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Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE Edjane Melo de Almeida Impacto da Adoção do Prontuário Eletrônico do Paciente na Gestão do Hospital Unimed Recife III: Estudo de caso Recife, 2018

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Page 1: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

Cento Universitário UniFBV | Wyden

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE

Edjane Melo de Almeida

Impacto da Adoção do Prontuário Eletrônico do Paciente na Gestão do Hospital Unimed

Recife III: Estudo de caso

Recife, 2018

Page 2: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional
Page 3: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

Edjane Melo de Almeida

Impacto da Adoção do Prontuário Eletrônico do Paciente na Gestão do Hospital Unimed

Recife III: Estudo de caso

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro Universitário

UniFBV | Wyden, sob a orientação do Prof. Dr.

James Anthony Falk.

Recife, 2018

Page 4: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

.

Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

A447 Almeida, Edjane Melo de.

Impacto da adoção do prontuário eletrônico do paciente na

gestão do Hospital Unimed Recife III: Estudo de caso. / Edjane

Melo de Almeida. – Recife: UniFBV | Wyden 2018.

69 f. : il.

Orientador(a): James Anthony Falk.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro

Universitário UniFBV | Wyden.

1. Prontuário eletrônico do paciente. 2. Gestão. 3. Tomada de

decisão. I. Título. DISS 658[18.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca

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AGRADECIMENTOS

A Deus e a todos os santos e santas a quem implorei ajuda para seguir firme e forte. Por isso,

agora, tenho tantas promessas a pagar, as quais fiz nos momentos de desespero.

A minha família: "marido, filhos e filha", por todo o apoio e paciência, para que eu pudesse ter

um caminho mais fácil e prazeroso, sempre me ajudando e me incentivando.

Ao meu orientador pelas conversas, artigos enviados, dedicação e leveza em conduzir o

processo de orientação.

À Unimed Recife que me proporcionou a ajuda necessária para o projeto.

Aos meus colegas, professores, noras e a minha irmã, figura indispensável neste momento.

A todos que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste projeto.

Page 7: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

RESUMO

Este estudo teve como objetivo identificar as mudanças ocorridas, os impactos gerados após a

implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) na gestão do Hospital Unimed Recife

III e avaliar o grau de satisfação dos usuários das áreas envolvidas dentro da organização, sejam

eles das áreas assistenciais, apoio ou administrativo/financeiro. A aplicação da tecnologia da

informação na área de saúde mostra a importância do Prontuário Eletrônico do Paciente ser

considerado, neste contexto, como uma melhoria na gestão da assistência do paciente

aumentando a adesão de novas diretrizes médicas e eficiência nos processos (através de ganhos

na integridade da informação e contenção de desperdícios), como também diminuindo o erro

de prescrição das medicações. Ainda há pouca evidência na literatura de alta qualidade sobre a

utilização de sistemas multifuncionais de tecnologia de informação em saúde, principalmente

quando ligados à gestão. Esta afirmação aponta para a exploração da qualidade do atendimento

ao paciente como contribuição para a sustentabilidade da saúde no Brasil. Quando se trata de

investimentos em tecnologia na área de saúde é sabido que são valores relevantes e que agregam

mais custos de implementação e de manutenção. Logo, o presente estudo investigou as

mudanças que a organização hospitalar sofreu devido a essa transição. Para atender o referido

objetivo, adotou-se uma metodologia de estudo de caso, na qual foram utilizados os métodos

quantitativos e qualitativos, na perspectiva de uma melhor análise. Para o estudo, foi aplicado

um questionário com perguntas fechadas e abertas, que foi respondido por gestores e

colaboradores das áreas envolvidas do hospital. A análise das respostas foi realizada em duas

etapas. Inicialmente foram analisados os dados quantitativos utilizando estatística descritiva e,

posteriormente, os dados qualitativos por meio da técnica de Análise de Conteúdo. Como

resultado, percebeu-se que o hospital ao adotar o PEP se beneficiou pela multifuncionalidade,

isto é, a possibilidade de ser acessado simultaneamente por diversas áreas e pelos mais variados

usuários online. A legibilidade da informação e a segurança do paciente foram os principais

motivos elencados por todos os entrevistados para o objetivo da implementação do projeto. A

decisão em adotar o prontuário eletrônico na gestão do hospital exigiu a participação de todos:

médicos, enfermeiros, farmacêuticos, faturamento, qualidade e administrativo/financeiro. O

treinamento das equipes, a multiplicação do conhecimento e a incorporação desta nova rotina

foi imprescindível para a implementação do projeto. Por meio da utilização da ferramenta PEP,

de suas funções e funcionalidades, foi possível constatar mudanças práticas positivas para o

hospital. Foram observados impactos de caráter prático na qualidade assistencial devido ao

melhor conhecimento dos processos das diversas áreas, gerando relatórios para apoiar a tomada

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de decisão. Estas informações possibilitaram aos gestores um melhor planejamento na execução

de suas estratégias de um modo mais eficaz, mas ainda há muito o que se avançar neste tema.

Palavras-chave: Prontuário Eletrônico do Paciente. Gestão. Tomada de decisão.

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ABSTRACT

This study had the objective of identifying the changes occurred after the implementation of

the Electronic Medical Records (EMR), its impacts on the management at Hospital Unimed

Recife III and rate the levels of satisfaction of users from involved areas within the organization,

such as assistentialist, support, administrative/finances. Information technology application in

healthcare field shows the importance of patients' electronic medical records in this context

being considered as an improvement for the management of the assistance of the patient,

increasing the adhesion of new medical guidelines and the efficiency in the processes (by gains

in information integrity and waste containment), and also lowering medicaments prescription

mistakes. There are still few evidences in high literature about information technology

multifunctional systems utilization in healthcare field, moreover in matter of management. This

affirmation leads to the exploration of the quality of patient care as contribution for the

sustainability on healthcare in Brazil. In matter of investments in technology in healthcare field,

is known that are relevant amounts and also aggregate more costs of implementation and

maintenance. Thereby, the present study investigated the changes the organization suffered due

to this transition. To meet the referred objective, it was adopted the methodology of case study,

where was utilized qualitative and quantitative methods aiming for a better analysis. For the

study a survey was applied, composed by multiple choice questions and open questions and it

collected responses from managers and employees from the related areas in the hospital. The

analysis of the responses occurred in two stages. First it was performed the analysis of

quantitative data was performed utilizing descriptive statistics, then was performed the analysis

of qualitative data, by Content Analysis. As result, it was observed that by adopting the EMR

the main benefit is associated with its multifunctional use, namely, to be accessed

simultaneously by multiple areas, and its users, online. Information legibility and patient’s

security were the main factors named by all respondents for the objective of the project

implementation. The decision of adopting the EMR for the management in the unit required

the participation of all: physicians, nurses, pharmacists, revenue management, quality and

administrative/finances. The groups training, the multiplication of knowledge and the

incorporation of this new routine were indispensable to the project implementation. Through

the use of the EMR tool, its functions and functionalities, it was possible to verify positive

practical changes for the hospital. It was observed positive impacts on the quality of assistance

due to the better knowledge of processes, generating reports to support the decision making

with the interaction of different areas. These impacts allow managers to better plan the

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execution of strategies in a more efficient way, but there are still many advances to be performed

in this matter.

Keywords: Electronic Medical Reports. Management. Decision making.

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RESÚMEN

Esta investigación tuve como objetivo identificar los cambios ocurridos, los impactos

generados con la implementación del Prontuario Electrónico del Paciente (PEP) en la gestión

del Hospital Unimed Recife III y evaluar el grado de satisfacción de los usuarios de las áreas

implicadas dentro de la organización, sean ellos asistenciales, apoyo, administrativo financiero.

La aplicación de la tecnología de la información en la área de salud muestra la importancia del

prontuario electrónico del paciente ser considerado en este contexto como una mejoría en la

gestión de la asistencia del paciente aumentando la adhesión de nuevas directrices médicas y

eficiencia en los procesos (a través de la mejoría en la integridad de la información y contención

de desperdicios), como también disminuyendo el error de prescripción de las medicinas. Aún

ha poca evidencia en la literatura de alta calidad sobre la utilización de sistemas

multifuncionales de tecnología de la información en salud, principalmente cuando conectados

a la gestión. Esta afirmación apunta para la exploración de calidad de atendimiento al paciente

como contribución para la sustentabilidad de la salud en Brasil. Cuando tratase de inversiones

en tecnología en la salud, son valores relevantes y que agregan más costos de implementación

y manutención. Luego, la presente investigación estudia los cambios que la organización

hospitalaria sufrió debido a esta transición. Con ganas de alcanzar el objetivo, se adoptó una

metodología de estudios de casos, en lo cual fue utilizado los métodos cuantitativos y

cualitativos, para un mejor análisis. Para la pesquisa fue aplicado un cuestionario con preguntas

de múltiples selecciones y abiertas, el cual fue respondido por gerentes y empleados de los

sectores del hospital. El análisis de las respuestas fue realizada en dos pasos. Primeramente,

fueron realizadas los análisis de datos cuantitativos utilizando estadística descriptiva y en

seguida los datos cualitativos, a través de la técnica de análisis de contenido. Como resultado,

se percibió que el hospital al adoptar el “PEP”, tuve como principal beneficio la vinculación al

uso multifuncional, así es, simultáneamente visitado por distintos sectores y los más variados

usuarios, on-line. La legibilidad de la información y seguridad del paciente fueron los

principales motivos elegidos por todos los entrevistados para la implementación del proyecto.

La decisión de adoptar el prontuario electrónico en la gestión del hospital exigió la participación

de todos: médicos, enfermeros, farmacéuticos, y los sectores de facturación, cualidad y

administrativo/financiero. El entrenamiento de los equipos, la multiplicación del conocimiento

y la incorporación de esta nueva rutina fue imprescindible para la implementación del proyecto.

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A través de la utilización de la herramienta “PEP”, sus funcionalidades, fue posible constatar

beneficios para el hospital. Fueron observados impactos positivos en la calidad asistencial

debido al mejor conocimiento de los procesos, generando informes para apoyar la tomada de

decisiones con la interacción de diversas áreas. Eses informes posibilitan a los gerentes un

mejor planeamiento en la ejecución de estrategias más eficaces, pero aún ha mucho que avanzar

en este tema.

Palabras-clave: Prontuario Electrónico del Paciente (PEP). Gestión. Tomada de decisión.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

1.1 Contextualização do problema ....................................................................................... 14

1.2 Objetivos da pesquisa ...................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 16

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 16

1.3 Justificativas da pesquisa ................................................................................................ 16

1.3.1 Justificativas teóricas ...................................................................................................... 17

1.3.2 Justificativas práticas ...................................................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 19

2.1 Funções e utilização do Prontuário Eletrônico do Paciente ........................................ 20

2.2 Usuários do PEP ............................................................................................................... 25

2.3 Vantagens e desvantagens da aplicabilidade do PEP ................................................... 29

2.3.1 Impactos do PEP no mercado de saúde .......................................................................... 31

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 34

3.1 Delineamento da pesquisa ............................................................................................... 34

3.2 Locus da pesquisa ............................................................................................................ 35

3.3 Sujeitos da pesquisa ......................................................................................................... 35

3.4 Instrumento de coleta de dados ...................................................................................... 36

3.5 Limites da pesquisa ......................................................................................................... 36

4 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................... 37

4.1 Análise quantitativa .......................................................................................................... 37

4.1.1 Descrição da amostra ...................................................................................................... 37

4.1.2 – No objetivo I – Identificar as mudanças ocorridas nos processos de organização

conforme os interessados dos diversos setores estudados ........................................................ 38

4.2 Análise qualitativa ............................................................................................................ 41

4.2.1 – No objetivo II – Descrever as mudanças ocorridas nos processos de tomada de decisão

dos gestores .............................................................................................................................. 42

4.2.2 – Indicadores temáticos ou mais frequentes quanto aos erros detectados após o uso do

PEP. .......................................................................................................................................... 45

4.2.3 Objetivo III – Levantar o grau de satisfação dos impactos percebidos pelos gestores e

demais interessados nos diversos setores analisados ................................................................ 47

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REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 56

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 60

ANEXO A - INTERNAÇÃO ELETIVA DE PACIENTE COM EXCLUSÃO

PROGRAMADA. ................................................................................................................... 63

ANEXO B - RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA – ADMISSÃO ......................... 64

ANEXO C - RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA - ALTA .................................... 65

ANEXO D - ROP 30 NA EMERGÊNCIA .......................................................................... 66

ANEXO E - FLUXOGRAMA DE FATURAMENTOS PACIENTES CIRÚRGICOS

ELETIVOS .............................................................................................................................. 67

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, apresentam-se a contextualização deste estudo, bem como o problema da

pesquisa, seus objetivos (geral e específicos) e justificativas.

