centro universitÁrio estadual da zona oeste … · orientação dada não somente durante o...

94
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERAIS Estudo da Aplicação de Revestimento Duro e Tratamentos Térmicos na Recuperação de uma Polia de Freio Marcílio Pereira da Silva Rio de Janeiro 2016

Upload: others

Post on 09-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERAIS

    Estudo da Aplicação de Revestimento Duro e Tratamentos Térmicos na Recuperação de uma Polia de Freio

    Marcílio Pereira da Silva

    Rio de Janeiro 2016

  • CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERAIS

    Estudo da Aplicação de Revestimento Duro e Tratamentos Térmicos na Recuperação de uma Polia de Freio

    Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais, do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Mauro Carlos Lopes Souza

    Rio de Janeiro 2016

  • X000Da Silva, Marcílio Pereira. Estudo da Aplicação de Revestimento Duro e Tratamentos Térmicos na

    Recuperação de uma Polia de Freio/ Marcílio Pereira da Silva. – 2013. 133f.

    Orientador: Mauro Carlos Lopes Souza Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio

    de Janeiro. 1. Matéria Condensada – Teses.

    XXX 000.000

    ___________________________ __________________________________

    Data Marcílio Pereira da Silva

  • Marcílio Pereira da Silva

    Estudo da Aplicação de Revestimento Duro e Tratamentos Térmicos na Recuperação de uma Polia de Freio

    Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais, do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Materiais.

    Aprovado em: ….de janeiro de 2016 Banca Examinadora:

    _____________________________________________________ Prof. Mauro Carlos Lopes Souza, DSc (Orientador) Centro Setorial de Produção Industrial – UEZO

    _____________________________________________________ Profª. Wilma Clemente de Lima Pinto, DSc Centro Setorial de Produção Industrial – UEZO

    _____________________________________________________ Prof. Carlos Augusto Martins Ferreira, DSc Centro Setorial de Produção Industrial – UEZO

    _____________________________________________________ Prof. Antônio Carlos de Araujo Santos, MSc PPG – Eng. Mecânica – FEN/UERJ _____________________________________________________ Eng. Rodrigo Ribeiro Soarez, MSc Produção Industrial – NUCLEP

    Rio de Janeiro 2016

  • Dedico a Deus, minha família, amigos,

    colegas de trabalho e orientadores pelo

    apoio, força, incentivo, companheirismo e

    amizade. Sem eles nada disso seria

    possível.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus pela conclusão de mais uma etapa.

    À minha família por tudo.

    Com muita gratidão ao meu orientador Prof. Mauro C.L. Souza, pelo incentivo e toda

    orientação dada não somente durante o trabalho, mas também durante todo o

    período final do curso.

    Agradeço aos meus colegas de trabalho Manoel Neto, Thiago Fernandes, Jhonatan,

    Guilherme Tepedino, Pedro Ivo, Sebastião, Edson Tiba, Gilmax, Marcos, Rubens,

    Patricia, Vinícius, Rodrigo, Magno, Fernando, André Potascheff, Barçante, Evandro

    Monteiro,

    Ao nosso Diretor Industrial Liberal Enio Zanelatto que sempre nos incentiva a

    colocar em prática os nossos conhecimentos,

    Ao nosso Presidente Jaime Wallwitz Cardoso, pelo apoio e incentivo a qualificação

    de mão de obra na Nuclep, patrocinando diversos cursos internos do IBMEC, FGV,

    etc.

    Ao nosso RH e ao CTT, que acreditam que o desenvolvimento da Nuclep esta

    fundamentado na qualificação e aperfeiçoamento técnico da sua mão de obra,

    Ao Eng. Ítalo de Carvalho Ítalo, da Empresa Brastêmpera, por todo o auxílio, apoio e

    dedicação durante os trabalhos experimentais,

    Ao Dorival Tecco e ao Cleiton Rossi Souza Oliveira da ITW pelo apoio técnico, ao

    Fábio Machado da empresa Alumaq.

    A todos que direito ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

  • “O único modo de escapar da corrupção

    causada pelo sucesso é continuar

    trabalhando.”

    Albert Einstein

  • i

    RESUMO

    Este trabalho estudou a aplicação de revestimento duro como material de adição,

    utilizando o processo de soldagem MIG/MAG e, posteriormente os tratamentos

    térmicos de têmpera e revenido e nitretação líquida para a recuperação de uma polia

    de freio de ponte rolante na Nuclep, aproveitando ao máximo as sobras de materiais

    na confecção de uma polia nova, com o objetivo de reduzir o custo desnecessário na

    aquisição de novas polias, para reposição. Foram realizados os principais ensaios

    de qualidade como dureza, desgaste, macro e micrografia. Nesse contexto, foi

    utilizado um eletrodo revestido de Megafil MF A730M, com diferentes teores de C,

    Cr, Mn e Si, ainda muito pouco utilizado no Brasil, como material de revestimento

    duro, em uma amostra de aço ASTM-A516-10-60. Foi feito um estudo da

    transferência metálica de forma a selecionar um conjunto dos parâmetros

    Amperagem, Corrente e Velocidade de alimentação do arame, que tivessem a

    melhor eficiência possível, que posteriormente foi aplicado na soldagem do corpo de

    prova. Foram realizados tratamentos térmicos em amostras de ferro fundido GGG

    40, que é mesmo material das polias de freios mais antigas e a venda no mercado,

    com o objetivo de preservar a dureza superficial das polias, após a recuperação, por

    usinagem e retífica, da superfície desgastada. Sendo obtidos resultados dentro e,

    também, aquém do esperado. Foi construído um dispositivo para a realização da

    avaliação de desgaste em laboratório, aonde foi constatada a perda de massa em

    cada um dos processos de tratamentos realizados, perfazendo um total de 230,400

    m de comprimento (por amostra) de superfície testada, verificando, quais tiveram os

    piores e melhores desempenhos. Foram também realizados, ensaios de dureza e

    análises macro e micrográficas, a fim de verificar a qualidade alcançada nos

    tratamentos. Por fim, por meio de tabelas, cálculos e dados apurados, constatou-se

    que a aplicação do revestimento duro, seria o mais apropriado, levando-se em conta

    o custo benefício apresentado.

    Palavras-chave: revestimento duro; tratamentos térmicos e desgaste

  • ii

    ABSTRACT

    This paper studies the application of hard coating such as adding material, using the

    welding process MIG / MAG and subsequently the heat treatment of quenching and

    tempering and liquid nitriding to the recovery of a crane brake pulley in Nuclep,

    making the most of the leftover materials in the manufacture of a new pulley, in order

    to reduce unnecessary costs to acquire new pulleys for replacement. The main

    quality tests were performed as hardness, wear, and macro micrograph. In this

    context, we used a coated electrode Megafil MF A730M, with different contents of C,

    Cr, Mn and Si, still little used in Brazil, such as hard coating material in a steel

    sample ASTM-A516-10-60 . A study of metal transfer was made in order to select a

    set of parameters amperage, current and wire feed speed, they had the best possible

    efficiency, which was later applied in welding the test piece. Heat treatments were

    performed in cast iron samples GGG 40, which is the same material of the oldest

    brake pulleys and sale on the market, in order to preserve the surface hardness of

    pulleys, after recovery by machining and grinding, surface worn. It is obtained results

    within and also below expectations. It was built a device to carry out the evaluation of

    wear in the laboratory, where it was found the mass loss in each of the treatments

    processes, a total of 230,400 m in length (per sample) tested surface, checking,

    which had the worst and best performers. They were also performed, hardness tests

    and analyzes macro and micrographs, in order to verify the quality achieved in the

    treatments. Finally, by means of tables, calculations, and data gathered, it was found

    that the application of the hard coating is the one most appropriate, taking into

    consideration the money displayed.

    Keywords: hard coating; heat treatment; wear

  • iii

    SUMÁRIO

    RESUMO i ABSTRACT ii SUMÁRIO iii LISTA DE FIGURAS v LISTA DE TABELAS viii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix LISTA DE FÓRMULAS x

    1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 01

    1.1. Justificativa .......................................................................................... 02 1.2. Objetivos ............................................................................................... 03 1.2.1. Objetivo geral ..................................................................................... 03 1.2.2. Objetivo específico............................................................................. 03 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 04

    2.1. Freios...................................................................................................... 04 2.2. Considerações sobre pressão e desgaste.......................................... 09 2.3. Desgaste uniforme............................................................................... 10 2.4. Pressão uniforme................................................................................. 11 2.5. Considerações sobre energia............................................................. 11 2.6. Considerações sobre temperatura no freio ...................................... 13 2.7. Calor de entrada.................................................................................... 14 2.8. Variação de temperatura...................................................................... 14 2.9. Conceitos gerais de atrito..................................................................... 15 2.10. Tratamentos......................................................................................... 17 2.11. Tratamentos Térmicos........................................................................ 18 2.11.1. Têmpera ............................................................................................ 19 2.11.2. Revenido .......................................................................................... 22 2.11.2.1. Revenimento prensado................................................................. 23 2.12. Tratamento Termoquímico................................................................. 23 2.12.1. Nitretação.......................................................................................... 23 2.12.2. Nitretação Líquida.............................................................................24 2.13. Fundamentos do processo de revestimentos.................................. 26 2.13.1. Revestimentos de aços oxidáveis ("cladding")............................. 26 2.13.2. Revestimentos de reconstrução ("build up")................................ 26 2.13.3. Amanteigamento ("buttering”)........................................................ 26 2.13.4. Revestimentos duros ("hardfacing").............................................. 27 2.14. Princípios e fundamentos do processo de soldagem (MIG/MAG).. 27 2.14.1. Introdução processo de soldagem................................................. 27 2.14.2. Funcionamento................................................................................. 28 2.14.3. Equipamentos................................................................................... 29 2.14.4. Fonte de soldagem........................................................................... 32 2.14.5. Principais vantagens........................................................................ 33

    3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 34 3.1. Material de base do estudo.................................................................. 34 3.2. Tratamentos Térmicos e Termoquímico ............................................ 37

