cidades como ideias
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Artigo sobre formulações acerca das cidadesTRANSCRIPT
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 1/12
Apresentagáo
ao
livro
América
Latina:
as cidades
e as
idéias,
de José Luis
Romero
l*'
oo'l
Cidades
como
Idéias
O arquiteto
Aldo
Rossi,
ao
trafar
da
memória
coletiva
no livro clássico
L'Architettura
detta
Cittd,
cuja
primeira
edigáo
italiana
é de
1966, considerou
que
"as
grandes
idéias
percorrem
a história
da cidade
e a
conformam"r.
José
Luis
Romero, ao
iublicar,
dez
anos
depois,
Latinoamérica;
las
ciudades
y
las
idea?, buscou
náo
apenas
iompreendéJas
no universo
circunscrito
das
ideologias,
mas
tentou
identificar
o
papel
das iidades
na
história
conjunta
da
América
Latina.
O
processo
histórico,
para ele, tinha
um
fio
condutor,
dificil
de
ser
apreendido
num
quadro
aparentemente
muito
confuso,
mas
que precisava ser
enfrentado.
E
as
cidades,
como
lugar das
mudanqas, poderiam dar
as
Chaves
interpretativas
necessárias
para um
fenómeno
que
esteve
a
mercé
tanto dos
impactos
extemos
como
das idéias
nelas
produzidas. Idéias
que
corresponderam
.a
"importagóes"
sucessivas,
mas
que
também
eram
o
resultado do
surgimento
de
peculiaridades
em
cada
estrutura
urbana.
Romero
estava
disposto
a ultrapassar
a
história
política
tradicional,
que
reduzia
a
história das
cidades
aos aspectos
factuais de
uma
história do
exercício
do
poder e onde
o
fenómeno
urbano
permanecia incompreensível
na sua
complexidade.
Na
sua
proposta
tratava-se
de
"estabelecer
e
organizar
o
processo da
história
social e
cultural
das
cidades
latino-americanas",
aspecto
que pode
ser
compreendido
nas
indicagóes
de
Luis
Alberto
Romero,
no
prefácio
a
esta edigáo,
referentes
ao
lugar
que
o autor
reservara
para
a
História
da
cultura
na sua
trajetória
de
historiador
social. Por
outro
lado,
a
síntese
histórica
sobre
o
fenómeno
urbano
no
continente
deveria
dar conta
da
sua
insergáo
na
cultura ocidental:
da
expansáo
européia
no
final do
século
XV
á
das cidades
no capitalismo
do
século
XX.
A realizagáo
deste
projeto'
entretanto,
só se
tomou
possível na
pena de um
historiador
da
cultura
ocidental
com
a
contraditória
massificagáo
erudigáo
e o
rigor de
José Luis
Romero.
A
publicagáo
da
tradugáo
brasileira
desta
obra,
quase
trés
décadas
após
o
seu
acidentado
langamento
pela editora
Siglo
Veintinuno
Argentina,
faz
parte de um
conjuntg
de
esforgos
para
a
divulgagáo
mútua de
autores
argentinos
e
brasileiros
nos
dois
países. E
a
tentativa,
ietomada
em
várias
gerag6es
e
interrompida
nas
ditaduras,
de estabelecer
o
diálogo,
eliminar
preconceitos,
identificar
identidades
e
inaugurar
novas
formas
de
colaboragáo
intelectual.
Lá,
como
aqui, os
golpes
militares foram
desastrosos em
todos
os
níveis
da existéncia
humana.
No
nosso caso
particular,
o
da
vida
universitária
e
da
produgáo do
conhecimento
histórico-social,
as
destruigóes
e as
perdas
deixaram
marcas
profundas,
interrompendo
projetos e eliminando
profissionais
e
práticas institucionais.
E
hora
de
reverter
esse
processo
de
desconhecimento
mútuo
e de
romper
com
a tradigáo
oenversa
dos
nossos
bovarismos
nacionais.
com todas
as
ressalvas
necessárias,
Latinoamérica:
las
cíudades
y
las
ideas
é
uma
espécie
de
lugar de
memória
do
melhor
pensamento
produzido
nessa
parte
do
Novo
Mundo,
tanto
pelai
qualidades intelectuais
e
características
pessoais do autor
como
pelas
referéncias
históricas
e culturais
que
elencou.
José
Luis
Romero,
num
livro
sem
notas de
aG'
sF':
TJ
f
&
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 2/12
pé
de
página
e sem se
deixar
seduzir
por
questóes
datadas,
nos legou
uma
obra onde as
idéias,
confrontadas ás complexas
realidades
sociais
do
continente, sáo trabalhadas
por
um
historiador
que
náo
distinguia
o
seu
compromisso com
o
rigor
da
possibilidade
de
intervir
no presente
histórico
vivido,
como atestam
as
utilíssimas
informagdes
biográficas
que
seu
filho, o historiador Luis Alberto Romero',
nos
oferece
no Prefácio.
Uma
avaliagáo
do
papel
historiográfico
do
grande
historiador
pode
ser encontrada
no
estudo
de
Tulio
Halperin
Donghi,
"José
Luis
Romero
y
su lugar en la historiografia argentina"
publicado
originalmente em
Desarollo
Económico
e inserido
posteriormente
num
conjunto de
ensaios de Donghio.
Quem
desejar conhecer também o conjunto da obra
de
J.
L.
Romero
e
a bibliografia sobre
ele até
1998
pode consultar
o
artigo de José
Omar Acha,
da
Universidade
de Buenos
Aires, intitulado
"José
Luis Romero
(1909-1977):
bibliografia comentada
para
uma
historia intelectual"s. O
mexicano
Alexander
Betancourt Mendieta
publicou
recentemente
o
estudo
historiográfico
Historia, Ciudad
e
Ideas. La
obra
de
José
Luis Romeroó.
Em dezembro de 2001.
na
conceituada
Revista de
cull¡ra
Punto
de
Vista, tres autores
de
alto nível motivados
pela nova edigáo argentina
de
Latinoamérica:
las
ciudades
y
las
ideas
também comentaram,
de
forma
instigante e
diferenciada a imporláncia
da obra?.
Para
conhecer
o
projeto
historiográfico
de José
Luis
Romero,
recomendo ainda a
leitura de um
livro recentemente
reeditado na
Argentina, Crisis
y
orden
en el
mundo
feudoburgués,
que
conta com
uma Advertencia,
por
Luis
Alberto Romero; uma
Presentación,
por
Jacques Le Coff e Un estudio
preliminar,
por
Carlos
Astarita'.
Jacques
Le
Goff, o
grande
historiador medievalista
francés
-
a
quem
tanto
se deve
nos avangos
temáticos e metodológicos
da historiografia
produzida no
século
vinte
-
chama
a atengáo
para
o fato
que
"arte
e
literatura
sáo
expressdes
e testemunhos
privilegiados
das
sociedades
históricas"
e observa
que
José
Luis Romero
foi um dos historiadores
mais
cultos
de
seu
tempo, tendo dado "aos
testemunhos
artísticos
e
literarios
um
lugar
particularnente impactante, em contraste
com
o
relativ_o siléncio
dos medievalistas
agambarcados
pelas
fontes
jurídicas
(que
náo desdenha)"'.
