cia coletÂnea de legislaÇÃo e jurisprudÊncia c … · coletânea de legislação e...

638
C O L E T ÂNEA DE L EGI SL A Ç Ã O E J URISP R UDÊ N CIA A GRÁRIA E C O RREL AT A TOMO II

Upload: duongminh

Post on 15-Dec-2018

241 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

COLETNEA DE

LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

TOMO II

CO

LE

TN

EA

DE

LE

GIS

LA

O E

JUR

ISP

RU

D

NC

IA

AG

R

RIA

E C

OR

RE

LA

TA

Ministrio do Desenvolvimento Agrrio TOMO II

TOMO II

COLETNEA DE LEGISLAO E

JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

MDABraslia, 2007

ORGANIZADORES JOAQUIM MODESTO PINTO JUNIOR

VALDEZ FARIAS

Luiz Incio Lula da Silva Presidente da Repblica

Guilherme Cassel Ministro de Estado doDesenvolvimento Agrrio

Marcelo Cardona Rocha Secretrio-executivo do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio

Rolf HackbartPresidente do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria Incra

Adoniram Peraci Secretrio de Agricultura Familiar

Dino Sandro Borges de Castilhos Secretrio de Reordenamento Agrrio, Substituto

Jos Humberto Oliveira Secretrio de Desenvolvimento Territorial

Caio Galvo de Frana Coordenador-geral do Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural NEAD/MDA

Adriana L. LopesCoordenadora-executiva do Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural NEAD/MDA

TOMO II

COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

DECRETOS

Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA)www.mda.gov.br

Organizadores:Joaquim Modesto Pinto JuniorValdez Farias

Coordenao Tcnica:Moema Bonelli Henrique de Faria

Equipe Tcnica:Eduardo ChavesVanessa Vieira LacerdaJoo Daniel Cardoso de LimaGislene Ferreira da Silva

Projeto grfico, capa e diagramaoCaco Bisol Produo [email protected]

RevisoChico Vilela

Distribuio:Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural NEAD/MDASCN Quadra 1 - Bloco C, Edifcio Trade Center, 5 andar, sala 501CEP 70711-902 - Braslia/DFTelefone: (61) 3328-8661www.nead.org.br

Todos os direitos reservados. A reproduo ou traduo de qualquer parte desta publicao ser possvel com prvia permisso escrita dos editores.1a edio: 2007. (NEAD Especial; 7).

B823c Brasil. Ministrio do Desenvolvimento Agrrio. Coletnea de legislao e jurisprudncia agrria e correlata / Organizadores

Joaquim Modesto Pinto Junior, Valdez Farias. -- Braslia : Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural, 2007. (NEAD Especial; 7).

3v. ; 15,5 x 22,5 cm.

ISBN 978-85-60548-14-9

Contedo: T. 1. Dispositivos constitucionais, Leis Complementares, Leis Ordinrias, Medidas Provisrias, Decretos-lei. T. 2. Decretos. T. 3. Normas Histricas, Normativos MDA/STN, Normas Conexas, Smulas, Jurisprudncias.

1. Direito agrrio - histria - Brasil. 2. Reforma agrria - aspectos constitucionais - Brasil. 3. Terra regulamentao Brasil. I. Ttulo II. Pinto Junior, Joaquim Modesto. III. Farias, Valdez.

CDD 343.07600981

PCT MDA/IICA - Apoio s Polticas e Participao Social no Desenvolvimento Rural Sustentvel

5

APRESENTAO Ministrio do Desenvolvimento Agrrio

NOTA EXPLICATIVA PRESENTE EDIO

DECRETOS

DECRETO DE 25 DE NOVEMBRO DE 1808Permite a concesso de sesmarias aos estrangeiros residentes no Brasil.

DECRETO N 1.318, DE 30 DE JANEIRO DE 1854Manda executar a Lei n 601, de 18 de setembro de 1850. (Terras Devolutas do Imprio)

DECRETO N 3.453, DE 26 DE ABRIL DE 1865Manda observar o Regulamento para execuo da Lei n 1.237, de 24 de setembro de 1864, que reformou a legislao hipotecria.

DECRETO N 3.272, DE 5 DE OUTUBRO DE 1885Altera diversas disposies referentes s execues civis e comerciais.

DECRETO N 169-A, DE 19 DE JANEIRO DE 1890Substitui as Leis n 1.237, de 24 de setembro de 1864, e n 3.272, de 5 de outubro de 1885. (Registros Pblicos).

DECRETO N 370, DE 2 DE MAIO DE 1890Manda observar o regulamento para execuo do Decreto n 169-A, de 19 de janeiro de 1890, que substituiu as Leis n 1.237, de 24 de setembro de 1864, e n 3.272, de 5 de outubro de 1885, e do Decreto 165-A, de 17 de janeiro de 1890, sobre operaes de crdito mvel. (Registros Pblicos).

DECRETO N 451-B, DE 31 DE MAIO DE 1890Estabelece o registro e transmisso de imveis pelo Sistema Torrens.

SUMRIO

23

24

41

77

80

95

143

13

17

6 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

DECRETO N 79, DE 23 DE AGOSTO DE 1892Determina que todas as pessoas habilitadas para a vida civil podem passar procurao particular do prprio punho. (Exigncia do reconhecimento de firmas em documentos particulares).

DECRETO N 2.543-A, DE 5 DE JANEIRO DE 1912Estabelece medidas destinadas a facilitar e desenvolver a cultura da seringueira, do caucho, da manioba e da mangabeira e a colheita e beneficiamento da borracha extrada dessas rvores e autoriza o Poder Executivo no s a abrir os crditos precisos execuo de tais medidas, mas ainda a fazer as operaes de crdito que para isso forem necessrias.(Discriminao e reconhecimento das posses das terras do Territrio Federal do Acre).

DECRETO N 9.521, DE 17 DE ABRIL DE 1912Aprova o regulamento para a execuo das medidas e servios previstos na Lei n 2.543-A, de 5 de janeiro de 1912, concernente defesa econmica da borracha, excetuados os acordos com os Estados que a produzem, a discriminao e legalizao das posses de terras no Territrio do Acre e a reviso e consolidao dos regulamentos da marinha mercante de cabotagem.(Regulamenta o Decreto n 9.521/1912).

DECRETO N 10.105, DE 5 DE MARO DE 1913Aprova o novo regulamento de terras devolutas da Unio.

DECRETO N 10.320, DE 7 DE JULHO DE 1913Modifica os arts. 1 e 3 do regulamento aprovado pelo Decreto n 10.105, de 5 de maro de 1913.

DECRETO N 11.485, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1915Suspende o regulamento de terras devolutas da Unio, a que se referem os Decretos ns 10.105, de 5 de maro de 1913, e 10.320, de 7 de julho do mesmo ano.

DECRETO N 22.785, DE 31 DE MAIO DE 1933Veda o resgate dos aforamentos de terrenos pertencentes no domnio da Unio, e d outras providncias.

DECRETO N 24.643, DE 10 DE JULHO DE 1934Decreta o Cdigo de guas.

DECRETO N 4.857, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1939Dispe sobre a execuo dos servios concernentes aos registros pblicos estabelecidos pelo Cdigo Civil.(Ttulos I, V e IX).

157

158

163

189

211

212

213

215

248

7

DECRETO N 55.891, DE 31 DE MARO DE 1965Regulamenta o Captulo I do Ttulo I e a Seo III do Captulo IV do Ttulo II da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da Terra.(Princpios e Definies, Zoneamentos e Cadastros).

DECRETO N 56.792, DE 26 DE AGOSTO DE 1965Regulamenta o Captulo I do Ttulo III da Lei n 4.504, de 20 de novembro de 1964 Estatuto da Terra.(Tributao da Terra).

DECRETO N 57.020, DE 11 DE OUTUBRO DE 1965Dispe sobre a concesso de terra ao trabalhador rural da lavoura canavieira, e d outras providncias.

DECRETO N 58.197, DE 15 DE ABRIL DE 1966Regulamenta a criao e funcionamento das Cooperativas Integrais de Reforma Agrria - Cira, institudas pelo art. 79. (Seo V do Captulo III do Ttulo III da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da Terra).

DECRETO N 59.428, DE 27 DE OUTUBRO DE 1966Regulamenta os Captulos I e II do Ttulo II, o Captulo II do Ttulo III, e os arts. 81, 82, 83, 91, 109, 111, 114, 115 e 126 da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964; o art. 22 do Decreto-lei n 22.239, de 19 de dezembro de 1932; e os arts. 9, 10, 11, 12, 22 e 23 da Lei n 4.947, de 6 de abril de 1966. (Colonizao e outras formas de acesso propriedade. Desmembramento de Imveis Rurais. Remembramento de Minifndios)

DECRETO N 59.443, DE 1 DE NOVEMBRO DE 1966Regulamenta a emisso dos Ttulos da Dvida Agrria, autorizados pelo artigo 105 da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964.

DECRETO N 59.456, DE 4 DE NOVEMBRO DE 1966Aprova os Planos Nacional e Regionais de Reforma Agrria, e d outras providncias.

DECRETO N 59.566, DE 14 DE NOVEMBRO DE 1966Regulamenta as Sees I, II e III do Captulo IV do Ttulo III da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964 Estatuto da Terra, o Captulo III da Lei n 4.947, de 6 de abril de 1966, e d outras providncias. (Arrendamento e Parceria).

DECRETO N 59.900, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1966Regulamenta o Decreto-lei n 57, de 18 de novembro de 1966, e d

SUMRIO

272

292

317

319

326

352

359

373

393

8 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

outras providncias. (Lanamento e cobrana do Imposto Territorial Rural e Arrecadao da Dvida Ativa).

DECRETO N 61.435, DE 3 DE OUTUBRO DE 1967Regulamenta o disposto na Seo III do Captulo III, Ttulo III, artigos 84 a 86 da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964.

DECRETO N 62.504, DE 8 DE ABRIL DE 1968Regulamenta o art. 65 da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964; art. 11 e pargrafos do Decreto-lei n 57, de 18 de novembro de 1966, e d outras providncias.(Desmembramento de Imveis Rurais).

DECRETO N 63.058, DE 30 DE JULHO DE 1968Regulamenta o artigo 65 e seus pargrafos da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964, combinado com o artigo 11 do Decreto-lei n 57, de 18 de novembro de 1966. (Concesso de financiamentos a herdeiros e legatrios).

DECRETO N 68.153, DE 1 DE FEVEREIRO DE 1971Aprova o Regulamento Geral do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria - INCRA.

DECRETO N 68.524, DE 16 DE ABRIL DE 1971Dispe sobre a participao da iniciativa privada na implantao de projetos de colonizao nas zonas prioritrias para a Reforma Agrria, nas reas do Programa de Integrao Nacional e nas terras devolutas da Unio na Amaznia Legal.

DECRETO N 69.246, DE 21 DE SETEMBRO DE 1971Regulamento o Decreto-lei n 1.179, de 6 de julho de 1971.(Proterra).

DECRETO N 70.430, DE 17 DE ABRIL DE 1972Estabelece a assistncia s pessoas domiciliadas na rea dos planos de desenvolvimento agropecurio financiados por incentivos fiscais e, em rea pioneiras, por estabelecimentos oficiais de crdito.

DECRETO N 70.677, DE 6 DE JUNHO DE 1972Dispe sobre a execuo do Decreto-lei n 1.179, de 6 junho de 1971, que institui o Proterra.(Proterra/Funterra).