1.1 Contextualização do problema

O prontuário, ou registro médico, passou a ser visto como uma atividade inerente à prática

médica no final do século XVIII, sendo parte das transformações do conhecimento e das

práticas médicas que caracterizaram o advento da medicina moderna, diferenciando-se na

forma, conteúdo e significado dos registros elaborados anteriormente pelos médicos, que se

caracterizavam pelo relato de casos, sem padrão definido, e que visavam registrar aqueles casos

considerados excepcionais e que não deveriam ser esquecidos (MASSAD; MARIN;

AZEVEDO NETO, 2003).

A área de saúde é uma das mais críticas do Brasil e os avanços em tecnologia da informação

são essenciais para a disseminação do conhecimento médico, melhorando a assistência ao

paciente, diminuindo a margem de erro e aumentando a qualidade da informação referente à

história clínica do indivíduo. O foco no processo de trabalho em saúde, ou seja, no registro

eletrônico de saúde, possibilita a visão multi-institucional, multiprofissional e de gestão

administrativo-financeira das entidades hospitalares.

O Prontuário Eletrônico do Paciente – PEP (BEZERRA, 2009) é uma das ferramentas mais

importantes na gestão de informação do paciente dentro de um hospital; é, sem dúvida, o

principal veículo de comunicação entre as demais áreas hospitalares. Nele se encontram as

informações necessárias para prestar uma assistência à saúde de excelência de forma

multiprofissional, onde todos os profissionais de saúde interagem em tempo real, havendo uma

sinergia efetiva para disseminação da informação.

A tecnologia da informação utilizada no PEP foi essencial para melhorar a qualidade,

confiabilidade e integridade dos dados, melhorando a assistência ao paciente, disseminando o

conhecimento médico de forma rápida e segura, podendo ser acessado simultaneamente por

vários profissionais de saúde.

O PEP representa um novo conceito de tratamento da informação em saúde e serve de

instrumento para auxiliar no diagnóstico e no tratamento da saúde de uma pessoa, onde quer

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15

que ela esteja, através do uso da telemedicina, transmissão de dados via web e integração com

outros sistemas de informação.

O uso da tecnologia da informação para produção de um serviço implica na mudança da

situação existente. A partir da adoção do PEP em hospitais, percebem-se impactos diretos nas

suas estruturas organizacionais, mudanças nos processos hospitalares, como também nas

competências dos médicos, gestores e colaboradores que lidam direta e indiretamente com o

atendimento do paciente.

As mudanças ocorridas nos últimos anos têm levado, ainda mais, as organizações a refletirem

e avaliarem suas políticas e práticas de gestão, de modo a adequá-las a uma sociedade baseada

na informação e no conhecimento, em que o seu desempenho vai depender da implementação

de estratégias que possam adequar seus objetivos às necessidades de seus clientes (NUNES,

2008).

A elevação dos custos hospitalares, devido a uma necessidade crescente do uso de tecnologia

da informação, faz com que as organizações de saúde busquem cada vez mais inovações nos

seus processos e nas suas estruturas tecnológicas. A tecnologia da informação de saúde mostrou

melhorar a qualidade, aumentando a adesão às diretrizes, aumentando a vigilância da doença e

diminuindo os erros de medicação (CHAUDHRY et al., 2006). Estes fatores impactam a

precisão dos diagnósticos, a inteligência operacional da instituição e, consequentemente, a

qualidade dos serviços prestados. A partir deste cenário, entende-se que a maioria das

organizações de saúde comecem a redesenhar seus processos internos utilizando vários

dispositivos, inclusive o prontuário eletrônico, como uma forma eficiente de gestão hospitalar

com qualidade e integridade de informação.

Em outubro de 2011 foi inaugurado o Hospital Unimed Recife III com uma nova perspectiva

de adotar o prontuário eletrônico como forma de inovação nos seus procedimentos de

atendimento ao paciente, a fim de dar um novo olhar, mais profundo e preciso, na qualidade da

informação médico x paciente x corpo técnico-hospitalar. O prontuário foi adotado em julho de

2012.

Com esta perspectiva, os objetivos propostos a serem alcançados com o uso do PEP no Hospital

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16

Unimed Recife III definidos pela gestão são: a) prover a mais alta qualidade assistencial aos

pacientes; b) obter a completa integralidade na disponibilidade dos dados; c) garantir a maior

segurança com auditoria e monitoramento das informações.

A partir dessas considerações, o presente estudo deve responder à seguinte questão: Qual o

impacto gerado pelas mudanças nos processos organizacionais hospitalares, percebido pelos

gestores do Hospital Unimed Recife III, após a implantação do prontuário eletrônico do

paciente?

1.2 Objetivos da pesquisa

Para responder à pergunta da pesquisa foram estabelecidos alguns objetivos apresentados a

seguir de forma a delinear o estudo de caso e nortear todos os passos do pesquisador.

1.2.1 Objetivo geral

Analisar o impacto real gerado pelas mudanças nos processos organizacionais hospitalares,

percebido pelos gestores do Hospital Unimed Recife III, após a implantação do prontuário

eletrônico do paciente.

1.2.2 Objetivos específicos

No Hospital Unimed Recife III, após a implantação do PEP, a presente pesquisa procura:

a) Identificar as mudanças ocorridas nos processos da organização conforme os interessados

dos diversos setores estudados;

b) Descrever as mudanças ocorridas nos processos de tomada de decisão dos gestores;

c) Levantar o grau de satisfação dos impactos percebidos pelos gestores e demais interessados

nos diversos setores analisados.

1.3 Justificativas da pesquisa

A pesquisa tem sua importância do ponto de vista teórico por trazer uma discussão sobre o uso

do prontuário eletrônico na organização hospitalar, na visão dos gestores médicos e

administrativos, bem como do faturamento, farmácia e enfermagem de um hospital e, do ponto

de vista prático, por tratar da adoção do prontuário nos processos organizacionais como

elemento fundamental na comunicação entre os diversos setores e o seu impacto gerado na

gestão hospitalar.

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1.3.1 Justificativas teóricas

O PEP é uma das principais ferramentas do médico durante o tratamento de um paciente. E, de

acordo com as orientações e determinações da Resolução CFM Nº 1638/2002 (CONSELHO

FEDERAL DE MEDICINA, 2002) ele deve seguir uma estrutura padrão que define todos os

documentos do mesmo tipo.

Há uma necessidade de estudos específicos para esse segmento, mas conforme pesquisado nos

sites da Scielo, Spell e Ebsco, há uma escassez de estudos científicos sobre este assunto, pelo

menos no Brasil. Nos EUA, segundo Susan A. Scherer (2010) no seu artigo "Sistemas de

informação e saúde XXXIII: uma teoria institucional. Perspectiva sobre a adoção por médicos

de registros de saúde eletrônicos", a literatura de informática médica possui um grande conjunto

de pesquisas relativas à adoção e uso de registros eletrônicos, mas grande parte desses trabalhos

são de natureza descritiva, sem bases teóricas, por isso, temos poucos registros de pesquisas

neste assunto. O campo dos Sistemas de Informação - IS usou várias teorias para testar fatores

que contribuem ou impedem a adoção de sistemas de registro eletrônico. Sendo assim, este

estudo virá se integrar aos existentes, o que o torna, de certa forma, relevante para melhoria da

gestão, controle, aplicabilidade e sinergia das informações na qualidade de dados gerados pela

adoção do PEP para fornecer informações aos gestores hospitalares.

Com relação ao impacto da gestão do prontuário eletrônico, em especial os gestores, não se

verificou ainda um estudo que contemplasse o assunto: a visão dos gestores médicos e

administrativos sobre o uso do PEP para apoio à tomada de decisão na organização hospitalar.

Por essa razão, surgiu o interesse e a oportunidade da presente pesquisa de fazer um estudo que

contemplasse a visão destes atores empresariais sobre os processos organizacionais hospitalares

e trazer como contribuição acadêmica a proposta de uma discussão sobre este tema.

1.3.2 Justificativas práticas

Esta pesquisa pode se justificar como um norteador para hospitais que desejam implantar o PEP

para prover a mais alta qualidade assistencial aos pacientes, para aumentar a segurança do

paciente com a utilização de certificados digitas de entidades certificadoras, para conferir

legibilidade à informação e para melhorar a qualidade da comunicação entre os diversos setores

de uma unidade hospitalar. Além disso, propõe dar oportunidade para um maior controle de

processos e mais mecanismos para apoio à tomada de decisão.

Page 19: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

18

No mundo globalizado em que estamos vivendo, a necessidade de acesso a informações rápidas,

precisas e confiáveis é vital para a adequada gestão de processos organizacionais com o intuito

de proporcionar um serviço de qualidade, tanto para o profissional médico quanto para o

paciente. Quando pensamos nas informações relacionadas à saúde, e mais especificamente à

medicina, podemos utilizar a tecnologia da informação nos diversos setores: exames,

diagnósticos, cirurgias e demais áreas de faturamento; farmácia, gestão de leitos, gestão da

qualidade, atendimento e enfermagem.

Justifica-se ainda este trabalho pela geração de contribuições para fortalecer a relação

médico/paciente através da qualidade da informação, transparência da base de dados do

paciente, melhora da comunicação entre as diversas áreas e subsídio para os gestores de

informações na tomada de decisão.

Através deste estudo de caso, iremos analisar as maiores vantagens e desvantagens na utilização

do PEP, na qualidade do atendimento ao paciente, nas informações geradas pelo prontuário e

veremos como estas informações são utilizadas pelos gestores para tomada de decisão nas áreas:

de gestão médica, dos gestores administrativos financeiros, de faturamento, da farmácia, de

enfermagem e da qualidade.

Figura 1 - O prontuário eletrônico para transformar o hospital em digital

Fonte: MV (2015)

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19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A relação da tecnologia – entendida como o conjunto de conhecimentos, principalmente

científicos, aplicados a um determinado ramo de atividade – com a medicina nunca foi tão

intensa como nos últimos 20 anos. A tecnologia desempenha hoje um papel fundamental na

prática da medicina, agilizando diagnósticos, procedimentos clínicos e cirúrgicos, garantindo

maior qualidade para os usuários das informações: médicos, profissionais de enfermagem e

demais profissionais da saúde, como também para os pacientes. Nos próximos cinco anos,

teremos um grau ainda maior de tecnologia aplicada à medicina e um maior número de pessoas

beneficiadas por ela (ALMEIDA, 2000).

São inúmeras as vantagens advindas da utilização do PEP, tais como: acesso mais veloz às

informações sobre problemas de saúde e intervenções, uso simultâneo, legibilidade, eliminação

da redundância de dados e pedidos de exames, fim da redigitação de informações,

processamento contínuo dos dados, organização mais sistemática, melhoria da efetividade do

cuidado e melhores resultados dos tratamentos (SALVADOR; ALMEIDA FILHO, 2005).

A implantação do PEP proporciona o acesso rápido à informação do paciente em tempo real, o

uso simultâneo dos vários profissionais de saúde, a possibilidade de transmissão de dados via

WEB e também o uso da telemedicina.

Pesquisas realizadas por Isidro Filho, Guimarães e Perin (2011), em três hospitais privados do

Distrito Federal, que utilizaram como referência o estudo do uso do PEP em um dos hospitais,

após as entrevistas, especialmente com os gestores, apontaram que a vantagem principal dessa

melhoria que foi “agregar valor” para a gestão das informações do paciente (PEP), para a

qualidade assistencial em unidades de tratamento intensivo (SGUTI) e para a qualidade de

procedimentos cirúrgicos (SIC). Os autores apontam como desvantagem à adoção da inovação,

seja ela de forma individual ou organizacional, resistência ao uso de computadores e recursos

tecnológicos assemelhados à capacidade de manusear novos equipamentos. O desconhecimento

do funcionamento da inovação foi outra barreira identificada em relatos dos entrevistadores.

Através desta revisão teórica serão abordados os três temas que irão conduzir o objetivo desta

pesquisa. Inicialmente serão pesquisados os assuntos relativos à função e utilização do

prontuário médico do paciente de modo a identificar o conceito, a função e utilização, bem

como as diversas funcionalidades do PEP na geração de informação para as demais áreas do

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20

hospital mudando os processos organizacionais. Em seguida, será abordado o tema relativo à

utilização do PEP pelos diversos profissionais usuários das informações do paciente (gestores

médicos e administrativos, faturamento, farmácia e qualidade), analisando os diversos

contextos da influência destas informações na formação da base de dados do paciente para

melhor orientar os gestores nos processos de tomada de decisão. Posteriormente, iremos fazer

uma analogia sobre as vantagens e desvantagens da utilização do prontuário eletrônico,

revisando as teorias referentes a este assunto para melhor entender o impacto gerado pela

adoção do prontuário eletrônico do paciente no sistema de gestão do Hospital Unimed Recife

III.

