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Ciências da Comunicação, 1º ano. Ana Catarina Andrez, Ana Isa Mestre, Ana Marta Miranda, Ana Sofia Trindade, Raquel Rodrigues Comunicação Educacional : “Bullying” Docente: Vitor Reia-Batista

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Docente: Vitor Reia-Batista

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Autores:

Ana Isa Mestre, nº34028Ana Marta Miranda, nº 34029Ana Sofia Trindade, nº 35415

Ana Catarina Andrez, nº 34027Raquel Isabel Rodrigues, nº 34045

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Universidade do Algarve

Ciências da Comunicação – 1º AnoTeorias da Comunicação

Faro, 14 de Março de 2008

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Índice • Introdução (pág.3)

• O que é o Bullying? (pág.4)

• Quando, onde e porquê surgiu o conceito? (pág.5)

• Perfil do agressor e da vítima. (pág.6/7)

• Casos de Bullying em Portugal. (pág.8/9)

• Combate ao Bullying (Prevenção e Procura de Soluções). (pág.10/11)

• De que forma o Bullying condiciona/interfere na comunicação educacional? (pág.12)

• De que forma o Bullying pode evidenciar uma carência comunicativa? (pág.13)

• Conclusão. (pág.14)

• Bibliografia. (pág. 15)

• Anexos (pág. 16/17/18/19/20)

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Teorias da Comunicação

IntroduçãoÉ através do ensino que se formam não apenas alunos preparados para o mundo do

trabalho, mas sobretudo seres humanos capazes de enfrentar a vida, em todas as suasvertentes. Na verdade, é entre o seio acolhedor de uma sala de aula e a agitação dosintervalos que muitos aprendem pela força da realidade o melhor e o pior que o ensinonos reserva.

Actualmente, a escola é vista como um local de educação de gerações, de formaçãode indivíduos, porém, quantos de nós somos capazes de parar por alguns minutos, nessachamada “Pedagogia de Silêncio”, para reflectirmos acerca dos problemas e inquietaçõesque surgem no seio do próprio ensino?Um desses problemas, surgiu na década de 80, e foi denominado de: Bullying.

Na verdade, este termo define todo o tipo de violência caracterizada como sendointencional, contínua e de carácter físico ou até mesmo psicológico, sobre um ou maisindivíduos.

Contudo, será a definição de Bullying tão clara e objectiva como a que aqui éapresentada?

Ou tratar-se-á o Bullying de uma situação de falta ou falha de comunicação entretodos os seus intervenientes?É esta a pergunta à qual pretenderemos responder com este trabalho científico, quepretende não apenas abordar este problema recorrente na sociedade educativa actual,mas também vê-lo através de uma perspectiva comunicativa, que de certa forma explicaráa sua existência.

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O que é o Bullying?

Apesar do conceito de Bullying não ter tradução para a língua portuguesa, podemosclassificar este termo como sendo a pura demonstração de atitudes agressivas,intencionais e repetidas. Estas situações ocorrem tendo em vista as diferentes agressões,morais, físicas e verbais, que recaem sobre os conceitos como o racismo, pluralidadecultural, orientação sexual, entre outros, sem motivo aparente e que geralmente sãoadoptadas por alguém (agressor/Bully) que está, de certo modo, em condições deexercer o seu poder sobre alguém (vítima) ou sobre algum grupo social mais fraco.

Existem vários tipos de acções que caracterizam o Bullying, tais como:• Difamação caluniosa;• Exclusão social;• Intimidação;• Critica e humilhação de aspectos que enfraqueçam a vitima.

O Bullying está frequentemente associado ao ambiente escolar, tendo em queconta que é realmente neste meio que existem mais casos de práticas de Bullying. Noentanto, este fenómeno não se restringe apenas à adolescência, visto que é tambémocorrente no local de trabalho, com os vizinhos e até mesmo entre países.

Em conclusão, podemos dividir o Bullying em 2 categorias:• Bullying Directo (agressões físicas)• Bullying Indirecto (agressões psicológicas).

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Quando, onde e porquê surgiu o conceito?

