u apren-dizado e pela pr tica profissional ou amadorstica.

    Direis en t o: "Se aq u i n os a ch am os, pr ofessor , (eperm it i que eu m e a r rogue p or a lguns m inutos sse hon -r oso ttulo ) porque j n os moveu um impulso in ici alde amor ao ob jeto de nossa escolh a" .

    P er feito . Mas a. arte d r am t ica , co m ple x a com o ech eia de cilada s, tambm exigente , Mlt ip los so oselementos que a compem, difcil a obteno de sua un i-dade, e muitas vzes inesp er ad os os resu ltado s - p ois 8.rea o das plati as enigma que s Deus sa;'J e. E aqu les para, q uem a sedu o da fam a e da po pularidade pre-

    . valece s bre a necessidade in ter ior da vocao, - parasses, o cam inh o cheio de obstculos, in transitvel quase

    'No, po r m, par a os q ue sa bem respo nder v oca ocom o esf r o, os que a lia m o t r ab alh o in te n o, os qu e:no confia m na gratudade de se u s d on s sem ant es for ja ros in strumentos com que valoriz-l os .

    . com a di sp osio de sujeitar -vos a sse duro apr eri-di zado q ue para aqu i vies tes, Srs . a lu no s. O s uce sso ap r ojeo exter ior, oca sional e q uase se mp re eq uvoca dagl r ia. . A glr ia es t m ais na, conscin cia de uma co nq uis..ta in te ri or , obtida p ele h om em n a valor izao das I rasmorais qu e o an im a m, n o po de r det ransfi gur-las para ,1,m aior afirma o e . esp le ndor dr, v ida .

    o teat ro um dos meios dessa conq u is t a _ Um atod e amor, di zia J ou vet , n o havendo gran de teatro semgenerosidade, sem afeio m tua . Uma escola de v ida, po -dem os di zer . E a ex press o m ais diret a e viva, de umasociedade .

    P or que mais diret a e viva ? P or q ue n l e a emooartst ica decorre da prp r ia ao dram ti ca p r esente, p r o-duzida no calor e na atualidade dos conflitos humanosp or um conjunto d e fa t res e ele m entos essencia is dosq u ais n o se p od e a boli r n en h um sem queb r a do r itm o eunidade da r epresentao .

    A presen a dos person agens no se impe indireta-mente co m o nas p ginas do roman ce , na r eportagem di)jornal ou na viso lumin osa da tela, - mas -em carne eosso, na vo z, na respirao e na atit ude corpor a l do ator.A platia v e escu t a .

    E . den tr o em p ouco, ei-Ia, tr ansp or tada e suspensa, es -quecid os t od os de s ua vida coti d ia na, en t r egues ao queacon te ce no es pao cnico do p alco .

    Eu d esconfi o do espetcu lo teatral ou da q u alidad eda ob r a dramtica que n o deixe no es pectador, ao cairdo pano, um estado de exa lt a o, u m a impresso de gr an -d eza , u m senti do trgico ou p ot ico do mundo . As simage s bre n s o gr an de te a t r o, qu ando, pelos pod res desua magia, p enet ra no s r ecessos da a lm a, r ev olv e-lhe asr a zes e tradu z o seu m istr io .

    p r ec iso que: cada es pectador saia da, sa la de espe -t culo sen ti ndo-se maior e m el h or do q ue quando entrou .st e, o papel mais nobre do teatro. Comunicar-se com op b lic o, ab r ir-Ih e u m asp ecto pungente, b elo ou grot escoda vi da ; escla r ec -lo, comov-lo, Nos m omentos altos daa o dramt ica , n em se m pre se confere pal avra a fu n omais expressiv a.

    E ento o si ln cio se ins t au r a ; um siln cio a ti vo , r icod e sig nifi cao, como a pausa m usical, - in terva lo tr -gico, opress ivo , orques trado pelo olhar e p elo ges to.

    quando se opera a com u nh o entre pl atia e cena,imob liza-I os no x tase . quando se faz v br a r o sil nc io.e se ou ve "o deg -lo do silncio", na exp r esso d e Barrault

    Ao termi na r o vosso cu rso, de p ois que p assa r des c1 ,'apren dizes a pratican te s. que. dir etor ou a utor, e.tor oucen gr afo, se nt ir eis ao vivo ' t da a bele za e di gnidade dutea tro, E tereis ' ocasio de ex perimentar inesq u ec ve ism om entos de triunfo, e tamb m --::- n o o esq u eamos -de decep es e desenga nos . Se, porm, ti verdes fortale-cido a vossa consci ncia profissiona.l no traba lh o h onestoe n o sev er o ap uro de vo ssos r ecursos t cni cos - a (J[5,Q

    t .-

  • os fra ca ssos e d ecepes se convertero em fonte deestmulo .

    A gl r ia artst ica, es pecia lmente n o tea tro, f ilh a doesp r ito de s cr ifcio . H u m a feb r e alimentando o en tu -siasmo dos artistas cu jo t r abalho v ai r eceber a r esp ostaimedia ta e tantas v zes cr uel de um pblico que n otra nsige . O escr itor, o pin tor, o m sico p od em fi car lon-ge ; m as o a to l' (e indiretament e o autor e o diretor ) re-cebem na car n e o impacto fsico da va ia ou dos aplausos .To depr essa se in cendeia a, v aidade de u m h omem deteatro ante as palmas, quanto emurch ece e se quebra oseu orgulho deb ai x o dos assobios .

    Vai se r a humildade um fa to r de equ il br io e gar antiapara a r ealiza o das gr andes obras . ce r to que o t eat r ocobra caro aos seus iniciados, e nunca fu nci on a como r od ade loteria .

    No s o pou cos os seus problemas . J no falo no sd e ordem mate r ial e administrativa , seno n a queles qu edi zem r esp eito su a pr p r ia essncia e concepo est-ti ca , su a li ng uagem, s su as ex peri n cias de vanguarda,ao seu m aior ou menor afastamento do pb li co . D ssesproble m as, o aluno t oma conhecimento m edida .qu e va ial argando os seus estu do s . No consti tuiro um impeci-lho; ao ,~ ontrrio, ag ir o como um ex citan te e serviropara m a nter a vi talidade da arte dramtica .

    Nas t rs ltim as dcada s, com a s conqu istas tcni case as n ovas exigncias d o p blico, o te atro, sobret udo ot eatro ocide nt al, ve m sofren do m od if icaes d e contedoe de form a . S episdicam en te as peas encenadas expri-mem a v id a e a inquietao contemporne a . O teatr oburgus de como do sculo, o teat ro psi colgico, ch a -mado de boulev U?'d , hbilmente construdo e vazio, cons-titui uma sob r evivn cia mofina, a que o pblico compa-r ece para ajudar a di gesto . Teatro b em dialogado, bri-lhant e, s v zes en graado, q uase sem pr e enj oativo , com oa v idazinha m esq ui nha de q ue pr etende ser a im agem ,

    Os dias de h oje reclamam um ti po de teatro q u ecoincida com as pr ofundas modificaes h istricas porqu e est pas sa ndo a humanidade ; qu e t ra duza os seuscontr aste s, sofr imentos, asp ir a es ; o seu sonho e ve rti-gem de viver.

    Podem vari ar as m aneir as d e se pro duzir o fa to t ea -t r al, contanto qu e o ho mem se r ev eja n a t ranspar n cia dacr iao ar ts ti ca .

    O aparecimen to de novos valores socia is e econmi-cos se r eflete n os cost umes e r epercute na se ns ibilidadede . ca da um.

    sse pblic o que acorre s ca sas de espetculo noapenas p ara se di ver t ir , mas no desej o de r ev er a im a,ge m de seu dram a transp osta n a cena, de sur preenderos sina is de um n vo idea l - por sua, vez um p bl icodi vidido . As pla ti as r ecolhem um pblico da m ai s va -riada m ental id ad e, de aparen te hom ogen ei dade; e n o h m om ento em que as opinies mais op ostas pululem comta manha a b und ncia, do que no s intervalos das pea s . H sucessivos d ese ncontr os de opin ies e de pontos d e vi sta.Mas o gran de, o verdadeiro teatro tem o poder d e apro-x ima r as di st ncias . F.: o pbl icn recond uz ido por a lgu-mas 110ra:; de densidade emocional uo scn tirneu to dv'- uni -

    dade perdida" e o seu subconsciente coletivo r es sa i numafo rmulao m ais cla ra .

    A a r te dramt ica en cont r a sem pre no vos m eios deafirmar a sua perenidade . P eas que pareciam m ortasga nha m subit a mente atualidade. Pouco importa sabercom o as in te r pretavam os antigos . Nem como se com po r -tavam em cen a os her os de Sfocle s. A pea de teatro se nti da e r ep r esentada se gu ndo a vis o de ca da poca.P od e ser varivel e transitr ia. a linha da in ter pr etao:a obra , n o. Tambm no po demos d izer se os piratas ecolon izadores do Sculo XVI v iam P o de A car talcomo o ve mos hoj e . Tant o mais quan to j lh e acrescen ,taram bondezinho e trre de t eleviso . Mas a coli na deped ra es t l, a, m esma .

    E o t eatr o no Br asil? 'p er gu nta is . No se i po rquetanto ta r da en tre n s a afirmao mais ex p ressiva da nos-sa dramatur gia . Tal vez porque o teat r o p re ssu pe a exis-tncia de uma. sociedade mais es tvel, e a nossa , depoi sda queda do Imprio e no princpio da era industrial, en -t rou num pr ocesso de r pi das transformaes . Tal vezporqu e o n osso Brasil , o Br asil em s i, j se ja u m espe-tiru~ . .

    Mas ine gvel q ue se vai form an do um clima pro-p cio; surgem au t ores, dire tores e at r es que alimentama n ossa esper an a; g rup os de amado res, ce r tas leis de p ro -t eo ofi cia l, centro s de es tudos com o es ta Academ ia deTea tr o que o cora joso idealismo de Dulci na d e Moraesconcebeu e or gan izou - abrem perspectivas pa r a o fu tu r o.

    Sbre os vossos ombros r ecai a m ai or som a de res -pon sabilidade, Srs . a lu nos . para assumi-las que vo sestai s .p r epa r ando , A vos sa experincia ter que se for-m ar antes n a p r ti ca do teatro do que n o manuseio do slivr os. E bo m que s te cu r so se fa a dentro m esm o deuma ca sa d e t ea t r o . T er eis sem pr e em vista que, d eS hakesp ea r e, L ope de Vega e Mo lie r e a P iran dello,O'Neill, Lor ca e B er tolt Br ech t, a v ocao d r amtica sedesen volv e melho r quand o m ais cedo aman hece junt o aop al co .

    Quando se pensava qu e o cin em a .f sse r eduzir o p r es-tigio d o teatro (e q uem vos fal a insu sp eito, pelo entu -s ias m o maior qu e tem pelo cinema), eis que , a. pa lavraanex ada ao film e, ao in vs de ameaa r , ainda mais con -so lida o prestigio d o t eatr o . Mas se o teatro brasileir o.em ev id ent e ascen o , ainda, n o alcanou a a lt ura ne -cessria , - o no sso cinema e rdio, ramos da arte dra-m ti ca , ainda se encontram em baixo n ve l ar ts tico . Eem mais baix o n ve l a in da, a televiso . Essa cir cunstn-cia t riste n o faz seno a importn cia de vossa ta ref a .Desde que eleges tes o mundo da poes ia e da ar te , dram- 't ica para n le trabal har e cr iar, assumistes para com opbli co a ob rigao de da r- lh e aqu ilo de que lc careceE que esper a, de vs : a Expresso tea tral de suas pai x ese sen t im en tos ; um sen ti do para a vida .

