márcia christina campos de albuquerque

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO / CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MÁRCIA CHRISTINA CAMPOS DE ALBUQUERQUE PERCEPÇÕES, IMPRESSÕES E EXPECTATIVAS DE PROFESSORES FRENTE AO DESAFIO DA INCLUSÃO: UM ESTUDO NO CEFET/RJ Cuiabá - MT Outubro 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO / CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE

JORGE DA SILVA DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MÁRCIA CHRISTINA CAMPOS DE ALBUQUERQUE

PERCEPÇÕES, IMPRESSÕES E EXPECTATIVAS DE

PROFESSORES FRENTE AO DESAFIO DA INCLUSÃO: UM

ESTUDO NO CEFET/RJ

Cuiabá - MT

Outubro 2009

Ficha Catalográfica ALBUQUERQUE, Márcia Christina Campos de Percepções, impressões e expectativas de professores frente ao desafio da inclusão:Um estudo no CEFET/RJ Cuiabá -MT, Ano 2009 46 p. WALDHELM, Mônica de Cássia Vieira - Orientadora Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso / Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva Trabalho de Conclusão Curso de Especialização em Educação Profissional Tecnológica Inclusiva.

MÁRCIA CHRISTINA CAMPOS DE ALBUQUERQUE

PERCEPÇÕES, IMPRESSÕES E EXPECTATIVAS DE

PROFESSORES FRENTE AO DESAFIO DA INCLUSÃO:UM ESTUDO

NO CEFET/RJ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em Educação Profissional tecnológica Inclusiva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso / Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva, como exigência para a obtenção do título de Especialista.

Orientador (a): Profa. Dra. Mônica de Cássia Vieira Waldhelm

Cuiabá - MT

Outubro 2009

MÁRCIA CHRISTINA CAMPOS DE ALBUQUERQUE

PERCEPÇÕES, IMPRESSÕES E EXPECTATIVAS DE

PROFESSORES FRENTE AO DESAFIO DA INCLUSÃO: UM ESTUDO

NO CEFET/RJ

Trabalho de Conclusão de Curso em de Especialização em Educação Profissional

Tecnológica Inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos

Professores do Programa de Pós-Graduação do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso / Campus Cuiabá – Octayde Jorge

da Silva como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista.

Aprovado em: ____________________

_____________________________________________

Profa Dra Mônica de Cássia Vieira Waldhelm

Orientador (a)

_____________________________________________

Prof. MSc Érico Anderson de Oliveira

(Membro da Banca)

_____________________________________________

Profa. MSc Girlane Maria Ferreira Florindo

(Membro da Banca)

Cuiabá - MT

Outubro 2009

DEDICATÓRIA

Dedico a meu marido e minhas filhas que

no período deste curso me ajudaram com

grande compreensão e apoio permitindo

assim que eu concluísse mais uma etapa

de meu crescimento profissional.

AGRADECIMENTOS

A meus pais Acyr e Sol, pela vida, pelo amor, carinho e apoio que me

dão até hoje.

A meu marido Alexandre, pelo amor, cumplicidade, companheirismo e

apoio em todas as etapas de nossas vidas.

As minhas amadas filhas Mariana e Vitória, que me fazem ver a vida

numa perspectiva de luz e amor, que só a maternidade pode proporcionar. E com

o sorriso delas tenho forças para enfrentar qualquer adversidade.

A minhas irmãs e irmão, pela experiência única e maravilhosa que é a

de crescer juntos e manter um convívio amigo até a vida adulta.

A minha sogra Marilda, por sua amizade incondicional e amor dedicado

a minha família.

A André, pela gentileza de fazer meu abstract.

Aos professores e colegas do curso pela troca de saberes, em especial

Érico, Girlane, Andréa e Hildebrando, pelas dicas e incentivos, que me motivaram a

ir sempre em frente, mesmo com todas as dificuldades que surgiram no caminho.

Fomos grandes parceiros nesta empreitada,

À Mônica, minha orientadora e colega, que me deu liberdade de

decisão e expressão, com estímulo e paciência, sempre respeitando meus

limites.

Ao CEFET/RJ, em especial a Diretoria de Ensino pelo apoio e confiança e

também às minhas colegas/amigas de trabalho que juntas buscamos por uma

educação justa e democrática, com destaque para a minha amiga Regina, cuja troca

de idéias e saberes, muito colaborou para a elaboração deste trabalho.

Aos professores entrevistados que gentilmente compartilharam comigo

suas memórias e emoções.

A todos que acreditam na escola para todos e que ajudam a tornar

realidade este espaço de construção onde a aprendizagem possa coexistir com

alegria.

“Educar significa introduzir a cunha da diferença em um mundo

que sem ela se limitaria a reproduzir o igual e o idêntico, um

mundo parado, um mundo morto.” (Tomaz Tadeu da Silva)

RESUMO

Estudos envolvendo formação docente destacam que é preciso oportunizar aos professores programas de desenvolvimento profissional contínuo a fim de favorecer uma prática pedagógica com novas possibilidades de recursos e materiais para a aprendizagem de todos os alunos. Outros trabalhos, com foco na Educação Inclusiva, atentam que a proposta de inclusão não se concretiza por simples amparo legal. Exige que a escola e professores se identifiquem com determinados princípios educacionais. Neste sentido, este trabalho busca identificar e analisar, utilizando entrevistas, o que pensam e sentem professores do CEFET/RJ quando desafiados a colocar a inclusão em prática na sala de aula. Através de uma abordagem qualitativa, serão objetos de análise as informações obtidas nas entrevistas e na pesquisa bibliográfica sobre o tema. Palavras–chave: professores – percepções – inclusão – formação - CEFET/RJ

ABSTRACT

Studies involving teaching formation highlight that it is necessary to create opportunities to the teachers with programs of continuous professional development in order to favor a pedagogical practice with new possibilities of resources and materials for the learning of all kind of students. Other works, focusing in the Inclusive Education, attempt that the inclusion proposal is not a simple legal issue. It demands that the school and teachers identify themselves with certain educational principles. In this context, this work try to identify and analyze, using interviews, what teachers of the CEFET/RJ think and feel when they are challenged to place Inclusion in the classroom practice. Using a qualitative approach, the information taken by the interviews and the bibliographical research about the theme, will be object of analysis.

Key-words: teachers - perceptions - inclusion - formation - CEFET/RJ

SUMÁRIO

1. Introdução....................................................................................................... 11

1.1. Justificativa.............................................................................................. 11

1.2. Objetivos................................................................................................... 11

2. Trajetória da Educação Inclusiva.................................................................... 16

3. Os desafios da Educação Inclusiva................................................................ 21

4. Conhecendo o CEFET/RJ............................................................................... 32

5. O que pensam, sentem e esperam os professores entrevistados acerca da

Educação Inclusiva no CEFET/RJ.................................................................. 36

6. Conclusão....................................................................................................... 42

7. Bibliografia...................................................................................................... 44

8. Anexos –

Anexo 1 - Entrevista................................................................................................ 47

Anexo 2.- Termo de consentimento.........................................................................48

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1. INTRODUÇÃO

A opção pela especialização em Educação Inclusiva, foi motivada

pela vontade de participar de forma mais efetiva do processo da inclusão de

pessoas com deficiência na escola e, também pela possibilidade de contribuir com

um trabalho que colabore na concretização da educação para todos, a forma mais

democrática de conceber a educação. Acredito na escola democrática e penso que

esta é responsabilidade de todos os profissionais da educação e da sociedade.

É indubitável que a educação desempenha um papel extremamente

importante na vida dos indivíduos e da sociedade, sendo considerada chave para o

progresso da nação. É a educação, em seu sentido mais amplo, que nos norteia

para a vida. As orientações e valores que recebemos de nossas famílias desde o

nascimento, a formação escolar, o acesso a informação, a profissionalização, o

convívio nos espaços de trabalho, lazer, orientação religiosa, tudo isso compõe

nossa educação. Por meio dela, somos instrumentalizados com competências,

habilidades, valores e conhecimentos para viver em sociedade. Por tudo isto, é

necessário, reformular as políticas nacionais de educação, que devem incentivar

não apenas a construção de conhecimento e disseminação de conteúdos, mas

também pesquisas, inovações, programas e materiais orientados para a inclusão.

Desta forma, a instituição escolar poderá de fato atuar como agente para o

desenvolvimento humano.

1.1. JUSTIFICATIVA

Sendo a Educação um direito de todos, também a educação

profissionalizante é um direito do aluno com deficiência e tem como objetivo

principal a sua integração à vida produtiva e ao pleno exercício da cidadania. Assim,

considero relevante identificar impressões, expectativas e percepções acerca da

Educação Inclusiva de professores da instituição onde trabalho, o Centro Federal de

Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca- o CEFET/RJ- uma escola onde

se oferece educação profissionalizante.

Minhas atividades profissionais não ocorrem dentro da sala de aula,

mas pretendo participar das discussões com os docentes e, principalmente, do

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processo de transformação do CEFET/RJ em uma escola inclusiva. Este é um

desafio institucional que resolvi enfrentar e para tanto foi necessário buscar

conhecimento e qualificação, que possibilitasse o desenvolvimento do trabalho. Não

pretendo me restringir aos aspectos legais, porém não se pode ignorar que eles

norteiam e balizam a proposta da Educação Inclusiva.

