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Universidade do Algarve | Escola Superior de Educação
Ciências da Comunicação, 1ºano
Métodos e Técnicas de Investigação
“A série Morangos com Açúcar e a sua influência nas atitudes
agressivas dos adolescentes.”
Orientadores: Prof.º Doutor Carlos Alberto Marques Simões Prof.ª Doutora Maria Helena Xavier Correia Ralha Simões
Ana Catarina Andrez, nº34027 | Ana Marta Miranda, nº 34029
Ana Sofia Trindade, nº 35415 | Mariana Soares, nº 34040
Faro, 2008
TELEVISÃO
VS.
ADOLESCÊNCIA
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RESUMO O trabalho de investigação debruça-se sobre a questão do confronto de influências que a
televisão exerce nos adolescentes. Devido ao facto de sobre esta temática poderem recair
infinitos aspectos, não possíveis de abordar num só trabalho, foi decidido consensualmente que o
tema a abordar seria Televisão Vs. Adolescência, mais especificamente A série “Morangos com
Açúcar” e a sua influência nas atitudes agressivas dos adolescentes.
Seguindo esta linha de pensamento propusemos que a nossa pesquisa fosse repartida em
vários objectivos para que a análise detalhada dos vários aspectos fosse mais pormenorizada na
nossa apreciação e, simultaneamente, sucinta na descrição das conclusões extraídas.
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INTRODUÇÃO
Na procura de uma abordagem actual de temas relacionados com a nossa sociedade, e no
âmbito das Ciências da Comunicação procedemos à escolha do tema que iríamos utilizar como
objecto de estudo para um trabalho de investigação.
Posteriormente, foi concordado que o tema a abordar estaria relacionado com a televisão
e a programação juvenil. Com um assunto tão vasto, pôs-se em causa a necessidade de
pormenorizar o tema em que a pesquisa iria incidir para que este se tornasse mais acessível à
investigação detalhada sobre o assunto. Televisão Vs. Adolescência tornou-se a base essencial da
nossa pesquisa, sendo esta, incidente na temática A série “Morangos com Açúcar” e a sua
influência nas atitudes agressivas dos adolescentes.
Este assunto suscitou-nos uma particular curiosidade dado que, o efeito produzido por
esta série nos jovens é muito relevante. Trata de assuntos actuais que influenciam bastante os
jovens adolescentes, não só por estarem mais susceptíveis a “receber” novas tendências, novas
expressões comportamentais ou mesmo novas experiências relatadas na televisão. E, também
pelas camadas jovens serem o futuro do país em que vivemos e, por este ser uma consequência
do que se “vive” dentro da “caixinha mágica”, ou seja, se os jovens assumirem os
comportamentos menos correctos que vêem na televisão e se assim se for sucedendo, o nosso
país poderá entrar num ciclo “governado” por comportamentos televisivos.
Como já foi referido anteriormente, estruturámos a nossa pesquisa com diferentes
objectivos para que a investigação se tornasse mais cuidada e pormenorizada. Divergir nas fontes
de informação, como o recurso a professores, alunos e psicólogos, procurar e analisar a literatura
existente e adequada, investigar o real e o directo e, não o escrito e acomodado foram algumas
das nossas preocupações para que a pesquisa não se baseasse apenas numa faixa etária, num
grupo social ou numa linha de pensamento.
Procurámos etnias, raças, religiões, pensamentos, idades e sociedades diferentes para que
a nossa informação não se baseasse apenas numa linha estruturada e, para que a informação
recebida submetesse para realidades diferentes e confrontos de ideias, tentando que as
conclusões fossem mais extensas e, simultaneamente, mais reais.
Em torno de toda a investigação delineámos algumas questões de pesquisa que nos
ajudassem a desvendar o ponto fulcral do estudo, tais como, De que forma os comportamentos
agressivos das personagens da série juvenil Morangos com Açúcar podem influenciar os
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comportamentos agressivos dos adolescentes? De que forma é que esses comportamentos são
perceptíveis?
Assim, podemos analisar os pontos mais importantes sem que nos dispersemos no
assunto pretendido.
Em suma, após a decisão do tema a abordar e das questões de pesquisa formuladas temos
a considerar que sendo este um problema social, económico e político é importante realçar a sua
real influência na sociedade e como o futuro poderá ser promissor em função dos
comportamentos transmitidos através da televisão. Como poderá um meio de comunicação tão
imprescindível na sociedade actual ser um entrave ao desenvolvimento do futuro? Será que os
jovens são assim tão influenciados pela televisão? Passarão as séries televisivas uma imagem tão
negativa dos jovens e dos comportamentos “elite” a ter, para ser aceite socialmente?
Com a procura de bibliografia, realização de questionários, entrevistas e pesquisas
esperamos ver respondidas estas questões ao concluir esta investigação.
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL
É preciso reconhecer que a palavra bloqueia a nossa sociedade. Nunca se exprimiram,
falando tantos sentimentos, desgostos, sonhos, ideias, realidades, que outrora, ficavam
prisioneiros dos livros ou dos salões.
Basta pensar na multidão e na diversidade das palavras e frases que, todos os dias,
tombam no nosso inconsciente por via dos meios de comunicação.
Com efeito, não está provado que a rádio e a televisão tenham morto toda a arte da
conversação. Onde não se falava fizeram surgir, com as suas vagas de palavras, o mundo quase
mágico do verbo. Por meio delas, alguns descobriram que era possível traduzir o que se pensa, o
que se sabe, o que se sente ou o que se quer, sem ser por gestos e actos. E, se esta vulgarização
real da palavra não lhes confere necessariamente os meios para fazerem uso dela, pelo menos
cria as condições da única democratização susceptível de reduzir as disparidades sociais.
Mas em oposição a esta vertente unificadora da sociedade, a televisão tem-se mostrado
um veículo de transmissão de ideais menos correctos. Sobrepondo-se às suas bases críticas e
morais, o marketing e a publicidade guiam as emissões e os horários de emissões de modo a
favorecer influências económicas, sociais e políticas.
Programas com conteúdos menos próprios, com elevado grau de violência e não só, são
emitidos em horários nobres ao alcanço das crianças e adolescentes.
Os programas destinados aos adolescentes, como as séries juvenis transbordam violência,
sexo e drogas, num misto de comportamentos de risco, incute-se nos adolescentes a normalidade
desses comportamentos.
A série televisiva “Morangos com Açúcar” é um exemplo disso mesmo, tentando criar
uma série mais comerciável e que atingisse mais facilmente os jovens os guionistas apostam
numa linha de história rebelde e irreverente que chega mesmo a roçar o irresponsável em alguns
episódios. Sendo por isso os esta série o nosso objecto de estudo neste trabalho.
Como já foi referido anteriormente neste trabalho propomo-nos a analisar de que forma
os comportamentos agressivos das personagens da série juvenil “Morangos com açúcar” podem
influenciar as atitudes dos adolescentes e de que forma é que esses comportamentos são
perceptíveis.