O primeiro a associar a palavra Bullying ao fenómeno foi o professor de psicologiada Universidade da Noruega Dan Olweus na década de 80. Este conceito surgiu quandoo professor se confrontou com os resultados de uma das suas pesquisas sobre astendências suicidas entre jovens. Actualmente, é utilizado este conceito para definircomportamentos agressivos e de exclusão entre jovens, uma vez que, nessa mesmapesquisa, Olweus descobriu que a maioria desses jovens tinha sido vítima de ameaçasou outras agressões por parte de outrem.

Ao aperceber-se desta situação, Olweus começou um trabalho de investigaçãocom o objectivo de combater estes fenómenos cada vez mais frequentes na nossasociedade, principalmente ao nível escolar.

Deste modo, o psicólogo norueguês define o Bullying como um fenómeno quesurge, normalmente com as seguintes características:

• É um comportamento agressivo e negativo;• É um comportamento executado repetidamente;•É um comportamento que ocorre num relacionamento onde há um

desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.Desta forma, rapidamente chegamos à conclusão de que o Bullying pode não

tratar-se apenas de um fenómeno isolado e sem razão aparente, mas sim, ser aconsequência de uma ou várias falhas de comunicação entre os pares, que atinge umnível insustentável e acaba por culminar com um ciclo de violência inevitável.

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Perfil do Agressor

Tendo em conta os casos de Bullying analisados e os estudos que se têm feito emrelação a esta situação cada vez mais emergente e problemática nas sociedades de todoo mundo, chega-se à conclusão que, à semelhança de outros casos, também com oBullying é possível delinear o perfil dos agressores e dos seus lesados.

No que toca ao perfil do agressor, é referido, normalmente como um jovem comproblemas emocionais e/ ou de aprendizagem. Considera-se que são jovens que, namaioria das vezes se sentem impotentes perante os problemas do quotidiano, recorrendopor isso ao Bullying como forma de afirmar o seu controlo sob alguma coisa: neste caso avítima.

Segundo a teoria de Boulton (1999), o agressor é tido como aquele que provoca avítima sem qualquer razão aparente.

Na verdade, os agressores são perfilados como pessoas infelizes e com dificuldadesem fazer amizades.

De acordo com Boulton, os agressores são normalmente pertencentes a famíliascom problemas em partilhar os seus sentimentos, revelando por isso uma enormecarência afectiva.

Assim, mais uma vez, toda a ideia geral que é apresentada do perfil do agressorvem culminar com traços que nos dão fortes indicações de que falhas de comunicação nopassado (incluindo a educação das crianças) podem conduzir a falhas de comunicação nofuturo e no seu crescimento enquanto cidadãos do mundo, levando-os a este tipo decomportamentos.

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Perfil da vítima

Após a realização de diversos estudos nesta área, chegou-se à conclusão de que asvítimas de Bullying são perfiladas normalmente como alunos inteligentes e sensíveis, quemantêm uma boa relação com os pais. Assim, estes alunos quando confrontados comsituações conflituosas não sabem como reagir, ficando à mercê do agressor.

Mantendo níveis de auto-estima extremamente baixos , as vítimas acreditam nosinsultos que lhes são dirigidos, tornando-se, deste modo, alvos fáceis.

Na maioria das vezes, após uma situação de Bullying as vítimas ficam fragilizadas, oque as impede de voltar a desenvolver relações de confiança. Como consequência disso,as vítimas de Bullying sofrem na pele a rejeição dos seus pares.

Em suma, podemos concluir que as vítimas são, frequentemente, jovens que, porqualquer motivo, são diferentes dos restantes (Por exemplo: usam óculos, são baixos, sãobons alunos…etc.).

Acredita-se que a não aceitação da diferença por parte dos agressores, conduz acomportamentos violentos, que acabam por manifestar falhas de comunicação entre avítima e o agressor, que transpõe as suas experiências e frustrações passadas neste novofenómeno: o Bullying.

Dessa forma, a relação comunicativa entre o agressor e a vítima passa a serexclusivamente direccionada para o segundo elemento, sendo que o agressor se limita ainsultar a vítima, rejeitando estabelecer com ela qualquer laço comunicativorazoavelmente disciplinado.

