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COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO BRASIL VOLUME 2: REGIÃO SUL

LUCIANA CORDEIRO DE SOUZA FERNANDES

EVERTON DE OLIVEIRA

SÃO PAULO – SP

Editora Instituto Água Sustentável

Julho/2018

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COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO BRASIL

VOLUME 2: REGIÃO SUL

1ª Edição

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COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO BRASIL

VOLUME 2: REGIÃO SUL

LUCIANA CORDEIRO DE SOUZA FERNANDES

EVERTON DE OLIVEIRA

Todos os direitos desta edição são

reservados. Vetada a reprodução,

adaptação, modificação, comercialização

ou cessão sem autorização do autor. Este

livro foi publicado no website:

www.aguasustentavel.org.br, para leitura

exclusivamente online pelos usuários, os

leitores poderão imprimir as páginas desta

obra para leitura pessoal.

SÃO PAULO – SP

Editora Instituto Água Sustentável

Julho/2018

Page 5: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

Autores: Luciana Cordeiro de Souza Fernandes e Everton de Oliveira

Título: Coletânea da Legislação de Águas Subterrâneas do Brasil – Volume 2:

Região Sul

Edição: 1ª edição – 175 p.

Editor: Instituto Água Sustentável

Local: São Paulo/SP

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

_________________________________________ SOUZA-FERNANDES, Luciana Cordeiro de. OLIVEIRA, Everton de. (Organizadores)

Coletânea de Leis de Águas Subterrâneas do Brasil, volume 2 – 1 ed. - 5 v. – São Paulo: Instituto Água Sustentável, 2018.

ISBN: 978-85-94189-11-0

1.Legislação Ambiental. 2. Águas subterrâneas

CDD -

Índice para catálogo sistemático: 1. Legislação Ambiental 2. Águas subterrâneas

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1

ORGANIZADORES

Luciana Cordeiro de Souza Fernandes Doutora e Mestre em Direito – área de Direitos Difusos: Direito Ambiental - pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em Direito

Processual Civil e em Direito Penal e Processual Penal. Professora de Direito

da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas-

FCA/UNICAMP e do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das

Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociências da UNICAMP. Titular

da Comissão Estadual de Logística, Infraestrutura e Desenvolvimento

Sustentável da OABSP. Advogada, Parecerista e Consultora Ambiental. Sócia

Fundadora da Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil –

APRODAB. Foi Assessora da Diretoria Jurídica da Companhia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) na

área de Direito Ambiental e Urbanístico. Foi Diretora de Habitação do Município

de Jundiaí – SP. Representou o Brasil como Especialista Legal junto ao Projeto

Sistema Aquífero Guarani em Montevidéu - Uruguai. Criou e coordenou, de

2007 a 2013, os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Ambiental e

em Direito Imobiliário no UNIANCHIETA. Autora das obras: “Águas e sua

proteção” e “Águas subterrâneas e a Legislação Brasileira” pela Editora Juruá;

co-organizadora das obras “I Simpósio de Direito Ambiental da APRODAB”;

“Direito ambiental, recursos hídricos e saneamento”; “Geoparque Corumbataí.

Primeiros passos de um projeto de desenvolvimento regional”; “Programa

Aquífero Guarani”; e dos livros infantis de educação ambiental para água:

“Clara: uma gotinha d’água” (traduzido para espanhol, inglês e francês), “Clara

e a reciclagem” e “Clara e as águas invisíveis”; e “Constituição Federal

ilustrada para crianças e adolescentes” (no prelo); além de inúmeros capítulos

de livros e artigos em periódicos nacionais e internacionais. E-mail:

[email protected]

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2

Everton de Oliveira Geólogo pela Universidade de São Paulo (1984), Mestre em Hidrogeologia

(1992) e Ph.D. em Hidrogeologia de Contaminação - University of Waterloo,

Canadá (1997). É Sócio Fundador da HIDROPLAN - Hidrogeologia e

Planejamento Ambiental Ltda. desde 1992. Foi professor-colaborador de pós-

graduação do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade

Estadual Paulista - Unesp de 2010 até 2017 e do Instituto de Geociências da

Universidade de São Paulo de 1998 até 2009, professor adjunto no

Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Waterloo, Canadá de

2006 até 2013, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Águas

Subterrâneas (ABAS). É diretor do Instituto Água Sustentável (IAS). Editor-

gerente da Revista Águas Subterrâneas e Editor da Revista Água e Meio

Ambiente Subterrâneo. Foi professor de pós-graduação do Instituto de

Geociências da USP de 1998 até 2010 e Presidente da ABAS no biênio 2007-

2008, onde é o atual Secretário-Executivo. É Editor-chefe da Revista Águas

Subterrâneas e Editor-associado da revista Groundwater Monitoring and

Remediation. É o responsável pela tradução para o português em mutirão do

livro “Groundwater” de Freeze & Cheery e pela distribuição mundial de outras

traduções, fazendo parte do Conselho do Groundwater Project, coordenado por

John Cherry.

E-mail: [email protected]/[email protected]

Page 8: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

3

AGRADECIMENTOS

Todo trabalho para ter êxito precisa de uma equipe e da colaboração de mãos

zamigas:

Agradecemos ao Bruno Jamelli pela arte e diagramação das capas, à Bruna

Soldera, diretora do Instituto Água Sustentável, pela diagramação, organização

e realização da divulgação deste trabalho; e as bibliotecárias da

FCA/UNICAMP Sueli Ferreira Júlio de Oliveira e Renata Eleutério da Silva, pela

elaboração da ficha catalográfica.

Ao Instituto Água Sustentável e sua editora própria por disponibilizar sua

estrutura de pessoal e serviços de internet para hospedar e distribuir este

trabalho.

À HIDROPLAN, nas pessoas dos seus sócios, por prover recursos para o

patrocínio dos trabalhos técnicos executados na diagramação e divulgação

desta Coletânea.

À FAPESP – Processo n.º 2013-10689-6, que apoiou esta pesquisa, resultando

esta Coletânea como produto final.

À Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) e ao Programa de Pós Graduação

em Ensino e História das Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de

Geociências (IG), ambos da UNICAMP que apoiaram este projeto.

À Reitoria da Unicamp que apoiou este projeto chancelando o resultado final

com as inserções da logomarca UNICAMP, do IG e da FCA neste trabalho.

Nosso muito obrigado,

Page 9: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

4

PRÓLOGO

“Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”

(BRASIL, 1942). Assim dispõe o art. 3.º da Lei de Introdução às Normas do

Direito Brasileiro, Decreto-Lei nº 4.657, de 04 de setembro de 1942,

impossibilitando que o desconhecimento de uma lei seja usado como desculpa

por quem a descumpriu.

Há algum tempo, durante uma conversa sobre a finalização do Projeto

Fapesp - Processo n.º 2013-10689-6 que precisaria de um produto final, face a

dificuldade de obtenção de informações do arcabouço legal sobre águas

subterrâneas, e ao debatermos o artigo acima citado, criamos um desafio para

nós, uma advogada e um hidrogeólogo, decidimos compilar todas as leis de

águas subterrâneas do país e oferecermos aos interessados de forma gratuita.

Ora, o Direito brasileiro é composto por incontáveis diplomas legais,

mesmo que nos ativéssemos a uma única área do Direito, seria impossível

conhecer todas as leis que a compõe, por isso a importância de disponibilizar a

informação no tocante as leis existentes sobre águas subterrâneas, posto que

dispersas. Desta forma, o princípio da informação ambiental se destaca,

conforme assinala Paulo Affonso Leme Machado,

Ao se conceituar “informação”, não se aborda a quem ela

pertence, onde ela se encontra e nem qual a finalidade de

sua existência, mas um primeiro aspecto: os informes são identificados e organizados, isto é, não ficam dispersos ou de difícil manuseio (MACHADO, 2006, p.

26). (grifo nosso)

Amparados por este princípio, e, principalmente, visando dar maior

visibilidade às águas invisíveis, com o apoio da FAPESP e da UNICAMP,

vencemos o desafio antes imposto e organizamos esta Coletânea de Leis de

Águas Subterrâneas do Brasil, propiciando ao usuário e ao operador do Direito

o acesso às leis de todas as unidades da federação, de modo a se fazer

conhecer os instrumentos para proteção das águas subterrâneas constantes

Page 10: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

5

em diplomas legais específicos, bem como nas políticas estaduais de recursos

hídricos.

Assim, de forma didática, apresentamos as leis das 27 UF, em 5

volumes compreendendo as cinco regiões geográficas brasileiras, e, ao final,

pudemos perceber o quão desprotegidos estão nossos aquíferos em algumas

localidades, o quão necessário se faz integrar a gestão da água superficial à

subterrânea, e uma gestão adequada do solo para proteção dos aquíferos,

mananciais subterrâneos presentes em quase todo o território do país.

Desejamos que este material seja útil aos diversos profissionais da área,

e que esta publicização da informação de forma organizada, alcance a

finalidade da lei: oferecer proteção às águas subterrâneas do Brasil.

Luciana e Everton

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6

PREFÁCIO

Em tempos em que a informação está disponível, especialmente na

internet, muitos podem se perguntar de por que se editar uma coletânea de

legislação sobre águas subterrâneas. Mas basta a necessidade de conhecer as

normas que regem uma determinada situação concreta, para logo nos

apercebermos que localizar a legislação aplicável não é simples,

especialmente porque parecem concorrer diversas normas, de escalões

hierárquicos diferentes, com aparência de contraditórias entre si, além da

frequente sensação de estar faltando alguma coisa, ou seja, de que a nossa

pesquisa talvez não tenha sido completa ou não está adequadamente

atualizada.

As normas são, em geral, elaboradas para disciplinar fenômenos

específicos, a partir do conhecimento que se acumulou ou da correlação das

forças sociais de um determinado momento. Evidente que esta complexidade

somente pode adquirir intelegibilidade a partir da noção de sistema, que, na

clássica acepção de Kant, é “um conjunto de conhecimentos ordenados

segundo princípios”. 1 A ideia de sistema induz a que se entenda que todas as

normas formam um todo coerente e sem lacunas, de forma a que não possam

coexistir normas incompatíveis entre si.2

Evidentemente estas concepções são típicas dos iluministas dos

séculos XVIII e XIX, de onde desponta Diderot e sua iniciativa do conhecimento

enciclopédico. Destas concepções deriva a noção de código, cuja primeira

experiência foi o Código Civil francês de 1804, elaborado sob o forte apoio de

Napoleão Bonaparte. Esse esforço foi revolucionário, porque a codificação,

como forma de organizar o material jurídico, permite que se alcancem os

objetivos de certeza do direito e de simplificação. E isso não é pouca coisa3

1 Kritik der reinen Vernunf, 1ª ed. (1781), p. 832 – apud Claus-Wilhelm CANARIS, Pensamento sistemático e conceito de sistema na ciência do Direito, trad. port. de Antonio Menezes Cordeiro, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989, p. 10. 2 Noberto BOBBIO, Teoria dell´Ordinamento Giuridico, Turim: G. Giappichelli Editore, 1960, p. 74 e ss. 3 Fabio Siebeneichler de ANDRADE, Da codificação – crônica de um conceito, Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1997, p. 30. “O vocábulo código especializou-se como nome de uma nova forma jurídico-organizatória concreta destinada a criar uma equilibrada ordem de convivência encorajada pela afirmação do pensamento racionalista” (Mário Reis MARQUES, Codificação e paradigmas da modernidade, Coimbra: Coimbra Editora, 2003, p. 5).

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7

Além disso, apesar de vivermos época em que as informações estão

mais disponíveis, e até são excessivas, causando estresse, não é incomum

que a informação da qual se precisa é aquela que não sabemos que existe ou

é a que não se encontra disponível. Há normas que parecem se esconder. Esta

situação nos faz lembrar conhecido texto de Graciliano Ramos.

Este famoso escritor exerceu –- de forma dedicada e íntegra -- o cargo

de Prefeito do Município de Palmeira dos Índios, e, com a maestria de sua

pena, cumpriu a tarefa que, a princípio, seria apenas burocrática: elaborou

famosos Relatórios:

Em janeiro do anno passado não achei no Municipio nada que se parecesse com lei, fora as que havia na tradição oral, anachronicas, do tempo das candeias de azeite.

Constava a existencia de um codigo municipal, coisa inattingivel e obscura. Procurei, rebusquei, esquadrinhei, estive quasi a recorrer ao espiritismo, convenci-me de que o codigo era uma especie de lobishomem.

Afinal, em fevereiro, o secretario descobriu-o entre papeis do Imperio. Era um delgado volume impresso em 1865, encardido e dilacerado, de folhas soltas, com apparencia de primeiro livro de leitura do Abilio Borges. Um furo. Encontrei no folheto algumas leis, aliás bem redigidas, e muito sêbo.

Com ellas e com outras que nos dá a Divina Providencia consegui aguentar-me, até que o Conselho, em agosto, votou o codigo actual”.4

Dar publicidade às leis e apresentá-las de forma sistemática, para que

sua compreensão seja a mais simples e exata possível, é de fundamental

importância. É uma das formas de se assegurar a indispensável segurança

jurídica, promotora do progresso e da paz social. Só por isso, o presente

trabalho possui elevados méritos.

Mas o tema também merece destaque. Não se trata de uma coletânea

de legislação qualquer, mas de coletânea dedicada ao importante e complexo

tema das águas subterrâneas.

As águas subterrâneas eram consideradas integrantes da propriedade

privada. O direito de explorá-las, por parecer tão óbvio, àquela época, como

4 Relatórios ao Governador do Estado de Alagoas, 1929, disponíveis em https://pt.wikisource.org/wiki/Relatorio_ao_Governador_do_Estado_de_Alagoas (acesso em 30 de março de 2018).

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8

consequência do direito de propriedade, não era expresso no Código Civil de

1916 que, porém, previa que eram “proibidas construções capazes de poluir,

ou inutilizar para o uso ordinário, a água de poço ou fonte alheia, a elas

preexistentes” (art. 584).

O Código de Águas de 1934, que revogou os dispositivos dedicados às

águas do Código Civil, foi mais incisivo: “O dono de qualquer terreno poderá

apropriar-se por meio de poços, galerias, etc, das águas que existam debaixo

da superfície de seu prédio (...)” (art. 96), prevendo também condicionantes,

como a para evitar que o aproveitamento de águas subterrâneas prejudique ou

diminua as águas públicas, ou inutilize o uso ordinário da água alheia, aos

moldes da mencionada previsão do Código Civil de 1916.

Com a Constituição de 1988, os recursos hídricos foram todos

estatizados, sendo do domínio da União ou dos Estados.5 Importante entender

que recurso hídrico se distingue de água. O recurso hídrico é perene,

alimentado por correntes ou fontes de água, o que não acontece com a água

que, muitas vezes, foi dele extraída. Por isso que se inserem nos conceitos de

recursos hídricos os rios, lagos e as águas subterrâneas, mas não os integra a

água que compõe o corpo de uma pessoa ou, ainda, a água de lagos ou

reservatórios “situados e cercados por um só prédio particular que não sejam

alimentados por correntes públicas”.6

Em especial, a Constituição de 1988 atribuiu ao domínio dos Estados-

membros ou do Distrito Federal as águas subterrâneas (art. 26). Evidente que

as águas subterrâneas podem integrar aquíferos que se situam até para além

das divisas de um Estado, ou mesmo das fronteiras do país, mas o legislador

constitucional foi expresso em atribuir o seu domínio aos Estados-membros ou

ao Distrito Federal. Por mais estranho que possa parecer.

5 Apesar de ser entendimento pacífico entre todos os que atuam na área ambiental e de recursos hídricos, importante dizer que a atribuição do domínio dos recursos hídricos, pela Constituição Federal de 1988, à União ou aos Estados ainda não foi bem compreendida por uma parte da doutrina. Veja-se o caso de Marçal JUSTEN FILHO, que defende a existência de rios municipais no Parecer que emitiu sobre o Projeto de Lei nº 5.296, de 2005, o qual deu origem à Lei federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 – Lei Nacional de Saneamento Básico (LNSB), parecer publicado na Revista Jurídica da Presidência da República, vol. 7, nº 72 (2005), acessível em https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/issue/view/50/showToc (acesso em 30.3.2018), o trecho em que se defende a existência dos rios municipais se encontra na página 24 do Parecer. 6 Celso Antonio Bandeira de MELLO, Curso de Direito Administrativo, 28ª ed., S. Paulo: Malheiros, 2011, p. 926.

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Disso deriva que a legislação sobre as águas subterrâneas é

complexa, porque deve atender as normas gerais fixadas pela Lei federal nº

9.433, de 8 de janeiro de 1997 – Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos

e, ainda, a disciplina específica, estabelecida por lei estadual.7

Pela importância da matéria, pode ocorrer que também na Constituição

Estadual existam dispositivos sobre as águas subterrâneas, pelo que devem

ser lidas as leis estaduais com muito cuidado, porque as normas

constitucionais estaduais sobre elas prevalecem. Afora isso, há as normas

subalternas, como as portarias, as resoluções e outras, não raro de difícil

acesso, e que não são compreendidas quando fora de seu contexto.

Conhecer a norma subalterna pode fazer toda a diferença, porque é

comum que esta norma seja a de domínio do técnico que irá apreciar o pleito

efetuado pelo cidadão ou pela empresa, sendo que, para tal técnico, muitas

vezes são desconhecidos os graves e pomposos princípios e conceitos

constitucionais ou legais que, teoricamente, seriam superiores e aos quais, em

um Estado de Direito, a Administração deve a mais estreita fidelidade. Por isso,

de nenhuma valia é a Constituição cujas normas e valores não se irradiem nas

prosaicas e fundamentais rotinas administrativas.

Foi necessário escavar profundamente, e nem sempre as profundezas

eram suficientemente iluminadas. Mas eis que brota esta coletânea de

legislação das águas subterrâneas, onde as normas sobre o tema estão

reunidas e organizadas. É um material rico, como as águas das quais fala!

Wladimir Antonio Ribeiro*

7 No federalismo norte-americano uma determinada matéria ou é competência da União ou do Estado-membro. Contudo, o sistema brasileiro é muito diferente, existindo hipóteses de “condomínio legislativo”, em que uma matéria é disciplinada por lei federal nos aspectos de normas gerais, que podem ser complementadas por normas suplementares editadas pelo Estado-membro ou pelo Distrito Federal. No caso dos recursos hídricos, a Lei federal nº 9.433/97 possui dispositivos que são normas gerais, que incidem sobre todos os recursos hídricos do país, e normas específicas, que incidem apenas sobre os recursos hídricos de domínio da União – no caso de recursos hídricos dos Estados-membros ou Distrito Federal, serão leis editadas por eles que irão instituir as normas específicas. É um sistema complexo, de competência legislativa concorrente, sendo a competência da União limitada às “normas gerais”, com nítida inspiração no texto original da Grundgesetz alemã de 1949 – sobre o tema, v. Andreas KRELL, Leis de normas gerais, regulamentação do Poder Executivo e cooperação intergovernamental em tempos de Reforma Federativa, Belo Horizonte: Editora Fórum, 2008.

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10

___________________________________

Wladimir Antonio Ribeiro, advogado, é graduado em Direito pela

Universidade de São Paulo (1990) e mestre em ciências jurídico-políticas

pela Universidade de Coimbra (2002), foi consultor do Governo Federal na

elaboração da Lei Nacional de Saneamento Básico (LNSB). É autor, dentre

outros, de Cooperação Federativa e a Lei de Consórcios Públicos (2007).

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11

SUMÁRIO

ORGANIZADORES ............................................................................................ 1

AGRADECIMENTOS .......................................................................................... 3

PRÓLOGO.......................................................................................................... 4

PREFÁCIO ......................................................................................................... 6

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2. PARANÁ .................................................................................................... 17

2.1. Lei Estadual n. 12.726, de 26 de novembro de 1999 ......................... 17

2.2. Decreto 9957 - 23 de janeiro de 2014 ................................................ 50

3. SANTA CATARINA.................................................................................... 68

3.1. Lei n. 9.748, de 30 de novembro de 1994. ......................................... 68

3.2. Decreto n. 4.778, de 11 de outubro de 2006. ..................................... 86

3.3. Resolução CERH n. 02, de 14 de agosto de 2014. .......................... 111

3.4. Resolução CERH n. 03, de 14 de agosto de 2014. .......................... 119

4. RIO GRANDE DO SUL............................................................................ 131

4.1. Lei n. 10350, de 30 de dezembro de 1994. ...................................... 131

4.2. Decreto N° 42.047, de 26 de dezembro de 2002. ............................ 147

4.3. Decreto n. 37.033, de 21 de novembro de 1996. ............................. 158

4.4. Decreto n°. 52.035, de 19 de novembro de 2014. ............................ 163

4.5. Lei nº. 10.350/1994. ......................................................................... 165

4.6. Decreto n. 42.047, de 26 de dezembro de 2002. ............................. 166

Page 17: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

12

1. INTRODUÇÃO

Reunimos em uma coletânea de 5 volumes, os diversos dispositivos

legais a respeito das águas subterrâneas em vigor nos 26 estados brasileiros e

Distrito Federal, apresentando-os a partir das cinco regiões geográficas,

visando fomentar a gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas.

Esta obra objetiva auxiliar profissionais técnicos, jurídicos e

pesquisadores na efetivação da Política Nacional de Recursos Hídricos -PNRH,

a qual completou 21 anos de vigência em nosso ordenamento jurídico, e,

apesar de não mencionar as águas subterrâneas, seus instrumentos de gestão

as contemplam.

Assim, qualquer que seja a análise legal de um tema, deve-se partir

sempre da Lei Maior, a Constituição Federal8, norteadora de todo regramento

nacional.

A Constituição Federal de 1988 disciplina que as águas subterrâneas

são tidas como bens dos estados, para que estes as gerenciem por meio de

instrumentos legais, conforme art. 26, I, in verbis:

Art. 26. Incluem-se entre os bens do s Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da

União; (grifo nosso) (BRASIL, 1988).

No entanto, verificamos que nem todos os estados atenderam ao

disposto no artigo supracitado, alguns não legislaram especificamente sobre

águas subterrâneas ou o fizeram parcialmente, disciplinando o tema de forma

genérica em suas leis estaduais de recursos hídricos.

Vale lembrar que de acordo com o Texto Constitucional o legislador

constituinte atribuiu à União competência privativa de legislar as regras gerais

sobre águas:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão (grifo nosso)

(BRASIL,1988)

8 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm, acesso em

24/12/2017.

Page 18: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

13

E a União cumpriu este dever constitucional, ao estabelecer a Política

Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) – Lei federal n. 9.433, de 08 de janeiro

de 19979, a qual apresenta uma estrutura bastante didática, com

fundamentos10, objetivos11, diretrizes12 e instrumentos para gestão dos

recursos hídricos. Notadamente, os instrumentos constantes no seu artigo 5º

compõem um conjunto de ações para gestão dos recursos hídricos no território

brasileiro, são eles: os Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos

corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; a

outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de

recursos hídricos; e, o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. E,

apesar da PNRH não fazer menção às águas subterrâneas, ocorre uma

interconexão entre águas superficiais e subterrâneas, e tais instrumentos se

aplicam tanto as águas superficiais como as subterrâneas.

Outrossim, em razão da competência constitucional suplementar,

verificamos que as 27 unidades da federação (UF) possuem uma Política

Estadual de Recursos Hídricos (PERH), e que em todas estas Políticas,

diversamente da PNRH, constam artigos voltados às águas subterrâneas ou a

aquíferos. Verificamos também que o instrumento de outorga dos direitos de

uso de recursos hídricos foi regulado em todas UF.

Entretanto, apesar do ditame constitucional previsto no Art. 26, Inciso I,

apenas 12 UF legislaram13 especificamente sobre águas subterrâneas: São

Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal,

Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pernambuco, Maranhão e

Pará. Nas demais UF foram criadas leis, decretos, regulamentos e portarias

voltados para as águas superficiais, que juntamente com a PERH, são

utilizados nesta gestão.

Cabe anotar ainda, que há dispositivos legais de amplitude nacional

que disciplinam sobre o tema, devendo ser observados na gestão da água

subterrânea dos estados e DF, como a Resolução CONAMA 396/200814 que

dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das

9 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm, acesso em 24/02/2017. 10 Dispostos no artigo 1.º da Lei 9433/1997. 11 Dispostos no artigo 2º da Lei 9433/1997. 12 Dispostas nos artigos 3º e 4º da Lei 9433/1997. 13 Em nossa ultima pesquisa eram somente 10 UF que possuíam regulamentações especificas. 14 Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=562, acesso em 24/02/2017.

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14

águas subterrâneas e dá outras providências; e a Portaria 2914, de

12/12/201115 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de

controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu

padrão de potabilidade.

Merece ser destacado a importância do legislar sobre águas

subterrâneas, uma vez que sob o território de oito estados brasileiros encontra-

se o Sistema Aquífero Guarani (SAG), são eles: Goiás, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

São Paulo, todos com alta densidade populacional e com grande demanda por

recursos hídricos.

O SAG é um aquífero transfronteiriço e compartilhado com a Argentina,

Paraguai e Uruguai16, motivo pelo qual, em 02/08/2010 foi firmado um Acordo

Internacional17 entre os quatro países, em San Juan, República Argentina, para

gestão compartilhada do Aquífero Guarani. Porém, ainda não efetivado, pois

pende de ratificação por parte do Paraguai. No Brasil, recentemente foi

ratificado por meio do Decreto 52/2017, publicado no Diário do Senado Federal

de 23/2/2017, que iniciou vigência em 03/05/201718.

Convém ainda ressaltar que a Região Norte possui a maior reserva

subterrânea do país, o Aquífero Alter do Chão, considerado atualmente o maior

aquífero do planeta em volume de água e que se encontra sob os estados de

Amazonas, Pará e Amapá.

15 Disponível em http://www.comitepcj.sp.gov.br/download/Portaria_MS_2914-11.pdf , acesso em 24/02/2017. 16 Projeto Sistema Aquífero Guarani – PSAG – para mais informações consulte:

http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/arquivos/20100223172711_PEA_GUARANI_Port_Esp.pdf 17 Disponível em http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/acordo-sobre-o-aquifero-guarani e/ou http://www.internationalwaterlaw.org/documents/regionaldocs/Guarani_Aquifer_Agreement-Portuguese.pdf ,

acesso em 20/02/2017. 18 Disponível em

http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoSigen.action?norma=17688744&id=17688749&idBinario=17688753&mime=application/rtf, acesso em 20/02/2017.

Page 20: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

15

Figura 1: Mapa de localização do Aquífero Guarani

Fonte: Agência Nacional de Águas.

Portanto, ainda há muito a ser feito para proteção dos aquíferos

brasileiros. O que significa dizer, que a regulamentação legal específica sobre

o uso das águas subterrâneas torna-se primordial, principalmente nestes

estados que possuem tamanha riqueza aquífera.

Por fim, informamos que a pesquisa foi cuidadosamente realizada,

utilizando-se como fonte de pesquisa os sites oficiais de cada unidade das 27

unidades da federação.

Figura 2: Mapa das regiões do Brasil

Fonte: IBGE.

Page 21: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

16

Após esta breve introdução, apresentaremos o arcabouço legal

existente sobre águas subterrâneas, a partir das regiões brasileiras, seguir a

região Sul.

Page 22: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

17

2. PARANÁ

2.1. Lei Estadual n. 12.726, de 26 de novembro de 1999

“Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências”.

(Publicado no Diário Oficial nº. 5628, de 29 de novembro de 1999).

A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a

seguinte lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º. Esta lei institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e cria o

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, como parte

integrante dos Recursos Naturais do Estado, nos termos da Constituição

Estadual e na forma da legislação federal aplicável.

CAPÍTULO II

POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 2º. A Política Estadual de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes

fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um patrimônio natural limitado dotado de valor econômico, social e

ambiental19;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o

consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo

das águas;

19Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 23: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

18

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política

Estadual de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a

participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

CAPÍTULO III

OBJETIVOS

Art. 3º. São objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de

águas em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte

aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

CAPÍTULO IV

DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO

Art. 4º. Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política

Estadual de Recursos Hídricos:

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos

de quantidade e qualidade;

II - a gestão sistemática dos recursos hídricos adequada às diversidades

físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas

regiões do Estado;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV - a articulação da gestão de recursos hídricos com o dos setores usuários e

com os planejamentos regional, estadual e nacional;

Page 24: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

19

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo e o

controle de cheias;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas

estuarinos e zonas costeiras.

Art. 5º. O Estado do Paraná articular-se-á com a União e com outros Estados

tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.

Parágrafo único: a articulação com a União, referida no caput, contemplará

mecanismos de delegação, ao Governo do Estado, da gestão de sub-bacias de

rios federais que drenem o território paranaense.

CAPÍTULO V

INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 6º. São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - o Plano Estadual de Recursos Hídricos;

II - o Plano de Bacia Hidrográfica;

III - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água;

IV - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

V - a cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos;

VI - o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos.

Page 25: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

20

CAPÍTULO VI

CARACTERIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

SEÇÃO I

Do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Art. 7º. O Estado elaborará, com base nos planejamentos efetuados nas bacias

hidrográficas, o Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR), que

conterá o seguinte:

I - objetivos a serem alcançados;

II - diretrizes e critérios para o gerenciamento de recursos hídricos;

III - indicação de alternativas de aproveitamento e controle de recursos

hídricos;

IV - programação de investimentos em ações relativas à utilização, à

recuperação, à conservação e à proteção dos recursos hídricos;

V - programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de

valorização profissional e de comunicação social, no campo dos recursos

hídricos.

§ 1º. O Plano de que trata este artigo servirá como insumo e será elaborado

em consonância com as Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento Anual e o

Plano Plurianual de Ação Governamental.

§ 2º. O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR) terá vigência e

horizonte de planejamento compatíveis com o período de implementação dos

Planos de Bacia Hidrográfica, tendo seu capítulo referente ao diagnóstico de

situação dos recursos hídricos do Estado atualizado segundo periodicidade ou

conveniência estabelecidas pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos

(CERH/PR).

§ 3º. O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR) conterá a divisão

territorial do Estado, caracterizando cada bacia ou conjunto de bacias

hidrográficas utilizadas para o gerenciamento dos recursos hídricos.

Page 26: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

21

§ 4º. O Plano Estadual de Recursos Hídricos – PLERH/PR deverá ser

aprovado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH/PR20.

SEÇÃO II

Do Plano de Bacia Hidrográfica

Art. 8º. O planejamento de recursos hídricos, elaborado por bacia ou conjunto

de bacias hidrográficas do Estado, consubstanciar-se-á, formalmente, em plano

que visa a fundamentar e orientar a implementação da Política Estadual de

Recursos Hídricos e o seu respectivo gerenciamento.

Art. 9º. O Plano de Bacia Hidrográfica é de longo prazo, com horizonte de

planejamento compatível com o período de implantação de seus programas,

projetos, ações e atividades e terá o seguinte conteúdo mínimo:

I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;

II - análise de cenários alternativos de crescimento demográfico, de evolução

de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III - balanço entre disponibilidade e demandas futuras dos recursos hídricos,

em quantidade e qualidade, com identificações de conflitos potenciais;

IV - metas de racionalização de uso, adequação da oferta, melhoria da

qualidade dos recursos hídricos disponíveis, proteção e valorização dos

ecossistemas aquáticos;

V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a

serem implantados, para o atendimento de metas previstas;

VI - divisão dos cursos de água em trechos de rio, com indicação da vazão

outorgável em cada trecho;

VII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

VIII - diretrizes e critérios para cobrança pelos direitos de uso dos recursos

hídricos;

IX - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à

proteção dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos.

20Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 27: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

22

X - propostas de enquadramento dos corpos de água em classes segundo

usos preponderantes21.

SEÇÃO III

Do Enquadramento dos Corpos de Água em Classes segundo os Usos Preponderantes da Água

Art. 10. O enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos

preponderantes deverá:

I - ser compatível com os objetivos e metas de qualidade ambiental definidos

pelo respectivo Plano de Bacia Hidrográfica;

II - ser factível frente à disponibilidade social de inversão, sinalizada pelo

quadro de fontes de recursos previsto no respectivo Plano de Bacia

Hidrográfica;

III - objetivar padrões de qualidade das águas compatíveis com os usos a que

forem destinadas, subsidiando o processo de concessão de outorga de direitos

de uso dos recursos hídricos.

Art. 11. As classes de corpos de água serão estabelecidas nos termos da

legislação ambiental.

SEÇÃO IV

Da Outorga e da Suspensão da Outorga de Direitos de Uso de Recursos Hídricos.

Art. 12. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos do Estado

tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da

água e efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

Art. 13. Estão sujeitos à outorga pelo Poder Público os seguintes direitos de

uso de recursos hídricos, independentemente da natureza, pública ou privada,

dos usuários:

21Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 28: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

23

I - derivações ou captação de parcela da água existente em um corpo de água

para consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo

produtivo;

II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de

processo produtivo;

III - lançamento, em corpo de água, de esgotos e demais resíduos líquidos ou

gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição

final;

IV - aproveitamento de potenciais hidrelétricos;

V - intervenções de macrodrenagem urbana para retificação, canalização,

barramento e obras similares que visem ao controle de cheias;

VI - outros usos e ações que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da

água ou o leito e margens de corpos de água.

§ 1º. Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definição em

regulamento, as acumulações, derivações, captações e lançamentos

considerados insignificantes, estabelecidos conforme o inciso X do artigo 39-A

desta lei, incluindo-se dentre os usos insignificantes os poços destinados ao

consumo familiar de proprietários e de pequenos núcleos populacionais

dispersos no meio rural22.

§ 2º. A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de

energia elétrica estarão subordinadas ao Plano Nacional de Recursos Hídricos,

obedecendo a disciplina da legislação setorial especifica.

Art. 14. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas

nos Planos de Bacia Hidrográfica e deverá respeitar a classe em que o corpo

de água estiver enquadrado bem como a manutenção de condições adequadas

ao transporte aquaviário, quando for o caso.

Parágrafo único: a outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o

uso múltiplo destes.

Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa

pela autoridade competente do Poder Executivo, parcial ou totalmente, em

definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:

I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

22 Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 29: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

24

II - a ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender as situações de calamidade,

inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os

quais não se disponha de fontes alternativas.

Art. 16. A outorga confere ao usuário o direito de uso do corpo hídrico,

condicionado à disponibilidade de água.

§ 1º. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis,

mas simples direito de uso.

§ 2º. Haverá disponibilidade hídrica quando a vazão no curso de água for

superior à respectiva vazão outorgável, no trecho da captação ou do

lançamento e em todos os trechos localizados à jusante.

§ 3º. A vazão outorgável de um trecho de rio estabelece o limite da soma das

outorgas a serem concedidas, considerando os direitos de uso no próprio

trecho e à montante deste.

§ 4º. A vazão outorgável de um trecho de rio estará associada à probabilidade

de que a vazão efetiva do curso de água seja superior à vazão estabelecida

como outorgável.

Art. 17. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo

não excedente a trinta e cinco anos, renovável.

§ 1º. Serão respeitados os prazos de vigência de outorgas e autorizações

concedidas anteriormente à publicação desta lei, sujeitando-se suas condições

de validade à devida adequação aos termos dispostos pelo presente diploma

legal e respetivo regulamento.

§ 2º. O Poder Executivo, ao emitir a outorga, mediante autoridade competente,

observará a vigência de contratos de concessão para a prestação de serviços

públicos que impliquem na utilização de recursos hídricos, garantindo a

autonomia municipal no que concerne aos serviços de saneamento básico.

Art. 18. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder

Executivo Estadual.

Page 30: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

25

SEÇÃO V

Da Cobrança pelo Direito de Uso de Recursos Hídricos

Art. 19. O direito de uso de recursos hídricos sujeito à outorga será objeto de

cobrança que visa a:

I - constituir-se em instrumento de gestão;

II - conferir racionalidade econômica ao uso de recursos hídricos;

III - disciplinar a localização dos usuários, buscando a conservação dos

recursos hídricos de acordo com sua classe preponderante de uso;

IV - incentivar a melhoria do gerenciamento nas bacias hidrográficas onde

forem arrecadados;

V - obter recursos financeiros para implementação de programas e

intervenções contemplados em Plano de Bacia Hidrográfica.

Art. 20. No cálculo do valor a ser cobrado pelo direito de uso de recursos

hídricos, excluídos os usos definidos como insignificantes e não sujeitos a

outorga, devem ser observados os seguintes fatores:

I - a classe de uso preponderante em que esteja enquadrado o corpo de água

objeto do uso;

II - as características e o porte da utilização;

III - as prioridades regionais;

IV - as funções social, econômica e ecológica da água;

V - a época da retirada;

VI - o uso consumptivo;

VII - a vazão e o padrão qualitativo de devolução da água, observados os

limites de emissão estabelecidos pela legislação em vigor;

VIII - a disponibilidade e o grau de regularização da oferta hídrica local;

IX - as proporcionalidades da vazão outorgada e do uso consumptivo em

relação à vazão outorgável;

Page 31: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

26

X - o grau de impermeabilização do solo em áreas urbanas, sempre que esta

alterar significativamente o regime hidrológico e o controle de cheias;

XI - custos diferenciados para diferentes usos e usuários da água;

XII - o princípio de progressividade face ao consumo;

XIII - outros fatores, estabelecidos a critério do Conselho Estadual de Recursos

Hídricos (CERH/PR), de que trata esta lei.