  • iv

    3.2.1. Tratamento Termoquímico de Nitretação Líquida.......................... 38 3.2.2. Tratamento Térmico de Têmpera e Endurecimento por Chama... 39 3.3. Aplicação de Metal Duro na Superfície da amostra de Aço Carbono ASTM-A516-10-60 ........................................................................................ 41 3.3.1. Seleção da Amostra de Aço Carbono ASTM-A516-10-60 ........... 41 3.3.2. Definição dos Parâmetros de Soldagem......................................... 41 3.3.3. Fabricação do Corpo de Prova (Aço ASTM-516-10-60 com Megafil MF A 730M)................................................................................................... 46 3.4. Teste de Desgaste................................................................................ 52 3.4.1. Fabricação do Dispositivo para Realizar o Teste de Desgaste..... 52 3.4.2. Ensaios de desgaste nas amostras de ferro fundido e na de aço carbono (com recobrimento de metal duro)............................................. 53 3.4.3. Pesagem das Amostras.................................................................... 54 3.4.3.1. Pesagem das Amostras Antes do Ensaios de Desgaste............ 54 3.4.3.2. Pesagem das Amostras Depois do Ensaios de Desgaste.......... 55 3.5. Teste de Dureza Rockwell “C”............................................................. 56

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 59

    4.1. Resultado dos ensaios de dureza na superfície dos corpos de prova...............................................................................................................59 4.2. Resultados gráficos dos tratamentos térmicos e ou termoquímicos............................................................................................. 62 4.3. Resultado dos Testes de Desgaste na superfície dos corpos de prova ........................................................................................................... 65

    4.4. Micrografia..............................................................................................65 4.5. Análises Micrográficas das Amostras................................................ 65 4.5.1. Preparação das Amostras para se Fazer as Análises Micrográficas................................................................................................ 66 4.5.2. Resultados das Análises Micrográficas (Microestrutura).............. 67

    4.6. Avaliação............................................................................................... 69

    5. CONCLUSÃO..................................................................................................... 72

    6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................. 73

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 74

  • v

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 – A Roda Suméria.

    Figura 2 – A Roda na Mesopotâmia.

    Figura 3 – A Roda no limiar da história.

    Figura 4 – Freio de alavanca com sapata de madeira.

    Figura 5 – NUCLEP.

    Figura 6 – Ponte Rolante.

    Figura 7 – Detalhes do desgaste do tambor de freio e da sapata.

    Figura 8 – Sapata externa.

    Figura 9 – Sapata onde o pivô esta em simetria.

    Figura 10 - Esquema simplificado da têmpera por indução (MSPC, 2014).

    Figura 11 – Esquema simplificado da têmpera por chama (MSPC, 2014).

    Figura 12 – Processo de soldagem.

    Figura 13 – Processo de soldagem.

    Figura 14 - Instalações para a soldagem manual

    Figura 15 - Tochas de soldagem e acessórios.

    Figura 16 – Alimentador de arame.

    Figura 17 – Chapa de ferro fundido GGG40 adquirida no mercado e cortada em 5

    pedaços.

    Figura 18 – Polia adquirida na Tec Tor Ind. Equip. Ltda

    Figura 19 – Polia fabricada de chapas de aço carbono soldada de uma ponte rolante

    da Nuclep.

    Figura 20 – Consumível de solda Megafil MF A 730M da Empresa HOBART Filler

    Figura 21 – Amostras identificadas e enviadas para a realização do T.T.

    Figura 22 – Laboratório industrial de Qualidade da NUCLEP.

    Figura 23 – Forno de banho nº 1 (BRASTÊMPERA).

    Figura 24 – Entrada no forno câmara, para tratamento de têmpera.

    Figura 25 – Amostras tratadas (Têmpera, Nítretação Líquida e Endurecimento por

    Chama) na BRASTÊMPERA.

    Figura 26 – Sobras de aço carbono ASTM-516-10-60 e Certificado do material.

    Figura 27 – Soldagem de cordões e controle de parâmetros.

    Figura 28 – Elaboração de 24 cordões de solda em duas amostras.

  • vi

    Figura 29 – Fonte Inversora Multiprocesso SMAW, FCAW, GMAW e GTAW

    PipeWorx 350 FieldPro.

    Figura 30 – Mistura de gás Argônio e Hélio (50% cada).

    Figura 31 - Corte ao meio das amostras e ataque com Nital à 1%.

    Figura 32 – Ataque com Nital à 1% e posterior secagem.

    Figura 33 – Identificação com cordões de solda e escolha do que teve a melhor

    performance.

    Figura 34 – Teste de dureza (durômetro manual) - 276 HB, realizado nas polias

    novas.

    Figura 35 – Controle de temperaturas máxima (250°C) e mínima (65°C).

    Figura 36 – Definição da quantidade de camadas de cordões de soldas.

    Figura 37 – Medição da espessura e teste de dureza do metal duro adicionado na

    superfície.

    Figura 38 – Codificação no material para facilita a rastreabilidade e posicionamento

    para o corte.

    Figura 39 – Corte do material de base e ajuste no comprimento da amostra.

    Figura 40 – Fresando as superfícies (19 mm de espessura) e retirando as rebarbas.

    Figura 41 – Adição de metal duro (Megafil MF A730M) e controle de temperatura.

    Figura 42 – Pesagem com balança digital de precisão no laboratório de qualidade da

    Nuclep.

    Figura 43 – Croqui do corpo de prova após a usinagem e adição de metal duro.

    Figura 44 – Descarte de 15 mm de ambos os lados e inicio da limpeza na superfície.

    Figura 45 – Conclusão da usinagem e limpeza das superfícies do corpo de prova.

    Figura 46 – Padronizando o comprimento dos corpos de provas.

    Figura 47 – Pedra de desbaste de carborundum.

    Figura 48 – Dispositivo utilizado para fazer o teste de desgaste.

    Figura 49 – Ensaios de desgaste nas amostras tratadas.

    Figura 50 – Ensaios de desgaste nas amostras tratadas..

    Figura 51 – Amostra Nitretada (FF).

    Figura 52 – Amostra Endurecida por Chama (FF).

    Figura 53 – Amostra Aço carbono c/ revest. duro.

    Figura 54 – Amostra Temperada (FF).

    Figura 55 – Amostra Nitretada (FF).

    Figura 56 – Amostra Endurecida por Chama (FF).

  • vii

    Figura 57 – Amostra Aço carbono c/ revest. duro.

    Figura 58 – Amostra Temperada (FF).

    Figura 59 – Durômetro fixo Briro VA.

    Figura 60 – Todas as amostras foram cuidadosamente limpas antes do ensaio de

    dureza.

    Figura 61 – Realização dos ensaios de dureza com a aplicação da pré-carga, carga

    e observação.

    Figura 62 – Curva de Endurecimento Superficial por Chama (corpo de prova

    F.F.GGG40).

    Figura 63 – Curva de Tempera (corpo de prova F.F.GGG40).

    Figura 64 – Curva de Nitretação Líquida (corpo de prova F.F.GGG40).

    Figura 65 – Corte e limpeza, após retífica das amostras para serem atacadas

    quimicamente.

    Figura 66 – Equipamentos de preparação de análise micrografia da Nuclep.

    Figura 67 – Laboratório de qualidade da Nuclep.

    Figura 68 – Ataque: Nital 1%. 50x.

    Figura 69 – Ataque: Nital 1%. 100x.

    Figura 70 – Ataque: Nital 1%. 200x.

    Figura 71 – Ataque: Nital 1%.100x.

    Figura 72 – Ataque: Nital 1%.200x.

    Figura 73 – Ataque: Nital 1%.20x.

    Figura 74 – Ataque: Nital 1%.100x.

    Figura 75 – Ataque: Nital 1%.200x.

    Figura 76 – Metal de Base 100x.

    Figura 77 – Metal de Base 200x.

    Figura 78 – Metal soldado 200x.

    Figura 79 – Zona de transição 100x.

    Figura 80 – Zona de transição 200x.

    Figura 81 – Zona de transição 200x.

    Figura 82 – Orçamento da polia

    Figura 83 – Croqui do corpo de prova após a usinagem e adição de metal duro.

    Figura 84 – Desenho esquemático da polia de freio da Tec Tor Ind. Equip. Ltda.

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 – Dados sobre difusão do B, C e Ni no Ferro (NOVIKOV, I., 1994).

    Tabela 2 – Composição ferro fundido GGG40.

    Tabela 3 – Composição aço ASTM-A516-10-60.

    Tabela 4 – Composição do consumível de solda Megafil MF A730M.

    Tabela 5 – Distribuição para tratamento das amostras.

    Tabela 6 – Especificação técnica do banho de Nitretação Líquida. Adaptado

    [Brastêmpera].

    Tabela 7 – Parâmetros de soldagem utilizados durante os testes.

    Tabela 8 – Parâmetros de soldagem utilizados e controle de temperaturas.

    Tabela 9 – Tabela com dados operacionais dos ensaios de desgaste.

    Tabela 10 – Resultado dos pesos das amostras antes e depois dos testes de

    desgastes.

    Tabela 11 – Resultado das durezas encontradas nas amostras tratadas

    termicamente e na amostra com metal duro de adição.

    Tabela 12 – Relação entre os principais sistemas de dureza existentes.

    Tabela 13 – Resultado Geral dos gráficos.

    Tabela 14 – Resultado da perda de material nos testes de desgaste.

  • ix

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AISI - American Iron and Steel Institute

    CTT – Centro de Treinamento Técnico

  • x

    LISTA DE FÓRMULAS

    Fórmula 01 – Momento de Força. Fórmula 02 – Momento de Força. Fórmula 03 – Força Atuante. Fórmula 04 – Reação Horizontal. Fórmula 05 – Reação Vertical. Fórmula 06 – Reação Horizontal. Fórmula 07 – Reação Vertical. Fórmula 08 – Força Atuante. Fórmula 09 – Reação Horizontal. Fórmula 10 – Reação Vertical. Fórmula 11 – Pressão Máxima. Fórmula 12 – Força Atuante. Fórmula 13 – Torque Obtido. Fórmula 14 – Torque Obtido. Fórmula 15 – Força Atuante. Fórmula 16 – Torque. Fórmula 17 – Torque para a máxima Pressão. Fórmula 18 – Velocidade Instantânea. Fórmula 19 – Velocidade Instantânea. Fórmula 20 – Tempo Requerido. Fórmula 21 – Energia Total Dissipada. Fórmula 22 – Energia Dissipada. Fórmula 23 – Razão de Entrada de Calor. Fórmula 24 – Variação de Temperatura.

