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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS DE PRUDENTÓPOLIS PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E PROPOSTA CURRICULAR DA EJA PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR POR DISCIPLINA PRUDENTÓPOLIS 2012 1

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA

JOVENS E ADULTOS DE PRUDENTÓPOLIS

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E

PROPOSTA CURRICULAR DA EJA

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR POR DISCIPLINA

PRUDENTÓPOLIS

2012

1

SUMÁRIO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO..........................................................................6

I. APRESENTAÇÃO......................................................................................................6

II. INTRODUÇÃO..........................................................................................................8

2.1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO.......................................................................8

2.2 CURSOS AUTORIZADOS/RECONHECIDOS.......................................................8

2.3 REGIMENTO ESCOLAR ......................................................................................9

2.4 ASPECTOS HISTÓRICOS.....................................................................................9

III. OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................12

IV MARCO SITUACIONAL..........................................................................................14

4.1 DIAGNÓSTICO DA REALIDADE..........................................................................14

4.2 PERFIL DO ALUNO..............................................................................................16

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO.........................................................................17

4.4 ORGANIZAÇÃO COLETIVA ................................................................................18

4.5 ORGANIZAÇÃO INDIVIDUAL...............................................................................19

4.6 ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II....................................................................19

4.7 ENSINO MÉDIO....................................................................................................20

4.8 EDUCAÇÃO ESPECIAL.......................................................................................20

4.9 AÇÕES PEDAGÓGICAS DESCENTRALIZADAS................................................21

4.10 FREQUÊNCIA.....................................................................................................21

4.11 EXAMES SUPLETIVOS......................................................................................22

4.12 CONSELHO ESCOLAR......................................................................................22

4.13 MATERIAIS DE APOIO DIDÁTICO....................................................................23

4.14 BIBLIOTECA ESCOLAR.....................................................................................23

2

4.15 LABORATÓRIO...................................................................................................23

4.16 RECURSOS TECNOLÓGICOS..........................................................................24

V MARCO CONCEITUAL..........................................................................................25

5.1 CONCEPÇÃO DE MUNDO...................................................................................25

5.2 CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE .........................................................................26

5.3 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO ...........................................................................27

5.4 CONCEPÇÃO DE HOMEM .................................................................................27

5.5 CONCEPÇÃO DE CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM.................................30

5.6 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA..............................................32

5.7 FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS....................................33

5.8 CONCEPÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO.....................................36

5.9 GESTÃO DEMOCRÁTICA....................................................................................38

5.10 INDICAÇÃO DA ÁREA OU FASE DE ESTUDOS..............................................39

5.11 MATRIZ CURRICULAR......................................................................................40

5.12 CALENDÁRIO ESCOLAR ..................................................................................42

5.13 HORA-ATIVIDADE..............................................................................................43

5.14 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E PROMOÇÃO.................43

5.15 REGIME ESCOLAR............................................................................................47

VI MARCO OPERACIONAL........................................................................................51

6.1 CONDIÇÕES MATERIAIS E RECURSOS TECNOLÓGICOS.............................51

6.2 RECURSOS HUMANOS......................................................................................52

6.3 RELAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS...........................................................60

6.4 DEMANDAS DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO EDUCACIONAL.......................61

6.5 DIVERSIDADE......................................................................................................64

6.6 PLANO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DO CURSO......................................65

3

6.7 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO...........67

6.8 ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO...........................................................................69

6.9 PLANO DE AÇÃO DA ESCOLA...........................................................................69

6.10 APAF...................................................................................................................70

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................72

PROPOSTA PEDAGÓGICO-CURRICULAR .............................................................75

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.....................................................................75

1. OBJETIVO DA OFERTA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS..................75

2. PERFIL DO ALUNO...............................................................................................75

3. CARACTERIZAÇÃO DO CURSO...........................................................................76

4. AÇÕES PEDAGÓGICAS DESCENTRALIZADAS.................................................79

5. FREQUÊNCIA .......................................................................................................79

6. EXAMES SUPLETIVOS.........................................................................................80

7. CONSELHO ESCOLAR ........................................................................................80

8. MATERIAIS DE APOIO DIDÁTICO.......................................................................81

9. BIBLIOTECA ESCOLAR........................................................................................81

10. LABORATÓRIO ...................................................................................................81

11. RECURSOS TECNOLÓGICOS ..........................................................................82

12. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS....................................83

13. INDICAÇÃO DA ÁREA OU FASE DE ESTUDOS................................................86

14. MATRIZ CURRICULAR........................................................................................87

15. CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................................................89

16. PROCESSOS DE AVALIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E PROMOÇÃO...................90

17. REGIME ESCOLAR..............................................................................................93

4

18. ORGANIZAÇÃO....................................................................................................94

19. FORMAS DE ATENDIMENTO..............................................................................94

20. MATRÍCULA..........................................................................................................94

21. MATERIAL DIDÁTICO..........................................................................................96

23. RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS..........................................................................98

24. APROVEITAMENTO DE ESTUDOS, CLASSIFICAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO.....................................................................................................................................98

25. ÁREA DE ATUAÇÃO...........................................................................................98

26. ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO..........................................................................99

27. BIBLIOGRAFIA......................................................................................................99

DISCIPLINA DE ARTE..............................................................................................107

DISCIPLINA DE BIOLOGIA......................................................................................124

DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS...................................................................138

DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA .....................................................................155

DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO.....................................................................166

DISCIPLINA DE FILOSOFIA.....................................................................................186

DISCIPLINA DE FÍSICA............................................................................................202

DISCIPLINA DE GEOGRAFIA..................................................................................229

DISCIPLINA DE HISTÓRIA......................................................................................241

DISCIPLINA LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ESPANHOL.............................257

DISCIPLINA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - INGLÊS...........................269

DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA................................................................278

DISCIPLINA DE MATEMÁTICA................................................................................306

DISCIPLINA DE QUÍMICA........................................................................................322

DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA.................................................................................332

5

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

I. APRESENTAÇÃO

Os inúmeros problemas educacionais e o verdadeiro papel da educação

formal são motivos de ampla discussão na sociedade hodierna. Urge empreender

um esforço coletivo para vencer as barreiras e entraves que inviabilizam a

construção de uma escola pública que eduque de fato para o exercício pleno da

cidadania e seja instrumento real de transformação social, espaço em que se

aprenda a aprender, a conviver e a ser com e para os outros, contrapondo-se ao

atual modelo gerador de desigualdades e exclusão social que impera nas políticas

educacionais de inspiração neoliberal. A construção de um Projeto Político-

Pedagógico pode contribuir para estabelecer novos paradigmas de gestão e de

práticas pedagógicas que levem a instituição escolar a transgredir a chamada

"educação tradicional", cujo conteudismo de inspiração positivista está longe de

corresponder às necessidades e aos anseios de todos os que participam do

cotidiano escolar.

O presente documento é fruto do trabalho dos educadores, funcionários e

comunidade em geral do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e

Adultos – Ensino Fundamental e Médio.

Nestes escritos estão contemplados todos os temas relevantes que norteiam

a ação da Escola, como seu histórico, filosofia, objetivos, fundamentos

metodológicos, matriz curricular, prática pedagógica, projetos de inovações, sistema

de avaliação, Regimento Escolar, calendário escolar e toda documentação que

serve de base para a prática educacional.

O Projeto Político Pedagógico deste Estabelecimento de Ensino está

fundamentado, basicamente na nova lei da educação brasileira, a lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional - Lei n.º 9394/96, a nova LDB, que prevê no seu art.

12, inciso I, que “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normais comuns e

as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua

proposta pedagógica”. – Bem como nas Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA.

6

Além do amparo legal, buscou-se um embasamento teórico em alguns

autores, que tem se dedicado a refletir a educação em todos os seus aspectos, bem

como buscou-se conhecer o pensamento das pessoas que compõem esta

comunidade escolar, a respeito da própria Escola, do ser humano, do mundo, do

papel do educador do aluno.

Para construir este projeto a comunidade escolar refletiu sobre sua

intencionalidade educativa, sobre a organização do trabalho pedagógico da Escola,

buscando apontar uma direção, um sentido explícito para o compromisso

estabelecido coletivamente.

Assim como o mundo todo dá seus primeiros passos no século XXI, no

despertar de um novo milênio, esta Escola, através da elaboração deste PPP,

pretende entrar nesses novos tempos para contribuir de maneira significativa na

formação do cidadão.

7

II. INTRODUÇÃO

2.1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

1 – Denominação da instituição

CEEBJA de Prudentópolis - Ensino Fundamental e Médio2 – Endereço completo

Av. Visconde de Guarapuava, 1623 – Bairro/Distrito

Centro

4 – Município

Prudentópolis

5 – NRE

Irati6 – CEP

84400-000

7 –Caixa Postal

__

8 – DDD

42

9 – Telefone

3446 - 5327

10 – Fax

3446-5327

[email protected]

ov.br

12 – Site

__

13 – Entidade mantenedora

Governo do Estado do Paraná

14 – CNPJ/MF

76.416.965/0001-2115 – Local e data

Prudentópolis, 11 de março de 2011.

16 – Assinatura

Direção

2.2 CURSOS AUTORIZADOS/RECONHECIDOS

1 – Cursos autorizadosCursos autorizados Número das autorizações

Ensino Fundamental 2969/2001 de 30/01/2002Ensino Médio 2969/2001 de 30/01/2002

2 – Cursos reconhecidosCursos reconhecidos Número dos reconhecimentos

Ensino Fundamental 2969/2001 de 30/01/2002Ensino Médio 2969/2001 de 30/01/2002

8

2.3 REGIMENTO ESCOLAR

O Regimento Escolar do CEEBJA Prudentópolis foi aprovado conforme

deliberação nº 16/99 – CEE de acordo com o Ato Administrativo nº 437/2009, do

Núcleo Regional de Irati.

2.4 ASPECTOS HISTÓRICOS

Desde a colonização portuguesa e durante toda a história do Brasil, as

políticas educacionais para jovens e adultos focavam basicamente a alfabetização.

O acesso e continuidade à escolarização enquanto política pública é muito recente.

Com a Revolução Industrial, no final do século XIX e início do século XX, sob

a influência da cultura europeia, foram aprovados projetos de leis que para aumentar

o contingente de eleitores e atender aos interesses das elites, enfatizam a

obrigatoriedade da educação de adultos. A escolarização passa a ser um critério de

ascensão social, conforme a Lei Saraiva de 1882, incorporada posteriormente à

Constituição Federal de 1891, em que se inviabilizará o voto ao analfabeto, alistando

somente os eleitores e candidatos que dominassem as técnicas de leitura e escrita.

Através da Reforma João Alves, em 1925, estabeleceu-se o ensino noturno

para jovens e adultos e no período pós-Segunda Guerra Mundial as campanhas

nacionais de alfabetização em massa.

Até a década de 60, a escolarização de jovens e adultos limitou-se ao ensino

primário, depois estendeu-se ao curso ginasial quando surge uma nova perspectiva

na educação brasileira fundamentada nas ideias e experiências do educador Paulo

Freire, que se voltava para as necessidades das camadas populares.

Após o golpe militar de 1964, o governo criou o MOBRAL (Movimento

Brasileiro de Alfabetização), sem se preocupar com a migração rural-urbana, intensa

neste período, fortalecendo o modelo industrial-urbano com padrões capitalistas de

produção e consumo. Porém, durante os 15 anos deste movimento, somente 10%

dos que frequentaram, foram alfabetizados.

Na Lei 5692/71 atribuiu-se um capítulo para o ensino supletivo e o Parecer

9

699/72, do Conselho Nacional de Educação (CNE) regulamenta os cursos supletivos

seriados e os exames com certificação.

A partir de 1985, com a Nova República, o governo federal rompe com a

política de educação de jovens e adultos do período militar, extinguindo o MOBRAL

e criando a Fundação EDUCAR (Fundação Nacional para Educação de Jovens e

Adultos) extinta em 1990, a qual em 1986, reivindicou a oferta pública, gratuita e de

qualidade do ensino de 1º Grau aos jovens e adultos, dotando-o de identidade

própria.

No Paraná são criados, neste período, os Centros de Estudos Supletivos,

(CES), atualmente denominados Centros Estaduais de Educação Básica para

Jovens e Adultos (CEEBJAs), e o Núcleos Avançados de Ensino Supletivo (NAES) –

hoje a descentralização do atendimento à demanda de EJA se faz através dos

(PACs) Postos Avançados dos CEEBJAs.

O CEEBJA de Prudentópolis iniciou suas atividades denominado - Núcleo

Avançado de Estudos Supletivos de Prudentópolis – (NAES), tendo como entidade

mantenedora o Poder Público Estadual, administrado pela Secretaria de Estado da

Educação, com oferta de 1º grau.

Em Prudentópolis, o NAES iniciou suas atividades no ano de 1994, autorizado

pela resolução número 2221/94 de 27 de abril de 1994.

Em 1994, a SEED (Secretaria de Estado da Educação), possibilitou a oferta do

ensino das oito séries do primeiro grau, além dos exames de equivalência, em

regime de matrícula por disciplina.

O Núcleo Avançado de Estudos Supletivos de Prudentópolis era vinculado ao

C.E.S. de Ponta Grossa, para fins de Expedição de documentos escolares, e

regulamentação regimental. Cabendo ao N.R.E. (Núcleo Regional de Educação) de

Irati, o acompanhamento e a supervisão das atividades desenvolvidas pelo NAES de

Prudentópolis.

O Governo do Estado do Paraná, repassou uma verba ao Município de

Prudentópolis para a reforma do prédio do N.A.E.S. (antiga Prefeitura Municipal)

ficando ali estabelecido o N.A.E.S. de Prudentópolis.

No ano de 2001 o NAES encerrou suas atividades e em seu lugar surgiu o

10

CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, segundo

resolução 2221/94.

O prédio ocupado pelo CEEBJA foi requisitado pela prefeitura, uma escola

Municipal na Avenida Visconde de Guarapuava, 162, sendo este estabelecimento

retirado do centro, o que dificultou o trabalho e o acesso à escola. A distância do

CEEBJA Prudentópolis até o Núcleo Regional de Educação de Irati, ao qual

pertence, é de aproximadamente 52,7 Km.

As dificuldades encontradas serviram de estímulo para a descentralização e

atendimento ao aluno em sua comunidade com os PACs e assim manteve viva a

chama da Educação de Jovens e Adultos em Prudentópolis. Hoje o CEEBJA oferta à

comunidade o Ensino Fundamental Fase II, Ensino Médio, Exames de Suplência e

APED (Ação Pedagógica Descentralizada) em Escolas da Periferia e da Zona Rural.

11

III. OBJETIVOS GERAIS

Devido a crescente necessidade de escolarização daqueles que na

denominada idade própria, por motivos, os mais diversos, não tiveram acesso ou

continuidade dos seus estudos em estabelecimentos oficiais, é que a Educação de

Jovens e Adultos – EJA, atende alunos – trabalhadores com a finalidade e o

objetivo de:

• formar o aluno não apenas oportunizando o acesso à cultura produzida

historicamente, mas também, formando o cidadão, consciente dos seus direitos e

deveres;

• que possa refletir criticamente, agir de forma responsável, individual e

coletivamente;

• participar da vida da comunidade onde está inserido, de forma solidária, através

do seu trabalho, colaborando para melhorar a qualidade de vida e acompanhar as

mudanças sociais;

• solucionar os problemas com agilidade e rapidez, utilizando-se dos

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio – históricos adquiridos na escola,

relacionando-os ao conhecimento adquirido no cotidiano, conforme orientação da

nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) – Lei 9394/96, as

Diretrizes Curriculares Estaduais e Nacionais para EJA;

• cumprir a deliberação 002/03, que firma as normas para a Educação Especial

modalidade da Educação Básica para alunos com necessidades educacionais

especiais;

• seguir a instrução 0008/2011 SUED/SEED referente ao Ensino Fundamental de 9

anos e a Lei nº 10.639/03 que faz considerações sobre os conteúdos obrigatórios e

a obrigatoriedade da História Afro-Brasileira, Educação das Relações étnico-raciais,

Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana;

• cumprir a Lei 13381/01 que instrui sobre a História do Paraná e a Lei 11645/08

sobre História e Cultura dos Povos Indígenas do Brasil;

• seguir a instrução nº 009/2011 SUED/SEED referente aos conteúdos

obrigatórios.

12

• cumprir a Lei 13381/01 que instrui sobre a História do Paraná e a Lei 11645/08

sobre História e Cultura dos Povos Indígenas do Brasil;

• fazer cumprir o Parecer nº 01/09 CP/CEE que faz alusão ao nome social e as

Leis Estaduais 11.733 e 11.734 sobre a Educação Sexual;

• fazer cumprir as normas estabelecidas pela deliberação nº 007/99, que trata da

avaliação do aproveitamento escolar, recuperação de estudos e promoção dos

alunos no sistema estadual de ensino em nível fundamental e médio;

• elaborar a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino seguindo as

instruções da deliberação nº 014/99;

• elaborar o regimento escolar, expressando a organização da forma jurídica e

político-pedagógica da unidade escolar, seguindo o disposto da deliberação nº

016/99;

• garantir aos alunos os direitos contidos na deliberação 009/01 que trata da

matrícula de ingresso, por transferência e em regime de progressão parcial, o

aproveitamento de estudos, a classificação e a reclassificação, as adaptações, a

revalidação e equivalência de estudos feitos no exterior e regularização de vida

escolar em estabelecimentos que ofertem Ensino Fundamental e Médio nas suas

diferentes modalidades;

• cumprir e fazer cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente no que compete

à escola e ao trabalho docente.

13

IV MARCO SITUACIONAL

4.1 DIAGNÓSTICO DA REALIDADE

O século XXI chegou e com ele, novas esperanças, maiores expectativas

acerca do destino da humanidade, que está, a cada dia, presenciando o avanço da

tecnologia e descobertas científicas significativas.

Os diferentes grupos sociais têm se organizado por categorias, lutado por

seus direitos e por condições melhores de vida e isto tem levado as pessoas a

exercitarem com mais propriedade sua cidadania.

Os países e nações vivem, na atualidade, uma relação de interdependência

entre os povos, mas constata-se que as pessoas ainda não aprenderam a viver

juntas em suas comunidades naturais de pertinência e não se pode deixar de lado

que existem muitos conflitos entre nações, grupos étnicos ou em função de

injustiças acumuladas nos planos econômico e social. Nesta relação

interdependente entre os povos, constata-se que, nas últimas décadas, vem

ocorrendo um conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial,

isto é, a globalização. O ponto central da mudança é a integração dos mercados

numa aldeia global, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os

Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua

produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao

capital internacional.

Este processo tem sido de uma intensa revolução na tecnologia da

informação - telefone, tecnologia e televisão. As fontes de informação também se

uniformizam devido ao alcance mundial à crescente popularização dos canais de

televisão e da Internet. Isso faz com que os desdobramentos da globalização

ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa

homogeneização cultural entre os países.

Percebe-se, também que em âmbito mundial, as pessoas estão mais

14

conscientes das ameaças que pesam sobre o ambiente natural e da utilização

irracional dos recursos naturais, que conduz a uma degradação acelerada do meio

ambiente, mas que ainda não há meios eficientes para solucionar estes problemas.

Fazendo esta rápida análise do panorama mundial, é preciso situar a

educação, que é o alvo principal deste documento, pois diante de tantas

transformações em todos os setores, esta não pode permanecer estagnada no

tempo e no espaço e é através de uma educação dinâmica e atualizada, que o ser

humano poderá enfrentar toda a realidade com competência e informação,

alcançando uma vida de qualidade total.

Não podendo estar fora da realidade que nos cerca, e o Brasil, principalmente

neste início de século XXI, se posicionou não mais como um país passivo e sim

como alguém que tem importância geo política no Mundo. Seguindo os passos da

União o Estado do Paraná se fez importante no cenário nacional, colocando-se na

vanguarda do desenvolvimento em várias áreas, mas principalmente no quesito

educacional. Estas modificações nos fizeram bem e hoje podemos nos considerar

verdadeiros agentes da história mundial, porém a nova qualidade imputada a nós

nos trouxe responsabilidades e estas estão sendo cobradas a partir da qualificação

de seus cidadãos, busca esta que se reflete em todas as áreas da sociedade

brasileira e paranaense.

É significativo também fazer a análise de nosso município, que tem a

religiosidade do povo, que conserva e respeita o Sagrado, suas tradições, suas

festas religiosas, suas crenças, como em nenhum outro lugar, um quesito de união.

Isso faz com que, apesar de toda crise moral da sociedade, muitas famílias

continuem unidas e fortalecidas pela prática religiosa e a partir destas a formação de

centros educacionais de qualificação cidadã.

Entretanto, apesar de ser uma cidade que cresce a cada dia, Prudentópolis

apresenta muitos problemas, que são reflexos da situação do mundo como um todo,

além daqueles que são peculiares da sua própria formação, como a grande

extensão territorial da zona rural, o que dificulta bastante a qualidade de vida da

população, no sentido de exigir muitos deslocamentos para cuidados com a saúde,

educação, compras e tudo isso em estradas de chão em estado de má conservação;

15

o difícil acesso às escolas rurais, em dias chuvosos têm suas aulas prejudicadas,

como também trabalham com pouco atendimento pedagógico, devido à grande

distância da sede do município.

As dificuldades supra citadas trouxeram um descompasso entre necessidade

e realidade escolar. A formação de uma Escola de EJA se fez necessária e assim

surge o atual CEEBJA de Prudentópolis, em 1994, pela força da comunidade

prudentopolitana. Estas necessidades fizeram do CEEBJA uma Escola com

personalidade própria e que ao longo de dezesseis anos luta, busca

incessantemente a qualificação e a cidadania dos alunos que nos procuram. O ideal

e “fazer” destes seres novamente integrados a sociedade prudentopolitana,

paranaense e brasileira.

Por isso podemos dizer que a Educação de Jovens e Adultos é uma

modalidade de ensino que cumpre o papel de levar a todos os cidadãos a educação

formal e a realização pessoal daqueles que em idade própria não tiveram acesso a

escolarização.

4.2 PERFIL DO ALUNO

De acordo com a Lei nº 9394/96, e com a Deliberação nº 008/00, do CEE –

PR, os alunos do CEEBJA de Prudentópolis são adolescentes de 15 anos, jovens e

adultos que têm necessidade da educação formal. Alguns para manter seus

empregos, outros que pretendem buscar o seu primeiro trabalho. Há aqueles que

pretendem continuar os estudos ingressando em algum curso universitário e ainda

os que buscam apenas a oportunidade de convivência (os mais idosos).

Porém, todos têm em comum, a defasagem em relação ao tempo/espaço,

devido a falta de condições pela distância existente entre a escola e suas moradias.

Para o egresso dos alunos do ensino fundamental de 9 anos a escola

necessita reorganizar a sua estrutura, as formas de gestão, os ambientes, os

espaços, os tempos, os materiais, os conteúdos, as metodologias, os objetivos, o

planejamento e a avaliação, de modo que os alunos se sintam inseridos e acolhidos

num ambiente prazeroso e propício à aprendizagem. É necessário assegurar que

16

essa transição não provoque nos alunos rupturas e impactos negativos no seu

processo de escolarização.

• Deve considerar a curiosidade, o desejo e o interesse dos alunos, utilizando a

leitura e a escrita em situações significativas para eles.

• Grande investimento na criação de um ambiente alfabetizador, que possibilite aos

alunos não apenas ter acesso ao mundo letrado, como também nele interagir.

• Possibilitar o acesso aos diversos usos da leitura e da escrita não é suficiente para

que eles se alfabetizem. É necessário, além disso, um trabalho sistemático, centrado

tanto nos aspectos funcionais e textuais, quanto no aprendizado dos aspectos

gráficos da linguagem escrita e daqueles referentes ao sistema alfabético de

representação.

• No que se refere ao aprendizado da linguagem escrita, a escola possui um papel

fundamental e decisivo, sobretudo para os alunos oriundos de famílias de baixa

renda e de pouca escolaridade.

O nosso município tem algumas particularidades: é bastante extenso, o meio

geográfico desfavorece o deslocamento, a existência de minifúndios e a demografia

atípica ao encontrado no restante do Território Nacional, pois a metade da nossa

população vive no meio rural, necessitando que a escola se desloque até ele

levando uma modalidade de ensino que se adapte às necessidades de cada

comunidade e de cada indivíduo, procurando romper com os modelos tradicionais de

ensino, motivando a autonomia do aluno para que se torne sujeito ativo do processo

educacional.

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO

Este estabelecimento de ensino tem como uma das finalidades, a oferta de

escolarização de jovens, adultos e idosos que buscam dar continuidade a seus

estudos no Ensino Fundamental ou Médio, assegurando-lhes oportunidades

apropriadas, consideradas suas características, interesses, condições de vida e de

trabalho, mediante ações didático-pedagógicas coletivas e/ou individuais.

Portanto, este Estabelecimento Escolar oferta Educação de Jovens e

17

Adultos – Presencial, que contempla o total de carga horária estabelecida na

legislação vigente nos níveis do Ensino Fundamental e Médio, com avaliação no

processo.

Os cursos são caracterizados por estudos presenciais desenvolvidos de modo

a viabilizar processos pedagógicos, tais como:

• pesquisa e problematização na produção do conhecimento;

• desenvolvimento da capacidade de ouvir, refletir e argumentar;

• registros, utilizando recursos variados (esquemas, anotações, fotografias,

ilustrações, textos individuais e coletivos), permitindo a sistematização e

socialização dos conhecimentos;

• vivências culturais diversificadas que expressem a cultura dos alunos, bem como

a reflexão sobre outras formas de expressão cultural.

Para que o processo seja executado a contento, serão estabelecidos plano de

estudos e atividades. Tanto no atendimento individual como no coletivo, os alunos

receberão um Guia de Estudos.

Nesse sentido, a escolarização, em todas as disciplinas, será organizada de

forma coletiva e individual, ficando a critério do aluno escolher a maneira que melhor

se adapte às suas condições e necessidades, ou mesmo mesclar essas formas, ou

seja, cursar algumas disciplinas organizadas coletivamente e outras individualmente.

4.4 ORGANIZAÇÃO COLETIVA

Será programada pela escola e oferecida aos alunos por meio de um

cronograma que estipula o período, dias e horário das aulas, com previsão de início

e término de cada disciplina, oportunizando ao aluno a integralização do currículo. A

mediação pedagógica ocorrerá priorizando o encaminhamento dos conteúdos de

forma coletiva, na relação professor-alunos e considerando os saberes adquiridos na

história de vida de cada aluno.

A organização coletiva destina-se, preferencialmente, àqueles que têm

possibilidade de frequentar com regularidade as aulas, a partir de um cronograma

pré-estabelecido.

18

4.5 ORGANIZAÇÃO INDIVIDUAL

A organização individual destina-se àqueles alunos trabalhadores que não

têm possibilidade de frequentar com regularidade as aulas, devido às condições de

horários alternados de trabalho e para os que foram matriculados mediante

classificação ou que foram reclassificados ou desistentes quando não há, no

momento, turma organizada coletivamente para a sua inserção. Será programada

pela escola e oferecida aos alunos por meio de um cronograma que estipula o

período, dias e horário das aulas, contemplando o ritmo próprio do aluno, nas suas

condições de vinculação à escolarização e nos saberes já apropriados.

4.6 ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II

Ao se ofertar estudos referentes ao Ensino Fundamental – Fase II, este

estabelecimento escolar terá como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais e

Estaduais, que consideram os conteúdos ora como meio, ora como fim do processo

de formação humana dos alunos, para que os mesmos possam produzir e

ressignificar bens culturais, sociais, econômicos e deles usufruírem.

Para o egresso dos alunos do ensino fundamental de 9 anos a escola

necessita reorganizar a sua estrutura, as formas de gestão, os ambientes, os

espaços, os tempos, os materiais, os conteúdos, as metodologias, os objetivos, o

planejamento e a avaliação, de modo que os alunos se sintam inseridos e acolhidos

num ambiente prazeroso e propício à aprendizagem. É necessário assegurar que

essa transição não provoque nos alunos rupturas e impactos negativos no seu

processo de escolarização.

• Deve considerar a curiosidade, o desejo e o interesse dos alunos, utilizando a

leitura e a escrita em situações significativas para eles.

• Grande investimento na criação de um ambiente alfabetizador, que possibilite aos

alunos não apenas ter acesso ao mundo letrado, como também nele interagir.

• Possibilitar o acesso aos diversos usos da leitura e da escrita não é suficiente para

que eles se alfabetizem. É necessário, além disso, um trabalho sistemático, centrado

19

tanto nos aspectos funcionais e textuais, quanto no aprendizado dos aspectos

gráficos da linguagem escrita e daqueles referentes ao sistema alfabético de

representação.

• No que se refere ao aprendizado da linguagem escrita, a escola possui um papel

fundamental e decisivo, sobretudo para os alunos oriundos de famílias de baixa

renda e de pouca escolaridade.

Visa, ainda, o encaminhamento para a conclusão do Ensino Fundamental e

possibilita a continuidade dos estudos para o Ensino Médio.

4.7 ENSINO MÉDIO

O Ensino Médio no estabelecimento escolar terá como referência em sua

oferta, os princípios, fundamentos e procedimentos propostos nas Diretrizes

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Parecer 15/98 e Resolução nº 02 de

07 de abril de 1998/CNE e nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação de

Jovens e Adultos.

4.8 EDUCAÇÃO ESPECIAL

A EJA contempla, também, o atendimento a alunos com necessidades

educativas especiais, conforme a lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, inserindo

estes no conjunto de alunos da organização coletiva ou individual, priorizando ações

que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito dos mesmos no espaço escolar,

considerando a situação em que se encontram individualmente estes alunos.

Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de

alunos, desde aqueles que apresentam deficiências permanentes até aqueles que,

por razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a

legislação assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos alunos

que apresentam necessidades educativas especiais decorrentes de:

• deficiências mental, física/neuromotora, visual e auditiva;

• condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou

20

psiquiátricos;

• superdotação/altas habilidades.

É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas

e as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para

a aprendizagem e participação de todos os alunos. (CARVALHO, 2001.)

Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao aluno para o

enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os alunos apresentem

características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também,

de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito

a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação

escolar.

Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se,

assegurando o direito à igualdade com equidade de oportunidades, para os alunos

afro-descendentes ou de outros grupos étnico-raciais. Isso não significa o modo

igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços

especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades.

4.9 AÇÕES PEDAGÓGICAS DESCENTRALIZADAS

Este Estabelecimento Escolar desenvolverá ações pedagógicas

descentralizadas, efetivadas em situações de evidente necessidade, dirigidas a

grupos sociais com perfis e necessidades próprias e onde não haja oferta de

escolarização para jovens, adultos e idosos, respeitada a proposta pedagógica e o

regimento escolar, desde que autorizado pela SEED/PR, segundo critérios

estabelecidos pela mesma Secretaria em instrução própria.

4.10 FREQUÊNCIA

A carga horária prevista para as organizações individual e coletiva é de 100%

(cem por cento) presencial no Ensino Fundamental -Fase II e no Ensino Médio,

sendo que a freqüência mínima na organização coletiva é de 75% (setenta e cinco

21

por cento) e na organização individual é de100% (cem por cento), em sala de aula.

4.11 EXAMES SUPLETIVOS

Este Estabelecimento Escolar ofertará Exames Supletivos, atendendo ao

disposto na Lei n.º 9394/96, desde que autorizado e credenciado pela Secretaria de

Estado da Educação, por meio de Edital próprio emitido pelo Departamento de

Educação de Jovens e Adultos.

4.12 CONSELHO ESCOLAR

O Conselho Escolar, órgão colegiado, de natureza deliberativa, consultiva e

fiscal, tem como principal atribuição, estabelecer, e garantir a implementação da

Proposta Pedagógica, eixo de toda e qualquer ação a ser desenvolvida.

O Conselho Escolar será constituído de acordo com o princípio da

representatividade, devendo abranger toda a comunidade escolar, cujos

representantes nele terão, necessariamente, voz e voto.

Poderão participar do Conselho Escolar, representantes dos movimentos

sociais organizados, comprometidos com a escola pública, assegurando-se que sua

representação não ultrapasse 1/5 (um quinto do colegiado).

O Conselho Escolar será presidido pelo diretor do estabelecimento, na

qualidade de dirigente da proposta pedagógica.

O Conselho Escolar do CEEBJA de Prudentópolis será constituído pelas

seguintes categorias:

a) Diretor;

b) Representante da Supervisão Escolar ou Orientação Educacional;

c) Representante da Equipe Administrativa;

d) Representante de Professores para cada segmento do Ensino Fundamental e

do Ensino Médio, com atividade na Sede do Estabelecimento;

e) Representante dos Coordenadores das Ações Pedagógicas;

f) Representante de alunos para cada segmento do Ensino Fundamental e do

22

Ensino Médio, com matrículas ativas;

Representante(s) indicado(s) pelos segmentos organizados da sociedade,

com um máximo 1/5 da somatória das alíneas anteriores, designados pelo Núcleo

Regional de Educação, em ato próprio.

4.13 MATERIAIS DE APOIO DIDÁTICO

Serão adotados os materiais indicados pelo Departamento de Educação de

Jovens e Adultos – DEJA, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como

material básico.

Além desse material, os docentes, na sua prática pedagógica, poderão utilizar

outros recursos didáticos.

4.14 BIBLIOTECA ESCOLAR

O espaço da biblioteca escolar é dividido com o laboratório de informática,

sendo utilizada a parede para apoiar os arquivos que sustentam os livros e DVDs.

Possui uma grande quantidade de acervo bibliográfico, cadernos temáticos

específicos da EJA e livros do PNLEM.

4.15 LABORATÓRIO

Em um mundo cada vez mais permeado pelos avanços científicos e

tecnológicos, a escola deve desempenhar o papel preponderante para o

desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos.

Portanto, as atividades experimentais, associadas ao contexto teórico de

conteúdos, contribuem para o processo de reflexão, observação, desenvolvimento e

construção de ideias, favorecendo a participação efetiva do aluno na construção do

conhecimento.

De acordo com a recomendação constante do Parecer 095/99 –CEE,

“...Indubitavelmente, um conceito novo para o espaço denominado ‘laboratório’

23

acompanha uma educação científica nova, espaço que passará a incluir também o

pátio da escola, a beira do mar, o bosque ou a praça pública...”. O que irá

certamente contribuir para que a teoria e a prática se completem acabando com a

dicotomia “a teoria na prática é outra”.

Em especial, na Educação de Jovens e Adultos, a prática faz parte de sua

vivência, então é necessário que o professor possa mediar este conhecimento da

realidade com a teoria e através dos recursos existentes levar o aluno a comprovar o

que tem aprendido através do senso comum e do saber elaborado dos livros, com

as atividades realizadas na escola através de pesquisas e experimentos.

O laboratório de informática está instalado numa sala ampla que divide com a

biblioteca da escola. Possui cinco ilhas, totalizando vinte monitores em

funcionamento.

4.16 RECURSOS TECNOLÓGICOS

A sociedade atual faz parte de uma revolução que tem tudo a ver com o

cotidiano da escola e pode ser resumida em uma palavra: informação. Por séculos e

séculos só os mestres tinham acesso a ela. Era na sala de aula que o professor

transmitia o conhecimento. O acesso às novidades era restrito. Hoje, qualquer

acontecimento corre o mundo em segundos. E isso não vai parar. Cada vez mais

pessoas terão acesso à informação.

A escola é o espaço privilegiado de formação humana e construção da

cidadania. Para exercer a cidadania plena é necessário ter acesso à informação e à

tecnologia. Isso, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo, mas sim

tomar posse da tecnologia e usá-la a seu favor, transformando a informação em

conhecimento.

Os jovens, os adultos e os idosos da EJA, em sua grande maioria, vêm

buscar esse conhecimento visando atender às exigências do mercado de trabalho,

cada vez mais competitivo. O desafio que fica aos educadores da EJA é utilizar os

recursos tecnológicos de modo a provocar impactos positivos na escola e, por

conseguinte, na vida profissional dos seus alunos.

24

V MARCO CONCEITUAL

5.1 CONCEPÇÃO DE MUNDO

A Humanidade em sua história trouxe no seu ventre a formação de algo

singular para o Planeta Terra, a formação de um ser consciente em si mesmo e de

sua existência.

A nova espécie evoluiu e atingiu o ápice da cadeia das espécies, chegando

ao ponto que o domínio sobre o planeta levou a mesma a luta entre si, primeiro por

animais, peixes, raízes e frutos, posteriormente por terra agricultável e água para a

irrigação, chegando o tempo que a luta passou a ser pelo poder de governar e hoje

além do poder, o dinheiro se encaixa nestas lutas.

A humanidade do século XXI atingiu o auge em termos de domínio, pois

controla os mares, os continentes e até se atreve explorar o extraterrestre. A

humanidade evoluiu e se tornou uma aldeia global, com comunicação entre seus

povos, com controle sobre os vegetais e animais, com facilidades de locomoção

nunca vistas, é a famosa Globalização. Em termos econômicos as grandes Cias

investem seus bilhões de dólares e euros, onde quer que um bom negócio se faça

sentir, é o Neoliberalismo. Os países resolveram se unir e formar superestruturas, os

Blocos Econômicos. A ciência avançou e produz explosões e choques cósmicos e

aceleração de partículas,entre a Suíça e a França, é o Mundo sendo desvelado. A

humanidade dá passos fantásticos!

A ideia de que o progresso é sempre bom e eficiente para a espécie humana,

é até certo ponto utópica, visto que os passos da humanidade são fantásticos, mas

que junto com ele o rastro da fome atinge números exageradamente altos, que a

luta pelo poder econômico joga populações inteiras ao sofrimento além do próprio

sofrimento, o de ver o filho morrer de fome e não ter forças para alimentá-lo, o de

matar populações inteiras de AIDS, o de ver florestas e espécies inteiras de animais

serem levados a extinção, o de levar irmãos lutarem mas não saber o motivo de

seus conflitos. Nos parece ser o legado humano o de consumir um planeta inteiro

25

até a sua extinção como uma nuvem de gafanhotos que arrasa tudo por onde passa.

A contradição em si é a marca da humanidade de hoje, e dentro destas

contradições se encontra o Capitalismo, que obriga as nações a crescerem

economicamente indefinidamente, nos esquecemos porém, o Planeta e suas

reservas são finitos. O que fazer?

As respostas e a nova sociedade que queremos para a Terra passa pela

educação e que a mesma traga em si o germe da liberdade humana e não o ciclo

de autodestruição que a espécie se inseriu, sendo que este trabalho deve ser feito

por todos, em todos os lugares e tempos.

5.2 CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE

Nas sociedades atuais, segundo Moacir Gadotti (1995) a mudança e a

transitoriedade são elementos essenciais de sua dinâmica.. Segundo ele, o homem

faz sua história intervindo em 2 níveis: sobre a natureza e sobre a sociedade.

Neste processo ele transforma a natureza e humaniza a vida dos homens em

sociedade. É uma ação do homem sobre o homem, para juntos construírem uma

sociedade com melhores chances de todos os homens serem mais felizes.

As sociedades contemporâneas caracterizam-se pelo multiculturalismo, pela

globalização e pela luta de classes.

Pode-se dizer que hoje não existem sociedades que não estejam em

processos de mudanças. Ao contrário a maioria delas encontra-se em processo de

profundas transformações. Ao contrário das sociedades ditas “primitivas”, e que

gozavam de certa estabilidade social, as sociedades modernas caracterizam-se por

profundas mudanças em suas estruturas. E a escola não está imune à estas

mudanças.

A escola tem um papel importante a desempenhar neste processo, que é

proporcionar a apropriação pelas camadas populares do conhecimento científico, no

sentido de se construir uma nova sociedade mais justa e democrática, considerando

que segundo Vigotski este é o caminho para a humanização do homem. Pois ele, e

seus companheiros, Luria e Leontiev, num pós guerra desejaram construir uma nova

26

sociedade, onde todos os homens possam ser partícipes das riquezas materiais e

culturais produzidas historicamente pela humanidade. A escola e o professor tem um

papel fundamental neste processo.

5.3 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO

Paulo Freire dizia que o homem não é acabado, e, que consciente de seu

inacabamento ele se educa.

Na perspectiva da Psicologia Histórico Cultural, baseada nas idéias do

Materialismo Dialético, o homem se educa e se humaniza através dos

condicionantes sociais, e através da mediação do professor, quando o aluno se

apropria do Conhecimento Universal Elaborado, ou Conhecimento Científico. A

escola exerce um papel fundamental nesta apropriação.

Nesta perspectiva, segundo Saviani, a função social da escola é proporcionar

a apropriação deste conhecimento pelas camadas populares ou emergentes para

que eles criem consciência que também são sujeitos de direitos, tendo como direito

fundamental, o acesso à educação formal.

Vigotski afirmou que o homem não é naturalmente humano, mas é um ser

histórico e cultural com possibilidades de desenvolver a sua humanidade. E ele o faz

pela educação. Segundo Paulo Freire o homem se educa mediatizado pelos outros

homens. Portanto Educação seria a apropriação do conhecimento construído

historicamente ou culturalmente pela humanidade. E a escola e o professor têm um

papel fundamental neste processo.

5.4 CONCEPÇÃO DE HOMEM

No decorrer da história da humanidade, surgiram teorias ou idéias tentando

dar uma explicação plausível à existência humana. Isto ocorreu desde as primeiras

explicações da realidade através dos mitos pelos gregos ou dos Poemas de Homero

até os dias de hoje, quando o homem ainda questiona: ¨Quem sou eu¨?

O homem evoluiu através de saltos qualitativos. O desenvolvimento da

27

linguagem contribuiu significativamente para o processo de humanização do

homem, pois através da linguagem o homem constrói as relações sociais e as

relações de trabalho, através das quais ele constrói objetos, que vão criando sua

história e sua cultura.

Hoje esta compreensão encontra no Materialismo Dialético fundamentado nas

idéias de Marx e Lênin explicações para a realidade existencial do homem do século

XX e início do século XXI. Eles elaboraram uma nova concepção de homem e de

sociedade. Os mesmos ao fazerem uma crítica à sociedade em que vivem,

apresentam uma proposta para a sua transformação através do Materialismo

Científico.

Após a revolução russa, Vigotski, Leontiev e Luria, estudiosos da psicologia

humana, embasados no Materialismo Dialético, desenvolvem ideias que deram

origem à Psicologia Histórico Cultural, visando ao estudo do homem concreto e não

somente suas subjetividades.

Vigotski e seus companheiros estavam preocupados com a formação da

consciência do novo homem e que este pudesse ser partícipe das riquezas da

cultura humana. Por isso desenvolveram seus estudos voltados para a humanização

do homem.

No Brasil, Demerval Saviani traz luz a estas ideias através da Pedagogia

Histórico Crítica. Gasparim sistematiza as mesmas transpondo-as para a Didática .

Segundo os autores acima citados, o homem não é acabado, nem fruto do

desenvolvimento biológico como preconiza Piaget, mas ele se humaniza dados os

condicionantes sócio-culturais aos quais está sujeito.

Paulo Freire dizia que o homem não está acabado, e que consciente de seu

inacabamento, ele se educa.

Já Vigotski afirma que o homem não é naturalmente humano, mas é um ser

histórico e cultural com possibilidades de desenvolver sua humanidade. Diz ainda

que a cultura edificou historicamente formas especiais de conduta, modificando o

próprio psiquismo humano.(VIGOTSKI, LURIA,1996)

Entende-se que a educação, ou a humanização do homem passa pela

transmissão da cultura, ou seja, da internalização da produção humana acumulada

28

historicamente, produção esta desenvolvida pelo trabalho do próprio homem.

Leontiev (1978) afirma que é no decorrer da realização das atividades que os

homens, suas aptidões, seus conhecimentos, seu saber-fazer cristaliza-se nos

produtos de seu trabalho, marcando um novo grau de seu desenvolvimento

histórico.

A internalização a que se refere Vigotski seria a reconstrução interna, através

dos condicionantes externos, ou seja, através das relações com outros homens, por

meio da mediação de instrumentos, principalmente através da linguagem

(instrumento simbólico básico de todos os grupos humanos) e dos objetos

(instrumentos concretos) que o indivíduo interioriza a produção humana produzida

no decorrer da história da humanidade.

O homem difere das outras espécies pela sua capacidade de trabalho,

através do qual ele interfere na natureza, criando objetos ou instrumentos que lhe

darão condições de transformar a natureza e ao mesmo tempo transformar-se. Esta

transformação se dá pela produção da cultura que se manifesta pelos objetos por

ele criados e principalmente pela linguagem e pela sua capacidade de pensar.

Enquanto os animais agem de acordo com os determinantes biológicos, o

homem desenvolve capacidades que lhe darão condições de interferir na natureza,

criando novas configurações de vida.

Considera-se que a apropriação da cultura é condição para o

desenvolvimento psíquico e para o desenvolvimento das funções psicológicas ou

processos mentais superiores, como a atenção voluntária, as ações conscientes, o

pensamento abstrato, o comportamento intencional, a memória lógica, a capacidade

de análise e síntese, de abstração e generalização, diferenciando-se das ações

reflexas ou ações automatizadas características do recém nascido e dos animais.

Estas ideias contrariam conceitos desenvolvidos por Piaget que considerava a

necessidade do homem se adaptar ao meio em que vive, sem a preocupação de

transformação deste meio.

Aristóteles já dizia que o homem é um ser eminentemente social. Portanto ele

se humaniza na interação com outros seres humanos.

29

5.5 CONCEPÇÃO DE CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM

O conhecimento universal elaborado, fruto de conquistas do homem no

decorrer da história da humanidade, conhecimento este, fruto de estudos,

observações e experimentações, denomina-se Conhecimento Científico.

O conhecimento fruto das vivências do dia a dia, adquirido de forma

espontânea, conhecimento não sistematizado, denomina-se Conhecimento Popular,

Senso Comum ou Conhecimento Empírico. Muitas vezes este conhecimento fica no

nível apenas das condições biológicas do desenvolvimento, e o homem não evolui,

não se humaniza.

A escola democrática, a qual todas as camadas da população têm direito, é

recente. Até pouco tempo a escola e o conhecimento era privilégio de poucos.

Por isso Vigotski e seus companheiros estudaram os efeitos do saber

sistematizado, na construção de um novo homem, de uma nova sociedade,

necessidade de um pós guerra.

Seus estudos comprovam que o homem se humaniza através da apropriação

do conhecimento conquistado por ele no decorrer da história da humanidade. E a

função social da escola é a transmissão deste conhecimento.

Na Pedagogia Histórico-crítica, fruto da Psicologia Histórico-Cultural, dá-se

importância fundamental ao papel do professor e da escola neste processo de

transmissão-apropriação do conhecimento.

Por isso Elisane Fank (2010) diz que no processo de aprendizagem há ensino

sim, e neste sentido o professor não deve temer ser tradicional

Vigotski (1998) diz que a boa aprendizagem é aquela que se adianta ao

desenvolvimento, e para tanto, é importante que o professor auxilie os alunos a fazer

o que por si só não conseguiriam. E ele diz ainda que a aprendizagem por meio do

processo educativo é essencial para desenvolver nos alunos as características

humanas formadas historicamente.

Nesta visão o professor é considerado o “mediador” e não o “facilitador” do

conhecimento como apregoava a Escola Nova.

Para que ocorra a aprendizagem, segundo Vigotski o professor deve intervir

30

na “zona de desenvolvimento Próximo, Proximal ou Potencial”.

A “Zona de Desenvolvimento Proximal” é o nível de desenvolvimento do aluno

que irá acontecer sob a orientação de um adulto ou da colaboração de colegas mais

capazes, porque suas funções psíquicas necessárias para a aprendizagem ainda

estão em processo de maturação.

Conforme Oliveira (2005) o professor tem o papel explícito de intervir na Zona

de Desenvolvimento Proximal dos alunos, provocando os avanços que não

ocorreriam espontaneamente. É através da mediação do trabalho do professor que o

aluno vai desenvolvendo capacidades superiores de sua inteligência.

De acordo com Eidt e Tuleski (2007, p.7) a aprendizagem e o

desenvolvimento constituem uma unidade dialética, onde a aprendizagem

impulsiona o desenvolvimento, que por sua vez gera novas aprendizagens mais

complexas infinitamente.

Na perspectiva da Teoria Histórico Cultural, o papel da escola, segundo

Saviani, seria cumprir sua especificidade e sua função social que é proporcionar a

apropriação do conhecimento pelas camadas populares, para a que eles criem

consciência que também são sujeitos históricos, de direitos, tendo como direito

fundamental o acesso a educação formal.

Libâneo (2008) enfatiza que o papel principal da escola é o ensino, e sua

tarefa primordial é a difusão do conhecimento às camadas populares com conteúdos

vinculados à realidade, tendo em vista a democratização da escola pública e a

consequente transformação social.

Quando o aluno adentra à escola, já traz consigo conhecimentos adquiridos

de forma espontânea no dia a dia, chamados de conhecimento atual ou real, pois

que servirão de base para que se façam as intervenções necessárias, para que

ocorra a apropriação do conhecimento.

Ao aluno cabe o papel de se apropriar dos instrumentos culturais, e

internalizar os conhecimentos científicos, superando o senso comum ou empírico e

percebendo-se como sujeitos no processo histórico, capazes de atuar de forma

crítica e reflexiva no contexto de uma sociedade em transformação.

Desta forma o aluno vai elaborando suas funções psicológicas superiores,

31

especificamente humanas. Cabe aos mesmos o esforço teórico-prático desta

apropriação.

Conclui-se, considerando a importância do papel da escola, do professor e do

aluno para que se efetive a apropriação dos Conhecimentos Científicos, Históricos,

Filosóficos e Artísticos, visando a humanização de todos que adentram a escola,

principalmente a Escola Pública.

Este é o caminho para o surgimento de uma nova sociedade onde todos

sejam partícipes das riquezas materiais e culturais produzidas pela humanidade,

conforme sonharam e trabalhara Vigotski e seus companheiros.

5.6 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

A infância é compreendida como o período de crescimento que vai do

nascimento até o ingresso na puberdade, por volta dos doze anos de idade.

Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia

Geral das Nações Unidas, em novembro de 1989, "criança é toda a pessoa menor

de dezoito anos de idade". Já para o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990),

criança é considerada a pessoa até os doze anos incompletos, enquanto entre os

doze e dezoito anos, idade da maioridade civil, encontra-se a adolescência.

Etimologicamente, a palavra infância vem do latim, infantia, e refere-se ao

indivíduo que ainda não é capaz de falar. Essa incapacidade, atribuída à primeira

infância, estende-se até os sete anos, que representaria a idade da razão.

Percebe-se, no entanto, que a idade cronológica não é suficiente para caracterizar a

infância.

Em relação à adolescência, para a maior parte dos estudiosos do

desenvolvimento humano, ser adolescente é viver um período de mudanças físicas,

cognitivas.

Adolescência, período da vida humana entre a puberdade e a adultície, vem

do latim adolescentia, adolescer. É comumente associada à puberdade, palavra

derivada do latim pubertas-atis, referindo-se ao conjunto de transformações

fisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem progressiva da

32

infância à adolescência. Esta perspectiva prioriza o aspecto fisiológico, quando

consideramos que ele não é suficiente para se pensar o que seja a adolescência.

Adolescência, portanto, deve ser pensada para além da idade cronológica, da

puberdade e transformações físicas que ela acarreta, dos ritos de passagem, ou de

elementos determinados aprioristicamente ou de modo natural. A adolescência deve

ser pensada como uma categoria que se constrói, se exercita e se re-constrói dentro

de uma história e tempo específicos.

5.7 FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

A educação de adultos exige uma inclusão que tome por base o

reconhecimento do jovem adulto como sujeito. Coloca-nos o desafio de pautar o

processo educativo pela compreensão e pelo respeito do diferente e da diversidade:

ter o direito a ser igual quando a diferença nos inferioriza e o de ser diferente quando

a igualdade nos descaracteriza. Ao pensar no desafio de construirmos princípios que

regem a educação de adultos, há de buscar-se uma educação qualitativamente

diferente, que tem como perspectiva uma sociedade tolerante e igualitária, que a

reconhece ao longo da vida como direito inalienável de todos. (SANTOS, 2004)

A Educação de Jovens e Adultos – EJA, enquanto modalidade educacional

que atende a alunos-trabalhadores, tem como finalidade e objetivos o compromisso

com a formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo a que os alunos

venham a participar política e produtivamente das relações sociais, com

comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da

autonomia intelectual e moral.

Tendo em vista este papel, a educação deve voltar-se para uma formação na

qual os alunos-trabalhadores possam: aprender permanentemente, refletir

criticamente; agir com responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e

da vida coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das

mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com

agilidade e rapidez, a partir da utilização metodologicamente adequada de

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos. (KUENZER, 2000, p. 40)

33

Sendo assim, para a concretização de uma prática administrativa e

pedagógica verdadeiramente voltada à formação humana, é necessário que o

processo ensino-aprendizagem, na Educação de Jovens e Adultos seja coerente

com:

a) o seu papel na socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os

levem à emancipação e à afirmação de sua identidade cultural;

b) o exercício de uma cidadania democrática, reflexo de um processo cognitivo,

crítico e emancipatório, com base em valores como respeito mútuo, solidariedade e

justiça;

c) os três eixos articuladores do trabalho pedagógico com jovens, adultos e

idosos – cultura, trabalho e tempo.

Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, as relações entre

cultura, conhecimento e currículo, oportunizam uma proposta pedagógica pensada e

estabelecida a partir de reflexões sobre a diversidade cultural, tornando-a mais

próxima da realidade e garantindo sua função socializadora – promotora do acesso

ao conhecimento capaz de ampliar o universo cultural do aluno – e, sua função

antropológica - que considera e valoriza a produção humana ao longo da história.

A compreensão de que o aluno da EJA relaciona-se com o mundo do trabalho

e que através deste busca melhorar a sua qualidade de vida e ter acesso aos bens

produzidos pelo homem, significa contemplar, na organização curricular, as

reflexões sobre a função do trabalho na vida humana.

É inerente a organização pedagógico-curricular da EJA, a valorização dos

diferentes tempos necessários à aprendizagem dos alunos de EJA, considerando os

saberes adquiridos na informalidade das suas vivências e do mundo do trabalho,

face à diversidade de suas características.

E ainda, conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação de

Jovens e Adultos no Estado do Paraná:

I. a EJA deve constituir-se de uma estrutura flexível, pois há um tempo

diferenciado de aprendizagem e não um tempo único para todos os alunos, bem

como os mesmos possuem diferentes possibilidades e condições de reinserção nos

processos educativos formais;

34

II. o tempo que o aluno jovem, adulto e idoso permanecerá no processo educativo

tem valor próprio e significativo, assim sendo à escola cabe superar um ensino de

caráter enciclopédico, centrado mais na quantidade de informações do que na

relação qualitativa com o conhecimento;

III. os conteúdos específicos de cada disciplina, deverão estar articulados à

realidade, considerando sua dimensão sócio-histórica, vinculada ao mundo do

trabalho, à ciência, às novas tecnologias, dentre outros;

IV. a escola é um dos espaços em que os alunos desenvolvem a capacidade de

pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da atividade reflexiva. A

ação da escola será de mediação entre o aluno e os saberes, de forma a que o

mesmo assimile estes conhecimentos como instrumentos de transformação de sua

realidade social;

V. o currículo na EJA não deve ser entendido, como na pedagogia tradicional, que

fragmenta o processo de conhecimento e o hierarquiza nas matérias escolares, mas

sim, como uma forma de organização abrangente, na qual os conteúdos culturais

relevantes, estão articulados à realidade na qual o aluno se encontra, viabilizando

um processo integrador dos diferentes saberes, a partir da contribuição das

diferentes áreas/disciplinas do conhecimento.

Por isso, a presente proposta e o currículo dela constante incluirá o

desenvolvimento de conteúdos e formas de tratamento metodológico que busquem

chegar às finalidades da educação de jovens e adultos, a saber:

• traduzir a compreensão de que jovens e adultos não são atrasados em seu

processo de formação, mas são sujeitos sócio-histórico-culturais, com

conhecimentos e experiências acumuladas, com tempo próprio de formação e

aprendizagem;

• contribuir para a ressignificação da concepção de mundo e dos próprios alunos;

• o processo educativo deve trabalhar no sentido de ser síntese entre a

objetividade das relações sociais e a subjetividade, de modo que as diferentes

linguagens desenvolvam o raciocínio lógico e a capacidade de utilizar

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos;

• possibilitar trajetórias de aprendizado individuais com base na referência, nos

35

interesses do aluno e nos conteúdos necessários ao exercício da cidadania e do

trabalho;

• fornecer subsídios para que os alunos tornem-se ativos, criativos, críticos e

democráticos;

Em síntese, o atendimento a escolarização de jovens, adultos e idosos, não

refere-se exclusivamente a uma característica etária, mas a articulação desta

modalidade com a diversidade sócio-cultural de seu público, composta, dentre

outros, por populações do campo, em privação de liberdade, com necessidades

educativas especiais, indígenas, que demandam uma proposta

pedagógica-curricular que considere o tempo/espaço e a cultura desses grupos.

5.8 CONCEPÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a

condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se

apropriado da escrita.

Surge um novo sentido para o adjetivo letrado, que significava apenas “que,

ou o que é versado em letras ou literatura; literato”, e que agora passa a caracterizar

o indivíduo que domina a leitura, ou seja, que não só sabe ler e escrever (atributo

daquele que é alfabetizado), mas também faz uso competente e frequente da leitura

e da escrita. Fala-se no letramento como ampliação do sentido de alfabetização.

A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como

código de comunicação. De um modo mais abrangente, a alfabetização é definida

como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas variações.

Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas habilidades

mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de

interpretar, compreender, criticar, ressignificar e produzir conhecimento. Todas

essas capacidades citadas anteriormente só serão concretizadas se os alunos

tiverem acesso a todos os tipos de textos. O aluno precisa encontrar os usos sociais

da leitura e da escrita. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas

formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral. A alfabetização

36

de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o estabelecimento de

novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens culturais e a

facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um fator propulsor

do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um

todo.

O nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos

escritos que a criança ou adulto reconhece. Segundo essa corrente, a criança que

vive em um ambiente em que se leem livros, jornais, revistas, bulas de remédios,

receitas culinárias e outros tipos de literatura (ou em que se conversa sobre o que se

leu, em que uns leem para os outros em voz alta, leem para a criança enriquecendo

com gestos e ilustrações), o nível de letramento será superior ao de uma criança

cujos pais não são alfabetizados, nem outras pessoas de seu convívio cotidiano lhe

favoreçam este contato com o mundo letrado.

Estudiosos afirmam que são muitos os fatores que interferem na

aprendizagem da língua escrita, porém estudos recentes incluem entre estes fatores

o nível de letramento. Paulo Freire afirma que "na verdade, o domínio sobre os

signos linguísticos escritos, mesmo pela criança que se alfabetiza, pressupõe uma

experiência social que o precede – a da 'leitura' do mundo, que aqui chamamos de

letramento.

E atualmente, o ensino passa por um momento complicado, pois a criança ou

o adulto, em sua maioria, é alfabetizado, mas não é letrado. Ela(e) lê o que está

escrito, mas não consegue compreender, interpretar o que leu e isso faz deste

indivíduo, alguém com muitas limitações, pois se ele não interpreta ou compreende

corretamente, ele terá problemas em todas as disciplinas que fazem parte do seu

currículo escolar. De acordo com Freire (1989, p. 58-9), “(...) o ato de estudar,

enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo é expressão da forma de estar

sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores,

transformadores, que não apenas sabem mas sabem que sabem.”

Sendo assim, o professor tem um primordial papel no sentido de transformar

esta pessoa alfabetizada, em uma pessoa letrada e isso se dá através de incentivos

variados, no que diz respeito à leitura de diversas tipologias textuais e também

37

utilizando-se de exercícios de interpretação e compreensão de diferentes tipos de

textos, em que vários tipos de ferramentas podem ser utilizados. Podem ser usados

materiais mais convencionais como livros, revistas, jornais, entre outros e materiais

mais modernos como internet, blogs, e-mails, etc.

Portanto, mais importante que decodificar símbolos (letras e palavras), é

preciso compreender a funcionalidade da língua escrita, pois é assim que o cidadão

torna-se mais atuante, participativo e autônomo, de forma significativa na sociedade

na qual este está inserido.

5.9 GESTÃO DEMOCRÁTICA

Sabendo-se que democratizar o ensino não é só instalar uma escola pública,

atendendo aos reclames da população e que a democratização da educação e da

escola se dá através da universalização, da gratuidade, da permanência e do ensino

de boa qualidade. Busca-se então, a participação de toda comunidade (alunos, pais,

professores, diretores, funcionários, pedagogos) na escola, não é uma concessão

mas uma prática que revela princípios, que influencia na qualidade da educação e

na transformação da realidade em benefício da coletividade.

Para DEMO (1999), “participação é conquista, é um processo sem fim,

sempre se fazendo. Não há participação suficiente, nem acabada. Além disso,

participação não pode ser atendida como graça, como um privilégio concedido pelo

Estado”.

A comunidade escolar está sendo chamada a participar na tomada de

decisões por diversas razões. Uma delas é o próprio processo de democratização

da sociedade, ampliando os canais de participação. Outra razão é que a escola não

está ilhada, mas inserida numa comunidade concreta, cuja população tem

expectativas e necessidades específicas que ela precisa considerar.

Partilhando a gestão com a comunidade, a escola vai buscando soluções

próprias, mais adequadas às necessidades dos alunos e de suas famílias, e

conquista, aos poucos, autonomia para a formulação de um projeto político

pedagógico libertador.

38

A superação da cultura de gestão autoritária só vai ocorrer com o debate e a

construção coletiva. Com a participação de toda comunidade escolar através de

conselhos de classe, conselhos escolares, grêmios estudantis, reuniões de pais e

reuniões pedagógicas que aprofundem a construção sobre a escola que queremos e

de como construí-la. Refletindo e buscando soluções em conjunto, com

convergências possíveis e trabalhando com as divergências como algo saudável na

formação de sujeitos democráticos e transformadores.

5.10 INDICAÇÃO DA ÁREA OU FASE DE ESTUDOS

Propõe-se a oferta do curso de Educação de Jovens e Adultos no nível do

Ensino Fundamental e do Médio a jovens, adultos e idosos que não tiveram o

acesso ou continuidade em seus estudos.

39

5.11 MATRIZ CURRICULAR

5.11.1 Ensino Fundamental – Fase II

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II

ESTABELECIMENTO: Centro Estadual de Educação para Jovens e Adultos de

Prudentópolis

ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná

MUNICÍPIO:Prudentópolis NRE:Irati

ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: Simultânea

CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1600/1610 HORAS ou 1920/1932 H/A

DISCIPLINASTotal de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA PORTUGUESA 280 336ARTES 94 112

LEM - INGLÊS 213 256EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112

MATEMÁTICA 280 336CIÊNCIAS NATURAIS 213 256

HISTÓRIA 213 256GEOGRAFIA 213 256

ENSINO RELIGIOSO* 10 12TOTAL 1600/1610 horas 1920/1932 h/a

*DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE

ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O ALUNO.

40

5.11.2 Ensino Médio

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO MÉDIOESTABELECIMENTO:Centro Estadual de Educação para Jovens e Adultos

de PrudentópolisENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do ParanáMUNICÍPIO: Prudentópolis NRE: IratiANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2010 FORMA: SimultâneaCARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1440 H/A ou 1200 HORAS

DISCIPLINASTotal de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA

PORTUGUESA E

LITERATURA

174 208

LEM – INGLÊS 106 128ARTE 54 64

FILOSOFIA 54 64SOCIOLOGIA 54 64

EDUCAÇÃO FÍSICA 54 64MATEMÁTICA 174 208

QUÍMICA 106 128FÍSICA 106 128

BIOLOGIA 106 128HISTÓRIA 106 128

GEOGRAFIA 106 128LÍNGUA ESPANHOLA* 106 128

TOTAL 1200/1306 1440/1568

Total de Carga Horária do Curso 1200 horas ou 1440 h/a

*LÍNGUA ESPANHOLA, DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA E DE MATRÍCULA

FACULTATIVA PARA O aluno

41

5.12 CALENDÁRIO ESCOLAR

42

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOCEEBJA – CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS DE PRUDENTÓPOLIS

RUA VISCONDE DE GUARAPUAVA, 162 – PRUDENTÓPOLIS – PR

CALENDÁRIO ESCOLAR – 2011

Janeiro Fevereiro MarçoD S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 1 2 3 4 5 1 2 3 4 52 3 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 11 12 18 6 7 8 9 10 11 12 209 10 11 12 13 14 15 13 14 15 16 17 18 19 dias 13 14 15 16 17 18 19 dias

16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26 20 21 22 23 24 25 2623 24 25 26 27 28 29 27 28 27 28 29 30 3130 31

Abril Maio JunhoD S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 2 1 2 3 43 4 5 6 7 8 9 19 1 2 3 4 5 6 7 22 5 6 7 8 9 10 11 20

10 11 12 13 14 15 16 dias 8 9 10 11 12 13 14 dias 12 13 14 15 16 17 18 dias17 18 19 20 21 22 23 15 16 17 18 19 20 21 19 20 21 22 23 24 2524 25 26 27 28 29 30 22 23 24 25 26 27 28 26 27 28 29 30

29 30 31

Julho Agosto SetembroD S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 2 4 1 2 3 4 5 6 1 2 33 4 5 6 7 8 9 dias 7 8 9 10 11 12 13 22 4 5 6 7 8 9 10 21

10 11 12 13 14 15 16 14 15 16 17 18 19 20 dias 11 12 13 14 15 16 17 dias17 18 19 20 21 22 23 8 21 22 23 24 25 26 27 18 19 20 21 22 23 2424 25 26 27 28 29 30 dias 28 29 30 31 25 26 27 28 29 3031

Outubro Novembro DezembroD S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 1 2 3 4 5 1 2 32 3 4 5 6 7 8 20 6 7 8 9 10 11 12 19 4 5 6 7 8 9 10 129 10 11 12 13 14 15 dias 13 14 15 16 17 18 19 dias 11 12 13 14 15 16 17 dias

16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26 18 19 20 21 22 23 2423 24 25 26 27 28 29 27 28 29 30 25 26 27 28 29 30 3130 31

Férias Discentes Férias/Recesso/DocentesFeriado Municipal 1 dia janeiro 31 janeiro/férias 30Conselho de Classe 4 dias fevereiro 7 jan/julho/recesso 14Reun.ou C.de Clas. 1 dia julho 18 dez/recesso 13Dias letivos 200 dezembro 13 outros recessos 3

Total 69 Total 60Início/TérminoPlanejamento e Replanejamento Conselho de ClasseFérias Reunião PedagógicaRecesso Feriado Municipal

Formação Continuada

1 Dia Mundial da Paz 7 e 8 Carnaval

21 Tiradentes 1 Dia do Trabalho 23 Corpus Christi

22 Paixão

7 Independência

12 N. S. Aparecida 2 Finados 19 Emancipação Política do PR

15 Dia do Professor 15 Proclamação da República 25 Natal

20 Dia Nacional da Consciência Negra

5.13 HORA-ATIVIDADE

A hora atividade, conquista dos Professores do Estado do Paraná, vem de

encontro aos anseios dos professores, haja vista que os mesmos dispensavam

muitas horas de trabalho realizadas fora do horário de trabalho. Este espaço tem

sido destinado ao estudo e organização do Trabalho Educativo. Também tem sido

destinado à leitura de documentos informativos, debates e troca de ideias entre os

professores. Estes espaços devem ser ocupados também pelo professor pedagogo,

no sentido de redirecionamento do trabalho educativo junto aos professores.

