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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ – CEAP CURSO DE DIREITO EDNA MARIA RODRIGUES MAGALHÃES MONOGRAFIA EXPLORAÇÃO DE TANTALITA NO AMAPÁ MACAPÁ-AP/2006

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ – CEAP

CURSO DE DIREITO

EDNA MARIA RODRIGUES MAGALHÃES

MONOGRAFIA

EXPLORAÇÃO DE TANTALITA NO AMAPÁ

MACAPÁ-AP/2006

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EDNA MARIA RODRIGUES MAGALHÃES

MONOGRAFIA

EXPLORAÇÃO DE TANTALITA NO AMAPÁ

Monografia para obtenção do grau de Bacharel em Direito pelo Centro de Ensino Superior do Amapá – CEAP, tendo como orientadora a Professora Luciana Lima Marialves de Melo.

MACAPÁ- AP/2006

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EDNA MARIA RODRIGUES MAGALHÃES

EXPLORAÇÃO DE TANTALITA NO AMAPÁ

Monografia para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sendo à comissão julgadora composta por Professores da área ambiental do Centro de Ensino Superior do Amapá – CEAP.

Aprovada em ________/________/_________

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Nome da orientadora _____________________________________________________________ Nome do(a) avaliador(a) _____________________________________________________________ Nome do(a) avaliador(a)

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Dedico esse trabalho aos meus irmãos Evaldo,

Edinéia e Edivaldo pela determinação na formação de

uma família unida em meu processo de desenvolvimento

pessoal; a meus filhos Wendell e Weslley pelo

incentivo; e aos netos que hoje representam a renovação,

alimentando esse ciclo virtuoso criado por nós.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, maior fonte de inspiração e sabedoria para

quem acredita ser possível a realização de um objetivo pessoal na busca do conhecimento,

trabalhando com respeito, dignidade e amor ao próximo.

À professora Luciana Melo pela orientação e acompanhamento nas fases de

desenvolvimento, desde o esboço do primeiro capítulo até a versão final desta monografia.

Aos professores Carmo Antônio, Vicente Gomes e Marconi Pimenta pela

dedicação e carinho especial a todos os alunos da turma, contribuindo de forma decisiva para

o aprimoramento do aprendizado com o intuito de que eu pudesse alcançar os objetivos

almejados.

Aos professores Maurício Júnior, Agnaldo Alves, Veronice Alves, Paulo

Guerra, Osmar Marinho, Elias Salviano, Vanderlei Camera, Gláucia Sousa, Marcos Marinho,

Sérgio Sampaio, Ulisses Trãsel e Renato Ribeiro pelos ensinamentos para que eu chegasse ao

final dessa jornada.

A todos que compõem os corpos discente e docente do CEAP pelo tratamento

e pela atenção dedicados nos momentos precisos.

Aos colegas que me acompanharam ao longo desses anos acadêmico, em

especial a Ana Dulce Ferreira, Mercês Ferreira Brito, Raimunda da Luz (Barral), Nery Viana,

Joaquim Leite, Ana Góes, Márcia de Fátima da Silva e Nazaré Picanço pela valorosa

compreensão e amizade, esperando perdurar ao longo de nossas vidas.

Aos profissionais da DEFENAP que também contribuem para meu sucesso,

com orientações durante o período de estágio que lá freqüento, em especial aos Defensores

Tânia Ciuffi, Adriana Ramos, Manoel Carlos, Geane Teixeira, Girlene Teixeira, Helder

Carneiro, Walter Araújo, Ana Rita, Karina , Lucivaldo e às funcionárias Socorro, Rosângela,

Terezinha e Erick.

A Mário Sérgio Ribeiro da SEMA; ao geólogo Célio Araújo, técnico da

SEICOM; ao engenheiro de Minas do DNPM, Ranolfo Figueiredo Marinho; ao Senhor Dingo

Ferreira e ao geólogo Deovandski Skibinski pela atenção e colaboração no fornecimento das

informações, bem como materiais diversos que enriqueceram a monografia.

Aos dirigentes e colegas de trabalho pela amizade, companheirismo e apoio

que me foi dispensado durante esses anos acadêmicos, contribuindo para realização de meus

objetivos.

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RESUMO

A proteção do meio ambiente deveria ser prioridade de todos os governantes,

principalmente no que tange a degradação ambiental. Lamentavelmente no Estado do Amapá

não recebe do Poder Público a devida atenção pretendida pela Constituição.

Em razão do potencial mineral existente na região, surge o interesse pela

exploração do bem, havendo a necessidade de maior atuação e participação da fiscalização em

tais ações, agindo em conformidade com a legislação pertinente, principalmente nas

atividades ilegais ou clandestinas, que extraem os recursos minerais, de forma aleatória, sem

orientação técnica o que conseqüentemente acarretará em prejuízos ao meio ambiente.

Os minerais são recursos escassos, finitos e, de certa forma, elementos

estratégicos na organização sócio-econômica do Estado, resultando na imposição de limites à

sua exploração econômica, na maioria das vezes, sem qualquer atenção ao meio ambiente.

O bem jurídico essencial diz respeito ao aspecto ambiental da mineração, pois

todos os brasileiros têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e cabe àquele

que explorar os recursos minerais a obrigação de recuperar o meio ambiente degradado, de

acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

O licenciamento das atividades de extração minerária envolve a manifestação

das três esferas da administração pública, que são: Municipal, Estadual e Federal. A extração

mineral desempenha papel fundamental na economia, não só como geradoras de empregos e

impostos, mas também representa fator determinante para o desenvolvimento do Estado e das

microrregiões, isso quando fiscalizadas e acompanhadas pelos órgãos competentes.

O EIA/RIMA auxilia os órgãos de meio ambiente na tomada de decisão quanto

à concessão de licenças ambientais e serve como instrumento de negociação entre os agentes

envolvidos nos projetos propostos. Todavia, os EIA/RIMA têm contribuído pouco no Estado

para aperfeiçoar a concepção dos propostos e para a gestão ambiental no seu todo.

O tântalo é um metal de alto valor devido suas propriedades intrínsecas que

englobam excelente ductilidade, resistência à corrosão, alto ponto de fusão, ebulição e boa

condutividade térmica e elétrica. É usado também em superligas para fabricação de produtos

laminados e fios, os quais são resistentes a corrosão e a altas temperaturas, assim como em

lâminas de turbinas para indústria aeronáutica. Como carbeto (TaC) é também usado em

ferramentas de corte.

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SUMÁRIO

01. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................09

1.1. Questão Mineraria no Contexto Mundial .............................................................09

1.2. Questão Mineraria no Brasil ..................................................................................09

1.2.1. Legislação atual ...........................................................................................10

1.2.2. Presença de tantalita no Amapá ................................................................12

02. CAPÍTULO I ...................................................................................................................14

2.1. Evolução Histórica .................................................................................................14

2.1.1. Brasil ..........................................................................................................14

2.1.2. Estado do Amapá .....................................................................................15

2.2. Conceitos .................................................................................................................15

2.2.1. Jazida ...........................................................................................................16

2.2.2. Lavra ...........................................................................................................16

2.2.3. Minério ........................................................................................................17

2.2.4. Rejeitos de operações minerais .................................................................17

2.2.5. Tantalita ......................................................................................................17

2.2.5.1. Exploração de tantalita ..............................................................17

2.2.5.2. Fatores de riscos no setor mineral ............................................19

03. CAPÍTULO II .................................................................................................................20

3.1. Propriedade dos Bens Minerais ..........................................................................20

3.2. Tributação Mineral ..............................................................................................20

3.3. Direitos Minerários (autorização e concessão) ..................................................22

04. CAPÍTULO III ................................................................................................................23

4.1. Entrevistas ..............................................................................................................23

4.1.1. Mário Sérgio Ribeiro – chefe da divisão de licenciamento da

SEMA .........................................................................................................23

4.1.2. Geólogo Célio Araújo – técnico da SEICOM ..........................................24

4.1.3. Ranolfo Figueiredo Marinho – engenheiro de minas do DNPM ..........27

4.1.4. Senhor Dingo Ferreira – garimpeiro ........................................................27

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4.1.5. Geólogo Deovandski Skibinski ................................................................30

05. CAPÍTULO IV ................................................................................................................32

5.1. Exploração ilegal de Tantalita no Estado do Amapá ..........................................32

5.1.1. Município de Santana ................................................................................32

5.1.2. Os Garimpos do Lourenço, Capivara, Jiquitaia, Estefânio, Castanheira,

Anta, Josias, Salmo 23, Retiro São João, Porto da Mata, Panela, Bate

Lata, Sete Ilhas, Guarumã, Gaiola, Mururé, Cerca Boca, Vila Nova,

Village Antony e o Cachaça .......................................................................32

06. CONCLUSÃO .................................................................................................................33

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................35

ANEXOS .................................................................................................................................37

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Questão Minerária no Contexto Mundial

O tântalo foi descoberto em 1802 pelo cientista sueco Anders G. Ekeberg,

estudando minerais oriundos da região de Kimito, na Finlândia e de Ytterby, na Suécia. Após

longas, pesquisas o Dr. Balke, no ano de 1922, conseguiu desenvolver a fabricação industrial

do tântalo puro com 99,9% de grau de pureza. A partir da II Guerra Mundial (1939 – 1945), o

minério, por suas numerosas propriedades e empregos, a fim de satisfazer as necessidades

bélicas das Nações Unidas, ocasionou um forte impulso na exploração e produção da tantalita,

levando a uma busca sistemática de ocorrências dessa substância mineral, principal fonte de

matéria-prima.

