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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO Graduação em Ciências Biológicas ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM: Geotopo Fernando Henrique Couto Duarte PATROCÍNIO - MG 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO

Graduação em Ciências Biológicas

ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM: Geotopo

Fernando Henrique Couto Duarte

PATROCÍNIO - MG

2017

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FERNANDO HENRIQUE COUTO DUARTE

ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM: Geotopo

Trabalho de conclusão de curso apresentado

como exigência parcial para obtenção do grau

de Bacharelado em Ciências Biológicas, pelo

Centro Universitário do Cerrado Patrocínio.

Orientadora: Profª. Marisa Diniz Gonçalves

Machado.

PATROCÍNIO - MG

2017

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Centro Universitário do Cerrado Patrocínio

Curso de Graduação em Ciências Biológicas

Trabalho de conclusão de curso intitulado “Análise Integrada da Paisagem: Geotopo”, de

autoria do graduando Fernando Henrique Couto Duarte aprovada pela banca examinadora

constituída pelos seguintes professores:

__________________________________________ Profª.Marisa Diniz Gonçalves Machado– Orientadora

Instituição: UNICERP

__________________________________________ Profª.Rosangela de Oliveira Araujo

Instituição: UNICERP

__________________________________________ Profª.Leticia Perreira Silva

Instituição: UNICERP

Data de aprovação: 14 / 12 /2017

Patrocínio, 14 de dezembro de 2017

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RESUMO

Introdução: A paisagem é tudo que enxergamos e vivenciamos. O geossistema é uma

classificação da paisagem. A menor unidade do geossistema é o geotopo, espaço onde as

relações entre os meios bióticos e abióticos podem ser identificadas detalhadamente.

Objetivo: Analisar a organização sistêmica biótica e abiótica em encosta de mata galeria

cercada por áreas antropizadas e comprovar a importância em conservar espaços restritos.

Material e métodos: Sistêmico, estatístico e observacional, através de visitas de campo;

coleta de material; medidas de vazão, registros fotográficos, observações de processos

erosivos e a presença de animais. Os dados pluviométricos foram coletados in locu, e utilizou-

se dados do INMET. Resultados: Nos oito meses de coleta, não houve alterações relevantes

sobre o material proveniente dos coletores suspensos. Mesmo nos meses com índice

pluviométrico reduzido, as integrações dos elementos sustentaram a serrapilheira e seguraram

as folhas das arvores. Quanto ao curso fluvial, em setembro, outubro a vazão foi baixa, em

novembro, abril e maio a vazão foi maior,em resposta à maior carga e água disponível em

superfície e subsolo. Conclusão:Concluímos que a conservação de áreas restritas, geotopos, é

importante, pois asseguram a biodiversidade, estabilização de encostas; filtragem e infiltração

de água.

Palavras-chave: Paisagem. Geotopo. Geossistema. Espaço.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Área de estudo ......................................................................................................... 18

Figura 2 Croqui da Área Estudada ...................................................................................... 19

Figura 3 Planície Aluvionar ................................................................................................... 19

Figura 4 Talude ....................................................................................................................... 20

Figura 5 Terceiro Nível .......................................................................................................... 20

Figura 6 Fauna I ..................................................................................................................... 21

Figura 7 Fauna II .................................................................................................................... 21

Figura 8 Fauna III .................................................................................................................. 21

Figura 9 Coletor Suspenso ..................................................................................................... 24

Figura 10 Coletor de solos ..................................................................................................... 27

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Dados meteorológicos de Setembro de 2014 à Janeiro de 2015 ........................ 22

Quadro 2 Dados meteorológicos de Fevereiro2015 à Maio de 2015 ................................. 22

Quadro 3 Precipitação ........................................................................................................... 23

Quadro 4 Posição dos coletores suspensos ........................................................................... 24

Quadro 5 Coletores setembro de 2014 a janeiro de 2015*Valores referentes à massa, em

gramas (g). ............................................................................................................................... 25

Quadro 6 Coletores de solo setembro de 2014 a maio de 2015 ........................................... 28

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LISTA DE GRÁFICOS

Grafico 1: Coletores Suspensos ............................................................................................. 25

Grafico 2: Coletores conjunto A ........................................................................................... 29

Grafico 3: Cletores conjunto B .............................................................................................. 29

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

set setembro

out outubro

nov novembro

dez dezembro

jan janeiro

fez fevereiro

mar março

abr abril

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

mm milímetros

g gramas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 12

2.1 Geral: ............................................................................................................................. 12

2.2 Específicos: .................................................................................................................... 12

3 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 13

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

3.2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 16

3.2.1Tipo de Pesquisa ...................................................................................................... 16

3.2.2 Métodos ................................................................................................................... 16

3.2.3 Local de estudo ....................................................................................................... 17

3.2.4 Técnicas ................................................................................................................... 17

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 17

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 31

5 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 33

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1 INTRODUÇÃO

A natureza é constituída por várias paisagens, estas formam um mosaico de interações

de geossistemas constituídos de elementos da biota e abiota interligados em sistema, em busca

do equilíbrio dinâmico.

