arvores medicinais

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rvores medicinais de um fragmento florestal urbano no municpio de Cricima, Santa Catarina, BrasilFIGUEIR-LEANDRO, A.C. B. ; CITADINI-ZANETTE, V. 1 Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Herbrio Pe. Dr. Raulino Reitz, Av. Universitria, 1105, Caixa 2 Postal 3167, Cricima, SC, CEP 88806-000. Programa de Ps-Graduao em Cincias Ambientais-UNESC. *[email protected] RESUMO: O presente estudo faz uma reviso bibliogrfica sobre potencialidades medicinais das rvores de um fragmento florestal urbano, pertencente Floresta Ombrfila Densa Submontana, que futuramente podero servir para a obteno de novos fitomedicamentos. As rvores medicinais estudadas fazem parte de um levantamento florstico-fitossociolgico realizado no Parque Ecolgico Municipal Jos Milanese, Cricima, sul de Santa Catarina (2848S e 4925W, altitude de 34 m). Das 145 espcies amostradas, 31 (21,4%) apresentaram potencialidades medicinais com uso para 64 patologias e 43 funes teraputicas. Muitas espcies apresentaram uso teraputico variado e outras somente uma nica indicao. Casearia sylvestris Sw. (guaatonga) foi a mais citada (23 vezes). O grupo que apresentou maior nmero de plantas medicinais foi o pertencente s afeces cutneas com 17 espcies para sua teraputica, seguido pelo grupo das afeces gastrointestinais (16), doenas reumticas (12), e por ltimo o grupo das patologias do aparelho respiratrio, das plantas antitrmicas, das plantas antitumorais e antiulcerativas, com 11 espcies cada. Muitas so as plantas que ainda precisam ser estudadas e validadas quanto ao seu uso teraputico, ampliando perspectivas para novas pesquisas da vegetao da Floresta Atlntica no sul de Santa Catarina, pois nesse ambiente o potencial de novos medicamentos proporcional ao nmero de espcies. Palavraschave: Plantas medicinais, fitomedicamentos, etnobotnica, Floresta Atlntica ABSTRACT: Medicinal trees of an urban forest fragment in Criciuma municipality, Santa Catarina State, Brazil. The present study aimed at carrying out a literature review on medicinal potentialities of trees species found in an urban forest fragment, which could provide support for further studies on the subject, including the possibilities for the development of new phytomedicines. The species assessed are part of a floristic-phytosociological survey carried out at Jose Milanese Ecological Park (PEMJM), located in the municipality of Cricima, south of Santa Catarina state (28 48 S and 49 25 W, medium altitude of 34 m). From 145 species sampled, 31 (21.4%) presented medicinal potentialities for 64 pathologies and 43 therapeutic functions. Many species presented several therapeutic uses, while others presented only one recommendation. Casearia sylvestris Sw. was the most referred species (23 citations). The pathologic groups that presented a greater number of medicinal plants were: cutaneous affections (17 species), followed by gastrointestinal affections (16), rheumatic disease (12) and respiratory pathologies. Anti-fever, anti-neoplasic and anti-ulcerative plants presented each one11 citations. Many of these plants need further studies for validation of its therapeutic uses, and this fact could support the work of new researches (stricto senso Atlantic forest in the south of Santa Catarina). Ke ywords: Medicinal plants, phytomedicine, ethnobotany, Atlantic Rainforest.1* 1,2

INTRODUO O Bioma da Mata Atlntica (Ibge, 2004), embora tenha sido em grande parte destrudo e fragmentado, apresenta megadiversidade biolgica, sendo considerado um dos 34 hotspots mundiaisRecebido para publicao em 24/04/2007 Aceito para publicao em 23/10/2007

em biodiversidade (Mittermeier et al., 2004). Embora apresente as formaes florestais mais ameaadas do Brasil (Pavan-Fruehauf, 2000; SOS Mata Atlntica & INPE, 2002) e, sendo estas