    Que sso n vo ;1l1 0 lctivo q ue ora ' se abre seja rn isuma et a pa Iecu nda pa ra a r eali za o d sse com prom isso.

    At~ outra vez c ob ri gudo pela VO SS;.b aten o .

  • o a u to r e o publico

    o 1 0.0 Congresso do In st ituto In terna cional d e T eat r otev e lu gar em Varsvi a , entre 8 e 15 de junho de 196 ::!.A in augurao solene se deu n a antiga sala do Thtre del ' Orangerie , n o p arque Lazienk ow ski . F al a ram os Srs. M .BOI?HAN KC?RZENIEWSKI, p r esidente do CentroPolon sdo I.I.T . , Michel DARD (d a Un esco) e Tadeusz Galinsk iministro da Cultura, e Bela s-Artes da Repblica Polonesa:

    O pr ograma do CONGRESSO com preendia t rs di asde r eunies cons agrada s aos "Colq uios de Varsvia " cuj ot em a fo i: '

    '0 autor de hoje perante o pblico de nossotem po: problemas das re laes nov as a serem esta belecidas entre o alttOl' e o pb lico.

    Apresentando as b oa s..v indas aos delegados, em nme-ro de 109 e que r ep r esentavam 34 dos 46 pases m embrosdo I. I . T . , di sse o Sr . KORZENIEWSKI que o prprio lo cal da inaugurao do CONGRESSO tinha um car tersimblico . Com efeito, s se Thtre de I'O rangerie f rapoupado durante a guerra, mas transformado em armaz mde trigo , depois devastado pelos ocupantes, e r econstrudoaps exatamente com o era no temp o do rei Est anislau Au-gu st o . Isso sign ific a que a capacidade de cons t r u ir prp ria d o ho mem e que talv ez mais forte q ue a dedestruir. Saudou em seguida os delegados , com os braoslargamente aber tos, o que, na Pol nia um gesto simb-li co que sign ifi ca que o anfi trio nada esc on de e nada t ema ocultar , Apesar das d iferenas de cult u ra, de histria.

    . de tradio, afirmou, em n om e d o Centro P olon s, a ce r-t eza de um entendim en to p erfeito entre tdas as naesdo mundo, tal como se v n o se io do Instituto Internacio-nal do Teatr o.

    Tom ou em seguida a p a lavr a o Sr. Vi cenzo TORRA.CA, president e do I. I . T . . q ue fa lou , em resumo, o se -gui n te :

    com particular emoo - seja dito, sem som br a, der et rica - que t om o aqu i a p al avra , quando t antas r ecor-daes se apresentam minha m emria : lem br ancas dehomen s que m e so ca ro s, vi vendo no exl io, h om ens quecon heci e amei na. m in ha juven tude em Rom a ou na Un i-versidade de Li ge antes d a l.a guerra mundial ; r ecorda -

    .es indel v ei s de uma hi st ria comovente, fe it a de gran-deza e de sofr im ento , m as se m pre de coragem e n ob reza ,e . s vzes de mart rio.

    Nin gum, ch ega ndo a s te p a s, p od eria fugir obses.so das lembrana s . Todo ' est r angeiro e particularmentetodo h omem de teat ro, pondo o p n est a ter ra, por p ouco .que seja sensvel s suges tes da cultu ra e da arte , sesen te de qualquer forma em sua casa, porque no h n e-nhuma gr an de corrente de pensamento, n enhuma revolu-o id ea l, que n o tenha encontrado aqui, na cultura esob retudo no teat-ro , u m eco profundo e u m a expanso 'or igin al . P en sem na r enascena, n o il umin ismo f rancs eeurop eu, na r ev olu o r om ntica de influ ncia a lem, ouingl sa ou franc esa . N essas gr andes pocas de desabro-ch ar do esp r it o e da civilizao eur opia, a cultura e oteatro po lons deram uma participao profund a e estomarcados p or t r a os indelveis. Infelizm ente muitos tes--temunhos dessa comunh o espiritual fora m destrudos . Ost eat r os onde, durante t r s scu los r ep r esentaram os co-m ediant es franceses, ingl ses , italian os e de outr os pases :os maravilho sos pal cios ligados a n omes glor iosos da ar-qui te tura esto r eduzid os a p . Mas, p or feli cidade; ne -nhum a fra armada te m o pod e r de destruir as Iem bran - .a s gravadas nos cor aes dos h omens nem a co ncinciade um t a l pa tr im nio de civ ilizao.

    Ao inaugurar o loo CONGRESSO do I NSTITUTO INTEl\.-NACIONAL DE TEATRO, s dese jo desta ca r um nicopo n to de to gr ande h erana h strica.cum ponto do qualpodemos tirar a lgum en sinam en to. R efiro-me alta cons-cin cia de uma misso civil que informa n o somente odramaturgo e o atol', mas t da .a atividade do Teatro P o.lon s, desde sem pr e e sobretudo dep ois da segunda meta -de ' do sculo XVIII.

    ( ;

  • Um h istori ad or da Ate na s d o V s cu lo . C . contaque P ric les, sempre que usava sua clmi dc, d izia cons igomesmo: " Observa-te : tu diriges hom ens que querem serlivres, tu diriges os gregos, diriges os cidados de Atenas".Parece-me, a mirn," que os au to res e os at res de t eatropolon s se di zem a m esma coisa antes de se por em aotrabalho . MICKIEWICZ di sse : "O patriotismo o p ri n-cpio gerador de t odo o desenvolvimento esp ir it ua l e inte-lectual da Polnla, e a literatura polonesa fl oriu sob suainspirao fecunda . O melhor t estemunho d essa v erdad e,vlida sobretudo para o teatro, t da a obra de Micki e,wicz, revolucionrio e poeta herico d e s eu pas, e au tordo poema trgico "Os Antepassados" , obra que, da m esmaforma que as outras obras do s principais autores romn -ticos no exlio, SLOWAZCKI e KRANSIN3KI, jamais fo -ram encenadas em vida de seus autores, e foram a m ai salta exaltao do patriotismo polon s .

    Ma s no necessrio nos elevarm os s su m ida de s li-terrias da cultura e da dramaturgia para, encon trar o quesempre me pareceu ser a constante do te atro polons ; umaconstante que, no s momentos mais difceis da vid a nacio -nal, como na segunda metade do sculo XVIII , cresceuem intensidade e em expanso at no s dar, no scu lo XIX,os t eatros serni-clandes tn os, uma espcie de maquis dotea tr o, aps a de rrota das insurreies e das sangr entasrepresses de 1831 e 1863. Um maquis que lutava, contraa censura, que fa zia do teatro uma escola de patrioti smo .Numerosos , de fato, foram os h omens de t ea t ro que com.bateram de armas na mo, pela liberdade da p tri a,

    As provas de uma to altaconcincia civil so inme-ras no teat ro polons . E eu me detenho aqui para indaga rse tais m a.nifes taces de inaltervel concincia missionr iano encerram a suges t o de um exemplo para aati vi dadede nosso Instituto.

    A ns, realmente, foi confiada uma grande missopela Unesco, de onde sa iu o In stituto ; a mi sso de colo ca ra influncia humanizante do te at ro a ser vio da paz entreos povos . Est es cr ito no prim eiro ar t igo de nossa car t ainstitucional. A pa z nossa bssola , a r azo essencia l pelaqual o Instituto foi cr iado ; a paz que, dezoito an os ap sC' fim da guerra, parece ainda longnqua" e no momento substitu da por uma " coexis tnc ia" inst vel , semprediscutida, num .::lima qu e toca muitas vzes a trag dia,p orque, como lembrou o Secr et rio Geral das Na es Uni-da s. "a coexis tncia s tem uma alternativa: a no-exis -tncia" .

    Confiand o-nos esta alta m isso de paz, noss a "ca rta"conta com o poder, demonstrado pe lo t ea tr o em todos ostempos e em todos os lu gares, de t ece r os elos en t r e osindivduos e ent re os "grupos humanos" , "colocando o h o.mem no centro do mundo" e ''' revelando o univer sal nahomem", segundo a bel a expresso de Arthur Mill er. E a in .da: "O Tea tro, sem sabe r e certamen te sem inten ces d e -t erminadas, dem onstrou n a n ossa poca qu e a raa hum a

    ~a, po r mltiplas qu e se ja m as civilizaes e as t r a di es,e essencialmente una" . .

    O ap lo es sa humanidade com um dos h om en s e dospovos, se ja . dito de pa ssagem , se fz m ais insistent e no

    curso dos ltim os m eses e ns ch ega dos pontos m ais di -v etsos.. a lgum as v zes dos m a isropos tos, com t n icas desem elha na s urp reend en te entre si . Uma, p rova par a todo s o a p lo feito pelo ge ner oso P on tfice desap arecido :" nos per m iti do esperar, escrevia le h do is m eses emsua Enc cli ca s bre a Paz, que os homens vo descobrirm el ho r os laos que os un em , provindos de 'sua humanida..de com um" . So ape los .que tm uma r essonncia parti-cula r para o In stituto, depositrio da misso de colaborarnessa descoberta .

    A ver dade ob riga a r econhecer que, do ponto d e vis tada organizao, tudo qu e podamos fazer com os meios deque di sp omo s para aproxim ar os homens d e teatro domundo int eiro, pel o Congresso, por m eio de publicae s,por debates ar t sticos e m esmo contatos pessoais, foi feito.

    Mas o impulso ef icaz e m ai s direto, que levou a umcontato viv o e ati vo de todos OS t ea tros, os m ais diferentese afast ados no espao e na evoluo artstica, veio doTeatro das Naes . A est a maior conquista.

    O Teatro das Naes ti rou do domnio das puras ab s-tra es o princpio id eal do Inst ituto, q ue de contribuir,pe rm itam-me que in sista , pela "influncia humanizante dot ea tr o", se gundo a fe liz expresso de Prestley, para, o es-fro univ ersal no se n tido da compreenso entre os povose para a paz".

    No sso Instituto tem assim conci ncia de ter, com oTeatro das Naes, preenchido sua tarefa de pacificaohumana .

    (Da, r evist a Th tre, n.? 45, 1963) .