O estudo da paisagem se faz a partir de vários conceitos, dentre eles o ecossistema e o

geossistema. A visão do ecossistema esta relacionada com a associação dos seres vivos e

elementos abióticos de um território; de modo geral, seu estudo esta focado no centro do

sistema. O conceito do geossistema abrange um campo de visão ainda maior, englobando não

só o centro do sistema, mas sim o sistema todo; buscando enfocar e analisar todos os

componentes.

É um conceito de estudo relativamente novo, que vem da escola russa, e esta

espalhando-se pelo mundo. A dinâmica da paisagem nessa visão teve ampla aceitação de

vários autores de renome internacional como Bertrand, Tricart e Chorley e no Brasil se

destacaram Christofoletti, Ab'Saber e Guerra.

Os geossistemas são paisagens que nas condições de exploração atual estão se

reduzindo nas menores partes do espaço natural, que são definidos como geotopos;

considerando a linha de estudo russa, onde se destaca Sotchava.

De acordo com esta visão, os geossistemas dão condições de estudos de todos os

táxons; que são as demais divisões de um geossistema.

Interessou-se neste trabalho destacar uma pequena área, que dentro desta corrente de

pensamento russa, qualifica-se GEOTOPO.

O geotopo, mesmo sendo uma área relativamente pequena, é muito rica na

interdependência dos elementos que o constituem, que são os mesmos das grandes áreas, os

biomas.

A questão é desenvolver e praticar um olhar de valorização dos pequenos espaços e no

caso deste trabalho, os espaços naturais, em detrimento de sua relação com a sociedade atual.

Na sociedade atual a sustentabilidade é a palavra do momento, porém seu conceito é

vago, amplo e complexo. Se há uma dificuldade em conceituar a sustentabilidade mais difícil

é coloca-la em prática, pois diante do capital e do vigor do sistema capitalista, os espaços

naturais tendem a se reduzirem em função do aumento da produção tanto horizontal quanto

vertical, o que implica em mais agregação de terras e recursos, reduzindo os já escassos

espaços naturais. A ampliação das manchas urbanas, a abertura de novas estradas tudo tem

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contribuído para que, mesmos os pequenos espaços naturais sucumbam. Atitudes comuns de

cidadãos mal informados e sem bom senso é de não valorizarem pequenos espaços,

justamente por que não os conhecem, em sua riqueza e dinamicidade, considerando que por

ser área restrita não fará diferença no todo, ledo engano.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral:

Analisar um geotopo em todas suas características abióticas relacionado-as às condições

bióticas para compreender a organização dinâmica do mesmo.

2.2 Específicos:

Quantificar o material de deslocamento de encosta (solo, serrapilheira e outros);

Mensurar material proveniente da flora (folhas, galhos, frutos e flores);

Identificar processos erosivos;

Medir a precipitação;

Avaliar o comportamento do canal fluvial (morfometria);

Observar o comportamento da microfauna e sua interação com o ambiente;

Classificar os estratos vegetais da área.

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 INTRODUÇÃO

A paisagem é uma organização estrutural ampla, vivida e experienciada por todos, por

que de forma simples tudo o que nos cerca, que visualizamos e estamos inseridos é paisagem.

No caso deste trabalho estudou-se um geótopo, pois foi de interesse analisar a organização

sistêmica biótica e abiótica nas encostas de uma área de mata galeria em curso fluvial de

primeira ordem.“[...] o geótopo é uma microforma no interior do geossistema e dos geofácies

– é a menor unidade geográfica homogênea diretamente discernível ao terreno -, uma

particularidade do meio ambiente.”. (BERTRAND,2004, apud ROCHA, Y. T., 2014, p. 23)

A riqueza e a amplitude do termo paisagem mostra a complexidade de estudos

referentes às mesmas, pois refere-se tanto espaços territorialmente amplos como restritos, por

isso a organização das paisagens (geossitemas) ocorrem em nível planetário, regional e local

(fácies ou geótopos). Estudar a paisagem requer, primeiramente ter seu conceito.

"A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, numa

determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto

instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente

uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em

perpétua evolução" (BERTRAND, 1971, p 2)

A paisagem por ser dinâmica não se limita por fronteiras definidas, pois ela é um

sistema, "Todas as delimitações geográficas são arbitrárias e é impossível achar um sistema

geral do espaço que respeite os limites próprios para cada ordem de fenômeno" (CLAVAL,

1976, apud BERTRAND, 1971, p 8). Isto nos leva a dizer que a definição de paisagem varia

em função da escala. Considerando tal condição, o sistema de classificação adotado neste

trabalho foi a linha de pensamento da Escola Russa. Para esta escola a interação e

interconexão dos elementos naturais se identifica no geossistema, e, dentro deste a unidade

espacial menor é o geótopo.

