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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MAGNA MARIA TOMAZ RODRIGUES ARAUJO
RELEVÂNCIA DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL PARA AS PEQUENAS EMPRESAS OPTANTES DO SIMPLES NACIONAL COMO INSTRUMENTO
FACILITADOR NA GESTÃO DOS NEGÓCIOS
FORTALEZA
2012
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MAGNA MARIA TOMAZ RODRIGUES ARAUJO
RELEVÂNCIA DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL PARA AS PEQUENAS EMPRESAS OPTANTES DO SIMPLES NACIONAL COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NA
GESTÃO DOS NEGÓCIOS
Monografia submetida à aprovação Coordenação do curso de Ciências Contábeis do Centro Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de graduação.
Orientadora Profa. Dra. Marcia Maria Machado Freitas
FORTALEZA 2012
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MAGNA MARIA TOMAZ RODRIGUES ARAUJO
RELEVÂNCIA DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL PARA AS PEQUENAS EMPRESAS OPTANTES DO SIMPLES NACIONAL COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NA
GESTÃO DOS NEGÓCIOS
Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de Aprovação: ____/____/____
Banca Examinadora
_________________________________________________ Profa. Dra. Macia Maria Machado Freitas
Orientadora
__________________________________________________ Membro da banca examinadora
_________________________________________________ Membro da banca examinadora
4
Dedico essa vitória ao meu esposo e minhas filhas, pelo constante incentivo, compreensão e apoio na realização deste até então sonho.
5
AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser meu Pai, Amigo, Ajudador Fiel e Fortaleza bem presente, em
quem posso confiar sempre;
Ao meu amado esposo Wanderli Araujo e minhas abençoadas filhas Hellen
Araujo e Heveli Araujo, pela compreensão, incentivo e apoio dado durante esta
jornada;
Aos meus pais, que me ensinaram a trilhar a trajetória e me conduziram aos
melhores caminhos da vida;
Aos meus irmãos, Marciana, Lucivânia e Neudson, pela confiança em mim
depositada;
A minha orientadora, Márcia Freitas, por aceitar orientar-me neste trabalho, e pelo
conhecimento passado;
Aos meus colegas de sala, pelos momentos de ajuda quando necessário e
companheirismo mútuo neste período de crescimento e formação;
Aos professores de sala, pelo conhecimento transmitido;
Ao admirável Mestre Hudson de Carvalho que tanto me incentivou a galgar a
graduação e o aprimoramento de minha profissão; bem como, ao incomparável e
estimado patrão Adolfo Araujo com sua importante parcela contributiva nessa
vitória.
6
A minha prima Williana Fernandes que contribuiu e torceu neste momento de
realização;
A todos que contribuíram direta ou indiretamente nessa conquista tão desejada.
7
"Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Deus eternamente. Amém..”
(Romanos 11:36)
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RESUMO
Tendo em vista a importância, bem como a influência positiva da contabilidade na gestão das empresas e a necessidade da pesquisadora, como sendo já atuante na profissão, de contribuir na conscientização dos pequenos empresários, para adoção em potencial das práticas contábeis como fator determinante na sustentabilidade e alcance do sucesso empresarial; o presente trabalho tem como principal objetivo evidenciar a relevância da Escrituração Contábil para as Pequenas Empresas Optantes do Simples Nacional, como Instrumento facilitador na Gestão dos negócios. Diante disso, foi utilizada a metodologia de pesquisa bibliográfica acerca da contabilidade enquanto ciência informativa, buscando sua definição e apresentação da estrutura organizacional técnica, em seguida buscou-se nas leis as formas de aplicabilidade das ferramentas contábeis tratadas neste trabalho, como auxílio importante para tomadas de decisões, abordando os aspectos tributários da pequena empresa no Simples Nacional. Considerando o que foi exposto, diante das questões que permeiam a realidade, este estudo reflete numa visão estratégica do uso da sistemática contábil, como meio necessário para se concretizar uma eficaz gestão empresarial. Palavras-Chave: Contabilidade; Gestão da Pequena empresa; Simples Nacional.
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ABSTRACT
Given the importance and positive influence in accounting and business management needs of the researcher, as already active in the profession, contribute to the awareness of small business owners, potential for adoption of accounting practices as a determining factor in the sustainability and range of business success, the present work has as main objective to highlight the relevance of Bookkeeping for Small Businesses Simple choosers of National Instrument as a facilitator in business management. Therefore, we used the methodology of accounting literature about science while informative, seeking its definition of the organizational structure and presentation technique, then looked up the laws forms of applicability of accounting tools treated in this work as important support for decision decisions, addressing the tax aspects of small business in the National Simple. Considering the foregoing, given the issues that permeate reality, this study reflects a strategic vision of the systematic use of accounting as a necessary means to achieve an effective business management.
Keywords: Accounting, Small Business Management, National Simple.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Características básicas da Contabilidade Gerencial e Financeira ------- 41
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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 13
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO ------------------------------------------------------------------------ 15
1.2 OBJETIVOS ----------------------------------------------------------------------------------- 15
1.2.1 OBJETIVO GERAL -------------------------------------------------------------------- 15
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS -------------------------------------------------------- 15
1.3 METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------ 16
1.4 JUSTIFICATIVA ------------------------------------------------------------------------------- 16
2. CONTABILIDADE ----------------------------------------------------------------------------- 18
2.1 CONCEITOS E OBJETIVOS ------------------------------------------------------ 20
2.1.1 INFORMAÇÕES GERADAS PELA CONTABILIDADE E SEUS
USUÁRIOS ---------------------------------------------------------------------- 21
2.1.2 PATRIMÔNIO EMPRESARIAL ------------------------------------------------ 22
2.1.3 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE ------------------------------------------ 23
2.1.4 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL -------------------------------------------------- 26
2.1.4.1 ESCRITURAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO ----------------- 27
2.1.4.2 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL -------- 28
2.1.5 LIVROS ------------------------------------------------------------------------------ 29
2.1.5.1 LIVROS CONTÁBEIS ----------------------------------------------- 29
2.1.5.2 LIVROS FISCAIS ----------------------------------------------------- 30
2.2 PEQUENAS EMPRESAS OPTANTES DO SIMPLES NACIONAL ------ 31
2.2.1 SIMPLES NACIONAL -------------------------------------------------- 31
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2.2.2 MICRO EMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE 32
3. METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------- 35
3.1 ESCOLHA DO TEMA --------------------------------------------------------------- 35
3.2 TIPOS DE PESQUISA -------------------------------------------------------------- 36
3.3 UNIVERSO E AMOSTRA ---------------------------------------------------------- 37
4. INFORMAÇÕES CONTÁBEIS NO PROCESSO DE GESTÃO DAS PEQUENAS EMPRESAS ------------------------------------------------------------------------------------- 38
4.1 INFORMAÇÃO CONTÁBIL E SUAS NECESSIDADES -------------------------- 38
4.2 INSTRUMENTO FACILITADOR DE GESTÃO ------------------------------------- 39
4.3 FERRAMENTA PARA TOMADA DE DECISÃO ----------------------------------- 41
5. CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 45
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------ 47
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1.INTRODUÇÃO
Sendo a Contabilidade uma Ciência que estuda e interpreta os registros
dos fenômenos que afetam o patrimônio da organização, desta forma, ressalta-se
em sua essência a instrumentalidade como meio necessário para se concretizar
uma eficaz gestão empresarial.
Na análise da realidade fática frente à legislação vigente, é imperativo a
utilização de conhecimentos na área contábil a fim de decifrar, conceituar e
interpretar as informações contábeis relevantes existentes na empresa, com o
objetivo de apresentar subsídios para tomada de determinadas decisões.