§ 1º. Os fatores referidos neste artigo serão utilizados, para efeito de cálculo,

de forma isolada, simultânea, combinada ou cumulativa.

§ 2º. No caso de utilização de corpos de água para diluição, transporte e

assimilação de efluente, os responsáveis pelos lançamentos ficam obrigados

ao cumprimento das normas e dos padrões legalmente estabelecidos, relativos

ao controle de poluição das águas.

§ 3º. A diferenciação de custo, referida no inciso XI deste artigo, poderá

resultar na fixação de preços unitários distintos em função da consideração de

diferentes usos e usuários da água, obtidos mediante procedimentos próprios

aprovados pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR) de que

trata esta lei, em estrita observância, como couber, aos demais fatores

constantes deste artigo.

§ 4º. O regulamento específico desta matéria estabelecerá formas de

bonificação e incentivo a usuários que procedam ao tratamento de seus

efluentes, lançando-os ao corpo receptor com qualidade superior àquela da

captação, bem como aos usuários, inclusive municípios, que desenvolvam

práticas conservacionistas de uso e manejo do solo e da água, bem como de

proteção a mananciais superficiais ou subterrâneos.

§ 5º. A utilização dos recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica

reger-se-á pela legislação federal pertinente.

Art. 21. O valor inerente à cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos

classificar-se-á como receita patrimonial, nos termos do artigo 11 da Lei

Federal No. 4.320, de 17 de março de 1964, com a redação dada pelo Decreto-

Lei Nº 1.939, de 20 de maio de 1982.

§ 1º. A forma, a periodicidade, o processo e demais estipulações de caráter

técnico e administrativo inerentes à cobrança pelos direitos de uso de recursos

hídricos serão estabelecidos pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos –

Page 32: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

27

CERH/PR, de que trata esta lei, a partir de proposta do órgão executivo gestor

do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PR23.

§ 2º. Os créditos do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(SEGRH/PR), de que trata esta lei, decorrentes da cobrança pelos direitos de

uso de recursos hídricos, não pagos pelos respectivos responsáveis, serão

inscritos, cobrados e executados, com a observância da legislação aplicável e

em vigor, inerente à dívida ativa.

Art. 22. Fica criado o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FRHI/PR), de

natureza e individuação contábeis, destinado à implantação e ao suporte

financeiro de custeio e de investimentos do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH/PR), de que trata esta lei.

§ 1º. O Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FRHI/PR) será constituído por

recursos das seguintes fontes:

I - receitas originárias da cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos;

II - produto de arrecadação da dívida ativa decorrente de débitos com a

cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos;

III - dotações consignadas no Orçamento Geral do Estado e em créditos

adicionais;

IV - dotações consignadas no Orçamento Geral da União e nos Orçamentos

dos Municípios e em seus respectivos créditos adicionais;

V - produtos de operações de crédito e de financiamento realizadas pelo

Estado em favor do Fundo;

VI - resultado de aplicações financeiras de disponibilidades temporárias ou

transitórias do Fundo;

VII - receitas de convênios, contratos, acordos e ajustes firmados pelos órgãos

executivo gestor ou coordenador central do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PR, visando o atendimento

aos objetivos do Fundo; (Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009)

VIII - contribuições, doações e legados, em favor do Fundo, de pessoas físicas

ou jurídicas, de direito privado ou público, nacionais, estrangeiras e

internacionais;

23Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 33: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

28

IX - compensação financeira e royalties pela exploração de recursos hídricos

para fins de geração de energia elétrica que o Estado do Paraná24;

X - parte da compensação financeira, a ser definida em regulamento, que o

Estado receber pela exploração de petróleo, gás natural e recursos minerais25;

e

XI - quaisquer outras receitas eventuais, vinculadas aos objetivos do Fundo

Estadual de Recursos Hídricos – FRHI/PR26.

§ 2º. O Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FRHI/PR terá como gestor o

Instituto das Águas do Paraná, na qualidade de órgão executivo gestor do

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PR, e,

como agente financeiro, instituição financeira oficial definida pelo Chefe do

Poder Executivo Estadual, cabendo à Secretaria de Estado da Fazenda –

SEFA e à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos –

SEMA a devida supervisão financeira27.

§ 3º. O gerenciamento operacional da aplicação de recursos do Fundo

Estadual de Recursos Hídricos (FRHI/PR) reger-se-á por Contrato de Gestão

celebrado entre o Estado do Paraná e Unidade Executiva Descentralizada,

dentre as referidas no inciso IV e parágrafos 1º e 2º do Artigo 33 desta lei,

submetido à prévia manifestação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e

à aprovação formal do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR),

de que trata esta lei28.

§ 4º. Os valores arrecadados com a cobrança pelo direito de uso de recursos

hídricos e inscritos como receita do Fundo Estadual de Recursos Hídricos

(FRHI/PR) serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram

gerados, respeitando-se o percentual mínimo de 80% (oitenta por cento), à

exceção de proposição expressamente aprovada pelo respectivo Comitê de

Bacia Hidrográfica, sendo os valores arrecadados utilizados para:

a) o financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídas no Plano

de Bacia Hidrográfica e o pagamento de despesas de monitoramento dos

corpos de água29; e

24Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009, vide Lei 16739 de 29/12/2010

25Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009, vide Lei 16739 de 29/12/2010 26Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 27Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 28Revogado pela Lei 16242 de 13/10/2009 29Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 34: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

29

b) o pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos

órgãos e entidades integrantes do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos – SEGRH/PR30.

§ 5º. A aplicação nas despesas previstas na alínea "b" do parágrafo anterior

deste artigo é limitada a 7,5% (sete e meio por cento) do total arrecadado.

§ 6º. Os valores creditados em favor do Fundo Estadual de Recursos Hídricos

(FRHI/PR) poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que

alterem a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água,

de modo considerado benéfico à coletividade.

§ 7º. O Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FRHI/PR) transferirá ao Tesouro

Estadual recursos para pagamento de serviço e amortização de dívidas

resultantes de operações de crédito e de financiamento contraídas pelo Estado

e destinadas ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos, na forma e nas

condições a serem regulamentadas, em cada caso, por decreto do Poder

Executivo.

§ 8º. O Poder Executivo, mediante decreto, disciplinará a matéria constante

neste artigo, observadas as disposições da Lei Federal No. 4.320, de 17 de

março de 1964 e legislação complementar.

§ 9º. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir créditos adicionais, utilizando

como recursos as formas previstas no parágrafo primeiro do Art. 43 da Lei

Federal No. 4.320, de 17 de março de 1964, para atender a operacionalização

do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FRHI/PR).

§ 10º. Os recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FRHI/PR, além

da finalidade prevista no caput deste artigo, poderão ser utilizados para

Pagamento de Serviços Ambientais – PSA relacionados à conservação dos

recursos hídricos, conforme regulamentação a ser expedida31.

SEÇÃO VI

Do Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos

Art. 23. A coleta, o tratamento, o armazenamento, a recuperação e a

disseminação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes

em sua gestão no Estado serão organizados sob a forma de sistema e

30Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 31Incluído pela Lei 17.134 de 25/04/2012.

Page 35: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

30

compatibilizados com o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos

Hídricos.

Art. 24. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema Estadual de

Informações sobre Recursos Hídricos:

I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações;

II - coordenação unificada do sistema;

III - acesso aos dados e informações garantido a toda sociedade.

Art. 25. São objetivos do Sistema Estadual de Informações sobre Recursos

Hídricos:

I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação

qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos do Estado do Paraná, sem

prejuízo de informações socioeconômicas relevantes para o seu

gerenciamento;

II - atualizar, permanentemente, as informações sobre disponibilidade e

demanda de recursos hídricos e sobre ecossistemas aquáticos em todo o

território do Estado;

III - fornecer subsídios para a elaboração de Plano de Bacia Hidrográfica;

IV - apoiar as ações e atividades de gerenciamento de recursos hídricos no

Estado do Paraná.

CAPÍTULO VII

DOS DEPÓSITOS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Art. 26. Aplicam-se aos depósitos de águas subterrâneas os fundamentos,

objetivos, diretrizes gerais de ação e os instrumentos da Política Estadual de

Recursos Hídricos, estabelecida por esta lei.

§ 1º. São consideradas subterrâneas as águas que corram naturalmente no

subsolo, de forma suscetível de extração e utilização pelo homem.

§ 2º. Nos regulamentos e normas decorrentes desta lei serão consideradas a

interconexão entre águas subterrâneas e superficiais, bem como as interações

observadas no ciclo hidrológico.

Page 36: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

31

Art. 27. As águas subterrâneas, em razão de sua importância estratégica,

deverão estar sujeitas a programa permanente de preservação visando a

possibilitar seu melhor aproveitamento.

§ 1º. A preservação e conservação dessas águas implicam em uso racional,

implementação de medidas que evitem sua contaminação e promovam seu

equilíbrio, em relação aos demais recursos naturais, em termos físicos,

químicos e biológicos.

§ 2º. Caberá ao órgão competente do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos, conforme estabelecido no Capítulo X desta lei, desenvolver

proposta de política de utilização dos depósitos naturais de águas subterrâneas

do Estado do Paraná, a ser submetida à aprovação do Conselho Estadual de

Recursos Hídricos, bem como proceder à avaliação dos recursos hídricos do

subsolo e fiscalizar sua exploração, adotando medidas preventivas quanto à

sua contaminação.

Art. 28. A implantação de distritos industriais e de grandes projetos de

irrigação, colonização ou de outros, que dependam da utilização de águas

subterrâneas ou que sobre elas possam causar impacto relevante, deverá ser

procedida de estudos hidrogeológicos para avaliação do potencial de suas

reservas hídricas e para o correto dimensionamento das vazões a serem

extraídas, sujeitos à prévia aprovação dos órgãos competentes, às demais

disposições desta Lei e às normas que venham a ser estabelecidas pelo

Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

Art. 29. O Poder Público instituirá, sempre que necessário, áreas de proteção

aos locais de extração de águas subterrâneas, com a finalidade de possibilitar

sua preservação, conservação ou aproveitamento racional, nos termos

definidos nesta lei.

§ 1º. Caberá à entidade competente do Poder Público Estadual proceder aos

levantamentos necessários para a constituição de cadastro de poços tubulares

profundos para captação de águas subterrâneas, inserindo-o junto ao Sistema

Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos, de que trata a Seção VI do

Capítulo VI desta lei.

§ 2º. A exploração de águas subterrâneas sem observância das disposições

estabelecidas pelo programa permanente de preservação, referido no Artigo

27, estará sujeita às infrações e penalidades definidas pelo Capítulo XII desta

lei.

Page 37: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

32

CAPÍTULO VIII

RATEIO DE CUSTOS DE OBRAS

Art. 30. As obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo de recursos

hídricos terão seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critérios

e normas a serem estabelecidos em regulamento baixado pelo Poder

Executivo, após aprovação pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos

(CERH/PR), atendidos os seguintes procedimentos:

I - a concessão ou a autorização de obras de regularização com potencial de

aproveitamento múltiplo, deverá ser precedida de negociação sobre o rateio

dos custos entre os beneficiados, inclusive as de aproveitamento hidrelétrico,

mediante articulação com a União;

II - a construção de obras de interesse comum ou coletivo dependerá de estudo

de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental, com previsão de formas

de retorno dos investimentos públicos ou justificativas circunstanciadas da

destinação de recursos a fundo perdido.

§ 1º. O Poder Executivo regulamentará, mediante decreto, a matéria contida

neste artigo, no sentido de estabelecer diretrizes e critérios para o

financiamento ou concessão de subsídios destinados à realização das obras

nele enumeradas, conforme estudo aprovado pelo Conselho Estadual de

Recursos Hídricos –CERH/PR, de que trata esta lei32.

§ 2º. Os subsídios a que se refere o parágrafo anterior somente serão

concedidos no caso de interesse público relevante ou na impossibilidade

prática de identificação dos beneficiados, para o consequente rateio dos

custos.

CAPÍTULO IX

AÇÃO DO PODER PÚBLICO

Art. 31. Na implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos compete

ao Poder Executivo:

32Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 38: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

33

I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar

os usos, na sua esfera de competência;

III - implantar e gerir o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos

Hídricos;

IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão

ambiental;

V - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica.

Parágrafo único. Os Poderes Executivo do Estado e dos Municípios do Paraná

promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso,

ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e

estadual de recursos hídricos.

CAPÍTULO X

SISTEMA ESTADUAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (SEGRH/PR)

SEÇÃO I

Dos Objetivos

Art. 32. Fica criado o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (SEGR/PR), com os seguintes objetivos:

I - coordenar a gestão integrada das águas;

II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos

hídricos;

III - implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH/PR);

IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos

recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos do Estado;

V - promover a cobrança pelos direitos de uso de recursos hídricos.

Page 39: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

34

SEÇÃO II

Da Composição do Sistema

Art. 33. Compõem o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(SEGRH/PR):

I - o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH/PR, como órgão

colegiado deliberativo e normativo central33;

II - a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMA,

como órgão coordenador central34;

III - o Instituto das Águas do Paraná, como órgão executivo gestor35;

IV - unidades executivas descentralizadas: as Agências de Água e os

consórcios e associações a elas equiparadas, nos termos desta lei.

IV - os Comitês de Bacia Hidrográfica, como órgãos regionais e setoriais

deliberativos e normativos de bacia hidrográfica do Estado36; e

V - as Gerências de Bacia Hidrográfica, como unidades de apoio técnico e

administrativo aos Comitês de Bacia Hidrográfica37.

Parágrafo único: o Instituto das Águas do Paraná, além de observar a limitação

de custos imposta no § 5° do artigo 22 da Lei n° 12.726, de 26 de novembro de

1999, deverá garantir o pleno desempenho das funções definidas por esta lei,

assegurando a adequada utilização dos recursos do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PR38.

Art. 34. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR) é composto

por:

I - representantes de instituições do Poder Executivo Estadual, com atuação

relevante nas questões de meio ambiente, recursos hídricos e desenvolvimento

sustentável;

II - representantes da Assembleia Legislativa Estadual;

III - representantes dos Municípios;

33Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 34Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 35Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 36Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 37Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 38Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 40: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

35

IV - representantes de entidades da sociedade civil relacionadas com recursos

hídricos;

V - representantes de usuários de recursos hídricos.

VI - representantes de Comitês de Bacia Hidrográfica39.

§ 1º. A representação de instituições do Poder Executivo Estadual, a que se

refere o inciso I, será paritária em relação à totalidade dos representantes dos

demais segmentos.

§ 2º. A indicação dos representantes, referidos nos incisos do caput, será

efetuada pelos respectivos segmentos, garantida a participação deliberativa a

todos os membros do CERH/PR.

§ 3º. A designação de representantes dos segmentos mencionados no caput

deste artigo, a organização administrativa e o funcionamento do CERH/PR

serão estabelecidos em Decreto do Governador.

§ 4º. O CERH/PR poderá, sempre que julgar conveniente, delegar

competências e atribuições aos Comitês de Bacia Hidrográfica.

Art. 35. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação as

unidades hidrográficas de gerenciamento de recursos hídricos na forma de40:

I - bacia hidrográfica em sua totalidade41;

II - conjunto de bacias hidrográficas42; e

III - porções de uma determinada bacia hidrográfica43.

Parágrafo único: a instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica, em rios de

domínio do Estado e em sub-bacias de rios de domínio da União cuja gestão a

ele tenham sido delegadas, nos termos do parágrafo único do artigo 5º desta

lei, será efetivada por ato próprio do Governador.

Art. 36. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão compostos por:

39Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009

40Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 41Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

42Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 43Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 41: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

36

I - representantes das instâncias regionais das instituições públicas estaduais,

com atuação relevante nas questões de meio ambiente, recursos hídricos e

desenvolvimento sustentável;

II - representantes dos Municípios;

III - representantes de entidades da sociedade civil com atuação regional

relacionada com recursos hídricos;

IV - representantes de usuários de recursos hídricos.

V - representantes de comunidades tradicionais e indígenas existentes nas

bacias hidrográficas44.

§ 1º. Os critérios para a indicação dos representantes de cada segmento

mencionado neste artigo, bem como a sua participação relativa na composição

dos Comitês de Bacia Hidrográfica, serão definidos no ato de sua instalação,

pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR), passando a constar

dos seus respectivos Regimentos Internos.

§ 2º. A indicação nominal dos representantes mencionados neste artigo será

efetuada pelo respectivo segmento e formalmente acolhida por ato próprio do

Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR).

Art. 37. O órgão executivo gestor do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos – SEGRH/PR prestará apoio aos Comitês de Bacia

Hidrográfica por meio de Gerências de Bacia Hidrográfica, que responderão

pelo planejamento e a formulação dos Planos de Bacia Hidrográfica, pelos

seus suportes administrativo, técnico e financeiro e pela cobrança dos direitos

de uso dos recursos hídricos45.

SEÇÃO III

Das Competências e Atribuições de Órgãos e Unidades Integrantes do Sistema

Art. 38. Ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR), na condição

de órgão deliberativo e normativo central do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH/PR) compete:

44Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 45 Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 42: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

37

I - estabelecer princípios e diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos

a serem observados pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR) e

Planos de Bacia Hidrográfica;

II - aprovar proposição do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR),

na forma estabelecida nesta lei;

III - arbitrar e decidir os conflitos entre Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - atuar como instância de recurso nas decisões dos Comitês de Bacia

Hidrográfica;

V - deliberar sobre projetos de aproveitamento de recursos hídricos que

extrapolem o âmbito de um Comitê de Bacia Hidrográfica;

VI - estabelecer critérios e normas gerais para a outorga dos direitos de uso de

recursos hídricos;

VII - aprovar proposição da probabilidade associada á vazão outorgável,

referida no § 4º do artigo 16, desta lei;

VIII - estabelecer critérios e normas gerais sobre a cobrança pelo direito de uso

de recursos hídricos;

IX - estabelecer critérios para o rateio de custos de usos múltiplos dos recursos

hídricos;

X - instituir Comitês de Bacia Hidrográfica;

XI - homologar os valores unitários a serem cobrados pelo uso de recursos

hídricos, previamente aprovados pelos Comitês de Bacia Hidrográfica46; e

XII - exercer outras ações, atividades e funções estabelecidas em lei ou

regulamento compatíveis com a gestão de recursos hídricos do Estado ou de

sub-bacias de rios de domínio da União cuja gestão a ele tenha sido delegada,

nos termos do parágrafo único do artigo 5º desta lei.

Art. 39. Compete à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos

Hídricos – SEMA, na condição de órgão coordenador central do Sistema

Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PR47:

46Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 47Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 43: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

38

I - fomentar a captação de recursos para financiar ações e atividades do Plano

Estadual de Recursos Hídricos – PLERH/PR, supervisionando e coordenando

a sua aplicação48;

II - coordenar, acompanhar e avaliar o desempenho do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PR49;

III - zelar pela manutenção da política de remuneração pelo uso da água,

observadas as disposições constitucionais e legais aplicáveis50; e

IV - exercer outras ações, atividades e funções estabelecidas em lei,

regulamento ou decisão do Conselho Estadual de Recursos Hídricos –

CERH/PR, compatíveis com a gestão de recursos hídricos51.

Art. 39-A. Compete ao Instituto das Águas do Paraná, na condição de órgão

executivo gestor do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

– SEGRH/PR52:

I - elaborar, com base nos planejamentos efetuados nas bacias, proposta de

Plano Estadual de Recursos Hídricos – PLERH/PR e submetê-la à aprovação

do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH/PR53;

II - formular proposta de atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos –

PLERH/PR e submetê-la à aprovação do Conselho Estadual de Recursos

Hídricos – CERH/PR54;

III - executar o Plano Estadual de Recursos Hídricos – PLERH/PR e promover

a sua articulação, em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos – SEMA, com as diretrizes do Plano Nacional de Recursos

Hídricos, buscando a inserção estratégica do Estado do Paraná em suas

relações com estados vizinhos, no contexto do país e dos países limítrofes55;

IV - prestar apoio aos Comitês de Bacia Hidrográfica e formular propostas de

Planos de Bacia Hidrográfica56;

48Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 49Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 50Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

51Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

52Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 53Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 54Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 55Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 56Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 44: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

39

V - submeter à aprovação dos Comitês de Bacia Hidrográfica propostas de

Planos de Bacia Hidrográfica e de suas respectivas atualizações57;

VI - executar os Planos de Bacia Hidrográfica58;

VII - elaborar propostas, fundamentadas em estudos técnicos, de

enquadramento dos corpos de água em classes segundo usos preponderantes

para cada Bacia Hidrográfica59;

VIII - submeter à deliberação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos –

CERH/PR propostas de enquadramento dos corpos de água em classes

segundo usos preponderantes, previamente aprovadas nos respectivos Planos

de Bacia Hidrográfica60;

IX - outorgar, suspender e revogar, mediante procedimentos próprios, direitos

de uso de recursos hídricos61;

X - estabelecer, com base em proposição dos Comitês de Bacia Hidrográfica,

os represamentos, derivações, captações e lançamentos considerados

insignificantes, referidos no § 1º do artigo 13 desta lei62;

XI - efetuar a cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos63;

XII - submeter à aprovação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos –

CERH/PR a forma, a periodicidade, o processo e demais estipulações de

caráter técnico e administrativo inerentes à cobrança pelos direitos de uso de

recursos hídricos64;

XIII - submeter à aprovação dos Comitês de Bacia Hidrográfica propostas de

mecanismos de cobrança pelos direitos de uso de recursos hídricos e de

valores a serem cobrados, fundamentados em estudos técnicos65;

XIV - gerir o Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FRHI/PR,

operacionalizando a aplicação de seus recursos66;

XV - submeter à aprovação dos Comitês de Bacia Hidrográfica propostas

orçamentárias e planos de aplicação dos recursos financeiros disponíveis, com

57Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 58Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 59Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 60Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 61Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 62Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 63Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 64Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 65Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 66Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 45: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

40

destaque para os valores arrecadados com a cobrança pelo direito de uso de

recursos hídricos67;

XVI - administrar e atualizar o Sistema Estadual de Informações sobre

Recursos Hídricos e manter cadastro de usos e usuários de águas, além de

divulgar dados e informações68;

XVII - executar o monitoramento quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos

superficiais e subterrâneos69;

XVIII - administrar e manter rede hidrometeorológica, em articulação com

órgãos e entidades públicas ou privadas que a integram, ou que dela sejam

usuárias70;

XIX - exercer a Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Recursos

Hídricos – CERH/PR, prestando-lhe suporte administrativo, logístico e

técnico71;

XX - incentivar a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica72;

XXI - prestar suporte institucional, administrativo, técnico e financeiro aos

Comitês de Bacia Hidrográfica, promovendo o seu bom funcionamento73;

XXII - submeter à aprovação dos Comitês de Bacia Hidrográfica propostas de

rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo, de

divisão de cursos de água em trechos de rio, de cálculo da vazão outorgável e

probabilidade associada à vazão outorgável em cada trecho de curso de

água74;

XXIII - zelar pelo cumprimento desta lei, de seus regulamentos e das normas

deles decorrentes75;

XXIV - fiscalizar, no exercício regular de poder de polícia administrativa, os

usos de recursos hídricos, inclusive a execução de obras e serviços com estes

relacionados e aplicar, sem prejuízo da responsabilização penal e civil dos

67Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 68Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 69Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 70Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 71Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 72Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 73Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 74Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 75Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 46: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

41

infratores, penalidades por infrações aos dispositivos desta lei, de seus

regulamentos e das normas deles decorrentes76;

XXV - prestar apoio técnico aos municípios na elaboração de políticas, planos,

programas e projetos municipais relativos à gestão de recursos hídricos,

inclusive no que diz respeito ao planejamento do uso do solo77; e

XXVI - exercer outras ações, atividades e funções estabelecidas em lei,

regulamento ou decisão do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH/

PR, compatíveis com a gestão de recursos hídricos78.

Art. 40. Aos Comitês de Bacia Hidrográfica, na condição de órgãos regionais de

caráter deliberativo e normativo, na sua área territorial de atuação, compete:

I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular

a atuação das entidades intervenientes;

II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos

recursos hídricos;

III - aprovar o Plano de Bacia Hidrográfica em sua área territorial de atuação;

IV - acompanhar a execução do Plano de Bacia Hidrográfica e sugerir as

providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

V - propor critérios e normas gerais para a outorga dos direitos de uso dos

recursos hídricos;

VI - propor ao Instituto das Águas do Paraná os represamentos, derivações,

captações e lançamentos considerados insignificantes, para efeito de isenção

da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de

acordo com os domínios destes79;

VII - propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR), a

probabilidade associada à vazão outorgável, referida no § 4º do artigo 16 desta

lei;

VIII - aprovar proposição de mecanismos de cobrança pelos direitos de uso de

recursos hídricos e dos valores a serem cobrados;

IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso

múltiplo, de interesse comum ou coletivo;

76Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 77Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 78Incluído pela Lei 16242 de 13/10/2009 79Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 47: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

42

X - exercer outras ações, atividades e funções estabelecidas em lei,

regulamento ou decisão do Conselho Estadual de Recursos Hídricos

(CERH/PR), compatíveis com a gestão de recursos hídricos.

Parágrafo único: das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá

recurso ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR), de acordo

com a sua esfera de competência.

Art. 41. Compete às Gerências de Bacia Hidrográfica exercer a Secretaria

Executiva dos respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica80.

CAPÍTULO XI

PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

SEÇÃO I

Da Participação dos Municípios

Art. 42. O Estado, por intermédio do Conselho Estadual de Recursos Hídricos

(CERH/PR), poderá delegar ao Município que se organizar técnica e

administrativamente, o gerenciamento de recursos hídricos de interesse

exclusivamente local, compreendendo, dentre outros, os de bacias

hidrográficas, que se situem exclusivamente no seu território.

Parágrafo único: a delegação referida no artigo será disciplinada em ato

próprio, que observará os fundamentos, as diretrizes e os instrumentos

previstos nesta lei, inclusive quanto à cobrança pelo direito de uso das águas.

SEÇÃO II

Das Organizações Civis de Recursos Hídricos

Art. 43. Para os efeitos desta lei; são considerados habilitáveis para

participação da gestão de recursos hídricos em bacias hidrográficas do Estado

e em sub-bacias de rios de domínio da União cuja gestão a ele tenham sido

delegadas, nos termos do parágrafo único do artigo 5º desta lei:

I - os consórcios e as associações intermunicipais de bacias hidrográficas;

80Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 48: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

43

II - as associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos

hídricos;

III - as organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de

recursos hídricos;

IV - as organizações afins reconhecidas pelo Conselho Estadual de Recursos

Hídricos (CERH/PR).

Parágrafo único: para integrar o Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos (SEGRH/PR) os consórcios, as associações e as

organizações mencionadas neste artigo deverão ser legalmente constituídos,

observada a legislação aplicável em vigor.

SEÇÃO III

Dos Consórcios e das Associações Intermunicipais

Art. 44. O Estado incentivará a formação de consórcios ou de associações

intermunicipais de bacias hidrográficas, de modo especial nas regiões que

apresentarem quadro ou situação crítica relativamente aos recursos hídricos81.

SEÇÃO IV

Das Associações Regionais, Locais ou Setoriais de Usuários de Recursos Hídricos

Art. 45. O Estado incentivará a criação, a implantação e o funcionamento das

associações civis mencionadas no inciso II do artigo 43 desta lei, legalmente

constituídas sem fins lucrativos e reconhecidas de utilidade pública na forma da

lei, mediante a participação majoritária de usuários de recursos hídricos82.

81Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 82Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 49: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

44

SEÇÃO V

Das Organizações Técnicas de Ensino e Pesquisa na Área de Recursos Hídricos

Art. 46. As organizações técnicas de ensino e de pesquisa com interesses na

área de recursos hídricos, legalmente constituídas e declaradas de utilidade

pública, na forma da lei, poderão prestar apoio e cooperação ao Sistema

Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH/PR), mediante

convênio ou contrato, como convier, observada a legislação aplicável.

Parágrafo único: o apoio e a cooperação referidos no artigo, consistirão,

basicamente, em ações e atividades de pesquisas, desenvolvimento

tecnológico, capacitação de recursos humanos, treinamento de pessoal,

informatização e prestação de serviços afins, compatíveis com a política e a

gestão de recursos hídricos do Estado de que trata esta lei.

SEÇÃO VI

Das Organizações Não Governamentais na Área de Recursos Hídricos

Art. 47. A participação de organizações não governamentais com objetivos de

defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade e das comunidades

poderá ser credenciada perante o Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos (SEGRH/PR), na forma de ato próprio baixado pela

Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, após audiência

ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR).

SEÇÃO VII

Do Reconhecimento de Outras Organizações Civis no Gerenciamento de Recursos Hídricos

Art. 48. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR), mediante

proposta de Comitê de Bacia Hidrográfica, poderá reconhecer outras

organizações civis, legalmente constituídas e reconhecidas de utilidade pública,

com interesses em recursos hídricos, para participarem, de forma auxiliar, no

gerenciamento da respectiva bacia hidrográfica.

Page 50: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

45

CAPÍTULO XII

INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 49. Constituem infrações às normas de utilização de recursos hídricos

superficiais ou subterrâneos estabelecidas pelo Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH/PR):

I - a utilização de recursos hídricos sem a respectiva outorga de direito de uso;

II - o início de implantação, ampliação e alteração de qualquer empreendimento

relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos que importem

alterações no seu regime, quantidade ou qualidade, sem autorização dos

órgãos ou entidades competentes integrantes da Secretaria de Estado do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos;

III - a utilização de recursos hídricos ou a execução de obras ou serviços em

desacordo com as condições estabelecidas na outorga;

IV - a perfuração de poços para a extração de águas subterrâneas ou sua

operação sem a devida autorização, ressalvados os casos de vazão

insignificante, assim definidos em regulamento;

V - a fraude nas medições dos volumes de água captados e a declaração de

valores diferentes dos utilizados;

VI - a transgressão das instruções e dos procedimentos prefixados pelos

órgãos e entidades competentes que integram o Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no

exercício de suas funções.

Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à

execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos

hídricos de domínio ou administração do Estado e em sub-bacias de rios de

domínio da União cuja gestão a ele tenham sido delegadas, nos termos do

parágrafo único do artigo 5º desta lei, ou pelo não atendimento das solicitações

feitas, o infrator ficará sujeito à aplicação, isolada ou cumulativa, das seguintes

penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração83:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para a correção

das irregularidades;

83Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 51: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

46

II - multa, simples e/ou diária, proporcional à gravidade da infração, do dano

hídrico, da localização e porte do empreendimento, cujo valor oscilará entre 20

(vinte) e 20.000 (vinte mil) vezes o valor nominal da Unidade Padrão Fiscal do

Paraná (UPF/PR), ou outro índice que venha a substituí-lo, instituído pelo

Poder Executivo Estadual84;

III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e

obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o

cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção

dos recursos hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor

incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos

termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de

extração de água subterrânea.

§ 1º. Sempre que da infração cometida resultar prejuízo ao serviço público de

abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou

animais ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada

nunca será inferior à metade do valor máximo estabelecido pelo inciso II deste

artigo.

§ 2º. No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão

cobrados do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar

efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53,

56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos

danos a que der causa.

§ 3º. Pauta tipificada de infrações e respectivas penalidades, segundo o grau e

as características de sua prática, será fixada em tabela própria, a ser

estabelecida mediante decreto85.

§ 4º. A aplicação das penalidades previstas nesta lei, levará em conta:

a) as circunstâncias atenuantes e agravantes;

b) os antecedentes do infrator;

c) a gravidade da infração86.

§ 5º. Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.

84Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 85Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 86Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009

Page 52: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

47

§ 6º. Da aplicação das sanções previstas neste Capítulo caberá recurso à

autoridade administrativa competente, nos termos do Regulamento.

§ 7º. Para efeito do disposto no § 4º deste artigo, a utilização de recursos

hídricos como fator de produção é considerada como circunstância atenuante.

§ 8º. A aplicação das penalidades obedecerá ao princípio do devido processo

legal.

Art. 51. As penalidades por infrações tipificadas na legislação ambiental serão

aplicadas pelo órgão seccional do Sistema Nacional de Meio Ambiente -

SISNAMA, como previsto na lei federal respectiva.

Art. 52. A autoridade administrativa procederá a cobrança amigável de débitos

decorrentes do uso de recursos hídricos, após o término do prazo para o seu

recolhimento, acrescido de multa de 5 % (cinco por cento) e de juros legais, a

título de mora, enquanto não inscritos para execução judicial.

Parágrafo único: esgotado o prazo concedido para a cobrança amigável, a

autoridade administrativa encaminhará o débito para a inscrição em Dívida

Ativa, na forma da legislação em vigor.

CAPÍTULO XIII

DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 53. O Executivo Estadual estabelecerá, em regulamento próprio, no prazo

de 18 (dezoito) meses a partir da vigência desta lei, os procedimentos relativos

à cobrança pelo direito de uso da água, a ser implementada de forma gradual

sobre todos os setores usuários.

§ 1º. Os pequenos produtores rurais, que possuam até seis módulos fiscais,

ficarão isentos da cobrança pelo direito de uso de água87.

§ 2º. O benefício previsto do parágrafo anterior, será estendido aos demais

produtores rurais, desde que o consumo seja exclusivamente destinado à

produção agropecuária e silvipastoril88.

Art. 54. O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(SEGRH/PR), para dar cumprimento ao disposto nesta lei, aplicará, quando e

87Redação dada pela Lei 16242 de 13/10/2009 88Dispositivo promulgado pela Assembleia Legislativa e publicado em 23/12/2009 pela Lei 16242 de

27/11/2009

Page 53: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

48

como couber, o regime de concessões, permissões e autorizações previsto nas

leis federais respectivas, sem prejuízo da legislação estadual aplicável.

Art. 55. O Sistema Integrado de Gestão e Proteção aos Mananciais da Região

Metropolitana de Curitiba, objeto da Lei No. 12.248, de 31 de julho de 1998,

deverá articular-se ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, objeto desta Lei, aplicando-se percentual de recursos oriundos da

cobrança pelo direito de uso da água em ações de interesse dos municípios e

pertinentes à preservação e conservação de mananciais destinados ao

abastecimento público, mediante prévia inserção no respectivo Plano de Bacia

Hidrográfica e aprovação do Comitê de Bacia Hidrográfica.

Parágrafo único: este dispositivo será aplicável a outros sistemas de gestão e

proteção a mananciais de interesse regional que venham a ser instituídos por

lei estadual.

Art. 56. O Poder Executivo Estadual, mediante decreto, expedirá instruções de

caráter operacional visando a compatibilizar e articular o Fundo de Proteção

Ambiental (FPA-RMC), de que trata a lei No. 12.248/98, com o Fundo Estadual

de Recursos Hídricos (FRHI/PR), de que trata esta Lei, de modo especial no

que se refere ao planejamento e à programação da aplicação de recursos

oriundos da cobrança pelo direito de uso das águas em planos, programas,

projetos e atividades de interesse comum metropolitano.

Art. 57. A expedição de licenciamento ambiental, a ser concedido pelo Instituto

Ambiental do Paraná, para fins de exploração de areia, em regiões que

contemplem áreas de mananciais e nascentes, bem como de preservação

permanente nos rios do Estado do Paraná, deverá ser submetida à prévia

aprovação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e antecedida pelos

competentes estudos ambientais.

Art. 58. (Revogado pela Lei 16242 de 13/10/2009).

Art. 59. (Revogado pela Lei 16242 de 13/10/2009).

Parágrafo Único. (Revogado pela Lei 16242 de 13/10/2009).

CAPÍTULO XIV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 60. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 180 (cento e

oitenta) dias, contados da data de sua publicação.

Page 54: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

49

Art. 61. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário89.

Palácio do Governo em Curitiba, em 26 de novembro de 1999.

Jaime Lerner

Governador do Estado

89Disponível em: http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codA

to=5849&codItemAto=40340

Page 55: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

50

2.2. Decreto 9957 - 23 de janeiro de 2014

Publicado no Diário Oficial nº. 9131 de 23 de janeiro de 2014.

Súmula: Dispõe sobre o regime de outorga de direitos de uso de recursos

hídricos e adota outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições que lhe

confere o art. 87, incisos V e VI da Constituição Estadual, e tendo em vista o

disposto na Lei Estadual nº 12.726, de 26 de novembro de 1999, bem como o

protocolado sob nº 12.024.634-8,

DECRETA:

I - Disposições Gerais

Art. 1º O presente Decreto disciplina o regime de outorga de direitos de uso de

recursos hídricos, de que tratam os artigos 12 a 18 da Lei Estadual nº 12.726,

de 26 de novembro de 1999.