Destaca,
ainda,
que
um dos
melhores
textos de
outro
livro
de
Romero, intitulado
Ensayos
sobre a
burguesía
medieval,
trata
de
"Dante
Alighieri
y
el orden del
mundo". Para Le Goff,
nesse ensaio
d^e
1961,
o
uso do
termo
espírito
anuncia o
de
mentalidade e define o
"espírito
burgués"r0.
Observa,
ainda,
que
é a
sociedade concreta
o
que
atrai
Romero
que,
por
sua
vez,
considera o oficio
de historiador como
algo
que
abrange
uma
face realista
e uma face
imaginária
da história. Romero
seria
o
pioneiro
de
uma
história
das
representagóes
e do
imaginário
(e
isso sem empregar
diretamente
estes
termos,
que emergiram na
historiografia
pouco
depois
do seu desaparecimento)'
'.
A
segunda
observagáo de
Le
Goff
é
que
"a
concepgáo
fundamental
da evolugáo
histórica
de José
Luis
Romero
é
a
de
uma
perpétua
mudanga
-
palavra
onipresente
na
sua
obra, completada
pelo
surgimento
de
novidades, o
desenvolvimento de
crises e finalmente
de revolugdo. Surge
aí
uma
visáo
otimista
da
história,
mais
acabada
e mais rica
que
a
idéia
de
progresso,
em
crise
na época
em
que
escrevia
e
que
náo
o
atraiu',. Le Goff conclui
a
sua
Presentacióz
ao
livro
de
1980,
agora
reeditado
na Argentina, aludindo
ao
parentesco
das
idéias de Romero com
as
de seus contemporáneos
dos
Annales,
observando
que
"a
imagem' a
nova imagem
que
lhe
apareceu
no coragáo
do lenómeno
burgués
e,
por
conseguinte,
da reflexáo e
da
paixáo
do historiador,
é a
do homem. José
Luis
Romero
foi um
grande pioneiro
da
antropologia
histórica"''.
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 3/12
O
grande
historiador
argentino,
Tulio Halperin
Donghi,
por
sua
vez,
considera
ql,e
será em Latinoamérica:
las ciudades
y
las ideas,
neste
livro
"admirável
e tardio",
que
Romero
assume
exolorar
o sentido da traietória
histórica
latinoamericana
como
tarefa
legitimamente
.uu'4.
Pu.u
Donghi
este é
um liuro
maior
náo
apenas
no conjunto
da obra
de Romero,
mas no caso
da
própria historiografia
latinoamericana, sendo
marcado
por
uma
visáo
própria
do
passado
e do
presente
dessa
parte
do continente''.
Ao
comentar
o
índice
de
autores
citados,
chama atengáo
para
a
sua especificidade,
já
que é uma lista
primordialmente
de fontes,
sobreludo
testemoniais,
como
aquelas
que
aprendeu
a
desentranhar
magistralmente
em
seus
estudos
medievais.
Duas outras características
sáo
ainda
observadas,
a
presenga
da literatura disputando
lugar
com testemunhos
mais diretos
e
o
fato
de
ter
prescindido
de
inteirar-se do
"estado
da
questáo"
na historiografia'
Romero
preferiu
"entrar
na
história
urbana
da
América Latina
quase
como
um
explorador
em
terra
incógnita"''.
José
Luis Romero
trouxe a sua
experiéncia
com
os
estudos
do
medioevo
europeulT
para
a
história
urbana latinoamericana, aportando também,
na
expressáo
de
Donghi,
"o
seguro
domínio
de
um estilo
de
reconstrugáo
histórica".
E neste deslocamento
de experiéncia
revela uma
"consciéncia
muito
viva da diferenga
profunda entre
o
fenómeno
urbano
na
Europa
medieval
e
pós-medieval
e
na
Latinoamérica".
Para Donghi
é esta consciencia
"que
permite
a
Romero dar conta
das
peculiaridades e da
originalidade
da
trajetória
histórica
das
cidades latinoamericanas"'0.
Será
no estudo da
etapa colonial
que
Romero
aponta
para
as diferengas
de origem
e
finalidade
das
cidades,
já
que náo
surgem
de
nenhum
processo social expontáneo,
mas da
dominagáo
política e da
exploragáo
económica das
populagóes conquistadas,
o
que
afeta
todos os aspectos
da
vida
urbana.
Ao colocar
o dado
colonial
no centro
da sua
análise
das
cidades fidalgas
e criolas,
Romero,
como destaca
Donghi,
estaria
preparando
uma
imagem
da
mudanga
trazida
pela
lndependéncia, recusando
as
interpretagóes
que teimam
em diminuir
o
alcance
da
ruptura.
Na
história
urbana
latinoamericana,
a
lndependéncia
seria,
para
José
Luis
Rómero, a
fronteira
entre a cidade
crioula e
a
patrícia
le.
O crítico
literário
Noé
Jitrik20,
que
conheceu
José
Luis
Romero,
ao
reafirmar
a
grandeza
do
libro,
tenta ordenar
as
idéias
que
uma
leitura
atual
da
obra
poderia
suscitar.
E
encontra
trés
razóes
para
sustentar
tal afirmagáo:
a
primeira no fato
de tratar-se
de um
livro
de
recorte
latinoamericano,
o
que
nAo era corrente
na
Argentina de
entño,
quando
Romero o
idealiza
e escreve
-
a América
Latina
era
uma distáncia
no
pensamento
corrente
e
onde
a diferenga
era
posta
acima
das semelhanqas,
o
que
náo era a
posigáo
de
Romero,
pois
buscou as
proximidades,
compreendendo
a
questáo
pela via da história,
a
história
de uma
vulnerabilidade
e,
ao
mesmo tempo,
a
história
de
uma
forga sempre
detida,
sempre
frustrada;
a
segunda
razáo
é a
qualidade
da
"escritura"
,
um
relato
histórico,
mas
cuja escrita
é dotada
da respiragáo
necessária
para que
as
idéias e o aparato
funcione,
propondo
ou
postulando
entidades
de
conhecimento
de
outro
nível;
a terceira
razáo
residiria no
próprio
enfoque
de
caráter
histórico
destinado
á entidade
ou
a estrutura
da
cidade.
Este
núcleo
único,
ao
organizar
a
pesquisa,
daria conta
de
um
processo mais
amplo:
o entendimento
do
processo de criagáo,
instalagáo
e
desenvolvimento
das cidades
na
América
Latina
vai
viabilizando
a compreensáo
dessa
parte
do
continente,
tanto
pela
sua
grandeza
propositiva como
em
sua
miséria
conflitiva.
Este
procedimento,
observa
Jitrik,
comportaria
uma teoria
da história
e da
historiografia
que
sintetiza
avangos
da
chamada
"história
social"
e
permite
medir seus
resultados''.
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 4/12
Noé Jitrik
propóe que nos
detenhamos
neste
aspecto
do livro de
Romero:
a
escolha
do tema
da cidade
para fazer
história.