O planejamento, feito diariamente em conformidade com o Projeto Político

Pedagógico, é apenas um roteiro, um instrumento, não é uma metodologia, mas sim

uma forma de prever algumas posturas básicas, pois todo tema comporta uma

conversa, uma verificação do que o aluno já traz como conteúdo. No planejamento,

são transformadas ideias e promessas em planos de ação pensados conforme as

possibilidades e realidade existente.

A hora atividade ocorre durante o horário escolar e o professor deverá

utilizá-la para organização e preparação de aula, correção de avaliações, pesquisa

bem como atendimento a alunos que se encontram na escola e leitura de textos

apoio sobre temas educacionais.

5.14 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E PROMOÇÃO

5.14.1 Concepção de Avaliação

A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a

intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se

estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e

aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, diagnosticar os resultados

atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos

expressos na proposta pedagógica.

Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de

reflexão dos alunos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser

43

entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma

atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta.

A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações

contidas no artigo 14, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios:

• investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;

• contínua: permite a observação permanente do processo ensino-aprendizagem e

possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;

• sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do aluno, utilizando

instrumentos diversos para o registro do processo;

• abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola do

aluno;

• permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo aluno

no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da escola.

Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao

longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz

curricular, sendo avaliados presencialmente ao longo do processo ensino-

aprendizagem.

Considerando que os saberes e a cultura do aluno devem ser respeitados

como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará,

necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o

seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante

o atual processo de escolarização.

A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais

como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e

pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades

complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de

aprendizado dos alunos e avaliar os conteúdos desenvolvidos.

É vedada a avaliação em que os alunos sejam submetidos a uma única

oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo

aluno e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e

44

necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica.

O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – foi criado visando a unificação

da entrada do aluno de escola pública às universidades públicas federais. A

proposta tem como objetivo a democratização do acesso às vagas nas

universidades federais e induzir a re-estruturação dos currículos do Ensino Médio.

Hoje este direito se expandiu à outras universidades não só as federais.

Os alunos do CEEBJA são orientados a participar do ENEM, haja visto a

possibilidade de conclusão do curso dependendo do desempenho nas provas. O

ENEM como política pública tem suas vantagens e desvantagens, mas considera-se

que em parte ele cumpre o seu propósito: democratizar a entrada à universidades

principalmente aos alunos da escola pública.

5.14.2 Procedimentos e Critérios para Atribuição de Notas

a) as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com

finalidade educativa;

b) para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis)

notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas e também a

outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que,

obrigatoriamente, o aluno se submeterá na presença do professor, conforme

descrito no regimento escolar. Na disciplina de Ensino Religioso, as avaliações

realizadas no decorrer do processo ensino – aprendizagem não terão registro de

nota para fins de promoção e certificação;

c) a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os

resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero);

d) para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula

zero), de acordo com a Resolução n.º 3794/04 – SEED e frequência mínima de 75%

do total da carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% na

organização individual;

e) o aluno deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro

da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para

os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de

45

apropriação dos conhecimentos;

f) o aluno portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não

por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver.

5.14.3 Recuperação de Estudos

A oferta da recuperação de estudos significa encarar o erro como hipótese de

construção do conhecimento, de aceitá-lo como parte integrante da aprendizagem,

possibilitando a reorientação dos estudos. Ela se dará concomitantemente ao

processo ensino-aprendizagem, considerando a apropriação dos conhecimentos

básicos, sendo direito de todos os alunos, independentemente do nível de

apropriação dos mesmos.

A recuperação será também individualizada, organizada com atividades

significativas, com indicação de roteiro de estudos, entrevista para melhor

diagnosticar o nível de aprendizagem de cada aluno.

Assim, principalmente para os alunos que não se apropriarem dos conteúdos

básicos, será oportunizada a recuperação de estudos por meio de exposição

dialogada dos conteúdos, de novas atividades significativas e de novos instrumentos

de avaliação, conforme o descrito no Regimento Escolar.

5.14.4 Reunião Pedagógica

Nas Reuniões pedagógicas devem ser feitos o acompanhamento do

processo de avaliação das disciplinas, devendo debater e analisar todos os dados

intervenientes na aprendizagem, composto, obrigatoriamente pelos Professores,

pelo Diretor e Pedagogo. A periodicidade da realização da Reunião Pedagógica

acontece conforme previsto em calendário escolar e complementada diariamente

quando há necessidade de se avaliar casos particulares de alunos que são

atendidos no coletivo e no individual, juntamente com a equipe pedagógica e

administrativa.

5.14.5 Aproveitamento de Estudos

O aluno poderá requerer aproveitamento de estudos realizados com êxito

46

equivalente às disciplinas ofertadas neste Estabelecimento Escolar, amparado pela

legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar, por meio de

cursos ou de exames supletivos, nos casos de matrícula inicial, transferência e

prosseguimento de estudos.

5.14.6 Classificação e Reclassificação

Para a classificação e reclassificação este estabelecimento de ensino utilizará

o previsto na legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar.

5.15 REGIME ESCOLAR

O Estabelecimento Escolar funcionará, preferencialmente, no período noturno,

podendo atender no período vespertino e/ou matutino, de acordo com a demanda de

alunos do estabelecimento de ensino e com expressa autorização do Departamento

de Educação de Jovens e Adultos, da Secretaria de Estado da Educação.

As informações relativas aos estudos realizados pelo aluno serão registradas

no Histórico Escolar, aprovado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

O Relatório Final para registro de conclusão do Curso, será emitido pelo

estabelecimento de ensino a partir da conclusão das disciplinas constantes na matriz

curricular.

Este Estabelecimento Escolar poderá executar ações pedagógicas

descentralizadas para atendimento de demandas específicas - desde que autorizado

pelo Departamento de Educação de Jovens e Adultos, da Secretaria de Estado da

Educação – em locais onde não haja a oferta de EJA e para grupos ou indivíduos

em situação especial, como por exemplo, em unidades sócio-educativas, no sistema

prisional, em comunidades indígenas, de trabalhadores rurais temporários, de

moradores em comunidades de difícil acesso, dentre outros.

Os Programas de Atividades Complementares Curriculares em Contraturno

(PACCC) poderão ser ofertados atendendo às necessidades específicas dos alunos

do CEEBJA de Prudentópolis.

47

5.15.1 Organização

Os conteúdos escolares estão organizados por disciplinas. As disciplinas

referentes ao Ensino Fundamental Fase II e Médio, conforme dispostas nas

Matrizes Curriculares, em concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais,

contidas nos Pareceres n.º 02 e 04/98-CEB/CNE para o Ensino Fundamental e

Resolução n.º 03/98 e Parecer n.º 15/98 - CEB/CNE e Deliberação nº 06/06 – CEE,

para o Ensino Médio.

5.15.2 Formas de Atendimento

A educação neste Estabelecimento Escolar é ofertada de forma presencial

coletiva e individual para os ensinos Fundamental Fase II e Médio, dependendo da

condição e disponibilidade de tempo do aluno.

5.15.3 Matrícula

Para a matrícula no Estabelecimento Escolar de Educação de Jovens e

Adultos:

a) a idade para ingresso respeitará a legislação vigente;

b) aos alunos será exigida comprovação de escolaridade anterior;

c) será respeitada instrução própria de matrícula expedida pela mantenedora;

d) o aluno do Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio, poderá

matricular-se de uma a quatro disciplinas simultaneamente;

e) poderão ser aproveitadas integralmente disciplinas concluídas com êxito por meio

de cursos organizados por disciplina ou de exames supletivos, apresentando

comprovação de conclusão da mesma;

f) o aluno que solicitar matrícula por transferência, oriundo do processo de

escolarização formal/escolar, cuja organização de ensino é diferente da ofertada

neste Estabelecimento, não comprovando conclusão de disciplina(s), deverá ser

matriculado para cursar 100 % (cem por cento) da carga horária total da disciplina,

podendo após ter cumprido 25% (vinte e cinco por cento) da carga horária total da

disciplina, participar do processo de reclassificação, definidos no Regimento Escolar.

g) Os jovens, adultos e idosos, que não participaram do processo de escolarização

48

formal/escolar; bem como o aluno desistente do processo de escolarização

formal/escolar, em anos letivos anteriores, cuja organização de ensino é diferente da

ofertada neste Estabelecimento, não comprovando conclusão de disciplina(s),

poderão ter seus conhecimentos aferidos por processo de classificação, definidos no

Regimento Escolar.

h) os alunos inseridos no processo de escolarização formal/escolar, recebidos por

transferência, deverão realizar matrícula inicial em até quatro disciplinas, podendo

participar dos processos de reclassificação – após cursado 25% da carga horária

total de cada disciplina;

i) será considerado desistente, na disciplina, o aluno que se ausentar por 02 (dois)

meses consecutivos, devendo a escola no seu retorno, reativar sua matrícula para

dar continuidade aos seus estudos, aproveitando a carga horária cursada e os

registros de notas obtido, desde que o prazo de desistência não tenha ultrapassado

02 (dois) anos, a partir da matrícula inicial.

j) o aluno desistente, por mais de dois anos, a partir da data de matrícula inicial na

disciplina, podendo participar de processo de classificação.

No ato da matrícula, conforme instrução própria da mantenedora, o aluno será

orientado por equipe de professor-pedagogo sobre: a organização dos cursos, o

funcionamento do estabelecimento: horários, calendário, regimento escolar, a

duração e a carga horária das disciplinas.

O aluno será orientado pelos professores das diferentes disciplinas, que os

receberá individualmente ou em grupos agendados, efetuando as orientações

metodológicas, bem como as devidas explicações sobre os seguintes itens que

compõem o Guia de Estudos:

• a organização dos cursos;

• o funcionamento do estabelecimento: horários, calendário, regimento escolar;

• a dinâmica de atendimento ao aluno;

• a duração e a carga horária das disciplinas;

• os conteúdos e os encaminhamentos metodológicos;

• o material de apoio didático;

49

• as sugestões bibliográficas para consulta;

• a avaliação;

• outras informações necessárias.

5.15.4 Material Didático

O material didático, indicado pela mantenedora, constitui-se como um dos

recursos pedagógicos do Estabelecimento Escolar da Rede Pública do Estado do

Paraná de Educação de Jovens e Adultos, mas os professores podem utilizar-se de

outros materiais e locais que estão a disposição no CEEBJA, como: livros do acervo

bibliográfico, laboratório de informática, mapas, TV pendrive, data show, material de

laboratório, tabela periódica, revistas, entre outros.

5.15.5 Avaliação

a) Avaliação será diagnóstica, contínua, sistemática, abrangente, permanente;

b) Os resultados das avaliações dos alunos deverão ser registrados em

documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e

autenticidade da vida escolar do aluno.

c) A avaliação do Projeto Político Pedagógico será realizada para

redimensionar a prática pedagógica e possibilitar os ajustes necessários.

5.15.6 Área de Atuação

As ações desenvolvidas pelo Estabelecimento Escolar Estadual que oferta a

Educação de Jovens e Adultos limitam-se à jurisdição do Estado do Paraná, do

Núcleo Regional de Educação, podendo estabelecer ações pedagógicas

descentralizadas, desde que autorizadas pela mantenedora.

50

VI MARCO OPERACIONAL

6.1 CONDIÇÕES MATERIAIS E RECURSOS TECNOLÓGICOS

6.1.1 Relação de Recursos Físicos

1 – Número de ambientes pedagógicos

- Salas de aula: 07

- Direção: 01

- Equipe Pedagógica: 01

- Coordenação: 01

2 – Área destinada a ambientes

pedagógicos (m²)

228m2

3 – Número de ambientes administrativos

- Secretaria :01

- Outros : 01

4 – Área destinada a ambientes

administrativos (m²)

83,70m2

5 – Relação dos ambientes administrativosAmbiente Área (m²)

Sala da Direção 9m2

Secretaria 35,75m2

Sala para computadores 00

6 – Área destinada à biblioteca (m²)

9m2

7 – Área destinada ao laboratório

00• Complexo higiênico-sanitário

27,49m2

Banheiro Sexo ao qual se destina Nº Pias Nº Mictórios Nº Vasos

SanitáriosBanheiro

01

[ ] Masculino

[ x ] Feminino

01 00 1

Banheiro

nº 02

[ X ] Masculino

[ ] Feminino

01 0 02

Banheiro

nº 03

[ X ] Masculino

[ X ] Feminino

01 00 01

51

6.2 RECURSOS HUMANOS

6.2.1 Atribuições dos Recursos Humanos

De todos os profissionais que atuam na gestão, ensino e apoio pedagógico

neste Estabelecimento Escolar na modalidade Educação de Jovens e Adultos,

exigir-se-á o profundo conhecimento e estudo constante da fundamentação teórica e

da função social da EJA, do perfil de seus alunos jovens, adultos e idosos; das

Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais de EJA; bem como as legislações e

suas regulamentações inerentes à Educação e, em especial, à Educação de Jovens

e Adultos.

As demandas da Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional serão

contempladas através de ações referentes à Cidadania e Direitos Humanos: Bolsa

Família, Educação Fiscal, PETI, Programa Escola Aberta, Programa Saúde na

Escola, Educação Ambiental, Enfrentamento à Violência, Prevenção às Drogas

(PUID – Prevenção Ao Uso Indevido de Drogas Lei Est. 11.273/95, Lei Est.

13.198/01, Dec.5679/05).

6.2.2 Direção

• O Diretor exercerá a função de liderança na escola, com base no modelo

participativo, e deverá ser capaz de dividir o poder de decisão dos assuntos

escolares com toda a equipe, criando e estimulando a participação de todos, o que

requer um profissional que possua: comunicação, ética, empreendedorismo,

informação, acessibilidade, construção de cadeias de relacionamentos, motivação,

compromisso, agilidade.

Compete ao Diretor:

• Convocar integrantes da comunidade escolar para a elaboração do Plano Anual

de Trabalho do estabelecimento, submetendo-o à apreciação e do Conselho

Escolar;

• elaborar os planos de aplicação financeira, a respectiva prestação de contas e

submeter à apreciação do Conselho Escolar;

52

• elaborar e submeter à aprovação do Conselho Escolar as diretrizes específicas

de administração deste estabelecimento, em consonância com as normas e

orientações gerais da Secretaria de Estado da Educação;

• coordenar a implementação das Diretrizes Pedagógicas, aplicar normas,

procedimentos e medidas administrativas, de acordo com instruções da Secretaria

de Estado da Educação;

• supervisionar as atividades dos órgãos de apoio, administrativo e pedagógico do

estabelecimento;

• coordenar e supervisionar os serviços da secretaria escolar;

• abrir espaço para discussão, avaliação e intercâmbio, interno e externo das

experiências de sucesso;

• implementar uma gestão participativa, estimulando o desenvolvimento das

responsabilidades individuais e promovendo o trabalho coletivo do CEEBJA;

• gerenciar toda a equipe escolar, tendo em vista a racionalização e eficácia dos

resultados;

• coordenar a equipe pedagógica (coordenadores, orientadores e professores)

para a elaboração e implementação do plano de trabalho;

• administrar os serviços de apoio às atividades escolares, de modo a estimular a

participação desses serviços nos processos decisórios da escola;

• negociar, com competência, para harmonizar interesses divergentes e

estabelecer relacionamentos nutrientes, levando em conta as necessidades de todos

os envolvidos direta ou indiretamente;

• solicitar ao NRE, suprimento e cancelamento de demanda de funcionários e

professores do estabelecimento, observando a legislação vigente;

• elaborar e controlar a frequência de professores e funcionários;

• aquisição e controle de material de consumo e permanente.

Ao diretor compete também:

• acompanhar e validar a Avaliação da Apropriação de Conteúdos por Disciplina;

• executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

53

6.2.3 Professor Pedagogo

O Professor Pedagogo deve buscar a efetivação do currículo escolar, num

processo dinâmico, contínuo, sistemático e integrado aos demais profissionais

envolvidos.

Deverá proporcionar aos alunos reflexão sobre a realidade social na qual estão

inseridos, de tal forma que compreendam os limites e possibilidades existentes,

favorecendo-lhes assim, o pleno desenvolvimento.

Cabe ao Professor Pedagogo:

• discutir com toda a equipe pedagógica, alternativas de trabalho, que motivem os

alunos durante o seu processo escolar;

• planejar alternativas de trabalho a partir de indicadores educacionais (evasão,

repetência, transferências expedidas e recebidas e outros);

• subsidiar na elaboração de plano de trabalho e ensino, a partir de diagnóstico

estabelecido;

• acompanhar e avaliar a implementação das ações estabelecidas nos planos de

trabalho;

• buscar aprimoramento profissional constante, seja nas oportunidades oferecidas

pela mantenedora, pelo CEEBJA ou por iniciativa própria;

• coordenar estudos para definição de apoio aos alunos que apresentem dificuldade

de aprendizagem, para que a escola ofereça todas as alternativas possíveis de

atendimento;

• participar de análise e discussão dos critérios de avaliação e suas consequências

no desempenho dos alunos;

• promover a participação do CEEBJA nas atividades comunitárias;

• pesquisar e investigar a realidade concreta do aluno historicamente situado,

oferecendo suporte ao trabalho permanente do currículo escolar;

• coordenar e acompanhar atividades em torno de linhas mestras como: Educação

e Cidadania, Educação e Trabalho, Educação e Saúde, Educação e Família, Ética e

temas transversais;

54

• integrar a presidência do Conselho Escolar, em caso de ausência do Diretor, se

não houver Diretor Auxiliar.

O professor pedagogo tem funções no contexto pedagógico e também no

administrativo, tais como:

• orientar e acompanhar a elaboração dos guias de estudos de cada disciplina;

• coordenar e acompanhar ações pedagógicas descentralizadas e exames

supletivos quando, no estabelecimento, não houver coordenação(ões) específica(s)

dessa(s) ação(s);

• executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

6.2.4 Coordenações

As Coordenações de Ações Pedagógicas Descentralizadas – Coordenação

Geral e Coordenação Itinerante, bem como a Coordenação de Exames Supletivos,

têm como finalidade a execução dessas ações pelo Estabelecimento Escolar,

quando autorizadas e regulamentadas pela mantenedora.

Cabe ao(s) Coordenador(s) de Ações Pedagógicas Descentralizadas:

6.2.5 Coordenador Geral

• receber e organizar as solicitações de Ações Pedagógicas Descentralizadas;

• organizar os processos dessas Ações para análise pelo respectivo NRE;

• elaborar os cronogramas de funcionamento de cada turma da Ação;

• digitar os processos no Sistema e encaminhar para justificativa da direção do

Estabelecimento;

• acompanhar o funcionamento de todas turmas de Ações Pedagógicas

Descentralizadas vinculados ao Estabelecimento;

• acompanhar a matrícula dos alunos e a inserção das mesmas no Sistema;

• organizar a documentação dos alunos para a matrícula;

• organizar as listas de frequência e de notas dos alunos;

• enviar material de apoio didático para as turmas das Ações Pedagógicas

Descentralizadas;

55

• responder ao NRE sobre todas as situações dessas turmas;

• organizar o rodízio dos professores nas diversas disciplinas, garantindo o

atendimento aos alunos de todas as turmas;

• orientar e acompanhar o cumprimento das atividades a serem executadas

durante as horas-atividade dos professores;

• realizar reuniões periódicas de estudo que promovam o intercâmbio de

experiências pedagógicas e a avaliação do processo ensino-aprendizagem;

• elaborar materiais de divulgação e chamamento de matrículas em comunidades

que necessitam de escolarização;

• acompanhar a ação dos Coordenadores Itinerantes;

• tomar ciência e fazer cumprir a legislação vigente;

• prestar à Direção, à Equipe Pedagógica do Estabelecimento e ao NRE, quando

solicitado, quaisquer esclarecimentos sobre a execução da escolarização pelas

Ações Pedagógicas Descentralizadas sob sua coordenação;

• executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

6.2.6 Coordenador Itinerante

• acompanhar o funcionamento in loco das Ações Pedagógicas Descentralizadas;

• atender e/ou encaminhar as demandas dos professores e dos alunos;

• verificar o cumprimento do horário de funcionamento das turmas;

• observar e registrar a presença dos professores;

• atender à comunidade nas solicitações de matrícula;

• solicitar e distribuir o material de apoio pedagógico;

• solicitar e distribuir as listas de frequência e de nota dos alunos;

• encaminhar as notas e frequências dos alunos para digitação;

• acompanhar o rodízio de professores, comunicando à Coordenação Geral

qualquer problema neste procedimento;

• solicitar e organizar a documentação dos alunos para a matrícula;

• acompanhar o funcionamento pedagógico e administrativo de todas as turmas

das Ações Pedagógicas Descentralizadas sob sua responsabilidade;

56

• participar das reuniões pedagógicas e da hora atividade, juntamente com os

professores;

• executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

6.2.7 Coordenador de Exames Supletivos

• tomar conhecimento do edital de exames;

• fazer as inscrições dos candidatos, conforme datas determinadas no edital;

• verificar o número mínimo de candidatos inscritos para que os exames possam

ser executados;

• digitar, no sistema, a inscrição dos candidatos;

• conferir a inserção das inscrições dos candidatos no Sistema por meio da

emissão de Relatório de Inscritos;

• solicitar credenciamento de outros espaços escolares, quando necessário, para

execução dos exames;

• solicitar, por e-mail ou ofício, com o conhecimento do NRE, as provas em Braille e

as ampliadas, das etapas à serem realizadas, quando for o caso;

• solicitar, por e-mail ou ofício, com o conhecimento do NRE, para o DEJA/SEED,

autorização para a realização de quaisquer bancas especiais;

• comunicar ao NRE todos os procedimentos tomados para realização dos

Exames;

• receber os materiais dos Exames Supletivos nos NREs;

• capacitar a(s) equipe(s) de trabalho do Estabelecimento para a realização dos

Exames Supletivos, quanto ao cumprimento dos procedimentos, em especial a

organização e o preenchimento dos cartões-resposta;

• acompanhar a aplicação das provas, para que transcorram com segurança e

tranqüilidade, em conformidade com os procedimentos inerentes aos Exames;

• divulgar as atas de resultado.

6.2.8 Docentes

O docente será consciente de que a escolarização de jovens e adultos

57

trabalhadores precisa de ações educativas inovadoras, que responda às novas

exigências de uma sociedade em transformação, e requer um educador que garanta

a inter-relação personalizada e contínua do aluno com o sistema de ensino.

Os docentes de EJA deverão apresentar perfil que contemple:

• espírito inovador;

• disposição para enfrentar mudanças;

• compromisso com a proposta de EJA;

• objetividade; disponibilidade de horário;

• criatividade;

• espírito de coletividade;

• visão global do currículo e os princípios de sua organização;

• postura interdisciplinar e contextualizada;

• planejamento de estratégias pedagógicas;

• busca de aprimoramento profissional constante, seja por meio de oportunidades

oferecidas pela mantenedora, pelo Centro ou por iniciativa própria.

Aos docentes cabe também:

• definir e desenvolver o seu plano de ensino, conforme orientações das Diretrizes

Curriculares Nacionais e Estaduais de EJA e da proposta pedagógica deste

Estabelecimento Escolar;

• conhecer o perfil de seus alunos jovens, adultos e idosos;

• utilizar adequadamente os espaços e materiais didático-pedagógicos disponíveis,

tornando-os meios para implementar uma metodologia de ensino que respeite o

processo de aquisição do conhecimento de cada aluno jovem, adulto e idoso deste

Estabelecimento;

• executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

O docente suprido neste Estabelecimento de Ensino deverá atuar na sede e nas

ações pedagógicas descentralizadas, bem como nos exames supletivos. Deverá

atuar em todas as formas de organização do curso: aulas presenciais coletivas e

individuais.

58

6.2.9 Secretaria e Apoio Administrativo

A organização administrativa será instituída de forma a atender às finalidades

da escola, expressas na Proposta Pedagógica, subordinando-se à direção:

Compete ao Secretário:

• distribuir as tarefas decorrentes dos encargos da Secretaria aos seus auxiliares;

• organizar e manter em dia a coletânea de leis, regulamentos, diretrizes, ordens

de serviço, circulares, resoluções e demais documentos;

• rever todo o expediente a ser submetido a despacho do diretor;

• apresentar ao diretor, em tempo hábil, todos os documentos que devam ser

assinados;

• coordenar e supervisionar as atividades administrativas referentes a matrícula,

transferência, adaptação, classificação e reclassificação, aproveitamento de estudos

e conclusão de cursos;

• comunicar à Direção toda a irregularidade que venha ocorrer na Secretaria;

• manter atualizados os registros dos alunos no sistema informatizado de

acompanhamento do aluno;

• conferir e enviar ao DEJA/SEED os dados de funcionários e professores que

possam ter acesso ao sistema informatizado de acompanhamento do aluno e ao

banco estadual de itens;

• manter atualizado o sistema de acompanhamento do aluno, considerando a

organização da EJA prevista nesta proposta.

59

6.3 RELAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS

FUNCIONÁRIOS DISCIPLINASMOACIR BORTOLOZZO DIRETORANA CLAUDIA FERNANDES PEGAGOGAMARIA MADALENA PRESLAK PEGAGOGAFERNANDA BECHER G. DIAS SECRETARIACLOVIS ROBERTO SCHWAB AGENTE EDUCACIONAL IICRISTIANA GARDASZ AGENTE EDUCACIONAL IIMARIA PROHNEY BELEDELI AGENTE EDUCACIONAL IIOSNI TERESINHA DOS SANTOS AGENTE EDUCACIONAL IMARIA ESTELA RIBEIRO DA ROSA AGENTE EDUCACIONAL IVERONICA FURGAL AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS

6.3.1 Ensino Fundamental – Fase II

DOCENTES HABILITAÇÃOTEREZINHA CAMPOS FEIJOLLI LÍNGUA PORTUGUESAELIZETE PRESLAK BORTOLOZZO ARTESMARILDA LUPEPSA BORTOLOZO LÍNGUA INGLESADALTON VEIGA JR EDUCAÇÃO FÍSICA SILVANA BARAN MATEMÁTICANADIR VOZIVODA CIÊNCIAS NATURAISJOANA GARDASZ HISTÓRIANADIA KARASZOUSKI GEOGRAFIA

6.3.2 Ensino Médio

DOCENTES HABILITAÇÃOTEREZINHA CAMPOS FEIJOLLI LÍNGUA PORTUGUESAMARILDA LUPEPSA BORTOLOZO LÍNGUA INGLESAELIZETE PRESLAK BORTOLOZZO ARTEDALTON VEIGA JUNIOR EDUCAÇÃO FÍSICASILVANA BARAN MATEMÁTICACARMEN EIGEN DITZEL QUÍMICANIVIA MARIA DACIUK SCHOENNHERR FÍSICANADIR VOZIVODA BIOLOGIAJOANA GARDASZ HISTÓRIANADIA KARASZOUSKI GEOGRAFIACECILIA SERMATIUK FILOSOFIAMARINES GEREGA SOCIOLOGIA

60

6.4 DEMANDAS DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO EDUCACIONAL

6.4.1 Educação Fiscal

O Programa Nacional de Educação Fiscal busca o comprometimento com a

construção da cidadania, da solidariedade, da ética, da transparência, da

responsabilidade fiscal e social, expressos nas seguintes idéias-forças:

• na Educação, o exercício de uma prática que forme um ser humano integral,

como agente de transformação social, apesar da força exercida pelo mundo

globalizado, priorizando-se a formação cidadã no processo de ensino e de

aprendizagem;

• na cidadania, a possibilidade de estimular o crescente poder do cidadão quanto

ao controle democrático do Estado, incentivando-o à participação individual e

coletiva na definição de políticas públicas e na elaboração das leis a serem

executadas;

• na Ética, uma gestão pública eficiente, transparente e honesta quanto à

alocação, aplicação dos recursos e realização dos gastos públicos;

• na Política, o exercício da boa governança que conte com uma gestão pública

responsável, transparente e voltada à justiça social.

Para tanto a Educação de Jovens, Adultos e Idosos buscará através de

projetos interdisciplinares, não apenas a conscientização, mas a prática da

Educação Fiscal para todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

6.4.2 Educação Ambiental

Implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da Educação Ambiental,

para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o

meio bio-físico.

6.4.3 Enfrentamento a Violência

Busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência

crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento

toma o lugar da força.

61

6.4.4 Prevenção ao uso indevido de drogas

Requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de

pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os alunos

são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição,

vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico,

violência, influência da mídia, entre outros.

6.4.5 Cidadania e Direitos Humanos

A ideia de que existem direitos humanos foi proclamada pela primeira vez no

século XVIII, pelos revolucionários dos Estados Unidos e da França. Depois disso, a

bandeira dos direitos humanos reapareceu várias vezes até ser sistematizada na

Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela ONU em 1948. Esse

documento das Nações Unidas se transformou numa referência mundial na

educação dos povos para a tolerância e vida solidária.

No início de um novo milênio, os dividendos das importantes descobertas e

dos progressos científicos da humanidade, convivem ainda com os constantes

desequilíbrios entre ricos e pobres, entre os “incluídos” e “excluídos” socialmente.

Nos dias de hoje, há no mundo um consenso quase unanime de que toda pessoa,

independente de sexo, etnia, idade, crença ou condição social, tem uma série de

direitos que são próprios da existência humana, sendo, portanto invioláveis e

universais. Chamamos direitos humanos aqueles que são fundamentais na vida

humana e existem independente de raça, cor, sexo, idade, condição social ou lei.

Alguns direitos são individuais, ou seja, referem-se à pessoa como um

indivíduo livre e autônomo. Entre os direitos individuais, podemos citar o direito à

vida, à liberdade, a escolher uma religião, a manifestar opiniões entre outros.

Há direitos que são sociais, pois situam o indivíduo em um conjunto social, pela

atividade que exerce (trabalhadores) ou por requerer proteção especial (crianças,

idosos, enfermos, etc).

Com o fim da guerra fria, vislumbrou-se a possibilidade de um mundo

pacificado. No entanto, as tensões continuam a explodir entre nações, grupos

étnicos, ou a propósito de injustiças acumuladas nos planos econômico e social.,

62

onde os direitos fundamentais do ser humano são violados.

Com relação aos direitos humanos e direitos à cidadania vamos nos ater ao

que diz respeito à educação e a todos os programas governamentais que são

desenvolvidos e contemplados na escola: Bolsa Família, Educação Fiscal, PETI,

Programa Escola Aberta, Programa Saúde na Escola, Educação Ambiental,

Enfrentamento à Violência , Prevenção às Drogas (PUID – Prev. Ao Uso Indevido de

Drogas Lei Est. 11.273/95, Lei Est. 13.198/01, Dec.5679/05). Estes programas são

desenvolvidos com o intuito de garantir a permanência do aluno na escola, bem

como de prevenir sobre os vários problemas sociais existentes.

Preocupados com a violação aos direitos à educação, e à cidadania, nos

últimos anos o Brasil participou de eventos importantes nos quais se discutiu e

traçou metas para os problemas existentes. Entre estes eventos podemos citar:

• Conferência Mundial de Educação para Todos em Jomtien na Tailândia (1990)

• Declaração de Nova Delhi - assinada pelos nove países em desenvolvimento de

maior contingente populacional do mundo em que se reconhece a educação como

instrumento de promoção dos valores humanos universais, da qualidade de recursos

humanos e do respeito pela diversidade cultural.

• O Plano Decenal de Educação (1993-2003) que estabelece diretrizes políticas

voltadas para a recuperação da escola fundamental no país.

• A Nova LDB Lei Federal nº 9394 de 20/12/96 que estabelece que a “ educação é

dever da Família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de

solidariedade humana tem por finalidade o pleno desenvolvimento do aluno, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”

Temos ainda:

• O ECA

• A Declaração Universal dos direitos humanos

• A Constituição Federal

• O Novo Código Civil Brasileiro

Costuma-se dizer que o Brasil possui boas Leis, a grande questão é o seu

cumprimento. E a escola como espaço por excelência onde se dão as relações

63

sociais, pode contribuir para que se efetivem os direitos humanos e a cidadania, não

se omitindo no que diz respeito ao direito de todo cidadão brasileiro, que é o acesso

ao conhecimento universal construído historicamente, criando a consciência que

educação não é mercadoria mas Patrimônio da Humanidade, e que segundo

Vigotski este é o caminho para a humanização do homem, ou seja, a consolidação

de seus direitos como cidadão.

6.5 DIVERSIDADE

6.5.1 História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena

Implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes

Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da

História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº

04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da

cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes

africanas ao lado das indígenas, européias e asiáticas, a partir do ensino da história

e cultura Afro-Brasileira e Africana.

6.5.2 Sexualidade

Precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento

pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os

referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

6.5.3 Educação do Campo

A Educação do Campo é uma política pública no Estado do Paraná e se

apresenta também como expressão de uma política nacional que promove o resgate

da divisa histórica social, frente a obrigatoriedade da oferta de educação para toda a

população e sob esse enfoque a concepção norteadora que conduz esse trabalho

pedagógico mais do que nunca deve estar voltada para a teoria sócio-interacionista

visto que é através da construção coletiva, escola-comunidade, que deve acontecer

o planejamento das atividades escolares bem como o próprio Projeto Político

Pedagógico.

64

Discutir a especificidade do Ensino Fundamental inclui, como já se afirmou, a

diversidade dos sujeitos do campo, tais como: agricultores familiares, agricultores

assalariados, assalariados rurais temporários, trabalhadores rurais sem-terra,

populações ribeirinhas, trabalhadores da pesca, ilhéus, remanescentes de

quilombos, entre outros.

O grande desafio dos educadores é estabelecer uma proposta de ensino que

reconheça e valorize praticas culturais de tais sujeitos sem perder de vista o

conhecimento historicamente produzido, que constitui em patrimônio de todos.

Como este estabelecimento não é uma escola do campo, nos propomos

a trabalhar como os alunos, a questão do respeito ao homem do campo, ao seu

trabalho e a sua cultura, de forma interdisciplinar e através do projeto desenvolvido

pela escola.

6.6 PLANO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DO CURSO

A concepção de avaliação institucional explicitada pela SEED/PR, afirma que

esta “deve ser construída de forma coletiva, sendo capaz de identificar as

qualidades e as fragilidades das instituições e do sistema, subsidiando as políticas

educacionais comprometidas com a transformação social e o aperfeiçoamento da

gestão escolar e da educação pública ofertada na Rede Estadual.” (SEED, 2004,

p.11)

Neste sentido, a avaliação não se restringe às escolas, mas inclui também os

gestores da SEED e dos Núcleos Regionais de Educação, ou seja, possibilita a

todos a identificação dos fatores que facilitam e aqueles que dificultam a oferta, o

acesso e a permanência dos alunos numa educação pública de qualidade.

Aliado a identificação destes fatores deve estar, obrigatoriamente, o

compromisso e a efetiva implementação das mudanças necessárias.

Assim, a avaliação das políticas e das práticas educacionais, enquanto

responsabilidade coletiva, pressupõe a clareza das finalidades essenciais da

educação, dos seus impactos sociais, econômicos, culturais e políticos, bem como a

reelaboração e a implementação de novos rumos que garantam suas finalidades e

65

impactos positivos à população que demanda escolarização.

A avaliação institucional, vinculada a esta proposta pedagógico-curricular,

abrange todas as escolas que ofertam a modalidade Educação de Jovens e Adultos,

ou seja, tanto a construção dos instrumentos de avaliação quanto os indicadores

dele resultantes envolverão, obrigatoriamente, porém de formas distintas, todos os

sujeitos que fazem a educação na Rede Pública Estadual. Na escola – professores,

alunos, direção, equipe pedagógica e administrativa, de serviços gerais e demais

membros da comunidade escolar. Na SEED, de forma mais direta, a equipe do

Departamento de Educação de Jovens e Adultos e dos respectivos NRE’s.

A mantenedora se apropriará dos resultados da implementação destes

instrumentos para avaliar e reavaliar as políticas desenvolvidas, principalmente

aquelas relacionadas à capacitação continuada dos profissionais da educação, bem

como estabelecer o diálogo com as escolas no sentido de contribuir para a reflexão

e as mudanças necessárias na prática pedagógica.

Considerando o que se afirma no Documento das Diretrizes Curriculares

Estaduais de EJA que “... o processo avaliativo é parte integrante da práxis

pedagógica e deve estar voltado para atender as necessidades dos alunos,

considerando seu perfil e a função social da EJA, isto é, o seu papel na formação da

cidadania e na construção da autonomia.” (SEED, 2005, p.44), esta avaliação

institucional da proposta pedagógico-curricular implementada, deverá servir para a

reflexão permanente sobre a prática pedagógica e administrativa das escolas.

Os instrumentos da avaliação institucional, serão produzidos em regime de

colaboração com as escolas de Educação de Jovens e Adultos, considerando as

diferenças entre as diversas áreas de conteúdo que integram o currículo, bem como

as especificidades regionais vinculadas basicamente ao perfil dos alunos da

modalidade. Os instrumentos avaliativos a serem produzidos guardam alguma

semelhança com a experiência acumulada pela EJA na produção e aplicação do

Banco de Itens, porém sem o caráter de composição da nota do aluno para fins de

conclusão. A normatização desta Avaliação Institucional da proposta

pedagógico-curricular será efetuada por meio de instrução própria da SEED.

Como se afirma no Caderno Temático “Avaliação Institucional”, “cada escola

66

deve ser vista e tratada como uma totalidade, ainda que relativa, mas dinâmica,

única, interdependente e inserida num sistema maior de educação. Todo o esforço

de melhoria da qualidade da educação empreendido por cada escola deve estar

conectado com o esforço empreendido pelo sistema ao qual pertence. (SEED, 2005,

p.17)

Em síntese, repensar a práxis educativa da escola e da rede como um todo,

especificamente na modalidade EJA, pressupõe responder à função social da

Educação de Jovens e Adultos na oferta qualitativa da escolarização de jovens,

adultos e idosos.

6.7 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO

No materialismo Dialético afirma-se que o trabalho é condição fundamental de

toda a vida humana. Os autores soviéticos Vigotski, Luria e Leontiev, afirmam que a

criação do gênero humano e a constituição do psiquismo humano se assentam no

trabalho.

Caracteriza-se o trabalho em material e não material. O trabalho pedagógico

é considerado um trabalho intelectual também chamado não material.

Segundo as Políticas nacionais de valorização dos trabalhadores da

educação conquista de uma bandeira histórica de luta desta categoria, perpassa três

eixos interligados entre si: GESTÃO – FORMAÇÃO – CARREIRA.

No Estado do Paraná houve grandes avanços no que diz respeito aos direitos

dos trabalhadores da educação, tanto em relação aos professores quanto aos

demais trabalhadores. Hoje os funcionários ganharam o status de agentes

educacionais, pois os mesmos tomaram consciência do valor do seu trabalho na

escola. O ingresso na carreira passou a ser através de concurso público, inclusive

com um plano de carreira. Hoje dentro da gestão democrática todos os

trabalhadores têm vez e voz, e tem o direito de participar da construção do PPP da

escola, e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes, de formação continuada, de sindicatos etc.

Leva-se em conta também o pluralismo cultural, como componente importante

67

da democratização da gestão, e na valorização de todos os trabalhadores da

educação.

O reconhecimento e a pluralidade de ideias e o respeito aos projetos

individuais e coletivos dos sujeitos que agem no processo educativo e a afirmação

do caráter público que devem nortear as ações executadas no interior de nossas

escolas são políticas afirmativas que enriquecem as práticas pedagógicas ou a

socialização do conhecimento.

Vera Maria Candau (2001, p.49) afirma que a formação do Educador está

passando por um momento de revisão e de crise em nosso país. Muitos são os

motivos que provocam esta situação, entre eles está: o questionamento do próprio

papel exercido pela educação na sociedade; a falta de clareza sobre a função do

educador e a problemática relativa aos cursos de Pedagogia e das licenciaturas em

geral. E, segundo ela, a grande questão da formação do professor está na dialética,

ou seja, na questão da teoria x prática. Para elucidar esta questão precisamos

recorrer aos princípios da Psicologia Histórico Cultural, onde os estudos de Vigotski

pode nos dar um bom embasamento teórico.

Nóvoa (91) afirma que a formação continuada deve estar articulada com o

desempenho profissional dos professores, tornando as escolas como lugares de

referência.

Para avançarmos rumo a um ensino mais eficiente há a necessidade do

professor estar constantemente buscando respaldo teórico para melhorar a sua

prática. Hoje temos bons autores brasileiros escrevendo sobre educação.

Esta análise cria em nós a consciência de que para sermos profissionais

competentes e éticos, como diz Terezinha Azeredo Rios, temos que estar buscando

constantemente o conhecimento para melhorarmos nossas práticas rumo à uma

educação realmente democrática e emancipadora.

A formação continuada dos professores do CEEBJA de Prudentópolis, se dá

a critério de cada um dentro de sua área específica, através de grupos de estudo,

seminários, simpósios, e cursos oferecidos pela SEED, como também através de

cursos à distância pós-graduação oferecidos pela SEED ou outros. A formação

continuada acontece ainda através de leituras de textos, livros, vídeos, debates e

68

troca de ideias entre os profissionais na hora atividade sobre diversos assuntos

educacionais inclusive materiais que evidenciem o entendimento dos objetivos do

Ensino Fundamental de nove anos, bem como as especificidades dos alunos.

6.8 ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO

A Lei nº 11.788/08, que dispõe sobre o estágio obrigatório e não obrigatório

de estudantes, e a Deliberação nº02/09 do CEE, que estabelece normas para a

organização e a realização dos Estágios, definem, também obrigações da Instituição

de Ensino para os estágios não obrigatórios.

No parágrafo único do Art. 7º da Lei 11.788/08: “O plano de atividades do

estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do

caput do art. 3º desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de

aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante.”

Na Deliberação 02/09 do CEE, Art. 1º, Parágrafo 1º, incisos I e II:

“I – o estágio, obrigatório, e, não-obrigatório assumido pela instituição de ensino,

deverá estar previsto no Projeto Político Pedagógico;

II – “o desenvolvimento do estágio deverá estar descrito no Plano de Estágio;”

A Deliberação 02/09, Art. 4º, Incisos III – “Plano de Estágio, a ser apresentado

para análise juntamente com o Projeto Político Pedagógico, ou em separado no

caso de estágio não obrigatório implantado posteriormente, visará assegurar a

importância da relação teoria-prática no desenvolvimento curricular, deverá ser

incorporado ao Termo de Compromisso e será adequado à medida da avaliação de

desempenho do aluno, por meio de aditivos”.

6.9 PLANO DE AÇÃO DA ESCOLA

A administração escolar deve ser feita de forma que todos se sintam à

vontade de participar, pois uma administração autoritária não vai de encontro com a

democracia escolar. Os órgãos colegiados e as diferentes instâncias têm a

responsabilidade e o compromisso com a educação, agindo em conjunto com o

69

gestor escolar, implantando medidas que garantam o direito à educação, à

democratização e à qualidade de ensino. O diretor tem claramente definido que

exerce a função de liderança na escola, com base no modelo participativo, sendo

capaz de dividir o poder de decisão dos assuntos escolares com toda a equipe,

criando e estimulando a participação de todos.

O educador deve estar em constante busca pelo aprimoramento de seus

conhecimentos, para que possa atuar com segurança favorecendo um ensino-

aprendizado de qualidade. A vida do ser humano se encontra em constante

transformação e é altamente influenciada pelas políticas estatais. Como organização

pública, a escola repassa as políticas públicas adiante, mas ao mesmo tempo às

discutem e as transforma conforme sua realidade.

Sendo o eixo norteador, a vontade de fazer a educação um meio

transformador, a escola deve se tornar o local de revoluções sociais, nunca

esquecendo da gratuidade e qualidade da educação disponibilizada e também de

promover a articulação entre a Educação Infantil, anos iniciais e finais e ensino

médio, bem como a adaptação deste aluno através da promoção de práticas

educativas que estabeleçam a integração entre os aspectos físicos, emocionais,

afetivos, cognitivo lingüísticos e sociais do aluno, entendendo que ele é um ser total,

completo e indivisível. Dessa forma, sentir, brincar, expressar-se, relacionar-se,

mover-se, organizar-se, cuidar-se, agir e responsabilizar-se são partes do todo de

cada indivíduo e que farão parte do trabalho pedagógico a ser desenvolvido na

escola.

Faz-se necessário uma constante análise das práticas para que a busca da

democracia na gestão seja compromisso ético-profissional, haja visto que a

possibilidade de aprender deve ser pertinente ao ser humano e também pertinente a

gestão do público. O plano prioriza em seu todo a educação como agente

transformador, objetivo que deve ser almejado sempre.

6.10 APAF

A APAF, pessoa jurídica de direito privado, é um órgão representado pelos

70

professores, alunos e funcionários do estabelecimento de ensino, não tendo caráter

político-partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados os

seus dirigentes e conselheiros, sendo constituído pelo prazo de 2 (dois) anos

podendo ser re-eleitos por mais 2 (dois) mandatos. Seus principais objetivos são:

• discutir sobre as ações de assistência ao aluno, de aprimoramento do ensino e

integração família – escola – comunidade, em consonância com a proposta

pedagógica;

• prestar assistência aos alunos, professores e funcionários, assegurando-lhes

melhores condições de eficiência escolar;

• buscar integração dos segmentos da sociedade organizada, no contexto escolar,

discutindo a política pública educacional;

• proporcionar condições ao aluno para participar de todo o processo escolar,

estimulando sua organização em Grêmio Estudantil com o apoio da APAF e o

Conselho Escolar;

• representar os reais interesses da comunidade escolar, contribuindo para a

melhoria da qualidade do ensino e garantindo a todos uma escola pública, gratuita e

universal;

• promover o entrosamento entre estudantes, professores, funcionários e toda a

comunidade, por meio de atividades sociais, educativas, culturais, desportivas e de

formação politico-pedagógica, consoante ao Conselho Escolar;

• gerir e administrar os recursos financeiros próprios e os que lhe forem

repassados por meio de convênios, de acordo com as prioridades estabelecidas em

reunião conjunta com o Conselho Escolar, com registro em livro ata;

• colaborar com a manutenção do prédio escolar e suas instalações, mobilizando o

coletivo escolar e a comunidade para a importância da manutenção e preservação

do patrimônio público.

Os cargos de presidente, vice-presidente, serão privativos de alunos

matriculados com frequência regular, vedados aos Servidores Públicos Estaduais.

71

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Maria Conceição Pereira de. Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, a Grande Conquista, Arte & Cultura, 1999, 1ª Edição.

BRZEZINSKI, Iria. LDBEN Interpretada: diversos olhares se entrecruzam. São Paulo : Cortez, 1997.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei nº 9394/96.

CARNEIRO, Moacir Alves. LDBEN fácil. Petrópolis, RJ : Vozes, 1998.(5ª) Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA).

Conselho Estadual de Educação - PR• Deliberação 011/99 – CEE.• Deliberação 014/99 – CEE.• Deliberação 005/98 –CEE.• Deliberação 008/00 – CEE.• Deliberação 002/203.• Deliberação 007/99.• Deliberação 009/2001.• Deliberação 016/99.• Indicação 004/96 – CEE.• Parecer 095/99 – CEE (Funcionamento dos Laboratórios).

Conselho Nacional de Educação• Parecer 011/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais de EJA.• Parecer 004/98 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.• Parecer 015/98 –Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.• Resolução 03/98 – CEB.

Constituição Brasileira – Artigo 205.

DCEs. Secretaria de Estado da Educação- SEED. Curitiba, 2006.

DELORS, J. Educação : Um tesouro a descobrir. São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : MEC : UNESCO, 1998.

DEMO, Pedro. A Nova LDBEN – Ranços e Avanços. Campinas, SP : Papirus, 1997.

DRAIBE, Sônia Miriam; COSTA, Vera Lúcia Cabral; SILVA Pedro Luiz Barros. Nível

72

de Escolarização da População. Mimeog.

DI PIERRO; Maria Clara. A educação de Jovens e Adultos na LDBEN. Mimeog.

DI PIERRO; Maria Clara. Os projetos de Lei do Plano Nacional de Educação e a Educação de Jovens e Adultos. Mimeog.

Decreto 2494/98 da Presidência da República.

Decreto 2494/98 da Presidência da República.

Deliberação nº 007/99

Deliberação nº 014/99

Deliberação nº 016/99

Deliberação 009/01

Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal n°8069 de 13 de julho de 1990.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 40ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GENTILI, P. Pedagogia da exclusão. Crítica ao Neoliberalismo em educação. Petrópolis, Vozes. 1995.

Instrução 0008/2011 SUED/SEED

Instrução 10.639/03 Lei 13381/01

Lei 11645/08

Leis Estaduais 11.733 e 11.734

Lei Est. 11.273/95, Lei Est. 13.198/01, Dec.5679/05)

Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989

Lei Est. 11.273/95, Lei Est. 13.198/01, Dec.5679/05)

Lei 9795/99

Lei Est. 11.273/95

Lei Est. 13.198/01, Dec.5679/05

Lei 10.639/03

73

Lei nº 11.788/08

OLIVEIRA, Thelma Alves de, et al. Avaliação Institucional (Cadernos Temáticos). Curitiba: SEED – pr, 2004. Parâmetros Curriculares Nacionais 2º segmento do Ensino Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio

Parecer nº 01/09 CP/CEE

Parecer 15/98 e Resolução nº 02 de 07 de abril de 1998/CNE

Pareceres n.º 02 e 04/98-CEB/CNE para o Ensino Fundamental e Resolução n.º 03/98 e Parecer n.º 15/98 - CEB/CNE e Deliberação nº 06/06 – CEE, para o Ensino Médio.

Plano Nacional de Educação – Educação de Jovens e Adultos.

Resolução n.º 3794/04 – SEED

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 33.ª ed. revisada. Campinas: Autores Associados, 2000.

Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da

Educação de Jovens e Adultos. 2006.

SILVA, Eurides Brito da. A Educação Básica Pós-LDBEN.

SOUZA, Paulo N. Silva & SILVA, Eurides Brito da. Como entender e aplicar a nova

LDBEN.

SOUZA, Paulo Nathanael Pereira de; SILVA, Eurides Brito da. Como entender e Aplicar a Nova LDBEN. SP, Pioneira Educ., 1997. 1ª Edição.

VIGOTSKI, L.S. A Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1999.

___ “Pensamento e linguagem.” SP, Martins Fontes, 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989.

74

PROPOSTA PEDAGÓGICO-CURRICULAR

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

1. OBJETIVO DA OFERTA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Devido a crescente necessidade de escolarização daqueles que na

denominada idade própria, por motivos, os mais diversos, não tiveram acesso ou

continuidade dos seus estudos em estabelecimentos oficiais, é que a Educação de

Jovens e Adultos – EJA, atende alunos – trabalhadores com a finalidade e o

objetivo de:

• Formar o aluno não apenas oportunizando o acesso à cultura produzida histori-

camente, mas também, formando o cidadão, consciente dos seus direitos e deveres;

que possa refletir criticamente, agir de forma responsável, individual e coletivamente;

participar da vida da comunidade onde está inserido, de forma solidária, através do

seu trabalho, colaborando para melhorar a qualidade de vida e acompanhar as mu-

danças sociais; solucionar os problemas com agilidade e rapidez, utilizando-se dos

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio – históricos adquiridos na escola, re-

lacionando-os ao conhecimento adquirido no cotidiano, conforme orientação da nova

LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) – Lei 5692/96 e as Diretrizes

Curriculares Nacionais para EJA.

2. PERFIL DO ALUNO

De acordo com a Lei nº 9394/96, e com a Deliberação nº 008/00, do CEE –

Pr, os alunos do CEEBJA de Prudentópolis são jovens de 18 anos até adultos de 50

anos de idade que têm necessidade da educação formal. Alguns para manter seus

empregos, outros que pretendem buscar o seu primeiro trabalho. Há aqueles que

pretendem continuar os estudos ingressando em algum curso universitário e ainda

os que buscam apenas a oportunidade de convivência (os mais idosos).

75

Porém, todos têm em comum, a defasagem em relação ao tempo/espaço,

devido a falta de condições pela distância existente entre a escola e suas moradias.

O nosso município tem algumas particularidades: é bastante extenso, o meio

geográfico desfavorece o deslocamento, a existência de minifúndios e a demografia

atípica ao encontrado no restante do Território Nacional, pois a metade da nossa

população vive no meio rural, necessitando que a escola se desloque até ele

levando uma modalidade de ensino que se adapte às necessidades de cada

comunidade e de cada indivíduo, procurando romper com os modelos tradicionais de

ensino, motivando a autonomia do aluno para que se torne sujeito ativo do processo

educacional.

3. CARACTERIZAÇÃO DO CURSO

Este estabelecimento de ensino tem como uma das finalidades, a oferta de

escolarização de jovens, adultos e idosos que buscam dar continuidade a seus

estudos no Ensino Fundamental ou Médio, assegurando-lhes oportunidades

apropriadas, consideradas suas características, interesses, condições de vida e de

trabalho, mediante ações didático-pedagógicas coletivas e/ou individuais.

Portanto, este Estabelecimento Escolar oferta Educação de Jovens e Adultos

– Presencial, que contempla o total de carga horária estabelecida na legislação

vigente nos níveis do Ensino Fundamental e Médio, com avaliação no processo.

Os cursos são caracterizados por estudos presenciais desenvolvidos de modo a

viabilizar processos pedagógicos, tais como:

• pesquisa e problematização na produção do conhecimento;

• desenvolvimento da capacidade de ouvir, refletir e argumentar;

• registros, utilizando recursos variados (esquemas, anotações, fotografias,

ilustrações, textos individuais e coletivos), permitindo a sistematização e

socialização dos conhecimentos;

• vivências culturais diversificadas que expressem a cultura dos alunos, bem como

a reflexão sobre outras formas de expressão cultural.

Para que o processo seja executado a contento, serão estabelecidos plano de

76

estudos e atividades. O Estabelecimento de Ensino deverá disponibilizar o Guia de

Estudos aos alunos, a fim de que este tenha acesso a todas as informações sobre a

organização da modalidade.

3.1 Organização Coletiva

Será programada pela escola e oferecida aos alunos por meio de um

cronograma que estipula o período, dias e horário das aulas, com previsão de início

e término de cada disciplina, oportunizando ao aluno a integralização do currículo. A

mediação pedagógica ocorrerá priorizando o encaminhamento dos conteúdos de

forma coletiva, na relação professor-alunos e considerando os saberes adquiridos na

história de vida de cada aluno.

A organização coletiva destina-se, preferencialmente, àqueles que têm

possibilidade de frequentar com regularidade as aulas, a partir de um cronograma

pré-estabelecido.

3.2 Organização Individual

A organização individual destina-se àqueles alunos trabalhadores que não

têm possibilidade de frequentar com regularidade as aulas, devido às condições de

horários alternados de trabalho e para os que foram matriculados mediante

classificação, aproveitamento de estudos ou que foram reclassificados ou

desistentes quando não há, no momento em que sua matrícula é reativada, turma

organizada coletivamente para a sua inserção. Será programada pela escola e

oferecida aos alunos por meio de um cronograma que estipula os dias e horários

das aulas, contemplando o ritmo próprio do aluno, nas suas condições de vinculação

à escolarização e nos saberes já apropriados.

3.3 NÍVEL DE ENSINO

3.3.1 Ensino Fundamental – Fase II

Ao se ofertar estudos referentes ao Ensino Fundamental – Fase II, este

estabelecimento escolar terá como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais e

77

Estaduais, que consideram os conteúdos ora como meios, ora como fim do processo

de formação humana dos alunos, para que os mesmos possam produzir e

ressignificar bens culturais, sociais, econômicos e deles usufruírem.

Visa, ainda, o encaminhamento para a conclusão do Ensino Fundamental e

possibilita a continuidade dos estudos para o Ensino Médio.

3.3.2 Ensino Médio

O Ensino Médio no Estabelecimento Escolar terá como referência em sua

oferta, os princípios, fundamentos e procedimentos propostos nas Diretrizes

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Parecer 15/98 e Resolução n.º 02 de

07 de abril de 1998/CNE, nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação de

Jovens e Adultos e nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica.

3.3.3 Educação Especial

A EJA contempla, também, o atendimento a alunos com necessidades

educativas especiais, inserindo estes no conjunto de alunos da organização coletiva

ou individual, priorizando ações que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito

dos mesmos no espaço escolar, considerando a situação em que se encontram

individualmente estes alunos.

Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de

alunos, desde aqueles que apresentam deficiências permanentes até aqueles que,

por razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a

legislação assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos alunos

que apresentam necessidades educativas especiais decorrentes de:

a) deficiências mental, física/neuromotora, visual e auditiva;

b) condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou

psiquiátricos;

c) superdotação/altas habilidades.

É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas

e as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para

78

a aprendizagem e participação de todos os alunos.1

Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao aluno para o

enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os alunos apresentem

características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também,

de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito

a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação

escolar.

Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando

o direito à igualdade com equidade de oportunidades. Isso não significa o modo

igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços

especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades.

4. AÇÕES PEDAGÓGICAS DESCENTRALIZADAS

Este Estabelecimento Escolar desenvolverá ações pedagógicas

descentralizadas, efetivadas em situações de evidente necessidade. FILOSOFIA E

PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS, dirigidos a grupos sociais com perfis e

necessidades próprias e onde não haja oferta de escolarização para jovens, adultos

e idosos, respeitada a proposta pedagógica e o regimento escolar, desde que

autorizado pela SEED/PR, segundo critérios estabelecidos pela mesma Secretaria

em instrução própria.

5. FREQUÊNCIA

A carga horária prevista para as organizações individual e coletiva é de 100%

(cem por cento) presencial no Ensino Fundamental – Fase II e no Ensino Médio,

sendo que a frequência mínima na organização coletiva é de 75% (setenta e cinco

por cento) e na organização individual é de 100% (cem por cento), em sala de aula.

1 CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17.

79

6. EXAMES SUPLETIVOS

Este Estabelecimento Escolar ofertará Exames Supletivos, atendendo ao

disposto na Lei n.º 9394/96, desde que autorizado e credenciado pela Secretaria de

Estado da Educação, por meio de Edital próprio emitido pelo Departamento de

Educação Básica, através da Coordenação da Educação de Jovens e Adultos.

7. CONSELHO ESCOLAR

O Conselho Escolar, órgão colegiado, de natureza deliberativa, consultiva e

fiscal, tem como principal atribuição, estabelecer, e garantir a implementação da

Proposta Pedagógica, eixo de toda e qualquer ação a ser desenvolvida.

O Conselho Escolar será constituído de acordo com o princípio da

representatividade, devendo abranger toda a comunidade escolar, cujos

representantes nele terão, necessariamente, voz e voto.

Poderão participar do Conselho Escolar, representantes dos movimentos

sociais organizados, comprometidos com a escola pública, assegurando-se que sua

representação não ultrapasse 1/5 (um quinto do colegiado).

O Conselho Escolar será presidido pelo diretor do estabelecimento, na

qualidade de dirigente da proposta pedagógica.

O Conselho Escolar do CEEBJA de Prudentópolis será constituído pelas

seguintes categorias:

• Diretor;

• Representante da Supervisão Escolar ou Orientação Educacional.

• Representante da Equipe Administrativa;

• Representante de Professores para cada segmento do Ensino Fundamental e do

Ensino Médio, com atividade na Sede do Estabelecimento;

• Representante dos Coordenadores das Ações Pedagógicas;

• Representante de alunos para cada segmento do Ensino Fundamental e do

Ensino Médio, com matrículas ativas.

Representante(s) indicado(s) pelos segmentos organizados da sociedade,

80

com um máximo 1/5 da somatória das alíneas anteriores, designados pelo Núcleo

Regional de Educação, em ato próprio.

8. MATERIAIS DE APOIO DIDÁTICO

Serão adotados os materiais indicados pelo Departamento de Educação e

Trabalho/Coordenação de Educação de Jovens e Adultos, da Secretaria de Estado

da Educação do Paraná, como material de apoio.

Além desse material, os docentes, na sua prática pedagógica, deverão utilizar

outros recursos didáticos.

9. BIBLIOTECA ESCOLAR

Serão adotados os materiais indicados pela Coordenação de Educação de

Jovens e Adultos – DEJA, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como

material básico.

Além desse material, os docentes, na sua prática pedagógica, poderão utilizar

outros recursos didáticos como: livros, revistas, jornais, TV pendrive, computadores

(recursos multimídia, internet) e outros.

10. LABORATÓRIO

Em um mundo cada vez mais permeado pelos avanços científicos e

tecnológicos, a escola deve desempenhar o papel preponderante para o

desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos.

Portanto, as atividades experimentais, associadas ao contexto teórico de

conteúdos, contribuem para o processo de reflexão, observação, desenvolvimento e

construção de ideias, favorecendo a participação efetiva do aluno na construção do

conhecimento.

De acordo com a recomendação constante do Parecer 095/99 –CEE,

“...Indubitavelmente, um conceito novo para o espaço denominado ‘laboratório’

81

acompanha uma educação científica nova, espaço que passará a incluir também o

pátio da escola, a beira do mar, o bosque ou a praça pública...”. O que irá

certamente contribuir para que a teoria e a prática se completem acabando com a

dicotomia “a teoria na prática é outra”.

Em especial, na Educação de Jovens e Adultos, a prática faz parte de sua

vivência, então é necessário que o professor possa mediar este conhecimento da

realidade com a teoria e através dos recursos existentes levar o aluno a comprovar o

que tem aprendido através do senso comum e do saber elaborado dos livros, com

as atividades realizadas na escola através de pesquisas e experimentos.

11. RECURSOS TECNOLÓGICOS

A sociedade atual faz parte de uma revolução que tem tudo a ver com o

cotidiano da escola e pode ser resumida em uma palavra: informação. Por séculos e

séculos só os mestres tinham acesso a ela. Era na sala de aula que o professor

transmitia o conhecimento. O acesso às novidades era restrito. Hoje, qualquer

acontecimento corre o mundo em segundos. E isso não vai parar. Cada vez mais

pessoas terão acesso à informação.

A escola é o espaço privilegiado de formação humana e construção da

cidadania. Para exercer a cidadania plena é necessário ter acesso à informação e à

tecnologia. Isso, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo, mas sim

tomar posse da tecnologia e usá-la a seu favor, transformando a informação em

conhecimento.

Os jovens, os adultos e os idosos da EJA, em sua grande maioria, vêm

buscar esse conhecimento visando atender às exigências do mercado de trabalho,

cada vez mais competitivo. O desafio que fica aos educadores da EJA é utilizar os

recursos tecnológicos de modo a provocar impactos positivos na escola e, por

conseguinte, na vida profissional dos seus alunos.

82

12. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

A educação de adultos exige uma inclusão que tome por base o

reconhecimento do jovem adulto como sujeito. Coloca-nos o desafio de pautar o

processo educativo pela compreensão e pelo respeito do diferente e da diversidade:

ter o direito a ser igual quando a diferença nos inferioriza e o de ser diferente quando

a igualdade nos descaracteriza. Ao pensar no desafio de construirmos princípios que

regem a educação de adultos, há de buscar-se uma educação qualitativamente

diferente, que tem como perspectiva uma sociedade tolerante e igualitária, que a

reconhece ao longo da vida como direito inalienável de todos. (SANTOS, 2004)

A Educação de Jovens e Adultos – EJA, enquanto modalidade educacional

que atende a alunos-trabalhadores, tem como finalidade e objetivos o compromisso

com a formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo a que os alunos

venham a participar política e produtivamente das relações sociais, com

comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da

autonomia intelectual e moral.

Tendo em vista este papel, a educação deve voltar-se para uma formação na

qual os alunos-trabalhadores possam: aprender permanentemente, refletir

criticamente; agir com responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e

da vida coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das

mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com

agilidade e rapidez, a partir da utilização metodologicamente adequada de

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos2.

Sendo assim, para a concretização de uma prática administrativa e

pedagógica verdadeiramente voltada à formação humana, é necessário que o

processo ensino-aprendizagem, na Educação de Jovens e Adultos seja coerente

com:

• o seu papel na socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os

2 KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem

do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000, p.40.

83

levem à emancipação e à afirmação de sua identidade cultural;

• o exercício de uma cidadania democrática, reflexo de um processo cognitivo,

crítico e emancipatório, com base em valores como respeito mútuo, solidariedade e

justiça;

• os três eixos articuladores do trabalho pedagógico com jovens, adultos e

idosos – cultura, trabalho e tempo.

Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, as relações entre

cultura, conhecimento e currículo, oportunizam uma proposta pedagógica pensada e

estabelecida a partir de reflexões sobre a diversidade cultural, tornando-a mais

próxima da realidade e garantindo sua função socializadora – promotora do acesso

ao conhecimento capaz de ampliar o universo cultural do aluno – e, sua função

antropológica - que considera e valoriza a produção humana ao longo da história.

A compreensão de que o aluno da EJA relaciona-se com o mundo do trabalho

e que através deste busca melhorar a sua qualidade de vida e ter acesso aos bens

produzidos pelo homem, significa contemplar, na organização curricular, as

reflexões sobre a função do trabalho na vida humana.

É inerente a organização pedagógico-curricular da EJA, a valorização dos

diferentes tempos necessários à aprendizagem dos alunos de EJA, considerando os

saberes adquiridos na informalidade das suas vivências e do mundo do trabalho,

face à diversidade de suas características.

E ainda, conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação de

Jovens e Adultos no Estado do Paraná:

• A EJA deve constituir-se de uma estrutura flexível, pois há um tempo

diferenciado de aprendizagem e não um tempo único para todos os alunos, bem

como os mesmos possuem diferentes possibilidades e condições de reinserção nos

processos educativos formais;

• O tempo que o aluno jovem, adulto e idoso permanecerá no processo educativo

tem valor próprio e significativo, assim sendo à escola cabe superar um ensino de

caráter enciclopédico, centrado mais na quantidade de informações do que na

relação qualitativa com o conhecimento;

• Os conteúdos específicos de cada disciplina, deverão estar articulados à

84

realidade, considerando sua dimensão sócio-histórica, vinculada ao mundo do

trabalho, à ciência, às novas tecnologias, dentre outros;

• A escola é um dos espaços em que os alunos desenvolvem a capacidade de

pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da atividade reflexiva. A

ação da escola será de mediação entre o aluno e os saberes, de forma a que o

mesmo assimile estes conhecimentos como instrumentos de transformação de sua

realidade social;

• O currículo na EJA não deve ser entendido, como na pedagogia tradicional, que

fragmenta o processo de conhecimento e o hierarquiza nas matérias escolares, mas

sim, como uma forma de organização abrangente, na qual os conteúdos culturais

relevantes, estão articulados à realidade na qual o aluno se encontra, viabilizando

um processo integrador dos diferentes saberes, a partir da contribuição das

diferentes áreas/disciplinas do conhecimento.

Por isso, a presente proposta e o currículo dela constante incluirá o

desenvolvimento de conteúdos e formas de tratamento metodológico que busquem

chegar às finalidades da educação de jovens e adultos, a saber:

• Traduzir a compreensão de que jovens e adultos não são atrasados em seu

processo de formação, mas são sujeitos sócio-histórico-culturais, com

conhecimentos e experiências acumuladas, com tempo próprio de formação e

aprendizagem;

• Contribuir para a ressignificação da concepção de mundo e dos próprios alunos;

• O processo educativo deve trabalhar no sentido de ser síntese entre a

objetividade das relações sociais e a subjetividade, de modo que as diferentes

linguagens desenvolvam o raciocínio lógico e a capacidade de utilizar

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos;

• Possibilitar trajetórias de aprendizado individuais com base na referência, nos

interesses do aluno e nos conteúdos necessários ao exercício da cidadania e do

trabalho;

• Fornecer subsídios para que os alunos tornem-se ativos, criativos, críticos e

democráticos;

Em síntese, o atendimento a escolarização de jovens, adultos e idosos, não

85

refere-se exclusivamente a uma característica etária, mas a articulação desta

modalidade com a diversidade sócio-cultural de seu público, composta, dentre

outros, por populações do campo, em privação de liberdade, com necessidades

educativas especiais, indígenas, que demandam uma proposta pedagógica-

curricular que considere o tempo/espaço e a cultura desse grupos.

13. INDICAÇÃO DA ÁREA OU FASE DE ESTUDOS

Propõe-se a oferta do curso de Educação de Jovens e Adultos no nível do

Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio a jovens, adultos e idosos que não

tiveram o acesso ou continuidade em seus estudos.

86

14. MATRIZ CURRICULAR

14.1 Ensino Fundamental – Fase II

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO FUNDAMENTAL – FASE IIESTABELECIMENTO: CEEBA De PrudentópolisENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do ParanáMUNICÍPIO: Prudentópolis NRE:IratiANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2009 FORMA: SimultâneaCARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1440/1452 H/A ou 1200/1210 HORAS

DISCIPLINASTotal de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA PORTUGUESA 226 272ARTES 54 64

LEM - INGLÊS 160 192EDUCAÇÃO FÍSICA 54 64

MATEMÁTICA 226 272CIÊNCIAS NATURAIS 160 192

HISTÓRIA 160 192GEOGRAFIA 160 192

ENSINO RELIGIOSO* 10 12

Total de Carga Horária do Curso 1200/1210 horas ou 1440/1452 h/a

*DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE

ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O ALUNO.

87

14.2 Ensino Médio

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO MÉDIOESTABELECIMENTO: CEEBJA de PrudentópolisENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do ParanáMUNICÍPIO: Prudentópolis NRE: IratiANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2010 FORMA: SimultâneaCARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1440 H/A ou 1200 HORAS

DISCIPLINASTotal de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA PORTUGUESA E

LITERATURA174 208

LEM – INGLÊS 106 128ARTE 54 64

FILOSOFIA 54 64SOCIOLOGIA 54 64

EDUCAÇÃO FÍSICA 54 64MATEMÁTICA 174 208

QUÍMICA 106 128FÍSICA 106 128

BIOLOGIA 106 128HISTÓRIA 106 128

GEOGRAFIA 106 128LÍNGUA ESPANHOLA* 106 128

TOTAL1200/1306 1440/1568

Total de Carga Horária do Curso 1200 horas ou 1440 h/a

*LÍNGUA ESPANHOLA, DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA E DE

MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O ALUNO.

88

15. CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS

METODOLÓGICOS

A Educação de Jovens e Adultos do Estado do Paraná é uma modalidade de

ensino da Educação Básica cuja concepção de currículo compreende a escola como

espaço sócio-cultural que propicia a valorização dos diversos grupos que a

compõem, ou seja, considera os alunos como sujeitos de conhecimento e

aprendizagem.

Esse currículo entendido, ainda, como um processo de construção coletiva

do conhecimento escolar articulado à cultura, em seu sentido antropológico,

constitui-se no elemento principal de mediação entre educadores e alunos e deve

ser organizado de tal forma que possibilite aos alunos transitarem pela estrutura

curricular e, de forma dialógica entre aluno e educador tornar os conhecimentos

significativos às suas práticas diárias. Nesta ótica o conhecimento se constitui em

núcleo estruturador do conteúdo do ensino.

Nesse enfoque, a organização do trabalho pedagógico na Educação de

Jovens e Adultos, prevendo a inclusão de diferentes sujeitos, necessita ser pensada

em razão dos critérios de uma seleção de conteúdos que lhes assegure o acesso

aos conhecimentos historicamente construídos e o respeito às suas especificidades.

Após a definição das Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica,

a Educação de Jovens e Adultos do Estado do Paraná como modalidade da

Educação Básica, passa a adotar os mesmos conteúdos curriculares previstos por

essas diretrizes.

No entanto, cabe ressaltar que a organização metodológica das práticas

pedagógicas, dessa modalidade deve considerar os três eixos articuladores

propostos nas Diretrizes da Educação de Jovens e Adultos: Trabalho, Cultura e

Tempo, os quais devem se articular tendo em vista a apropriação do conhecimento

que não deve se restringir à transmissão/assimilação de fatos, conceitos, ideias,

princípios, informações etc., mas sim compreender a aquisição cognoscitiva e estar

intrinsecamente ligados à abordagem dos conteúdos curriculares propostos para a

Educação Básica.

89

16. PROCESSOS DE AVALIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E PROMOÇÃO

16.1 Concepção de Avaliação

A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a

intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se

estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e

aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, diagnosticar os resultados

atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos

expressos na proposta pedagógica.

Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de

reflexão dos alunos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser

entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma

atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta.

A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações

contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios:

• investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;

• contínua: permite a observação permanente do processo ensino-aprendizagem e

possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;

• sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do aluno, utilizando

instrumentos diversos para o registro do processo;

• abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola do

aluno;

• permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo

aluno no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da

escola.

Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao

longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz

curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação

presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem.

Considerando que os saberes e a cultura do aluno devem ser respeitados

90

como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará,

necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o

seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante

o atual processo de escolarização.

A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais

como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e

pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades

complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de

aprendizado dos alunos e avaliar os conteúdos desenvolvidos.

É vedada a avaliação em que os alunos sejam submetidos a uma única

oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo

aluno e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e

necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica.

16.2 Procedimentos e Critérios para Atribuição de Notas

• as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com

finalidade educativa;

• para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis)

notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas e também a

outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que,

obrigatoriamente, o aluno se submeterá na presença do professor, conforme

descrito no Regimento Escolar. Na disciplina de Ensino Religioso, as avaliações

realizadas no decorrer do processo ensino-aprendizagem não terão registro de nota

para fins de promoção e certificação.

• a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os

resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero);

• para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis

vírgula zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 –

SEED e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da

carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por

cento) na organização individual;

91

• o aluno deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro

da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para

os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de

apropriação dos conhecimentos;

• para os alunos que cursarem 100% da carga horária da disciplina, a média

final corresponderá à média aritmética das avaliações processuais, devendo

os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero);

• os resultados das avaliações dos alunos deverão ser registrados em

documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e

autenticidade da vida escolar do aluno;

• o aluno portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não

por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver.

• Na disciplina de Língua Espanhola, as avaliações serão realizadas no

decorrer do processo ensino-aprendizagem, sendo registradas 04 (quatro)

notas para fins de cálculo de média final:

• no Ensino Fundamental – Fase II, a disciplina de Ensino Religioso será

avaliada no processo de ensino e aprendizagem, não tendo registro de notas

na documentação escolar, por não ser objeto de retenção.

16.3 Recuperação de Estudos

A oferta da recuperação de estudos significa encarar o erro como hipótese de

construção do conhecimento, de aceitá-lo como parte integrante da aprendizagem,

possibilitando a reorientação dos estudos. Ela se dará concomitantemente ao

processo ensino-aprendizagem, considerando a apropriação dos conhecimentos

básicos, sendo direito de todos os alunos, independentemente do nível de

apropriação dos mesmos.

A recuperação será também individualizada, organizada com atividades

significativas, com indicação de roteiro de estudos, entrevista para melhor

diagnosticar o nível de aprendizagem de cada aluno.

Assim, principalmente para os alunos que não se apropriarem dos conteúdos

básicos, será oportunizada a recuperação de estudos por meio de exposição

92

dialogada dos conteúdos, de novas atividades significativas e de novos instrumentos

de avaliação, conforme o descrito no Regimento Escolar.

16.4 Aproveitamento de Estudos

O aluno poderá requerer aproveitamento de estudos realizados com êxito,

amparado pela legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar,

por meio de cursos ou de exames supletivos, nos casos de matrícula inicial,

transferência e prosseguimento de estudos.

16.5 Classificação e Reclassificação

Para a classificação e reclassificação este estabelecimento de ensino utilizará

o previsto na legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar.

17. REGIME ESCOLAR

O Estabelecimento Escolar funcionará, preferencialmente, no período

noturno, podendo atender no período vespertino e/ou matutino, de acordo com a

demanda de alunos, número de salas de aula e capacidade, com a expressa

autorização do Departamento de Educação e Trabalho, da Secretaria de Estado da

Educação.

As informações relativas aos estudos realizados pelo aluno serão registradas

no Histórico Escolar, aprovado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

O Relatório Final para registro de conclusão do Curso, será emitido pelo

estabelecimento de ensino a partir da conclusão das disciplinas constantes na matriz

curricular.

Este Estabelecimento Escolar poderá executar ações pedagógicas

descentralizadas para atendimento de demandas específicas - desde que autorizado

pelo Departamento de Educação e Trabalho, da Secretaria de Estado da Educação

– em locais onde não haja a oferta de EJA e para grupos ou indivíduos em situação

especial, como por exemplo, em unidades sócio-educativas, no sistema prisional,

em comunidades indígenas, de trabalhadores rurais temporários, de moradores em

comunidades de difícil acesso, dentre outros.

93

18. ORGANIZAÇÃO

Os conteúdos escolares estão organizados por áreas do conhecimento no

Ensino Fundamental – Fase I e por disciplinas no Ensino Fundamental – Fase II e

Médio, conforme dispostas nas Matrizes Curriculares, em concordância com as

Diretrizes Curriculares Nacionais, contidas nos Pareceres n.º 02 e 04/98-CEB/CNE

para o Ensino Fundamental e Resolução n.º 03/98 e Parecer n.º 15/98 - CEB/CNE

para o Ensino Médio e com as Deliberações nº 01/06, nº 04/06, nº 07/06 e nº 03/08,

todas do Conselho Estadual de Educação.

19. FORMAS DE ATENDIMENTO

A educação neste Estabelecimento Escolar é de forma presencial, com as

seguintes ofertas :

I. organização coletiva e individual para o Ensino Fundamental – Fase II e Ensino

Médio, em todas as disciplinas, sendo priorizadas, no mínimo, 70% (setenta por

cento) das vagas para matrícula na organização coletiva e até 30% (trinta por cento)

para matrícula na organização individual, sendo respeitado o perfil do aluno para

matrícula;

II. a disciplina de Língua Espanhola será ofertada somente na organização coletiva.

19.1 Ensino Fundamental – Fase II e Ensino Médio

No Ensino Fundamental – Fase II e Ensino Médio considerar-se-á, a oferta de

100% da carga horária total estabelecida.

20. MATRÍCULA

Para a matrícula no Estabelecimento Escolar de Educação de Jovens e

Adultos:

a) a idade para ingresso respeitará a legislação vigente;

b) será respeitada instrução própria de matrícula expedida pela mantenedora;

94

c) o aluno do Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio, poderá

matricular-se de uma a quatro disciplinas simultaneamente;

d) no Ensino Fundamental – Fase II, a disciplina de Ensino Religioso é de matrícula

facultativa para o aluno;

e) no Ensino Médio, a disciplina de Língua Espanhola é de matrícula facultativa

para o aluno e entrará no cômputo das quatro disciplinas que podem ser

cursadas concomitante;

f) poderão ser aproveitadas integralmente disciplinas concluídas com êxito por

meio de cursos organizados por disciplina, por exames supletivos, série(s) e de

período(s) / etapa(s) / semestre(s) equivalente(s) à conclusão de série(s) do

ensino regular, mediante apresentação de comprovante de conclusão, conforme

regulamentado no Regimento Escolar;

g) para os alunos que não participaram do processo de escolarização

formal/escolar; bem como o aluno desistente do processo de escolarização

formal/escolar, em anos letivos anteriores, poderão ter seus conhecimentos

aferidos por processo de classificação, definidos no Regimento Escolar;

h) será considerado desistente, na disciplina, o aluno que se ausentar por mais de

02 (dois) meses consecutivos, devendo a escola, no seu retorno, reativar sua

matrícula para dar continuidade aos seus estudos, aproveitando a carga horária

cursada e os registros de notas obtidos, desde que o prazo de desistência não

ultrapasse 02 (dois) anos, a partir da data da matrícula inicial;

i) o aluno desistente, por mais de dois anos, a partir da data de matrícula inicial na

disciplina, no seu retorno, deverá fazer rematrícula na disciplina, podendo

participar do processo de reclassificação.

j) aluno desistente da disciplina de Língua Espanhola, por mais de 02 (dois) meses

consecutivos ou por mais de dois anos, a contar da data da matrícula inicial, no

seu retorno, deverá reiniciar a disciplina sem aproveitamento da carga horária

cursada e os registros de notas obtidos, caso opte novamente por cursar essa

disciplina.

No ato da matrícula, conforme instrução própria da mantenedora, o aluno

será orientado por equipe de professor-pedagogo sobre: a organização dos cursos,

95

o funcionamento do estabelecimento: horários, calendário, regimento escolar, a

duração e a carga horária das disciplinas.

O aluno será orientado pelos professores das diferentes disciplinas, que os

receberá individualmente ou em grupos agendados, efetuando as orientações

metodológicas, bem como as devidas explicações sobre os seguintes itens que

compõem o Guia de Estudos:

• a organização dos cursos;

• o funcionamento do estabelecimento: horários, calendário, regimento escolar;

• a dinâmica de atendimento ao aluno;

• a duração e a carga horária das disciplinas;

• os conteúdos e os encaminhamentos metodológicos;

• o material de apoio didático;

• as sugestões bibliográficas para consulta;

• a avaliação;

• outras informações necessárias.

21. MATERIAL DIDÁTICO

O material didático, indicado pela mantenedora, constitui-se como um dos

recursos de apoio pedagógico do Estabelecimento Escolar da Rede Pública do

Estado do Paraná de Educação de Jovens e Adultos.

22. AVALIAÇÃO

• Avaliação será diagnóstica, contínua, sistemática, abrangente,

permanente;

• as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com

finalidade educativa;

• para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06

(seis) notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas

96

e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de

ensino, a que, obrigatoriamente, o aluno se submeterá na presença do

professor, conforme descrito no regimento escolar;

• a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os

resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero);

• para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula

zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 – SEED e

frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento)do total da carga horária de

cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por cento) na organização

individual;

• o aluno deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro

da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para

os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de

apropriação dos conhecimentos;

• a média final, de cada disciplina, corresponderá à média aritmética das

avaliações processuais, devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0

(seis vírgula zero);

• os resultados das avaliações dos alunos deverão ser registrados em documentos

próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e autenticidade da vida

escolar do aluno;

• o aluno portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não

por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver;

• para fins de certificação e acréscimo da carga horária da disciplina de

Língua Espanhola, o aluno deverá atingir a média mínima de 6,0 (seis vírgula

zero) e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da

carga horária da disciplina;

• no Ensino Fundamental – Fase II, a disciplina de Ensino Religioso será

avaliada no processo de ensino e aprendizagem, não tendo registro de notas

na documentação escolar, por não ser objeto de retenção;

• para fins de acréscimo da carga horária da disciplina de Ensino Religioso, na

97

documentação escolar, o aluno deverá ter frequência mínima de 75% (setenta e

cinco por cento) do total da carga horária da disciplina.

23. RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS

A oferta da recuperação de estudos significa encarar o erro como hipótese de

construção do conhecimento, de aceitá-lo como parte integrante da aprendizagem,

possibilitando a reorientação dos estudos. Ela se dará concomitantemente ao

processo ensino-aprendizagem, considerando a apropriação dos conhecimentos

básicos, sendo direito de todos os alunos, independentemente do nível de

apropriação dos mesmos.

A recuperação será também individualizada, organizada com atividades

significativas, com indicação de roteiro de estudos, entrevista para melhor

diagnosticar o nível de aprendizagem de cada aluno.

Assim, principalmente para os alunos que não se apropriarem dos conteúdos

básicos, será oportunizada a recuperação de estudos por meio de exposição

dialogada dos conteúdos, de novas atividades significativas e de novos instrumentos

de avaliação, conforme o descrito no Regimento Escolar.

24. APROVEITAMENTO DE ESTUDOS, CLASSIFICAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO

Os procedimentos de aproveitamento de estudos, classificação e

reclassificação estão regulamentados no Regimento Escolar e atenderão o disposto

na legislação vigente.

25. ÁREA DE ATUAÇÃO

As ações desenvolvidas pelo Estabelecimento Escolar Estadual que oferta a

Educação de Jovens e Adultos limitam-se à jurisdição do Estado do Paraná, do

Núcleo Regional de Educação, podendo estabelecer ações pedagógicas

descentralizadas, desde que autorizadas pela mantenedora.

98

26. ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO

Este Estabelecimento Escolar, em consonância com as orientações da SEED,

oportunizará o estágio não-obrigatório, como atividade opcional, desenvolvido no

ambiente de trabalho, conforme a Lei Federal nº 11.788, de 25 de setembro de

2008.

27. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Maria Conceição Pereira de. Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, a Grande Conquista, Arte & Cultura, 1999, 1ª Edição.

BRZEZINSKI, Iria. LDBEN Interpretada: diversos olhares se entrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997.

CARNEIRO, Moacir Alves. LDBEN fácil. Petrópolis, RJ : Vozes, 1998.

CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17(5ª) Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA).

Conselho Estadual de Educação - PR- Deliberação 011/99 – CEE- Deliberação 014/99 – CEE- Deliberação 09/01 –CEE- Deliberação 06/05 – CEE- Indicação 004/96 – CEE- Parecer 095/99 – CEE (Funcionamento dos Laboratórios).

Conselho Nacional de Educação- Parecer 011/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais de EJA.- Parecer 004/98 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.- Parecer 015/98 –Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.- Resolução 03/98 – CEB.

Constituição Brasileira – Artigo 205.

DELORS, J. Educação : Um tesouro a descobrir. São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : MEC : UNESCO, 1998.DEMO, Pedro. A Nova LDBEN – Ranços e Avanços. Campinas, SP : Papirus, 1997.

99

DRAIBE, Sônia Miriam; COSTA, Vera Lúcia Cabral; SILVA Pedro Luiz Barros. Nível de Escolarização da População. mimeog.

DI PIERRO; Maria Clara. A educação de Jovens e Adultos na LDBEN. mimeog.

DI PIERRO; Maria Clara. Os projetos de Lei do Plano Nacional de Educação e a Educação de Jovens e Adultos. mimeog.

Decreto 2494/98 da Presidência da República.

Decreto 2494/98 da Presidência da República.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 40ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.LDBEN nº 9394/96.

KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000, p.40.

OLIVEIRA, Thelma Alves de, et al. Avaliação Institucional (Cadernos Temáticos). Curitiba: SEED – PR, 2004.

Parâmetros Curriculares Nacionais 1º segmento do Ensino Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais 2º segmento do Ensino Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio.

Plano Nacional de Educação – Educação de Jovens e Adultos.

SILVA, Eurides Brito da. A Educação Básica Pós-LDBEN.

SOUZA, Paulo N. Silva & SILVA, Eurides Brito da. Como entender e aplicar a nova LDBEN.

SOUZA, Paulo Nathanael Pereira de; SILVA, Eurides Brito da. Como entender e Aplicar a Nova LDBEN. SP, Pioneira Educ., 1997. 1ª Edição.

100

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOCOORDENAÇÃO DE GESTÃO ESCOLAR/ASSESSORIA DA SUPERINTENDÊNCIA

NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO

Parecer Nº 52/2010

Estabelecimento de Ensino: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e

Adultos -

CEEBJA

Município: Prudentópolis

Assunto: Implantação da Língua Espanhola

O Núcleo Regional da Educação de Irati no uso das atribuições que lhe

são conferidas, emite o presente PARECER, resultado da análise da Proposta

Pedagógica da EJA do Estabelecimento de Ensino.

A alteração da Proposta Pedagógica Curricular, em relação a

implantação do ensino da Língua Espanhola, no curso do Ensino Médio da EJA, a

partir do ano letivo de 2010 está de acordo com o Parecer 638/10.

Irati, 23 de novembro de 2010.

______________________________ ______________________________ Equipe Pedagógica e Disciplinar Coordenação da EJA NRE de Irati NRE Irati

101

ANEXO A PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULARAnexo 01/2011 Data 28/02/2011

O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – CEEBJA, município de Prudentópolis, manterá a Matriz Curricular vigente em 2010 até o educando concluir disciplinas ini-ciadas em 2010 com terminalidade prevista par 2011.

A partir do ano de 2011 e amparados na Deliberação Nº 05/2010 e na Instrução 032/2010 – SUED/SEED, este Estabelecimento seguirá a carga horária de 1600/1610 h ou 1920/1932h/a para o curso do Ensino Fundamental Fase II, nas matrículas de novas disciplinas com a seguinte distribuição de carga horária, conforme consta na Matriz Curricular:

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II

ESTABELECIMENTO: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – CEE-BJA

ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná

MUNICÍPIO: Prudentópolis NRE: Irati

ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: Simultânea

CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1600/1610 h ou 1920/1932 h/a

DISCIPLINAS TOTAL DE HORAS TOTAL DE HORAS/AULA

LÍNGUA PORTUGUESA 280 336

ARTE 94 112

LEM-INGLÊS 213 256

EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112

MATEMÁTICA 280 336

CIÊNCIAS NATURAIS 213 256

HISTÓRIA 213 256

GEOGRAFIA 213 256

ENSINO RELIGIOSO* 10 12

TOTAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1600/1610 Horas ou 1920/1932 Horas/aula

*DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O EDUCANDO.

_________________________________________

Assinatura do Diretor e carimbo da Direção

102

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOCOORDENAÇÃO DE GESTÃO ESCOLAR/ASSESSORIA DA SUPERINTENDÊNCIA

NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO

Parecer Nº 10/2011

Estabelecimento de Ensino: Centro Estadual de Educação Básica (CEEBJA) de

Prudentópolis

Município: Prudentópolis

Assunto: Alteração da carga horária do curso do Ensino Fundamental Fase II

O Núcleo Regional da Educação de Irati no uso das atribuições que lhe

são conferidas, emite o presente PARECER, resultado da análise do anexo da

Proposta Pedagógica Curricular da EJA do Estabelecimento de Ensino.

O Estabelecimento de Ensino fez a adequação da carga horária e da

Matriz Curricular do curso do Ensino Fundamental Fase II – EJA, a partir das

matrículas do ano de 2011, de acordo com a Deliberação nº 05/2010 e a Instrução nº

032/2010 – SUED/SEED.

Irati, 04 de março de 2011.

______________________________ ______________________________ Equipe Pedagógica e Disciplinar Coordenação da EJA NRE de Irati NRE Irati

103

ADENDO DE ALTERAÇÃO E ACRÉSCIMO NA

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EJA Nº 01

O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, município de Prudentópolis, manterá a Matriz Curricular vigente em 2010 até o educando concluir disciplinas iniciadas em 2010 com terminalidade prevista par 2011.

A partir do ano de 2011 e amparados na Deliberação Nº 05/2010 e na Instrução 032/2010 – SUED/SEED, este Estabelecimento seguirá a carga horária de 1600/1610 h ou 1920/1932h/a para o curso do Ensino Fundamental Fase II, nas matrículas de novas disciplinas com a seguinte distribuição de carga horária, conforme consta na Matriz Curricular:

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II

ESTABELECIMENTO: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos

ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná

MUNICÍPIO: Prudentópolis NRE:Irati

ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: Simultânea

CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1600/1610 h ou 1920/1932 h/a

DISCIPLINAS TOTAL DE HORAS TOTAL DE HORAS/AULA

LÍNGUA PORTUGUESA 280 336

ARTE 94 112

LEM-INGLÊS 213 256

EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112

MATEMÁTICA 280 336

CIÊNCIAS NATURAIS 213 256

HISTÓRIA 213 256

GEOGRAFIA 213 256

ENSINO RELIGIOSO* 10 12

TOTAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1600/1610 Horas ou 1920/1932 Horas/aula

*DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O EDUCANDO.

_________________________________________Assinatura do(a) Diretor(a) e carimbo da Direção

104

MATRÍCULA

Para a matrícula no Estabelecimento Escolar de Educação de Jovens e Adultos:

a) mantido

b) mantido

c) o educando do Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio, poderá

matricular-se de uma a quatro disciplinas simultaneamente. No Ensino Médio, a

disciplina de Língua Espanhola é de matrícula facultativa para o educando e entrará

no cômputo das quatro disciplinas que podem ser cursadas concomitante;

d) mantido

e) revogado

f) mantido

g) o educando que solicitar matrícula por transferência, oriundo do processo

de escolarização formal/escolar, cuja organização de ensino é diferente da ofertada

neste Estabelecimento, não comprovando conclusão de disciplinas(as), deverá ser

matriculado para cursar 100% (cem porcento) da carga horária total da disciplina,

podendo após ter cumprido 25% (vinte e cinco porcento) da carga horária total da

disciplina, participar do processo de reclassificação, definidos no Regimento Escolar,

exceto na disciplina de Língua Espanhola;

h) os jovens, adultos e idosos, que não participaram do processo de

escolarização formal/escolar, bem como o educando desistente do processo de

escolarização formal/escolar, em anos letivos anteriores cuja organização de ensino

é diferente da ofertada neste Estabelecimento, não comprovando conclusão de

disciplina(s), poderão ter seus conhecimentos aferidos por processo de

classificação, exceto na disciplina de Língua Espanhola, definidos no Regimento

Escolar;

i) os educandos inseridos no processo de escolarização formal/escolar,

recebidos por transferência, deverão realizar matrícula inicial em até quatro

disciplinas, podendo participar dos processos de reclassificação – após cursado

25% da carga horária total de cada disciplina, exceto na disciplina de Língua

Espanhola;

j) será considerado desistente, na disciplina, o educando que se ausentar por

105

mais de 02 (dois) meses consecutivos, devendo a escola, no seu retorno, reativar

sua matrícula para dar continuidade aos seus estudos, aproveitando a carga horária

cursada e os registros de notas obtidos, desde que o prazo de desistência não

ultrapasse 02 (dois) anos, a partir da data da matrícula inicial, exceto na disciplina

de Língua Espanhola. No retorno do educando, este deverá reiniciar a disciplina

sem aproveitamento da carga horária cursada e os registros de notas obtidos, caso

opte novamente por cursar Língua Espanhola;

l) o educando desistente, por mais de dois anos, a partir da data de matrícula

inicial na disciplina, no seu retorno, deverá fazer matrícula inicial na disciplina,

podendo participar do processo de classificação, exceto na disciplina de Língua

Espanhola.

O adendo de alteração e acréscimo da Proposta Pedagógica da EJA Nº 01,

entra em vigor a partir do ano letivo de 2010.

Prudentópolis, 30/09/2011

_____________________________

Direção do Estabelecimento

106

DISCIPLINA DE ARTE

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Encontramos o ensino da Arte presente no Brasil desde o século XVI, com a

ação dos jesuítas. A Arte era parte dos ensinamentos, cujo objetivo principal era a

catequização dos grupos que aqui habitavam e que incluía a Retórica, a Literatura, a

Escultura, a Pintura, a Música e as Artes Manuais. Com a expulsão dos jesuítas pelo

Marquês de Pombal e a posterior Reforma Educacional Brasileira (1792-1800) –

Reforma Pombalina - o ensino da Arte tornou-se irrelevante e o Desenho, por

exemplo, foi associado à Matemática na forma de Desenho Geométrico.

Mesmo com o incentivo de D. João VI ao ensino da Arte no início do século

XIX – o que resultou na Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro (1826) – nas

escolas, o ensino ainda era influenciado pelo Iluminismo, priorizando a área

científica. Essa visão foi ratificada na 1ª. Reforma Educacional do Brasil República

em 1890, realizada por Benjamin Constant, cujo objetivo ainda era valorizar a

Ciência e a Geometria. A partir de 1931, com a implantação do ensino da Música por

meio do Canto Orfeônico, o ensino da Arte fez-se presente no primeiro projeto de

educação pública de massa.

No Paraná, em 1954, foi criada a Escola de Artes no Colégio Estadual, na

cidade de Curitiba, envolvendo Artes Plásticas, Teatro e Música.

O ensino da Arte somente passa a ser obrigatório nas escolas brasileiras em

1971, com a Lei 5692/71, porém, com conteúdo reduzido, fundado em uma visão

tecnicista e entendendo o educador de Artes como um profissional polivalente, ou

seja, aquele que deve dominar os conteúdos de Artes Plásticas e Música. Em 1996,

a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ratifica a obrigatoriedade do ensino da Arte

na Educação Básica, porém, a Arte passa a compor a área de Linguagens, Códigos

e suas Tecnologias, abrangendo Música, Artes Visuais, Dança e Teatro.

Esse breve passeio pela história nos dá uma ideia dos conceitos que

permearam a educação de Artes no Brasil, abrangendo desde um caráter religioso,

com a catequização dos nativos, até aquela com fins puramente tecnicistas.

107

Passamos de um extremo a outro, do “sensibilizador” para o “científico racional”. É

importante frisar que a educação pública no Brasil até o início do séc. XX estava

voltada para uma elite basicamente masculina. Verificamos também que, após a

expulsão dos jesuítas, o pensamento iluminista e positivista foi preponderante no

ensino público brasileiro.

Atualmente, o trabalho na disciplina de Arte exige do educador reflexões que

contemplem a arte efetivamente como área de conhecimento fundamental na

formação dos alunos.

Quando Regina Migliori (1993 p.14) propõe uma “perspectiva de abordagem

global” como sendo “a possibilidade de lidarmos com tudo o que se nos apresenta e

não somente com os aspectos artificialmente eleitos”, a ideia é que se busque uma

nova leitura da realidade. O entendimento de Migliori nos remete para uma

perspectiva de uma formação omnilateral,3 crítica e autônoma do aluno e da

educanda, ou seja, “temos que aprender a lidar com as divergências de forma não

excludente” (MIGLIORI, 1993 p. 14).

Quando privilegiamos a produção artística de um determinado grupo, povo ou

etnia, fragmentamos a realidade e automaticamente criamos um juízo de valor no

qual os recortes do conhecimento que fazemos passam a ser os verdadeiros ou os

únicos. “Essa visão fragmentada, geradora dos incluídos e excluídos, gera uma

outra verdade cruel: a marginalidade que não é alternativa” (MIGLIORI. 1993 p.14).

Isso implica que ao apresentarmos em nossa seleção de conteúdos curriculares

outras vozes que estão presentes na ação histórica da construção do conhecimento,

possibilitamos ao aluno e a educanda outras leituras diferentes daquelas que vêm

sendo oficialmente apresentadas.

A Arte – fruto da percepção e da necessidade da expressão humana – revela

a realidade interior e exterior ao homem e à mulher. Essa expressão artística é

concretizada utilizando-se de sons, formas visuais, movimentos do corpo,

representação cênica, dentre outras, que são percebidas pelos sentidos. Isso

3 Explicar unilateralidade em função do trabalho e da educação nos reporta no tempo em que o homem tinha a necessidade de conhecimento do todo, ou seja, pensar o objeto, fazer o objeto e vender o objeto. Como na educação, que se preocupava com as ciências exatas, as artes, a sociologia, e o espiritual, quando os quatro eixos eram de extrema importância e tinham o mesmo peso em valor.

108

contribui para outras possibilidades de leituras da realidade e, portanto, com mais

subsídios para repensá-la. O objetivo dessa proposta é gerar um ser reflexivo,

autônomo e inserido criticamente na realidade em que vive. A Arte nos ajuda nesse

processo, na medida em que nos fornece uma simbologia própria e portanto, outras

leituras do mundo que nos cerca. Segundo Isabel Marques4: “Um dos elementos

essenciais que caracteriza o ensino da Arte no ambiente escolar é o fato de que, na

escola, temos a possibilidade de relacionar, questionar, experimentar, refletir e

contextualizar os trabalhos artísticos a fim de que façam sentido em nossas próprias

vidas e na construção da sociedade brasileira.”

A discussão em torno da arte como linguagem pondera o entendimento de

que a arte não apenas suscita sentimentos, mas pressupõe uma relação de

transmissão e recepção de ideias, ou seja, de comunicação. Portanto, a Arte aqui é

entendida como linguagem, que se utiliza de símbolos e de elementos próprios que

estão presentes na Dança (movimento e não movimento), na Música (sons), no

Teatro (dramatização) e nas Artes Visuais (forma e luz).

Ler o produto artístico em suas diversas relações, nos diversos prismas e no

que tange aos seus significados socialmente construídos pressupõe que o produto

artístico como seja um “veículo portador de significado” (ver Bakhtin 1995, p.132).

Nesse sentido, os símbolos são fundamentais para a vida social, pois é por meio

deles que nos comunicamos e manifestamos nossa capacidade de sentir e de

pensar.

Na cultura escolar, os saberes são apropriados pela escola de maneira

singular, dando-lhes um sentido pedagógico (SACRISTAN, 2001). Na escola, esse

trabalho, ressignifica os saberes e os conceitos científicos produzidos na sociedade.

É com base nestes pressupostos que trataremos a Arte como linguagem.

Linguagem artística.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O encaminhamento metodológico para a disciplina de Arte do ensino

4 Esta citação é transcrição da fala da Profª Dra Isabel Marques no Simpósio Estadual de Educação Artística, Paraná abril, 2005.

109

fundamental e médio da Educação de Jovens e Adultos da rede pública do Estado

do Paraná está fundamentado nas Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, onde

estão identificados três eixos articuladores: cultura, trabalho e tempo. Com base

nesses eixos que norteiam o currículo na EJA, elegemos ARTE E ESTÉTICA, ARTE

E IDENTIDADE e ARTE E SOCIEDADE como eixos específicos da disciplina de

Arte, dos quais derivarão as temáticas propostas e os conteúdos que serão

desenvolvidos em salas de aula.

ARTE E ESTÉTICA

Hoje se utiliza o termo estética para indicar... no campo das belas artes, uma

concepção especial, uma maneira de fazer, uma escola ou tendência determinada

(ZAMAICOS, 1986)

A experiência estética se revela com a sensibilização, com a descoberta do

olhar, um encontro com as emoções, libertando o ser para perceber o mundo em si

e ao seu redor, permitindo um pensar filosófico, crítico e reflexivo. Aurélio Buarque

de Holanda Ferreira, em seu Dicionário da Língua Portuguesa, apresenta, dentre

outros, os seguintes significados para a palavra estética: “1- estudo das condições e

dos efeitos da criação artística. 2- (...) estudo racional do belo, quer quanto à

possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções e

sentimentos que ele suscita no homem”.

Partindo dessas definições e as ampliando, a Estética aqui é entendida como

sendo “toda teoria que se refira à beleza ou à arte" (Pareyson, 1997, p. 2), sendo ela

derivada de uma experiência filosófica ou concreta. E por ser uma reflexão sobre a

experiência, inclui-se aqui o fazer artístico, que é a manipulação dos elementos da

linguagem artística, presentes nas Artes Visuais, na Música, no Teatro e na Dança.

Portanto, entendemos que ao adotar um eixo articulador para a disciplina de Arte

baseado no entendimento acima exposto, devemos possibilitar as experiências

estéticas e compreender como aproximar e proporcionar o olhar estético para as

produções artísticas e para o cotidiano. E assim sendo, “o aluno da EJA torna-se

sujeito na construção do conhecimento mediante a compreensão dos processos de

trabalho, de criação, de produção e de cultura.”(Diretrizes Curriculares para a

110

Educação de Jovens e Adultos, p. 30).

ARTE E IDENTIDADE

É comum ouvirmos falar de crise de identidade, mas o que é identidade e

como essa identidade se revela a partir da arte que produzimos? A identidade está

em crise?O que é identidade? É idêntico, igual, registro...

Para o dicionário Houaiss identidade é:

1- estado que não muda <a identidade das impressões digitais> 2- consciência da persistência da própria identidade, 3- o que faz com que uma coisa seja a mesma que outra, 4- conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa e graças às quais é possível individualizá-la.

A identidade singulariza e faz com que nos sintamos diferentes dos demais.

Identificar pode ser aplicado a indivíduos e grupos, ou seja, tornar idêntico, fazer (se)

reconhecer, distinguir traços característicos como gosto, música, festas, folguedos,

crenças de grupos urbanos, rurais, etnias e outros tantos que usam da linguagem

artística para expressar-se e assinar suas características sociais, antropológicas e

psicológicas.

Diferentes modos de vida social são constituídos a partir das ideias que as

pessoas têm sobre si, e das práticas que emergem dessas ideias e como afirma

Candau (2002, p. 24), “identidade é um conceito polissêmico, podendo representar o

que uma pessoa tem de mais característico ou exclusivo e ao mesmo tempo, indica

que pertencemos ao mesmo grupo”, a identidade cultural de um indivíduo ou grupo

permite que este seja localizado em um sistema social. Em um mundo onde as

mudanças são rápidas, face à globalização e aos eventos tecnológicos e científicos

vertiginosos, a arte é um dos elementos que faz parte da identidade dos povos. As

mudanças globais aceleradas influenciam a identidade dos indivíduos e a sua

manifestação artística. Podemos ver com Marques (2003, p. 157) que:

Não se domina um país pela invasão territorial, mas principalmente pela superposição e diluição de repertórios culturais e sociais. Caso nossos repertórios não estejam enraizados de forma significativa, ou seja, relacional, consciente e crítica, poderemos ser massacrados pela pasteurização de ideias estéticas.

A nossa identidade pessoal e social é um importante mediador das relações

111

com os demais. A proposta deste eixo temático na Educação de Jovens e Adultos

do Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná preocupa-se em uma

educação pela arte que transmita significados que estão próximos da vida concreta

do aluno, produzindo aprendizagem. É um processo que mobiliza tanto os

significados e os símbolos quanto os sentimentos e as experiências a que se

propõe.

Quando um indivíduo desenvolve sua percepção estética e tem consciência

do poder destas representações, textos e imagens na produção das identidades,

compreende a força persuasiva da arte, no sentido de criar e reforçar

representações que possuímos como indivíduos e como identidade coletiva.

ARTE E SOCIEDADE

... concernem à determinação social da atividade artística, seja do ponto de vista da finalidade social das obras – por exemplo, o culto religioso ou o mercado de arte – seja o lugar ocupado pelo artista – por exemplo, iniciado numa seita secreta, financiado por um mecenas renascentista, profissional liberal ligado ao mercado de arte, etc – seja das condições de recepção da obra de arte – a comunidade de fiéis, a elite cultivada e economicamente poderosa, as classes populares, a massa, etc. (CHAUÍ, 2003, p. 153)

A arte não é uma produção fragmentada ou fruto de modelos aleatórios ou

apartados do contexto social nem tampouco mera contemplação, e sim, uma ciência

que trabalha com o conhecimento presente em diferentes instâncias sociais.

A profunda relação entre arte e sociedade é possível na medida em que

pensarmos a arte como construção social e não como um dom natural, talento ou

mera produção. As pessoas são construções sociais que necessariamente influem e

são influenciados pelo fazer e pensar arte. A música rap, por exemplo, constrói um

determinado tipo de consciência social, propaga os conhecimentos de um grupo

popular, que são absorvidos e muitas vezes até revivificados em outras formas

artístico-culturais. A abordagem crítica e intertextualizada é necessária para que no

cotidiano se problematizem as relações entre arte e sociedade e se permita, assim,

a formação de sínteses pessoais enriquecedoras. Em outras palavras, o conceito de

112

arte e sociedade abrange grandes temas da vida social como: a relação do homem

com o trabalho; as relações de gênero; a ocupação do espaço urbano e outros.

Também através deles podemos compreender, inclusive, a influência da indústria

cultural, segundo a qual, muitas vezes a (pseudo) cultura de massa tenta impor uma

ordem social passiva e alienada. Em contrapartida, o conhecimento da arte em seu

aspecto social, deve desvelar-se de modo que o ser humano possa pertencer,

dialogar e transformar a realidade que o circunda.

No que concerne à Educação de Jovens e Adultos, não podemos perder de

vista as concepções de mundo e de sociedade que queremos construir e vivenciar

com os alunos, pois o grande desafio do trabalho pedagógico em arte nos dias de

hoje não se resume somente em aceitar e respeitar a diversidade, mas

principalmente em trabalhar, partilhar, dialogar e recriar conjuntamente a fim de

educar para uma sociedade mais justa e igualitária. “A ação da escola será de

mediação entre o aluno e os saberes, de forma que o mesmo assimile estes

conhecimentos como instrumentos de transformação de sua realidade social”

(Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos, p. 31).

Os temas de estudo são temas que direcionam, motivam e articulam a

construção do conhecimento em arte, propiciando diferentes leituras de mundo, de

cidadania participativa, reflexiva e crítica. O educador escolherá um tema de estudos

abrangente e articulado entre os eixos – identificados na disciplina de Educação

Artística e Arte e os indicados nas Diretrizes Curriculares para a EJA – de maneira a

englobar o conteúdo que fará parte do planejamento da célula de aula. Os temas de

estudo terão a flexibilidade necessária para que possam ser adequados ao contexto

do aluno.

Os temas de estudo são perpassados por um processo, denominado

“validação”, ou seja, o tema só será adequado para continuar o planejamento se

passar positivamente pelas seguintes perguntas:

1. É relevante? É importante? Para quem? Perpassa pelos eixos definidos nas

Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA - Cultura, Trabalho e Tempo?;

2. Gera conhecimento em arte? Perpassa pelos eixos Arte e Identidade, Arte e

Sociedade e Arte e Estética?

113

3. É abrangente? Contempla o local e o global (regional, nacional e mundial)? É

flexível?

4. É possível adequá-lo às necessidades dos alunos e educandas da EJA (Idade,

condições físicas, espaciais, etc)?

Uma vez escolhido o tema de estudo, o próximo passo é a elaboração da

célula de aula, que serão compostas por (MARQUES, 2001, p.91-102):

• Textos – Repertórios;

• Sub texto – Elementos da linguagem (conteúdos da disciplina);

• Contexto – Elementos históricos, sociais e culturais.

ARTE E AS TEMÁTICAS SÓCIOEDUCACIONAIS

Deve-se fazer um trabalho que aborde os Desafios Educacionais

Contemporâneos como:

• Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da

Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações

entre o homem e o meio biofísico;

• Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos

e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado

democrático;

• Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação

de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço

onde o conhecimento toma o lugar da força;

• História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei

10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e

Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o

reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra,

assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das

indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura Afro-

114

Brasileira e Africana.

• Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e

cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e

crenças pessoais. Os educadores e os alunos são instigados em conhecer assuntos

relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao

usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros;

• Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o

tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar

os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

ARTE E OS RECURSOS DIDÁTICOS

A escola é o espaço privilegiado de formação humana e construção da

cidadania. Para exercer a cidadania plena é necessário ter acesso à informação e à

tecnologia. Isso, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo, mas sim

tomar posse da tecnologia e usá-la a seu favor, transformando a informação em

conhecimento.

Os jovens, os adultos e os idosos da EJA, em sua grande maioria, vêm

buscar esse conhecimento visando atender às exigências do mercado de trabalho,

cada vez mais competitivo. O desafio que fica aos educadores da EJA é utilizar os

recursos tecnológicos como a TV, DVD, vídeo, data show, pendrive, retro projetor e

computadores no laboratório, de modo a provocar impactos positivos na escola e,

por conseguinte, na vida profissional dos seus alunos, sempre usando os materiais

didáticos disponíveis como imagens, livros de arte e revistas.

ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Cada linguagem artística possui um elemento básico por meio do qual ela se

manifesta, ou seja: o som (Música), o movimento e o não movimento (Dança), a

forma e a luz (Artes Visuais) e a dramatização (Teatro). Destes elementos básicos

derivam-se os elementos de linguagem específicos da arte. Portanto, os conteúdos

para o Ensino Fundamental e Médio devem contemplar os elementos de cada

115

linguagem artística (Música, Teatro, Dança e Artes Visuais), sua articulação e

organização. Esses elementos permitirão ao aluno ler e interpretar o repertório,

assim como elaborar o seu próprio trabalho artístico. A leitura, interpretação e

produção artística avalia a apreensão por parte do alunos dos conteúdos propostos

na sala de aula.

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

Elementos Formais Composição

Música Altura

Duração

Timbre

Intensidade

Densidade

Ritmo

Melodia

Harmonia

Tonal

Modal

Contemporânea

Escalas

Sonoplastia

Estrutura

Gêneros: erudita, folclórica...

Técnicas:instrumental, vocal, mista,

improvisação...

Artes Visuais Ponto

Linha

Superfícies

Textura

Volume

Luz

Cor

Figurativa

Abstrata

Figura-fundo

Bidimensional

Tridimensional

Semelhanças

Contrastes

Ritmo visual

Gêneros:Paisagem, retrato, natureza-morta...

Técnicas:Pintura, gravura, escultura,

arquitetura, fotografia, vídeo...

Teatro Personagem Representação

116

(expressões,

corporais, vocais,

gestuais e faciais)

Texto Dramáticos

Dramaturgia

Roteiro

Espaço Cênico,

Sonoplastia, iluminação, cenografia, figurino,

adereços, máscara, caracterização e

maquiagem.

Gêneros:Tragédia, Comédia, Drama, Épico...

Técnicas: jogos teatrais, enredo, Teatro direto,

Teatro indireto (manipulação, bonecos,

sombras …), improvisação, monólogo, jogos

dramáticos, direção, produção...

Dança Movimento Corporal

Tempo

Espaço

Eixo

Dinâmica

Aceleração

Ponto de apoio

Formação

Deslocamento

Sonoplastia

Coreografia

Gêneros: folclóricas, de salão, etnia...

Técnicas: improvisação, coreografia...

ARTES VISUAIS

a) Forma:

Composição, Experimentação (como os elementos da linguagem visual se

articulam?);

Suportes (onde está proposta a ideia imagética?);

Espacialidade – bidimensionais e tridimensionais (como está projetada, composta ou

representada no espaço?);

Texturas / acabamentos (como se apresenta?);

117

Movimento: dinâmica, força, fluência e equilíbrio (como se alternam, ritmo?).

b) Luz:

Decomposição da luz branca;

Cor /pigmento / percepção da cor

Tons

Valores / classificação das cores;

Sombras e luz;

Contraste.

MÚSICA

a) distribuição dos sons de maneira sucessiva (intervalos melódicos/ melodia).

b) distribuição dos sons de maneira simultânea (intervalos harmônicos/ harmonia),

c) qualidades do som e suas variações:

• intensidade (dinâmica)

• duração (pulsação/ ritmo)

• altura (grave/ agudo)

• timbre (fonte sonora/ instrumentação)

• estruturas musicais (organização e articulação dos elementos da linguagem

musical/ forma musical).

TEATRO

a) Elementos dramáticos:

• a personagem: agente da ação;

• enredo: como desdobramento de acontecimentos, desenvolvidos pela

personagem;

• espaço cênico: local onde se desenvolve a ação cênica.

b) Signos da Representação Teatral:

• da personagem:

• visuais: figurinos, adereços, gestual;

• sonoros: fala (entonação)

118

• do espaço cênico: visuais: cenário, adereços de cena, iluminação;

sonoros: sonoplastia;

c) Gêneros Teatrais:

• Tragédia e suas características: a fatalidade, o sofrimento, o pesar;

• Comédia e suas características: o riso, a sátira, o grotesco;

• Drama e suas características: o conflito.

DANÇA

Elementos do Movimento:

• Corpo: articulações, superfícies, membros, tronco, quadril, cabeça.

• Espaço: kinesfera (amplitudes), progressões espaciais, tensões espaciais,

projeções espaciais, orientação espacial, forma.

• Ações: torcer, gesticular, inclinar, deslocar, rodar, parar, cair, expandir, recolher,

saltar.

• Dinâmicas: peso, espaço, tempo, fluência.

• Relacionamentos.

AVALIAÇÃO

A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a

intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se

estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e

aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, diagnosticar os resultados

atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos

expressos na proposta pedagógica.

Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de

reflexão dos alunos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser

entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma

atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta.

A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações

119

contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios:

• investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;

• contínua: permite a observação permanente do processo ensino-aprendizagem

e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;

• sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do aluno, utilizando

instrumentos diversos para o registro do processo;

• abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola do

aluno;

• permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo

aluno no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da

escola.

Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao

longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz

curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação

presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem.

Considerando que os saberes e a cultura do aluno devem ser respeitados

como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará,

necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o

seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante

o atual processo de escolarização.

A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais

como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e

pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades

complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de

aprendizado dos alunos e avaliar os conteúdos desenvolvidos.

É vedada a avaliação em que os alunos sejam submetidos a uma única

oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo

aluno e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e

necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica.

120

PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS PARA ATRIBUIÇÃO DE NOTAS

• As avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com

finalidade educativa;

• para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06

(seis) notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas

e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de

ensino, a que, obrigatoriamente, o aluno se submeterá na presença do

professor, conforme descrito no Regimento Escolar.

• a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo

os resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero);

• para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis

vírgula zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 –

SEED e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da

carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por

cento) na organização individual;

• o aluno deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro

da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para

os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de

apropriação dos conhecimentos;

• para os alunos que cursarem 100% da carga horária da disciplina, a

média final corresponderá à média aritmética das avaliações processuais,

devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero);

• os resultados das avaliações dos alunos deverão ser registrados em

documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade a

autenticidade da vida escolar do aluno;

• o aluno portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não

por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver.

121

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DISCIPLINA DE BIOLOGIA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com

suas Diretrizes Curriculares e em consonância com o documento apresentado como

a segunda proposta preliminar das Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino

Médio de Biologia da Rede Estadual de Ensino do Paraná, apresenta os

fundamentos teóricos, metodológicos e avaliativos do ensino de Biologia, que

norteiam a elaboração da proposta curricular desta disciplina.

Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade

absoluta, pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e

aprendizagem da Biologia no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de

ensino dessa disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a

devida reflexão, seja superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos

alunos em buscar explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas,

referenciadas pelo conhecimento científico.

É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e

valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Biologia no contexto

escolar.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia - Ensino Médio, desta

Secretaria de Estado da Educação, “é objeto de estudo da Biologia o fenômeno

vida em toda sua diversidade de manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por

um conjunto de processos organizados e integrados, quer no nível de uma célula, de

um indivíduo, ou ainda, de organismos no seu meio. Um sistema vivo é sempre fruto

da interação entre seus elementos constituintes e da interação entre esse mesmo

sistema e os demais componentes de seu meio. As diferentes formas de vida estão

sujeitas a transformações que ocorrem no tempo e no espaço, sendo, ao mesmo

tempo, transformadas e transformadoras do ambiente”.

Nas Diretrizes, ainda, afirma-se que “ao longo da história da humanidade

várias foram as explicações para o surgimento e a diversidade da vida, de modo que

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os modelos científicos conviveram e convivem com outros sistemas explicativos

como, por exemplo, os de inspiração filosófica ou religiosa. Elementos da História e

da Filosofia tornam possível, aos alunos, a compreensão de que há uma ampla rede

de relações entre a produção científica e os contextos sociais, econômicos e

políticos. É possível verificar que a formulação, a validade ou não das diferentes

teorias científicas está associada a seu momento histórico.”

As Diretrizes do Ensino Médio para a disciplina de Biologia consideram que “o

conhecimento do campo da Biologia deve subsidiar a análise e reflexão de questões

polêmicas que dizem respeito ao desenvolvimento, ao aproveitamento de recursos

naturais e a utilização de tecnologias que implicam em intensa intervenção humana

no ambiente, levando-se em conta a dinâmica dos ecossistemas, dos organismos,

enfim, o modo como a natureza se comporta e a vida se processa. Sabe-se que

desde o surgimento do planeta Terra, a espécie humana, ou Homo sapiens, não foi

o ser predominante, e muito menos, o ser vivo mais importante dentre todos os

diversos seres vivos que por aqui passaram. Por outro lado, ao longo deste

processo de humanização, que durou aproximadamente três milhões de anos, o

homem criou a linguagem, a escrita e a fala, diferenciando-se de todas as demais

formas de vida. Isso possibilitou ao homem a socialização, a organização dos

espaços físicos, a fabricação de instrumentos utilitários e o início das atividades

agrícolas”.

Ressaltam também, “o papel da Ciência e da sociedade como pontos

articuladores entre a realidade social e o saber científico. Cabe aos seres humanos,

enquanto sujeitos históricos atuantes num determinado grupo social, reconhecerem

suas fragilidades e buscarem novas concepções sobre a natureza (...) É preciso que

estes sujeitos percebam que sua sobrevivência, enquanto espécie, depende do

equilíbrio e do respeito a todas as formas de vida que fazem do planeta o maior ser

vivo conhecido”.

É importante que o aluno jovem e adulto tenha acesso ao conhecimento

científico a fim de compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os

seres vivos e o universo, numa concepção flexível e processual, por meio do saber

questionador e reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário que perceba os

125

aspectos positivos e negativos da ciência e da tecnologia, para que possa atuar de

forma consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e

os valores sociais, morais e políticos que sustentam a vida.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O conjunto de saberes do aluno deve ser considerado o ponto de partida para

o processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo relações com o mundo do

trabalho e com outras dimensões do meio social.

Conforme as Diretrizes Curriculares para a disciplina de Biologia- Ensino

Médio – SEED-PR, “ na escola, a Biologia deve ir além das funções que já

desempenha no currículo escolar. Ela deve discutir com os jovens

instrumentalizando-os para resolver problemas que atingem direta ou indiretamente

sua perspectiva de futuro”.

As Diretrizes, ainda, consideram que

para a discussão de todas estas características socioambientais e do papel do ensino formal de Biologia, as relações estabelecidas entre professor-aluno e aluno-aluno são determinantes na efetivação do processo ensino-aprendizagem, e para isto, há necessidade de leitura e conhecimento sobre metodologia de ensino para que as aulas de Biologia sejam dinâmicas, interessantes, produtivas, e resultem em verdadeira aprendizagem.

Ressaltam também que, “pensar criticamente, ser capaz de analisar fatos e

fenômenos ocorridos no ambiente, relacionar fatores sociais, políticos, econômicos e

ambientais exige do aluno investigação, leitura, pesquisa. No ensino de Biologia,

diferentes metodologias podem ser utilizadas com este propósito. A metodologia de

investigação, por exemplo, permite ao aluno investigar a realidade buscando

respostas para solucionar determinados problemas”.

Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da

ação de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e

espaço e, ainda na disciplina de Biologia, como forma de resgate e de construção de

melhores possibilidades de vida individuais e coletivas, há que se optar por uma

metodologia de ensino e aprendizagem adequada à realidade do aluno da EJA.

Segundo RIBEIRO (1999, p.8),

126

criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos.

Nessa perspectiva, destaca-se a importância de propiciar aos alunos, a

compreensão dos conceitos científicos de forma significativa, ou seja, que o

conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não

somente nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global,

o que lhe permitirá posicionar-se e interferir na sociedade de forma crítica e

autônoma. Para tanto, o educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos

previamente pelos alunos, respeitando seu tempo próprio de construção da

aprendizagem, considerando:

• que o educador é mediador e estimulador do processo, respeitando, de forma

real, como ponto de partida o conjunto de saberes trazidos pelos alunos;

• as experiências dos alunos no mundo do trabalho;

• a necessária acomodação entre o tempo e o espaço do aluno, o tempo

pedagógico e o físico, visto que os mesmos interferem na sua “formação”

científica;

• as relações entre o cotidiano dos alunos e o conhecimento científico;

• a incorporação das mídias no cotidiano escolar do aluno;

• o respeito das individualidades de cor, raça, credo, gênero e diversidade.

Nesse contexto, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de

forma contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao aluno jovem e

adulto a inter-relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes

situações com que se deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode-se dar

a partir de uma problematização, ou seja, em lançar desafios que necessitem de

respostas para determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade

(...), um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser

superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada” (SAVIANI, 1993,

p.26)”. As dúvidas são muito comuns na disciplina de Biologia, devendo ser

127

aproveitadas para reflexão sobre o problema a ser analisado, e assim, para o

educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização, sem reduzir os

conteúdos apenas à sua aplicação prática, deixando de lado o saber acadêmico.

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de

Biologia é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do

pensamento da Ciência, propiciando condições para que o aluno perceba o

significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem

própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo.

Os conteúdos abordados em Biologia, contribuem na formação de um aluno

crítico e “pensante”, uma vez que o objeto de estudo desta disciplina é o fenômeno

“VIDA”, e todas as suas relações. Assim compreende conteúdos como: organização

dos seres vivos; funcionamento dos mecanismos biológicos; estudo da

biodiversidade em processos biológicos, de variabilidade genética, hereditariedade e

relações ecológicas; e análise da manipulação genética.

É importante salientar, o uso criativo das metodologias pelo educador, que

será indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento

e crítico sobre a realidade trazida pelos alunos.

A fim de auxiliar o processo de ensino- aprendizagem, enriquecer e melhorar

a compreensão dos conteúdos abordados na disciplina de Biologia, é importante o

uso de recursos, como TV pendrive, computador, aparelho de DVD e microscópio

óptico. A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência

fundamental no ensino de Biologia. Quando elaborada individual ou coletivamente

deve ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos alunos e a

evolução do processo de aprendizagem. É importante lembrar que a cultura

científica deve ser incentivada mesmo que de forma gradual, respeitando o tempo

de cada grupo ou indivíduo.

Uma estratégia comum em Biologia é a utilização de experimentos e práticas

realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o sentido e o

objetivo dessa alternativa metodológica, visto que muitas vezes, situações muito

ricas do cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório. Deve-

se considerar a possibilidade de aproveitamento de materiais do cotidiano, assim

128

como espaços alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma atividade

científica. A utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório devem

ser vistas como uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão do rigor

científico, devendo ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO (2002, p.75),

é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do

material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma

que não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro

didático, BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser utilizado como um dos

materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor,

selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as

informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos.

Partindo-se do pressuposto de que “o que é visto é lembrado”, torna-se de

suma importância o uso de recursos como TV pendrive, DVD e computador, como

maneira de ilustrar aulas expositivas, pois estes recursos permitem que o aluno

memorize melhor o conteúdo trabalhado.

Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles

que possam ter significado real à vida dos alunos jovens e adultos. Os conteúdos

devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre

um determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes,

estimular a autonomia intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a

rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a

relevância e a necessidade dos mesmos, bem como a coerência dos mesmos no

processo educativo.

Os conteúdos obrigatórios da instrução 009/11- SUED/ SEED serão tratados

em conjunto aos conteúdos específicos, pertencentes a disciplina, propostos nas

DCEs.

129

CONTEÚDOS – BIOLOGIA ENSINO MÉDIO

A proposta de sugestão de conteúdos básicos para a elaboração do currículo

da disciplina de Biologia na Educação de Jovens e Adultos – EJA, fundamenta-se

nas “Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio”, da Secretaria de Estado da

Educação do Paraná– SEED – PR.

É importante considerar que a organização dos conteúdos curriculares da

disciplina de Biologia na EJA tem o objetivo de contemplar as necessidades e o

perfil dos alunos desta modalidade de ensino da Educação Básica.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio – SEED-PR,

os conteúdos básicos são entendidos como os saberes mais amplos da disciplina que podem ser desdobrados nos conteúdos pontuais que fazem parte de um corpo estruturado de saberes construídos e acumulados historicamente e que identificam a disciplina como um campo do conhecimento. Dentro da perspectiva dos conteúdos escolares como saberes, o termo "conteúdo" não se refere apenas a fatos, conceitos ou explicações destinados aos alunos para que estes conheçam, memorizem, compreendam, apliquem, relacionem, etc. Hoje, o critério que decide se certos conhecimentos concretos devem ser incluídos no currículo não se restringe ao seu valor epistemológico e aceitação como conhecimento válido: a relevância cultural, o valor que lhes é atribuído no âmbito de uma cultura particular em um determinado momento histórico, entra em cena.

Segundo as Diretrizes,

estabelecer os conteúdos básicos para o ensino de Biologia requer uma análise desse momento histórico, social, político e econômico que vivemos; da relevância e abrangência dos conhecimentos que se pretendem serem desenvolvidos nessa modalidade de ensino; da atuação do professor em sala de aula; dos materiais didáticos disponíveis no mercado; das condições de vida dos alunos e dos seus objetivos. A decisão sobre o que e como ensinar Biologia no Ensino Médio deve ocorrer de forma a promover as finalidades e objetivos dessa modalidade de ensino e da disciplina em questão. Não se trata de estabelecer uma lista de conteúdos em detrimento de outra por manutenção tradicional ou por inovação arbitrária. Referimo-nos aos conceitos e concepções que têm a ver com a construção de uma visão de mundo; outros práticos e instrumentais para a ação, e ainda aqueles que permitem a formação de um sujeito crítico.Precisaremos estabelecer conteúdos básicos que, por sua abrangência, atendem às realidades regionais e, ao mesmo tempo garantem a identidade da disciplina.

Na proposta, elaborada a partir das discussões com os professores do Ensino

Médio Regular, propõe-se ampliar a integração entre os conteúdos básicos,

130

destacando os aspectos essenciais sobre a vida e a vida humana que vão ser

trabalhados por meio dos conhecimentos científicos referenciados na prática.

A sugestão de conteúdos básicos e estruturantes estão descritos a seguir:

ORGANIZAÇÃO

DOS SERES

VIVOS

MECANISMOS

BIOLÓGICOSBIODIVERSIDADE MANIPULAÇÃO

GENÉTICO

Classificação dos

seres vivos:

critérios

taxonômicos e

filogenéticos.

Sistemas

biológicos:

anatomia,

morfologia e

fisiologia.

Mecanismos de

desenvolvimento

embriológico.

Mecanismos

celulares biofísicos

e bioquímicos.

Teorias evolutivas.

Transmissão das

características

hereditárias.

Dinâmica dos

ecossistemas:

relações entre os

seres vivos e

interdependência

com o ambiente.

Organismos

geneticamente

modificados.

Ainda no que consta nas Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio –

SEED-PR, há a justificativa para a organização e distribuição dos Conteúdos

básicos, descrita a seguir:

Os Conteúdos básicos de Biologia ao mesmo tempo agrupam as diferentes áreas da Biologia e proporcionam um novo pensar sobre como relacioná-los sem que se perca de vista o objetivo do ensino da disciplina no Ensino Médio. A nova proposta pretende modificar a estrutura firmada pela trajetória que o ensino de Biologia vem atravessando nestas últimas décadas. Estabelece os conteúdos básicos e um novo olhar de forma a relacioná-los com seus conteúdos pontuais sob os pontos de vista vertical, transversal e horizontal, procurando uma lógica dialética que leve o professor a integrá-los e relacioná-los de maneira que o aluno não tenha mais uma visão fragmentada da biologia.

131

ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS

Este conteúdo estruturante permite conhecer a organização dos seres vivos,

estabelecendo-se a relação entre, a existência de características comuns entre os

seres vivos e sua ancestralidade. Assim sendo, tem-se inserida neste conteúdo, a

classificação dos seres vivos, sendo que a mais adotada é aquela em que divide os

seres vivos em cinco grandes Reinos.

