christina de souza parente

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Christina de Souza Parente ESTUDO DE CASO DE IMPLANTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM EMPRESA DO RAMO AUTOMOTIVO Taubaté SP 2009

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  • UNIVERSIDADE DE TAUBAT

    Christina de Souza Parente

    ESTUDO DE CASO DE IMPLANTAO DE EQUIPES

    AUTOGERENCIVEIS EM EMPRESA DO RAMO

    AUTOMOTIVO

    Taubat SP

    2009

  • UNIVERSIDADE DE TAUBAT

    Christina de Souza Parente

    ESTUDO DE CASO DE IMPLANTAO DE EQUIPES

    AUTOGERENCIVEIS EM EMPRESA DO RAMO

    AUTOMOTIVO

    Dissertao apresentada para obteno do ttulo de

    Mestre pelo Curso de Mestrado Profissionalizante

    em Engenharia Mecnica do Departamento de

    Engenharia Mecnica da Universidade de Taubat.

    rea de concentrao: Engenharia de Produo

    Linha de pesquisa: Qualidade e Produtividade

    Orientador: Professor Doutor Carlos Alberto Chaves

    Taubat SP

    2009

  • CHRISTINA DE SOUZA PARENTE

    ESTUDO DE CASO DE IMPLANTAO DE EQUIPES

    AUTOGERENCIVEIS EM EMPRESA DO RAMO AUTOMOTIVO

    Dissertao apresentada para obteno do ttulo de

    Mestre pelo Curso de Mestrado Profissionalizante

    em Engenharia Mecnica do Departamento de

    Engenharia Mecnica da Universidade de Taubat.

    rea de concentrao: Engenharia de Produo

    Data: ____________________

    Resultado:________________

    BANCA EXAMINADORA:

    Prof. Dr. Carlos Alberto Chaves _____________________________________Unitau

    Assinatura________________________________________

    Prof. lvaro Azevedo Cardoso, PhD _________________________________Unitau

    Assinatura________________________________________

    Prof. Dr. Antonio Jos Caulliraux Pithon __________________________ CEFET - RJ

    Assinatura________________________________________

  • Dedicado a Xavier e Mlodie,

    os dois grandes amores da minha vida.

  • AGRADECIMENTOS

    minha famlia, por compreender a minha ausncia nos fins de semana.

    Ao todos os professores do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia

    Mecnica da Unitau, especialmente ao Prof. Dr. Carlos Alberto Chaves, pelo apoio e

    orientao desde o primeiro artigo.

    Ao colega de trabalho Roberto Rivelino Salles Cunha, pelas informaes relativas ao

    estudo de caso.

    Aos colegas da turma 17, pelo esprito de equipe.

    A Byanca Porto de Lima e Bruna Tavares Vieira da Silva, pela companhia no trajeto

    Resende-Taubat.

  • RESUMO

    Esta dissertao tem como objetivo fazer uma anlise crtica de um modelo para

    implantao de equipes autogerenciveis utilizado por uma determinada empresa do ramo

    automotivo. Nela so apresentados diversos conceitos tericos necessrios para esta anlise

    crtica. O estudo de caso descrito de forma a mostrar como a implantao foi feita nesta

    empresa, comparando-o com a teoria apresentada. Foi analisado um modelo para implantao

    de equipes autogerenciveis e melhoria de desempenho, j utilizado e avaliado como eficaz

    em outras unidades da empresa. Foram analisadas nesta dissertao as dificuldades

    encontradas durante a primeira fase da implantao, sendo identificados os pontos a melhorar

    para o sucesso das fases seguintes. Atravs do estudo percebe-se que autonomia restrita e

    aumento da responsabilidade, as principais caractersticas do modelo analisado, permitem

    obter bons resultados em curto espao de tempo, principalmente no que diz respeito ao fluxo

    de informaes e a motivao dos trabalhadores, mas que a empresa necessita repensar sua

    forma de organizao fabril para que possa obter os reais benefcios das equipes, j que a

    fixao das metas de equipe to importante quanto a fixao das metas individuais. O

    programa implantado pela empresa no trouxe melhoria dos resultados durante o perodo de

    estudo, mas houve progresso no trabalho em equipe, sem que, no entanto, houvesse reduo

    dos nveis hierrquicos.

    Palavras-chave: Equipes autogerenciveis, Equipes semi-autnomas, Trabalho em equipe,

    Liderana.

  • ABSTRACT

    Case study about self managing teams' implantation in a company of the automotive

    branch

    This dissertation has as objective make a critical analysis of a model for implantation of

    self managing teams, used by a company of the automotive branch. Diverse theoretical

    concepts, necessary for this critical analysis, are presented. The case study shows the way of

    the implantation was made in this company, comparing it with the presented theory. It was

    analyzed a model for implantation of self managing teams and improvement of performance,

    already used and evaluated as efficient in other units of the company. The difficulties found

    during the first phase of the implantation were analyzed in this dissertation, and the points to

    improve for the success of the following phases were identified. Through this study it's

    perceived that restricted autonomy and empowerment, the main characteristics of the

    analyzed model, allow to get good results in short space of time, mainly in the information

    flow and the workers motivation, but the company needs to rethink about its manufactory

    organization to find the real benefits of work in teams, because the setting of the team goals is

    as important as the setting of the individual goals. The program implanted by the company

    didnt improve results during the study period but the company progressed in teamwork,

    without suppression of hierarchic levels.

    Keywords: Self managing teams, Work in teams, Leadership.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - A Pirmide das Necessidades de Maslow...............................................................13

    Figura 2 - Grupos X Equipes de trabalho................................................................................23

    Figura 3 - Os compromissos dos lderes no Sistema Toyota de Produo.............................65

    Figura 4 - Exemplo de questionrio e grfico para avaliao do andamento de cada fase da

    implantao...............................................................................................................................87

    Figura 5 - Resultados de produtividade da empresa analisada, durante o ano de 2007...........91

    Figura 6 - Resultados de qualidade da empresa analisada, durante o ano de 2007.................92

    Figura 7 - Resultados de produtividade da empresa analisada, no perodo de janeiro a junho

    de 2008......................................................................................................................................93

    Figura 8 - Resultados de qualidade da empresa analisada, no perodo de janeiro a junho de

    2008...........................................................................................................................................93

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ...................................................................................................................... 11

    1.1 Objetivos ............................................................................................................................... 12

    1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 12

    1.1.2 Objetivos especficos ..................................................................................................... 12

    1.2 Justificativa ........................................................................................................................... 12

    1.3 Metodologia .......................................................................................................................... 12

    1.4 Limitaes ............................................................................................................................ 12

    2. REVISO DA LITERATURA ............................................................................................... 13

    2.1 Motivao ............................................................................................................................. 13

    2.1.1 Teoria de Maslow .......................................................................................................... 13

    2.1.2 Teoria de Herzberg ........................................................................................................ 14

    2.1.3 Teoria de Vroom ............................................................................................................ 16

    2.1.4 Outras abordagens ......................................................................................................... 18

    2.1.5 Motivao pela marca .................................................................................................... 20

    2.2 Trabalho em equipe .............................................................................................................. 21

    2.2.1 A diferena entre lder e gestor ..................................................................................... 27

    2.3 Equipes auto-gerenciveis .................................................................................................... 28

    2.3.1 Equipes de Engenharia Concorrente ............................................................................. 36

    2.3.2 Dificuldades na implantao de equipes autogerenciveis ........................................... 38

    2.3.3 O papel do gestor na implantao de equipes autogerenciveis .................................... 45

    2.4 Treinamento Organizacional ................................................................................................ 54

  • 2.4.1 Mtodos de avaliao de treinamento ........................................................................... 55

    2.5 Cultura Organizacional ......................................................................................................... 56

    2.5.1 Diferenas culturais na implantao de modelos organizacionais pr-estabelecidos ... 56

    2.6 O Sistema Toyota de Produo ............................................................................................ 62

    2.6.1 A importncia da liderana no Sistema Toyota de Produo ........................................ 64

    3 MTODO ................................................................................................................................... 68

    3.1 Mtodo de Pesquisa .............................................................................................................. 68

    3.2 A empresa ............................................................................................................................. 69

    3.2.2 Histrico das equipes autogerenciveis na empresa ...................................................... 70

    3.2.3 O modelo de gesto utilizado atualmente pela empresa ................................................ 72

    3.2.4 Equipes autogerenciveis para a melhoria contnua dos resultados .............................. 75

    3.2.5 Treinamento ................................................................................................................... 79

    3.2.6 Modo de funcionamento das equipes ............................................................................ 80

    3.2.7 O papel do gestor na implantao das equipes autogerenciveis .................................. 81

    3.2.8 O responsvel pelo projeto de implantao das equipes autogerenciveis ................... 82

    4 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................. 84

    4.1 Desdobramento do modelo proposto pela empresa .............................................................. 85

    4.1.2 Objetivo de concluso das etapas seguintes .................................................................. 88

    4.1.3 O responsvel pelo projeto de implantao das equipes autogerenciveis na unidade de

    fabricao em estudo ........................................................................................................ 88

    4.2 Resultados e discusso ......................................................................................................... 88

    4.2.1 O papel do treinamento na implantao analisada ........................................................ 88

  • 4.2.2 Anlise da primeira fase da implantao de equipes autogerenciveis ......................... 94

    5 CONCLUSES .......................................................................................................................... 98

    REFERNCIAS ......................................................................................................................... 100

  • 11

    1. INTRODUO

    At hoje as empresas melhoraram seus desempenhos melhorando a produtividade por

    meio de bases como a padronizao, a automatizao e a reengenharia de processos. Mas

    essas bases no funcionam para as funes de "saber", como citam Campbell e Goold (2007).

    Saber colaborar, segundo eles, hoje um fator essencial de sucesso: quanto mais uma

    empresa consegue criar este estado de esprito e facilitar as interaes entre funcionrios, mais

    ela tem chances de melhorar seu desempenho. Os dirigentes reconhecem hoje que

    necessrio gerir os empregados de forma diferente: procurando desenvolver a colaborao e a

    inovao, promovendo o aprendizado permanente e a partilha do conhecimento, inspirando as

    iniciativas de cada um pelos valores partilhados. Mas essas ambies se encontram

    freqentemente confrontadas a estruturas organizacionais que se revelam verdadeiras

    barreiras. Efetivamente, a organizao hierrquica tradicional se baseia em uma partilha

    racional do trabalho entre especialistas - cada um devendo se esforar a otimizar o

    desempenho no seu domnio - nos quais as relaes so definidas por processos padronizados.