Por
detrás
da
presenqa
do tema
estariam
os
ecos
de
várias
tradigóes,
especialmente
a
sarmientina,
com
todo o seu
potencial
conflitivo
para
o
caso argentino22.
As
cidades na
obra
de
Romero surgiriam,
na percepgáo
de Jitrik,
em
diapasáo
com
o
campo e se
explicariam
por
uma
dialética
de
fundo marxista
que
náo
precisa explicitar-se
como
tal
nem
sustentar
as
felicidades
do
método
de Marx.
Campo
e cidade,
nessa
perspectiva, estariam
apresentados
como
ámbitos
conceituais
encarnados
em
imagens
procedentes da
narrativa
literária.
Com isso
Romero
se
afasta de
ortodoxias
discursivas
e contrói
uma discursividade
própria,
apta,
como considera
Jitrik,
para entender a
dramaturgia
da conformagáo
latinoamericana
e, sobretudo,,para
entender
que
o
discurso
historiográfico
é também
um
fato
narrativo
e
de
escrita".
As cidades,
Como suge.e
José
Luis
Romero,
surgem
também
por
metáfora, como
conseqüéncia
de
uma
necessidade
de
designagáo
que
toma
a
forma
de uma
rede sobre
a
qual
se assenta
o
pensamento de um
império
colonial.
Ele
vai
da
descrigáo
á
interprehqAo.
Jitrik
faz
notar
qu.
,.
u
descrigáo náo
é minimalista,
mas
essencialmente
cenográfica'
a
interpretaqao
procede
por
pinceladas,
por
vezes
irónicas, acerca
das
monstruosas
concentragóes
da
,iqu.ru
"
da
propriedade,
num
rastro
de
apropriagóes
desmedidas
e
num
qradro de
ferozes
desigualdes
e
injustigas.
Numa
última
avaliagáo,
Noé
Jitrick
afirma
que: "A
reaparigáo
do
livro
de Romero,
tantos
anos
depois,
é um
acontecimento:
pois conserva
os
alcánces
de
sua
proposta,
eventualmente
aqueles
que náo
puderam ser
percebidos
quando
do seu
lanqamento,
mas
conserva
também
a
seduqáo
do
seu
gesto
intelectual.
Isso,
precisamente
nestes
momentos,
onde
está
táo dissolvida
esta
categoria,
propóe
uma
ieconcentragáo,
um
voltar
a
pensar
mais além
de
urgéncias
discursivas
que
bem
podem
ser
puro ruído,
o
que,
classicamente,
náo
leva a nenhum
lugar"'*.
'
O
historiador
Carlos
Altamirano2s,
lembra
que
José
Luis
Romero
introduziu
a
história social no ámbito
dos
estudos
universitários na
Argentina
-
a história
social
tal
como
se
configurou
ao
longo de
trinta
anos
e
tal
como
foi
conhecida
no
mundo.
Para aí
apontava
a bibliografia
trabalhada
por Romero
na
sua cátedra,
de
Marc
Bloch
a Pierre
üilu.,
"ntr"
muitoi,
assim
como
o uso
da
idéia
de
uma
"história
total",
como
a utilizada
pelos Annales
e
consignada
por Lucien
Febvre.
Mas
Altamirano
percebe
que,
mesmo
iom os
dados
fomecidos
pela
trajetória
de
Romero
e
com
as suas
explicitagóes
no livro
em
questáo, náo
estaria
seguro
para incluir
este
livro
de dificil
classificagáo
como
história
sociáI.
Muitos
de
seus
temas
pertenceriam,
sem
dúvida,
á
história social,
porém outros
se
inscreveriam
nos
domínios
da
história
política,
da
história
das
idéias
e
da
história
urbana.
Contudo,
é
justamente
a
mediagáo
entre
esses
temas
que
se
constitui
numa
das destrezas
do
autor
ná
composigáo
de
Latinoamérica:
las
ciudades
y
las ideas.
Diante
destas
dificuldades
e
sendo necessário
escolher,
carlos Altamirano preferiria
situar
a
obra
em
outro
quadro, o da
história
cultural,
mas sem
aderir
a
uma
polémica.
Prefere
considerar
que
Romero
nos legou
um
ensaio de
história
cultural
da
América
Latina
através
de suas
.idud.r,
o
que é co¿rente
com
iniciativas
anteriores,
como
a
publicagáo
que
dirigiu
entre
1g53
e
1956, Imago
Mundi,
que portava
o
subtítulo
de Revista
de
História
da
cultura
e
isso antes
de
assumir
a cátedra
de
História
social
na universidade
de
Buenos
Aires
e um
centro
de
História
da Cultura
na
Universidade
de
Montevideu.
Contudo,
indícios
na
mesma
diregáo
podem ser
encontrados
em
vários títulos
de
sua
obra,
onde.
se.
fazem
presentes express6es
como
"contatos
culturais", "imagens",
"idéias"
e
"ideologias""'
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 5/12
Nos textos
que
Romero
dedicou á
nalureza
da
sua disciplina,
como
os
que
foram
reunidos
no libro Za Vida
Histórica21, é declarada
a
sua
dívida com
pensadores
que,
entre
as
últimas
décadas
do século
XIX e as
primeiras
do
XX,
sobretudo
no ámbito
da
cultura
alemá, se
propuseram
a
dar fundamento
ás
ciéncias
do
mundo
histórico
-
as
chamadas
ciéncias
do
espírito
por
oposigáo
ás ciéncias
da natureza.
Para Romero,
as bases
epistemológicas
do saber
histórico
haviam sido
estabelecidas
por
autores
como
Windelband,
Ricken, Croce e,
sobretudo,
Dilthey.
Deles
é
que
extraíra
as
premissas
de
seu enfoque
h
istoriográ1ico.
que
faz
das
culturas e dos
grupos
sociais o
objeto
próprio
do
conhecimento
histórico'o.
Altamirano acredita
que
foi
sobre este
fundo culturalista
que
se
operou
a recepgáo
da
história
social
em Romero.
Mesmo
levando
em
consideraEáo
que
a
História
da
América
Latina é,
por
sua vez,
urbana e rural, a
cidade
é o
foco dinámico
dessa história,
como observa
Romero,
que
reconheceu
o
fato
da
sua
obra ter
herdado a
dicotomia
do
Facundo,
de
Sarmiento,
ainda
que
náo tenha
herdado o seu sistema
axiológico2e.
A
cidade
surge,
no território
que
se constituiria
na América
Latina,
como
fruto
de uma
visáo
e
instrumento
de uma missáo. Romero chamou de
"cidade ideológica"
ao
núcleo urbano
originário
do
propósito
de domínio
sobre um
território
que
o
conquistador
considerava
culturalmente
vazio.
A
história
posterior
será
marcada
pelo
processo de diferenciagáo
que
atua sobre
esse esquema
inicial,
próprio
do ciclo
de
fundagóes,
processo
que
se
desdobra
numa série
de constelagóes
urbanas:
as
cidades
fidalgas,
as cidades
crioulas,
as
cidades
patrícias,
as
cidades
burguesas
e
as cidades
massificadas.