MECANISMOS BIOLÓGICOS

Através deste conteúdo estruturante é possível conhecer, o funcionamento

dos sistemas orgânicos dos diferentes grupos de seres vivos. Tem-se então a

abordagem do do funcionamento, de sistemas como por exemplo, o locomotor,

nervoso, digestório e também dos componentes celulares.

BIODIVERSIDADE

O intuito de se estudar a Biodiversidade, está acerca de compreender o seu

conceito, através da indução e análise. Assim, pontos importantes na Biologia,

como a origem dos seres vivos, relação entre eles, anatomia, fisiologia, evolução e

mesmo a classificação dos seres vivos, são compreendidos por este conteúdo

estruturante.

MANIPULAÇÃO GENÉTICA

O objetivo no estudo deste conteúdo estruturante, é permitir ao educando, a

compreensão do que é o material genético, qual sua função, e perceber a relação

entre o material genético e a hereditariedade. No desenvolver deste estudo, será

possível que o aluno construa seu conhecimento acerca destas informações e

entenda como novas características podem surgir nos diversos seres vivos, através 132

da mutabilidade. É importante também, que seja abordada, a manipulação genética,

a fim de que sejam conhecido o seu uso, na medicina, farmácia, agricultura entre

outros setores.

AVALIAÇÃO

Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, propõe-se formar

sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o

contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento,

sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. A avaliação,

nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão das dificuldades de

aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças necessárias para que essa

aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade, da

sociedade como um todo, no atual contexto histórico e no espaço onde os alunos

estão inseridos.

O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a

reflexão de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por

parte do aluno. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de

partida para a revisão e reconstrução do caminho metodológico percorrido pelo

aluno e, principalmente, pelo educador.

O ensino de Biologia na EJA deve propiciar o questionamento reflexivo tanto

de alunos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e

aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua

prática a fim de retomar o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e

estratégias diversificadas, sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro

como ponto de partida para que o aluno e o educador compreendam e ajam sobre o

processo de construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de

aprendizagem.

Partindo da ideia de que a metodologia deve respeitar o conjunto de saberes

do aluno, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o

conhecimento já adquirido pelo aluno permitindo estabelecer relações entre esses

133

conhecimentos. Desta forma, o educador terá possibilidades de perceber e valorizar

as transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos alunos, antes,

durante e depois do processo.

A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou

classificatório, deve-se respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos alunos da EJA

em todos os seus aspectos, como cultura, trabalho e tempo, oportunizando-lhe o

acesso e a permanência no sistema escolar. Há necessidade, tanto por parte do

educador, quanto da comunidade escolar, de conhecer o universo desses alunos,

suas histórias de vida e suas trajetórias no processo educativo, visto que, cada um

seguirá seu próprio caminho, dentro dos seus limites. Portanto, a avaliação tem

como objetivo promover um diálogo constante entre educador e alunos, visando o

seu êxito nos estudos e, de modo algum, a sua exclusão do processo educativo.

Assim, deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo da

aprendizagem, proporcionando a verificação do desempenho do aluno ao longo de

todo o ano e não apenas em uma prova ou trabalho. Cada aluno possui um modo e

ritmo próprio de aprender. Cabe ao professor diversificar as estratégias de avaliação

para que o aluno possa acompanhar o processo de aprendizagem, pois a avaliação

só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para o aprendizado do aluno e

não deve ser usada como punição, mas como um instrumento que auxilie o aluno

em seu desenvolvimento. A avaliação pode ser feita por meio de várias estratégias e

instrumentos , tais como:

Inicial ou Diagnóstica: é o resgate do conhecimento prévio do aluno sobre o

tema. O levantamento não deve ser medido para nota, e sim para informar o

professor sobre de que ponto o aluno partiu e o quanto ele avançou após a

sistematização de conhecimentos;

Trabalhos individuais de pesquisa: ao solicitar uma pesquisa, não se deve

simplesmente passar o tema, é importante que ele seja encaminhado na realização

deste processo, como e onde encontrar a informação.

Trabalhos em grupo: poderá ser considerado a qualidade de trabalho em si,

a auto-avaliação do aluno quanto à sua atuação no grupo e a avaliação de cada

membro do grupo em relação à atuação de cada colega.

134

Avaliação escrita: é um importante instrumento para se avaliar as

capacidades e o progresso individual do aluno quanto ao saber elaborado.

Após cada avaliação escrita é feita a recuperação paralela que proporciona

ao aluno a recuperação dos conteúdos e da nota.

Esta recuperação dar-se-á no próprio processo ensino-aprendizagem, onde

serão retomados os conteúdos com outras metodologias, de forma que todos os

alunos se apropriem dos conhecimentos.

Aos alunos com necessidades especiais, a Avaliação será de forma

adequada de maneira que estes possam se apropriar dos conhecimentos, onde a

sua deficiência não se torne o fator determinante para não aquisição de

conhecimentos elaborados.

Ainda de acordo com a Lei Nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares para a

Educação das Relações Étnico-raciais e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

são propostas as seguintes atividades:

Estudo sobre as teorias antropológicas;

Estudo das características biológicas (biotipo) dos diversos povos;

Contribuição dos povos africanos e de seus descendentes para os avanços

da Ciência e Tecnologia;

Análise e reflexão sobre o panorama da saúde dos africanos, considerando

aspectos políticos, econômicos, ambientais, culturais e sociais intrínsecos a referida

situação;

Índice de desenvolvimento humano.

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137

DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com

suas Diretrizes Curriculares e em consonância com as discussões realizadas com os

professores da rede pública estadual de ensino, apresenta os fundamentos teóricos,

metodológicos e avaliativos do ensino de Ciências, que norteiam a elaboração da

proposta curricular desta disciplina.

Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade

absoluta, pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e

aprendizagem de Ciências no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional

de ensino dessa disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a

devida reflexão, seja superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos

alunos de buscar explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas,

referenciadas pelo conhecimento científico.

É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e

valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Ciências no

contexto escolar. Para tanto,

deve-se reconhecer que a ciência é diferente da disciplina escolar ciências. A

ciência realizada no laboratório requer um conjunto de normas e posturas. Seu

objetivo é encontrar resultados inéditos, que possam explicar o desconhecido. No

entanto, quando é ministrada na sala de aula, requer outro conjunto de

procedimentos, cujo objetivo é alcançar resultados esperados, aliás planejados, para

que o estudante possa entender o que é conhecido. A ciência sabe como procurar

mas não conhece resultados de antemão. O ensino, ao contrário, conhece muito

bem quais são os objetivos a encontrar, mas as discussões de como proceder para

alcançá-los apontam para diferentes caminhos. Existe portanto uma diferença

fundamental entre a comunicação de conhecimento em congressos científicos, entre

cientistas, e a seleção e adaptação de parcelas desse conhecimento para ser

utilizado na escola por professores e alunos. (BIZZO, 2002, p.14)

138

Nessa perspectiva, a disciplina de Ciências tem como fundamento o

conhecimento científico proveniente da ciência construída historicamente pela

humanidade.

Os fatos cotidianos e os conhecimentos adquiridos ao longo da história podem ser

entendidos pela interação das várias áreas do conhecimento, revelando a

importância da Química, da Física, da Biologia, da Astronomia e das Geociências,

que se complementam para explicar os fenômenos naturais e as transformações e

interações que neles se apresentam.

Os fenômenos não são explicados apenas por um determinado

conhecimento, portanto, é importante estabelecer as relações possíveis entre as

disciplinas, identificando a forma com que atuam e as dimensões desses

conhecimentos, pois o diálogo com as outras áreas do conhecimento gera um

movimento de constante ampliação da visão a respeito do que se estuda ou se

conhece.

Outro aspecto a ser desenvolvido pelo ensino de Ciências na EJA é a reflexão

sobre a importância da vida no Planeta. Isso inclui a percepção das relações

históricas, biológicas, éticas, sociais, políticas e econômicas, assim como, a

responsabilidade humana na conservação e uso dos recursos naturais de maneira

sustentável, uma vez que dependemos do Planeta e a ele pertencemos.

O caminho evolutivo da ciência promoveu o avanço tecnológico que deve ser

discutido no espaço escolar, de tal maneira que o aluno possa compreender as

mudanças ocorridas no contexto social, político e econômico e em outros meios com

os quais interage, proporcionando-lhe também o estabelecimento das relações entre

o conhecimento trazido de seu cotidiano e o conhecimento científico e, partindo

destas situações, compreender as relações existentes, questionando, refletindo,

agindo e interagindo com o sistema.

Essa relação entre ciência e tecnologia, aliada à forte presença da tecnologia

no cotidiano das pessoas, já não pode ser ignorada no ensino de Ciências, e sua

ausência aí é inadmissível. Consideram-se, ainda, os efeitos da ciência/tecnologia

sobre a natureza e o espaço organizado pelo homem, o que leva à necessidade de

incluir no currículo escolar uma melhor compreensão do balanço benefício-malefício

139

da relação ciência-tecnologia (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002,

p.68-69).

É importante que o aluno tenha acesso ao conhecimento científico a fim de

compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os seres vivos e o

universo, numa concepção flexível e processual, por meio do saber questionador e

reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário possibilitar ao aluno perceber os

aspectos positivos e negativos da ciência e da tecnologia, para que ele possa atuar

de forma consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a

ética e os valores sociais, morais e políticos que sustam a vida.

O conjunto de saberes do aluno deve recuperação de estudos dar-se-á no

próprio processo ensino-aprendizagem, onde professor retomará os conteúdos com

outras metodologias, de forma que todos os alunos se apropriem dos

conhecimentos.

Aos alunos com necessidades especiais se farão adequações no prédio

( acessibilidade ) e no currículo, e o ensino será de forma que o mesmo, dentro de

suas possibilidades e limitações possa se apropriar dos conhecimentos. A Avaliação

deste aluno será de forma diferenciada adequada às suas necessidades e ser

considerado como ponto de partida para o processo de ensino e aprendizagem,

estabelecendo relações com o mundo do trabalho e com outras dimensões do meio

social.

As Ciências Naturais são compostas de um conjunto de explicações com

peculiaridades próprias e de procedimentos para obter essas explicações sobre a

natureza e os artefatos materiais. Seu ensino e sua aprendizagem serão sempre

balizados pelo fato de que os sujeitos já dispõem de conhecimentos prévios a

respeito do objeto de ensino. A base de tal assertiva é a constatação de que

participam de um conjunto de relações sociais e naturais prévias a sua escolaridade

e que permanecem presentes durante o tempo da atividade escolar (DELIZOICOV;

ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002, p.131).

Dessa forma, é importante que o ensino desenvolvido na disciplina de

Ciências na EJA, possibilite ao aluno, a partir de seus conhecimentos prévios, a

construção do conhecimento científico, por meio da análise, reflexão e ação, para

140

que possa argumentar e se posicionar criticamente.

Assim, o ensino de ciências deve contemplar a articulação entre as diversas

áreas de ensino, promovendo a integração das diversas culturas dando ênfase a

cultura afro-brasileira, valorizar os conhecimentos trazidos pelos alunos ligados a

vida do campo e incluir estes conhecimentos para a prática pedagógica na escola.

Considerar a diversidade de gênero, respeitando as individualidades, bem como

considerar de forma particular as pessoas com necessidades especiais e as

pessoas com dificuldade de aprendizagem. Para tanto os conteúdos serão

trabalhados de forma expositiva, trabalhos em grupo, pesquisas bibliográficas e de

campo, participação em eventos e campanhas. Neste contexto a utilização das

diversas mídias presentes na escola é de fundamental importância para fazer esta

conexão entre o saber elaborado, as perspectivas científicas e as práticas do

cotidiano.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da

ação de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e

espaço e, no estudo na disciplina de Ciências, como uma das formas de resgate e

de construção de melhores possibilidades de vidas individuais e coletivas, há que se

optar por uma metodologia de ensino e de aprendizagem adequada à realidade do

aluno da EJA, em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais propostas

para esta modalidade de ensino. Segundo RIBEIRO (1999, p.8),

criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos.

Nessa perspectiva, destaca-se a importância de propiciar aos alunos, a

compreensão dos conceitos científicos de forma significativa, ou seja, que o

conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não

141

somente nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global,

o que lhe permitirá posicionar-se e interferir na sociedade de forma crítica e

autônoma. Para tanto, o educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos

previamente pelos alunos, respeitando seu tempo próprio de construção da

aprendizagem, considerando

• que o educador é mediador e estimulador do processo, respeitando, de forma

real, como ponto de partida, o conjunto de saberes trazidos pelos alunos;

• as experiências dos alunos no mundo do trabalho;

• a necessária acomodação entre o tempo e o espaço aluno, ainda, o tempo

pedagógico e o tempo físico;

• as relações entre o cotidiano dos alunos e o conhecimento científico.

• a incorporação das mídias no cotidiano escolar do aluno;

• o respeito das individualidades de cor, raça, credo, gênero e diversidade.

Nesse aspecto, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de Ciências

de forma contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao aluno jovem e

adulto a inter-relação dos vínculos dos conteúdos com as diferentes situações com

que se deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode acontecer a partir de

uma problematização, ou seja, em lançar desafios que necessitem de respostas

para determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um

obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma

dúvida que não pode deixar de ser dissipada" (SAVIANI, 1993, p.26). As dúvidas são

muito comuns na disciplina de Ciências, devendo ser aproveitadas para reflexão

sobre o problema a ser analisado, e assim, para o educador, o desafio consiste em

realizar esta contextualização, sem reduzir os conteúdos apenas à sua aplicação

prática, deixando de lado o saber acadêmico.

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de

Ciências é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do

pensamento da Ciência, propiciando condições para que o aluno perceba o

significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem

própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo.

É importante salientar o uso criativo das metodologias pelo educador, que 142

será indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento

e crítico sobre a realidade trazida pelos alunos.

A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência

fundamental no ensino de Ciências. Quando elaborada individual ou coletivamente

deve ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos alunos e a

evolução do processo de aprendizagem. É importante lembrar que a cultura

científica deve ser incentivada mesmo que de forma gradual, respeitando o tempo

de cada grupo ou indivíduo.

Uma estratégia comum em Ciências é a utilização de experimentos e práticas

realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o sentido e o

objetivo dessa alternativa metodológica, visto que muitas vezes, situações muito

ricas do cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório.

Deve-se considerar a possibilidade de aproveitamento de materiais do cotidiano,

assim como lugares alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma

atividade científica. A utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório

devem ser vistas como uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão

do rigor científico, devendo ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO

(2002, p.75),

é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do

material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma

que não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro

didático, BIZZO (2002, p. 66), propõe

que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos.

Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles

143

que possam ter significado real à vida dos alunos jovens e adultos. Os conteúdos

devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre

um determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes,

estimular a autonomia intelectual dos mesmos, através da criticidade, do

posicionamento perante as situações-problemas e da busca por mais

conhecimentos. Os conteúdos podem ser organizados sem a rígida sequencia

linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a

necessidade desses conteúdos, assim como a coerência dos mesmos no processo

educativo.

Os conteúdos obrigatórios da instrução 009/11 – SUED/SEED serão tratados

em conjunto aos conteúdos específicos pertencentes a disciplina de Ciências

propostos nas DECs.

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

Segundo as diretrizes, entende-se o conceito de Conteúdos Estruturantes

como conhecimentos de grande amplitude que identificam e organizam os campos

de estudo de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a

compreensão de seu objeto de estudo e ensino. Os conteúdos estruturantes são

constructos históricos e estão atrelados a uma concepção política de educação, por

isso não são escolhas neutras.

Na disciplina de Ciências, os Conteúdos Estruturantes são construídos a

partir da historicidade dos conceitos científicos e visam superar a fragmentação do

currículo, além de estruturar a disciplina frente ao processo acelerado de

especialização do seu objeto de estudo e ensino (LOPES, 1999).

A aprendizagem significativa envolve aquisição/construção de significados

num processo análogo ao que defende Vygotsky sobre o processo de internalização

dos conceitos. Isto quer dizer que, a aprendizagem de conteúdos científicos

escolares assume um significado cognitivo, enquanto estrutura de conhecimento

possuidora de instrumentos e signos. Instrumento é algo, como a linguagem, que

pode ser usado para dar significado às coisas; signo é algo que representa

144

(significa) uma ideia (MOREIRA,1999).

A seleção dos conteúdos de ensino de Ciências deve considerar a relevância

dos mesmos para o entendimento do mundo no atual período histórico, para a

constituição da identidade da disciplina e compreensão do seu objeto de estudo,

bem como facilitar a integração conceitual dos saberes científicos na escola. Sendo

assim, os conteúdos de Ciências valorizam conhecimentos científicos das diferentes

Ciências de referência – Biologia, Física, Química, Geologia, Astronomia, entre

outras. A metodologia de ensino deve promover inter-relações entre os conteúdos

selecionados, de modo a promover o entendimento do objeto de estudo da disciplina

de Ciências. Essas inter-relações devem se fundamentar nos Conteúdos

Estruturantes.

Desde que foi inserida no currículo escolar, a disciplina de Ciências passou

por muitas alterações em seus fundamentos teórico-metodológicos e na seleção dos

conteúdos de ensino. Isso ocorreu em função dos diferentes interesses econômicos,

políticos e sociais sobre a escola básica e dos avanços na produção do

conhecimento científico. Contudo, essa disciplina sempre contribuiu para superar a

banalização do conhecimento que se alicerça, muitas vezes, na consolidação de

conceitos equivocados, socialmente validados e tomados como um saber

“científico”.

Corroborando essas ideias, Santos, Stange e Trevas (2005) destacam a

necessidade de uma abordagem integradora no ensino de Ciências para superar a

construção fragmentada de um mesmo conceito. Esse processo deve ocorrer tanto

na disciplina de Ciências, própria do currículo do Ensino Fundamental, quanto nas

disciplinas que abordam conceitos científicos no Ensino Médio. Por exemplo, o

conceito de pressão é, normalmente, trabalhado nas disciplinas de Física, Biologia e

Química, mas sem integração, o que leva o estudante a pensar, muitas vezes, que

se trata de três conceitos distintos.

Propõe-se, então, que o ensino de Ciências aconteça por integração

conceitual e que estabeleça relações entre os conceitos científicos escolares de

diferentes conteúdos estruturantes da disciplina (relações conceituais); entre eles e

os conteúdos estruturantes das outras disciplinas do Ensino Fundamental (relações

145

interdisciplinares); entre os conteúdos científicos escolares e o processo de

produção do conhecimento científico (relações contextuais).

Segundo as Diretrizes Curriculares são apresentados cinco conteúdos

estruturantes fundamentados na história da ciência, base estrutural de integração

conceitual para a disciplina de Ciências no Ensino Fundamental. São eles:

• Astronomia

• Matéria

• Sistemas Biológicos

• Energia

• Biodiversidade

Propõe-se que o professor trabalhe com os cinco conteúdos estruturantes em

todas as séries, a partir da seleção de conteúdos específicos da disciplina de

Ciências adequados ao nível de desenvolvimento cognitivo do estudante. Para o

trabalho pedagógico, o professor deverá manter o necessário rigor conceitual, adotar

uma linguagem adequada à série, problematizar os conteúdos em função das

realidades regionais, além de considerar os limites e possibilidades dos livros

didáticos de Ciências.

ASTRONOMIA

A Astronomia tem um papel importante no Ensino Fundamental, pois é uma

das ciências de referência para os conhecimentos sobre a dinâmica dos corpos

celestes. Numa abordagem histórica traz as discussões sobre os modelos

geocêntrico e heliocêntrico, bem como sobre os métodos e instrumentos científicos,

conceitos e modelos explicativos que envolveram tais discussões. Além disso, os

fenômenos celestes são de grande interesse dos estudantes porque por meio deles

buscam-se explicações alternativas para acontecimentos regulares da realidade,

como o movimento aparente do Sol, as fases da Lua, as estações do ano, as

viagens espaciais, entre outros.

Este conteúdo estruturante possibilita estudos e discussões sobre a origem e

a evolução do Universo. Apresentam-se, a seguir, os conteúdos básicos que

146

envolvem conceitos científicos necessários para o entendimento de questões

astronômicas e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências:

• universo;

• sistema solar;

• movimentos celestes e terrestres;

• astros;

• origem e evolução do universo;

• gravitação universal.

MATÉRIA

No conteúdo estruturante Matéria propõe-se a abordagem de conteúdos

específicos que privilegiem o estudo da constituição dos corpos, entendidos

tradicionalmente como objetos materiais quaisquer que se apresentam à nossa

percepção (RUSS, 1994). Sob o ponto de vista científico, permite o entendimento

não somente sobre as coisas perceptíveis como também sobre sua constituição,

indo além daquilo que num primeiro momento vemos, sentimos ou tocamos.

Apresentam-se, a seguir, conteúdos básicos que envolvem conceitos

científicos essenciais para o entendimento da constituição e propriedades da matéria

e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências:

• constituição da matéria;

• propriedades da matéria.

SISTEMAS BIOLÓGICOS

O conteúdo estruturante Sistemas Biológicos aborda a constituição dos

sistemas do organismo, bem como suas características específicas de

funcionamento, desde os componentes celulares e suas respectivas funções até o

funcionamento dos sistemas que constituem os diferentes grupos de seres vivos,

como por exemplo, a locomoção, a digestão e a respiração.

Parte-se do entendimento do organismo como um sistema integrado e amplia-

se a discussão para uma visão evolutiva, permitindo a comparação entre os seres

147

vivos, a fim de compreender o funcionamento de cada sistema e das relações que

formam o conjunto de sistemas que integram o organismo vivo.

Neste conteúdo estruturante, apresentam-se os conteúdos básicos que

envolvem conceitos científicos escolares para o entendimento de questões sobre os

sistemas biológicos de funcionamento dos seres vivos e para a compreensão do

objeto de estudo da disciplina de Ciências:

• níveis de organização;

• célula;

• morfologia e fisiologia dos seres vivos;

• mecanismos de herança genética.

ENERGIA

Este Conteúdo Estruturante propõe o trabalho que possibilita a discussão do

conceito de energia, relativamente novo a se considerar a história da ciência desde

a Antiguidade. Discute-se tal conceito a partir de um modelo explicativo

fundamentado nas ideias do calórico, que representava as mudanças de

temperatura entre objetos ou sistemas. Ao propor o calor em substituição à teoria do

calórico, a pesquisa científica concebeu uma das leis mais importantes da ciência: a

lei da conservação da energia.

Destaca-se que a ciência não define energia. Assim, tem-se o propósito de

provocar a busca de novos conhecimentos na tentativa de compreender o conceito

energia no que se refere às suas várias manifestações, como por exemplo, energia

mecânica, energia térmica, energia elétrica, energia luminosa, energia nuclear, bem

como os mais variados tipos de conversão de uma forma em outra.

Neste conteúdo estruturante, apresentam-se os conteúdos básicos que

envolvem conceitos científicos essenciais para o entendimento de questões sobre a

conservação e a transformação de uma forma de energia em outra e para a

compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências:

• formas de energia;

• conservação de energia;

148

• conversão de energia;

• transmissão de energia.

BIODIVERSIDADE

O conceito de biodiversidade, nos dias atuais, deve ser entendido para além

da mera diversidade de seres vivos. Reduzir o conceito de biodiversidade ao número

de espécies seria o mesmo que considerar a classificação dos seres vivos limitada

ao entendimento de que eles são organizados fora do ambiente em que vivem.

Pensar o conceito biodiversidade na contemporaneidade implica ampliar o

entendimento de que essa diversidade de espécies, considerada em diferentes

níveis de complexidade, habita em diferentes ambientes, mantém suas inter-

relações de dependência e está inserida em um contexto evolutivo (WILSON, 1997).

Esse conteúdo estruturante visa, por meio dos conteúdos específicos de

Ciências, a compreensão do conceito de biodiversidade e demais conceitos

intrarrelacionados. Espera-se que o estudante entenda o sistema complexo de

conhecimentos científicos que interagem num processo integrado e dinâmico

envolvendo a diversidade de espécies atuais e extintas; as relações ecológicas

estabelecidas entre essas espécies com o ambiente ao qual se adaptaram, viveram

e ainda vivem; e os processos evolutivos pelos quais tais espécies têm sofrido

transformações.

Apresentam-se, para este conteúdo estruturante, alguns conteúdos básicos

que envolvem conceitos científicos para o entendimento de questões sobre a

biodiversidade e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências:

• organização dos seres vivos;

• sistemática;

• ecossistemas;

• interações ecológicas;

• origem da vida;

• evolução dos seres vivos.

Todos os conteúdos básicos, apresentados nos conteúdos estruturantes, são

149

essenciais na disciplina de Ciências. No Plano de Trabalho Docente esses

conteúdos básicos devem ser desdobrados em conteúdos específicos a serem

abordados pelos professores de Ciências em função de interesses regionais e do

avanço na produção do conhecimento científico.

A história da ciência

A história da ciência é fundamental para o professor de Ciências, pois ele não

apenas transmite aos seus alunos os conteúdos (resultados) dessa ciência, mas

também (consciente ou inconscientemente) uma concepção sobre o que é Ciência.

Ora, o conhecimento sobre a natureza da pesquisa científica só pode ser adquirido

de duas formas: ou pela prática da pesquisa e contato com cientistas (isto é, pela

vivência direta) ou pelo estudo da História da Ciência (MARTINS, 1990, p. 04).

Considera-se que a história da ciência contribui para a melhoria do ensino de

Ciências porque propicia melhor integração dos conceitos científicos escolares,

prioritariamente sob duas perspectivas: como conteúdo específico em si mesmo e

como fonte de estudo que permite ao professor compreender melhor os conceitos

científicos, assim, enriquecendo suas estratégias de ensino (BASTOS, 1998). A

história da ciência contribui ainda

Para contrabalançar os aspectos puramente técnicos de uma aula, complementando-os com um estudo de aspectos sociais, humanos e culturais. Informações (preferivelmente bem fundamentadas) sobre a vida de cientistas, a evolução de instituições, o ambiente cultural geral de uma época, as concepções alternativas do mesmo período, as controvérsias e dificuldades de aceitação de novas ideias – tudo isso pode contribuir para dar uma nova visão da ciência e dos cientistas, dando maior motivação ao estudo. (...) Recentemente, tomou-se consciência de que o aprendizado das Ciências é, às vezes, dificultado por concepções de “senso comum” que, de um modo geral, coincidem com as concepções abandonadas ao longo da história (MARTINS, 1990, p. 04).

O professor de Ciências, ao optar pelo uso de documentos, textos, imagens e

registros da história da ciência como recurso pedagógico, está contribuindo para sua

própria formação científica, além de propiciar melhorias na abordagem do conteúdo

específico, pois sem a história da ciência perde-se a fundamentação dos fatos e

argumentos efetivamente observados, propostos e discutidos em certas épocas.

“Ensinar um resultado sem a fundamentação é simplesmente doutrinar e não

150

ensinar ciência” (MARTINS, 1990, p. 04).

AVALIAÇÃO

Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, propõe-se formar

sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o

contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento,

sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. A avaliação,

nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão das dificuldades de

aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças necessárias para que essa

aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade, da

sociedade como um todo, no atual contexto histórico e no espaço onde os alunos

estão inseridos.

O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a

reflexão de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por

parte do aluno. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de

partida para a revisão e reconstrução do caminho metodológico percorrido pelo

aluno e, principalmente, pelo educador.

O ensino de Ciências na EJA deve propiciar o questionamento reflexivo tanto

de alunos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e

aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua

prática a fim de retomar o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e

estratégias diversificadas, sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro

como ponto de partida para que o aluno e o educador compreendam e ajam sobre o

processo de construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de

aprendizagem.

Partindo da ideia de que a metodologia deve respeitar o conjunto de saberes

do aluno, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o

conhecimento já adquirido pelo aluno permitindo estabelecer relações entre esses

conhecimentos. Desta forma, o educador terá possibilidades de perceber e valorizar

as transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos alunos, durante e

151

depois do processo.

A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou

classificatório, deve-se respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos alunos da EJA

em todos os seus aspectos, oportunizando-lhe o acesso e a permanência no

sistema escolar. Há necessidade, tanto por parte do educador, quanto da

comunidade escolar, de conhecer o universo desses alunos, suas histórias de vida

e suas trajetórias no processo educativo, visto que, cada um seguirá seu próprio

caminho, dentro dos seus limites. Portanto, a avaliação tem como objetivo promover

um diálogo constante entre educador e alunos, visando o seu êxito nos estudos e,

de modo algum, a sua exclusão do processo educativo.

Assim, deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo da

aprendizagem, proporcionando a verificação do desempenho do aluno ao longo de

todo o ano e não apenas em uma prova ou trabalho. Cada aluno possui um modo e

ritmo próprio de aprender. Cabe ao professor diversificar as estratégias de avaliação

para que o aluno possa acompanhar o processo de aprendizagem, pois a avaliação

só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para o aprendizado do aluno e

não deve ser usada como punição, mas como um instrumento que auxilie o aluno

em seu desenvolvimento. A avaliação pode ser feita por meio de várias estratégias,

tais como:

Inicial ou Diagnóstica: é o resgate do conhecimento prévio do aluno sobre o

tema. O levantamento não deve ser medido para nota, e sim para informar o

professor sobre de que ponto o aluno partiu e o quanto ele avançou após a

sistematização de conhecimentos;

Avaliação da participação do aluno em sala de aula: onde o professor

pode considerar o interesse do aluno em sala de aula, manifestando sob a forma de

respostas às perguntas que o professor faz, entrega das atividades extra classe

solicitadas e postura adequada e respeitosa diante do professor e dos colegas;

Trabalhos individuais de pesquisa: ao solicitar uma pesquisa, não se deve

simplesmente passar o tema, é importante que ele seja encaminhado na realização

deste processo, como e onde encontrar a informação.

Trabalhos em grupo: poderá ser considerado a qualidade de trabalho em si,

152

a auto avaliação do aluno quanto à sua atuação no grupo e a avaliação de cada

membro do grupo em relação à atuação de cada colega.

Avaliação escrita: é um importante instrumento para se avaliar as

capacidades e o progresso individual do aluno quanto ao saber elaborado.

Após cada avaliação escrita é feita a recuperação paralela que proporciona

ao aluno a recuperação dos conteúdos e da nota.

Ainda de acordo com a Lei Nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares para a

Educação das Relações Étnico-raciais e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

são propostas as seguintes atividades:

• Estudo sobre as teorias antropológicas;

• Estudo das características biológicas (biotipo) dos diversos povos;

• Contribuição dos povos africanos e de seus descendentes para os avanços da

Ciência e Tecnologia;

• Análise e reflexão sobre o panorama da saúde dos africanos, in loco,

considerando aspectos políticos, econômicos, ambientais, culturais e sociais

intrínsecos a referida situação;

• Índice de desenvolvimento humano;

• Avaliação aos alunos com necessidades educacionais especiais (adaptação

curricular).

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154

DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

No Brasil segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), artigo 26,

3º, a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente

curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno que

cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; que seja maior de trinta

anos de idade; que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação

similar, estiver obrigada à prática da Educação Física; que seja amparado pelo

Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969 e que tenha prole. A mesma Lei,

quando se refere, especificamente ao EJA (Educação de Jovens e Adultos), não faz

referencia ao componente Educação Física, nesse segmento da Educação.

Bem, se esses alunos não concluíram os cursos no período regular e, por isso

estão nos cursos noturnos, fica claro que também não tiveram acesso às aulas de

Educação Física. Ainda que não as proíba, a Lei também não harmoniza, a esses

alunos, a conveniência de estabelecer atividades de fundamental importância na

construção do cidadão moderno, analisa todos a intensidade de oportunidades para

leitura e discussão da sociedade, que esse elemento pode adaptar, através de

ações coletivas que proporcionam a relação interpessoal em forma de lazer e bem

estar.

A educação física é uma atividade dinâmica que contribui no acréscimo amplo

dos sujeitos, em seu aspecto social, bem como na ampliação de sua direção

pessoal, absolutamente de conveniências lúdicas que harmonizam equilíbrio entre

corpo, mente e espaço. Acrescenta as disposições motoras de qualquer pessoa,

além de cultivar elementos terapêuticos, sejam eles emocionais ou físicos.

Compreender a Educação Física sob um contexto mais amplo significa

entender que ela é composta por interações que se estabelecem nas relações

sociais, políticas, econômicas e culturais dos povos.

É partindo dessa posição que estas Diretrizes apontam a Cultura Corporal

como objeto de estudo e ensino da Educação Física, evidenciando a relação

155

estreita entre a formação histórica do ser humano por meio do trabalho e as práticas

corporais decorrentes. A ação pedagógica da Educação Física deve estimular a

reflexão sobre o acervo de formas e representações do mundo que o ser humano

tem produzido, exteriorizadas pela expressão corporal em jogos e brincadeiras,

danças, lutas, ginásticas e esportes. Essas expressões podem ser identificadas

como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem.

O surgimento da educação física se deu desde os tempos primitivos, quando

o homem necessitava correr dos animais predadores, pular para pegar alimentos,

carregar pesos, arremessar objetos para caçar, etc. Aos poucos, percebeu que seu

preparo físico garantiria melhores condições de vida, tanto para trabalhar, interagir e

se divertir. Nas práticas esportivas, nos jogos recreativos ou nos jogos com disputas,

os participantes aprendem a lidar com sentimentos de perda, frustração, ansiedade,

paciência, respeito ao próximo, dentre outros, além de ter que esperar a esperar sua

vez.

A Educação Física teve sua introdução na educação pública brasileira no

século XIX influenciadas pelas discussões da época que partiam de uma

preocupação com o desenvolvimento da saúde e a formação moral dos cidadãos

brasileiros. Esse modelo de prática corporal pautava-se em prescrições de

exercícios visando ao aprimoramento de capacidades e habilidades físicas como a

força, a destreza, a agilidade e a resistência, além de visar à formação do caráter,

da autodisciplina, de hábitos higiênicos, do respeito à hierarquia e do sentimento

patriótico. No início do século XX, especificamente a partir de 1929, a disciplina de

Educação Física tornou-se obrigatória nas instituições de ensino para crianças a

partir de 6 anos de idade e para ambos os sexos, esse período histórico foi marcado

pelo esforço de construção de uma unidade nacional, o que contribuiu sobremaneira

para intensificar o forte componente militar nos métodos de ensino da Educação

Física nas escolas brasileiras. Cunhados de uma visão positivista da ciência, isto é,

um conhecimento científico e técnico considerado superior a outras formas de

conhecimento, e que deveria ser referência para consolidação de um projeto de

modernização do país.

No final da década de 1930 e início da década de 1940, ocorreu o que o

156

Conselho denomina como um processo de “desmilitarização” da Educação Física

brasileira, e se inicia um intenso processo de difusão do esporte na sociedade e,

consequentemente, nas escolas brasileiras. O esporte começou a se popularizar e,

não por acaso, passou a ser um dos principais conteúdos trabalhados nas aulas de

Educação Física. Com o intuito de promover políticas nacionalistas, houve um

incentivo às práticas desportivas como a criação de grandes centros esportivos, a

importação de especialistas que dominavam as técnicas de algumas modalidades

esportivas e a criação do Conselho Nacional dos Desportos, em 1941.

Nesse contexto, as aulas de Educação Física assumiram os códigos

esportivos do rendimento, competição, comparação de recordes, regulamentação

rígida e a racionalização de meios e técnicas. Trata-se não mais do esporte da

escola, mas sim do esporte na escola. Isto é, os professores de Educação Física se

encarregaram de reproduzir os códigos esportivos nas aulas, sem se preocupar com

a reflexão crítica desse conhecimento.

Com a promulgação da Nova Constituição de 1937, a prática de exercícios

físicos em todos os estabelecimentos de ensino tornou-se obrigatória. Entre os anos

de 1937 e 1945, o Estado no sentido de incentivar a intervenção estatal e o

nacionalismo econômico.

Com o golpe militar no Brasil, em 1964, o esporte passou a ser tratado com

maior ênfase nas escolas, especialmente durante as aulas de Educação Física. Os

chamados esportes olímpicos – vôlei, basquete, handebol e atletismo, entre outros –

foram priorizados para formar atletas que representassem o país em competições

internacionais. Tal preferência sustentava-se na “teoria da pirâmide olímpica”, isto é,

a escola deveria funcionar como um celeiro de atletas, tornar-se a base da pirâmide

para seleção e descoberta de talentos nos esportes de elite nacional.

Na década de 70, a Lei n. 5692/71, por meio de seu artigo 7º e pelo Decreto

n. 69450/71, manteve o caráter obrigatório da disciplina de Educação Física nas

escolas, passando a ter uma legislação específica e sendo integrada como atividade

escolar regular e obrigatória no currículo de todos os cursos e níveis dos sistemas

de ensino.

Com o movimento de abertura política e o início de um processo de

157

redemocratização social, que culminou com o fim da Ditadura Militar em meados dos

anos de 1980, o sistema educacional brasileiro passou por um processo de

reformulação.

Nesse período, a comunidade científica da Educação Física se fortaleceu

com a expansão da pós-graduação nessa área no Brasil. Esse movimento

possibilitou a muitos professores uma formação não mais restrita às ciências

naturais e biológicas.

No contexto das teorizações críticas em Educação e Educação Física, no

final da década de 1980 e início de 1990, no Estado do Paraná, tiveram início as

discussões para a elaboração do Currículo Básico. O Currículo Básico, para a

Educação Física, fundamentava-se na pedagogia histórico-crítica, identificando-se

numa perspectiva progressista e crítica sob os pressupostos teóricos do

materialismo histórico-dialético, o ensino da Educação Física na escola se manteve,

em muitos aspectos, em suas dimensões tradicionais, ou seja, com enfoque

exclusivamente no desenvolvimento das aptidões físicas, de aspectos psicomotores

e na prática esportiva.

Os avanços teóricos da Educação Física sofreram retrocesso na década de

1990 quando, após a discussão e aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB n. 9394/96), o Ministério da Educação (MEC) apresentou

os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a disciplina de Educação Física,

que passaram a subsidiar propostas curriculares nos Estados e Municípios

brasileiros. O que deveria ser um referencial curricular tornou-se um currículo

mínimo, para além da ideia de parâmetros, e propôs objetivos, conteúdos, métodos,

avaliação e temas transversais.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná expressam o

conjunto de esforços de professores, pedagogos, equipes pedagógicas dos Núcleos

Regionais de Educação e de técnicos-pedagógicos da SEED, na construção de um

documento orientador do currículo para toda a rede pública estadual

(DCE, 2006, p. 7).

O trabalho pedagógico desenvolvido na Educação Física deve estar voltado

para a construção da cidadania dos sujeitos, formando elementos críticos e

158

participativos no meio cultural em que estão inseridos. A finalidade principal deve ser

de que o aluno adquira a qualificação sócio-histórico-cultural necessária para

solicitar a ampliação de uma racionalidade crítica, independente e participativa.

A educação física poder se dividir em várias classes: a escolar, a social, a

terapêutica, a esportiva, a recreativa, dentre outras. O profissional também atua

orientando sobre cuidados com o bem-estar, alimentação, problemas do

sedentarismo, obesidade, etc.

Analisando que esses alunos, em sua maioria trabalham e,

consequentemente, o lazer fica resumido aos finais de semana, a Educação Física

no EJA, deve ter como objetivo, harmonizar o conhecimento da necessidade que

todo o ser humano tem de ser operacional, na intenção de acomodar uma melhor

instalação para as atividades diárias, além de um relacionamento mais difícil e

harmonioso em seu convívio diário com as pessoas, no trabalho, na escola, bem

como nas relações familiares.

Segundo Bertheart e Bernstein (apud Cañete, 2001, p.14)

[...]nosso corpo somos nós. É nossa única realidade perceptível. Não se opõe à nossa inteligência, sentimentos, alma. Ele os inclui e dá-lhes abrigo. Por isso, tomar consciência do próprio corpo e espírito, psíquico e físico, e até força e fraqueza, representam não a dualidade do ser, mas sua unidade.

Saber a importância dos cuidados com o nosso corpo, tanto com a atividade

física regular e a boa alimentação são importantes para a boa saúde e prevenção

de diversas doenças, esses temas são abordados nas aulas, justifica-se então a

importância da Educação Física entre as disciplinas estudadas no EJA.

OBJETIVOS

• Garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre as práticas esportivas,

além de adaptá-las à realidade escolar;

• Articular os aspectos políticos, históricos, sociais, econômicos, culturais, bem

como elementos da subjetividade representados na valorização do trabalho coletivo,

na convivência com as diferenças, na formação social crítica e autônoma;

159

• Enriquecer os conteúdos com experiências corporais das mais diferentes

culturas, priorizando as particularidades de cada comunidade;

• Permitir aos alunos as múltiplas experiências e o desenvolvimento de uma atitude

crítica perante o conteúdo escolar;

• Propiciar ao aluno, através o ensino do esporte, uma leitura de sua complexidade

social, histórica e política;

• Possibilitar a análise crítica das inúmeras modalidades esportivas e do fenômeno

esportivo;

• Conscientizar sobre as diferenças existentes entre as pessoas, tendo o respeito e

o convívio social como pressuposto básico de convivência;

• Entender a saúde como construção que supõe uma dimensão histórico-social.

CONTEÚDOS:

Ensino Fundamental e Médio

Esporte • Coletivos • Individuais • Radicais

Jogos e Brincadeiras • Jogos e brincadeiras populares • Brincadeiras e cantigas de roda • Jogos de tabuleiro • Jogos dramáticos • Jogos cooperativos

Dança • Danças folclóricas • Danças de salão • Danças de rua • Danças criativas • Danças circulares

Ginástica • Ginástica artística / olímpica • Ginástica Rítmica • Ginástica de condicionamento físico • Ginástica Geral

Lutas • Lutas de aproximação • Lutas que mantêm distância • Lutas como Instrumento mediador • Capoeira

160

As Temáticas Sócioeducacionais, Educação Ambiental, Educação Fiscal,

Enfrentamento a Violência, História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena,

Prevenção ao uso indevido de drogas e Sexualidade, serão trabalhados em todos os

períodos das seguintes maneiras:

• Texto Reflexivo: (diversos)

• Filme

METODOLOGIA DA DISCIPLINA

Os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física não diferem

substancialmente das demais áreas do conhecimento. A busca por uma estratégia

metodológica que possa dar conta das novas necessidades educacionais é uma

constante. O ensino vem, historicamente, buscando organizar meios e formas

metodológicas que sejam colocadas em prática para o atendimento das exigências

que permeiam o mesmo.

Considerando o objeto de ensino e de estudo da Educação Física tratado

nestas Diretrizes, isto é, a Cultura Corporal, por meio dos Conteúdos Estruturantes

propostos – esporte, dança, ginástica, lutas, jogos e brincadeiras –, a Educação

Física tem a função social de contribuir para que os alunos se tornem sujeitos

capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma expressividade corporal

consciente e refletir criticamente sobre as práticas corporais.

A metodologia do ensino da Educação Física terá como ponto de partida, uma

práxis pedagógica vinculada aos conteúdos propostos de forma a tentar abranger o

interesse que venha ao encontro das necessidades e expectativas da realidade

escolar, com o objetivo de que os alunos venham a adquirir as habilidades e

capacidades de realizá-las, então, podemos afirmar que a disciplina tem como

objetivo auxiliar no processo de formação de sujeitos que tenham condições de

reconhecer seu próprio corpo e analisar criticamente suas práticas corporais.

Hoje, a Educação Física conta com quatro propostas de destaque dentro dos

aspectos metodológicos: metodologia do ensino aberta; metodologia

crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia crítico-emancipadora.

161

A Metodologia do Ensino Aberta tem como objetivos trabalhar o mundo do

movimento em sua amplitude e complexidade com a intenção de proporcionar, aos

participante, autonomia para as capacidades de ação. A Metodologia

Crítico-Superadora tem como objetivo buscar temas inerentes à Cultura Corporal do

Homem e da Mulher brasileiros, entendendo-a como uma dimensão da cultura.

Busca desenvolver a apreensão, por parte do aluno - da Cultura Corporal, como

parte constitutiva da sua realidade social complexa. A Metodologia Construtivista

tem como objetivos Motricidade Humana, entendida como o conjunto de habilidades

que permitem ao homem produzir conhecimento e se expressar. Já a Metodologia

Crítico-Emancipadora tem como objetivo conhecer e aplicar o movimento

conscientemente, libertando-se de estruturas coercitivas.

Os conteúdos serão trabalhados com seus conceitos e regras básicas,

partindo de uma complexidade crescente, utilizando-se de explicações na lousa e

TV multimídia para demonstrar através de vídeos e apresentações de slides os

conteúdos para os alunos, para que tenham condições de acompanhar a se

desenvolver adequadamente, construindo o conhecimento a partir da realidade e

conhecimento do próprio aluno e o que será desenvolvido nas aulas, para que ao

final do processo o aluno pratique e entenda a atividade, podendo ele mesmo

ensiná-la ou adaptá-la de acordo com sua vontade ou necessidade.

Para apreensão crítica dos conteúdos da disciplina, os mesmos serão

trabalhados através de fotos, vídeos e imagens, evidenciando a construção

individual e coletiva, onde as situações serão problematizadas por meio de uma

reflexão coletiva, trazendo os elementos para levar o sujeito a se questionar sobre

as formas de execução das práticas corporais, com objetivo de descobrir as

possibilidades e os limites de cada um no decorrer da atividade proposta. Já em um

segundo momento, a fase prática, o professor deverá orientar e observar a

realização das atividades executadas pelos alunos, bem como suas manifestações,

demonstrando aos alunos o conteúdo por meios de gestos, vídeos ou outros meios,

para que haja o entendimento do conteúdo, possibilitando assim uma prática

consciente da atividade.

Os conteúdos também poderão ser discutidos e analisados fazendo uma

162

relação com outros acontecimentos e fatores que podem se relacionar com a

disciplina influenciando-a positivamente, assuntos como influência das novas

tecnologias, hábitos, culturas, enfim, qualquer característica que possa se relacionar

com o conteúdo estudado influenciando positivamente no contexto da aula, ou

mesmo, que seja apenas para alertar sobre os benefícios ou malefícios de

determinado hábito.

E para finalizar, os alunos, juntamente com o professor, terão a oportunidade

de refletir sobre as práticas corporais pedagógicas vivenciadas, com objetivo de dar

novos significados aos seus conceitos sobre a cultura corporal, auxiliando assim no

processo de formação de um sujeito crítico sobre o que acontece com o seu próprio

corpo durante determinado movimento.

AVALIAÇÃO

A avaliação na disciplina de Educação Física é um dos aspectos mais difíceis

de ser planejado e colocado em prática, na busca de uma avaliação mais adequada,

não será adotada exatamente a mesma postura avaliativa em todas as classes,

podendo variar de acordo com a realidade de cada sala de aula, com alunos com

mais ou menos dificuldades, então teremos o professor servindo como um mediador

de conhecimentos, auxiliando o aluno no processo de ensino-aprendizagem da

melhor maneira possível.

O processo de avaliação será contínuo, cumulativo e permanente, como

preconizado na LDB no9394/96, se baseando em aspectos coerentes com os

propostos pela disciplina, deixando o rendimento e habilidades esportivas em

segundo plano, e valorizando o comprometimento e envolvimento dos alunos nas

atividades propostas em aula, procurando constatar se o mesmo assimilou os

conteúdos, respeita os demais, se envolve nas atividades, enfim, deve ser

valorizado o conhecimento que o aluno traz consigo de suas vivências anteriores,

para que o professor possa avaliar como o aluno chegou, e através de instrumentos

determinar quais os resultados que sua intervenção obteve em determinado aluno,

através de trabalhos como dinâmicas em grupo, seminários, debates, júri-simulado,

163

(re)criação de jogos, pesquisa em grupos, utilizando-se sempre que possível dos

recursos tecnológicos disponíveis, entre outros, em que os estudantes possam

expressar suas opiniões aos demais colegas. Outra sugestão é a organização e a

realização de festivais e jogos escolares, cuja finalidade é demonstrar a apreensão

dos conhecimentos e como estes se aplicam numa situação real de atividade que

demonstre a capacidade de liberdade e autonomia dos alunos.

Em um último momento será feita uma reflexão crítica dos acontecimentos em

aula, para que o professor e alunos identifiquem e analisem seus avanços e

resultados alcançados.

No diz respeito a notas, os resultados serão expressos em notas de 0 (zero) a

10 (dez), sendo 60% adquirida sobre forma de trabalhos escritos, avaliações,

apresentações e outros meios (de acordo com a necessidade encontrada). O

restante 40% serão concedidos em forma de prática propriamente dita, levando em

consideração, como afirmado anteriormente, não o rendimento esportivo e

performance dos alunos, e sim a sua dedicação, empenho, comprometimento e

envolvimento nas aulas, bem como sua evolução no movimento e conscientização

deste movimento, porque como também já citado anteriormente, de nada adianta

saber realizar biomecanicamente o movimento, sem saber qual seu significado.

A recuperação será feita em forma de trabalhos a serem entregues ou

apresentados, com objetivo de reforçar o conteúdo trabalhado nas aulas, para que o

aluno tenha uma nova oportunidade de compreender melhor o conteúdo, onde o

professor devera retomar os conteúdos propostos mediante as dificuldades do

aluno, sendo que essa deverá ser continua e paralela, com as atividades em aula,

tanto práticas como teóricas, podendo sofrer alterações, tantas quanto forem

necessárias. Os alunos com necessidades educacionais especiais terão, de acordo

com suas necessidades, avaliações diferenciadas.

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas, SP: Papirus, 2001.

164

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 24a ed. - São Paulo, Coleção Primeiros Passos, Brasiliense, 1989.

DCE's: Ed. Física: Diretrizes curriculares da educação básica – Ed. Física 2008 – versão final.

ESPORTE: basquetebol. Jurubatuba: Inteligência Editorial. 1 DVD.

HISTÓRIAS das olimpíadas. Direção: Jairo Mendes leal. Produção: Placar. Vol. 2. Manaus: Abril. 1 DVD.

LEAL, Julio Cesar. Futebol, arte e ofício. Rio de Janeiro:Sprint, 1999.

MATTOS, Mauro Gomes de., NEIRA Marcos Garcia. Educação física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo, SP: Phorte Editora, 2000.

O CORPO humano. Produção: Didaco. Manaus: Videolar. 1 DVDPARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares para o ensino fundamentais educação física. Disponível em http://www8.pr.gov.vr/portals/portal/diretrizes/dir_ef_educfis.pdf. Acesso em: 09 agostos 2007.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. DCE EJA, SEED.

REGRAS OFICIAIS ATUALIZADAS. Handebol e beach handball. Rio de Janeiro:Sprint, 1997-1999.

REGRAS OFICIAIS ATUALIZADAS. Handebol e beach handball. Rio de Janeiro:Sprint, 2000-2001.

165

DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

“Ao repensar nos dados concretos da realidade, sendo vivida, o pensamento profético, que é também utópico, implica a denúncia de como estamos vivendo e o anúncio de como poderíamos viver.” “É essencial que os enfoques da educação de adultos estejam baseados no patrimônio, na cultura, nos valores e nas experiências anteriores das pessoas, e que as distintas maneiras de por em prática estes enfoques facilitem e estimulem a ativa participação e expressão do aluno” (FREIRE, Paulo. Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos. Item 5, 1997).

Considerando-se as indicações das Diretrizes Curriculares da Educação de

Jovens e Adultos, que propõem o compromisso com a formação humana e com o

acesso à cultura geral, bem como o respeito à diversidade cultural, a disciplina de

Ensino Religioso está pautada no entendimento do conhecimento constituído sobre

as diversas tradições e organizações religiosas, o qual deve dimensionar o respeito

na inter-relação entre as diferentes manifestações e crenças religiosas. Esta

concepção, que deve reger o Ensino Religioso, pautou-se na necessidade de

superação de uma situação historicamente constituída, que se perfazia no ensino do

catolicismo, o qual expressava a proximidade desde o Império com a Igreja Católica.

Depois, com o advento da República, a nova constituição separou o Estado da Igreja

e o ensino passou a ser laico. Mesmo assim, a presença das aulas de religião foi

mantida nos currículos escolares, devido ao poder da Igreja Católica junto ao Estado

brasileiro.

Tal influência pode ser constatada em todas as Constituições do Brasil, nas

quais o Ensino Religioso foi citado, com a representatividade hegemonicamente

cristã no processo de definição dos preceitos legais. Em consequência, desde a

época do Império, a doutrina cristã tem sido preferida na organização do currículo de

Ensino Religioso.

Entretanto, a vinculação do currículo de Ensino Religioso ao cristianismo e às

práticas catequéticas já não corresponde ao sentido dessa disciplina na escola. Os

debates em torno da sua permanência como disciplina escolar têm sido intensos e a

166

busca de explicações que justificam as novas configurações da disciplina não se

restringem ao contexto brasileiro.

Costella (2004) afirma que três fatores ajudam a entender a necessidade de

um novo enfoque para o Ensino Religioso:

• o primeiro é atribuído à pluralidade social, num Estado não confessional, laico e

que garante, por meio da constituição, a liberdade religiosa;

• o segundo fator diz respeito à própria maneira de apreender o conhecimento,

devido às profundas transformações ocorridas no campo da epistemologia, da

educação e da comunicação, e

• o terceiro fator, traço característico da cultura ocidental, mostra uma profunda

reviravolta nas concepções, em especial no séc. XIX, que atinge seu ápice na

célebre expressão do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900):

“Deus está morto”, metáfora do autor transcendente e imanente. Isto conduz a uma

repulsa aos valores absolutos e também ao questionamento em qualquer valor

ditado por uma ordem superior, visto que o homem é um ser pensante, logo criador.

Para Nietzsche, esta posição subjetiva leva a sociedade ao niilismo, à decadência

moral-religiosa vinculada à manutenção de um local reservado ao princípio

transcendente e imanente, o qual vem sendo destruído pela sociedade. Mesmo que

aparentemente contraditório ao que se interpõem nos dias de hoje – uma sociedade

racional e tecnologicamente equipada –, há uma necessidade social de retorno à

busca de explicações no sagrado.

Nesse contexto, há um ressurgimento das religiões, já que as limitações da

racionalidade moderna e do saber científico se tornaram latentes, fenômeno já

apontados e estudados por autores como o filósofo alemão Edmund Husserl (1859-

1938), com a obra A Crise das Ciências Européias, e o filósofo austríaco Ludwig

Joham Wittgenstein (1889-1951) com seus escritos a respeito do entendimento da

linguagem que circunda o homem e o mundo. Foram críticas sobre a redutibilidade

dos saberes do mundo à linguagem científica e a sua pretensa superioridade em

relação às demais formas de conhecimento e expressão. Assim, faz-se necessário

superar modelos lineares e fragmentados de compreensão da realidade e a busca

de outros referenciais que permitam uma análise mais complexa da sociedade. É

167

essa realidade que se coloca como desafio para a disciplina de Ensino Religioso e

para toda a escola.

Desta forma, o processo de ensino e de aprendizagem proposto para este

documento, visa à construção e produção do conhecimento que se caracteriza pela

promoção do debate, da hipótese divergente, da dúvida – real ou metódica – do

confronto de ideias, de informações discordantes e, ainda, da exposição competente

de conteúdos formalizados. Opõe-se a um modelo educacional que centra o ensino

tão-somente na transmissão dos conteúdos pelo educador, o que reduz as

possibilidades de participação do aluno e não respeita a diversidade religiosa.

Tanto as Diretrizes Curriculares como a Proposta Curricular da EJA, do

Ensino Religioso, expressam a necessária reflexão em torno dos modelos de ensino

e do processo de escolarização, diante das demandas sociais contemporâneas que

exigem a compreensão ampla da diversidade cultural, postas também no âmbito

religioso entre os países e, de forma mais restrita, no interior de diferentes

comunidades. Nunca, como no presente, a sociedade esteve consciente da unidade

do destino do homem em todo o planeta e das radicais diferenças culturais que

marcam a humanidade.

Nesse contexto, está a escola e nela o currículo do Ensino Religioso,

historicamente marcado como espaço de transposição do que era a catequese e

que permitia a introdução sistemática e orgânica do complexo doutrinal cristão.

Dentre os desafios para o Ensino Religioso na atualidade, pode-se destacar:

• a necessária superação das tradicionais aulas de religião;

• a inserção de conteúdos que tratem da diversidade de manifestações religiosas,

dos seus ritos, das suas paisagens e símbolos;

• as relações culturais, sociais, políticas e econômicas de que são impregnadas as

diversas formas de religiosidade.

Além disso, é necessário que o Ensino Religioso escolar adquira status de

disciplina escolar, a partir da definição mais consistente de seus conteúdos

escolares, da produção de referenciais didático-pedagógicos e científicos, bem como

da formação dos educadores.

No processo de constituição do Ensino Religioso como disciplina escolar,

168

ainda persistem dúvidas quanto aos conteúdos a serem tratados na escola; portanto,

vale destacar que para a sociedade as religiões são confissões de fé e de crença.

No ambiente escolar, as religiões interessam como objeto de conhecimento a

ser tratado nas aulas de Ensino Religioso, por meio do estudo das manifestações

religiosas que delas decorrem e as constituem. As diferenças culturais são

abordadas para ampliar a compreensão da diversidade religiosa como expressão da

cultura, construída historicamente e, portanto, são marcadas por aspectos

econômicos, políticos e sociais.

Dessa forma, reafirma-se o compromisso da escola com o conhecimento,

sem excluir do horizonte os valores éticos que fazem parte do processo educacional.

Em outras palavras, pode-se dizer que: aquilo que para as igrejas é objeto de

fé, para a escola é objeto de estudo. Isto supõe a distinção entre fé/crença e religião,

entre o ato subjetivo de crer e o fato objetivo que o expressa. Essa condição implica

a superação da identificação entre religião e igreja, salientando sua função social e o

seu potencial de humanização das culturas. Por isso, o Ensino Religioso na escola

pública não pode ser concebido, de maneira nenhuma, como uma espécie de

licitação para as Igrejas (COSTELLA, 2004, pp. 97-107).

Desse modo, assim como para as Diretrizes Curriculares para o Ensino

Religioso, esta Proposta Curricular tem como objetivo orientar também a abordagem

e a seleção dos conteúdos. Nessa perspectiva, todas as religiões podem ser

tratadas como conteúdos nas aulas de Ensino Religioso, uma vez que o sagrado

compõe o universo cultural humano e faz parte do modelo de organização de

diferentes sociedades.

Assim, o currículo dessa disciplina propõe-se a subsidiar os alunos, por meio

dos conteúdos, à compreensão, comparação e análise das diferentes manifestações

do sagrado, com vistas à interpretação dos seus múltiplos significados. A disciplina

de Ensino Religioso subsidiará os alunos na compreensão de conceitos básicos no

campo religioso e na forma como a sociedade sofre inferências das tradições

religiosas ou mesmo da afirmação ou negação do sagrado.

Por fim, destaca-se que os conhecimentos relativos ao sagrado e às suas

manifestações são significativos para todos os alunos no processo de escolarização,

169

por propiciarem subsídios para a compreensão de uma das interfaces da cultura e

da constituição da vida em sociedade.

OBJETO DE ESTUDO DO ENSINO RELIGIOSO

O objeto de estudo da disciplina de Ensino Religioso é o sagrado, o qual é

interpretado dentro das Diretrizes Curriculares como foco do fenômeno religioso por

contemplar algo presente em todas as manifestações religiosas. Esta concepção

favorece uma abordagem ampla de conteúdos específicos da disciplina. Tais

conteúdos privilegiam o estudo das diferentes manifestações do sagrado e

possibilitam sua análise e compreensão como o cerne da experiência religiosa que

se expressa no universo cultural de diferentes grupos sociais.

As expressões do sagrado diferem de cultura para cultura, ou seja, sua

apreensão pode ser realizada somente de acordo com cada realidade. As religiões

se apresentam como modalidades do sagrado que se revelam em processos

históricos e em espaços marcados por representações da necessidade humana de

se convergir em uma unidade sociocultural. Como parte da dimensão cultural, o

sagrado influencia a compreensão de mundo e a maneira como o homem, não

somente o religioso, vive o seu cotidiano.

Por isso, o sagrado perpassa todo o currículo de Ensino Religioso de modo a

permitir uma análise mais complexa de sua presença nas diferentes manifestações

religiosas, cujas instâncias podem ser assim estabelecidas:

• Paisagem Religiosa: refere-se à materialidade fenomênica do sagrado, apreendida

por meio dos sentidos. É a exterioridade do sagrado e sua concretude constituindo o

os espaços sagrados.

• Símbolo: é a apreensão conceitual dada pela razão para se conceber o sagrado,

pelos seus predicados, reconhecendo sua lógica simbólica. É entendido como

sistema simbólico e projeção comunicativa cultural.

• Texto Sagrado: é a tradição e a natureza assumida do sagrado como fenômeno.

Pode ser manifestado de forma material (escrito) ou imaterial (oral). É reconhecido

por meio das Escrituras Sagradas, das tradições orais sagradas e dos mitos.

170

• Sentimento Religioso: é o seu caráter transcendente e imanente não-racional. É

a experiência do sagrado em si, a qual escapa à razão conceitual em sua essência e

é reconhecida por seus efeitos. Trata-se do que qualifica uma sintonia entre o

sentimento religioso e o fenômeno sagrado. A partir do objeto de estudo, busca-se

superar as tradicionais aulas de religião e entender esta disciplina escolar como

processo pedagógico, cujo objetivo é o conhecimento: o entendimento sobre os

cultos (culturas) e sobre o sagrado, de uma forma que a diversidade cultural e

religiosa sejam respeitadas e que a sociedade, em seu sentido lato, efetive-se.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Propor o encaminhamento metodológico da disciplina de Ensino Religioso

para Educação de Jovens e Adultos, não se reduz a determinar formas, métodos,

conteúdos ou materiais a serem adotados em sala de aula, mas pressupõe um

constante repensar das ações que subsidiarão esse trabalho. Logo, as práticas

pedagógicas desenvolvidas pelo educador da disciplina poderão fomentar o respeito

às diversas manifestações religiosas, o que amplia e valoriza o universo cultural dos

alunos.

Deve-se fazer um trabalho que aborde os conteúdos obrigatórios da instrução

009/11 – SUED/DEED que são:

1. Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da

Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações

entre o homem e o meio bio-físico;

2. Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos

e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado

democrático;

3. Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação

de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço

onde o conhecimento toma o lugar da força;

4. História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei

10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das

171

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e

Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o

reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra,

assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das

indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura Afro-

Brasileira e Africana.

5. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e

cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e

crenças pessoais. Os educadores e os alunos são instigados em conhecer assuntos

relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao

usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros;

6. Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o

tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar

os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

É importante ficar claro, que em se tratando da Educação de Jovens e

Adultos, cabe ao educador despertar no aluno uma nova forma de relação,

buscando junto a ele, elementos oriundos de experiências vividas, que façam parte

de seu contexto social. Dessa maneira, o aluno deixa de ser um “depósito de

informações” e passa a ressignificar conhecimentos anteriormente adquiridos.

Também, faz-se necessário superar práticas que tradicionalmente têm

marcado o currículo da disciplina de Ensino Religioso, desvinculando-as das aulas

de religião, seja em relação aos fundamentos teóricos, ao objeto de estudos, aos

conteúdos selecionados, ou, ainda, em relação ao encaminhamento metodológico

adotado pelo educador.

Assim, um dos encaminhamentos propostos para este documento é a

abordagem dos conteúdos de Ensino Religioso, cujo objeto de estudo é o sagrado,

conceito discutido nos fundamentos teórico-metodológicos das Diretrizes

Curriculares da disciplina e a base a partir da qual serão tratados todos os demais

conteúdos.

Dessa forma, pretende-se assegurar a especificidade dos conteúdos da

disciplina, sem desconsiderar sua aproximação com as demais áreas do

172

conhecimento. Pode-se citar, por exemplo, que os espaços sagrados também

constituem conteúdos de geografia e de arte; no entanto, o significado atribuído a

esses espaços pelos adeptos desta ou daquela religião serão tratados de forma

mais aprofundada nas próprias aulas de Ensino Religioso, cujo foco é o sagrado.

A fim de que o Ensino Religioso contribua efetivamente para o processo de

formação dos alunos, foram indicados, a partir dos conteúdos estruturantes

paisagem religiosa, símbolos e textos sagrados, o conjunto de conteúdos

específicos a serem observados pelo educador no Ensino Fundamental na

modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

Os conteúdos propostos nestas Diretrizes contemplam as diversas

manifestações do sagrado, entendidos como integrantes do patrimônio cultural, os

quais poderão ser enriquecidos pelo educador, desde que contribuam para a

construir, analisar e socializar o conhecimento religioso, para favorecer a formação

integral dos alunos, o respeito e o convívio com o diferente.

Para corresponder a esse propósito, a linguagem a ser adotada nas aulas de

Ensino Religioso, referente a cada expressão do sagrado, é a pedagógica e não a

religiosa, é a adequada ao universo escolar. Da mesma forma deve-se levar em

consideração que na educação de jovens e adultos as terminologias utilizadas

também devem ser adequadas a realidade dos alunos.

ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

Pela observância dos aspectos que marcam o sagrado e as relações que se

estabelecem em decorrência dele, nas diferentes manifestações religiosas a serem

tratadas pelo Ensino Religioso, ressalta-se a necessidade de definir como conteúdos

estruturantes desta disciplina referenciais que incluam nos conteúdos escolares a

pluralidade das tradições religiosas.

Dessa forma, os conteúdos estruturantes compõem os saberes, os

conhecimentos de grande amplitude, os conceitos ou práticas que identificam e

organizam os campos de estudos a serem contemplados no Ensino Religioso.

Apropriados das instâncias que contribuem para compreender o sagrado, os

173

conteúdos estruturantes propostos para o Ensino Religioso são:

• a paisagem religiosa;

• o Universo Simbólico Religioso;

• o texto sagrado.