De um modo geral, constata-se que medidas legais se mostram

insuficientes para a inclusão de forma plena e satisfatória. As práticas inclusivas são

alvos de discussões diversas que se dão desde a forma de implementação das

políticas públicas dentro das escolas, até a (re) ação e efeitos no comportamento

dos professores.

É importante destacar o papel do estado e a participação da

sociedade civil nesse processo de construção, revisão e fortalecimento das políticas

direcionadas para as peculiaridades de cada pessoa. Também se faz necessária a

troca de conhecimentos, principalmente da legislação vigente para que não se

permita a violação de direitos.

1.2. OBJETIVOS

O foco deste trabalho está no que os professores do CEFET/RJ

pensam, sentem e esperam da Educação Inclusiva na instituição. Para captar estes

aspectos busquei subsídios em vários autores, porém minha principal referência

para análise e discussão foi Maria Teresa Eglér Mantoan, que trata a questão da

diferença em suas obras tendo como base seu trabalho na educação de pessoas

com deficiência mental e que nos faz refletir com propostas e sugestões instigantes.

A obra de Mantoan elenca uma série de trabalhos acerca da

educação especial e inclusiva na sua trajetória profissional. Trata-se de educadora

formada em pedagogia, especialista em educação de pessoas com deficiência

mental, mestre em Psicologia Educacional, doutora em Psicologia Educacional. Atua

nos cursos de graduação e pós-graduação da Unicamp. Pioneira na defesa do

direito de todos à educação, em ambientes escolares inclusivos, ensina e escreve

sobre educação, a luz de um ensino para todos – a inclusão escolar.

Ao ler suas obras comunguei de idéias e propostas acerca da

Educação Inclusiva, bem como sobre suas sugestões de desenvolvimento de

projetos para escola inclusiva.

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Segundo esta autora:

Os professores submetem-se a um trabalho estressante e mal recompensado de conseguir que todos os alunos consigam, em um certo período de tempo a proeza de aprender os conteúdos selecionados par um semestre letivo, um nível de ensino. Como fazer para assegurar essa aprendizagem? E quando há alunos com deficiência incluídos em suas turmas? (Mantoan, 2008, p.10).

Corroborando com este questionamento, este trabalho irá se basear

nos sentimentos, pensamentos, expectativas e possíveis conflitos de professores

que atuam no caminho da Educação Inclusiva no CEFET/RJ. Os professores que

gentilmente se prontificaram a participar da pesquisa demonstraram que é bastante

difícil e complexo desenvolver uma postura inclusiva, reconhecer, aceitar e trabalhar

as diferenças em sala de aula. A Educação Inclusiva exige um rol de competências1

docentes que na maioria das vezes eles não detém plenamente e apresentam

dificuldade em desenvolver, pois implica mudança de paradigmas que basearam

sua formação, carreira e até mesmo sua visão pessoal acerca da educação

especial.

Tendo em vista a variedade de termos e a discussão entre os

autores sobre o “termo correto’ no contexto da inclusão, esclareço que no âmbito

deste trabalho utilizei como forma de referência: “pessoa ou alunos com deficiência”,

considerando a sua condição de pessoa inteira e sua deficiência construída

socialmente e a ela remetida (Diniz, 2007, apud Anjos 2009).

Ao questionar as questões fundamentais para se alcançar a inclusão

de pessoas com deficiência na escola regular, Mantoan vai apontar os caminhos

que levaram às arbitrariedades cometidas pelo sistema educacional e aos

problemas a serem superados e que, ainda nos dias de hoje, excluem as pessoas

com necessidades educacionais especiais.

Optei por organizar este trabalho em quatro capítulos descritos a

seguir.

No primeiro capitulo procuro fazer um breve histórico da Educação

Inclusiva, desde a idade média, na qual pessoas com deficiência não eram levadas

em consideração, até o tratamento dispensado a este público nos dias de hoje.

Neste início do trabalho utilizei como referencial as idéias de Mazzota que destaca

como a preocupação com a educação das pessoas com deficiência iniciou-se no

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século XIX, com inspiração em experiências norte-americanas e européias.

Pretendo mostrar o início do processo de construção de valores e reconhecimento

das pessoas com deficiência, como pessoas produtivas e capazes de desenvolver

ou desempenhar atividades, possibilitando o pleno exercício da cidadania.

O segundo capítulo discorre sobre a Educação Inclusiva e seus

desafios. Nesta parte do trabalho dialoguei com diversos autores, porém com

ênfase nas idéias e posicionamentos de Mantoan principalmente no tocante ao

despreparo dos professores para a Educação Inclusiva. Este é um dos principais

desafios da inclusão que autora destaca:

Pode parecer radical ou mesmo exagerada essa afirmação, porém é o que, infelizmente, temos presenciado na maioria das redes de ensino que conhecemos por esse país afora. Gastam-se fortunas em formação e o professor se sente cada vez despreparado para atender às pretensões dessas redes, ao veicularem esses novos conhecimentos. A resistência dos professores à inclusão escolar tem sido o despreparo para ensinar a turma toda, sem discriminações, ensino adaptado, diferenciado, nas salas de aula das escolas comuns (Mantoan, 2006, p.10).

Este eixo do tema mostra um grande problema a ser enfrentado

neste processo, pois para lidar com a inclusão é necessário que os profissionais

tenham seus posicionamentos revistos, amarras desfeitas, hábitos desconstruídos.

É preciso (re)ver a educação como um todo, sob outros parâmetros, e isto é muito

difícil. Não existe uma receita, ou algo pronto que podemos sugerir como infalível

em todos os contextos, mas é consenso a necessidade do desejo e disposição do

profissional em mudar seus valores e quebrar velhos paradigmas.

O terceiro capítulo é um relato sobre a história da instituição

(CEFET/RJ) onde o presente trabalho foi desenvolvido. Tratam-se de informações

sobre a criação da instituição, no início do século XX, sua transformação em escola

e posteriormente em Centro Federal de Educação Tecnológica. Destaca-se como

iniciou-se o processo da inclusão e as dificuldades enfrentadas, a criação dos

Núcleos de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, as

adaptações físicas, transcrição de material impresso, emprego de Tecnologia

Assistiva dentre outros aspectos.

Por último, no quarto capítulo, organizei o resultado da pesquisa,

procurando detectar e analisar, à luz de alguns referenciais teóricos o que os

professores do CEFET/RJ entrevistados pensam, sentem e esperam da Educação

1 A noção de competência designará aqui a capacidade de mobilizar recursos cognitivos para enfrentar situações-problema

(Perrenoud, 2000 p. 15).

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Inclusiva na instituição. Pretendo identificar pistas que possam colaborar no

enfrentamento das dificuldades encontradas na instituição.. Com este trabalho

pretendo colaborar com subsídios para programas institucionais de formação

continuada no CEFET/RJ a partir da identificação de como alguns de seus docentes

pensam, sentem e trabalham a Educação Inclusiva no seu dia-a-dia.

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2. TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Pode-se dizer, ao analisar a trajetória da inclusão em uma linha de

tempo, que houve relativo progresso nesta questão. Inicialmente, na Idade Antiga,

pessoas com deficiência eram consideradas como sub-humanos ou sob influências

espirituais. As famílias podiam eliminar, legitimamente, seus bebês com deficiência,

posto que não eram considerados humanos. Foi um período sem avanços

científicos ou comportamentais neste campo.

Na Idade Média, com o advento do Catolicismo/Cristianismo, inicia-

se um movimento mais humanizado baseado na compaixão e nos dogmas da Igreja,

que muda, um pouco, o valor dado às pessoas com deficiência. Neste período é

papel da igreja proteger e manter com alguma “dignidade” as pessoas que nasciam

“diferentes”. Posteriormente, no período da inquisição, observa-se um movimento

“mercenário” que transforma os deficientes em hereges, levando-os para as

fogueiras, com o objetivo de confiscar seus bens. Nota-se uma dicotomia, pois se

antes a compaixão levava à proteção, neste outro momento, a “avareza” levava à

eliminação. Neste período, o avanço inicial é sobreposto por uma postura,

exclusivamente materialista.

Nos séculos XVIII e XIX, observa-se um movimento mais objetivo

em favor deste público. As pesquisas avançam no campo da medicina e as

deficiências começam a receber tratamento. Surgem as instituições especiais para

atendimento e tratamento de cegos e surdos. Ainda com uma visão segregadora,

porém já demonstrando preocupação de cuidar e melhorar a vida das pessoas com

deficiência.

Nos séculos XX e XXI surgem mais escolas especiais que atendem

a outras deficiências. São instituições mais voltadas para a integração destas

pessoas, porém ainda sem visão de inclusão. Estas escolas só atendem e tratam de

pessoas com as deficiências específicas, o que ainda as mantém excluídas da

sociedade. Mas pode-se dizer que esse era o caminho na época e foi um passo

largo na direção da inclusão.

Nas últimas décadas, mais especificamente, a partir do fim da 2ª

Guerra Mundial (1945), os avanços, a favor da inclusão, tornaram-se importantes e

significativos. A preocupação com a educação das pessoas com deficiência no

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Brasil teve seu início marcado no século XIX, e sua inspiração veio das experiências

norte-americanas e européias, afirma Mazzotta (1996).