    MARI.JA N MATKROVIC (Iugoslvia)

    o tema de nossos debates no simples . Ao contr r io muito comlexo! Trata-se no p blico, Sabemos que, mesmona no ssa civilizao, n o existem relaes en t re as palavrasescr itas e Os homen s para os qu ais elas foram escritas e a es t o pr ob lema . E problema complicado quando se tratade pal avra s qu e so escr itas para a cena, porque entre a spalavr as que s'o somente um do s componentes do fenm enoteatral e o pblico, sem o qual o t eat ro no pode vi ve r ,sem que o au to r n o pode viver, en t re sses d ois compo -ne ntes se acha o t eatro com sua v ida prpria. Qu e teatro?O teatro de hoj e, com seu repertrio uniforme, sua tra,

  • di o que muitas vzes con tra seu progresso e seu fu.turo; o teatro d hoje com suas crises entre o filme e ateleviso, teatro que procura hi stericamente seu lugar sobo cu de nossa vida" mas qu e ainda no en contro u, em

    ' geral, com todos se us m ovimentos bem discutidos, nemsua palavra, nem sua voz para a ve rdade ira poesia dehoj e, para o pblico con te mpo rneo ,

    ca racterstico para o fenmeno teatral - sobretudopara os aspectos sob os quais se apresenta hoje - quetodo debate, no importa s bre qual dos seus compo ne n-te s, conduz m ais ou menos in evitvelmente questosubstanci al de sua ex istncia na sociedade atual . Desdeque no se trate o teatro com o museu , o problema dopblico se torna imediatamente to importante em SU ::lvida quanto o p roblema da ex presso ou d a interpreta-o teatral de h oje, Tendo em vi sta ess as m ol ca es . >percebe-se quanto sses probl emas s o in sep arveis; deque manei ra a cr ise de um dos compon entes engendralogicamente a cadeia das outras "crises", a ssta gnaco OUmesmo a escler ose de to do o or ganism o vivo do teatro ,Um teatro se m se u p bli co no teria m en os razes deexistir q ue um teatro que - no encontrando a lingua-gem de sua poca - 'se v cada. vez mais abandonadopelo pblico! Lanar tda a responsabilidade sbr e o cne.ma ou a televiso ing n uo e significa, definitivamen te,de sconhecer o domini o particu lar da ex presso dram ticaque essencialmente diferente do da televiso e do cine -ma: sse domnio da irreduttibilidade da palavra poticaviva, pronunciada de maneira viv a pelo atol' p resente emsua plenitude f sic a e r essentida pela presena f sica doespectador. No pOSSa concebe r uma sociedade de umcerto nvel de civili zao - sociedade que atingiu umgrau de de senvolvimento que torna. po ssvel a exist nciado teatro - que possa dispensar a magia e a sugestod sse sentimento que som ente o teatro pode oferecer semm ediao. Mas o t eatro de hoje oferece verdad eiramentesse sentimento? No esqueceu le muitas vzes - cor"r endo pressu ro so atrs dos efeitos do cinema e da tel e"vis o - o domnio particu lar de sua ex presso? Privandoa linguagem dramtica de seu contedo pot ico, r ed uzindoalm disso a funo de um realizador dramti co li teral"mente na de um realizador de cin ema ou de televi so,enfim, hipertrofiando muitas vzes os componentes vi "suais do teatro sob t da sorte de influn cia da esp et acula-ridade da tela - o teatro contempor neo resvala para osdomnios de express o m ais ou m enos similares, que nopode todavi a to rnar se us e onde obrigado - sendo pornatureza to pouco filho da tcnic a - a assumir papissecund rios . N o h m eio de a trair o pblico para umteatro que de uma, maneira ou de outra ten ta imitar asoutras ex presses, que no se ba seia funda me n talme nteem seus eleme ntos const itu tivos , T d as as interven esexterior es s quais se tem recor r ido para agarrar de q ual"qu er m an ei ra o pblico , m esm o certas medid as "e ducati-vas " n o s en tido mais estrit o ou mais geral do t r rno, eusem pre as cons ide re i, n o s com o autor com o h om em detea tro, com o um lanto h umilhan te s para o prprio t eatro.O pr oblema do .pblico, o problema do se u alarga me n to,

    o problem a da popula r iza o do teat ro, to dos sses p ro-bl emas formam em grande parte um s prob lema teatralim anen te , O teatro que souber pr eferir nos seus tabladosas mens agens poticas de sua poca. que fr capaz de de"senhar em cena - atravs a criao potica e a in ter p re-tao ar t stica - n osso drama atual, drama 'de nossa v idacheia de angstia e de esp erana, ss e teatro r eencontrarlogo no s o pblico que o abandonar a, mas tambm um'n vo p blico virtual a conquistar . le n o ser eviden-temente r-em um museu nem uma atraco da m oda, m asa prp ria vo z da poca atravs' da qual e na ' qual agir ;S a unio cr iadora do poeta e d o atol' contem porneospoder r esolver dec isivamente o problema do pblico,cuja a tualidade se torna cada vez mais infl am ada . C OIl "sider ando que creio no carter ilimitado da expresso d ra-mtica imediata tanto quanto n a. natu reza irredutvel dapalav ra potica, cr eio no teatr o de amanh que no te r,ouso esperar, n ossas preocu paes, de hoje, t eatro parao qual dev emos desd e j tenta r abrir um caminho . '

    A. M .JULIEN (Frana)

    P en so que no h crise de tea tro . Se h ou vesse crise.ser ia perman en te, pois desd e que n asci ou o falar de crisede' te atro, ouo fal ar de cr ise de autor es e d e r el aesdi fceis ent re dir et or es e ' autor es. Se houve sse de fato

    ' cr ise de teatr o, n o estaramos a.qu i . Se o tea tro n o es-tivesse vi vo, no haveria ho je tantas delegaes para fa larde se us problem as , P en so por ou tro lado, efetivamente.se no h definio estt ica absoluta do teatr o, q ue oteatro vai da, m ari onete a sq uilo, passando po r todos osest il os possvei s , O Tea tro das N aes a prova, po isjamais, no Teatr o das Naes, na esco lha do espetcu lo ,algum coloco u probl emas estticos . I;e ns amos q ue t dasas expresses t ea tr ais devem es tar r ep resentad as nessacena int ernaci on al, sem que h aj a uma definio exata doque convm fazer, do que convm m ostrar , do q uense deve faz er ou ocultar , No plano do probl ema d o atol',penso q ue todo autor , na ho ra atual, digno dssc nome,

    ( ..

  • est m uitas vzes atormen ta do porque , estando abso lutam ente d e ac r do com o que diz Andr ROUSSIN no fatode q u e o dl:"l-matur go se gue a poca e no a precede, oautor d ram t ico n a ho r a atual, di ante das evolues so-cais, da evoluo cientf ica, di an te da busca do. m undo,para ch egar a uma concluso, pois to dos os p r oblemas.lon ge de se r definidos se colocam n o mundo em to dos osp lanos, com uma tal dificuldade, com ta l u rgn cia , que as .solu es ai nda n o es t o pron ta s a apar ecer. Um a coisaentretanto, m e chamou a ateno das experincias quep ude ver a inda ontem . No momen to em que os h om en sda minh a gerao es to com efeito presos- procura deum grande teatro popular de massa. de grandes r eu ni espopula r es , d ia n te de grandes au dinc ias populares, emgrandes plat ias, parece que a nova gerao vai ao con-t r rio n um se ntido absolutamente diferente . Dou comop r ova as exper incias fe itas no s EE . Unid os, na B roadw ay.Tinha como p ro va a extraor dinria d escob erta que fize -m os quando de n osso lt im o exame dos estagirios daUn iversid ade do Teatr o . E o ospetculo que vi on temnum a cidade vizinha , o do grupo de Grotowski . V ai -separ a um teatro, ao contrrio, de elite . A palavra d oprp rio Grotowski, e os joven s que pude ver em P a r isvindos d e t odo s os pase s vo ex a tamen te no m esmo sen-ti do . Um tea tro que possa se desenrolar di ante de u mmximo de {50 es pec ta dores, 200 espectadores c a prescn.tando problemas que so problemas de recusa antes q ueprob lemas de constru o . Isso o res ultado de uma ex-perincia . Quanto ao resto, aparece-me uma segun dacoisa - aue desde o nascimento d sses meios extrao r -di nr ios de difuso, que s o o Rdio, a Tel evi so. os discos .a grand e imprensa , vem de se criar, para le lamente aessa alia cultura que proc ura mo s defender, uma cultura pa .r alela , que se pode chama r de "cultur a massa md ia " , e qu esolicita u m grande nmero de cria do res nossa r evelia .Vendo-se as pginas d e u m a gra nde r evista , admira-se dever talentos de s p e r d i a d o s em pginas public it -rias por desenhista s de muito grande t alento, q u e emlugar de se consagra r em a pesquisa s de cenogramas, t muma facilidade muito m aior de se expr essar, e falo depod er simplesm ent e sa tis fazer sua fo m e, quando sabe-m os que o m tiel' de aut or dram t ico, duran te m ui totempo um m tier difcil e que os eleitos so raros. Muitostalentos so solicitados assim. So solicitado s tambmpela Rdio, p el a Televiso e vi r ecen t em ente na. Fra na.pel a Televiso f rancesa, um film e s bre desen hi stas dedesenhos animados . Ag r upavam -se trs grandes desenhis -tas que haviam consagr ado seu talen to s aventuras deTarzan na. Amrica. Fica va-se adm irado da qualid ade dodesenh o, d a f'r a de ex p resso que sses desenhistas con -segui r am dar s aven turas de Tarzan . No p la n o da esc r it a, a m esm a coisa . ce r to que o n m ero de em isses derdio, de . em isses de tel eviso aue se fa zem no m u nd o,solicitam esc r it ores que muito rpid amente t m a possi-bilidade de se ex pr im irem sem passar pelo difcil ca naldo manuscri to que vai de direto r a di r etor e que, por se rca r o, pode n o ser montado . Da m es ma m aneira para aescrita . certo que n enhum grupo importante, seja grupo

    social ou grupo polt ico, ou gr upo de negcios que conhece a existncia de jov ens tale ntos e n o tenha a idi a-de logo se apropriarem dles . E quando se pensa q ue asreda es dos grandes jornai s empr eg am gran des ta len tospa r a rever o que foi escrito por escrito res, percebe-se .quem u itos talentos podiam se r consagrados a ou tra ativida de.Na hora a tual, h uma grande con fuso e u m a gran -de di sperso de talentos . . Isso m e faz dizer que o teatron o es t para m orrer, porque no conjunto, se se contao aumento da f re q n cia das sal as e o fato que h ca davez mais em todos os pases t ea t r os abertos, e que o es-pao dad o nos jornais ao teatro muito mais largo doque quand o eu tinha 20 anos, o in ter sse pelo t eatr o ao contr r io muito gr ande . P enso que tudo qu e se possatentar d efinir d e an te mo em matr ia de futuro da cria -o teatral profundamente vo . Creio que o tea tro sefaz por si, segundo as ci rcunstncias, segundo o te m po,as necessidades, e da su a nobreza e Ira, e cre io q ue com con fian a que, apesar de t da espcie de destrui-e s, de ge rao em gerao, vem-se as ge r aes que so-bem, p or q ue a s que aparecem d ecepcionam sem p re asq ue de scem , o teatro, ao contrr io, est profunda -mente vivo.