Os conteúdos estruturantes de Ensino Religioso não devem ser entendidos

isoladamente; antes, são referências que se relacionam intensamente para a

compreensão do objeto de estudo em questão e se apresentam como orientadores

para a definição dos conteúdos escolares.

A relação do sagrado com os conteúdos estruturantes pode ser apresentada

conforme o seguinte esquema:

Por paisagem religiosa define-se a combinação de elementos culturais e

naturais que remetem a experiências do sagrado, que por força dessas experiências

anteriores remetem a uma gama de representações sobre o transcendente e o

imanente.

Os lugares considerados sagrados são simbolicamente onde o sagrado se

manifesta. Para o homem religioso, a natureza não é exclusivamente natural;

sempre está carregada de um valor sagrado.

174

Paisagem Religiosa

SAGRADO

Texto SagradoUniverso Simbólico

Religioso

A ideia da existência de lugares sagrados e de um mundo sem imperfeições

conduz o homem a suportar suas dificuldades diárias. O homem consagra

determinados lugares porque necessita viver e conviver no mundo sagrado.

Para as religiões, os lugares não estabelecem somente uma relação concreta,

física, entre os povos e o sagrado; neles, há também uma relação pré-estabelecida

entre ações e práticas. Nessa simbologia, não podem ser ignorados o imaginário e

os estereótipos de cada civilização, impregnados de seus valores, identidade etc.

Muitas pessoas necessitam de espaços aos quais lhes são atribuídos o

sentido de sagrado, para manifestar a sua fé. Com esse lugar definido, entre outras

atividades, organizam ritos, festas, homenagens em prol desse objeto. Nos

momentos em que os grupos se reúnem para reverenciar o divino, para unir-se ao

sagrado, os lugares se transformam num universo especialmente simbólico,

resultante das crenças existentes nas tradições religiosas.

A paisagem religiosa é fruto do espaço social e cultural construído

historicamente, em vivências dos inúmeros grupos humanos. Portanto, a paisagem

sagrada é uma imagem socialmente construída, de maneira que é preciso

compreendê-la corretamente para entender tal aspecto do estudo do sagrado.

UNIVERSO SIMBÓLICO RELIGIOSO

A complexa realidade que configura o universo simbólico tem como chave de

leitura as diferentes manifestações do sagrado no coletivo, cujas significações se

sustentam em determinados símbolos religiosos.

Os símbolos são linguagens que expressam sentidos, comunicam e exercem

papel relevante para a vida imaginativa e para a constituição das diferentes religiões

no mundo. Neste contexto, o símbolo é definido como qualquer coisa que veicule

uma concepção; pode ser uma palavra, um som, um gesto, um ritual, um sonho,

uma obra de arte, uma notação matemática, entre tantos outros.

De modo geral, a cultura se sustenta por meio de símbolos, que são criações

humanas cuja função é comunicar ideias. Os símbolos são parte essencial da vida

humana, todo sujeito se constitui e se constrói por meio de inúmeras linguagens

175

simbólicas. Ao abranger a linguagem do sagrado, os símbolos são a base da

comunicação e constituem o veículo que aproxima o mundo vivido, cotidianamente,

do mundo misterioso dos deuses, deusas, encantados, enfim, da linhagem de seres

suprassensíveis que habitam o território do inefável. O símbolo é um elemento

importante porque para o estudo do sagrado também o é.

TEXTO SAGRADO

Os textos sagrados expressam ideias e são meios de dar viabilidade à

disseminação e à preservação dos ensinamentos de diferentes tradições e

manifestações religiosas, o que ocorre de diversas maneiras, como: dança sagrada,

pinturas sacras, textos orais e escritos, entre outras.

Ao articular os textos sagrados aos ritos – festas religiosas, situações de

nascimento e morte –, as diferentes tradições e manifestações religiosas buscam

criar mecanismos de unidade e de identidade do grupo de seguidores, de modo a

assegurar que os ensinamentos sejam consolidados e transmitidos às novas

gerações e novos adeptos. Tais ensinamentos podem ser retomados em momentos

coletivos e individuais para responder a impasses do cotidiano e para orientar a

conduta de seus seguidores.

Algumas tradições e manifestações religiosas são transmitidas apenas

oralmente ou revividas em diferentes rituais. Por sua vez, os textos sagrados

registram fatos relevantes da tradição e manifestação religiosa, quais sejam: as

orações, a doutrina, a história, que constituem sedimento no substrato social de

seus seguidores e lhes orientam as práticas. O que caracteriza um texto como

sagrado é o reconhecimento pelo grupo de que ele transmite uma mensagem

originada do ente sagrado ou, ainda, que favorece uma aproximação entre os

adeptos e o sagrado.

A compreensão, interpretação e significação do texto pode ser modificada

conforme a passagem do tempo ou, ainda, para corresponder às demandas do

tempo presente. Pode, também, sofrer alterações causadas pelas diversas

interpretações secundárias, diferentes do texto original.

176

Como conteúdo estruturante, o texto sagrado é uma referência importante

para o Ensino Religioso, pois permite identificar como a tradição e a manifestação

atribuem às práticas religiosas o caráter sagrado e em que medida orientam ou

estão presentes nos ritos, nas festas, na organização das religiões, nas explicações

da morte e da vida.

CONTEÚDOS BÁSICOS

Os conteúdos básicos para a disciplina de Ensino Religioso têm como

referência os conteúdos estruturantes, já apresentados. Na escola, o conhecimento

é organizado de modo a favorecer a sua abordagem por meio de diferentes

disciplinas, conforme as prioridades de cada uma. No caso do Ensino Religioso, o

Sagrado é o objeto de estudo e o tratamento a ser dado aos conteúdos estará

sempre a ele relacionado.

A organização dos conteúdos deve partir do estudo de manifestações

religiosas conhecidas e depois passar para as desconhecidas a fim de ampliar o

universo cultural dos alunos.

Quando se trabalha com os lugares sagrados, devem ser apresentados e

analisados com os alunos a composição e o significado atribuído a esses lugares

pelos adeptos da manifestação religiosa que os consideram Sagrados. Depois serão

tratados os lugares sagrados já conhecidos pelos alunos, pela comunidade e

manifestações religiosas a eles familiares.

Somente depois de trabalhar a composição e o significado atribuído a esses

espaços sagrados, por seus adeptos, serão tratados os espaços sagrados já

conhecidos pelos alunos, que então terão mais elementos para analisar as

configurações e significados dos espaços sagrados que lhes são familiares. Tal

organização curricular se repete nos demais conteúdos, conforme o quadro

apresentado a seguir:

177

O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA

Ao iniciar o processo pedagógico na disciplina de Ensino Religioso, faz-se

necessário esclarecer os alunos acerca de algumas questões importantes, quais

sejam:

a) as orientações legais;

b) os objetivos;

c) as principais diferenças entre aulas de Religião e Ensino Religioso como disciplina

Escolar.

178

SAGRADO

CONTEÚDOS

PAISAGEM RELIGIOSA SÍMBOLO

TEXTOSAGRADO

CONTEÚDOS BÁSICOS

Organizações Religiosas · Lugares Sagrados · Textos Sagrados orais ou escritos · Símbolos Religiosos Temporalidade Sagrada

· Festas Religiosas · Ritos · Vida e Morte

Lugares Sagrados

No processo pedagógico, educador e alunos podem caracterizar lugares e

templos sagrados, quais sejam: lugares de peregrinação, de reverência, de culto, de

identidade, principais práticas de expressão do sagrado nestes locais. Destacam-se:

d) lugares na natureza: rios, lagos, montanhas, grutas, cachoeiras etc.;

e) lugares construídos: templos, cidades sagradas etc.

Textos sagrados orais e escritos

São ensinamentos sagrados transmitidos de forma oral e escrita pelas

diferentes culturas religiosas, expressos na literatura oral e escrita, como em cantos,

narrativas, poemas, orações etc.

Os exemplos a serem apontados incluem: vedas (hinduísmo), escrituras

bahá'ís, fé Bahá’I, tradições orais africanas, afro-brasileiras e ameríndias, Alcorão

(islamismo), etc.

Organizações Religiosas

As organizações religiosas compõem os sistemas religiosos de modo

institucionalizado. Serão tratadas como conteúdos, sob a ênfase das principais

características, estrutura e dinâmica social dos sistemas religiosos que expressam

as diferentes formas de compreensão e de relações com o sagrado. Poderão ser

destacados:

• os fundadores e/ou líderes religiosos;

• as estruturas hierárquicas.

Entre os exemplos de organizações religiosas mundiais e regionais, estão: o

budismo (Sidarta Gautama), o cristianismo (Cristo), confucionismo (Confúcio), o

espiritismo (Allan Kardec), o taoísmo (Lao Tsé), etc.

Universo Simbólico Religioso

Os significados simbólicos dos gestos, sons, formas, cores e textos podem

ser trabalhados conforme os seguintes aspectos:

a) dos ritos;

179

b) dos mitos;

c) do cotidiano.

Entre os exemplos a serem apontados, estão: a arquitetura religiosa, os

mantras, os paramentos, os objetos, etc.

Ritos

São celebrações das tradições e manifestações religiosas, formadas por um

conjunto de rituais. Podem ser compreendidas como a recapitulação de um

acontecimento sagrado anterior; servem à memória e à preservação da identidade

de diferentes tradições e manifestações religiosas, e podem remeter a possibilidades

futuras decorrentes de transformações contemporâneas. Destacam-se:

a) os ritos de passagem;

b) os mortuários;

c) os propiciatórios, entre outros.

Entre os exemplos a serem apontados, estão: a dança (Xire), o candomblé, o

kiki (kaingang, ritual fúnebre), a via sacra, o festejo indígena de colheita etc.

Festas religiosas

São os eventos organizados pelos diferentes grupos religiosos, com objetivos

diversos: confraternização, rememoração dos símbolos, períodos ou datas

importantes. Entre eles, destacam-se:

• peregrinações;

• festas familiares;

• festas nos templos;

• datas comemorativas.

Entre os exemplos a serem apontados, estão: Festa do Dente Sagrado

(budista), Ramadã (islâmica), Kuarup (indígena), Festa de Iemanjá (afrobrasileira),

Pessach (judaica), Natal (cristã).

Vida e morte

As respostas elaboradas para a vida além da morte nas diversas tradições e

180

manifestações religiosas e sua relação com o sagrado podem ser trabalhadas sob

as seguintes interpretações:

I. o sentido da vida nas tradições e manifestações religiosas;

II. a re-encarnação;

III. a ressurreição – ação de voltar à vida;

IV. além da morte: ancestralidade, vida dos antepassados, espíritos dos

antepassados que se tornam presentes, e outras.

V. temporalidade sagrada.

AVALIAÇÃO

A avaliação é um meio e não um fim em si mesmo. É um processo contínuo,

diagnóstico, dialético e deve ser tratada como parte integrante das relações de

ensino-aprendizagem. Para Luckesi (2000), a avaliação da aprendizagem, é um

recurso pedagógico sutil e necessário para auxiliar cada educador e cada aluno na

busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de vida.

Dentre as orientações metodológicas para a disciplina de Ensino Religioso,

faz-se necessário destacar os procedimentos avaliativos a serem adotados, uma vez

que este componente curricular não tem a mesma orientação que a maioria das

disciplinas no que se refere a atribuição de notas e ou conceitos. Ou seja, o Ensino

Religioso não se constitui como objeto de reprovação, bem como não terá registro

de notas ou conceitos na documentação escolar, isso se justifica pelo caráter

facultativo da matrícula na disciplina.

Mesmo com essas particularidades, a avaliação não deixa de ser um dos

elementos integrantes do processo educativo na disciplina do Ensino Religioso na

modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Assim, cabe ao educador a

implementação de práticas avaliativas que permitam acompanhar o processo de

apropriação de conhecimentos pelo aluno e pela classe, tendo como parâmetro os

conteúdos tratados e os seus objetivos bem como a realidade e a experiência de

vida de cada aluno.

Para atender a esse propósito, o educador terá que elaborar instrumentos que

181

o auxiliem a registrar o quanto o aluno e a turma se apropriaram ou têm se

apropriado dos conteúdos tratados nas aulas de Ensino Religioso. Significa dizer

que o que se busca com o processo avaliativo é identificar em que medida os

conteúdos passam a ser referenciais para a compreensão das manifestações do

sagrado pelos alunos. Da mesma forma deve-se procurar perceber o quanto o

conteúdo ministrado possui significado no cotidiano dos alunos.

Nesse sentido, a apropriação do conteúdo que fora antes trabalhado pode ser

observado pelo educador em diferentes situações de ensino e aprendizagem. Pode-

se avaliar, por exemplo, em que medida o aluno expressa uma relação respeitosa

com os colegas de classe que têm opções religiosas diferentes da sua; aceita as

diferenças e, principalmente, reconhece que o fenômeno religioso é um dado da

cultura e da identidade de cada grupo social; emprega conceitos adequados para

referir-se às diferentes manifestações do sagrado.

Diante da sistematização das informações provenientes dessas avaliações, o

educador terá elementos para planejar as necessárias intervenções no processo de

ensino e aprendizagem, retomando as lacunas identificadas no processo de

apropriação dos conteúdos pelos alunos, bem como terá elementos para

dimensionar os níveis de aprofundamento a serem adotados em relação aos

conteúdos que irá desenvolver posteriormente.

Nessa perspectiva, o educador de Ensino Religioso terá também, a partir do

processo avaliativo dos alunos, indicativos importantes para realizar a sua auto-

avaliação que orientará a continuidade do trabalho ou a imediata reorganização

daquilo que já tenha sido trabalhado, tendo como referência este documento de

diretrizes.

É importante lembrar que a disciplina de Ensino Religioso está num processo

recente de implementação nas escolas e que, o ato de avaliar é um dos fatores que

poderá contribuir para a sua legitimação como um dos componentes curriculares.

Mesmo que não haja aferição de notas ou conceitos que impliquem na reprovação

ou aprovação dos alunos, estas diretrizes orientam que o educador proceda ao

registro formal do processo avaliativo, adotando instrumentos que permitam à

escola, ao aluno, aos seus pais ou responsáveis, identificarem os progressos

182

obtidos na disciplina.

Com essa prática, os alunos, especificamente, terão a oportunidade de

retomar os conteúdos, como também poderão perceber que a apropriação dos

conhecimentos dessa disciplina lhes possibilita conhecer e compreender melhor a

diversidade cultural da qual a religiosidade é parte integrante, bem como

possibilitará a articulação desta disciplina com os demais componentes curriculares,

os quais também abordam aspectos relativos à cultura.

A apropriação do conteúdo trabalhado pode ser observada pelo professor em

diferentes situações de ensino e aprendizagem. Eis algumas sugestões que podem

ser tomadas como amplos critérios de avaliação no Ensino Religioso:

• o aluno expressa uma relação respeitosa com os colegas de classe que têm

opções religiosas diferentes da sua?

• o aluno aceita as diferenças de credo ou de expressão de fé?

• o aluno reconhece que o fenômeno religioso é um dado de cultura e de identidade

de cada grupo social?

• o aluno emprega conceitos adequados para referir-se às diferentes

manifestações do Sagrado?

A avaliação permite diagnosticar o quanto o aluno se apropriou do conteúdo,

como resolveu as questões propostas, como reconstituiu seu processo de

concepção da realidade social e, como, enfim, ampliou o seu conhecimento em

torno do objeto de estudo do Ensino Religioso, o Sagrado, sua complexidade,

pluralidade, amplitude e profundidade.

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185

DISCIPLINA DE FILOSOFIA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Esta Proposta Pedagógica Curricular para o Ensino de Filosofia na Educação

de Jovens e Adultos foi elaborada tendo como referência as Diretrizes Curriculares

de Filosofia para a Educação Básica do Estado do Paraná e as especificidades

desta modalidade de ensino que considera os alunos sujeitos de um processo

histórico em que a experiência vivida fora do processos de educação

institucionalizada constitui forte elemento formativo.

As Diretrizes Curriculares de Filosofia pontuam que ao se tratar de ensino de

Filosofia, é comum retomar a clássica questão a respeito da cisão entre Filosofia e

filosofar. Ensina-se Filosofia ou a filosofar? Muitos citam Kant, para lembrar que não

é possível ensinar Filosofia e sim a filosofar. Ocorre que para ele não é possível

separar a Filosofia do filosofar. Kant quer afirmar a autonomia da razão filosofante

diante da própria filosofia. Do mesmo modo Hegel, não é possível conhecer o

conteúdo da Filosofia sem filosofar. A Filosofia constitui seu conteúdo na medida em

que reflete sobre ele. A prática da Filosofia leva consigo o seu produto não é

possível fazer filosofias sem filosofar, nem filosofar sem filosofia, porque a Filosofia

não é um sistema acabado, nem o filosofar apenas investigação dos princípios

universais propostos pelos filósofos (GALLO & KOHAN, 2000, p.184).

Não é possível filosofar sem Filosofia e estudar Filosofia sem filosofar. Deste

modo, entende-se que as aulas de Filosofia, na EJA, são espaços de estudo da

Filosofia e do filosofar. A Filosofia apresenta-se como conteúdo filosófico e também

como um conhecimento que possibilita ao aluno da EJA o desenvolvimento de um

estilo próprio de pensamento.

As Diretrizes Curriculares para o ensino de Filosofia no Estado do Paraná

propõe que este ensino seja um espaço para criação de conceitos, unindo a

Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida a aula. Seguindo

essas Diretrizes, propomos que o trabalho pedagógico com a EJA tome esse ensino

como criação e ressignificação de conceitos.

186

Sobre a necessidade de pensar a Filosofia e o seu ensino com caráter de

criação de conceitos, Deleuze & Guattari (1992) têm uma significativa contribuição.

Mas o conceito é dado é criado, está por criar; não é formado, ele próprio se põe em

si mesmo, autoposição (DELEUZE & GUATTARI, 1992, p, 20).

Portanto, a Filosofia na EJA, em sua dimensão pedagógica, significa o espaço

de experiência filosófica, o espaço de criação e provocação do pensamento original,

da busca, da compreensão, da imaginação da investigação e da criação de

conceitos.

Os conteúdos devem ser trabalhados na perspectiva de pensar problemas

com significados histórico e social para os alunos, e serão estudados e analisados

com auxilio de fragmentos de textos filosóficos, que devem fornecer subsídios para

que o aluno possa pensar o problema, pesquisar, fazer relações, ressignificar e criar

conceitos.

Por isso é importante não fazer apenas uma leitura histórica dos textos

filosóficos, o que seria uma atualização de formas antigas que colocaria em risco a

atividade filosófica. Ir ao texto filosófico ou à história da Filosofia não significa

trabalhar numa perspectiva em que esses conteúdos passem a ser a única

preocupação da aula de Filosofia. Eles são importantes na medida em que atualizam

o problema filosófico a ser tratado com os alunos.

O trabalho realizado em sala de aula deve assegurar, para o aluno da EJA, a

experiência do “específico” da atividade filosófica. Este exercício poderá se

manifestar em cada aula refazendo o percurso filosófico. O educador organiza a aula

propondo problematizações, leituras filosóficas e análises de textos; organiza

debates, propõe pesquisas, sistematizações e elaborações de conceitos.

O ensino de Filosofia na EJA possui uma especificidade que se concretiza na

relação com o aluno com os problemas suscitados, com a busca de soluções nos

textos filosóficos por meio do diálogo investigativo.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Para que o cumprimento dessas metas educacionais possam ser

187

atingidos, ter-se-á traçados os seguintes objetivos:

• Conhecer a origem e os conceitos filosóficos, explicando o significado da

Filosofia e como filosofar no contexto atual;

• Conscientizar os alunos da importância de valorizar e apreender a

diversidade cultural como enriquecimento pessoal;

• Adquirir senso crítico filosófico perante os desafios históricos e atuais;

• Entender o papel da Filosofia no processo de conhecimento, identificando

seus elementos básicos e fundamentais;

• Compreender os diversos tipos de conhecimento, seu alcance, sua grandeza,

bem como suas distorções;

• Verificar a importância do homem do campo para todos nós;

• Compreender a necessidade dos valores morais e éticos no processo

histórico e em nossa vida;

• Analisar as diferenças individuais e aprender a respeitá-las, em todas as

circunstâncias;

• Conhecer a importância da verdade, da liberdade e da responsabilidade nas

relações humanas no âmbito pessoal e social;

• Estudar a riqueza da cultura afro-brasileira e verificar os resquícios em nossa

própria cultura;

• Entender a importância da convivência entre os seres humanos para que haja

consciência de si, de seus iguais e do todo social.

• Articular a teoria filosófica com problemas científicos, éticos, políticos, sócio-

culturais e vivência do homem moderno;

• Provocar o despertar do pensar, ou seja, ensinar a exercer uma critica radical

(isto é, que chega às raízes), e ensinar a pensar do ponto de vista da totalidade.

Isso tudo considerando que a Filosofia não busca fins práticos, conteúdos

acabados e sim, ocupa-se de questionamentos cujas respostas estão longe de se

obter através da ciência.

188

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Na EJA, o trabalho pedagógico com os conteúdos específicos da Filosofia

constitui-se em quatro momentos: a sensibilização; a problematização; a

investigação; e a criação de conceitos.

Em sala de aula, o início do conteúdo pode ser facilitado pela exibição de um

filme ou de uma imagem; da leitura de um texto jornalístico ou literário; da audição

de uma música; ou tantas outras possibilidades (atividades geralmente conduzidas,

pelo educador, com o objetivo de investigar e mobilizar possíveis relações entre o

cotidiano do aluno e o conteúdo filosófico a ser desenvolvido) damos o nome a essa

etapa de sensibilização.

Após a sensibilização, inicia-se o trabalho propriamente filosófico – a

problematização, a investigação e a criação de conceitos. Não significa dizer que a

sensibilização não possa ocorrer diretamente a partir do conteúdo problematizado.

A problematização seria o segundo momento, quando o educador e aluno

levantam questões, identificam problemas e problematizam o conteúdo. Ë

importante ressaltar que o recurso utilizado para a sensibilização seja o filme, a

música, ou o texto, filosófico ou não, podem ser retomados a qualquer momento no

trabalho em sala.

Problematizando, o educador convida o aluno da EJA a investigar o problema

em questão, isto se dá por meio do diálogo investigativo. O diálogo investigativo a

partir do texto e com o texto é o primeiro passo para possibilitar a experiência

filosófica em sala de aula. Recorrendo à história da Filosofia e aos clássicos, o aluno

defronta-se com as diferentes maneiras de enfrentar o problema e com as possíveis

soluções que já foram elaboradas, que não obstante, podem não resolver o

problema, mas orientar a discussão.

A aula de Filosofia na EJA deve estar na perspectiva de quem dialoga com a

vida, por isso, é importante que a busca de resolução do problema se preocupe

também com uma análise atual, fazendo uma abordagem contemporânea que

remeta o aluno a sua própria realidade. Desta forma, partindo de problemas atuais,

estudados a partir da história da filosofia, do estudo dos textos clássicos, da

189

abordagem realizada por outras ciências, e de sua abordagem contemporânea, o

aluno da EJA pode formular seus conceitos e construir seu discurso filosófico.

Portanto, o texto filosófico que ajudou os filósofos do passado a entender e analisar

filosoficamente o problema em questão deve ser trazido para o presente. O

contemporâneo, no sentido de fazer entender o que ocorre hoje e como o aluno

pode, a partir da história da filosofia, entender os problemas da nossa sociedade.

Após esse exercício, o aluno terá condições de perceber o que está implícito

nas ideias e de com elas se tornam conhecimentos e por vezes ideologias, criando

assim a possibilidade de argumentar filosoficamente, por meio de raciocínios lógicos

um pensar coerente e crítico.

É imprescindível que a aula de Filosofia seja permeada por atividades

individuais e coletivas, que organizem e orientem o debate filosófico, dando um

caráter dinâmico e investigativo ao ato de filosofar.

RECURSOS DIDÁTICOS E TECNOLÓGICOS

• Análise conceitual através de textos diversos e do livro didático público;

• Apresentação de slides, filmes, vídeos, documentários e músicas utilizando a

TV multimídia;

• Utilização de textos clássicos para ter um contato direto com as ideias do

autor;

• Debates, produções de textos, seminários, teatro, além de aulas expositivas;

• Socialização das pesquisas através de exposições e debates com a turma;

• Análise de conceitos a partir da leitura e discussão dos trechos dos textos

filosóficos onde eles ocorreram;

• Apresentação de slides utilizando a TV Multimídia – após a produção dos

textos dos alunos (já considerando como avaliação) – entrar com a discussão dos

conteúdos específicos (uso do Livro Didático);

• Formar pares ou grupos para realização de atividades em cada abertura de

tema, procurando ao longo das aulas, realizar as atividades propostas pelo Livro

Didático Público;

190

• Primeiro problematizar, questionar o aluno sobre o que ele já sabe sobre o

assunto. Depois, num segundo momento investigar o pensamento/conceito dos

autores sobre o tema a ser abordado a partir da leitura do texto do Livro Didático

Público ou de textos clássicos;

• A turma se organizará em grupos e fará uma pesquisa com os professores da

escola, investigando, por meio de entrevistas, quais os conhecimentos científicos

que sustentam as disciplinas escolares. Em plenário, na sala de aula, apresentam os

resultados.

• Jogos educacionais no laboratório de informatica;

• Projetos elaborados em data show na sala de aula;

• Elaboração de slides e vídeos com os alunos em sala de aula ou em aulas

paralelas.

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

As Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica do Estado do

Paraná propõe seis conteúdos estruturantes, com possibilidades para a organização

do ensino de Filosofia, de acordo com o número de aulas disponíveis no curso ou na

matriz curricular.

Esses conteúdos são conhecimentos de maior amplitude e relevância que,

desmembrados em um plano de Ensino, deverão garantir conteúdos significativos ao

aluno da EJA. Estes conteúdos são: Mito e Filosofia; Teoria do Conhecimento; Ética;

Filosofia Política; Estética; Filosofia da Ciência.

MITO E FILOSOFIA

O homem pode ser identificado e caracterizado como um ser que pensa cria

explicações. Na criação do pensamento está presente tanto o mito como a

racionalidade, ou seja, a base mitológica enquanto pensamento por figuras; e a base

racional, enquanto pensamento por conceitos são constituintes do processo de

formação do conhecimento filosófico. Esse fato não pode deixar de ser considerado,

pois é a partir dele que o homem desenvolve suas ideias, cria sistemas, inventa e

191

elabora leis, códigos, práticas. Entender a conquista da autonomia da racionalidade

(LOGOS) diante do mito, marca o advento de uma etapa fundamental na história do

pensamento e do desenvolvimento de todas as concepções científicas produzidas

ao longo da história humana. Autores sugeridos: Jean-Pierre Vernant, Mircea Elíade,

Moses Finley, Vidal Naquet.

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

• O nascimento da Filosofia;

• A vida cotidiana na sociedade grega;

• O mito a origem de todas as coisas;

• Mito e razão filosófica;

• Senso comum e conhecimento filosófico;

• Senso comum, conhecimento filosófico e conhecimento científico;

• Ciência e senso comum.

TEORIA DO CONHECIMENTO

Este conteúdo teoriza e problematiza o sentido, os fundamentos, a

possibilidade e a validade do conhecimento. Evidencia os limites do conhecimento

possibilitando perceber fatores históricos e temporais que influíram na sua

elaboração e assim retomar problemáticas já pensadas na perspectiva de novas

soluções relativas a seu tempo. Entre os clássicos que trataram do problema do

conhecimento podemos citar: Aristóteles, Descartes, Hegel, Hume, Kant, Platão,

Russell.

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

• O problema do conhecimento;

• Fundamentos do conhecimento;

• Filosofia e método;

• Racionalismo;

• Empirismo;

192

• Ceticismo;

• Essência da política;

• Política e poder;

• Política e violência;

• Política e liberdade subjetiva;

• Política e sociabilidade;

• Formas de governo;

• Liberdade Política;

• Crise da política contemporânea;

• A função do político na contemporaneidade.

ÉTICA

Trata dos fundamentos da ação humana e dos valores que permeiam as

relações intersubjetivas. Por ser especulativa e também normativa, um dos grandes

problemas enfrentados pela ética é a tensão entre o sujeito (particular) e a norma

(universal). Outra grande questão está na fundamentação dos valores e das ações:

razão ou paixões/desejos. A ética possibilita a problematização, análise e crítica dos

valores, virtude, felicidade, liberdade, consciência, responsabilidade, vontade,

autonomia, heteronomia, anomia, niilismo, violência, relação entre os meios e os

fins. Alguns filósofos: Adorno, Aristóteles, Nietzsche, Scheler, Schopenhauer,

Sêneca.

CONTEÚDO ESPECÍFICO

Ética e moral;

Concepções éticas;

O que é liberdade;

Liberdade e autonomia;

Liberdade e determinismo;

Sociabilidade e reconhecimento;

Autoridade e autoritarismo;

193

Responsabilidade e liberdade;

Questões de gênero;

Diversidade e sociedade.

FILOSOFIA POLÍTICA

Discute as relações de poder para compreender os mecanismos que

estruturam e legitimam os diversos sistemas políticos. Ocupa-se na investigação

sobre a necessidade humana da vida em comum, seja pela capacidade de

autogoverno ou pela necessidade da existência de um poder externo e coercitivo.

Problematiza conceitos como o de cidadania, democracia, soberania, justiça,

igualdade, liberdade, público e privado, retórica, indivíduo e cidadão. Alguns

pensadores clássicos: Aristóteles, Arendt, Gramsci, Hegel, Hobbes, J.S. Mill, Kant,

Locke, Maquiavel, Marcuse, Marx, Montesquieu, Platão, Rousseau, Voltaire.

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS:

O preconceito contra política;

Os Gregos e a invenção da Política;

Nascimento da democracia;

Ética e Política;

Concepção liberal e Política;

Crítica de Marx ao liberalismo.

ESTÉTICA

Compreender a sensibilidade, a representação criativa, a apreensão intuitiva

do mundo concreto e a forma como elas determinam as relações do homem com o

mundo e consigo mesmo é objeto de conhecimento desse conteúdo. Voltada

principalmente para a beleza e a arte, a estética está intimamente ligada à realidade

e às pretensões humanas de dominar, moldar, representar, reproduzir, completar,

alterar, apropriar-se do mundo enquanto realidade humanizada. Também estão em

questão as diferentes concepções sobre a arte, as relações entre a arte e

pensamento, arte e mercado, arte e sociedade. Alguns filósofos: Baumgarten,

194

Hegel Hume, Dufrenne, Bachelard, Schiller, Eagleton, Kant, Benjamim, Adorno

Rancière, Merleau-Ponty, Husserl, Paul Valéry.

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

Pensar a beleza;

Estética ou Filosofia da Arte;

Concepções de estética;

Concepções de Arte;

Arte como conhecimento;

Necessidade ou finalidade da Arte;

Arte e Política;

Crítica do gosto;

Arte e movimento: cinema, teatro e dança;

Perspectivas contemporâneas: Arte conceitual e suas perspectivas.

FILOSOFIA DA CIÊNCIA

É o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas

ciências. Discute a provisoriedade do conhecimento científico e o relaciona com

planos epistemológicos, ideológicos, políticos, econômicos, religiosos. Ciência e

tecnologia são frutos da cultura do nosso tempo e envolvem o universo do

empirismo e do pragmatismo da pesquisa aplicada, daí a necessidade de entendê-

las. Filósofos sugeridos: Bachelard, Feyerabend, Foucault, Granger, Habermas,

Kuhn, Popper, Ricouer.

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS:

O que é Ciência;

Revoluções científicas e progresso da ciência;

As conseqüências sociais e políticas da ciência;

Bioética: geral, especial e clínica;

Tendências da Bioética;

Bioética e Aborto;

195

Bioética e experiência Genética.

DESAFIOS EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEOS

Na atual polêmica mundial e brasileira acerca dos possíveis sentidos dos

valores éticos, políticos, estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a

ocupar e uma contribuição a fazer. Basicamente, a Filosofia gira em torno de

problemas e conceitos criados no decorrer de sua longa história, os quais,

devidamente aplicados, geram discussões promissoras e criativas que

desencadeiam, muitas vezes, ações e transformações. Por isso, permanecem

atuais.

Um dos objetivos da Escola de EJA é a formação pluridimensional e

democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de compreender a

complexidade do mundo contemporâneo e interagir com ele.

A Filosofia pretende abrir um espaço aos desafios educacionais

contemporâneos na forma de compreensão do mundo, como defende Ribeiro

(2005):

Mas essas discussões nascendo da política, da cultura ou do comportamento

(problemas) não podem dispensar conteúdos filosóficos nem se pulverizar: gosto da

ideia de ciclos de filmes, que dialoguem entre si, falando por exemplo, na condição

social dos personagens, no amor que vivem, na vinda do imigrante, na luta contra a

opressão. Há muito espaço (…) para a Filosofia.

AVALIAÇÃO

Para Kohan e Waksman, (2002), o ensino de Filosofia tem uma especificidade

que deve ser levada em conta no processo de avaliação. Como prática, como

discussão com o outro, como construção de conceitos essa disciplina encontra seu

sentido na experiência do pensamento filosófico. Entendemos por experiência esse

conhecimento inusitado que o educador pode propiciar, preparar, porém não

determinar e, menos ainda, avaliar ou medir.

196

A avaliação deve ser concebida na sua função diagnóstica; isto é, não tem

finalidade em si mesma, mas tem a função de subsidiar e mesmo redirecionar o

curso da ação no processo de ensino-aprendizagem, pela qualidade com que

educadores, alunos e a própria instituição de ensino o constroem coletivamente.

Apesar de sua inequívoca importância individual, no ensino de Filosofia, a avaliação

não resumir-se-á a perceber quanto o aluno assimilou do conteúdo presente, na

história da Filosofia, do texto ou dos problemas filosóficos, nem a examinar sua

capacidade de tratar deste ou daquele tema.

O ensino da Filosofia é, acima de tudo, um grande desafio conforme salienta

Langón (2003, p. 94): Ora, parece-me que a atividade filosófica do mestre consiste

em gerar ou dar poder ao outro: isto quer dizer também fazê-lo responsável. Nisto

reside a fecundidade, a atividade de “produzir” a capacidade de pensar, dizer e agir

de outro, que implica a realização de pensamentos, palavras, ações diferentes das

do mestre, que lhe escapam ao querer e ao “controle” [...} Querer que o outro pense,

diga e faça o que queira, isto não é um querer fácil.

Ao avaliar, o educador deve ter profundo respeito pelas posições do aluno,

mesmo que não concorde com ela, pois o que está em questão é a capacidade de

argumentar e de identificar os limites dessas posições.

O que deve ser levado em conta é atividade com conceitos, a capacidade de

construir e tomar posições, de detectar os princípios e interesses subjacentes aos

temas e discursos.

Assim, torna-se relevante avaliar a capacidade do aluno da EJA trabalhar e

criar conceitos sob os seguintes pressupostos:

• Qual conceito trabalhou e criou/recriou;

• Qual discurso tinha antes;

• Qual discurso tem após o estudo da Filosofia.

CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Ao avaliar o aluno na Escola de EJA, o professor terá a possibilidade de

aplicar um instrumento avaliativo na sequencia da investigação e a criação de

197

conceitos acontecerá sem a fragmentação das aulas, pois sendo elas geminadas o

professor terá mais tempo para aprofundar o conteúdo.

A proposta de avaliação ocorrerá no sentido de contribuir tanto para o

desenvolvimento do aluno, como para o professor, possibilitando ao mesmo avaliar

a própria prática.

Avaliar a produção dos alunos não pode significar jamais obrigá-los a pensar

do mesmo modo que nós, professores pensamos, mas a pensar por conta própria,

construir uma concepção do mundo, fazer uma escolha que poderá eventualmente

ser a nossa mesma.

Portanto, a avaliação estará presente em todos os momentos do processo

ensino – aprendizagem, como processo contínuo e permanente que representa um

instrumento da reflexão eficiente, racional, prática, possibilitando democratizar e

auto – avaliar os conteúdos educacionais.

Serão consideradas as participações em debates, trabalhos em grupos e

individuais e principalmente o conceito que cada aluno criou e recriou durante o

processo de ensino – aprendizagem.

Alguns instrumentos podem ser adotados como forma de avaliação, tais

como:

• Textos produzidos pelos alunos, individual ou coletivamente;

• Pesquisas feitas no laboratório de informática;

• Apresentação de temas propostos pelo professor na forma oral ou escrita;

• O professor pode acompanhar a evolução dos seus alunos através de um

caderno de anotações onde são registrados o desenvolvimento de cada aluno desde

os primeiros dias de aula até o final do curso. A cada etapa do curso os resultados

podem também ser partilhado com os próprios alunos para que os mesmos possam

também perceber seu desenvolvimento ao longo das aulas. Esse desenvolvimento

pode ser avaliado na forma de apropriação de conceitos por parte dos alunos,

criação e produção de ideias, bem como a forma de apresentação das mesmas

diante da turma.

• Realização de debates em sala de aula sobre temas escolhidos pelo professor

ou pelos próprios alunos desde que ao final do debate possa ser feito uma 198

abordagem do tema sobre o olhar dos autores clássicos da filosofia, de maneira que

se possa interagir o conhecimento teórico e clássico da filosofia com os

questionamentos e debates da atualidade.

• Seminários produzidos e apresentados pelos alunos através de recursos

tecnológicos variados com o vídeos, slides ou músicas utilizando a TV Pendrive,

jogos educacionais trabalhados no laboratório de informática, retroprojetor, data

show e outros.

• Esta forma de avaliação é muito importante, na medida em que, ao mesmo

tempo que aborda o conteúdo proposto, leva os alunos a integrar esses conteúdos

às novas tecnologias. É uma forma muito eficiente de interdisciplinariedade.

• O alunos podem criar projetos sobre determinado tema a ser elaborado em

sala de aula utilizando-se do data show, de maneira que todos possam fazer parte

da produção do conhecimento. Isso é muito importante na medida que os alunos se

percebem como parte do conhecimento não ficando alienados às ideias, informação

e conceitos que ali são abordados, mas se sentindo parte integrante da produção do

conhecimento.

ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO DE CONTEÚDOS

Dentro do segmento avaliativo, far-se-á necessária a recuperação paralela de

conteúdos defasados pelo aluno. Isso pode ser feito de várias maneiras, escolhidas

pelo professor.

Uma estratégia de recuperação dos conteúdos pode acontecer paralelamente

às aulas na forma de criação de projetos pelos alunos que precisam recuperar

determinado conteúdo. Na prática o professor pode suscitar ao aluno determinado

assunto sobre o qual o aluno precisa recuperar o conteúdo e delimitar algum tema

sobre o qual o aluno vai trabalhar.

Sobre esse tema o aluno vai elaborar um projeto com objetivos (recuperar o

conteúdo), metodologia, fundamentação teórica, referencias (oferecidas pelo

professor) e um cronograma no qual ele vai descriminar todas as datas do processo

de produção do conhecimento.

Ao final da produção o aluno é convidado pelo professor a apresentar o

199

trabalho para a turma na forma de seminário.

ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Faz-se muito importante, também, rever as metodologias utilizadas com os

alunos portadores de necessidades educacionais especiais.

É necessário que haja uma adaptação nos métodos de trabalho em sala de aula

quando existe alunos com necessidades educacionais especiais, como por exemplo,

se o professor for utilizar vídeos, deve sempre colocar áudio e legendas. Se o aluno

possui dificuldade de aprendizagem o professor deve proporcionar uma atenção

especial bem como fornecer textos de apoio para que o aluno possa ler em casa.

Se o professor for trabalhar com textos na sala de aula deve ver a

necessidade especial daquele aluno, podendo imprimir textos maiores, quando o

aluno tem dificuldade visual, ou ofertar material em áudio, ou traduzir em libras os

textos que serão utilizados na sala.

Se o aluno tem dificuldade de concentração o professor pode estar trabalhando com

esse aluno com materiais mais coloridos e com imagens mais interessantes, para

provocar a sua curiosidade.

A avaliação da Filosofia se inicia com a sensibilização, com a coleta do que o

aluno pensava antes e o que pensa após o estudo. Com isso, torna-se possível

entender a avaliação como um processo, não como um momento separado, visto

em si mesma.

BIBLIOGRAFIA

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BACHELARD, G. O ar e os sonhos. Ensaios sobre a imaginação do movimento. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

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201

DISCIPLINA DE FÍSICA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Os princípios que norteiam a proposta da elaboração do currículo da

disciplina de Física para a educação de Jovens e Adultos – EJA, baseiam-se na

Fundamentação Teórico-Metodológica, contida na parte da “Introdução” das

“Orientações Curriculares de Física – Texto Preliminar – Ensino Médio”, da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED/PR.

Os processos ensino-aprendizagem em Física tem sido objeto de pesquisas

por aqueles que se interessam ou se identificam com esse objeto. Parece haver um

certo consenso que “... a preocupação central tem estado na identificação do

estudante com o objeto de estudo. Em outras palavras, a questão emergente na

investigação dos pesquisadores está relacionada à busca por um real significado

para o estudo dessa Ciência na educação básica – ensino médio” (ROSA & ROSA,

2005, p.2).

Os livros didáticos, de uma maneira geral, apresentam um discurso que

mostra uma preocupação com a Física como uma ciência que permite compreender

uma imensidade de fenômenos físicos naturais, que seriam indispensáveis para a

formação profissional ou como subsídio para a preparação para o vestibular e a

compreensão e interpretação do mundo pelos sujeitos-educandos. No entanto, neles

a ênfase recai nos aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos e

conceituais, privilegiando a resolução de “Problemas de Física” que, quase sempre,

se traduzem em exercícios matemáticos com respostas prontas. Esse discurso tem

norteado o trabalho de muitos professores e, mais que isso, as estruturas

curriculares por eles organizadas.

Não é leviano afirmar que as estruturas curriculares se valem dos livros didáticos para se organizarem. A opção de tal e tal livro didático determinará, a princípio, a constituição das disciplinas que assumem seu espaço curricular, demarcado pelo tempo (número de aulas) e profundidade. Mesmo que o discurso do professor seja amplo, abrangente e propicie contextualizações, em geral, ele fará uso de exercícios e problemas do livro didático e sua avaliação terá como base a literatura disciplinar do livro adotado. É importante lembrar que

202

os livros didáticos dirigidos ao Ensino Médio refletem o mesmo enfoque disciplinar presente no meio universitário, levando os professores a consolidarem, na sua prática pedagógica, o estilo reprodutivista e disciplinar adquirido em sua formação. (...) O peso de uma tradição disciplinar, historicamente constituída, se impõe fortemente aos currículos dos cursos universitários, entre outros motivos, pela sua proximidade (mesmo que virtual) com as comunidades de produtores de conhecimento. (PIETROCOLA; ALVES; PINHEIRO, s/d, p.6-7)

Nessa perspectiva, “... via de regra, os conteúdos acabam por ser

desenvolvidos como se estabelecessem relações com eles mesmos, sendo

desconsideradas as diversas relações com outros tópicos da própria Física e de

outros campos de conhecimento” (GARCIA; ROCHA; COSTA, 2001, p.138).

Essa concepção faz com que o ensino de Física se transforme num ensino

livresco, descontextualizado em sua história, não permitindo a compreensão de que

a ciência é uma construção humana, com todas as implicações que isso possa ter,

inclusive os erros e acertos decorrentes das atividades humanas, levando o

estudante

... a ter uma idéia distorcida do que é a Física e quase sempre ao desinteresse pela matéria. Os estudantes devem ser levados a perceber que os modelos dos quais os pesquisadores lançam mão para descrever a natureza são aproximações válidas em determinados contextos, mas que não constituem uma verdade absoluta. Muitas vezes idéias como as de partícula, gás ideal, queda livre, potencial elétrico e muitas outras são apresentadas sem nenhuma referência à realidade que representam, levando o estudante a julgá-los sem utilidade prática. Outras vezes modelo como o de um raio luminoso, de átomo, de campo, de onda eletromagnética, etc, são apresentados como se fossem entes reais. (ALVARES, 1991, p.42)

Assim, a Física deixa de ser mais um instrumento para a compreensão do

mundo, não permitindo ao aluno o acesso à compreensão conceitual e ao

formalismo próprio deste campo de conhecimentos, essencial para o

desenvolvimento de uma cultura em ciência, tendo em vista que “... um número

elevado dos estudantes brasileiros, ou, não tem acesso aos estudos superiores ou,

segue cursos para os quais a Física não tem caráter propedêutico” (ALVARES,

1991, p.25). Além disso, apesar do incentivo que deve ser dado à carreira

universitária, esta deveria ser mais uma possibilidade e não o objetivo principal do

ensino desta disciplina no nível médio.

Também parece haver um consenso entre os professores em torno da idéia

203

de que a Física é uma ciência experimental. No entanto, apesar de enfatizarem esse

caráter experimental da matéria e a importância dessa consideração no sentido de

contribuir para uma melhor compreensão dos fenômenos físicos, é comum

... adotarem textos que, além de não apresentarem uma só sugestão de experimento a ser realizado pelo professor ou pelos seus alunos, tratam os assuntos sem nenhuma preocupação com seu desenvolvimento experimental. Ou, outros, que se dizem preocupados com o curso voltado para a compreensão dos conceitos, escolherem texots que tratam matematicamente os tópicos abordados, sem trabalharem aspectos cognitivos da aprendizagem. (Ibidem, 1991, p.25)

Assim,

... como um empreendimento humano, a ciência é falível, ela pode degenerar ou pode responder as supremas aspirações dos homens. Como parte da sociedade, a Ciência também está aberta a influências externas, como qualquer atividade social, pode ser bem ou mal usada. (KNELLER, 1980, prefácio da obra)

Deriva-se daí que a Ciência não é neutra visto que o cientista faz parte de um

contexto social, econômico e cultural, influenciando e sendo influenciado por esse

contexto, fato que não pode ser ocultado de nossos estudantes. Isso significa

mostrar que a ciência não está pronta nem acabada e não é absoluta, mas, revelar

aos nossos estudantes “... como é penoso, lento, sinuoso e, por vezes, violento, o

processo de evolução das idéias científicas” (PONCZEK, 2002, p.22).

Se o conhecimento físico é ou foi produzido pelos sujeitos sociais que vivem

ou que viveram num determinado contexto histórico, então, ele faz parte da cultura

social humana, e, portanto, é um direito dos estudantes conhecê-lo.

Além disso, se queremos contribuir para a formação de sujeitos que sejam

capazes de refletir e influenciar de forma consciente nas tomadas de decisões, não

podemos deixá-los alheios às questões relativas à Ciência e à tecnologia. Por isso é

importante buscarmos o entendimento das possíveis relações entre o

desenvolvimento da Ciência e da tecnologia e as diversas transformações culturais,

sociais e econômicas na humanidade decorrentes deste desenvolvimento que, em

muitos aspectos, depende de uma percepção histórica de como estas relações

foram sendo estabelecidas ao longo do tempo.

Mas, considerando que também as tecnologias são historicamente

204

construídas e entendendo que

... tecnologia refere-se à forma específica da relação entre o ser humano e a matéria, no processo de trabalho, que envolve o uso de meios de produção para agir sobre a matéria, com base em energia, conhecimento e informação. (...) No entanto, a tecnologia não é propriedade neutra ligada à eficiência produtivista, e não determina a sociedade, da mesma forma que esta não escreve o curso da transformação tecnológica. Ao contrário, as tecnologias são produtos da ação humana, historicamente construídos, expressando relações sociais das quais dependem, mas que também são influenciados por eles. (OLIVEIRA, 2001, p.101-102).

Considerando ainda que, como nos ensina Paulo Freire, ensinar exige

respeito aos sabores dos educandos, o processo de ensino-aprendizagem em Física

deve partir do conhecimento prévio dos alunos respeitando seu contexto social e

suas concepções espontâneas a respeito de ciência.

Em primeiro lugar, de acordo com MOREIRA (s/d, p.2), devemos abandonar o

papel de ser apenas transmissores de conhecimento e passarmos a ver, de fato, os

sujeitos como elaboradores do saber físico, mas que precisam do professor como

mediador. O autor parte do pressuposto que o objetivo do ensino é compartilhar,

professor e aluno, significados e promover a aprendizagem significativa. Mas, isso

acontecerá somente quando o educando internalizar esses significados por

interação como conhecimento prévio do aluno e, simultaneamente, derem

significados adicionais, diferenciarem, integrarem, modificarem e enriquecerem o

conhecimento já existente.

Em segundo, é preciso considerar que os sujeitos constroem suas idéias, sua

visão do mundo tendo em vista os objetos a que têm acesso nas suas experiências

diárias e nas suas relações afetivas. Segundo Novak, citado por MOREIRA (1999),

os seres humanos fazem três coisas: pensam, sentem e atuam (fazem). Ou seja, ao

se pensar uma metodologia de ensino para a Física é preciso ter em vista o que os

estudantes já conhecem.

O educando será apresentado a princípios, concepções, linguagem,entre

outros elementos utilizados pela Física, em que o discurso do professor deve

permitir que ele perceba as diferenças entre a sua forma e a forma utilizada pela

ciência para explicar um determinado fenômeno. Esse processo contribuirá para que

o educando reformule as suas idéias tendo em vista a concepção científica. Assim,

espera-se que esteja reelaborando seus conceitos, mas não necessariamente, que

205

abandone suas idéias espontâneas. Ou seja, seus conceitos serão mais elaborados

ou menos elaborados, ou mais próximos do científico, quanto maior for a

necessidade ou interesse deste sujeito em utilizar esses conhecimentos no contexto

da comunidade científica.

Entendemos então, que a Física deve educar para a cidadania, contribuindo

para o desenvolvimento de um sujeito crítico, “ ... capaz de compreender o papel da

ciência no desenvolvimento da tecnologia. (...) capaz de compreender a cultura

científica e tecnológica de seu tempo” (CHAVES & SHELLARD, 2005, p.233).

Cabe colocar aqui que a cidadania da qual estamos falando não é a cidadania

para o consumo, não é a cidadania construída através de intervenções externas,

doações da burguesia e do Estado moderno, mas, a cidadania que se constrói no

interior da prática social e política de classes. Estamos entendendo que a

... nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, côo seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo. Mas, histórico como nós, o nosso conhecimento do mundo tem historicidade. (...) Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. (FREIRE, 1996, p.31)

Por isso entendemos que a contribuição da Física o Ensino Médio é a

contribuição para a formação dos sujeitos através das

... lutas pela escola e pelo saber, tão legítimos e urgentes (...). Por este caminho nos aproximamos de uma possível redefinição da relação entre cidadania e educação (...) a luta pela cidadania, pelo legítimo, pelos direitos, é o espaço pedagógico onde se dá o verdadeiro processo de formação e constituição do cidadão. A educação não é uma precondição da democracia e da participação, mas é parte, fruto e expressão do processo de sua constituição. (ARROYO, 1995, p.79)

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES/ BÁSICOS DA DISCIPLINA

- Conteúdos Estruturantes:

Os conteúdos estruturantes levam em conta o efetivo objeto de estudo da

Física, baseados nos pressupostos teóricos apresentados.

Fundamentando-se na História da Física e também no entendimento de que o

Ensino Médio deve estar voltado à formação de sujeitos, cuja cultura agregue a

206

visão da natureza, das produções e das relações humanas, fixou-se os três

conteúdos estruturantes estudados no Ensino Médio: Movimento, Termodinâmica e

Eletromagnetismo.

Em cada conteúdo estruturante estão presentes idéias, conceitos e

definições, princípios, leis e modelos físicos, que o constituem como uma teoria.

Desses estruturantes derivam os conteúdos que comporão as propostas

pedagógicas curriculares das escolas.

Os conteúdos específicos relativos a Movimento, Termodinâmica e

Eletromagnetismo podem ser aprofundados e contextualizados em relações

interdisciplinares sob uma abordagem que contemple os avanços e as perspectivas

da Física nos últimos anos, o que contribui para a apresentação de uma ciência em

construção.

Os conteúdos estruturantes podem apresentar uma relação de

interdependência, o que faz com que, em alguns momentos, o trabalho pedagógico

com um determinado conteúdo básico ou específico, envolva referências teóricas de

mais de um estruturante.

Em outros casos, um conteúdo básico ou específico é objeto de estudo dos

três conteúdos estruturantes. É o caso do princípio da conservação de energia que,

embora desenvolvido na Termodinâmica, está presente tembém no estudo de

Movimento e de Eletromagnetismo.

Ao professor caberá, a partir da proposta pedagógica e da matriz curricular da

sua escola, selecionar os conteúdos específicos que comporão seus planos de

trabalho docente, nas séries do Ensino Médio. O professor deve considerar a

realidade socioeconômica e cultural da região onde se situa a escola para

contextualizar os conteúdos e permitir aos estudantes ampliar as construções de

significados no acesso ao conhecimento científico.

• Movimento: devem ser trabalhadas idéias de conservação de momentum e

energia, que pressupõem o estudo de simetrias e leis e conservação, principalmente

a Lei de Conservação da Energia, considerada uma das mais importantes leis da

Física. Outro importante conceito a ser trabalhado é o de força, definido a partir da

variação temporal da quantidade de movimento, que constitui a segunda lei de

207

Newton. A variação da quantidade de movimento conduz a idéia de impulso, um

importante conceito da teoria newtoniana.

• Termodinâmica: os estudos partem das Leis da Termodinâmica, em que

aparecem conceitos como temperatura,calor (energia em trânsito)e as primeiras

formulações da conservação de energia, sobretudo os trabalhos de Mayer,

Helmhottz, Maxwell e Gibbs. A Primeira lei da Termodinâmica permite identificar

sistemas termodinâmicos postos a realizar trabalho. Os conceitos e calor e trabalho,

hoje, são entendidos como processos e transferência/ transformação de energia. O

estudo da Segunda lei da Termodinâmica é importante para a compreensão das

máquinas térmicas, conduzindo ao conceito de entropia. O conceito de entropia

fortalece as hipóteses da Terceira lei da termodinâmica, e contribui para as idéias da

quantização da energia e consideração de que as moléculas dos sistemas em

estudo são numerosas e os valores médios de suas propriedades podem ser

calculados, mesmo sem nehuma informação sobre suas moléculas específicas.

• Eletromagnetismo: através do estudo do eletromagnetismo é possível

compreender carga elétrica. A variação da quantidade de carga no tempo leva a

idéia de corrente elétrica e a variação da corrente no tempo produz campo

magnético, o que leva `s equações de Maxwell. Na abordagem da Física Moderna, é

importante o trabalho com o efeito fotoelétrico e a compreensão que a descoberta

dos quanta de luz deu início à mecânica quântica e à imutabilidade da velocidade da

luz, como um dos princípios da relatividade.

Essas abordagens contribuem, para a compreensão da Física como algo em

construção, cujo conhecimento atual é a cultura científica e tecnológica este tempo

em suas relações com as outras produções humanas.

- Conteúdos Básicos:

Os conteúdos básicos englobam conhecimentos fundamentais, que não

podem ser suprimidos nem reduzidos, podendo o professor acrescentar outros

conteúdos, enriquecendo o trabalho de sua disciplina. Os conhecimentos básicos se

articulam com os conteúdos estruturantes da disciplina, tendo abordagens diversas

a depender dos fundamentos que recebem de cada conteúdo estuturante. Havendo

208

necessidade, serão desdobrados em conteúdos específicos, considerando o

aprofundamento para cada série e nível de ensino.

O plano de trabalho docente é o currículo em ação. Nele estará a expressão

singular e de autoria, de cada professor, da concepção curricular construída nas

discussões coletivas.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE – MOVIMENTO

CONTEÚDOS BÁSICOS:

momentum e inércia; conservação da quantidade de movimento; variação da

quantidade de movimento (impulso); 2ª lei de Newton; 3ª lei de Newton e condições

de equilíbrio.

Abordagem teórico-metodológica: Esses conteúdos serão abordados

considerando-se: o contexto histórico-social, discutindo a construção científica como

um produto da cultura humana. A Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência.

O reconhecimento da Física como um campo teórico, considerando-se os conceitos

fundamentais que dão sustentação à teoria dos movimentos. É fundamental o

domínio das idéias, das leis, dos conceitos e definições presentes na teoria. As

relações da Física com a Física e com outros campos do conhecimento. Que a

ciência dos movimentos não se esgota em Newton e seus sucessores. Textos de

divulgação científica literários, etc.

Avaliação: Espera-se que o estudante:

- Formule uma visão geral da Física, presente no final do século XIX e compreenda

a visão de mundo dela decorrente.

- Compreenda a limitação do modelo clássico no estudo dos movimentos de

partículas subatômicas, a qual exige outros modelos físicos e outros princípios.

- Compreenda o conceito de massa (nas translações), entendendo-a como uma

resistência à variação do movimento.

- Compreenda o conceito de momento de inércia (nas rotações), relacionando este

conceito à massa do objeto e à distribuição dessa massa em relação ao eixo de

rotação.

209

- Entenda as medidas das grandezas como dependentes do referencial e de

natureza vetorial.

- Perceba que os movimentos acontecem sempre uns acoplados aos outros, tanto

os translacionais como os rotacionais.

- Perceba a influência da dimensão de um corpo no seu comportamento perante a

aplicação de uma força em pontos diferentes deste corpo.

- Reconheça e represente as forças de ação e reação nas mais diferentes situações.

Energia e o Princípio da Conservação da energia.

Abordagem teórico-metodológica: esses conteúdos deverão considerar: o contexto

histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da cultura

humana. A Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência. O campo teórico a

Física no qual a energia tem um lugar fundamental, pois se entende que para

ensinar uma teoria científica é necessário o domínio e utilização de linguagem

própria da ciência, indispensável e inseparável do pensar ciência. As relações da

Física com a Física e com os outros campos de conhecimento. Textos de divulgação

científica, literários, etc. o cotidiano, o contexto social, as concepções dos

estudantes e a história da evolução dos conceitos e idéias em Física, como

possíveis pontos de partida para problematizações.

Avaliação: Espera-se que o estudante:

- Perceba a idéia de conservação de energia como uma construção humana,

originalmente concebida no contexto da Termodinâmica e, a amplitude do Princípio

da Conservação da Energia, aplicado a todos os campos de estudo da Física, bem

como outros campos externos à Física.

- Conceba a energia como uma grandeza Física que pode se manifestar de diversas

formas e, no caso da energia mecânica, em energias cinética, potencial elástica e

potencial gravitacional.

- Perceba o trabalho como uma grandeza física relacionada à transformação/

variação de energia.

- Compreenda a potência como uma medida de eficiência de um sistema físico.

210

Gravitação.

Abordagem teórico-metodológica: os conteúdos básicos devem considerar: o

contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da

cultura humana; a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência; as relações da

Física com a Física e com os outros campos de conhecimento; o cotidiano, as

concepções dos estudantes e a história da evolução dos conceitos e idéias em

Física como possíveis pontos de partida para problematizações; textos de

divulgação científica, literários, etc; o modelo científico presente na gravitação

newtoniana a contemporaneidade da gravitação através da Teoria da Relatividade

Geral.

Avaliação: Espera-se que o estudante:

- Compreenda a lei da Gravitação Universal como uma construção científica

importante, pois unificou a compreensão dos fenômenos celestes e terrestres.

- Associe a gravitação com as leis de Kepler.

- Identifique a massa gravitacional, diferenciando-a da massa inercial, do ponto de

vista clássico.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: TERMODINÂMICA

CONTEÚDOS BÁSICOS:

Leis da Termodinâmica: lei Zero da Termodinâmica, Primeira lei da Termodinâmica

e Segunda lei da Termodinâmica.

Abordagem teórico-metodológica: os conteúdos básicos devem considerar: o

contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da

cultura humana; as relações da Física com a Física e com os outros campos de

conhecimento; a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência; o

reconhecimento da Física como um campo teórico, sendo necessário o domínio das

idéias, das leis, dos conceitos e definições presentes na teoria e sua linguagem

científica; utilização de experimentação para formulação e discussão de conceitos e

idéias, bem como textos de divulgação científicas e literárias.

Avaliação: tem-se como expectativa que o estudante compreenda o quadro

211

teórico da Termodinâmica, composto por idéias expressas nas suas leis e em seus

conceitos fundamentais: temperatura, calor e entropia; assim, espera-se que ele:

- Compreenda a Teoria Cinética dos Gases como um modelo construído e válido

para o contexto dos sistemas gasosos com comportamento definido como ideal e

fundamental para o desenvolvimento das idéias na Termodinâmica.

- Formule o conceito de pressão e de um fluido seja ele um líquido ou um gás, e

extrapole o conceito a outras aplicações físicas.

- Entenda o conceito de temperatura como um modelo baseado nas propriedades de

um material, não uma medida, de fato, do grau de agitação molecular em um

sistema.

- Diferencie e conceitue calor e temperatura, entendendo o calor como uma das

formas de energia, o que é fundamental para a compreensão do quadro teórico da

Termodinâmica.

- Compreenda a 1ª lei como a manifestação d Princípio de Conservação de Energia,

bem como a sua construção no contexto da Termodinâmica e a sua importância

para a revolução industrial a partir do entendimento do calor como uma forma de

energia.

- Associe a 1ª lei a idéia de produzir trabalho a partir de um fluxo de calor.

- Compreenda os conceitos de capacidade calorífica e calor específico como

propriedade de um material identificável no processo de transferência de calor.

- Identifique dois processos físicos: os reversíveis e os irreversíveis, que vem

acompanhados de uma degradação de energia enunciada pela segunda lei.

- Compreenda a entropia, uma grandeza que pode variar em processo espontâneo e

artificial como uma medida de desordem e probabilidade.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: ELETROMAGNETISMO

CONTEÚDOS BÁSICOS

Carga, corrente elétrica, campo e ondas eletromagnéticas; Força eletromagnética;

Equação de Maxwell: Lei de Gauss para eletrostática (Lei de Coulomb, Lei de

Ampère, Lei de Gauss magnética, Lei de Faraday) e a natureza da luz e suas

212

propriedades.

Abordagem teórico-metodológica: os conteúdos básicos devem considerar: o

contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da

cultura humana; as relações da Física com a Física e com os outros campos de

conhecimento; a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência; o

reconhecimento da Física como um campo teórico com conceitos fundamentais que

dão sustentação ao eletromagnetismo, bem como o domínio das idéias, das leis, dos

conceitos e definições presentes a teoria e sua linguagem científica; que o estudo de

ondulatória deve se iniciar pelas ondas mecânica, pois são mais “visíveis” ou

perceptíveis no cotidiano. No entanto as ondas eletromagnéticas, entre elas a luz

visível, também estão presentes no dia-a-dia, porém o modelo matemático para as

ondas não encontram uma correspondência direta com os fenômenos, sendo ótimo

para mostrar a diferença entre modelo e fenômeno e diferenciando real do abstrato.

O contexto social dos estudantes, suas concepções, seu cotidiano, possíveis pontos

de partida para problematização.

Avaliação: Espera-se que o estudante:

- Compreenda a teoria eletromagnética, suas idéias, definições, leis e conceitos que

a fundamentam.

- Compreenda a carga elétrica como um conceito central no eletromagnetismo.

- Compreenda que a carga tanto cria quanto sente o campo de outra carga, mas o

campo de uma carga não se altera na presença de outra carga. Assim a idéia de

campo deve ser entendida como um ente que é inseparável da carga.

- Compreenda as leis de Maxwell como leis que fornecem a base para a explicação

dos fenômenos eletromagnéticos.

- Entenda o campo como uma entidade física dotado de energia.

- Associe a carga elétrica elementar à quantização da carga elétrica.

- Conheça as propriedades elétricas dos materiais, como a resistividade e

condutividade.

- Compreenda a força magnética como o resultado da ação do campo magnético

sobre a corrente elétrica.

- Entenda o funcionamento de um circuito elétrico, identificando os seus elementos

213

constituintes.

- compreenda a potência elétrica como uma medida de eficiência de um sistema

elétrico.

- Entenda o propósito do estudo da luz no contexto do eletromagnetismo.

- Conceba a luz como parte da radiação eletromagnética, localizada entre as

radiações de alta e baixa energia, que manifesta dois comportamentos: ondulatório e

o da partícula, dependendo do tipo de interação com a matéria.

- Entenda o processo de desvio da luz, a refração que pode ocorrer tanto com a

mudança do meio quanto com a alteração da densidade do meio, além do processo

de reflexão, no qual a luz é desviada sem mudança de meio.

- Entenda os fenômenos luminosos, como os da reflexão total, reflexão difusa,

dispersão e absorção da luz, dentre outros importantes para a compreensão de

fenômenos cotidianos que ocorrem simultaneamente na natureza, porém, as vezes,

um ou outro se sobressai.

- Associe fenômenos cotidianos relacionados à luz como por exemplo: a formação

do arco-íris, a percepção das cores, a cor o céu dentre outros, aos fenômenos

luminosos estudados.

- Compreenda a luz como energia quantizada que, ao interagir com a matéria

apresente alguns comportamentos que são típicos de partículas (por exemplo, o

efeito fotoelétrico), e outros de ondas (por exemplo, a interferência luminosa), ou

seja, entenda a luz a partir do comportamento dual.

- Extrapole o conhecimento da dualidade onda-partícula à matéria, como por

exemplo, ao elétron.

METODOLOGIA DA DISCIPLINA

O aprendizado tem o seu ponto de partida no universo vivencial comum entre

os educandos e o educador, que investiga ativamente o meio natural ou social real,

ou que faz uso do conhecimento prático de especialistas e outros profissionais,

desenvolve com vantagem o aprendizado significativo, criando condições para um

diálogo efetivo, de caráter interdisciplinar, em oposição ao discurso abstrato do

214

saber. Além disso, aproxima a escola do mundo real, entrando em contato com a

realidade natural, social, cultural e produtiva.

Para o aprendizado científico, a experimentação, seja ela de demonstração e

equipamentos do cotidiano do educando e até mesmo o laboratorial, é distinta

daquela conduzida para a descoberta científica e é particularmente importante

quando permite ao educando diferentes formas de percepção qualitativa e

quantitativa, de manuseio, observação, confronto, dúvida e de construção

conceitual.

