023 - cadenos de teatro

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O diretor

profis

sional, pr êso à e

strutura

tipicamente

comercial-em ,qu e

s e

,

ap

óia

se u e

spetáculo,

sabe que não

pode,

omerciàlmente

falando , deixar

flagrantes

suas de

Iiciêricias

técnicas

.. .

Ehtão

, e

camoteía

-as,

camufl

-a s

ou

tenta circundá-las

de

qualquer maneira,

numa

ten t t i  C

expressa  r na

s nã o c onf e ssa )

de enganar

o pública.

Porque

ôle sab e qu e, entre os impulsos

qu e levam

o e s p e ~ d o r

Q

a tu al t ea tr o profissional

b

ra

silea o, está

o

esnobismo, qu

e

é exig

ente

em luxo

, em exil5i,çáo-

de r iq ue za , e m re

 

1

t

éc n

ic

os

e, sobl etudo; em c

on

vençõe

s. E suma

: ue

1

paga mil. ou is mil, l cin @ mil e ruais c 2J  :JÍYO p

)t

um ingre

sso, nau sfá

d1

spo

st

.er

I fl

es

li}

ác u

. :

l he e xp li co essa vantagem.

.

..

.

.

 

. .

.

 

.

Lembro-me de qu e

fói nos

CADERNOS DE Ej \TRO

qu e

encontrei

a primeira orientação para as minHas  t 

v id ad es t ea tr ai s, que eu então t e nt a va , t i m ida m e nt e f

Campinas

  São Paulo).   Anos s ão p as sa do s e, hoje, e te u

voltando·de

um a viagem qu e

me

possibilitou contacto com -

alguns dos melhores

d ire to re s d a E ur op a

contemporânea>

e

de uma

visita a

A rgéli a, o n de

conheci

u m g ra nd e

movi

mento

naciorial

de

 teatro

popular

. E,

q ua nd o t en ho de

escrever  alguma

coisa sôbre isso para os CADERNOS, nã o

posso perder

de vista

o leitor

que eu era, naqueles

tempos,

quando

vivia

os

p ro bl em as d e q ue m,

decidido

ao

fazer

ea

tro,

nã o encontra f on te s s eg ur as n em

de

informação, ne m

d e f or ma çã o

.

É,

portanto, com você,

me u

caro co mp anh eiro

de primeiros

passos

na aventura teatral, qu e e u q ue ro

con

versar

amigàvelmente, procurando,

na

experiência

privi

giada

qu e

me

foi proporcionada,

alguma

coisa qu e sej .

útil

especificamente para você.

Não s ei qu e peça você

está pretendendo montar

agora,

nem em que espécie

de grupo

você

trabalha,

ou

para qu e

tipo

de

público espec:

ai mente votê

apresenta seus

  s p ~ t â

culos.

Seja

o

que

fôr,

entretanto,

posso

imaginar

,

muito

fá·

cilmente,

quais

são

as suas di f

iculdades

maiores

.

De

saida,

se i

qu e

você

nã o te m

muito

dinheiro.

Acho, também, <},.ue

você

não tem equipamento de

iluminação

suficiente,

ne m

um pa lco

be m

equipado,

ne m

elementos

eficazes

de cene

g ra fi a, n em

facilidades

para produzir figurinos, nem gen llç

qu e

conheça bastante de

maquilagem etc,

etc.

Pode esta

c er to : s eu s p ro bl em as ,

nese caso, sã o

m ui to p ar ec id o

s co m

os de um diretor d e c om pa nh ia rofissional

estável,

d õ

Rio, de São

Paulo

ou de .q ua lq r   mtro centro de ativida

de

teatral

no Br a sil. E .

e st ej a c er to

de uma

outra

coisa

ainda:

a vantagem

. está tôda com

você,

ness a semclhánça .

qrisolli.

,

IDiretor responsável: João Sergio Marinho Nunes - Diretor

xec,@ivo: M.aria

Clara

 

Machado

-

Redator

Chefe: Jac · ·

.

queline Baurence

- Se

êretário

:

Virg

 , üa Valli -

 re oupeiIFo:

Eâdy

R ez en de N un es e

Edelvira

F

ernandes

Redação O TABLADO - Av.

Lineu

de Paula Machado,

795, Jardim

Botânico - Rio de Janeiro - Guanabara

...,...,

.

Brasil

CADERNOS DE TEATRO N. 23 - Setembro de 1963

RllIblicação

do

INSTITUTO BRASILEIRO

DE

EDUCAÇÃO

  H ~ N I

E CULTURA   lBECC)

Page 3: 023 - Cadenos de Teatro

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característica evident e sej a a. pobreza, ou a c arê nci a de

recursos. O

diretor profissional

sabe

disso.

E

s ab e tam

bém que a car ênci a de r ecur sos técnicos é característica

do espetáculo brasileiro. (As raras mon ta ge ns que se

atr

everam

at é

hoje à.

romper

com ess a

condição resultaram

tão caras q ue t iv eram de

se r

apresentadas em temporadas

indi

scuti

velmente excepcionais.)

Ora,

prêso a

essa duali

dade carência técnica-exigência

do

público

, o

diretor

d í

s

Ia rca , engana, tapeia. E, forçosamente , perde a

autentici

dade.  É principalmente a característica

esnobe

do teatro

hrasileiro

QUP. ínautentica

o

nosso espetáculo

profissional.

Se você duvida d êsse esnobismo,

repare que.

ho je em dia.

os colunistas

sociais

dos grandes

centros

s ão muito mais

influentes sôbre a opinião e o comportamento

das

platéias

do que o são os críticos teatraís .)

Você, entretanto ,

prescinde

dêsse

compromisso com o

esno

b ismo .

Você. como amador

, cujas caracter íst icas   ceí-

las gera lment e

são

justamente a limitação e a carência.

p

ode

es

ta

be

le

ce

r ,

com seu

público,

uma relação muito

mais

sincer

a. Su a vinc ula çã o com seu

espectador

não

é

um a

v

in

culacão puramente comercial, mesmo cue o esnectador

pague (e

deve pagar) para ver

o espetáculo ,

Por

isso,

você t

em

muito mais

chance

de alcançar

 uma l inguagem

au tên tica no seu espetáculo.

Ex emplifico

:

Quando você estiver

en

saiando um a cen a iá marcada.

c

uj

a r

ep r

esentação I

 

se

desenvolva

sofrivelmente

sem

p recisar de

in terrupc

ões

contínuas, exper imente sentar -se

na sa la ,

como

mero espectador. esnuecendo-se inteiramente

da

s su

as pr

eo

cunac

ões

de en saiad or. Ob serv e tu do

o

aue

af on tece no p

edaço

ne sala

ou

d e na lco

em que se desen

m la aOllPla cen

a.

Quase ou e inevitàvelmente. você

ser ;

 

n

l1olido nel a  

ã

o teatral e. com facilidade. ignorará

tllno mais que se na

s s

e

ao

redor : gente entrando e saindo .

f

of hlchos pos ba stidores

011

nalgum can to da sala.

marrui

nist a

s p atôres atravessando a cena ou trabalhando no

P : lf o . Fssa fôrf , Intevradora p o melhor

trunfo com

ou

vo cê conta. semp r e : ela

caracteríza

o

fenômeno

teatral .

E

tlln

o o

qu

e v

ocê dever á saber

,

como

encenador, é

anro

ve i

tá-

la ao

máximo (ainda que.

às

vêzes, o aproveitamen

to

a

de

ou

a

do

se

ja ,

ju stamente

,

reduzir

ou

 anu lar

e ssa in te

gr

ação) .

N ão

se

de se

spere,

pois

,

se você não tiver

refletores

cm número suficiente pa ra produzi r

certos

  efeitos

 mâzi

cos de integração.

ou

se o efeito qu e você

mais gos tar ia

de produzi r depender

justamente

-de

urna res is tência au e

você não tem.

Não quebre inut ilmente a

cabeça

tentando

faze r chover em

cena

, ou produzir névoa, ou  transmitir a

sensação

de um pô r

-de-sol .

P re fi ra , a nt es d e e

stabelec

er

o

esq

uema técnico paa r o seu

espetáculo

, avaliar. rigoro

samente ,

essa  Iôrç

u i

nt

eg

ra d

ora  

natural

de que

lhe falo

.

E isso

se

rá muito

rha

io

r de

safio

ao seu

talento de que ten

-

ta r realizar

tecnicamente aquilo q ue

os

seu

recursos técni

cos

não lh e p

ermitiriam

jamais . A

garr

e-se a

es

ta. idéia.

El a lhe

ajudará

a encontrar a l inguagem da s implicida de,

ou

seja, a

linguagem

autêntica para o seu e

spetácul

o .

Vou-lhe

dizer

até mesmo

um a

out r a

co

is

a:

se não

fôsse êsse esnob ismo do

entio

qu e determina e co

nd i

cion a

as

platéia

s,

até me

smo

o t

eatro

pr

ofissi

on

a l

po

de r

ia enve

redar-se

po r êsse caminho da

autenticid

ad e na

simpli-

cidade.

Um

dos

espetáculo

s que mais me impre ssi

ona

r am , na

Europa,

foi a encenação do

 R ei

Lear   , de - Shakespea re

feita,

no

Festival

das Naç

ões,

em

Paris. pela Royal

Sh

a

kespeare

Cornpany,

de

Stratford

-upon

-Avon ,

dirigida

por

Peter Brook

(no

últ imo CADERNO há

um a rt igo

d êle ) .

E, se a inda me res ta ssem

preconceito

s s

ôb

r e a ne

cess

idade

do convencionalmente eomnlicado e da.  magi a ar

ti f

icial

do ésnet áculo. essa en cenação me te r ia ba s

ta d

o nara acabar

com todos êle

s.

Brook

pr

eferiu

a

linguag

em

da

sirn

nlíci

dade . E

não po r

fa lt a d e r ec ur so

s:

a

cada an

o, os 750 _000

espectadores da

Royal Shakespeare Company pagam cê rc a

de 500 .000 l ibras ester linas

para

ver seus esne t áculos

e ,

aIpm disso, o Govêrno subvenc iona. Bro

ok

pr eferiu a sim

plicidade noroue considerou-a ma is eficient e . liquid a nd o.

nela exce lência de

se

u espe

tácu lo . co

m ;l <;

idéias

es nobes

n

l

qu e   há uma man ei ra espe cia l de mon t a r Shakesp eare .

Na cena da tempestade , por ex emplo. não hav ia nenhum

efe ito especia l  ,  mágico , nem de luz, nem de maqui

naria.

Num palco vazio, cercado ap en as por uma

ro

tunda

negra, e usando sàmen te

barulho

de

tr ovõe

s.

Br

o

ok con

seguiu

produzir , autênticamente, a atmosfera de uma noi te

de t empest ade numa

 

flore

st a

.

E veja a.inda

is t

o au e

Brook di

z

na r

a de fi

ni

r o an t

i -

convencionalismo

de

seu  e st ilo  :  

Se se

pensa q ue Sh ak e

spear

e era

ap en

as alguém q ue

seguia

um

c am in ho pessoal no uni ve rso do conve n

cional,

se

se cr ê

aue

êle er a apenas um

at

or habilidoso em

adaptar

roteiros de ou tr os, n ão s e e nc on tr ar á j amais o .va

lor de seu teatro. Mas, se se admite Que êle encontr

ou

o

instrumento mais

livre de

todo

o

t ea tr o mundial

, m ais

livre qu e o teatro francês   e  a té mesm o qu e o te

at

ro

chinês, então é possível penetrar no seu un iverso e con

ceber uma dire

ção Que

preser

ve

ess

a li

be r

da

de  

A

única

.

maneira

de procurar

uma

  míse-en-s

n

e s

hakespearéana

é

fazer um t raba lho permanente

de de

strui

çã o das

conven

-

, ções . O est il o de

Shakespeare?

É o anti-esfilo.

Roger Planchon é. dos

diretores

que eu vi. o qu e ma is

me impressiona. E foi outro q ue nã o te ve nenhum mêdo

de romper

com os

convencionalismo

s,

pa r

a e

ncontrar

uma

linguagern autêntica nos seus espe tá culos,

segundo

  suas

concepç

õe

s e

seg

un

do

, também , su

as

cond

ições

de funcio

nament o .

f::l

e trabalha num an t igo teatro mun ic ip al , em

Villeu rban ne, na Fr ança . Se u palco é bom, mas , na g ran

di

os

idad

e dos es

pe

táculos

de

Pl anchon, tornou

-

se

pequen

o .

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Muitas

pessoas falam

de um

sistema

STANISLASVKI ,

mal sabendo do que se trata e conhecendo o sistema ap e

nas por ouvir d izer.

Coinemorando

se êste ano o

centenário

do gr an de ino

vador, os CADERNOS DE TEATRO transcrevem artigos de

Michel Salnt-Denls, Nina Gourfinkel.

Robert

Lew.s e Van

Michalski que darão aos lei  ores uma idéia do sist ema e

de

sua influência

no ens ino

dramático

em todo o mundo.

CONSTANTIN STANISLAVSKI. um dos maiores ino

vadores na h

istória

do teatro, e cujas concepções consti

tuem a base do moderno ens ino de

arte

dramática, nasceu

em Moscou em 1863. Aos vinte e cinco anos funda, com

alguns amigos, a Sociedade de Arte e Literatura. Um

acontecimento que

influenciou profundamente as concep

ções de STANISLAVSKI foi a visita a Moscou do elenco

alemão do duque de Meiningen, famoso pelo realismo his

tó r .co dos seus espet áculos e sua montagem esmerada.

STANISLAVSKI ass imilou , dos métodos

de

Meiningen, a

procura da verdade his tórica . o mane jo das multidões e

a disciplina do

trabalho, rejeitando

o

seu

tom

demasiada

mente declamatório e formal .

Em 1891. estréia como d.retor

montando

a peça de

Tolstoi - Os

frutos

da Ins trução . O suce sso

é enorme.

STANISLAVSKI escreve então :

. - .

A partir dêsse fato é prêviamente seguro de que as con

venções formais tinham de ser derrubadas para que êle

encontr asse a sua linguagem au têntica, não teve dúvidas

em liquidar com o pano de

b ôca,

invadir o procênio, e

montar ce

rios em que tudo f ica

à vista .

Na sua mais

rec en

te

criação   O M

 Man

Chicago , que

eu

acompanhei

bem de p

erto

, a solução cenográfica

encontrada

,

baseada

numa ext re

ma

simplicidade, contava

também

com os

urdi

m

en t

os e d

emai

s elementos

de maquinaria

postos à

vista

e qu e,

seg

u ndo as convenções, qualquer diretor

ou

cenó

gr

a

fo ten

taria d

ese

speradamente camuflar.

- Para que t

entar

e

sconder

ao espectador que

tudo

isso é teatro, se êle sa

be

qu e veio ao teatro? - disse

uma

vez Planchon .

Não t

enha

mêdo, pois, meu

caro

amigo, de estar sendo

anti

-teatral no instante em que você seja obrigado, por

sua limitação de recursos, a adotar soluções an t

í-conven

c iona is no seu espetáculo.

Antes,

aceite a limitação

como

condição básic

a.

Avalie-a

precisamente

.

Descubra

as novas

ilimitaç

ões

qu

e estão

contidas

nessa

l imit ação que , ant es ,

o ent ravava . At reva-se. E desconvencionalize. Se não ti

ver

talent

o nem todos os recursos e convenções do mundo

o levarão a produzir bom teatro.

. - .  

(*

)

Premiad

o com

um a

b ôlsa-de-estudos

na

F ra nç a, pelo s eu

t raba lho como

diretor

no

Primeiro

F est iv al d e T ea tr os Ama do re s

do Est ado d a

Guanabara.

Cons lan l in Slan is lavsk i

 

8 3   9 6 3

-

-

 

:t

ste trabalho foi útil para mim. Permitiu-me encon

trar

;.0 caminho

para

passar do exterior ao inter ior, do

corpo ao espír ito, da f orma

ao

conteudo. Aprendi. também,

a

compor

uma

míse-en-scêne,

isto é, a tornar materialmen

te

evidente

o

sentido

profundo das obras .

O TEATRO DE ARTE - Seis

anos

mais

tarde,

STA

NISLAVSKI e Nemrovch-Dantchenko,

autor

dramático

e

diretor de uma escola de teatro, resolvem fundar o TEA·

TRO DE ARTE

de

Moscou, com um elenco

consti tuido pe

los

atôres

da

Sociedade de Arte

e Literatura e os

alunos

formados

pela

e scol a de

Dantchenko . O TEATRO DE AR-

TE

devia

traçar

novos

rumos na

concepção do

espet

áculo

e a sua fundação const itui um acontecimento

marcante

na

his tória do tea

 ro.Consta

que a primeira reunião de Dant

chenko a quem foi confiado o lado

admin

istrativo e lite

rário do empreendimento) e de STANISLAVSKI

(incumbi

do dos problemas cênicas

da companhia)

durou

nada

me

nos que dezoito horas sem interrupção. Uma das p rimei

ra s decisões tomadas foi a de garantir

aos

at

ôres

da com

panhia

cond

.ções

ma teriais

convenientes,

para

poder

,

en

tão, exigir esfôrço e discipl ina.

 Hoje Hamlet, amanhã comparsa, sempre um servidor

da a rt e.

.

Relata

STANISLAVSKI:

 O programa do

nôvo

empreendimento er a revoluclo

nár.o. Condenamos

a antiga maneira de representar, o falo

so teatro, a

falsa

emoção, a falsa dec lamação, o cabotí-

nísmo,

a mentira

na míse-en-scêne

e

nos cenár ios,

as ve

de.tes

que

prejudicam a harmonia do

espet

áculo

. tôda

a

 

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antiga

ordem do espe  á culo e a

mediocridade

do r epert ó

rio

Os

primeiros

ano

s do TEATRO

DE ARTE

foram

con

sagrados à p

rocura

de um estilo

de representar,

de

uma

ve

rda

de cêri

.ca

e

ar.ística

que

não devia

se r confundida

com

uma simples imitação da

realidade

exterior, de

uma

verdade psícol

ó

.c a

baseada na autenticidade dos senti

mentos e das expressões.

. Po r volta de 1904. a tensão política e soci al , que explo

diria na

revolução de 1905,

faz ia -se: sentir

cada vez mais

e não

podia

deixar

de ref le ti r

-se no

TEATRO DE ARTE

.

Após

uma

to ur

née ao estrangeiro,

ST

ANISLA

VSKI começa a

atravessar

uma

crise

de consciência ar .istíca. O realismo

herdado

da

escola de Meiningen e

levado

ao -se u mais

alto

ponto

nas

peças

de I chekov,

parece-lhe

agora

ultrapassa

do . Seguem-se ,

então, laboriosos anos

de

estudos teóricos

e prá ticos na

procura de

uma nova or .enta çâo

de

uma téc

nica i

nterior,

de um es

.ad

o

criador

do atol . Não obstante

su

as atividade

s como

diretor

, STANISLAVSKI

nunca

cessou

de

aperfeiçoar

as suas qual idade de atar, chegando, graças

a um trabalho

obstinado

e metódico, a um domini o ext ra

ordín

ár.o.

A

colaboração

do

diretor

e

cenógrafo

inglês GORDON

CRAIG, convidado a

montar

  Hamle

t

no TEATRO DE

ARTE, conduz STANISLAVSKI a novas descobertas novas

dúvidas

e novos

estudos.

 

A revolução de 1917 modifica completamente a orien

tação

do

teatro russo

,

seu

  repertório,

seu público

e

suas

normas

estéticas.

STANISLAVSKI

parte

para

uma grande

to

urnée

de

dois

ano s pe la Europa

e

América. Na volta

,

reassume

o

seu

papel

preponderante

na vida teatral russa.

CONSTANTIN STANISLAVSKI

faleceu

em 1938.

  .

(Notas

tira

das

de

um artigo de Ian Michalski, publ, em

CADERN

OS

DE TEATRO

n. 2)

o  ra ba lh o d o   l r sôb re

o s e u

 ape l

 VaI.

 

das Obras

  t n isl vsk 

NIN

A GOURFINKEL

(Os três

primeiros

volumes

da

obr a de

STANlSLAVSKl,

edita

dos nos

EE

.UU. sob os

títulos de  My

Life

in Art , An

Actor Pre

pares

e

 Building

a

Character

,

respectiva

m

ente, têm sido retraduzidos em d iver sa s

Iin

guas

e

são bastante

conhecidos dos

estudiosos

de

teatro. É sôbre o 4.° volume, menos conhe

cid

o,

que

Nina Goufinkel

nos

fala

a

seguir).

.

Não

raro os

a luno s de

escolas dramá

ti

cas, cujo conhe

C ~ e n t o dos

ens inamentos de

Stanislavski é

d e segund a

mao,

pensam

encontrar nos mesmos

um

compêndio de

f Ó ~ l u l a s mágicas. que conferem gênio

a

quem delas se

ut i lizar. N ad a mais falso.

 O

sistema. (deixemo-lhe êste

n

ome que, a li ás

,

muito aborrecia

o

seu autor)

é

um

con

ju n to

de métodos

cuja.

única ambição

é

de pô r

o atar

no

bom

caminho, inci tando

o

ao estudo

mais ou menos sis

temático

do

duplo instrumento de

que

dis

põe: alma

e

corpo, assim como das t écni ca s psico-físicas da arte

dra

mática

ligadas

aos mesmos. O

pró

prio Stani sl avsk i não

se

cansa

de

repet

.r

que

nenhuma

técnica,

po r

mais perfeita

qu e f ôsse, ser ia capaz

de

conferir

gênio a

quem

não possui.

Mas o dominio do

 sistema

 

permite ao

atol - con

denado

pela

sua arte a

sempre

se

repetir

-

 escapar

ao

automatismo

,

verdadeira. morte espiritual , REVIVENDO

cada vez o s eu p ap el .

Outro não

é o

sentido

do

tratado  O Trabalho

do

Atol s ôbr e S i

Mesmo que

o

mes tr e med itou por

tô da s ua

vida

e

cuja redação principiou quando t inha cêrc a de

60

anos.

Anotava seus

pensamentos à

medida

a ue lhe ocor

riam

,

sem ordem,

corrigindo-se,

repetindo

-se,

mudando

isto

ou aqu ilo numa p reocupação const an te de encontrar ex

p

re ssões mais justas.

t eve t empo

de preparar

a

publícação

da prime ir a

parte de

su a obra,

consagrada aos

princípios

do

REVIVER

(

 A n

Actor Prepares - N .R.) e

baseada no apa re lho

psíqu ico do atar .

A

segunda

parte

de O Trabalho do

Atar

sôbre Si

Mesmo ,

qu e

trata

da INCARNAÇA

O ( Building a

Cha

racter

- N .R . ) ,

estuda

o

  aparelho

físico do atar e suas

técnicas exteriores ,

descrevendo a

utilização

dos

recursos

do corpo

e

da voz à lu z da s

leis

fundamentais

expostas na

primeira parte da o bra.

A

verdadeira revelação, porém,

é o

volume

IV,

qu e

permite

apreciar

no seu

conjunto

a

terceira

parte do tra

tado,

isto

apesar de não

se tratar

de um lívro mas apenas,

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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como o subtítulo

indica,

de

  material

para um

liv

ro :  O

Trabalho

do Atar sôbre o Seu Papel . Os tr ês importan

te s e st udos que

formam o

fundo

dêste

volume

permit

em

discernir as diferentes etapas do pensamento do mestre,

flue explica aos alunos ,

geralmente

à su a maneira

predi

leta

de

 romance pedagógico , os nanéls de A

infelici

dade

de

'se te r

espírito

demai

s

, d e Griboiédov (1916-1920 ),

ri

Othello (] l30.

r-ais 0\1

meno s) e do  Re visor

(1936-1937) .