Entre 1854 a 1956 surgiram as escolas especiais, com ênfase no

atendimento clínico especializado. A partir daí, a sociedade começou a perceber

melhor a possibilidade de desenvolvimento das pessoas com deficiência. Até este

período estas pessoas ficavam a margem da sociedade, eram acolhidas em abrigos

e instituições filantrópicas ou religiosas. Muitas vezes passavam ali toda a vida, sem

receber nenhum atendimento especial que os desenvolvessem e tornassem

produtivos. Lentamente o atendimento foi migrando do âmbito da saúde para o da

educação. Ainda segundo Mazzota (1996), em 1942, cerca de 40 escolas públicas

regulares atendiam, de alguma forma, a alunos chamados de excepcionais.

O período de 1957 a 1993 foi marcado por políticas governamentais

no âmbito nacional. A educação especial ficou estabelecida como uma modalidade

de educação escolar, que garantia serviços educacionais especiais, organizados

nas diferentes instituições de ensino com o objetivo de apoiar, complementar e

muitas vezes substituir os serviços educacionais regulares. Tinha como principal

meta possibilitar o acesso à educação escolar formal e desenvolver a capacidade

dos alunos, sem, portanto ter como objetivo a Educação Inclusiva.

A inclusão é ainda um conceito em elaboração. Ela vem sendo

construída através desta transformação histórica e tem suas bases na educação

especial e na luta das pessoas com deficiência pelo acesso à educação.

A partir das leituras desenvolvidas acerca deste tema, meu conceito

de inclusão pressupõe que o aluno não pode ser apenas integrado ou alocado

fisicamente no grupo, o que de fato, determina a inclusão é a real participação do

individuo em grupo, sua real possibilidade de se desenvolver e de exercer a

cidadania. O processo de incluir envolve a sociedade como um todo, para que ela

realmente aconteça é preciso a participação de todos.

Corroborando com esta idéia destaco o conceito de inclusão em

Omote (2003) que afirma que:

...a inclusão é, acima de tudo, um princípio ideológico em defesa da igualdade de direitos e do acesso às oportunidades para todos os cidadãos, independente de das posses, da opção religiosa, política ou ideológica, dos atributos anatomofisiológicos ou somatopsicológicos, dos comportamentos, das condições psicossociais, socioeconômicas ou etnoculturais e da afiliação grupal. Trata-se de um imperativo moral inalienável nas sociedades atuais.

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Porém, não só o respeito às diferenças e da igualdade de direitos

promovem a inclusão, a equidade também é um pressuposto da inclusão.

Considerando as diferenças existentes entre as pessoas, para garantir a igualdade é

preciso disponibilizar às diferentes pessoas e inteligências as condições de

acessibilidade e apoio necessárias para o desenvolvimento e exercício da

cidadania, da forma mais plena.

O processo de inclusão escolar na educação brasileira foi

impulsionado a partir da década de 1970, com o atendimento educacional ao aluno

com necessidade educacional especial pela rede pública de ensino.

Na década de 1980 o destaque foram as discussões sobre a

interação, a integração e o compartilhamento das responsabilidades do ensino

regular e do ensino especial com a educação dos alunos com necessidades

educacionais especiais.

Em 1990, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em

Jomtien na Tailândia, ficou estabelecido os primeiros ensaios da Educação

Inclusiva, asprimeiras ações governamentais em favor da Educação Inclusiva:

O acesso à informação pelas famílias que têm filhos com

deficiência permite que estas famílias encaminhem para a escola, as crianças na

faixa de educação obrigatória. Esta demanda de alunos com deficiência nessas

escolas, força uma discussão por parte do poder público sobre as condições

necessárias para atender adequadamente este público, posto que estarão inseridos

não mais nas classes especiais, mas em classes comuns.

Esta discussão acontece a partir da demanda, mas reflete também a

direção das políticas públicas nacionais presentes na Constituição Federal de 1988,

na LDB nº9394/96 e nas resoluções do Conselho Nacional de Educação. A

organização dos serviços disponíveis na rede pública foi se constituindo de acordo

com os novos paradigmas estabelecidos e acompanha nos anos 1990, mais

especificamente a partir de 1994, com a Declaração de Salamanca, a intensificação

das discussões sobre a inclusão. Osório & Osório (2004, p.10-11) afirmam:

O diálogo sobre a temática da inclusão é polêmico e não pode ser conduzido apenas na direção da inserção ou da ocupação de espaços sociais ou na escola, pois envolve diversos elementos que foram analisados a partir dos pressupostos teóricos de Michel Foucault. Esta análise nos traz elementos e uma certa liberdade de expressão científica, sem contudo perder a condição principal da Ciência, de um estudo aprofundado, consistente, e que possa

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apontar algumas possibilidades de verdades, considerando, inclusive, que são temporárias, para o entendimento dos fatos históricos, enquanto colheita das práticas sociais.

Foucault (1999) afirma que é preciso tentar enxergar a história para

além do mero relato, mas buscando os fatos no entorno, pois estes fatos é que

podem ser importantes para a compreensão de suas determinações. A

compreensão desses olhares possíveis sobre as “verdades” presentes na sociedade

colabora para se compreender as práticas sociais dentro da escola, ressaltando

como tornar a escola um espaço de protagonismo e como o discurso da inclusão se

desenvolve dentro desta mesma escola. Os fatos históricos constituem importantes

referências para a análise quanto à regulamentação da prática pedagógica e a

constituição do conceito de inclusão que prevalece nas escolas regulares.

A Educação Inclusiva propõe uma prática social democrática, em

que educadores e gestores devem desenvolver suas ações educativas a luz de um

novo paradigma, que é o da inclusão. Este processo prevê a superação de

obstáculos, com o objetivo de promover a formação de todas as pessoas,

independente das dificuldades motoras, sensoriais ou cognitivas. Desta forma

poderá ser garantida a igualdade de oportunidade a todos, conforme previsto nos

vários documentos legais já descritos anteriormente.

É importante destacar a necessidade de envolvimento, não só da

escola ou dos serviços de saúde, mas também da comunidade, da família, dos

órgãos do governo e de todos os participantes no processo da Educação Inclusiva.

Trata-se de um envolvimento conjunto, que torna o processo mas produtivo e

adequado. Pois a pessoa com deficiência, também está inserida em um contexto

globalizado.

O conceito de educação especial foi substituído definitivamente pela

concepção de Educação Inclusiva com base na Declaração de Salamanca

(UNESCO, 1994), que defendeu a necessidade de inclusão de alunos com

deficiência na escola regular, ampliando o conceito de deficiência, tendo como

princípio fundamental da “Educação para Todos”. Neste momento a Educação

Inclusiva se estabelece como o princípio importante da educação das pessoas com

necessidades educacionais especiais.

Infelizmente, ainda temos que ficar destacando a todo momento,

que os direitos das pessoas com deficiência são exatamente os mesmos dos

20

demais cidadãos. Mas para que estas pessoas possam exercer muitos destes

direitos, torna-se indispensável que se adotem medidas especiais. O direito de ir e

vir, por exemplo, muitas vezes é comprometido pelas barreiras ambientais, por falta

de espaços adequados que permitam o deslocamento de pessoas com dificuldades

locomotoras ou de visão..

Na análise deste breve histórico aqui traçado, lembramos que a

História não é evolutiva, contínua, progressiva ou cumulativa segundo Foucault.

Para este autor, a História é descontínua, nem evolutiva, nem involutiva. Isso pode

ser constatado, na trajetória da Educação Inclusiva, em que verificamos períodos de

ruptura e mudanças, mas também de permanências e até retrocesso, onde

diferentes interesses vêm determinando as ações da sociedade em relação às

pessoas com deficiência. Neste sentido, é pertinente atentar que:

Jamais testemunharemos um outro momento tão propício à renovação do compromisso com o esforço a longo prazo para satisfação das necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos. Tal esforço exigirá, contudo, um muito maior e racional aporte de recursos para a educação básica e capacitação do que tem sido feito até o momento. Todavia, os benefícios advindos deste esforço começarão a ser colhidos de imediato, e crescerão um tanto a cada dia, até a solução dos grandes problemas mundiais que hoje enfrentamos. E isso graças, em grande parte, à determinação e perseverança da comunidade internacional na persecução de sua meta: Educação para Todos. (WCEFA – 1990)

Constata-se que a Educação Inclusiva é um desafio que requer a

participação dos governos, da sociedade civil, das ONGs, da mídia, das empresas,

dos pesquisadores, mas talvez principalmente, das instituições educacionais, com o

objetivo e compromisso de modificar um quadro histórico marcado pela exclusão.

21

3. OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A motivação para análise da Educação Inclusiva, enquanto prática

normalizadora, foi concebida em função das observações que pude fazer acerca

das contradições verificadas em cursos de capacitação de professores para o

atendimento ao aluno com necessidade educacional especial. Nestas ocasiões, foi

possível detectar que os questionamentos e justificativas dos profissionais da

educação quase sempre eram voltados para a “dificuldade” ou “impossibilidade” de

prestar atendimento a estes alunos, em função da falta de conhecimentos

específicos em sua formação acadêmica. Este argumento, entre outros, se dava

independente da instituição, do município onde ela se localizava, do nível de

educação a que atendia etc.

A urgência da contemporaneidade colocou em pauta novos desafios

nas práticas culturais, abrindo espaços para grupos marginalizados e discriminados

por preconceitos formados historicamente. Diante disto, o modelo brasileiro de

escolarização sempre foi direcionado para o aluno padrão, regulado e normatizado

em princípios de uma pedagogia segregadora, discriminatória e excludente. Com os

novos movimentos sociais começaram a surgir novas realidades históricas que

vêem desafiar o pensamento e redimensionar as reflexões acerca da cultura e da

sociedade. Assim novos paradigmas começam a se estabelecer, instituindo-se

novos padrões de comportamento.