É importante que o processo de ensino-aprendizagem, em Física, parta do

conhecimento prévio dos educandos, onde se incluem as concepções alternativas

ou concepções espontâneas que o educando adquire no seu cotidiano através da

interação com os diversos objetos no seu espaço de vivência, sobre as quais a

ciência tem um conceito científico que envolve um saber socialmente construído e

sistematizado, o qual necessita de metodologias específicas para ser transmitido no

ambiente escolar.

Deve-se iniciar o estudo sempre pelos aspectos qualitativos e só então

introduzir tratamento quantitativo. Esse deve ser feito de tal maneira que os

educandos percebam as relações quantitativas sem a necessidade de utilização de

algoritmos. Pode ser usada uma grande variedade de linguagens e recursos, de

meios e de formas de expressão, a exemplo dos mais tradicionais, os textos e as

aulas expositivas em sala de aula.

A ciência surge na tentativa humana de decifrar o universo físico, determinado

pela necessidade humana de resolver problemas práticos e necessidades materiais

em determinada época, logo é histórica, constituindo-se em visão do mundo.

O fazer ciência está, em geral, associado há dois tipos de trabalhos, um

teórico e um experimental. Em ambos o objetivo é estabelecer um “modelo” de

representação da natureza ou de fenômeno. No teórico é feito um conjunto de

hipóteses, acompanhadas de um formalismo matemático, cujo conjunto de

equações deve permitir que se façam previsões, podendo, às vezes, receber o apoio

de experimentos, onde se confronta o dado coletado com os previstos pela teoria.

Um texto apresenta concepções filosóficas, visões do mundo, e deve-se

215

estimular o educando além de ler as palavras, aprender, avaliar e mesmo se

contrapor ao que se lê. Cabe ao educador problematizar o texto e oferecer novas

informações que caminhem para a compreensão do conceito pretendido. A aula

expositiva é só um dos muitos meios e deve ser o momento do diálogo, do exercício,

da criatividade do trabalho coletivo de elaboração do conhecimento. Através dessa

técnica podemos fornecer informações preparatórias para um debate, jogo ou outra

atividade em classe, análise e interpretação de dados coletados nos estudos do

meio.

A Física deve contribuir para a formação dos sujeitos, porém através de

conteúdos que dêem conta do entendimento do objeto de estudo da Física, ou seja,

a compreensão do universo, a sua evolução, suas transformações e as interações

que nele se apresentam.

O aprendizado deve ser conduzido de forma a estimular a efetiva participação

e responsabilidade social dos educandos, discutindo possíveis ações na realidade

em que vive desde a difusão de conhecimento a intervenções significativas no bairro

ou localidade de forma a que os educandos sintam-se de fato detentos de um saber

significativo.

Para que o educador vá além do limite de informação atingindo a fronteira da

formação é preciso uma mediação que não é aleatória, mas pelo conhecimento

físico, num processo organizado e sistematizado pelo educador. O objetivo é que

educador e educandos, em conjunto, compartilhem significados na busca da

aprendizagem que acontece quando novas informações interagem com o

conhecimento prévio do sujeito e, simultaneamente, adicionam, diferenciam,

integram, modificam e enriquecem o conhecimento já existente, podendo inclusive

substituí-lo.

Para Tavares (2004), a partir do conhecimento físico, o estudante deve ser

capaz de perceber e aprender, em outras circunstâncias semelhantes às

trabalhadas em aula, para transformar a nova informação em conhecimento. Então,

qualquer que seja a metodologia, o professor deve buscar uma avaliação cujo

sentido seja verificar a apropriação do respectivo conteúdo, para posteriores

intervenções ou mudança de postura metodológica.

216

Para que o ensino de Física possa atingir de maneira mais ampla o

educando, possibilitando maior chance de aprendizado, vários recursos didáticos e

tecnológicos são utilizados durante o período de ensino da disciplina.

O PAPEL DOS LIVROS DIDÁTICOS NO ENSINO DE FÍSICA

De uma maneira geral, os livros didáticos dirigidos ao Ensino Médio,

apresentam a Física como uma ciência que permite compreender uma imensidade

de fenômenos naturais, indispensável para a formação profissional, a preparação

para o vestibular, a compreensão e interpretação do mundo pelos sujeitos.

Nesses livros, enfatiza-se aspectos quantitativos em detrimento dos

conceitos, privilegiando a resolução de “problemas de física” que se traduzem em

aplicações de fórmulas matemáticas. Isso porque esses livros reproduzem os livros

utilizados nos cursos de graduação, responsáveis pela formação inicial da maioria

os docentes de Física. Essa prática pedagógica mistifica a ciência ao mostrar os

modelos científicos – elaborações da mente humana válidas para alguns contextos –

como verdades incontestáveis e absolutas, resultantes de procedimentos

experimentais.

(...) hoje, no início do século XXI, mais de cem anos de história se passaram desde a introdução da Física nas escolas no Brasil, mas sua abordagem continua fortemente identificada com aquela praticada há cem anos: ensino voltado para a transmissão de informações através de aulas expositivas utilizando metodologias voltadas para a resolução de exercícios algébricos. (ROSA & ROSA, 2005, p.06).

Assim como o computados, a televisão, a rede web, o livro didático também é

uma importante ferramenta pedagógica a serviço do professor, mas a sua eficiência,

como das outras ferramentas, está associada ao controle do trabalho pedagógico,

responsabilidade do professor. O professor é quem deve saber quando e como

utilizar o livro didático.

Por isso, defende-se a pesquisa como parte integrante do processo

educativo, acreditando que apenas com o conhecimento advindo dela o professor

pode posicionar-se autonomamente e ocupar o centro do processo de ensino e

aprendizagem.

217

OS MODELOS CIENTÍFICOS NO ENSINO DE FÍSICA

Os modelos científicos são construções humanas que permitem

interpretações a respeito de fenômenos resultantes das relações entre os elementos

fundamentais que compõem a Natureza. O fazer ciência está, em geral, associado a

dois tipos de trabalhos: um teórico e um experimental. Em ambos, o objetivo é

estabelecer um modelo de representação da natureza ou de um fenômeno.

Na escola, o conhecimento científico pode e deve ser tratado por meio de

modelos, visto que o conhecimento científico também é expresso através deles.

Mas, ao abordá-los, além de conhecer os modelos, o professor precisa entender as

idéias e argumentos que levaram a sua construção. Assim, o professor abordará os

modelos científicos em suas possibilidades e limitações, de modo a extrapolar o

senso comum e rejeitar o argumento de que para aprender Física o pré-requisito é

saber Matemática.

Essa consideração é importante, pois, em muitas situações, os fenômenos

físicos são ensinados a partir de fórmulas. Para que o estudante tenha uma

compreensão do conhecimento físico trabalhado na escola, é preciso indicar-lhe que

as fórmulas matemáticas representam modelos simplificados da equação produzida

pela ciência. Esses modelos são elaborações humanas, criadas para entender

determinado fenômeno ou evento físico, válidos para determinados contextos

históricos. Portanto, é reducionista e insuficiente ensinar Física, tão somente, por

meio de questões como: considere, suponha, resolva e calcule.

Mesmo em tecnologias sofisticadas para cálculos, como, por exemplo, da órbita da

Lua, não se Poe afirmar, na Física, que elas suscitem resultados exatos. Fazem-se

necessárias aproximações, pois na construção do modelo, divide-se o problema em

duas partes: pequena e simples. A pequena pode ser desconsiderada ou seu efeito

minimizado e a simples, apesar de complexa, pode ser resolvida.

O aluno, ao estudar gravitação sob o modelo de Newton, deve perceber, não

apenas uma equação matemática, mas a síntese de uma concepção de espaço,

matéria e movimento, resultado de um processo que iniciou nos primeiros estudos

dos movimentos,movido pela necessidade ou pela curiosidade e chegou à

sistematização realizada por Newton.

218

O professor pode e deve utilizar a resolução de problemas matemáticos no

ensino da Física, mas essa resolução deve permitir que o estudante elabore

hipóteses além das solicitadas pelo exercício e que extrapole a simples substituição

de um valor para obter um valor numérico de grandeza. O estudante deve perceber

nas fórmulas matemáticas uma teoria física, permitindo um envolvimento maior com

essas teorias e, por conseqüência, uma aprendizagem mais significativa.

O USO DA HISTÓRIA NO ENSINO DE FÍSICA

Existe hoje, uma proposta para que o professor agregue, ao planejamento de

suas aulas, a História da Ciência, para contextualizar a produção do conhecimento

em estudo.

Entende-se que uma abordagem histórica dos conteúdos se apresenta útil e

rica porque auxilia os sujeitos a reconhecerem a ciência como construção humana, o

que pode tornar o conteúdo científico mais interessante e compreensível,

aproximando a ciência do estudante. (MATHEUS, 1995).

As considerações expostas a respeito da História da Ciência, ao serem

incorporadas ao plano de trabalho docente, podem ajudar o estudante a

compreender que a busca do conhecimento físico não foi e não é um caminho de

direção única, tampouco linear, mas repleto de dúvidas, contradições, erros e

acertos, motivados por interesses diversos.

O PAPEL DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA

As atividades experimentais podem suscitar a compreensão de conceitos ou a

percepção da relação de um conceito com alguma idéia anteriormente discutida.

É fundamental, que o professor compreenda o papel dos experimentos na

ciência, no processo de construção do conhecimento científico. Essa compreensão

determina a necessidade (ou não) das atividades experimentais nas aulas de física.

Um experimento deve ser planejado após uma análise teórica. A idéia

ingênua de que devemos ir para o laboratório com a “mente vazia” ou que “os

experimentos falam por si” é um velho mito científico (SILVA E MARTINS, 2003,

p.57).

219

Ao adotar a experimentação e propor atividades experimentais, o professor,

mais do que explicar um fenômeno físico, deve assumir uma postura questionadora

de quem lança dúvidas para o aluno e permite que ele explicite sua idéias, as quais,

por sua vez, serão problematizadas pelo professor.

A problematização de situações que envolvam um conteúdo físico possibilita

aos estudantes levantarem hipóteses na tentativa de explicar as questões propostas

pelo professor.

Cria-se, então, uma relação professor/ estudantes e dos estudantes entre si, e

intensificam-se as possibilidades de debates e discussões aproximando os sujeitos e

facilitando a criação, a análise, a formulação de conceitos, o desenvolvimento de

idéias e a escolha de diferentes caminhos para o encaminhamento das atividades.

Privilegia-se o confronto entre as concepções prévias do estudante e a concepção

científica, o que pode facilitar a formação de um conceito científico.

Podemos concluir com a afirmação de Michelson e Morley, que dizem que as

atividades em espaço de laboratório não devem ter como meta a apresentação de

uma ciência fechada, que está a espera de alguém que confirme suas verdades,

mas que seja um ambiente de confrontação de hipóteses. Acredita-se que, a

experimentação pode ser mais um componente, não o único na implementação de

uma proposta de ensino centrada no conhecimento.

LEITURAS CIENTÍFICAS E ENSINO DE FÍSICA

O uso de textos no ensino de física, deve passar, inicialmente, por uma

escolha criteriosa no que diz respeito à linguagem e ao conteúdo, pois o aluno será

o interlocutor nessa proposta de leitura. O texto deve ser visto como um instrumento

de mediação entre aluno-aluno e aluno-professor, a fim de que surjam novas

questões e discussões.

Um exemplo que podemos citar desse trabalho em sala de aula, é com textos

de Galileu, que contribuem para o estudante compreender a essência galileana do

movimento da queda dos corpos, uma oportunidade para compreender o papel da

matemática como linguagem da física.

Existem ainda, muitos autores que produzem textos de divulgação científica em

220

jornais, revistas, livros, e até mesmo na Internet, que podem ser utilizados pelo

professor em sala de aula. De acordo com Almeida (1998), o trabalho com a leitura é

fundamental, mas requer atenção. Os valores associados à ciência, vantagens e

desvantagens, bem como a correção conceitual, devem estar presentes nos textos

escolhidos pelo professor.

Outro fator importante na escolha dos textos a serem trabalhados, é a

realidade social e cultural onde a escola está inserida, sem esquecer que ela é,

sobretudo, espaço de trabalho com o conhecimento e que também produz o

conhecimento escolar.

Destacamos ainda que, o texto não deve ser lido como se fosse um manual.

Para isso, devem-se evitar perguntas com respostas diretas que não permitam uma

reflexão em torno dos saberes divulgados no texto. É importante que as questões

propostas despertem o interesse do estudante.

AS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE FÍSICA

Os aparatos tecnológicos estão presentes diariamente em nossas casas e no

ambiente escolar, como retroprojetores, televisores, aparelhos de DVD, computador,

entre outros. O uso dessas tecnologias deve ser planejado conforme a necessidade,

de modo a permitir o acesso, a interação e, também, o controle das tecnologias e de

seus efeitos.

Faz-se necessário uma reflexão crítica do docente quanto ao uso de um

recurso tecnológico e a forma de incorporação à sua ação pedagógica, para que

realmente esse recurso se torne um aliado ao processo de aprendizagem,

adequando-se ao conteúo ministrado e a realidade escolar.

Os laboratórios de informática, com acesso à Internet, nas escolas, e os

aparelhos de televisão com entrada USB para pendrive, abrem muitas perspectivas

para o trabalho docente no ensino de Física.

A Internet se mostra uma excelente aliada ao ensino de Física, possuindo

excelentes imagens para ensino de diversos conteúdos, além de sites que podem

complementar e diversificar o assunto trabalhado em sala de aula. Cabe ao

professor selecionar, escolher, enfim, tomar decisão sobre o que é relevante

221

didatizar, estando sempre auxiliando o estudante nos acessos aos diversos sítios da

web.

Os computadores podem ser utilizados para se fazer animações,

representações dos movimentos. As simulações, que podem ser on-line, permitem

uma interatividade entre os estudantes e a máquina; e são um modelo de uma

situação real apresentados como realidade virtual.

Outra possibilidade é a utilização dos aplicativos, como o editor de texto e

planilha eletrônica, que podem auxiliar na compreensão de algum conteúdo ou

finalização de alguma atividade. No entanto, deve-se tomar o cuidado para não

confundir uma aula de física com uma aula de informática.

Sempre que um recurso tecnológico for utilizado, ele deve estar de acordo

com o plano docente feito pelo professor. Esses recursos (computador, TV, filme,

livro, etc) são instrumentos de auxílio e não substituem o professor.

AVALIAÇÃO

O plano de trabalho utilizado pelo professor deve estar subsidiado nos

fundamentos teórico-metodológicos das Diretrizes Curriculares. Assim, é a teoria

pedagógica que dará suporte para qualificar a avaliação como positiva ou negativa e

os caminhos para intervenção. Mas, para que se possa fazer uma avaliação

coerente, é necessário um planejamento do que ensinar, ou seja, os conteúdos,

para que ensinar (o que se espera do aluno ao final de cada unidade, de cada ano, e

do Ensino Médio) e qual é o resultado esperado desse ensino (que sujeito pretende

formar).

A avaliação deve levar em conta a apropriação dos conceitos, leis e teorias

que compõem o quadro teórico da Física pelos estudantes. Isso pressupõe o

acompanhamento constante do progresso do estudante quanto à compreensão dos

aspectos históricos, filosóficos e culturais, da evolução das idéias em Física e da

não-neutralidade da ciência.

A avaliação é um instrumento tanto para que o professor conheça seu aluno,

antes do início dos trabalhos dos conteúdos escolares, quanto para o

desenvolvimento das outras etapas do processo educativo.

222

A principal finalidade do processo de avaliação é o crescimento e formação

do estudante, mesmo que o sistema de registro da sua vida escolar seja centrado

em uma nota para sua aprovação. A LDB 9394/1996 ainda estabelece como

incumbência dos estabelecimentos de ensino prover meios para a recuperação dos

alunos de menor rendimento, e que os docentes devem estabelecer estratégias de

recuperação para alunos de menor rendimento.

Assim, a avaliação pode ser utilizada como um instrumento para intervir no

processo de aprendizagem do estudante, tendo em vista o índice de qualidade

desejado. Para isso, o docente deve, considerar os alunos em sua individualidade e

diversidade, condição indispensável para uma prática pedagógica democrática e

inclusiva, dando espaço para que o estudante se faça ouvir, permitindo uma relação

dialógica com o aluno, sem preconceitos ou estereótipos.

De acordo com as Diretrizes Curriculares para a educação básica, propõe-se

formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam

criticamente o contexto social e histórico de que são frutos, e que sejam capazes de

uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. Assim, a avaliação, visa

contribuir para a compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com

vistas às mudanças necessárias para que a aprendizagem se concretize e a escola

se faça mais próxima da comunidade e da sociedade como um todo.

Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam o que o

aluno aprendeu ou não aprendeu e o fazem refém dessas constatações, tomadas

como sentenças definitivas. Se a proposição curricular visa a formação de sujeitos

que se apropriam do conhecimento para compreender as relações humanas em

suas contradições e conflitos, então a ação pedagógica que se realiza em sala de

aula precisa contribuir para essa formação.

Nas salas de aula, o professor é quem compreende a avaliação e a executa

como um projeto intencional e planejado, que deve contemplar a expressão de

conhecimento do aluno como referência uma aprendizagem continuada. No

cotidiano das aulas isso significa que:

• os critérios de avaliação devem ser definidos pela intervenção que orienta o

ensino e explicitar os propósitos e a dimensão do que se avalia. A avaliação deverá

223

ser diagnóstica e contínua com acompanhamento de seu processo, podendo ser

utilizados como processos na avaliação:

• atividades de testes escritos, individuais ou em grupos, trabalhos em sala de aula

ou extra-classe;

• atividades orais como debates e seminários, avaliando o conhecimento que o

aluno adquiriu em determinado assunto, correlacionando-o com o seu cotidiano.

• investigação do desempenho do aluno na resolução de situações-problemas;

• valorização do conhecimento que o aluno já possui dentro da disciplina;

• verificação da capacidade do aluno em perceber os acontecimentos diários nos

quais ele se encontra inserido;

• - os enunciados das atividades avaliativas devem ser claros e objetivos, pois uma

resposta insatisfatória, em muitos casos, simplesmente revela que o estudante não

entendeu o que lhe foi perguntado.

• - os instrumentos de avaliação devem ser pensados e definidos de acordo com

as possibilidades teórico-metodológicas que oferecem para avaliar os critérios

estabelecidos. Por exemplo, para avaliar a capacidade e a qualidade argumentativa,

a realização de um debate ou a produção de um texto serão mais adequados do

que uma prova objetiva.

• - uma atividade avaliativa representa, tão somente, um determinado momento e

não todo processo de ensino-aprendizagem.

◦ - a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica simples: os

conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação do aluno,

então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos possíveis para que ele

aprenda. A recuperação é justamente isso: o esforço de retomar, de voltar para o

conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, assegurando a

possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação da nota é simples

decorrência da recuperação de conteúdo. A recuperação será concomitante aos

conteúdos, retornando sempre que necessário os conteúdos não aprendidos. Os

critérios utilizados para a recuperação serão os mesmos utilizados no processo de

avaliação, como, atividades escritas individuais, trabalhos e debates em sala de aula

ou extra-classe, capacidade do aluno resolver situações problema, verificando se

224

houve algum progresso na aprendizagem por parte do aluno, enfatizando o assunto

que ele demonstra maior dificuldade, visando dar o suporte necessário para que o

mesmo tenha esclarecido todas as suas dúvidas.

Em relação aos critérios de avaliação em Física, deve-se verificar:

• a compreensão dos conceitos físicos essenciais a cada unidade de ensino e

aprendizagem planejada;

• a compreensão do conteúdo físico expressão em textos científicos;

• a compreensão de conceitos físicos presentes em textos não científicos;

• a capacidade de elaborar relatórios tendo como referência os conceitos, as leis e

as teorias físicas sobre um experimento ou qualquer outro evento que envolva os

conhecimentos da Física.

Podem ser utilizados diversos instrumentos de avaliação nesse processo,

como testes escritos individuais e/ou coletivos, debates em sala de aula, trabalhos

individuais ou em grupo em sala de aula ou extra-classe, resolução de situações

problema criadas pelo professor ou pelos próprios alunos, entre outros.

A realização de um relatório individual pelo estudante, a partir de uma aula de

experimentação, também é um exemplo de instrumento de avaliação, com questões

abertas que permitam a exposição de suas idéias. Isso o levará a refletir sobre o

fenômeno discutido nas questões. Assim, o professor terá subsídios para verificar a

aprendizagem dos estudantes e, se for o caso, poderá interferir no processo

pedagógico revendo seu planejamento.

Deve-se ressaltar também a atenção e tratamento individualizado que o

professor deve assumir em relação aos alunos com necessidades educacionais

especiais, planejando uma adaptação curricular para que esses alunos não tenham

prejuízo em relação à classe, procurando conhecer o grau de necessidade, e , a

partir daí, realizar adaptações na metodologia aplicada, utilizando de instrumentos

de avaliação que sirvam como parâmetro para o nível de aprendizado, adaptando

testes escritos, orais, explanação oral do conteúdo, e outros instrumentos de acordo

com a necessidade de cada educando, buscando conseguir o máximo aprendizado

por parte desses alunos.

A seleção dos conteúdos, os encaminhamentos metodológicos e a clareza

225

dos critérios de avaliação elucidam a intencionalidade do ensino, enquanto a

diversidade de instrumentos e técnicas de avaliação possibilita aos estudantes

variadas oportunidades e maneiras de expressar seu conhecimento. Ao professor,

cabe acompanhar a aprendizagem de seus alunos e o desenvolvimento dos

processos cognitivos.

Destaca-se, por fim, que a concepção de avaliação que permeia o currículo

não pode ser uma escolha solitária do professor. A discussão sobre a avaliação

deve envolver o coletivo da escola, para que todos (direção, equipe pedagógica,

pais, alunos), assumam seus papéis e se concretize um trabalho pedagógico

relevante para a formação dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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228

DISCIPLINA DE GEOGRAFIA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Atualmente, a grande velocidade com que vem ocorrendo as transformações

no espaço planetário, tem levado a escola a rever conceitos e metodologias, pois

esses refletem diretamente nos elementos fundamentais do ensino da Geografia.

Para iniciar a reflexão sobre o ensino de Geografia se colocam algumas

questões: O que é Geografia? Para que serve? Como ensinar Geografia?

Para responder a essas questões, faz-se necessário esclarecer que a

Geografia como ciência, sofreu ao longo da história profundas transformações, tanto

em nível teórico quanto metodológico. Até as primeiras décadas do século XX,

predominavam nas escolas concepções tradicionais e os livros se limitavam a uma

Geografia puramente descritiva e enumerativa, tipo catálogo. Os alunos eram

obrigados a memorizar listas intermináveis de nomes e números, ou confundiam a

Geografia com a topografia e a cartografia.

Esta Geografia tradicional, centrada na observação e na descrição

principalmente do quadro natural estrutura-se em três aspectos: os físicos, os

humanos e os econômicos.

Os aspectos físicos, nesta concepção, são considerados os mais importantes.

Abrangem especialmente a hidrografia (rios, bacias hidrográficas, redes fluviais e

tudo o que se refere ao mundo das águas); o relevo (planícies, planaltos, serras – ou

seja, as formas da superfície terrestre); o clima ( calor, frio, geada, neve e estados

do tempo em geral); e a vegetação (florestas, campos, cerrados, caatinga e temas

relacionados à distribuição das espécies vegetais pela superfície terrestre).

Os aspectos humanos referem-se ao homem “inserido” no quadro natural,

como se a paisagem tivesse sido moldada para recebê-lo e fornecer-lhe suas

“dádivas”, ou seja, seus recursos: solo, água, animais, vegetais e minerais, por

exemplo.

Por fim, na parte econômica busca-se explicar como o homem explora e

transforma o ambiente por meio das atividades econômicas, expressas pela 229

seguinte ordem: extrativismo, agricultura, pecuária, indústria, comércio, serviços e

meios de transporte – a circulação no território.

Observa-se que, na Geografia tradicional, o ensino desenvolve-se por meio

de blocos (Geografia física, humana e econômica) que não se relacionam nem

internamente, nem entre si, desarticulados no espaço e no tempo. Na Geografia

física, por exemplo, não é estabelecida uma relação entre clima, solo, relevo e

hidrografia, faz-se uma descrição sem correlações entre os elementos. Com tudo

isso, segundo MORAES (1993, p.93), no Brasil, “a partir de 1970, a Geografia

Tradicional está definitivamente enterrada; suas manifestações, dessa data em

diante, vão soar como sobrevivências, resquícios de um passado já superado”.

Assim, se faz necessário repensar o ensino e a construção do conhecimento

geográfico, bem como a serviço de quem está esse conhecimento. Qual o papel do

ensino de Geografia na formação de um cidadão crítico da organização da realidade

socioespacial.

A partir da compreensão do espaço geográfico como “um conjunto

indissociável, solidário e também contraditório de sistemas, de objetos e sistemas de

ações, não considerados isoladamente, mas como quadro único no qual a história

se dá”, Santos (1996, p.51), propõe uma concepção de geografia que possibilite ao

aluno desenvolver um conhecimento do espaço, que o auxilie na compreensão do

mundo, privilegiando a sua dimensão socioespacial. Para MORAES (1998, p.166),

“formar o indivíduo crítico implica estimular o aluno questionador, dando-lhe não

uma explicação pronta do mundo, mas elementos para o próprio questionamento

das várias explicações. Formar o cidadão democrático implica investir na

sedimentação no aluno do respeito à diferença, considerando a pluralidade de

visões como um valor em si”.

Nesse contexto, a Geografia explicita o seu objetivo, de analisar e interpretar

o espaço geográfico, partindo da compreensão de que o espaço é entendido como

produto das múltiplas, reais e complexas relações, pois, como mostra SANTOS

(2001, p.174) “vive-se em um mundo de indefinição entre o real e o que imagina-se

dele”. E, em conformidade com RESENDE (1986, p.181) “é preciso reconhecer a

existência de uma saber geográfico, que é próprio do aluno trabalhador, um saber

230

que está diretamente ligado com sua atitude intelectiva, respondendo sempre ao seu

caráter social, objetivo, de um todo integrado, um espaço real”.

Desse modo, à Geografia escolar cabe fornecer subsídios que permitam aos

alunos compreenderem a realidade que os cerca em sua dimensão espacial, em sua

complexidade e em sua velocidade, onde o espaço seja entendido como o produto

das relações reais, que a sociedade estabelece entre si e com a natureza. Segundo

CARLOS (2002, p.165) “A sociedade não é passiva diante da natureza; existe um

procedimento dialético entre ambas que reproduz espaços e sociedades

diferenciados em função de momentos históricos específicos e diferenciados. Nesse

sentido, o espaço é humano não porque o homem o habita, mas porque o produz”.

Compreender as contradições presentes no espaço é o objetivo do

conhecimento geográfico, ou seja, perceber além da paisagem visível.

Torna-se urgente, assim, romper com a compartimentalização do

conhecimento geográfico. Neste sentido, faz-se necessário considerar o espaço

geográfico a partir de vários aspectos interligados e interdependentes, os fenômenos

naturais e as ações humanas, as transformações impostas pelas relações sociais e

as questões ambientais de alcance planetário, não desprezando a base local e

regional.

Nesse contexto, o homem passa a ser visto como sujeito, ser social e

histórico que produz o mundo e a si próprio. Segundo CAVALCANTI (1998, p.192)

“O ensino de geografia deve propiciar ao aluno a compreensão de espaço

geográfico na sua concretude, nas suas contradições, contribuindo para a formação

de raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço,

pensando os fatos e acontecimentos mediante várias explicações”.

O ensino de Geografia comprometido com as mudanças sociais revela as

contradições presentes na construção do espaço, inerentes ao modo como homens

e mulheres transformam e se apropriam da natureza. Nesta perspectiva, há que se

tornar possível ao aluno perceber-se como parte integrante da sociedade, do espaço

e da natureza. Daí a possibilidade dele poder (re)pensar a realidade em que está

inserido, descobrindo-se nela e percebendo-se na sua totalidade, onde revelam-se

as desigualdades e as contradições. Sob tal perspectiva, o ensino de Geografia

231

contribui na formação de um cidadão mais completo, que se percebe como agente

das transformações socioespaciais, reconhecendo as temporalidades e o seu papel

ativo nos processos.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Percebe-se que a prática metodológica no tocante ao ensino de Geografia,

tem sido assentada em aulas expositivas, na leitura de textos e em questionários

com respostas pré-determinadas, tendo como objetivo a memorização dos

conteúdos. Porém, tal prática tem se mostrado insuficiente para que se concretize a

construção do conhecimento geográfico. Portanto, faz-se necessário repensar a

metodologia para que, de fato, se assegurem os objetivos a que a disciplina de

Geografia se propõe.

É preciso que o aluno se perceba enquanto sujeito, como produto e ao

mesmo tempo transformador do espaço, por meio de suas ações e até mesmo de

suas omissões.

É importante que a escolha da metodologia possibilite ao aluno mecanismos

de análise e reflexão sobre sua condição. Segundo FREIRE (1983, p.61): “não há

educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados”, portanto, é

importante a valorização dos saberes que os alunos possuem e que foram

acumulados ao longo de suas existências. Esses saberes devem ser o ponto de

partida para a construção de outros saberes. No caso da Geografia, tais

pressupostos se tornam mais evidentes e necessários.

A realidade dos alunos deve ser valorizada e a metodologia deve tornar os

conteúdos significativos para que, por intermédio do diálogo, se busque explicitar e

oportunizar a observação, a análise e a reflexão, categorias essenciais para o

desenvolvimento de “um olhar geográfico” da realidade, ou seja, do mundo vivido.

Nessa perspectiva a problematização surge como metodologia para a

abordagem dos conteúdos ou temas. Problematizar significa levantar questões

referentes ao tema e ao cotidiano dos alunos, o que implica em expor as

contradições que estão postas, buscar explicações e relações e construir conceitos.

Exemplo: ao trabalhar o tema “Indústrias no Brasil”, escolher uma indústria local e 232

questionar:

• Qual a necessidade de termos uma indústria na nossa cidade?

• Quais mudanças foram provocadas por sua instalação?

• Qual a sua importância para o município, estado, país?

• Qual sua importância para a população?

• Por que ela se instalou nessa região?

• Como é seu processo produtivo?

• Quais impactos vem causando no ambiente?

Se não houver indústria local, problematizar a razão disso e questionar se é

necessário uma indústria para garantir qualidade de vida na comunidade ou na

cidade.

A problematização pressupõe que se estabeleça o diálogo, ou seja, que o

aluno seja ouvido, o que significa envolve-lo na construção do conhecimento.

Considerando a concepção do ensino de Geografia, numa perspectiva crítica

e dialética e tendo em vista que no seu encaminhamento metodológico é

fundamental considerar os saberes que os alunos trazem consigo, vinculados a sua

história de vida, optou-se pela organização do currículo de Geografia, em quatro

conteúdos estruturantes:

• Dimensão econômica do espaço geográfico;

• Dimensão política do espaço geográfico;

• Dimensão socioambiental do espaço geográfico;

• Dimensão cultural e demográfica do espaço geográfico.

Os eixos da EJA que são: cultura, trabalho e tempo estabelecem relações

entre si e permitem a compreensão da totalidade do espaço geográfico. Desta forma

os conteúdos estruturantes e os conteúdos específicos devem ser tratados

pedagogicamente a partir das categorias de análise – relações Espaço ↔ Temporais

e relações Sociedade ↔ Natureza – e do quadro conceitual de referência. Por meio

dessa abordagem, pretende-se que o aluno compreenda os conceitos geográficos e

o objeto de estudo da Geografia em suas amplas e complexas relações.

Como dimensões geográficas da realidade, os conteúdos estruturantes da

233

Geografia estabelecem relações permanentes entre si. Os conteúdos específicos,

por sua vez, devem ser abordados a partir das dimensões geográficas próprias dos

quatro conteúdos estruturantes.

A depender da ênfase que o professor deseja dar a determinado conteúdo

específico, é possível priorizar ora a abordagem de um conteúdo estruturante, ora

de outro. Entretanto, a articulação entre todos eles deve ser explicitada pelo

professor para que o aluno compreenda que na realidade socioespacial eles não se

separam. Vale ressaltar, que a totalidade aqui não é a soma, mas o conjunto da

formação socioespacial. A compreensão da migração campo-cidade, por exemplo,

só ganha sentido quando a ela se relaciona a estrutura fundiária, a questão da má

distribuição das terras, a industrialização das grandes metrópoles, a periferização e

a qualidade de vida em si.

O conjunto dos eixos, o Espaço, as Relações Sociais e a Natureza articula-se

as temáticas expostas no quadro de conteúdos. Dessa maneira, os conteúdos

selecionados, devem ser trabalhados nas suas interrelações, rompendo-se com a

compartimentalização e com a linearidade do conhecimento geográfico,

possibilitando a explicitação do processo de produção do espaço pelas sociedades.

Como vivemos num mundo globalizado, as tecnologias evoluem e nos cercam

a cada instante, sendo assim, não podemos ser indiferentes a ela; sejam elas: a TV

pendrive como meio de informações e complementações e conteúdos, através de

vídeos, músicas e apresentação de slides. A própria internet, que nos proporciona

novos conhecimentos e atualizações sobre o mundo globalizado, assim como, uma

maior integração de pessoas que estão distantes geograficamente; a própria mídia,

principalmente, os meios de comunicação de massa. O uso destas tecnologias,

muitas vezes, complementam e enriquecem as aulas e facilita o aprendizado dos

alunos, seja por meio de imagens, filmes, músicas, slides ou pesquisa na internet.

Os conteúdos obrigatórios referentes ao item “g” da instrução 009/11 serão

trabalhados em conjunto aos conteúdos específicos pertencentes a disciplina

propostos nas DCEs.

Cabe ao professor, como mediador na construção do conhecimento, criar

situações de aprendizagem, tomando como ponto de partida as experiências

234

concretas dos alunos no seu local de vivência, seja uma área rural, uma aldeia

indígena ou no meio urbano, de modo a permitir a ressignificação de sua visão de

mundo.

ENSINO FUNDAMENTAL 6º ANO

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Conteúdos básicos

A DIMENSÃO ECONÔMICA DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO CULTURAL E

DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO SOCIOAMBIENTAL DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

- Formação e transformação das paisagens geográficas.

- Dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção.- A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais.- A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re) organização do espaço geográfico.- As relações entre campo e cidade na sociedade capitalista.- A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população.-A mobilidade populacional e as manifestações socioespaciais da diversidade cultural.- As diversas regionalizações do espaço geográfico.

235

ENSINO FUNDAMENTAL 7º ANO

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Conteúdos básicos

A DIMENSÃO ECONÔMICA DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO CULTURAL E

DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO SOCIOAMBIENTAL DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

- A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração do território brasileiro.- A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção.- As diversas regionalizações do espaço brasileiro.- As manifestações socioespaciais da diversidade cultural.- A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população.- Movimentos migratórios e suas motivações.- O espaço rural e a modernização da agricultura.- A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização.- A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re) organização do espaço geográfico.- A circulação de mão-de-obra, das mercadorias e das informações.

236

ENSINO FUNDAMENTAL 8ºANO

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Conteúdos básicos

A DIMENSÃO ECONÔMICA DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO CULTURAL E

DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO SOCIOAMBIENTAL DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

- As diversas regionalizações do espaço geográfico.- A formação, a mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios do continente americano.- A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado.- O comércio em suas implicações socioespaciais.- A circulação de mão-de-obra, do capital das mercadorias e das informações.- A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re)organização do espaço geográfico.- As relações entre campo e cidade na sociedade capitalista.- O espaço rural e a modernização da agricultura.- A transformação demográfica , a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população.- Movimentos migratórios e suas motivações.- As manifestações socioespaciais da diversidade cultural.- Formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais.

237

ENSINO FUNDAMENTAL 9ºANO

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Conteúdos básicos

A DIMENSÃO ECONÔMICA DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO CULTURAL E

DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO

DIMENSÃO SOCIOAMBIENTAL DO

ESPAÇO GEOGRÁFICO

- As diversas regionalizações do espaço geográfico.- A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado.- A revolução técnico-científico- informacional e os novos arranjos nos espaços da produção.- O comércio mundial e as implicações socioespaciais.- A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios.- A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população.- As manifestações socioespaciais da diversidade cultural.- Movimentos migratórios e suas motivações.- A distribuição das atividades produtivas, a transformação da paisagem e a (re)organização do espaço geográfico.- A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção.- O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração atual.

Os conteúdos propostos são os mesmos para o Ensino Fundamental e para o

Ensino Médio. A abordagem dos conteúdos, deve ser diferenciada nos níveis de

ensino a partir do grau de aprofundamento e de complexidade dos textos. Os

conteúdos devem ser trabalhados em diferentes escalas: local, regional, nacional e

mundial.

238

AVALIAÇÃO

Nessa perspectiva, para que a avaliação cumpra o seu papel como parte

integrante do processo ensino-aprendizagem, se faz necessário definir o objetivo da

atividade avaliativa e o conteúdo a ser avaliado. E ainda utilizar instrumentos como:

interpretação e produção de textos de Geografia; interpretação de fotos, imagens,

gráficos, tabelas e mapas; pesquisas bibliográficas; relatórios e discussão de temas

em seminários; construção, representação e análise do espaço através de

maquetes, entre outros instrumentos que nos permitam analisar e qualificar os

resultados, para que a partir deles o aluno possa refletir e opinar sobre os saberes

construídos e os conhecimentos organizados e para que o educador possa rever a

sua prática pedagógica alcançando seus objetivos com todos os alunos com

necessidades educacionais especiais ou não.

Desta forma a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica

simples: os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação

do aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos possíveis para

que ele aprenda. A recuperação é justamente isso: o esforço de retomar ao

conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, para assegurar a

possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação de nota é simples

decorrência da recuperação de conteúdo.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) determina que a

avaliação do processo de ensino-aprendizagem seja formativa, diagnóstica e

processual. Respeitando o prenuncio da lei, cada escola da rede estadual de ensino,

ao construir seu Projeto Político Pedagógico, deve explicitar detalhadamente a

concepção de avaliação que orientará a prática dos professores.

Para isso, destacam-se como os principais critérios de avaliação em

Geografia a formação dos conceitos geográficos básicos e o entendimento das

relações socioespaciais para compreensão e intervenção na realidade. O professor

deve observar se os alunos formaram os conceitos geográficos e assimilaram as

relações Espaço ↔ Temporais e Sociedade ↔ Natureza para compreender o

espaço nas diversas escalas geográficas.

239

A avaliação deve contemplar situações formais e informais e utilizar diversas

linguagens. Dessa forma, o educador deve encaminhar as ações do dia-a-dia,

possibilitando a construção de conceitos e, ao mesmo tempo, acompanhando o

desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, para que, de fato, possa se efetivar a

construção da sua autonomia e cidadania plena.

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240

DISCIPLINA DE HISTÓRIA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A História é um conhecimento construído pelo ser humano em diferentes

tempos e espaços. É a memória que se tornou pública, em geral, expressão das

relações de poder. De acordo com BEZERRA, (2003 pg. 42) “o objetivo primeiro

do conhecimento histórico é a compreensão dos processos e dos sujeitos históricos,

o desvendamento das relações que se estabelecem entre os grupos humanos em

diferentes tempos e espaços”.

Diferentes historiadores e sujeitos históricos contam a História a partir de sua

visão de mundo. Nesse sentido não há uma verdade única, mas sim aquela que foi

tecida por um grupo social. Trata-se de um conhecimento científico, que precisa ser

interpretado. Hoje, por exemplo a História busca os diversos aspectos que

compõem a realidade histórica e tem nisso o seu objeto de estudo, deixando de lado

uma História que a partir do século XIX privilegiava o fato político, os grandes feitos

e os heróis em direção a um progresso pautado pela invenção do estado-nação que

precisava ser legitimado. Nesse contexto, é criada a disciplina de História que tinha

como função legitimar a identidade nacional.

Até a década de 80, do século XX, a disciplina de História manteve seu

conteúdo eurocêntrico e sua divisão quadripartite, até hoje presente no currículo de

muitos cursos universitários. Numa outra perspectiva algumas universidades,

começaram a abrir espaço ao estudo da História Oriental e da História da África. No

entanto, essa é uma prática bem recente.

A História trata de toda ação humana no tempo em seus múltiplos aspectos:

econômicos, culturais, políticos, da vida cotidiana, de gênero, etc. Para se

perceber como sujeito da História, o aluno precisa reconhecer que essa ação

transforma a sociedade, movimenta um espiral de mudanças, na qual há

permanências e rupturas.

O homem/mulher como sujeito da História, deve ser conhecedor dos

porquês, dos problemas, das ideias, das ideologias e que só com uma visão

241

holística do mundo e da sociedade ele se entenderá como cidadão ativo e

conhecedor de seus direitos e de seus deveres.

Na Educação de Jovens e Adultos deve-se levar em consideração o fato de

que os seus alunos possuem maior experiência de vida e que essa modalidade tem

como finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e o acesso à

cultura geral. A diversidade presente na sala de aula, a partir dos diferentes perfis

sociais, deve ser utilizada a favor do trabalho pedagógico no ensino de História.

Pode-se recorrer às diferenças para estabelecer comparações, levantar diferentes

concepções de mundo e ainda buscar trabalhar com o respeito e a aceitação das

diferenças.

É preciso que o ensino de História na Educação de Jovens e Adultos seja

dinâmico e que o aluno perceba que a História não está sepultada, mas em

constante transformação. Nesse sentido, pode-se tomar sempre como ponto de

partida e de chegada o próprio presente, onde estão inseridos e alunos e

educadores. Há que se considerar que o passado explica o presente, mas também o

presente explica o passado. Isso não significa, no entanto, que se possa abrir mão

do rigor na interpretação do passado, pois não se pode incorrer em anacronismos ou

em posturas teleológicas. É preciso estimular o interminável diálogo entre o

presente e o passado levando em consideração as especificidades de cada contexto

histórico.

É fundamental que o educador de História não atue como reprodutor de um

conhecimento pronto, de uma coleção inesgotável de fatos do passado. Mas, que

torne possível desconstruir na sala de aula os múltiplos olhares da História, criar

argumentos que possam concordar ou discordar de um autor, tomar posição diante

do que já ocorreu e ainda está ocorrendo. Não se pode ser um cidadão pleno sem

que se realize uma análise crítica dos caminhos percorridos pelo homem/mulher ao

longo da história.

O aluno da EJA é interpelado na disciplina de História a resgatar o seu

conhecimento, mas ao mesmo tempo, se forma como um ser que tem o

conhecimento científico acrescido a suas bases de saber e a partir da junção de

saberes, a possibilidade de enfrentamento do mundo, do trabalho, da sociedade, do

242

lazer, entre outros, não mais como agente passivo e sim como ativo das relações

sociais que o cercam.

O cerceamento de direitos que a sociedade capitalista impõe ao ser humano

deve ser contestada e para isso devemos nos ater a saberes científicos, que sem os

mesmos é impossível visualizar o mundo de maneira correta, tendemos então a ser

parciais e parcialidade pode nos levar a extremos perigosos.

Por fim, reconhecer que os alunos são produtores de sonhos e utopias,

capazes de transformar a natureza e escrever sua própria História. Portanto, a

História é uma construção coletiva em que todos os sujeitos tem um papel principal

e suas ações são de suma importância para uma participação consciente na

transformação da sociedade e do mundo em que vivem.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

De acordo com as contribuições da historiografia, nas últimas décadas a

aprendizagem histórica se efetiva quando o conhecimento passa a ser experiência

para o aluno no sentido de que ele se aproprie do que aprendeu para ler e explicar o

seu mundo.

No mundo contemporâneo um constante (re)pensar sobre a cultura escolar é

fundamental para acompanhar as mudanças que ocorrem quotidianamente e que

implicam diretamente na vida de aluno e educadores. Nesse sentido, a partir de

discussões teórico-metodológicas significativas e que colocam o aluno na

centralidade do processo ensino-aprendizagem, pretende-se contribuir para uma

prática de qualidade e de reflexão nas ações pedagógicas.

Para isso, propõem-se a abordagem dos conteúdos a partir de temáticas, no

ensino de História, para os alunos (as) da Educação de Jovens e Adultos

rompendo, dessa forma, com a narrativa linear e factual num diálogo permanente

com a realidade imediata sobre a qual se constituem os diversos saberes.

Pretende-se com isso priorizar uma prática pautada na associação ensino-pesquisa

e no uso de diferentes fontes e linguagens.

Nessa perspectiva, exige-se uma abordagem problematizadora dos

243

conteúdos de História, em que educadores e alunos possam dialogar e nesse

diálogo, propiciar condições de pensar, argumentar e fundamentar suas opiniões

através dos conteúdos socialmente significativos relacionados ao contexto político e

social, reconhecendo a pluralidade étnica e cultural onde esses sujeitos estão

inseridos.

Esta problematização deve propiciar uma análise crítica da realidade social,

distinguindo-se da “educação bancária” em que o educador apresenta os conteúdos

aos alunos, impondo-lhes um saber desprovido de reflexão (FREIRE, 1987).

É impossível, ensinar tudo a todos, desta forma se faz necessário a seleção e

a escolha de conteúdos essenciais que possibilitem o êxito no processo ensino-

aprendizagem e permitam satisfazer as necessidades dos alunos, respeitando suas

especificidades, objetivando sua formação humanista e a busca de sua autonomia

intelectual e moral.

Considerando a concepção do ensino de História pautada pela linha da

cultura, optou-se por três eixos articuladores: Cultura, Trabalho e Tempo, que

também orientam o documento das Diretrizes Curriculares para EJA no Estado do

Paraná. Esses eixos estabelecem relações entre si e articulam-se às temáticas que

por sua vez articulam-se aos conteúdos, sendo que o eixo Tempo, presente nessa

concepção, refere-se ao tempo histórico.

Os conteúdos selecionados, foram organizados em quatro temas plurais no

Ensino Fundamental: Identidade e Cultura; Estado e Relações de Poder; Terra e

Propriedade; Cidadania e Trabalho e três temas para o Ensino Médio: Diversidade

Cultural; Relações de Poder e Movimentos Sociais; Mundo do Trabalho e Cidadania

. É importante que na abordagem desses conteúdos o educador crie situações de

aprendizagem, que respeitem o perfil dos alunos da EJA e possibilitem o diálogo

entre os conceitos construídos cientificamente e a cultura do aluno, considerando a

sua História de vida, o ambiente cultural e a identidade do grupo.

A abordagem pode ser realizada partindo do não conhecido ao conhecido ou

do conhecido ao conhecido de outra forma. Os conteúdos não devem ser

trabalhados de forma isolada ou compartimentada, o estudo deve se dar de forma

abrangente no tempo e no espaço, como por exemplo, no que refere as questões

244

sociais, as contradições, a Histórica local, conteúdos estes que estabeleçam relação

entre o local e o global e possibilitem aos alunos, compreender as semelhanças e

diferenças, as permanências e as rupturas do contexto histórico.

Transformar os conteúdos em “situações problemas” é imprescindível para

demonstrar a relevância do que se vai estudar. O questionamento deve levar a

reflexão crítica e permanente, possibilitando a construção de saberes socialmente

significativos para que o aluno interfira no sentido de transformar a sociedade, em

que vive. Dessa forma o ensino de História será sempre possibilidade e nunca

determinação.

É essencial no processo ensino-aprendizagem que a teoria esteja em sintonia

com a prática, respeitando os níveis de compreensão dos alunos sobre a própria

realidade.

Em suma, esse processo deve contribuir para formar um aluno leitor e

escritor, que se aproprie dos conhecimentos históricos, a partir da leitura, análise e

interpretação de diversas linguagens, bem como da produção de textos orais e

escritos, que valorizem o fazer e o refletir. Também é importante que o aluno da EJA

possa ampliar a sua leitura de mundo percebendo-se como sujeito da História na

busca da autonomia e da cidadania.

Deve-se fazer um trabalho que aborde os conteúdos obrigatórios, como:

• Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da

Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das

relações entre o homem e o meio bio-físico;

• Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos

e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado

democrático;

• Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação

de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e

espaço onde o conhecimento toma o lugar da força;

• História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei

10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação

das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira

245

e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo

assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população

negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das

indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura Afro-

Brasileira e Africana.

• Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e

cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e

crenças pessoais. Os educadores e os alunos são instigados em conhecer

assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e

discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia,

entre outros;

• Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o

tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve

considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

Os desafios de História estão relacionados também ao presente e a

proximidade com o aluno, portanto é importante o estudo a História Paranaense, não

em um enfoque politico e moralista como já se pregou, e sim uma busca pela

construção de uma história crítica onde os saberes próprios se relacionam a

contextos mais amplos e que a História do Paraná tenha importância na construção

destes saberes científicos para o aluno.

Apesar da importância dos saberes sobre a História do Paraná serem

primordiais a formação do povo que aqui vive, não podemos, nos eximir de

estudarmos o todo histórico, nem mesmo nos dar o direito de privilegiarmos a

Cultura Afro-Brasileira em detrimento da cultura asiática ou europeia, temos sim que

trabalhar os saberes históricos culturais sem o ranço que se mostra impregnado em

alguns historiadores, pois o mundo global vai levar nosso aluno a se tornar um

homem do mundo e não de uma só parada, mesmo que nunca saia do Paraná, este

aluno necessita o saber do todo para se localizar no meio a que pertence, bem como

deve saber sobre todos as bases culturais que o “fizeram” para poder ter respeito e

assim mostrar que as mesmas são importantes e que nenhuma é superior a outra. A

vocação da História é de quebrar paradigmas e portanto os pré conceitos fabricados

246

devem ser quebrados, mas nunca formulando outros. Estes quesitos na EJA devem

ser trabalhados dentro das 192 h/a do Fundamental Fase-II e posteriormente

revistos no Ensino Médio.

A partir de sua própria História, o aluno deve conceber a construção de algo

mais amplo e formar concepções e interagir como agente do mundo que o rodeia.

A escola é o espaço privilegiado de formação humana e construção da

cidadania. Para exercer a cidadania plena é necessário ter acesso à informação e à

tecnologia. Isso, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo, mas sim

tomar posse da tecnologia e usá-la a seu favor, transformando a informação em

conhecimento.

Os jovens, os adultos e os idosos da EJA, em sua grande maioria, vêm

buscar esse conhecimento visando atender às exigências do mercado de trabalho,

cada vez mais competitivo. O desafio que fica aos educadores da EJA é utilizar os

recursos tecnológicos como a TV, DVD, vídeo, data show, pendrive, retro projetor e

computadores no laboratório, de modo a provocar impactos positivos na escola e,

por conseguinte, na vida profissional dos seus alunos, sempre usando os materiais

didáticos disponíveis como imagens, livros de arte, revistas, fotografias, filmes,

relatos orais, quadrinhos, canções, literatura.

CONTEÚDOS

Ensino Fundamental – Fase II: Os Diferentes Sujeitos Suas Culturas Suas

Histórias e O Mundo do Trabalho e os Movimentos de Resistência.

Conteúdos Estruturantes Conteúdos Básicos

Relações de trabalho

História das relações da humanidade com o

trabalho.

O trabalho e avida em sociedade.

O trabalho e as contradições da modernidade.

Os trabalhadores e as conquistas de direito.

A constituição das instituições sociais.

247

Relações de poder

Relações culturais

A formação do Estado.

Sujeitos, Guerras e Revoluções.

A experiência humana no tempo.

Os sujeitos e suas relações com o outro no tempo.

As culturas locais e a cultura comum.

As relações de propriedade.

A constituição histórica do mundo do campo e do

mundo da cidade.

As relações entre o campo e a cidade.

Conflitos e resistências e produção cultural

campo/cidade.

Construção da História do Paraná e suas relações

com história brasileira e humana.

Ensino Médio

Conteúdos Estruturantes Conteúdos Básicos

Relações de Trabalho

Relações de poder

Relações culturais

Trabalho Escravo, Servil, Assalariado e o trabalho

Livre.

Urbanização e industrialização.

O Estado e as relações de poder.

Os sujeitos, as revoltas e as guerras.

Movimentos sociais, políticos e culturais e as

guerras e revoluções.

Cultura e religiosidade.

AVALIAÇÃO

Ao se propor reflexões sobre a avaliação no ensino de História, objetiva-se

favorecer a busca da coerência entre a concepção de História defendida e as

práticas avaliativas que integram o processo de ensino e de aprendizagem. A

avaliação deve estar a serviço da aprendizagem de todos os alunos, permeando o

248

conjunto das ações pedagógicas, e não como elemento externo a este processo.

Refutam-se as práticas avaliativas que priorizam o caráter classificatório,

autoritário, que desvinculam a sua função da aprendizagem, que não se ocupam dos

conteúdos e do seu tratamento conforme as concepções definidas no projeto

político-pedagógico da escola. Uma avaliação autoritária e classificatória materializa

um modelo excludente de escolarização e de sociedade, com o qual a escola

pública tem o compromisso de superação. [...] para que a avaliação sirva à

democratização do ensino, é (preciso)modificar a sua utilização de classificatória

para diagnóstica. Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento

de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em

vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu

processo de aprendizagem. (LUCKESI, 2002, p. 81)

Na concepção de ensino e de aprendizagem destas Diretrizes Curriculares,

compartilha-se a ideia de Luckesi a respeito da avaliação diagnóstica: A fim de que

as decisões tomadas na avaliação diagnóstica sejam implementadas na

continuidade do processo pedagógico, faz-se necessário o diálogo acerca de

questões relativas aos critérios e à função da avaliação, seja de forma individual ou

coletiva. Assim, o aprendizado e a avaliação poderão ser compreendidos como

fenômeno compartilhado, contínuo, processual e diversificado, o que propicia uma

análise crítica das práticas que podem ser retomadas e reorganizadas pelo

professor e pelos alunos.

Retomar a avaliação com os alunos permite, ainda, situá-los como parte de

um coletivo, em que a responsabilidade pelo e com o grupo seja assumida com

vistas à aprendizagem de todos. Conforme afirma Giroux (1997, p. 71), por meio do

diálogo em grupo, “as normas de cooperação e sociabilidade compensam a ênfase

do currículo oculto tradicional na competição e individualismo excessivos”.

Ao propor maior participação dos alunos no processo avaliativo, não se

pretende desvalorizar o papel do professor, mas ampliar o significado das práticas

avaliativas para todos os envolvidos. No entanto, é necessário destacar que cabe ao

professor planejar situações diferenciadas de avaliação.

Ao considerar os conteúdos de História efetivamente tratados em aula,

249

essenciais para o desenvolvimento da consciência histórica, é necessário ter clareza

que avaliar é sempre um ato de valor. Diante disto, professor e alunos precisam

entender que os pressupostos da avaliação, tais como finalidades, objetivos,

critérios e instrumentos, podem permitir rever o que precisa ser melhorado ou o que

já foi apreendido. Segundo Luckesi (2002), o professor poderá lançar mão de várias

formas avaliativas, tais como:

• Avaliação diagnóstica – permite ao professor identificar o desenvolvimento da

aprendizagem dos alunos para pensar em atividades didáticas que possibilitem

a compreensão dos conteúdos a serem trabalhados;

• Avaliação formativa – ocorre durante o processo pedagógico e tem por

finalidade retomar os objetivos de ensino propostos para, a partir dos mesmos,

identificar a aprendizagem alcançada desde o início até ao momento avaliado;

• Avaliação somativa – permite ao professor tomar uma amostragem de objetivos

propostos no início do trabalho e identificar se eles estão em consonância com o

perfil dos alunos e com os encaminhamentos metodológicos utilizados para a

compreensão dos conteúdos. Esta avaliação é aplicada em período distante um

do outro, como por exemplo o bimestre, trimestre ou semestre.

Para as duas primeiras questões, alguns elementos históricos e indicadores

de compreensão pelos alunos são sugeridos para auxiliar o professor.

Essa sugestão tem por finalidade mostrar ao professor as possibilidades de

substituir as práticas avaliativas baseadas na memorização de conteúdos. Além das

sugestões presentes, o professor poderá propor outras atividades associativas,

como:

• Atividades que possibilitem a apreensão das ideias históricas dos estudantes em

relação ao tema abordado;

• Atividades que permitam desenvolver a capacidade de síntese e redação de uma

narrativa histórica;

• Atividades que permitam ao aluno expressar o desenvolvimento de ideias e

conceitos históricos;

• Atividades que revelem se o aluno se apropriou da capacidade de leitura de

documentos com linguagens contemporâneas, como: cinema, fotografia, histórias 250

em quadrinhos, músicas e televisão, relativos ao conhecimento histórico.

É importante ter claro que o trabalho com documentos históricos exige formas

diferentes de avaliação. Schmidt e Cainelli (2006) apontam duas sugestões de

avaliações de documentos de naturezas diferentes: textos e imagens.

Textos:

• Identificação: identificar o tema, o tipo de texto, a data de publicação, a época de

produção, o autor e o contexto em que foi produzido;

• Leitura: sublinhar as palavras e expressões-chave, resgatar e reagrupar as ideias

principais e os temas secundários, e buscar o ponto de vista do autor;

• Explicação: compreender o sentido das palavras e expressões e esclarecer as

alusões contidas no texto;

• Interpretação: analisar a perspectiva do texto, comparar a outros fatos e pontos

de vista e verificar em que medida o texto permite o conhecimento do passado.

• Imagens:

• Identificação: identificar o tema, a natureza da imagem, a data, o autor, a função

da imagem e o contexto;

• Leitura: observar a construção da imagem – o enquadramento, o ponto de vista,

os planos. Distinguir os personagens, os lugares e outros elementos contidos na

imagem;

• Explicação: explicitar a atuação do autor de acordo com o suporte e contexto de

produção da imagem;

• Interpretação: compreender a perspectiva da imagem, o valor do testemunho

sobre a época e os símbolos apresentados.

Tais critérios não esgotam o processo de avaliação pelo professor de História.

São indicativos a serem enriquecidos para orientar o planejamento das práticas

avaliativas em consonância com estas Diretrizes. Devem, também, estar articulados

à investigação de como às ideias históricas dos estudantes organizam esses

estratégias de interpretação das fontes a partir da construção de narrativas

históricas.

Quanto aos Conteúdos Estruturantes, o professor deverá investigar como os

251

estudantes compreendem as relações de trabalho no mundo contemporâneo, as

suas configurações passadas e a constituição do mundo do trabalho em diferentes

períodos históricos, considerando os conflitos inerentes a essas relações.

No que diz respeito às Relações de Poder, o professor precisa investigar

como os estudantes compreendem essas relações que se apresentam em todos os

espaços sociais. Também deve diagnosticar como eles identificam, localizam os

espaços decisórios e os processos históricos que as constituíram.

Referente às Relações Culturais, o professor deverá investigar se os

estudantes reconhecem a si e aos outros como construtores de uma cultura comum,

consideradas as especificidades de cada grupo social e as relações entre eles.

Deverá entender como eles compreendem a constituição das experiências

culturais dos sujeitos ao longo do tempo e das permanências e mudanças nas

diversas tradições e costumes sociais.

Para o Ensino Fundamental e Médio, a avaliação da disciplina de História,

nestas Diretrizes, considera três aspectos importantes:

• A investigação e a apropriação de conceitos históricos pelos estudantes;

• A compreensão das relações da vida humana (Conteúdos Estruturantes);

• O aprendizado dos conteúdos básicos/temas históricos e específicos.

Esses três aspectos são entendidos como complementares e indissociáveis.

O professor deve recorrer a diferentes atividades, tais como: leitura, interpretação e

análise de narrativas historiográficas, mapas e documentos históricos; produção de

narrativas históricas, pesquisas bibliográficas, sistematização de conceitos

históricos, apresentação de seminários, entre outras.

Tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, após a avaliação

diagnóstica, o professor e seus alunos poderão revisitar as práticas desenvolvidas

até então, de modo que identifiquem lacunas no processo pedagógico. Essa ação

permitirá ao professor planejar e propor outros encaminhamentos para a superação

das dificuldades constatadas.

Deseja-se que, ao final do trabalho na disciplina de História, os alunos tenham

condições de identificar processos históricos, reconhecer criticamente as relações

de poder neles existentes, bem como intervirem no mundo histórico em que vivem,

252

de modo a se fazerem sujeitos da própria História.

HISTÓRIA E OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO NA EJA

Concepção de avaliação

A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a

intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se

estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e

aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, diagnosticar os resultados

atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos

expressos na proposta pedagógica.

Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de

reflexão dos alunos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser

entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma

atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta.

A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações

contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios:

• investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;

• contínua: permite a observação permanente do processo ensino-aprendizagem e

possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;

• sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do aluno, utilizando

instrumentos diversos para o registro do processo;

• abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola do

aluno;

• permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo

aluno no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da

escola.

Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao

longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz

253

curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação

presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem.

Considerando que os saberes e a cultura do aluno devem ser respeitados

como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará,

necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o

seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante

o atual processo de escolarização.

A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais

como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e

pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades

complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de

aprendizado dos alunos e avaliar os conteúdos desenvolvidos.

É vedada a avaliação em que os alunos sejam submetidos a uma única

oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo

aluno e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e

necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica.

• as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, como pesquisas,

experiências, provas, debates, seminários, resenhas, entre outros, sempre com

finalidade educativa;

• para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis)

notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas e também

a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que,

obrigatoriamente, o aluno se submeterá na presença do professor, conforme

descrito no Regimento Escolar;

• a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os

resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero);

• para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula

zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 – SEED e

frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária

de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por cento) na

organização individual;

254

• o aluno deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro

da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos,

retomando os instrumentos de avaliação e de aprendizagem, esta se dará de

forma paralela e continua, objetivando estruturar o conhecimento do aluno que

por algum motivo não foi apropriado no decorrer do processo de ensino

aprendizagem. Para os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao

processo de apropriação dos conhecimentos;

• para os alunos que cursarem 100% da carga horária da disciplina, a média

final corresponderá à média aritmética das avaliações processuais,

devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero);

• os resultados das avaliações dos alunos deverão ser registrados em

documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e

autenticidade da vida escolar do aluno;

• o aluno portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não

por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver.

BIBLIOGRAFIA

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255

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256

DISCIPLINA LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ESPANHOL

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Com o objetivo de melhorar a instrução pública e de atender às demandas

advindas da abertura dos portos ao comércio, D. João VI, em 1809, assinou o

decreto de 22 de junho para criar as cadeiras de Inglês e Francês. A partir daí, o

ensino das línguas modernas começou a ser valorizado.

Em 1837, ocorreu a fundação do Colégio Pedro II, primeiro em nível

secundário do Brasil. O currículo do Colégio se inspirava nos moldes franceses e,

em seu programa, constavam sete anos de Francês, cinco de Inglês e três de

Alemão, cadeira esta criada no ano de 1840.

O modelo de ensino de línguas instituído por esse Colégio se manteve até

1929. A partir de 1929, o Italiano também passou a compor o currículo até 1931.

A abordagem pedagógica tradicional de raízes europeias, também chamada

de gramática-tradução, prevaleceu no ensino das línguas modernas. Nessa

abordagem, língua era concebida como um conjunto de regras e privilegiava a

escrita, sob o pressuposto de que o aluno, ao estudar a gramática, teria melhor

desempenho tanto na fala quanto na escrita. Essa metodologia vigorou até o

princípio do século XX e tinha como objetivos permitir o acesso a textos literários e

possibilitar o domínio da gramática normativa. As atividades tratavam das regras

gramaticais, tradução, versão e ditados, sendo que a avaliação se preocupava

também com o conhecimento gramatical.

As instruções que se seguiram às reformas de 1920 e1931, mantinham a

recomendação do uso do Método Direto que se baseava no princípio de que a

língua materna perde o seu papel de mediadora no ensino de língua estrangeira e

tem como princípio fundamental a aprendizagem em constante contato com a língua

em estudo, sem intervenção da tradução, dessa forma se raciocina na língua

estrangeira. A transmissão dos significados acontece por meio de gestos, gravuras,

fotos, simulação, enfim, de tudo que possa facilitar a compreensão. A gramática é

aprendida de forma indutiva, os alunos praticam perguntas e respostas e exercitam

257

a pronúncia com o objetivo de atingir uma competência semelhante a do nativo. Por

isso, dava-se preferência ao professor nato, em oposição ao método anterior – o

Tradicional –, que não exigia do professor dominar oralmente a língua ensinada,

embora esclarecessem que o ensino não deveria ter apenas fins instrumentais, mas

também educativos.

A solidificação dos ideais nacionalistas apareceu com muita evidência na

Reforma Capanema, em 1942 ao atribuir ao ensino secundário um caráter patriótico

por excelência. Com esse propósito, o currículo oficial buscava atrelar todos os

conteúdos ao nacionalismo.

A Língua Espanhola, portanto, foi valorizada como Língua Estrangeira porque

representava para o governo um modelo de patriotismo e respeito daquele povo às

suas tradições e à história nacional.

O histórico da Língua Estrangeira foi marcado por leis que exigiam a

obrigatoriedade e outras, a não obrigatoriedade e, somente em 1976, o ensino de

Língua Estrangeira voltou a ser valorizado, quando a disciplina se tornou novamente

obrigatória somente no segundo grau. Entretanto, não perdeu o caráter de

recomendação para o primeiro grau, desde que a escola tivesse condições de

oferecê-la. De acordo com parecer n. 581/76 do Conselho Federal, a Língua

Estrangeira seria ensinada por acréscimo, conforme as condições de cada

estabelecimento. Isso fez muitas escolas suprimirem a Língua Estrangeira no

segundo grau ou reduzirem seu ensino para uma hora semanal, por apenas um ano,

com um único idioma.

A responsabilidade pelos rumos educacionais passou a ser centralizada no

Ministério de Educação e Saúde, que indicava aos estabelecimentos de ensino o

idioma a ser ministrado nas escolas, a metodologia e o programa curricular para

cada série.

Como resultado de um processo que buscava destacar o Brasil no Mercosul,

em 5 de agosto de 2005, foi criada a lei n. 11.161, que tornou obrigatória a oferta de

Língua Espanhola nos estabelecimentos de Ensino Médio. Com isso, também se

buscou atender a interesses político-econômicos para melhorar as relações

comerciais do Brasil com países de Língua Espanhola.