O nosso trabalho gira em torno de conceitos e percepções de educação e desenvolvimento
juvenil, partindo destes mesmos conceitos e aprofundando mais o nosso problema de
investigação debruçamo-nos sobre temáticas como as atitudes e os comportamentos dos jovens, a
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violência, a influência e acção da televisão nos adolescentes, assim como nos seus hábitos
televisivos.
Para que melhor se entre na esfera do nosso trabalho “Televisão Vs. Adolescência”
iremos começar por esclarecer estes conceitos, ao mesmo tempo que introduzimos pormenores
de estudos efectuados por psicólogos sobre esta temática e que contribuíram para o
desenvolvimento da mesma no mundo Ocidental.
O primeiro conceito a ser exposto e estudado será o conceito da adolescência, grupo
etário sobre o qual recai o nosso estudo.
Entenda-se por adolescência uma das etapas do desenvolvimento humano caracterizada
por alterações físicas, psíquicas e sociais, sendo que estas duas últimas recebem interpretações e
significados diferentes dependendo da época e da cultura na qual está inserida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o adolescente é o indivíduo que se encontra
entre os dez e vinte anos de idade. Daniel Sampaio, médico, especialista de Psiquiatria (coordena
no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o Núcleo de Estudos do Suicídio, destinado ao
atendimento de jovens em risco de suicídio) define a adolescência como sendo uma etapa do
desenvolvimento, que ocorre desde a puberdade à idade adulta, ou seja, desde a altura em que as
alterações psico-biológicas iniciam a maturação sexual até à idade em que um sistema de valores
e crenças se enquadra numa identidade estabelecida.
A legislação de cada país prevê a idade formal de maioridade, etapa a partir da qual os
adolescentes passam a ser tratados como adultos.
Os aspectos físicos da adolescência (crescimento, maturação sexual) são os componentes
da puberdade, vividos de forma semelhante por todos os indivíduos. Quanto às dimensões
psicológica e social, estas são experimentadas de maneira diferente em cada sociedade, em cada
geração e em cada família, sendo singulares até mesmo para cada indivíduo.
É neste contexto de alteração do próprio corpo e também de uma maturação ao nível
intelectual (operações formais e abstractas), que o adolescente procura entender quem é e qual o
seu papel na sociedade em que vive: interessa-se por problemas de ordem moral e ética e, por
vezes, adopta ideologias. Actualmente, o conceito mais aceite é o de que não existe adolescência,
e sim adolescências em função do político, do social, do momento e do contexto em que está
inserido o adolescente.
Como seria previsível, neste período de formação pessoal, de encontro do “eu” o
adolescente está bastante susceptível a todas as influências da sociedade que o rodeia, e acaba
inevitavelmente por ser um espelho da mesma, reflectindo-se todo este conflito interior num
período conturbado, muitas vezes de revolta.
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Granvillle Stanley Hall (1844-1924), um famoso psicólogo e educador americano,
primeiro presidente da Universidade de Clark em Massachusetts, EUA, definiu este período
como sendo de “tempestades e stress”, posto que conflitos nesse processo de desenvolvimento
podem ser considerados normais. A antropóloga Margaret Mead (1901-1978) atribuía o
comportamento adolescente à cultura em que o jovem está inserido. Em complemento, a Teoria
do Processamento de Informação não vê a adolescência como um estado diferente, mas somente
como parte da escalada do ganho de experiência.
Jean Piaget, entretanto, observou no comportamento adolescente um grande incremento
nas habilidades cognitivas, o que pode levar a conflitos, posto que o indivíduo tem acrescidas,
ainda, a razão, a necessidade de competição e a habilidade de teorizar em termos adultos.
A procura de uma identidade única é um dos problemas que os adolescentes
frequentemente encaram, desafiando autoridades e regras como um caminho para se
estabelecerem como indivíduos Nesse processo, os artistas, por exemplo, servem como modelos
de comportamento. E, por esta razão, as suas atitudes são bastante criticadas pela sociedade,
como numa forma de controlo de seus efeitos. Isto não significa, entretanto, que a criação
adequada, por pais ou outros tutores, e uma vida inspirada sejam contradições, mas discute-se
quando uma deve ceder lugar à outra. (Pode-se reformular esta frase)
A dualidade entre o amadurecimento do corpo e o amadurecimento psicológico,
frequentemente causa certa susceptibilidade à instabilidade emocional que pode levar ao
consumo de drogas, a problemas mentais como a esquizofrenia ou distúrbios alimentares (como
anorexia e bulimia), e a problemas sociais como a gravidez.
Além disso, os cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles e do Instituto
Nacional de Saúde Mental, ambos nos EUA, descobriram, usando técnicas de ressonância
magnética, que os cérebros adolescentes mudam drasticamente, inclusive com a redução de
massa cinzenta e o aumento do volume de massa branca, o que poderia explicar boa parte dos
desvios mencionados. Cabe salientar, que a influência que os programas televisivos podem ter
nos adolescentes, em especial, os que lhes são dedicados pode conduzir a problemas
comportamentais que não são exclusivos dos adolescentes, e que nem todas as pessoas nessa fase
estão sujeitas a eles.
Numa vertente pedagógica surgiu a Psicologia Positiva, visto que muitos destes
problemas resultam de questões de educação, não se entenda por isso que os mesmos
signifiquem falta de educação, mas que muitas vezes resultam de acções culturalmente impostas
pela sociedade, como é o caso do recurso à televisão, por longos períodos de horas, como
passatempo.
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A Psicologia Positiva é frequentemente trazida a termo quando discutimos a psicologia
adolescente. Foi observado um grupo surpreendentemente grande de adolescentes entediados,
desmotivados e pessimistas quanto aos seus futuros. A aproximação pela Psicologia Positiva
tenta acender as suas chamas interiores, auxiliando-os a desenvolver destrezas complexas
recarregando assim as suas baterias e dando um novo alento às suas vidas, tornando-se
socialmente competentes, compassivos e adultos psicologicamente vigorosos. (dispensável)
A Teoria da Mediação ou Intermédia defende que na aprendizagem não se aprendem
novos comportamentos, mas adaptam-se, os que já foram aprendidos. Mas, para que possamos
desenvolver ainda mais estes conceitos é preciso que tenhamos distintas as noções de
comportamentos e atitudes.
Podemos interpretar o comportamento como a maneira de agir, o procedimento, isto se
analisarmos o conceito na generalidade. Por outro lado, poderá ser interpretado como a reacção
de um indivíduo ou animal perante uma situação ou conjunto de estímulos se analisarmos o
conceito dentro da esfera da psicologia.
Comportamento significa, de uma forma simplista, a resposta de um indivíduo a uma
situação. Habitualmente implica que o comportamento modifique essa situação pelos seus efeitos
sobre a relação do indivíduo/ambiente. Actualmente define-se a psicologia como o estudo do
comportamento.
Este conceito foi introduzido por J. B. Watson, segundo o qual, para a psicologia se
tornar uma ciência objectiva, a atenção dever-se-ia focar em fenómenos directamente
observáveis e mensuráveis. Para Watson, o comportamento é constituído por sistemas de hábitos
integrados, derivados de reflexos condicionados adquiridos na base de padrões inatos de
respostas motoras e glandulares. Os “behavioristas”, termo que pretende representar as pessoas
que se comportam de tal forma, tendem a especificar o comportamento em unidades funcionais e
variáveis relacionadas com processos tais como a aprendizagem e a motivação.