Portanto, o presente trabalho irá focar a importância em face do domínio e
do correto entendimento dos conceitos da contabilidade enquanto ciência, através
do uso da sistemática contábil de modo que gere relatórios importantes e úteis a fim
retratar a contabilidade como uma ferramenta de auxílio importante para tomadas de
decisões, com vistas no alcance dos objetivos empresarial.
Bem como, não valer-se da contabilidade apenas para fins fiscais, ao
evidenciar-se a legislação tributária acima da legislação contábil. Isto porque, o
comportamento instável, dinâmico e complexo dos negócios exige o mais apurado
controle de todas as funções executivas, com vistas a possibilitar um gerenciamento
competente e com alto nível de segurança; a pressuposta visão ideal não é “o que
poderei obter da contabilidade?”, mas “quais informações preciso para controlar a
operação de forma adequada e melhorá-la?”
A contabilidade é um valioso instrumento de gestão, deve ter condições
de pormenorizar a administração com as informações necessárias a um
acompanhamento sistemático das operações, podendo suprir a empresa com todos
os subsídios necessários a uma eficiente gestão, assim fará através de relatórios
gerenciais e de informações objetivas, com base em todos os registros da vida da
organização.
A ferramenta contábil facilita as ações para um bom planejamento de
sustentabilidade das pequenas empresas, fornecendo as coordenadas de acordo
com os objetivos desejados, visto que, as operações empresariais do dia-a-dia, os
resultados sistematicamente registrados e analisados, mostram o desempenho, se
eficiente, eficaz, bem como, pontos fortes e fracos de uma organização.
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Entretanto, ainda é possível encontrar empresários que olham a
contabilidade apenas como burocracia, não vendo nela nenhum benefício. Isso
decorre da falta de informação, já que o empresário, de início, precisa saber comprar
e vender, mas não é obrigado a conhecer contabilidade.
Logo, este trabalho tem a pretensão de contribuir junto ao universo das
pequenas empresas, com orientações relevantes, concernentes a estrutura
organizacional técnica com base nos princípios contábeis; cujo seu
desenvolvimento, se dá na metodologia utilizada através de pesquisas bibliográficas
por meio de livros, Leis, e pesquisa virtual com utilização dos recursos oferecidos
pela internet mediante consultas em sites relacionados ao tema abordado.
O trabalho foi dividido em cinco capítulos, sendo abordado no primeiro
capítulo, a introdução, a contextualização do tema, a Problematização, objetivos,
metodologia e justificativa.
No segundo capítulo é abordada a definição do conceito e importância da
contabilidade, na qual objetiva fornecer informações sobre a posição patrimonial aos
seus usuários. Em seguida serão abordados os princípios que norteiam a
contabilidade, bem como os tipos de apresentação das demonstrações contábeis,
elucidando-se as técnicas da escrituração contábil, inclusive em sua forma
eletrônica, atualmente introduzida o uso, por critério da legislação em vigor, tendo
em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas; explanando ainda, uma
breve citação ao Estatuto da Micro e Pequena Empresa, que rege as empresas que
optarem pela tributação do regime simplificado – Simples Nacional.
O terceiro capítulo tratar-se-á da metodologia a ser utilizada para
desenvolver esta pesquisa.
O quarto capítulo diz respeito as informações contábeis aplicadas no
processo de gestão das empresas optantes do Simples Nacional (PEs),focando-se a
importância da contabilidade como diferencial no processo de gestão da PEs.
O quinto capítulo traz a conclusão seguido do referencial bibliográfico.
15
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
Para o exercício de uma administração de qualidade, os executivos
têm de se haver à leitura e interpretação de dados fornecidos através dos
relatórios sobre o desempenho operacional da empresa, os quais utilizados com a
perfeita compreensão dependerá a qualidade das decisões administrativas que
vierem a ser tomadas, assim sendo, sem dados confiáveis, como poderão os
gestores da organização tomarem decisões adequadas que afetam diretamente a
sustentabilidade dos negócios?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral é evidenciar a relevância da Escrituração Contábil para
as Pequenas e Médias Empresas Optantes do Simples Nacional, como Instrumento
facilitador na Gestão dos negócios.
Este estudo e análise visam contribuir para com as pequenas empresas
optantes do Simples Nacional, dos variados ramos, que queiram aprofundar o
conhecimento e a prática das técnicas contábeis, que quando contempladas suas
atribuições a contabilidade cumprirá sua essência enquanto ciência informativa.
1.2.2 Objetivos específicos
Como objetivos específicos têm-se:
- Evidenciar a contabilidade enquanto ciência informativa;
- Explanar sobre as técnicas da escrituração contábil e o regime de
tributação: Simples Nacional
- Apresentar o uso da contabilidade como instrumento eficaz na gestão
das pequenas empresas.
16
1.3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada na elaboração desse trabalho foi baseada em
pesquisas bibliográficas, em leis, livros, artigos, periódicos, bem como em trabalhos
acadêmicos, por meios eletrônicos, via internet.
Valeu-se também de experiência vivenciada da autora, como profissional
atuante na área; Assim como, observações e envolvimento de constantes situações
junto a pequenos empresários.
1.4 Justificativa
O presente trabalho irá focar a importância em face do domínio e do
correto entendimento dos conceitos da contabilidade enquanto ciência, através do
uso da sistemática contábil de modo que gere relatórios importantes e úteis a fim
retratar a contabilidade como uma ferramenta de auxílio importante para tomadas de
decisões, com vistas no alcance dos objetivos empresarial.
Bem como, não valer-se da contabilidade apenas para fins fiscais, ao
evidenciar-se a legislação tributária acima da legislação contábil. Isto porque, o
comportamento instável, dinâmico e complexo dos negócios exige o mais apurado
controle de todas as funções executivas, com vistas a possibilitar um gerenciamento
competente e com alto nível de segurança;
A escolha para abordar o presente tema surgiu da necessidade da
pesquisadora, como já atuante na área contábil, de evidenciar para classe de
pequenos empresários quanto a realização e exploração da atividade econômica,
para a conscientização do uso em potencial da contabilidade como fator importante
na sustentabilidade e alcance do sucesso empresarial.
Haja vista, nos dias atuais reflete diretamente na necessidade de
Escrituração Contábil dentro das empresas optantes do Simples Nacional como
instrumento de gestão, na qual se torna uma obrigação que traz, contudo, benefícios
não só para a entidade mas para a economia como todo.
De acordo com os resultados das pesquisas periodicamente realizadas
pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a falta
de planejamento adequado, por não haver uma contabilidade predominante em
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suporte a gestão, é uma das causas mais destacadas a mortalidade precoce que
pesam sobre as empresas brasileiras, das quais cerca de 50% não atingem os cinco
anos de funcionamento.
Razão em que se reside a crença comumente difundida quanto a
inviabilidade de realização da contabilidade propriamente dita, seguida de
planejamentos estratégicos, pois seriam procedimentos sofisticados e complexos
demais para ser adotado por empresas de pequeno porte, em virtude das limitações
dos recursos disponíveis.
Contudo, diante da necessidade de aumento das chances de se manter
no mercado, sobrevivendo e crescendo, não se deve desprezar o uso de
procedimentos, os quais, no decorrer dos tempos se demonstrem como essencial a
gestão dos empreendimentos.
A Contabilidade é um dos elementos mais importantes para a gestão e
deve ser feita para atender aos interesses da empresa e demais usuários no que se
refere às informações nela contidas, em especial para a tomada de decisões.
De forma equivocada, percebe-se que muitos profissionais e empresários
argumentam a não obrigatoriedade da escrituração contábil, tendo em vista que para
as microempresas, as empresas de pequeno porte sendo elas tributadas pelo
Simples.