Os Estados Unidos dependem do tântalo na fabricação de foguetes e satélites projetados com objetivo de formar um escudo antimísseis em torno do território americano. São fabricados com o metal extraído da tantalita em reservas brasileiras e considerado estratégico para a guerra moderna.

A demanda por tântalo apresentou crescimento expressivo no período de 1999 a 2001, devido principalmente à maior utilização em aparelhos eletrônicos portáteis como telefones celulares, “laptops” e vídeos. O consumo mundial é concentrado nos países fabricantes de produtos industrializados de tântalo como Estados Unidos, Japão, Alemanha e China.

1.2. Questão Minerária no Brasil

A importância do Brasil no cenário mundial, como grande produtor e exportador

de tântalo, verificou-se a partir da II Guerra Mundial (1939 – 1945), quando as jazidas

pegmatíticas do nordeste brasileiro, portadoras de tantalita, supriram em quantidade

suficientes ao consumo dos Estados Unidos para fazer frente às solicitações bélicas.

Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Brasil possui

as maiores reservas de tantalita, mas poucas empresas brasileiras exploram o metal. No

Amapá, as maiores reservas estão no interior do Estado. No período de 2001 a 2002, o preço

elevou de 30 dólares para 200 por libra-peso (473 gramas). O metal já é o terceiro item de

exportação do Amapá.

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O tântalo extraído no Brasil é beneficiado em siderúrgicas nos Estados Unidos,

Alemanha, Japão e Canadá. Depois, volta ao país na forma de produtos industrializados,

como os chips dos processadores Pentium, “laptop”, telefones celulares ou móvel, eletrônica

automotiva, superligas na indústria aeronáutica para fabricação de turbinas especiais, produtos

laminados, fios resistentes a corrosão e a altas temperaturas. Toda produção de tântalo acaba

na mão de estrangeiros, sem qualquer benefício para o país.

1.2.1. Legislação atual

O Artigo 225, da Constituição Brasileira de 1988, Título da ORDEM

SOCIAL, contempla o Meio Ambiente, ao estabelecer que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes

e futuras gerações . Em seu § 2º estabelece: Aquele que explorar recursos

minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo

com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Daí a preocupação dos legisladores ao dispor na Carta Magna um

dispositivo visando à proteção dos recursos naturais, inserindo seis parágrafos com o objetivo

de controlar a utilização dos recursos naturais, bem como sua reparação e delimitação das

áreas de interesse ambiental.

De acordo com o dispositivo Constitucional, já estava em vigor a Lei n.º

6.938 de 31 de agosto de 1981, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, que dispõe em seu artigo 10:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e

atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou

potencialmente polidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar

degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão

Estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente

(SISNAMA), e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (IBAMA), em caráter supletivo, sem prejuízo de outras

licenças exigíveis.

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Após a aprovação da Resolução CONAMA n.º 001/86, seguiu-se um

período de incertezas e de adaptação por parte dos órgãos de meio ambiente existentes. Tal

fato foi atribuído à falta de planejamento no País, às diferenças regionais na edição de leis

complementares à Resolução, a problemas de interpretação da legislação federal e à falta de

definição de atribuições e competências em nível dos órgãos ambientais. Esse período foi

marcado por intensa mobilização e intercâmbio em torno do funcionamento do processo de

Avaliação de Impacto Ambiental - AIA no País. Foram definidos os seguintes requisitos

básicos para a operacionalização da AIA no Brasil:

• Criar procedimentos de licenciamento ambiental específicos, conforme os tipos de

atividades;

• Treinar equipes multidisciplinares na elaboração de EIA/RIMA;

• Treinar pessoal dos órgãos de meio ambiental para analisar os casos de AIA no

país; e

• Gerar instruções e guias específicos para conduzir os diferentes tipos de estudos,

de acordo com as características dos projetos propostos.

O Impacto Ambiental é definido na Resolução do CONAMA nº 1/86,

art. 1º, como:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do

meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante

das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a

segurança, e o bem estar da população; II– as atividades sociais e econômicas;

III – à biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a

qualidade dos recursos ambientais. (1)

A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento da Política Nacional

do Meio Ambiente de grande importância para a gestão institucional de planos, programas e

projetos, em nível federal, estadual e municipal.

O Estudo de Impacto Ambiental – EIA surgiu da obrigatoriedade legal

constante do art. 225, parágrafo 1º, inciso IV da CF/88, o qual trata de um complexo estudo

que leva em conta as condições do meio ambiente, o possível impacto ambiental e as

alternativas para reduzi-lo.

____________________________________________

(1) O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA foi criado pela Lei nº 6.938/81.

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O EIA tem sido adotado como procedimento administrativo destinado a

evitar maiores lesões ao meio ambiente, sendo imprescindível para assegurar que projetos

contenham avaliações adequadas de seu impacto ambiental.

Além do EIA, tem-se também a elaboração do Relatório de Impacto

Ambiental – RIMA, que objetiva um estudo detalhado da planta do projeto empresarial e

avalia seus impactos ambientais, devendo ser submetido à aprovação do órgão estadual

competente e da Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, respeitando o sigilo

industrial. Pode-se constatar que o EIA/RIMA auxilia os órgãos de meio ambiente na tomada

de decisão quanto à concessão de licenças ambientais, servindo como instrumento de

negociação entre os agentes envolvidos nos projetos propostos.

O Relatório Ambiental Preliminar - RAP é o estudo preliminar para a

obtenção do Licenciamento Ambiental, tem como função instrumentalizar a decisão de

exigência do EIA ou RIMA para obtenção de licença prévia, em caso de exigência, subsidiará

o termo de referência para os estudos acima descritos.

O Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD tem por

finalidade recompor as áreas degradadas pela atividade de mineração. É o documento que

formaliza o compromisso do empreendedor em recuperar a área explorada, na qual são

apresentados os projetos, plantas finais de como ficará a área após o término da extração

mineral, prazos e cronogramas que permitam aos órgãos ambientais licenciadores e

fiscalizadores em acompanhar a recuperação devida e prometida. O PRAD é submetido ao

Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental (DAIA) da Secretaria do Meio Ambiente

(SEMA) para análise e aceitação ou rejeição do que ali for apresentado, portanto o PRAD,

consiste no conjunto de medidas tomadas para recuperar a área degradada depois ou durante o

empreendimento.

Em se tratando de monitoramento, esse se refere à avaliação regular da

situação de uma determinada área de preservação ou recuperação ambiental.

O licenciamento das atividades de extração minerária envolve a

manifestação das três esferas da administração pública, iniciando na Municipal, que expede

documentos para a continuidade na Estadual, visando à obtenção da licença ambiental, outro

para a Federal que expedirá o documento pertinente à exploração mineral e, por fim, retorna à

Municipal para a finalização do licenciamento mineral.

1.2.2. Presença de tantalita no Amapá

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No Estado do Amapá, a exploração de tantalita ocorre pelo processo da

garimpagem, principalmente, na região do Lourenço, aluviões da bacia dos rios Vila Nova,

Cassiporé, Amapari e Retiro Igarapé do Fogo, no Garimpo do Falsino, no município de

Tartarugalzinho.

A metodologia utilizada pelos órgãos responsáveis pela fiscalização é por

meio de levantamento e cadastramento de todas as possíveis áreas produtoras de tantalita,

observando os meios de exploração, produção e números de pessoas envolvidas no processo;

seleção de prováveis áreas potencialmente mineralizadas para futuro estudo de viabilidade

técnica econômica de sua exploração; qualificação e ordenamento dos dados obtidos nas

etapas anteriores; elaboração de relatório final, colocando esses dados disponíveis à sociedade

em geral, bem como aos empresários interessados a desenvolver projetos mais refinados,

visando a implantação de pequenas indústrias para agregar valor do bem mineral.

Após visita no garimpo de Lourenço, foram obtidas informações verbais do

representante da Cooperativa dos garimpeiros daquele município que, no ano de 2001,

chegaram a ser extraídas em média 4 a 5 toneladas por mês de tantalita, sendo que essa

produção não foi computada pelos órgãos competentes.

