centro universitÁrio uninovafapi lindemberg holanda … · a problemática envolvida desponta do...

26
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO DESAPOSENTADORIA: a devolução dos valores recebidos após a declaração da inconstitucionalidade desse instituto TERESINA 2018

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI

LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO

DESAPOSENTADORIA: a devolução dos valores recebidos após a declaração

da inconstitucionalidade desse instituto

TERESINA

2018

Page 2: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO

DESAPOSENTADORIA: a devolução dos valores recebidos após a declaração

da inconstitucionalidade desse instituto

Artigo Cientifico apresentadoao Centro Universitário UNINOVAFAPI como requisíto parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito, sobre Desaposentadoria. ORIENTADORA: Profª. Drª . Auricélia do Nascimento Melo

TERESINA

2018

Page 3: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

FICHA CATALOGRÁFICA

Catalogação na publicação Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035

Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/1028

S586c Nascimento, Lindemberg Holanda.

Desaposentaoria: a devolução dos valores recebidos após a declaração da inconstitucionalidade desse instituto / Lindemberg Holanda Nascimento. – Teresina: Uninovafapi, 2018.

Orientador (a): Prof. Dr. Auricélia do Nascimento Melo; Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2018.

24. p.; il. 23cm.

Monografia (Graduação em Direito) – Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2018.

1. Trabalho. 2. Previdência. 3. Aposentadoria. 4. Desaposentadoria. I. Título. II. Melo, Auricélia do Nascimento.

CDD 341.672 1

Page 4: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar
Page 5: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

A minha esposa, pelo importante

incentivo na realização deste sonho.

Page 6: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e pelas bênçãos e graças a mim

direcionadas.

A professora Drª. Auricélia do Nascimento Melo pela orientação precisa e

competente.

A minha família, minha mãe Antônia Archanjo Cordeiro Nascimento (In

memorian), meu pai Francisco Holanda da Silva Nascimento e meus irmãos e

sobrinhos.

E a família que constitui,minha esposa Elismar Martins Bonfim e meu filho

João Pedro Araújo Holanda.

Page 7: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

“Creio muito na sorte. Quanto mais

trabalho, mais sorte pareço ter”.

Coleman Cox

Page 8: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar
Page 9: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

DESAPOSENTADORIA:a devolução dos valores recebidos após a declaração da inconstitucionalidade desse instituto

DISAPOINTMENT: the return of the amounts received after the declaration of unconstitutionality of this institute

LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO*1

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo tratar da desaposentação e explicar como esse

instituto foi declarado inconstitucional. A problemática envolvida desponta do fato

que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar os

valores que já tinham sido deferidos legalmente. Nesse sentido o estudo foi

desenvolvido com base na evolução da previdência até a atualidade, bem como os

tipos de aposentadoria e quais destas já foram objeto de uma nova aposentadoria. O

conceito de desaposentadoria foi discutido com base na jurisprudência, nas

doutrinas e nas leis. A metodologia utilizada foi a doutrina, jurisprudência, artigos

sobre o tema e pesquisa legislativa. Como resultado pode-se verificar que existe

uma necessidade de rever a legislação, para regular a situação do aposentado que

volta a trabalhar e recolher para previdência.

PALAVRAS-CHAVE:Trabalho, Previdência, Aposentadoria,Desaposentadoria.

SUMMARY

The purpose of this article is to deal with disapproval and to explain how this institute

was declared unconstitutional. The problem involved provides the fact that from the

declaration of unconstitutionality, the INSS began to collect the values that had

already been legally conceded. In this sense, the study was developed based on the

evolution of social security to the present, as well as the types of retirement and

which of these have already been object of a new retirement. The concept of

1 Aluno do 9º Período do Centro Universitário UNINOVAFAPI

Page 10: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

9

resentment was discussed on the basis of jurisprudence, doctrines, and laws. The

methodology used was to the doctrine, jurisprudence, articles on the subject and

legislative research. As a result it can be verified that there is a need to review the

legislation, to regulate the situation of the retiree who returns to work and collect for

social security

KEYWORDS: Job, Previdência, Retirement, Disappointment.

1INTRODUÇÃO

O presente estudo apresentará os aspectos relacionados à desaposentação como

parte integrante da doutrina e jurisprudência brasileira, bem como os benefícios

concedidos pela Previdência Social voltados aos segurados e a possibilidade da

renúncia do benefício.

É importante observar que, este trabalho assume destaque na atual

conjuntura jurídica social, uma vez que, nos últimos anos houve uma enxurrada de

processos perante o Judiciário com o objetivo de se buscar um novo benefício com

uma renda mais favorável.