    MICHEL DARD (UneSCO):

    'I'iv e ,o privilgi o de assistir.em Atenas, a um col quio organ izado s bre o espet culod e mass as, que apresen tav a o probl ema das relaes doauto r com a m assa . Recei o que chegue mos a conclusesto pou co prudent es, to n egativa s quan to em Aten as .A palavrn "espet culo de massa " j choca ra e j se haviap ro po sto m ud ar o titulo fa lando de esp et cu lo de grandep latia, Je es pe t culos par a o grande pblico . Era evi-den t e que a pa lavra. "massa " cho cava, que havia a u rnaespcie de sacr ilgio . E ti vem os o curioso espe tculo dea nim ado res de tea tros po pulares que def endiam antes det udo o teatro expe rimen tal. No se t rata de voltar ascos tas ao teatro de en sa io ou ao teatro experi men ta l. Oteatro ex per imen ta l o teatro d e amanh. Mas h 'urnproblema : o p roblema do desenvolvimento da cultura

  • popular , e em lu gar de ter essa impresso errnea de sa-crilgio em relao cultura, dever amos compreenderque o processo da cultura popular um processo feliz e-de resto irreversvel na sociedade democrtica . Assisti-mos, pelo duplo fen meno da industrializao e do en-curtamento das di stncias, cr iao de uma sociedade demassa , dos. camp os m ais longnquos s .gran des cidades,nosso universo se tornou, pela t elevis o." pelo cinema epelo rdio, pelo jornal ~ uma verdadeira concentraourbana ond e se transmitem imediatamente as idias, asmodas, as de scobertas. De sorte qu e se pode diz er que apaisagem mental de um campons se to rnou a paisagemurbana. Por outro lado h um segu ndo fenmeno nessasociedade da ma ssa . Sabemos que o tempo de trabalhoindus tr ial tende a diminuir. De 75 horas h 60 an os, passoua 35 ou 40 nos pases desenvolvidos . Cria-se;' portanto, apossibilidade de uma ativid ad e livr e, d e uma atividadepessoal . Assistimos ao nascimento de uma sociedade, deuma civilizao de laze res . E depois h um terceiro fen -meno a qu e Roussn aludiu . H o desenvolvim en to do sm eios tcnicos, h as grandes salas, os sistemas eletrn-cos, h as possib ilidades de projeo ao me sm o tempoque as possibilidade s d a r epr esenta o viva. Pois bem, opro blema 6 seg uinte: que no fundo , di an te dessas pos-sibilidadcs novas, di an te dsse acesso da sociedade de ma s.sa, diante dsse ap lo da juven tude e dos novos amadoresde teatro, d iante, alm disso, do desenvolvimen to da novatc nica, d iante d sse desenvolvimento de meios imen sos_ os festivais, os grandes teat ro s - ns .n o sabemos comoutil izar sses meios, como en cher 'os quadros e isso qu ecreio ser o gran de pr obl em a pa ra o autor . No h dola do do teatr o exper imental uma possibilida de de comu-nicao com o gran de pblico'? Po rq ue, no fu ndo, o pro-bl ema do autor um probl ema de realaes com o pblico.Ser que no h a possibilid ad e de encont rar pelo m enosformas nova s, seno um contedo n vo? Cr eio que umadas quest es s quais dev em os nos a ter, de modo a, noparecer demasiad o pessimistas, a no par ecer muito tra-dicion ais . .

    "OMAM SZVDLOWSKI (PoI6nla)No sou nem auto r nem espectador, sou apenas cr t

    coo Como posso ento ousa r tomar a palavra nesta discussocujo objeto versa sbre a atitude do auto r em re lao aOespec tador de nossos tempos.

    Ouso contudo faz-lo por que so u crtico. Ora , o cr -tico 'a intermedirio entre o escrito r e o pblico . le e deveria ser espec tad or . um espe ctador, um pouco maisinicia do que os outros, mai s sensvel, dispondo de uma 1JOS ~s bil da de de comparao mais ric a e de uma ' exp erinciaprofis sional , saben do formular com mais preciso o qu epensam os milhares de espectadores de quem o ma nd a-

    . ~

    t rio. E, ao mesmo te mpo ; le escritor e deveria ser eS-critor.Pen sa s vzes que pode escrever uma pea melhorque o autor. Acontece que muitas ent re ns no po dem maissuportar sse est ad o de coisas e se decidem a provar qu eles prprios so capa zes de escrever uma pe a melhorque o autor cr itic ado. O que mais engraado que hum que conseguiu: Geor ge Bernard Shaw.

    Mas vamo s aos fatos. Que posso exigir dos f'~- ~eu o ecpectadcr , o espec tador consciente, aqule que sabeo que quer? Eu um dos' milhes de especta dores, o amigodos espectadores e seu mandat ri o por minha prpria von-tade, tenho o' direito de .exigir do s autores que ' les escre-vam peas divertidas. Os espectadore s odeiam acima detudo aquilo que aborr ece , No vm ao teatro para ouvirsermes, e cada vez mais r aramente para chorar. Tm l-grimas demai s na sua vida . Querem ri r , se r elaxar ap s oduro lab or da vid a cotidiana, Ento a comdia que lesexige m. Autores de nosso tempo! Escrevam mais com-dias! No fa rsas nem ' peas bur lescas est pidas, m as co-mdi as. Por que os espec tadores querem r ir e pensar aomesmo tempo. Quer em que o te atro lhes ens ine al gumacoisa de sensa to. Querem se divertir apre ndendo . e apr en-der se diver tindo. Duerrenmatt notou muito bem que hj multe tempo q ue os m onarcas amadureceram para a C0mdi a, e que hoj e so os sb ios que amadureceram. Omundo nteir o, che io de contradies e de paradoxos', tr.gi-crnigo. O teatro pode facilitar sua compreenso, expli-cal' muito, uma vez que O ri so libera do dom nio do terrore do pesa delo. O r iso a auto-defesa do homem contem-porneo, um r elax para seus nervos extremamente tensose min ad os. Sem o r iso, um mundo sbreo qual paira aa meaa de uma guerra at mica, a ameaa de extermniototal, seria insu por tvel. .

    O divertimento e o ensinamento - eis o qu e exigimosdo autores contempor n eos em nome dos especta dor es denossos te mpos. E ainda no tudo . pr eciso dizer clar a-mente o que m ais diver te o espectador de hoje, que ensi-namento lhe ag radaria mais. O espectador contemporneoquer que, da cena, lh e fa lem de seus problemas mora is.polt icos, ticos. Quer ver no palco personagens como leprpr io ou como seus semelhantes, seus contemporneos,homens politcos. hom en s de Es tado. s bios , ar tistas, aqu-les que detm nas mos sua prpria sorte e a do mun do.Quer r eencontrar no teatr o os pr oblemas que so sua vida.E ao mesmo tempo quer que lhe mostr em sses problemassob um ngulo diferente, af im de que possa v-los me lhore mais distintamente. que possa com preend -los. Tambmn o quer - nem ba nalidades nem detalhes naturalista s.Prefere os ac ontecimento s vivos, as sit uaes vivas que,com o um refl etor. iluminam a essncia e fundo do prcnle-ma. Ama a poe sia, m esmo as palavra s sublimes que a lie .nam o pro blema. .

    Vivemos nu ma poca cientfica . Deve-se es tudar o g s-to e a s nece ssidades do espectador. o bser vem a que pontoos acontecimentos sensaciona is o impressionam, com queprazer lm os gr andes processos, os rom anc es policiai",com que prazer vem no cine ma e na televiso os esp et -culos apa vora ntes, No tenham m do de aproveit ar os- 11l~-

    t ..

  • todos e meios de ou tros g ne ros li t errios. Tda s s me-.. ~ didas tt cas servem para ganha r o espect ador contempo-

    rneo cansado, para a trair sua a te no. Vejam como Due r-re nmatt se to rnou mestre no ernpr go do esquema roman-ceado das peas e dos rom an ces polic ia is. Estudem as ca u-sas do sucesso dos mus icais e do jazz, int rod uzam nas pe-as as ca nes e mel odi as f ceis de guardar, como fzBrecht em SUa Opera dos quatro tost es. Observem os mi-lha r es de espectadores nos es tdios e no esque am nun ca .que para o homem contemporneo a prpria luta apaixo-nante. No se poderia introduzi-la na cen a ? No se pod eriadespertar nos espec ta dores de teatro um entus iasmo se me-lha nte que le qu e desperta a ex ploso de loucura nos est dos? A cultura de ma ssa no um a frase vaz ia.

    Tambm aqu le qu e es t int ere ssado em no rompe':os la os com o espectador, deve levar em con ta os el ementos que a compem . No h na da de ne gativo na culturado povo .

    Escritor es! Ajudem o tea tr o na lu ta dif cil conto atelevso. Escrevam pe as exp erim en tais , de avant -garde:aperfei oem SUa tcn ica . Mas no se es que am que a SOrtedo te atro se decidir nos gr a ndes cen as a onde vo milh ares de espectadores e no apenas a lguns eleit os . Din a oteatro essa gra nde cha nce que um cspet culo contempo-rn eo colorido e r ico, potico e popular a o mesm o tempo,um espetculo que por ma gia al guma possa se r criad o ne mpela televiso. com seu pequ eno vdeo branco-pr eto. nempelo filme panormico com suas c res artific a is, con ven-cionais . Escrevam os roteiros d sses espet culos, escrevampea s para o te atro popular de Pla nchon e de Strchler ,para J oan L ttl ewocd e Vilar, para Okhlopkov e Tov ston-gov , para Dejmek. Soment e o repertrio cl ssico no bas -ta para fazer viver o t ea tr o. No re per tr io do tea tro po-pular, esperana do teatro de no sso t empo, h lugar no

    . s para squilo, Sfocles , Euriped es, Ari stfanes, Shakes-peare, Lope de Vega , Moli re, CorneIle, Goldoni, Gozzi,Gogo l e Ostrowsk; mas tambm para os escritores con-te mpo r neos: para Brecht e Mai akowski, Sean O'Ca sey cD~rrenmat. Frisch e Kruczkowski , Ionesco, Ar bo uzov eDrda. Vilar provou em Avinho qu e, no pti o do Castelodos Pa pas, podia-se representar t o be m Shakesp eare eRacine quanto l\Iere Cc urage de Br echt, Sej am cor a josos!Apresent em os probl ema s mai s difceis do mundo atual.Os confl ito s tr gjcos e tr ag -c micos el e nossa poca n oapresentam os melhores temas ao dr amaturgo? A farsatrgica do ministro Profurn o no se ins inu a pena do co-medigrafo? A imprensa no fornece dirt am entc informa-es sbrc acontecimentos que so um en r do de rorna nccpr eparad o para um a utor de ta lento ? O teatr o no podese desen volv er se m nova s pecas, No pensem somente 11')la bor a trio da cen a exper imen ta l; no esque am a produ -o para a ma ssa, a pr oduo boa e de a lt a qu alid ad e, s ba, Jnstrut.iva, divertida , con te mpornea c moderna. a C/lI': 'ensi na a pensa r segun do as ca tegorias de nossa poca, oteatro da era a tm ica .

    (L I) T~latrc cu I ' ul ugn c , O/10/G;;)

  • o auorde hOJe p eranie pbi d e no'!,vi';o t em p o : Problerna~ da~ rel ae~nOvas a esi a b e lece,' e n tre c, a u t o r e o pblico AN :: t'{E R OUSSIN

    Estando incumbido de apresentar ste debate, pareceme bom tentar precisar, de inci o, a s rela es con st antesque ex istiram entre o autor e o pblico ; da man eira ama is gera l e em tod os os tem pos.

    Gostaria de lhes citar trs ou qu atro cas os de r evolr -o na dram aturgia , exami nar sses casos , ver as posi esdo a uto r e do pblico em ca da poca e ten tar t ir ar umaconcluso que ser, me pa r ece, a ba se ds te deb a te.