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dentre as florestas tropicais do mundo, uma das que mais correm risco de extino (Reis et al., 1999; Peixoto et al., 2002; Mittermeier et al., 2005), este Bioma, abriga mais de 20 mil espcies de plantas vasculares, das quais estima-se que 40% sejam endmicas (Mittermeier et al., 2004). Atualmente, est reduzido a menos de 7% de sua extenso original (SOS Mata Atlntica & INPE, 2006), resultando em poucas florestas primrias e pequenos fragmentos florestais em diferentes estdios sucessionais. Originalmente, a Floresta Atlntica (stricto senso) ocupava toda a costa brasileira, desde o Rio Grande do Norte at o Rio Grande do Sul, correspondendo a 12% da superfcie territorial do pas (Ibama, 1999). Posteriormente, com as novas classificaes do Decreto de Lei 750/1993 (Brasil, 1993), do Mapa da Vegetao Brasileira (Ibge, 2004) e a Lei no 11.428/ 2006 (Brasil, 2006), esta formao, juntamente com outras formaes florestais do Brasil, passaram a ser o Domnio Mata Atlntica e atualmente Bioma Mata Atlntica. Segundo Pavan-Fruehauf (2000) uma das atividades que se intensificou na Floresta Atlntica foi a extrao de plantas medicinais, fonte de recursos econmicos para populaes locais, uma vez que as fortes restries legais, condicionadas pela conservao ambiental, diminuem a possibilidade de alternativas financeiras. Esta atividade ainda incentivada por um mercado promissor. AOrganizao Mundial da Sade (OMS) estima que 80% da populao mundial, principalmente a dos pases em desenvolvimento, utiliza a chamada medicina tradicional para suprir as suas necessidades mdicas primrias (Rates, 2001), e que cerca de 85% da medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas, o que significa que aproximadamente de 3,5 a 4,0 bilhes de pessoas dependem destas como fonte de drogas (Pavan-Fruehauf, 2000). No Brasil o consumo de fitoterpicos vem crescendo razo de 20% ao ano, acompanhando a revalorizao mundial do uso de plantas medicinais no tratamento de inmeras doenas (Montanari Junior, 2002). Segundo este autor, esta revalorizao foi mais acentuada nas duas ltimas dcadas, podendo ser explicada principalmente por trs fatores: crescente aceitao do consumidor por medicamentos extrados de plantas; interesse da indstria farmacutica, devido aceitao por parte dos usurios, pelos menores custos envolvidos no desenvolvimento de um novo produto a partir de plantas; interesse cientfico visando a validao de plantas conhecidas como medicinais. O extrativismo de plantas medicinais, pelas suas caractersticas, apresenta grande potencial para utilizao racional, uma vez que no implica na remoo da floresta e, comparativamente com outros usos, pode gerar menores impactos ambientais (Pavan-Fruehauf, 2000). Estes impactos s sero

