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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI
LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO
DESAPOSENTADORIA: a devolução dos valores recebidos após a declaração
da inconstitucionalidade desse instituto
TERESINA
2018
LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO
DESAPOSENTADORIA: a devolução dos valores recebidos após a declaração
da inconstitucionalidade desse instituto
Artigo Cientifico apresentadoao Centro Universitário UNINOVAFAPI como requisíto parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito, sobre Desaposentadoria. ORIENTADORA: Profª. Drª . Auricélia do Nascimento Melo
TERESINA
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação na publicação Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035
Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/1028
S586c Nascimento, Lindemberg Holanda.
Desaposentaoria: a devolução dos valores recebidos após a declaração da inconstitucionalidade desse instituto / Lindemberg Holanda Nascimento. – Teresina: Uninovafapi, 2018.
Orientador (a): Prof. Dr. Auricélia do Nascimento Melo; Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2018.
24. p.; il. 23cm.
Monografia (Graduação em Direito) – Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2018.
1. Trabalho. 2. Previdência. 3. Aposentadoria. 4. Desaposentadoria. I. Título. II. Melo, Auricélia do Nascimento.
CDD 341.672 1
A minha esposa, pelo importante
incentivo na realização deste sonho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e pelas bênçãos e graças a mim
direcionadas.
A professora Drª. Auricélia do Nascimento Melo pela orientação precisa e
competente.
A minha família, minha mãe Antônia Archanjo Cordeiro Nascimento (In
memorian), meu pai Francisco Holanda da Silva Nascimento e meus irmãos e
sobrinhos.
E a família que constitui,minha esposa Elismar Martins Bonfim e meu filho
João Pedro Araújo Holanda.
“Creio muito na sorte. Quanto mais
trabalho, mais sorte pareço ter”.
Coleman Cox
DESAPOSENTADORIA:a devolução dos valores recebidos após a declaração da inconstitucionalidade desse instituto
DISAPOINTMENT: the return of the amounts received after the declaration of unconstitutionality of this institute
LINDEMBERG HOLANDA NASCIMENTO*1
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo tratar da desaposentação e explicar como esse
instituto foi declarado inconstitucional. A problemática envolvida desponta do fato
que a partir da declaração da inconstitucionalidade, o INSS passou a cobrar os
valores que já tinham sido deferidos legalmente. Nesse sentido o estudo foi
desenvolvido com base na evolução da previdência até a atualidade, bem como os
tipos de aposentadoria e quais destas já foram objeto de uma nova aposentadoria. O
conceito de desaposentadoria foi discutido com base na jurisprudência, nas
doutrinas e nas leis. A metodologia utilizada foi a doutrina, jurisprudência, artigos
sobre o tema e pesquisa legislativa. Como resultado pode-se verificar que existe
uma necessidade de rever a legislação, para regular a situação do aposentado que
volta a trabalhar e recolher para previdência.
PALAVRAS-CHAVE:Trabalho, Previdência, Aposentadoria,Desaposentadoria.
SUMMARY
The purpose of this article is to deal with disapproval and to explain how this institute
was declared unconstitutional. The problem involved provides the fact that from the
declaration of unconstitutionality, the INSS began to collect the values that had
already been legally conceded. In this sense, the study was developed based on the
evolution of social security to the present, as well as the types of retirement and
which of these have already been object of a new retirement. The concept of
1 Aluno do 9º Período do Centro Universitário UNINOVAFAPI
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resentment was discussed on the basis of jurisprudence, doctrines, and laws. The
methodology used was to the doctrine, jurisprudence, articles on the subject and
legislative research. As a result it can be verified that there is a need to review the
legislation, to regulate the situation of the retiree who returns to work and collect for
social security
KEYWORDS: Job, Previdência, Retirement, Disappointment.
1INTRODUÇÃO
O presente estudo apresentará os aspectos relacionados à desaposentação como
parte integrante da doutrina e jurisprudência brasileira, bem como os benefícios
concedidos pela Previdência Social voltados aos segurados e a possibilidade da
renúncia do benefício.
É importante observar que, este trabalho assume destaque na atual
conjuntura jurídica social, uma vez que, nos últimos anos houve uma enxurrada de
processos perante o Judiciário com o objetivo de se buscar um novo benefício com
uma renda mais favorável.
No momento, a maioria dos aposentados decide retornar ao trabalho,
principalmente por suas necessidades financeiras e pelo aumento da expectativa de
vida. E em meio a uma economia falha e aos ditames do pensamento jurídico, a
possibilidade de retornar ao trabalho como forma de alcançar uma vida mais digna,
justa e possível, e, como o trabalhador passa a contribuir novamente com o sistema
previdenciário e na esperança de adquirir uma nova aposentadoria, acaba
requerendo administrativamente um novo benefício no INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social), sendo que este pedido será prontamente negado já que não existe
legislação prevendo a cessação da aposentadoria para concessão de uma nova.