258

A oferta dessa disciplina é obrigatória para a escola e de matrícula facultativa

para o aluno. Por sua vez, os estabelecimentos de ensino têm cinco anos, a partir da

data da publicação da lei (2005), para implementá-la.

Portanto, considerando as premissas contidas nos princípios norteadores dos

fundamentos teórico-metodológicos abordados nas Diretrizes de Língua Estrangeira

Moderna, a proposta de ensino aprendizagem estará voltada para uma visão

holística da educação compreendendo que as aulas de Língua Espanhola

constituirão um espaço de construção de conhecimentos que visará reconhecer,

analisar e refletir sobre a diversidade linguística e cultural, bem como a de aprimorar

e adquirir um conhecimento útil e consistente que possibilitará a construção de

conhecimentos co-significantes para com a cultura vivenciada pelos alunos. A

inclusão do aluno no uso de uma língua estrangeira expande a sua autopercepção

como ser humano e cidadão, pois ao compreender o outro e sua alteridade, aprende

muito mais sobre si mesmo e sobre um mundo plural, marcado por valores culturais

diferentes a maneiras diversas de organização política e social.

Conforme o teórico Bakhtin:

[...] o essencial na tarefa de decodificação não consiste em reconhecer a forma linguística utilizada, mas compreendê-la num contexto concreto preciso, compreender sua significação numa enunciação particular. Em suma, trata-se de perceber seu caráter de novidade e não somente sua conformidade à norma. Em outros termos, o receptor, pertencente à mesma comunidade linguística, também considera a forma linguística utilizada como um signo variável e flexível e não como um sinal imutável e sempre idêntico a si mesmo. (BAKHTIN, 1992)

Na construção de sua teoria, Bakhtin exclui a perspectiva do absoluto,

rejeitando o estático e fechado, noções associadas à perspectiva tradicional de

cultural.

As relações sociais ganham sentido pela palavra e a sua existência se

concretiza no contexto da enunciação. Por outro lado, os sentidos assumidos pela

palavra são múltiplos, não existindo, dessa forma, palavras vazias.

Em virtude da abordagem supracitada, salientamos que os agentes

envolvidos com essa proposta de ensino deverão compreender que esse saber

cientificamente elaborado está sujeito às interferências das transformações sociais

259

tendo em vista que ambos, indivíduo e conhecimento são dialeticamente mutáveis

por seus a prióris constitucionais, porque “a riqueza e a variedade dos gêneros do

discurso são infinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e

a cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que

vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e

fica mais complexa”. (BAKHTIN, 1992, p. 279)

Conclui-se, portanto, que é imprescindível o professor compreender a relação

dialética transformadora que ocorre tanto no ambiente, seja ele qual for, como no

ser que aprende e no ser que ensina, para que assim esta proposta estabeleça o

aluno como agente ativo e construtor da sua história social e de seu

desenvolvimento cognitivo, e venha ao encontro da demanda provocada pela

tecnologia e globalização das culturas.

O mundo de hoje nos leva a viver em constante progresso científico e

avanços tecnológicos marcados por uma competição que define novas exigências

para os nossos jovens, pois a aprendizagem de uma língua estrangeira é uma

experiência de vida onde se ampliam as possibilidades e abrem-se portas para o

mundo.

Em respeito às premissas aqui contidas consideramos viável e possível

atender esse direito e essa necessidade de nossos alunos enriquecendo assim o

seu currículo social e intelectual, pois a adoção do ensino da Língua Estrangeira

Moderna Espanhol proporciona a inter-relação entre a cultura, a ideologia, o sujeito

e a identidade.

OBJETIVOS

• Usar a língua em situações de comunicação oral e escrita;

• Vivenciar formas de participação que lhe possibilitem estabelecer relações entre

ações individuais e coletivas;

• Compreender que os significados são sociais e historicamente construídos e,

portanto, passíveis de transformação na prática social;

• Ter maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade;

260

• Reconhecer e compreender a diversidade linguística e cultural, bem como seus

benefícios para o desenvolvimento cultural do país.

• Conhecer a literatura e a cultura em língua espanhola, colaborando com o

conhecimento científico, tecnológico e artístico do aluno;

• Relacionar a língua portuguesa e a língua espanhola, comparando estruturas

gramaticais, formação de palavras, técnicas de produção de texto;

• Resgatar a função social e educacional desta disciplina na Educação Básica.

• Analisar as questões sociais-políticas-econômicas da nova ordem mundial, suas

implicações e que desenvolvam uma consciência crítica a respeito do papel das

línguas na sociedade.

CONTEÚDOS

CONTEÚDO ESTRUTURANTE

Discurso como prática social através das práticas de leitura, escrita e

oralidade. Os conhecimentos que identificam e organizam os campos de estudos

escolares de Língua Estrangeira são considerados basilares para a compreensão

do objeto de estudo dessa disciplina. Esses saberes são concebidos como

Conteúdos Estruturantes, a partir dos quais se abordam os conteúdos específicos no

trabalho pedagógico. Os Conteúdos Estruturantes se constituem através da história,

são legitimados socialmente e, por isso, são provisórios e processuais.

O Conteúdo Estruturante está relacionado com o momento histórico-social.

Ao tomar a língua como interação verbal, como espaço de produção de sentidos,

buscou-se um conteúdo que atendesse a essa perspectiva. Sendo assim, define-se

como Conteúdo Estruturante da Língua Estrangeira Moderna o Discurso como

prática social. A língua será tratada de forma dinâmica, por meio de leitura, de

oralidade e de escrita que são as práticas que efetivam o discurso (DCE).

261

CONTEÚDOS BÁSICOS

LEITURA:

• Identificação do tema;

• Intertextualidade;

• Intencionalidade;

• Vozes sociais presentes no texto;

• Léxico;

• Coesão e coerência;

• Marcadores do discurso;

• Funções das classes gramaticais no texto;

• Elementos semânticos;

• Discurso direto e indireto;

• Emprego do sentido denotativo e conotativo no texto;

• Recursos estilísticos ( figuras de linguagem);

• Marcas linguísticas: particularidades da língua; pontuação, recursos gráficos

(como aspas, travessão, negrito);

• Variedade linguística;

• Acentuação gráfica;

• Ortografia;

ESCRITA:

• Tema do texto;

• Interlocutor;

• Finalidade do texto;

• Intencionalidade do texto;

• Condições de produção;

• Informatividade (informações necessárias para a coerência do texto);

• Vozes verbais;

262

ORALIDADE:

• Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos, etc.;

• Adequação do discurso ao gênero;

• Turnos de fala;

• Vozes sociais presentes no texto;

• Variações linguísticas;

• Marcas linguísticas: coerência, gírias, repetição;

• Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito;

• Adequação da fala ao contexto;

• Pronúncia;

Os conteúdos propostos são os mesmos para o Ensino Fundamental e para o

Ensino Médio. A abordagem dos conteúdos, deve ser diferenciada nos níveis de

ensino a partir do grau de aprofundamento e de complexidade dos textos através

dos gêneros escolhidos pelo coletivo da escola.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Compreendendo a aquisição de uma nova língua como um ato primordial do

processo de ensino e aprendizagem, convém refletir que neste conceito está

implícita a ideia de construção, de produção e de transformação de conhecimento, e,

submetendo-se ainda, que o aluno como sujeito da aprendizagem, reflete, raciocina,

levanta hipóteses e por fim estabelece o conhecimento como nível de seu

desenvolvimento.

A metodologia e a prática pedagógica serão direcionadas em prol da

construção do saber, através da liberdade de expressar conhecimentos que

antecedem os signos linguísticos, proporcionando ao aluno quesitos para que o

mesmo exponha sua leitura de mundo, sua visão, sua realidade, seu contexto e

naturalmente os signos/palavras/diálogos tomam vida, significado, significância e a

diversidade cultural incutida no fato de dominar uma língua estrangeira se torna

compreensível.

263

Essa prática é possível no contato com textos em uma segunda língua, o

aluno utiliza estratégias das quais já faz uso, quando se comunica em sua própria

língua. Mobiliza o que já sabe sobre o assunto, sobre o tipo de texto, sobre o autor,

a forma, as imagens. Numa situação de diálogo, faz comentários, pede e dá

explicações, registra o que lhe interessa, pede para repetir o que não entendeu e

assim constrói um significado para aquilo que lê, ouve ou vê. Desta forma, o ensino

de língua espanhola será viabilizado através de experiências de contato com a

língua, em situações de comunicação, sempre numa perspectiva multidisciplinar e

vinculada a contextos reais, com assuntos e temas relacionados ao universo de

interesses dos alunos, levando em conta o princípio da continuidade, ou seja, a

manutenção de uma progressão entre as séries, considerando as especificidades da

Língua Espanhola, as condições de trabalho existentes na escola, o Projeto Político-

Pedagógico, a articulação com as demais disciplinas do currículo e o perfil dos

alunos.

O professor enquanto mediador desse processo deverá criar situações

conflitantes que induzam o aluno ao raciocínio, e este por sua vez deverá estimular

a aprendizagem e provocar o encontro das partes envolvidas no processo de

aprendizagem, esse encontro se dará entre a leitura, a escrita e o escritor, desta

maneira a língua estrangeira a ser aprimorada terá sentido e importância.

Os textos a serem apresentados, as produções textuais a serem produzidas

serão criteriosamente escolhidos, dando oportunidade aos alunos de participarem da

escolha das temáticas dos textos, visando estimular os alunos a participarem

ativamente da construção do novo saber propiciando assim momentos de expressão

verbal e não verbal, bem como escrita e oral, uma vez que um dos objetivos é

justamente possibilitar formas de participação que permitam o estabelecimento de

relações entre ações individuais e coletivas. Os alunos poderão compreender a

vinculação entre autointeresse e interesses do grupo. Além disso, esta iniciativa

poderá levar a escolhas de conteúdos mais significativos, porque resultam da

participação de todos.

Outro ponto a ser destacado é a atenção, no momento da escolha de textos,

para que os mesmos não reforcem uma visão monolítica de cultura, muitas vezes

264

abordada de forma estereotipada. Os conteúdos dos textos devem viabilizar os

resultados pretendidos nas diferentes séries de acordo com os objetivos específicos

propostos no planejamento do professor.

Os conteúdos obrigatórios conforme dispostos na Instrução nº 009/11

SUED/SEED serão contemplados concomitantes aos conteúdos específicos da

disciplina em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais de LEM-

Espanhol.

As Temáticas Socioeducacionais – Educação Ambiental, Educação Fiscal,

Enfrentamento a Violência, História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena,

Prevenção ao Uso Indevido de Drogas e Sexualidade, serão trabalhados em todos

os períodos das seguintes maneiras: Texto reflexivo: (diversos) e Filmes.

Nas aulas, os alunos deverão vivenciar atividades orais, escritas e de leitura

que favoreçam o domínio efetivo das funções comunicativas da língua, portanto

essas aulas deverão ser dinâmicas em prol do desenvolvimento intelecto-cognitivo

do aluno.

A elaboração e internalização desse novo conhecimento deverá proporcionar

a interdisciplinaridade através de textos sobre temas variados que estejam

contemplados não tão somente nas demais disciplinas como também os que

estejam em voga na mídia.

Portanto, pode-se dizer que os princípios norteadores desta proposta estarão

relacionadas à interdisciplinaridade e aos conceitos do processo ensino

aprendizagem sócio-interacionista.

Essa proposta pedagógica busca ir além de codificar signos linguísticos, está

visando estabelecer uma relação importante entre o saber e o construir novos

saberes que façam sentido e tenham utilidade para os alunos em sua vida social.

Embora saibamos que

Nada disso é fácil, mas isso tudo constitui uma das frentes da luta maior de transformação profunda da sociedade brasileira. Os educadores (...) precisam convencer-se de que não são puros ensinantes – isso não existe – puros especialistas da docência. Nós somos militantes políticos porque somos professores e professoras. Nossa tarefa não se esgota no ensino da matemática, da geografia, da sintaxe, da história. Implicando a seriedade e a competência com que ensinamos esses conteúdos, nossa tarefa exige o nosso compromisso

265

e engajamento em favor da superação das injustiças sociais”. FREIRE (1997, 34).

AVALIAÇÃO

Considerando que a aprendizagem se dá através da participação ativa do

aluno em sala de aula se pode afirmar que o mesmo será o centro do processo

ensino-aprendizagem e, portanto não passará por momentos estanques de

“avaliações” e sim por avaliações que promovam o seu crescimento global

observando o rendimento, a aprendizagem, a necessidade de maiores estímulos, de

novas metodologias e/ou retomadas de conteúdos.

Para realizar tais empreendimentos serão utilizados trabalhos coletivos,

apresentações (teatro, monólogos, atividades lúdico-pedagógicas, etc), análise e

reflexão sobre o processo educativo, cabendo ao professor acompanhar

atentamente as relações e a participação dos alunos, considerando que o

engajamento discursivo na sala de aula se faz pela interação verbal, a partir da

escolha de textos consistentes.

Portanto a avaliação será:

• investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;

• contínua: permite a observação permanente do processo ensino-aprendizagem

e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;

• sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do aluno, utilizando

instrumentos diversos para o registro do processo;

• abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola

do aluno;

• permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo

aluno no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da

escola.

Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao

longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz

266

curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação

presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem.

Considerando que os saberes e a cultura do aluno devem ser respeitados

como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará,

necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o

seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante

o atual processo de escolarização.

A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais

como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e

pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades

complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de

aprendizado dos alunos e avaliar os conteúdos desenvolvidos.

É vedada a avaliação em que os alunos sejam submetidos a uma única

oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo

aluno e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e

necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica.

Aos alunos com necessidades educacionais especiais a avaliação deverá

ocorrer de maneira a valorizar sua perfomance respeitando seus limites incentivá-

los.

Neste sentido, pode-se compreender que a avaliação acontecerá

concomitantemente ao processo de ensino aprendizagem respeitando a capacidade

cognitiva de cada aluno e a maneira peculiar de cada um em aprender.

Quando se avalia, faz se necessário contemplar as três práticas discursivas :

oralidade, escrita e leitura e a nota atribuída será:

3,5 para a oralidade

3,5 para a escrita

3,0 para a leitura

Para que o educando seja aprovado é necessária a média de 6,0.

Será feita a Avaliação de Recuperação de Estudos sempre após a avaliação

de algum conteúdo e será ofertada para todos os alunos, independentemente da

nota alcançada.

267

Por conseguinte, pode-se afirmar que é através do saber construído e da

avaliação vivida sem traumas que o aluno irá construir a sua história de língua

estrangeira até mesmo porque é no vivido que se aprende o viver.

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Adda Nari. Mucho: espanhol para brasileños. São Paulo: Moderna, 2000.

DIRETRIZES CURRICULARES DA LÍNGUA ESTRANGEIRA – Secretaria de Estado da Educação – Superintendência da Educação,

__________, EJA. SEED-PR.

FREIRE, Paulo, Extenção ou comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

__________, Pedagogia da esperança. Um encontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

__________, Educar, ler, escrever e libertar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

GARCIA, Regina Leite. Alfabetização de alunos de classes populares. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: 1995.

GIROUX, Henry. Escola crítica e política cultural. São Paulo: Cortez, 1987.

LOBATO, Jesus & GARCIA, Concha. Español sin fronteras. Madrid: Editora SGEL, 2000.

OLIVEIRA, Marta K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio-histórico. 2ª ed. São Paulo: Scipione, 1995.

RINALDI, Simone & GARCIA, Marilia. Arriba. São Paulo: Ed. Moderna, 2004.

ROMANOS, Henrique & CARVALHO, Jacira. Interación en español. São Paulo: Ed. FTD, 2006.

268

DISCIPLINA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - INGLÊS

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

O ensino de LEM sofreu constantes mudanças ao longo da história. A partir

de 1759, as línguas que integravam o currículo eram o Latim e o Grego, línguas

clássicas consideradas de suma importância para o desenvolvimento do

pensamento e da literatura. Para melhorar a instrução pública e atender as

demandas do comércio, D. João VI assinou o decreto de 22 de junho de 1809 para

criar as cadeiras de Inglês e Francês. A partir daí o ensino de línguas modernas

passou a ser valorizado. Em 1840 foi criado o uso do Francês, que era priorizado

por representar um ideal de cultura e civilização.

A abordagem pedagógica tradicional de gramática-tradução prevaleceu no

ensino de línguas modernas. Nessa abordagem entendia-se que o aluno teria

melhor desempenho tanto na fala quanto na escrita. Essa metodologia vigorou até o

início do século XX. No final do século XIX e início do XX muitos imigrantes vieram

ao Brasil em busca de melhores condições de vida, criando colônias de imigrantes.

Estes, por sua vez, organizaram-se para construir escolas para seus filhos, uma vez

que a escolarização já fazia parte da vida dessas populações em seus países de

origem e o Estado brasileiro não ofertava atendimento escolar para todas as

crianças. Eram ensinadas a língua e a cultura dos imigrantes. O Português passou a

ser língua estrangeira, quando era ensinado.

Para efetivar os propósitos nacionalistas, em 1917 o governo decidiu fechar

as escolas estrangeiras ou de imigrantes e criou a partir de 1918, as escolas

primárias sob a responsabilidade dos estados para impedir a desnacionalização da

escola. Na reforma de 1931, estabeleceu-se um método de ensino de Língua

Estrangeira- o Método Direto que visava a comunicação na língua, sem intervenção

da língua materna e sem a tradução.

A responsabilidade pelos rumos educacionais após a segunda guerra passou

a ser centralizada no Ministério de Educação e Saúde, que indicava aos

estabelecimentos de ensino o idioma a ser ministrado nas escolas, a metodologia e

269

o programa curricular para cada série. O MEC preconizava que a disciplina de

Língua Estrangeira deveria contribuir tanto para a formação do aprendiz quanto para

o acesso ao conhecimento e à reflexão sobre as civilizações estrangeiras e

tradições de outros povos. Na década de 1940, falar Inglês passou a ser

imprescindível de modo que a língua passou a ter mais espaço tomando o lugar do

Francês, mas acabou perdendo seu lugar devido ao ensino cada vez mais técnico e

a carga horária diminuiu.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1961 criou os Conselhos

de Educação os quais poderiam incluir ou não o ensino de línguas estrangeiras nos

currículos. Essa mesma lei retirou a obrigatoriedade do ensino de língua estrangeira

no colegial.

Na década de 1970, contrapondo-se ao modelo inatista de aquisição de

linguagem, iniciou-se no Brasil a discussão das teorias de Piaget sobre a abordagem

cognitiva e construtivista. Nessa abordagem, a aquisição da língua é entendida

como resultado da interação entre o organismo e o ambiente, em assimilações e

acomodações responsáveis pelo desenvolvimento da inteligência.

Com a lei 5.692/71 o governo militar desobrigou a inclusão de línguas

estrangeiras nos currículos de primeiro e segundo graus para não impregnar-se com

culturas estrangeiras. Em 1976 o Inglês voltou a ser valorizado no segundo grau

quando passou a ser obrigatório. Em meados de 1980, criou-se no Paraná os

centros de idiomas (CELEM) para valorizar os idiomas e isso preserva-se já a vinte

anos.

O surgimento de teorias da análise do discurso francesas enfatiza o texto e

não mais a gramática. Em paralelo, teorias da análise do discurso das Escolas

Anglo-Saxãs subsidiaram o ensino pautado na abordagem comunicativa.

Em 1999, o MEC publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua

Estrangeira Moderna, enfatizando o ensino da comunicação oral e escrita. Em

contraposição a isso, linguistas aplicados têm estudado novos referenciais teóricos

que atendam às demandas da sociedade e contribuam para uma consciência crítica

da aprendizagem, mais especificamente, da língua estrangeira. Tais estudos e

pesquisas têm orientado as propostas mais recentes para o ensino de Língua

270

Estrangeira no contexto educacional brasileiro e servem de subsídios na elaboração

destas Diretrizes.

A importância da Língua Inglesa vai além da escrita e da oralidade, pois

“ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e

maneiras de atribuir sentidos, é formar subjetividades, é permitir que se reconheça

no uso da língua os diferentes propósitos comunicativos”. (DCE's, p.55)

As aulas de Língua Inglesa devem ser espaços de interação entre

professores e alunos; espaço esse que propicie a oportunidade de o aluno analisar

questões sociais, políticas e econômicas e que possam desenvolver a consciência

crítica a respeito do papel da linguagem na sociedade.

Temos que conscientizar o estudante de que não sobrevivemos

isoladamente, e que precisamos conhecer outras línguas e culturas para que

possamos confrontá-las com

as nossas a fim de um melhor entendimento da nossa individualidade e a do outro.

Os principais objetivos da disciplina são:

– Usar a língua em situações de comunicação oral e escrita;

– Vivenciar formas de participação que possibilitem ao educando estabelecer

relações entre ações individuais e coletivas;

– Compreender que os significados são sociais e historicamente construídos e

passíveis de transformação e prática social;

– ter maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade;

– Reconhecer e compreender a diversidade linguística e cultural, bem como

seus benefícios para o desenvolvimento cultural do país.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE

Conteúdo estruturante (sexto ao nono ano)

CONTEÚDOS BÁSICOS

Todas as atividades de leitura, oralidade e escrita serão trabalhadas partindo

dos seguintes gêneros linguísticos:

– bilhetes;

271

– cartas;

– convites;

– fotos;

– músicas;

– piadas;

– provérbios;

– receitas;

– relato de experiências vividas;

– biografias;

– autobiografias;

– contos;

– crônicas;

– fábulas;

– histórias em quadrinhos;

– narrativas em geral;

– paródias;

– poemas;

– diálogos;

– debates;

– resumos;

– pesquisas;

– texto de opinião;

– cartas;

– manchetes;

– sinopses;

– reportagens;

– anúncios;

– propagandas;

– paródias;

272

– placas;

– panfletos;

– verbetes;

– bulas;

– blog;

– e-mail;

– filmes;

– vídeos clip;

– desenhos animados;

– torpedos;

– entrevistas.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O trabalho com a língua estrangeira em sala de aula parte do entendimento

do papel das línguas nas sociedades como mais do que meros instrumentos de

acesso à informação: as línguas estrangeiras são possibilidades de conhecer,

expressar e transformar modos de entender o mundo e de construir significados.

O foco do aprendizado será centrado na comunicação e não no estudo

puramente repetitivo. O ponto de partida da aula de língua estrangeira será o texto,

verbal e não-verbal, como unidade de linguagem em uso. Serão abordados vários

gêneros textuais em atividades diversificadas. Sendo assim, o ensino deixa de

priorizar a gramática para trabalhar com o texto, sem, no entanto, abandoná-la.

Através dos textos, será provocada uma reflexão maior sobre o uso de cada texto e

considerar o contexto de uso e os seus interlocutores. Por isso, os gêneros

discursivos têm papel importante para o trabalho na escola. É importante que o

aluno tenha acesso a vários textos de várias esferas sociais para interagir com

variedades discursivas presentes nas diversas práticas sociais.

Outro cunho de relevante importância é o trabalho com a cultura afro e a

indígena (leis 11.645/08 e 10.639/03), pois ao contrastar essas culturas com a

273

própria, o indivíduo passa a valorizar essas diferenças, que fazem parte do seu

cotidiano e relaciona os vários conhecimentos, ampliando sua visão de mundo como

um todo e interagindo melhor com ele.

A aula de LEM deve ser um espaço em que se desenvolvam atividades

significativas, as quais explorem diferentes recursos e fontes, a fim de que o aluno

vincule o que é estudado com a realidade que o cerca. Portanto recursos

disponíveis, como o uso da informática, a qual permite o acesso à internet, onde o

aluno poderá realizar exercícios, atividades e sugestões de trabalho. Além dos

recursos tecnológicos, o trabalho com revistas, manuais, outdoors, embalagens de

produtos e quadrinhos permitirá um aprendizado mais significativo e poderá

tornar-se mais atraente. Recursos como a televisão, o cinema, vídeos, programas

gravados, letras de música, CDs, DVDs e outros para a ampliação do conhecimento.

Todas essas estratégias e conteúdos serão flexíveis, caso haja necessidade para

adequações durante o processo de aprendizagem.

É necessário criar estratégias para que os alunos percebam a

heterogeneidade da língua e as várias possibilidades de leitura que um texto

proporciona. A não-linearidade permite a reconstrução da argumentação e os alunos

terão uma posição mais crítica em relação aos textos trabalhados.

A ativação dos procedimentos interpretativos da língua materna, a

mobilização do conhecimento de mundo e a capacidade de reflexão dos alunos são

alguns elementos que podem permitir a interpretação dos sentidos produzidos no

contato com textos. Não é preciso que o aluno entenda os significados de cada

palavra ou a estrutura do texto para que lhe produza sentido. O papel do estudo

gramatical relaciona-se ao entendimento de procedimentos para a construção de

significados usados na LEM, portanto o trabalho com a análise linguística é

importante pois com novas palavras e pronúncias representa um universo

ideologicamente marcado.

O maior objetivo da leitura é trazer um conhecimento de mundo que permita

ao leitor elaborar um novo modo de ver a realidade e é fundamental que o aluno seja

subsidiado com conhecimentos linguísticos, sociopragmáticos, culturais e

discursivos.

274

Para cada texto escolhido poderá ser levado em conta o trabalho com

gêneros, aspectos culturais e inter discursivos, variedades linguísticas e análises

linguísticas e atividades variadas como na internet e mesmo discussões em sala de

aula e produções de texto. Os conteúdos poderão ser retomados em todas as

séries, porém com diferentes graus de profundidade, levando em conta o

conhecimento do aluno.

A escrita precisa ser concebida como um processo dialógico, ininterrupto, no

qual se escreve para alguém de que se constrói uma representação. Não se espera

que o aluno estruture o texto de forma correta, espera-se apenas que o texto lhes

produza sentido. O papel do estudo gramatical e da escrita relaciona-se ao

entendimento e à construção de significados. Por isso, é importante que o professor

direcione as atividades escritas para situações reais de uso da língua.

A oralidade tem como objetivo expor os educandos a textos orais e situações

nas quais precisa-se da oralidade. Na Abordagem Discursiva, a oralidade é objetivar

que os alunos expressem ideias em inglês, mesmo com limitações. Também, é

importante que o estudante se acostume com os sons específicos da língua inglesa.

AVALIAÇÃO

Segundo Luckesi (1995, p. 166),

A avaliação da aprendizagem necessita, para cumprir o seu verdadeiro significado, assumir a função de subsidiara construção da aprendizagem bem-sucedida. A condição necessária para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os destinos do aluno, e assuma o papel de auxiliar o crescimento.

Partindo do princípio de que o educador deve ver o aluno como um ser social

e este é construtor do próprio conhecimento e aquele o “mediador” entre o aluno e o

que ele aprende, proporcionando lhe conhecimentos sistematizados. Desta forma,

há uma interação entre os dois sujeitos.

O ato de avaliar não deve ser o momento final do processo. Deve-se criar

condições de aprendizagem que permitam ao aluno evoluir na construção de seu

próprio conhecimento. A avaliação é um instrumento complexo, pois é através dela

275

que se reflete sobre a construção do conhecimento, fazendo com que o aluno seja

ativo e participante e ao mesmo tempo um ser crítico.

A concepção de avaliação sobrepõe-se ao caráter de controle. É um processo

onde a observação da participação ativa dos alunos é realizada para que se

percebam as dificuldades e avanços dos sujeitos envolvidos. A avaliação será feita

através de vários tipos de ferramentas tais como provas escritas e orais, produções

dos alunos, debates, trabalhos individuais e em grupo, etc, para que se possibilite

observar as capacidades e habilidades dos alunos, bem como o conteúdo

trabalhado. No entanto, é imprescindível sempre retomar e de forma diferenciada,

conteúdos para aqueles alunos que não obtiveram êxito nas avaliações propostas

para que consigam atingir o objetivo, sem se sentirem incapazes. É, portanto, um

acompanhamento constante do progresso dos estudantes. É desafiados construir

uma avaliação que tenha critérios que nos permitam formar cidadãos conscientes e

críticos. A avaliação concebe o conhecimento como apropriação e como um

processo de ação-reflexão-ação através da interação professor-aluno.

Quando se avalia, faz se necessário contemplar as três práticas discursivas :

oralidade, escrita e leitura e a nota atribuída será:

3,5 para a oralidade

3,5 para a escrita

3,0 para a leitura

Para que o educando seja aprovado é necessária a média de 6,0.

Será feita a Avaliação de Recuperação de Estudos sempre após a avaliação

de algum conteúdo e será ofertada para todos os alunos, independentemente da

nota alcançada.

276

BIBLIOGRAFIA

GIMENEZ, Telma. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental: Línguas Estrangeiras Modernas – Questões para Debate. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna. Versão Preliminar. 2008.

PENNYCOOK, Alastair. English and the discourses of colonialism. London: Routledge. 1999.

RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos tempos, novas práticas. Petrópolis: Vozes.

SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que Avaliar? Como Avaliar? Critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995.

SECRETARIA DO ESTADO DO PARANÁ. Diretrizes curriculares da educação básica. Língua Estrangeira Moderna. Paraná. 2008.

277

DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A Língua Portuguesa tem a sua origem no latim, a língua no Lácio, pequeno

estado da Península Itálica. Com as conquistas militares e o consequente domínio

político e cultural de Roma, a partir do século III a. C., o latim estabeleceu-se numa

vasta região da Europa, sobrepondo-se, por sua importância, às demais línguas

existentes.

Havia dois níveis de expressão do latim: o latim clássico, com o qual se

exprimiam as pessoas ilustradas e os escritores, e o latim vulgar, usado pelo povo.

A língua imposta aos povos dominados foi o latim vulgar, levado por soldados,

colonos e mercadores. Decorridos alguns séculos, o latim sobrepôs-se às línguas e

dialetos falados em várias regiões. Dessa maneira, formaram-se várias línguas

dentro das fronteiras do antigo mundo romano, as línguas românicas, cujas

principais são o português, o espanhol, o catalão, o francês, o italiano e o romeno.

O idioma que hoje falamos é o resultado de transformações e acréscimos,

desde o galego- português ( do século VIII até o século XIII), separando-se

posteriormente do galego e dando início ao português arcaico (século XIV ao século

XVI), passando pelo português clássico ( a língua de Camões), pelo moderno (com

nossos autores românticos que procuraram retratar uma língua mais próxima da

realidade brasileira) e o português contemporâneo, com o movimento de renovação

da língua dos modernistas de 1922 e os milhares de acréscimos de neologismos e

estrangeirismos de origem francesa, inglesa e americana.

Desde o início de sua expansão, a partir do século IX a. C., os gregos

exerceram grande influência na formação literária de Roma. Ocuparam uma vasta

extensão da Europa ocidental, deixando como legado milhares de vocábulos, além

do modelo da gramática que serviu de base aos latinos.

Considerando-se as indicações das Diretrizes Curriculares Estaduais da

Educação de Jovens e Adultos que propõem o compromisso com a formação

humana e com o acesso à cultura geral, bem como o respeito à diversidade cultural,

à inclusão e ao perfil do aluno, o estudo da linguagem na organização da proposta

278

pedagógica do ensino de Língua Portuguesa está pautado na concepção

sociointeracionista, a qual dá ênfase ao uso social dos diferentes gêneros textuais.

Nesse sentido, a escola é entendida como um espaço onde se produz o

conhecimento e tem por objetivo propiciar uma formação intelectual, cognitiva e

política, por meio de pesquisas, leituras, estudos que favoreçam o respeito aos

diferentes falares e aos saberes próprios da cultura do aluno, preparando-o para

produção de seu próprio texto, oral ou escrito, adequado às exigências dos diversos

contextos sociais.

O trabalho pedagógico proposto para as práticas de linguagem está

fundamentado nos pressupostos teóricos de alguns estudiosos que entendem a

linguagem como interação.

VYGOTSKY (1989) dedicou-se a estudos sobre a origem cultural das

funções superiores do ser humano, isto é, o funcionamento psicológico, a partir da

interação social e da relação linguagem-pensamento. Por isso, propõe que se

estudem as mudanças ocorridas no desenvolvimento mental, inserindo o indivíduo

num determinado contexto cultural, a partir da interação com os membros de seu

grupo e de suas práticas sociais. Para esse autor, a cultura é uma espécie de palco

de negociações. Seus membros estão em movimentação constante de recriação e

reinterpretação de informações, conceitos e significados.

Nessa mesma direção, BAKHTIN (2003) afirma que os seres humanos

apreendem a realidade e a constroem na medida em que se relacionam com o

outro, atribuindo assim, sentido ao seu próprio viver, permeado pelo exercício efetivo

da linguagem. Esse autor propõe o confronto dos diversos discursos a partir de

temáticas do cotidiano, com ênfase na polifonia, dialogismo e polissemia. O primeiro

constitui as diversas vozes do discurso oral e escrito; o segundo, consiste na

interação do “eu” com o “outro”; por último, a polissemia, que compreende os

diferentes significados da palavra, de acordo com a vivência sociocultural de cada

sujeito.

As ideias de BAKHTIN e FREIRE (2004) convergem, no sentido de que a

prática pedagógica deve se dar numa relação dialógica, entre os sujeitos envolvidos

no processo ensino-aprendizagem. Para FREIRE, a relação pedagógica consiste no

diálogo entre educador e aluno, como sujeitos mediatizados pelo mundo.

279

As propostas teóricas dos autores citados valorizam o processo interativo

como espaço de construção dos sentidos do texto, confrontando situações a partir

do contexto histórico, político, filosófico, social, entre outros.

Nessa perspectiva, GERALDI (2001, p. 41) identifica, historicamente, três

concepções de linguagem: como expressão do pensamento, destacada nos estudos

tradicionais; como instrumento de comunicação; como uma forma de interação

humana.

A linguagem como interação propõe estudar as relações que se constituem

entre os sujeitos no momento em que falam, e não simplesmente estabelecer

classificações e dominar os tipos de sentenças. Portanto, o objeto de estudo da

língua deve ser o texto oral e escrito produzido nas diversas situações de interação

social.

A partir desses pressupostos, Val (1993, p.3) estabelece como propriedades

do texto, a unidade sociocomunicativa – interação social e a unidade semântica –

em que a coerência é o fator responsável pela unidade formal e material, ou seja,

“pode-se definir texto ou discurso como ocorrência linguística falada ou escrita, de

qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica ou formal”.

Essa autora afirma que, para o texto ser compreendido, precisa ser avaliado

sob três aspectos: o pragmático, que se pontua em situação informal e

comunicativa; o semântico, que depende da coerência; e o formal, que diz respeito

à coesão.

Ainda de acordo com a autora, “a textualidade é o conjunto de características

que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequencia de frases”

(VAL, 1993, p.5). Embasada em Beaugrande e Dressler, VAL relaciona sete fatores

responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer: coerência, coesão,

intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.

Portanto, pode-se afirmar que o texto, em suas diferentes formas de

apresentação ou gêneros, se constrói no aspecto sociocomunicativo por meio dos

fatores pragmáticos funcionais, em constante interação entre os sujeitos.

280

CONTEÚDO ESTRUTURANTE

O discurso enquanto prática social que concretiza-se na oralidade, leitura e

escrita é o conteúdo estruturante desta disciplina. Na abordagem dos conteúdos de

todas as séries, deve-se considerar os conhecimentos anteriores dos alunos em

relação ao que se pretende ensinar, o nível de aprofundamento possível de cada

conteúdo, bem como a ampliação do nível de complexidade em função das

possibilidades de compreensão e autonomia linguística adquirida pelos alunos na

realização das praticas discursivas: prática da oralidade, prática de leitura, prática da

escrita e análise linguística e as práticas discursivas.

Prática de Oralidade

Considerando-se a língua em sua perspectiva histórica e social precisa

pautar-se em situações reais de uso da fala valorizando-se a produção de discursos

nos quais os alunos se constituem como sujeito do processo interativo.

A escola deve ser democrática garantindo a socialização do conhecimento a

toda comunidade escolar não excluindo os alunos do processo justificando-se de

que eles não sabem se expressar. Compete à escola promover situações que os

incentivem a falar ainda que do “seu jeito”. A criança quando chega a escola já

domina a oralidade através do seu grupo social, do diálogo dos falantes e da mídia.

O espaço escolar deve propiciar ao aluno atividades que tornem-o falante

mais ativo e competente organizando os seus discursos de forma coesa e coerente.

O professor precisa ter clareza de que tanto a língua padrão quanto as outras

variedades embora apresentando diferenças são igualmente lógicas e bem

estruturadas. Do ponto de vista sócio linguístico não há variações que se possa

considerar melhor ou pior, primitivo ou elaborado pois todos os sistemas linguísticos

atendem a diferentes propósitos comunicativos e os hábitos culturais das

comunidades. As variedades linguísticas promovem o diálogo entre os diferentes

falares, ressaltando a necessidade de sua seleção e adequação ao processo de

interlocução.

A sala de aula deve ser o espaço de apropriação deste conhecimento, pois é

o único lugar que lhes possibilita contato com a norma padrão.

281

O professor deve planejar e desenvolver um trabalho com a oralidade

permitindo ao aluno que use a língua padrão e entenda a necessidade desse uso

em determinados contextos sociais.

Prática de Leitura

A leitura entende-se como um processo de produção de sentido que se dá a

partir de interações sociais ou relações dialógicas que acontecem entre o texto e o

leitor.

O leitor, segundo a autora Kleimam, constrói e não apenas recebe um

significado global para o texto: ele procura pistas formais, formula e reformula

hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, utilizando estratégias baseadas no seu

conhecimento lingüístico e na sua vivencia sociocultural.

O diálogo intertextual não esgota as possibilidades dialógicas de um texto.

Um texto, leva a outro texto, mas leva também aos desejos do leitor a participação

da elaboração dos significados, confrontando o texto lido com o saber que é seu.

Desse modo, o professor deve permitir uma ação pedagógica ao aluno, não

só leitura de textos para as quais já tenha construído uma competência, como

também a leitura de textos mais difíceis que impliquem descoberta de novas

estratégias com a mediação do professor.

Prática da Escrita

Em relação à escrita considerando as condições em que a produção acontece

(quem escreve, o que, para quem, para que, por que, quando, onde e com seu

escreve) é que determinam o texto. E cada gênero tem suas peculiaridades:

composição, estrutura e estilo.

Essas composições precisam circular na sala de aula: história, poema,

bilhete, uma receita, um texto de opiniões. O aluno, somente interage sendo o autor

do texto. A criatividade e outros fatores relacionados ao ato de escrever.

O envolvimento do aluno e do professor com a escrita segundo Pazini, é um

processo que acontece em vários momentos: o da motivação para a produção do

texto, o da reflexão, que deve perceber e acompanhar o processo de produção; o da

revisão, re-estruturação e re-escrita do texto, que se acaba, também, em um

282

produtivo momento de reflexão.

Desta forma, as aulas de língua portuguesa e literatura possibilitam aos

alunos a ampliação do uso das linguagens verbais através do contato direto com os

textos dos mais variados gêneros. É necessário que a inclusão de diversidade

textual dê conta de relacionar os gêneros com as atividades sociais onde eles se

constituem.

Sendo o fato de a língua ser o meio de suporte de outros conhecimentos,

torna o professor de Língua Portuguesa um agente eficaz, propiciados das relações

inter e multidisciplinares.

Análise Linguística e as práticas Discursivas

Segundo Geraldi, antes de a criança vir para a escola, reflete sobre os meios

de expressão usadas em suas diferentes interações.

Os alunos trazem um conhecimento prático dos princípios da linguagem e que

utilizam na observação. Quanto maior o contato com a linguagem, na diversidade

textual, mais possibilidade se tem de entender o texto com material verbal carregado

de visões de mundo, assim o trabalho com o texto é tido como uma possibilidade de

mudança, na qual, o professor é o interlocutor, constituindo a aprendizagem de

língua escrita.

As aulas pautadas na gramática tradicional desconsideram a constituição

interativa da linguagem.

A análise linguística amplia o leque tão restrito da gramática tradicional

relativizando aquilo que ela postula (gramática tradicional) postula como errado além

disso, sua atuação não fica atada ao texto escrito ou limite da oração, ela perpassa

as três práticas: oralidade, escrita e leitura, assim abrangem um todo dinâmico da

linguagem. Utiliza-se das reflexões que os alunos já fazem como falantes para

sistematizar e compreender outras operações. Aqui o aluno não é mero ouvinte, sua

participação é fundamental no processo de aprendizagem.

Atividades planejadas, possibilitam ao aluno só a leitura e a expressão oral e

a escrita, como também refletir sobre o uso que faz da linguagem nos diferentes

contextos e situações.

Quando se assume a língua como interação, em sua dimensão discursivo-

283

textual, o que importa não é o ensino da nomenclatura gramatical definições ou

regras, o mais importante é criar oportunidades para o aluno refletir, construir,

levantar hipóteses, a partir da leitura e escrita de textos diversos.

O aluno assim, poderá reconhecer a gramática não como um aglomerado de

inadequações explicativas sobre os fatos da língua mas como um documento de

consulta para muitas das dúvidas que temos sobre como agir em relação aos

padrões normativos exigidos pela escrita.

É importante ressaltar que durante as aulas de Língua Portuguesa e

Literatura, será dado enfoque às Relações Étnico-Raciais, ao ensino de História e

Cultura Afro-Brasileira e Africana e à Educação do campo, através de estudos,

pesquisas e produção de textos abordando a riquíssima contribuição dos mesmos à

nossa realidade social e cultura (alimentação, música, religião, vocabulário,

literatura, poesia e arte). Incluir como conteúdo básico também em todas as séries,

durante o período letivo a prevenção à droga e violência nas escolas, sexualidade,

educação ambiental e fiscal, Prontidão Escolar Preventiva, os quais são temas de

desafios educacionais contemporâneos, assuntos esses polêmicos, complexos,

desafiadores, sobretudo ao ser abordado no campo educacional, nas diversas

disciplinas do currículo por conteúdos embasados nas DCEs que visam promover o

desenvolvimento da aprendizagem num processo permanente de busca de

informações a partir de uma abordagem contextualizada, histórica, social e política.

Para que tais conteúdos façam sentido para os alunos nas diversas realidades

regionais, culturais e econômicas, contribuindo em sua formação cidadã.

Tendo em vista a concepção de linguagem como discurso que se efetiva nas

diferentes práticas sociais, o processo de ensino-aprendizagem na disciplina de

língua, busca:

• empregar a língua oral em diferentes situações de uso, saber adequá-la a

cada contexto e interlocutor, reconhecer as intenções implícitas nos discursos

do cotidiano e propiciar a possibilidade de um posicionamento diante deles;

• desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas por meio de

práticas sociais que considerem os interlocutores, seus objetivos, o assunto

tratado, além do contexto de produção;

• analisar os textos produzidos, lidos e/ou ouvidos, possibilitando que o aluno

284

amplie seus conhecimentos linguístico-discursivos;

• aprofundar, por meio da leitura de textos literários, a capacidade de

pensamento crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão lúdica

da oralidade, da leitura e da escrita;

• aprimorar os conhecimentos linguísticos, de maneira a propiciar acesso às

ferramentas de expressão e compreensão de processos discursivos,

proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos diferentes

contextos sociais, apropriando-se, também, da norma padrão.

É importante ressaltar que tais objetivos e as práticas deles decorrentes

supõem um processo longitudinal de ensino e aprendizagem que se inicia na

alfabetização, consolida-se no decurso da vida acadêmica e não se esgota no

período escolar, mas se estende por toda a vida.

Os gêneros, segundo BAKHTIN (1997, p.179), são caracterizados pelo

conteúdo temático, pelo estilo e pela construção composicional, que numa esfera de

utilização apresentam tipos relativamente estáveis de enunciados, tais como o

conto, o relato, o texto de opinião, a entrevista, o artigo, o resumo, a receita, a conta

de luz, os manuais, entre outros. A escolha do gênero depende do contexto imediato

e, consequentemente, da finalidade a que se destina, dos destinatários e do

conteúdo.

O trabalho com a diversidade de gêneros textuais possibilita o confronto de

diferentes discursos sobre a mesma temática e ainda, permite uma metodologia

“interdisciplinar com atenção especial para o funcionamento da língua e para as

atividades culturais e sociais” (MARCUSCHI, 2005, p.18). Além disso, contribui para

que o aluno perceba a organização e os elementos de construção dos diferentes

gêneros ou tipos textuais para que o aluno possa reconhecer a finalidade, as

características e produzir textos, seja do tipo narrativo, descritivo, argumentativo ou

expositivo, entre outros.

A enunciação é dotada de tema e significação. O tema dá sentido na

realização da enunciação, uma vez que ele é determinado não só pelas formas

linguísticas, mas também pelos elementos não verbais da situação. Segundo

Bakhtin (1986, p. 132) “ toda palavra usada na fala real possui não apenas tema e

significação no sentido objetivo, de conteúdo, desses termos, mas também um

285

acento de valor ou apreciativo, isto é, quando um conteúdo objetivo é expresso (dito

ou escrito) pela fala viva, ele é sempre acompanhado por um acento apreciativo

determinado. Sem acento apreciativo não há palavra”.

O tema e a significação indicam as particularidades de estilo e composição do

enunciado, esclarecendo a que gênero pertence o texto, se é composto por um ou

por diferentes tipos de discurso, considerando um acento de valor, ou seja, “convém

discernir igualmente o grau de firmeza ideológica, o grau de autoritarismo e de

dogmatismo que acompanha a apreensão do discurso” Bakhtin (1986, p.149). Nesse

enfoque há que se considerar o contexto de produção e o conteúdo temático que o

sujeito utiliza para produzir um texto, envolvendo os três mundos distintos,

interiorizados por ele: o mundo físico, o mundo social e o mundo subjetivo, Assim, o

contexto de produção ou a situação comunicativa exercem influências na forma

como um texto se apresenta.

Ler um texto, nessa perspectiva, significa perceber o contexto histórico,

social, econômico, filosófico e político em que ele se insere, assim como a ideologia,

a finalidade do texto, a posição do autor e o possível interlocutor, dentre outros

elementos tais como a escolha pela linguagem utilizada, os elementos gramaticais e

seus efeitos na construção do texto nos diferentes gêneros textuais nos momentos

de reflexão sobre a língua.

GÊNEROS DISCURSIVOS

Para o trabalho das práticas de leitura, escrita, oralidade e análise linguística

serão adotados como conteúdos básicos os gêneros discursivos conforme suas

esferas sociais de circulação. Caberá ao professor fazer a seleção de gêneros, nas

diferentes esferas, de acordo com o Projeto Político Pedagógico, com a Proposta

Pedagógica Curricular, com o Plano Trabalho Docente, ou seja, em conformidade

com as características da escola e com o nível de complexidade adequado a cada

uma das séries.

Sugestões de Gêneros discursivos a serem trabalhados na fase II do Ensino

Fundamental e Médio:

Entrevista (oral e escrita), cronicas de ficção, contos, conto de fadas, poemas,

romances, noticias, estatutos, tiras, propaganda, exposição oral, mapas, paródias,

286

chat, torpedos, provérbios, literatura de cordel, diários, instruções de uso, cartum,

histórias em quadrinhos, placas, pinturas, textos de opinião, textos oficiais,

requerimentos, oficios, atas, e-mail, avisos, classificados, debate regrado, júri

simulado, sinopse de filmes, verbetes de enciclopédias.

LEITURA

• Tema do texto;

• Interlocutor;

• Finalidade;

• Argumentos do texto;

• Discurso direto e indireto;

• Elementos composicionais do gênero;

• Léxico; −

• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no

texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras

de linguagem;

• Ambiguidade;

• Intertextualidade;

• Vozes sociais presentes no texto;

• Semântica;

• Sentido figurado, expressões que denotam ironia e humor no texto, partículas

conectivas do texto, polissemia.

ESCRITA

• Contexto de produção;

• Interlocutor;

• Finalidade do texto;

• Informatividade;

• Argumentatividade;

• Discurso direto e indireto;

• Elementos composicionais do gênero;

287

• Divisão do texto em parágrafos;

• Marcas linguísticas: coesão, coerência, das classes gramaticais no texto,

pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de

linguagem;

• Processo de formação de palavras;

• Acentuação gráfica;

• Ortografia;

• Concordância verbal/nominal;

• Processo de formação de palavras;

• Vícios de linguagem;

• Sintaxe de regência.

ORALIDADE

• Tema do texto;

• Finalidade;

• Argumentos;

• Papel do locutor e interlocutor;

• Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos...;

• Adequação do discurso ao gênero;

• Turnos de fala;

• Variações linguísticas;

• Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recursos

semânticos;

•Elementos semânticos;

•Adequação da fala ao contexto(uso de conectivos, gírias, repetições, etc);

•Diferenças e semelhanças entre discurso oral e escrito.

288

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

A concepção assumida em Língua Portuguesa pressupõe ações pedagógicas

pautadas na construção do conhecimento de forma crítica, reflexiva, engajada na

realidade, de modo a privilegiar a relação teoria-prática, na busca da apreensão das

diferentes formas de apresentação do saber. Nesse sentido, a organização do

planejamento pedagógico pressupõe a reflexão sobre a linguagem a partir de

temáticas que exploram os diferentes gêneros discursivos , com o objetivo de

analisar as práticas de linguagem, ou seja, leitura, oralidade, produção escrita

permeados pela análise linguística.

A prática de leitura pressupõe a análise de diferentes linguagens, seja na

forma verbal ou não verbal: iconográfica (imagens, desenhos, filmes, charges,

outdoors, entre outros), cinética (sonora, olfativa, tátil, visual e gustativa) e

alfabética, nos diferentes níveis.

Os diferentes níveis de leitura constituem-se num meio para identificar, nos

diversos gêneros, o conteúdo temático, os recursos linguísticos, os elementos de

construção do texto, localizar as informações explícitas, subentender as implícitas,

fazer ligação entre o conhecimento do aluno e o texto, bem como estabelecer

relações intertextuais.

Os gêneros discursivos apresentados aos alunos precisam contemplar as

possíveis situações de uso social da linguagem nas atividades propostas, tendo por

objetivo identificar a finalidade do texto, a posição assumida pelo autor, o contexto

social, político, histórico, econômico, filosófico, entre outros, com destaque para as

variedades linguísticas, os mecanismos gramaticais e os lexicais na construção do

texto.

Nesse contexto, salienta-se a importância de apreender os dados sobre o

autor (biografia), a fonte referencial (data, local, suporte de texto), além do

interlocutor a quem se destina o texto.

Os mecanismos gramaticais e lexicais não são estudados de forma

descontextualizada ou com a intenção da apropriação da metalinguagem, mas a

partir do texto para que o aluno possa reconhecê-los como elementos de construção

textual dos gêneros estilísticos e do cotidiano, uma vez que o objetivo do ensino da

289

língua é orientar para o uso social da linguagem, de acordo com a norma padrão.

Para isso, faz-se necessária a prática orientada da produção oral e escrita de

textos dos diferentes gêneros do discurso. O desenvolvimento dessa prática é

importante porque o texto do aluno revela, além do conhecimento de mundo, os

conteúdos aprendidos e os que devem ser priorizados no planejamento do

educador.

Para a seleção de conteúdos essenciais do Ensino Fundamental e Médio,

bem como para as práticas de linguagem , foram utilizados os seguintes critérios: o

perfil do aluno da EJA; a diversidade cultural; a experiência social construída

historicamente e os conteúdos significativos a partir de atividades que facilitem a

integração entre os diferentes saberes. É importante destacar que embora os

conteúdos sejam os mesmos para os dois níveis de ensino, o que difere é o grau de

complexidade dos textos apresentados para a reflexão sobre a linguagem.

ABORDAGEM TEÓRICO METODOLÓGICO DO ENSINO FUNDAMENTAL

LEITURA

É importante que o professor:

• Propicie práticas de leitura de textos de diferentes gêneros;

• Considere os conhecimentos prévios dos alunos;

• Formule questionamentos que possibilitem inferências sobre o texto;

• Encaminhe discussões sobre: tema, finalidade, intenções, intertextualidade,

aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, temporalidade, vozes sociais

e ideologia;

• Proporcione análises para estabelecer a referência textual;

• Estimule leituras que suscitem no reconhecimento do estilo, que é próprio de

cada gênero;

• Incentive a percepção dos recursos utilizados para determinar causa e

consequência entre as partes e elementos do texto;

• Conduza leituras para a compreensão das partículas conectivas;

• Instigue a identificação e reflexão dos sentidos de palavras e/ou expressões

figuradas, bem como de expressões que denotam ironia e humor;

• Promova a percepção de recursos utilizados para determinar causa e

290

consequência entre as partes e elementos do texto;

• Utilize textos verbais diversos que dialoguem com não verbais, como gráficos,

fotos, imagens, mapas, e outros;

• Relacione o tema com o contexto atual;

• Oportunize a socialização das ideias dos alunos sobre o texto.

ESCRITA

É importante que o professor:

• Planeje a produção textual a partir da delimitação do tema, do interlocutor,

finalidade, intenções, intertextualidade, aceitabilidade, informatividade,

situacionalidade, temporalidade e ideologia;

• Proporcione o uso adequado de palavras e expressões para estabelecer a

referência textual;

• Estimule o uso de palavras ou expressões no sentido conotativo e denotativo,

bem como de expressões que denotam ironia e humor, figuras de linguagem

no texto;

• Conduza a utilização adequada das partículas conectivas ;

• Encaminhe a reescrita textual: revisão dos argumentos/das ideias, dos

elementos que compõem o gênero (por exemplo: se for uma narrativa de

aventura, observar se há o narrador, quem são os personagens, tempo,

espaço, se o texto remete a uma aventura);

• Analise se a produção textual coerente e coesa, se há continuidade temática,

se atende à finalidade, se a linguagem está adequada ao contexto;

• Conduza na reescrita, há uma reflexão dos elementos discursivos, textuais,

estruturais e normativos.

ORALIDADE

É importante que o professor:

• Oriente sobre o contexto social de uso do gênero oral selecionado;

• Organize apresentações de textos produzidos pelos alunos, levando em conta

a aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e finalidade do texto;

• Prepare apresentações que explorem as marcas linguísticas típicas da

291

oralidade em seu uso formal e informal;

• Estimule contação de histórias de diferentes gêneros, utilizando-se dos

recursos extralinguísticos, como entonação, pausas, expressão facial e

outros;

• Selecione discursos de outros para análise dos recursos da oralidade, como

cenas de desenhos, programas infanto-juvenis, entrevistas, reportagens,

entre outros;

• Propicie análise e comparação dos recursos veiculados em diferentes fontes

como jornais, emissoras de TV, emissoras de rádio, etc, a fim de perceber a

ideologia dos discursos dessas esferas;

• Proponha reflexões sobre os argumentos utilizados nas exposições orais dos

alunos, e sobre a utilização dos recursos de causa e consequência entre as

partes e elementos do texto.

ABORDAGEM TEÓRICO METODOLÓGICO DO ENSINO MÉDIO

LEITURA

É importante que o professor:

• Propicie práticas de leitura de textos de diferentes gêneros;

• Considere os conhecimentos prévios dos alunos;

• Formule questionamentos que possibilitem inferências a partir de pistas

textuais;

• Encaminhe discussões e reflexões sobre: tema, finalidade, intenções,

intertextualidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade,

temporalidade, vozes sociais e ideologia;

• Contextualize a produção: suporte/fonte, interlocutores, finalidade, época:

referente à obra literária, explore os estilos do autor, da época, situe o

momento de produção da obra e dialogue com o momento atual, bem como

as outras áreas do conhecimento;

• Utilize textos verbais diversos que dialoguem como não-verbais, como

gráficos, fotos, imagens, mapas e outros;

• Relacione o tema com o contexto atual;

292

• Oportunize a socialização das ideias dos alunos sobre o texto;

• Instigue o entendimento/reflexão das palavras em sentido figurado;

• Estimule leituras que suscitem o reconhecimento do estilo, que é próprio de

cada gênero;

• Incentive a percepção dos recursos utilizados para determinar causa e

consequência entre as partes e elementos do texto;

• Proporcione análises para estabelecer a progressão referencial do texto;

• Conduza leituras para a compreensão das partículas conectivas.

ESCRITA

É importante que o professor:

• Planeje a produção textual a partir: da delimitação do tema, do interlocutor,

intenções, contexto de produção do gênero;

• Proporcione o uso adequado de palavras e expressões para estabelecer a

referência textual;

• Conduza a utilização adequada dos conectivos;

• Estimule a ampliação de leituras sobre o tema e o gênero proposto;

• Acompanhe a produção do texto;

• Instigue o uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo;

• Estimule produções que suscitem o reconhecimento do estilo, que é próprio

de cada gênero;

• Incentive a utilização de recursos de causa e consequência entre as partes e

elementos do texto;

• Encaminhe a reescrita textual: revisão dos argumentos/das ideias, dos

elementos que compõe o gênero (por exemplo: se for um artigo de opinião,

observar se há uma questão problema, se apresenta defesa de argumentos,

se a linguagem está apropriada, se há continuidade temática, etc.);

• Analise se a produção textual está coerente e coesa, se há continuidade

temática, se atende à finalidade, se a linguagem está adequada ao contexto;

• Conduza, na reescrita, a uma reflexão dos elementos discursivos, textuais,

estruturais e normativos.

293

ORALIDADE

É importante que o professor:

• Organize apresentações de textos produzidos pelos alunos levando em

consideração a: aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e finalidade

do texto;

• Proponha reflexões sobre os argumentos utilizados nas exposições orais dos

alunos, e sobre a utilização dos recursos de causa e consequência entre as

partes e elementos do texto;

• Oriente sobre o contexto social de uso do gênero oral selecionado;

• Prepare apresentações que explorem as marcas linguísticas típicas da

oralidade em seu uso formal e informal;

• Estimule conotação de histórias de diferentes gêneros, utilizando-se dos

recursos extralinguísticos, como entonação, expressão facial, corporal e

gestual, pausa e outros;

• Selecione discursos de outros para análise dos recursos da oralidade, como

seminários, telejornais, entrevistas, reportagens, entre outros;

• Propicie análise e comparação dos recursos veiculados em diferentes fontes

como jornais, emissoras de TV, emissoras de rádio, etc., a fim de perceber a

ideologia dos discursos dessas esferas.

A EJA contempla, também, o atendimento a alunos com necessidades

educativas especiais, inserindo estes no conjunto de alunos da organização coletiva

ou individual, priorizando ações que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito

dos mesmos no espaço escolar, considerando a situação em que se encontram

individualmente estes alunos.

Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de

alunos, desde aqueles que apresentam deficiências permanentes até aqueles que,

por razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a

legislação assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos alunos

que apresentam necessidades educativas especiais decorrentes de:

• deficiências mental, física/neuromotora, visual e auditiva;

294

• condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou

psiquiátricos;

• superdotação/altas habilidades.

É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas

e as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para

a aprendizagem e participação de todos os alunos.5

Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao aluno para o

enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os alunos apresentem

características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também,

de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito

a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação

escolar.

Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando

o direito à igualdade com equidade de oportunidades. Isso não significa o modo

igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços

especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades.

Deve-se fazer um trabalho referente aos Conteúdos Obrigatórios, conforme

Instrução 009/11:

• Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da

Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das

relações entre o homem e o meio bio-físico;

• Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre

direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social

do estado democrático;

• Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e

formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a

escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força;

• História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei

10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação

das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-

5 CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17.

295

Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE.

Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura

da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes

africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da

história e cultura Afro-Brasileira e Africana.

• Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e

cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores

e crenças pessoais. Os educadores e os alunos são instigados em conhecer

assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e

discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da

mídia, entre outros;

• Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o

tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve

considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

RECURSOS DIDÁTICOS:

• Laboratório de informática;

• livros de leitura e livro didático;

• lousa e giz;

• aparelho de TV;

• fitas de Vídeo, DVDs, Cds;

• TV pendrive

AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Nas atividades avaliativas de leitura espera-se que o aluno:

• Realize leitura compreensiva do texto e das partículas conectivas;

• Localize informações explícitas e implícitas no texto;

• Posicione-se argumentativamente;

• Amplie seu horizonte de expectativas;

296

• Amplie seu léxico;

• Perceba o ambiente no qual circula o gênero;

• Identifique a ideia principal do texto;

• Analise as intenções do autor;

• Deduza os sentidos de palavras e/ou expressões a partir do contexto;

• Compreenda as diferenças decorridas do uso de palavras e/ou expressões no

sentido conotativo e denotativo;

• Conheça e utilize os recursos para determinar causa e consequência entre as

partes e elementos do texto ;

• Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão

referencial;

• Reconheça o estilo próprio de diferentes gêneros;

• Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função

do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição,

conjunção, etc.

• Utilize recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, etc.

• Entenda o papel sintático e estilístico dos pronomes na organização,

retomadas e sequenciação do texto;

• Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e

normativos, bem como os recursos de causa e consequência entre as partes

e elementos do texto.

Nas atividades de escrita espera-se que o aluno:

• Expresse as ideias com clareza;

• Elabore/reelabore textos de acordo com o encaminhamento do professor,

atendendo: às situações de produção propostas (gênero, interlocutor,

finalidade...); à continuidade temática;

• Diferencie o contexto de uso da linguagem formal e informal;

• Use recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, etc;

• Entenda o papel sintático e estilístico dos pronomes na organização,

retomadas e sequenciação do texto;

• Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e

297

normativos, bem como os recursos de causa e consequência entre as partes

e elementos do texto;

• Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função

do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição,

conjunção, etc.

Nas atividades de oralidade espera-se que o aluno:

• Apresente suas ideias com clareza, coerência e argumentatividade;

• Explane diferentes textos, utilizando adequadamente entonação, pausas,

gestos, etc;

• Expresse oralmente suas ideias de modo fluente e adequado ao gênero

proposto;

• Analise os argumentos dos colegas de classe em suas apresentações e/ ou

nos gêneros orais trabalhados;

• Participe ativamente dos diálogos, relatos, discussões, etc;

• Utilize o discurso de acordo com a situação de produção ( formal/ informal);

• Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto;

• Compreenda argumentos do discurso do outro;

• Exponha objetivamente argumentos;

• Organize a sequência da fala;

• Respeite os turnos de fala;

• Utilize conscientemente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas e

entonação nas exposições orais entre outros elementos extralinguísticos;

• Analise recursos da oralidade em cenas de desenhos, programas infanto-

juvenis, entrevista, reportagens entre outros.

A avaliação precisa ser entendida como instrumento de compreensão do nível

de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de linguagem: leitura, produção

de texto e análise linguística, para que o educador possa re-encaminhar seu

planejamento.

O processo avaliativo deve ser coerente com os objetivos propostos e com os

encaminhamentos metodológicos. Desse modo, a avaliação deve ser dialética,

cumulativa, diagnóstica, ou seja, o aluno confronta-se com o objeto do

298

conhecimento, com participação ativa, valorizando o fazer e o refletir. Sendo assim,

o erro no processo ensino-aprendizagem indica os conteúdos que devem ser

retomados. Portanto, o trabalho com as práticas de linguagem deve partir das

necessidades dos alunos.

Para isso, é importante que o educador dê significado ao objeto do

conhecimento, lance desafios aos alunos, incentive os questionamentos e exerça a

função de mediador da aprendizagem, valorizando a interação.

Em consonância com o currículo escolar e os objetivos propostos pelo

estabelecimento de ensino, os resultados serão expressos de 0(zero) a 10(dez),

obedecendo aos seguintes critérios: realização de provas bimestrais, tantas quantas

necessárias, perfazendo o total de 6(seis) pontos referentes ao domínio dos

conteúdos e os outros 4(quatro) serão computados somativamente, considerando

participação do aluno, assiduidade, socialização, interesse e responsabilidade na

realização de trabalhos individuais ou em grupos, tarefas, pesquisas.

Os instrumentos de avaliação serão: testes de aproveitamento orais e / ou

escritos, tarefas específicas, pesquisas, relatórios, exposições, trabalhos,

experiências e conclusões, provas.

AVALIAÇÃO DO ENSINO MÉDIO

Nas atividades avaliativas de leitura espera-se que o aluno:

• Efetue leitura compreensiva, global, crítica e analítica de textos verbais e não

verbais;

• Localize informações explicitas e implícitas no texto;

• Produza inferências a partir de pistas textuais;

• Posicione-se argumentativamente;

• Amplie seu léxico;

• Perceba o ambiente no qual circula o gênero;

• Identifique a ideia principal do texto;

• Analise as intenções do autor;

• Identifique o tema;

• Referente à obra literária, amplie seu horizonte de expectativas, perceba os

299

diferentes estilos e estabeleça relações entre obras de diferentes épocas com

o contexto histórico atual;

• Deduza os sentidos de palavras e/ou expressões a partir do contexto;

• Compreenda as diferenças decorridas do uso de palavras e/ou expressões no

sentido conotativo;

• Conheça e utilize os recursos para determinar causa e consequência entre as

partes e elementos do texto;

• Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão

referencial;

• Entenda o estilo que é próprio de cada gênero.

No processo avaliativo da escrita espera-se que o aluno:

• Expresse ideias com clareza;

• Elabore textos atendendo: às situações de produção propostas (Gênero,

interlocutor, finalidade...); à continuidade temática;

• Use recursos textuais como coesão e coerência, informatividade,

intertextualidade etc;

• Diferencie o contexto de uso da linguagem formal e informal;

• Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função

do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição,

conjunção, etc;

• Empregue palavras e/ou expressões no sentido conotativo;

• Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e

normativos;

• Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão

referencial;

• Entenda o estilo, que é próprio de cada gênero.

No processo avaliativo da oralidade espera-se que o aluno:

• Utilize seu discurso de acordo com a situação de produção (formal/informal);

• Apresente ideias com clareza;

300

• Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto;

• Compreenda os argumentos do discurso do outro;

• Exponha objetivamente seus argumentos e defenda claramente suas ideias;

• Organize a sequência da fala de modo que as informações não se percam;

• Respeite os turnos de fala;

• Analise, contraponha, discuta os argumentos apresentados pelos colegas em

suas apresentações e/ou nos gêneros orais trabalhados;

• Contra-argumente ideias formuladas pelos colegas em discussões, debates,

mesas redondas, diálogos, discussões, etc;

• Utilize de forma intencional e consciente expressões faciais, corporais e

gestuais, pausas e entonação nas exposições orais, entre outros elementos

extralinguísticos.