    Em um ambiente onde a inovao e reatividade se tornaram palavras-chave, esta estrutura no

    mais adaptada.

    Este estudo de caso apresenta a implantao de uma estrutura baseada no princpio de

    equipes autogerenciveis em uma empresa do ramo automobilstico. Esta empresa est

    implantando em vrias unidades no mundo um programa que consiste em compartilhar as

    boas prticas de fabricao do grupo para melhoria de desempenho, entre elas a

    responsabilizao dos funcionrios.

    O estudo apresenta as etapas para a implantao de equipes autogerenciveis em uma

    determinada unidade de fabricao da empresa e faz uma comparao com a teoria de equipes

    autogerenciveis apresentada por diversos autores, analisando a forma como foi realizada a

  • 12

    primeira fase da implantao, para que sirvam de aprendizado para as fases seguintes em

    relao a cultura organizacional, treinamento, motivao e liderana, os principais pontos

    onde surgiram dificuldades

    1.1 Objetivos

    1.1.1 Objetivo Geral

    Apresentar e avaliar a implantao de equipes autogerenciveis em uma determinada

    empresa do ramo automotivo, fazendo uma anlise crtica do modelo utilizado em

    comparao com a reviso bibliogrfica.

    1.1.2 Objetivos especficos

    Analisar as dificuldades encontrados durante a primeira fase da implantao de

    equipes autogerenciveis nesta determinada organizao, identificando os pontos a melhorar

    para o sucesso das fases seguintes da implantao.

    1.2 Justificativa

    Necessidade de avaliar a metodologia utilizada por esta empresa para a implantao de

    equipes autogerenciveis em comparao com a teoria, buscando identificar os pontos a

    melhorar para a obteno de melhores resultados.

    1.3 Metodologia

    Estudo de caso, caracterizado como pesquisa-ao, por haver o envolvimento do

    pesquisador na situao investigada.

    1.4 Limitaes

    O estudo de caso foi realizado em um setor especfico de uma fbrica, entre janeiro de

    2007 e junho de 2008, que pode ser considerado um perodo de variveis estveis, como por

    exemplo, mesmo nmero de mquinas em funcionamento e mesma equipe de direo da

    fbrica.

  • 13

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1 Motivao

    Robbins (2004) cita teorias clssicas e contemporneas sobre motivao. Entre as

    clssicas esto a de Maslow, que fundamenta sua teoria da motivao nas diferentes

    necessidades humanas (abordagem intra-orientada), e a de Herzberg, que alicera sua teoria

    no ambiente externo e no trabalho do indivduo (abordagem extra-orientada).

    2.1.1 Teoria de Maslow

    Abraham Maslow, provavelmente o mais conhecido terico motivacional, foi um

    psiclogo americano que acreditava que todos os indivduos apresentavam uma hierarquia de

    necessidades que precisavam ser satisfeitas. Essa hierarquia de necessidades mostrada sob

    a forma de uma pirmide, na Fig. (1).

    Figura 1: A Pirmide das Necessidades de Maslow

    Fonte: The Gallup Organization (2006)

    De acordo com a Teoria de Maslow, as necessidades primordiais de um indivduo so

    as necessidades fisiolgicas. Aps estas terem sido atingidas, h motivao para as

    necessidades de segurana. Assim que essa pessoa percebe que est livre de qualquer ameaa

    de perigo ou ataque, suas motivaes voltam-se para as necessidades sociais: amizades e tudo

    o mais que estiver relacionado. Um indivduo que superou as necessidades de auto-estima e

  • 14

    alcanou o reconhecimento por parte de outros indivduos volta-se para satisfazer as

    necessidades de auto-realizao, at que estas estejam saciadas e ele, com isso, se sinta

    realizado. No entanto, se as necessidades situadas em um nvel inferior deixam

    repentinamente de ser atendidas, o indivduo direcionar novamente sua motivao para elas.

    Foram feitas tentativas no sentido de relacionar a Teoria de Maslow com as exigncias de

    funcionrios dentro do ambiente de trabalho. As necessidades fisiolgicas seriam as ligadas a

    salrio e benefcios. As necessidades de segurana estariam vinculadas a assuntos como

    segurana no trabalho, auxlio-doena e planos de previdncia, perodos de folga suficientes,

    proteo contra injustias e segurana fsica. As necessidades sociais, associadas a um senso

    de participao, amizade e presteza a colegas de trabalho e superiores hierrquicos. As

    necessidades de auto-estima podem ser satisfeitas pelo reconhecimento e elogio por parte de

    responsveis hierrquicos (ROBBINS, 2004).

    2.1.2 Teoria de Herzberg

    Na Teoria de Herzberg, a motivao das pessoas depende de dois fatores:

    a) Fatores higinicos: Referem-se s condies que rodeiam a pessoa enquanto

    trabalha, englobando as condies fsicas e ambientais de trabalho, o salrio, os benefcios

    sociais, as polticas da empresa, o tipo de superviso recebido, o clima de relaes entre a

    direo e os empregados, os regulamentos internos, as oportunidades existentes, etc.

    Correspondem perspectiva ambiental. Constituem os fatores tradicionalmente utilizados

    pelas organizaes para se obter motivao dos empregados. Contudo, os fatores higinicos

    so muito limitados em sua capacidade de influenciar fortemente o comportamento dos

    empregados. A expresso "higiene" serve exatamente para refletir seu carter preventivo e

    para mostrar que se destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfao do meio ambiente

    ou ameaas potenciais ao seu equilbrio. Quando esses fatores higinicos so timos,

    simplesmente evitam a insatisfao, uma vez que sua influncia sobre o comportamento no

  • 15

    consegue elevar substancial e duradouramente a satisfao. Porm, quando so precrios,

    provocam insatisfao. Por isso, so chamados "fatores insatisfacientes". So eles: condies

    de trabalho e conforto, polticas da organizao e administrao, relaes com o supervisor,

    competncia tcnica do supervisor, salrios, segurana no cargo e relaes com colegas.

    b) Fatores motivacionais: Referem-se ao contedo do cargo, s tarefas e aos

    deveres relacionados com o cargo em si. Produzem efeito duradouro de satisfao e de

    aumento de produtividade em nveis de excelncia, isto , acima dos nveis normais. O termo

    motivao envolve sentimentos de realizao, de crescimento, e de reconhecimento

    profissional, manifestados por meio de exerccios das tarefas e atividades que oferecem

    suficiente desafio e significado para o trabalho. Quando os fatores motivacionais so timos,

    elevam substancialmente a satisfao; quando so precrios, provocam ausncia de satisfao.

    Por isso, so chamados "fatores satisfacientes", constituem o prprio contedo do cargo.

    Incluem: delegao de responsabilidade, liberdade de decidir como executar o trabalho,

    promoo, uso pleno das habilidades pessoais, estabelecimento de objetivos e avaliao

    relacionada com eles, simplificao do cargo (pelo prprio ocupante), e ampliao ou

    enriquecimento do cargo.

    Segundo Robbins (2004), a Teoria de Herzberg afirma que:

    1. a satisfao no cargo funo do contedo ou atividades desafiadoras e estimulantes

    do cargo: so os chamados fatores motivadores.

    2. a insatisfao no cargo funo do ambiente, da superviso, dos colegas e do contexto

    geral do cargo: so os chamados fatores higinicos.

    A Teoria de Herzberg concluiu que os fatores responsveis pela satisfao profissional

    so totalmente desligados e distintos dos fatores responsveis pela insatisfao profissional: o

    oposto de satisfao profissional no seria a insatisfao, mas sim nenhuma satisfao

  • 16

    profissional; e, da mesma maneira, o oposto de insatisfao profissional seria nenhuma

    insatisfao profissional e no a satisfao (ROBBINS, 2004).

    Para introduzir maior dose de motivao no trabalho, a Teoria de Herzberg prope o

    enriquecimento de tarefas, que consiste em deliberadamente ampliar a responsabilidade, os

    objetivos e o desafio das tarefas do cargo.

    Robbins (2004) afirma que, na prtica, a abordagem de Herzberg enfatiza aqueles

    fatores que, tradicionalmente, so negligenciados e desprezados pelas organizaes em favor

    dos fatores insatisfacientes, nas tentativas para elevar o desempenho e a satisfao do pessoal,

    e que, at certo ponto, as concluses de Herzberg coincidem com a teoria de Maslow de que

    os nveis mais baixos de necessidades humanas tm relativamente pequeno efeito

    motivacional quando o padro de vida elevado.

    Segundo Robbins (2004), as abordagens de Maslow e de Herzberg apresentam alguns

    pontos de concordncia que permitem uma configurao mais ampla e rica a respeito da

    motivao do comportamento humano, e apresentam tambm importantes diferenas.

    Enquanto a teoria de Maslow est baseada em uma estrutura uniforme, a hierarquia de

    necessidades, e a de Herzberg em duas classes de fatores, ambas repousam na presuno

    implcita de que existe "uma maneira melhor" de motivar as pessoas, seja por meio de

    reconhecimento da pirmide de necessidades humanas, seja atravs da aplicao dos fatores

    motivacionais e do enriquecimento do cargo. Todavia, a evidncia tem demonstrado que

    diferentes pessoas reagem de diferentes maneiras, conforme a situao em que estejam

    colocadas (ROBBINS, 2004).

    2.1.3 Teoria de Vroom

    Vroom (1964, apud Cesar et al. 2004) desenvolveu uma teoria da motivao que

    rejeita noes pr-concebidas e que reconhece essas diferenas individuais. Sua teoria se

    restringe exclusivamente motivao para produzir.

  • 17

    Segundo ele existem trs fatores que determinam, em cada indivduo, a motivao

    para produzir: os objetivos individuais, ou seja, a fora do desejo de atingir objetivos, a

    relao que o indivduo percebe entre produtividade e alcance dos seus objetivos individuais e

    a capacidade de o indivduo influenciar seu prprio nvel de produtividade, medida que

    acredita poder influenci-lo.

    Para Vroom (1964, apud Cesar et al. 2004), uma pessoa pode desejar aumentar a

    produtividade quando trs condies se apresentam:

    1. Objetivos pessoais do indivduo: que podem incluir dinheiro, segurana no cargo,

    aceitao social, reconhecimento e trabalho interessante. Existem combinaes de objetivos

    que uma pessoa pode procurar satisfazer simultaneamente.