DECRETO N 71.615, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1972Regulamenta o Decreto-lei n1.164, de 1 de abril de 1971, alterado pelo Decreto-lei n 1.243, de 30 de outubro de 1972, e fixa as normas

398

399

402

404

433

435

436

437

439

9

para a implantao de projetos de colonizao, concesso de terras e estabelecimento ou explorao de indstrias de interesse da segurana nacional nas terras devolutas localizadas ao longo de rodovias, na Amaznia Legal.

DECRETO N 72.106, 18 DE ABRIL DE 1973Regulamenta a Lei n 5.868, de 12 de dezembro de 1972, que institui o Sistema Nacional de Cadastro Rural, e d outras providncias.

DECRETO N 74.965, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1974Regulamenta a Lei n 5.709, de 7 de outubro de 1971, que dispe sobre a aquisio de imvel rural por estrangeiro residente no Pas, ou pessoa jurdica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil.

DECRETO N 76.694, DE 28 DE NOVEMBRO DE 1975Dispe sobre a execuo do Decreto-lei n 1.414, de 18 de agosto de 1975, e d outras providncias.

DECRETO N 80.511, DE 7 DE OUTUBRO DE 1977Regulamenta a Lei n 6.431, de 11 de julho de 1977, que autoriza a doao de pores de terras devolutas a municpios includos na regio da Amaznia Legal, para os fins que especifica, e d outras providncias.

DECRETO N 82.935, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1978Dispe sobre o dimensionamento do mdulo rural para efeito de enquadramento sindical, e d outras providncias.

DECRETO N 83.785, DE 30 DE JULHO DE 1979Dispe sobre a adoo de medidas iniciais na execuo do Programa Nacional de Desburocratizao.

DECRETO N 83.936, DE 6 DE SETEMBRO DE 1979Simplifica exigncias de documentos, e d outras providncias.

DECRETO N 84.516, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1980Cria o Grupo Executivo para a Regio do Baixo Amazonas, e d outras providncias.

DECRETO N 84.685, DE 6 DE MAIO DE 1980Regulamento a Lei n 6.746, de 10 de dezembro de 1979, que trata do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, e d outras providncias.

DECRETO N 85.064, DE 26 DE AGOSTO DE 1980Regulamenta a Lei n 6.634, de 2 de maio de 1979, que dispe sobre a Faixa de Fronteira.

SUMRIO

441

455

461

464

467

468

470

473

475

483

10 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

DECRETO N 87.040, DE 17 DE MARO DE 1982Especifica reas indispensveis segurana nacional insuscetveis de usucapio especial, e d outras providncias.

DECRETO N 87.457, DE 16 DE AGOSTO DE 1982Institui o Programa Nacional de Poltica Fundiria, dispe sobre as atribuies do Ministro de Estado Extraordinrio para Assuntos Fundirios, e d outras providncias.

DECRETO N 87.620, DE 21 DE SETEMBRO DE 1982Dispe sobre o procedimento administrativo para o reconhecimento da aquisio, por usucapio especial, de imveis rurais compreendidos em terras devolutas.

DECRETO N 87.649, DE 24 DE SETEMBRO DE 1982Dispe sobre a vinculao do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria ao Ministro de Estado Extraordinrio para Assuntos Fundirios, e d outras providncias.

DECRETO N 87.700, DE 12 DE OUTUBRO DE 1982Regulamenta o Programa Nacional de Poltica Fundiria, define as atribuies do Ministro de Estado Extraordinrio para Assuntos Fundirios, e d outras providncias.

DECRETO N 88.060, DE 25 DE JANEIRO DE 1983Regulamenta o Decreto-lei n 1.963, de 14 de outubro de 1982, que dispe sobre recursos do Programa Nacional de Poltica Fundiria, sobre financiamento de projetos de construo de casa para o trabalhador rural, e d outras providncias.

DECRETO N 99.274, DE 6 DE JUNHO DE 1990Regulamenta a Lei n 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei n 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispem, respectivamente, sobre a criao de Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental e sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, e d outras providncias.

DECRETO N 433, DE 24 DE JANEIRO DE 1992Dispe sobre a aquisio de imveis rurais, para fins de reforma agrria, por meio de compra e venda.(TEXTO ORIGINAL)

DECRETO N 433, DE 24 DE JANEIRO DE 1992Dispe sobre a aquisio de imveis rurais, para fins de reforma agrria, por meio de compra e venda.(TEXTO CONSOLIDADO COM ALTERAES POSTERIORES)

494

495

497

499

500

504

507

521

527

11

DECRETO N 578, DE 24 DE JUNHO DE 1992D nova regulamentao ao lanamento dos Ttulos da Dvida Agrria.

DECRETO N 1.298, DE 27 DE OUTUBRO DE 1994Aprova o Regulamento das Florestas Nacionais e d outras providncias.

DECRETO N 2.250, DE 11 DE JUNHO DE 1997Dispe sobre a vistoria em imvel rural destinado reforma agrria e d outras providncias.

DECRETO N 2.614, DE 3 DE JUNHO DE 1998Altera a redao do Decreto n 433, de 24 de janeiro de 1992, que dispe sobre a aquisio de imveis rurais, para fins de reforma agrria, por meio de compra e venda.

DECRETO N 2.680, DE 17 DE JULHO DE 1998Altera a redao e acresce dispositivo ao Decreto n 433, de 24 de janeiro de 1992, que dispe sobre a aquisio de imveis rurais, para fins de reforma agrria, por meio de compra e venda.

DECRETO N 3.179, DE 21 DE SETEMBRO DE 1999Dispe sobre a especificao das sanes aplicveis s condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e d outras providncias.

DECRETO N 3.420, DE 20 DE ABRIL DE 2000Dispe sobre a criao do Programa Nacional de Florestas - PNF, e d outras providncias.

DECRETO N 3.725, DE 10 DE JANEIRO DE 2001Regulamenta a Lei n 9.636, de 15 de maio de 1998, que dispe sobre a regularizao, administrao, aforamento e alienao de bens imveis de domnio da Unio, e d outras providncias.

DECRETO N 3.942, DE 27 DE SETEMBRO DE 2001D nova redao aos arts. 4, 5, 6, 7, 10 e 11 do Decreto n 99.274, de 6 de junho de 1990.

DECRETO N 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002Regulamenta artigos da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza - SNUC, e d outras providncias.

DECRETO N 4.449, DE 30 DE OUTUBRO DE 2002Regulamenta a Lei n 10.267, de 28 de agosto de 2001, que altera dispositivos das Leis ns. 4.947, de 6 de abril de 1966; 5.868, de 12 de dezembro de 1972; 6.015, de 31 de dezembro de 1973; 6.739, de 5 de dezembro de 1979; e 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e d outras providncias.

SUMRIO

531

534

536

537

541

542

555

559

568

573

582

12 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

DECRETO N 4.886, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2003Institui a Poltica Nacional de Promoo da Igualdade Racial - PNPIR, e d outras providncias.

DECRETO N 4.887, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2003Regulamenta o procedimento para identificao, reconhecimento, delimitao, demarcao e titulao das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias.

DECRETO N 4.892, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2003Regulamenta a Lei Complementar n 93, de 4 de fevereiro de 1998, que criou o Fundo de Terras e da Reforma Agrria, e d outras providncias.

DECRETO N 5.051, DE 19 DE ABRIL DE 2004Promulga a Conveno n 169 da Organizao Internacional do Trabalho - OIT, sobre Povos Indgenas e Tribais.

587

593

599

609

13

APRESENTAO

A obra intitulada Coletnea de Legislao e Jurisprudncia Agrria e Correlata rene o principal da legislao agrria, incluindo jurisprudncias abrangendo smulas e acrdos da Justia Fede-ral, documentos histricos e normativos institucionais, e se constitui em relevante contribuio para pesquisadores, profissionais e pblico em geral interessado na questo agrria.

Sua elaborao, envolvendo a compilao e organizao de toda a legislao, resultou de um trabalho conjunto de vrias estruturas do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA) Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural (MDA), Assessoria Parlamentar e Consultoria Jurdica , alm da Procuradoria Federal Especializada do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (Incra).

O empenho e envolvimento direto do ex-Ministro Miguel Ros-setto foi fundamental para a concretizao da Coletnea, garantindo a interao entre as equipes de trabalho e a constituio de parceria com o Senado Federal para sua publicao.

A Coletnea apresenta um rico trabalho de sistematizao ins-pirado em estudos anteriores j publicados. Iniciativa similar data de 1978, quando o Incra, em parceria com o Senado Federal, publicou o Vade Mecum Agrrio, obra composta por sete volumes sobre nor-mas agrrias brasileiras abrangendo os perodos Colonial, Imprio e Repblica. Alguns anos depois, na dcada de 80, foi publicada, tam-bm por meio de parceria dessas instituies, a obra Coletnea: Legislao Agrria Legislao de Registros Pblicos Jurispru-dncia, elaborada pela Dra. Maria Jovita Wolney Valente, com cola-boraes de Luiz Pinto de Souza, Marlene A. E. Martins de Paula e Maria Alves Rodrigues, e Osmar Rodrigues.

Essa publicao foi a base a partir da qual o presente trabalho foi desenvolvido. Somaram-se ao contedo anterior as smulas dos

14 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

Tribunais Regionais Federais, do Superior Tribunal de Justia (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e jurisprudncias inovadoras, manten-do e acrescentando quela publicao algumas normas histricas e outras revogadas.

Faz-se necessrio expressar aqui meus cumprimentos a todos e todas que se envolveram neste grande trabalho, com persistncia e competncia. Registro, em particular, a dedicao do Dr. Joaquim Modesto, Dr. Valdez Farias e Moema Bonelli.

Esta nova coletnea dever constituir-se em referncia obriga-tria para os operadores e operadoras do Direito Agrrio. Contribuir, tambm, para que os diversos atores sociais interfiram, de maneira mais qualificada, tanto no processo de elaborao de novas normas jurdicas bem como de aplicao das j existentes. Ressalte-se ainda o enriquecimento de contedo que representar para acervos de bibliotecas, instituies de pesquisa e entidades pelas quais o pblico interessado ter acesso obra de tal importncia.

Guilherme CasselMinistro de Estado do Desenvolvimento Agrrio

15

w

COLETNEA DE LEGISLAO E

JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

16 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

17

NOTA EXPLICATIVA PRESENTE EDIO

Em idos da dcada de 1980, o Governo Federal, por iniciativa do ento Ministrio Extraordinrio para Assuntos Fundirios, preten-dendo criar utilidade aos que vivenciavam problemas agrrios de conotao jurdica, a quem coubesse dirimir dissdios tais, e aos es-tudiosos do Direito Agrrio em geral, deliberou editar uma coletnea de legislao agrria, registral e jurisprudncias correlatas.

Cabendo a tarefa de elaborao Dra. Maria Jovita Wolney Valente, com colaboraes dos servidores Luiz Pinto de Souza, Mar-lene A. E. Martins de Paula e Maria Alves Rodrigues, auxiliados por Osmar Rodrigues, surgiu obra referencial, tanto para os nefitos no tema, quanto para os iniciados, porquanto reuniu mritos de contem-plar diplomas legislativos antigos e novos, aliando concomitantemen-te o acesso ao conhecimento da norma positivada e interpretao jurisprudencial ento correntia a respeito.

Durante os anos que se seguiram, e mesmo atualmente, refe-rida obra tem exemplarmente servido de inestimvel fonte de subs-dios a operadores jurdicos engajados na aplicao do Direito Agrrio. Contudo, distanciando-se no tempo o admirvel esforo de reunio desses subsdios, a coletnea veio sendo colhida pelo processo ine-xorvel da desatualizao, porquanto o Direito decorrncia do processo social, cuja dinmica evidencia-se particularmente intensa nos contextos agrrios.