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Casos de Bullying em PortugalTanto em Portugal como em todo o Mundo contabilizar os casos de Bullying é uma

tarefa difícil, tendo em conta que a fiabilidade das estatísticas é confrontada com avergonha sentida por parte da vítima.

A auto-resposta coloca em evidência limitações relativas à autenticidade eobjectividade das respostas, assim sendo, a utilização de instrumentos de resposta pelospares pode aumentar a fidelidade estatística dos resultados, mas realça outro tipo deconstrangimentos relacionados com a ausência de conhecimento de algumas vivênciasinternas dos outros.

Dados recolhidos em Portugal, no âmbito do estudo Health Behaviour in School-aged

Children (HBSC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), em que foram entrevistados6131 jovens do 6º, 8º e 10º ano de todo o país, revelam que 23,6% dos rapazes e 13,9% dasraparigas afirmam ter sido vítimas de Bullying 2 ou 3 vezes por mês. Por sua vez, 13,9% dosrapazes e 7% das raparigas reconheceram ter agido como provocadores dos seus pares 2 ou3 vezes por mês.

Os rapazes são os principais praticantes do Bullying directo, ameaçando ou batendonos colegas mais fracos. Por seu turno, as raparigas preferem o Bullying Social,caracterizado por ofensas, humilhação, disseminação de boatos e rejeição.

De acordo com Ana Tomás de Almeida, investigadora do Instituto de Estudo daCriança da Universidade do Minho: “É conhecido que há um aumento do fenómeno no finalda idade escolar, que se prolonga até por volta dos 14 anos, com tendência a diminuir daíem diante”. A par deste estudo existe um outro, que coloca em parceria a Universidade doMinho, Porto e Técnica de Lisboa. Este estudo mostra-nos não só que a faixa etária davitima varia entre os 10 e 12 anos, mas também um dado que nos aterroriza enquantoestudantes: 1 em cada 5 alunos entre os 10 e os 12 anos, é vítima de Bullying na escola, e 1em cada 8 alunos das escolas portuguesas, públicas ou privadas, assume-se como agressor.

No entanto, não existe grande diferença entre as escolas citadinas ou rurais, mas éevidente que existem diferenças significativas de acordo com o estatuto socioeconómico:entre vítimas e agressores encontram-se mais alunos das classes baixas, como constatou ainvestigadora Beatriz Pereira, da Universidade do Minho.

Mas, as estatísticas não mostram rostos e quase que desumanizam as vítimas, quesão expostas como meros números estatísticos em “gráficos de violência”.

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O último caso conhecido afecta um menino de 12 anos, que sofreu de cancro, ecujos pais tentaram, sem sucesso, que mudasse de turma. João Miguel é mais um meronúmero estatístico ao qual os média deram rosto, através de um artigo do Diário de

Notícias.

João frequenta o 7º ano e grande parte dos colegas de turma acompanhou a suadoença, um tumor do sistema nervoso central. Mas, mesmo assim, foi rejeitado, e piorque isso, insultado pelos colegas e humilhado sucessivamente. Os pais pediram aoConselho Executivo que o mudasse de turma, esse nada fez. Posteriormente exigiram umaintervenção da Inspecção-geral de Educação, que também não avançou com medidasinterventivas.

Devido ao facto de nada ter sido feito, os pais optaram por não mais deixar o filho iràs aulas.

Afinal, quais as consequências desses maus tratos por parte dos colegas a crianças?Para completarmos este subtema apresentamos uma entrevista (*) feita a duas

adolescentes, de 18 anos, outrora vítimas de bullying.Na tentativa de analisar as marcas que essa má fase deixou nas suas personalidades

e nas suas relações sociais, fomos ouvir as vítimas deste conflito social.

(*) – Anexo 1

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Combate ao Bullying(Prevenção e Soluções)

Como já referimos anteriormente, hoje em dia, falar de Bullying é sinónimo deviolência escolar. Na verdade, ao falarmos de violência escolar, não nos podemos limitar àsignificação destas duas palavras, mas ir mais além, precisamente ao ponto em que amaior parte dos casos passa ao lado dos olhos da sociedade.