No momento, a maioria dos aposentados decide retornar ao trabalho,

principalmente por suas necessidades financeiras e pelo aumento da expectativa de

vida. E em meio a uma economia falha e aos ditames do pensamento jurídico, a

possibilidade de retornar ao trabalho como forma de alcançar uma vida mais digna,

justa e possível, e, como o trabalhador passa a contribuir novamente com o sistema

previdenciário e na esperança de adquirir uma nova aposentadoria, acaba

requerendo administrativamente um novo benefício no INSS (Instituto Nacional do

Seguro Social), sendo que este pedido será prontamente negado já que não existe

legislação prevendo a cessação da aposentadoria para concessão de uma nova.

Neste sentido, a pesquisa abordará os aspectos da Previdência Social, a

evolução histórica da Previdência Social no Mundo e no Brasil e também traçará um

panorama sobre a aposentadoria e sua renúncia. E também analisará os aspectos

gerais, conceitos, princípios basilares, o Regime de Previdência Social com relação

ao beneficiário e as espécies de aposentadorias.

Nesses estudos, apresentar-se-á também as características da

desaposentação, seus aspectos jurídicos, os debates pelos Tribunais brasileiros

bem como suas conseqüências e vantagens jurídicas, demonstrando que devido a

ausência de Legislação sobre o referido tema, a população buscou o Poder

Page 11: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

10

Judiciário visando o reconhecimento de um novo benefício, e durante muito tempo

foi concedido, mais atualmente não existe mais esse instituto em razão de uma

decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que considerou inconstitucional a

desaposentadoria.

Mediante a estes objetivos, procurar-se-á demonstrar que sem o

reconhecimento legal do instituto da desaposentação no âmbito do RGPS (Regime

Geral de Previdência Social) não tem como se conceder um novo benefício.

Há dentre as propostas desta pesquisa, demonstrar que a sociedade está em

permanente evolução, e, deste modo, o direito é uma construção a partir destes

anseios, onde a lei deve progredir para se adequar a um novo momento.

Percebe-se-á diante deste cenário, que há muitas lacunas e omissões na

norma que afeta a desaposentadoria, ou seja, a legislação não acompanhou essa

evolução social.

O tema tratará de uma realidade crescente na sociedade que é a busca do

direito de se aposentar novamente, pois, devido à situação econômica do país várias

pessoas por necessidade decidem voltar ao trabalho como manutenção da vida

mesmo depois de aposentados. Logo, é de extrema importância o estudo da

desaposentadoria, pois, na medida em que a sociedade está evoluindo, a legislação

deve acompanhá-la para que não haja prejuízos à sociedade.

Compreender-se-á que, a aposentadoria é um direito de todos os cidadãos

brasileiros que se enquadrem nos requisitos da concessão. Numa breve análise a

tais requisitos, nota-se que um deles é por idade, onde é perceptível a distinção do

gênero sexual. Isso quer dizer que, a norma autoriza a concessão do benefício para

as mulheres com a idade mínima de 60 anos e aos homens com idade mínima de 65

anos. Já o outro requisito é o tempo que também faz distinção em relação ao gênero

sexual, no qual a mulher se aposenta com 30 anos de contribuição e o homem com

35 anos de contribuição.

Portanto, é fundamental debater a desaposentação neste contexto, uma vez

que esta apresenta aspectos relacionados ao mercado de trabalho para estas

pessoas consideradas da terceira idade e que possuem os mesmos direitos no

campo de trabalho na atualidade.

Page 12: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

11

A metodologia terá como base a investigação em bibliografias de artigos

sobre a legislação, considerando a análise do pensamento de diversos estudiosos

sobre esta temática.

2 A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO E NO BRASIL

A sociedade sempre se mostrou preocupada com a proteção social dos

indivíduos, principalmente nos casos imprevistos do dia a dia, como acidentes,

doenças, desemprego, etc. Na idade antiga, pode-se citar o Código de Hamurabi,

que tinha como principal característica o assistencialismo, onde esse modelo durou

por muito tempo até surgir a Lei dos Pobres na Inglaterra.

A ideia de previdência surgiu pela primeira vez na Alemanha, sob um novo

modelo que deixa de ser assistencialista e passa a cobrar contribuições dos

trabalhadores através de uma espécie de seguro que tinha como objetivo proteger o

empregado em caso de doença. Depois de surgir na Alemanha a ideia de

previdência começou a ganhar corpo pela Europa.

No Brasil, a previdência integra o sistema da seguridade social prevista no art.

194 da Constituição Federal de 1988 (CF), sendo constituídas por três regimes

diferentes, quais sejam Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Regime

Próprio de Previdência Social (RPPS) e Regime Complementar de natureza aberta

ou fechada. Nesse sentido, Ibrahim (2012, p.27), descreve com propriedade sobre o

assunto:

A previdência social é tradicionalmente definida como seguro sui generis,pois é de filiação compulsória para os regimes básicos (RGPS e RPPS),além de coletivo, contributivo e de organização estatal, amparando seus beneficiários contra os chamados riscos sociais. Já o regime complementar tem como características a autonomia frente aos regimes básicos e a facultatividade no ingresso, sendo igualmente contributivo coletivo ou individual. O ingresso também pode ser facultativo no RGPS para aqueles que não exercem atividade remunerada.