Da a j antiga necessidade de submeter a obra a um esforo de atualizao, a molde no s de mant-la na condio de referencial de excelncia, posio que decerto jamais deixar de ocupar, como ainda, enaltecendo-a, propiciar que sua reedio reverencie ainda que com certo atraso os 40 anos do Estatuto da Terra (Lei n 4.504/64), trazido a lume aos 30 de novembro de 1964.

18 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

Portanto, esta edio da coletnea no pretende ser seno aquela mesma obra dos idos de 1980, contendo todas as normas em origem ali reunidas, todas as chamadas de rodap, indicaes de textos revogados ou alterados (e da legislao revogadora ou altera-dora), e as mesmas correlaes entre dispositivos legais, aos quais ho de continuar aplicando-se as mesmssimas observaes e ressal-vas contidas na nota explicativa edio original, dela apenas tendo sido suprimidos alguns arestos de jurisprudncia, porquanto supera-dos por subseqentes entendimentos dos Tribunais.

Contudo, esta nova edio da coletnea vem atualizada com parte do amplo acervo legislativo produzido desde a edio de sua predecessora, reunindo, a par das normas e jurisprudncias agrrias e correlatas, tambm smulas dos Tribunais Regionais Federais, do Superior Tribunal de Justia e do Supremo Tribunal Federal, resolues do Conama e jurisprudncias inovadoras, escolhidas por pertinncia temtica com assuntos jusagraristas ou conexos.

Manteve-se e se acresceu obra algumas normas histricas e outras revogadas. Objetiva-se, agora, como antes, possibilitar ao con-sulente acesso a conhecimento indispensvel resoluo de questes engendradas durante a vigncia das referidas normas, situao mui-to corriqueira no Direito Agrrio.

Aos atualizadores da obra no faltou a percepo da importn-cia do histrico da formao territorial do Brasil, desde as bulas papais precedentes ao Tratado de Tordesilhas, at os principais tratados de divisas, imbricando paralelismos com a cronologia do regime sesma-rial importado de Portugal, passando pela Lei de Terras do Imprio, at culminar no art. 64 da Constituio Republicana de 1891, fonte primaz da atual dualidade de jurisdio sobre as terras devolutas.

Por esse motivo, embora se haja optado por no incorporar obra os textos dos tratados de divisas, houve a preocupao de incor-porar coletnea alguns dos diplomas referidos ao regime sesmarial brasileiro, com foco nos limites quantitativos de rea e nos procedi-mentos a que se subordinava essa via de acesso propriedade pri-vada, dado a respeito ainda eclodirem vez ou outra discusses ferrenhas nos Tribunais.

19

Alguns dos novos diplomas agregados coletnea e.g. a Lei n 5.709/71, o Decreto n 433/92, a Lei n 8.629/93, a Lei Comple-mentar n 76/93 - vm acompanhados de tabelas, nelas ora se com-parando os respectivos textos com seus decretos regulamentadores, ora os comparando com leis correlatas, anotando-se ali tudo o que o alcance cognitivo dos atualizadores verificou ser pertinente para uma rpida inteleco das implicncias endgenas e exgenas dos coman-dos normativos que instrumentalizam.

Tambm na linha do que foi exposto, a nova coletnea agrega tabela comparativa entre a Lei Imperial de Terras do Imprio (Lei n 601, de 18 de setembro de 1850) e seu respectivo decreto regulamen-tador (Decreto n 1.318, de 30 de janeiro de 1854), porm com foco apenas no que atualmente pareceu aos atualizadores avultar como primordial para compreenso de institutos de direito agrrio e para formao de juzos sobre legitimidade de direitos invocados luz daquela legislao.

Em outros casos, alm da incluso das tabelas, a orientao dos atualizadores veio permeada da preocupao de consolidar tex-tos legislativos significativamente alterados por inovaes normativas recentes, do que so exemplos o texto anotado da Lei n 4.771/65 (Cdigo Florestal Brasileiro), o da prpria Lei n 8.629/93, e o da Lei Complementar n 76/93.

Outrossim, a par do que a respeito dispem artigos especficos do Estatuto da Terra e da Lei n 8.629/93, a nova edio da coletnea rene o que de mais basilar existe para a compreenso do regime dos ttulos da dvida agrria, colmatando uma lacuna renitente nas obras do gnero.

Alm disso, a equipe de atualizao considerou pertinente acrescer vrias normas correlatas, com nfase para as de natureza ambiental. Tal se pensa ser necessrio, pois a conservao dos recur-sos naturais renovveis um dos elementos bsicos do Direito Agr-rio positivo brasileiro, e to importante que faz parte das premissas que o legislador constitucional e infraconstitucional estatuiu para que a terra cumpra sua funo social1.

1. SODERO, Fernando. Curso de Direito Agrrio. Pg. 36.

NOTA EXPLICATIVA PRESENTE EDIO

20 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

De modo geral, a atual reedio da coletnea vem dividida em duas partes, estando sistematizada da seguinte forma:

Parte I Contm normas agrrias e correlatas, criterizadas mediante separao por espcie normativa, dispostas em cada grupo em ordem cronolgica.

Parte II Contm, alm das Smulas, jurisprudncias do Su-premo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justia, do extinto Tribunal Federal de Recursos e de alguns Tribunais Regionais Federais (a maioria em ementas, porm algumas na ntegra), em regra rela-cionadas com as normas coletadas, igualmente dispostas em cada grupo segundo a respectiva ordem cronolgica.

A presente publicao, portanto, pretende continuar sendo, modestamente, fonte de consulta de todos os profissionais que mili-tam no Direito Agrrio, no seu mister de buscar a efetivao das normas constitucionais e legais a ele afetas, em especial os membros da advocacia pblica federal.

No , contudo, como alertado na nota explicativa edio pio-neira, obra que esgote todas as referncias sobre o tema. Mas justa-mente porque resulta ser apenas a continuao de um trabalho pionei-ro, deve por justia ser consignado que todos os mritos e crditos desta coletnea sejam atribudos, antes, como agora, equipe pionei-ra referida anteriormente, imputando-se equipe atualizadora todos os eventuais lapsos, imperfeies e desacertos, pelos quais nos peni-tenciamos antecipadamente perante o pblico a que se destina.

Valdez FariasProcurador FederalProcurador-chefe da

PFE/Incra

Joaquim ModestoAdvogado da Unio

Coordenador-geral daCGAPJP/Conjur/MDA

DECRETOS

23DECRETOS

DECRETO DE 25 DE NOVEMBRO DE 1808

Permite a concesso de sesmarias aos es-trangeiros residentes no Brasil.

Sendo conveniente ao meu real servio e ao bem pblico, aumentar a lavoura e a populao, que se acha muito diminuta neste Estado; e por outros motivos que me foram presentes: hei por bem que aos estrangeiros residentes no Brasil se possam conceder datas de terras por sesmarias pela mesma forma, com que segundo as minhas reais ordens se concedem aos meus vassalos, sem embargo de quaisquer leis ou disposies em contrrio. A mesa do Desembar-go do Pao o tenha assim entendido e o faa executar. Palcio do Rio de Janei-ro em 25 de novembro de 1808.

Com a rubrica do Prncipe Regente Nosso Senhor.

24 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

DECRETO N 1.318, DE 30 DE JANEIRO DE 1854

Manda executar a Lei n 601, de 18 de setem-bro de 1850.(Terras Devolutas do Imprio)

Em virtude das autorizaes concedidas pela Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, hei por bem que, para execuo da mesma Lei, se observe o Regulamen-to que com este baixa, assinado por Luiz Pedreira do Coutto Ferraz, do meu Conselho, Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios do Imprio, que assim o tenha entendido, e faa executar. Palcio do Rio de Janeiro em trinta de janei-ro de mil oitocentos e cinqenta e quatro, trigsimo terceiro da Independncia e do Imprio. Com a Rubrica de Sua Majestade o Imperador.

Luiz Pedreira do Couto Ferras

REGULAMENTO PARA EXECUO DA LEI N 601, DE 18 DE SETEMBRO DE 1850, A QUE SE REFERE O DECRETO DESTA DATA.

CAPTULO IDa Repartio Geral das Terras Pblicas

Art. 1 A Repartio Geral das Terras Pblicas, criada pela Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, fica subordinada ao Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios do Imprio, e constar de um Diretor-Geral das Terras Pblicas, Che-fe da Repartio, e de um Fiscal.

A Secretaria se compor de um Oficial Maior, dois Oficiais, quatro Amanuen-ses, um Porteiro, e um Contnuo.

Um Oficial e um Amanuense sero hbeis em desenho topogrfico, podendo ser tirados dentre os Oficiais do Corpo de Engenheiros, ou do Estado Maior de 1 Classe.

Art. 2 Todos estes Empregados sero nomeados por Decreto Imperial, exceto os Amanuenses, Porteiro, e Contnuo, que sero por Portaria do Ministro e Secre-trio de Estado dos Negcios do Imprio; e tero os vencimentos seguintes:

Diretor Geral, quatro contos de ris 4.000$000Fiscal, dois contos e quatrocentos mil ris 2.400$000Oficial Maior, trs contos e duzentos mil ris 3.200$000 Oficiais (cada um), dois contos e quatrocentos mil ris 2.400$000Amanuenses (cada um), um conto e duzentos mil ris 1.200$000Porteiro, um conto de ris 1.000$000Contnuo, seiscentos mil ris 600$000

25DECRETOS

Art. 3 Compete Repartio Geral de Terras Pblicas: 1 Dirigir a medio, diviso e descrio das terras devolutas, e prover sobre

a sua conservao. 2 Organizar um Regulamento especial para as medies, no qual indique o

modo prtico de proceder a elas, e quais as informaes que devem conter os memorais de que trata o art. 16 deste Regulamento.

3 Propor ao Governo as terras devolutas, que devero ser reservadas: 1, para colonizao dos indgenas; 2, para a fundao de Povoaes, abertura de estradas, e quaisquer outras servides, e assento de Estabelecimentos Pblicos.

4 Fornecer ao Ministro da Marinha todas as informaes, que tiver acerca das terras devolutas, que em razo de sua situao, e abundncia de madei-ras prprias para a construo naval, convenha reservar para o dito fim.

5 Propor a poro de terras medidas, que anualmente devero ser vendidas. 6 Fiscalizar a distribuio das terras devolutas, e a regularidade das opera-

es da venda. 7 Promover a colonizao nacional e estrangeira. 8 Promover o registro das terras possudas. 9 Propor ao Governo a frmula, que devem ter os ttulos de revalidao e

de legitimao de terras. 10. Organizar e submeter aprovao do Governo o Regulamento, que deve

reger a sua Secretaria e as de seus Delegados nas Provncias. 11. Propor finalmente todas as medidas, que a experincia for demonstrando

convenientes para o bom desempenho de suas atribuies e melhor execuo da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, e deste Regulamento.

Art. 4 Todas as ordens da Repartio Geral das Terras Pblicas relativas a medio, diviso e descrio das terras devolutas nas Provncias; a sua con-servao, venda e distribuio; a colonizao nacional e estrangeira sero assinadas pelo Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios do Imprio e dirigidas aos Presidentes das Provncias. As informaes, porm, que forem necessrias para o regular andamento do servio a cargo da mesma Repar-tio, podero ser exigidas pelo Diretor-Geral de seus Delegados, ou requisi-tadas das Autoridades, incumbidas por este Regulamento do registro das terras possudas, da medio, diviso, conservao, fiscalizao e venda das terras devolutas e da legitimao, ou revalidao das que esto sujeitas a estas formalidades.