Neste sentido, a pesquisa abordará os aspectos da Previdência Social, a
evolução histórica da Previdência Social no Mundo e no Brasil e também traçará um
panorama sobre a aposentadoria e sua renúncia. E também analisará os aspectos
gerais, conceitos, princípios basilares, o Regime de Previdência Social com relação
ao beneficiário e as espécies de aposentadorias.
Nesses estudos, apresentar-se-á também as características da
desaposentação, seus aspectos jurídicos, os debates pelos Tribunais brasileiros
bem como suas conseqüências e vantagens jurídicas, demonstrando que devido a
ausência de Legislação sobre o referido tema, a população buscou o Poder
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Judiciário visando o reconhecimento de um novo benefício, e durante muito tempo
foi concedido, mais atualmente não existe mais esse instituto em razão de uma
decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que considerou inconstitucional a
desaposentadoria.
Mediante a estes objetivos, procurar-se-á demonstrar que sem o
reconhecimento legal do instituto da desaposentação no âmbito do RGPS (Regime
Geral de Previdência Social) não tem como se conceder um novo benefício.
Há dentre as propostas desta pesquisa, demonstrar que a sociedade está em
permanente evolução, e, deste modo, o direito é uma construção a partir destes
anseios, onde a lei deve progredir para se adequar a um novo momento.
Percebe-se-á diante deste cenário, que há muitas lacunas e omissões na
norma que afeta a desaposentadoria, ou seja, a legislação não acompanhou essa
evolução social.
O tema tratará de uma realidade crescente na sociedade que é a busca do
direito de se aposentar novamente, pois, devido à situação econômica do país várias
pessoas por necessidade decidem voltar ao trabalho como manutenção da vida
mesmo depois de aposentados. Logo, é de extrema importância o estudo da
desaposentadoria, pois, na medida em que a sociedade está evoluindo, a legislação
deve acompanhá-la para que não haja prejuízos à sociedade.
Compreender-se-á que, a aposentadoria é um direito de todos os cidadãos
brasileiros que se enquadrem nos requisitos da concessão. Numa breve análise a
tais requisitos, nota-se que um deles é por idade, onde é perceptível a distinção do
gênero sexual. Isso quer dizer que, a norma autoriza a concessão do benefício para
as mulheres com a idade mínima de 60 anos e aos homens com idade mínima de 65
anos. Já o outro requisito é o tempo que também faz distinção em relação ao gênero
sexual, no qual a mulher se aposenta com 30 anos de contribuição e o homem com
35 anos de contribuição.
Portanto, é fundamental debater a desaposentação neste contexto, uma vez
que esta apresenta aspectos relacionados ao mercado de trabalho para estas
pessoas consideradas da terceira idade e que possuem os mesmos direitos no
campo de trabalho na atualidade.
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A metodologia terá como base a investigação em bibliografias de artigos
sobre a legislação, considerando a análise do pensamento de diversos estudiosos
sobre esta temática.
2 A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO E NO BRASIL
A sociedade sempre se mostrou preocupada com a proteção social dos
indivíduos, principalmente nos casos imprevistos do dia a dia, como acidentes,
doenças, desemprego, etc. Na idade antiga, pode-se citar o Código de Hamurabi,
que tinha como principal característica o assistencialismo, onde esse modelo durou
por muito tempo até surgir a Lei dos Pobres na Inglaterra.
A ideia de previdência surgiu pela primeira vez na Alemanha, sob um novo
modelo que deixa de ser assistencialista e passa a cobrar contribuições dos
trabalhadores através de uma espécie de seguro que tinha como objetivo proteger o
empregado em caso de doença. Depois de surgir na Alemanha a ideia de
previdência começou a ganhar corpo pela Europa.
No Brasil, a previdência integra o sistema da seguridade social prevista no art.
194 da Constituição Federal de 1988 (CF), sendo constituídas por três regimes
diferentes, quais sejam Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Regime
Próprio de Previdência Social (RPPS) e Regime Complementar de natureza aberta
ou fechada. Nesse sentido, Ibrahim (2012, p.27), descreve com propriedade sobre o
assunto:
A previdência social é tradicionalmente definida como seguro sui generis,pois é de filiação compulsória para os regimes básicos (RGPS e RPPS),além de coletivo, contributivo e de organização estatal, amparando seus beneficiários contra os chamados riscos sociais. Já o regime complementar tem como características a autonomia frente aos regimes básicos e a facultatividade no ingresso, sendo igualmente contributivo coletivo ou individual. O ingresso também pode ser facultativo no RGPS para aqueles que não exercem atividade remunerada.