Para todos os temas foi necessário averiguar trabalhos que já os abordaram de modo a

identificar as dimensões da sua utilização dentro da estrutura hospitalar, sua acessibilidade,

segurança, confiabilidade e integridade pelos diversos profissionais que fazem uso da

informação gerada pelo PEP.

2.1 Funções e utilização do Prontuário Eletrônico do Paciente

A Resolução CFM nº 1.638/2002 (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2002) define

prontuário médico como um documento único constituído de um conjunto de informações,

sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde

do paciente e a assistência a ele prestada de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a

comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência

prestada ao indivíduo. Deste modo, entende-se que se torna extremamente difícil um

atendimento médico ambulatorial sem o devido conhecimento do histórico do paciente. O

profissional médico deve registrar em prontuário avulso este atendimento, caso não esteja com

acesso ao PEP, para atender à demanda do paciente buscando não prejudicá-lo, comunicando o

fato ao Diretor Técnico do estabelecimento de saúde para que o mesmo tome as devidas

providências, sob pena de responder ética e judicialmente pelo não provimento adequado do

prontuário do paciente.

De acordo com Massad, Marin e Azevedo Neto (2003) o prontuário do paciente ou, mais

frequentemente chamado prontuário médico, é um elemento crucial no atendimento à saúde dos

indivíduos, devendo reunir a informação necessária para garantir a continuidade dos

tratamentos prestados ao cliente/paciente.

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21

Foi desenvolvido por médicos e enfermeiros para garantir que se lembrassem

de forma sistemática dos fatos e eventos clínicos sobre cada indivíduo de

forma que todos os demais profissionais envolvidos no processo de atenção

de saúde pudessem também ter as mesmas informações (SLEE; SLEE;

SCHMIDT, 2000, apud MASSAD; MARIN; AZEVEDO NETO, 2003 ).

Quanto ao prontuário eletrônico, a Resolução CFM Nº 1.821/2007 (CONSELHO FEDERAL

DE MEDICINA, 2007) especificamente nos artigos 3º e 4º, autoriza o uso de sistemas

informatizados para a guarda e manuseio de prontuários de pacientes e para a troca de

informação identificada em saúde, eliminando a obrigatoriedade do registro em papel,

desde que esses sistemas atendam integralmente aos requisitos do “Nível de garantia de

segurança 2 (NGS2)” estabelecidos no Manual de Certificação para Sistemas de Registro

Eletrônico em Saúde; não autoriza a eliminação do papel quando da utilização somente do

“Nível de garantia de segurança 1 (NGS1)”, por falta de amparo legal.

A implementação do PEP no Hospital Unimed Recife III abriu uma discussão quanto às

mudanças históricas nos processos de trabalho, rotinas médico-assistenciais, conceitos éticos,

armazenamentos dos dados exigidos em lei, informatização de todos os setores prioritários,

planejamento e treinamento de todos os envolvidos no processo da assistência médico-

hospitalar. O PEP contempla todos os atendimentos e internações, inclusive os de emergência,

permitindo o acompanhamento de cada evento com uma visão detalhada da história e da

evolução clínica do paciente.

Estas informações agregadas e sistematizadas são necessárias para caracterizar o nível de saúde

populacional e viabilizam a construção de modelos e políticas de atendimento e gestão das

organizações de saúde, especificamente no nosso caso, as hospitalares. Segundo Massad, Marin

e Azevedo Neto (2003), atualmente entende-se que o prontuário tem como funções:

Apoiar o processo de atenção à saúde servindo de fonte de informação clínica e

administrativa para tomada de decisão e meio de comunicação compartilhado entre todos os

profissionais;

Fazer o registro legal das ações médicas;

Apoiar a pesquisa (estudos clínicos, epidemiológicos, avaliação da qualidade);

Promover o ensino e gerenciamento dos serviços, fornecendo dados para cobranças e

reembolsos, autorização dos convênios, suporte para aspectos organizacionais e

gerenciamentos do custo.

Page 23: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

22

Após a implantação do prontuário eletrônico no Hospital Unimed Recife III, adotou-se um novo

modelo de gestão com características próprias:

Maior integração e gerenciamento entre as diversas áreas que fazem parte do processo do

cuidado do paciente – passou a ser visto como um todo, toda informação gerada é analisada e

gerenciada online;

Os recursos utilizados para atendimento são melhor gerenciados para tornar mais eficiente

a relação custo x benefício;

O envolvimento e a responsabilidade multiprofissional exigem mais competência e

capacitação profissional, pois os avanços da profissão requerem atualização constante;

O ator principal do processo agora é o paciente e não mais o médico; a equipe

interdisciplinar trabalha para que o paciente se reestabeleça, todos na organização têm o mesmo

grau de importância, o médico não é mais a peça principal do processo;

O HUR III passou por um processo de acreditação do prontuário eletrônico americano

HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society); no Brasil só duas

entidades hospitalares possuem.

Claudio Giuliano, consultor da Folks (GESSAÚDE, 2017a), destaca como caminho para quem

quer alcançar o modelo de Hospital Digital as definições apresentadas pela Healthcare

Information and Management Systems Society (HIMSS – Sociedade de Informação em Saúde

e Sistemas de Gestão), que são hoje referência no assunto. “Trata-se de uma espécie de guia

para executivos maduros, que entendem que um hospital de excelência garante tanto o retorno

financeiro quanto a melhoria da qualidade e segurança do atendimento ao paciente.”

(GESSAÚDE, 2017a, p.1).

O modelo de informatização atual prevê não apenas o investimento em hardware e software,

mas o planejamento e a análise de como a tecnologia ajudará o hospital a realizar suas atividades

cotidianas de forma otimizada, garantindo, assim, o alcance dos resultados planejados

(GESSAÚDE, 2017a).

Page 24: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

23

Figura 2 - Os níveis de informatização do hospital

Fonte: GesSaúde (2017b).

O Hospital Unimed Recife III encontra-se no nível 5 de informatização, de acordo com o

HIMSS, e transformou-se no Hospital Digital (ver Figura 3).

Figura 3 - O hospital digital

Fonte: GesSaúde (2017a)

Page 25: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

24

Assim, toda a estrutura eletrônica do PEP converge para a manutenção da informação da base

de dados do paciente com integridade, gerando um histórico sobre o estado de saúde e o cuidado

recebido durante todo o seu tempo de vida.

Os processos manuais foram substituídos por uma radical mudança nos métodos

organizacionais com a implantação do sistema MV de gestão hospitalar, resultando em diversas

transformações operacionais que incluem a implantação do prontuário eletrônico, bem como de

um sistema de gestão em saúde totalmente integrado, além de módulos de otimização de uso de

equipamentos e salas ociosas.

As inovações em serviços vêm ganhando cada vez mais importância, um grande potencial vem

se desenvolvendo, principalmente nas inovações de processos diante das novas tecnologias de

software, hardware, comunicações, logística, automação e controle. Segundo Tigre (2006), as

inovações em serviços visam alcançar os seguintes resultados:

Obter maior flexibilidade de forma a atender as necessidades individuais dos clientes;

Facilitar a interação usuário-fornecedor;

Aumentar a confiabilidade do serviço e torná-lo mais disponível temporalmente (24 horas,

7 dias por semana);

Aumentar a velocidade da produção e entrega do serviço, aproximando-se do tempo real;

Cumprir normas, padrões e atender a normas de segurança;

Aumentar a produtividade na prestação do serviço.

A obtenção desses resultados depende não apenas da incorporação de novas tecnologias da

informação e da comunicação, mas também de mudanças organizacionais e em processos. Dada

a importância para as organizações, diversas pesquisas têm focado no processo de inovação,

principalmente buscando estudar formas de melhorá-lo como um todo. Essas pesquisas

iniciaram com um enfoque maior na área de desenvolvimento de produtos (com ênfase em bens

físicos) e, ao longo do tempo, os esforços têm sido transferidos para a área de inovação, de

forma a abranger outros resultados do processo, como novos e/ou melhorados serviços e

processos (BUCHELE, 2015).

À luz da crescente importância da inovação social, o artigo de Jürgen Howaldt, Dmitri

Domanski e Christoph Kaletka (2016) traz o conceito da inovação social como uma

Page 26: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

25

precondição para o desenvolvimento de uma teoria integrada da inovação social-tecnológica,

na qual é mais que um mero apêndice, efeito externo ou resultado da inovação tecnológica.

2.2 Usuários do PEP

Os processos hospitalares são gerados a partir da entrada do paciente na recepção do hospital

até a sua saída através de alta hospitalar ou término do atendimento ambulatorial. A integração

da área de atendimento com a gestão de leitos, farmácia, faturamento, financeiro e gestão

executiva utilizando a ferramenta do PEP vai gerar subsídios para tomada de decisão mais

assertiva, isto é, na farmácia a medicação será monitorada com base em evidências clínicas. A

complexidade de informações geradas desde o atendimento será monitorizada através dos dados

imputados em toda a cadeia produtiva para todos os setores hospitalares envolvidos no

atendimento, gerando uma economia de escala.

Ao considerar o conteúdo do prontuário do paciente vale destacar que todo e qualquer

atendimento em saúde pressupõe o envolvimento e a participação de múltiplos profissionais:

médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos e outros. Além

disso, frequentemente as atividades de atendimento ao paciente acontecem em diferentes locais,

tais como: salas de cirurgia, enfermarias, ambulatórios, unidade de cuidado intensivo (UTI),

leitos hospitalares.

Figura 4 - Usuários do PEP

Fonte: MV (2015)

Page 27: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

26

Para realização destas atividades são necessárias múltiplas informações de diferentes fontes:

desde o primeiro atendimento na recepção, até os consultórios, farmácias, faturamento,

auditoria médica, enfermagem, nutrição clínica e demais setores do hospital. Por outro lado, os

procedimentos realizados pelos profissionais individualmente também geram outras tantas

informações que vão garantir a continuidade do processo de cuidado. São fontes diferentes de

dados gerando, consequentemente, uma grande variedade de informações que vão resultar em

uma base de dados mais completa, transparente e padronizada. Tais dados precisam ser

agregados e organizados de modo a produzir um contexto que servirá de apoio para tomada de

decisão sobre o tipo de tratamento ao qual o paciente deverá ser submetido, orientando todo o

processo de atendimento à saúde de um indivíduo ou de uma população (MASSAD; MARIN;

AZEVEDO NETO, 2003).

Vale ressaltar que o dado clínico é muito heterogêneo para ser introduzido em sistemas

tradicionais de informação. Por exemplo, os dados referentes ao controle de sinais vitais que

precisam ser verificados, dependendo de cada caso, em intervalos muito próximos e

apresentados em planilhas e gráficos; os resultados, radiologia e ultrassonografia, os quais

apresentam imagens como parte do prontuário do paciente; as observações clínicas, que podem

estar presentes em intervalos regulares sob a forma de texto de exames laboratoriais e

disponibilizados em forma de tabelas; os exames de tomografia computadorizada livre, sem

qualquer estrutura de conteúdo e formato; alguns dados de anamnese que são frequentemente

registrados através de uma lista de checagem; o registro de medicação que contém a listagem

das prescrições médicas, a checagem de administração que é fornecida ao paciente pela

enfermeira e a reação do paciente ao medicamento; as observações feitas por psicólogos são,

também, geralmente registradas em texto livre e muitos outros exemplos poderiam ser ainda

incluídos, confirmando a diversidade dos dados e informações que usamos para viabilizar o

cuidado ao paciente (MASSAD; MARIN; AZEVEDO NETO, 2003).

Possari (2005) afirma que o PEP pode proporcionar aos profissionais de saúde um maior tempo

ao lado do paciente na prestação da assistência, fornecer informações para gerenciar o custo

direto e indireto do paciente, além de permitir avaliar o agir profissional contribuindo para o

desenvolvimento do conhecimento científico dos profissionais da área de saúde. O prontuário

eletrônico utilizado no Hospital Unimed Recife III agilizou o atendimento, melhorando a

qualidade da informação, facilitando o acesso aos dados e permitindo uma melhor assistência

com foco direto no paciente de forma segura e rápida.

Page 28: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

27

As áreas de gestão médica, administrativa financeira, faturamento hospitalar, farmácia,

qualidade e de enfermagem são as mais afetadas com a implantação do PEP. A gestão médica,

conjuntamente com a gestão administrativa na organização hospitalar, busca prestar a melhor

assistência ao paciente com base nas suas experiências, utilizando as estratégias e ferramentas

de gestão, criando um fluxo de trabalho mais dinâmico e dotado de maior quantidade de

informações para a tomada de decisão, com conhecimento técnico. Usar ferramentas de análise

de decisão, ter visão crítica da organização, oportunizada pelo uso do PEP, fará com que a

probabilidade de acertos seja maior (BAZERMAN; MOORE, 2014, p. 310).