menores se o uso deste recurso natural for realmente racional, ou melhor, sustentvel, pois o apelo econmico incentiva o extrativismo e coloca em perigo a sobrevivncia de muitas plantas medicinais nativas. No caso da Floresta Atlntica no sul de Santa Catarina, pode-se mencionar algumas espcies de plantas medicinais arbreas que so citadas pelo IBAMA na Portaria no 37-N, 03/04/1992 (Ibama, 1992) como espcies da flora brasileira ameaadas de extino: Maytenus muelleri Schwacke (espinheirasanta), Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer (canelasassafrs), Ocotea catharinensis Mez (canela-preta), entre outras. A flora medicinal constitui um arsenal teraputico de admirvel importncia. A explorao destes ambientes naturais realizada pelos povos tradicionais e o papel que eles desempenham na explorao destes ambientes de grande valor. Diante da crescente urbanizao e das possveis influncias da aculturao, preciso resgatar o conhecimento que a populao detm sobre o uso de recursos naturais (Pasa et al., 2005). Alm disso, cada vez mais se reconhece que a explorao dos ambientes naturais por povos tradicionais podem fornecer subsdios para estratgias de manejo e explorao que sejam sustentveis a longo prazo (Amorozo, 2002). por meio da etnobotnica que se busca o conhecimento e o resgate do saber botnico tradicional, particularmente relacionado ao uso dos recursos da flora (Martin, 1995; Guarim Neto et al., 2000; Albuquerque, 2005). Pela etnofarmacologia se realiza a explorao cientfica multidisciplinar dos agentes biolgicos ativos, empregados ou observados tradicionalmente pelo homem (Holmstedt & Bruhn, 1983). Sendo assim, dados etnobotnicos e etnofarmacolgicos continuam sendo a base principal para escolha de plantas medicinais para estudos com a finalidade de se obter novos fitomedicamentos, especialmente quando se trata de espcies nativas de ecossistemas pouco conhecidos em sua complexidade (Di Stasi & Hiruma-Lima, 2002). Considerando-se que o Brasil possui a flora mais rica do globo terrestre, totalizando quase 19% da flora mundial (Giulietti et al., 2005), o potencial de novos fitomedicamentos proporcional ao nmero de espcies destes ambientes. O nmero de plantas medicinais estudadas no Brasil, ao longo de mais de 40 anos reduzido (Brito & Brito, 1993) e a Floresta Atlntica, em Santa Catarina, um imenso reservatrio ainda inexplorado e o estabelecimento de suas potencialidades dever ser intensificado nos prximos anos, devido a revalorizao das plantas medicinais em todo mundo. A utilizao de plantas medicinais vem sendo cada vez mais difundida no pas, e enriquecida pela vasta biodiversidade e pela miscigenao das culturas indgenas, negra e europia, cujos dados sobre o uso

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destas plantas encontram-se registrados em vasta bibliografia e as informaes nelas contidas certamente representam um importante instrumento na triagem de material botnico para avaliao farmacolgica (Oliveira et al., 2003). Pelo exposto, o presente estudo objetiva compilar o conhecimento etnobotnico sobre potencialidades medicinais das rvores de um fragmento florestal urbano no sul de Santa Catarina, por meio de estudo que reune informaes das espcies citadas na literatura pertinente, que podero futuramente servir para estudos de novos fitomedicamentos.

MATERIAL E MTODO rea de Estudo O municpio de Cricima, localizado no Sul de Santa Catarina, possui 170.420 habitantes e extenso territorial de 236 km2 (Ibge, 2000), com altitude de 46m (sede do municpio). No Bairro Mina Unio est localizado o Parque Ecolgico Municipal Jos Milanese (PEMJM), que serviu de fonte de informao para a realizao do presente estudo. O Parque situa-se nas coordenadas 2848S e 4925W, altitude mdia de 34 m, com 7,7 ha de rea, sendo 5,2 ha cobertos pela Floresta Ombrfila Densa Submontana. Esta Floresta passou por corte seletivo nos anos 80, porm apresenta caractersticas de floresta primria (Figueir-Leandro, 2007). A regio estudada, segundo a Classificao de Kppen, pertence ao grupo climtico Cfa, ou seja, mesotrmico mido, sem estao seca definida e com vero quente (Ometto, 1981). A umidade relativa anual est entre 80 e 85% e a precipitao mdia de 1.400 a 1.600mm/ano, no havendo ndices pluviomtricos mensais inferiores a 60 mm (Epagri & Ciram, 2001). O solo caracterizado como Podzlico Vermelho-Amarelo Latosslico lico e Podzlico Vermelho-Amarelo lico (Santa Catarina, 1986). Medodologia As rvores selecionadas para o estudo fazem parte de um levantamento florstico e fitossociolgico realizado nos anos de 2004 e 2006 no PEMJM (Silva, 2006; Figueir-Leandro, 2007), elencaram-se aquelas com potencialidades medicinais registradas na bibliografia especializada. Foram compilados trabalhos etnobotnicos, etnoecolgicos, taxonmicos e florsticos que indicassem ou citassem plantas medicinais da Floresta Atlntica. Para esta finalidade, utilizaramse informaes contidas em: (I) Reitz (1965-1989) e Reis (1989-2007); (II) Reitz (1950); (III) Pio Corra (1984); (IV) Camargo (1985); (V) Cervi et al. (1989);