O RGPS possui caráter contributivo, ou seja, “somente poderão usufruir dos
benefícios previdenciários aqueles que tenham, previamente, vertido contribuições
para o sistema”. (AMADO, 2015, p. 07).
Sobre este aspecto é importante ressaltar que o RGPS possui filiação
obrigatória, o que consiste segundo Kertzman (2011, p. 34), “que todas as pessoas
que trabalham exceto os servidores públicos vinculados aos regimes próprios, estão
obrigatoriamente vinculadas ao Regime Geral”.
Segundo Tavares (2006, p. 102):
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A filiação é a relação jurídica estabelecida entre o segurado e o INSS nos termos do RGPS, geradora de direitos e obrigações mútuas. Para os segurados obrigatórios, decorre automaticamente do exercício da atividade remunerada.
Por sua vez, o teórico Kertzman (2011, p. 120) conceitua a inscrição como
“ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social,
mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e
úteis à sua caracterização”.
No Brasil, a primeira vez que se ouviu falar em política de proteção social
ocorreu no século XVI através da Santa Casa de Misericórdia, sendo que esta
política tinha como característica o assistencialismo, e não havia a participação do
Estado sendo totalmente desenvolvido pela iniciativa privada.
Sobretudo, somente muito tempo depois, no ano de 1824, na primeira
Constituição brasileira, ainda no tempo do império, foi que se falou pela primeira vez
em proteção social através do Estado, no qual se tinha a previsão de socorro
público. Já em 1891 a primeira Constituição da República trouxe a possibilidade de
aposentadoria por invalidez. Mas, é importante destacar que essa previsão era
bastante restrita, uma vez que incluía somente os servidores públicos, ou seja, uma
minoria da população prevendo que o funcionário a serviço da nação teria direito a
aposentadoria em caso de invalidez, não sendo exigida a contribuição do
trabalhador, e o Estado arcava com suas custas.
No Brasil também pode-se afirmar que, a previdência social nasceu em 1923
com o Decreto-Legislativo 4682, a famosa Lei Eloy Chaves, causando uma
verdadeira revolução no que diz respeito a proteção dos trabalhadores, pois previa
os seguintes benefícios aos trabalhadores das empresas ferroviárias:
aposentadorias aos empregados e pensões aos seus dependentes. O custeio era
mantido por três fontes: contribuições das empresas, Estado e trabalhadores.
Com o progresso da sociedade a aposentadoria foi evoluindo e abrangendo
as demais categorias, diferenciando o requisito de distinção de gênero,
trabalhadores insalubres, entre outros.
Nota-se que, o Ordenamento Jurídico sempre buscou acompanhar o
desenvolvimento da sociedade procurando amparar seus cidadãos. Estabeleceu-se
assim, a Seguridade Social com o objetivo de proteger aqueles que por alguma
circunstância não dispõem de condições para realizar suas necessidades básicas do
dia a dia, sejam elas suas ou de sua família.
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De acordo com Leitão e Meirinho (2014, p.45) a seguridade social:
Compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos eda sociedade destinando a segurança dos direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Mediante estas palavras, percebe-se que é um sistema protecionista constituído com três subsistemas: saúde, previdência e a assistência social.
Já para os autores Balera e Mussi (2009, p.19) a seguridade social é
compreendida como “o sistema secundário social que consagra a proteção do
indivíduo contra possíveis riscos que possam surgir, seja através da saúde, da
assistência social e da previdência social”.
Mediante a apresentação dos conceitos de seguridade social citados por
estes autores, percebe-se que o seu principal objetivo é a proteção do indivíduo, não
apenas com a aposentadoria, mas com possíveis imprevistos que possam ser
relacionados com outros campos, além da aposentadoria, ou previdência social.
Ademais, conforme o entendimento de Castro e Lazzari (2010, p.
113),“segundo o conceito ditado pela ordem jurídica vigente, compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade nas
áreas de saúde, previdência e assistência social”.
3 ESPÉCIES DE APOSENTADORIA
A aposentadoria é classificada segundo alguns critérios. Há a espécie de
aposentadoria por invalidez, a qual é concedida ao segurado que não consegue
mais desenvolver suas atividades laborais com destreza e não consegue também
desenvolver outra atividade que lhe garanta o sustento do dia a dia. È importante
destacar que esse benefício poderá ser concedido ao segurado estando ou não de
gozo do auxílio doença. (VIANA, 2013).