"O geossistema corresponde a dados ecológicos relativamente estáveis. Ele resulta

da combinação de fatores geomorfológicos (natureza das rochas e de mantos

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superficiais, valor do declive, dinâmica das vertentes...), climáticos (precipitações,

temperatura...) e hidrológicos (lençóis freáticos epidérmicos e nascentes ...). Ele é

estudado por si mesmo e não sob o aspecto limitado de um simples lugar."

(BERTRAND, 1971, p 14)

“Todo Geossistema é um espaço único em sua estrutura, dinâmica e inter-relações o

que permite aos geógrafos a falarem em Geodiversidade da mesma forma como os biólogos

falam em Biodiversidade. ” (TROPPMAIR; GALINA, 2006).

Delimitando a paisagem dentro do geossistema de acordo com a escala a área de

estudo se limitou a um geótopo que, segundo Bertrand (1971) é a menor unidade geográfica

diretamente discernível em um terreno. Estudar uma unidade restrita nos deu condições mais

precisas e reais para compreender e sentir que "[...] todos os seres vivos têm sua existência

controlada pela variação de muitos fatores do meio físico combinados, tais como a umidade,

as temperaturas, o tipo de solo, a orientação de vertente." (FURLAN, 2005, p,123). Apesar de

ser um estudo em área de amostragem, permitiu a reflexão e a prática do desenvolvimento

deste tipo de estudo em qualquer paisagem, pois o âmbito local é o primeiro passo para o

âmbito global.

Neste trabalho buscamos entender a importância das micro-áreas naturais, o valor da

necessidade de conservação destes espaços, pois são eles que estão permanencendo como

áreas naturais, pois os grandes espaços estão inseridos no sistema capitalista, como área de

produção.Acredita-se que os pequenos espaços serão o sustentáculo dos ambientes naturais,

visto que a fauna de grande porte esta em extinção acelerada, e as áreas de vegetação natural

ampla, se tornaram áreas de produção.

Neste contexto cabe aos pequenos espaços serem preservados em sua integridade a

fauna e a flora, pois são eles os remanescentes da vida nativa, e em hipótese alguma (pelo fato

de serem pouco extensos) devem ser retirados. “Os espaços naturais, se considerarmos o

planeta, estão extremamente restritos em pontos extremos do planeta, seja por condições

climáticas e/ou altitude” (CASSETI, 1995; p.12). Na situação atual não interessa mais a

extensão do espaço, mas sim a biodiversidade que ele possue.

A sociedade atual demanda para sua sobrevivência uma gama de produtos

industrializados ou in natura, todos provenientes da natureza. A ocupação, que o homem em

seu processo evolutivo vem fazendo em seus espaços rurais e urbanos, muito tem alterado

diretamente e indiretamente a paisagem natural, conforme Siqueira (2014). As fronteiras

agrícolas e a constante ampliação das manchas urbanas vêm alterando e comumente

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agregando novos espaços sem um devido conhecimento destas novas áreas. O ecúnemo

avança sem delimitação de fronteiras, principalmente em nossa região (entenda por região o

município de Patrocínio e adjacentes), que é tradicionalmente agrícola e em expansão,

transformando as fazendas em agroindústrias.

No seu desenvolvimento tecnológico, e em nome da ciência, da tecnologia, e da

evolução, atrocidades estão sendo cometida cotidianamente sobre o espaço natural, afetando

fauna, flora, água, solo, ou seja, toda a biota e abiota do planeta. Outro fator a ser ponderado é

a dicotomia entre campo e cidade (SIQUEIRA, 2014).

De acordo com Furtado (2005) as cidades representam, atualmente, o ponto de

convergência da população mundial, e são locais que nada produzem, somente consomem e

comercializam o que vem da base, ou seja, do campo; e as cidades, ainda, em seu processo

histórico de evolução, aumentam suas manchas urbanas em detrimento de seus espaços

naturais. As mesmas são consideradas como alongamento do ser humano; cria-se a cultura de

que esta é isolada da natureza, logo as áreas que devem ser protegidas estão no campo.

Portanto, é o campo o ponto de toda a produção e sustentáculo da humanidade, pois, é

nele que são retiradas as matérias primas para as indústrias, são cultivados os alimentos, são

extraídos os recursos minerais, é no campo que a natureza é altamente modificada, conforme

Furtado (2005).

Segundo Pierre (1198) o aumento da produção mundial em todos os setores, para

atender principalmente a demanda urbana, reduz os espaços naturais, daí a importância de

valorizar os pequenos espaços, que ainda permanecem naturais, pois são os resquícios de uma

sociedade predatória, insensível, consumista, e que não enxerga a integração dos espaços:

rural, urbano e natural. No sentido de que todos compõem o meio ambiente, no qual se

consolida o planeta.

Este trabalho se propôs a avaliar uma realidade regional, na condição de amostragem,

para que com resultados concretos possa dar subsídios para conscientizar e por em prática,

através da sensibilização que a natureza precisa ser respeitada em seu tempo, que é diferente

do tempo do homem moderno imediatista, criador e gerenciador de produtividade e capital.