(VI) Alice et al. (1995); (VII) Krbes (1995); (VIII) Silva Jnior (1997); (IX) Michalak (1997); (X) Lorenzi (1992) e Lorenzi (1998); (XI) Simes et al. (1998); (XII) Marcuzzo (1998); (XIII) Valente & Silva (1999); (XIV) Rossato et al. (1999); (XV) Pavan-Fruehauf (2000); (XVI) Teske & Trentini (2001); (XVII) Franco (2001); (XVIII) Franco & Fontana (2001); (XIX) Gonzalez et al. (2001); (XX) Marques (2001); (XXI) Rodrigues & Carvalho (2001); (XXII)Amorozo (2002); (XXIII) Lorenzi & Matos (2002); (XXIV) Rodrigues et al. (2002); (XXV) Backes & Irgang (2002); (XXVI) Coelho et al. (2003); (XXVII) Guarim Neto & Morais (2003); (XXVIII) Backes & Irgang (2004); (XXIX) Fonseca-Kruel & Peixoto (2004); (XXX) Medeiros et al. (2004); (XXXI) Pasa et al. (2005); (XXXII) Silva &Andrade (2005); (XXXIII) Silva Jnior (2006). Os dados foram organizados em forma de tabela onde registraram-se para cada espcie: famlia, nome cientfico e popular, farmacgenos (partes utilizadas) e atributos medicinais (usos). Foram feitas atualizaes dos nomes cientficos por meio de consulta a especialistas ou a bibliografias mais recentes. Quando atualizada a sinonmia e o trabalho em que foi citada encontram-se logo abaixo do nome vlido da espcie. As espcies foram agrupadas nas famlias botnicas segundo delimitaes do Angiosperm Phylogeny Group (APG II, 2003).

RESULTADO E DISCUSSO Das 145 espcies arbreas levantadas nos estudos realizados por Silva (2006) e Figueir-Leandro (2007), 31 espcies foram citadas na literatura especializada, por apresentaram potencialidades medicinais, representando 21,4% do total das espcies amostradas no PEMJM. Estas espcies medicinais pertencem a 27 gneros, distribudos em 23 famlias, sendo Lauraceae (seis espcies) e Sapindaceae (trs) as mais bem representadas. Das espcies com potencialidades medicinais (Tabela 1), Casearia sylvestris Sw. (guaatonga) foi a mais citada (23 vezes), ou seja, mencionada em 69,7% das 33 bibliografias consultadas; seguida por Protium kleinii Cuatrec. (almscar) citada em oito (24,2%) e por Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer (canela-sassafrs), Luehea divaricata Mart. et Zucc. (aoita-cavalo), Cabralea canjerana (Vell.) Mart. (canjerana), Psidium cattleianum Sabine (ara) e Zanthoxylum rhoifolium Lam. (mamica-de-cadela) citadas em sete (21,2%), Ilex paraguariensis A.St.-Hill. (erva-mate), Cedrela fissilis Vell. (cedro), Cecropia glaziovii Sneth. (embaba) e Cupania vernalis Cambess. (camboat) citadas em seis (18,2%) e Virola bicuhyba Warb. (bicuba) citada em cinco referncias (15,1%). As demais espcies foram citadas menos de quatro