    2. Relao percebida entre satisfao dos objetivos e alta produtividade. Se um

    operrio tem como importante o objetivo de ter um salrio maior e trabalha na base de

    remunerao por produo, poder ter uma forte motivao para produzir mais. Porm, se sua

    necessidade de aceitao social pelos outros membros do grupo mais importante, poder

    produzir abaixo do nvel que consagrou como padro de produo informal. Produzir mais

    poder significar a rejeio do grupo.

    3. Percepo de sua capacidade de influenciar sua produtividade. Se um empregado

    acredita que um grande volume de esforo despendido tem pouco efeito sobre o resultado,

    tender a no se esforar muito, como o caso de uma pessoa colocada em cargo sem

    treinamento adequado ou do operrio colocado em uma linha de montagem de velocidade

    fixa.

    Para explicar a motivao para produzir, o autor prope um modelo de expectao da

    motivao, que se baseia em objetivos intermedirios e gradativos (meios) que conduzem a

    um objetivo final (fins). Segundo esse modelo, a motivao um processo que governa

    escolhas entre comportamentos. O indivduo percebe as conseqncias de cada alternativa de

  • 18

    comportamento como resultados representando uma cadeia de relaes entre meios e fins.

    Assim, quando o indivduo procura um resultado intermedirio (produtividade elevada, por

    exemplo), est buscando meios para alcanar resultados finais (dinheiro, benefcios sociais,

    apoio do supervisor, promoo ou aceitao do grupo).

    De acordo com Vroom (1964, apud Cesar et al. 2004), cada indivduo tem

    preferncias (valncias) para determinados resultados finais. Uma valncia positiva indica um

    desejo de alcanar determinado resultado final, enquanto uma valncia negativa implica um

    desejo de fugir de determinado resultado final. Os resultados intermedirios apresentam

    valncia em funo de sua relao percebida com os resultados finais desejados.

    Ainda segundo Vroom (1964, apud Cesar et al. 2004), o desejo do indivduo

    (valncia) para uma produtividade elevada determinado pela soma das instrumentalidades e

    valncias de todos os resultados finais. Assim, a teoria de Vroom denominada Modelo

    Contingencial de Motivao, porque enfatiza as diferenas entre as pessoas e entre os cargos.

    O nvel de uma pessoa contingente sob duas foras que atuam em uma situao de trabalho:

    as diferenas individuais e as maneiras de operacionaliz-las. A teoria de Vroom uma teoria

    da motivao e no de comportamento.

    2.1.4 Outras abordagens

    De acordo com Deming (1990), existe o que se chama de motivao intrnseca,

    extrnseca e retribuio indevida, definidas a seguir:

    - H situaes que do s pessoas dignidade e auto estima, e outras que negam estas

    vantagens. Um gestor que nega a seus subordinados dignidade e auto estima abafar a

    motivao intrnseca.

    - A motivao extrnseca a submisso a foras externas que neutralizam a motivao

    intrnseca. O pagamento no um motivador intrnseco. Quando se est submetido a

    motivao extrnseca no trabalho, o prazer de trabalhar e a capacidade de inovar passam a ser

  • 19

    secundrios em relao obteno de uma boa avaliao. Sob motivao extrnseca a pessoa

    tenta evitar punies e no tem prazer em aprender.

    - A retribuio indevida vem de um sistema defeituoso de recompensa e gera a

    resignao das foras externas. Podem ser, por exemplo, recompensas monetrias dadas a

    algum que tenha realizado alguma coisa pelo prazer pessoal de faz-lo. O resultado de dar

    uma recompensa para algum nestas condies evitar a repetio da ao. A pessoa perder

    o interesse genuno que possua. Esta a sada encontrada pelos gestores que no sabem como

    lidar com a motivao intrnseca.

    Segundo Fleming et al. (2005), funcionrios emocionalmente satisfeitos contribuem

    muito mais do que funcionrios racionalmente satisfeitos, mesmo que os dois se digam

    satisfeitos. Pessoas com forte ligao emocional com a empresa mostram diferente atividade

    cerebral, se comparados com outros funcionrios.

    Como afirmado por Boyett e Boyett (1999), o ambiente deve ser compatvel com a

    filosofia de trabalho de uma organizao baseada em equipes de alto desempenho.

    Segundo Candia (2007), o desenvolvimento do sistema humano no poder continuar

    atrelado e limitado prtica muitas vezes incipiente das teorias comportamentais, que

    aliceram a filosofia da Qualidade Total s prticas organizacionais mecanicistas.

    Notadamente na medida em que a gerncia, que ainda chefia e no lidera, insiste em acreditar

    que a motivao e o comportamento do indivduo sob sua responsabilidade respondem

    unicamente ao binmio estmulo-resposta. Candia (2007) afirma que "a melhoria do

    desempenho do indivduo no deve ser motivada atravs do uso exclusivo da teoria do

    estmulo-resposta, por promover comportamentos autmatos, descompromissados e sem

    responsabilidade.

    De acordo com Robbins (2004), o sistema tradicional de avaliao e recompensas

    individuais precisa ser modificado a fim de refletir o desempenho da equipe. Segundo ele, as

  • 20

    avaliaes individuais de desempenho, os incentivos individuais e prticas semelhantes no

    so consistentes com o desenvolvimento de equipes de alto desempenho; ao lado da avaliao

    e das recompensas individuais pela contribuio de cada funcionrio, os dirigentes devem

    considerar as avaliaes em grupo, os incentivos aos pequenos grupos e outras modificaes

    com a finalidade de reforar o empenho e o comprometimento das equipes.

    Dubrin (1998) apresenta estudos que mostram que a fixao das metas de grupo to

    importante quanto a fixao das metas individuais. Manter os empregados trabalhando como

    equipes, com uma meta especfica da equipe, mais do que como indivduos dotados apenas de

    metas individuais, aumenta a produtividade. Alm disso, a combinao de metas individuais e

    grupais compatveis mais eficaz do que metas individuais. Apesar da contribuio das metas

    para a melhoria do desempenho, elas no so em si motivacionais. Mais especificamente, as

    discrepncias criadas pelo que os indivduos fazem e o que aspiram a realizar criam uma auto-

    insatisfao, e a tenso criada por no ter ainda atingido uma meta incita a pessoa a atingi-la.

    Como afirmam Campbell e Goold (2007), a mensurao do desempenho um meio

    eficaz de guiar comportamentos e de assegurar a boa orientao dos esforos dentro de uma

    organizao, conferindo uma maior margem de manobra individual. Paralelamente deve-se ter

    a ateno de no se basear em mensurao de produtividade individual, mas considerar o

    impacto de cada um no desempenho coletivo. Se no, corre-se o risco de no se observar os

    comportamentos de cooperao esperados.

    2.1.5 Motivao pela marca

    De acordo com Kapferer (2005), uma marca pode exprimir a maneira pela qual a

    empresa v seu ambiente, bem como um ideal. Uma marca pode definir o papel que a

    empresa deseja representar, pode tambm canalizar as iniciativas de cada um em direo a

    objetivos comuns. Uma marca exprime com freqncia, mesmo que indiretamente, uma

  • 21

    promessa aos clientes. Esta promessa mobiliza e encoraja os funcionrios a respeitar o

    engajamento com os clientes. Uma marca toca o emocional, quando a maioria das ferramentas

    de gerenciamento procura uma resposta racional. Jogando com mensagens explcitas e

    emocionais, uma marca pode suscitar uma motivao profunda.

    Para os funcionrios forte a tentao de se ocupar unicamente de seu trabalho,

    negligenciando a dimenso coletiva. A marca refora o sentimento de pertencer a uma mesma

    comunidade, reflete um ideal comum e se traduz em elementos compartilhados por todos:

    identidade visual, smbolos, etc. A marca permite contrabalancear essa tendncia ao

    individualismo. Para que a marca possa seduzir o funcionrio tanto quanto o cliente, a

    empresa deve consagrar esforos importantes em promoo interna, fazer com que a marca

    faa parte do cotidiano dos funcionrios, fazer com que cada funcionrio se identifique com a

    marca. Para tanto, deve-se assegurar a coerncia das mensagens passadas pela marca e basear-

    se em uma forma homognea entre a mensagem passada aos clientes e aos funcionrios. Os

    valores de uma marca normalmente so valores abstratos para os funcionrios, logo,

    importante traduzir esses valores de maneira mais concreta possvel.

    importante tambm que haja o exemplo da hierarquia; se os dirigentes se comportam

    de maneira condizente com os valores da marca, os funcionrios possivelmente faro o

    mesmo. E por isso importante que os dirigentes e os responsveis mostrem que a marca

    influencia seu comportamento e suas decises.

    2.2 Trabalho em equipe

    Katzenbach e Smith (2001) definem as equipes como unidades flexveis que

    constituem um importante elemento no alinhamento da estrutura organizacional. Boyett e

    Boyett (1999) afirmam que as equipes so o alicerce das organizaes de alto desempenho e

    que impossvel atingi-lo sem elas, por mais que se tente.

  • 22

    De acordo com Senge (2005), o aprendizado em equipe vital porque a unidade

    fundamental do aprendizado nas organizaes modernas no o indivduo, e sim a equipe. Se

    as equipes no aprendem, a organizao no pode aprender.

    Robbins (2004) faz uma ntida distino entre grupo e equipe, e afirma que grupo o

    conjunto de dois ou mais indivduos que se renem para alcanar determinados objetivos, mas

    que seus participantes no tm a necessidade de se envolver em trabalho coletivo que exija

    um esforo conjunto. O desempenho do grupo meramente a soma dos esforos individuais

    de cada um dos seus membros. Robbins e Finley (1997) estudaram a diferena entre grupos e

    equipes, apresentados na Fig. (2).

    Robbins (2004) afirma que as equipes possuem diferentes necessidades, e as pessoas

    devem ser selecionadas conforme suas personalidades e preferncias. As equipes bem-

    sucedidas possuem pessoas para desempenharem todos os papis-chave, de acordo com suas

    habilidades, e em muitas equipes, indivduos desempenham mltiplos papis. Por outro lado

    ele afirma que, na equipe de alto desempenho, seus integrantes devem aprender a lidar com a

    diversidade. Isso significa que as metas individuais devem dar lugar ao reconhecimento e ao

    sucesso da equipe. Se a equipe brilhar, o mrito de todos os seus membros; se a equipe

    fracassar, a culpa tambm de todos.