Precisa-se fazer valer a sustentabilidade diante do capital, pois o capital e a tecnologia de nada

valem diante de uma paisagem sem paisagem.

“O homem pós-moderno, certo de seu saber, usa e abusa de tudo o que está a seu

alcance; desenvolveu um sistema produtivista que não leva em consideração as preocupações

éticas; pela sua intervenção, alterou completamente a natureza”(SIQUEIRA,2000).

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3.2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa é uma atividade científica que busca solucionar problemas. Vários são os

métodos e as técnicas utilizados para se chegar à solução dos problemas.

3.2.1Tipo de Pesquisa

Neste trabalho pautou-se nas pesquisas bibliográfica, descritiva e de campo. A

pesquisa bibliográfica é base para qualquer trabalho pois são informações teóricas,

construídas por diversos autores, que fornecem dados para construção do conhecimento e

caracterização de qualquer fato ou fenômeno. “A pesquisa bibliográfica é meio de formação

por excelência e constitui procedimento básico para estudos bibliográficos” (CERVO;

BERVIAN; SILVA,2002 p. 66).

Quanto as pesquisa descritiva e de campo, estas se fizeram necessárias porque na

atividade ambiental, a leitura do espaço se faz através da descrição integrada dos elementos

que o constituem, in locu. “A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos

ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los” (CERVO; BERVIAN;SILVA,2002 p. 66).

3.2.2 Métodos

Teve-se como fundamentação teórica o método sistêmico, a teoria geral dos sistemas,

onde os elementos de todo um sistema integrado buscam a estabilidade dinâmica, pois a

natureza e as ações antrópicas são processos em contínua organização. “Um sistema pode ser

definido como o estudo dos elementos e das relações entre si e entre seus atributos”

(CHRISTOFOLETTI, 1980, p.1).

Como métodos complementares fez-se o uso do método estatístico e do método

observacional “o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos,

econômicos etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as

relações dos fenômenos entre si” (LAKATOS;MARCONI, 1991 p.83), este método se

justifica pois trabalhou-se com variáveis mensuráveis que foram analisadas pelo método

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estatístico, visto que a área também é uma amostragem; quanto ao método observacional é

fundamental um olhar minucioso para enxergar os ricos e micro detalhes da natureza.

Segundo Christofoletti (1980) o estudo da paisagem se estrutura em três características

principais que são: tamanho do sistema, que é determinado pelo número de variáveis que o

compõe; pela correlação entre as variáveis, onde será possível detectar as interfases e; a

causalidade que identifica as variáveis dependentes e a independentes. A partir destas

afirmativas, justifica-se o uso dos três métodos citados.

3.2.3 Técnicas

Quanto às técnicas, segundo CERVO, BERVIAN e SILVA, (2007) fez-se uso da

observação sistêmica, metódica e descritiva. A partir do uso destas técnicas fez-se

observações planejadas utilizando-se anotações e o controle da periodicidade/dinamicidade

das variáveis: solo, precipitação, queda de material vegetal, processos erosivos e atividades de

pequenos animais. Estas observações e coletas foram realizadas mensalmente, com visitas

técnicas a área, na última semana de cada mês.

Os recursos utilizados foram GPS, carta topográfica da área, imagens de satélite

(Google Earth), máquina fotográfica, sacos plásticos, caderneta de campo, 2 pluviômetros, 8

calhas, 4 coletores, 1 lupa e demais ferramentas (enxada, enxadão etc.).

A partir do banco de dados com o material coletado foram organizadas as informações

que nos deram resultados dos quais fizemos a compilação e análise.

3.2.3 Local de estudo

A área de estudo situa-se na fazenda Campo Limpo, município de Patrocínio, porção

sudeste, a 25 km da cidade de Patrocínio-MG.

A base de estudo se deu em uma área de aproximadamente 300 metros de extensão

linear por 30 a 50 metros transversal, portanto o perímetro é de 680 metros, com área de 0,5

hectares. A área é constituída por duas encostas, recobertas por mata galeria banhada por um

curso fluvial de primeira ordem, identificado como Córrego Lajeado.

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3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A área estudada, localiza-se na fazenda Campo Limpo, situada na porção sudeste do

município de Patrocínio, a 25 km da cidade de Patrocínio. A denominação regional da área de

localização da fazenda é “Pirapetinga”. A área de 0,5 hectares é uma encosta situada na

margem direita do córrego do Lajeado, médio curso, com perímetro de 680 metros, como

mostra a figura 1.

Figura 1 Área de estudo

Imagem Google Earth Adaptada

É uma área de mata galeria, pois o curso fluvial é de primeira ordem. A mata galeria

no local de estudo é constituída por árvores de grande porte, como Copaifera langsdorfii

(pau-óleo), algumas menores como Tibouchina granulosa (quaresmeira),

Cecropia pachystachya (embaúba), Siparuna guianensis (negramina), Matayba eleagnoides

(cambuatá), Xylophia emarginata (pindaíba), alem de cipós como Pyrostergia nenusta,

Hedychium coronarium (lírio do brejo) e algumas gramíneas. Fora da mata ciliar encontra-se

Brachiaria, já num espaço antropizado, utilizado como pastagem.