    No in cio das "Eum nidas", a terceira da s tr a gdiasque compem a ex traordn r a Ores tia de squilo, v cm-se :::' s F r ias qu e, a ngu cad as p 21:l pcrsegui r.o de Crestes. adormecem. Surge a sombra ue Cu te rn nes tr a qu e ve.,lpe dir vingana e que desperta as Frias. Es tas se erg uemum a a um a , at a 15.a e o lexicgr a fo Po lux relata ' que c:efeito de terror pr odu zido par sse j go de ce na foi togr a nde que a s mulheres grvida s abortara m e a s crian asmorrer am, de tal modo que os ma gistrados se reun.rarn edecid ira m proibi r pa ra o futuro a um homem to dot adopara o efeito dramti co de utiliza r todos os seus do ns. Nofoi o desp ertar das Fr ias em r elao sor te de Or est esque produziu tal emoo no pblico de s quilo, no fo i ai nquetao de sa ber se Apolo, que ordenara o cri me deCl ternnestra, ia agora abandonar Orestes , o que pori a emca usa a moralidade d sse deus (o qu e precisamente nopod ia ser ) - fo i a viso da s F rias sa indo de se u sonocom uma I r a de evocao que fazia sse despertar se rne -Ihan t:e a o despertar de um ba ndo de a nimais selva gens ; "foi uma em oo de orde m est t .ca , e o cvn selho dos ma -g.s tr ados no censurou a obra do dramaturgo, que ro dizer.o text o e os pensam en to s do a utor, ma s conc ordou qu e umtal ' tal ento de sugesto apresen tava um perigo pa ra aS es-pectadoras grv idas e que era convenien te velar pela or-dem pblica ... Escolhoste exe mplo porque perte nce ao tempo mais

    a ntigo do teatro e tra ta do mai s poderoso e do mais original dos poet as dramticos , po is .que co m le t udo foi dit oe que Eur pe des e Sfocles r etomaro seus te mas.

    O inovad or sq uilo, o r evolu cionri o, no pr et en deutraze r inova es num plano que no fsse s de teatro . ()teatro na sceu pela fr a de seu g nio po tico, ma s no na s-cer am idias susce tve is de modifi ca r as conce pes de seupblico s bre a vida e a morte e s bre o sentido do desti-no 'humano.

    Quando o j ovem Corne ille, com trin ta a nos , fz repre-sen ta r Le Cid, uma disp ut a se de u. No s bre a s idiasqu e Corn eill e trazia cena , ma.s sbre um a qu est o deplgio, no sbre os pensam en tos do autor , mas sbre ossenti mentos de sua heron a, .sbre a atitude de Chirnene.filha desnaturada qu e continuav a a a ma r aqule que ma -tara se u pai.

    E is a bat alha do Cid . E la no tem por obj e :o um aconcepo do mundo que va i a lterar a poca: Corn eillefz apenas uma r evoluo na a o dramtica; a part.e d -le e durante c rca de doi s sc ulos , ela se torna uma "a ointer ior" le no nos prend e mai s ao s acontecimentos, ma s inquietude e s dec ises das almas.

    vejamos o retrato de Racine por Giraudoux:" ... De todos- os gra ndes problemas que o movimento

    dos es pir itcs, ou as circuns tnci as ou srnplesm ents a mo-da apresenta sua poca, no some nte Racine no se ins -pi ro. nele s nem dex ., um s ating ir sua v da inter ior . Tan-to que, a crescenta Gira udoux, "a a o tr gica s co nsistu .des de o nascimen to da tragdia, em projetar a fa ta lidadesbre um ser escol hido".

    Assim, para Ra cin e, a coisa pa r ece compreensvel : leno est comprcrnettdo com o s culo; 21e no se pr eocup ade for ma a lguma com os possveis probl em a s ent re o s .culo e sua obra .

    Quem diz pr oblema de um a poca (ou 'mudana daordem in telectua l do mun do" ) diz ele me nto n vo que venh a modificar as noes ou as condies de vida a t en -to ace it as, e cr ia ndo novas quest es qu anto mora l e ,'Imet af sica. Ora, o pr obl ema criado por uma obr a teatralque traz em' si ele mentos pirot cn cc s (e pen so em co rn -dias : "Ta r tuf'o". ou "Le Marasn de Figaro" ) nunca umpr ob lema de ti ca ou d e met afsi ca .

    Tda a que sto de sa be r se aceit a ou no a s mani-I es ta es a favor ou contra - que susci ta r essa pea.

    Um a pea que inova , uma pe a que abre nova s vias Iorndo dom n io esttico, no peri gosa, no coloca pr oblema ,porque no ter sucesso a lgum. Na .ordern do pensament o,os r evo lucionrios no se exprime m por meio do teatro.ma s cio li vro e pr eci so tempo para qu e su as .rJia3 a unjarn a massa. no dia em qu e .essa s vid ias a at ingem eque .o pbli co comea a se r impregnado qu e surge o a utor.dram ti co e com le O perigo . p orque ? Porque em . lugar

    t :

  • .' J de . agir isolad am ente s bre o leitor , o homem rie teatro 'reune uma massa em r eci nto fechad o e. desenvolve di anf edela as' verdades que j estavam em seu espri to e 110 seucorao. Urna massa s aplaude aquilo que j conhece, sse entusiasma pelas verdades que so aS suas prprias.

    O homem de teatro ideal aqu le que sente o maisjustamente o que sua poca pensa confusamente e que dde repente a sse pen samento ainda mal formulado, masj adulto, uma expresso clara em que cada um OUve asfrases que gostar ia le prprio de dizer.

    Quando o re da Frana escreveu que, para represen-tar "Le Mariage de Figaro", era preciso comecar por der-rubar a Bastilha, estamos a alguns anos de 1789. - "Por- 'que sois um grande senhor, acreditais ser um grande g-nio!" "Nobr eza ! Fortuna, posio, postos; tudo isso paraalgum se orgulhar! Que fizestes para obter tanto? Apenastivestes o trabalho de nascer!" ::;ob Luis XIV, essa frasede Figaro no teria apr esenta do propriamente perigo -seria simplesmente impensvel porque indecente - da mes-ma forma que todo ataque monarquia absoluta, porquesse ataque no teria correspondido ao pen samento deningum. Sob Luis XIV, a fala de Egaro nem tera vindoao esp r-ito dum autor, e dita - seria uma incongruncia.

    Mas quando F garo lana essa fala em 1784, isso eragrave porque o pblico correu para aplaudir. Nessa datae j de muito tempo, as id ias dos filsofos germinavamnos esp rltos. Ouam o que escrevia Rousseau VInte e doisanos antes: "Quando todo o povo estatue s bre todo o po.vo, le s pensa em si mesmo. Ento, a matria s bre aqual se estatue geral como a vontade que a estabelece.; a sse ato que eu chamo de lei. "

    Se o pblico de 1784 tinha chance de se inflamar ou-vindo F garo, porque estava saturado de um petrleocom que os filsofos o regavam havia muitos anos. O"Contrato Social " da tava de 1762, antes do "Barbeir o deSevilha" e da primelra apario do Ftgaro, Rousseau eseus companheiros eram o pensamento da Revoluo, B e-aumarchais, o genia l insuflador das "idias no ar ".

    Chegamos portanto a eSSa concluso: uma poca lite-rria jamais comea pelo teatro, mas acaba com le, e na-da de importante na marcha do pensamento surge do tea-tro, mas termina no teatro, que o lugar aonde semprese vai escu tar o que j se sab e e-. que se espera ouvir. O[ go do teatro no descobrir i~dias novas, ma s despertarentusia smos, delrio ' pelos personagens ou pelos valoresque se reconhecem verdadeiros e cuja ilustrao se acl a-ma .

    Ei s a , historicamente, as posies respectivas' do au-tor e do pblico, e no terei me alongado muito se, aofim desta exposio gera l, os se nhores adota r em a minhaconcluso, isto , nunca houv e, propriam ente falando, pro-blemas autor e p blico, porque o teatro o microcosmo deque fala Giraudoux, porque o lugar 'onde a poca se r e-flete e no aqu le onde uma poca se prepara, pois quan-do se toma a palavra no teatro, tudo j foi dito . Moral,met afsica , sociologia e poltica tm out ras tribunas. O au-tor dramtico no aqule que constro barricadas, masaqu le que pr .mero ai planta uma bande.ra e provoca osaplausos . da ma ssa. Ou de outra maneira, o autor nunca

    teve seno um problem a . Quan do sua pea no faz suc sso,compr eender porque no est na Ial xn de. ondas de sua .poca . Esta concluso deve servir de trampolim ii t daaasquestes e alltes~de tud o ii seguinte: Em que as colsas ho-je so diferentes? E preciso que o sejam, visto comotrinta e dois Centros escolheram como objeto de estudo"o problema das relaes novas a serem estabelecidas eu -tre o autor e o pblico".

    - Rdio? Televiso ? Automvel? Vespa? So stes osdados do problema? Vastos auditrios? Teatro educativo"Ou so estas questes que nos levaro ao problema? Acre-ditaria antes que n ess n dre o que preciso pesquisar,pois que se trata de relaes novas entre o autor e o p-blico . So stes os t rmos do texto que me submeteram. Eaqui creio que devemos indagar. Se se trata de relaesa estabelecer entre pblico e autor, ento que essas re la es de fato ' no existem, naturalmente, e que se trata deum programa no qual autor e pblico tm papis novos.Ento surge imediatamente um segundo problema. Noestaremos criando artifidalmente um problema, onde leno deveria existir. H um programa. De que se trata exa -tamente? Creio 'compreender que se trataria de novos de -veres do autor para com um pblico nvo e macio. Ou,dito de outra maneira, a concepo atual de um teatro pa-ra grande pblico, com grande platia destinada a um pu-bllco e a um repertrio cultural, constituiria o elementon vn da mudana de relaes existentes at aqui entre oautor e o pblico. A est Q ponto central de nosso de-bate. E isso gera trs questes:

    - a do teatro em si- a do autor- a do p blico,Decde-se que o teatro deve ser dado s massas e a

    massas que at ento ignoravam o teatro e constroem-seaudt ros enormes destinados a sse pblico. Muito bem.Temos o teatro, temos trinta metros de b ca de cena, umelenco de 40 at res e uma sala ,de 1.500 a 2.000 lugares.Instala o eletr nica , tr s cena s gtr a tr ias e uma grandeequipe tcnica. Um problema se apresenta ento: que va -mos representar? Shakespeare, naturalmente, porque comle estamos certos de no haver engano. Em seguida re .presenta-se -Brcht, que escreveu um teatro que correspon-de tcnica shakespeariana e COm o qual, pelo menos atu-almente. no haver engano tambm. Em seguida represen-ta- se Shakespeare de nvo e depois Brecht, para os quaisforam construidos os trinta metros de b ca , as instalaeseletr ncas e contratados os 40 atres. Pode-se levar tam-bm squilo ou Sfocles, Ari stfanes e procura-se o autormoderno que tenha a poesia de Shakespeare, a ideologiade Brecht, o senso trgico de squilo, o humor satri-co deAristfanes. E no se encontr a . Ento, remontam-se Sha-kesp eare, Brecht, squilo e Aristfanes e diz-se: h pro-blem a de autor.