  • xi

    Fórmula 25 – Variação de Temperatura. Fórmula 26 – Temperatura do Freio. Fórmula 27 – Expressão da Força Decorrente da Fricção. Fórmula 28 – Área da Superfície da Polia . Fórmula 29 – Quantidade de Consumível Necessário para Revestir uma Polia. Fórmula 30 – Custo de Fabricação de Uma Polia Nova na NUCLEP.

  • 1

    1. INTRODUÇÃO

    Grande parte do parque industrial brasileiro possui pelo menos mais de 30

    anos de idade e seus maquinários e equipamentos necessitam de constantes

    manutenções periódicas ou substituições. A Nuclep não é uma exceção a essa

    regra, uma indústria que foi criada pelo decreto n° 76805 de 16.12.75, como parte do

    plano nuclear brasileiro. Seu objetivo inicial foi projetar, desenvolver, fabricar e

    comercializar componentes pesados relacionados a construção das usinas

    nucleares brasileiras. Com o passar dos anos foi diversificando suas atividades e

    atendendo a outros segmentos da indústria nacional como por exemplos a

    construção de vasos de pressão, palhetas de usinas hidroelétricas, módulos de

    plataformas de petróleo, cascos resistentes e cavernas para submarinos, etc.

    Atualmente a Nuclep esta fazendo diversos retrofitting em vários equipamentos,

    aproveitando para modernizar alguns processos de fabricação, como fornos de

    tratamento térmico, pontes rolantes, etc. Seguindo esta tendência foi detectada a

    necessidade de se efetuar a recomposição dos revestimentos duros das polias de

    freios das pontes rolantes, sendo que cada ponte possui um total de 03 polias de

    freios, duas para o moitão principal e uma para o moitão auxiliar. Cada vão

    estrutural, possui duas pontes rolantes (uma Norte e outra Sul) e somando o galpão

    auxiliar com o galpão principal temos um total de 08 vãos e 16 pontes rolantes. Foi

    solicitada a aquisição de 03 polias de freios à empresa Tector de Jundiaí São Paulo

    e a informação de qual era o material de revestimento, sendo que a mesma só

    poderia informar o material de fabricação das polias (ferro fundido GGG 40-Norma),

    mas o revestimento seria uma informação de projeto e logo não poderia ser

    repassado, pois se tratava de segredo industrial. Como a Nuclep necessita

    periodicamente avaliar e substituir essas peças por causa do desgaste decorrentes

    do processo, fiquei encorajado e fui estimulado pela minha gerencia a encontrar uma

    solução (revestimento duro ou tratamentos térmicos) na qual não fosse necessário

    comprar uma polia inteiriça só por causa deste desgaste.

    OBS: O ferro fundido GGG40, possui uma classificação similar através da Norma

    DIN 1693.

    Atualmente existem diversos tipos de tratamentos térmicos e adições de

    metal duro em uma superfície metálicas, mostraremos mais a frente os principais

    conceitos envolvendo essas técnicas.

  • 2

    O presente trabalho teve como premissa, a utilização de material (Ferro

    Fundido GGG 40) que foi utilizado como metal de base na construção das polias

    compradas pela Nuclep, utilizamos também o aço carbono ASTM A516-10-60

    fabricado pela Usiminas e muito abundante, devido as sobras de materiais de vários

    projetos e contratos já entregues, para testarmos a viabilidade de construção de

    uma polia de freio feita pela própria Nuclep.

    Foram realizados tratamentos térmicos de Tempera, Nitratação e

    Endurecimento superficial através de Aquecimento por Chama nas amostras de

    ferro fundido GGG40 e adição de metal duro Megafil MF A730M utilizando o

    processo de soldagem (MIG/MAG).

    Os tratamentos térmicos visam melhorar as qualidades e resistência do aço

    em questão, fornecendo-os qualidades mais especificas para cada tipo de utilização.

    Eles apresentam grande importância, pois os mesmos mudam a estrutura do

    material e não afetam sua composição química, exceto os tratamentos

    termoquímicos que alteram superficialmente as composições químicas, acrescentam

    muitas vezes carbonetos (SANTOS, R.R., 2014).

    Após os tratamentos termomecânico, termoquímico e adição de metal duro

    às amostras foram submetidas a ensaios de dureza e desgaste, nas superfícies

    tratadas. Foram feitos estudos metalográficos para visualizar as regiões afetadas e

    as mudanças microestruturas ocorridas.

    1.1. Justificativa

    O envelhecimento natural do parque industrial da Nuclep, forçou a empresa

    a encontrar caminhos e alternativas que pudessem recuperar a sua plena

    capacidade de produção aliada a uma boa produtividade. Com base neste

    panorama, a empresa vem desenvolvendo uma recuperação (mecânica, elétrica e

    eletrônica) de varios equipamentos, os chamados retrofitting, além da aquisição de

    alguns equipamentos, porém, com a grave crise econômica no qual todo o país se

    encontra, esses investimentos foram bastante reduzidos, surgindo desta forma a

    necessidade de estudos e pesquisas com a finalidade de encontrar outros meios de

    recuperação. Com este cenário, foi sugerido e desenvolvido junto com o corpo

    técnico e as gerências do departamento industrial da Nuclep, este trabalho piloto,

    visando a recuperação de polias de freio das ponte rolantes, utilizando o máximo

  • 3

    possível dos recursos internos da própria fabrica, reduzindo desta forma os custos

    de aquisição.

    1.2. Objetivos

    1.2.1. Objetivo geral

    Este trabalho visa estudar e avaliar as melhores opções de recuperação ou

    construção de uma polia de freio de ponte rolante da Nuclep, utilizando

    técnicas de tratamentos térmicos ou adição de material duro através do

    processo MIG/MAG, melhorando a resistência superficial ao desgaste com

    o melhor custo benefício possível, aproveitando ao máximo os recursos

    internos da empresa.

    1.2.2. Objetivo específico

    Estudar o comportamento metalográfico.

    Conhecer algumas técnicas de endurecimento superficial e materiais

    utilizados para se fazer o revestimento duro;

    Conhecer as propriedades mecânicas, bem como a microestrutura

    (camada de revestimento e metal de base), após realizado os tratamentos

    superficiais;

    Mensurar economia e custo.

  • 4

    2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    2.1. Freios

    História

    “Tudo que se move tem que parar”

    Iniciando com essa celebre frase, que nos remete a uma das grandes leis da

    física reducionista - a Lei da Inércia, veremos que um dos grandes dilemas da

    humanidade foi proporcionado pela invenção da roda, que segundo pesquisas

    arqueológicas ainda não totalmente confirmadas, remonta o ano 3.000 AC e ligam

    sua origem a civilização Suméria. A roda pode igualmente ser encontrada na

    Mesopotâmia, junto aos Assírios, aos Egípcios,Hicsos, Romanos, entre outros

    (figuras 1, 2 e 3).

    Figura 1 – A Roda Suméria (ftp.demec.ufpr.br/freios). Figura 2 – A Roda na

    Mesopotâmia (ftp.demec.ufpr.br/freios).

    Figura 3 – A Roda no limiar da história (ftp.demec.ufpr.br/freios).

    Se por um lado a roda veio para ajudar e facilitar a vida do homem na

    locomoção, no transporte de cargas e outros gêneros e ainda, propiciando uma serie

    de outros inventos derivados que beneficiaram o desenvolvimento do nosso planeta,

    ftp://ftp.demec.ufpr.br/freios

  • 5

    por outro ocasionava o paradoxo citado no inicio, ou seja, assim que um movimento

    se iniciava com a facilitação da roda, o que fazer para interrompê-lo.

    Os primeiros freios eram constituídos por um dispositivo mecânico simples;

    uma alavanca com pivotagem e uma sapata de madeira montada na outra

    extremidade junto a roda, proporcionava a ação de frenagem (fig.4).

    Figura 4 – Freio de alavanca com sapata de madeira (ftp.demec.ufpr.br/freios).

    Depois, com o passar dos anos, vieram os freios de cinta, os freios a

    Tambor, os freios a discos e os modernos ABS.

    Os freios a tambor, como o conhecemos atualmente, foram os primeiros

    freios utilizados em veículos automotores, inventado por Louis Renault em 1902.

    Foram primeiramente montados nos eixos traseiros dos veículos, com o passar dos

    anos esse sistema foi aprimorado e incorporado a outros seguimentos da indústria,

    com varias utilizações como em pontes rolantes, pórticos, etc.

  • 6

    A Nuclep que é uma fabrica que foi projetada na 2° metade da década de 70

    (fig.5), adotou o modelo de pontes rolantes (fig.6) com esse sistema de freios (freio a

    tambor),

    Figura 5 – NUCLEP.

    porém, devido principalmente ao desgaste natural dos componentes de fricção,

    Figura 6 – Ponte Rolante.

    acelerado pelo meio agressivo, que é bastante impregnado de partículas metálicas

    suspensas no ar, ocasionado pelo próprio processo de fabricação, essa troca das

    polias de freios (fig.7) se tornaram frequentes e urgentes.

  • 7

    Figura 7 – Detalhes do desgaste do tambor de freio e da sapata.

    Foi visto que os discos de tambor podem ser projetados por auto

    energização. Apesar de esse fato ser importante por reduzir o esforço requerido do

    freio, tem suas desvantagens. Quando freios de tambor são usados em veículos,

    somente uma mudança mínima no coeficiente de fricção causará uma grande

    mudança na força do pedal para frear. Uma redução de 30% no coeficiente de

    fricção devido à mudança de temperatura ou umidade pode resultar em 50% de

    mudança na força requerida pelo pedal para obter o mesmo torque de frenagem. O

    disco de freio não tem auto energização e não é susceptível a mudanças no

    coeficiente de fricção, podendo com isso ocasionar uma perda significativa da

    performance de frenagem.

    Mecanismos operacionais podem ser classificados como:

    Solenoides;

    Alavancas;

    Articulações com molas de carga;

    Hidráulico e pneumático;

  • 8

    Figura 8 – Sapata externa.