A encosta de dentro da mata apresenta declividade significativa. O relevo da área pode

ser compartimentado em três níveis. O primeiro nível, próximo ao curso fluvial é uma

planície aluvionar onde é encontrado material arenoso fino e calhaus, trazidos e depositados

pelo curso fluvial no período de cheias e também provenientes dos segmentos superiores da

encosta. O segundo nível é um talude acentuado, onde estão instalados alguns pequenos

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processo erosivos. O terceiro nível é o mais alto, mais distante do curso fluvial com encosta

suave com representado no croqui, figura 2.

Figura 2 Croqui da Área Estudada

Fonte: O autor

A planície aluvionar é área de deposição de matéria proveniente do curso fluvial

(período de alta vazão), e também das áreas do talude e da área acima ao talude (segundo a

figura 2). Esta planície por ser mais úmida, baixa e sombreada, desenvolvem -se arbustos,

gramínea de várias espécies, como mostra a figura 3.

Figura 3 Planície Aluvionar

Fonte: O autor

O talude, corresponde a área de maior declividade, onde a instabilidade é observada no

enraizamento exposto das árvores do terceiro nível e nos sulcos direcionados para a planície,

porém com evolução lenta, que se explica pelo enraizamento que quebra a rocha e ao mesmo

tempo segura, em parte, o material intemperizado, como mostra a figura 4.

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Figura 4 Talude

Fonte: O autor

O terceiro nível é o mais alto. É constituído por árvores de grande porte (figura 5) e o

chão é recoberto por abundante pela serrapilheira; o solo não é compactado e quando, em

período chuvoso, a água de chuva escoa lentamente e a infiltração é maior. Há presença

significativa de habitata de animais de pequeno porte.

Figura 5 Terceiro Nível

Fonte: O autor

Sobre as condições climáticas, identificou-se um microclima quente e úmido, mesmo

em período mais seco, pois esta área esta inserida na faixa do clima tropical de altitude

(quadro1)

Quanto ao curso fluvial este é de primeira ordem. As águas são límpidas, fluem em um

canal sinuoso, estreito, mas sem obstáculos, sombreado pela mata galeria e abriga cardumes

de Astyanax bimaculatus (piaba).

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O raio de umidade no geotopo é visualizado a partir do curso fluvial até a parte externa

da mata galeria, o que explica a variedade da flora, e consequentemente a riqueza da fauna,

predominantemente, de pequeno porte, observada in locu. Há várias espécies de formigas,

cupins, abelhas, grilos, libélulas, borboletas, mandaruvás, moscas, besouros, cigarras, também

tatus, lobos guara e outros como mostrado nas figuras 6,7 e 8. Arrumar ordem

Figura 6 Fauna I

Fonte: O autor.

Figura 7 Fauna II

Fonte: O autor.

Figura 8 Fauna III

Fonte: O autor

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A riqueza, a dinamicidade e integração dos elementos constituintes do geotopo, foram

avaliados através da coleta de material arbóreo, e material carreado em superfície, em

consonância com as condições climáticas, medidas in locu e também analisadas através dos

dados do INMET.

Dados meteorológicos de Setembro de 2014 à Janeiro de 2015

Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Soma Média Soma Média Soma Média Soma Média Soma Média

Temperatura

média (ºC)

23,2

23,4

19,7

22,3

24,6

Umidade

00:00h (%)

52,2

56,9

70,2

80

66,4

Umidade

12:00h (%)

56,9

57,3

67,5

77,7

65

Umidade

18:00h (%)

36,03

41,4

56

63,2

47,1

Insolação (h) 244 8,13 248 8 173 5,75 153 4,9 238 7,7

FONTE: INMET

Quadro 1 Dados meteorológicos de Setembro de 2014 à Janeiro de 2015

Dados meteorológicos de Fevereiro de 2015 à Maio de 2015

Fevereiro Março Abril Maio

Soma Média Soma Média Soma Média Soma Média

Temperatura média

(ºC)

20,9

20,85

22,1

20,2

Umidade 00:00h (%)

75,7

88,06

83,32

90,3

Umidade 12:00h (%)

79,28

85,32

80,67

82,04

Umidade 18:00h (%)

63,9

67,9

59,17

60

Insolação (h) 169 6 133 4,29 194 6,47 188 6,37

FONTE: INMET

Quadro 2 Dados meteorológicos de Fevereiro2015 à Maio de 2015

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De acordo com os dados meteorológicos colhidos no INMET, observou-se que as

temperaturas ao longo dos meses estudados ficaram na média de 20°C, com variação pouco

relevante.