    No, creio que h um problema de dretor para aqu -les que tm um instrumento que s prprio para montaras grandes peras sem msica e que por isso mesmo seproibe todo um repertrio de obras-primas, quer se tra-te de Mar vaux, de Musset , de Shaw. de Tchekov ou de Pi -randelo, Mas o problema do autor est, entretanto, ligado

  • a ssc pr oblema dircto r ia l (que um problem a ' de platia )e e-Io, Dr-se- a um autor que escreva. uma pea paradois mil especta dore s, para uma cena de 30 ms. de bca cpara 40 a t rcs - al m disso a pea deve ser nacionalista,cultural, socia l, edu eatzva, popular e capaz de satisfazertambm a "intelligents a " internacional... Isso difcil enesse ponto- estou certo que h um verdadeiro problemapara o autor, que escrever uma pea nessas condies!Porque o inverso da marcha normal das coisas, o autorescrevendo a pea que seu gnio lhe inspz-a e fazendo-arepresentar em seguida nos quadros que melhor convenham obra. No se v tambm que o autor, colocado diantedesses imperativos (se o infeliz conseguir algum dia es-crever a pea), se torna um fabrican te. O que se cond enaaos autores baixam ente comerciais , isto , os meios deagradar de qualquer maneira ao pblico, o que se va ipedir. Sob pretextos nobres, sem dvida, mas o resultadoser o mesmo. Pede-se que agrade em funo de todos s ses imperativos. No se pedir (de maneira algum a) queseja chocante. Ora , qual a utor jamais ' escreve u para oteatro sem ter antes sentido por onde iria se afirmar cmnome de uma idia ou de um conceito que o seu contrauma parte do pblico?

    Quando . um autor dramtico aceita um risco peranteuma grande parte do pblico, que le digno dsse no-me. E lhe deixam essa oportunidade? Eis a a segunda

    o Nvo Teatro ~ Teatro Hoje - RealismoJorge Lavelli

    o r ealismo em tea tr o terminou seu ciclo . Dentro embreve le ser to insuportvel quanto o romantism o napoca em que o homem de scobria a mquina, a ve locida -de , os horrios dos trens . Nossa poca feita de aluci na-es e de sonhos; de irrealidades terrivelm ente poderosas.Ns criamos, f r a de ser realistas, um nvo misticism o,um a esp cie de apol ogia do Real qu e nos ultrapassa .

    Ser que ainda somos to ingnuos pa ra acreditar na"Emoo", tal como tem sido conc ebida e realizada pejapoca, do realismo ? Teremos a ambio de poder captar,no teatro, acontecimentos que as t cnicas - cinema, rdio.televi so - nos do em alguns minutos? Dentro de umar ealidade to ofegante e to perturbad ora quanto a nossa ,qu e pode o teat r o t razer de mai s for te, de mai s violentono domni o emocio nal do que a. crnica cotidiana?

    O n vo teatro te m um longo caminho a percorrer:exige meios de express o m odernos, um sent ido atual daemoo C' ar qu iva men to obrigat r io da s an tigas I rrn ul as.

    (J'h tre, n.? 51 - 15-1-64) .

    .:....

    - questo que aprese nto ao~ debate. --' -- -,'A tercei ra a do pblico . Queremos um pblico jovem,

    queremo-lo vasto e levamo-lo ao teatro numa espcie decoma ndos culturais. Mas a cultura no feita de .uma es-colha constante? Um pblico s um verdadeiro pblicoquando feito de pe ssoas de tdas as condi es e espcie,vindos cada um por g sto e s vzes mesmo por um g stodiferente. O que acho perigoso para todo mundo que '1.500 mos e m as no faam na platia nada mais queum par de olhos e um par de ouvidos, isto , um pblicoadquirido de antemo, porque dirigido, educado, habituadoa s ver um tipo de espet culo fora do qual lhe ter sidodito que no haver salvao . que o teatro' deve ser issoe no outra coisa, quando o -teatro' ' sem pre ' isso e .outracoisa . Penso que teatro so tdas as formas de teatro. quele s existe verdadeiramente "na sua multiplicidade e que um grande perigo para a cultura amput-lo, em nome dacultura, de uma grande parte de suas obras-primas, a pre-texto de que no convm . ma ssa e aos quadros dentrodos qua is essa massa est re unida . . .. Eis a as que st es principai s sbre as qu ai s, creio , sepode comear uma discusso . H vinte outras mais . Masos senhores aS apresentaro. Procurei apresentar-lhes es-tas, que me parecem importantes. Se as respostas estopres-tes a vir, no falte i; minha finalidade . Res ta -me agrade-cer por me terem escutado tanto tempo.

    ", '

    t ..

  • No congresso de edimburgo: posio dg autor

    ....

    " rbara He llodora

    Trs foram os principai s asp ect osque tomou o debate no dia dedicad oao nosso assunto de hoje: o da posi .o do autor, isto , se deve o autorescr ever tendo em vista um p bliconacional ou internacional; o da. di fe-re na en tre nacional e nacion alista eentre nacion al e '. r egion al ; e o dastradues e possib ili da des de ser emintegralmente compreendidas em ou-tros pases obras que r etratam con -di es caracterst icas de u m det er m i-[lado povo, lngua, sociedade . De m o-do geral , preciso dizer que foi u n ..n ime o apoio da tese de KennethTynan de que no mundo contem po-r neo qualquer forma d ar te quequeira fi car pr sa a um mbito estr i-tamente nacionalista, n o sentido maisestreito da palavra, est fadado aodesaparecim en to. Concordando comessa p osio, ns defendemos uma di -ferenciao entre o nacional e o na-cionalista, segundo a qual o n acion a-lista seria um t eatro prso a apar n,cias e regionalismos, enquanto que onacional seria aqule teatro que r e-fletisse com tanta autenticidad e e cla-reza um det er m inado ambiente oupas (o do a utor) qu e a obra resul-tanta poderia .ser compreendida emtrmos teatrais p or platias de qual-quer outro pas .

    Uma das melhores contribuies s-bre o problema do nacionalism o foia do autor ni geri ano W ole Soyi nk a ,que atacou o problema por d ois la .dos: denuncia va ao m esmo t empo onacionalism o m esquinho que ca racte-riza muitos ambientes de pa ses sub -desenvolvidos (queixando-se de quena Nigria qualquer pea que no fazuso de m scaras acusada de ant i-patritica) e da lamentvel posi o

    dos pases j desenvolvidos que, viade regra, no t m intersse pela obrade arte pura e sim ples de um artist ade ' pas subdesenvolvido, interessan .do-se apenas por aquilo que defi ni ucomo extico.

    Bastaria , para comprovar o p onto-de-vi sta de Sovinka, o e terno inter s-se do Teatro das Naes para que doBrasil seja enviado quele um espe-tculo de macumba, e seu desintc r s-se por .tudo o mais.

    Vale a pena notar que' os maioresdefensores do internacion alismo notea tro foram os ngl ses, ist o , aou -les que so donos da mais vast a lite-r a tura dramtica nacional. J os ir-landeses e escosseses apresentarampo ntos-de-vista m uito mais r egionai s,muito embora. Dom inic Behan t enhabrilhantemente dem onstrado aue ofamoso Abbey Theatre de Dublin te_,nha sido realmente bom auando noera n acionalista. tendo deca do quan -do t ornou-se tal. contrariando a t esede Jim Fitzgerald, tambm irlands,que grit ava. muito mas argumentavaDOUCO . Do probl ema do panorama In-t ernacional do teatro fal ou com a ela -r eza de sem pre Ma x Frisch, que lem-bro u a grave sit uao do autor aueno escrev ia em n enhuma das pr tn ,cipais Ing uas do Ocid en te e cujaobra ficava portanto relegada a u minevitvel desconhecimen to . DeclarouFrisch que a Rockefeller Fou nda tiono havia convidado a suger ir um cam-po no qual pudesse r ealizar al gumt rabalho para o teatro e que gos tariade sugerir a organizao de um cen-t ro in ternacional de tradues . P orin t er mdio de um movim ento coord e-nado p elo s r anresentantes do Brasi l,da Nia ri a e da J am aica f oi levado vo tao uma proposta em que o Con-

    grosso de Edimburgo jun tava a suavoz a de Ma x Fr'isch em sua suges-t o Ro ckefeller Foundation, propos,ta essa que fo i apr ovada p or unani-mi dad e.

    Tradues - Ao ser tratado o pro-blema das tradues, fo ram lar ga-mente debatidos dois ,pontos: quantode uma obra cheg a atingir um p-blico quando j fo i traduzida para ou -tra lngua e deve ser apresentada aum pblico que por v zes desconheceas circ unstncias determ inan tes de ,uma a o, e se devem as traduesse r feitas por .tradutores q ue se man otm neutros e di scretos, servindo ape-nas o texto original da melhor formapossvel, ou se devem ser entreg uesa artistas criadores por s eu prprio.direito , que procurariam recriar aobra com fidelidade total ao seu es-prit o m as deixando sua prpria mar-ca ; es tas , claro, so questes aber-t as, interessantes mas sem possvelsoluo defin iti va .

    O nacionalismo foi , talvez, o tem am ais interessante e produti vo el e tod oo Congresso Internacional de Dramaem Edimburgo.

    (Do Jornal do Brasil ) .

  • no brasil: o Autor nacional

    CLEIIERI RlIIEIEIRO FEflNANPES

    At o momento, apesar de t das as crt icas - justifi-cadas ou no - que possam ser feitas, a verdade que oautor nacional deve o seu desenvolvimento, ai nda que re-tice nte e tortuoso, iniciativa priva da . Tm sido as em-pr sas particulares que , mediante ridculas subvenes.quase sempre distribuidas ao acaso e sem nenhuma obed i-ncia a um critrio cultural def n 'I o , ou mesmo sem ' qual -quer a uxlio, tm-se ocupado da difcil empreitada de abrircaminho para os nossos autores. Pode-se dizer que , nes tamisso, os empresrios jamais abriram mo de seus nte-r sses particulares para sedimentar esta ou aquela expe-rincia autoral. Mas porque haveriam de faz-lo? Nenhuma emprsa tea tr al bra sileira , nem mesmo as ,m ais pr s-peras, est em condi es de se lanar aventura sem ar r iscar a sua prpria sobrevivnci a. Por mais dura que seja a realidade, por que no sacrificar um espetculo, mes-mo quando, no caso de um texto nacional , representa para.o autor uma rara e quase ~mprovvel oportunidade, se dis-so depende l odo o re sultado de ano s de esf'ro por pa r-te da companhia, esfro sse quase sempre escassamentcrecompensado? O exemplo mais flagrante dste estado decoisas foi o insucesso de O Cristo Proclamad o, pelo Teatrodos Sete . A companhia no poupou esforos .para encen-la , 'a pesar da discordncia de opinio em trno do espet -culo , e ningum poder negar que a iniciativa se const .tu iunuma das experincias mais fecundas a que temos assisti -do.' Mas quem se benefic iou dela no plano mais im ediato?A companhia perdeu dinheiro. teve de recorrer a expedi-entes desespe rado s para no ir fal ncia . o pblico notomou conhecimento do es pet culo. e, quanto ao a utor -pondo de lado a experincia .que. por certo. benef.ciou oseu ar tesa na to - ter depois disso, que. esperar paci entemente por uma nova ~port ll nidade , que lhe ser' dada ouno. Mesmo .prcmiado muito j ustamente como li melho r

    auto r do an o, ningum poder prever, se no fore m modi-ficados os padres vigentes , qua l ser o destino das pr x -mas peas de Francisco Pereira da Silva .