Em relatório elaborado por técnicos da SEICOM, essa tantalita é

comercializada diretamente por garimpeiros junto às empresas Fluminense e Ouro Verde

Mineração (ambas localizadas no sul do país), por um preço que variou na época em torno de

R$ 25,00 (vinte e cinco reais) a R$ 35,00 (trinta e cinco reais)/Kg de acordo com o teor,

chegando a um preço de U$85 a U$ 95/libra no mercado internacional.

Os garimpos envolvem questões econômicas, sociais e ambientais de

maneira mais evidente, devido ao carente apoio financeiro governamental. A garimpagem,

observada como um problema econômico-social, não é amplamente discutida.

2. CAPÍTULO I

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2.1. Evolução Histórica

2.1.1. Brasil

No Brasil feudal, a Coroa Portuguesa abarcou para si todo o produto

gerado, ou a partir de autorização obtinha para si o “Quinto”, embasando-se nas Disposições

Manuelinas, que davam ao Rei de Portugal todos os direitos sobre qualquer produto extraído:

ouro, prata ou outro metal, sendo ratificada pelas Ordenações Filipinas de 1.603, quando já se

sabia da existência de ouro no Brasil.

A Carta Régia de 1.817 trouxe a primeira alteração no regime, com a

outorga ao proprietário do solo, dando preferência para a exploração mineral em suas terras.

Na época do Império, no Brasil, vigeram as Ordenações Filipinas e as

legislações do Reino. Na seqüência, com a carta Política de 1.824, o sistema adotado foi o do

domínio, assegurando assim, ao proprietário, o direito de explorar o mineral existente em suas

terras.

O sistema adotado pela República de 1.891 passou ter a interpretação de

que a propriedade do subsolo estava agregada à do solo ou superficiária, sendo esta diretriz

modificada pelo primeiro Código de Minas, instituído pelo Decreto n.º 24.642, de 10 de junho

de 1.942, estabelecendo expressamente em seus artigos 3º e 4º, a distinção e a ampliação do

conceito do domínio do subsolo, sendo recepcionado pela Constituição promulgada no

mesmo ano, trazendo a preponderância econômica e estratégica do Estado sobre os seus

direitos às minas e jazidas. Adotou-se, também, o princípio da concessão, corroborado, em

seguida, pelas Constituições Federais de 1.937 e 1.967, exceção feita a de 1.946 que

assegurou, ao proprietário do solo, a preferência na exploração.

O contido na Constituição Federal de 1.967, ao manter o regime de

concessão, erradicou o princípio da preferência para exploração das minas e jazidas, que era

assegurada ao proprietário do solo, proporcionando somente participação nos resultados da

lavra, o que perdurou até 1.988, quando houve nova alteração na Constituição Federal,

passando a vigorar o sistema da concessão, já com a Lei n.º 6.938 de 31 de agosto de 1981

em vigor, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de

formulação e aplicação. 2 . 1 . 2 . E s t a d o d o A m a p á

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O Estado do Amapá, com uma área de 143.454 km², localiza-se na região

Norte. A maior parte da população se encontra na região leste: apenas duas áreas do planalto

central e ocidental, dominado pelas cristas montanhosas da serra do Tumucumaque, foram

efetivamente ocupadas, a região das nascentes do rio Cassiporé e a região da Serra do Navio.

Macapá localiza-se a margem esquerda do rio Amazonas, dispersa pela planície litorânea. A

grande fonte de riqueza do Amapá é a exploração mineral. Na década de 50, foi o período

áureo da exploração de manganês na Serra do Navio, a 200 Km de Macapá, pela Empresa

Indústria e Comércio de Minérios S.A. - ICOMI, associação do Grupo Antunes com a

Empresa Norte-Americana BETHLEHEM STEEL, se tornou proprietária dos 40 milhões de

toneladas de manganês da Serra do Navio.

Compreendem o Estado do Amapá os seguinte municípios: Mazagão,

Amapá, Ferreira Gomes, Calçoene, Oiapoque, Itaubal, Santana, Laranjal do Jari, Porto

Grande, Vitória do Jari, Tartarugalzinho, Pracuúba e Serra do Navio.

A evolução do conhecimento geológico no Estado do Amapá deu-se a

partir da descoberta dos depósitos de manganês no município de Serra do Navio e com os

programas de mapeamento regional executados pelo DNPM, CPRM e Projeto RADAM na

década de 70.

Calçoene é um município no nordeste do Estado, com área de 14.269 km²;

O município de Amapá localiza-se no leste do Estado, compreende uma área de 9.169 km²;

Serra do Navio é um município localizado no centro do Estado, microrregião de Macapá com

uma área de 7.757 km²; Pracuúba está localizado no centro-leste, possui uma área de

abrangência de 4.957 km²; Oiapoque situa-se no norte do Brasil e sua área é de 22.625 km² ;

Porto Grande localiza-se no sudoeste do Estado e compreende uma área de 4.402 km²;

Mazagão é um município no sul do Estado, abrange uma área de 13.131 km²;

Tartarugalzinho é um município localizado ao leste do Estado; Ferreira Gomes situa-se no

centro do Estado, possui uma área de abrangência de 5.047 km²; Itaubal é um município

localizado no sudoeste do Estado do Amapá, com uma área de 1.704 km²; Santana localiza-

se no sudoeste do Estado; Vitória do Jarí é mesorregião do sul do Amapá e microrregião de

Mazagão, medindo uma área de 30.966 km²; e Laranjal do Jarí, situado no sudeste do

Estado.

2.1. Conceitos – com referência à exploração mineral de jazida e lavra, estão definidos

no código de mineração e também encontrados em dicionários:

2.1.1. Jazida

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[...] toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à

superfície ou existente no interior da terra e que tenha valor econômico.

(caput do art. 4º do Código de Mineração), ou ainda, depósito natural de uma

ou mais substâncias úteis, inclusive os combustíveis naturais. Ocorrência

anormal de minerais constituindo um depósito natural que existe concentrado

em certo ponto da superfície do globo terrestre. Consideram-se assim todas as

substâncias minerais de origem natural, mesmo as de origem orgânica, como:

carvão, petróleo, calcáreo, etc.

2.2.2. Lavra

Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o

aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais

úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas. (caput do art. 36 do

Código de Mineração). Ou é o lugar onde se realiza a exploração da mina,

geralmente de ouro ou de diamante. Lavra significa, por conseguinte,

exploração econômica da jazida (dicionário).

Menciona ainda o Código de Mineração em seus artigos 84 e 87:

A jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, não abrangendo a

propriedade deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui. não

cabendo assim ao proprietário da área necessariamente ser o empreendedor da

jazida, cabendo sim àquele que primeiro registrar seu protocolo junto ao

órgão responsável para a exploração do bem mineral, no local de interesse,

não cabendo inclusive ação judicial, de quem quer que seja, para impedir o

prosseguimento da pesquisa ou lavra.

A Lei Federal n.º 7.805, de 18 de julho de 1.989, alterou o Decreto-lei n.º

227/67, criando o regime de permissão de lavra garimpeira que, de acordo com as dimensões,

localização e utilização econômica da jazida poderá ser aproveitada dispensando os trabalhos

de pesquisa, em conformidade com os critérios fixados pelo DNPM. Dentre os diversos

dispositivos existentes, cabe ressaltar dois deles, os quais embasam a ação da fiscalização, que

são:

Artigo 3º - A outorga da permissão de lavra garimpeira depende de prévio

licenciamento ambiental concedido pelo órgão ambiental competente. Artigo

21 – A realização de trabalhos de extração de substâncias minerais, sem a

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competente permissão, concessão ou licença constitui crime, sujeito a penas

de reclusão de três meses a três anos e multa.

2.2.3. Minério é a substância mineral da qual se retira um (ou mais) metal, com

viabilidade econômica. Quando o minério contém outros minerais intercalados sem qualquer

valor, esses últimos são chamados minerais de ganga.

2.2.4. Rejeitos de operações mineiras são todos os materiais desmontados e não

utilizados comercialmente. Incluem os estéreis de lavra (materiais que não sofreram

beneficiamento) e os rejeitos do beneficiamento.

2.2.5. Tantalita também denominada de tântalo, por ser um minério usado na

fabricação de óxido de tântalo, é um metal de alto valor devido a suas propriedades, resistente

à corrosão, alto ponto de fusão e ebulição e condutividade térmica e elétrica. O consumo

doméstico de tântalo é na forma de produtos industrializados, importados dos países que

detêm tecnologia de ponta, principalmente na forma de componentes para a indústria

eletrônica e de concentrados para a produção de óxidos.