A aposentadoria por idade ocorre quando o segurado tem pelo menos
180contribuições mensais, sendo que o homem tem que ter 65 anos e a mulher 60
anos. Neste quadro, é importante ressalta que no caso de trabalhadores rurais a
idade para homem reduz para 60anos e de mulheres para 55 anos. (AMADO, 2015).
De acordo com as ideias de Ibrahim (2012), a aposentadoria por tempo de
contribuição ocorre quando o segurado atinge 35 anos de contribuição se for homem
e 30 anos de contribuição se for mulher. É válido destacar que esse tempo será
reduzido em cinco anos para professores que comprove exclusivamente tempo de
efetivo exercício nas funções de magistério na educação infantil, fundamental e no
ensino médio, ou seja,30 anos para os homens e 25 anos para as mulheres.
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A aposentadoria especial ocorre quando o trabalhador avulso, segurado,
empregado e contribuinte individual, este tendo que está filiado a cooperativa de
trabalho ou de produção tenha exercido atividade em condições especiais que
prejudiquem a integridade física ou a sua saúde e que tenha trabalhado por 15, 20
ou 25 anos. (AMADO, 2015).
É importante observar que em se tratando de aposentadoria por invalidez não
há como se cogitar a desaposentação, pois, se presumisse que ao requerer esse
benefício o trabalhador não irá mais exercer atividade remunerada. Logo, não irá
mais contribuir para o RGPS e, portanto, não fará jus a uma nova aposentadoria.
Com relação a aposentadoria especial, o trabalhador só poderá cogitar
futuramente uma nova aposentadoria se exercer atividade remunerada que não seja
relacionada as condições especiais que prejudiquem sua saúde.
É importante destacar também que, a natureza jurídica dos benefícios é
substituir a renda dos trabalhadores, ou seja, alimentícia. Na realidade a natureza
jurídica acaba se tornando mais ampla englobando outros aspectos, pois, sabe-se
que “nem só do pão vive o homem”. Portanto, é possível afirmar também que a
natureza jurídica da previdência envolve também o lazer, a educação, a saúde e etc.
(VIANA, 2013).
4. DESAPOSENTADORIA
Na realidade, na desaposentadoria não se tem disciplina no mundo jurídico de
forma específica e expressa. Logo, o ideal é que o conceito seja formado a partir das
leis do sistema previdenciário, observando-se as decisões judiciais e também os
doutrinadores.
O objetivo principal da desaposentação é a melhoria do status econômico do segurado. Consiste no ato da liberação do tempo de contribuição utilizado na aquisição da aposentadoria, para que fique desimpedido para averbação em outro regime ou para novo benefício no mesmo sistema previdenciário, nos casos em que o segurado possui tempo de contribuição posterior à concessão da aposentadoria. (IBRAHIM, 2005, p. 35).
Diante disso, pode-se sugerir que desaposentadoria ou desaposentação é a
possibilidade do segurado, já aposentado, pedir pela segunda vez uma
aposentadoria com uma renda maior do que a primeira, uma vez que o mesmo
continua trabalhando e consequentemente contribuindo para o RGPS. Isto é,
desaposentadoria ou desaposentação é o pedido de um novo benefício incluindo as
contribuições posteriores a primeira aposentadoria.
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O aposentado retorna ao trabalho na esperança de futuramente pedir uma
nova aposentadoria e também na perspectiva de aumentar a renda familiar. A
terceira idade corresponde ao grupo de pessoas onde os gastos são maiores do que
o valor recebido pelo INSS, pois a vida deste segurado exige maiores despesas de
custos com a saúde em razão do avanço da idade. Sendo esse um fato recorrente,
onde na maioria das vezes o aposentado é o responsável pela maior parte da
despesa doméstica.
Logo, diante dessa situação comum, ocorre que o trabalhador ao se
aposentar continue no mercado de trabalho para complementar a sua renda. Pode-
se destacar ainda nisso, que o valor do seu benefício na maioria das vezes é menor
do que o salário que ele recebia antes de se aposentar, já que o fator previdenciário
contribui para isso, pois, quanto mais cedo o segurado se aposentar menor será sua
renda.
Portanto, a desaposentadoria é o direito que o beneficiário tem de revisar a
sua aposentadoria incluindo novas contribuições, sendo que é preciso abdicar da
primeira aposentadoria e requerer um novo benefício.
É notório que, essas novas contribuições após o retorno ao mercado de
trabalho juntamente com o período usado na aposentadoria anterior, vai fazer com
que a RMI (Renda Mensal Inicial) seja aumentada, contribuindo assim para uma vida
mais digna do aposentado.
É interessante destacar que não existe lei que trata da desaposentadoria.
Logo, se o trabalhador pretende renunciar sua aposentadoria para requerer uma
mais vantajosa, será necessário provocar o Poder Judiciário.