Tais

estudos

são

comp

le

ta

dos

p

or

inúm

er

os

plano

s, e

sboços

e

trabalho

s

pr

áticos . E ass

im

, vamos

se

guindo o

mestre

e o seu grupo

de aluno

s . atrav és de

bu scas, tateamentos I contradições. na a laboraeâo do

se

u

ú

lt irrm

método,

s em dúv id a o mais fecundo: o da s AÇõES

FíSICAS.

É infinitament e lnstrutivo . P emocionante ver a cora

.1PIn . :> hum itrlad e, ao probidade in t

el

ectual com qu e

STANISLAVSKI faz uma re vi são

do

s se us e

ns

iname

ntos

anteriores. par;> n rnd1Hnar am, ;l o r n 11,,, n  >r

 cp

f

i

n r> 1.

mente ser a

verdad

e na sua ar te . É o;;te h

omem

, rrue se

rornou

mundialrnent

c famoso corno di r

et

or .

oue foi

11m

rios

fundadore

s

dr>.

rnr-a

do

s

di r

etore

s rléspn

fll

o;;

ahrli n'l

dian te daquele que. afinal

de

con ta s, s e lh e afigu ra como

;l alma no nalcr-: o atar . O auto .. de

t

s.ntos truques enae

nhosns

sn

SI intprpssa

  -ora

n l;>

diret«

pfip. 7 e

s imnles do

ator

-rnimo .

Da

cornnlexidade do reali

smo

no;;i

(

n

lógico

de

nu e

foi () r-riad

or .

êl e

se

  lev a para as fonfn 

pternas ,la

arte teatral

por excelê ncia : a.

 co

mmed ia

de

II

arte ..

O método

da

s ACõES FíSICAS in ve rt a f n roces

so

de

po;;f 11

 

de 11M ...  >n

ol

n ln   n- Anteo;;

S1 AlIJTS

T

.A SUT

m-incipiava

o trabalho

referente

à peça

com um es

t ud o de

mesa.

O

diretor

transformava-se pm historiador,

arqu

logo. professor rle lit erp.'ur:> e rocheava a cabe ça

do ator

com

11m

mont

de

inforrnac

ô..

s.

O

ater

.

consecüenternen t

e

?hordava o papel

ch eio dp

  ante c

edent

e

s

: nu il('p

i t i lV

ll a

imagem ou e o mestre

lho

irnousera: ali se d

 ixava

impres

sionar nela lembrança de ín te rore t

ac

ões céleb res: ou.

fi

nalmente. irnaainava antecipadamente n

se

u persona eem

só SP

preocupava

em conformar-se à figura pr eestabeleci

ria,

Cada vez . caia n a

armadilha

ou e esper a ( ) at n  : pso i

r ,·

rle sairia 1',

 representar

o

personagem.

O método

da

s

a ções física ;

deve

evitar

-Ihe

cair n

essa

armadí lha .

STANISLAVSKI não r ej eit a d e modo nenhum o

se

u

 sistema anterior;

pelo

contrário:

mais

do o ue nun ca . à

ator que abo rd a o p ap el p or

êo;;fp

n

ôvo caminh

o neve

nn

minar

tô das as técnicas

psico

-físicas

ou

e

apreend

eu .

S ó

mente o contrôle absoluto

do

coroo e

da

11 lma nod

er

á asse

gurar-Ihe o frescor. a esnotaneidade, a facilidade semore

r enovada de

fazer

 achados

. Para isso. o a to r deverá t r

 

balhar di àriarnente, assim r-orno, t odo d ia , o cantor faz vo

calizas e o bailarino exercícios de barra .

STANISLAVSKI nad a tem de um teór ico  

puro

.

Seu s en sinamentos decorrem da pr át ica e a e

la con

duzem .

em

1910, dizia êle:  P rec

is

o de uma teoria , r

efor ç

ad a

po r um mét odo prá tico , devidamente con ferido pela expe

ri ência ... A

teoria

pura , sem aplica

çã

o,

o me in ter

es

sa.

P assem os, pois, com o mestre, a um e

xemp lo concreto.

A aul a tem inicio,

Sem nenhuma. in

tr o

dução, o mestre se

di r

ige a os

alunos:

- Vocês t

od

os conh ecem  O

Revi

sor   . Não

se

lem

bram

dos detalh es ma s sabem de

qu

e

se trata

. Tom emos

a pr imei

ra

cena do 2

u

alo :

Kh

e le

stak

ov

vo

lt a

para

o seu

qu a rt o na pen são . Rep rese

nt

em esta

ce

na.

-

Como

 ?

perg

un

ta

o

aluno.

Não

se

i o

qu e

se

d

ev e

f ~ e r .

- Alguma

co

isa, você sabe . Re presentar, quer dizer

re a lizar ações

físicas,

mesmo ins ignifican tes, mas somente

aqu elas qu e você puder faz

er SINCERAMENTE

E PO R

SUA PRóPRIA

CONTA .

- Ist o é?

- Vejamos a ind icação do au tor : Ent ra Kh el e

st ak

ov .

Vocês sabem

como

se en

tr a

nu m quarto, .n ão é? Dep ois ,

Kh e lestak ov reclama

com

o

se

u

em

p

regado.

Ossip , por

qu e

 m a is

uma vez

e st eve se es

parramando

b re a cama

Vocês sabem como se reclama, não é? Dep ois,

Kh l

e

stak

ov

qu er q ue Ossip te n te

co

nseguir

qu

e o d

on

o da pensão

lh

e

si rva

uma

re

fe

ã

o.

Vocês s

abe

m como se faz

para

c

on

vencer alguém de se desincurnbij-

de

um a ta re fa desagra

dável? Poi s bem: representem apenas aquilo

qu e

está ao

alcance de vocês,

aquilo

em qu e vocês acreditam : entrem

na sala. br igu em com Ossip , faç am -lhe o di f ícil pedido,

isso

tu d

o

usa

n

do

pala vr as imp rovisadas qu e

lhe

s par eçam

ad

equad

as .

No princípio . cad a um de vocês se limitará a essa

se

·

qü êncía de afabulaçâo ext e

rio

r e executa rá

os se

us suces

s ivos episó dios com a a juda de a ções Iisicas sim p les . Nã o

procu re aprofunda r-se

no

papel , ev it e tudo cu e fô r

com

plicado, pois você a inda

o. est á monto. - Limite-se a

procurar

a lógi ca e o es pir i

ta

de

continuação

no simples

domini

o fí

sico

, o

ún i

co

qu

e

lh

e

se

ja p

or or a

ac essiv

el

. Não

existe n

enhum

a si

tu

a- ão ou a to qu e v

ocê nã

o pos

sa JUS

TIFICAR u til izand o as

suas pr óp

r

ia

s r ecordaçõ

es

af e

ti

va s

e sen s

oriai

s . O ator oue cons

tr ó

i assim ca da

um

dos

seus

ges

tos

es

camin

ha

ndo em

te r ra

Iirrn

e .

Para  v iv

er o

se

u pap

el

, ê

le t e

nt

a r á

susc itar em si mesm o

se

nt ime ntos,

impulso s, reac ôes ANÁLOGAS ÀS QUE

LHE

SÃO PRO ·

POSTAS

PELO PAPEL

MAS

QUE SÃO

DÉLE

MESMO

e que são o r esultado de uma vid a po r ê le mesmo vi vida .

Po is a lei do at ar reza: QUALQUER QUE

SEJA

O P : \

PEL DESEMPENHADO, ÉLE DEVE AGIR EM SEU PRó

PRIO NOME . O at a r é, an tes de mais nada , um se r

human

o . Ora, é

im

possiv

el

f

orma

r

um

j uizo

b

re

um

a

pe

ça

. um papel e

os se us

se nt ime ntos sem ter en

co

nt rado

na ob ra

um

a. p

ar

c

el

a

se

o

ue

r de si mesm o. p

oi

s , do contrá

rio, o pe rs

ona

g

em não

t

er

á

vida.

,

es

ta vida ou e o artist a

some

nt

e ê le, pod e

da r

- lhe . Assim. é a você me smo

qu

e

você va i r

ep

resentar nas ci rcunst ân cia s propost as pel o

a utor . Isso fa r á

com

ou e você se si n ta .vOC2 mesm o den tr o

do pa

pel ,

de ixando

por isso mesmo

de

sen ti r qualquer difi

culdade em cria r o

papel

dentro

de

s

i.

Tend o o

atar

es bo çado as pr imei ras situações

elemen

tares. o mes tre

va

i p

ouc

o a pouco completando

os da d

os :

L . _

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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• •

 

 

Khle

st akov, viajando

de

Petersburgo para a casa do pa i

d

êl

e,

lat ifundiário severo

e

parcimonioso, havia recebido

o

dinheiro necessário para a viagem. No cam inho,

perdeu

tudo no [ ôgo e ei-Io pr êso

naquela

pensão, sem

um

tostão ,

se

m

coragem de

recorrer

ao pa i

e não

conhecendo ninguém

naqu ela cidadezinha.

vendeu

tudo

qu e

podia

vender.

- O qu e ê qu e

 você

teria

feito,

no

lugar

.

dêle?

-

Eu

,

diz

o

aluno,

sa ría

da cama bem tarde

e

su -

plicaria a

Ossip que tentasse me conseguir um pouco de chá ,

Demoraria

ao fazer

as mnhas

abluções matinais, para fazer

pa ssar o tempo , mas também com a vaga esperança de

impres

si

onar

os pov incianos com

a

minha elegância de

quem

mora

em São Petersburgo . . . Depois, dar ia uma volta

p

ela

cidade

  Perguntaria

at é

mesmo

no

Correio se não

c

hegare. nenhuma

encomenda

para mim

,

isto embora sa

ben

do qu e nada poderia

te r

chegado

para

mim naque le

lu ga r .

 

Afinal de c

ontas, decepcionado,

exasperado e sen

t i

nd

o o

es tô

mago

vazi

o,

voltaria para

a

pensão.

- Qu er d izer que ,

para

saber

como entrar

em cena,

n

ão

como um cabot ino mas

como

um homem ,

você

teve

qu

e d

efinir primeiro

o

qu e

foi

qu e

lh e aconteceu

,

porque

você se encontra aqui, o  Que é

qu e

você deseja - tudo

is

so pa ra execu tar

corretamente o

seu

primeiro gesto.

Pois

você n ão é a lg uém, num cer to IURar, num momento qual

qu er , mas

sim

,

VOCÊ,

AQUI, IMEDIATAMENTE .

. O aluno experimenta ent ão v ár io s

modos

de

entrar

qu e co rresponda m a

ês

se estado

de

espírito:

atravessa

a

sa la co rre n

do

c

omo

se auisesse evitar

um

encontro com

o d

ono da

pensão; ou então

abre

a

porta cuidadosamente

e pára , hesitante: ser á que vai

tentar

uma convers a para

consegui

r o

alrn ôço? ou

,

então, nervoso

,

indeciso

, procura

com os ol

ho

s qu e é qu e ainda poder ia vender .

Qualquer

qu

e seja a

su a atitude

, O

ATOR

AGE

POR

SI

MESMO

,

em

vez

de

executar

o Que

lh e

foi

sugerido

p

el

o

dir etor,

pelo

crí tico , pelo

exemplo

de um outro atol

a té me

smo

pelo autor .

Pois,

nesse primeiro estágio, ainda

nã o l

eu

a peça e

só conhece da m esma

o

desenvolvimento

geral.

Trata-se, porisso,

de

su a

VERDADE PESSOAL, é el a

qu e d

etermina

a

verdade de

seus

gestos.

O a lu no r

epete

a

sua entrada um a

dezena

de vêzes,

co

m v

ariações

,

enquanto va i perguntando

a

si mesmo:

P

or

que razão

estará

se

comportanto

desta

maneira?

E a

re s

pos

ta su rg e : Porque está com fome . A cena tem

poi

s

como títul

o:

SACIAR

A

FOME CUSTE

O

QUE

CUSTAR .

A

ã o cénica, duplamente de te rminada por aquilo que

a

ge

r a e

por aqu il o

a Que

se propõe,

vai s endo enr iquecida

com detalhes novos acrescentados pelo

mestre

, cujo p ap el

se limit

a

ao

de  ponto e

de fiscal.

Quanto

ao

atol ,

cheaou

para

êle o

momento

de aplicar

os

conhecimentos ad a

ui ridos

no es tudo

do   sistema ,

e, em

particular pel a MEMóRIA

AFETIV

A E

SENSORIAL.

Ê preciso, ainda.

aue

domine

a té

cnica

de REPRESENTAR COM · OBJETOS IMAGI

NÁRIOS.

O qu e Stani slavski pede, enfim.

ao

ator é que se

valha da INICIATIVA,

da.

IMAG lNAÇÃO

e

de

tôdas a s

técn

icas

da IMPROVISAÇÃO.

P

ara

qu e as ações

físicas

possam

adquirir

a

melhor

e

xpressão

poss

ível

, o

professor retira

a

palavra

ao aluno

e p

ede

que u

tili

ze , no lugar da r

ép li cas

Imp rov is adas q

ue

usou

at é

aí , o

proces

so

do ta

-t a-

ti

.

- Não saberia expl icar porque, dep ois de

re

pe

ti r cem

vêzes o te xto de um papel , acaba-se por t i ra r -lh e tôda a

vida

e abaixa-se o diapa

são

vo

cal, ma

s

se

i, por

ex

per

iência,

que

renunciando

às palavra s e subs ti tu indo -as por um

  ta

-ta-ti

(em

que ap en as as

inflex

ões e o ritmo en

tr am

em

[ôgo)

dá-se

vida

à

réplica

que

fi

ca

livr

e dos

 l

i

 

és

e

sa i

enr

iquecida. Existe

aí um

se

g

rê do

: en

quanto

as

pa

lavras

não

tiverem penetrado

na

alma do a tol , enqua

nt o

o

ater

-homem

não

as

ti ver

t or

na d

o s

uas, essas pa l

avras

serão estranhas à sua bôca , d

el  

sa in

do mec

ân icamente.

É

po r

ca usa di

sso qu e

o p

ermitim

os

ao aluno

pr

on un

ciar

o texto do pa pel enquan

to êle

não tiver n it idamente fixado

o

sub

-texto,

ma

s prop

omo

s a

êl e

ex

primir-se

por

um

  ta -la - ti , is to é

ut i

lizando-

se

exclusivamente das inflexões

natur

ai

s.

A segui

r,

o aluno

pa

ssa por uma

ex periência análoga

qu

anto

aos gestos; para   dep urá-los , re duz i-los ao estrt

tament

o

nece

ssár io, ped e-s

e- l

he

qu

e relembre

os episód

ios

delineados

,

sentad

o

em

cima

de  su

as

mãos.

Isso o

Iará

exteriorizar

-se

ma is inte nsamente pe l

o ol

har,

p

el a míni

ma

,

peal

inflexão e, quando tiv er as mãos livres , p

el

o

[ ôgo

dos dedos.

E

assim

, o e

stúpid

o Khl estak

ov

co

meça

a p iscar , t or

na-se míope

,

não

enxerga

nad

a

li teralmen

te a

lém do scu

nariz.

Interjeções persuasivas m is

tu ram

-s e

ao se

u  I a -ta

ti .

Quanto

mai

s

atrapalhad

o

estive

r o a

rtista,

qu

anto mai

s

pobres

os se

us mei

os,

ma

is exp ress

ivos êstes se tornarão

.

O atol ano ta cuidado

samen

t e por escrito a

seq

uência

da

s

ações físicas qu e estabel

ec

eu

, r e lembrando-a

mu

itas e

muitas

vêzes, verificando se a me

sma

tem CONTINUIDA

DE e SE JUSTIFICA,

poi

s sàme

nt

e a pa

rt i

r da í a

vida

in

t

erior

do

pers

onagem

te r

á

co

nd

ições

pa

ra s

urg

ir .

-

Comece i pe las  ç   s físi s mai

s sim

ples,

nem m

uito

originais, n em muito interessantes ; quando repe t id as, po

rém, dentro de uma sucessão rigoro

samente l

ógica

, e

la s

desencadearam

as

NECESSIDADES INTERIORES . O a tol

começa

a

crer naquilo

que e

st

á fazendo e,

par

a

êle , es ta

é

a única maneira de

imp

ô

-lo

aos o

ut

ros. O e

nt

rosamento

do físico

e

do

p

síquic

o é um e

feit

o m

il

a

gr

oso da na tu reza ;

realiza-se

es

pontâne ame

nte,

fo ra de nossa vontade, mas

po

demos desencadear o seu mecan ism o . R elembrando sem

cessa r

as

seqüêncías

fisica

s e psíq u ica s,

consegue

-se

fazê-las

coincidir numa

unidade

psicológica total. O atol pode di

z

er agora

:

EXISTO

.

- E aqui e st ou eu, Kh les takov , an da ndo, sentando-me,

consertando

a minha gra

vata

, admirand o

me

us s

apatos,

minhas

mãos

, polindo minhas unhas. A f ig

ura

cénica JU S

TIFICADA já nasceu .

Vocês vão indo

assim

, de episódio em episódio, de

cena

em ce na, d e ato em

at

o, engrenando as peq uen as ta

refas

física

s

s ôbre

o eixo da peça,

at

é

a lcançar

a t

ar

efa

p rincipal.

É

c

heg

ado, pa ra o atol , o momento de voltar

ao

t

ex t

o . Estuda-o do ponto de v

ista

de suas

ações física

s ,

da s qua is

faz

u

ma

list a po r escrito. Depois,

coloca

as du as

li

st as

um a em

cima

da

outra,

como se fôsse para

decalcar.

Se a pe ç fô r boa e

se

o at o l

foi

s

incero,

os pontos

deci-

 

Page 8: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 8/37

sivos

devem

coincidir.

O encontro

entre

o atar e o autor

acontece, o pr imeiro sent indo f inalmente necessidade da s

palavras

do

segundo. Estas palavras virão aprofundar, ma

tizar

e

f ixar definit ivamente

o

per sonagem mas êst e

per.

sonagern terá sido

criado

pela própria substância

do

atar.

Porisso

e st á l iv re

de c li chés ,

único

original.

Enfim, o trabalho chega à su a

última

fase. O

atar

sente

necessidade de melhor conhecer

a

peça

e o autor. O

diretor

reúne

então

os

in té rpretes em

tôrno da

mesa,

dando

-lhes

tôdas as informações e comentários   ue costumava, ant i

gamente, despejar

sôbre

êles antes de abordar

a

peça.

A

o rdem de

penetração

do papel foi. assim, invertida.

Quais

as

vantagens

do método das ações fisicas?

A NOVIDADE

DO MEU

PROCESSO,

declara STA

NISLAVSKI . CONSISTE EM

AJUDAR O

ARTISTA.

O

HOMEM

QUE CRIA. A CONSEGUIR

DE

SUA ALMA O

SEU PRóPRIO MATERIAL VIVO ANÁLOGO AO

PAPEL.   •

O artista não é mais o outro, é êle mesmo,

represen

t ando ago ra na p rime ir a

e

não mais na t er ce ir a pessoa

.

E assim,

vai

ao

encontro

do autor   ue êle também, ex

traiu

su a

matéria.

dramática

de

su a

vida pessoal

e

de

suas observações e êsse encontro é direto, espontâneo, sem

imagens

interpostas entre os doi s

sem

idéias preconcebi

das . S omen te o cenário da ação foi tomado

emprestado

do autor pois

dentro d êsse

cenário, o atar

agiu

como

um

criador.

É importante que

ta l

resultado tenha sido conseguido

não

 a

fri o . pelo

raciocínio,

pela

análise

e o

estudo,

rém espontânea e naturalmente, já que t an to den tr o do

atar

como dentro

do

papel,

é a

natureza humana

Que

aze

.

Pois na Iinauagem

do

atol .

acentua

STANISLAVSKI.

 CONHECER É IGUAL

A

 SENTIR .

-

Insisto

neste

ponto.

continua

êle,

pois

vem

 

se r

uma

feliz

particularidade do meu processo. Out ra van ta

gem importante

do

mesmo provém do fato de

aue AS TA·

REFAS FíSICAS

SÃO

ACESSíVEIS.

  .

Não

se pode representar diretamente   a

psicologia .

A

vida

do espírito

não

nos

comunica

senão noções fugi

tivas de d if íc il a lc ance . qu e não se deixam

fixar

da mes

ma manei ra que

são

fixados

os

t ri lh os d e

um trem. A

vida

do . corpo.

pelo

contrário, se

exterioriza

po r meio

de

um

aparelho

físico relativamente

primitivo,

manejável: é

sólida

e pode

fazer

o

panel dos trilhos

Que

guiam

o atol

através

do s meandros psíquicos da

peça.

Mais

ainda.

cst

á

indissoluvelmente l igada a

êsses

meandros. Uma

ac ão

f

i

sica

supõe

um

desejo,

uma

aspiração,

um

impulso,

[u stjf

i

cados pelo sentimento. A imaginação nada poder ia i nven

ta r que não implicasse

numa

ação

mental.

 Iá

notaram

que é mais difícil definir

aquilo qu e

teria

mo s

SENTIDO em

certas

circunstâncias

do

que. aquilo

qu e

terramos feit o n as

mesmas

circunstâncias'

O

atol'

se a pro

ximará mais fàcilmcnte

do seu

personagem

indo

prime'ru

do

exterior

para

o interior.

As uç ôcs Iisicus

também l he p ropo rc ionam melho re

s

facilidades

de con ta to

com os

outros

atôres no

palco.

quanto 

conforme

u

métudu

autlgo, os

jogos

de

cena erum

fixados de

antemão pelo

diretor, são os

a tô res mesmos

agora qu e

os

estabelecem no decorrer

do s

ensaios . Ant i

gamente, tudo

er a

preparado:

a atmosfera, . o cenário, a

direção; e dizíamos ao atar:   assim qu e você va i repre

sentar . Ainda fazemos

tudo

pelo

a ta r, mas somente

após

têrmos

estabelecido aquilo

a Que êle

mesmo aspira.

pesosas que não compreendem a importância do

cor po. R iem

quando

se lhes explica Que uma série de

ações

físicas

simples

e

reais

pode

da r

um

impulso

à

vida

espiritual.

Essa gente fica

chocada

pelo

  naturalismo

do

proce sso. Mas v ejam que a noção de

  naturalismo

vem

de

 natur eza , nada tendo

porisso

de comprometedor .

Não se trata

nem

de

realismo

nem de natural ismo mas de

verdade

humana e somente

esta

é capaz de pas sa r do

palco para a platéia.

As

ações

físicas não

têm nenhum

val or em s i. Val em

exclusivamente

pela

faculdade qu e possuem de despe rt ar

os

Iatôres

psíquicos e

de desencadear

o

entrosamento do

fí si co e do psíquico. O Que

importa não

é que o her ói de

uma t ragédia

se

a

morte

mas

porque

êle o faz. Se o

s eu ge sto não

tiver nenhuma raz ão de se r

ou

se essa ra

zão

fôr desinteressante,

a

morte

do

herói não há-de

nos

• •

impressionar .

As ações físicas

embora aparentemente simples,

Ii.

bertarn a

natureza,

que é o mais genial do s

artistas.

Ora.

a

natureza do

atar é o

nosso maior tesouro

e

todos

os mé

todos po r

mim

propostos visam

apenas a excitá-la a ob ri

-Ia a fazer

brotar

seu

poder criador.

Partindo da vida

do

corpo, podemos atingir

o

cum e de nossas

possibilidades

artísticas.

É assim que , c ar re gado d e s ab er,

o

mais t irân ico

do s

diretores acabou

po r

colocar-se na dependência

do

atar,

de

quem

s e t ornou

o

humilde parteiro ,

no

sentido

socrático

da

palavra.

  ri

 Da rev is ta

 L

THEATRE DANS

L

MONDE ).

 

Page 9: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 9/37

U   Sistem

a

Stani.slavski é

obieto, em diverso

s

pa

íses,

de uma controvérsia tão virulenta que se tornou difícil fa

la r

do mesmo

com

calma e obj

eti

vidade .