    A rotação para sapatas com contrações externas está mostrada na Fig. 8.

    Os momentos das forças normais e de fricção no pino articulado são os mesmos

    que para as sapatas internas de expansão. As equações são as mesmas:

    1 -

    darsensen

    brfpM

    a

    af

    2

    cos1

    2 -

    dsensen

    brapM

    a

    aN

    2 2

    1

    Ambas as equações 1 e 2 fornecem valores positivos para momentos no

    sentido horário quando usadas para sapatas de contração externa. A força atuante

    (eq.3) deve ser grande o bastante para balancear os momentos:

    3 - c

    MMF

    fN

    As reações horizontais e verticais no pino articulado são calculadas da

    mesma maneira que para as sapatas de expansão interna (equações 4, 5, 6 e 7):

    4 - xx FfdNsendNR cos

    5 - yy FfdNdNsenR cos

    Simplificando:

    6 -

    xa

    ax FfBA

    sen

    brpR

    7 -

    ya

    ay FfAB

    sen

    brpR

  • 9

    Se a rotação é anti-horária, o sinal do termo de fricção em cada equação é

    reverso. Assim, a equação para a força atuante (eq. 8) é:

    8 - c

    MMF

    fN

    E o auto-energizamento existe para rotações anti-horárias. As reações

    horizontais e verticais (equações 9 e 10) são calculadas da mesma maneira que

    antes:

    9 -

    xa

    ax FfBA

    sen

    brpR

    10 -

    ya

    ay FfAB

    sen

    brpR

    Deve ser notado que quando projetos de contração externa são usados

    como freios, o efeito da força centrífuga é diminuir a força normal. Assim, quando a

    velocidade aumenta, um valor maior é requerido para a força atuante F.

    Um caso especial é quando o pivô é simetricamente localizado (fig.9) e

    colocado de tal maneira que os momentos das forças de fricção no pivô são iguais a

    zero.

    Figura 9 – Sapata onde o pivô esta em simetria.

    2.2. Considerações sobre pressão e desgaste

    Um freio axial é aquele em que os membros de fricção são movidos na

    direção paralela ao eixo. Contudo, exceto por instalações relativamente simples, ele

  • 10

    vem sendo desbancado pelo freio a disco, empregando-se um ou mais discos nos

    membros operacionais. As vantagens dos freios a disco estão, à liberdade

    proporcionada pelos efeitos centrífugos, a grande área de fricção que pode ser

    instalada em um espaço pequeno, as superfícies mais efetivas na dissipação do

    calor e a favorável distribuição de pressão.

    Supondo um disco de fricção com diâmetro externo D e diâmetro interno d.

    Para obter a força F necessária para produzir um torque T e uma pressão p, dois

    métodos podem ser usados, dependendo da construção do freio. Se os discos são

    rígidos, o maior uso ocorrerá primeiro nas áreas de fora devido ao maior trabalho de

    fricção nessas áreas. Após o certo desgaste, a distribuição de pressão irá mudar,

    permitindo um uso mais uniforme. Essa é a base do primeiro método. O outro

    método de construção emprega molas para obter uma pressão uniforme sobre a

    área.

    2.3. Desgaste uniforme

    Após um primeiro desgaste e um uso dos discos até o ponto em que o uso

    uniforme fique possível, a maior pressão deve ocorrer em r = d/2 para que o

    desgaste seja uniforme. Para a pressão máxima PA (eq.11), obtém-se:

    11 - 2

    dppr a

    ou r

    dpp a

    2

    No qual é a condição para ter-se a mesma quantidade de trabalho realizado

    no raio r e no raio d/2. Considerando um elemento de área de raio r e espessura dr,

    a área desse elemento é 2r dr, fazendo com que a força atuante (eq.12) no

    elemento seja dF = 2rp dr. Variando r de d/2 a D/2 e integrando F, obtém-se:

    12 -

    2/

    2/

    2/

    2/ 22

    D

    d

    D

    d

    aa dD

    dpdrdpprF

    O torque obtido (equações13 e 14) pela integração do produto da força de fricção e

    do raio é:

    13 -

    2/

    2/

    2/

    2/

    222

    82

    D

    d

    D

    d

    aa dD

    dfprdrdpfprT

    Substituindo:

  • 11

    14 - DD

    FfT

    4

    A equação que fornece a força atuante para a pressão máxima pa é valida

    para qualquer quantidade de pares de fricção ou superfícies. A outra equação

    fornece a capacidade de torque para apenas uma superfície de fricção.

    2.4. Pressão uniforme

    Quando se pode considerar uma pressão uniforme sobre a área do disco, a

    força atuante (eq.15) é simplesmente o produto da pressão pela área.

    15 - 22

    4

    2dD

    pF a

    Como antes, o torque (equações 16 e 17) é obtido integrando o produto da

    força de fricção e o raio:

    16 - 33

    2/

    2/

    2

    24

    22 dD

    fpdrrfpT

    D

    d

    Para a pressão máxima pa:

    17 - 22

    33

    3 dD

    dDFfT

    Essas equações são válidas para o torque em um único par de união de

    superfícies. Deve-se multiplicar o número de superfícies em contato para o caso de

    mais de uma.

    2.5. Considerações sobre energia

    Quando os membros rotativos de uma máquina são freados, a energia

    cinética de rotação deve ser absorvida pelo freio. Essa energia aparece no freio na

    forma de calor. Energia cinética é absorvida, durante a mudança de velocidade, pelo

    freio, sendo transformada em calor.

    Foi visto como a capacidade de torque do freio depende do coeficiente de

    fricção do material e de uma pressão normal segura. Entretanto, a carga deve ser tal

    que, se o valor do torque for permitido, o freio deve ser destruído pelo seu próprio

    calor gerado. A capacidade da engrenagem é limitada por dois fatores: as

  • 12

    características do material e sua habilidade de dissipar calor. Se o calor é gerado

    mais rapidamente que é dissipado, tem-se um problema de aumento da

    temperatura.

    Para um melhor esclarecimento do que ocorre durante a frenagem, simula-

    se um modelo matemático de dois sistemas inerciais conectados por um freio. Os

    momentos de inércia I1 e I2 possuem velocidades angulares iniciais w1 e w2.

    Durante o acionamento do freio, ambas as velocidades angulares mudam e se

    tornam iguais. Assume-se que os dois eixos sejam rígidos e que o torque seja

    constante.

    Escrevendo a equação de movimento para a inércia 1:

    I1”1 = -T Equação (1)

    Onde ”1 é a aceleração angular de I1 e T é o torque. Uma equação similar

    para I2 é:

    I2”2= T Equação (2)

    Pode-se determinar as velocidades instantâneas ’1 e ’2 de I1 e I2 depois

    de um período de tempo t pela integração das equações (a) e (b) (equações 18 e

    19).

    (a) 18 - ’1 = 1

    1

    wtI

    T

    (b) 19 - ’2 = 2

    2

    wtI

    T

    A diferença das velocidades, conhecida como velocidade relativa, é

    ’= ’1 - ’2 =

    tII

    IITww

    21

    21

    21

    A operação de acionamento da embreagem é completa no instante em que

    as duas velocidades angulares ’1 e ’2 se tornam iguais. Considerando o tempo

  • 13

    requerido pela inteira operação igual a t1. Então ’ = 0 quando ’1 = ’2, então a

    equação acima fica:

    20 - )(

    )(

    21

    2121

    1IIT

    wwIIt

    Essa equação mostra que o tempo requerido (eq.20) para a operação de

    frenagem é diretamente proporcional à diferença de velocidade e inversamente

    proporcional ao torque.

    Considerando o torque constante, acha-se, através das equações acima, a

    razão da dissipação de energia durante a frenagem:

    21 - U = T’ =

    ])([21

    21

    21 tII

    IITwwT

    A energia total dissipada (eq.21) durante a ação da embreagem é obtida

    integrando a equação acima:

    22 -

    dttII

    IITwwTudtE

    tt

    ])([

    1

    0 21

    21

    21

    1

    0

    )(2

    )(

    21

    2

    2121

    II

    wwII

    Note que a energia dissipada (eq.22) é proporcional ao quadrado da

    diferença de velocidades e é independente ao torque.

    2.6. Considerações sobre temperatura no freio

    A temperatura atuante na interface rotor-revestimento é fundamental para a

    fricção e o desgaste e está associada com os materiais em questão. É nessa

    interface que o calor causado pela fricção é gerado e onde atuam as mais altas

    temperaturas. A temperatura do material da presilha determina o modo de desgaste

    e o filme presente na superfície que influencia no coeficiente de fricção. O equilíbrio

    da temperatura é relacionado com o calor de entrada (proporcional ao peso do

    veículo, à velocidade inicial e à frequência de parada) e a magnitude do calor

    dissipado. O calor é perdido através da condução para o conjunto de freio assim

    como por convecção e radiação para a vizinhança.

  • 14

    2.7. Calor de entrada

    A entrada instantânea de calor (eq.23) no freio q é igual a mudança da

    energia cinética no veículo:

    23 -

    2

    2

    1mv

    tKE

    tKEq

    onde q = razão de entrada de calor no freio, Btu/s

    KE = energia cinética do veículo, Btu

    m = massa do veículo, peso/32,2 ft/s2

    v = velocidade instantânea do veículo, ft/s

    O design do sistema de freio irá determinar a porcentagem do total de calor

    gerado que irá se dissipar em cada roda.

    2.8. Variação de temperatura

    O aumento de temperatura no conjunto do freio (equações 24 e 25) pode ser

    aproximado pela clássica expressão:

    24 - cW

    HT

    onde T = variação de temperatura, °F

    c = calor específico, Btu / (lbm.°F)

    W = massa do freio, lbm

    H = calor, cal

    Uma equação similar pode ser escrita no SI:

  • 15

    25 - cm

    ET

    onde T = aumento de temperatura, °C

    c = calor específico, J/ kg. °C

    m = massa do freio, kg

    E = energia, Btu

    As equações acima (equações 24 e 25) podem ser usadas para explicar o

    que acontece quando o freio opera. Entretanto, existem muitas variáveis envolvidas,

    então não é de se esperar que tais análises se aproximem de resultados

    experimentais. Por essa razão, tais análises devem ser utilizadas, em ciclos

    repetitivos, onde se tem um melhor efeito na performance.