Art. 5 Compete ao Fiscal: 1 Dar parecer por escrito sobre todas as questes de terras, de que trata a

Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, e em que estiverem envolvidos di-reitos e interesses do Estado e tiver de intervir a Repartio Geral das Terras Pblicas, em virtude deste Regulamento, ou por ordem do Governo.

2 Informar sobre os recursos interpostos das decises dos Presidentes das Provncias para o Governo Imperial.

26 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

3 Participar ao Diretor-Geral as faltas cometidas por quaisquer Autoridades, ou Empregados, que por este Regulamento tm de exercer funes concer-nentes ao registro das terras possudas, a conservao, venda, medio, demarcao, e fiscalizao das terras devolutas, ou que esto sujeitas reva-lidao, e legitimao pelos arts. 4 e 5, da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

4 Dar ao Diretor-Geral todos os esclarecimentos e informaes, que forem exigidos para o bom andamento do servio.

Art. 6 Haver nas Provncias uma Repartio Especial das Terras Pblicas nelas existentes. Esta Repartio ser subordinada aos Presidentes das Pro-vncias e dirigida por um Delegado do Diretor-Geral das Terras Pblicas; ter um Fiscal, que ser o mesmo da Tesouraria; os Oficiais e Amanuenses, que forem necessrios, segundo a afluncia do trabalho e um Porteiro servindo de Arquivista.

O Delegado e os Oficiais sero nomeados por Decreto Imperial; os Amanuen-ses e o Porteiro por Portaria do Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios do Imprio. Estes empregados percebero os vencimentos, que forem marca-dos por Decreto, segundo a importncia dos respectivos trabalhos.

Art. 7 O fiscal da Repartio Especial das Terras Pblicas deve: 1 Dar parecer por escrito sobre todas as questes de terras, de que trata a

Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, e em que estiverem envolvidos in-teresses do Estado e tiver de intervir a Repartio Especial das Terras Pbli-cas, em virtude da Lei, Regulamento e ordem do Presidente da Provncia.

2 Participar ao Delegado do Chefe da Repartio Geral, a fim de as fazer subir ao conhecimento do Presidente da Provncia e ao do mesmo Chefe, as faltas cometidas por quaisquer Autoridades, ou Empregados da respectiva Provncia, que por este Regulamento tm de exercer funes concernentes ao registro das terras possudas, a conservao, venda, medio, demarca-o e fiscalizao das terras devolutas, ou que esto sujeitas revalidao e legitimao pelos arts. 4 e 5 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

3 Prestar ao Delegado do Chefe da Repartio Geral todos os esclareci-mentos e informaes, que forem por ele exigidos para o bom andamento do servio.

Art. 8 O Governo fixar os emolumentos, que as partes tm de pagar pelas certides, cpias de mapas e quaisquer outros documentos passados nas Se-cretarias das Reparties Geral e Especiais das Terras Pblicas. Os ttulos, po-rm, das terras, distribudas em virtude da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, somente pagaro o imposto fixado no art. 11 da mesma Lei.

Os emolumentos e imposto sero arrecadados como renda do Estado.

Art. 9 O Diretor-Geral das Terras Pblicas, nos impedimentos temporrios, ser substitudo pelo Oficial Maior da Repartio; e os Delegados por um dos Oficiais da respectiva Secretaria, designado pelo Presidente da Provncia.

27DECRETOS

CAPTULO IIDa Medio da Terras Pblicas

Art. 10. As Provncias, onde houver terras devolutas, sero divididas em tantos distritos de medio, quantos convier, compreendendo cada distrito parte de uma Comarca, uma ou mais Comarcas e ainda a Provncia inteira, segundo a quantidade de terras devolutas a existentes e a urgncia de sua medio.

Art. 11. Em cada distrito haver um Inspetor-Geral das medies, ao qual sero subordinados tantos Escreventes, Desenhadores e Agrimensores, quantos convier. O Inspetor-Geral ser nomeado pelo Governo, sob proposta do Diretor-Geral. Os Escreventes, Desenhadores e Agrimensores sero nomeados pelo Inspetor-Geral, com aprovao do Presidente da Provncia.

Art. 12. As medies sero feitas por territrios, que regularmente formaro quadrados de seis mil braas de lado, subdivididos em lotes, ou quadrados de quinhentos braas de lado, conforme a regra indicada no art. 14 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, e segundo o modo prtico prescrito no Regulamen-to Especial, que for organizado pela Repartio Geral das Terras Pblicas.

Art. 13. Os Agrimensores trabalharo regularmente por contrato, que faro com o Inspetor de cada distrito e no qual se fixar o seu vencimento por braa de medio, compreendidas todas as despesas com picadores, homens de corda, demarcao, etc., etc.

O preo mximo de cada braa de medio ser estabelecido no Regulamento Especial.

Art. 14. O Inspetor o responsvel pela exatido das medies; o trabalho dos Agrimensores lhes ser portanto submetido; e sendo por ele aprovado, proce-der a formao dos mapas de cada um dos territrios medidos.

Art. 15. Destes mapas far extrair trs cpias, uma para a Repartio Geral das Terras Pblicas, outra para o Delegado da Provncia respectiva e outra que deve permanecer em seu poder: formando afinal um mapa geral do seu distrito.

Art. 16. Estes mapas sero acompanhados de memoriais, contendo as notas descritivas do terreno medido e todas as outras indicaes, que devero ser feitas em conformidade do Regulamento Especial das Medies.

Art. 17. A medio comear pelas terras que se reputarem devolutas e que no estiverem encravadas por posses, anunciando-se por editais e pelos jor-nais, se os houver no distrito, a medio que se vai fazer.

Art. 18. O Governo poder, contudo, se julgar conveniente, mandar proceder medio das terras devolutas contguas, tanto as terras que se acharem no dom-nio particular, como as posses sujeitas legitimao, e sesmarias, e concesses do Governo sujeitas revalidao, respeitando os limites de umas e outras.

Art. 19. Neste caso, se os proprietrios, ou posseiros vizinhos se sentirem pre-judicados, apresentaro ao Agrimensor petio em que exporo o prejuzo que

28 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

sofrerem. No obstante continuar a medio; e ultimada ela, organizados pelo Inspetor o memorial e mapa respectivos ser tudo remetido ao Juiz Municipal, se o peticionrio prejudicado for possuidor, ou sesmeiro no sujeito legitima-o, ou revalidao e ao Juiz Comissrio criado pelo art. 30 deste Regulamento, se o dito peticionrio for possuidor ou sesmeiro sujeito revalidao, ou legiti-mao. Tanto o Juiz Municipal como o Comissrio daro vista aos opoentes por cinco dias para deduzirem seus embargos, que sero decididos, os deduzidos perante o Juiz Comissrio nos termos e com o recurso do art. 47; e os deduzidos perante o Juiz Municipal na forma das Leis existentes e com recurso para as Autoridades judicirias competentes.

Art. 20. As posses estabelecidas depois da publicao do presente Regulamen-to no devem ser respeitadas. Quando os Inspetores e Agrimensores encon-trem semelhantes posses, o participaro aos Juzes Municipais para providen-ciarem na conformidade do art. 2 da Lei supracitada.

Art. 21. Os Inspetores no tero ordenado fixo, mas sim gratificaes pelas medies que fizerem, as quais sero estabelecidas sob proposta do Diretor-Geral das Terras Pblicas, com ateno s dificuldades, que oferecerem as terras a medir.

CAPTULO IIIDa Revalidao e Legitimao das Terras e Modo Prtico de Extremar

o Domnio Pblico do Particular

Art. 22. Todo possuidor de terras, que tiver ttulo legtimo da aquisio do seu domnio, quer as terras que fizerem parte dele, tenham sido originariamente adquiridas por posses de seus antecessores, quer por concesses de sesmarias no medidas, ou no confirmadas, nem cultivadas, se acha garantido em seu domnio, qualquer que for a sua extenso, por virtude do disposto no 2 do art. 3 da Lei 601, de 18 de setembro de 1850, que exclui do domnio pblico e considera como no devolutas todas as terras, que se acharem no domnio particular por qualquer ttulo legtimo.

Art. 23. Estes possuidores, bem como os que tiverem terras havidas por ses-marias, e outras concesses do Governo Geral, ou Provincial, no incursas em comisso por falta de cumprimento das condies de medio, confirmao, e cultura, no tm preciso de revalidao, nem de legitimao, nem de novos ttulos para poderem gozar, hipotecar, ou alienar os terrenos, que se acham no seu domnio.

Art. 24. Esto sujeitas legitimao: 1 As posses que se acharem em poder do primeiro ocupante, no tendo

outro ttulo seno a sua ocupao. 2 As que, posto se achem em poder de segundo ocupante, no tiverem sido

por este adquiridas por ttulo legtimo.

29DECRETOS

3 As que, achando-se em poder do primeiro ocupante at a data da publi-cao do presente Regulamento, tiverem sido alienadas contra a proibio do art. 11 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

Art. 25. So ttulos legtimos todos aqueles que segundo o direito so aptos para transferir o domnio.

Art. 26. Os escritos particulares de compra e venda, ou doao, nos casos em que por direito so aptos para transferir o domnio de bens de raiz, se conside-ram legtimos, se o pagamento do respectivo imposto tiver sido verificado antes da publicao deste Regulamento: no caso porm de que o pagamento se tenha realizado depois dessa data, no dispensaro a legitimao, se as terras transferidas houverem sido adquiridas por posse, e o que as transferir tiver sido o seu primeiro ocupante.

Art. 27. Esto sujeitas revalidao as sesmarias, ou outras concesses do Governo Geral, ou Provincial que, estando ainda no domnio dos primeiros sesmeiros, ou concessionrios, se acharem cultivadas, ou com princpio de cultura, e morada habitual do respectivo sesmeiro, ou concessionrio, ou de quem o represente, e que no tiverem sido medidas, e demarcadas.

Excetuam-se porm aquelas sesmarias, ou outras concesses do Governo Ge-ral, ou Provincial, que tiverem sido dispensadas das condies acima exigidas por ato do poder competente; e bem assim as terras concedidas Companhia para estabelecimento de Colnias, e que forem medidas e demarcadas dentro dos prazos da concesso.

Art. 28. Logo que for publicado o presente Regulamento os Presidentes das Provncias exigiro dos Juzes de Direito, dos Juzes Municipais, Delegados, Subdelegados, e Juzes de Paz informao circunstanciada sobre a existncia, ou no-existncia em suas Comarcas, Termos e Distritos de posse sujeitas legitimao, e de sesmarias, ou outras concesses do Governo Geral, ou Pro-vincial, sujeitas revalidao na forma dos arts. 24, 25, 26 e 27.

Art. 29. Se as Autoridades, a quem incumbe dar tais informaes, deixarem de o fazer nos prazos marcados pelos Presidentes da Provncias, sero punidas pelos mesmos Presidentes com a multa de cinqenta mil ris, e com o dobro nas reincidncias.

Art. 30. Obtidas as necessrias informaes, os Presidentes das Provncias nomearo para cada um dos Municpios, em que existirem sesmarias, ou ou-tras concesses de Governo Geral, ou provincial, sujeitos revalidao, ou posses sujeitas legitimao, um Juiz Comissrio de medies.