O termo alteração de comportamento é uma designação que descreve qualquer
anormalidade funcional, apesar de se terem em conta as influências sociais e éticas que se
reflectem sobre o comportamento, como neste trabalho de investigação pretendemos apurar o
modo como as séries juvenis, mais concretamente os Morangos com Açúcar influenciam os
comportamentos dos jovens.
Assim, este termo é utilizado geralmente para descrever um grande conjunto de
perturbações que podem estar presentes, já que quase todas as doenças psicológicas têm
repercussões no comportamento e estes são frequentemente importantes para o diagnóstico.
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Para Skinner e Pierre Janet, a noção de comportamento estende-se igualmente a todas as
actividades que se passem no interior do indivíduo. Não é só importante o comportamento
observável e imediato, mas também os fenómenos impossíveis de serem observados.
As atitudes são consideradas predisposições internas (do próprio organismo), estáveis e
duradouras, para que as pessoas se comportem ou reajam de determinada forma em relação a
outras pessoas, objectos ou situações específicas.
Para o psicólogo americano Gordon Allport, o conceito de atitude é o mais importante
dentro da Psicologia social, sendo esta, para ele e muitos outros psicólogos, o estudo científico
das atitudes dos humanos.
A grande maioria dos estudiosos dita que as origens das atitudes são culturais (tendemos a
assumir as atitudes que prevalecem na cultura em que nascemos e crescemos), são familiares
(parte das nossas atitudes são adquiridas dentro da estrutura familiar e passam de geração em
geração) e são pessoais (porque também são resultantes da nossa própria experiência). Contudo,
para os psicanalistas elas têm origem principalmente nas relações familiares.
Do ponto de vista da Psicologia Social, as escolas e todas as instituições educacionais, a
influência da autoridade, a publicidade e de uma maneira geral, todos os agentes que contribuam
para a mudança do nosso comportamento, são considerados causas importantes para a formação
das atitudes dos humanos.
Uma atitude comporta três componentes: representa uma tendência para agir de
determinada forma (tendência de resposta manifesta – por assistir à série, e responder aos
estímulos que são transmitidos pelos actores ao longo dos episódios), inclui uma crença ou um
conjunto de crenças (componente idealista – associa aquelas personagens tipo, representadas
pelos actores, o estereótipo de comportamento ideal) e, por último, comporta uma componente
afectiva uma vez que uma pessoa tem sentimentos definidos acerca das pessoas, objectos ou
situações com que a atitude está relacionada.
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METODOLOGIA
Com esta investigação pretendemos aferir alguns hábitos dos jovens, mais propriamente,
o consumismo relativamente à série televisiva “Morangos com Açúcar” e a sua influência nas
atitudes agressivas dos adolescentes. Série esta que aborda assuntos actuais acabando por
dominar muitas vezes, o comportamento dos jovens.
Assim sendo, a nossa investigação tem como objectivos:
� Saber se os alunos inquiridos vêem a série;
� Aferir se o comportamento dos jovens nas aulas é influenciado pela série “Morangos com
Açúcar”;
� Investigar se as actuações sociais dos jovens são espelhadas pelas das personagens da
série;
� Verificar se alguma das personagens da série influência positiva ou negativamente a
atitude dos alunos;
� Averiguar se a série televisiva passará uma imagem tão negativa dos jovens e
comportamentos “elite” a ter, para ser aceite socialmente.
Objectivos esses decifrados através de vários passos que foram dados para a realização
coerente e eficaz de todo o projecto, sendo eles:
� Escolha de um tema, por unanimidade;
� Selecção de questões de pesquisa;
� Aprovação da proposta de trabalho;
� Elaboração de questionários teste;
� Elaboração dos questionários finais para alunos e professores;
� Visita à escola onde se iriam apurar os questionários e, aplicação dos mesmos;
� Ida ao consultório da Psicóloga Clínica Dr.ª Ana Neves e elaboração da entrevista;
� Análise e interpretação dos dados recolhidos através dos questionários e
entrevistas;
� Conclusões dos mesmos.
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Pretendemos avaliar se as seguintes hipóteses se verificam:
Hipótese 1: Os alunos que vêem os “Morangos com Açúcar” são mais rebeldes.
Hipótese 2: O comportamento dos alunos, nas aulas, que vêm os “Morangos com Açúcar,
é influenciado pelos comportamentos das personagens da série.
Hipótese 3: O tempo dedicado ao visionamento da série retira tempo a outras actividades
que os alunos consideram importantes.
Questões de Pesquisa
Para formular os questionários1 e, para que, o nosso estudo incidisse pormenorizadamente
no que queríamos alcançar formulámos inicialmente duas questões genéricas para que o estudo
não divergisse noutro sentido, sendo essas:
� De que forma os comportamentos agressivos das personagens da série juvenil
Morangos com Açúcar podem influenciar os comportamentos agressivos dos
adolescentes?
� De que forma é que esses comportamentos são perceptíveis?
1 – Anexo 1, Inquéritos base realizados quer a alunos, professores e psicóloga.
Ponto 1
A nossa investigação tem, então, um carácter quantitativo pois está essencialmente ligada
à investigação quase experimental visto que exigiu de nós uma observação de fenómenos, a
formulação de hipóteses explicativas desses mesmos fenómenos, a selecção aleatória da
amostragem, a rejeição ou a verificação das hipóteses (estruturadas por nós) mediante uma
recolha estrita de dados, posteriormente sujeitos a uma análise estatística para testar as hipóteses.
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Ponto 2
Amostra
Para sabermos a opinião dos jovens em relação ao nosso tema, foram inquiridos através
de inquéritos por questionário, 60 alunos (n) do ensino básico dum total de 176 alunos (N) dos
anos (5º e 6º) da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos João da Rosa - Olhão, com idades
compreendidas entre os 10 e os 15 anos.
A nossa amostra é não probabilística, pois foi escolhida por nós a faixa etária que
queríamos inquirir (os adolescentes), fazendo assim com que houvesse uma escolha intencional
dos inquiridos.
Segundo os autores do livro Metodologia da Investigação – Guia para auto
aprendizagem”, as amostras não probabilísticas, podem ser seleccionadas tendo como base de
critérios de escolha intencional sistematicamente utilizados com a finalidade de determinar as
unidades da população que fazem parte da amostra.”
Para testar e, saber de forma mais sincera o comportamento dos alunos na sala de aula
fizemos inquéritos por questionário também aos professores destes jovens de forma a apurar uma
opinião de quem está de fora e, claro uma opinião de que lida com esses jovens todos os dias.
Foi feita também uma entrevista a uma psicóloga clínica, para saber de que forma e quais
as causas dos comportamentos agressivos nos jovens adolescentes e, o que os influencia a terem
esses próprios actos.