A atualidade de Stanislavski vem dos EE .UU. Um

ar

ti go do célebre d ir etor nor te-americano

Harold

Clurman

nos

confirma que

a influência

da s idéias

de Stanís lavskí

sôbr e a

prática

e o ensino

da

arte dramática começou na

quêle

pa i

s em 1930 e que essa

influência

é profunda .

procurado sempre

a

vida interior.

a

verdade

de

sentímen

to e de

experiência mas

como nossa

técnica espiritual

ain

da estava

em embrião e nt re o s

at ôres de no

ssa companhia

.

por necessidade e írnpo  ênc  e contra nossos de

sejo

s.

acontecia às vêzes cairmos num nautralismo exterior e

grosseiro

.

Admiramo

s, nos textos acima, a autenticidade de um

homem

de teatro de grande

ca r áter,

de um a rar a amplio

  Inf luência de Stan is lavskl sObre   ens ino da

  rte

 rarnét ica

A situação é

totalmente

diferente

na

França e nos

países

de l íngua francesa onde a atualidade de Stanislavs

kl provém da publicação a inda recente de sua   m p o r t n t ~

obra

  A

Formação

do Atar  An

Actor

Prepares  , na edi-

ao americana) .

Tomamos

, pois,

conhecimento das i déi as de Stanislavs

ki com pelo

menos

30

anos

de

atraso. Trata

-se.

na

reali

dade. de

um

atraso

que

diz respeito

principalmente

às

jo

vens gerações.

pois

os homens

de teatro

franceses

tomaram

conhecimento dos métodos deStanislavski ao

mesmo

tem

po que os dos outros

países

ou até mesmo

antes.

tendo

observado

, já em 1922. a

teoria

posta em

prática

no decor

re r das

maravilhosas representações

do Teatro de

Arte

de

Moscou em Paris. Na

verdade.

os homens de teatro

fran

cese

s

integraram a os seus pr ópr ios ans'namentos

,

durant

e

os

últimos

30 anos. o

que havia

de

melhor nas

teorias de

Stanislavskt

ou então

rejeitaram

-nas mas, de qualquer ma

neira

.

sof re ram sua influência.

- - . 

Sabemos

que

.

de zeracao

em

zer acao , a s experrencia

s

se

tran

smitem mal:

de

oua lque r man

eira

.

par ece ocorrer

a tualmente um nôvo

entusiasmo

dos jovens

at

ôres de Iín

zua francesa pelos   métodos do

mestre russo

. É preciso to

ma r dev

idamente

em considerac ão êsse e ntusiasr oo Pode- .

  s

perguntar-nos se

tal í nte r

êsse é geral e

oual

é a situa

cão nos

out ros paí ses

. Ser ia int er es sant e examina r igua1

mente em que essa volta atrás se ;u<;tWca. l e

corresoond

e

 

uma necessidade real. o

aue noder á

trazer à a rte d ramá

tica de

hoie

.

se devemos

reeosi iar-nos ou lamentar-nos.

Ante

s cie mais

nada. relembremos

as

advertências

que

o próorio Stanislavski no

<

dá . Esta princ ipalmente:

.. . . . Inventar exercícios para os alunos e faz

er

com

Que

os execu tam sem levar

em

conta

o Que

de m

ai

s im

portante. isto é. a necessidade de encher a

ac

ão

física

 

convlccão e do

sentido

da

verdade

. apresenta poucas dif i

culdades e pode resultar

num comércio compensador

. Que

tenta ç

ão para os

exploradores

do

meu sistema

Tratando

se

dc arte. nada

poder ia ser

mais nocivo ou

mais

estúpido

do que da r-se por satisfei to com um s is tema em -si. Não se

pode

transformar

um

meio num

fim ; seria a

maior

das

m

entira

s.

Staní

slav

ski ainda : Os que pensam que temos

pr

o

curado

Jazer n

aturali

smo no p

alc

o

es tão

e

nganados

; nun

ca tivemos a me nor inclinação

por

êsse

pr

in

cip

io. Tel1l08

Michel

Saínt-Denís

tude

humana , de

uma

grande cul tura , que publicou o seu

 sistema  com 64

anos

de idade e 50 de experi

ên

cia tea

tral

(hav.a

começado aos 14

anos)

e que. no

decorrer

do

s eu tr ab al ho , encontrara ou incentivara autores

tão im

portantes quanto

Doístoievski,

Tolstoi.

Gorki e Chekhov.

E é antes de mais

nada, porque

nos

vem

de

um

ho ·

mem de tamanha

têmpera. for te

e sensível, de um arti

st a

que

se

elevou at é a

teoria

de

sua arte apó

s

ano

s pas

sados na

prática

de

todos

os estilos, que a contribuição

trazida

pelo

sis tema tem um

va

lo r durad

ouro

e

uni

ver sal.

Foi à arte do a to l . muito mais do que à do di retor ou

do cenófr go  que Stanlslavski se dedicou. Depois do au tor ,

não

raro

juntamente com o autor e completando -o . é o

atol' que

é o

artista criador capital no teatro.

Para que o t ea tr o cumpra

sua

alta func ão

human

a e

social.

é

preciso

que

d

êem

as

cos ta s ao

d -

vertlmen t

o.

ao

ar

t

'fício

, à convenção,

ao exibicionismo

e a t õdas a s

Para servir êsse

teatro

,

é

preciso um atol que se ja um

artista

, Isto é. um homem de

inte

gridade e de cu ltu ra . in

teiramente dedicado à prática de sua arte: O sis te ma come

ca

, pois, por exi gi r do ator. o qual

precisa

ti rar ,tudo do

fundo de si mesmo, uma personalidade. um carater . um

comportamento que

condicionam

a

vida

e a pr ática diária

de su a profissão. Sem essa

atitude

e. de cer ta m

an

e ira,

sem

essa

moralidade do a tol em relação à sua ar te . não

reforma

. não há nenhum   sistema possível.

E no entanto. o sistema funcionou . a

ref

orma preces

sou-se,

Afa

stando

as

careta

s. os

truqu

es , os clichés de

IIl11a

pr

ofissão já pro nta ,

afastando

também a técnica dc lima

arte de   representação

 , mesmo

chegada

à

pcrfcic

 

mas

s empr e bas ea da na

ímítacão.

Stanislav

ski conseguiu

pOIl

CO

a

pouco descobrir os caminho

s

que

o ator prec isa

trilh

ar

para chegar at é o cora ção

da

ar te cénica: a cr ia

c

ão

da vida profunda de um p

apel

e a apresen tação desta

vida

no palco sob

uma forma artístic

a .

A

Iormacão

do

atol'

cr ia

do

r impl ica na

pr át

ic» cons

t

an t

e da improvi

sa

ção, s ôb

rc

tem as d

ad

os ,

Sào es tas as grandes Iinhas do   Sis tema : perfeita

men te

a

ss

lmil ávcis,

oferecem-se à

ude s

ão de todos   us que

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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padecem por cau

sa

de um

ensino

exte rior e ultrapassado

e

que

se n. em

vivam

ent

e a

neces

sidad e de sa ir dos

c rni -

nhos

jft

h

at

ido

s

fi

á ,

porém,

ou t

ro

s elementos

0

sist ema que

li mi

nh a Opl ll i

 l

ll, limitam sua -a plicacâo ; -exis te rn -t amhém -ns

lacunas.

Os temas de improvisação dados

aos

alunos são se

m-

pre

de

natureza realista.

Além disso, nos

ensaios, Stanis

lavsk í

aconselha

seus

atôres, a fim de

ajudá

-los a

estabe

lecer a continuidade dos

seus papei s,

a

inventar

aqu ilo que

se

pa ssa entre as cenas; aconselha também a fabricar para

si

mesmos uma

biografia de

seus

personagens,

anterior

e

posterior à a ção da peça; para encontrar a verdade atrás

do texto , faz

at é

com que seus atôres improvisem sôbre o

própr io tema de t ou tal cena da peça. Todos

êstes

pro

cessas serão de um grande

interêsse

se houve r cor respon

 iência de est ilo entre as inven ções dos

at

õrese o texto

da

obra a

interpretar.

O que é que acontece no caso de Moliê re , de Racine,

de Marivaux

mesmo

e, ac ima de tudo , no caso de

Shakes

peare'

Não

será

um perigo

grave

para o atar o fato de

se r

levado a inventar

uma rea lidade

quotidiana

contempor

â-

nea, s ub jetiv a, que pode

entrar

em

conflito

com o estilo

escrito de uma ob ra ?

É

aqui

, 'creio

eu

, que

deparamos

com

uma l acuna

ria: em luga r nenhum do sistema, encontrei

qualquer

in

dicação s ôbre o estudo do texto como objeto

real. Um

tex

to, pela

su a

forma

, pela

escolha

das palavras, pelo ritmo,

tem uma influ ênc .a direta sôbre o sentido;

esta

influência,

num

grande

poeta, pode

se r

primordial: é a influência

da

poesia. Nêsse s is tema realista, a realidade do estilo não

parece

ser

tomada em consideração.

A  míse-en-scên

e

do  Othello de

Shakespeare

foí

publicada em

vários

países.

A leitura dêsse l ivro é o bas

tante para

nos convencer de que as motivações

realistas

de  t nísl vsk

í

se

aplicam mal ao

estilo

da g rande

poesia

ou pelo menos que o

 Sistema

n ão pode

se r

aplicado ao

mesmo em bloco; é preciso escolher, a

ordem

do trabalho

não pode

se r

a mesma.

Em primeiro

lugar, o

texto

e

su a

forma devem libertar sua

substância.

Para

lutar

contra

a

interpretação formal de um texto escrito formalmente,

é

preciso partir des ta forma; a psicologia não pode se r

em

purrada

atrás

da verdade ir a

poesia :

muita

vêzes é uma

.

.  

decorr ência desta .

É

por causa dessa negligênc ia em considerar

a exal

tan te realidade

dos estilos que muitos homens de teatro

consideram

que o

sistema

já caducou;

seria apenas

o esti

lo

de um a époc a ou ainda o dos paí se s s em

tradição

onde

o realismo

ainda triunfa ,

Ser ia justamente êste

o caso do EE.UU.

onde

o

 Síste

ma , chamado por

de

 Método , obteve

resultados

subs

tanciais, isso fora

da

publicidade devida aos seus

triunfos

cinematográficos. O benfazejo Método cometeu, .porém,

alguns

excessos:

apaixonado pela psicanálise,

l evou às

vê-

zes a

sinceridade

dos

seus

adeptos 'a té a neurose;

encorajou

um

subjetívismo

psicológico

que

não

é de natureza

a

levar

em consideração

os

valores

obíetívos

de

um

texto.

Na

União Soviética , onde

nenhuma evolu

ção lhe foi

permi t ida de sde os anos 30, o  Sistem a , esgotado, dá

agora resultad

os convencionais; os melhores se

afastam

d êl e ;

mas se

é pr

eciso di zer

qu e

foi cor

ro

mpido: o

p r ó

prio S tanislav

sk

í soubera conservar o seu repert órío

anti

go fora do a lcance das inf luências ideológicas do regime,

  s seus sucessores nem sempre procederam

da

mesma ma

neira

. As

dire

ções

das peças

de Checkhov

que

vi no

Teah o

de

Arte

de Moscou são a

prova

disso.

A Alemanha

não

parece te r muito interêsse em seguir

o exemplo de Stanislavski: vive

da s

suas próprias desco

bertas, as do expressionismo, em

particular;

e deu ao muno

do Bertolt Brecht, que viveu no Leste  ínas

cuja

influência

é

mundial.

Brecht

tem

s ido oposto a Stanislavski pelo fato

de te r afastado a emoção subje tiva e as

contribuições

do

subconsciente e

porque sempre preferiu

dirigir-se

ao

es

pírito do

seu

público com

t ôda

a clareza.

A Inglaterra e a Itália são como a França: de quaren

ta e

cinco

anos para cá, assimilaram do sistema aquilo

que lhe s convinha.

É

a

França, por tradição menos atual

e

mais fechada

do que

qualquer outro

país europeu,

por c au sa

dos

seus

clássicos,

que se mos tr ou provàvelmente

a mais

refratária.

Pouco mudou

o ensino do Conservatório e só possui em

Paris

a lguns cur sos e spar sos e fragmentados. Depois que

Jacques Copeau e todos os outros grandes

díretores

do

Car te l s e fo ram, a

França

não

parece te r

sentido a neces

sidade de

criar na c api tal aq ue la gr and e

escola

moderna

do

teatro

onde

as

contribuições do

realismo poderiam

te r

sido confrontadas

com

as

lições

da ve lha

tradição

clássica.

Nestas condições,

compreende-se

o entusiasmo dos jo

vens por Stanislavski. Corresponde a uma necessi dade de

renovação numa

época em que, se o

naturalismo está

de

sacreditado,

o

realismo

ainda

é

o

est ilo mais

difundido . O

realismo,

aliás,

continua

a evolu ir ;

depois

de Joyce, Proust,

Kafka, Sartre,

Camus, Becke tt , está

explorando

reg iões ca

da vez mais profundas . O

sucesso

de Chekhov, que é um

fato consumado

na Inglaterra

há já 30 anos,

ainda

é re

cente entre nós. Não deixa de

se r

signíficantívo que Jean

Vilar se declare, com algumas reservas, um

admirador

de

Stanislavski: pois nào foi êle, mais do que qualquer

outro,

que

conseguiu. no despojamento do palco, da r sentido e

realidade aos clássicos.

Finalízando . deve-se dizer que se o

 Sistema

está ho

je

em dia

ultrapassado,

Stanislavski não

deixa

de se r

um

mestre seguro:

há-de

propiciar ao s j oven s uma boa base

de

saída

na

díreção

de novas descobertas .

(Da revista

 LE THt TR

DANS LE MONDE .

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 11/37

,

A

passagem

que desejo destacar

momeniãneamenie para

trazer

à sua atenção

é

colocada nas

circunstâncias dadas.

POl

circunstâncias

dadas não se

compreende

somente . por

exemplo, que o taxi

está

esperando na porta e. portanto.

você tem de fazer a

cen a depr

essa.

Naquela cena parti

cular. isso será uma c ir cuns tânc ia dada. mas essa é ape

nas uma das apllcaç

ões

do têrmo.

Espero

que

o

que

êle

tenha querido

dizer

tenha

sido:

dadas t ôdas as clrcunst ã

cias de lima peça

determinada

. que podem incluir, por

exemplo. o

fato

de que os

personagens

não vivem no Bronx

mas

sim

na F ranç a

do século XVII; ou que o

autor

escre

veu a peça

num

certo estilo que deve ser

refletido

no   s

-

petáculo e

assim

por diante.

Tentemos, então.

definir algumas

atitudes

em relação

à

autenticidade na interpretação.

Primeira:

a

verdade

indicada,

isto

é, a

imitação

da

emoção, a

interpretação

de falso efeito que depende ape

nas

de

coragem

para se r

executada.

Não é a que prefiro,

mas

el a

'sa

ti

sfa z a algumas pessoas. Não penetra, porém,

a

nossa experiência

nem um pouco

mais

do que a Jítera

tura

sentimentaloide

(que também

é capaz de comover),

ou a dança

ôca,

de mera

atitude,

que não emana de

um

impulso

interior.

Segunda: (que,

aliás,

também não prefiro), aquêle

tipo

de emoção indiv idualizada que pode ser inegàvelmente sen

tida.

mas

que não é

ligada

à fonte

material

que deve

ser

interpretada,

e

que arrasta tudo para

o

nível

pessoal

do

atol'. Aliás. êsse tipo, a mim, me parece ser exatamente o

oposto do que acontecê' no

trabalho

de Duse. a

deusa

dos

realistas.

que elevava a mais

mediana das peças

por

meio

de sua a rt e. Era muito

raro

que

interpretasse

grandes tex

tos,

mas

trazia ao que fazia

seu sentido

de arte e

criava

assim

idéias

que

se

tornavam

i nesquecívei s e que viviam

muito

além da vida

do

material

usado. em si.

Existe

um

aterceira

atitude (e

acontece

que é a que

prefiro):

É a

da

verdade que é realmente

sentida,

porém,

artisticamente controlada

e

corre tamente apl icada ao

per

sonagem

a ser

Interpretado,

a

tôdas as

circunstâncias

da

cena, ao estilo

particular

do

autor

e

da peça

que

estão

t sen

do

interpretados.

Creio que podemos d

ispensar tanto

a

interpretação

exterior

 bela e

 de

efeito , que

s e p reocupa

apenas em

emocionar. quanto  s

Hamlets

 feios ,

personalis tas , ina

daptados às exigências da arte. e de profunda emoção in

terior,

que ficam a coçar os

traseiros

do palco Já assisti

a

uma

produção de

 O

Mercador de Veneza ,

na

qual

a

atríz, bastante

conhecida, resolveu

tornar sua Portia

intei

ramente  autêntica .

Com a maior boa

vontade

do mun

do,

ela entrava

no pal co e dizia,

muito casualmente , A

na

tur eza da

graça

não

comporta

compulsão.

Gôta

a

gôta.

ela

cai ta l como a chuva

benéfica

d-o-c-é-u. f

duas

vêzes aben

çoada. E,

nesta

altura, contava um-dois nos dedos: Aben

çoa

quem DA e quem RECEBE Era uma das coisas

mais

realístàs

que ,

vi

na minha

vida. Mas a

rea li dade e ra

tôda

dela; de

Shakespeare

não

restava nada.

Creio que .

é perfeitamente correto

rejeitarmos

tanto

o

primeiro

grupo

que

executa uma

atuação bel ís sima e vaz ia

 

Robert Lewis

..

• • •

• •

 

,

  .

,

. .A  posição ' de STANISLAVSKI em

relação

ao

problemade

verdade

tem

sua

origem em Pushkin, de quem êle

gostava

muito.

Seja

como

fôr;STANISLAVSKI citava   ushkín

co

mo podemos

ver

pelo plano, quando,

ao responder

em uma

carta 'uma

pergunta sôbre

a

arte

de escrever. dizia:

 A

au

tenticidade

da

paixão. a

verossimilhança

da emoção, colo

cadas nas circunstâncias

dadas. são o que nossa razão exi

ge de um escritor ou de um

poeta dramático .

E STANIS

LAVSKI

compreendia

que o mesmo conceito

deveria se r

válido para a

interpretação.

Vou

repetir porque

é uma

frase memorável:

 A aut en ti cidade da

paixão. a verossimi

lhança da emoção, colocadas nas

circunstâncias

dadas, é

o que nossa

razão

exige do

escritor

ou do poeta dramático .

na n te rp re ta ção

Ve rdade

  utent ic idade

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em nome

da tea tral idade.

quanto

o segundo, que ínterpre

ta de maneira

monótona

e torturada,

em nome

da verdade.

Não creio que

a

verdade tenha de

se r

anti-teatral.

ou

que a teatralidade tenha de se r falsa. Não é aconselhável

utilizar

apenas meios exteriores

para criar, poraue estou

convencido

de que i sto est io la a verdadeira

emoção em

lu

gar

de liberá

-la;

mas

é possíve l

acionar com êles

o

motor

interior

e

depois

mant ê-lo funcionando

enauanto

se

encon

tr a

meios de

projetar

a

verdade integral

de seu

papel

nu

ma peça .

Digamos

que Se tr t de

alguma

coi sa como um

cora

cão sadio

num

corpo sadio.

Com o

sempre

existe

uma

certa .

liberdade

de

esco

-

lha

em todos

Os elementos da arte,

acredito

que também de

ve haver lim escolha de

emoções

para oue cheuuemos à

verdade.

Não falo aqui somente ria verdade em

Iunc

âo do

estilo,

mas

mesmo da

escolha existente den tr o da própr-ia

fórmula

realista

. A

profundidade de

emocão de

um perso

nagem é d iver sa da

de

outro

. e

se

você ficar.

em todos

os

papei s, sen tindo sempre autênticamente

como você

sente

pessoalmente. na melhor das hipóteses.

você

acertará

in

termitentemente

em

cada

personazem.

Sc um

personazcm

tiver

de d izer, em

tom

de

zombaria,

 Quando escuto WaJ

ne r

. me dá um nervoso ... e o atol'

entra em cena

e diz a

fala

com a ma

;0 1' solenidade,

o autor

terá

o direi todc

se

desnencar

lá do fundo da nl téi c vir ritar para o

 

atol':

 Alto

lá; isso

é

uma

piada

Vor

ê está dando os seus

  .

proprros sentimentos

a

respeito

de

Wagner.

c

quero que

os s eus se ntimen tos se danem

O

que Quero são os senti

mentos

do

personagem, que não tem

a

menor idéia nem

do

que é

Wagner

.

Em

parte.

a razão de erros dessa

natureza

pode

te r

sua or

igem n aque le per igo que já mencíoneí, no trabalho

sempre feito

em tôrno de

cenas

  imporantes na s

aulas

práticas de estúdio.

em «ue

os problemas

menores

são com

pletamente ignorados.

E no

entanto todos

os

problemas

de um papel . somados .

é

que

formam

êsse papel, e não

apenas

os

 grandes

 . Mas.

principalmente, creio.

a

maior

cau sa de

s

se gênero de coisa se

origina

na auto- indulgência

de

at

ôres Que ouerem  se sentir

bem

e.

po r

i sso mesmo .

grav'tarn inevítàvelmente

para

os sen timentos aue lhe são

mais próximos

e

nos

Quais se

sentem

mais

  à

vontade .

Isso difere inteiramente

do

trabalho

do

artista aue

estu

da

seu material

e

seleciona corretamente os e lementos

com

os

quais

deve

criar.

E

posso

garantir -lhes aue

o

tr a

halho de um

artista

é muitas vêzes penoso

e

nada

confor

tável.

'I'ôda essa noção

.

muit o em

moda, de

limitar

a

emo

ção

do

atol' ao

campo de

sua s

reaç

ões naturais, fáceis

e

cotidianas e

stultif íca

a imaginação, a

arma mais

podero

sa do artist a . Já vimos o exemplo de M. Tchekhov,

em

O Di

 úvio, que.

quando

sen ti a que devia

convencer

seu s ócio de

que

o

amava verdadeiramente

, apesar de

s ua s b ri ga

s

eter

na s, começava a cavar, com a mão, o coração do

outro

a tol', como

se qui sesse penetrar-lhe

no peito e identificar

se

com rl e - Isso

é que

é Imaginação Não há

quem

não

tenha

ouvido

falar

do

exemplo

de

Duse

em

 Os Espectros .

Quando

ela parava na

porta vendo

o seu filho com a

em

pregada

e

compreendia

que

a li es ta va

o pai, redivivo ,

ti

nh a de diz er uma palavra:  Espec tros . No momen to de

dizê-Ia,

e la j ogava

para a

frente os punhos,

como

se esti

vesse realmente lutando para vence r os e spec tros - é is

so a imaginação

Grasso,

o

grande

atol'

siciliano,

numa

peça.

fazia um pintor que tinha um jovem

aprendiz a

quem

ensinava

e

amava;

e um

dia,

ao

entrar

em

casa

,

Gras

so

encontrava

o

rapaz

com

su a

mulher

nos b raço

s.

Gras

so er a

um

homem grandão

e forte. e

partia

na díreç

ão

do

ra paz

como

se

fôsse

matá

-lo.

O rapaz ficava

tão

aterrorizado

qu e

nem consegu ia mexer

-se e

ficava

,

ali. paralisado

. Gra sso

ia

chegando

cada vez

mais

perto.

mas quando est ava ao

lado

do rapaz,

repentinamente,

agarrava-o e

abraçava

-o.