Estão dispensadas da escrituração contábil completa, perante a
legislação do Imposto de Renda, contudo não seria exatamente esse o parâmetro a
ser seguido para a elaboração dos registros contábeis, até porque tal
obrigatoriedade é uma imposição comercial e não fiscal, além do mais, no que tange
as determinações legais, além das normas que regem a profissão contábil, temos
também uma farta legislação que obriga todas as empresas a elaboração da
contabilidade, tais como, Código Civil, Lei das Falências, legislação previdenciária,
dentre outras, independentemente da natureza ou porte da entidade.
Diante desses fatos e considerando as atribuições legais, o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) baixou a Resolução CFC nº.1.330/2011, que
estabelece critérios e procedimentos a serem adotados pela entidade para
escrituração contábil de seus fatos patrimoniais, por meio de qualquer processo,
bem como para a guarda e a manutenção da documentação e de arquivos
contábeis, como também para a responsabilidade do profissional da contabilidade.
18
2. CONTABILIDADE
A História da Contabilidade está ligada às primeiras manifestações
humanas da necessidade de proteção à posse e de controlar aquilo que possuíam,
gastavam e deviam, sempre procurando encontrar formas mais simples de aumentar
suas posses, portanto, equipara-se a história da civilização humana.
“O homem primitivo, embora de maneira rudimentar, praticava a
Contabilidade quando se fazia a contagem de objetos, caças ou rebanhos, deixando
vestígios de documentos, possuindo assim, um esboço de técnicas contábeis”
(Iudícibus, 2000, p.30.).
Era exercida nas principais cidades da Antiguidade, as atividades de troca
e venda dos comerciantes requeriam constante acompanhamento das mudanças
em seu patrimônio no momento em que cada transação era efetuada.
Conforme Zanluca (2008) as trocas de bens e serviços eram seguidas de
simples registros ou relatórios sobre os fatos, com o desenvolvimento e
aprimoramento das operações econômicas, cada vez mais complexas, havia
necessidade de maior controle das operações.
Neste contexto retrospectivo pode-se afirmar o quanto são antigos o
processo do controle, da escrita contábil e o controle de gestão de negócios.
Desde então, a contabilidade evolui e passa por etapas de inovações e
surgimentos das primeiras normas sobre escrituração das informações e controles
das finanças, evidenciada na implantação das Partidas dobradas, que consiste em
uma regra básica: “a cada débito corresponde a um crédito e vice-versa”,
apresentada por propulsor Frei Lucca Pacciole em 1494, numa adoção de processos
administrativos padronizados, resultando no ano 1840 em um movimento de
nascimento de doutrinas e escolas no sentido de elevar e difundir a contabilidade
como ciência, sendo revestida das formalidades próprias e elucidada mediante suas
demonstrações.
Percebe-se que “a contabilidade, que passou por uma considerável
evolução, transformou-se numa ferramenta poderosa capaz de proporcionar aos
empresários um maior controle de seu patrimônio e conseqüentemente trouxe
grandes benefícios na gestão das entidades” (RHEIM, 2010), além de fornecer
informações confiáveis e tempestivas aos seus usuários, auxilia na tomada de
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decisões mais racionais para preservação, ampliação do patrimônio e posterior
continuidade da entidade, ou seja, trata-se do estudo e do controle do patrimônio
das empresas, por meio da escrituração contábil dos fatos e das demonstrações dos
resultados produzido sendo aplicável a pessoas físicas ou jurídicas,
independentemente da finalidade ou da atividade de cada uma.
Pode-se definir a contabilidade como uma ciência social que estuda e
pratica as funções de registro e controle relativas aos atos e fatos da Administração
e da Economia (GUIA IOB DE CONTABILIDADE, 2003).
Ao que assim dispõe do Estudo “Estrutura Conceitual Básica da
Contabilidade”, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais
e Financeiras (IPECAFI), objeto de pronunciamento do Instituto Brasileiro de
Contadores (IBRACON), aprovado e referendado pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), por meio da Deliberação nº.29, de 05/02/1986: A Contabilidade é uma ciência nitidamente social quanto às suas finalidades, mas, como metodologia de mensuração, abarca tanto o social quanto o quantitativo. É social quanto às finalidades, pois, em última análise, através de suas avaliações do progresso de entidades, propicia um melhor conhecimento das configurações de rentabilidade e financeiras, e, indiretamente, auxilia os acionistas, tomadores de decisões, os investidores a aumentar a riqueza da entidade e, como conseqüência, as suas, amenizando-lhes as necessidades. É parcialmente social, como metodologia, em seus critérios valorativos, baseados em preços, valores e apropriações que envolvem grande dose de julgamento, subjetividade e incerteza, decorrentes do próprio ambiente econômico e social em que as entidades operam. É em parte quantitativa, em sua forma de materialização na equação patrimonial básica, que não admite desgarramentos de sua lógica formal: ATIVO = PASSIVO ou, expandindo: ATIVO (+) DESPESAS (+) PERDAS () RETIFICAÇÕES DE ATIVO (=) OBRIGAÇÕES (+) RECEITAS (+) GANHOS (+) CAPITAL (+) LUCROS () RETIFICAÇÕES DE OBRIGAÇÕES Tais equações, por serem sempre satisfeitas, assumem o caráter de identidades contábeis. O mecanismo de débito e crédito nas contas (partidas dobradas) deságua, necessariamente, nas identidades supramencionadas.
Na mensuração dos números, segundo critérios geralmente aceitos,
embasam a estrutura necessária que indica e quantifica o desempenho de uma
empresa, independente do seu porte, numa ótica desafiadora de acompanhar as
profundas transformações da conjuntura atual, numa sociedade participativa,
dinâmica e evolutiva, beneficiada pelo seu conhecimento e aplicação do mesmo, na
sobrevivência com qualidade.
20
2.1Conceitos e Objetivos
A Resolução 774 de 16 de dezembro de 1994 do Conselho Federal de
Contabilidade (2000) estabelece que o objeto é sempre o patrimônio da entidade,
definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações para com terceiros,
pertencente a essa entidade; A representação deste e nas causas das suas
mutações analisadas, delimitam-se os objetivos, na prática, a aplicação da
contabilidade na empresa tem por finalidade fornecer aos usuários informações
sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio e suas
variações. Isso compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e
prognósticos expressos sob forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e demais
outros meios.
De forma geral, o objetivo da contabilidade é a geração de informações
que serão utilizadas por determinados usuários internos e externos.