Assim
como
a cidade,
o
campo
também
apareceu como
o
lugar de uma
ideologia
e
Romero,
num caso
e
outro,
colocará
a
énfase
nos
estilos
de vida
e
na
elaboragáo
ideológoca
da
experiéncia.
A este
raciocínio
acrescenta
Carlos Altamirano
duas observag6es:
a
primeira,
o
fato do
livro, reconhecido
como
um clássico
para
as
historiografias
argentina
e
latinoamericana,
náo-ter
deixado
descendentes,
com a
excegáo,
talvez, ée
La
ciidad
letrada,
de
Angel
Rama3o.
A
outra
observagáo
refere-se ao estilo
intelectual
de
Romero,
marcado
pela
sobriedade,
contengáo
e certa
reserva irónica
para
evitar
que
a
paixAo
cívica,
que reivindicava
para
o
seu trabalho
historiográfico,
se
conveúesse
numa
desculpa
patética''.
A outra
avaliagáo
significativa,
publicada
por
Punto
de
Vista, é
a
que
fez Adrián
Gorelikr2
no artigo "Un
optimismo
urbano".
Assinala
que
Latinoamérica:
las
ciudades
y
las
ideas
é
"um
livro
que
tem
a rara
virtude de ser
cada
vez mais atual,
ainda
que
de uma
maneira
sempre
peculiar: tanto
há
vinte e cinco
anos
quando
saiu
a
primeira
vez e náo
se
falava
de
nada
chamado
'cultura
urbana
latinoamericana',
como agora'
quando
sob esse
nome
já
se desenvolveu
um
pequeno
boom
dentro
dos
'estudos culturais',
o livro
de
Romero
tem
a
peculiaridade de
se
manter,
por diferentes
razdes,
desajustado.
De
início
porque
surgiu numa
conjuntura
favorável
á
crescente
importáncia
da
cidade
e
sua
iristória,
desde
os
anos
cinquenta,
na América
Latina.
Porém,
frente a uma
historiografia
basicamente
monográfica,
Latinoamérica...
continua
sendo
o único empreendimento
que
procura
abarcar
a história
cultural urbana
do
continente
da colonizagáo
ao século
XX.
Uma
tentativa
só
posSível
pelo enorme
talento
narrativo do
autor.
que
organiza
uma
multidáo
de
materiais,
em sua
maioria
literários,
ao
redor
de uma série
de
hipóteses,
tAo
complexas
como
firmemente
articuladas"".
Mas
o
que
significa
para
Romero
uma
história
cultural
urbana,
a náo ser
uma história
ideológica
das sociedades
urbanas
que é
também
uma
história
ideológica
da América
Latina.
Gorelik
atenta
para
o
fato
de
que
,,ideoloeia
deve
entender-se
como
forma
social:
corpo
de
crenqas,
idéias,
valores
e estilos
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 6/12
de vida
que
encamaram
em diferentes
grupos
sociais e em
diferentes localizag6es
sociais"la. Gorelik
observa
que
a cidade, como
expressáo auténtica
do continente
latinoamericano
é,
para
Romero,
desde
o século
XVI,
uma
"projegáo
do mundo
europeu,
mercantil
e
burgués,
e
as
cidades sáo
o
ámbito
em
que
essa
projegáo
se realiza,
os
baluartes
da
fronteira daquele
mundo
europeu,
os avangos
que
buscam organizar,
á sua
imagem
e
semelhanga,
o
estranho,
enorme e
desconhecido
território em
que
se
incrustram.
Neste sentido
a cidade é também
uma idelogia
e sua
própria
criagáo,
por
vezes
táo
original
e
táo
pendente dos modelos
que
toma:
uma
forma urbana
e mental
de
longa duragáo"".
Um
dos temas centrais
do livro,
como
acentua
Gorelik,
sáo
os
mecanismos
pelos
quais
a cidade
e a realidade
que
a circunda
váo
se
modificando
mutuamente, hostís ao
ponto
de chegar
a
conformar duas
ideologias contrapostas.
Toda a
história social e
política latinoamericana,
para
Romero, seria
definida
nesse conflito
perceptível nas
cidades e
que
é
basicamente cultural.
E
tudo
isso é
percebido,
da
homogeneidade
á
crescente diferenciagáo,
no
entrecruzamento
de
dois tipos
de
processos
de
desenvolvimento:
os heterónomos
e
os autónomos.
Nos
primeiros
é onde se
dá
o
impacto
das transformag6es
económicas
e
as correntes
de idéias européias;
nos
segundos,
onde
surge
a consciéncia
sobre
a
regiáo, a sociedade
que
a
habita e
suas
formas ideológicas.
Apesar de
Romero, no trabalho
histórico,
ser
mais
rico
que
no
conceitual,
,
seu
objeto
é
identificar, como
observa
Gorelik,
"na
história
ideológica
das
sociedades
urbanas
latinoamericanas a
convivéncia
tensa entre
representagóes
e
realidades: entre o
que
fica
do designio,
incompleto e desmentido,
e a
própria
realidade
que,
em seu
fracasso,
chega a
constituir"3ó.
Gorelik
cita o exemplo
da cidade
fidalga como
produto
do desenvolvimento
heterónomo:
citadela social
e
cultural
que
busca
definir-se
como
uma Nova
Europa.
Contudo,
de
dentro
desse
desenvolvimento
econÓmico
(heterónomo)
comeqa
a surgir
no
seu
interior
uma
nova
sociedade burguesa.
E
é
a
sociedade
sui
generis, formada
no
campo,
que
permite
uma
nova
mentalidade
rural,
produto
por
antonomasia
do
desenvolvimento
autónomo, o
que
vai
robustecer
a antiga
socied¿de
fidalga
no
seu
conflito
interior
com
a
burguesia.
Tulio
Halperin
Donghi, em
1995'',
iá
havia
apontado
que
no
livro
de Romero
a burguesia
crioula
aparece
fugazmente
para
desaparecer,
náo
porque
tenha
sido
derrotada,
mas
porque
se confunde
imediatamente
com
as velhas
e
novas
elites
de base
rural
que daráo o tom
a essa
nova
cidade.
Sáo mesclas
análogas
ás
que
ocoffem
nos
anos
trinta
do século
vinte,
na
"cidade
massificada",
o
que
remete
para
o
tema
da industrializagáo
e
para
a
dificuldade
que
teráo
os setores tradicionais
para
conviver
ao
lado de um terceiro
setor,
populista,
originário
do
aparecimento
das
massas
e
que
se
coloca
em
posigáo
de
as
conduzir.
Gorelik
aponta
ainda
para
o
fato
de
que
essas
massas
levam
no
seu
interior
o
conflito
principal
entre desenvolvimento
autÓnomo
e
desenvolvimento
heterónomo:
produto
de uma
nova
"ofensiva
do
campo
sobre
a
cidade",
reproduzem
em chave
urbana aspectos
de sua
cultura
rural,
porém
desse
modo
náo fazem
senáo contribuir
ao maior
processo
de
heteronomizagáo
européie
e
norte
americana
da
cultura
latinoamericana,
a industrializagáo18.