Art. 2º A outorga de direitos de uso de recursos hídricos, prevista no inciso IV

do art. 6º da Lei Estadual nº 12.726/99, é o ato administrativo que expressa os

termos e as condições mediante as quais o Estado do Paraná permite, por

prazo determinado, o uso de recursos hídricos.

Art. 3º A outorga faculta simples direito de uso dos recursos hídricos de

domínio do Estado do Paraná.

§ 1º O Estado do Paraná poderá estender o exercício da outorga de direitos de

uso às águas de domínio da União, cuja gestão a ele tenha sido delegada nos

termos do parágrafo único do art. 5º da Lei Estadual nº 12.726/99 e do § 1º do

art. 14 da Lei Federal nº 9.433/97.

§ 2º O direito de uso de recursos hídricos é condicionado à disponibilidade

hídrica e às situações críticas expressas nos incisos II, III, IV e V do art. 15 da

Lei Estadual nº 12.726/99, sujeitando o outorgado à suspensão da outorga e às

demais disposições estabelecidas neste regulamento.

§ 3º A outorga de direitos de uso não gera privilégios ou direitos opo - níveis ao

Estado do Paraná consistindo em ato unilateral por meio do qual se consente a

utilização de recursos hídricos, condicionada aos enunciados da Lei Estadual

nº 12.726/99 e deste regulamento.

Page 56: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

51

II - Das Competências das Instituições Integrantes do SEGRH/ PR, relativas ao

Regime de Outorga de Direitos de Uso de Recursos Hídricos.

Art. 4º Ao Poder Público Estadual compete, por intermédio do

AGUASPARANÁ, também referido nesse regulamento como Poder Público

Outorgante, nos termos do inciso IX do art. 39-A da Lei Estadual nº 12.726/99,

instituir e manter o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos.

Parágrafo único: cabem ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos -

CERH/PR, nos termos dos incisos III, IV, VI, VII, XIII, XIV e XVI do art. 1º do

Decreto nº 9.129, de 27 de dezembro de 2010, e aos Comitês de Bacias

Hidrográficas, observado o Decreto nº 9.130, de 27 de dezembro de 2010, nos

termos do artigo 12, incisos III, V, VI e alíneas “b” e “c” do inciso VII,

competências relacionadas ao regime de outorga de direitos de uso, em

observância ao fundamento expresso no inciso VI do art. 2º da Lei Estadual nº

12.726/99, de que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e

contar também com a participação dos usuários e das comunidades.

III - Das finalidades da Outorga de Direitos De Uso

Art. 5º A outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como finalidades

assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e disciplinar o

exercício dos direitos de acesso à água, vinculando-as aos seguintes objetivos

da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de

águas em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - promover a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, com vista

ao desenvolvimento sustentável;

III - prevenir e defender contra eventos hidrológicos críticos de origem natural

ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

IV - Dos Usos sujeitos à Outorga

Art. 6º Estão sujeitos à outorga, independentemente da natureza pública ou

privada dos usuários, os seguintes usos ou interferências em recursos hídricos:

I - derivações ou captação de parcela de água existente em um corpo hídrico,

para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo

produtivo;

II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final, inclusive

abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

Page 57: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

52

III - lançamento em corpo de água, de esgotos e demais resíduos líquidos ou

gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição

final;

IV - usos de recursos hídricos para aproveitamento de potenciais hidrelétricos;

V - intervenções de macrodrenagem urbana para retificação, canalização,

barramento e obras similares que visem ao controle de cheias;

VI - outros usos e ações e execução de obras ou serviços necessários à

implantação de qualquer intervenção ou empreendimento, inclusive as

intervenções visando o controle de erosão e a proteção sanitária, que

demandem a utilização de recursos hídricos, ou que impliquem em alteração,

mesmo que temporária, do regime, da quantidade ou da qualidade da água,

superficial ou subterrânea, ou, ainda, que modifiquem o leito e margens dos

corpos de água.

§ 1º A outorga de direitos de uso de recursos hídricos para fins de

aproveitamentos de potenciais hidrelétricos será efetivada em articulação com

a Agência Nacional de Águas - ANA, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente,

e com a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, vinculada ao Ministério

de Minas e Energia, observando-se o § 1º do art. 7º da Lei Federal nº 9.984, de

17 de julho de 2000.

§ 2º Para efeitos da aplicação deste regulamento, entende-se que a utilização

de recursos hídricos, mediante a transposição de bacias ou sub-bacias

hidrográficas, inclui-se dentre os usos correspondentes às derivações e

captações de água, de que trata o inciso I deste artigo.

V - Dos usos independentes de Outorga

Art. 7º Independem de outorga:

I - as acumulações, derivações, captações e lançamentos considerados

insignificantes;

II - os usos insignificantes correspondentes aos poços destinados ao consumo

familiar de proprietários e de pequenos núcleos populacionais dispersos no

meio rural.

III - outros usos, intervenções e ações descritos nos incisos V e VI do art. 6

deste regulamento, considerados insignificantes.

Page 58: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

53

§ 1º Os parâmetros quantitativos para a qualificação, como insignificantes,

serão estabelecidos pelo Poder Público Outorgante, com base em proposições

dos Comitês de Bacia Hidrográfica.

§ 2º Os usos independentes de outorga deverão constar em bancos de dados

de informações e ser objetos de normas e procedimentos específicos para o

seu controle e cadastramento pelo Poder Público Outorgante.

VI – Do Enquadramento Jurídico dos atos administrativos de outorga

Art. 8º A outorga prévia é um ato administrativo que consiste em uma

manifestação do Poder Público Outorgante, onde não se estabelece nenhuma

relação negocial com o requerente, estando, entretanto, seu conteúdo

garantido ao requerente, nos termos do § 3º do artigo 3º, sendo este

instrumento compatível com as finalidades a que se destina, ou seja, a

avaliação preliminar do objeto do requerimento e o fornecimento de subsídios

para outros procedimentos de licenciamentos.

§ 1º A outorga prévia não estabelece direito de uso de recursos hídricos,

correspondendo, por conseguinte, à manifestação prévia acerca do objeto

requerido, reservando a vazão passível de outorga, de modo a possibilitar ao

requerente prosseguir no planejamento e projeto do empreendimento, no

atendimento às etapas de licenciamentos previstas nas legislações sobre uso e

ocupação do solo, meio ambiente, exploração e aproveitamento de recursos

naturais e, ainda, no cumprimento das demais disposições legais e

regulamentares aplicáveis.

Art. 9º A outorga de direito de uso de recursos hídricos, com caráter de

autorização é ato discricionário e unilateral que contempla, contudo, um

conteúdo tipicamente negocial, de interesse recíproco do Poder Público

Outorgante e do requerente, mas subordinando este, incondicionalmente, às

condições impostas por aquele.

VII - Dos Procedimentos Administrativos para o Processamento dos

Requerimentos de Outorga

Art. 10 O processamento dos requerimentos de outorga compreende duas

etapas distintas denominadas outorga prévia e outorga de direito de uso de

recursos hídricos.

§ 1º A outorga prévia é exigível quando o objeto requerido é condicionante para

a continuidade de outros procedimentos de licenciamentos, estabelecidos em

normas concernentes, podendo, em certos casos, a critério do Poder Público

Outorgante, ser dispensada.

Page 59: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

54

§ 2º Será permitida a incorporação das outorgas prévia e de direito de uso em

um único processo administrativo, caso o requerimento de outorga de direitos

de uso for protocolado dentro do prazo de vigência da outorga prévia.

§ 3º O conteúdo da manifestação do Poder Público no ato da outorga prévia

estará garantido ao requerente, desde que os elementos do processo

administrativo que deram sustentação a esta manifestação não venham a ser

alterados nas fases subsequentes do processo de concessão da outorga.

§ 4º No caso do uso de recursos hídricos para aproveitamento de potenciais

hidrelétricos, a outorga prévia terá como finalidade precípua declarar a reserva

de disponibilidade hídrica, para efeito de aplicação do disposto no art. 7º, § 1º,

da Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000, que dispôs sobre a criação da

Agência Nacional de Águas - ANA.

§ 5º A inexistência da outorga prévia no processo administrativo

correspondente, quando exigível, ensejará a nulidade da outorga de direito de

uso de recursos hídricos

Art. 11 O processamento administrativo dos requerimentos de outorga deverá

articular-se com os procedimentos de licenciamentos, concessões, permissões

e autorizações relativas a meio ambiente, aproveitamento de recursos naturais,

uso do solo, prestação de serviços públicos, usos de bens públicos e a outras

interferências com recursos hídricos, com os seguintes objetivos:

I - observar, nas diferentes esferas de governo, as competências das

instituições públicas envolvidas.

II - promover condições para que a análise dos requerimentos obedeça a

trâmites técnicos e administrativos, encadeados de forma a possibilitar a

avaliação, em profundidade, do conjunto de legislações, regulamentos, normas,

planos, programas e demais disposições que devem orientar as decisões do

Poder Público Outorgante;

III - agilizar a tramitação e análise dos processos, com a introdução de

mecanismos de acompanhamento e controles administrativos, voltados ao

atendimento das necessidades dos requerentes, de forma que o exercício

dessas funções se vincule à estratégia de modernização da administração

pública.

Art. 12 O processamento dos requerimentos de outorga visando a extração de

água de aqüífero subterrâneo compreende obrigatoriamente duas etapas

distintas, denominadas como anuência para perfuração de poço e outorga de

direito de uso, que poderão ser incorporadas em um único processo

administrativo.

Page 60: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

55

Art. 13 A outorga de direitos de uso de recursos hídricos deverá ser requerida

junto ao Poder Público Outorgante, antes do início da operação do

empreendimento.

§ 1º Qualquer ampliação, reforma ou modificação nos processos de produção,

que alterem, de forma permanente ou temporária, direitos de uso já

outorgados, deverão ser objeto de requerimento junto ao Poder Público

Outorgante.

§ 2º As solicitações de renovação de direitos de uso de recursos hídricos

também serão objeto de requerimento e serão avaliadas segundo os critérios

vigentes à época de sua tramitação.

§ 3º A transferência de titularidade de uma outorga, total ou parcial, deverá ser

requerida ao Poder Público Outorgante.

§ 4º O outorgado poderá disponibilizar ao Poder Público Outorgante, por prazo

igual ou superior a um ano, vazão parcial ou total de seu direito de uso de

recursos hídricos, devendo o Poder Público Outorgante emitir ato

administrativo estabelecendo as novas condições de outorga.

Art. 14 Na composição da documentação do processo administrativo devem

constar, para a sua abertura, os elementos mencionados nos incisos a seguir,

detalhados nos artigos 16 e 17 do presente regulamento a serem

encaminhados por escrito ao Poder Público Outorgante, protocolados em sua

sede ou nas Gerências de Bacia Hidrográficas ou Sub-Gerências de Bacia

Hidrográfica, na jurisdição onde se localizarem os usos de recursos hídricos

requeridos.

I - dados gerais, pertinentes ao objeto do processo administrativo,

compreendido em ambas as suas etapas de outorga prévia e outorga de

direitos de uso, relativos a todos os usos, empreendimentos ou intervenções

em recursos hídricos previstos nos incisos I a VI do artigo 6º desse

regulamento;

II - dados e informações constantes de estudos preliminares, de concepção ou

de viabilidade, correspondentes aos usos, empreendimentos ou intervenções

em recursos hídricos, previstos nos incisos I a VI do artigo 6º desse

regulamento;

III - Certidão da Prefeitura Municipal declarando expressamente que o local e o

tipo de empreendimento ou atividades estão em conformidade com a legislação

municipal aplicável ao uso e ocupação do solo;

Page 61: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

56

Parágrafo único: ficam dispensados da apresentação da Certidão da Prefeitura

os empreendimentos localizados ou atividades desenvolvidas

comprovadamente em áreas rurais.

Art. 15 Para a instrução do ato administrativo final de outorga de direitos de uso

de recursos hídricos, deverão ser anexados ao processo, após a verificação e

análise dos documentos juntados em sua abertura, os seguintes elementos, a

serem encaminhados ao Poder Público Outorgante, da mesma forma como

especificada no artigo 14 deste regulamento:

I - informações de interesse para o processo de outorga provenientes de

projetos de engenharia, relativos aos usos mencionados nos incisos I a VI do

artigo 6º desse regulamento;

II - cópia da Anuência Prévia de entidades regionais metropolitanas, exigível

quando se tratar de parcelamentos de solo urbano localizados dentro dos

limites de regiões metropolitanas, em conformidade com as Leis Federais nº

6.766, de 19 de dezembro de 1979, e nº 9.785, de 29 de janeiro de 1999;

III - cópia, quando a intervenção for objeto de licenciamento ambiental, da

licença pertinente, obtida junto ao órgão ambiental competente.

Parágrafo único: para o atendimento ao disposto no inciso I deste artigo, serão

exigidas informações provenientes de projetos de engenharia, a serem

estabelecidas no Manual Técnico de Outorgas, de que trata o artigo 37 deste

regulamento.

Art. 16 Os dados gerais de que trata o inciso I do artigo 14 deste regulamento

compreendem:

I - requerimento de outorga;

II - identificação do requerente mediante dados da carteira de identidade (RG)

e Cadastro de Pessoa Física (CPF), se pessoa física; ou Comprovante de

Situação Cadastral no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) da

Receita Federal do Brasil se pessoa jurídica;

III - localização, apresentada em carta geográfica publicada por entidade oficial,

em escala adequada, dos pontos correspondentes a derivação, a captação ou

extração de recursos hídricos, referidos nos incisos I e II do artigo 6º desse

regulamento, aos lançamentos de efluentes, a que se refere o inciso III do

mesmo artigo, como também, dos empreendimentos, aproveitamentos e

intervenções referidos nos incisos IV a VI do mencionado artigo 6º do presente

regulamento;

Page 62: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

57

IV - comprovação do recolhimento dos emolumentos para cada requerimento

de outorga prévia ou outorga de direito de uso de recursos hídricos, de acordo

com os procedimentos e valores fixados pelo Poder Público Outorgante.

§ 1º Quando o requerimento de outorga de direitos realizar-se dentro do prazo

estabelecido no art. 10, § 2° do presente regulamento, será admitido o

recolhimento de uma única taxa referente aos emolumentos.

§ 2º Os valores dos emolumentos a que se refere o inciso IV deste artigo,

serão determinados com base nos custos de publicação, tramitação e análise

técnica dos requerimentos de outorga, sendo estabelecidos por ato próprio do

Poder Público Outorgante e classificados, de acordo com o regime

orçamentário do Governo do Estado, como receitas diversas.

Art. 17 Os estudos e projetos a que se referem o inciso II do artigo 14 e o inciso

I do artigo 15 deste regulamento devem ser elaborados sob a responsabilidade

de profissionais habilitados, devidamente registrados nos seus respectivos

Conselhos, sendo exigido para a composição da documentação do processo

administrativo a apresentação da Anotação de Responsabilidade Técnica

(ART) para cada projeto ou estudo apresentado.

Art. 18 Os dados e informações constantes de estudos preliminares, de

concepção ou de viabilidade, a que se refere o inciso II do artigo 14 deste

regulamento, devem conter, no que couber, dados e especificações relativos a:

I - finalidades a que se destinam os usos, empreendimentos ou intervenções;

II - demandas de recursos hídricos quanto à qualidade e à quantidade, em

horizontes definidos de tempo, devidamente justificadas;

III - informações sobre a qualidade da água, de acordo com critérios a serem

estabelecidos pelo Poder Público Outorgante, expressos no Manual Técnico de

Outorgas de que trata o artigo 37 deste regulamento;

IV - descrições das principais características físicas e operacionais de suas

unidades mais relevantes;

V - informações pertinentes aos estudos preliminares, de concepção ou de

viabilidade, relativos aos usos da água sujeitos à outorga pretendidos, a serem

estabelecidas no Manual Técnico de Outorgas, de que trata o artigo 37 deste

regulamento.

Art. 19. O Poder Público Outorgante analisando, entre outros aspectos, o tipo,

o porte e a localização dos usos objeto do requerimento de outorga, poderá

reavaliar a conveniência e o propósito dos elementos referidos nos artigos 14 e

Page 63: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

58

15 deste regulamento, o que poderá resultar em tratamento singular do

requerimento, redefinindo-se os documentos, projetos e estudos necessários à

abertura e às demais fases do processo administrativo.

§ 1º Durante a tramitação do processo, o Poder Público Outorgante disporá de

um prazo não superior a 30 (trinta) dias, contados a partir da instauração do

processo administrativo ou da produção de elementos relativos à sua fase de

instrução, para solicitar ao requerente, complementarmente, a apresentação de

outros planos, programas, projetos, estudos e documentos, inclusive medições

hidrométricas e análises de qualidade de água, sempre que, a seu critério,

julgar conveniente para resguardar os interesses coletivos, estabelecendo os

prazos máximos, a partir da solicitação, para o seu atendimento, admitindo-se,

se necessários, pedidos de prorrogação.

§ 2º Caso o Poder Público Outorgante verifique inexatidões nas

documentações apresentadas, poderão ser solicitadas revisões, tantas quanto

forem necessárias, sem prejuízo de outros atos administrativos para a

apuração e avaliação das condutas do requerente.

§ 3º O não atendimento às solicitações e aos prazos fixados pelo Poder

Público Outorgante motivará o arquivamento do processo, devendo o

requerente solicitar à abertura de novo processo administrativo, inclusive no

que se refere ao recolhimento dos emolumentos correspondentes ao

ressarcimento dos custos dos serviços de publicação, tramitação e análise do

requerimento, de que trata o inciso IV do artigo 17 deste regulamento.

Art. 20 O Poder Público Outorgante disporá de um prazo máximo de 90

(noventa) dias, contados da data de abertura do processo administrativo, para

deliberar sobre o requerimento, ressalvados os casos em que houver

necessidade de licenciamento ambiental, quando o prazo máximo para

deliberação se estenderá a 60 (sessenta) dias contados a partir da data de

anexação ao processo administrativo da cópia da licença ambiental pertinente,

de que trata o inciso III do artigo 15 deste regulamento.

§ 1º Os processos administrativos protocolados com a documentação

incompleta não serão objetos de deliberação até que a instrução documental

do procedimento esteja completa.

§ 2º A complementação da documentação dos processos administrativos

deverá ocorrer no prazo máximo de até 60 dias contados da ciência da

necessidade, sob pena de arquivamento do referido expediente.

§ 3º Somente após a instrução completa do processo administrativo é que se

iniciará a contagem do prazo definido no caput deste artigo.

Page 64: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

59

§ 4º Os prazos estipulados no caput deste artigo poderão ser ampliados, desde

que com a concordância expressa do requerente.

§ 5º Em caso de não cumprimento dos prazos estabelecidos, sem a

concordância expressa do requerente e na ausência das justificativas devidas,

caberá representação do solicitante junto ao Conselho Estadual de Recursos

Hídricos, no sentido de que este delibere pelas providências cabíveis.

VIII - Dos Procedimentos Técnicos para Análise dos Requerimentos de

Outorga

Art. 21 A análise técnica dos requerimentos de outorga de direito de uso está

condicionada, nos termos do art. 14 da Lei Estadual nº 12.726/99, aos

seguintes critérios:

I - as prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Bacia Hidrográfica;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes de uso de acordo com os

Planos de Bacia Hidrográfica e com as demais disposições legais e

regulamentares aplicáveis, observando-se as concentrações limites de cada

indicador de poluição para seção de corpo hídrico ou sub-bacia;

III - a preservação dos usos múltiplos dos recursos hídricos;

IV - a manutenção, quando for o caso, das condições adequadas ao transporte

aquaviário.

Parágrafo único. Para as análises técnicas de outorgas de direitos de uso, o

Poder Público Outorgante poderá articular-se com outros órgãos, entidades e

instituições.

Art. 22 Os procedimentos e demais critérios a serem adotadas na análise

técnica dos requerimentos de outorga serão detalhados no Manual Técnico de

Outorga constante no artigo 37 deste regulamento.

Art. 23 Cumpridas as formalidades administrativas e concluídas as análises

técnicas, ao final de cada etapa, de outorga prévia e de outorga de direitos de

uso, componentes do procedimento administrativo, os processos serão

submetidos à decisão do Diretor Presidente do Poder Público Outorgante que

expedirá, observadas as disposições do Regulamento do AGUASPARANÁ, os

atos de outorga prévia e de autorização de direito de uso por meio de

publicações na imprensa oficial do Poder Executivo do Estado do Paraná,

Art. 24 Nos atos de outorga de direito e de outorga prévia deverão constar:

Page 65: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

60

I - a fundamentação jurídica da competência do Poder Público Outorgante para

praticar o ato administrativo;

II - a fundamentação jurídica da finalidade do ato administrativo como fator de

realização do interesse coletivo;

III - a caracterização do requerimento e a identificação do requerente enquanto

elementos geradores do ato administrativo;

IV - qualificação e quantificação, e respectivos regimes de variação, dos usos

pretendidos;

V - prazo de vigência;

VI - requisitos e condicionantes.

Art. 25 Nas outorgas de direito de uso, além das informações relacionadas no

artigo 24 deste regulamento, deverão constar:

I - periodicidade para a apresentação de declaração de confirmação dos dados

da outorga de direitos de uso;

II - obrigatoriedade de recolhimento dos valores da cobrança pelo uso de

recursos hídricos, quando exigível;

III - condição de que será revogada, nos casos em que o licenciamento

ambiental for exigível, se a Licença de Instalação – LI, Licença Ambiental

Simplificada – LAS ou Autorização Ambiental – AA forem indeferidas ou se a

Licença de Operação - LO for cancelada ou, ainda, se as licenças municipais

para construção e funcionamento não forem emitidas;

IV - condição de que qualquer ampliação, reforma ou modificação nos

processos de produção, que alterem as disposições contidas no ato

administrativo de outorga, de forma permanente ou temporária, deverão ser

objeto de novo requerimento, a sujeitar-se aos mesmos procedimentos que

deram origem ao ato administrativo anterior.

§ 1º As solicitações de outorgas de direito de uso para as extrações de

aquíferos deverão ser requeridas após conclusão das obras e antes do inicio

efetivo da operação de poços profundos, com base nos dados do relatório

conclusivo do poço e demais exigências contidas no Manual Técnico de

Outorga de que trata o Artigo 37 deste regulamento.

§ 2º Nas solicitações de outorgas de direito de uso de recursos hídricos de

lançamento de efluentes com fins de diluição em corpos d’água ou em seus

Page 66: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

61

trechos, onde a relação entre a demanda e a disponibilidade hídrica, e m

termos quantitativos ou qualitativos, indique criticidade pelos critérios

específicos, caberá ao Poder Público Outorgante, quando necessário, definir

metas progressivas, intermediárias e final, para cada parâmetro adotado,

definindo limites progressivos, visando atender o enquadramento estabelecido

para o respectivo corpo receptor.

IX - Das obrigações do Outorgado

Art. 26 Obriga-se o outorgado a:

I - utilizar os recursos hídricos nos termos da outorga de direito de uso e

cumprir, integralmente, as demais disposições estabelecidas no ato

administrativo de outorga;

II - responder, em nome próprio, pelos danos causados ao meio ambiente e a

terceiros em decorrência da instalação e manutenção e operação inadequadas

dos usos, empreendimentos, atividades ou intervenções objeto da autorização

de direitos de uso de recursos hídricos;

III - garantir condições de estabilidade e de segurança para as realizações

decorrentes dos usos outorgados;

IV - instalar, manter e operar os dispositivos e obras hidráulicas de modo a

preservar as vazões e as condições de escoamento, na forma determinada

pelo Poder Público Outorgante, a fim de que sejam resguardados interesses e

direitos, coletivos ou privados, das populações e usuários estabelecidos a

montante ou a jusante;

V - instalar e operar, quando preconizados no ato de outorga e em outros atos

administrativos, estações e equipamentos de monitoramento hidrométrico e de

qualidade da água, nas condições especificadas pelo Poder Público

Outorgante, de acordo com diretrizes determinadas pelo Manual Técnico de

Outorgas, encaminhando-lhe os dados medidos e os resultados de análises

laboratoriais;

VI - operar e manter os dispositivos de extração de águas subterrâneas, de

modo a preservar as características físicas e químicas das águas, evitando-se

procedimentos que ameacem as condições naturais dos aqüíferos;

VII - cumprir os prazos fixados pelo Poder Público Outorgante para o início e a

conclusão das obras e serviços, e os demais prazos estipulados em

regulamentos e disposições legais;

Page 67: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

62

VIII - recompor, por ocasião do encerramento de obras, serviços e

intervenções, as condições anteriores das áreas afetadas, de acordo com os

critérios e prazos a serem estabelecidos pelo Poder Público Outorgante,

arcando inteiramente com as despesas decorrentes;

IX - delimitar, regularizar juridicamente e conservar faixas de servidão de

passagem previstas nos estudos e projetos de engenharia relativos aos usos

da água, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Poder Público

Outorgante no ato administrativo de outorga e em outros atos administrativos;

X - apresentar, de acordo com a periodicidade estabelecida na outorga e

critérios estabelecidos no Manual Técnico de Outorgas, a declaração de

confirmação dos dados contidos na outorga;

XI - manter no local do empreendimento, atividade, obra ou intervenção, a

autorização de direitos de uso de recursos hídricos;

XII - comunicar ao Poder Público Outorgante as ocorrências de alterações na

Razão Social do outorgado, a fim de se proceder a transferência de titularidade

da outorga de direitos de uso.

X - Da Vigência, Renovação e Transferência de Titularidade da Outorga

Art. 27 A vigência da outorga de direito de uso de recursos hídricos será por

prazo não superior a 35 (trinta e cinco) anos, renovável, segundo critérios

técnicos estabelecidos em ato próprio do Poder Público outorgante.

§ 1º A outorga de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias de

serviços públicos, bem como suas renovações, vigorará por prazo coincidente

com o do correspondente contrato de concessão, programa ou ato

administrativo de autorização.

§ 2º Nas autorizações de direitos de uso para aproveitamento de potencial

hidrelétrico, a sua vigência não poderá ultrapassar a data de encerramento da

outorga de concessão ou autorização do potencial de energia hidráulica,

expedida pela ANEEL.

Art. 28 O requerimento para renovação de outorga de direito de uso de

recursos hídricos deverá ser encaminhado ao Poder Público Outorgante no

prazo máximo de até 90 (noventa) dias anteriores à data de expiração da

vigência da autorização.

Parágrafo único: se o requerimento for encaminhado no prazo especificado no

caput e o Poder Público Outorgante não se manifestar a respeito do pedido de

renovação até a data do término da vigência da outorga, fica esta

Page 68: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

63

automaticamente prorrogada até que ocorra o deferimento ou indeferimento do

pedido.

Art. 29 A renovação da outorga de direitos de uso estará condicionada à

avaliação das disponibilidades hídricas, verificadas à luz das disposições legais

e regulamentares, das prioridades de uso dos recursos hídricos estabelecidas

em Planos de Bacia Hidrográfica e nos demais planos setoriais e, ainda, à

avaliação de outros critérios e normas técnicas pertinentes, vigentes à época

de tramitação do requerimento.

Art. 30 A transferência de titularidade da outorga deverá conservar as mesmas

características e condicionantes, devendo ser objeto de novo ato administrativo

indicando novo titular.

Parágrafo único: a transferência de titularidade só será possível se solicitada

antes de transcorrido metade do prazo máximo da vigência da outorga, caso

contrário, deverá ser solicitado nova outorga de direito de uso de recursos

hídricos.

XI - Da Suspensão e da Revogação da Outorga

Art. 31 A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa

pelo Poder Público Outorgante, de forma parcial ou total, por prazo

determinado ou indeterminado, sem qualquer direito de indenização ao usuário,

nas seguintes circunstâncias:

I - não cumprimento, pelo outorgado, dos termos da autorização;

II - necessidade de água para atender a situações de calamidade, inclusive as

decorrentes de condições climáticas adversas;

III - necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

IV - necessidade de serem atendidos os usos prioritários, de interesse coletivo,

para os quais não se disponha de fontes alternativas;

V - não pagamento dos valores fixados para cobrança pelo uso de recursos

hídricos segundo prazos e critérios estabelecidos pelo Comitê de Bacia

Hidrográfica correspondente.

§ 1º Em casos de suspensão da outorga, os usos correspondentes deverão ter

seus registros mantidos para fins das avaliações de disponibilidades hídricas.

Page 69: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

64

§ 2º A suspensão da outorga de direitos de uso de recursos hídricos, na

ocorrência dos eventos previstos neste artigo, poderá ser solicitada ao Poder

Público Outorgante, pelos Comitês de Bacia Hidrográfica.

§ 3º A persistência ou seguidas reincidências do outorgado na desobediência

às obrigações definidas no artigo 26 deste regulamento, no descumprimento

aos termos da outorga de direito de uso, bem como no desatendimento às

solicitações da fiscalização do Poder Público Outorgante, relativas à

observância de normas de uso, controle, conservação e proteção dos recursos

hídricos, motivarão a revogação da outorga de direitos de uso.

Art. 32 A outorga de direitos de uso de recursos hídricos poderá ser declarada

revogada, pelo Poder Público Outorgante, sem qualquer direito de indenização,

nas seguintes circunstâncias:

I - ausência de uso, constatado formalmente pelo Poder Público Outorgante,

por três anos consecutivos;

II - morte do usuário, quando for pessoa física;

III - extinção da pessoa jurídica;

IV - indeferimentos dos pedidos de Licença de Instalação – LI, da Licença de

Operação – LO, da Autorização Ambiental – AA, do Licenciamento Ambiental

Simplificado - LAS ou o cancelamento da Licença de Operação - LO ou, ainda,

se as licenças municipais para construção e funcionamento não forem

emitidas.

XII - Da Administração, Manutenção e Desenvolvimento do Regime de Outorga

Art. 33 A administração, manutenção e o desenvolvimento do regime de

outorga de direitos de uso compreendem as atividades, desempenhadas pelo

Poder Público Outorgante, de controle dos usos de recursos hídricos, de

fiscalização, de monitoramento e da preparação e contínuo aprimoramento do

Manual Técnico de Outorgas, de que trata o artigo 37 deste regulamento.

Art. 34 O Poder Público Outorgante manterá, para cada Unidade Hidrográfica

de Gerenciamento de Recursos Hídricos, os registros de:

I - outorgas prévias;

II - outorgas de direitos de uso de recursos hídricos;

III - acompanhamento dos trâmites administrativos durante o transcorrer das

diversas etapas dos procedimentos administrativos de outorga.

Page 70: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

65

Art. 35 O Poder Público Outorgante efetuará o monitoramento, qualitativo e

quantitativo, para o acompanhamento e a avaliação dos usos de recursos

hídricos, superficiais e subterrâneos, de domínio do Estado do Paraná ou de

domínio da União cuja gestão a este tenha sido delegada.

Art. 36 O exercício, pelo Poder Público Outorgante, da fiscalização das

outorgas de direitos de uso de recursos hídricos, dar-se-á por meio das

seguintes atividades:

I - inspeções e vistorias em geral;

II - levantamentos, avaliações e comparações, com os usos autorizados, dos

dados, das instalações e dos usos praticados pelos outorgados;

III - medições hidrométricas, coleta de amostras e análises de qualidade de

água;

IV - emissão de notificações para prestação de esclarecimentos;

V - verificação das ocorrências de infrações e aplicação das respectivas

penalidades;

VI - lavratura de Autos de Infração.

Parágrafo único: no que concerne ao lançamento de efluentes, a fiscalização

será exercida pelo órgão ambiental competente.

Art. 37 O Poder Público Outorgante instituirá e manterá, permanentemente

atualizado e aprimorado, o Manual Técnico de Outorgas, relativo ao regime de

outorga de direitos de uso de recursos hídricos de que trata este regulamento,

do qual constarão, obrigatoriamente, os seguintes elementos:

I - bases jurídico-institucionais de sustentação, orientação e disciplinamento do

regime de outorga de direitos de uso dos recursos hídricos de domínio do

Estado do Paraná, ou cuja gestão a este tenha sido delegada, especialmente

quanto a:

a) competências dos órgãos e instituições envolvidos;

b) finalidades do regime de outorga;

c) procedimentos técnicos e administrativos para processamento, análises e

deliberações quanto às outorgas;

d) enquadramento jurídico e forma dos atos administrativos;

Page 71: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

66

e) obrigações dos usuários de recursos hídricos;

f) administração e manutenção do regime de outorga;

II - normas e parâmetros para a caracterização dos usos considerados como

insignificantes;

III - normas e procedimentos para estudos hidrológicos e para a caracterização

das disponibilidades hídricas de que trata o § 1º do artigo 19 deste

regulamento;

IV - detalhamento, em articulação com o Instituto Ambiental do Paraná - IAP,

da relação de empreendimentos, intervenções e realizações, para efeito do

respectivo enquadramento no processo administrativo;

V - normas e procedimentos administrativos detalhados para o requerimento,

tramitação e deliberações sobre pedidos relativos a outorgas, de acordo com

os tipos de usos sujeitos à outorga e considerando-se a tipificação dos

empreendimentos, intervenções e realizações, de que trata o inciso anterior;

VI - detalhamento, de acordo com a tipologia de empreendimentos

intervenções e realizações, de informações provenientes de estudos

preliminares, de concepção, de viabilidade ou de engenharia, necessários à

composição do processo administrativo, nas suas etapas de outorga prévia e

outorga de direito de uso, de acordo com o inciso II do artigo 14 e inciso I do

artigo 15 deste regulamento;

VII - normas e procedimentos para a análise técnica dos requerimentos e para

a fixação dos parâmetros a serem outorgados, de acordo com os tipos de usos

sujeitos à outorga e considerando-se a tipificação dos empreendimentos,

intervenções e realizações de que trata o inciso IV deste artigo;

VIII - normas e procedimentos administrativos para suspensão e revogação de

outorgas de direitos de uso;

IX - normas e procedimentos para a formalização da outorga prévia e de direito

de usos de recursos hídricos;

X - normas e procedimentos para as atividades de controle, fiscalização e

monitoramento do uso dos recursos hídricos;

XI - normas e procedimentos para a aplicação, pelos usuários e a partir das

condições estabelecidas no ato de autorização, dos conceitos de auto- controle

e auto- monitoramento e para a manifestação dos usuários por meio da

declaração de confirmação dos dados da outorga de direito de uso;

Page 72: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

67

XII - normas e procedimentos para a instituição do regime de racionamento de

recursos hídricos;

XIII - detalhamento da pauta tipificada de infrações concernente ao regime de

outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

XIV - normas e procedimentos para a determinação dos valores e sistemática

de cobrança dos emolumentos relativos aos custos de publicação, tramitação e

análise técnica dos requerimentos de outorga;

XV - glossário de termos técnicos, caracterizando a forma como estes devem

ser entendidos quando empregados para descreverem situações e

procedimentos relativos ao regime de outorga.

XIII - Disposições Transitórias e Finais

Art. 38 Permanecem válidos os atos de outorga de direitos de uso das águas

de domínio do Estado do Paraná, efetuados anteriormente à publicação deste

regulamento, observados seus prazos de vigência e demais condições

estabelecidas.

Art. 39 O Poder Público Outorgante, no prazo de 360 (trezentos e sessenta)

dias, contados a partir da data de publicação deste regulamente, deverá estar

apto a proceder a tramitação e a análise dos requerimentos de outorga de

acordo com os procedimentos instituídos por este ato.

Art. 40 Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 41 Fica revogado o Decreto nº 4.646, de 31 de agosto de 200190.

Curitiba, em 23 de janeiro de 2014, 193º da Independência e 126º da

República.

Carlos Alberto Richa

Governador do Estado

*No tocante a Outorga, o Estado do Paraná disponibiliza um Manual91.

90

Disponível em: http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codAt

o=113097&codItemAto=719410#719410 91http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/manual_outorgas.pdf

Page 73: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

68

3. SANTA CATARINA

3.1. Lei n. 9.748, de 30 de novembro de 1994.

“Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.”