Infelizmente, em Portugal, o tempo dispendido com este fenómeno é relativamentepouco, na medida em que talvez ainda não nos tenhamos apercebido do “impacto

devastador” que este tipo de violência provoca, pondo em causa o própriodesenvolvimento psicossocial das vítimas. Todos nós, mas em particular os professores,funcionários, pais e as próprias autarquias, deviam estar mais atentos a esta realidade.Assim sendo, “há necessidade de prevenção pensada em triângulo: escola, família e

alunos. As famílias devem aproximar-se da escola e isto pode ser feito por intermédio das

autarquias”,Carlos Poiares, especialista em psicologia criminal. Este é o ponto de partidapara a prevenção do Bullying escolar.

Nas escolas, a suspensão é utilizada como meio de punição dos alunos. Mas será isso

de facto uma punição ou um adiar do problema?

A este nível, existem diversos modos de prevenção e redução desta situação, deentre os quais passamos a destacar dois tipos de soluções: a longo e a curto prazo.

As medidas a longo prazo passam pela formação inicial dos docentes, pois aformação centralizada em conceitos e teorias é fundamental. Contudo a prevenção econtrolo da indisciplina e violência é indispensável uma vez que os professores eeducadores parecem não estar muito à vontade em relação a esta temática, existindomesmo dificuldade por parte dos docentes em lidar com comportamentos indisciplinarese de violência dos alunos.

Das medidas a curto prazo fazem parte o projecto educativo da escola onde devemconstar de forma explicita e clara as “políticas globais” de forma a que toda a comunidadeeducativa esteja envolvida.

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O regulamento interno da escola deve ter os padrões de comportamento esperadopor parte da comunidade escolar (alunos, docentes e funcionários) e em caso de nãocumprimento dos padrões as sanções devem ser claras e cumpridas.

Para prevenir o bullying nas escolas é também necessário a formação (através deacções contínuas incentivando à partilha de boas práticas entre colegas) e sensibilizaçãodos docentes, de todos os corpos que constituem uma escola, funcionários epais/encarregados de educação.

É um facto que, nas escolas, o recreio é o sítio mais propício à prática deste tipo deviolência. É no recreio que as crianças e adolescentes desenvolvem o processo desocialização escolhendo as suas actividades, com quem as realizar e como, aprendem quenem todos têm as mesmas aptidões, etc. Estes espaços deveriam ser repensados emelhorados de forma a oferecer diferentes áreas com equipamentos móveis que facilitemo jogo/convívio entre pares, não sendo esquecida a supervisão dos mesmos.

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De que forma o Bullying condiciona/interfere na comunicação educacional?

“Metade das vítimas não disse a ninguém. E das que contaram, 47% disse-o só a um

dos pais e 31% a um professor, porque a experiência lhes ensinou que os adultos muitas das

vezes não se interessam ou, quando interessados, dão maus conselhos”, escreveu MargaridaMatos no livro Comunicação, Gestão de Conflitos e Saúde na Escola (FHM Edições).

O perfil do agressor mostra-nos uma pessoa por vezes isolada e que na maioria dasvezes não esta plenamente integrado.

Entrando no campo da psicologia e sociologia surge-nos uma questão: De que formapode este tipo de comportamento agressivo resultar da falta de atenção, de tempo e deeducação dos pais?

Segundo Dan Olwues, psicólogo da Universidade da Noruega, o Bullying não é apenasnegativo para a vítima, o comportamento do agressor é uma prova clara de que tambémnecessita de atenção urgente, tendo consequências negativas para o resto da turma e para oambiente escolar, afectando a aprendizagem de todas as crianças.

Se a falta de comunicação educacional pode levar a comportamentos agressivos,noutra perspectiva, o Bullying pode ter como consequência uma diminuição da comunicaçãoeducacional. Trata-se assim de um ciclo vicioso, na medida em que os alunos vítima tendema afastar-se dos amigos, a isolar-se na depressão, acabando com grande parte das relaçõessociais que mantinham antes de serem alvos de Bullying.