Ponto 3
Instrumentos
O instrumento utilizado para inquirir a nossa amostra, como já referido no ponto 2, foi o
questionário. Este questionário continha perguntas: de identificação (identificando o inquirido,
ainda que não nominalmente, de informação (com o objectivo de colher factos e opiniões do
inquirido), de descanso (para introduzir perguntas com maior grau de dificuldade manifestam ou
inibem o respondente pela sua natureza melindrosa) e de controlo (para verificar a veracidade de
outras perguntas insertas noutra parte do questionário). Todas as perguntas do nosso questionário
são de resposta fechada.
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Procedimento
Os inquéritos foram entregues a alunos do 5º e 6º ano do ensino básico. Os questionários
foram entregues nas salas de aula, no final das mesmas, – para que assim os alunos não ficassem
excitados durante o resto da aula e isso dificultasse o trabalho do professor posteriormente - e
foram recolhidos algum tempo depois.
De forma a não constranger ou não influenciar a resposta dos inquiridos, (e claro, para
não perturbar o trabalho dos professores), os investigadores saíram da sala de aula enquanto os
alunos respondiam ao questionário.
Foi também necessário averiguar se o questionário realmente se aplicaria no terreno e
averiguar se este estava de acordo com os nossos objectivos. A primeira versão do mesmo foi
testada num número reduzido de pessoas – Pré teste. Pessoas essas que estão dentro do tema
abordado já que a nossa intenção é saber a respostas verdadeiras por parte do inquirido e não o
que está socialmente correcto.
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APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
ALUNOS
Relativamente aos inquéritos2 dos alunos, definimos como aspectos mais importantes a
questão 6, “Na tua opinião o que deveria acontecer às personagens mais rebeldes?”, a questão 7
“Identificas-te com as atitudes das personagens mais rebeldes?” e, por fim, a questão 9 “Achas
correctos os comportamentos das personagens mais rebeldes em relação ao consumo de drogas, à
violência na escola, outros?”. Sendo estes pontos os mais pertinentes na descoberta da nossa
questão fulcral: A influência da série juvenil Morangos com Açúcar no comportamento
agressivo dos jovens.
Apresentamos de seguida os gráficos correspondentes a estas questões para que se possa
analisar e tirar as reais conclusões da investigação.
35 20
15
26
29
9
49
Não Sim
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Depois de todo o processo, passámos todos os dados dos inquéritos para uma tabela de
modo a conseguirmos fazer uma análise mais cuidada e comparativa dos mesmos e, chegámos à
conclusão que apesar da maioria dos alunos afirmar ver os Morangos com Açúcar e gostar da
série não se identifica com as personagens mais rebeldes nem concorda com as suas atitudes
mais agressivas, como por exemplo, o consumo de drogas, a violência escolar, entre outros.
Respectivamente às personagens mais rebeldes ainda constatámos que, 26 alunos
afirmam identificar-se com as atitudes agressivas dos mesmos, sendo que, 14 as consideram
“fixes”, contrastando com os 9 alunos que responderam que acham correctas as atitudes das
personagens mais rebeldes em relação ao consumo de drogas, à violência, etc.
Foi consenso geral que a série faz uma abordagem correcta a todos os temas actuais e que
se trata da melhor série juvenil de sempre, pelo simples facto de gostarem da história.
A disputa aconteceu na pergunta 14 que questionava o problema da série lhes ocupar o
tempo livre que tinham para realizar outras actividades, como por exemplo, os trabalhos de casa,
aí a confusão gerou-se tendo sido obtidas um número de respostas iguais em cada hipótese, ou
seja, 29 alunos responderam que a série lhe rouba realmente tempo contra 29 alunos não têm
essa opinião achando que o tempo da série é bem ocupado e, que outras actividades como, os
trabalhos da escola podem ser realizadas noutras ocasiões.
Além de todas as outras questões, conseguimos, no geral analisar que os jovens não
reconhecem que as séries actuais como os Morangos com Açúcar influenciam realmente as suas
atitudes levando-os a ter comportamentos não desejados, mas, que por outro lado lhes rouba o
tempo desejado pelos país e pelos educadores para resolverem trabalhos da escola ou praticarem
desportos, por exemplo.
Os comportamentos dos jovens não são, por vezes, os mais esperados pela sociedade.
Apesar de todo o tempo perdido com a televisão e com programas desnecessários, os
comportamentos dos jovens na maioria não são reflectidos nisso.
O grande problema social e a grande barreira às atitudes “elite” é a educação dada pelos
familiares, a atenção e o respeito existente dentro das suas próprias casas.
Em suma, apesar de a televisão ser a grande “companhia” na sociedade actual e de
consumir todas as faixas etárias, não reflecte maioritariamente as atitudes sociais.
Seguidamente iremos abordar mais pormenorizadamente os gráficos com todas as
questões pertencentes aos questionários relativos aos alunos:
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Com o questionamento sobre a idade e o sexo tivemos como objectivo principal analisar
mais pormenorizadamente a faixa etária em que incidiam os questionários e, na questão relativa
ao sexo pretendemos analisar o número de inquiridos do sexo masculino e do sexo feminino,
tentando fazer a análise se os do sexo masculino serão mais influenciados ou não que os do sexo
feminino.
Depois da análise pormenorizada dos inquéritos deduzimos que as raparigas apesar de
verem mais os Morangos com Açúcar e dedicarem mais o seu tempo a série não gostam tanto
das personagens mais rebeldes e têm tendência a ver a série porque apenas gostam da história e
não, por se reverem nos personagens. No sexo masculino, a situação transforma-se um pouco
porque os rapazes têm mais tendência para gostar das personagens mais rebeldes porque as
acham “fixes” e porque se identificam com as atitudes mais rebeldes e agressivas, apesar de não
terem tanta tendência para visionar a série.
Relativamente ao visionamento da série constatámos que a maioria dos alunos afirmou
ver os Morangos com Açúcar, além de que mais de 35 alunos vêem todos os dias e nas outras
respostas foi uma pequena minoria que escolheu essas hipóteses.
A dúvida pôs-se na questão do tempo dispensado para ver a série dado que, metade dos
alunos respondeu que a série realmente lhes rouba tempo e outra metade não admite, justificando
que há tempo para tudo e, que os trabalhas da escola, por exemplo, podem ser realizados noutro
horário.
Os alunos são da opinião que as personagens mais rebeldes se deveriam tornar boas
sendo que, uma minoria afirma que deveriam manter o mesmo comportamento.
Maioritariamente, os alunos afirmam que não se identificam com as atitudes dos personagens e,
que não acha correcto o comportamento das mesmas,
“Morangos com açúcar” é considerada a melhor série de sempre pelos inquiridos, sendo
que, a maioria afirma ter desejo de participar na mesma e de gostar que a sua escola fosse igual à
da série.
Por fim, a maioria dos alunos afirma fazer parte da Geração Rebelde.
Inicialmente, propusemos algumas hipóteses que não se vieram a confirmar. Em relação à
hipótese 1: Os alunos que vêem os “Morangos com Açúcar” são mais rebeldes, não se
conseguiu verificar se esta hipótese é fiável porque seria necessário uma observação mais
detalhada e prática, dado que as atitudes comportamentais dos alunos são mais fiáveis e
verificáveis se, observadas em campo e não, com a leitura de questionários realizados pelos
mesmos.