Art. 31. Os nomeados para este emprego, que no tiverem legtima escusa, a juzo do Presidente da Provncia, sero obrigados a aceit-lo, e podero ser compelidos a isso por multas at a quantia de cem mil ris.

Art. 32. Feita a nomeao dos Juzes Comissrios das medies, o Presidente da Provncia marcar o prazo em que devero ser medidas as terras adquiridas

30 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

por posses sujeitas legitimao, ou por sesmarias, ou outras concesses, que estejam por medir, e sujeitas revalidao, marcando maior ou menor prazo, segundo as circunstncias do Municpio, e o maior ou menor nmero de pos-ses, e sesmarias sujeitas legitimao, e revalidao, que a existirem.

Art. 33. Os prazos marcados podero ser prorrogados pelos mesmos Presiden-tes, se assim o julgarem conveniente; e neste caso a prorrogao aproveita a todos os possuidores do Municpio para o qual for concedida.

Art. 34. Os Juizes Comissrios das medies so os competentes:1) Para proceder medio, e demarcao das sesmarias, ou concesses do Governo Geral, ou Provincial, sujeitas revalidao, e das posses sujeitas legitimao;2) Para nomear os seus respectivos Escrives, e os Agrimensores, que com eles devem proceder s medies, e demarcaes.

Art. 35. Os Agrimensores sero pessoas habilitadas por qualquer escola nacio-nal, ou estrangeira, reconhecida pelos respectivos Governos, e em que se en-sine topografia. Na falta de ttulo competente sero habilitados por exame feito por dois Oficiais do Corpo de Engenheiros, ou por duas pessoas, que te-nham o curso completo da Escola Militar, sendo os Examinadores nomeados pelos Presidentes das Provncias.

Art. 36. Os Juzes Comissrios no procedero medio alguma sem prece-der requerimento de parte: o requerimento dever designar o lugar, em que sita a posse, sesmaria, ou concesso do Governo e os seus confrontantes.

Art. 37. Requerida a medio, o Juiz Comissrio, verificando a circunstncia da cultura efetiva, e morada habitual, de que trata o art. 6 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, e que no so simples roados, derribadas, ou quei-mas de matos e outros atos semelhantes, os que constituem a pretendida posse, marcar o dia, em que a deve comear, fazendo-o pblico com antece-dncia de oito dias, pelo menos, por editais, que sero afixados nos lugares de costume na freguesia, em que se acharem as possesses, ou sesmarias, que houverem de ser legitimadas, ou revalidadas; e fazendo citar os confrontantes por carta de editos.

Art. 38. No dia assinado para a medio, reunidos no lugar o Juiz Comissrio, Escrivo e Agrimensor, e os demais empregados na medio, deferir o Juiz juramento ao Escrivo, e Agrimensor, se j o no tiverem recebido; e far lavrar termo, do qual conste a fixao dos editais, e entrega das cartas de citao aos confrontantes.

Art. 39. Imediatamente declarar aberta a audincia, e ouvir a parte, e os confrontantes, decidindo administrativamente, e sem recurso imediato, os requerimentos tanto verbais, como escritos, que lhe forem apresentados.

Art. 40. Se a medio requerida for de sesmaria, ou outra concesso do Go-verno, far proceder a ela de conformidade com os rumos, e confrontaes designadas no ttulo de concesso; contanto que a sesmaria tenha cultura

31DECRETOS

efetiva, e morada habitual como determina o art. 6 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

Art. 41. Se dentro dos limites da sesmaria, ou concesso, encontrarem posses com cultura efetiva, e morada habitual, em circunstncias de serem legitima-das, examinaro se essas posses tm em seu favor alguma das excees cons-tantes da segunda parte do 2 do art. 5 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850; e verificada alguma das ditas excees, em favor das posses, devero elas ser medidas, a fim de que os respectivos posseiros obtenham a sua legiti-mao, medindo-se neste caso para o sesmeiro, ou concessionrio o terreno, que restar da sesmaria, ou concesso, se o sesmeiro no preferir o rateio, de que trata o 3 do art.5 da Lei.

Art. 42. Se porm as posses, que se acharem nas sesmarias, ou concesses, no tiverem em seu favor alguma das ditas excees, o Juiz Comissrio far proceder avaliao das benfeitorias, que nelas existirem; e entregue o seu valor ao posseiro, ou competentemente depositado, se este o no quiser rece-ber, as far despejar, procedendo medio de conformidade com o ttulo da sesmaria, ou concesso.

Art. 43. A avaliao das benfeitorias se far por dois rbitros nomeados, um pelo sesmeiro, ou concessionrio, e outro pelo posseiro; e se aqueles discordarem na avaliao, o Juiz Comissrio nomear um terceiro rbitro, cujo voto prevalecer, e em que poder concordar com um dos dois, ou indicar novo valor, contanto que no esteja fora dos limites dos preos arbitrados pelos outros dois.

Art. 44. Se a medio requerida for de posses no situadas dentro de sesma-rias, ou outras concesses, porm em terrenos, que se achassem devolutos, e tiverem sido adquiridos por ocupao primria, ou havidas sem ttulo legtimo do primeiro ocupante, devem ser legitimadas, estando cultivadas, ou com prin-cpio de cultura, e morada habitual do respectivo posseiro, ou de quem o repre-sente, o Juiz Comissrio far estimar por rbitros os limites da posse, ou seja, em terras de cultura, ou em campos de criao; e verificados esses limites, e calculada pelo Agrimensor a rea neles contida, far medir para o posseiro o terreno, que tiver sido cultivado, ou estiver ocupado por animais, sendo terras de criao, e outro tanto mais de terreno devoluto, que houver contguo; con-tanto que no prejudique a terceiro, e que em nenhum caso a extenso total da posse exceda a uma sesmaria para cultura, ou criao igual s ltimas con-cedidas na mesma Comarca, ou na mais vizinha.

Art. 45. Se a posse que se houver de medir for limitada por outras, cujos pos-seiros possam ser prejudicados com a estimao de terreno ocupado, cada um dos posseiros limtrofes nomear um rbitro, os quais, unidos ao nomeado pelo primeiro, cujo terreno se vai estimar, procedero em comum estimao dos limites de todas, para proceder-se ao clculo de suas reas, e ao rateio segundo a poro, que cada um posseiro tiver cultivado, ou aproveitado. Se os rbitros no concordarem entre si, o Juiz nomear um novo, cujo voto prevalecer, e

32 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

em que poder concordar com o de qualquer dos antecedentes rbitros, ou indicar novos limites; contanto que estes no compreendam, em cada posse, reas maiores ou menores do que as compreendidas nos limites estimados pelos anteriores rbitros.

Art. 46. Se porm a posse no for limitada por outras, que possam ser prejudi-cadas, a estimao do terreno aproveitado, ou ocupado por animais se far por dois rbitros, um nomeado pelo posseiro, e outro pelo Escrivo, que servir neste caso de Promotor do Juzo; e se discordarem estes, o Juiz nomear um terceiro rbitro, que poder concordar com um dos dois primeiros, ou fixar novos limites; contanto que sejam dentro do terreno includo entre os limites estimados pelos outros dois.

Art. 47. Nas medies, tanto de sesmarias, e outras concesses do Governo Geral e Provincial, sujeitas revalidao, como nas posses sujeitas legitima-o, as decises dos rbitros, aos quais sero submetidas pelo Juiz Comissrio todas as questes, e dvidas de fato, que se suscitarem, no sero sujeitas a recurso algum; as dos Juizes Comissrios porm, que versarem sobre o direito dos sesmeiros, ou posseiros, e seus confrontantes, esto sujeitas a recurso para o Presidente da Provncia, e deste para o Governo Imperial.

Art. 48. Estes recursos no suspendero a execuo: ultimada ela, e feita a demarcao, escritos nos autos todos os termos respectivos, os quais sero tambm assinados pelo Agrimensor, organizar este o mapa, que a deve escla-recer; e unidos aos autos todos os requerimentos escritos, que tiver havido, e todos os documentos apresentados pelas partes, o Juiz Comissrio a julgar por finda; far extrair um traslado dos autos para ficar em poder do Escrivo, e remeter os originais ao Presidente da Provncia, ainda quando no tenha ha-vido interposio de recurso.

Art. 49. Recebidos os autos pelo Presidente, e obtidos por ele todos os esclareci-mentos, que julgar necessrios, ouvir o parecer do Delegado Diretor Geral das Terras Pblicas, e este ao Fiscal respectivo, e dar a sua deciso, que ser publi-cada na Secretaria da Presidncia, e registrada no respectivo Livro da porta.

Art. 50. Se o Presidente entender que a medio foi irregular, ou que se no guardou s partes o seu direito, em conformidade da Lei n 601, de 18 de setem-bro de 1850, e do presente Regulamento, mandar proceder nova medio, dando as instrues necessrias, correo dos erros, que tiver havido; e se entender justo, poder condenar o Juiz Comissrio, o Escrivo e Agrimensor a perderem os emolumentos que tiverem percebido pela medio irregular.

Art. 51. Se o julgamento do Presidente aprovar a medio, sero os autos re-metidos ao Delegado do Diretor-Geral das Terras Pblicas para fazer passar em favor do posseiro, sesmeiro, ou concessionrio o respectivo ttulo de sua pos-sesso, sesmaria, ou concesso, depois de pagos na Tesouraria os direitos de Chancelaria, segundo a taxa do art. 11 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850. Os ttulos sero assinados pelo Presidente.

33DECRETOS

Art. 52. Das decises do Presidente da Provncia d-se recurso para o Governo Imperial. Este recurso ser interposto em requerimento apresentado ao Secre-trio da Presidncia, dentro de dez dias, contados da data da publicao da deciso na Secretaria; e sendo assim apresentado, suspender a execuo da deciso, enquanto pender o recurso, que ser remetido oficialmente por inter-mdio do Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios do Imprio.

Art. 53. Os concessionrios de sesmarias que, posto tenham sido medidas, esto sujeitos revalidao por falta do cumprimento da condio de confir-mao, a requerero aos Presidentes das Provncias, os quais mandaro expe-dir o competente ttulo pelo Delegado do Diretor-Geral das Terras Pblicas, se da medio houver sentena passada em julgado.

Art. 54. Os concessionrios de sesmarias que, posto tenham sido medidas, no tiverem sentena de medio passada em julgado devero fazer proceder me-dio nos termos dos arts. 36 e 40 para poderem obter o ttulo de revalidao.

Art. 55. Os Presidentes das Provncias, quando nomearem os Juzes Comissrios de medies, marcaro os salrios e emolumentos, que estes, seus Escrives e Agrimensores devero receber das partes pelas medies que fizerem.

Art. 56. Findo o prazo marcado pelo Presidente para medio das sesmarias, e concesses do Governo sujeitas revalidao, e das posses sujeitas legiti-mao, os Comissrios informaro os Presidentes do estado das medies, e do nmero das sesmarias, e posses, que se acharem por medir, declarando as causas, que houverem inibido a ultimao das medies.

Art. 57. Os Presidentes vista destas informaes deliberaro sobre a justia, e convenincia da concesso de novo prazo; e resolvendo a concesso, a co-municaro aos Comissrios para prosseguirem nas medies.

Art. 58. Findos os prazos, que tiverem sido concedidos, os Presidentes faro declarar pelos Comissrios aos possuidores de terras, que tiverem deixado de cumprir a obrigao de as fazer medir, que eles tm cado em comisso, e per-dido o direito a serem preenchidos das terras concedidas por seus ttulos, ou por favor da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, e desta circunstncia faro as convenientes participaes ao Delegado do Diretor-Geral das Terras Pblicas, e este ao referido Diretor, a fim de dar as providncias para a medio das terras devolutas, que ficarem existindo em virtude dos ditos comissos.