O que devem os pais e os professores fazer depois de reconhecer os sinais que fazemdos seus filhos e/ou alunos vítimas de Bullying?

Afinal, quais os comportamentos a ter?A resposta a esta pergunta não é tão fácil como gostaríamos que fosse, pois cada caso

é um caso e cada criança/adolescente tem a sua personalidade e demora o seu tempo asarar as feridas da humilhação pela qual passou.

Na tentativa de obtermos outra perspectiva sobre este assunto entrevistámos (**) oProfessor Universitário Júlio Andrade, com formação na área da educação.

(**) – Anexo 2

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De que forma o Bullying pode evidenciar uma carência comunicativa?

A violência intencional, a agressão física e os ataques psicológicos são cada vez mais frequentes nas escolas. Um fenómeno que existe desde há muito, mas que só agora ganhou a atenção de psicólogos, denominando-o assim de: Bullying

Este problema é conhecido por consistir numa violência intencional e contínua, afectando pessoas de raças e culturas diferentes, com orientações sexuais diferentes ou mesmo de grupos sociais mais fracos, por exemplo.

O principal factor desta ‘’nova técnica’’ de agressão tem como causa uma falta de comunicação entre os membros da sociedade. Toda esta deficiência é iniciada normalmente em casa, tendo em conta que se revela essencial uma boa comunicação entre pais/filhos. Se tal não acontecer, estes revelarão sérias dificuldade em ter uma comunicação coerente com o resto da sociedade, inclusive na escola com colegas e professores. ->Muitos dos agressores já foram ou são vítimas de agressões por parte dos pais e, por isso, e devido ao facto de se sentirem inferiorizados, praticam o Bullying como forma de afirmar o seu poder, o que consecutivamente lhes aumentará a própria auto-estima. ->Assim, verifica-se que caso não exista um bom fio condutor para que a comunicação aconteça, essa será deficiente e acabará por criar desentendimentos sociais.

A falta de diálogo entre pais e filhos ou professores e alunos constitui uma das principais objecções face a este problema, criando assim um desequilíbrio emocional e dificuldades de aprendizagem às crianças que se resguardam perante estes educadores.

Crianças desprovidas de carinho, atenção e diálogo, com uma baixa auto-estima e inferiorizados por algo ou alguém constituem o maior perigo na formação de “Bullies”, dado que, esta prática desenvolve a sua auto-estima e favorece a sua posição social perante os colegas.

Em suma, a sociedade deve reger-se pelo uso da palavra, evitando e anulando o recurso à violência.

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Conclusão

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É através da comunicação que nos conhecemos como seres humanos, queaprendemos que somos capazes de partilhar, compreender, ou até mesmo ter umolhar crítico sobre o mundo. É a comunicação que nos define, que nos mostratantas vezes que o mundo é local de comunidade e diversidade, e devemos vivernele com um único propósito: comunicar com o próximo.

Porém, quer na escola da vida, como no percurso educativo, deparamo-nosconstantemente com falhas comunicativas que posteriormente dão origem afenómenos praticamente incontornáveis, aos olhos da sociedade.

Falamos de Bullying, falamos de um ou vários grupos de seres incapazes decomunicar, falamos dos erros dos outros, como se fossemos incapazes de nos olharno espelho do mundo e perceber que, afinal, também nós somos culpados da falhacomunicativa que muitas vezes origina estas situações.

Nós, que vivemos cada vez mais isolados no pequeno mundo que nosrestringe uma visão crítica sobre a realidade, nas pequenas trivialidades que nosimpedem de ver aquilo que realmente importa: a necessidade constante e básicade transmissão de vivências, emoções, pensamentos, etc.

Ao partir para este trabalho questionávamo-nos sobre se o Bullying setrataria ou não de uma situação de carência comunicativa entre os envolvidos,agora, após reflexão sobre o assunto concluímos que o Bullying é, na verdade, arevelação de uma das maiores falhas comunicativas entre os pares.