A mineração industrial e a garimpagem ordenada e, tecnologicamente

assistida, prestam-se como excelente ferramenta para a colocação competitiva e eficiente das

matérias-primas obtidas pela mineração. O objetivo específico dos Projetos é gerar

informações sobre a extração de minério de Tantalita no Estado do Amapá, buscar

implementação de políticas no sentido da regularização da atividade garimpeira, de forma

ordenada, fornecer subsídios para o planejamento e o gerenciamento racional da lavra desse

bem mineral.

A ação clandestina e predatória na extração de bens minerais, hoje aplicada

nos garimpos em atividade, desempenha um papel nocivo à economia, ao meio ambiente e à

sociedade do Estado do Amapá.

2.2.5.1. Exploração de tantalita

a) No Lourenço, chegaram, em média, até 4 a 5 toneladas/mês.

Esse aumento considerável na produção deu-se aos elevados preços no mercado internacional

e a facilidade com que o produto é comercializado e levado para outros centros do país, bem

como para o exterior, sem nenhuma fiscalização, causando grande evasão de renda para o

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Estado. É grande a procura no Estado, não só por garimpeiros locais, mas também por

empresas que atuam na compra desse bem mineral, em conseqüência do alto preço do minério

no mercado internacional, aliado aos ambientes geológicos favoráveis à ocorrência do mesmo

e pela importância estratégica que a tantalita tem para a tecnologia de ponta. Após a

desestabilização vivenciada pelo segmento a partir do ano de 2000, registrou-se queda de 83%

nos preços de concentração de tantalita em 2001, constatando-se em 2002, a continuidade do

movimento decrescente de preços, face ao ainda elevado nível de estoques, não compensando,

dessa forma, a exploração do mesmo, motivo pelo qual diminuiu a procura desse tipo de

minério.

b) No Garimpo do Cerca Boca, localizado no Lourenço,

município de Calçoene e outras redondezas, a garimpagem é desenvolvida nos Igarapés

Regina e do Português. A atividade garimpeira de Tantalita no Cerca Boca é desenvolvida

através de desmonte hidráulico (jato d’água), bomba de sucção para recuperar o material

desmontado, com posterior concentração em tanques feito de tambor. A avaliação é feita em

um caneco de leite condensado. Quanto maior o peso do caneco cheio, maior o teor do

minério que varia entre 35 a 40% de pentóxido de tântalo. Por exemplo, quando o caneco

encontra-se cheio de tantalita, pesa 1,250 kg, portanto, o teor é de aproximadamente 40%. A

produção média do garimpo no auge do minério era em torno de 10 a 11 toneladas de

tantalita.

Características: a tantalita, a qual faz parte do grupo dos óxidos,

normalmente é de coloração escura, geralmente preta, brilho opaco a resinoso, dureza variável

de 3 a 6,5 e densidade também variável de 4 a 9,9.

Firmas Compradoras: Fluminense, Equatorial, Trominex e

Companhia Industrial Fluminense – CIF.

Na compra da Tantalita, a Cooperativa atua como intermediária,

fornecendo as notas de compra para as firmas compradoras, recebendo por essa operação o

equivalente a 4% do total.

c) Tartarugalzinho – Garimpo do Falsino: O

empreendimento encontra-se localizado no Retiro Igarapé do Fogo nas proximidades do Rio

Tartarugalzinho. A atividade do empreendimento é a extração mineral de Tantalita. O

proprietário é o senhor Dingo Ferreira de Souza e encontra-se legalizado junto aos órgãos

competentes. A meta de extração era de 10 kg do produto por dia, totalizando 3.000 kg ao

mês, na época do elevado preço no mercado internacional. A extração do minério encontra-se

parada, em decorrência da queda no preço. A atividade é através do processo proposto, lavra

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à céu aberto. A garimpagem causa impacto, sobretudo, à vegetação, às águas superficiais e ao

solo. A composição química é de óxido que varia desde a columbita pura (FeMn) Nb2O6, até

a tantalita pura (FeMn) Ta2O6. O Garimpo do Falsino, apesar de difícil acesso, possui grande

potencial para exploração e produção de tantalita de boa qualidade com ouro associado.

d) O Projeto Vila Nova compreende uma área de 170 km²

localizada no centro sudeste do Estado do Amapá, onde o Grupo CAEMI desenvolveu

pesquisa mineral nos últimos 15 anos. Muitos depósitos minerais de diferentes tipos foram

descobertos e explorados na área do projeto. Dentre eles, a tantalita no garimpo localizado a

90 km no sudoeste dos depósitos de manganês na Serra do Navio.

e) Garimpo do Village Antony, localizado no rio Amapari,

segundas informações constantes no RELATÓRIO dos Técnicos da SEICOM, na época da

visita, ou seja, em agosto de 2001, o garimpo encontrava-se em plena atividade na extração

de tantalita de forma rudimentar, com a utilização de bombas (uma para jato d’água e outra

para sucção do material desmontado), com uma produção em média de 12 kg/dia. Além dos

demais garimpos lá existentes, como: o Capivara, Jiquitaia, Estefânio, Castanheira, Anta,

Josias, Salmo 23, Retiro São João, Porto da Mata, Panela, Bate Lata, Sete Ilhas, Guarumã,

Gaiola e Mururé.

f) Já de volta à rodovia BR-210, distante 20 Km da Serra do

Navio, detectou-se um garimpo denominado Cachaça, onde há tantalita, cuja extração rendia

uma produção de 35 Kg/semana.

2.2.5.2. Fatores de riscos no setor mineral

Com relação a fatores de riscos biológicos, ocorre com

exposição a fungos, bactérias e outros parasitas, decorrentes de precárias condições de

higiene, tais como falta de limpeza dos locais de trabalho, sanitários e vestiários, sendo

clássica a maior incidência de malária.

3. CAPÍTULO II

3.1. Propriedade dos Bens Minerais

Os bens minerais brasileiros pertencem a União por força do artigo 20 da CF/88.

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3.2. Tributação Mineral

Trata-se da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais -

CFEM, estabelecida pela Constituição de 1988, em seu Art. 20, § 1º. É devida aos Estados,

ao Distrito Federal, aos Municípios, e aos órgãos da administração da União, como

contraprestação pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos

territórios. Ao DNPM compete baixar normas e exercer fiscalização sobre a arrecadação da

CFEM (Lei Nº 8.876/94, art. 3º - inciso IX).

A Compensação Financeira é devida pelas mineradoras em decorrência da

exploração de recursos minerais para fins de aproveitamento econômico.

A exploração de recursos minerais consiste na retirada de substâncias minerais da

jazida, visando sempre ao aproveitamento econômico.

A Compensação Financeira é calculada sobre o valor do faturamento líquido,

tendo como parâmetro o RAL (relatório anual de lavra). O percentual varia de acordo com o

minério extraído pelos garimpeiros.

Para efeito do cálculo da CFEM, considera-se faturamento líquido o valor da

venda do produto mineral, deduzindo-se os tributos que incidem na comercialização, como

também as despesas com transporte e seguro.

Quando não ocorre a venda, haja vista o produto mineral ser consumido,

transformado ou utilizado pelo próprio minerador, considera-se como valor, para efeito do

cálculo da CFEM, a soma das despesas diretas e indiretas ocorridas até o momento da

utilização do produto mineral.

O pagamento da Compensação Financeira será efetuado mensalmente, até o último

dia útil do segundo mês subseqüente ao fato gerador, devidamente corrigido.

O Banco do Brasil S/A., com suas agências em todo território nacional, efetua o

recebimento relativo à compensação, através da guia de recolhimento/CFEM, que é composta

de quatro vias.

Os recursos da CFEM são distribuídos da seguinte forma:

• 12% para a União (DNPM e IBAMA);

• 23% para o Estado onde for extraída a substância mineral;

• 65% para o município produtor.

Município produtor é aquele no qual ocorre a extração da substância mineral; caso

abranja mais de um município, deverá ser preenchida uma guia/CFEM para cada, observada a

proporcionalidade da produção efetivamente ocorrida em cada um deles.

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Estados e Municípios serão creditados com recursos da CFEM, em suas

respectivas Contas de Movimento Específicas, no sexto dia útil, que sucede ao recolhimento

por parte das empresas de mineração.

Os recursos originados da CFEM não poderão ser aplicados em pagamento de

dívida ou no quadro permanente de pessoal da União, dos Estados, Distrito Federal e dos

Municípios.

As respectivas receitas deverão ser aplicadas em projetos que, direta ou

indiretamente, revertam em prol da comunidade local, na forma de melhoria da infra-

estrutura, da qualidade ambiental, da saúde e educação.

O IOF (Imposto sobre Transações Financeiras) incide sobre todas as transações

financeiras que ocorrem no ramo, é implacável. O IPI (Imposto sobre Produtos

Industrializados) só atinge o bem mineral a partir do momento em que este entra no processo

industrial como matéria prima.