    Um objeto aquecido a uma temperatura T1 esfria até uma temperatura

    ambiente Ta de acordo com a relação exponencial abaixo (eq.26):

    26 - tWCAU

    aai eTTTT)/(

    1 )(

    onde Ti = temperatura instantânea no tempo t, °F;

    A = área de transferência de calor, ft2;

    U = coeficiente de superfície, Btu/(ft2.s.°F).

    A temperatura do freio depois de repetidas frenagens vai depender de

    quanto do calor gerado é perdido devido à condução, convecção e radiação. Outro

    fator significante será o torque residual no freio. Esse torque residual não gera altas

    temperaturas, mas reduz a perda de calor do freio, mudando efetivamente o

    equilíbrio da temperatura após múltiplas frenagens.

    2.9. Conceitos gerais de atrito

    Os conceitos gerais de atrito ou fricção têm sido desenvolvidos ao longo dos

    anos. Como aço e ferro fundido são aplicados no revestimento dos freios, as fontes

    principais de fricção são:

  • 16

    Adesão: com o movimento do revestimento sobre o tambor ou a

    superfície do rotor, seus constituintes metálicos unem-se ao material do rotor e do

    tambor. O cisalhamento dessa junção produz a força friccional.

    Deformação por cisalhamento: o coeficiente de fricção cresce à medida

    que a temperatura cresce, sugerindo que a deformação seja um fator importante,

    pois a resina amacia-se com o crescimento da temperatura. Acredita-se que o efeito

    da deformação ocorre a partir da formação de uma onda de deformação e não a

    partir de uma perda por histereses.

    Sulcos: durante o processo de movimento tangencial entre as

    superfícies, protuberâncias no disco do tambor encadeiam-se com partículas dos

    ingredientes, desarranjando-as. Quando a tensão última é excedida, ocorre a ruptura

    no polímero e as partículas são perdidas. Para que não ocorra a perda dessas

    partículas, longos amiantos ou fibras de aço fornecem a tensão mecânica

    necessária para evitar perdas excessivas de material durante a abertura dos sulcos.

    Histereses: a energia perdida que está envolvida com a tensão elástica

    produz uma fonte muito pequena de fricção no freio.

    Filmes da superfície: a contaminação da superfície com material de

    revestimento decomposto afeta muito o coeficiente de fricção por reduzir a adesão e

    a deformação por cisalhamento.

    A importância de cada componente de fricção discutido acima variará de

    acordo com a vida do revestimento. A operação inicial do sistema pode envolver

    grandes ranhuras devido à alta rugosidade original da superfície. À medida que a

    rugosidade vai diminuindo com o uso, o efeito positivo do crescimento da adesão vai

    ficando mais importante assim como o efeito negativo da contaminação das

    superfícies.

    O coeficiente de fricção para o material de freios com fricção em ferro

    fundido é uma função da carga, velocidade e temperatura. A expressão da força

    (eq.27) pode ser escrita como:

    27 - F = K(T)Pa(T)

    Vb(T)

    Onde

    K(T) = constante, dependente da temperatura;

  • 17

    P = carga normal;

    a(T) = expoente da carga dependente da temperatura;

    V = velocidade de escorregamento;

    b(T) = expoente da velocidade dependente da temperatura.

    Pela influência da carga, velocidade e temperatura para um material de

    fricção como o amianto, percebe-se que o aumento da carga ou da velocidade

    causa um decrescimento no coeficiente de fricção. Entretanto, análises como essas

    devem ser feitas com cuidado devido à grande influência que a temperatura da

    superfície causa no coeficiente de fricção.

    2.10. Tratamentos

    Como os processos de produção nem sempre fornecem materiais com a

    estrutura requerida para determinada utilização, se faz necessário passar por alguns

    tratamentos térmicos ou termoquímicos.

    “Operações de aquecimento e resfriamento subsequentes dentro de

    condições controladas de temperatura, tempo à temperatura, ambiente de

    aquecimento e velocidade de resfriamento” (CHIAVERINI, V., 1986,) e “tratamentos

    de aquecimento e resfriamento controlados, são destinados a mudar as

    características dos aços e das ligas especiais” (SANTOS, R.R., 2014), são

    definições básicas para os tratamentos térmicos.

    Os tratamentos térmicos têm duas divisões, os tratamentos térmicos

    também, conhecido como tratamento termomecânico (quando existem esforços

    mecânicos além de sua temperatura), e os tratamentos termoquímicos. Enquanto os

    tratamentos térmicos têm por definição: mudar apenas as estruturas dos materiais

    sem que se altere de maneira ou forma alguma a sua composição química, temos os

    tratamentos termoquímicos que como no nome, são tratamentos que em sua

    maioria, altera por princípio similar as estruturas dos materiais, mas com acréscimo

    de material químico no processo.

  • 18

    2.11. Tratamentos Térmicos

    Os tratamentos termoquímicos são processos que visam à adição de

    Carbono, Nitrogênio e Boro na superfície dos aços e ligas. Como a difusão desses

    elementos nos aços só é significativa em temperaturas elevadas (500-1000 oC)

    esses tratamentos são chamados de Termoquímicos (VILLARES METALS, 2014).

    Essa modificação é dada através da aplicação de calor em um meio

    apropriado. A alteração da composição química do aço atinge uma profundidade da

    camada que depende da temperatura de aquecimento e do tempo de permanência a

    essa temperatura no meio escolhido. Durante a exposição, a peça é enriquecida de

    elementos exterior, por difusão. A maioria dos processos industriais de tratamentos

    termoquímicos inclui o enriquecimento, por difusão, das camadas superficiais da

    peça com metais e não metais do meio exterior ativo (CHIAVERINI, V., 2003).

    O objetivo principal é aumentar a dureza e a resistência ao desgaste da

    superfície, sem afetar o núcleo do material, que deve ser mantido dúctil. Existem

    alguns fatores fundamentais que influenciam o controle do processo. Entre eles

    pode ser destacado:

    O Potencial do Meio: Sendo esse meio sólido, liquido ou gasoso de fornecer

    os elementos químicos, entre eles o carbono, o nitrogênio ou o boro. Além disso,

    outro fato muito importante é a capacidade da peça de absorver o elemento químico

    que ela foi submetida à reação. Devido à solubilidade e difusão do elemento químico

    no aço. .Afinal cada elemento possui uma determinada afinidade com outra

    substância (HONEYCOMBE, R.W.K., 1982).

    Segundo SARTORI, ao contrário do que muitos pensam o principal objetivo

    do tratamento térmico não é aumentar a resistência a desgaste.

    De fato o tratamento térmico, afeta o aço como um todo, enquanto que a

    questão do desgaste limita-se à superfície. Na realidade, o verdadeiro objetivo do

    tratamento térmico é promover uma MODIFICAÇÃO MICROESTRUTURAL.

    Também no caso dos aços ferramenta, o grande objetivo do tratamento térmico,

    particularmente a têmpera é fazer uma alteração microestrutural, obtendo-se uma

    estrutura de alta resistência mecânica, usualmente traduzida por um aumento de

  • 19

    dureza. Entretanto, o aumento de dureza é apenas uma consequência desta

    alteração microestrutural, não devendo, nunca ser considerado um fim em si mesma

    (SARTORI, C.H., 2015).

    Para garantir o enriquecimento da peça com elementos do exterior existem

    três processos que ocorrem simultaneamente. O primeiro processo é a formação do

    elemento químico no estado atômico ativo como resultado de vaporização. O

    segundo processo é a adsorção dos átomos na superfície da peça. O processo pode

    incluir a simples adsorção física onde formam camadas monoatômicas ou

    poliatômicas de adsorção em toda a superfície da peça, ou em suas regiões ativas

    que formam as camadas pelas forças de Wan der Waals. O terceiro processo seria a

    difusão dos átomos adsorvidos desde a superfície para o interior da peça. A

    adsorção ocorre muito rápido, e a difusão ocorre lentamente. A concentração do

    interior da peça depende da difusão. Por isso a atenção básica é outorgada aos

    princípios da difusão (HONEYCOMBE, R.W.K., 1982).

    Tabela 1 – Dados sobre difusão do B, C e Ni no Ferro (NOVIKOV, I.,

    1994)

    Elemento

    Ferro α Ferro y

    Q Q

    Cal/mol /s Cal/mol

    Boro 62000 21000

    Carbono 19300 3,3x 27000

    Nitrogênio 18900 7,8x 40000

    Para a engenharia essas possíveis aplicações têm uma grande importância,

    pois permite que se empreguem aços com elementos de liga, conseguindo um

    núcleo de elevada resistência e com uma superfície dura, o que resulta materiais

    que suportam elevados graus de tensões.

    2.11.1. Têmpera

    Têmpera é um dos processos utilizados no tratamento térmico de metais

    para aumentar a dureza e conseqüente resistência dos mesmos. O processo da

  • 20

    têmpera consiste em duas etapas: aquecimento e esfriamento rápido. O

    aquecimento visa obter a organização dos cristais do metal, numa fase chamada

    austenitização. O esfriamento brusco visa obter a estrutura martensita (METAL

    HARTE, 2014; FERMAC, 2014).

    Na têmpera o aquecimento é superior à 50°C em relação à temperatura

    crítica, que é de 727°C. O objetivo é conduzir o aço a uma fase, na qual se obtém a

    homogeneização da austenita, para obter a futura dureza. Após dessa fase o aço

    pode ser submetido a outras fases, dependendo das necessidades. A temperatura

    nessa fase é temperatura de austenização. Cada aço tem sua composição à

    temperatura que varia de aço para aço. A têmpera é obtida em temperaturas

    diferentes, o que depende da composição do aço da peça e dos seus objetivos.

    Portanto, a têmpera de uma dada peça leva em consideração muitos fatores

    (FERMAC, 2014).