    Parker (1995) divide as equipes em trs tipos: equipes funcionais, equipes

    autogerenciveis e equipes interfuncionais.

    - equipes funcionais: tipo clssico de equipe da maioria dos organogramas de

    empresas, com um chefe e seus subordinados diretos;

    - equipes autogerenciveis: possuem autonomia para gerenciar todo o processo de

    trabalho, para implementar solues e assumem responsabilidade total pelos seus atos;

  • 23

    Figura 2: Grupos X Equipes de trabalho

    Fonte: Robbins e Finley (1997, p. 122)

    - equipes interfuncionais: constitudas por funcionrios de diferentes reas de trabalho

    e de diversos nveis hierrquicos. Segundo Parker (1995), elas combinam conjuntos de

    habilidades que nenhum indivduo isolado possui.

    Vantagens do trabalho em equipes, segundo Robbins e Finley (1997):

  • 24

    - Aumentam a produtividade;

    - Melhoram a comunicao;

    - Realizam tarefas que grupos comuns no podem fazer;

    - Fazem melhor uso dos recursos;

    - So mais criativas na resoluo dos problemas;

    - Tomam decises de alta qualidade;

    - Resultam em melhores produtos e servios;

    - Apresentam processos melhorados;

    - Diferenciam enquanto integram.

    Katzenbach e Smith (2001) apontam o segredo para se criar equipes eficazes, como

    sendo:

    - Priorizar a necessidade de se proporcionar uma meta de desempenho desafiadora e

    irresistvel: Esse desafio o autor traduz em duas atitudes: que os membros realmente

    trabalhem juntos e que haja um deslocamento no papel de liderana para que se aproveitem as

    habilidades dos membros. O conjunto de habilidades dos membros, segundo ele,

    fundamental para o sucesso da equipe. Ele afirma que as diferenas de personalidade dos

    integrantes no fator relevante, se os membros da equipe tiverem habilidades

    complementares e se respeitarem mutuamente.

    - Autoridade da equipe: As equipes dotadas de autoridade exercem, segundo Parker

    (1995), controle sobre suas tarefas e seus processos, implementam solues e assumem

    responsabilidade total pelos seus resultados.

    - Tamanho da equipe: Uma equipe eficaz no pode ser grande. Na opinio de

    Katzenbach e Smith (2001), a equipe eficaz deve ter menos de dez membros.

    - Avaliao do desempenho e recompensa: As organizaes que trabalham com

    equipes, segundo Parker (1995), esto encontrando novas formas de avaliao de desempenho

  • 25

    e de recompensa que no privilegie apenas o desempenho individual, mas que premie tambm

    o trabalho em equipe.

    - Dinmica interpessoal: As equipes oferecem uma estimulante oportunidade de troca

    de conhecimento e informaes e a oportunidade de aprender com pessoas diferentes;

    medida que as pessoas conhecem os valores e as necessidades das outras, elas aprendem a

    interagir eficazmente com elas. "H o desenvolvimento de habilidades interpessoais e uma

    maior facilidade para trabalhar com estranhos e at com inimigos, atributo fundamental para

    uma equipe de alto desempenho (PARKER, 1995).

    - Apoio administrativo: A falta de apoio da alta administrao ou da administrao

    intermediria, de acordo com o mesmo autor, uma barreira fatal ao sucesso das equipes. Ele

    v como fundamental que a administrao da organizao propague abertamente a sua

    inteno de utilizar o trabalho das equipes como estratgia para o alcance de maior qualidade.

    Uma das caractersticas centrais dos programas de melhoria contnua do processo o

    uso de equipes, segundo Robbins e Decenzo (2004). As equipes proporcionam o veculo

    natural para que os funcionrios troquem idias e tragam melhorias. A essncia da melhoria

    contnua a melhoria do processo, e a participao do funcionrio chave para a melhoria do

    processo. Em outras palavras, a melhoria contnua requer que a administrao encoraje os

    funcionrios a trocar dias e a agir sobre o que eles sugerem. Nenhum dos vrios processos e

    tcnicas vingar e ser aplicado, exceto nas equipes de trabalho. Todas essas tcnicas e

    processos exigem altos nveis de comunicao e contato, resposta, adaptao e coordenao e

    seqncia. Resumindo, elas exigem um ambiente que s pode ser proporcionado por equipes

    superiores de trabalho.

    No entanto, Robbins (2004) alerta para uma descoberta importante relacionada ao

    tema: a "folga social", que se trata da tendncia que as pessoas tm de se esforarem menos

  • 26

    quando trabalham em grupo. Ou seja, a produtividade de um grupo no , necessariamente, a

    soma da produtividade de cada elemento que o compe.

    Robbins e Decenzo (2004) comentam que o sistema de recompensas da organizao

    precisa encorajar os esforos cooperativos, no os competitivos. Promoes, aumento de

    salrio e outras formas de reconhecimento devem ser dados aos funcionrios que sejam

    membros colaborativos e eficazes da equipe.

    De acordo com Pithon (2004), o trabalho cooperativo aquele em que vrias pessoas

    articulam separadas, fisicamente ou no, a realizao de uma tarefa comum, de forma

    sncrona ou assncrona. Segundo ele, a colaborao, a troca de informao, a capacidade de

    comunicao, o respeito s diferenas individuais e o exerccio da negociao so requisitos

    importantes para o trabalho cooperativo. O papel da comunicao fundamental, podendo ser

    realizado de vrias formas, atravs de encontros face a face ou por meios eletrnicos.

    Segundo Robbins e Decenzo (2004), isso no significa que a contribuio individual

    seja ignorada, mas sim que ela equilibrada com as contribuies altrustas para a equipe. Os

    exemplos de comportamentos que deveriam ser recompensados incluem o treinamento de

    novos companheiros, o compartilhamento de informaes com os colegas de equipe, ajuda na

    soluo dos conflitos da equipe e domnio de novas habilidades nas quais a equipe esteja

    deficiente. Por ltimo, os gerentes no podem se esquecer das recompensas inerentes que os

    funcionrios recebem com o trabalho em equipe. As equipes de trabalho proporcionam

    companheirismo. motivo de satisfao integrar uma equipe bem sucedida. A oportunidade

    de se envolver no desenvolvimento pessoal e de ajudar no crescimento de colegas de equipe

    pode ser uma experincia gratificante para todos os funcionrios.

  • 27

    2.2.1 A diferena entre lder e gestor

    De acordo com Bennis e Nanus (1988), h uma distino clara entre um lder e um

    administrador ou gestor. O lder opera os recursos emocionais e espirituais da organizao,

    sobre seus valores, comprometimentos e aspiraes. Em contraste, o administrador opera

    sobre os recursos fsicos da organizao, sobre seu capital, habilidades humanas, matrias

    primas e tecnologia. Ainda segundo Bennis e Nanus (1988), qualquer administrador

    competente pode possibilitar que as pessoas da organizao ganhem para viver. Um

    administrador excelente pode providenciar para que este trabalho seja feito produtiva e

    eficientemente, seguindo-se o cronograma e com alto nvel de qualidade. Mas fica a cargo do

    lder efetivo ajudar as pessoas a sentirem orgulho e satisfao no seu trabalho. Os grandes

    lderes muitas vezes impulsionam seus seguidores a altos nveis de realizao, mostrando-lhes

    como seu trabalho contribui para fins significativos.

    De acordo com Gaudncio (2007), o lder sabe o que quer, tem um sonho e, alm

    disso, quer o que sabe. Para ele o importante a concretizao do sonho, no a glria de faz-

    lo.

    Gaudncio (2007) afirma que, enquanto o lder deve focar o mundo externo, o gestor

    precisa se ater ao mundo interno da empresa, tornando realizveis as idias revolucionrias do

    lder, organizando a estrutura, alocando recursos e mantendo o controle operacional. Lderes

    lidam com vises inspiradoras e gestores lidam com sistemas de avaliao de desempenho,

    planos e oramentos.

    Segundo Gaudncio (2007), tratando lderes e gestores como pessoas distintas, com

    funes tambm distintas, ele mostra que liderana e gerenciamento so habilidades

    diferentes e complementares. E que ambas podem ser desenvolvidas tanto por lderes quanto

    por gestores. Gaudncio (2007) afirma ainda que de nada adianta aprender e treinar os

  • 28

    comportamentos corretos para cada situao se a pessoa no estiver emocionalmente pronta

    para liderar.

    De acordo com Deming (1990), um lder deve ter conscincia das diferenas entre as

    pessoas e utiliz-las para otimizar as habilidades e inclinaes de todos.

    2.3 Equipes auto-gerenciveis

    O conceito bsico de equipes autogerenciveis consiste em implicar

    os operacionais na elaborao da estratgia e dos processos, diferente do

    modelo de organizao tradicional, no qual os dirigentes tomam as decises

    estratgicas e os operacionais colocam em prtica (CABANA E PURSER,

    1998).

    Katzenbach e Smith (2001) vem as equipes autogerenciveis como uma forma de

    criar valor para a organizao com o trabalho individual de cada um e da equipe com maior

    velocidade, apesar de ter um potencial de desempenho menor.

    Candia (2007) afirma que desenvolver, cultivar e consolidar o esprito de trabalho em

    equipes autogerenciadas resulta na melhoria do desempenho do trabalho, e que a percepo

    pelos colaboradores de que sucesso econmico e o desenvolvimento das pessoas ocupam o

    mesmo nvel de prioridade para a organizao, alavanca o alto desempenho do indivduo e da

    organizao.

    A estrutura hierrquica implica que o chefe aquele que decide. Como afirmam

    Campbell e Goold (2007), em uma poca onde a reatividade cada vez mais crtica, os

    circuitos oficiais de circulao de informao fazem perder um tempo precioso. uma das

    razes pelas quais as grandes estruturas so ultrapassadas pelas pequenas estruturas na corrida

    pela inovao. Concebidas inicialmente para resolver problemas, as estruturas matriciais na

    verdade agravaram estes problemas. Em vez de um chefe, um grande nmero de empregados

    tem agora dois, devendo reportar em dobro, com o dobro de precaues a tomar, com ordens

    contraditrias, com espera por decises s vezes impossveis de acatar.