CAPTULO IVDa Medio das Terras que se Acharem no Domnio Particular por

Qualquer Ttulo Legtimo

Art. 59. As posses originariamente adquiridas por ocupao, que no esto su-jeitas legitimao por se acharem atualmente no domnio particular por ttulo legtimo, podem ser contudo legitimadas, se os proprietrios pretenderem obter ttulo de sua possesso, passado pela Repartio Geral das Terras Pblicas.

34 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

Art. 60. Os possuidores, que estiverem nas circunstncias do artigo anteceden-te, requerero aos Juzes Municipais medio das terras, que se acharem no seu domnio por ttulo legtimo: e estes vista do respectivo ttulo a determinaro, citados os confrontantes. No processo de tais medies guardar-se-o as Leis e Regulamentos existentes, e de conformidade com suas disposies se daro todos os recursos para as Autoridades judicirias existentes.

Art. 61. Obtida a sentena de medio, e passada em julgado, os proprietrios podero solicitar com ela dos Presidentes de Provncia o ttulo de suas posses-ses; e estes o mandaro passar pela maneira declarada no art. 51.

Art. 62. Os possuidores de sesmarias, que, posto no fossem medidas, no esto sujeitas revalidao por no se acharem j no domnio dos concessio-nrios, mas sim no de outrem com ttulo legtimo, podero igualmente obter novos ttulos de sua propriedade, feita a medio pelos Juzes Municipais nos termos dos artigos antecedentes.

Art. 63. Os Juzes de Direito, nas correies que fizerem, indagaro se os Juzes Municipais so ativos, e diligentes em proceder s medies, de que trata este Captulo, e que lhes forem requeridas; e achando-os em negligncia, lhes po-dero impor a multa de cem a duzentos mil ris. Esta multa, bem como a dos artigos antecedentes, sero cobradas executivamente como dvidas da Fazenda Pblica, e para este fim as Autoridades que as impuserem faro as necessrias participaes aos Inspetores das Tesourarias.

CAPTULO VDa Venda das Terras Pblicas

Art. 64. medida que se for verificando a medio, e demarcao dos territrios, em que devem ser divididas as terras devolutas, os Delegados do Diretor-Geral das Terras Pblicas remetero ao dito Diretor os mapas da medio, e demarca-o de cada um dos ditos territrios, acompanhados dos respectivos memoriais, e de informao de todas as circunstncias favorveis, ou desfavorveis ao terri-trio medido, e do valor de cada braa quadrada, com ateno aos preos fixados no 2 do art. 14 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

Art. 65. O Diretor-Geral, de posse dos mapas, memoriais, e informaes, pro-por ao Governo Imperial a venda das terras, que no forem reservadas para alguns dos fins declarados no art. 12 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850, tendo ateno demanda, que houver delas em cada uma das Provncias, e indicando o preo mnimo da braa quadrada, que deva ser fixado na confor-midade do disposto no 2 do art. 14 da citada Lei.

Art. 66. Ao Governo Imperial compete deliberar, como julgar conveniente, se as terras medidas e demarcadas devem ser vendidas; quando o devem ser; e se a venda se h de fazer em hasta pblica, ou fora dela; bem como o preo mnimo, pelo qual devam ser vendidas.

35DECRETOS

Art. 67. Resolvido pelo Governo Imperial que a venda se faa em hasta pblica, e estabelecido o preo mnimo, prescrever o mesmo Governo o lugar em que a hasta pblica se h de verificar; as Autoridades perante quem h de ser feita, e as formalidades que devem ser guardadas; contanto que se observe o dispos-to no 2 do art. 14 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

Art. 68. Terminada a hasta pblica, os lotes, que andarem nela, e no forem vendidos por falta de licitantes, podero ser posteriormente vendidos fora dela, quando apaream pretendentes. As ofertas para esse fim sero dirigidas ao Tribunal do Tesouro Nacional na Provncia do Rio de Janeiro, e aos Inspetores das Tesourarias nas outras Provncias do Imprio.

Art. 69. O Tribunal do Tesouro Nacional, recebidas as ofertas, convocar o Di-retor-Geral das Terras Pblicas, e com sua assistncia far a venda pelo preo que se ajustar, no sendo menor do que o mnimo fixado para cada braa quadrada, segundo sua qualidade e situao.

Art. 70. Se as ofertas forem feitas aos Inspetores das Tesourarias nas outras Provncias do Imprio, estes a submetero aos respectivos Presidentes para declararem se aprovam ou no a venda; e no caso afirmativo convocaro o Delegado do Diretor-Geral das Terras Pblicas, e com sua assistncia ultima-ro o ajuste, verificando-se a venda de cada um dos lotes nos termos do arti-go antecedente.

Art. 71. Quando o Governo Imperial julgue conveniente fazer vender fora da hasta pblica algum, ou alguns dos territrios medidos, a venda se verificar sempre perante o Tesouro Nacional nos termos do art. 69.

CAPTULO VIDas Terras Devolutas

Art. 72. Sero reservadas terras devolutas para colonizao, e aldeamento de indgenas nos distritos, onde existirem hordas selvagens.

Art. 73. Os Inspetores e Agrimensores, tendo notcia da existncia de tais hor-das nas terras devolutas, que tiverem de medir, procuraro instruir-se de seu gnio e ndole, do nmero provvel de almas, que elas contm, e da facilidade, ou dificuldade, que houver para o seu aldeamento; e de tudo informaro o Di-retor-Geral das Terras Pblicas, por intermdio dos Delegados, indicando o lu-gar mais azado para o estabelecimento do aldeamento, e os meios de o obter; bem como a extenso de terra para isso necessria.

Art. 74. vista de tais informaes, o Diretor-Geral propor ao Governo Impe-rial a reserva das terras necessrias para o aldeamento, e todas as providncias para que este as obtenha.

Art. 75. As terras reservadas para colonizao de indgenas, e por eles distri-budas, so destinadas ao seu usufruto; e no podero ser alienadas, enquan-

36 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

to o Governo Imperial, por ato especial, no lhes conceder o pleno gozo delas, por assim o permitir o seu estado de civilizao.

Art. 76. Os mesmos Inspetores e Agrimensores daro notcia, pelo mesmo intermdio, dos lugares apropriados para a fundao de Povoaes, abertura de estradas, e quaisquer outras servides, bem como para assunto de Estabe-lecimentos Pblicos; e o Diretor-Geral das Terras Pblicas propor ao Governo Imperial as reservas que julgar convenientes.

Art. 77. As terras reservadas para fundao das Povoaes sero divididas, conforme o Governo julgar conveniente, em lotes urbanos e rurais, ou somen-te nos primeiros. Estes no sero maiores de 10 braas de frente e 50 de fundo. Os rurais podero ter maior extenso, segundo as circunstncias o exigirem, no excedendo porm cada lote de 400 braas de frente sobre ou-tras tantas de fundo.

Depois de reservados os lotes que forem necessrios para aquartelamentos, fortificaes, cemitrios (fora do recinto das Povoaes), e quaisquer outros estabelecimentos e servides pblicas, ser o restante distribudo pelos povoa-dores a ttulo de aforamento perptuo, devendo o foro ser fixado sob proposta do Diretor-Geral das Terras Pblicas, e sendo sempre o laudmio, em caso de venda, a quarentena.

Art. 78. Os lotes, em que devem ser divididas as terras destinadas fundao de Povoaes, sero medidos com frente para as ruas, e praas, traadas com antecedncia, dando o Diretor-Geral das Terras Pblicas as providncias neces-srias para a regularidade, e formosura das Povoaes.

Art. 79. O foro estabelecido para as terras assim reservadas, e o laudmio pro-veniente das vendas delas sero aplicados ao calamento das ruas, e seu afor-moseamento, construo de chafarizes, e de outras obras de utilidade das Povoaes, incluindo a abertura e conservao de estradas dentro do distrito que lhes for marcado. Sero cobrados, administrados, e aplicados pela forma que prescrever o Governo quando mandar fundar a Povoao, e enquanto esta no for elevada categoria de Vila. Neste caso a Municipalidade prover sobre a cobrana e administrao do referido foro, no podendo dar-lhes outra apli-cao, que no seja a acima mencionada.

Art. 80. A requisio para a reserva de Terras Pblicas, destinadas construo naval, ser feita pelo Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios da Marinha, depois de obtidos os esclarecimentos, e informaes necessrias, seja da Re-partio Geral das Terras Pblicas, seja de Empregados da Marinha ou de particulares.

Art. 81. As terras reservadas para o dito fim ficaro sob a administrao da Marinha, por cuja Repartio se nomearo os Guardas, que devem vigiar na conservao de suas matas, e denunciar aos Juzes Conservadores do art. 87, aqueles que, sem legtima autorizao, cortarem madeiras, a fim de serem punidos com as penas do art. 2 da Lei n 601, de 18 de setembro de 1850.

37DECRETOS

CAPTULO VIIDas Terras Devolutas Situadas nos Limites do Imprio

com Pases Estrangeiros

Art. 82. Dentro da zona de dez lguas contguas aos limites do Imprio com Pases estrangeiros, e em terras devolutas, que o Governo pretender povoar, estabelecer-se-o Colnias Militares.

Art. 83. Para o estabelecimento de tais Colnias no necessrio que preceda medio; porm esta dever ser feita, logo que for estabelecida a Colnia, por Inspetores e Agrimensores Especiais, a quem sero dadas instrues particula-res para regular a extenso que devem ter os territrios que forem medidos dentro da zona de dez lguas, bem como a extenso dos quadrados, ou lotes, em que ho de ser subdivididos os territrios medidos.

Art. 84. Deliberado o estabelecimento das colnias Militares, o Governo mar-car o nmero de lotes, que ho de ser distribudos gratuitamente aos Colonos, e aos outros povoadores nacionais e estrangeiros; as condies dessa distribui-o, e as Autoridades, que ho de conferir os ttulos.

Art. 85. Os Empresrios que pretenderem fazer povoar quaisquer terras devo-lutas compreendidas na zona de dez lguas nos limites do Imprio com Pases estrangeiros, importando para elas, sua custa, colonos nacionais ou estrangei-ros, devero dirigir suas propostas ao Governo Imperial, por intermdio do Diretor-Geral das Terras Pblicas, sob as bases: 1, da concesso aos ditos Empresrios de dez lguas em quadro ou o seu equivalente para cada Colnia de mil e seiscentas almas, sendo as terras de cultura, e quatrocentas sendo campos prprios para criao de animais; 2, de um subsdio para ajuda da empresa, que ser regulado segundo as dificuldades que ela oferecer.

Art. 86. As terras assim concedidas devero ser medidas custa dos Empres-rios pelos Inspetores e Agrimensores, na forma que for designada no ato da concesso.

CAPTULO VIIIDa Conservao das Terras Devolutas e Alheias

Art. 87. Os Juzes Municipais so os Conservadores das terras devolutas. Os Delegados e Subdelegados exercero tambm as funes de Conservadores em seus distritos, e, como tais, devero proceder ex officio contra os que cometerem os delitos de que trata o artigo seguinte, e remeter, depois de preparados, os respectivos autos ao Juiz Municipal do Termo para o julgamen-to final.