A escola inclusiva para se concretizar, tem como base princípios e

valores éticos, com ênfase nos ideais de cidadania e justiça, e estabelece um

contraponto aos sistemas hierarquizados de inferioridade e desigualdade. Para

Sassaki (1997, p. 41) inclusão é:

Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papeis na sociedade. (...)Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da via.

A partir deste conceito de inclusão, as escolas devem ser espaços

democráticos, com todos os alunos sendo atendidos e formados

independentemente e principalmente, considerando, suas diferenças. Este

22

pressuposto promove ainda um novo posicionamento da escola que precisa refletir,

rever e reconstruir o seu projeto pedagógico, currículo, metodologia de ensino,

avaliação e atitude dos educadores. Estas ações são favoráveis à integração social,

e com vistas a oferecer serviços educativos de qualidade para todos.

Portanto, a Educação Inclusiva, é um projeto que se desafia a todo

momento, e desafia também todos os contextos que nela estão envolvidos e

articulados: político, econômico, social e educacional brasileiro. Seu êxito dependerá

fundamentalmente da efetivação das mudanças propostas por este desafio.

Para compreender este processo, consideramos relevante a

discussão quanto à participação dos diversos segmentos que compõem a escola,

especialmente, o corpo técnico administrativo que em geral não é visto como parte

integrante do processo de organização da “escola inclusiva”.

Para situar o discurso da Educação Inclusiva, num contexto

histórico, observa-se que ele ganha dimensão nos anos 1990, com a Conferência

Mundial de Educação Para Todos, em Jomtiem, Tailândia sob tutela de

organizações internacionais como o Banco Mundial, Fundo das Nações Unidas para

a Infância (UNICEF), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) e Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO), com o objetivo de determinar a igualdade social para os países mais

pobres e populosos do mundo, por meio da proposição de condições para uma

educação que esteja ao alcance de todos, independente de sua condição social,

econômica, física e política. A educação é o principal instrumento para a promoção

da eqüidade, e entende-se que esta é a forma de superação das desigualdades e

da pobreza e de desenvolvimento social.

A referida conferência resgata os princípios já defendidos pela

Reforma Educacional na época da Revolução Francesa, dentre outros movimentos

liberais que visavam uma educação que atendesse a todos. Estas idéias associadas

às políticas públicas implementadas a partir da década de 1990 promoveram uma

demanda para a educação e a necessidade de um novo olhar da escola e uma nova

postura. A partir disto, surgem novos significados para educação como um

instrumento e com o caráter de obrigatoriedade.

Esses documentos legais nacionais e internacionais incorreram em

favor da inclusão, procurando garantir a igualdade de oportunidades e de condições

para as pessoas com deficiência. A Constituição Brasileira de 1988 garantiu a todas

23

as crianças brasileiras o direito de “ser”, estabelecendo como um dos fundamentos

da educação a igualdade de condições de acesso e permanência na escola

(art.206, inciso I). Ao eleger como princípio da nossa República a cidadania e a

dignidade da pessoa humana (art 1º, incisos II e III), e como um de seus objetivos

principais [...] a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV) ela se

antecipou à Declaração de Salamanca, que determinou em 1994:

(...) todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Deveriam incluir todas as crianças deficientes, superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas étnicas, ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalizadas. As escolas têm que encontrar uma maneira de educar com êxito, todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves “

Diante destes documentos legais, não pode ser negado a qualquer

criança o acesso à sala de aula numa escola comum. A inclusão não é apenas uma

questão de direitos educacionais negados aos alunos com deficiência. A exclusão

demanda ações urgentes e medidas radicais que revertam de forma definitiva esta

lamentável condição que ainda encontramos na atualidade.

Ainda levando em conta a legislação elaborada, destaca-se a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional/ Lei nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996,

que em seu capítulo V refere-se à Educação Especial: “Art.59 Os sistemas de

ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos,

métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às

suas necessidades...”. Esta lei já previa a adequação para assegurar a inclusão das

Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (PNEEs); logo as ações

inclusivas são necessárias, urgentes e têm como base os direitos humanos.

Observa-se ainda, que os novos rumos das políticas públicas na

educação vêm gerando transformações significativas em aspectos diversos do

sistema educacional. Alunos com necessidades educacionais especiais incluídos

em turmas regulares de várias instituições têm gerado discussões e insatisfações,

assim como receio de ambas as partes. Este novo cenário me desafiou a enveredar

em um estudo que apontasse as necessidades observadas pelos profissionais

envolvidos e que não receberam, em sua formação, subsídios conceituais e

metodológicos para atuar nesta nova escola.

24

As novas políticas governamentais denotam maior preocupação em

promover a qualidade de vida e resgatar a dignidade dessas pessoas. Percebe-se

um movimento em vários setores da sociedade para a promoção de melhores

condições de vida das pessoas com deficiência. A Ciência vem desenvolvendo

pesquisas para produtos e tecnologias que facilitem a vida das pessoas com

deficiências. A Medicina avança com trabalhos para minimizar os efeitos de algumas

deficiências. A Sociedade Civil se organiza através de ONGs e instituições

educacionais, sociais e culturais com projetos e programas específicos que visam a

inclusão social destas pessoas. De um modo geral, o desafio pela inclusão tem sido

tema de pesquisas, estudos e eventos científicos com abordagem desde os

pressupostos teóricos político-filosóficos até as formas de implementação das

diretrizes estabelecidas nos documentos legais que regulamentaram a Educação

Inclusiva.

A Educação Inclusiva foi precedida pela educação especial, que é

compreendida como uma modalidade que transpassa níveis e etapas de ensino e

definida como uma proposta pedagógica que assegura recursos, serviços e

atendimento especializado às deficiências dos alunos. Este movimento tem

promovido transformações possibilitando que cada vez mais alunos estejam

incluídos no ensino regular. As políticas públicas, através da Secretaria de

Educação Especial e de programas como o TECNEP2 vêm promovendo ações em

conjunto com os estados, municípios e organizações não governamentais, formando

as políticas de inclusão que visam eliminar as barreiras pedagógicas, físicas e

comunicacionais, estabelecendo o fortalecimento da transformação da escola

promovendo a inclusão de todos no ensino regular. Estas pesquisas e estudos envolvem as opiniões de professores e

demais profissionais de educação e das comunidades sobre a proposta da

Educação Inclusiva. Uma vez que todos os que estão dentro da comunidade

escolar, apresentam papéis importantes na estrutura e funcionamento do sistema,

suas opiniões podem fornecer subsídios relevantes para esta implementação.

2 Programa que visa à inserção das pessoas com necessidades educacionais específicas nos cursos de formação inicial e

continuada, de nível técnico e tecnológico, nas instituições federais de educação tecnológica, em parceria com os sistemas

estaduais e municipais, bem como o segmento comunitário.

25

É conhecido que os fundamentos teóricos da Educação Inclusiva

são estabelecidos numa concepção de educação de qualidade para todos, com

respeito à diversidade dos educandos. Assim, diante das mudanças propostas pela

escola inclusiva, observamos a necessidade de preparação de profissionais da

educação, especialmente do professor, para atendimento das necessidades

educativas de todas as crianças, com ou sem deficiências.

Pesquisas atuais sobre o trabalho do professor em classes

inclusivas apontam que o sucesso de seu desempenho depende da implementação

de grandes transformações nas práticas pedagógicas, a saber: a adoção de novos

conceitos e estratégias, como a educação cooperativa; a adaptação ou (re)

organização de currículos; o uso de novas técnicas e recursos específicos para este

grupo; o estabelecimento de novas formas e critérios de avaliação; o estímulo à

participação de pais e comunidade local nessa nova realidade sócioeducacional;

Depende também, de atitudes positivas frente à inclusão de crianças com

deficiência em classes regulares.

A ruptura com o paradigma educacional dominante promove outros

modos de pensar e fazer a escola. Essa nova concepção de pensar e fazer a escola

inclusiva, busca outras formas de concepção de ensinar e aprender bem como o de

reorientar o sistema de avaliação. O caminho para a educação inclusiva pressupõe

a adaptação de metodologias às diferenças e às necessidades individuais. Nas duas

situações os professores devem estar devidamente capacitados para o trabalho

adequado e competente junto aos alunos inseridos nos vários níveis de ensino.

Logo, é importante lembrar que a implantação da Educação Inclusiva implica em

dificuldades e limitações, principalmente no que diz respeito ao despreparo dos

profissionais de educação, que atuam em classe regular, para atender às

necessidades educacionais especiais. Este é um dos fatores mais impactantes

neste processo. O curso de formação inicial de professores necessita de mudanças,

onde estejam previstas em seu currículo disciplinas para preparar os profissionais

para o atendimento a este público.

Esta ausência na formação tem sido tema de discussões exaustivas,

nos meios acadêmicos e nos meios de discussão das políticas públicas. As práticas

educacionais, pesquisas e experiências que foram validadas cientificamente, e

determinam a implementação da inclusão de alunos que apresentam diferentes

deficiências no cotidiano das classes regulares, ainda não são suficientes.

26

A Educação Inclusiva na ótica didático-curricular promove ao aluno

com necessidades educacionais especiais a participação nas classes regulares,

com a possibilidade de aprender as mesmas coisas que os outros alunos – mesmo

que de maneiras diferentes, respeitando as especificidades de cada aluno,

preferencialmente, sem lapso entre idade-série. Neste sentido um dos papéis do

professor como facilitador deste processo, é o de fazer as adaptações necessárias

no currículo.