O RGPS possui caráter contributivo, ou seja, “somente poderão usufruir dos

benefícios previdenciários aqueles que tenham, previamente, vertido contribuições

para o sistema”. (AMADO, 2015, p. 07).

Sobre este aspecto é importante ressaltar que o RGPS possui filiação

obrigatória, o que consiste segundo Kertzman (2011, p. 34), “que todas as pessoas

que trabalham exceto os servidores públicos vinculados aos regimes próprios, estão

obrigatoriamente vinculadas ao Regime Geral”.

Segundo Tavares (2006, p. 102):

Page 13: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

12

A filiação é a relação jurídica estabelecida entre o segurado e o INSS nos termos do RGPS, geradora de direitos e obrigações mútuas. Para os segurados obrigatórios, decorre automaticamente do exercício da atividade remunerada.

Por sua vez, o teórico Kertzman (2011, p. 120) conceitua a inscrição como

“ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social,

mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e

úteis à sua caracterização”.

No Brasil, a primeira vez que se ouviu falar em política de proteção social

ocorreu no século XVI através da Santa Casa de Misericórdia, sendo que esta

política tinha como característica o assistencialismo, e não havia a participação do

Estado sendo totalmente desenvolvido pela iniciativa privada.

Sobretudo, somente muito tempo depois, no ano de 1824, na primeira

Constituição brasileira, ainda no tempo do império, foi que se falou pela primeira vez

em proteção social através do Estado, no qual se tinha a previsão de socorro

público. Já em 1891 a primeira Constituição da República trouxe a possibilidade de

aposentadoria por invalidez. Mas, é importante destacar que essa previsão era

bastante restrita, uma vez que incluía somente os servidores públicos, ou seja, uma

minoria da população prevendo que o funcionário a serviço da nação teria direito a

aposentadoria em caso de invalidez, não sendo exigida a contribuição do

trabalhador, e o Estado arcava com suas custas.

No Brasil também pode-se afirmar que, a previdência social nasceu em 1923

com o Decreto-Legislativo 4682, a famosa Lei Eloy Chaves, causando uma

verdadeira revolução no que diz respeito a proteção dos trabalhadores, pois previa

os seguintes benefícios aos trabalhadores das empresas ferroviárias:

aposentadorias aos empregados e pensões aos seus dependentes. O custeio era

mantido por três fontes: contribuições das empresas, Estado e trabalhadores.

Com o progresso da sociedade a aposentadoria foi evoluindo e abrangendo

as demais categorias, diferenciando o requisito de distinção de gênero,

trabalhadores insalubres, entre outros.

Nota-se que, o Ordenamento Jurídico sempre buscou acompanhar o

desenvolvimento da sociedade procurando amparar seus cidadãos. Estabeleceu-se

assim, a Seguridade Social com o objetivo de proteger aqueles que por alguma

circunstância não dispõem de condições para realizar suas necessidades básicas do

dia a dia, sejam elas suas ou de sua família.

Page 14: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

13

De acordo com Leitão e Meirinho (2014, p.45) a seguridade social:

Compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos eda sociedade destinando a segurança dos direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Mediante estas palavras, percebe-se que é um sistema protecionista constituído com três subsistemas: saúde, previdência e a assistência social.

Já para os autores Balera e Mussi (2009, p.19) a seguridade social é

compreendida como “o sistema secundário social que consagra a proteção do

indivíduo contra possíveis riscos que possam surgir, seja através da saúde, da

assistência social e da previdência social”.

Mediante a apresentação dos conceitos de seguridade social citados por

estes autores, percebe-se que o seu principal objetivo é a proteção do indivíduo, não

apenas com a aposentadoria, mas com possíveis imprevistos que possam ser

relacionados com outros campos, além da aposentadoria, ou previdência social.

Ademais, conforme o entendimento de Castro e Lazzari (2010, p.

113),“segundo o conceito ditado pela ordem jurídica vigente, compreende um

conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade nas

áreas de saúde, previdência e assistência social”.

3 ESPÉCIES DE APOSENTADORIA

A aposentadoria é classificada segundo alguns critérios. Há a espécie de

aposentadoria por invalidez, a qual é concedida ao segurado que não consegue

mais desenvolver suas atividades laborais com destreza e não consegue também

desenvolver outra atividade que lhe garanta o sustento do dia a dia. È importante

destacar que esse benefício poderá ser concedido ao segurado estando ou não de

gozo do auxílio doença. (VIANA, 2013).

A aposentadoria por idade ocorre quando o segurado tem pelo menos

180contribuições mensais, sendo que o homem tem que ter 65 anos e a mulher 60

anos. Neste quadro, é importante ressalta que no caso de trabalhadores rurais a

idade para homem reduz para 60anos e de mulheres para 55 anos. (AMADO, 2015).