Concluindo, todo o processo de agressões a que a vítima é sujeita revelainicialmente uma falha comunicativa e, na maioria das vezes, uma carência afectivapor parte do agressor. Ou seja, em muitos casos o agressor recorre ao Bullyingcomo forma de colmatar as suas necessidades de afirmação no mundo, tendo emconta que não tem oportunidade de fazê-lo junto dos seus entes mais próximos e,consequentemente, os seus educadores. Por sua vez, numa segunda fase doprocesso, verifica-se uma falha comunicativa entre a vítima e o agressor, tendo emconta que temos por um lado um elemento que se reprime e um outro que serevela incapaz de manter uma comunicação correcta.

Em suma, o mundo pertence aqueles que se atrevem a comunicar, aquelesque se atrevem a olhar para os problemas e questionar-se sobre eles.

Foi essa a nossa tentativa de olhar sobre o Bullying…

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Bibliografia

•A Sala de Aula sem Bullying, Porto Editora, Outubro 2006;•A Agressividade na Escola, Bullying, Sammy Alexander, Editorial Presença;Bullying e Desrespeito, Como acabar com essa cultura na escola, A.E Taylor e Braudoin, Avtmed;•Bullying- Estratégias de sobrevivência para crianças e adultos, J. Middleton, Avtamed;

Sitiografia•psicronos.pt/artigos/bullyingescolar.html, 12 Março 08;

•jn.sapo.pt/2006/05/22/sociedade_e_vida/casos_bullying_portugal_precisam.m

ain.html, 14 Março 08;

• childline.org.uk/Bullying.asp, 14 Março;

• miudossegurosna.net/artigos/2007-09-11.html, 18 Março 08.

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AnexosAnexo 1 – Entrevista a uma rapariga anónima, 18 anos (vítima de Bullying).

Porque é que escolheu o anonimato?

-Porque (alguma hesitação) ainda me custar falar sobre isso e tenho vergonha do que osmeus actuais amigos possam pensar.Com que idade é que foi vitima?

-Com 10 anos.Onde?

-Na escola.Em que ano lectivo?

-Foi no 5º ano.Por parte de quem é que sofreu as agressões?

-Colegas, da minha turma.Que espécie de maus tratos eram? (físicos, psicológicos, verbais?)

-Sobretudo verbais, que me atingiam psicologicamente.Quanto tempo durou?

-Durante esse ano lectivo. Não sei precisar, mas durante grande parte desse ano.As agressões tiveram sempre a mesma intensidade?

-No princípio era só pelos “mauzões” da turma, mas depois, mais para o final do ano, játoda a gente da turma achava piada à situação.Consegue explicar o motivo dessas agressões?

-Não…Quando e porquê acabaram?

-Acabaram quando mudei de escola.Que marcas ficaram?

-Na altura sentia-me uma pessoa muito infeliz, muito sozinha e a minha auto-estimadesceu.Mexeu com a sua auto-estima, ansiedade? (se sim, quando é que ultrapassou?)

-É óbvio que mexeu! Ultrapassei quando finalmente consegui fazer novos amigos, quandomudei de escola.

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Considera-se uma pessoa comunicativa?

-Assim-assim.Como é que descreve as suas relações sociais actuais?

-Não tenho muitos amigos, poucos mas bons, os que tenho são de confiança.Alguma vez, depois de ter sido vitima, agiu por raiva, vingança, como agressor? (se sim, a

quem, por que motivo e quantas vezes?)

-Não! “Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti”. Condeno essasatitudes!

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Anexo 1.1 – Entrevista a Sofia Sota, 18 anos, Faro (vítima de Bullying).

Com que idade é que foi vitima?

-Com 11 anos.Onde?

-Na escola, numa escola cá de Faro.Em que ano lectivo?

-No 6º ano.Por parte de quem é que sofreu as agressões? Que espécie de maus tratos eram? (físicos,

psicológicos, verbais?)

-Por colegas da minha turma.Quanto tempo durou?

-Durante grande parte desse ano.As agressões tiveram sempre a mesma intensidade?

-Não era um coisa assim constante.Consegue explicar o motivo dessas agressões?

-Essas situações aconteceram porque eu tinha vindo recentemente viver para Faro e aminha pronúncia alentejana era muito carregada.Quando e porquê acabaram?

-Foram acabando com o passar do tempo.Que marcas ficaram?