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A hipótese 2 afirmava que O comportamento dos alunos, nas aulas, que vêem os
“Morangos com Açúcar” é influenciado pelos comportamentos das personagens da série, esta
hipótese é mais confirmada pelos professores dado que, os alunos não admitem os
comportamentos que têm e, que esses são, derivados do visionamento da série.
Relativamente à terceira e última hipótese, O tempo dedicado ao visionamento da série
retira tempo a outras actividades que os alunos consideram importantes, revelou a confusão
geral, dado que os alunos afirmaram e negaram 50% das respostas. Será que o problema é a não
admissão dos alunos relativamente com o que ocupam o seu tempo livre?
Das questões de pesquisa, formuladas no inicio do trabalho estas foram: De que forma os
comportamentos agressivos das personagens da série juvenil Morangos com Açúcar podem
influenciar os comportamentos agressivos dos adolescentes? e, De que forma é que esses
comportamentos são perceptíveis? Depois da análise detalhada dos dados, conseguimos concluir
que os jovens vêem realmente a série e, com muita frequência mas que as suas atitudes não se
reflectem nas atitudes demonstradas na série, pelo menos isto não é admitido pelos alunos.
Em todas as situações, são demonstradas respostas afirmativas e negativas e como todos
os casos são diferentes não se pode generalizar a questão dos Morangos com Açúcar influenciar
os comportamentos agressivos dos jovens porque, há certos casos que os jovens estão mais
vulneráveis a ser influenciados pelas atitudes reflectidas na série e noutros casos, apesar de
verem a série não são tão aptos a receber essas influências, dependendo isto de todos os factores
sociais, económicos e educacionais.
2- Anexo 2, Gráficos relativos à análise dos questionários dos alunos.
PROFESSORES
Para completarmos a nossa investigação, no sentido de não a tornarmos limitada ou
mesmo falaciosa, recorremos aos professores3 para que dessem a sua opinião através de
inquéritos e nos ajudassem a compreender melhor a posição dos alunos inquiridos, uma vez que
os mesmos tiveram a tendência de responder que não se sentem influenciados de qualquer
maneira pela série juvenil Morangos Com Açúcar. Assim, optámos por interferir junto dos seus
docentes, para que numa perspectiva mais madura nos digam se sentem que os seus alunos são
ou não influenciados e de que forma pela série televisiva.
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Os respectivos inquéritos foram realizados na Escola Básica do 2º e 3º Ciclos João da
Rosa - Olhão, no passado dia 7 de Maio de 2008, do passado mês.
Foram inquiridos 10 professores, dos quais os resultados e a análise dos mesmos passam
a ser desenvolvidos de seguida.
A primeira pergunta questionava de forma directa se os docentes consideravam ou não o
horário de transmissão da série como um entrave aos estudos dos jovens.
Foi consenso geral, com 80% das respostas, que a mesma interferiria de algum modo no
estudo ou mesmo elaboração dos trabalhos de casa dos jovens que assistiam à mesma, sendo esta
estrategicamente emitida todos os dias, das 18h às 20h.
A segunda pergunta debruçava-se sobre o conteúdo da série televisiva, pedindo aos
docentes para classificarem de 1 (correspondendo ao mau) a 5 ( correspondendo ao muito bom) a
abordagem de temas como a sexualidade, as drogas e a educação na série.
Nesta pergunta podemos ver alguma discrepância nas respostas, enquanto 60% dos
docentes opta por catalogar a abordagem como satisfatória, 10% consideram que satisfaz pouco
a necessidades dos jovens em compreender estes conceitos e deturpa a realidade existente nas
salas d aulas. Em oposição aos 20% que a considera boa, mostrando assim que há uma
divergência na opinião dos professores nesta área, que poderá ser fruto ou do não visionamento
das séries ou da própria percepção que têm de como estes conteúdos devem ser abordados ao pé
dos jovens, caracterizando possivelmente a sua forma de leccionar e de estar na sala de aula de
cada professor inquirido.
20
Na continuação deste questionário a pergunta mais pertinente a colocar foi se os
professores consideravam que os seus alunos agiam sob as influências das personagens mais
rebeldes da série.
Nenhum disse que não, mas a maioria (60%), mais cautelosos, disse que em alguns casos
sentia que os mesmos reproduziam as atitudes que as personagens mais rebeldes e agressivas
tinham na série. Advogando 40% dos inquiridos com toda a certeza que essas atitudes são
reproduzidas pelos alunos, alterando de forma significativa os seus comportamentos na sala de
aula.
21
Na seguinte pergunta tentámos perceber, segundo os professores, em que sentido se deve
orientar a formação dos mesmos para evitar ou controlar que estes comportamentos se reflictam
na sala de aula. Como foi uma questão aberta, impossibilitou-nos de elaborar um gráfico, mas
podemos dizer que opiniões convergiram para o diálogo e o debate entre alunos e professores
como forma de melhor compreender os próprios alunos ao mesmo tempo que lhe incutem mais
responsabilidade.
Tentámos também abordar a questão das divergências ao longo de todo o país ou se a
influência da série seria uniforme ao longo de Portugal e apenas, 30% dos professores inquiridos
tinha leccionado fora do Algarve.
Então, aprofundando a temática neste sentido tentámos perceber se se passava o mesmo
em todo o Portugal ou se consideravam que a influência que a televisão exerce sob os jovens dá-
se de forma diferente nas diferentes regiões do país e se sim quais.
Eliminamos aqui, embora representado no gráfico para uma percepção global, dado que
os inquiridos que não leccionaram noutras zonas do país, estão identificados com a cor rosa no
gráfico. Dos que já o fizeram 2/3 afirma sentir essas diferenças enquanto 1/3 não.
22
Os mesmos 2/3 divergem mais uma vez nas zonas onde essa influência se nota mais,
resultando da análise de dados desta pergunta 50% para o Norte e 50% para o interior, afirmando
(na pergunta 8) que isso se deve à restrita oferta de escolhas televisiva.
Ao termos em conta a pequena amostra podemos concluir que estas influências notar-se-
ão ao longo de todo o país, e que os nossos resultados foram a consequência da falta de
experiência deste professores como profissionais noutras zonas de Portugal sem ser o Algarve.
Na última pergunta o consenso foi geral, e repetindo a ideia já dada pelos professores que
responderam à pergunta 8, na questão 9 os professores concordaram unanimemente que
consideram não só as diferenças a nível regional mas também a nível socioeconómico podendo
favorecer a aquisição deste tipo de comportamentos, uma vez que, as classes sociais mais altas
têm acesso a outras actividades extra-curriculares para ocupar o tempo livre, sem se limitarem
exclusivamente à televisão.
PSICÓLOGA4
A televisão é um dos meios de comunicação social mais popular do século XXI e de mais
fácil acesso às crianças e adolescentes. Este meio de comunicação parece exercer uma grande
influência no comportamento do ser humano nomeadamente no comportamento do público mais
“inocente” – os adolescentes.