De acordo com as ideias de Ibrahim (2012), a aposentadoria por tempo de

contribuição ocorre quando o segurado atinge 35 anos de contribuição se for homem

e 30 anos de contribuição se for mulher. É válido destacar que esse tempo será

reduzido em cinco anos para professores que comprove exclusivamente tempo de

efetivo exercício nas funções de magistério na educação infantil, fundamental e no

ensino médio, ou seja,30 anos para os homens e 25 anos para as mulheres.

Page 15: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

14

A aposentadoria especial ocorre quando o trabalhador avulso, segurado,

empregado e contribuinte individual, este tendo que está filiado a cooperativa de

trabalho ou de produção tenha exercido atividade em condições especiais que

prejudiquem a integridade física ou a sua saúde e que tenha trabalhado por 15, 20

ou 25 anos. (AMADO, 2015).

É importante observar que em se tratando de aposentadoria por invalidez não

há como se cogitar a desaposentação, pois, se presumisse que ao requerer esse

benefício o trabalhador não irá mais exercer atividade remunerada. Logo, não irá

mais contribuir para o RGPS e, portanto, não fará jus a uma nova aposentadoria.

Com relação a aposentadoria especial, o trabalhador só poderá cogitar

futuramente uma nova aposentadoria se exercer atividade remunerada que não seja

relacionada as condições especiais que prejudiquem sua saúde.

É importante destacar também que, a natureza jurídica dos benefícios é

substituir a renda dos trabalhadores, ou seja, alimentícia. Na realidade a natureza

jurídica acaba se tornando mais ampla englobando outros aspectos, pois, sabe-se

que “nem só do pão vive o homem”. Portanto, é possível afirmar também que a

natureza jurídica da previdência envolve também o lazer, a educação, a saúde e etc.

(VIANA, 2013).

4. DESAPOSENTADORIA

Na realidade, na desaposentadoria não se tem disciplina no mundo jurídico de

forma específica e expressa. Logo, o ideal é que o conceito seja formado a partir das

leis do sistema previdenciário, observando-se as decisões judiciais e também os

doutrinadores.

O objetivo principal da desaposentação é a melhoria do status econômico do segurado. Consiste no ato da liberação do tempo de contribuição utilizado na aquisição da aposentadoria, para que fique desimpedido para averbação em outro regime ou para novo benefício no mesmo sistema previdenciário, nos casos em que o segurado possui tempo de contribuição posterior à concessão da aposentadoria. (IBRAHIM, 2005, p. 35).

Diante disso, pode-se sugerir que desaposentadoria ou desaposentação é a

possibilidade do segurado, já aposentado, pedir pela segunda vez uma

aposentadoria com uma renda maior do que a primeira, uma vez que o mesmo

continua trabalhando e consequentemente contribuindo para o RGPS. Isto é,

desaposentadoria ou desaposentação é o pedido de um novo benefício incluindo as

contribuições posteriores a primeira aposentadoria.

Page 16: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

15

O aposentado retorna ao trabalho na esperança de futuramente pedir uma

nova aposentadoria e também na perspectiva de aumentar a renda familiar. A

terceira idade corresponde ao grupo de pessoas onde os gastos são maiores do que

o valor recebido pelo INSS, pois a vida deste segurado exige maiores despesas de

custos com a saúde em razão do avanço da idade. Sendo esse um fato recorrente,

onde na maioria das vezes o aposentado é o responsável pela maior parte da

despesa doméstica.

Logo, diante dessa situação comum, ocorre que o trabalhador ao se

aposentar continue no mercado de trabalho para complementar a sua renda. Pode-

se destacar ainda nisso, que o valor do seu benefício na maioria das vezes é menor

do que o salário que ele recebia antes de se aposentar, já que o fator previdenciário

contribui para isso, pois, quanto mais cedo o segurado se aposentar menor será sua

renda.

Portanto, a desaposentadoria é o direito que o beneficiário tem de revisar a

sua aposentadoria incluindo novas contribuições, sendo que é preciso abdicar da

primeira aposentadoria e requerer um novo benefício.

É notório que, essas novas contribuições após o retorno ao mercado de

trabalho juntamente com o período usado na aposentadoria anterior, vai fazer com

que a RMI (Renda Mensal Inicial) seja aumentada, contribuindo assim para uma vida

mais digna do aposentado.

É interessante destacar que não existe lei que trata da desaposentadoria.

Logo, se o trabalhador pretende renunciar sua aposentadoria para requerer uma

mais vantajosa, será necessário provocar o Poder Judiciário.