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA,

Faço saber a todos os habitantes deste Estado que a Assembleia Legislativa

decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I

DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

SEÇÃO I

Dos Princípios

Art. 1º A Política Estadual de Recursos Hídricos, como instrumento de

utilização racional da água compatibilizada com a preservação do meio

ambiente, reger-se-á pelos seguintes princípios:

I - Princípios Fundamentais:

a) o gerenciamento dos recursos hídricos deve ser integrado, descentralizado e

participativo, sem dissociação dos aspectos quantitativos e qualitativos e das

fases meteórica, superficial e subterrânea do ciclo hidrológico;

b) as bacias hidrográficas constituem unidades básicas de planejamento do

uso, conservação e recuperação dos recursos hídricos;

c) a água deve ser reconhecida como um bem público de valor econômico, cuja

utilização deve ser cobrada, com a finalidade de gerar recursos para financiar a

realização das intervenções necessárias à utilização e à proteção dos recursos

hídricos:

d) o uso da água para fins de diluição, transporte e assimilação de esgotos

urbanos e industriais, por competir com outros usos, deve ser também objeto

de cobrança;

Page 74: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

69

e) sendo os recursos hídricos bens de múltiplo e competitivo, a outorga de

direitos de seu uso é considerada instrumento essencial para o seu

gerenciamento e deve atender aos seguintes requisitos:

- a outorga de direitos de uso das águas deve ser de responsabilidade de um

único órgão, não setorial;

- na outorga de direitos de usos de água de domínio federal e estadual de uma

mesma bacia hidrográfica, a União e o Estado deverão tomar medidas

acauteladoras mediante acordos entre Estados definidos em cada caso, com

interveniência da União.

II - Princípios de Aproveitamento:

a) a utilização dos recursos hídricos deve ter como prioridade maior o

abastecimento humano;

b) os corpos de águas destinados ao abastecimento humano devem ter seus

padrões de qualidade compatíveis como esta finalidade;

c) todas as utilizações dos recursos hídricos que afetem sua disponibilidade

qualitativa ou quantitativa, ressalvadas aquelas de caráter individual, para

satisfação de necessidades básicas da vida, ficam sujeitas a prévia aprovação

do órgão competente;

d) o aproveitamento e controle dos recursos hídricos, inclusive para fins de

geração de energia elétrica, levará em conta, principalmente:

- a utilização múltipla dos recursos hídricos, especialmente para fins de

abastecimento urbano, irrigação, turismo, recreação, navegação, aquicultura,

esportes e lazer;

- o controle de cheias, a prevenção de inundações, a drenagem e a correta

utilização das várzeas;

- o rateio do custo das obras de aproveitamento múltiplo de interesse comum

ou coletivo, entre os beneficiados;

- o enquadramento dos corpos d'água, conforme legislação pertinente

III - Princípios de Gestão:

a) a gestão dos recursos hídricos tomará como base a bacia hidrográfica e

incentivará a participação dos municípios e dos usuários de água de cada

bacia;

Page 75: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

70

b) a vinculação aos critérios e normas estabelecidos pelo Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

c) o Plano Estadual de Recursos Hídricos, revisto e atualizado com uma

periodicidade mínima de 04 (quatro) anos.

SEÇÃO II

Dos Objetivos

Art. 2º A Política Estadual de Recursos Hídricos, tem como objetivos:

I - assegurar as condições para o desenvolvimento econômico e social, com

melhoria da qualidade de vida e em equilíbrio com o meio ambiente;

II - compatibilizar a ação humana, em qualquer de suas manifestações com a

dinâmica do ciclo hidrológico no Estado de Santa Catarina;

III - garantir que a água, elemento natural primordial a todas as formas de vida,

possa ser controlada e utilizada, em padrões de qualidade e quantidade

satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo o

território do Estado de Santa Catarina.

SEÇÃO III

Das Diretrizes

Art. 3º O Estado, obedecidos os critérios e normas estabelecidos pelo Sistema

Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, assegurará os meios

financeiros e institucionais para:

I - utilização racional dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos,

assegurado o uso prioritário para o abastecimento das populações;

II - descentralização da ação do Estado por bacias hidrográficas;

III - proteção e conservação das águas contra ações que possam comprometer

o seu uso atual e futuro:

IV - implantação de sistemas de alerta e defesa civil para garantir a segurança

e a saúde públicas, quando de eventos hidrológicos indesejáveis, em conjunto

com os municípios;

Page 76: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

71

V - prevenção da erosão dos solos urbanos e rurais, com vistas à proteção

contra a poluição física e o assoreamento dos cursos d'água;

VI - desenvolvimento do transporte hidroviário e seu aproveitamento

econômico;

VII - implantação, conservação e recuperação das áreas de proteção

permanente e obrigatória;

VIII - desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção

das águas subterrâneas contra poluição e superexplotação;

IX - zoneamento de áreas inundáveis com restrições a usos incompatíveis nas

áreas sujeitas a inundações freqüentes e manutenção da capacidade de

infiltração do solo;

X - promoção de ações integradas nas bacias hidrográficas, tendo em vista o

tratamento de efluentes e esgotos urbanos, industriais e outros, antes do

lançamento nos corpos d'água;

XI - participação comunitária através da criação de Comitês de Bacias

Hidrográficas, congregando usuários de água, representantes políticos e de

entidades atuantes na respectiva bacia;

XII - incentivo à formação de consórcios entre os municípios, tendo em vista a

realização de programas de desenvolvimento e proteção ambiental;

XIII - apoio técnico e econômico aos Comitês de bacias hidrográficas;

XIV - articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos e demais Sistemas Estaduais ou atividades afins, tais como de

planejamento territorial, meio ambiente, saneamento básico, agricultura e

energia;

XV - compensação através da instituição de programas de desenvolvimento

aos municípios que sofreram prejuízos decorrentes de inundações de áreas por

reservatórios bem como de outras restrições resultantes de leis de proteção

aos mananciais;

XVI - apoio aos municípios afetados por áreas de proteção ambiental de

especial interesse para os recursos hídricos, com recursos provenientes do

produto da participação, ou da compensação financeira do Estado no resultado

da exploração de potenciais hídricos em seu território, respeitada a legislação

federal;

Page 77: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

72

XVII - cobrança pela utilização dos recursos hídricos, segundo peculiaridades

de cada bacia hidrográfica, em favor do Fundo Estadual de Recursos Hídricos;

Parágrafo único: a fixação de tarifa ou preço público pela utilização da água

previsto no inciso XVII, se fundamentará nas diretrizes estabelecidas nesta Lei.

CAPÍTULO II

DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

SEÇÃO ÚNICA

Da Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos

Art. 4º A implantação de qualquer empreendimento ou atividade que altere as

condições quantitativas ou qualitativas das águas superficiais ou subterrâneas,

depende de autorização da Secretaria de Estado responsável pela Política

Estadual de Recursos Hídricos, através da Fundação do Meio Ambiente-

FATMA, ou sucedâneo, na qualidade de órgão gestor dos recursos hídricos.

Parágrafo único: as atividades que após a vigência desta Lei estiverem

utilizando, de alguma forma, os recursos hídricos, deverão efetuar o seu

cadastramento perante o órgão gestor, no prazo de 01 (um) ano.

Art. 5º São dispensados da outorga os usos de caráter individual para

satisfação das necessidades básicas da vida.

CAPÍTULO III

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

SEÇÃO I

Das Infrações

Art. 6º Constitui infração administrativa, para efeito desta Lei, qualquer ação ou

omissão que importe na inobservância dos seus preceitos, bem como das

demais normas dela decorrentes, sujeitando os infratores, pessoa física ou

jurídica, às sanções penais e a obrigação de reparar os danos causados.

Art. 7º Constitui ainda infração à presente Lei:

Page 78: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

73

I – utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, com ou sem derivação

sem a respectiva outorga do direito de uso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento, bem como exercer

atividade relacionada com a utilização de recursos hídricos, superficiais ou

subterrâneos, que implique em alterações no regime, quantidade ou qualidade

das águas, sem autorização do órgão gestor dos recursos hídricos;

III - operar empreendimento com o prazo de outorga vencido;

IV - executar obras e serviços ou utilizar recursos hídricos, em desacordo com

as condições estabelecidas na outorga;

V - executar perfuração de poços ou captar água subterrânea sem a devida

aprovação;

VI - declarar valores diferentes das medidas aferidas ou fraudar as medições

dos volumes de água captados;

VII - o não atendimento ao cadastramento, conforme artigo 4º, parágrafo único.

SEÇÃO II

Das Penalidades

Art. 8º Sem prejuízo das demais sanções definidas pela legislação federal,

estadual ou municipal as pessoas físicas ou jurídicas que transgredirem as

normas da presente Lei, ficam sujeitas as seguintes sanções, isolada ou

cumulativamente:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção

das irregularidades;

II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de 100 (cem)

a 1.000 (mil) vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência da Secretaria de

Estado do Planejamento e Fazenda de Santa Catarina UFR/SC, ou qualquer

outro título público que o substituir mediante conservação de valores;

III - intervenção administrativa, por prazo determinado, para execução de

serviços e obras necessários ao efetivo cumprimento das condições de outorga

ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e

proteção dos recursos hídricos;

Page 79: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

74

IV - embargo definitivo, com revogação ou cassação da outorga se for o caso,

para a administração pública repor incontinenti, no seu antigo estado, os

recursos hídricos, leitos e margens, ou tamponar os poços de extração de água

subterrânea, nos termos dos artigos 58 e 59 do Código de Águas;

V - perda ou suspensão em linhas de financiamento em estabelecimentos

oficiais de crédito do Governo do Estado;

VI - perda ou restrição de incentivo e benefícios fiscais concedidos pelo Poder

Público Estadual.

§ 1º No caso dos incisos III e IV, independente da pena de multa, serão

cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar

efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53,

56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos

danos a que der causa.

§ 2º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo ao serviço público de

abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou

animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, independentemente da

revogação ou cassação da outorga, a multa a ser aplicada nunca será inferior a

metade do valor máximo previsto no inciso II.

§ 3º As multas simples ou diárias, a critério da autoridade aplicadora, ficam

estabelecidas dentro das seguintes faixas:

I - de 100 (cem) a 200 (duzentas) vezes o valor nominal da UFR/SC, nas

infrações leves;

II - de 200 (duzentas) a 500 (quinhentas) vezes o mesmo valor, nas infrações

graves;

III - de 500 (quinhentas) a 1000 (mil) vezes o mesmo valor, nas infrações

gravíssimas.

§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada pelo valor correspondente

ao dobro da anteriormente imposta.

Art. 9º As penalidades serão aplicadas por despacho do titular do órgão gestor

dos recursos hídricos definido no artigo 4º, que classificará em leves, graves e

gravíssimas, levando em consideração as circunstâncias atenuantes e

agravantes.

§ 1º São circunstâncias atenuantes:

Page 80: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

75

I - ser primário;

II - ter procurado, de algum modo, evitar ou atenuar efetivamente as

consequências do ato ou dano;

III - a inexistência de má-fé;

IV - a caracterização da infração como de pequena monta e importância

secundária.

§ 2º São circunstâncias agravantes:

I - ser reincidente;

II - prestar informações falsas ou alterar dados técnicos;

III - dificultar ou impedir a ação fiscalizadora;

IV - deixar de comunicar, imediatamente, a ocorrência de acidentes que põem

em risco os recursos hídricos.

Art. 10. Das sanções impostas cabe recurso ao Conselho Estadual de

Recursos Hídricos, no prazo de 15 (quinze) dias da notificação, mediante

petição fundamentada ao seu Presidente.

§ 1º A resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos é definitiva,

passando a constituir coisa julgada no âmbito da Administração Pública

Estadual, após publicação no Diário Oficial do Estado.

§ 2º Não serão conhecidos recursos sem o prévio recolhimento do valor

pecuniário da multa imposta em favor do Fundo Estadual de Recursos

Hídricos.

§ 3º Julgado procedente o recurso, os valores serão devolvidos com correção,

baseado nos coeficientes de atualização adotados pela Secretaria de Estado

do Planejamento e Fazenda.

§ 4º Os recursos interpostos não têm efeito suspensivo.

Page 81: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

76

SEÇÃO III

Da Cobrança pela Utilização dos Recursos Hídricos

Art. 11. Será cobrado o uso dos recursos hídricos superficiais ou subterrâneos,

segundo as peculiaridades das bacias hidrográficas, na forma a ser

estabelecida pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH,

obedecidos os seguintes critérios:

I - a cobrança pela utilização considerará a classe de uso preponderante em

que estiver enquadrado o corpo d'água onde se localize o uso, a

disponibilidade hídrica local, o grau de regularização assegurado por obras

hidráulicas, a vazão captada em seu regime de variação, o consumo efetivo e a

finalidade a que se destine;

II - a cobrança pela diluição, transporte e assimilação de efluentes de sistemas

de esgotos e de outros líquidos, de qualquer natureza, considerará a classe de

uso em que estiver enquadrado o corpo d'água receptor, o grau de

regularização assegurado por obras hidráulicas, a carga lançada e seu regime

de variação, ponderando-se, dentre outros, os parâmetros orgânicos físico-

químicos dos efluentes e a natureza da atividade responsável pelos mesmos.

§ 1º No caso do inciso II, os responsáveis pelos lançamentos não ficam

desobrigados do cumprimento das normas e padrões legais, relativos ao

controle de poluição das águas.

§ 2º Será aplicada a legislação federal especifica quando da utilização de

recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica.

SEÇÃO IV

Do Rateio de Custos das Obras

Art. 12. As obras de uso múltiplo, ou de interesse comum ou coletivo, terão

seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critérios e normas a

serem estabelecidos pelo regulamento desta Lei, atendidos os seguintes

procedimentos:

I - prévia negociação, realizada no âmbito do Comitê de Gerenciamento da

Bacia Hidrográfica pertinente, para fins de avaliação do seu potencial de

aproveitamento múltiplo e consequente rateio de custo entre os possíveis

beneficiários;

Page 82: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

77

II - previsão de formas de retorno dos investimentos públicos ou justificada

circunstanciadamente a destinação de recursos a fundo perdido;

III - concessão de subsídios somente no caso de interesse público relevante e

na impossibilidade prática de identificação dos beneficiados, para o

consequente rateio de custos.

CAPÍTULO IV

DO PLANEJAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Art. 13. Os princípios, objetivos e diretrizes da Política Estadual de Recursos

Hídricos, definidos nesta Lei, serão expressos no Plano Estadual de Recursos

Hídricos, tomando por base os Planos de Bacias Hidrográficas, as normas

relativas à proteção do meio ambiente, as diretrizes do planejamento e

gerenciamento dos recursos hídricos.

SEÇÃO I

Do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Art. 14. O Plano Estadual de Recursos Hídricos terá como elementos

constitutivos:

I - a condução prática dos objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos

em metas a serem alcançadas em prazos definidos;

II - a ênfase nos aspectos quantitativos e qualitativos da água;

III - o inventário das disponibilidades hídricas, seus usos atuais e futuros,

ressaltando os conflitos resultantes;

IV - a definição e as análises pormenorizadas das áreas críticas, atuais e

potenciais;

V - as diretrizes para à outorga do uso da água, que considerem a

aleatoriedade das projeções dos usos e das disponibilidades da água;

Parágrafo único: o Plano Estadual de Recursos Hídricos contemplará, também,

os programas de desenvolvimento nos municípios a que se referem os incisos

XV e XVI do artigo 3º desta Lei.

Page 83: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

78

Art. 15. O Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado com base nas

propostas dos Planos de Bacias Hidrográficas encaminhados pelos Comitês de

Gerenciamento de Bacia Hidrográfica, e levará em conta, ainda:

I - propostas apresentadas pelos usuários da água, tanto a nível individual

como coletivo:

II - planos gerais regionais e setoriais devidamente compatibilizados com as

propostas de recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos;

III - convênios internacionais de cooperação;

IV - estudos, pesquisas e documento públicos que possam contribuir para a

compatibilização e consolidação das propostas a que se refere o "caput" desse

artigo.

Art. 16. A proposta do Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborada

pelo órgão Central do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos e aprovada pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos,

previamente ao encaminhamento à Assembleia Legislativa do Estado de Santa

Catarina.

Art. 17. O Poder Executivo, através do órgão Central do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, elaborará a cada final de ano, relatório

sobre a situação dos recursos hídricos no Estado, com a finalidade de permitir

a avaliação permanente da execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos.

SEÇÃO II

Dos Planos de Bacias Hidrográficas

Art. 18. Os Planos de Bacias Hidrográficas têm por finalidade operacionalizar,

no âmbito de cada bacia as disposições do Plano Estadual de Recursos

Hídricos e conterão dentre outros, os seguintes elementos:

I - diretrizes gerais, capazes de orientar devidamente o desenvolvimento

segundo as necessidades de recuperação, proteção e conservação dos

recursos hídricos das bacias hidrográficas;

II - metas de curto, médio e longo prazos para se atingir índices progressivos

de recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos da bacia,

traduzidas, entre outras, em:

Page 84: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

79

a) planos de utilização prioritária e propostas de enquadramento dos corpos

d'água em classe de uso preponderante;

b) programas de recuperação, proteção, conservação e utilização dos recursos

hídricos das bacias hidrográficas, inclusive com especificações dos recursos

financeiros necessários;

c) programas de desenvolvimento integrado, referido no inciso XV, do artigo 3º.

III - financiamento dos programas através da cobrança pelo uso da água, do

rateio de investimentos de interesse comum, e de recursos alocados pelos

orçamentos públicos e privados na bacia.

IV - programas de monitoramento ambiental.

Art. 19. Os Planos de Bacias Hidrográficas serão elaborados pelos Comitês de

Gerenciamento, conforme dispõe o Artigo 15 desta Lei.

SEÇÃO III

Dos Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas

Art. 20. Em cada bacia hidrográfica será instituído um Comitê de

Gerenciamento, ao qual caberá a coordenação programática das atividades

dos agentes públicos e privados relacionados aos recursos hídricos,

compatibilizando, no âmbito especial da sua respectiva bacia, as metas do

Plano Estadual de Recursos Hídricos com a melhoria da qualidade dos corpos

d'água.

Art. 21. Cada Comitê será assim constituído:

I - representantes dos usuários da água, cujo peso de representação deve

refletir, tanto quanto possível, sua importância econômica na região e o seu

impacto sobre os corpos d'água;

II - representantes da população da bacia, através dos poderes executivos e

legislativo municipais, de parlamentares da região e de organizações e

entidades da sociedade civil;

III - representantes dos diversos órgãos da administração federal e estadual

atuantes na bacia e que estejam relacionados com os recursos hídricos;

Page 85: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

80

Parágrafo único: entende-se como usuários da água indivíduos, grupos,

entidades públicas e privadas e coletividades que, em nome próprio ou no de

terceiros, utilizam os recursos hídricos para:

a) insumo em processo produtivo ou para consumo final;

b) receptor de resíduos;

c) meio de suporte de atividades de produção ou consumo.

Art. 22. Na composição dos grupos a que se refere o artigo anterior, deverá ser

observada a distribuição de 40% (quarenta por cento) de votos para

representantes do grupo definido no inciso I, 40% (quarenta por cento) no

inciso II e 20% (vinte por cento) para os representantes definidos no inciso III.

Art. 23. Os Comitês serão presididos por um de seus membros eleito por seus

pares, para um mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução.

Art. 24. Todos os integrantes de um Comitê deverão ter plenos poderes de

responsabilidade dos órgãos ou entidades de origem.

Art. 25. Cabe ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos estabelecer as

normas e orientar a constituição dos Comitês.

Art. 26. Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual instituirá os Comitês de

Bacias e aprovará os seus Regimentos Internos.

Art. 27. Compete aos Comitês de Bacias Hidrográficas:

I - elaborar e aprovar a proposta do Plano da respectiva bacia hidrográfica e

acompanhar sua implementação;

II - encaminhar ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos a proposta relativa

a bacia hidrográfica, contemplando, inclusive, objetivos de qualidade, para ser

incluída no Plano Estadual de Recursos Hídricos;

III - aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos em serviços e

obras de interesse da bacia hidrográfica, tendo por base o Plano da respectiva

bacia;

IV - propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da

bacia hidrográfica em classes de uso e conservação.

V - propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, os valores a serem

cobrados pelo uso da água da bacia hidrográfica;

Page 86: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

81

VI - realizar o rateio dos custos de obras de interesse comum a serem

executados na bacia hidrográfica;

VII - compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, dirimindo,

em primeira instância, os eventuais conflitos;

VIII - promover a cooperação entre os usuários dos recursos hídricos;

IX - realizar estudos, divulgar e debater, na região, os programas prioritários de

serviços e obras a serem realizados no interesse da coletividade, definindo

objetivos, metas, benefícios, custos, riscos sociais e ambientais;

X - fornecer subsídios para elaboração do relatório anual sobre a situação dos

recursos hídricos da bacia hidrográfica;

XI - Gestionar recursos financeiros e tecnológicos junta a organismos públicos,

privados e instituições financeiras;

XII - solicitar apoio técnico, quando necessário, aos órgãos que compõem o

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

SEÇÃO IV

Dos Diversos Tipos de Participação

Art. 28. O Estado incentivará a formação de consórcios intermunicipais, nas

bacias hidrográficas consideradas prioritárias, nas quais o gerenciamento de

recursos hídricos deve ser feito segundo diretrizes e objetivos especiais e

estabelecerá convênios de mútua cooperação e assistência com os mesmos.

Art. 29. O Estado poderá delegar aos municípios, que se organizarem técnica e

administrativamente, o gerenciamento de recursos hídricos de interesse

exclusivamente local, compreendendo, entre outros, os de bacias hidrográficas

que se situem exclusivamente no território do Município e os aqüíferos

subterrâneos situados em áreas urbanizadas.

Art. 30. O Estado incentivará a organização e o funcionamento de associações

de usuários como entidades auxiliares no gerenciamento dos recursos hídricos

e na implantação, operação e manutenção de obras e serviços, com direitos e

obrigações definidos em regulamento.

Page 87: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

82

CAPÍTULO V

DO FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS - FEHIDRO

SEÇÃO I

Da Instituição e da Gestão do Fundo

Lei nº 10.006 (Art. 1º) – (DO 15.331 de 20 de dezembro de 1995)

O art. 31, da Lei nº 9.748, de 30 de novembro de 1994, passa a vigorar com a

seguinte redação:

Art. 31. Fica instituído o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO,

para suporte financeiro da Política Estadual de Recursos Hídricos e das ações

dos componentes do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, regido pelas normas estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento,

administrado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio

Ambiente e supervisionado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos -

CERH."

Art. 32. A gestão do FEHIDRO se orientará especialmente:

I - pela aplicação de recursos financeiros, conforme diretrizes da Política

Estadual de Recursos Hídricos e atenderá aos objetivos e metas do Plano

Estadual de Recursos Hídricos estabelecidos por bacias hidrográficas;

II - pela aplicação progressiva de recursos na modalidade de empréstimos,

objetivando garantir eficiência na utilização de recursos públicos e expansão do

número de beneficiários em função da rotatividade das disponibilidades

financeiras.

SEÇÃO II

Dos Recursos do Fundo

Art. 33. Constituem recurso do FEHIDRO os créditos provenientes de:

I - recursos financeiros do Estado e dos municípios, a ele destinados;

II - transferências da União destinadas à execução de planos e programas de

Recursos Hídricos de interesse comum;

III - compensação financeira que o Estado receber com relação aos

aproveitamentos hidroenergéticos em seu território e compensações similares

recebida por municípios e repassadas ao Fundo mediante convênio;

Page 88: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

83

IV - parte da compensação financeira que o Estado receber pela exploração de

petróleo, gás natural e recursos minerais em seu território, para aplicação

exclusive em levantamentos, estudos e programas de interesse para o

gerenciamento dos recursos hídricos subterrâneos;

V - o resultado da cobrança pela utilização de recursos hídricos;

VI - empréstimos nacionais e internacionais, e recursos provenientes da ajuda

e cooperação internacional e de acordos intergovernamentais;

VII - retorno das operações de crédito contratadas com instituições da

Administração Direta e Indireta do Estado e dos municípios, consórcios

intermunicipais, concessionárias de serviços públicos e empresas privadas;

VIII - produto de outras operações de crédito;

IX - rendas provenientes da aplicação de seus recursos;

X - multas previstas nesta Lei;

XI - contribuições de melhoria, tarifas e taxas cobradas de beneficiados por

obras e serviços de aproveitamento e controle dos recursos hídricos, inclusive

as decorrentes do rateio de custos referentes à obras de usos múltiplos dos

recursos hídricos, ou de interesse comum ou coletivo;

XII - doações de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, nacionais

ou estrangeiras;

XIII - outros recursos que lhe forem destinados.

Parágrafo único: serão despendidos até 10% (dez por cento) dos recursos do

FEHIDRO com despesas de custeio e pessoal, destinando-se o restante,

obrigatoriamente, para a efetiva elaboração de projetos e execução de obras e

serviços do Plano Estadual de Recursos Hídricos.

SEÇÃO III

Da Utilização dos Recursos do Fundo

Art. 34. Os recursos do FEHIDRO serão utilizados:

I - no apoio financeiro à instituições públicas e sob a modalidade de

empréstimo à pessoas jurídicas de direito privado, usuárias de recursos

hídricos, para a realização de serviços e obras com vistas a utilidade pública,

Page 89: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

84

ao desenvolvimento, conservação, uso racional, controle e proteção dos

recursos hídricos superficiais e subterrâneos;

II - na compensação aos municípios que tenham áreas inundadas por

reservatórios construídos pelo Estado ou que tenham restrições ao seu

desenvolvimento em razão de leis de proteção de mananciais, mediante

realização de programas de desenvolvimento, compatíveis com à proteção dos

reservatórios;

III - na realização de programas conjuntos entre o Estado e os municípios,

relativos a aproveitamento múltiplo, controle, conservação e proteção dos

recursos hídricos e defesa contra eventos críticos que ofereçam perigo a saúde

e segurança públicas e prejuízos econômicos ou sociais;

IV - na execução de obras de saneamento básico, referentes ao tratamento de

esgotos urbanos, contempladas no Plano Estadual de Recursos Hídricos,

compatibilizadas com os planos de saneamento básico;

V - nos programas de estudos e pesquisas, desenvolvimento tecnológico e

capacitação de recursos humanos de interesse do gerenciamento de recursos

hídricos.

Art. 35. A destinação dos recursos FEHIDRO atenderá às seguintes condições:

I - os valores resultantes das tarifas pelo uso dos recursos hídricos serão

aplicados, prioritariamente, na bacia hidrográfica em que forem arrecadados,

somente deduzidas às taxas devidas ao agente financeiro e despesas de

custeio;

II - até 50% (cinquenta por cento) da arrecadação a que se refere o inciso

anterior poderão ser aplicados em outras bacias hidrográficas, desde que em

atividades que beneficiem a bacia geradora do recurso, com prévia aprovação

pelo Comitê da bacia hidrográfica respectiva.

Art. 36. As aplicações dos recursos financeiros do FEHIDRO deverão ser

orientadas pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos, compatibilizadas com a

Lei de Diretrizes Orçamentárias, com o Plano Plurianual de Investimento e com

o Orçamento do Estado.

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85

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 37. A implantação da cobrança pelo uso da água será gradativa, atendido o

que segue:

I - desenvolvimento de programa de comunicação social sobre a necessidade

econômica, social, cultural e ambiental da utilização racional e proteção da

água, com ênfase para a educação ambiental;

II - implantação de um sistema de informações hidrometeorológicas e de

cadastro dos usuários de água;

III - implantação do sistema integrado de outorga do uso da água, devidamente

compatibilizado com sistemas correlacionados de licenciamento ambiental;

Parágrafo único: o sistema integrado de outorga do uso da água previsto no

inciso III abrangerá os usos existentes, os quais deverão adequar-se ao

disposto nesta Lei, mediante a expedição das respectivas outorgas.

Art. 38. O Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Cubatão, criado pelo

Decreto nº 3.943, de 22 de setembro de 1993, deverá adaptar-se a esta Lei no

prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação da mesma.

Art. 39. Para atendimento das atribuições previstas no Art. 4º, Seção única, do

Capítulo II da presente Lei, o Governo do Estado deverá proporcionar à

Fundação de Meio Ambiente-FATMA, condições técnicas e financeiras

suficientes para o desenvolvimento das atividades vinculadas a gestão dos

recursos hídricos no Estado de Santa Catarina.

Art. 40. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art.41. Revogam-se as disposições em contrário92.

Florianópolis, 30 de novembro de 1994

Antônio Carlos Konder Reis

Governador do Estado

92Disponível em: http://leis.alesc.sc.gov.br/html/1994/9748_1994_lei.html

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86

3.2. Decreto n. 4.778, de 11 de outubro de 2006.

“Regulamenta a outorga de direito de uso de recursos hídricos, de domínio do Estado, de que trata a Lei Estadual n. 9.748, de 30/11/1994, e estabelece outras providências.”

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, no uso das

atribuições que lhe confere o art. 71, inciso III, da Constituição Estadual; de

acordo com o disposto na Lei Complementar nº 284, de 28 de fevereiro de

2005; Lei Estadual nº 9.022, de 6 de maio de 1993, combinada com as

disposições da Lei Estadual nº 9.748, de 30 de novembro de 1994, e tendo em

vista o que dispõe a Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DA OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 1º O uso de recursos hídricos, do domínio do Estado de Santa Catarina,

fica sujeito ao regime de outorga de direito, de acordo com o art. 4º da Lei

Estadual nº 9.748 de 30 de novembro de 1994, e na conformidade deste

Decreto.

Art. 2º Ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, compete propor normas

para o uso dos recursos hídricos, nos termos do art. 4º, inciso V, da Lei

Estadual nº 9.022, de 6 de maio de 1993, observando o Plano Estadual de

Recursos Hídricos e os Planos de Bacias Hidrográficas, quando existentes.

Art. 3º A outorga de direito de uso de recursos hídricos do domínio do Estado é

ato administrativo, na modalidade de autorização, mediante o qual o Órgão

Outorgante faculta ao outorgado o uso de recursos hídricos por prazo

determinado, de, no máximo, 35 (trinta e cinco) anos, nos termos e nas

condições expressas no respectivo ato.

Parágrafo único: a outorga de direitos de usos dos recursos hídricos será de

responsabilidade única e exclusiva da Secretaria de Estado do

Desenvolvimento Sustentável – SDS, ou sucedânea.

Art. 4º A outorga de direito de uso de recursos hídricos tem por objetivo

assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e disciplinar o

exercício dos direitos de acesso à água, bem como garantir a prioridade ao

abastecimento da população e a dessedentação de animais.

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87

Parágrafo único: a outorga não implica alienação total ou parcial das águas,

que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

Art. 5º O Governo do Estado, mediante o Órgão Outorgante, poderá exercer o

poder de outorga de direito de recursos hídricos de domínio da União, cuja

gestão a ele tenha sido delegada nos termos do art. 14, § 1º, da Lei Federal nº

9.433, de 8 de janeiro de 1997.

Parágrafo único: na outorga de direitos de uso de águas do domínio da União

e do Estado, de uma mesma bacia hidrográfica, deverão ser tomadas medidas

acauteladoras, mediante acordos entre a União e o Estado, com a

interveniência do Estado vizinho, quando for o caso.

Art. 6º A outorga de direito de uso dos recursos hídricos estará condicionada e

vinculada às exigências estabelecidas neste Decreto e demais instrumentos

normativos pertinentes.

Parágrafo único: a análise dos pleitos de outorga deverá considerar a

interdependência das águas superficiais e subterrâneas e as interações

observadas no ciclo hidrológico, visando a gestão integrada dos recursos

hídricos.

Art. 7º Estão sujeitos à outorga, os seguintes usos dos recursos hídricos ou

interferências em corpos de água:

I - derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo hídrico,

para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo

produtivo;

II - extração de água de depósito natural subterrâneo para consumo final,

inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

III - lançamento em corpo de água, de esgotos e demais resíduos líquidos ou

gasosos, observada a legislação pertinente, com o fim de sua diluição,

transporte ou disposição final;

IV - usos de recursos hídricos para aproveitamento de potenciais hidrelétricos;

V – extração mineral no leito do rio;

VI - outros usos e ações e execução de obras ou serviços necessários à

implantação de qualquer intervenção ou empreendimento, que demandem a

utilização de recursos hídricos, ou que impliquem em alteração, mesmo que

Page 93: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

88

temporária, do regime, da quantidade ou da qualidade da água, superficial ou

subterrânea, ou ainda, que modifiquem o leito e margens dos corpos de água.

Parágrafo único: a outorga poderá abranger direito de uso múltiplo e/ou

integrado de recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, ficando o outorgado

responsável pela observância concomitante de todas as condicionantes aos

usos a ele outorgados.

Art. 8º. Independem de outorga pelo Poder Público, depois de aprovados pelos

Comitês de Bacias Hidrográficas, conforme definido em regulamento:

I - os usos de caráter individual para a satisfação das necessidades básicas da

vida;

II – a extração de água subterrânea destinada exclusivamente ao consumo

familiar e de pequenos núcleos populacionais dispersos no meio rural;

III – as acumulações, captações, derivações e lançamentos considerados

insignificantes, tanto do ponto de vista de volume quanto de carga poluente,

estabelecidos nos Planos de Bacia Hidrográfica, ou mediante proposição dos

Comitês de Bacia Hidrográfica e parecer do Órgão Outorgante, aprovados pelo

Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

§ 1º As acumulações, captações, derivações e lançamentos e outros usos e

ações e execução de obras ou serviços necessários à implantação de qualquer

intervenção ou empreendimento, não sujeitos à outorga, serão cadastrados,

segundo procedimento estabelecido pelo Órgão Outorgante e constarão no

Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos.

§ 2º Sempre que o agregado de vazões ou volumes de água, insignificantes

quando tomados isoladamente, passe a representar um montante ponderável

em termos regionais, é facultado ao Órgão Outorgante exigir a solicitação de

outorga para o conjunto destes usuários.

CAPÍTULO II

DOS CRITÉRIOS DA OUTORGA

Art. 9º. A outorga deve observar o Plano Estadual de Recursos Hídricos e os

Planos de Bacias Hidrográficas, e em especial:

I - a disponibilidade hídrica;

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89

II - a prioridade ao abastecimento da população, a dessedentação de animais e

à vazão ecológica;

III - a classe em que o corpo hídrico estiver enquadrado, em consonância com

a legislação ambiental;

IV – a promoção e a utilização racional e a preservação dos usos múltiplos de

recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

V – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais;

VI – a necessidade de assegurar à atual e às futuras gerações a necessária

disponibilidade de águas em padrões de qualidade adequada aos respectivos

usos.

Art. 10. A emissão da outorga obedecerá, preferencialmente:

I - o interesse público;

II - a data de protocolo do requerimento, ressalvada

a complexidade de análise do uso ou interferência pleiteados e a necessidade

de complementação de informações.

§ 1º Na hipótese de terem sido submetidos à apreciação do Órgão Outorgante,

simultaneamente, 2 (dois) ou mais requerimentos de outorga, que venham a

revelar conflitos de uso de recursos hídricos, pela impossibilidade de pleno

atendimento, e que não possam ser hierarquizados por meio dos parâmetros e

critérios decorrentes da aplicação do art. 9º e dos incisos I e II deste, caberá ao

respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica, ou na falta deste, ao Conselho

Estadual de Recursos Hídricos, deliberar sobre a alocação dos recursos

hídricos mais conveniente aos interesses coletivos, adotando, nesta decisão,

critérios sociais, econômicos e ambientais, sempre que possível, referenciados

ao Plano de Bacia Hidrográfica.

§ 2º Para efeito da análise técnica, constatando-se a impossibilidade de se

estabelecer à hierarquia entre os objetos dos requerimentos, inclusive após a

intervenção do Comitê de Bacia Hidrográfica, os requerimentos serão avaliados

de acordo com a ordem em que foram protocolados junto ao Órgão Outorgante

do sistema.

Art. 11. Na outorga de recursos hídricos superficiais, a vazão ou o volume

outorgado para a captação, fica indisponível para outros usos no corpo hídrico

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90

e, no caso de diluição, no próprio corpo hídrico e ou nos corpos hídricos

situados a jusante, considerada a respectiva capacidade de autodepuração

para cada tipo de poluente.

Parágrafo único: a vazão de diluição poderá ser destinada a outros usos no

corpo de água, desde que não agregue carga poluente adicional.

Art. 12. O volume de água subterrânea a ser subtraída de um poço dependerá

do planejamento do uso do aqüífero, observando-se a reserva explotável do

aqüífero e a disponibilidade real do poço, segundo os critérios estabelecidos

pelo Plano de Bacia Hidrográfica, quando existente, ou pelos critérios

estabelecidos pelo Órgão Outorgante.

Parágrafo único: nas outorgas de direito de uso de águas subterrâneas

deverão ser considerados critérios que assegurem a gestão integrada das

águas, visando evitar o comprometimento qualitativo e quantitativo dos

aquíferos e os seus respectivos usos preponderantes, a serem especificamente

definidos.