    Segundo eles, as abordagens de maior sucesso so as que conseguem manter o melhor da

    estrutura hierrquica, dando os meios de tirar proveito das individualidades e reduzindo a

  • 29

    complexidade das interaes. Elas partem de trs princpios: estruturas mais leves e flexveis;

    um local de trabalho propcio s interaes; um modo de gesto estimulante e que canalize a

    iniciativa.

    De acordo com Campbell e Goold (2007), para favorecer as trocas e colaborao, deve-

    se antes de tudo minimizar o peso das estruturas hierrquicas, de forma a estimular o

    dinamismo. Segundo eles, recomendvel que se reduza ao mnimo o nmero de nveis

    hierrquicos. A estratificao excessiva uma causa de perda de informaes e de prazos

    inatingveis. Para isto, deve-se focar a atividade dos gestores sobre sua atividade principal, e

    permitir que sejam chamados a funes de suporte para outras tarefas. Isso permite enquadrar

    diretamente um maior nmero de colaboradores e minimizar o nmero de nveis hierrquicos.

    Tradicionalmente, os dirigentes separam claramente as responsabilidades de deciso

    das de execuo; as primeiras so confiadas ao responsvel hierrquico e as segundas aos

    operacionais.

    Em equipes autogerenciveis adotado um modelo onde os

    empregados so ao mesmo tempo responsveis pela execuo das atividades

    e pela tomada de decises. Este modelo de organizao se ope ao modelo

    tradicional principalmente em dois pontos: cada um dispe de uma grande

    autonomia na realizao de cada misso, e a dicotomia entre operacional e

    dirigente tende a desaparecer (CABANA E PURSER, 1998).

    Cabana e Purser (1998) afirmam que, para isto, os superiores hierrquicos diretos

    devem evoluir e assumir a funo de assegurar a coordenao transversal da empresa, em vez

    de simplesmente pilotar sua equipe; eles devem proteger suas equipes dos pequenos fatores

    cotidianos que atrapalham no cumprimento do objetivo principal. Devem consagrar cada vez

    mais tempo na definio de orientaes claras, negociar objetivos com as equipes, garantir a

    coerncia entre os objetivos estratgicos e a experincia da equipe, e aportar os meios

    necessrios progresso. Com isto os resultados esperados so uma maior conscincia da

    estratgia, dos objetivos da empresa, e uma aplicao rpida das aes definidas.

  • 30

    No modelo tradicional de organizao, os dirigentes tomam as decises estratgicas e

    os operacionais colocam em prtica. Cabana e Purser (1998) confirmam que hoje este modelo

    est obsoleto e deve ser substitudo por uma nova linha que favorea a iniciativa e a

    criatividade de cada um dentro da empresa.

    Segundo Barlett e Ghoshal (1998), o modelo clssico de organizao de empresas foi

    construdo sobre a homogeneidade da autoridade hierrquica. Com os papis estando

    claramente repartidos, os dirigentes definem a estratgia da empresa e decidem a alocao

    estratgica de recursos, enquanto os operacionais pem em prtica a estratgia, traduzindo-a

    em aes e resultados. Hoje este modelo no mais apropriado por diversas razes. Este tipo

    de organizao respondia s preocupaes da poca do ps-guerra: gerir recursos limitados,

    de maneira a dedic-los s atividades mais rentveis da empresa. Atualmente as empresas

    competem mais sobre as competncias e o conhecimento que sobre o capital ou os recursos

    tecnolgicos, que so rapidamente copiados. Da a necessidade de evoluir para um modelo de

    organizao capaz de desenvolver e explorar os conhecimentos de cada um.

    O modelo clssico corresponde a um mundo relativamente estvel, previsvel. O

    mundo econmico evolui cada vez mais rpido e as estruturas tradicionais devem deixar lugar

    s organizaes capazes de perceber rapidamente as evolues e reagir de acordo com as

    oportunidades (BARLETT E GHOSHAL, 1998)

    O modelo tradicional deixa pouco lugar iniciativa individual e criatividade. De

    acordo com Barlett e Ghoshal (1998), a maioria das grandes organizaes perdeu desta forma

    o esprito de empresa que um dia foi a fonte de seu sucesso; frustrados em ver sua criatividade

    e suas iniciativas apagadas por procedimentos padronizados, os operacionais perderam a

    motivao, por isso h a necessidade de evoluir em direo a um modelo de organizao que

    d mais lugar ao indivduo. Uma organizao capaz de desenvolver e de utilizar as

  • 31

    competncias de cada um, capaz de imaginar novas solues, qualquer que seja a estratgia

    passada.

    Barlett e Ghoshal (1998) afirmam que, no conceito de equipes autogerenciveis, os

    recursos e responsabilidades devem ser delegados para pequenas unidades autnomas para

    que se desenvolva uma cultura de autodisciplina e de apoio. Este tipo de organizao incita

    seus colaboradores a agir como se gerenciassem sua prpria empresa.

    Os autores afirmam tambm que para evitar que a descentralizao se degenere em

    caos, a empresa deve promover a autodisciplina, o que demanda muito tempo e esforo. Mas

    uma vez este estado de esprito criado, ele permite direo reduzir os controles e deixar que

    os operacionais se consagrem atividade da empresa mais que atividade de reportar.

    Para desenvolver a autodisciplina, Barlett e Ghoshal (1998) sugerem a fixao de

    modelos de desempenho claros e favorecer amplo acesso informao, pois sem o apoio da

    hierarquia, os operacionais correm o risco de ter dificuldades a se metamorfosear de

    executantes a empreendedores. Para isso deve-se facilitar a aquisio de competncias pelos

    operacionais, para assumir responsabilidades de empreendedores, mas tambm desenvolver

    uma cultura de confiana, permitindo a tomada de riscos.

    Segundo Fleming et al. (2005), as atitudes da hierarquia afetam as atitudes do

    empregado, e as atitudes do empregado afetam o desempenho financeiro da organizao. Os

    responsveis intermedirios devem tambm abandonar o papel de controle para endossar o

    papel de formador, encorajando a transmisso de informaes e colaborao, para que se crie

    um ambiente que promova a iniciativa e se ultrapassem limites.

    Para Pinchot (1995), enfrentar os novos desafios passou a requerer organizaes

    vvidas e inteligentes. As tarefas repetitivas passaram a ser executadas em sua maioria por

    mquinas, e o trabalho remanescente passou a exigir iniciativa e flexibilidade. O trabalho no

    qualificado est sendo substitudo por tarefas que envolvem conhecimento e treinamento

  • 32

    tcnico, e requer imaginao, coleta de informaes, integrao de conhecimento com colegas

    de outras unidades da organizao, fazendo com que o chefe no seja mais o detentor absoluto

    do poder. As tarefas do gestor esto mais prximas de estimular os talentos das pessoas em

    torno de um objetivo comum, de preparar o trabalhador para a inovao no trabalho em

    equipe e para a dedicao, que constitui a essncia do trabalho moderno.

    Como afirmam Slack et al. (1996), "no temos ainda a clareza proporcionada pelas

    anlises a posteriori para julgar se uma idia um modismo temporrio ou uma tendncia

    genuna". Com isso em mente, a ltima tendncia (discutivelmente) mover-se na direo do

    empowerment das pessoas em seus trabalhos. Empowerment definido pelos autores como

    uma extenso da caracterstica do trabalho de autonomia, proeminente da abordagem

    comportamental do projeto de trabalho. Ainda segundo Slack et al. (1996), empowerment

    usualmente considerado como sendo mais que autonomia. Considerando que autonomia

    significa dar ao pessoal a habilidade de mudar como eles fazem seu trabalho, empowerment

    significa dar ao pessoal autoridade para fazer mudanas no trabalho em si, assim como na

    forma como ele desempenhado.

    De acordo com Juran (1998), empowerment do empregado uma forma avanada de

    envolvimento deste empregado. Empowerment uma condio na qual o empregado tem o

    conhecimento, sabedoria, autoridade e vontade para decidir a agir dentro de limites prescritos.

    O empregado se responsabiliza pelas conseqncias das aes e pela contribuio para o

    sucesso da empresa. Em uma organizao com empowerment, os empregados tomam aes

    para responder s necessidades e oportunidades vistas diariamente: satisfao do cliente,

    segurana nas operaes, qualidade e valor de produtos e servios, proteo ao meio

    ambiente, resultados dos negcios e melhoria contnua de processos, produtos e pessoas. O

    potencial completo do empowerment do empregado realizado quando os empregados

    alinham seus objetivos com os propsitos da organizao; tm a autoridade e oportunidade de

  • 33

    maximizar sua contribuio; so capazes de tomar as aes apropriadas; so comprometidos

    com os objetivos da organizao; e tm os meios de alcanar estes objetivos. Segundo Juran

    (1998), empowerment pode ser definido pela equao:

    Empowerment = Alinhamento x Autoridade x Capacitao x Comprometimento

    Definidos como:

    - Alinhamento: para que os empregados estejam alinhados com os objetivos da

    organizao, eles devem saber as necessidades de clientes; saber, concordar e estar preparados

    para contribuir com esforo para a estratgia da organizao, objetivos, metas e planos.

    - Autoridade e oportunidade: para que os empregados tenham autoridade e

    oportunidade de maximizar sua contribuio, a organizao deve providenciar negcios onde

    autoridade individual, responsabilidade e capacitao sejam consistentes, as barreiras para o

    exerccio da autoridade tenham sido removidas, e haja suporte e ferramentas necessrias.

    - Capacitao: sem capacitao, pode ser perigoso para os empregados tomar certas

    aes. Os objetivos da organizao podem no ser atingidos se estes empregados no

    souberem quais aes tomar ou como tom-las. Os empregados devem estar capacitados a

    atingir metas apropriadas. Empregados com empowerment sabem como fazer e tm

    conhecimento e informao para faz-lo. Treinamento um significativo meio de

    desenvolver a capacitao dos empregados.

    - Comprometimento: um estado de esprito o qual evidenciado quando o

    empregado assume responsabilidade para ter sucesso e toma iniciativa para alcanar este

    sucesso. A organizao precisa ganhar o comprometimento dos empregados atravs de

    contnua demonstrao de que os empregados so valiosos membros da organizao, e atravs

    de reconhecimento apropriado e recompensa.