O currículo voltado para a escola inclusiva não se restringe a

adaptações elaboradas para acomodar os alunos com deficiência. A Educação

Inclusiva implica em uma nova organização curricular, que deve abranger a

diversidade de sua clientela. Ferreira (2003), baseado na Declaração de Salamanca

(UNESCO, 1994), define a escola inclusiva como aquela que “reconhece e satisfaz

as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos

de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos”.

Esta nova concepção da escola retrata um novo paradigma, para o

qual ainda não há experiências suficientes. Diante disto esta é uma nova escola,

que ainda precisa de organização. Neste processo da Educação Inclusiva a

universidade e suas dimensões constitutivas - ensino, pesquisa e extensão - tem

uma importante responsabilidade que é a formação de professores e demais

agentes educacionais, assim como a produção de conhecimento por meio de

pesquisas e projetos que legitimem e divulguem as ações educativas que alcancem

sucesso dentro desta nova perspectiva.

É no micro espaço da sala de aula que se pode medir o grau das

crises educacionais. É nesta sala de aula que as transformações do ensino

verdadeiramente se efetivam ou fracassam (Mantoan2008). Este é um dos

propósitos urgentes da Educação Inclusiva: superar o sistema tradicional de ensino.

Ainda observamos uma visão conservadora de que as escolas de qualidade são as

que enchem os alunos com conteúdos fragmentados e sem funcionalidade. Trata-se

de uma visão conservadora, que valoriza a aprendizagem no racional, no aspecto

cognitivo do desenvolvimento, e que utiliza um processo de avaliação que quantifica

as respostas-padrão, onde são valorizadas a exposição oral, a repetição e a

memorização.

27

Segundo Mantoan(2008), a escola de qualidade deve estar pautada

em ações que estimulem a solidariedade, colaboração, compartilhamento do

processo educacional com todos que estão direta ou indiretamente envolvidos. Os

aspectos lógicos, intuitivo, sensorial se intercalam com os aspectos social, e afetivo

dos alunos. A experimentação, a criação, a descoberta, a co-autoria do

conhecimento irão predominar nas práticas e métodos pedagógicos. Importa o que

os alunos são capazes de aprender hoje, para que possam se desenvolver em um

ambiente rico e verdadeiramente estimulador de seus potenciais. Estas escolas são

espaços educativos de construção de personalidades humanas autônomas, criticas,

nos quais as crianças aprendem a ser pessoas. Neste ambiente educativo, ensina-

se a criança a valorizar a diferença, pela convivência com seus colegas, pelo

exemplo dos profissionais, pelo clima sócio afetivo das relações que são

estabelecidas na comunidade escolar. Escolas que são concebidas com estes

pressupostos não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus programas, de

suas aulas. São contextos educacionais onde todos os alunos desenvolverão o

processo de aprendizagem, freqüentando uma mesma e única turma.

Numa rápida pesquisa no dicionário podemos verificar que a palavra

incluir significa compreender, abranger, fazer parte, pertencer.Processos que

pressupõem, antes de tudo respeito. A inclusão só será possível onde houver

respeito à diferença e, onde as práticas pedagógicas permitam que as pessoas com

deficiências possam aprender e ter reconhecidos e valorizados os conhecimentos

que são capazes de produzir de acordo com seu ritmo e suas possibilidades.

A escola não pode esgotar sua tarefa na simples transferência de

conhecimentos e informações, sua responsabilidade vai muito além. A educação

deve permitir a transformação da sociedade, e a escola uma instituição que acredita

nas diferentes possibilidades e nos diferentes percursos que cada um traça para o

seu processo de aprendizagem, estimulando o convívio e o reconhecimento do

outro em todas as suas dimensões.

A escola inclusiva que se preocupa em permitir que todos possam

aprender é a escola que procura construir uma pedagogia que atenda a todos os

alunos e que tenha compreensão da diversidade humana, como um fato

preponderante, para impulsionar novas formas de organização do ensino e novas

28

perspectivas de construção de aprendizagens. Sabemos que é um processo de

transformação lento e necessitará de rupturas com os modelos pedagógicos que

estão em curso. Segundo Sartoretto(2006)

Se acreditarmos que o papel da escola é construir cidadania através do acesso ao conhecimento, isto só será possível se dentro da escola tivermos uma verdadeira representação do grupo social que está fora da escola: pessoas com diferentes credos, de raças diferentes, com saberes diferentes, pessoas sem deficiências (existem?) e pessoas com deficiência. A experiência de conviver com a diversidade, tão necessária para a vida, nunca será exercida num ambiente educacional segregado, onde a diversidade humana não esteja representada.

Devemos deixar de lado o comodismo que são decorrentes das

nossas práticas homogeneizadoras, paternalistas e corporativistas, para que seja

possível que o processo de inclusão se concretize. Conforme ressalta Mantoan

(apud Sartoretto 2006), “resistimos à inclusão escolar porque ela nos faz lembrar

que temos uma dívida a saldar em relação aos alunos que excluímos, por motivos

muitas vezes banais e inconscientes, apoiados por uma organização pedagógica

escolar que se destina a alunos ideais, padronizados por uma concepção de

normalidade e de deficiência arbitrariamente definida”. A exclusão não se restringe a

alunos com deficiência, alunos sem deficiência também são excluídos há muito

tempo, sem que transformações sejam efetivadas para solucionar este problema. O

processo de inclusão que está se estabelecendo hoje acontece de forma invertida.

Primeiro foram estabelecidas as regras através dos instrumentos legais, depois os

alunos começaram a chegar a sala de aula, para posteriormente darmos início ao

processo de reflexão sério que implicará em uma nova concepção de escola e de

práticas educacionais. É possível verificar experiências de sucesso de pessoas e

entidades, que com muita responsabilidade e fundamentação científica sólida e

confiável, estão abrindo caminhos para a Educação Inclusiva e descartando os

velhos e bolorentos padrões excludentes da pedagogia tradicional.

Existem experiências de escolas regulares que incluíram alunos com

deficiências e tentam fazer uma escola de qualidade com seriedade, com respeito a

todos os alunos, com ou sem deficiência. Também há registros de casos de escolas

especiais que optaram por efetivar o atendimento seus alunos no turno oposto ao

que freqüentam a escola comum, com desempenho altamente significativo.

29

A falta de preparo dos profissionais não pode continuar a constituir

argumento para impedir que o processo de inclusão de pessoas com deficiência se

efetive. Se ainda não estamos preparados é necessária urgência neste preparo. E a

verdadeira preparação inicia-se com a possibilidade e pelo desafio de acolher as

diferenças na sala de aula e na busca de novas propostas educacionais. Este é um

processo de responsabilidade de todos que participam da escola – pais, diretores,

professores, supervisores e orientadores, alunos – e principalmente das autoridades

responsáveis pela implementação das políticas educacionais.

De acordo com Sartoretto(2006), a concretização de projetos

pedagógicos inclusivos encontra diversos obstáculos. Dentre eles, destacamos:

• a falta de políticas públicas adequadas;

• o grande número de escolas sem mínimas condições de

acessibilidade física;

• a falta de equipamento e materiais didáticos indispensáveis ao

atendimento das necessidades especiais dos alunos;

• o não funcionamento do atendimento educacional especializado

decorrente da inexistência de Salas de Recursos Multifuncionais ou a

utilização inadequada desses espaços, principalmente na área da

deficiência mental;

• a inexistência de projetos sérios de formação continuada para os

professores, baseados em suas reais necessidades;

• a normalidade com que encaramos o fato de um professor, que ao

longo de sua trajetória profissional, foi responsável pela educação de tantos

médicos advogados, arquitetos...chegar ao fim de sua carreira ganhando

salário mínimo.

Inclusão não é favor é um direito, já previsto em diversos

documentos legais. A formação de profissionais para atuar nesta escola significa

formar para atuar com o inesperado, com o diferente com o múltiplo, com o

30

heterogêneo transformando a nossa maneira de planejar, de ministrar as aulas, de

avaliar, de pensar a organização da escola e das diversas relações que se dão

dentro da escola. Neste processo de transformação, o diálogo, a conscientização do

papel do professor e da escola deverá transpassar todo o trabalho educativo

garantido pela constituição. Este é um direito de todos os alunos com ou sem

deficiência, para que as desigualdades possam ser questionadas e a convivência

pautada no respeito e na ética. Onde se valorize o sentimento de participação e de

engajamento e se procurem alternativas para uma sociedade mais justa, que

dimensionem a educação em toda a sua complexidade, em um ambiente permeado

pela riqueza da diversidade.

Segundo Mantoan (2008), participar das discussões e propostas de

alternativas para a organização e implementação da escola inclusiva é direito e

dever de todos que acreditam que a escola é um espaço social privilegiado, onde de

fato, os sujeitos de sua própria educação podem efetivar a experiência fundamental

e necessária da cidadania, de maneira plena e absoluta.

Há algum tempo que a escola tem assumido, gradativamente,

atribuições cada vez mais abrangentes e complexas, algumas destas atribuições

eram consideradas funções de outros núcleos educativos, como a família. Esta

ampliação de atribuições não aconteceu decorrente da escolha de professores e

administradores. Este processo deu-se como uma imposição das transformações

nas diversas áreas do saber e do fazer humanos, assim como nas relações e

comportamentos sociais. Estas constatações destacam a importância da discussão

da intencionalidade educativa das escolas, à luz das necessidades da mesma hoje

em dia.