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) incide na alíquota de 30% nas

operações interestaduais. Vale recordar que a Lei Complementar nº 87 de 13 julho de 1997

acabou com a incidência desse imposto sobre as exportações.

As empresas devem recolher também o imposto de renda devido pela pessoa

jurídica, que incide sobre o lucro real das mesmas em um percentual de 15% a 25% (quinze a

vinte e cinco por cento). Existe, ainda, a incidência do PIS (Programa de Integração Social) e

COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) que, segundo um

entendimento majoritário, não deveria ser cobrado em respeito ao artigo 155, parágrafo 3º, da

CF/88 que, em tese, deveria excluí-los por ser ambos modalidades de tributos, que são

definidos por prestação exigida em moeda nacional, instituído por lei complementar, e

cobrada através de atividade administrativa vinculada. Existe, no entanto, entendimento

minoritário que entende não ser a CF/88 aplicável (GONÇALVES e BECHARA, 1997).

3.3. Direitos Minerários (autorização e concessão)

A exploração e aproveitamento dos recursos minerais estão definidos e

normatizados no Código de Mineração de 1967 (Decreto-lei n.º 227, de 28/2/67), seu

Regulamento e Legislação Correlativa, que continuam em vigor com as alterações e as

inovações introduzidas por leis supervenientes à promulgação da atual Constituição e suas

emendas.

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O Código de Mineração conceitua as jazidas e as minas, estabelece os requisitos

e as condições para a obtenção de autorizações, concessões, licenças e permissões. Explicita

os direitos e deveres dos portadores de títulos minerários, determina os casos de anulação,

caducidade dos direitos minerários e regula outros aspectos da indústria mineral. Dispõe,

ainda, sobre a competência da agência específica do Ministério de Minas e Energia, o

Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, na administração dos recursos

minerais e na fiscalização da atividade mineral no País.

Os regimes de exploração e aproveitamento dos recursos minerais, abertos à

livre iniciativa, são os seguintes:

a) Regime de Autorização - refere-se a fase da pesquisa mineral e precede

ao Regime de Concessão (fase de lavra);

b) Regime de Concessão - é pertinente à fase de lavra ou do

aproveitamento industrial de jazida considerada técnica e

economicamente explorável;

c) Regime de Permissão de Lavra Garimpeira – regula o

aproveitamento imediato de jazidas de minerais garimpáveis,

independentemente de prévios trabalhos de pesquisa, segundo critérios

fixados pelo Governo Federal;

d) Regime de Licenciamento - regula o aproveitamento das substâncias

minerais de emprego imediato na construção civil, na forma in natura, e

outras especificadas na lei, independentemente de prévios trabalhos de

pesquisa.

A pesquisa e a lavra de jazidas de substâncias minerais, objeto de monopólio

estatal, são regidas por leis especiais.

4. CAPÍTULO III

4.1. Entrevistas

4.1.1. Mário Sérgio Ribeiro – Chefe da divisão de licenciamento da SEMA

No mês de agosto/2006, em contato com o Senhor Mário, servidor da

SEMA, com relação aos Processos lá existentes licenciados para exploração mineral, foram

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apresentados dois Processos, sendo que um parou sem obter a licença em decorrência de

problemas particulares por parte do interessado pela exploração; e o outro Processo

pertencente a um garimpeiro de nome DINGO FERREIRA DE SOUZA, o qual deu entrada

na solicitação da Licença Prévia em 12.06.2000, tendo que obedecer as formalidades legais

obteve a licença para exploração mineral somente no ano de 2001, especificamente

“tantalita”, no Garimpo do Falsino, localizado no Igarapé do Fogo em Tartarugalzinho, tendo

sido autorizado a explorar 50 hectares da área. Esse foi o único Processo encontrado naquele

órgão, devidamente legalizado, em favor do garimpeiro.

Mediante fotos encontradas no Processo, a questão social não é diferente

dos demais garimpos, área de garimpagem precária, barracões para alojamentos dos

funcionários do dono do garimpo, copa e despensa do empreendimento.

Obteve-se a informação de que a tantalita é explorada por Processo de

garimpagem em aluviões, com lavra a céu aberto, desmonte que ocorre de forma hidráulica

(bomba jato d’água) que desagregam os leitos de cascalhos (seixos) que contém o minério e,

posteriormente, o material desagregado passa por caixas separadoras, inclinadas que, pela

gravidade, separam o material de interesse econômico.

Dentre os equipamentos utilizados, tem-se: motores acionados a óleo

diesel, tubos de polegadas variadas de acordo com a necessidade, bombas cascalheiras, caixa

de madeira acopladas em estrutura de madeira,retirada da própria floresta e beneficiada com

utilização de moto serra.

Nem sempre visitam a área pela dificuldade que enfrentam com deficiência

de pessoal no quadro, transporte para deslocamento, combustível e outros, quando isso ocorre,

tomam por base o relatório apresentado com registro de fotos das ações de recuperação

ambiental do local do empreendimento.

4.1.2. Geólogo Célio Araújo – técnico da SEICOM

Segundas informações obtidas na Secretaria de Estado de Indústria,

Comércio e Mineração – SEICOM, no dia 14 de agosto/2006, desde o ano de 1998 ocorreu

grande procura pela Tantalita no Estado do Amapá, não só por garimpeiros locais, mas

também por empresas que atuam na compra desse bem mineral, em conseqüência do alto

preço do mineral no mercado internacional, aliado aos ambientes geológicos favoráveis à

ocorrência do mesmo e pela importância estratégica que a tantalita tem para a tecnologia de

ponta. Após a desestabilização vivenciada pelo segmento no ano de 2000 a 2001, registrou-se

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queda de 83% nos preços de concentração de tantalita, constatando-se em 2002 a

continuidade do movimento decrescente de preços, face ao nível de estoques armazenado

ainda elevado, não compensando, dessa maneira, a exploração do minério.

O procedimento para o licenciamento da exploração mineral, inicia com

a solicitação do Alvará de Pesquisa, emitido ao garimpeiro pelo DNPM, como rege o Código

de Mineração. Esse Alvará autoriza, no máximo, 50 hectares para se fazer a pesquisa e a

exploração da área solicitada, ele tem que seguir todos os tramites legais que a legislação

mineral exige. Deve ter técnico responsável para assinar os relatórios e o plano de

recuperação ambiental, mesmo sendo ele garimpeiro de pegueno porte, porém deve está

amparado legalmente para fazer a exploração. Mais de 95% (noventa e cinco por cento) dos

garimpeiros não tem essa condição que a lei exige em razão dos custos com taxas,

pagamentos de técnicos responsáveis pela execução da pesquisa para acompanhar o Processo

após dar entrada no DNPM. Por esse motivo, eles partem para clandestinidade, explorando o

bem mineral, como no caso a tantalita, que é explorada, geralmente, de forma clandestina, em

virtude da falta de recurso por parte dos garimpeiros de pequeno porte para custear as

despesas decorrentes dos tramites legais do Processo.

É claro que alguns compradores exigem a Nota Fiscal da venda do

produto, agindo de forma legal. A partir de 1998 até o ano de 2001, o DNPM - que é o órgão

federal responsável pela questão mineral - e a SEMA – que é o órgão ambiental -

apreenderam várias toneladas de tantalita, devido aos exploradores não apresentarem

documentação legal, o que caracterizava uma forma de clandestinidade. Também nessa época

de 1990 até, no máximo, 2003, houve um ápice considerável no preço de tantalita no mercado

internacional, em razão da tantalita ser um bem mineral utilizada na tecnologia de ponta,

como fabricação de capacitores de tântalo, telefones celulares ou móveis, leptop, pagers,

computadores e eletrônica automotiva, também pode ser utilizada em ferramenta de corte,

superliga da indústria, aeronáutica, fabricação de turbinas especiais, produtos laminados de

fios resistente a corrosão e altas temperaturas. Trata-se, então, de um mineral nobre, sendo

que hoje o Brasil possui uma das maiores reservas mundiais de tantalita. No caso específico

do Amapá, há reserva de tantalita mas são exploradas de forma clandestina no processo de

garimpagem. Nas décadas de 1980 a 2001, existia uma Empresa chamada Minerais e Metais

que se propôs a fazer um trabalho para explorar tantalita, possuía, e ainda possui, uma reserva

de tantalita para explorar e descalizar essa exploração, ou seja, ela iria explorar e, de certa

forma dependendo do custo, industrializar esse bem mineral no Amapá, o qual estava

aguardando a liberação da licença de instalação da SEMA, porque existem 03 (três) licenças:

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Licença Prévia -- LP, Licença de Instalação -- LI e Licença de Operação –LO, emitida pelo

órgão ambiental.