Faturamento hospitalar, segundo Gonçalves (2016) da CM Tecnologia, também chamado de

setor de contas médicas, é uma das áreas mais importantes numa instituição de saúde, pois

administrar as contas dos pacientes dentro do cenário financeiro e ter qualidade de informação

são questões fundamentais. O principal lugar e mais delicado da organização, além de receber

todas as informações das outras áreas como: farmácia, nutrição, diagnóstico, laboratório e

demais áreas, não pode ter erros ou não conformidade de informações para que execute

plenamente suas funções, isto é, confeccionar as contas hospitalares dos pacientes com todos

os seus gastos realizados durante o seu atendimento no hospital. No Anexo A temos o

fluxograma do faturamento dos pacientes cirúrgicos eletivos, que foi formatado pela equipe de

Qualidade, no qual vemos todo o processo da entrada do paciente no hospital, a utilização do

PEP e a sua saída.

Farmácia Hospitalar é um setor ligado à área assistencial do paciente, técnico-científica e

administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle

e distribuição de medicamentos e está relacionada às unidades hospitalares. É responsável pela

liberação dos medicamentos e materiais para os pacientes internos e ambulatoriais, buscando a

eficácia da terapêutica, além da redução dos custos.

A gestão eficiente dos estoques nos hospitais por meio da tecnologia, através de sistemas de

gestão que realize avaliações aprofundadas feitas de forma eletrônica gerando indicativos

precisos sobre níveis ideais de estoque mínimo, ponto de pedido e assim por diante, gera uma

economia financeira considerável. Como todos os processos passaram a ser interligados, gerou-

se uma espiral de boas práticas de gestão.

Page 29: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

28

Figura 5 - Farmácia Clínica

Fonte: Setor de Qualidade e Processos Hospital Unimed Recife III

A Enfermagem, através da sua equipe, presta um bom atendimento hospitalar, o que é

fundamental não só para a retenção de pacientes, como também para melhorar sua disposição

em relação ao tratamento; a qualidade destes profissionais envolvidos fará a diferença para

prestação de um serviço com excelência, demonstrado no Anexo B.

Gestão da Qualidade para Carvalho e Paladini (2012), nesse novo contexto, é um setor

responsável por prover a habilidade e os procedimentos necessários para que o sistema funcione

como um todo, pois todos na organização são responsáveis pelo controle da qualidade e pela

análise e solução de problemas. Desta forma, o próprio departamento é o dono do processo e

deve estar capacitado para as tarefas com precisão, as quais visam garantir e melhorar os

sistemas implementados com uma visão mais integrada de toda a empresa.

Cada funcionário precisa saber de sua responsabilidade em abastecer o sistema com os dados

da área onde atua e cuidar para que as informações estejam sempre atualizadas. A mudança

proporcionada pela transformação digital precisa partir das lideranças e, para tanto, é necessário

que evolua o nível de maturidade de gestão hospitalar antes de pensar em informatizar seus

sistemas. Mas, não basta traçar a estratégia, é preciso também acompanhá-la de forma regular,

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29

corrigir o rumo, tomar decisões e aprender. Tudo isso exige técnica e muita disciplina, mas é

fundamental para alcançar os resultados planejados (GESSAÚDE, 2017a).

Dorta Júnior (2018, apud GESSAÚDE, 2017a), da Universidade Metodista, ainda evidencia a

importância do aprendizado focado na equipe de TI, garantindo que ela é a responsável pelo

manejo das novas tecnologias que serão implantadas com a atualização do parque tecnológico

e o conhecimento que tem sobre as novas ferramentas precisa ser até mesmo anterior ao projeto

formal de modernização, para que os gestores do hospital possam planejar corretamente o uso

das tecnologias. Mesmo que, além dos profissionais existentes na empresa ainda participem

consultores externos especializados, a curva de aprendizado e investimento no treinamento em

novas tecnologias deve ser iniciada o mais cedo possível. Conhecimento proporciona decisões

produtivas que maximizam investimento e tempo, além de aumentar a qualidade dos serviços

tecnológicos para os gestores e usuários finais.

2.3 Vantagens e desvantagens da aplicabilidade do PEP

A implantação do PEP no Hospital Unimed Recife III trouxe vantagens e desvantagens em todo

o processo, pois ele foi inserido no contexto institucional do hospital e todas as áreas foram

envolvidas: médica, parte administrativa e auditoria.

Apesar de parecer um sistema muito vantajoso, tanto para a equipe médica quanto para o

paciente há, ainda, entre os profissionais da saúde envolvidos no uso do PEP, opiniões muito

divergentes quanto à adoção deste sistema de registro eletrônico. Para muitos profissionais da

saúde, o prontuário eletrônico é uma inovação extremamente positiva na área médica, pois

permite a criação de um histórico de cada paciente auxiliando muito, por exemplo, na realização

de diagnósticos no presente e no futuro (RONDINA; CANÊO; CAMPOS, 2016). Entretanto,

outros profissionais acreditam que o prontuário eletrônico não traz benefícios significativos

nem ao próprio paciente nem a equipe de saúde, além de tornar o trabalho médico muito

mecanizado e dependente de tecnologia. Eles também argumentam que a utilização desse

sistema operacional demandará tempo excessivo por parte da equipe médica, tempo esse já

escasso na rotina exaustiva de consultas em um hospital brasileiro (RONDINA; CANÊO;

CAMPOS, 2016; PATRICIO et al., 2011).

Segundo estudos realizados anteriormente, a adoção de um sistema de registro eletrônico possui

muitas vantagens e desvantagens. As vantagens mais citadas são: acesso rápido ao histórico de

Page 31: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

30

saúde e aos procedimentos aos quais o paciente foi submetido; disponibilidade remota; uso por

diversos setores de serviços e profissionais de saúde; flexibilidade do layout dos dados;

eliminação da redundância de dados e de pedidos de exames complementares; fim da

redigitação das informações; integração com outros sistemas de informação; processamento

contínuo dos dados, deixando-os disponíveis a todos os profissionais envolvidos no tratamento

do paciente; informações organizadas de forma mais sistemática; facilidade na coleta dos dados

para consultas futuras, seja para pesquisa ou faturamento; acesso ao conhecimento atualizado

auxiliando no processo de tomada de decisão e da efetividade do cuidado (PATRÍCIO et al.,

2011).

Como desvantagens do uso desse sistema operacional, estudos anteriores apontaram:

Necessidade de grandes investimentos em hardwares, softwares e treinamentos de toda a

equipe médica;

Resistência dos profissionais de saúde ao uso de sistemas informatizados (principalmente os

mais antigos e resistentes à adoção de novas tecnologias);

Receio dos profissionais em expor suas condutas clínicas, uma vez que o PEP pode ser

visualizado por outros membros da equipe médica;

Demora em obter reais resultados da implantação do PEP;

Risco de o sistema ficar inoperante por horas, tornando as informações indisponíveis;

Dificuldade para coleta de todos os dados obrigatórios;

Seu uso e acesso indevidos podem colocar a questão da confiabilidade e segurança das

informações do paciente em risco;

Outra desvantagem apontada está relacionada ao impacto na relação médico-paciente, uma

vez que o sistema pode reduzir o contato “olho no olho” e também provocar aumento do tempo

de trabalho dos profissionais, uma vez que costumam exigir o preenchimento de uma

quantidade razoável de informações (PATRÍCIO et al., 2011).

Investimento alto em hardware, software e certificações digitais para segurança e confiabilidade

das informações são algumas das desvantagens da implantação do PEP, além do aumento no

quantitativo no quadro de colaboradores para suporte técnico 24 horas. Os conflitos internos

nos casos de inoperância no sistema, principalmente no que se refere à instabilidade da rede,

colocam em risco a sua funcionalidade. Os custos com treinamento, controle do turnover, falta

de mão de obra qualificada e resistência à mudança por parte dos profissionais de saúde podem

Page 32: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

31

colocar o projeto da adoção do PEP, para formação da base de dados de informação ao

médico/paciente, como um grande problema para a instituição hospitalar. R

2.3.1 Impactos do PEP no mercado de saúde

Nos dias atuais, o impacto causado pela acentuada evolução da tecnologia da informação na

sociedade, bem como as modificações resultantes de um modelo econômico que prega uma

competitividade intensa, tem causado significativas mudanças na forma com que as

organizações devem se estruturar e trabalhar com o conhecimento para desenvolver novos

produtos, novos processos e novas formas organizacionais (SILVA, 2002).

Uma organização que atue na área da saúde, precisa demonstrar sua competência para melhorar

a saúde das pessoas e da sociedade, e, assim, atender à expectativa de seus clientes e cumprir

sua responsabilidade social (MASSAD; MARIN; AZEVEDO NETO, 2003).

O uso do prontuário eletrônico é fundamental para o aumento da produtividade tanto dos

médicos como dos enfermeiros e dos profissionais da área administrativa; este será o primeiro

impacto a ser visualizado pelos gestores médicos e administrativos. Roche (2000, p. 37) define

impacto como "mudanças duradouras ou significativas – positivas ou negativas, planejadas ou

não – nas vidas das pessoas e ocasionadas por determinada ação ou série de ações". O impacto

é avaliado quando se analisa se o resultado de uma intervenção conduziu, de fato, a mudanças

programadas, seja dos envolvidos diretamente ou indiretamente na intervenção.

Para Lima (2005), esta avaliação de impacto é verificada à medida da realização do projeto de

acordo com seus objetivos e mensura as consequências positivas e negativas, tenham sido elas

previstas ou não. Assim, o tempo gasto pelos colaboradores do setor administrativo na busca

de fichas é substituído por mais tempo disponível para atender a uma maior quantidade de

pacientes na recepção, elevando a rotatividade na área de espera. Por sua vez, como as

prescrições são eletrônicas, os enfermeiros não correm mais o (perigoso) risco de administrar

medicamentos incorretos por força da ilegibilidade das receitas médicas.

A mudança de perfil do paciente, que está mais exigente e atento a todas as mudanças

tecnológicas com um maior acesso à informação através da internet e outros meios, gerou uma

demanda para o mercado de saúde, isto é, as instituições foram obrigadas a usar a tecnologia

em seu próprio benefício, visando melhorar a qualidade dos serviços de saúde. As exigências

Page 33: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

32

da informação da saúde em tempo real, registro único das informações do paciente, interligadas

por sistemas que possam utilizar a telemedicina por meio de um canal de comunicação global

e se integrando com outros sistemas de informação são demandas evidentes no mercado de

saúde.

O potencial do PEP para automatizar, padronizar, organizar e oferecer inteligência para o

Sistema de Saúde ainda não é completamente entendido pelo mercado. O sistema de

informações gerado adquire um papel relevante no mercado de saúde quando é usado como

instrumento para conhecer melhor sua clientela hospitalar, avaliar a eficácia do atendimento e

acompanhar pacientes crônicos, principalmente no caso da utilização destes dados dos

pacientes do Hospital Unimed Recife III, para a operadora de saúde a que pertence. Um sistema

de informações deve apoiar as decisões em uma organização e precisa ter capacidade de

responder às necessidades dos seus diversos usuários. A utilização dos dados coletados nos

sistemas permite criar indicadores que possam medir e traçar metas para um melhor

planejamento estratégico rumo à construção de um sistema de saúde mais eficiente e eficaz

(MASSAD; MARIN; AZEVEDO NETO, 2003).

Conforme afirmou Pradella (2013), no seu artigo Gestão de Processos, é fundamental a

divulgação dos resultados obtidos para todos os usuários que interagem com o processo,

informando que as melhorias previstas geraram os resultados esperados, podendo ser realizada

por meio da elaboração de um relatório com as melhorias propostas e os resultados alcançados

após a comprovação da efetividade das soluções. A facilidade do acesso às informações da

organização e a visão sistêmica do negócio só gerava benefícios às pessoas envolvidas nos

processos.

A lógica de desenvolvimento de produtos ainda é aplicada no desenvolvimento de soluções

tecnológicas para o hospital, na contramão da lógica de serviços que pressupõe a interação do

cliente com o fornecedor. Os resultados também sugerem a possibilidade de relacionamento

entre capacidade de inovação e ocorrência da inovação, apontando a necessidade de se testar

esse relacionamento em trabalhos futuros (CARDOSO; SILVA FILHO; VIEIRA, 2016).

Inovação de processo: mudança na forma como os produtos/serviços são criados ou entregues.