Não é provável

que Grasso

tenha lido Freud , mas êlc sa bi

a,

corno artista.

que

no meio de t ôdas

aquelas

emoções, a rll

zão pela qualêle queria

matar o

rapaz

não

er a po r

ódio

dêste

ter-lhe

roubado

a

mulher, mas sim porque seu amor

e confiança no rapaz hav iam s ido tr ídos Imaginação

Vocês poderão dizer que. no

primeiro caso. Chekhov

estava

utilizando

um

  gesto

psicológico , que.

no segundo

,

a Duse

estava   interpretando s eu obj et ivo

 ,

que er a lutar

contra os espectros

do

passado.

e

at é mesmo

que. no

te r

;

ceiro,

Grasso

estava

usando  recursos opostos . g a mi

nha

resposta

é que vocês

podem

chamar qualquer um dos

t rê s momen to s de esp inaf re s.

se quiserem.

ma s que conti

nuare

í convencido

de que te r

ia sido possível

a

todos

tr ês

interpretar '

suas cenas de maneira perfeitamente autêntica

e

integralmente sentida sem

atingir os

pináculos que

rea lmente a tingi ram

. No

primeiro caso, Chekhov poderia

ter in te rpretado

a

cena

de

maneira magnífica. sem aqu êle

gesto

de mão, e a

cena a inda

assim

teria

s ido cheia ;

a

Duse bem

poderia te r apenas

ficado ali,

junto

à

porta,

inundada

do pavor da

visitação

dos

pecados

do

marido,

a

sentir que os espectros

do passado a

assaltavam

-

sem

lutar fisicamente

contra

êles

- e

mesmo ass im teria

s ido

um momento emocional maravilhoso; e Grasso, com a ca

pacidade

de emoção que tin ha .

poderia

muito

bem

te r che

gado per to

do

rapaz. dando

-lhe

uns

safanões víolent

íssímos.

e a

cena seria inteiramente

válida.

Mas garanto

-lhes

que

'

saêsses atõres não t ivessem outra preocupação

do

que   a

verdade da

interpretação.

não estaríamos

hoje

a falar a

respe ito de

nenhum

dêles.

Porque

a

imaginação

é a reali

dade

do

artista

A imaginação é o material com que tra

balham

os

artistas. A

verdade

não pode se r t ransformada

numa

coisa

estática

e

estultificante. Na

arte,

a

única

ver

dade

é a bu

sc a

da

verdade

.

• •

(Do livro Método ou

Loucura,

de

Robert

Lewis,

tradução

de Barbara Hel'odora, Ed . Letras e

Artes

- Rio de Janeiro)

Page 13: 023 - Cadenos de Teatro

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 a ra   la r

- o

ator deve.

so que seu público.

em tôdas

as

ocasiões.

se r

mais generu-

\

- O defeito de muitos atôres decorre de levarem mais

em

conta

seus própr ios obiet ivos e ambi

ções

do que os do

autor.

- A essência da

representação

é o

poder

de

interpre

taro O

pensamento

  e a emoção podem

ou

não

estar

pre

sentes. porém, a vontade básica do ator deve

se r

muito

simplesmente,

interpretar:

não pensar. não sentir. não

fa

zer exibicionismo. não f azer dec la rações pessoai s

(ainda

que

possa

fazer uma

ou

tôdas

essas coisas) .

mas, simples

mente,

interpretar.

- Só comece a

interpretar quando deixar

de

buscar

o

personagem.

- A

diferença entre

o

ritmo

e o

tempo

é que o

ritmo

é

aquêle

que vem de

dentro

e o tempo. o

que

vem de fora.

-

Um ator

não deve

temer

a teor ia. uma vez que te ·

nha consciência de

suas

fôrças latentes. A

teoria

e o

mé-

todo são

valores

imensos

para

o

atar

que

sabe

usá-los,

mas

não para quem não pode fazê-lo. Porém. no

pior

dos casos.

não são tão venenosos como o convencionalismo.

O ator

convencional sofre de

uma para li si a progressiva

paro. a

. qual, após certo tempo,

não há cura possível.

- Alguns at

ôres

parecem tão absorvidos cm

pensar

cada

linha

e

cada

frase

e

at é

cada

palavra

do seu texto

que às

vêzes.

chegam a

perder

o

sent

ido do que

tão dizendo. Nós, os atôres, tendemos a

subestimar

a rapi

dez

mental

do público.

 

nervosismo em

cena

pode

transformar

-se num

elemento positivo. Mas. ·

geralmen  e,

só associamos

êsse.

ner

vosismo com a

estré ia ; cer to grau

de nervOSls.mo ou

I se-

gurança

é

útil

em

todos os

espetáculos,

especialmente e

 m

papeis dramáticos. Não se deve

se r

tenso. pOIS

 a tens

 ao

inibe. mas o relaxamen:o ou

calma

deve se r cheio de  

tenção.

tsse estado é

muito difici l de

se r

alcançado.

É.

se

gundo Jouvet.

 graça

c

quando

acontece , o

ator

se su

pera

a si mesmo.

(The actor s

ways anil means , de Michael

Radgrave)

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d e

D i rc e u Ne r y pa r a   L es

Mouches d e S a slr e

pe los

 Comed l ens de

l O rang er l e

A e t

no

log ia co mpa

ra

ndo os test emunhos da s civiliza

çõe s c h a m a d a s primitivas

che

gou à conclusã o de qu e os po

vos  

me

smo geogr áficamente tã o afa stados qu e um a influên

cia

parece

exclui

da;

percorreram

 

com

surpreendente

es

pontaneidade as

mesmas

etapas da evolução espiritual Da

mesma maneira  o conhecimento

das

civilizações

primi

ti

va s

ainda

vivas permite estudar

de perto

certos as pe tos d e

nossa própr ia prehistória

perdida

E

descendo

ao

fundo

do

tempo

à

procura

da s origens espir

it

uais d a h uman id ade

descobrimos com es p a n t o

à

nossa vol ta   esparsos e d esp er

cebidos

uma

multidão de restos do

pa

ssado legados pelos

antepassados Quem poder  a imaginar

que

os costumes pi

torescos

do folclore. o uso das má scaras

viriam

de tão

longe?

A máscara êss e testemunho d e c iv il iz ação ext re mamen

te velho  é a tentativa gr a nd ios a do homem

primitivo

de

se

elevar

acima de

s ua c

ondição

human

a de al

ar

g

ar

s ua

individualidade além do mundo dos morta is e de e n t r a r

em

lut a co m a natureza.

A ri gidez

m

óvel da más ca ra dá vid a a um a crla tura

de

sconhecida

e mist eriosa qu e o hom em pod e coman da r e

iden tificando-se com e la .

enfr

entar a s p

ot

ências ma is Ior

tos qu e ê le. Por mc :o de ritos má gic os e do sa ng ue das

vítima

s es

sa criatura

misteriosa se transf o

rma

e m dern ô

n io

na

da nça ox t á t i c a As

sim

  a má scara engen dra

I ór ça s

sobrehuman

as

q ue c om s ucesso se medem co m os fen ôme

no s incomprc

en

sivels da natureza intimid

am

os es pe

ct

ro s

fun estos e os a ca lmam . A má scara dança . As fa se s ciu é t

cas tr an s

íormam

a

ri

gide z e m pulsa ções . mudam os

tr

aç os

em

pant

omima

A

tran

sfi

gura

ção se f

az

 

real

A másc

ar

a

vive. O homem primi tivo s ucumbe à sua visão.

Pode-se diz

er

qu e o aparecimento da má s

car

a

se

cou

funde

com a origem do

drama

Desde qu e o

ho

me m d

eu

os primeir os pa ssos

dramático

s a má sc ara ap ar ece com o

eleme n to

da repre

sentação Se o comê ço do dr am a se o -

co n tra na s danças

rituai

s a qu e o homem primit ivo se en

tr egava já nessa fa

se

de

cultura

  surg e a m ascara O

hom em . pob re d e meios de ex pres são com palavr a r udi

mentar e linguagem pobre ex pressa se us sc n t imenlus

ÚUII

çando A dança a

princípio es

p on tâ ne a e expressão de

Or i g em

  Função

da M á sc ara

ásc r

no e tro

 

Mas c a r a

Page 15: 023 - Cadenos de Teatro

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  Livros co nsul tados : Th e Th catrc, de She ldon Cheney e

l\lasqucs

Pru u ítlfs,

de 1.

L.

Schn e

íder)

possibilidades dos comediantes moderno s.   bastante evíden

te qu e

representar

era um a arte qu e e xi gi a u ma vida de

estudo e devoção, e

qu e

matizes d e e xp re ss ão eram objeto

de

um a busca

dil i ge nte . N ão

 matizes realísticos, é certo, m as

nuances de emoção através as convenções d a m ás ca ra, no

movimento harmonioso e um tioo de voz estudado.

Sõbre as con di çõ es d e representação no tempo de Aris-

tófanes,

ex is te m es ca ss as i nf or ma çã o a ut ên ti ca s. Aq ui co-

mo

na

tragédia, todos os at

ôres

eram

homens.

As roupas

er am ex tr avag antemen te

fantásticas,

fantasiosas

o u g ro te s

cas : As pinturas

indicam

se r

comum

o uso d a m ás ca ra de

animal nos Coros. A figura do atol era aumentada co m

enchimentos

não só na

frente   estômago)

como atrás.

Atôres e c or os u sa va m máscaras e o grotesco parece

te r sido

aqui

levado ao e xtremo. Onde um atol incarnasse

u ma p er so na lidade conhecida - como

S ócr at es e m

As Nu

vens,

ou

Eurípedes n As Rãs, a máscara seria

u ma c ar ic a

tura reconhecível. Re in av a em tudo

u ma f an ta si a

exagera

da. A bôca larga, em algumas máscaras,

indica

o uso

de

um a

e sp éc ie de

megafone

,

feito para

ajudar o atol a le

va r a voz at é a pa r te m ai s d is ta nt e da arquibancada.

As

m ás ca ra s p er si st em n os c or os

c ôm ic os e

em d is far

ces de

pássaros

e animais.

Em

Roma, o

atar

usaria máscara p el o m es mo m ot iv o;

a

necessidade

de personificar

vários papeis no mesmo es-

pe táculo . Os c om ed ia nt es d as

farsas

ateIa n as t am bé m usa

vam

máscaras,

como os da

Comédia

dell

Arte.

A C ommed ia d el l ar te us ou

largamente

a máscara e

a meia-máscara para caracterizar os

seus

ti pos

famoso

s qu e

ficaram conhecidos

como

Os Máscaras.

No

O ri en te C hi na )

a

convencionalização

do

person

a

ge m pelo m ke up resultava

numa

verdadeira máscara pin

 

t d

no

rosto e com detalhes de apliques. Um rosto es

branquiçado

s ignificava

um a pessoa

má; um

ro sto verm

e

lho -

hones to; dour ado

- divino; Estrado - ladr ão, as

sim por d ia nte . A convenção se ex

tendia

ao colorido da s

roupas. como o antepassado morto - v éu s n eg ro s ou

tira

s

de

papel

p en de nd o d a

o re lh a d ir ei ta ; p ess oa doente - véu

amarelo o pa co , e tc .

No t ea tr o j ap on ês

todos

os

personagens,

exceto Os jo

vens, s ão r ep re se nt ad os p or má scaras. A

impessonalídade

 despersonalização) da representação é, de ss a forma, au

mentada

p el a s up re ss ão

da

expres

sã o facial. As má scara s

são esculpidas

com b el eza e

tnte .ramente

f

ormais.

mas den

tro

do s

limites

do não

realismo

. gua r da m um a gr a nde I ôr

Ça de expressão.

lima necessidad e soci a

l.

se tran sforma

em

rito e êle passa

a se comunicar com os deu

se

s

atravé s

dela, invoca os de

môn ios dançando, r ev iv e c en

as

de ca çada e de guerra, dan

ça ndo. Nesse s

eu

primeiro

m ov im en to d ra má ti co , ê le

é le

vado a ex pr i mir , pelo mimetismo, a a ç

ão

v iv id a e, já como

pe r so n a ge m do

drama

, a

fingir

a

figura

do

outro,

a se dis

fa r ça r no con tendor , no i ni mi go, no antepassado, no ani

ma l caçado ou

no

deu s protetor. Aí aparece a primeira

m á

sc ar a

, como um dos

elementos

qu e se

acrescentam ao s

prim ei r

os

componente s rítmico

s q ue vão da r

nascimento

ao

d

ra

ma. A máscara é o pr im

eiro

elemento

cê nico, junto

com

as

arma

s, talvez, e é o

pr imei ro document o

e

testemunho

do drama primitivo.

Não é necessário indagar

se

a finalidade da máscara

  unicam

en t

e de caracterização e enfatiza ção do e fe it o d ra

m ático. S abemos

qu

e, tribo após t ri bo, a

máscara

se

us a

na d ança e no quadr o dramático . Às v êz

es el a

é um disfar

ce - o de um

animal

c onhe cido. de um homem ou ta lvez

a alma de um antepassado. Outras vêzes é um símbolo,

um a

conv

encionalíza ção, ou o próprio deus. Ocasionalmen

te, a abstra çao de um a emoção ,

m êdo, ciume

, etc.

A

m ás ca ra a ce nt ua

o

efeito dramático,

i mi ta , c op ia ,

passando

do

mais

simples - um a

cabeca d e a ni ma l.

enri

quecendo-se de

enfeites

  madeira

pintada

,

c onc ha s, f ibra s,

penas

, den

tes

e

at é metais preciosos)

e

se

transformando

no

deus ou na im agem digna de um deus . .

Uma pesquisa s ôbre máscara no teatro grego implica

n um es tu do da maneira de representar da época, pois a

máscara est á in timamente ligad a a ela.

P ar ec e ag ora m ai s que provável - diz Sheldon Cheney

- que a f ig ur a h um a na f ôs se p ou co exagerada

em

tama

nh o, n o p eríodo de Ésquilo e Eurípedes, ainda qu e fôsse

r

icamente vestida

e que as

máscaras

não

eram

então

gro

te

sc a

s e

enormes

como representadas

na s pinturas

e es

cult u ra s d o último p

er í

od o

greco

-romano. A representação

er a sem

dúvida

artifical e

declamatór ía .

ma s podemos

im ag iná -la gr an d iosa, com m o v i m e n t lentos e li

vr es, e não de todo incapaz de momentos

naturalmente

emo

cio

na

nt es. A

máscara

  necessàriamente usada

porque

um

at

ar

incarnava diversos personagens sucessivamente

na

me

sm a

peça, e não p or q ua lq ue r outra

razão mais sutil)

tornava o j ôgo facial: impossível.

A máscara

. er a um a con

venção , um sim bolo ou um a ab stração

da

emoção princl

palmen te liga da

ao persona

gem. Quem

quer

que tenha

  tudado máscaras,

poderá

compre ender qu e · um certo ti

po de expressão é po ssível a

tr a

vés do s

mo

vim

entos

da más

ca

ra

para r ecebe r a luz em div

er

sos sentidos. pelo movi

me nto da cabeça, etc. Ma s a ad oc ão do cf

eito

é um a li

m ü a c âo delib

er

ad a da ex pressão de

intimid

ad e human a.

num

senti

do de

ga

n h ar em dim en são. e t

alv

ez em ou tr o

sentido. va lores de se me lha nç a divi na. Devemos visualizar

o

a tol

grego

desenvolvendo uma lin guag

em

de ges to e mo

vime n to ex tr em a men

te

mais ex prssiva do qu e qu alquer

ou tr a usad a nos pa lc os de hoj e ; e, co m nossos ouv idos

ím a

gluários

, ouv i -lo fal a nd o. s a lm o

dl a

n

do.

ca nta n do atra

vés de uma espécie de r ecitativo inteira

men

te a lém da s

• •

 

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M ã s c a r a d e D ir c e u N e r y p a r a

A

M e n i n a

e

o

V e n t o n O

T a b l a d o .

um

meio .

um

  m

 

ao

  SO ·

.

entre

rosto

Não

 

A

COPEAU

ator

 

o

urna nem

9 esto

A

nem

lu o

Os

e

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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\ --

 ig . I

Fig.  

7

O ít / 

:

Ex ist em

muito

s processos de fabricação de máscara,

tud

o d

ependendo

d o

mat

erial

de

qu

e se

di

spõe,

do t empo

q ue se tem para isso e do uso a

que

se destina a

máscara.

É claro que

uma máscara

de comédia não pode

se r

feita

da mesma maneira que

uma

máscara de [ôgo dramático

ou de

uma improvisação. Também

o processo trabalhoso

de modelagem de

uma

máscara

não pode

se r

usado

quando

se

t em que confecciona r r àp idamen te uma série de más

caras que têm, no

espetáculo,

um

papel apenas acessório.

Assim , conforme o caso, os processos podem ser:

1) processo clássico de mode lagem, moldagem e

colagem de papel;

2) adaptação de uma máscara

comprada

pronta;

3)

cartolina ou papel recortado

e

colado

 princi

palmente para cabeças

de

bicho);

4) pano costurado ;

5)

materiais

diversos: fios

de metal,

ráfia.,

pap

el

trançado, casca de á rvor e, ani agem, fôlhas, etc .

  om o ta

e r

Mãscara

não

deformar

compl

etamente

_ Sendo n ecess

ár i

o, m odif i

c ~ s e alguns relevos da máscara. P or exem plo , se qu er

m asca ra . c om olhos menores,

cobrem-se

os olhos com

pap

el

e

cartolina

  f ig. 1) _ Se

quer um

nar iz maior , mai s grosso.

ou

arrebitado

, c

orta

-se o da

máscara

com

uma

lâmina e ·

faz -se

outro

ou com

papel

cor tado , ou

cartolina,

ou

entã

o

mod el a-s e co m argila. e

papel colado. Isto

se faz

da

se

guinte maneira:

cortado o nariz, coloca-se po r

dent ro da

máscara . no lugar cortado, uma bola de g êsso mole e

ar

mado sôb re e la

um

pequeno c il indro de terra ao

qual

se

pouco a pouco

  forma de nariz desejada. Fig

_ 2)

Pa

ssa-se

parafina

e

cobr

e se com

pap

el

rasgad

o

 jornal

e

grude).

Quando o papel seca, tira-se a t

erra pela parte de

d ent ro da má sc ara.

O mesmo processo pode se r usado

para

outras partes da

máscara: sobanc el has , maçãs do

rosto, testa,

etc. Feito

isto, reforça-se a

máscara:

cola-se

algodão tecido)

na pa rte de dentro

e

tarlatana na parte

de

fora.

Põe-se para

secar

com . cuidado a fim de não de

formar a

másca ra . Em

seguida, pinte.

Ê sse proce sso

está

ao

a lcance de

qualquer

amador

e

permite que

se

obtenha

um

 

grande

número de máscaras

diferentes, sem muito trabalho. Quando a máscara é

sim

pies, o processo é fácil .

Ent re tanto, nunca use

a

máscara

como comprou, poi s e ssas

máscaras

podem servir

depois

de

adaptadas.

No

próximo número dos

CADERNOS

, daremos o pro

cesso

de fabricação da máscara com cartolina

e

pano

.

I - O

primeiro

processo, empregado na fabricação de

másca ra s de carnaval,

é usado

também

para

·

reprodução

de

estátuas,

figuras de

cêra,

etc.

A

operação

é a

mesma:

escultura

e modelagem e,

em

vez

da

colagem de

papel,

usa-se o gêsso ou

meta .

As

máscaras da

COMMEDIA

DE

L

ARTE

eram

feitas

de

uma maneira inteiramente diferente: esculpia

.se

na

ma

deira

a

máscara desejada

e

sôbre êste

positivo

indefor

mável,

aplicavam

o couro molhado,

que

er a

martelada at é

tomar

a

forma exata

do

positivo em

madeira.

Em

seguida,

deixava-se

secar

o

couro

.

Êste

p ro ce ss o é

difícil

e c ustoso.

A vantagem

da

escultura. em

madeira

para base da mo

delagem da

máscara

é

que

os

t ra ço s f icam

mais n ít idos

que

com o gêsso e

não

se

arrisca

a

estragar

o molde como

quando

se

usa um ma te ri al

menos

resistente.

Deixando de lado o proce sso c lá ssic o, mais complicado,

de f ab ri cação de másca ra , dar emos o

de

adaptação de

uma

máscara

comprada

na loja.

2)

Em

época

de carnava l,

são

encontradas

à

venda

.

másca ra s de cartão. Essas máscaras podem

se r

transfor

madas e usadas como

máscara

de comédia. São máscaras

feitas

em

série,

de pasta

de

papel,

em

matrizes de metal;

têm a

vantagem

de se adaptarem fàcilmente ao rosto, pois

as

medidas são

bem

feitas.

As

formas é que são vulgares,

o

material

pouco

resistente

e o colorido,

geralmente,

hor

rível. Será necessário,

então, recortá-las,

mudar alguns

relevos, reforçá-las e repintá-las.

A primeira operação é a l v gem d másc r

com

água e escôva par a t ir ar a pintura. Deixa-se secar e cor

ta-se à

altura do

lábio

superior, se se quer

uma.

meia

máscara.

Mas só corte após a lavagem e s ecag em, para

 Adaptado

do l iv ro

  bric tion

Cordreaux,

Ed. Bourrel ie r

 

Cie.)

 

asque de

Henri

 

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2) Homem se aproxima, de chapéu à c abeç a, a par ên

cia

cansada.

Passa em frente da s árvores , sem ve r

os

ma

cacos. Senta -s e a um canto   direita

ou e squer da ,

ou de pr e

ferência ao lado oposto à

su a

entrada).

Enfia

o chapéu

na cabeça

cobrindo

os olhos para dormir, depois

de

te r

colocado os o ut ro s c ha pé us

ao

lado, no chão. Adormece.

P od e r on ca r. Macacos

observam

o Homem e imitam

se u

ronco

durante

algum

tempo.

A máscara a se r usada no br inquedo

dramático

deve

ser u ma m ás ca ra improvisada, isto é, de fabricação fácil e

rápida , a

se r f ei ta p ela própria criança.

Deve

se r

leve e

confor tável . com a abertura dos olhos bem grande para

evita r que a c ri an ça s in ta vontade

de tirá

-la para

ve r

me

lhor).

Quando o

personagem

t iver falas , deve-se cuidar  quc

a abertura

da

bôca seja

b em larg a,

ou que a máscara se

ja cortada

acima

do

lá b :o superior.

As

histórias

a serem

dramatizadas

com

máscara

devem

se r c ur ta s

c

se m

com

plicação de situações e movimento. Po r exemplo:

  ásc r

no

br inquedo

d r má t ico

Virginia Valli

o

VENHEDOR DE CIIAI i ;US

 m vendedor de chapéus seg uia p ara a cidade com

sua mercadoria

  chapéus

de palha ou

c hapéus i mprovis a

dos com I ôlhas

de

jornal). Ao passar pela floresta, sentín

do-se cansado, coloca a mercadoria no chão e s en ta j un to

a um a

árvore

para

descansar.

Em segu ida

adormece.

Os

macacos, t re pa do s n as

árvores,

observam

o

h om em d ur an

te algum tempo. Depois descem da s árvores,   um de

cada

v z aproximam

-se do homem, apanham um

chapéu,

colo

cam

na

cabeça e sobem novamente. O home m a c or da,

pr o

cura os

chapéus

e não

e ncontr a . A joe lha

e ora, pedindo

a deus

qu e

o faça encontrar os chapéus . Ao olhar para ci

ma,

avista

os macacos enchapelados. Começa a fazer ges

tos, pedindo ao s macacos

qu e

devolvam os chapéus. Os ma

cacos só fazem

imitar

os

gestos

do homem e não devolvem

nada . A fi na l,

enfurecido, o homem

tira

-o

chapéu que tem

n a c ab eç a e joga

ao

chão. Os macacos fazem o mesmo.

recolhe os chapéus e foge, perseguido pelos gritos dos ma

cacos.

Roteiro

- Coloque

ba nc os f or ma ndo

a

f lore st a, s endo

cada

banco

um a

árvore. Escolha quem vai

representar

o

homem e

quai s quer em

se r

macacos

. Tome tantos chapéus

quantos são  s macacos e

mais

um para o homem usar.