    O próprio tempo de exposição da peça na temperatura de austenização é

    considerado quando se faz a sua têmpera. Cada aço tem uma temperatura de

    austenização, e que é aquela que proporciona o máximo de dureza. Essa

    temperatura é obtida dentro de fornos, os quais podem ser por chama ou por

    indução elétrica (fig.10). A austenização, e consequentemente a têmpera, pode

    ocorrer apenas na superfície da peça ou em toda ela, dependendo do tempo de

    exposição.

    Figura 10 – Esquema simplificado da têmpera por indução (MSPC, 2014).

    A figura 9 exibe um esquema simplificado da têmpera por indução. O

    aquecimento é dado por uma bobina de indução à qual se aplica por um

    determinado certo tempo, uma corrente alternada cuja freqüência pode ser de

    alguns quilohertz a poucos mega-hertz, dependendo das dimensões da peça e da

  • 21

    profundidade desejada de têmpera. Em geral, a bobina tem algum meio de

    refrigeração para prevenir o próprio aquecimento, como tubo com água conforme a

    figura 9 (MSPC, 2014).

    Figura 11 - Esquema simplificado da têmpera por chama (MSPC, 2014).

    Na têmpera por chama (fig.11), o aquecimento é dado pela combustão de

    algum gás como acetileno, propano ou outros. A figura 10 exibe um esquema

    simplificado. Nos equipamentos práticos, a peça pode girar para obter um

    aquecimento uniforme; ou vários outros arranjos podem ser usados de acordo com a

    geometria da peça, como aplicações comuns de barramento, dentes de

    engrenagens, cames, eixos e outros (MSPC, 2014).

    Alguns valores típicos de têmpera por chama são: temperatura 815°C,

    profundidade 4,5mm, dureza até 65HRC. Naturalmente, para ambos os processos

    (indução e chama), o aço deve ter teor de carbono suficiente para permitir a

    têmpera, em geral acima de 0,4%C (MSPC, 2014).

    A segunda etapa da têmpera é o resfriamento, o qual deve ser brusco, em

    óleo ou água. A rapidez do resfriamento é importante para impedir que o aço mude

    para fase diferente daquela que se obteve na temperatura de austenização (obter

    estrutura martensítica). Quase sempre, após a têmpera, a peça é submetida ao

    Revenimento (FERMAC, 2014).

    A têmpera aumenta a dureza do aço e tornar mais elevado seu limite de

    escoamento e sua resistência à tração, à compressão e ao desgaste. A resistência

    elétrica também se eleva. Em conseqüência da têmpera diminuem, porém, a

    resistência ao choque, o alongamento, a estricção, a ductilidade, etc. (COLPAERT,

    H., 1974).

  • 22

    Contudo, dá ainda aos aços duros a faculdade de manter melhor o

    magnetismo, isto é, conservar-se imantado mais fortemente, depois de submetido a

    um campo magnético. Por isso, são aço temperado os ímãs permanentes, como os

    dos magnetos, as agulhas das bússolas, etc. (COLPAERT, H., 1974).

    2.11.2. Revenido

    O processo térmico de Revenimento tem por objetivo corrigir aços cuja

    tenacidade é baixa e a dureza excessiva, resultando em aços de tenacidade

    aumentadas (METAL HARTE, 2014), tendo como resultado final uma martensita

    revenida.

    Revenimento é o reaquecimento das peças temperadas, a temperaturas

    abaixo da linha inferior de transformação do aço. Dependendo da temperatura

    resulta em pequena ou grande transformação da estrutura martensítica revenida.

    (FERMAC, 2014).

    Na faixa de 140°C e 200°C não há alterações expressivas num aço, a

    dureza cai para 58 a 60RC dependendo da composição do aço. O revenimento,

    nesta faixa de temperatura mudou pouco o aço.

    Na faixa de 210°C e 260°C as tensões são alteradas, e começa a baixar a

    dureza, e não teve nenhuma modificação na estrutura considerável. O revenimento

    inicia a alteração da estrutura.

    Na faixa de 270°C e 360°C começa a precipitação de carbonetos finos. O

    revenimento já faz mudanças maiores na estrutura.

    Na faixa 370°C e 730ºC a transformação na estrutura é maior. Conforme a

    temperatura de revenimento é maior, a Cementita precipita fica mais grossa e se

    tornam visíveis numa matriz férrica. A 730ºC o revenimento pode levar a uma queda

    da dureza significativa.

    Aços altamente ligados apresentam um comportamento diferente no

    revenimento, pois a faixa de 500°C e 600ºC apresenta precipitação de carboneto de

    liga (endurecimento secundário).

  • 23

    2.11.2.1. Revenimento prensado

    Este processo é determinado pela necessidade da pela manter suas

    dimensões críticas dentro dos limites especificados. Ele é realizado após uma

    têmpera ou após um trabalho de estampagem ou usinagem, onde se requerer que

    as medidas da peça (planicidade, mais especificamente). Permaneçam ou voltem as

    suas condições de desenho. Todo o processo é desenvolvido e acompanhado para

    cada tipo de peça em questão, com a fabricação de dispositivos de bloqueio

    específicos ao Projeto (METAL HARTE, 2014).

    2.12. Tratamento Termoquímico

    Os tratamentos termoquímicos são tratamentos que utilizam a temperatura e

    mudança química superficial nos materiais. Tem como objetivo aumentar dureza e

    resistência ao desgaste de superfície. Mantém o interior da peça intocado, ou seja, o

    interior do mesmo não será afetado, já que são tratamentos que chegam até certa

    profundidade e nunca ao núcleo.

    Os tratamentos termoquímicos mais comuns são:

    Nitretação

    Cementação

    Carbonitretação

    Cianetação

    Boretação

    No presente trabalho, damos ênfase apenas no processo de Nitretação

    líquida.

    2.12.1. Nitretação

    O processo de Nitretação é um processo que a exemplo da Cementação

    também altera a composição de uma camada superficial do aço. Entretanto, ao

  • 24

    contrário da Cementação, a camada Nitretada não necessita ser temperada, tendo

    em vista que os Nitretos que se formam já possuem dureza elevada.

    A camada Nitretada tem menor espessura do que a Cementada, raramente

    ultrapassando 0,8 mm, caso contrário os tempos seriam muito grandes o que torna o

    método antieconômico (SANTOS, R.R., 2014; MACHADO, A. L., 2012)

    Vantagens do Processo

    Entre as vantagens da nitretação podemos citar as seguintes:

    Alta dureza com alta resistência ao desgaste.

    Alta resistência à fadiga e baixa sensibilidade ao entalhe.

    Melhor resistência à corrosão.

    Alta estabilidade dimensional.

    Aplicação

    Os processos de Nitretação são utilizados, por ordem de importância, no

    tratamento de metais ferrosos, metais refratários e, mais recentemente, de alumínio.

    O processo de Nitretação de superfícies se aplica, entre outras, à indústria

    mecânica, automotiva, hidráulica, de deformação de metais, forjaria; siderúrgica,

    biomédica e alimentação. O processo é utilizado no tratamento de moldes de injeção

    de plásticos, de peças automotivas (válvulas, engrenagens, pistões, etc.), moldes de

    extrusão de alumínio, ferramentas de corte e usinagem de metais, punções de

    matrizes para corte em geral, tratamento de próteses, etc.

    2.12.2. Nitretação Líquida

    Na Nitretação liquida o aquecimento é feito na mesma faixa de temperatura

    da Nitretação a gás 500 a 570⁰C, utilizando um banho à base de cianeto. Em razão

    disso adiciona também um pouco de carbono a peça (CHIAVERINI, V., 2003).

    Também conhecida como “Nitretação tenaz” possibilita a Nitretação de

    qualquer aço, inclusive aços de baixo carbono, como o 1015 e aços rápidos. Não

  • 25

    produz camadas espessas como a Nitretação a gás, sendo assim a Nitretação a

    gás é preferida quando se quer maior penetração superficial.

    Mas nos dois tipos de Nitretação obtém-se igualmente, camadas de boa

    resistência à fadiga e com menores tendências ao equipamento (VENDRAMIM, J.

    C., 2002).

    Um banho comercial de sais de Nitretação consiste na mistura dos seguintes

    sais:

    Sais de sódio (60%a 70% em peso na mistura),

    Sais de potássio (30% a 40%em peso da mistura)

    Essa mistura de sais possui uma temperatura de operações correspondente

    a 565⁰C.

    Um sal empregado na Nitretação e aços para ferramentas apresentam a

    seguinte composição:

    NaCN -30% no máximo.

    C ou -25% no máximo;

    Outros ingredientes ativos 4,0%; umidade 2,0% máximo;

    KCI- restante

    À temperatura de Nitretação, carbono e nitrogênio são liberados, porem

    somente essa ultima é mais ativa a essa temperatura, se difundido no ferro e

    formando, como já foi mencionado, Nitretos em maior quantidade de carbonetos.

    Esses Nitretos e o Fe3C formam inicialmente a camada ou faixa branca de

    espessura diminuta. O nitrogênio penetra mais profundamente, formando a “faixa de

    difusão”. Nessa faixa de difusão, no caso dos aços carbonos, formam-se Nitretos de

    ferro e no caso de aços-liga, formam-se Nitretos especiais (CHIAVERINI, V., 2003;

    NOVIKOV, I., 1994).

  • 26

    2.13. Fundamentos do processo de revestimentos

    Habitualmente as operações de revestimento são definidas como a

    deposição de metal de aporte sobre a superfície de um metal base, com o propósito

    de prover as propriedades elou dimensões requeridas da peça em condições de

    serviço. Existem várias categorias de revestimentos que são utilizadas de acordo

    com as propriedades que se desejem obter, conforme descrito a seguir:

    2.13.1. Revestimentos de aços oxidáveis ("cladding")

    São utilizados, geralmente, para depositar uma capa de metal de aporte

    sobre um aço ao carbono de baixa liga com o propósito de prover na superfície uma

    proteção contra a corrosão ambiental, quando em geral, a resistência do

    revestimento não é incluída no projeto do componente. Esse tipo de revestimento

    pode ser aplicado para resistir à corrosão localizada Cpffing"), gretas de corrosão,

    corrosão intergranular e corrosão de baixas tensões. A resistência à corrosão do

    revestimento, em muitos casos, é o fator limitante na vida do componente, sendo,

    portanto, a primeira consideração a ser levada em conta para selecionar a liga, o

    processo de soldagem e o procedimento a utilizar (Conde, 1986).