    Assim, o autor nacional se v obstado em seu desen-volvimento natural por circunstncias cuja superao nodepende abso lutamente dle . Mesmo que, pessoalmente, leno participe da mentalidade que considera o sucesso ou .ofracasso imediato como o ltimo fim de seus esforos;mesmo que le admita que , num determinado perodo deseu aprendizado , um sucesso retumbante talvez lhe seja,em ltima anlise, menos proveitoso do que um res ultadomais discreto. no pode le deixar de considerar o fato deque as oportunidades de testar publicamente seu trabalhoesto ligadas a um sistema. ba seado em princpios que lhe

    . repugnam. Assim, s muito ra ramente a . trajetria pbli cade um autor brasil eiro vem corresponder s suas convie-es mais ntimas. Se le um autor de sucesso, precisono desperdiar as oportunidades que naturalmente apa-recem durante a sua hora. Neste caso , as aparncias seencarregam de caract erizar o oportunist a . Ao contrrio.aps uma experi ncia malo grada, re sta aO autor retirar -se momentneamente da arena at que o ma l gro seja cs-quec ido , e transferir os seus esforos para o cha mado tra-balho de gabinete, a t que a sua nova produo possa vera luz do dia . sem mai ores preconceitos. Neste caso. temos ognio incompreendido que pretende pairar s bre o comumdos ' mortais. Em ambos os casos . as aparncias levam 8.um enga no. Por outro lado . no que consider emos o au-tor nacional uma vtima indefesa de um r egime ins ti tudomaliciosam en te pelos empres rios. No se trat a disso. Aoque tud o indica, o teatro brasileiro foi vti ma. nestes lt -mus anos, do mesmo processo desagregador que. em deter-minado mom ent o do cha ma do desenvolvimento, ame aa :1. (prpri a estrutura do rg o em desenvolvimento. .

  • situao do autor nacional.. ;

    Comentando ar tigp do sr . Osman Ln s. publicado emSo Paulo, diz Ian Mchalsk :

    No nos parece, em abs oluto , que os melhores autoresbrasileiros estejam a ponto de silencia r, como afirma odramaturgo. Ao que nos consta, Os nossos principais escr-tores dramticos, como Jorge Andrade, Francisco Pereir ada Silva Gianfrancesco Guarnieri , Nelson Rodrigues, Au -gusto Boal, Dias Gomes, etc. . continuam trabalhando e sa-bem perfeitamente que suas nova s pe as sero infalivel -mente encenadas C a no ser, claro, que. no atinja m onvel ao qual les nos habrtuaram ou que exijam umamontagem excepcionalmente difcil ou dispendiosa) . 'I'ern osmesmo o caso de Vereda da Salvao, de 'J orge Andra-de, pea escrita. h alguns anos, que at agora. no foi en-cenada, por causa das ' grandes dificuldades que apresen-ta; e que est sendo ensaiada justamente agora pelo. Tea-tro Brasileiro de Comdia. Se realmente alguns escritoresimportantes, como por exemplo Milor Fernandes, AntomoCallado e principalmente Ariano Suassuna no tm apare-cldo ultimamente no cenrio teatral brasileiro, no acredi .tamos, em absoluto que les no estejam mais escrevendopor terem perdido' a esperana de que suas pe as poderi-am ser apresentadas.

    O que acontece, na realidade - e aqui que re side-a pssvel culpa dos empresrios - a comercializaocada vez mais completa do repertrio dos nossos teatros.Surpreende-nos, realmente, que o sr. Osm Lins tenha dei-xado de perceber e de mencionar no seu artigo sse fatoto bvio e to essencial. evidente que os responsveispelo repertrio da s companhia s teatrais es to dando um apreferncia cada vez mai s marcada a textos que , quer porcertas caractersticas do seu contedo, quer pela r eputa -o do autor, representam a garantia de um a bilhet eriacompensadora . Temos certeza de que, sempre que o sr .Pedro ' Bloch. pOr exe mplo, tiver uma nova pea pronta,encontra r imediatam ente vr ios empresr ios dispo stos 8-encen-la, se m per gun tar em pela ideo logia e pe lo "e ngaja -mento" do autor, nem pelo ta ma nho ou pela qual i dade dosnap s que cabero aos interpre te s pri ncipais da compa-nhia. O prprio sr . Osm Lins teve, al is, um a pea dosua autoria, in titulada A Idade dos Homens (pea que n oconhecemos ma s que, pelo que sa bemos de fontes fid ed ig-nas, constituia uma nti da concesso a o gne ro "co mercia!")re cen temente encenada em So P aulo pela Companhia N i-dia Licia.

    De qualquer modo, acr editamos firmcmen te que oC1U11PO continua ab er to aos bons a uto res br asil eirosa inda mais nu a tual situa o do cmb io, que torn a o -va -

    loir das peas estrangeiras prticamente inacessvel maioria dos grupos - e que o grande problema contnua.sendo a. falta de talentos, a falta de boas peas, muitomais do que a falta de oportunidades de encena o. Nosnossos contatos com os dirigentes de vrias companhias,sentimos sempre um sincero in ter sse por novos e bon stextos naciona is, embora no ~sento, freqente mente, deum certo cetcsmo. Ali s porque motivo es tar ia m tantascompanhias tomando a iniciativa de instituir concursos depeas, se no pretendessem realmente aproveitar as obrasde qualjdade que possam aparecer nesses certames ou se .[a . se dispusessem de uma quantidade suficiente de textosbr asileiros enc en veis? Sabemos, todavia, que na grandemaioria dos concursos, so rarssimas as peas enviadascujo nvel possa ju stificar uma enc en ao por um grupoprofissional.

    Para terminar: queremos chamar a aten o do sr. Os-m Lns para a excepcional oportunidade que acaba desurg ir para os autores dramticos naciona is: o Concursode Peas do Servio Na ciona l de Teatro, com importantesprmios em dinheiro e com garantia ( e financiamento )para a publca o e a montagem dos textos classificadosnos primeiros lugares. sse concurso - que ' nos pareceser, talvez, a mais louvvel inc iativa jamais tornada peloSNT - dever em princpio ser r epetido todos os anos.Portanto, os nossos melhores autores, que estariam a pon-to de sile ncia r , j tm, pelo menos, um sr io estmulo parpersistirem nas suas ativ idades.

    (Do Jornal do Brasil, 6/216,1)

    Autor: Ponto de Partid.a Gianni Ratto

    Existe uma cri se de autor es, poi s senti mos aausncia de um autor que exponha , no o problemade uma determinada ca tegor ia (como h muitos ho -je) , de um det erminado grupo , mas uma drama dahum a nidade, no no senti do nacional, limitado, masuniversal. Po rq ue do a utor que emana m as arquite-turas teatrais. Uma ressurreio do teatro vir dosauto re s. A cr ise do pblico ligada do a utor . Hojepodemos afirmar que o teatro deixou de ser uma. co-participao p blico -autor, o que re almente . o tea-troo O tea tro a que hoj e assistimos corresponde ao .teatro de um a sociedade que foi destruda com a H~volu o .F r a ncesa . No . h mais um di logo en tre oa uto r c a platia . .

    l.

  • PARA ,O ATO~

    Fala Meyerhold

    (Observaes anotadas durante os lrmos cinco anos devida de MEYERHOLD, nelo seu assistente, Alexander

    Gladkov)

    Foi Tchekov que disse: se, no pr imeiro ato , um rifleest dependurado na parede, um tiro tem que ser dad oantes do fim da pea. Eu poderia parafrase -lo assim : se,no primeiro ato, um rifle est dependurado na parede,uma metralhadora tem que dar o ar de sua graa, no lti-mo.

    Para derramar lgrimas reais no palco, preciso sen-tir uma emoo criadora, uma jubilao interior; preci-50 se sentir do mesmo modo que se estivesse "a ponto deestourar numa gostosa gargalhada. No palco, idntica anatureza psicolgica das lgrimas e do riso. Ambos brotamda alegria e do vigor do artista. Tda e qualquer outra ma-neira de provocar lgrimas neurast nica, patolgica e ooposto da arte.

    .Em cada espet eulo, represente ,a , mesma cena de ma-neira diferente. O problema fundamental do teatro contem-porneo conservar o dom de improvisao do atol' semtransgredir a forma precisa e complicada que o diretorconferiu ao espetculo... Falei nisso recentemente com Sta-nislavski: le concorda comigo . Ele e eu estamos procuran-do a soluo de um mesmo ' problema como Os construto-res de um tnel sob os Alpes: cada um avana do seulado , mas num lugar qualquer, no meio, havemos certa-mente de nos encontrar.

    As duas condi es principais para o tr abalho do at ol'so a improvisao . e o auto -contrle. Quanto mais com-plexa a combinao d essas qualidades, melh or o atOl'.

    No consigo lembrar quem disse : "A relao entre aarte e a realidade a mesma que entre o vinho e a uva".Muito bem dito .

    A coisa mais preciosa que um atol' possui a sua per-sonalidade. Ela deve brilhar atravs dos personagens porle criados, por mais completamente que consiga ~ra!1s"formar-se. Petrovski desenvolvera uma espantosa tecmcaem metamorfosear-se: no entanto, por falta de parsonali-dade, nunca chegou a ser um grande atol'. Creio que cadaum possui uma personalidade para come~ar: nenhu~acriana totalmente parecida com outra. Toda a. educ~~otende a padronizar o indivduo mas o atol' deveria re~Ist~ra sse nivelamento. 'Quando encontro algum pela primei-ra vez, tenho por hbito tentar imagin-lo como cr~ana:Faa o mesmo: bem instrutivo. Em vossa companhia, hum atol' que no posso 1maginar criana. Mais parece umacebola' descascando uma primeira camada, aparece outra,depois' mais outra e mais outra ainda, at chegar ao cora-o. Ele despersonalizou-se totalmente e, apesar de possuiruma excelente tcnica, representa qualquer papel da ma-neira mais medocre...

    Voc j se perguntou porque Os nmeros de acrobacia,no circo, so sempre acompanhados de msica? Para criaruma atmosfera, dir voc. Respos ta muito superficial. Osprofissionais do circo precisam da msica como guia rtmi-co que os ajuda a organizar o tempo. Calculam seu traba-lho at a fra o de segundo e a menor mudana develo-cidade pode provocar uma queda desastrosa. Com uma me-lodia familiar a acornpanh -los, so, via de regra, infal-veis. Sem msi ca , ainda poss vel. embora difcil. Mas sea orquestra tocar de repente uma melodia diferente da-quela que o trapezista espera, le est em grande perigo.At certo ponto, ocorre o mesmo no teatro. Construido s-bre uma base musical rtmica, o trabalho do atol' se tor-na preciso. No teatro oriental, nos momentos em que aa o atinge um clmax, os contra-regras 'batem . pratos me-tlicos; isso ajuda o atol' .a trabalhar com .precIsao. O at~r (-tem nece ssidade de um "background" musical para medlra passagem do t empo.

  • .. J Antes de sair, v dreto poda . Mais perto. :f: a r egr.Quanto imass junto da porta voc se colocar, maior efeitoobter de sua sada. Em momentos cruciais , so segundosde tempo de r epresentao e polegadas de espao cnicoque decidem de tudor : Nem Ermolova, nem Kommssar-[vskaa , nem Len sk ignoravam essa lgebra do palco.

    o objeto que voc segura deveria ser o prolongamen-to de sua mo .

    Eu creio numa linguagem teatral simples e lacnca :capaz de desencadear aes complexas.

    Shakespearianzar no quer dizer restaurar a tcnicateatral do tempo de Shakespeare, mas assimilar, numa ma-tria nova, sua multiplicidade de nveis, sua penetrao eseu sentido do monumental.