Art. 13. A disponibilidade hídrica a que se refere o art. 9º, inciso I, será

definida, para a seção de corpo hídrico ou sub-bacia, pelo estudo estatístico

das informações hidrológicas disponíveis, ou por estudos de regionalização ou

por cálculos de balanço hídrico, e, ainda, por estudos de qualidade de água,

considerados os seguintes elementos:

I - vazões de referência: vazões naturais, determinadas com base em dados

disponíveis, informações e estudos hidrológicos, para diferentes períodos de

retorno e permanência ou curvas de duração-frequência;

II - qualidade da água nos corpos hídricos: obtida por meio de redes de

monitoramento ou estimada, para diferentes condições hidrológicas, com a

utilização de modelos matemáticos de simulação;

III - vazão para prevenção da degradação ambiental;

IV – vazão ecológica: vazão para a manutenção dos ecossistemas aquáticos;

V - vazões outorgadas: vazões já comprometidas por meio de ato

administrativo de outorga de direito de uso, devidamente registradas no

cadastro de usuários de água do Órgão Outorgante;

VI - cargas associadas à outorga: quantitativos e concentrações das cargas

despejadas, para os diversos tipos de poluentes, já permitidas por meio de atos

administrativos de licenciamento ambiental e de outorga de direitos de uso,

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91

devidamente registradas no cadastro de usuários de água do Órgão

Outorgante;

VII - vazões e cargas insignificantes: estimativa das vazões e cargas

decorrentes dos usos insignificantes;

VIII – vazões, inclusive de diluição, para o atendimento às demandas futuras,

de acordo com o Plano Estadual de Recursos Hídricos, os Planos de Bacia

Hidrográfica e demais planos setoriais, com prioridade para aquelas destinadas

ao consumo humano e a dessedentação de animais;

VIX - vazões para manutenção das características de navegabilidade do corpo

hídrico, quando for o caso.

Art. 14. A outorga de lançamento de efluentes será dada em quantidade de

água necessária para a diluição da carga poluente, podendo variar ao longo do

prazo de validade da outorga, com base nos padrões de qualidade da água

correspondente à classe de enquadramento do respectivo corpo receptor e ou

em critérios específicos definidos no correspondente plano de recursos

hídricos.

Art. 15. A disponibilidade hídrica deverá estar associada a uma probabilidade

de garantia do suprimento hídrico, calculada por meio de estudos hidrológicos,

observando que:

I - o nível de garantia da vazão ou volume de águas superficiais máximo

outorgável será proposto pelo Comitê de Bacia, com base em estudos

efetuados em comum acordo com o Órgão Outorgante;

II - o Órgão Outorgante deve calcular a vazão ou o volume outorgável

sazonalmente em cada corpo hídrico em função do nível de garantia.

Art. 16. Deve ser rejeitado o pedido de outorga do qual possa resultar volume

total outorgado superior ao outorgável, no corpo hídrico para o qual tenha sido

feito o pedido, observadas as disposições do art. 54, deste Decreto.

Art. 17. Para os usos correspondentes às captações e derivações em corpos

de água superficiais e extrações de água de depósito natural subterrâneo serão

outorgados:

I - volume ou vazão máxima e respectivo período de duração;

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92

II - regimes de funcionamento, considerando-se a operação dos dispositivos

implantados em termos do número de horas diárias, do número de dias por

mês e do regime de variação anual;

III - parcelas dos volumes captados, derivados ou extraídos que não retornam

diretamente aos corpos hídricos superficiais após a sua utilização, por serem

incorporados ao processo de produção ou por se propagarem no meio

ambiente por infiltração ou evaporação.

Art. 18. Para os usos correspondentes ao lançamento, em corpo de água, de

esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos serão outorgados a vazão e

volume médio diários necessário à diluição das cargas poluentes lançadas e

seu regime de funcionamento, considerando-se a operação dos dispositivos de

lançamentos de vazões e cargas, em termos do número de horas diárias,

número de dias por mês e do regime de variação anual.

Parágrafo único: a outorga para lançamento de efluentes estará condicionada à

definição das concentrações dos parâmetros de efluentes constantes das

autorizações e licenças ambientais emitidas pelo órgão competente, bem como

à apresentação, pelo usuário, do projeto definitivo do seu empreendimento,

incluindo o sistema de tratamento de efluentes previsto ou implantado.

Art. 19. Para os usos correspondentes às intervenções de macrodrenagem

urbana serão outorgadas as vazões de projeto, as características geométricas

e condições de escoamento em regime de estiagem e cheias a montante e a

jusante da intervenção.

Art. 20. Para os outros usos e ações e execução de obras ou serviços que

demandem a utilização de recursos hídricos ou que interfiram nos corpos de

água, estes serão outorgados de acordo com critérios decorrentes da avaliação

das informações provenientes dos projetos técnicos e de acordo com a

natureza, características e peculiaridades das realizações pretendidas.

Art. 21. O Órgão Outorgante poderá emitir outorga preventiva de uso dos

recursos hídricos do domínio do Estado, com a finalidade precípua de declarar

a reserva de disponibilidade hídrica.

§ 1º A outorga preventiva não confere direitos de uso de recursos hídricos e se

destina a reservar a vazão possível de outorga, possibilitando aos investidores

o planejamento de empreendimento que necessitem desses recursos.

§ 2º O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em

consideração a complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-

Page 98: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

93

se ao máximo de 3 (três) anos, findo o qual será considerado o disposto nos

incisos I e II do art. 24, deste Decreto.

§ 3º A outorga de que trata o “caput” deste artigo deverá observar as

prioridades estabelecidas nos Planos de Bacia Hidrográfica e os prazos

requeridos no procedimento de licenciamento ambiental.

§ 4º A outorga preventiva, destinada a declarar a reserva de disponibilidade

hídrica, será transformada pelo Órgão Outorgante em outorga de direito de uso

de recursos hídricos, quando atendidos todos os requisitos deste Decreto, bem

como, no caso de serviços públicos concedidos, permissionados ou

autorizados, mediante os respectivos atos administrativos.

Art. 22. O outorgado poderá disponibilizar ao Órgão Outorgante, por prazo igual

ou superior a 1 (um) ano, vazão parcial ou total de seu direito de uso de

recursos hídricos, devendo o poder outorgante emitir ato administrativo

estabelecendo as novas condições de outorga.

Art. 23. O Órgão Outorgante deverá assegurar ao público o acesso aos

critérios que orientam as tomadas de decisão referentes à outorga.

CAPÍTULO III

DA VIGÊNCIA

Art. 24. A vigência dos atos de outorga de direito de uso de recursos hídricos

será por prazo não superior a 35 (trinta e cinco) anos, contados da data de

publicação do respectivo ato administrativo, segundo critérios técnicos

estabelecidos em ato próprio do Órgão Outorgante, respeitados os seguintes

limites de início de contagem de prazo:

I - até 2 (dois) anos, para início da implantação do empreendimento, objeto da

outorga;

II - até 6 (seis) anos, para conclusão da implantação do empreendimento

projetado;

§ 1º O prazo de que trata o “caput” e incisos deste artigo poderá ser

prorrogado, pelo Órgão Outorgante, respeitando-se as prioridades

estabelecidas nos Planos de Bacias Hidrográficas.

§ 2º Os prazos de vigência das outorgas de direito de uso de recursos hídricos

serão fixados em função da natureza, finalidade e do porte do

empreendimento.

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94

§ 3º Os prazos a que se referem os incisos I e II deste, poderão ser ampliados

quando o porte e a importância social e econômica do empreendimento o

justificar, ouvido o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

§ 4º Nos atos de outorga de direito de uso para concessionárias de serviços

públicos, a sua vigência não poderá ultrapassar a data de encerramento do

contrato de concessão.

§ 5º Nos atos de outorga de direitos de uso para concessionárias e autorizadas

de serviços de geração de energia hidroelétrica, os prazos serão coincidentes

com os contratos de concessão ou dos atos administrativos de autorização.

CAPÍTULO IV

DA RENOVAÇÃO DA OUTORGA

Art. 25. A renovação da outorga de direitos de uso também será objeto de

requerimento ao Órgão Outorgante e será avaliada segundo os critérios

vigentes à época de sua tramitação.

§ 1º O requerimento para renovação de outorga de direitos de uso de recursos

hídricos deverá ser encaminhado ao Órgão Outorgante no prazo mínimo de 90

(noventa) dias anteriores à data de expiração da vigência da autorização.

§ 2º Os pedidos de renovação de outorga terão preferência sobre pedidos

novos no que se refere à disponibilidade hídrica

§ 3º A renovação da outorga de direitos de uso estará condicionada à

avaliação das disponibilidades hídricas, das prioridades de uso dos recursos

hídricos estabelecidas em Planos de Bacia Hidrográfica e nos demais planos

setoriais e, ainda, à avaliação de outros critérios e normas técnicas pertinentes,

vigentes à época de tramitação do requerimento.

§ 4º Não havendo manifestação expressa do Órgão Outorgante a respeito do

pedido de renovação até a data de término da outorga, fica esta

automaticamente prorrogada até que ocorra deferimento ou indeferimento do

referido pedido.

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95

CAPÍTULO V

DO REQUERIMENTO DA OUTORGA

Art. 26. A outorga de direitos de uso de recursos hídricos deverá ser requerida

junto ao Órgão Outorgante e instruída no mínimo dos seguintes documentos e

informações:

I - requerimento de outorga;

II - identificação do requerente mediante dados do Cadastro Nacional de

Pessoa Física (CNPF), se pessoa física; ou dados do Cadastro Nacional de

Pessoa Jurídica (CNPJ) e do Contrato Social ou Ato Constitutivo, se pessoa

jurídica;

III - localização geográfica do ponto de captação, lançamento ou interferência,

incluindo a identificação do corpo hídrico e respectiva bacia hidrográfica;

IV - comprovação do recolhimento dos emolumentos correspondentes ao

ressarcimento dos custos dos serviços de publicação no Diário Oficial do

Estado e da tramitação e análise técnica do requerimento, de acordo com os

procedimentos e valores fixados pelo Órgão Outorgante, na forma do regime

orçamentário do Governo do Estado, como receitas diversas;

V - certidão da Prefeitura Municipal declarando expressamente que o local e o

tipo de empreendimento ou atividades estão em conformidade com a legislação

municipal aplicável ao uso e ocupação do solo e à proteção do meio ambiente;

VI - dados e informações constantes de estudos preliminares, de concepção ou

de viabilidade, correspondentes aos usos, empreendimentos ou intervenções

em recursos hídricos;

VII - especificação dos tipos de usos previstos para a água;

VIII - quando requerida pela legislação ambiental, a respectiva licença

ambiental;

IX - quando se tratar de derivação de água oriunda de corpo hídrico superficial

ou subterrâneo:

a) a vazão máxima instantânea e volume diário que se pretenda derivar;

b) regime de variação, em termos de número de dias de captação, em cada

mês, e de número de horas de captação, em cada dia;

Page 101: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

96

c) a vazão consultiva.

X - quando se tratar de lançamento de esgotos e demais resíduos líquidos ou

gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição

final para cada tipo de lançamento:

a) a origem do lançamento;

b) a vazão máxima instantânea e volume diário a ser lançado no corpo de água

receptor e regime de variação do lançamento;

c) concentrações máximas e cargas de poluentes físicos, químicos e

biológicos.

XI - quando se tratar de construção de obras que configurem interferência e

implique em alteração do regime, da quantidade ou da qualidade da água

existente em um corpo hídrico, a ficha técnica das obras hidráulicas;

XII – cópia do documento de outorga anterior, destacando-se as alterações

pretendidas dos seus termos, nos casos de ampliação, reforma ou modificação

nos processos de produção, que alterem, de forma permanente ou temporária,

os direitos de uso já outorgados.

Parágrafo único: a transferência de titularidade de uma outorga, total ou parcial,

deverá ser requerida junto ao Órgão Outorgante, sendo automática sempre que

mantidas as condições originais estipuladas no ato administrativo de outorga

de direitos de uso de recursos hídricos.

Art. 27. Os estudos e projetos hidráulicos, geológicos, hidrológicos,

hidrogeológicos e da qualidade de água ou do efluente, correspondentes às

atividades necessárias ao uso dos recursos hídricos ou as interferências nos

corpos de água, deverão ser projetados e executados sob a responsabilidade

de profissional devidamente habilitado junto ao conselho profissional

correspondente.

Art. 28. O Órgão Outorgante dará publicidade aos pedidos de outorga de direito

de uso de recursos hídricos de domínio do Estado, bem como aos atos

administrativos que dele resultarem, por meio de publicação no Diário Oficial do

Estado de Santa Catarina.

Art. 29. Os requerimentos de outorga, sempre que cabível, deverão articular-se

com os procedimentos de licenciamentos, concessões, permissões e

autorizações relativas ao meio ambiente, aproveitamento de recursos naturais,

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97

uso do solo, prestação de serviços públicos, usos de bens públicos e outras

interferências com recursos hídricos.

Art. 30. O Órgão Outorgante analisando, entre outros aspectos, o tipo, o porte e

a localização dos usos ou realizações objeto do requerimento de outorga,

poderá solicitar informações complementares redefinindo-se os documentos,

projetos e estudos necessários à abertura e às demais fases do processo de

análise do pedido de outorga.

§ 1º Órgão Outorgante, sempre que julgar conveniente para resguardar os

interesses coletivos, poderá solicitar ao requerente a apresentação de outros

planos, programas, projetos, estudos e documentos, inclusive medições

hidrométricas e análises de qualidade de água, estabelecendo os prazos

máximos, a partir da solicitação, para o seu atendimento, admitindo-se, se

necessários, pedidos de prorrogação.

§ 2º O Órgão Outorgante poderá, a qualquer tempo, contados a partir da data

do protocolo do requerimento ou da produção de elementos relativos à sua

fase de instrução, solicitar ao requerente documentos complementares.

§ 3º Caso o Órgão Outorgante verifique inexatidões nas documentações

apresentadas, poderá solicitar revisões, tantas quantas forem necessárias, sem

prejuízo de outros atos administrativos para a apuração e avaliação das

condutas do requerente.

§ 4º O não atendimento às solicitações e aos prazos fixados pelo Órgão

Outorgante, poderá motivar o arquivamento do processo, o que sujeitará o

requerente a proceder a novo pedido de outorga, inclusive no que se refere ao

recolhimento dos emolumentos correspondentes ao ressarcimento dos custos

dos serviços de publicação, tramitação e análise do requerimento, de que trata

o inciso IV, do art. 26, deste Decreto.

Art. 31. Fica facultada ao Órgão Outorgante, a adoção de sistema eletrônico

para requerimento e expedição das outorgas, podendo dispensar a

apresentação dos originais da documentação exigível, desde que seja

assegurada sua disponibilidade a qualquer tempo, para fins de verificação e

fiscalização.

Art. 32. Cumpridas as formalidades administrativas e concluídas as análises

técnicas, ao final de cada etapa de requerimento de outorga preventiva e de

outorga de direitos de uso, a decisão do Órgão Outorgante será publicada no

Diário Oficial do Estado de Santa Catarina, sob a forma de extrato.

Page 103: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

98

Art. 33. Nos atos de outorga preventiva, deverá constar a manifestação do

Órgão Outorgante com relação aos seguintes aspectos:

I - qualificação e quantificação, e respectivos regimes de variação, dos usos

pretendidos que podem ser outorgados;

II - a probabilidade de garantia do suprimento hídrico dos volumes pretendidos

que podem ser outorgados;

III - prazo de vigência;

IV - requisitos e condicionantes para a etapa seguinte do processamento

administrativo do requerimento de outorga;

V - requisitos e condicionantes para a efetivação e operação dos usos,

empreendimentos, atividades ou intervenções.

Parágrafo único: nos pareceres administrativos relativos ao uso de recursos

hídricos para aproveitamento de potenciais hidrelétricos deverá constar a

declaração de reserva de disponibilidade hídrica, nos termos do art. 7º, “caput”

e § 1º, da Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000.

Art. 34. Deverão constar no ato de outorga de direito de uso dos recursos

hídricos:

I - identificação do outorgado;

II - localização geográfica e hidrográfica, e finalidade a que se destinem as

águas, e tipo de obra;

III - qualificação e quantificação, e respectivos regimes de variação, dos usos

outorgados;

IV - a probabilidade de garantia do suprimento hídrico associado aos volumes

outorgados;

V - prazo de vigência, não superior a 35 (trinta e cinco) anos;

VI - periodicidade para a apresentação de declaração de confirmação dos

dados da outorga de direitos de uso;

VII - requisitos e condicionantes para a operação dos usos, empreendimentos,

atividades ou intervenções;

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99

VIII - obrigatoriedade de recolhimento dos valores da cobrança pelo uso de

recursos hídricos, quando exigível;

IX - condição de que será revogado, nos casos em que o licenciamento

ambiental for cancelado;

X - condição de que qualquer ampliação reforma ou modificação nos processos

de produção, que alterem as disposições contidas no ato administrativo de

outorga, de forma permanente ou temporária, deverão ser objeto de novo

requerimento, a sujeitar-se aos mesmos procedimentos que deram origem ao

ato administrativo anterior;

XI - condição em que a outorga poderá cessar os seus efeitos legais,

observada a legislação pertinente e;

XII - situações ou circunstâncias em que poderá ocorrer a suspensão da

outorga, em observância ao art. 42, deste Decreto.

§ 1º Em uma mesma outorga de direito de uso de recursos hídricos poderão

estar outorgados múltiplos usos.

§ 2º Caso seja julgado pertinente pelo Órgão Outorgante e desde que

necessário para a operação do empreendimento, o ato de outorga será objeto

de complementação mediante análise da declaração de confirmação dos dados

nele constantes, a ser fornecida pelo outorgado.

§ 3º Os atos de outorga de direito de uso para as extrações de depósitos

naturais subterrâneos, mediante as informações da declaração de confirmação

de dados de outorga, fornecida pelo requerente e preparada imediatamente

após a conclusão das obras e antes do início efetivo da operação de poços

profundos, com base nos dados do relatório conclusivo do poço, serão objeto

de complementação no que se refere a:

a) vazões máximas obtidas nos ensaios de bombeamento;

b) perfil litológico e construtivo;

c) condições de exploração recomendadas;

d) resultados de análises físico-químicas e bacteriológicas da água, para os

parâmetros preconizados pelo Ministério da Saúde e realizados em laboratórios

credenciados pelo Órgão Outorgante.

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100

Art. 35. Os pedidos de outorga poderão ser indeferidos no caso de não

cumprimento das exigências técnicas ou legais ou do interesse público,

mediante decisão devidamente fundamentada, devendo ser publicada na forma

de extrato no Diário Oficial do Estado.

CAPÍTULO VI

DAS OBRIGAÇÕES DO OUTORGADO

Art. 36. Obriga-se o outorgado a:

I - utilizar os recursos hídricos nos termos da outorga e cumprir, integralmente,

as demais disposições estabelecidas no mesmo;

II - responder, em nome próprio, pelos danos causados ao meio ambiente e a

terceiros em decorrência da instalação, manutenção e operação inadequadas

dos usos, empreendimentos, atividades ou intervenções objeto da outorga;

III - garantir condições de estabilidade e de segurança para as realizações

decorrentes dos usos autorizados;

IV - instalar, manter e operar os dispositivos e obras hidráulicas de modo a

preservar as vazões e as condições de escoamento, na forma determinada

pelo Órgão Outorgante, a fim de que sejam resguardados interesses e direitos,

coletivos ou privados, das populações e usuários estabelecidos a montante ou

a jusante;

V – instalar, manter e operar, quando preconizados no ato de outorga e em

outros atos administrativos, estações e equipamentos de monitoramento

hidrométrico e de qualidade da água, nas condições especificadas pelo Órgão

Outorgante;

VI - operar e manter os dispositivos de extração de águas subterrâneas, de

modo a preservar as características físicas e químicas das águas, evitando-se

procedimentos que ameacem as condições naturais dos aqüíferos;

VII - cumprir os prazos fixados pelo Órgão Outorgante para o início e a

conclusão das obras e serviços, e os demais prazos estipulados em

regulamentos e disposições legais;

VIII - recompor, por ocasião do encerramento de obras, serviços e

intervenções, as condições anteriores das áreas afetadas, de acordo com os

critérios e prazos a serem estabelecidos pelo Órgão Outorgante, arcando

inteiramente com as despesas decorrentes;

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101

IX - delimitar, regularizar juridicamente e conservar faixas de servidão de

passagem previstas nos estudos e projetos de engenharia relativos aos usos

da água, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Órgão Outorgante no

ato administrativo de outorga e em outros atos administrativos;

X - apresentar, de acordo com a periodicidade estabelecida no ato da outorga,

a declaração de confirmação dos dados nela contidas;

XI - manter no local do empreendimento, atividade, obra ou intervenção a

autorização de direitos de uso de recursos hídricos;

XII - comunicar ao Órgão Outorgante as ocorrências de alterações na razão

social do outorgado, a fim de se proceder à regularização da outorga de

direitos de uso.

CAPÍTULO VII

DA ADMINISTRAÇÃO DO REGIME DE OUTORGA

Art. 37. O Órgão Outorgante manterá, para cada bacia ou sub-bacia

hidrográfica, os registros, no mínimo, de:

I - cadastro dos usuários e de obras de recursos hídricos;

II - outorgas emitidas e dos usos que independem de outorga;

III - volume outorgado de cada usuário, ou vazão máxima instantânea e volume

diário outorgado;

IV - volumes disponíveis no corpo de água e nos corpos de água localizados a

montante e a jusante;

V - volume alocado, referente a usos insignificantes, à prevenção de

degradação ambiental, à manutenção dos ecossistemas aquáticos e para

garantir a navegabilidade, quando couber;

VI - pareceres administrativos relativos às outorgas preventivas;

VII - acompanhamento dos trâmites administrativos durante o transcorrer das

diversas etapas dos demais regimes de licenciamento, concernentes a

realizações às quais foram deferidas as outorgas preventivas, até que entrem

em operação ou tenham sua execução concluída;

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102

VIII - os elementos para a determinação das disponibilidades hídricas,

conforme especificados no art. 15, deste Decreto.

§ 1º O Órgão Outorgante manterá acessíveis ao público, mediante

requerimento próprio para este fim, os registros dos processos de requerimento

de outorga de direitos de uso em tramitação das outorgas concedidas e

indeferidas.

§ 2º A cada emissão de nova outorga, o Órgão Outorgante fará o registro do

aumento da vazão e do volume outorgados no respectivo corpo de água.

§ 3º Será obrigatório o cadastro para qualquer tipo de uso de recurso hídrico e

deverá ser efetuada a comunicação ao Órgão Outorgante, da paralisação

temporária de uso por período superior a 6 (seis) meses, bem como da

desistência do(s) uso(s) outorgado(s) ou do(s) uso(s) cadastrado(s) que

independam de outorga.

CAPÍTULO VIII

DA FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO DO REGIME DE OUTORGA

Art. 38. O Órgão Outorgante, a seu critério, poderá efetuar o monitoramento,

qualitativo e quantitativo, para o acompanhamento e a avaliação dos usos de

recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, do domínio do Estado de Santa

Catarina ou do domínio da União cuja gestão a este tenha sido delegada.

§ 1º O Órgão Outorgante poderá ainda exigir, a seu critério, no ato da outorga,

que o usuário, às suas expensas, providencie a implantação de dispositivos,

instalações e procedimentos para o monitoramento dos usos outorgados.

§ 2º Para o caso de monitoramento de que trata o parágrafo anterior, o Órgão

Outorgante deverá instituir normas e procedimentos a serem observados pelos

usuários, baseados nos conceitos de autocontrole e de automonitoramento.

Art. 39. O exercício, pelo Órgão Outorgante, da atividade de fiscalização das

outorgas de direitos de uso de recursos hídricos, se estrutura por meio das

seguintes atividades:

I - inspeções e vistorias em geral;

II - levantamentos, avaliações e comparações, com os usos autorizados, dos

dados, das instalações e dos usos praticados pelos outorgados;

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103

III - medições hidrométricas, coleta de amostras e análises de qualidade de

água;

IV - emissão de intimações para prestação de esclarecimentos;

V - verificação das ocorrências de infrações e aplicação das respectivas

penalidades;

VI - lavratura de Autos de Infração.

Parágrafo único: a fiscalização das cargas de lançamento de efluentes será

exercida pelo órgão ambiental competente.

Art. 40. No exercício da ação fiscalizadora, ficam asseguradas aos

funcionários/servidores credenciados a entrada a qualquer dia e hora e a

permanência, pelo tempo que se tornar necessário, em estabelecimentos

públicos e privados.

Parágrafo único: quando obstados, no exercício de suas atribuições, em

qualquer parte do território do Estado, os agentes credenciados poderão

requisitar força policial através de mandado hábil.

Art. 41. Para o desempenho das atividades de fiscalização e monitoramento, o

Órgão Outorgante poderá articular-se com a União e com os demais Estados

da Federação; órgãos e instituições das administrações estadual e municipal;

empresas concessionárias de serviços públicos; organizações técnicas de

ensino e de pesquisa; e com entidades da sociedade civil na área de recursos

hídricos.

CAPÍTULO IX

DA SUSPENSÃO E REVOGAÇÃO DA OUTORGA

Art. 42. A outorga de direitos de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa

pelo Órgão Outorgante, de forma parcial ou total, por prazo determinado ou

indeterminado, sem qualquer direito de indenização do usuário, nas seguintes

circunstâncias:

I - não cumprimento, pelo outorgado, dos termos da outorga;

II – ausência de uso por 3 (três) anos consecutivos;

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104

III - necessidade de água para atender a situações de calamidade, inclusive as

decorrentes de condições climáticas adversas;

IV- necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de serem atendidos os usos prioritários, de interesse coletivo,

para os quais não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do

corpo hídrico, quando for o caso;

VII – indeferimento ou cassação das licenças ambientais;

VIII – não recolhimento das taxas e emolumentos.

§ 1º Em casos de suspensão da outorga, os usos correspondentes deverão ter

seus registros revistos para fins das avaliações de disponibilidades hídricas.

§ 2º A suspensão de outorga só poderá ser efetivada se devidamente

fundamentada em estudos técnicos que comprovem a necessidade do ato.

§ 3º A suspensão de outorga prevista neste artigo, implica automaticamente no

corte ou na redução dos usos outorgados.

Art. 43. A outorga de direitos de uso de recursos hídricos poderá ser declarada

extinta, pelo Órgão Outorgante, sem qualquer direito de indenização ao

usuário, nas seguintes circunstâncias:

I - ausência de uso por 3 (três) anos consecutivos;

II - morte do usuário, quando for pessoa física;

III - extinção da pessoa jurídica (liquidação judicial ou extrajudicial);

IV - término do prazo de vigência de outorga sem que tenha havido tempestivo

pedido de renovação;

V - indeferimento ou cassação das licenças ambientais.

Parágrafo único: no caso do inciso II do “caput” deste artigo., os herdeiros ou

inventariantes do usuário outorgado, se interessados em prosseguir com a

utilização da outorga, deverão solicitar, em até 180 (cento e oitenta) dias da

data do óbito, a retificação do ato administrativo que manterá seu prazo e

Page 110: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

105

condições originais, quando da definição do(s) legítimo(s) herdeiro(s), sendo

emitido novo ato administrativo em nome deste(s).

CAPÍTULO X

DO REGIME DE CONTROLE ESPECIALDE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 44. Na ocorrência de eventos críticos, que resultem em demandas

superiores à oferta de recursos hídricos, numa bacia, sub-bacia ou seção de

corpo hídrico, o Órgão Outorgante poderá, utilizando-se o mecanismo da

suspensão da outorga de direitos de uso, instituir regime de controle especial

do uso de recursos hídricos pelo período que se fizer necessário, ouvido o

respectivo Comitê.

§ 1º Poderá o usuário prejudicado, em grau de recurso ao Conselho Estadual

de Recursos Hídricos, solicitar providências que lhe assegurem o atendimento

do direito de uso outorgado ou o tratamento eqüitativo.

§ 2º Serão prioritariamente assegurados os volumes mínimos necessários para

abastecimento humano, dessedentação de animais, preservação de

ecossistemas aquáticos, criação de animais confinados e atividades

econômicas, nessa ordem.

§ 3º Poderão ser racionadas, indistintamente, as captações de água e ou as

diluições de efluentes, sendo que neste último caso, o racionamento poderá

implicar restrição ao lançamento de efluentes que comprometam a qualidade

da água do corpo receptor.

§ 4º O regime de controle especial será implementado de acordo com os

seguintes critérios gerais:

a) atendimento às normas e procedimentos instituídos pelo Órgão

Outorgante em regulamento próprio;

b) estabelecimento de prioridades para acesso à água, dentre os usos e

usuários não contemplados no § 2º deste artigo, o que poderá ser efetuado

mediante a maior conveniência resultante da comparação de preços unitários

relativos à cobrança do direito de uso dos recursos hídricos, propostos,

individualmente pelos usuários e para cada uso, para vigorar exclusivamente

quando estiver instituído regime de controle especial de uso de recursos

hídricos;

Page 111: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

106

c) participação, nas decisões sobre o regime de controle especial, dos Comitês

de Bacia Hidrográfica.

CAPÍTULO XI

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 45. Constitui infração administrativa, para efeito deste Decreto, qualquer

ação ou omissão que importe na inobservância dos seus preceitos, bem como

das demais normas dela decorrentes, sujeitando os infratores, pessoa física ou

jurídica, às sanções do presente diploma legal, sem prejuízo da aplicação de

outras penalidades previstas na legislação.

Art. 46. Constitui ainda infração ao presente Decreto:

I - utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, com ou sem derivação,

sem a respectiva outorga do direito de uso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento, bem como exercer

atividade relacionada com a utilização de recursos hídricos superficiais ou

subterrâneos que implique em alterações no regime quantidade ou qualidade

das águas, sem autorização do Órgão Outorgante;

III - operar empreendimento com o prazo de outorga vencido;

IV - executar obras e serviços ou utilizar recursos hídricos, em desacordo com

as condições estabelecidas na outorga;

V - executar perfuração de poços ou captar água subterrânea sem a devida

autorização;

VI - declarar valores diferentes das medidas aferidas ou fraudar as medições

dos volumes de água captados ou de efluentes lançados;

VII - não atendimento ao cadastramento, conforme o art. 51, inciso I, deste

Decreto.

Art. 47. Sem prejuízo das demais sanções definidas pela legislação federal,

estadual ou municipal as pessoas físicas ou jurídicas que transgredirem as

normas do presente regulamento, ficam sujeitas as seguintes sanções, isolada

ou cumulativamente:

Page 112: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

107

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção

das irregularidades;

II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade de infração, de R$

1.000,00 (um mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); a qual poderá ser

convertida por qualquer indexador oficial que vier a ser instituído pelo Estado

de Santa Catarina para a conservação de valores;

III – embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e

obras necessários ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o

cumprimento de normas referentes ao uso controle, conservação de outorga ou

para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e

proteção dos recursos hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação da outorga se for o caso, para a

administração pública repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos

hídricos, leitos e margens, ou tamponar os poços de extração de água

subterrânea, nos termos dos arts. 58 e 59, do Código de Águas;

V - perda ou suspensão em linhas de financiamento em estabelecimentos

oficiais de crédito do Governo do Estado;

VI - perda ou restrição de incentivo e benefícios fiscais concedidos pelo Poder

Público Estadual.

§ 1º No caso dos incisos III e IV, independente da pena de multa, serão

cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar

efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56

e 58, do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos

danos a que der causa.

§ 2º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo ao serviço público de

abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou

animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, independentemente da

revogação da outorga, a multa a ser aplicada nunca será inferior a metade do

valor máximo previsto no inciso II deste artigo.

§ 3º As multas simples ou diárias, a critério da autoridade aplicadora, ficam

estabelecidas dentro das seguintes faixas:

a) de R$ 1.000,00 (um mil reais) a R$ 2.000,00 (dois mil reais), nas infrações

leves;

Page 113: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

108

b) de R$ 2.001,00 (dois mil e um reais) a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nas

infrações graves;

c) de R$ 5.001,00 (cinco mil e um reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), nas

infrações gravíssimas.

§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada pelo valor correspondente

ao dobro da anteriormente imposta.

Art. 48. As penalidades serão aplicadas pelo Órgão Outorgante, que

classificará em leves, graves e gravíssimas, levando em consideração as

circunstâncias atenuantes e agravantes.

§ 1º São circunstâncias atenuantes:

I - ser primário;

II - ter procurado, de algum modo, evitar ou atenuar efetivamente as

consequências do ato ou dano;

III - a inexistência de má-fé;

IV - a caracterização da infração como de pequena monta e importância

secundária.

§ 2º São circunstâncias agravantes:

I - ser reincidente;

II - prestar informações falsas ou alterar dados técnicos;

III - dificultar ou impedir a ação fiscalizadora;

IV - deixar de comunicar, imediatamente, a ocorrência de acidentes que põem

em risco os recursos hídricos.

Art. 49. Das sanções impostas cabe recurso ao Conselho Estadual de

Recursos Hídricos, no prazo de 15 (quinze) dias da notificação, mediante

petição fundamentada ao seu Presidente.

§ 1º A decisão do Conselho Estadual de Recursos Hídricos é definitiva,

passando a constituir coisa julgada no âmbito da Administração Pública

Estadual, após publicação no Diário Oficial do Estado, da qual será o

recorrente notificado pelo Órgão Outorgante.

Page 114: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

109

§ 2º Não serão conhecidos recursos sem o prévio recolhimento do valor

pecuniário da multa imposta em favor do Fundo Estadual de Recursos Hídricos

- FEHIDRO.

§ 3º Julgado procedente o recurso, os valores serão devolvidos com correção,

baseada nos coeficientes de atualização adotados pela Secretaria de Estado

da Fazenda.

§ 4º Os recursos interpostos terão efeito meramente devolutivo, ressalvado ao

Presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, atribuir-lhes efeito

suspensivo sempre que relevantes fundamentos de fato e de direito, bem como

a possibilidade de dano irreparável, assim recomendarem.

CAPÍTULO XII

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 50. Permanecem válidos os atos de outorga de direitos de uso das águas

de domínio do Estado de Santa Catarina, expedidos anteriormente à

publicação deste Decreto, observados seus prazos de vigência e demais

condições estabelecidas.

Art. 51. As pessoas físicas ou jurídicas que estiverem utilizando, de alguma

forma, os recursos hídricos de domínio do Estado, sem a devida autorização,

deverão regularizar a sua situação perante o Órgão Outorgante, nos prazos

previstos pelos editais de chamamento para cadastro de usuários das

respectivas bacias hidrográficas determinadas para a implementação da

outorga, os quais serão devidamente publicados pela Imprensa Oficial do

Estado e por um jornal de grande circulação local.

Parágrafo único: a inobservância do disposto no “caput” deste artigo

caracterizará a infração contida no art. 46, incisos I, II, IV e VI, com pena das

sanções impostas no art. 47, deste Decreto.

Art. 52. O Governo do Estado proporcionará ao Órgão Outorgante as

condições técnicas e financeiras suficientes para o desenvolvimento das

atividades vinculadas à gestão da outorga e dos recursos hídricos no Estado

de Santa Catarina, conforme dispõe o art. 3º da Lei Estadual nº 9.748, de 30 de

novembro de 1994.

Page 115: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

110

Art. 53. Os usuários de recursos hídricos já detentores de outorga, deverão

observar a mesma forma e os mesmos prazos do previsto no art. 51, anterior,

para apresentar, pela primeira vez, a declaração de confirmação dos dados da

outorga de direitos de uso de que trata o inciso X, do art. 36 deste Decreto.

Parágrafo único: caberá ao Órgão Outorgante estabelecer em cada bacia

hidrográfica a ser implementada a outorga:

a) as normas e os procedimentos necessários para a orientação aos usuários e

para o processamento das informações recebidas;

b) a definição preliminar dos usos considerados insignificantes, que

independem de outorga, nos termos do art. 8º, III, deste Decreto.

Art. 54. Enquanto não forem aprovados os planos de bacias hidrográficas, a

outorga de direito de usos de recursos hídricos deve ser decidida pelo Órgão

Outorgante, de acordo com este Decreto e com os critérios gerais

estabelecidos pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

Parágrafo único: quando a outorga for emitida sem que haja um plano de bacia

hidrográfica, os outorgados ficam obrigados a adaptar suas atividades e obras

ao plano superveniente.

Art. 55. As taxas, multas e emolumentos previstos neste Decreto devem ser

recolhidos à conta do Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO.

Art. 56. O Órgão Outorgante não efetuará a cobrança de taxas e emolumentos

no exercício de 2006, ano de implantação da outorga no Estado de Santa

Catarina.

Art. 57. O Órgão Outorgante deve expedir as instruções complementares

necessárias ao cumprimento ou execução deste Decreto.

Art. 58. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação93.

Florianópolis, 11 de outubro de 2006.