A desaposentação começou a surgir no Brasil através de várias ações nos
tribunais, a partir do caso em que o segurado ao pedir uma nova aposentadoria no
INSS tinha seu pedido imediatamente negado, já que não existe previsão legal para
este tipo de benefício. Na realidade,diante deste aspecto ocorre uma convicção
precipitada por parte dos aposentados, de que continuando no trabalho poderá
futuramente pedir uma nova aposentadoria. Contudo, ao chegar este momento, os
mesmos têm seu requerimento negado, acarretando em surpresas desagradáveis
neste processo.
Face ao grande número de ações tramitando nos tribunais, foi necessário que
o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) se manifestasse sobre a desaposentadoria,
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pois havia a necessidade de uniformizar as decisões, pacificando assim as decisões
sobre a desaposentadoria no Recurso Repetitivo que teve como relator o Ministro
Hermam Benjamim, onde afirmara que o segurado que solicitar um novo benefício
depois de renunciar a antiga aposentadoria não precisará ressarcir os valores
recebidos ao INSS, pois os benefícios são direitos patrimoniais indisponíveis.
A partir disso, o STJ entendeu que o segurado pode renunciar à
aposentadoria com o objetivo de obter benefício mais vantajoso tanto no RGPS
como no regime próprio de previdência (RPP), mediante a utilização de seu tempo
de contribuição.
Ocorre que, na realidade essa decisão não está mais valendo, pois, o STF
(Supremo Tribunal Federal) considerou a desaposentadoria como inconstitucional
por ausência de previsão legal, conforme decisão que será vista mais a diante.
4.1 A Ilegalidade da Desaposentadoria
A desaposentadoria não encontra amparo legal para sua concessão, com isso
a Administração Pública, mais precisamente o INSS, não poderá atender o segurado
que pleitear uma nova aposentadoria. Reforçando esse pensamento, a lei 9784/99
(Processo Administrativo Federal), em seu artigo 2º, parágrafo único, I, assim
descreve:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de :I - Atuação conforme a lei e o Direito.
Nisso, percebe-se que a referida autarquia encontra-se engessada em relação
à desaposentadoria, uma vez que não existe amparo legal.
Pode-se alegar ainda que a aposentadoria seja irrenunciável após o
recebimento do primeiro pagamento ou da movimentação dos valores referentes ao
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e/ou PIS(Programa de Integração
Social), é o que afirma a Instrução Normativa Nº 77 INSS/DIRBEN em seu artigo
800, caput, in verbis:
Ressalvado o disposto no art. 688, são irreversíveis e irrenunciáveis as aposentadorias por idade, por tempo de contribuição e especial, após o recebimento do primeiro pagamento do benefício ou do saque do PIS e/ou FGTS, prevalecendo o que ocorrer primeiro. (BRASIL, 2015)
A partir do artigo 688, é possível observar que o INSS não pode acatar o
pedido de desaposentadoria do trabalhador, pois o mesmo não tem como renunciar
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o antigo benefício sob o pretexto de que voltou a exercer nova atividade,
contribuindo assim novamente para o RGPS, o que lhe daria direito de ter uma nova
aposentadoria com uma renda maior.
Com relação à obrigação do trabalhador continuar contribuindo como segurado
obrigado mesmo depois de aposentado, encontra amparo legal conforme o artigo
11, parágrafo 3º da lei 8213/91, que descreve o seguinte texto:
O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social. (BRASIL, 1991).
Percebe-se que o artigo acima é bastante claro quando afirma que o
beneficiário do INSS que volta a exercer atividade remunerada é obrigado a
contribuir para a previdência. Na realidade essa nova contribuição só observa os
princípios da universalidade e da solidariedade em relação ao sustento do RGPS, é
o que afirma o artigo 18, parágrafo 2º da lei 8213/91:
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: [...] § 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado. (BRASIL, 1991)
Entende-se que, a desaposentadoria é ilegal, o que acarreta a sua
inexistência no âmbito da Previdência social, evidenciando que fica proibido a dupla
aposentadoria do aposentado que retorna para o mercado de trabalho.
Uma alternativa sobre o que deveria ser feito, seria um tipo de lei que
possibilitasse o instituto da desaposentadoria, pois, é cada vez maior a quantidade
de aposentados que continuam exercendo atividade remunerada. Neste aspecto, é
de fundamental importância que o Legislativo brasileiro acompanhe essa
transformação da sociedade para atender as necessidades desses trabalhadores,
permitindo que se renunciem o antigo benefício para que se conceda outro mais
vantajoso.