A inovação também pode ser atingida pelo reposicionamento da percepção de um produto ou

processo já estabelecido em um contexto de uso específico (BESSANT; TIDD, 2013, p. 38)

Page 34: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

33

Os fornecedores de sistemas de EHR (SISTEMA DE REGISTRO ELETRÔNICO EM

SAÚDE) geralmente adicionam funcionalidades para auxiliar na documentação, como copiar e

colar, modelos, uso de frases e parágrafos padrão e inserção automática de objetos (por

exemplo, valores clínicos trazidos de outras partes do registro eletrônico). No entanto, quando

usado de forma inadequada, sem uma educação e controles adequados, esses recursos podem

levar à documentação imprecisa e potencialmente resultar em erros médicos ou alegações de

fraude (BOWMAN et al., 2013). Portanto, torna-se imperiosa a necessidade de se regular o uso

da tecnologia para usufruir seus benefícios, levando-se em consideração autenticidade,

integridade, confidencialidade, privacidade e transparência das informações para o mercado de

saúde e para os pacientes.

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34

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo são explicitados os procedimentos metodológicos que serão usados no decorrer

desta pesquisa de modo a contribuir para a investigação dos objetivos postos, tais como:

delineamento da pesquisa, unidade de análise, população alvo, instrumento de coleta de dados,

tratamento e coleta de dados e limitações da pesquisa.

3.1 Delineamento da pesquisa

Quanto aos meios, a pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, que é uma modalidade

de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado

conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros detalhamentos já considerados

(GIL, 2010).

Nas ciências, durante muito tempo o estudo de caso foi encarado como um procedimento pouco

rigoroso, que serviria apenas para estudos de natureza exploratória. Hoje, porém, é encarado

como o delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo

dentro do seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente

percebidos (YIN, 2010).

Este projeto visualiza vários aspectos envolvidos em inovações de processos em serviços

hospitalares e busca formar uma base de dados para projetos comparativos futuros, a fim de

ajudar na formulação de teoria mais robusta sobre a gestão hospitalar.

Em termos de abordagem metodológica, a pesquisa ocorre de forma quantitativa /qualitativa.

No que diz respeito às pesquisas qualitativas de campo, elas exploram particularmente as

técnicas de observação e entrevistas devido à propriedade com que estes instrumentos penetram

na complexidade de um problema (RICHARDSON, 2007).

Para Bardin (2016, p. 27), quando se faz uma análise qualitativa, o que serve de informação é

a frequência com que surgem certas características do conteúdo. "Na análise qualitativa é a

presença ou a ausência de uma característica de conteúdo ou de um conjunto de características

num determinado fragmento de mensagem que é tomada em consideração". As abordagens

qualitativas para coleta de dados são usadas tipicamente no estado exploratório do processo de

pesquisa. Seu papel é identificar e/ou refinar problemas de pesquisa que podem ajudar a

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35

formular e testar estruturas conceituais. Tais estudos normalmente envolvem o uso de amostras

menores ou estudos de caso (HAIR JR, 2005).

Araújo e Kubrusly (2013), afirmam que as “avaliações de impactos” baseadas em análises

contrafactuais buscam definir com precisão se, e em que grau, as alterações (ou a permanência)

dos valores de uma variável considerada, no nosso caso a implantação do PEP, podem ser

causalmente atribuídas a certa intervenção (tecnicamente chamada de “tratamento”), que lhe

antecede no tempo. Nesse caso, a magnitude do impacto, para qualquer variável considerada, é

dada pela diferença entre seus valores atuais (observáveis), e seus valores contrafactuais

(projetados), como os indicadores de segurança, qualidade de informação, integridade,

eficiência e satisfação dos gestores demonstrados nas entrevistas. Contudo, para que esse tipo

de análise seja possível, é necessário que os resultados que se deseja aferir sejam específicos,

mensuráveis, atribuíveis à intervenção, realistas e que tenham um escopo temporal bem

definido, isto é, como a gestão foi afetada na sua tomada de decisão após a implantação do PEP.

3.2 Locus da pesquisa

A pesquisa terá como locus o Hospital Unimed Recife III, situado na Rua José de Alencar, 770,

Ilha do Leite, Recife/PE, que, com base em dados de 2016, possui 202 leitos, sendo: 164 leitos

distribuídos em apartamentos e enfermarias, 40 leitos de UTI, 10 salas de cirurgias, 01 centro

de diagnóstico, com 1.344 colaboradores e 260 médicos para atender cerca de 11 mil

internações ao ano, fazer 13 mil cirurgias, 88 mil atendimentos no pronto socorro, e

aproximadamente 79 mil exames no centro diagnóstico ao ano. Atende nas especialidades de

clínica médica, cirurgia geral, cardiologia, ortopedia/traumatologia, neurologia, queimados e

oncologia (UNIMED RECIFE, 2018).

3.3 Sujeitos da pesquisa

A escolha dos sujeitos baseou-se em dois princípios fundamentais: terem participado da

implementação do PEP e estarem diretamente ligados na sua utilização. São os elementos para

os quais se deseja que as conclusões oriundas da pesquisa sejam válidas. Nessa pesquisa, foram

estabelecidos os seguintes critérios de inclusão para a seleção dos participantes da pesquisa:

médicos gestores e enfermagem (assistencial), superintendente administrativo/financeiro

(administrativo/financeiro), gestores e colabores dos seguintes setores: farmácia, faturamento,

qualidade (apoio). Procurou-se entrevistar as pessoas que participaram tanto do projeto de

implantação no período de 2012, como das acreditações de qualidade HIMSS - 1º Hospital

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36

Digital da América Latina associando tecnologia da informação à segurança do paciente, da

CQH - Compromisso com a Qualidade Hospitalar e da Acreditação Canadense: Certificado

Internacional de Qualidade e Segurança.

De acordo com estas definições, a população desta pesquisa constituiu-se de dois gestores

médicos, um superintendente administrativo-financeiro, quatro gestores e dez colaboradores

das áreas: faturamento, farmácia, enfermagem e qualidade. A amostra foi escolhida por

conveniência entre os sujeitos que fazem parte do quadro da organização e que cumpram com

as exigências descritas acima. Foram incluídas nesta nova amostra mais cinco pessoas nas

categorias de apoio, para dar mais robustez, e todas elas estavam de acordo com os critérios de

inclusão da pesquisa.

3.4 Instrumento de coleta de dados

O instrumento utilizado para a coleta de dados do nível de satisfação dos usuários do PEP e

para avaliar os demais objetivos específicos desta pesquisa foi um questionário contendo oito

questões com escala de Likert, que vai da nota 1 a 5, e dez questões abertas (Apêndice A). A

formulação das questões foi feita de maneira clara, concreta e precisa, levando-se em

consideração "o sistema de referência do interrogado, bem como o seu nível de formação" (GIL,

2010, p.134).

Em todas as situações que envolvem indivíduos, é importante que as pessoas compreendam o

que ocorre com os outros. A grande maioria tenta se colocar no lugar das pessoas, imaginar e

analisar como os demais pensam, agem e reagem. A melhor situação para participar da mente

de outro ser humano é a interação face a face, pois tem o caráter, inquestionável, de proximidade

entre as pessoas, que proporciona as melhores possibilidades de penetrar na mente, vida e

definição dos indivíduos (HAIR JR, 2005).

3.5 Limites da pesquisa

A pesquisa se limita a identificar as mudanças ocorridas nos processos hospitalares nas áreas

de gestão médica, administrativo-financeira, faturamento, farmácia, enfermagem e de qualidade

e os reais impactos obtidos pela adoção do PEP nos processos organizacionais, além dos

benefícios gerados pela riqueza e qualidade da informação de forma íntegra, confiável e

padronizada para os diversos setores do hospital. Procura identificar o que mudou na vida dos

profissionais com a utilização do PEP para viabilizar a gestão a tomar a melhor decisão.

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37

4 ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente foi realizada a análise dos dados quantitativos pelo programa SPSS 20 utilizando

estatística descritiva. Em seguida, os dados qualitativos foram submetidos a análise de conteúdo

de Bardin (2016) e separados em categorias temáticas: assistencial, apoio e administrativo,

segundo os objetivos específicos definidos para esta pesquisa.

4.1 Análise quantitativa

A seguir apresenta-se uma descrição da amostra da pesquisa e a análise quantitativa do resultado

das entrevistas realizadas, no que se refere ao grau de implementação do PEP nos diversos

setores do hospital, à satisfação dos usuários com a sua utilização e ao impacto na melhoria da

gestão como um todo, das áreas responsáveis pela implantação: assistencial, apoio ou

administrativo/financeira.

4.1.1 Descrição da amostra

A Tabela 1 indica que a maioria dos pesquisados (65,22%) é da categoria de apoio onde estão

alocados os colaboradores que dispensam os medicamentos, processam as contas hospitalares

e mapeiam os processos hospitalares. No que se refere à função, 34,78% atuam como gestores

e já possuem um certo grau de maturidade profissional, uma experiência de gestão. Em termos

de tempo de utilização do PEP, os usuários que estão desde a implantação representam 65,22%

dos entrevistados de todas as categorias e funções no hospital, demonstrando que não há

turnover de colaboradores e que muitos são aproveitados na gestão.

Essa tabela mostra como está estratificada a participação dos usuários, distribuídos pela função

desempenhada, como gestor ou colaborador das categorias e como suas respostas foram

definidas, a partir do tempo de participação do PEP, se estavam desde o início da sua

implantação ou se entraram após a implantação. Temos 8 usuários que entraram após a

implantação das seguintes categorias: assistencial: 1 médico; apoio: 3 da farmácia, 2 do

faturamento e 2 da qualidade. Na categoria administrativo, o usuário permanece desde a

implantação. A partir daí analisaremos a aderência ao processo estabelecido pelo PEP e seu

grau de satisfação quanto à implementação do projeto de acordo com os objetivos específicos

delineados para esta pesquisa.

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38

Tabela 1 - Resumo dos dados das categorias da pesquisa

Categorias Profissionais Frequência %

Assistencial 7 30,43%

Apoio 15 65,22%

Administrativo 1 4,35%

Total dos entrevistados 23 100

Função desempenhada

Gestor 8 34,78%

Colaborador 15 65,22%

Total dos entrevistados 23 100

Tempo de participação

Tempo - Desde a implantação do PEP 15 65,22%

Tempo - Após a implantação do PEP 8 34,78%

Total dos entrevistados 23 100

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

4.1.2 – No objetivo I – Identificar as mudanças ocorridas nos processos de organização

conforme os interessados dos diversos setores estudados

4.1.2.1 Identificar como o maior controle dos processos foi percebido pelos diversos setores e

pelos gestores após a implantação do PEP através do grau de satisfação gerado e de como a

integridade da informação leva a uma maior satisfação da gestão médica.

A Tabela 2 apresenta o grau de satisfação dos usuários do PEP após sua implementação, com

o maior controle dos processos. O setor de apoio com média de 4,1 de satisfação, representando

82%, foi um dos mais afetados diretamente pelas mudanças. O uso do certificado digital pelos

médicos, gerando uma maior integridade e legibilidade da informação com índice médio de 4,1

de satisfação, na área assistencial, representa 82% dos entrevistados. Além disso, a legitimidade

da informação também assegura a área de gestão administrativa-financeira, demonstrado no

índice de 100% de satisfação. O uso do PEP incorporou ao HUR III um controle maior em todas

as áreas, especialmente na área assistencial no que diz respeito ao médico, pois com a inclusão

do uso do certificado digital por esta área, a garantia da legibilidade dos usuários tornou-se mais

efetiva. E, para a equipe de enfermagem, a segurança da prescrição legível diminuiu

sensivelmente os erros de medicação.

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39

Tabela 2 – Média da satisfação dos usuários pelas mudanças ocorridas nos processos de

organização e pela integridade da informação

Categorias

Satisfação no maior

controle de processo %

Integridade das

informações %

Assistencial 3,7 74% 4,1 82%

Apoio 4,1 82% 4,1 82%

Administrativo/financeiro 5 100% 5 100%

Média 4 4,1

Desvio padrão 1,31 1,36 Fonte: Pesquisa de campo (2018).

Os prontuários eletrônicos agregam informações de todo o processo de assistência ao paciente,

computando todas as suas entradas feitas em um determinado hospital (esse sistema pode ainda

ser integrado com outras instituições). Assim, as prescrições médicas advindas do consultório

da urgência, os registros clínicos do centro cirúrgico, as anotações do setor de farmácia, tudo

passa a ser compilado em bancos de dados virtuais que podem ser acessados através de

computadores, smartphones ou tablets, facilitando o processo de tomada de decisões e

ampliando a assertividade nos diagnósticos. Esse aumento de performance significa melhoria

nos processos de acreditação hospitalar e redução de perdas financeiras com ações judiciais

(MV, 2015).

O Hospital Unimed Recife III, utiliza o Bizagi Modeler, um programa que utiliza, através da

modelagem de fluxogramas inteligentes e práticos, o mapeamento dos processos hospitalares

interagindo em todas as áreas, incluindo diversas etapas e atividades de maneira rápida e

intuitiva para promover um design clean e eficaz (ACEPT, 2017).