De acordo com o cumprimento da exigência da legislação de cada fase, a

SEMA após fiscalização, emite as licenças, cada licença tem a validade de 365 dias , ou seja,

emitida a Licença Prévia, dá-se início aos serviços, vencida referida licença, será fiscalizada

seu cumprimento na íntegra para que possa ser emitida a Licença de Instalação e, após a

validade, fará o mesmo procedimento para emissão da Licença de Operação, dando-se início,

de fato, as operações. No ápice do preço, a procura era bem maior, quando houve o declínio,

recentemente, esse processo estagnou, talvez em função da baixa de preço do minério hoje

está sem mercado, varia bastante o teor do minério que, na maioria das vezes, o comprador

prefere de um teor alto, x ou y, dependendo de sua necessidade. A tantalita é um mineral que

tem duas vertentes uma é o tântalo e a outra é o nióbio. Então, dependendo da necessidade da

industria é que se compra, a quem prefira o mineral mais rico em tântalo e outras em nióbio.

Existe essa série do minério ser mais ou menos rico em tântalo, isso ocorre conforme a

demanda do produtor, podendo ser a tantalita de pequeno volume, mas de grande teor de

tântalo, então, valendo mais do que uma de volume grande e menor teor , essa variação

depende de onde ela será utilizada.

Em 2001, foi feito um levantamento pela SEICOM para que tivessem

uma noção de como poderiam trabalhar para monitorar essa questão da exploração de

tantalita no Amapá. Todavia, torna-se difícil porque o próprio órgão que tem essa missão é o

DNPM, e agora que está sendo estruturando de fato, pois antes tinha carência de pessoal para

acompanhar as explorações e até mesmo fechar os garimpos clandestinos. Acompanhados

da Polícia Federal, fez-se um pequeno levantamento para ter uma noção de que forma poderia

viabilizar uma ação para saber o que era produzido e o que não era produzido. A Cooperativa

do Lourenço tem um mercado para comercializar a tantalita de forma legal. Nessa época, eles

produziam em média 4 a 5 tonelada/mês só no Garimpo do Lourenço.

A tantalita é produzida também no Cassiporé, Região do Vila Nova, Rio

Cupixi, no Garimpo Gaiola no Amapari, existem vários focos de produção, de que forma eles

carream para o mercado nem o próprio órgão tem noção. Tentou-se fazer uma ação

juntamente com o DNPM, os técnicos da SEICOIM fizeram um levantamento da arrecadação

dos tributos, constatando-se que 65% (sessenta e cinco por cento) do tributo recolhido em

função da exploração fica para o município em que é feita a exploração, 23 % (vinte e três por

cento) para o Estado e 12 % (doze por cento) é dividido entre o IBAMA, DNPM e Ministério

de Ciência e Tecnologia, ou seja, a maior parte fica para o município e não há gerenciamento

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sobre isso, o percentual para o recolhido incide de acordo com o tipo do metal. Como

exemplo, tem-se: minério de alumínio, manganês, sal gema e potássio, em que a alíquota é de

3% (três por cento); ferro, fertilizante, carvão e demais substância incluindo-se a tantalita, 2%

(dois por cento); ouro, 1% (um por cento); pedras preciosas, pedra coradas, lapidadas,

carbonadas e metal nobre, 0,2%(zero vírgula dois por cento). Isso é a Compensação

Financeira recolhida em função da exploração mineral, a idéia seria ter domínio dessa

arrecadação para que viesse incidir na economia do Estado. Contudo, infelizmente, é na

questão política que emperra na maioria das vezes, os projetos, porque alguns não acham

interessantes, outros só querem resultados e, como técnicos da área, não podem fazer as coisas

aleatoriamente, e sim legalmente, visando a benefícios ao Estado.

Com esse levantamento, pretendia-se alcançar os resultados esperados

constantes do Projeto. Então fizeram o cronograma de execução, relacionaram os órgãos que

iriam colaborar, sendo os técnicos responsáveis pela elaboração e execução do Projeto caso

tivesse sido aprovado, o Engenheiro Paulo Márcio e os Geólogos Célio e Amaral. Na 1ª etapa

do Projeto, pretendiam visitar, à medida do possível, todos os garimpos existentes na

atividade dentro Estado, distribuir questionários para responder via produção, não só a

questão da exploração, mas a questão sócio econômica. Entretanto, lamentavelmente, a

preocupação restringe em Projetar e quando chega a fase da execução encontram barreiras, ou

seja, não tem o apoio devido por parte dos colaboradores, fazendo com que torne difícil a fase

da execução e com isso os Projetos acabam ficando só no papel, desestimulando os

profissionais da área em decorrência da perca de tempo em Projetar sem alcançar os objetivos,

pelo menos o de executar.

4.1.3. Ranolfo Figueiredo Marinho, engenheiro de minas do DNPM

Após vários contatos com o Engenheiro RANOLDO a fim de obter dados

com relação a produção da exploração de tantalita no Estado, somente em outubro do

corrente ano o mesmo apresentou apenas o Processo do Senhor DINGO FERREIRA,

informando não haver outro, e que o sistema do DNPM encontrava-se com defeito para que

pudesse consultar os dados referente a produção do minério no Amapá, durante os últimos

cinco anos.

4.1.4. Senhor Dingo Ferreira – garimpeiro

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Entrevista realizada no mês de setembro do corrente ano com o Senhor

DINGO, o qual é o único legalmente licenciado para extrair o minério tantalita no Estado do

Amapá, como é garimpeiro, foi-lhe concedido a permissão.

Em conversa com o referido senhor, o mesmo informou não está

explorando a tantalita, em razão da queda de preço que houve no mercado, não compensando

a extração da jazida, em virtude do mercado europeu encontrar-se abastecido do produto.

Falou que existe três tipos de exploração de tantalita, quais sejam: a

manual, que foi a mais antiga, com uma profundidade máxima de 1metro de terra a cima,

possuindo em baixo o cascalho (seixos) para passagem da tantalita; a segunda com

maquinário, ou seja, dois motores, onde um joga água e outro puxa o material; a terceira é

com caixa de gingue, onde se joga o minério dentro do aparelho, saindo limpo em baixo. O

minério existe nos garimpos do Lourenço, do capivara, do falsino e na serra do navio. Hoje a

exploração de tantalita nesses garimpos está paradas em decorrência da baixa no preço, não

existindo comércio para o referido minério, estando seu custo R$ 1,00 (um real) por ponto; o

minério do Lourenço está na faixa de 19 a 20 % (dezenove a vinte por cento), ou seja, 20

(vinte) pontos significa R$ 20,00 (vinte reais) o quilo; o minério da Serra do Navio varia de

35 a 50% (trinta e cinco a cinquenta por cento), que corresponde de R$ 35,00 (trinta e cinco

reais) a R$ 50,00 (cinqüenta reais) o quilo, por esse motivo não compensa em razão da grande

procura pelo minério de auto teor por um preço baixo. O minério de tantalita de menor teor

possui 10% (dez por cento) de tântalo e 50% (cinquenta por cento) de nióbio, é o que contém

menor quantidade de óxido de tântalo, já o de alto teor possui maior quantidade de óxido de

tântalo. Hoje, a tantalita no Amapá, a tantalita não está sendo explorada em razão da baixa no

preço e, com isso, não cobre as despesas, razão pela qual não compensa a exploração. Nos

anos de 2000 a 2001, estava sendo bastante explorada em decorrência da alta no preço do

minério, de forma clandestina, até mesmo porque não se sabia que existia legalização para

exploração desse minério, passou-se a ter conhecimento da necessidade de legalização para

exploração da tantalita com a entrada de Armindo Pinto no DNPM. Inclusive, o Senhor

DINGO respondeu na Polícia Federal pela exploração ilegal do minério e o mesmo falou que

não tinha conhecimento dessa legalização, uma vez que já vinha explorando desde 1992, não

havendo nenhum tipo de problema. A partir de 2000, quando foi abordado pela Polícia

Federal manifestou o interesse em dar entrada ao Processo para legalização da exploração,

conseguindo essa legalização no ano de 2001. Esse minério explorado no Estado é vendido

para uma empresa em Minas Gerais, a mesma leva o minério ao forno, transformando a

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matéria prima, extraindo apenas 99% (noventa e nove por cento) do tântalo. O Brasil ainda

não possui a capacidade de extrair os 100% (cem por cento) do tântalo e nem tecnologia para

consumir o minério, só se extrai os 100% (cem por cento) no exterior como na Alemanha,

Estados Unidos e outros, o Estado de Minas Gerais apenas funde o produto, separa os tipos de

minérios existentes nas pedras encontradas, separando os demais minério do tântalo para que

possa ser vendido às empresas estrangeiras.