    Os crticos gosta riam qu e o artista a madur ecesse atrsde venezianas cerradas e de portas fechadas. Porm, nscrescemos, amadurecemos, procuramos. tateamos e desco-brimos sob as vistas e nas ouvidos de todos, com a cola-borao do esp ectador. .lI: o sangue derramado nos camposde batalha que faz os generais. derramando o pr priosangue que os artistas aprendem ... E o que um r r o,afinal? O rro de hoje pode mui to bem ser o sucesso deamanh.

    O teatro, como a musica , essencia lmente um estmu-lo vida ativa . No perca tempo me contando as suasdificuldades de vida. Em 1920, morrendo de fome, com umprincpio de tuberculose, sentia-me perfeitamente feliz eat me apa xone.,

    .No decorrer 'da minha vida . v quinze ou vinte Hamlet s,nenhum era gual ao outro; s tinham uma coisa em co-mum: a ro\J I>R iprta.

    Vocs me perguntam quem foi o melhor atol' que co..nhec em t da minha vida. Depois de muito pensar, res-pondo: Alexander Pavlovich Lenski tinha le todos osdons que ap recio num atol': era um verdadeiro artista;

    Lenski sab ia ser leve, o que no quer absolutamentedizer frfvolo vou superficial. At papis "pesados" comoHamlet, le representava com leveza . Ele podia demons-trar as coisas mais complexas com uma fac l.dade estar-recedora e .sem nenhuma tenso aparente, dando tdas asnuances, sempre' em movimento e atingindo, sem esf ro,uma extraordnra profundeza. Ningum ma is podia serao mesmo tempo srio, trgico, profundo - e leve. Nemmesmo Stanslavsk conseguia representar com tanta leveza.

    Representando o que quer que fsse, nunca pude per-ceber em Lensk) qualquer esf ro; havia sempre n le essaleveza, sse ar de festividade. Creio que era assim por tertrabalhado muito tempo no musc-hall; uma ba escola

    . para a comdia e at mesmo . para a tragdia.

    Algum me disse que, certo dia, durante uma discussopoltica acalorada, Lenin (e todos sabem como le era du-rante uma d scusso). com a ateno prsa no seu colega,acariciava um cachorro sob a mesa. :l!:sse detalhe chamouminha ateno para a fra do equilbrio interior de Le-nin e para a sua calma mental. Detalhes como sse sopr eciosos para o atol'. le s tem que encontr-los paraconstruir seu papel. Estou falando de grandes atres, claro...

    Quando , no outono, uma r vore vai perdendo as I-lhas, parece esta r morrendo. No entanto, muito pelo con-trrio, est se preparando para renascer. No h rvoreque floresia o ano in teir o e no h arusta que no passepor perodos de cri se . declnio e dvida. O que ' pensariavoc . de jardineiros que cortassem rvores por estaremperdendo as f lhas, no outono? Ser que os artistas nopodem ser tratados com a mesma confiana e o mesmocuidado que as rv ores?

    (Da revista ENCORE - Maro 64)

  • tabar:-inicas

    Que", foi Tabarin ?

    Ainda que o nome de TABARI N tenha ficado clebree que o personagem, SUa lenda, suas obras e as infinitastransformaes de seu chapu continuem a viver na ima-ginao popular, existem poucos documentos relativos

    .sua pessoa e vida.Quando se estudam as origens do teatro c mico, logo

    se ver.fica como esto entremeadas com a histria doscharlates n mades, vendedores de unguentos e de elixires,vendedores de poes, pomadas, antdotos, panacias, chse ervas, "ps para vermes, ps em licor para dor-de-dente,remdo . para clicas e enjo, unguento para .eczema oupara o mal-de-Npoles". Para atrair comprador e colocara mercadoria, .les recrutavam verdadeiras troupes de far-santes e de msicos', corriam Os quatro cantos da Europas bre tablados ' fcilmente transportveis , indo das feira s,s cfdades, das cidades s aldeias, em espetculos que cer-tamente no foram estranhos for mao do gnio de Mo-Ire e da comdia clssica.

    Eram les , entre outros: Jernimo Ferrant, ajudadopor quatro tocadores de violino e um palhao chamadoGalinette la Galina; Desidrio de Com bes, assistido dobaro de Grattelard, autor e intrprete da Farsa dos Cor-cundas; Barry, assistido de Colombina e da La Morin e deTrivelin, seu filho , danarino de corda, na troupe de quem,segundo o autor de Elomire Hypocontlre, Moliere pensouem se engajar como palhao e "comedor de cobras" ; Cr is-tvo Confugi e sua companhia de farsantes, onde le tinha o papel do Capito Spacamonte; o Emprico Francis-co Braquett possuia uma excelen te troupe dos Gelos] ef-la representar em Lyon, por sua conta, etc . etc .

    Ora, mais ou menos no ano de 1620, um charlato (x)conhecido pelo nome de Mondar veio armar seu tabladode venda na praa Dauphine. Mondar formara uma com-panhia em quele prprio, a exemplo de Confugi, repre-sentava o papel de Rodomonte. Uma gravura de Abrahamnesse nos mostra Mondar arengando em cima dum tabla -do sua clientela, e cercado de .seu pessoal.

    A questo de se saber se os associados represen tavam a comdia para movimentar o comrcio de drogas,ou se o comrcio de dr ogas existia apenas para faz er vi-ver a comdia. Nos teatros de nossos dias (e mesmo nateatro de Guignol, na Frana), h 'o que se chama de neg-cios anexos: venda de caramelos, pa stilha s, bebidas, e a

    cortina e cartazes, projees publicitrias , publicidade noprograma ou no haIl. s vzes o que d mais e pa ga 3vida dos art stas., As droga s de Mondar eram negciosanexos ou era a com dia ?

    Eis nos so TABARIN em a o, coberto com seu clebrechapu de transformaes, envolvido no seu tabar (de ta-barro - manto, em italiano), ao qual talvez deva o nome,usando a espada de madeira (la batte), acessrio obriga-trio da farsa. Usa a barba em "tridente de Netuno", co-mo os palhaos italianos do fim do sculo XVII. Veste-secom uma roupa de pano amarelo e verde, c res tomadaspor Sganarelo em I\ldico fra -.

    TABARIN usava meia mscara? Parece. Raramente osfarsantes do sculo XVII representavam com o rosto descoberto, salvo quando o cobriam com farinha. Ora, em par-te al guma se faz refernola ao enfarinhamento de Taba-r n. Ao contrrio, em seu Prembulo (Le Testament deTabarin) le lega a sua mscara.

    Quantia ao chapu de Tabarin, eis o que sabemos, deacrdo com os documentos tabar nicos. O chapu de Ta -barin remonta mai s antiga ori gem, e era uma "verda dei-r a matr ia prima, indiferen te ad ommes formas. H mui-tos chapus de t das as formas. :l!:les caem . de moda de-pressa. S o chapu de Tabarin no passa; porque ssechapu nico , "se acom oda , disfara e contrafaz r das asformas, e pode -se cham-lo com razo de '"luntico e fan -tstico , pois se transforma fantas ia do dono : 3,' saber ,ora em tabarin, ora em corteso, ora ' em carvoeiro, oraem soldado ora em carregador de lenha e assim por dian- .te. Em res~mo , sse chapu. manipulado e v:'rado peloavesso pelo seu dono est cheio de t dasus espcies deperfeies para contentamento de todo s aqules que vov-lo.

    Quantos atres haveria na companhia de Mondar? A3farsas que publicamos em seguida indicam sete persona-gens : Tabarin, Pfane, Lucas, o capito Rodomonte, Triste-ln, seu criado e Francisquine. Mas parece-nos muito pro -vvel que houvesse par a anim-los apenas trs atres euma atriz (Anne Bigot ) ; Mondar, Tabarin, Lucas Jofflu e fimulher de 'I'abarn, hb eis como eram em se transformarr pidamente atrs do pano de fundo que servia de basti-

    c ..

  • dor. A troup e comportava tambm m sicos e um cr ia domarroquino, qu e guardava a caixa de r em d ios e en tr ega-Vil. as poes, pomad as c plula s.

    O es pe t culo se compunha - parece - de duas par-les enquadran do a parte essencal, "realis ta" , digamo shoje, no triste Iing ua j a r da poltica e dos negcios, queera a venda de drogas.

    Na primedra, Mondar, vestido com roupa ma gnficacheia de ornatos brilhantes, falando um texto nutrido degrego e latim, com grande autoridade e serena ma jestade,e Tabarin uma espcie de dilogo burlesco onde se chocamtrocadilhos e Iazz diversos. Tabarn formulava as questes,adivinhaes e problemas e dava as respost as imprevistas eengraadas. Eram de um cinismo e duma grosser ia de talmodo escatolgicas que impossvel dar aqui a menoramostra .

    A segunda parte se compunha geralmente de uma far-sa curta, anloga s representadas pelo clebre trio defarsantes do Hotel de Borgonha, Gautier Garguille, GrosGuillaume e Guillot Gorgu, relembradas por Moli re em"Jalousie du BarbouilI, Le Mdecin Volant, Le Fagotere at em Georges Dandin, Le Mdecin !\'[algr Lui eLesFourberfes de Scapin.

    Eram roteiros prprios para apresentar um certo n -mero de s tuaes e de lazzi tradicionais, prprios a de-sencadear a verve e o jgo verbal e corporal os corne-diantes no exerccio de improvisao cmnca e excitaode riso's, em ntima comunho com as rea es de um p-blico popular.

    tsses dilogos e farsas, tais como chegaram at n s,eram de autoria de Tabarin? Tero sido anotados no pa-pel por le? H razes para pensar que sses textos foramredigidos por homens de letras em busca de rendosa e~prsa Ivresca, explorando a voga do farsante. tles os rt:dl-gl:lam de memria, no sem antes acrescentar alguma. coisade seu. Muitas vzes emprestavam a TABARIN saldas estiras nas quais Tabarin no tinha a menor parte. O ne-gcio no era nvo. Havia a mesma coisa para as in merasobras fantasias, imaginaes, paradoxos, editados sob onome' 'de Bruscambille. Muitas vzes os panf'let rros davamos nomes de Tabarin de Gro s Guillaume, de Bruscambille,de Turlupin e diversos farsantes conhecidos a fim de es-gotar seus libelos satricos e burlescos.

    A primeira edi o Reeuel Gnral des Rencontres etQuestions 'I'abariniqnes apareceu em 1622, houve uma 2.aedio em 1623, depois uma 3,a em 1624, aumentada deduas farsas tabarncas, estas, utilizando o j gO do sa co,de que ' publicamos aqui uma verso para Os ouvidos mo-dernos e expurgada de seus excessos .. Parece que o sucesso de 'TABARIN come ou a decaircrca de 1625 e que le deixou de aparecer nos tabladosde Mondor mais ou menos pelo ano de 1630. Um farsantechamado Padel ou Padelle, que gozava tambm de certafama, o substtuu. Desde .ento a lenda tomou conta deTabarin. Daniel Martin, em 1637 conta que TABARIN ~e.ndo enr iquecido . na profisso, teria comp~ado ~m dOmt~ll?senhor al perto de Paris, ond e se re ugou . Nobres, VIZl

    nh os, humilhados pelo fausto d sse farsante enr-iquecido,"ej,sse tolo (LUC com SU cha pu transformadn. de mil ' ma -neiras f 'z out ros tantos tolos"; o teriam morto, num acaad a. Segundo ouros. le teria s ido morto nu