23
São muitos os benefícios que este meio de comunicação nos traz contudo, nele existem
potenciais riscos para a saúde pública, nomeadamente para púbico infantil e adolescente e, sendo
a adolescência um período da vida marcado pela instabilidade emocional e, por diversas
alterações a diversos níveis – fisiológico, psicológico, afectivo, intelectual e social – e uma altura
da vida em que o indivíduo está em constante procura da sua identidade, mostrando-se
facilmente influenciável, decidimos perceber até que ponto este media interfere/influência os
comportamentos dos adolescentes.
Foi neste âmbito que decidimos entrevistar uma psicóloga clínica – Dra. Ana Neves -
para que esta nos pudesse esclarecer melhor sobre os comportamentos agressivos na
adolescência e mostrar o seu ponto de vista em relação ao efeito do consumo de séries
televisivas, mais especificamente do visionamento da série televisiva “Morangos com Açúcar”,
nesse tipo comportamentos.
Para evitar qualquer barreira comunicativa, esta entrevista foi realizada presencialmente
no consultório da Dr.Ana Neves, no passado dia 15 de Maio.
Segundo a Dr.Ana Neves este tipo de comportamentos está relacionado com um
desequilíbrio que interfere com o comportamento do indivíduo, podendo esse ser de ordem
depressiva: “Um adolescente que não se consegue adaptar é apanhado por um tumulto de
conflitos internos e por vezes externos que podem fazer com que passe ao acto e se torne
violento como forma de aceitação ou imposição da sua posição, num contexto de omnipotência
que lhes permite lutar contra este fundo depressivo.”.
Todos nós temos presente que a televisão faz parte da vida quotidiana dos adolescentes, e
a forma como eles a utilizam não está necessariamente modela pelos conteúdos televisivos, mas
sim pela interpretação que cada um faz desses conteúdos, contudo não devemos apenas reduzir
esta situação seus programas televisivos, pois para a Dra. Ana Neves os “adolescentes podem
estruturar o seu espaço psíquico no mundo das virtualidades” como são o exemplo dos vídeo
jogos e da internet.
Quando questionada se o visionamento de alguns programas televisivos pode influenciar
ou determinar os comportamentos agressivos, a Dr.Ana Neves, respondeu afirmativamente
contudo, não deixou sublinhar a importância que o grau de maturidade do indivíduo exerce,
“pois um acto violento, seja ele qual for não pode ser compreendido se não pelo estudo
psicológico da pessoa em causa”.
No caso específico que nós queríamos estudar – a série televisiva “Morangos com
Açúcar” – a psicóloga mostrou-se um pouco reticente uma vez que não conhecia, de forma
particular, a série televisiva em questão generalizando assim a conduta da entrevista para as
24
séries infantis /juvenis. A mesma advoga que qualquer série juvenil terá um grande efeito
persuasor no indivíduo caso o mesmo sofra de uma “deficiente auto-imagem e desvalorização de
si mesmo” o que “poderá levá-los à imitação sem limites de comportamentos de risco de
determinadas personagens”.
Relacionando a absorção dos comportamentos negativos com a frustração e irreverência
desta etapa da vida e com a percepção que têm da sociedade da qual fazem parte, explicou-nos
de uma forma sucinta que “A irreverência pode ser entendida como um comportamento mais
próximo da frustração que sentem a vários níveis. Não podemos dissociar também o adolescente
da sua família e do modo como esta lida com os comportamentos violentos e estabelecimento de
regras e limites.”
Como já referido anteriormente, este período complexo que é a adolescência, pelo facto
do adolescente estar em constante mutação, querer espaço e muitas vezes se mostrar inacessível,
faz com que muitas vezes os próprios pais não saibam lidar com situações de agressividade.
Neste sentido a psicóloga diz ser o diálogo o melhor caminho a seguir.
É certo que a realidade familiar tem grande importância ao longo do desenvolvimento do
adolescente; assim é plausível afirmar que esta desempenha um papel muito, se não o mais
importante na personalidade. Neste sentido, e porque a televisão faz parte do dia-a-dia das
famílias e é sem sombra de dúvidas em frente a esta que se realiza grande parte da interacção
familiar e também pelo facto da família ser o tema central de algumas séries televisivas, como é
o caso da série em estudo – “Morangos com Açúcar” – tentámos perceber se, de certa forma, os
pais podem ser os principais responsáveis pelos comportamentos agressivos dos seus filhos uma
vez que os deixam assistir a este tipo de séries televisivas, chegando mesmo a adoptá-las como
“baby-sitter” por excelência durante horas e horas talvez por ser cómodo para os pais pois tem a
vantagem de reter os seus filhos em casa e sob o seu controlo. Perante esta questão a Dr. Ana
Neves explicou-nos que “a probabilidade de assistir a programas violentos e incidir em
comportamentos agressivos não é uma relação de causa efeito. Tal como temos vindo a ver
existem várias variáveis de ordem social, psíquica e familiar que podem incidir nos
comportamentos violentos.”
Após esta entrevista percebemos que o visionamento de séries televisivas não é
determinante para os comportamentos agressivos dos adolescentes pois “depende muito do modo
como os assuntos são abordados” e “da maturidade que o adolescente tem para lidar com as
situações que ali são retratadas”. O que podemos dizer é que podem contribuir para o
aparecimento de tais comportamentos uma vez que “a agressividade na adolescência está
sempre ligada a uma desestabilização, que poderá ser por exemplo de ordem depressiva. Um
25
adolescente que não se consegue adaptar é apanhado por um tumulto de conflitos internos e por
vezes externos que podem fazer com que passe ao acto e se tornem violentos como forma de
aceitação ou imposição da sua posição, num contexto de omnipotência que lhes permite lutar
contra este fundo depressivo. No entanto não podemos afirmar que todos os adolescentes
deprimidos passam ao acto através de comportamentos violentos.”
3- Anexo 3, Exemplar de questionário respondido pela Psicóloga.
26
CONCLUSÃO
Tendo em conta este período tão conturbado que é a adolescência, os inquiridos reflectem
essa mesma instabilidade emocional nas próprias respostas aos questionários que preencheram
no passado dia 7 de Maio de 2008.
Através da leitura dos gráficos podemos concluir que a maioria dos jovens não reconhece
grande influência por parte da série juvenil no seu comportamento mas confirma que a mesma
lhes serve de barreira para o cumprimento de algumas actividades, como por exemplo
actividades extra-escolares ou a elaboração dos próprios trabalhos de casa, contradizendo assim a
resposta anteriormente dada de que não se sentiam influenciados.
Se por um lado o facto de se auto-reconhecerem como dependentes da série (37 dos
alunos afirma assistir à série diariamente) e de terem a verdadeira noção da influência que a série
exerce sobre eles pressupõe uma certa maturidade e conhecimento próprio, podemos concluir
então que essas respostas dificilmente seriam dadas, pelo simples facto que neste período de
construção pessoal e descobrimento interior uma reflexão sobre algo que consideram banal,
como os efeitos da série sobre os jovens são vistos pelos mesmos, exigiria um auto domínio do
ser que estes adolescentes, assim como quaisquer outros não poderiam ter, pois a adolescência é,
sem dúvida alguma, a etapa de desenvolvimento. Mas tal dificuldade em inquirir
jovens/adolescentes não nos demoveu.