Assim dispõe o tópico 1 (Cenários Contábeis) do Estudo “Estrutura
Conceitual Básica da Contabilidade”, elaborado pelo Instituto Brasileiro de
Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (IPECAFI), objeto de pronunciamento
do Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), aprovado e referendado pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da Deliberação nº.29, de
05/02/1986: A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Compreende-se por sistema de informação um conjunto articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite: a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo possível de relevância e o mínimo de custo; b) dar condições para, através da utilização de informações primárias constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas da própria Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades específicas, em oportunidades definidas ou não. Conceitua-se como usuário toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar. Para as finalidades deste trabalho, escolhemos como usuário preferencial o externo à entidade, constituído, basicamente, por: acionistas; emprestadores de recursos e credores em geral; e integrantes do mercado de capitais como um todo, no sentido de que a quantidade, a natureza e a relevância da informação prestada
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abertamente pela entidade influenciem, mesmo que indiretamente, esse mercado. Ainda dentro do objetivo deste trabalho, consideramos como usuários secundários os administradores (de todos os níveis) da entidade, bem como o Fisco. Aqueles obterão muita utilidade dos conceitos que trataremos a seguir, mas precisarão ir além e utilizar-se dos conceitos de Contabilidade Gerencial, fora do escopo deste trabalho; este, o Fisco, terá necessidade sempre dos ajustes vários a serem realizados em livros auxiliares. Informação de natureza econômica deve ser sempre entendida dentro da visão que a Contabilidade tem do que seja econômico e não, necessariamente, do tratamento que a Economia daria ao mesmo fenômeno; em largos traços, podemos afirmar que os fluxos de receitas e despesas (demonstração de resultado, por exemplo), bem como o capital e o patrimônio, em geral, são dimensões econômicas da Contabilidade, ao passo que os fluxos de caixa, de capital de giro, por exemplo, caracterizam a dimensão financeira. Não estamos, portanto, utilizando, neste trabalho, o termo financeiro no sentido de avaliado em moeda, como a própria Lei das Sociedades por Ações e a tradição anglo-americana consagram. Informação de natureza física constitui um importante desdobramento dentro da evolução da teoria dos sistemas contábeis, pois as mais recentes pesquisas sobre evolução de empreendimentos têm revelado que um bom sistema de informação e avaliação não pode repousar apenas em valores monetários, mas deverá incluir, na medida do possível, mensurações de natureza física tais como: quantidades geradas de produtos ou de serviços, número de depositantes em estabelecimentos bancários, e outras que possam permitir melhor inferência da evolução do empreendimento por parte do usuário. Informação de natureza de produtividade compreende a utilização mista de conceitos valorativos (financeiros no sentido restrito) e quantitativos (físicos no sentido restrito) como, por exemplo: receita bruta per capita, depósitos por clientes etc. As informações de natureza econômica e financeira, ainda assim, constituem o núcleo central da Contabilidade. O sistema de informação, todavia, deveria ser capaz de, com mínimo custo, suprir as dimensões físicas e de produtividade. Na evidenciação principal (demonstrações contábeis publicadas), todavia, as dimensões físicas e de produtividade consideram-se acessórias.
Percebe-se diante dos conceitos acima pesquisados, que os fundamentos
que norteiam a ciência contábil configura uma sistemática de usuário e dados
transformados em informações úteis que constituem o processo para gestão
empresarial, não obstante a possibilidade da contabilidade se apresentar com
fundamental importância benéfica na vida econômica das nações e das pessoas
naturais.
2.1.1 Informações geradas pela Contabilidade e seus usuários
As informações geradas pela contabilidade são úteis no auxílio nas
tomadas de decisões que buscam a realização de interesses e objetivos
empresariais.
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Essas informações são apresentadas geralmente sob a forma de
balancetes, balanços, demonstrações de resultados, dentre outros.
A Contabilidade está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas
físicas e jurídicas, deixando de ser uma mera profissão mecânica para ser uma
ferramenta que fundamenta todo o processo decisório, contribuindo para a
alavancagem da transparência e qualidade dos serviços contratados e prestados (RHEIM,2010).
É conveniente conceituar pessoa física e principalmente pessoa jurídica: Pessoa física é a pessoa natural, ou seja, o ser humano. De acordo o art.2º do vigente Código Civil (Lei nº 10.406/2002), “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”; Pessoa Jurídica, originalmente, a personalidade jurídica está associada a existência legal da pessoa jurídica de direito privado e/ou público começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro no órgão competente. Tal que dispõe o art.45º do vigente Código Civil (Lei nº 10.406/2002).
Para o IBRACON, o usuário será “toda pessoa física ou jurídica que tenha
interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal
entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar”.
Os usuários podem ter interesses diversificados, razão pela qual as informações
contábeis devem ser amplas, confiáveis e suficientes para a avaliação da situação
patrimonial da empresa com suas alterações em seu patrimônio.
Através do pronunciamento da Estrutura conceitual para elaboração e
apresentação das demonstrações contábeis, o Comitê de Pronunciamentos
Contábeis – CPC – cita entre os usuários das demonstrações contábeis os
investidores atuais e potenciais, empregados, governos e suas agências e o público.
Estes usuários utilizariam os relatórios contábeis para satisfazer algumas, dentre as
diversas, de suas necessidades de informações.
2.1.2 Patrimônio Empresarial
A contabilidade trata do estudo e do controle do patrimônio das entidades
(empresas), sendo seu objeto sempre o patrimônio da empresa.
Entende-se como patrimônio, todo o conjunto de bens, direitos e
obrigações, assim visualizados:
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a) Bens: estoques de mercadorias, móveis e utensílios de uso da empresa, suas
instalações, prédios, galpões, veículos e etc.;
b) Direitos: valores a receber (de clientes ou não), como exemplo as duplicatas a
receber;
c) Obrigações: dívidas da empresa, por exemplo, com seus fornecedores
(aqueles de quem ela adquire mercadorias), tributos devidos, aluguel a ser pago,
água, energia elétrica e telefone já consumidos, mas ainda a pagar, etc.
Tal conjunto de bens e direitos denomina-se ATIVO, enquanto que o
conjunto de obrigações denomina-se PASSIVO Exigível; do Patrimônio deriva o
conceito de patrimônio líquido, mediante a equação considerada básica na
contabilidade:
(Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido, ou seja, (Ativo –
Passivo Exigível = Patrimônio Líquido.
Pode-se dizer que o Patrimônio Líquido é a situação líquida do patrimônio
empresarial, ou seja, a diferença entre o que a empresa “tem” e o que ela “deve”. A
representação gráfica do patrimônio é o Balanço Patrimonial, no qual, constam os
valores do Ativo, Passivo Exigível e do Patrimônio Líquido em determinado
momento. Estruturalmente o balanço se divide em duas colunas:
a) A esquerda contém o ativo, sendo contextualizado em Ativo Circulante e Ativo
não Circulante;
b) A direita contém o passivo, o qual se divide em dois:
As obrigações em geral da empresa com terceiros, o chamado passivo
exigível; e
O patrimônio líquido.
2.1.3 Princípios de Contabilidade
Os conceitos gerais da contabilidade são norteados com a utilização
prática dos Princípios fundamentais contábeis, os quais se classificam em
Postulados, Princípios propriamente ditos e Convenções – Restrições aos princípios.
Com base no que dispõe a Resolução CFC nº 1.282/2010, que atualizou
e consolidou dispositivos da Resolução CFC nº.750/1993, trouxe uma série de
proposições básicas que sujeitam todas as normas contábeis às suas observâncias
24
sendo que são obrigatórias no exercício da profissão, constituindo uma condição de
legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
O artigo 2º da referida Resolução situa os Princípios Fundamentais de
Contabilidade como a essência de todas as doutrinas e teorias relativas à Ciência da
Contabilidade, padronizando assim todos os procedimentos contábeis. São eles: a) Princípio da Entidade: segundo este princípio, o patrimônio da empresa não se confunde com os dos seus sócios ou proprietários; b) Princípio da Competência: de acordo com este princípio, os efeitos das transações e outros eventos devem ser reconhecidos nos períodos a que se referirem, independentemente do recebimento ou do pagamento; c) Princípio da Prudência: este princípio, essencialmente, determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para o registro contábil. Isto, é claro, refletirá diretamente no Patrimônio Líquido da empresa; d) Princípio da Continuidade: segundo este princípio, a entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio devem levar em conta esta circunstância; e) Princípio do Registro pelo Valor Original: na sua essência, este princípio determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, ou seja, pelo valor de aquisição (valor de entrada dos bens, direitos e obrigações), expressos em moeda nacional; e f) Princípio da Oportunidade: este princípio refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. Segundo este, a falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.
Entretanto, fazer contabilidade dentro dos preceitos não se trata,
exclusivamente, de ferramenta gerencial, porém, uma necessidade de cumprimento
das atribuições dos profissionais contábeis em atendimento como exigências aos
diversos dispositivos da legislação que fundamenta a escrituração contábil, sob
pena de punição e responsabilidade, conforme vínculo obrigacional a saber:
Legislação explicitada a baixo:
Constituição Federal em seu art.5º dispõe do princípio da estrita legalidade, sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais perante a lei, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude da lei” (CF art.5º, inciso II),assim sendo, a escrituração contábil, ainda que de forma simplificada, constitui atribuição profissional regulada por leis específicas e, portanto, obrigatoriedade jurídica, que impõe observância. Código Civil Brasileiro, Lei nº.10.406/2002 em seu art.1.179, rege de forma impositiva aos profissionais da classe contábil, no sentido de que o empresário e a sociedade jurídica são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado, ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o resultado econômico.