-Poucas ou quase nenhumas.Mexeu com a sua auto-estima, ansiedade? (se sim, quando é que ultrapassou?)

-Na altura mexeu um bocado porque levava as coisas que me diziam muito a peito, mascom o tempo fui aprendendo a brincar com a situação, o que também pode ter levado aque essas agressões psicológicas diminuíssem.Considera-se uma pessoa comunicativa?

-Bastante.Como é que descreve as suas relações sociais actuais?

-Boas, sim boas!Alguma vez, depois de ter sido vitima, agiu por raiva, vingança, como agressor? (se sim, a

quem, por que motivo e quantas vezes?)

-Não.

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Anexo 2 – Entrevista ao professor Júlio Andrade

-Enquanto Professor Universitário como é que acha que os seus colegas do Ensino

Básico vivem estas inquietações pedagógicas?

-Como é que as vivem? Estão normalmente preocupados, quando têm consciência doproblema. (Hesitando) Em relação ao Bullying tenho a sensação que grande parte delese deve ao facto dos professores, nomeadamente do ensino básico não acompanharemas crianças no recreio.

-Acredita que os professores têm um papel muito importante na prevenção do

bullying?

-Vamos, dividir as coisas em duas partes: uma será na preparação cívica das crianças, ese eles podem fazer alguma coisa, desconfio que estejam habilitados para isso, e emsegundo lugar eles podem interferir nos acontecimentos se estiverem presentes. Umadas coisas que me faz alguma confusão nomeadamente, por exemplo, no primeiro ciclodo ensino básico, em que os professores no intervalo mandam as crianças para o recreiosozinhas, ficando sem saber o que elas fazem. Julgo que um dos problemas consistenisso.

-Acredita então que o trabalho das auxiliares de educação no recreio não é eficiente?

-Não diria que não é eficiente, mas não é coordenado, nem é transmitido, e tenhodúvidas que a função do professor se reduza à sala de aula.

-Considera que a formação dos professores não se tem debruçado sobre este

problema com a devida atenção? (daí surgirem tantas dificuldades por parte dos

docentes?)

-Acho que não.

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-Defende que a melhor solução é os pais trabalharem em conjunto com a escola? Se

não, qual seria a melhor opção na sua opinião?

-Os pais podem colaborar, mas, podem e devem, desde que essa colaboração vise obem-estar do grupo. Não acredito que seja isso, na maioria dos casos estão atentos aofenómeno, se afecta os filhos, e só nessa altura é que poderiam ter uma atitudeconcertada com os professores, de forma a prevenir. Na verdade podiam, mas nãoacredito. Continuo com a ideia que isso é responsabilidade essencialmente do professor.

-No seu entender, o que deveriam os professores fazer para desenvolverem na escola

um ambiente favorável à comunicação entre alunos, professores e funcionários?

Favorecendo os pedidos de ajuda por parte das vitimas.

-Se bem entendi nós já passamos aqui aquilo que o professor pode fazer quandodetecta o problema. O professor pode fazer uma infinidade de actividades; há desde asquestões que têm a ver com a mediação. É uma estratégia que não está suficientementedesenvolvida em Portugal, já vai aparecendo. Os próprios colegas encarregam-se deestabelecerem a mediação entre as partes do conflito, isto é, são alunos que fazem isso.Nós já estamos a falar, digamos, do remédio da situação que se entendia. Ou seja, achoeu o papel dos outros colegas é essencial, os professores também podem fazer muitodesenhando ou preparando actividades educativas que conduzam, e eu conheço atealgumas, mas não tem a ver com o bullying, tem a ver com o grupo, mas conduzem aum restabelecimento dos laços entre as crianças.

-Até que ponto o professor pode criar condições para o jovem aprender a lidar e

resolver o problema sem por em causa a privacidade do jovem?

-Pode com estratégias às vezes bastante elaboradas. Agora lembrei-me do fenómeno doroubo, que uma professora tratou através de uma história, parecida à que se tinhapassado na sua sala. Pode nomeadamente através da criação ou utilização de históriassemelhantes que permitam a não identificação da vítima.

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