A insolação foi baixa nos meses de novembro (2014), dezembro (2014), fevereiro

(2015), e março (2015), coincidindo com a alta nebulosidade pois os índices de chuva foram

maiores nestes meses, 295, 193, 302 e 200 mm, respectivamente. Nos demais meses as

chuvas foram reduzidas, principalmente em janeiro de 2015 com 48 mm. Isto que provocou

um alteração na queda de material nos coletores, justamente na segunda quinzena devido ao

menor índice de chuva. Durante os meses de abril e maio, devido a entrada do outono e a

redução linear das chuvas, houve maior queda de material.

Entretanto, o comportamento da queda de material, manteve-se dentro de um padrão

normal, não houve pico, as árvores se mantiveram com folhas, sendo a queda das mesmas,

não foi significativa nos períodos iniciais de setembro/outubro pós- estiagem.

A umidade do ar manteve-se baixa nos meses de outubro e novembro coincidindo

com a entrada do período das chuvas e a taxa de reposição de umidade ficou por volta de

50%. Já nos meses seguintes, exceto janeiro, que devido ao veranico prolongado a umidade

ficou baixa para os padrões do mês, 60%. Nos meses seguintes (fevereiro, março e abril) a

umidade foi crescente, ficando por volta de 80%, coincidido com maior precipitação nestes

meses. As informações referentes à precipitação podem ser conferidas no quadro a seguir.

Precipitação

Meses Mm

Setembro(2014) 30

Outubro(2014) 104

Novembro(2014) 295

Dezembro(2014) 193

Janeiro(2015) 48

Fevereiro(2015) 302

Março(2015) 200

Abril(2015) 108

Maio(2015) 82

Quadro 3 Precipitação

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No que se refere à análise do material arbóreo, esta foi feita pela coleta do material

através de 4 coletores suspensos com localizações estratégicas e representativas da área.

A localização dos Coletores de material arbóreo (suspensos) pode ser conferida no quadro 4.

1 19º 07' 05,08"S 47º 02' 01,7" O

2 19º 07' 07,1" S 47º 02' 01,6" O

3 19º 07' 06, 6 "S 47º 02' 01.2" O

4 19º 07' 05,4" S 47º 02' 01,6 O

Quadro 4 Posição dos coletores suspensos

O coletor de número 1 foi instalado dentro da mata galeria, porém afastado do curso

fluvial e em um ponto mais alto. O coletor 2 foi instalado bem próximo ao curso fluvial, onde

há uma pequena clareira. O coletor 3 encontrava-se localizado na área da planície aluvionar,

próximo ao curso fluvial,. O coletor 4 foi instalado na borda externa da mata. A figura 9

apresenta o tipo de coletor suspenso que foi utilizado para coleta de material arbóreo.

Figura 9 Coletor Suspenso

Fonte: O autor

Os dados obtidos com estes coletores foram organizados em quadro (figura 5) e em

gráfico, para melhor análise dos mesmos.

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Coletores setembro de 2014 a janeiro de 2015

1 2 3 4

set.01 – 15 43,21 18,11 26,97 36,43

set. 16 - 30 30,06 24,84 51,49 12,1

out 01 -15 28,12 18,24 42,64 14,11

out16 -31 3,9 11,76 46,64 1,69

nov01 - 15 24,24 11,55 24 13,86

nov16 - 30 29,95 58,4 76,71 19,07

dez01-15 19,7 14,22 11,54 10,28

dez16-31 10,35 12,12 10,28 11,25

jan01-15 10,5 6,52 11,3 9,56

jan16-31 33,05 34,5 95,9 7,5

fev01-15 3 2,16 9,84 3,23

fev16-28 18 7 40 7

mar01-15 20,42 10,12 64,38 24,75

mar16-31 42,5 0 95 30

abr01-15 81,52 12,92 78,61 15

abr16-30 106 0 60 5

maio01-15 101,02 11,09 55,91 16,1

maio16-31 98,41 15,74 62 14,17

Quadro 5 Coletores setembro de 2014 a janeiro de 2015*Valores referentes à massa, em gramas (g).

Grafico 1: Coletores Suspensos

0

20

40

60

80

100

120

set.

01

–1

5

set.

16

- 3

0

ou

t 0

1 -

15

ou

t16

-3

1

no

v01

- 1

5

no

v16

- 3

0

dez

01

-15

dez

16

-31

jan

01

-15

jan

16

-31

fev0

1-1

5

fev1

6-2

8

mar

01

-15

mar

16

-31

abr0

1-1

5

abr1

6-3

0

mai

o0

1-1

5

mai

o1

6-3

1

Pe

so e

m g

ram

as (

g)

Gráfico dos coletores suspensos

1

2

3

4

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Para este tipo de análise devem ser consideradas as condições específicas das árvores e

arbustos, bem como as condições climáticas reinantes. A área é constituída por uma mata

ciliar heterogênea, cada árvore/arbusto tem seu tempo para gerar as folhas, flores e frutos, é

um processo de produção próprio e natural, bem como resistência às intempéries da natureza,

cada uma tem seu ciclo de renovação e de vida.