A contribuigáo
mais
recente do
arquiteto
e historiador
Adrián
Gorelik
sobre
o
livro de
José Luis
Romero
é, de
fato, notável,
pois
trata-se
de um
pesquisador
e
intérprete
do
fen6meno
urbano
por
exceléncia
e
que pensa a
questáo
com
grande
densidade
filosófica.
Identifica
em
Romero
o
tema do conflito
como
um daqueles
que
lhe
sáo caros:
cidade/campo,
elites/massas.
Mas
náo
tanto
para
alimentar
a
idéia
de
uma
sociedade
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 7/12
cindida,
ainda
que
a
história
latinoamericana seja
marcada fortemente
pelos momentos de
forte
cisáo.
É
para
mostrar
a
cidade como
o
resultado de contínuas combinagóes
e
compromissos
entre as
muitas
facetas
do existente e a
dificil
emergéncia do novo,
sempre
diferente,
em
seus
resultados impuros,
do
que
po^deria
ter sido
projetado.
Estabelece
aí
uma correlagáo
entre Romero
e
Martínez Estrada".
Para
Romero
a
cidade
se
constituiria
no medo
ao
outro
e
no fracasso
para
impedir,
uma
ou
outra
vez,
a
mescla: a
"ofensiva
do
campo",
de
Romero,
podendo
ser
lida
como a
"vinganga
do
outro",
de
Martínez
Estrada.
A
diferenga
estaria
na
concepgáo
de história:
para Romero tratando de identificar
as
fungóes cambiantes
do velho no novo, no denunciar
sua
imutabilidade
sob
as
marcas do
progresso.
Nem uma visáo
imobilista da história, nem
outra
que
faga do conflito seu
ponto
de chegada. Gorelik
indica
que
é
no conflito em si
mesmo
que
a sensibilidade
de
Romero
está atenta
para
os
lados
que
todo conflito
pressupde,
as superficies
de contato,
as linhas de
mudanga,
os
pontos
de tensáo
e fricgáo. O
conflito,
como
o
que
faz
dinámica
a
uma
sociedade
e
que
deve ser buscado nas
fronteiras culturais
que
sempre se
produzem
entre
os
diferentes universos que entram
em
colisáo.
Daí Corelik
considerar
que
o
período
mais
rico do livro é o
dedicado ao século
XlX,
quando Romero
identifica
projetos
em luta mais
fortes
e claros.
Nas fronteiras
culturais apostaria
a
possibilidade
de
que
os
conflitos
encontrem uma
via de
conciliagáo,
a
am^bicionada
criagáo
de
uma
'tultura
comum".
E a cidade é o
lugar
para
que
isso
acontegaao.
Para
Adián
Gorelik é esse
"otimismo
urbano",
detectado em
Romero,
que permite
vincular
a sua
perspctiva
sobre a cidade
com os estudos
urbanos de
seu
tempo. A
história
urbana
latinoamericana
nasce
nos
anos
cinqüenta,
paradoxalmente, como
parte
das
políticas
de desenvolvimento
e modemizagáo
onde
a
cidade ocupa
um
lugar
central,
recebendo delas
algumas
marcas notáveis. Gorelik
lembra
muito bem
o
nome
de Jorge
Enrique
Hardoy, emblemático
nessa
peculiar combinagáo
entre curiosidade
histórica,
pulsáo
modernizadora
e
produgáo
de
instituigóes continentais para satisfazer a
ambas
e
manté-las
articuladas.
Boa
parte
das
perguntas
que
organizavam
a agenda
historiográfica
de
entáo acompanha
o
próprio
processo
de
modernizagáo
das
cidades.
José
Luis
Romero
nño esteve
imune
a
este
processo
e
aos
debates
do
período,
ainda
que
sua aposta
na
sociedade civil
frente
ao
Estado, assinalada
por
Omar
Acha.
lhe
tenha impedido
de
estar
plenamente
sintonizado
com
o
clima
planificadoro'.
Mas Gorelik
náo
deixa
de apontar
para
o
fato de
que
todos
os temas
e
problemas
desse clima
estáo
presentes
em
Latinoamérica...
como um ténue
alinhavo: o
peso
de algumas
categorias,
de
aspiragóes
e
decepgóes
que
surgem
indubitavelmente
da
mesma agenda.
Por exemplo'
os
embates
sobre
o
caráter diferencial
da
cidade latinoamericana
frente a
européia,
que
supunham
discutir a
célebre
caracteri
zagáo
de Henri
Pirenne invertendo
o sentido
da
relagáo
que
traQava
entre cidade
e
campo
(cidade centrípeta européia versus cidade
centríluga
americana).
Num
rápido balango
de tendéncias,
Gorelik
considera
que
"poderíamos
entender
a
fórmula
autonomia/heteronomia
como
uma
posigáo
singular
de
Romero
frente
ás idéias
de dependéncia
e
influéncia, centrais
naquele
debate.
Gorelik
identifica,
além das
chaves encontradas
por
Romero
na
literatura
argentina,
a
presenga
de
autores
que
váo de Simmel
e
da Escola de
Chicago d
teoria da
modemizagáo,
o
que
lhe
permitiu ler algo
de
novo
em Sarmiento,
extraindo
dessa
potencializagáo a
ftrmeza de
seu
"otimismo
urbano",
magnificamente
retratada
na
ieinterpretagáo
que
deu
da antinomia
civilizagáo
e
barbárie
como
uma antinomia
entre
liberdade
e
necessidade:
a
necessidade
como
combinagáo
de
natureza
e
cultura,
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 8/12
elementos dados:
liberdade
como
a
agáo
humana criadora
para
se
sobrepor a
essas
determinagdes.
Para Gorelik,
Romero estaria aí
se
remetendo
para
uma definigáo clássica,
como
a
que
apontou
Hannah
Arendt
na sua leitura da
polis
grega,
onde
a liberdade
é o
público,apolíticaeacidade,aopassoqueanecessidadeéoprivado,aeconomiaeo
mundo doméstico.
O
campo seria, assim,
para
o Romero
que
relé
Sarmiento,
a barbárie
da
necessidade
e da
liberdade
que,
como
possibilidade, só
pode
se aninhar
na
cidade.
Tudo isso
levaria a um recorte
muito nítido
diante das maneiras
alternativas de
pensar
a
cultura
urbana
nos
últimos
anos.
No
caso
de Richard Morse
que,
tendo
comegado
nos
anos
cinqüenta
vinculado
ao
pensamento
sobre
a
cidade de entáo,
logo
produziu
uma
dupla
guinada: de caráter
cultural,
no
qual
se apoia
o
projeto
de Romero,
ao
criticar a
tecnificagáo do
pensamento
urbano
e
reivindicar
a
literatura
e
o ensaio como
fontes mais
confiáveis
para
entender
a
cidade;
e
populista,
o
que
o distancia infinitamente
de Romero,
ao apostar
pelas
forgas
"auténticas"
do
mundo rural.
Outro
autor a ser considerado
é
Angel
Rama
e a sua
avaliagáo
da
"cidade
letrada",
melhor sintonizada com
o ánimo atual
dos estudos
culturais
urbanos,
seu
modo paradoxico
de
recorrer
á
cidade
como
bastiáo
e
ruína
de
uma modernidade
opressora.