Se não dispõe

de chapéus de

palha, improvise com jornal

dobrado,

no Ieitio conhecido . Colocados os bancos, cada

cr iança sobe à sua árvore.

  Vozes de mac ac o gri t os e guinchos) durante algum

tempo

. Ao sentir a

aproximação

do Homem,  os

macacos

param

de

gritar.

P od em t am bé m

se agitar, saltar, coçar,

imitando mímica simíesca. Para isso, recomende que obser

vem quando da visita ao

jardim

zoológico.

3) Macacos

percebem

os chapéus. Desce um macaco,

pé ante pé,

apanha

um chapéu, cobre-se e sobe novamen

te. Homem continua dormindo. Descem a

seguir

um a um

os outros macacos at é qu e todos tenham apanhado um

ch a

péu e colocado

na

cabeça. Homem

continua

dormindo.

4) Homem começa a acordar,

ou

acorda

com o próprio

ronco

mais forte, ou

com um guincho, esp regu iça, es frega

os olhos e se

levanta.

Macacos o im it am e m silêncio: es

preguiçam, esfregam o ôlho, bocejam e fingem que levan

tam.

5) Homem procura os

chapéus.

Macacos observam.

6) Homem começa a gesticular e fica

cada

vez mais

nervoso e

aflí:o.

volta

em

tôrno

da s

árvores

procuran

do. A mímica do homem deve

se r

repetida pelos macacos,

em

silêncio.

7) Homem

ajoelha

e reza   pode

falar).

Olha para ci

ma e

os macacos .

Ergue-se

c

pede

. Estende a

mã o

a

cada macaco.

que im ita

o gesto do Homem sem, contudo,

entregar

o chapéu. Homem estende a mão,

macaco

idem ,

em silêncio. O [ôgo dá oport unidade a qu e a

criança

in

vente

cada

dia novos gestos de

desespero:

t irar o

chapéu

c colocar de nôvo, rodar o chapéu

na

cabeça,

bater

os

braços,

ameaçar,

etc., tudo dependendo do nível, da ima

ginação e da experiência de cada

grupo

.

 

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8) O Home m. a fina l. v eri fic a que e st á

sendo

imitado.

Tira o p r óp rio ch ap éu e atira ao chão. Os macacos fazem o

mesmo.

tle

recolhe

os

chapéus e sa i

ràpidamente com

re

ceio de se r segu .d o pelos macacos, qu e guincham.

t t brinquedo pode

se r

feito  

co m

crianças a partir

de cinco anos e também excepcionais. Dá

oportunidade

a

qu e

a

criança se interesse

e observo a

mímica atitude

e

voz de an imais . p r ocu ran do imitá-los. Por

isso:

pera

qu e

elas façam como faz o macaco, em vez de

mandar

que elas

Iaçarn

como. a pro.fess?ra

acha

qu e o macaco faz. Faça o

Jogo. como

~ m p r o v l s ç o

dando

as

convenções do brinque

do:

~ r v o r e

e banco,

formando

f lo re st a; m ac ac os g esti

culam

e guich rn ma s não falam; o h om em po de falar quando

procura

o chapéu. quando

reza

ou

quando

tenta os

chapéus de vo lta.

Repita o brinquedo . usando a

máscara

impro visada

pe la p ró pr ia c ri an ça .

C IDO

f

zcr

.a .

máscara - O

tipo

de m ás ca ra p re f

erido

aqu:

e o mais fácil de

improvisar:

de

pano

ou de

cartolina

recortada e

pi n

tada. A máscara chata. presa na caber á

c? m um elást ico .é a

mais

aconselhável.

Também

se pode

n a usar um a mascara confeccionada com saco de

papel

conforme o bicho a

se r

representado. Para macacos, pode:

se

fazer um a

máscara chata,

conforme

a

figura

.

P ro ce ss o: T om e cartolina g ro ssa . Na falta desta. colo

fôlha.s de

j O ~ n a l

sô brc outra ,

co m

grude dc polvilho .

DepOIS

de seco, rrsque conforme a

figura

. R ec ort e, de ixan

do

abertura

dos olhos e nariz. Pinte. Aplique um pedaço

de

e lá st ico n a altura da s

orelhas.

Complemento

ou

elemento

in

icial

da

indumentária,

a

máscara deve

se r

utilizada quando o

personagem

represen

tado pela criança não corresponde à sua id ade e f isiono

mia. Por exemplo no Jõgo de São Nicolau que daremos

nu m dos próximos CADERNOS: o São Nicoláu. o açougue

ro e

su a m ul he r qu e

deviam

se r represen

:ados

por adul

tos) usam m ás ca ra , e nq ua nt o os três meninos

guardam

o

rosto

descoberto. A máscara deve

se r

forçada no

mesmo

sentido qu e a roupa e c om po st a e m rela ção direta com ela,

o vice-versa. Deve ha ve r uma

linha

geral

qu e

se rá . s ob re

tudo, indicada e acentuada pelo

nariz

. de côres

nítidas

e

p.ouco numerosas. Ne m naturalismo, nem cópia de

um a

figura

real, mas

estilização do

personagem

no b ur le sc o o u

no

grave, evitando t od o ex ce ss o d e p ol ic ro mi a.

• • • •

Se o personagem é mudo . pode-se

deixar

a máscara

Inteira

(V. jôgo O Vendedor de

C ha pé u) ; s e

o atar vai fa

lar.

us a

-se a meia

-máscara

que cobre apenas a

parte

su

perior do ros to . Esta se adapta ma is f àc i lme nt e ao rosto e

não dá a

linha

às

vêzes

incómoda de

separação

da

cabe

ça

do pescoço. Na fabricação

da

máseara deve se te r

em con

ta

o

quexo

do

atar.

cuja

forma

pode variar

completamente

o aspecto da má

scara.

O fato de se ver o

queixo

e a

b

ôc a

da criança

mais vida

à

máscara. conferindo

-lhe

um a

mobilidade

qu e

não

impede,

entretanto, a fixidez do tipo .

As máscaras de bicho têm

muí  o

gasto em jogos in

fantis. Daí a n ec es si da de d e se encontrar um me .o de fa

b rico qu e torne a máscara leve e confortável. evitando se

o uso d a m ásc ar a de a ra me , p es ad a e perigosa. A so lução

são

as

máscaras de

cartolina

grossa. cortadas em perfis

qu e se

aplicam um ao outro

, ligados po r

outra

tira

de

ca r .olina,

Estas

são as mais mais leves ,

ma

s só podem se r

usada s po r personag

en

s mudos,

(Livro

con

sultado: Le s Je ux D ra ma fi qu es d an s I Etlucati

on ,

Leon

Chancerel)

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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V a lo r P e da g óg ic o do

T ea tro d e

  ásca r a s

Helena Antilloff

Como todo te a tro . o teatro de máscaras é um feliz es-

tratagema

para

imprimir

um

sentido às mais variadas ati

vidades

que. reunidas.

formam

um acontecimento

- o es

petáculo.

Nada

é mais artificial em pedagogia

que

a im

posição aos adolescentes de uma série de exercícios

des

conexos,

que

por mais ú teis

que possam

ser. não decorram

de uma necessidade. de uma motivação interna. Ora,

um

espetá

cu

lo é Iàcilmente

adotado pel os j oven s como

um

ob

jetivo interessante e, prevendo o

prazer

que a

festa

possa

c au sa r ao s convidados.

pai s, amigos e

crianças

que

nela

compareçam, geralmente se entregam

aos

preparativos

eom

bastante entusiasmo .

O teatro de más ca ra s t em um valor peculiar: o artist a

apresenta

-se ao

público

camuflado Desaparecendo sob os

Ieí iios fantást icos de um personagem ir rea l. o atol perde

uma grande parto do

se

u

EU

social.

convencional

e, pro

tegido pel a máscara. meno s

acanhamento sente em ex te r

nações por mais

esquis

.t a

s

e exa

geradas

que sejam.

O grotesco

da

má scara e dos ges tos

provoca

Iàcilrncn

te

bom

acolhimento

e riso

da

platéia. e o

herói se

scntin

do

recompensado,

continua com melhor êx ito a inda .

Outro fato digno de nota no

teatro

de máscaras: a es

celha

do

personagem, quando dei xada

à

espontaneidade

dos

jovens,

evidencia certa con gruência en t re algumas

da

s

tendências do

jovem

e

os atributo

s

da

scara;

à s v êzes

sa re la ções são di re tas , outras - opostas e. parece hav

er

motivos compensatór ios. Assim é pa ssivei

que

a máscar a

do Leão seja e

scolhida

por um

adol

escente de caracterís

ticas

leonina

s pronunciadas, enquant o outros há também

que. sem nada possuir do rei-animal,

nutrem

a spira ções

fortes

para

o comando Um  corde

ir

inho .

submisso

e de

pendente.

procurará

realizar no personagem do leão a so

nhada

ditadura.

Máscaras de macaco. po rco. bo i, peru.

arara,

urubu ,

pavão e out ros t an tos podem

ajudar

nosso s meninos a

ex

pressar, em trejeitos de cad

a

um do

s

animais aue repre

se nta r em . os seus própr.o s problemas de vida. Nem sem

pre capazes de

compre

ender o teor in  ele

et

ua l de uma sá-

tira. vivem -na

em

su a

dinâmica

emocional e descarregam

boa

dose de

su a afetivídade longamente

a rmazenada na

i nib ição do t ímido.

na s explosõe

s dos

agre

ssivos, na agi

tação

dos irrequietos.

Nas

mãos

de

h áb c  s educadores e nnos psicólogos ,  

teatro de má

scara

s pode se

torn

ar ass lm um excelente

meio para reestru .ura

ção

do

ca r

átcr mutilado por tantas

adversidades

da

sor te ou pelos erro s de uma educa ção

.

 

Impropria.

O

teatro

de máscaras, assim, t alvez mais que o teatro

de

bonecos. e mais certamente

que

uma dramat ização cc-

mu m

 e n

chair et os ,

pode

se r

considerado

como uma ex

celen te atividade

pedagógica

com adolescentes e desajus

tados.

 xe rc í c io s

com   ásca r a

Feitas os

exercícios

de

expre

ssão corporal

indicados

seguidamente

em

nossos CADERNOS

anteriores.

o

atol

poderá

. a seguir. fazer

oxcrcic os

com máscara.

É a máscara

d it a máscara

nobre que

será

usada

nes

ses exercícios - a máscara sem

expressão

e cortada à al

tura da bôca, para

perrnítr mais

tarde. a palavra.

Ã

medida que

o

aluno

aprende a   f azer f alar o corpo .

fica -se

admirado d ã

fidelidade com que essa máscara imó

vel e inexpressiva

segue

a

expressão

corpora l daque le

que

a usa; a más ca ra r i, tem mêdo,

olha.

c :c. Torna-se o

rosto

de

um

velho

ou

de um jovem. dum

homem importante ou

de

um vagabund

o D êsse s imples pedaço de pano, de

pa

pelão. de madeira ou de couro. souberam se servi r Os atô

r es da an tig uida

de

. da  dad

 

rnédia da

commedia

deli  arte

e

mai

s

próximo

s

de

nós, os di

scípulo

s

de

Jacques Copeau

notad amente Loui s Jouvet c Charles Dullin. Em tôdas as

épocas e em todos os países, tanto no

ocidente

como no

oriente e extremo-oriente, o uso da máscara trouxe a Iôr

ça de

sua expressão

particular.

Quando.

entretanto. o

comediante

. em lugar de

eol ff e r

a máscara nobre.

usar

máscara de estilo pessoal. de ex

pres

são

definida,

de personaldade bem marcada. êle

re

ceberá uma i nj un ção, uma inspi ração

corporal

que

lhe fará

toma r a

aparência. na s il huet a

e

nos gestos, do per sona

gem indicado pela má

scara.

A máscara

é

emnrcgada aqui

exclusivarneute como um

mcio de educação do comed iante

chamado

a

representar

de rosto descoberto.

Antes de passar ao s exercícios práticos, assinalemos

aqu

i al

guns

princípio s b ásicos. Não

se

tarta .

contudo de

uma receita. mas de um

m é.odo

que pode

se r

proveitoso

para aqu êlcs qu e tê :n a lguma aptidão. A técnica serve  

talento. ma s não o substitui. f;

preci

so

notar

que

êstes

p

rincípi

os são luga res comuns para

todo

s aqu êles qu e se

preocupam com a es tética e a expressão do corpo

humano.

Page 21: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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Dlr eí e

nt

es

ce

n tr os  10 cor po hu ma no. - Do estudo do

corpo humano

em

movimento,

pode-se

notar:

1) um Centr o de Fô rç a que se s itu a no s

rins

e

que os

egípcios s imb ol iz av am p el o s ig no

do Touro.

Da í

partem

v is iv el me nt e t od os o s e sf or ço s

do

busto

e

d os m em bro s;

2)

um

Cent ro da Person

alidad

e,

qu e

se situa no alto

d o p eit o, séde da autoridade do

personagem

e

qu e

impõe

a presenç a do

atar;

3) uma

Re

gião

m

ai

s

es

peci

fica

me n

te ex

p

ress

iv a

forma

da pelo pescoço

  inclinação

da

cabeça, alto

do

busto

e

braços).

-

Entenda-se isto como um dado teórico. não absoluto.

Pode

-se, em

certos

casos.

exprimir

pelo

[ ôgo do

busto e

das

p er na s. p or e xe mp lo . ou da r um a i mp re ss ão d e autoridade

e de

p re se nç a. p el o

dorso.

Todavia.

esses pr i

ncipias geral

mente verdadeiros

servirão

de base  aos exercícios com

máscara,

tornando

-os inteligíveis e

permitindo

ao

aluno

simplificar

su a

pesquisa

e encontrar

um

estilo.

. Os

diferentes

plan

os

do corp o h umano - De frente,

de costas, de perfíl,

três-quartos

- são

as

posições

simples

qu e

o

corpo do

atar

ocupa em relação

ao s

espectadores.

Ma s essas posiç ões podem

se

complicar.

de sde que

todo

o corpo não está

nu m

plano único.

Assim:

bus to de frente

c cabeça de perfil. Entre os que se serviram mais parti

cularmente

dos p lanos opostos, citemos

ao acaso:

Miguel

Angelo . n a e sc ul tu ra e Buster K ea to n. c om o ccmediante.

-

A esses planos

paralelos

ou opstos, ajuntemos as posi -

c

ões

abertas ou

fechadas.

  Vide C AD ER NO S ns.

3. 5. 6.

8 11 e 22). Assim como

para

os planos. as posições podem

s er a be rt as

para

todo o

corpo

 

peito

para

fr e

nte, b

raços

em cruz,

joelhos

para fora)

fechadas

para todo

o corpo,

queixo

baixo

. dorso

encurvado. braços cruzados,

joelhos

p ar a d en tr o) . ou

estarem

em oposição

  busto

a be rto. p or

ex em pl o, e

pernas

fechadas).

Esses planos

e posições dão

um a

e xp re ss ão p ró pr ia .

Essa

expressão

é

perceptível ao

artista

como ao

especta .

do r que.

sem

saber porque.

encontra nela

a

mesma

signi

ficação .

Posições calmas, posições a to rm e nt ad as . p os tu ra s

micas, posturas trág icas,

en con tram sua

expressão pelos

p la nos p ar al elos o u

opostos,

pelas posições

abertas

ou fe

chadas.

T om em os p or e xemp lo o C ri st o C ruci fi cad o que.

apesar do naturalismo de

certos

esp anh oi s, es tá longe de

ser.

do ponto

de

vista

da

e

xpressão

física, t

ão

i

mp r

essio

nante

para

o espectador como a imagem de certos supli

ciados.

Porque

a posição do

Cristo

é

em

plano para

le

lo e

em

posição

aberta

  braços e joelhos). enquanto as ima

gens de supliciados

são

mais

g er al me nt e e m

pl anos opos

10s e posições fec hadas. Assim. ao

horror

causado em nós

pela idéia do suplicio, se acrescenta a imagem espetacular

mente atormentada.

O enca deiamento nos gestos. O c or po h um an o

em

mo

vimento

deve obedecer

a

um a

lei de

estética

:

encadeamen

to dos ge

st o

s e da s posições.

Entre dois

gestos expressivos

ou duas posições expres

sivas, é

preciso um gesto

ou

um a

posição

intermediária

qu e liga. Sem isso o

atar

s er á i nc oe rente. Dessa íncoerên-

cí a

pode nascer a comicidade.

Ce rt os da nça r inos

de mu sic

hal ls

america nos se servem dessa

incoerência

proposital

no s

gestos para criar

um

estilo e

tirar

efeitos cômicos. Co

mo regra geral. evita-se fazer voltar o corpo

ou

um a pa r

te do corpo

diretamente

à

posição

o cu pa d a a nt er ío rm en

te: essa espécie de id a e

volta não

é satisfatória. Assim.

a mã o

qu e

está

no pe ito

e

qu e cai ao longo

do corpo

nã o

volt a rá i m edi at a me nte ao

peito,

ma s

começará

po r

se di

rigir

a um

terceiro ponto

no

espaço para depois voltar ao

peito; . da mesma

maneira.

o atar

qu e

partiu de um ponto

do

palco

não poderá

voltar

a êl e pela

mesma

linha

reta

,

ma s

usará um ponto intermediário formando um triângulo

com o p on to d e partida e de

chegada

dessa

id a

-e-volta.

Chamemos.

oo r

convenção, esta regra

de triangulaçã

o.

Há ainda .

o ut ra r eg ra

- a do girar do corp o cm tô rr w

do eixo. Uma da s

aplicações mais

simples desta

regra

é:

o atar

v ol tand o s ôb re

si mesmo. de

que se

trata na segun

da

parte

.

Assim como

posições

calmas

e atormentadas,

 

micas ou trágicas, há movimentos calmos   triangulação.

girar

em

tôrno

do

eixo)

ou

atormentadas   id a

e

volta

brusca)

.

Quando o atol . no p ro sc én io . s e v ol ta para

 

fundo,

I

raca

no chão um círculo do

qual,

po r e xe mp lo, seu Indo

d reilo forma o

centro; êl e

vai a um a porta e volta ao

nrosc ênio -

passando

po r um terceiro ponto; do fundo.

êl e

deverá

sempre se v ol ta r s ôb re

sua

direita.

operando

assim um movimento continuo c

no

mesmo

sentido.

Daí

u ma i mp res são de repouso para o espectador.

Não esq

uecamos qu e

o

movimento

br usc o ou a posi

ção atormentada

deve

se r excec ão, e o movimento

contínuo

e a posição

calma,

a a

ção ordinária.

Isso.

contudo.

não ex

cluí a

intensidade. Desconhecer e ss a v er da de

é fatigar o

espectador, usar

os

efeitos

e.

finalmente,

diminuir

a

in

tensidade

da expressão.

O RfTMO NO MOVIMENTO Nã o é

unicamente

composto de rápido e lento, de imobilidade ou d e r no vi me n

to.

É preciso

acrescentar como elemento

essencial ao ritmo

no

movimento

humano , no

teatro.

a

densidade

muscular.

Um movimento lento. m a s f ort e me nte executado pelos  ú

culos

tensos

tem

um a maior

intensidade

no espetáculo

qu e

um gesto

rápido

e mais leve.

Aq ui.

como

anteriormente, é o qu e é c almo que deve

predominar e servir de fundo ao qu e é

intenso.

O qu e é

calmo:

rítmo regular;

o

qu e

é

i nt en so : l en ti dã o e xc es s

iva,

e sf ôr ço m us cu la r,

movimentos

rápidos

ou

bruscos.

Note

mos qu e um ritmo regular

pode

se r

regularmente irregular,

como e incertas

cenas de

MoJiêre em

qu e

o

personagem

ouve uma fala que o põe continuamente em tensão. para

acalmá -lo l og o d ep oi s.

Em

todo caso, um

gesto

ou um a

sequ ência

de

gesto

s

o u d e m ov im en to s do corpo

deve

terminar s ôbro um pon

to forte c não sôbre um ponto m ais fraco. Da mesm a For

ma, um

movimento

leve e

rápido

é

valorizado po r um a

parada brusca.

É. a o c on tr ár io ,

atenuado

po r

um a parada

progressiva. Hã,

entretanto.

m ui to s c as os em

qu e

a prúü -

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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cu

contrária

dessa

regr

a obt

ém

Mimo resultado.

Em

es

tilo literário como no estilo artístico, o conhecimento dos

princípios é uma formação, ma s nao

uma

servidão.

preci so evita r a  todo custo que o exercício de m ás

cara

a

cab

e p

or se

t

orn

ar - e é o que

acont

ece muitas

v êz uma experiênc ia intelectual. Tôda tentativa de

simbolismo, de convenç

ão

deve ser

af astada

; o exercício

de máscara deve

se

r  a

tradu

ção pelo

corpo

de

per

sonal

í

d

ad

es,

de

sensaçõ

es

e

de

sentimentos exigidos pelo

objeto

dramático

,

esta tradução

devendo t

ender para

a

maior

cla

reza

e

fidelidade

possíveis.

Po r

isso, o

aluno partirá

do concreto

para

o

abstrato

,

da

observação para a imaginação,

do particular para o geral,

do simpses para o complicado.

Assim. o aluno só va i

procurar

a t radução de

uma

rea-

lidade moral

(o

avaro

.o

orgulhoso)

depois de se

te r h ábitua-

do muito tempo

à tradução

de

uma realidade

física

(um

bêbedo. um velho); só

tentará

fazer viver um

se r

que

êle

terá imaginado depois de te r observado longamente em

tÔl 110

de

si

as silhuetas. os gestos. os reflexos. etc.

Primeira Série - O aluno ou os alunos (êstes exercí

cios são excelentes em grupos; olhá-los fazer é também.

educativo; cada um se

revezará junto

do

monitor)

se co

locam dian te do monitor. o corpo

bem

distendido. espírito

livre. a

máscara

na mão esquerda.

Aprende

-se a

colocar

a

máscara

(ou meia-máscara,

ou

máscara

de

loja

, de

traços

regulares,

pintada

de

uma

cór uniforme . sem realismo ) num movimento único: a mão

esquerda

veste a máscara, a

direita

firma o

el ástíco

na

parte posterior

da

cabeça.

O

monitor

diz

uma

palavra

, o aluno

pensa

a

idéia

a

se r expressa

, a p rinc ip io sem

mexer.

depois, pouco a pou

co, êle

toma

uma

posição

que t raduz corporalmente

o

sen

tido

da pal av ra

dada.

O monitor deixa o

alun

o algum tempo na posição

para

que

êle

tome

plena

consciência de la . depois diz stop e o

aluno

retoma

a posição de relaxamento.

Neste

momento o

monitor

di scute com os

alunos

o re

sultado

obtido dirá

se c

ompreendeu

como simples especta-

dor

e

procurará acentuar

a fidelidade, a

clareza

do

tema

e a eloquência (isto é. a fôrça de convencer que se depre

ende

da

posição

tornada). Sua c rí ti ca

deve

se r negativa

e

motivada.

 Não faça

isso

porque

... e não deve

comportar

conselho diretos como  f aça êsse gesto  Da mesma ma

neira

que

numa boa aula de

declamação, não

se

deve

dar

a intonação. nos exerc ícios com

máscara

não

se

deve ím

par

um gesto: é o aluno que deve

achar

o gesto segundo

sua sinceridade

e

seu

temperamento. A

única parte

posi

tiva

da

discussão será a enunciação de regras gerais.

O aluno deve

te r

o hábito de só

erguer

a

máscara

pa

ra

falar

quando

terminar

o exercício.

Isto por

um motivo

de ordem

psicológica e

para guardar

a

impor tânc ia da

mascara.

o mon

itor

para

eviiar

perda

de tempo.

dever á an

otar

antecipadamente as palavras

num

caderno . Pod

e-se vol

tal

muitas

v õz às mesmas palavras.