Primeiramente, tínhamos acordado inquirir alunos dos 7º e 8ºanos, mas ao termos
conhecimento que as turmas do 5º e 6º anos da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos João da Rosa -
Olhão eram constituídas por alunos com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos fez-nos
conduzir a nossa investigação noutro sentido, pois o facto de podermos estudar uma amostra
menos homogénea estimulou ainda mais a nossa pesquisa. ´
A idade está intimamente relacionada com a perspectiva do mundo pelos jovens, e o facto
de analisarmos adolescentes que vêm de diferentes back-grounds, com idades diferentes e que
convivem diariamente tornou a nossa amostra muito mais rica.
Uma das maiores dificuldades encontradas neste trabalho foi a análise das respostas dos
mesmos sobre a influência que a televisão exerce neles. Como já foi referido, não se pode ter a
certeza definitiva de uma reflexão verídica.
Apesar de nos termos confrontado com esta dificuldade e com o facto da nossa amostra
de professores não ser muito conclusiva, devido ao facto de ser relativamente reduzida,
consideramos a elaboração deste trabalho muito enriquecedora para o nosso futuro académico.
27
O facto de nos introduzir ao universo dos trabalhos de pesquisa e investigação e, de ser
sobre um tema, que enquanto alunas de Ciências da Comunicação nos interessa estimulou-nos
para a produção do mesmo.
28
BIBLIOGRAFIA
� AAVV, (2008). A Maldade Humana - Fatalidade ou Educação? Lisboa: Edição de Autor.
� AZEVEDO, C. A. M. & AZEVEDO, A. G. (1998). Metodologia Cientifica: Contributos
práticos para a elaboração de trabalhos académicos. Porto: C. Azevedo
� BALL, Raymond, (1997). Pedagogia da Comunicação (2ºEdiçao). Lisboa: Publicações Europa-América.
� CARMO, H. & FERREIRA, M. M. (1998). Metodologia da investigação: guia para
auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
� AAVV, (2008). A Maldade Humana - Fatalidade ou Educação? Lisboa: Edição de
Autor.
� AZEVEDO, C. A. M. & AZEVEDO, A. G. (1998). Metodologia Cientifica: Contributos
práticos para a elaboração de trabalhos académicos. Porto: C. Azevedo
� BALL, Raymond, (1997). Pedagogia da Comunicação (2ºEdiçao). Lisboa: Publicações Europa-América.
� CARMO, H. & FERREIRA, M. M. (1998). Metodologia da investigação: guia para
auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta. COPPER-ROYER, Beatrice (2003). Crianças não são Adultos, Caleidoscópio.
� FRADA, J. C. (1993). Guia prático para a elaboração e apresentação de trabalhos
científicos (3º edição). Lisboa: Edições Cosmos.
� Norman A. Sprinthal/ Richard Sprinthall (2001). Psicologia Educacional, McGraw Hill.
� PETITCOLLIN, Christel (2007). Saber Comunicar com as Crianças. Lisboa: Presença.
� SÁ, Eduardo (2007). Textos com Educação. Lisboa: Almedina.
29
ANEXOS
30
ANEXO 1
Universidade do Algarve
Escola Superior de Educação
Ciências da Comunicação, 1º ano
2007/2008
No âmbito da disciplina Métodos e Técnicas de Investigação, os alunos do 1º ano de
Ciências da Comunicação propõem-se a fazer um trabalho de investigação sobre a influência
que a série “Morangos com Açúcar” pode ter nas atitudes dos adolescentes, mais
especificamente, numa vertente dos comportamentos agressivos dos mesmos. (Responde
sinceramente ao questionário, pois sendo este anónimo, servirá somente para dados
estatísticos.)
Questionário para os alunos
1- Idade
2- Sexo
Feminino Masculino
3- Vês os Morangos com Açúcar?
Sim Não
4- Se sim, quantas vezes por semana?
Todos os dias
1 Vez por semana
2 Vezes por semana
31
3 Vezes por semana
4 Vezes por semana
5- Com qual destas personagens te identificas mais?
Carlos Vera
Bruno Diana
Diogo Mariana
Luís Sónia
6- Na tua opinião o que deveria acontecer às personagens mais rebeldes?
Dever-se-iam tornar boas
Manter o mesmo comportamento
7- Identificas-te com as atitudes das personagens mais rebeldes?
Sim Não
8- Se sim, porquê?
Porque as consideras “fixes”
Porque és mais popular assim
Porque és melhor que os outros
Porque sempre as tiveste
9- Achas correctos os comportamentos das personagens mais rebeldes em relação
ao consumo de drogas, à violência na escola, etc?
Sim Não
10- A série “Morangos com Açúcar” aborda temas como a sexualidade, as drogas, o
álcool, a educação, etc. Achas correcta essa abordagem?
Sim Não
11- Consideras esta série juvenil a melhor de sempre?
32
Sim Não
12- Porque gostas dela?
Porque, gostas da história
Porque, te identificas com a história
Porque, é actual, está na moda
13- Gostavas que a tua escola fosse igual à dos “Morangos”?
Sim Não
14- Achas que o tempo dedicado à série ocupa o tempo de outras actividades
importantes que tenhas para realizar?
Sim Não
15- Gostavas de participar na série?
Sim Não
16- Consideras que fazes parte da “Geração Rebelde”?
Sim Não
Universidade do Algarve
Escola Superior de Educação
Ciências da Comunicação, 1º ano
2007/2008
No âmbito da disciplina Métodos e Técnicas de Investigação, os alunos do 1º ano de
Ciências da Comunicação propõem-se a fazer um trabalho de investigação sobre a influência
que a série “Morangos com Açúcar” pode ter nas atitudes dos adolescentes, mais
especificamente, numa vertente dos comportamentos agressivos dos mesmos.
33
QUESTIONÁRIO
1. Na sua opinião, o horário no qual é transmitida a série “Morangos com Açúcar” influência o estudo dos alunos? (Horário de Transmissão: Todos os dias, das 18h às 20h).
Sim Não
2. A série juvenil “Morangos com Açúcar” aborda temas sobre a sexualidade, drogas, educação, entre outros. Classifique de 1 a 5 se essa abordagem é feita correctamente.
Mau 1
Satisfaz Pouco 2
Satisfaz 3
Bom 4
Muito Bom 5
3. Considera que os alunos agem sob a influência das personagens rebeldes e agressivas?
Sim Não Em alguns casos
4. Em que sentido se deve orientar a formação do professor para evitar ou controlar que estes comportamentos não se reflictam na sala de aula?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Já leccionou em escolas de outras regiões do país?
Sim Não
6. Se sim, considera que há diferenças significativas sobre a influência que a televisão exerce nos jovens nas diferentes regiões?
Sim Não
7. Se sim, onde?
Metrópoles Sul
34
Norte Interior
Centro Litoral
8. Porquê?
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
9. Considera que não só diferenças a nível regional mas também a nível socioeconómico podem favorecer a aquisição deste tipo de comportamentos, uma vez que, as classes sociais mais altas têm acesso a outras actividades extra-curriculares para ocupar o tempo livre sem se limitarem à televisão?