25
O Código Tributário Nacional, Lei nº.5.172/66, no art.195, parágrafo único, aplicável a toda empresa, independente do seu porte ou mesmo da forma de tributação exercida, quando evidencia ante a ausência da escrituração mercantil revestida das formalidades que lhes sejam pertinentes, ou em caso de haver irregularidades na contabilidade, os agentes fiscais não podem realizar suas atribuições com a precisão necessária, fato que pode resultar em autuação por parte do servidor público. Lei de Recuperação de Empresas, Lei nº.11.101/2005 regula os fundamentos da escrituração contábil, no que tange o instituto da recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, ou seja, a contabilidade apresentada como sustentáculo e base de apoio em plano especial de análise e processo de recuperação de massa falida. Lei das Sociedades Anônimas, Lei nº.6.404/76, alterada pela Lei nº.11.638/07, no que se refere aos procedimentos e normas para a elaboração das seguintes demonstrações contábeis ou demonstrações financeiras das sociedades: a) Balanço Patrimonial b) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); c) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); d) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC – obrigatória pelas Companhias em geral); e) Demonstração do Valor Adicionado (DVA – obrigatória somente pelas Companhias Abertas); e f) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL - obrigatória somente pelas Companhias Abertas). Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária, Lei nº.8.137/90, constitui um cenário vinculativo entre o profissional contabilista e cliente-empresário, principalmente ao que se refere aos procedimentos escusos ou eventuais crimes praticados pelo empresário, os quais nem sempre reportados ou conhecidos, porém, implicando através da escrituração contábil, em responsabilidades interligadas ao contabilista, todavia, adotar providências que objetivem estabelecer a ruptura ou os limites do efetivo conhecimento ou participação do profissional contábil, sendo por conveniência ou sujeição, se faz necessário a abrangência de princípios e valores éticos, morais e legais que reflitam a essência de seus trabalhos e então se eximir ou diminuir o grau de culpabilidade. Lei do Sistema Previdenciário, Lei nº.8.212/91, a qual dispõe sobre a organização da seguridade social, que em seu artigo 32, trata da obrigatoriedade escrituração contábil , através de lançamentos mensais de forma discriminadas, os fatos geradores das contribuições dos assegurados, bem como das empresas em seu total recolhido e ainda, prestar todos os esclarecimentos e informações solicitadas pelo fisco. Lei Complementar nº.123/2006 em seus art.26 e 27, estabelece que as pequenas empresas ficam obrigadas a manter livro caixa em que será escriturada sua movimentação financeira e bancária, podendo adotar opcionalmente a “contabilidade simplificada” para os registros e controles das operações realizadas, porém o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) editou a Resolução nº.1.330/2011, dispõe que escrituração contábil deve ser adotada por todas as entidades, independente da natureza e do porte, portanto, desde então, não há que se falar em escrituração contábil simplificada para micro e pequenas empresas , haja vista que estas entidades devem observar os mesmos critérios e procedimentos aplicáveis às demais entidades para contabilidade de seus atos patrimoniais.
26
Desta forma, as empresas que não possuem todas as características
para estarem inclusos na exceção, estão obrigados a efetuarem a escrituração
contábil, inclusive as Pequenas Empresas optantes do Simples Nacional (PEs).
2.1.4 Escrituração contábil
A escrituração contábil é composta pelo registro de fatos administrativos
que alteram de forma qualitativa ou quantitativa o patrimônio e estes registros
devem ser expostos através de demonstrações contábeis.
Segundo Crepaldi (2008), o método de escrituração o qual é executado é
o chamado "método das partidas dobradas", que informa que para cada
lançamento "a débito", deve corresponder um "a crédito", e vice-versa, sendo que
este método é considerado como a "arte da escrituração”, ou seja, a escrituração,
quando usada pelo método das partidas dobradas assume uma condição de
registro contábil, uma vez que, sem este método, o controle será meramente
administrativo e não contábil.
De acordo com Santos (2001), o processo de escrituração nas entidades
envolve além das transações dos componentes do patrimônio, os recursos
financeiros, econômicos e sociais que formarão as demonstrações contábeis que,
em última instância, servirão de consulta e análise também, pelos outros setores e
ramos de atividade; O Código Civil de 2.002 na Lei 10.406/2002 em seu artigo 1179
informa que:
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Ao que dispõe o art.257 do RIR/1999, a escrituração comercial,
mecanizada ou não, deve seguir ordem uniforme, com a utilização de livros e
documentos adequados, cujo número e espécie ficam a critério da pessoa jurídica.
Será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com
individuação e clareza, por ordem cronológica de dia. mês e ano, sem intervalos em
branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para as
margens, observado os artigos 269,270 do RIR/1999:
27
a) Os registros contábeis devem estar lastreados em documentos hábeis segundo a sua natureza ou assim definidos em preceitos legais; b) A forma escriturar suas operações é de livre escolha de cada empresa, desde que obedecidos os princípios e as técnicas ditadas pela contabilidade, não cabendo ao fisco opinar sobre processos de escrituração, os quais só ficarão sujeitos à impugnação quando em desacordo com as normas e os padrões de contabilidade geralmente aceitos ou possam levar a um resultado diferente do legítimo; c) Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação.
Diante da conjuntura atual, a classe empresarial contempla o avanço
tecnológico na forma de interação entre contribuinte e fisco, de maneira a
necessitar de adequação quanto ao modo virtual no cumprimento das obrigações
em atendimento a legislação, implicando em investimentos em maquinários e
pessoal qualificado, haja visto, a produção eletrônica das informações contábeis.
2.1.4.1Escrituração Contábil em forma Eletrônica
Através da resolução CFC nº.1.020/2005, o Conselho Federal de
Contabilidade aprovou a Norma Brasileira Contábil Técnica NBCT 2.8 – das
Formalidades da Escrituração Contábil em forma eletrônica, bem como sobre sua
certificação digital, validação perante terceiros, manutenção dos arquivos e
responsabilidade do contabilista.
A escrituração contábil eletrônica e as emissões de livros, relatórios e
demonstrativos contábeis são de responsabilidades exclusivas de profissional
contábil legalmente habilitado e devem conter assinatura digital do empresário ou
sociedade empresária e do contabilista. O balanço patrimonial e as demais
demonstrações contábeis de encerramento de exercício devem ser inseridos no
livro Diário eletrônico.
Em conformidade ao Guia Prático de Obrigações (CRC/SP, 2011), A
substituição da escrituração em papel pela Escrituração Contábil Digital - ECD,
também chamada de SPED-Contábil. Trata-se da obrigação de transmitir em
versão digital os seguintes livros:
I - livro Diário e seus auxiliares, se houver;
II - livro Razão e seus auxiliares, se houver;
28
III - livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento
comprobatórias dos assentamentos neles transcritos.
Segundo a Instrução Normativa RFB nº 787de 19 de novembro de 2007,
estão obrigadas a adotar a ECD em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir
de 1º de janeiro de 2008, as sociedades empresárias sujeitas a acompanhamento
econômico-tributário diferenciado, e sujeitas à tributação do Imposto de Renda com
base no Lucro Real.
Em relação aos fatos contábeis desde 1º de janeiro de 2009, as demais
sociedades empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no
Lucro Real. Para as demais sociedades empresárias a ECD é facultativa. As
sociedades simples e as microempresas e empresas de pequeno porte optantes
pelo Simples Nacional estão dispensadas desta obrigação.