Eduardo Pinho Moreira

Governador do Estado

93Disponível em: http://server03.pge.sc.gov.br/LegislacaoEstadual/2006/004778-005-0-2006-002.htm

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111

3.3. Resolução CERH n. 02, de 14 de agosto de 2014.

“Dispõe sobre o uso das águas subterrâneas no Estado de Santa Catarina.”

O CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS – CERH,

órgão de deliberação coletiva vinculado à Secretaria de Estado do

Desenvolvimento Econômico Sustentável, no uso das competências que lhe

são conferidas pelas Leis nos 6.739, de 16 de dezembro de 1985, e 11.508, de

20 de julho de 2000, tendo vista o disposto em seu Regimento Interno; e

Considerando o art. 30 da Lei federal n° 9433/97, que estabelece a atribuição

dos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de

competência, de outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e

regulamentar e fiscalizar os seus usos;

Considerando a Resolução n° 16/2001 do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos, que estabelece a normatização para a outorga de direito de uso de

recursos hídricos;

Considerando a Resolução nº 92/2008 do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos, que estabelece critérios e procedimentos gerais para

proteção e conservação das águas subterrâneas no território brasileiro;

Considerando que, conforme a Lei Estadual n° 9.022/93, alterada pela Lei nº

15.249/2010, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos é o órgão de

orientação superior do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos, tendo entre suas atribuições propor normas para o uso, preservação

e recuperação dos recursos hídricos;

Considerando o Art. 3º, Inciso I, da Lei Estadual nº 6.739, de 16 de

dezembro de 1985, que dispõe que o Conselho Estadual de Recursos Hídricos

é o órgão encarregado de estabelecer as diretrizes da política de recursos

hídricos com vistas ao planejamento das atividades de aproveitamento e

controle dos recursos hídricos no território do Estado de Santa Catarina;

Considerando a Lei Estadual n° 9.748, de 30 de novembro de 1994, que

estabelece em seu art. 4° a outorga de direito de uso dos recursos hídricos

como um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos;

Considerando o Decreto Estadual n° 4.778, de 11 de outubro de 2006, que

regulamenta a outorga de direito de uso de recursos hídricos, de domínio do

Estado, resolve:

CAPÍTULO I

DAS DEFINIÇÕES

Art. 1º. Para os efeitos desta resolução são adotadas as seguintes definições:

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112

I - Águas subterrâneas: recurso hídrico situado abaixo da superfície da Terra,

podendo sua ocorrência ser natural ou artificial, de forma suscetível à

explotação pelo homem.

II - Aquífero: unidade geológica saturada, constituída de rocha ou sedimento,

capaz de armazenar e transmitir quantidades significativas de água.

III - Aquífero livre ou freático: formação geológica permeável e superficial, cujo

limite superior se encontra à pressão atmosférica.

IV - Aquífero fraturado ou fissural: formado por rochas ígneas, metamórficas e

sedimentares, onde a circulação de água se faz nas fraturas, juntas e falhas.

V - Aquífero sedimentar ou poroso: formado por rochas sedimentares

consolidadas, inconsolidadas ou solos arenosos, onde a circulação de água se

dá nos poros.

VI - Aquífero cárstico: formado por rochas carbonáticas, onde a circulação de

água se dá nas fraturas ou descontinuidades, devido à dissolução do carbonato

pela água.

VII - Aquífero confinado: aquele situado entre duas camadas confinantes ou

semi confinantes, em cujo topo a pressão da água é maior do que a pressão

atmosférica.

VIII - Poço para captação de água: obra de engenharia geológica de acesso e

captação de água subterrânea.

IX - Poço tubular: poço de diâmetro reduzido, perfurado com equipamento

especializado.

X - Poço artesiano ou jorrante: poço perfurado em aquífero cujo nível de água

eleva-se acima da superfície do solo.

XI - Poluição: qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas das águas subterrâneas que possa ocasionar prejuízo à saúde, à

segurança e ao bem-estar das populações, comprometer seu uso para fins de

consumo humano, agropecuários, industriais comerciais e recreativos, e causar

danos à flora e à fauna.

XII - Poluente: toda e qualquer forma de matéria ou energia que cause

poluição.

XIII - Recarga artificial de aquíferos: introdução operacional de água em um

aquífero.

Page 118: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

113

XIV- Recarga natural de aquíferos: infiltração de água que ocorre naturalmente

nos aquíferos.

XV - Sistema de disposição de resíduos: aquele que utiliza o solo para

disposição, tratamento ou estocagem de resíduos, tais como aterros sanitários

e industriais, lagoas de evaporação ou infiltração.

XVI - Usuário: o proprietário ou detentor de poço, sistema de poços ou de

captação de águas subterrâneas.

CAPÍTULO II

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 2º. A captação de água subterrânea em todo o Estado de Santa Catarina

está sujeita ao regime de outorga de direito de uso, a ser emitida pela

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS,

órgão gestor dos recursos hídricos de dominialidade estadual.

Parágrafo único: estão isentos de outorga os usos considerados insignificantes,

não excluindo as obrigações contidas nos Arts. 13 e 16.

Art. 3º. As captações de água subterrânea existentes deverão ser

regularizadas (outorgadas) em até 5 (cinco) anos após a publicação desta

resolução, incluindo o prazo de seis meses para efetuar o respectivo cadastro

de usuário de recursos hídricos.

Art. 4º. A pesquisa e lavra de águas minerais, termais, gasosas, potáveis de

mesa ou destinadas a fins balneários são outorgadas pelo Departamento

Nacional de Produção Mineral-DNPM e Ministério de Minas e Energia,

respectivamente, de acordo com o Código de Águas Minerais, Decreto-Lei nº

7.841, de 08 de agosto de 1945 e o Código de Mineração, Decreto-Lei nº 227,

de 27 de fevereiro de 1967, e suas alterações.

Art. 5º. A recarga artificial de aquíferos:

I – depende de autorização do órgão gestor dos recursos hídricos;

II – está condicionada à comprovação de:

a) conveniência técnica, econômica e sanitária;

b) preservação da qualidade das águas subterrâneas.

Page 119: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

114

Art. 6º. O órgão gestor de recursos hídricos, com a participação dos Comitês

de Bacias, pode restringir a captação e o uso das águas subterrâneas, no

interesse:

I – dos serviços de abastecimento coletivo de água;

II – da proteção, conservação ou manutenção do equilíbrio natural;

III – de questões geológicas, geotécnicas ou ecológicas.

Art. 7º. A restrição de que trata o artigo anterior instrumentaliza-se através da

criação de áreas de proteção e controle do uso de águas subterrâneas, as

quais deverão ser classificadas em:

I - Área de Recarga: compreendendo, no todo ou em parte, as zonas de

recarga de aquíferos vulneráveis à poluição e que se constituem em depósitos

de águas essenciais para o abastecimento público, assim delimitadas pelo

órgão gestor de recursos hídricos;

II – Área de Restrição e Controle: caracterizada pela necessidade de

planejamento das explotações, controle máximo das fontes poluidoras

existentes e restrição a novas atividades potencialmente poluidoras;

III - Área de Proteção de Poços e outras Captações: área de proteção máxima,

definida pelo cone de interferência entre poços e outras captações e o

respectivo perímetro de proteção.

§ 1º. As Áreas de Recarga, definidas no inciso I do presente artigo, deverão ser

estabelecidas pelos Comitês de Bacias e ratificadas pelo Conselho Estadual de

Recursos Hídricos, e deverão constar no Plano de Recursos Hídricos da

respectiva bacia.

§ 2°. As áreas definidas nos incisos II e III serão estabelecidas durante o

procedimento de outorga.

CAPÍTULO III

DA ÁREA DE RECARGA

Art. 8º. Nos casos de escassez e de poluição de água subterrânea ou de

prejuízo sensível aos aproveitamentos existentes na Área de Recarga, o órgão

gestor dos recursos hídricos do Estado pode:

Page 120: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

115

I – proibir novas captações até que o aquífero se recupere, ou seja, superado o

fato que determinou a carência de água;

II – restringir e regular a captação de água subterrânea estabelecendo o

volume máximo a ser extraído e o regime de operação para as captações

existentes;

III – controlar as fontes de poluição existentes mediante procedimento

específico de monitoramento;

IV – restringir atividades potencialmente poluidoras, com risco iminente de

contaminação do aquífero.

CAPÍTULO IV

DA ÁREA DE RESTRIÇÃO E CONTROLE

Art. 9°. As medidas estabelecidas no artigo 8° podem ser adotadas na Área de

Restrição e Controle quando houver escassez e poluição de água subterrânea

ou prejuízo considerável aos aproveitamentos existentes.

CAPÍTULO V

DA ÁREA DE PROTEÇÃO DE POÇOS E OUTRAS CAPTAÇÕES

Art. 10. Na área de proteção de poços e outras captações é instituído um

perímetro imediato de proteção sanitária, cujo raio é definido com base em

teste de bombeamento e tipo de solo, obrigando o outorgado a cercar e

proteger a área, resguardando-a da entrada ou infiltração de poluentes.

§1º. Deverão ser tamponados, de acordo com a legislação, os seguintes poços:

I – abandonados ou em funcionamento que acarretem ou possam acarretar

poluição ou, ainda, que representem riscos aos aquíferos e/ou usuários;

II – cujas perfurações foram realizadas para fim que não seja a extração de

água;

III – poços improdutivos.

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116

§ 2º. Cabe ao outorgado ou responsável pela desativação temporária ou

definitiva de qualquer poço, a imediata comunicação ao órgão gestor de

recursos hídricos.

Art. 11. Os poços jorrantes devem ser dotados de dispositivos que impeçam o

desperdício da água ou eventuais desequilíbrios ambientais.

Art. 12. No caso de perfurações, escavações, sondagens ou obras que

atingirem águas subterrâneas, cuja finalidade não seja a captação de água

subterrânea, mineral ou afins, o responsável pelos trabalhos deverá acionar o

órgão gestor de recursos hídricos, relatando a ocorrência.

CAPÍTULO VI

DO CADASTRAMENTO E DA OUTORGA

Art. 13. Todos os usuários de águas subterrâneas são obrigados a se cadastrar

no Cadastro Estadual de Usuários de Recursos Hídricos.

Art. 14. Os dados e as informações de poços e outras captações contidos no

Sistema de Informações de Águas Subterrâneas – SIDAS/SIAGAS, assim

como os estudos hidrogeológicos desenvolvidos por órgãos e entidades da

Administração Estadual, estarão à disposição dos usuários, para orientação e

subsídio, no sentido de promover o uso racional das águas subterrâneas.

Art. 15. O interessado deverá solicitar ao órgão gestor de recursos hídricos

Autorização Prévia para perfuração de poço, ou para execução de qualquer

obra que configure a captação de água subterrânea, incluída em projetos,

estudos e pesquisas.

Parágrafo único. Os estudos hidrogeológicos, projetos, e as obras de captação

de águas subterrâneas deverão ser realizados por profissionais, empresas ou

instituições legalmente habilitadas perante o respectivo Conselho Profissional,

exigindo-se o respectivo comprovante de Responsabilidade Técnica, conforme

estabelecido na Resolução CERH nº 03/2014.

Art. 16. Uma vez concedida a Autorização Prévia e implantado o projeto, o

interessado deverá solicitar ao órgão gestor de recursos hídricos a outorga de

direito de uso de recursos hídricos para extração de água subterrânea.

Art. 17. As Autorizações Prévias e as Outorgas referidas nos artigos 15 e 16

serão condicionadas ao Plano Estadual de Recursos Hídricos e aos Planos de

Bacias Hidrográficas, e também a outros Planos que venham a ser

Page 122: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

117

estabelecidos, tais como, Planos Diretores Municipais, Planos de Saneamento

Básico, Plano Estadual de Resíduos Sólidos, levando-se em consideração os

fatores econômicos, ambientais e sociais.

§ 1° As Autorizações Prévias serão concedidas por prazo fixo, nunca

excedente a 3 (três) anos.

§ 2° As Outorgas de Direito de Uso de Recursos Hídricos serão concedidas por

prazo fixo, nunca excedente a 20 (vinte) anos.

§ 3° As vazões inferiores a 5 (cinco) metros cúbicos por dia serão considerados

insignificantes, assim como a extração de água subterrânea destinada

exclusivamente ao consumo familiar e de pequenos núcleos populacionais

dispersos no meio rural, independendo de outorga, ficando, todavia, sujeitas à

inspeção e fiscalização do órgão gestor.

§ 4° As outorgas serão concedidas pelo órgão gestor de recursos hídricos

dentro do prazo de 90 (noventa) dias contados da data do pedido.

Art. 18. Nas outorgas para a captação de água subterrânea deverão ser

estabelecidas condicionantes no sentido de proibir mudanças físicas, químicas

ou microbiológicas que possam prejudicar as condições naturais dos aquíferos,

ou do solo, assim como de garantir os direitos de terceiros.

Art. 19. A execução das obras destinadas à extração de água subterrânea e

sua operação dependerão de emissões de outorga, fornecidas pelo órgão

gestor de recursos hídricos.

CAPÍTULO VI

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 20. Consideram-se infrações e penalidades as estabelecidas no Capitulo XI

do Decreto Estadual n°4778/2006, sem prejuízo das demais sanções definidas

pela legislação federal, estadual ou municipal.

Parágrafo único: consideram-se, também, infrações:

I – deixar de cadastrar poço ou qualquer obra de captação conforme exigido

por lei ou regulamento;

II – deixar de tamponar poço ou qualquer obra de captação, abandonados ou

inutilizados;

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118

III – deixar de colocar dispositivo de controle em poços jorrantes;

IV – remover cobertura vegetal em área de recarga de aquífero subterrâneo

instituída pelo Poder Público;

V – realizar a obra em local diferente daquele para o qual foi outorgada;

VI – descumprir medida preconizada para área de recarga ou de restrição e

controle;

VII – deixar de instalar instrumentos de medição de vazão e outros

equipamentos, quando previstos no documento de outorga;

VIII – explotar vazão superior à outorgada pelo órgão gestor;

IX – deixar de cumprir as condicionantes estabelecidas no documento de

outorga;

X – infringir outras disposições desta resolução e de normas dela decorrentes.

CAPÍTULO VII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 21. A preservação e conservação das águas subterrâneas requerem o uso

racional e a aplicação de medidas que evitem a sua poluição, preservando o

equilíbrio físico, químico e biológico, em relação aos demais recursos naturais.

Art. 22. Incluem-se no gerenciamento das águas subterrâneas as ações

correspondentes:

I – à avaliação quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos subterrâneos e

ao planejamento do seu aproveitamento racional;

II – à outorga e fiscalização dos direitos de uso dessas águas; e

III – à aplicação de medidas relativas à conservação, preservação e

recuperação dos recursos hídricos subterrâneos.

Art. 23. Os resíduos sólidos, líquidos ou gasosos provenientes de atividades

agropecuárias, industriais, comerciais ou de qualquer outra natureza, só

poderão ser conduzidos ou lançados de forma a não poluírem as águas

subterrâneas, de acordo com a legislação pertinente.

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119

Parágrafo único: a descarga de poluente, tais como águas ou refugos

industriais, que possam degradar a qualidade da água subterrânea, e o

descumprimento das demais determinações desta lei e regulamentos

decorrentes, sujeitará o infrator às penalidades previstas no Decreto Estadual

nº 4.778 de 11 de outubro de 2006, sem prejuízo das demais sanções penais

cabíveis.

Art. 24. Os procedimentos e critérios de natureza técnica a serem observados

no exame dos pedidos de outorga de uso de águas subterrâneas no Estado de

Santa Catarina serão estabelecidos pela Resolução CERH n° 03/2014.

Art. 25. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação94.

Florianópolis, 14 de agosto de 2014.

Lúcia G. V. Dellagnelo

Secretária de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável

Presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH

3.4. Resolução CERH n. 03, de 14 de agosto de 2014.

Dispõe sobre os procedimentos e critérios de natureza técnica a serem

observados no exame dos pedidos de outorga de uso de águas subterrâneas

no Estado de Santa Catarina.

O CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS – CERH, órgão de

deliberação coletiva, vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento

Econômico Sustentável, no uso das competências que lhe são conferidas pelas

Leis nºs 6.739, de 16 de dezembro de 1985, e 11.508, de 20 de julho de 2000,

tendo vista o disposto em seu Regimento Interno; e

Considerando o art. 30 da Lei federal n° 9433/97, que estabelece a

atribuição dos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua

esfera de competência, de outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e

regulamentar e fiscalizar os seus usos;

94Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:6HzmWp_Roh0J:www.aguas

.sc.gov.br/jsmallfib_top/DHRI/Legislacao/resolucao_2014-02-uso_agua_subterranea.doc+&cd=1&hl=pt-

BR&ct=clnk&gl=br

Page 125: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

120

Considerando a Resolução n° 16/2001 do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos, que estabelece a normatização para a outorga de direito de

uso de recursos hídricos;

Considerando a Resolução nº 92/2008 do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos, que estabelece critérios e procedimentos gerais para

proteção e conservação das águas subterrâneas no território brasileiro;

Considerando a Resolução nº 396/2008 do Conselho Nacional de

Meio Ambiente, que dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o

enquadramento das águas subterrâneas;

Considerando o Art. 3º, Inciso I, da Lei Estadual nº 6.739, de 16 de

dezembro de 1985, que dispõe que o Conselho Estadual de Recursos Hídricos

é o órgão encarregado de estabelecer as diretrizes da política de recursos

hídricos com vistas ao planejamento das atividades de aproveitamento e

controle dos recursos hídricos no território do Estado de Santa Catarina;

Considerando a Lei Estadual n° 9.748, de 30 de novembro de 1994,

que estabelece em seu art. 4° a outorga de direito de uso dos recursos hídricos

como um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos;

Considerando o Decreto Estadual n° 4.778 de 11 de outubro de 2006,

que regulamenta a outorga de direito de uso de recursos hídricos, de domínio

do Estado;

Considerando a Resolução CERH n° 02/2014 que dispõe sobre o uso

das águas subterrâneas no Estado de Santa Catarina, resolve:

Art. 1°. As solicitações de outorga de uso de águas subterrâneas no Estado de

Santa Catarina devem atender aos seguintes procedimentos e critérios de

natureza técnica:

I – Localização da obra em coordenadas geográficas, referenciado ao sistema

de coordenadas UTM e datum horizontal SIRGAS 2000, planta de locação

1:50.000 e planta de situação 1:2.000;

II – Identificação e definição do tipo de aquífero a ser explotado;

III – Informação do projeto e do perfil construtivo do poço, conforme a norma

NBR 12.212;

IV – Potencialidade em termos de vazão média e capacidade específica média

do aquífero onde está locado o poço;

V – Identificação de poços e atividades existentes na área e proximidades, de

acordo com a planta de locação 1:50.000;

VI – Vazão real obtida a partir de testes de bombeamento e respectivos

relatórios técnicos;

Page 126: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

121

VII – Projeto de construção do poço, conforme a norma NBR 12.244;

VIII – Resumo da declaração do Cadastro Estadual de Usuários de Recursos

Hídricos;

IX – Avaliação físico-química e bacteriológica conforme tabela anexa;

X – Em aquíferos costeiros, caso seja considerado necessário, pode ser

exigida a instalação de piezômetro para controle de qualidade da água do

lençol freático – avanço da cunha salina.

§1°. As solicitações de autorização prévia para perfuração de poço, ou para

execução de qualquer obra que configure a necessidade de captação de água

subterrânea, incluída em projetos, estudos e pesquisas, deverão atender

somente aos incisos de I a V.

§2°. Para as solicitações de outorga para captação de água subterrânea em

poços existentes anteriores à publicação desta resolução, aos itens acima se

acrescenta o relatório operacional do poço, constando dados de qualidade da

água (conforme parâmetros da tabela anexa), vazão e período de operação –

horas por dia e dias por mês.

§3°. Sempre que julgar necessário, o órgão gestor de recursos hídricos

solicitará estudos ou informações complementares.

Art. 2º. O outorgado deverá apresentar ao órgão gestor, relatório operacional

anual, com no mínimo uma medição por mês, conforme estabelecido pelo

órgão gestor.

Art. 3°. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Florianópolis, 14 de agosto de 2014.

Lúcia G. V. Dellagnelo

Page 127: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

122

ANEXO I

Parâmetros para Caracterização Hidroquímica

N.º PARÂMETRO 1 Alcalinidade Total – CaCO3 (mg/l)

2 Bicarbonatos – HCO3 (mg/l)

3 Cálcio – Ca (mg/l)

5 Carbonatos – CO3 (mg/l)

6 Cloretos – Cl (mg/l)

7 Condutividade (mS/cm) à 25ºC

8 Cor (uH)

9 Dióxido de Carbono livre – CO2 (mg/l)

10 Dureza total – CaCO3 (mg/l)

11 Ferro total – Fe (mg/l)

12 Fluoretos – F (mg/l)

13 Fosfatos – PO4 (mg/l)

14 Hidróxidos – OH (mg/l)

15 Magnésio – Mg (mg/l)

16 Manganês – Mn (mg/L)

17 Nitratos – N-NO3 (mg/L)

18 Nitritos – N-NO2 (mg/l)

19 Odor

20 pH

21 Potássio – K (mg/l)

22 Sílica dissolvida – SiO2 (mg/l)

23 Sódio – Na (mg/l)

24 Sólidos dissolvidos totais (mg/l)

25 Sólidos totais à 103ºC (mg/l)

26 Sulfatos – SO4 (mg/l)

27 Turbidez (UT)

28 Balanço iônico (S cátions e S ânions)

29 DBO (mg/l)

30 DQO

31 Coliformes Termotolerantes- E. coli

32 Coliformes Totais

Page 128: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

123

ANEXO II

Processo de transição do Licenciamento Ambiental para a Outorga de

Direito de Uso dos Recursos Hídricos95

PLANO DE TRABALHO

1 – Os usuários de água subterrânea que possuem Licença Ambiental de Operação

(LAO) deverão solicitar a outorga de direito de uso dos recursos hídricos até 120 dias

antes do vencimento da referida licença.

2 – Os usuários de água subterrânea, que na data da publicação desta resolução já

tiverem protocolado na FATMA o pedido de Licença Ambiental, deverão prosseguir

com o processo até a concessão da LAO, e solicitar a outorga até 120 dias antes do

vencimento da licença.

3 – Os dados dos licenciamentos de poços realizados pela Fundação do Meio

Ambiente (FATMA), do Sistema de Informações Ambientais da FATMA (SINFAT),

serão disponibilizados para a Diretoria de Recursos Hídricos (DRHI) da Secretaria de

Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) no prazo de 180 dias após

a publicação desta resolução.

4 – Todos os processos de LAO já finalizados serão repassados para a SDS, à

medida que for solicitada a outorga de direito de uso dos recursos hídricos

(correspondente à renovação da LAO).

5 – A partir da data de publicação desta resolução, a regulamentação do uso das

águas subterrâneas se dará somente através do instrumento de gestão de recursos

hídricos outorga, conforme Decreto Estadual nº 4.778/2006 e legislação correlata.

6 – Será suprimida da listagem das atividades consideradas potencialmente

causadoras de degradação ambiental a atividade de captação de águas subterrâneas

(código 00.40.00), conforme estabelecido na Resolução do Conselho Estadual do

Meio Ambiente (CONSEMA) nº 13/2012.

Outorga96

A outorga de direito de uso dos recursos hídricos representa um

instrumento, através do qual o Poder Público autoriza, concede ou ainda

permite ao usuário fazer o uso deste bem público. É através deste ato que o

Estado exerce, efetivamente, o domínio das águas preconizado pela

95Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:3EjWVZxp5oYJ:www.agua

s.sc.gov.br/jsmallfib_top/DHRI/Legislacao/resolucao_2014-03-outorga_subterranea.doc+&cd=1&hl=pt-

BR&ct=clnk&gl=br 96Formulário de outorga disponível em: http://www.aguas.sc.gov.br/base-

documental/documentos?dir=JSROOT/Diretoria+de+Recursos+Hidricos/Outorga/Formularios

Page 129: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

124

Constituição Federal, regulando o compartilhamento entre os diversos

usuários.

A Lei Estadual 9.748, de 30 de novembro de 1994, em seu artigo 29,

explica que qualquer empreendimento ou atividade que alterar as condições

quantitativas e/ou qualitativas das águas, superficiais ou subterrâneas,

observando o Plano estadual de Recursos Hídricos e os Planos de Bacia

Hidrográfica, dependerá de outorga.

Emissão da Outorga

Cabe a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico

Sustentável (SDS), por meio da Diretoria de Recursos Hídricos, a emissão da

outorga para os usos de recursos hídricos que alterem as condições

quantitativas e/ou qualitativas das águas.

O Decreto Estadual nº 4.778, de 11 de outubro de 2006, regulamentou

este instrumento, estabelecendo os critérios para a concessão, "licença de uso"

e "autorização", bem como para a dispensa.

Os rios e lagos que banham mais de um Estado ou país e, ainda, as

águas armazenadas em reservatórios administrados por entidades federais são

de domínio da União e, nestes casos, a outorga é emitida pela Agência

Nacional de Águas (ANA).

Uso dos recursos hídricos

Segundo o Decreto Estadual nº 4.778/2006 /96 que regulamenta a

Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos no Estado de Santa Catarina,

entende-se como uso da água qualquer utilização, serviço ou obra em recurso

hídrico, independentemente de haver ou não retirada de água, barramento ou

lançamento de efluentes, que altere seu regime ou suas condições qualitativas

ou quantitativas, ou ambas simultaneamente.

Usos sujeitos à Outorga

Derivação/Captação de parcela de água existente em um corpo hídrico,

para consumo final, inclusive para o abastecimento público, ou insumo de

processo produtivo;

Page 130: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

125

Extração de água de depósito natural subterrâneo para consumo final,

inclusive para o abastecimento público, ou insumo de processo;

Lançamentos em corpos d'água, de esgotos e demais resíduos líquidos

e gasosos.

Usos de recursos hídricos para aproveitamento de potenciais

hidrelétricos.

Extração mineral no leito do rio.

Outros usos e ações e execução de obras ou serviços necessários à

implantação de qualquer intervenção ou empreendimento, que demandem a

utilização de recursos hídricos, ou que impliquem em alteração, mesmo que

temporária, do regime, da quantidade ou da qualidade da água, superficial ou

subterrânea, ou ainda, que modifiquem o leito e margens dos corpos de água.

Usos dispensados da Outorga

Usos de caráter individual para satisfação das necessidades básicas

da vida.

Extração de água subterrânea destinada exclusivamente ao consumo

familiar e de pequenos grupos populacionais dispersos no meio rural.

As acumulações, captações, derivações e lançamentos considerados

insignificantes, tanto do ponto de vista de volume quanto de carga poluente.

Requerimento de Outorga

Para iniciar o requerimento de outorga o interessado deverá realizar o

cadastramento da sua atividade/empreendimento no Cadastro Estadual de

Usuários de Recursos Hídricos no site www.aguas.sc.gov.br/cadastro.

Em seguida, o interessado deverá preencher o requerimento de

outorga e entregar, junto com os demais documentos necessários para

outorga, no protocolo geral da SDS.

Page 131: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

126

Gerência de Outorga e Controle dos Recursos Hídricos

Apresentação

A Gerência de Outorga e Controle dos Recursos Hídricos (GEORH) é

um setor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável

(SDS) que trabalha com a análise e concessão das outorgas de direito de uso

dos recursos hídricos para usuários de mananciais superficiais e subterrâneos

de domínio do Estado de Santa Catarina.

São Competências da Gerência de Outorga:

De acordo com o regimento interno da SDS, órgão gestor de recursos

hídricos do Estado de Santa Catarina, compete à GEORH:

Articular e coordenar a implantação do Sistema Estadual de Outorga

do Direito de uso de Recursos Hídricos, superficiais e subterrâneos, de domínio

do Estado;

Analisar e emitir pareceres sobre o deferimento ou indeferimento dos

requerimentos de outorga para uso dos recursos hídricos superficiais e

subterrâneos de domínio do Estado.

Efetuar, direta ou indiretamente, estudos visando à identificação do

potencial de águas superficiais e subterrâneas disponível no Estado;

Elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição pelo Conselho

Estadual de Recursos Hídricos, os valores a serem cobrados pelo uso de

recursos hídricos de domínio do estado, com base nos mecanismos e

quantitativos sugeridos pelos Comitês de Bacias Hidrográficas;

Promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de

secas e inundações, no âmbito do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos, em articulação com a Defesa Civil, em apoio aos

municípios;

Organizar, implantar e gerir o Sistema Estadual de Informações sobre

Recursos Hídricos;

Fornecer suporte técnico ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos

para o estabelecimento de incentivos, inclusive financeiros, conservação

qualitativa e quantitativa de recursos hídricos;

Page 132: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

127

Coordenar, controlar, supervisionar ou executar planos, programas e

projetos de desenvolvimento de recursos hídricos, superficiais e subterrâneos,

a serem implantados no Estado;

Subsidiar tecnicamente, com informações hidrológicas, os processos

de enquadramento dos corpos de água;

Analisar os relatórios técnicos dos executores de serviços, estudos,

projetos e programas, elaborados com recursos do Fundo Estadual de

Recursos Hídricos;

Promover e subsidiar tecnicamente o monitoramento descentralizado

da quantidade e qualidade de recursos hídricos, por bacias hidrográficas;

exercer outras atividades determinadas pela Diretoria de Recursos Hídricos, no

âmbito de sua atuação.

Fiscalização

A fiscalização do regime de outorga foi estabelecida no Estado através

do Decreto nº 4.778, de 11 de outubro de 2006 (Artigos 38 a 41).

As atividades previstas nas ações de fiscalização são compostas de:

Inspeções e Vistorias em geral;

Levantamentos, avaliações e comparações, com os usos autorizados, dos

dados das instalações e dos usos praticados pelos outorgados;

Medições hidrométricas, coleta de amostras e análises de qualidade de água;

Emissão de intimações para prestação de esclarecimentos;

Verificação de ocorrências de infrações e aplicação das respectivas

penalidades;

Lavratura de Autos de Infração.

Nos atos de fiscalização, ao serem constatadas irregularidades na

utilização dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de acordo com o

exposto no artigo 46 do Decreto nº 4.778/2006, serão aplicadas sanções

administrativas, de acordo com a gravidade da infração. As sanções

administrativas são as seguintes:

Advertência por escrito;

Page 133: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

128

Multa;

Embargo provisório;

Embargo definitivo;

Perda ou suspensão em linhas de financiamento;

Perda ou restrição de incentivos fiscais.

Caso seja constatada alguma infração em recursos hídricos, o usuário

poderá entrar em contato com a Gerência de Outorga da SDS, através dos

telefones (48) 3665-4205 / 3665-4207, ou ainda através do endereço eletrônico

[email protected].

Comissão Técnica De Outorga De Direito De Uso Dos Recursos Hídricos97

Instituída pela Resolução CERH nº 01/2007, CTORH tem a finalidade

de acompanhar, analisar e emitir pareceres sobre os procedimentos de

implementação da outorga de direito de uso dos recursos hídricos em Santa

Catarina.

Competências da CTORH:

Propor critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos;

Analisar e sugerir, no âmbito das competências do CERH, diretrizes

complementares para a implementação e aplicação da outorga de uso dos

recursos hídricos;

Propor diretrizes e ações conjuntas para a integração e otimização de

procedimentos entre as instituições responsáveis pela outorga pelo uso de

recursos hídricos;

Analisar e emitir parecer sobre as propostas técnicas apresentadas pelos

Comitês de Bacias Hidrográficas na implementação da outorga nas respectivas

bacias hidrográficas;

Analisar e avaliar a proposta de implementação da outorga de direito de usos

dos recursos hídricos elaborada em estudos específicos existentes;

97Disponível em: http://www.aguas.sc.gov.br/instrumentos/instrumentos-outorga-principal

Page 134: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

129

Outras que vierem a ser delegadas pelo plenário do CERH.

Composição da CTORH

A CTORH é composta por representantes (titular e suplente) das seguintes

instituições:

Companhia Catarinense de Água e Esgoto - CASAN;

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária – ABES;

Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC;

Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina – FATMA;

Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS;

Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina –

FETAESC;

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS.

Além das entidades componentes, a critério do plenário do Conselho

Estadual de Recursos Hídricos, poderá ser convidada entidade não integrante

do conselho para vir a fazer parte da CTORH com a finalidade de contribuir

com os trabalhos realizados pela comissão.

Sistema de Informação

Em elaboração.

Custos

Emolumentos

A cobrança de emolumentos foi regulamentada no Estado de Santa

Catarina através do Decreto nº 4.871, de 17 de novembro de 2006.

A cobrança dos emolumentos é utilizada para ressarcir os custos dos

serviços de publicação, tramitação e análise técnica dos requerimentos de

outorga, de acordo com a tabela a seguir:

Page 135: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

130

TABELA DE EMOLUMENTOS ANÁLISE E EXPEDIÇÃO

DA OUTORGA DE DIREITO DE USO DA ÁGUA

Categorias Processos Administrativos

Tipo de Destinação de Uso Total R$

Outorga Preventiva

DRDH

Outorga de Direito de Uso

Alteração da Outorga

Abastecimento Público 924,00

Esgotamento Sanitário 924,00

Irrigação

Pequeno (<=20 ha) 636,00

Médio (>20 ha e <=50 ha) 708,00

Grande (>50 ha) 924,00

Criação Animal 852,00

Indústria 924,00

Mineração 852,00

Geração Energia 924,00

Aquicultura 708,00

Outros Usos 852,00

Autorização de Uso do Insignificante

- 50,00

Cancelamento de Uso - 150,00

Transferência de Titularidade - 150,00

Cobrança pelo uso da água

Em elaboração.

Page 136: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

131

4. RIO GRANDE DO SUL

4.1. Lei n. 10350, de 30 de dezembro de 1994.

“Institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, regulamentando o artigo 171 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.”

CAPÍTULO I

DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

SEÇÃO I

Dos Objetivos e Princípios

Art. 1º - A água é um recurso natural de disponibilidade limitada e dotado de

valor econômico que, enquanto bem público de domínio do Estado, terá sua

gestão definida através de uma Política de Recursos Hídricos, nos termos

desta Lei.

Parágrafo único: para os efeitos desta Lei, os recursos hídricos são

considerados na unidade do ciclo hidrológico, compreendendo as fases aérea,

superficial e subterrânea, e tendo a bacia hidrográfica como unidade básica de

intervenção.

Art. 2º - A Política Estadual de Recursos Hídricos tem por objetivo promover a

harmonização entre os múltiplos e competitivos usos dos recursos hídricos e

sua limitada e aleatória disponibilidade temporal e espacial, de modo a:

I - assegurar o prioritário abastecimento da população humana e permitir a

continuidade e desenvolvimento das atividades econômicas;

II - combater os efeitos adversos das enchentes e estiagens, e da erosão do

solo;

III - impedir a degradação e promover a melhoria de qualidade e o

aumento da capacidade de suprimento dos corpos de água, superficiais

e subterrâneos, a fim de que as atividades humanas se processem em

um contexto de desenvolvimento sócio- econômico que assegure a

disponibilidade dos recursos hídricos aos seus usuários atuais e às

gerações futuras, em padrões quantitativa e qualitativamente adequados.

Page 137: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

132

Art. 3º - A Política Estadual de Recursos Hídricos reger-se-á pelos seguintes

princípios:

I - Todas as utilizações dos recursos hídricos que afetam sua disponibilidade

qualitativa ou quantitativa, ressalvadas aquelas de caráter individual, para

satisfação de necessidades básicas da vida, ficam sujeitas à prévia aprovação

pelo Estado;

II - a gestão dos recursos hídricos pelo

Estado processar-se-á no quadro do ordenamento territorial, visando à

compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a proteção do

meio ambiente;

III - os benefícios e os custos da utilização da água devem ser equitativamente

repartidas através de uma gestão estatal que reflita a complexidade de

interesses e as possibilidades regionais, mediante o estabelecimento de

instâncias de participação dos indivíduos e das comunidades afetadas;

IV - as diversas utilizações da água serão cobradas, com a finalidade de gerar

recursos para financiar a realização das intervenções necessárias à utilização e

à proteção dos recursos hídricos, e para incentivar a correta utilização da água;

V - é dever primordial do Estado oferecer à sociedade, periodicamente, para

conhecimento, exame e debate, relatórios sobre o estado quantitativo e

qualitativo dos recursos hídricos.