4.1.2.2 Os relatórios gerados pelo PEP e os mecanismos disponibilizados foram de extrema

importância para a gestão tomar decisões de forma mais fundamentada, buscando sempre a

eficiência no atendimento aos pacientes, no faturamento e na redução do número de glosas.

A Tabela 3 apresenta o grau de satisfação dos usuários do PEP, sejam eles colaboradores ou da

gestão. As informações mais claras e objetivas geradas para apoio à tomada de decisão possuem

uma média de 4,0 em todas as categorias, no entanto, a média mais baixa é de 3,7 na área

assistencial.

Os mecanismos que foram customizados para o uso do PEP no HUR III através de relatórios,

gráficos, tabelas e vídeos ilustrativos, com média geral de 4,1 e 5 na categoria administrativo-

Page 41: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

40

financeiro nos revela a importância desta ferramenta de TI e sua credibilidade e integridade na

geração da informação hospitalar, seja ela na área assistencial, apoio ou administrativo-

financeira.

Tabela 3 - Média da satisfação dos usuários gerados pelos relatórios e mecanismos disponibilizados

pelo PEP, para tomada de decisão gerando resultados mais eficazes no faturamento e glosas

hospitalares.

Categorias

Informações

precisas e

claras %

Mecanismos

gerados pelo

PEP %

Faturamento

mais ágil e

eficiente %

Diminuição

de glosas %

Assistencial 3,7 74% 4,1 82% 3,9 78% 3,6 72%

Apoio 4,1 82% 4,1 82% 3,6 72% 3,2 64%

Administrativo

-financeiro 5 100% 5 100% 5 100% 4 80%

Média 4 4,1 3,8 3,3

Desvio padrão 1,31 1,36 1,8 1,75

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

Com a otimização dos processos de faturamentos com o uso do PEP e com mais agilidade e

eficiência, o grau de satisfação ficou com média de 3,8, demonstrando que tem muito a ser

melhorado, pois ainda existem indicadores que ainda demonstram as fragilidades, isto é,

preenchimento inadequado e incompleto do PEP.

As glosas, que são cortes e descontos nas contas hospitalares por omissão, erros e controles

deficientes, ainda não conseguiram atingir o grau de satisfação desejado pelo assistencial, apoio

e administrativo-financeiro, pois a média geral ficou em 3,3, considerada a média de satisfação

mais baixa. Desta forma, há um grande caminho a ser percorrido e melhorado após a

implementação do PEP no HUR III.

Os prontuários eletrônicos agregam informações de todo o processo de assistência ao paciente,

computando todas as entradas de informações realizadas no hospital, por onde o paciente passa,

o registro preliminar na recepção, até a sua alta hospitalar, integrando diversos sistemas e ainda

podendo ser interligado com outras instituições.

No que se refere à análise dos processos por função desempenhada, vemos no Gráfico 1 a

demonstração de como estas funções identificaram as mudanças processuais e de como as

pessoas que estão desde o início da implantação se adequaram ou não aos novos processos. O

faturamento, mesmo com os processos todos desenhados e mapeados, gerando uma maior

agilidade e um menor número de glosas, foi o setor que avaliou a mudança da implantação do

Page 42: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

41

PEP, com a menor média global de 2,2. Os médicos com média global de 4,4 e em sequência a

enfermagem, com 4,1, foram os dois setores que avaliaram com uma das médias mais altas por

função. O setor de qualidade avaliou com média global de 5, a mais alta. Nesta área todos os

entrevistados chegaram após a implantação do PEP e também foram os responsáveis por

desenhar todos os processos das áreas no Bizage Modeler. Como eles foram os multiplicadores,

disseminaram e descentralizaram todas as informações para certificação do hospital, tornaram-

se os mais entusiasmados com as certificações, acreditações e transformação em hospital

digital.

Gráfico 1 - Mudanças processuais identificadas pelas funções

Fonte: Pesquisa de Campo (2018).

4.2 Análise qualitativa

A seguir, encontra-se uma relação de categorias, de acordo com Bardin, com o levantamento

fornecido pelos entrevistados dos diversos setores, onde foi implantado o PEP, o grau de

satisfação dos gestores e demais colaboradores, como também o impacto percebido pelos

interessados na gestão do hospital.

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

1 2 3 4 5 6 7Médico Faturamento Farmácia Enfermagem Qualidade Adm/Financeiro

Page 43: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

42

4.2.1 – No objetivo II – Descrever as mudanças ocorridas nos processos de tomada de decisão

dos gestores

Para Kuziemsky (2016), a tomada de decisões e o planejamento podem ser amplamente

classificados em duas categorias. Uma é no nível clínico, onde as decisões são tomadas sobre

o tratamento, opções e terapias. A outra é o gerenciamento de saúde l onde os recursos e a

prestação de serviços são planejados; nesta categoria se enquadra o PEP.

Na última categoria, os cuidados de saúde têm atraído abordagens das ciências de decisão e

gestão para apoiar as tomadas de decisão. No entanto, essas abordagens não levaram a uma

mudança significativa na prestação de cuidados de saúde devido à natureza complexa e inter-

relacionada do sistema de saúde hospitalar, com seus inúmeros e diferentes indicadores.

A Tecnologia da informação tem ajudado com sistemas específicos, aplicativos e relatórios que

diminuem a complexidade e facilitam a prestação de cuidados de saúde, diferenciando a tomada

de decisão em cuidados de saúde de outras áreas, pois a prestação de cuidados de saúde é um

domínio complexo e que o uso do CAS – Sistema Adaptativo Complexo – como uma lente para

a gestão de saúde é simplesmente a nova moda.

4.2.1.1 Descrição das mudanças elencados pelos entrevistados após a implantação do PEP

A Tabela 4, a seguir, demonstra as várias vantagens ou pontos positivos, as desvantagens ou

pontos negativos, que foram apresentados pelos entrevistados dos diversos setores e da gestão

do hospital, após a implantação do PEP.

Tabela 4 - Principais mudanças positivas e negativas após a implantação do PEP

Categorias Vantagens , pontos positivos Desvantagens, pontos negativos Assistencial (+) Segurança da informação para

o paciente e demais atores do

processo, acesso on line a todos os

usuários, ajustes nos processos e

agilidade da informação.

( - ) Preenchimento errado, capacitação da

equipe, uso do copiar e colar para as

prescrições, ausência de assinatura

eletrônica.

Apoio (+) Segurança na administração de

medicamentos e das informações,

organização dos processos,

credibilidade, controle, agilidade e

legibilidade.

( - ) Dependência e inoperância do sistema,

frequentes atualizações, não

preenchimento dos campos.

Adm/financeiro (+) Legibilidade, informações on

line a todos os usuários, redução

do espaço de armazenamento.

( - ) Investimento elevado em hardware e

software, certificação digital, custo c/

treinamento resistência do pessoal. Fonte: Pesquisa de Campo (2018).

Page 44: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

43

No que se refere à vantagem da categoria assistencial, a segurança da informação foi para o

gestor médico o maior ponto positivo, de maneira a representar a informação para a relação

médico/paciente mais fidedigna, fácil e ágil. Através do uso da certificação digital e de

relatórios mais completos para a gestão, o processo para tomada de decisão tornou-se mais

eficiente, mais completo. Enquanto que os erros de preenchimento e o mau uso da ferramenta,

com as colagens de textos pela equipe sem fundamentação clínica, foram os pontos negativos

apontados pela equipe médica e de enfermagem.

Referente à segurança do paciente, verificou-se que informações detalhadas, íntegras e sem

vícios de preenchimentos levam os gestores a tomar decisões mais assertivas, no entanto, não

adianta ter todas as ferramentas necessárias para o funcionamento adequado do PEP quando

ainda se tem médicos que esquecem de assinar digitalmente o PEP, o que impacta

negativamente todo o trabalho de vários setores na legibilidade da informação.

Segundo Massad, Marin e Azevedo Neto (2003), enfermeiros precisam ter acesso à informação

correta para desempenhar a sua função com mais qualidade. O gerenciamento dos problemas

de saúde requer uma variedade de intervenções sistemáticas. As demandas administrativas,

legais e de cuidado, o aumento do conhecimento tecnológico com o aparecimento de situações

e de problemas mais complexos, exigem da enfermagem maior competência técnica, controle

de qualidade e cuidado individualizado do paciente. É impossível ter todos estes cuidados se

não se contar com o apoio da tecnologia e de documentação adequada, precisa e capaz de

sustentar a decisão clínica, isto é, os registros exatos baseados em sistemas eficientes de

documentação.

Nas áreas de faturamento e farmácia a segurança da prescrição das medicações e a cobrança

correta das mesmas é a maior vantagem competitiva, pois reduz o retrabalho e,

consequentemente, as glosas das contas hospitalares. A implantação do PEP nessa área, no

entanto, ainda não é tão bem avaliada pelos gestores e colaboradores, pois alterou muito os

processos, dando mais agilidade na cobrança. Mas, essa organização ainda não está tão

sedimentada na rotina desta equipe, de modo que a percepção de melhoria ainda é discreta, não

sendo suficiente o bastante para um resultado mais efetivo.

Uma das maiores desvantagens é quanto à dependência do sistema, pois há o medo de ficar-se

off-line e as frequentes atualizações, que alteram alguns campos de informações. Esse medo do

Page 45: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

44

novo e da inovação encontrada nestes setores refletem e indicam como a evolução da

tecnologia, de novas tendências no setor de saúde ainda é temerário para as equipes. Em

dimensões reais, ainda existe um receio de usar somente a tecnologia em detrimento do papel,

de certo modo, o palpável ao digital.

Por outro lado, o registro eletrônico de saúde é dotado de sistemas de busca que garantem acesso

a paradigmas clínicos em poucos segundos; possui interface amigável, o que possibilita

visualizar dados por ordem alfabética, cronológica ou por patologia, a moldagem do sistema de

acessibilidade vai ser de acordo com que o cliente determinar; possui alto nível de

confidencialidade, já que o acesso ao banco de dados é garantido por uma hierarquia de

permissões pré-definida pela direção médica. Todas essas peculiaridades implicam em maior

velocidade e segurança no registro e acesso às informações no dia a dia de um hospital, o que

aumenta a produtividade dos profissionais e a quantidade de pacientes atendidos diariamente

(com muito mais qualidade).

Estamos falando em maior diluição dos custos com folha de pagamento, honorários médicos,

diante do aumento da receita (por força do maior volume mensal de atendimentos), ou seja,

redução de custos de forma indireta na instituição, algo que não pode ser desprezado em um

momento de elevação de custos no setor,

Entretanto, entre uma das desvantagens apontadas pela categoria administrativo-financeira está

o alto valor de investimentos de software e hardware, pois com a adoção do PEP no hospital,

houve um grande investimento em certificação digital para os médicos; treinamento para as

equipes médicas; gasto de implantação e contratação de pessoal para a área de TI para apoiar

as equipes, principalmente na área médica; investimentos constantes em treinamentos de

pessoal assistencial, como “médicos e enfermagem”, além de áreas de apoio como faturamento,

farmácia, qualidade. Para atender a todos os pré-requisitos da implantação, ainda é necessário

o custo com a acreditação das entidades certificadoras para atingir o nível máximo de Hospital

Digital.

A automatização do registro de dados nos hospitais representa a adoção de um novo modelo de

atenção e gerenciamento de saúde, fazendo com que a instituição reduza custos em muitos

vieses distintos. No caso da adoção do PEP, a redução dos custos com armazenamento de

prontuários de papel foi um ganho relevante para o hospital, que precisava alugar espaços em

empresas de armazenamento.

Page 46: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

45

Para ilustrar melhor a questão, um relatório divulgado no final do ano passado pela consultoria

britânica Juniper Research, revelou que o PEP irá permitir que a indústria global de saúde

economize cerca de US$ 78 bilhões entre 2014 e 2019, o que não deixa dúvidas de que as

instituições hospitalares que ainda insistirem em manter sua estrutura baseada em papel e

arquivos físicos terão grandes dificuldades de competir no mercado. Dessa forma, não tem

como fugir da mudança de incorporação de novas tecnologias, mas há de se convir que não é

barato esta adoção, o custo do pioneirismo e do alto grau de exigências da sociedade moderna

nos leva a altos investimentos e, na maioria das vezes, o investimento em saúde não reduz

custos, mas agrega valores (MV, 2015).

4.2.2 – Indicadores temáticos ou mais frequentes quanto aos erros detectados após o uso do

PEP.