Conforme disposto no artigo 267 do RIR/1999, a pessoa jurídica que se
utilizar de sistema de processamento de dados deverá manter documentação
técnica completa e atualizada do sistema suficiente para possibilitar a sua auditoria,
facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão quando
solicitada pelo agente fiscal, sendo então, à disposição da Secretaria da Receita
Federal (RFB), pelo prazo decadencial de guarda de documentação contábil e fiscal
previsto na legislação tributária, contudo, ao que dispõe a Instrução Normativa da
RFB nº.86/2001, ficam dispensadas do cumprimento desta obrigação as pequenas
empresas enquadradas no SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamentos de
impostos e Contribuições das microempresas e empresas de pequeno porte.
2.1.4.2 Sistema público de escrituração digital (SPED)
Conforme Decreto nº 6.022/2007, SPED é um instrumento que unificará
as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e
documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das
sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações;
Ao observar o Manual de Procedimentos que trata sobre temática
contábil do Boletim IOB (v.23, 2008), entende-se que, o SPED visa, na essência,
promover a atuação integrada dos fiscos federal, estaduais e municipais, através de
padronização das informações e do acesso compartilhado à escrituração digital dos
29
contribuintes; sendo administrado pela Secretaria da Receita Federal, a qual
estabelece a política de segurança e de acesso às informações armazenadas no
SPED.
Embora armazenando os dados no SPED não seja dispensada a
obrigatoriedade de cada empresa que o utilize desta escrituração digital, de manter
sob sua guarda e responsabilidade dos livros e documentos que originaram, na
forma e prazos previstos na legislação aplicável.
Também racionalizar e uniformizar a obrigações da parte do contribuinte
e ainda maior rapidez na identificação de atos ilícitos tributários, tendo controle de
fiscalização mais efetivo através dos cruzamentos de informações, dentre outros
benefícios proporcionados, tanto para a sociedade como para o fisco, no âmbito
econômico/financeiro, como ainda ecológico.
Ainda ao exposto, a IOB contextualiza, de modo geral, que o SPED
consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações
pertinentes a legislação em vigor, proporcionando uma série de benefícios, tanto
para as empresas e para o fisco, quanto para a sociedade.
2.1.5 Livros
Observando-se o RIR/1999, artigos 255 e 263 discorrem sobre os livros
utilizados na escrituração contábil atendem a diversas finalidades, poderão ser
escriturados por sistema de processamento eletrônico de dados e são previstos em
leis que tratam de aspectos societários e fiscais, são eles comerciais e fiscais, a
saber:
2.1.5.1 Livros contábeis
I. Livro Diário é de uso obrigatório, que constitui o registro básico de
toda a escrituração contábil, no qual devem ser lançados, dia a dia, todos os atos
ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam a vir modificar a situação
patrimonial da pessoa jurídica, devem ser efetuados com individualização e clareza,
30
de modo a permitir, em qualquer momento, a perfeita identificação dos fatos
descritos; sendo obrigatória sua autenticação pelo órgão competente.
II. Livro Razão é utilizado para resumir e totalizar, por conta ou subconta,
os lançamentos efetuados no Diário, devendo a sua escrituração ser individualizada
e obedecer a ordem cronológica das operações (RIR/1999, art.259), apresenta os
totais lançados a débito e a crédito de cada conta e o saldo dela. Este livro é
dispensado de autenticação.
III. Os livros auxiliares, tais como Caixa, Contas Correntes e Registro de
Duplicatas, que podem ser escriturados em fichas, são dispensados de
autenticação quando as operações a que se reportarem tiverem sido lançadas
pormenorizadamente, em livros devidamente registrados (RIR/1999, art.258, §5º).
Segundo Crepaldi (2003:99), estes livros embora não estejam obrigados
por lei, são necessários ao bom funcionamento do sistema contábil das empresas e
do ponto de vista do interesse dos administradores.
2.1.5.2 Livros fiscais
Conforme artigos 260 a 262, as empresas deverão possuir os seguintes
livros fiscais para efeito de Imposto de Renda(RIR/1999):
I – Livro para registro de inventário, no qual deverão ser arrolados, com
especificações que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produtos
manufaturados, as matérias-primas, os produtos em fabricação e os bens em
almoxarifado existentes na data do balanço patrimonial levantado ao fim da cada
período de apuração (Lei 6.404/76, art. 183, inciso II).
II – para registro de entradas (compras);tem como principal característica
a necessidade de ser escriturado em condições de poder identificar, pelos registros,
os fornecedores e respectivos documentos de compras de bens destinados a
industrialização e/ou comercialização.
III – de Apuração do Lucro Real – LALUR, cuja escrituração deverão ser
lançados os ajustes do lucro líquido do período de apuração, bem como transcrita a
demonstração do lucro real e ser mantidos os registros de controle dos prejuízos a
compensar, do lucro a realizar, da depreciação acelerada incentivada, bem como
os demais valores que influenciar a determinação do lucro real de períodos de
31
apuração futuros e que não constam na escrituração comercial e ainda dos valores
das deduções incentivados.
IV – para registro permanente de estoque, para as pessoas jurídicas que
exercerem atividades de compra, venda, incorporação e construção de imóveis,
loteamento ou desmembramento de terrenos para venda;
V – de Movimentação de Combustíveis, a ser escriturado diariamente
pelo posto revendedor.
Relativamente aos livros a que se referem os incisos acima, I, II e IV, as
pessoas jurídicas poderão criar modelos próprios que satisfaçam às necessidades
de seu negócio, ou utilizar os livros porventura exigidos por outras leis fiscais, ou,
ainda, substituí-los por séries de fichas numeradas.
Os livros de que tratam os incisos I e II ou as fichas que os substituírem,
serão registrados e autenticados pelo Departamento Nacional de Registro do
Comércio, ou pelas Juntas Comerciais ou repartições encarregadas do registro de
comércio e, quando se tratar de sociedade civil, pelo Registro Civil de Pessoas
Jurídicas ou pelo Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei 154/47, art. 2,
§ 7°, e 3, e Lei 3.470/58, art. 71).
No caso de pessoa física equiparada à pessoa jurídica pela prática das
operações imobiliárias, a autenticação do livro para registro permanente de estoque
será efetuada pelo órgão da Secretaria da Receita Federal.
2.2 PEQUENAS EMPRESAS (PEs) OPTANTES DO SIMPLES NACIONAL
2.2.1 Simples Nacional
O Simples Nacional se caracteriza pela Lei Complementar nº 123/2006,
com as alterações da Lei Complementar nº 128/2008 e da Lei Complementar nº
139/2011, que estabeleceu as normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e
favorecido a ser dispensado às microempresas (ME).
Empresas de pequeno porte (EPP) no âmbito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, também conhecido como Lei Geral da Micro
Empresa e Empresa de Pequeno Porte, a qual apresenta benefícios que vão além
32
dos tributários, disciplina temas relevantes para tais empresas, como a
simplificação de obrigações trabalhistas e previdenciárias, o acesso a crédito, ao
mercado, à tecnologia, entre outros.
Atualmente, regulamentado por Resoluções expedidas pelo Comitê
Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN),
em vigor desde 01/07/2007, trata as seguintes inovações para as ME e EPP:
a) revogou a Lei nº 9.317/1996 que vigorou até 30.06.2007; b) trouxe novos percentuais sobre a receita bruta ; c) tratamento diferenciado ao acesso a crédito e nas licitações públicas; d) tratamento simplificado de fiscalização ambiental, sanitária e de segurança; e) recolhimento unificado de tributos e contribuições em DARF específico; f) será permitida a utilização do regime de caixa e não haverá tributação sobre valores não recebidos; g) foi criado o contribuinte Empresário Individual, atualmente com a receita bruta anual de até R$ 60.000,00;
Dispõe também, que o Simples Nacional foi criado com a finalidade de
beneficiar as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) com
objetivo de simplificar o processo burocrático e unificar os pagamentos dos
seguintes tributos e contribuições:
a) Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); b) Contribuição Social sobre o Lucro (CSL); c) Imposto sobre os produtos industrializados (IPI); d) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); e) Contribuição para o PIS-Pasep; f) Contribuição para a Seguridade Social; g) Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); h) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.
