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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DISCENTES: Milena de Mendonça Fonseca – RA: 131221221 DOCENTE: Prof. Dr. Luis Alexandre Fuccille DISCIPLINA: Política Externa: Mecanismos de Integração da América Latina CURSO: Relações Internacionais – 2º ano (Vespertino) FICHAMENTO CERVO, A. L. Relações Internacionais da América Latina - velhos e novos paradigmas. 2a ed. São Paulo. Saraiva, 2007. Capítulos 1-3. i O texto “Relações Internacionais da América Latina” trata das políticas diplomáticas e econômicas utilizadas pelos Estados latinos entre a depressão de 29 e a Segunda Guerra Mundial, assim como das relações regionais até meados de 1970. Cervo inicia seu trabalho demonstrando o efeito da crise nos países com maior desenvolvimento e naqueles denominados latino-americanos. Enquanto os primeiros buscaram fechar seus mercados e reforçar suas medidas protecionistas, os segundos focaram no desenvolvimento e modernização da economia, fazendo o caminho externo. Havia uma alteração nos padrões de política externa, uma vez que as Nações latinas anteriormente passavam por uma espécie de subordinação aos desejos das grandes potências, dada através da Divisão Internacional do Trabalho, na qual países na condição de subdesenvolvimento forneciam matérias primas, enquanto os Estados desenvolvidos ocupavam a função de disseminarem bens de consumo.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHOFACULDADE DE CINCIAS HUMANAS E SOCIAISDISCENTES: Milena de Mendona Fonseca RA: 131221221DOCENTE: Prof. Dr. Luis Alexandre FuccilleDISCIPLINA: Poltica Externa: Mecanismos de Integrao da Amrica LatinaCURSO: Relaes Internacionais 2 ano (Vespertino)FICHAMENTOCERVO, A. L. Relaes Internacionais da Amrica Latina - velhos e novos paradigmas. 2a ed. So Paulo. Saraiva, 2007. Captulos 1-3.[endnoteRef:1] [1: Bibliografia:CERVO, A. L. Relaes Internacionais da Amrica Latina - velhos e novos paradigmas. 2a ed. So Paulo. Saraiva, 2007. Captulos 1-3.]

O texto Relaes Internacionais da Amrica Latina trata das polticas diplomticas e econmicas utilizadas pelos Estados latinos entre a depresso de 29 e a Segunda Guerra Mundial, assim como das relaes regionais at meados de 1970. Cervo inicia seu trabalho demonstrando o efeito da crise nos pases com maior desenvolvimento e naqueles denominados latino-americanos. Enquanto os primeiros buscaram fechar seus mercados e reforar suas medidas protecionistas, os segundos focaram no desenvolvimento e modernizao da economia, fazendo o caminho externo. Havia uma alterao nos padres de poltica externa, uma vez que as Naes latinas anteriormente passavam por uma espcie de subordinao aos desejos das grandes potncias, dada atravs da Diviso Internacional do Trabalho, na qual pases na condio de subdesenvolvimento forneciam matrias primas, enquanto os Estados desenvolvidos ocupavam a funo de disseminarem bens de consumo. Houve a partir deste momento uma alterao econmica nos pases da Amrica Latina, a qual se deu principalmente devido s novas necessidades sociais, advindas do crescimento urbano, alm de uma burguesia em busca de bons negcios. Juntamente com este novo enfoque, houve a criao de algumas medidas protecionistas em relao ao comrcio externo e a busca militar por um aprimoramento da defesa nacional.Alinhadas a todos estes acontecimentos, a criao de blocos excludentes e a deflagrao da chamada Segunda Guerra Mundial, aumentaram o poder de barganha dos latinos. Trs elementos foram definidores da nova poltica externa latino-americana: O conhecimento da transio; O carter funcional, concedido aos diplomatas, visando o angariamento de insumos de desenvolvimento; e, por fim, o reconhecimento de condies que tornariam este movimento bem-sucedido.Devido s medidas protecionistas dos Estados Europeus e com a finalidade de evitar a estagnao comercial, os governantes da Amrica Latina assinaram tratados com clusula de Nao mais favorecida, com a finalidade de que houvesse respeito com o princpio de liberdade de comrcio, criado pela Liga das Naes. Entretanto, esta medida no foi suficiente para evitar as barreiras criadas como controle de importaes. Como resposta a este problema, foram criados tratados de reciprocidade e comrcios compensados, os quais minimizavam a liberdade de comrcio, priorizando o princpio do benefcio compartilhado, com foco na Amrica Latina.Apesar de alguns dos principais atores internacionais, como o Japo e a URSS, demonstrarem interesse em estreitar suas relaes com os Estados latinos, o foco geral da Amrica Latina, concentrava-se nos Estados Unidos, entretanto, apesar do interesse em ampliar o comrcio internacional latino, existiam algumas barreiras para seu desenvolvimento: limitao por restries cambiais; escassez de crditos para o comrcio; inexistncia de indstrias com capacidade de produo suficiente para atender o mercado norte-americano; e deficincia dos transportes martimos. Os Estados Unidos, por sua vez, visavam alcanar a Amrica latina, estabelecendo um monoplio