A sociedade tem alertado para a inevitabilidade de ressignificação

do papel da escola para além do pedagógico, destacando que este vem se

somando a atribuições políticas e sociais, principalmente, considerando a

diversidade de características de seus alunos e da complexidade da demanda

originadas do contexto socioeconômico, político e cultural. Diante disto fica

evidenciada a importância de rever os valores que a escola cultua, dentro de uma

perspectiva democrática.

31

Se a escola precisa mudar, e isto é um fato, talvez o maior desafio

seja comprovar esta necessidade urgente de mudança para que, conforme nos

ensinou Habermas (2002)– devemos estimular as ações comunicativas entre os

sujeitos que nela estão, permitindo-lhes compartilhar medos e expectativas, bem

como apontar caminhos para as transformações. Com vistas a continuar o

desenvolvimento deste trabalho, o próximo capítulo pretende ajudar o leitor a

compreender o contexto da instituição na qual dialogam os sujeitos-professores

entrevistados - objeto deste estudo.

32

4. CONHECENDO O CEFET/RJ

No Brasil, os Centros Federais de Educação Tecnológica são

instituições federais de ensino que participam desde no século XX, acompanhando

e ajudando a desenvolver o processo de industrialização do país. A história desses

Centros está, vinculada à origem do ensino profissionalizante, que, em termos de

abrangência nacional, remete ao início do século XX, mais especificamente, a 1909,

quando o então Presidente Nilo Peçanha determinou, através de decreto, a criação

de Escolas de Aprendizes Artífices nas capitais dos estados, com o objetivo de

promover os ensinos profissionais, primários e gratuitos.

A Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás pela Prefeitura

Municipal do Distrito Federal - origem do atual CEFET/RJ, foi criada em 1917 pela

Prefeitura Municipal do Distrito Federal, com o objetivo de formar professores,

mestres e contramestres para o ensino profissional. Passou a jurisdição do Governo

Federal em 1919. Após algum tempo, em 1937, foi alvo de reformas, sendo

transformada em liceu destinado ao ensino profissional em todos os ramos e graus,

conforme as Escolas de Aprendizes Artífices, que eram mantidas pela União.

Naquele mesmo ano de 1937, antes mesmo que o liceu fosse

inaugurado, teve sua denominação modificada, passando a chamar-se Escola

técnica Nacional, ministrando cursos de 1º ciclo (industriais e de mestria) e de 2º

ciclo (técnicos e pedagógicos).

Com o Decreto nº. 47.038, de 16 de outubro de 1959, foi

determinada maior autonomia administrativa, para a Escola Técnica Nacional, que

extinguiu os cursos de 1º ciclo com atuação exclusiva na formação de técnicos. Em

1966, são implementados os cursos de Engenharia de Operação, inaugurando

assim a formação de profissionais para a indústria em cursos de nível superior de

curta duração. Nesta época estes cursos eram realizados em convênio com a

Universidade Federal do Rio de Janeiro, para expedição de diplomas e colaboração

do corpo docente.

Em sua trajetória a instituição passou por várias designações e em

1967 passou a Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca (homenagem

póstuma ao primeiro Diretor escolhido a partir de uma lista tríplice composta pelos

votos dos docentes). Finalmente em 1978, transforma-se em Centro Federal de

Educação Tecnológica pela Lei n o 6.545, de 30 de junho de 1978.

33

Desde então, o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca – CEFET/RJ, passou a funcionar de acordo com os objetivos

conferidos a instituições de educação superior, atuando como autarquia de regime

especial, vinculada ao Ministério da Educação e Cultura – com autonomia

administrativo-financeira, patrimonial, educacional, didática e disciplinar –, na oferta

de cursos de graduação e pós-graduação, em atividades de extensão e de

pesquisas na área tecnológica.

Um amplo processo de expansão institucional é observado. Hoje o

CEFET/RJ tem atuação educacional que inclui a oferta regular de cursos de ensino

médio e de educação profissional técnica de nível médio, cursos de graduação

(superiores de tecnologia e bacharelado), cursos de mestrado, além de atividades

de pesquisa e de extensão, estas incluindo cursos de pós-graduação lato sensu,

entre outros.

A expansão do Centro também foi bastante significativa e hoje a

instituição é constituída de uma unidade-sede (Maracanã), um campus ligado à

unidade-sede (General Canabarro) e mais 5 unidades de ensino descentralizadas:

Nova Iguaçu, Maria da Graça, Petrópolis, Nova Friburgo e Itaguaí.

O CEFET/RJ tem como forma de acesso o concurso público e

concursos em instituições conveniadas. No processo seletivo de 2008, através de

um de nossos convênios, foi aprovada para o curso técnico de Informática uma

aluna com deficiência visual. Diante deste fato e de toda a política governamental do

MEC, o CEFET/RJ se estruturou e reestruturou para atendimento adequado da

aluna recém aprovada e demais alunos com deficiência(s) que por ventura sejam

aprovados em processos seletivos futuros.

Este processo de preparo institucional para a inclusão de PNEEs foi

iniciado em 2004, quando foi instituído o NAPNEE (Núcleo de Atendimento a

Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais), inicialmente chamado de

NUPE (Núcleo de Apoio de Pessoas com Necessidades Especiais). Trata-se de um

núcleo, que foi instituído em caráter nacional, através do programa TECNEP do

MEC que tem por objetivo a inserção das pessoas com necessidades educacionais

nos cursos de formação inicial e continuada, de nível técnico e tecnológico, nas

instituições federais de educação tecnológica, CEFETs, IFETs, Colégios Agrícolas e

etc, em parceria com os sistemas estaduais e municipais e integrados também com

os segmentos comunitário locais Visando ainda facilitar o desenvolvimento das

34

atividades relativas à sua implementação, foram criados grupos de gestores

responsáveis para implementar políticas de apoio aos alunos com necessidades

educacionais específicas, o que exige uma organização dos serviços a ser

desenvolvidos nas diferentes instâncias. Suas ações no âmbito do CEFET/RJ,

inicialmente tímidas, foram de sensibilização da comunidade, divulgação de cursos

voltados para a Educação Inclusiva. Porém com a entrada da aluna com deficiência

visual, através do processo seletivo, o Núcleo cresceu e fortaleceu sendo

necessário o planejamento de ações imediatas para a adaptação e adequação da

instituição.

Esta política inclusiva exige uma formação quantitativa e qualitativa

dos recursos humanos e a aplicação de recursos financeiros e serviços estruturais

de apoio educacional especializado para assegurar o desenvolvimento pedagógico

dos alunos e docentes da instituição. Para avançar nesta direção, é essencial

conhecer a demanda real de atendimento a Educação Inclusiva. No caso deste

projeto, os deficientes visuais e deficientes físicos, através da criação de sistemas

de informação, que além do conhecimento da demanda, permitam a identificação,

análise, divulgação e troca de experiências educacionais inclusivas, e ainda as

adequações físicas necessárias para atendimentos dos alunos.

Um projeto pedagógico que prevê ações para a Educação Inclusiva,

deverá tomar como base as diretrizes já traçadas pelo Conselho Nacional de

Educação para a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, a

educação profissional de nível técnico, a educação para jovens e adultos e a

educação escolar indígena. Entretanto, esse projeto deverá atender ao princípio da

flexibilização, para que o acesso ao currículo seja adequado às condições dos

discentes respeitando seu caminhar próprio.

Levando em conta também, os avanços ocorridos no campo da

política nacional de integração da pessoa com deficiência consignada na

Constituição Federal de 1988 e, principalmente, nas leis subseqüentes que

regulamentaram a matéria no que se refere à educação, e ainda diante das leis e

políticas públicas que vem delineando a questão desenvolvi esta pesquisa com os

professores do CEFET/RJ acerca das suas impressões e expectativas sobre a

Educação Inclusiva no âmbito institucional.

No entanto, muito mais do que um papel do estado, o pensamento

acerca da inclusão deve ser objeto de reflexão – e transformação de atitudes – por

35

parte de toda a sociedade, embora sem desconsiderar o fato de que as políticas

governamentais, em geral, desempenham um papel de fundamental importância

para que uma transformação positiva de fato ocorra.

Essas políticas e normativas se referem sobre direitos importantes

existentes na sociedade como: o exercício da cidadania, direito de ir e vir, acesso

aos meios de comunicação, á escola, ao desenvolvimento profissional. Este é um

dever do estado, na perspectiva da inclusão e desenvolvimento das políticas

públicas voltadas para os direitos humanos com ênfase nas pessoas com

deficiência, com caráter universal, integral, equânime e com participação/controle da

sociedade organizada.

36

5. O QUE PENSAM, SENTEM E ESPERAM OS PROFESSORES

ENTREVISTADOS ACERCA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO

CEFET/RJ

O foco neste estudo é o que professores pensam, sentem e

esperam da educação inclusiva na CEFET/RJ. Como o CEFET/RJ é uma instituição

federal de ensino que conta com orçamento destinado pela União, todas as ações

devem ser planejadas com antecipação. Quando um aluno com deficiência é

aprovado em concurso, muitas vezes não é possível fazer as previsões com o prazo

adequado. Isso implica em ações muitas vezes sem infra-estrutura adequada.