Eis a seg uir um exemplo de li

sta

de temas para

í

ôdn

a prim

eira sé

rie de exercícios. na ordem de

pr

o

gr

esso e

de dificuldade.

A)

Sem

mu nç de personalidade: 1) m

an

ejar ohje

tos

Iict íclos

(da r o hábito de ob

servar pr

ecisa e minu

c ío

sa ) como:

descascar

uma laranja ; enxu

ga r

a louça, pin

ta r

um

quadro

.

desatar

um

barbante

.

fazer

a

barba

,

trico

tar,

arrumar

livros

na estante

etc

. Não fazer aqui ne

nhum gesto explicativo ou simbólico; deve-se. pel a preci

são da observação e

da

reconstituição.

sugerir

o objeto,

sua forma, uso, pêso e

qualidad

es: (fragilidade,

rugosidad

e,

etc.j carregar um balde dágua vasio e cheio. dobrar um

lençol, etc.

2) Sensações: f rio . calor , cansaço . etc.

3)

Atividade

dos sentidos:

ver perto

ou longe,

ouvir

um

ru ido vio lent o ou

um

ruido apenas

perceptível.

tocar

um

objeto ás pero ou

liso. etc.

4)

Pri vaç ão de algum

dos

sentidos ou membr

os do

 corpo (cego,

surdo, maneta, paralítico, etc)

.

5) Esforços:

lançar,

receber pêso leve. pesado, objeto

pequeno,

puxa r uma

corda,

et c

.

6)

Sentimentos

simples:

alegria,

tristeza,

m

êdo,

riso

.

curiosidade,

etc.

Aqui o

monitor relembra regras já dadas:

a significa

ção dos planos. dos

centros

,

afim

de

demonstrar

a

sua

importância .

(Do livro L Expression Corporelle du Comédien, Jan D

oat)

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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 récnica

d e P alco

  leitos Sono ros

Os efeitos sonoros no teatro não podem ser nunca de

uma realidade

to .al Ele s nos

ajudam

a

criar

o

clima

da

peça.

juntamente

com a luz

O

c

enário,

roup

as etc. Sob

êste

pri

sma

é que devem

ser julgados

e

criticados.

Atuaímente

para

se produzir um

efe.to

sonoro o re

curso

mais usado é o disco com o

amplificador.

Os ruídos

gravados, que no rádio são perfeito

s

não

saem

tão bem no

teatro . Is to porque aqu i. o som

estará

em contacto mais

d

ír e

.o com o público e a

menor

falha ou d

efeito será

logo

percebida. Além do mais os sons produzidos

por

d.scos

nunca

são bem

gravados

e são quase irreconheciveis. No

r ád io , u sam sempre a sonoplastía manual para supr ir a

deficiência do disco. Há também o inconveniente de não

se

poder controlar

exatamente

as

entradas.

O ruido

parti

c.pa

do

clima da

peça como

se

fôsse

uma personagem

.

Qualquer atraso ou êr ro na deixa implica no

descon

trô

le dos atôres. O disco pode se r usado para a judar os efei

tos sonoros

manuais, ma s nunca

como

substituto

dêstes

E é por isso que os efe itos

manuais

devem ser utiliza-

dos na medida do possível .

I

Ao usarmos os efeitos sonoros é preciso te r sempre

em men te

duas

coisas:

a) aprox

imarmo-nos o mais possí

vel da realidade; b) termos em vista o estilo da peça. Pa

ra isso ao

criar

se

um

efeito sonoro começa-se

por pro

curar ouvir o

mais

possível o som que

se

está querendo

imitar, isto é  é preciso analisar o som - ve r o seu volu

me tom e r itmo.

Feito

isto

procura

-se

descobrir ou

fabri

ca r

ins

trumentos

que

produzam

o

som desejado.

Obtido o

som.

chegou

então

a

hora

de

submet

ê-lo à

aprovação

do

diretor. É bom frisar aqui que às vêzes nao

a mínima

relação entre o método usado para produzir um som e a

maneira pela qual

êle é obtido

na v ida rea l.

Apesar de já existirem alguns processos mais antigos

para

se

produzrem certos

ruídos  êste é o

campo

do

tea

tro

menos

explorado

. Portanto. cabe a nós agora,

traba

lharmos

um pouco e

usarmos

n SSa imaginação

para

r

e-

erguer esta

parte técnica tão esquecida

mas

que tem o seu

real valôr.

 

Nas

peças

infantis levadas

pelo O TABLADO. conse

guimos efeitos maravilhosos de sugestão e r itmo. Por exem

plo : o

bar ul ho da

p

ersonagem

 Prima

Bolha de

 Pluft ,

foi conseguido da seguinte maneira: uma

vasilha

de la

ta

com água

pel a metade. Sopra se

na

água

por me .o de um

tubo de

borracha.

Para se conseguir um bom efeito

(eram

preciso

quatro

ou mais bolhas) , var iamos a grossura do

cano

de

borracha.

No   Rapto

das

Cebolínhas , para conseguirmos

da r

o

ambiente

de mistério o

 ladrão era

sempre acompanha

do por

um

barulho

característico:

reco-reco e tambor, no

qual

se

ba ía

com escovinha de  jazz .

O

triângulo serve para imitar as

b

atidas

de um relóg

io

ou então

par a d ar

o tom de

alegria.

A

marimba

é de

mui

to e fei to

nas

c

ena

s líricas.

Damos

aqui

alguma s suges tões de como

obter cer tos

efeitos sonoros.

P ~ S R I N

existem vários

apitos

que

imitam pas

sa rinhos. Pode s

er

feito também por

assovío

SINOS: usam· se sinos mesmo ou

então vár ia s

barras

ou

canos

de

tamanho

e grossura

diferentes, penduradas

po r

arame

ou

barbante.

APITO DE FÁBRICA: um api to qualquer

adaptado

a

um aparelho de pressão ou

então

a

uma câmara

de

ar

cheia.

AVIÃO: um ventilador de p ás grossas onde se intro

duz um papelão bem grosso.

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AVALANCHE:

um a t á bu a r el a ti v am e nt e

comprida

e

não mu

.t o

l is a. Coloca-se a

tábua

bem

inclinada

e

deixam

se r ol ar n el a p edras, p edaços

de

madeira, cacos

de vid ros,

etc.

C

VALO ANDANDO:

um a

casca de côco serrada ao

meio. Batem-se os p

edaço

s

de

côco um no outro.

dando

-se

o ritmo

desejado.

CHUVA:

duas rodas

de

tamanho r eg ul ar , l ig ad as

en

tr e

po r

um a

tela

de

arame.

Abre

-se um

orifício

numa

das rodas.

po r onde

sã o i nt rod uz id os g rã os de arroz ou

feijão. Cobre se a tela com papel de

embrulho.

As rodas

são

m ov im en ta da s p or

um a

manivela

colocada na

extre

midade

de um eixo qu e

liga as duas

r od as . Ê st e aparelho

é sustentado

po r

um tripé.  v .d e fig. 1).

GALINHAS: caixinhas de

papelão

duro.

Faz

-se um [u

1 0

no fundo da c aix in ha . d e ta ma nh o

suficiente

para

se

introduzir

u ma l inh a e nc er ada

.

Puxa

se a linha e obtém

se

o cacarejar

das

galinhas. Nã o se dev e

tampar

a

caix

a.

TnOVOAOA: lima folha lisa retaugular de

zíuco.

)l IT

5  1

na

parede

por I I I l l dos

lado

s. Pa ra se

obter

  trovoada ,

a

gita

se

ti

parte só l lu .

VIDHO

OU LOU Ç

QUE SE QUEBHA: duis cui xutes .

num d êlcs s ão

colocado

s peda ços de vidro c louça de ta

manhos diferentes . Ba st a de

spejar

a IOUl  de U l ca ixute

par a

outro

,

-

VENTO: duas

rodas   maiores

qu e

as

da chuva) liga-

d as e nt re

si

p or r ip as

com

a s a re st as par a cima.

As

rodas

sã o s us te nt ad as p or um

tripé

e sã o

movimentadas

po r

um a

manivela. Coloca-se po r

cima

da

roda

dupla um a lo

na

gr o

ss a lig

eiramente pr

ê

sa

 v ide fig.

 

SAPO:

caixa

de fósforo. com

elástico

em volta.

Puxa

se o

elást

ico.

T RE Nó : us am

-

se vários

g

ui sas

.

TIRO: ba te se com um ma r .elo em e

spoleta

s.

 delvira ernandes

\

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qu e vam os r ep resen ta r?

CENA I

- E .

<-Julião sai )

Tem pied

ad

e , mcu

bom

se nhor. de um

pob re fen ôm enu q

ue tem

fume du a s

zes p

or

dia e

at

é

tr

ês . Uma rnonst

ruo

sl

dade da n

atur

eza que tenho no estômago.

llALAN1JlWT

JULIÃO

JULIAO

UALANDROT

JULlAO

HALANDROT

JULIAO

AlUBOS

J ULIAO

BALANDROT

- (Passea ndo nela:

cen

a com

as

mãos

no b ôl

so e a cabeç a en terra

da

no s ombro

s)

Brr

 

. brr ...

- (sentado no banco, com a r t

ri

ste) O

que é que há , compadre?

B

ALA

NDROT - Ês te fr io me

mata,

comp

ad r

e Se

ao

me-

nos tive

sse

um

bom

ca

saco..

Brr

...

J

ULI

ÃO - O

meu

foi feito

num

grande

alfaiate.

BALANDROT

- Que é que há. compadre?

J ULIÃO - Êste frío também me mata . Também com

ês te casaco tão ralo. Bem se vê qu e não

sou nenhum ri caço.

BALANDROT - E eu? Sou po r

acaso

milionário? Tenha

frio. . . e t n h o fome. . . E

stou

fu

rioso

por não ter um só vint ém na bôlsa

I

sto

,

decididament

e, não é s

it

uação para

um homem

de

minha ida de. A menus

que   eu

arrisque

o pescoço pedindo em-

pre s tado.

-

Mas

não se

enforca

n

inguém

pa r

p

ed i

r

em pre stado .

Mas se

enforca

mui ta gen te po r não po

der paga r

o que deve E eu, se não te n-

ta r

qua lquer coi sa . só

me r es ta fic ar aqui

de

h ôca

ab erta,

à

esp

era de al

gum p it éu ,

qu e

não tem

razão nenhuma de vi r parar

s óz inho

no m eu

sstômago.; pobre

e

stô

-

ma

go   . Ah meu pobre   s

.omagozín

ho

 .

- A vida é dura mesmo. Em vez de fal ar

do seu e

st

ômago,

fariamo

s melhor negó

cio

se

descobríssemos um meio de comer

se

m

se

r

en forcad

o

Cada

um

pr o cu r a

rl

e

la d o )

HAl .ANDHOT - Aih

J ULIÁO - Ali

UALANnn OT - Não . (C

untinua pru curaudu

)

J ULIAO - Ah  

BALANDlWT - Ah

JULIÃO - Di

ab

o Não vejo n

ad

a a faz

er

a não ser

ir a um a lberg

ue

qu

alqu

er on

de

se coma

a regalar

sem

so lta r os

cord

ões da b ól sa .

BALANDIWT - Eu não con

heço

nenhum a lbe

rgue

assim .

Em

t ód a par te se paga para co

mer. É

• •

c

urioso

. mas e

as

sim.

 suspir

ando)

Só nos

res ta

me

s

mo

m

en

(

lig a

r de po

rt

a em p

or t

a .

 Saem cada qu

al

 Iara um lado)

-  Voltando -s

c)

É

- (

Voltando

-se)

É .

o P   s t I

ã o

e Tor ta

 Med i e

va

l e

au to

r

desconhec i do

T r

  u ç

 

o e Claud io

Fo rna r l

F a

r

sa

e m

um a t

o

ANÁLISE : J uli ão e Baland ro t vivem

das t rapaça s

quc

faz cm.

Julião

ouve,

po

r acaso,

as reco

mendações do Pa s

teleiro ii sua

senhora

, para que entregue a determinado

portador

, mediant e

um

s inal combinado. um pasteIão que

será

comido

,

mais

tarde,

po r

êle e se us amigos.

De

posse

do seg

re

do, Ju lião convenc e Ba la nd ro t de se a p

rese

ntar ii

Paste

leira, faze

ndo-se passa

r pe lo p

or

tador que ma is ta r

ele seria envi

ado

. Entusiasmado com ês

te

primeir o sucesso,

Balandro t quer

agora

obte

r

um

a

sobremesa

. J ulião

se

o

r

reco

então

para

se

r, desta

vez. o

enviado. Na

da

consegue,

entr e tanto, a não s

er

uma en tre vista díre ta com o Pa s

t

eleir

o en

ganado.

Sentindo-

se

injustiçado,

que não Iôra

o único a

comer

o pa

st

el ão, Ju lião

conseg ue

c

onven

ce r Ba

landrot de

que

soment e a êle. Ba landrot . a torta será en

tr egu e.  Gentilm en te convidado a en

trar, sa

ir á mais de

pr es

sa

do que e

sperava  

sem , contudo , perder a corag em

pa ra ljOvos  a ssaltos  ...

MORALIDADE: Nem

sempre

uma lição é tão bem

ap

rove iíada quanto se poderia esp

erar.

PEHSONAGENS : Julião e Balandrot  doi s malandros;

pa r a efeitos cómicos, p

ode

-se faz

er com

que um seja gor

do e o

outr

o

ma

gr

o) ;

Pa steleiro

(cheio de

si) ;

Pa

stele

ir

a

 coq

uette

.

ASPECTO:

Far

sa medieval,

cujo

texto est á mod erniza

do . A rep res

en t

ação deve se r a mais natural possível , em

ritmo vivo e al e

gr

e.

CENÁHIO: es tilizado ( pode

se

r substituído por uma

c

ortina

neu tra e e lementos b

em simples:

á r vo r e, b

an

co ,

pe

qucna casa construida cm compen sad o, e

tc.)

HOUPAS: m

ed

i

evai

s es tilizadas , c órcs al egr es.

PODE l\lONTAH: Grupos de amadores , col ég io s,

-cl ubes .

PÚBLICO: qualquer,

Page 26: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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CENA IV

CENA V

CENA II

- (Aparecendo à porta) Meu amigo,

eu

não t enho d inhe iro.

 

minha mulher

quem

guarda

a

bolsa

e.

no

momento. ela

não es tá.

Mas passe lá

po r

volta

do

Na

ta l e

nós

lhe daremos

uma

boa esmol a.

(Balandrot

resmunga

e se

afasta)

 

JULIAO

JULIAO

BALANDROT -

Também.   sempre

a

mesma coisa.

  : a

mulher

que

guarda a bolsa, mas

volte

pelo Natal qu e nós lhe daremos uma boa

esmola.

- (imitando)

  meu marido que

tem o di

nheiro. Nós lhe daremos

uma boa

soma

,

po r S.

João.

BALANDROT

- Esta vida é um bu raco

(Julião

começa

a

andar)

- Que vida.

meu

Deus

(Pausa)

Tive

uma

idéia

BALANDROT - O que?

JULIAO -

Nada (Continua

andando) Se cu lhe

i nd ic ar um

meio  

BALANDROT -

De comer ?

Vá dizendo

JULIÃO - (Pausadamente)

É

o seguinte: Vá nesse

seu passinho

em

direção

daquela

casa

onde mora a encantadora pasteleira.

(Aparte) Cruzes Encantadora Uma fe

chadura

de cadeia tem melhor aspec to .

Suponhamos que você

lhe

diga

 

BALANDROT -

Inútil Ela

me deu um

bruto

fora

JULIAO - Escute aqui. Suponhamos que você lhe

diga:

venho da

parte

do seu

Gauthier

buscar um

certo

pasteIão

que êle

espera

para

um banquete.

BALANDROT -

Bem

.

 

JULIAO -

Compreendeu?

BALANDROT - Sim: Venho da parte do se u Pastelão  

JULIÃO - (Gritando) Venho da parte de um certo

senhor gordo 

. Não.

Venho

da parte do

seu Gauther buscar

um

certo

gordo

pa

s-

telão 

BALANDROT - Isso não é difícil.

JULIÃO

- E

para

provar

que você

é

mesmo

o

por

-

tador.

você

tem

que

segurar

o

dedinho

de

D

Mar íon ass im

(mímica). Ande depres-

sa

BALANDROT -

(Apruxima-se

da po r .a , faz o gesto.

inter

-

roga Julião)

JULIAO

- Isso mesmo.

BALANDROT - (Aproxima-se e torna a

voltar)

Mas   :

JULIAO - Vá. vá

BALANDROT - Vou tentar... (Volta subitam ente para

Julião) E

se

o marído não t iv er s aí do

aínda?

JULIÃO

-

Eu

o vi sa

ir

com meus p rópr io s olhos.

BALANDROT -

Está

bem, vou

lhe

apertar

o

dedinho

(Aproxima

·se da casa). A

que pont o

che-

gamos (Ato)

Ola

(Bate) à de casa

-

(Sai

 esfregando as mãos) Comeremos re

galadamente. antes de S. João

JULIÃO

 

ENA  

uran  e esta cena Jul ião permanece es

condido

atrás

do

banco)

- (Saindo da casa) Mulher .

jantarei

na ci

dade. hoje.

A

respeito

do

pas te lão, f ica

combinado que mandarei uma pessoa   us-

cá-lo.

Está

bem. você sabe que sem su a ord em

não

faço nada.

-

ótimo

entregue

o pastel âo

à pessoa

que lhe fizer

um certo

sinal.

- E qual será êsse sinal?

- Nem bi lh et es. nem conv ersa. Arranjarei

um

moleque ou

um

velhote qualquer de

sempregado. Meu

mensage ir o se dará

a

conhecer segurando

o dedo mindinho as

sim (mímica).   ê sinal você entrega

o

pastel ão

e o

despacha

logo.

-

(Repete

a mímica sozinha) Até logo.

(tl;le

sa i

e

Marion

repete

mais uma

vez

a mímica e

entra

em casa)

-

(Aproxima

-se da casa g e m e n   o

Boa

gente,

uma

esmola,

pois sou muito des

graçado .

(Pausa.

Grita com raiva)

Estou

dizendo

que sou

um

desgraçado

e

que

preciso

de qualquer coi sa

para

pô r

no

estômago.

-

(Aparece)

Meu marido não

está

em

casa

e é êle quem guarda o cofre.

Volte

po r S. João que nós lhe daremos uma

boa esmola (Fecha a

janela).

(Parodiando)

Volte

po r

S.

João

que

lhe

daremos uma boa esmola É um oficio

engraçado êste de comer sem trabalhar.

Ora Deixemos

essa

ta re fa p ar a o

com -

padre Balandrot. .. (senta

no banco)

MARION

MARION

JULIAO

GAUTHIER

JULIÃO

MARION

GAUTHIER

MARION

GAUTHIER

GAUTHIER

 

BALANDROT -

(Entrando.

observa   pouco Julião

IIUt

está dei tado nu banco,

imóvel , sonhador)

Como? Arranjou alguma coisa

JULIÃO

(Sentado) Bolas Me alimentaram

com

palavras.

E Você?

CE NA VI

BALANDRO l - Senhora

  Senhora

Senhora

MARION Que é que

?

BALANDROT - (De uma vez) Venho da parte do seu

Paste; do seu Gauthíer.  l le me disse

Page 27: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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CENA

VIl

JULIAO - Voc ê E com pastelão :

RALANDROT - Senhor Julião, apresento -lhe Sua Alteza .

 

Pastel âo no

s

so conv idado

dest a

noite

.

H JLIAO - Então? Não di sse? E você fez um bom

trabalho

BALANDROT -

(Segurando

  pastel âo respeitusamentef

O Seren íssimo Pastel ão...

JULIÃO - Miam...

miam

...

BALANDROT - O pastelanlssírno pastelão...

BALANDROT - (Só) El a po de ria ao menos me

desejar

bom

apetite

(Olhando

amorosamente pa

ra

o pastelão) Um

pastel...

um rico pas

telãozinho...

(Dança

com  

pas te lão) San

to pastel, ab ençoai o pasteleiro, a

sua

pombinha

e a

su a

prole

(Olhando

o pas -

telão) Um pastel ão macio que raria de s-  

cer para o inferno todos os

habitantes

do paraiso. (Coloca o

paste

Ião nu banco ).

Senhor pastel Realíssimo paste lão

Eu te

s audo ( In cl in a-se

respeitosamente)

Dig

nissimo e saborosíssimo senhor.

Balan

drot, o pobre

diabo

vos convida esta noí

lc

para

jantar. (Rola

ao

chão,

pernas

para o ar, de alegria). Um pastel ão para

mim Um pastel ão só

para

mim

(Levan

tando -se lentamente) Um pastel ão dentro

de mim (Amorosamente) Eu

o

morderei

lentamente.

comerei devagarinho ... , êle é

meu... é meu... muito meu ...

(Julião entra enquanto Balandrot termi

a

ú lt ima f rase )

BALANDROT

- (Vendo-o)

1 :le é nosso,

muito nosso.

De

nós

dois, Julião e eu.

JULIÃO - Miam ... miam ...

BALANDROT - O pastelanlssímo Paslelão

JULIÃO - Miam... miam ... (Saem babando

de

entu-

siasmo, numa

au tên ti ca dança de

gulodí

cc)

CENA

IX

-

(Entra

furioso)

Sim

senhor

Que de

sato

ro l Como é que se deixa na

porta,

espe

rando

inutilmente.

um convi dado como

eu? Nunca vi gente tão

gr o

sseira.  Chego

todo

alegre,

toco

a campainha, ensaio

uma linda

saudação ... e nada Grito

Olal

,

digo

o meu nome, torno a t ocar , t orno a

saudar e a berrar meu

honraado

nome

..

.

e nada (Ameaçador) Mas sabere i me

vingar (Bate na porta). Agora vou sabo

real

o paste Ião com a minha

pequena

Marion.

,(Silêncio.

Bate com mais

f ôrça)

Será

que

hoje t ôdas

as

portas estão

fc

chad as p ar a

mim?

(Bate)

- Ué

Porque

todo

êsse

barulho?

de

vol

ta ? E o jantar com

os

amigos?

- (Mal humorado) Bati.

bati,

ninguém

rc

s

pondeu, Meus amigos

devem te r

se

esq rc

cido do di a. (Com voz doce) Mas

não

tem

importância. f arei

a festa

sem êles,

com a minha Marionzinha.

- Pena que a

nossa

mesa

esteja

tão pobre . .

Só nos

resta

uma to rt a.

- He He Brinca lhona. .. e stá se esquecen

do do

pastel

ão?

- O

pastel

ão? Que eu saiba não existem

dois pastelões.

-

(Inquieto)

Que é que você quer dizer ?

- O

seu

portador não

entregou

o pa stel âo?

- Que portador?

- O que veio cá e que . como

tínhamos

com -

binado, apertou o

meu

dedinho.

- (Contendo

-se)

As vêzes é contra a su a

vontade que um

marido chega

ao ponto

de

da r

uma

surra

na mulhe r. Mas

ca -

.   .

sos em que ISSO e preciso para a seguran-

ça do l ar . (Fu ri oso) Você pensa que sou

tolo?

-

(Irritada)

Mas

o

que

é isso ?

Você

sabe

mui to b em que o past

el ão

..

.

- (Interrogando-a) Você o comeu ?

-

(Sufocada)

Oh  

- Se

voc

ê o come u, e

sg

an a

da

.

fa r

ei

diger i

-

lo a. p

or r

etadas   Qu e I êz do pastel âo?

Vou lh e

..

.

-

(Interrompendo)

Com o

ou

sa me fazer

de palha ça , depois de

te r

enchido essa

enorme

barriga ?

Bandido

, ordinário, vi

ião

...