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vezes na bibliografia consultada. Foram listadas cerca de 64 patologias e 43 funes teraputicas. Das patologias e funes teraputicas citadas para as plantas medicinais encontradas, verificou-se que 31,8% destinaram-se ao tratamento de afeces gastrointestinais e afeces da pele (15,9% e 14,9% respectivamente), 11,2% ao aparelho respiratrio (tosse, gripe, laringite, bronquite, asma, entre outras), 10,3% ao aparelho circulatrio e afeces do sangue, 7,4% ao reumatismo em geral e afeces do aparelho urinrio e 1,9% herpes. Houve grande variao em relao a quantidade de funes teraputicas/patologias que cada planta apresentou. As plantas que apresentaram mais finalidades teraputicas e patologias foram: Casearia sylvestris Sw. (54), Virola bicuhyba Warb. (35), Luehea divaricata Mart. et Zucc. (29), Ilex paraguariensis A.St.-Hill. (23), Cecropia glaziovii Sneth. (22), Cedrela fissilis Vell. (21), Cupania vernalis Cambess (19), Cabralea canjerana (Vell.) Mart. (17), Zanthoxylum rhoifolium Lam. (17), Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer (16) e Jacaranda puberula Cham. (14). Muitas espcies tm usos teraputicos variados e outras tm somente uma nica indicao de uso, mas neste estudo a grande maioria das espcies apresentou mais de uma indicao teraputica. Espcies citadas mais vezes para uma nica indicao, podem sugerir pesquisas mais especficas para comprovao cientfica das suas atividades, como, por exemplo, Casearia sylvestris, sendo suas aes como antiulcerativa, antiofdica, depurativa do sangue, anti-reumtica, cicatrizante, antiobsica, antiinflamatria, antitrmica e para afeces cutneas em geral. Os grupos que apresentaram maior nmero de plantas foram os das afeces cutneas, com 17 espcies para sua teraputica (54,8%), seguido pelo grupo das afeces gastrointestinais, com 15 espcies (48,4%), pelo grupo das doenas reumticas, com 14 espcies (45,1%), pelos grupos das patologias do aparelho circulatrio, respiratrio e das plantas com atividade antitumoral, com 11 espcies cada uma (35,5%), e finalizando com o grupo das plantas antitrmicas, com 10 espcies (32,2%). Relacionando-se os grupos acima citados com o uso de plantas medicinais de cada um, observou-se que 27 plantas (87%) foram mencionadas para uso nos sete grupos de patologias citados. Casearia sylvestris Sw. foi mencionada para todos estes grupos, seguida por Cupania vernalis Cambess, Ilex paraguariensis A.St.-Hill., Luehea divaricata Mart. et Zucc. e Virola bicuhyba Warb. citadas em seis grupos de patologias, Cabralea canjerana (Vell.) Mart., Cedrela fissilis Vell. e Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer, citada em cinco grupos, Matayba elaeagnoides Radlk. e Zanthoxylum rhoifolium Lam., citadas em quatro

grupos, Allophylus edulis (A.St.-Hil., Cambess. et A. Juss.) Radlk. e Cecropia glaziovii Sneth., citadas em trs grupos. As demais plantas foram citadas em dois grupos ou em um. Segundo Unesc et al. (2000), as doenas do aparelho circulatrio foram responsveis pelo maior nmero de bitos (36,5%) no ano de 1997 na Associao dos Municpios da Regio Carbonfera (AMREC), no sul de Santa Catarina, acompanhando as estatsticas de todo o pas e do estado. Relatam ainda, que outras doenas foram causadoras de grande nmero de bitos na regio carbonfera, entre elas: neoplasias-tumorais (14,8%), mortes violentas (14,5%), afeces do aparelho respiratrio (11,2%) e afeces gastrointestinais (5,4%). Comparando-se os dados apresentados por Unesc et al. (2000) com os obtidos neste trabalho, verificou-se que os sete grupos de patologias que apresentaram maior nmero de espcies medicinais esto relacionados com algumas das doenas que mais causam morte na AMREC (afeces gastrointestinais, afeces dos aparelhos circulatrio e respiratrio e neoplasias-tumorais), e estes grupos ocupam o segundo e o quarto lugar respectivamente neste estudo, apresentando grande quantidade de plantas para o tratamento. A AMREC apresenta graves problemas ambientais, devido a sua economia estar vinculada durante muito tempo extrao e beneficiamento do carvo mineral, o que causou srios problemas de sade populao. A incidncia de doenas do aparelho respiratrio no municpio de Cricima, por exemplo, entre os anos de 1981-1994, foi significativamente maior que a verificada nos demais municpios da AMREC (Unesc et al., 1997), Problemas possveis de serem resolvidos no atendimento primrio sade, com o uso de plantas medicinais existentes na regio, como algumas afeces do aparelho respiratrio, afeces cutneas e febre, representaram cerca de 71% das espcies registradas neste estudo. A Organizao Mundial de Sade (OMS) recomenda a difuso dos conhecimentos necessrios ao uso racional das plantas medicinais e/ou fitoterpicos na ateno sade da populao (Amaral et al., 2005). Visto por esta perspectiva, o estudo das plantas medicinais brasileiras de crucial importncia para a sade pblica, e, por apresentar baixo custo, se torna mais acessvel populao de baixa renda. A regio sul do estado de Santa Catarina possui grande diversidade de plantas medicinais para as mais variadas patologias. Assim como em todo o pas, estudos relacionados a esta rea ainda so incipientes e, por isso, dados etnobotnicos tm grande valor para cincia. Com base na informao de um determinado efeito teraputico, a planta pode constituir-se em valioso instrumento para a descoberta