  • 34

    Segundo Juran (1998), numerosos comportamentos positivos podem ser observados

    entre membros de equipes com empowerment, e so atribudos ao ambiente criado pela

    equipe. Por exemplo: foco em satisfazer os objetivos da organizao (satisfazendo o cliente e

    atingindo objetivos financeiros), mais do que tentar satisfazer o supervisor; comportamento

    como proprietrios da organizao; mais empreendedorismo e inovao. Boa comunicao

    dentro e fora das equipes. Comunicao aberta a chave em todos os exemplos anteriores.

    Membros de equipes com empowerment dividem a responsabilidade da liderana, s

    vezes de boa vontade, s vezes com relutncia. A tomada de decises mais colaborativa,

    com consenso no objetivo. Equipes de trabalho chegam a acordos ganha-ganha. O trabalho

    em equipe encorajado. A nfase mais em soluo e preveno de problemas que em achar

    o culpado.

    Segundo Ishikawa (1993), se o gestor delegar autoridade livremente, seus

    subordinados usaro plenamente as suas capacidades e crescero em seus trabalhos. Ele

    afirma tambm que a educao no deve ficar confinada a instrues e bom treinamento. O

    objetivo fazer com que seus subordinados tornem-se auto-suficientes em seus trabalhos.

    Juran (1998) afirma que em equipes maduras os membros so implicados no

    crescimento de todos no trabalho, e os membros atingem todo o seu potencial. Os membros

    dividem suas experincias e apiam uns aos outros, e seu objetivo focado no sucesso da

    equipe, mais do que no sucesso pessoal.

    Manz e Sims (1996) relataram o sucesso da implantao de um processo de Qualidade

    Total com trabalho em equipes autogerenciadas, vivenciado pela TIM Texas Instruments da

    Malsia. A histria mostra como as equipes podem desempenhar papel fundamental nos

    programas de gesto da Qualidade Total e mostra as vantagens impressionantes que as

    equipes podem proporcionar s organizaes. Como resultado da prtica de autocontrole dos

    operadores, foram registrados aumentos sustentados na produo e qualidade. A mdia de

  • 35

    defeitos de qualidade por milho de peas foi reduzida dez vezes em oito anos. O tempo de

    ciclo foi reduzido metade e o tempo de paralisao por motivos de falha e defeitos foi

    reduzido em 75%. Aps 11 anos, as unidades de produto expedidas aumentaram em 150%.

    De acordo com Manz e Sims (1996), a estrutura organizacional original era uma

    hierarquia funcional/vertical, com departamentos especializados e independentes. A

    organizao iniciou a mudana em 1980 e comemorou os resultados aps 12 anos. Entre os

    resultados os autores destacam: a relao operrio supervisor era de 60:1 e mudou para 200:1,

    e as posies de superviso diminuram de 79 para 18. A seguir alguns indicadores da

    melhoria de desempenho:

    - A TIM atribuiu uma economia de US$ 50 milhes em dez anos, apenas s melhorias

    de qualidade.

    - De 1980 a 1991, as unidades de produto expedidas aumentaram de 400 milhes para

    um bilho por ano. A produtividade per capita no mesmo perodo aumentou em 212%.

    - O tempo de ciclo aps 12 anos foi reduzido em 50%.

    - Como resultado da prtica do autocontrole dos operadores, a mdia de defeitos de

    qualidade foi reduzida dez vezes de 1982 a 1990.

    - Em 1989 a TIM recebeu o prmio de Excelncia em Produo da Malsia.

    - Em 1991 a TIM foi vencedora do prmio Excelncia para Gesto da Qualidade do

    Ministrio da Indstria e Comrcio Internacional.

    Como citam Robbins e Decenzo (2004), um grupo de trabalho interage principalmente

    para compartilhar informaes e para tomar decises que ajudaro cada membro a agir dentro

    de sua rea de responsabilidade. Os grupos de trabalho no precisam e no tm a

    oportunidade de se envolver no trabalho coletivo, que exige um esforo conjunto.

    Conseqentemente seus desempenhos so simplesmente a soma das contribuies individuais

    de todos os membros do grupo. No h uma sinergia positiva, que criaria um nvel geral de

  • 36

    desempenho maior do que a soma das contribuies. Uma equipe de trabalho, por outro lado,

    gera sinergia positiva, por meio de um esforo coordenado. Seus esforos individuais

    resultam num nvel de desempenho que superior soma das contribuies individuais.

    De acordo com Robbins e Decenzo (2004), uma equipe de trabalho autogerenciada

    um grupo formal de funcionrios que opera sem um gerente e responsvel por um processo

    ou segmento de trabalho completo, que entrega um produto ou servio para um cliente

    externo ou interno. Esse tipo de equipe tem um controle sobre o seu ritmo de produo,

    determina as tarefas e os horrios dos intervalos e inspeciona o prprio trabalho. As equipes

    de trabalho totalmente autogerenciadas selecionam seus integrantes e fazem com que eles

    avaliem o desempenho uns dos outros. Como resultado, as posies de superviso no tm

    muita importncia e podem at ser eliminadas.

    Ter um bom desempenho em equipe envolve um conjunto de comportamentos, e

    novos comportamentos podem ser aprendidos. At mesmo uma grande parte das pessoas

    criadas sob valorizao de realizaes individualistas pode ser treinada para se tornar

    integrante de equipe. Os especialistas em treinamento podem conduzir exerccios que

    permitam aos funcionrios experimentar a satisfao proporcionada pelo trabalho em equipe

    (ROBBINS E DECENZO, 2004).

    2.3.1 Equipes de Engenharia Concorrente

    De acordo com Pithon (2004), o conceito de equipes autogerenciveis se assemelha

    bastante com o de equipe de Engenharia Concorrente, tambm denominada Engenharia

    Simultnea. As definies de Engenharia Concorrente abordam vrias palavras consideradas

    chaves para o sucesso de sua implantao: trabalho em equipe, cooperao, qualidade do

    produto e ciclo de vida. Estas definies tambm partilham a hiptese de que a Engenharia

  • 37

    Concorrente o meio para aprimorar a qualidade do projeto do produto com a reduo dos

    custos.

    Segundo Pithon (2004), para alcanar as propostas da Engenharia Concorrente,

    fundamental a formao de uma equipe multidisciplinar com pessoas de todas as reas e

    especialidades envolvidas no projeto. Esta equipe pode crescer ou diminuir ao longo de sua

    existncia, mantendo sempre um mesmo ncleo de pessoas que acompanham o

    desenvolvimento. A equipe deve trabalhar em sintonia, considerando todos os detalhes, para

    que o trabalho realizado em cada rea disciplinar seja compatvel com as demais e que cada

    uma alimente a outra com informaes corretas e no tempo certo (PITHON, 2004).

    Uma caracterstica importante da equipe de Engenharia Concorrente ser responsvel

    por todo o projeto e possuir autoridade para as decises. Esta atitude requer treinamento dos

    membros da equipe e da gerncia para ser efetivo. Alm disso, para que a Engenharia

    Concorrente tenha sucesso, preciso que exista a comunicao efetiva entre os seus

    integrantes. Esta comunicao envolve as pessoas, a troca de dados, e, talvez a atividade mais

    importante do time multidisciplinar, a documentao e o gerenciamento das informaes e das

    decises realizadas, para que possam ser recuperadas sempre que necessrio (PITHON,

    2004).

    Pithon (2004) afirma que diversos fenmenos bastante conhecidos explicam por que

    as equipes apresentam bom desempenho. Em primeiro lugar, elas conseguem reunir

    conhecimentos e experincias complementares que, por definio, excedem as de qualquer

    indivduo participante da equipe. Essa mescla de conhecimento e habilidade capacita as

    equipes a reagir a desafios complexos, tais como inovao, qualidade e servio ao cliente. Em

    segundo lugar, ao desenvolver metas e abordagens claras, as equipes estabelecem

    comunicaes que do suporte soluo de problemas e iniciativa em tempo real. As

  • 38

    equipes so flexveis em resposta a variaes ocorridas em eventos e em exigncias. Em

    terceiro lugar, as equipes oferecem uma dimenso social nica, que reala os aspectos

    econmicos e administrativos do trabalho.

    Comparando as equipes em Engenharia Concorrente com o conceito de equipes

    autogerenciveis, percebe-se que elas se assemelham no que diz respeito a possuir autonomia

    para as decises e necessitar de uma comunicao eficaz e rapidez na iniciativa. Mas as

    equipes em Engenharia Concorrente so necessariamente multidisciplinares, diferentes das

    equipes autogerenciveis que podem s-lo ou no. No estudo de caso que ser apresentado as

    equipes no so multidisciplinares.

    2.3.2 Dificuldades na implantao de equipes autogerenciveis

    De acordo com Robbins (2004), apesar das histrias impressionantes, deve-se ter um

    pouco de cautela, pois de maneira geral, a pesquisa sobre a eficcia de equipes auto-

    gerenciadas no tem revelado sempre resultados positivos.

    Fucini e Fucini (1990, apud Candia 2007) pesquisaram durante dois anos as condies

    de trabalho em uma montadora japonesa nos EUA: a planta FlatRock, foi organizada no

    modelo da matriz japonesa, enfatizando o trabalho em equipe, a valorizao do trabalhador e

    a busca da Qualidade Total. Os pesquisadores acompanharam os trabalhadores durante dois

    anos e constataram que os trabalhadores se sentiam mais pressionados para controlar a sua

    produo e aumentar o ritmo de trabalho, como tambm para controlar o desempenho e

    produo de seus colegas. Segundo os pesquisadores, o trabalho em equipe ao invs de

    incentivar o companheirismo e a ajuda mtua, tornou-se uma nova forma de controle do

    grupo, apesar de nos treinamentos ter sido dada nfase ao fato de que a funo de controlar a

    qualidade era responsabilidade de cada trabalhador, que estes teriam poder de intervir no

    processo, mesmo parar a linha de produo se detectassem qualquer problema ou defeito de

    qualidade, e de comunicar ao chefe, a quem caberia investigar a causa do problema. Na

  • 39

    prtica os trabalhadores no encontraram espao para participar de fato, uma vez que a

    hierarquia, pressionada para atingir as cotas de produo, impedia essa liberdade. E como

    afirma Maslow (1970) "a gerncia autoritria ultraja a dignidade do trabalhador". Os

    programas de segurana e sade do trabalho no fizeram jus s promessas e preocupaes

    manifestas nos documentos da empresa, de criar condies para o bem-estar fsico e

    emocional dos trabalhadores. Ao contrrio, Fucini e Fucini (1990, apud Candia 2007)

    revelam que as estatsticas de acidentes de trabalho e de doenas causadas por movimentos

    repetitivos realizados sob presso eram maiores em FlatRock, no perodo investigado, do que

    em outras montadoras do estado de Michigan, que no haviam implementado a filosofia da

    Qualidade Total.