Romero escreveria,
em troca, assumindo
os
valores
da
"cidade letrada". Tratar-se-ia
de um
programa
reformista
que
aspira
incluir
as
massas
nos beneficios
da
cultura
letrada, ainda
que
náo seja
de
um
modo
passivo,
mas
para
que
possam
modificá-la
e
enriquecé-la.
Gorelik
afirma
que
Carlos
Altamirano
já
havia
mostrado
o valor
ambíguo
que
assume
a
nogáo
de
"sociedade
aluvial" em
Romero, os
profundos
obstáculos
que
ele advert¡a
nesse composto
social
heterogéneo
para
que
se
produzisse a necessária
coesáo: a
produgáo
de
uma cultura
comum é
muito
complexa e,
pelo
menos
no
caso da sociedade
argentina,
Altamirano
mostraria
que.Romero
náo
tinha
muita confianga
de
que
se
pudesse
levar
o
desafio
a cabo
e com
éxito"'.
Adrián Gorelik,
no
entanto,
conclui
afirmando
que,
apesar
da
desconfianga
de
José Luis
Romero
na
sociedade, "náo
acredita que
seja necessariamente
contraditório
assinalar que
manteve
sempre,
e
este
livro é o
melhor exemplo,
confianga
na cidade,
náo como
cenário
para
essa
cultura
comum,
mas como motor
imprescindível
para
sua
produgáo""'.
Promover
a
tradugáo
e a
publicagáo
desta
obra no
Brasil é um
desejo
antigo
e
que
a Editora
UFRJ
vem viabilizar,
numa
conjuntura
de
aproximagáo entre
pesquisadores dos
dois
países irmáos,
mas
que
é
atravessada
por
todas
as dificuldades
históricas
de
integragáo
da Argentina
e
do Brasil a
um
contexto
latinoamericano
de
maior alcance.
José
Luis
Romero
e seu
livro
se
inscreve nesses
esforgos de
compreensáo
do
continente.
Sua singularidade
e
atualidade
permanece
viva, como
parecem mostrar
as avaliagóes
mais recentes.
Poderíamos
apontar
para
algumas
particularidades
na
comparagáo
entre
a
América
espanhola
e
a
portuguesa,
pois
aqui
verifica-se
um
fenÓmeno
geopolítico
que
altera
profundamente
a
tipologia
da
autonomia
política
e o
desenvolvimento
da
urbanizagáo
dos
grandes centros.
Trabalhamos
esta
questáo
em
estudos
como
"Da
Colonizagáo
á Europa
Possível:
as
dimensóes
da contradigáo",
no texto
"A
Invengáo
do
Brasil:
um
problema nacional"
e
no livro
No Rascunho
da
Naqdoaa
entre
outros.
A
questáo
civilizatória
e
da modernizagáo
urbana
no caso
brasileiro
tem surgido
em
en.saios
iomo
"A
Academia
Imperial
de
Belas Artes e
o
Projeto
Civilizatório
do
Império"*',
"O
Pago
da Cidade:
biografia
de
um
monumento"
e
"Entre
a
forma
e
o
ideal: um emblema
da
civilizagáo",
publicado
como
introdugáo
á
reedigáo
do
livro de
Pedro
calmon
sobre
o
palácio
da
Praia
Vermelhaaó.
Devo mencionar
também
duas
importantes
publicag6es
que
exDressam
as
tentativas
com
éxito
de
Monica
Hirst,
Presidente
da FUNCEB
-
Fundación
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 9/12
Centro de Estudos
Brasileiros,
localizada em
Buenos Aires,
e
que
sño o
resultado dos
produtivos
seminários Brasil-Argenlina: a
visdo do
outro,
realizados com
o
apoio da
FUNAG
-
Fundagáo
Alexandre de
Gusmáo,
sob
os auspícios
do Itamarati. Sáo dois
livros
que documentam a aproximagáo entre brasileiros e
argent¡nos,
que exemplificam
os
esforgos
realizados e onde
pudemos
publicar
o
ensaio
"A
Cidade
do Rio de
Janeiro:
de
laboratório da civilizagáo
á
cidade símbolo da
nacionalidade",
em
diálogo
com o
texto de
Eduardo
Hourcarde, da Universidad
Nacional de
Rosario,
intitulado
"La
historia de
la
Ciudad
de Buenos
Aires
y
la
Constitución
de Representaciones
de la ldentidad
Nacional
Argentina"aT,
e
o ensaio
"A
construgáo
do
Estado
Imperial
no
Brasil: soberania e
legitimidade",
em diálogo com o
texto
de José Carlos Chiaramonte,
da Universidad de
Buenos Aires,
intitulado
"La
cuestión
de
la soberanía
en la
génesis
y
constitución
del
Estado
Argentino"a8.
Há
muita
coisa
para
ser
feila
nas aproximagóes
culturais entre
os
dois
países
e
que
passa,
sem
dúvida,
pelas trocas editoriais.
lmportantes autores brasileiros,
como
Boris
Fausto,
da
USP,
e
José
Murilo
de
Carvalho, professor
titular
de História
do
Brasil
da
UFRJ,
tém sido
publicados
em
periódicos
e
livros na Argentina,
especialmente
na
Universidad
de
Quilmes.
O
historiador José
Carlos Chiaramonte,
diretor do
lnstituto
de
Historia
Argentina
y
Americana
"Dr.
Emilio
Ravignani" da
Faculdad de
Filosofia
y
Letras
da
Universidade
de Buenos
Aires,
deverá
ter
publicado,
em breve,
na Editora
UFRJ
um
magnífico
estudo
comparativo
sobre
a formagáo
dos Estados
Nacionais
na
América
Latina.
Autores como
Luis Alberto
Romero,
Carlos Altamirano,
Fernando
Devoto
e
Adrián Gorelik
também
estáo em
vias de tradugáo
no
Brasil
em editoras
universitárias
e
privadas, isso
para
náo
falar
da
reconhecida
ensaista
Beatriz
Sarlo,
que
integra,
há muito
tempo, o
catálogo
da nossa
Editora.
Afonso
Carlos
Marques
dos
Santos
Professor
Titular
de Teoria
e Metodologia
da
História
da UFRJ
NOTAS
I
Aldo Rossi.
.{ ,4r4ti itetura
da Cidade.
Sáo
Paulo: Mart¡ns
Fontes,
1995,
trad. do
italiano,
p'
198'
2
José
Luis
Romeio.
Latinoamérica:
Ias
ciudades
y
/as
¿deas.
Buenos
Aires: Siglo
Veintiuno
Argentina
Ed¡tores
S.A.,
197
6,
396p.
3
Luis
Alberto
Romero,
filho
de José
Luis
Romero,
é um
dos
mais
importantes
historiadores
argenlinos.
pesquisador
Senior
do CONICET,
é
Professor
Titular
da Faculdade
de
Filosofia
e Letras da Universidade
de
Buenos Aires
e do
Mestrado em
Ciéncias Sociais
da
FLACSO
e
da Universidade
Nacional
de
Tucuman.