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de novos frmacos, j que o uso tradicional pode ser considerado uma pr-triagem quanto utilidade teraputica (Elisabetsky & Souza, 2003). O estudo das plantas medicinais precisa ser interdisciplinar, envolvendo as mais variadas reas relacionadas pesquisa dos agentes bioativos, pois o caminho para que uma planta possa ser comercializada como medicamento longo. Segundo Di Stasi (1996) deve-se passar pelas seguintes etapas: estudos biolgicos, qumicos, pr-clnicos, clnicos, registro, e s ento poder ser comercializada. A Interdisciplinariedade que impulsiona estas pesquisas, pois estudos etnobiolgicos/

etnobotnicos, fornecem subsdios para pesquisas etnofarmacolgicas/qumicas. Desta forma a planta ser sucessivamente investigada em todas as reas relacionadas at ter referncias suficientes para ser validada cientificamente. Assim sendo, muitas so as plantas que ainda precisam ser estudadas e validadas quanto aos seus usos teraputicos, ampliando perspectivas para novas pesquisas da vegetao da Floresta Atlntica (stricto senso) no Sul de Santa Catarina. Nesta busca incessante do conhecimento, a descoberta de novos fitomedicamentos a recompensa para qualquer pesquisador.

TABELA 1. Espcies arbreas potencialmente medicinais de um fragmento florestal urbano de Floresta Atlntica (Floresta Ombrfila Densa), Cricima, Sul de Santa Catarina, com indicaes das partes utilizadas (farmacgeno) e de usos, citados na literatura consultada, onde: (1) toda planta; (2) raz; (3) caule; (4) casca; (5) folha; (6) flor; (7) fruto; (8) resina ou ltex; (9) semente; (10) broto; (SI) Sem informao. Uso citado na literatura onde: (I) Reitz (1965-1989) e Reis (1989-2007); (II) Reitz (1950); (III) Pio Corra (1984); (IV) Camargo (1985); (V) Cervi et al. (1989); (VI) Alice et al. (1995); (VII) Krbes (1995); (VIII) Silva Jnior (1997); (IX) Michalak (1997); (X) Lorenzi (1992) e Lorenzi (1998); (XI) Simes et al. (1998); (XII) Marcuzzo (1998); (XIII) Valente & Silva (1999); (XIV) Rossato et al. (1999); (XV) Pavan-Fruehauf (2000); (XVI) Teske & Trentini (2001); (XVII) Franco (2001); (XVIII) Franco & Fontana (2001); (XIX) Gonzalez et al. (2001); (XX) Marques (2001); (XXI) Rodrigues & Carvalho (2001); (XXII)Amorozo (2002); (XXIII) Lorenzi & Matos (2002); (XXIV) Rodrigues et al. (2002); (XXV) Backes & Irgang (2002); (XXVI) Coelho et al. (2003); (XXVII) Guarim Neto & Morais (2003); (XXVIII) Backes & Irgang (2004); (XXIX) Fonseca-Kruel & Peixoto (2004); (XXX) Medeiros et al. (2004); (XXXI) Pasa et al. (2005); (XXXII) Silva & Andrade (2005); (XXXIII) Silva Junior (2006).

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