A Tabela 5 mostra os erros mais frequentes encontrados no PEP e se existem prontuários ainda

em papel. A emissão de prontuários em papel acontecia mais frequentemente no início da

implantação e quando havia inoperabilidade do sistema. Hoje, com o investimento do parque

tecnológico mais robusto, diminuiu sensivelmente o uso de papel, mesmo porque para a

certificação HIMSS, estágio 7, é proibido o uso do papel para os prontuários e demais áreas do

hospital. As informações incompletas tiveram frequência de ocorrência mais alta, o que gera

prescrições erradas e falhas de processos. Como também, a ausência de informação no PEP

induz a farmácia liberar a prescrição de medicamentos errada. No entanto, algumas vezes a

farmácia clínica consegue encontrar o erro e converter a informação da prescrição, mas nem

sempre a retificação do erro consegue ser em tempo hábil, para reverter o quadro.

Tabela 5 - Frequência de PEP mal preenchidos e prescrição errada de medicamentos

Mal preenchimento Frequência de

ocorrência Prescrição errada

Frequência

de

ocorrência

Omissões de informações ( 3 ) Falha humana ( 7 )

Informações incompletas ( 8 ) Farmácia clínica, converte ( 4 )

Qualidade dos registros ( 2 ) Não tem prescrição errada ( 3 )

Ausência de informação ( 5 ) Raro ( 4 )

Não respondeu ( 5 ) Não respondeu ( 3 )

Duplicidade de lançamentos ( 2 )

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

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46

O PEP, como é um processo integrado de informações que começa pela abertura da ficha clínica

do paciente e se encerra com a alta dele, passa pelos departamentos hospitalares em toda a sua

execução. Ele só funciona com a participação de todos e com preenchimentos de forma clara e

precisa onde ele estiver implantado, pois o seu impacto vai ser mensurado em todas as etapas

do processo, da prescrição do medicamento pelo médico, até a liberação do medicamento pela

farmácia, passando pela checagem do medicamento beira leito pela equipe de enfermagem

bipando o paciente x medicamento, com a finalidade de rastrear todo o processo e finalizar com

o faturamento da conta hospitalar. Esta adesão ao protocolo do ciclo fechado de medicação,

hoje utilizado pelo hospital, faz cinco checagens para saber se o que foi prescrito foi realmente

utilizado pelo paciente. Mas, mesmo assim, percebe-se pelas respostas dos gestores e

colaboradores que, após a implantação do PEP, ainda se tem prescrição de medicamentos

errada. Foram criadas equipes de farmácia, com mais 10 farmacêuticos, para reduzir estes erros.

Assim, as prescrições médicas advindas do consultório, os registros clínicos do centro cirúrgico,

as anotações do setor de farmácia, tudo passa a ser compilado em bancos de dados virtuais que

podem ser acessados através de computadores, smartphones ou tablets, facilitando o processo

de tomada de decisões e ampliando a assertividade nos diagnósticos. Esse aumento de

performance significa melhoria nos processos de acreditação hospitalar e redução de perdas

financeiras com ações judiciais devido a erros médicos (MV, 2015).

Uma evidência da correlação entre PEP e redução de custos com medicamentos pode nos ser

dada por um levantamento feito nos Estados Unidos, em 2011, o qual revelou que 65% dos

médicos entrevistados (que vivenciaram a transição do papel para o registro digital) apontaram

que a implantação do prontuário eletrônico os ajudou a alertá-los sobre potenciais erros de

medicação. Como foi visto, o Hospital Unimed Recife III conseguiu identificar uma redução

de 80% de prescrição errada quando utilizava o prontuário de papel em relação à utilização do

PEP. A mesma pesquisa ainda mostra que 45% dos médicos relataram sobre a importância de

lembretes eletrônicos sobre os cuidados permanentes a pacientes com doenças crônicas (MV,

2015).

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47

4.2.3 Objetivo III – Levantar o grau de satisfação dos impactos percebidos pelos gestores e

demais interessados nos diversos setores analisados

4.2.3.1 Média da satisfação dos entrevistados sobre a implementação do PEP

A Tabela 6 apresenta uma visão da satisfação dos entrevistados em termos da implementação

total do PEP no hospital e do seu desempenho no setor. Fica evidente que a satisfação quanto à

implementação do usuário foi boa, atingindo média 3,9 do total de 5, onde os usuários que

participaram desde o início da implementação estão mais satisfeitos do que os que foram

contratados depois, em todas as áreas analisadas.

Tabela 6 - Média do grau de satisfação quanto a implementação do projeto

Categorias

Grau de

satisfação pela

implementação

%

PEP está

totalmente

implementado

%

PEP está

aderente ao

contratado

%

Assistencial 3,6 72% 1,3 77% 1,3 77%

Apoio 3,9 78% 1,3 77% 1,1 91%

Administrativo/financeiro 5 100% 1 100% 1 100%

Média 3,9 1,3 1,1

Desvio padrão 1,52 0,47 0,43

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

Os problemas gerais das implantações dos sistemas são os mesmos para as diferentes áreas,

pois as novidades são sempre recebidas com desconfiança pelas equipes. A maior preocupação

está ligada à estabilidade do sistema, adesão a novos protocolos clínicos, segurança e

privacidade dos dados.

Existe a sensação de que o registro médico no PEP possa assegurar mais segurança do que o

registro em papel, mas precisa-se ter o cuidado necessário com a privacidade do paciente, pois

o PEP, por ser multidisciplinar, permite que vários setores tenham acesso, deixando o paciente

mais exposto. Desse modo, o risco de quebra de privacidade está mais suscetível. Convém

lembrar que o registro do paciente pertence a ele e todas as pessoas envolvidas no processo têm

a responsabilidade de zelar e cuidar dessas informações.

Quanto à média de satisfação, o setor administrativo-financeiro ficou 100% satisfeito com a

implementação do projeto, pois houve uma sinergia entre esta área e a empresa contratada que

empreendeu todos os esforços em atender às solicitações dessa área da gestão.

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48

Um dos pontos que devem ser levados em consideração quando se almeja evoluir a maturidade

de gestão hospitalar – e, com ela, os resultados da instituição – é o uso das ferramentas de

estratégia empresarial; o PEP estava no escopo do planejamento estratégico do hospital. Ele foi

utilizado para alcançar os resultados traçados pela organização, sendo essencial o papel dos

gestores. São eles, dos altos executivos aos líderes dos diversos setores do hospital, os principais

responsáveis por garantir que toda a equipe esteja alinhada para atingir as metas, além de

motivá-los para tal.

O gestor hospitalar traçou indicadores com o uso do PEP dos quais foram customizados vários

relatórios que possibilitaram alcançar os objetivos e também permitiram medir a evolução da

equipe de acordo com a sua área. Exemplos de indicadores que impactam diretamente no

atendimento ao paciente é o número de dias de internação ou ainda de ocorrências de infecção

hospitalar, que podem ser geridos e otimizados se o número de glosas reduzirem após a

implantação do PEP, gerando mais resultados positivos para o hospital. O processo na melhoria

da qualidade do faturamento conseguiu, em menor tempo, fazer o fechamento das contas

hospitalares.

A maior resistência ao uso do PEP e da sua implantação era a área assistencial: os médicos e

enfermeiros, pois a partir da sua implantação eles passaram a registar sistematicamente todos

os passos da história clínica dos pacientes. O maior problema está nos médicos mais antigos,

devido à falta de hábito em utilizar a tecnologia, um descompasso cultural entre o novo “digital”

e o antigo “papel”. A resistência ao uso do computador, a falta de habilidade em digitar textos,

o medo irracional das novas tecnologias com muitos recursos, o medo cultural da mudança e a

complexidade de tudo desestimularam a implantação do PEP, pois os usuários ficaram com

uma expectativa exacerbada de como eles poderiam aproveitar todas estas informações de

imediato, julgando não dar conta de tantos processos e tendo a sensação de não estar preparados.

A implantação do PEP para cada colaborador, em sua plenitude, foi decisiva para o

cumprimento do seu trabalho de forma integrada, pois a sua tarefa mal desempenhada, sem

pensar no impacto que este terá na condução do negócio como um todo, não existe mais. O

pensamento de unidade, de imensa sinergia, para que todo o processo seja completo, de forma

a vincular os objetivos, integrando os diversos aspectos físicos, culturais e tecnológicos, são

valiosos para a formação destes profissionais, que transmitirão para os mais jovens a certeza da

importância da informação médica.

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49

Tabela – 7 – Satisfação entre antigos x novos colaboradores e gestores

Velhos Perguntas do Questionário

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Coordenador 4,0 4,6 4,4 4,4 4,6 4,6 3,4 4,6 1,4 1,4 1,0

Empregados 3,5 3,4 3 3,3 3,6 3,2 2,9 3,6 1,2 0,9 0,8

Diferença 0,5 1,2 1,4 1,1 1,0 1,4 0,5 1,0 0,2 0,5 0,2

Novos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Coordenador 3,0 4,5 2,5 4,5 4,5 5,0 4,5 5,0 2,0 1,0 1,0

Empregados 4,7 4,3 3,8 4,7 4,5 3,7 3,7 4,7 1,2 1,3 1,0

Diferença -1,7 0,2

-

1,3

-

0,2 0,0 1,3 0,8 0,3 0,8

-

0,3 0,0

Diferença entre os velhos e os

novos, coordenadores e

empregados

Coordenador 1,0 0,1 1,9 -

0,1 0,1 -

0,4

-

1,1

-

0,4

-

0,6 0,4 0,0

Empregados -1,2

-

0,9

-

0,8

-

1,4

-

0,9

-

0,5

-

0,8

-

1,1 0,0 -

0,4

-

0,2

Legenda das perguntas

1 Satisfação com a implementação; 2 Satisfação com os processos; 3 Satisfação com a gestão médica; 4 Resultado satisfação as expectativas;

5 Apoio a decisão satisfatório;

6 Satisfação com a gestão do setor-faturamento;

7 Satisfação da gestão do setor-glosas; 8 Satisfação com a inovação-hospital digital; 9 PEP totalmente implementado;

10 PEP fazendo o prometido;

11 Aumentou a qualidade da segurança.

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

O que vimos foi que a ousadia para experimentar as mudanças advindas da gestão foi o

diferencial para contaminar todas as equipes que potencializaram suas capacidades em

campanhas de esclarecimento para disseminar o conhecimento da necessidade da implantação

e uso do PEP por todos.

O Impacto contrafactual, o antes e depois da implantação do PEP, pode ser conferido a seguir.

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50

Quadro 1 - Visão dos Gestores Médicos antes e depois da implantação do PEP.

Gestores médicos

Antes da implantação Após a implantação

Elevação do nível

assistencial

Med 1 -Principalmente na prescrição

legível em 100%;

Med 3 - 80% do nível assistencial

Med 2 - Não havia uso prévio de

papel para registro no HUR III

Maior desafio

Med 1 - A adesão e engajamento da

equipe;

Med 3 -Quebra da cultura do prontuário

no papel e adesão do corpo clínico

Med 2 - Alinhar processos de

trabalho

Maior impacto Med 1 - Informação mais segura que

protege o paciente, a equipe de saúde e a

instituição;

Med 3 - A segurança da administração e

clareza nas ordens médicas que se

tornaram

Estruturadas.

Med 2 - Facilidade de acesso à

informação

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

Na visão dos gestores médicos que participaram da implantação do projeto PEP no Hospital

Unimed Recife III, o maior paradigma quebrado foi quanto ao não uso de papel para registro

do prontuário do paciente e a quebra da resistência por parte dos colegas, para usar a tecnologia

como aliada e não como um problema a mais, principalmente pelos médicos que resistem

culturalmente à inovação. Os gestores médicos tiveram que ultrapassar suas habilidades clínicas

e remover barreiras para que a adaptação e a transformação digital ocorressem da melhor

maneira possível. As prescrições legíveis, o aumento do nível assistencial e o engajamento da

equipe foram os principais desafios para a administração e liderança médica.

O impacto mais evidente era sair da dependência do papel, onde tudo é registrado e repassado

de mão em mão, para utilização da tecnologia digital. O objetivo maior definido era a mudança

total do ambiente físico do papel, para a produção do resultado desejado, onde a tecnologia

fosse a mola propulsora para resultados mais positivos, o sistema gerasse cuidados em saúde,

integrando todas as áreas do hospital com fluidez, com mesmos riscos para os usuários e

pacientes, gerando menos inconsistências.

Page 52: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

51

Quadro 2 - Visão dos Gestores das Farmácias antes da implantação do PEP.

Gestores das Farmácias

Antes da implantação

Elevação do nível

assistencial

Far 8 - Mais ou menos 30%;

Far 16 - Não respondeu.