As condições climáticas ajudam a acelerar ou a retardar este tempo, por a

diponibilidade dos atributos climáticos é fundamental no desenvolvimento da vida, no caso da

vida, neste geotopo. Deve-se considerar que este trabalho foi desenvolvido em três estações

do ano: primavera, verão e outono, coincidindo com todo o período normal de chuvas; início

na primavera e redução no outono, e que no período de maior concentração de chuvas, mês de

janeiro aconteceu uma estiagem prolongada, e isto refletiu na queda e carreamento de

material.

Analisando o quadro e o gráfico de coleta de materiais em suspensão observa-se uma

normalidade nos quatro coletores de acordo com cada quinzena e também o longo dos meses.

Porém ha alguns pontos que necessitam de maiores esclarecimentos.

Os coletores 1 e 4 na segunda quinzena de outubro e na primeira quinzena de

fevereiro apresentaram valores muito baixos, ou seja, a queda de material coletado foi muito

pequena. Para outubro entende-se que as primeiras chuvas ocorridas nos meses de setembro e

mesmo outubro fez cair as folhas e galhos mais fragilizados e, já no período da primavera as

novas folhas estavam se desenvolvendo, visto que em setembro e primeira quinzena de

outubro houve um decréscimo de queda de material e o mesmo aconteceu no mês de

novembro com acréscimo de material. Em fevereiro a situação se repetiu, a coleta de material

foi baixa, o que é explicado pela forte estiagem no mês de janeiro, isto fez com a folhagem

fragilizada caísse. Com o retorno da chuva aumentou a queda de material e em abril alcançou-

se o maior índice de coleta, justamente no período de outono. Quanto ao coletor 2 na segunda

quinzena de março houve uma avaria com o mesmo, onde não foi possível contabilizar a

coleta. Já no coletor 4, nos meses de janeiro e fevereiro houve uma redução na queda de

material o que se explica pela perda sequencial dos meses anteriores , da estiagem em janeiro,

a não renovação de material para gerar queda e a localização do coletor, na borda da área da

mata ciliar, onde os impactos ambientais são maiores.

Nos oito meses de coleta e pesagem do material proveniente das árvores não houve

alterações relevantes e nem uma sequência crescente ou decrescente de queda de material,

portanto conclui-se que houve uma estabilidade na área e também uma homogeneidade,

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mesmo nos meses onde o índice pluviométrico foi reduzido como em janeiro de 2015 e

entrada das chuvas (setembro / outubro) vindo de um período de forte estiagem; as

integrações dos elementos no geotopo pela presença das árvores de grande porte que se

mantiveram verdes, sustentaram a serrapilheira e ao mesmo tempo seguraram as folhas nas

próprias árvores.

No que diz respeito à coleta de material carreado em superfície, esta também se deu

por coletores (figura 12). Foram instalados seis coletores, divididos em duas áreas A e B cada

conjunto era composto por três coletores.

Figura 10 Coletor de solos

Fonte: O autor

Os coletores da área A foram instalados dento da mata ciliar, já os coletores da área B

foram instalados na borda da mata ciliar. Estes coletores foram instalados com o intuítto de

medir a quantidade de material carreado pela superfície pela ação da água pluvial e também

pela ação do vento em período de estiagem, e ainda pelo deslocamento de pequenos animais,

ou seja, para observar o deslocamento de material de superfície.

Sobre o material carreado, principalmente solo e serrapilheira, a área B apresentou

maior carreamento de material, principalmente no coletor 3, pois a localização estratégica do

mesmo, (dentro de uma vala direcionada para o curso fluvial) acarretou no recebimento de

mais material; nos demais coletores da área B a deposição de material não foi expressiva e

isto se justifica pela presença da brachiaria que segurou o fluxo de água. Nos coletores da área

A a deposição de material também foi pouco significativa e se justificou pela presença da

serrapilheira que deu condições de infiltração de água para o solo. Mesmo no talude que

coincide com os coletores de número 2 das duas áreas o carregamento de material foi pouco

expressivo, pois a capacidade de carga foi menor que os obstáculos (brachiaria e serrapilheira)

que favoreceram a infiltração da água. A área A apresenta outro fator relevante, a planície

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aluvionar que forma um abaciamento antes do curso fluvial o que retém mais material, mesmo

antes de chegar ao coletor 3.

As informações referentes à massa deste material obtido com estes coletores foram

organizadas em quadro e gráfico , para melhor interpretação dos mesmos.