- Cale a bôca.

mulher

l\lARION

GAUTIIlEIt

MARION

GAUTHIER

MARION

GAUTHIER

MARION

GAUTHIER

l\L\RION

GAUTHIER

<iAUTlUEIt

l\lARION

MARION

GAUTIIIER

GAUTIIlEH

MARION

GAUTHlER

CENA VII

qu e víessa

buscar

um

certo

pastélão

que

lodos estão esperando

para

o

jantar.

- (Desconfiada) Mas

antes

de lh e

mandar,

não lh e

d is se ê le alguma

palavra

... algum

sinal para eu

saber

que o senhor veio

mesmo da

parte dêle?

-

(Confiante)

Não disse nada; mandou que

eu fizesse

assim

...

  É

êsse

o

sinal combina do

.

Espere

um

pouco

que

vou

d en tr o p ôr o

pastelão

num prato para que não se p er ca nenhum

pedacinho. .

- Oh Fique t ranqu il a. Teremos o cuidado

de comê-lo

at é

a ú lt ima miga lha .

(Voltando) Que disse?

-   Disse...

disse que havia

perigo.

(Marion

entrega o

pastelão)

- Terei

tanto cuidado com êlo,

bela senho

ra , quanto um c ao lh o com se u único

ól

ho

.

MARlON

BALANDROT

MARlON

BALANDROT

MARION

BALANnROT

UALANDROT

 

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BALANDROT - (Com

volúpia)

Ah

...

não posso ma is nem

re spira r. ,

JULIAO -

Es

tou cheio. Uf Que jantar

BALANDROT - Pois eu (Aponta para a barriga)

te

nho

um lugarzinho on

de

há ainda uma vaga . .

Uma tor t

a com

cr

eme, por exemplo, e

n-

cher ia

muit

o bem êste cantinho.

J ULIAO - (Eufórico)

Tal

vez, sem fo rçar muito...

BALANDROT - Então vá bater

à

porta da p

aste

lei ra e

tr a

ga...

J ULIAO -

Pod

e deixa r , conheço bem o terreno.

BALANI>ROT - Bem , vá então bu

scar

a sobremesa de

st

a

refeição de arcebispo. (Va i s ai ndo e pá

ra

) Mas lembre-se de que somos sócios

e que tudo que ar r a nj ar deve se r dividi-

do com o outro. .

.JULIAO -

Co

mbinado. . meu compadre. Metade pa ra

cada um. (Balandrot

sai)

BALANDROT - (entrando) E então, e a torta de amên-

doas?

JULIÃO - Ah er a de amêndoas? Meu bom Ba lan-

drot

, a senhora

é

quem está cuidando

dela

e

me

disse: O mensageiro que veio

buscar o pastelão

tem

que

se r o mesmo

que vem

buscar

a

torta.

Se quisermos co-

MARION

GAUTHlER

MARIO N

GAUTHIER

MARION

JULIAO

MARION

J ULIAO

MARION

JULIAO -

MARION

JULIAO

MARION

JULIAO

- Mentiroso Patife Celerado

- Que fêz do meu

pastel

ão, responda

- J á disse que vieram

...

Você

insiste

em me fazer de idiota. qua n

do chego  

harrígn

vazia e

n

ão encon

tro nada para comer? Vai ver agora o

que é um marido furioso.  Puxa a para

den

tre

de casa. Ouve se

ba

rulho de

pan

e

 

b

e gr i

 u

s de Mal iou )

CENA X

CENA XI

- (de dentro) Ai... a i... a i. .. mamãe, es tou

morta

de p

anc

ada

Tratar

assim sua Ma

rionzinha

...

ai. .. ai. ..

- (Batendo) Ó de casa Abra a porta.

boa

senhora

-

(Aparecendo)

Que desej

a?

- Parece que o pastel ão est eve sucu lento

...

Vim agora bus iar a torta. O dedinho , faz

favor

 

- Não é

pr

eciso, Você me parece sincero .

(a

parte)

A torta está mesmo a seu g ôs

to. Mas êle não mandou bus ca r também

a beb ida?

- É

verdade , j á ia me esquecendo...

Esque

ço

sempre alguma coísa

. Dê-me

um

vinho

zínho

...

- Quantas garrafas?

- Quantas? Uma, duas . Uma e depois ou -

tra.

- Vou buscar três .

- Estão me tratando como se

eu

fôsse um

príncipe.

1:sses

pas te le iros est ão nos ar

ranjando

um

banquete

(Gauthier

sai,

aproxima sem barulho

de

Julião e

lh e

uma bofetada)

  -

GAUTHIER

J ULIAO

GAU TH llm

J UI.I

AO

GAUTHIF. It

JUUAO

GAUTHIER

JULIAO

GAUTHIER

JULIAO

GAUTHIER

JULIAO

GAUTHIER

JULIAO

GAUTHIER

JULIAO

GAUTHIER

JULIAO

GAUTHIER

JULIAO

- Meu

p

as t

el

ão Que fêz do meu

pasi el ão?

Responda

ou mando

enforcá-lo.

- (Defendendo-se) Senhor , mentiram -lhe.

Nunca vi paste lão a lgum em minha vida .

- L

ad r

ão . ca nalha Toma. patife Bate

- Meu hom senho r, meu honrado senhor

- Que fez do meu pa

st

elão?

-

Informaram

mal

ao

meu ca ro senho r.

Nunca

vi êsse

ta l

pastelão.

Não estou

entendendo..

. .

- Já vou

fazer

você entender. (bate)

En

tã o ,

comeu ou

não comeu?

- Ai ai Pare , po r

favor.

Sim, comi tudo.

Dois, três , quatro, dez.

Não, foi

um

só. Um soberbo pastelão.

Toma   Responda Quero o meu pas te lão.

Onde está

êle?

- Ui Ui Escondido,

senhor

.

- Onde?

-

Num luga r

nada fácil de achar.

- (Levantando a

bengala)

Vou te

ajudar

,

bandido.

Onde

escondeu

o

pastelão?

- Numa barriga...

Na

minha

senhor

pa s

telão... senhor Gauth íer. Na barriga de

meu companheiro.

i

Po r favor, afaste ês

se bastão de mim , que eu conto t udo. Ou

vi, por acaso, quando estava descansan

do ali, a

história

do mensageiro e do fIe ·

dinho de sua senhora.

- E depois?

- Então minha fome convidou meu compa-

nhe iro par a

vi r

buscar o

pa

stel

ão

- Ah , já sei. E agora , você ve io buscar a

torta.

- Mas não sou culpado , meu

caro

senhor.

É o meu companheiro. 1:le viu a torta

quando veio

buscar

o

paste

Ião e

mandou

me

apanhá

-la. Havíamos

combinado

divi

dir tudo.

- Ah compreendo. celerados

que divi

dem tudo, vá buscar seu companheiro

para que êle receba a su a parte nas p án

cadas

. Sínão te mando

enforcar

.

- Muito justo, muito

ju

sto ,

senhor.

Porque

não

terá

êle o s eu quinhão na

surra

, se

eu tive o meu no pas te lão?

CENA XII

  -

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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mer

a torta

, é voc ê qu em

d

ev

er á

busc á

 

a .

BAI.ANDnOl - Sempre eu (com

ar

supertor) . Você me

dei xa lou co. S OIl o único que sabe o

qu

e que r d izer a p

al

avr a trab

alh

o.

J U

LHO

. - Voc ê t

em

razão,

Ba

landro t. Fará melh

or

t rnb

  lhovqu

e eu  busc  r a

tort a .

RALANDROT

- Sim, ire

i. El

a va le a am ola çâo. Oh A to r

ta O pastel eiro d

ev

e ter a mão leve...

J

ULlAO

- Ah

Sim,

a

mão

leve. I

sso

você v

lJl

ve r

Iogo., .

CENA

VIII

es

ta r

o se

nhor deve

fôrça) Olá Depressa , mi

(Marion

  p rece V

enh

o

seu marido, para levar a

J ULIAO

OS DOIS

MARION

VOZ

RALANDRO f

-

(Batendo

Mm

nh senhora .

da

parte de

torta .

- Pois , não . Entre.

cansado.

RALANDROT

- Obrigado , estou com pr essa .

MARION - Oh, sim

Mas

tome

alguma

coisa

(t::ll

entra• .

Ouve

-se a voz de Gauthler, Baru

lh o e g ri to s de Balandrní)

- Ai , piedade A

i

ai Po r piedade

(Vê

-se

somente o pé

de

Gauthier que o atira

para fora)

GAUTIIIER Ei

s a torta,

mensageiro do

diabo 

BALANDRO f - (No

chão) Socorro

Estou

morto

Ai

JULIAO - (Entra, mancando) E a

torta

?

BALANDROT

- (Levantando-se com

dificuldade)

Não é

tão boa quanto o

pastelão

. Você me jo

gou num belo

amassador

de pão. Bat e

como

um

louco

Mas

er a preciso

dividir

,

não?

Er a

preciso dividir, não er a ? Não se ja

ciumento , tive também o meu quinhão. '

BALANDROT

-

Que

a

peste

l

eve

o pa

steleiro

, a

mulh

er e

aquela torta

JULIAO - O pastelão

era

melhor.

BALANDROT

- Melhor? Era sim . Sagrado

past

el

ão

JULIAO

- E

depois

,

não

custou

nada

.

BALANDROT

- O

diabo

, a

s ua t or ta

JULIAO

. - Console-se,

compadre

. Comem

os

antes

da

s

festas

de S. João.

BALANDROT

- Se a gente pudesse comer

ma i

s um pou

co até o Natal...

(Olham-se

,

como se acabassem

de deci

di r qualquer coi sa)

- Piedade ,

meu bom

senhor Alguma coisa

para matar a fome

de

dois pobres d iabos

que a inda não

jantaram

 

I

 

PANO

Es

ta

farsa, juntamente com  O Môço

Bom

e Obedien

te   , constituiu o pr imeiro espetáculo

apresen

tado pelo °

TA

BLADO

,

em

1951.

No

elenco : Eddy Rezende Nunes,

João

Sergio

Nunes, Jorge Leão Te ixeira e Mari o Rangel. D ire

ção de M. Clara Machado,

cenário

de J or ge Rue e figurl

nos

de

Ivanize Ribeiro ,

 

 

Page 30: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 30/37

Texto pa r a  onecos

o  prend i z

 

Tor ta

Per

sonagen

s:

Patrão. P

init

o e

Dom

Glut

ãu.

Cen ário: Uma confe it ar ia .

(Aparece o Patrão com uma enorme torta)

PATRÃO - Cre me c ge léi a .. Nozes e ehocolate

(Colo

.

ca a torta na pr a /etelra).

Deliciosa Dulc ís-

sima ... Estupenda . .. (Chamando )

Pinito

...

Pinito

 

J'INITO

- (Apareccndo) Pa trão ... Patrão ...

  ATRÃO - Olhe essa deliciosa torta

de

  creme e ge léia ...

Gosta?

PINITO - Se gos to ... Que beleza. Patrão ...

PATRÃO - Tire e

ssa mão dai ..

. Proíbo

que você

toque

nes sa tor ta

..

I'INITO - E stou

olhando, Pa tr ão . .. (segura na

torta).

  I' ATRAO - Tire a

mão

...

E não olhe a ssim ... Está cornen -

do a torta com os

0Ih05

.. . Cuidado. hein

?

.. . E

agora

ponha

na vitrine. Quem comprar

a to r

ta é que a comerá.

1'INIT0 - Então eu comprarei.

PATRÃO - E

voc

ê

tem

o necessário ?

PINITO - Sim. Pat rão. . . t enho fome ..,

PATRÃO -' - Sempre com essa palavra ord in

ária

  .., Fome ...

Fome  ... Olhe a

barr

iga qu e eu

tenho

. e nunca

sinto fome

l'INITO - Também ; viv e comendo  ... .

PATRAO

-

Lingua

rudo

...

Se

co

mo

é

p

orqu

e t

enho

dinhei

1 0

para comprar

minha

cumida ... E se tenho

dinheiro é porque ganho  com o suor do meu

ro sto ...

FINITO - Do mcu rosto .. .

PATRÃO

- Cale e

ss a

b ôca Os aprendizes

de

vem t raba -

. Ihar e obedece r asslm. quando forem maio

re:, poder ão l evar

dinheiro para

ajudar

su a

mae.

PTN ll

 O

\ -

1

 ;tIa mac

...

PATRAO -

Se

não Iícar quieto

obri

garei

você a

ficar

aqu i

até meia

-noite ...

PINITO - Não

fico

quieto

PATRAO

- Não fica

quieto?

..

Olhe

o que

você

fez

com

a

minha

confeitaria ...

PINITO - Va i

me

pagar?

PATRAO

-

Pagar ... Ora

vejam só ...

Pagar

po r

que? Não

me

lembro ...

PINITO - Não se

lembra .. . Pois

faz

um an o

que não

me

dá nem

um tostão ...

.

PATRAO

-

Ah, sim ,

agora

me lembro

Falava

de

orde

-

nado? .. . ' I' inha me esque cido Fa z

tanto

tem-

pol.; Bem,

sejamos consclenc íosos. .. ponha a

torta

na vitrine ... Ei , cuidado, hein? ... (Pínito

sai com a

torta).

Esse Pinito é b ôbo, faço êle

trabalhar

e

não lh e

.

pago

... É

um

tolo...

(Bo

ceja).

Estou

cansado

... A manhã inteira

sem

fazer

nada Vou

dormir.

(Sai. Aparece

Pini

o

com a

torta.

Deixa a

torta na

prateleira c

canta). .

I'INITO

-

Você

sabe, d on a Tor ta ,

Senhora de marmelada,

Faz um ano que trabalho

Um

an o

não

me pagam .

(Acaricia a

torta.

Segura a tor 'a c sc retira

comendo e cantando.

Aparece Don

Glutão),

(;LUTAO E'

I D . I

N'

. t

d

I • .pessoa.... ocelro... lllgucm a en e .

Bem, aproveitarei para

comer

um doc inho  

Que del íc ia Ninguém

aparece? . Melhor. Co

merei outro docinho ... Maravilhoso  Píntto

espia)

Ninguém está

olhando

... Comerei outro.

ou tro. outro ... (Entra Pinito),

Quero

uma tor

ta

assím., (Abre os braços) Com uma t ôrre

d e c ho co la te ..

Assim (Levanta

o braço) E

uma

tôrre de

marrnelada.;

Assim ... Com

muitos coníeítos, amêndoas e

nozes ... Muitos

...

Muitos ...

Muitos .

..

I'INITO

- E confeitos?

GLUTAO - Muitos .

..

De toda s

 . 1 .

s COI

es....

  U1tOS. . . . ur -

tos ... Muitos , ..

PINITO - E

creme?

GLUTAO -

Dois

andares

de

creme

..

.

Assim

... E

avelã

s ...

Ah ... E castanhas ... Ah .. . E  

côcol

.; Muito

, , Muit I Muito Muito

oco....

UI o .... UI o ....

UI

o....

I'INITO - E

geléia?

.

GJ ,UTÃO - Isso Mais uma tô rr e de geléia ... Ah

...

con

feitos

em

abundncia

...

GLUTÃO -

Muitos confeitas

... De

tõdas as cô

r es

..

. Mui

tos

...

Muitos

... Muitos

(Entra

o

Patrão

e

procura

a

torta)

PATRAO - A

torta

...

Onde

está a tortal,

.. Pl n íto

, a torta  

PINITO - A torta? .. Que

torta,

Patrão?

PATRÃO

-

Como

, qu e t ort a ...

Minha

torta

PINITO - Sua

torta?

... Não me lembro.

..

I'ATRAO - Que é que você fez com minha linda torta de

marmelada ... Você me

paga

I'lNlTO - Não me lembro.

Patrão... Porque

não per gun -

ta

a DO/11 Glutão' .

l'ATltAO

  -

Mais uma   z

.• Dum Glutão cume m

inha

pr e-

dosas tortas:

...

GLUTAO - Não senho r.

Page 31: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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RECITANTE

HECITANTE

RECITANTE

RECITANTE

RECITANTE

Personagens: O Recitante, o Lavrador e os Três Filhos.

Acessórios:

uma cadei ra colocada

no

centro,

um

pandeiro

.

O Corifeu,

munido

de um

pandeiro. se

coo

loca próximo

à

cena.

Sacode o

pandeiro

para chamar a tenção e bate a três pan

cadas.

O

Recitante

entra

à

esquerda,

dirige-se

ao

centro. pára e

anuncia:

- O

Lavrador

e os

Filhos

(Depois,

calmamente,

vai à

extrema direi

ta e, de Iren e  lara a

platéia

,

 começa r

Trabalhem

, trabalhem,

que os meios não

faltam.

Pausa.

Indicando

a

coxia esquerda

com a

mão

esquerda,

continua

:

- Um rico

lavrador.

Pausa . O l avrador ent ra , mãos às costas,

arcando

o

torso, orgulhoso

de

suas

te r

ra s , seu

gado

e sua fazenda.

Dirige-se ao centro .

Lige iras bat idas marcam seu and

ar

.

- sen

ti

ndo próximo o seu fim

Batida

for

te de tamborim.

O

Lav rador pára. Le va a s

mão s

ao

p

eit

o,

curva

-se li

geiramente

. Toma atitude de

quem se sente . bru

scamente

a ti ng ido por

moléstia gr

ave

.

I

Com difi

culdade

,

diri

ge-se à cad e

ir

a .

a poia -se ne la com a mão di re ita.

Essa marcha l

ent

a

é

mar cad a pesad a

mente pelo t

am

borim.

Se

n ta -se com

ar

a flito.

Ba

tida violen

ta

de

t

amb

or.

mand

a c

ha ma

r os filhos .

O Lavrador, com as duas mãos , faz sina l

aos

fil hos pa

ra

se a proxima

re

m.

Dois en

tra

m da direi ta e

se

co locam per

to do pa i

um

à di reit a e o out

ro

quase

a tr ás da ca deira.

O ter c

ei r

o

Filh

o entr a

à

esque rda c se

co

lo

ca

à

esquerda do pa

i

Ê ssc mov im ento

é

acomp

anh

ado pelo

t

amb

orim . que se agita .

 

Lavrado r

  os  i lhos

L a Fon ta ine

Utl l lzaç i io   ram át ica

de

urna Fábu la

;

\

,

uhrita s pa ra t ít

ere

s, de Otto Xavier )

,

(Do

Hho

  0(110

,

PATRAO -

Sim

senhor .   Você é um grandessíssimo glu

tão

GLUTAO -

Foi

Pinito flle é que comeu a tortat., E OS

, docinhos ... Muitos ... Muitos .

 

Muitos .  

PINITO - Que malandro .   flle

comeu

os doces ... vou

 ; me embora Para o Patrão)

PA tRAO - Fora daqui, fora

PINITO - Mentiroso

PATRAO - Melhor

PINITO -

Ladrão

PATRAO - Melhor

PINITO -

Careca

PATRAO -

Agora

que

me

chamou de careca não te pago

nada

PINITO - Mentiroso.

ladrão,

careca

Sai)

PATRAO -: .

E

o

senhor,

Dom Glutão. . Tome .. . Po r te r

sido tão

gulosol.;

(Deixa dom Glutão estendi

do no chão) . Mas não pense que vai sa ir com

a torta ... Abrirei sua barriga .  

Abre

a ba r

riga

de Dom Glutão   e tira de dentro

várias

coisas): Uma empada ... Uma laranja Um

tinteiro .. Línguíçast.;

Mas a

torta

não

está

aqui .. .

então

foi Pinito

quem

comeu a

torta

Trapaceiro

GLUTAO -

 Levantando

-se) Que

horas

são?

PATRAO - Meio-dia. comilão

GLUTAO - Meio-dia Que bom .   Vou comer, comer, co

mer

-

RECITANTE - e

lhes fala em seg rêdo ,

RECITANTE - Morto o pai. os filhos revolvem a terra.

Page 32: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 32/37

RECITANTE

Atentos,

os

Filhos se

inclinam

ligeira

mente para

o

Pai.

O LAVRA1 IJR -

Cuidado

.

RECITANTE - Lhes diz êle.

O LAVRADOR - Não

vendam

a fazenda que nos

legaram

os avós, pois há

nela

um tesouro escon

dido.

Muito

interessados, os três

filhos

se in

clinam

um

pouco mais,

mas

o

pa i

é

impe

dido de cont inuar acomet ido que é pela

tosse.

Inquietos, êles se

agitam

em - tôrno

do

Pai. O da direita lhe bate na mão, o

que está atrás, esfrega-lhe o rosto e as

têmporas. .O outro col oca- se de joelho e

contempla ansiosamente o rosto

do

La

vrador.

O LAVUADOR - Não

conheço

o lugar.

Um

tempo.

Mudança

de atitude dos filhos,

signífi

cando

decepção.

Todos se

levan

tam como se o encanta

menta

t ives se s e rompido .

O

que

lhe

segurava

a mão,

deixa

-a

cair.

O

que estava

de

joelho,

se

levanta.

Esses

movimentos

devem

se r

feitos com

med da, Não

forçar

muito,

afim de evi

tar

chanchada.

O LAVRADOU - Mas com um pouco

de

perseverança

vocês

o encontrarão. Revolvam a terra, assim

que chegu e o

tempo.

Cavaquem,

cavem, não

deixem

um único

lugar sem revolver a terra.

E o

Lavrador

morre.

Su a

cabeça

pende

bruscamente

sôbre o

peito.

Batida

de

pandeiro.

Aflitos. os filhos se dispersam de

cabeça

baixa. Um

va i à

extrema esquerda ,

outro

à

extrema direita.

Permanecem voltados

para

as coxias

respec

tivas. O

terceiro

soo

be ao fu ndo e fica imóvel. costas

para

a

platéia.

O Lavrador

está

só ao centro. Olhos meio

fechados, levanta

-se lentamente como

 

sonambulo. Faz

uma volta de 1/4

à

es-

querda, levanta com extrema lentidão,

braço em oposição à platéia, até a

hori

zontal.

mão

pendente

como

morta.

Nessa

posição s e d iri ge lentamente para a es

querda

e

desaparece.

O último [ôgo do

Lavrador

é

acompanhado por

um

ruído

pa r

ticular

do pandeiro, obtido

imprirnin

do

-se a o i ns tr umen to

um movimento

de

peneira.

Assim que o Lavrador sai. o Recitante

recomeça. É importante qu e t: :le retome

o texto com a lguma ene rg ia ,

afim

de

marcar bem

a

volta

à vida.

Batida vi ol en ta d e t ambo rim.

Os filhos

fazem

meia

volta.

Nova

batida.

Os

filhos evoluem

ràpida

mente em

cena.

:t :les lavram

a

terra

e a pos ição das

duas

mãos indic a que seguram o cabo de

uma

charrua.

O

movimento

contínua,

à medida que

o

Recitante va i

dizendo

o

texto

aos

poucos.

Acompanhamento cont inuo do

pandeiro

por meio dos

guisas.

RECITANTE - Para cá,

Um tempo.

RECIT

ANTE -

Para

lá,

Um

tempo.

RECITANTE - De todos os lados.

Um

tempo

mais

longo.

RECITANTE

- E, a ssim, a o

fim

de um

ano 

.

Os

F il ho s, evolu in do , vêm se

colocar

um

atrás

do outro, rosto voltado

para

o chão.

UECITANTE - A

terra produziu mui to .

O

tamborim

ritma

então

a

m archa das

colheitas. Os Filhos fazem a volta

da

ce

na apanhando as espigas com a mão di

reita,

e colocando no vão do braço es

que rdo, f echado

em

círculo

sôbre

o pei

to. Depois

atiram

o

saco

s

ôbre

o ombro

e, desaparecem

à direita.

UECITANTE - Do tesouro escondido,

nada

encontraram.

Pára

o pandeiro.

O

Recitante

se dirige ao

centro

e, volta

do para a platéia,

conclui.

-

Tal pai most rou sabedor ia

indicando ao s filhos ao morrer

o

tesouro

que

na terra

se

escondia

.

Cumprimenta

e sa i

pe la esquerda.