Maior desafio

Far 8 - Que todos os profissionais da assistência preencham todos os

campos necessários e disponíveis no PEP;

Far 16 - Sim, documentos incompletos, copiados ou sem preenchimento

Maior impacto Far 8 - Facilitador para avaliação, análise e liberação das prescrições pela

farmácia clínica;

Far 16 - Segurança do paciente, monitoramento das ações executadas

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

Todos os gestores da farmácia estavam desde a implantação do PEP e foi a área que demonstrou

a desanimação da equipe com os processos e com a elevação do nível assistencial, vislumbrando

apenas 30% de ganho assistencial. Isso é notável, visto que ainda se vê documentos mal

preenchidos e incompletos. As áreas assistenciais médicas e de enfermagem ao repassarem as

informações de prescrições para a farmácia através do sistema PEP, continuam copiando

medicações de forma genérica, com abreviações, nomes comerciais e fracionamento e casas

decimais erradas. A padronização dos medicamentos deve ser utilizada para facilitar a análise

e liberação das prescrições pela farmácia clínica, reduzindo os equívocos encontrados.

Em todas as áreas a segurança do paciente é o maior impacto gerado após a adoção do PEP,

pois antes, com o uso do papel, poder-se-ia ter administração de medicamentos em horários

errados, atrasos, prescrições com letras ilegíveis, porque havia dificuldade em decifrar a letra

do médico.

Quadro 3 - Visão dos Gestores do Faturamento depois da implantação do PEP.

Gestores do Faturamento

Após a implantação

Elevação do nível

assistencial

Fat 7 - > 95%

Maior desafio

Fat 7 -Treinamento da equipe.

Maior impacto Fat 7 - Acentuada melhoria da finalidade, devido à segurança na prescrição,

profissionais bem treinados, equipamentos de alta tecnologia.

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

O gestor do faturamento chegou após a implantação do PEP, onde o maior desafio evidenciado

Page 53: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

52

foi o treinamento da equipe e é necessário capacitar e atualizar o pessoal constantemente. O

maior impacto descrito está novamente vinculado à segurança na prescrição para os pacientes.

A compra de equipamentos requer alto investimento em tecnologia e disponibilidade de capital

para novas aquisições e treinamentos.

Quadro 4 - Visão dos Gestores Administrativo-Financeiro antes da implantação do PEP.

Gestores Administrativo-Financeiro

Antes da implantação

Elevação do nível

assistencial

Adm 20 - Principalmente pela legibilidade da informação, interação com

toda a linha de cuidado do paciente

Maior desafio Adm 20 - Sem resposta

Maior impacto Adm 20 - Sem resposta

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

O gestor administrativo financeiro, que está desde a implantação do projeto PEP, apontou que

a elevação do nível assistencial gerada pela integração de todas as etapas da rede de atendimento

ao paciente, desde a sua entrada no hospital pela recepção e saída através da alta hospitalar,

todo o cuidado do paciente mapeado pelas áreas foi o maior ganho. No entanto, não elencou o

principal desafio pela implantação e uso do PEP, como também o maior impacto gerado.

Demais interessados das áreas de enfermagem, farmácia, faturamento e qualidade que

participaram da implantação do PEP e os que chegaram após a sua implantação, tiveram a

mesma resposta relativa a área da elevação do nível assistencial do paciente, pois aumentou a

segurança dele e do colaborador, uma vez que o registro eletrônico passa confiabilidade para o

colaborador e para o paciente na informação gerada, através da legibilidade e integridade dos

dados. Esta elevação gira em torno de 80% entre as áreas analisadas.

Quadro 5- Visão do Setor de Qualidade antes da implantação do PEP.

Qualidade

Antes da implantação

G16 - Elevação do

nível assistencial

Qual 18 - 100%

Qual 19 - Sim, mas não consigo mensurar

Maior desafio

Qual 18 - Quebra de paradigmas e mudança de cultura

Qual 19 - Cumpriu os estágios do cuidado do paciente e canal de comunicação

eficiente

Maior impacto Qual 18 - Obtenção de dados em tempo real, para a tomada de decisão, através

de auditoria e indicadores, facilitou no processo de auditorias internas;

Qual 19 - Acesso a informação de forma ágil para tomada de decisão

Fonte: Pesquisa de campo (2018).

Os maiores desafios encontrados pelos colaboradores das áreas estudadas – farmácia,

enfermagem e qualidade – foram o treinamento das equipes, a quebra de paradigma e a mudança

Page 54: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

53

de cultura, a capacitação e a responsabilidade dos usuários, pois com a utilização do PEP, todos

os processos passaram a ser rastreáveis pela senha do usuário, identificando pessoalmente todos

que participaram da sua elaboração.

Page 55: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

54

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho se propôs a estudar um campo da gestão que está em constante inovação, que é o

uso da tecnologia como ferramenta de gestão na saúde. Para tanto, buscou-se identificar as

principais mudanças que ocorreram nos processos da organização hospitalar a partir da

implantação do PEP nos setores estudados.

Logo, o objetivo principal do estudo foi identificar e descrever as mudanças ocorridas nos

processos da organização e como a utilização do PEP impactou na tomada de decisão dos

gestores. Para atingir o referido objetivo, elaborou-se um estudo de caso no Hospital Unimed

Recife III após a implantação do PEP. Foram ouvidos os respectivos gestores e colaboradores

das áreas assistenciais (médicos e enfermagem), apoio (faturamento, farmácia e qualidade) e

administrativo/financeira (administrador do hospital).

A grande discussão em torno dos achados é a questão vital do uso da tecnologia da informação

como um instrumento para o aumento da produtividade e a redução dos custos do atendimento.

Os processos organizacionais sofreram alterações e foram agilizados, graças à ferramenta PEP

e os benefícios proporcionados pelo seu uso.

O impacto gerado pela utilização do PEP para automatizar, padronizar, organizar e oferecer

inteligência para o sistema de gestão hospitalar ainda não é completamente compreendido pelos

usuários, pois ainda há registros básicos de atendimentos que não estão resolvidos. O potencial

do PEP, se não for bem incorporado pelas equipes, gera dificuldades de implantação e

compreensão.

Do ponto de vista dos gestores, o impacto gerado pelo PEP na atenção à saúde, de ter

informações qualificadas sobre a saúde ou doença dos pacientes, o acesso fácil à segunda

opinião, consultas remotas, características multifuncionais e multi-institucionais gera uma

perspectiva de um melhor gerenciamento assistencial do paciente. Dentre as desvantagens da

implantação do PEP estão os custos de investimento para se informatizar a rede, os gastos com

implantação, infraestrutura e o treinamento do pessoal envolvido.

O PEP, quando bem implementado, é uma excelente ferramenta de organização e gestão

hospitalar, pois a produção destes registros de saúde, quando bem realizados, fornecem aos

Page 56: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

55

gestores as informações necessárias para atendimento para quaisquer fins, sejam clínicos,

jurídicos, administrativos e de pesquisa, entre outros.

Algumas sugestões foram elaboradas com a finalidade de viabilizar o processo de implantação

e utilização do PEP que fosse satisfatório aos participantes, para que a troca de informações

entre as áreas e uso do planejamento estratégico seja uma constante na entidade:

Criar uma equipe multidisciplinar para utilizar o PEP como recurso educacional;

Criar um banco de dados para aproveitar a experiência clínica e a interface eletrônica para os

usuários da operadora de saúde terem acesso ao PEP na sua rede própria;

Capacitar e treinar rotineiramente todos os envolvidos, que utilizam o PEP;

Estabelecer regras de padronização de nomenclaturas para proporcionar o surgimento de uma

linguagem médica uniforme e legível;

Utilizar o PEP como instrumento para conhecer a sua clientela (os seus pacientes), para avaliar

a eficácia do atendimento e acompanhar pacientes crônicos.

Na realidade, o estudo conclui-se demonstrando a necessidade de uma nova demanda na busca

e construção de uma avaliação de como a implantação do PEP deve ser conduzida, baseado nas

competências e habilidades de cada área da gestão, pois o foco não deve ficar somente no setor

assistencial médico e enfermagem, mas em todos os outros da área hospitalar, buscando atingir

uma melhor formação de gestores com capacitação e treinamento. Além disso, usar uma nova

forma no direcionamento do processo de implantação do PEP, mais satisfatório aos envolvidos,

baseados em experiências e literatura de gestão, que possam orientar todos na busca da

eficiência da prestação da assistência à saúde, utilizando os melhores recursos disponíveis na

área de tecnologia da saúde, trará resultados mais positivos a todos.

Page 57: Cento Universitário UniFBV | Wyden Mestrado Profissional

56

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60

APÊNDICE A

Questionário e entrevista semiestruturada como objeto de pesquisa a ser utilizada no estudo de

caso: Impacto da adoção do prontuário eletrônico do paciente na gestão do Hospital Unimed

Recife III.

Parte I

Área/Departamento:

Participante: Gestor ( ) Colaborador ( )

Quanto tempo trabalha no HUR III :

Orientações: A segunda parte deste formulário consiste no preenchimento de um questionário,

com perguntas fechadas de 01 a 08 e perguntas abertas (entrevista semi-estruturada) de 09 a 18.

Através do preenchimento do questionário, gostaríamos de conhecer sua opinião quanto a

SATISFAÇÃO dos impactos reais percebidos pelos gestores e demais interessados nos diversos

setores analisados, na implementação do PEP, da aplicabilidade do PEP na sua área e na sua

utilização em geral. O respondente pode fazer sugestões sobre algum item que não foi incluído

em alguma dimensão ou sugerir a junção de itens. Desta forma, solicitamos que você marque

com um “X” um valor de 1 a 5, (onde 1 = muito insatisfeito; 2 = parcialmente insatisfeito; 3 =

nem insatisfeito e nem satisfeito; 4 = parcialmente satisfeito; 5 = totalmente satisfeito) para

cada uma das perguntas listadas.

Roteiro a ser seguido no questionário/ entrevista:

Parte II

1) E qual o seu grau de satisfação quanto a implementação do projeto?

[1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

2) O maior controle de processos pelas áreas, foi crucial para adoção do prontuário

eletrônico do paciente, pelo Hospital Unimed Recife III, qual a sua percepção de

satisfação do processo?

[1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

3) O uso do certificado digital pelos médicos, assegurando a integridade das informações

foi essencial, para segurança do médico e do paciente, neste aspecto qual o grau de

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satisfação da gestão médica?

[1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

4) No seu ponto de vista a informação mais precisa, clara e objetiva do prontuário

eletrônico, gerando relatórios mais seguros, viabilizou decisões mais precisas pelos

gestores, ao tomar sua decisão, os resultados satisfizeram as expectativas?

[1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

5) Os mecanismos gerados pelo prontuário eletrônico do paciente para apoio a tomada de

decisão, são satisfatórios hoje para a gestão?

[1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

6) O faturamento do hospital está mais ágil, rápido e eficiente após o uso do prontuário

eletrônico do paciente, como está nível de satisfação da gestão com o seu setor?

1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

7) As glosas de faturamento diminuíram com o uso do prontuário eletrônico do paciente,

aumentando a eficiência do setor, como está nível de satisfação da gestão com o seu

setor?

[1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

8) A inovação de tecnologia da informação implementada pelo uso do prontuário

eletrônico do paciente, foi o marco inicial do projeto hospital digital sem uso de papel,

sua satisfação em relação a esta inovação?

1] ( ) Muito insatisfeito; [2] ( ) Parcialmente insatisfeito; [3] ( ) Nem insatisfeito,

nem satisfeito; [4] ( ) Parcialmente satisfeito; [5] ( ) Totalmente satisfeito.

9) Você considera que o programa prontuário eletrônico do paciente está totalmente

implementado, conforme prometido pela empresa responsável pelo projeto?

10) Se ele, o prontuário eletrônico do paciente, está fazendo o prometido de acordo com a

sua implementação?

11) Aumentou a qualidade da segurança do paciente, com o uso do prontuário eletrônico

do paciente, os erros de prescrição de medicamentos diminuíram e estão de acordo com

o estabelecido pelo hospital?

12) Quais as maiores vantagens elencadas pela sua área após a implantação e uso do

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62

prontuário eletrônico do paciente?

13) Quais as maiores desvantagens elencadas pela sua área após a implantação e uso do

prontuário eletrônico do paciente?

14) Ainda temos prontuários eletrônicos do paciente mal preenchidos? Se sim, quais os

erros mais frequentes?

15) Ainda existem prontuários eletrônicos do paciente com prescrição errada de

medicamentos?

16) Para você, houve elevação do nível assistencial, proporcionalmente em quantos pontos

percentuais (%), em relação ao prontuário de papel?

17) Qual o principal desafio a ser alcançado para conseguir o status máximo de hospital

digital?

18) Qual o maior impacto evidenciado na sua área após o uso do prontuário eletrônico do

paciente?

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ANEXO A - INTERNAÇÃO ELETIVA DE PACIENTE COM EXCLUSÃO

PROGRAMADA.

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ANEXO B - RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA – ADMISSÃO

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ANEXO C - RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA - ALTA

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ANEXO D - ROP 30 NA EMERGÊNCIA

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67

ANEXO E - FLUXOGRAMA DE FATURAMENTOS PACIENTES CIRÚRGICOS

ELETIVOS