SEÇÃO 2

Das Diretrizes

Art. 4º - São diretrizes específicas da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - descentralização da ação do Estado por regiões e bacias hidrográficas;

II - participação comunitária através da criação de Comitês de Gerenciamento

de Bacias Hidrográficas congregando usuários de água, representantes

políticos e de entidades atuantes na respectiva bacia;

III - compromisso de apoio técnico por parte do Estado através da criação de

Agências de Região Hidrográfica incumbidas de subsidiar com alternativas bem

definidas do ponto de vista técnico, econômico e ambiental, os Comitês de

Gerenciamento de Bacia Hidrográfica que compõe a respectiva região;

Page 138: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

133

IV - integração do gerenciamento dos recursos hídricos e do gerenciamento

ambiental através da realização de Estudos de Impacto Ambiental e

respectivos Relatórios de Impacto

Ambiental, com abrangência regional, já na fase de planejamento das

intervenções nas bacias;

V - articulação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos com o Sistema

Nacional destes recursos e com Sistemas Estaduais ou atividades afins, tais

como de planejamento territorial, meio ambiente, saneamento básico,

agricultura e energia;

VI - compensação financeira, através de programas de desenvolvimento

promovidos pelo Estado, aos municípios que sofram prejuízos decorrentes da

inundação de áreas por reservatórios ou restrições decorrentes de leis de

proteção aos mananciais;

VII - incentivo financeiro aos municípios afetados por áreas de proteção

ambiental de especial interesse para os recursos hídricos, com recursos

provenientes do produto da participação, ou da compensação financeira do

Estado no resultado da exploração de potenciais hidroenergéticos em seu

território, respeitada a Legislação Federal.

CAPÍTULO II

DO SISTEMA DE RECURSOS HÍDRICOS DO RIO GRANDE DO SUL

Art. 5º - Integram o Sistema de Recursos Hídricos, o Conselho de Recursos

Hídricos, o Departamento de Recursos Hídricos, os Comitês de Gerenciamento

de Bacia Hidrográfica e as Agências de Região Hidrográfica.

Parágrafo único - Para os efeitos desta Lei, integrará ainda o Sistema o órgão

ambiental do Estado.

SEÇÃO I

Dos Objetivos

Art. 6º - São objetivos do Sistema de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul:

I - a execução e atualização da Política Estadual de Recursos Hídricos;

Page 139: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

134

II - a proposição, execução e atualização do Plano Estadual;

III - a proposição, execução e atualização dos Planos de Bacias Hidrográficas;

IV - a instituição de mecanismos de coordenação e integração do planejamento

e da execução das atividades públicas e privadas no setor hídrico;

V - a compatibilização da Política Estadual com a Política Federal sobre a

utilização e proteção dos recursos hídricos no Estado.

SEÇÃO II

Do Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande Do Sul

Art. 7º - Fica instituído o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul,

como instância deliberativa superior do Sistema de Recursos Hídricos do Rio

Grande do Sul, cujo Presidente será o Secretário do Meio Ambiente e o Vice-

Presidente será o Secretário das Obras Públicas e Saneamento, e integrado

por98:

I - Secretários de Estado cujas atividades se relacionem com a gestão dos

recursos hídricos, o planejamento estratégico e a gestão financeira do Estado;

II - sete representantes dos Comitês de Gerenciamento das Bacias

Hidrográficas, garantido no mínimo um para cada região hidrográfica em que

se divide o Estado e um representante dos Comitês das bacias

transfronteiriças99.

§ 1° - Integrarão, ainda, o Conselho, mediante convite do Governador do

Estado, um representante, respectivamente, do Sistema Nacional do Meio

Ambiente e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos100.

§ 2º - Os Secretários de Estado que integrarão o Conselho deque trata o inciso

I deste artigo serão designados mediante regulamentação101.

Art. 8º - Compete ao Conselho de Recursos Hídricos:

I - propor alterações na Política Estadual de Recursos Hídricos a serem

encaminhadas na forma de proposta de projeto de lei ao Governador do

Estado;

98Redação dada pela Lei n° 11.560/00 99Redação dada pela Lei n° 11.685/01 100Renumerado pela Lei n° 11.685/01 101Incluído pela Lei n° 11.685/01

Page 140: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

135

II - opinar sobre qualquer proposta de alteração da Política Estadual de

Recursos Hídricos;

III - apreciar o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos

previamente ao seu encaminhamento ao Governador do Estado e acompanhar

sua implementação;

IV - aprovar os relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos do Rio

Grande do Sul;

V - aprovar critérios de outorga do uso da água;

VI - aprovar os regimentos dos Comitês de Gerenciamento de Bacia

Hidrográfica;

VII - decidir os conflitos de uso de água em última instância no âmbito do

Sistema de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul;

VIII - representar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através de seu

presidente, junto aos órgãos federais e entidades internacionais que tenham

interesses relacionados aos recursos hídricos do Estado;

IX - elaborar seu Regimento Interno.

Parágrafo único: as deliberações do Conselho serão tomadas pela maioria de

seus membros.

Art. 9º - O Conselho será assistido em suas funções administrativas por uma

Secretaria-Executiva e em suas funções técnicas pelo Departamento de

Recursos Hídricos da Secretaria do Meio Ambiente102.

SEÇÃO III

Do Departamento de Recursos Hídricos

Art. 10 - Fica criado na Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, o Departamento

de Recursos Hídricos, como órgão de integração do Sistema de Recursos IV -

102Redação dada pela Lei n° 11.560/00

Page 141: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

136

aprovar os relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos do Rio

Grande do Sul103;

Art. 11 - Compete ao Departamento de Recursos Hídricos:

I - elaborar o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos através

da compatibilização das propostas encaminhadas pelos Comitês de

Gerenciamento de Bacia Hidrográfica com os planos e diretrizes setoriais do

Estado, relativos às atividades que interferem nos recursos hídricos;

II - coordenar e acompanhar a execução do Plano Estadual de Recursos

Hídricos, cabendo-lhe, em especial:

a) propor ao Conselho de Recursos Hídricos critérios para a outorga do uso da

água dos corpos de água sob domínio estadual e expedir as respectivas

autorizações de uso;

b) regulamentar a operação e uso dos equipamentos e mecanismos de gestão

dos recursos hídricos, tais como redes hidrometeorológicas, banco de dados

hidrometeorológicos, cadastros de usuários das águas;

c) elaborar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos no Estado

para apreciação pelos Comitês, na forma do Artigo 19, IV, com vista à sua

divulgação pública.

III - assistir tecnicamente o Conselho de Recursos Hídricos.

SEÇÃO IV

Dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica

Art. 12 - Em cada bacia hidrográfica será instituído um Comitê de

Gerenciamento de Bacia Hidrográfica, ao qual caberá a coordenação

programática das atividades dos agentes públicos e privados, relacionados aos

recursos hídricos, compatibilizando, no âmbito espacial da sua respectiva

bacia, as metas do Plano Estadual de Recursos Hídricos com a crescente

melhoria da qualidade dos corpos de água.

Art. 13 - Cada Comitê será constituído por:

103Redação dada pela Lei n° 11.560/00

Page 142: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

137

I - representantes dos usuários da água, cujo peso de representação deve

refletir, tanto quanto possível, sua importância econômica na região e o seu

impacto sobre os corpos de água;

II - representantes da população da bacia seja diretamente provenientes dos

poderes legislativos municipais ou estaduais, seja por indicação de

organizações e entidades da sociedade civil;

III - representantes dos diversos órgãos da administração direta federal e

estadual, atuantes na região e que estejam relacionados com os recursos

hídricos, excetuados aqueles que detém competências relacionadas à outorga

do uso da água ou licenciamento de atividades potencialmente poluidoras.

Parágrafo único: entende-se como usuários da água indivíduos, grupos,

entidades públicas e privadas e coletividades que, em nome próprio ou no de

terceiros, utilizam os recursos hídricos como:

a) insumo em processo produtivo ou para consumo final;

b) receptor de resíduos;

c) meio de suporte de atividades de produção ou consumo.

Art. 14 - Na composição dos grupos a que se refere o artigo anterior deverá ser

observada a distribuição de 40% de votos para representantes do grupo

definido no inciso I, 40% de votos para representantes do grupo definido no

inciso II e 20% para os representantes do grupo definido no inciso III.

Art. 15 - Os órgãos e entidades federais, estaduais ou municipais que, na bacia

hidrográfica, exerçam atribuições relacionadas à outorga do uso da água ou

licenciamento de atividades potencialmente poluidoras terão assento nos

Comitês e participarão nas suas deliberações, sem direito de voto.

Art. 16 - Os Comitês serão presididos por um de seus integrantes pertencente

aos grupos definidos nos incisos I ou II do artigo 13, eleito por seus pares, para

um mandato de 2 anos, permitida a recondução.

Art. 17 - Todos os integrantes de um Comitê deverão ter plenos poderes de

representação dos órgãos ou entidades de origem.

Art. 18 - A indicação da composição dos membros de cada Comitê, bem como

as normas básicas de orientação e de elaboração do respectivo Regimento

Interno, serão estabelecidas por decreto do Poder Executivo do Estado.

Art. 19 - Os Comitês têm como atribuições:

Page 143: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

138

I - encaminhar ao Departamento de Recursos Hídricos a proposta relativa à

bacia hidrográfica, contemplando, inclusive, objetivos de qualidade, para ser

incluída no anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos;

II - conhecer e manifestar-se sobre o anteprojeto de lei do Plano Estadual de

Recursos Hídricos previamente ao seu encaminhamento ao Governador do

Estado;

III - aprovar o Plano da respectiva bacia hidrográfica e acompanhar sua

implementação;

IV - apreciar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos do Rio

Grande do Sul;

V - propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da bacia

hidrográfica em classes de uso e conservação;

VI - aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água da bacia

hidrográfica;

VII - realizar o rateio dos custos de obras de interesse comum a serem

executados na bacia hidrográfica;

VIII - aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos em serviços

e obras de interesse da bacia hidrográfica tendo por base o Plano da

respectiva bacia hidrográfica;

IX - compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, dirimindo, em

primeira instância, os eventuais conflitos.

SEÇÃO V

Das Agências de Região Hidrográfica

Art. 20 - Às Agências de Região Hidrográfica, a serem instituídas por Lei como

integrantes da Administração Indireta do Estado, caberá prestar o apoio

técnico ao Sistema Estadual de Recursos Hídricos, incluindo, entre suas

atribuições, as de:

I - assessorar tecnicamente os Comitês de Gerenciamento de Bacia

Hidrográfica na elaboração de proposições relativas ao Plano Estadual de

Recursos Hídricos, no preparo dos Planos de Bacia Hidrográfica, bem como

na tomada de decisões políticas que demandem estudos técnicos;

Page 144: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

139

II - subsidiar os Comitês com estudos técnicos, econômicos e financeiros

necessários à fixação dos valores de cobrança pelo uso da água e rateio de

custos de obras de interesse comum da bacia hidrográfica;

III - subsidiar os Comitês na proposição de enquadramento dos corpos de água

da bacia em classes de uso e conservação;

IV - subsidiar o Departamento de Recursos Hídricos na elaboração do

relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos do Estado e do Plano

Estadual de Recursos Hídricos;

V - manter e operar os equipamentos e mecanismos de gestão dos

recursos hídricos mencionados no artigo 11, II, b).

VI - arrecadar e aplicar os valores correspondentes à cobrança pelo uso

da água de acordo com o Plano de cada bacia hidrográfica.

CAPÍTULO III

DO PLANEJAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Art. 21 - Os objetivos, princípios e diretrizes da Política Estadual de Recursos

Hídricos, definidos nesta Lei, serão discriminados no Plano Estadual de

Recursos Hídricos e nos planos de Bacias Hidrográficas.

SEÇÃO I

Do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Art. 22 - O Plano Estadual de Recursos Hídricos, a ser instituído por lei, com

horizonte de planejamento não inferior a 12 anos e atualizações periódicas,

provadas até o final do segundo ano de mandato do Governador do Estado,

terá abrangência estadual, com detalhamento por bacia hidrográfica.

Art. 23 - Serão elementos constitutivos do Plano Estadual de Recursos

Hídricos:

I - a tradução dos objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos em

metas a serem alcançadas em prazos definidos;

Page 145: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

140

II - a ênfase nos aspectos quantitativos, de forma compatível com os objetivos

de qualidade de água, estabelecidos a partir das propostas dos Comitês de

Gerenciamento de Bacia Hidrográfica;

III - o inventário das disponibilidades hídricas presentes e das estruturas de

reservação existentes;

IV - o inventário dos usos presentes e dos conflitos resultantes;

V - a projeção dos usos e das disponibilidades de recursos hídricos e os

conflitos potenciais;

VI - a definição e as análises pormenorizadas das áreas críticas, atuais e

potenciais;

VII - as diretrizes para a outorga do uso da água, que considerem a

aleatoriedade das projeções dos usos e das disponibilidades de água;

VIII - as diretrizes para a cobrança pelo uso da água;

IX - o limite mínimo para a fixação dos valores a serem cobrados pelo uso da

água.

Parágrafo único - O Plano Estadual de Recursos Hídricos contemplará também

os programas de desenvolvimento nos municípios a que se referem os incisos

VI e VII do artigo 4º.

Art. 24 - O Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado com base nas

propostas encaminhadas pelos Comitês de Gerenciamento de Bacia

Hidrográfica, e levará em conta, ainda:

I - propostas apresentadas individual ou coletivamente por usuários da água;

II - planos regionais e setoriais de desenvolvimento;

III - tratados internacionais;

IV - estudos, pesquisas e outros documentos públicos que possam contribuir

para a compatibilização e consolidação das propostas a que se refere o

"caput".

Parágrafo único: o Plano Estadual de Recursos Hídricos considerará,

obrigatoriamente, a variável ambiental através da incorporação, ao nível do

planejamento de cada bacia hidrográfica, de Estudos de Impacto Ambiental e

respectivos Relatórios de Impacto Ambiental, de modo a conter um juízo

Page 146: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

141

prévio de viabilidade do licenciamento ambiental global, sem prejuízo do

licenciamento nos termos da legislação vigente.

Art. 25 - Com a finalidade de permitir a avaliação permanente da execução

do Plano Estadual de Recursos Hídricos, o Poder Executivo, através do

Departamento Estadual de Recursos Hídricos, publicará, até 30 de abril

de cada ano, o relatório sobre a situação dos recursos hídricos no

Estado.

SEÇÃO II

Dos Planos de Bacia Hidrográfica

Art. 26 - Os Planos de Bacia Hidrográfica têm por finalidade operacionalizar, no

âmbito de cada bacia hidrográfica, por um período de 4 anos, com atualizações

periódicas a cada 2 anos, as disposições do Plano Estadual de Recursos

Hídricos, compatibilizando os aspectos quantitativos e qualitativos, de modo

a assegurar que as metas e usos previstos pelo Plano Estadual de

Recursos Hídricos sejam alcançados simultaneamente com melhorias

sensíveis e contínuas dos aspectos qualitativos dos corpos de água.

Art. 27 - Serão elementos constitutivos dos Planos de Bacia Hidrográfica:

I - objetivos de qualidade a serem alcançados em horizontes de

planejamento não inferiores ao estabelecido no Plano Estadual de Recursos

Hídricos, nos termos do artigo 22.

II - programas das intervenções estruturais e não-estruturais e sua

especialização;

III - esquemas de financiamento dos programas a que se refere o inciso

anterior, através de:

a) determinação dos valores cobrados pelo uso da água;

b) rateio dos investimentos de interesse comum;

c) previsão dos recursos complementares alocados pelos orçamentos públicos

e privados na bacia.

Art. 28 - Os Planos de Bacia Hidrográfica serão elaborados pelas Agências de

Região Hidrográfica e aprovados pelos respectivos Comitês de Gerenciamento

de Bacia Hidrográfica.

Page 147: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

142

CAPÍTULO IV

DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

SEÇÃO I

Da Outorga do Uso dos Recursos Hídricos

Art. 29 - Dependerá da outorga do uso da água qualquer empreendimento ou

atividade que altere as condições quantitativas e qualitativas, ou ambas, das

águas superficiais ou subterrâneas, observado o Plano Estadual de Recursos

Hídricos e os Planos de Bacia Hidrográfica.

§ 1º - A outorga será emitida pelo Departamento de Recursos Hídricos

mediante autorização ou licença de uso, quando referida a usos que alterem as

condições quantitativas das águas.

§ 2º - O órgão ambiental do Estado emitirá a outorga quando referida a usos

que afetem as condições qualitativas das águas.

Art. 30 - A outorga de que trata o artigo anterior será condicionada às

prioridades de uso estabelecidas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e no

Plano de Bacia Hidrográfica.

Art. 31 - São dispensados da outorga os usos de caráter individual para

satisfação das necessidades básicas da vida.

SEÇÃO II

Da Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos

Art. 32 - Os valores arrecadados na cobrança pelo uso da água serão

destinados a aplicações exclusivas e não transferíveis na gestão dos recursos

hídricos da bacia hidrográfica de origem:

I - a cobrança de valores está vinculada à existência de intervenções

estruturais e não estruturais aprovadas para a respectiva bacia, sendo vedada

a formação de fundos sem que sua aplicação esteja assegurada e

destinada no Plano de Bacia Hidrográfica;

Page 148: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

143

II - até 8% (oito por cento) dos recursos arrecadados em cada bacia poderão

ser destinados ao custeio dos respectivos Comitê e Agência de Região

Hidrográfica;

III - até 2% (dois por cento) dos recursos arrecadados em cada bacia

poderão ser destinados ao custeio das atividades de monitoramento e

fiscalização do órgão ambiental do Estado desenvolvidas na respectiva bacia.

Art. 33 - O valor da cobrança será estabelecido nos planos de Bacia

Hidrográfica, obedecidas as seguintes diretrizes gerais:

I - na cobrança pela derivação da água serão considerados:

a) o uso a que a derivação se destina;

b) o volume captado e seu regime de variação;

c) o consumo efetivo;

d) a classe de uso preponderante em que estiver enquadrado o corpo de água

onde se localiza a captação;

II - na cobrança pelo lançamento de efluentes de qualquer espécie serão

considerados:

a) a natureza da atividade geradora do efluente;

b) a carga lançada e seu regime de variação, sendo ponderados na sua

caracterização, parâmetros físicos, químicos, biológicos e toxicidade dos

efluentes;

c) a classe de uso preponderante em que estiver enquadrado o corpo de água

receptor;

d) o regime de variação quantitativa e qualitativa do corpo de água receptor.

Parágrafo único: no caso do inciso II, os responsáveis pelos lançamentos não

ficam desobrigados do cumprimento das normas e padrões ambientais.

Page 149: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

144

SEÇÃO III

Do Rateio de Custo de Obras de Uso e Proteção dos Recursos Hídricos

Art. 34 - As obras de uso múltiplo, ou de interesse comum ou coletivo, terão

seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critérios e normas a

serem estabelecidos pelo regulamento desta Lei, atendidos os seguintes

procedimentos:

I - prévia negociação, realizada no âmbito do Comitê de Gerenciamento da

Bacia Hidrográfica pertinente, para fins de avaliação do seu potencial de

aproveitamento múltiplo e consequente rateio de custos entre os possíveis

beneficiários;

II - previsão de formas de retorno dos investimentos públicos ou justificada

circunstanciadamente a destinação de recursos a fundo perdido;

III - concessão de subsídios somente no caso de interesse público relevante

e na impossibilidade prática de identificação de beneficiados para o

consequente rateio de custos.

CAPÍTULO V

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 35 - Constituem infrações para os efeitos desta Lei e de seu Regulamento:

I - utilizar os recursos hídricos para qualquer finalidade, com ou sem derivação,

sem a respectiva outorga do uso ou em desacordo com as condições nela

estabelecidas;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento ou exercer atividade

relacionada com a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos,

que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade das águas, sem

aprovação dos órgãos ou entidades competentes;

III - executar a perfuração de poços ou a captação de água subterrânea

sem a devida aprovação;

IV - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores

diferentes dos medidos;

Page 150: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

145

V - descumprir determinações normativas ou atos emanados das autoridades

competentes visando à aplicação desta Lei e de seu regulamento;

VI - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no

exercício de suas funções.

Art. 36 - Sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis, as infrações

acarretarão a aplicação das seguintes penalidades:

I - advertência por escrito, na qual poderão ser estabelecidos prazos para

correção das irregularidades, sob pena de multa;

II - multa, simples ou diária, de 100 (cem) a 1000 (mil) vezes o valor da

UPF/RS, ou outro índice que a substituir, mediante conservação de valores;

III - intervenção administrativa, por prazo determinado para execução de obras

necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para

cumprimento de normas referentes ao uso, controle e proteção dos recursos

hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação ou cassação da outorga, se for o

caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos,

leitos e margens, nos termos dos artigos 58 e 59 do Código de Águas ou

tamponar os poços de água subterrânea;

§ 1º - No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão

cobradas ao infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar

efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53,

56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos

danos a que der causa.

§ 2º - Na aplicação da penalidade de multa, a autoridade levará em

consideração a capacidade econômico-financeira do infrator, bem como sua

escolaridade.

§ 3º - Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de

abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou

animais, ou prejuízo de qualquer natureza a terceiros, independentemente da

revogação ou cassação da outorga, a multa a ser aplicada nunca será inferior à

metade do valor máximo previsto no inciso II.

§ 4º - Em caso de reincidência, a multa será aplicada pelo valor

correspondente ao dobro da anteriormente imposta.

Page 151: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

146

Art. 37 - Da imposição de multa caberá recurso ao Secretário do Meio

Ambiente e, em última instância, ao Conselho de Recursos Hídricos104.

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 38 - Para fins de gestão dos recursos hídricos o Estado do Rio Grande do

Sul fica dividido nas seguintes regiões hidrográficas:

I - Região Hidrográfica da Bacia do Rio Uruguai, compreendendo as áreas de

drenagem do Rio Uruguai e do Rio Negro;

II - Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba, compreendendo as áreas de

drenagem do Guaíba;

III - Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, compreendendo as áreas de

drenagem dos corpos de água não incluídos nas Regiões Hidrográficas

definidas nos incisos anteriores.

Parágrafo único - A subdivisão das regiões de que trata este artigo em Bacias

Hidrográficas será estabelecida por decreto do Governador.

Art. 39 - Os Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica serão criados por

Decreto no prazo de 1 (um) ano contados da promulgação desta Lei.

Parágrafo único - O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio

dos Sinos, criado pelo Decreto nº 32.774, de 17 de março de 1988, o Comitê

de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, criado pelo Decreto nº 33.125, de

15 de fevereiro de 1989 e o Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Santa

Maria, criado pelo Decreto nº 35.103, de 1º de fevereiro de 1994, deverão

adaptar-se ao disposto nesta Lei, no prazo de 90 dias, a contar da publicação

do Decreto a que se refere o artigo 18.

Art. 40 - A implantação da cobrança pelo uso da água será feita de forma

gradativa, atendidas as seguintes providências:

I - desenvolvimento de programa de comunicação social sobre a necessidade

econômica, social, cultural e ambiental da utilização racional e proteção da

água, com ênfase para a educação ambiental;

104Redação dada pela Lei n° 11.560/00

Page 152: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

147

II - implantação de um sistema de informações hidrometeorológicas e de

cadastro dos usuários de água;

III – implantação do sistema integrado de outorga do uso da água,

devidamente compatibilizado com sistemas correlacionados de licenciamento

ambiental e metropolitano.

Parágrafo único: o sistema integrado de outorga do uso da água, previsto no

inciso III, abrangerá os usos existentes, os quais deverão adequar-se ao

disposto nesta Lei, mediante a expedição das respectivas outorgas.

Art. 41 - O primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado até 1

(um) ano após a aprovação desta Lei, observando os seguintes critérios:

I - nas bacias hidrográficas onde existam Comitês em operação será

observado o disposto no "caput" do artigo 24.

II - nas bacias hidrográficas onde não estejam ainda em operação Comitês,

caberá ao DRH (Departamento de Recursos Hídricos) a coordenação da

elaboração das propostas relacionadas a estas bacias;

III - atendimento, no mínimo, do disposto nos incisos III a VI do artigo 23, sem

prejuízo do cumprimento integral dos demais dispositivos pertinentes ao Plano

Estadual de Recursos Hídricos, desde que seja viável no prazo a que se refere

o "caput" deste artigo.

Art. 42 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 43 - Ficam revogadas a Lei nº 8.735, de 4 de novembro de 1988 e as

demais disposições em contrário105.

Palácio Piratini, em Porto Alegre, 30 de dezembro de 1994.

Legislação compilada pelo Gabinete de Consultoria Legislativa.

4.2. Decreto N° 42.047, de 26 de dezembro de 2002.

“Regulamenta disposições da Lei n° 10.350, de 30/12/1994, com alterações, relativas ao gerenciamento e à conservação das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul.”

105Disponível em: http://www.al.rs.gov.br/legiscomp/arquivo.asp?Rotulo=Lei%20n%BA%20

10350&idNorma=248&tipo=pdf

Page 153: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

148

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso de suas

atribuições, e em conformidade com o disposto no artigo 82, inciso V, da

Constituição do Estado,

DECRETA:

CAPÍTULO I

SEÇÃO I

Disposições Preliminares

Art. 1º - O presente Decreto regulamenta o gerenciamento e a conservação

das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul,

conforme disposições da LEI Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, com

alterações.

Art. 2º - As águas subterrâneas serão objeto de programas permanentes de

pesquisa, conservação e proteção, visando ao seu melhor aproveitamento.

Art. 3º - Incluem-se no gerenciamento das águas subterrâneas as seguintes

ações:

I - Avaliação dos recursos hídricos subterrâneos e o planejamento do seu

aproveitamento racional;

II - Aplicação de medidas relativas à proteção e conservação dos recursos

hídricos subterrâneos.

Parágrafo único - As interações com as águas superficiais, observadas no ciclo

hidrológico, sempre serão consideradas na administração do aproveitamento

das águas subterrâneas.

Art. 4º - A pesquisa e a lavra de água mineral natural, destinada para envase

ou a fins balneários por ser regida por normas específicas, deverá integrar as

legislações mineral, ambiental, de saúde e de recursos hídricos.

Page 154: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

149

SEÇÃO II

Das Atribuições dos Órgãos

Art. 5º - Cabe ao Departamento de Recursos Hídricos - DRH - da Secretaria do

Meio Ambiente a administração das águas subterrâneas do Estado, nos

campos de pesquisa, captação, fiscalização, extração e acompanhamento de

sua interação com o ciclo hidrológico.

Art. 6º - Cabe à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis

Roessler - FEPAM - normatizar procedimentos de prevenção, controle e

fiscalização da qualidade das águas subterrâneas.

Art. 7º - Cabe à Secretaria Estadual da Saúde, em articulação com os

Municípios, a fiscalização da qualidade das águas subterrâneas destinadas ao

consumo humano, quanto ao atendimento do padrão de potabilidade,

estabelecida por legislação específica.

Art. 8º - As entidades e os órgãos mencionados nos artigos 5º, 6º e 7º poderão

firmar convênios com outros Órgãos do Poder Público Municipal, Estadual e

Federal para aplicação das disposições deste Decreto.

CAPÍTULO II

DO USO, DAS APROVAÇÕES, DA OUTORGA E DO CADASTRAMENTO

SEÇÃO I

Dos usos das águas subterrâneas

Art. 9º - Os recursos hídricos serão utilizados prioritariamente no

abastecimento das populações, respeitando-se as legislações vigentes, ficando

a hierarquia dos demais usos estabelecidos nos planos de Bacia Hidrográfica.

Art. 10 - Dentro de uma mesma categoria de usuário, terá preferência para

outorga do uso da água o usuário que comprovar maior eficiência e economia

na sua utilização, mediante tecnologias apropriadas, eliminação de perdas e

desperdícios e outras condições a serem firmadas nos planos de Bacia

Hidrográfica.

Art. 11 - Ocorrendo variações na disponibilidade ou na qualidade de água,

independentemente da causa, o DRH e a FEPAM poderão modificar as

condições fixadas no ato de outorga.

Page 155: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

150

Art. 12 - Enquanto não estiver estabelecido o plano de uma determinada Bacia

Hidrográfica, a definição de hierarquia de usos deverá ser feita com a

participação dos usuários envolvidos, sob coordenação dos comitês de Bacia

Hidrográfica e, na falta destes, pelo DRH e pela FEPAM, tendo como princípios

à preservação do interesse público e a manutenção dos recursos hídricos

subterrâneos.

SEÇÃO II

Dos Empreendimentos

Art. 13 - A implantação de projetos de quaisquer natureza que utilizem água

subterrânea, ou ponham em risco sua qualidade natural ou quantidade, fica

sujeita à aprovação dos órgãos e das entidades referidos nos artigos 5º, 6º e 7º

deste Decreto.

Parágrafo único - As atividades mencionadas neste artigo deverão ser

precedidas de estudos hidrogeológicos que permitam avaliar o potencial

disponível e o correto dimensionamento do sistema de abastecimento e o

tratamento de efluentes.

SEÇÃO III

Dos Estudos Hidrogeológicos

Art. 14 - Os estudos hidrogeológicos, projetos, e as obras de captação de

águas subterrâneas deverão ser realizados por profissionais, empresas ou

instituições legalmente habilitadas perante seus respectivos Conselhos

Profissionais, exigindo-se o comprovante de Anotação de Responsabilidade

Técnica - ART.

Art. 15 - Os estudos hidrogeológicos e projetos de obras de captação deverão

ser protocolados no DRH, conforme normas definidas em portaria específica.

Page 156: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

151

SEÇÃO IV

Das Autorizações Prévias

Art. 16 - As obras destinadas à captação de águas subterrâneas e sua

operação dependerão de autorização prévia para sua execução e os usuários

deverão apresentar a documentação definida em portaria específica.

§ 1º - Apresentados os estudos e projetos de obras para captação de águas

subterrâneas, o DRH se manifestará quanto a autorização prévia no prazo

máximo de trinta dias.

§ 2º - A contagem do prazo previsto no parágrafo anterior será suspensa

durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação

de esclarecimentos pelo empreendedor.

§ 3º - Concluída a obra, o responsável técnico deverá apresentar relatório

pormenorizado contendo os elementos necessários a exploração da água

subterrânea, de forma a possibilitar a expedição, pelo DRH, da outorga, nas

modalidades previstas no Art. 1º do Decreto 37.033/1996.

§ 4º - O DRH e a FEPAM poderão exigir monitoramentos ou outros testes e

análises se entenderem que o porte ou a característica do empreendimento

possa afetar a qualidade ou a disponibilidade das águas subterrâneas.

§ 5º - O DRH definirá em portaria, os estudos, projetos e demais documentos

que deverão fazer parte do relatório para expedição da outorga.

Art. 17 - As obras de captação de águas subterrâneas, mesmo que

temporárias, executadas com o objetivo de atender estudos, projetos e

pesquisas, serão objeto de autorização prévia pelo Departamento de Recursos

Hídricos.

SEÇÃO V

Da Outorga

Art. 18 - Os usos das águas subterrâneas estaduais são passíveis de outorga

nos termos do Decreto nº 37.033/96, a qual deverá ser emitida pelo

Departamento de Recursos Hídricos - DRH e pela Fundação Estadual de

Proteção Ambiental - FEPAM.

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152

Art. 19 - A outorga será condicionada aos objetivos do Plano Estadual de

Recursos Hídricos e aos Planos da Bacia, considerando-se as prioridades de

uso e os fatores econômicos e sociais.

§ 1º - São dispensadas da outorga as captações insignificantes de águas

subterrâneas, com vazão média mensal de até dois metros cúbicos por dia ou

com a finalidade de uso de caráter individual e para a satisfação das

necessidades básicas da vida.

§ 2º - Os planos de bacia poderão estabelecer outras vazões maiores para

dispensa de outorga, as quais deverão ser aprovadas pelo DRH.

§ 3º - As captações de água dispensadas da outorga ficam sujeitas ao

cadastramento e à fiscalização do DRH e FEPAM, bem como pelos demais

órgãos responsáveis pela defesa da saúde pública.

§ 4º - As outorgas serão deferidas ou indeferidas pelo DRH dentro do prazo

máximo de cento e vinte dias contados da data do pedido.

§ 5º - A contagem do prazo previsto no parágrafo anterior, será suspensa

durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação

de esclarecimentos pelo empreendedor.

SEÇÃO VI

Do Cadastro de Poços e Outras Captações

Art. 20 - Todo aquele que construir obra de captação de águas subterrâneas,

no território do Estado, deverá cadastrá-la no DRH, apresentando as

informações técnicas necessárias, bem como permitir o acesso da fiscalização

no local.

§ 1º - O cadastramento deverá ser efetuado junto ao Departamento de

Recursos Hídricos e cada empreendimento receberá um número de

identificação e registro.

§ 2º - As captações existentes deverão ser cadastradas e regularizadas dentro

de prazo a ser definido por meio de portaria específica.

§ 3º - Os cadastros municipais já existentes, criados a partir de Leis Municipais,

deverão ser compatibilizados com os procedimentos de cadastro estabelecidos

pelo DRH.

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153

Art. 21 - As captações subterrâneas farão parte do Cadastro Geral dos

Usuários de Água do Estado.

Parágrafo único: as empresas e os Órgãos da Administração Pública que

executem perfuração de poço tubular deverão ser registradas junto ao CREA e

cadastradas junto ao DRH, bem como apresentar as informações técnicas em

determinados prazos, definidos em portaria específica.

Art. 22 - Os dados e as informações de poços e outras captações contidos no

Sistema de Informações de Águas Superficiais e Subterrâneas, assim como os

estudos hidrogeológicos desenvolvidos por órgãos e entidades da

Administração Estadual estarão à disposição dos usuários, para orientação e

subsídio, no sentido de promoverem a utilização racional das águas

subterrâneas.

CAPÍTULO III

DAS MEDIDAS PREVENTIVAS

SEÇÃO I

Da Operação e Manutenção de Poços

Art. 23 - O usuário de obras de captação de águas subterrâneas deve operá-la

em condições adequadas, de modo a assegurar a capacidade do aqüífero e

evitar o desperdício de água, podendo o DRH exigir a reparação das obras e

das instalações e a introdução de melhorias.

Art. 24 - Os poços e outras obras de captação de águas subterrâneas deverão

ser dotados de equipamentos de medição de volume extraído e do nível da

água.

§ 1º - Os usuários deverão manter registro de volume extraído, nível e

qualidade das águas, além de apresentar relatório ao DRH nos prazos e

condições que deverão ser estabelecidas em portaria específica.

§ 2º - Respeitados os parâmetros e frequência de análises previstas na

legislação específica, poderá a FEPAM solicitar análises adicionais para fins de

controle qualitativo dos aquíferos.

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154

SEÇÃO II

Da Proteção dos Aquíferos

Ar. 25 - É vedada qualquer ação, omissão ou atividade que intencionalmente,

ou não, possa causar poluição às águas subterrâneas.

Art. 26 - Todos os projetos de implantação ou ampliação de empreendimentos

que apresentem riscos de poluição das águas subterrâneas deverão conter

estudos detalhados de caracterização hidrogeológica e de vulnerabilidade dos

sistemas aquíferos, bem como projeto de medidas de proteção, controle e

monitoramento a serem adotadas e aprovados pela FEPAM.

§ 1º - Resíduos sólidos, líquidos ou gasosos provenientes de qualquer

atividade só poderão ser armazenados ou lançados de forma a não poluírem

as águas subterrâneas, obedecendo aos padrões de emissão de poluentes

estabelecidos em legislação ambiental específica.

§ 2º - O responsável pelo empreendimento deverá apresentar à FEPAM, nos

prazos estabelecidos em legislação específica, relatório técnico contendo todos

os dados obtidos no monitoramento.

§ 3º - Caso haja alteração comprovada, em relação aos parâmetros naturais de

qualidade e/ou quantidade das águas subterrâneas, causada pelo

empreendimento, o responsável pelo mesmo deverá executar as obras e

procedimentos necessários à recuperação do aquífero em prazo a ser

determinado pelo DRH e FEPAM.

§ 4º - O atendimento das medidas dispostas no parágrafo anterior não isenta o

responsável das sanções legais cabíveis.

Art. 27 - O DRH e a FEPAM, dada à necessária conservação das águas

subterrâneas e a prioridade de abastecimento da população humana, ou por

motivos geológicos, hidrológicos, geotécnicos ou ecológicos, poderão restringir

a captação e o uso dessas águas, bem como instituir áreas de proteção dos

aquíferos.

Parágrafo único: nas áreas de proteção, as restrições referidas, no caput deste

artigo, compreendem a limitação das vazões captadas nos poços, a ampliação

da distância mínima entre poços, a coibição de novas atividades

potencialmente poluidoras e outras medidas que o caso requeira, como a

proibição de novas obras de captação de águas subterrâneas.

Art. 28 - As áreas de proteção dos aquíferos serão estabelecidas a partir de

estudos hidrogeológicos e ambientais, sendo classificadas em:

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155

I - Áreas de Proteção Máxima;

II - Áreas de Proteção de Poços e Outras Captações.

Art. 29 - A áreas de proteção máxima compreendem, no todo ou em parte,

zonas de recarga de aquíferos vulneráveis à poluição e que se constituam em

reservatórios de água essenciais ao abastecimento público, não sendo nestas

áreas permitido a implantação de empreendimentos e atividades poluidoras.