intra e extra-zonal; fornecendo diversos crditos s importaes e exportaes dos EUA na regio, fundos monetrios para estabilizar as moedas latinas e desencorajando o comrcio compensado. Estas medidas no foram instaladas, devido a grandes dificuldades de implementao. Entretanto, os interesses divergentes entre EUA e pases latinos foram amenizados pela iminncia Segunda Guerra Militar. Os Estados Unidos buscaram estabelecer um maior contato com os Estados que defendessem o mesmo posicionamento poltico. Foi na conferncia de Buenos Aires, em 36, que o princpio defesa conjunta, em caso de ataque de um pas americano, foi deliberado para, posteriormente, ser quebrado pela Argentina, que manteve-se neutra, mesmo aps o ataque a Pearl Harbor. A poltica Brasileira, neste perodo era de cordialidade e busca por estreitamento das relaes com as Naes irms, de tal forma que optaram pela manuteno das relaes da Argentina, independente das exigncias de seu principal parceiro comercial do perodo: Estados Unidos.Apesar dos novos paradigmas que marcaram as relaes internacionais latinas, ainda haviam diversos conflitos regionais, principalmente relacionados s questes fronteirias, como a Guerra do Chaco e a questo Letcia. Ademais, a mdia buscava fomentar uma rivalidade inexistente entre Argentina e Brasil, para que estes tomassem posicionamentos polticos e econmicos diferentes. Em mbito regional, a segunda guerra permitiu a renovao das relaes diplomticas regionais e aproximou os pases latinos dos Estados Unidos. Outrossim, ocorreram buscas por acordos coletivos focados em defesa e segurana americana, alm do cmbio militar, econmico e poltico, como o pacto ABC. Com a iminncia do fim da guerra, os Estados Unidos propuseram a criao da Organizao dos Estados Americanos (OEA) e do Tratado Interamericano de Assistncia Recproca (TIAR), os Estados da regio temeram o poder que os Estados Unidos exerceriam sobre a Amrica Latina, entretanto o TIAR foi aprovado durante a conferncia interamericana para a Manuteno da Paz e Segurana no continente. O perodo que sucedeu a Guerra foi caracterizado pelo apogeu do paradigma desenvolvimentista na Amrica Latina, com foco em uma intensa fase de modernizao, executada em boa parte por entidades Estatais. Neste momento, os Estados visaram a abertura de mercados, seja para seus produtos primrios, industriais ou at mesmo servios ligados engenharia; obteno de investimentos externos; ou captao de tecnologias estrangeiras. Medidas estas, que tornavam os Estados extremamente dependentes do capital externo e alinhavam-se ao interesse estadunidense de promover investimentos privados para a Amrica Latina.Enquanto contraponto a esta viso de integrao, deve ser destacada a falta de substituio das importaes, para que houvesse um equilbrio da balana comercial. Os pases latino-americanos apenas buscaram desenvolver seus produtos de exportao, no focando na sade de sua balana de pagamentos. Ademais, as questes de integrao do mercado encontravam barreiras devido aos diferentes nveis de desenvolvimento e riquezas dos Estados envolvidos, alm da busca por autossuficincia econmica que possua grande repercusso na poca. Apesar de haver um anseio de criao, a falta de um plano de integrao e desenvolvimento em muito prejudicou o crescimento de cada Estado, sendo este desigual.Foi neste contexto que se desenvolveu a operao pan-americana, a qual revolucionava os ideais referentes s polticas solidrias estadunidenses, dependentes da cooperao; alm do forte intervencionismo, por parte desta nao. Outrossim, em 63 a CEPAL instruiu as chancelarias para que suas respectivas delegaes representassem a Amrica Latina na Conferncia das Naes Unidas, buscando uma unio econmica, a qual era dificultada pelas diferenas de identidades polticas entre os Estados latinos. Foi em 1960, com o tratado de Montevido, que a Associao Latino-Americana de Livre Comrcio (Alalc) foi criada. O sucesso desta esteve ligado ao protecionismo e pela natureza fechada do modelo de desenvolvimento adotado. Foi neste perodo tambm que os pases latino-americanos passaram a focar em Tecnologia, principalmente por parte das Estatais de grande porte, as quais possuam conhecimentos prvios.Por fim, o autor aponta que o perodo tambm foi marcado por grandes hostilidades latino-americanas em relao aos Estados Unidos. Isto se deu a partir das exigncias e apelos resultantes da guerra fria, alm do apoio americano a ditaduras de direita, as quais permitiam que a Potncia mantivesse uma postura mais confortvel, sem necessidade de intervir a todo momento. Esta diviso do mundo bipolar pouco interessava aos pases latinos, os quais apesar de terem reforado seu nacionalismo e excludo CUBA da OEA, no buscavam trazer esta discusso a nvel regional. Em suma, a renovao do conceito de regionalismo e interdependncia se deu principalmente devido s oportunidades comerciais aps a crise de 29, instabilidade poltica na Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria e possibilidade de aproximao da grande potncia norte americana.