Procurei informações junto aos professores sobre o trabalho realizado com os

alunos que foram selecionados e associei com ações desenvolvidas anteriormente,

que mostram algumas dicotomias em relação ao comportamento dos profissionais

acerca da educação e do preparo para este trabalho.

Segundo Anjos, Andrade e Pereira (2009), a elaboração do conceito

de inclusão ocorreu dentro de um movimento histórico onde estava contextualizada

a luta das pessoas com deficiências por acesso à educação, o que fundamenta a

inclusão ser originada da educação especial. Esta trajetória é descrita, na maioria

das vezes, como um trabalho de transformação que encontra em seu caminho

períodos de segregação, movimentos integrativos e, finalmente aporta no seu

objetivo que é o movimento inclusivista. Cada um desses estágios pode ser definido

tendo como referencial três aspectos: o lugar do indivíduo na sociedade, o foco do

campo científico e as práticas desenvolvidas.

As idéias inclusivas adotadas no Brasil como linha política e a opção

de matricular na escola regular os alunos com deficiência alertaram para o fato de

que concepções e práticas de segregação, de integração e de inclusão convivem e

se desafiam no cotidiano das escolas. Podemos atribuir tal situação ao fato de que o

processo de inclusão foi adotado de outros países com trajetória de atendimento à

pessoas com deficiência diferente da nossa, muitas vezes ignorando a real trajetória

da educação especial no Brasil. De qualquer forma estes desafios são retratos da

constituição histórica do processo de inclusão e, consequentemente, dos

sentimentos, que passam por oscilações, como evidenciados em Anjos (2006 p 305-

306).

37

Desta forma quando se procura nos relatos dos professores os

processos de produção de sentidos sobre a expectativa da inclusão, deve ser

levado em conta que tal contexto inclui o fazer/pensar concreto dos professores em

seus vários ambientes de atuação. Isso leva a uma análise bastante significativa do

processo inclusivo e não simplesmente comparar o que deveria ser a inclusão (em

modelos de outros países ou material referenciado) com o que está sendo

desenvolvido nas escolas.

Neste trabalho, de foco qualitativo, participaram professores que já

trabalham com alunos com deficiência. Foram convidados 15 (quinze) professores e

apenas 9 (nove) se prontificaram a responder. Realizei entrevistas estruturadas com

questões abertas (anexo 1), a fim de compreender como os professores se

relacionaram com os alunos com deficiências. São as falas destes professores que

serviram de base para a análise neste trabalho. Vejamos o que estas falas revelam:

• Pergunta 1 – Em relação ao número de alunos, a maioria dos

professores respondeu ter apenas um aluno e apenas dois professores

responderam que têm dois alunos:atenderam a aluna cega no curso técnico

de informática e hoje atendem ao aluno cadeirante, também no curso técnico

de informática.

• Pergunta 2 – Em relação ao tipo de necessidade especial, a maioria

dos professores respondeu que era deficiência física e apenas dois

atenderam ao aluno com deficiência física e a aluna cega.

• Pergunta 3 – Em relação à experiência com educação inclusiva,

apenas três professores relataram que já haviam tido experiência anterior

com alunos com necessidades especiais, a saber: dois professores

informaram ter tido experiência com aluno cego e o terceiro professor,

informou que desenvolveu estágio em instituição que atendia pessoas com

deficiências diversas, declarando que “foi importante para adquirir

sensibilidade para lidar com o “diferente” e limitações”.

• Pergunta 4 - Sobre a questão de formação específica,a maioria

respondeu que não têm esta formação mas que gostariam de recebê-la.

Apenas um entrevistado respondeu que era especialista em Problemas no

Desempenho Escolar. As justificativas também não variaram muito nem

foram aprofundadas: a maior parte mencionou que seria bom receber uma

38

formação para que o desenvolvimento do trabalho fosse mais adequado,

promovendo um trabalho mais planejado e menos improvisado. Neste

questionamento destaco a resposta de uma professora que revela falta de

confiança nas potencialidades de quem apresenta algum tipo de deficiência:

“...Gostaria de receber (formação) sim para poder lidar com alunos mudos e

surdos, caso houvesse a possibilidade de ter realmente um com esse tipo de

deficiência no CEFET. No entanto, infelizmente, não acredito que um aluno

surdo e mudo e muito menos cego (por isso nem mencionei em ser treinada

para atendê-los) consiga passar numa prova para o CEFET.”

• Pergunta 5 - Quando questionados a definir sua experiência no

CEFET-RJ com a educação inclusiva, suas impressões, sentimentos e

expectativas, pontos positivos e pontos negativos, as respostas pouco

variaram, com destaque para algumas, a saber:

Professor 1 - “Em relação a L. meu aluno cadeirante a

experiência pessoal (meu crescimento) foi acima de tudo de crescimento

pessoal (meu crescimento) já que diante de problemas gravíssimos de saúde

e de uma expectativa de vida baixa, L... seja um aluno participativo, assíduo e

estudioso. Além disso, não pude deixar de me revoltar com a falta de

estrutura da escola para um aluno que precise de cadeira de rodas. Os

elevadores estão constantemente quebrados e já presenciei a cena dos

amigos descendo com ele as escadas segurando a cadeira de rodas.”;

Professor 2 – “A experiência pessoal foi excelente, sobretudo

pela vontade de aprender do estudante. Mas o CEFET, não dispõe de

produtos ou ambiente apropriados para alunos especiais. Sejam quais sejam

a deficiência.”;

Professor 3 – “Percebo que a instituição aponta para a

inclusão, mas não está preparada para receber, tanto no que diz respeito aos

aspectos físicos quanto aos recursos humanos, não só esses alunos como

outras pessoas com necessidades especiais.”

39

Professor 4 – “De média a regular, dos pontos positivos: o

desafio, dos pontos negativos: infra-estrutura, falta de apoio direto, falta de

treinamento mais significativo.”

Professor 5 – Não menciona suas impressões e destaca que

a instituição ainda está iniciando um trabalho inclusivo e que busca o

desenvolvimento de técnicas e adaptações necessárias para tal estruturação.

Os demais professores disseram que foi uma experiência boa

para seu crescimento, sem muita variação ou detalhamento.

• Pergunta 6 - Quando questionados sobre as sugestões que dariam

para melhorar este tipo de trabalho no âmbito do CEFET/RJ, todas as

respostas falaram em treinamento, capacitação, formação dos recursos

humanos (observei que se referiam mais aos próprios docentes), adaptação

física e apenas um entrevistado destacou para o processo seletivo, a saber:

“A primeira coisa a ser feita é conscientizar o professor que fará a prova de

seleção para alunos cegos. É injusto e humilhante com esse tipo de aluno

que ele faça uma prova cheia de gráficos, tabelas e desenhos geométricos

impossíveis de serem decifrados pelo ledor. Assim estaremos dando

realmente a chance de uma inclusão social deste aluno. Além disso, caso

haja essa mudança de consciência e a real possibilidade de termos alunos

cegos, mudos e surdos, os professores devem ser treinados para, inclusive

eles, os professores, não sofrerem nenhum constrangimento em relação à

turma ao receber o aluno portador de necessidades especiais. Quanto

àqueles que precisam usar cadeiras de rodas, minha sugestão é melhorar o

serviço de elevadores e rampas ao longo de todo o CEFET. Não somente em

alguns pontos, como vemos, mas em todos:entradas de salas de aula,

banheiros,laboratórios, etc.”

As respostas das entrevistas nos mostram dificuldades encontradas

pelos professores dentro da escola, sejam elas organizacionais ou de capacitação

do corpo docente para o desenvolvimento do seu trabalho. Outro aspecto

relacionado à instituição que foi destacado pelos entrevistados foi a falta de suporte

40

de equipe técnica, falta de material e infra-estrutura e as barreiras físicas. Neste

aspecto, Marques (1999) corrobora com a idéia que a remoção de barreiras

arquitetônicas já apresenta um grande passo para a inclusão de pessoas com

deficiências nos diferentes segmentos da atividade humana, demonstrando o

respeito com esse publico, uma vez que a presença destas barreiras significa a

negligência que os exclui.

A formação continuada que envolva o docente foi um aspecto citado

pela grande maioria dos entrevistados. Esta necessidade foi declarada como fator

preponderante para o melhor desenvolvimento do trabalho com os alunos com

deficiência. Santos (2008 p.149) reforça esta idéia e destaca que:

A formação em serviço é necessária a cada professor, no coletivo da troca interativa de experiência. O esquema de utilização de “representantes” ou de “multiplicadores” é inoperante, por que ninguém pode estudar ou aprender no lugar do outro.

Também concordando e complementando a idéia da necessidade

de formação para os docentes com vistas a explorar toda a riqueza dos meios e

tecnologias, PFROMM NETO (2001, p. 74) afirma que.

O trabalho precisa ser minucioso e não admite improvisações ou adaptações ao acaso. Demandam materiais e programas bem estruturados, sistemáticos, com informações organizadas em seqüências apropriadas, com palavras e imagens cuidadosamente selecionadas para facilitar a compreensão, a retenção e a execução dos conhecimentos

Soares e Figueiredo destacam que: “Para ser capaz de se situar

numa nova organização de ensino e de gestão da classe, o professor precisa

redimensionar seu sistema de crenças e valores” (apud Mantoan, 2008). A

afirmativa destes autores alerta para a necessidade da quebra de paradigmas

comportamentais acerca das pessoas com deficiência e suas possibilidades e

capacidades. Quando o próprio educador não consegue dimensionar as reais

possibilidades destas pessoas, a sua capacidade para participar no processo de

forma a desenvolver o outro também fica comprometida. A formação específica

contribui para reverter este quadro de desinformação e descrença. Figueiredo (apud

Mantoan, 2008)alerta complementando que: “O paradigma de escola que inclui

remete à reflexão de conceitos relativos à diversidade e à diferença.”