2.2.2 Micro empresa e empresa de pequeno porte
A Constituição Federal de 1988 prevê que a União, os Estados o Distrito
e os Municípios devem dispensar às microempresas (ME) e às empresas de
pequeno porte, conforme definidas em lei, "tratamento jurídico diferenciado,
visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,
tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por
meio de lei" (art. 179).
Ao que se refere o art. 966 do Código Civil/2002, consideram-se ME ou
33
EPP a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário, devidamente
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, conforme o caso, desde que: a) no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00; b) no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00.
A legislação do Simples considera receita bruta o produto da venda de
bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e
o resultado nas operações em conta alheia. Não devem ser incluídos, na receita
bruta, as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
O art. 3º, § 4º, da Lei Complementar nº 123/2006, com a redação dada
pela Lei Complementar nº 128/2008, dispões que não poderá se beneficiar do
tratamento jurídico diferenciado, incluído no regime tributário simplificado do
Simples Nacional, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica:
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos do Estatuto das ME e EPP, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite R$ 3.600.000,00; IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada pelas normas do Estatuto das ME e EPP, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite R$ 3.600.000,00; V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite R$ 3.600.000,00; VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 anos calendário anteriores; X - constituída sob a forma de sociedade por ações (S/A).
De acordo com a legislação que rege o Simples, as microempresas e as
empresas de pequeno porte optantes por esse sistema ficam dispensadas de
escrituração comercial para fins fiscais, desde que mantenham em boa ordem e
34
guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais
ações que lhes sejam pertinentes:
Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua
movimentação financeira, inclusive bancária (não há obrigatoriamente de o livro
Caixa ser autenticado pela Receita Federal);
Livro Registro de Inventário, no qual deverão ser registrados os
estoques (mercadorias, matérias-primas, produtos em elaboração, etc,) existentes
no término de cada ano-calendário;
Declaração de rendimentos: anualmente, a ME e a EPP inscritas no
Simples devem apresentar uma declaração simplificada de rendimentos à
Secretaria da Receita Federal.
Assim sendo, com tantos fatores que ajudarão a impulsionar os
pequenos negócios, pressupõe-se que a Lei Geral estimulará muitas empresas
saírem da informalidade, haja vista, que o registro da empresa amplia os horizontes
do negócio, pois permite vender para grandes grupos empresariais e para o
governo, dá acesso a linhas de crédito e à tecnologia, entre outras oportunidades;
assegurando o fortalecimento de sua participação no processo de desenvolvimento
econômico e social do país.
Segundo estudo do McKinsey Global Institute, uma redução de 20% na
informalidade seria capaz de elevar a taxa de crescimento brasileiro em pelo menos
1,5%,conforme divulga SEBRAE.
Percebe-se, que mesmo com algumas alterações e aprimoramento na
legislação esse sistema resumido de tributação vem alcançando pelo êxito, tanto
para contribuintes como para o sistema de arrecadação.
Todo este estudo é desenvolvido através de métodos de pesquisa, cujo
o intuito é apresentar os objetivos propostos com a devida fundamentação; assim
sendo, serão definidos a seguir os métodos e procedimentos utilizados para
elaboração deste trabalho acadêmico.
35
3. METODOLOGIA
3.1 Escolha do tema
Na elaboração deste trabalho se faz necessário desenvolver um projeto
de pesquisa, para tanto, requer a utilização de procedimentos pré-liminares que
colaborem para manter uma linha de raciocínio coerente, aceitável e lógico, podendo
ser compreendido como o caminho a ser seguido na pesquisa.
Esses procedimentos são denominados de metodologia de pesquisa.
Segundo Vergara (2009) Método é um caminho, uma forma, uma lógica de
pensamento.
Sendo assim, inicialmente, tem-se a escolha do tema como procedimento
primordial como ponto de partida para desenvolver um trabalho científico. Almeida
(2011) afirma que a escolha do tema permite que você aprofunde os conhecimentos
sobre o mesmo.
Para escolha do tema deste trabalho foi observado por parte da autora,
através de sua atuação profissional no mercado empresarial, uma análise do
comportamento dos pequenos empresários; onde, nas últimas décadas é notório o
uso da contabilidade de maneira subestimada, ou seja, valendo-se desse
instrumento contábil apenas para fins fiscais, ao evidenciar-se a legislação tributária
acima da legislação contábil.
A idéia de abordar esse assunto, foi através do acompanhamento
constante junto ao universo de gestores das pequenas empresas, percebeu-se a
dificuldade em se adotar a contabilidade como facilitador e instrumento auxiliar na
tomada de decisões, retratando então a necessidade de conscientização e
compreensão quanto, do uso em potencial da contabilidade como fator importante
na sustentabilidade e alcance do sucesso empresarial.
Assim nasceu o tema deste trabalho: “Relevância da Escrituração
Contábil para as Pequenas Empresas Optantes do Simples Nacional, como
Instrumento Facilitador da Gestão de Negócios”. Após definido o tema de estudo
vem à escolha dos métodos de pesquisa que irão proporcionar o desenvolvimento
do trabalho sem fugir a idéia central.
A escolha do método a ser aplicado é imprescindível para iniciar um
Trabalho de Conclusão de Curto (TCC). Para Almeida (2011) trata-se da adoção de
36
procedimentos padronizados e muito bem descritos, a fim de que outras pessoas
possam chegar a resultados semelhantes se seguirem os seus passos.
Objetivando atingir ao proposto por esse estudo, apresenta-se a seguir os
métodos e procedimentos utilizados para elaboração deste trabalho acadêmico.
3.2 Tipos de pesquisa
Para fundamentação do tema proposto, apresenta-se então, o tipo de
pesquisa utilizada:
Quanto ao método de abordagem, considerou-se:
Dedutivo, uma vez que, segundo Descartes, pensador e filósofo
francês, diz: É possível chegar a certeza através da razão, partindo das teorias e
leis gerais, pode-se chegar a determinação ou previsão de fenômenos;
Abordagem Qualitativa, segundo Almeida (2011) ressalta que,
abordagem qualitativa – esse tipo de estudo tem o ambiente natural como fonte
direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental (GODOY, 1995);
O objetivo dessa abordagem é extrair os dados necessários para
fundamentação o trabalho, numa concepção teórica utilizada pelo pesquisador.
Quanto ao método de procedimentos, valeu-se da observação
dinamizada do universo dos pequenos empresários.
Como tipo de pesquisa adotou-se, Pesquisa Bibliográfica: Esse tipo de
pesquisa se dá através de investigação de obras relacionadas com o tema
escolhido. Neste trabalho mencionam-se obras que abordam assuntos
relacionados com: Contabilidade Geral, Planejamento Estratégico, Análise das
Demonstrações Contábeis, Empresas Optantes do Simples Nacional,entre outros.
Vergara (2009) afirma que Pesquisa bibliográfica é o estudo
sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas,
jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral.
Aliados aos métodos foram utilizados as técnicas:
Pesquisa documental (livros, textos, artigos, revistas, publicações
e entre outros);
Pesquisa virtual (consulta de sites relacionados ao assunto);
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Observação para coleta de dados.