Art. 88. Os Juzes Municipais, logo que receberem os autos mencionados no artigo antecedente, ou chegar ao seu conhecimento, por qualquer meio, que algum se tem apossado de terras devolutas, ou derribado seus matos, ou neles

38 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

lanado fogo, procedero imediatamente ex officio contra os delinqentes, processando-os pela forma por que se processam os que violam as Posturas Municipais, e impondo-lhes as penas do art. 2 da Lei n 601, de 18 de setem-bro de 1850.

Art. 89. O mesmo procedimento tero, a requerimento dos proprietrios, contra os que se apossarem de suas terras, e nelas derribarem matos, ou lanarem fogo; com tanto que os indivduos que praticarem tais atos no sejam herus confinantes. Neste caso somente compete ao heru prejudicado a ao civil.

Art. 90. Os Juzes de Direito, nas correies que fizerem, investigaro se os Juzes Municipais pem todo o cuidado em processar os que cometerem tais delitos; e os Delegados e Subdelegados em cumprir as obrigaes que lhes impe o art. 87; e faro efetiva a sua responsabilidade, impondo-lhes, no caso de simples negligncia, multa de cinqenta a duzentos mil ris, e, no caso de maior culpa, priso at trs meses.

CAPTULO IXDo Registro das Terras Possudas

Art. 91. Todos os possuidores de terras, qualquer que seja o ttulo de sua pro-priedade, ou possesso, so obrigados a fazer registrar as terras, que possu-rem, dentro dos prazos marcados pelo presente Regulamento, os quais se comearo a contar, na Corte e Provncia do Rio de Janeiro, da data fixada pelo Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios do Imprio e, nas Provncias, da fixada pelo respectivo Presidente.

Art. 92. Os prazos sero 1, 2, e 3: o 1 de dois anos, o 2 de um ano, e o 3 de seis meses.

Art. 93. As declaraes para o registro sero feitas pelos possuidores, que as escrevero, ou faro escrever por outrem em dois exemplares iguais, assinan-do-os ambos, ou fazendo-os assinar pelo indivduo, que os houver escrito, se os possuidores no souberem escrever.

Art. 94. As declaraes para o registro das terras possudas por menores, n-dios, ou quaisquer Corporaes, sero feitas por seus Pais, Tutores, Curadores, Diretores, ou encarregados da administrao de seus bens e terras. As declara-es de que trata este e o artigo antecedente no conferem algum direito aos possuidores.

Art. 95. Os que no fizerem as declaraes por escrito nos prazos estabelecidos sero multados pelos encarregados do registro na respectiva Freguesia: findo o primeiro prazo em vinte e cinco mil ris, findo o segundo em cinqenta, e findo o terceiro em cem mil ris.

Art. 96. As multas sero comunicadas aos Inspetores da Tesouraria, cobradas executivamente, como dvidas da Fazenda Nacional.

39DECRETOS

Art. 97. Os Vigrios de cada uma das Freguesias do Imprio so os encarrega-dos de receber as declaraes para o registro das terras, e os incumbidos de proceder a esse registro dentro de suas Freguesias, fazendo-o por si, ou por escreventes, que podero nomear, e ter sob sua responsabilidade.

Art. 98. Os vigrios, logo que for marcada a data do primeiro prazo, de que trata o art. 91, instruiro a seus fregueses da obrigao, em que esto, de faze-rem registrar as terras que possurem, declarando-lhes o prazo em que o de-vem fazer, as penas em que incorrem, e dando-lhes todas as explicaes que julgarem necessrias para o bom cumprimento da referida obrigao.

Art. 99. Estas instrues sero dadas nas Missas conventuais, publicadas por todos os meios que parecem necessrios para o conhecimento dos respectivos fregueses.

Art. 100. As declaraes das terras possudas devem conter: o nome do pos-suidor; designao da Freguesia em que esto situadas; o nome particular da situao, se o tiver; sua extenso, se for conhecida; e seus limites.

Art. 101. As pessoas, obrigadas ao registro, apresentaro ao respectivo Vigrio os dois exemplares de que trata o art. 93; e sendo conferidos por ele, achando-os iguais e em regra, far em ambos uma nota, que designe o dia de sua apre-sentao; e assinando as notas de ambos os exemplares, entregar um deles ao apresentante para lhe servir de prova de haver cumprido a obrigao do registro, guardando o outro para fazer esse registro.

Art. 102. Se os exemplares no contiverem as declaraes necessrias, os Vi-grios podero fazer aos apresentantes as observaes convenientes a instru-los do modo por que devem ser feitas essas declaraes, no caso de que lhes paream no satisfazer elas ao disposto no art. 100, ou de conterem erros notrios; se porm as partes insistirem no registro de suas declaraes pelo modo por que se acharem feitas, os Vigrios no podero recus-las.

Art. 103. Os Vigrios tero livros de registro por eles abertos, numerados, ru-bricados e encerrados. Nesses livros lanaro por si ou por seus escreventes, textualmente, as declaraes que lhes forem apresentadas, e por esse registro cobraro do declarante o emolumento correspondente ao nmero de letras que contiver um exemplar, a razo de dois reais por letra, e do que receberem faro notas em ambos os exemplares.

Art. 104. Os exemplares que ficarem em poder dos Vigrios sero por eles amassados, e numerados pela ordem que forem recebidos, notando em cada um a folha do livro em que foi registrado.

Art. 105. Os Vigrios, que extraviarem alguma das declaraes, no fizerem o registro, ou nele cometerem erros, que alterem, ou tornem ininteligveis os nomes, designao, extenso, e limites, de que trata o art. 100 deste Regulamento, sero obrigados a restituir os emolumentos que tiverem recebido pelos documentos, que se extraviarem de seu poder, ou forem mal registrados, e alm disto sofrero a multa de cinqenta a duzentos mil ris, sento tudo cobrado executivamente.

40 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

Art. 106. Os possuidores de terras que fizerem declaraes falsas sofrero a multa de cinqenta a duzentos mil ris; e conforme a gravidade da falta tam-bm poder lhes ser imposta a pena de um a trs meses de priso.

Art. 107. Findos os prazos estabelecidos para o registro, os exemplares emas-sados se conservaro no Arquivo das Parquias, e os livros de registro sero remetidos ao Delegado do Diretor-Geral das Terras Pblicas da Provncia res-pectiva, para em vista deles formar o registro geral das terras possudas na Provncia, do qual se enviar cpia ao supradito Diretor para a organizao do registro geral das terras possudas no Imprio.

Art. 108. Todas as pessoas que arrancarem marcos e estacas divisrias, ou des-trurem os sinais, nmeros e declaraes que se gravarem nos ditos marcos, ou estacas, e em rvores, pedras nativas, etc. sero punidas com a multa de duzen-tos mil ris, alm das penas a que estiverem sujeitas pelas leis em vigor.

Palcio do Rio de Janeiro, em 30 de Janeiro de 1854.

Luiz Pedreira do Coutto Ferraz

41DECRETOS

DECRETO N 3.453, DE 26 DE ABRIL DE 1865

Manda observar o Regulamento para execu-o da Lei n 1.237, de 24 de setembro de 1864, que reformou a legislao hipotecria.1

Usando da atribuio que me confere o art. 102, 2, da Constituio, e para execuo da Lei n 1.237, de 29 de setembro de 1864, que reformou a legis-lao hipotecria:

Hei por bem ordenar que se observe o regulamento que com este baixa, assi-nado por Francisco Jos Furtado, do Meu Conselho, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios da Justia, que assim o tenha entendido e faa executar.

Palcio do Rio de Janeiro, em vinte e seis de abril de mil oitocentos e sessenta e cinco, quadragsimo quarto da Independncia e do Imprio.

Com a Rubrica de Sua Majestade o Imperador.

Francisco Jos Furtado

REGULAMENTO HIPOTECRIO

TTULO IDo Registro Geral

CAPTULO IDa Instalao do Registro Geral

Art. 1 O registro geral, decretado na Lei n 1.237, de 24 de setembro de 1864, ser instalado em todas as comarcas do Imprio trs meses depois da data deste regulamento.1

Art. 2 Desde a instalao do registro geral, cessar o atual registro das hipo-tecas, e comearo os efeitos resultantes do registro dos ttulos, que pela lei so sujeitos a esta formalidade, para que possam valer contra os terceiros.

Art. 3 A instalao do registro geral ser precedida de editais do Juiz de Direi-to, e celebrada com assistncia dele, que mandar lavrar um auto da instalao especificando: 1 O ttulo com que serve o oficial do registro. 2 O nmero e qualidade dos livros do extinto registro das hipotecas, os quais

ficaro servindo somente para as averbaes relativas s hipotecas neles inscritas (art. 316).

42 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

3 O nmero e qualidade dos livros que devem servir no registro geral pela forma que este regulamento prescreve.

Art. 4 O auto da instalao ser escrito no livro Protocolo (art. 25), na pgina imediatamente seguinte do termo de abertura.Art. 5 Se por algum motivo imprevisto, no tempo marcado para instalao do registro no estiver designado o respectivo oficial, ou no estiverem prontos os livros, a instalao no ser adiada.O Juiz de Direito nomear interinamente para oficial do registro um dos Tabe-lies ou Escrives.O registro se far provisoriamente em tantos cadernos legalizados conforme o art. 15 quantos so os livros exigidos pelo art. 13.Logo que os livros chegarem, para eles ser transmitido o registro que se tiver feito nos cadernos, que ficaro inutilizados.Art. 6 Uma cpia do auto de instalao ser logo remetida ao Governo da Corte, e Presidentes nas Provncias.

CAPTULO IIDos Oficiais do Registro Geral

Art. 7 O registro geral fica encarregado, conforme o art. 7, 3, da Lei: 1 Aos Tabelies especiais que existem atualmente ou forem criados pelo

Governo nas capitais das Provncias, que ainda no os tm (Decreto n 482 de 1846, art. 1).

2 Ao Tabelio da cidade ou vila principal de cada comarca, que for designa-do pelos Presidentes das Provncias, precedendo informao do Juiz de Di-reito. (Decreto citado art. 1).

Art. 8 Os sobreditos Tabelies, para se distinguirem dos demais, tero a deno-minao de oficiais do registro geral.Art. 9 Estes oficiais so exclusivamente sujeitos aos Juzes de Direito.Art. 10. Os ofcios do registro geral so por sua natureza privativos, nicos e indivisveis.Art. 11. Todavia, os oficiais do registro geral podero ter os escreventes jura-mentados que forem necessrios para o respectivo servio.Art. 12. Estes escreventes juramentados que sero denominados suboficiais - fi-cam habilitados para escreverem todos os atos do registro geral, contanto que os ditos atos sejam subscritos pelo oficial, com exceo porm da escriturao e numerao de ordem do livro Protocolo que, exclusiva e pessoalmente, incumbem ao mesmo oficial.

CAPTULO IIIDos Livros do Registro Geral

Art. 13. Os livros que o registro geral deve ter so os seguintes:

43DECRETOS

N. 1. Protocolo, com 600 folhas.N. 2. Inscrio especial, com 600 ditas.N. 3. Inscrio geral, com 600 ditas.N. 4. Transcrio das transmisses, com 900 ditas.N. 5. Transcrio dos nus reais, com 600 ditas.N. 6. Transcrio do penhor de escravos, com 600 ditas.N. 7. Indicador real, com 600 ditas.N. 8. Indicador pessoal, com 600 ditas.

Art. 14. Alm dos livros referidos no artigo antecedente, haver dois livros auxiliares: um do livro n 2, e outro do livro n 4 (arts. 31 e 32).