A desaposentação começou a surgir no Brasil através de várias ações nos

tribunais, a partir do caso em que o segurado ao pedir uma nova aposentadoria no

INSS tinha seu pedido imediatamente negado, já que não existe previsão legal para

este tipo de benefício. Na realidade,diante deste aspecto ocorre uma convicção

precipitada por parte dos aposentados, de que continuando no trabalho poderá

futuramente pedir uma nova aposentadoria. Contudo, ao chegar este momento, os

mesmos têm seu requerimento negado, acarretando em surpresas desagradáveis

neste processo.

Face ao grande número de ações tramitando nos tribunais, foi necessário que

o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) se manifestasse sobre a desaposentadoria,

Page 17: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

16

pois havia a necessidade de uniformizar as decisões, pacificando assim as decisões

sobre a desaposentadoria no Recurso Repetitivo que teve como relator o Ministro

Hermam Benjamim, onde afirmara que o segurado que solicitar um novo benefício

depois de renunciar a antiga aposentadoria não precisará ressarcir os valores

recebidos ao INSS, pois os benefícios são direitos patrimoniais indisponíveis.

A partir disso, o STJ entendeu que o segurado pode renunciar à

aposentadoria com o objetivo de obter benefício mais vantajoso tanto no RGPS

como no regime próprio de previdência (RPP), mediante a utilização de seu tempo

de contribuição.

Ocorre que, na realidade essa decisão não está mais valendo, pois, o STF

(Supremo Tribunal Federal) considerou a desaposentadoria como inconstitucional

por ausência de previsão legal, conforme decisão que será vista mais a diante.

4.1 A Ilegalidade da Desaposentadoria

A desaposentadoria não encontra amparo legal para sua concessão, com isso

a Administração Pública, mais precisamente o INSS, não poderá atender o segurado

que pleitear uma nova aposentadoria. Reforçando esse pensamento, a lei 9784/99

(Processo Administrativo Federal), em seu artigo 2º, parágrafo único, I, assim

descreve:

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de :I - Atuação conforme a lei e o Direito.

Nisso, percebe-se que a referida autarquia encontra-se engessada em relação

à desaposentadoria, uma vez que não existe amparo legal.

Pode-se alegar ainda que a aposentadoria seja irrenunciável após o

recebimento do primeiro pagamento ou da movimentação dos valores referentes ao

FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e/ou PIS(Programa de Integração

Social), é o que afirma a Instrução Normativa Nº 77 INSS/DIRBEN em seu artigo

800, caput, in verbis:

Ressalvado o disposto no art. 688, são irreversíveis e irrenunciáveis as aposentadorias por idade, por tempo de contribuição e especial, após o recebimento do primeiro pagamento do benefício ou do saque do PIS e/ou FGTS, prevalecendo o que ocorrer primeiro. (BRASIL, 2015)

A partir do artigo 688, é possível observar que o INSS não pode acatar o

pedido de desaposentadoria do trabalhador, pois o mesmo não tem como renunciar

Page 18: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

17

o antigo benefício sob o pretexto de que voltou a exercer nova atividade,

contribuindo assim novamente para o RGPS, o que lhe daria direito de ter uma nova

aposentadoria com uma renda maior.

Com relação à obrigação do trabalhador continuar contribuindo como segurado

obrigado mesmo depois de aposentado, encontra amparo legal conforme o artigo

11, parágrafo 3º da lei 8213/91, que descreve o seguinte texto:

O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social. (BRASIL, 1991).

Percebe-se que o artigo acima é bastante claro quando afirma que o

beneficiário do INSS que volta a exercer atividade remunerada é obrigado a

contribuir para a previdência. Na realidade essa nova contribuição só observa os

princípios da universalidade e da solidariedade em relação ao sustento do RGPS, é

o que afirma o artigo 18, parágrafo 2º da lei 8213/91:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: [...] § 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado. (BRASIL, 1991)

Entende-se que, a desaposentadoria é ilegal, o que acarreta a sua

inexistência no âmbito da Previdência social, evidenciando que fica proibido a dupla

aposentadoria do aposentado que retorna para o mercado de trabalho.

Uma alternativa sobre o que deveria ser feito, seria um tipo de lei que

possibilitasse o instituto da desaposentadoria, pois, é cada vez maior a quantidade

de aposentados que continuam exercendo atividade remunerada. Neste aspecto, é

de fundamental importância que o Legislativo brasileiro acompanhe essa

transformação da sociedade para atender as necessidades desses trabalhadores,

permitindo que se renunciem o antigo benefício para que se conceda outro mais

vantajoso.

No Congresso nacional existem projetos de lei sobre a desaposentação, no

entanto nenhum ainda obteve êxito, mesmo por que não é de interesse do Governo

Federal o aumento de despesa, pois de acordo com os estudos do próprio Governo

Federal, ano após ano o déficit da previdência só aumenta.