No Congresso nacional existem projetos de lei sobre a desaposentação, no
entanto nenhum ainda obteve êxito, mesmo por que não é de interesse do Governo
Federal o aumento de despesa, pois de acordo com os estudos do próprio Governo
Federal, ano após ano o déficit da previdência só aumenta.
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Dentre os projetos de lei sobre desaposentação, inclui-se o do Deputado
Neuton Lima, já arquivado. Este projeto tinha a perspectiva de inovação, pois
permitiria que o aposentado que obteve a aposentadoria proporcional e que
retornasse a contribuir pudesse transformá-la em integral. Diante de sua aprovação,
sua redação seria citada como Art. 1º, e os artigos 18 e 55 da Lei nº 8213, de 24 de
julho de 1991, passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 18 [...] Parágrafo 2º O aposentado pelo Regime Geral de previdência Social – RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência dessa atividade, exceto o salário família e a reabilitação profissional, observado o disposto nos parágrafos 4º e 5º do art. 55 desta Lei. (NR) Parágrafo 4º O tempo de contribuição posterior à concessão de aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição proporcional poderá ser utilizado para efeito de revisão do cálculo do valor da aposentadoria, observado o disposto no parágrafo 5 º do art. 55 deste artigo. (NR) Parágrafo 5º Quando a soma dos tempos de serviço e/ou de contribuição ultrapassar trinta anos, se do sexo feminino, e trinta e cinco anos, se do sexo masculino, o excesso não será considerado para qualquer efeito. (NR)(BRASIL,1991).
Todavia, pode-se ressaltar que mesmo tal projeto aprovado, ainda assim não
seria uma medida totalmente favorável ao segurado. Pois, se a mulher ultrapasse 30
anos de contribuição e o homem 35 anos, esse excesso não iria influenciar na nova
renda do aposentado. Mas, esse gargalho não descaracteriza uma evolução.
Outro projeto apresentado sob este, e também arquivado, é de autoria do
Deputado Rogério Silva, em que alterava a Lei de benefício e de custeio conforme
os seguintes artigos:
Art. 1º O art. 12, parágrafo 4º, da Lei 8212, de 24 de julho de 1991 passa a
vigorar com a seguinte redação:
Art. 12 [...] Parágrafo 4º. O aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta lei. (NR) (BRASIL, 1991)
Art. 2º O art. 18, parágrafo 2º, e o art. 124 da Lei nº 8213,de 24 de julho de
1991, passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 18 [...] Parágrafo 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que permanecer em atividade sujeita s este Regime, ou a ele retornar, fará jus às prestações especificadas nesta lei, desde que cumpridas as respectivas condições de elegibilidade previstas nesta lei. (NR) Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social:
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I – mais de um auxílio-acidente; e II – mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.(NR) Art.3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Pode-se afirmar que este projeto de lei arquivado inovaria, pois tinha como
finalidade garantir aos aposentados que continuassem trabalhando e que
contribuíssem para o RGPS e tivessem o direito aos benefícios previdenciários.
4.2 A Devolução da Desaposentadoria
A devolução da desaposentadoria é a cobrança dos valores recebidos em
razão da concessão judicial da desaposentação. A verba pública não pode ser
irrepitível até mesmo em razão da previsão legal inexistente.
Num outro ponto existe a solidariedade do regime com fulcro nas gerações
futuras, num sistema previdenciário de repartição simples, onde o que se arrecada já
não tem coberto sequer a demanda.
A contribuição previdenciária tem como fato gerador o desempenho de
atividade remunerada, não importa se o trabalhador seja aposentado ou não. A
contribuição tem como finalidade o custeio da seguridade conforme o princípio da
solidariedade e da universidade que assim descreve o caput 195 da Constituição
Federal da República Federativa do Brasil:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (EC no 20/98, EC no 42/2003 e EC no 47/2005). (BRASIL, 1988).
A leitura deste artigo demonstra que o princípio da solidariedade e da
universalidade é a base que sustenta o RGPS, ou seja, todos têm que participar de
forma solidária para o fortalecimento da previdência.
Nesse sentido, cabe destacar ainda que o artigo 18, parágrafo 2º da Lei
8213/91 afirma que o segurado não terá nenhum direito em razão de nova atividade
remunerada:
O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que permanecer em atividade sujeita a este regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário família e à reabilitação profissional, quando empregado.(BRASIL, 1991).
Nesse aspecto, observa-se que o trabalhador não terá o direito a nenhuma
contraprestação do INSS, já que não existe a possibilidade de se acumular duas
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aposentadorias na previdência social e nem mesmo em outro regime. Logo, o
aposentado não pode requerer uma nova aposentadoria.