    2.13.2. Revestimentos de reconstrução ("build up")

    Refere-se à adição de metal por soldagem, na superfície do metal base, com

    o objetivo de restaurar as dimensões originais no componente. A resistência da

    solda é um importante pré-requisito que deve ser considerado no projeto (Conde,

    1986).

    2.13.3. Amanteigamento ("buttering")

    Aplicação de um ou mais passes de solda na face da junta. A diferença do

    caso anterior está no fato de ser usado por razões metalúrgicas e não por controle

    dimensional. Um exemplo clássico é a deposição de ligas de alto níquel sobre uma

  • 27

    base de aço de baixa liga. A parte amanteigada pode ser usada na condição como

    soldada ou sofrer tratamento térmico posterior para a obtenção de propriedades

    especiais (Conde, 1986).

    2.13.4. Revestimentos duros ("hardfacing")

    Segundo Hutchings (1992), entende-se por revestimento duro, uma liga

    homogeneamente depositada por soldagem, na superfície de um material mole,

    geralmente um aço de baixo ou médio carbono, com o propósito de aumentar a sua

    dureza e resistência ao desgaste, sem provocar perda significativa de ductilidade e

    tenacidade do substrato. Conde (1986) afirma que os revestimentos duros são

    empregados com o fim de reduzir o desgaste por abrasão, erosão, impacto ou

    cavitação.

    Usualmente são aplicados pelos processos de soldagem Oxiacetilêníco

    (OFW) a Arco Elétrico com Eletrodos Revestidos (SMAW), MIGIMAG (GMAW), Arco

    Submerso (SAW) e Arames Tubulares (FCAffi). Os eletrodos revestidos são

    utilizados devido ao seu baixo custo e facilidade de aplicação, enquanto os arames

    tubulares têm sido preferidos pela alta produtividade aliada à alta qualidade de solda

    (Buchely et aí, 2005)

    2.14. Princípios e fundamentos do processo de soldagem (MIG/MAG)

    2.14.1. Introdução processo de soldagem

    O processo de soldagem GMAW - Gas Metal Arc Welding ou MIG/MAG,

    como também é conhecido, tem como princípio de funcionamento a utilização de um

    arco elétrico para aquecer a superfície a ser soldada e um eletrodo metálico

    alimentado continuamente. O calor gerado pelo arco funde a ponta do eletrodo e a

    superfície do metal de base para formar a poça de fusão, a qual é protegida dos

    efeitos nocivos do ar atmosférico, por intermédio de um gás de proteção,

    proveniente de uma fonte externa. A principal característica dos processos

    MIG/MAG é a proteção gasosa que envolve a atmosfera adjacente à poça de fusão,

  • 28

    e que é proporcionada por gases inertes ou mistura de gases ativos e inertes, no

    caso do processo MAG. Estes processos (figuras 12 e 13) são utilizados para unir

    peças metálicas pelo aquecimento e pela fusão delas a partir de um arco elétrico

    estabelecido entre um eletrodo metálico nu e a poça de fusão, como ilustra as

    Figuras abaixo.

    Figura 12 – Processo de soldagem (www.esab.com.br).

    2.14.2. Funcionamento

    O processo de soldagem funciona com corrente contínua (CC),normalmente

    com o arame no pólo positivo. Essa configuração é conhecida como polaridade

    reversa.

    São comumente empregadas correntes de soldagem de 50 A até mais que

    600 A e tensões de soldagem de 15 V até 32 V. Um arco elétrico autocorrigido e

    estável é obtido com o uso de uma fonte de tensão constante e com um alimentador

    de arame de velocidade constante.

    No processo MIG a proteção gasosa utilizada é constituída de um gás inerte,

    ou seja um gás normalmente monoatômico como Argônio ou Hélio, e que não tem

    nenhuma atividade física com a poça de fusão.

    OBS: Proteção Inerte –Argônio ou Hélio ou misturas de ambos (mais comum 50% ou 75% de Argônio).

    No processo MAG a proteção gasosa é feita com um gás dito ativo, ou seja,

    um gás que interage com a poça de fusão, normalmente CO2 - dióxido de Carbono.

    GMAW, (abreviatura do inglês Gás Metal Arc Welding) que é a designação que

    engloba os dois processos.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/CO2

  • 29

    OBS: Proteção Ativa -CO2 ou misturas Argônio + CO2 5%, 18% ou 20%, ou misturas Argônio + O2 a 5%, ou misturas Argônio + CO2+ O2.

    Figura 13 – Processo de soldagem (guias oxigênio.com).

    2.14.3. Equipamentos

    Os equipamentos de processo de soldagem MIG/MAG (figuras 14 e 15)

    podem ser usados manual ou automaticamente. Veja na figura abaixo o modelo de

    um equipamento para a soldagem manual. Equipamentos para soldagem manual

    são fáceis de instalar. Como o trajeto do arco é realizado pelo soldador, somente

    três elementos principais são necessários:

    - tocha de soldagem e acessórios;

    - motor de alimentação do arame;

    - fonte de energia.

  • 30

    Figura 14 – Instalações para a soldagem manual (alienstore.com.br).

    1. Cabo de solda (negativo)

    2. Refrigeração da tocha (água)

    3. Gás de proteção

    4. Gatilho da tocha

    5. Água de refrigeração para a tocha

    6. Conduíte do arame

    7. Gás de proteção vindo do cilindro

    8. Saída de água de refrigeração

    9. Entrada de água de refrigeração

    10. Entrada de 42 V (CA)

    11. Cabo de solda (positivo)

    12. Conexão para a fonte primária (220/380/440 V)

    Figura 15 – Tochas de soldagem e acessórios (ebah.com.br).

  • 31

    A tocha guia o arame (fig.15) e o gás de proteção para a região de soldagem.

    Ela também leva a energia de soldagem até o arame. Tipos diferentes de

    tocha foram desenvolvidos para proporcionar o desempenho máximo na soldagem

    para diferentes tipos de aplicações. Elas variam desde tochas para ciclos de

    trabalho pesados para atividades envolvendo altas correntes até tochas leves para

    baixas correntes e soldagem fora de posição. Em ambos os casos estão disponíveis

    tochas refrigeradas a água ou secas (refrigeradas pelo gás de proteção), e tochas

    com extremidades retas ou curvas. Geralmente são adicionados sistemas de

    refrigeração na tocha para facilitar o manuseio. Nos casos em que são executados

    trabalhos com altas correntes é possível usar uma tocha mais robusta. Uma tocha

    seca típica MIG/MAG, contem os seguintes acessórios:

    - bico de contato;

    - bocal;

    - conduíte;

    - cabo.

    O bico de contato é fabricado de cobre eletrolítico é utilizado para conduzir a

    energia de soldagem até o arame bem como dirigir o arame até a peça. A tocha (e

    também o bico de contato) é conectada à fonte de soldagem pelo cabo de solda.

    Como o arame deve ser alimentado facilmente pelo bico de contato e também fazer

    um bom contato elétrico, seu diâmetro interno é importante. O folheto de instruções

    fornecido com cada tocha relaciona o diâmetro correto do bico de contato para cada

    diâmetro de arame. O bico de contato, que é uma peça de reposição, deve ser preso

    firmemente à tocha e centrado no bocal. O bocal direciona um fluxo de gás até a

    região de soldagem. Bocais grandes são usados na soldagem a altas correntes

    onde a poça de fusão é larga. Bocais menores são empregados na soldagem a

    baixas correntes. O conduíte é conectado entre a tocha e as roldanas de

    alimentação. Ele direciona o arame à tocha e ao bico de contato. É necessária

    uma alimentação uniforme para se obter a estabilidade do arco. Quando não

    suportado adequadamente pelo conduíte, o arame pode se enroscar. Quando se

    usam arames de aço, recomenda-se que a espiral do conduíte seja de aço. Outros

    materiais como nylon e outros plásticos devem ser empregados para arames de

  • 32

    alumínio. A literatura fornecida com cada tocha lista os conduítes recomendados

    para cada diâmetro e material do arame.

    Figura 16 – Alimentador de arame (www.esab.com.br).

    O motor de alimentação de arame e o controle de soldagem (fig.16) são

    frequentemente fornecidos em um único módulo — o alimentador de arame —

    mostrado na Figura 6. Sua principal função é puxar o arame do carretel e alimentá-lo

    ao arco. O controle mantém a velocidade predeterminada do arame a um valor

    adequado à aplicação. O controle não apenas mantém a velocidade de ajuste

    independente do peso,mas também regula o início e fim da alimentação do arame a

    partir do sinal enviado pelo gatilho da tocha. O gás de proteção, a água e a fonte de

    soldagem são normalmente enviados à tocha pela caixa de controle. Pelo uso de

    válvulas solenóides os fluxos de gás e de água são coordenados com o fluxo da

    corrente de soldagem. O controle determina a sequencia de fluxo de gás e

    energização do contator da fonte. Ele também permite o pré e pós-fluxo de gás.

    2.14.4. Fonte de soldagem

    Quase todas as soldas com o processo MIG/MAG são executadas com

    polaridade reversa (CC+). O pólo positivo é conectado à tocha, enquanto o negativo

    é conectado à peça. Já que a velocidade de alimentação do arame e, portanto, a

    corrente, é regulada pelo controle de soldagem, o ajuste básico feito pela fonte de

  • 33

    soldagem é no comprimento do arco, que é ajustado pela tensão de soldagem. A

    fonte de soldagem também pode ter um ou dois ajustes adicionais para uso com

    outras aplicações de soldagem (por exemplo, indutância).

    2.14.5. Principais vantagens

    O processo de soldagem MIG/MAG proporciona muitas vantagens na

    soldagem manual e automática dos metais para aplicações de alta e baixa

    produção.

    • Não há necessidade de remoção de escória;

    • Alta taxa de deposição do metal de solda;

    • Tempo total de execução de soldas de cerca da metade do tempo se

    comparado ao eletrodo revestido;

    • Altas velocidades de soldagem; menos distorção das peças;

    • Largas aberturas preenchidas ou amanteigadas facilmente, não há

    perdas de pontas como no eletrodo revestido.