Coletores de solo setembro de 2014 a maio de 2015

Período

Conjunto A Conjunto B

1

peso (g)

2

peso (g)

3

peso (g)

1

peso (g)

2

peso (g)

3

peso (g)

set.01 – 15 1 9 8 0,6 1,04 10

set. 16 – 30 5 12 13 1 0,8 8

out 01 -15 10 16 15 2,01 3,2 36

out16 -31 25,75 26 17,33 2,24 16,04 64,4

nov01 – 15 53 10,29 32,2 8,4 19,43 300,48

nov16 – 30 82,18 14,7 20.25 12,15 23,98 3757,44

dez01-15 97,3 18 22,9 14 28,1 1.861,42

dez16-31 54,2 17 18,3 11,4 19,52 924,31

jan01-15 7,73 3,84 8,85 9,45 2,91 12,24

jan16-31 16 19,5 43,6 2,57 1,32 22,06

fev01-15 26,63 21,10 23,37 1644,15 5,46 114,83

fev16-28 8,7 1,1 22,71 17,05 20,05 40,01

mar01-15 18,8 10 36,2 16,7 10,9 1,021,24

mar16-31 16,75 2,01 45,05 12,8 0 1.706,12

abr01-15 19,4 12.2 51.7 29,4 10,3 410.3

abr16-30 16 2,4 65 186 40 22

mai01-15 6,3 5,1 3,8 4,7 2,1 28,5

mai16-31 4,1 1 2,4 1 0,98 14,56

Quadro 6 Coletores de solo setembro de 2014 a maio de 2015

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Grafico 2: Coletores conjunto A

Grafico 3: Coletores conjunto B

Pela análise dos coletores de solo concluímos que houve movimentação do material

para o curso fluvial e para as área mais baixas, porém pouco expressivas, isto de deve: a

presença da mata ciliar, a quantidade de serrapilheira no chão, o solo pouco compactado, e a

brachiaria no entorno de toda a área. A soma deste fatores justicaram o pouco material em

deslocamento, o que é positivo, pois o solo se mantém basicamente no seu ponto de origem,

exceto o material transportado pelo curso fluvial e depositado na planície. É favorável

também para os animais de chão (formigas, tatus, besouros e outros) que seus habitats se

mantêm seguros. A infiltração de água pluvial no solo é garantida nesta área, pois a

serrapilheira e o solo arejado pelos animais abrem dutos para entrada da água, favorecendo a

recarga do lençol. Observou-se que no período de maior concentração de precipitação, meses

de outubro, novembro, dezembro, fevereiro e março o carreamento de material foi maior que

nos meses de estiagem.

020406080

100120

Pe

so (

g)

Conjunto A

1 peso (g)

2 peso (g)

3 peso (g)

0500

1000150020002500300035004000

Pe

so (

g)

Conjunto B

1 peso (g)

2 peso (g)

3 peso (g)

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Há uma constante de calor e umidade no local durante todo o ano, favorecendo plantas

e animais a se desenvolverem e a se manterem na área. A riqueza da fauna de pequeno porte é

surpreendente. Há várias espécies de formigas, cupins, abelhas, grilos, libélulas, borboletas,

mandarovás, tatus, moscas, besouros, cigarras e outros. A movimentação dos mesmos é

intensa. Seus habitat se esbarram visto a quantidade e tamanho dos mesmos. A camuflagem

de outros nas árvores e material de chão é perfeita. A uma explosiva e esplêndida sintonia da

vida neste pequeno espaço.

Vale ressaltar neste estudo que a área externa antropizada, não impôs alterações

visíveis à área estudada, apesar de ser local de pastagem, o gado não se desloca nesta área

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há no geotopo uma dinâmica viva, sentida na vida em todos os elementos que

compõem o geotopo.

As condições internas no geotopo mostram um equilíbrio dinâmico entre seus

elementos, uma exuberância de vidas e de transformações, uma ciclagem contínua a partir da

serrapilheira, da água transbordada no período das enchentes, ao crescimento das plantas no

seu ciclo como também o recolhimento do curso fluvial em seu leito menor no período da

estiagem e a hibernação das plantas no período mais seco. A movimentação dos animais em

seus processo de vida e manutenção do seu espaço de vida.

A análise de uma paisagem, no conceito de geotopo, nos mostra a interligação que há

entre todos os elementos que há compõe, mesmo aqueles que são imperceptíveis aos nossos

olhos, à priori, manifestam-se fundamentais, à posteriori, na composição de um quadro de

paisagem sustentável e em equilíbrio.

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5 CONCLUSÃO

Através da metodologia utilizada conseguimos cumprir com os objetivos almejados, e

percebemos que a conservação de áreas restritas assegura a biodiversidade (através do banco

genético), abriga pequenos animais, garante estabilização de encostas, filtragem e infiltração

de água; e refúgio para animais maiores. Nesse contexto podemos ir alem, e considerar que a

preservação dos pequenos espaços, se em grande escala, funcionará como um corredor

ecológico, analogicamente como uma rede, a nível mundial.

Comprovamos com esta pesquisa que “tudo está interligado”, portanto alertamos que

as mudanças climáticas e demais desordens no ciclo natural do planeta, não só podem, como

afetam todos os elementos constituintes da paisagem. Este trabalho se propôs a isto avaliar

uma realidade regional, na condição de amostragem, para que com resultados concretos dê

subsídios para elucidar que a natureza precisa ser respeitada em seu tempo, que é diferente do

tempo do homem moderno, criador e gerenciador de produtividade e capital.

Precisa fazer valer a sustentabilidade diante do capital, pois o capital e a tecnologia de

nada valem diante de uma paisagem sem paisagem.

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