A solidariedade obriga até mesmo a quem nunca usufruiu dos benefícios da
previdência, como também aquele que jamais irá usufruir, a contribuir para
previdência, pois existe situação que o segurado passa a vida toda contribuindo e
falece sem gozar dos direitos previdenciários. Um exemplo neste sentido é quando
determinada segurada contribuiu por vinte e nove anos para a previdência,
considerando que nunca adoeceu e não teve filhos e esposo. Faltando um ano para
requerer sua aposentadoria, ele vem á óbito e com isso suas contribuições servirão
para outros segurados.
Em função dos referidos princípios, o trabalhador custeia o aposentado e a
geração futura irá sustentar os trabalhadores da atualidade. Portanto, não interessa
se é ou não aposentado, mas se desenvolveu atividade remunerada,
obrigatoriamente tem que contribuir para o RGPS, pois o regime não é tão somente
para ter o retorno de quem está pagando, mas serve também para ajudar os demais
participantes.
Outro ponto a se destacar é o princípio da supremacia do interesse público,
pois se não houvesse a devolução por parte dos aposentados que conseguiram a
desaposentação, haveria um desrespeito a esse princípio. Já é de conhecimento
que a previdência é deficitária, e no momento que o segurado consegue uma nova
aposentadoria com valores maiores, acaba comprometendo o regime, pois um dos
objetivos previdenciários é garantir o sustento das gerações que ainda estão
trabalhando. E como a desaposentadoria foi considerada inconstitucional e o
princípio da supremacia está presente tanto no momento da execução como
também na elaboração da lei, logo, terá que haver o ressarcimento por parte do
segurado que usufruiu indevidamente desses rendimentos.
Ainda neste aspecto, cabe destacar o princípio da indisponibilidade do
interesse público que deve estar presente nos atos da Administração Pública. Sabe-
se que a atuação administrativa deve respeitar a lei e a partir do momento que o
desaposentado se apropria do rendimento que conseguiu judicialmente, mas que foi
considerado inconstitucional por ausência de legislação. Diante disso, está
configurada a apropriação de forma indevida dos bens e interesse da Administração,
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uma vez que não existe a livre disposição do Poder Público sobre estes bens e
interesses.
Nesse contexto, o STF também já se posicionou sobre a desaposentação,
afirmando que é inconstitucional a concessão de uma nova aposentadoria conforme
citado no artigo a seguir:
No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à ‘desaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8213/91.
Mediante a decisão do STF, fica prejudicada qualquer discussão sobre a
desaposentadoria, e automaticamente todas as ações que se encontra em trâmite
na justiça terão que ser suspensa, e as que já foram transitadas e julgada serão
consideradas inconstitucionais e, por conseguinte terá que haver a devolução dos
rendimentos adquiridos com a desaposentadoria.
Pensar na desaposentação sem uma legislação que trate do referido tema é o
mesmo que lesar gerações passadas, pois estes beneficiários cumpriram seu papel
obedecendo a solidariedade, ao passo que tal princípio se encontra afastado quando
se permite conceder uma nova aposentadoria. A verba pública não pode ser
irrepitível até mesmo em razão da previsão legal inexistente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desse panorama, é possível compreender que a desaposentadoria,
dentro de significativo tempo, foi concedida judicialmente, tendo sua confirmação
pelo STJ através do julgamento do Recurso Especial Repetitivo n 1334488/SC. E
que depois de tal recurso, foi julgado pelo STF o recurso extraordinário n 661256, no
qual se reconheceu a repercussão geral que teve como desfecho a
inconstitucionalidade do tema em debate.
Como o segurado não tem mais como recorrer ao judiciário para poder
requerer a sua desaposentadoria, e o trabalhador que conseguiu judicialmente terá
que devolver, uma das saídas seria um projeto de lei que reconhecesse a
desaposentação ou então uma lei que autorizasse uma revisão de quem se
aposentou.
Uma sugestão de proposta, seria uma lei em que o trabalhador que se
aposentasse e retornasse para o mercado de trabalho e cumprisse um tempo
mínimo de contribuição, pudesse requerer uma revisão com intuito de aumentar a
sua RMI. Desse modo, não precisaria que renunciasse a sua aposentadoria e
22
consequentemente não teria que devolver o que recebeu para a previdência, pois
não se trataria de uma nova aposentadoria, mas de uma revisão na sua RMI.
Essa sugestão pode ser demonstrada numa situação hipotética em que um
determinado trabalhador se aposentou aos 57 anos de idade e 35 anos de
contribuição tendo uma RMI de 1500,00 R$, considerando que esse segurado
continuou exercendo suas atividades laborais e consequentemente contribuindo
para a previdência. Sobretudo, existe uma lei no qual estabelece que o beneficiário
retornando ao trabalho possa requerer revisão da sua aposentadoria contanto que
cumpra no mínimo oito anos de novas contribuições e a RMI aumentaria 1 % a cada
ano trabalhado. Essa situação poderia apontar uma solução benéfica tanto para o
sistema previdenciário como também para o segurado, pois a RMI não aumentaria
consideravelmente para prejudicar o RGPS, que já é deficitário e por outro lado
aumentaria o valor de compra do trabalhador.