É autor,
entre outros
trabalhos,
de Sectores
populares,
cultura
e
politica:
Buenos
Aires en
la
entregueÜq
(com
Leandro
H. Gutiérrez,
1995);9ué
hacer
con
los
pobres.
Elite
y
sectores
populares
en
sant¡ago
de
ahíle
en et
siglo
XtX
(1996); Volver a la historia
(1997);
Qrandes
entrev¡stas
de lq historia
argentina
com
Sylvia
Saítta,
1998); Grandes
discursos
de
la
historia argentina
(com
Luciano de
PriYitellio,
2000):
A'rgentina.
Crónica
totql del
siglo
XX
(2000)
e
Buenos
Aires,
historiq
de cuatro
srg/os
(co'dirigido
com
JoJé Luis
Romero,
1".
ed.:
1983;
2'.ed.
arnpliada,
2000\;
Breve
Historia
Contemporóneq
de
Argentina
(l .ed.:
1994;
2". ed.
ampliada:
2001;
4".
reimpressáo:
2003).
Foi diretor
académico
da
colegáo "Historia
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 10/12
Visual Argentina",
publicada
pelo
jornal
Clarín,
e
da
colegáo
"Los
nombres
del
poder",
do Fondo de
Cultura
Económica,
a
A
primeira
divulgagáo
deste
texto foi
em
Desqrollo
Económico,
vol.
20,
n.78,
julho-setembro de
1980.
A
segunda
em
Tufio
Halperin
Donghi. Ensayos de
historiografra. Buenos
Aires: Ediciones
El
Cielo
por
Asalto, 199ó,
p.73-
105.
5
José Omar
Acha.
"José
Luis Romero
(19Q9-19'17):
bibliografia
comentada
para
una
historia
intelectual"
Revista
lberoamerícana
de
BibliograJia.
Washinglon: 1998,
n.2,
p.409-436.
Do
mesmo
autor
veJa-se
também
"José
Luis Romero como
tradición.
Para una
discusión
histórico-politica" El
Rodaballo'
n.6'
1997 e
La trama
profunda.
Historia
y
vida
en José
Luis Romero,
mimeo, 2001.
ó
Alexander Betancourt
Mendieta. Historia,
Ciudad e ldeas.
La
obrq
de José
¿¡.,,s Romero.
México:
Universidad
Autónoma de
México, 2001.
t
Noé Jitrik, "La
vinud
del
escritor",
p.4l-43;
Carlos
Altamirano, "Reserva
irónica
y pasión", p'44-45;
Adrián Gorelik,
"Un
optimismo
Urbano",
p.45-48.
Revista
de
cultuta
Punto de
,/,.t/4. Buenos Aires:
dezembro
de 2001. Ano
XXIV, n.7l.
8
José Luis
Romero. Crisis
y
Orden
en
el Mundo Feudoburguás,
lu. ed. argentina,
Buenos
Aires:
Siglo
XXI
Editores Argentina, 2003, 336p.
A
1". ed. em
espanhol
é
de
1980,
por
Siglo
Veintinuno Editores
en
México,
um
ano
após da
reedigáo naque'le
país
de
La Revolución
Burguesa
en el mandofeudal.
e
Jacques
Le Goff.
"Presentación".
In
J.
L. Romero.
Crisis
y
Orden en el
Mundo
Feudoburgués.
Buenos
Aires: Siglo
XXI Argentina,2003,
p,
X.
r0
José
Luis Romero.
Enscyos sobre
a burguesia
medieval.
Buenos
Aires:
Universidade
Nacional
de
Buenos
Aires,
I
961 ,
Trata-se aqui de comentários
acerca
do
terceiro
ensaio
do
livro.
rr
Jacques
Le
Goff,
op. cit,
p.
xl.
''
J.
Le
Goff,
op.
cit.,
p.
Xf.
''
J. Le Goff,
op.
cit.p.
XIl.
ra
T.
H. Donghi, op.
cit.,
p.85.
''
T.
H.
Donghi, op.
cit.,
p.l0l.
róT.
H. Donghi, op.cit,
p.102.
?
Tufio
Halperin
Donghi,
,,José
Luis
Romero; de
la historia
de
Europa
a
la historia de
América".
Anales
de
Historia
Antígua
y
Medieval
N.28. Buenos
Aires:
Faculdad de
Filosofia
y
Letras
-
Universidad
de
Buenos
Aires,
1995.
18
T.
H. Donghi,
Ens ayos
de hisoriografa,p
l02
re
T. H.
Donghi,
op. cit.,
p.103
to
Noé Jitrik
é um dos
mais reconhecidos
críticos
literários
argenlinos,
nascido
em 1928.
Foi exilado
na
EuroDa
e no
México, entre
1974
e
198'1,
É autor
de numerosos
ensaios
sobre
literatura
e história, crítica
literária,
teoria
e
narrativa, contos
e novelas.
Foi
professor
pesquisador
em
universidades
de Buenos
Aires,
México e
Franga.
É,
atualmente,
pesquisador e diretor
do Instituto
de Literatura
Hispanoamericana
da
Facufdade
de
Filosofia
e
Letras
da UBA.
Dirige a
História Crítíca
da Literoturct
Argentina,
que
está
sendo
oublicada.
em
l2 tomos,
pelo
Editorial
Sudamericana.
)'
Noé
Jitrik.
'.La
virtud
de
um
escritor".
Revista
de cultura
"Punto
de
t/¿J/4
".
Buenos
Aires: dezembro
de
2001,
Ano XXIV,
n.71,
p.42.
22
Há uma enorme
bibliografia
sobre
este tema
na
Argentina
como,
por
exemplo,
em
Alberto
Juli6n
PAel
,,El
Facundo;
Sarmiento
interpreta
a
su
nación", capítulo
4
do
livro Los
Dilemas
Políticos
de lq
Culturq
Letrqda.
Argentinq: siglo XIX.
Buenos
Aires:
Ediciones
Conegidor,2002' p.105-149'
23
Noé Jitrik,
op.cit.,
p.42.
2a
op.cit.,
p.43.
,t
iarlos
Áltamirano
é outro
importante
historiador
argentino,
voltado
para
a
história das
idéias
políticas
e
com
vários
livros
e artigos
publicados. É, desde
1999,
prof€ssor
titular
regular de
Intfodugáo
ao
pensamento
social
no Depaftam€nto
de ciéncias
Sociais
da
Universidade
Nacional
de
Quilmes.
26
carlos
Aftamirano.
.,Reserva
irónica
y pasión", Revista de cultufa
"Punto
de
vísta".
Buenos Aires:
dezembro
de
2001, Ano
XXIV,
n.
71,
p.
44.
27
José
Luis Romero.
¿a
Vida
Histórica,
Ensaios
compilados
por
Luis
Alberto Romero.
Buenos
Aires:
Editorial Sudamericana
(Colección
Historia
y
Cultura),
1988,
204p.
28
José
Luis
Romero.
Ba.reJ
para
una
morfologíq
de los contatos
culturqles,
Buenos
Aires: Instituc¡ón
Cultural
Españolq
1944.
Apud
Carlos
Altamirano.