  • 34

    3. MATERIAIS E MÉTODOS

    3.1. Material de base do estudo

    Composição química do ferro fundido GGG40, utilizado nos tratamentos de

    Têmpera, Endurecimento por Chama (Revenido) e Nitretação Líquida, Composição

    química do aço carbono ASTM-A516-10-60 e a Composição química do Consumível

    de solda Megafil MF A730M.

    Tabela 2 – Composição ferro fundido GGG40

    COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO FERRO FUNDIDO GGG40

    Carbono Cromo Magnésio Cobre Manganês Silício Fósforo Enxofre

    3,8% 0,05% 0,05% 0,05% 0,20% 2,90% 0,054% 0,01%

    Tabela 3 – Composição aço ASTM-A516-10-60

    COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AÇO ASTM-A516-10-60

    Carbono Cromo Molibdênio Cobre Manganês Silício Fósforo Enxofre

    0,14% 0,023% 0,003% 0,01% 0,99% 0,208% 0,012% 0,005%

    Tabela 3 (Continuação) – Composição aço ASTM-A516-10-60

    COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AÇO ASTM-A516-10-60

    Alumínio Níquel Nióbio Vanádio Titânio ------------ ------------ -----------

    0,040% 0,011% 0,003% 0,002% 0,002% ------------ ------------ -----------

    Tabela 4 – Composição do consumível de solda Megafil MF A730M

    COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO MATERIAL DE REVESTIMENTO

    Carbono Cromo Manganês Silício ---------- ------------ ------------ -----------

    0,22% 1,3% 1,5% 0,6% ---------- ------------ ------------ -----------

  • 35

    O ferro fundido GGG 40 foi escolhido para fazer parte desta pesquisa, por se

    tratar do mesmo material estrutural que compõe o metal base das polias de freios

    mais antigas e das adquiridas recentemente da empresa Tec Tor Ind. Equip. Ltda.

    (fig.18). O mesmo foi adquirido junto a Indufer comércio de ferro e aço Ltda. (fig17),

    uma empresa de Jundiaí na grande São Paulo. Essa amostra foi dividida a princípio

    em 5 pedaços, porém, só fizemos utilização de 03 amostras uma para tratamento de

    Nitretação, outra para tratamento de Tempera e a ultima para Endurecimento por

    Chama. Todos os tratamentos térmicos foram realizados na empresa

    BRASTEMPERA com o objetivo de aumenta a dureza superficial das amostras,

    aproximadamente igual ao da superfície da polia analisada.

    Figura 17 – Chapa de ferro fundido GGG40 adquirida no mercado e

    cortada em 5 pedaços.

    Figura 18 - Polia adquirida na Tec Tor Ind. Equip. Ltda.

    OBS: Analise de dureza na polia adquirida na Tec Tor Ind. Equip. Ltda, com

    durômetro portátil (portable hardness teste mod.9002 + 2007) indicou uma dureza

    média superficial da ordem de 276 HB.

    Um outro material utilizado foi o aço ASTM A516-10-60 fornecido pela

    Usiminas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A., é um material muito abundante na

    Nuclep devido as sobras de materiais de vários contratos e projetos já realizados e

    entregues aos clientes. Ele também é bem similar em termos de resistência ao

    material encontrado nas polias mais novas que são soldadas.

  • 36

    Figura 19 - Polia fabricada de chapas de aço carbono soldada de uma ponte rolante

    da Nuclep.

    Foram cortados algumas amostras para se fazer os ensaios preliminares e

    o teste final, englobando a realização de endurecimento com a adição de metal duro

    na superfície e posteriormente como as demais amostras submetidas ao ensaio de

    tratamento térmico superficial, o teste de desgaste de fricção.

    Um outro material utilizado foi o consumível de solda foi o Megafil MF A

    730M da Empresa HOBART Filler Metals (fig.20) que possui uma dureza na faixa de

    270 HB à 330HB ideal para esse experimento. A ITW Welding Brasil/ Alumaq /

    Miller/ Hobart são grandes fornecedores de máquinas, equipamentos e consumíveis

    de solda, no Brasil e também para a NUCLEP, por isso o grande interesse da

    realização desse experimento junto aos nossos parceiros comerciais.

    Figura 20 – Consumível de solda Megafil MF A 730M da Empresa HOBART

    Filler.

  • 37

    3.2. Tratamentos Térmicos e Termoquímico

    As amostras de ferro fundido GGG 40 (fig.21), foram devidamente

    identificadas e enviadas para a realização de tratamentos térmicos de Nítretação,

    Endurecimento por Chama e Têmpera na empresa BRASTÊMPERA, com o apoio e

    a supervisão do nosso colega de Mestrado Engenheiro Ítalo.

    Figura 21 – Amostras identificadas e enviadas para a realização do T.T.

    Tabela 5 – Distribuição para tratamento das amostras

    AMOSTRAS TRATAMENTO SUBMETIDO

    1 Nitretação líquida

    2 Endurecimento por Chama

    3 Têmpera e Revenido

    As amostras foram lixadas na lixadeira Politriz da marca Knuth-rotor, feito no

    laboratório industrial de metalurgia da NUCLEP (fig.22), com lixas 400, 600, 800 e

    1200. Logo em seguida, foram polidas em pasta de diamante 3 mµ, e entregues

    para BRASTÊMPERA (figuras 23 e 24) para tratamento químico de Nitretação

    Líquida e tratamentos térmicos de Endurecimento por Chama e de Têmpera e

    Revenido.

  • 38

    Figura 22 – Laboratório industrial de Qualidade da NUCLEP.

    3.2.1. Tratamento Termoquímico de Nitretação Líquida

    Figura 23 – Forno de banho nº 1 (BRASTÊMPERA).

    Tabela 6 - Especificação técnica do banho de Nitretação Líquida. Adaptado

    [Brastêmpera]

    ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DO BANHO DE NITRETAÇÃO LÍQUIDA*

    DENOMINAÇÃO

    ETA 15 ETA 16

    SAL PARA NITRETAÇÃO TEC NIT R TEC NIT B

    UTILIZAÇÃO

    Regeneração do nível de trabalho em

    banhos de sal de nitretação Sursulf

    Enchimento do nível de trabalho em

    banhos de sal de nitretação Sursulf.

    ESPECIFICAÇÃO

    Cor: branco

    Estado físico: sólido (pastilhas)

    Cor: branco

    Estado físico: pó

  • 39

    Tri-hidroxi-s-triazina: 96% min

    Identificação: produto, data de

    validade, lote.

    Teor de cianato: 32% a 37%

    Identificação: produto, data de

    validade, lote.

    REFERÊNCIA

    Conforme informações técnicas

    contidas no boletim técnico (EPA 65)

    do fornecedor de 11/10/03 revisão 00.

    Conforme informações técnicas

    contidas no boletim técnico (EPA 64)

    do fornecedor de 11/10/03 revisão 00.

    *Cedida pela BRASTÊMPERA. Elaborada pelo Eng. Ítalo de Carvalho Ítalo.

    Observação: O material de regeneração e enchimento é misturado para

    preparar o banho.

    3.2.2. Tratamento Térmico de Têmpera e Endurecimento por Chama

    Figura 24 – Entrada no forno câmara, para tratamento de têmpera.

    Sistema de têmpera em óleo: o tanque de têmpera possui camisa dupla,

    isolada termicamente, e tem capacidade para aproximadamente 2.000 litros de óleo

    de têmpera. A recirculação do óleo é feita por dois agitadores com hélices de ferro

    fundido e acionamento por motores elétricos de dupla potência e dupla velocidade

    (MANUAL DE INSTRUÇÕES COMBUSTOL – Forno elétrico tipo Batch para

    tratamento térmico – Modelo T-4E).

    OBS: Temperatura máxima = 1000°C (forno câmara: têmpera).

    É feito na câmara de resfriamento, a carga a ser temperada é transferida

    automaticamente da câmara de aquecimento para a plataforma de mergulho, de

    acordo com o programa do CLP e sistema supervisório.

  • 40

    Têmpera em óleo

    A plataforma mergulha a carga no tanque de óleo, onde permanece durante

    o tempo determinado no procedimento que está sendo executado.

    A agitação do óleo, para homogeneização da temperatura, é feita por dois

    agitadores que forçam a passagem do óleo pela carga através dos defletores do

    tanque.

    Durante a têmpera em óleo o motor bomba permanece ligada, recirculando o

    óleo pelo trocador de calor, até que sua temperatura retorne ao setpoint ajustando

    no programa. No fim do ciclo a plataforma sobe, após o término do tempo de

    drenagem do óleo, a carga deve ser retirada pelo operador (MANUAL DE

    INSTRUÇÕES COMBUSTOL – Forno elétrico tipo Batch para tratamento térmico –

    Modelo T-4E).

    Figura 25 – Amostras tratadas (Têmpera, Nítretação Líquida e Endurecimento

    por Chama) na BRASTÊMPERA.

    OBS: Não foi desenvolvido nenhum estudo a respeito da aplicação de

    revestimento de metal duro em amostra de ferro fundido GGG 40, pois, segundo o

    fabricante dos consumíveis, para realizarmos tal procedimento de soldagem, seria

    necessário aquecer a amostra a uma temperatura de aproximadamente 750°C e

    com um eletrodo especial de níquel e ferro-fundido efetuarmos a aplicação do metal

    duro, utilizando, contudo uma técnica de martelamento a cada passe de solda, como

    recurso para eliminar as tensões trativas na região da zona fundida. Tal

  • 41

    procedimento teria um custo muito elevado, que acabaria inviabilizando o

    experimento.

    3.3. Aplicação de Metal Duro na Superfície da amostra de Aço Carbono ASTM-

    A516-10-60

    3.3.1. Seleção da Amostra de Aço Carbono ASTM-A516-10-60

    Esse material foi selecionado para os ensaios e testes levando-se em conta

    principalmente a sua abundancia na fabrica e a similaridade com o aço carbono

    utilizada na construção das polias soldadas (fig.26).

    Figura 26 – Sobras de aço carbono ASTM-516-10-60 e Certificado do

    material.

    3.3.2. Definição dos Parâmetros de Soldagem

    Utilizado o consumível de s