Outra proposta de solução remete o retorno do pecúlio que foi extinto em
1994. Pois até então, o trabalhador que se aposentava por idade ou por tempo de
contribuição e continuava exercendo atividade remunerada tinha sua contribuição de
volta, em cota única na qual consistia no recebimento de todas as contribuições do
exercício da nova atividade pós-aposentadoria.
Há também a medida da volta do abono permanência. Este era um benefício
devido ao trabalhador que tivesse preenchido os requisitos de carência e de tempo
de serviço exigido para a aposentadoria por tempo de serviço integral, sendo de 30
anos, no caso de mulher, e 35 anos para o caso do homem; e optasse em não se
aposentar e permanecesse no mercado de trabalho.
Diante disso, é possível observar que o segurado se encontra em prejuízo, já
que ao retornar ao trabalho depois de aposentado não tem direito a nenhum
benefício da previdência que garanta o retorno das suas novas contribuições, daí a
necessidade de se instituir uma lei para corrigir essa injustiça social.
Nesse sentido, a criação de uma lei sobre a desaposentadoria ou outro
benefício que favoreça o trabalhador que retorne ao mercado de trabalho, seria de
fundamental importância em razão do fato da legislação previdenciária atualmente
vigente não estabelecer a desistência da aposentadoria para os que buscam um
novo benefício mais vantajoso. Pois, somente assim, o segurado poderia exercer o
seu direito subjetivo de renunciar a sua primeira aposentadoria para requerer uma
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segunda mais vantajosa, o que eliminaria o descompasso que há entre a legislação
atual e a realidade da maioria dos aposentados.
E através disso, perceber-se que se torna necessário o surgimento de uma lei
que reconheça a desaposentadoria. Pois, analisando a previdência desde a
antiguidade até os dias de hoje, observa-se que a legislação acompanhou as
mudanças sociais, uma vez que no início havia o assistencialismo. Com passar do
tempo se percebeu a necessidade de amparo da população em casos de doença,
velhice, morte e outros fatores especiais.
Tudo isso demonstra que a partir de uma lei voltada para desaposentadoria,é
necessária acompanhar uma tendência cada vez maior de aposentados que
trabalham após a aposentadoria. Pois, a desaposentadoria ainda é um instituto a
ser debatido junto a sociedade e o Poder Público diante da realidade de um maior
número de aposentado que retornam para o mercado de trabalho. Logo, precisa-se
de mudanças na atual legislação previdenciária, considerando que a lei deve mudar
conforme as transformações sociais.
Infere-se que, é nesta direção que a população brasileira está aposentando,
continuando exercendo atividade remunerada. Nisso, aguarda-se que o Poder
Legislativo atue de modo a tornar realidade a concessão de uma nova
aposentadoria ou outro benefício que favoreça o segurado. Pois, isso seria a única
maneira, pois o STF já pacificou a inconstitucionalidade da desaposentadoria.
REFERÊNCIAS
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______. Instrução normativa INSS nº77, de 21 de Janeiro de 2015. Estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da previdência social, com observância dos princípios estabelecidos no artigo 37 da Constituição Federal de 1988. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 3. Ed., atual. São Paulo: LTR, 2010. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Desaposentação. Rio de Janeiro: Impetus, 2005. ______. Curso de direito previdenciário. 17 ed. Niterói: Impetus,2012. KERTZMAN, Ivan. Curso prático de direito previdenciário. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2011. LEITÃO, André Studart; MEIRINHO, Augusto Grieco Sant´Anna. Manual de direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MATOS, Raimundo Barbosa Neto. O fato gerador da contribuição previdenciária na Justiça do Trabalho e suas conseqüências econômicas. 2011,47 f. (Graduação em Direito). Faculdade Santo Agostinho, 2011. SERAU, Marcos Aurélio Júnior. Desaposentação, novas perspectivas teóricas e práticas. 5ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. Superior Tribunal de Justiça. REsp- 1334488/SC. Relator Ministro Hermann Benjamim.Disponívelem: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23214413/recurso-especial-resp-1334488-sc-2012-0146387-1-stj/inteiro-teor-23214414>. Acesso em: 20 de novembro de 2018. Supremo Tribunal Federal. Rex 661256. Relator Ministro Roberto Barroso. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13687555>. Acesso em: 20 de novembro de 2018. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. 8. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2013.