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Entrevista a Psicóloga
1- Segundo o seu ponto de vista, quais são as principais causas dos comportamentos
agressivos na adolescência?
2- A dificuldade do adolescente em se relacionar com os outros, a pouca aceitação dele
no grupo escolar, fazendo com que se sinta excluído, também pode ser factores que
levam à agressividade?
3- São muitos os estudos que revelam que a violência na televisão é uma fonte de
aprendizagem de comportamentos agressivos. Concorda? Porquê?
4- Acha que o visionamento de determinados programas televisivos pode de certa
forma, influenciar tais comportamentos?
35
5- No caso especifico da série televisiva “Morangos com Açúcar”, uma das séries mais
populares entre os adolescentes, de que forma é que as atitudes das personagens
podem levar a certos comportamentos por parte dos adolescentes? Porquê?
6- Na sua opinião, o que leva os adolescentes a adoptarem os comportamentos de
determinadas personagens?
7- Porque é que, a seu parecer, eles adquirem os comportamentos agressivos das
personagens e não os seus comportamentos positivos?
8- O adolescente é um ser em mutação, que quer espaço e muitas vezes é inacessível.
Como podem os pais lidar com estes comportamentos de agressividade?
9- Acha que, como dizem muitas pessoas, os pais também são culpados pelos
comportamentos agressivos dos seus filhos, pelo facto de os deixarem assistir a este
tipo de séries televisivas?
10- Para algumas pessoas este tipo de séries televisivas são benéficas, pois têm uma
componente educativa e informativa. Contudo, existem outras que pelo contrário,
acham que são um “perfeito disparate”, chegando mesmo a proibir os filhos a vê-
las. Qual é a sua opinião em relação a isto?
Anexo 2
36
Vera Diana Mariana Sónia
Carlos Bruno Diogo Luís
37
38
39
40
41
ANEXO 3
Segundo o seu ponto de vista, quais são as principais causas dos comportamentos
agressivos na adolescência?
Dr. Ana Neves: A agressividade na adolescência está sempre ligada a uma
desestabilização, que poderá ser por exemplo de ordem depressiva. Um adolescente que não se
consegue adaptar é apanhado por um tumulto de conflitos internos e por vezes externos que
podem fazer com que passe ao acto e se tornem violentos como forma de aceitação ou imposição
da sua posição, num contexto de omnipotência que lhes permite lutar contra este fundo
Gostavas de participar na
série?
42
depressivo. No entanto não podemos afirmar que todos os adolescentes deprimidos passam ao
acto através de comportamentos violentos.
A dificuldade do adolescente em se relacionar com os outros, a pouca aceitação dele no
grupo escolar, fazendo com que se sinta excluído, também pode ser factores que levam à
agressividade?
Dr. Ana Neves: Tal como disse anteriormente e agora explicando melhor, não é raro que
os adolescentes com perturbações do comportamento e das condutas no meio escolar,
apresentem distúrbios ansiosos e depressivos, mas suas passagens ao acto (agir sem pensar) por
vezes violentas, têm muito frequentemente uma baixa auto-imagem, desvalorizam-se e o acto
violento surge então num contexto de omnipotência permitindo-lhes lutar contra o fundo
depressivo.
São muitos os estudos que revelam que a violência na televisão é uma fonte de
aprendizagem de comportamentos agressivos. Concorda? Porquê?
Dr. Ana Neves: Estudos recentes parecem indicar que os adolescentes podem estruturar
o seu espaço psíquico imaginário no mundo das virtualidades. Os videojogos e os sites da
Internet fundem-se. Na maior parte dos casos, o adolescente desenvolve as faculdades mentais
num jogo que consiste o maior número de inimigos com a ajuda de diversas armas. As pulsões
agressivas são assim canalizadas à frente de um ecrã. O adolescente entrega-se a uma espécie de
acting out da sua fantasia. O cinema, a rádio, os filmes e as actualidades televisivas estão
também presentes neste fenómeno.
Podemos dizer que um adolescente que está em busca da sua identificação para construir a sua
carapaça de futuro adulta fique fascinado pela violência, onde o fraco desaparece e só há lugar
para o mais forte.
Podemos afirmar que quanto mais o adolescente apresentar um desenvolvimento psicoafectivo
harmonioso menos intolerante será à frustração, que o pode levar a passar ao acto, e menos actos
de violência apresentará.
Acha que o visionamento de determinados programas televisivos pode de certa forma,
influenciar tais comportamentos?
Dr. Ana Neves: Sim, dependendo obviamente e como disse anteriormente do grau de
maturidade do individuo em causa, pois um acto violento, seja ele qual for não pode ser
compreendido senão pelo estudo psicológico da pessoa em causa.
43
No caso especifico da série televisiva “Morangos com Açúcar”, uma das séries mais
populares entre os adolescentes, de que forma é que as atitudes das personagens podem
levar a certos comportamentos por parte dos adolescentes? Porquê?
Dr. Ana Neves: Não conheço bem a série em questão, apenas o que ouço sobre ela. E tal
como referi anteriormente se existem situações que podem induzir comportamentos de risco,
numa abordagem pouco esclarecida, então indivíduos mais frágeis podem ceder à “tentação” da
identificação da cultura de violência.
Na sua opinião, o que leva os adolescentes a adoptarem os comportamentos de
determinadas personagens?
Dr. Ana Neves: Por exemplo uma deficiente auto-imagem e desvalorização de si
mesmos, poderá levá-los à imitação sem limites de comportamentos de risco de determinadas
personagens.
Porque é que, a seu parecer, eles adquirem os comportamentos agressivos das personagens
e não os seus comportamentos positivos?
Dr. Ana Neves: A irreverência pode ser entendida como um comportamento mais
próximo da frustração que sentem a vários níveis. Não podemos dissociar também o adolescente
da sua família e do modo como esta lida com os comportamentos violentos e estabelecimento de
regras e limites.
O adolescente é um ser em mutação, que quer espaço e muitas vezes é inacessivel. Como
podem os pais lidar com estes comportamentos de agressividade?
Dr. Ana Neves: Penso que o diálogo é sempre o melhor caminho.
Acha que, como dizem muitas pessoas, os pais também são culpados pelos comportamentos
agressivos dos seus filhos, pelo facto de os deixarem assistir a este tipo de séries televisivas?
Dr. Ana Neves: A probabilidade de assistir a programas violentos e incidir em
comportamentos agressivos não é uma relação de causa efeito. Tal como temos vindo a ver
existem várias variáveis de ordem social, psíquica e familiar que podem incidir nos
comportamentos violentos.
44
Para algumas pessoas este tipo de séries televisivas são benéficas, pois têm uma
componente educativa e informativa. Contudo, existem outras que pelo contrário, acham
que são um “perfeito disparate”, chegando mesmo a proibir os filhos a vê-las. Qual é a sua
opinião em relação a isto?
Dr. Ana Neves: Depende muito do modo como os assuntos são abordados e como vimos
da maturidade que o adolescente tem para lidar com as situações que ali são retratadas.