Em uma pedra pode haver tantalita, cassiterita, ferro, nióbio, titânio e

columbita, sendo colocada em forno de alta temperatura para que seja fundida em Minas

Gerais e comercializada no exterior. Não sabe informar a quantidade de minério exportado do

Brasil. Afirma que, tendo em vista as apreensões que existiram no ano de 2006, os

garimpeiros deixaram de explorar por não serem legalizados e não havendo mais interesse em

razão da queda no preço.

Os garimpeiros que trabalham manualmente produzem pouco e não têm

como se legalizar tendo em vista o auto custo. Para efetuar a legalização, teriam que dispor

em média de R$ 12.000,00 (Doze Mil Reais), para pagar um engenheiro florestal e um

engenheiro de minas, custos com deslocamento, diárias e alimentação, além dos impostos

cobrados de acordo com cada licença emitida quais sejam, Licença Prévia, Licença de

Instalação e Licença de Operação. O Senhor Dingo, como é o único legalizado, tentava

ajudar esses pequenos garimpeiros, juntando os minérios explorados por eles e vendendo-os

como se fosse todo seu, pagando, posteriormente, a parte de cada um deles.

Antes da fiscalização mais acirrada, que ainda não é suficiente para o

controle da exploração ilegal da tantalita, na época da alta de preço, no período de 2000 a

2001, existiam vários garimpeiros que exploravam e vários compradores como o Eugênio,

Hansen, Chico do Ouro, Pedrinho, além de outros, cada um representava uma empresa de

Minas Gerais que fundiam a tantalita, compravam o minério de forma clandestina. Qualquer

pessoa que pretendesse vender tantalita, bastava ir até a SEFAZ e tirar uma Nota Fiscal,

vender o produto aos compradores e os mesmos embarcavam sem nenhum problema com o

minério, levavam à Minas Gerais para o processo de fundição e posterior remessa ao exterior.

Na verdade, o apogeu da tantalita deu-se em decorrência dos Estados

Unidos acharem que iriam ficar sem o minério para construção das naves espaciais. Dessa

forma, passaram a procurar a tantalita com maior freqüência e lançaram um preço alto no

mercado. Começou, então, a corrida pela exploração onde todos os garimpeiros e mineradoras

do mundo inteiro só queriam explorar referido minério. O período de 03 (três) meses foi o

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suficiente para abastecer o mercado europeu , depois de abastecidos baixaram o preço, motivo

pelo qual também houve o declínio na exploração do minério, coincidentemente ocorreu a

queda da tantalita a partir de setembro de 2001, logo após o atentado terrorista ao World

Trade Center (torres gêmeas) nos EstadosUnidos.

A queda na cotação do dólar, contribuiu também com o declínio no preço

da tantalita, pois a mesma é vendida de acordo com o dólar, se o dólar aumentar, aumenta o

preço da tantalita, negocia-se dólar por libra/peso, quando o ponto chegar a R$ 3,50 (três reais

e cinqüenta centavos), compensa voltar a explorar o minério. A tantalita é um minério fácil

de ser explorado, o garimpeiro distingue com maior facilidade no solo, já sabendo quanto vai

conseguir por semana ou mesmo por dia, se acumulando-se apenas em um local, já o ouro não

possui essa facilidade de distinção na área, sabe-se que existe, porém não em quantidade,

porque não se concentra apenas em um lugar, ficam dispersas as quantidades existentes no

solo.

A Licença de Operação da área é de 50 hectares, mas se pretende extrair

50 metros de largura da área para extração de tantalita, aguarda-se apenas a elevação de preço

para dar continuidade à exploração. Quando requereu essa licença da área de 50 hectares, já

sabia que lá só existia uma área com 50 metros que possuía o minério de tantalita. O

procedimento utilizado para análise do solo, com relação a existência do minério, é feita nas

grotas existentes na área, onde houver uma espécie de córrego, em que a água corrente retira a

areia e o material leve, os garimpeiros ao pegarem o material que se encontra no fundo do

córrego, já detecta se há minério e qual o tipo de minério, devido a experiência já

adquirida, não sabendo precisar o potencial do minério, para que isso ocorra, faz-se o furo,

pega no cascalho e bateia, então, pode-se verificar quanto há, calculando-se em metro

quadrado. A tantalita resulta na jazida.

O minério da tantalita bruta é de característica escura e, quando

beneficiado, passa a ser um pó de coloração branca, utilizado na parte superior de nave

espacial e em caixa preta de aeronave, é material de alta resistência, já o material de menor

teor é utilizado em computadores, celulares e outros.

4.1.5. Geólogo Deovandski Skibinski

Consoante o geólogo supra citado, em outubro/2006 o mesmo comentou a

respeito do minério dizendo que o tântalo é um metal de alto valor devido a suas propriedades

intrínsecas que o englobam. Possui excelente ductilidade, é resistente à corrosão, tem alto

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ponto de fusão, ebulição, boa condutividade térmica e elétrica. O tântalo já foi muito usado

como fio em filamentos de lâmpadas, tendo sido substituído pelo tungstênio, que apresenta

menor custo.

O minério é como pó metálico na produção de capacitores, os quais

regulam o fluxo de eletricidade nos circuitos integrados da indústria eletrônica. São utilizados,

principalmente, em telefones celulares, computadores pessoais, bens de consumo digitais

(vídeos, câmeras, etc), eletrônica de automóveis e equipamentos médicos. O tântalo também é

usado em superligas para fabricação de produtos laminados e fios, resistentes a corrosão e a

altas temperaturas, assim como em lâminas de turbinas para indústria aeronáutica.

Como carbeto (TaC), é usado em ferramentas de corte. Até recentemente o

tântalo era obtido, principalmente, como subproduto de escórias de fundições de estanho. A

cassiterita, óxido de estanho, ocorre freqüentemente associada à columbita e à tantalita,

minerais de nióbio e tântalo respectivamente. Atualmente, as principais fontes de tântalo são

os concentrados de tantalita .

As reservas minerais conhecidas no mundo em 2001, segundo o

Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, atingem 180.724 t de tantalita. O

Brasil concentra 49,4% (quarenta e nove vírgula quatro por cento) das reservas mundiais. A

maior mina de tântalo conhecida no mundo localiza-se no Brasil. Trata-se da Mina do Pitinga

do Grupo Paranapanema, no Município de Presidente Figueiredo – AM.

No Estado do Amapá, ocorre a presença de rochas pegmatíticas, portadoras

dos minérios de Tântalo, Nióbio, Cassiterita e associados. Num período compreendido entre

1999 a 2002, houve uma queda nas reservas de industrias, provocando uma elevação anormal

no preço do minério, chegando a mais ou menos U$ 160,00 (cento e sessenta dólares) o quilo

do minério de Tântalo na ordem de qualidade de 30% (trinta por cento), ou seja, em mil

gramas de minério, trezentas gramas é de Tântalo. Abastecido o mercado, os valores retornam

a patamares de R$ 24,00 (vinte e quatro reais) o quilo do mesmo minério com a mesma

qualidade. Apesar de a Gazeta Mercantil de São Paulo- SP, apresentar na parte de Bolsa de

Mercadorias, Mercado Livre, Minério de tantalita - base 30% (trinta por cento) Ta 205-

CIFUS$/ libra-peso 34,00/36,00, a única industria na América do Sul que compra o minério e

o processa, transformando em Oxido de Tântalo e Oxido de Nióbio, é a Companhia Industrial

Fluminense, com sede em São João Del Rei – MG, monopolizando o mercado com uma

demanda em torno de 07 toneladas/mês.

Dentre os fatores importantes que, determinaram o término das atividades

de extração e comércio do minério de tantalita no Estado do Amapá:

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1 – Queda dos preços, provocando o retorno das atividades de garimpagem ao ramo do

minério de ouro;

2 - Existência de minério de torianita, com níveis de radioatividade consideráveis,

sendo misturado ao minério de tantalita por garimpeiros desprovidos de qualquer

conhecimento, provocando uma rígida fiscalização por parte da Policia Federal e Conselho

Nacional de Energia Nuclear;

3 – O Governo do Estado do Amapá, através da Secretaria da Receita Estadual,

resolveu baixar a Portaria nº 111/2005-GAB/SRE, publicada no DOE 3634, de 01.11.05, a

qual regulamenta a cobrança do ICMS sobre operação minerária, conforme dispositivo

abaixo:

Art. 1º - Estabelecer os valores mínimos constantes no Anexo Único, que

servirão como base de cálculo para cobrança do ICMS incidente nas

operações com produtos comercializados no território do Estado do Amapá,

tanto nas operações internas como nas operações interestaduais.