Após conhecer os métodos de pesquisa utilizados, tem-se a seguir a
apresentação do universo em que o objeto de estudo está inserido e o tipo de
amostra utilizada.
3.3 Universo e amostra
Para Vergara (2009) trata-se de definir toda a população e a população
amostral. O Universo diz respeito ao objeto de estudo como um todo, onde a
Amostra seria uma parte desse todo.
Especificamente neste caso, tem-se como universo de pesquisa a classe
dos pequenos empresários, regionalizados na capital de Fortaleza do estado do
Ceará.
A Amostra utilizada na pesquisa aborda o setor burocrático da pequena
empresa, em foco no administrativo e contábil. Quanto ao tipo de Amostra, Vergara
(2009) afirma que existe a amostra probabilística, baseada em procedimentos
estatísticos, e a não probabilística.
Adotou-se nesta pesquisa a amostragem não probabilística utilizando-se
o critério de acessibilidade, tendo em vista a facilidade de acesso às informações.
Em face às atividades rotineiras do dia a dia, como profissional contábil e
mediante contato constante junto aos gestores de pequenas empresas, bem como
colegas da classe profissional, extraiu-se experiências de caráter observacional, as
quais refletem a ausência das ferramentas abordadas no capítulo 2, onde neste
momento, procura-se evidenciar a necessidade de adoção da ferramenta contábil
como subsídio necessário para uma eficiente gestão.
38
4. INFORMAÇÕES CONTÁBEIS NO PROCESSO DE GESTÃO DAS PEQUENAS
EMPRESAS
4.1 Informação Contábil e suas necessidades
Hoje, vivem-se tempos de grandes e rápidas transformações, os
desafios são cada vez maiores. Tal dinamismo exigem inovações rápidas para que
as empresas possam ter condições de competir e sobreviver.
Fator este que aumenta a importância de planejamento no ciclo
administrativo empresarial, de modo a se utilizar da contabilidade, pelo seu objetivo
de produzir informação útil para os usuários interessados em avaliar a atuação da
gestão da entidade e a prestação de contas de seus recursos, com a finalidade de
alcançar condições para tomada de decisões.
Em uma visão sistêmica, a contabilidade permite explicar os fatos
dinâmicos dos elementos patrimoniais, proporcionando construir ações estratégicas
de análises, controle, bem como, também serve para prever e projetar posturas
voltadas para o futuro, entre tantas outras funções.
Considerando esse enfoque organizacional, em comparação
contextualiza-se a contabilidade como um sistema nervoso, que serve de elo entre
a administração e as áreas de execução e vice-versa.
Na verdade, existe uma dependência das partes, uma vez que todas
estão ligadas intencionalmente para manter o organismo em funcionamento, ou
seja, o organismo-empresa, para sua funcionalidade, depende de uma boa
administração assessorada pela contabilidade como fonte de informações úteis aos
processos de tomada de decisão e controle, destacando-se a necessidade de
utilização, por parte dos administradores, das importantes fontes de dados geradas
pelo sistema de informação contábil.
Percebe-se que nos últimos tempos, um crescente aumento do número
de PE, dada a expansão da própria vida em sociedade, cuja gestão tem se
modificado em complexidade.
Tornando a contabilidade cada vez mais um indispensável instrumento
para sua segurança e desenvolvimento, uma vez que há uma necessidade do
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conhecer e controlar os recursos e as variações do patrimônio, riqueza em
constante movimentação diante de uma organização econômica, a qual requer um
formulação de estratégias.
4.2 Instrumento facilitador de gestão
Micro, Pequena, Média ou Grande empresa, com ou sem finalidade
lucrativa, públicas ou privadas, encontram-se inseridas num cenário sócio-político,
empresarial e econômico.
Aos quais necessariamente devem estar adaptadas para que possam
cumprir efetivamente seu objetivo operacional, seja na satisfação das necessidades
de seus clientes seja na geração de recursos que remunerem o capital investido
pelo proprietário.
Para tanto, a empresa através de seus administradores, deve buscar seu
sucesso, tomando por base seus planos em administrar eficientemente, fazendo
uso das ferramentas contábeis;
Em termos gerais ao que tange a conjuntura atual, é perceptível nas
pequenas empresas, que há controles deficientes e falta de informações úteis para
a sua gestão.
É, portanto, fundamental que a partir das informações levantadas,
elaboradas e fornecidas pela contabilidade, a cultura de pensamento administrativo
da empresa através de técnicas como as de análise e interpretação de balanços,
auditoria e controladoria, busque implantar projetos possíveis para tomadas de
decisões quanto a investimentos, financiamentos, pagamento das obrigações,
aquisições e ou vendas de bens, nível ideal de estoque, bem como, na área
financeira.
O gestor da pequena empresa deve está preocupado em manter a sua
solvência e em maximizar a sua riqueza, tendo como ponto de partida as
informações vindas do sistema contábil, dentre tantas outras operações funcionais
da organização.
Na prática do cotidiano, o que se evidencia, é a utilização limitada acerca
dos objetivos da contabilidade, uma vez que, é comum a contabilidade ser
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encarada como um instrumento necessário tão-somente para atender a uma série
de exigências legais e burocráticas, e não como um instrumento de apoio ao
administrador para a tomada de decisões e controle patrimonial.
Outrossim, é preciso destacar que a contabilidade não existe apenas
para o cumprimento das obrigações legais e sim além dessa função, que de fato
existe, ela também exerce grande influência sobre o processo de tomada de
decisão no sentido de orientar no gerencialmente dos negócios.
Neste contexto percebe-se que para desenvolver um plano
administrativo, subsidiado pela contabilidade gerencial, depende,
fundamentalmente, da aceitação e conscientização dos gestores e da capacidade
técnica dos profissionais da área contábil.
Entende-se como informação contábil no quesito gerencial, aos dados
financeiros e operacionais sobre atividades, processo de identificar, mensurar,
reportar e analisar informações sobre eventos econômicos da empresa.
Ou seja, produção de informações financeiras e operacionais para
usuários de nível interno a organização, enquanto que informação contábil no
quesito financeira consiste em gerar dados expressos através de demonstrativos
financeiros para público externo. (ATKINSON et al, 2000)
Podendo ser visualizado de acordo com o Quadro 1.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Mário S. Elaboração de Projeto, TCC, DISSERTAÇÃO E TESE: Uma Abordagem Simples, Prática e Objetiva. 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2011. BRASIL. Decreto nº. 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Institui o Sistema Público de escrituração Digital – SPED. Acesso em 01. de jul.2012. BOLETIM IOB. Manual de Procedimentos: Temática Contábil e Balanços. São Paulo. 2008. v.23. BRASIL. Planalto. Disponível em <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis> BRASIL. Lei 6.404/76. Lei das Sociedades Anônimas. BRASIL. Decreto 3.000/99. Regulamento do Imposto de Renda. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade. Princípios fundamentais de contabilidade. Resolução CFC 530/81. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade. Princípios fundamentais de contabilidade. Resolução CFC N.º 750/93. Atualizada com a Resolução CFC nº1.282/2010. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade. Princípios fundamentais de contabilidade. Resolução CFC N.º 774/94. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade. Princípios fundamentais de contabilidade. Resolução CFC N.º 1.020/2005. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 2, Mar/Abr, 1995. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade. 3. ed. - São Paulo : Atlas, 2002. IUDÍCIBUS, S. Martins.Teoria da contabilidade. 5 ed. São Paulo, Ed Atlas, 1997. IUDÍCIBUS, S. Martins, et al. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações: Aplicável a todas as Sociedades – de acordo com as Normas Internacionais e do CPC. FIPECAFI. 1ª ed. São Paulo, Editora: Atlas, 2010. JÚNIOR, Édison Rheim. A Importância da Escrituração Contábil como diferencial no Processo de gestão nas empresas. set. 2012.
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