Page 19: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

18

Dentre os projetos de lei sobre desaposentação, inclui-se o do Deputado

Neuton Lima, já arquivado. Este projeto tinha a perspectiva de inovação, pois

permitiria que o aposentado que obteve a aposentadoria proporcional e que

retornasse a contribuir pudesse transformá-la em integral. Diante de sua aprovação,

sua redação seria citada como Art. 1º, e os artigos 18 e 55 da Lei nº 8213, de 24 de

julho de 1991, passam a vigorar com a seguinte redação:

Art. 18 [...] Parágrafo 2º O aposentado pelo Regime Geral de previdência Social – RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência dessa atividade, exceto o salário família e a reabilitação profissional, observado o disposto nos parágrafos 4º e 5º do art. 55 desta Lei. (NR) Parágrafo 4º O tempo de contribuição posterior à concessão de aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição proporcional poderá ser utilizado para efeito de revisão do cálculo do valor da aposentadoria, observado o disposto no parágrafo 5 º do art. 55 deste artigo. (NR) Parágrafo 5º Quando a soma dos tempos de serviço e/ou de contribuição ultrapassar trinta anos, se do sexo feminino, e trinta e cinco anos, se do sexo masculino, o excesso não será considerado para qualquer efeito. (NR)(BRASIL,1991).

Todavia, pode-se ressaltar que mesmo tal projeto aprovado, ainda assim não

seria uma medida totalmente favorável ao segurado. Pois, se a mulher ultrapasse 30

anos de contribuição e o homem 35 anos, esse excesso não iria influenciar na nova

renda do aposentado. Mas, esse gargalho não descaracteriza uma evolução.

Outro projeto apresentado sob este, e também arquivado, é de autoria do

Deputado Rogério Silva, em que alterava a Lei de benefício e de custeio conforme

os seguintes artigos:

Art. 1º O art. 12, parágrafo 4º, da Lei 8212, de 24 de julho de 1991 passa a

vigorar com a seguinte redação:

Art. 12 [...] Parágrafo 4º. O aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta lei. (NR) (BRASIL, 1991)

Art. 2º O art. 18, parágrafo 2º, e o art. 124 da Lei nº 8213,de 24 de julho de

1991, passam a vigorar com a seguinte redação:

Art. 18 [...] Parágrafo 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que permanecer em atividade sujeita s este Regime, ou a ele retornar, fará jus às prestações especificadas nesta lei, desde que cumpridas as respectivas condições de elegibilidade previstas nesta lei. (NR) Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social:

Page 20: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

19

I – mais de um auxílio-acidente; e II – mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.(NR) Art.3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Pode-se afirmar que este projeto de lei arquivado inovaria, pois tinha como

finalidade garantir aos aposentados que continuassem trabalhando e que

contribuíssem para o RGPS e tivessem o direito aos benefícios previdenciários.

4.2 A Devolução da Desaposentadoria

A devolução da desaposentadoria é a cobrança dos valores recebidos em

razão da concessão judicial da desaposentação. A verba pública não pode ser

irrepitível até mesmo em razão da previsão legal inexistente.

Num outro ponto existe a solidariedade do regime com fulcro nas gerações

futuras, num sistema previdenciário de repartição simples, onde o que se arrecada já

não tem coberto sequer a demanda.

A contribuição previdenciária tem como fato gerador o desempenho de

atividade remunerada, não importa se o trabalhador seja aposentado ou não. A

contribuição tem como finalidade o custeio da seguridade conforme o princípio da

solidariedade e da universidade que assim descreve o caput 195 da Constituição

Federal da República Federativa do Brasil:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (EC no 20/98, EC no 42/2003 e EC no 47/2005). (BRASIL, 1988).

A leitura deste artigo demonstra que o princípio da solidariedade e da

universalidade é a base que sustenta o RGPS, ou seja, todos têm que participar de

forma solidária para o fortalecimento da previdência.

Nesse sentido, cabe destacar ainda que o artigo 18, parágrafo 2º da Lei

8213/91 afirma que o segurado não terá nenhum direito em razão de nova atividade

remunerada:

O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que permanecer em atividade sujeita a este regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário família e à reabilitação profissional, quando empregado.(BRASIL, 1991).

Nesse aspecto, observa-se que o trabalhador não terá o direito a nenhuma

contraprestação do INSS, já que não existe a possibilidade de se acumular duas

Page 21: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

20

aposentadorias na previdência social e nem mesmo em outro regime. Logo, o

aposentado não pode requerer uma nova aposentadoria.

A solidariedade obriga até mesmo a quem nunca usufruiu dos benefícios da

previdência, como também aquele que jamais irá usufruir, a contribuir para

previdência, pois existe situação que o segurado passa a vida toda contribuindo e

falece sem gozar dos direitos previdenciários. Um exemplo neste sentido é quando

determinada segurada contribuiu por vinte e nove anos para a previdência,

considerando que nunca adoeceu e não teve filhos e esposo. Faltando um ano para

requerer sua aposentadoria, ele vem á óbito e com isso suas contribuições servirão

para outros segurados.