Parágrafo único – A base de cálculo do ICMS é estabelecida de acordo com

a média de preços praticada no Estado para efeito de recolhimento do

imposto, quando o preço declarado pelo contribuinte for inferior ao de

mercado:

II - nas operações com produtos extrativos animais, vegetais e minerais;

Art. 3º - Quando se tratar de operações interestaduais, à base de cálculo para

a incidência do ICMS será acrescido o percentual de 30% (trinta por cento).

PAUTA FISCAL DE PREÇOS MÍNIMOS

Nº ORDEM DISCRIMINAÇÃO UNID R$

1 CASSITERITA KG 8,00

2 COLUMBITA KG 18,00

3 PEDRA BRITA M3 40,00

4 TANTALITA KG 60,00

5 OURO Gr 35,00

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5. CAPÍTULO IV

5.1. EXPLORAÇÃO ILEGAL DE TANTALITA NO ESTADO DO AMAPÁ

5.1.1. Município de Santana

No dia 23 de agosto de 2004, foi apreendido no município de Santana, a 18 km da

capital da Macapá, especificamente no porto de atracação de grandes navios que seguem para

o exterior, 800 kg de um minério escuro e pesado, denominado de tantalita, considerado de

muito valor por melhorar a característica de outros metais.

Um inquérito policial foi aberto para apurar a procedência do minério apreendido.

A tantalita na época estava sendo comercializada ao preço de R$ 50,00 (cinquenta reais) o

quilo. A exploração do minério é proibida no Amapá.

5.1.2. OS Garimpos do Lourenço, Capivara, Jiquitaia, Estefânio,

Castanheira, Anta, Josias, Salmo 23, Retiro São João, Porto da Mata, Panela, Bate Lata,

Sete Ilhas, Guarumã, Gaiola, Mururé, Cerca Boca no Lourenço, Vila Nova, Village

Antony e o Cachaça, todos exploram de forma ilícita e vendem clandestinamente pois não

são legalizados junto aos órgãos competentes para exploração do minério “tantalita”, mesmo

assim exploram e comercializam sem nenhum problema.

06. CONCLUSÃO

Conclui-se que a Área de Proteção Ambiental, com relação à exploração de

tantalita, não recebe do Poder Público a devida proteção, conforme estabelece a Carta Magna

de 1988. Há, portanto, a omissão não só do descumprimento da Constituição Federal como

também da legislação ambiental. Com isso, ocorre com maior freqüência a degradação do

ambiente nas mais diversas formas, assim como a exploração ilícita, o que resulta a não

arrecadação dos impostos devidos ao Estado.

Nos Capítulos I, 2.2.5.1. e IV, abordou-se sobre exploração mineral ilícita

de tantalita nos interiores do Estado do Amapá e o desinteresse das empresas na

regulamentação para exploração do minério, destacando a questão da falta de fiscalização dos

órgãos competentes e controle da exploração ilegal.

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Para que o controle ambiental funcione é necessário primeiramente que

haja interesse por parte do governo em investir nos projetos elaborados pelos técnicos para

que possa ter retorno na forma de arrecadação de tributos aos cofres públicos, não basta

apenas o Estado editar regras e prever sanções. O interesse pela coleta de dados tanto pode ser

do particular como do poder público. É misto a credibilidade das informações coletadas e o

investimento por parte dos governantes na execução dos Projetos para que as regras editadas

possam ser cumpridas com rigor.

O Brasil já se preocupava com a questão da preservação do meio ambiente

nas constituições anteriores, no entanto, maior ênfase e novos instrumentos de preservação

foram enfocados na Constituição de Federal de 1988, a qual veio a dedicar um capítulo todo

a esta questão tão relevante. No seu "CAPÍTULO VI", intitulado "DO MEIO AMBIENTE", a

Lei Maior, em seu art. 225, explicitou as atribuições do poder público e do cidadão, colocando

o meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito social. Abordando, ainda, a

necessidade de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O inciso IV tornou obrigatório o Estudo Prévio de Impacto Ambiental -

EPIA, assim como a sua publicidade, para qualquer atividade passível de causar dano ao

meio ambiente. No inciso V o legislador achou por bem controlar a produção, a

comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a

vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, muito embora esta previsão já existisse

genericamente nos incisos anteriores, este acabou servindo como um reforço.

O parágrafo segundo explicita a obrigação de quem explora os recursos

minerais de recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida

pelo órgão público competente, na forma da lei. A recuperação pode ser exigida por via

administrativa e/ou judicial.

No seu artigo 174, parágrafo terceiro, a carta maior incentiva a formação de

cooperativas de garimpeiros, desde que as mesmas atuem com respeito a legislação ambiental,

a não observância deste preceito implica na interrupção dos incentivos. Que não é o caso da

Cooperativa dos garimpeiros do Lourenço, pois esta não possui controle e nem se sabe de que

forma é vendido o minério em razão da falta de informação da produção. Observa-se que não

há fiscalização direta, os órgãos competentes vivem sem nenhuma informação sobre essa

produção.

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É importante frisar que a norma federal não é hierarquicamente superior apenas por emanar da União, mas principalmente por conter, em sua extensão, as possibilidades gerais das normas estaduais e municipais. Portanto, a competência de legislar é concorrente, desde que obedecidos os critérios acima expostos. As leis subsidiárias (estadual ou municipal) em momento algum podem ferir a lei maior, sob pena de serem declaradas inconstitucionais.

A partir do momento em que os governantes conscientizarem-se da importância em investir nos Projetos com relação aos controles, acompanhamento e à fiscalização das áreas minerárias, o retorno com tributação aos cofres públicos, de certo, será de forma compensadora aos investimentos realizados, bem como irá fazer valer as leis editadas. Tanto as leis serão cumpridas, como os Projetos sairão do Papel com perspectivas financeiras benéficas à União, Estados e aos Municípios.

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REFERÊNCIAS

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1991.

ALBUQUERQUE Celso Mello de. Curso de Direito Internacional Público. 11ª ed. Rio de

Janeiro: Renovar.

BARRETO, M. L. Mineração e desenvolvimento sustentável: desafios para o Brasil. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2001.

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______. Código de Mineração. Decreto-lei nº 227. 1967.

______. DECRETO Nº 99.274. 1990

______.Lei n.º 6.938 - sobre a política Nacional do Meio Ambiente. 1981.

______. Lei Federal nº 7.805. 1989.

______. LEI Nº 8.876. 1994.

______. LEI COMPLEMENTAR N º 87. 1997.

______. PORTARIA Nº 111-GAB/SRF. 2005.

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CASELLA, Paulo Borba. Comunidade Européia e seu Ordenamento Jurídico. São Paulo.

1994.

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GONÇALVES, A C. E BECHARA, C.H.T. A Tributação na Mineração. Panorama

Internacional. In VII Congresso Brasileiro de Mineração. Belo Horizonte: IBRAM, 1997.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros.

2000.

MARINHO, Ranolfo Figueiredo. Engenheiro de Minas do DNPM/AP.

RIBEIRO, Mário Sérgio. Chefe da Divisão de Licenciamento da SEMA.

ROSETTI, Carlos Francisco. ARRUDA, Moacir Bueno. PINTO, Waldir de Deus. Regulação, Controle, Fiscalização, Licenciamento e Auditoria Ambiental. Brasília: VESTCON Ltda. 2005.

SILVA, Célio Araújo da. Geólogo. SEICOM

SOUZA, Dingo Ferreira de. Garimpeiro.

SKIBINSK, Deovandski. Geólogo

N o s i t i o : www.dnpm.gov.br

www.google.com.br

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ANEXOS

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Anexo - A

a.1. Relatório de Exploração e Produção de Tantalita no Estado do Amapá –

junho/2001;

a.2. Relatório de viagem ao Garimpo do Lourenço e Calçoene – julho/2001;

a.3. Relatório e Diagnóstico Preliminares do Setor Mineral do Estado do Amapá –

agosto/2001;

a.4. Relatório Técnico da produção de tantalita no garimpo do Cerca Boca no Lourenço – agosto/2001;

a.5. Relatório de Consultoria Técnica da Empresa GAMMA –Gerenciamento e

Assessoria à Mineração e Meio Ambiente e da empresa Minerais e Metais

Comércio e Indústria Ltda – agosto/2001;

a.6. Relatório Técnico de viagem aos Garimpos do Rio Amapari;

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Anexo - B

b.1. Proposta para execução de Projeto tantalita do geólogo Amado Mota de São Paulo

– julho/2001;

b.2. Projeto Tantalita da SEICOM – julho/2001;

b.3. Proposta de Execução do Projetos com exploração, industrialização e comercialização do minério tantalita no Estado do Amapá – agosto/2001;

Anexo - C

c.1. Cópia do ofício nº 857/2001-GAB/SEICOM e Memo. nº 49 DRM/SEICOM;

c.2. Implementações e Cronogramas de atividades/financeiro do Projeto tantalita.