    Uma investigao emprica realizada por Mc Ardle et al. (1995, apud Candia 2007)

    em uma planta de produtos microeletrnicos no norte da Inglaterra constatou que, desde a

    implementao do sistema de produo flexvel como parte do programa de Qualidade Total,

    os trabalhadores sentiam que o sistema havia aumentado o ritmo de trabalho, ao mesmo

    tempo em que os pressionava a controlar a qualidade da sua produo e dos colegas.

    Empowerment na planta investigada significou poder para propor mudanas nas tarefas no

    sentido de aumentar produtividade e reduzir desperdcios em relao a tarefas especficas,

    mas no de participar do processo de tomada de decises de maior impacto no sistema de

    produo ou em relao s condies de trabalho. Segundo Maslow (1970), "qualquer coisa

    que aumente o medo ou a ansiedade faz com que o equilbrio dinmico entre regresso e

    crescimento recaia na direo da regresso e se distancie do crescimento".

    Slack et al. (1996) citam alguns elementos-chave que ocorrem como importantes pr-

    requisitos de sucesso ou como erros que prejudicam seriamente o xito da implementao de

    estratgias de produo:

  • 40

    - Apoio da alta administrao: Esse apoio sempre importante, principalmente em

    ocasies em que necessria a presena da alta administrao para alocar e coordenar

    recursos.

    - Orientao para o negcio: Qualquer mudana na estratgia de produo significa

    apenas meio para se chegar a um fim melhoria de competitividade. Os imperativos

    competitivos globais da organizao devem estar claramente vinculados a cada parte do

    programa estratgico de produo durante sua durao.

    - A estratgia orienta a tecnologia: A competitividade deve orientar a estratgia de

    produo, que, por sua vez, determina como a tecnologia deve ser desenvolvida.

    - As mudanas estratgicas so integradas: Programas estratgicos de produo bem

    sucedidos envolvem mudanas em vrias frentes, sejam tecnolgicas, organizacionais,

    culturais, etc. Considerar apenas um aspecto torna a viso muito limitada. Integrar as

    estratgias de melhoria, de maneira que venham a apoiar-se mutuamente possibilita que a

    organizao atue com capacidade plena.

    - Investir tanto em pessoas quanto em tecnologia: Algumas organizaes so relutantes

    em investir em recursos humanos, mesmo que seja uma frao do dinheiro aplicado em

    tecnologia. Todavia, mudanas em mtodos, organizao ou tecnologia devem ser apoiadas

    em mudanas de atitude de todos os funcionrios, principalmente de nvel gerencial. A

    reformulao tecnolgica deve ser acompanhada por reformulao social.

    - Administrar tanto a tecnologia como as pessoas: As organizaes freqentemente

    insistem em administrar a tecnologia aps a deciso de investimento ter sido tomada. A

    tecnologia precisa estar integrada na produo por critrios estritamente gerenciais.

    - Todos no mesmo barco: Qualquer estratgia de produo eficaz deve ser entendida e

    apoiada por toda a organizao, particularmente pela estrutura gerencial. Sem isso, as

  • 41

    mudanas so aplicadas por estruturas, atitudes e prticas de trabalho tradicionais e

    antiquadas.

    - Objetivos explcitos e claros: Quando os funcionrios sabem o que se espera deles,

    mais fcil a organizao ser bem sucedida. Desde que a estratgia de produo envolva

    mudana interfuncional, a necessidade de comunicao explcita do propsito global torna-se

    vital.

    - Administrao de projeto baseada no tempo: O estabelecimento de objetivos,

    programaes, planos de recursos e marcos so to importantes quanto qualquer outro projeto.

    Falconi (2004) cita tambm alguns itens a observar:

    Uma empresa, para sobreviver guerra comercial numa economia globalizada, tem

    que atingir metas rigorosas.

    No se atingem metas sem que se faam mudanas.

    Para atingir metas rigorosas so necessrias mudanas rigorosas.

    O processo gerencial um processo de mudanas. Gerenciar atingir metas.

    O papel do gestor compreender esta situao e conduzir as pessoas sob sua

    autoridade para as mudanas necessrias para enfrentar uma economia globalizada e garantir

    a sobrevivncia da empresa e dos empregos.

    Neste processo de mudana, dois fatores so decisivos:

    1. Liderana.

    2. Educao e treinamento.

    A experincia tem mostrado que a empresa vai bem quando tem um bom lder. Em

    uma empresa que vai bem, algumas fbricas vo bem e outras nem tanto. Nas fbricas que

    vo bem, alguns departamentos vo bem e outros no. Tudo depende do lder local.

    Boa liderana sinnimo de boas mudanas.

    Somente a prtica do conhecimento agrega valor (traz benefcios para as pessoas).

  • 42

    As mudanas numa empresa so a prtica do conhecimento.

    Segundo Robbins e Decenzo (2004), para muitos empregados a mudana cria estresse.

    Um ambiente dinmico e incerto caracterizado por reestruturaes, reduo de pessoal,

    concesso de poderes e assuntos de teor pessoal tem feito com que muitos empregados se

    sintam cansados de trabalhar e estressados. As restries e as exigncias podem levar ao

    estresse potencial. Quando atreladas incerteza sobre o resultado e importncia do

    resultado, o estresse potencial se torna estresse real. Independentemente da situao, se forem

    removidos a incerteza ou a importncia, ser removido o estresse.

    O que no falta nas organizaes so fatores causadores de estresse. As presses para

    evitar erros ou completar tarefas em um tempo limitado, um supervisor exigente, um colega

    de trabalho antiptico so alguns exemplos.

    Os fatores de estresse so organizados em cinco categorias, de acordo com Robbins e

    Decenzo (2004):

    - As exigncias das tarefas: so relacionados ao cargo do funcionrio. Elas incluem o

    tipo de cargo da pessoa (autonomia, variedade da tarefa, grau de automao), as condies de

    trabalho e o layout do trabalho fsico. As cotas de trabalho que podem pressionar os

    funcionrios quanto a seus resultados so vistos como excessivos. Quanto mais

    interdependncia houver entre as tarefas de um funcionrio e as tarefas de outros, maior a

    possibilidade de estresse. A autonomia, por outro lado, tende a diminuir o estresse.

    - As exigncias do papel: esto relacionadas s presses exercidas sobre um

    funcionrio em relao sua funo especfica na organizao. Os conflitos do papel criam

    expectativas que podem ser difceis de conciliar ou satisfazer. A sobrecarga do papel acontece

    quando se espera que o funcionrio faa mais do que o tempo permite. Ambigidade do papel

    surge quando as expectativas do papel no so compreendidas claramente e o funcionrio no

    tem certeza do que para ele fazer.

  • 43

    - As exigncias interpessoais: so presses criadas por outros funcionrios. A falta de

    apoio social dos colegas e os relacionamentos interpessoais medocres podem causar muito

    estresse, principalmente entre os funcionrios com alta necessidade social.

    - A estrutura organizacional tambm pode aumentar o estresse. O excesso de regras e a

    falta de oportunidade para o funcionrio participar das decises que o afetam so exemplos de

    variveis estruturais que podem ser fontes potenciais de estresse.

    - A liderana organizacional representa o estilo de superviso dos dirigentes da

    empresa. Alguns gerentes criam uma cultura calcada na tenso, no medo e na ansiedade. Eles

    estabelecem presses irrealistas para desempenhar em curto prazo, impem controles muito

    rgidos e rotineiramente despedem funcionrios que no satisfazem. Esse tipo de liderana

    acaba permeando a organizao, afetando a todos os funcionrios.

    A reduo do estresse mais um dos dilemas para os gerentes. Um pouco de estresse

    nas organizaes absolutamente necessrio. Sem ele as pessoas no tm energia. Da mesma

    maneira, quando algum considera a reduo do estresse, o que realmente se questiona a

    reduo de seus aspectos disfuncionais.

    Um dos primeiros meios de reduzir o estresse certificando-se de que os funcionrios

    combinam adequadamente com seus cargos, e que eles compreendem a extenso de sua

    autoridade. Alm disso, ao deixar que os funcionrios saibam exatamente o que se espera

    deles, o conflito e a ambigidade do papel podem ser reduzidos. Os funcionrios deveriam ter

    opinies sobre as coisas que os afetam. O envolvimento e a participao deles ajuda a

    diminuir o estresse.

    De acordo com Hutchens (1999), a postura defensiva uma reao natural. Dizer que

    precisamos transformar nossa cultura para aprendizagem pode parecer significar que, at

    agora, ns no estivemos aprendendo, o que, segundo ele, no necessariamente uma

    verdade. Ao contrrio, o desafio enfrentado pelas organizaes a institucionalizao da

  • 44

    aprendizagem, pela definio e construo de competncias e estruturas para a aprendizagem,

    tais como cultura, processos, sistemas e habilidades.

    Segundo Candia (2007), a hiptese que afirma que todos os trabalhadores na

    organizao esto desejosos de ter um bom desempenho e produzir qualidade, bastando serem

    bem informados das necessidades do seu cliente interno - externo e devidamente treinados

    com os mtodos e tcnicas estatsticas da qualidade falha, mesmo que, como prtica, esteja

    internalizada na organizao. Esta hiptese ignora o fato de que nem todos os indivduos

    apresentam as mesmas motivaes, o mesmo desejo e a mesma disposio. Na organizao

    nem todos esto desejosos de ter um bom desempenho e produzir qualidade, uma vez que

    nem todos podem ver o ato de produzir qualidade como algo que ele faz ou que aprendeu e

    que satisfaa significativamente a uma ou mais de suas necessidades; conhecer as

    necessidades dos clientes, apenas como uma motivao extrnseca ser pura informao, e a

    informao no conduz a aes compromissadas e nem responsveis; treinar pessoas com

    mtodos e tcnicas estatsticas sem antes educar um erro; uma ao destinada para as

    pessoas que, como autmatos, iro reproduzir os comportamentos solicitados de modo

    extrnseco e desprovidos de autonomia, compromisso e responsabilidade.