Três

batidas de

pandeiro

rápidas.

Agitação enérgica dos gui sa s.

 

,o

_ Obs. - Apesar da

indicação

precisa

da s

marcações.

elas

nao precisam

se r seguidas à

risca, pois constituem elemen

tos de um a pesquisa.

 Do livro L e xp re ss ion Drama ti qu e e t L Enf an t, Éditions

Fleurus

Dos Jo rna i s

Estaria o

sr .

Ministro da Educação disposto a encon

Page 33: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 33/37

  Tea t ro

  om e r c ia l   a s S ub ve nç ões

Clebe r

R ib e i ro

Fernandes

 

Mu

.t o se

tem falado e e

scrito contra

o

sistema de sub

o

venç ões miúda s dis tríbuidas a

tôrto

e a direito pel o SNT .

Mas

o que se deduz dos pronunciamentos da classe é

qu e

se fôsse proposta um a escolha entre o sistema em vigor c

um

atendimento

às verdadeiras f ina lidades

daquele

órgão

público,

um a

maior ia e smagadora vo ta ri a pelo qu e ai está.

Da í a necessdade de um minimo de coragem

para

co

ntra-

r r

ar .

Os emp re sá ri os se q ue ix am de falta de casa de espe

táculos,

do

pêso do s

impos

tos de e sc as se z

de público;

os

atôres

fogem

pa

ra a

televisão em

busca

de

sa

lários

qu e

lh

e s pe rm i

ta

m um nivel

dece

nt e de vida; os

autores ela

mam

por oportunidades.

As

r eclamações são j ustas  

ni

no

g

uém o nega

mas

nao le r ia chegado o

momento

de um a

autocrí tica

qu e

pe

rmitisse

aos

profi

ssiona is ver ficar at é

qu e

ponto

suas

própr ias a t itudes geram ou,

pelo

menos,

agravam

ta l

situação?

Os

empresários, ao que p ar ec e. decidiram -se pela du

biedade,

querem

te r

todos cs d  re ítos mas fazem o possível

e o impos

sível para s e eximi r de seus

deveres.

Po r

se

tra

tal

de

uma rnan  esação

artistica

(o que nem sempr e

é

constatável),

acreditam que o teatro deve

merecer

uma

complacência ind iscriminada. do público que paga e

do

Estado

qu e

fornece

a

subvencão

Como não

podem

obrigar

o

público

a

desembolsar

dinhei

ro para ve r um espetáculo

que não o

atrai.

fazem-

lhe tôdas

as

concessões,

cabendo

ao

Es tado

da r

se

m na da

ex

ig ir . Ora , por

experiê

ncia própria.

os cmpressár .os devem saber

que

vivemos numa época em

que

ninguém dá sem exigi r a lgo em t roca . Se aceitam co

mo v álido o tea t ro comer ci al por que êle

agrada

ao públi

co, têm de aceitar também

que

o Estado só concorde em

prestar a su a co laboração em troca de um teatro qu e

aten

ta

ao s

verdadeiros in terêsses de quem o sustenta   isto é .

de quem paga impôsto

isto

é de todo o

povo

E o

teatro

qu e é feito entre

nós, no

momento,

na

melhor da s hipóteses,

at ende

ao

interêsse

(ou

ao

g

ôso)

de apenas 60 .000

pessoas,

isto numa

cidade

cuja

população

é

contada ao s

milhões.

É

verdade

que ta l como se

encontra

montado o nosso

esquema

teatral,

não

será fácil

chegar-se a um a razoáve l

reformulação.

Podêres públicos e empresários. prof issionais

e platéias, todos

se acham comprome tidos num cir cu lo

vi

cioso,

são

 metade vitimas, metade

cúmpl ices , como

diria

Sartre. Para

rompê

-lo

é qu e

se

tor na neces sá ri a à

frente

do

SNT

uma

personalidade en érg

.c a

que não só conheça o

meandros mais

ou

menos sombri os de no ssa vida teatral.

m as t ambém es te ja disposta a impor ao Teatro Brasileiro

os

interêsses da coletívidade.

t rar o homem? Estaria a classe

teatral

disposta a apoiá-lo?

(D a revista

Arquí

tet

u

r

n.

  4

agôsto

de

1963

om

J o r g e

  nd r ad

  s õ r

seu

Tea t ro

Van

Jafa

O

drama

turgo

Jorge Andrade tem

um s

ucesso

no pal

co do Tea tro Brasileiro

de

Coméd ia . em

São

Pau lo. no se u

8.

0

mês (vomcmorando i

nclusive

o 15.

0

a niversário do TBC

com

OS OSSOS DO

BARAO.

Em

parte, sua presente peç a

é cons ider d a outra face de A ESCADA.

que

está no

Rio de Janeiro no cartaz do Teatro do

Rio. S

ôbre seu te a

t ro revelamos o que se segue.

-

 A s

peças que e sc revi e a lg umas por escrever. tais

c

om o

AS MOÇAS DA

RUA   4

ALLEGRO MA NON TROp ·

1 0, OS CORONÉIS . O

SUMIDOURO

e AS CONFRARIAS.

pertencem a um

plano

de t raba lho,

elaborado

quando

es

tava na Escola

de Arte

Dramática de São Pa ulo. P la no

organ

 zado

como

t

ema,

meta

de

trabaiho,

não como

escoo

lh a de

histórias

-.

Em

outras

palavras

:

te n

ho

um

objetivo

definido a atingir. O INCÊNDIO - peça já escrita - che

g

ou

a se r apresentada , há nove anos, no curso de dr  ma

t urgia daquela

Escola,

em

seu

atual

desenvolvimento.

Dai

a explicação para o aparecimento destas pe ças, uma após

outra

. às

vêzes em

prazos

rela tivamente curtos.

- Evidentemente que não estavam tôdas

progr m -

das.

A lgumas fo ram

substituídas

outras

apareceram de

po s,

e

duas

ou três

resultaram de

outros t rabalhos .

Mas,

tôdas

t en ta vam exp rimi r uma

mesma

realidade

.

-

Posteriorrnênte

  dividi êste

plano

de t ra ba lh o em

 peças rurais e  peças urbanas , procurando

mostrar

se

 

pre

dois

lados

do mesmo problema . No

campo,

o

lado

do

fazendeiro

e

o

do

colono.

Na

cidade,

o

lado

do tr a

dicio

nalista e o das novas classes . Procure i também

não

tomar

p

  rttdo regis trando apenas

as fases de

um am e

no

proces

so.

Po r

sua vez todo conjunto te r

.a uma

peça

conclusiva

.

Nas pecas rurais, inclui A MORATóRIA  O TELESCÓplü,

PEDHEIRA DAS

ALMAS

  OS

COHONÉIS

e VEREDA DA

SALVAÇAO.

- As peças urbanas -

AS COLUNAS

DO

TEMPLO.

AS MOÇAS DA

RUA

14 O INCÊNDIO, A ESCADA, OS OS-

Page 34: 023 - Cadenos de Teatro

7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 34/37

 

06 BARÃO e ALLEGRO MA NON TROPPO segui

riam o mesmo desenvolvimento

da

s peças rurais.

Para

es

clar

ecer

melhor , eu diria qu e

es

cre ví

OS

OSSOS

  O BA

RÃO porque havia escr

ito

A ESCADA.

Uma

co nta a hi s

tó r ia do ar i

stocrata

que

caiu

e a out ra do imi

grant

e qu e

sobe - partes de

uma me

sma r

ealidade

so cia l. Se

na

A

ESCADA, o per sonagem princ ipal acusa o emigran

te

co

mo

um

dos

causadores

de se

us

male

s.

podendo

da r

a imp res são de que eu o apóio em OS OSSOS   OBARÃO, mos

tr o

quem é

o

emigrante

, reconhecendo seu va l

or

e seus di -

reitos. Assim, os dois lados têm suas razões e uma expli

cação

histórica

e sociológica: se Antenor  A ESCADA

tem

um a

justif icativa

para se r o que é, E

gis

to

Ghirotto

 OS OSSOS   O

BARÃO

também

tem

. Joaquim

em

VE

REDA DA SALVAÇÃO, só pode se r o que é. Mas o Jo a

quim

de

A MORATÓRIA também não pode deixar de se r

o que é. O conjunto

de

coisas injustas que não podem dei-

xa r de se r o que são. forma

uma

sociedade injusta

que

não

deixa rá nunca

de ser o

que

é, na sua estrutura...

Porém

ís:o já

escapa

à competência de um dramaturgo poi s s ão

out ro s que

devem

p rocu ra r a s

soluções.

Penso

que

um

es

critor

de teatro deve se r

como

um radiologista. êle

ra d

io

grafa e interpreta os males do homem e os especialistas

indicam os tratamentos

refiro

-

me ,

n tur lmente

  aos gran

des

radiologistas

e especialistas. É

conhecido

de

todos

o

caso do

méd ico que le u

uma radiografia

de

cabeça

para

baixo e operou um pulmão são , deixando o doente. Con

sequência: matou o paciente.

- Ass im como A MORATÓRIA e

VEREDA

DA SAL

VAÇÃO

são

dois

lados

-

aparentemente independentes

do mesmo problema , A ESCADA e OS OSSOS DO BARÃO,

também são. Assim

como

PEDREIRA DAS ALMAS tenta

esclarecer as raizes

do

mundo

de

A MORATÓRIA, o TE-

LESCóPIO

e OS CORONÉIS

também.

O SUMIDOURO

des

creverá as do

mundo de

A ESCADA, OS OSSOS DO BA

RÃO e

ALLEGRO

MA NON

TROPPO

. Daí a relação cons

t an te ent re passado e presente em t ôdas elas.

- As peças rurais e

urbanas

tratariam em blocos

tomando

dois

lados antag ônícos, mas profundamente enrai

zados na m esma realidade

de decadência de

uma sociedade

e o nascimento

de

outra . Como misturar

em

um todo

con

tlitos rurais e urbanos? Somos um país de tradiçao de

monocultura e, em São Paulo o café foi o fator prepon

deran

te

na formação da sociedade ligando cidade e

cam

po numa

mesma expre ssão econômica

politica.

Mas

como

todo

processo

traz

em si

_o

germe

de

su a

própria morte

-

aquela

nova

sociedade

fatalmente

entrará em

decadên

cia. se

as

lei s que a

regem

cont inuarem as mesmas. A vi

s ão pes sim

ista

que pode estar comida ai não se

refere

ao s uesdnos

do

homem mas sim à sociedade que o congre

ga. i I •

- Para esclarecer melhor

ain da aind a:

PEDREIRA

DAS ALMAS é fim e comêço de um processo como A MO-

RATÓRIA também é. Naquilo

que

determinou a grandeza

passada da s duas estava a

destruição do

homem.

Numa

o

ouro

fácil à flor

da

terra e

na

outra ouro fácil nos galhos

do

cafeeiro. Nas peças urbanas acontecerá o

mesmo.

Em

O SUMIDOURO,

já es

t

ão

Os

ge

rmes da decad

ên

cia quê

a pa

rece

m em A ESCADA e OS OSSOS DO BARAO qu e

são

fin s de

pr

ocesso. Mas,

se

OS OSSOS   O I3ARAO

é

fim

de p

rocesso.

é tam bém iníc io de um outro que

terá

se u

de sfe ch o em ALLEGRO MA NON TROPPO

- An t

enor

e Migu el sonha m c

om

a gr a ndeza de se us

avós.

Urban

a .

Franci

sco J

oaquim

e Go

me

s ta mbém.

Simul

tâ n

eament

e, c

omo

uma

previ

sã o do

qu

e ví ,

Egí

sto

Ghir

ot t

o

c

omeça

a sonhar com o tempo em

qu

e ê le a in era um

simples colono . Com o ouro fácil das engrenagens da s

m

á-

quinas, seu

mundo

cairá ta m

m. Não se

trata

,

portanto

,

de

fatores independentes - no campo ou na cidade

determinando um a

repetição matemática

de situações

culturais ou soc ia is, estreitamen te ligadas entre si. Trata

se de

formação

de t ôda a estrutura social daqu

ilo que

po

demo

s

chamar

de civilização

paulista

e st ru tu ra e rguida

sôbr e tr

ês

ciclos: do ouro . do café e da

máquina.

-

Eu

diria

qu

e o trabalho obedece a du as linhas mes

tr a

s:

um a

que parte

de PEDREIRA

DAS ALMAS - de ter

minada

pelo fim do

ciclo do ouro e va i terminar em A

MORATÓRIA.

que

anunc

.a

o fim do

ciclo

do

café

e o

co

ço do ciclo da máquina. A outra que parte de O SU

MIDOURO - corn

êço

da formaçao da s e li tes paulistas

essencialmen te agrária - e

va i

terminar em A ESCADA,

que

por su a

vez

anuncia

a ascensão do

ernigran .e

em OS

OSSOS DO BARÃO,

com êço

de formação de uma

nova

el i

te -

essencialmente industrial

pois a

ascensão

do

em i

grante

coincide corn o início do ciclo da máquina. O

pró

prio movimento determina a intenção

do

trabalho pois

êle

parte das sesmarias e das bandeiras e va i

terminar

no si

tio , nas repar ti ções públicas, na s se ções dos

Bancos ou

na s Fábricas.

-

Essas l inhas

aparentemente desligadas se entrela-

çam

em a lgumas

falas em

todo

o

conjunto ou

em

remo

mora ções de f am íl ia , citações de

fatos

e,

principalmente

na menção cons tan te

de

t rês acontecimentos capitais: a

crise

de

  9 a revolução

de

  e a ascensão do emigrante.

Das t re ze

peças

programadas

apenas oito

formam

expres

sões

de um

todo , transforrnandn-se assim numa procura

de

causas para a

colocação

problemática

de

uma reali

dade brasileira.

Todo o

meu

trabalho tem se ba seado e

coniinuará

se

bas eando n es ta id éi a.

-

 Do CORREIO DA MANHÃ

-

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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ANNA

LETYCIA. responsável

por diversos

excelentes

cenários de peças de Maria Clara

Machado

 A Bruxinha

qu e er a

bo a

, O Cavalinho Azul. Maroquinhas Fru -Fru)

rea

lizou em 1962

para

O TABLADO

os

cenários e figurinos de

O MÉDICO À FÔRÇA. de Mol iê re  

*)

ganhando com êsse

trabalho os

prêmios

de meUior

cenógrafo

e

melhor

figuri

ni

st a

do

ano

.

atribui

dos pelo CIRCULO

INDEPENDENTE

DE CRITICOS TEATRAIS  CICT) do Rio de Jane iro.

Atualmente.

ANNA

LETYCIA

está

na

Europa

onde

acaba

de

receber

do juri da

I II B iena l

de

Paris uma

Men

ç

Honrosa

pelo

cenário

que rea li zou para

outra

peça

de

Moli êre,

 LE

MALADE IMAGINAIRE .

É com

especial sat isfação

que O TABLADO registra

êsse sucesso de Sua colaboradora na

Europa.

 *

)

Vide o n.o   dos CADERNOS.

JOAO BETHENCOURT. Diretor do Servi ço de Teatros

do Estado da Guanabara . passou três meses em Londres.

atendendo a um convi te da English Stage Company Royal

Court Theater).

dir ig ida por

George Devine, o

qual

esteve

em

v is it a ao B ras il

no

ano

passado.

Duran te e ssa sua t emporada londr ina, JOAO BETHEN

COURT trabalhou como

assistente

de George Devine

na

direção da peç a EXIT THE KING Le Roi se Meurt ,

no original) de Eug êne Ionesco, que

está

obtendo excepcio

na l sucesso no palco do Royal

Court

Theater.

Outra colaboradora de O TABLADO e

dêstes

Cader

nos

que

passou

alguns

meses

na

Europa é BARBARA HE

LIODORA, responsável pela coluna de teatro do Jornal do

Brasil.

BARBARA HELIODORA

ass

istiu ao Festiva l Inte rna

cional

de

Edimburgo onde teve oportunidade

de

participar

do Congresso do Drama

que

alí se realizou com a presen

ça

de

numerosas personalidades

do

mundo

t ea tr al , e nt re

outros:

Eugéne Ionesco. Arthur

Adamov, Arnold Wesker,

Harold Pinter,

Alain Robbe-Grrllet,

Martin

Esslín,

Kenneth

Tynan,

Jack

Gelber.   rgueríte Duras, Max Frisch,

Lau

rence Olivier, George

Devíne,

Agnes Moorehead, Edward

Albee.

 

No Congresso,

foram

debat idos os s eguin tes assuntos :

a)

Quem faz o teatro de hoj e: o

autor.

o

diretor ou

o ator?;

b) Posi ções d iversa s do au tor  enga jamen to vs. absurdo ou

antí

realismo); c) Teatros e seus

rivais:

relações

com

ci

nema.

televisão

e

ou

.ras

artes

interpretativas; d)

Subven

ç e Censura; e)

Nacionalismo

no tea tr o; f) O futuro do

teatro. tendo

BARBARA HELIODORA

esc larecido . numa

sé r

ie de

artigos

para o Jornal do

Brasil.

que os

melhore

s

resul tados a lcançados durante

aquela

semana de debates

se referem ao

problema

do au

.or,

o problema do subsid :o

e da censura e o

problema

do nacionalismo.

No RIO DE JANEIRO. em 1963, o de

saparecimento

das

companhias estáveis

de teatro é

um

fa to consumado. E

t alvez não

seja

mera coincidência se um dos melhores es

petáculos apresentados

até a gora vem a se r A ESCADA.

de

Jorge

de

Andrade,

produção do

Teatro

do Rio. Pois a

companhia

dirigida

por Rubens Correia e Ivan de Albu

que rque , s e não possui exatamen te um

elenco

estável. obe

dece

há anos à orientação dos

do is jov

ens

diret

ore

s

acima

citados

, tendo as suas

última

s produções

atingido

um ní

vel

de

alta qualidade.

Fo i

Ivan

de Albuquerque  premiado no an o passado

pelo CICT como o

melhor

diretor pela sua encenação de

A

INV

ASAO. de

Dias

Gomes)

que

dirigiu A ESCADA.

com

.

c ená rio de Belá Paes Leme. ótimas interpretações de Ru

bens Correia, Wanda Lacerda e Isabel

Tereza,

entre

outros.

O Teatro Nac

ional

de

Comédia

exibiu-se com um texto

de

valor:

O CIRCULO DE GIZ . de Bertolt

Brecht,

mas em

bora

contasse com

cenários e f igurinos de excepcional

qua

lidade de Anísio Medeiros, a judados por belíssimas másca

ra s de D irc eu e Mar íe -Louíse Nery, o

espe

t áculo,

dirigido

por José Renato, não conseguiu atingir o nível desejado.

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

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\

o Teatro

Jovem,

sempre sob a

direção

de Kleber San-

tos, continua desenvolvendo suas at ividades e melhorando

as instalações

do seu

teatro. f:ste

ano,

apresentou  AONDE

 

VAIS, ISABEL? de Maria I nê s Bar ro s de

Almeida

e TODO

MUNDO   Rf, espetáculo

formado

por duas peças: A

OCASIÃO DESFAZ O LADRÃO, de Flávio Miggliaccio e o

VASO SUSPIRADO, pequena obra

-prima

de Francisco Pe

re

 ra

da

Silva,

que

ainda

teve

a

se u fa vo r

deliciosos

cená

rios

e figurinos de Anísio Medeiros, cuja contribuição ao

teatro carioca, nos dois

últimos

anos. tem sido contínua e

de excepcional valor.

Estreou no

mês

de outubro

uma

nova

companhia, en

cabeçada pela atríz MARIA FERNANDA, com a peça UM

B ON DE C HA MA DO D ES E JO , de Tennessee Williams,

díre

ção de Flavio Rangel. cenário de

Napoleão

Moniz Freire.

Espetáculo

de grande categoria,

o seu ponto m áxi mo é

sem

dúvida a

interpretação

de MARIA

FERNANDA, que já

re

presentara aliás o papel de Blanche Du Bois na Escola da

Universidade

da

Bahia

e no

Teatro Oficina

de São Paulo,

em

1962,

tendo

sido premiada com

o SACr. Muito

boas

também

as i nt erpr et ações de Car lo s A lber to

e

Jorge

Cher

ques que se desincumbem dos difíceis papeis de

Stanley

Kowalski e Mitch, respect ivamente . L indo cenár io de Na

poleão Moniz Freire.

B OE IN G- BO EI NG , d e M ar e Camoretti, O BEM-AMADO,

de Neil Simon. VAMOS CONTAR MENTIRAS. de Afonso

Paso

DOMINGO EM NOVA YORK, de Norman Kras

na, são

alguns do s

cartazes puramente comerciais

que

têm

atraido grande público

mas

que pouca contribuição tr a

zem ao t ea tro.

NOTíCI S DE   T BL DO

A primeira produção

d O

TABLADO

em 1963

foi a

di

scutidíssíma peça do

autor

li   lga recentemente

falecido

l\lichel

de Ghelderode

, BARRABAS. Dirigido

por Mar ia

Cla

ra

Machado,

o

espetáculo contou

com cenários c

figurinos

de

Arlindo

Rodrigues, de quem foi a primeira

contribuição

para

O TABLADO e

máscaras

de Dir ceu Nery, O papel

principal foi desempenhado por

Claude

Haguenauer.

Depois

de

encerrada a carreira de BARRABÁS, O TA

BLADO encenou a su a produção infantil

anual , ês te

ano A

MENINA E O VENTO, de Maria Clara Machado. Com ce

nários

e

figurinos

de Maríe-Loulse

Nery

,

máscaras

de Dir

ceu Nery e

direç

ão da autora, o

espetáculo,

de

rara

beleza

plá

stica, tem s id o su cesso

de

crítica e

de bilheteria

.

l i eaç es • tex tos

 l

d isp

si Ç o

dos

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7/21/2019 023 - Cadenos de Teatro

http://slidepdf.com/reader/full/023-cadenos-de-teatro 37/37

500 ,00

100,00

150,00

100,00

150,00 .

100,00

600 ,00

CR

500 ,00

500,00

500,00

500,00

500,00

500,00

500,00

500,00

500,00

500,00

O Urso,

de

Tchekov

.

A

Fa rsa

do

Advoga

o

Pathelin

.

Os Cegos

de

M.

de Ghe lderod

e .

Escorial. de M. de Ghelderode .

CADERNOS

DE TEATRO

-

exemplar avul

so .

Assinatura

  6

número

s)

.

i tores na

seç re t a r i a

d O

TABLADO

Auto da Compadecida, de Suassuna

.

Bodas de Sangue, de F. Garcia Lorca

.

D.

Rosita,

a

Solteira, de F. Garcia Lorca

.

A Harpa

de Erva, de

Truman

Capote

.

A

Longa Jornada Noite

a

Dentro, de O 'Neil

.

O

Living-room,

de Graham Greene

.

Natal na Praça,

de

Henri Ghéon .

Pedreira

das Almas

e O

Telescópio, de J. Andrade

O

Rinoceronte,

de

Ionesco

.

 1:ea.tro

Infantil,

de

Maria Clara

Machado

.

Teatro

(O

Cavalinho

 Azul, A

Volta

do Camaleão

Alface,

e o Emba rq ue d e Noé) , de M . C .

Machado

Pedidos par a O TABLA

  O

, Av. L

ineu

de Paula

Machado

,

795. J a

rdim B

ot

ãn.co,

Rio de Janeiro -

Guan

abara

YERMA, de F

ed

er ico G

arcia Lorca

,

em

tr adu ção de

Cecilía

 l\Iei relle

.

publica

ção da

Editôra

A

gir

, Cole ção

Tea

- .

tr o Moderno

.

CA

Lf

GU

 

de

Albert

Carn us, tradução

de

Maria

da

Sa

udade

Corte

são,

publicação da

Edi t ô

ra

Civiliz

ão

Bra

si

le ira, em sua Co

le ão Universitária

de Teatro .

L VROS NOVOS