Op. cit.,
p
45.
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 11/12
2e
Félix
Luna. conversqciones
con José
Luis Romero,
Buenos Aires:
Editoral
Sudamericana,
1986.
Apud
Carlos Altamirano.
Op. cit.,
p.45.
[a
lu.
ed. deste
livro,
citada
por
Adrián
Gorelik,
é
de 1976,
por
Timerman
Editores.
em
Buenos
Airesl
30
A
referéncia
trata do eniaista
uruguaio
Ángel
Rama
(1926-1983).
A
primeira
edigáo,
em
espanhol,
do
livro La
ciudad letrada é
de Hanover, New
Hampshire:
Ediciones
del
Norte,
1984. A edipáo
brasileira
é
Cidade
das
Letras.
Sáo Paulo: Brasiliense,
1985, 156p.
rr
Apud Carlos Ahamirano.
Op.
cit.
p.45.
"
Adrián
Gorelik
é
um
dos mais brilhantes inte¡ectuais
de uma
nova
geragáo
de argentinos, tendo
nascido
em Mercedes
(Buenos
Aires)
em 1957. E arquireto
e doutor em História
(
com
títulos
da Universidade
de
Buenos Aires).
É
pesquisador
no
Programa
de
história
intelectual da
Universidade
Nacional
de
Quilmes
e
docente na
mesma
Universidade.
Coordena
o
Seminário
de
história
das
idéias,
os
intelectua¡s
e a
cultura no
prestigioso
tnstituto
Emilio Ravignani
da
UBA, dirigido
pelo
historiador
José
Carlos Chiaramonte.
Publicou numerosos
artigos
sobre
temas de
história
urbana e crítica cultural
da cidade
e da arquitetura e o
livro
La
sombra
de
la vanguardia.
Hannes
Meyer
en
México
1938-1949
(em
colaborageo
com
Jorge
Liemur), Buenos Aires:
Proyecto Editorial, 1993.
Sua tese de doutoramento
foi
publicada
num livro
de
grande
sucesso na
Argentina
e
que
deveria
ser
publicado no Brasil, tanto
pela
qualidade
da pesquisa
quanto
pefa
originalidade da construgáo
teórica e da interpretagAo.
Trata-se do
notável
La
grilla
y
el
parque.
Espacio
público
y
cultura
urbana en Buenos
Aires,
1887-1936.
Buenos Aires:
Universidad Nacional
de
Quilmes,
1998, 455p.
"
Adrián Gorelik.
"Un
optimismo Urbano".
Revista de
cullula Punto de
,4sla.
Buenos Ai¡es:
dezembro
de
2001. Ano
XXIV,
n.7l,
p.45-46.
r4
Adrián
corelik. op.
cit.,
p.
46.
"
op.
cit.,
p.46.
"
Op. cit.,
p.46.
''
Tulio Hafperin Donghi.
"José
Luis Romero:
de la historia de Europa a la histoña
de
Amíica''. Anales
de
Historia Antigua
y
Medievql
n.28.
Buenos Ai¡es: Faculdad
de
Filosofia
e
Letras
-
UBA,
1995.
'"
Adrirtur
Gorelik. Op. cit..
p.
47.
re
A
referéncia
é ao argentino Ezequiel Martínez
Estrada
(1895-1964).
É autor do ensaio clássico
Radiografia de la Pampa, cuja
1".
ed.
é
de
1933.
Há
edigdes
posteriores,
sendo a 6". ed. de Buenos Aires:
Editorial
Lozada, 1968.
ao
op.
cit.,
p.
47.
arOmarAcha.
La traua
profundo.
Hislor¡q
y
v¡dq
en
José
Luis Romero,
mimeo,2QQl.
a2
Carfos Altamirano. "José Lu¡s Romero
y
la
idea
de la Argentina
aluvial".
Prismas,n.5. Buenos Aires:
2001, onde também
se
desenvolve
a
vinculaQáo de Romero com o vitalismo alemáo.
a3
Adrián
corelik.
op. cit.,p.
48.
on
Afonso Carlos Marques dos Santos.
"Da
Colonizagáo á Europa Possível: as dimensóes da contradigáo",
in
Giovanna
Rosso Del
Brenna
(org.).
Una
Cidade em
Questdo
l:
Grandjean
de
Montigny
e
o
Rio de
Janeiro. Rio de laneiro:
FUNARTE/PUC-RJ,
1979.
Veja-se
também,
para
a
especificidade
do
processo
de
construgeo de um
pensamento
autonomista no Brasil,
a
Afonso Carlos
Marques
dos Sanlos. "A
invengao
do
Brasil:
um
problema
nacional?". Revista de
Hístória,
n.
I18,
Seo
Paulo:
USP,
janeiro-junho,
1985,
p.3-12
e
o
livro No Roscunho da Nagdo:
lnconfidéncia
no
Rio de
Janeiro. Rio de
Janeiro: Secretaria
Municipal
de
Cuf
tura
(Biblioteca
Carioca, v. 22), 1992.
a5
Afonso Carlos
Marques dos
Santos.
"A
Academia
lmperial
de Belas
Artes e o
Projeto
Civilizatório
do
lmpério".
180 Anos
da
Escola
de
Belas Artes
(organizado
por
Sonia Gomes Pereira).
Rio
de
Janeiro:
EBA"/UFRI,
1997,
p.127-
l46.
*
Afonso carlos
Marques
dos
Santos.
"o
Pago
da
Cidade:
biografia de um
monumento".
ln
Lauro
Cavafcanti
(org.).
Pago lmperial. Rio
de Janeiro:
Sextante Artes,
1999,
p.
52-l|7.
A. C.
Marques
dos
Santos.
"Entre
a forma
e
o
ideal:
um
emblema
da
civilizagáo",
in
Pedro
Calmon.
O
Palácio
da
Praia
Veruelha.
No
de
Janeiro:
Editora UFRJ,
2'. ed. revista
e
ampliada, 2002,
p.9-14.
a?
Ver
os
textos de Afonso Carlos Marques dos Santos. de
Eduardo Hourcade
e
dos
demais
ensaistas
brasileiros e argentinos
em
A
l/isdo do Outro: semináio Brasil-Argentina.
Brasília: FUNAG, 2000,741p.
como
fruto dessas
aproximagóes,
publicamos
também o artigo "Ciudad,
civilización
y proyecto
en Rio de
Janeiro
(1808-1906)"
na
Revista Estud¡os Sociales
n. 21, año
xl,
Santa
Fé, Argentina: Universidad
Nacional del Litoral,2o.
semestre de
2001,
p.55-68.
PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23
7/21/2019 Cidades Como Ideias
http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 12/12
48
Os novos
textos de
Afonso
Carlos Marques dos
Sanlos,
José Carlos
Chia¡amonte
e
dos demais ensaistas
encontram-se
em Carlos Henrique
Cardim e Monica
Hirst
(organizadores),
Brcsil-Argentina:
a
yisdo
do
Outro:
Soberania
e
Cultura Política. Brasília: IPRI/FUNAG,
2003.
438p.
PUBLICADO EM: ROMERO José Luis América Latina: as cidades e as idéias