Os demais comentários dos professores entrevistados versaram

sobre a falta de formação dos docentes para desenvolverem práticas pedagógicas

adequadas para lidar com a diferença.

41

A oportunidade de reflexão sobre o seu papel e sua

responsabilidade pela aprendizagem de qualquer aluno, deve fazer parte de sua

formação, tanto inicial quanto continuada. Del Prette e Del Prette (1997) destacaram

que as relações entre professor-aluno, geralmente administradas pelo professor,

estão contagiadas por crenças e expectativas. Cavalcante (2000), concluiu em

pesquisa realizada com professores nos EUA, que a forma como conduzem o

ensino dentro da sala de aula é reflexo de suas convicções e valores, o que reforça

a necessidade da ruptura de velhos paradigmas, para assumir novos conceitos e

posturas. Denotam também que assumir responsabilidade pelo aprendizado do

aluno é uma postura que favorece o processo de inclusão. Mantoan (2007)

destacou que o professor deve conhecer sobre deficiência, mas não precisa nem

deve ser especialista em nenhuma delas. Mas sustenta que o profissional de

educação deve conhecer todos os alunos de sua turma. Esse conhecimento deve

incluir informações sobre a deficiência de seu aluno, como uma característica a

mais.

A leitura de trabalhos similares encontrados na literatura acadêmica

aqui citados e as respostas dos professores entrevistados apontaram algumas

pistas e reforçaram percepções pessoais que compartilharei no capítulo a seguir.

42

6. CONCLUSÃO

O presente estudo apresentou alguns dados que enriqueceram a

reflexão que venho fazendo sobre questões que têm permeado a educação

inclusiva, em especial no contexto da instituição onde trabalho- o CEFET/RJ. Os

conteúdos das entrevistas mostram uma posição favorável dos professores à

inclusão dos alunos com deficiência na escola regular. Esta sensibilização talvez se

deva ao fato do tema estar em evidência, fomentando discussões dentro dos meios

acadêmicos e sociais. Os profissionais da educação entrevistados demonstram que

consideram a educação inclusiva uma proposta possível, porém reconhecem e

ressaltam que para sua implementação há demanda de profundas transformações

comportamentais, na política e no sistema educacional atual.

Os resultados mostraram que os professores têm conhecimento de

seu despreparo para este processo, lembram que não tiveram formação para este

trabalho, não desenvolveram práticas ou métodos educacionais específicos para a

implementação da educação inclusiva e reconhecem necessitar de apoio

especializado. As respostas apontaram para o reconhecimento da relevância da

educação para todos, no entanto, foi observado relato em queo professor não tem

convicção acerca da possibilidade de desenvolvimento de pessoas que apresentam

determinados tipos de deficiências (cegos e surdos mudos) em uma escola como o

CEFET/RJ. Este tipo de posicionamento (impregnado de preconceito derivado da

falta de informação) direciona-se para mais uma dificuldade a ser enfrentada no

processo de capacitação dos professores e mais uma vez ressalta a necessidade de

ruptura com velhos paradigmas.

Ao ponderar as dificuldades relatadas pelos professores

entrevistados, foi possível perceber que algumas delas não são restritas ao ensino

de alunos com deficiência, mas a problemas que existem há muito tempo na

estrutura educacional. Isto pode ser confirmado nos estudos de Jusevicius (2002).

Nesse sentido a inclusão destes alunos em turmas regulares exige novos desafios e

requisitos, que somam-se com as dificuldades já encontradas no sistema atual, e,

consequentemente, confirma a concepção de que profundas transformações devem

ser realizadas a fim de melhorar a qualidade do processo de educação, para todos

os alunos.

43

Como funcionária do quadro técnico-pedagógico no CEFET/RJ e

não docente, preocupa-me também o fato dos professores entrevistados só

referirem-se à necessidade de qualificação no campo da inclusão para quem

trabalha diretamente na sala de aula. Questiono se a efetivação de um projeto

pedagógico inclusivo pode se dar sem a participação de toda a comunidade, desde

o quadro administrativo até o acadêmico no plano e implementação das ações.

Diante do quadro que foi apresentado, ficam evidentes alguns

obstáculos ao processo da inclusão. Dentre estes obstáculos, está ao falta de

preparo da comunidade, o que denota a necessidade desta ser envolvida nas ações

inclusivas.. Um dos principais parece ser a falta de preparo do profissional para

atuar com estes alunos em classes regulares. São dificuldades graves, pois

remontam a sua formação que não previa este cenário, demandando ações em

diversos segmentos. Para um processo democrático de fato considero importante

que os profissionais e gestores educacionais sejam consultados e participem

efetivamente do processo de planejamento e transformação que a ser

implementado no âmbito escolar, como destaca Machado (2003). As experiências e

questionamentos dos agentes de educação são fontes de dados importantes acerca

da realidade escolar e precisam ser considerados nas discussões efetivadas pelos

órgãos governamentais para decidir sobre o rumo da Educação. Neste sentido, em

uma escala menor, os dados aqui obtidos servirão como subsídios para ações no

campo da inclusão no âmbito do CEFET/RJ.

Também julgo relevante a redefinição dos currículos dos cursos de

formação de professores, com o tema “educação inclusiva” como um eixo

importante a ser trabalhado ao longo dos cursos, com vistas a contribuir a uma

prática segura e adequada com as necessidades da educação inclusiva. Trata-se de

um trabalho longo, contínuo e de base, para os profissionais que estão se formando,

e mais complicado para os que já desenvolvem um trabalho na educação, pois

demanda a resignificação de conceitos e práticas, crenças e valores, com

desconstrução e (re) construção de paradigmas que foram construídos ao longo de

cada trajetória dentro da educação. De minha parte, posso relatar que as reflexões

que este trabalho descortinou representaram a oportunidade de rever e questionar

minhas próprias crenças, idéias e percepções como educadora.

44

7. BIBLIOGRAFIA

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ponto de vista dos professores: o processo de constituição de um discurso. Revista

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http://www.uniblog.com.br/agenciainclusive/317440/salto-para-o-futuro---o-desafio-

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WCEFA - CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Declaração

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necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, Tailândia: março de 1990.

www.cefet-rj.br acesso em 19/102009

www.mec.gov.br 22/10/2009

47

8. ANEXOS

Anexo 1

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica PROGRAMA TEC NEP – Educação, Tecnologia e Profissionalização para

Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais

Curso de Especialização em Educação Profissional Tecnológica Inclusiva.... Trabalho de Pesquisa - Percepções, impressões e expectativas de professores frente ao desafio da inclusão:Um estudo no CEFET-RJ Pesquisadora - Márcia Christina Campos de Albuquerque Entrevista com professores Prezado(a) Professor(a) responda às questões abaixo e utilize o espaço ao final para observações complementares que julgar necessárias. Obrigada pela sua participação.

1. Quantos alunos com deficiência(s) você já tem ou teve aqui no CEFET/RJ?.................................................................................................................

2. Que tipo de deficiência estes alunos apresentam/apresentavam? ................................................................................................................................................ 3. Foi sua primeira experiência com educação especial? Em caso negativo, fale

de sua primeira experiência. ............................................................................................................................................... 4. Você tem alguma formação específica (especialização, cursos de

qualificação, atualização etc.) em educação especial? Em caso positivo, especifique. Em caso negativo, gostaria de receber formação neste campo? Por que?

.................................................................................................................................

............... 5. Como definiria sua experiência no CEFET/RJ com educação especial?

Destaque impressões, sentimentos, expectativas, pontos positivos e negativos.

6. Que sugestões você daria para melhorar este tipo de trabalho no âmbito do

CEFET/RJ?

48

Anexo 2

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica PROGRAMA TEC NEP – Educação, Tecnologia e Profissionalização para

Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais

Curso de Especialização em Educação Profissional Tecnológica Inclusiva

Trabalho de Pesquisa - Percepções, impressões e expectativas de

professores frente ao desafio da inclusão:Um estudo no CEFET-RJ

Pesquisadora - Márcia Christina Campos de Albuquerque

Orientadora - Mônica de Cássia Vieira Waldhelm

ANEXO 2 - Termos de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu________________________________________________________ fui

convidado (a) a participar desta pesquisa qualitativa que busca identificar junto a

professores suas percepções, impressões e expectativas acerca da educação

inclusiva no âmbito do CEFET-RJ.

Ao participar desta pesquisa, estarei colaborando na construção de

conhecimento que pode vir a subsidiar programas de formação de professores e

promover melhoria no acolhimento de alunos com deficiência(s) no CEFET-RJ.

Minha participação é inteiramente voluntária e gratuita. Fui informado (a) de

que posso a qualquer momento desistir de participar da pesquisa.

Recebi uma cópia desse termo de consentimento e pela presente consinto

voluntariamente em participar desta pesquisa.

Rio de Janeiro / /

Assinatura do (a) entrevistado (a) __________________________________

Assinatura da pesquisadora responsável pelo projeto

__________________________________________________________

Márcia Christina Campos de Albuquerque

Testemunha________________________________________