Aos poucos, o processo de uso da língua dentro das diversas situações passa

a configurar-se com naturalidade, já que ao emitir opiniões, colher e dar

informações, fazer e dar entrevistas, pesquisar e apresentar, o aluno percebe que

comunicação é algo nato do ser humano. Em todas as atividades de leitura,

conversa informal, recados e comentários sobre leituras realizadas será avaliado o

grau de dificuldade encontrado a fim de solucionar possíveis obstáculos; para tanto

a leitura de diferentes gêneros textuais terá diferentes propósitos: livre fruição, busca

de informações, produção de texto, etc.

A discussão sobre temas ou proposta de produção de temas desencadeia

debates, relatos, opiniões, argumentação, informação, levando ao uso da linguagem

informal e formal, a situacionalidade e intencionalidade do texto. Ainda em relação à

análise linguística, as práticas textuais serão trabalhadas com as características

estruturais dos diversos tipos textuais no domínio da modalidade escrita da língua

por meio da revisão, reestruturação e reescrita do texto e do estudo da língua a

partir dos textos lidos ou ouvidos.

A oralidade será avaliada com a participação do aluno nas atividades que

envolvem a fala, a escuta e reflexão sobre a língua. No trabalho com a oralidade

será observada a clareza ao expor as ideias, a fluência da fala, desembaraço,

argumentação ao apresentar seu ponto de vista, adequação do discurso à situação

301

e interlocutor.

As atividades de leitura envolverão questões abertas, discussões, debates,

formulação de perguntas, resumos, pesquisas e apresentações.

Nos textos produzidos será observada a adequação da produção

considerando as características do gênero estudado à norma padrão de acordo com

a funcionalidade do texto. Verificados os problemas na construção do texto, o

mesmo será reescrito para adequação quanto à estrutura, ortografia, acentuação,

pontuação, concordância e coerência.

Após a realização nas atividades, constatando-se que o aluno não conseguiu

atingir objetivo proposto, os conteúdos serão retomados e reavaliados com atividade

complementar orientada, pesquisa, trabalho em parceria, pequenos grupos ou

monitoria, paralelamente ao processo de ensino aprendizagem, onde o mesmo terá

a oportunidade de verificação através de trabalhos direcionados contemplando as

três práticas discursivas.

Aos alunos com necessidades especiais se farão adequações no prédio

( acessibilidade ) e no currículo, e o ensino será de forma que o mesmo, dentro de

suas possibilidades e limitações possa se apropriar dos conhecimentos. A Avaliação

deste aluno será de forma diferenciada adequada às suas necessidades.

Variedades linguísticas

• Norma culta, dialetos, gírias, regionalismos, outras formas de registros;

• Funções da linguagem;

• Língua e linguagem, comunicação;

• Linguagem verbal e não-verbal.

Gêneros textuais ou discursivos

• Elementos da construção dos diferentes gêneros discursivos e tipos de textos

(informativo, instrucional, poético, narrativo, carta, bilhete, sinopse, etc.)

• Análise do discurso: linguagem, aspecto formal, finalidade, estilo, ideologia,

posição do autor, ideologia, contexto histórico, social, econômico, político,

argumentação, adequação do discurso e interlocutor entre outros.

• Elementos coesivos e coerência textual: unidade temática, elementos lógico-

discursivos, tese, organização dos parágrafos, contexto discursivo,

302

interlocutor, ideia central, sequencia lógica, progressão, retomada dos

elementos coesivos, título como elemento coesivo entre outros.

• Discurso direto e indireto.

• Recursos visuais, sonoros, olfativos, gráficos, etc.

• Relações referenciais: elipse, repetição, sinais de pontuação.

• Aspectos formais do texto: acentuação, pontuação, ortografia, paragrafação,

título , legibilidade, aceitabilidade, entre outros.

• Ambiguidade como recurso de construção do texto.

• Ambiguidade como problema de construção do texto.

• Informações explícitas, implícitas e intertextualidade.

• Relações entre imagem e texto.

Elementos Gramaticais na construção do texto

• Pontuação e seus efeitos de sentido na construção do texto: vírgula, ponto-e-

vírgula, ponto final, ponto de interrogação, exclamação, dois pontos, aspas,

parênteses, travessão, reticências, entre outros;

• Emprego da crase na construção do texto;

• Classes de palavras: substantivo, adjetivo, verbo, preposição, conjunção,

artigo, numeral, pronome, advérbio e interjeição na construção do texto;

• Sujeito e predicado na construção do texto;

• Vozes do verbo na construção do texto;

• Adjunto adnominal e complemento adnominal na construção do texto;

• Aposto e vocativo na construção do texto;

• Orações coordenadas, subordinadas, reduzidas e intercaladas na construção

do texto;

• Concordância verbal e nominal na construção do texto;

• Colocação pronominal na construção do texto;

• Figuras de linguagem na construção do texto;

• Formação de palavras: prefixo, sufixo, radical, derivação e composição;

• Reforma ortográfica;

• História da língua portuguesa, origem e evolução;

303

• Português no Brasil e em Portugal;

• Preconceito linguístico.

Para o Ensino Ensino Médio devem ser acrescidos os seguintes conteúdos de

Literatura:

• Arte literária e as outras artes.

• História e literatura;

• Os gêneros literários e os elementos/recursos que os compõem;

• Periodização e estilos de época da literatura brasileira: O Quinhentismo

brasileiro (literatura de informação), Barroco, Arcadismo, Romantismo,

Realismo e Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, vanguarda europeias,

Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-Modernismo;

• Os períodos literários e a relação com o período histórico, as artes e o

cotidiano;

BIBLIOGRAFIA

BAKHTIN, Mikhail (In: VOLOSHINOV, V.N). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

FARACO, Carlos Alberto; CASTRO, Gilberto de. Por uma teoria lingüística que fundamente o ensino de língua materna (ou de como apenas um pouquinho de gramática nem sempre é bom). In: Educar, n.15, Curitiba: UFPR, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

GERALDI, João Wanderlei (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.

MAIA, João Domingues. Português: Volume único: livro do professor. São Paulo: Ática, 2005.

MARCUSCHI, Luiz antônio. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, Acir Mário; GAYDECKZKA, Beatriz; BRITO, Karim S. (Orgs.) Gêneros textuais: reflexões e ensino. União da vitória: Gráfica Kaygangue, 2005.

304

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná (versão preliminar), Curitiba, 2004.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Da Educação Básica da Língua Portuguesa. Seed- Curitiba, 2008.

VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989

305

DISCIPLINA DE MATEMÁTICA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Educação Matemática é um importante ramo do conhecimento humano. A

sua origem remonta à antiguidade clássica greco-romana. Os gregos conceberam a

Matemática como um dos conteúdos da filosofia, portanto, como um dos

instrumentos da arte de conhecer o mundo em sua totalidade.

A Dessa forma, o educador além de dominar os conteúdos matemáticos, deve

também conhecer os fundamentos histórico-filósoficos da Matemática, e ainda, o(s)

processo(s) pelo(s) qual(is) o aluno aprende; aquisição do conhecimento.

Nesse sentido, é importante que o educador tenha conhecimento das práticas

pedagógicas que norteiam o ensino da Matemática na atualidade. Para tanto, é

necessário resgatar o processo educacional vivenciado, especialmente, a partir da

década de 60 do século passado.

O ensino da Matemática, desde então, tem sofrido alterações na sua forma de

organização e de conceber os conteúdos. Pode-se destacar as seguintes fases: até

meados de 1960, prevaleceu a chamada “Matemática Tradicional”, em que

predominava a valorização do conteúdo desvinculado da prática e com ênfase na

memorização de regras. Depois, surgiu o “Movimento da Matemática Moderna”, cujo

objetivo principal era a unificação dos vários campos da Matemática, tais como, a

Aritmética, a Álgebra e a Geometria. O seu grande objetivo era o trabalho

pedagógico por meio da linguagem dos conjuntos, mas que ficou reduzida a um

simbolismo exagerado a ser memorizado pelo aluno.

Os membros da comissão do Movimento da Matemática Moderna, por sua

vez, assinalaram vários defeitos no currículo tradicional difundido, afirmando a

importância de se abandonar o conteúdo tradicional em favor dos novos conteúdos,

entre eles a álgebra abstrata, a topologia, a lógica simbólica e a álgebra de Boole.

Vejamos como Morris Kline exemplifica, como sugestão, uma aula de

Matemática, nos moldes da Matemática Moderna:

“A professora pergunta:

― Por que 2 + 3 = 3 + 2 ?

306

― Porque ambos são iguais a 5 – respondem os alunos sem hesitar.

― Não, a resposta exata é porque a propriedade comutativa da soma assim o

sustenta.

― A segunda pergunta é: Porque 9 + 2 = 11 ?

Novamente os alunos se apressam a responder:

― 9 e 1 são 10 e mais um é 11.

― Está errado! – exclama a professora. – A resposta exata é que pela definição 2,

9 + 2 = 9 + (1 + 1) ... .

Vê-se, portanto, neste exemplo que as propriedades dos Números Naturais,

Teoria dos Conjuntos, se sobrepõe ao algoritmo da adição, Aritmética, no mesmo

conjunto numérico. No caso, essa sobreposição faz com que a professora

classifique as respostas indicadas pelos alunos como erradas, e, logo a seguir, a

mesma reforça novamente a resposta correta através da propriedade comutativa.

(PETRONZELLI, 2002, pp.40-1)

Com o advento da Lei 5692/71, a ênfase passou a ser a metodologia,

justificada pela necessidade do aluno poder desenvolver toda sua potencialidade, ou

seja, valorizou-se a manipulação de materiais concretos, relegando-se a segundo

plano a fase de automação, priorizando-se o atendimento à criança em sua fase de

desenvolvimento, mas descuidando-se da sistematização dos conhecimentos

matemáticos sócio-históricos acumulados pela humanidade. A grande dificuldade

dos professores foi, então, a passagem do concreto para o abstrato, o que é

fundamental para a matemática.

Na atual proposta pedagógica para a EJA, procura-se a interação entre o

conteúdo e as formas. A perspectiva, nesse sentido, é estabelecer uma relação

dialética - teoria e prática - entre o conhecimento matemático aplicado no processo

de produção da base material de existência humana e as manifestações teórico-

metodológicas que estruturam o campo científico da própria Matemática. Dessa

forma, o ensino da Matemática deve ser concebido de modo a favorecer as

necessidades sociais, tais como: a formação do pensamento dialético, a

compreensão do mundo social e natural, a ciência como obra decorrente do modo

de cada sociedade - Grega, Feudal, Moderna – produzir a vida.

Concebida desta forma, a Educação Matemática desempenhará um papel

307

fundamental na aquisição da reflexão filosófica por parte dos alunos, isto é, da

consciência crítica que supera o senso comum que toma a aparência das coisas

como sendo verdades absolutas, ou seja, a Matemática deve ser vista, como uma

ciência viva e dinâmica, produto histórico, cultural e social da humanidade.

Ao revelar a Matemática como uma produção humana, demonstrando as

necessidades e preocupações das diferentes culturas em diferentes épocas e ao

relacionar os conceitos matemáticos de hoje com os construídos no passado, o

educador permite que o aluno reflita sobre as condições e necessidades que

levaram o homem a chegar até determinados conceitos, ou seja, o educador estará

proporcionando no processo de ensino-aprendizagem a reflexão da construção da

sobrevivência dos homens e da exploração do universo, dessa forma, estará

caracterizando a relação do homem com o próprio homem e do homem com a

natureza.

O produto do desenvolvimento da humanidade pode ser demonstrado através

da historicidade. Isto indica que ao trabalhar nos bancos escolares a abstração, o

conhecimento sistematizado e teórico, o aluno entenderá o avanço tecnológico, a

elaboração da ciência, a produção da vida em sociedade.

Portanto, a abordagem histórica da matemática permite ao aluno jovem,

adulto e idoso, compreender que o atual avanço tecnológico não seria possível sem

a herança cultural de gerações passadas. Entretanto, essa abordagem não deve

restringir-se a informações relativas a nomes, locais e datas de descobertas, e sim

ao processo histórico, viabilizando com isso a compreensão do significado das

ideias matemáticas e sociais.

Mas, além de compreender que o conhecimento matemático é sócio-histórico,

faz-se necessário que o aluno estabeleça relações entre os elementos internos da

própria Matemática - conteúdos escolares - e os conceitos sociais.

Esse conhecimento prescinde de um tratamento metodológico que considere a

especificidade da Educação de Jovens e Adultos - EJA e deve constituir o ponto de

partida para todo o ensino-aprendizagem da Matemática, ou seja, os alunos devem

ter oportunidades de contar suas histórias de vida, expor os conhecimentos

informais que têm sobre os assuntos, suas necessidades cotidianas, suas

expectativas em relação à escola e às aprendizagens em matemática.

308

Embora, os jovens, adultos e idosos, com nenhuma ou pouca escolaridade,

dominem algumas noções básicas dos conteúdos matemáticos que foram

apreendidas de maneira informal nas suas vivências, a EJA tem a função de

transformar essas noções elementares, conceitos espontâneos, em conceitos

científicos, fazendo o aluno dominar a Linguagem Matemática e suas

Representações, os Conceitos Matemáticos e Sociais, os Cálculos e os Algoritmos,

a História da Matemática e a Resolução de Problemas.

A compreensão e apreensão desses pressupostos metodológicos por parte

dos alunos e dos educadores, dão significado aos conteúdos escolares a serem

ensinados e estudados. Embora seja importante considerar que esses significados

também devem ser explorados em outros contextos, como por exemplo, nas

questões internas da própria Matemática e em problemas históricos.

Desconsiderar esses pressupostos metodológicos na Educação de Jovens e

Adultos uma prática centrada no desenvolvimento do pensamento linear e

fragmentado, numa concepção de ciência imutável, estabelecendo definitivamente o

rompimento entre o lógico e o histórico, entre o conteúdo e as formas, entre a teoria

e a prática, entre a lógica formal e a lógica dialética, entre a totalidade e as

unidades, enfim, entre o mundo social e natural

A Educação Matemática deve ter, então, os seus pressupostos bem definidos

e delimitados, uma vez que a teoria se desdobra em “prática científica”:

Ao professor, como um profissional do ensino, é dada a responsabilidade não só de

dominar a teoria como a de inscrevê-la no universo de um cotidiano que a

justificaria(...). As abstrações reunidas na teoria, organicamente dispostas em

definições e conceitos, devem transitar por um caminho inverso. O professor precisa

demonstrar a utilidade ou funcionamento do sistema teórico no real. A teoria precisa

transmutar-se em dados ou exemplos concretos, que garantam, justifiquem ou

expliquem o já defendido (hipoteticamente) no discurso. Nesse sentido, a teoria

precisa desmembrar-se, na voz do professor, no relato de múltiplas interações ou

mediações que repõem o problema no rastro de sua solução.(NAGEL, pp. 3-4, 2003)

(Grifos nossos)

Nessa perspectiva, há de se considerar como ponto de partida a construção

do conhecimento, os saberes desenvolvidos no decorrer da vivência dos alunos, que

309

se manifestam em suas interações sociais e compõem suas bagagens culturais, que

são frequentemente desconsiderados na prática pedagógica da EJA. No entanto, a

superação desses saberes e a incorporação dos conceitos científicos são trabalhos

que a escola deve planejar e executar.

É importante enfatizar que, os conteúdos matemáticos quando abordados de

forma isolada, não são efetivamente compreendidos nem incorporados pelos alunos

como ferramentas eficazes para resolver problemas e para construir novos

conceitos, pois, é perceptível que o conhecimento só se constrói plenamente quando

é mobilizado em situações diferentes daquelas que lhe deram origem, isto é, quando

é transferível para novas situações. Isto significa que os conhecimentos devem ser

descontextualizados, abstraídos, para serem novamente contextualizados, isto é,

fazer a transposição didática.

Nesse sentido, a educação matemática para o aluno jovem, adultos e idoso

deve ter como objetivo a reversão do atual quadro em que se encontra o ensino da

Matemática, ou seja, a definição dos conteúdos anteriormente fragmentados deve

ser visto em sua totalidade, sem o qual não é possível querer mudar qualquer

prática pedagógica consistente.

Dessa forma, é necessário que o ensino de Matemática e o seu significado

sejam restabelecidos, visto que, o ensino e a aprendizagem de Matemática devem

contribuir para o desenvolvimento do raciocínio crítico, da lógica formal e dialética,

da coerência e consistência teórica da Ciência – o que transcende os aspectos

práticos. Com isso faz-se necessário repensar o ensino de Matemática, pois o

processo de emancipação política e social da humanidade estão diretamente ligados

ao domínio do conhecimento. Ele é parte constitutiva da elaboração do pensamento

reflexivo.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Para dimensionar o papel da Matemática na formação do jovem, adulto e

idoso é importante que se discuta a natureza desse conhecimento, suas principais

características e seus métodos particulares, e ainda, é fundamental discutir suas

articulações com outras áreas do conhecimento.

310

As diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de

lado a importância do conhecimento teórico, no entanto, é de fundamental

importância que o(a) educador(a) tenha clareza que, sem o qual, não é possível

mudar qualquer prática pedagógica de forma significativa. Com isso, só se tem

conseguido mudanças superficiais no que se refere à reposição de conteúdos, por

meio de estratégias metodológicas tradicionais que não levem os alunos a uma

transposição didática.

É perceptível que, a mera seleção de conteúdos não assegura o

desenvolvimento da prática educativa consistente. É necessário garantirmos, como

dissemos anteriormente, a relação entre a teoria e a prática, entre o conteúdo e as

formas, entre o lógico e o histórico.

Portanto, é de suma importância que o educador se aproprie dos

encaminhamentos metodológicos do ensino da Matemática, e acrescente, esses

elementos a reflexão pedagógica da Educação de Jovens e Adultos.

Nessa perspectiva, a

contextualização do saber é uma das mais importantes noções pedagógicas que deve ocupar um lugar de maior destaque na análise da didática contemporânea. Trata-se de um conceito didático fundamental para a expansão do significado da educação escolar. O valor educacional de uma disciplina expande na medida em que o aluno compreende os vínculos do conteúdo estudado com uma contextualização compreensível por ele(...). O desafio didático consiste em fazer essa contextualização sem reduzir o significado da ideias matemáticas que deram ao saber ensinado.” (PAIS, 2001, pp. 26-27).

De forma equivocada, a abordagem de determinados conceitos fundamentais

na construção do conhecimento matemático é muitas vezes suprimida ou abreviada,

sob a alegação de que não fazem parte do cotidiano dos alunos. Tal concepção de

ciência e de conhecimento viabiliza na escola uma visão reducionista da

Matemática, cuja importância parece ficar restrita a sua utilidade prática; ao

pragmatismo.

Nesse contexto, a noção de contextualização permite ao educador uma

postura crítica priorizando os valores educativos, sem reduzir o seu aspecto

acadêmico (PAIS, 2001, p.27).

O processo de seleção dos conteúdos matemáticos escolares, envolve um desafio,

que implica na identificação dos diversos campos da Matemática e o seu objeto de

311

estudo; processo de quantificação da relação do homem com a natureza e do

homem com o próprio homem.

Deve-se fazer um trabalho que aborde os Conteúdos Obrigatórios da

Instrução 009/11 como:

• Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99, como desenvolvimento da

Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações

entre o homem e o meio bio-físico;

• Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos

e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado

democrático;

• Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação

de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço

onde o conhecimento toma o lugar da força;

• História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei

10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e

Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o

reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra,

assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das

indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura

Afro-Brasileira e Africana.

• Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e

cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e

crenças pessoais. Os educadores e os alunos são instigados em conhecer assuntos

relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao

usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros;

• Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o

tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar

os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

No entanto, não devemos deixar de identificar os conteúdos escolares

matemáticos que são socialmente relevantes para a EJA, pois os mesmos devem

contribuir para o desenvolvimento intelectual dos alunos.

312

As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de

Estado da Educação do Paraná, versão preliminar, em seu capítulo “Orientações

Metodológicas”, aponta quatro critérios para a seleção de conteúdos e das práticas

educativas. São eles:

• a relevância dos saberes escolares frente à experiência social construída

historicamente;

• os processos de ensino e aprendizagem, mediatizados pela ação docente junto

aos alunos;

• a organização do processo ensino-aprendizagem, dando ênfase às atividades

que permitem a integração entre os diferentes saberes;

• as diferentes possibilidades dos alunos articularem singularidade e totalidade no

processo de elaboração do conhecimento.

Nessa forma de organização curricular, as metodologias são um meio e não

um fim para se efetivar o processo educativo. É preciso que essas práticas

metodológicas sejam flexíveis, e que adotem procedimentos que possam ser

alterados e adaptados às especificidades da comunidade escolar.

Nessa perspectiva, é de suma importância evidenciar que o ensino-

aprendizagem de Matemática sejam permeados pela(os): História da Matemática;

Resolução de Problemas; Conceitos Matemáticos e Sociais; Linguagem Matemática

e suas Representações; Cálculos e/ou Algoritmos; Jogos & Desafios. Estes

elementos devem permear a Metodologia de Ensino da Matemática, pois eles

expressam a articulação entre a teoria e a prática, explicitando no ato pedagógico a

relação entre o signo, o significado e o sentido dos conteúdos escolares nos

diversos contextos sociais e históricos.

É importante enfatizar que a relação de conteúdos não deve ser seguida

linearmente, mas desenvolvida em conjunto e de forma articulada, proporcionando

ao aluno a possibilidade de desenvolver a capacidade de observar, pensar,

estabelecer relações, analisar, interpretar justificar, argumentar, verificar,

generalizar, concluir e abstrair. Dessa forma, serão estimulados a intuição, a

analogia e as formas de raciocínio indutivo e dedutivo.

A metodologia adotada em sala de aula pode ser instrumento para modificar

o desenvolvimento habitual das aulas de matemática, objetivando desenvolver

313

processos de pensamento matemático, motivar e tornar significativos os conceitos

matemáticos apresentados. É necessário um ensino que possibilite aos alunos fazer

análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e formulação de ideias.

Para tanto, podemos desenvolver aulas expositivas e aulas práticas utilizando

quadro de giz, papel, recortes, reportagens, panfletos, jogos, construção de sólidos,

gráficos, entre outros. Para incrementar as aulas são inúmeros os recursos didáticos

e tecnológicos disponíveis como: jogos, TV pendrive, sólidos geométricos,

laboratório de informática, etc, que podem auxiliar no desenvolvimento de aulas que

facilitem o processo de ensino-aprendizagem.

No entanto, cada indivíduo aprende diferenciadamente, então o professor

precisa saber lidar com as diferenças para se adequar a essas estruturas

individuais, é importante a valorização dos saberes que os alunos possuem e que

foram acumulados ao longo de suas existências. Esses saberes devem ser o ponto

de partida para a construção de outros saberes.

A realidade dos alunos deve ser valorizada e a metodologia deve tornar os

conteúdos significativos para que, por intermédio do diálogo, se busque explicitar e

oportunizar a observação, a análise e a reflexão.

Os conteúdos matemáticos presentes no ensino fundamental, a serem

ensinados nas escolas de EJA, estão organizados por eixos, são eles: números e

álgebra, grandezas e medidas, geometrias, funções e tratamento da informação, que

compreendem os elementos essenciais da organização curricular.

Os eixos e seus respectivos conteúdos deverão ser trabalhados de forma articulada,

esta relação pode ser viabilizada entre os eixos e/ou entre os conteúdos.

É importante ter clareza da especificidade de cada eixo, bem como, que estes

não devem ser trabalhados de maneira isolada, pois, é na inter-relação entre os

conteúdos de cada eixo, entre os eixos de conteúdos e entre os eixos

metodológicos, que as ideias matemáticas ganham significado.

Os conteúdos matemáticos presentes no Ensino Médio, a serem ensinados

nas escolas de EJA, deverão propiciar o desenvolvimento de conceitos: numéricos,

algébricos, geométricos e gráficos e da mesma forma, devem ser trabalhados como

um conjunto articulado. Isso significa que o tratamento dos conteúdos em

compartimentos estanques deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões

314

sejam favorecidas e destacadas.

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

MATEMÁTICA – ENSINO FUNDAMENTAL

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS

NÚMEROS E ÁLGEBRA

• Sistemas de numeração;

• Números Naturais;

• Múltiplos e divisores;

• Potenciação e radiciação;

• Números fracionários;

• Números decimais.;

• Números Inteiros;

• Números Racionais;

• Equação e Inequação do 1º grau;

• Razão e proporção;

• Regra de três simples.;

• Números Racionais e Irracionais;

• Sistemas de Equações do 1º grau;

• Potências;

• Monômios e Polinômios;

• Produtos Notáveis.;

• Números Reais;

• Propriedades dos radicais;

• Equação do 2o grau;

• Teorema de Pitágoras;

• Equações Irracionais;

• Equações Biquadradas;

• Regra de Três Composta.

• Medidas de comprimento;

• Medidas de massa;

315

GRANDEZAS E MEDIDAS

• Medidas de área;

• Medidas de volume;

• Medidas de ângulos;

• Sistema monetário.;

• Medidas de temperatura;

• Relações Métricas no Triângulo

Retângulo;

• Trigonometria no Triângulo

Retângulo.

GEOMETRIAS

• Geometria Plana;

• Geometria Espacial.;

• Geometria Analítica;

• Geometrias não-euclidianas.

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

• Dados, tabelas e gráficos;

• Porcentagem;

• Pesquisa Estatística;

• Média Aritmética;

• Moda e mediana;

• Juros simples;

• Juros Compostos;

• Gráfico e informação;

• População e amostra;

• Noções de Análise Combinatória;

• Noções de Probabilidade;

• Estatística.

FUNÇÕES

• Noção intuitiva de Função Afim.

• Noção intuitiva de Função

Quadrática.

316

MATEMÁTICA – ENSINO MÉDIO

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS

NÚMEROS E ÁLGEBRA

• Números Reais;

• Números Complexos;

• Sistemas lineares;

• Matrizes e Determinantes;

• Polinômios;

• Equações e Inequações

Exponenciais, Logarítmicas e Modulares.

GRANDEZAS E MEDIDAS

• Medidas de Área;

• Medidas de Volume;

• Medidas de Grandezas Vetoriais;

• Medidas de Informática;

• Medidas de Energia;

• Trigonometria.

FUNÇÕES

• Função Afim;

• Função Quadrática;

• Função Polinomial;

• Função Exponencial;

• Função Logarítmica;

• Função Trigonométrica;

• Função Modular;

• Progressão Aritmética;

• Progressão Geométrica.

GEOMETRIAS

• Geometria Plana;

• Geometria Espacial;

• Geometria Analítica;

• Geometrias não-euclidianas.

• Análise Combinatória;

• Binômio de Newton;

• Estudo das Probabilidades;

317

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO • Estatística;

• Matemática Financeira.

AVALIAÇÃO

A avaliação em Matemática na EJA deve permitir ao educador fazer

observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da apreensão do

conhecimento pelo aluno, estabelecendo inter-relações entre o conhecimento

matemático e o contexto social.

É fundamental que a avaliação seja coerente com a metodologia utilizada

pelo educador, bem como, com os objetivos que se pretende alcançar, visto que,

esta tem a finalidade de fornecer informações do processo de desenvolvimento do

aluno - a ele mesmo e ao educador. Essas informações permitem ao educador, uma

reflexão crítica sobre a sua prática pedagógica, no sentido de captar seus avanços,

suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o

que fazer para superar os obstáculos, uma vez que os alunos possuem diferentes

tempos de aprendizagem.

Os critérios de avaliação devem ser definidos pela intenção que orienta o

ensino e explicitar os propósitos e a dimensão do que se avalia, pois os critérios

articulam todas as etapas da ação pedagógica. Alguns critérios devem orientar as

atividades avaliativas propostas pelo professor possibilitando verificar se o aluno:

• comunica-se matematicamente, oral ou por escrito;

• compreende, por meio da leitura, o problema matemático;

• elabora um plano que possibilite a solução do problema;

• encontra meios diversos para a resolução de um problema matemático;

• realiza o retrospecto da solução de um problema.

Assim, nesse processo, o aluno deve ser estimulado a:

• partir de situações-problema internas ou externas à matemática;

• pesquisar acerca de conhecimentos que possam auxiliar na solução dos

problemas;

• elaborar conjecturas, fazer afirmações sobre elas e testá-las;

• perseverar na busca de soluções, mesmo diante de dificuldades;

318

• sistematizar o conhecimento construído a partir da solução encontrada,

generalizando, abstraindo e desvinculando-o de todas as condições particulares;

• socializar os resultados obtidos, utilizando, para isso, uma linguagem

adequada;

• argumentar a favor ou contra os resultados.

Os instrumentos de avaliação devem ser pensados e definidos de acordo com

as possibilidades que oferecem para avaliar os critérios estabelecidos. A utilização

repetida e exclusiva de um mesmo tipo de instrumento de avaliação reduz a

possibilidade de observar os diversos processos cognitivos dos alunos, tais como:

memorização, observação, percepção, descrição, argumentação, análise crítica,

interpretação, criatividade, formulação de hipóteses, entre outros. Assim, podemos

utilizar uma diversidade de instrumentos de avaliação para oportunizar aos alunos

variadas maneiras de expressar seu conhecimento, como: provas escritas, trabalhos

escritos, trabalhos práticos, pesquisa de informações, jogos, discussão e debate de

conteúdos, utilização de tecnologias, interação verbal, entre outros.

O processo avaliativo deve ser um recurso pedagógico, que considera erros e

acertos como elementos sinalizadores para seu replanejamento, ou seja, toma o

erro como ponto de partida para rever caminhos, para compreender e agir sobre o

processo de construção do conhecimento matemático.

No que se refere à avaliação em matemática, considerando o perfil do aluno

jovem, adulto e idoso, pontua-se alguns indicativos a serem contemplados pelos

educadores:

• considerar todas as formas de raciocínio, ou seja, os procedimentos/métodos

utilizados pelo aluno para resolver uma determinada situação-problema;

• resultado não é o único elemento a ser contemplado na avaliação matemática,

pois, mesmo que este não esteja de acordo, ele pode ter utilizado-se de métodos

coerentes, equivocando-se em apenas parte do processo de desenvolvimento do

raciocínio matemático;

• erro deve ser considerado como ponto de partida para rever caminhos,

compreendendo todo o processo de construção do conhecimento matemático.

Desta forma a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica

simples: os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação

319

do aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos possíveis para

que ele aprenda. A recuperação é justamente isso: o esforço de retomar ao

conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, para assegurar a

possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação de nota é simples

decorrência da recuperação de conteúdo.

A EJA contempla, também, o atendimento a alunos com necessidades

educativas especiais, inserindo estes no conjunto de alunos da organização coletiva

ou individual, priorizando ações que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito

dos mesmos no espaço escolar, considerando a situação em que se encontram

individualmente estes alunos.

Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao aluno para o

enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os alunos apresentem

características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também,

de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito

a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação

escolar.

Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando

o direito à igualdade com equidade de oportunidades. Isso não significa o modo

igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços

especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades.

Portanto, a avaliação da aprendizagem matemática considerada como

mecanismo diagnóstico, deverá englobar todas as instâncias que compõem a

escola: currículo, planejamento, metodologia, conteúdos, o aluno, o educador e a

própria escola.

Entendida como processo, a avaliação deverá possibilitar uma constante

elaboração e re-elaboração não só do conhecimento produzido, mas da ação

pedagógica como um todo.

BIBLIOGRAFIA

Matemática: livro do estudante: ensino fundamental/coordenação Zuleika de Felice

Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002

320

Matemática: matemática e suas tecnologias: livro do professor: ensino fundamental

e médio/ coordenação Zuleika de Felice Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002

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ensino fundamental: 5ª a 8ª série: introdução.

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especificidades, desafios e contribuições. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

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1973.

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2003(texto digitado)

PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação de jovens e adultos no Estado do Paraná – DCE. 2008.

PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais

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PETRONZELLI, Vera Lúcia Lúcio. Educação Matemática e a aquisição do

conhecimento matemático: alguns caminhos a serem trilhados, 2002. (Dissertação

de Mestrado, UTP) 166p.

321

DISCIPLINA DE QUÍMICA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A consolidação da Química como ciência foi um dos fatos que permitiu o

desenvolvimento das civilizações, determinando maneiras diferenciadas no modo de

viver. A Química está inserida nas ações e nos recursos utilizados nas diversas

atividades diárias das pessoas e, segundo BIZZO (2002, p.12),

o domínio dos fundamentos científicos hoje em dia é indispensável para que se possa realizar tarefas tão triviais como ler um jornal ou assistir à televisão. Da mesma forma, decisões a respeito de questões ambientais, por exemplo, não podem prescindir da informação científica, que deve estar ao alcance de todos.

Assim, a Química fundamenta-se como uma ciência que permite a evolução

do ser humano nos aspectos ambientais, econômicos, sociais, políticos, culturais,

éticos, entre outros, bem como o seu reconhecimento como um ser que se

relaciona, interage e modifica, positiva ou negativamente, o meio em que vive.

A Química como ciência contempla as tradições culturais e as crenças

populares que despertam a curiosidade por fatos, propiciando condições para o

desenvolvimento das teorias e das leis que fundamentam as ciências. BIZZO (2002,

p.17), afirma que

a ciência não está amparada na verdade religiosa nem na verdade filosófica, mas em um certo tipo de verdade que é diferente dessas outras. Não é correta a imagem de que os conhecimentos científicos, por serem comumente fruto de experimentação e por terem uma base lógica, sejam “melhores” do que os demais conhecimentos. Tampouco se pode pensar que o conhecimento científico possa gerar verdades eternas e perenes.

Desta forma, é importante considerar que o conhecimento químico não é algo pronto, acabado e inquestionável, mas em constante transformação.A Química, trabalhada como disciplina curricular do Ensino Médio, deve apresentar-se como propiciadora da compreensão de uma parcela dos resultados obtidos a partir da Química como ciência.

A ciência realizada no laboratório requer um conjunto de normas e posturas. Seu objetivo é encontrar resultados inéditos, que possam explicar o desconhecido. No entanto, quando é ministrada na sala de aula, requer outro conjunto de procedimentos, cujo objetivo é alcançar resultados esperados, aliás planejados, para que o estudante possa entender o que é conhecido. (...) Existe portanto uma diferença fundamental entre a comunicação de conhecimento em congressos científicos, entre cientistas, e a seleção e adaptação de parcelas desse conhecimento para ser utilizado na escola por professores e alunos. (BIZZO, 2002, p.14)

322

Essa percepção deve fazer parte do trabalho pedagógico realizado nas

escolas e conforme MALDANER (2000, p.196),

compreender a natureza da ciência química e como ela se dá no ensino e na aprendizagem passou a ser um tema importante, revelado a partir das pesquisas educacionais, principalmente as pesquisas realizadas na década de 1980 sobre as ideias alternativas dos alunos relacionadas com as ciências naturais. No âmbito da pesquisa educacional, mais ligado à educação científica, estava claro, já no início dos anos 90, que era fundamental que os professores conhecessem mais o pensamento dos alunos, bem como, a natureza da ciência que estavam ensinando. No entanto, isso não era prática usual nos cursos de formação desses professores.

Tal consideração vem de encontro com a forma com que muitos educadores

têm trabalhado esta disciplina, priorizando fatos desligados da vida dos alunos, em

que os educadores abordam, principalmente, os conteúdos acadêmicos, enfatizando

a memorização, o que torna a disciplina desvinculada da realidade dos seus alunos

e sem significação para sua vida.

Considerando que uma das funções do aprendizado dos conhecimentos

químicos na escola deve ser a de perceber a presença e a importância da Química

em sua vivência, para DELIZOICOV et.al. (2002, p.34), a ação docente buscará

constituir o entendimento de que o processo de produção do conhecimento que

caracteriza a ciência e a tecnologia constitui uma atividade humana, sócio-

historicamente determinada, submetida a pressões internas e externas, com

processos e resultados ainda pouco acessíveis à maioria das pessoas

escolarizadas, e por isso passíveis de uso e compreensão acríticos ou ingênuos; ou

seja, é um processo de produção que precisa, por essa maioria, ser apropriado e

entendido.

Assim, é importante que o ensino desenvolvido na disciplina de Química na

EJA, possibilite ao aluno, a partir de seus conhecimentos prévios, a construção do

conhecimento científico, por meio da análise, reflexão e ação, para que possa

argumentar e se posicionar criticamente.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Considerando os encaminhamentos metodológicos contidos na proposta

pedagógica de ensino para a disciplina de Química no Ensino Médio Regular, faz-se

necessário refletir as especificidades do trabalho com a Química na Educação de

323

Jovens e Adultos (EJA), considerando as Diretrizes Curriculares Estaduais para

essa modalidade de ensino da educação básica.

Nesse sentido, para o trabalho metodológico com essa disciplina, uma

alternativa seria partir da sequencia: “fenômeno–problematização–representação-

explicação” (MALDANER, 2000, p.184). Para o autor, episódios de alta vivência dos

alunos passariam a ser importantes no processo de ensino e aprendizagem e não

obstáculo a ser superado (...) O importante é identificar situações de alta vivência

comuns ao maior número possível de alunos e a partir delas começar o trabalho de

ensino. (MALDANER, 2000, p. 184)

Nessa ótica, não cabe ao educador apresentar apenas fórmulas,

classificações, regras práticas, nomenclaturas, mas sim, trabalhar conteúdos com os

quais o aluno venha a apropriar-se dos conhecimentos de forma dinâmica, interativa

e consistente, respeitando os diferentes tempos de aprendizagem e propiciando

condições para que o mesmo perceba a função da Química na sua vida.

Criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização

tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme

desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica

um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará

decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios

didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos,

considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação

de jovens e adultos. (RIBEIRO, 1999, p.8)

Conforme SCHNETZLER (2000) citada em MALDANER (2000, p. 199),

Aprender significa relacionar”. A aprendizagem dos vários conceitos químicos terá significado somente se forem respeitados os conhecimentos e as experiências trazidos pelo aluno jovem e adulto, de onde sejam capazes de estabelecer relações entre conceitos micro e macroscópicos, integrando os diferentes saberes – da comunidade, do aluno e acadêmico.

Segundo FREIRE (1996, p.38), “a educação emancipatória valoriza o ’saber

de experiência feito’, o saber popular, e parte dele para a construção de um saber

que ajude homens e mulheres na formação de sua consciência política.”

Para que isso se evidencie no ambiente escolar, para a disciplina de Química,

considera-se a afirmação de MALDANER (2000, p. 187), de que “o saber escolar

324

deve permitir o acesso, de alguma forma, ao conhecimento sistematizado. Assim ele

será reconstruído e reinventado em cada sala de aula, nainteração alunos/professor,

alunos/alunos e, também, na interação com o entorno social”. Dessa forma, o ensino

da disciplina de Química deve contribuir para que o aluno jovem e adulto desenvolva

um olhar crítico sobre os fatos do cotidiano, levando-o a compreensão dos mesmos

de forma consciente, dando-lhe condições de discernir algo que possa ajudá-lo,

daquilo que pode lhe causar problemas.

Nesse sentido, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de forma

contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao aluno jovem e adulto a

inter-relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes situações com

que se deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode-se dar a partir de

uma problematização, ou seja, lançando desafios que necessitem de respostas para

determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um

obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma

dúvida que não pode deixar de ser dissipada.” (SAVIANI, 1993, p.26) As dúvidas são

muito comuns em Química, devendo ser aproveitadas para a reflexão sobre o

problema a ser analisado. Sendo assim, para o educador, o desafio consiste em

realizar esta contextualização sem reduzir os conteúdos apenas a sua aplicação

prática, deixando de lado o saber acadêmico.

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de

Química é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do

pensamento na ciência Química, propiciando condições para que o aluno perceba o

significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem

própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo, pois as

diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de lado a

importância do saber sistematizado, resultando numa prática pedagógica pouco

significativa.

É fundamental mencionar, também, a utilização de experimentos e as práticas

realizadas em laboratório como um dos recursos a serem utilizados no trabalho

docente, a fim de que o aluno possa visualizar uma transformação química,

inserindo conceitos pertinentes e estabelecendo relações de tal experimento com

aspectos da sua vivência. Segundo BIZZO (2002, p.75), é

325

importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial

nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) ...a

realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o

acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as

explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum

que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada

pelos alunos.

Nesse sentido, um aspecto importante a ser considerado é o fato de que o

educador não deve se colocar como o verdadeiro e único detentor do saber,

apresentando todas as respostas para todas as questões. Conforme BIZZO (2002,

p.50),

o professor deveria enfrentar a tentação de dar respostas prontas, mesmo que detenha a informação exata, oferecendo novas perguntas em seu lugar, que levassem os alunos a buscar a informação com maior orientação e acompanhamento. Perguntas do tipo “por quê?” são maneiras de os alunos procurarem por respostas definitivas, que manifestem uma vontade muito grande de conhecer. Se o professor apresenta, de pronto, uma resposta na forma de uma longa explicação conceitual, pode estar desestimulando a busca de mais dados e informações por parte dos alunos.

Ao proceder dessa forma, o educador leva o aluno a pensar e a refletir sobre

o assunto trabalhado, estimulando-o a buscar mais dados e informações.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material

de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não

seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. MALDANER (2000, p. 185),

afirma que

é por isso que não é possível seguir um “manual” de instrução, do estilo de muitos livros “didáticos” brasileiros originados dos “cursinhos pré-vestibulares”, para iniciar o estudo de química no ensino médio. A lógica proposta nesses “manuais” é a da química estruturada para quem já conhece a matéria e pode servir, perfeitamente, de revisão da matéria para prestar um exame tão genérico como é o exame vestibular no Brasil.(...) O que seria adequado para uma boa revisão da matéria, característica original dos “cursinhos pré-vestibulares”, tornou-se programa de ensino na maioria das escolas brasileiras.

A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser

utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários,

cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria

326

realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à

realidade dos alunos.

Ao pensar os conteúdos a serem trabalhados, o educador deve priorizar os

essenciais, ou seja, aqueles que possam ter significado real à vida dos alunos

jovens e adultos. Os conteúdos trabalhados devem possibilitar aos mesmos a

percepção de que existem diversas visões sobre um determinado fenômeno e, a

partir dessa relação, poderem constituir a sua própria identidade cultural,

estimulando sua autonomia intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a

rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a

relevância e a necessidade desses conteúdos, assim como a coerência dos mesmos

para o processo educativo.

Deve-se fazer um trabalho que aborde os Desafios Educacionais

Contemporâneos, podendo ser trabalhado de forma contextualizada e

interdisciplinar:

• Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99, como desenvolvimento da

Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações

entre o homem e o meio bio-físico;

• Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre

direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do

estado democrático;

• Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e

formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e

espaço onde o conhecimento toma o lugar da força;

• História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei

10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e

Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o

reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra,

assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das

indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura Afro-

Brasileira e Africana.

• Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e

327

cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e

crenças pessoais. Os educadores e os alunos são instigados em conhecer assuntos

relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao

usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros;

• Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o

tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar

os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia.

• Cidadania e direitos humanos- tem na sua essência a busca dos princípios da

dignidade humana respeitando os diferentes sujeitos de direitos e fomentando maior

justiça social. No intuito de valorizar ações de cidadania, esta demanda responde

ainda pelas ações interinstitucionais de acompanhamento e fomento de programas

federais e estaduais como: Atitude, Saúde na Escola, Segurança Social, entre

outros.

Portanto, deve-se contemplar os desafios contemporâneos, para o ensino da

química, no que diz respeito a educação ambiental, uso indevido de drogas,

podendo ser trabalhado de forma contextualizada e interdisciplinar.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

É importante ressaltar que cabe ao educador, a partir da investigação dos

conhecimentos informais que os alunos têm sobre a Química, sistematizar as

estratégias metodológicas, planejando o que será trabalhado dentro de cada um dos

conteúdos mencionados anteriormente, qual a intensidade de aprofundamento, bem

como a articulação entre os mesmos ou entre os tópicos de cada um.

Para a organização dos conteúdos é indicado que seja utilizada a

problematização, cujo objetivo consiste em gerar um tema para contextualização. Os

temas são baseados em fatos locais, regionais, nacionais ou mundiais, que possam

refletir sobre os acontecimentos que relacionam a Química com a vida, com o

ambiente, com o trabalho e com as demais relações sociais.

A partir do contexto abordado, devem ser selecionados os conteúdos que

possam ser trabalhados, independentemente da sequencia usual presente nos livros

didáticos da disciplina. Nesse sentido, ao organizar os conteúdos, bem como, a

328

forma como serão desenvolvidas as atividades para aprofundamento e avaliação, o

educador terá condições de desenvolver metodologias que visem evitar a

fragmentação ou a desarticulação dos conteúdos dessa disciplina.

As aulas serão expositivas, com o auxílio da TV pendrive, vídeos relacionados

ao conteúdo, utilização de aulas práticas expositivas,quando necessário, sendo

trabalhado de forma contextualizada.

CONTEÚDOS DE QUÍMICA – ENSINO MÉDIO

O programa de Química contempla os seguintes conteúdos estruturantes:

• Matéria e sua natureza;

• Biogeoquímica;

• Química sintética.

Para tanto os conteúdos básicos considerados essenciais para a conclusão

da disciplina de Química no Ensino Médio na modalidade Educação de Jovens e

Adultos, são:

• Matéria e substâncias

• Reações Químicas

• Funções Orgânicas e Inorgânicas

• Ligações Químicas

• Ligações entre as moléculas

• Tabela periódica e periodicidade

• Estrutura atômica

• Estequiometria

• Estudo dos Gases

• Radioatividade

• Propriedades coligativas

• Eletroquímica

• Equilíbrio Químico

• Soluções

329

• Termoquímica

AVALIAÇÃO

Nas Diretrizes curriculares, a avaliação deve ser concebida de forma

processual e formativa, sob os condicionantes do diagnóstico e da continuidade.

Esse processo ocorre em interações recíprocas, no dia-a-dia, no transcorrer da

própria aula e não apenas de modo pontual, portanto, está sujeita a alterações no

seu desenvolvimento.

Na perspectiva que se propõe, a avaliação na disciplina de Química vem

mediar a práxis pedagógica, sendo coerente com os objetivos propostos e com os

encaminhamentos metodológicos, onde os erros e os acertos deverão servir como

meio de reflexão e reavaliação da ação pedagógica como um todo. É essencial

valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de partida para que o aluno e

o educador compreendam e ajam sobre o processo de construção do conhecimento,

caracterizando-o como um exercício de aprendizagem.

Na avaliação, dentre os vários critérios podemos esperar que o aluno entenda

e questione a ciência de seu tempo e os avanços tecnológicos na área da química,

que ele construa e reconstrua o significado dos conceitos químicos.

Outro critério importante é que o aluno, tome posição frente as situações

sociais e ambientais, desencadeadas pela produção do conhecimento químico,

também que os mesmos reconheçam as espécies químicas, como ácidos, bases,

sais e óxidos, em relação a outra espécie com a qual estabeleça interação.

Nessa ótica, a avaliação deve considerar que a cultura científica é repleta de falhas,

de pontos de vista diferenciados e, muitas vezes, sem consenso.

A avaliação é sempre uma atividade difícil de se realizar. Toda avaliação supõe um processo de obtenção e utilização de informações, que serão analisadas diante de critérios estabelecidos segundo juízos de valor. Portanto, não se pode pretender que uma avaliação seja um processo frio e objetivo; ele é, em si, subjetivo, dependente da valorização de apenas uma parcela das informações que podem ser obtidas. Essas características são importantíssimas para que possamos compreender a utilidade e os limites da avaliação e como ela pode ser utilizada pelo próprio professor para reorientar sua prática. (BIZZO, 2002, p.61).

Pode -se utilizar diferentes instrumentos avaliativos na disciplina de química,

330

como por exemplo: trabalhos de pesquisa, feira de química, relatórios de

experimentos, avaliações dos conteúdos, projetos educacionais , seminários e

outros que possam se adequar a realidade das turmas com quem está se

trabalhando.

Após o processo avaliativo, deve considerar os erros e acertos de cada aluno,

a fim de recuperar os conteúdos que não foram assimilados, através da retomada

destes , por meio de recuperações paralelas as provas realizadas. No entanto,

devemos considerar os alunos que possuem necessidades educacionais

especiais,utilizando com os mesmos diferenciadas metodologias de ensino e de

avaliação.

Assim, ao avaliar, o educador deve superar o autoritarismo, o conteudismo e

o ato de avaliar como objeto de punição, perpassando por vários caminhos,

fundamentados na concepção teórica e no encaminhamento metodológico da

disciplina de Química, estabelecendo uma perspectiva de torná-la reflexiva, crítica,

que valoriza a diversidade e reconhece as diferenças, voltada para a autonomia do

aluno jovem, adulto e idoso.

BIBLIOGRAFIA

BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

DCE: Diretrizes Cirriculares da Educaçaõ Básica. Secretaria de Estado da

educação do Paraná. Disciplina : química; Paraná: 2008.

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fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.

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São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas:

Autores Associados, 1993, p.20-28.

331

DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Historicamente, a sociedade tem assumido, características capitalistas e a

busca da compreensão destas, entre outras coisas, tem sido a preocupação da

Sociologia para sua consolidação como ciência.

O período de conformação do capitalismo foi marcado por profundas

mudanças na organização social que fizeram com que seus contemporâneos

buscassem explicações para os fenômenos sociais com os quais conviviam.

As antigas formas organizativas do mundo foram sucessivamente alteradas

pelas experiências da Modernidade que propõe, entre outras coisas, a utilização da

razão como formatadora da realidade. Sendo assim, várias relações sociais

cotidianas foram transformadas neste processo.

O capitalismo com sua nova forma de organização das relações sociais e de

trabalho, traz em seu bojo questões econômicas/culturais que precisam de

respostas. Surgem então os pensadores da Sociologia que buscam dar conta destas

questões através da elaboração de teorias explicativas dessa dinâmica social, sob

diferentes olhares e posicionamentos políticos.

Com Augusto Comte (1798-1857) surge o termo Sociologia, este autor

buscará criar um método específico para o estudo da sociedade, já que acreditava

que a ciência deveria ser usada na organização das mesmas e afirmando que a

ordem levaria ao progresso.

Émile Durkheim (1858-1917) irá utilizar-se de conceitos de Comte na

elaboração e consolidação de uma ciência que tenta entender a sociedade e as

relações sociais. Para Durkheim o sujeito faz parte da sociedade e a sociedade o

compõe, então, a mesma só faz sentido se :” compreendida como um conjunto cuja

existência própria, independentemente de manifestações individuais, exerce sobre

cada ser humano uma coerção exterior, a partir de pressões e obrigatoriedades

porque, de alguma forma ela não “cabe”na sua totalidade, na mente de cada

indivíduo” (SEED, 2006, p.21).

Sendo assim, a precedência da sociedade sobre os indivíduos faz com que a

332

cooperação seja necessária à organização social.

Em Max Weber(1864-1920) a orientação vai num outro sentido, para ele o

indivíduo prevalece sobre a sociedade. Ele estabelece a Sociologia Compreensiva

que vai buscar entender a sociedade partindo da compreensão das ações

individuais. Para ele “compreender a sociedade é analisar os comportamentos

movidos pela racionalidade dos sujeitos com relação aos outros, é compreender o

agir dos homens que se relacionam uns com os outros, de acordo com um cálculo e

uma finalidade que tem por base as regras”.(SEED, 2006, p.22).

A sociedade estaria marcada, então, pelo desenvolvimento da racionalidade,

rumando a “burocratização”. Caberia, pois, a educação o papel de “(...) prover os

sujeitos de conteúdos especializados, eruditos, e de disposições que os

predisponham a ter condições – conduta de vida conhecimento especializados –

necessárias para realizar suas funções de perito na burocracia profissional” (SEED,

2006, p22).

Outro autor relevante para o entendimento das sociedades é Karl Marx (1818-

1883). Muito embora Marx não esteja preocupado com a constituição de uma

ciência, suas reflexões são importantes para a compreensão das sociedades.

Buscando compreender a sociedade capitalista e apontar uma direção para

sua transformação, Marx desvenda os mecanismos de exploração e manutenção

das relações sociais apontando para o fato das sociedades estarem divididas em

classes, enunciou “(...) como lei de validade geral -que a história das sociedades é

movida pela luta entre as classes sociais.(SEED, 2006, p.21). Ainda de acordo com

o autor, a educação é um mecanismo que, conforme seu conteúdo de classe, pode

oprimir ou emancipar o homem. Marx e Engels no período pós guerra estavam

preocupados com a formação de um novo homem que fosse partícipe das riquezas

materiais e não materiais produzidas pela humanidade. Suas preocupações ou

estudos denominaram-se Materialismo Dialético, cujas ideias deram origem a uma

corrente na psicologia denominada psicologia Histórico-Cultural.

Vigotski, Luria e Leontiev, estudiosos russos embasados no Materialismo

Histórico, desenvolveram estudos, tentando compreender a forma como se dá a

humanização do homem. Seus estudos demonstram que a individualidade, a

humanização se processa através dos condicionantes sociais, contrariando Piaget,

333

que considerava o processo de socialização do ser humano pela maturação

biológica ou um mero processo de adaptação ao ambiente. Estes autores ainda

consideraram a importância do conhecimento científico para que o ser humano

possa dar um salto de qualidade rumo à sua humanização.

Desde então, a preocupação com a sociedade e as relações sociais tem sido

a principal preocupação desta ciência, ou seja, entender, explicar e questionar os

mecanismos de produção, organização, domínio, controle e poder institucionalizados

ou não, que resultam em relações sociais de maior ou menor exploração ou

igualdade, possibilitando aos indivíduos compreender e atuar de forma efetiva sobre

a realidade que os cercam.

É neste contexto que se faz necessária a introdução desta disciplina na

Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista que a mesma tem o compromisso

com a formação humana e o acesso à cultura geral, a Sociologia contribuirá no

desempenho de tal tarefa, na medida em que propicia aos alunos a possibilidade de

uma maior compreensão da sociedade onde o mesmo vive e sua atuação sobre a

mesma.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O objeto de estudo da Sociologia são as relações sociais que se estabelecem

no interior dos grupos e da sociedade e as relações entre os indivíduos e a

coletividade.

No ensino da Sociologia propõe-se que sejam redimensionados aspectos da

realidade por meio de uma análise didática e crítica dos problemas sociais.

É preciso, entretanto, levar em conta as particularidades da Educação de

Jovens e Adultos, que tem por base o reconhecimento do aluno como sujeitos

históricos, que voltam a estudar em busca de humanização, e de cidadania.

Sendo assim, os conteúdos básicos deverão estar articulados à realidade

dos alunos considerando sua dimensão sócio-histórica, vinculado ao mundo do

trabalho, à ciência, às novas tecnologias, etc Deve-se ter o cuidado segundo

Florestan Fernandes para que o ensino de Sociologia leve em consideração os

aspectos elementares e universais da vida social, sempre de forma crítica.

334

Sugere-se, no entanto, que a disciplina seja iniciada com uma rápida

contextualização do surgimento da Sociologia, bem como a apresentação de suas

principais teorias na análise/compreensão da realidade. Considera-se relevante a

análise do contexto histórico do surgimento da Sociologia e a contribuição dos

clássicos tradicionais, citando Marx, Durkheim e Weber.

A abordagem dada aos conteúdos deverão estar relacionados à Sociologia

crítica, caracterizada por posições teórico-práticas que permitam compreender os

problemas sociais concretos.

Deve-se tratar a Sociologia clássica e contemporânea de forma crítica,

entendendo que professores e alunos são pesquisadores, e ambos devem estar

buscando através do conhecimento científico, esclarecer questões a respeito das

desigualdades sociais, políticas e culturais, visando a transformação da prática

social, visando a construção de uma nova sociedade, mais justa e democrática onde

o homem possa ser partícipe dos bens materiais e culturais produzidos pela

humanidade.

O ensino da Sociologia deve tratar pedagogicamente a contextualização

histórica e política das teorias sociológicas seguindo o rigor metodológico que a

ciência requer.

No ensino de Sociologia é necessária a adoção de múltiplos instrumentos

metodológicos, instrumentos estes, que devem adequar-se aos objetivos

pretendidos, seja a exposição, a leitura e esclarecimentos do significado dos

conceitos e da lógica dos textos (teóricos, temáticos, literários), sua análise e

discussão, a apresentação de filmes, a audição de músicas, enfim, o que importa é

que o aluno seja constantemente provocado a relacionar a teoria com o vivido, a

rever conhecimentos e a reconstruir coletivamente novos saberes. O ensino deve

contemplar a dinâmica dos fenômenos sociais.

Por fim, o conhecimento sociológico deve ir além da definição, classificação,

descrição e estabelecimento de correlações dos fenômenos da realidade social. É

tarefa primordial do conhecimento sociológico explicitar problemáticas sociais

concretas e contextualizadas, de modo a desconstruir pré-noções e preconceitos

que quase sempre dificultam o desenvolvimento da autonomia intelectual e de ações

políticas direcionadas á transformação social.

335

Os conteúdos programáticos serão encaminhados metodologicamente

estruturados sob os pressupostos conceituais da interdisciplinaridade e serão

redimensionados quanto aos aspectos da realidade vivenciada pela turma para a

realização de análises críticas e reflexões que internalizem conhecimentos

embasados teoricamente, visando mudanças de comportamentos e assimilação de

conhecimentos científicos.

Dentro da disciplina de Sociologia e de acordo com as leis 11645/08

10639/03, deverão se trabalhados os problemas sociais contemporâneos, como

prevenção às drogas, à violência, educação fiscal, cuidados com o meio ambiente,

questões de gênero, cultura afro e indígena, de forma contextualizada e

interdisciplinar.

As metodologias a serem utilizadas serão as de atividades coletivas para

que a construção social se faça presente sempre na organização dos conceitos

científicos sobre o estudo da Sociologia. Os passos da didática histórico-crítica

sistematizada por Gasparim conduzirá os trabalhos da disciplina, ou seja, partindo

da prática social, do senso comum, da realidade dos alunos , para buscar nos

conhecimentos científicos as explicações para as mesmas, contextualizando

finalmente estes conhecimentos. Dentre as atividades a serem desenvolvidas

podemos citar: construção e análise crítica de textos coletivos, pesquisa de campo,

análise crítica de livros e filmes, utilização da internet, revistas, jornais, intercâmbio

de conhecimentos etc. A utilização de materiais próximos à realidade dos alunos

favorece a percepção da realidade e estimula a conhecer outras experiências.

O professor ao invés de dar respostas prontas deve estimular o aluno a fazer

perguntas e a buscar respostas no seu entorno, na realidade social que se

apresenta no bairro, na própria escola, na família, nos programas de televisão, na

internet, nos livros etc. Um recurso importante que poderá se utilizado são as

entrevistas, através das quais pode-se desconstruir pré -conceitos culturalmente

construidos. Como encaminhamentos metodológicos para o ensino se Sociologia

propõe-se: aulas expositivas dialogadas; visitas a instituições e museus se possível,

exercícios escritos e apresentados oralmente e discutidos em grupo, leitura de

textos clássicos e contemporâneos, temáticos, didáticos, literários, jornalísticos.

Debates e seminários de temas relevantes fundamentados em leituras e pesquisa,

336

pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica. Análise crítica de filmes, documentários,

músicas propagandas, Análise crítica de imagens (fotografias, charges, tiras,

publicidade) O livro didático de Sociologia é um bom suporte teórico metodológico.

Mas o professor deve utilizar também outros recursos e os conteúdos obrigatórios

da instrução 009/2011 SUED/SEED.

ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: o surgimento da sociologia e as teorias

sociológicas

CONTEÚDOS BÁSICOS:

• Modernidade(Renascimento; Reforma Protestante; Iluminismo; Revolução

Francesa e Revolução Industrial).

• Desenvolvimento das Ciências;

• Senso comum e Conhecimento científico;

• Teóricos da sociologia: Comte, Durkheim, Weber, Engels e Marx;

• Produção Sociológica Brasileira.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: O processo de socialização e as instituições

sociais.

CONTEÚDOS BÁSICOS:

• Instituições familiares;

• Instituições escolares;

• Instituições religiosas;

• Instituições políticas, dentre outras;

• Instituição de Reinserção(prisões, manicômios, educandários, asilos, etc).

337

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Cultura e Indústria Cultural.

CONTEÚDOS BÁSICOS:

• Conceitos antropológicos de cultura;

• Diversidade cultural;

• Relativismo;

• Etnocentrismo;

• Identidade;

• Indústria cultural. Indústria cultural no Brasil;

• Meios de comunicação de massa;

• Sociedade de consumo;

• Questões de gênero;

• Cultura afro -brasileira e africana. Culturas indígenas.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Trabalho, produção e classes sociais;

CONTEÚDOS BÁSICOS:

• O conceito de trabalho e o trabalho nas diferentes sociedades;

• Desigualdades sociais: estamentos, castas e classes sociais;

• Organização do trabalho nas sociedades capitalistas e suas contradições;

• Globalização e neoliberalismo;

• Relações de trabalho;

• Trabalho no Brasil.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Poder, política e ideologia

CONTEÚDOS BÁSICOS:

• Formação e desenvolvimento do Estado Moderno;

• Democracia e autoritarismo;

• O Estado no Brasil;

• Conceitos de pode;

338

• Conceitos de ideologia;

• Conceitos de dominação e legitimidade;

• As expressões da violência nas sociedades contemporâneas.

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Direitos, cidadania e movimentos sociais.

CONTEÚDOS BÁSICOS:

• Direitos civis, políticos e sociais;

• Direitos humanos;

• Conceito de cidadania;

• Movimentos sociais;

• Movimentos sociais no Brasil;

• A questão ambiental e os movimentos ambientalistas;

• A questão das ONG's.

AVALIAÇÃO

O processo de avaliação na disciplina de Sociologia pauta-se numa

concepção formativa, continuada e de maneira diagnóstica para que se identifique

aprendizagens que foram satisfatoriamente efetuadas e também as que

apresentaram dificuldades, para que o trabalho docente possa ser reorientado. A

avaliação, na disciplina de Sociologia, não pode ser confundida com um processo de

técnico de medição, neste sentido, é preciso repensar os instrumentos utilizados

nesse processo, de modo que os mesmos reflitam os objetivos desejados no

desenvolvimento do processo educativo, superando o conteudismo, numa

perspectiva marcada pela autonomia do aluno.

Sendo assim, as práticas de avaliação em Sociologia, acompanham as

próprias práticas de ensino e de aprendizagem da disciplina, seja a reflexão crítica

em debates, seminários, que acompanham os textos ou filmes, seja na produção de

textos que demonstrem capacidade de articulação entre teoria e prática, seja na

pesquisa bibliográfica, enfim, várias podem ser as formas, desde que se tenha como

perspectiva, ao selecioná-las, a clareza dos objetivos que se pretende atingir, no

339

sentido da apreensão, compreensão e reflexão e contextualização dos conteúdos

pelo aluno. A avaliação entendida como um compromisso ético para com os alunos

como preconiza Vasco Moreto, deve levar em consideração os condicionantes

sociais deste aluno, haja vista que é um aluno trabalhador que vem em busca de

conhecimentos para sua humanização e sua cidadania. Portanto espera-se que ele

se identifique como um ser eminentemente social, fruto dos condicionantes sociais,

e que sua individualidade se constrói através das suas relações com o outro.

Espera-se também que eles compreendam a questão da diversidade cultural,

étnica , religiosa, e as diferenças sexuais e de gênero presentes nas sociedades.

Que eles compreendam que a cultura e a ideologia podem ser utilizadas como

formas de dominação na sociedade contemporânea. Espera-se que os alunos

compreendam o poder da indústria cultural e dos meios de comunicação na

formação de opiniões, gostos e comportamentos. Que eles entendam que

consumismo como produto de uma cultura de massas está relacionado a um

determinado sistema econômico, político e social. Que eles compreendam a

diversidade das formas de trabalho em várias sociedades ao longo da história, e as

especificidades do trabalho na sociedade capitalista. Que as desigualdades sociais

são historicamente construídas e que as transformações nas relações de trabalho

são advindas do processo de globalização. Espera-se que o aluno compreenda as

contradições da formação do Estado Moderno e as relações de poder presentes nas

sociedades. Que avaliem o papel das ideologias nos vários contextos sociais. Que

compreendam os diversos mecanismos de dominação existentes nas diferentes

sociedades. Que percebam criticamente as várias formas de violência na sociedade

brasileira. Que compreendam o contexto histórico da conquista de direitos e sua

relação com a cidadania. Que considerem que direitos hoje considerados “naturais”

são resultados de da luta de diversos indivíduos ao longa do tempo. Que sejam

capazes de identificar grupos em situação de vulnerabilidade em nossa sociedade

problematizando a necessidade de garantia de seus direitos básicos. Que entenda

as várias faces da cidadania. Que compreendam o contexto histórico do surgimento

dos diversos movimentos sociais e suas especificidades. Que principalmente o aluno

se perceba como um ser essencialmente social, que se humaniza dado os

condicionantes sociais mediados pelo conhecimento universal elaborado, ou seja, o

340

Conhecimento Científico que é produto do trabalho do homem construído

culturalmente, e que o acesso aos bens culturais é um direito e a educação é um

patrimônio da humanidade.

A recuperação de estudos dar-se-á no próprio processo ensino-

aprendizagem, onde professor retomará os conteúdos com outras metodologias, de

forma que todos os alunos se apropriem dos conhecimentos.

Aos alunos com necessidades especiais se farão adequações no prédio

( acessibilidade ) e no currículo, e o ensino será de forma que o mesmo, dentro de

suas possibilidades e limitações possa se apropriar dos conhecimentos. A Avaliação

deste aluno será de forma diferenciada adequada às suas necessidades.

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