Art. 30 - Nas áreas de proteção de poços e outras captações subterrâneas,

será instituído um Perímetro Imediato de Proteção Sanitária que abrange um

raio mínimo de 10 m (dez metros) a partir do ponto de captação, o qual deverá

ser cercado e protegido, devendo seu interior estar resguardado da entrada ou

da infiltração de poluentes.

Parágrafo único - Nas áreas referidas no caput deste artigo, os poços serão

dotados de vedação sanitária, instalada de acordo com as normas técnicas da

ABNT de construção de poços para captação de águas subterrâneas.

Art. 31 - Além do Perímetro Imediato de Proteção Sanitária será estabelecido,

com base em estudos hidrogeológicos, um perímetro de alerta contra poluição,

o qual deverá ser coincidente com a Zona de Contribuição do poço, sendo que

neste Perímetro não poderá ser implantada qualquer atividade potencialmente

poluidora.

Art. 32 - Sem prejuízo das sanções legais cabíveis, os poços abandonados,

temporária ou definitivamente, e as perfurações realizadas para outros fins que

não a extração de água, bem como os poços em operação que estejam

causando poluição ou representem riscos, deverão, a critério do DRH ou

FEPAM, ser adequadamente tamponados e lacrados por seus responsáveis de

modo a evitar a poluição dos aquíferos ou acidentes.

Parágrafo único - O tamponamento e lacre dos poços referidos no caput deste

artigo deverão ser executados seguindo as determinações do DRH e as

normas técnicas da ABNT.

Art. 33 - Os poços jorrantes deverão ser dotados de dispositivo de fechamento

hermético para evitar o desperdício.

Art. 34 - A critério do DRH ou da FEPAM, poços embargados poderão ser

utilizados para monitoramento do aquífero.

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156

CAPÍTULO IV

DA FISCALIZAÇÃO E DAS SANÇÕES

SEÇÃO I

Da Fiscalização

Art. 35 - O uso das águas subterrâneas do Estado do Rio Grande do Sul será

fiscalizado pelo DRH e pela FEPAM, que poderão articular-se com outras

instituições.

Parágrafo único: a fiscalização da qualidade das águas subterrâneas

destinadas ao consumo humano caberá à Secretaria da Saúde, observando-se

o disposto na legislação vigente.

Art. 36 - Caberá aos agentes de fiscalização credenciados, observando-se as

respectivas atribuições profissionais:

I - efetuar vistorias, levantamentos, avaliações e verificar a documentação

técnica pertinente;

II - colher amostras e efetuar medições;

III - expedir autos de infração quando verificadas irregularidades no

cumprimento da legislação;

IV - aplicar as sanções previstas em Lei.

Art. 37 - Fica assegurado aos agentes credenciados, encarregados de fiscalizar

o uso das águas subterrâneas, o livre acesso aos locais onde houver obra de

captação e onde estiverem sendo executados outras obras ou serviços que

possam alterar a qualidade e/ou a disponibilidade nos aquíferos.

§ 1º - Caberá aos Órgãos citados no artigo 35 o credenciamento dos agentes

de fiscalização.

§ 2º - Os agentes credenciados poderão requisitar força policial, se necessário,

para garantir o exercício das suas funções.

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157

SEÇÃO II

Das Sanções

Art. 38 - O não cumprimento das disposições legais relativas ao gerenciamento

e à conservação das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio

Grande do Sul, e demais preceitos deste Regulamento, sujeitará o infrator, sem

prejuízo das sanções previstas em legislação específica, às penalidades

elencadas na LEI Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994.

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 39 - Os poços tubulares deverão ser projetados e construídos de acordo

com as normas técnicas da ABNT.

Art. 40 - A recarga artificial dos aquíferos poderá ser adotada, quando possível,

devendo ser previamente aprovada pelo DRH e pela FEPAM.

Art. 41 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se

as disposições em contrário106.

Palácio Piratini, em Porto Alegre, 26 de dezembro de 2002.

106Disponível em:

http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas=277&hTexto=&

Hid_IDNorma=277

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158

4.3. Decreto n. 37.033, de 21 de novembro de 1996.

“Regulamenta a outorga do direito de uso da água no Estado do Rio Grande do Sul, prevista nos artigos 29, 30 e 31 da Lei n. 10.350, de 30/12/1994.”

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da

atribuição que lhe confere o artigo 82, inciso V, da Constituição do Estado,

DECRETA:

Art. 1º - As águas de domínio do Estado do Rio Grande do Sul, superficiais e

subterrâneas, somente poderão ser objeto de uso após outorga, de que tratam

os artigos 29, 30 e 31 da LEI Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, pelo

Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria das Obras Públicas,

Saneamento e Habitação - DRH - e pela Fundação Estadual de Proteção

Ambiental - FEPAM -, mediante:

I - licença de uso, quando o usuário atender às condições definidas pelos

órgãos mencionados no "caput", em função da disponibilidade quali-

quantitativa da água na Bacia;

II - autorização, nos casos em que não haja definição das condições referidas

no inciso I.

Parágrafo único - O uso das águas poderá ser outorgado mediante concessão,

nos casos de utilidade pública, conforme previsto no artigo 43 do Decreto nº

24.643, de 10 de julho de 1994.

Art. 2º - Para fins deste Regulamento, entende-se como uso da água qualquer

utilização, serviço ou obra em recurso hídrico, independentemente de haver ou

não retirada de água, barramento ou lançamento de efluentes, que altere seu

regime ou suas condições qualitativas ou quantitativas.

Art. 3º - A outorga confere apenas direito de uso da água, ficando o outorgado

obrigado a cumprir as disposições do Código de Águas, leis subsequentes e

seus regulamentos, bem como a legislação ambiental, de controle da poluição

e sanitária.

Parágrafo 1º - Alienando-se a atividade a que serve o uso outorgado da água,

este passa ao novo proprietário, ficando ambos usuários obrigados a

comunicar ao DRH, sob pena de revogação da outorga.

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159

Parágrafo 2º - A água objeto de outorga de uso para um fim não poderá ser

aplicada a fim diverso, salvo nova outorga, na forma estabelecida neste

Regulamento.

Art. 4º - Os planos de Bacia Hidrográfica poderão estabelecer uma vazão de

derivação abaixo da qual a outorga poderá ser dispensada.

Parágrafo 1º - A vazão mencionada no "caput" deverá ser aprovada pelo DRH.

Parágrafo 2º - Enquanto não estiver definido o plano de uma determinada

Bacia, a vazão mencionada neste artigo poderá ser definida pelo DRH.

Art. 5º - Ressalvada a competência da União, a FEPAM definirá as quantidades

mínimas de água necessárias para manutenção da vida nos ecossistemas

aquáticos, para cada Bacia Hidrográfica.

Parágrafo único - A FEPAM estabelecerá também os critérios para a gestão da

qualidade das águas subterrâneas.

Art. 6º - A outorga não exime o seu titular da obtenção do licenciamento

ambiental e da observância da legislação ambiental vigente.

Parágrafo único - Sem prejuízo das sanções e penalidades previstas na

legislação ambiental e de controle de poluição, a outorga poderá ser cassada

nos casos de descumprimento das exigências estabelecidas pela FEPAM em

relação à proteção dos ecossistemas aquáticos e das águas subterrâneas.

Art. 7º - Os parâmetros técnicos necessários para orientar as outorgas serão

definidos pelo DRH, no sentido de compatibilizar demandas e disponibilidades

de água.

Parágrafo 1º - Os planos de Bacia Hidrográfica estabelecerão os valores

referentes aos parâmetros técnicos mencionados no "caput", específicos para

cada Bacia, a serem observados na outorga.

Parágrafo 2º - Enquanto não estiver estabelecido o Plano de uma Bacia

Hidrográfica, o DRH definirá esses valores.

Art. 8º - O DRH é o órgão responsável pela coordenação da emissão da

outorga de direito de uso da água e os requerimentos deverão ser a ele

dirigidos.

Parágrafo 1º - A outorga emitida em conjunto pelo DRH e pela FEPAM será

objeto de portaria específica, após requerimento do interessado,

Page 165: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

160

acompanhado de estudos, projetos e outras informações que permitam a

instrução do respectivo processo conforme normas e procedimentos

estabelecidos pelo Sistema de Consulta Permanente, previsto no artigo 22,

parágrafo 1º, deste Regulamento.

Parágrafo 2º - As obras necessárias à derivação a ao lançamento de

efluentes, bem como as demais intervenções estruturais necessárias a

determinados usos deverão ser projetadas e executadas sob responsabilidade

de profissionais habilitados, devidamente registrados nos seus respectivos

Conselhos.

Parágrafo 3º - Qualquer alteração no projeto ou modificação da vazão captada

ou lançada, bem como da qualidade do lançamento, deve ser previamente

aprovada pelo DRH e pela FEPAM.

Parágrafo 4º - Os atos de outorga determinarão prazo razoável para início e

conclusão das obras propostas pelo interessado, sob pena de caducidade.

Art. 9º - As licenças de uso serão outorgadas pelo prazo máximo de cinco

anos.

Parágrafo único - As licenças de uso ficam sem efeito se, durante dois anos

consecutivos, o titular deixar de fazer o uso outorgado das águas.

Art. 10 - Ao autorizações outorgadas em caráter precário, podem ser

revogadas a qualquer momento, a critério dos órgãos referidos no artigo 1º

deste Regulamento.

Art. 11 - As concessões serão outorgadas pelo prazo máximo de dez anos.

Parágrafo único - As concessões ficam sem efeito se, durante três anos

consecutivos, o concessionário deixar de fazer a uso outorgado das águas.

Art. 12 - Findos os prazos previstos nos artigos 9º e 11 do presente Decreto,

sem que haja renovação, os outorgados ficam obrigados a repor as coisas no

seu estado anterior.

Art. 13 - As licenças de uso, as autorizações e as concessões poderão ser

renovadas, devendo o interessado apresentar requerimento nesse sentido, em

até seis meses antes de expirado o respectivo prazo.

Art. 14 - Caso cesse o uso outorgado da água, fica o usuário obrigado a dar

conhecimento ao DRH, sob pena de revogação da outorga.

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161

Art. 15 - Havendo necessidade de adaptação ou alteração das condições de

uso previamente estabelecidas, em razão de obras públicas, os encargos

decorrentes serão de responsabilidade dos outorgados, aos quais será

assegurado prazo para as providências, após notificação.

Art. 16 - O DRH poderá, quando julgar conveniente, determinar que os

outorgados instalem e operem equipamentos hidrométricos, ou reembolsem-

no dos respectivos custos, ficando abrigados a encaminhar-lhe os dados

observados e medidos, na forma preconizada no ato de outorga e de

conformidade com as normas e procedimentos por ele estabelecidos.

Parágrafo único: no caso de águas subterrâneas, os outorgados deverão

apresentar ao DRH os dados dos poços, das águas subterrâneas a dos

aquíferos, para cadastro e efetiva gestão desses recursos.

Art. 17 - Os atuais usuários, que não disponham da outorga de que trata este

Regulamento, deverão obtê-la na forma por ele estabelecida.

Art. 18 - Os recursos hídricos serão utilizados prioritariamente no

abastecimento das populações, ficando a hierarquia dos demais usos

estabelecida nos planos de bacia hidrográfica.

Parágrafo 1º - Dentro de uma mesma categoria de usuários, terá preferência

para a outorga de direitos de uso da água o usuário que comprovar maior

eficiência e economia na sua utilização, mediante tecnologias apropriadas,

eliminação de perdas e desperdícios e outras condições a serem firmadas nos

planos de Bacia Hidrográfica.

Parágrafo 2º - Ocorrendo insuficiência de água, independentemente da causa,

ou no caso de degradação da qualidade do seu corpo a níveis que possam

alterar sua classe de uso, DRH e FEPAM modificarão as condições fixadas no

ato de outorga.

Art. 19 - Enquanto não estiver estabelecido o Plano de uma determinada

Bacia Hidrográfica, a definição da hierarquia de usos deverá ser feita com a

participação dos usuários envolvidos, sob a coordenação dos Comitês de

Bacia Hidrográfica e, na falta destes, pelo DRH e pela FEPAM, tendo como

princípios a preservação do interesse público e a manutenção dos recursos

hídricos a longo prazo.

Art. 20 - Serão consideradas Bacias Especiais aquelas em que a

disponibilidade e a demanda estiverem muito próximas, de acordo com

Page 167: COLETÂNEA DA LEGISLAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO …

162

critérios definidos pelo DRH e pela FEPAM.

Parágrafo 1º - A Bacia que for considerada Especial será objeto de

gerenciamento diferenciado que levará em conta, pelo menos:

I - o monitoramento da qualidade e da quantidade dos recursos hídricos, de

forma a permitir previsões que orientem o racionamento ou medidas especiais

de controle de derivações de águas e de lançamento de efluentes;

II - a Constituição de comissões de usuários, supervisionados pelo DRH, pela

FEPAM e pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, para o estabelecimento, em

comum acordo, de regras de operação das captações e de lançamentos;

III - a obrigatoriedade de implantação pelos usuários, de programas de

racionalização do uso dos recursos hídricos, com metas estabelecidas pelos

atos de outorga.

Parágrafo 2º - Atingida a situação prevista no "caput" deste artigo, os planos

de Bacia Hidrográfica poderão estabelecer critérios para repartição do direito

de uso da água entre municípios, respeitada a prioridade de abastecimento

das populações.

Art. 21 - O não cumprimento das disposições legais relativas ao uso da água e

aos preceitos deste Regulamento sujeitará o infrator, sem prejuízo das

sanções previstas em leis específicas, às penalidades previstas na LEI Nº

10.350, de 30 de dezembro de 1994.

Art. 22 - Os requerimentos de outorga serão inicialmente avaliados por

comissão formada por técnicos da FEPAM e do DRH, que definirá o melhor

encaminhamento técnico e administrativo caso a caso.

Parágrafo 1º - No prazo de seis meses, deverá ser criado o Sistema de

Consulta Permanente entre DRH e FEPAM, instruindo o usuário e indicando o

encaminhamento do requerimento de outorga de uso com descrição detalhada

das rotinas administrativas, prazos para tramitação dos requerimentos de

outorga, do início ao fim do processo, que encerrará com a expedição dos

respectivos atos de outorga.

Parágrafo 2º - O Sistema de Consulta Permanente a que se refere o parágrafo

primeiro deste artigo deverá também articular os institutos de outorga de uso e

de licenciamento ambiental, de forma a evitar-se a repetição de exigências e

custos aos usuários, aproveitando-se, sempre que possível, os elementos e

dados para um e outro.

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163

Art. 23 - Os atuais usuários terão prazo para requerimento da outorga do

direito de uso da água a ser definido pelo Sistema Permanente de Consulta.

Art. 24 - O DRH coordenará a criação do Sistema de Informações contendo as

informações técnicas necessárias à análise a ao acompanhamento dos

pedidos de outorga, cujo acesso será facultado também aos usuários da água.

Art. 25 - No prazo do um ano, a contar da data deste Decreto, o DRH criará o

Cadastro Geral de Usuários de Água do Estado.

Art. 26 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 27 - Revogam-se as disposições em contrário107.

Palácio Piratini, em Porto Alegre, 21 de novembro de 1996.

4.4. Decreto n°. 52.035, de 19 de novembro de 2014.

“Altera o Decreto n. 42.047, de 26/12/2002, que regulamenta as disposições da Lei n°. 10.350, de 30/12/1994, com alterações, relativas ao gerenciamento e à conservação das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul”.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso das

atribuições que lhe confere o artigo 82, incisos V e VII, da Constituição do

Estado,

DECRETA: Art. 1 - Ficam introduzidas alterações no Decreto nº 42.047 de 26 de dezembro

de 2002, que regulamenta as disposições da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro

de 1994, com alterações, relativas ao gerenciamento e à conservação das

águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul conforme

segue:

I– ficam alteradas as redações do “caput” do art. 30 e do parágrafo único, como

seguem:

107Disponível em:

http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas=9942&hTexto=

&Hid_IDNorma=9942

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164

Art.30. Nas áreas de proteção de poços e outras captações subterrâneas,

deverá ser instituído um Perímetro Imediato de Proteção Sanitária de laje de

concreto com dimensão mínima de 1 m² (um metro quadrado) e espessura de

10cm (dez centímetros) concêntrica ao tubo de revestimento e com

declividade para as bordas, o qual deverá ser cercado e protegido por uma

área mínima de 4 m² (quatro metros quadrados), devendo seu interior estar

resguardado do acesso de pessoas não autorizadas e/ou da infiltração de

poluentes.

Parágrafo único: nas áreas referidas no “caput” deste artigo, os poços deverão

ser dotados de vedação sanitária instalada de acordo com as normas técnicas

da Associação Brasileira de Normas técnicas - ABNT, referentes à construção

de poços para captação de águas subterrâneas.

II–fica alterada a redação do art. 31, como segue:

Art. 31. Além do Perímetro Imediato de Proteção Sanitária, poderá ser

estabelecido um perímetro de alerta contra poluição, com base em estudos

hidrogeológicos e considerando, principalmente o tempo de trânsito dos

poluentes, sendo que neste Perímetro poderão ser estabelecidas restrições

quanto à implantação de atividades e de serviços.

III–fica acrescentado o art. 31-A, como segue:

Art. 31-A. As autorizações prévias para perfuração de poços, e as outorgas

para captação de água subterrânea por meio de poços e as dispensas de

outorga somente serão emitidas pelo Departamento de Recursos Hídricos –

DRH –para obras cujo projeto e construção obedeçam às respectivas normas

vigentes da ABNT, ressalvados os incisos abaixo discriminados:

I - Poços tipo ponteira: que obedeçam critérios de construção e de perfuração

definidos pelo DRH, serão permitidos somente nas bacias que compõem a

Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas e somente para as finalidades

de uso em irrigação, dessedentação animal e indústria, em conformidade

com os volumes de consumo definidos para estes usos em Resolução

específica do Conselho de Recursos Hídricos;

II - Poços de pequeno diâmetro: aqueles com diâmetro inferior a 4”(quatro

polegadas) ou poços escavados para as finalidades que se constituem em

necessidades básicas da vida, de higiene, de alimentação e de produção

para a subsistência, em locais onde não haja rede pública de

abastecimento disponível para conexão e com captações de até 2 m3/dia (dois

metros cúbicos ao dia).

IV–ficam acrescentados o art. 37-A e 37-B, como seguem:

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165

Art. 37-A. As empresas perfuradoras de poços somente poderão iniciar a

perfuração de um poço com a devida Autorização Prévia, emitida pelo DRH,

tornando-se as empresas e os responsáveis técnicos corresponsáveis por

eventuais atos de infração.

§ 1º Os atos de infração referidos no “caput” deste artigo, bem como as

respectivas punições, estão previstos nos incisos II, V e VII do art. 49 e no art.

50 da Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política

Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art.

21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março

de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, bem como

nos incisos II, III e V do art. 35 e 36 da

4.5. Lei nº. 10.350/1994.

§ 2ª A perfuração prevista neste artigo deverá ocorrer observando o disposto

na

Portaria de Autorização Prévia, além das demais normas vigentes.

§ 3º Constatada a inobservância do disposto no “caput” deste artigo, além de

impor à pessoa jurídica as penalidades legais estabelecidas em lei e neste

Decreto, a autoridade competente também comunicará o fato à autoridade

policial para os fins de apuração do crime previsto no art. 60 da Lei Federal nº

9.605/98, e ao Conselho Profissional competente, para adoção das medidas

cabíveis no âmbito de sua atribuição legal.

Art. 37-B. Os poços perfurados, sem a autorização prévia do DRH, poderão ter

sua construção regularizada, a critério deste Departamento, observados os

procedimentos e os termos de referência por ele definidos.

§ 1º A regularização somente ocorrerá mediante pagamento prévio da multa

imposta aos infratores nos termos do inciso II do art. 36 da Lei 10.350/1994.

§ 2º O poço deverá ser lacrado durante o trâmite do processo de regularização,

cabendo a determinação do tamponamento na impossibilidade da

regularização da obra.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação108.

Palácio Piratini, em Porto Alegre, 19 de novembro de 2014.

108Disponível em: http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_Todas

Normas=61587&hTexto=&Hid_IDNorma=61587

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4.6. Decreto n. 42.047, de 26 de dezembro de 2002.

“Regulamenta disposições da LEI n°. 10.350, de 30/1/2/1994, com alterações, relativas ao gerenciamento e à conservação das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul.” O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso de suas

atribuições, e em conformidade com o disposto no artigo 82, inciso V, da

Constituição do Estado,

DECRETA:

CAPÍTULO I

SEÇÃO I

Disposições Preliminares

Art. 1º - O presente Decreto regulamenta o gerenciamento e a conservação

das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio Grande do Sul,

conforme disposições da LEI Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, com

alterações.

Art. 2º - As águas subterrâneas serão objeto de programas permanentes de

pesquisa, conservação e proteção, visando ao seu melhor aproveitamento.

Art. 3º - Incluem-se no gerenciamento das águas subterrâneas as seguintes

ações:

I - Avaliação dos recursos hídricos subterrâneos e o planejamento do seu

aproveitamento racional;

II - Aplicação de medidas relativas à proteção e conservação dos recursos

hídricos subterrâneos.

Parágrafo único - As interações com as águas superficiais, observadas no ciclo

hidrológico, sempre serão consideradas na administração do aproveitamento

das águas subterrâneas.

Art. 4º - A pesquisa e a lavra de água mineral natural, destinada para envase

ou a fins balneários por ser regida por normas específicas, deverá integrar as

legislações mineral, ambiental, de saúde e de recursos hídricos.

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SEÇÃO II

Das Atribuições dos Órgãos

Art. 5º - Cabe ao Departamento de Recursos Hídricos - DRH - da Secretaria do

Meio Ambiente a administração das águas subterrâneas do Estado, nos

campos de pesquisa, captação, fiscalização, extração e acompanhamento de

sua interação com o ciclo hidrológico.

Art. 6º - Cabe à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis

Roessler - FEPAM - normatizar procedimentos de prevenção, controle e

fiscalização da qualidade das águas subterrâneas.

Art. 7º - Cabe à Secretaria Estadual da Saúde, em articulação com os

Municípios, a fiscalização da qualidade das águas subterrâneas destinadas ao

consumo humano, quanto ao atendimento do padrão de potabilidade,

estabelecida por legislação específica.

Art. 8º - As entidades e os órgãos mencionados nos artigos 5º, 6º e 7º poderão

firmar convênios com outros Órgãos do Poder Público Municipal, Estadual e

Federal para aplicação das disposições deste Decreto.

CAPÍTULO II

DO USO, DAS APROVAÇÕES, DA OUTORGA E DO CADASTRAMENTO

SEÇÃO I

Dos usos das águas subterrâneas

Art. 9º - Os recursos hídricos serão utilizados prioritariamente no

abastecimento das populações, respeitando-se as legislações vigentes, ficando

a hierarquia dos demais usos estabelecidos nos planos de Bacia Hidrográfica.

Art. 10 - Dentro de uma mesma categoria de usuário, terá preferência para

outorga do uso da água o usuário que comprovar maior eficiência e economia

na sua utilização, mediante tecnologias apropriadas, eliminação de perdas e

desperdícios e outras condições a serem firmadas nos planos de Bacia

Hidrográfica.

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Art. 11 - Ocorrendo variações na disponibilidade ou na qualidade de água,

independentemente da causa, o DRH e a FEPAM poderão modificar as

condições fixadas no ato de outorga.

Art. 12 - Enquanto não estiver estabelecido o plano de uma determinada Bacia

Hidrográfica, a definição de hierarquia de usos deverá ser feita com a

participação dos usuários envolvidos, sob coordenação dos comitês de Bacia

Hidrográfica e, na falta destes, pelo DRH e pela FEPAM, tendo como princípios

à preservação do interesse público e a manutenção dos recursos hídricos

subterrâneos.

SEÇÃO II

Dos Empreendimentos

Art. 13 - A implantação de projetos de quaisquer natureza que utilizem água

subterrânea, ou ponham em risco sua qualidade natural ou quantidade, fica

sujeita à aprovação dos órgãos e das entidades referidos nos artigos 5º, 6º e 7º

deste Decreto.

Parágrafo único - As atividades mencionadas neste artigo deverão ser

precedidas de estudos hidrogeológicos que permitam avaliar o potencial

disponível e o correto dimensionamento do sistema de abastecimento e o

tratamento de efluentes.

SEÇÃO III

Dos Estudos Hidrogeológicos

Art. 14 - Os estudos hidrogeológicos, projetos, e as obras de captação de

águas subterrâneas deverão ser realizados por profissionais, empresas ou

instituições legalmente habilitadas perante seus respectivos Conselhos

Profissionais, exigindo-se o comprovante de Anotação de Responsabilidade

Técnica - ART.

Art. 15 - Os estudos hidrogeológicos e projetos de obras de captação deverão

ser protocolados no DRH, conforme normas definidas em portaria específica.

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SEÇÃO IV

Das Autorizações Prévias

Art. 16 - As obras destinadas à captação de águas subterrâneas e sua

operação dependerão de autorização prévia para sua execução e os usuários

deverão apresentar a documentação definida em portaria específica.

§ 1º - Apresentados os estudos e projetos de obras para captação de águas

subterrâneas, o DRH se manifestará quanto a autorização prévia no prazo

máximo de trinta dias.

§ 2º - A contagem do prazo previsto no parágrafo anterior será suspensa

durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação

de esclarecimentos pelo empreendedor.

§ 3º - Concluída a obra, o responsável técnico deverá apresentar relatório

pormenorizado contendo os elementos necessários a exploração da água

subterrânea, de forma a possibilitar a expedição, pelo DRH, da outorga, nas

modalidades previstas no Art. 1º do Decreto 37.033/1996.

§ 4º - O DRH e a FEPAM poderão exigir monitoramentos ou outros testes e

análises se entenderem que o porte ou a característica do empreendimento

possa afetar a qualidade ou a disponibilidade das águas subterrâneas.

§ 5º - O DRH definirá em portaria, os estudos, projetos e demais documentos

que deverão fazer parte do relatório para expedição da outorga.

Art. 17 - As obras de captação de águas subterrâneas, mesmo que

temporárias, executadas com o objetivo de atender estudos, projetos e

pesquisas, serão objeto de autorização prévia pelo Departamento de Recursos

Hídricos.

SEÇÃO V

Da Outorga

Art. 18 - Os usos das águas subterrâneas estaduais são passíveis de outorga

nos termos do Decreto nº 37.033/96, a qual deverá ser emitida pelo

Departamento de Recursos Hídricos - DRH e pela Fundação Estadual de

Proteção Ambiental - FEPAM.

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Art. 19 - A outorga será condicionada aos objetivos do Plano Estadual de

Recursos Hídricos e aos Planos da Bacia, considerando-se as prioridades de

uso e os fatores econômicos e sociais.

§ 1º - São dispensadas da outorga as captações insignificantes de águas

subterrâneas, com vazão média mensal de até dois metros cúbicos por dia ou

com a finalidade de uso de caráter individual e para a satisfação das

necessidades básicas da vida.

§ 2º - Os planos de bacia poderão estabelecer outras vazões maiores para

dispensa de outorga, as quais deverão ser aprovadas pelo DRH.

§ 3º - As captações de água dispensadas da outorga ficam sujeitas ao

cadastramento e à fiscalização do DRH e FEPAM, bem como pelos demais

órgãos responsáveis pela defesa da saúde pública.

§ 4º - As outorgas serão deferidas ou indeferidas pelo DRH dentro do prazo

máximo de cento e vinte dias contados da data do pedido.

§ 5º - A contagem do prazo previsto no parágrafo anterior, será suspensa

durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação

de esclarecimentos pelo empreendedor.

SEÇÃO VI

Do Cadastro de Poços e Outras Captações

Art. 20 - Todo aquele que construir obra de captação de águas subterrâneas,

no território do Estado, deverá cadastrá-la no DRH, apresentando as

informações técnicas necessárias, bem como permitir o acesso da fiscalização

no local.

§ 1º - O cadastramento deverá ser efetuado junto ao Departamento de

Recursos Hídricos e cada empreendimento receberá um número de

identificação e registro.

§ 2º - As captações existentes deverão ser cadastradas e regularizadas dentro

de prazo a ser definido por meio de portaria específica.

§ 3º - Os cadastros municipais já existentes, criados a partir de Leis Municipais,

deverão ser compatibilizados com os procedimentos de cadastro estabelecidos

pelo DRH.

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Art. 21 - As captações subterrâneas farão parte do Cadastro Geral dos

Usuários de Água do Estado.

Parágrafo único - As empresas e os Órgãos da Administração Pública que

executem perfuração de poço tubular deverão ser registradas junto ao CREA e

cadastradas junto ao DRH, bem como apresentar as informações técnicas em

determinados prazos, definidos em portaria específica.

Art. 22 - Os dados e as informações de poços e outras captações contidos no

Sistema de Informações de Águas Superficiais e Subterrâneas, assim como os

estudos hidrogeológicos desenvolvidos por órgãos e entidades da

Administração Estadual estarão à disposição dos usuários, para orientação e

subsídio, no sentido de promoverem a utilização racional das águas

subterrâneas.

CAPÍTULO III

DAS MEDIDAS PREVENTIVAS

SEÇÃO I

Da Operação e Manutenção de Poços

Art. 23 - O usuário de obras de captação de águas subterrâneas deve operá-la

em condições adequadas, de modo a assegurar a capacidade do aquífero e

evitar o desperdício de água, podendo o DRH exigir a reparação das obras e

das instalações e a introdução de melhorias.

Art. 24 - Os poços e outras obras de captação de águas subterrâneas deverão

ser dotados de equipamentos de medição de volume extraído e do nível da

água.

§ 1º - Os usuários deverão manter registro de volume extraído, nível e

qualidade das águas, além de apresentar relatório ao DRH nos prazos e

condições que deverão ser estabelecidas em portaria específica.

§ 2º - Respeitados os parâmetros e frequência de análises previstas na

legislação específica, poderá a FEPAM solicitar análises adicionais para fins de

controle qualitativo dos aquíferos.

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SEÇÃO II

Da Proteção dos aquíferos

Ar. 25 - É vedada qualquer ação, omissão ou atividade que intencionalmente,

ou não, possa causar poluição às águas subterrâneas.

Art. 26 - Todos os projetos de implantação ou ampliação de empreendimentos

que apresentem riscos de poluição das águas subterrâneas deverão conter

estudos detalhados de caracterização hidrogeológica e de vulnerabilidade dos

sistemas aquíferos, bem como projeto de medidas de proteção, controle e

monitoramento a serem adotadas e aprovados pela FEPAM.

§ 1º - Resíduos sólidos, líquidos ou gasosos provenientes de qualquer

atividade só poderão ser armazenados ou lançados de forma a não poluírem

as águas subterrâneas, obedecendo aos padrões de emissão de poluentes

estabelecidos em legislação ambiental específica.

§ 2º - O responsável pelo empreendimento deverá apresentar à FEPAM, nos

prazos estabelecidos em legislação específica, relatório técnico contendo todos

os dados obtidos no monitoramento.

§ 3º - Caso haja alteração comprovada, em relação aos parâmetros naturais de

qualidade e/ou quantidade das águas subterrâneas, causada pelo

empreendimento, o responsável pelo mesmo deverá executar as obras e

procedimentos necessários à recuperação do aquífero em prazo a ser

determinado pelo DRH e FEPAM.

§ 4º - O atendimento das medidas dispostas no parágrafo anterior não isenta o

responsável das sanções legais cabíveis.

Art. 27 - O DRH e a FEPAM, dada à necessária conservação das águas

subterrâneas e a prioridade de abastecimento da população humana, ou por

motivos geológicos, hidrológicos, geotécnicos ou ecológicos, poderão restringir

a captação e o uso dessas águas, bem como instituir áreas de proteção dos

aquíferos.

Parágrafo único: nas áreas de proteção, as restrições referidas, no caput deste

artigo, compreendem a limitação das vazões captadas nos poços, a ampliação

da distância mínima entre poços, a coibição de novas atividades

potencialmente poluidoras e outras medidas que o caso requeira, como a

proibição de novas obras de captação de águas subterrâneas.

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Art. 28 - As áreas de proteção dos aquíferos serão estabelecidas a partir de

estudos hidrogeológicos e ambientais, sendo classificadas em:

I - Áreas de Proteção Máxima;

II - Áreas de Proteção de Poços e Outras Captações.

Art. 29 - A áreas de proteção máxima compreendem, no todo ou em parte,

zonas de recarga de aquíferos vulneráveis à poluição e que se constituam em

reservatórios de água essenciais ao abastecimento público, não sendo nestas

áreas permitido a implantação de empreendimentos e atividades poluidoras.

Art. 30 - Nas áreas de proteção de poços e outras captações subterrâneas,

será instituído um Perímetro Imediato de Proteção Sanitária que abrange um

raio mínimo de 10 m (dez metros) a partir do ponto de captação, o qual deverá

ser cercado e protegido, devendo seu interior estar resguardado da entrada ou

da infiltração de poluentes.

Parágrafo único - Nas áreas referidas no caput deste artigo, os poços serão

dotados de vedação sanitária, instalada de acordo com as normas técnicas da

ABNT de construção de poços para captação de águas subterrâneas.

Art. 31 - Além do Perímetro Imediato de Proteção Sanitária será estabelecido,

com base em estudos hidrogeológicos, um perímetro de alerta contra poluição,

o qual deverá ser coincidente com a Zona de Contribuição do poço, sendo que

neste Perímetro não poderá ser implantada qualquer atividade potencialmente

poluidora.

Art. 32 - Sem prejuízo das sanções legais cabíveis, os poços abandonados,

temporária ou definitivamente, e as perfurações realizadas para outros fins que

não a extração de água, bem como os poços em operação que estejam

causando poluição ou representem riscos, deverão, a critério do DRH ou

FEPAM, ser adequadamente tamponados e lacrados por seus responsáveis de

modo a evitar a poluição dos aquíferos ou acidentes.

Parágrafo único - O tamponamento e lacre dos poços referidos no caput deste

artigo deverão ser executados seguindo as determinações do DRH e as

normas técnicas da ABNT.

Art. 33 - Os poços jorrantes deverão ser dotados de dispositivo de fechamento

hermético para evitar o desperdício.

Art. 34 - A critério do DRH ou da FEPAM, poços embargados poderão ser

utilizados para monitoramento do aquífero.

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CAPÍTULO IV

DA FISCALIZAÇÃO E DAS SANÇÕES

SEÇÃO I

Da Fiscalização

Art. 35 - O uso das águas subterrâneas do Estado do Rio Grande do Sul será

fiscalizado pelo DRH e pela FEPAM, que poderão articular-se com outras

instituições.

Parágrafo único - A fiscalização da qualidade das águas subterrâneas

destinadas ao consumo humano caberá à Secretaria da Saúde, observando-se

o disposto na legislação vigente.

Art. 36 - Caberá aos agentes de fiscalização credenciados, observando-se as

respectivas atribuições profissionais:

I - efetuar vistorias, levantamentos, avaliações e verificar a documentação

técnica pertinente;

II - colher amostras e efetuar medições;

III - expedir autos de infração quando verificadas irregularidades no

cumprimento da legislação;

IV - aplicar as sanções previstas em Lei.

Art. 37 - Fica assegurado aos agentes credenciados, encarregados de fiscalizar

o uso das águas subterrâneas, o livre acesso aos locais onde houver obra de

captação e onde estiverem sendo executados outras obras ou serviços que

possam alterar a qualidade e/ou a disponibilidade nos aquíferos.

§ 1º - Caberá aos Órgãos citados no artigo 35 o credenciamento dos agentes

de fiscalização.

§ 2º - Os agentes credenciados poderão requisitar força policial, se necessário,

para garantir o exercício das suas funções.

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SEÇÃO II

Das Sanções

Art. 38 - O não cumprimento das disposições legais relativas ao gerenciamento

e à conservação das águas subterrâneas e dos aquíferos no Estado do Rio

Grande do Sul, e demais preceitos deste Regulamento, sujeitará o infrator, sem

prejuízo das sanções previstas em legislação específica, às penalidades

elencadas na LEI Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994.

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 39 - Os poços tubulares deverão ser projetados e construídos de acordo

com as normas técnicas da ABNT.

Art. 40 - A recarga artificial dos aquíferos poderá ser adotada, quando possível,

devendo ser previamente aprovada pelo DRH e pela FEPAM.

Art. 41 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se

as disposições em contrário109 110.

Palácio Piratini, em Porto Alegre, 26 de dezembro de 2002.

109Disponível em: http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=

TEXTO&Hid_TodasNormas=277&hTexto=&Hid_IDNorma=277

110Disponível em: http://www.sema.rs.gov.br/outorga-diout