Em função dos referidos princípios, o trabalhador custeia o aposentado e a

geração futura irá sustentar os trabalhadores da atualidade. Portanto, não interessa

se é ou não aposentado, mas se desenvolveu atividade remunerada,

obrigatoriamente tem que contribuir para o RGPS, pois o regime não é tão somente

para ter o retorno de quem está pagando, mas serve também para ajudar os demais

participantes.

Outro ponto a se destacar é o princípio da supremacia do interesse público,

pois se não houvesse a devolução por parte dos aposentados que conseguiram a

desaposentação, haveria um desrespeito a esse princípio. Já é de conhecimento

que a previdência é deficitária, e no momento que o segurado consegue uma nova

aposentadoria com valores maiores, acaba comprometendo o regime, pois um dos

objetivos previdenciários é garantir o sustento das gerações que ainda estão

trabalhando. E como a desaposentadoria foi considerada inconstitucional e o

princípio da supremacia está presente tanto no momento da execução como

também na elaboração da lei, logo, terá que haver o ressarcimento por parte do

segurado que usufruiu indevidamente desses rendimentos.

Ainda neste aspecto, cabe destacar o princípio da indisponibilidade do

interesse público que deve estar presente nos atos da Administração Pública. Sabe-

se que a atuação administrativa deve respeitar a lei e a partir do momento que o

desaposentado se apropria do rendimento que conseguiu judicialmente, mas que foi

considerado inconstitucional por ausência de legislação. Diante disso, está

configurada a apropriação de forma indevida dos bens e interesse da Administração,

Page 22: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

21

uma vez que não existe a livre disposição do Poder Público sobre estes bens e

interesses.

Nesse contexto, o STF também já se posicionou sobre a desaposentação,

afirmando que é inconstitucional a concessão de uma nova aposentadoria conforme

citado no artigo a seguir:

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à ‘desaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8213/91.

Mediante a decisão do STF, fica prejudicada qualquer discussão sobre a

desaposentadoria, e automaticamente todas as ações que se encontra em trâmite

na justiça terão que ser suspensa, e as que já foram transitadas e julgada serão

consideradas inconstitucionais e, por conseguinte terá que haver a devolução dos

rendimentos adquiridos com a desaposentadoria.

Pensar na desaposentação sem uma legislação que trate do referido tema é o

mesmo que lesar gerações passadas, pois estes beneficiários cumpriram seu papel

obedecendo a solidariedade, ao passo que tal princípio se encontra afastado quando

se permite conceder uma nova aposentadoria. A verba pública não pode ser

irrepitível até mesmo em razão da previsão legal inexistente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desse panorama, é possível compreender que a desaposentadoria,

dentro de significativo tempo, foi concedida judicialmente, tendo sua confirmação

pelo STJ através do julgamento do Recurso Especial Repetitivo n 1334488/SC. E

que depois de tal recurso, foi julgado pelo STF o recurso extraordinário n 661256, no

qual se reconheceu a repercussão geral que teve como desfecho a

inconstitucionalidade do tema em debate.

Como o segurado não tem mais como recorrer ao judiciário para poder

requerer a sua desaposentadoria, e o trabalhador que conseguiu judicialmente terá

que devolver, uma das saídas seria um projeto de lei que reconhecesse a

desaposentação ou então uma lei que autorizasse uma revisão de quem se

aposentou.

Uma sugestão de proposta, seria uma lei em que o trabalhador que se

aposentasse e retornasse para o mercado de trabalho e cumprisse um tempo

mínimo de contribuição, pudesse requerer uma revisão com intuito de aumentar a

sua RMI. Desse modo, não precisaria que renunciasse a sua aposentadoria e

Page 23: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

22

consequentemente não teria que devolver o que recebeu para a previdência, pois

não se trataria de uma nova aposentadoria, mas de uma revisão na sua RMI.

Essa sugestão pode ser demonstrada numa situação hipotética em que um

determinado trabalhador se aposentou aos 57 anos de idade e 35 anos de

contribuição tendo uma RMI de 1500,00 R$, considerando que esse segurado

continuou exercendo suas atividades laborais e consequentemente contribuindo

para a previdência. Sobretudo, existe uma lei no qual estabelece que o beneficiário

retornando ao trabalho possa requerer revisão da sua aposentadoria contanto que

cumpra no mínimo oito anos de novas contribuições e a RMI aumentaria 1 % a cada

ano trabalhado. Essa situação poderia apontar uma solução benéfica tanto para o

sistema previdenciário como também para o segurado, pois a RMI não aumentaria

consideravelmente para prejudicar o RGPS, que já é deficitário e por outro lado

aumentaria o valor de compra do trabalhador.