    Robbins (2004) cita tambm que uma barreira substancial para a utilizao das equipes

    a resistncia do trabalhador, pois seu sucesso no mais definido em termos de desempenho

    individual. Segundo ele, para ter um bom desempenho como membro de uma equipe,

    preciso ser capaz de se comunicar aberta e honestamente, confrontar diferenas e resolver

    conflitos, bem como sublimar as metas pessoais visando ao bem do grupo, o que para muitos

    funcionrios uma tarefa difcil, quando no impossvel.

    Boyett e Boyett (1999) citam alguns mecanismos que podem ser utilizados para as

    equipes vencerem os obstculos ao desenvolvimento:

  • 45

    - Reconhecer o trabalho: a equipe deve ter seu trabalho concentrado em algumas

    questes estratgicas, ao invs de se tentar mudar tudo de uma vez;

    - Organizar as equipes em torno de processos como um todo: atribuir s equipes

    responsabilidade por todos os aspectos do trabalho associados gerao de um determinado

    produto ou servio, abrangendo o processo do incio ao fim;

    - Garantir livre acesso ao suporte tcnico e a outras formas de suporte: facilitar a

    comunicao entre as equipes e demais unidades da organizao;

    - Redefinir o sistema de informaes: os membros da equipes devem ter livre acesso

    tecnologia da informao que os liga s pessoas com as quais trabalham e lhes permite

    compartilhar banco de dados comuns;

    - Criar uma ambiente de trabalho adequado: O ambiente deve ser compatvel com a

    filosofia de trabalho de uma organizao baseada em equipes de alto desempenho. Isso

    significa que a organizao deve ser igualitria, no sendo aceitvel separao de entradas, de

    local de refeies, de salas individuais para os membros das equipes em decorrncia de

    diferentes nveis hierrquicos.

    2.3.3 O papel do gestor na implantao de equipes autogerenciveis

    Segundo Juran (1998), empregados que sempre trabalharam sobre um sistema de

    gerenciamento tradicional, onde o chefe d as ordens e os empregados executam, podem no

    se adaptar instantaneamente a uma alta participao, um sistema de trabalho de alto

    desempenho. H muito a se aprender, e muitos hbitos a ultrapassar. Esta evoluo deve ser

    gerida, passo a passo, para preparar os membros das equipes para os mltiplos conhecimentos

    e comportamentos que sero exigidos deles.

    De acordo com Falconi (2004), o gestor deve conduzir as mudanas da seguinte

    maneira:

  • 46

    - Primeiramente dar o conhecimento do tema ao seu pessoal (educao);

    - Em seguida, ensinar seu pessoal a aplicar este conhecimento, homem a homem, no

    local de trabalho (treinamento), imediatamente. Ensinar pessoalmente como fazer.

    - Deix-los fazer, acompanhando-os no incio.

    - Elogiar o bom resultado alcanado.

    - Um lder sabe que as mudanas so o nico caminho para a sobrevivncia da sua

    empresa.

    Como citam Robbins e Decenzo (2004), as mudanas dentro de uma organizao

    precisam de um catalisador. As pessoas que agem como catalisador e assumem a

    responsabilidade da administrao do processo de mudana so chamadas de agentes da

    mudana. Qualquer gerente pode ser agente da mudana.

    O agente da mudana no precisa ser um gerente, pode ser, por exemplo, um

    especialista do quadro de pessoal interno ou um consultor externo cuja especializao esteja

    na implementao da mudana. Consultores externos podem oferecer a perspectiva objetiva

    que geralmente falta s pessoas que esto dentro. Consultores externos, entretanto, podem ter

    uma compreenso inadequada da histria, da cultura, dos procedimentos operacionais e do

    pessoal da organizao. Alm disso, tambm tm maior propenso a iniciar mudanas mais

    drsticas do que os internos, o que pode ser um benefcio ou uma desvantagem, porque eles

    no tero de conviver com a repercusso depois que a mudana for implementada.

    Opostamente, os grandes gerentes internos que agem como agentes da mudana podem ser

    mais ponderados (e possivelmente mais cautelosos), j que tero de conviver com as

    conseqncias de seus atos.

    De acordo com Juran (1998), idias e feedback dos empregados so essenciais. E estes

    s so possveis quando os empregados sentem que podem fazer comentrios sem se expor a

    censura, represlias ou outra conseqncia dos caprichos de uma gesto. Este tipo de medo na

  • 47

    organizao inibe os empregados a fazer sugestes de melhoria; os empregados temem que

    estas sugestes possam ser vistas pelos gestores como uma crtica ao modo de gerenciamento.

    O medo pode tambm inibir as pessoas de trabalhar com toda a sua eficincia; eles podem

    acreditar que este aumento de eficincia pode resultar na eliminao de seu trabalho. E

    claro, medo de represlia a um empregado que cometeu um erro pode resultar que os

    empregados escondam o erro e, por exemplo, denegrir a qualidade do produto para o cliente.

    Segundo Juran (1998), foi estimado que mais de oitenta por cento dos problemas de

    qualidade so causados por aes da gerncia. Para que os empregados se sintam como em

    seu prprio negcio, eles precisam conhecer os objetivos do negcio. Os empregados tambm

    precisam saber claramente como seu trabalho contribui para o cumprimento destes objetivos.

    Alm disso, os empregados precisam saber como seu desempenho influi nas metas, saber os

    resultados dos negcios e trabalhar mantendo o foco nestas metas.

    Juran (1998) lembra que a comunicao deve ser clara, rpida, confivel e suportada

    por dados e fatos. Empregados devem ter informaes que j foram consideradas no

    relevantes para seus trabalhos. Isso inclui informao sobre custos de produtos, custo de

    energia, custo de tempo, nveis de perda, custo das perdas, nveis de satisfao/insatisfao do

    consumidor, custo por empregado, etc. Segundo ele, em um sistema de Qualidade Total, se

    espera dos empregados que sejam gestores do processo, solucionadores de problemas e

    tomadores de deciso. Comunicao aberta necessria porque os empregados precisam de

    informao para tomar as decises do dia-a-dia. Sem informao eles no podem cumprir

    totalmente seus papis.

    Boyett e Boyett (1999) identificaram quatro estgios em que o papel do gestor, como

    lder, se altera nas equipes: a equipe inicial, a equipe de transio, a equipe experiente e a

    equipe madura.

  • 48

    a) equipe inicial: Nessa fase inicial, as equipes interfuncionais so criadas, mas

    mantida a hierarquia da estrutura convencional. Inicialmente, o gestor assume total

    responsabilidade pelo desenvolvimento e liderana da equipe. Aos poucos, os deveres so

    delegados a alguns membros e depois a todos eles. Os membros da equipe passam a resolver

    os problemas que surgem e o supervisor estar pronto para ensinar e treinar os funcionrios,

    ajudando-os no que for preciso. Ele deve:

    - ajudar a equipe a moldar seus propsitos, metas e abordagens. Nesse momento o

    gestor deve ser um membro ativo da equipe, mas ao mesmo tempo a equipe deve manter certa

    distncia para focar-se na sua misso, meta e abordagem.

    - desenvolver compromisso e confiana. funo do gestor dotar a equipe de reforo

    positivo, tendo em vista desenvolver a confiana e o compromisso de seus membros.

    - fortalecer o nvel de habilidade da equipe. O gestor da equipe deve estimular os seus

    membros a correr riscos, a aprender e a assumir novas habilidades, responsabilidades e

    papis. Aqui, essencial que o gestor esteja atento ao desenvolvimento das habilidades

    tcnicas, funcionais, de resoluo de problemas e outras que forem preciso, para que a equipe

    siga em frente.

    - gerenciar relacionamentos externos e eliminar obstculos ao desenvolvimento da

    equipe. Nessa fase, o gestor pessoa que deve interceder em nome da equipe, sempre que

    necessrio, para vencer obstculos e/ou conseguir recursos necessrios para o trabalho da

    equipe.

    - criar oportunidades para que os membros da equipe se superem. papel do gestor

    incentivar o crescimento dos membros da equipe, fazendo com que eles desenvolvam

    habilidades adicionais e que sejam recompensados por isso.

  • 49

    - trabalhar de verdade. O gestor deve ter a mesma carga de trabalho da equipe. Ele

    mantm certa distncia devido sua posio, mas isso no o impede de "colocar a mo na

    massa".

    b) equipe de transio: medida que os membros da equipe comeam a assumir

    responsabilidades, o papel do gestor se modifica. A funo que, inicialmente, era de

    superviso, nessa fase passa a ser de coordenao. "[...] A palavra-chave aqui coordenar; as

    decises so realmente tomadas em conjunto" (MUSSNUG, 1998). A equipe de transio

    assume gradualmente tarefas especficas em busca de informaes, resoluo de conflitos

    entre grupos, tomada de decises, e assim por diante. O gestor passa a ser um coordenador

    que despende a maior parte do tempo buscando recursos para a equipe e administrando

    relacionamento com grupos externos, como mencionado por Boyett e Boyett (1999).

    c) equipe experiente: o gestor se afasta e os membros da equipe se tornam

    responsveis pelo desenvolvimento das atividades e pelas decises do dia-a-dia.

    d) equipe madura: a equipe j inteiramente responsvel pelos seus atos e o gestor

    praticamente desaparece. As decises relativas a problemas tcnicos ou de outra natureza so

    tomadas pelos membros da equipe, que definem seus papis, suas responsabilidades e

    solicitam ajuda, quando necessrio.

    Ao adotar equipes de trabalho, a organizao deve lidar e administrar tambm as fases

    de desenvolvimento da prpria equipe, que vo desde a sua formao at o seu desempenho

    pleno. Nesse item, aborda-se a classificao desses estgios sob o ponto de vista de dois

    autores, Robbins e Finley (1997), que identificam quatro estgios do desenvolvimento da

    equipes:

    - Fase da formao: essa a fase em que um est aprendendo a lidar com o outro e

    pouco trabalho realizado; as primeiras impresses so formuladas e fixadas; nesse momento,

    o gestor deve fornecer diretivas ao grupo;

  • 50

    - Fase de tormenta: poca de teste e de negociao das condies para a equipe

    trabalhar junta; nessa fase so dissecadas as emoes, os conflitos de grupo e as mudanas.

    Robbins e Fi