Art. 15. Os referidos livros sero de grande formato; abertos, numerados, ru-bricados e encerrados pelo Juiz de Direito, ou pela pessoa a quem ele confiar este trabalho.

Art. 16. Estes livros sero isentos do selo excetuando porm o Protocolo.

Art. 17. Os mesmos livros sero em todas as comarcas do Imprio uniformes e regulados pelos modelos anexos a este regulamento.

Art 18. Outrossim, os livros referidos no art. 13 sero por uma vez somente for-necidos pelo Governo na Corte e Presidentes, nas Provncias, aos oficiais do re-gistro os quais indenizaro o seu custo repartio, pela qual forem distribudos.

Art. 19. Findos os livros fornecidos pelo Governo, sero eles substitudos por outros semelhantes; comprados e preparados pelos oficiais do registro, logo, que estiverem escritos dois teros das folhas dos mesmos livros.

Art. 20. Os livros do registro tero trs classes que se distinguiro pelo nmero de folhas que devem ter conforme se determina no artigo seguinte. 1 Os da 1 classe sero para a Corte e capitais das Provncias, onde houver

Tabelies especiais. 2 Os da 2 classe pertencem s comarcas de 2 e 3 entrncias. 3 Os da 3 classe serviro para as comarcas de entrncia.

Art. 21. Os livros da 1 classe tero o nmero das folhas designadas no art. 13, os da 2 classe, metade dessas folhas; e o da 3 classe, um tero delas.

Art. 22. Logo que cada livro se findar, o imediato conservar o mesmo nme-ro com a adio sucessiva das letras do alfabeto. Assim:

Livro n 1-A. Livro n 1-B.

Art. 23. Os nmeros de ordem de cada livro no sero interrompidos por ele se findar, mas continuados infinitamente nos livros seguintes.

Art. 24. A pgina imediata do termo de abertura assim como todas as seguin-tes sero cortadas na parte superior por trs linhas horizontais que formem dois espaos.

No primeiro espao, se escrever o ttulo do livro e o ano em que se faz o servio.

44 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

No segundo espao, se escrever a inscrio de cada uma das colunas forma-das por linhas perpendiculares, as quais variam em razo da forma especial de cada livro. Assim:

Art. 25. O livro n 1 Protocolo a chave do registro geral e servir para o apontamento de todos os ttulos apresentados diariamente para serem inscri-tos, transcritos, prenotados ou averbados. Este livro determinar a quantidade e qualidade dos ttulos apresentados, assim como a data da sua apresentao e o seu nmero de ordem (art. 46). Art. 26. O livro n 2 Inscrio especial destinado para a inscrio das hipotecas especiais ou especializadas e ser escriturado pela forma seguinte:Cada inscrio ter a largura do verso de uma folha, e mais a face da folha se-guinte.Este espao ser dividido em duas partes iguais, das quais uma, que ocupar toda a largura do verso da folha antecedente, ser riscada por linhas perpendi-culares necessrias para formar tantas colunas quantos so os requisitos da inscrio (art. 218) e a outra parte, que ocupar a face da folha seguinte, ficar em branco para nela se lanarem as averbaes.Onde findar a inscrio se traar uma linha horizontal que a divida da inscri-o seguinte.Art. 27. O livro n 3 Inscrio geral privativo para inscrio das hipotecas gerais dos menores, interditos e mulheres casadas.Este livro conter em cada pgina tantas inscries quantas couberem, dividi-das por uma linha horizontal.Cada inscrio ter tantas colunas formadas por linhas perpendiculares quantos so os requisitos da mesma inscrio (art. 213).Art. 28. O livro n 4 Transcrio das transmisses para a transcrio da transmisso dos imveis suscetveis de hipoteca (art. 8 da lei).Este livro ser escriturado pelo modo seguinte:Cada transcrio ter por espao todo o verso de uma folha e toda a face da folha seguinte.Este espao ser dividido em tantas colunas, formadas por linhas perpendicu-lares, quantos so requisitos da transcrio (art. 269).Art. 29. O livro n 5 Transcrio dos nus reais ser escriturado pela forma seguinte:Cada transcrio ter a mesma largura que para cada inscrio exige o art. 26, e onde findar a transcrio ser traada uma linha horizontal que a dividir da transcrio seguinte.

1865. Protocolo 1865. Protocolo

Nmero de ordem Nome do apresentante Averbaes Nmero de ordemNome do

apresentante Averbaes

45DECRETOS

O espao da transcrio ser dividido em tantas colunas formadas por linhas perpendiculares quantos so os requisitos determinados pelo art. 270.

Art. 30. O livro n 6 Transcrio do penhor dos escravos servir para trans-crio do penhor de escravos pertencentes s propriedades agrcolas celebra-das com a clusula Constitui (art. 6, 6 da lei).

Este livro ser escriturado como o livro n 5, sendo as colunas, em que se ele divide, correspondentes aos quesitos exigidos pelo art. 271.

Art. 31. O livro auxiliar do n 2 destinado para as hipotecas gerais ou privi-legiadas anteriores execuo da lei, especializadas e inscritas conforme este regulamento (arts. 321 e 326).

Este livro ser escriturado como o livro n 2.

Art. 32. O livro auxiliar do livro n 4 ser escriturado como so os livros de notas dos Tabelies, havendo porm entre as transcries um espao, formado por duas linhas horizontais para nele se escreverem o nmero de ordem da transcrio e a referncia ao nmero de ordem e pgina do livro n 4, de onde consta a mesma transcrio por extrato (art. 8 da lei).

Art. 33. O livro n 7 Indicador real o repertrio de todos os imveis que direta ou indiretamente figuram nos livros ns 2, 4, 5 e 6.

As folhas deste livro sero com igualdade repartidas pelas freguesias que se compreendem na comarca.

Cada indicao ter por espao um quarto da pgina do livro, e cada espao tantas colunas, formadas por linhas perpendiculares, quantos so os requisitos seguintes:

1) Nmero de Ordem;2) Denominao do imvel se for rural; a rua e o seu nmero se for ur-bano;3) O nome do proprietrio;4) Referncias aos nmeros de ordem e pginas dos livros 2, 4, 5 e 6; 5) Anotaes.

No primeiro espao, formado por linhas horizontais, de que trata o art. 24, em vez do ttulo do livro se escrever a freguesia. Assim:

1865 - Candelria 1865 - Candelria

Art. 34. O livro n 8 Indicador pessoal ser dividido alfabeticamente e nele e na letra respectiva ser escrito por extenso o nome de todas as pessoas que ativa ou passivamente, s ou coletivamente figuram nos livros do registro geral.

As pginas deste livro sero cortadas por linhas perpendiculares necessrias para os seguintes requisitos: 1 Nmero de ordem. 2 Nome das pessoas. 3 Domiclio.

46 COLETNEA DE LEGISLAO E JURISPRUDNCIA AGRRIA E CORRELATA

4 Profisso. 5 Referncias aos nmeros de ordem e pginas dos outros livros. 6 Anotaes.

O espao de cada indicao ser de um oitavo de cada pgina.

Art. 35. Se o mesmo imvel ou a mesma pessoa j estiverem no Indicador real ou pessoal somente se far, na coluna das referncias, uma referncia ao nmero de ordem e pgina do livro em que se fizer a nova inscrio ou transcrio.

Art. 36. Se na mesma inscrio ou transcrio figurar mais de uma pessoa ou ativa ou passivamente, o nome de cada uma ser lanado distintamente no Indicador pessoal com referncia recproca na coluna das anotaes.

Art. 37. As indicaes do Indicador real ou pessoal tero seu nmero de ordem especial, sendo o nmero de ordem dos imveis em relao freguesia em que so situados, e o nmero de ordem das pessoas em relao respec-tiva letra do alfabeto.

Art. 38. Esgotadas as folhas destinadas a uma freguesia no Indicador real ou a uma letra do alfabeto no Indicador pessoal o registro continuar no livro seguinte, averbando-se o transporte no livro antecedente.

Art. 39. No caso do artigo antecedente caber na distribuio das folhas do li-vro seguinte maior nmero freguesia ou letra do alfabeto, cujas folhas se ti-verem esgotado antes das distribudas s outras letras ou freguesias.

Art. 40. Os livros do registro, salvo o caso de fora maior, no sairo do escri-trio respectivo, por nenhum motivo ou pretexto.

Todas as diligncias judiciais ou extrajudiciais que exijam a apresentao de qualquer livro tero lugar no mesmo escritrio.

Art. 41. Todos os dias, ao fechar das horas do registro, o oficial guardar debaixo de chave em lugar seguro os livros Protocolo, Indicadores real e pessoal, e bem assim os documentos apresentados, mas no registrados no mesmo dia.

Art. 42. No caso de que a transcrio (livro n 4) compreenda mais de um imvel (arts. 226 e 277) o espao marcado no art. 28 ser duplicado ou tripli-cado, conforme o nmero dos imveis e seus requisitos, e em ateno pro-babilidade de maior nmero de averbaes.

CAPTULO IVDa Ordem do Servio e Processo do Registro

Art. 43. O servio do registro comear s 6 horas da manh e terminar s 6 horas da tarde, em todos os dias no feriados.

Art. 44. So nulos os registros tomados antes ou depois das sobreditas horas, e os oficiais responsveis civilmente pelas perdas e danos alm das penas cri-minais em que incorrerem.

47DECRETOS

Excetua-se desta disposio o caso dos arts. 62 e 63.

Art. 45. Logo que qualquer ttulo for apresentado para ser inscrito, transcrito, prenotado, ou averbado, o oficial do registro tomar no Protocolo a data da sua apresentao e o nmero de ordem que em razo dela lhe compete, reprodu-zindo no mesmo ttulo a dita data e nmero de ordem.Assim:Nmero tal ... do Protocolo Pgina tal ... do Protocolo Apresentado no dia tal, das 6 s 12 ou 12 s 6:O oficial F ...

Art. 46. O nmero de ordem do Protocolo que determina a prioridade do ttulo, ainda que os outros ttulos sejam por alguma razo especial (art. 152) anteriormente registrados.

Art. 47. Quando duas ou mais pessoas concorrerem no mesmo tempo, os t-tulos apresentados tero o mesmo nmero de ordem.

Art. 48. O mesmo tempo quer dizer de manh das 6 s 12 horas, e de tarde das 12 s 6 horas.

Art. 49. No se d prioridade entre os ttulos que tm o mesmo nmero de ordem.

Quanto, porm, s transcries que tiverem o mesmo nmero de ordem, preferir aquela cujo ttulo for mais antigo em data.

Art. 50. Se a mesma pessoa apresentar mais de um ttulo diverso, os ttulos tero nmeros seguidos.

Art. 51. Se mais de um ttulo for apresentado pela mesma pessoa relativo ao mesmo objeto, o nmero de ordem ser o mesmo adicionado nos outros ttu-los com as letras A, B e C.

Art. 52. Tomada a data da apresentao, e o nmero de ordem no Protocolo, e reproduzidas a mesma data e nmero de ordem no ttulo apresentado, o oficial proceder ao registro pelo modo seguinte.

Art. 53. A pessoa que requerer a inscrio ou transcrio de qualquer ttulo dever apresentar ao oficial do registro: 1 O ttulo. 2 O extrato do mesmo ttulo em duplicata, contendo todos os requisitos que

para inscrio e transcrio este regulamento exige, e pela mesma ordem, em que so exigidos.Estes extratos sero assinados pela parte ou por seu advogado ou procurador.

Art. 54. Sempre que o ttulo apresentado for escrito particular, no caso em que admissvel (art. 8 da lei), dever ser apresentado e