Outra proposta de solução remete o retorno do pecúlio que foi extinto em

1994. Pois até então, o trabalhador que se aposentava por idade ou por tempo de

contribuição e continuava exercendo atividade remunerada tinha sua contribuição de

volta, em cota única na qual consistia no recebimento de todas as contribuições do

exercício da nova atividade pós-aposentadoria.

Há também a medida da volta do abono permanência. Este era um benefício

devido ao trabalhador que tivesse preenchido os requisitos de carência e de tempo

de serviço exigido para a aposentadoria por tempo de serviço integral, sendo de 30

anos, no caso de mulher, e 35 anos para o caso do homem; e optasse em não se

aposentar e permanecesse no mercado de trabalho.

Diante disso, é possível observar que o segurado se encontra em prejuízo, já

que ao retornar ao trabalho depois de aposentado não tem direito a nenhum

benefício da previdência que garanta o retorno das suas novas contribuições, daí a

necessidade de se instituir uma lei para corrigir essa injustiça social.

Nesse sentido, a criação de uma lei sobre a desaposentadoria ou outro

benefício que favoreça o trabalhador que retorne ao mercado de trabalho, seria de

fundamental importância em razão do fato da legislação previdenciária atualmente

vigente não estabelecer a desistência da aposentadoria para os que buscam um

novo benefício mais vantajoso. Pois, somente assim, o segurado poderia exercer o

seu direito subjetivo de renunciar a sua primeira aposentadoria para requerer uma

Page 24: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

23

segunda mais vantajosa, o que eliminaria o descompasso que há entre a legislação

atual e a realidade da maioria dos aposentados.

E através disso, perceber-se que se torna necessário o surgimento de uma lei

que reconheça a desaposentadoria. Pois, analisando a previdência desde a

antiguidade até os dias de hoje, observa-se que a legislação acompanhou as

mudanças sociais, uma vez que no início havia o assistencialismo. Com passar do

tempo se percebeu a necessidade de amparo da população em casos de doença,

velhice, morte e outros fatores especiais.

Tudo isso demonstra que a partir de uma lei voltada para desaposentadoria,é

necessária acompanhar uma tendência cada vez maior de aposentados que

trabalham após a aposentadoria. Pois, a desaposentadoria ainda é um instituto a

ser debatido junto a sociedade e o Poder Público diante da realidade de um maior

número de aposentado que retornam para o mercado de trabalho. Logo, precisa-se

de mudanças na atual legislação previdenciária, considerando que a lei deve mudar

conforme as transformações sociais.

Infere-se que, é nesta direção que a população brasileira está aposentando,

continuando exercendo atividade remunerada. Nisso, aguarda-se que o Poder

Legislativo atue de modo a tornar realidade a concessão de uma nova

aposentadoria ou outro benefício que favoreça o segurado. Pois, isso seria a única

maneira, pois o STF já pacificou a inconstitucionalidade da desaposentadoria.

REFERÊNCIAS

AMADO, Frederico. Direito previdenciário. 5 ed. Salvador: Juspodivm, 2015. BALERA, Wagner; MUSSI, CristianeMiziari.Direito previdenciário: série concursos públicos. São Paulo: Método, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: de 5 de outubro de 1988, Brasília, DF, Gráfica do Senado Federal. 1988. ______.Lei 8212, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre a organização da seguridade social, institui plano de custeio, e dá outras providências. ______. Lei 8213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social, e dá outras providências. ______. Lei 9784, de 29 de Janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal.

Page 25: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar

24

______. Instrução normativa INSS nº77, de 21 de Janeiro de 2015. Estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da previdência social, com observância dos princípios estabelecidos no artigo 37 da Constituição Federal de 1988. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 3. Ed., atual. São Paulo: LTR, 2010. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Desaposentação. Rio de Janeiro: Impetus, 2005. ______. Curso de direito previdenciário. 17 ed. Niterói: Impetus,2012. KERTZMAN, Ivan. Curso prático de direito previdenciário. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2011. LEITÃO, André Studart; MEIRINHO, Augusto Grieco Sant´Anna. Manual de direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MATOS, Raimundo Barbosa Neto. O fato gerador da contribuição previdenciária na Justiça do Trabalho e suas conseqüências econômicas. 2011,47 f. (Graduação em Direito). Faculdade Santo Agostinho, 2011. SERAU, Marcos Aurélio Júnior. Desaposentação, novas perspectivas teóricas e práticas. 5ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. Superior Tribunal de Justiça. REsp- 1334488/SC. Relator Ministro Hermann Benjamim.Disponívelem: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23214413/recurso-especial-resp-1334488-sc-2012-0146387-1-stj/inteiro-teor-23214414>. Acesso em: 20 de novembro de 2018. Supremo Tribunal Federal. Rex 661256. Relator Ministro Roberto Barroso. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13687555>. Acesso em: 20 de novembro de 2018. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. 8. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2013.

Page 26: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI LINDEMBERG HOLANDA … · A problemática envolvida desponta do fato que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar